POSTAL 1206 20JUL2018

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Sente-se à mesa com o POSTAL e delicie-se com o Roteiro Gastronómico

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123.369

postaldoalgarve

AGORA AO SÁBADO DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA

Director Henrique Dias Freire • Ano XXXI • Edição 1206 • Quinzenário à sexta-feira • 20 de Julho de 2018 •Preço € 1,50 D.R.

O presidente de Águas do Algarve, Joaquim Peres, em entrevista:

Beber água da torneira é consumir um produto de qualidade O POSTAL celebra 31 anos de publicação regular e dedica esta edição ao Ambiente. Saímos à rua e fomos verificar alguns exemplos inspiradores de boas práticas ambientais. > 3 a 16 D.R.

Concentração de Motos aquece a capital

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• CCDR Algarve: ‘Furo de Aljezur deveria ter sido avaliado’ • Straw Patrol, o projecto que eliminou as palhinhas da UAlg • Conheça a importância do Ambiente para as autarquias

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NESTA EDIÇÃO: LEIA O CADERNO CULTURA.SUL pub



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ESPECIAL AMBIENTE

CCDR Algarve: ‘O furo de Aljezur deveria ser alvo de Avaliação de Impacte Ambiental’ FOTOS: D.R.

Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, vulgarmente conhecida como CCDR Algarve, actua como autoridade de avaliação de impacte ambiental e gestão de resíduos. Deste modo, é da sua competência a avaliação da qualidade do ar, o controlo de emissões atmosféricas e da poluição sonora, em colaboração com outras entidades no licenciamento industrial e no licenciamento de explorações de recursos geológicos. José Graça, chefe de Divisão de Informação, Promoção e Comunicação, falou com o POSTAL, explicando quais as funções da CCDR em relação ao Ambiente, qual a posição da mesma relativamente ao furo de prospecção de Aljezur, e quais os planos para o futuro. As funções da CCDR Algarve A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve é um serviço periférico da administração directa do Estado dotado de autonomia administrativa e financeira sob a tutela do Ministro do Planeamento e das infra-estruturas.

Exerce funções em coordenação com os ministros Adjunto e do Ambiente, na relação com as autarquias locais e nas matérias do ambiente e ordenamento do território. A missão da CCDR é a de, na sua área geográfica, neste caso no Algarve, executar, avaliar e fiscalizar as políticas de ambiente e de ordenamento do território e cidades, apoiando tecnicamente as autarquias locais e as suas associações. Para além disto, a CCDR tem ainda como função assegurar o cumprimento das responsabilidades de gestão, no âmbito da política de coesão e de outras políticas da União Europeia. Sendo o presidente da CCDR, por inerência, o gestor do programa operacional regional “CRESC Algarve 2020”, este tem ainda como responsabilidade a coordenação dos serviços desconcentrados de âmbito regional. O Ambiente para a CCDR Algarve Desde 2003 que a Direcção de Serviços de Ambiente foi introduzida na CCDR, após integração das ex-Direcções Regionais de Ambiente e Ordenamento do Território. Surge

ÔÔ Desde 2003 que a Direcção de Serviços de Ambiente foi introduzida na CCDR Algarve

assim o departamento do Ambiente que tem como objectivo “garantir bons níveis de qualidade ambiental no sentido do cumprimento da legislação ambiental nacional e europeia na região”, como nos explica José Graça. Deste modo, o departamento efectua em permanência, 24 horas, 365 dias por ano, o controlo da qualidade do ar de toda a região, nas suas quatro estações de monitorização. Para além disso, acompanha ainda “em permanência a gestão de resíduos no Algarve, face aos picos de utilização das infra-estruturas existentes”, afirma a mesma fonte. Importante ainda referir que entre 2008 e 2010, a direcção

de serviços conseguiu desmantelar as 80 sucatas ilegais que existiam na região. José Graça explica ainda como se encontra a região algarvia face aos níveis da qualidade do ar, da poluição atmosférica e dos resíduos. “Os níveis de qualidade do ar são de ‘Bom’ e ‘Muito Bom’. Já o nível de emissões atmosféricas é baixo, uma vez que não há indústria pesada na região e as unidades industriais mais relevantes integram, na sua licença de exploração, diversos níveis de monitorização dessas emissões. Por fim, no que se refere aos resíduos, o Algarve é das regiões do país que maior percentagem de reciclagem de resíduos equiparados a

urbanos apresenta”. Quanto ao futuro, os objectivos para a CCDR são “manter o controlo das unidades de resíduos autorizadas por esta CCDR, que se revelam em cerca de 70 instalações na região. Pretendemos ainda desenvolver diversos projectos de economia circular no Algarve”, finaliza José Graça. De realçar que actualmente, a CCDR Algarve já se encontra a desenvolver um projecto de economia circular na vertente do turismo. O furo de Aljezur Questionado sobre o motivo do furo de prospecção de petróleo

de Aljezur ter sido dispensado de Avaliação de Impacto Ambiental, José Graça mostra a posição da CCDR Algarve. “A dispensa de Avaliação de Impacto Ambiental do furo de prospecção foi emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente, que consultou diversas entidades, entre elas a CCDR do Algarve. Nós emitimos um parecer no âmbito da apreciação prévia do projecto em causa, considerando que ‘o projecto deveria ser alvo de Avaliação de Impacto Ambiental’”. Posto isto, se o furo avançar, José Graça afirma que “a CCDR não detém competência de actuação sobre a pesquisa e prospecção de petróleo”.

ÔÔ Entre 2008 e 2010, a Direcção de Serviços conseguiu desmantelar as 80 sucatas ilegais que existiam no Algarve


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ESPECIAL AMBIENTE

Straw Patrol, o projecto que já recolheu mais de 40 mil resíduos nas praias portuguesas FOTOS: D.R.

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com Online: www.postal.pt FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ FB: www.facebook.com/ cultura.sulpostaldoalgarve/ Issuu: issuu.com/ postaldoalgarve Twitter: twitter.com/ postaldoalgarve Director: Henrique Dias Freire Directora executiva: Ana Pinto Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Maria Simiris (TP 414 A), Henrique Dias Freire (CP 3259) Design: Bruno Ferreira Colaboradores: Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor) Colaboradores fotográficos e de vídeo: Rui Pimentel / Luís Silva Colaborador informático: Ricardo Cabrita Departamento comercial, Publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial: disponível em www.postal.pt/ quem-somos/

Tiragem desta edição:

11.203 exemplares

ÔÔ Muitos são os voluntários que se juntam à Straw Patrol para a limpeza das praias Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

O projecto Straw Patrol nasceu oficialmente em Janeiro de 2016 por Carla Lourenço, uma bióloga marinha que estava a terminar a sua tese de doutoramento na Universidade do Algarve. A ideia surgiu depois da estudante ter visualizado um vídeo na internet que mostrava uma tartaruga com uma palhinha presa no nariz. Desde essa data, a Straw Patrol já realizou mais de 90 palestras de sensibilização de poluição marinha e dezenas de acções de limpezas de praias. A fundadora do projecto explica ao POSTAL como tudo acontece. “Nós actuamos segundo três pilares: educar, reduzir e proteger. Parte da educação passa por palestras que nós damos nas escolas, gratuitas. A parte do reduzir tem a ver com levar as pessoas a reduzir o consumo de plástico e à redução do plástico que está disponível nos ambientes marinhos. E o proteger está relacionado com a protecção directa dos ecossistemas aquáticos através de limpezas de praia, que tentamos sempre fazer pelo menos uma vez por mês”. O objectivo inicial de Carla Lourenço era o de acabar com a venda de palhinhas no seu meio académico, ou seja, na Universidade do Algarve. Contudo, cedo apercebeu-se que para isso ser possível teria de criar um projecto que fosse

reconhecido e que tivesse impacto na comunidade. Surge assim a Straw Patrol. Das palestras às limpezas de praia Carla começou por dar palestras a escolas do Algarve, consciencializando os alunos para o plástico existente nas praias e o perigo que este resulta para a fauna e flora marinha. A ela juntaram-se mais cinco pessoas, fazendo o projecto alcançar escolas e praias de Famalicão, e da margem Sul de Lisboa. Segundo a criadora do projecto, o principal objectivo da Straw Patrol “é educar, mas é também evidentemente o de reduzir o consumo de plástico, porque só com um oceano saudável é que nós somos saudáveis. E ao estimar-se que em 2050 vai haver mais peso plástico que peso de peixe no oceano é um número assustador”. E é com o desejo que essa previsão não ocorra que a Straw Patrol tem vindo a trabalhar. De acordo com Carla Lourenço, desde Janeiro de 2016 que o projecto já retirou das praias portuguesas mais de 40 mil artigos de lixo, sendo que 40% eram de plástico. Acções de limpeza que já envolveram mais de 1.100 voluntários. A maior parte delas realizou-se no dia 27 de Maio pelo Algarve inteiro, foi a chamada “Run Algarve Coast sem Lixo”. A ideia era fazer uma caminhada, ou corrida para os mais atléticos, pela costa algarvia, enquanto ao mesmo tempo se ia recolhendo o lixo. Esta foi

uma iniciativa que esteve presente em inúmeras praias por todo o Algarve: Arrifana, Ferragudo, Faro, Quarteira, Albufeira, Cacela Velha, Santa Luzia, Monte Gordo e Altura, entre outras. Para além das palestras e das limpezas de praias que a Straw Patrol tem vindo a organizar, o “Movimento Sem Palhinha” é outra das acções que tem vindo a dar frutos um pouco por todo o Algarve. O Movimento passa por mostrar tanto nas redes sociais, como em cartazes, que o uso de palhinhas é prejudicial ao oceano, uma vez que estes pequenos objectos de plástico estão no top 10 dos mais encontrados no mar e nas praias algarvias. Para além disso, a Straw Patrol tem ainda o cuidado de colocar cartazes em todos os estabelecimentos que eliminaram o uso das palhinhas, de maneira a informar os clientes que se trata de um espaço amigo do Ambiente.

Falando em números concretos, Carla Lourenço refere que não os conseguiu ainda obter, contudo, informa-nos de um número que ela própria estimou. “Fui a um estabelecimento na baixa de Faro perguntar quantas palhinhas já tinham sido entregues naquele dia. A rapariga disse-me que a estimativa era entre 150 a 200 palhinhas. Isto num só dia, num só estabelecimento. Agora, basta sabermos quantos estabelecimentos há no Algarve e multiplicar por esse número. E é um número que nem sequer é certo, porque há bares de praia que dão muito mais ou estabelecimentos que estão abertos a noite toda”. Straw Patrol conseguiu eliminar as palhinhas na UAlg Apesar de o número ser assustador, nem tudo são más notícias. A Straw Patrol conseguiu uma grande mudança para a região,

como explica a fundadora do projecto: “enquanto eu estudava na UAlg, a professora Alexandra Teodósio, investigadora que trabalhava com a questão do plástico, juntou-se a nós nas limpezas de praias. Mais tarde, essa mesma professora tornou-se vice-reitora da academia. Foi assim que implementou diversas mudanças nos campus, nos bares e nas cantinas: tiraram as palhinhas e reduziram os descartáveis. Foi uma mudança muito importante e tanto quanto sei a UAlg é pioneira na eliminação das palhinhas. Não há mais nenhuma universidade a combater os plásticos e os descartáveis desta forma. Achei que foi um feito muito grande. Eles criaram até um grupo dentro da UAlg e todo esse trabalho teve um pouco de ligação com a Straw Patrol. Eu tinha tentado isso em 2015, e vê-lo realizado agora foi uma felicidade muito grande. A UAlg devia ser tomada como exemplo pelas outras Universidades”. O trabalho da Straw Patrol já foi inclusivamente reconhecido, quando em 2017 Carla Lourenço recebeu a Menção Especial do Prémio Terre de Femmes Portugal. Esta é uma distinção que premeia as mulheres que estão envolvidas na proteção do Ambiente. Questionada sobre o futuro, a bióloga afirma que pretende “continuar a educar e a mudar mentalidades. Nós sabemos que, de certa forma, fazemos a diferença através da comunicação, do diálogo. Queremos fazer a ponte entre a ciência e os não cientistas e, desta maneira, contribuir para um oceano mais limpo, mais saudável”.

ÔÔ Straw Patrol conseguiu ajudar a eliminar o uso de palhinhas na Universidade do Algarve


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ESPECIAL AMBIENTE

O papel do Ambiente para as autarquias do Algarve FOTOS: D.R.

Projectos a decorrer: Instalação de painéis solares; substituição de 700 luminárias obsoletas por lâmpadas LED; rede de Passeios Acessíveis com cinco quilómetros de passadeiras; campanhas de sensibilização para uma utilização eficaz da água; substituição de condutas de abastecimento de água; rede de Esgotos dos Machados e ampliação da rede no Sítio do Peral.

Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

Sendo esta uma edição especial dedicada ao Ambiente, o POSTAL resolveu fazer uma radiografia à região, com o objectivo de descobrir qual a importância do Ambiente para cada Município. Para tal questionámos as 16 autarquias do Algarve com três perguntas: quais os projectos que já foram desenvolvidos a nível ambiental, quais os que estão a decorrer e quais os planos para o futuro. Apesar de todas os municípios terem sido contactados, apenas oito responderam. Descubra com o POSTAL quais os projectos ambientais dos municípios de Vila do Bispo, Silves, Albufeira, Faro, São Brás de Alportel, Olhão, Castro Marim e Alcoutim.

Projectos já realizados: Criação do Centro de Interpretação e Educação Ambiental “Quinta do Peral” em 2008 com diversas actividades: reutilização e reciclagem de materiais; jogos

de sensibilização ambiental; plantação de árvores; visitas a barragens e ETA; palestras; exposições; visitas de estudo e planetário com cinema 360 graus “A Nossa Casa é um Planeta”.

Projectos futuros: Substituição do sistema de telegestão; candidatura a “Promoção da Reciclagem Multimaterial de Resíduos”; oferta de ecopontos domésticos; candidatura ao Fundo Ambiental; projecto “Life Volunteer” e ampliação da Rede pedo-ciclável.

Projectos já realizados: Plantação de 73 árvores; Prevenção de incêndios com a Faixa de Gestão de Combustível; Condutas adutoras; Colocação de ecopontos; Acções de sensibilização nas escolas e Campanha Feche a Torneira.

ALCOUTIM

Projectos a decorrer: ETAR; Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas; aquecimento de água das instalações desportivas com energia solar; desmaterialização de processos de atendimento do munícipe. Projectos futuros: Utilização de energias renováveis; construção de novas infra estruturas de drenagem e tratamento de águas residuais.

SILVES

Projectos já realizados: Campanha de Reciclagem da Feira Medieval; acção de Limpeza e sensibilização sobre a importância dos oceanos e a sua preservação; projecto ‘Together We Protect’; ‘Operação Montanha Verde’ com a plantação de 5600 árvores; criação da loja Ponto Azul; Bandeira Azul; colocação de revestimento exterior em 80 contentores de lixo enterrados. Projectos a decorrer: Colocação de papeleiras de reciclagem nas praias; reabilitação da Rede de água; implementação de telemetria com 300 contentores; implementação de sistemas de rega gota-gota em espaços municipais; tratamento de pinheiros nas escolas; controlo preventivo de pragas com endoterapia vegetal; aposta na recuperação da raça bovina algarvia e substituição da iluminação pública por lâmpadas led. Projectos futuros: Implementação de compostagem doméstica; reabilitação do sistema de saneamento junto à Ribeira de Alcantarilha; implementação do Plano Geral de Drenagem Pluvial de Armação de Pêra e introdução de painéis solares nas Piscinas Municipais e nos jardins.

