POSTAL 1216 18JAN2019

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O testemunho na primeira pessoa

EM TERRAS DE “EL COMANDANTE” è 8e9

DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA Director Henrique Dias Freire • Ano XXXI Edição 1216 • Quinzenário à sexta-feira 18 de Janeiro de 2019 • Preço 1,50€

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n.º JANEIRO 2019

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Direcção: GORDA ltural Associação Sócio-CuEditor: Freire Henrique Dias de conteúdos: Paginação e gestão do Algarve Postal pelas secções: Responsáveis • Artes visuais: Saúl de Jesus • Espaço ALFA: Raúl Grade |Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz o: • Espaço ao Patrimóni Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direcção Regional Algarve de Cultura do : urbanismo • Reflexões sobre Correia Teresa desta edição: Colaboradores Emanuel Sancho Parceiros: Direcção Regional Algarve de Cultura do e-mail redacção: mail.com geralcultura.sul@gpublicidade: e-mail gmail.com anabelag.postal@ tal.pt online em: www.pos www.issuu.com/ e-paper em: postaldoalgarve m/ FB: www.facebook.co postaldoalgarve/ exemplares Tiragem: 7.154

••• REGIÃO

Empresa pioneira na utilização de viaturas eléctricas

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NESTA EDIÇÃO: LEIA O CADERNO DO CULTURA.SUL ••• REGIÃO

POSTAL entrega bens doados a Casa de Acolhimento

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José Carlos Rolo garante:

ALBUFEIRA TEM TUDO PARA SE VIVER BEM

••• REGIÃO

O bombeiro que é seguido por milhares de pessoas è 24 d.r.

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AS DEZ RESPOSTAS DE ADRIANA FREIRE NOGUEIRA

Queixar não adianta muito. Sou mais apologista do fazer.

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ROTEIRO GASTRONÓMICO Restaurantes O Cantinho Algarvio, A Carpintaria e O Lusitano è 18 e 19 A BOCA NO TROMBONE Menores ao Deus dará...

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••• GRANDE ENTREVISTA

18 de Janeiro de 2019

fotos: henrique dias freire

ENTREVISTA A JOSÉ CARLOS ROLO

A segurança é um dos principais motivos da vinda de turistas

Em entrevista ao POSTAL, José Carlos Rolo, presidente da Câmara de Albufeira, avança com algumas ideias inovadoras. Defende que qualquer casa a construir deveria ter um espaço para a colocação de lixo. Sobre os jovens, diz que eles respeitam mais o treinador do que um professor na sala de aula.

Stefanie Palma / Henrique Dias Freire

stefanie.palma.postal@gmail.com

Agora com mais dinheiro, quais vão ser os grandes investimentos deste mandato? Algumas autarquias sofreram mais consequências por via da crise económica que atravessou o país. A crise económica, financeira e principalmente decorrente da crise da imobiliária afectaram bastante a parte da construção e da venda de imobiliário, tendo afectado igualmente o concelho, que depende em muito dessas circunstâncias, nomeadamente, por causa da questão turística. E, nos últimos anos, com o turismo a decrescer é óbvio que a construção também decresceu grandemente e, em consequência disso, o recebimento de verbas também diminuiu. Em 2012, os valores que recebíamos de IMT rondavam apenas os cinco milhões e nos anos de 2016-2017 andaram à volta de 20 milhões anuais. São valo-

res que apresentaram uma melhoria significativa e, deste modo, Albufeira recuperou, regenerou-se muito facilmente. Neste momento nós temos verbas para poder fazer investimento público e esse investimento vai ser feito. Existem vários projectos delineados e alguns que já estão mesmo em fase de execução. Temos algumas obras a decorrer, nomeadamente na pavimentação de caminhos, temos apostado fortemente na parte inicial nos caminhos rurais e de interior das freguesias. Estamos igualmente a tentar suprimir as necessidades no âmbito da parte social, sobretudo ao nível de espaços de apoio à população sénior e também ao nível do problema da habitação. O Algarve e Albufeira, em particular, não tem habitação disponível. Como pretende resolver este problema? De facto, existe um problema nesta área. Existem projectos concebidos para serem feitos no exterior, pro-

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GRANDE ENTREVISTA •••

18 de Janeiro de 2019

um destino que seja seguro, juntando depois todos os aspectos característicos de uma cultura, tais como a gastronomia, as belíssimas praias, o clima e a amabilidade das pessoas. Cada país tem os seus trunfos, cada um tem a sua forma de vender ao turista, portanto, penso que nós vendendo segurança juntamente com o clima, a gastronomia e a paz social é condição suficiente para que sejamos ainda muito procurados. No entanto, é natural que exista alguma quebra.

􀪭􀪭 Temos todas as condições socio-económicas e de bem-estar para ser uma cidade cada vez mais desenvolvida jectos para a construção de habitações de custos controlados ou habitações sociais, que nomeadamente hão-de ser 40 habitações numa primeira fase em Paderne e mais 30 em Albufeira. Dentro de pouco tempo iremos iniciar outro projecto para mais 30 ou 40 habitações. Estamos também a adquirir algumas fracções habitacionais que vão aparecendo no mercado e que têm preços mais ou menos razoáveis, para que se possa atribuir a famílias carenciadas. Relativamente à habitação de custo controlado. Estamos a falar de estarem prontas no final do mandato? Sim, até ao final do mandato penso que a grande maioria delas estarão prontas, pelo menos as primeiras 70. É claro que isso não deixa de ser relativamente pouco... É de facto relativamente pouco. Nós temos dois grupos distintos: por um lado, o residente em Albufeira e, por outro, aqueles que procuram o destino para vir trabalhar. É de extrema dificuldade albergar as pessoas que estão a trabalhar. Eu tenho defendido que deveriam existir umas medidas transitórias e excepcionais para se poder colocar, por exemplo, algumas habitações em terrenos não de apetência construtiva. O Governo podia legislar nesse sentido. Precisávamos de uma resposta imediata, porque se não temos sítio para construir, o que vamos fazer? É difícil. Albufeira não tem muitos terrenos. Como pretende contornar isto? A Câmara de Albufeira é um município que tem muito pouco património. Eu estou a tentar adquirir algum património, alguns terrenos rústicos mas cujos resultados só serão visíveis a longo prazo. Também temos comprado alguns que já darão para algumas fracções. No que

diz respeito a este tema, existem duas coisas que devem ser correctamente conjugadas: por um lado adquirir património para se poder construir e por outro lado construí-lo. O POSTAL sabe que já existem restaurantes no Verão a funcionar a 50% porque não têm pessoal... É de facto um drama, porque não é só a questão de não ter pessoal qualificado para desempenhar funções, é mesmo a questão de não ter de todo pessoal. Existem inúmeros anúncios e ofertas mas não aparece ninguém para trabalhar. Já há restaurantes a querer fechar no mês de Agosto. Este é um dos meses mais intensos no Algarve e o serviço que eles prestam fica muitas vezes aquém das expectativas. Existe uma expressiva necessidade de gente para trabalhar e se essa lacuna não for solucionada não existem condições para abrir certos estabelecimentos no Verão. Fazem falta espaços de apoio à população sénior. Qual é a resposta da Câmara? Estamos a apostar na construção de alguns lares de idosos. Este ano vamos iniciar a construção de dois, um nos Olhos de Água e outro nas Fontainhas. Estes dois espaços serão lares de terceira idade com centros de dia agregados. Depois, existe ainda um terceiro lar, que será começado a construir entre o final do ano e o princípio de 2020. Com estes três lares, penso que a situação ficará mais ou menos resolvida. Existe também um projecto em mente, que é a construção de algumas unidades de cuidados continuados, sendo que a primeira em princípio será na Guia, mas ainda está numa fase muito embrionária do projecto.

O turismo português bateu records, muito pela queda dos mercados do Magrebe que já recupera. Como deve Albufeira reagir? Temos neste momento também a questão do Brexit. Eles vão sair, mas eu sinceramente não tenho a certeza, nem ninguém tem, do que irá na cabeça dos ingleses. Não sei se por saírem da União Europeia isso terá efeitos tão perversos na sua vida normal e que fará com que não venham de férias... Sinceramente, não acredito muito nisso. Pode haver um caso ou outro que sejam levados a irem por existir actualmente uma situação de maior estabilidade nos países como a Turquia, Tunísia, Egipto. E um dos aspectos em que Portugal se evidencia é sem dúvida a segurança. Este é um dos principais motivos da vinda de turistas para o Algarve. É essencial apostar na segurança de um país e é muito importante conseguirmos vender

Qual é o objectivo da implementação da videovigilância para este ano nas áreas públicas de Albufeira? Temos de transformar a ideia que temos da cidade de Albufeira, porque muitas vezes a imagem da cidade aparece ligada a certos distúrbios pontuais. Lembro-me, nomeadamente, do Euro 2004, onde as televisões estavam logo ali numa determinada rua, onde seria expectável que iriam existir desacatos. Mas não é bem assim… As estatísticas não dizem isso. E, portanto, ter as câmaras de videovigilância em determinadas zonas onde há uma aglomeração enorme de pessoas funciona como instrumento para que se possa evitar que existam situações problemáticas, sendo um útil instrumento para a gestão do espaço público. Lá está, por um lado é para o bem-estar e por outro para aquilo que se pode vender, que em Albufeira já há videovigilância. É importante para as pessoas sentirem-se mais seguras, para virem com mais à-vontade. Como potenciar o concelho e captar mais investimento? A captação de investimento tem de ser feita não só pelo município, mas por tudo o que é promoção turística. Tem que ser feita pelas entidades apropriadas para o efeito, nomeadamente a Região de Turismo, o Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e o Instituto de Turismo de Portugal. Evidentemente, os municípios também têm de fazer a sua

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própria promoção, não só externa mas também interna. Em termos internos não podemos esquecer que Portugal tem as suas pessoas, que também vão de férias e é importante fazer essa promoção. A captação de investimento é uma questão que avança directamente proporcional à segurança, à boa organização do próprio espaço público. O investimento é sempre feito para as pessoas, não se pode fazer investimento onde não há ninguém. Evidentemente que é um concelho que não é infinito em termos de possibilidade construtiva. Temos de ir promovendo actividades, acções diferentes e temos ainda de requalificar o espaço público, para se tornar um espaço ainda mais agradável, para que as pessoas se sintam realmente bem. Ao nível do orçamento municipal, que parte está direccionada para a Educação? A parte da Educação é uma área onde vai ser feito um investimento a rondar os três ou quatro milhões de euros. De momento, temos a necessidade de ampliar duas escolas do primeiro e segundo ciclo, e além disso vão existir algumas obras de conservação em escolas do primeiro ciclo. Relembro também que a câmara municipal deliberou há poucos dias sobre a minha proposta de determinar a gratuitidade das refeições a todos os alunos do primeiro ciclo e do pré-escolar. É uma medida de carácter social, que se insere no âmbito da educação. Neste momento, tenho um plano que é melhorar o bem-estar das crianças, fazendo sombreamentos e, por outro lado, colocar ar condicionado em todas as salas das escolas, por causa do calor que se faz sentir, principalmente no Verão. Acho que é importante haver esse direccionamento para a área educativa. Quais vão ser os principais apoios e incentivos para o desporto? Quanto à parte desportiva, é importante salientar que nestes dias decorre è

Existe uma expressiva necessidade de gente para trabalhar e, se essa lacuna não for solucionada, não existem condições para abrir certos estabelecimentos no Verão


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è uma obra no Estádio Municipal de Albufeira para a revisão e reformulação da pista tartan, que não estava em boas condições. Também terminámos há poucos dias, o melhoramento do relvado sintético das Ferreiras. O que existe neste momento são essencialmente medidas de conservação e remodelação de alguns espaços desportivos. Há vários anos que não eram feitos investimentos nos complexos desportivos e este ano quero realmente “atacar” essa situação, até porque os clubes têm um papel fundamental e extraordinário, nomeadamente na questão da prática desportiva dos jovens. E quando se fala em desporto autárquico e no apoio aos clubes temos de ter sempre em mente a formação, porque os treinos e as competições requerem outro tipo de apoio um pouco mais volumoso. Uma das nossas medidas, ao nível desportivo, foi a atribuição de carrinhas de transportes de jovens, para a deslocação entre casa e o treino e também para os jogos durante o fim-de-semana. Do mesmo modo, existe a questão dos relvados, que são tratados e pintados pela câmara. Todos os espaços desportivos são municipais e estão cedidos, em primeira mão, a um determinado clube - o que não significa que qualquer espaço municipal não possa ser utilizado por outro clube. Temos igualmente prevista a construção de um novo pavilhão desportivo na Freguesia de Ferreiras. O papel dos clubes desportivos é fundamental para a formação dos jovens. Costumo dizer a brincar que “os jovens respeitam mais o treinador de uma modalidade do que um professor na sala de aula”. É fantástico o tratamento que um jovem de seis ou sete anos tem perante o seu treinador. É sempre o “mister”. No mundo desportivo, existe uma grande disciplina, ao contrário do que acontece muitas vezes nas salas de aula. Todos os elementos de uma equipa jogam com a mesma cor da camisola, a mesma roupa, tudo igual, e se quiséssemos transportar essa realidade para as escolas seria mais difícil. Se por exemplo quiséssemos meter uma farda na escola já não seria tão bem visto. Nos países onde há grandes carências económicas é recorrente a utilização de fardas ao nível do ensino público, precisamente para tentar igualar as discrepâncias ao nível económico. Qual é para si o principal problema que assola Albufeira? O principal problema é de facto a rede viária mas que está a ser tratada. O Algarve teve vários problemas, entre eles a crise financeira, a quebra dos fundos comunitários, que eram de facto uma grande ajuda. Mas neste momento temos capacidade para estes 20 a 30 projectos da rede viária

//BILHETE DE IDENTIDADE QUEM É? José Carlos Rolo nasceu há 62 anos, em Domingos da Vinha, concelho de Gavião. Depois de uma infância em contacto com o mundo rural, rumou a Castelo Branco, onde fez grande parte do seu percurso escolar. Em 1982 terminou a licenciatura em Matemática, na Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa. É também mestre na área da gestão e políticas públicas pelo ISCSP da Universidade de Lisboa. O QUE FAZ: Grande parte da sua vida foi dedicada à área da Educação, tendo sido nomeado director de Serviços dos Recursos Materiais da Direcção Regional de Educação em 2000, tendo posteriormente ingressado na Câmara Municipal de Albufeira onde permanece até ao momento.

