Sente-se à mesa com o POSTAL e delicie-se com o Roteiro Gastronómico
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postaldoalgarve
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AGORA AO SÁBADO DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA
Director Henrique Dias Freire • Ano XXXI • Edição 1203 • Quinzenário à sexta-feira • 18 de Maio de 2018 • Preço € 1,50
Gala Postal 30 Anos foi um sucesso A sala do Casino de Vilamoura esgotou com os Prémios Excelência Algarve com o Melhor dos Melhores. Também o novo formato do POSTAL
foi um êxito e é para continuar. Pinto Balsemão, fundador do EXPRESSO, jornal parceiro do POSTAL em alguns projectos jornalísticos,
enalteceu a distribuição conjunta em toda a região do Algarve. Juntos vamos mais longe!
Querem a igualdade das mulheres e dos homens?
Deixem o homem entrar na parentalidade
Entrevista ao juiz “amigo das crianças” que apresenta resultados surpreendentes. Com ele, 51% de crianças saem com guarda partilhada em regime de semanas alternadas. Por Henrique Dias Freire e Ana Pinto è 6 a 10
O seu livro, que é uma dissertação de mestrado, é cada vez mais procurado e é já considerado uma referência
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GALA POSTAL 30 ANOS
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Gala do 30º aniversário do POSTAL homenageou Personalidades e Instituições com sala cheia A GALA do 30º aniversário do POSTAL homenageou, com o Prémio Excelência Algarve, 30 Personalidades e 30 Instituições que os algarvios consideraram mais relevantes para a região algarvia nas últimas três décadas. A cerimónia, que decorreu a 20 de Abril no Casino de Vilamoura, teve lotação esgotada e foi considerada um momento único e elogiada pelos presentes.
minho, é o que se depreende das palavras deixadas pelo presidente das empresas de comunicação social portuguesas. João Palmeiro esteve igualmente incumbido de ler a mensagem de parabéns de Francisco Pinto Balsemão, fundador do EXPRESSO, jornal parceiro do POSTAL em alguns projectos jornalísticos e cuja distribuição é conjunta nas bancas algarvias. d.r.
fotos: rui pimentel
mento, será possível encontrarmos novas áreas de colaboração. Sempre com muito empenho na criatividade e nas soluções de inovação a que ela nos conduza, mas sem nunca esquecer a luta pela liberdade de expressão, pelo direito a informar e pela consequente defesa e protecção dos direitos de autor”, salientou o fundador do EXPRESSO. “Ao director do POSTAL do ALGARVE, o dedicado jornalista regional e defensor dos interesses do Algarve, Henrique Dias, envio um solidário abraço de parabéns, extensivo a todos os colaboradores do jornal”, concluiu Pinto Balsemão.
No final da entrega de prémios, também o fundador e director do POSTAL, Henrique Dias Freire, foi surpreendido pela sua equipa com a entrega simbólica de um prémio especial da personalidade mais “votada” pelos seus colaboradores. Ao longo de toda a noite, os membros da associação sócio-cultural a “Gorda”, de
HÁ 22 ANOS QUE O ALGARVE ESPERAVA UMA GALA COM O MELHOR DOS MELHORES O administrador dos Casinos do Algarve, Joel Pais, felicitou o êxito da Gala Postal e ÔÔ A mensagem de Francisco Pinto Balsemão ÔÔ ‘O que estamos aqui a vivenciar é motivo de orgulho’, enalteceu João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, ladeado de Henrique Dias Freire, director do POSTAL
Ainda antes da entrega dos prémios e após o discurso do director do POSTAL, Henrique Dias Freire, João Palmeiro, na qualidade de presidente da API - Associação Portuguesa de Imprensa, referiu que “todos os leitores que acreditam que o jornal é a porta do mundo, a janela da vida e a nossa história” não devem ser esquecidos porque “são heróis”. “E o que estamos a vivenciar aqui hoje é motivo de orgulho para todos nós”. O Algarve está no bom ca-
ÔÔ Joaquim Parra e João Evaristo, da associação
foi de felicitações pela distribuição conjunta do EXPRESSO e do POSTAL em toda a região do Algarve
sócio-cultural a ‘Gorda’, de Olhão, presentearam a assistência com momentos divinais de humor e sátira
PINTO BALSEMÃO: POSTAL É UM PARCEIRO MUITO ESPECIAL DO EXPRESSO Segundo a mensagem de Pinto Balsemão: “o POSTAL do ALGARVE é um parceiro muito especial do EXPRESSO, que este ano completou também 45 anos de publicação, e é com muito gosto que assumimos uma distribuição conjunta em toda a região do Algarve, potenciando assim uma importante relação entre a informação nacional e a informação regional e local”. “Acredito que, no ambiente digital em que vivemos, e que está em grande desenvolvi-
ÔÔ Joel Pais felicitou o êxito da Gala Postal e salientou que ‘há 22 anos que o Algarve esperava uma iniciativa desta natureza’
salientou que “há 22 anos que o Algarve esperava uma iniciativa desta natureza”.
Olhão, foram animando os presentes com diversos momentos teatrais. O jantar de solidariedade da Gala Postal reverteu para a “Gorda” pelo meritório trabalho realizado na região. O fim da noite foi marcado pelo espectáculo “Timeless e-Motions”, do Casino de Vilamoura. Uma actuação que juntava efeitos de luzes com dança e diversos adereços. Este evento único na região, que teve como objectivo dar voz ao mérito e à excelência a quem fez e faz bem ao Algarve, encheu o Casino de Vilamoura com 465 pessoas.
Personalidades e Instituições homenageadas com o Prémio Excelência Algarve Personalidades: l André Jordan; l António Várzea; l Arménio Martins; l Bento Algarvio; l Carlos Nóbrega; l Carlos Vieira; l Carolina Afonso; l Custódio Moreno; l Desidério Silva; l Domingos Caetano; l Eliseu Correia; l Francisco Amaral; l Francisco Barra; l Gomes Afonso; l Humberto Teixeira;
Instituições: l Isaurindo Chorondo; l Joel Pais; l Jorge Langweg; l José Apolinário; l Lídia Jorge; l Luís Vicente; l Nelson Dias; l Nuno Guerreiro; l Parreira Afonso; l Paulo Dentinho; l Reinaldo Teixeira; l Sandra Correia; l Saul Neves de Jesus; l Teresa Rita Lopes; l Viviane Parra.
l A Gorda; l Águas do Algarve; l AHETA; l ALGAR; l Algardata; l Algarvepass; l Apolónia Supermercados; l Assoc. Algarvia de Pais e Crianças Diminuídas Mentais; l Assoc. Oncológica do Algarve; l Aviludo; l Cacial; l Clube de Ciclismo de Tavira; l Confraria dos Gastrónomos do Algarve; l Deco Algarve; l Dengun;
l Federação dos Bombeiros do Algarve; l Grupo HPA; l Luís Sabbo - Frutas do Algarve; l Messinagro - Prod; l Mito Algarvia - Associação de Acordeonistas do Algarve; l Moto Clube de Faro; l Nautiber - Estaleiros Navais do Guadiana Lda; l Necton; l NERA; l Refúgio Aboim Ascensão; l Teatro das Figuras; l Timing; l Universidade do Algarve; l Visualforma; l Viveiros Monterosa.
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GALA POSTAL 30 ANOS
Momentos que marcaram a Gala Postal 30 Anos fotos: rui pimentel
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ENTREVIS
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À conversa com Joaquim Manuel Silva
O juiz
amigo
das crianças
O juiz de Família e Menores do Tribunal de Mafra apresenta resultados surpreendentes: em Mafra tem 51% de crianças que saem com guarda partilhada em regime de semanas alternadas, quando a média em Portugal começa, só agora, a chegar aos 3%. Fala o porquê do sistema não funcionar. Defende que o lugar não tem importância nenhuma para a crian-
ça. Privilegia a eficácia à eficiência. E reconhece e até garante que o sistema está a mudar para melhor. Quem é, como pensa e com age o juiz que está a conquistar o respeito e a admiração dos próprios pais conflituosos. O segredo é aqui contado em tom franco e informal que decorreu à margem da sua recente vinda ao Algarve para participar como orador no Clube de Tavira.
Entrevista de Henrique Dias Freire e Ana Sousa Pinto, com Cristina Mendonça e Maria Simiris
TREVISTA ana pinto
O que melhorou em mim foram os casos de insucesso e depois a necessidade de os perceber com recurso à aquisição de conhecimentos interdisciplinares.Eu sabia que as coisas não funcionavam bem. Joaquim Manuel Silva é mais conhecido como o “juiz amigo das crianças”. Essa ideia passou como? Foi a Dra Isabel Rama [mediadora familiar] que disse isso na Wook [livraria portuguesa online], e a minha reacção foi “Meu Deus, se sou eu apenas o amigo das crianças, há muita gente que não é amiga delas...”, e depois pensei, “provavelmente o sistema não está a responder como devia”. No meu livro, que é uma dissertação de mestrado, “A Família das Crianças na Separação dos Pais”, o título, se reparar, não é inocente; a abordagem pedida é que seja colocado em foco a família das crianças, no sentido de que os pais separados se sintam ambos da mesma família, da família do filho, como legalmente está consagrado. Portanto, são elas o centro de família; o facto dos pais se separarem não quer dizer que não sejam da mesma família, e regulação do exercício das responsabilidades parentais é isso mesmo, a definição de um conjunto de regras da família da criança, numa relação que chamamos tripartida (pai/filho, mãe/filho; pai/mãe) que necessita de ser positiva para que o desenvolvimento da criança ocorra num percurso longo de cerca de 21/25 anos. Constatei que à pergunta efectuada aos pais nas conferências se são da mesma família depois da separação, um número acima de noventa por cento diz que já não são da mesma família. Isso mostra que o sistema cultural e também jurídico reduz a criança à condição de objecto, a pertencerem à família dos pais, e não tem o olhar sobre ela como pessoa que constitui também família, isto é, o superior interesse da criança será no sistema cultural e jurídico muito mais os interesses egoísticos dos pais, ainda por cima expostos a conflitos resultantes das dissoluções da conjugalidade. Eu procuro estar sempre centrado nas crianças, mas para perceber o que é estar ou não, temos de analisar a evolução sociológica e económica, principalmente do século XX, onde entra a luta do feminismo e femismos, e a redefinição do conceito de família, como um projecto a construir pelo indivíduo, e todos legítimos. Isto é, foram os conhecimentos interdisciplinares que adquiri que me alargaram o horizonte, e me lançam a promessa de um novo “oásis” na investigação que estou a fazer no doutoramento que estou a preparar, no expandir ainda mais dos horizontes que tenho actualmente. Actualmente eu vejo a vulnerabilidade da criança, tratada como objeto, usando-se de forma gratuita o conceito de superior interesse da criança, e talvez seja por isso que a Dra Isabel Rama
disse isso [o juiz amigo das crianças]. A sua experiência de vida antes de ser juiz é, com certeza, responsável pela pessoa que é hoje como profissional. A minha experiência é simples. Comecei por fazer a licenciatura em Filosofia seguida de Direito, ambos os cursos tirados enquanto trabalhava numa empresa multinacional alemã, Hoechst Portuguesa SA, e nela estive nos últimos dez anos (até 1998) como chefe de serviços nos Recursos Humanos. Entretanto, exerci advocacia. Como Juiz de Direito, tomei posse em 1999 e desde 2005 ingressei na jurisdição especializada de Família e Menores. Em 2016, conclui o mestrado em Ciências Jurídicas-Civilísticas, cuja dissertação tem o título “A Família das Crianças na Separação dos Pais – A Guarda Compartilhada” e que deu origem ao livro supra citado, publicado na Petrony. Filosofia porquê? Porque o numerus clausus impediu-me de ir para Direito, mas ainda bem, porque o curso de Filosofia é um curso muito profundo do ponto de vista da capacidade de percebermos como pensamos e como sentimos. O Ser Humano pode pensar e sentir em automática ou pode perceber, ter consciência dos fundamentos desses pensamentos. A capacidade de questionar é própria da Filosofia, expressa de forma liminar por Platão a propósito de Sócrates, na expressão: “só sei que nada sei”; é a ideia de que posso e devo questionar tudo. Nunca fico satisfeito com a realidade que tenho, estou sempre a interpelá-la e a perguntar porquê, porque não pode ser de outra forma. É no fundo o porquê da criança. O adulto deixa de perguntar, a não ser que tenha uma criança grande dentro dele, mas a sociedade aprisiona muitas crianças no centro do homem contemporâneo; andam por aí muitos adultos com uma criança assustada dentro dela. E a filosofia foi para mim, não tenho duvida, uma dádiva do universo, do meu caminho, e que dota de uma capacidade permanente de mudar, esperemos que para melhor, no fundo a melhor definição de juventude: avalie se vive mais de memórias ou de sonhos e verá se é jovem ou velho. Podia ter ido para professor de Filosofia, não quis, e eu até gosto de ensinar. Aliás, na Universidade eu ensinava muito os meus colegas. E ao ensinar vi que aprendia, vi que detectava as falências do meu próprio raciocínio, e isso obrigava-me a pensar e evoluir. Sabe, acredito que tudo o que fazemos na vida tem um objectivo, nada é por acaso, e no caso da licenciatura de Filosofia eu podia ter pedido transferência para Direito no
meio do curso, mas decidi acabar, e depois meti esse conhecimento na gaveta, e lá terminei o meu curso de Direito, já casado, e foi depois na Magistratura, e em particular na jurisdição das crianças que a sua utilidade se tem revelado preciosa na articulação dos saberes interdisciplinares com reflexos directos na minha prática como juiz, na forma como se ajudam os pais e assim também as crianças. Quando concluiu Direito pensou em exercer em que área? O que é que o atraía mais no Direito? Não sei, às vezes tem a ver com os modelos. Eu conheci dois advogados de Mafra, um foi o Dr. Ivo e um outro que não me lembro do nome, e que infelizmente foi vítima de homicídio. Eles tinham sido advogados nuns processos a que tive contacto e aquilo fascinou-me. Eu morava na Igreja Nova, que fica a cinco quilómetros de Mafra, e fiz lá a quarta classe, depois fui para Mafra fazer o ciclo e depois o liceu, o antigo 7.º ano. Quando fui para Mafra para o 1.º ano do ciclo preparatório tinha 11 anos, ao sair de casa dos meus pais, ao chegar ao portão, senti a necessidade de voltar para trás para dizer à minha mãe uma coisa. E assim fiz: ‘mãe, vou ser advogado’. Não me pergunte porquê, porque julgo que está associado a este contacto com estes advogados, à ideia de ajudar os outros a defender os seus direitos e, pronto lá fiz o curso, fui advogado pouco tempo e depois o meu caminho levou-me para a magistratura, mas nada disto é muito consciente. E quando entrei na família, no Centro de Estudos Judiciários (CEJ), percebi logo que a jurisdição da Família e Menores era a minha preferida, foi imediato, “na hora”. Quem foi o director do CEJ de que mais gostou? Eu só tive um, mas a figura do director do CEJ é muito apagada. Alguns dos meus formadores marcaram-me. Lembro-me com saudade e carinho do Senhor Juiz Conselheiro Dr. Poças, que o único defeito que tinha era ser do Futebol Clube do Porto (risos). O meu formador da área de família foi o Dr. Paulo Guerra, que me trouxe horizontes interdisciplinares que mais tarde explorei, mas que também me trouxe paradigmas a que não aderi, e isso é ser um óptimo formador, e por isso muito lhe agradeço. Sabe, para uma pessoa com 38 anos, com experiência familiar e de trabalho variada (produção, vendas, organização, e recursos humanos) ao longo de 18 anos, numa lógica de eficácia primeiro, e depois de eficiência, lida menos bem com um siste-
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ma centrado apenas na eficiência, que se reflectia em decisões longas e exaustivas, de mera demonstração de conhecimentos, mas que estavam, tantas delas, tão longe de ser eficazes. Formalismos que determinavam pendências altas e morosidade. Na minha experiência nos recursos humanos tínhamos de negociar, mediar, permanentemente, com pouca formalidade, numa lógica de eficácia - nada se fazia ali se não fosse eficaz, e só o que era eficaz deveria ser feito com eficiência. Primeiro eficaz e depois eficiente. Isto não é um problema apenas dos tribunais, é muito mais amplo. Nos serviços públicos você não tem essa lógica, ninguém se preocupa em resolver de facto o problema ao utente. Foi esta diferente filosofia do privado que trouxe para a magistratura, e fi-lo depois de ultrapassar a formatação do sistema a que logicamente todos temos de ser sujeitos. Sentiu alguma frustração quando entrou no sistema público? Qualquer tipo de educação é uma formatação. Quando vai para a escola começam a cortar-lhe a capacidade de se surpreender, de perguntar, de espontaneidade. Quando o formam no CEJ, formam-no para o sistema instituído. O problema é que o sistema está moldado para um enquadramento social, económico e cultura ultrapassado. Tivemos uma revolução social e tecnológica a partir principalmente do último quarto do século XX, que terminou com aquilo que Alvin Toffler denominou a “2.ª vaga”, o mundo industrial, e está ainda em curso a transição para “3.ª vaga”, a era da informação. Na primeira era o capital, na segunda é a informação, que reforça o indivíduo e elimina a normalização que por exemplo o instituto “família” tinha na 2ª vaga. O mundo mudou, e, portanto, também a justiça não pode continuar a funcionar no modelo industrial, tem que passar para um modelo que respeite os pais e o indivíduo, julgue pouco e ajude mais, mais humanizado. A justiça não é diferente dos outros sistemas, e nas mudanças existem sempre “dores” da mudança, as resistências dos poderes instituídos, mas que com o acelerar das mudanças que ocorrem nesta 3.ª vaga acabarão por cair por elas próprias. Embora o meu olhar tenha sido diferente, e apesar das resistências, veja que o sistema judicial é livre e independente e assim dá-nos toda a liberdade para sermos diferentes, para fazermos diferente, e no meu caso o Conselho Superior de Magistratura avaliou-me com nota máxima de desempenho, isto é, legitimando uma intervenção ao que parece é diferente. Lembro ainda que os meios na justiça não são muitos. Muitos dos equipamentos que tenho tive de ser eu a comprá-los. O computador que tenho nem câmara tem, e eu faço imensas videoconferências através do uso de programas na internet de pais que estão no estrangeiro, evitando delongas desnecessárias nos processos, isto é, sendo eficaz. Isso só é possível porque gastei 40 euros na compra de uma câmara. Podemos também falar de projector, discos de segurança, até o micro para a gravação
ENTREVISTA das declarações das crianças tive de ser eu a comprar. A sala de brinquedos que instalámos no Juízo de FM de Mafra foi possível apenas com a ajuda de magistrados, funcionários, advogados, pais e mães; o Estado apenas cedeu a sala. É verdade que eu não fico à espera que este “elefante branco” me dê condições, mas como um amigo meu magistrado um dia me dizia, infelizmente já falecido, o meu querido António, “tu até pagavas para ser juiz”, e de fato tenho gasto muito dinheiro para poder trabalhar na magistratura, e isto, peço perdão, toca o absurdo. Mas tem um comportamento diferenciado do dos seus colegas? Não consigo ter essa percepção de forma directa. Os advogados é que me trazem essa visão. Eu acho que os colegas estão todos despertos para a necessidade de fazerem diferente e já o estão a fazer. Vejo a maioria dos colegas muito interessados, reconhecemos todos as dificuldades e as ineficácias, que passam também pela falta de meios, mas principalmente por força de um modelo de intervenção ultrapassado. O meu discurso sempre foi para dentro. O sistema tem de se reformar a ele próprio. É o que ando a tentar fazer na minha prática. Se lerem a minha dissertação de mestrado, ela representa a minha experiência como juiz, de onde eu parti e para onde fui. Todos os colegas que a lêem me transmitem que se revêem nas questões ali levantadas, e agradecem-me pela oportunidade de partilhar essa experiência com eles, ainda que sigam por outra filosofia. Todos os colegas querem fazer o melhor, todos querem ser mais eficazes. Em qualquer sistema, toda a reforma demora o seu tempo. Em 2005, quando comecei apenas a administrar a justiça na jurisdição da Família e Menores eu próprio era muito diferente. O que melhorou em mim foram os casos de insucesso e depois a necessidade de os perceber com recurso à aquisição de conhecimentos interdisciplinares. Eu sabia que as coisas não funcionavam bem. Eu apercebi-me que não tinha conhecimentos suficientes para perceber esta complexidade, e que as assessorias eram incapazes e elas próprias também um problema. Tentava resolver com a minha experiência profissional e pessoal como pai, mas não resultava, pois a minha experiência é diferente da de todos. O que resulta aqui são conhecimentos interdisciplinares (da biologia, da neurologia, da psicologia, da andrologia, da filosofia) e a ligação entre eles, com as confirmações da prática. E esta interligação, com a experiência que temos, dá-nos uma enorme capacidade de intervenção eficaz, e nós na licenciatura de Direito não somos preparados para responder às necessidades desta jurisdição.