VILA DO BISPO

SÃO BRÁS DE ALPORTEL ALBUFEIRA FARO

OLHÃO

Projectos já realizados: Projecto “Albuestilha” em colaboração com a Ecoambiente, com o objectivo de reaproveitar a matéria verde para a produção de estilha. Projectos já realizados: Festival de Observação de Aves e Actividades de Natureza, que incluem um conjunto alargado de actividades de sensibilização ambiental, com o objectivo de promover o Município enquanto destino de Turismo Sustentável. Projectos a decorrer: “Bandeira Azul” encontra-se a decorrer, com a realização de

actividades com a temática: “O mar que respiramos”. Projectos futuros: Nona edição do Festival de Observação de Aves e Actividades de Natureza, entre os dias 4 e 7 de Outubro; consolidação do Município enquanto destino para o Turismo de Natureza; redução da sazonalidade e promoção da sustentabilidade do território.

Projectos a decorrer: Projecto “Chapim” com a colocação de mais de 50 ninhos em todo o concelho, sensibilizando a população escolar para a preservação de habitats e da sua biodiversidade Projectos futuros: Optimização do consumo de água para rega nos espaços verdes municipais com a instalação de estações meteorológicas; adaptação do sistema de rega com unidades telemétricas.

Projectos já realizados: Elaboração e promoção do Plano de Educação Ambiental; Dia Europeu sem Carros; Dia Mundial do Trânsito; Plantação de árvores e Observação e anilhagem de aves. Projectos a decorrer: Actividades de sensibilização ambiental com a Bandeira Azul; acção de limpeza na Praia de Faro. Projectos futuros: Dar continuidade aos projectos anteriores.

Projectos já realizados: Programa Bandeira Azul; Programa Eco Escolas; Programa Escola Azul; requalificação do Parque de Lazer de Pinheiros de Marim; Semana da Ria Formosa e Olhão Lixo Zero. Protocolo com o estabelecimento prisional em que os reclusos procedem à limpeza da Ilha da Armona. Projectos a decorrer: Elaboração do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas. Projectos futuros: Reaproveitamento das águas das Piscinas Municipais e do Estádio Municipal para a limpeza dos espaços públicos urbanos e o abastecimento dos autotanques dos bombeiros.


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ESPECIAL AMBIENTE

Financiamento aprovado para a ETAR de Montes do Rio D.R.

Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

A CÂMARA MUNICIPAL DE ALCOUTIM desde há cerca de

nove anos que tinha nos seus planos construir uma ETAR em Montes do Rio. Posteriormente, garantiu que a mesma seria construída sem financiamento comunitário. Com a aprovação da segunda candidatura da autarquia ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos, essa mesma promessa ficou cumprida. Segundo o presidente Osvaldo Gonçalves “o tempo demorado na execução da ETAR foi de facto um erro, mas que está ultrapassado”. Ao POSTAL, Osvaldo Gonçalves explicou o porquê de a candidatura não ter sido aceite da primeira vez e por isso ter demorado mais tempo. “Um dos critérios da candidatura, e que determinou o chumbo da mesma no ano passado, tem a ver com a qualidade da água

do Rio Guadiana. Se a qualidade da água tivesse um índice inferior a bom, a candidatura seria aprovada, se tivesse um índice de Bom ou Muito Bom seria reprovada. Nós, felizmente, temos um Rio Guadiana que tem uma água de índice Bom, fazendo com que a candidatura fosse reprovada nessa altura por isso mesmo”. Já na segunda candidatura, esse critério não foi tido em linha de conta, dando origem à sua aprovação. ‘É o completar de um ciclo’ Deste modo, o Fundo de Coesão, do Programa Operacional financia até 85% a estação de tratamentos de águas residuais de Montes do Rio, cujo valor elegível ascende a 190 mil e 10 euros. Esta ETAR visa então o tratamento das águas residuais produzidas pelas povoações de Montinho das Laranjeiras, Laranjeiras, Guerreiros do Rio, Álamo e Cortes da Donas.

ÔÔ As obras já se iniciaram e prevê-se que terminem no prazo de seis meses Com o objectivo de contribuir para a melhoria da qualidade da água a rejeitar para o Rio Guadiana, melhorando a qualidade da massa de água do mesmo. Para o presidente da autarquia, “esta ETAR significa uma melhoria e um reforço das

condições de vida das pessoas. Significa o completar de um ciclo na malha urbana ribeirinha, tão importantes que são os Montes do Rio”. Ainda segundo o mesmo, a ETAR já se encontra em construção e prevê estar concluída no prazo máximo de seis meses.

Ao POSTAL, o presidente da autarquia confessou ainda que o Ambiente é uma preocupação para o município. “As obras e o esforço financeiro que estamos a fazer nesse sentido são notórios. Por exemplo, continuamos a alargar as condutas redutoras na distribuição pa-

ra as populações que ainda não têm distribuição de água das Águas do Algarve. E estamos a evitar a captura de águas subterrâneas que são muito importantes e têm um componente interessante no Ambiente e na biodiversidade. E estes são só alguns exemplos”.

Quarteira


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ESPECIAL AMBIENTE

TaviraVerde apresenta taxas de satisfação acima dos 88% FOTOS: D.R.

ÔÔ A Semana da Criança e do Ambiente foi celebrada com jogos lúdicos Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

A EMPRESA MUNICIPAL de Am-

biente, TaviraVerde, existe há 13 anos na cidade algarvia, ganhou os três prémios da ERSAR, entre 400 empresas nacionais e, actualmente, tem como uma das suas prioridades, a educação ambiental nas crianças. O POSTAL falou com o presidente do Conselho de Administração, Jaime Costa, e descobriu como é que esta empresa olha para o Ambiente, como actua e quais os principais projectos já desenvolvidos. O que é e onde actua a TaviraVerde? A TaviraVerde é uma empresa municipal de capitais, maioritariamente públicos, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. A missão institucional da empresa, explica-nos Jaime Costa, é “contribuir e promover a adequada gestão de águas de abastecimento público, águas

residuais e resíduos urbanos no concelho de Tavira”. Esta, nasceu a 28 de Fevereiro de 2005, tendo iniciado a sua actividade no dia 1 de Março desse mesmo ano. O presidente do Conselho de Administração esclarece que a TaviraVerde “surge, em primeiro lugar, da necessidade de desenvolver as funções que lhe estão atribuídas, num quadro de sustentabilidade económica, financeira, técnica, social e ambiental. Em segundo lugar, surge da necessidade de se fazerem elevados investimentos nas infra-estruturas do concelho, para os quais, o município, à data, só por si, não tinha capacidade técnico/financeira”. É então, desde essa data, que a TaviraVerde acompanha o desenvolvimento e o crescimento do concelho de Tavira, tentando sempre responder aos desafios ambientais que se impõem, procurando investir nas melhores soluções tecnológicas. Na prática, esta empresa actua na gestão, exploração e conservação dos sistemas públicos de distribuição de água para con-

ÔÔ A educação ambiental nas crianças é uma das prioridades

sumo. É ainda responsável pelo saneamento de águas residuais urbanas, recolha e transporte de resíduos urbanos, construção e manutenção de espaços verdes. Todas as outras prestações de serviços, referentes à promoção da qualidade ambiental no Município, são da responsabilidade da TaviraVerde. Segundo Jaime Costa, os principais objectivos desta empresa passam por “satisfazer as necessidades de abastecimento de água, de recolha de águas residuais e de gestão de resíduos urbanos da população do município de Tavira, 365 dias por ano, num quadro de sustentabilidade económica, financeira, técnica, social e ambiental”. O Ambiente para a empresa Questionado sobre a importância do Ambiente para a empresa, o presidente do Conselho Administrativo afirma que “as questões de eficiência na gestão dos recursos disponíveis, a redução da pegada ambiental e a preocupação permanente em adoptar novas práticas e tecnologias, estão presentes diariamente”. Exemplos disso mesmo são os projectos realizados pela empresa ao longo dos seus 13 anos. Logo no seu primeiro ano, a empresa cria o projecto de redução das perdas de água e de água não facturada, que até ao dia de hoje já permitiram uma redução de perdas na ordem dos 40%. Outros projectos que se destacam são: o Plano de Segurança da Água, o Plano de Gestão Patrimonial de Infraestruturas e o Plano de Gestão de Perdas e Energia. Para além destes, Jaime Costa destaca ainda “o projecto de redução das afluências indevidas às redes de águas residuais domésticas, que incluiu a eliminação de ligações indevidas a pluviais. E ainda o projecto de recolha de recicláveis porta a porta para o sector do comércio, com uma adesão muito significativa e resultados até à data muito acima do expectável”. Ainda neste âmbito, a promoção da educação ambiental nas crianças tem sido uma das actividades de destaque da TaviraVerde, que segundo a mesma fonte “tem resultados já comprovados”. Exemplo disso mesmo foi a celebração da Semana da Criança e do Am-

biente, entre 4 e 8 de Junho. O stand da TaviraVerde, localizado no Jardim do Coreto, organizou jogos lúdicos para as crianças do pré-escolar e primeiro ciclo, com o objectivo de sensibilizar para a problemática dos resíduos e promover a reciclagem. Os prémios e a satisfação do consumidor Em 2014, a empresa foi distinguida com o prémio “Selo Qualidade do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos, da ERSAR”, ficando entre as 14 entidades gestoras distinguidas, de entre as mais de 400 nacionais. Para Jaime Costa: “a atribuição deste selo veio reconhecer o empenho da TaviraVerde e dos seus colaboradores na prestação de um serviço de excelência na área dos Resíduos Urbanos”. Mais recentemente, em 2017, a TaviraVerde volta a receber um prémio da ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços

ÔÔ A empresa já ganhou vários prémios de Águas e Resíduos, desta vez o “Selo Qualidade Exemplar da Água para Consumo Humano”. Segundo o presidente: “salienta-se que esta foi a terceira vez que a ERSAR decidiu atribuir este selo de qualidade de serviço e que, de todas as vezes, a TaviraVerde foi galardoada com o mesmo. Este galardão é principalmente destinado aos nossos clientes, que todos os dias recebem em casa a água que produzimos”. Clientes esses, que consoante

o último inquérito da empresa, realizado entre Janeiro e Fevereiro, estão satisfeitos. Através da plataforma electrónica responderam 684 clientes, dando resultado a uma taxa média de satisfação de 88,32%. “Estes resultados, por um lado, deixam-nos muito orgulhosos, mas por outro, fazem com que, cada vez mais nos sintamos com uma maior responsabilidade para cumprir os objectivos a que nos propomos”. PUB


8 | 20 de Julho de 2018

ESPECIAL AMBIENTE

Castro Marim com o lema ‘conhecer para proteger’

ÔÔ A plantação de espécies autóctones é já uma prática comum Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

A CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM vê o Ambiente

como uma prioridade e um dos exemplos disso é o facto de possuir um gabinete especializado, denominado Serviço

de Protecção do Meio Ambiente, que actua em diversas áreas. Ao POSTAL, a engenheira Fátima Marques revelou quais os projectos ambientais já realizados e quais os que estão a decorrer de momento. Para além disso, explicou ainda quais os planos da autarquia para o futuro. O lema “conhecer para prote-

ger” é o mote do Município, como nos explica a engenheira. “Temos a preocupação de divulgar e promover o conhecimento sobre o vasto património ambiental e cultural do Município, sob o lema ‘conhecer para proteger’. Para além disso, investimos numa política de educação ambiental que possa contribuir para a promoção do respeito pelo Ambiente, induzindo a uma mudança de comportamentos”. A educação ambiental de que fala Fátima Marques começa pelos mais novos e, é dessa maneira, que ao longo do ano são realizadas inúmeras actividades com o Agrupamento de Escolas de Castro Marim em parceria com a Câmara, a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, entre outros. Essas iniciativas consistem em: limpezas de praias, acções de remoção de espécies exóticas e sobre a correcta separação dos resíduos; plantações de árvores; workshops e exposições com materiais recicláveis.

Os projectos anteriores Nos últimos anos, a autarquia de Castro Marim tem-se centrado, essencialmente, na biodiversidade no ambiente marinho e costeiro. Neste sentido, durante a época balnear são realizados workshops de educação ambiental em todas as praias, que promovem 18 actividades, como realização de jogos e reutilização de materiais. Também nos eventos do município, como a “Feira Natural. pt” e a “Terra de Maio” são inseridas acções de sensibilização ambiental, neste caso vocacionadas para a divulgação e protecção da floresta. Ainda neste âmbito, no Dia da Árvore e da Floresta foram plantadas espécies autóctones. Já no Dia da Água fizeram-se visitas às barragens e a estações de tratamento de água. Anualmente, a autarquia promove ainda diversas caminhadas em áreas de interesse ambiental. Para a faixa etária dos seniores, há a “Sementes para o Futuro”, uma acção de sen-

sibilização que conta com workshops de plantação de espécies autóctones. Os projectos a decorrer Para esta época balnear, a autarquia continua a realizar os já conhecidos workshops, este ano com o tema da Bandeira Azul é o “Mar que Respiramos”, dando destaque aos principais factores de ameaça, como os resíduos. Já no programa de férias, o Município em parceira com a empresa NovBaesuris, dão continuidade às campanhas de caracterização de lixo marinho, iniciadas em Maio, durante a limpeza das praias. Para além disso, encontra-se a decorrer o projecto de outdoors de educação ambiental, com mensagens curtas em grandes formatos, colocadas em locais de grande visibilidade. Os projectos para o futuro Fátima Marques afirmou que os principais objectivos são “continuar a apostar na educação e sensibilização ambiental

e apostar na divulgação do património cultural e ambiental do concelho, com o maior respeito pelo meio ambiente”. Em parceria com a Algar, está prevista a realização da campanha “Recicla+”, que visa sensibilizar a comunidade para a necessidade de se aumentar a quantidade de resíduos enviados para a reciclagem. Em simultâneo, prevê-se, ainda, o aumento da quantidade de ecopontos na via pública. Segundo a engenheira, estão ainda previstos projectos, para um futuro breve, “importantes para o desenvolvimento sustentável do concelho, e muitos deles já têm financiamento comunitário assegurado”. São eles: construção de sistema de protecção do cordão dunar com uma rede de passadiços; requalificação da frente de mar da Praia da Altura; requalificação de parques de estacionamento da praia marítima e da Praia do Cabeço; criação de infra-estruturas do centro náutico de Odeleite; criação da aldeia columbófila e a criação de uma rede de ciclovias. pub



10 | 20 de Julho de 2018

ESPECIAL AMBIENTE

Coopérnico, a primeira cooperativa de energias renováveis em Portugal FOTOS: D.R.