//PERFIL Nome: José Carlos Martins Rolo Idade: 62 Signo: Aquário Profissão: Professor Onde reside: Albufeira Tempos livres: Agricultura e assistir a eventos desportivos Livros: Ficção científica e história das ciências Qualidade: Pontualidade e rigor Defeito: Teimosia Destino das últimas férias: …Não me lembro

Neste momento nós temos verbas para poder fazer investimento público e esse investimento vai ser feito

que tenho em mão. Depois, estamos a solucionar algumas situações que começaram a surgir há alguns anos. Existe a necessidade de mudar o pavimento porque está deteriorado, seguido da reformulação das redes de água, porque algumas já são bastante antigas. Ao longo do tempo temos vindo a substituir algumas, e embora estas obras não se vejam, têm de ser feitas necessariamente. Em seguida, temos a questão da limpeza urbana que tem tido alguns problemas pontuais, em algumas zonas críticas, muitos derivados de acções dos cidadãos, em particular os comerciantes dos restaurantes. Temos de trabalhar muito, mas a câmara tem de fazer parte desta mudança de atitudes, em conjunto com a empresa de prestação de serviços. E estou a pen-

sar contratar uma empresa exterior de marketing para ajudar a solucionar alguns problemas. Se as pessoas respeitassem as regras que estão estipuladas, era tudo extremamente fácil. Temos de apostar mais fortemente em campanhas de sensibilização. E o problema é mais grave por causa da grande sazonalidade de Albufeira... Eu implementei na baixa de Albufeira e dos Olhos de Água um sistema de recolha porta a porta, para evitar que as pessoas se tivessem de deslocar. As pessoas ficavam lá e a determinada hora passava o carro e carregava os resíduos. Se a nível do urbanismo começássemos a criar alguma regra, em que qualquer casa construída tivesse um espaço de colocação do lixo, seria

uma ideia viável. As regras têm de ser feitas e cumpridas. Qual é a sua opinião pessoal sobre Albufeira? Albufeira é uma cidade bonita e tem tudo para se viver bem, pois não se demora muito tempo nas deslocações (excepcionalmente em alguns dias no Verão). O concelho tem paisagens extraordinárias, praias lindíssimas e um interior muito bonito. O Algarve tem sítios espectaculares no interior, só que muitas vezes as pessoas não se apercebem disso porque o objectivo de virem para a região é o sol e a praia. Em suma, diria que Albufeira tem todas as condições sociais, económicas, a nível de emprego e bem-estar, para ser uma cidade cada vez mais desenvolvida.

Pergunta do entrevistado aos jornalistas do Postal: José Carlos Rolo - O jornalismo tanto pode ser visto para o bem como para o mal. Muitas vezes os jornalistas estão à procura de sangue. O que é que vocês acham sobre essa parte? Não é só no mundo dos políticos que se verifica uma tendência crescente para uma comunicação política impregnada de propaganda política. No mundo dos jornalistas, o jornalismo sério e rigoroso também está a ceder à especulação. São “cruzadas” dos tempos actuais a que nenhum jornalista e sobretudo as empresas jornalísticas deveriam ser indiferentes. No POSTAL sempre fomos e seremos pelo rigor da informação e fazemos um esforço diário para informar e mostrar o que de melhor se faz no Algarve.


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HPZ: EMPRESA PIONEIRA NA UTILIZAÇÃO DE VIATURAS ELÉCTRICAS fotos: henrique dias freire

- Zero Emissões: Sendo um carro eléctrico, a preocupação com a emissão de poluentes não se coloca; - Conforto de condução: o motor de um carro eléctrico é muito silencioso; - Vantagens fiscais ao nível da dedução do IVA para empresa + isenção de tributação autónoma + zero euros de imposto de selo: os carros eléctricos estão isentos do pagamento do Imposto sobre Veículos (ISV) no momento da aquisição e também do Imposto de Circulação; - Revisões muito baratas: não apresenta desgaste; - Preocupação com o ambiente - Poupança Diária: O custo de uma carga numa tomada doméstica, para percorrer 100 quilómetros é de cerca de dois euros e meio, um preço bastante convidativo, comparativamente com os seis, sete euros dos melhores turbo-diesel.

􀪭􀪭 Zacarias Neto, director da HPZ, pensa no futuro dotar a empresa com viaturas eléctricas Stefanie Palma / Henrique Dias Freire

stefanie.palma.postal@gmail.com

Já pensou como seria utilizar uma viatura eléctrica? O POSTAL quis descobrir. A HPZ, fundada em 2000, é uma empresa 100% virada para a oferta de soluções profissionais na área de cópia, impressão e gestão de documentos, sendo uma referência no seu sector. Uma das principais directrizes que a caracteriza assenta na procura constante das melhores soluções a nível tecnológico… E é neste sentido que a empresa decidiu adoptar os carros eléctricos.

A HPZ foi a primeira empresa em Tavira a utilizar carros 100% eléctricos. A primeira viatura foi adquirida em 2015, e tem uma autonomia de 150 a 170 quilómetros. A aquisição mais recente deu-se em 2018, com a compra de uma segunda viatura eléctrica, em que a autonomia ronda os 250/350 quilómetros. Em seguida, existiram duas empresas que lhe seguiram o exemplo, nomeadamente, a empresa métrica, relacionada com a área da arquitectura e a auto-peças Daniel Sousa, empresa direccionada para o comércio de peças e acessórios para veículos automóveis. Zacarias Neto, director da HPZ, disse ao POSTAL: “pensamos que num futuro

próximo poderemos ter toda a frota com viaturas eléctricas, assim que aumentar a autonomia”. A HPZ tem-se destacado bastante na área de oferta de produtos de referência, oferecendo um conjunto de serviços, direccionados para as pequenas, médias e grandes empresas. Mas lamenta o fraco investimento por parte do Governo em postos de carregamento. Existem poucas áreas de carregamento rápido disponíveis no Algarve. Fique atento às próximas edições do jornal, porque a HPZ vai adquirir em breve um terceiro carro eléctrico e a equipa do POSTAL já está convidada para testar a viatura.

-Preço elevado de aquisição: os preços continuam bastante elevados; - Autonomia limitada: a autonomia de um carro eléctrico é bastante mais reduzida comparativamente com um carro a gasóleo ou gasolina; - Poucos postos de carregamento no Algarve; - Tempo de Carregamento: o tempo de carregamento de um carro eléctrico é bastante superior ao de um abastecimento de gasolina ou gasóleo; - Escolha Reduzida: embora seja cada vez mais notório que as empresas estão a apostar nos veículos eléctricos, existe ainda uma escolha muito reduzida em termos de modelos de carros eléctricos; - Durabilidade da Bateria: as baterias dos veículos eléctricos perdem capacidade com o tempo e têm uma duração expectável de cerca de dez anos.

CAMPANHA DE NATAL: POSTAL ENTREGA BENS DOADOS À CASA DE ACOLHIMENTO “A GAIVOTA” Stefanie Palma / Henrique Dias Freire

stefanie.palma.postal@gmail.com

fotos: stefanie palma

􀪭􀪭 Henrique Dias Freire, Ana Guerreiro e Ana Pinto (da esqª para a dirª) junto aos bens doados às crianças da instituição

O POSTAL lançou no Natal passado uma campanha solidária de recolha de roupas, calçado, brinquedos, e jogos colectivos e didácticos, em prol das crianças e jovens que frequentam o centro de apoio integrado a crianças “A Gaivota”. A iniciativa teve um grande sucesso e adesão por parte da população e, na passada sexta-feira, 11 de Janeiro, foram entregues os bens doados. O Natal deve ser, sobretudo, uma época pautada por valores de amizade, companheirismo, solidariedade e entreajuda. E, deste modo, o POSTAL decidiu contribuir para ajudar esta causa. A Casa de Acolhimento (CA) pertence ao Centro Humanitário de Tavira da Cruz Vermelha Portuguesa. Um dos principais objectivos desta instituição é acolher jovens e crianças em risco, acompanhando-os ao longo do seu

crescimento, com vista à sua inserção na sociedade. Assim, esta instituição garante o acolhimento de crianças em situações de perigo, tentando proporcionar-lhes um ambiente o mais semelhante possível a um ambiente familiar. Neste estabelecimento, as crianças são acompanhadas e devidamente encaminhadas. A Casa de Acolhimento é composta por uma equipa de profissionais, de carácter multidisciplinar, focada nos interesses e necessidades individuais de cada criança e jovem. Quanto às instalações, a instituição possui uma sala de estudo, zonas de gabinetes, arquivos, sala de arrumos, zonas de quartos, casas de banho direcionadas para as diversas faixas etárias, sala de estar, sala de jogos, copa de leite e sala de higienização. Durante este ano surgiu ainda uma novidade: o apoio de uma professora que acompanha, de forma diária, os mais pequenos.


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texto e fotos: miguel pires

􀪭􀪭 O instrutor disponibilizado pelo Espiche Campo de Golfe vai partilhar conhecimentos com os alunos

􀪭􀪭 Havana é praticamente um museu vivo dos anos 50

VIAJAR É UM ALIMENTO PARA A ALMA:

EM TERRAS DE “EL COMANDANTE”

Viajar é um alimento para a alma, enriquece-nos de uma forma inexplicável e, como fotógrafo, a felicidade é a dobrar.

Miguel Pires

Colaborador do POSTAL

Depois de dez horas de voo, chegar à cidade de Havana foi deveras um impacto, não só pela humidade e temperaturas altas mas, acima de tudo, pelo excesso de fumo libertado pelos milhares de carros que, ao contrário da Europa, não sabem o que são catalisadores. Assim começava a aventura em terras de “El Comandante”. Havana é praticamente um museu vivo dos anos 50, a cidade parece que parou no tempo, mas não é bem assim, denota-se e muito a invasão chinesa com os “riquexó”, triciclos a motor, scooters e automóveis “Made in China”. O fu-

Cuba sempre me fascinou por uma série de imagens que viajaram mundo, as imagens de um país revolucionário, de gente feliz com uma musicalidade única

mo das centenas de veículos a passar é uma constante. Andámos cerca de 25 quilómetros a pé no primeiro dia e a palavra mais ouvida era “Táxi!??” Alugar um automóvel foi um grande problema, pois não havia disponíveis face à alta procura, pois em Cuba só o Estado pode adquirir viaturas novas e o parque automóvel está, por consequência, bastante envelhecido! Ao segundo dia lá conseguimos um “excelente preço”, cerca de 86 euros por dia (1,00€ = 1,09 CUC – Peso Convertível Cubano, como tal, vou falar em euros para ser mais simples). Comer em Havana também não é propriamente barato (média de 12 euros por pessoa), contando que o ordenado mínimo em Cuba ronda os 10 euros e o médio os 30 euros por mês. Atenção, também com produtos frescos, gelo, etc… a água da torneira não é propriamente aceite pelo nosso organismo, como tal, tudo tem de estar cozinhado e as “Cuba Libre” com gelo proveniente de água filtrada ou engarrafada. Fotograficamente encontrei o postal típico de Cuba, com os veículos antigos a circular em grande número, muito

turismo e muita gente a viver, ou a tentar sobreviver, do turismo. Fora os carros e algumas imagens típicas de Havana tudo o resto está bastante envelhecido e degradado, sujo e pouco recomendável ao turista que está habituado, por exemplo, ao Algarve. Após dois dias extenuantes em Havana partimos rumo a sueste,“despacito”! A “Autopista Nacional” de Cuba é uma via automóvel muito diferente das auto-estradas que conhecemos na Europa, muita gente junta à estrada, uns à boleia, outros à espera de autocarro, carros de mula, camiões a cruzar a estrada e, o maior perigo de todos, do nada aparece no meio da estrada uma cratera que, cheia de água, daria uma bela piscina. Chegados a Playa Larga, mais concretamente Baia dos Porcos, deparamo-nos com uma zona rural com palmeiras, praia e algumas infra-estruturas turísticas. Nada demais, tudo calmo, um restaurante e bar de praia, propriedade do Estado. As casas rondavam os 100 euros por dia para três pessoas, como tal, logo ali perto ar-

e contagiante. Finalmente a tão esperada viagem a Cuba, tentando em 13 dias visitar e conhecer o máximo possível.

ranjámos uma casa particular por 50 euros por dia, pequeno-almoço 5 euros cada, com papaia, banana, ananás e laranja, ovos mexidos, café com pão e sumo natural de papaia ou manga. Bem Bom! Um dos famosos petiscos de Playa Larga são os caranguejos com chilli, eu gostei. A praia é relativamente pequena, algumas palmeiras e, em Novembro, água do mar a rondar os 29 graus. Animais de rua são uma constante em Cuba, Playa Larga não é excepção, magros e doentes, não vi ninguém maltratá-los mas também ninguém os trata, são simplesmente ignorados. Questionei a proprietária da casa onde pernoitava o que faziam com tantos animais de rua, ao que ela me respondeu com uma expressão muito natural: “Quando são muitos e começam a incomodar chamamos uma carrinha que os carrega a todos e os leva para alimentar os crocodilos!” Fiquei em silêncio alguns segundos, a digerir a informação… Depois de dois dias de praia partimos rumo a Cienfuegos, passámos por

Playa Girón, que tem uma praia com um muro em frente, sem dúvida um belo postal turístico (risos). O nosso carro tinha sempre o indicador de “tanque cheio” e desconfiamos que estaria avariado, a bomba de gasolina em Playa Girón estava igualmente avariada e fomos, ainda mais devagar. Chegados a Cienfuegos encontrámos uma cidade com uma luz diferente, muito turismo onde logo somos abordados por alguém que nos tenta arranjar casa para pernoitar. Depois de acomodados partimos à descoberta. Sem dúvida uma cidade mais agradável e limpa, diferente daquilo que tínhamos encontrado até agora, comemos bem e sempre rodeados de um bom ambiente. No dia seguinte partimos rumo a Trinidad, com altas expectativas da cidade e praias. A entrada em Trinidad é feita por uma estrada empedrada que nunca deve ter sido arranjada, o nosso carro chinês ia-se desmontando no caminho. Muito turismo e um estilo arquitectónico muito semelhante ao que encontramos nalgumas localidades de Espanha, mas menos limpo e arranja-


REGIÃO •••

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aspecto de abandono. Praia cheia de erva e os poucos hotéis e restaurantes encerrados. Quando demos por nós estávamos a chegar a Varadero debaixo de chuva torrencial. Varadero é basicamente uma parede de hotéis frente ao mar e alguns campos de golf. Não tivemos muita vontade de ficar e ficámos a dormir nas redondezas. No dia seguinte partimos rumo a Matanzas, onde encontrámos uma cidade semelhante a Cienfuegos, um pouco mais limpa e com melhores restaurantes. A viagem a Cuba estava a revelar-se uma desilusão, as paisagens não eram assim tão bonitas como os postais turísticos, as praias muito menos, as cidades eram muito poluídas e sujas,

os preços tão ou mais altos do que os praticados em Portugal. Os cubanos sofriam na pele a inflação e o aumento do custo de vida. Com isto a alegria típica latina não se via com regularidade em Cuba, pois não se vive e, sim, sobrevive-se todos os dias. Se eu fosse o turista de Varadero com pulseira no pulso com tudo incluído e fizesse férias de hotel praia e praia hotel viria certamente com uma ideia muito melhor de Cuba. Mas essa não seria a visão correcta e real do país. Voltei com mais vontade do que fui, devemos sempre reivindicar e querer mais e melhor do nosso país mas, devíamos acima de tudo, pensar duas vezes antes de nos queixarmos de tudo e de nada. Vivemos literalmente no paraíso, em comparação com Cuba.