É verdade que o CEJ me deu alguma formação nessa área, também isto não é despiciendo, e de facto algumas das sementes aí plantadas depois geraram desenvolvimento. No entanto, parte-se de um paradigma ultrapassado, e depois passa-se linhas pontuais, tanto na formação inicial como complementar, não se está a pensar o sistema, a inadequação das suas bases. Muitas das conferências que são dadas no CEJ são interessantes do ponto de vista do conhecimento que transmitem. A questão é o que eu faço na segunda-feira seguinte porque nada mudou. Continuamos com a mesma linha de comportamento. Que pessoas o inspiraram relativamente àquilo que faz, juízes ou outros profissionais? Nem sei! O que a mim me obrigou a mexer numa prática judicial foi a ineficácia do sistema. O sistema não funciona do ponto de vista de uma intervenção que gere transformações positivas no sistema familiar da criança, apenas julga, e isso é afastar, e qualificar um bom e um mau. A criança sai sempre prejudicada. Os conflitos não eram resolvidos com as técnicas que eu usava, nem sequer na parte conciliatória, muito menos na contenciosa, nos julgamentos. Portanto, aquilo não funcionava no ponto de vista da protecção da criança, da necessária mudança da capacidade e competência dos pais. E foi aqui que estive até recentemente, a definir um protocolo de intervenção eficaz na gestão do conflito, que envolve autoridade com abraço (ajudar a crescer na expressão do Prof. José Pacheco) e recurso a assessorias especializadas (terapeutas, mediadores, assistentes sociais, pedopsiquiatras, etc.), a trabalhar em equipa e de forma concertada. Chamo a este modelo Justiça Restaurativa, e que agora estamos a passar para a Promoção e Protecção, e também para o Tutelar Educativo, de onde o modelo é aliás originário. Deste caminho que está a atravessar e a inspirar outras pessoas, procurando fazer uma comparação com dados estatísticos da sua acção de juiz, quantas crianças saem com guarda partilhada em regime de semanas alternadas? Em Mafra tenho 51% e é um concelho rural. É uma taxa maior do que na Suécia ou do que na Catalunha, que tem 42%. Qual é a média em Portugal? Dois ou três por cento, é uma estimativa. Mas o sistema está a mudar. Temos uma boa decisão do Tribunal da Relação de Lisboa. Do ponto de vista dos conhecimentos trouxe interdisciplinares que confirmaram uma decisão de guarda compartilhada provisória da primeira instância, que é de Agosto de 2017. Temos ainda, pela primeira vez, um recente
acórdão também da Relação de Lisboa, ainda não publicado, que revoga uma decisão da primeira instância que fixou residência exclusiva, fixando partilhada provisória e manda cuidar do conflito, que é isso que eu faço, transformando um ambiente adverso em adequado ao seu direito a ter pai e mãe, na relação tripartida supra referida. Na guarda compartilhada, os próprios pais ganham qualidade de vida, pois deixam de colapsar emoções negativas entre eles, e como ambos continuam a ser pai/ mãe, a frustração de “perder” os filhos, de ser um mero pagador de alimentos, deixa de existir, e isso favorece a relação entre os próprios progenitores. Enquanto que na residência exclusiva, normalmente o pai, fica apenas como visitante e a pagar a pensão de alimentos. É um homem que fica com a frustração de não poder ser pai e de não ter oportunidade de criar os seus próprios filhos e isso aumenta muito o conflito, desprotegendo os filhos, para além de gerar múltiplos abandonos.
‘O LUGAR NÃO TEM IMPORTÂNCIA NENHUMA PARA A CRIANÇA’ Uma das reservas que tinha ao regime tinha a ver com a importância. Concluí, no entanto, “o lugar não tem importância nenhuma para a criança”. Explico isso no meu livro, e quanto mais nova menos importância, isto é, de tenra idade. A jurisprudência afirmava o que resultava de uma declaração das Nações Unidas dos anos 50 do século passado, e que foi claramente “revogada” pela Convenção dos Direitos das Crianças de 1989. Dizia a Declaração no essencial que “a criança de tenra idade não deve ser afastada da mãe”. Mas isso tinha fundamento em 50, pois, lembre-se, a mulher era incapaz e dependente do homem, portanto, o poder paternal era sempre do homem. Quando a mulher por alguma razão se separava, a criança perdia o direito de acesso à mãe e, bem, aquela Declaração vinha dizer que a criança tinha direito à mãe. Ela, na estrutura social, dona de casa, era quem cuidava da criança. Hoje, isto tenderá a não ter qualquer fundamento, pois a mulher está empregada. Separou-se do pai do filho e ficou com a casa, e a criança ficou sem pai. Esta é a luta das “femistas”, que tem como objectivo, nas palavras de Maria Clara Sottomayor o seguinte: “para tornar a sociedade justa é necessária uma revolução (…). Neste sentido, o homem deixa de ser o centro do mundo. É a mulher que se coloca no centro e muda o sistema por dentro” (SOTTOMAYOR, 2004 p. 81). A criança aqui é usada como mero objecto desta luta. Aqui há alguns anos, houve uma inova-
O que eu fazia e o que o sistema faz mal, era privilegiar o lugar em detrimento da vinculação.
ENTREVISTA
Veja o que aquilo significa para aquelas crianças que ganharam um pai, muito mais do que tinham no circuito do casamento e aquela mãe que também estava toda satisfeita porque tinha tempo para a vida dela. dora sentença em Espanha, que fixou a residência aos filhos e os pais é que alternavam... Eu não gosto. Não gosto por uma razão, porque a criança assim não tem lugar. O que é que isto quer dizer? Temos de visitar o conceito de lugar no Homo Sapiens (filosofia) e na criança. E temos de perceber que o lugar para o Homo Sapiens adulto, ou para qualquer mamífero, é zona de segurança, de restabelecimento de equilíbrio para voltar a explorar depois. O lugar, a minha casa, é o lugar onde volto ao fim de determinado período para recuperar, é a minha zona de segurança, onde recupero para explorar outra vez. E na criança o que é a segurança? Na criança é a proximidade com o vinculador, pai e mãe. O lugar de uma criança, por exemplo de dois anos, nunca é a sua casa, porque se não tiver lá a mãe ou o pai está inseguro. E mesmo uma criança de quatro, seis, sete ou oito anos, está nas mesmas condições, sem os vinculadores, no espaço da mãe ou do pai, sem eles próximos ou representados está sempre insegura. Mesmo do ponto de vista cultural (e não só cultural, eu acho que é mesmo genético nos mamíferos), nunca o lugar dos filhos é o lugar dos pais. Ninguém fica em casa dos seus pais, vai procurar outro lugar. A criança precisa sim de estar no lugar dos pais, com eles, para estar segura e depois a partir daí explorar o mundo, desenvolvendo-se, que no quadro do cérebro estima-se que seja uma passagem de 23 a 100% do seu desenvolvimento. Qual é, em regra, o melhor sistema? Você só tem um bom sistema, quando os pais vivem juntos. Todos os outros são maus. Agora qual é o menos mau? Não estou a dizer que é a guarda partilhada sempre, mas é muitas vezes, porque ele garante a integralidade da vinculação segura a ambos em regra, e nenhum dos outros com pais separados o garante. O que eu fazia e o que o sistema faz mal, era privilegiar o lugar em detrimento da vinculação. Sê você tem uma residência exclusiva vai perder a integralidade da vinculação ao não residente, normalmente o pai, gerando também sentimentos de abandono na criança, que representam o mesmo que “socos no estômago” em termos de imagem tomográfica do cérebro, como comprovou um estudo recente nos EUA. Não é por acaso que os rapazes têm mais problemas na sociedade hoje. Actualmente, no curso de Medicina temos cerca três mulheres para um homem, cinco em Direito para um ho-
mem; no CEJ este ano oito para dois. Porque é que as mulheres ingressam mais em cursos superiores? Porque a maioria das crianças, rapazes, ficam em residência exclusiva com as mães. Veja, o modelo principal das raparigas é a mãe; já o modelo dos rapazes é o pai. Se o pai não está na vida dele, a sua autoestima fica profundamente afectada, “pelas ruas da amargura”, e o seu cérebro não se vai desenvolver como deveria, porque ele vai viver num distress permanente. Há um estudo efectuado também nos EUA que aponta para esta conclusão. Por outro lado, a mulher ocupou o espaço do trabalho e bem. Como dizia um psicólogo que trabalha muito essa ideia do papel dos homens na parentalidade, é ainda um conceito em construção na sociedade actual, porque culturalmente estamos ainda na transição entre o modelo industrial de papéis diferenciados entre homem e mulher (mulher; amor, mãe, dona de casa; homem: “bom chefe de família”, trabalho, autoridade), que hoje tende a ir desaparecendo, mas que permanece ainda de forma intensa. Nós temos de facto ainda muitas culturas diferenciadas. Temos avós do século XX, alguns do início da segunda parte do século, e, portanto, eles viveram essa cultura. Temos ainda os pais que são do fim do século XX e temos os filhos já do século XXI. Toda estas pessoas têm culturas diferentes, foram educados nesses modelos, e, portanto, há ainda muita censura em relação às mães que “partilham” os filhos com os pais; sente-se culturalmente muito a censura de que a mulher que assim procede, é má mãe, é incapaz. É um peso excessivo para as mulheres. As mulheres têm que fazer tudo, têm que cuidar dos filhos, têm que levar os filhos à escola, têm que fazer isto, têm que fazer aquilo, e os pais têm os fins-de-semana. Depois querem que as mulheres ganhem o mesmo que os homens. Acwham? Quem é que determina os vencimentos? É o capital. Então eles vão pagar o mesmo a uma mulher que tem que sair às cinco horas da tarde e um homem pode sair às 11 horas? Acham? Nunca. Querem a igualdade das mulheres e dos homens? Deixem o homem entrar na parentalidade, é muito bom para o equilíbrio dos rapazes e das raparigas, porque as raparigas também ganham muito com a presença do pai. Quando não os têm na sua vida, vão muitas vezes procurar namorados muito cedo. Um dia destes estava a pensar sobre isto: é incrível, o maior político social sou eu, porque só em Mafra tenho 51% de guardas compartilhadas!
Dizia um dia destes um Senhor Desembargador da Relação do Porto que os meus cálculos do tipo de residência fixado nos meus processos “devem estar mal!” Pois devem, [riso] o Excel anda a fazer mal as contas! Sente-se um político social? Bem, o que eu estou a implementar em Mafra é uma sociedade que diminuiu o conflito, e permite a satisfação na parentalidade do pai e da mãe, e espera dar mais oportunidades às mulheres de desenvolverem a sua profissão. E por incrível que pareça, isto é um trabalho que não é dos políticos, é da justiça, porque o sistema está aí, o sistema permite isto, eu não estou a fazer nada de ilegal. Mas isso não é para todos, porque é que só alguns conseguem? Sabe, você tem que ter uma visão da sociedade, do que quer para a sociedade, do que é o ideal para a sociedade. Eu por exemplo, quando estou a analisar estes aspectos do que são os homens, digo: atenção, os homens são filhos de mulheres, das mães. Eu quero uma sociedade igualitária, e quando implemento este modelo estou a proteger muito mais as mulheres do que os movimentos “femistas”: os filhos ficam bem, estão a ser ajudados pelos pais, e as mulheres passam a ter tempo para a vida delas, profissional e pessoal. Se calhar é a única maneira de cada pai e mãe, isoladamente, se esmerarem mais em proporcionar boas condições de vida ao filho do que se estivessem juntos. Sim, aliás, o que acontece muito é que os homens passam a fazer coisas que não faziam na conjugalidade, como por exemplo passarem a dar banho às crianças. Em Mafra, que é uma estrutura social muito rural, ainda recentemente acabámos o processo de duas crianças, com uma mãe muito “tradicional”, quase da primeira metade do século XX. Enquanto estiveram casados era ela mãe que fazia tudo no cuidar das filhas. Ela trabalhava e ele também trabalhava, mas claro ela em simultâneo continuava a fazer as tarefas domésticas e a cuidar dos filhos. Com a separação, fixei para as crianças uma residência alternada provisória, suspendi o processo e marquei nova conferência para quatro meses depois. Comecei nesta diligência por falar com as crianças, uma de oito anos e outra de cinco. Perguntei-lhes: “Mas quem é que cuida de ti?” - porque ele vivia em casa da mãe dele (avó paterna). E a criança mais velha respondeu: “é o pai, às vezes o pai não está
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mas é quase sempre o pai” // “Quem é que te veste?” // “É o pai” // “Quem é que te dá banho? // “O pai // “Quem é que te dá de comer?” // “O pai” // “Está sempre contigo então ao jantar?” // “Sempre”. E vieram os pais. E dizia-me a mãe assim: “Sabe, elas quando vão para o pai, despacham-me logo na terça de manhã: “Adeus mãe, até depois”. O pai dizia-me de forma emocionada: “sabe senhor juiz, vou confessar-lhe uma coisa, eu quando pedi a residência alternada era para lhe fazer a vida negra [à ex-mulher], e dizia-me ainda com os olhos muito emocionados, “mas eu hoje estou a ter um prazer que eu nunca pensei ter”. Incrível! Veja o que aquilo significa para aquelas crianças que ganharam um pai, muito mais do que tinham no circuito do casamento - porque o pai não fazia nada, era ela que fazia - e aquela mãe que também estava toda satisfeita porque tinha tempo para a vida dela, e reconhecia que o pai cuidava, para surpresa sua, das filhas como nunca. Portanto, há aqui muitos preconceitos... E o regime também não resolve tudo. É claro que eu trabalhei a relação dos pais, na terapia cognitiva inicial - e foi praticamente só isso - e depois o regime e os pais fizeram o resto. Quando referenciou a Suécia, quer dizer que o modelo de alguns países nórdicos já está mais próximo disto? A Suécia tinha 1% quando começou com isto em 1960, julgo eu. A seguir aos anos 50, o Estado Social trouxe as mulheres e protegeu-as muito, mas o que é que fez? Tirou o homem da casa de morada de família com a liberalização do divórcio. Deu a casa e uma nova família monoparental à mulher. E expulsou os pais da vida dos filhos. Foi isto que aconteceu. Os suecos quando se aperceberam viram naturalmente que isso não era caminho. Quer dizer, as crianças ficam todas com as mães. Deram um emprego público às mães, mas claro que tiveram problemas no privado. Porque no privado não é possível, como já disse, uma mulher ganhar o mesmo que um homem, não é possível, porque está sempre ocupada com os filhos, mas também não lhes interessava, como é lógico. Eles reiniciaram um conjunto de políticas usando a figura de um viking - que é uma fotografia que eu tenho, que é uma coisa muito engraçada. O primeiro é um viking cheio de músculos, que é uma coisa - imagem com muita testosterona - que é o contrário ao cuidar infantil. O que é curioso também neste aspecto do ser humano homem, que tem muita mais testosterona do que as mulheres, que é necessária não só para a parte sexual, mas para muitas funções, e dá-nos muito mais força, é que quando temos uma criança ao colo a nossa testosterona baixa para os níveis das mulheres. Porquê? Porque nós quando temos uma criança recebemos além da parte visual o cheiro e o sentimento de cuidar e deixamos de ser agressivos. Por isso é que até há muitos homens que dizem que lhes começa a dar sono.
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Claro, não têm hipótese. Eu até tenho ali um vídeo, que é um vídeo feito pela BBC sobre isso, em que metem um homem que é pai com um boneco e metem um adolescente com o mesmo boneco e em relação ao pai meteram-lhe um cobertor que era do filho dele. Claro que o cobertor lhe trouxe o cheiro do seu filho e ele teve ali uma atitude de total protecção (e estava a chorar) e ele começou a bater, completamente de forma inconsciente, no rabo assim com a mão. Quer dizer, o Ser Humano, mesmo homem pode cuidar como a mulher, é igual. Como resumiria o seu trabalho? O que eu gostaria para a sociedade portuguesa contemporânea, dos meus filhos e netos, era que as mulheres tivessem o direito a ter a sua vida, e os homens entrassem na parentalidade, e que estas crianças, rapazes, miúdos não sofressem com estes abandonos, com estes conflitos todos. Este é o meu objectivo e esse é o sentido do meu trabalho, não há outro sentido. E esta minha luta de andar sempre aqui é esta, são as pessoas que me empurram: “Não páre, não páre, não páre, continue, continue, continue”. Não há hipótese, não posso parar! É pai de dois filhos? Sou pai de dois filhos. Mas também é fácil, eu estou casado com a minha mulher há 32 anos e não sei nada disto de separações [risos]. E o que é que os filhos dizem do pai? Os filhos não dizem nada, quer dizer os filhos dizem o quê? Os filhos acham engraçado o trabalho do pai, mas nós não temos essa experiência, não é? Nós não sabemos nada disto. É muito fácil ser pai assim, a mãe confirma-me como válido. Mal ou bem confirma [risos]. E eu confirmo como válida a minha mulher, e assim é fácil ser pai e mãe, por isso é que não é preciso formação parental. Não é preciso formação no pressuposto que ficamos juntos, e a nossa condição de animais, de cuidadores naturais, é mais ou menos inata. O problema é que a complexidade social que temos é muito grande, e a separação cria ambientes adversos, associados em regra a conflitos permanentes depois da separação, o que é devastador para a nossa condição de seres essencialmente emocionais, pois a criança a viver esses ambientes não desenvolverá o seu cérebro límbico como deveria, e isto é devastador... este é o problema. Por isso, acho que o sistema até devia responder em termos educativos a isto. No ensino escolar? O secundário devia ter uma disciplina sobre parentalidade, sobre psicologia, sobre antropologia, sobre estes conhecimentos que eu transmito. O problema é grave. É um problema de saúde pública. Os meus casos demonstram à exaustão que pais não têm formação suficiente. Eu também não tinha. Mas quando eu transmito conhecimentos e eles vêem o perigo e dano que estão a causar aos filhos, nestas feridas invisíveis... reagem positivamente. Todas as pessoas gostam dos filhos e a partir daí mudam de estratégias, de comportamentos, com mais ou menos facilidade, mas todos mudam.
