postaldoalgarve
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Director Director Henrique Henrique Dias Dias Freire Freire • Ano • Ano XXVIII XXVIII • Edição • Edição 1164 1156 • Quinzenário • Quinzenário à sexta-feira à sexta-feira • 3• de 5 de Junho Fevereiro de 2016 de 2016 • Preço • Preço € 1,50€ 1,50
EM FOCO 2 APA LANÇA DISCUSSÃO PÚBLICA DO NOVO POC ODECEIXE - VILAMOURA 3 LUGARES DE GLOBALIZAÇÃO INTEGRA LISTA INDICATIVA DE CANDIDATURAS DE PORTUGAL À UNESCO 4 MALP ANUNCIA CORDÃO HUMANO CONTRA A EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO 5 CÂMARA DE FARO VOTA PACOTE DE 4,3 MILHÕES 8 CLASSIFICADOS 9
Algarve integra lista indicativa a Património Mundial da UNESCO
ÀS SEXTAS EM CONJUNTO COM O PÚBLICO POR €1,70
> Candidatura ‘Lugares de Globalização’, liderada pela Região de Turismo do Algarve, foi integrada na lista nacional pela Comissão Nacional da UNESCO. Uma vitória num percurso incerto e longo até à consagração como Património Mundial. p. 3
mónica monteiro
Banco alimentar recolhe menos nove toneladas >2
REGIÃO
CULTURA E EDUCAÇÃO
Ordenamento costeiro Odeceixe - Vilamoura em discussão pública
d.r.
>3
d.r.
Câmara de Faro à espera de votações para investir 4,3 milhões >8
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SEMEAR SAÚDE
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João Beles diz em Tavira quais as plantas medicinais mais eficazes para o cancro >7
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em foco
‘Lugares de Globalização’ integra lista indicativa de candidaturas de Portugal à UNESCO pág. 4
Banco Alimentar recolhe menos nove mil toneladas no Algarve em relação a 2015 Falta de voluntários levou o Banco Alimentar a fazer a recolha em menos 15 lojas do que as inicialmente previstas e originou uma quebra de cerca de 7% nos alimentos recolhidos Mónica Monteiro/ Ricardo Claro monicam.postal@gmail.com
HÁ NOVE ANOS A APOIAR MILHARES DE FAMÍLIAS ALGARVIAS, o Banco Alimentar Con-
tra a Fome do Algarve (BACF Algarve) cresceu 600% nos últimos quatro e promoveu no último fim-de-semana, dias 28 e 29 de Maio, a primeira campanha de recolha de alimentos deste ano, que permitiu angariar 125 toneladas de alimentos não perecíveis, menos nove mil do que no mesmo período do ano passado. Foram cerca de 125 as lojas que receberam a 20ª Campanha do Saco integrada na campanha nacional, menos 15 do que as previstas inicialmente, devido à falta de voluntários. Da quantidade de alimentos arrecadados o Banco Alimentar do Algarve destaca o leite, o arroz e as massas que representaram cerca de metade do que foi recebido. A nível nacional a campanha conseguiu um total de 1921 toneladas de géneros alimentares, menos 8% dos alimentos recolhidos em Maio do ano passado, algo que Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa de Bancos Alimentares contra a Fome, justifica com o menor fluxo de clientes das lojas “por ter sido um fim-de-semana de ponte”, devido ao feriado de 26 de Maio. Em entrevista ao POSTAL, o director-geral do Banco Alimentar do Algarve explicou que as campanhas anuais do Banco Alimentar “têm duas vertentes muito importantes”. “A primeira é o facto de esta ser a altura do ano em que o Banco Alimentar trabalha directamente com a comunidade. A segunda é o facto de estas duas campanhas anuais representarem cerca de 20% daquilo que é distribuído. Dito assim
mónica monteiro
podem pensar ‘isto é tão pouco porque é que se dão ao trabalho de realizar a campanha?’. Porque a campanha representa 90% dos produtos secos, ou seja, do leite, da massa e do arroz”, referiu Nuno Alves.
MUITO MAIS QUE SECOS, UM CABAZ DE AJUDA COMPLETO Mas
desengane-se quem pensar que o Banco Alimentar doa só este tipo de alimentos. Nuno Alves garante que “ser apoiado pelo Banco Alimentar já não é só comer salsichas com arroz, nem atum com massa”. Neste momento o BACF Algarve distribui leguminosas o ano inteiro que provêm da Horta Solidária, criada em parceria com o Ministério da Justiça e a Federação Portuguesa de Bancos Alimentares. Uma horta que tem como função “oferecer uma alimentação o mais equilibrada possível em termos nutricionais” e simultaneamente integrar pessoas que se encontram à margem da sociedade, como são exemplo os reclusos. “O objectivo do projecto é dar competências aos reclusos do instituto de reinserção social, neste caso, pertencentes ao estabelecimento prisional de Olhão, e aproveitar terrenos agrícolas não utilizados mas com potencial produtivo. Como no Algarve nenhum dos estabelecimentos prisionais têm terrenos agrícolas, o projecto está a ser desenvolvido nos terrenos do Ministério da Agricultura no Patacão, em Faro”, disse Nuno Alves. “Nós integramos reclusos, as empresas podem e devem integrar reclusos, porque manter as pessoas activas, com esperança e a poderem sonhar faz todo o sentido”, defende o director do BACF. Nuno Alves acredita que se a ideia for sempre a de que o
ÔÔ Nuno Alves, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve BACF “está cá apenas para acudir às necessidades das pessoas, cada vez existirão mais pessoas do lado da pobreza e do lado da ‘mão estendida’ e cada vez menos gente a pagar impostos e a produzir e isso é que cria desequilibro”.
UM BANCO ALIMENTAR QUE NÃO TIRA FÉRIAS NO ALGARVE A azáfama nos armazéns do Banco Alimentar é diária e não acontece só em altura de campanha de recolha de alimentos, afinal existem 23 mil pessoas para alimentar só na região do Algarve. “Trabalhamos todas as semanas do ano, não fechamos para férias”, afirmou Nuno Alves. O dia-a-dia do Banco no Algarve baseia-se na preparação dos cabazes, que normalmente vão ser recebidos pelas instituições ao longo da manhã, e na recepção dos alimentos que provêm de doações regulares
de géneros alimentares, efectuadas por empresas, correspondendo, em regra, a excedentes de produção dos sectores agrícola, industrial e comercial ligados ao ramo alimentar que, de outro modo, teriam como destino a destruição. O trabalho aqui não pára, porque o crescimento também não. O BACF Algarve cresceu 600% nos últimos quatro anos, altura em que distribuía cerca de 400 toneladas de alimentos, hoje em dia distribui mais do dobro, perto de 2300 toneladas por ano. “Dos 21 Bancos Alimentares de Portugal existem neste momento cinco que se destacam: Lisboa, Porto, Setúbal e, pela primeira vez nos últimos dois anos, Braga e Algarve, que têm sido reconhecidos pelo seu trabalho”. Este crescimento e reconhecimento do BACF Algarve leva Nuno Alves a não acreditar
que “alguém passe fome na região, só se não for identificado, porque neste momento há resposta”.
MULHERES NO ACTIVO SÃO QUEM MAIS SE VOLUNTARIA NO BANCO ALIMENTAR O Banco Ali-
mentar do Algarve tem cerca de 80 voluntários permanentes, mulheres, na sua maioria, entre os 30 e os 55 anos, no activo, com emprego, filhos e família, o que, na opinião de Nuno Alves, é um fenómeno “extraordinário”. Nas campanhas de recolha de alimentos a faixa é muito heterogénea “mas há um grupo significativo composto por população muito jovem, com menos de 20 anos, graças à quantidade de escuteiros, grupos ligados à Igreja Católica e algumas escolas que estão envolvidas”, acrescenta o responsável pelo BACF Algarve. Actualmente um dos desa-
fios feito pelo BACF às instituições é que quem é ajudado se voluntarie. “Obviamente que não é uma imposição que fazemos, mas nós próprios também desbravámos esse caminho dando o exemplo. Em Faro e em Portimão temos nove RSI (Rendimento Social de Inserção), pessoas desempregadas, pessoas com deficiência ou com algum tipo de incapacidade a trabalhar connosco”, explicou Nuno Alves. Mesmo com todo o trabalho feito e demonstrado há quem critique ou desconfie do Banco Alimentar. “Uma das críticas que às vezes é feita é que quem ganha com as campanhas são as cadeias de distribuição, o que está errado. Quem ganha com as campanhas do Banco Alimentar em primeiro lugar é a população, a região e o país. Estamos a apoiar um sem número de pessoas carenciadas e com necessidades e é por aí que temos que pensar”, esclareceu o responsável pelo BACF Algarve. Até domingo, dia 5 de Junho, ainda é possível contribuir no site da instituição em www.alimentestaideia.net ou através da campanha “Ajuda Vale”, que decorre nos supermercados e nas bombas de gasolina. Os bens alimentares vão ser entregues já a partir desta semana às 118 instituições de solidariedade social e às 23 mil pessoas carenciadas apoiadas na região do Algarve. Esta campanha ficou ainda marcada, uma vez mais, pela utilização de sacos de papel, mais amigos do ambiente do que os tradicionais sacos de plástico e que depois de utilizados na campanha, podem ser entregues para reciclagem, permitindo ao Banco Alimentar trocá-los por alimentos.
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região
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Agência Portuguesa do Ambiente lança discussão pública do novo POC Odeceixe - Vilamoura Instrumento fundamental de ordenamento da Orla Costeira parece estar a passar ao lado da actualidade regional d.r.
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A AGÊNCIA PORTUGUESA DO AMBIENTE (APA) publicou em
Diário da República, na passada terça-feira, o aviso relativo à entrada em discussão pública do novo Plano Costeiro (POC) de Odeceixe - Vilamoura, que pretende substituir dois instrumentos de gestão territorial ainda em vigor, os Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) de Sines - Burgau e Burgau - Vilamoura, unificando-os no mesmo acto num único instrumento. Da iniciativa resulta a desanexação do troço Odeceixe - Burgau do anterior POOC Sines - Burgau, que passa assim a integrar o novo instrumento de ordenamento. Desta forma fica isolado o Algarve, que terá dois POCs, o que entra em discussão pública a 5 de Junho, o POC de Odeceixe - Vilamoura, e um outro que regerá o ordenamento entre Vilamoura e Vila Real de Santo António. A discussão pública vai durar 30 dias. Recorde-se que de todos os POOCs do país o único que não está em pleno processo de revisão é o POOC de Vilamoura - Vila Real.
O PESO DO POC O novo POC ÔÔ O POC afectará não só a gestão territorial como a economia e a vida em geral das populações lor intrínseco destas paisagens, diversas entre si, tem vindo a ser comprometido pelo crescimento de actividades relacionadas com o recreio e turismo, conduzindo à expansão caótica do tecido urbano e de construção dispersa”. “Este crescimento urbano, associado à sazonalidade da ocupação humana, é um factor de descaracterização e potenciador
de riscos acrescidos para a fruição do território e da paisagem”, refere ainda a agência que reconhece que “a orla costeira, enquanto sistema dinâmico, impõe um infindável rol de desafios à gestão do território, (...) uma miríade de situações físicas correspondem outros tantos usos e funções, com a sua legitimidade específica e expectativas di-
versas”, concluindo que “sobre esta dualidade importará estabelecer uma metodologia para a gestão do risco, no presente e no futuro”.
APA ENVOLVE ENTIDADES REGIONAIS, MAS A DISCUSSÃO TEM ESTADO AFASTADA DA POPULAÇÃO De acordo com a APA as
entidades regionais envolvidas
no processo de elaboração do novo POC OV são a CCDR- Algarve, a Administração Regional de Saúde do Algarve, IP e as Câmaras de Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Portimão, Lagoa, Silves, Albufeira e Loulé, além da Região de Turismo do Algarve, enquanto entidade convidada. Uma participação alargada, mas que não tem feito trazer infografia: postal
POC ODECEIXE - VILAMOURA (POC OV), UM INSTRUMENTO FUNDAMENTAL O novo POC
OV substituirá se aprovado os POOCs anteriores datados de 1998 e 1999 e não é uma ferramenta de ordenamento de território de pequena monta. Em causa estão 210 quilómetros de orla costeira que abrangem os concelhos de Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Portimão, Lagoa, Silves e Albufeira. De acordo com a APA, “o va-
até à praça pública a discussão do instrumento de ordenamento que em muito decidirá a forma como vamos aproveitar e salvaguardar uma grande fatia da orla costeira regional. Se é certo que a discussão pública só agora começa, não menos certo é que um instrumento desta complexidade deveria ser maturado numa discussão o mais alargada possível com as populações afectadas de forma directa e não apenas através dos seus representantes políticos, ainda que legítimos.
ÔÔ No mapa a cinza escuro os concelhos afectados pelo novo POC e a cinza claro os que não estão abrangidos pelo documento em discussão
vincula as entidades públicas e prevalece sobre os planos territoriais de âmbito intermunicipal e municipal, sendo que, abrange em termos de área de intervenção, a faixa ao longo do litoral de 500 metros na zona terrestre, podendo ir até 1000 metros, quando tal seja justificado pela necessidade de protecção de sistemas biofísicos costeiros, e uma faixa marítima até à batimétrica dos 30 metros, incluindo as áreas sob jurisdição portuária. Trata-se de uma área imensa de território, bem como uma vasta área de mar costeiro, que será regulada de forma determinante por um instrumento do qual pouco ou nada ainda se conhece junto da opinião pública. Os locais de consulta da proposta de POC estão já determinados, mas pelo menos na internet os documentos ainda não estão disponíveis. De acordo com a APA a proposta poderá ser consultada nos Serviços Centrais da APA, na Administração da Região Hidrográfica do Algarve, nas Capitanias do Porto e Municípios da área de intervenção e na internet em participa.pt e apambiente.pt.
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região
Lagos aposta na reutilização de manuais escolares pág. 6
‘Lugares de Globalização’ integra lista indicativa de candidaturas de Portugal à UNESCO Primeiro passo está dado, mas a vitória não significa candidatura definitiva de Portugal, processo pode levar anos Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A LUTA TEM QUASE QUINZE ANOS, mas desta vez o Algarve,
os Descobrimentos, a herança do Infante D. Henrique e o lançamento da epopeia portuguesa dos Descobrimentos alcançaram o objectivo e incluem agora a lista indicativa da Comissão Nacional da UNESCO (CN - UNESCO) para virem a integrar o clube restrito do Património Mundial. A actual candidatura, resultante de uma revisão da anterior lista em 2013, inclui na sua génese organizativa a Região de Turismo do Algarve (RTA), a Direcção Regional de Cultura, a Universidade do Algarve, os municípios de Aljezur, Lagos, Monchique, Silves, e Vila do Bispo. A inclusão na lista indicativa da CN - UNESCO da candidatura algarvia ‘Lugares de Globalização’ é condição indispensável para que o país possa avançar com uma candidatura final a Património Mundial.
CANDIDATURA QUER RECONHECER MAIS DO QUE PATRIMÓNIO EDIFICADO Candidata a Paisa-
gem Cultural (Associativa), a candidatura realizada no final do ano passado sob a designação ‘Lugares da Primeira Globalização’ e agora designada oficialmente ‘Lugares de Globalização’, pretende mais do que classificar como Património Mundial apenas património edificado. Trata-se de unir debaixo do mesmo ‘guarda-chuva’ património edificado, herança cultural, o lançamento dos Descobrimentos e o legado do Infante D. Henrique e a própria concepção de globalização encetada pela jornada portuguesa pelo mundo, criando um conjunto patrimonial misto que abarca verdadeiramente o fenómeno da epopeia marítima portuguesa aquando do seu lançamento. É a este desafio que Lídia
fotos: d.r
Jorge, escritora, e Guilherme d’Oliveira Martins, ex-presidente do Tribunal de Contas e actual Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, deram o seu patrocínio.
