25 DE ABRIL: O DIA EM
NOVO GYMNASIUM TAVIRA
Os acontecimentos deste dia, marcaram a história de Portugal
Venha assistir à inauguração, è 24 no dia 14 de Abril
QUE A LIBERDADE VENCEU
ABRE COM MUITAS NOVIDADES è 23
DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA Director Henrique Dias Freire • Ano XXXI Edição 1221 • Quinzenário à sexta-feira 12 de Abril de 2019 • Preço 1,50€
postaldoalgarve 125.028
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Carlota é a única algarvia a participar no Oliveira Cup
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Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, em entrevista ao POSTAL
Ilha da Culatra: cada vez mais sustentável
HABITAÇÃO
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E MELHORES SERVIÇOS DE SAÚDE SÃO PRIORIDADE
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Banco alimentar quadriplica ajuda desde o ínicio
// Diz que quer fixar mais jovens e garante que os estudantes já poupam cerca de 13 mil euros
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// O sucesso do Festival do Contrabando é uma realidade, mas afirma querer mais // Sobre um próximo mandato, responde que “se em 2021 sentir que posso ser útil, não terei condições para fugir a essa responsabilidade”
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O Festival do Contrabando e o Festival de Caminhadas “são dois exemplos claros e geradores de mais-valias no território”
ALCOUTIM QUER MAIS
E MELHORES SERVIÇOS DE SAÚDE Stefanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
A desertificação e o despovoamento são problemas graves que “assombram” há várias décadas qualquer autarca de Alcoutim. Em entrevista ao POSTAL, o presidente da câmara municipal, Osvaldo Gonçalves, revela a sua estratégia: criar novos incentivos e condições.Avança com um ciclo de ações para aumentar o parque habitacional e fixar jovens. Garante que os estudantes que vivem em Alcoutim já poupam, até ao secundário, em média, cerca de 13 mil euros sobre alguns outros concelhos e quer mais e melhores serviços de saúde.Sobre um próximo mandato, confessou ao POSTAL que “se em 2021 sentir que posso ser útil, (...) não terei condições
para fugir a essa responsabilidade”. Lidera o Município de Alcoutim desde 2013. Que balanço faz e que desafios espera ter pela frente? No próximo mês de setembro assinalam-se seis anos do dia em que o povo alcoutenejo me confiou a honrosa missão de dirigir os destinos de Alcoutim, o meu concelho, a terra que me viu nascer e me moldou o carácter com o qual assumo o compromisso de, todos os dias, trabalhar com a minha equipa, na concretização do programa eleito. Todas as linhas de ação que compõem este compromisso têm como objetivo primordial, o desiderato de trabalhar para as pessoas e com as pessoas, no sentido de valorizar as potencialidades que o nosso território tem para oferecer. Neste sentido, estabelecemos prioridades e temos levado a cabo um conjunto de ações que consideramos constituírem uma pegada sustentável, na medida em que, se por um lado vão ao encontro
das necessidades diagnosticadas nas várias áreas de intervenção do município, por outro, representam apostas sólidas, integradas e criadas sob uma visão estratégica de âmbito regional, nacional e internacional. O trabalho desenvolvido, tendo como base a criação de sinergias e uma criteriosa candidatura às diversas tipologias de fundos de apoio, tem no Festival do Contrabando e no Festival de Caminhadas dois exemplos claros e geradores de mais-valias no território. Também importa referir todo o trabalho na potenciação do envolvimento dos diversos agentes económicos da região, onde as Jornadas do Mundo Rural têm tido um papel muito relevante. Todas estas ações têm sido articuladas com os nossos parceiros regionais, através da AMAL, mas também com uma ligação ao concelho vizinho de Mértola e também numa lógica transfronteiriça, onde do outro lado
do Guadiana temos um parceiro importantíssimo na nossa estratégia de desenvolvimento, o Ayuntamiento de Sanlúcar de Guadiana. A infraestruturação do concelho também tem sido uma preocupação constante e tem sido concretizada ao ritmo dos financiamentos que conseguimos obter. Sempre com o rigor que o exercício responsável de termos “contas certas” nos impõe, não cedendo à tentação de dar passos mais largos do que a perna, e gerindo da melhor forma a articulação entre as necessidades do nosso concelho e a adaptação ao que é elegível nas programações dos fundos comunitários. Apesar das limitações impostas em diversos âmbitos, nomeadamente a natureza por vezes obtusa dos instrumentos de ordenamento do território, considero que o balanço destes cinco anos e meio é positivo. Relativamente aos desafios que espero ter pela frente, tenho a certeza que serão muitos,
tendo em conta o perfil territorial do concelho a que presido, contudo, estou certo de que teremos a capacidade de trabalho e a resiliência necessárias para os ultrapassar. Qual o principal problema que persiste no concelho? O concelho de Alcoutim é um concelho que sofre, desde há várias décadas de um problema grave de desertificação e de despovoamento. Este é o principal problema com que temos que lidar, diariamente, e cuja resolução não é nada fácil. Habitação e saúde são prioridades Restam dois anos até às próximas eleições autárquicas. Quais as preocupações e os problemas que quer ver ainda resolvidos até lá? Entendo como prioritária, até às próximas eleições autárquicas, a re-
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solução dos problemas relacionados com a saúde e a falta de habitação. No que se refere à saúde, o município tem vindo a ampliar as valências e a diversificar os apoios disponibilizados à população. Contudo, não chega. É necessário que os alcoutenejos disponham de mais e melhores serviços de saúde, contando com profissionais de saúde que tenham condições para fazer um acompanhamento mais frequente destas populações, de forma a conseguirem dar resposta às suas necessidades. Estamos a trabalhar neste sentido, em articulação com a ARS e o ACES. A falta de habitação é um problema cuja resolução representa um importante fator de incentivo à fixação de jovens no concelho e, consequentemente, contribui para o combate ao despovoamento. Sendo de uma importância basilar, na conjuntura atual, iniciámos um ciclo de ações que visam a construção de um loteamento habitacional de 26 lotes, em Martim Longo, e a construção de cinco moradias, em Alcoutim. Outras ações se seguirão, no sentido de aumentar o parque habitacional, no concelho, privilegiando as hipóteses de reabilitação urbana e permitindo que, cumulativamente, o território se mantenha apelativo aos olhos de quem nos visita, contribuindo, deste modo, para o aumento do seu potencial em termos de destino turístico. Vem aí o Centro de Competências de Luta Contra a Desertificação. Que valências vai contemplar? O Centro de competências na Luta Contra a Desertificação tem como missão promover o desenvolvimento e a sustentabilidade do combate à desertificação pela via do reforço da investigação, da formação, da capacitação, da promoção da inovação e da transferência e divulgação do conhecimento através do trabalho desenvolvido no cumprimento de um conjunto de objetivos, designadamente, a promoção de estratégias integradas sobre a desertificação, o apoio à criação de uma economia resiliente, reforçar a conservação e proteção do solo e promover o envolvimento da sociedade. A concretização destes objetivos permitirá a criação das condições necessárias para a intensificação da luta contra a desertificação. As Jornadas do Mundo Rural têm debatido os problemas da baixa densidade, desertificação e alterações climáticas. Estes encontros têm permitido chegar à resolução de alguns problemas? As Jornadas do Mundo Rural são um instrumento estratégico de promoção e desenvolvimento do nosso território, estando perfeitamente integradas na estratégia de valorização dos nossos agentes económicos. A organização
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Estudante que viva em Alcoutim poupa cerca de 13 mil euros
destas jornadas pretende, desde a sua primeira edição, criar a oportunidade de debater, em conjunto, todas as problemáticas identificadas, lançar desafios e partilhar experiências no sentido de aprendermos a melhor forma de nos adaptarmos às condições do nosso território, tirando o melhor partido de todos os instrumentos que técnica, cientifica e financeiramente, possam estar ao serviço daqueles que vivem e trabalham no “mundo rural”. Vamos na IV edição e, ao longo destas jornadas, já se nota um aumento do peso da “massa crítica”. O que, conjuntamente com a recente parceria com o concelho de Mértola, só nos pode incentivar a continuar o trabalho que temos vindo a realizar. O que levou o executivo e a assembleia municipal a rejeitarem as transferências de competências? Os órgãos municipais consideram que o município não tem condições para, de imediato, assumir as competências a descentralizar, tendo em conta as especificidades e complexidade da matéria em causa, pelo que se optou por tomar uma posição prudente. O primeiro-ministro prometeu um debate acerca da regionalização na próxima legislatura. Considera que os municípios mais desertificados como Alcoutim poderiam ser beneficiados? Concordo que é importante promover um amplo debate sobre a regionalização. Contudo, os benefícios de um processo desta natureza dependem sempre da forma como são implementados. De que forma pensa o executivo municipal atrair empresas? Há novos projetos em curso? No concelho de Alcoutim, o desemprego é residual. Hoje, existe um conjunto de obras significativas onde a procura de trabalhadores por parte dos empreiteiros, junto deste alegado nicho de desempregados, esbarra no insucesso, tendo que os mesmos recorrer a trabalhadores estrangeiros. Atualmente, para além do processo já em execução do maior parque fotovoltaico da Europa, com 200 MW de potência e um investimento de 200 milhões de euros, existem mais quatro projetos aprovados e licenciados que também vão criar cerca de 150 MW de potência. Creio que o setor da energia poderá continuar a dar um contributo bastante interessante para a criação de postos de trabalho e espero que estas novas ofertas laborais, em conjunto com os benefícios que temos nas áreas fiscal, saúde, ação social e educação, possam vir a potenciar a fixação de novas famílias no nosso concelho.
Bilhete de Ide ntidade Osvaldo dos Santos Idade: 51
Gonçalves
Signo: Balança Profissão: Ban cário Onde reside: Monte do La borato Tempos livres: Desportos de Natureza Livros: “Rio da s “Homem de Flores”, “Equador”, Con “Milionário em stantinopla”, Lisboa” Qualidade: H onesto Defeito: Dem asiado Destino das úl timas
otimista
férias: Algarve
Para além do maior parque fotovoltaico da Europa, existem mais 4 projetos aprovados
Como considera captar e reter população jovem em Alcoutim, assim como fomentar a natalidade? A fixação de população jovem é um dos nossos principais objetivos. Temos implementado um amplo conjunto de medidas que vão desde o Programa de Incentivo à Natalidade e Apoio à Família, até às Bolsas de Estudo para Estudantes do Ensino Superior. De forma a dimensionarmos a amplitude dos incentivos que disponibilizamos, podemos dizer que, em média, um estudante, vivendo no concelho de Alcoutim, comparativamente a outro concelho que não tenha os nossos apoios, tem uma poupança, até ao secundário, na ordem dos 13 mil euros. E este é só um exemplo. Para além disso, o aumento da oferta em termos do parque habitacional que estamos a fazer, também visa criar melhores condições para a fixação de jovens no nosso território. Quanto ao arrendamento que medidas concretas implementou no concelho? No que se refere ao arrendamento, temos uma redução até 20% da taxa do imposto a aplicar aos prédios urbanos arrendados destinados a habitação permanente. Alcoutim tem desenvolvido alguns projetos para dinamizar o turismo local, nomeadamente o Festival do Contrabando. Qual é a importância deste evento ibérico? O Festival do Contrabando é um exemplo do conjunto de ações que temos vindo a criar para promover o território e assenta, precisamente, na solução encontrada para a necessidade de criar um evento âncora, em Alcoutim, que conciliasse a originalidade com a identidade local, que não rivalizasse com outros festivais vizinhos, mas que estivesse à altura dos mesmos, que tivesse uma expressão regional e, sobretudo, que criasse uma ligação forte com o outro lado da fronteira, conferindo-lhe assim uma expressão internacional, o que foi amplamente conseguido. A terceira edição do Festival do Contrabando, que decorreu nos passados dias 29 a 31 de março, consolidou e reafirmou o evento como determinante na estratégia de desenvolvimento do concelho de Alcoutim e de Sanlúcar de Guadiana e das regiões do Algarve e Andaluzia, devido à capacidade de atração de milhares de visitantes durante a época baixa, que encontram neste festival um evento diferente e singular, com uma natureza própria de homenagem histórica às gentes da raia, através de um tema enraizado na memória coletiva local, regional, nacional e ibérica. Este evento, para além de corporizar
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um importante instrumento de promoção turística e cultural deste território, é simultaneamente um fator de relevo na dinamização da economia local. Considera alargar as parcerias ibéricas, para além do trabalho conjunto com o município espanhol de Sanlúcar? Nós temos desenvolvido uma proximidade com Sanlúcar que tem dado os seus frutos, quer ao nível do Festival do Contrabando, quer ao nível do Festival de Caminhadas, quer ainda ao nível de outros eventos de menor dimensão que, sendo em conjunto, depressa atingem um mediatismo muito maior e uma dimensão que sozinho nunca conseguiríamos. É este o caminho e o nosso compromisso estratégico com Espanha que queremos ver reforçado noutras áreas. O passaporte cultural e desportivo vai avançar para a segunda edição. Os objetivos têm sido cumpridos? A criação do “Passaporte Cultural e Desportivo” é uma ideia nova em Alcoutim. Visa promover a participação da população nos nossos eventos, aproximando-a das nossas atividades culturais e desportivas. Os objetivos têm sido cumpridos, na medida em que a adesão ao passaporte tem sido significativa, assim como a participação nas iniciativas organizadas pelo município. Os munícipes que cumprirem os requisitos previstos no “Passaporte” têm direito a um prémio simbólico, o que também pretende ser um estímulo adicional à sua participação. Alcoutim vai aderir à Rede de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica. De que forma vai ser implementado? A implementação do protocolo será nos moldes que, em termos genéricos, será também feito por toda a região, uma vez que o mesmo foi assinado pelos 16 municípios do Algarve. O protocolo aposta muito na área da prevenção, com ações de sensibilização nas escolas, nos lares e com sessões programadas de apoio às vítimas através da APAV, a funcionar em estrita colaboração com o nosso Gabinete de Ação Social, Saúde e Educação. Para lá de 2021, tem vontade de continuar a comandar os destinos de Alcoutim? A vontade é algo que resulta do sentido de responsabilidade com que assumimos os desafios. Ter sido agraciado com a enorme honra de ser eleito Presidente de Câmara, convoca-me a uma responsabilidade enorme para cumprir, em toda a linha, os objetivos a que me propus perante os nossos concidadãos. Embora, atualmente, esteja totalmente focado no cumprimento desses objetivos, se em 2021 sentir que posso ser útil na continuidade deste trabalho e se sentir o apelo dos que me elegeram, não terei condições para fugir a essa responsabilidade.