ENTREVISTA Eu vou convencer os meus colegas um dia destes, porque eles vão perceber que se tenho boa vida, tenho apenas 200 processos pendentes sem sentença, com 850 entradas anuais. Brincamos?! Não faço um julgamento há cinco anos. Em duas semanas fui apenas um dia e as pendências continuam a baixar, porquê? Porque os processos são devidamente trabalhados pela assessoria externa, e assim embora eu tenha mais entradas que tinha em Sintra, em números de processos, eu dou mais saídas, e com qualidade, pois na grande maioria dos casos o conflito fica ultrapassado. Sim, porque não dou baixas apenas pelos números. Dou saídas resolvendo os problemas. Eu sozinho tenho mais população do que os cinco colegas de Sintra. Nós temos cerca de 81 mil pessoas, e em Sintra no total cerca de 350 mil, isto é, 70 mil pessoas por juiz. Por outro lado, Mafra tem mais crianças do que Sintra, isso vê-se nos censos de 2011, daí que Mafra tenha mais trabalho. Eu tive, como disse, 850 processos distribuídos num ano, e os meus colegas tiveram à volta de 700/750, que é dentro do que é considerado adequado para um juiz, Valores de Referência Processual, que nesta jurisdição são 733. Eu tive 850. Eu dei 996 baixas num ano. E perguntam-me: “Meu Deus, como é que tu consegues dar tantas baixas?” Eu consigo dar tantas baixas porque eu não faço julgamentos. Eu faço uma conferência, os técnicos interdisciplinares ficam a trabalhar no processo e eu já não trabalho mais neles, e uns meses depois a maioria dos processos terminam com o afastamento do conflito e um natural acordo com o superior interesse das crianças.
na lei. Eu tenho técnicos especializados em equipas interdisciplinares. Equipas externas? Nomeadas por mim. São pessoas que trabalham comigo. Isto é um sistema construído, um protocolo, que interage entre o modelo do Direito e o processo e as respostas da interdisciplinaridade. O próprio processo incorpora esta intervenção interdisciplinar. Portanto, nós aqui definimos uma estratégia para cada criança e família, todas diferentes, e eles executam-na comigo.
Talvez seja bom publicar o gráfico que fiz recentemente. É ilustrativo:
Mas não tem que monitorizar essa estratégia? Como é que tem tempo? Nós temos muito o contacto informal. Quando a coisa está a “arder” o técnico contacta-me e eu por exemplo faço um telefonema e resolvo o problema. Não preciso de grande coisa, percebe? Muitas vezes nem fica no processo. Nem se apercebem do que eu lá estou a fazer, porque se recebo uma informação do técnico por telefone ou pelo Messenger ou por e-mail, imediatamente telefono, é eficaz. Quando eu preciso de intervir, intervenho, mas depois as pessoas também sabem lidar. Os advogados também ajudam muito. Eu às vezes telefono ao advogado e este diz ao cliente: “vai lá” e já está. Tem a ver com quem dirige, que é o juiz, é ele que determina se a justiça é restaurativa ou se é contenciosa. Para mim, eu preciso de perfiz de advogados com cariz restaurativo, conciliatório, e tenho, quase todos são assim, tudo tranquilo. Eles estão do lado da solução, portanto, eles trazem para o processo a visão do cliente, mas recebem a visão dos outros e incorporam e definem estratégias connosco para ajudar as crianças e assim também os seus clientes. E também assumem que o in-
O desempenho das esquipas técnicas estão a funcionar bem? Não. Eu tenho técnicos externos, está previsto
teresse do cliente termina quando o interesse da criança acaba. Não é o interesse egoísta do pai ou da mãe que conta, e há muitos
advogados que perdem clientes por causa disso, mas eu acho que temos de proteger as crianças, não é? Ninguém ajuda uma mãe ou um pai com um interesse egoísta. O juiz define a estratégia e explica porque há estes efeitos na criança: “veja este problema, aquele problema biológico, como é o desenvolvimento, qual é a mecânica do desenvolvimento, tome lá este exemplo ou aquele exemplo que deu mau resultado e tome lá este ou aquele exemplo que deu bom resultado e as razões que estão... você está a ver porque é que é a diferença e tal... qual o resultado daqui a cinco ou seis anos porque é este o problema”. Ou seja, transmitindo este conhecimento, nós lançamos horizontes nas pessoas. A razão para fazer o esforço de se dar bem com o outro progenitor, como me dizia uma mãe ontem, depois de eu lhe explicar tudo isso que referi: “pelo meu filho tem de ser”, e pronto, não é preciso mais nada, de facto se não fosse pelo filho não tinha que ser. Então se eu não explico às pessoas, se elas não sabem, vão fazer um esforço dessa natureza? Não. Lá fora existem alguns destes trabalhos e textos publicados? Existem, mas repare, existe sempre aquela desculpa de que são culturas diferentes. Mas se eu for ver a minha estatística, eu não tinha nenhuma evidência, mas agora tenho, e até estou surpreendido, 51%, é incrível... E há ainda a confiança das crianças a terceiros (5%). Tenho mais residências alternadas do que exclusivas. Talvez a eficácia também se prenda com o facto de todo o trabalho ser feito no terreno, ou seja, não basta só dizer que o caminho é este para se chegar lá... Não é só o regime que conta e isso é verdade porque as residências alternadas com conflito são também más. O problema é o conflito não é o regime. O que falta, na minha perspectiva, e eu acho que em termos políticos devia haver alguém a fazer isto, porque é mais político que outra coisa, era dar a informação do ponto de vista de dizer: “este modelo se funciona bem comigo porque não se pode experimentar?” Vamos lá, experimentem. Porque altera-se as relações dos pais e isso é que conta para a criança. Porque o regime em si é sempre mau quando a relação entre os pais é má. É natural estarem em conflito, é humano, mas vamos ver as consequências, vamos proteger os filhos e vamos avançar. Não vamos estar a apontar, a censurar, essas mães e esses pais, vamos apenas ensiná-los a perceber as consequências do que estão a fazer e eles farão a diferença porque eles amam os filhos como nós.
Não vamos estar a censurar essas mães e esses pais. Vamos apenas ensiná-los a perceber as consequências do que estão a fazer e eles farão a diferença porque eles amam os filhos como nós.
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REGIÃO
Águas do Algarve – uma história de sucesso fotos: d.r.
mento de Água ao Algarve foi criado a 8 de Novembro de 2001, resultante da fusão dos Sistemas Multimunicipais de Captação, Tratamento e Abastecimento de Água do Sotavento Algarvio e do Barlavento Algarvio, que visou a captação, tratamento e distribuição de água para consumo público de todos os municípios da Região do Algarve. Já em 7 de Fevereiro de 2005 foi assinado o Contrato de Concessão do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água ao Algarve, entre o Estado Português e a Águas do Algarve, com validade até 31 de Dezembro de 2025.
INVESTIMENTO DE 613,2 MILHÕES DE EUROS
ÔÔ 98% - Taxa de acessibilidade física do serviço de cobertura em “alta” Saneamento ÔÔ 99,96% - Conformidade da água tratada ÔÔ O principal objectivo deste Sistema é munir a região do Algarve com um sistema seguro, do ponto de vista da saúde pública dos cidadãos, melhorando os níveis de atendimento e promovendo a qualidade ambiental, designadamente a qualidade da água das praias, rios e lagoas do Algarve. Factor essencial para o bem-estar da população e para o desenvolvimento económico e turístico da região
A QUALIDADE e distribuição de água no Algarve registaram um melhoramento assinalável ao longo das últimas décadas, em grande parte fruto do trabalho realizado pela empresa Águas do Algarve. Se recuarmos até aos anos 90, verificamos que o cenário era bem diferente do actual e o abastecimento público de água no Algarve era efectuado directamente pelos municípios. Sendo que, em 1995, o abastecimento de água era assegurado por furos, o nível de tratamento de água era insuficiente, havia uma grande sobre-exploração de aquíferos, a água subterrânea era de menor qualidade e o controlo de qualidade efetuado à água insuficiente. Factores que contribuíam para fortes limitações, ao nível do desenvolvimento ambiental, social e económico do Algarve. A criação da Águas do Algarve, a Sociedade Águas do Algarve, S.A, empresa integrada no Grupo AdP – Águas de Portugal, foi criada através da fusão das sociedades Águas do Sotavento Algarvio, S.A e Águas do cBarlavento Algarvio, S.A., ficando responsável pelo cumprimento dos dois contratos de concessão outorgados em 10 de Agosto de 1995, entre essas empresas e o Estado Português, relativos aos sistemas Multimunicipais de Captação, Tratamento e Abastecimento de Água do Sotavento Algarvio e do Barlavento Algarvio. Em 26 de Maio de 2001 foi assinado, entre o Estado Português e a Águas do Algarve, S.A, o Contrato de Concessão do Sistema Multimunicipal de Saneamento do Algarve, atribuin-
do-se à concessionária, em regime de exclusivo e por um período de 30 anos, a concessão da exploração e gestão, as quais abrangem a concepção, a construção das obras e equipamentos, bem como a sua exploração, reparação, renovação e manutenção do sistema multimunicipal de saneamento
do Algarve, para recolha, tratamento e rejeição de efluentes de todos os municípios da região algarvia.
O SISTEMA MULTIMUNICIPAL DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA O Sistema Multimunicipal de Abasteci-
A Águas do Algarve é uma concessionária em “alta” detentora das concessões de abastecimento de água para consumo humano e tratamento de águas residuais para a região do Algarve. Os municípios abrangidos pelos sistemas de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais são os que constituem toda a região do Algarve: Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Monchique, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António. De destacar que os Sistemas Multimunicipais de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais do Algarve são dos investimentos mais importantes dos últimos anos no Algarve, dos pontos de vista do desenvolvimento sustentável, da diversidade e comple-
ÔÔ 99% - Taxa de acessibilidade física do serviço no abastecimento de água ÔÔ 99,87% - Qualidade da água ÔÔ O Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve está concessionado à Águas do Algarve SA por um período de 30 anos. Este sistema, em termos de desenvolvimento de projectos e obras, teve início em 2003, com um investimento previsto na ordem dos 317 milhões de euros
REGIÃO
xidade técnica bem como da dimensão e extensão do investimento na região. A totalidade dos investimentos efetuados pela Águas do Algarve até ao final
de 2017 é de 613,2 milhões de euros. Um investimento com o objectivo de apostar no desenvolvimento da região e na aposta na qualidade de vida da
população, o que faz com que esta empresa tenha como missão, garantir o abastecimento de água para consumo humano e o tratamento de águas resi-
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duais, de acordo com os mais elevados padrões de qualidade e fiabilidade, num quadro de sustentabilidade económica, social e ambiental.
A Educação Ambiental na Águas do Algarve a população em geral. Desta forma, temos vindo a pautar a nossa intervenção na vertente EA agregando iniciativas diferenciadas e processos relacionados com a sensibilização dos
nossos públicos para o valor da água enquanto recurso essencial à vida, incluindo temas como a preservação dos recursos hídricos, a importância da qualidade e disponibilidade da água para a vida em
sociedade, a sensibilização para o uso eficiente da água e a sua reutilização, aplicação de boas práticas ambientais, a problemática das alterações climáticas, entre outros!
d.r.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL é uma ferramenta estratégica no apoio à resolução dos problemas ambientais, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes do seu papel na preservação ambiental, e pró-activos na tomada de decisões sobre questões fulcrais rumo ao desenvolvimento de uma sociedade sustentável para as gerações futuras. Também aqui o desafio não perde dimensão, naquela que deverá ser a mobilização para que haja uma mudança cultural naquelas que são as nossas atitudes quotidianas e que podem fazer diferença. Uma maior e sustentada integração da EA no ensino escolar é fundamental, através de uma abordagem interdisciplinar integrada, combinado a educação com os conhecimentos científicos existentes sobre o clima e as alterações climáticas, produzindo condições para que as diferentes iniciativas educacionais que são desenvolvidas, possam ser estrategicamente motivadoras para provocar as tão desejadas mudanças no cidadão, rumo a uma sociedade mais sustentável. Na Águas do Algarve somos conscientes da nossa responsabilidade na região, em contribuir para a formação de consumidores ambientalmente mais conscientes e informados, também através do desenvolvimento de estratégias que contribuam para encontrar soluções para os problemas ambientais que ocorrem no dia-a-dia, no local de trabalho, em casa, em lazer, na escola, na rua,… envolvendo quer os colaboradores da empresa, quer
ÔÔ Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da empresa Águas do Algarve
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Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail. com On-line: www.postal.pt FB: https://www.facebook. com/postaldoalgarve/ FB: https://www. facebook.com/pg/Cultura. Sulpostaldoalgarve/ Issuu: https://issuu.com/ postaldoalgarve Twitter: https://twitter.com/ postaldoalgarve Director: Henrique Dias Freire Directora executiva: Ana Pinto Redacção: Cristina Mendonça CP 3258), Henrique Dias Freire (CP 3259) Design: Ricardo Cabrita Colaboradores: Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Maria Simiris Colaboradores fotográficos e de vídeo: Rui Pimentel / Luís Silva Departamento comercial, Publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: Lisgráfica Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial: disponível em http://www. postal.pt/quem-somos/
Município de Tavira Edital nº. 30/2018 Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 02 de maio de 2018, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta número 82/2018/ CM, referente à 4ª. Alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano/2018; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 83/2018/CM, referente à atribuição de apoio ao G.A.T.O. - Grupo de Ajuda a Toxicodependentes; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 84/2018/CM, referente à atribuição de apoio à Associação Sociedade São Vicente de Paulo de Portugal - 2018; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 85/2018/CM, referente à atribuição de apoio ao CNE Corpo Nacional de Escutas (agrupamento 100 de Tavira) - Noite de Fados; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 86/2018/CM, referente a atribuição de apoio ao Centro Paroquial de Cachopo - Complexo Social; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 87/2018/CM, referente a atribuição de apoio à Associação Oncológica do Algarve – 11.º Jantar de solidariedade; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 88/2018/CM, referente a renovação dos protocolos de colaboração no âmbito do Programa Tavira Solidária - Refeições Sociais 2018/19; 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 89/2018/CM, referente ao protocolo de colaboração entre o Município de Tavira e a Sociedade Recreativa Musical Luzense; 9. Aprovada por unanimidade a proposta número 90/2018/CM, referente ao protocolo de colaboração a celebrar entre o Município de Tavira e o Regimento de Infantaria n.º 1; 10. Aprovada por unanimidade a proposta número 91/2018/CM, referente ao plano de Transportes Escolares para o ano letivo 2018/2019; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 91/2018/CM, referente ao averbamento das bancas n.ºs 102 - 103 (pedras 203-204-205-206) para o nome da Firma Notável Quotidiano - Comércio de Peixe e Marisco, Lda.; 12. Aprovada por unanimidade a proposta número 91/2018/CM, referente ao averbamento da banca n.º 105 (pedras 209-210) para o nome da Firma Vasco & Paula Comércio de Peixe e Marisco, Lda.; 13. Aprovada por unanimidade a proposta número 91/2018/CM, referente a 4-Emp/17- Empreitada para reabilitação do Cine Teatro António Pinheiro - Aprovação da minuta do contrato. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume. Paços do Concelho, 02 de maio de 2018
Tiragem desta edição:
10.000 exemplares
O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
GASTRONOMIA
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Festival de Gastronomia do Mar regressa a Tavira com 21 novas receitas COMO JÁ tem sido hábito nos últimos
anos, com a chegada do mês de Maio, regressa também o Festival de Gastronomia do Mar à cidade de Tavira. Este evento, que conta com a 15ª edição e pretende celebrar a dieta mediterrânica, inicia-se na sexta-feira, 18 de Maio, e termina domingo, dia 27 de Maio. Neste festival tem a possibilidade de experimentar 21 novas receitas, numa harmoniosa conjugação entre sabores e ingredientes que valorizam a cozinha regional. Os chefes dos restaurantes aderentes prepararam receitas exclusivas para a ocasião, que enaltecem a gastronomia, os costumes, a essência e a autenticidade do litoral algarvio. Os 21 restaurantes aderentes, provenientes de Cabanas, Luz de Tavira, Santa Luzia e Tavira, prometem apresentar deliciosas entradas, pratos e sobremesas com os melhores sabores que o Algarve tem para oferecer. O POSTAL falou com alguns dos chefes e proprietários dos restaurantes presentes no festival que garantiram que esta iniciativa faz de Tavira um pólo gastronómico interessante, valorizando acima de tudo os produtos da zona. O restaurante “Gilão”, que participa pela terceira vez neste festival, apresenta uma barriga de atum com pés de coentros. A nova receita tem tido boa receptividade, segundo a proprietária Ângela Botelho, que afirma: “esta iniciativa proporciona uma experiência diferente ao mesmo tempo que se divulga a gastronomia algarvia”. Aline Silvestre, proprietária do restaurante “A Carpintaria”, tem preparado como entrada amêijoas à bulhão pato e como prato principal atum na chapa com vegetais e arroz. Como este estabelecimento é novo na zona, Aline
Silvestre garante que o festival é importante para “nos dar a conhecer”. Em Santa Luzia, o restaurante “Casa do Polvo”, que participa neste evento desde 2011, preparou para esta edição uma moqueca de polvo e camarão com mandioca e leite de coco. Eduardo Mangas, proprietário do estabelecimento, referiu ao POSTAL que “é uma honra poder participar no festival”. Já Vítor Santos, do restaurante “Nó de Gosto”, que participa pela primeira vez nesta iniciativa, afirmou que o festival motivou-o a “criar coisas novas e diferentes” e acredita ser importante para a “divulgação do melhor que se faz em Tavira. Este restaurante tem preparado para os clientes um torricado de estupeta com biqueirões alimados, uma terrina de peixe e para sobremesa um doce de chocolate com laranja. O Festival de Gastronomia do Mar é organizado pela Câmara de Tavira, que se encarrega de analisar os boletins de avaliação de todos os clientes que provaram as receitas exclusivas dos restaurantes. Jorge Botelho, presidente da Câmara de Tavira, afirmou ao POSTAL que espera uma “adesão de milhares de pessoas como todos os anos”. “Este festival é fundamental para a nossa terra, todo o ano, pois é uma forma de publicitar os restaurantes e de tornar a cidade Tavira mais conhecida. Ou seja, é mostrar em forma de festival, o melhor que há no município”, acrescentou Jorge Botelho. Para o autarca, esta iniciativa é importante a nível cultural, mas “essencialmente a nível turístico”. A finalizar, referiu que para o futuro tem como ambição “continuar a fazer o festival crescer em quantidade
e em qualidade”. Neste festival, para além de ter a possibilidade de degustar pratos únicos e exclusivos, pode habilitar-se a ganhar uma série de prémios como escapadinhas de fins-de-semana em hotéis algarvios. Em cada restaurante é-lhe dado um boletim de avaliação, de maneira a dar a sua opinião sobre os pratos consumidos. Posteriormente, os boletins são entregues à Câmara tavirense que sorteia os vencedores. Já para os restaurantes do festival, a Câmara oferece um certificado de participação. Consulte a lista dos 21 restaurantes: l Abstracto l Aladino - Hotel Vila Galé Tavira l Álvaro de Campos l A Ver Tavira l Come na Gaveta l O Ciclista l Gilão l Benamor Golf l Mouraria - Pousada do Convento da Graça l Nó de Gosto l Orangia Bistro - Ozadi Tavira Hotel l O Tonel l Sal no Ponto l Salinas - Eco Hotel Vila Galé Albacora l A Casa... l Casa do Polvo – Tasquinha l Polvo e Companhia l Páteo da Ria l São Sebastião l Rota dos Sabores l A Carpintaria d.r.