A dificuldade de ver uma classificação como Património Mundial ser confirmada
PRIMEIRO PASSO PARA UMA CANDIDATURA A PATRIMÓNIO MUNDIAL - PAISAGEM CULTURAL A inclusão na lista indicativa da CN - UNESCO é somente o primeiro passo de uma candidatura e não significa que Portugal vá avançar com uma candidatura efectiva a Património Mundial, esclarece o Manual de Referência de preparação de candidaturas a Património Mundial a que o POSTAL teve acesso. O POSTAL sabe no entanto, por fonte ligada ao processo de candidatura, que a inclusão da candidatura algarvia encabeçada pela RTA, enfrentou sérios problemas na sua admissão na lista indicativa por haver entraves à inclusão assentes na ideia de que esta candidatura poderia minorar as possibilidades de “uma candidatura dos Descobrimentos como um todo” que “Lisboa quereria encabeçar”. Apesar de confirmada a inclusão da candidatura ‘Lu-
ÔÔ Desidério Silva e Alexandra Gonçalves são dois dos rostos por detrás da candidatura algarvia gares de Globalização’, a verdade crua é que a mesma poderá mesmo vir a ser retirada da lista indicativa a qualquer momento, mas este constitui, não obstante, um passo fundamental. A partir deste momento o país conta com o apoio do Centro do Património Mundial que oferece acompanhamento técnico para a elaboração do dossier final de candidatura, permitindo que este venha a incluir tudo o que necessita para vingar numa análise pelos órgãos competentes de se-
lecção de candidaturas dentro da UNESCO.
SE PORTUGAL FORMALIZAR EFECTIVAMENTE A CANDIDATURA Caso Portugal formalize
efectivamente a candidatura, algo que normalmente não sucede antes da mesma estar pelo menos um ano na lista indicativa e sem que o processo de candidatura esteja absolutamente completo, esta será avaliada por um ou ambos os órgãos consultivos estabelecidos pela Convenção do Património Mundial, o ICO-
MOS para os bens culturais e a IUCN para bens naturais. O terceiro órgão consultivo é o ICCROM, uma organização intergovernamental que oferece aconselhamento especializado sobre a conservação e monitoramento de sítios culturais ao Comité. Cabe finalmente ao Comité do Património Mundial, que reúne uma vez por ano, tomar a decisão final de inscrever um bem, ou decidir-se pela não inscrição, ou ainda adiar a candidatura e solicitar ao Estado mais informações.
A nova lista indicativa de Portugal à UNESCO: 22 candidatos ÔÔ Integram actualmente a lista indicativa da CN - UNESCO, 22 candidatos a Património Mundial, a saber: • Aqueduto das Águas Livres (nova entrada (NE)) • Baixa Pombalina de Lisboa (manutenção (M)) • Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela (NE) • Centro Histórico de Guimarães e Zona de Couros (extensão) (NE) • Complexo Industrial Romano de Salga e Conserva de Peixe em Tróia (NE) • Conjunto de Obras Arquitetónicas de Álvaro Siza Vieira em Portugal (NE)
• Costa Sudoeste • Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace-Hotel no Bussaco • Dorsal Médio-Atlântica (NE) • Edifício-sede e Parque da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa (NE) • Fortalezas Abaluartadas da Raia (NE) • Icnitos de Dinossáurios da Península Ibérica • Ilhas Selvagens • Levadas da Madeira (NE) • Lisboa Histórica, Cidade Global (NE) • Lugares de Globalização (NE) • Mértola (NE) • Montado, Paisagem Cultural (NE)
• Palácio e Tapada Nacionais de Mafra e Jardim do Cerco • Rota de Magalhães. Primeira à volta do Mundo (NE) • Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga (NE) • Vila Viçosa, Vila ducal renascentista (NE) ÔÔ Saíram da lista lista indicativa submetida em 2008 à UNESCO: • Algar do Carvão • Arrábida • Furna do Enxofre • Centro Histórico de Santarém • Marvão
ÔÔ A dificuldade de ver uma candidatura a classificação como Património Mundial ser confirmada pelo Comité do Património Mundial da UNESCO é extrema e Portugal está entre os países onde esta dificuldade pode ser maior dado o número de classificações que já foram atribuídas ao país. Num documento da CN UNESCO a que o POSTAL teve acesso refere-se aliás, e cita-se, “Convém recordar que nos últimos 20 anos Portugal viu doze dos seus bens incluídos na Lista do Património Mundial, mas que tal ritmo não é susceptível de se repetir, seja pela dificuldade em individuar bens com idêntico carácter de excepcionalidade dos restantes bens portugueses (...), seja pelos actuais critérios do Comité do Património Mundial. Entre estes, assinale-se, que cada país não pode apresentar mais do que uma candidatura anual, num conjunto de 30 candidaturas a apreciar entre as que possam ser submetidas ao Comité do Património Mundial pelos 176 Estados-parte da Convenção para a Protecção do Património Mundial (de um total de 190 Estados-membros da UNESCO). A UNESCO dá preferência aos países com poucos bens classificados (Portugal está entre os 15 com mais bens inscritos) e a categorias de património pouco representadas na lista [mundial] actual”.
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região
Fique a saber quais as plantas medicinais mais eficazes para cada caso de cancro pág. 7
MALP anuncia cordão humano contra exploração de petróleo
ECONOMIA
CRESC ALGARVE aprova 216 candidaturas até Abril
Movimento apela ao combate à exploração de hidrocarbonetos no Algarve d.r.
O MOVIMENTO ALGARVE LIVRE DE PETRÓLEO ANUNCIOU no sábado que vai realizar um cordão humano de protesto contra a exploração de petróleo no mar ao largo de Aljezur, a 11 de Junho, pelas 16 horas, em frente à câmara daquela localidade. Constituído por um autodenominado “grupo de cidadãos apartidários” que se opõe à exploração de hidrocarbonetos na região do Algarve, quer no mar, quer em terra, o Movimento Algarve Livre de Petróleo (MALP) considera, em comunicado, que é “inaceitável” o Estado e o Governo português “avançarem à socapa para uma consulta pública com o objectivo de decidir da autorização da prospecção de petróleo ao largo das praias do Alentejo e do Algarve”.
VOZES DOS REPRESENTANTES REGIONAIS MANIFESTAM-SE CONTRA A EXPLORAÇÃO DE HIDROCARBONETOS EM TODA A REGIÃO Isto acontece, segun-
do o Movimento, depois de “as vozes dos principais representantes da região se terem posicionado de forma clara e contundente contra a exploração de petróleo e gás natural na região do Algarve”. “O Movimento Algarve Livre de Petróleo faz assim um apelo lancinante para que as
ÔÔ David Santos
O CRESC ALGARVE 2020 apro-
ÔÔ Movimento apela às forças vivas da região para que se juntem na luta contra a exploração de petróleo e gás natural no Algarve principais forças vivas das regiões do Algarve e do Alentejo, autarcas, empresários do turismo e da pesca, representantes do sector imobiliário, sindicatos, movimentos sociais, associações ambientais, partidos políticos, cidadãos nacionais e estrangeiros, se juntem em frente à Câmara de Aljezur para mais uma vez afirmarmos em conjunto um rotundo não à exploração de petróleo e gás natural no mar e nas terras do Algarve”, apelou o MALP.
MOVIMENTO PRETENDE SENSIBILIZAR PARA PARTICIPAR EM CONSULTA PÚBLICA ATÉ 22 DE JUNHO O Movimento pretende, também, com este protesto,
Assine o
“sensibilizar toda a população portuguesa” para “participar activamente na consulta pública que o Estado português vai fazer até 22 de Junho”, reunindo “bons argumentos” para “travar a barbárie que se adivinha para o Algarve e para a região litoral do Alentejo” com a prospecção e exploração de hidrocarbonetos.
DAR UM CARTÃO VERMELHO À ENI/GALP O MALP apelou
ainda a quem pretende participar no cordão humano para que leve “um cartão vermelho” e mostre assim “a sua reprovação moral ao concessionário ENI/GALP”,
candidato aos contratos de prospecção e exploração de hidrocarbonetos sujeitos a consulta pública até 22 de Junho. Após o cordão humano, o MALP vai promover uma consulta popular e colocar à votação a demissão de Paulo Carmona, da Entidade Nacional do Mercado de Combustíveis (ENMC), “por considerar que as suas intervenções no espaço público não se têm orientado pela defesa do interesse público e da vida das populações” dos territórios afectados e “parece mais interessado em defender a exploração de hidrocarbonetos em Portugal”.
O MALP é uma das estruturas criadas no Algarve para combater a prospecção e exploração de hidrocarbonetos na região. Além deste movimento constituído por “cidadãos apartidários”, a luta contra a prospecção e exploração de petróleo e gás natural tem também sido realizada pela Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP), que agrupa um conjunto de associações ambientalistas e de defesa do património, com protestos de rua, petições à Assembleia da República ou sessões de esclarecimento à população.
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Lusa
vou, até final do passado mês de Abril, 216 candidaturas/operações de investimento, com um volume de investimento elegível de 64,6 milhões de euros, a que corresponde um apoio financeiro da UE na ordem dos 31,4 milhões de euros (FEDER + FSE). Segundo David Santos, presidente da CCDR Algarve, “as aprovações do nosso Programa Operacional Regional contrariam as notícias que têm sido veiculadas e revelam que a taxa de aprovações até é ligeiramente superior em relação ao mesmo momento do quadro comunitário anterior, (QREN-2007-2013), e que no que concerne ao número de candidaturas apresentadas aos Sistemas de Incentivos, estamos, comparando com o QREN, no sexto ano, ou seja, o volume de candidaturas tem sido muitíssimo superior ao previsto”. O balanço foi apresentado e discutido em Faro, na terça-feira da passada semana, na reunião da Comissão de Acompanhamento do CRESC Algarve2020, um órgão colegial composto por representantes da União Europeia, de organizações sociais, económicas, ambientais e científicas representativas do tecido institucional da região.
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região
Câmara de Faro vota pacote de investimento de 4,3 milhões pág. 8
Lagos aposta na reutilização de manuais escolares
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Projecto ‘Manual Meu, Manual Teu’ tem como destinatários alunos do 5º ano do Ensino Básico ao Ensino Secundário d.r.
O PROJECTO CONCELHIO DE REUTILIZAÇÃO DE MANUAIS ESCOLARES “Manual Meu, Ma-
nual Teu” decorre em Lagos a partir do mês de Junho e até Setembro. A recolha/troca/entrega de manuais pode ser levada a efeito, durante os meses de Junho e Setembro nas bibliotecas escolares, e em Julho na Biblioteca Municipal de Lagos. A iniciativa tem como grandes objectivos “promover o espírito de cidadania e de partilha, consolidando dinâmicas de entrega e recolha de manuais escolares, numa óptica de promoção da reutilização dos mesmos”, salienta
ÔÔ Iniciativa pretende promover o espírito de cidadania e de partilha a autarquia lacobrigense. Esta acção educativa e social resulta de um trabalho conjunto dos Agrupamen-
tos de Escolas (Gil Eanes e Júlio Dantas) e da autarquia de Lagos, através da Biblioteca Municipal de Lagos e prepub
tende optimizar os projectos existentes nos Agrupamentos de Escolas, consolidando práticas colaborativas com a biblioteca pública; contribuir para a sustentabilidade ambiental e promover o espírito de cidadania e de partilha. Neste sentido, este projecto tem como destinatários os alunos que estudam nas escolas do concelho de Lagos, do 5º ano do Ensino Básico ao Ensino Secundário. Após a troca de manuais, o aluno e o encarregado de educação devem conservar o manual em bom estado para que este possa ser usado por outros colegas, no próximo ano lectivo. pub
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associacaosemearsaude
semear saúde
Contactos: 281 320 902 das 10 às 13 e das 14.30 às 18.30 associacaosemearsaude@gmail.com
Fique a saber quais as plantas medicinais mais eficazes para cada caso de cancro João Beles traz a Tavira a “Naturopatia como Medicina Complementar para o paciente oncológico: estudos científicos e plantas medicinais mais aconselhadas” A INICIATIVA INSERE-SE no Ci-
clo de Palestras Mensais sobre o Cancro organizado em conjunto pelas associações Semear Saúde, ADOT (Associação dos Doentes Oncológicos de Tavira) e SOS Oncológico (Unidade e Equipa Comunitária de Cuidados Paliativos do Algarve), sendo a próxima já no dia 7 de Junho, terça-feira, das 18 às 20 horas, nas instalações da Semear Saúde. O palestrante convidado vai falar sobre a acção comprovada cientificamente por milhares de estudos clínicos, no tratamento complementar e de primeira linha de várias patologias através das Medicinas Naturais. Durante esta preleção, João Beles vai analisar alguns destes estudos relacionados com as doenças oncológicas. Por um lado, vai aconselhar as plantas medicinais mais eficazes na redução da prevalência de vários tipos de cancro, tais como os bróculos ou o Aça-
frão-da-Índia. Vai igualmente aconselhar as plantas medicinais mais estudadas e eficazes para cada caso, que aumentem o efeito dos tratamentos oncológicos, actuando em sinergia, e que reduzam os seus efeitos adversos, como o Aloés ou o Ginseng. E finalmente, na óptica da prevenção da reicidiva, depois de ter tido o cancro, o paciente vai poder encontrar as plantas medicinais mais importantes para que este não volte a aparecer, como poderão ser a Cimicifuga, no cancro da mama, ou o Chá Verde, no cancro da próstata. Embora a participação nesta palestra seja gratuita, é aconselhado fazer inscrição prévia através do e-mail: associacaosemearsaude@gmail.com. Esta iniciativa conta com o apoio do representante algarvio da Chanson, que possui uma vasta experiência na comercialização e assistência técnica de bens de consumo para o lar ligados à área da saúde, pub
d.r.
da Casa Brava, que dedica-se à produção de produtos de cosmética naturais, onde se incluem sabonetes feitos à base de azeite virgem biológico, e da Dias de Aroma, que se dedica à produção de plantas medicinais e condimentares.
PUBLICAÇÃO DO SEU 3º LIVRO ESTÁ PARA BREVE O autor da
preleção encontra-se neste momento a reeditar o seu primeiro livro “Naturopatia, a Natureza cura a Natureza”, onde já aborda este tema. E em breve, vai publicar o seu terceiro livro, especificamente sobre as plantas medicinais mais indicadas para os pacientes oncológicos. O seu segundo livro intitula-se “As plantas medicinais que emagrecem”. Durante o intervalo da palestra, vai decorrer uma sessão de autógrafos com o autor João Beles do seu primeiro e segundo livros, cujo valor das vendas reverterá
ÔÔ Capa do primeiro livro de João Beles “Naturopatia – a Natureza cura a Natureza”. Vem aí a terceira edição actualizada
para a Semear Saúde. João Beles é professor de Naturopatia do IMT - Instituto de Medicina Tradicional de Lisboa. Tem o Curso de Naturopatia pela Escola Superior de Biologia e Saúde de Lisboa e o Curso Superior de Medicina Tradicional Chinesa – Acupunctura e Fitoterapia,
com supervisão e orientação do Dr. Pedro Choy. É divulgador científico de Naturopatia em vários congressos, revistas e programas de televisão e membro do conselho científico da revista de saúde Prevenir e do Grupo de Peritos da ACSS para as terapêuticas não convencionais.