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Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com Online: www.postal.pt FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ FB: www.facebook.com/ cultura.sulpostaldoalgarve/ Issuu: issuu.com/ postaldoalgarve Twitter: twitter.com/ postaldoalgarve Director: Henrique Dias Freire Directora executiva: Ana Pinto Redacção: Ana Pinto (CO-721 A) Andrea Camilo Cristina Mendonça (CP 3258) Eunice Silva Henrique Dias Freire (2207 A) Stefanie Palma Design: Bruno Ferreira Colaboradores: Afonso Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor) Colaboradores fotográficos e de vídeo: Luís Silva / Miguel Pires Rui Pimentel Departamento comercial, publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial: disponível em www.postal.pt/ quem-somos/
Tiragem desta edição:
7.520 exemplares
Beja Santos
Ana Amorim Dias
Henrique Dentinho
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
Escritora anamorimdias@gmail.com
Artista plástico
Os antibióticos salvam a vida - desde que bem usados
O culto do jantarinho
Palhinha
O jogo Benfica-Sporting já ia avançado no tempo quando se lembraram dele. - Não! Sabem que a televisão não se liga enquanto jantamos! Ainda tentei reclamar, mas de nada serviu. Carregaram no botão do comando e, num segundo, a magia que sempre paira sobre os nossos jantarinhos, desvaneceu-se sem dó. Luzes quentes e indiretas, uma boa playlist a tocar e todos sentados à mesa, só focados uns nos outros. Tão simples! A comida acaba por ser um mero complemento ao que verdadeiramente nos nutre: a companhia uns dos outros. Apercebi-me melhor disso há uns dias quando, mais de meia hora depois de terminado o jantar, continuávamos os quatro sentados à mesa, a estender no tempo algo que apenas se confeciona no lume brando de muitos anos: a cumplicidade feliz. - Tenho um trabalho para acabar... mas está-me a saber tão bem estar aqui... Nesse instante apercebi-me ainda mais conscientemente da imensa fortuna que temos, os quatro. Senti de maneira quase palpável os benefícios que o culto do jantarinho nos traz enquanto família e enquanto indivíduos. E orgulhei-me tremendamente dos super poderes com que todos os jantarinhos nos fadam: ficamos mais fortes, nutridos, unidos, felizes e serenos. Ao sair desse maravilhoso limbo, ficamos prontos para tudo... e voltamos às nossas vidas com um brilho que se nos vê.
A palhinha mágico de plástico faz relembrar suas origens etimológicas - diminutivo de palha. A natureza guarda todas as grandes tecnologias que o ser humano airosamente está transformando a BOLA AZUL na lixeira universal, expelindo também para o UNIVERSO todo o lixo das pesquisas na esperança de encontrar água, já que a TERRA está esvaziando suas riquezas naturais, até que um petróleo comece pingando na torneira enferrujada. A palavra palhinha deu origem a várias designações, desde o chapéu, o carro, até ao tipo que abafa a palhinha, encalhando na palavra “orielenap”, provocando a internacionalização duma curta palavra GAY. A existência é círculo encantado, que faz uma BOLA AZUL navegar no universo, provocando desejos de o conquistar. A BOLA AZUL desfaz-se, cheia de LIXO sem que uma palhinha consiga chupar a podridão da TERRA, com os MONSTRUOSOS PLÁSTICOS, destruindo o globo. Momento tardio dum FIM da PICADA, com o dióxido de carbono passeando nos ares, embora a palhinha enfiada num buraco consiga enriquecer aqueles que engolem a palhinha. Nos pobres, o sexo é uma atitude natural, e, por isso, a sociedade serve-se da desculpa do sexo, na humilhante atitude – quem tem dinheiro que pague a palhinha. Faz-se assim renascer a profissão mais antiga, pois quem tem buraco, que apresente a conta, sobretudo àqueles que são muito ricos, pois o buraco é espaço que ninguém vê – uma espécie de tesouro, qual caverna do ALI BÁBÁ. Voltas que a vida dá!!! As crianças “abusadas“ – milhares e milhares, tudo coberto pelo manto da hipocrisia, aquecendo-se no forno das religiões, em carvões ardidos, já cinza, soprando uma poeira que intoxica.
A descoberta e uso dos antibióticos, que ocorreu na primeira metade do século XX, operou uma mudança radical na saúde pública, em todo o mundo. Recuaram doenças até então devastadoras, como a sífilis, a tuberculose e algumas pneumonias. Passou a ser possível travar ou reduzir epidemias por infeções, salvaram-se muitos milhões de vidas. Acontece que o uso abusivo destas substâncias gerou um gravíssimo problema de saúde pública, que ainda não está resolvido. Que aconteceu? Em muitas situações, passou a ser banal o recurso aos antibióticos mesmo quando se não trata de uma infeção ou tratando-se de uma infeção quando esta não é produzida por organismos sensíveis aos antibióticos. Tendemos a esquecer que a maioria das infeções é provocada por vírus ou bactérias mas o efeito dos antibióticos só se verifica sobre as bactérias. Isto para dizer que os antibióticos não tratam gripes, constipações, sarampo, hepatite, varicela ou papeira, estas sim doenças provocadas por vírus. Os antibióticos só têm ação sobre as bactérias e por isso é que são usados para tratar pneumonias, otites, meningites, diarreias e outros. Só ao médico é que compete a prescrição do antibiótico, ele pondera o nível de infeção, o número e a agressividade das bactérias patogénicas e define a terapêutica. Em regra, o nosso corpo defende-se das infeções graças a um sistema imunitário que fabrica anticorpos e as células de defesa atacam o agente infecioso. É nos casos de algumas infeções bacterianas graves (caso da pneumonia ou da meningite) que o nosso corpo não pode organizar prontamente uma defesa eficaz, o recurso ao antibiótico é indispensável. A resistência bacteriana resulta do uso abusivo dos antibióticos, a continuar o seu consumo banalizado iremos encontrar bactérias de resistência desmesurada, de dificílimo tratamento, será um retrocesso na saúde à escala mundial, pois as bactérias irão sobreviver aos antibióticos mais resistentes. Não se devem tomar antibióticos se eles não são úteis ao necessário do nosso tratamento. Utilizar melhor o antibiótico significa que ele é só tomado para as situações de infeção grave e sempre sob prescrição médica. Utilizá-lo melhor é respeitar a duração do tratamento, nunca prescindir da toma do antibiótico mesmo que se sinta uma melhoria rápida – há que levar o tratamento até ao fim, nunca substituir o que o médico prescreveu ou reduzir o tempo do tratamento. Os pais e os encarregados de educação têm a pesada responsabilidade de nunca insistir na prescrição do antibiótico. É ao médico que cabe ter em conta as manifestações como a falta de apetite, os problemas de respiração, se a criança tem um sono agitado ou vómitos repetidos ou uma febre acima dos 39º que persiste mais de três dias a tomar antipiréticos.
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TEM 8 ANOS E JÁ PARTICIPA EM COMPETIÇÃO DE ALTA VELOCIDADE DE MOTOCICLISMO fotos: eunice silva
pode, mas para nós toda a ajuda é bem-vinda”, sublinha. Acerca da sua primeira prova, Carlota contou ao POSTAL que “nunca tinha estado numa grelha de partida. Fiquei um pouco nervosa, especialmente quando alguém me passou à frente... Quando começam as provas fico feliz, nervosa e ansiosa. Sinto tudo ao mesmo tempo”. A próxima prova da piloto algarvia é no próximo dia 28 de abril em Portimão.
Competição conta apenas com três elementos femininos
Carlota Carochinho e a sua família são conhecidos como "Os Monstrinhos"
É a única piloto algarvia a participar na competição de alta velocidade de motociclismo Oliveira Cup, que conta com a terceira edição. Mais conhecida como ”CSC#28”, Carlota Carochinho tem apenas oito anos e é farense. E foi entre fotografias e perguntas dos demais admiradores e curiosos, que se encontravam no Moto Clube de Faro, que o POSTAL a conheceu. Eunice Silva / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
A participação da farense na competição começou quando a família se deslocou ao Kartódromo Internacional do Algarve, em Portimão, dia 17 de fevereiro, para ir ver os pré-treinos de arranque da temporada. Segundo a mãe, “era relativamente fácil irmos a Portimão, sendo nós de Faro. Sabíamos que eles permitiam que jovens, futuros pilotos, pudessem mostrar aquilo que valiam e foi um desafio chegarmos lá e mostrarmos a Carlota”. Inesperada e rapidamente, a menina foi convidada para fazer parte do painel de pilotos da competição de alta velocidade. Quando se deparou com os valores monetários do arranque de época, Diana Sério retirou a hipótese da participação da filha. “O motociclismo é um desporto muito caro. Pensei que fosse uma coisa muito mais económica. Aí tive de agra-
decer ao Paulo Oliveira, pai de Miguel Oliveira, pois foi uma grande ajuda para o arranque. A Carlota preparou-se em
duas semanas, treinando quatro vezes”, explicou Diana Sério. Nesse espaço de tempo, os pais da menina criaram um projeto desportivo e apresentaram-na ao maior número de entidades algarvias que conheciam, ganhando, desta forma, o seu maior parceiro, a empresa nacional de clínicas dentárias Smile Up. “Temos tido um bom feedback das entidades contactadas, moto clubes e amigos, em que cada um contribuíicom o que
Na competição, apenas fazem parte três elementos do sexo feminino. Quando questionada sobre a realidade feminina no mundo do motociclismo, Diana Sério responde que “no mundo das motas tem vindo a crescer a presença feminina. Hoje em dia, já se começa a ver nas concentrações mulheres com mota. Em pista, realmente, são pouquíssimas. Continua-se a achar que é um desporto muito masculino”. Fez ainda questão de salientar que “se tiverem meninas que gostem de motas, deixem-nas experimentar, porque é um desporto como outro qualquer. As pessoas associam muito o motociclismo ao risco. Se calhar vão-
-se magoar, mas se olharmos para os outros desportos também se podem magoar tanto como no motociclismo”. O gosto que nutre pelas duas rodas há muito que lhe percorre a alma. Aos dois meses de idade, Carlota teve o seu primeiro contacto com as motas. “O pai [Nuno Carochinho] resolveu pô-la em cima do depósito e acelerou. Ela ficou muito séria, não chorou e aquilo deve ter-lhe sido incutido nas veias”, disse Diana Sério, mãe de Carlota, entre risos. Com três anos fez a sua primeira concentração e foi aos sete que participou no desfile da concentração de Faro a conduzir a sua própria mota, fazendo parte da emblemática e conhecida família “Os Monstrinhos” – reconhecidos por usarem capacetes com cara de monstro nas concentrações. Carlota Carochinho é uma amante do desporto e o motociclismo é apenas uma de muitas atividades que pratica. A aspirante a piloto explicou ao POSTAL que faz Aikido, natação, motociclismo e anda nos escoteiros. “Às segundas e quintas vou ao Aikido; às terças, às vezes, vou treinar de mota; às quartas vou fazer natação e aos sábados vou aos escoteiros”, explicou. No que toca ao futuro, ambições não faltam à CSC#28, que diz ter o olhar no pódio e no primeiro lugar: “Quero ser como o Miguel Oliveira, porque quero chegar ao moto GP”.
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CULATRA: A ILHA QUE SE ESTÁ A TORNAR fotos: stefanie palma
A Ilha da Culatra pretende tornar-se cada vez mais sustentável no aproveitamento dos recursos de que dispõe Stefanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
A Ilha da Culatra é uma ilha portuguesa situada na Ria Formosa em frente a Olhão e pertence administrativamente ao Município de Faro. A ilha tem vários serviços que são disponibilizados à população. O POSTAL quis saber um pouco mais sobre as condições de quem lá vive, bem como os principais problemas que assolam a ilha e os moradores. Deste modo, falámos com Sílvia Padinha, presidente da Associação de Moradores da Ilha da Culatra (AMIC). Associação foi criada com o objetivo de defender melhores condições de vida para a população residente Sílvia Padinha começou por referir ao POSTAL que “a associação foi criada
em 1987 com o objetivo de defender melhores condições de vida para a população residente e surgiu na altura em que foi criado também o Parque Natural da Ria Formosa. Nessa mesma altura houve uma investida no sentido de demolição de casas e aí a população começou a aperceber-se de que estava numa situação insegura relativamente à ocupação das mesmas. É de referir que até à data o Estado estava de costas voltadas para a população, pois as ilhas praticamente não eram conhecidas, as pessoas que viviam cá não tinham o conhecimento do que se passava lá fora e vice-versa”. “Os serviços eram mínimos, pois tínhamos a escola, o médico de vez em quando, não tínhamos água, luz, esgotos, nem condições de trabalho e mesmo a nível da educação existia uma escola com muitos problemas. Foi a partir daí que a população se uniu e começou a reivindicar, para além da legalização das casas, melhores condições de vida e outros serviços, nomeadamente na área da saúde, educação, ambiente, entre outros”, acrescentou.