ÔÔ Na ASMAL espera-se uma produção de 82 mil kilowatts anuais Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

A COOPÉRNICO nasceu em 2013

pela vontade de um grupo de cidadãos. O objectivo era o de agruparem economias que revertessem para projectos de produção de energia renovável em Portugal. Surge, assim, a primeira cooperativa de Energias Renováveis em Portugal, que actualmente conta já com 14 projectos instalados, três deles no Algarve. O POSTAL falou com a coordenadora executiva da

Coopérnico, Ana Rita Antunes, que explicou que a cooperativa actua em três áreas fundamentais. Em primeiro lugar, na produção de energia renovável, em parceria com outras entidades do terceiro sector, através de diversos projectos. Em segundo, têm como objectivo a comercialização de energia, tornando a cooperativa a primeira entidade do terceiro sector a comercializar energia para todo o país. Por fim, trabalham com os seus membros no aconselhamento nas áreas de eficiência energética e de autoconsumo. Relativamente ao número de

ÔÔ Na Fundação Irene Rolo estão instalados 186 módulos fotovoltaicos membros, a Coopérnico, conta com mais de mil, que totalizam 800 mil euros investidos em projectos de energias renováveis. Os projectos algarvios No Algarve, a cooperativa criou dois projectos em Tavira, com a Fundação Irene Rolo e com a Quinta do Caracol, e um em Loulé, com a ASMAL - Associação de Saúde Mental do Algarve. A Quinta do Caracol foi o primeiro projecto da Coopérnico e, consequentemente, a primeira central fotovoltaica. Está situada num Hotel de Turismo

Rural em Tavira e, apenas no primeiro ano de exploração, ficou 12% acima das expectativas. Este foi um investimento de 32.500 euros, que abastece, actualmente, nove famílias. Ainda em Tavira, na Fundação Irene Rolo, a Coopérnico instala 186 módulos fotovoltaicos, mais especificamente no Alojamento de Emergência Social, construído em 2015. Este, surgiu da necessidade de uma resposta urgente de alojamento transitório e temporário para pessoas ou famílias em situação de especial vulnerabilidade social na região do Algarve. Foi

um investimento de 55.750 euros, que abastece 31 famílias. Já em Loulé, a Coopérnico investe no seu nono projecto, desta vez com a ASMAL, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), sem fins lucrativos e de utilidade pública. Esta IPSS promove a saúde mental, oferece qualidade nos serviços prestados e colabora para a desmistificação social da doença mental. A parceria com a cooperativa permitiu o investimento de 53.750 euros num projecto de energia fotovoltaica, com uma produção equivalente ao consumo anual de 31 famí-

lias, correspondente à poupança anual de 52 toneladas de dióxido de carbono. Para a coordenadora executiva e membro-fundadora da Coopérnico: “o Algarve é uma área por excelência de produção de energia renovável, portanto esperamos ter outros projectos em breve na região”. Questionada sobre os planos para o futuro, Ana Rita Antunes diz ao POSTAL que ainda não pode revelar muito, mas que nos próximos meses espera avançar com um novo projecto no Algarve.

ALMARGEM percorre escolas para reeducar crianças D.R.

Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

A ALMARGEM, conhecida por ter sido a criadora da Via Algarviana, a rota pedestre que liga todo o interior algarvio através de 800 quilómetros de percursos, tem tido, ao longo dos seus 30 anos de existência, um papel fundamental na educação ambiental das crianças e jovens do concelho de Loulé. A associação foi criada em 1988, em Loulé, e desde então que tem como missão a defesa do património natural e cultural do Algarve. A ALMARGEM foi, neste sentido, a primeira ONG vocacionada para o Ambiente a surgir na região mais

a sul de Portugal, e uma das primeiras no país. Ao longo dos 30 anos de existência, a associação procurou estar sempre atenta às questões relacionadas com o estudo e a preservação do património cultural e ambiental da região, acreditando que este é o factor fundamental na prossecução do verdadeiro modelo de desenvolvimento sustentável para a região. O POSTAL esteve à conversa com André Pinheiro, o coordenador da educação ambiental da ALMARGEM, que se encontra a exercer funções desde Maio de 2017. Para este biólogo, a associação “permite construir um Algarve melhor”. A associação acredita que a sen-

sibilização das novas gerações para os desafios ambientais que a região enfrenta, e a necessidade de defender e conservar o património, são fundamentais. Este é então o mote para a Educação Ambiental que a associação realiza pelas escolas do concelho de Loulé, através de diversas actividades e objectivos, que variam consoante as faixas etárias. Uma parceria em conjunto com a Câmara de Loulé, que existe há 28 anos, e que permite a André Pinheiro percorrer várias escolas, com o propósito de reeducar crianças e jovens, dando-lhes ainda a conhecer a biodiversidade da região. “O objectivo depende das actividades e das faixas etárias,

ÔÔ ALMARGEM conta com 30 anos de existência e foi a primeira ONG ambiental a surgir no Algarve mas queremos que eles se apercebam que há animais e plantas diferentes e, que cada um tem uma função específica. Queremos que eles aprendam que existe biodiversidade. Para além disso, queremos que repensem alguns dos gestos que têm, como o facto de pedirem palhinha quando bebem

um sumo. Deste modo, André Pinheiro percorre as escolas desde o pré-escolar até ao terceiro ciclo dando palestras, fazendo workshops, jogos e até saídas de campo, com diversas temáticas: alterações climáticas, biodiversidade, valorização do património natural e cultural, botânica, aves ou atitudes responsáveis.

Para este biólogo, que rumou ao Algarve para trabalhar na associação: “é um prazer muito grande estar na ALMARGEM, porque ao longo dos anos as nossas intervenções e sensibilizações tiveram efeito. A associação já educou milhares de crianças no concelho e para o futuro pretendemos continuar”.


20 de Julho de 2018 | 11

ESPECIAL AMBIENTE

Barcos movidos a energia solar chegam a Tavira FOTOS: D.R.

ÔÔ Ambos os barcos da Solar Moves foram fabricados pela empresa algarvia Sun Concept Maria Simiris / Henrique Dias Freire

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A MAIS RECENTE empresa de passeios de barco de Tavira, Solar Moves, abriu portas no dia 1 de Maio deste ano. Os barcos desta empresa são pioneiros na cidade, uma vez que cada um possui seis painéis solares, fazendo com que naveguem a custo zero por milha. Para além disso, não consomem combustíveis fósseis e não produzem gases de efeito de estufa. Estamos assim perante o que a empresa chama de “passeios amigos do Ambiente”. O POSTAL esteve à conversa com o skipper dos barcos, Pedro Costa, que revelou quais os tipos de viagem disponíveis, como é que os barcos funcionam e qual tem sido o feedback dos que já tiveram oportunidade de passear com a Solar Moves. Pedro Costa começa por revelar quais os objectivos principais da empresa: “pretendemos ser uma empresa inovadora e diferente, começando pelos barcos e por todo o leque de ofertas que temos a bordo. Depois, pretendemos proporcionar bons momentos às pessoas, demonstrando que as energias renováveis e, neste caso, os barcos solares são um bom caminho para o futuro. ‘Pretendemos coexistir com o Ambiente e não suplantá-lo’ Apesar de a ideia desta empresa não ter sido de Pedro, este conta ao POSTAL como surgiu. Um dos sócios-fundadores sempre teve vontade de criar um conceito de passeios marítimo-turísticos, virado para as preocupações ambientais e com uma forte componente histórica. “Ou se-

ja, passeios apenas na Ria, sem saídas ao mar, com algo mais do que transportar pessoas do ponto A para o ponto B, mas sim de contar a História de tudo”, explica Pedro Costa. Esse mesmo sócio-fundador deparou-se com um carro eléctrico na estrada e foi nesse preciso momento que lhe surgiu no pensamento “e porque não um barco eléctrico?”. Posto isto, “a pesquisa foi imediata e o conceito e a construção dos barcos é de origem algarvia. Após o passeio de demonstração ficamos imediatamente rendidos e daí a ter os barcos na água foi um abrir e piscar de olhos”, refere o skipper dos barcos. Os dois barcos da Solar Moves foram fabricados pela empresa Sun Concept, sediada em Olhão e pioneira na Europa na construção destas embarcações a bateria, que se carregam através da energia solar captada nos painéis. Para além da vantagem de não poluírem nem a atmosfera, nem a Ria, estes barcos não fazem qualquer tipo de ruído, como nos explica Pedro Costa. “Os nossos barcos são eléctricos, temos baterias que são carregadas através dos painéis solares e os motores são eléctricos. Portanto, não há poluição, seja marítima, atmosférica ou sonora. Não há ruído, não existe o cheiro da gasolina, nem sequer fazemos espuma como os outros. É um passeio mais suave”. O Ambiente é o factor mais importante para a Solar Moves e é ainda nesse sentido que dentro dos barcos, sempre que possível, não existem materiais de plástico ou de vidro, até as taças e as bases dos copos são feitas de madeira e cortiça. Para além disso, os vouchers da empresa são de papel reciclado e todas as frutas e sumos servidos a bordo são biológicos e da região. Como ex-

plica Pedro, a ideia da empresa é “coexistir com o Ambiente e não suplantá-lo”. Há seis opções de passeios pela Ria Formosa Quanto às viagens, a Solar Moves apresenta seis opções entre a Praia do Barril e Cacela Velha, que apenas são possíveis devido à autorização do Instituto da Conservação da Natureza e da Floresta. O primeiro, de 150 minutos, denomina-se “Tavira e as suas vilas Piscatórias” e tem como objectivo dar a conhecer a história da cidade, dos viveiros e das salinas. O segundo, “Cacela Velha”, com o mesmo tempo de duração, para além de dar a conhecer a história, apresenta uma experiência gastronómica com sabor a marisco e acompanhada de um bom vinho. A terceira opção é para os amantes de pássaros, o passeio “Bird-watching”, dura 120 minutos e dá a conhecer as rotas migratórias de mais de 200 espécies de aves que todos os anos passam pelo Algarve. Neste passeio, o cliente tem a opção de pedir um especialista no assunto. O “Passeio Natureza”, de 150 minutos, trata-se de uma viagem, liderada por um especialista, que promete dar a conhecer o melhor da vida selvagem na Ria Formosa. Para os mais corajosos, a Solar Moves apresenta o “Mergulho no Mar”, um passeio de 120 minutos até à Ilha Deserta de Cabanas, que permite aos participantes conhecerem o fundo do mar com o auxílio de máscaras de oxigénio. Por fim, esta revela ser uma empresa versátil, que dá a opção aos clientes de apresentarem uma rota e um orçamento. Para além disso, existe ainda a opção de se realizarem passeios nocturnos.


12 | 20 de Julho de 2018

ESPECIAL AMBIENTE

Escuteiros de Tavira colocam placas na ilha para alertar para a pouição FOTOS: D.R.

ÔÔ A comunidade conta com 16 elementos entre os 14 e os 18 anos Maria Simiris / Henrique Dias Freire

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O Agrupamento de Escuteiros 100-Tavira realizou nos passados dias 13, 14 e 15 de Julho um acampamento ambiental na Ilha de Tavira. Todas as secções tiveram actividades relacionadas com a protecção do meio Ambiente, contudo, os pioneiros (jovens com ida-

des compreendidas entre os 14 e os 18 anos) destacaram-se. Estes jovens, em conjunto com o chefe de Unidade, colocaram 11 placas no percurso pedestre até à praia da Ilha de Tavira, com o objectivo de chamarem a atenção para os perigos da poluição. O conjunto das placas conta uma história, através de imagens. História essa que é diferente em cada lado da placa. O chefe de Unidade, Luís Santos,

ÔÔ As placas contam a história de uma tartaruga que não sobreviveu ao lixo no mar de 25 anos, explicou ao POSTAL: “o objectivo é que as 10 primeiras placas contem uma história e que a 11ª contenha uma mensagem. Quando as pessoas se estão a deslocar para a ilha de Tavira, vêem uma história que termina com um final trágico. Já no caminho inverso, a história é diferente porque tem um final feliz. Ou seja, a caminho da Ilha de Tavira as placas contam a história de uma tartaruga que

acaba por morrer devido ao lixo marinho. No caminho de regresso, as imagens mostram um mar limpo, que permitiu à tartaruga viver e reproduzir-se”. Catarina Marques, de 18 anos, guia de comunidade, orienta todos os pioneiros e afirmou ao POSTAL que o principal objectivo desta acção é o de “alertar as pessoas para não deitarem lixo para o chão”. Já Inês Moreira, de 15 anos, e responsável por

este projecto ambiental, refere mesmo que: “o objectivo é o de alertar para o lixo nas praias e, por isso, a minha ideia, era a de continuar este projecto. Na ilha há pelo menos mais dois passadiços e eu gostava que conseguíssemos lá pôr placas também”. Todas as placas foram colocadas, desenhadas e escritas pelos jovens escuteiros. Para o chefe que os acompanha:

“estou orgulhoso deles. É importante nós olharmos e percebermos que são diferentes dos outros miúdos com a mesma idade. Esperamos que muita gente passe por estas placas e que surta efeito. Se conseguirmos que duas pessoas não deixem o lixo na praia, já não foi em vão. Pedagogicamente estas coisas são importantes e sem dúvida que darão frutos”. PUB



14 | 20 de Julho de 2018

ESPECIAL AMBIENTE D.R.