SEMEAR INAUGURA SESSÕES DE TRATAMENTO COM OXIGÉNIO PURO Também nessa terça-
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8 | 3 de Junho de 2016
região
Câmara de Faro vota pacote de investimento de 4,3 milhões de euros Alteração orçamental viu votação na Câmara adiada para dia 7 de Junho e, se passar, tem de enfrentar a Assembleia Municipal e a Direcção-Geral das Autarquias Locais Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A CÂMARA DE FARO ANUNCIOU na passada semana querer injectar no orçamento camarário deste ano mais cerca de 4,3 milhões de euros, um acréscimo de 11% face aos 31 milhões de euros previstos inicialmente no documento base das finanças da autarquia para 2016. Uma medida que foi a votos na passada segunda-feira em reunião de Câmara, mas que acabou por ver a respectiva votação adiada à espera de propostas da oposição alternativas ao plano apresentado pelo executivo liderado por Rogério Bacalhau. Tal como o POSTAL avançou (on-line) o pacote de investimentos da Câmara dependia da anuência da oposição para passar na Câmara, a primeira de duas votações a que tem de ser submetido. Isto apesar de na apresentação das medidas Rogério Bacalhau se ter mostrado confiante numa aprovação: “apresentámos a proposta à vereação e ela reflecte algumas das propostas que a oposição tem apresentado como necessidades do concelho nas reuniões de Câmara”, referiu o autarca, ao mesmo tempo que esclareceu que “algumas das propostas são ainda resultado da
d.r.
auscultação das necessidades das juntas de freguesia, através dos respectivos presidentes, e da própria sociedade civil que nos faz chegar as suas necessidades pelos mais diversos meios”. A proposta será agora votada a 7 de Junho, mas a mesma só poderá tornar-se efectiva após aprovação na Assembleia Municipal, onde Bacalhau também não goza de maioria e, ainda, depois de visada pela Direcção-Geral das Autarquias Locais já que as alterações orçamentais em autarquias que recorreram ao PAEL carecem de aprovação por este organismo.
AUMENTO DO ORÇAMENTO SEM PARALELO NOS ÚLTIMOS 15 ANOS O acréscimo orçamen-
tal pretendido é uma situação sem paralelo, pelo menos, nos últimos 15 anos de gestão da Câmara da capital de distrito e a verba resulta da integração no orçamento do saldo de gestão da autarquia, acumulado desde que a Câmara saldou integralmente as suas dívidas de curto prazo. Rogério Bacalhau explica que “os saldos de gestão resultantes de verbas que não são aplicadas efectivamente no ano em que foram orçamentadas – por diversas razões – criam uma disponibilidade financeira na autarquia que até agora foi, porque
quadro do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL). Recorde-se que no PAEL a Câmara de Faro recorreu a um empréstimo do Estado para saldar a dívida de curto prazo, transformando-a em dívida de longo prazo, e ficou obrigada a antecipar a previsão/execução orçamental junto da DGAL num horizonte de vários anos.
ONDE VÃO SER INVESTIDOS OS 4,3 MILHÕES DE EUROS Rogério
ÔÔ Rogério Bacalhau terá de negociar o pacote de investimento assim se impunha, sempre utilizada integralmente para o pagamento da dívida de curto prazo”. “Com o pagamento integral das dívidas de curto prazo, o saldo de gestão actual pode ser dirigido, pela primeira vez em muitos anos, para o investimento e é isso mesmo que estamos a fazer, aplicando-o onde consideramos que melhor será utilizado esse valor para benefício do concelho e da população”, refere o autarca.
SALDO DE GESTÃO NÃO É TOTALMENTE GASTO O acréscimo orçamental de 11% que a Câmara
pretende realizar não esgota, no entanto, a totalidade do saldo de gestão da autarquia. Na verdade o saldo de gestão é de cerca de 5,4 milhões de euros, mas a Câmara vai ficar ainda com uma almofada financeira de cerca de 1,1 milhões de euros depois de integrar os 4,3 milhões no orçamento. A almofada financeira restante, a autarquia reserva-a para adequar o orçamento às previsões das contas camarárias remetidas à Direcção-geral das Autarquias Locais (DGAL), no âmbito do programa de estabilização das contas da autarquia no
Bacalhau pretende investir os 4,3 milhões de euros que serão injectados no orçamento da autarquia em quatro áreas distintas: no programa Faro Requalifica II, destinado a obras na rede viária, (2 milhões de euros); na recuperação de infra-estruturas e equipamentos públicos (1,65 milhões de euros); no apoio ao comércio local (250 mil euros) e no apoio ao associativismo no concelho (300 mil euros).
OBRAS E LIBERTAÇÃO DE VERBAS PARA DESPESA [APOIOS AO COMÉRCIO E ASSOCIATIVISMO E CONTRATAÇÃO DE PESSOAL] SÃO PARA ARRANCAR TÃO CEDO QUANTO POSSÍVEL Toda
a verba será investida ainda este ano, mesmo que algumas das obras possam vir a ser realizadas apenas em 2017, dadas as contingências causadas pelos
concursos públicos, que demoram tempo a ser concluídos para que os trabalhos possam chegar ao terreno, e as limitações em alguns casos impostas pela necessidade de vistos prévios do Tribunal de Contas. Rogério Bacalhau é claro: “o que previmos investir, nomeadamente, no que diz respeito a obras é resultado de um trabalho pormenorizado de selecção de prioridades e de preparação dos investimento que temos vindo a realizar e, por isso, o investimento pode ser realizado no mais curto espaço de tempo possível”. “Temos os projectos prontos e – finalizados os concursos públicos, os processos de adjudicação directa e os vistos do Tribunal de Contas – estamos preparados para arrancar no dia seguinte”, reforça. A ideia do imediatismo da acção camarária na execução do programa é reforçada pelo vice-presidente da Câmara, Paulo Santos: “o trabalho aturado que realizámos tem origem nos serviços da Câmara, que merecem reconhecimento pelo trabalho, e isso permitiu apurar as reais prioridades e estarmos aqui a falar de obras cujos projectos e questões técnicas estão resolvidos de forma a avançarmos já amanhã se necessário”.
SUSANA TRAVASSOS E BERG SÃO ATRACÇÕES MUSICAIS
Altura celebra Festas do Imaculado Coração de Maria AS TRADICIONAIS FESTAS EM HONRA DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA voltam a
celebrar-se em Altura entre os próximos dias 3 e 5 de Junho. Os “Caretos de Podence”, grupo de animação de rua, marcam a abertura, esta sexta-feira, dia 3, pelas 19 horas, das Festas e da Feira de Artesanato, que decorrem em simultâneo e no mesmo recinto, uma genuína mostra das artes e ofícios locais e com uma enorme variedade de doçaria regional. A animar o resto do serão, o grupo de baile “Duo Reflexo”
e o espectáculo da cantora algarvia Susana Travassos, natural de Vila Real de Santo António e com uma sólida carreira musical, já com uma importante trajectória no Brasil, ao lado de artistas como Zeca Baleiro e Chico César, e nos mais prestigiados projectos e salas de espectáculos e em cartaz, ao lado de artistas consagrados, como Milton Nascimento, Renato Braz, Carminho, António Zambujo, Maria João e Mário Laginha, entre outros. Sábado, dia 4, é o dia das celebrações religiosas em Hon-
ra do Imaculado Coração de Maria, que começam às 17.30 com a recitação do Terço Mariano, seguindo-se a celebração da Eucaristia às 18 horas, ambas na Igreja de Altura. Às 19, a procissão em Honra do Imaculado Coração de Maria percorre as ruas de Altura, como tradicionalmente. A noite traz muita animação popular e o concerto do cantor e músico Berg, alcunha de Teófilo Sonnemberg, com uma carreira com mais de 30 anos na música como backingvocal e músico de artistas como
Rui Veloso, tendo-se afirmado como cantor no programa Factor X Portugal, quando se sagrou vencedor. No último dia, domingo, as Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria serão palco do desfile etnográfico pela “Associação Cultural Amendoeiras em Flor”, às 20 horas, e do grupo de dança “Arutla”, duas horas mais tarde, com três escalões etários e interpretações de diferentes estilos musicais. Os espectáculos serão intercalados e proce-
d.r.
ÔÔ No sábado a procissão percorre as ruas de Altura didos de baile. As festas têm organização conjunta da Paróquia de Al-
tura, Junta de Freguesia de Altura e Câmara de Castro Marim.
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ORAÇÃO DAS 13 ALMAS BENDITAS
CARTÓRIO NOTARIAL DE ALCOUTIM A cargo da Adjunta de Notário Lic. Margarida Rosa Molarinho de Brito Simão
MUNICÍPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 25/2016 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 17 de maio de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta número 84/2016/CM, referente a 4.ª Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano/2016; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 85/2016/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação de Animação Infantil e Apoio Comunitário da Freguesia de Cachopo - XXII Feira de Produtos de Artesanato de Cachopo; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 86/2016/CM, referente a Atribuição de Apoio ao IA – Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço - Ignite Astro Tour - Tavira; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 87/2016/CM, referente a Atribuição de apoio à Armação do Artista – Associação Artística, Cultural e Desportiva; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 88/2016/CM, referente ao Despacho n.º 35/2016 - Declaração de Luto Municipal - Falecimento do Dr. Jorge Augusto Correia; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 89/2016/CM, referente a Anulação de auxílios económicos para livros escolares - Ano letivo 2015/2016; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 90/2016/CM, referente a Alteração à tabela de preços; 8. Aprovada por maioria a proposta número 91/2016/CM, referente aos Relatórios referentes ao SIADAP 1 - Ano 2015; 9. Aprovada por unanimidade a proposta número 92/2016/CM, referente a Doação de bens ao Município de Tavira - Indesit Company Portugal Electrodomésticos, S.A,; 10. Aprovada por unanimidade a proposta número 93/2016/CM, referente a Rescisão Contratual - E37/05/CP - Empreitada de Remodelação e Ampliação do Centro Paroquial de Cabanas; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 94/2016/CM, referente ao Concurso público para concessão do direito de ocupação e exploração de espaços comerciais (lojas) no Mercado Municipal de Tavira (2- CPce/15) - Abertura de procedimento, aprovação das peças e nomeação do júri; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.
Certifico para efeitos de publicação que por escritura outorgada hoje neste Cartório Notarial, de folhas doze a folhas treze verso do Livro de Notas para Escrituras Diversas número “trinta e quatro – D”, António Vaz, N.I.F. 166.551.589, e mulher Luísa Maria Guerreiro Vaz, N.I.F. 164.811.940, ambos naturais da freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes em Santa Justa, s/n, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim; São donos e legítimos possuidores com exclusão de outrem, do prédio rústico, sito em Sítio do Rebeirão, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, composto por cultura arvense, leitos de curso de água e mato, com a área de sessenta e oito mil trezentos e vinte metros quadrados, a confrontar do norte e poente com linha de água, sul com herdeiros de Maria Mestra e nascente com Joana Sofia Furtado Fernandes, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim, inscrito na respetiva matriz cadastral em nome do ante possuidor José Martins Tomás, sob o artigo 1 da secção 045, com o valor patrimonial tributário e atribuído de oitocentos e trinta e três euros e nove cêntimos. Que casaram entre si no ano de mil novecentos e setenta e o referido Prédio entrou na sua posse, já no estado de casados, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e dois e portanto há mais de vinte anos, por compra verbal e nunca reduzida a escrito, feita a José Martins Tomás, actualmente falecido e mulher Mariana Teixeira Tomás, casados que foram entre si sob o regime da comunhão geral, e residentes em Alcaria Alta, freguesia de Giões, concelho de Alcoutim, pelo que o mencionado prédio têm a natureza de bem comum do casal. Que no entanto, desde que a referida compra foi efetuada e até à presente data, sempre eles justificantes, estiveram na posse e fruição do mencionado prédio, ininterruptamente, à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, com consciência de utilizar e fruir coisa exclusivamente sua, adquirida de anteriores proprietários, suportando as contribuições e impostos, fazendo sementeiras, plantações e culturas, enfim, extraindo todos os seus normais frutos, produtos e utilidades por ele proporcionadas.
Ó Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo amor de Deus que meu pedido seja atendido. Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, a vós peço pelo sangue que Jesus derramou, que meu pedido seja atendido. Meu Senhor Jesus Cristo que vossa proteção me encha com vossos braços e me proteja com vossos olhos. Ó Deus, de bondade, Vós fostes meu defensor na vida e na morte, peço que me livres das dificuldades que me afligem. Minhas 13 almas benditas, sabidas e entendidas, alcançada a graça que vos peço, ficarei muito devota e mandarei publicar esta oração e mandarei celebrar uma missa. Rezarei 13 Padres-nossos e 13 Ave-Marias durante 13 dias. Peço desculpa pelo atraso e agradeço graça recebida. M. A. B.
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.R.
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. E.F.
Que em consequência de tal posse, em nome próprio, pacífica, pública, continua e de boa-fé, adquiriram o referido prédio por usucapião, que expressamente invocam para justificar o seu direito de propriedade para fins de registo.
SANTA MARIA – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA
Está conforme o original. Cartório Notarial de Alcoutim, aos dezasseis de maio de dois mil e dezasseis. A Adjunta do Notário, em substituição legal, Margarida Rosa Molarinho de Brito Simão
JOSÉ VICENTE LOPES DOS SANTOS 16-09-1938 / 21-05-2016
Conta:
AGRADECIMENTO
Art.º 20.º n.º 4.5.......€ 23,00
Paços do Concelho, 17 de maio de 2016
São: Vinte e três euros.
O Presidente da Câmara Municipal,
Conta registada sob o n.º 25
Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1164, de 3 de Junho de 2016)
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Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
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A inscrição na lista indicativa da Comissão Nacional da UNESCO da candidatura algarvia “Lugares de Globalização” é um primeiro passo fundamental para uma futura candidatura efectiva a Património Mundial. (Ler pág. 4).
A pouca notoriedade junto da opinião pública do Plano de Ordenamento Costeiro de Odeceixe - Vilamoura é pouco condincente com a importância deste documento fundamental de ordenamento do território. (Ler pág. 3).
