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EM FOCO
Festival do Contrabando levou milhares a Alcoutim e regressa já em 2018 pág. 4
Governo confirma fim das concessões de prospecção de petróleo na costa sul Depois das dúvidas geradas na opinião largo da costa sul do Algarve, a entidade Estado Português” e desfaz qualquer pública sobre o fim das concessões de reguladora do sector dos combustíveis dúvida. A luta continua quanto ao furo a prospecção e exploração de petróleo ao confirma “rescisão dos contratros pelo realizar ao largo de Aljezur pela Eni/Galp RICARDO CLARO
Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A ENTIDADE NACIONAL PARA O MERCADO DE COMBUSTÍVEIS (ENMC) confirmou na passada terça-feira, dia 4 de Abril, ao Movimento Algarve Livre de Petróleo (MALP) o fim dos contratos de concessão relativos às zonas de prospecção de hidrocarbonetos situadas offshore (no mar) ao largo da costa sul do Algarve. A confirmação foi feita em resposta a questões dirigidas à entidade reguladora do Estado pelo MALP sobre a exploração de hidrocarbonetos na região e sobre o desaparecimento das zonas de prospecção de lagosta, lagostim, sapateira e caranguejo dos mapas disponíveis no portal da ENMC na internet. Recorde-se que a alteração dos mapas com o desaparecimento destas áreas de prospecção e exploração de hidrocarbonetos na internet teve lugar sem que quer o Governo, quer a ENMC, dessem informações e/ou confirmação oficial da rescisão dos contratos que nestes casos ligava o Estado ao consórcio Repsol/Partex.
O QUE DIZ A ENMC Diz a ENMC, através da Unidade de Pesquisa e Exploração de Recursos Petrolíferos, que “as 4 concessões a sul do Algarve foram retiradas do mapa das áreas vigentes do site da ENMC, porquanto os contratos de concessão foram rescindidos pelo Estado Português”. Para que não restassem dúvidas o MALP questionou a ENMC sobre se a entidade mantinha todas as suas
Governo, confirmou ao POSTAL João Martins do MALP. Por isso, “a luta mantém-se até que definitivamente se abandone a prospecção e exploração de petróleo real ou potencial ao largo de toda a costa do Algarve, costa ocidental incluída” disse.
PS CONGRATULA-SE COM A EVOLUÇÃO DAS DIVERSAS SITUAÇÕES MAS MANTÉM PREOCUPAÇÃO QUANTO AO CASO DE ALJEZUR AO POSTAL o líder da
Federação do Algarve do PS, António Eusébio, diz congratular-se com “aquela que tem sido uma evolução positiva da situação relativa à prospecção de hidrocarbonetos”. “Tínhamos seis situações quando chegámos ao Governo e de momento só uma resta”, refere o deputado à Assembleia da República, salvaguardando que o PS/ Algarve se manterá atento e a acompanhar de perto como tem feito até agora - a
situação que resta, a da prospecção offshore ao largo de Aljezur”. “Certo é que resolvemos uma situação que não era de todo favorável à região e que em grande parte está sanada, mas tem de se tentar afastar de toda a região qualquer possibilidade de pôr em causa a segurança dos algarvios, do território e do ambiente, bem como, a economia regional que assenta essencialmente no turismo”, sublinha.
î António Eusébio diz que se manterá atento ao caso de Aljezur competências nesta matéria, sendo que a resposta obtida foi: “Até indicação em contrário a ENMC encontra-se em pleno cumprimento das suas funções, sendo a supervisão das actividades de prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo uma das competências desta entidade”. Segundo o representante do MALP, João Martins, nestes quatro sectores a questão está encerrada. “Se não fosse assim teríamos de concluir que a mentira e logro estariam institucionalizados, face à resposta que obtivemos da ENMC”, diz. Está assim confirmada oficialmente a extinção das quatro áreas a sul da costa da região, sendo que o contrato para exploração onshore foi rescindido pelo Governo em nome do Estado. No onshore a relação entre o Estado e a Portfuel de Sousa Cintra chegou ao fim por rescisão e só
nos tribunais será possível ao consórcio em, que participava a empresa do ex-presidente do Sporting e vilabispense, reverter a situação, o que será “muito improvável” disse ao POSTAL uma fonte próxima do processo político que tem levado às sucessivas rescisões. Entretanto, ainda activa está a situação offshore ao largo de Aljezur, com o consórcio ENI/Galp a desejar avançar para a perfuração inicial tão cedo quanto possível e o início da operação a depender do aval do
D.R.
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REGIÃO
Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt
Aleluia! Aleluia! Aleluia! A Páscoa regressa a São Brás Festa das Tochas Floridas anima domingo pascal na vila serrana com Quinzena Gastronómica a garantir mesa farta Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A PÁSCOA ASSINALA-SE ESTE ANO A 16 DE ABRIL e, uma vez
mais, pelas ruas de São Brás de Alportel se ouvirão ecoar as vozes dos homens da terra “armados” de tochas floridas a louvar a ressurreição de Cristo com o tradicional “Ressuscitou como disse. Aleluia! Aleluia! Aleluia!”. Mas nem só do clamor da fé que ribomba nas paredes brancas da vila e se espraia no eco pelos ares se faz a beleza desta tradicional festa pascal. Numa verdadeira obra prima que se prepara há muito antes de ser pisada no domingo religioso, as ruas da vila mostram-se atapetadas por uma profusão de flores em tapetes de mil cores e desenhos de primor. É o trabalho de muitas mãos e dedicação ainda maior que dá forma aos tapetes que se estendem qual passadeira vermelha para acolher os passos ritmados do andamento da procissão mais importante do concelho
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e uma das mais importantes manifestações religiosas de Páscoa em toda a região. São milhares aqueles que todos os anos celebram o domingo desta quadra pascal em São Brás entre aqueles que integram o cortejo processional e os muitos infindos que escolhem a manhã do dia maior da Páscoa para assistir à procissão, agendada para as 11 horas.
TAPETES FLORIDOS PODEM SER APRECIADOS NAS RUAS DE SÃO BRÁS DESDE A MANHÃ DE DOMINGO Mas o Domingo de
Páscoa começa cedo em São Brás, após madrugada fora se terem colocado milhares de flores pelos pavimentos das ruas em desenhos a régua e esquadro preparados, logo pelas 9.30 horas abre-se aos visitantes a oportunidade de apreciarem a beleza deste feito popular. Pelas 10 horas, lugar para a Feira de Artesanato e para o Encontro de Sabores, enquanto na Igreja Matriz se celebra a eucaristia. Com horário de início
Assine o
î Milhares de visitantes ocorrem à vila de São Brás para ver a Festa das Tochas Floridas para as 11 horas, a procissão, momento alto do dia, antecipa a eucaristia das 13 horas e o início da tarde cultural agendado para as 15.30 horas.
Durante a tarde, haverá animação para unir o religioso e o pagão, numa festa que é de todos em São Brás, com a música a cargo do grupo “Os Môces Mara-
fados” e do grupo Folclórico Velha Guarda a prepararem as hostes para o espectáculo de Sérgio Rossi.
QUINZENA GASTRONÓMICA
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logo desde 6 de Abril e até ao próximo dia 18, a Quinzena Gastronómica de São Brás de Alportel promete mesa recheada por terras da serra algarvia. Oito restaurantes integram a iniciativa, que atinge este ano a nona edição e prometem o melhor aos comensais que escolham rumar a São Brás de Alportel para provar algumas das mais icónicas iguarias da gastronomia e doçaria regionais. Certo também é que para os cumpridores dos mais rigorosos preceitos religiosos, a refeição de almoço pascal poderá ter em São Brás propostas capazes de fazer cumprir, sem desvios aos deveres, a necessidade de celebrar o Dia de Páscoa com uma mesa digna da data e do fim do período de restrição pascal. Motivos de sobra para apontar o GPS a São Brás de Alportel e tirar os azimutes às propostas irresistíveis das geografias serranas para esta época de celebração pascal.
POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C, 8800-412 Tavira
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CONVIDA A CELEBRAR O FIM DO ‘JEJUM’ PASCAL Entretanto,
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REGIÃO
Portimão vai repavimentar as principais vias do concelho pág. 8
Festival do Contrabando levou milhares a Alcoutim e regressa já em 2018 Ponte flutuante provisória registou enchente impressionante Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
O FESTIVAL DO CONTRABANDO QUE DECORREU EM ALCOUTIM encheu a vila, entre 24 e 26 de Março, como nunca se viu, com milhares e milhares de pessoas a escolherem a vila do nordeste algarvio como destino para se juntarem à primeira edição da iniciativa. “Nunca durante o dia a vila teve semelhante enchente de gente”, ouviu o POSTAL repetidamente nas perguntas que dirigiu a vários alcoutenejos no sábado. “Acho que só nas Festas de Alcoutim e só à noite alguma vez vi cá mais gente”, disse ao POSTAL um alcoutenejo habituado a que as festas da terra sejam o ponto alto do calendário do concelho.
CERCA DE DEZ MIL PESSOAS ATRAVESSARAM O GUADIANA PELA PONTE FLUTUANTE Sem se
poder apurar quantas pessoas visitaram Alcoutim neste festival de entrada livre, certo é que foram muitos milhares, e apenas se pode afirmar que durante os três dias se realizaram cerca de dez mil travessias da ponte provisória que uniu as duas margens do Guadiana. A ponte flutuante, uma das principais atracções do festival, que permitiu que portugueses e espanhóis, bem como muitos turistas de diversas nacionalidades, atravessassem o Guadiana entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, abriu à travessia de peões na sexta-feira e manteve-se aberta todo o dia de sábado (excepto entre as 12 e as 14 horas), bem como na manhã de domingo, sendo que na tarde do último dia do festival teve de encerrar devido ao mau tempo. Milhares de pessoas puderam ainda assim atravessar o rio e visitar, como fez o POSTAL, a localidade espanhola de Sanlúcar de Guadiana, onde o festival também se fez sentir, embora com muito menos pujança do que do lado luso da fronteira. Experimentar a travessia foi a actividade mais cobiçada pelos visitantes, que no sábado tiveram de esperar, em alguns pe-
RICARDO CLARO
ríodos, cerca de uma hora para conseguir cruzar as águas do rio. Ao POSTAL o presidente da Câmara de Alcoutim reconhece que “o fluxo de pessoas na travessia criou alguns problemas de escoamento, que levam a que a autarquia tenha de repensar a forma como a ponte será instalada e usada na próxima edição do festival”, mas destaca “o quanto esta iniciativa foi mobilizadora das pessoas para visitarem o festival”.
NOVA EDIÇÃO JÁ EM 2018 Certa
é a realização de uma segunda edição do Festival do Contrabando já para o ano. “Estamos a ultimar já esta semana a candidatura do Festival do Contrabando para 2018 no âmbito do programa 365 Algarve”, confirmou ao POSTAL o autarca local Osvaldo Gonçalves. Outra coisa não seria de esperar quando, como o POSTAL testemunhou, Alcoutim viu coroada de sucesso a iniciativa que teve nesta primeira edição resultados absolutamente espantosos e que deu aos alcoutenejos - caso ainda tivessem dúvidas - razões para acreditar que o seu território é válido e é capaz de gerar atractividade suficiente para arrastar multidões, quando se criam condições pensadas e estruturadas para que se reforce a identidade e valorização locais, quer do espaço, quer da cultura, quer ainda da economia. Ao POSTAL o presidente da Câmara diz que “a travessia pedonal do rio é uma das atracções a manter na próxima edição do festival, com características que possam melhor responder ao extraordinário afluxo de pessoas que se registou neste primeiro evento” e acrescenta que “na próxima edição um dos objectivos será o de reforçar a oferta cultural do programa, bem como, conseguir uma melhor distribuição do evento pelo espaço da vila”.
A CULTURA COMO MOTOR DA ECONOMIA COM O MINISTRO DAS FINANÇAS A VER TUDO NESTE REGRESSO ‘A CASA’ Quem
decerto se espantou com o re-
î Milhares atravessaram a ponte provisória sobre o Guadiana sultado do Festival do Contrabando, por muito que se tivesse preparado para o evento, foram os comerciantes de Alcoutim e muito em particular a área da hotelaria e similares, nomeadamente, os restaurantes e afins. O POSTAL testemunhou casas cheias de clientes que, durante horas consecutivas, quiseram experimentar as propostas gastronómicas ou simplesmente beber uma bebida com vista para o Guadiana. O comércio nos vários stands de venda de produtos diversos registou também uma notável procura, com destaque para os produtos locais, nomeadamente os enchidos e os queijos. A cultura - elemento base do Festival do Contrabando - foi assim o motor inequívoco de uma pedrada no charco na economia local e quem pôde assistir a todo o frenesim da festa e da economia foi Mário Centeno, ministro das Finanças, que percorreu o festival acompanhado pelo presidente da Câmara Osvaldo Gonçalves. Foi lado-a-lado com o homem que actualmente ocupa a presidência da Câmara que o ministro, bisneto do primeiro presidente da Câmara de Alcoutim, José Centeno de Passos, viu de perto o impacto do Festival do Contrabando na terra de que foi presidente da autarquia o seu bisavô. O titular da pasta das Finanças reviveu assim
uma terra da sua infância num dia pleno de emoções.
DÁLIA PAULO DESTACA A “EMOÇÃO” DE UM PROGRAMA CULTURAL “COROADO DE SUCES-
SO” Para a responsável pelo
Programa 365 Algarve, que ajudou a financiar o Festival do Contrabando, o evento foi “um verdadeiro sucesso a que assisti com muita emoção”. “A emoção de ver transformada em realidade a possibilidade de unir os dois lados do Guadiana e ver e ouvir as pessoas enquanto atravessavam a ponte entusiasmadas com a proximidade foi impressionante”, diz Dália Paulo, que sublinha “o brilho no olhar de portugueses e espanhóis de ambos os lados da ponte e durante a travessia, bem como os comentários que ouviu de pessoas de todo o Algarve e de fora da região sobre a beleza da vila e as propostas do festival”. Sem se comprometer com uma nova edição para 2018, a comissária do 365 Algarve é clara ao afirmar que um evento do programa 365 Algarve que teve sucesso “tem todas as condições
para voltar a ser apoiado”. A responsável destaca a forma como “a cultura pode e é um veículo para dinamizar os territórios, as economias locais e para reforçar a auto-estima das populações, tão necessária para que se fixem nos territórios” Pela mesma bitola alinha Osvaldo Gonçalves, que vê coroada de sucesso uma iniciativa que “tínhamos em carteira há vários anos e que conseguimos, com o apoio do 365 Algarve e de muitas outras entidades, tornar realidade, provando todo o potencial do concelho de Alcoutim, das suas gentes e actividades típicas”. “A afirmação de Alcoutim e dos alcoutenejos e da sua capacidade de atrair públicos tão diversos como os que visitaram o festival - muitos deles vindos pela primeira vez ao concelho - é motivo de orgulho para todos nós”, remata o autarca. PUB
MUNICÍPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 4 /2017 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 10 de janeiro de 2017, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovado por unanimidade um voto de pesar pelo falecimento do Dr. Mário Alberto Nobre Lopes Soares; 2. Aprovada por maioria a proposta número 1/2017/CM, referente a 1ª. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano/2017; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 2/2017/CM, referente a Atribuição de apoio ao Agrupamento de Escolas Dr. Jorge Augusto Correia; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 3/2017/CM, referente ao Protocolo a celebrar com a Associação de Produtores Florestais da Serra do Caldeirão; Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 10 de janeiro de 2017 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1181, de 7 de Abril de 2017)
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REGIÃO
NO Relation são a única banda algarvia na semi-final do EDP Live Bands pág. 10
Aplicação de 8,4 milhões em Faro gera polémica entre Câmara e oposição Saldo de gestão de 8,4 milhões de euros foi aprovado com as contas de 2016 em reunião de Câmara e deu origem à primeira grande discórdia entre executivo e oposição na Câmara farense em ano de eleições Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
A POLÉMICA ESTALOU NA ÚLTIMA REUNIÃO DE CÂMARA DA AUTARQUIA DE FARO, com PS e
PSD a chumbarem mutuamente propostas para definir a forma de investir 8,4 milhões de euros (ME) que sobraram do orçamento de 2016 para este ano. Quando se poderia supor que a aprovação das contas de 2016 na Câmara de Faro abririam caminho à incorporação no orçamento deste ano, em sede de revisão de orçamento municipal, de 8,4 milhões de euros de saldo de gestão, a polémica deitou por terra a possibilidade dos farenses verem o dinheiro investido de imediato nas necessidades do concelho.
A PROPOSTA DE ROGÉRIO BACALHAU Após a aprovação das
contas de 2016 e do respectivo saldo de gestão, o executivo apresentou uma proposta de incorporação de parte do saldo de gestão no valor de 4,9 ME, tendo como destino o pagamento de dívida da autarquia de forma a poder sair do Plano de Reequilíbrio Financeiro (PRF) e, segundo o autarca, “livrar a Câmara do apertado controlo nos gastos a que está submetida pelo Governo”. Quanto ao resto do saldo de gestão, o autarca diz ter explicado à oposição que “os cerca de 3,5 ME seriam incorporados num segundo momento, já sem o controlo da Direcção-Geral do Orçamento às escolhas da autarquia, sendo que a selecção dos investimentos a fazer com este valor seria aberta à negociação com a oposição como aconteceu no ano de 2016 face ao saldo de gestão de 2015”.
RICARDO CLARO
PS E PCP CHUMBAM PROPOSTA DE BACALHAU, RECUSANDO-SE A PASSAR “CHEQUE EM BRANCO” AO EXECUTIVO CAMARÁRIO Sem
rodeios PS e CDU uniram-se e votaram contra a proposta do executivo liderado por Rogério Bacalhau e apresentaram uma proposta de incorporação integral do saldo de gestão. Para o PS, liderado na vereação por Paulo Neves, “o PSD apresentou na reunião do Executivo uma proposta de revisão orçamental para incorporar apenas 4,9 dos 8,5 ME, pedindo ao PS e ao PCP que passassem um cheque em branco sobre o destino a dar à diferença, isto é, 3,6 ME ficariam de fora das contas numa espécie de contabilidade virtual”. O PS acrescenta que apresentou “uma proposta alternativa à do presidente do PSD, incorporando o valor total das receitas extraordinárias, isto é, 8,5 ME, PUB
MUNICÍPIO DE TAVIRA EDITAL Nº 5 /2017 Jorge Manuel do Nascimento Botelho Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 24 de janeiro de 2017, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovado por unanimidade a proposta número 4/2017/CM, referente a Parecer prévio vinculativo – aquisição de serviços de advocacia e apoio jurídico; 2. Aprovada por maioria a proposta número 5/2017/CM, referente a Abertura de procedimento concursal para recrutamento de trabalhador por tempo indeterminado – Técnico superior com licenciatura em Educação Física e Desporto; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 6/2017/CM, referente à Concessão de regulamento do Fundo de Compensação do Plano de Pormenor de Pêro Gil; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 7/2017/CM, referente à Concessão do direito de exploração de espaços comerciais (lojas) no Mercado Municipal de Tavira – 2-CPce/15 – Adjudicação definitiva e aprovação das minutas de contrato (lojas n.ºs 2, 3 e 7); Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume. Paços do Concelho, 24 de janeiro de 2017 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1181, de 7 de Abril de 2017)
cando Faro e os farenses”.