Na Ria Formosa residem cerca de 400 famílias Na Ria Formosa residem permanentemente cerca de 400 famílias, sendo que os homens se dedicam à atividade piscatória, nas cerca de 100 embarcações de pesca artesanal local e pesca costeira, e também à apanha de bivalves. Como explica Sílvia Padinha, “99% da população vive dos recursos naturais. Está tudo interligado: as mulheres trabalham na apanha da amêijoa e os homens na pesca. É, portanto, feita a apanha da amêijoa juvenil na ria, é feito o repovoamento dos viveiros e os homens com pequenas embarcações de pesca desenvolvem as suas funções na ria e no Oceano Atlântico. Depois existem aqui alguns estabelecimentos comerciais, cerca de nove cafés e restaurantes, que para além de serem local de convívio da população local, também acolhem aqueles que visitam a ilha. A exploração desses estabelecimentos comerciais é feita por famílias de pescadores. Temos também três pequenas mercearias que abastecem a população local”.
Na Ilha da Culatra existem diversas infraestruturas de apoio à população Na Ilha da Culatra existem diversas infraestruturas de apoio à população, tais como, o centro de apoio social – que presta apoio a crianças e idosos – que inclui creche, jardim de infância e atl, apoio domiciliário ao idoso, uma escola que funciona até ao sexto ano, o centro de saúde, a casa da Cruz Vermelha, a delegação da junta de freguesia, as associações (navegantes, associação de moradores e o Clube União Culatrense) e um posto de telemedicina vocacionado para análises clínicas e enfermagem. As crianças e jovens da ilha a partir do sexto ano vão para Faro ou Olhão, conforme a sua opção. Quanto ao transporte não pagam barco, tendo transporte gratuito. Segundo a presidente da associação, “todos os dias estão a acontecer situações novas por resolver. Como costumo dizer, nós somos os bombeiros de serviço 24 horas, pois estamos constantemente a resolver situações e problemas que nos surgem”. Sílvia Padinha revelou ao POSTAL quais
os principais problemas com que se estão a debater e quais as situações que já estão regularizadas. “A questão do médico neste momento está bem resolvida. Antes tínhamos médico uma vez por semana e existiam muitas falhas. Neste momento temos duas vezes por semana, através da Administração Regional de Saúde do Algarve. Essa era uma das questões problemáticas. Para além dos problemas maiores que têm a ver com as infraestruturas e com mais equipamentos, existem as falhas que acontecem no sistema”. A Cruz Vermelha já afirmou que se não existirem apoios fecha a porta Um dos principais problemas que assola a Ilha da Culatra prende-se precisamente com a permanência da Cruz Vermelha naquele território. Segundo a presidente da associação de moradores, “a Cruz Vermelha queixa-se que não tem apoios de outras entidades para manter o serviço e tem um valor mensal de despesas de 1.500 euros e já afirmou que se não existirem apoios fecha a porta”. A Cruz Vermelha foi inaugurada em 2008 através de um projeto de "Apoio ao Mais Próximo" e teve o apoio da Câmara de Faro. “Quando terminou este programa, a Cruz Vermelha deixou de ter apoio e começou a ter dificuldades para suportar as despesas. O que se pretendia é que a Cruz Vermelha arranjasse forma de obter apoio para manter o serviço. A câmara comprometeu-se a reunir com a Administração Regional de Saúde do Algarve no sentido de encontrarem uma solução definitiva, mas até à data ainda nada disseram”, acrescentou.
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CADA VEZ MAIS SUSTENTÁVEL Os primeiros socorros da ilha são essenciais
primeiros passos. “Ninguém nasce ensinado e a formação é muito importante para que as próprias pessoas queiram mudar por iniciativa própria. Nós não queremos obrigá-las a mudar, queremos sim que elas percebam as vantagens inerentes à mudança”, acrescentou. Este caminho já começou a ser trilhado há dois anos através da implementação de outro projeto na ilha denominado “A pesca por um mar sem lixo”. A Culatra foi a primeira comunidade piscatória do Algarve a integrar esta iniciativa e a segunda a nível do país. “Tudo o que os pescadores encontram de lixo no mar trazem para terra para seguir depois para o sítio próprio. Antigamente, as pessoas tinham o hábito de jogar lixo para o mar, pois não tinham noção que aquilo ficava lá milhares de anos. Hoje em dia a consciência é outra. Eu tinha a ideia de adaptar este projeto “aos caminhantes de um mar sem lixo” porque nós temos uma zona de praia enorme e podíamos disponibilizar sacos em sítios próprios e cada vez que se fazia uma caminhada era só pegar num saco e trazer um pouco de lixo”. A associação de moradores é constituída pela assembleia geral, a direção e o conselho fiscal, sendo que no todo são 15 funcionários a trabalhar de forma voluntária.
A Cruz Vermelha é um dos organismos indispensáveis ao bom funcionamento da ilha e, segundo a mesma, “os primeiros socorros da ilha são essenciais, ainda mais do que em qualquer outro sítio, porque a chegada do médico ou dos socorros aqui é demorada”. Até ao momento, a Cruz Vermelha já formou várias pessoas ao nível dos primeiros socorros e existe uma colaboradora que vive na ilha e que presta muitas vezes serviços fora do seu horário laboral. Vamos entregar 1.500 euros mensais à Cruz Vermelha durante três meses “Como a Cruz Vermelha tem vindo a ameaçar fechar a porta, nós temos tentado arranjar a verba que a Cruz Vermelha acha necessária para dar continuidade aos serviços e o contrato já terminou. O que é que fizemos para tentar contornar esta situação? Pois bem, a associação de moradores, o Clube União Culatrense, a Associação Nossa Senhora dos Navegantes e a população da Culatra comprometeram-se a entregar 1.500 euros mensais à Cruz Vermelha nos próximos três meses. Nós assumimos esta solução temporária até que se encontre uma decisão definitiva e a junta de freguesia também deu um apoio de 2.000 euros anuais. Nós não podemos ficar sem este serviço: é uma questão de vida ou de morte”, afirmou. Tornar a ilha da Culatra numa ilha sustentável ao nível energético é um dos objetivos A Universidade do Algarve em conjunto com a Associação de Moradores da Ilha da Culatra e a população estão a trabalhar em conjunto e a unir esforços para torná-la numa ilha sustentável ao nível energético. Segundo Sílvia Padinha, “ao nível de trabalho já tiramos o rendimento dos recursos naturais, o peixe, o marisco, as várias atividades inerentes ao sector, no entanto, a nível energético é uma pena estarmos num sítio privilegiado ao nível do sol, dos recursos e não os aproveitar da forma mais completa possível. É importante aproveitar os recursos para que as casas possam ser energeticamente independentes, produzir a sua própria energia, através de painéis solares, terem mais conforto, umas janelas próprias, um telhado próprio, entre outros aspetos”. “Esse é o caminho. E também ao nível do lixo fazer a reciclagem.
“Sempre foi clara e transparente a ideia de defesa da identidade da Culatra”
Sílvia Padinha nasceu na Culatra e preside a associação de moradores da ilha Fundamentalmente, é irmos tendo comportamentos, atitudes que nos levem a abrir os nossos horizontes de forma a que percebamos o que é ser verdadeiramente sustentável. Nós temos este ambiente maravilhoso à nossa volta e queremos contribuir para um ambiente melhor e mais saudável para todos”. O projeto da Culatra foi um dos seis selecionados a nível europeu. No dia 24 de Março foi assinado o memorando de entendimento relativo a este projeto, onde foi feita a apresentação à população do mesmo, de forma a dar início aos estudos e à implementação do projeto. O protocolo foi firmado entre a Universidade do Algarve, a Câmara Municipal de Faro, CCDR, Associação de Moradores da Ilha da Culatra e o Comissariado Europeu para as Energias Limpas. A presidente da AMIC levantou um pouco do véu, “estamos a pensar começar na escola. O projeto tem uma
vertente muito interessante, pois pretende dar formação na escola, começando precisamente pelo facto de tornar aquele edifício sustentável a nível energético e depois pretendemos que as crianças e a população em geral possam acompanhar e ter formação no sentido de acompanharem a implementação do mesmo”. “Nós vivemos dos recursos e vamos ser sempre os primeiros a querer defendê-los. Pretendemos, portanto, estar enquadrados da melhor forma no meio, adotando comportamentos que vão ao encontro daquilo que são práticas sustentáveis e ambientalmente conscientes”, disse. Culatra foi a primeira comunidade piscatória algarvia a integrar o projeto “a pesca por um mar sem lixo” A formação é um dos pilares base deste projeto que começa agora a dar os
Relativamente às casas, a presidente da AMIC referiu que “sempre foi clara e transparente a ideia de defesa da identidade da Ilha da Culatra e isso leva a que as casas sejam regularizadas. Pretendemos regularizar as habitações da ilha e a regra é que a transmissibilidade do título só seja possível para descendentes de pescadores que vivam cá. Existem critérios impostos pela lei. A ideia é que os títulos não possam ser transmitidos para férias, pois se assim fosse os pescadores deixavam de ter o seu local de trabalho porque deixavam de ter as suas casas, a escola acabaria por fechar, deixava de ter crianças, e perdia-se toda a essência que caracteriza a ilha”. “O estatuto da Culatra prevê a defesa da identidade da comunidade piscatória, dando os títulos às famílias, sendo que a transmissibilidade é feita só para os herdeiros deles ou para descendentes de pescadores a viver cá. Neste momento estamos em processo de pedido de requerimento do título, pois o estatuto foi aprovado em Outubro. O acordo que fizemos foi manter as casas, a identidade e dar os títulos por 30
anos e isso vai sempre passar de pais para filhos ou outros descendentes de pescadores que vivam cá”. Foi também criada a escola de iniciação à vela Na Ilha da Culatra são desenvolvidas diversas atividades relacionadas com o mar. Ao nível da educação foi criada a escola de iniciação à vela, uma parceria da escola, da câmara e da associação de moradores, que permite que as crianças vejam o mar de outra forma, não só a nível de pesca mas também relativamente a outras atividades de lazer que o mar proporciona. Enquanto associação, “nós achamos que o turismo nunca pode superar a pesca. Tem de existir um equilíbrio. Este novo projeto vem dar possibilidade aos locais de aprenderem uma nova atividade que se relaciona com o funcionamento dos equipamentos. Quanto ao turismo, gostaríamos que fosse mais ecológico e responsável, porque a ilha é frágil e tanto os moradores como aqueles que a visitam devem ter um cuidado redobrado na continuação de manutenção deste espaço”. “Eu nasci cá, vivo cá e quando fui para fora apercebi-me das dificuldades e agarrei esta missão de defender aqueles que precisam disto para viver, mantendo a identidade da Culatra. Para isso, é necessário fazer deste local um bom sítio para viver, trabalhar e até mesmo para visitar de forma responsável. Gostava ainda que as embarcações que navegam na ria tivessem a preocupação de ser ambientalmente mais responsáveis e amigas do ambiente. Como se podia fazer isto? Transformando as embarcações normais em embarcações a energia solar”, remata Sílvia Padinha. O POSTAL visitou a ilha quando estavam a decorrer obras O POSTAL visitou a ilha num momento em que estavam a decorrer obras. Segundo a representante dos moradores, “estão a ser efetuadas através do projeto de intervenção e requalificação do núcleo da Culatra. O objetivo é melhorar o espaço público que estava degradado e dar dignidade ao espaço. Estas obras estarão concluídas até ao final de Abril, em princípio. O objetivo fulcral destas remodelações é melhorar o espaço público, dignificar a Culatra com equipamentos próprios, através do melhoramento dos caminhos, passadeiras, da vegetação, praças públicas tornando a ilha num local cada vez mais desenvolvido, completo e sustentável”.
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••• REGIÃO
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BANCO ALIMENTAR vs DESPERDÍCIO foto: stefanie palma
Banco Alimentar Contra a Fome apoia 106 instituições no Algarve
Há uma falta enorme de voluntários na estrutura do banco alimentar no Algarve
O Banco Alimentar contra a Fome do Algarve apoia atualmente 106 instituições de 15 dos 16 concelhos do Algarve. “Depois da crise conseguimos estar a apoiar menos pessoas do que estávamos a apoiar antes da crise. É sinal de que alguma coisa foi feita e que o grosso das pessoas não vive deste expediente, ao contrário do que muitas vezes se pensa”, afirmou o presidente do BACFAlg. O banco alimentar tenta fazer a distribuição dos bens alimentares, de forma que seja garantido um cabaz de produtos secos por mês. As instituições vão à sede do banco levantar o cabaz de secos 12 vezes por ano (uma por mês). No caso dos frescos o banco funciona muito em função dos alimentos que tem. Atualmente são as próprias instituições que procuram o banco alimentar. Quanto às pessoas e famílias carenciadas, são as instituições que sinalizam as situações de risco. O banco alimentar faz um controlo das pessoas que estão a ser apoiadas, através do cruzamento interno de informações, que permite que os apoios não sejam duplicados.
Nuno Alves reforça exatamente esta ideia, referindo que “há uma falta enorme de voluntários na estrutura do banco alimentar do Algarve e estamos a falar de cerca de 10 a 15 pessoas não só em Faro e em Portimão, mas espalhados pela região, entre Vila Real de Santo António e Lagos. Existe mesmo falta de voluntários e é extremamente importante que se consiga passar essa mensagem”. O banco alimentar conta atualmente com cerca de 40 voluntários efetivos. “É fácil resolver problemas como catástrofes em que nos envolvemos, damos qualquer coisa, dinheiro, bens, roupa, comida, mas assim que está feito o donativo, viramos costas e voltamos para as nossas vidas, não nos preocupando com o resto. O problema é que tudo isto funciona graças à boa vontade de poucas pessoas que fazem muito e o grosso da comunidade vive bem em função daquela meia dúzia de pessoas que se envolvem nas causas”, acrescentou.