􀪭􀪭 Em Havana há muita gente a viver ou a sobreviver do turismo

do. Ficámos numa casa localizada no centro e, como a proprietária tinha um animal de estimação, resolvi contar-lhe que, em Playa Larga, os animais de rua recolhidos são comida viva para crocodilos, ao que ela me respondeu com uma expressão de repulsa e, logo me respondeu: “Aqui em Trinidad são levados para o Zoo”. Foi a última vez que perguntei algo mais sobre os animais de rua em Cuba. A famosa praia de Trinidad (Playa Ancoa), que os habitantes se gabam de ser a fornecedora de areia para as praias de Varadero, encontra-se a cerca de 16 quilómetros da cidade. Típica praia tropical com água quente e transparente, fundo com pedras de coral morto e infra-estruturas turísticas que recordam os anos 80 no Algarve. Tudo em Cuba peca pela falta de brio e limpeza, o que não nos deixa fascinados com a envolvência. Logo à noite, o largo principal de Trinidad tinha várias dezenas de turistas agarrados ao telemóvel, pois era aí o ponto de internet da cidade, fora isso ouvia-se música no ar. Passámos por várias casas de arte com pintores locais e fomos ver música ao vivo na famosa “La Bodeguita Del Medio”. A música ouviu-se toda a noite. No dia seguinte o lixo era muito pelas ruas, mais ainda do que o normal e partimos rumo a Santa Clara, para visitar o túmulo do famoso Che Guevara. No caminho deparámo-nos várias vezes com duas e três centenas de metros de arroz na estrada, homens espalhavam o arroz para secar e carros em sentido contrário passavam por

cima do mesmo. Pensei no arroz que já tinha comido e pensei em alcatrão, borracha dos pneus, gasóleo, gasolina e óleo… o que não mata, engorda, pensei! Encontrámos belas paisagens pelo caminho, um pouco de ar fresco que merecíamos e chegámos, depois de muitas curvas, travagens bruscas em fuga das crateras na estrada, a Santa Clara. O Memorial Ernesto Che Guevara é um espaço aberto e verde, que se encontra de frente para a Praça da Revolução. Uma imponente estátua de Che Guevara marca a força da revolução em Cuba. A fila para visitar o túmulo era grande, pois chegavam constantemente autocarros com turistas. Dentro do túmulo muitas fotografias da época com Fidel Castro e Che Guevara como cabeças-de-cartaz, roupas e uniformes e muitas armas usadas pelos próprios em “La Revolución”. Entrei depois num espaço onde, supostamente, seria o túmulo de vários combatentes revolucionários da época, inclusive Che Guevara. Espaço esse muito bem preparado do ponto de vista comercial, pois em ambos os lados do espaço ouvia-se água a correr de umas pequenas nascentes lá colocadas, o espaço estava particularmente frio e húmido do ar condicionado, dando a sensação que nos encontrávamos num jazigo subterrâneo. Seguimos para norte para seguir junto à costa, passámos por Playa La Fé, Playa Ganuza, Playa El Salto mas, em Novembro, tudo estava fechado e com

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••• A BOCA NO TROMBONE

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􀪭􀪭 A Meritíssima Juiz ditou para a acta no dia 12 de Dezembro,

tendo apenas sido assinada no dia 9 de Janeiro de 2019, inviabilizando assim os convívios parentais que a própria definiu para o Natal de 2018.

Cartório Notarial em Tavira O Notário Bruno Filipe Torres Marcos

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EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação, outorgada em 09.10.2017, exarada a folhas 43 e seguintes do competente Livro n.º 109-A do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - Roger Grenville Clark, divorciado, natural do Reino Unido, de nacionalidade britânica, residente em The Gables, 66 Main St. Witchford, Ely, Cambs CB6 2HG, Inglaterra, Reino Unido; - Declarou ser dono e legítimo possuidor e com exclusão de outrem, do prédio rústico composto por terra de cultura, pastagem, oliveiras e alfarrobeiras, sito na Estrada da Asseca, na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santiago e Santa Maria), com a área de 29.106,37 m2, confrontando a Norte com o próprio justificante, Sul com Júlio Henrique Espadinha, Nascente com a Estrada e Poente com Maria de Lurdes Pires, pertencendo à área territorial da antiga freguesia de Tavira (Santiago), com o valor patrimonial tributário de 6.400,00 €, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira; - Tendo para o efeito alegado que este prédio, com a indicada composição e área, chegou à sua posse em trinta de Abril do ano de mil novecentos e oitenta e sete, por compra meramente verbal, feita a Vitória Maria Gomes Correia, solteira, maior, residente que foi na Amadora, Idalina dos Santos Cardoso Correia, viúva, residente que foi em Olhão, e João Francisco Gonçalves Correia e mulher Maria de Fátima Fernandes Ferreira da Silva Gonçalves Correia, residentes que foram em Olhão; - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – cultivando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores e dela retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, o seu representado adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO.

Tavira e Cartório, em 14 de Janeiro de 2019 O Notário,

Bruno Filipe Torres Marcos Conta n.º 2/3172/2017 (POSTAL do ALGARVE, nº 1216, 18 de Janeiro de 2019)

MENORES AO DEUS DARÁ... Sendo o Direito da Família um dos mais importantes e delicados ramos do Direito, visto estarem em causa matérias relacionadas com vínculos afectivos e laços conjugais ou de parentesco, muitas das vezes em situação de culminar conflito ou ruptura, revela-se imprescindível que a abordagem técnico profissional em processos desta natureza seja célere e rigorosa, de forma a assegurar eficazmente o superior interesse das crianças. Sucede que nem sempre o é... Não se tratou de um acto isolado, tratou-se apenas de mais um caso, entre inúmeros que regularmente sucedem pelos nossos tribunais. Em apreço, no âmbito de um processo de alteração da regulação das responsabilidades parentais (anteriormente designado poder paternal), foram proibidas pela progenitora todas as visitas e demais contactos entre a menor e o pai, sendo que a demora de cerca de um semestre entre cada diligência judicial, reforçou a prática reiterada de actos típicos do designado síndrome de alienação parental, levando ao afastamento absoluto entre ambos. De forma a promover a reaproximação,

na conferência de pais realizada no dia 12 de Dezembro de 2018, o técnico especializado da Segurança Social emitiu o seu parecer, o qual consubstanciava-se na realização de pelo menos duas reuniões conjuntas com a menor e o pai, de forma a conseguir mediar e contribuir para reduzir o conflito existente, visando a sua reaproximação, devendo tais sessões iniciarem-se nas férias escolares de Natal. Mais aconselhou, numa fase seguinte, à realização de convívios conjuntos supervisionados por um técnico do CAFAP de forma a promover a relação, sendo que os mesmos deviam realizar-se no centro dessa entidade que melhor resposta desse em tempo útil, a qual não deveria exceder os 30 dias. Parecer técnico este ao qual o Digníssimo Procurador deu de imediato a sua total concordância, e que levou à tomada de decisão por parte da Meritíssima Juiz e consequente despacho judicial, nesses precisos termos. A acta da diligência foi elaborada no decurso da mesma pela Oficial de Justiça ali presente em exercício de funções. No entanto, não foi assinada no próprio dia, nem no dia seguinte, nem sequer na semana

seguinte. A acta da diligência, documento legal que confere legitimidade para a prática dos actos judicialmente decididos foi assinada 27 dias depois, mais precisamente no dia 9 de Janeiro, ou seja, uma semana depois de terem terminado as férias do Natal. Minutos depois, foi enviada notificação ao CAFAP, solicitando resposta nos termos do constante na acta, mas obviamente a mesma não foi dada nos três dias seguintes, o que restava do prazo estabelecido pela Meritíssima Juiz. E as sessões conjuntas a realizar com a menor, o progenitor e o técnico da Segurança Social foram ignoradas e consequentemente canceladas, por extemporâneas. Como é que um Meritíssimo Juiz profere uma decisão com força obrigatória legal para ser cumprida tempestivamente em determinado período de tempo, estipula os respetivos prazos, mas protela a mera assinatura do documento imprescindível para legitimar a execução do ora decidido?! E assim se faz (in)Justiça no nosso Algarve! *Escrito ao abrigo do Direito à Indignação


Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

JANEIRO 2019 n.º 123 7.154 EXEMPLARES

www.issuu.com/postaldoalgarve

ARTES VISUAIS •••

Pode a arte visual ser “expressa” para os cinco sentidos? fotos: d.r.

Saul Neves de Jesus

Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora https://saul2017.wixsite.com/artes

No passado as obras de arte eram organizadas em exposições para serem vistas pelo espetador. Este era um mero observador destas obras, sendo a visão o único dos cinco sentidos usado para avaliar o grau em que a obra de arte “retratava” a realidade. Depois, a partir da segunda metade do século XIX, quando a produção artística começou a divergir da realidade, visto esta ser melhor retratada através da fotografia, e sobretudo com o movimento impressionista, começou-se a valorizar a dimensão emocional na observação das obras de arte. Vários movimentos artísticos desenvolvidos a partir do século XX, tendo a sua principal manifestação

Já é possível visitar o Museu Municipal de Faro usando os cinco sentidos •

na arte conceptual, levaram a que simultaneamente a dimensão cognitiva fosse valorizada na apreciação de obras artísticas. Em todo o caso, o sentido visão continuaria a ser o principal meio nesse processo de apreciação das obras. Daí a própria designação de artes visuais. Nos últimos anos tem-se procurado

que o público não tenha um papel tão passivo neste processo, desenvolvendo-se formas de arte interativa, em que o espetador pode ter um papel ativo na relação com os produtos artísticos, chegando mesmo a contribuir para a versão final destes. O desenvolvimento das novas tecnologias tem vindo a abrir as possibilidades de produção artística e de interação com as artes visuais. Os termos arte digital, arte de computador, arte multimédia, arte interativa e media arte começam então a ser utilizados para descrever trabalhos que são feitos utilizando a tecnologia digital, como sejam as instalações multimédia interativas, os ambientes de realidade virtual e a arte baseada na net. Muitos consideram até que a inovação tecnológica está a começar a ser a chave para a arte do século XXI (eg, Stephen Wilson no seu livro “Art+Science”, 2010). Nesta perspetiva começam a ser exploradas formas de tornar a arte tão expressiva que possa “tocar” o público não apenas através da visão, mas também usando os outros quatro sentidos. Foi nesta linha que investigadores da Universidade do Algarve, em colaboração com a empresa SPIC, criaram uma aplicação digital que permite “sentir” uma obra de arte através da imagem, do som, do toque, do cheiro

e do sabor. Esta tecnologia foi aplicada a 84 obras de arte expostas no Museu Municipal de Faro, considerando-se que já é possível visitar o museu usando os cinco sentidos. Além de permitir ouvir a narrativa da obra (audição) e de ver pormenores da mesma aumentados (visão), o sistema, através dum dispositivo portátil que pode ser acoplado ao telemóvel (aplicação M5SAR – “Mobile Five Senses Augmented Reality System for Museums” / Sistema Portátil de Realidade Aumentada com os Cinco Sentidos para Museus), reproduz sensações de vibração, como nos comandos das consolas de jogos, e de brisa, através de uma ventoinha (tato). Não foi esquecido o cheiro a flores e amêndoas (olfato) e ainda o sabor vaporizado a frutos vermelhos ou a café (paladar). Pretende-se aumentar o prazer e o envolvimento do visitante, mas nunca estragar a sua experiência de estar num museu. Segundo João Rodrigues, coordenador do projeto, "cada vez mais, a experiência do visitante num museu tende a ser mais interativa, mais digital, para que não seja apenas uma visita estática, tradicional, de leitura de obra". Desta forma, o futuro é já presente. Talvez fosse interessante avaliar de que forma a introdução destas componentes dirigidas aos vários sentidos

Ficha técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saúl de Jesus • Espaço ALFA: Raúl Grade |Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direção Regional de Cultura do Algarve • Reflexões sobre urbanismo: Teresa Correia Colaboradores desta edição: Emanuel Sancho Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 7.154 exemplares

altera a apreciação, nos planos cognitivo e emocional, que o espetador faz da obra. Resta saber se os autores de algumas das obras de arte VISUAL concordariam com esta abordagem dirigida aos restantes sentidos... Mas o que é certo é que as pinturas de Carlos Porfírio, sobre o tema Algarve Encantado, foram produzidas a partir das lendas do Algarve Tradicional, da autoria de Ataíde de Oliveira, expressando a transferência da arte escrita para a arte visual. Assim sendo, porque não desenvolver formas de expressão visando a audição, o tato, o olfato e o paladar, a partir de obras de arte inicialmente apenas concebidas para serem apreciadas através da visão? l


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CULTURA • SUL

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Fotos: Filipe Monginho

LETRAS E LEITURAS •••

Hélia Correia: a escrita como abrigo

Paulo Serra

Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL

Este é um livro difícil de classificar. Conforme lemos parece que o género se vai transformando mas sente-se como um mito ou uma história com ecos bíblicos. Será este um texto do princípio ou do fim dos tempos? Eu não sei responder a essas perguntas. Quando escrevo textos literários, não tenho nem um pensamento, nem uma intenção, nem uma proposta. Não tenho absolutamente nada. E conheço bem a diferença entre um texto que eu faço com a minha inteligência, como um texto de apresentação de um livro, um texto sobre um tema ou um autor, como já fiz vários. Eu conheço esse modo de escrever, isto é, a proposta, a intenção, a pesquisa, que faço muito profundamente, a organização do texto e depois a elaboração da sequência escrita propriamente dita. Sei exactamente como se faz um texto com o conhecimento e com a pesquisa dos elementos necessários. Mas quando escrevo um texto literário não existe nada deste processo. Não há nada antes e não há nada durante, no meu ser inteligente, no meu ser de vontade. Há só o texto. Há só o seu começo. Este texto foi escrito absolutamente como um poema. Embora a minha prosa também tenha ritmo poético porque é a musicalidade que determina tudo o que eu escrevo, neste havia a respiração de um poema. Não o escolhi assim. A única atitude que eu tenho é de espera. E nessa espera as coisas comparecem. Este texto não é totalmente um poema no sentido mais habitual do termo porque criou personagens, criou uma espécie de narrativa dentro dele e tornou-se uma narrativa poética, um poema narrativo, não sei como lhe chamar… Agora se eu quisesse responder à sua pergunta, fá-lo-ia sem grande honestidade ou teria de lhe responder como leitora, como pessoa que aborda o texto de fora e o interpreta. Como criadora, não lhe posso responder. Não há uma inserção cronológica nítida. Há uma sombra de tudo o que me preocupa como cidadã, mas é uma è

O mais recente livro de Hélia Correia, Um Bailarino na Batalha, publicado pela Relógio d’Água, em Setembro de 2018, é um poema em forma de narrativa, conforme à prosa poética a que a autora nos tem habituado, e com a respiração de um poema épico. O leitor sente-se perdido, tacteando um horizonte de referência, quer no espaço quer no tempo, enquanto tenta situar a narrativa no género da ficção

científica, ou da fábula, ou de um mito do princípio dos tempos, mas a história deste povo que atravessa o deserto em busca de uma Europa foge a qualquer classificação. Este grupo pode ser confundido com os migrantes que chegam em vagas provindos de África ou do Médio Oriente, tanto no tempo presente como outrora. Nessa travessia em busca de uma esperança as mulheres e os homens vão-se transfor-

mando. E num livro que nos fala de guerra mas também de amor e de sabedoria, o leitor é embalado pela coreografia desenhada nos movimentos das personagens e seduzido pelo ritmo da escrita de um poema que se vai desenrolando como uma serpente a rastrear as areias do tempo. Hélia Correia é uma autora que aparece muito pouco mas foi possível conversar com ela em Sintra, no início deste ano.