E-mail da redacção: jornalpostal@gmail.com
A história de Portugal para gente muito apressada e curiosa
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Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388), Ivo Neves e Mónica Monteiro (estagiários). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem-somos/ Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
Beja Santos
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
Diga-se em abono da verdade que a história de Portugal não tem hoje elevados índices de popularidade. No Estado Novo, regime em que fui educado, aprendia-se nos bancos da escola uma história de Portugal com carácter transcendente, épico, mitológico, uma história de valores com Egas Moniz de baraço ao pescoço, a fidalguia da Restauração, Salazar o homem providencial que salvara
www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com Tiragem desta edição:
o país de tão medonhas vilezas. A seguir ao 25 de Abril era outro o imperativo ideológico, quase que se fez tábua-rasa do império, passámos a ser eurocêntricos, deu-se uma brusca mudança de figurinos e ambientes. E o desinteresse pelas questões essenciais que se prendem com a identidade nacional é bem visível, a tirania do presente ofusca toda a linha sequencial desde cerca de 970 anos que levamos de país com história própria. “150 perguntas e respostas essenciais sobre a História de Portugal, de Viriato aos nossos dias”, por Joaquim Vieira e Maria Inês Almeida, A Esfera dos Livros, 2016, é uma forma talentosa de acicatar o leitor para uma síntese da nossa história através de 150 perguntas que pode haver curiosidade em fazer. As perguntas são provocató-
rias: Quem foi o pai de D. Afonso Henriques? D. Afonso III era bígamo? Quando é que houve a primeira crise económica em Portugal? O Infante D. Henrique era visionário ou mercantilista? D. António, Prior do Crato, chegou a ser rei de Portugal? Sobrecarregados com um passado grandioso onde se entremeiam o fabuloso e o heróico permanente, com este percurso lusitano descemos bastante à realidade, tivemos reis com muitos filhos fora do casamento, que rasgaram ou assinaram tratados e compromissos mediante as conveniências, dissidências cruéis entre pais e filhos, no fundo actuações enquadradas nas mentalidades da época. E os autores, apostando em questões aparentemente laterais, vão subtilmente ao fundo das coisas. À pergunta se a monarquia
portuguesa alguma vez chegou à bancarrota, também se responde que várias foram as situações, em 1560, durante a regência de D.ª Catarina de Áustria, e durante o século XIX não faltaram ocasiões. Em 1892, estivemos à beira do colapso, por razões que se prendiam fundamentalmente com a situação brasileira. Socorrendo-se de acontecimentos relativamente diluídos ou mesmo ignorados pela opinião pública (a Lei Travão de Afonso Costa, o Parlamento do Tojal, a Monarquia do Norte, os acontecimentos da Noite Sangrenta…) temos sequenciada a I República. Há perguntas picantes como saber se Salazar era fascista ou Marcelo Caetano um liberalizador e procurar entender a que é que se deveu a longevidade do Estado Novo. Indo à contempo-
raneidade, também se questiona se o 25 de Abril foi uma revolução, se teria sido possível descolonizar de outra maneira, porque entrámos na zona euro e quando se deu a maior vaga de emigração portuguesa. E para surpresa de muitos, estamos a viver o mais longo período de estabilidade em toda a nossa história, o leitor vai ficar assombrado, lendo, numa ordem cronológica inversa (do presente para o passado) os motins, as rebeliões, os golpes, os pronunciamentos, as derrotas, as ocupações, as guerras civis, e muito mais, e levamos mais de 40 anos de vida pacífica, podemos não andar muito bem uns com os outros, mas o país vive em paz, nenhum turista que aqui chega está à espera de tiroteios ou revoltas populares.
tas e nos protegem; os que, não o sendo, nos respeitam, e aqueles outros, flibusteiros e odiosos bandidos que, não sei porquê, nos odeiam e se divertem a fazer-nos gelar o sangue nas veias. Gosto de motociclistas e, tirando rufias minorias que (aqui como em todos os grupos) existem, acredito que somos seres mais felizes devido à ampla e nítida visão que temos da existência. Por sermos uma
“espécie” mais frágil e exposta, devíamos também ser mais protegidos. Ocorre-me por isso proclamar “diz-me como respeitas os motociclistas na estrada e dir-te-ei que tipo de pessoa és”. Digo-o porque reconheço a sublimação que as duas rodas me trouxeram ao carácter, à valorização de cada momento e à capacidade de respeitar e proteger todos os desconhecidos que comigo se cruzam.
Três tipos de condutores
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opinião
Direccionei levemente o carro para a direita por for-
ma a tornar-lhe a ultrapassagem mais fácil e segura. Já à frente do meu carro, o motociclista esticou a perna em agradecimento. - Oh tão querido… Viste? Agradeceu! A minha mãe, que seguia ao meu lado, perguntou: - Agradeceu? Não vi! - Então não o viste a esticar a perna? - Ah, isso vi. Olha que giro,
não sabia que agradeciam assim. Expliquei-lhe que, às vezes, quando não nos é seguro largar as mãos, comunicamos com alguma das pernas. E expliquei também que quando andamos de mota percebemos logo com que tipo de condutores de carro nos vamos cruzando. Comentei que, no que a este assunto se refere, há basicamente três tipos: os que também são motociclis-
O POSTAL
Tiragem desta edição:
7.699 exemplares
regressa no dia 24 de Junho
última Projecto ‘Loulé Criativo’ é finalista nos Prémios ‘Município do Ano 2016’
pub
Vencedores serão conhecidos hoje e existem quatro finalistas na região d.r.
LOULÉ É UM DOS QUATRO FINALISTAS do Algarve candi-
dato aos Prémios “Município do Ano Portugal 2016”, que visam reconhecer as boas práticas dos municípios portugueses, no âmbito de uma iniciativa levada a cabo pela Universidade do Minho, através da sua plataforma UM-Cidades. “Loulé Criativo” é o projecto com o qual a Câmara de Loulé concorre a este galardão, que conta com 36 candidatos de norte a sul do país, divididos por nove regiões. Trata-se de uma aposta na valorização da identidade do território do concelho de Loulé, tendo como força motriz a criatividade e a inovação. Apoia a for-
ÔÔ Projecto louletano aposta na criatividade e inovação mação e actividade de artesãos e profissionais do sector criativo, contribuindo para a revitalização das artes tradicionais e para a dinamização de novas abordagens ao património imaterial. Uma das vertentes desta iniciativa é o Turismo Criativo, sendo que Loulé
é a primeira cidade portuguesa a aderir à Rede Internacional de Turismo Criativo. De salientar que são objectivos dos “Prémios Município do Ano Portugal 2016” reconhecer e premiar as boas práticas em projectos implementados pelos
municípios com impactos assinaláveis no território, na economia e na sociedade, que promovam o crescimento, a inclusão e/ou a sustentabilidade; colocar na agenda a temática da territorialização do desenvolvimento, perspectivada a partir da acção dos municípios; dar visibilidade e reconhecer, em diferentes categorias, realidades diversas que incluam as cidades de maior dimensão, mas também os territórios de baixa densidade nas diferentes regiões do país. Os vencedores por região e o grande vencedor a nível nacional serão conhecidos esta sexta-feira, dia 3, numa cerimónia que acontece no Forte do Beliche, em Sagres, concelho de Vila do Bispo. pub
D.R.
Missão Cultura: d.r.
Carlos Campaniço regressa à escrita com ‘As Viúvas de Dom Rufia’ p. 11
Parameologia afirma património imaterial fora de portas
p. 2
Espaço AGECAL: d.r.
Profissões na cultura e a sua formação
p. 3
Artes Visuais: d.r.
d.r.
FOrA mostra património oral em Portimão
O espetador pode ser criador/artista na arte interativa? p. 6
p. 10
Espaço ALFA:
d.r.
JUNHO 2016 n.º 93
Marrocos aqui tão perto
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO 7.699 EXEMPLARES
p. 7
www.issuu.com/postaldoalgarve
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03.06.2016
Cultura.Sul
Editorial
Missão Cultura
Da importância da cultura, da ditadura e de Manuel Madeira
A afirmação do património (imaterial) do Algarve fora de portas Direção Regional de Cultura do Algarve
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Quando pensei neste editorial a ideia era a de fazer notar, relembrar, a importânia da cultura e dos agentes culturais, muito em particular os artistas, na resistência à ditadura do estado novo (tudo em minúscula propositadamente, que naquela e neste não há quaisquer grandezas). Quando há dias (a 28 de Maio), se assinalam 90 anos (1926 - 2016) do golpe que viria a ditar a implantação da ditadura no país, cumpre realçar a importância dos artistas e dos movimentos culturais que durante as décadas de jugo mantiveram a reserva da consciência da liberdade e o objctivo desta como tábua rasa onde se escreveria o futuro que hoje conhecemos, livre. Não sabia então que Manuel Madeira, o poeta algarvio de São Bartolomeu de Messines, nos deixaria no plano da matéria, e faria deste Algarve cultural um pouco mais pobre. Nem a propósito, Manuel Madeira é tido como um dos impulsionadores do MUD Juvenil de Bela Mandil, a 28 de Março de 1947. Não se perde assim o intuito inicial do editorial e, simultaneamente, aqui se presta a primeira homenagem póstuma do Cultura. Sul ao poeta intemporal. Na próxima edição Manuel Madeira será motivo de destaque no Cultura.Sul pela mão de Adriana Nogueira. A todos os que como ele deram um contributo indelével na área cultural para a resistência e deposição da ditadura em Portugal cabe pois aqui o nosso agradecimento, singela demonstração do respeito que todos lhes deveriam ter e do reconhecimento pelo tanto que nos deram. Esta nossa liberdade.
Ao longo de 2016 o património imaterial no Algarve tem sido objecto de esforços e atenções especiais, por diferentes entidades, mas também pela comunidade académica e pela sociedade civil. Em pouco mais de dois meses assistimos a várias manifestações de reconhecimento do património cultural imaterial com base na transmissão oral no Algarve. Nomeadamente: o projecto de investigação romanceiro.pt, coordenado pelo Professor Doutor Pere Ferré da Universidade do Algarve, que com uma equipa de investigadores e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu, em parceria com a Fundação Manuel Viegas Guerreiro, uma plataforma acessível on line com várias centenas de registos deste género poético de expressão portuguesa; o catálogo de contos tradicionais editado recentemente pelos investigadores e professores da Universidade do Algarve, Isabel Cardigos e Paulo Correia, do Centro de Estudos Ataíde de Oliveira, que ao longo de cerca de 20 anos desenvolveram uma das obras mais completas de todo o
mundo sobre contos e lendas tradicionais portuguesas1; e a recente designação da Associação Internacional de Paremiologia (AIP) com sede em Tavira, como clube UNESCO, num reconhecimento pelo trabalho de estudo, de recolha e de transmissão do provérbio, como elemento de tradição oral. Outras iniciativas têm acontecido no domínio da inventariação e registo de manifestações de Património Cultural Imaterial (PCI), no âmbito dos municípios do Algarve e da sua rede regional de museus, mas também através da Direção Regional de Cultura do Algarve pelo apoio e incentivo do movimento associativo à recolha, à difusão e à valorização e pelas suas comunidades locais, das suas manifestações e tradições. O património intangível é uma componente principal do capital cultural das comunidades, da sua identidade local e da sua diversidade cultural. Este património, tal como o de natureza palpável, necessita de salvaguarda e de proteção2. As tradições orais são uma das suas componentes e incluem uma enorme diversidade de géneros. As histórias orais das pessoas possuem, por vezes, um carácter quase universal pois têm semelhanças entre diferentes países. No entanto, com frequência os
mónica monteiro
Assinatura do protocolo entre a AIP e a UNESCO lugares onde são recolhidas fazem reflectir as suas especificidades na linguagem, nos objectos, nos significados que transmitem. A gestão das formas de património imaterial tem singularidades que não devem ser inibidoras de um trabalho e esforço conjunto de documentação, de estudo, de registo, de prática e de transmissão deste património, onde a comunidade, no seu sentido mais lato, assume grande responsabilidade na sua vitalidade. Neste ano em que o Município de Tavira, comunidade representativa da Dieta Mediterrânica em Portugal (PCI reconhecido pela UNESCO), assume a presidência da coordenação da candidatura da DM, a con-
sagração da AIP como Clube UNESCO é mais um elemento de reconhecimento e de internacionalização da cultura portuguesa através do Algarve. Um clube UNESCO pode ser apresentado como uma extensão da Comissão Nacional da UNESCO e no caso concreto da AIP terá uma responsabilidade principal na preservação e transmissão dos provérbios como manifestações vivas de um legado cultural3: “Os Centros ou Clubes UNESCO são grupos de pessoas (associações sem fins lucrativos, ONG, escolas, universidades, fundações, círculos culturais, sociais e administrativos da comunidade), de todas as idades, todos os horizontes, de todas as
nos visita. Junho promete não ficar atrás. A Semana da Criança e do Ambiente abrem o mês que conta ainda com a Taça Nacional de Sub 18 de basquetebol, a Feira do Livro (de volta à nossa terra), as Festas da Cidade - quatro noites com oferta da melhor música que por cá se faz, com O LUDO, Olhão ao Vivo, teatro, pela Gorda e Campeonato Nacional de Street Workout.
Dizer que Olhão está na moda é pouco. As modas aparecem de repente e desaparecem ainda mais depressa. Mais do que uma moda, assistimos hoje a um concelho que não pára de nos surpreender e apresentar novidades, talento e qualidade. Não se trata de algo repentino nem fugaz. É o resultado da estratégia da Câmara de Olhão e do empenho
condições, que acreditam nos ideais da UNESCO e desejam apoiar a Organização na sua missão. Estas estruturas têm como objetivo promover a UNESCO e os seus Programas, propagar os seus ideais através de atividades inspiradas nas atividades da Organização, contribuir para a formação cívica e democrática dos seus membros, apoiar os Direitos Humanos, favorecer a compreensão internacional e o diálogo entre os povos, difundir informação relativa à UNESCO junto do público, a nível local (…). O primeiro Clube UNESCO surgiu no Japão em 1947, como um movimento espontâneo da sociedade civil.” Em Portugal o primeiro centro UNESCO nasceu a Norte, em 1989, no Porto. No Algarve, o primeiro nasce assim em Tavira por iniciativa da Associação Internacional de Paremiologia e assume-se como símbolo de cultura viva principal na região. 1
Ver também http://www.lendarium.
org/, arquivo português de lendas on line do Centro de Estudos Ataíde de Oliveira da Universidade do Algarve. 2
Enquadramento legal do PCI: Dec.
Lei n.º139/2009 de 15 de Junho, alterado pelo Dec. Lei nº 149/2015 de 4 de Agosto; Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, de 2003. 3
https://www.unescoportugal.mne.pt
Juventude, artes e ideias
Olhão não pára
Jady Batista Coordenadora Editorial do J
Em maio, Olhão voltou a mostrar-se em grande!
Durante 31 dias, Olhão não parou, com atividades variadas, que envolveram centenas de jovens (e menos jovens) com um alcance de vários milhares, quer a nível de presenças, quer a nível das redes sociais. Difícil foi escolher! Impossível foi ficar em casa! Nada de espantar, para quem cá mora e vive a nossa cidade, ou para quem, cada vez mais,
“FANDANGO” 11 JUN | 21.30 | Centro Cultural de Lagos Projecto nasce de uma mistura entre música electrónica e instrumentos acústicos (acordeão e guitarra portuguesa), pelas mãos de Gabriel Gomes e Luís Varatojo
de uma população, dos seus jovens e das entidades que, dia após dia, trabalham para que Olhão seja cada vez mais um concelho de referência nas áreas da cultura, do desporto, mas também a nível social, a nível das infraestruturas e de tudo aquilo que leva a população a motivar-se e os de fora a visitarem-nos, com muitos a optarem por investir e viver cá.