ÔÔ Festival enaltece os melhores sabores do litoral algarvio
pub
d.r.
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Restaurante Avenida QUASE TODOS OS PRATOS EMBLEMÁTICOS DA CASA JÁ GANHARAM PRÉMIOS EM INÚMEROS CONCURSOS.
968 097 543
37º12’45.13, -7º65’14.94
rest.avenida.tavira@gmail.com
Das 12.00h às 15.00h e das 17.00h às 22.00h (encerra à 3ª feira)
15,00€ a 18,00€
d.r.
Travessa Zacarias Guerreiro, nº 6 - Tavira
d.r.
No coração da cidade de Tavira, o restaurante Avenida é rústico, castiço e celebra já 30 anos de vida. Nesta casa, à excepção da carne de porco de certificado ibérico e do azeite do Lagar de Santa Catarina, todos os outros produtos são adquiridos no mercado de Tavira ou na lota. Trata-se de um espaço com esplanada que oferece a quem por lá passa os melhores pratos de peixe e marisco. A Sra. Madalena, cozinheira há 40 anos, é responsável por tudo o que é servido, incluindo as sobremesas. Como prato principal tem várias opções, mas aconselhamos o arroz de marisco ou o bife de atum com aguardente de medronho. Acompanhe tudo com um vinho regional.
ÔÔ Prato Emblemático
ARROZ DE MARISCO Receita com 40 anos, onde se pode encontrar o mais variado marisco: lingueirão, amêijoa de viveiro, gambas, camarão, lagostim, sapateira e conquilha quando é a época dela. A isto junta-se tomate, cebola, pimento, alho, salsa, coentro e louro.
Restaurante Recanto dos Mouros NUM PONTO PRIVILEGIADO DA CIDADE DE SILVES COM UMA VISTA DESLUMBRANTE PARA AS MURALHAS DO CASTELO DE SILVES.
282 443 240
37º11’40.75, -8º26’26.08
recanto.mouros@gmail.com
Das 12.00h-15.00h e das 19.00h-23.00h (encerra à quarta-feira)
15,00€
d.r.
Estrada do Monte Branco - Silves
d.r.
O Recanto dos Mouros granjeou ao longo dos 20 anos de existência reconhecimento a nível nacional pela comida tradicional algarvia. Numa combinação perfeita de ambiente e qualidade, torna-se o espaço ideal pra confraternizações. Desde a feijoada de buzina, passando pelo javali à casa, ao ensopado de borrego, as especialidades são uma verdadeira viagem da “serra ao mar”. Se preferir usufruir da paisagem, poderá sentar-se confortavelmente na esplanada com um bom copo de vinho, aromatizando todos os outros prazeres que lhe chegam das preciosas mãos da D. Idalina.
ÔÔ Prato Emblemático
JAVALI À CASA Num casamento perfeito em que o javali é rei, a cebola, o tomate, o bacon, chouriços perfumados com cominhos, coentros, cerveja e muita outra arte e magia, esta magnífica peça de caça é servida com batatinha cozida e pão frito.
Restaurante Sushi Moment’s OS PRATOS SÃO CONFECCIONADOS NO MOMENTO.
Av. da República, 150 - Olhão
932 474 104
37°01’45.2, 7°50’19.7
cassianoecarmo@sapo.pt
Terça a Sábado das 12.30 às 15.00 e das 19.30 às 23.00
20,00 € a 50,00 €
d.r.
Na zona histórica de Olhão, junto ao olho de água e ao tribunal, situa-se um restaurante de sushi que utiliza técnicas tradicionais japonesas na preparação do peixe e do arroz com produtos de qualidade superior e de origem japonesa feitos no momento. Os responsáveis por estas iguarias, Cassiano Vinhas e João Baptista, prometem um sushi de elevada qualidade e sempre com peixe fresco do dia. A carta oferece robalo, dourada, pregado, corvina, carapau, atum, pampo, enxereu, lírio, garoupa, cavala, pargo, sarrajão, cantarilho, bacalhau fresco, peixe galo, salmão e peixe manteiga. O Sushi Moment’s tem ainda os menus diários, ideais para a meio do dia juntar os amigos , e entregar-se às delícias deste sushi no agradável pátio que o espaço dispôe.
ÔÔ Prato Emblemático
SASHIMI POWER Iguaria da culinária japonesa que consiste em fatias de peixes e marisco cortadas finamente. É composto por soja ou ponzo, wasabi, gari, tobiko, rabano, marisco, e 18 fatias de peixe, de 6 a 20 peixes diferentes, consoante a época.
18 de Maio de 2018 | 17 pub
Quinzenalmente com o POSTAL em conjunto com o
MAIO 2018 | n.º 115 10.000 EXEMPLARES
www.issuu.com/postaldoalgarve
Espaço AGECAL
Portugal Cultural, uma radiografia breve A AGECAL organizou durante os dias 4 e 5 de Maio de 2018 em Tavira uma “Conferência Internacional sobre Gestão Cultural” cujos textos, reflexões e perspectivas partilharemos com as pessoas interessadas e também no “CulJorge Queiroz tura.Sul”. Sociólogo - AGECAL Portugal é um ser históricojorge.queiroz1@gmail.com -cultural de cuja preservação e evolução positiva depende um futuro inclusivo e integrador. Num território soberano há mais de oito séculos, continental e insular, Estado e nação continuam a coincidir. O português com 290 milhões de falantes é a quinta língua mundial e idioma oficial de oito Estados independentes. A importância cultural do Pais é uma evidência, existe património de origem portuguesa reconhecido pela UNESCO em todos continentes, o que transcende largamente a dimensão geográfica ou demográfica. A cultura e a língua deveriam ser, em nossa opinião, eixos estratégicos das políticas públicas. Para analisar com profundidade e detalhe a situação cultural portuguesa e das políticas publicas nas últimas décadas, a sociologia da cultura recorre e analisa informação caracterizadora produzida por organismos oficiais e séries estatísticas dispo-
níveis. Do ponto de vista da economia cultural portuguesa o saldo das transações de bens culturais teve em 2016 um agravamento de -25,7 %, isto é o País importou nesse período 150 milhões e exportou apenas 39,55 milhões de euros. Interessa a todos aprofundar estes dados. A atribuição à Cultura de 0,2% do Orçamento Geral do Estado representa o desfasamento entre a importância da cultura nacional e os meios disponibilizados para a sua afirmação. As dificuldades do sector em se organizar e de ter uma voz resultam de estruturas excessivamente corporativizadas e pouco cooperantes entre si, a que se juntam outros fenómenos negativos internos. A discussão dos regulamentos sobre os apoios à criação artística parece ser o principal motivo mobilizador, como se as políticas públicas para a cultura se resumissem ao modelo de distribuição de recursos financeiros para as artes. O sector profissional da cultura em Portugal com 81.700 trabalhadores era em 2016 o mais qualificado de todos, 43,9% dos seus trabalhadores possuíam o ensino superior, contudo continuava a precariedade laboral e instabilidade, necessidades de reforços e de formação. Não existe ainda em Portugal licenciatura em Gestão Cultural, disciplina fundamental e incontornável na formação de quadros para a crescente complexidade das tarefas, mas algumas pós-graduações e mestrados. No plano do consumo cultural, que inclui despesas com tecnologias, as assimetrias são evidentes, as famílias portuguesas gastaram em média 845 euros anuais contudo nas zonas pub
O sector profissional da cultura em Portugal era em 2016 o mais qualificado de todos
rurais apenas 500 euros enquanto em Lisboa e Vale do Tejo 1138 euros e no Algarve 829 euros. Monumentos, museus e palácios tiveram entre 2011 e 2016 uma enorme procura com +44% de visitantes, um aumento médio de 10% anuais. Contudo subsistem velhos problemas de manutenção de edifícios, escassez de recursos humanos, pouco investimento na investigação, em reservas e na aquisição de espólios. As bibliotecas públicas em Portugal registaram ligeira diminuição do acesso à leitura presencial mas aumento das actividades complementares como conferências, encontros de leitores, hora do conto. Cerca de 17,7 % de adultos e 24,7 do público infanto-juvenil estão inscritos nas bibliotecas portuguesas. No cinema em 2016 dos filmes 1168 exibidos em Portugal 63,5 % eram de origem norte-americana, 30% co-produções internacionais e apenas 5% produzidos na União Europeia. Os filmes de origem portuguesa foram apenas 2,3%, 0,9 % de França e 0,5% de Espanha. Em 2016 surgiram 64 novos festivais em Portugal sendo nesse ano 249 o total de festivais, a grande maioria de música ligeira e jazz, apoiados por empresas e autarquias. Todos os dias surgem novos festivais para onde são canalizados importantes recursos financeiros. Algumas tendências actuais são evidentes: o aumento de actividades culturais efémeras, designadas por “eventos”, virtualização, festivalização e turistificação da cultura. Os centros históricos das cidades europeias estão a ser transformados em parques temáticos, polos de negócios das empresas multinacionais com saída dos habitantes para as periferias. A continuar este processo ficarão os monumentos e museus como plataformas que interessam na atracção de consumidores. Do ponto de vista económico-cultural a globalização é predominantemente anglo-saxónica, o que induz dependências várias na esfera da economia, diminuição de capacidades regionais e locais, empobrecimento da riqueza e diversidade cultural. Face ao enorme potencial cultural do País e da Europa será decisivo que Governos, profissionais da cultura e cidadãos compreendam e tomem as medidas, e não apenas defensivas, para preservar e transmitir a herança cultural do País, tal com defende a UNESCO nas suas Convenções para a defesa do equilíbrio ambiental e social do planeta. l
20 18.05.2018
Cultura.Sul
Editorial
Missão Cultura
O ‘País das Maravilhas’ para os jovens
DiVaM 2018, porque o Património do Algarve 'mais do que vale a pena' d.r.
religioso, e até a criação e a recriação de novos patrimónios. O que se procura é que na visita
Direção Regional
aos lugares-património sob gestão
de Cultura do Algarve
da DRCAlg, todas as pessoas sintam
O Programa de Dinamização e Va-
que retiraram daí algum valor pes-
Maria Simiris /
lorização dos Monumentos (DiVaM)
soal, educativo, histórico, social e
Henrique Dias Freire
da Direção Regional de Cultura do
Jornalista
Algarve reabriu a 14 de abril passado,
mariasimiris.postal@gmail.com
com a obra de salvaguarda e valoriza-
A Semana Académica do Al-
ção em Alcalar e do seu monumento
garve, em Faro, celebra este ano
9. O contexto arqueológico dos Mo-
O desafio lançado ao tecido cultural
a 33ª edição entre os dias 3 e 12
numentos Megalíticos de Alcalar, em
regional tem sido muito bem acolhido
No seu desenvolvimento o progra-
ção sobre esta programação, com um
de Maio. Apesar de nos últimos
particular do Monumento 9, teve es-
e resultado num conjunto crescente
ma assume particularidades que teve
novo suporte, porque se acredita na
anos o evento decorrer na Penha,
cavações arqueológicas no ano 2010
de actividades culturais que transfor-
que ter em consideração: adaptabi-
qualidade do Programa DiVaM. No
esta edição rumou ao largo de São
e conhece um novo momento de
mam o visitante dos monumentos
bilidade das iniciativas às condições
seu 5º ano consecutivo as parcerias
Francisco, no centro da cidade.
valorização.
num interveniente ativo no desen-
físicas e funcionais dos monumentos;
alargaram-se e o trabalho em rede
volvimento de experiências culturais
dinâmicas dos públicos envolvidos;
com vários municípios e agentes
marcantes. Somou-se um número
os recursos internos disponíveis e as
consolida-se, mostrando que o esfor-
elevado de candidaturas, que resul-
necessidades identificadas; e a neces-
ço e empenho empreendido têm
retorno.
Este evento, tão importante para a comunidade universitária, reúne
Património – Que futuro?
grandes nomes da música e faz a
até económico. Esta é uma propos-
O Monumento 9 de Acalar
ta de envolvimento com o nosso património.
é: Património - Que futuro?
Barranco Longo e dos media partners Rua FM e Sul Informação.
Foi também uma oportunidade de reformulação e reforço da comunica-
festa na capital algarvia. Não são só
O reconhecimento público da
tou numa seleção de 21 projetos de
sidade de transversalidade das várias
os jovens que gostam de assistir a
importância global do património
18 associações culturais da região, que
expressões artísticas, bem como, a
Porque este património é de to-
bons concertos e o “País das Maravi-
cultural é quase sempre determinado
correspondem a 45 ações ao longo
criação de um programa coerente no
dos e porque sentimos que mais
lhas” é a prova disso ao reunir uma
por decisões oficiais dos organismos
deste ano. Conta-se com o apoio prin-
seu conjunto.
do que vale pena, não percam
panóplia diversificada de artistas.
de tutela, sem que aconteça uma ver-
cipal dos municípios de Aljezur, Vila
É com grande entusiasmo que
as oportunidades de se envolve-
Rock, Pop, hip-hop, electrónica
dadeira apropriação ou tomada de
do Bispo, Portimão, Albufeira, Loulé e
continuamos a receber propostas
rem emocionalmente nestes Bons
e até reggae estão presentes no
consciência da maioria da comunida-
Faro. A Caixa de Crédito Agrícola pa-
inovadoras que nos desafiam a pensar
Momentos!
palco da Semana Académica do
de, em relação aos seus significados.
trocinou a nova brochura informativa
sobre a diversidade de património do
Algarve. A diversidade é grande e
Pelo que, neste Ano Europeu do
e a Quinta dos Avós, e a Doca Pesca, a
nosso Algarve, incluindo este ano um
Alexandra Rodrigues Gonçalves
consegue desta maneira abranger
Património Cultural, o tema deter-
sessão de lançamento do DiVaM. Man-
ciclo de cinema, debates e palestras so-
Diretora Regional da Cultura
todos os gostos.
minado para a 5ª edição do DiVaM
teve-se ainda a parceria com os vinhos
bre património imaterial, património
do Algarve l
Este é um evento cultural de extrema importância não só para a capital como para a região algarvia, que todos os anos tem vindo a crescer no número de eventos culturais que apresenta.
Juventude, artes e ideias
7ª Mostra da Juventude de Olhão não pára
d.r.
Evento já vai na 33ª edição
inteiro, as entidades de Olhão
Olhão antigo e moderno. A Hip
Olhão, que conta com mais de
vocacionadas para a Juventude
Hop Fusion encheu o primeiro
60 participantes, nas diversas
são chamadas a mostrar a sua di-
espectáculo no Auditório Muni-
faixas etárias; 9º Campeonato
nâmica ao público, constituindo
cipal de Olhão; seguiu-se o pri-
Concelhio de Leitura, LER – Lei-
um programa intenso de ativida-
meiro Ecofest no Parque Natural.
tura Rápida e Expressiva; Galas
Jady Batista
des, perto de uma centena, em
Mas ainda há muito para ver!
no Auditório Municipal das es-
Marketing Digital
áreas como a cultura, o desporto,
Destaque para: Mostra-te ao Vi-
colas de dança e música, uma
o ambiente, entre outras.
vo - em dia de aniversário da
oportunidade dos jovens talen-
A Casa da Juventude de Olhão
A abertura do evento teve lu-
Casa da Juventude, as bandas
tos se apresentarem ao público
comemora, este ano, o seu 14º
gar nos Mercados Municipais
olhanenses vão apresentar-se
num espaço de excelência, ape-
aniversário. Nesse âmbito, orga-
com a inauguração da exposição
no coreto, com a Ria Formosa
trechado com as melhores con-
niza pelo sétimo ano consecutivo
“Olhão e a Ria”, pelo OLHAM -
como cenário, em dois dias de
dições técnicas.
o MOSTRA-TE, uma iniciativa ím-
Clube de Fotografia de Olhão,
música, de grande qualidade, a
Consulta o programa online e
par no país, sob o mote “Olhão
onde foram apresentados tra-
julgar pela experiência do ano
participa: http://bit.ly/programa-
Não Pára!”. Durante um mês
balhos de fotógrafos locais de
passado; 7ª Mostra de Teatro de
Mostra-te2018 l
18.05.2018 21
Cultura.Sul
Filosofia dia-a-dia
Maias & Maios fotos: d.r.
se colocam na beira das estradas no
do naipe das madeiras, estabelece
feriado do 1º de Maio. Basta percor-
de imediato a ligação com o bu-
rer a EN 125 para encontrar os Maios!
colismo normalmente associado a personagens míticos como os fau-
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras;
nos e as ninfas. O solo inicial da
arrulho de seus lábios
flauta remete-nos para a syrinx, um
O beijo que, bem baixo,
instrumento de sopro da Antiguidade
é perfídia segura,
Clássica mencionado por Mallarmé.
Atesta uma mordida
Alguns dos motivos apresentados
este meu seio virgem.
nesse solo de flauta serão utilizados
Mallarmé, A tarde de um fauno
em diálogos entre os instrumentos,
Manifestação da chamada Geração à Rasca em 2011
nomeadamente outros instrumentos Na minha imaginação Maio é o
de sopro de madeira. O facto de estes
e nós mesmos – actuem em conjunto
fogueiras acesas no topo dos montes
mês das Ninfas e dos Faunos. O poe-
motivos não sofrerem alterações ou
o que importa é modificá-lo. Karl Marx
Mais que esse doce nada,
para uma alteração rápida desta rea-
e em lugares considerados sagrados.
ta francês Stéphane Mallarmé publica
desenvolvimentos significativos ao
Maio é um mês que se inicia com
lidade, que se tornou insustentável”.