Apoio chega a 15.500 pessoas Nuno Alves, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve Stefanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
Os bancos alimentares são instituições de cariz social, sem fins lucrativos, cujo principal objetivo é combater os desperdícios de comida. Para tal, é feita uma recolha e seleção dos bens alimentares de modo regrado, sendo posteriormente distribuídos a quem mais precisa, de forma totalmente gratuita. O POSTAL visitou as instalações do Banco Alimentar Contra a Fome do Algarve (BACFAlg) para entender como se processa toda a dinâmica dentro da instituição. 80% dos alimentos que distribuímos resultam do trabalho diário, da luta contra o desperdício Nuno Alves, responsável pelo banco alimentar do Algarve, explicou ao POSTAL “que 20% dos alimentos que distribuímos hoje no distrito resultam das campanhas, mais concretamente da campanha de supermercado e da campanha papel por alimentos. Os
outros 80% dos alimentos que distribuímos resultam do trabalho diário, da luta contra o desperdício alimentar. O banco alimentar faz este trabalho em Portugal há 28 anos e no caso concreto de Faro há 12”. Atualmente existem 21 bancos alimentares em funcionamento, distribuídos pelo território nacional e ilhas. “Nós temos uma série de parceiros, nomeadamente supermercados, empresas ligadas à distribuição, produtores do setor agrícola, alguns parceiros da pesca, alguns parceiros da panificação, mercados abastecedores, todo um conjunto de parceiros que vão gerando na sua atividade diária excedentes, que são produtos que por qualquer motivo não são comercializados mas que estão em perfeitas condições de consumo. Atualmente, o banco dispõe de três carrinhas frigoríficas, uma no barlavento e duas no sotavento que fazem a recolha dos alimentos”, referiu Nuno Alves. Segundo o responsável do banco alimentar, “o grosso dos excedentes recuperados na região são frescos. O cabaz médio do ano 2018 foi composto por 71% de produtos frescos e 29% de produtos secos”.
O apoio prestado por esta organização chega a 15.500 pessoas, quer por via de cabazes, quer por via de refeições confecionadas. Em tempos de crise os números chegaram a rondar as 23 mil pessoas. O banco alimentar depende do esforço diário de todos aqueles que praticam voluntariado. Carlos Marques tem 64 anos, é reformado e colabora de forma voluntária no banco alimentar há cerca de sete anos. Ao POSTAL disse “faço voluntariado porque gosto de ajudar os outros. O trabalho que fazemos aqui é importantíssimo. Quanto às funções que desempenho é importante referir que faço quase tudo, oriento, vejo o que está bem e o que está mal, faço o controlo dos alimentos, e ajudo na parte da preparação para a distribuição. Temos bastante trabalho aqui”. Sublinhou ainda que “o principal problema é a falta de pessoas, é a falta de voluntários. As pessoas vêm para aí, estão um bocadinho e vão-se embora. Na minha forma de ver era preciso ter sempre três pessoas efetivas para que tudo fosse mais equilibrado. Eu, por exemplo, passo cá sete ou oito horas por dia, à exceção de sexta-feira”.
Se quiser tornar-se voluntário ligue: 910 258 989 ou através do email ba.algarve@ bancoalimentar.pt
As motivações que levam os indivíduos a colaborar com a instituição são bastante distintas As motivações que levam os indivíduos a inserir-se e a colaborar com a instituição são bastante distintas. Em primeiro lugar, existem pessoas que se associam de forma livre e voluntária a esta causa. Em seguida, é importante referir que o banco alimentar tem acordos com as cadeias de Faro e Olhão, que permitem que quatro reclusos se desloquem aos armazéns para apoiar o BA. A instituição tem igualmente um acordo com o centro de emprego que faculta desempregados de longa duração (pessoas
geralmente com idades superiores a 55 anos), que exercem maioritariamente funções de motorista. Anteriormente existiam ainda acordos com a segurança social. As operações realizam-se em Faro e Portimão Quanto ao trabalho desenvolvido no banco existem dois locais onde as operações se realizam em simultâneo – Faro e Portimão. Susana Moreira é voluntária no banco alimentar de Faro há quatro anos e referiu ao POSTAL que “faço de tudo um pouco, mas estou maioritariamente aqui na receção do armazém. A nível pessoal é uma retribuição mútua o facto de interagirmos com as pessoas e há toda uma troca inerente. Existe uma grande satisfação pessoal associada ao voluntariado, pois há sempre algo a aprender e a dar e é essa troca/ interação que é reconfortante. Passo aqui cerca de cinco/seis horas”. Banco alimentar distribui cerca de dois milhões de quilos de alimentos por ano O banco alimentar distribui anualmente cerca de dois milhões de quilos de alimentos. Segundo Nuno Alves, “todos os dias há produtos a chegar e a sair. Nos últimos anos os números têm-se fiado nos dois milhões de quilos de alimentos. Repara-se que quando abriu, em 2007 e nos primeiros anos distribuía meio milhão de quilos e hoje trabalha quatro vezes mais”. Os valores que norteiam o funcionamento do banco alimentar assentam na dádiva e partilha. Para fazer voluntariado, “não são necessárias muitas horas, não é necessário vir para aqui de manhã até à noite e de segunda a sexta. O voluntariado não é isso. Bastam duas horas por semana ou dois turnos de duas horas por semana, dependendo do tipo de trabalho. Há tarefas que são desenvolvidas em alguns momentos do ano e nem precisa de ser todas as semanas. Acho que faz todo o sentido fazer voluntariado, dos mais novos aos mais velhos, porque enquanto pessoas temos a obrigação de nos envolvermos nas soluções da comunidade”, afirmou Nuno Alves. Concluiu dizendo que “o banco alimentar enquanto instituição não vale por ser sozinho, vale por aquilo que é, que são exatamente 106 instituições em 15 dos 16 concelhos da região. É isto que vale o banco. E esta ajuda faz toda a diferença na vida destas cerca de 15 mil pessoas”.
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o
ABRIL 2019 n.º 126 7.520 EXEMPLARES
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MISSÃO CULTURA •••
O apagar da chama fotos: d.r.
Ficha técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saul de Jesus • Espaço ALFA: Raúl Grade |Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direção Regional de Cultura do Algarve • Reflexões sobre urbanismo: Teresa Correia Colaboradores desta edição : Brígida Baptista, Sérgio Marques Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 7.520 exemplares
Direção Regional de Cultura do Algarve
Inaugurada há 75 anos, a Industrial Farense, L.da encerra o seu espaço na cidade de Faro para se transferir para os arredores. As novas instalações permitirão, a uma indústria quase centenária, fazer frente aos desafios do século XXI, numa região em que a palavra indústria se associa, sobretudo, ao Turismo. Refletir sobre o património industrial é o desafio lançado pela Direção Regional de Cultura do Algarve no mês em que a história desta indústria de transformação da semente de alfarroba se reformula. O progresso não pode ser interrompido, mas é necessário registar o legado de um passado ainda tão presente, valorizando a indústria como património, com os testemunhos dos modos de fazer tradicionais, ainda que industriais. O pouco distanciamento temporal faz com que estes espaços/edifícios estejam muito presentes no nosso dia-a-dia, impedindo-os de ganhar dimensão enquanto espaços de memória, sendo que a preocupação em proteger e estudar o património industrial é relativamente recente. Na maioria das vezes, ocupam edifícios de arquitetura funcional que dificulta um olhar crítico que os valorize enquanto património. No entanto, estes espaços são uma herança cultural que, no mínimo, vale a pena registar para mais tarde recordar: a arquitetura, o modo como o espaço se organiza, a simplicidade ou não da forma dando resposta a uma função, o saber fazer, os processos de produção, a maquinaria utilizada, a vivência do espaço, são testemunhos muito distantes da motivação generalizada de associar património a história (passado) ou beleza (arte). Importante, também, é salvaguardar as memórias da matéria-prima e da mão-de-obra que lhes dão vida: seria restritivo pensar estes edifícios como “casas” vazias. Para muitos representam, mesmo, o espaço onde passaram grande parte da sua vida, lugares de memórias.
Ilustração 1 – @ Lenea Andrade • O património material, imaterial e, mesmo, natural da Industrial Farense, L.da congrega todos estes olhares: material (construído, industrial), imaterial (o saber fazer e a própria
história da recolha da matéria prima) e o natural (todo o espaço em que a alfarrobeira se implanta na paisagem algarvia onde as culturas de sequeiro são ainda relevantes). l
Ilustração 3 - @ Cristina Fé Santos •
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CULTURA • SUL
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LETRAS E LEITURAS •••
Uma Questão de Conveniência, de Sayaka Murata que é a loja, sinto a manhã fluir com normalidade. Do lado de fora dos vidros reluzentes e sem uma única dedada, vejo as pessoas caminharem apressadas. Mais um dia que começa. É esta a hora a que o mundo acorda e todas as suas engrenagens se põem a girar. Também eu estou em movimento, como uma dessas engrenagens. Sou uma peça no mecanismo do mundo, a rodar dentro desta manhã.» (p. 12)
Paulo Serra
Se na obra A Vegetariana, da autora coreana Han Kang, a personagem começa pelo vegetarianismo para depois passar a querer anular-se enquanto mulher ou ser humano e transformar-se numa árvore, numa fuga ao real e numa oposição aos valores da sociedade contemporânea, neste romance de Sayaka Murata, Uma Questão de Conveniência, a protagonista é vista como estranha, mediante os padrões da sociedade dita normal, por levar uma vida pacata, simples e regrada, como empregada de uma loja de conveniência. Keiko tem 36 anos de idade, trabalha nessa loja há 18 anos, há 157.800 horas desde a sua primeira manhã, quando a loja abriu ao público, e não aspira a mais nada, para grande desconcerto da família e dos amigos, que também nunca lhe conheceram um namorado. «Dentro da pequena caixa iluminada
fotos: d.r.
Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
Aquilo que em A Metamorfose, de Kafka, se prende com a diferença e com o desconcerto do mundo, é aqui vertido em desejo de ordem e normalidade. A loja de conveniência é como um aquário a partir do qual se avista o mundo exterior, mas sem nele se
fundir, onde tudo é fácil de gerir, em gestos de autómato, que pretendem servir o outro, e o consumismo, pois o outro é aqui um cliente, que apenas está de passagem, a comprar algum bem descartável para uma necessidade imediata, seja um chocolate, um bolinho de arroz, ou uma bebida em lata. «A campainha que avisa quando alguém entra na loja de conveniência ressoa nos meus ouvidos como o sino de uma igreja. É a certeza de que, sempre que eu abrir a porta, esta caixa envidraçada e iluminada estará à minha espera. Um mundo necessário, sólido e constante, que nunca para de funcionar. Tenho fé no mundo que há dentro desta caixa repleta de luz.» (p. 38) O romance ganha contornos de alegoria dos tempos modernos, de uma vida anódina, em que multidões se confundem num único indivíduo, e os estereótipos abolem a singularidade de cada um, numa escrita que ganhava mais, há que dizer, em ser menos autoexplicativa, enquanto aborda temas como o papel das mulheres na sociedade, a maternidade/paternidade, a assexualidade ou o celibato voluntário. «O padrão do mundo é rígido e os corpos estranhos são eliminados sem alarde. Os seres humanos fora do padrão acabam por ser ajustados e corrigidos.» (p. 83)
A vida é portanto feita de uma cadeia de expectativas a que temos de corresponder, sob risco de sermos alienados ou excluídos: «As pessoas continuam a meter-se nas nossas vidas mesmo depois de nos casarmos. Se não estivermos de algum modo a contribuir para a sociedade, mandam-nos procurar emprego. Se arranjamos emprego, querem que ganhemos bem. Se já estamos a ganhar bem, mandam-nos arranjar uma mulher e filhos... Somos toda a vida avaliados.» (p. 90)
A certa altura, Keiko aprende a defender-se, copiando os modelos das colegas, arrastando a voz, imitando-
-lhes a roupa e os acessórios, quase se confundindo com elas, mas não deixa de ser vista como alguém que vive de forma estranha. Até que ao conhecer um colega contestatário, inapto para funcionário da loja, e que passa a aproveitar-se de Keiko como um parasita, a jovem, na verdade já uma mulher, sente finalmente que a normalidade tão desejada pelos outros para si pode agora ser alcançada na sua vida, mesmo que isso implique abdicar daquilo que dá sentido à sua existência. Uma Questão de Conveniência, publicado pela Dom Quixote, venceu o prémio Akutagawa e foi traduzido em mais de vinte países. Publicado em 2016, a edição portuguesa foi adaptada a partir da tradução brasileira feita por Rita Kohl, tradutora do japonês formada em Letras pela Universidade de São Paulo, com mestrado em Literatura Comparada pela Universidade de Tóquio. Sayaka Murata nasceu em Inzai, no Japão, em 1979. É uma das vozes mais originais da ficção contemporânea japonesa, e uma das mais mediáticas romancistas da actualidade, escreveu para a revista Granta e foi nomeada Mulher do Ano pela revista Vogue japonesa em 2016. Trabalha a tempo parcial numa loja de conveniência, na cidade de Tóquio, alegando que a observação do quotidiano das pessoas que frequentam a loja é inspiradora para a sua obra.