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A literatura ou a arte não foram feitas para servir causas

è sombra muito vaga, porque a literatura ou a arte não foram feitas para servir causas. Talvez por ali paire aquilo que eu sinto ao testemunhar as ondas migratórias que espetam uma faca na nossa consciência e nos deixam perplexos. No texto tudo é indefinido: o espaço, o tempo… A Europa que surge como horizonte pode ser lida de muitas formas, como muitas outras utopias. Sente-se uma preocupação sobre para onde caminhamos enquanto ser humano. Não faço textos para traduzir nenhuma preocupação social. Entendo que o meu empenhamento social é para ser desenvolvido e tornado acção na minha faceta de cidadã. Se eu tiver uma preocupação que queira traduzir em texto, e já o fiz, escrevo um texto ensaístico e publico-o enquanto tal. É muito clara essa distinção. A escrita criativa não tem de servir, como disse antes, coisa nenhuma, nem problemas contemporâneos, nem ideias pessoais. Se passou alguma coisa de pessoal não foi por deliberação minha. É verdade que é um texto sobre uma demanda, mais que uma migração. É verdade que a Europa é nomeada como ponto de destino. Mas, como disse, não tomo decisões sobre o que escrevo. A Europa apareceu, como me apareceram aqueles diálogos. Não é uma intenção. Nem eu quereria que os meus textos concitassem esse tipo de reacções em alguém que os leia. Se bem que eu não escreva a pensar em leitores. Os meus leitores, as pessoas cuja opinião me inquieta, não chegam a contar-se pelos dedos das mãos. Quando essas pessoas me comunicam o modo como receberam um livro meu - um deles já não está presente (era o José Saramago) - fica encerrada a relação, não com os leitores, pois nunca a tive, mas com o próprio livro. Fica-me sempre na memória o meu encontro inicial com o texto, mas esqueço as

páginas escritas, esqueço os seus pormenores porque já estou à escuta de outras coisas. Foi um processo longo de escrita? Foi um processo muito curto de escrita. Normalmente são coisas de rompante, bastante rápidas e que acabam ali, porque eu não releio o que escrevo. O momento fica encerrado rapidamente. A Hélia diz que as palavras conduzem a história. Para ir a um livro que me é querido, no caso da Lillias Fraser o que surgiu primeiro? O que surgiu primeiro e de certo modo unicamente foi a imagem da menina a fugir de Culloden. E a partir daí as personagens foram aparecendo. Lembro-me de uma vez em que fiquei muito contrariada porque se intrometeu uma personagem de forma inteiramente inesperada. Já nem me lembro do nome dele. A única coisa que ficava muito nítida nessa imagem inicial foi que tudo se situava no século XVIII, época sobre o qual eu não sabia absolutamente nada. Porque o desastre do Culloden teve lugar a meio desse século. E ali fiquei presa a um tempo que eu detesto e sobre o qual nunca me debrucei. Mas fui obrigada a ir atrás da menina.

Até porque é uma biografia. Ou será uma autobiografia? Chamaram-lhe uma biografia afectiva. É tudo misturado. Foi um processo muito diferente e único. Surpreendeu-a a recepção que o Adoecer teve por parte dos leitores? Não faço expectativas sobre a recepção. Tirando pessoas que fazem parte da minha vida afectiva, e que por acaso são críticos, não estou atenta ao que se escreve sobre os meus livros. Para quem leu toda a sua obra, este livro deixa-nos um pouco sem chão. Não temos a voz usual da narradora, até porque como a Hélia já disse Um Bailarino na Batalha é um poema. E encerra justamente com um poema…

É difícil… Eu não falo sobre o que escrevo, até porque não sei falar. É um domínio que me escapa completamente e não tenho também vontade de fazer um esforço para criar interpretações sobre o que escrevo. É um domínio da minha capacidade de escrita que não é transformável em raciocínio. O que deixa realmente num vazio, talvez mesmo frustradas, o que lamento, as pessoas que querem indagar sobre o texto, sobre as suas intenções, sobre as derivações que este pode sugerir. Eu escrevo o que me aparece para ser escrito. Não tenho o mínimo compromisso sobre tempos e géneros de escrita. A única decisão que eu tomei nesse livro foi a capa. Tinha um grande desejo desta capa e os editores foram muito bondosos, satisfazendo-o. Trataram-me disso com muito carinho. Conseguiram negociar a reprodução do cartaz da dança Xenos. É o último solo do Akram Khan, que estreou em Atenas, e já me disseram que virá para o ano ao CCB. A origem, as motivações da dança são completamente diferentes. Mas a corporização traduz absolutamente em imagem aquilo que eu vi no meu texto. Quando se olha para a capa e para o título parecem perfeitamente sincronizados. E além da musicalidade da prosa, a imagem da guerra e da dança estão muito presentes no texto. É um texto muito coreográfico. Senti isso quando escrevi. O que não me admira porque a dança é a forma de arte mais importante na minha vida. A minha relação com a dança é muito forte. Costumo dizer que não quereria viver sem a dança. Se calhar sem a

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literatura conseguiria viver (risos)… Não, não conseguia, porque preciso das palavras. Mas tirando a literatura que, digamos, é a minha casa, a coreografia é uma forma de organização que eu entendo e aí pareceu-me que a disposição dos corpos era extremamente coreográfica. Um Bailarino na Batalha é uma citação de Nietzsche, que não servia como epígrafe porque o que enquadra essa expressão não é do meu gosto, mas acho a expressão maravilhosa. E então para epígrafe escolhi um outro excerto do mesmo livro de Nietzsche com tradução original… Nisso sim, tenho vaidade, porque é um favor que recebo. O professor João Barrento traduziu especificamente para a epígrafe. E o professor João Barrento é uma das pessoas da minha vida (risos), desse núcleo pequenino mas muito importante onde tudo se alicerça. Para mim, enquanto pessoa muito dependente da dança e da cultura clássica, que são os meus dois grandes faróis de orientação, a imagem do bailarino na batalha é o cavalo. O grande perturbador das imagens da batalha é o cavalo. O Nuno Júdice tem um poema lindíssimo, sobre os cavalos de um quadro do Ucello em Florença. São justamente os cavalos que transcendem a realidade de uma batalha. E esta figura do cavalo na batalha, do animal imerso num cenário humano que lhe é completamente estranho, mas que depende profundamente dos seus próprios movimentos, é uma figura muito forte. Gosto muito desse livro de Nietzsche, os Ditirambos de Diónisos, e esta expressão do bailarino na batalha, que já vive na minha vida há muito tempo, é muito associada à perplexidade do cavalo. è

E no Adoecer? Foi muito diferente. O Adoecer tem a ver com uma personagem, uma pessoa, que vive comigo a vida inteira, a Lizzie Siddal. O processo é completamente diferente. Ela é uma personagem minha, da minha vida. É uma relação de uma vida inteira e de investigação de vida inteira. Aí sim, há investigação porque estive numa busca contínua. Ficou um pouco mais organizada quando percebi que iria escrever um livro. Não tem nada a ver com os outros textos. O mais recente livro de Hélia Correia, "Um Bailarino na Batalha", é um poema em forma de narrativa •


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è São dois elementos da natureza que estão ali perfeitamente desencontrados: o homem e o cavalo. E esta dança de um ser vivo que se vê preso numa violência organizada que não é a sua, que não entende, é daquelas imagens que me chama sempre, como desejo de entender, de entrar dentro do cavalo, de outro ser que não é humano para abarcar um pouco mais do nosso universo. Isso é muito claro, não exactamente para o livro, embora eu tenha essa noção da coreografia no livro, mas naquilo que me prende nas coisas vivas. Provavelmente muito mais do que a imagem dos refugiados. Ao ler o epílogo em poema podemos até ficar com a imagem de que as personagens podiam ser cavalos. Pode este bailarino ser o próprio humano, numa metáfora da fragilidade da condição humana? Na capa é o ser humano. É o Akram Khan que é claramente o bailarino na batalha. A capa traduz quase literalmente o título. Foi um encontro posterior, porque esta frase me acompanha há muito, e a imagem da dança só a encontrei depois de ter estreado, no princípio do ano de 2018, mas este encontro foi quase uma coincidência. Como apareceram os nomes das personagens? Uns são pessoas que eu conheço. A personagem principal, Awa, é uma amiga minha. Quanto a outros, eu sou sempre uma estudante, estou sempre a investigar e a procurar palavras. Aliás, é para isso que me serve a net, e serve-me maravilhosamente, não para ser interactiva e comunicar com pessoas, mas para dar oportunidades imensas à investigação. Investigo muito sobre línguas que não conheço, sobre línguas minoritárias, sobre significados, sobre nomes. Ainda agora descobri uma língua chamada mingrélico e estou fascinadíssima com ela. Ando sempre de roda daquilo que não conheço por formação minha. O latim e o grego e as línguas românicas aprendi-os nos bancos da escola. Estou sempre à procura de outras coisas, não só em termos de línguas mas também de ciências, de história, etc.. O significado dos nomes é uma zona de investigação de que gosto muito das línguas diversas, do nome que traduz uma ideia ou um elemento do real. E nas línguas árabes, por exemplo, encontro nomes belíssimos. E reuni uma espécie de colecção de nomes significantes, de nomes cheios, que nós também temos, quer no Ocidente, quer em Portugal. A começar pelo meu próprio. Imagine, eu fico espantada ao constatar como é que uma palavra que forma tantos compostos, como Helios, tem um significado desconhecido para tanta gente. Eu refiro com frequência esta origem, até porque odeio o Sol, provavelmente porque já o tenho no nome... Fico es-

A dança é a forma de arte mais importante na minha vida pantada com a negligência com que as pessoas foram perdendo a percepção de que os nomes são entidades significantes. E, portanto, fui buscar nomes com significação. De Awa eu não conheço a significação. Awa é um nome africano para Eva. Eva não sei o que significa, para além do convencional «primeira mulher». Não tenho curiosidade pelo hebraico. Awa é um nome que eu acho muito bonito e que, quando caiu no texto, me deixou muito feli . Praticamente todos os outros nomes têm significado. Nas suas outras obras são as mulheres que irradiam um brilho dourado e imbuídas de magia. Mas neste texto, em que durante a migração as personagens se vão transformando, temos homens que sofrem uma metamorfose e ganham capacidades. (Risos) Não faço a mínima ideia, nem sequer me tinha apercebido disso… Há uma quase simbiose com o animal, o velho que se transforma em águia, o Tariq que se transforma em serpente e o Erend é o que cria luz. É muito engraçado porque o ponto de vista feminista e de literatura de género receberam os meus livros como algo muito significante do ponto de vista que lhes interessa. As figuras das mulheres muito fortes e os homens fracos. Os ambientes femininos. Certas correntes interpretativas tentam juntar isso ao biografismo e à história de vida da mulher. É muito engraçado porque eu não tive experiência nenhuma de vida feminina. As grandes

figuras da minha vida são masculinas. Eu nunca fiz parte de alguma forma de gineceu, dos grupos de mulheres a contar as suas histórias, aquele lugar comum que se atribui à experiência de vida de uma pessoa do sexo feminino que escreve. Não tive educação sexista, não fui nada educada como rapariga para ser mulher. Tive uma educação progressista, laicíssima, pró-científica. E, no entanto, pelos vistos, os livros transmitem esse universo feminino que nada tem a ver comigo. Acontece, mas não sei como é, os textos para lá vão, mas a minha experiência biográfica é absolutamente estranha a tais ambientes. Agora, se são os homens os mais fortes neste livro, trata-se de algo que também aconteceu no texto. Não houve nenhuma intenção da minha parte, nada pensei sobre isso, no furor da escrita, naquela ânsia de chegar a um sítio e libertar-me daquele escrever que é uma compulsão, uma obsessão que eu só me quero que termine porque estou presa durante o tempo da escrita. Provavelmente foram os nomes deles que lhes deram essa força… Sei que fiquei muito feliz quando vi que havia nas personagens um elemento animal forte porque isso para mim, na minha vida pessoal, é muito importante. O entrosamento com o animal e com o vegetal. A não-separação dos ditos reinos da natureza. E quando vi isso acontecer fiquei muito feliz e lembro-me desses momentos como se uma dádiva especial. Quanto ao menino com a

visão não sei… Realmente eu não sou uma dialogante fácil quanto ao que escrevo. Quando saímos desse assunto e passamos a conceitos sociais e culturais, creio que me torno boa conversadora… Sei que a Hélia não é de fazer projectos mas tem agora algo em curso? Nunca falo do que estou a escrever. Não falo do que escrevi porque não sei e não falo do que estou a escrever por tabu ou superstição. Aliás a forma como este livro apareceu, o vazio onde ele entrou, foi justamente um vazio porque o título do que eu estava a escrever foi divulgado e o livro bloqueou completamente. Foi uma coisa terrível na minha vida. Tenho sempre muito medo. Quando estou a escrever sofro uma grande violência no meu quotidiano porque é uma compulsão e eu gosto mais de andar a passear pela serra do que de estar quieta à secretária. E é um período de muita ansiedade e insegurança. Tenho sempre muito medo de acordar e não ter lá nada. Ter-me desaparecido o texto, aquele mundo onde eu estou. Que é o medo que eu também projecto sobre os livros de que gosto muito, aos quais tenho de ir ver, de folhear. Faço isso muitas vezes. Com o Pedro Páramo, por exemplo. Penso que vou abrir o livro e encontrar as páginas em branco… Penso que um texto assim não pode existir, que fui eu que sonhei... Portanto houve uma fuga, o título foi divulgado, o livro parou, eu bloqueei. Foi uma coisa muito má. E depois nesse vazio absoluto apareceu este texto que

foi escrito. E eu não sabia se o outro voltava, se não voltava. Não fazia ideia nenhuma. Estava aflita. E agora voltou. Fez as pazes... Porque já houve um que me desapareceu completamente. Dei uma página do que estava a escrever para sair numa revista e era um livro que eu estava a amar muito, mas as personagens desapareceram e nunca mais as vi… E agora apanhei uma grande susto mas parece que já passou. As palavras foram lá não sei para onde mas já voltaram, já me deixaram entrar. Mas nunca posso garantir nada porque isto não é um projecto que eu controle. Para dar um exemplo de escrita em que eu sinto que tenho mão, posso falar de uma pequena comunicação sobre Bioética que aceitei fazer. É um universo que me preocupa mas sobre o qual nada sei. Sobre esse texto, tomei decisões claras. Tomarei Mary Shelley como figura central e desenvolverei alguns conceitos da história literária e científica, consciente da minha ignorância sobre o grande tema mas também da contribuição que posso dar. Mas quanto ao texto criativo não sei se vai acontecer, se amanhã está cá, se se aborrecem e desaparecem… Sou sempre uma mendiga. A Maria Gabriela Llansol tem uma frase belíssima: «Os livros são pobres que caem do céu». São daquelas frases que me acompanham a vida toda, como um bailarino na batalha. Não sei se amanhã alguém me dá comida e abrigo porque em relação à escrita sou uma mendiga. Não sei o que me vão dar, se morro à míngua… l


CULTURA • SUL

18 de Janeiro de 2019

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MARCA D'ÁGUA •••

Sophia de Mello Breyner: Uma Oração no Temp(l)o

Maria Luísa Francisco

Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

luisa.algarve@gmail.com

É difícil escrever algo de novo, quando nestes primeiros dias de 2019, ano do centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), tantos artigos têm sido publicados sobre a sua vida e obra. Não conheci pessoalmente a poeta e escritora, mas através da leitura da sua obra, da leitura de artigos e do testemunho de amigos que conviveram de perto, há uma ideia que permanece: Sophia era inteira na sua poesia, a tudo se entregava por inteiro! Teve uma intensa actividade cívica, na luta pela liberdade em Portugal. Foi sócia fundadora da Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos e integrou o PS. Foi deputada à Assembleia da República, em 1975. Apoiou o movimento monárquico e foi católica

progressista. Deu importantes contributos ao Centro Nacional de Cultura, do qual foi directora vários anos. A Comissão das Comemorações do Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen, está sediada precisamente no Centro Nacional de Cultura e propõe um programa que contempla várias facetas da vida de Sophia. No âmbito das Comemorações, a cidade de Lagos não poderia ficar de fora, por ser um dos locais onde a família passava férias, e pela presença do mar na vida e obra de Sophia. A programação inclui um Colóquio designado: “O Mediterrâneo e o Atlântico em Sophia” que decorrerá em Lagos a 3.10.2019, e que terá como temas o mar, o diálogo com os poetas do Sul, a importância dos contos para crianças e a presença do sagrado na poesia (www.centenariodesophia.com).