A RAZÃO DA SEPARAÇÃO EM DUAS TRANCHES DA INCORPORAÇÃO DOS 8,4 MILHÕES A
î Rogério Bacalhau diz que manobra eleitoral visa paralisar a Câmara anunciando desde logo 436 mil euros para reforçar os apoios ao associativismo farense, assim que a contabilidade municipal os assuma, além do mesmo valor da proposta do PSD/PP para amortizar o empréstimo do Reequilíbrio Financeiro, acrescentando ainda verbas para aquisição e reabilitação de habitação social e para alterar os acessos estruturantes ao Montenegro”. Os socialistas advogam que ”ao contrário da habitual campanha de vitimização do presidente da Câmara, a proposta do PS não só é a tecnicamente mais correcta, pois incorpora no orçamento toda a receita disponível, como possibilita a antecipação da execução orçamental, evitando a marcação de novas reuniões da assembleia municipal, ganhando-se tempo para o lançamento das obras e dos apoios às colectividades que nunca mais saem das páginas do boletim municipal”. À proposta socialista que previa liquidar o PRF e fazer despesa em várias áreas (freguesias: 400 mil euros (mE); habitação social Montenegro, Braciais e Estoi: 90 mE; habitação social - aquisição, construção e reabilitação: 1,8ME; Rotunda dos Comandos: 100 mE; rede viária e requalificação do espaço público: 300 mE; reparação e remodelação de insta-
lações desportivas e recreativas: 100 mE; instalação e conservação de parques infantis: 50 mE; remodelação e ampliação de instalações escolares: 200 mE e aquisição de bens e serviços externos: 68,3 mE), o executivo deu um rotundo chumbo.
ROGÉRIO BACALHAU ACUSA OPOSIÇÃO DE QUERER PARAR O INVESTIMENTO NO CONCELHO PARA EVITAR AS OBRAS COM INTUITOS ELEITORAIS Para
o presidente da Câmara o voto contra da oposição não tem a ver com qualquer cheque em branco que passariam ao executivo da Câmara. Rogério Bacalhau recorda que a incorporação da segunda tranche do saldo de gestão e o destino a dar-lhe neste orçamente estariam sempre sujeitos a aprovação dos investimentos pela oposição que goza de maioria nas reuniões de Câmara. “Não havia qualquer cheque em branco ao executivo, já que as decisões passariam sempre pelo crivo da oposição, uma vez que o presidente sozinho só pode adjudicar obras até 150 mil euros”, sublinha. Daqui extrai o presidente que a conclusão só pode ser uma “trata-se de uma manobra eleitoral que visa paralisar a Câmara antes das eleições, prejudi-
questão da divisão da incorporação do saldo de gestão em duas tranches é para Rogério Bacalhau óbvia e “foi claramente explicada à oposição”. Pagando os 3,9 milhões de euros de dívida a Câmara ficaria liberta da intromissão da Direcção-Geral das Autarquias Locais e da Direcção-Geral do Orçamento (DGO)”. “ “As decisões de investimento seriam só feitas pela autarquia em acordo na Câmara, uma vez que a oposição tem a maioria e não poderia voltar a acontecer o que sucedeu no final do ano passado em que a DGO impediu a Câmara de investir onde desejava para o desenvolvimento do concelho”, diz, exclamando, “era este possível entrave que se pretendia evitar”. “Uma vez afastados os limites de decisão por força do pagamento da dívida e da saída do PRF, a liberdade de investimento era total e no dia seguinte poder-se-iam lançar todas as obras em carteira”, diz o autarca, sublinhando que “é isto que a oposição impede com o chumbo da proposta da Câmara, que se invista em Faro com o necessário e indispensável acordo da própria oposição em sede de Câmara onde tem maioria”. “Preferem antes que nada se faça, que o concelho pare, para evitar obra em tempo de eleições, prejudicando todos sem excepção”. Rogério Bacalhau avançou ao POSTAL que levará à Câmara uma proposta nova de incorporação do saldo de gestão, aberta naturalmente à discussão, mas que não deixará que a oposição decida a seu belo prazer nem manipule o executivo com a maioria que detém naquele órgão municipal. “Entretanto, dificilmente se poderá recuperar o tempo perdido”, diz o autarca que promete não baixar os braços.
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ANÚNCIOS
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CLASSIFICADOS
Farmácias de Serviço SEXTA
SÁBADO
DOMINGO
SEGUNDA
TERÇA
ALBUFEIRA
do Mar
Alves Sousa
Alves Sousa
Alves Sousa
Alves Sousa
ARMAÇÃO DE PÊRA
Edite
Central
Sousa Coelho
FARO
Palma
Montepio
Caniné
Pereira
LAGOA
Lagoa
Lagoa
Sousa
LAGOS
Neves
Ribeiro
Lacobrigense
LOULÉ
Chagas
Pinto
Avenida
MONCHIQUE
Moderna
Moderna
Moderna
Hygia
Hygia
Hygia
Hygia
OLHÃO
Da Ria
Nobre
Pacheco
Rocha
Progresso
Olhanense
Da Ria
PORTIMÃO
Rosa
Amparo
Arade
Rio
Central
P. Mourinha
Moderna
QUARTEIRA
Mª Paula
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
-
Algarve
-
-
-
Algarve
SÃO BART. DE MESSINES SÃO BRÁS DE ALPORTEL SILVES
-
Dias Neves -
QUINTA
Alves Sousa
Alves Sousa
Central
-
Helena
Crespo
Palma
Sousa
Sousa
Sousa
Sousa
Silva
Telo
Neves
Ribeiro
Martins
Chagas
Pinto
Avenida
São Brás
São Brás
São Brás
Guerreiro
Guerreiro
-
-
QUARTA
Dias Neves João de Deus
São Brás
Dias Neves
-
-
TAVIRA
Montepio
Mª Aboim
Mª Aboim
Central
Felix
Sousa
Montepio
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Edital Comunicação aos titulares do direito de preferência A notificar: Luís Peres/Pires; Marcelino Viegas Gago; Joaquim Martins Silva; Manuel Mariano; e outros. Nos termos dos artigos 416, nº 1 e 2 e 1380º, do código Civil, faço saber que correm éditos para comunicação da intenção de venda aos titulares do direito de preferência, para que estes o exerçam, querendo.
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RICARDO SILVÉRIO FERNANDES VALENTE, C.C. 09654889, NIF 182.185.583 no estado de casado sob o regime de comunhão de adquiridos com APOLÓNIA TEIXEIRA DENIS VALENTE, natural da freguesia de Tavira (Santiago), concelho de Tavira, com residência habitual na Quinta da Veiga, Lote5, Vila Real (São Pedro) 5000-550, Vila Real, declara: Que, com exclusão de outrem, é dono e legitimo possuidor dos prédios rústicos que se discriminam: - Prédio rústico composto por terra de cultura com 10 amendoeiras, sito em Monte Agudo, freguesia de Santo Estevão, concelho de Tavira, com área de dois mil e duzentos metros quadrados, a confrontar a norte com Luís Peres, a sul com caminho e outros, a nascente com Marcelino Viegas Gago e a poente com Joaquim Martins Silva, inscrito na matriz sob o artigo número 3832, com o valor patrimonial de cento e cinquenta e oito euros e sessenta e dois cêntimo, prédio este que pretende vender pelo valor de cinco mil euros; - Prédio rústico composto por terra de cultura com 28 amendoeiras e 8 alfarrobeiras, sito em Monte Agudo, freguesia de Santo Estevão, concelho de Tavira, com área de cinco mil quatrocentos e vinte metros quadrados, a confrontar a norte com Manuel Mariano, a sul com Joaquim Martins da Silva, a nascente com Marcelino Viegas Gago e outro e a poente com Joaquim Martins da Silva e outro, inscrito na matriz sob o artigo 2660, com o valor patrimonial de noventa e nove euros e cinquenta e seis cêntimos, prédio este que pretende vender pelo valor de doze mil euros.
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A venda dos referidos prédios realizar-se-á pelo valor global de dezassete mil euros, cuja escritura de compra e venda terá lugar no dia vinte e um de Abril de dois mil e dezassete. Mais faz saber, que devem os titulares do direito de preferência exercer o seu direito no prazo de oito dias, sob pena de caducidade, nos termos do artº 416 nº2 do código civil. Tavira, 7 de Abril de 2017 (POSTAL do ALGARVE, nº 1181, de 7 de Abril de 2017)
7 de Abril de 2017 |
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Sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 01 de Abril, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso, celebrada dia 06 de Abril de 2017, quinta feira, às 08,45 horas na Igreja de Santiago.
Serviços Fúnebres Coroa de flores artificiais c/ moldura, cartões memoriais, livro de condolências e serviço de água no velório
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“Paz à sua Alma”
Contacto: 918 201 747
“Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428
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JOSÉ JOÃO
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03-09-1949 / 26-03-2017
26-02-1926 / 30-03-2017
08 -06-1943 /30-03-2017
AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Tavira
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AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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Santos & Bárbara, Lda FUNERAIS - CREMAÇÕES - TRASLADAÇÕES PARA TODO O PAÍS E ESTRANGEIRO
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| 7 de Abril de 2017
REGIÃO OPINIÃO De corpo inteiro
Portimão vai repavimentar as principais vias do concelho Obras representam um investimento superior a três milhões de euros D.R.
A AUTARQUIA DE PORTIMÃO
Ricardo Mariano Jovem empresário
Tu consegues, acredita! E se eu te disser que consegues, quando toda a gente parece dizer-te o oposto? E que consegues muito mais do que pensas. Queres progredir ou adormecer todos os dias com isso na cabeça? Se nunca mudaste a vida de ninguém, se nunca sentiste o que é tocar no fundo do coração de alguém, por favor tens que parar e pensar. Faz disso uma prioridade! Aprende a confiar nas tuas capacidades, naquilo que tu bem sabes fazer, e até no que não fazes a menor ideia que sabes, e vai em frente, foca-te, reflecte, apressa-te, corre, e atira-te logo a seguir de cabeça e sem olhar para trás. Agarra as oportunidades mas nunca te esqueças das que já perdeste. Elas vão injectar-te determinação. E tu sabes que precisas dela. Arranjem-me um bocado de força de acreditar que eu compro já. Para te oferecer. E lembras-te quando te esforçaste à séria, e mesmo com dúvidas tentaste muito e alcançaste o que querias? Deu resultado não deu? Não preciso escrever mais então.
vai avançar com um plano de reabilitação das principais vias do concelho com o objectivo de garantir mais segurança, melhor mobilidade e maior dignidade do espaço público aos seus munícipes. Este investimento visa a requalificação das principais artérias de Portimão, sem manutenção ao longo dos últimos anos em virtude dos graves constrangimentos financeiros que afectaram a autarquia, impedida por lei de abrir novos concursos públicos para a gestão normal da cidade. “A aprovação, no final de 2016, do plano de pagamento da dívida via Fundo de Apoio Municipal libertou, por fim, os fundos necessários à recuperação destas infra-estruturas vitais”, explica a autarquia em comunicado de imprensa. Nesse sentido, “as obras irão arrancar de imediato com a reabilitação de vários arruamentos considerados críticos, consistindo a maior parte das intervenções em repavimentação do asfalto. Numa primeira fase, serão repavimentadas a Urbanização da Raminha, Urbanização Vale Freire, Avenida Miguel Bombarda, Rua Coca Maravilhas, Rotunda do Hospital, Rua Sebastião Ramires, Rua da Pedra, Rua da Olivença, Rua
Ô As obras de recuperação vão prolongar-se pelos próximos três anos Serpa Pinto, Rua do Viveiro”. As obras de recuperação das vias da cidade vão prolongar-se pelos próximos três anos, estimando-se que a autarquia invista mais de três milhões de euros nesta área. A fim de minorar os incómodos causados nas zonas intervencionadas, a Câmara de Portimão decidiu criar um endereço de correio electrónico onde os munícipes poderão reportar ocorrências e situações que considerem anormais, bem como, colocar as suas dúvidas e questões relativamente às obras em curso. O e-mail é
AZILHEIRA, ALGOZ E ARMAÇÃO DE PÊRA
Silves sensibiliza para diabetes e doença crónica O CONCELHO DE SILVES vai
receber, entre os dias 18 e 20 de Abril, três sessões de sensibilização centradas na temática da diabetes e da doença crónica. A Azilheira acolherá a primeira destas acções, no dia 18 de Abril, pelas 10.30. A iniciativa, que terá lugar no café da Azilheira, terá como tema central a diabetes, o que é e como viver com esta doença, contemplando, ainda, a realização de um rastreio de glicemia. As sessões seguintes terão
lugar no edifício da Junta de Freguesia do Algoz e na antiga escola primária de Armação de Pêra, respectivamente, nos dias 19 e 20 de Abril, pelas 10 horas. A doença crónica, o que é e como viver com ela serão os temas destas duas sessões. Mais informações podem ser solicitadas junto do sector de Acção Social da Câmara de Silves, localizado na Rua João de Deus, 19, em Silves (ao lado da Junta de freguesia), através do telefone 282 440 831 ou do endereço de correio electrónico sasocial@cm-silves.pt.
repavimentar@cm-portimão. pt e a resposta é garantida. Para além destas intervenções, a Câmara de Portimão tem em curso outras empreitadas que visam melhorar o espaço público, como é o caso das duas novas rotundas na Avenida São João de Deus e na Estrada de Monchique, do programa global de recuperação e manutenção de uma série de espaços verdes do concelho, da reabilitação do Jardim 1º de Dezembro (situado em frente do Teatro Municipal de Portimão - TEMPO), da manutenção dos espaços verdes da Praia da Rocha, da via V3 e da via V6. PUB
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| 7 de Abril de 2017
REGIÃO
NO Relation são a única banda algarvia na semi-final do EDP Live Bands Rock-pop ‘made in Algarve’ precisam do apoio dos algarvios para passarem à final do concurso nacional onde já foram a banda mais votada na primeira fase do concurso Ricardo Claro ricardoc.postal@gmail.com
OS NO RELATION, uma banda
de rock-pop algarvia, são a única formação da região a estar ainda presente no EDP Live Bands, depois de terem, na primeira fase do concurso, sido a banda mais votada pelo público. Agora, frente a 36 bandas nacionais, os jovens algarvios sabem que todos os votos contam na escolha das oito bandas que passarão à final do concurso (três seleccionadas por voto on-line e cinco directamente pelo júri), e apresentam à votação
o tema I Don’t Wanna Stay.
à gravação de um master de cd.
ONDE E COMO VOTAR NA BANDA DO ALGARVE Para votar basta
QUEM SÃO OS NO RELATION
visitar a página do EDP Live Bands em https://edplivebands.edp.pt/votacoes?page=3 e votar nos NO Relation, sendo que pode em antecipação ouvir o tema que os algarvios levaram a concurso. As votações decorrem até à 23.59 horas de dia 14 de Abril e cada voto é uma preciosa ajuda para tirar os NO Relation da garagem, o principal desafio lançado pela EDP às bandas participantes, e levá-los ao estrelato dos grandes festivais ibéricos e
D.R.
Miguel Dias, 22 anos, de Vila Nova de Cacela, na composição e na guitarra; André Cardeira, com 24 anos, de Vila Real de Santo António, na bateria; Rita Gonçalves, de 23 anos, de Tavira, na voz; e Tiago Cavaco, com 19 anos, de Santa Catarina da Fonte do Bispo, no baixo; são os rostos que compõem a banda algarvia. O seu voto pode garantir-lhes entrada na final do concurso, onde vão estar presentes oito bandas naî Os NO Relation contam com o apoio dos algarvios na votação on-line PUB
cionais num concerto ao vivo para que se escolha o vencedor do EDP Live Bands. Depois da vitória que esperamos seja alcançada pelos algarvios NO Relation com a
ajuda de todos os nossos votos, os vencedores rumam ao Nos Alive e ao Med Cool Festival de Madrid para duas actuações frente a milhares de pessoas e poderão gravar uma
master de cd editada pela Sony Music Entertainment. Agora já sabe, os jovens algarvios contam consigo e afinal votar está à distância de um clique.
EVENTO ESTENDE-SE A SALIR, QUERENÇA, ALPORTEL E MONCHIQUE ESTE ANO
Festival de Caminhadas do Ameixial regressa em Abril D.R.
A QUINTA EDIÇÃO DO WALKING FESTIVAL AMEIXIAL (WFA) re-
gressa ao Algarve nos dias 28, 29, 30 de Abril e 1 de Maio. A aldeia do Ameixial, em Loulé, volta a receber um dos principais eventos dedicados a caminhadas em Portugal, que em 2016 acolheu cerca de 500 participantes. Em 2017, o WFA estende-se a outros locais da região, nomeadamente Salir, Querença, Alportel e Monchique, em mais de 40 as caminhadas que se irão realizar, onde, para além dos percursos habituais pelo Ameixial, Azinhal dos Mouros, Revezes e Corte D’Ouro, há muitas caminhadas especiais, temáticas, familiares, onde se destacam a do Vascão, as ‘Inclusivas’ para pessoas com necessidades especiais ou a das ‘Gentes da terra do Ameixial’.
EDIÇÃO DE 2017 CONTARÁ COM 40 TENDAS GLAMPING A 5ª edição do Walking Festival
î No ano passado o festival recebeu cerca de 500 participantes Ameixial vai dar ainda atenção à sua sustentabilidade ambiental e pretende reduzir a pegada ecológica do evento. Para esse efeito, a organização estabeleceu parceria com a CP (Comboios de Portugal), que durante o período do evento vai proporcionar descontos nas viagens de comboio até à estação de Loulé, de onde será possível obter transporte até ao Ameixial. Outra novidade em 2017 é o
forte reforço das condições de alojamento no Ameixial. Ao abrigo da parceria com a empresa “Sleep em All” irão ser instaladas 40 tendas glamping na aldeia. As inscrições para o 5º Walking Festival Ameixial podem ser feitas a partir do dia 19 de Fevereiro na página de internet do festival e têm um valor simbólico de cinco euros, que revertem para as acções de sustentabilidade ambiental e de apoio logístico.
7 de Abril de 2017 |
>> ASSINALE A FRASE CORRETA
ASSINALEdaAedição FRASE CORRETA >>>>SOLUÇÃO passada
A necessidade aguça: ¨ ¨ ¨ ¨
11
Amigos, amigos,
A – a ingenuidade. B – o engenho. C – o apetite. D – a imaginação.
¨
A
–
¨ A – nunca serão inimigos. ¨ B – preserva-os contigo. ¨ C – nunca serão vencidos.
þ D – negócios à parte.
Sobe & desce
Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. VáriasescolasdoAlgarve jáaderiramàiniciativa:AEProfessorPaulaNogueira(Olhão)/AEdaSé(Faro)/AED.AfonsoIII(Faro)/AEDr.AlbertoIria(Olhão)/ColégioBernardetteRomeira(Olhão)/AEDr.JoãoLúcio(Fuseta)/AEdeEstoi(Faro)/AEJoaquimMagalhães(Faro)/AEdoMontenegro(Faro)/AEdeCastroMarim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: biblioteca.epnogueira@gmail.com ou jornalpostal@gmail.com.
Não ao petróleo
Faro paralisado
O Governo já levou à ‘morte’ cinco dos seis contratos de concessão celebrados no âmbito da prospecção de petróleo. Boas novas, mas não há razões para sossego total. Há que pôr termo ao caso de Aljezur. (Ler pág. 3).
Independentemente da atribuição de culpas, a paralisação do investimento público municipal em Faro devido a divergências entre PS e PCP e a coligação no poder na autarquia só põe todos os farenses e Faro a perder. (Ler pág. 5).