ÔÔ “As pessoas ao consumirem água da torneira não estão a correr riscos, antes pelo contrário, estão a consumir um produto de qualidade”, refere o presidente da Águas do Algarve

Joaquim Peres: ‘A Águas do Algarve é um pulmão vital para a região’ Maria Simiris / Henrique Dias Freire

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A Águas do Algarve é a empresa responsável por garantir o abastecimento de água para consumo humano e o tratamento de águas residuais em toda a região, de acordo com os mais elevados padrões de qualidade e fiabilidade. Surge no Algarve em Agosto de 2000, abrangendo todos os 16 concelhos, em cerca de 450 mil habitantes em época baixa e perto de um milhão e meio em época alta. Joaquim Peres é o presidente da empresa desde Fevereiro de 2016. Para o engenheiro e professor catedrático, é um gosto dar de beber a todos os algarvios. Ao POSTAL, Joaquim Peres explicou qual o papel do Ambiente na Águas do Algar-

ve, como funciona a relação com os consumidores e quais as aspirações do futuro para a empresa. O que é a Águas do Algarve? É um local de trabalho extraordinariamente interessante com pessoas muito interessantes. Tem um conjunto de colaboradores, muito empenhados na missão que têm e com quem é bom trabalhar. A Águas do Algarve é um pulmão vital para a região porque para além de poder fornecer água com qualidade, quantidade e pressão, trata ainda os afluentes que antecedem a chegada ao meio receptor, com a despoluição necessária. Factor que contribui para a existência de praias de excelente qualidade, com bandeiras azuis, por todo o litoral. Sabendo que contribuí-

mos um pouco para que isso aconteça é extraordinariamente importante e interessante. Acima de tudo é a responsabilidade de dar de beber ao Algarve. É a responsabilidade de dar de beber ao Algarve, a quem cá mora e a quem cá passa. É também dar de beber água de qualidade. É um produto de qualidade, certificado e por isso extremamente importante. Há que passar a mensagem que as pessoas ao consumirem água da torneira não estão a correr riscos, antes pelo contrário, estão a consumir um produto de qualidade. Mas a nossa actividade não se esgota no fornecimento da água. Depois, é ainda preciso tratar do afluente e deixá-lo de maneira a que ele possa ser reutilizado

com uma finalidade necessária. Isto tudo para não haver a necessidade de consumir água previamente tratada como água para consumo humano. A água da torneira do Algarve tinha fama que não era de qualidade. Houve um grande trabalho da vossa parte para mudar essa situação? Tinha fama e proveito. Essa situação devia-se às origens da água. Antes de 2005, as únicas origens da água que tínhamos eram aquelas que provinham de furos feitos para a retirada de águas freáticas. Com o acréscimo do consumo foi-se verificando que esses aquíferos começaram a ser contaminados com águas salgadas. Desse modo, a água ficou extraordinariamente salobra. Portanto, a água do Algarve ganhou uma

má fama na região. Quando a captação deixou de se fazer exclusivamente através de furos, com recolha das águas do subsolo, e passou a ser feita à superfície, da Barragem de Odeleite/Beliche e posteriormente com a construção da Barragem de Odelouca, também desta origem a barlavento, passando a ter uma qualidade diferente. Por um lado, passámos a consumir uma água com melhor sabor e melhores aplicações, por outro, não estando a rebaixar os níveis de águas freáticas, impedimos a entrada de água salobre. Ela não só era má para quem a consumia, como também para quem a utilizava nas operações de rega. A pouco e pouco estaria a ser provocada uma desertificação dos solos. Passou de uma água com má

qualidade para uma água certificada. Em alta é a única no país. Isso deve-se ao trabalho de toda agente. Ao trabalho das ETAS (Estação de Tratamento de Águas), mas também ao trabalho que se desenvolve nos laboratórios. Lá, é feito um conjunto de análises com uma frequência tão grande que permite que o produto seja rastreado em contínuo no dia-a-dia. Quando a água sai das nossas ETAs temos a certeza de que aquele produto está verificado e de acordo com aquilo que são as mais elevadas exigências dessa certificação. ETAS existem em que sítios no Algarve? ETAS temos as duas grandes, em Alcantarilha e em Tavira. Depois existe uma nas Fon-


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ESPECIAL AMBIENTE

“Eu não bebo mais nenhuma água que não seja a da torneira. Mesmo em restaurantes bebo água da torneira” tainhas e outra no Beliche. E é nessas quatro estruturas que se encontra todo o pessoal de laboratório, que de forma interessada se dedicam a controlar todos os parâmetros, de forma a garantir que a água certificada se continue a manter. O grande problema não é obter a certificação, é mantê-la. Depois de se obter a certificação há que garantir que a qualidade se mantém. Há um conjunto de análises que depois são feitas nos pontos de entrega. São análises que são repetidas e daí o produto poder ser certificado, uma vez que se pode rastrear. Nesses pontos de entrega a água é outra vez analisada e depois entra nesses pontos em baixa e é gerida pelas empresas, municípios, etc. Há então que perceber, que essa água de qualidade, que foi entregue, vai fazer um circuito por um conjunto de canalizações, que são da responsabilidade de outras entidades. É seguro e deve-se beber água da torneira? Só deve fazer-se isso. Aliás, eu não bebo mais nenhuma água que não seja a da torneira. Mesmo em restaurantes bebo água da torneira. Se formos ver a água engarrafada, a nível monetário não compensa. Eu até posso pagar por beber água da torneira num restaurante mas eu quero pagar por um produto de qualidade. Não quero pagar por uma água que já foi engarrafada há semanas e que já passou por calor e exposição ao sol. Não digo que não seja um negócio, mas o meu é certificado e é bom. A questão aqui é que essas empresas querem vender o máximo possível, o que é legítimo, mas o nosso negócio não é esse. Nós não dizemos às pessoas para beberem água da torneira para aumentarmos o número de vendas, a nossa preocupação é que o consumo seja responsável. A água é um bem escasso e deve ser utilizada com inteligência e de uma forma racional. Podemos dizer que a Águas do Algarve foi um dos

maiores projectos de desenvolvimento estruturante da região. Sim. É um dos grandes projectos regionais. Contribui muito para aquilo que é a imagem do país lá fora. Isto, porque grande parte da população, em algumas alturas do ano, provém do exterior e aquilo que ela leva é a imagem da-

Dez razões para se beber e utilizar a água da torneira no Algarve

a questão das rejeições, que normalmente são essas as poluidoras. Preocupa-nos muito, por exemplo, que ainda existam ligações clandestinas a linhas de água e que aconteçam coisas como existirem praias interditas. Nada teve a ver connosco, mas ficamos preocupados. O Ambiente é fundamental para que tudo isto esteja em harmonia. Vão até começar a reutilizar a água, certo? Sim. O que nós vamos fazer é utilizar a capacidade de transformação da água. Esta, uma vez utilizada, pode ser reutilizada para fins variados, desde

única no país, que requer menos energia. Para além dessas preocupações ambientais, a Águas do Algarve vai começar agora uma nova campanha para a redução do plástico? Sim, as pessoas vão-se apercebendo da dualidade que é o baixo custo das embalagens de plástico, a facilidade com que se adquirem e o rasto que deixam. Em termos ambientais, aquilo que ao princípio parecia que não iria ter problema nenhum, hoje estamos a ver que há uma invasão desse produto por todo o lado. Grande parte dele invade o nosso espaço e o espaço

1 - Faz bem à saúde; 2 - É económica; 3 - Contribui para as questões ambientais; 4 - Torna os cozinhados mais apetitosos; 5 - É extraordinariamente importante para a higiene; 6 - É um produto certificado e de qualidade; 7 - Está sempre ao dispor; 8 - É uma felicidade comparado com outros povos que não a possuem; 9 - É um reflexo de inteligência; 10 - Faz-me feliz por ter a oportunidade de participar neste projecto.

Por Joaquim Peres

quilo que usufrui. E a imagem da água é aqui muito importante. A maior parte dos países de origem dessas pessoas não recomendam o consumo de água da torneira. Qual a prioridade das Águas do Algarve? A prioridade são as pessoas. Temos de lhes dar um produto de qualidade. Em primeiro lugar devemos fornecer com qualidade e em segundo chamar a atenção para a utilização moderada do produto de qualidade. Tentamos, neste sentido, fazer campanhas de sensibilização para o uso inteligente da água. Qual é então o papel do Ambiente para a Águas do Algarve? É fundamental. Porque, por um lado, temos de garantir que as situações de abastecimento sejam feitas da melhor forma possível. E, por outro lado, tomar em consideração

que tenha os tratamentos adequados. Tratamentos que precisam de energia e neste caso até podemos utilizar energia renovável para o fazer. Isto, porque, em duas das nossas ETAs temos parques fotovoltaicos que fornecem energia ao tratamento das águas. Temos também, já estabelecidos, contactos com diversas entidades, como campos de golfe, para que possam utilizar a nossa água para a rega. Outra forma é o carregamento de aquíferos, para que através de filtração regresse ao aquífero e volte a poder ser utilizada. Um trabalho em que, por exemplo, as ETARs são fundamentais. Sim. E no Algarve estão agora a surgir mais. Por exemplo, em Março surgiu a da Companheira, que fez uma diferença extraordinária. Em construção está a de Montes do Rio e a de Faro/Olhão. Essa última é especial, utiliza uma tecnologia

dos outros seres vivos, nossos parceiros neste planeta. Por exemplo, as espécies marinhas ao ingerirem essas partículas de micro-plásticos podem-nos fazer ingerir essas mesmas partículas. Entramos num ciclo. Queremos, deste modo, ter uma contribuição pequena, mas bastante inteligente, sobre a necessidade de se evitar o consumo de plásticos. E a educação ambiental é também importante? É muito importante. Fizemos este ano, nos dias 1 e 2 de Março, uma actividade única no país. Lançámos o tema “Desafios da água” num congresso, em que se criaram inúmeros ateliers por onde passaram cerca de mil e seiscentas crianças

das escolas. Lá puderam experienciar os trabalhos com a água e descobrir o que lhe acontece. Actualmente, continuamos a ter condições para fazer visitas a estabelecimentos escolares, no sentido de promover esta educação ambiental. Para além disso temos outras actividades de sensibilização com as crianças, para que elas aprendam que a água é um bem esgotável. Para além das crianças, como é feita a vossa relação com a população? É feita de variados modos. Por exemplo, já fizemos campanhas em praias com a oferta de água da torneira às pessoas. E já fizemos uma campanha num estabelecimento prisional de Olhão, em que fomos explicar aos reclusos a importância de beber água da torneira. Estamos envolvidos com várias entidades regionais também nesse sentido. Destacamos datas importantes como seja o Dia da Água ou do Ambiente, entre outras. Também as redes sociais são uma fonte poderosa de comunicação em que nós apostamos, com mensagens e passatempos. A Águas do Algarve chegou a receber diversos prémios. Temos tido reconhecimento nacional e internacional do trabalho que temos feito. Recentemente, recebemos um prémio em Bruxelas, em que o nosso projecto foi qualificado entre os dez mais interessantes da Europa Quais as aspirações para o futuro? São colectivas. Em primeiro lugar queríamos colocar num único ponto o controlo analítico de toda a região. Tenho a aspiração de ter um laboratório regional único. Tenho o sonho, ainda, de que 30% da água rejeitada consiga ser aproveitada. Este é um trabalho que não se esgota. Eu ser presidente desta empresa não é uma profissão, é uma missão, que dura um determinado tempo. O importante é criar bases para a empresa continuar a fazer um trabalho bem feito a servir a população, a servir o ambiente, e a estardisponível para participar na educação de toda a gente.

“Eu ser presidente desta empresa não é uma profissão, é uma missão”

LIFE Hymemb premiado como um dos melhores projectos LIFE O projecto HYMEMB, liderado pelo LNEC e que teve como parceiro a empresa Águas do Algarve, SA., foi seleccionado pela Comissão Europeia como um dos dez melhores projectos do programa Life da UE, dos anos 2016 e 2017, na categoria Ambiente. Para tal os parceiros do projecto Life HYMEMB (LNEC e AdA) foram convidados a participar na cerimónia em Bruxelas de entrega do prémio, no passado dia 23 de Maio, integrada na EU Green Week 2018. A Águas do Algarve esteve representada no certame para receber o prémio com o LNEC, através do presidente eng.º Joaquim Peres e por colaboradores da Operação Água e Laboratório. O projecto HYMEMB foi financiado pelo programa “LIFE+ Environment Policy and Governance”. O objectivo deste projecto foi demonstrar a viabilidade e sustentabilidade da introdução de processos de membrana avançados em estações de tratamento de água, para criar uma barreira mais segura e resiliente contra contaminantes emergentes na produção de água para consumo humano, diminuindo simultaneamente os impactes ambientais. Visou a utilização de um processo de tratamento híbrido inovador e avançado de adsorção a carvão activado em pó com microfiltração cerâmica, uma tecnologia de membranas de baixa pressão (menores consumos energéticos). O projecto HyMemb abordou de uma forma inovadora a utilização de membranas cerâmicas PAC/ MF, utilizadas em muitos países europeus, mas não ainda em Portugal. O projecto HyMemb permitiu demonstrar que tecnologias PAC/MF permitem a produção de água de forma sustentável. A abordagem proposta no projecto HYMEMB envolveu a necessidade de se utilizar protótipos para demonstrar a uma escala piloto a aplicação ideal e gama de funcionamento de uma base de membrana alternativa (PAC/MF). Deste modo, ao longo de 2016, efectuaram-se diversos testes e ensaios, no qual se obtiveram resultados promissores e reveladores.


16 | 20 de Julho de 2018

ESPECIAL AMBIENTE

Gravidade das ameaças ambientais promove a criação nacional do Grupo de Comunicação e Educação Ambiental FOTOS: D.R.

ÔÔ Esta é uma informação transmitida ao POSTAL em primeira mão A gravidade das ameaças ambientais que ocorrem um pouco por todo o planeta, não sendo Portugal excepção, e a

crescente importância que as temáticas de prevenção e educação para a preservação do ambiente estão a assumir, são PUB

O Executivo da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) bem como todos os seus funcionários, felicitam o jornal POSTAL do ALGARVE pelo o seu 31º aniversário e congratulam-se pela vossa existência. Bem Hajam! O Presidente da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago) José Mateus Domingos Costa

uma realidade inquestionável e urgente. Consequentemente, e a par destas preocupações, a existência de uma maior

uniformidade da comunicação por parte de todos os actores nesta matéria, que resulte numa maior eficácia

e capacidade de mobilização comportamental na educação ambiental a nível nacional, foram alguns dos principais motivos que levaram a APDA – Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, a criar o Grupo de Comunicação e Educação Ambiental. Falamos de questões que estão a ameaçar e a afectar os nossos ecossistemas e inclusivamente a saúde humana. Urge, fazer da água e da sua gestão, a sua protecção e uso eficiente uma preocupação de todos. São por isso urgentes a criação de políticas mais eficientes, bem como a criação de projectos voltados para conscientização da população para a redução e irradicação dos problemas ambientais do nosso país. Trata-se de um Grupo que tem à sua frente desafios muito ambiciosos e simultaneamente de elevada complexidade, não fossem as questões ambientais, um dos maiores desafios actuais da humanidade. Existem já por todo o país várias iniciativas de cariz sustentável! No entanto, muitas vezes esquecemos-mos de que uma boa e correcta co-

municação é a ferramenta fundamental para dar voz e visibilidade à sustentabilidade. De que adianta, a prática de todas estas acções no terreno se a comunicação não funcionar? Uma correcta comunicação é fundamental em variadíssimos aspectos, nomeadamente na divulgação, e posteriormente na comunicação das reais mudanças de hábitos e comportamentos verificadas através da apresentação dos resultados e os objectivos alcançados com os projectos desenvolvidos. Criar gerações com consciência crítica e ambientalmente mais responsáveis numa perspectiva de mudança e desenvolvimento é basilar. É com satisfação e sentido de elevada responsabilidade que aceitei a nomeação de Coordenadora deste Grupo de Trabalho, o qual é formado por elementos de todo o país, incluindo do arquipélago da Madeira, sendo estes oriundos de diferentes entidades, entre públicas e privadas.

Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve

Chuta os Plásticos para fora dos Oceanos

A Águas do Algarve, no âmbito da actividade que desenvolve na região, está inerentemente associada ao ambiente e à sua preservação, sendo esta uma forte componente das estratégicas de educação ambiental que desenvolvemos no Algarve! Veja-se que a primeira grande Estratégia Europeia sobre Plásticos foi adoptada a 16 de Janeiro de 2018 pela Co-

missão Europeia, e faz parte da transição que se pretende para a Europa de uma economia circular com base no desenvolvimento Sustentável. Acima de tudo, trata-se de uma estratégia que pretende ajudar a proteger o Ambiente, através da redução do lixo marinho, das emissões de gases com efeito de estufa e a nossa dependência em combustíveis fósseis importados. Nesse sentido, estamos a iniciar uma acção regional intitulada “Neste Verão Chuta os Plásticos para fora dos Oceanos”. Para além do papel importante da Águas do Algarve nesta matéria, não nos podemos alhear do facto de estarmos numa região banhada pelo mar, onde as praias são um dos nossos maiores ex-libris. A estatística é esmagadora: a população algarvia anda na ordem das

500 mil pessoas, chegando, no entanto, a triplicar nos meses de Julho e Agosto, atingindo números de um milhão e meio, e por vezes até mais. Este aumento de população tem ligação directa com o aumento dos lixos e dos plásticos. Conscientes do papel de cada um na problemática global da disseminação dos plásticos no ambiente, pretendemos contribuir através das acções de educação e sensibilização ambiental para que o Planeta preserve o bom ambiente e que se mantenha saudável para nós, para os nossos filhos, e para todas as gerações vindouras. Com pequenos gestos, podemos ajudar a diminuir a quantidade de resíduos de plástico que existem nos nossos oceanos, na terra e no ar, reciclando e reutilizando sempre mais.

“Não permitas que os plásticos definam o nosso futuro! Neste Verão, vive a praia mas chuta os Plásticos para fora dos oceanos!” Este é o teaser da campanha. A Campanha será desenvolvida em três fases, com início em Julho, terminando em Setembro. Alguns dados adicionais, de acordo com a Plastics Europe, o uso dos plásticos distribui-se da seguinte forma: - 40% embalagens - 22,5% bens de uso doméstico e de consumo - 20% edifícios e construção - 9% automóveis e camiões - 6% equipamento eléctrico e electrónico - 3% agricultura Teresa Fernandes, responsável pela Comunicação e Educação Ambiental da Águas do Algarve


Cultura.Sul

Quinzenalmente com o POSTAL em conjunto com o

JULHO 2018 | n.º 117 www.issuu.com/postaldoalgarve

11.203 EXEMPLARES

Editorial

Missão Cultura

Algarveaorubro

Imagem, memória e património imaterial d.r.

Maria Simiris Jornalista mariasimiris.postal@gmail.com

O Algarve não é apenas sinónimo de praias na época balnear. Prova disso são os inúmeros eventos que irão ocorrer um pouco por toda a região nos próximos dias. Dia 20 de Julho, sexta-feira, inicia o “Salir do Tempo”. Decorre até domingo, dia 22, e leva à vila serrana um mercado medieval, numa autêntica viagem ao passado do tempo das lutas entre Mouros e Cristãos. O Festival Internacional do Caracol, faz as delícias de Castro Marim entre os dias 20 e 23 de Julho, com concertos e animação de rua. Ainda no mesmo fim-de-semana, nos dias 22 e 23, a Feira da Serra de São Brás de Alportel apresenta a alfarroba e o chocolate da serra como destaques gastronómicos. Já no barlavento algarvio, na cidade de Portimão, decorre o Festival da Sardinha, entre os dias 1 e 5 de Agosto. Matias Damásio e Raquel Tavares são alguns dos artistas que sobem ao palco. Por fim, e já até ao dia 1 de Setembro, a cidade de Tavira apresenta um Verão recheado com concertos. O algarvio Diogo Piçarra será um dos convidados a animar a noite. l

Direção Regional de Cultura do Algarve

No Ano Europeu do Património Cultural, a Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCAlg) tem mantido o seu mote, entre outros, na valorização, salvaguarda e inventariação do Património Cultural Imaterial (PCI) da região. Esta temática já deu origem, no início deste mesmo ano, à organização de um Curso Breve, assim como ao lançamento, em março último, da página Algarve Imaterial (https://algarveimaterial. wordpress.com/), um projeto desenvolvido pela Rede de Museus do Algarve, do qual esta DRCALg faz também parte. A adesão e o interesse demonstrados por estas iniciativas geraram a necessidade de se promoverem mais ações que despertem a participação de todos de uma forma alargada, para que em conjunto com a comunidade possamos ser efetivos promotores desta consciência cultural de valorização e salvaguarda da memória e da identidade, e a temática do Património Cultural Imaterial possa adquirir novas dinâmicas. Neste sentido, vai esta DRCAlg desenvolver no mês de Julho uma ação de sensibilização para dar a conhecer o modelo de gestão da informação que está em desenvolvimento no Museu do Traje de São Brás de Alportel e aprofundar o conhecimento do projeto “FMId - Fotografia, Memória e Identidade”, que ocorre naquele lugar todas as quintas-feiras, e que conta com a participação da comunidade local. O Museu do Traje de São Brás de Alportel organizará esta sessão em partilha com a Direção Regional de Cultura do Algarve. Caso deseje informação adicional contacte-nos pelo: geral@cultalg.gov.pt.

Museu do Traje tem uma base de dados que contém cerca de 50 mil imagens de famílias são-brasenses SOBRE O PROJETO: Projeto “Fotografia, Memória e Identidade” (FMId) Excerto de: Sujeitos do Património: Os Novos Horizontes da Museologia Social em São Brás de Alportel (Sancho Querol, 2014). Informação adicional: http://www. museu-sbras.com/docs.html Criado em 2009 como um exercício de arqueologia memorial em torno do território do concelho de São Brás, o projeto FMId permite descodificar outros segmentos do DNA patrimonial local, entre os quais se encontram: saberes tradicionais, história e memória local, usos equilibrados dos recursos locais, formas

de economia alternativas, de organização comunitária, etc. Neste processo, o Museu assume o papel de mediador junto da população local. Objetivo(s): Trabalhar as memórias visuais do território a partir dos arquivos de fotografias das famílias do concelho, visando a construção de um imenso álbum da comunidade capaz de descodificar cartografias culturais, sociais, rurais e urbanas, há muito tempo esquecidas e fundamentais para a compreensão/construção de um presente com vista para o futuro. Simultaneamente, foi criada uma base de dados que contém hoje cerca de 50 mil imagens representativas

de 400 famílias do concelho e zonas limítrofes. É por isso que Museu e comunidade confluem na ideia de terem conseguido criar, com o tempo, uma “conta corrente da memória” para cada uma das famílias locais. Na verdade, a tipologia da documentação integrada nos processos familiares tem vindo a diversificar-se, passando atualmente a integrar também correspondências, documentos legais, registos vídeo e áudio, etc., num processo muito dinâmico a que não são alheias as alterações familiares, por exemplo os nascimentos, casamentos e óbitos (cf.: www.museu-sbras. com/grupo-fotos.html). l

Juventude, artes e ideias

A animação volta à baixa de Olhão

Jady Batista

Marketing Digital

A animação volta à baixa de Olhão, depois do sucesso da II FLO - Feira do Livro de Olhão, que decorre no Jardim Patrão Joaquim Lopes, até este sábado, 21 de julho, pelo quarto ano consecutivo, Olhão volta a ser palco do Festival Pirata. De 31 de julho a 3 de agosto, a zona ribeirinha envolve-se no quotidiano pirata, povoado por personagens de época. Nesta IV edição, a organização vol-

ta a apostar num evento diferenciado, com animação, fogo, lutas, dramatizações, música e dança. O festival decorre entre as 17 e às 24 horas, com um mercado pirata frente aos Mercados de Olhão, animação por toda a baixa e, a terminar cada dia do evento, um espetáculo frente ao caíque Bom Sucesso. O Festival Pirata de Olhão é uma iniciativa da Câmara Municipal e da Empresa Municipal Fesnima, organizada em

parceria com a Companhia de Teatro Viv’arte. A entrada é livre. Para terminar o mês em grande, a IV Edição das Noites de Levante volta a trazer muita animação à baixa da cidade, de 23 a 25 de agosto. Durante os três dias do evento, o público é convidado a ser surpreendido com momentos de pura magia numa mistura de cor, som, luz e fogo. A animação começa às 18 horas,

na Avenida da República, e termina por volta da meia noite, junto aos Mercados. Com as Noites de Levante, a autarquia pretende dinamizar vários pontos da cidade, nomeadamente na zona ribeirinha, com atividades de caráter lúdico, sem esquecer a vertente cultural, ao mesmo tempo que convida a sair à rua residentes e turistas de férias na cidade cubista. l


18 20.07.2018 Ficha técnica: Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Juventude, artes e ideias: Jady Batista • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional de Cultura do Algarve • Na Ágora: Adriana Nogueira • What ever happened to... Pedro Jubilot • Reflexões sobre urbanismo: Teresa Correia Colaboradores desta edição: Salomé Horta, Sara Navarro Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 11.203 exemplares

Cultura.Sul

Letras e leituras

Aqui estou, de Jonathan Safran Foer d.r.

Paulo Serra

Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

Nascido em Washington em 1977, este autor é uma das jovens vozes proeminentes da literatura norte-americana. Extremamente Alto e Incrivelmente Perto (2012) foi um sucesso inclusivamente adaptado ao cinema, apesar de abordar um tema delicado, pois trata de uma criança cujo pai foi vítima do 11 de Setembro. Sem querer entrar em comparações e superlativações, podem encontrar-se ecos na sua escrita de Jonathan Franzen e de um Philip Roth mais jovem. Neste Aqui Estou, o autor regressa à questão do judaísmo, como aconteceu em Está Tudo Iluminado, o seu primeiro romance, escrito aos 24 anos. O título Aqui Estou é enganosamente simples, como a certa altura se explica, em referência ao episódio bíblico de Abraão. Quando Deus testa Abraão e o chama, este responde: «Aqui estou.» «A maior parte das pessoas pensa que o teste é aquilo que se segue: Deus a pedir a Abraão que sacrifique o filho, Isaac. Mas acho que também podemos fazer a leitura de que o teste aconteceu quando Deus o chamou. Abraão não disse: «O que queres?»

Não disse: «Sim?» Respondeu com uma afirmação: «Aqui estou.» Seja o que for que Deus queira ou precise, Abraão está inteiramente presente para ele, sem condições ou reservas ou necessidade de explicação.» (p. 134) É um livro cujo tamanho pode assustar mas que se lê com leveza e divertimento, escrito com sensibilidade, ironia e humor. Por vezes uma crítica corrosiva ao modo de vida americano: «os Chineses são suficientemente espertos para saber que os Americanos são suficientemente estúpidos para comprar seja o que for» (p. 246). Jonathan Safran Foer é um escritor americano, conhecido pelos seus romances Tragicomédia moderna, assente em parte numa revisão da por causa de umas mensagens porno- perante a rotina, a apatia, a insegurancultura judaica ou de como se pode gráficas encontradas num telemóvel ça de cada um, ou a traição, quando, continuar a ser judeu nos dias que que surge no chão da casa de banho, subitamente, um casamento pode correm, numa América ela própria onde um marido hipocondríaco e apa- tornar-se uma guerra civil: «Ao décimo dia, Jacob abriu a porta desamparada em termos de identida- rentemente recalcado se refugia todas da casa de banho e viu Julia a secarde, mesmo que não se entre em críticas as noites para enfiar supositórios. Os diálogos de família são abso- -se depois de ter tomado duche. Ela directas a Trump - apenas surge a referência a um «presidente saloio de lutamente caóticos, o que só retrata cobriu-se. Ele já a tinha visto sair de como tantas vezes a vida em família centenas de banhos, já tinha visto três cabeça gigante» (p. 256). Jacob é um escritor frustrado, re- é feita de conversas cruzadas, em bebés saírem do corpo dela. Tinha-a signado a escrever o guião de uma que todos falam em simultâneo e visto despir-se e vestir-se milhares e qualquer série de sucesso com dra- as falas encadeiam-se umas nas ou- milhares de vezes (…). Tinham feito gões, seguida por quatro milhões de tras, e de desentendimentos que nos amor em todas as posições, com todas as partes do corpo vistas de todas as pessoas, e Julia, uma arquitecta que aproximam. Este é também um livro sobre uma perspectivas possíveis. nunca viu um edifício desenhado por - Desculpa – disse ele, sem saber si construído, quarenta e três anos e crise de fé no casamento, pois a resposuma mãe de sucesso, com três filhos, ta «Aqui Estou» pode ser igualmente a que se referia a palavra, sabendo aliás, quatro, contando com o marido. aplicada a uma relação conjugal que é apenas que o seu pé carregara ao Até que após quase vinte anos de vida constantemente posta à prova e ainda de leve na espoleta de uma mina.» em conjunto tudo é posto em causa assim encontra forma de sobreviver, (pág. 168). l

Na Ágora

O que ver, na ágora

Adriana Nogueira

Classicista; Professora da Univ. do Algarve adriana.nogueira.cultura.sul@gmail.com

A passear pela ágora, reparo nas muitas atividades culturais que aqui se desenrolam. Não é só um espaço de mercado e de venda de produtos, há também muita oferta cultural… e gratuita! As autarquias e juntas de freguesia têm-se esmerado para que os seus residentes sintam que é bom viver

onde os outros apenas passam férias: para além do nosso excelente clima, não estamos culturalmente abandonados. Provavelmente estou a falar contra a maré: sim, não temos ópera com muita frequência, mas temos tanta oferta cultural! Assim de repente, sem ter que puxar muito pela cabeça, vêm-me à ideia três exposições que têm tudo para serem um sucesso: até 15 de setembro, na Associação 289 (no Solar das Pontes de Marchil, na saída de Faro para Loulé, de quarta-feira a domingo, das 17h às 21h), podemos ver obras de mais de sessenta artistas, num projeto do também artista Pedro Cabrita Reis; até 23 de setembro, no Museu Municipal de Faro, podemos ver (aos sábados e domingos) a exposição «A evolução do braço – Surrealismo na Coleção Millennium BCP e alguns ecos contemporâneos». Com curadoria de

Nuno Faria, estão presentes obras de Mário Cesariny, António Dacosta, Graça Morais, Paula Rego e Cruzeiro Seixas, bem como de uma geração de surrealistas, mais recente; e até 14 de outubro, em Tavira, no Museu Municipal de Tavira Palácio da Galeria (de terça a sábado, das 10h às 16.30h), podemos ver a exposição «Mulheres Modernas na Obra de José de Almada Negreiros», com curadoria de Mariana Pinto dos Santos, constituídas por obras, em grande parte, pertencentes à Fundação Calouste Gulbenkian. Não vamos a Lisboa? Lisboa vem até nós. E as Feiras do Livro? Há várias, por todo o Algarve, com mais ou menos autores, mais ou menos atividades paralelas e de animação, mas sempre com muitos livros. É uma boa ocasião para conhecer os seus autores preferidos e outros de que nunca ouviu falar, o que pode ser um belo momento de descoberta. Além

disse, podemos ter acesso a edições que mas posso tentar: tem humor, história, andam arredadas dos circuitos mais anedotário olhanense, com figuras típicas comerciais, como as Livros de Bordo, (perfeitamente compreensível por quem Orfeu Negro, Licorne, Letra Livre, & Etc, não conheça, sequer, a cidade), tudo isto .. acompanhado por uma não edições, Pato Lógico cativante voz de narrador ou Frenesi (de algumas que entrelaça estas vidas não deve ter ouvido falar com a de Boris Skossyreff, muito, mas têm, em geral, uma personagem real que livros muito bons!). parece saída de um livro Nos escaparates vejo de fantasia, com drama, muitos livros, todos a violência e graça. Parece apelar-me a que os leia. uma estranha mistura, Pego num, que tem uma mas quando percebemos capa onde reconheço que Olhão é o centro do os cubos com janelas, mundo, tudo fica explicado. mirantes, escadas e açoteias: Um livro que não se é o mais recente livro de A capa do livro esquece facilmente e Ana Cristina Leonardo, que publicou, neste junho passado, o romance alimenta muitas conversas. Fico por aqui, desejando que «O centro do mundo». Agora que esta rubrica tem metade dos caracteres, aproveite o verão e tome muitos não é fácil falar de um livro como este, banhos de cultura. l dr


20.07.2018  19

Cultura.Sul

Reflexões sobre urbanismo

O ordenamento do território e a floresta Necessidade de ordenar a floresta

Teresa Correia

Arquitecta / urbanista arq.teresa.correia@gmail.com

Preparar a época dos fogos Após o desastre nacional dos fogos no último verão, com todas as consequências de perdas de vidas humanas, de perdas de património, o país inteiro cumpridor preparou-se para uma nova época. Foi com um enorme esforço financeiro, e de recursos, que se efetuaram limpezas de bermas de estradas e de árvores e arbustos à volta das habitações, num verdadeiro frenesim, um pouco descontrolado, sob a ameaça e a pressão das coimas. As autarquias foram chamadas

A prática de planeamento que possuo, na escala do PDM ou dos planos municipais mais de pormenor, como instrumentos de gestão territorial, não tem um foco no ordenamento florestal, mas sim, sobretudo no conceito de solo urbano/solo rural. Não se trata a floresta, ou a agricultura a nível municipal. Porém, nos últimos anos, as Câmaras Municipais tiveram de produzir os denominados Planos Municipais de Defesa da Floresta Contra Incêndio. Estes definiram de forma muito pouco sensível, na sua grande maioria, os graus de perigosidade no seu território, face ao risco de incêndio, variando entre a Muito Alta e a Muito Baixa. Destas manchas definidas, como resultado de uma aplicação de software especializado, sem grande tratamento aparente, sem continuidade, e sem escala, foi concretizada uma carta de um plano, carta de perigosidade de incêndio rural, que constitui uma verdadeira pulverização do território em pequenos fotos: d.r.