“VIDA VIVA NO MAR” Até 28 JUN | Galeria Pintor Samora Barros - Albufeira Beth Sales remete as suas emoções e afectos para a tela, construindo personagens fictícias, animais e pessoas, relacionando-os com momentos que testemunhou
Cultura.Sul
03.06.2016
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Grande ecrã Cineclube de Faro
Junho ‘condensado’ no Cineclube de Faro
IPDJ | 21.30 HORAS 18 JUN: A CASA DA MAGIA, Jeremy Degruson, Ben Stassen, Bélgica, 2014, 92’ (sessão especial)
A programação de Junho do Cineclube de Faro é, por assim dizer, uma programação condensada. O cheiro a verão já paira no ar e, nesse sentido, as baterias estão apontadas para o que se seguirá nos meses seguintes, congregando uma ampla oferta de propostas que aliam o bom cinema, o espírito livre e leve do cinema ao ar livre e a oportunidade de conhecer e visitar alguns espaços inéditos que serão uma absoluta novidade no panorama das mostras de cinema em Faro e que constituirão certamente uma enorme e agradável surpresa para o público Farense e não só. Nesse sentido, dizíamos, as propostas para junho assumem um formato, por um lado, um pouco mais condensado do que o habitual, mas por outro, já com a leveza e o espírito livre das Mostras de Verão. O pátio do IPDJ abre-se para um cheirinho a cinema ao Ar Livre e as propostas são, a 21 de
Programação: cineclubefaro.blogspot.pt
21 JUN | PORTUGAL, UM DIA DE CADA VEZ, João Canijo, Portugal, 2015, 155’ 28 JUN | DEUS EXISTE E VIVE EM BRUXELAS, Jaco Van Dormael, LUX/BEL/FRA, 2015, 113’
CINEMA EM VRSA, 21.30 HORAS, CINEMA GLÓRIA: 17 JUN | PORTUGAL, UM DIA DE CADA VEZ, João Canijo, Portugal, 2015, 155’
Cineclube de Tavira fotos: d.r.
Programação: www.cineclubetavira.com 281 971 546 | cinetavira@gmail.com SESSÕES REGULARES | CINE-TEATRO ANTÓNIO PINHEIRO | 21 HORAS 09 JUN | EL ABRAZO DE LA SERPIENTE (O ABRAÇO DA SERPENTE), Ciro Guerra, Colombia/Venezuela/Argentina, 2015, M/14, 125 min 16 JUN | AXILAS (AXILAS) José Fonseca e Costa, Portugal 2016, M/16, sem legendas, 88 min
Em destaque o filme de João Canijo Junho (dia 17, 21h30, em Vila Real de Santo António), a viagem de Anabela Moreira/João Canijo pelos fantasmas dos sonhos desfeitos do desenvolvimento e da prosperidade, pela resignação dos sobreviventes e dos resistentes, pelos retratos de um país triste e da estranha esperança dos que aspiram a que pelo menos se cumpra a vida, dos que vivem “Portugal,
Um dia de Cada Vez”, e a 28 de Junho, a leveza e originalidade do divertidíssimo e exuberante “Deus Existe e Vive em Bruxelas”, assinado por Jaco Van Dormael. Pelo meio, a 18, a animação dedicada aos mais novos (e aos menos novos também!!) traz-nos “A Casa da Magia”, de Jeremy Degruson e Ben Stassen.
23 JUN | L’ATTESA (A ESPERA), Piero Messina, Itália/França, 2015, M/12, 100 min 30 JUN | LA LOI DU MARCHÉ (A LEI DO MERCADO), Stéphane Brisé, França, 2015, M/12, 93 min
Cineclube de Faro
Espaço AGECAL
Profissões na cultura e a sua formação d.r.
Jorge Queiroz Sociólogo – membro da Direção da AGECAL
No pós-II Guerra Mundial na Europa e em Portugal, sobretudo nas décadas de 80 e 90 do séc. XX, desenvolveram-se políticas culturais do Estado e nas autarquias a par da emergência de influentes indústrias culturais. Com a contemporaneidade surgiram novas infraestruturas, programas, projectos culturais e artísticos, consequentemente profissões que se somaram às tradicionais relacionadas com o livro, a documentação antiga, o património monumental e os museus, as artes eruditas e populares. Ainda na ditadura surgiu em Portugal a Fundação Gulbenkian e já no final do século XX , com a democratização, o CCB (1992), Culturgest (1993), Fundação Serralves (1989), novos museus, bibliotecas, centros culturais e de arte, por todo o continente e nas ilhas. Surgiram projectos multidisciplinares como a Europália, Lisboa-94, Expo-98, as ca-
pitais europeias (Porto e Guimarães) e nacionais (Coimbra e Faro) da Cultura, festivais de teatro, dança, cinema, música, literatura, transdisciplinares,… Com a democracia a gestão cultural e a formação dos quadros passaram a ser problemas centrais face à necessidade de gerir eficazmente um sector com elevada complexidade técnico-científica, envolvendo áreas como a administração de recursos humanos e financeiros, direitos culturais e de autor, diplomacia cultural, investigação e estudos, contratação e comercialização, programação das artes, edição, produção de espectáculos e exposições, públicos e educação, comunicação e promoção, segurança de
equipamentos e colecções, transportes especializados… Na gestão dos recursos culturais colectivos estruturaram-se organizações no Estado e nas autarquias, ministérios, direções, departamentos, empresas públicas e serviços especializados na conservação e dinamização de monumentos e sítios arqueológicos, redes de museus, de bibliotecas, arquivos e cineteatros, programas regionais e de cidade,.. O sector privado ocupou-se da oferta e comercialização dos bens e serviços, da edição e produção cultural, foram criadas feiras, festivais, galerias de arte, distribuidoras, revistas, lojas… A formação dos gestores culturais
tornou-se premente, as licenciaturas tradicionais não correspondiam às novas dinâmicas. Na ausência de licenciaturas em Gestão Cultural, as organizações e os quadros recorreram a cursos complementares de curta duração, pós-graduações/mestrados (a UAlg organizou mestrado em GC), mas a resposta possível com evidentes limitações foi sobretudo a formação em contexto de trabalho. A investigação, apesar da influência económica do sector, continuou pouco relevante. Escassos são os estudos de economia aplicada ao campo cultural ou sobre os impactos dos projectos na geração de riqueza e na atracção turística. Criou-se também o falso mito da
“cultura despesista e sem retorno”, um estereótipo que fragiliza o sector e o País. Na última década o desinvestimento do Estado na cultura foi evidente. Entre 2001 e 2011 o peso relativo do sector cultural no OGE passou de 0,59% para 0,31%. Entre 2011 e 2015, a pretexto da “crise”, foi extinto o Ministério da Cultura, reduziram-se ou fecharam estruturas, perderam-se milhares de empregos... Independente há mais de oito séculos, Portugal possui um imenso património cultural e tem no turismo um dos seus principais vectores estratégicos. Sabemos que nas opções de viagem e de visita crescem exponencialmente as pessoas que procuram a história, o património, os monumentos e museus, as cidades culturais, as pequenas aldeias identitárias, os lugares de acontecimentos históricos, as festividades, as paisagens com produções locais, a gastronomia, os festivais, os parques naturais com fauna e flora preservadas,… O desenvolvimento cultural não pode ser encarado de forma subsidiária ou amadora, como assunto de “animação”, necessitamos de profissionais que saibam fazer diagnósticos, planeamento inclusivo, gerir recursos e infraestruturas culturais, construir projectos sólidos e sustentáveis onde territórios, empresas e comunidades possam ir buscar valor acrescentado.
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03.06.2016
Cultura.Sul
Letras e Leituras
O velho oeste segundo John Williams em Butcher’s Crossing
Paulo Serra
Investigador da UAlg associado ao CLEPUL
Butcher’s Crossing, de John Williams, foi publicado em 1960, portanto cinco anos antes de Stoner, romance considerado a sua obra-prima e uma das revelações literárias do ano passado. Butcher’s Crossing antecipa o mesmo registo linear de Stoner, numa prosa cuidada, meticulosamente descritiva, onde todas as palavras são pesadas e pensadamente escolhidas, numa obra ainda mais complexa e envolvente do que Stoner. John Williams (19221994), relembre-se, escreveu apenas quatro romances, deixou um quinto romance inacabado à data da sua morte, e os seus romances passaram cerca de meio século completamente desapercebidos até que um coro de autores e críticos e tradutores o resgatou originando uma pequena “febre”. Cormac McCarthy é um dos autores que admirou John Williams e foi por ele influenciado neste romance que é considerado um anti-western. Will Anders é um jovem com formação em Harvard, de boas famílias e algumas posses que em 1870 chega à remota povoação de Butcher’s Crossing. Este lugarejo é certamente um lugar esquecido no tempo, mas que ainda parece resistir às agruras do Oeste selvagem: «Butcher’s Crossing podia abarcar-se inteira quase num só relance. Um grupo de seis edíficios toscos era dividido por uma rua estreita de terra; de um e outro lado havia uma pequena porção de tendas para lá dos edifícios.» (pág. 12). E um dos grandes atributos deste romance é a forma como o narrador se perde por vezes em digressões quase metafísicas, à medida que se tenta desvendar as motivações insondáveis do protagonista, uma marcada diferença em relação a Stoner, se bem que possa encontrar paralelo naquele momento sublime em que o jo-
vem William Stoner se sente convocado para o seio de um mistério e o leitor se apercebe que é a poesia (que é como quem diz a literatura) que o chama, naquele instante em que a sua vocação como professor se começa a definir. Numa demanda incerta, pois Will Anders nunca mostra saber muito bem aquilo que o traz àquelas paragens, mas com uma confiança quase cega nas pessoas que encontra, financia e lança-se numa expedição até umas paragens longínquas que o caçador Miller lhe promete ter encontrado uns anos antes onde ainda havia búfalos em abundância, numa espécie de vale perdido e isolado do mundo. O que parece claro desde o início é que Will Anders não persegue o desejo de aventura como acontece com outros exploradores e caçadores, nem é motivado por uma ambição desmedida como Miller, sendo antes impelido por uma sede de conhecimento da natureza, do mundo autêntico e virginal que resiste para lá da civilização e da acção humana. Podemos perceber melhor a natureza da sua demanda no momento em que Will Anders confidencia a Charley Hoge, um dos homens que o irá acompanhar na sua expedição e que tem como principais motores o whisky que consome despudoradamente e a Bíblia que o acompanha permanentemente, que o seu pai era ministro leigo da Igreja Unitária: «Escutando Charley Hoge e pensando na King’s Chapel, apercebeu-se repentinamente de que fora alguma ironia como esta que o arrancara do Harvard College, e de Boston, para vir enfiar-se neste estranho mundo onde se sentia inexplicavelmente em casa. Uma ou outra vez, depois de ouvir as monótonas vozes na capela e nas salas de aula, evadira-se dos confins de Cambridge até aos campos e bosques que ficavam para sudoeste. Ali, numa pequena solidão, de pé sobre a terra nua, sentia a fronte banhada pelo ar puro e alcandorada até o espaço infinito; a pequenez e o constrangimento que sentira eram dissipados pela terra bravia que o rodeava. Vinha-lhe à memória uma frase de uma palestra de Mr. Emerson a que
fotos: d.r.
Butcher's Crossing foi publicado em 1960 assistira: transformo-me num globo ocular transparente. Cercado de campo e arvoredo, não era nada; via tudo; circulava por ele a corrente de alguma força indefínivel. E de uma maneira que não lograva sentir na King’s Chapel, nas salas de aula ou nas ruas de Cambridge, era parte integrante de Deus, livre e incontido. Por entre as árvores e ao longo da ondulada paisagem, conseguira vislumbrar o horizonte longínquo a oeste; e ali, por um instante, contemplara algo tão belo como a sua própria natureza desconhecida.» (pág. 52). A expedição formada por quatro homens parte em busca de um destino que (conforme
os dias passam e à medida que a convivência entre o grupo se torna cada vez mais aguçada, à medida das fraquezas, inseguranças e naturezas de cada um, quando as primeiras dificuldades como a falta de água se impõem) se torna cada vez mais uma miragem, pois Miller confessa que afinal já se passaram cerca de onze anos desde que viu esse vale remoto, como que um paraíso perdido para os caçadores, com milhares de búfalos (erroneamente designado assim, pois na verdade trata-se de bisontes). Quando finalmente encontram o vale aquilo que se desenrola perante os nossos olhos, mediante o testemunho
John Williams escreveu apenas quatro romances
de Will Anders, é uma carnificina em que o número de búfalos abatidos simplesmente pela sua pele, sendo a carcaça abandonada onde o animal foi morto a decompor-se lentamente, é muito superior ao que o grupo conseguirá de facto transportar numa só viagem. A epígrafe de Ralph Waldo Emerson (retirada de Natureza), provavelmente o mesmo Emerson que Will Anders terá ouvido numa palestra, sobre a natureza vai assim sendo desmontada ao longo da segunda parte do romance: «O dia, incomensuravelmente longo, dorme sobre as amplas colinas e os extensos campos mornos. Ter vivido durante todas as suas horas soalheiras dá-nos uma agradável sensação de longevidade. (...) No limiar da floresta, o homem do mundo, surpreso, é obrigado a abandonar as suas avaliações citadinas do grande e do pequeno, do sensato e do disparatado. A mochila do costume abate-se sobre as suas costas ao primeiro passo que dá nesses limites. Ali reside a santidade que envergonha as nossas religiões, que desacredita os nossos heróis. Ali descobrimos que a natureza é a circunstância que amesquinha todas as outras circunstâncias,
e julga como um deus todos os homens que vêm até ela.». Outro texto citado em epígrafe é uma passagem de Herman Melville que nos remete por conseguinte para a questão da natureza vs. Homem retratada em Moby Dick. A ambição de Miller, que se torna cada vez mais inumano e mais animal, enquanto persiste na sua matança injustificada, vai mesmo provocar um desfecho inesperado em que o grupo irá procurar sobreviver nas mais desumanas condições. E, no final, quando tudo aquilo que fizeram se revela em vão, como um feito infrutífero face à vontade divina e à impiedade da natureza, embrenhada no seu fluxo irreversível de dias que se sucedem aos dias e trazem novas estações, e à própria inexorabilidade da passagem do tempo e das modas do Homem que se vão sucedendo de forma igualmente imparável, percebemos como este romance pode constituir ainda uma fabulosa alegoria para as batalhas vãs e as guerras inúteis em que o Homem se perde, já não contra a Natureza, mas contra si próprio, como no incêndio final que é várias vezes designado de Holocausto.
Cultura.Sul
03.06.2016
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Panorâmica
Festival MED: um verdadeiro 'must' musical d.r.
Ricardo Claro
Jornalista / Editor ricardoc.postal@gmail.com
Há coisasa que se tornam um ‘must have’, há sítios que são um ‘must go’, e há experiências que são um ‘must feel’ e é exactamente isso que o MED é, um verdadeiro ‘must’ no universo das experiências musicais. A world music continua a dar cartas mundo fora com a descoberta de valores escondidos, verdadeiros tesouros da identidade cultural de todos os povos e culturas do mundo e o que o MED traz ao Algarve é isso mesmo, a riqueza da cultura pancontinental. Nesta que é a décima terceira edição do MED, Loulé acolhe artistas de 16 nacionalidades, numa panóplia de oferta musical que promete rechear de cores a paleta e projectar-se na tela da assistência de forma indelével e entusiasmante. Há mundos por descobrir por terras de Loulé entre os dias 30 de Junho e 2 de Julho, a que acresce um open day (gratuito) a 3 de Julho, domingo. Há sonoridades que cheiram a terras distantes e vêm envoltas em turbantes sonoros recheados de transparências e opacidades memoráveis, desafiando o ouvinte a despertar para outros
Dona Onete chega ao MED vinda do interior do Pará, no Brasil percursos tão distantes daqueles a que normalmente nos habituámos e, ainda assim, tão próximos de nós nesta cultura humana e universal a que pertencemos.
São quatro dias em que se promete um programa à medida de todos e cada um, desde os pequenotes aos mais crescidos, e que incluem artesanato, exposições, workshops, gastronomia
e muita animação de rua. É que durante o MED há tempo para tudo menos para o enfado, que por Loulé, nestes quatro dias, a música é outra!