Celebra-se o fogo que livra das doen-
em 1876 a écloga A tarde de um fauno,
longo da obra demonstra que De-
um feriado. É o Dia do Trabalhador,
De salientar como neste protesto
ças e purifica, e o reinício da vida na
com ilustrações do pintor impressio-
bussy tentou, mais do que trabalhar
portanto, não se trabalha! A História
não se coloca a culpa apenas nos ou-
natureza de forma primordial, sim-
nista francês Manet. O poema, cujo
o desenvolvimento temático, criar
mostra, com uma frequência avassala-
tros, pelo contrário, a própria geração
ples e pura. Em tempos remotos esta
excerto se cita acima, continua a ser
sonoridades evocativas e timbres or-
dora, como os dias festivos costumam
traz para si o peso da responsabilida-
festa da fertilidade da terra e da união
um marco na história do simbolis-
questrais inovadores, nomeadamente
ter origens violentas. O feriado de 1 de
de e a vontade de mudar as coisas.
entre a energia masculina e femini-
mo na literatura. Evoca as emoções
na conjugação de instrumentos de
Maio não é excepção. A sua origem
Apesar das operações de cosmética,
na, incluía a relação sexual livre entre
sensuais de um fauno, despertadas
sopro de madeira com as harpas
foi uma manifestação de 500 mil tra-
como por exemplo a da passagem a
homens e mulheres, mesmo que es-
pela passagem das ninfas pelo bos-
e sonoridades em surdina nos ins-
balhadores que ocorreu nas ruas de
contrato de trabalho de alguns Bolsei-
tivessem casados. Todos os filhos
que. A trama de eventos é vagamente
trumentos de metal e cordas”. (H.
Chicago, em 1886, seguida de uma
ros de Investigação — que acontece de
gerados em Beltane eram considera-
aludida. A linguagem simbólica de
Marinho, Casa da Música, 2012). Es-
greve à escala nacional. Foi a primeira
forma aleatória, com base em datas de
dos filhos do deus — Belenos — deus
Mallarmé apenas sugere.
tas novidades na forma de compor
reivindicação de direitos dos trabalha-
atribuição de bolsa e não por mérito
do fogo e da Luz.
dores de que se tem conhecimento!
científico! — sete anos passaram e os
Quando em França, três anos depois, o Congresso Operário Internacional
Inspirado no poema, Debussy
pareceram bizarras e desagradaram
O que talvez o caro leitor não saiba
compõe em 1894 o Prélude à L’après-
ao público, tendo Debussy sido acu-
problemas persistem. Continua actual
é que, em Portugal, a Festa das Maias
-midi d’un Faune, tão belo aos nossos
sado — imagine-se! — de ausência de
este manifesto da Geração à Rasca que
é um vestígio desse ritual celta. As
ouvidos de hoje, mas que causou
melodia. Em 1912, em Paris, Nijinsky
convocou uma manifestação anual
possui “o maior nível de formação na
portas e janelas das casas ou as gre-
uma imensa estranheza na época!
assina a sua primeira coreografia
em homenagem às lutas sindicais de
história do país”. Vale a pena ler na
lhas dos automóveis são enfeitadas
As características gerais do simbo-
para os Balés Russos de Diaghilev,
Chicago, a primeira acabou com 10
íntegra! Actuais continuam também,
com ramos de giesta amarela ou com
lismo poético acima mencionadas
interpretando como bailarino prin-
mortos!
algumas das teorias marxistas sobre
coroas de flores chamadas Maia ou
estão também presentes na música
cipal o papel de fauno. Inspirado no
Se no século XIX foi de grande ori-
a sociedade, a economia e a políti-
Maio. Também as crianças se enfei-
orquestral de Debussy, embora a
monólogo onírico de Mallarmé e ao
ginalidade lutar pelos direitos dos
ca, que também valeria a pena reler.
tam de flores e vão de casa em casa
relação com o poema de Mallarmé
som do Prélude de Debussy, Nijinsky
cantar e pedir. Aqui no Algarve há o
seja propositadamente não explici-
simula que se masturba com uma
Sempre depois da sesta
costume de se fazerem bonecos em
ta. Fazê-lo seria atraiçoar a própria
écharpe, antes de voltar a adormecer,
ou empregados precários. Em Por-
chamando as flores
tamanho natural, normalmente de
natureza do poema e da música
deixando-se levar pela fantasia de um
tugal, em 2011, realizou-se uma
Era o dia da festa Maio de amores
palha e trapos, vestidos de forma
simbolista. No entanto, “a utilização
encontro amoroso com uma bela nin-
grande manifestação da chamada
Zeca Afonso, Maio, Maduro Maio
alusiva a profissões específicas, que
frequente de instrumentos de sopro
fa. O publico escandaliza-se! Como se
trabalhadores, no Séc. XXI temos outra maré: a dos desempregados
não bastasse a novidade que o sim-
Geração à Rasca, que se considera a si mesma “apartidária, laica e pací-
Para a religião católica, Maio é sem
bolismo literário introduz com este
fica”. No seu manifesto pode ler-se:
dúvida o mês de Maria, da celebração
poema, alia-se-lhe a extravagância da
“Nós, desempregados, ‘quinhento-
das aparições de Nossa Senhora aos
música de Debussy e, sobretudo, a
seuristas’ e outros mal remunerados,
três pastorinhos na Cova da Iria. A
ousadia da coreografia de Nijinsky!
escravos disfarçados, subcontratados,
primeira aparição da Virgem Maria
Quando tudo parecia perdido,
contratados a prazo, falsos trabalha-
terá ocorrido no dia 13 de Maio de
Diaghilev, fundador e director dos
dores independentes, trabalhadores
1917, repetindo-se durante seis me-
Balés Russos, tem um golpe de gé-
intermitentes, estagiários, bolseiros,
ses seguidos. Por este motivo, Maio é
nio: em vez de retirar o bailado de
trabalhadores-estudantes, estudan-
denominado mês Mariano.
cena, repete o espectáculo. As lota-
tes, mães, pais e filhos de Portugal. (...)
Maio é também o mês daquele
Protestamos para que todos os res-
que é considerado o mais alegre dos
ponsáveis pela nossa actual situação
festivais celtas: Beltane! Os participan-
de incerteza – políticos, empregadores
tes cantam e dançam em redor das
ções esgotaram! Inscrições para o Café Filosófico:
No 1º de Maio é hábito colocar os Maios junto à EN 125
filosofiamjn@gmail.com l
22 18.05.2018
Cultura.Sul
Reflexões sobre urbanismo
Urbanismo e políticas de habitação fotos: d.r.
presente uma intervenção urbanís-
qualidade de vida dos cidadãos. Es-
tica completa e com escala, da época
tando em fase de revisão dos PDM's,
modernista. Porém, a sobreposição
e devendo possuir uma estratégia
das infraestruturas rodoviárias aos
global, considera-se aqui que o pa-
centros históricos foi uma versão
pel do urbanismo sai reforçado, na
Teresa Correia
light à nossa maneira, deste pensa-
medida em que é imperioso definir
Arquitecta / urbanista
mento filosófico, em que acabou por
áreas suficientes de habitação face às
arq.teresa.correia@gmail.com
existir diversas demolições de bair-
necessidades, podendo esta habita-
ros, ficando a meio, com pedaços por
ção ser a custos controlados ou não.
Conceitos de urbanismo: Modernismo e Pós-Modernismo
completar e acertar.
As misturas de usos e de vivências
O Urbanismo Pós-Moderno, já
populacionais, de modo contrário à
com Kevin Lynch, procura contrariar
segregação de camadas da popula-
As cidades no Algarve foram sendo
esta filosofia, criando a imagem da
ção em “guetos” é fundamental para
construídas ao longo dos séculos por
cidade da perspetiva do utilizador,
uma sociedade equilibrada, evitando
camadas, por gerações e gerações,
valorizando um conceito de estru-
tendo malhas urbanísticas clara-
tura urbana nas ruas e percursos,
mente distintas face à época da sua
passando a existir um conjunto de re-
formação. Estas marcas do território
ferências, como limites, nós e bairros.
que são transmitidas pelos traços de
Nesta teoria, os centros históricos
um conjunto de arruamentos, assim
são defendidos e este pensamento
como pela morfologia de ocupação,
acabou por durar até aos dias de hoje.
biram face à procura económica de
tempos.
e o próprio desenho das fachadas, fazem o equilíbrio e a identidade
Habitação: que acesso?
soluções desumanas e pouco dignas.
A política de habitação é importante e exige um debate sério
Esta questão que parece ser óbvia e sem qualquer tipo de dúvida face
jada, por ser esforço financeiro mais
cal de apoio ao arrendamento, assim
às experiências anteriores, coloca-se
fácil de suportar.
como a construção de fogos habita-
nos dias de hoje, dadas as grandes
Por outro lado, como os preços
cionais por parte do Estado que foi
dificuldades de criar soluções de
dentro dos Centros Históricos su-
largamente descurada, nos últimos
realojamento. Terrenos privados livres e disponí-
negócios de todo o tipo, os espaços
A habitação e o povoamento é a
veis nos arrabaldes da cidade de Faro
de habitação serão naturalmente
essência das nossas cidades, sendo
são hoje ocupados com comunida-
uma cultura arquitetónica de uma
Com o crescimento da economia, e
instalados mais nas periferias das ci-
desejável a mistura entre as diferen-
des de etnia cigana, os quais uma vez
época, e são também um espelho
com um mercado de arrendamento
dades, assim como em zonas que não
tes funções, com o comércio local e
instalados, crescem em condições
do que foi a sociedade, do seu pen-
ainda débil, constata-se que esta-
tenham tanta pressão. Começam-se
os serviços. Sem pessoas não exis-
de insalubridade e de precaridade.
samento filosófico, dos seus traços
mos numa época em que os valores
a gerar de forma muito significativa,
te segurança, nem conforto, nem
Esta realidade deverá ser tratada,
sociais, da sua economia, etc.
de um local. Transmitem sobretudo
de mercado das habitações são real-
fenómenos de periferização, que na-
saudável convívio humano, pelo
procurando soluções alternativas
Durante a primeira metade do
mente excessivos para a generalidade
da têm de Modernismo, em termos
que é imperioso pensar as cidades
de habitação, adaptados à comuni-
século XX, o urbanismo moderno
dos cidadãos, empurrando os jovens
teóricos, mas apenas às lógicas de
com uma lógica do nosso tempo,
dade, eventualmente em habitações
defendeu a atribuição de zonas na
e a classe média ou média baixa para
mercado imobiliário.
mas equilibrando questões menos
térreas, e com áreas exteriores, em
cidade por funções, o comércio num
uma inacessibilidade à habitação de
positivas.
terrenos municipais.
espaço, as residências noutro, as liga-
forma generalizada.
O alojamento local face à procura turística em crescente produziu nal-
A política de habitação é impor-
A integração de outras comunida-
ções eram feitas por infraestruturas
Cresce, assim, um modelo econó-
gumas cidades, alguma turistização
tante e exige um debate aberto e
des como a dos pescadores da Praia
rodoviárias e os negócios nos centros
mico para o endividamento ou para
dos centros históricos, embora na sua
sério, sendo que é uma necessidade
de Faro, deverá ter uma solução con-
das cidades deverão estar próximos.
intervir. A subida de preços resultan-
digna, fora das zonas de risco, mas
Defendia-se, neste caso, a segmen-
te do desenvolvimento económico
em locais adaptados, coerentes com
tação, ou seja, a separação da cidade
é uma realidade. Em contraponto, a
o seu modo de vida. A localização
por partes, ou funções: Habitação,
urgência nas necessidades de habi-
do espaço ideal será uma tarefa dos
Comércio, Transportes e Negócios,
tação por tantos milhares de pessoas
técnicos urbanistas que serão es-
tendo como principal mote: a racio-
poderá fazer renascer os bairros de
pecialistas na procura de soluções
nalização, na verdade, foi chamado
lata e os subalugueres.
estratégicas para problemas mais específicos.
Urbanismo Racionalista, cujo mentor
O papel de uma autarquia ou de
principal foi o arquiteto “Le Corbu-
um governo deverá ser um regula-
A habitação é um direito cons-
dor destes casos, apoiando também
titucional, mas será de difícil
os desprotegidos, por ser esse o pri-
compreensão a reinstalação de habi-
meiro e principal papel do Estado.
tação em áreas vulneráveis em espaço
sier”. A concentração dos edifícios, sendo muitas vezes de altura sig-
Valores de mercado das habitações são excessivos para maioria
nificativa, com espaço livre no piso térreo, e verde, no restante espaço é
a vivência em casas partilhadas com
maioria, anteriormente estivessem
uma das imagens caraterísticas deste
os pais, ou no limite para o prolon-
desocupadas ou devolutas. Não se
dunar, quando tanto se demoliu, a Que urbanismo pretendemos?
pretexto deste fundamento.
Todos devemos procurar parti-
gamento da vida de solteiro, dado
poderá entender de forma simplista
Em Faro ou no Algarve, apesar de
que é mais fácil, cómodo e acessível.
que este problema de acesso à habi-
O ato de projetar próprio dos ar-
cipar nas decisões, com uma visão
termos excelentes exemplares de ar-
A procura por apartamentos peque-
tação é apenas uma consequência do
quitetos deverá ter uma lógica que
abrangente e integradora, e exigir
quitetura modernista e com muito
nos, muito mais reduzidos, flexíveis,
alojamento local, dado que existem
possa dar força a opções de pla-
as soluções adequadas para o nos-
valor patrimonial, não consigo ter
é agora uma solução também dese-
outras questões como a legislação fis-
neamento determinantes para a
so território. l
tipo de urbanismo.
18.05.2018 23
Cultura.Sul
Letras e leituras
Florinhas de Soror Nada - A Vida de Uma Não-Santa, de Luísa Costa Gomes Luísa leica
Paulo Serra Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve;
Luísa Costa Gomes, nascida em
d.r.
Investigador do CLEPUL
Lisboa em 1954, licenciada em Filosofia, professora, directora da
Luísa Costa Gomes gosta de dispersar a sua escrita pelas mais variadas área
revista de contos FICÇÕES, gosta de dispersar a sua escrita pelas mais variadas áreas, do teatro
religioso, como convém a uma
vincada que por vezes aproxima
idade da protagonista, como se a
sou, teve filhos, e netos, e adoe-
ao conto, da crónica à tradução
hagiografia ou narrativa de vi-
o livro da sátira. É emblemático
consciência da vivência do tem-
ceu, sem grande encantamento
e legendagem, da mesma forma
da de santo, mas quase sempre
o episódio em que Teresa arranca
po fosse mais lata quanto mais
ou marcos assinaláveis que dis-
que gosta de alternar a escrita de
aplicado com humor. Igualmen-
a orelha da estátua, como quem
pequenos somos e menos vida
tingam a vida dessa mulher de
um romance com outras tarefas.
te marcante é a ironia da autora,
leva uma relíquia…
acarretamos.
outra qualquer. É também nesse
Sob a chancela da Dom Quixote,
por vezes com um sentido crítico
Teresa Maria mostra um exces-
A autora parece ainda expla-
momento que é mais fácil para
este é o mais recente romance
mais cáustico, enquanto procu-
so de autoconfiança que é, aliás,
nar o modo como na infância a
o leitor simpatizar ou criar em-
da autora, quatro anos depois
ra retratar a natureza contradi-
o que lhe permite desafiar mes-
vocação ou o sentido de missão
patia com as vivências da prota-
de Claúdio e Constantino (2014),
tória desta criança que se quer
mo a família, que pouca impor-
é muito mais forte, mas confor-
gonista. Mas também assistimos
e cerca de dois anos depois da
santa (note-se o subtítulo A Vida
tância lhe dá, quando toma a pei-
me se dá a sua imersão na vida
ao modo como em Teresa Maria,
reedição revista de A Vida de Ra-
de Uma Não-Santa), ao mesmo
to a sua vocação ou o ofício de ser
mundana e quotidiana, a «Ida-
no decurso da sua vida, há um
mon (1991, reeditado em 2016),
tempo que critica os religiosos,
santa. Tal como outros exemplos
de Média», Teresa Maria é cada
decréscimo da fé, em particular
curiosamente um texto de ca-
nomeadamente os padres, e os
bem documentados da história
vez menos uma Teresa de Ávila
após o «Sermão à Ranhosa», ao
rácter hagiográfico, um roman-
mitos e tabus.
das hagiografias, não se pense
e cada vez mais uma Maria, uma
ponto de renegar completamente
ce biográfico sobre Ramon Llull,
«[Teresa Maria] Reconhece-se
que a santidade de Teresa Maria
mulher sofredora, pois mesmo
a sua paixão de outrora por Deus,
místico e missionário nascido em
na indiferença com que as paro-
nasce sem mácula. Pelo contrá-
escapando ilesa aos martírios de
enquanto paradoxalmente au-
Maiorca, que viveu entre 1232 e
quianas recebem a indigna in-
rio, é depois do pecado, isto é,
santos, sobre os quais discorria
menta o seu apetite pelo vinho.