Comportamento, A biologia humana no nosso melhor e pior, de Robert M. Sapolsky O livro Comportamento – A biologia humana no nosso melhor e pior não é propriamente recente, pois foi publicado em Outubro do ano passado, pela Temas e Debates, mas será certamente intemporal, até que algum estudo mais completo o possa complementar. Procurando responder à questão «Porque fazemos o que fazemos?», e recorrendo ao resultado de mais de uma década de trabalho, Robert Sapolsky tenta responder a esta pergunta centrando-se, sobretudo, no «conjunto confuso de sentimentos e pensamentos sobre violência, agressividade e competição» que a maioria dos seres humanos carrega (p. 10). «Pondo as coisas de forma mais óbvia, a nossa espécie tem problemas com a violência. Possuímos os meios para criar milhares de cogumelos atómicos; chuveiros e sistemas de
ventilação subterrânea já disseminaram gases venenosos, cartas levaram anthrax, aviões de passageiros foram transformados em armas; violações em massa podem constituir uma estratégia militar; bombas explodem em mercados, crianças com armas massacram outras crianças; há bairros onde todos, dos que entregam pizas aos bombeiros, temem pela sua segurança. E há as formas mais subtis de violência: digamos, uma infância inteira de abusos, ou as consequências para uma população minoritária quando os símbolos da maioria exalam dominação e ameaça. Estamos sempre à sombra do perigo de ter outros seres humanos a magoar-nos.» (p. 10-11) Mas o problema e o ponto central deste livro é que ao contrário de outros flagelos que a Humanidade procura erradicar do Mundo, como
doenças crónicas, ou aquecimento global, ou meteoros, a violência não parece preocupar ninguém: «Odiamos e tememos o tipo errado de violência, aquela que ocorre no contexto errado. Porque a violência no contexto certo é diferente. Pagamos bom dinheiro para vê-la num estádio, ensinamos os nossos filhos a responder-lhe e orgulhamo-nos quando, numa meia-idade já meio decrépita, conseguimos atingir o adversário com um desonesto golpe de cintura durante um jogo de básquete de fim de semana.» (p. 11) Com irreverência e sentido de humor, suficientes para amenizar uma leitura de um livro que se estende por quase 900 páginas, e daí o seu pedido recorrente ao leitor “para que não mude de canal”, Sapolsky procura contar a história do comportamento humano por etapas, recuando no tempo: «Um comportamento acaba de ocorrer. Porque ocorreu?» (p. 14) Neurobiólogo – aquele que estuda o cérebro – e primatologista – aquele que estuda macacos de todo o tipo –,
o autor começa por analisar o que se passou no cérebro da pessoa um segundo antes de o comportamento se manifestar, recuando consecutivamente: segundos a minutos antes, horas a dias antes, dias a meses antes, recua à adolescência do sujeito, ao berço, ao útero, ao óvulo fertilizado, até chegar aos séculos e milénios antes que testemunharam o início da espécie humana e o nosso legado evolucionista. A primeira categoria de explicação é neurobiológica mas Sapolsky adopta uma visão holística, multidisciplinar, consciente de que não é possível explicar o comportamento humano sem ir além da neurobiologia e da endocrinologia. «Portanto, algumas vezes, o desafio intelectual é compreender o quanto somos semelhantes a animais de outras espécies. Noutros casos, o desafio é reconhecer como, apesar de a fisiologia humana manter semelhanças com a de outras espécies, nós a utilizamos de maneiras diferentes.» (p. 19) Explora-se neste livro a biologia da violência, da agressividade e da
competição, analisando os comportamentos e os impulsos que as motivam, mas este é também um tratado de psicologia sobre como as pessoas são ainda capazes de cooperação, afiliação, reconciliação, empatia e altruísmo: «procuraremos entender o virtuosismo com que nós, seres humanos, nos agredimos ou cuidamos uns dos outros, e o quão interligada é a biologia de ambos.» (p. 21) Diz ainda o autor na Introdução que «às vezes a única forma de entender a condição humana é levar em conta apenas os seres humanos, pois as coisas que fazemos são únicas. Enquanto poucas outras espécies pratiquem o sexo não reprodutivo, nós somos os únicos que depois conversamos sobre como foi.» (p. 19) Robert M. Sapolsky é autor de várias obras de não-ficção, como A Primate’s Memoir, The Trouble with Testosterone e Why Zebras Don’t Get Ulcers. É professor de Biologia e Neurologia na Universidade de Stanford e foi premiado pela MacArthur Foundation. l
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ARTES VISUAIS •••
Pode a arte contribuir para a paz? fotos: d.r.
Saul Neves de Jesus
Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; https://saul2017.wixsite.com/artes
Obra “PAZ é o caminho (Homenagem a Gandhi)”, de Saul de Jesus (2018) • Vivemos numa sociedade cada vez mais caracterizada pela violência, entre países, entre gerações, entre géneros, etc. Há quem diga que sempre houve violência ou guerras na história da humanidade, pelo poder, pela conquista de espaço, pelo desejo de posse, mas o problema adicional é que os meios usados são cada vez mais mortíferos, atingindo muitos inocentes. Esta é uma questão central quando pensamos o futuro da humanidade.
Tal como as questões ambientais, as questões ligadas à paz, em particular, são fundamentais para podermos pensar na vida no nosso planeta a médio/longo prazo. Foi nesse pressuposto que o “Conselho Português para a Paz e Cooperação” fez uma petição “pela assinatura por parte de Portugal do tratado de proibição de armas nucleares – Pela paz, pela segurança, pelo futuro da humanidade!”. De entre as várias iniciativas que tem vindo a realizar, este Conselho, em colaboração com a “Peace and Art Society”, desde final de 2018, tem organizado várias exposições no Algarve, intituladas “Artistas pela Paz”. Tendo sido convidado a participar, realizei a obra “PAZ é o caminho (Homenagem a Gandhi)” (2018). Na tela fiz um desenho que pode ser percebido como uma pomba, símbolo da paz, ou como uma mão, sendo colocados os dois dedos numa expressão de vitória. Desta forma procurei salientar a importância da vitória da PAZ para a sobrevivência da espécie humana. Na tela também aparece escrita a palavra PAZ, a qual liga duas hipóteses: a de sobrevivência e a de não sobrevivência, em função do caminho que for seguido no futuro. A hipótese de não sobrevivência é ilustrada na parte de baixo da tela, através da imagem de uma obra que realizei anteriormente (“O império das formigas que aprenderam a falar chinês”; 2011), em que é expressa a possibilidade da espécie humana poder ser extinta, nomeadamente devido a uma guerra nuclear, sendo colocada a hipótese de as formigas virem a ser a espécie mais desenvolvida do planeta. Para que tal não aconteça e a espécie humana sobreviva será então fundamental a PAZ, pelo que aparece na parte de cima da tela uma adaptação da afirmação de Mahatma Gandhi: “Não há um caminho para a paz. A paz é o caminho”. Gandhi liderou o movimento da independência da Índia através do princípio da não agressão ou forma não violenta de protesto (Satyagraha), sendo um dos melhores exemplos, na história da humanidade, de uma vida em prol da paz. Este é um assunto que me tem preocupado nos últimos anos, tendo em 2010 realizado uma outra obra intitulada “Grito de sangue em atentado
terrorista” (2010), com as dimensões de 4,00m x 2,10m. Considero que a arte visual talvez possa ajudar a parar no tempo e a refletir, de forma a que não se repitam no futuro os erros do passado. A história é feita de acontecimentos marcantes, uns bons e outros maus, podendo a arte visual ajudar a manter vivas no presente as memórias do passado, ajudando a construir os caminhos do futuro. As guerras destacam-se de entre os acontecimentos marcantes na história de qualquer povo, havendo obras de arte que ajudam a compreender o que aconteceu em determinados períodos da história. Uma das obras de arte mais conhecidas que procura expressar o horror da guerra é a pintura “Guernica”, de Picasso, com a dimensão de 3,49m x 7,77m, exposta no Museu Reina Sofia, em Madrid. Esta é uma das principais obras de Picasso, constituindo uma “declaração de guerra contra a guerra e um manifesto contra a violência”, segundo alguns autores. Esta obra foi feita em 1937, sobre a Guerra Civil de Espanha, tendo ou-
Imagem da exposição “Artistas pela Paz” (Vila Real de Santo António, 2019) •
Aviões negros”, de Horacio Ferrer, e “Aidez l’Espagne” (“Ajudem a Espanha”), de Miró. Na atualidade, destaco os trabalhos de Banksy em graffitis que podemos encontrar em ruas, pontes e muros de diversas cidades do mundo. Em particular, há um ano e meio, Banksy abriu o Hotel Wa l l e d - O f f, considerado aquele com “pior vista do mundo”, pois situa-se em frente ao muro de Israel na Cisjordânia, que constitui uma das materializações mais emblemáticas do conflito entre israelenses e palestinos. E este muro é a vista que os nove quartos deste hotel possuem. Além disso, a deLogo das exposições “Artistas pela Paz” • coração dos quartos alertros artistas realizado, no mesmo ano, ta para este conflito, havendo, por obras que expressam a necessidade exemplo, por cima de uma das camas, de acabar com a guerra e de promover um graffiti de uma guerra de travesa paz. Por exemplo, “Madrid 1937 seiros entre um soldado israelense e
um manifestante palestino. Desta forma, a arte contribui como instrumento de crítica social e política, procurando influenciar valores sociais e decisões políticas. A arte pode inserir-se num movimento de “educação para a paz”, nesta sociedade em que é cada vez mais importante educar para princípios éticos universais e para valores humanistas, como sejam a honestidade e o respeito pelos outros. PAZ é a palavra que mais vezes aparece nos dias a comemorar ao longo do ano. Assim, temos o Dia Mundial da Paz (1 de janeiro), o Dia Escolar da Não Violência e da Paz (30 de janeiro), o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz (6 de abril), o Dia Internacional dos Soldados da Paz das Nações Unidas (29 de maio), o Dia Internacional da Paz (21 de setembro), o Dia dos Jornalistas Pela Paz (27 de outubro) e o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento (10 de novembro). Mas, para além de todas estas manifestações a favor da paz, considero importante destacar uma outra faceta neste processo que diz respeito à paz consigo próprio, ao desenvolvimento da espiritualidade, pois só em paz consigo mesmo é que o ser humano consegue estar em paz com os outros. A paz está em cada um de nós e é fundamental que cada um de nós a encontre com equilíbrio, serenidade e alegria! Já agora, a arte pode ajudar... l
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REFLEXÕES SOBRE URBANISMO •••
O ordenamento do território e a energia d.r.
Tudo isto são recursos já conhecidos, mas pouco implementados, o que nos leva a questionar sobre qual o propósito do investimento público, que não existe ou escasseia.
Ações simbólicas Teresa Correia
Arquitecta / urbanista arq.teresa.correia@gmail.com
Preparar os territórios para uma crise energética O consumo de energia eléctrica em Portugal cresce de dia para dia, acompanhando o mundo dito civilizado. A produção interna, sendo inferior ao consumo, torna o país dependente do seu exterior no fornecimento da mesma. Em termos agrícolas ou até industriais, o produto energético mais utilizado ainda se baseia nos combustíveis fósseis por serem mais acessíveis ou até mais cómodos na sua utilização. Quais os desígnios que temos para melhorar a nossa independência energética, e quais os impactos ambientais que realmente temos capacidade ou queremos suportar? Os governos, embora possam es-
O sol é uma fonte inesgotável de energia que no Algarve poderia ser aproveitada a uma escala muito superior •
tar estimulados para o carro eléctrico, não criaram o estímulo à produção de micro-instalações locais, com uma proximidade entre o produtor e o consumidor, melhorando os seus incentivos para a sustentabilidade energética. Seria assim de integrar as instalações de painéis fotovoltaicos nos edifícios habitacionais, criando um espaço mais amigável à conexão com a rede geral de electricidade. Mas os interesses eventualmente das grandes poderosas da energia, nomeadamente da sua distribuição, poderão não aconselhar tal independência. Esses gigantes, que neste
momento já estão nas mãos de entidades estrangeiras, com objetivos um pouco mais afastados que os interesses nacionais.
Os recursos naturais ao nosso dispor Escusado será referir que o sol é uma fonte inesgotável de energia, a qual no país e no Algarve, em especial, poderia ser aproveitada a uma escala muito superior. A energia solar é a mais natural das nossas fontes energéticas, pelo que a experiência piloto em zonas mais isoladas, como
a Ilha da Culatra, faz todo o sentido. Para além desta, temos também os nossos rios e ribeiras, que poderão ser também utilizados como fonte energética pela construção de barragens que em tempos de seca ou de extremos climáticos constituem reservas importantíssimas. O mar e a Universidade do Algarve, com essa imensidão de energia, seria uma ótima aliança no campo das energias, faltando apenas o impulso e o investimento para dar o passo em frente na concretização da produção de energia elétrica a partir do movimento das ondas.