E-mail da redacção: jornalpostal@gmail.com
Por que é que Sherlock Holmes continua tão popular?
FICHA TÉCNICA
Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com On-line: www.postal.pt Director: Henrique Dias (CP 3259). Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388). Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defesa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco. Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT. Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem-somos/ Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.
Beja Santos
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
“As Memórias de Sherlock Holmes”, por Arthur Conan Doyle, Bertrand Editora, 2017, é uma obra que goza de uma popularidade imensa. Gozou sempre. Há algo neste detective que cultivava a observação e a dedução, extravagante, cultíssimo, misantropo, cujos lazeres passavam pelo pugilismo e o violino que faz essa
www.anaamorimdias.blogspot.com anamorimdias@gmail.com
Tiragem desta edição:
mágica da intemporalidade. Lê-se todas estas aventuras com imensa frescura, nem se pensa na Londres vitoriana, nem na poderosíssima Union Jack, a bandeira sulcava por todos os mares, imperial e rainha do comércio. Reconheça-se em primeiro lugar a invulgaridade da escrita. Pegue-se na última história destas memórias de Sherlock Holmes, quando o autor entendeu que devia fazer desaparecer o herói, Conan Doyle fartara-se do sucesso do personagem, queria enveredar por outras incursões literárias. Fez mal, fora Sherlock Holmes tudo quanto escreveu é água chilra. Em termos narrativos, quem tudo conta é o amigo íntimo de Sherlock, o Dr. Watson, umas vezes casado ou-
tras vezes solteiro, sempre a dar companhia ao mais excêntrico detective de todos os tempos. O início da história é sempre arrebatador: “É com o coração pesado que pego na pena para escrever estas últimas e poucas palavras com que registei os dotes singulares que sempre distinguiram o meu amigo Sherlock Holmes”. O detective tem um inimigo mortal, o professor James Moriarty. O Dr. Watson estava no seu consultório quando Sherlock entrou e o seu aspecto era mais pálido e mais magro do que o habitual, andava a fugir a Moriarty, aqui vem um condimento arrebatador que é Watson perguntar o que fez Moriarty. Oiçamos a reposta de Sherlock: “É um homem de nascimento nobre e
excelente educação, dotado, pela natureza, de uma fenomenal faculdade matemática. Aos 21 anos escreveu um tratado sobre a teoria binominal que alcançou fama na Europa. Conseguiu assim uma cadeira de Matemática numa das nossas universidades menores e tinha, com todas as probabilidades, uma brilhante carreira à sua frente. Mas o homem possuía também tendências hereditárias da mais diabólica espécie. Um fluído criminoso corria-lhe nas veias e os seus extraordinários poderes mentais, em vez de o modificarem, tornaram-no ainda mais perigoso”. Ora Sherlock é quem melhor conhece o mundo criminoso mais elevado de Londres, atirou-se à perseguição de Moriarty e
da sua organização, correm agora um contra o outro. O leitor já não despega os olhos da trama narrativa. Moriarty visita Sherlock, vem propor-lhe uma trégua neste duelo, Sherlock recusa, fica alvo de atentados. Pede então ao seu amigo Watson para o acompanhar até ao Continente, Moriarty é infatigável vai perseguir Sherlock até às quedas do Reichenbach, na Suíça. Aí dá-se o combate, teriam morrido os dois nas águas redemoinhantes e de ferventes escumas. Os leitores já sabem que Conan Doyle foi obrigado a dar vida ao seu herói, um público entusiasta não se resignou com o fim das deduções magistrais do residente na Baker Street 220, no coração de Londres.
vidas e transformar pessoas comuns em criminosos, em monstruosos assassinos! Devemos manter em mente que, embora os veículos motorizados sejam inegáveis fontes de utilidade e prazer, são também armas. Armas mortais, estropiantes; medonhas se mal conduzidas. É por isso que sei que chegará o dia em que todas as viaturas virão equipadas com câmaras que filmarão constantemente e cujas filmagens dos últimos minutos
poderão ser enviadas, com a simplicidade do mero toque num botão, para as autoridades mais próximas que poderão agir com efeitos imediatos. Se não posso viver numa sociedade em que o cuidado rodoviário é uma opção absoluta e constante, então ficarei muito feliz por circular em estradas onde se guie bem pelo receio da constante vigilância e infalíveis consequências! Que assim seja. E em breve!
Que seja em breve!
Ana Amorim Dias - Escritora
5.256 exemplares
OPINIÃO
Segui pouco tempo atrás daquela carrinha de caixa aberta. Ainda assim foi tempo mais do que suficiente para assistir,
impotente, às graves asneiras do seu condutor. Entrou na estrada com velocidade a mais e, suspeito, sem olhar; ziguezagueou repetidamente tanto até meio da faixa contrária como levantando pó da berma do nosso lado da estrada deixando-me indecisa se estaria concentrado no telemóvel ou completamente bêbado. Entrou numa rotunda a acelerar e, um pouco mais à frente, “encostou” (ocupando mais de metade da nossa faixa). Abrandei ao passá-lo.
Abrandei ao ponto de quase parar e inclinei-me levemente para, através da outra janela, conseguir apreciar bem as boçais ventas do animal. Quando estacionei procurei o número da GNR, com a matrícula bem fresca na memória. “Não sejas parva, Ana, de que serve?” e não, não liguei. O cuidado na condução não é um mero dever de boa educação e civismo. É um imperativo legal que, a não ser seguido, pode ceifar
O POSTAL
Tiragem desta edição:
5.256 exemplares
regressa no dia 21 de Abril
última
Altura disputa o ‘Challenge Algarve 2017’
D.R.
Vencedor será o atleta com maior pontuação na soma das três participações O CLUBE RECREATIVO ALTURENSE vai realizar, nos pró-
ximos dias 14, 15 e 16, o “Challenge Algarve 2017”, competição constituída por três provas: uma corrida de corta-mato, uma corrida na praia e uma corrida de estrada, denominada por “Meia Maratona de Castro Marim”. O primeiro dia da prova, 14 de Abril, decorre em Castro Marim, com a corrida de corta-mato, numa ex-
tensão de 4,5 quilómetros, com início previsto para as 16.30 horas. No segundo dia, é a vez da corrida de praia, em Altura, com 5,5 quilómetros de extensão e partida às 10.30. O último dia é da prova principal, a corrida de estrada “Meia Maratona de Castro Marim”, prova que vai arrancar pelas 11 horas, numa extensão de 21 quilómetros. A partida terá lugar junto à sede do Clube Re-
creativo Alturense, na rua da Alagoa, com a meta instalada na mesma zona. São então três dias, três distâncias e três experiências de corrida. O vencedor será o atleta com maior pontuação na soma das três participações. “Esta iniciativa promove o município de Castro Marim, não só como destino turístico mas como um território que reúne óptimas condições naturais para a PUB
prática desportiva”, distingue o vereador de Desporto da autarquia de Castro Marim, Nuno Pereira. A segunda fase das inscrições decorre até dia 11 de Abril (mais informações em http://xistarca.pt). O “Challenge Algarve 2017” é organizado pelo Clube Recreativo Alturense e conta com os apoios da Câmara de Castro Marim e da Xistarca – Eventos desportivos.
î A competição é constituída por três provas PUB
Nutrição:
Semear Saúde e RAFCAL ajudam-no a manter para sempre o peso ideal
Semear Saúde Edição nº 11 | Abril 2017
Este caderno faz parte integrante da edição n.º 1181, de 7 de Abril de 2017, do jornal Postal do Algarve e não pode ser vendido separadamente.
p. 6
Reabilitação Afecto Cognitiva do Comportamento Alimentar aposta na psicologia do emagrecimento para resultados irreversíveis
Nutrição:
Bronzeamento:
Bronze natural da cana de açúcar com a qualidade Oxigenesis já chegou a Tavira
Contar ou não contar calorias? Eis a questão! As verdades e os mitos p. 7
por Patrícia Viegas p. 5
2 07.04.2017
Semear Saúde editorial
“Querer é poder"!! E você pode alterar pensamentos, comportamentos e hábitos prejudiciais à sua saúde Querida(o) associada(o) e simpatizantes, nos dias que correm, cada um de nós tem certamente reflexões, nem que seja esporadicamente, sobre os maus hábitos que pretendemos abandonar mas mantemos na nossa rotina diária. As mudanças de comportamento não se fazem num clique, elas levam tempo, mas são possíveis. O ponto de partida é a vontade. Só ela nos pode impulsionar e conduzir a novos comportamentos, a um
estilo de vida mais saudável. Mas, muitas vezes é preciso pedir ajuda. Porque sabemos que queremos e estamos decididos a abandonar hábitos nocivos à nossa saúde, como comer excessivamente, fumar ou beber, mas não sabemos como conseguir fazê-lo. Porque muitas pessoas ainda não compreendem que comer excessivamente está intimamente ligado a um desequilíbrio das emoções, pedimos à psicóloga Filipa Nobre para escrever um texto a clarificar esta temática. Porque o primeiro passo para a mudança é a consciência. Desta forma, esperamos que o leitor tome
consciência alimentar
Superimunidade & Detox aliou-se à avaliação nutricional na Semar Saúde
Com o objectivo de “mostrar às pessoas alternativas aos lacticínios e desmistificar a ‘moda’ dos sumos detox”, o chef Duarte Alves apostou no passado domingo, em Tavira, em dar a conhecer na prática os segredos associados a uma alimentação sauCláudia Brito dável, tendo em conta Presidente da Associação as temáticas abordadas Semear Saúde duante o workshop de associacaosemearsaude@gmail.com Consciência Alimentar ‘SuperImunidade & consciência e perceba se o seu Detox’.
comportamento alimentar é desequilibrado ou não. E, porque não restam mais dúvidas que somos o que comemos, voltamos a apostar na alimentação saudável. Realizámos mais um workshop, desta vez sobre SuperImunidade & Detox com Consciência Alimentar, com o nutrichef Duarte Alves e a nutricionista Patrícia Viegas, nas instalações da Semear Saúde, no primeiro domingo de Abril. Porque os portugueses precisam de melhorar a sua alimentação, reduzir o consumo de produtos processados, de açúcares, de gorduras hidrogenadas e aumentar o consumo de fruta e vegetais, para prevenirem doenças cardiovasculares, diabetes, doenças oncológicas e outras mais, ainda pedimos, às nossas colaboradoras, Ângela Oeiras e Patrícia Viegas que nos dessem sugestões e conselhos para uma alimentação saudável. Apresentamos também neste suplemento uma novidade que será de interesse para uma grande parte dos nossos leitores: bronzeamento natural com cana de açúcar. Conte sempre connosco, sempre. Carinhoso abraço.
Quando se ouve falar de sumos detox, muitas pessoas há que apenas consideram estes sumos de base vegetal uma "moda". Para o especialista, uma "ideia pré-concebida e errada", já que se tratam de "superalimentos que servem para desintoxicar o nosso organismo de metais pesados que ingerimos em grande quantidade na alimentação sem nos apercebermos”. Estes alimentos são verdadeiramente poderosos no que toca à sua capacidade purificante e antioxidante e estão carregados de nutrientes absolutamente indispensáveis à robustez das nossas defesas face às agressões que o corpo sofre todos os dias. "Estamos mesmo a falar de superalimentos" cuja ingestão se deve ter sempre em linha de conta quando se fala de uma alimentação saudável, refere o chef
D.R.
O nutrichef Duarte Alves e a nutricionista Patrícia Viegas Duarte Alves.
Semear Saúde soma o melhor de duas áreas: a consciência alimentar e a nutrição Numa parceria com a nutricionista Patrícia Viegas o objectivo do workshop do passado domingo, que contou com bastante assistência nas instalações da Associação Semear Saúde, "foi o de unir esforços com a Patrícia Viegas, nutricionista na associação”, diz o nutrichef Duarte Alves. É este género de sinergias que pode ser fundamental para que, além de conhecerem a sua realidade pessoal do ponto de vista da qualidade
Bombons saudáveis com superalimentos
da sua nutrição e da sua saúde quanto a parâmetros base, as pessoas aprendam a ter soluções práticas de cozinha que lhes premitam incrementar positivamente a sua alimentação e a sua postura face às suas próprias necessidades nutricionais individuais. Trata-se de munir as pessoas que participaram do evento de um conjunto de ferramentas que respondem às suas necessidades depois de diagnosticada a sua condição através dos rastreitos e de acordo com os conselhos de Patrícia Viegas. “Trata-se de uma colaboração entre o meu trabalho e o conhecimento dos profissionais da área da saúde, que no fundo sabem da teoria e eu sei
da prática”, refere o nutrichef, enquanto a nutricionista Patrícia Viegas põe a tónica na "importância dos rastreios disponibilizados na associação em Tavira, dado que muitas são as pessoas que desconhecem, por um lado a sua verdadeira condição de saúde quanto a dados clínicos primários e, por outro, a relevância de ter consciência da sua saúde relativamente a estes indicadores do seu estado geral". Um workshop que contou com muitos participantes e que uma vez mais reflecte a aposta da Associação Semear Saúde na área da nutição como pedra de toque da profilaxia das doenças e da promoção da saúde preventiva.
Couves biológicas salteadas com cúrcuma
07.04.2017 3
Semear Saúde
psicologia
A importância das emoções na prevenção da doença FOTOS: D.R.
Todos nós temos emoções, são uma constante na vida. O que a maioria das pessoas não se apercebe é a interacção destas no nosso corpo. Mas, se nos propusermos a reflectir, é fácil perceber como as nossas emoções se manifestam no nosso corpo. Por exemplo, os suores frios perante o medo, as alterações intestinais e cardíacas perante a ansiedade, a apatia e fadiga perante a tristeza, etc.. As emoções manifestam-se porque o centro das mesmas está no cérebro, no Sistema Límbico. Este é constituído por estruturas cerebrais relacionadas com os comportamentos emocionais, sexuais, de aprendizagem, memória, motivação e homeostase - equilíbrio do organismo. Actua através do Sistema Nervoso Autónomo que controla funções como a respiração, circulação sanguínea, temperatura, digestão, entre outras funções. Quando percepcionamos uma situação, interagimos com alguém, a forma como nos comportamos, como percebemos o nosso estado interno, é possível graças às nossas emoções que activam processos neurovegetativos, como alterações glandulares, musculares, respiratórias, cardíacas e vasomotoras que nos fazem agir. Assim, as emoções caracterizam-se por esta tendência para agir, reflectindo alterações corporais e comportamentais. Dependem da interpretação da realidade e decorrem de avaliações cognitivas nem sempre conscientes, e são acompanhadas de reacções orgânicas e fisiológicas. Percebemos então, as nossas emoções pelas sensações e movimentos que o nosso corpo produz como a dor de barriga, o “frio no estômago”, choro, riso, taquicardia, secura da boca, rubor, etc.. que nós interpretamos como ansiedade/nervosismo, tristeza, alegria, vergonha, etc.. Se inicialmente as emoções eram vistas como instintos básicos a serem controlados para não prejudicarem a capacidade de pensar, hoje entende-se a importância de estar consciente das emoções como um factor para o desenvolvimento e autoconhecimento da pessoa e melhoria da sua qualidade de vida. Estudos apontam para uma ligação próxima entre as emoções excessivas e desadaptadas que interferem ou agravam os processos de doença (somática), como a ansiedade, stress, disforia, cólera, entre outras. Em muitas situações de doença, como coronárias ou
Filipa Nobre Psicóloga
naturamentepsi@gmail.com
A psicologia da saúde trabalha para a mudança de hábitos ou estilo de vida cancro por exemplo, os especialistas da doença contam com o apoio psicológico como forma de o doente se desembaraçar das suas emoções contraproducentes ou a controlar a sua expressão, pois essas emoções acrescentam sofrimento à experiência da doença, contribuem para agravar e perturbam o tratamento médico. São exemplos destas emoções o desânimo, tristeza, ansiedade, desesperança, que não ajudam no processo de cura. Estas mesmas emoções desadaptativas podem, por outro lado, levar a doenças psicossomáticas pelo surgimento de sintomas físicos causados pelo stress. Actualmente, estudos demostram que a emoção influencia directamente o sistema imunológico, ou seja, reflec-
te-se no nosso estado de saúde. A Psicoimunologia é uma área da Psicologia que tem como objectivo compreender a influência de variáveis psicológicas no funcionamento do sistema imunitário. Estuda o impacto das experiências de stress na capacidade de resposta imunológica do organismo que, por sua vez, provocam diminuição da resistência imunitária a doenças como o Cancro por exemplo, ou, em situações de vulnerabilidade, contribuem para desenvolvimento de outras doenças, como as doenças infecciosas. Desta forma, é importante salientar estilos cognitivos, emocionais e comportamentais da pessoa e a influência destes na regulação do organismo. Por exemplo, pessoas que tendem para um estilo cognitivo com pensamentos ne-
gativos e destrutivos (tóxicos), bem como, a tendência para suprimir e negar as suas emoções, contribuem gradualmente para a desestabilização do sistema imunitário, ficando mais vulneráveis ao aparecimento de doenças. Os distúrbios psicológicos, e mais patentes os distúrbios somatoformes, são a evidência do impacto psicológico desajustado no organismo. Estes acontecem quando a pessoa tem queixas somáticas sem que hajam evidências orgânicas/fisiológicas para os sintomas, nem são causados por efeitos directos de substâncias ou perturbação mental. Desta forma, podemos perceber que existe uma grande relação entre a emoção e a doença, seja pela relação desadequada das emoções, que pode levar ao aparecimento de sintomas
Estudos demostram que a emoção influencia directamente o sistema imunológico
físicos (como as crises de ansiedade ou ataques de pânico por exemplo), seja pela doença somática que, pelo desajuste das emoções, quer pela negação ou incapacidade de lidar com a mesma levam ao agravamento da doença (ansiedade num doente coronário por exemplo). Numa atitude de prevenção da doença, a psicologia da saúde trabalha para a mudança de hábitos ou estilo de vida, evitamento de situações de risco de contrair doença, levando à adopção de novos comportamentos e à diminuição da emocionalidade excessiva (por exemplo, trabalhar para evitar os ataques de pânico). No caso de doença já instalada, a psicologia ajudará na gestão destas emoções e a adopção de novos comportamentos por forma a ajudar na recuperação e diminuir o impacto de emoções desajustadas na doença (por exemplo, diminuição da ansiedade no doente coronário). Neste contexto, fica o alerta para que não ignore as suas emoções, os seus comportamentos e atitudes e que abra a possibilidade de os encarar como sintomas de que algo em si não está bem e procure ajuda psicológica para os entender, gerir e trabalhar. Esta atitude de prevenção poderá ajudá-lo a melhorar a sua qualidade de vida e à promoção da sua saúde. Na área da Psicologia do Emagrecimento e Alimentação, percebemos o seu Comportamento Alimentar como reflexo das suas emoções. Uma vez que a alimentação é um factor crucial para a promoção da saúde ou doença, é importante dar-lhe especial atenção. Assim, não encare o seu Comportamento Alimentar apenas como um comportamento para engodar ou emagrecer, mas sim como um indicador do desequilíbrio das suas emoções. A prevenção passa assim por perceber como podemos manter o nosso estado de saúde, quais as atitudes correctas e comportamentos a adoptar em todas as áreas da nossa vida seja no plano físico ou emocional.