30 Junho (quinta)
1 Julho (sexta)
2 Julho ( sábado)
Palco Matriz
Palco Matriz
Palco Matriz
António Zambujo (Portugal) 22.15 horas
Palco Cerca
Danakil (França) | 00.15 horas
Sem contar com a abertura, em estilo open day e, pois, grátis, o Festival MED vai custar 25 euros para ter acesso aos três dias do evento, mas pode optar pelo bilhete diário familiar (dois adultos e duas crianças até aos 16 anos) por 25 euros. Quanto ao bilhete diário vai ter um preço de 10 euros, sendo que as crianças de idade até 12 anos têm entrada franca no certame. Estes preços verificam-se até 26 de Junho. A compra pode ser realizada no Cine-Teatro Louletano, nos locais habituais, na BOL - Bilheteira Online e no local (nos dias do festival). A partir do dia 27 o bilhete diário custa 12 euros e para os três dias 30. Com performances originais, o MED volta a apresentar-se para marcar o estilo do Verão em terras algarvias e trazer à região muitos que querem estar num dos maiores eventos nacionais do género e hoje absolutamente incontornável na cena da world music nacional. Momentos únicos e prazerosos é o que se espera de um festival que voltará decerto a tomar de assalto ruas e vielas, travessas e largos do centro de loulé, convertendo a cidade num pólo electrizante para os melómanos. Agora que já lhe adoçámos o paladar com esta proposta irrecusável, adiante-se ao esquecimento e marque na agenda os dias deste MED de 2016. Venha sentir o pulsar único das sonoridades raras deste e doutros mundos.
Dubioza Kolektiv (Bósnia e Herzegovina) 00:15 horas
Palco Cerca Aldina Duarte (Portugal) 21.15 horas
Palco Cerca
Moh! Kouyaté (Guiné-Conacri) | 23.15 horas
Alo Wala (Dinamarca/Noruega/EUA) | 01.15 horas
Palco Castelo
Palco Castelo Otava Yo (Rússia) 23.45 horas
Palco Jardim
Palco Castelo Chico Correa (Brasil) | 01.45 horas
Palco Jardim
Capicua (Portugal) | 23.45 Horas
Alturaz Al Andalusí (Síria) 21.30 horas
Muhsilwan (Sudão/Marrocos/Guiné Conacri) | 21.30 horas
AGENDAR
Os preços
“O CONTINERALISMO POÉTICO - ACHADOS” Até 28 AGO | Museu Municipal Dr. José Formosinho - Lagos Projecto que se materializa em três séries distintas com temáticas próprias (Achados, Musas e Todos os Santos), criado para apresentar as últimas criações de Timo Dillner
Palco Jardim Sharq Wa Garb (Marrocos) | 21.30 Horas
“CONCERTO COM OS DEOLINDA” 4 JUN (21.30) e 5 JUN (18h30 | Cine-Teatro Louletano A banda composto por Ana Bacalhau, Luís José Martins, Pedro da Silva Martins e Zé Pedro Leitão vem a Loulé apresentar o seu novo álbum “Outras Histórias”, editado este ano
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03.06.2016
Cultura.Sul
Artes visuais
O espetador pode ser criador/artista na arte interativa?
Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
No início, a arte baseada em computadores era um campo marginal, mas com o potencial das novas tecnologias, tem vindo a aumentar consideravelmente o interesse de artistas plásticos pelos computadores e pela utilização de programas informáticos na produção de arte visual, sobretudo na nova geração de artistas, permitindo a realização de arte visual de forma mais criativa e menos dispendiosa. A media arte continua a ter cada vez mais adeptos e alguns consideram que este é um dos movimentos atuais que mais vai marcar o futuro da arte (Tribe & Jana, 2010). Conforme refere Santaella (2009), muitos artistas “reivindicam que a arte nas novas mídias digitais, inclusive no seu aspeto avançado de interface com a ciência de ponta, biotecnológica e mesmo nanotecnológica, e com a robótica e inteligência artificial, é a verdadeira arte do nosso tempo”. Embora não concordemos com esta posição radical, parece-nos ter sentido que a arte aproveite os desenvolvimentos que têm ocorrido ao nível das novas tecnologias, tal como tem sabido aproveitar outros desenvolvimentos tecnológicos ocorridos no passado. A artista Diana Domingues (2000), que coordenou o Grupo de Pesquisa de Novas Tecnologias nas Artes Visuais, da Universidade de Caxias do Sul (Brasil), considera que a relação entre ciência, tecnologia e arte traduz um novo conceito de arte: “É a noção da arte não mais como objeto, mas como sistema complexo, que permite a interação. As pessoas que vão ver uma obra não apenas contemplam, mas interagem”. Um exemplo do trabalho coordenado por esta artista é a obra denominada INS(H)NAK(R)ES, em cuja concretização participou uma equipa transdisciplinar que inclui artistas, biólogos
e informáticos. Nesse trabalho, um robô, de nome Ângela, “vive” dentro de um serpentário, com cobras vivas, mas pode ser movimentado pelas pessoas através da Internet. A web câmera do robô transmite as imagens de dentro do serpentário, de forma, que o robô simula o corpo e a visão da pessoa, como se ela estivesse em seu lugar. Segundo a artista, o título da obra significa in snakes e, ao mesmo tempo, as letras entre parênteses podem formar a palavra share, que traz a ideia de partilhar o corpo humano com o corpo do robô. Um outro exemplo de arte interativa foi o trabalho “Cronofia”, apresentado na 25ª Bienal de São Paulo (2001), por Goifman e Müller. Era apresentada uma página da internet, podendo os participantes intervir clicando no botão do rato. Não acontecia nada, até que, após alguns cliques, aparecia uma nova imagem da internet. Com este trabalho, os autores queriam criticar a excessiva utilização atual da internet e o excesso de imagens não duradouras. Ainda em termos de arte interativa, já em 1997, o artista americano Peter Halley havia criado uma instalação em que os espetadores usavam computadores para alterar as imagens e as cores que o artista tinha escolhido, levantando-se a questão sobre se o espetador também seria artista neste trabalho. A arte interativa também pode ter uma componente pedagógica, permitindo a compreensão e a aprendizagem do “espetador”, na perspetiva de que a melhor forma de aprender é permitir uma atitude ativa e participativa por parte de quem aprende. Nesse sentido, em 2012, criámos uma sequência de imagens digitais que podem ajudar a compreender o que é o stresse e outros conceitos próximos deste, em particular os concei-
tos de coping e de resiliência, bem como distinguir entre a vertente negativa do stresse (distress) e a vertente positiva do stresse (eustress), pois esta não é conhecida pelo público em geral. Em termos de software informático, para a realização deste trabalho foram utilizados os programas on-line Prezi (Somlai-Fischer, 2012) e Wordle (Feinberg, 2011). Aproveitando as potencialidades destes programas informáticos, procurámos criar um ambiente digital que integra as imagens das telas “Eustress e Distress”, que havíamos produzido anteriormente (Jesus & Bidarra, 2011), colocando no meio a questão “What is stress?” Desta forma, procuramos expressar que o stresse é algo que se situa entre estes dois conceitos mais específicos, representando também que se trata de duas possibilidades alternativas de desenvolvimento quando o sujeito é confrontado com exigências que constituem fatores de stress. Integrámos na imagem diversos termos-chave que permitem responder à questão colocada e compreender como é que as situações de distress e de eustress podem ocorrer e desenvolver-se. Esses termos-chave são os seguintes e apresentados nesta sequência: stress, factors, distress, symptoms, coping, resilience e eustress. A imagem que destaca a questão colocada constitui o primeiro de vinte passos apresentados neste trabalho. A sequência de passos foi organizada de forma a que primeiro surjam imagens de cada uma das telas com a respetiva designação de distress ou eustress, consoante o caso, para fomentar a curiosidade no espetador e para que este se possa aperceber das duas possibilidades deste termo. Depois a sequência segue com a apresentação de cada um dos termos-chave, encontrando-se num ponto de
fotos: d.r.
Obra em técnica mista “Distress e Eustress (síntese)” (Jesus, 2011) cada um deles um conjunto de palavras que ajuda a compreender o seu sentido. As palavras relativas a cada termo-chave foram selecionadas a partir de uma revisão da literatura da especialidade sobre cada um dos termos, permitindo um conjunto de palavras para cada termo. Estes conjuntos de palavras foram organizados no Wordle e transpostos para o Prezi, possibilitando este a sua observação através do efeito zoom que permite efetuar. A sequência dos termos foi a referida atrás porque o desenvolvimento do distress numa situação de stresse (termo 1) depende dos fatores (termo 2) presentes nessa situação. Do distress (termo 3) resultam vários sintomas (termo 4). A resolução de situações de
distress depende das estratégias de coping (termo 5) e das competências de resiliência (termo 6) do sujeito, possibilitando o desenvolvimento do eustress (termo 7). A apresentação termina com um afastamento da imagem, possibilitando uma visão panorâmica das telas e dos termos-chave distribuídos nestas. Este trabalho encontra-se disponível no youtube, através do link http://www.youtube. com/watch?v=uwK8ih4FPFs O Prezi permite que o ritmo de passagem entre cada passo da sequência seja decidido pelo espetador, no momento em que está a apreciar o trabalho. Assim, neste trabalho também procuramos aproveitar a vertente de interatividade permitida pela arte digital (Lieser,
Imagem inicial do trabalho em arte digital “What is stress?” (Jesus & Bidarra, 2012)
2009), pois o espectador pode gerir o tempo que demora em cada passo da sequência de imagens. Desta forma, o ritmo da aprendizagem do conceito de stresse pode ser personalizada, indo ao encontro das indicações da maioria das teorias de educação atuais (Jesus, 2004). No entanto, a gestão do ritmo de aprendizagem pelo próprio aprendiz, permite uma nova abordagem do ensino personalizado, pois tradicionalmente seria o professor a gerir o ritmo do ensino, procurando adaptá-lo aos conhecimentos iniciais e às capacidades reveladas pelo sujeito que aprende. Assim, a participação ativa do espetador e a interação permitida pela arte que recorre ao potencial das novas tecnologias tem também esta vantagem de permitir ambientes de apreciação artística ou de aprendizagem através da arte mais atrativos e cujo ritmo é gerido pelo próprio sujeito que aprecia ou aprende. Desta forma, este trabalho procurou explorar as relações de convergência entre a arte, a ciência e a tecnologia, encontrando-se a relevância da sua componente pedagógica patente na necessidade da participação ativa do espetador, pois este terá de fazer um percurso de vinte passos que pode gerir segundo o seu próprio ritmo de aprendizagem em torno do conceito de stresse. A concepção do espetador como ativo já existe há bastante tempo, não sendo um mero contemplador passivo dos produtos artísticos e, além disso, já havia formas anteriores de tornar o espetador participante em certos trabalhos artísticos instalativos, mesmo que não fossem utilizadas novas tecnologias. No entanto, estas vieram ampliar ainda mais as hipóteses de fomentar uma cada vez maior participação do público na “finalização” do produto artístico, constituindo o aproveitamento das novas tecnologias um dos principais desafios para o desenvolvimento futuro no plano das artes visuais. Nota: Algumas das reflexões apresentadas neste artigo encontram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt)
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Espaço ALFA
Marrocos aqui tão perto
Marco Pedro
Tesoureiro da ALFA
Para os amantes de fotografia de viagem, o Reino de Marrocos é sem dúvida um país que tem muito para dar aos fotógrafos. O país vive de contrastes, o que o torna único na esfera global, em que o norte é um misto de cultura árabe e ocidental e o sul, abaixo das montanhas da Cordilheira do Atlas, oferece a magia do deserto com a sua cultura berbere. Nas cidades, as suas medinas com centenas de ruas estreitas, em que apenas uma rua principal tem entrada e saída, fazendo a ligação de todas as outras ruas, é um palco de luz e cores, que em conjunto com os transeuntes proporciona imagens de rara beleza
e exotismo. Além disso, sendo um país de fácil acesso, dotado de uma excelente rede de auto-estradas, é possível viajar no seu interior com facilidade e comodidade, sendo uma opção a incluir em projetos de férias. Na senda de captar a magia de Marrocos, a ALFA está a organizar uma viagem fotográfica a realizar entre os dias 9 e 12 de junho, aberta a sócios e não sócios, existindo aindapoucas inscrições. Esta viagem, espera-se ser uma de muitas que se irão realizar a este extraordinário país. Nesta primeira viagem, o local estrela a visitar será a famosa “Cidade Azul”, na sua denominação oficial Chefchaouen, a principal cidade das montanhas do Rife, cuja arquitetura dos edifícios se assemelha à andaluza, mas a típica cor branca dá lugar ao azul-turquesa, oferecendo aos fotógrafos um agradável desafio de composição. Durante a estadia, os viajantes ALFA também pode-
rão visitar a grande cidade de Tânger, a cidade costeira de Arzila, onde podem ser vistas
fortificações construídas pelos portugueses, de 1471 a 1550 e entre 1577 a 1589, bem como
a enorme e mágica medina de Tetuão. Viajar é uma forma de aprendizagem e a ALFA quer
proporcionar isso e muito mais aos seus viajantes. Venha daí, venha connosco!
em dia não só sabemos que a felicidade não está fora de nós, mas é algo que podemos treinar! Momentos pontuais de felicidade não bastam. Procuramos uma felicidade estabilizada. Como consegui-la?
servá-lo com curiosidade, não se identificar imediatamente com ele, distanciar-se, criar espaço. Se não resultar, fazer algo agradável: ouvir música, dar um passeio, etc. Quando a calma regressar reflectir, então, sobre o assunto com paciência e tolerância.
os desejos a serem satisfeitos, porque os há legítimos e vitais e também os há inúteis e prejudiciais.