Remete-se, pois, para o simbólico, como a Hora do Planeta, na qual no meu tempo de executivo se desligaram algumas praças e monumentos, numa forma de chamada de atenção para o problema energético. Esta semana, mais uma vez, ocorreu por todas as cidades do mundo, existindo um cada vez maior número de aderentes. Outra ação simbólica, foi a colocação de um veículo eléctrico de transporte de passageiros na Rede Próximo, em Faro, o que é apenas mais um sinal positivo. Porém, seria ainda mais positivo passarmos a construir consciências mais abertas e criarmos políticas assertivas de ambiente, sem meras retóricas, construtivas do ponto de vista até fiscal, para a criação de melhorias nas nossas habitações. As questões energéticas são vitais para o funcionamento de um país, não devendo ser apenas reparos pontuais, mas objeto de uma discussão séria e madura. l
ESPAÇO AGECAL •••
A arqueologia fluvial e marítima do Algarve
Brígida Baptista
Arqueológa náutica e subaquática
A posição privilegiada da costa algarvia virada ao Atlântico, proporcionou desde a Antiguidade condições ideais à implantação de povos, que a partir do litoral se expandiram pelo território. A sua distinta paisagem cultural marítima, com um barlavento de arribas recortadas e um sotavento de ilhas-barreiras, deu ao Algarve um papel crucial como zona de passagem e confluência de povos numa ligação entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Ao longo da costa implantaram-se, desde a Pré-História, povos que construíram importantes complexos portuários, marítimos e fluviais, dan-
do origem a algumas das importantes vilas e cidades, tanto do barlavento algarvio, como Sagres/Vila do Bispo, Lagos, Portimão e Silves, como do sotavento, de que são exemplo Loulé, Quarteira, Faro, Olhão, Tavira, Cacela, Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim. A arqueologia em meio terrestre tem contribuído para o conhecimento da história destas cidades, porém exclui-se muitas vezes a ligação destes espaços com a sua envolvente marítima e no papel que as “estradas líquidas” tiveram no desenvolvimento destes territórios. O contributo da arqueologia náutica e subaquática é neste sentido crucial para este conhecimento. Contudo, é ainda reduzido o número de estudos e de investigadores debruçados sobre a história marítima e fluvial do Algarve. Os primeiros trabalhos de arqueologia náutica e subaquática no Algarve iniciaram-se na década de 80 do século XX, com uma equipa do Museu Nacional de Arqueologia, em Salema, Vila do Bispo, com as primeiras intervenções no sítio de
naufrágio do L’Ocean, um navio-almirante francês naufragado em 1759. Em 1993, foi criado neste mesmo sítio o primeiro Itinerário Arqueológico Subaquático português que permitiu o usufruto pela visita dos mergulhadores desportivos ao local. Já ao nível da identificação de sítios arqueológicos, a partir de 1995 o IPPC e o Museu Nacional de Arqueologia iniciam a constituição do primeiro esboço da Carta Arqueológica Subaquática portuguesa (1999) com a criação do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), fazendo aumentar o número de sítios identificados ao longo de toda a costa algarvia. Esse número ascende hoje a cerca de duas centenas de registos de vestígios, entre naufrágios, achados fortuitos, espólio e referências históricas. Porém, existe uma significativa discrepância entre os sítios identificados na região do sotavento e os identificados a barlavento, este último com um número superior de vestígios identificados. Destacando-se assim os concelhos de Vila do
Bispo, Lagos e Portimão. O rio Arade, a barlavento, é uma das zonas mais estudadas, com grande destaque para o seu antigo complexo portuário do Algarve. A investigação e os trabalhos arqueológicos subaquáticos nesta zona têm sido quase em contínuo desde as primeiras ocorrências arqueológicas registadas na década de 70 do século XX até aos dias de hoje. É neste estuário que decorre o único projeto de investigação registado de arqueologia náutica e subaquática no Algarve pelo CHAM (Centro de Humanidades) da Universidade Nova de Lisboa intitulado "Um complexo portuário milenar no Barlavento Algarvio: a arqueologia do estuário do rio Arade". Outros importantes exemplos são o de Quarteira Submersa (1999) e a Carta Arqueológica Subaquática do Concelho de Lagos (2006-2010). No sotavento, esta arqueologia traduz-se em achados fortuitos recolhidos a grandes profundidades por pescadores, estando os trabalhos científicos quase exclusivamente ligadas a ações de salvaguarda patrimonial, prévios
às obras portuárias, o que raramente se traduz em investigações ou publicações científicas. Para além do património cultural marítimo e subaquático, não devemos descurar, no âmbito do património cultural marítimo, o que está ligado às vivências das comunidades ribeirinhas e ao património imaterial. Neste imenso potencial de herança cultural, é importante fomentar não só a ligação da comunidade científica com as comunidades piscatórias, como fomentar o diálogo, a troca de informação e a valorização histórico-patrimonial dessas mesmas comunidades. E porque, só conhecendo podemos valorizar e proteger o que conhecemos ,consideramos ser crucial que haja mais interesse dos investigadores sobre os temas do mar. São hoje de fomentar os estudos multidisciplinares que podem de algum modo contribuir para uma melhor reconstrução da paisagem marítima algarvia e conhecimento da importante herança cultural e patrimonial marítima do Algarve. l
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MARCA D'ÁGUA •••
Maria de Lourdes Pintasilgo: Cuidar o futuro através de uma nova cultura política d.r.
Maria Luísa Francisco Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
luisa.algarve@gmail.com
Maria de Lourdes Pintasilgo (19302004) formou-se em Engenharia Química no Instituto Superior Técnico e foi dirigente eclesial e política. Foi a única mulher que desempenhou o cargo de primeira-ministra em Portugal, tendo liderado o V Governo Constitucional, de 31 de Julho de 1979 a 3 de Janeiro de 1980. A sua dimensão de católica era indissociável dos seus empenhamentos sociais, sendo o horizonte da justiça a sua ambição política. Em 1957 fundou em Portugal o movimento internacional de inspiração cristã designado por Graal. Entre 1964 e 1969, enquanto vice-presidente internacional do Graal, foi coordenadora de programas de formação e de projectos-piloto no domínio da emancipação da mulher, do desenvolvimento, da acção sociocultural e da evangelização. Entre os muitos lugares que desempenhou internacionalmente, foi embaixadora de Portugal junto da UNESCO e eurodeputada. Foi convidada (anos 90) para presidir à Comissão Independente sobre a População e Qualidade de Vida, no âmbito da ONU,
tendo escrito o prefácio do Relatório dessa Comissão designado: Cuidar o Futuro – Um programa radical para viver melhor. Este Relatório, publicado em português em 1998, é um livro de consciencialização, problematizando questões que ainda hoje continuam muito actuais, tal como a crise ambiental. Um Relatório "visionário". Foi um dos documentos de trabalho que escolhi para algumas cadeiras que leccionei no ensino superior. Chegou ao conhecimento de Maria de Lourdes Pintasilgo que uma jovem professora era entusiasta deste Relatório e o partilhava nas aulas. Segundo uma pessoa que lhe era próxima iria ser marcado um encontro para nos conhecermos. Infelizmente nesse Verão de 2004 Maria de Lourdes partiu e fiquei com imensa tristeza por não a ter conhecido pessoalmente. Continua a ser uma inspiração para mim, pela forma como se entregou às causas, pela fé e pelo exemplo de vida.
Cuidar o Futuro – para uma ética global O Relatório introduz a noção de cuidado na acção política. A partir deste conceito a antiga primeira-ministra portuguesa defendia algumas das ideias fundamentais do seu pensamento e também do trabalho da Comissão Independente para a População e Qualidade de Vida: a importância de um novo contrato social que envolva a sociedade civil; a necessidade de uma concepção da política que implique não apenas a liberdade, mas também a responsabilidade; um
Maria de Lourdes Pintasilgo continua a ser uma inspiração para Maria Luísa Francisco • novo conceito de educação e um papel mais relevante para as mulheres. Maria de Lourdes Pintasilgo contribuiu para que fosse dado um novo sentido ao cuidado, trazendo o conceito de cuidado para o espaço público e, segundo a professora e investigadora Fernanda Henriques (Uni. Évora), contribuiu para que o cuidado fosse a chave para a configuração de um novo paradigma para a política. A ética global está assente em dois pilares que estão interligados: o do cuidado e o da responsabilidade, que são para Maria de Lourdes Pintasilgo a base da acção humana. A integração destes dois pilares no seu pensamen-
to e acção revela a importância da filosofia na sua vida e a influência de Martin Heidegger e de Hans Jonas no seu percurso como pensadora. Essa coerência sente-se nas suas palavras enquanto candidata independente às eleições presidenciais em 1986: “Candidato-me porque a ética obriga a buscar caminhos para que aquilo que é tido como sendo o possível, se aproxime cada vez mais daquilo que é não só desejável mas imperiosamente necessário”. Para Maria de Lourdes Pintasilgo os governantes tinham a responsabilidade ético-política de contribuir para um futuro com Qualidade de
Vida, que conduzisse a uma humanização da política, onde o Outro fosse tratado como interlocutor válido na discussão política. O lema “cuidar o futuro” foi tão importante na sua vida, que o usou como título para o Relatório internacional acima referido e o usou como nome para a Fundação que criou e que gere e preserva o seu espólio. Em síntese, pode dizer-se que o lema “cuidar o futuro” resume a sua proposta de uma nova cultura política, de uma nova atitude ética ligada à capacidade de cuidar e à responsabilidade de construir um futuro melhor com uma existência mais digna e mais feliz. l
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ESPAÇO AO PATRIMÓNIO •••
Filmes parcialmente perdidos ou inacabados O Cinema como património – VIDEO LUCEM
Sérgio Marques
Programador e coordenador do Video Lucem
O trabalho de programação em cinema pode ser por vezes similar ao processo arqueológico. A partir de certas pistas podemos chegar a um território mais concreto, que nos abre caminhos e desperta possibilidades. Não obstante, trabalhamos numa escala temporal mais recente. O cinema nasce no final do séc. XIX, ou melhor, foi nessa altura que se descobriu como recolher e projetar as imagens em movimento. Inicialmente era uma atração apresentada como um número de circo, um ato mágico e até do domínio do oculto. Rapidamente começou a ser pensado como um meio de criação e difusão de conteúdos, tanto do ponto de vista artístico, como cumprindo uma missão mais direta de informação e até de propaganda de ideias e ideais. Para o trabalho de programador parece, portanto, mais fácil esta tarefa de pesquisa e de criação de um conceito que envolve filmes e criações, realizadas há pouco mais de um século. No entanto, a criatividade dos técnicos é infinita (tal como em todas as áreas artísticas) e o cinema passou por muitos processos técnicos, rápidos, e que criaram formas de acessibilidade e democratização a filmar, editar e contar uma história. Existe, por isso, para o programador um território, tão vasto como o planeta, no decurso de cem anos de produções,
onde poderá encontrar o que procura. Com a agravante de que, nas primeiras décadas desde o seu nascimento, não existiu especial preocupação com a preservação destes materiais fílmicos, muito sensíveis e facilmente inflamáveis. De ressalvar um pequeno parêntesis sobre uma nova iniciativa de alguns dos arquivos cinematográficos, que aparece há cerca de dez anos, com o intuito de angariar imagens em movimento, filmes, no boom das novas tecnologias e no momento em que a humanidade mais recolhe imagens, mais as arquiva e mais as difunde. A particularidade desta procura é que se focaliza nos filmes de família, filmes caseiros produzidos por não profissionais, desde os anos 40 até aos 90, por equipamentos técnicos não profissionais (super 8, VHS, dvcam, etc.), possíveis de ser adquiridos pelas famílias e que recolheram imagens de casamentos, baptizados, férias, momentos na rua. Essas imagens são agora objeto de estudo, por variadas razões, mas sobretudo pelo facto de encerrarem em si uma realidade histórica não manipulada, não inventada, a verdade real do quotidiano dos dias. Sem truques jornalísticos, sem adição de música para ajudar a criar a emoção, sem demagogias e, contudo, com muito pouca margem para a criação artística. Só o olhar de quem filma, verdadeiro amador, e que usa a câmara como instrumento registador de memórias. Video Lucem pretende apoiar e desenvolver atividades na época baixa do turismo Este lado mais puro, da recolha de imagens que tinham um fim meramente pessoal, num tempo em que as imagens não eram tão banalizadas
como no novo milénio, é a meu ver, o mais interessante desta pesquisa. Este texto é escrito do ponto de vista de um programador, de alguém que materializa uma ideia que quer partilhar numa programação de filmes. Que pondera porque o deve fazer e como trazer algo de novo com a ligação de objetos artísticos já fechados, os filmes. O momento em que alguém se encontra com um filme é um momento solene, importante e que pode trazer uma experiência única, uma revelação. O Video Lucem (do latim Vejo a Luz), programa do Cineclube de Faro inserido no âmbito do projeto de promoção cultural 365 Algarve, que pretende apoiar e desenvolver atividades na época baixa do turismo, foi o projeto onde fui convidado a pensar numa programação específica. Não sendo natural de Lisboa e tendo sempre presentes os desequilíbrios no investimento cultural fora do território da capital, a falta de equipamentos e de recursos humanos, bem como o défice de oferta cultural de qualidade assídua (que estabeleça a verdadeira dinâmica do usufruto dos bens culturais por todos), a missão principal seria criar algo novo que marcasse o território com originalidade. A ideia inicial seria apresentar cine-concertos com filmes mudos e colocar músicos improváveis a criar em direto uma banda sonora original, para cada um dos filmes selecionados. No processo de investigação e pesquisa dos filmes deparei-me com um filme “The River”, de Frank Borzage, realizado em 1928 nos Estados Unidos. O filme parcialmente perdido, estão desaparecidas algumas cenas, foi recuperado e nas partes em que não há cenas, existem uns cartões com texto que tentam revelar ao espectador a cena que deveria estar ali
e que não existe. Esta experiência de ser público, com momentos de liberdade de criação a meio do filme é nova, mesmo até avant-gard. Eu, público, decido a expressão que o ator faz quando recebe uma notícia inesperada. Decido o enquadramento, o que vejo ao fundo, a posição do corpo da atriz quando é beijada de rompante. Até decido os figurinos, o tipo de iluminação. O Eu público tem assim uma possibilidade, uma simulação, de ser Eu realizador. A partir deste filme a pesquisa do programador incide em filmes portugueses e estrangeiros que estão guardados em arquivos porque perderam o som, ou porque lhes faltam sequências, ou que nunca foram finalizados. As histórias que levaram a estes acontecimentos são elas próprias narrativas que mereciam ser transformadas em filmes. A partir das imagens existentes, filmadas, algumas mesmo montadas, e dos guiões originais dos filmes, foi preciso desafiar os artistas para este diálogo. Foram convidados compositores, músicos, cantores, atores e sonoplastas. Todos os nomes que foram surgindo aceitaram a proposta de imediato. “Ir ver um espetáculo é um encontro com aquilo que desconhecemos” No Video Lucem foram delineados seis cine-concertos-espetáculos em seis locais do Algarve, de Dezembro de 2018 a Maio de 2019. O programa termina com a apresentação do filme de Frank Borzage, filme que foi a génese desta ideia, acompanhado por piano e pela cantora Cristina Branco, em Tavira. Com a ligação ao Museu de Portimão, foi apresentado o filme “Heróis do Mar”, de Fernando Garcia, de
1949, que retrata a vida da pesca do bacalhau num registo dramático, com apontamentos cómicos (um dos atores principais é António Silva), na receita certa e eficaz do cinema produzido sobre o olhar do Estado Novo, com uma missão propagandística dos seus ideais. O desafio foi entregue à atriz e encenadora Flávia Gusmão que convidou a música e sonoplasta Madalena Palmeira para esta viagem de barco. A Flávia como comandante envolveu vários coletivos locais, identificados pela equipa da Câmara e do Museu de Portimão, e apresentou um resultado final, em criação coletiva. Muitas vezes os processos, quando gratificantes para os participantes, são mais importantes que o resultado final, mas neste caso particular, o resultado final foi uma criação emocionante e comovente para o público. O filme saiu do arquivo, esteve sempre presente, em palco, no seu suporte original - película 35 mm. O tempo de apresentação foi de duas horas na noite de 15 de Março de 2019. O que aconteceu em palco foi irrepetível – uma comandante e uma tripulação juntos no mesmo propósito, com um público a assistir e a perceber como se homenageia um filme esquecido num arquivo, uma vida de trabalho de homens e mulheres, uma ilusão que o cinema cria, um conjunto de náufragos. Uma viagem. Sobre o espetáculo em si nada posso escrever nem descrever. O Teatro e o Cinema têm dimensões que só podem ser explicadas no momento em que acontecem, para quem está presente. Em suma: ir ver um espetáculo é um encontro com aquilo que desconhecemos e que poderá, sem o sabermos, e inesperadamente, falar de nós. O filme já voltou para o arquivo e lá ficará guardado. l
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FILOSOFIA DIA-A-DIA •••
Resgate do Feminino d.r.