4 07.04.2017
Semear Saúde nutrição
À mesa na Páscoa Já é do conhecimento geral muitos dos malefícios do açúcar (faz com que o nosso sistema imunitário fique mais fraco, é nocivo para o cérebro, rouba minerais aos ossos, está relacionado com pro-
blemas de depressão e ansiedade…) mas, infelizmente, encontra-se em todo o lado, pois além de estar presente na doçaria tradicional também está camuflado na maior parte dos alimentos processados.
Ninho de cacau e amêndoa
Quando chegam as épocas festivas, como o Natal e a Páscoa, há sempre uma tendência para exagerarmos no açúcar, é uma tentação, pois toda a doçaria típica desta época é bastante doce e atractiva, no entanto, existem alternativas que nos permitem ingerir
sobremesas e doces elaborados com ingredientes menos prejudiciais para o nosso organismo. Este ano proponho uma Páscoa bem doce mas livre de açúcar, lácteos e farinhas refinadas, sem descuidarmos a nossa alimentação saudável enquanto atravessamos esta
Ovinhos de tâmaras e cacau
quadra festiva. Ovinhos de tâmaras, ninho de cacau e amêndoa e panquecas de coelhinhos, além de deliciosos estes doces vão fazer as delícias de miúdos e graúdos. Agora que lhe deixo propostas para as doçuras sem arrependimentos, boa Páscoa!
FOTOS: D.R.
Angela Oeiras
Formadora na Escola Hoteleira de V.R.S.A., blogger www.angelaoeiras.com
Coelhos de panquecas com fruta
FOTOS: ANGELA OEIRAS
Sempre os fiéis amigos da Páscoa, os coelhos, desta vez numa proposta saudável para o iníco do dia.
Mais uma proposta de um doce alternativo para compor a mesa desta época de festa e tradição. Amêndoas e cacau garantem à receita a doçura que se exige numa mesa festiva. Ingredientes: 300 gr de farinha de espelta; 25 gr de farinha de amêndoa; 75 gr de óleo de grainha de uva (ou outro de boa qualidade); 1 chávena de chá de leite de arroz; 1 chávena de chá de água; 1 colher de sopa de fermento em pó biológico; 3 colheres de sopa de cacau puro biológico e 6 colheres de sopa de geleia de arroz ou 4 colhetes de sopa de mel e 1 colher de café de baunilha em pó. Decoração: Creme de cacau (cacau em pó dissolvido com um pouco de leite de arroz e mel); amêndoas filetadas e ovinhos de tâmaras e cacau. Preparação: Numa taça juntar todos os ingredientes secos (farinha de espelta, farinha de amêndoa, fermento em pó, baunilha e cacau) e misturar bem. Adicionar os restantes ingredientes e ir misturando bem até obter uma massa homogénea. Untar com óleo uma forma de ninho e polvilhar com cacau em pó (caso não tenha uma forma de bolo em forma de ninho, cozer o bolo numa forma de bolo redonda e depois de cozido cortar a parte interior do bolo de maneira a formar um ninho). Levar a cozer ao forno pré-aquecido a 180º durante 25 minutos. Retirar do forno, deixar arrefecer e desenformar. Quando o bolo estiver frio, colocar num prato e untar as laterais com um pouco de creme de cacau, pegar as amêndoas filetadas na lateral e interior do ninho e decorar com os ovinhos de tâmaras e cacau.
As panquecas reinventadas com a fruta a marcar presença, numa decoração apelativa e irresistível aos olhos dos mais novos da família.
Os sempre tradicionais ovos da Páscoa fazem as delícias de pequenos e graúdos e são uma das mais fortes tradições da doçaria da época pascal. Entre tantas outras propostas que compõem a doçaria típica desta época festiva, os ovos da Páscoa são imprescindíveis à boa mesa, amêndoas e tâmaras podem ser uma opção para ovos menos carregados de chocolate e açúcares processados sem perder o doce encanto e sabor do cacau. Ingredientes: 80 gr de amêndoas 160 gr de tâmaras 2 colheres de sopa de cacau em pó 1 colher de sopa de geleia de arroz ou ¼ de colher de sopa de mel Preparação: Colocar as amêndoas e as tâmaras (sem caroço) num triturador (123, Bimby, liquidificador…) e triturar até obter uma pasta. Juntar o cacau em pó e a geleia de arroz ou o mel e voltar a triturar. Quanto mais tempo triturar esta pasta mais as amêndoas e as tâmaras vão soltando a sua gordura natural e mais fácil será moldar os ovinhos, além de que também ficarão com mais brilho e ficarão mais parecidos aos tradicionais ovos de chocolate. Com a pasta obtida moldar bolinhas e depois alongá-las para obter a forma de um ovo pequeno. Guardar no frigorífico dentro de uma caixinha ou comer de imediato, pois são deliciosas.
Ingredientes: Ingredientes: 1 chávena de farinha de espelta 1 colher sopa de mel 1 colher sopa de fermento em pó biológico 1 colher de chá de sal 1 chávena de leite vegetal (arroz, amêndoa, etc…) 1 e 1/2 colheres sopa de óleo 1 colher chá de extracto de baunilha Decoração: Banana; morango; manga e pepitas de chocolate Preparação: Numa tigela juntar a farinha com o fermento e a baunilha e misturar bem. Adicionar o mel, o óleo e o leite vegetal e misturar durante um ou dois minutos, de modo a obter uma massa de panquecas. Se a massa ficar muito líquida juntar um pouco mais de farinha, se a massa ficar muito grossa juntar um pouco mais de leite. Quando a massa estiver pronta, ligar o fogão e aquecer uma frigideira antiaderente. Colocar aos poucos uma quantidade da massa e esperar que fique firme, quando as laterais estiverem douradinhas e a massa começar a soltar da frigideira é o momento de virar a massa do outro lado. Para formar os coelhos, fazer uma panqueca grande para formar a cara e duas mais pequenas para formar as bochechas. Retirar para um prato, e decorar com as frutas conforme se vê nas fotos.
07.04.2017 5
Semear Saúde
nutrição
Contar ou não contar calorias? Eis a questão! Com certeza que já ouviu dizer que para emagrecer, basta seguir a simples regra: calorias gastas > calorias ingeridas. Parece simples, não parece? Hoje sabemos que este conceito não é tão linear. O corpo humano não funciona de uma forma tão simples e nem sempre comer menos resulta numa queima maior de gordura. O nosso corpo e a nossa saúde são muito mais complexos e a ciência da nutrição vai muito além da contagem de calorias.
o aumento de massa gorda e provocam um estado inflamatório no nosso corpo (mesmo em menos quantidade!). Quando nos limitamos apenas à contagem de calorias, o foco é direccionado na quantidade, em vez de qualidade. Vejamos... muitos alimentos de alto valor nutritivo, como a gordura, são mais ricos em calorias. Se o nosso foco estiver unicamente nas calorias, a probabilidade de omitir escolhas nutritivas da nossa dieta, aumenta. E uma dieta pobre em gordura «boa» é tudo menos saudável. Para além disto, contar calorias torna-se stressante! E o stress é insalubre. Stress prolongado provoca inflamação
Trocas conscientes Troque estes
Patrícia Viegas Nutricionista
pviegas1485@onutricionistas.pt
mas de saúde, como sensibilidade alimentar e permeabilidade intestinal (leaky gut). Devemos então ignorar totalmente as calorias? Claro que não. É necessário considerar (não contar) as calorias de forma a distribuir adequadamente a proporção diária dos macronutrientes: proteína, gorduras
Hidratos de carbono
Hidratos de carbono de absorção rápida (açúcar, farinhas e massas refinadas, doces, refrigerantes e sumos artificias). Outros alimentos processados ricos em açúcar e aditivos artificiais.
por estes Hidratos de carbono fornecem ao corpo a energia (cereais e massas integrais, leguminosas, vegetais, fruta, sumo de fruta com polpa).
Apesar de pães, massas e bolos integrais possuírem calorias idênticas aos dos comuns, eles são melhores especialmente por serem ricos em fibras. A fibra estimula o trânsito intestinal, proporciona saciedade e ainda previne o aumento abrupto dos níveis de açúcar no organismo. Algumas frutas têm mais calorias que outras, no entanto são todas ricas em antioxidantes, vitaminas, minerais e fibra, essenciais para o bom funcionamento do corpo.
D.R.
Gordura
Saturadas e trans (carnes vermelhas, lacticínios, charcutaria, alimentos processados, fritos, bolos, bolachas, sobremesas, refeições pré-preparadas).
Mono e polinsaturadas, ácidos gordos - ómega 3 e 6 (oleaginosas, sementes, abacate, algas marinhas, carne magra/cortes magros, peixe como salmão, atum, sardinha, cavala).
Quando consumidas em excesso, as gorduras saturadas e as gorduras trans favorecem problemas cardíacos, derrames, aumento de peso e alguns tipos de cancro. Por sua vez, as gorduras saudáveis como as monoinsaturadas e as polinsaturadas são importantes para o correcto funcionamento do cérebro, coração, imunidade, cicatrização, colesterol, perda de peso e possuem ainda uma acção natural anti-inflamatória.
Proteína
Carnes processadas/enlatadas (hambúrgueres, nuggets de frango, salsichas), lacticínios gordos, peixe de viveiro.
Leguminosas, oleaginosas, sementes, ovos biológicos, carne de pasto, peixe selvagem.
Lanches com maior quantidade de proteínas em comparação aos hidratos de carbono proporcionam saciedade por mais tempo.
Todos sabemos que 100 calorias provenientes de uma fruta são mais saudáveis que 100 calorias fornecidas por um bolo. Enquanto a fruta fornece antioxidantes, vitaminas, minerais e fibra, as calorias vazias do bolo elevam os níveis de insulina, contribuem para
e interfere em vários processos vitais. A própria digestão é um processo que deve ocorrer quando o nosso corpo está relaxado, caso contrário o corpo não terá capacidade de digerir adequadamente o alimento, o que pode resultar em deficiências nutricionais e outros proble-
saudáveis e hidratos de carbono complexos. Calorias nutritivas proporcionam maior saciedade, contribuem na regulação dos níveis de insulina e ainda auxiliam na queima de gorduras, permitindo desta forma que emagreça de forma saudável e sustentável. É importante estarmos
conscientes que uma nutrição de qualidade é a base de uma dieta saudável. Lembre-se que cada corpo é um corpo! Para se sentir saciado enquanto nutre e mantém o seu corpo saudável, a proporção dos macronutrientes terá de ser ajustada a si.
Consumir apenas alimentos pobres em nutrientes a longo prazo pode implicar em carências nutricionais e problemas como anemia, carência de vitamina B e ferro, e baixa imunidade, aumentando as probabilidades de infecções, viroses e reacções alérgicas.
Evite alimentos ricos em açúcar, gorduras saturadas e trans, colesterol e sódio e opte por alimentos ricos em fibras, que estimulam o trânsito intestinal, vitaminas e minerais, ambos essenciais para o bom funcionamento do organismo. PUB
6 07.04.2017
Semear Saúde psicologia & comportamento alimentar
Semear Saúde e RAFCAL ajudam-no a manter para sempre o peso ideal para aquelas comidas apaladadas; as que vão suprimir a área do prazer”, continua.
Grande parte das pessoas que perdem peso por vontade própria voltam a ganhá-lo nos primeiros meses depois de concluído o respectivo plano alimentar. Oitenta a 95% das pessoas que emagrecem recuperam mesmo o peso inicial num prazo de cinco anos.
D.R.
É esta tendência que Filipa Nobre tenta inverter através da Psicologia do Emagrecimento com o método do Programa RAFCAL - Reabilitação Afecto Cognitiva do Comportamento Alimentar. “Trata-se de um tratamento personalizado que atende aos factores emocionais que podem funcionar como deflagradores do comportamento alimentar disfuncional, através da psicologia, com a reeducação afectiva e com a educação”, explica a psicóloga clínica. O grande objectivo é, através da psicoterapia, “mudar hábitos de vida, ao reeducar e despertar o paciente para o seu comportamento alimentar, depois de perceber quais são
as áreas da vida que estão afectadas com a relação com a comida”, continua Filipa Nobre. O RAFCAL é um programa com etapas e roteiro terapêutico definidos, com foco na construção de uma relação saudável do indivíduo com a alimentação, com o corpo e consigo mesmo. Favorece a percepção de como os estados emocionais interferem no peso e como lidar com emoções que boicotam o êxito da dieta, assim como identificar a existência de possíveis compulsões e a realizar adequadamente o monitoramento do peso. O foco principal é a manutenção do peso magro e principalmente o bem-estar geral. O RAFCAL é um programa complementar ao trabalho do médico em diferentes especialidades, do nutricionista ou do professor de Educação Física, numa perspectiva interdisciplinar, considerando as causas multifactoriais da obesidade.
Emagrecer saudável na Semear Saúde Para além de ser um processo físico, emagrecer é um processo emocional. “Há pequenas coisas nas quais as pessoas não pensam, não estão conscientes. ‘Quando a pessoa sente fome, será mesmo fome? É algo físico ou tem apenas vontade de comer?’”, exemplifica Filipa Nobre. Esta ajuda “parte da consciencialização das pessoas, que devem procurar mecanismos através das suas próprias emoções, dos seus próprios estados de humor e perceber de onde vem realmente a fome. E a fome nunca é de ir comer uma peça de fruta, beber um sumo natural ou comer uma salada. A fome ‘puxa’ sempre
Obesidade ou anorexia também podem ser tratados O método é para todas as idades e adequa-se a pessoas com histórico de sobrepeso, obesidade - “que de longa data lutam sem sucesso contra a balança” -, que desejem acompanhamento pré/pós cirurgia bariátrica, que apresentem sintomas de transtornos alimentares, como a anorexia ou a bulimia, ou que simplesmente se interessem por comportamento alimentar saudável e qualidade de vida.
Método único em Portugal vai estar na Semear Saúde Filipa Nobre, pioneira e única psicóloga em Portugal capacitada para o programa, vai estar na Semear Saúde a dar consultas individualizadas gratuitamente no dia 18 de Março, entre as 10 e as 18 horas. Os interessados devem fazer a respectiva marcação através do e-mail associacaosemearsaude@gmail.com, ou dos contactos telefónicos 282 320 902 e 926 485 533. “De forma geral”, o acompanhamento do paciente divide-se em três fases. Nos primeiros dois meses as consultas são semanais, nos dois meses seguintes passam a quinzenais e nos últimos dois meses a mensais. “Tudo isto vai depender muito da evolução da pessoa, do seu comprometimento em querer amadurecer no sentido do emagrecimento”, refere a psicóloga clínica. “A alta acontece quando percebemos que existe o amadurecimento para a manutenção do comportamento magro, porque a mudança de comportamen-
tos e de hábitos vai permanecer, uma vez que o paciente já não vai simplesmente comer, já se vai analisar. Começa a substituir antigas vontades por algo que realmente seja bom para o seu corpo. É este trabalho que vai permanecer na mente da pessoa e que garante a manutenção do peso magro”, refere Filipa Nobre. Para integrar o programa RAFCAL, o paciente não precisa de estar a ser previamente seguido por um nutricionista, “pois na maior parte das vezes já vem munido do conhecimento nutricional”. No entanto, “se houver necessidade é encaminhado”, indica. Cada consulta tem o custo de 30 euros.
Uma referência para psicólogos e nutricionistas Em 1998 surgiram os primeiros atendimentos de Psicologia do Emagrecimento. A metodologia foi evoluindo ao longo dos anos, até, em 2004, receber o nome RAFCAL, marca registada com o lançamento do livro ‘Psicologia do Emagrecimento’, da autoria da psicóloga clínica Maria Marta Ferreira, mentora de Filipa Nobre. Um ano mais tarde realizou-se o primeiro curso de capacitação para psicólogos em Curitiba, Brasil, país onde o programa já é utilizado “com bastante sucesso”. Depois deste já foram realizados novos cursos, entre os quais o que Filipa Nobre frequentou, via Skype, em 2015. Segundo a profissional, psicólogos e nutricionistas utilizam o RAFCAL como referência na sua prática clínica. Filipa Nobre diz estar “bastante interessada e disponível” para dar consultas em Tavira, na Semear Saúde, que, através da hipnose, trabalharia a nível inconsciente, e o RAFCAL a nível consciente.
07.04.2017 7
Semear Saúde
oxigenesis
O bronze natural da cana de açúcar com a qualidade Oxigenesis já chegou a Tavira Os corpos bronzeados continuam a ser uma moda e a marcar a consciência colectiva como sinal positivo de beleza, associado a ideias como as férias, a qualidade de vida e o desfrutar da praia e do sol.
D.R.
Para o bem e infelizmente para o mal em muitos casos, estas ideias continuam a ser um paradigma dos nossos dias, para o qual, apesar dos riscos da exposição solar, muitos de nós continuam a esforçar-se. A pergunta é a de saber como se pode ter o melhor de dois mundos: por um lado ter a cor dourada do invejável bronze e, por outro, como alcançá-la sem correr desnecessários riscos de saúde. A resposta está em soluções que permitam dar o desejado tom à pele, sem exposição solar excessiva que coloque em causa a saúde e sem recorrer a produtos químicos cujos resultados estéticos e os efeitos secundários se desconhecem.
A resposta chama-se bronzeamento natural com cana de açúcar e já está disponível na Associação Semear Saúde
O tratamento Oxigenesis permite ter um tom bronzeado sem exposição solar uma coloração uniforme e num tom adequado, seja a sua pele muito clara ou mais escura, este método permite dar-lhe o tão procurado dourado do bronze sem os riscos da exposição ao sol ou a radiações nos solários.
Bronze com os benefícios do oxigénio puro do método Oxigenesis
A solução passa por optar por um tratamento que une a coloração da pele à activação celular através do oxigénio activo e à hidratação profunda da pele. Um sonho tornado realidade e agora disponível na Associação Semear Saúde, situada em Tavira, através do processo de bronzeamento natural com cana de açúcar.
Ao mesmo tempo a aplicação feita concomitantemente com oxigénio puro garante uma reactivação das células da derme de forma profunda, dando-lhes o elemento essencial à vida celular: o oxigénio.
Sem químicos ou aditivos
A hidratação integral da pele garante o conforto de um bronzeado perfeito sem os desagradáveis efeitos dos escaldões provocados pelas radiações, sem qualquer
Sem químicos ou aditivos que ponham em causa a saúde da sua pele, sem ressequimento ou sensação de cortiça e garantindo
Hidratação profunda sem escaldões ou efeito 'pele de cortiça'
vestígio de vermelhidão e sempre com o tom natural mais adequado à sua pele. Com recurso ao pigmento da cana do açúcar, o bronze tem base vegetal, sem pigmentos químicos que podem lesar a sua pele e sem riscos de alergias e reacções adversas.
Diga não ao envelhecimento precoce provocado pelo Sol Com o bronzeado Oxigenesis pode aceder à melhor opção para quem não quer ou não pode bronzear-se ao sol, e quer exibir na praia ou na piscina, no dia-a-dia ou num evento especial, uma aparência saudável e bronzeada.
Tudo isto à distância de uma marcação para o bronzeamento com cana de açúcar na Associação Semear Saúde em Tavira. Conheça esta solução para o seu tom de Verão, bem como todas as mais-valias do método Oxigenesis através do endereço electrónico associacaosemearsaude@gmail.com ou dos contactos telefónicos 281 320 902 ou 926 485 533. Agora já sabe, descubra os segredos de bronzeado sem riscos e saudável na Semear Saúde, com a segurança de técnicos especializados e do método Oxigenesis.