1316 e percorreu o mundo, do
vectiva, um encolher de ombros
das brincadeiras sexuais que tem
com um certo contentamento sá-
A narrativa estende-se numa
Mediterrâneo a África e à Ásia.
perante as tais e quais birras do
com Rafael, filho da criada de ca-
dico em criança, torna-se eviden-
via sacra de 13 capítulos, se bem
Florinhas de Soror Nada conta
padre; elas bem sabem que não
sa, que Teresa Maria mais acirra-
te como a vida humana é bastan-
que chegando ao fim, é como
a vida de Teresa Maria, nascida
pecaram, não têm o hábito de
damente procura redimir-se.
te difícil por si só, sem o estigma
se estivéssemos já mergulhados
no seio de uma família burgue-
pecar, não porque não queiram,
A autora brinca com a lingua-
da diferença:
na leitura de um outro livro, tão
sa na segunda metade do século
ou não possam, mas na aldeia
gem da mesma forma que des-
«Sofrer ou morrer, cumprindo
forte é o cisma que se sente nu-
XX e perante um pai distante e
a oportunidade raramente se
monta dogmas, enquanto narra
o lema de Teresa em Ávila? Teresa
ma segunda parte da narrativa,
uma mãe incrédula, vai afirman-
apresenta. Vivem ambas num
a história de uma jovem que tão
que se aguentasse em Ávila, era
com a mudança de paradigma
do a sua vontade em ser santa:
dia-a-dia de caldos e cuidados,
depressa tem brincadeiras explo-
forte e façanhuda, tinha a sua
por parte de Maria Teresa, quan-
«São Francisco jejuou quarenta
de quando em vez há um pen-
ratórias sexuais com Rafael (com
própria ambição de vir a figurar
do aos 97 anos se prepara para
dias, e ela não pode saltar o jan-
samento menos caridoso, um
nome de anjo) como depois corta
no calendário. Mas ela não. Não,
morrer. Chegados ao final do
tar?» (p. 33)
afundar-se no desespero, mas de
o cabelo à tesourada ou põe cin-
assim não.» (p. 134)
livro, retoma-se o que lemos no
Ler esta narrativa é como ou-
passagem, ao fim da tarde, antes
zas na comida. A infância desta
Perto do final do romance, no
início, num género de prólogo,
vir uma reza, tal o ímpeto da
da solidão da noite, que dormem
jovem é desfiada num rosário
último capítulo justamente in-
onde se pressentia a desconexão
linguagem que corre escorreita,
dum sono só.» (p. 125)
lento e espaçado, para depois no
titulado «Vida», lê-se em cerca
de uma mente perdida, próxima
límpida, musical, coloquial, por
A ironia e o humor pautam a
fim a narrativa ganhar novo fôle-
de quarenta páginas a súmula
da demência ou do esquecimen-
vezes com arcaísmos. Há ainda
escrita da autora, se bem que nes-
go e ímpeto, enquanto passa em
de toda a vida da protagonista,
to: «A morte já passou, falta mor-
uma profusão de vocabulário
te livro haja uma intenção mais
revista a idade adulta e a terceira
ficando o leitor a saber que se ca-
rer.» (p. 12) l
24 18.05.2018
Cultura.Sul
Artes visuais
Podem as artes visuais expressar felicidade? XXI, com o incremento da Psicolo-
tuir um meio para a felicidade
Através de vídeo, infografias,
quanto mais vezes se pratica, e de
gia Positiva, a felicidade começa a
de quem as produz. Inclusive, no
esculturas e instalações intera-
forma mais convicta, melhores são
ser avaliada e estudada com rigor
artigo “Onde está a “pureza” na
tivas, bem como de humor e
os resultados. Conforme ele próprio
metodológico.
produção artística?”, analisámos
interação, esta exposição convida
refere, “estudo o tema da felicida-
Até aí, a investigação em Psico-
a questão da “liberdade” do artis-
os participantes a pensarem sobre
de há vários anos e percebei que 15
logia tinha-se centrado mais sobre
ta e fizemos referência à teoria de
a felicidade de uma forma geral e
minutos de exercício matinal fazem
Saul Neves de Jesus
os aspetos negativos do ser hu-
Csikszentmihalyi. De acordo com
sobre a sua própria felicidade em
a diferença”.
Professor catedrático da UAlg;
mano do que sobre os positivos,
esta teoria, quando se encontram
particular. Trata-se duma viagem
Nesse sentido, quis ter na expo-
Pós-doutorado em Artes Visuais
tendo-se verificado, por exemplo,
em estado de fluxo, as pessoas apre-
pela mente de Sagmeister e pelas
sição um elemento que remetesse
pela Universidade de Évora
através duma meta-análise dos arti-
sentam um sentimento de total
suas visões inovadoras, aparente-
para a atividade física. Trata-se da
gos referenciados no “Psychological
envolvimento e têm a consciência
mente simples, sobre como sermos
“bicicleta mensageira”, em que
“Ser feliz” é o principal objetivo
Abstract”, entre 1987 e 1999, que
totalmente focada na atividade em
mais felizes. Apela a uma atitude
o visitante é convidado a peda-
da maioria das pessoas, sintetizan-
foram publicados mais artigos
si. A motivação intrínseca e a felici-
mais participativa na busca dessa
lar uma bicicleta estática frente a
do desta forma vários aspetos que,
sobre emoções negativas do que
dade do artista estão relacionados
felicidade, afirmando inclusiva-
um grande letreiro de néon. Até
subjetivamente, contribuem pa-
positivas, na ordem de 14 para 1.
com este estado de fluxo.
mente que esta se treina, tal como
que se acendam luzes. Qualquer
treinamos o nosso corpo.
pessoa pode sentar-se e pedalar e,
ra a felicidade de cada um, desde
A influência do modelo médico
objetivos mais materialistas e lon-
fotos: d.r.
gínquos, como ter um bom carro
Além disso, conforme explicitámos no artigo “Pode a arte
Durante mais de dez anos,
enquanto o faz, tem um painel de
motivar?”, para além da felicidade
Sagmeister realizou uma inten-
néons que vai mudando a mensa-
ou uma boa casa, até objetivos mais
de quem produz arte, esta questão
sa pesquisa sobre o conceito de
gem, sendo visualizadas mensagens
intrínsecos e imediatos, como apro-
também pode ser analisada na
felicidade, tendo inclusivamen-
inspiradoras, do que se pode fazer
veitar cada momento.
perspetiva da mensagem visual
te passado por três atividades:
para ser mais feliz, ou pelo menos
poder ter impacto na própria fe-
meditação, terapia cognitiva e pro-
tentar.
licidade de quem aprecia a arte.
dutos farmacêuticos que alteram
Tendo em conta que o sorriso é
Considera-se impossível alcançar uma felicidade permanente, pois como quase tudo na vida é
A este propósito, fizemos referên-
o humor. Assim, fez três meses de
contagiante, nesta exposição tam-
cíclico, começando desde logo pe-
cia à obra que realizámos em 2018
meditação baseada em mantras bu-
bém pode ser vista a instalação
lo bio-ritmo do sujeito, também a
intitulada “Secrets for a happy life
distas na Indonésia; três meses de
de cubos de açúcar que reagem
perceção de felicidade implica o su-
(Homage to Banksy and Einstein)”,
terapia cognitiva com uma psicó-
ao sorriso das pessoas, ficando os
jeito já ter tido também a perceção
em que uma mão segura dois ba-
loga em Nova Iorque; e três meses
cubos iluminados quando as pes-
de alguma infelicidade. É por isso
lões, cada um deles com uma frase
que a felicidade é uma construção
que constitui um segredo para uma
Além disso, na exposição tam-
soas sorriem.
vida com mais qualidade ou mais
bém podem ser vistas frases escritas
uma pessoa não é o mesmo que o
Imagens da exposição 'The
feliz. Das duas frases, destacamos
na parede, como por exemplo: “Se
que faz feliz outra. Há medida que
Happy Show”, de Stefan
aquela que é considerada o segre-
eu viver nos EUA e ganhar mais de
o tempo de vida passa, tornamo-
Sagmeister (2018)
do da felicidade de Einstein, escrita
85 mil dólares por ano, qualquer
subjetiva, sendo que o que faz feliz
em 1922 e leiloada em 2017 por 1,3
dólar a mais não faz praticamen-
própria felicidade, pelo que po-
encontrava-se bem presente nesta
milhões de euros, sendo conside-
te diferença nenhuma. Para o meu
demos aprender a avaliar o que
bem-estar geral, não interessa se
-nos mais especialistas da nossa abordagem, sobrevalorizando-se a
rada a frase mais cara de todos os
nos faz bem. Embora possa haver
identificação e a resolução de situa-
tempos: “A quiet and modest life
ganho 100 mil, 100 milhões ou 10
alterações no estado de felicidade
ções de doença.
brings more joy than a pursuit of
mil milhões de dólares por ano.”
do sujeito, não sendo possível en-
A Psicologia Positiva emerge da
success bound with constant un-
A própria avaliação da felicidade
contrar-se constantemente num
constatação de que era necessário
rest” (“Uma vida calma e humilde
de cada visitante pode ser feita nes-
estado de felicidade absoluta, pode
alterar a tendência predominante-
traz mais felicidade do que a bus-
ta exposição, através de rebuçados.
aprender a desenvolver um esta-
mente negativa. Assim, dever-se-ia
ca pelo sucesso numa agitação
São dez tubos gigantes cheios de
do de maior felicidade geral pela
estudar o lado positivo do ser huma-
constante”).
aproximação àquilo que começa a
no e intervir no sentido de ajudar as
Nesta perspetiva da abordagem
Integra a exposição 'The Happy
guindo as instruções, o participante
considerar ser a sua vocação ou o
pessoas a aumentar as suas forças e
da felicidade através das artes vi-
Show', de Stefan Sagmeister
deve retirar apenas um bombom
sentido da sua vida.
a desenvolver o seu potencial para
suais, destacamos a exposição
uma maior alegria, satisfação com
“The Happy Show”, de Stefan
de medicação antidepressiva. Das
a vida, bem-estar e felicidade.
Sagmeister, a qual poderá ser vi-
três experiências, a terapia cogni-
“The Happy Show” conta já com
Sendo uma expressão muito usada na linguagem do dia a dia,
rebuçados numerados de 1 a 10. Se-
que corresponda ao nível da sua felicidade naquela escala.
o conceito de felicidade só recen-
No âmbito das artes visuais, a
sitada no MAAT (Lisboa), até ao
tiva terá sido a que mais o marcou,
um total de mais de meio milhão
temente começou a ser objeto de
felicidade tem sido sobretudo
dia 4 de junho. Esta é a décima
levando-o agora a aventar a hi-
de visitantes em todas as cidades
investigação científica pois, até
analisada na perspetiva de ser o
apresentação, tendo a primeira si-
pótese de que podemos treinar o
em que esteve presente.
final do século XX, o estudo da fe-
resultado da prática da produção
do realizada em 2012, no Instituto
cérebro para que este sinta felicida-
Aproveite para visitar esta ex-
licidade estava muito associado ao
artística, sendo que a realização
de Arte Contemporânea da Univer-
de. Compara até este treino a uma
posição agora em Lisboa. Vale a
esoterismo. Só no início do século
de obras artísticas pode consti-
sidade da Pensilvânia, nos EUA.
ida ao ginásio, no sentido em que
pena... l
18.05.2018 25
Cultura.Sul
Espaço ALFA
Vida selvagem do Botswana e África do Sul
Vítor Azevedo Vice-presidente
Sempre gostei de fotografar a na-
sidade de conhecer e respeitar os
Depois de muitos anos sem expor
e sobrevivência que surgiu o título
tureza e a vida selvagem pelo prazer
hábitos e os espaços dos animais, o
decidi desenvolver um conjunto de
para este conjunto de fotografias.
de poder estar em campo aberto em
seu ciclo de vida e a adrenalina que
trabalhos fotográficos a que atribuí
Porque a vida e a morte andam de
contacto com a vida, perto de peque-
sobe no momento do encontro são
o nome genérico “VIDA”. O primei-
mão dada numa constante renova-
nas aves ou de grandes mamíferos e
alguns dos motivos que dão imen-
ro desse conjunto de fotografias tem
ção, gerando mais VIDA.
em especial felinos de grande porte.
so prazer a quem faz este tipo de
como título “Vida” – Vida selvagem
fotografia.
do Botswana e África do Sul”.
A sensação de liberdade, a neces-
da Assembleia Geral da ALFA pub
Estas fotografias foram feitas no Parque Nacional do Chobe, no Bots-
A vida, a sobrevivência, a cadeia
wana e na Reserva de Timbavati, na
alimentar. A morte que está inti-
África do Sul. Ficam convidados a
mamente ligada à vida e que se
visitar a exposição “Vida” - Vida Sel-
transforma num renascer constan-
vagem do Botswana e África do Sul
te e cíclico, foi o motivo que me
que está patente até 26 de Maio na
moveu para iniciar este primeiro
ALFA - Galeria Arco, Rua António
trabalho. Foi da mistura de beleza,
Maria Labóia, nº 1, em Faro, de se-
brutalidade, doçura, agressividade
gunda a sábado das 15 às 19 horas. l d.r.
Imagem que pode ser apreciada na exposição 'Vida'
26 18.05.2018
Cultura.Sul
Espaço ao Património
Ficha técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural
‘Pelos que andam sobre as Águas do Mar’: documentário a partir de 'Os Pescadores', de Raul Brandão
Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve
fotos: d.r.
de Residências Artísticas nas localidades onde o espetáculo é
• Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho
apresentado. Durante esses períodos de Residência é feita uma
• Espaço AGECAL: Jorge Queiroz
pesquisa sobre a comunidade, Raquel Belchior
privilegiando o contacto direto
Produtora
com a população, recolhendo
raquel_belchior@hotmail.com
• Espaço ao Património: Isabel Soares
testemunhos e histórias de vida que posteriormente são integrados
Notas sobre o projeto:
na dramaturgia do espetáculo, que
Espectáculo de teatro inspirado na obra de Raul Brandão
“Pelos que Andam sobre as Águas
se alimenta dessa profusão de estó-
não seria possível. Interessa-nos
almoçar e, na impossibilidade de tal
do Mar” é um espetáculo de teatro
rias, factos, mitos do passado e do
fazer deste projeto um lugar de
acontecer, prepara-se um saco com
documental onde convocamos
presente. Posteriormente estas ex-
encontro efetivo e afetivo com as
sarguetas para levarmos para casa.
a obra OS PESCADORES, de Raul
periências e recolhas serão também
pessoas. Neste sentido, o contacto
Para o almoço as favas serão apanha-
Brandão, adaptando à cena as suas
incluídas numa edição em livro so-
com os vários Museus que connos-
das na pequena horta que o Sr. Zé
palavras e inspirando-nos no iti-
bre o processo artístico do projeto,
co colaboram foi essencial, pois são
Miguel fez à beira-mar. A solidarie-
nerário que o autor realizou pela
algo que consideramos de extrema
eles as instituições locais que mais
dade e a partilha são características
costa portuguesa no início do séc.
importância para memória futura,
incorporam uma missão de proxi-
que temos encontrado em todas as
XX para a escrita do seu livro. As
combatendo a indubitável efeme-
midade e investigação permanente
comunidades onde temos trabalha-
com e sobre a população.
do e aqui não é exceção. E também
sua memórias e deambulações são acompanhadas pelo forte croma-
estas mãos, cujos dedos engrossa-
tismo das paisagens que nos dão a
Portimão – notas prévias
ver a dimensão do nosso mar e de
ram com o tempo e com o sal, nos testemunham a sabedoria de quem
quem dele fazia vida.
Depois de Nazaré, Sesimbra, Tróia,
conhece os mares e os seus fundos,
Esta obra, escrita há mais de 90
Montijo e Setúbal, chegamos a Porti-
como as linhas que caminham nas
anos, permanece como um dos
mão. Raul Brandão não se demorou
suas palmas.
mais belos roteiros literários dos
por aqui, mas imaginamos os seus
nossos portos, praias e rias, e um
olhos vivos no deslumbramento da
testemunho fundamental da reali-
luz, da cor e da “cenográfica Praia da
dade litoral do nosso país. Partindo
Rocha”. O seu destino era Sagres. O
No dia 1 de junho, no Auditório
do livro de Raul Brandão e do traba-
nosso foi Alvor, que visitámos pela
do Museu, duas atrizes darão corpo
lho de pesquisa junto de diferentes comunidades piscatórias, “Pelos que
Peça sobe ao palco de Portimão a 1 de Junho
Andam sobre as Águas do Mar” assenta numa abordagem antropo-
ridade teatral.
Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus
Notas para o futuro
primeira vez em março, não sem
e voz às histórias recolhidas, convo-
antes conhecermos os três percur-
cando de forma poética a memória
sos que a antiga fábrica de conservas
e a paisagem da nossa costa e das
La Rose, hoje Museu de Portimão,
suas gentes. A elas se juntará um
lógica que nos possibilitou explorar
No cruzamento e interligação
nosso parceiro, nos oferece. A visita
coro de mulheres da comunida-
linhas de pensamento e perspeti-
de diferentes olhares e narrati-
à vila piscatória acontece graças à
de de Alvor, entoando a tragédia
vas diferentes sobre o livro e sobre
vas, construímos uma abordagem
colaboração do Museu, que nos pos-
e a esperança que o mar sempre
aquilo que define as comunidades
multidisciplinar que traça uma
sibilitou ter como guia a Dra. Patrícia
nos convoca, numa homenagem a
marítimas à luz da contemporanei-
ponte entre a realidade da pesca,
Ramos, já conhecida na comuni-
quem faz ou fez do mar a sua vida.
dade. Partimos do pressuposto que
a etnografia, a literatura e o teatro.