À custa dos fogos florestais temos medidas que escapam à lógica à responsabilidade de atuar face aos proprietários incumpridores, a contratar desenfreadamente privados que possam realizar a tarefa de corte e limpeza no espaço de dez metros dos caminhos, assim como a limpeza de terrenos identificados na envolvente das habitações e dos aglomerados. Apesar de toda esta atuação ser relevante e importante, a pressa é má conselheira e deu azo a comportamentos excessivos por um lado, e a desperdício de recursos financeiros face à dimensão herculiana da limpeza das florestas, por outro.

espaços entre o vermelho, laranja e amarelo. Esta carta serve agora de condicionante e não de plano no âmbito dos instrumentos de gestão territorial, com base na Lei n.º 76/2017 de 17 de agosto. Aplicação disfuncional de uma Lei da Defesa da Floresta De acordo com a nova Lei relativa ao Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, fora das áreas edificadas consolidadas não é permitida a construção de novos edifícios nas áreas classificadas na cartografia de perigosidade de incêndio rural definida como

Os Passadiços de Paiva

de 'alta' e de 'muito alta' perigosidade. Todas as restantes terão de ter parecer vinculativo do ICNF, o qual baseia-se em matérias que ainda não foram regulamentadas devidamente. Sabe-se, assim, que tudo o que está em espaço rural, e que até aqui poderia ser resolvido com os PDM's e com os restantes Instrumentos de Gestão Territorial, agora são de forma pratica-

mente automática, e sem discussão pública, resolvidos com uma restrição ao direito privado, proibindo a construção de novas edificações, ou de ampliações de existentes. À custa dos fogos florestais, que é um assunto sério e complexo, temos agora medidas legislativas que afetam cidadãos, mais uns do que outros, mas que escapam à lógica estruturada e inteligí-

vel. Haja, pelo menos, a capacidade de planear bem e de ordenar, o qual não basta proibir cegamente a construção de edificações rurais, é algo mais do que isso. Os Passadiços de Paiva são um exemplo, bem-sucedido, da ligação perfeita entre a paisagem e a conceção artística da construção humana. Quando tal acontece, é uma valorização ímpar do nosso território. l pub


20 20.07.2018

Cultura.Sul

Espaço AGECAL

Espaço ALFA

Gestão cultural e museus Silêncio d.r.

Isabel Victor

Museóloga

Há uma inteligibilidade dos territórios a evidenciar. Essa cartografia pressupõe levantamento de pontos e pontes, unidos em rede a partir de marcos de referência reconhecidos e reconhecíveis. Essa ligação à rede é fundamental para colocar no mapa a cultura. Conhecer e (re) conhecer pontos de evidência, operações básicas, exige participação e discussão porque desse processo nasce o desenho identitário e o mapa cultural. A Sociomuseologia, campo multidisciplinar e pensamento museológico orientado para os territórios e as pessoas, para uma visão crítica das práticas e usos da cultura, tem um papel relevante na construção da malha identitária. Neste varrimento de campo, a mira é a escala e o museu o teodolito, a sofisticada estação que nos vai possibilitando o desenho do terreno.

Em todas estas operações estão as pessoas, os cartógrafos da memória, os artífices do esquecimento – as duas faces da mesma moeda e o modos operandi do sistema de dados da cultura. Alguém afirmava que fora da História nada existe, a esta redundância teórica, podemos acrescentar que tudo o que diz respeito às pessoas diz respeito à cultura e que os museus existem porque existem pessoas e que só têm sentido se servirem para a vida, porque como afirma Mário Chagas (o poeta museólogo) “Museus que não servem para a vida não servem para nada". Há sempre trabalho a fazer nesta extraordinária construção inacabada que são os museus. Para além da permanente actualização das cartografias, representações humanizadas das erosões e mutações do terreno, os pontos essenciais que a metáfora contempla, precisamos, como enfaticamente afirmou Fernando Mora Ramos, de “reinventar o presencial”. A Gestão Cultural reforça-se com a Gestão colaborativa e o trabalho em rede. Redes horizontais, rizomáticas, a-centradas e multiperspectivadas. Resumindo: precisamos de redes, malhas que são simul-

taneamente instrumentos de gestão estratégica e grelhas de análise dos territórios. Precisamos de ter uma visão de conjunto mas também de conseguir segmentar para planear com eficácia, precisamos de políticas públicas e de formar políticos para a Cultura (não chega formar públicos se não tivermos acesso, oferta qualificada e educação), precisamos de observatórios independentes, bons diagnósticos multiperspectivados que deem ferramentas de análise e orientem a acção e programação cultural em rede (estamos sempre a trabalhar por impulso e modas, esgotamos recursos comuns numa “eventologia" frenética que responde a calendários e agendas políticas de ocasião), precisamos de criar mecanismos efectivos de participação, canais de proximidade, projectos efectivos de inclusão que tragam para o centro as margens ou multipliquem e/ou diversifiquem os centros numa lógica rizomática e horizontal de redes da cultura. Reinventar o PRESENCIAL e o trabalho em rede é a revolução de que precisamos. Em tempos da “Modernidade líquida" Zygmuntiana, o presencial é a constante na equação da Gestão Cultural e Museus. l

Dário Agostinho

Membro da ALFA

Em 1952 John Cage criou uma das peças “musicais” mais surpreendentes de todos os tempos. Quando 4’33” é executada os músicos permanecem simplesmente diante dos instrumentos sem os tocar. Por este motivo a peça é sistematicamente, e erroneamente, identificada como sendo quatro minutos e meio de silêncio. 4’33” é sobre muitas outras coisas para além de silêncio. Com efeito, não precisamos de ouvir vozes dentro da nossa cabeça para sabermos que o silêncio é, mais do que uma possibilidade, uma ideia. Logo que nascemos começamos a ouvir o mundo mesmo antes de o vermos, pelo menos com alguma nitidez. Costumamos também dizer que é importante escutar a nossa própria voz, não significando isso que devemos pensar em voz alta. A nossa própria voz é audível mas somente dentro de nós.

Uma fotografia é um objeto mudo Analogamente uma fotografia – quer material porque impressa, quer desmaterializada e vista num ecrã – é, por si só, um objeto mudo. Não traz, por norma, nenhum som agregado. Mas, tal como a peça de Cage, uma fotografia é tudo menos um objecto sem voz mesmo que não articule nenhum som. A nível simplificado podemos, a partir de uma imagem estática, imaginar o som do martelo batendo na peça de cobre que nasce das mãos de um caldeireiro ou o rugir da tempestade no momento em que se formou o Neptuno do Faial.

A um nível mais complexo, é por entre o mutismo de uma imagem fotográfica que surge a voz que aguarda dentro da mesma com uma estranha paciência e que um dia, quando finalmente nos confrontamos com essa imagem, inicia uma prodigiosa conversa connosco. Da mesma forma que Cage nos ensinou de um modo simples mas brilhante a importância do silêncio na música, podemos agora pensar em diálogo e deixar de ver uma fotografia como uma simples imagem. Todas as conversas se traduzem em som. E existem sons dentro e fora do silêncio. Vamos escutá-los. l

Filosofia dia-a-dia

Os gostos discutem-se ou não? d.r.

Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica

Costuma dizer-se que “gostos não se discutem!” A afirmação baseia-se em ser o gosto algo muito pessoal. Alguém não gostar de chocolate, por exemplo, poderia deixar a maioria de nós surpreendidos, mas ninguém ousaria intrometer-se com as predilecções do paladar alheio. Admitimos facilmente que o prazer que o chocolate nos proporciona é privado e não universal.

Porém, serão todos os prazeres igualmente privados? Que tipos de prazer existem? Grosso modo, podemos afirmar que existem pelo menos três tipos de prazer distintos: o prazer do agrado, este que o chocolate nos propicia; o prazer moral que se instala ao praticar uma boa acção, ou com a boa sensação do dever cumprido; e existe ainda o prazer estético que experimentamos, por exemplo, na contemplação de um quadro. Clarifiquemos: um bolo de chocolate enorme, feito para entrar no Guiness não é necessariamente uma obra de arte. O prazer do agradável é muito diferente do prazer da contemplação artística. O filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), na terceira crítica intitulada Crítica da Faculdade do Juízo, dedicou-se ao estudo

Immanuel Kant (1724-1804) destas questões: o belo da arte e o sublime da natureza. Chegou à conclusão de que quando nos relacionamos com algo do ponto de vista da contemplação nestas duas acepções, a qualidade desse juízo é estética. A palavra estética vem do grego aisthesis, que significa sensação. Precisamente, estético designa aquilo que é intuitivo e que, por con-

seguinte, se relaciona directamente com a sensibilidade. No domínio das artes, estético designa o sentimento de prazer ou desprazer que acompanha o juízo de contemplação artística. Ora, quanto às artes os gostos discutem-se ou não? Também aqui é muito frequente que se considere que cada um tem direito à sua opinião e que ninguém poderá ter razão. Se se tratasse de um juízo de conhecimento a situação seria diferente. Se alguém disser, por exemplo, “esta mesa é quadrada”, basta comparar o formato da mesa com a figura geométrica do quadrado para se se saber se a afirmação é ou não verdadeira. O intuitivo da sensibilidade distingue-se do discursivo do entendimento que se rege pela exposição lógica mediante con-

ceitos. Com os juízos de gosto não possuímos nenhum conceito que nos ajude a validar a nossa opinião. É por esta razão que Kant afirma que quanto aos juízos de gosto é possível discutir mas não disputar... O que torna, então, a discussão sobre o gosto possível? Embora o domínio da sensibilidade estética se refira apenas àquilo que nas nossas representações é meramente subjectivo, isto é, aquilo que numa dada representação se refere meramente ao sujeito - o seu sentimento de prazer ou desprazer - e não entra, de modo algum, na determinação do objecto com vista ao conhecimento deste, é possível discutir. Esta possibilidade assenta no facto de o estético do juízo de gosto não ser o privado da mera sensação de agrado que

se sente ao comer um chocolate, por exemplo. O juízo estético é um juízo subjectivo, sim, mas não é privado e, embora não lógico, tem pretensão de universalidade! Como é isto possível?! O juízo estético assenta sobre o nosso sentimento de prazer ou desprazer, que é colocado como fundamento, não como privado mas como um sentimento comunitário!Somente sob a pressuposição de que exista um sentido comum, o juízo de gosto pode ser proferido. Quem declara algo belo sugere que qualquer um deva aprovar o objecto em apreço e igualmente declará-lo belo. Daqui decorre a pretensão de universalidade com que é proclamado. Inscrições para o Café Filosófico:

filosofiamjn@gmail.com l


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20.07.2018  23

Cultura.Sul

Espaço ao Património

Escultura, arqueologia e museus

Sara Navarro

Investigadora de pós-doutoramento; Universidade de Lisboa; Faculdade de Belas-Artes; Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes (CIEBA) www.saranavarro.pt

Olhando em retrospetiva, foi em 2006 que tive o meu primeiro contacto profissional com a arqueologia. No âmbito do meu estágio, na Oficina Educativa do Museu de Portimão, fui encarregue da realização de uma réplica arqueológica com finalidade pedagógica. Deste episódio, recordo vivamente o momento em que tive oportunidade de segurar nas minhas mãos um cilindro de calcário branco polido, com dois olhos circulares, pestanas e sobrancelhas radiais incisas na superfície da pedra. Esta peça, pertencente ao espólio do monumento nove da Necrópole Megalítica de Alcalar, pode, atualmente, ser vista na secção “Origem e destino de uma comunida-

de - Alcalar: a ocupação Milenar de um Território” da exposição de referência do Museu de Portimão. Considero hoje que esta oportunidade marcou todo o meu percurso subsequente. Manipular um objeto proporciona uma forma de conhecimento particular, mais próxima e muito mais profunda do que a decorrente da sua visualização através da vitrine de um museu. Esta experiência espoletou o meu interesse pela arqueologia, que veio a nortear o meu atual trabalho de investigação: análise e definição do potencial papel da escultura contemporânea na comunicação de arqueologia em contexto museológico. Ao longo das últimas duas décadas, as dinâmicas entre escultura e arqueologia têm-se vindo a transformar, passando das mais tradicionais relações baseadas na analogia formal e na inspiração recíproca, para outras – na minha opinião muito mais interessantes – que maximizam e exploram o potencial de projetos de investigação conjuntos, levados a cabo por equipas interdisciplinares, compostas por artistas e por arqueólogos. Estes projetos geram interações muito mais complexas, em que ambas as disciplinas tratam os mesmos temas e partilham os seus métodos de trabalho.