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Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o PÚBLICO
ABRIL 2017 | n.º 102 5.256 EXEMPLARES
www.issuu.com/postaldoalgarve MARCO SANTOS
Missão Cultura:
Lojas com História
D.R.
p. 2
Espaço ALFA:
Pointé, jeté, grand battement:
O Dançarte está de volta a Faro p. 7
D.R.
Arte urbana promove turismo
p. 5
Letras e leituras:
D.R.
ILUSTRAÇÃO: JOÃO ESPADA
O Sul de José Afonso ps. 8 e 9
‘Uma estranheza em mim’ Orhan Pamuk p. 6 Da minha biblioteca: D.R.
‘Palavras com que brinco e aprendo’ de José R. Brazão
p. 11
2
07.04.2017
Cultura.Sul
Editorial
Missão Cultura
O contrabando
Lojas com História: um programa a iniciar no Algarve
Ricardo Claro
Editor ricardoc.postal@gmail.com
AGENDAR
Alcoutim encheu-se de parede a parede nas ruas e vielas para dar a conhecer a sua cultura e, muito em particular, a história da História que é o contrabando enquanto actividade característica das terras e das gentes raianas, num casamento no mínimo feliz entre a cultura e a economia, a sociedade e a vontade de fazer vingar um conceito de relação ganhadora entre áreas tantas vezes de costas voltadas. O Festival do Contrabando levou muitos milhares de pessoas a Alcoutim, gentes das mais diversas geografias, e teve o condão de as deixar de sorriso estampado no rosto, sem necessidade de recorrer a grandes "artifícios" de programação cultural. Território é cultura, tradição é cultura e vivência é-o também. Eis uma das várias lições que se puderam extrair deste evento organizado sabiamente pela autarquia local com o apoio do programa 365 Algarve. Mas mais do que isto, o Festival do Contrabando uniu pessoas, gerações, culturas e povos de um e de outro lado do Guadiana com a ponte que, de forma momentânea, uniu as duas margens da fronteira. Numa época em que muitos dos povos se afastam de forma explicável mas tantas e muitas vezes incompreensível, onde os ensinamentos de séculos de História parecem esfumar-se na espuma volátil do populismo e dos nacionalismos exarcerbados e sempre dispensáveis, Alcoutim e Sánlucar, Portugal e Espanha, a Andaluzia e o Algarve deram provas de grande maturidade, mesmo quando o tema de mote para estes dias de especial união foi um tema ainda quente em termos históricos, o contrabando e tudo o que ele significa quando se trata de saber quem somos e quem fomos.
Direção Regional de Cultura do Algarve
Quem não se recorda das lojas emblemáticas das cidades onde moramos, algumas das quais ainda em atividade? Ou daquelas outras, localizadas em aldeias mais no interior, onde íamos por razões familiares ou de lazer? A partir dessas recordações, a Câmara Municipal de Lisboa criou um programa de promoção do comércio tradicional, fomentando a tomada de consciência sobre o papel que o comércio e o consumo locais desempenham na economia, cultura, vida e história da cidade . O programa procura distinguir lojas com caraterísticas únicas e reconhecido valor para a identidade local, isto é, espaços comerciais com particularidades arquitetónicas e/ou decorativas relevantes, para as quais se exige a preservação da autenticidade arquitetónica e decorativa nas operações urbanísticas, nomeadamente as que visam a modernização ou alteração de uso. Procura igualmente distinguir as lojas que sejam únicas no quadro das atividades económicas (muitas delas pioneiras) associadas ao seu uso original e especializadas
D.R.
na venda a retalho, na restauração e bebidas ou na prestação de um serviço pessoal. E outras, ainda, por serem as últimas do seu ramo de negócio. Ou mesmo aquelas que introduziram novos conceitos na sua atividade para responder às necessidades do público e/ou que mantêm ateliês de manufactura dos seus produtos. A partir desse exemplo de Lisboa, a Direção Geral do Património Cultural desafiou as Direções Regionais de Cultura para alargarem a nível nacional e dinamizarem um programa conjunto. Este inicia-se com a identificação e mapeamento dos espaços comerciais a distinguir. Neste propósito, a Direção Regional de Cultura terá como parceiros os Municípios e a Comunidade Intermunicipal (AMAL), a CCDR e associações comerciais da região (ACRAL, AIHSA). Focar-se desta forma no passado torna muito presente a necessidade de salvaguardar estes espaços, desencadeadores de memórias, mas também o reconhecimento da sua dinâmica económica enquanto atividades geradoras de emprego, de relações sociais e do seu valor histórico e cultural para as comunidades onde se inserem. Para além de o pensarmos enquanto programa a dinamizar, vale a pena um momento de reflexão sobre
Amílcar Caeiros – Drogaria – Loulé
a importância de salvaguardar esses lugares, relembrando que no Algarve somente dois espaços de comércio tradicional se encontram classificados: o “Café Aliança”, em Faro, e o “Café Calcinha”, em Loulé. Olhar para outros espaços comerciais que, por razões diversas, não vão conseguindo acompanhar o desenvolvimento das novas exigências de consumo, deve ser gerador de ação e promoção da sua dinamização económica antes que desapareçam. Simultaneamente, devemos pensar no papel de cada um de nós enquanto atores neste propósito, pois como consumidores devemos ter consciência de que só com a participação de todos é possível salvaguardar espaços, empregos e economias locais. Na passada quarta-feira, dia 5 de Abril, teve lugar na sede da Direção Regional de Cultura do Algarve o primeiro encontro regional no âmbito deste programa, no qual estiveram presentes os parceiros regionais e os nacionais, assim como os responsáveis por este projeto na Câmara Municipal de Lisboa. http://www.belasartes.ulisboa. pt/lojas-com-historia/ De acordo com o Boletim Municipal de Lisboa, de 25/02/2016.
Juventude, artes e ideias
ADAPTA
Jady Batista Coordenadora Editorial do J
A ADAPTA - Associação Desporto e Aventura Para Todos,
Algarve foi fundada, a 31 de maio de 2014 por um grupo de amigos com o intuito de corresponder às necessidades e anseios da população do concelho de Olhão e concelhos limítrofes, no que diz respeito à prática de atividade física. A sede localiza-se no Loteamento Maria Tereza Jesus Lopes Viegas, Rua A, nº 13, loja A, em Olhão.
Criada no âmbito dos Clubes Desportivos, a ADAPTA é uma instituição sem fins lucrativos e tem como missão a promoção das atividades físicas, desportivas e recreativas, de forma lúdica e sem qualquer vertente competitiva. Por este motivo, consideram que as suas maiores conquistas são o trabalho realizado com as crianças, o seu desenvolvimento e o reco-
“CONCERTO DE JORGE PALMA” 7 ABR | 21.30 | Auditório Municipal de Albufeira Músico vai subir ao palco, juntamente com Vicente Palma e Gabriel Gomes (ex-Madredeus e Sétima Legião), que o acompanham no seu formato acústico
nhecimento do mesmo. Paralelamente, e associada à missão, a associação possui também o objetivo de promoção de estilos de vida saudáveis. Atualmente, com a abrangência local, pois as atividades realizadas até ao momento têm contado com participantes residentes no concelho de Olhão e regiões limítrofes, não escondem no entanto o interesse em
atingir uma abrangência mais regional em consonância com o nome da associação. Para o futuro, a ADAPTA perspetiva a realização de um grande evento, com caráter anual, que envolva não só as crianças e jovens, mas também as famílias e as instituições concelhias, pelo que estão em vias de apresentar uma candidatura a um programa do IPDJ.
“VOZ DA RAZÃO” 15 ABR | 21.30 | Centro Cultural de Lagos A análise de Luís Franco-Bastos sobre a política, futebol, música ou as relações entre homens e mulheres é agora mais crítica complexa
Cultura.Sul
07.04.2017
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Espaço AGECAL
Quando bem se busca, descobre-se sempre um rasto D.R.
Rui Parreira Arqueólogo, sócio da AGECAL
A afirmação de Leite de Vasconcelos1 vem aqui a propósito de que, há uns 2070 anos atrás, os Romanos fundaram nas margens da ria, junto à actual Luz de Tavira, uma cidade que povoaram com os deslocados de outra terra, a cerca de 10 quilómetros. A nova localização trazia vantagens: a cidade foi planeada com ruas direitas e espaçosas, com casas arejadas, e infra-estruturada com abastecimento de água e esgotos, dotada de centro cívico e religioso, termas, circo, cemitérios e instalações portuárias. Durante mais de 500 anos, a cidade foi habitada por gente de variadas origens e os arredores ocupados com assentos de lavoura. Detinha um estatuto político invejável, cabeça de um território que ia desde Bias do Sul ao Guadiana, abarcando a faixa do litoral e parte do barrocal e da serrania do Caldeirão. Ali se consumiram e negociaram
produtos de muitas procedências. Numa posição privilegiada nas rotas marítimas, a cidade beneficiou do comércio entre o Mediterrâneo e o Atlântico, mormente após a Britannia ser integrada no Império. Há 1.600 anos atrás, a cidade foi sendo despovoada e as suas construções desmanteladas, os objetos destruídos ou dispersos, os materiais reutilizados. No plaino abandonado, a cidade, agora invisível, ficou sujeita ao dinamismo da atividade humana. Instalaram-se assentos de lavoura.
Há pouco mais de 400 anos atrás, os humanistas reencontraram o nome da cidade: Balsa. Há 150 anos atrás, a sua localização foi confirmada pelos arqueólogos. Mas há 40 anos atrás, a campina da Luz começou a ser profundamente alterada, com o cultivo mecanizado de vinha e pomares de fruta. O espaço agrícola foi usurpado por moradias e vivendas de férias. As ruínas dos romanos foram delapidadas e pilhadas. Só a partir de então a cidade foi delimitada com rigor e beneficiou de escavações arqueológicas.
Há 30 anos atrás, a criação do Parque Natural da Ria Formosa visou a proteção e conservação do sistema lagunar, nomeadamente da sua flora e fauna e respetivos habitats. Sem esquecer a presença das gentes, o Parque propôs proteger, classificando, o que restava da cidade romana. Em 1990, foi finalmente oficializada a proteção do imóvel como bem cultural. Contudo, só uma mínima parte da área arqueológica acabou classificada, em 1992, como bem de Interesse Público. Que há 6 anos atrás passou a dispor de uma Zona
Especial de Proteção. Mas a prevalência da proteção da natureza e da paisagem e a intervenção do Parque termina onde começa o perímetro do Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento, um avultado investimento público para a rega e abastecimento urbano. Aí, os beneficiários da obra de rega podem e devem praticar a atividade agrícola e esta intensificou-se com cultivos em túneis, para exportação e altamente rentáveis. Contudo, a paisagem daquele plano tem uma componente eminentemente cultural, pontuada por ruínas de paredes, pavimentos e escombros. Conotados com a sustentabilidade da Dieta Mediterrânica, encarada como um recurso de desenvolvimento regional, o conhecimento e valorização de Balsa enquanto bem cultural, incluindo os seus valores paisagísticos, arqueológicos e imateriais, exigem ampla participação dos intervenientes no processo de ordenamento e de gestão cultural do território, para definir e avaliar criticamente objetivos operacionais e mecanismos legais de recuperação deste património único e insubstituível da região e do país. De Campolide a Melrose. Lisboa, Imprensa Nacional, 1915, p. 37 1
Na senda da Cultura
Onze anos de Tertúlias da Biblioteca de Lagoa Mais de uma década de trabalho e dedicação levaram a Lagoa mais de uma centena de pensadores e oradores que, a cada última quinta ou sexta-feira dos meses, se debruçam sobre as mais diversas temáticas. Entre os nomes que nestes 11 anos de sucessivas tertúlias passaram pela Biblioteca Municipal de Lagoa encontram-se alguns nomes sonantes da vida portuguesa das mais variadas áreas, mas, mais do que o nome de cada convidado, o que releva é o seu pensamento, a sua opinião e a sua forma de ver o Algarve, Portugal e o mundo. Conversas pensadas para ouvir, debater e reflectir, as Tertúlias da Biblioteca Municipal de Lagoa são resultado do trabalho aturado e dedicado de um dos nomes regionais de relevo nas áreas da cultura e do fomento da participação cívica, Maria Luísa Francisco, que sem ceder a qualquer protagonismo tem realizado um pouco por toda a região um aturado trabalho de intervenção em vários segmentos da cidadania e da cultura. Mais de uma década de conversas, umas mais acesas do que outras, é um fenómeno a nível regional que é, no
mínimo, de louvar, quando o mundo tal como hoje o conhecemos deixa tantas vezes cair por entre a rotina e o desinteresse generalizados o tempo para a reflexão e para a análise partilhadas com o outro. As tertúlias, e as promovidas por Maria Luísa Francisco não são excepção, são espaços de liberdade e de fomento do pensamento, abrem horizontes, consolidam ideias e moldam convicções na relação entre o eu e o colectivo de forma única. Geradoras de consciencialização são espaço para vingar o desenvolvimento do sentido crítico face à realidade, sem seguidismos nem pré-concepções e são, por isso mesmo, oportunidades cada vez mais raras e imperdíveis de formação e sensibilização. Das temáticas mais banais - à primeira vista - àquelas que possam parecer mais eruditas, a verdade é que o bordão “da discussão nasce a luz” é o resultado que a cada momento se espera de cada uma das tertúlias lagoenses pensadas e moderadas por Maria Luísa Francisco, realizadas no quadro da intervenção cívica preconizada pelo Lions Clube de Lagoa.
D.R.
Maria Luísa Francisco e Joaquim Jorge um dos oradores que já passaram pelas Tertúlias da Biblioteca de Lagoa Uma iniciativa de 11 anos que conta desde a primeira hora com o apoio do
município local e que promete continuar a atrair para o palco das reflexões
pessoas de todos os quadrantes e formações, de todas as áreas da vida e de todos os segmentos do pensamento livre, afinal é da amálgama de ideias conversadas que se faz o elixir do conhecimento e da sabedoria, que se faz coisa pública e colectiva nestes espaços de debate. Mais do que necessariamente opinar, o que em cada tertúlia é sempre fomentado como consequência da intervenção dos oradores convidados, dar a conhecer a realidade e algumas das visões que sobre ela existem, são um passo fundamental para uma maior consciência das temáticas. O saber não ocupa lugar, mas tem nas Tertúlias da Biblioteca de Lagoa espaço de destaque porque conhecimento é poder e, acima de tudo, porque participar na discussão da vida é fundamental. A Tertúlia que assinalou os 11 anos deste verdadeiro serviço público que tem aos comandos Maria Luísa Francisco realizou-se no final de Março e teve como convidado Francisco Moita Flores, debruçando-se sobre o tema “As redes sociais e as novas formas de violência”.
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07.04.2017
Cultura.Sul
Artes visuais
O que é o stresse? Resposta através da imagem visual FOTOS: D.R.
Saul Neves de Jesus
Professor catedrático da UAlg; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora
Os níveis de stresse das pessoas têm vindo a aumentar nos últimos anos, devido a múltiplas alterações na vida profissional, familiar, social, etc, que representam um aumento dos níveis de exigência e de incerteza. Em geral, quando é utilizado o termo stresse é-o no sentido negativo, pelas consequências que a vários níveis podem ocorrer no organismo, sobretudo quando as situações representam níveis de exigência muito elevados para o sujeito ou quando persistem durante muito tempo na sua vida, ultrapassando os seus limites de tolerância. No entanto, o stresse pode ser positivo, distinguindo-se entre as situações de distress, em que o nível de exigência é claramente superior à capacidade do sujeito para responder, e as situações de eustress, em que o sujeito consegue responder de forma adequada à exigência que sobre ele é colocada, podendo desta forma as situações aparentemente difíceis até contribuir para o seu desenvolvimento e realização. No sentido de tentar expressar ambas as valências do stresse, a negativa e também a positiva, procurando sintetizar a essência deste conceito, realizámos o trabalho “Distress e Eustress (síntese)”. Neste, procurámos expressar a diferença entre as duas valências do stresse, utilizando duas telas de dimensões diferentes, representando níveis de exigência diferentes para o sujeito, que aqui é representado pelo pincel, enquanto os seus recursos para responder às exigências são representados pelas tintas utilizadas. A situação em que a tela é maior, representando uma exigência superior, provoca distress, pelo que a tinta não é suficiente para uma resposta adequada à tarefa de realizar um traço na tela. O traço revela-se inconstante e os pelos do pincel estão abertos como que
alarmados com a situação. A tinta vermelha representa simultaneamente a agressividade e o receio no traço realizado, isto é, as respostas de luta e de fuga de que já Canon falava, em 1935. Por seu turno, na situação em que a tela é de menor dimensão, a tarefa de realizar um traço corresponde a um nível de exigência ao qual consegue ser dada uma resposta adequada, representando uma situação de eustress. A situação não foi um problema, mas sim um desafio, sendo o traço realizado de forma confiante e serena, o que é representado pela cor azul, e a resposta adequada, como se revela pelo traço direito e constante, bem como pelo pincel com os pelos na dimensão do traço que realizou. A partir deste trabalho “Distress e Eustress”, produzimos ainda um outro trabalho sobre o conceito de stresse que utilizou meios digitais. Assim, foi criado um ambiente digital, procurando responder à questão “what is stress?”. Nesse sentido, foram utilizadas as imagens produzidas no trabalho “Distress e Eustress” e conjuntos de palavras que se organizam para permitir clarificar o conceito de stresse. Em termos de software informático para a realização deste trabalho foram utilizados os programas on-line Prezi e Wordle. Aproveitando as potencialidades destes programas informáticos, procurámos criar um ambiente digital que integra as imagens das telas “Eustress e Distress”, colocando no meio a questão “What is stress?” Desta forma, procuramos expressar que o stresse é algo que se situa entre estes dois conceitos mais específicos, representando também que se trata de duas possibilidades alternativas de desenvolvimento quando o sujeito é confrontado com exigências que constituem fatores de stress. Integrámos na imagem diversos termos-chave que permitem responder à questão colocada e compreender como é que as situações de distress e de eustress podem ocorrer e desenvolver-se. Esses termos-chave são os seguintes e apresentados nesta sequência: stress, factors, distress, symptoms, coping, resilience e eustress.