A clareza da palavra e a procura da Luz Creio que poucas pessoas, mesmo aquelas que habitualmente não lêem poesia, ficarão indiferentes à clareza da sua palavra e à beleza da sua expressão. Há palavras que, desde criança, me parece que foram sempre de Sophia e poemas que me têm acompanhado

nas diferentes etapas da vida. Vejo as suas palavras cheias de Luz dando claridade e movimento aos livros, transportando quem lê para outros lugares. Aliás, Luz é a palavra que mais encontro na poesia de Sophia e mesmo quando a palavra “luz” não está lá, está a luminosidade e a perspicácia do seu olhar. Gostaria de referir esse aspecto que considero importante: a procura da Luz, e que ganha muitas formas na poesia de Sophia. Vejo referência a Deus em alguns dos seus poemas, sinto que Deus se faz perto através da poesia! No poema intitulado Chamo-Te, sente-se que Sophia anseia a presença de Deus e vai ao tempo primordial nessa procura: “Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio E suportar é o tempo mais comprido. Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, Que um só de Teus olhares me purifique e acabe. Há muitas coisas que não quero ver. Peço-Te que sejas o presente. Peço-Te que inundes tudo. E que o Teu reino antes do tempo venha

d.r.

E se derrame sobre a Terra Em Primavera feroz precipitado.” Nestas poucas linhas não quero deixar de citar duas personalidades que referem a comunhão cristã em Sophia: - No prefácio de Contos Exemplares de Sophia de Mello Breyner (1969), D. António Ferreira Gomes, na altura Bispo do Porto, considera que “Sophia chega à verdade não pela via platónica grega, mas pela paixão invoca o mistério e a transcendência do ser humano, ao modo católico.” Refere que “para Sophia a comunhão humana só é possível com Deus e que essa comunicabilidade com o transcendente é essencial à visão poética.” - Por sua vez, Richard Zenith escritor e tradutor, natural dos Estados Unidos e vencedor do Prémio Pessoa em 2012, escreveu que “a poesia de Sophia é ‘assertivamente cristã’ a par dessa convivência dos deuses pagãos com o Deus do Cristianismo.” Refere que a poeta era “assumidamente católica”, mas “reconhecia Deus, a religiosidade e o mundo espiritual em termos mais universais”. Gostaria de partilhar ainda esta bela Oração da autoria de Sophia de Mello Breyner: “Senhor, como estás longe e oculto

e presente! Oiço apenas o ressoar do teu silêncio que avança para mim e a minha vida apenas toca a franja límpida da tua ausência. Fito em meu redor a solenidade das coisas como quem tenta decifrar uma escrita difícil. Mas és Tu quem me lês e me conheces. Faz que nada do meu ser se esconda. Chama à tua claridade a totalidade do meu ser para que o meu pensamento se torne transparente e possa escutar a palavra que desde sempre me dizes.” Que a vida e obra de Sophia de Mello Breyner, com a lucidez moral da sua poesia inspire um Portugal mais fraterno e que, sem perder a sua vocação poética, seja um país culturalmente mais coeso, incluindo a multiplicidade de linguagens que são parte da cultura. l

REFLEXÕES SOBRE URBANISMO •••

Urbanismo e acessibilidades

Teresa Correia

Arquitecta / urbanista arq.teresa.correia@gmail.com

Os núcleos históricos e as acessibilidades Os núcleos históricos possuem, por natureza, espaços de circulação reduzidos e com fortes desníveis, donde resultam em áreas difíceis de trabalhar no que diz respeito à eliminação de barreiras arquitetónicas. Porém, por uma questão de integração social, de coesão, e de evolução civilizacional, será premente a adaptação das nossas cidades a todos os cidadãos, sobretudo com mobilidade reduzida

e outras deficiências. Esta adaptação está largamente regulamentada e é exigida pela própria legislação, mas tarde, e persiste a sua inadequação. Poder-se-á referir também por falta de meios financeiros adequados, mas não só, também e muitas vezes, por inércia e por incapacidade de recorrer aos fundos comunitários que proporcionam um apoio significativo nesta área. As áreas turísticas por natureza, como o Algarve, são espaços prioritários nesta necessidade, pelo que, será incompreensível não reabilitar, incluindo sobretudo esta valência da acessibilidade. Em Faro, foi previsto um circuito pedonal dentro da zona histórica, com potencial para criar um percurso acessível, ligando vários monumentos e espaços públicos. Este projeto exigirá repavimentações, assim como relocalizações de iluminação pública, rebaixamento de passadeiras, redefinição de perfis de arruamen-

tos, posicionamento de mobiliário urbano, entre outros. A exigência do pormenor é neste tipo de projetos, elevadíssima, e de alguma complexidade. Num Centro Histórico, a somar a esta questão, exige-se sensibilidade na escolha dos materiais, na preservação de elementos históricos, na conservação da paisagem urbana. Fará sentido concretizar algo tão exigente sem promover uma adequada consulta a entidades entendidas na matéria como as associações que apoiam a deficiência, ou quem sabe a uma comissão constituída para este efeito? Trabalhando no Centro Histórico, será da maior relevância. A demografia invertida e os reflexos no urbanismo A evolução demográfica do nosso país aponta para um envelhecimento acentuado e uma pirâmide etária invertida, o qual nos poderá rapidamente conduzir a uma sociedade toda

ela a necessitar de um espaço público mais adaptado. A autonomia dos idosos será uma preocupação dos líderes da sociedade europeia. A demografia poderá levar a uma execução rápida de adaptações, daqui a poucos anos, mas nessa altura já estaremos atrasados face a outras cidades europeias mais competitivas. Se entendermos que as acessibilidades são um direito inerente a uma sociedade evoluída, e olharmos para as nossas cidades e edifícios públicos, facilmente percecionamos que temos um longo caminho a percorrer.

d.r.

Planos de acessibilidade O plano de acessibilidade é exigido por lei em todas as operações urbanísticas que são submetidos nas autarquias. É uma peça que vincula sobretudo o autor do projeto, que tem de assinar um termo de responsabilidade e apresentar detalhes métricos. Porém, não existe, ainda assim, uma atitude pró-ativa de confirmação das entidades públicas do cumprimento dos mesmos em obra. Por outro lado, da parte da iniciativa

É premente a adaptação das nossas cidades a todos os cidadãos •

pública, são poucos e raros aqueles que estão preocupados e vão dando passos na execução de planos de acessibilidade para os seus edifícios. As boas acessibilidades das nossas cidades e edifícios serão um fator de diferenciação no Turismo, na qualidade de vida, e na coesão social, elevando também a nossa condição humana. l


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CULTURA • SUL

18 de Janeiro de 2019

FILOSOFIA DIA-A-DIA •••

Ano Novo, Vida Nova - Quem deixar? Quem levar?

Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica

Nesta época de balanço e novos planos proponho que pensemos nas pessoas que nos rodeiam. Como seres sociais que somos, passamos grande tempo da nossa vida a interagir com outros, seja na esfera profissional, na vida familiar ou no tempo livre. Existem relações das quais dificilmente podemos fugir: os colegas de trabalho ou a família que nos caiu em sorte. Contudo, cada um de nós tem a liberdade de escolher com quem se dá no seu tempo livre. Deste lidar com os outros, por vezes saímos nutridos, outras sugados. Vale portanto bem a pena investigar este assunto. O caro leitor costuma conviver com alguém que continuamente se queixe das dores físicas ou emocionais? Alguém que proteste por causa do custo de vida, do governo, do calor ou do frio? Tem algum colega que confunda o tempo das reuniões de trabalho com sessões de psicoterapia lamuriando sem cessar e nunca apresentando alternativas ou soluções para os problemas que tão emotivamente enuncia? Há também aquela pessoa que lhe telefona assiduamente

para desabafar? E aquela outra com a qual cada oportunidade de conversa se transforma rapidamente numa canção de maledicência salpicada de vitimização e queixume? Independentemente da possível legitimidade dos seus pontos de vista, estes comportamentos revelam egoísmo e uma enorme falta de delicadeza no ocupar do tempo de ouvido do outro. Muitos filósofos que, da antiguidade aos nossos dias, se dedicaram a investigar este assunto coincidem num ponto: os queixosos e lamurientos são de evitar a todo custo! Séneca no ensaio intitulado Da Tranquilidade do Espírito afirma: “Principalmente deves evitar os tristes e aqueles para quem tudo é motivo de queixa. Embora a lealdade e a amabilidade de um homem não se possam pôr em dúvida, uma companhia intranquila e lamentosa de tudo é um inimigo da paz de espírito”. Já Platão, na República, pretendia excluir as melodias lamentosas - a mixolídia e a sintonolidia - que se consideravam inúteis para a formação de um bom carácter. Do ponto de vista filosófico estas pessoas não são apenas massadoras, elas são perigosas! Afastar-mo-nos delas será a atitude mais sensata se pretendemos preservar a serenidade. No Livro VIII da Ética a Nicómaco Aristóteles distingue três tipos de amizade: amizades de prazer, de utilidade e de virtude. Já falámos delas num Café Filosófico anterior, mas talvez valha a pena recordar. Pos-

so relacionar-me com alguém pela agradabilidade da sua companhia, pela utilidade, ou pela virtuosidade do seu carácter. Apenas esta última será verdadeira amizade. Porém, não devemos desprezar imediatamente as duas primeiras. Uma relação cordial e prazenteira com conhecidos com os quais tenhamos de lidar é de estimar. Uma relação de utilidade - desde que simbiótica - nada tem de anti-ético. Imagine-se, por exemplo, a sociabilidade que se gera entre um grupo de pais que divide entre si o ir buscar e levar os filhos ao colégio. Une-os uma relação de utilidade que facilmente se dissipará quando as circunstâncias se modificarem. Alain de Botton no livro intitulado Como Proust pode mudar a sua vida mostra-nos como o excelente escritor desafia as ideias consagradas sobre a amizade. Esclarece-nos que apenas pessoas com poucos amigos estão convencidas de que aquilo sobre qual gostam de falar agrada imediatamente aos outros. Proust, bastante menos optimista, reconheceu imediatamente a plausível discrepância entre os seus próprios interesses e os dos seus eventuais interlocutores. Por esta razão, preferia fazer perguntas - não invasivas! - por forma a ir ao encontro da pessoa com a qual dialogava. Mesmo que tal assunto não lhe interessasse minimamente, preferia-o a correr o risco de aborrecer outrem com um tema da sua preferência. Revelaria más maneiras! Existe uma enorme falta de tacto

d.r.

Cada um de nós tem a liberdade de escolher com quem se dá no seu tempo livre •

por parte daquelas pessoas cuja conversa não procura interessar o outro mas, muito pelo contrario, consiste em tentar elucidar de forma egoísta os pontos de vista que lhe interessam. Uma conversa cortez implica a abdicação de si próprio em prol dos companheiros. A linguagem serve aqui, primeiramente, para criar um vínculo com o outro, para gerar empatia, afecção. Não se trata de hipocrisia, trata-se das tão em desuso, boas maneiras! As boas maneiras criam boas condições para o aprofundamento do conhecimento de cada um. Então, num processo mais ou menos paulatino, as afinidades vão surgindo. Os amigos íntimos, esses sim, conferem-nos a oportunidade de expressarmos o nosso ser mais profundo. As conversas que com eles temos constituem

um forum privilegiado no qual podemos dizer o que realmente pensamos, ser quem realmente somos. Um outro ponto consensual entre diversos filósofos é o de que os amigos se preocupam uns com os outros. Há um cuidado mútuo. Importar-se com alguém envolve tanto simpatia como ação. Os verdadeiros amigos alegram-se com o sucesso dos seus amigos, e entristecem com os seus fracassos - mas não se decepcionam com a pessoa amiga! Estão lá, para o que der e vier! Neste seu cuidado mútuo, os amigos promovem o bem do outro gratuita e incondicionalmente, sem qualquer motivo oculto. Dito isto, quem deixar, e quem levar consigo na aventura de 2019? l Inscrições para o café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com

ESPAÇO AGECAL •••

Rede de Museus do Algarve celebrou dez anos

Emanuel Sancho

Museólogo e sócio da AGECAL

A Rede de Museus do Algarve comemorou recentemente os seus dez anos de existência. Tudo começou em 2007 quando alguns museus da Região se encontraram para refletir e pensar o Algarve na sua dimensão real, coletiva, composta por 16 concelhos - realidades distintas – mas partes

indissociáveis de uma unidade geográfica e culturalmente bem definida. Apontado como uma fragilidade, quase um mal endémico, o individualismo que quase assumimos como natural, passou a ter uma alternativa que na prática foi dada pelo exemplo dos museus: uma visão de Região madura, articulada nas suas partes, preocupada com o bem comum, mais do que com os protagonismos individuais. Hoje, dez anos depois, a Rede de Museus do Algarve integra todos os concelhos da Região – quer como membros efetivos, quer como observadores – ultrapassando as duas dezenas de estruturas museológicas de distintas áreas, diferentes tutelas, variadas visões e modelos

organizativos. São 15 museus, dois centros de ciência, um parque natural e um centro explicativo que, na sua globalidade, representam bem a diversidade regional mas também o espírito flexível e integrador que sempre caracterizou a Rede de Museus do Algarve. A Rede integra também a APOM, Associação Portuguesa de Museologia, que mantém um representante como observador junto dos Museus do Algarve. Um Grupo Coordenador formado por cinco membros, representantes de outras tantas estruturas museológicas, eleito a cada dois anos, organiza, estimula, representa e coordena as ações da Rede. A outro nível, quatro grupos de trabalho de campos especializados – património imaterial,

conservação e restauro, arqueologia e educação – desenvolvem trabalho de forma autónoma dentro das suas áreas próprias. A cooperação em rede, traduzida na rentabilização de recursos, a partilha de conhecimentos, os diagnósticos de abrangência regional e a relação direta e colaborativa são já uma prática corrente entre os Museus do Algarve. Anualmente, a Rede organiza as Jornadas RMA, onde os seus membros mostram a realidade da museologia do Algarve. Experiências exemplares provenientes de outras paragens têm sempre lugar nestes momentos. São vários os projetos conjuntos que deverão surgir nos próximos tempos. A publicação do Guia dos Museus do Algarve, sob a forma de

e-book, está sendo ultimada. A versão impressa poderá igualmente vir a ser uma realidade em breve. Uma iniciativa que tomará como eixo estruturante as múltiplas visões do Mar deverá surgir em 2019/20 sob a forma de um conjunto de exposições/ visões ou, visto de outra perspetiva, uma grande exposição/tema repartida pelos vários espaços museológicos do Algarve. Pouco a pouco, com o esforço dos profissionais dos Museus do Algarve, ultrapassada uma década de existência, a RMA é hoje uma referência nacional pela persistência, pelo modelo informal que adotou e pelos projetos que foram capazes de unir os seus membros ao longo de uma década. l


AS DEZ RESPOSTAS DE ADRIANA FREIRE NOGUEIRA •••

foto: retirada do perfil de facebook de adriana nogueira

"Queixar" não adianta muito. Sou mais apologista do "fazer" Escolhas da Minha Vida!