dade. Somos recebidos de braços
Procuramos com este projeto um
a pesca é um fenómeno humano e
Porém, nesta procura de estar perto
abertos entre as centenas de fios de
tipo de teatro que fale das pessoas,
por isso social, cultural e identi-
daqueles que fazem do mar o seu
nylon que recebem o isco. Prepara-
dos lugares e do nosso património
tário, encerrando em si vivências
chão seguro, são da maior impor-
-se o aparelho e fala-se da vida junto
conjunto, local e universal! O que
e conhecimentos que apontam
tância as instituições que connosco
ao rio, do velho salva-vidas. Rapida-
contamos não é nosso. Não nos
para especificidades locais e ter-
colaboram, pois o encontro com as
mente alguém nos traz um copo de
pertence. Pretendemos apenas que
ritoriais. Sendo a proximidade ao
comunidades implica um trabalho
medronho… É de manhã ainda, mas
não sejam esquecidas as histórias
mar e àqueles que dele fazem vi-
continuado, de investimento físico
está fresquinho e não há qualquer
que nos unem. O teatro servirá em
da um dos pilares deste projeto,
e emocional que, sem parceiros que
hipótese de renunciar a oferta. So-
última instância para isso. Sejam
tornou-se imperativo a realização
a ele se dediquem regularmente,
mos rapidamente convidadas para
bem-vindos ao palco do Museu! l
• Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Na Ágora: Adriana Nogueira • What ever happened to... Pedro Jubilot • Reflexões sobre urbanismo: Teresa Correia Colaboradores desta edição: Raquel Belchior, Vítor Azevedo Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com on-line em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve facebook: https://pt-pt.facebook.com/postaldoalgarve/ Tiragem: 10.000 exemplares
18.05.2018 27
Cultura.Sul
Na Ágora
A falácia da vitória
Adriana Nogueira Classicista; Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com
Havia na casa dos meus pais um livro de contos de Mark Twain (autor sobejamente conhecido por ter criado as personagem de Tom Sawyer e Huckleberry Finn), que eu muito gostava de ler. Ao mesmo tempo que me fascinava algum absurdo que caracterizava aquelas histórias, incomodavam-me outras, que me deixavam a pensar, durante uns tempos, no seu conteúdo. O que não é mau: um pouco de inquietação tira-nos da nossa zona de conforto, como agora se diz, mas isso também é estimulante. Esse livro tem contos com bastante graça, a roçarem o surreal (como «O criado negro de George Washington», que descreve o nonsense da notícia da morte daquele homem, repetida durante décadas; ou «A entrevista», uma história em que o entrevistado não sabe se foi ele ou o irmão gémeo que morreu afogado em criança), porém, houve um que me perturbou especialmente, por destruir as crenças que me confortavam. Nunca mais me esqueci de «A história do menino que não teve contratempos». É uma narrativa bem-humorada, mas desencantada, que descreve a realidade (ou uma realidade), em confronto com o idealismo a que a Literatura, por vezes, nos leva, ridicularizando um certo tipo de textos piedosos e moralistas. Assim, enquanto, nessas histórias, os meninos maus (normalmente chamados Jaiminho, diz o autor) «têm uma mãe doente, piedosa e tísica, dessas que desejariam estar em repouso no túmulo, se não fosse o grande amor que dedicam ao filho», a mãe deste Jaiminho «nada tinha de tuberculosa, ou coisa parecida. Era, antes, robusta, e muito pouco piedosa. Além disso, preocupava-se muito pouco com o filho. Dizia mesmo que, se ele morresse, não se perderia grande coisa». O narrador dá vários exemplos de como a realidade diverge da ficção, como daquela vez em que, na escola, Jaiminho roubou um corta-papéis ao professor e o escondeu dentro do chapéu de George, um menino bom e excelente aluno. «O professor acusou-o de roubo, ia bater-lhe, mas – coisa estranha! – não apareceu lá nenhum daqueles inverosímeis juízes de paz, de cabelos brancos, a dizer em atitude teatral: “– Perdoai a esse nobre jovem! Ele está a ocultar o verdadeiro culpado! Eu passava casualmente pela porta, e vi sem ser visto, como o roubo foi perpetrado!” Jaiminho não apanhou uns bofetões, nenhum venerável juiz condecorou a comovida escola, ninguém agarrou George pelo braço, dizendo-lhe que um jovem como ele merecia todos os aplausos. (…) Não. Assim está e é nos livros, mas a
Jaiminho não aconteceu tal coisa. Nenhum intrometido juiz se interpôs, e George, o menino modelo, apanhou as pancadas, com grande alegria de Jaiminho (…). Mas a coisa mais estranha ocorreu, quando, num domingo, indo remar, não se afogou (…). Podeis procurar e reprocurar nos livros religiosos e nada entrareis de parecido. Qual! Vereis que todos os meninos maus que vão remar aos domingos, invariavelmente se afogam. (…) Jaiminho cresceu, casou-se e teve muitos filhos. (…) Agora é o canalha mais perverso da terra, desfrutando de respeito universal e foi eleito membro do corpo legislativo da cidade.» Esta história veio-me à memória, há dias, ao assistir a uma palestra de Robert Wallace, docente na Northwestern University (E.U.A.), sobre Tucídides (historiador grego que, no século V a.C., escreveu sobre a guerra que opôs Atenas a Esparta durante 27 anos). A tese do professor Wallace é a de que Tucídides, no fundo, é um moralista, porque apresenta os factos presentes na Guerra do Peloponeso de modo a salientar a ideia de que Atenas perdeu devido às suas más ações, como uma espécie de punição que sempre acontece a quem não age corretamente. Claro que Tucídides não nos conta tudo, nem o que narra é exatamente fiel aos acontecimentos (a que temos acesso por outras fontes), mas esta leitura do professor Robert Wallace é interessante e, de algum modo, satisfaz a nossa necessidade de explicação para o resultado final. O comportamento dos Atenienses mudou ao longo do tempo. Se, inicialmente, mantêm uma posição de bom senso, afirmando não desejar entrar em guerra e ajudando os aliados, mostram, com as sucessivas vitórias que vão tendo, ser tão impiedosos como os seus inimigos. Um dos momentos mais intensos é a conversa travada entre Atenienses e Mélios (habitantes da ilha de Melos. Curiosidade: foi aqui que foi encontrada a famosa estátua que está no Museu do Louvre, conhecida como «Vénus de Milo». Na verdade, esta obra deveria ser chamada de «Afrodite [porque é o nome grego da deusa Vénus] de Melos»). Diálogo dos Mélios Este encontro entre Atenienses e os representantes dos Mélios mostra como aqueles se comportaram quando consideraram ser os mais fortes. Os Atenienses querem que os Mélios se aliem a si, contra os Espartanos. Os Mélios, aliados dos Espartanos, querem manter-se neutrais. Atenas não pode consentir. Os Mélios relembram-lhes que, um dia, poderão estar na mesma situação, mas os Atenienses não se comovem, talvez, porque, diz Tucídides, é «costume dos homens confiar aquilo que desejam vivamente à esperança, que não pensa, e usar raciocínio teimoso para rejeitar o que não querem» (5.108.4). O que eles revelam, sem pejo, é a sua política de manutenção e aumento de poder e o seu envolvimento nessa engrenagem: submetem os mais fracos, receiam os mais fortes, e têm necessidade de apresentar os Mélios como exemplo da sua força, pois, como potência
Obra de Tucídides marítima, não podiam permitir que houvesse uma ilha que não fosse sua aliada. O diálogo é cru: «Atenienses: (…) sabeis, como nós sabemos, que o que é justo na vida humana só é avaliado em circunstâncias equivalentes, e que os mais fortes fazem o que podem, enquanto os mais fracos fazem o que devem. (…) Mélios: Desta forma vós não permitis que, ao sermos neutrais, sejamos vossos amigos em vez de inimigos, sem sermos aliados de nenhuma das partes? Atenienses: Não é assim. A vossa hostilidade não nos fere tanto quanto a vossa amizade, porquanto esta será uma prova da nossa fraqueza frente aos que são nossos súbditos, enquanto o ódio é prova do nosso poder» (5. 94-5) Os Mélios não cederam. Um tempo depois,
'Contos' de Mark Twain os Atenienses mataram todos os homens da ilha e escravizaram as mulheres e as crianças. Contudo, como já os Espartanos lhes haviam dito: «não é normal que [...] pensem que a sorte estará sempre convosco» (4.18.3.), no final, Atenas perde a guerra. Mark Twain acaba por cair na mesma lógica, porque Jaiminho não pode ter tido só sucessos com as suas maldades, assim como Esparta não ficou vitoriosa para sempre, nem Atenas permaneceu como eterna perdedora. Antes pelo contrário. Uns séculos mais tarde, já súbdita do império romano, o poeta Horácio afirma que a Grécia (referindo-se, provavelmente, a Atenas, a mais significativa representante da cultura helénica), mesmo capturada, na verdade, foi ela que capturou o seu feroz vencedor, aludindo ao valor que Roma, apesar de vitoriosa, dava àquela civilização: Graecia capta ferum victorem cepit l pub
28 18.05.2018
Cultura.Sul
Marca d'água
Dos Templários à Ordem de Cristo no Algarve: Um património com potencial turístico a valorizar fotos: d.r.
que têm potencial para desen-
bens dos Templários extintos em
Templária, que atraísse visitantes
volver actividades de valorização
1312, mas foi a Ordem de Cristo a
entusiastas do turismo religioso e
histórico-patrimonial e turística
principal herdeira.
militar.
associadas ao legado templário e
Em Castro Marim, tal como já foi
Poderia promover por exemplo
ao legado da Ordem de Cristo. Exis-
referido, estiveram os Cavaleiros
umas Jornadas sobre Templários
tem muitos factos históricos e mui-
Templários, também conhecidos
e/ou sobre Ordem de Cristo. Por
Maria Luísa Francisco
tas histórias que podem fazer parte
por Cavaleiros da Ordem do Tem-
exemplo os encontros, retiros ou in-
Investigadora na área da Sociologia;
de uma narrativa orientada para a
plo. Nesta vila foi criada, em 1319,
vestiduras das Ordens que têm por
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
informação a viajantes e turistas.
a primeira sede da Ordem de Cristo,
base a Cavalaria Espiritual Templá-
posteriormente transferida para To-
ria, poderiam realizar-se em Castro
mar em 1356.
Marim.
da Universidade Nova de Lisboa
luisa.algarve@gmail.com
Neste artigo farei um breve en-
Os Templários foram os primeiros a, em nome do Rei de Portugal, guardar a entrada do Rio Guadiana.
O facto de uma Ordem de ma-
A peça escultórica existente na
Foi uma zona de grande im-
triz nacional ter tido implantação
rotunda principal e entrada da vi-
Ermida Nª Srª de Guadalupe
quadramento da presença Templá-
la, com a inscrição “Cavaleiro da
um cunho internacional, nacional
ria e da Ordem de Cristo no Algarve.
Ordem”, chama a atenção para a
e regional a partir do Algarve.
Farei também algumas sugestões
presença das Ordens de Cavalaria
O Infante passou uma impor-
para actividades de valorização
e abre o desejo ao visitante de co-
tante parte da sua vida no Algarve
patrimonial e turística associadas
nhecer algo mais neste âmbito.
e foi o único príncipe português
ao legado templário e da Ordem
O facto de o Castelo estar classi-
de Cristo.
ficado como Monumento Nacional
que morreu nesta região, a 13 de Novembro de 1460.
Os Templários caracterizam-se
(desde 1910) poderia ser “explora-
A Ermida de Nossa Senhora de
como um dos maiores fenómenos
do” com mais actividades para além
Guadalupe (situada entre Budens e
da história ocidental, inclusivamen-
da Feira Medieval, designada por
Raposeira - Vila do Bispo), segundo
te a temática templária tem sido
Dias Medievais em Castro Marim, que
alguns historiadores, foi construí-
um fenómeno literário.
irá este ano para a sua XXI edição.
da aquando da presença templária,
Desde o surgimento dos Tem-
Documento encontra-se depositado na Torre do Tombo
plários como Ordem Militar inter-
Em Tavira a presença templária
para outros está associada ao Infan-
está associada ao antigo Convento
te D. Henrique. Existe uma placa
nacional em 1119 até ao declínio,
portância estratégica, tanto que
regional, ou seja, em Castro Marim,
de São Francisco, que foi fundado
na Ermida que refere que o Infante
alcançaram a condição de maior
D. Afonso III ordenou o repovoa-
valorizou este território, no entanto,
pelos Templários. Existe um Do-
rezava naquele local. Este espaço
força bélica e religiosa da Europa
mento de Castro Marim, em 1272,
com a ida da Ordem de Cristo pa-
cumento, na Torre do Tombo, que
tem sido utilizado para concertos
medieval.
para lhe conceder, em 1277, carta
ra Tomar a importância do Castelo
refere a Fundação deste Convento.
e também poderia ter um percur-
A Ordem do Templo (Templá-
de foral, com o objectivo de atrair
foi diminuindo e a vila começou a
rios) introduzida em Portugal a
população para esta localidade.
despovoar-se, apesar dos privilégios
partir do ano 1126, para além da
Nesta altura já o Algarve tinha si-
atribuídos pelos monarcas.
presença no campo de batalha
do conquistado aos mouros, por D.
contribuiu para a consolidação
Paio Peres Correia, com a ajuda dos
do espaço geográfico do território
Cavaleiros da Ordem de Santiago,
português.
da qual chegou a ser Grão-Mestre.
Com este forte legado, Castro
so ligado à presença do Infante D. O Infante D. Henrique
Henrique, aos feitos associados aos
e a Ordem de Cristo
Descobrimentos como reforço da identidade regional.
O legado no Algarve
Em Maio de 1420, o Infante D.
No mês passado decorreram em
Henrique foi nomeado Grão-Mes-
Lagos Jornadas Templárias. O tema
tre da Ordem de Cristo, cargo que
destas Jornadas foi - Esperança e Ca-
deteve até ao fim da vida.
ridade - na perspectiva da corrente
Os Templários tiveram um pa-
O Castelo de Castro Marim foi
Marim poderia valorizar mais o
pel importante desde a fundação
construído em 1274. Em 1279 já no
seu património criando uma Rota
do país com D. Afonso Henriques
reinado de D. Dinis, foi construída a
espiritual ou religiosa professada
até aos Descobrimentos, nessa al-
cerca medieval, que protegia o casa-
por cada um dos convidados.
tura já transformados em Ordem
rio exterior. Este Castelo tornou-se
Por ter sido investida em 2016
de Cristo.
um dos mais importantes do Algar-
numa Ordem Internacional de ins-
ve e foi a sede da Ordem de Cristo
piração templária apreciei esta ini-
entre 1319 e 1356.
ciativa e espero que mais Jornadas e
Os Templários fazem assim parte da história de Portugal. No que diz
Com D. Henrique a Ordem teve
doutrinária, filosófica, sociológica,
respeito ao Algarve a sua presença
Castro Marim, pela sua localiza-
Celebrações aconteçam para maior
remete para Castro Marim e Tavira.
ção geo-raiana, conseguiu atrair,
conhecimento, aceitação e partilha,
Quanto à Ordem de Cristo a pre-
com a ajuda do rei D. Dinis e pe-
caminhando para um mundo me-
sença remete para Castro Marim,
la bula papal instituída pelo papa
lhor, mais fraterno, em que os va-
Lagos e Vila do Bispo.
João XXII, a Ordem de Santiago.
lores cristãos sejam uma bandeira
Trata-se, por isso, de localidades
Ordem que terá herdado alguns
Peça alusiva aos Templários
a elevar bem alto. l
18.05.2018 29
Cultura.Sul
Última What ever happened to... ? ali está apenas lata e outros, como o autor,
centradas na liberdade terá dito?
que ali está uma jóia dos Gorjões. (adapta-
mas a liberdade é sempre efémera,
bém na editora CanalSonora está previsto
ção do texto de Adolfo Contreiras, do seu
e palavras ditas mesmo alto e bom
para o final de Maio. Terá a sua apresentação
blogue APC Gorjeios)
som
por Luís Ene, no ARCM Bar (rua do castelo,4)
para muita gente, leva-as sempre
na Associação Recreativa e Cultural de Mú-
o vento.
sicos, no sábado 9 de Junho pelas 18 horas.
Para o efeito Adão Contreiras, escreveu o poema: Pedro Jubilot
O lançamento deste segundo livro, tam-
já todos ouvimos alguém gritar
pedromalves2014@hotmail.com
Jornal do Pau (Coisa triste é partir)
esta verdade!
POEMA BILINGUE
Todo o mundo tem fim
sophia,no mesmíssimo dia,
Que ao longo dos anos a loucura
Todo o mundo começa
na primavera já inteira e limpa de lagos
apertasse o cerco, isso eu já sabia.
Juntos no pau sem clarim
e apenas munida de lápis, escreveu-as,
Meu pai, desertado pelas palavras,
Oferta-se a notícia à peça
palavras livres eternizadas na substância
morreu rodeado de seus dicionários.
canalsonora.blogs.sapo.pt
.... Jornal do Pau fotos: d.r.
do tempo Já muitos daqui partiram
da voz do mar irrompia o marulho
Encomendaram-me hoje o derradeiro
Saudades que disso deixam
da esperançaenquanto esperava
desvario: um poema bilingue.
Das vozes que aqui se ouviram
em silêncio
Bem sei, um bom tradutor é traidor,
Lembram as estátuas, que se queixam
a madrugada azul
mas do poeta ou de si próprio?
junto à janela da liberdade, o início… Todo o mundo que começa
já todos lemos o nome das coisas?
Todo mundo tem seu fim Juntos aqui no pau à conversa Foram claros dias de festim Já muitos daqui partiram
«Eis uma questão filosófica para pessoas com tempo para
[Pedro Jubilot in Revista Eufeme nº2 – 2017] .... Marco Mackaaij
heterónimos internacionais», cogitei antes de afinar o original. .... Maluda
Saudades vindas no vento No início dos anos 80 do século passado, os gorjonenses, alguns regressados da
Das vozes que aqui se ouviram Resta o pau e o seu lamento
emigração, quando se viram privados dos velhos poiais de rua, onde os pais e depois
Todo o mundo tem fim
eles próprios costumavam juntar-se para ca-
Todo o mundo começa
vaquear à vontade, sentiram necessidade de
Juntos no pau sem clarim
voltar a ter um espaço próprio para estarem
Oferta-se a notícia à peça
juntos e “dar à língua”. Foram buscar um pau de poste da linha telefónica abandona-
.... Sophia M.B.A / Francisco S.T.
do numa berma da estrada, e duas pedras iguais para ser suporte. Na esquina de cruzamento local e centralidade dos Gorjões, surgiu um banco de pau improvisado mas perfeito para a função de seu destino. Os
Influenciada pelo construtivismo e pela
gorjonenses, voltaram a juntar-se para tro-
pop art, aquando da sua passagem de quatro anos por Paris, Maluda (Goa,1934 - Lis-
car histórias antigas locais e novas histórias da emigração, matando saudades com ale-
Vive em Portugal há quase tantos anos
boa,1999) usa a linearidade nas paisagens
gria e felicidade. Deram em chamar ao dito
quantos viveu na Holanda. Escritos origi-
urbanas recorrendo ao hiper-realismo e ao
banco o “Jornal do Pau”. Agora, no mesmo
nalmente em português, os poemas do seu
foto-realismo. Começa a ser mais conhecida
lugar surgiu um monumento escultórico
novo livro ‘Em Segunda Língua’, apresentam
na década de 70, pelas paisagens tradicio-
do artista Adão Contreiras, representando a
um balanço poético entre dois países e duas
nais do país. Tanto os famosos quiosques
história desses homens numa homenagem
culturas, numa mesma vida. O autor editou
como as janelas portuguesas, exploram os
e perpetuação de sua memória no próprio
o seu livro de estreia ‘E Se Não For’ em 2015,
reflexos e os efeitos de luz. Mas essa intensi-
“palco”, onde foi representada. Será uma
e a plaqueta ‘Perdidos e Achados’, no final do
dade da luz ficou ainda mais vincada na ar-
singela homenagem para a humanidade
francisco, no dia da revolução
ano passado. Entretanto alguns poemas seus
quitectura cubista que Olhão reflectia ainda,
mas grande para o pequeno povoado. E pa-
andava em lisboa de megafone na mão.
foram publicados nas revistas Eufeme, En-
quando Maluda a pintou na série «Olhão»,
ra que a discussão continue, uns dizem que
quantas palavras importantes
fermaria 6 e Nervo.
que ficou como uma das suas marcas. l
NECROLOGIA
30 | 18 de Maio de 2018
VAQUEIROS - ALCOUTIM
QUELFES - OLHÃO SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SANTA MARIA – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO – TAVIRA
SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
MARIA SERAFINA
MARIA GERTRUDES DA ASSUNÇÃO GASPAR
ANTÓNIO ÂNGELO NOGUEIRA
SILVINO DOMINGOS DOS SANTOS
17-10-1932 / 04-04-2018
15-04-1926 / 12-04-2018
05-10-1933 / 13-04-2018
30 -10-1937 / 11-05-2018
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
SANTIAGO - TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA
BOLIQUEIME – LOULÉ SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
MARIA TEOLINDA VIEGAS DO LIVRAMENTO
PALMIRA DAS DORES MARTINS
FLORÊNCIA DOS SANTOS
06-11-1951 / 18-04-2018
10-07-1924 / 20-04-2018
11-01-1937 / 25-04-2018
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
SANTA MARIA – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SANTA MARIA – TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
JOÃO CRISÓSTOMO DAS DORES MATIAS
JOSÉ INÁCIO DA CONCEIÇÃO FIGUEIRA
GRACINDA DA CONCEIÇÃO RODRIGUES
28-01-1935 / 01-05-2018
01-02-1955 / 01-05-2018
12-04-1924 / 12-05-2018
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Para quem importar, Cláudia Michele Diegues de Sousa, com o número fiscal 225101076, informa que a partir desta data, deixa de ser representante fiscal de Lionel yoska Kafcsak com o número fiscal 229161090
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Convocatória Nos Termos do Artigo 39 dos Estatutos da Cruz Vermelha Portuguesa, convoco todos os associados a reunir em Assembleia Geral, no próximo dia 14 de Junho , pelas 17h, no edifício do Centro Comunitário da Fuseta, com a seguinte ordem de trabalhos: Ponto um- Eleição de Membros para conselho de curadores Se à hora marcada não houver o número suficiente de sócios presentes a Assembleia Geral iniciar-se-à uma hora depois com qualquer número de sócios. A Comissão Administrativa da Delegação Moncarapacho-Fuseta (POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
Notificação para efeitos do direito de preferência Vem por este meio, Ovídio Porfírio Pereira e Rosália da Ponte Ventura Pereira, comunicar aos confinantes que é sua intenção alienar o seguinte prédio rústico descrito adiante: Prédio rústico sito em Quatrim, Concelho de Olhão, descrito na Conservatória de Olhão sob o nº 1727/19900418 e inscrito na matriz predial rústica com o nº23 da secção N da freguesia de Quelfes, a Luis Miguel do Vale Pereira e Ana Margarida Sabina Fernandes, residentes em Barcelos, pelo valor global de 45000€ (quarenta e cinco mil euros), cujo valor deverá ser pago parcialmente na celebração do contrato promessa e o remanescente na integra com a assinatura da escritura de compra e venda que será outorgada até dia 31 de Setembro de 2018 em cartório notarial no Algarve a indicar pelos vendedores. Nestes termos, devem os proprietários dos prédios rústicos confinantes, pronunciarem-se se pretendem ou não exercer o direito de preferência que lhes assiste no prazo máximo de 8 (oito) dias contados da publicação do presente anúncio, nos termos indicados, sob pena de caducidade do referido direito de preferência, nos termos do disposto do Código Civil. Caso pretendam exercer o direito de preferência, devem enviar comunicação escrita para: Casas do Sotavento – Around the Sun, Lda– Rua Teofilo Braga, nº23 – 8700–520 Olhão ou contactar através dos números de telefone: 00351 931329578 ou 00351 289707177.