Obra 'Distress e Eustress (síntese)' (0,30x1,00x0,20 e 0,30x0,70x0,20m; 2011), de Saul de Jesus
Imagem inicial do trabalho em arte digital 'What is stress?' (1’20) A imagem que destaca a questão colocada constitui o primeiro de vinte passos apresentados neste trabalho. A sequência de passos foi organizada de forma a que primeiro surjam imagens de cada uma das telas com a respetiva designação de distress ou eustress, consoante o caso, para fomentar a curiosidade no espetador e para que este se possa aperceber das duas possibilidades deste termo. Depois a sequência segue com a apresentação de cada um dos termos-chave, encontrando-se num ponto de cada um deles um conjunto de palavras que ajuda a compreender o seu sentido. As palavras relativas a cada termo-chave foram selecionadas a partir de uma re-
visão da literatura da especialidade sobre cada um dos termos, permitindo um conjunto de palavras para cada termo. As palavras escolhidas para cada um dos termos-chave foram as seguintes: 1) Stress: Selye, elasticity, demands, tension, activation, fight-or-flight, pressure, hypothalamus, adrenaline, cortisol; 2) Factors: conflicts, problems, too busy, work overload, uncertainty, pessimism, perfectionism, illness; 3) Distress: deadlines, emergency, urgent, danger, persistent stress, negative events, bad stress, vulnerability; 4) Symptoms: indecisions, apathy, heartbeat, colds, headaches, infections, fatigue, hypertension, irritability, unhappiness, diseases,
insomnia, nightmares; 5) Coping: strategies, skills, social support, time management, assertiveness, share feelings, humor, healthy lifestyle; 6) Resilience: resistance, optimism, hardiness, protective factors, realistic goals, self-confidence, flexibility; 7) Eustress: positive response, good stress, concentration, energy, fulfill goals, adaptation, challenge, solve problems. Estes conjuntos de palavras foram organizados no Wordle e transpostos para o Prezi, possibilitando este a sua observação através do efeito zoom que permite efetuar. A sequência dos termos foi a referida atrás porque o desenvolvimento do distress numa
situação de stresse (termo 1) depende dos fatores (termo 2) presentes nessa situação. Do distress (termo 3) resultam vários sintomas (termo 4). A resolução de situações de distress depende das estratégias de coping (termo 5) e das competências de resiliência (termo 6) do sujeito, possibilitando o desenvolvimento do eustress (termo 7). A apresentação termina com um afastamento da imagem, possibilitando uma visão panorâmica das telas e dos termos-chave distribuídos nestas. Sendo programado para uma sequência de 4 segundos por passo, a apresentação do trabalho demora 1 minuto e 20 segundos. No entanto, o Prezi também permite que o ritmo de passagem entre cada passo da sequência seja decidido pelo espetador, no momento em que está a apreciar o trabalho. Assim, neste trabalho também procuramos aproveitar a vertente de interatividade permitida pela arte digital (Lieser, 2009), pois o espetador pode gerir o tempo que demora em cada passo da sequência de imagens. Assim, a participação ativa do espetador e a interação permitida pela arte que recorre ao potencial das novas tecnologias tem também esta vantagem de permitir ambientes de apreciação artística ou de aprendizagem através da arte mais atrativos e cujo ritmo é gerido pelo próprio sujeito que aprecia ou aprende. Desta forma, este último trabalho procurou explorar as relações de convergência entre a arte, a ciência e a tecnologia, encontrando-se a relevância da sua componente pedagógica patente na necessidade da participação ativa do espetador, pois este terá de fazer um percurso de vinte passos que pode gerir segundo o seu próprio ritmo de aprendizagem. Este trabalho encontra-se disponível no youtube, no link http://www.youtube.com/ watch?v=uwK8ih4FPFs. Nota: Algumas das reflexões apresentadas neste artigo encontram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrativo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus (snjesus@ualg.pt).
Cultura.Sul
07.04.2017
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Espaço ALFA
Arte urbana promove turismo D.R.
Vico Ughetto Sócio da ALFA
O conceito de arte urbana tem vindo a tornar-se popular e a ser um dos elementos de destaque, quer artístico, quer de animação e embelezamento, de várias cidades europeias, com destaque para as grandes capitais, sobretudo as que têm uma forte componente turística associada. Por cá, Lisboa é a grande referência, desde o conceituado Vhils, que tem roteiros para observar as suas pinturas/esculturas, até à Joana Vasconcelos que, também pela capital, espalha algumas das suas obras escultóricas de grande dimensão. No Algarve, Olhão é um dos principais exemplos do uso do grafíti na
arte urbana, tendo Alte algumas obras do artista Menau nas suas paredes. De modo a contribuir para este conceito recentemente valorizado e apreciado, a ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve tem um projeto de exposição fotográfica de rua, o qual pretende trazer para o espaço público urbano do Algarve algumas das suas imagens mais icónicas. Este conceito, inovador e pioneiro, serve-se de tecnologia patenteada que permite a colocação de fotografias de grande dimensão, "coladas” em edifícios nobres sem qualquer risco estrutural. Este recurso à fotografia panorâmica, disposta de forma não convencional no espaço urbano, permite uma aproximação ao público difícil de obter numa galeria, sugerindo a visita e descoberta das imagens através de um circuito pedonal. Um dos locais definidos para esta mostra fotográfica de rua passa pela
Exemplo de Arte Urbana Fotográfica na Cidade Velha em Faro (montagem sob imagem Google Maps) zona histórica de Faro (vulgo Cidade Velha), na qual será
possível circular pelo património enquanto se promove
o Algarve através da fotografia. Este projeto tem como
missão ligar arte e promoção turística da região.•
Filosofia dia-a-dia
Razão ou Coração? Parte 2: O Coração em Aristóteles
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
O coração é o contrapeso do cérebro. Aristóteles Aristóteles, o eminente filósofo que foi discípulo de Platão (427-347 a.C), preceptor de Alexandre O Grande e fundador do Liceu de Atenas, nasceu em Estagira em 384 a.C e faleceu em Atenas em 322 a.C. Durante a sua longa vida investigou amplamente sobre os mais diversos temas, desde as ciências naturais à ética, política, retórica, poesia, metafísica e artes. Hoje ocupar-nos-emos de um assunto que lhe era muito caro: a importância e função do coração no ser humano. O Estagirita distingue três faculdades da alma: a vegetativa,
a sensitiva e a intelectual. As plantas possuiriam alma vegetativa, apta apenas para as funções de nutrição, crescimento e reprodução. Os animais irracionais possuiriam tanto alma vegetativa como alma sensitiva, a faculdade responsável pelas sensações e movimentos do corpo. Somente o homem seria dotado de intelecto, “aquela parte da alma que permite conhecer e pensar”. Por este motivo Aristóteles afirma na Metafísica que “todos os homens têm, por natureza, o desejo de saber”. Seria, portanto, de esperar, que o filósofo atribuísse ao intelecto o lugar mais elevado na hierarquia das faculdades e o alojasse no cérebro. Porém, não será assim... O investigador C. Gross no seu livro Brain, Vision, Memory: Tales in the History of Neuroscience constrói uma tabela onde mostra os argumentos de Aristóteles (adaptado): Aristoteles afirma em Parva Naturalia que “o cérebro é a parte mais húmida e fria de todo o corpo”. Por esse moti-
D.R.
vo não poderia alojar a alma. O coração “sendo a mais quente de todas as partes corporais, é o contrapeso do cérebro.” O coração é a sede da alma! Olhando para esta tabela é curioso verificar, como a ideia que Aristóteles tinha de que o coração é um órgão afectado pelas emoções e o cérebro não, se mantém até aos dias de hoje. Expressões como “Não te deixes levar pelo coração!” são um bom exemplo disso. Por outro lado, o coração é considerado a fonte de calor do corpo e como estando ligado a “todos os órgãos sensoriais e músculos através dos vasos sanguíneos”. Esta sua dupla condição de ca-
lor e conexão torna-o o centro do organismo vivo. Estar em vida é estar ligado, estar ligado é sentir, ter emoções, ter pathos. Em Acerca da Alma, Aristóteles descreve as emoções como movimentos do coração: “entristecer-se, alegrar-se ou discorrer são movimentos, e o mover-se dá-se por acção da alma, por exemplo, encolerizar-se ou ter medo são o coração a mover-se de certa maneira”. A defesa da objectividade científica, assenta na frieza do cérebro, na sua capacidade de se desligar e de não ser afectado pelas emoções. O entendimento é impassível, é a-pathos. Esta característica foi
muito enaltecida nos tempos modernos com o desenvolvimento da ciência e da técnica. A definição do homem como um “animal racional”, colocou o intelecto como nota distintiva da nossa espécie. Foi, portanto, a visão platónica, cerebralista, apoiada nas observações médicas de Hipócrates e seus sucessores que prevaleceu. No entanto, as neurociências vêm resgatar Aristóteles. O neurocientista português António Damásio no seu famoso livro O Erro de Descartes mostrou como pacientes que sofreram danos cerebrais que não afectaram a sua ca-
pacidade de raciocínio mas os tornaram incapazes de sentir ou processar emoções passaram a tomar muito más decisões. Se apenas dispomos da razão para realizar uma escolha, temos de enunciar todos os prós e contras de uma possibilidade. Com a emoção, pelo contrário, há hipóteses que são imediatamente descartadas. A possibilidade de assassinar progenitores ricos para obter a sua herança, por exemplo, provoca tal horror a qualquer pessoa de bem, que nem sequer chega a colocar-se! A visão cardiocentrista de Aristóteles vai tomando cada vez mais relevo nos dias de hoje, à medida que a inteligência emocional, a intuição, e a ternura do coração vêm sendo acolhidas como boas condições para uma vida plena e feliz. Afinal, parece ser que um bom raciocínio requer o conselho das emoções! Estas reflexões continuam nos Cafés Filosóficos que se realizam em Tavira e Faro. filosofiamjn@gmail.com
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07.04.2017
Cultura.Sul
Letras e leituras
Deambulações por Istambul: Uma estranheza em mim de Orhan Pamuk
Paulo Serra
Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
Uma estranheza em mim é o mais recente romance de Orhan Pamuk, autor turco vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 2006. A sua obra começou a ser publicada na íntegra pela Editorial Presença ainda antes da atribuição desse galardão, o que não é de surpreender se considerarmos como o autor tem sido comparado a grandes autores como Eco ou García Márquez. Pamuk nasceu em 1952, estudou Arquitectura e depois Jornalismo, sem nunca exercer. Dedicou-se à escrita desde os 23 anos e as suas obras têm constituído sempre êxitos de vendas no seu país. É o autor turco mais galardoado, apesar do seu criticismo face à política turca, a nível nacional e internacional, já distinguido com o IMPAC, e foi finalista do Man International Book Prize 2016 com este romance. Neste Uma estranheza em mim o autor centra-se numa personagem-símbolo de modo a traçar um profundo retrato pessoal – note-se a primeira pessoa do título – de Istambul e das suas profundas mudanças entre 1969 e 2012. Um título alternativo a este livro será: «Ou as aventuras e sonhos de Mevlut Karatas, vendedor de boza, e dos seus amigos, e também um retrato da vida em Istambul entre 1969 e 2012 de muitos pontos de vista diferentes.», o que indicia a ambição deste romance, que levou seis anos a ser escrito (2008-2014), com uma estrutura cuidada – dividido em VII partes, sendo as partes III, IV e V arrumadas em diversos capítulos – , onde todas as partes têm epígrafes, os capítulos possuem um título ilustrativo do seu conteúdo e uma citação contida nas páginas que se seguem, havendo ainda o cuidado de incluir uma árvore genealógica, um índice de personagens e uma cronologia histórica. A narrativa inicia-se com Mevlut, nascido em 1957, quando
aos 12 anos de idade é levado pelo pai, um vendedor ambulante de iogurte, para Istambul, a «capital do mundo», onde ficará a viver, longe da aldeia onde ficam a mãe e as irmãs. O «nosso herói» é «alto, de compleição robusta, apesar de delicada, e bem-apessoado. Tinha um rosto de rapaz, cabelo castanho-claro e olhos vivos e inteligentes, uma combinação que despertava não poucos sentimentos de ternura entre as mulheres» (p. 19). Não é por acaso que citamos esta descrição de Mevlut, então com 12 anos, pois é também esta beleza que lhe irá abrir
tivessem conhecido realmente Mevlut, como eu conheci, (...) saberiam que não estou a exagerar só para fazer efeito. Na verdade, gostaria de aproveitar esta oportunidade para sublinhar que não há quaisquer exageros em todo este livro, que se baseia por inteiro numa história verdadeira; vou narrar alguns acontecimentos estranhos que sucederam e o meu papel será tão-só ordená-los de modo a permitir aos meus leitores acompanhá-los e entendê-los com mais facilidade.» (p. 19). Justifica-se a citação desta extensa passagem pois ilustra
seus depoimentos na primeira pessoa para apresentar os eventos narrados sob a sua própria perspectiva, como se estivéssemos a assistir a um documentário. Nesta primeira parte do livro, o autor começa pelo meio, quando em 1982 Mevlut foge com uma rapariga da aldeia, então com 13 anos, por quem se apaixonou no casamento do seu outro primo Korkut, e a quem irá escrever cartas de amor nos próximos três anos até que finalmente decide ir
quando Mevlut se apaixonou por Samiha foi pelos seus lindos olhos, ao jeito da tradição literária otomana, pois naquela altura as mulheres «cobriam-se ainda mais e, como os homens a única coisa que podiam ver eram os olhos delas, tanto a literatura de corte como a popular fixaram-se neles.» (p. 605). A vida de Mevlut é um retrato de uma geração de classe baixa, em que poucos concluíram a escolaridade básica, constroem as
FOTOS: D.R.
Orhan Pamuk recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2006 algumas portas na vida ou pelo menos a porta para os corações de algumas pessoas com quem se irá cruzar no seu percurso. O autor assume-se como a voz narratorial e, adoptando um tom coloquial e íntimo para com o leitor, anuncia algumas pistas de leitura logo na primeira página: «Este ar arrapazado, que Mevlut manteve até estar bem entrado nos quarenta, e o efeito dele sobre as mulheres eram dois dos seus traços essenciais e valerá a pena eu recordá-los de vez em quando aos leitores para ajudar a explicar alguns aspetos da história. Quanto ao otimismo e boa vontade de Mevlut – a que alguns chamariam ingenuidade –, estes traços não será necessário lembrá-los, já que vão ser manifestos do princípio ao fim. Se os meus leitores
profundamente a intenção do autor ou o que o autor deixa passar como a sua intenção – e toda a história gira em torno da questão das intenções nas palavras e no coração – na obra que nos apresenta, tomando este herói ingénuo, sempre apresentado na terceira pessoa, como o centro da narrativa, os «acontecimentos estranhos» que lhe sucederam – como veremos adiante quando ele é vítima de um engano amoroso –, mas mais principalmente aqueles que vão sucedendo à cidade de Istambul no seu crescimento, e acusando uma ideia de fazer deste livro um testemunho, como depois se poderá verificar quando as várias personagens que participam da vida de Mevlut contribuem constantemente com os
buscá-la e organiza a sua fuga. Encontram-se um ao outro na escuridão e apesar de tudo parecer correr bem é quando já estão no carro e prontos a arrancar que «houve um relâmpago» e por esse momento tudo se ilumina «como uma memória distante»: «Pela primeira vez, Mevlut conseguiu ver bem o rosto da mulher com quem iria passar toda uma vida./ Havia de recordar a absoluta estranheza daquele momento até ao fim da vida.» (p. 23). Percebemos depois, e só muito mais tarde no livro saberemos exactamente como, que afinal Mevlut “raptou” a irmã errada com quem acaba por viver um casamento feliz, apesar de por vezes se interrogar se não estará afinal a viver a vida de outra pessoa. Convém esclarecer que
suas casas e delimitam terrenos de que se apropriam indevidamente, com um certo consentimento indeferente e alguma corrupção por parte das autoridades municipais, em bairros que crescem desordenadamente, em que as mulheres cobrem as cabeças com lenços e não são admitidas em funerais e onde a Europa é um país distante. Mevlut é os olhos com que vemos Istambul e representa um símbolo da resistência de uma cultura arcaica por entre a modernidade que vai transfigurando a paisagem da cidade, começando por seguir os passos do pai como vendedor ambulante de iogurte e depois de boza, apesar de ainda tentar sem grande sucesso ou entusiasmo outros ofícios – muitas vezes
empurrado pelos primos que não compreendem como pode ele insistir em calcorrear a cidade com uma canga às costas em vez de fazer dinheiro fácil. A boza é uma bebida que ganha contornos de coisa sagrada, como percebemos num diálogo onde Mevlut fala com ares de filósofo – talvez resultantes dessa sua estranheza que o leva a caminhar pela cidade nocturna como quem divaga, pois é o caminhar que o ajuda também a pensar: «Só porque alguma coisa não é estritamente islâmica, não significa que não possa ser sagrada. Coisas antigas que herdámos dos nossos antepassados também podem ser sagradas. (...) Não quer dizer que ela só possa ser sagrada se toda a gente a andar a beber. Há muito poucas pessoas que leem mesmo o Corão. Mas em toda Istambul, há sempre pelo menos uma pessoa a lê-lo num determinado momento, e milhões de pessoas podem sentir-se melhor só de pensarem naquela pessoa. Basta que as pessoas saibam que a boza era a bebida favorita dos nossos antepassados. É isso que o pregão do vendedor de boza lhes recorda e fá-las sentir bem ouvi-lo.» (p. 296). Além da sua beleza, é a sua voz melancólica que leva a que as pessoas abram as suas janelas ao ouvir o seu pregão, e o convidem a subir, ou lancem os seus cestos, para provar essa bebida nacional que muitas vezes nem conhecem e que ele insiste em vender pelas ruas de uma cidade que nos últimos 40 anos passou de 3 para 13 milhões de habitantes, e onde o desenvolvimento urbanístico com a sua profusão de novos e altos edifícios já nem permite a um vendedor caminhar pelas ruas. Em Março, a Presença lançou também Cevdet Bei e os seus filhos, o primeiro romance do autor, cuja história remonta à Istambul de 1905, e traça um retrato da Turquia moderna, entre a queda do império otomano e a fundação da República, ao narrar a história de três gerações de uma família. Pamuk concilia na sua já vasta obra uma perspectiva histórica da cultura islâmica e do Médio Oriente com a modernidade de uma capital que faz a ponte entre o Oriente e o Ocidente.
Cultura.Sul
07.04.2017
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Panorâmica
Pointé, jeté, grand battement: Dançarte semeia em Faro a beleza do movimento FOTOS: MARCO SANTOS
ros para Melhor Solista, Melhor Dueto/Trio e Melhor Grupo e de 500 euros para o Prémio de Interpretação Contemporânea. Galas imperdíveis Ricardo Claro
Como facilmente se pode perceber através das fotos que iluminam - que outra forma de as descrever pecaria por escassa - esta página, as galas são os momentos altos do Dançarte, que promete, uma vez mais, dar casas cheias ao Teatro das Figuras. A realizar nos dias 13 e 14 de Abril, sempre às 18.30 horas, estes serão momentos de excelência absolutamente imperdíveis, onde a arte se faz voos e sensibilidade, técnica e destreza, elegância e arrebatamento de uma só vez num périplo pela emoção de ver a expressão da arte feita moldagem de corpos pelo saber de treino e mestria incansáveis.
Editor ricardoc.postal@gmail.com
Quando se fala no Dançarte fala-se, antes de mais, em 14 anos de esforçado trabalho para colocar a cidade de Faro e o Algarve na rota da dança nacional e internacional. "Roma e Pavia não se fizeram num dia" e criar um concurso de dança e dar-lhe gabarito e expressão dentro e fora das fronteiras lusas é trabalho aturado que a Associação Beliaev Centro Cultural tem desenvolvido de forma exemplar. É a este nome grande do ballet - Evgueni Beliaev que se deve, não só o sucesso do Dançarte, mas também, o da Companhia de Dança do Algarve, formando gerações sucessivas de bailarinos numa região onde a dança em geral e o ballet em particular nunca tiveram uma expressão de notoriedade pública assinalável. Ao Dançarte chegam bailarinos de várias escolas regionais, nacionais e internacionais - desde há mais de uma década - para aquele que é um concurso com créditos firmados na arte da dança nas vertentes clássica, contemporânea, dança de carácter, hip-hop, jazz e
O homem por detrás do sucesso
A competição será transmitida em directo pelo canal do YouTube sapateado, bem como coreógrafos que têm, também eles, lugar no concurso. Os intérpretes, entre os oito e os 25 anos, e os coreógrafos podem assim dar provas da sua arte e enriquecer o seu currículo frente a um júri de excelência e, simultaneamente, dar a conhecer ao público algarvio e não só os seus dotes artísticos.