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
De acordo com a origem etimológica, a palavra Abril vem do latim aprilis que significa abrir. Abrem-se as flores na Primavera, germinam as culturas e venera-se Afrodite, a deusa grega do amor e da beleza, nascida na espuma do mar. Longe vão os tempos em que as mulheres ficavam em casa nas lides domésticas, ou a cuidar dos filhos, e submissamente se sujeitavam aos maridos que proviam para a família. Um estudo da OCDE de Março de 2018 mostra que as mulheres portuguesas lideram o ranking das ciências, tecnologias e matemáticas. Com 57% Portugal está no topo da lista, é o país da organização com mais mulheres formadas nas áreas de ciências. Contudo, o estudo refere ainda que “a desigualdade de género continua a ser uma realidade na maioria dos países, em todas as áreas sócio-económicas, com mais mulheres a seguir estudos superiores mas tendo bastante menos oportunidades de carreira do que os homens e com as diferenças salariais entre géneros para o mesmo tipo de trabalho a persistirem”. Não hajam dúvidas! As mulheres
conquistaram imenso terreno, mas quanto tiveram que sacrificar para o conseguir? O modelo de racionalidade masculino, caracteriza-se por um poder metafísico forte, uma verdade ontológica una, fixa, inalterável à qual se pretende aceder. Numa sociedade patriarcal, as mulheres masculinizaram-se para poder triunfar. Sacrificámos a intuição, a flexibilidade, a criatividade, em prol da objectividade, da racionalidade e da eficiência. Onde nos levou tudo isto? Aristóteles refere na Metafísica os cinco pares de opostos que os Pitagóricos consideravam como os dez princípios do mundo: finito e infinito, ímpar e par, unidade e pluralidade, direito e esquerdo, masculino e feminino, quieto e em movimento, recto e curvo, luz e obscuridade, bom e mau, quadrado e oblongo. Como podemos verificar, enquanto o lado masculino é o lado bom, onde se encontra a unidade e a luz, características sempre associadas ao acontecimento da verdade; o lado feminino é o lado “mau”, obscuro e múltiple, onde só se pode encontrar engano e aparência. Platão na República condena os poetas expulsando-os, entre outras razões, por provocarem naqueles que lhes são sensíveis comportamentos indignos e típicos das mulheres, como chorar, lamentar-se, estar fora de si, emocionar-se e perder o autodomínio. Já Kant, em Observações sobre o Belo e o Sublime, mostra-se ofendido pelas capacidades intelectuais e conhecimentos de Mme du Châtelet,
por esta não se limitar a conversar nos salões da sociedade como faziam as outras senhoras, considerando então que deveria tentar deixar crescer a barba, “de forma a dar mais profundidade aos seus pensamentos”, uma vez que se comportava de uma forma tão masculina. Aos seus olhos resultava inconcebível que uma mulher discutisse mecânica, ou que dominasse o grego, “como se de um homem se tratasse”. Hoje em dia sabemos que todos os seres humanos possuem características de ambos os géneros. Do ponto de vista intelectual dir-se-ía que somos andróginos, capazes tanto de um uso masculino como de um uso feminino da razão. A predominância do exercício da razão masculina legou-nos um mundo desequilibrado. Finalmente demo-nos conta de que “o preço que há de pagar a razão em troca do seu poder é uma impressionante limitação dos objectos que podem ver-se e acerca dos quais se pode falar”, afirmam os filósofos Vattimo e Rovatti, coordenadores de uma série de ensaios sobre a razão feminina. Dizem-nos então que “a razão deve debilitar-se no seu próprio núcleo, deve ceder terreno, sem temor de retroceder à suposta zona de sombras, sem ficar paralisada por ter perdido o ponto de referência luminoso, único e estável, que um dia lhe conferiu Descartes”. Esta necessidade de alargamento dos horizontes para a zona de sombra implica uma radical mudança de atitude; a razão dominadora, activa por excelência, deve
Todos os seres humanos possuem características de ambos os géneros •
ceder lugar a uma razão mais passiva e acolhedora. Chantal Maillard no seu livro La Razón Estética propõe que pensemos sobre o par de opostos débil/forte a partir da teoria chinesa das mutações permitindo-nos assim olhar este par já não desde a sua situação de opostos, mas antes a partir de uma óptica de complementaridade. Segundo Maillard, o débil é o forte em flexibilidade, em porosidade, em abertura, em capacidade de adaptação; por sua vez, o forte, é débil nas características que acabam de enunciar-se. E tal como no símbolo chinês o branco-forte-masculino-yang, tem em si o gérmen do negro, também o negro tem em si o gérmen do branco. Tratando-se de um desenho, habituámo-nos a ver estas figuras fixas, ignorando que se trata de uma realidade em movimento. Na
verdade Ying e Yang estão continuamente a transformar-se um no outro, a dar lugar um ao outro. Tal como a encosta soalheira da montanha é a mesma encosta durante a noite, assim também Ying e Yang perpetuamente se metamorfoseiam. As plantas e os seres que habitam a montanha beneficiam tanto da “luz vivificante do dia como do poder regenerador da noite”. Que é feito desse lado feminino? Esse lado que cuida, que cura, que acolhe sem julgamento. Como desembrutecer este mundo dominado pela tirania da técnica? E se nos embrenhássemos na espuma sensual de Afrodite? E se ouvíssemos o coração e nos abríssemos à intuição?... É urgente resgatar o feminino que existe em todos nós! l Inscrições para o café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com
ESPAÇO ALFA •••
Vamos valorizar a arte fotográfica na região Vico Ughetto Eduardo Pinto
Vítor Azevedo ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve
O Prémio Melhor Programação Cultural Autárquica, atribuído pela SPA à Câmara Municipal de Faro, foi um bom contributo para a pretensão da autarquia a Capital da Europeia da Cultura 2027. Claro que para lá chegar será necessário desenvolver muito trabalho na área cultural, em parceria com
Fotografia de rua em destaque no Festival Internacional Latitudes 21 em Huelva. Março 2019 • muitas entidades, e particularmente com o associativismo local que traba-
lha em prol da cultura, da região e dos seus valores pessoais e patrimoniais.
Se em outras áreas culturais Faro tem crescido apresentando já uma significativa oferta, na área da fotografia Faro ainda não atingiu esse patamar. A ALFA - Associação Livre Fotógrafos do Algarve pretende pôr em prática um projeto que consiste num evento anual de grande dimensão e qualidade, na área da fotografia. Para isso será necessário um trabalho conjunto e que envolva entidades oficiais e apoios de empresas/mecenas, uma vez que será necessário cativar espaços, convidar fotógrafos reputados (a nível regional/nacional e se possível internacional, para conferências, tertúlias, workshops), organizar exposições fotográficas de dimensão e qualidade, passeios e visitas fotográficas na região, realizar um concurso
de fotografia para o evento. Será muito importante que a autarquia tenha um espaço ao ar livre onde possam ser expostas fotos em grande formato, impressas em material resistente à intempérie. Aqui fica o desafio para que esta antiga ambição da ALFA passe a realidade, engrandecendo a fotografia e a região, divulgando os nossos artistas e trazendo conhecimento e troca de informação na área da fotografia. l
••• ROTEIRO GASTRONÓMICO
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Restaurante Beer & Tapas Nature O Beer & Tapas Nature fica no sopé das muralhas do Castelo de Tavira, no quintal do palácio de outros tempos, onde outrora habitaram fenícios, mouros, famílias abastadas, como a família Corte Real, entre outros povos. No centro de Tavira, num ambiente elegante, o balcão do BT Nature transborda com quiches sazonais, sanduíches, frutas frescas, sumos e saladas e ainda bolo caseiro acompanhado de café orgânico ou chá de folhas soltas. Desfrute das tapas, bruchettas e tibornas assinadas pela proprietária e da vasta coleção de cervejas, vinhos, medronhos, licores e compotas, doces e salgados, bem como latas de chá, garrafas de vinagre, azeite e mel, que poderá levar consigo ou degustar no espaço. Neste misto de delícias casuais, mas ao mesmo tempo sofisticadas, a alimentação vegetariana não pode faltar. Esta une a qualidade dos frescos e das iguarias que o Algarve proporciona. BT nature: um espaço de excelência no centro da cidade de Tavira.
d.r.
Rua da Liberdade, 24 - Tavira
ESPECIALIDADES
ESPECIALIDADES Sumos naturais, bruscheta vegetariana, tábua mista, fondue de chocolate
N/D
37.125328, -7.650441
bttavira@gmail.com
Todos os dias das 9h às 19h
Entre 3€ a 15€
d.r.
Restaurante ESTAMINÉ
Ilha Deserta (Ilha da Barreta) - Parque Natural da Ria Formosa
917 811 856
36.965810, -7.872675
reservasestamine@gmail.com
Aberto todos os dias para o almoço, durante todo o ano
30€
d.r.
Descubra o segredo mais bem guardado do Algarve: um restaurante único numa verdadeira Ilha Deserta. Com uma vista panorâmica deslumbrante sobre o Parque Natural da Ria Formosa, sete quilómetros de praia e o oceano a perder de vista, este é o destino ideal para desfrutar de uma refeição entre amigos ou família. No Estaminé pode apreciar a gastronomia tradicional como peixe e marisco fresquíssimo, entre outras especialidades genuinamente algarvias. Este é o único edifício na Ilha, uma estrutura ecológica e sustentável, movida a energia solar. Como lá chegar? Basta um curto e relaxante passeio de barco a partir de Faro (no Cais da Porta Nova a Animaris oferece várias opções). O Estaminé está aberto todo o ano. Bom apetite!
PRATO EMBLEMÁTICO
CAMARÃO “DA PRAIA Um prato de assinatura, que só pode encontrar no Estaminé, criado por Isabel Vicente, a proprietária. Sugerimos que peça de entrada este camarão descascado e envolvido no “segredo” da casa levemente picante. Responsável por muitos “Huuumm...” desde 1987.
Restaurante QUERENÇA
d.r.
18
Largo da Igreja, Querença - Loulé
289 417 510
37.199273, -7.987173
restaurantequerenca@gmail.com
Aberto todos os dias
15€ Por Pessoa
d.r.
O Restaurante Querença apresenta aos seus clientes uma gastronomia tipicamente algarvia, contemplando os sabores mais tradicionais desta zona mais rural do Algarve. Neste espaço rústico, acolhedor e romântico, os clientes podem desfrutar de uma vista privilegiada sobre a serra algarvia enquanto saboreiam a deliciosa carne de porco com migas, as tradicionais bochechas de porco ou, ainda, as opções vegetarianas de que o restaurante dispõe. O medronho, os licores típicos da nossa região e os doces caseiros são, também, imagem de marca do casa. O Restaurante Querença procura afirmar as tradições apostando sempre na qualidade.
PRATO EMBLEMÁTICO
JAVALI ESTUFADO
REGIÃO •••
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PÁSCOA: A PASSAGEM d.r.
Stefanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
A Páscoa é uma data bastante importante para os cristãos, pois assinala a ressurreição de Jesus Cristo, que ocorreu três dias após a crucificação. Esta é a mais importante e antiga festa cristã. O termo “Páscoa” tem uma origem marcadamente religiosa e deriva do latim Pascae. Ao longo da
história, a palavra páscoa teve várias variações. Na Grécia Antiga, este termo tinha o nome de Paska, no entanto, a origem mais antiga do termo remonta aos hebraicos, cujo termo Pesach significava “a passagem”. Para os cristãos a Páscoa celebra o momento em que a alma de Jesus se volta a unir ao corpo. No Catolicismo as comemorações referentes à Páscoa começam na Quinta-feira Santa. Na Sexta-feira Santa é celebrada a crucificação de Jesus, e no Domingo de Páscoa celebra-se a sua ressurreição e o primeiro aparecimento aos discípulos, encerrando assim as comemorações da Páscoa. A Páscoa é uma festa móvel e costuma ser celebrada entre os dias 22 de março e 25 de abril. Este ano celebra-se no dia 21 de abril. Esta data é comemorada em vários países, principalmente naqueles que têm uma forte influência cristã. A Páscoa é uma altura festiva que está repleta de simbologia. O coelho da Páscoa é um dos principais símbolos desta festividade porque antigamente existia a crença de que o coelho representava a fertilidade e o ressurgimento da vida. O ovo também é um símbolo emblemático desta data porque representa o começo da vida. Vários povos costumavam oferecer ovos aos seus amigos na expetativa de que essa oferta representasse a passagem para uma vida feliz. A partir destas tradições, surgiram os primeiros ovos de Páscoa. pub
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20
••• REGIÃO
12 de Abril de 2019
GUIDA BRUNO APRESENTA MEIO MILHAR DE MARCADORES DE LIVRO EM TAVIRA fotos d.r.
A Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, em Tavira, acolhe até o próximo dia 29 de Abril a exposição de marcadores de livro “A tradição sociocultural no mundo”, da autoria de Guida Bruno. A inauguração teve lugar no dia 2 do
corrente mês e contou com a presença da directora regional de Cultura do Algarve, da vereadora de Educação e Juventude da Câmara de Tavira, do presidente da União de Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), da
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do mundo”, informação médica, autores, religiosos, gastronomia e artes do espetáculo. Coleção seguirá para a Biblioteca Municipal de Castro Marim
AIP-IAP e do Clube UNESCO, “outros locais já mostraram o seu interesse em expor esta colecção que, para além da sua função principal – marcar a página onde a leitura foi interrompida – também incentiva a guarda de memórias”.