EDITAL JOSÉ LUÍS AFONSO DOMINGOS, presidente da Assembleia Municipal supra, faz público, nomeadamente tendo em atenção o preceituado no nº 1 do artigo 56º, da Lei nº 75/2013, de 12 de setembro, que a Assembleia Municipal, na sua sessão ordinária de dia 27 de abril de 2018, deliberou: - Atas de 28 de fevereiro e 15 de março – aprovadas por unanimidade - Pedido de substituição “Suspensão de Mandato” – aprovado por unanimidade - Proposta de adesão à “ANAM” – Associação Nacional de Assembleias Municipais – aprovado por unanimidade - Alteração ao Regulamento Tarifário de Abastecimento de Água, Saneamento e Gestão de Resíduos Urbanos – aprovado por unanimidade - Plano de Pormenor da Zona de Lazer de Castro Marim – Aprovação Final – aprovado por unanimidade - 2ª Alteração ao Mapa de pessoal para o ano 2018 - Este assunto foi retirado da ordem de trabalhos - Relatório de Gestão 2017 – Prestação de Contas – aprovado por maioria Para constar, se publica este Edital e outros de igual teor, que vão ser afixados nos lugares de estilo do Município. Castro Marim, 30 de abril de 2018 O Presidente da Assembleia Municipal, José Luís Domingos
(POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018) (POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
CLASSIFICADOS
32 | 18 de Maio de 2018
CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA
LOW-COST
CASTRO MARIM, FARO, OLHÃO, TAVIRA, SÃO BRÁS DE ALPORTEL E VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO
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Tel: 281322 051 Telmóvel: 969 269 901
Extrato de Escritura de Justificação
CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 16.06.2017, exarada a folhas 136 e seguinte do Livro n.º 101-A do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - Leonel de Jesus do Carmo, solteiro, maior, natural da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, residente no Sítio do Carvalhal, 8800-152 Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira; - declarou ser dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por terreno para construção, que confronta de todos os lados com João Marques de Jesus, com a área de 145,82 m2, sito em Monte do Carvalhal, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz em nome do justificante, sob o artigo 3359, sem proveniência matricial por só no ano passado ter sido participado à matriz, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, com o valor patrimonial tributário de 2.850,00€; - tendo alegado para o efeito que este prédio, com a sua atual configuração de terreno para construção, chegou à sua posse em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa e seis, por doação meramente verbal feita pelos seus pais Eleutério Teixeira do Carmo e Maria João Gonçalves de Jesus, residentes no Sítio do Carvalhal, em Santa Catarina da Fonte do Bispo; sendo que, num passado longínquo, existiu neste prédio uma casa de habitação que foi deixada ao abandono, tendo a sua construção se degradado rapidamente, passando a constituir um mero amontoado de pedras, sendo nesse estado que recebeu o prédio dos seus pais; porém só agora foi inscrito na matriz como terreno para construção de edifício destinado a estabelecimento industrial, em virtude de informação técnica da Câmara Municipal de Tavira, que lhe atribuiu essa viabilidade. - desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do mencionado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído o mesmo – deslocando-se ao mesmo e limpando o terreno – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram por USUCAPIÃO o referido imóvel, o que invoca. Tavira e Cartório, em 16 de Junho de 2017. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/1902 (POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
Ginecologia Obstetrícia
Acordos com: Multicare, C.G.D., Allianz, Associação Mutualista Montepio
Dr. Jorge Mimoso Cardiologia
Rua Álvaro de Campos, nº45 Tavira
Cartório Notarial em Tavira
Dra Margarida Gadelha
Acordos com: Medis, Multicare, C.G.D., Allianz, SAMS Quadros
Município de Tavira Edital nº. 26/2018
Tel: 281323206 Telm: 962 696 177 facebook: salao_lucrecia@hotmail.com
Notário Bruno Filipe Torres Marcos
Consultório Médico
. Check-up Cardíaco . ECG . Prova de Esforço . MAPA (motorização da tensão arterial durante 24 horas) . Holter (motorização do ECG durante 24 horas) . Ecocardiograma com Doppler cardíaco codificado a cor
Rua Dr. Pinheiro e Rosa nº 50, 8005-546 Faro Tel: 289 868 062 (das 14 às 19h)
Cartório Notarial em Tavira
Notário Bruno Filipe Torres Marcos Extrato de Escritura de Justificação
CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 27.04.2018, exarada a folhas 91 e seguintes do Livro n.º 122-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - José Caetano Palma, e mulher Maria Orlanda da Conceição Palma, ambos naturais da freguesia de Conceição, concelho de Tavira, residentes em 8 Impasse D’Agriculture, 66500 Prades, França; - declararam ser donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do prédio urbano composto por edifício de um piso, com três divisões, destinado a habitação, que confronta a norte, sul e nascente com servidão e a poente com José Joaquim Pereira, com a área total e coberta de trinta e cinco metros quadrados, sito em Nora, Conceição de Tavira, freguesia da União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, inscrito na respetiva matriz em nome de Manuel da Palma, sob o artigo 417, que teve origem no artigo 598 da extinta freguesia da Conceição, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, com o valor patrimonial tributário de 5.320,00€; - tendo alegado para o efeito que este prédio chegou à sua posse no ano de mil novecentos e setenta e dois, em data que os mesmos não podem precisar, por compra e venda meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública feita a Manuel da Palma e mulher Joana Maria, atualmente falecidos, residentes que foram no dito Sítio da Nora; - porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do mencionado direito de propriedade daquele prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído o mesmo – fazendo obras de manutenção, reparação e beneficiação no edifício – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram por USUCAPIÃO o referido imóvel, o que invocam. Tavira e Cartório, em 27 de Abril de 2018. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/1411 (POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
VILA NOVA DE CACELA – TAVIRA
Município de Tavira Edital Deliberações JOSÉ OTÍLIO PIRES BAIA, Presidente da Assembleia Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que em sessão ordinária da Assembleia Municipal de Tavira, realizada no dia 27 de abril de 2018, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a Moção: Saudação ao 1º de Maio – Dia Internacional do Trabalhador; 2. Aprovada por unanimidade a Moção: Pelo cumprimento da Resolução da Assembleia da República para suspensão da pesquisa de petróleo ao largo de Aljezur; 3. Aprovada por maioria a Moção: Contra o declínio na saúde; 4. Aprovada por maioria a Moção: Habitação acessível em Tavira; 5. Aprovada por maioria a Moção: Saudação ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio; 6. Aprovada por maioria a Moção: Mais investimento para o Algarve e para Tavira; 7. Aprovada por maioria a Moção: Do interior ao litoral algarvio: Habitar Jovem; 8. Aprovado por unanimidade a Recomendação nº 01/2018 à Câmara Municipal para a adesão do Município de Tavira à ANAM – Associação Nacional das Assembleias Municipais; 9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 53/2018/CM, referente à Adenda ao Acordo de Execução celebrado entre o Município de Tavira e a Freguesia de Conceição e Cabanas; 10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 65/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos do costume Paços do Concelho, aos 27 dias do mês de abril do ano 2018 O Presidente da Assembleia Municipal, José Otílio Pires Baia (POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
TAVIRA
MARIA DO CARMO MÁRTIRES DE FREITAS
MANUEL JOSÉ
71 ANOS
86 ANOS
AGRADECIMENTO
AGRADECIMENTO
Sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 28 de Março, para o Cemitério de Vila Nova de Cacela, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso.
A família agradece a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, para o Cemitério de Tavira, no dia 19 de Abril de 2018, bem como aos profissionais que no Centro de Saúde de Tavira e no Hospital de Faro (Medicina 3) lhe prestaram os devidos cuidados e ainda aos amigos e familiares que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos os que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso.
“Paz à sua Alma” “Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428
Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 17 de abril de 2018, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta número 72/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Armação do Artista – Associação Artística, Cultural e Desportiva - Dia Mundial do Teatro; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 73/2018/CM, referente à Atribuição de apoio ao Centro Paroquial e Social de Cachopo - Viatura com sistema de refrigeração, para transporte de alimentos; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 74/2018/CM, referente à Atribuição de apoio ao Centro Social de Santo Estêvão - Aquisição de viatura de nove lugares; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 75/2018/CM, referente à Atribuição de apoio no âmbito do RMAAD - Clube Náutico de Tavira 2018; 5. Aprovada por maioria a proposta número 76/2018/CM, referente aos Relatórios referentes ao SIADAP 1 - Ano de 2017; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 77/2018/CM, referente ao Contrato de concessão de exploração da loja n.º 6 do Mercado Municipal de Tavira - Transmissão de posição contratual e alteração ao ramo de atividade; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 78/2018/CM, referente ao Concurso Público para contratação de serviços especializados na área da produção artística no âmbito do projeto “Fome – Festival de Objetivos e Marionetas & Outros Comeres” - Algarve Central - Agrupamento de Entidades Adjudicantes; 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 79/2018/CM, referente ao Parecer vinculativo para assumir a competência para processar e aplicar sanções em processos de contraordenação rodoviários por infrações ao Código de Estrada; 9. Aprovada por unanimidade a proposta número 80/2018/CM, referente a Alteração de inumação em sepultura temporária no Cemitério de Tavira para jazigo municipal de consumpção aeróbia por motivos climatéricos adversos e condições do terreno; 10. Aprovada por maioria a proposta número 81/2018/CM, referente a Concurso Público para a concessão de exploração de estabelecimentos existentes no parque de campismo da ilha de Tavira 2018 – Retificação do programa do procedimento e aprovação da minuta do anúncio do procedimento. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume. Paços do Concelho, 17 de abril de 2018 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho
“Paz à sua Alma” “Serviços Fúnebres efectuados pela Agência Funerária Pedro & Viegas, Ldª” Tavira • Luz • V.R.Stº António Telm. 964 006 390 - 965 040 428
(POSTAL do ALGARVE, nº 1203, 18 de Maio de 2018)
IMOBILIÁRIO
18 de Maio de 2018 | 33
Faro, o quinto distrito com mais procura imobiliária REGIÃO TEM REGISTADO UM CRESCIMENTO ÍMPAR, TANTO A NÍVEL TURÍSTICO COMO A NÍVEL ECONÓMICO Como já é conhecido, o Algarve conta com quase 200 quilómetros de costa que fazem as delícias de portugueses e estrangeiros. Ao longo dos últimos anos, muitas foram as publicações que nomearam esta região, não só como um excelente destino de férias, mas também como um óptimo local para se viver. Neste sentido, a região algarvia tem registado um crescimento ímpar, tanto a nível turístico como a nível económico. O clima, a gastronomia e as praias atraem cada vez mais pessoas interessadas em arrendar ou adquirir imóveis na região mais a sul de Portugal. Contudo, os valores que os mercados imobiliários apresentam, encontram-se um pouco acima do que seria desejável. Comprar um apartamento no Algarve pode rondar os mil, 779 euros por metro quadrado, sendo que a média se encontra nos 167 mil, 354 euros. Para arrendar, o valor médio ronda os cinco euros por metro quadrado,
com uma média que se aproxima de 447 euros semanais. Já o preço por apenas um quarto pode custar dez euros por metro quadrado, numa média que totaliza os 192 euros. Em relação às moradias para venda, os valores rondam os 2 mil e 131 euros por metro quadrado e o valor total uma média de 479 mil e 321 euros. Em relação ao arrendamento, o valor fixa-se nos seis euros por metro quadrado, com uma renda mensal de 732 euros. Estes valores foram calculados em média para toda a região do Algarve, quanto mais próximo da praia estiver o imóvel pretendido mais elevado será o valor. O Algarve, nomeadamente o distrito de Faro, encontra-se em quinto lugar na lista dos distritos com maior procura imobiliária no país. E a percentagem de interessados em adquirir ou arrendar um imóvel na região ronda os 5%. Todavia, a oferta no sector imobiliário é de cerca de 8% do total nacional, encontrando-se mesmo em quarto lugar na lista dos distritos com maior oferta. Quanto às tipologias mais procuradas, os apartamentos T2, T3 e as moradias T2, T3, T4
e superior encontram-se no topo da tabela. Visto que o mercado imobiliário contou no ano passado com valores astronómicos,
com que há muito já não se deparava, as expectativas para o ano de 2018 estão bastante elevadas. d.r.
ÔÔ Quanto mais próximo da praia estiver o imóvel mais elevado é o seu valor
O que lhe pode oferecer uma imobiliária?
PUBLIREPORTAGEM
d.r.
São imensas, mesmo falando apenas da região do Algarve, as imobiliárias que existem. Mas nem todos conhecem os serviços oferecidos por estes profissionais e a diferença entre cada empresa. Uma imobiliária não é apenas uma montra com casas para vender, é todo um conjunto de knowhow, de trabalho diário, de investimento e de recursos humanos qualificados, que têm que ser geridos e organizados para produzir resultados rápidos, conduzindo negócios com rigor, transparência e respeitando todos os trâmites legais. As melhores imobiliárias acompanham o cliente durante todo o processo de procura e compra. Escolhem os melhores parceiros de negócio, como advogados, arquitetos, construtores, entre outros profissionais da área que recomendam, cabendo a decisão e escolha final ao cliente.
DE LAGOS ATÉ TAVIRA AS DECISÕES ESTRATÉGICAS A Togofor-Homes nasceu em 2005 com um escritório em Lagos, com uma equipa de duas pessoas. O casal Susanna e Peter Gross constituía uma competente equipa com estudos na área de vendas e marketing, que desenhou uma estratégia de desenvolvimento sustentado para criar uma empresa multidisciplinar que pretendia investir continuamente no seu crescimento, mostrando aos seus parceiros e clientes que podiam confiar nesta e ter um retorno rápido com a concretização de muitos negócios.
O plano de expansão continuou na criação de um segundo escritório em Vilamoura e de uma parceria na Quinta do Lago, alargando assim o portfólio a produtos de grande qualidade e requinte existentes na área do designado triângulo dourado. A mais recente fase da expansão foi a abertura de um terceiro escritório em Tavira, no sotavento algarvio, cobrindo assim o Algarve. Lagos, Vilamoura e Tavira não foram escolhidas ao acaso, mas com a certeza de serem pontos estratégicos bem localizados na região. A equipa também cresceu e passou de 2 para 25 pessoas, sendo que a maioria são consultores imobiliários, angariadores e também administrativos formados e com todas as habilitações necessárias para responder de forma efetiva aos inúmeros pedidos que surgem todos os dias, quer de clientes que querem vender, quer de clientes que querem comprar. Todos trabalham com grande mobilidade, não estando apenas nos escritórios, mas sim no terreno, procurando incessantemente novas oportunidades de negócio. A equipa é composta por diversas nacionalidades e são várias as línguas que são faladas: alemão, inglês, holandês, espanhol, francês, italiano, russo e, claro, português. A empresa investe diariamente em diferentes suportes de informação, passando por rádio local, jornais e revistas, artigos de opinião e cartazes publicitários de grandes dimensões colocados em todo o Algarve, dando a conhecer o seu branding. A procura de novos produtos é constante. Grande parte do investimento da Togofor-Homes
ÔÔ A equipa da Togofor-Homes é composta por elementos de diversas nacionalidades é feito na procura de novas propriedades para venda e outra grande fatia é investida na forma como são apresentadas as propriedades para serem vendidas.
COMO CHEGAR AOS CLIENTES ESTRANGEIROS? A comissão pedida aos proprietários é investida na sua maioria em soluções de marketing que passam pela publicidade das propriedades em portais internacionais, extremo cuidado na descrição dos detalhes da propriedade, rigor na análise de toda a documentação, fotografias ou vídeos de qualidade que mostrem o produto, permitindo, assim, uma pré-seleção real. O investimento da Togofor-Homes em tecnologia é grande, dispondo de um servidor web dedicado e uma presença web desenhada à medida, quer no frontoffice, quer no backoffice, permitindo o acesso de toda a equipa ao portfólio das propriedades e a todos os elementos importantes
para conseguir respostas concretas aos clientes. Todos os escritórios têm um parque informático atualizado e que permite respostas rápidas. No website a qualidade fotográfica aliada a textos descritivos de qualidade são uma presença importante. A empresa também recomenda um valor para a sua propriedade, de forma a que entre no mercado com a melhor avaliação possível. A maioria dos clientes que escolhe a Togofor-Homes no processo de compra prefere não recorrer a outras imobiliárias, já que a empresa desenvolve um enorme esforço para encontrar a casa perfeita para cada um dos seus clientes, tirando partido da sua estrutura. A Togofor-Homes não é apenas outra imobiliária. A Togofor-Homes procura propriedades. Quer conhecer uma imobiliária especializada e fazer uma venda rápida ? Contacte qualquer um dos nossos escritórios e surpreenda-se. Veja em www. togofor-homes.com!
Aljezur
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A
Lagos
A 22
N 12 5
Carvoeiro
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VilamouraLoulé Partner Office Albufeira Quinta do Lago
Tavira
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Vila Real
N 12 5
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THE ALGARVE PROPERTY SPECIALISTS
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Sagres
N 12 5
Faro
Faro
Casa de Campo Tradicional com Anexo e Vista Panorâmica
Casa de Campo Tradicional com Anexo e Vista Panorâmica
Casa de Campo Tradicional com Anexo e Vista Panorâmica
Casa de Campo Tradicional com Anexo e Vista Panorâmica
14/05/2018 13:22