Concurso proporciona espectáculos de rara beleza entre 11 e 14 de Abril Entre 11 e 14 de Abril, o Teatro Municipal de Faro acolhe este ano - depois de desde há alguns anos o Teatro Lethes ter deixado de ter capacidade para ser a sede do Dançarte - a 14ª edição do concurso, para dias pontuados com espectáculos de rara beleza fruto da perfor-
As galas são os momentos altos do Dançarte
mance de bailarinos e coreógrafos que serão recebidos no dia 10 pela autarquia farense, numa cerimónia de boas-vindas a realizar no museu municipal da cidade. Em cada edição do concurso são premiados os melhores através da atribuição de acções de formação e workshops, em Portugal e no estrangeiro, e de prémios monetários de mil euros para o Prémio de Coreografia; de 750 eu-
Por detrás de todo o trabalho que fez do Dançarte o que hoje representa está um grupo incansável de dedicação, onde figura desde logo Evgueni Alexandrovich Beliaev, mas também Laura Andrade, Ivânia Faustino, Ana Isabel Sousa e Natacha Alentejano, entre tantos outros nomes que deram e dão corpo a um sonho. Todos responsáveis por, este ano, chegarem a Faro para o Dançarte 28 escolas de dança num total de mais de 1.200 participantes naquele que será um concurso trans-
PROGRAMA: î DIA 11, terça-feira 9 / 13 h. - Check-in 14.30 h. - Abertura do Concurso 14.45 h. - Concurso Grupos, escalões 1 e 2 17.30 h. - Concurso Duetos/ Trios, escalões 1 e 2
î DIA 12, quarta-feira 10 h. - Concurso Solistas, escalão 1 11.30 - Concurso Grupos, escalões 3 e 4 15.00 - Concurso Solistas, escalão 2 17.00 - Concurso Grupos, escalões 3 e 4
î DIA 13, quinta-feira 10 h. - Concurso Solistas, escalão 3 11.15 h. - Concurso- Solistas, escalão 4 15 /17 h. - Audição Opus Ballet e Masterclasses 18.30 h. - GALA DOS PREMIADOS - Infantil
î DIA 14, sexta-feira 09.30 h. - Concurso Duetos/ Trios escalões 3 e 4 11.15 h. - Concurso de Coreografia 15 / 17 h. - Masterclasses 18.30 h. - GALA DOS PREMIADOS - Juvenil
mitido em directo pelo canal do YouTube https://www.youtube.com/Dan%C3%A7arte. Pela internet ou no Teatro das Figuras, certo é que o dançarte é imperdível.
Os melhores são premiados com acções de formação e workshops
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07.04.2017
Cultura.Sul
Letras e leituras
O Sul de José Afonso
Ao meu amigo José Louro Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. José Afonso
Paulo Pires
Programador cultural na C. M. de Loulé http://escrytos.blogspot.pt
Recordo tardes bem passadas com o José Louro em amena cavaqueira a falar sobre o Zeca, que ele tanto estima(va). (In) confidências, episódios, curiosidades que a minha memória foi retendo como pôde, aqui e ali, cuja afectividade, cumplicidade e respeito inerentes ao tom do discurso, às estórias em si, me tocaram sempre. Há pouco tempo, a 23 de fevereiro, na passagem dos 30 anos sobre o falecimento de José Afonso, acabei revisitando esses momentos preciosos que me deixaram um sorriso no rosto, precisamente ao ler um depoimento do Zé Louro sobre o seu amigo, colega de docência e cantautor maior: Fosse em Santo António do Alto, um miradouro isolado no topo de Faro, fosse no teu barco com o António Barahona e o Pité, fosse em nossa casa, quantas cantigas tuas se eclipsaram no mesmo éter, no mesmo vazio. Tu pegavas na tua viola (eras o único, entre nós, que dedilhava as cordas e, mesmo assim, lastimando e protestando que os teus dedos não iam além das duas posições básicas de, como dizias, acompanhar o teu “tem grelinhos, tem grelinhos no quintal” ou o “caga cão, caga gato, caga o feijão carrapato”) e, versejando um provisório lá-lá-rá-lá-lá, pedias insistentemente que decorássemos tal improviso para, no dia seguinte, arranjarmos qualquer modo de o gravar. Só que o nosso ouvido e a nossa memória novamente dissipavam o que poderia ter sido uma coisa bonita saída do teu talento. Merda! – dizias tu, nunca mais consigo arranjar um desses gravadores portáteis! É que o dinheiro era pouco e, quando no dia 30 ias à livraria pagar os livros fiados durante o mês, lá ficava uma boa parte do teu ordenado de professor, e o que restava lá se convertia em muitos pequenos-almoços, almoços, jantares e ceias reduzidos a uns tantos copos de leite! E lá vinha agora uma nova revoada de protesto contra o leite,
através da frase: “Ó pá, estou cheio de gases!” A vida era dura. Lembro-me de o José Louro falar do grande zelo e amor do Zeca pelos estrados e palcos das sociedades recreativas algarvias, onde tantas vezes actuou, com maior frequência a partir de 1959, à socapa ou à revelia da polícia política, espraiando a limpidez da sua voz, “deixando lastro”, para usar as suas palavras. E, curiosamente, é sabido que José Afonso tendia a menorizar-se como músico, dizendo frequentemente que todos tocavam viola melhor do que ele e que o superavam na forma de comunicar com o público, que se esquecia das letras, que não sabia ler pautas musicais... Mesmo que tecnicamente isso pudesse ter um fundo de verdade, quem privou de perto com ele, como o José Louro, fala de uma verdade que o seu canto e modo de interpretar encerravam, os quais tinham o condão de criar, logo nas primeiras notas entoadas, um clima de partilha e cumplicidade com a audiência, fosse em que contexto fosse. No fundo, ele queria sentir-se igual aos outros, sem qualquer sentimento de altivez ou superioridade. Vasco Lourenço, capitão de Abril, guarda dele a imagem da anti-vedeta por excelência, ao conhecê-lo no Algarve, num período de férias, e ao sentir o incómodo do introvertido e reservado Zeca quando, numa mesa de convívio, conversas e copos, lhe pediam amiúde que cantasse. Assim como não apreciava, mesmo que fosse consensual entre todos, ser o último a actuar num encontro de músicos, temendo que esse facto o entronizasse e fizesse dele um “bonzo”. Zeca chegou a ter uma “polémica” com Júlio Pereira, também seu amigo e companheiro de andanças musicais, quando um dia, à porta de um hotel em Vigo, lhe pediu um gravador e de um fôlego apenas lhe saiu completa a música “Achéga-te a mim, Maruxa”, ao que Pereira reagiu dizendo “Não percebes, Zeca? És um génio!”. Resposta afonsina: “Ó Júlio, isso não existe. As coisas vêm do trabalho…” Alexandre O’Neill, num dos seus mais brilhantes textos cronísticos, escreveu que um poeta é um distraído terrivelmente atento. E, não obstante José
Afonso nunca se ter assumido como poeta mas sim como autor de canções, para muitos que o conheceram mais profundamente ele era, porventura, o distraído mais atento e lúcido com quem conviveram. Se, por um lado, tudo parecia escapar-lhe, passar-lhe ao lado sem deixar rasto, havia nele, paralelamente, uma dimensão interrogativa, de auto-questionamento, de recusa de qualquer tutela ou filiação (era um espírito livre, inquieto e insubmisso, e irrenunciavelmente libertário), de atenção obsessi-
ou até na ausência delas por já não haver mais na gaveta; penso na tua gravata com um nó perene que, à entrada na escola, enfiavas ao pescoço, quer houvesse um colarinho, quer um cós de t-shirt; penso na tua voz, com dias de limpidez total e com dias em que afirmavas que “qualquer galinha choca me faz concorrência”. Luiza Neto Jorge, que com ele privou em Faro nessa fase de fruição panteísta de Zeca, descreve o amigo como “um tipo completamente despistado, um tipo distraído ao máximo a quem es-
Zeca entrou, esfomeado, pela cozinha de um dos apartamentos e sentou-se a comer um pudim que foi buscar ao frigorífico, altura em que estranhou e se lembrou que Zélia não costumava fazer pudim. Percebeu então que se tinha enganado na porta e entrara na casa do vizinho. No dia seguinte houve muitos pedidos de desculpa aos vizinhos, que só então caíram em si de espanto. Um céu deste mundo Numa entrevista a José AntóFOTOS: D.R.
José Afonso: lucidez e inquietação va a tudo o que o cercava, ao que se relacionasse com a política e economia. Volto ao José Louro, que, a propósito do inspirador amigo, recorda: Saio dessas sessões [atuais de homenagem ao Zeca] e penso no cheiro a lodo com que tu chegavas à praia de Faro, para dormir numa tenda em pleno areal, após teres atravessado o Parchal, em competição com aqueles de nós que seguiam enxutos pela estrada; penso nas tuas peúgas, uma de cada cor,
tavam sempre a acontecer coisas inimagináveis”. Exemplo disso é o episódio ocorrido na Beira, em Moçambique, para onde José Afonso partiu em 1964 com Maria Zélia, com quem casou, ao encontro dos pais e dos dois filhos do primeiro casamento, aí leccionando durante três anos. O casal habitava num prédio com seis apartamentos, geminados, três de cada lado, aos quais se acedia pela traseira através de uma escada de serviço comum. Ao final de uma tarde, ao regressar das aulas
nio Salvador, a propósito da sua estadia no Algarve, José Afonso fala de uma fase de euforia extremamente gratificante e das coisas mais felizes da sua vida, em que discutia com amigos pontos de vista vários, e em que havia, como que ritualmente, o hábito da caminhada, de andar a pé até Olhão, Quarteira e até ainda mais longe. Numa carta enviada de Faro ao seu irmão em Janeiro de 1961, Zeca assegurava ter “exterminado certos resíduos de patetismo bucólico que
outrora o traziam em perpétuo estado de deliquescência”. Acreditava na revolução interior pelo contacto com os outros, mais do que na exterior, pois para ele as mudanças deveriam assentar “numa reivindicação integral da vida a partir de cada personalidade”. No Algarve sentiu aquela sensação de apaziguamento e abertura de horizontes que Torga também fala num dos seus escritos sobre a região, quando alude à brancura dos corpos e das almas, à limpeza das casas e das ruas, à harmonia dos seres e da paisagem que o lavavam da fuligem que se lhe agarrara aos ossos e lhe clarificavam as courelas encardidas que trazia no coração. Zeca apaixonou-se por essa bem-aventurança terrena, “onde um poeta tem a sensação de que se pode viver do ar”, um Algarve “como a miragem dum céu deste mundo, sem nenhum dos atavios que aviltam a condição dum céu” (para usar impressões de Torga novamente). Tornou-se um “artista litoral”, pois sem mar, sem sol, sem esse diálogo físico com o espaço sem limites, não se reconheceria, e foi isso que lhe permitiu atingir o pouco equilíbrio que o mantinha, como confessa numa outra missiva também endereçada ao irmão João. Fez uma vida muita pagã, de ligação à natureza, andando pelos bailaricos das colectividades e conhecendo uma população muito interessante, sem pensar demasiado em cantigas, embora fosse fazendo uma ou outra aqui e ali. Já Manuel Alegre recorda que, ainda em Coimbra, José Afonso resolveu um dia partir para Marrocos. Como se a tentação do sul já estivesse dentro dele. “Ou talvez daquele azul de que fala Mallarmé e que era, de certo modo, a cor da sua voz. Ele era como a cigarra e precisava do espaço do Verão, Alentejo, Algarve, a planície, as areias e o mar” (Alegre). É neste período que José Afonso convive com figuras marcantes, que ajudam a apurar a sua consciência poética, como Luiza Neto Jorge, António Barahona da Fonseca ou António Ramos Rosa. Isto não para falar da influência que nele tiveram os surrealistas, tanto os franceses como os portugueses (vejam-se letras como “Rio Largo de Profundis”,
Cultura.Sul
“A acupunctura em Odemira” e outras), e também alguns poetas espanhóis, a começar pelos místicos e barrocos. O barco referido na letra “Tenho barcos, tenho remos” pertencia a uma pequena sociedade constituída por Eduardo dos Santos Pité, António Barahona, António Bronze e José Afonso, que o salvaram da decomposição e do esquecimento. A embarcação era alcunhada pelos pescadores de “Barco do Diabo”, referência às viagens e noitadas passadas na Ria, e era, segundo a poetisa Luiza Neto Jorge, o “catalisador dessa subversão do quotidiano” que unia aquele grupo de amigos. Situações vividas pelos quatro, em comunidade perfeita com o mar algarvio, agrupam-se numa espécie de ciclo fraterno representativo de uma das fases mais felizes da vida de Zeca. Foi nesse ambiente dos sapais da ria de Faro e dos areais do sotavento que nasceram canções como o "Menino do Bairro Negro” ou o “Senhor Poeta”, tantas vezes entoadas por José Afonso no quase mítico barco. Vitorino, curiosamente, também recorda o facto de Zeca já então ser muito conhecido em Tavira por, entre outras aventuras, ter descido o rio Gilão à proa duma barca a cantar por altura dos festejos de Carnaval. Amor maior, tons maiores Foi também no Algarve, mais particularmente na Fuzeta, que José Afonso conheceu aquela que viria a ser a sua segunda mulher, Maria Zélia, com a qual viveu “uma vida muito viva, vivida com paixão e algum desequilíbrio”. Confessa o cantautor: “O conhecimento da Zélia, num lugar do Algarve, reconciliou-me com a água fresca e com os tons maiores. Passei a fazer canções maiores.” O cantautor grava em 1964 um EP que integrava as canções “Coro dos Caídos”, “Ó Vila de Olhão”, “Canção do Mar” e “Maria”, esta última dedicada a Zélia, que lhe dá estabilidade emocional, afectiva e familiar, e se converte no grande pilar de sustentação de uma vida andarilha, rebelde e marcada por privações e marginalizações impostas pela ditadura em relação ao ensino: “Maria / Nascida no monte / À beira da estrada / Maria / Bebida na fonte / Nas ervas criada // Talvez / Que Maria se espante / De ser tão louvada / Mas não / Quem por ela se prende / De a ver tão prendada”. Em carta enviada ao irmão João em
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José Afonso com amigos no Café Santa Maria, na praia de Faro (Verão de 1963) 1963, sobre a sua relação com Zélia, Zeca revelava de forma optimista estar convencido que desta vez acertara. O amparo afectivo e emocional (a mulher, os amigos, os alunos) e o convívio com a natureza algarvia e sua luz e água mediterrânicas foram esses portos seguros, essa nutrição de que o hipocondríaco (frequentemente com queixas do foro respiratório, más digestões, azia e “pedra no diafragma”) e imprevisível José Afonso precisava para prosseguir em frente. Ele era, segundo José Louro conta, um homem tenso e impaciente, e de uma pureza rebelde quase infantil. Tinha sempre pressa sem a ter. E trazia em si uma ansiedade permanente, como se o dia seguinte fosse um insustentável novelo de incertezas. Como se não conseguisse libertar-se do labirinto de fantasmas e medos que, desde a infância, lhe moveu cerco. Segundo José Jorge Letria, que tanto privou com ele, “a sua instabilidade nervosa tinha expressão psicossomática”: Era essa a forma de somatizar as tensões que a sua vida o forçava a acumular. O seu aparente desprendimento e a sua proverbial distracção ocultavam uma enorme ansiedade que uma vida inteira em ditadura acabara por transformar numa verdadeira doença existencial [não por acaso a sua tese final de licenciatura foi sobre Sartre]. O menino de Aveiro, que só esporadicamente pôde desfrutar do carinho e do amparo dos pais, vivendo numa errância quase permanente, nunca deixou de olhar o mundo, mesmo na idade madura, através das lentes de uma velha miopia e de uma insegurança que lhe foram desgastando o espírito e o corpo. A própria relação com Zélia não deixou de ter contornos
caricatos, como Zeca relembrava: A Zélia não teve oportunidade de estudar por razões económicas, suponho. Então vivi uma verdadeira situação siciliana, um bocado ridícula, mas que efectivamente existiu. Toda a Fuzeta me sacudiu e de uma maneira geral se prestou ao papel de policiar as minhas relações com a Zélia. Durante dois anos consegui viver uma situação praticamente impossível, em que me senti obrigada a meter-me em quase todos os buracos do mundo. Conseguiram privar-me do contacto com a Zélia. Luiza Neto Jorge relata que, para esta situação, contou o facto de José Afonso ser divorciado e manifestar ódio “pelas mãezinhas das meninas que fiscalizavam os seus comportamentos, ao mesmo tempo que se dispunham a deixá-lo sozinho com as filhas, pretextando uma ida às compras para que as filhas preparassem a armadilha ao doutor”. Na Fuzeta Zeca era encarado como um tipo que vinha do exterior, fora do sistema deles
e que lhes escapava. Hostilizado e olhado como uma figura um bocado aberrante (tal como os seus amigos Luiza, Barahona ou António Bronze o eram), José Afonso apenas conseguia encontrar-se com Zélia nos meses de Junho e Julho na ilha de Faro. Olhão inspiradora Mas considerava Olhão a sua terra adoptiva, onde todas as semanas se deslocava e através de um roteiro pessoal deambulava pelo cais e pelas cabanas. Mais tarde reconheceria ter tido sempre uma grande paixão por aquela terra, que imaginava como a do “trabalho ou a dos indivíduos temperados pela experiência”, enquanto Faro “era a cidade dos administrativos, dos engravatados, dos pequenos comerciantes”. Ao falar do contexto que deu origem à canção “Ó Vila de Olhão” (publicada em 1964 e dedicada aos pescadores olhanenses, cujo humor popular ele tanto apreciava), Zeca recorda as suas muitas viagens
José Afonso por Vhils
de comboio àquela localidade: “A meio do caminho da Fuzeta, entre Olhão e Marim, a vila vai-se adelgaçando, a viagem torna-se mais rápida e ruidosa, devido ao vento que entra pelas janelas. Pode-se berrar sem que ninguém nos ouça.” Servida pela cadência mecânica do “pouca-terra”, aquela crónica rimada sobre as vicissitudes por que passa o mexilhão quando o mar bate na rocha alude metaforicamente a Henrique Ferreiro, dirigente da Junta Central das Casas de Pescadores onde era delegado do Governo junto dos organismos das pescas e apoiante do Estado Novo: “Ó Vila de Olhão / da Restauração / Madrinha do povo / Madrasta é que não / Quem te pôs assim / Mar feito num cão / Foi o tubarão” A fase algarvia correspondeu ainda a um período de vital mudança e renovação no repertório do cantautor e na música que até então se fazia em Portugal, nomeadamente com o EP “Balada de Outono” (em 1960) e a não inclusão, pela primeira vez, do som da guitarra em 1962 no álbum Coimbra Orfeon de Portugal. No mesmo ano edita o EP que inclui canções como “Menino d’Oiro”, “No lago do breu”, “Tenho barcos, tenho remos” e “Senhor Poeta”, sendo acompanhado apenas à viola por Rui Pato, figura-chave como instrumentista neste processo de renovação estética e de criação de uma nova linguagem musical e poética, nascendo a “balada” como género musical contemporâneo e autónomo, que já não era fado de Coimbra nem canção tradicional portuguesa. Em 1963, a edição dos temas “Os vampiros” e “Menino do Bairro Negro” marca definitivamente, pela sua temática e abordagem musical, a assunção da balada como instrumento de intervenção política e cívica. Rui Pato, seu fiel companheiro e amigo, recorda esses anos de oiro, precários mas extremamente inventivos, vivenciados a sul: Os ensaios eram poucos, feitos quase sempre nas férias. Foi a minha primeira oportunidade de conhecer o Algarve: em 1963, fiquei uma semana em sua casa no n.º68 da Rua Duarte Pacheco em Faro. Partíamos de manhã com destino à ilha do Farol ou da Armona, de barco, com a viola e uma ração de duas sanduíches e duas meloas. Quando eu não podia ir ter com ele, vinha ele a Coimbra à boleia ou então apanhava o comboio até à estação para o qual o pouco dinheiro de que dispunha dava (dizia: “Venda-me um bilhete de 60 escudos
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em 2ª. classe em direcção ao Norte.”), fazendo o resto à boleia ou a pé, e cá chegava cheio de fome, sem um tostão no bolso, e com um bornal com uma muda de roupa, alguns medicamentos e muitos livros. Como professor (uma das suas paixões) teve uma carreira curta, que começaria no Colégio de S. José em Mangualde e passaria depois por Aljustrel, Lagos, Faro, Alcobaça e Setúbal. Sobre esse ofício insistia amiúde na crença de que a sua acção era sobretudo de carácter existencial, na medida em que queria pôr os alunos a funcionar como pessoas, incutindo-lhes um espírito crítico, fazendo com que exercitassem a sua imaginação à margem dos programas oficiais. Ao irmão João, que o visitou em Faro em 1962, encontrando-o à mesa de um café a perguntar aos alunos as notas que mereciam, José Afonso afirmou acreditar na libertação das pessoas através de uma formação pedagógica que não se cingisse apenas a programas e livros. A experiência de professor, altamente estimulante para o seu trabalho musical, que tivera em Mangualde, onde colheu junto dos alunos “uma certa visão poética e ao mesmo tempo pedagógica”, foi depois complementada através de “um tipo de relações de uma pureza impossível” com gente mais madura, trabalhadores e operários que conheceu nas aulas nocturnas de Olhão e Faro. Nos alunos deixou a imagem de alguém que não seguia o programa e falava de outras coisas. Usava os sapatos desatados e faltava para ir fazer gravações a França e concertos por outros lugares. Mas este sul de José Afonso não se circunscrevia ao Algarve. Numa carta enviada aos pais em 23 de Maio de 1964 confessava sentidamente: Eu e a Zélia estivemos em Grândola numa sociedade operária. Aí actuámos, eu e o Paredes (o filho é ainda maior que o pai) no meio de uma assistência atenta e compenetrada, toda ela de operários e mulheres de xaile e lenço. Ofereci-lhes uma canção feita na véspera (16/5/1964) [Cantar alentejano], uma espécie de evocação da terra alentejana e do seu símbolo ainda vivo na lembrança do homem do povo: a Catarina Eufémia, uma ceifeira de Baleizão morta pela Guarda Republicana em circunstâncias que forneceriam matéria para uma canção de gesta. Se alguma vez tiver de deixar esta terra é a lembrança dos homens que conheci em Grândola e noutros lugares semelhantes que me fará voltar.