A colecionadora e curadora da exposição - Guida Bruno - ex-bibliotecária do Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa, trouxe até Tavira cerca de meio milhar de marcadores de todo o mundo. A autora salienta “a importância desta colecção como forma de contar várias histórias que ela própria desenvolve como contadora de histórias e promotora de leitura”. A AIP-IAP e o Clube UNESCO de Paremiologia-Tavira congratulam-se “pela presença de tão importante coleção – pela primeira vez no Algarve – e que logo seguirá para a Biblioteca Municipal de Castro Marim”. Segundo Rui Soares, presidente da
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Alguns dos marcadores que podem ser apreciados na biblioteca de Tavira
diretora da Biblioteca Municipal de Tavira e do presidente da Associação Internacional de Paremiologia (AIP-IAP), entre outras personalidades. Pela primeira vez no sul do país, a mostra conta com 15 vitrines, nas quais podem ser observados diversos marcadores e alguns, de maior valor, representativos de uma época específica. Em oito vitrines podem ser observados alguns marcadores dos mais curiosos e de maior valor como instrumento “revelador de época”. É o caso dos que podem ser vistos logo na vitrine da entrada da exposição, como que a querer dar-vos as boas vindas: algumas fitas de seda, marcadores de cartão de publicidade antiga das mais diversa como a chegada luz elétrica, do gás, a cola Sino, a pasta Binaca, Bolachas Aliança ou até a farinha Maizena. Nas outras sete vitrines estão núcleos de marcadores de livro infantil, de materiais diversos (plástico, metal, pano, cortiça, feltro..), “marcadores
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Edital n.º 21/2019
Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 26 de março de 2019, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade a proposta número 58/2019/CM, referente a Atribuição de apoio ao Centro Paroquial de Cachopo – XXV Feira de Produtos e Artesanato 2019; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 59/2019/CM, referente a Atribuição de apoios Semana Santa - Tavira 2019; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 60/2019/CM, referente a Atribuição de apoio ao abrigo do RMAAD - Clube Ciclismo de Tavira, Clube Náutico de Tavira e Clube de Vela de Tavira; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 61/2019/CM, referente a Atribuição de Apoio à Universidade do Algarve - Exposição Documental Comemorativa dos 40.º da Universidade do Algarve; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 62/2019/CM, referente a Atribuição de apoio à Sociedade da Banda Musical de Tavira; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 63/2019/CM, referente a Atribuição de apoios - Programa Viva a Primavera - 2019; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 64/2019/CM, referente a Atribuição de apoio à Ser Igual - Associação de Serviços Especiais de Reabilitação e Igualdade Campo de Férias da Páscoa; 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 65/2019/CM, referente ao Protocolo de cooperação para a implementação do referencial de Educação para a Segurança, a Defesa e a Paz, desenvolvido em conjunto pelo Ministério da Defesa Nacional e o Ministério da Educação; 9. Aprovada por unanimidade a proposta número 66/2019/CM, referente a Atribuição de apoio à Cruz Vermelha Portuguesa - Delegação de Tavira - Festa de Finalistas do Centro Infantil A Gaivota; 10. Aprovada por unanimidade a proposta número 67/2019/CM, referente ao Alargamento de horário de funcionamento para o estabelecimento Piano Bar, sito em Pedras D'el Rei; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 68/2019/CM, referente a Convenção de parceria entre o Município de Tavira e a Agência Portuguesa do Ambiente - Voluntariado Ambiental (Projeto LIFE VOLUNTEER ESCAPES); 12. Aprovada por unanimidade a proposta número 69/2019/CM, referente a Designação de entidade coordenadora local da parceria para o Contrato Local de Desenvolvimento Social 4G (CLDS-4G); 13. Aprovada por unanimidade a proposta número 70/2019/CM, referente a Prorrogação do prazo de elaboração do Plano de Urbanização de Tavira; 14. Aprovada por unanimidade a proposta número 71/2019/CM, referente ao Regulamento municipal de ocupação do espaço público e publicidade de Tavira - versão final; 15. Aprovada por unanimidade a proposta número 72/2019/CM, referente a Subconcessão do Algarve Litoral - Ref. DCO - 1702 - Lanço 2.3I) EN270 - Nó de Tavira (A22) / ER125 Transição da Gestão e Manutenção da Iluminação na Rotunda da EN270 com a A22 - Acordo de gestão; 16. Aprovada por unanimidade a proposta número 73/2019/CM, referente a 04-Emp/17 – Reabilitação do Cine Teatro António Pinheiro - 1.ª revisão de preços provisória; 17. Aprovada por unanimidade a proposta número 74/2019/CM, referente a 04-Emp/17 – Reabilitação do Cine Teatro António Pinheiro - Auto de suspensão.
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Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 04.04.2019, exarada a folhas 114 e seguinte do competente Livro n.º 143-A do Cartório Notarial de em Tavira, do Notário Bruno m2 Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A, que: Pomar citrinos: 8.158 - José Gonçalves, NIF 129394017, e mulher Maria José Rodrigues, NIF Terra de semear: 135657547, naturais da8.000 freguesiam2 de Cachopo, concelho de Tavira, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes em Vale de Odre, caixa Terra de semear: 9.788 m2 postal 502-Z, 8800-028 Cachopo, Tavira; - Declararam ser donoseeterra legítimos com exclusão de outrem, Pomar de citrinos depossuidores, semear 6.370 do prédio rústico, composto por terra de cultura arvense de sequeiro, com a área de 66.288,00 m2, que Área total: 32.316 m2 confronta do norte com herdeiros de Fernando Silvestre Pereira, do sul com caminho, do nascente com herdeiros de Manuel António Palma e do poente com herdeiros de Américo António Afonso, sito em Fornalha, na freguesia de Giões, concelho de Alcoutim, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim, inscrito na matriz, em nome do justificante marido, sob o artigo 3, da secção 44, com o valor patrimonial tributário de 975,57 €; - Tendo alegado para o efeito que o adquiriram por partilha meramente verbal com os demais herdeiros, por óbito dos pais da justificante mulher, Manuel Rodrigues e Maria José, residentes que foram em Vale de Odre, Cachopo, Tavira, no ano de mil novecentos e sessenta e três, em data que não podem precisar; - Sendo que, desde esse ano, possuem o prédio, usufruindo do mesmo, cultivando-o, tratando das árvores e recolhendo os frutos, pagando contribuições e impostos devidos, sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento de toda a gente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua, pública e de boa fé, pelo que adquiriram o prédio por usucapião.
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Sta Luzia >> Terra Estreita
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Percurso
Município de Tavira
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Tr
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NECROLOGIA
12 de Abril de 2019
IRENE TERESA R AIMUNDO MOR AIS
MARIA CREMILDE DA CONCEIÇÃO
JOSÉ SEBASTIÃO DOS SANTOS PALMA
30-06-1929 22-03-2019
27-03-1931 22-03-2019
74 ANOS
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
SÃO PEDRO FARO SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
SANTO ESTÊVÃO TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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AGRADECIMENTO Sua querida família cumpre o doloroso dever de agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que assistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 31 de Março, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia pelo seu eterno descanso, celebrada dia 04 de Abril, quinta feira, pelas 08:45horas na igreja de Santiago. “Paz à sua Alma” TAVIRA Agências. Funerárias Pedro & Viegas ,Lda Tavira Luz V.R. Stº António - Tlm.: 964006390 965040428
MAIA ALINE DE SOUSA ARR AIS
GER ALDO DA ENCARNAÇÃO FERNANDES CAVACO
25-07-1944 26-03-2019
17-10-1963 28-03-2019
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
SANTO ESTÊVÃO TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
SANTIAGO TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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MANUEL JORGE FERREIR A GONÇALVES
MARIA VITORIA MACHADO DE SOUSA PEREIR A
02-09-1957 31-03-2019
29-03-1941 05-04-2019
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
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REGIÃO •••
12 de Abril de 2019
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25 DE ABRIL: O DIA EM QUE A LIBERDADE VENCEU d.r.
A Revolução de Abril ficou conhecida como a Revolução dos Cravos Stefanie Palma / Henrique Dias Freire stefanie.palma.postal@gmail.com
25 de Abril de 1974. Uma data que ficará para sempre na memória do povo português. Os acontecimentos deste dia marcaram de forma decisiva a história do século XX em Portugal.
Esta data assinala a passagem de um regime ditatorial, do Estado Novo, para um regime democrático. No dia 24 de Abril um grupo de militares liderado por Otelo Saraiva de Carvalho começou a preparar a revolução. Perto das 23 horas foi transmitida na rádio a canção “E depois do Adeus”,
de Paulo de Carvalho. Este era um dos sinais combinados pelos responsáveis da revolução que desencadeou a primeira fase do golpe de estado. O segundo sinal foi dado perto da meia-noite e meia com a transmissão da canção “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, que marcou o início efetivo das operações. Os
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Capitães de Abril tinham como principal objetivo derrubar o regime salazarista. No dia 25 de Abril a população juntou-se aos militares, numa revolução pacífica, onde não existiu derramamento de sangue. Ao longo da revolução uma vendedora de flores começou a distribuir cravos e os soldados colocaram-nos nos canos das espingardas. A partir desse momento, os cravos tornaram-se o símbolo da Revolução de Abril. A partir desta data tudo mudou. Os ideais, formas de estar, sentir e comunicar alteraram-se profundamente. A liberdade de expressão e de ação venceu. O dia 25 de Abril representa, portanto, um marco histórico inegável. Assim, a data é comemorada todos os anos com diversas atividades alusivas a este acontecimento. Portimão vai realizar várias atividades com especial
destaque para a XV Corrida da Liberdade no dia 25 de Abril, das 9 às 13 horas, na Zona Ribeirinha de Portimão. A Câmara Municipal de Albufeira volta a assinalar as Comemorações do 25 de Abril com um programa, que este ano tem a duração de três dias (24, 25 e 26). Hastear das ban-
deiras em todas as freguesias do concelho, desporto, música, piquenique com animação para toda a família, largada de pombos, tarde dançante e uma tertúlia sobre a "Ditadura e a Revolução", por Margarida Tengarrinha, são as propostas do Município para recordar o Dia da Liberdade.
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Tiragem deste edição: 7.520 EXEMPLARES
O POSTAL regressa dia 26 de Abril
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NOVO GYMNASIUM TAVIRA
d.r.
ABRE COM MUITAS NOVIDADES Stefanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
O novo Gymnasium Tavira é inaugurado no próximo domingo, 14 de abril, pelas 15 horas. Este momento servirá para dar a conhecer o novo espaço onde também existirá um cocktail de boas vindas com muitas surpresas à mistura. Paula Caleça e José Eduardo Caleça, proprietários do Gymnasium, convidam toda a comunidade tavirense a participar neste dia especial. O primeiro Gymnasium abriu em Olhão, num armazém que estava abandonado junto à lota, tendo o espaço sido completamente remodelado. O segundo Gymnasium abriu em Tavira em 2015. Posteriormente, em 2017, abriram o Gymnasium em Faro, que contempla dois mil metros quadrados.
O novo Gymnasium tem uma dimensão de 1.200 metros quadrados, esta é também a forma que a marca tem de continuar a apostar na modernização e a dar as melhores condições de treino para quem escolhe o Gymnasium. O que distingue o Gymnasium de Tavira dos restantes ginásios? ▪ Algo que se sente e não tem comparação, energia e sorrisos em primeiro lugar; ▪ Aulas de grupo inovadoras (alguns exemplos: jump, pole dance e cross boxing, entre outros); ▪ Cerca de 50 aulas semanais. São três estúdios de aulas (um estúdio body and mind, um estúdio power e um estúdio de cycling que vai contemplar 20 bicicletas de cycling inicialmente); ▪ Uma zona de treino funcional; ▪ O Gym Kids, que é um serviço gratuito de babysitting. Neste serviço, terão uma sala com uma educadora ou animadora com um horário diário, que inclui
fins de semana, em que os pais podem deixar os seus filhos enquanto treinam; ▪ Equipamentos novos e adaptados para todo o tipo de treino; ▪ Consultas de nutrição; ▪ Tratamentos de acupunctura; ▪ Uma app inovadora em que as pessoas têm o seu plano de treino no telemóvel e vão conferindo e seguindo a sua evolução. Fica tudo registado na aplicação e vão percebendo a sua evolução em termos de peso, massa muscular, gordura visceral, entre outros factores. As pessoas vão receber gráficos para saber, por exemplo, o seu índice de massa corporal. Essas informações serão recebidas via email; ▪ Têm uma máquina com águas vitaminadas e também para além da água vitaminada contém uma percentagem de l-carnitina que ajuda a queimar gordura. A água é filtrada com ph a 7,5 sem fluor, nem aditivos. A água é pura.
São vários os motivos para visitar e conhecer o novo
Gymnasium de Tavira, por isso não perca esta oportunidade!
Juntos por todos,juntos pela agua Ninguem pode ficar para tras!
Dia 22 de Março celebramos o nosso bem maior! Este ano a celebração centra-se no tema “Não deixar Ninguém para trás”, num claro compromisso de universalização do acesso à água. O nosso organismo, os alimentos que produzimos, os bens que fabricamos, a energia que faz mover o nosso dia a dia... A água é o denominador comum a todos os sectores da nossa existência. No entanto, em todo o mundo, milhões de pessoas sobrevivem sem acesso a fontes seguras de água potável e em condições de higiene e saneamento inaceitáveis. Água para todos implica também que pessoas idosas, com deficiência, marginalizadas e pobres tenham acesso a água potável e a saneamento adequado, um acesso Universal a um bem essencial. Na Águas do Algarve agimos localmente mas de olhos postos num objectivo global: Levar água de qualidade a todas as pessoas, quem quer que sejam e onde quer que estejam.
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