Por Henrique Dias Freire O mundo nem sempre é justo. De que se poderia queixar o Algarve?

Fui escuteira durante a minha juventude e houve uma frase do fundador do escutismo, Lord Robert Baden-Powell, que aprendi naquele movimento e que incorporei completamente. Dizia ele que devíamos deixar o mundo um pouco melhor do que havíamos encontrado. Portanto, acho que "queixar" não adianta muito. Sou mais apologista do "fazer".

Devemos desconfiar cada vez mais das emoções que habitam as palavras publicadas nas redes sociais? As emoções devem ser sempre levadas a sério, sejam as das redes sociais, sejam outras. Para mim, estas redes são, acima de tudo, um modo de poder aceder a pessoas que nunca conheceria. Se, por um lado, aquelas podem levar a excessos de linguagem (e de emoções), por outro, encontra-se aí uma liberdade de expressão muito construtiva, que leva à partilha de ideias e de iniciativas.

Alguma palavra vale mais que mil imagens?

Em mim, as palavras evocam mais imagens do que as imagens provocam palavras. Por outro lado, há imagens que me trazem à memória textos inteiros, alguns escritos a pensar nelas. A essa descrição literária de uma obra de arte chama-se, desde a antiguidade, écfrase. Para não citar os gregos (a começar logo por Homero), Nuno Júdice, Sophia de Mello Breyner Andresen ou João Miguel Fernandes Jorge são autores de poemas ecfrásticos. Convido à leitura do poema de Jorge de Sena "Cabecinha romana de Milreu" e a visitar o Centro Interpretativo daquela Villa romana, em Estoi, onde temos uma cópia do busto que lhe serviu de inspiração.

Não sente que continuamos a levar pouco a sério a comunidade artística? Não.

Lembra-se do primeiro livro que a fez querer descobrir mais da vida?

Vivi sempre rodeada de livros. A Jane Eyre, da Charlotte Brontë, que li aos 10 anos, impressionou-me muito. Depois, aos 13 anos, foi Eça de

O Livro: "Antígona", de Sófocles A Canção: Muitas. Ultimamente, ando com o «Lascia ch’io pianga», de Händel, na cabeça. A Obra de arte: "Ariadne em Naxos", de Jorge Martins. A Localidade: O Algarve: pelas pessoas, pela luz, pelo espaço. A Viagem: A Grécia. Sempre a Grécia. Já lá fui várias vezes. Já lá vivi 4 meses. Quero sempre voltar. O Conselho: "Dá-te com aqueles que te possam tornar melhor, convive com aqueles que tu possas tornar melhores" (Séneca, Cartas a Lucílio, I, 7. 8). As Mulheres: A minha avó materna e a minha mãe. Dois exemplos de bondade, generosidade, aliadas à inteligência e à força.

Em cada edição do jornal POSTAL, damos a conhecer o lado mais pessoal e intimista de uma Personalidade que faz mais e melhor na região do Algarve. Na terceira entrevista da série “As dez respostas de...”, ouvimos Adriana Nogueira, recentemente nomeada diretora regional de Cultura do Algarve.

Adriana Nogueira é professora auxiliar, especializada em Estudos Clássicos (doutorou-se em 2001, com uma tese sobre o historiador grego Tucídides). Nos últimos anos exerceu, paralelamente ao ensino, o cargo de diretora da Biblioteca da Universidade do Algarve.

Queirós que me fez querer ler mais e diferente. Quando fiz 16 anos, o meu professor de Grego (era a única aluna) ofereceu-me a Ilíada. Na dedicatória, escreveu: «Que a leitura dos escritores da Antiguidade Clássica te ajude a aprofundar o sentido da vida». E assim tem sido, desde então. Leio muito, mas volto sempre à Ilíada.

área da literatura, desde os textos mais antigos e consagrados à edição de autor mais desconhecida. Sei que consegui motivar alguns leitores a interessarem-se por escritores que conheceram pelos meus artigos. Saber isso (através de mensagens que me enviaram ou dito pessoalmente), deu-me uma grande satisfação.

Os vinhos pedem música ou silêncio?

As mulheres ainda vão governar o mundo?

Nem música, nem silêncio. Raramente bebo, mas quando o faço, prefiro tinto, acompanhado de queijo e pão. E de companhia, com boa conversa. Nessas ocasiões, não gosto de música de fundo, porque os sons ficam todos baralhados: nem se ouve a música, nem as pessoas.

Durante quase uma década, assinou uma das rubricas culturais mais importantes da imprensa regional no Cultura.Sul do Postal do Algarve. Que balanço faz? Escrever no Cultura.Sul do Postal do Algarve foi uma experiência muito valiosa. Sempre senti que era uma missão de "extensão cultural", como agora se diz: partilhar o que me entusiasma, na

equipa de técnicos superiores e de assistentes técnicos e operacionais competentes, que estão no terreno há muito tempo. Está a haver uma interação produtiva entre os seus saberes e as minhas formações e interesses.

O mundo é governado por seres humanos.

Os sucessivos Governos têm tratado bem a Cultura no Algarve? [A esta pergunta, Adriana Nogueira não respondeu]

Que cunho pessoal poderemos esperar de si frente à Direção Regional de Cultura do Algarve? A minha dedicação ao serviço público está garantida, assim como o meu entusiasmo e otimismo. Sou dialogante, empenhada, e gosto muito de estudar e de aprender coisas novas. Nestas semanas, já me dei conta de que tenho uma

A Pergunta ao entrevistador O que espera o Cultura.Sul dos seus leitores?

Henrique Dias Freire: Nenhum texto existe sem os seus leitores. O acesso à cultura é um bem imprescindível para o pleno exercício da cidadania. Esse é o compromisso do Cultura. Sul, suplemento do Postal do Algarve. A edição do Cultura.Sul só é possível graças à dedicação dos seus colaboradores. Saiba a região e os seus leitores tirarem partido do esforço colossal que é editar o Cultura.Sul.


••• ROTEIRO GASTRONÓMICO

18 de Janeiro de 2019

d.r.

Restaurante O Cantinho Algarvio

Rua Afonso de Almeida, nº 17 e 21 - Lagos

282 761 289

37.0988760, -8.6846212

info@ocantinhoalgarvio.pt

Das 12h às 15h e das 18.30h às 22.30h (encerra ao domingo)

20€ / 30€

d.r.

Há mais de 30 anos em Lagos, o Cantinho Algarvio continua a ser uma inspiração para aqueles que se dedicam à arte da gastronomia portuguesa. Recomendado pelo Guia Michelin e com certificação de excelência, os chefes Regina Ramos e Sara Felicidade procuram diariamente assegurar a qualidade dos pratos. No ano passado estiveram presentes na Feira de Turismo em Lisboa a representar Lagos com a cataplana e promovem frequentemente noites temáticas, como jantares vínicos, tapas e comida portuguesa. Os peixes grelhados, as espetadas, o arroz de marisco e as cataplanas, como já referimos, garantem o quadro de honra da casa, patamar que os proprietários não prescindem.

􀪭􀪭 PRATO EMBLEMÁTICO

CATAPLANA DE PEIXE COM AMÊIJOAS E GAMBAS Estão à vista os verdadeiros sabores do mar.

d.r.

Restaurante A Carpintaria

Estrada da Palmeira, cx postal 873 G- Luz de Tavira - Tavira

962 983 141

37.095824, -7.697199

restauranteacarpintaria@gmail.com

Das 8.30h às 00.30h (encerra à terça-feira)

25€

d.r.

Nesta altura do ano, o restaurante Carpintaria acolhe-nos com um ambiente íntimo e quente, proporcionado pela sua magnífica lareira. Apetece ficar na cavaqueira com um copo de vinho da bela garrafeira da casa, saboreando ao mesmo tempo o ensopado de javali confeccionado sabiamente por Aline Silvestre. As tentações não passam só pelos repastos serranos, mas também e muito, pelos filetes grelhados de peixe ou pelas carnes na grelha como as costeletas de vitela e borrego, cuja apresentação é tendencialmente de inspiração gourmet. Não pode partir sem provar o doce da casa que é uma bela sobremesa com amêndoa e mais não dizemos, deixando ao seu critério marcar a próxima refeição, de preferência com família ou amigos.

􀪭􀪭 PRATO EMBLEMÁTICO

TEMPURA DE BACALHAU Lombos de bacalhau temperados com ervas aromáticas, acompanhados com puré de batata com funcho e legumes salteados.

Restaurante O Lusitano

d.r.

18

Urbanização Quinta da Correeira, Bloco B, Loja 4 - Albufeira

289 592 217 / 965 005 171

37.095980, -8.232385

pedro.olusitano@gmail.com

Das 12.30h às 15h e das 19hàs 22.30h (encerra sábado ao almoço e domingos)

25€

d.r.

O Lusitano, bem implantado na avenida da Correeira, em Albufeira, é um daqueles restaurantes que nos cativam a partir do exterior. Entrando, damos com uma decoração cuidada e com a amabilidade de Pedro Marreiros, o proprietário. As três sugestões do dia são sempre agradáveis surpresas, primorosamente preparadas pelo chef José Botequilha, sob a orientação de sala do chef Jorge Coelho. Cruzam-se os sabores tradicionais portugueses com a cozinha mediterrânica, francesa, galgando várias fronteiras. Desde o carré de borrego com puré de favas e molho provençal, ao tornedó em molho de Porto com fois-gras e amêndoas, do bife à Lusitano ao bacalhau, regado com um dos 90 néctares da belíssima garrafeira que detêm. A experiência não pode ser melhor!

􀪭􀪭 PRATO EMBLEMÁTICO

TAMBORIL SALTEADO COM GAMBAS E ALCAPARRAS Prato delicioso servido numa cama de grelos com batata-doce.


ROTEIRO GASTRONÓMICO •••

18 de Janeiro de 2019 pub

FESTA DAS CHOURIÇAS VOLTA A QUERENÇA PARA DELICIAR VISITANTES d.r.

􀪭􀪭 Público pode degustar a chouriça assada nos vários restaurantes desta aldeia louletana A típica aldeia de Querença, no interior do concelho de Loulé, volta a ser palco da tradicional Festa das Chouriças, em Honra de S. Luís, no próximo domingo, 20 de Janeiro. Este certame reúne uma componente religiosa e outra gastronómica. A festa inicia-se no sábado, 19 de Janeiro, com uma grandiosa Noite de Fados, que decorrerá na Casa do Povo de Querença, a partir das 21 horas. Os fadistas Pedro Viola, Teresa Viola e Filipa Nobre acompanhados à viola por Valentim Filipe e na guitarra por Tó Correia, serão os protagonistas da noite. Já no domingo, a partir das 11 horas e durante a tarde, o visitante poderá degustar a

chouriça assada nos vários estabelecimentos de Querença, alguns localizados no Largo da Igreja. A celebração religiosa terá início às 14:30, com a Missa na Igreja de Nossa Senhora da Assunção, presidida pelo Padre Carlos Matos, a qual se seguirá a Procissão Solene com a imagem de S Luís. Pelas 16 horas, terá início o habitual e sempre animado leilão de chouriças, onde o público em geral poderá participar e adquirir a rainha da festa – a chouriça. Pelas 17 horas, os participantes serão brindados com a actuação do Grupo de Cantares Alentejanos de Mértola. A partir das 19,

o acordeonista Paulo das Vacas vai animar o baile no Salão de Festas da Casa do Povo de Querença. Durante o evento haverá animação para as crianças com a Palhaça Pirolita. Das 10 às 18 horas, é possível visitar o Mercadinho onde está patente uma exposição e venda de artesanato e produtos locais, representativos da região. Esta que é uma das mais emblemáticas festas gastronómicas da região é uma iniciativa promovida pela Comissão de Festas da Paróquia, com o apoio da União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim, da Câmara de Loulé e da Casa do Povo de Querença. pub

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Urbanização Varandas de S. João – Lote1 S. Sebastião 8600-576 Lagos Geral: 282 780 880 Frutaria: 282 780 887 Peixaria: 282 780 882 Talho: 282 780 884

Horta de S.Pedro Lote A Sítio do Poço Fojo 8500-998 Portimão Geral: 282 430 840 Frutaria: 282 430 845 Peixaria: 282 430 842 Talho: 282 430 847

Albufeira

Faro

Vale Paraíso – Loteamento Serva 8200-567 Albufeira Geral: 289 580 940 Frutaria: 289 580 946 Peixaria: 289 580 949 Talho: 289 580 942

Estrada Nacional 125 Vale da Venda 8135-032 Faro Geral: 289 897 900 Frutaria: 289 897 909 Peixaria: 289 897 907 Talho: 289 897 908