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Cultura.Sul
Dança
Ficha Técnica:
Som riscado: casar artes para formar públicos
Direcção: GORDA - Associação Sócio-Cultural
FOTOS: D.R.
Diz-se dos casamentos que “o ‘para sempre’ se faz de sucessivos pequenos agoras” e este bem poderia ser o chavão utilizado para descrever o Festival Som Riscado, que chega entre 5 e 9 de Abril pelo segundo ano consecutivo a Loulé. A criação de novos públicos é desde sempre uma das pedras de toque da produção cultural, que para este objectivo trabalha consciente de que dele depende a própria sobrevivência. Trabalho feito a longo prazo e recheado de incertezas, a criação de públicos é simultaneamente “um tiro no escuro”, um processo de “adivinhação”, uma ousadia e um desafio aos outros e à produção e programação culturais. Gerar novos públicos é, por tudo isto e mais, o esforço de criar laços de afinidade entre as pessoas e as artes de forma duradoura - preferencialmente para sempre - que se faz, na grande maioria das vezes, por “pequenos”, sucessivos e esforçados agoras culturais em que as artes são levadas aos públicos - ou vice-versa -, repetidamente, até que o “bichinho” do gosto pela cultu-
ra se instale irremediavelmente. Se a arte é arte, a criação de públicos é-o ela também não menos. A arte de implicar É à arte de implicar que se propõe desde a primeira hora o Som Riscado, casando a música e as artes performativas de forma inovadora, ousada e implicativa. Com uma programação que é apresentada num registo pouco habitual por terras algarvias, desafiante e “bold”, a proposta é a de implicar os públicos de forma a integrá-los no próprio espectáculo, dar-lhes espaço para crescerem junto e em conjunto com a performance. Pouco importa se se trata de público mais ou menos conhecedor das sendas da cultura. Do que se trata é de colocar o espectador fora da zona de conforto da mera assistência e trazê-lo para o palco das emoções. Obrigar o público a pisar as tábuas é também uma forma de deixar sobre a tábua rasa uma marca tão indelével quanto se possa.
Um desafio aos conceitos Por outro lado, o Som Riscado é também um desafio aos criadores e aos intérpretes, convidando-os a casamentos que, inusitados, ganham espaço para crescerem e se afirmarem em discursos culturais nem sempre convencionais. Unem-se assim artistas de várias geografias das artes, várias geografias de backgrounds culturais e, também, várias geografias cardeais, cruzando a produção cultural algarvia com muito do que se faz a nível
nacional na área dos novos discursos das artes performativas. Tudo num festival que se faz pensado de forma estruturada e durante cinco dias de incessantes propostas em vários locais da cidade de Loulé, tendo como epicentro o Cine-Teatro Louletano e recusando a ideia de que a inovação na área cultural se faz de epifenómenos isolados, quer no tempo, quer no espaço. Para toda a família Por outro lado, o Som Risca-
do não é um festival pensado para eruditos ou para um público de vanguarda feito de um punhado de habitués da cena cultural mais alternativa e progressista. É um festival para toda a família dos mais pequenos aos mais graúdos, onde várias são as propostas para a vivência da cultura em família e de forma envolvente e participativa. Quebrar o discurso típico de “ir ver um espectáculo” faz-se também convidando o público a que se integre nele, numa experiência sensível e sensitiva que vai muito para além da simples ideia de um espectáculo com interacção com a assistência nos moldes costumeiros. Um convite dirigido pela Câmara de Loulé a todos, “dos 8 aos 80” como sói dizer-se, e que abre ao público da região uma porta para a arte pensada e apresentada fora da caixa. Motivos mais do que suficientes para não deixar de passar por estes dias por um dos palcos do Som Riscado e deixar que a agulha sulque o vinil do sensível, num girar para mais tarde recordar.
Programação: 5 ABRIL Dj Ride | Showcase | Escola Secundária de Loulé
“Todas as noutes passadas” | Concerto | Convento do Espírito Santo “Das Gavetas Nascem Sons” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo “Phonopticon” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo
8 ABRIL “Mãos” | Concerto | Convento do Espírito Santo The Happy Mess | Concerto | Cine-Teatro Louletano “Das Gavetas Nascem Sons” | Instalação sonora
7 ABRIL
“Pixel Thrasher” | Espectáculo audiovisual | Escola Secundária de Loulé “SYN.Tropia” | Espectáculo | Cine-Teatro Louletano “Das Gavetas Nascem Sons” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo “Phonopticon” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo
Editor: Ricardo Claro Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Da minha biblioteca: Adriana Nogueira • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço ao património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Grande ecrã: Cineclube de Faro Cineclube de Tavira • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N Pedro Jubilot • Panorâmica: Ricardo Claro • Sala de leitura: Paulo Pires • Um olhar sobre o património: Alexandre Ferreira Colaboradores desta edição: Vico Ughetto Rui Parreira Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve
“Manipula#Som” | Concerto visual circense | Casa da Cultura de Loulé “Qual é o som da tua cara?” | Concerto para piano e desenho | Cine-Teatro Louletano
e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com | Convento do Espírito Santo “Phonopticon” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo
6 ABRIL
on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve
“SYN.Tropia” | Espectáculo | Cine-Teatro Louletano
“Das Gavetas Nascem Sons” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo “Phonopticon” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo
9 ABRIL Microscopia sonora | Workshop intensivo | Casa da Cultura de Loulé “Manipula#Som” | Concerto visual circense | Casa da Cultura de Loulé Noiserv & Luís da Cruz | Música e fotografia | Convento do Espírito “Das Gavetas Nascem Sons” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo “Phonopticon” | Instalação sonora | Convento do Espírito Santo
facebook: Cultura.Sul Tiragem: 5.256 exemplares
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Cultura.Sul
Da minha biblioteca
Palavras com que brinco e aprendo de José Ruivinho Brazão FOTOS: D.R.
texto. Foi esse um dos propósitos explícitos da autora (cf. p.7) e foi muito bem conseguido.
Adriana Nogueira
Classicista; Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
AGENDAR
Quando era pequena, aprendi com o meu pai e a minha avó materna grande parte do saber da tradição oral que ainda hoje possuo. Tal como eu, muitas pessoas (muitos dos leitores, certamente) tiveram essa sorte, mas o nosso atual modo de vida não ajuda a aproximar os elementos das famílias, não lhes deixa muito tempo para conversas ao serão ou longas tardes a brincar. Os livros que vos trago hoje são muito bons para relembrar e sugerir algumas ideias divertidas a quem conseguir arranjar um tempinho para estar com as suas crianças: Palavras com que brinco e aprendo. Publicados pela Associação de Pesquisa e Estudo da Oralidade, foram fruto da recolha dirigida por José Ruivinho Brasão, presidente da referida associação, reconhecido investigador e autor de várias coletâneas de saber popular, numa luta meritória para que estes saberes não se percam. Tenho na minha biblioteca dois volumes desta coleção, cada um com uma seleção feita a pensar em determinadas idades: dos 2 aos 6 e dos 6 aos 10 anos. Ambos tiveram a colaboração pedagógica de diversos educadores e professores. As ilustrações são de Inês Gonçalves. As do 1º volume foram realizadas no âmbito da disciplina Estágio Curricular, da licenciatura em Design de Comunicação da Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve, realizada na Direção Regional de Cultura do Algarve. Mas a designer não deixou a colaboração e o 2º volume mantém a identidade gráfica. Os livros são um objeto muito bonito, revelando as imagens a diversão do
Una, duna, tena, catena, chaga, binaga, dica, dopé, catanobe e um dé O meu pai contava até 10 desta maneira, quando queria brincar comigo. Durante anos e anos perguntei aos meus amigos e a outras pessoas se sabiam o que era, mas ninguém conhecia. Até que, num outro livro de Ruivinho Brasão (Estão Vivas as Linquintinas Tradicionais em Portugal) encontrei. Fiquei tão contente! E nestes volumes também existem – diferentes, como seria de esperar no saber proveniente da oralidade – versões desta lengalenga, como a que se segue: «una, duna, tena, catena, corrimpim, corrimpão, toleirão, abanão, conta bem, que dez são». A par da lengalenga, adivinha, canção, etc., o autor fornece o maior número de indicações sobre quem lhe deu aquela informação (tais como o nome, local onde vive, ano da recolha, modo como a aprendeu) e sugestões de leitura ou jogo. Também inseriu um encarte, que aqui reproduzo parcialmente, onde apela aos leitores para ajudarem, com o seu saber e com as suas memórias, a «salvaguardar o nosso Património Imaterial na diversidade estética e linguística da oralidade. (…) lengalengas, trava-língua, adivinhas, provérbios, quadras (…). Junte, sempre, o seu nome e o do informante e o local de origem do saber. (Tel. 289 542 9927 apeoralidade@gmail.com)». Vamos brincar Em ambos os volumes há sugestões pedagógicas. No 1º, aparecem no fim de cada uma das partes, no 2º, surgem na mesma página. Aí se explica como se joga, quais os gestos que se podem fazer, o que se pode aprender. Dando o exemplo de «Talim talão», no fim dessa secção, e identificando claramente a que lengalenga se refere, José
Ruivinho Brazão é um investigador do saber popular Ruivinho Brazão explica como se pode brincar, enquanto se cantarola: Talim Talão Cabeça de cão, Orelhas de gato Não têm coração. «Adulto e criança, sentados ou de pé, frente a frente, balouçam-se de mãos dadas para a frente e para trás, ao mesmo tempo que recitam a lengalenga. Dois adultos seguram nos pés e nas mãos da criança e balouçam-na, ao mesmo tempo que recitam a lengalenga. O mesmo jogo pode ser feito entre crianças.» E contar adivinhas? Não é divertido? Quando alguém começa, logo a nossa memória se aviva e lembramo-nos de outra e mais outra e mais outra. E assim se pode passar um bom bocado. O autor diz que, no «jogo adivinhístico, pode o adulto centrar a atenção em motivos temáticos diversificados ou optar por uma sugestão temática, como o corpo, a alimentação e a mesa, os animais ou os vegetais» (p.66).
Ora experimentem: «Qual é coisa qual é ela/ Que entra pela casa/ E põe-se à janela?»; «Somos duas irmãs gémeas./ Despidas ou enfeitadas, / Nunca nos podemos ver/ E nunca andamos zangadas». Vamos jogar Quando jogávamos às escondidas, era preciso selecionar a pessoa que se escondia: «Anani Ananão,/ Ficas tu e eu não./ Quantas patas tem o gato, / Uma, duas, três, quatro». E para jogar à «cabra cega»? Uma de olhos vendados e o grupo a recitar, enquanto a fazia girar, para a desorientar, antes de começarem a correr, cada uma para seu lado: «– Cabra Cega, donde vens?/ – Venho de Vizela./ – Que trazes na cesta?/ – Pão e canela./ Dás-me dela?/ – Não, que é para mim/ E prà minha velha./ Busca-a, Cabra Cega.» Quando os jogos exigiam equipas, havia que decidir
“UMA VIAGEM À CHINA” Até 15 ABR | Galeria de Arte da Praça do Mar - Quarteira Doris Ogrin partilha, através de imagens, a sua viagem aos montes de Carso que circundam a cidade de Guilin, e que se estendem ao longo do rio Li
quem ficava de um lado ou de outro. Nestes livros, pude recordar (variando as versões, mas perfeitamente reconhecíveis) algumas das «técnicas» que usávamos, como a do Bom Barqueiro (do livro, tirei a canção e da minha memória tirei o modo): fazíamos uma fila, todos agarrados uns aos outros, e passávamos por baixo dos braços estendidos, em arco, de duas crianças (as mais altas, normalmente), que respondiam, com a segunda parte desta lengalenga, à primeira que o grupo cantava: «– Bom barqueiro, /Deixai-me passar./ Meus filhinhos/ Pequeninos/ Não os posso / Sustentar./ –
Passarás, / Passarás, / Mas algum/ Deixarás:/ Se não for/ A mãe da frente, / Será o filho/ Lá detrás». E a última criança ficava presa entre os braços das outras, que os baixavam e lhe perguntavam qualquer coisa como: «queres morango ou chocolate?». Consoante a resposta, colocava-se atrás do respetivo barqueiro e as equipas iam-se formando. Ah, mas estes livros têm tantas, tantas coisas mais! Têm quadras do Cancioneiro, têm contos, têm canções de embalar, provérbios, trava-línguas… Os mais crescidos vão recordar a infância e vão ter vontade de se divertir com os mais novos.
“PINTURA DE HANS VAN HOOGDALEM” Até 20 MAI | Galeria Municipal de Albufeira Este pintor, em 2000 deixou a Holanda e veio para Portugal, dedicando-se a pintar retratos e outros temas
Última O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N
Abril
Pedro Jubilot
pedromalves2014@hotmail.com canalsonora.blogs.sapo.pt
Abril FOTOS: D.R.
O quarto título de poesia de Adão Contreiras é apresentado no dia 8 de Abril, no Gorjões Total Arte – Salão da antiga Sociedade Recreativa de Gorjões (freguesia de Santa Bárbara de Nexe –Faro), pelas 16h30 e será apresentado por Tiago Nené com leituras de Adília César. Adão Contreiras (1944) estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio e na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Realizou algumas exposições individuais e participou em exposições colectivas de pintura e escultura. Foi professor no Ensino Básico e Secundário. Antes deste «Púrpura Voz» (2017), pela editora Lua de Marfim, publicou pela editora 4águas: «Página Móvel Com Texto Fixo» (2013); «Ouro e Vinho» (2014) e «Mostruário de Títulos para Poemas» (2016).
Ramos
há muitos anos, uma programação invejável, com uma audiência em crescendo, trabalhando para o gosto de um público que não consegue reduzir a sua visão, às salas claustrofóbicas dos centros comerciais e à pouca diferença de/das propostas aí apresentadas. Façam por merecê-los. Vejam este mês nas páginas de facebook o que passa e no que se passa no escurinho dos Cine-Clube.
Abril Instala a claridade no horizonte, o mar está mais da cor azul que imaginamos que tem, a terra mais amena, e o velho e inóspito mundo parece um lugar novo e acolhedor. Mas tens de perceber que deves sustentá-lo com a tua vontade de criar.
Tertúlia do Canto
Quotidianos Poéticos ~ o barco avança mas a barra mostra-se inóspita cuspindo a embarcação para terra através das vagas por onde o peixe se espaventa. mais uma noite sem pesca em tempo de crise traz o pescador de regresso sob o aguaceiro que lhe cai sobre os ombros onde já carrega o mundo. o copo de aguardente na tasca ribeirinha abre o caminho à sossega. mas o sueste traz insónias nervosas à mulher. já tem a roupa estendida, a loiça lavada, tudo num brinco. amanhã é dia do senhor de ramos. o deus nos proteja ficará na doca ~
Cine-Clubes Em que o perfume dos dias crescendo, trespassa a vidraça, e depois vamos abrir as janelas de par em par à ideia quase extinta de liberdade, que está a passar por aqui, e deves agarrá-la, na vida lá fora. Aquece a alma e vai reinventar o mundo.
Púrpura Voz alcançar o álcool da palavra e a púrpura voz letras são já da vinha nuvem de etílicos vapores a frase uma bebedeira arriscada o texto umas vezes um desperdício de abundância outras um delírio exíguo alcançar o álcool da palavra e a púrpura voz incerto rumo
Na mesa do canto, à direita de quem entra pela porta giratória do renovado Café Aliança, poderá encontrar e participar da conversa, que decorrerá todas as sextas-feiras, pelas 18h00, naquele local centenário e mítico, onde se pretende recuperar o espírito de tertúlia de café, aberta, sem tema nem liderança, sem organizadores, sem convidados, sem programa, apenas um lugar de troca de ideias e opiniões.
O cinema continua vivo no sotavento algarvio. Não é extraordinário ter 3 grupos de Cine-Clube a funcionar num espaço de apenas 30 quilómetros (Tavira – Olhão – Faro) ? Mantendo
Prevê-se que a partir da próxima edição do Cultura.Sul, para o mês de Maio, neste espaço da última página surja uma nova crónica, intitulada «Quotidianos Poéticos», algures num espaço e tempo do Algarve, em que a vida, a arte, a ficção e a poesia se enlaçam nos dias. Excerto de um texto da primeira série de «Quotidianos Poéticos» publicada em 2011: Nenhuma poetisa poderia querer viver em 1918 numa pacata terrinha como Quelfes (freguesia de Olhão), ainda que aconselhável pelos bons ares, muito menos Florbela Espanca que já pouco vivia por esses dias. “Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. E é isto que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive...”