Filosofia dia-a-dia
A arte da felicidade
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
É feliz? Quem se atreve a responder um SIM, sem hesitações, a esta pergunta? Mormente oscilamos: “hoje tenho um mau dia” ou “hoje estou bem disposta”. A maioria de nós padece um certo grau de descontentamento omnipresente. Se a felicidade é algo que todos, sem excepção, desejamos por que será tão difícil de alcançar? Três formas infalíveis de transformar a vida num inferno 1. Cultivar a insatisfação Sempre esta sensação/ de que estou a perder/ só estou bem onde não estou/só quero ir aonde não vou António Variações
Compare-se constantemente com os outros. Este é um modo extraordinariamente eficaz de se tornar infeliz. Como demonstra a canção, quando chegar lá, verá que é apenas outro aqui e quererá partir de novo. 2. Alimentar o sofrimento Alguns tipos de sofrimento são inevitáveis mas outros somos nós que os criamos. Dalai Lama
Pense constantemente em desgraças e ache injusto tudo o que lhe acontece. Enumere as várias ocasiões em que foi maltratado. Desta forma reforçará o ódio e intensificará a raiva. Personalize a dor: seja susceptível, reaja excessivamente a toda e qualquer pequena coisa, perca a noção das proporções. Sobretudo, vitimize-se e dramatize! 3. Ser um camaleão Se seguimos as vicissitudes da vida
tão depressa chamaremos ao mesmo homem feliz como desgraçado, uma espécie de camaleão sem fundamentos sólidos. Aristóteles
Faça depender o seu estado de espírito não só daquilo que lhe acontece, mas também de tudo o que se passa à sua volta. Perca o seu centro e deixe-se levar pela montanha russa da vida. Alterne entre a euforia e o desespero. Fuja da introspecção. Não se conceda um só momento de sossego. A Felicidade treina-se! Boas notícias: a felicidade depende mais de nós do que das circunstâncias exteriores. No grego antigo a palavra para felicidade é Eudaimonia que literalmente significa “o estado de ser habitado por um bom daemon, um bom génio”. Já nessa altura se entendia que felicidade não é algo que se alcança, mas antes um estado de espírito. Hoje
1. Erradicar as emoções negativas e incentivar as emoções positivas A única protecção contra os efeitos destrutivos da cólera e do ódio, é a prática da paciência e da tolerância. Dalai Lama
Algumas correntes psicológicas defendem a realização de exercícios catárticos para evacuar o sofrimento ou soltar a raiva. Fundamentam-se num princípio hidráulico: quando a pressão aumenta tem de ser libertada. Contudo, a mente não é uma panela de pressão. Melhor seria tratar a alma como um jardim: regar as emoções positivas e arrancar as negativas como se fossem ervas daninhas. Sempre que um estado de espírito negativo se instalar ob-
2. Distinguir e seleccionar os desejos O conhecimento seguro dos desejos leva a direccionar toda a escolha para a saúde do corpo e para a serenidade do espírito; esta é a finalidade da vida feliz. Epicuro
Cálicles, personagem do Górgias de Platão (428-348 a.C), defende que para se ser feliz é preciso ceder a todos os desejos. O seu suplício é comparado ao das Danaides condenadas a encher uma jarra com furos, não conseguindo nunca concretizar os seus propósitos. Em contrapartida, Epicuro (341270 a.C) sustenta que para ser feliz é preciso seleccionar bem
3. Cultivar a serenidade O ideal da vida deve ser acima de tudo a serenidade. Agostinho da Silva
Não se deve confundir a calma com insensibilidade ou apatia. Um estado de espírito amorfo não é, seguramente, feliz. O desassossego mental leva à frustração e à discórdia. Precisamos de cultivar a disciplina interior que conduz à serenidade. Ela constitui a chave para uma vida alegre e feliz mesmo em condições adversas. Transformar a dificuldade num desafio é esculpir a alma. Nisto consiste a arte da felicidade. As reflexões sobre os textos da rubrica Filosofia dia-a-dia continuam nos Cafés Filosóficos que se realizam em Tavira e Faro em Português e Inglês. Para mais informações contacte: filosofiamjn@gmail.com
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Sala de leitura
Amadores de dança (ou a arte como inclusão)
Paulo Pires
Programador cultural no Município de Loulé http://escrytos.blogspot.pt
Folheando um qualquer dicionário de língua portuguesa, surgem três acepções para a palavra “amador”, que deriva do latim “amatore”: o que ama, namorado, amante; o que exerce qualquer arte, desporto ou ofício por gosto e não por profissão; ou o que é inexperiente (sentido pejorativo). Se o primeiro significado é, sem dúvida, e curiosamente, o mais esquecido e em desuso nos dias que correm, já o último parece ter adquirido, de alguma forma, uma certa preponderância face aos restantes e até contaminado a segunda acepção (a antinomia amador/profissional), continuando a persistir amiúde na opinião pública uma conotação negativa, redutora/superficial ou pelo menos céptica, ora mais notória ora mais velada, sobre o que se entende por “amador” – facto a que o mundo da cultura e das artes também não é alheio. Num tempo em que a palavra “especialização” ainda é, para o bem e para o mal, muito valorizada social, simbólica e financeiramente, e em que a apologia do expert como alguém que, mais do que qualquer outro, tem a capacidade de compreender dado problema/necessidade e de encontrar soluções para o mesmo – e não esquecendo, ainda assim, a utilidade e relevância inequívocas de um aprofundamento de conhecimentos e práticas numa dada área (artística, científica ou outra) –, as artes podem ter um papel especialmente estimulante, porque questionador e desconstrutor, no que concerne, por exemplo, à participação activa de elementos não profissionais/não especializados em actividades e projectos performativos visando propósitos socialmente inclusivos. Não havendo gradação ou hierarquização desses participantes, e juntando-os com profissionais, nomeadamente em contextos de espectáculo, a tónica passa a ser a do respeito pela diversidade social, sublinhando a individualidade e singularidade de cada um dos membros da comunidade
envolvidos, sem desvirtuar a sua natureza intrínseca. Tratando-os como iguais, permite-lhes/nos assumir as suas/nossas diferenças, ditadas com naturalidade por percursos de vida, idades, pesos, agilidades, formações, sonhos e entendimentos da arte impossíveis de sincronizar. Daí que esta se possa assumir também, positivamente, como uma “arte sem qualidade”, no sentido de tentativa, possibilidade, (eventual) erro, e não como certeza, idealização ou previsibilidade – no fundo, como lugar que também é de todos, sem tipificações ou imposição de cânones a priori. Sabemos bem que as artes podem revelar-se instrumentos preciosos para o fomento de uma consciência participativa e para a (re)descoberta e (re)construção
democratização da abordagem e a importância do empoderamento das comunidades não deverão passar apenas pela vertente formal (quem participa?), mas também pelos conteúdos: conceitos/ideias-base, motivações, interesses, significados, conflitos e consensos. Vários projectos realizados, entre outros, pela coreógrafa Madalena Victorino em contextos rurais são bons exemplos de intervenção de dança em comunidades, os quais ilustram a extrema relevância de o processo artístico (ao nível do vocabulário de movimento, dos recursos artísticos, das orientações criativas, etc.) brotar a partir daquilo que diz respeito e é valorizado pelas pessoas, ou seja, da sua história e experiência de vida, as quais são
que, ainda segundo Madalena Victorino, se deverá posicionar um trabalho de dança que tenha efectivamente em conta a comunidade. Trata-se de perceber, em estreita articulação com esta, que potencial criativo e artístico os movimentos do quotidiano social (suas riquezas e subtilezas) podem ter, reinventando as suas rotinas no sentido da criação de objectos artísticos que depois são devolvidos a essa mesma realidade comunitária. O espectáculo “Vale”, que a mesma coreógrafa apresentou em finais de 2011 no Algarve no âmbito do Movimenta-te – Trajectórias de programação cultural em rede (Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel e Tavira), assentou também neste paradigma inclusivo quer ao nível dos participand.r.
Dança inclusiva de identidades a nível social, dado proporcionarem um sedimentar de sensações relativas à sua existência. Nesta linha, a dança, à imagem de outras expressões artísticas, revela-se um passaporte/mediador útil e profícuo nesse processo de trabalho com as comunidades, o qual se deseja democrático, libertando as subjectividades individuais e colectivas. Mas, de modo a estabelecer uma relação verdadeiramente dialógica e recíproca (e não unívoca, como por vezes se constata) entre arte e educação/intervenção social, o desafio maior de um projecto artístico em contextos comunitários consistirá precisamente na conjugação/balanço entre uma participação que se deseja activa (e inquietadora) dos elementos locais enquanto protagonistas do processo e, simultaneamente, a necessidade de não ignorar a qualidade dos produtos desenvolvidos. Mas essa
naturalmente anti-espectaculares. É aqui que surge uma distinção importante, que a reconhecida coreógrafa não deixa de sublinhar nos seus escritos: o movimento do real e o movimento da dança. Este último existe “para ser fruído ou pelo corpo ou pelos olhos” e está ligado ao lazer, à ocupação de tempos livres, a uma suspensão do quotidiano que passa a ser percepcionado de outra forma. No fundo, “a dança é vista como uma elevação, uma subida em saída do corpo e do movimento que habitualmente fazemos”. Por outro lado, o movimento do real, do dia-a-dia, “é pesado, feito com esforço, porque se liga ao trabalho, às obrigações, às dificuldades que o corpo vai encontrando ao longo do desenrolar do tempo”. Será nesse limbo entre os movimentos do real e da dança, explorando corpo, comunidade, composição e contexto,
tes (um grupo de várias dezenas de pessoas de diferentes idades, perfis e proveniências, que se juntou em palco a bailarinos e músicos profissionais), quer da adequação temática e artística à realidade sociocultural local/ regional. Recorde-se que este formato teve a sua génese num convite que a Artemrede fez a Madalena Victorino para que criasse um projecto de arte comunitária no Vale do Tejo. E na verdade “Vale” reflecte bem essa dupla sensação de vertigem e prazer de se estar em conjunto, captando “tanto a força quase bruta da multidão como a doçura do gesto mais pequeno”. Pensando em propostas mais recentes, e nomeadamente no trabalho que tem sido desenvolvido pelo coreógrafo francês Jérôme Bel, o espectáculo “Gala”, estreado em 2015 (inspirado num seminário com amadores de um bairro dos subúrbios de
Paris) e apresentado no Teatro Maria Matos em Abril deste ano, aposta claramente em formas dançadas de inclusão, na homenagem à diferença e na recusa de práticas institucionais do universo da dança. Bel insiste nas ideias de fragilidade e de “estado desarmado” dos amadores (por contraponto aos profissionais, que se tornam mestres das suas respectivas práticas) como aquilo que mais o cativa e inspira nas suas práticas, as quais, na visão do provocador criador, “assentam no princípio do prazer, do desejo. Cada amador está a revelar-se e nunca se realizará como os profissionais”. É, no fundo, a crença de que a arte pode conduzir-nos a um território comum e democrático, a uma aspiração colectiva de alegria, reinvenção e partilha, onde o percurso, personalidade e bagagem cultural de cada um dos amadores (de origens diversas) iluminam a sua dança. A própria coreógrafa e bailarina Vera Mantero, em parceria com o músico e compositor António Pedro, tem estado envolvida no lançamento de um projecto recente denominado “Dança para músicos”, promovido pela Materiais Diversos e que vem na linha de outras propostas artísticas de envolvimento comunitário desenvolvidas pela dinâmica associação cultural. Neste caso, atendendo à longevidade e vitalidade associativas das bandas filarmónicas e aos papéis aglutinador e formativo que estas desempenham junto das populações, os motes da intervenção passam pelas ideias de trabalho colectivo e voluntário, e de respiração como acto vital e regular do qual depende a própria vida. O ponto de chegada deste projecto passa pela apresentação pública de espectáculos em que os músicos da banda filarmónica são os intérpretes exclusivos de um trabalho coreográfico e musical. Mas há projectos de dança inclusiva que também têm incidido no trabalho com segmentos de amadores à partida mais improváveis e, por isso mesmo, duplamente estimulantes e desafiadores, neste caso pessoas com deficiência (motora ou outra), como sejam o Lab InDança, lançado em final de 2015 em Santa Maria da Feira e coordenado por Clara Andermatt (figura incontornável da dança contemporânea nacional) e Henrique Amoedo (director do Grupo Dançando com a Diferença, existente desde 2001 e sediado
na Madeira). Neste laboratório-residência artística de dança, que tem tido uma adesão surpreendente até para os seus promotores, estimula-se a imaginação, a auto-estima, a consciência corporal, a cooperação, o desbloqueio físico e social, a criatividade, percebendo o que cada indivíduo tem de singular e também como esse substrato pode ser integrado num contexto mais estético-artístico, mesmo que, no fundo, o mais relevante seja, de facto, o processo e não o resultado final. Mas, além da questão de positivar a diferença, este projecto acaba por ter também uma vertente mais “prática”, no sentido em que pode conferir maior autonomia, bem-estar e força muscular aos participantes, o que se afigura essencial para o seu dia-a-dia. Por fim, e não obstante haver outros projectos que incidem no carácter inclusivo da dança, uma palavra para o trabalho que está a ser desenvolvido desde final de 2015 no Algarve, designadamente em Tavira, Olhão e Loulé, por Ana Borges, directora artística da associação corpodehoje, no âmbito do projecto Dream First – Ouvir a Dança. Dirigindo-se sobretudo a crianças em risco, já sinalizadas ou não por entidades da área social, a crianças com deficiência mental e ao público infantil em geral, pretende estimular diálogos criativos e interdisciplinares entre dança, corpo, movimento e som/música, como ferramentas para a auto-consciencialização, desconstrução e libertação físicas e psicossociais dos mais pequenos. O Dream First conta com o apoio da parceria SIC Esperança/ Portugal Masters Golfe, das autarquias de Loulé, Olhão e Tavira, e da Fundação Irene Rolo. Com estes vários exemplos e abordagens como pano de fundo, insisto na ideia da dança contemporânea também como um exercício de igualdade na diferença, em que se dança com o corpo e não “apesar do corpo”. A um nível mais lato, trata-se de encarar a própria arte como veículo que, entre outros fins, permite ao indivíduo encarar as suas limitações/barreiras/erros (físicos ou de outra natureza) sem filtros ou preconceitos, como algo imbuído de uma potencial dimensão e valor criativos que podem ser explorados, experimentados, reinventados, partilhados. Talvez porque sejamos muito mais iguais do que as nossas (evidentes e salutares) diferenças nos possam fazer crer.
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O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Junho Biblioteca Municipal de Tavira pelas 17 horas
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Junho fotos: d.r.
Agora que o tempo convida, na associação de Faro (r.António Maria Laboia,nº1), à cidade velha, na muralha de onde a ria se deixa sempre ver, voltam os concertos à tardinha, ali com pôr do sol ao fundo. O primeiro «Concerto ao Entardecer» foi com Marco Luz. O próximo vai ser com os Tribruto já no sábado 4 - às 19h30. Sigam a página para mais eventos.
Palavra Ibérica
Sábado, 4 de junho, Tavira
AGENDAR
Pedro Jubilot apresenta o seu novo livro, um périplo no sentido anti-horário, que começa e termina no Algarve. Editado em abril pela CanalSonora - «Telegramas do Mediterrâneo», em prosa-poética - para conhecer na
Ser A Eternidade Para Mim»: A Eternidade bem que podia ser para mim uma melosa tomada numa esplanada vazia no momento em que o sol devora o corpo oceânico e repete incansavelmente esse intervalo suspenso no fixidez do tempo.
Telegr. Nº 8 – Bougie – Argélia do convés para sul avista-se um porto industrial, não tão amplo como quando teixeira gomes ali se auto-exilou para lá dos seus sonhos inglórios procuram-se vestígios desse tempo em que zeus, o paquete grego, atracou, deixando-o por um sempre ali, mesmo sabendo como era incomparavelmente bela a sua terra ( junto às rochas de pitoresco recorte de areia fina e doirada emergindo do mar cerúleo ) mas manuel já não acena do cais a sua exagerada sensibilidade aos jovens cheios de tempo perdido em roupas gastas e desbotadas. esses que remam águas paradas nas bolhas de petróleo flutuado
Arquente
É o mês mais importante das nossas vidas. Do solstício, na época do sol-estio-ócio. Os dias que atingirão as noites tão tarde que mal as vemos passar. A temperatura que as amena, quase não desce, e faz-nos cirandar em trajes menores até se vislumbrar um raio nascente…
Escaras / Danças?