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••• OPINIÃO

18 de Janeiro de 2019

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com Online: www.postal.pt FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ FB: www.facebook.com/ cultura.sulpostaldoalgarve/ Issuu: issuu.com/ postaldoalgarve Twitter: twitter.com/ postaldoalgarve Director: Henrique Dias Freire Directora executiva: Ana Pinto Redacção: Ana Pinto (CO-721 A) Cristina Mendonça (CP 3258) Henrique Dias Freire (2207 A), Stefanie Palma Design: Bruno Ferreira Colaboradores: Afonso Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor) Colaboradores fotográficos e de vídeo: Luís Silva / Miguel Pires Rui Pimentel Departamento comercial, publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial: disponível em www.postal.pt/ quem-somos/

Tiragem desta edição:

7.154 exemplares

Beja Santos

Ana Amorim Dias

Marta Sousa

Assessor do Instituto

Escritora

Oncologista

do Consumidor e consultor do POSTAL

anamorimdias@gmail.com

Alzheimer: cuidar de quem cuida

Retidão nas linhas curvas

5 a 10% das mulheres com cancro da mama apresentam metastização ao diagnóstico

Um dos temas mais debatidos nos últimos anos na sociedade civil e nas instituições políticas é o da necessidade de dignificar o cuidador informal, aquele que, sem qualquer benefício pecuniário, apoia com maior ou menos intensidade um doente crónico que perdeu a independência ou a tem profundamente limitada. Este cuidador, muitas vezes um filho, um marido, um parente próximo do doente, assiste o doente na sua vida quotidiana, dá-lhe apoio afectivo, passeia-o, oferece-lhe uma vida social, acompanho-o ao médico, faz-lhe a higiene. Esse cuidador precisa de ser enquadrado pelo SNS, nos casos de exaustão receber vários tipos de apoio e quando o cuidar obriga a grandes decisões ter mesmo suporte financeiro, somos fundamentalmente um país de pequenas empresas, há limites naturais para os apoios das empresas. Falemos de Alzheimer, tanto o doente como o seu cuidador devem formar um dueto com grande envolvimento. Pensemos no cuidador: quando a vulnerabilidade aumenta com os transtornos comportamentais, quando se agrava a doença, o cuidador sente uma crescente tensão até porque pode prever o luto quando aparece no horizonte a perda irremediável, cresce um sentimento de impotência, de culpa, daí a necessidade de apoio para o cuidador. Este tem que ser solícito, procurar a todo o transe evitar contrariar quem requer paciência, atender aos hábitos do doente, manter uma comunicação amigável, se necessário acompanhar a refeição do princípio ao fim, tem que ter uma formação especial e por isso a Associação Alzheimer devia receber todos os apoios para que os familiares possam em consciência ser melhores cuidadores. Encontrar respostas para questões cruciais, como por exemplo saber porque é que o doente de Alzheimer procura fugir, é simples, o seu ambiente familiar torna-se-lhe estranho, ele procura reencontrar a “casa natal” de que ele guarda memória, daí a necessidade do acompanhamento e hoje questiona-se mesmo se o doente não deve andar equipado de um sistema de detecção electrónica, um tipo de pulseira de geolocalização GPS. Também o cuidador deve procurar preservar a intimidade do casal (quando ele existe) e, tal como os familiares, conhecer as estruturas de acolhimento, tipo os cafés-memória. Quando o cuidador é um familiar, pode pôr-se uma questão de que a vida deixa de ser possível em casa, por razões da perda de autonomia, pela crescente perda de memória, perturbações de linguagem e ser impossível uma vigilância 24 horas por dia – nestes casos, na ausência de apoio domiciliário, há de encontrar-se uma residência apropriada. O cuidador não interfere nas terapêuticas prescritas pelo médico mas tudo deverá fazer para ter acesso a terapias não medicamentosas, como a pintura, a jardinagem, a música, etc.

Olhei para o resto do rodapé e percebi que era imperativo continuar a pintar: aquilo estava tudo mal feito e, tal como o contorno das portas, precisava de mais tinta, desta vez pela minha mão firme a manusear o pincel. “A retidão e firmeza fazem falta em tudo...” pensei, comparando a vida em geral à eficiência no mundo da pintura da construção civil, no qual às vezes me integro. Não digo que a retidão e firmeza de carácter sejam assim tão escassos quanto algumas pessoas crêem, mas sem dúvida que se nota, mesmo ao longe e num instante, quem detém tais predicados. Rectidão e firmeza. A confundirem-se com a honra e o civismo. Firmeza e retidão. A fundirem-se com posturas mais compostas; com fiabilidade e cavalheirismo. Entretanto cheguei a uma parte curva e tive que ajeitar a firmeza de pulso de maneira a manter a retidão... “Raios: linhas curvas a direito são um desafio superior!” Consegui. Saiu direitinha. Fiz a linha curva direita e adaptei a teoria que, no silêncio da pintura, havia desenvolvido. A retidão pode ser curva. Desde que firme, honrada, fiável e cívica. No fim endireitei as costas e detive-me a observar o resultado, impecável e direitinho, desejando que um dia, ao olhar para trás, conclua que pintei assim a vida: com retidão e firmeza... mesmo nas linhas curvas.

O cancro da mama metastizado ocorre quando a doença, com origem na mama, progride sobre a forma de lesões-metástases, em órgãos à distância como o osso, pulmão, fígado, cérebro, etc. Estima-se que 5 a 10% das mulheres com cancro da mama apresentam metástases ao diagnóstico. A principal forma de apresentação da doença é alterações mamárias, menos frequentemente, manifesta-se sob a forma de sintomas associados aos órgãos envolvidos pelas metástases (dores ósseas, dores de cabeça e falta de ar). Nesta fase da doença, o tratamento tem como objectivos primordiais o controle da doença e a preservação ou melhoria da qualidade de vida. Para estas mulheres a vida toma uma forma diferente, as dúvidas e angústias são muitas e incluem o próprio diagnóstico, as perspectivas do tratamento, o número significativo de exames, consultas, tratamentos e efeitos secundários associados a estes, com impacto significativo nas suas vidas. O papel dos profissionais de saúde e da família é fundamental para que seja mantido um equilíbrio durante este processo. O desenvolvimento permanente de estudos na área da oncologia que visam um melhor conhecimento da doença oncológica e da sua evolução, assim como o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos, com maior eficácia e igual segurança, têm sido promissores no aumento da sobrevivência de algumas destas doentes.

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Câmara Municipal de Loulé EDITAL 1ª. ALTERAÇÃO AO REGULAMENTO DO PLANODE PORMENOR DO PARQUE DE CAMPISMO DE QUARTEIRA •PERÍODO DE DISCUSSÃO PÚBLICA Heloísa Bárbara Madeira e Madeira, Vereadora da Câmara Municipal de Loulé, nos termos e para os efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 89.º do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial (RJIGT), na redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, torna público que, na sequência da deliberação tomada, por unanimidade, pela Câmara Municipal de Loulé, na reunião de 19 de dezembro de 2018, sobre a Proposta n.º 2031/2018 [DP], o projeto de 1ª alteração ao regulamento do Plano de Pormenor do Parque de Campismo de Quarteira, se encontra em fase de discussão pública pelo prazo de 20 (vinte) dias úteis, com início 5 dias após a publicação do presente aviso no Diário da República. Mais se torna público que, o referido projeto de alteração ao regulamento e demais elementos objeto de deliberação de Câmara encontram-se disponíveis para consulta nos seguintes locais: - Câmara Municipal de Loulé (Divisão de Planeamento); - Sítio da Internet da Câmara Municipal: Sítio da Internet da Câmara Municipal: http://www.cm-loule.pt/ em Serviços Municipais/ Planeamento, Urbanismo e Reabilitação Urbana/ Planeamento e Ordenamento do Território/ Consultas Públicas. Quaisquer reclamações e sugestões, observações e pedidos de esclarecimento deverão ser dirigidos, por escrito (preferencialmente com recurso à minuta disponível para o efeito), ao Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Praça da República, 8104-001 Loulé, pelo correio ou através do endereço eletrónico cmloule@cm-loule.pt com indicação expressa em "assunto" de "1ª alteração ao regulamento do Plano de Pormenor do Parque de Campismo de Quarteira - Período de Discussão Pública" e com a identificação e morada de contacto do signatário. Loulé, 04 de janeiro de 2019 A VEREADORA, Heloísa Madeira (POSTAL do ALGARVE, nº 1216, 18 de Janeiro de 2019)


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Município de Tavira Edital n.º 71/2018

Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 21 de dezembro de 2018, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta número 275/2018/CM, referente à 13.ª alteração ao Orçamento e às Grandes Opções do Plano/2018; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 276/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Associação Uma Porta Amiga; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 277/2018/CM, referente à Atribuição de apoio ao abrigo do RMAAD - Federação Portuguesa de Ciclismo e Clube Ciclismo de Tavira; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 278/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à OJA - Associação Orquestra de Jazz do Algarve; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 279/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à AECT - Associação em Contato Tavira - Projeto Lado a Lado; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 280/2018/CM, referente a Atribuição de apoio ao Centro Social e Paroquial de Santa Maria – Obras de reabilitação do Lar de Santa Maria; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 281/2018/CM, referente ao Atribuição de apoio à Associação Sociedade São Vicente de Paulo de Portugal; 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 282/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Associação Musical do Algarve - Orquestra Clássica do Sul; 9. Aprovada por unanimidade a proposta número 283/2018/CM, referente à Atribuição de subsidio XXXIV Festival de Charolas Cidade de Tavira; 10. Aprovada por unanimidade a proposta número 284/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Sociedade da Banda de Tavira - Aquisição de duas carrinhas; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 285/2018/CM, referente à Adenda ao protocolo celebrado entre o Município de Tavira e a Casa do Povo da Luz de Tavira; 12. Aprovada por unanimidade a proposta número 286/2018/CM, referente à Renovação do protocolo de colaboração celebrado entre o Município de Tavira e a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima; 13. Aprovada por unanimidade a proposta número 287/2018/CM, referente à Abertura de concursos internos de acesso limitado para trabalhadores por tempo indeterminado carreira de bombeiro municipal (carreira não revista) – 4 postos de trabalho para subchefe, 5 postos de trabalho para bombeiros de 1.ª classe e 5 postos de trabalho para bombeiros de 2.ª classe; 14. Aprovada por unanimidade a proposta número 288/2018/CM, referente ao Contrato de comodato a celebrar entre o Município de Tavira e o Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Tavira; 15. Aprovada por unanimidade a proposta número 289/2018/CM, referente a Alteração à tabela de preços; 16. Aprovada por unanimidade a proposta número 290/2018/CM, referente ao Empréstimo à Fábrica da Igreja Paroquial da Igreja de Santa Maria do Castelo de um fragmento de cruzeiro medieval pertencente ao acervo do Museu Municipal de Tavira; 17. Aprovada por unanimidade a proposta número 291/2018/CM, referente a Prescrição - Processos Execução Fiscal ano 2009; 18. Aprovada por unanimidade a proposta número 292/2018/CM, referente a Concessão de Circuitos de Transportes Públicos Urbanos na Cidade de Tavira – Anexo 5 – Modelo de avaliação das propostas – Ratificação de ato; 19. Aprovada por unanimidade a proposta número 293/2018/CM, referente a 9-Emp/18 - Obras de Conservação nas Piscinas Municipais de Tavira – Abertura do concurso e aprovação das peças do procedimento. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume.

Cartório Notarial em Tavira O Notário Bruno Filipe Torres Marcos EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação, outorgada em 10.01.2019, exarada a folhas 137 e seguinte do competente Livro n.º 138-A do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - Domingos Martins, viúvo, natural da freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, residente na Rua Arquiteto Eduardo Souto Moura, número 11, 1.º, 8800-378 Tavira; - Declarou ser dono e legítimo possuidor e com exclusão de outrem, do prédio urbano, composto por edifício térreo, com diversos compartimentos e logradouro, com a área total de noventa e três metros quadrados, que correspondem a cinquenta e nove vírgula quarenta metros quadrados de área coberta e trinta e três vírgula sessenta metros quadrados de área descoberta, que confronta do Norte e Poente com herdeiros de Francisco Martins, do Sul com Manuel Domingos e do Nascente com Célia Gonçalves, sito em Monte da Ribeira, na freguesia de Cachopo, concelho de Tavira, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, inscrito na matriz em nome dele justificante sob o artigo 2255, com o valor patrimonial tributário de 3.610,00 €; - Tendo alegado para o efeito que o prédio urbano chegou à sua posse no ano de mil novecentos e noventa, em data que não pode precisar, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública por óbito de seus pais, Custódia Rosária e marido Francisco Martins; - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o titular do mencionado direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – tendo chegado a residir no mesmo, a fazer obras de reparação e conservação necessárias, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção, e pagando contribuições e impostos devidos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu por usucapião o referido imóvel, o que invoca.

Tavira e Cartório, em 10 de Janeiro de 2019 O Notário,

Bruno Filipe Torres Marcos Conta n.º 2/83 (POSTAL do ALGARVE, nº 1216, 18 de Janeiro de 2019)

Município de Tavira Edital n.º 69/2018

Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 11 de dezembro de 2018, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta número 267/2018/CM, referente à Doação de equipamento informático à Academia Sénior de Aprendizagem e Solidariedade de Tavira; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 268/2018/CM, referente à Atribuição de apoios no âmbito do RMAAD; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 269/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Associação Oncológica do Algarve; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 270/2018/CM, referente à Atribuição de apoio à Academia Sénior de Aprendizagem e Solidariedade de Tavira; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 271/2018/CM, referente à 7.ª alteração ao Sistema de Controlo Interno; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 272/2018/CM, referente a Manifestar intenção de rescindir o contrato de concessão de exploração da "loja de padaria" do Mercado Municipal de Cabanas; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 273/2018/CM, referente ao Início de procedimento e participação procedimental - Regulamento do provedor municipal do animal; 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 274/2018/CM, referente à Receção definitiva das infraestruturas - Alvará n.º 02/2008 – Fantasia Urbana, Lda. – Urbanização sita em Santo Estevão - União das freguesias da Luz de Tavira e Santo Estevão. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume.

Paços do Concelho, 21 de dezembro de 2018 Paços do Concelho, 11 de dezembro de 2018 O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1216, 18 de Janeiro de 2019)

O Presidente da Câmara Municipal, Jorge Manuel Nascimento Botelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1216, 18 de Janeiro de 2019)

Cartório Notarial em Tavira O Notário Bruno Filipe Torres Marcos EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação, outorgada em 22.12.2018, exarada a folhas 5 e seguintes do competente Livro n.º 138-A do Cartório Notarial em Tavira, do Notário Bruno Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: - Manuel Francisco Júnior, NIF 214669335, e mulher Gracinda do Rosário Rodrigues, NIF 104965738, ambos naturais do concelho de Tavira, ele da freguesia de Tavira (Santa Maria) e ela da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Rua José Saramago, número 3, r/c direito, 8800-442 Tavira; - Declararam ser donos e legítimos possuidores e com exclusão de outrem, do prédio rústico composto por terra de cultura, que confronta a norte com Maria Domiciniana Viegas Gago, a sul com Belchior Gago, a nascente com ribeira e a poente com caminho, com a área de quatrocentos e oitenta metros quadrados, sito em Várzea do Vinagre, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, inscrito a favor do justificante marido na respetiva matriz sob o artigo 9070, com o valor patrimonial tributário de 14,40 €, não descrito na Conservatória do Registo Predial; - Tendo para o efeito alegado que o prédio chegou à posse deles no ano de mil novecentos e setenta, em data que não podem precisar, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública, por óbito dos pais da outorgante mulher Manuel Rodrigues e mulher Ermelinda do Rosário, residentes que foram nas Várzeas do Vinagre, Santa Catarina da Fonte do Bispo; - Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do mencionado direito de propriedade daquele prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído o mesmo – cultivando-o, amanhando a terra, tratando das árvores, colhendo os respetivos frutos, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram por USUCAPIÃO o referido imóvel, o que invocam.