A arqueologia procura comunicar com um público cada vez mais alargado A arqueologia (tal como as demais ciências humanas ou exatas) procura comunicar com um público cada vez mais alargado e menos especializado. Os museus e as paisagens arqueológicas - enquanto espaços privilegiados de diálogo entre a disciplina e a sociedade - devem propiciar ativas e significativas vivências do património. No entanto, parece-me que os tradicionais métodos expositivos nem sempre estão à altura deste desafio, acabando por criar atmosferas redutoras que não estimulam o pensamento individual. Novas abordagens criativas no programa expositivo podem incrementar positivamente a experiência da arqueologia por parte do público, ao mesmo tempo que contribuem para uma nova forma de salvaguarda do património. Neste sentido, e de acordo com experiências anteriores, defendo que a exposição de escultura contemporânea em sítios arqueológicos pode ser, para além de boa-de-olhar, boa-para-pensar, na medida em que transforma o lugar e desafia o observador, redirecionando-o para uma nova posição de

compromisso entre o contemporâneo e a envolvência arqueológica do espaço. ricardo soares

Peça cilíndrica decorada do Monumento 9 do Núcleo Oriental da Necrópole Megalítica de Alcalar. Calcário branco polido; 9 cms de altura e 6 cms de diâmetro; 905 g de peso As obras de arte tridimensionais (escultura/instalação contemporâneas), pela ímpar experiência visual que criam e pela forma como ocupam o espaço expositivo, induzem a uma forte interação física com o público. Trazem, assim, vitalidade à experiência museológica e po-

dem levar os visitantes a interpretações mais ativas, mais livres e mais subjetivas. A escultura facilita o envolvimento físico do observador, confrontando-o com a sua presença e levando-o à descoberta da sua forma, da sua materialidade, do seu detalhe. Estes aspetos podem cativar e suster a atenção do público, encorajando-o a uma exploração independente dos significados da obra e, como que por contágio, do contexto arqueológico em que esta se vê integrada. Por ter a importante capacidade de colocar dúvidas (não dando respostas), a escultura contemporânea “dá trabalho” ao observador. Desencadeando originais diálogos entre o observador e os vestígios materiais do passado, a escultura contemporânea pode, por exemplo, alertar os visitantes para importantes temas, conceitos ou materiais que normalmente estão adormecidos no espaço do museu ou da paisagem arqueológica. Ao aspirar a uma resposta ativa por parte do observador, a exposição de escultura contemporânea em espaços de natureza arqueológica pode contribuir para um discurso inclusivo no âmbito das práticas ligadas ao património, um discurso que procura a equivalência de pensamento entre o público geral e os especialistas. l

O poder de uma boa história na visita a um museu d.r.

Pedro Pereira

Co-fundador da byAR www.byar.pt

Albert Einstein dizia “A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu estado inicial”, eu apenas troco a palavra ideia por história. Porque razão gostamos tanto de uma boa história? E o que é que define uma boa história? Todas as histórias podem ser boas, só depende da forma como as contamos. Uma boa história tem emoção, suspense, ritmo e gera interrogações ao espetador. A razão é química, uma vez que o nosso cérebro associa emoções a memórias para tornar o processo de gravação mais rápido e consistente. Quanto mais forte for a emoção, mais forte será a memória. Por esta razão temos dificuldade em decorar listas de coisas, fatos ou ações, mas não temos dificuldade em memorizar uma boa história. Não acredita? Recorde um evento memorável da sua vida, por exemplo, o nascimento de um filho ou o primeiro

beijo. Veja a quantidade de pormenores que vêm à cabeça. Agora experimente fazer o mesmo com a lista de supermercado. Veja o quanto é emocionante recordar a lista de supermercado versus o primeiro beijo. Quantos itens da lista de supermercado se lembra? Entende agora porque gostamos tanto de uma boa história? Acredito que a visita a um Museu, pequeno ou grande, pode ser uma visita emocionante, memorável e única desde que conte uma boa história/narrativa. Foi com esta crença que desenhámos e produzimos o ambiente digital do Mercado de Escravos em Lagos; renovámos a exposição da Casa do Administrador de Ourém; produzimos Postais com Experiências Imersivas 360º para Lagoa (do Algarve); estamos a finalizar o BispoGo para Vila do Bispo, o qual contará com uma personagem ternurenta que nos vai guiar pelo território e, nos últimos meses, temos estado a trabalhar em conjunto com a equipa do Museu de Portimão na renovação do Ambiente Digital do percurso expositivo. O convite surgiu com a necessidade de acrescentar novos conteúdos, adicionar mais idiomas e tornar a exposição facilmente entendível à maioria dos visitantes. Para cumprir estes objetivos optou-se por criar uma App para smartphone, através da qual adicionámos

uma camada digital de conteúdos ao percurso expositivo existente. Com esta App e recorrendo à realidade aumentada, o visitante só necessita de apontar o smartphone em direção às imagens assinaladas ao longo do percurso para ativar os conteúdos. Em cada ponto de interação o visitante tem acesso a imagens, vídeos e principalmente a um áudio-guia que explica o tema tratado naquela parte do percurso. Do ponto de vista técnico, estaríamos em linha com os objetivos do projeto, mas seria um projeto sem emoção, suspense e poucas interrogações por isso decidimos adicionar alguns “pós mágicos” de emoção e curiosidade: assim que o visitante inicia a visita ouve pela primeira vez a voz da Mónica (a locutora) com um discurso sempre na primeira pessoa, como se a Mónica fosse alguém que habita naquele espaço e o convida a descobrir as origens e a evolução da comunidade de Portimão. Convidámos duas antigas trabalhadoras da fábrica de conservas a regressar ao local onde hoje é o Museu e ali, no meio de manequins sem vida, estas explicam o processo de descabeço e embalamento, num discurso directo, simples e sem preparação prévia, de modo a captar a genuinidade do momento. Também “convidámos” Manuel Teixeira Gomes para nos contar a sua história de vida. Estamos ainda a produzir um barco romano,

BispoGo, Vila do Bispo uma vila romana e uma casa islâmica, para permitir ao visitante conhecer os “Porta Contentores e respetivos contentores” daquela época, ver como viviam os romanos ou ver como era uma casa agrícola islâmica. A Mónica (a voz) marca o ritmo da visita. As antigas operárias e Manuel Teixeira Gomes geram emoção. Misturámos conteúdos interactivos 3D e criamos a surpresa. Confesso que gostava de ter ido mais longe, não só ter a Voz da Mónica, mas também a própria Mónica; dar vida aos manequins e criar textos por forma a voz da Mónica criar outro ritmo. No entanto, por um lado foi a própria exposição que definiu o Ambiente Digital a criar e por outro lado, a margem para ficcionar a verdade fatual é limitada. Para entenderem melhor a

diferença entre verdade fatual e verdade ficcionada, convido-o a relembrar o filme Titanic e um documentário sobre o mesmo naufrágio. O filme tem duas histórias: a história de amor que agarra o espetador e a história do naufrágio; um documentário sobre o tema vale pela informação histórica que expõe, mas não agarra milhões de espetadores. Visitar um museu, não é o mesmo que ir ao cinema, mas a história contada ao longo do percurso expositivo pode ter emoção, suspense, ritmo, interrogações, conflitos e finais emocionantes que nos fazem voltar, recomendar e reviver memórias. É através de emoções que criamos memórias duradouras. Então porque não ir a um Museu para viver, interagir e experienciar uma boa história? l


24 | 20 de Julho de 2018

GUIA IMOBILIÁRIO


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GUIA IMOBILIÁRIO


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d.r.

Restaurante Abstracto UM ESPAÇO COM CARÁCTER, NUM ESTILO RÚSTICO CHIC NO CORAÇÃO DA CIDADE DE TAVIRA.

R. Dr. António Cabreira, 34 – Tavira

937 037 712

N 37.1277314, W -7.6492308

restaurante.abstracto@gmail.com

Aberto das 12h às 15h e das 18.30h às 22.30h (encerra à quinta-feira)

25€

d.r.

A poucos metros da ponte romana, no coração da linda e histórica cidade de Tavira, encontramos o Restaurante Abstracto. O espaço tem carácter, num estilo rústico chic, seduz pelo ambiente despretensioso e acolhedor, tanto os portugueses como qualquer outro europeu. Mas é pela cozinha que se torna verdadeiramente tentador e aí destacam-se duas figuras, Carlos Paixão e José Eduardo. que numa alquimia de produtos frescos e locais, peixe, carne, marisco e legumes, elevaram o Abstracto para um dos restaurantes mais conceituados da região. Desde as cataplanas, ao arroz, às espetadas, ao bacalhau, uma refeição ali tem certificado de qualidade. Não esquecendo os vinhos com a assinatura nacional, os melhores, do Douro ao Guadiana!

ÔÔ PRATO EMBLEMÁTICO

CATAPLANA DE TAMBORIL COM MARISCO Tem apenas um segredo esta cataplana: é feita com muita paixão e alguma dose de arte!

d.r.

Restaurante Ramires HÁ MAIS DE 50 ANOS A SERVIR O MELHOR FRANGO DA GUIA

d.r.

Em 1964, José Carlos Ramires abre um pequeno café na freguesia da Guia, Albufeira. À época servia petiscos, conservas e presunto. Determinado e com visão trouxe com ele sabores oriundos do Ultramar, com uma receita de frango. Foi no Ramires que nasceu a receita original que deu à Guia a distinção de capital do Frango de Churrasco, guardiã de um tesouro gastronómico. Rapidamente se tornou numa iguaria muito apreciada, quer pelos clientes, quer pelos amigos. Hoje, o espaço que começou por um simples café, cresceu mais dois andares, com várias salas e ambientes para melhor servir o famoso Frango à Guia.

ÔÔ PRATO EMBLEMÁTICO

FRANGO À GUIA Frango de churrasco no carvão com piripiri, pele estaladiça, sabor inconfundível

Rua 5 de Abril, nº 14 – Guia – Albufeira

289 561 232 – 963 097 945

N 37.126362, W -8.299192

restauranteramires@sapo.pt

Todos os dias das 12h às 23h

13€

d.r.

Restaurante Ria Formosa SITUADO NO ROOFTOP DO HOTEL FARO, O RESTAURANTE RIA FORMOSA DELEITA OS CLIENTES COM UMA COZINHA DE FINE DINNING.

Praça D. Francisco Gomes, nº 2 - Faro

289 830 830

N 37 00.982, W 7 56.105

reservas@hotelfaro.pt

Aberto das 19.30h às 22.30h

40€

d.r.

Tendo em conta a sua localização, frente ao Parque Natural da Ria Formosa, a confecção da carta tem por base peixe e marisco frescos, mantendo o toque de autenticidade que se espera da cozinha algarvia. Privilegiando o deslumbrante pôr-do-sol que se avista do rooftop do restaurante e ao som da banda Yuca, os chefs Pedro Ruivo e Miguel Silva desenvolvem diariamente pratos como os Raviolis negros recheados com choco, pimento assado, caviar de arenque e mayo de yusu; uma reinterpretação – Ria Formosa, leitão confitado c/batata aioli, creme de laranja e molho pimenta. A garrafeira prima pela diversidade e pela qualidade e é adequada a cada prato e aos muitos clientes nacionais e estrangeiros hospedados ou de passagem.

ÔÔ PRATO EMBLEMÁTICO

RISOTO DE LAVAGANTE AZUL Lavagante da nossa costa com sea fingers e caviar yuzu


20 de Julho de 2018 | 27


28 | 20 de Julho de 2018

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CARTÓRIO NOTARIAL DE ALCOUTIM

CASTRO MARIM, FARO, OLHÃO, TAVIRA, SÃO BRÁS DE ALPORTEL E VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

A cargo da Adjunta de Notário Lic. Margarida Rosa Molarinho de Brito Simão

969 451 010

Certifico para efeitos de publicação que por escritura outorgada hoje neste Cartório Notarial, de folhas cinquenta e cinco a folhas cinquenta e seis verso do Livro de Notas para Escrituras Diversas número “trinta e quatro - D”, Carlos Agostinho Martins, N.I.F. 177.703.075 e mulher Cecília Pereira Costa Martins, N.I.F.l87.113.491, casados entre si sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, onde residem em Barrada:

PERITOADENE@GMAIL.COM

EDITAL

Que são donos e legitimos possuidores com exclusão de outrem, do prédio rústico, sito em Eira, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, composto por cultura arvense e oliveiras, com a área de dois mil e oitenta metros quadrados, a confrontar do norte e poente com Maria José Candeias Teixeira e Augusto Silvestre Teixeira, do sul com Irene Lopes Fragoso Brito e nascente com Maria Manuela Gonçalves Estevão Rodrigues, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim, inscrito na respetiva matriz cadastral em nome da ante possuidora Inocência Maria, sob o artigo 149 da seccão 070, como valor patrimonial tributário de cento e quarenta e um euros e oitenta cêntimos, a que atribuem igual valor.Que casaram entre si em 06 de agosto de mil novecentos e setenta e três e o referido prédio entrou na sua posse, já no estado de casados, em data imprecisa do ano de mil novecentos e noventa e seis, por doação verbal e nunca reduzida a escrito, efectuada por Inocência Maria e marido Manuel António Vicente, casados sob o regime da comunhão geral, residentes que foram em Barrada, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim, pelo que o mencionado prédio têm a natureza de bem comum do casal.

Notificação para Exercício do Direito de Preferência. ANTHONY VILLIS e PATRICIA ANN VILLIS, contribuintes fiscais nº 247 833 630 e nº 247 833 720, com endereço postal na Rua 1º de Maio, nº 9, 8800-360 Tavira, vêm, nos termos da lei, tornar público a sua intenção de do venda do prédio misto, sito em Vinharias, Azinhal, Castro Marim, freguesia de Azinhal e concelho de Castro Marim, com a área total de 37.920m2, descrito na Conservatória do Registo Predial de Castro Marim sob o n.º 58, da freguesia de Azinhal, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 1581, sendo composto por 2 edifícios destinados a habitação, e terreno agrícola inscrito ana matriz predial rustica sob o artigo 36 secção S, ambos da freguesia de Azinhal, nas seguintes condições:

E que sem qualquer interrupção no tempo, desde então, portanto há mais de vinte anos, têm estado na posse do referido prédio, fazendo sementeiras, plantaçeõs e culturas, suportando as contribuições e impostos, enfim, extraindo todos os normais frutos, produtos e utilidades por ele proporcionadas, sempre com ânimo de quem exercita direito próprio, posse essa, exercida de boa fé, por ignorarem lesar direito alheio, de modo público, porque com conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguem, pacífica, porque sem violência e continua, com a consciencia de utilizar e fruir coisa exclusivamente sua, adquirida de anteriores proprietários, pelo que adquiriram o prédio por usucapião, nao tendo todavia, dado o modo de aquisicão, titulo extrajudicial normal capaz de provar o seu direito de propriedade para fms de registo.

a) Promitentes compradores: Denis Johan Gerard Wigman e mulher, Simone Beeling, ambos naturais de s-Gravenhage, Holanda, de nacionalidade Holandesa, residentes em Oosduinlaan 70, 2596 J P Dem Haag, Holanda, portadores dos passaportes n.º NMPD1DL06, emitido em 4 de Maio de 2016 e n.º NT6BFL625, emitido em 28 de Abril de 2015, ambos pela autoridade de Burg. Van Hilversum, contribuintes fiscais n.º 291.887.317 e 291.887.546. b) Preço Global da venda: € 760.000,00 (setecentos e sessenta mil euros) c) Preço do Urbano: € 550.000,00 (quinhentos e cinquenta mil euros) d) Preço do Rústico: € 210.000,00 (duzentos e dez mil euros)

Esta conforme o original

e) Forma de pagamento via cheque bancário, com a outorga da escritura de compra e venda.