Vila Real de Santo António recebe o regresso do encontro «Palavra Ibérica» a Portugal, a 3 e 4 de junho com concertos, comunicações, apresentações de livros e editoras (CA2 e Biblioteca Municipal Vicente Campinas) e recitais de poesia (Salão do Xá), com autores, editores e artistas. Uma série de actividades destinadas a potenciar o intercâmbio e a cooperação cultural entre as localidades e regiões dos países de língua castelhana e portuguesa. “LANZAROTE: A JANELA DE SARAMAGO" Até 9 JUL | Centro Cultural de Lagos A exposição fotográfica de João Francisco Vilhena mostra a relação entre o Nobel da Literatura falecido em 2010 e a ilha que escolheu para viver
Adão Contreiras
Sexta, 17 junho – Vitor Gil Cardeira leva 2 livros - «Escaras» (Lua de Marfim) e «Danças?» (Edições Cativa) para a Biblioteca Vicente Campinas em Vila Real de Santo António para serem apresentados por Pedro Jubilot. Uma feliz coincidência editorial, ou como quem diz: não há fome que não dê em fartura. Servida à hora do lanche - 18 horas - por isso não vai indispor. (…) A outra margem só existe na penumbra Do crepúsculo e mesmo assim Só a acedes enquanto espuma Evanescente. Espuma que encanta Os que nunca se encontraram mesmo Quando habitam vontades semelhantes E percorrem veredas paralelas. Quando Os olhares divergem do que realizas e és, Da esteira difusa que cobre o passado A que não podes voltar, reages Como se a dor fosse uma impossibilidade De regresso aos campos de restolho onde O sexo convoca a inocência nas contendas Do susto e do medo. A ausência transforma-se num colapso de desejo, Numa inusitada falência da vontade em Penetrar o silêncio da realidade sarcástica. O significado do ato envolve o que rejeita A perplexidade, apodrece no tempo, Na perdição que naufraga na escuridão e Responde ao ego ausente. Debaixo das nuvens moram os que não sabem saltar Ao eixo nas noites eternas.
«À Descoberta do Seixe» O que têm a dizer alguns poetas de Odeceixe - vol.I, publicado pela Arandis editora, mostra três poetas de Odeceixe de três gerações, com estilos diferentes, acompanhados pelas pinturas de Almerindo. O mais novo, Paulo Constâncio (1989), escreve em «O Que Poderia
Acaba de publicar através da editora 4Águas, o seu mais recente livro intitulado: «Mostruário de Títulos para POEMAS», com prefácio de Fernando Martins, que nos diz estarmos «perante poesia que se debruça sobre a própria poesia, para se questionar, para avaliar o seu alcance e os seus limites». E para confirmar com Vítor Gil Cardeira, editor desta obra, que a apresentará na Casa Álvaro de campos em Tavira, às 21h30 de 17 de junho. (p.72) para poemas complexos toda a palavra é um cometa nota: poema sobre a palavra constatará o escritor: a palavra nasce de um fundo negro desaparece num horizonte perpétuo é um fluxo colorido como um limão espremendo-a fica a pele sonora as rugas da escrita o sumo da verdade evapora-se quando a palavra sobe ao céu-da-boca
Junho Por ti deixas entrar o Verão, o acalentado desejo de hordas sedentas de cálidas ondas baixas. Grupos de turistas que invadem areais e praças frescas, ruas e lugares dados à tranquilidade. Por ti passavas calmo, displicente, ao lado da festa activa, desenfreada, da passagem de modas, dos desfiles de sotaques e idiomas. Por ti Junho eu….
“CONFIDÊNCIAS” 4 JUN | 21.30 | Teatro das Figuras - Faro Viviane vai apresentar o seu mais recente trabalho, contando com a presença de Mafalda Arnauth, Susana Felix e Luanda Cozetti, entre outros artistas convidados
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Espaço ao Património
FOrA - Festival da Oralidade do Algarve: quando o Património Oral teve palco em Portimão d.r.
Carla Vieira
Associação Teia D’Impulsos
Em 2014, a Associação Teia D’Impulsos criou um espaço de divulgação e de diálogo sobre o património oral algarvio. Assim nasceu o FOrA – Festival da Oralidade do Algarve. Enquadrado no âmbito do Património Cultural Imaterial, definido pela UNESCO como um conjunto de usos, representações, expressões, conhecimentos e técnicas reconhecidas pelas comunidades, grupos e indivíduos como parte integrante do seu património cultural, o Património Oral é constantemente recriado pelas comunidades em função do seu contexto, da sua interacção com a natureza e da sua história. Caracteriza-o um sentimento de identidade e de continuidade entre gerações. A globalização e as transformações na vida das sociedades, em particular nos meios urbanos, ameaçam a sobrevivência desse património e tornam urgente a criação de mecanismos e instrumentos para a sua preservação. Salvaguardá-lo é promover o diálogo entre o global e o local, entre a tradição e a modernidade, é construir os alicerces para uma sociedade futura marcada pela riqueza da diversidade. A ideia original do FOrA foi exactamente essa: a de divulgar o património oral em harmonia com a sua natureza perecível e mutável, inscrevendo-o no momento e no âmbito do performativo, alheio a qualquer esforço de fixação. O património oral é aqui entendido num sentido lato, englobando vários géneros de saberes e costumes transmitidos oralmente entre gerações - dos provérbios ao cancioneiro popular, das lendas ao artesanato, das lengalengas e trava-línguas aos jogos tradicionais. Constituído por sessões interactivas realizadas sucessivamente em espaços diferentes, dentro e fora de portas, o FOrA convida os
Descasca do milho no Castelo de Alvor participantes a circular de sessão em sessão, na descoberta dos tesouros guardados na memória do povo algarvio. A primeira edição decorreu em 2014, entre os dias 26 e 28 de Junho. O festival começou com um debate em torno da definição do património oral e prosseguiu num ambiente de festa, dinamizando o centro da cidade de Portimão, em particular o eixo compreendido entre a Casa Manuel Teixeira Gomes, o Jardim 1º de Dezembro e o Teatro Mu-
nicipal de Portimão. As histórias da vida no mar do Sr. João Pedro de Alvor, as lengalengas e trava-línguas das Moças Nagragadas, as lendas das mouras encantadas do Al-Gharb e a poesia popular, as brincadeiras e danças do Rancho Folclórico de São Bartolomeu de Messines, os jogos tradicionais – a diversidade marcou o programa. Uma diversidade que se quis alargar ainda mais na segunda edição. Em 2015, o FOrA voltou a Portimão entre os
dias 30 de Junho e 4 de Julho. O objectivo foi chegar a mais público e abarcar expressões e formas de comunicação do património oral menos óbvias. A exibição do filme Floripes, de Miguel Gonçalves Mendes, inaugurou a segunda edição do festival que, em 2015, também chegou ao Museu de Portimão e ao Castelo de Alvor. No Museu, o grande enfoque foi dado à história oral e à relação entre o património imaterial e o espaço museológico, atra-
vés de uma visita guiada por antigos operários da fábrica e de uma mesa-redonda subordinada a esta temática. No terceiro dia, o FOrA rumou a Alvor e, por via da iniciativa da associação Alvorecer, reacendeu antigas memórias de como se curavam os males do corpo e da alma numa oficina de mezinhas e recriou a prática ancestral da descasca do milho. Visando abranger um largo espectro de público, o festival continuou com acções dedicadas aos mais pequenos, bem como com a actuação de grupos de cantares tradicionais, as “Conversas FOrA” dedicadas à religiosidade popular e à expressão linguística do Algarve, mostras de artes e ofícios, a recriação da apanha e destilação do medronho, os “Bailes FOrA” e, para terminar a noite, as sessões “FOrA de Horas”, dedicadas a expressões alternativas e mais contemporâneas de Oralidade. A organização e concretização de um festival desta natureza só foi possível pela conjugação de várias sinergias e pela cooperação de outras associações, de organismos públicos e privados e de cidadãos que colocaram o seu tempo e capacidades ao serviço desta iniciativa. Um especial enfoque deve ser dado à associação Alvorecer que, desde o primeiro momento, colaborou com a Teia D’Impulsos na dinamização da programação do FOrA. De facto, os apoios do município, das freguesias e do Museu de Portimão, bem como da Direcção Regional da Cultura do Algarve, e, especialmente, as parcerias estabelecidas e o voluntarismo dos participantes revelaram-se elementos essenciais para que o programa tivesse atingido os objectivos de diversidade e de qualidade. Só assim se tornou possível chegar a mais público. E mais público significou mais pessoas sensibilizadas para a necessidade de preservar este património que define aquilo que nós somos e o que transmitiremos às gerações futuras. Em sintonia com este enlevo que nos motivou desde o início, o FOrA continuará e, em 2017, chegará com muitas novidades.
Ficha Técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Carla Vieira Marco Pedro Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve, FNAC Forum Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
facebook: Cultura.Sul Tiragem: 7.699 exemplares
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Cultura.Sul
Da minha biblioteca
As Viúvas de Dom Rufia – de Carlos Campaniço fotos: d.r.
Adriana Nogueira
Classicista Professora da Univ. do Algarve
ram diferentes, com uma capacidade extraordinária, Firmino foi fenómeno por opção: escolheu ser diferente, num mundo de desigualdade, em que as gentes da ceifa tinham o tempo «todo vertido em trabalho, em espigas e depois em bagos de trigo em farinha, em pão. A foice na mão, os canudos de cana na outra, vergando as espinhas, mas não a dignidade».
acompanhassem a patrulha ocasional. Como o carteiro, que trazia a esperança de que melhores tempos, melhores ideias, estariam para chegar, ainda que se lhe notassem já alguns autoritarismos». Dom Rufia, o Ilusionista
adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Carlos Campaniço, alentejano que se «algarviou» há mais de 20 anos, publicou agora um novo romance, com a chancela Casa das Letras (Grupo Leya): As Viúvas de Dom Rufia. Num registo diferente dos livros anteriores, pautado pelo humor e a ironia, Campaniço escreve, com graça, a vida multiplicada de Firmino António Pote (mais conhecido por Dom Rufia, entre as gentes da sua terra), que encarnava diversas personagens, fruto da sua fantasia e, até, de alguma ingenuidade. A ficção da ficção
AGENDAR
O narrador apresenta-se numa nota inicial, identificando-se como sobrinho «longínquo» de Dom Rufia, indicando, no final da obra, que a teria escrito em 1980. É este familiar que liga as pontas soltas da história, aquelas de que as outras personagens não tinham conhecimento. A história passa-se em data não muito distante de 1910, visto a República ter sido implantada haveria pouco tempo. As informações temporais são discretas (o que revela a maturidade do escritor, que não cai num tique comum dos menos experientes, que é o explicar tudo com muito pormenor), mas claras, servindo para transmitir uma ideia do ambiente que se vivia e de como a sociedade foi afetada por esse momento da nossa história (aqui, apenas como pano de fundo): «De presenças fugazes, os soldados causavam sempre grande reverência às gentes do campo; era como se a República e os novos tempos
Todos os que já viram espetáculos de magia sabem como a curiosidade fica desperta, ao tentar descobrir o segredo por detrás da ilusão. Os mágicos conseguem fazer-nos acreditar que um coelho se transformou em pomba. Apesar de sabermos que há um truque, que não é verdade, a curiosidade leva-nos a ir assistir às demonstrações, e a vontade de saber mais cresce em nós. Somo iludidos e gostamos da sensação. Neste romance, Dom Rufia é o ilusionista de quem não conseguimos deixar de gostar. Trafulha desde pequeno, tornou-se um adulto trapaceiro. Mas não era má pessoa, se considerarmos que o seu desejo era não ter uma vida de servidão, como a de todos os outros, naquele Alentejo profundo do início do século XX. Este seu desejo vai sendo expresso em vários momentos do livro, mas no final é o tio Homero (com um nome a que faz jus: relembrando o poeta grego que cantou a guerra de Troia e o regresso do seu herói, Ulisses, a casa, é ele que sabe a verdade e a conta a todos, incluindo ao narrador) que o explica muito bem: «Mas a verdade, senhores e senhoras, é que ele nasceu e cresceu nesta família humilde, que não teve hipótese de lhe dar outra vida. Nunca aceitou tal condição. Jurou não se deixar escravizar pelos donos destes campos, que obrigam um homem a trabalhar de sol a sol para ganhar o que mal dá para pagar um pão. Ideias que ninguém lhe meteu na razão. Ele as descobriu, ele as defendia. Ajudou-o a natureza, que lhe pôs muita imaginação na cabeça». À medida que a narrativa
Dom Rufia, o amante
Carlos Campaniço publicou novo romance avança, vamos percebendo que Firmino era, para uns, uma coisa, e para outros, outra: desde um almocreve educado, obrigado a trabalhar por desgraças familiares, a um ourives bem-falante, um médico dedicado, um advogado muito religioso, um rico ganadeiro espanhol, um diplomata… Curiosamente, tal como nós, que queremos presenciar o fim do espetáculo do ilusionista, também todas as que se apresentaram no velório de Dom Rufia, julgando serem a sua viúva, aguentaram o choque quando se aperceberam da sua quase poligamia e ficaram para ouvir o resto da história do homem que «foi sincero nas amizades, nos amores e no prazer de estar
“PERCURSO COLORIDO” Até 1 JUL | 1º andar do edifício da Câmara de Albufeira Nos seus desenhos Fernanda Nogueira privilegia o lápis de cor, potenciando as suas possibilidades no que respeita à cor, à sobreposição e intercepção de imagens
convosco. Chegou mesmo a dizer-me que amava todas as suas mulheres». Dom Rufia, o fenómeno As manigâncias de Dom Rufia eram tão extraordiná-
rias, que atraíram a atenção de um velho chileno, que andava pelo mundo à procura de prodígios, sendo conhecido, por isso, como Juan de los Fenómenos. O livro conta-nos alguns deles, como o do rapaz cujos olhos mudavam de cor em cada estação do ano, ou o da mulher que conseguia identificar todos os cheiros. Todos estes tinham em comum o serem qualidades raras, mas que não serviam para quase nada. As pessoas eram, simplesmente, diferentes das outras, mostrando como Deus improvisou e «agiu sem recurso à memória pra fabricar o mundo. (…) Deus fez o cavalo, mas não se preocupou em fixar a receita. Quando o quis replicar noutras partes do mundo, saiu-lhe um burro, e de outra vez uma zebra, por exemplo». E se uns nasce-
As cenas de amor entre Firmino e as suas amantes e eternas noivas (porque nunca casou com nenhuma) são descritas com mestria. Sem cair no facilitismo de uma linguagem vulgar, o autor apresenta a realidade das mulheres de diferentes idades e condições sociais, que preservavam uma fachada exigida pela sociedade, dando largas ao prazer quando não tinham esse constrangimento. Com muito humor, mas também com sensibilidade, acompanhamos, por exemplo, o prazer que Domitila redescobre quando se entrega a este homem: «era ela que lhe indicava o compasso daquela libertação. Como uma crisálida, transformou-se noutra, sendo inteira no jeito como o quis». Ou o prazer do próprio Firmino ao tocar em Joaquinita, que o tinha cativado: «seria capaz de jurar que ela libertava um perfume próprio, como as mais generosas flores, como os frutos incontaminados. Tocou-lhe na pele que pensava ser como o veludo, mas enganou-se, porque o veludo não chegava a ser tão saboroso ao tacto». Um livro muito bem escrito e muito bem conseguido. Um livro que nos arranca muitos sorrisos e algumas gargalhadas. Um livro que nos deixa a pensar sobre as reflexões que vai plantando. Um livro com uma linguagem muito bem trabalhada, que nos embala na toada alentejana, vagarosa e quente, ora simples e direta, ora mais refinada, sempre com graça, deixando-nos com von-
“QUARTETO DE GUITARRAS CONCORDIS” 3 JUN | 19.00 | Ruinas Romanas de Milreu - Estoi O quarteto constituído por Eudoro Grade, João Venda, Rui Martins e Rui Mourinho apresenta o tema Iberis, um programa de raiz ibérica
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