Tavira e Cartório, em 22 de Dezembro de 2018 O Notário,

Bruno Filipe Torres Marcos Conta n.º 2/4311 (POSTAL do ALGARVE, nº 1216, 18 de Janeiro de 2019)


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NECROLOGIA

18 de Janeiro de 2019

VOLODYMYR GRYN

ANDREW HENDERSON

MARIA IRENE DA SILVA RODRIGUES BR ANCO

25-06-1948 10-12-2018

31-01-1930 11-12-2018

30-04-1937 18-12-2018

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

ZAPORIZHIA UCRÂNIA CABANAS DE TAVIRA TAVIRA

BUCKHAVEN REINO UNIDO SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA

MONSUL PÓVOA DE LANHOSO QUELFES OLHÃO

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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MARIA DE FÁTIMA SANTOS MESSIAS

FR ANCISCO DO CARMO MARTINS

MARIA DA ASSUNÇÃO DO LIVR AMENTO

23-05-1944 18-12-2018

20-01-1932 03-01-2019

22-04-1934 06-01-2019

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

SANTA MARIA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA

ALPORTEL SÃO BRÁS DE ALPORTEL VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

CONCEIÇÃO TAVIRA VILA NOVA DE CACELA VRSA

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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ANTÓNIO JOSÉ SOARES R AMOS

CUSTÓDIA JOANA GUERREIR A

05-05-1953 08-01-2019

23-03-1932 13-01-2019

Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.

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SANTA MARIA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA

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REGIÃO •••

18 de Janeiro de 2019

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INVESTIGADORES DA UALG FAZEM DESCOBERTA QUE ABRE CAMINHO PARA TRATAMENTO DO CANCRO DA BEXIGA d.r.

􀪭􀪭 Pedro Castelo Branco, investigador principal do grupo de Epigenética e Doença Humana do CBMR

Uma equipa do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve, liderada por Pedro Castelo Branco, participou num consórcio internacional e descobriu que determinadas alterações específicas na regulação do gene da telomerase – TERT – responsável pela multiplicação das células cancerígenas – contribui para a progressão do cancro da bexiga. Este é um dos dez tipos de cancro mais comuns em todo o mundo e o quinto mais frequente na Europa, e a segmentação do risco para este tipo de tumor continua, ainda, a ser uma importante necessidade não correspondida. Compreender o mecanismo pode abrir portas a novas formas de terapia mais personalizadas Esta investigação, que partiu de uma coorte internacional de 237 pacientes com cancro da bexiga, revela, assim, que existem determinadas alterações genéticas e epigenéticas cuja compreensão pode ajudar a melhorar o diagnóstico e o prognóstico da doença, permitindo, desta forma, uma terapia mais personalizada no futuro.

Conforme avança a Universidade do Algarve “este estudo mostrou, assim, que as mutações do referido gene estão presentes em 76,8% dos pacientes com cancro da bexiga analisados, manifestando-se em todas as fases e estádios da doença. Para além disso, e através desta investigação foi possível perceber que a hipermetilação do THOR, uma região específica do gene da telomerase (que tem a particularidade de estar comumente “ativo” em casos de cancro), quando combinada com esta mutação contribui para um aumento do risco de recorrência e progressão da doença”. Como explica Pedro Castelo Branco, investigador principal do grupo de Epigenética e Doença Humana, do CBMR, “esta investigação é especialmente relevante se pensarmos que traz consigo informações valiosas para o prognóstico de uma doença que afecta, em média, 17,6% da população portuguesa. Estes dados trazem novas perspectivas sobre a própria biologia do cancro”.

ESCUTEIROS DE TAVIRA PROMOVEM CONCERTO PARA IREM A ACAMPAMENTO NOS EUA fotos: d.r.

􀪭􀪭 O grupo Fado Tropical dará concerto solidário, na Pousada do Convento da Graça, no dia 2 de Fevereiro O Agrupamento 100 de Tavira do Corpo Nacional de Escutas vai promover um espectáculo pelo grupo Fado Tropical no próximo dia 2 de Fevereiro, pelas 21 horas, na Pousada do Convento da Graça, em Tavira, com o objectivo de angariar fundos para participar no próximo Verão no Acampamento Mundial nos Estados Unidos. É a primeira vez que o agrupamento tavirense participa neste evento e levará 21 elementos, inseridos nos 750

representantes que Portugal vai ter a participar no maior acampamento escutista do mundo. O Fado Tropical é um projecto musical que nasceu há três anos em Tavira, tendo por base as influências de cada uma das raízes musicais dos seus elementos. Conforme explica o Agrupamento 100 de Tavira, “o Fado Tropical simboliza esta fusão, através de uma celebração de amizade pela música,

encontro de harmonias, melodias e ritmos, resgatados do fundo do baú. Fado de Coimbra e de Lisboa, mornas, música de intervenção, sons da lusofonia e outros ambientes que despertam nas nossas memórias, sorrisos nostálgicos!”. O Fado Tropical é composto por Emanuela Furtado (voz), Orlando Almeida (viola e guitarra portuguesa), Domingos Ramalho (clarinete), Ricardo Gonçalves (viola baixo) e Vasco Fialho

(percursão). Como convidado especial Vitor do Carmo (guitarra portuguesa). Jovens de todo o mundo poderiam conviver e partilhar experiências O Acampamento Mundial surgiu como uma ideia do Fundador do Escutismo, Baden-Powell, após a Iª Guerra Mundial. Ele idealizou este acampamento como um encontro de amizade e perícia escutista, onde os jovens de

todo o mundo poderiam conviver durante vários dias e partilhar a sua amizade pelo maior movimento de jovens do mundo. Em 2019 o 24º Jamboree realiza-se no Campo Escola de Escuteiro na Reserva NacionalFamília Bechtel, em West Virgínia, Estados Unidos da América, sendo uma organização conjunta dos escuteiros do Canadá, México e América, que contará com mais de 40 mil escuteiros de todo o mundo. O Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português é uma associação criada em 1923 cuja finalidade é a educação integral de crianças e jovens de ambos os géneros, com base no voluntariado adulto, que conta com mais de 73 mil associados a nível nacional e mais de 40 milhões em todo o mundo. Desta forma, o CNE é uma associação sem fins lucrativos e de utilidade publica reconhecida pelo Governo Português.


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18 de Janeiro de 2019

Tiragem deste edição: 7.154 EXEMPLARES

O POSTAL regressa dia 8 de Fevereiro

••• ÚLTIMA

JOÃO HORTA, O BOMBEIRO QUE É SEGUIDO POR MILHARES DE PESSOAS Blogue pretende aproximar os serviços de emergência à comunidade

foto: stefanie palma

􀪭􀪭 João Horta criou o blogue Safeplace52 há mais de nove anos Stefanie Palma / Henrique Dias Freire

stefanie.palma.postal@gmail.com

Já pensou como seria se a sua página de internet fosse visitada diariamente por milhares de pessoas? João Horta, bombeiro de profissão, tem-se revelado nos últimos anos um verdadeiro fenómeno da internet. Decidiu criar um blogue, há nove anos atrás, na altura com 31 anos, quando o conteúdo partilhado se distinguia bastante daquilo que existia até ao momento.

Segundo explicou ao POSTAL, “a ideia do blogue surgiu de uma maneira muito simples. Existiam muitos blogues na altura em que eu comecei, mas estavam muito virados para mostrar aquilo que de pior se fazia nos bombeiros. O meu objectivo principal ao manter o blogue é levar à comunidade tavirense aquilo que de melhor as forças de protecção e socorro fazem. Como se pode traduzir isto? Mostrando que as forças de segurança estão vivas e activas”.

O blogue pretende, assim, aproximar os serviços de emergência à comunidade, dando a conhecer as várias iniciativas que estão a ser feitas, nomeadamente, ao nível do atendimento e resposta aos incêndios, incidindo também na área da prevenção e formação. Na internet, João é conhecido como sendo o criador do Safeplace52 (lugar seguro), nome que decidiu dar à sua página, sendo o número 52 o seu número de bombeiro. O principal intuito do blogue é informar os cidadãos sobre os vários acontecimentos que estão a ocorrer, tendo ao mesmo tempo uma vertente de cariz preventivo, onde existe a partilha de informações úteis, como por exemplo, os cuidados a ter numa vaga de frio. Na plataforma online existe um separador lateral que contém um conjunto de dados informativos para a população algarvia, nomeadamente, o tempo de espera na urgência de Faro, informações sobre aeronaves em todo mundo, localizador de embarcações e aviação, entre outros. A página teve um grande crescimento

e visibilidade após a publicação de um texto denominado “Golas ou agueiros... Como escapar deste fenómeno mortal do mar?”. O conteúdo transmitido pretendia elucidar os cidadãos sobre o que era uma gola, um agueiro, e também de que forma era possível escapar deste fenómeno da natureza. Esta publicação teve uma recepção muito positiva por parte dos leitores, tendo atingindo milhares de partilhas. Até à data da publicação do referido texto o blogue tinha cerca de trezentas a quatrocentas visualizações por mês, mas após esta partilha atingiu cerca de duzentas mil visualizações. A página onde são escritas as publicações tem uma ligação directa ao facebook, o que permite abranger uma maior quantidade de pessoas. João Horta disponibiliza no site várias informações importantes, e salienta que tudo o que vai para o blogue tem uma fonte concisa. Em nove anos, a página já alcançou mais de seis milhões de visualizações, uma estatística fornecida pela própria Blogger. A paixão por ajudar e informar o próximo está-lhe no sangue A paixão por ajudar e informar o próximo está-lhe no sangue. João foi bombeiro do ano em 2012, ten-

do recebido o Prémio de Bombeiro de Mérito e a Medalha de Mérito de Protecção e Socorro, entregue pelo ministro da Administração Interna. Dentro dos bombeiros desempenha funções muito variadas. Executa as actividades normais de bombeiro, e ainda é formador de combate a incêndios. A sua função é transversal a vários níveis: socorre as pessoas na emergência médica pré-hospitalar, estando também presente ao nível dos desencarceramentos e incêndios. João Horta explicou ao POSTAL que é formador “de incêndios urbanos e industriais, desde 2010. O objectivo é dotar os formandos, ou seja os bombeiros, sejam eles chefes, bombeiros ou recrutas de competências técnico-operacionais para que eles consigam desenvolver a missão de combater o incêndio e salvar pessoas”. Um dos pontos que foca de forma bastante vincada é precisamente o facto de não querer associar directamente as suas publicações a fotos de acidentes, carros e pessoas, porque pretende salvaguardar os interesses dos cidadãos, e ao mesmo tempo ser claro e assertivo na transmissão de informação. O bombeiro João Horta é um caso único no panorama nacional, destacando-se de forma muito positiva no mundo virtual.

FLOWER POWER: A FESTA ONDE SE DANÇA POR UMA CAUSA SOLIDÁRIA foto: stefanie palma

Stefanie Palma / Henrique Dias Freire

stefanie.palma.postal@gmail.com

􀪭􀪭 António Coelho, comandante dos bombeiros, e Zé Black, gerente do bar

Já vai na segunda edição e promete continuar a conquistar os albufeirenses. A Flower Power é um evento de cariz solidário que se realizou no passado sábado, 12 de Janeiro, no espaço nocturno Le Club Santa Eulália. O principal objectivo desta festa foi angariar fundos para os Bombeiros Voluntários de Albufeira. De que forma foi então possível ajudar? A dinâmica foi bastante simples: metade do valor da entrada reverteu directamente para os Bombeiros Voluntários de Albufeira, existindo ainda a possibilidade de fazer um donativo extra, numa caixa, que se encontrava na entrada destinada para esse efeito. Zé Black, gerente do estabelecimento, disse ao POSTAL que foram vários os motivos que o levaram a pensar na organização desta ideia: “O ano passado pelos acontecimentos de Monchique e pelo facto de os bombeiros estarem sempre carenciados de verbas para determinadas coisas, achei por bem, uma vez que já tinha feito uma festa para a Santa Casa da Misericórdia, fazer uma também em prol dos bombeiros”.

A festa teve uma enorme adesão A primeira edição da iniciativa foi um sucesso e este ano não foi excepção. A festa teve uma enorme adesão por parte da população albufeirense e reuniu cerca de quinhentas pessoas, um valor que se aproximou bastante da primeira edição. Marcel Uzonj, colaborador do Le Club, explicou ao POSTAL um pouco sobre a temática da Flower Power: “o conceito da festa faz-nos um pouco viajar no tempo, e portanto, vamos desde a década de 70, 80, até à década de 90, e hoje em dia a realidade é que a música é um pouco reciclada. Ninguém se lembra da música do ano passado, mas destas décadas são icónicas, independentemente de sermos colheita de 50, 80 ou 90. Estas músicas tem um significado especial na vida de todos nós, e porquê não juntar uma festa a uma causa solidária a favor dos nossos bombeiros? Esta iniciativa reuniu um leque diverso de pessoas, das mais variadas idades que decidiram sair à rua para apoiar os “Heróis da Paz”. O evento foi organizado durante o mês de Janeiro, precisamente por ser uma altura mais calma na cidade e, deste modo, os bombeiros conseguiram igualmente estar presentes, para assim dar as boas-vindas a quem se associou e contribuiu para que esta

acção fosse concretizável. O mote associado a esta causa retrata a forma de estar e agir dos bombeiros na sociedade: “Para os Homens da Paz, porque eles fazem das nossas vidas a razão da sua”. Segundo António Coelho, comandante dos Bombeiros Voluntários de Albufeira, “este evento revela-se importante por aquilo que é, claramente uma componente de apoio financeiro, mas mais do que isso vemos neste evento um encontro de gerações, de pessoas locais, da comunidade albufeirense, que de alguma maneira temos vindo a sentir que tem estado mais próxima dos seus bombeiros e prestam apoio. Ao chegar aqui vemos precisamente isso, um conjunto de pessoas maduras que hoje são cidadãos activos, quer seja do mundo empresarial, quer seja como trabalhadores activos que vêem a importância do serviço que o corpo de bombeiros presta e querem estar com este, prestando a sua colaboração nesse sentido”. Na edição passada, o dinheiro angariado foi aplicado na compra de equipamentos de protecção individual. Este ano o valor total do donativo foi de 1.591 euros e o dinheiro destina-se à aquisição de fardamento para os bombeiros. Segundo a gerência do espaço, o objectivo é que o evento se continue a repetir todos os anos.


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