Cartório Notarial de Alcoutim, aos dez de julho de dois mil e dezoito.

Data para a realização da Escritura de Compra e Venda: 02 de Agosto de 2018.

A Adjunta do Notário, em substitução legal,

As manifestações de interesse no exercício do direito de preferência, devem ser comunicadas para a morada dos vendedores, por carta registada, no prazo máximo de oito dias, após a publicação do presente edital.

Margarida Rosa Molarinho de Brito Simão

Castro Marim, 19 de Julho de 2018

Conta:

Rui Horta – Advogado

Art. nº 20.º n.º 4.5.......€ 23,00

Cédula Profissional Nº.195 F O representante legal

Sao: Vinte e três euros. Conta registada sob o n.º 34

(POSTAL do ALGARVE, nº 1206, 20 de Julho de 2018)

(POSTAL do ALGARVE, nº 1206, 20 de Julho de 2018)

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POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C, 8800-412 Tavira

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CÓD. POSTAL _________ - _____ — ________________________________________________

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33 € Assine através de DÉBITO DIRECTO BANCO _______________________________________________________________________________________________ IBAN PT 50                          NOME DO TITULAR __________________________________________________________________________

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Assine através de DINHEIRO, CHEQUE ou VALE POSTAL, à ordem de Postal do Algarve.

NOTA: Os dados recolhidos são processados automaticamente e destinam-se à gestão da sua assinatura e apresentação de novas propostas. O seu fornecimento é facultativo. Nos termos da lei é garantido ao cliente o direito de acesso aos seus dados e respectiva actualização. Caso não pretenda receber outras propostas comerciais, assinale aqui.


20 de Julho de 2018 | 29

NECROLOGIA

SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

Município de Tavira Edital n.º 44/2018 Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 12 de julho de 2018, foram tomadas as seguintes deliberações:

RAFAEL DOMINGUES

24-12-1934 / 04-07-2018

AGRADECIMENTO

1. Aprovada por unanimidade a proposta número 163/2018/CM, referente à Atribuição de apoio ao Rancho Folclórico de Tavira - XXIX Festival de Folclore Cidade de Tavira; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 164/2018/CM, referente a Atribuição de apoio ao Clube Karaté de Tavira - Espetáculo Final de Ano Letivo;

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

3. Aprovada por unanimidade a proposta número 165/2018/CM, referente a Atribuição de apoio à Ser Igual - Associação de Serviços Especiais de Reabilitação e Igualdade - Transporte Adaptado;

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

6. Aprovada por unanimidade a proposta número 168/2018/CM, referente ao Parecer não vinculativo sobre a adequação do número de fiscais às necessidades do serviço de fiscalização;

SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

4. Aprovada por unanimidade a proposta número 166/2018/CM, referente a Atribuição de Apoio à Escola Dr. Jorge Augusto Correia - Zumba para angariação de fundos;

AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

MAXIAL - TORRES NOVAS SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA

FRANCISCO FERNANDES QUINTINHAS

01-05-1940 / 15-07-2018

AGRADECIMENTO Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar. Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

10. Aprovada por unanimidade a proposta número 172/2018/CM, referente a Abertura de procedimento concursal para recrutamento de trabalhadores por tempo indeterminado – 1 posto de trabalho para técnico superior – licenciatura em arquitetura; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 173/2018/CM, referente a Abertura de procedimento concursal para recrutamento de trabalhadores por tempo indeterminado – 1 posto de trabalho para técnico superior, licenciatura em engenharia civil; 12. Aprovada por unanimidade a proposta número 174/2018/CM, referente a Abertura de procedimento concursal para recrutamento de trabalhadores por tempo indeterminado – 2 postos de trabalho para assistente técnico – medidor orçamentista; 13. Aprovada por unanimidade a proposta número 175/2018/CM, referente a Concurso Público para contratação de serviços especializados na área da produção artística no âmbito do projeto “Fome – Festival de Objetivos e Marionetas & Outros Comeres” - Algarve Central - Agrupamento de Entidades Adjudicantes – Adjudicação. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume. Paços do Concelho, 12 de julho de 2018 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho

7. Aprovada por unanimidade a proposta número 169/2018/CM, referente a Abertura de procedimento concursal para recrutamento, na modalidade de contrato de trabalho por tempo indeterminado, para 3 assistentes operacionais;

Notário Bruno Filipe Torres Marcos

27-11-1969 / 14-07-2018

9. Aprovada por unanimidade a proposta número 171/2018/CM, referente a Abertura de concurso externo de ingresso para recrutamento de trabalhador por tempo indeterminado – 1 posto de trabalho para técnico de informática, grau 1, nível 1 (carreira não revista);

5. Aprovada por unanimidade a proposta número 167/2018/CM, referente ao Protocolo para assegurar a constituição do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais – DECIR – Ano 2018;

Cartório Notarial em Tavira CARLOS ALBERTO DE JESUS NORA

8. Aprovada por unanimidade a proposta número 170/2018/CM, referente a Abertura de concurso externo de ingresso para recrutamento de trabalhadores por tempo indeterminado – 1 posto de trabalho para especialista de informática, Grau 1 nível 2 (carreira não revista);

EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 03.07.2018, exarada a folhas 38 e seguinte do Livro n.º 127-A do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - FILIPE ANTÓNIO HERMÍNIO DE CELORICO DRAGO, NIF 145373576, natural da freguesia de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, casado sob o regime da comunhão de adquiridos com Maria Luísa Guerreiro Cristo de Celorico Drago, residente na Rua de Dom Francisco Gomes, n.º 37, 2.º Esquerdo, 8900-303 Vila Real de Santo António; - declara ser dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, e com a natureza de bens próprios dele, dos seguintes prédios: 1) O direito a dezassete de setenta e dois avos sobre o prédio rústico, composto por terra de cultura arvense e pastagem com salgados, que confronta a norte com Jacinto José Palma Dias e Maria Teresa Baia Faria Cavaco, a sul com caminho-de-ferro e Afonso Filipe Madeira e Drago, a nascente com esteiro e Afonso Filipe Madeira e Drago e a poente com Estrada Nacional 125-6 e “Southern Investments – Sociedade Agrícola Lda”, com a área de duzentos e vinte mil e quarenta metros quadrados, sito em Sapal da Arrancadinha, freguesia e concelho de Castro Marim, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 12, Secção BT, que teve origem no artigo 2, Secção BT, com o valor patrimonial tributário correspondente de 530,45 €, que é o atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Castro Marim; 2) Prédio misto composto por terra de cultura arvense com diversas árvores, salgados e três edifícios, um de um piso, do tipo T-Três, destinado a habitação, outro de um piso, destinado a arrecadações e arrumos e outro de dois pisos, também destinado a arrecadações e arrumos, que confronta a norte com caminho-de-ferro e povoação de São Bartolomeu, a sul com Jacinto António Ribeiro e outro, a nascente com caminho-de-ferro e a poente com caminho e “Crismare Projectos e Construções Civis, Lda”, com a área total de noventa e oito mil oitocentos e oitenta metros quadrados, sendo a área coberta de duzentos e quinze, vírgula, sessenta e um metros quadrados, e a área descoberta de noventa e oito mil seiscentos e sessenta e quatro, vírgula, trinta e nove metros quadrados, sito em Olhos, Fonte, na indicada freguesia de Castro Marim, inscrito na respetiva matriz, a parte rústica sob o artigo 42, Secção BU, que proveio do artigo 10 e a parte urbana sob os artigos 8275, 8276 e 8277, com os respetivos valores patrimoniais tributários de 1.856,82 €, 25.320,00 €, 7.190,00 € e 27.810,00 €, que são os atribuídos, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Castro Marim; 3) Prédio urbano, composto por edifício térreo, de tipologia T-Dois, com logradouro, que confronta a norte, sul, nascente e poente com o próprio, com a área total de seiscentos e cinquenta e nove metros quadrados, sendo a área coberta de noventa e sete metros quadrados e a área descoberta de quinhentos e sessenta e dois metros quadrados, sito em Horta da Fonte, na dita freguesia de Castro Marim, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 7845, com o valor patrimonial tributário de 15.380,42 €, que é o atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Castro Marim; 4) Prédio urbano, composto por edifício térreo, com logradouro, ramada e palheiro, destinado a habitação, que confronta a norte, sul, nascente e poente com o próprio, com a área total de seiscentos e cinquenta metros quadrados, sendo a área coberta de cento e cinquenta metros quadrados e a área descoberta de quinhentos metros quadrados, sito em Malhada e Zambujeiro, freguesia de Odeleite, concelho de Castro Marim, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1757, com o valor patrimonial tributário de 25.180,00 €, que é o atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Castro Marim;

(POSTAL do ALGARVE, nº 1206, 20 de Julho de 2018)

5) Prédio urbano, composto por edifício térreo, destinado a habitação, que confronta a norte, sul, nascente e poente com o próprio, com a área total e coberta de trinta e seis metros quadrados, sito em Torre dos Frades, freguesia de Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1006, com o valor patrimonial tributário de 9.370,00 €, que é o atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Vila Real de Santo António; 6) Prédio urbano, composto por edifício térreo, destinado a habitação, que confronta a norte, sul, nascente e poente com o próprio, com a área total e coberta de vinte e quatro metros quadrados, no referido sítio de Torre dos Frades, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1008, com o valor patrimonial tributário de 6.370,00 €, que é o atribuído, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Vila Real de Santo António. Que os prédios urbanos atrás identificados não foram objeto de obras sujeitas a licenciamento ou autorização camarária, mantendo a mesma configuração desde sempre e que desconhece quais os artigos que, na anterior matriz, correspondiam aos prédios urbanos identificados de 2 a 6, por não possuir elementos que lhe permita fazer essa correspondência. - Que os imóveis identificados de 1 a 4 vieram à sua posse, já no estado de casado, em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e três, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita na sequência do óbito do seu pai António Celorico Drago, casado que foi com Rita Hermínia Drago no regime da separação de bens, residente que foi em Torre de Frades, Vila Nova de Cacela; - Sendo que os imóveis identificados de 5 a 6 vieram à sua posse, ainda no estado de solteiro, maior, em data imprecisa do ano de mil novecentos e sessenta e seis, por compra meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública, feita a José Inês Gonçalves, à data viúvo, residente que foi no Sítio da Nora, Vila Nova de Cacela. - Assim sendo, o justificante não têm título suficiente da aquisição dos referidos prédios, estando, por isso, impossibilitado de comprovar a referida aquisição pelos meios extrajudiciais normais e de efetuar o registo dos mesmos a seu favor. - Que, porém, desde aqueles anos, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre os prédios atrás identificados de 2 a 6, sendo na indicada proporção do prédio identificado em 1, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aqueles prédios – cultivando, amanhando e limpando a terra quanto aos rústicos, e tendo já chegado a fazer obras de reparação e conservação nos prédios urbanos, pagando contribuições e impostos devidos, sendo que relativamente ao prédio identificado em 1 fá-lo na proporção do seu direito, nomeadamente ajustando com os demais compossuidores ou consortes a divisão do seu uso e fruição e a repartição dos seus encargos ou despesas – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu por USUCAPIÃO os referidos bens imóveis. - Que os prédios descritos na Conservatória do Registo Predial de Castro Marim sob os números três mil duzentos e noventa, três mil trezentos e cinquenta, três mil trezentos e cinquenta e um, quatro mil quatrocentos e oitenta e quatro, quatro mil quatrocentos e oitenta e cinco, quatro mil quatrocentos e oitenta e seis e seis mil quinhentos e sessenta e nove, da freguesia de Castro Marim, apesar de se encontrarem com registos a favor dos aludidos falecidos António Celorico Drago e mulher Rita Hermínia Drago, nada têm a ver com os prédios atrás identificados de 1 a 3. Tavira e Cartório, em 03 de Julho de 2018. O Notário, Notário Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/2262 (POSTAL do ALGARVE, nº 1206, 20 de Julho de 2018

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30 | 20 de Julho de 2018

REGIÃO

José Amaro: ‘Espero que esta Concentração fomente o convívio e que corra à semelhança dos anos anteriores’ D.R.

Maria Simiris / Henrique Dias Freire

mariasimiris.postal@gmail.com

JOSÉ AMARO recebeu a sua primeira motorizada com 15 anos e foi nessa altura que a sua paixão por motos surgiu. A partir daí, nunca mais parou. Faz parte do Moto Clube de Faro desde a sua fundação, em 1982, há 36 anos. Quando se legalizou e começaram a haver eleições, tornou-se imediatamente presidente. Deste modo, José Amaro participa na organização da maior concentração de motos do país há 37 edições. O POSTAL esteve à conversa com o presidente para descobrir o que se espera da concentração deste ano e quais as ambições do clube para o futuro. “Espero que esta edição seja um exemplo dos anos anteriores, que seja uma boa

concentração e que acima de tudo se fomente o convívio, a amizade e a divulgação do motociclismo”, começou por afirmar José Amaro. No ano passado, a 36ª concentração de motos contou com 15 mil inscrições. Este ano, o presidente fala em 18 mil inscritos, com um total de 25 mil pessoas dentro do recinto, que estará presente na capital algarvia durante quatro noites. Para além do cartaz musical no palco principal, que conta com nomes como Xutos e Pontapés, Black Star Riders e Jorge Palma, animação não vai faltar. “Temos o 27º Bike Show, um palco no oásis e diversos eventos por toda a cidade. Não esquecer que temos um autocarro gratuito que transporta as pessoas do centro de Faro para o recinto e vice-versa!”, declarou José Amaro ao POSTAL. Quanto às últimas notícias,

que referem que a concentração poderá ser alvo de algum tipo de ataque, o presidente é claro: “isso é um problema policial e de Justiça. Pode afectar a vinda de algumas pessoas, mas da parte do Moto Clube iremos ter a segurança que já tem sido habitual nos outros anos”. Questionado sobre a importância da Concentração para a cidade e a região, José Amaro diz: “é um evento que representa muito para a capital. É organizado há 37 anos e é o evento que mais pessoas traz à cidade. É uma referência para Faro e para o Algarve”. Ainda segundo o que o mesmo explicou ao POSTAL, para esta edição são esperadas pessoas, com as suas motas, vindas directamente do Japão, Rússia, Estados Unidos da América e Brasil. “Esperemos que as pessoas tenham consciência que é um evento que mexe muita gente e

ÔÔ José Amaro faz parte do Moto Clube Faro desde a sua fundação, há 36 anos que por isso, se portem bem, à semelhança dos anos anteriores. Desejo a todos uma boa viagem e que se cumpra mais uma boa

concentração”, afirma o presidente do Moto Clube. Para o futuro, José Amaro ambiciona “calma, continuação

de um bom trabalho e que a paixão pelas motos esteja sempre acima de qualquer outra maneira de pensar. pub



11.203 exemplares

Tiragem desta edição:

32 | 20 de Julho de 2018

ÚLTIMA O POSTAL regressa no dia 10 de Agosto


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