ALGARVIO NELSON DIAS DESENVOLVEU TRABALHO INÉDITO
ORÇAMENTOS PARTICIPATIVOS EM
ATLAS MUNDIAL P.4 e 5
••• ENTREVISTA
Ana Fazenda faz balanço da vida profissional P.8 e 9
••• REGIÃO
Projeto musical une professor e biólogo P.18
••• REGIÃO
Portimão a postos para receber Rui Sinel de Cordes P.19
DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA Diretor Henrique Dias Freire • Ano XXXIII Edição 1238 • Quinzenário à sexta-feira 7 de fevereiro de 2020 • Preço 1,50€
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7 de fevereiro de 2020
Redação: Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com Online: www.postal.pt FB: facebook.com/postaldoalgarve FB: facebook.com/ cultura.sulpostaldoalgarve Issuu: issuu.com/postaldoalgarve Twitter: twitter.com/postaldoalgarve Diretor: Henrique Dias Freire Diretora executiva: Ana Pinto Redação: Ana Pinto (CO-721 A) Cristina Mendonça (CP 3258) Henrique Dias Freire (2207 A) Stefanie Palma (TP-583 A) Design: Bruno Ferreira Colaboradores: Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor) Colaboradores fotográficos e de vídeo: Luís Silva / Miguel Pires / Rui Pimentel Departamento comercial, publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 8800-399 Tavira Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: LUSOIBÉRIA – Av. da República, n.º 6, 1.º Esq. 1050-191 Lisboa Telf.: +351 914 605 117 e-mail: comercial@lusoiberia.eu Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/ VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial disponível: www.postal.pt/quem-somo
Tiragem desta edição:
6.919 exemplares
••• OPINIÃO
Beja Santos
Ana Amorim Dias
Henrique Dentinho
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
Escritora anamorimdias@gmail.com
Artista Plástico
Colesterol controlado é envelhecimento afortunado
Viajar é investir para crescer
Olimpo
O colesterol é uma substância fundamental na produção de hormonas e vitaminas, de sais biliares e para a construção das paredes das células. Quando aparece em excesso no sangue, o colesterol pode aparecer associado à doença das artérias coronárias e à aterosclerose; e quem é fumador e tem a pressão arterial elevada corre riscos acrescidos. A aterosclerose resulta da formação de depósitos de gorduras e de colesterol no interior das artérias, estas veem progressivamente reduzido o seu calibre, dificultando a circulação do sangue que deve irrigar o músculo cardíaco (miocárdio). Este processo de desenvolvimento dos depósitos de gorduras no interior das artérias (aterosclerose) é precipitado quando existe muito colesterol em circulação, quando a pressão arterial está elevada e quando se é fumador. Numa importante brochura editada pelo Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva, muitos anos atrás, o médico que a redigiu, António Pais de Lacerda, refere que “Pensa-se que pelo menos dos acidentes coronários surgidos prematuramente em indivíduos na idade média da vida podem ser prevenidos através de um adequado controlo dos níveis do colesterol no sangue, dos valores da pressão arterial e por parar de fumar”. A adoção de medidas indutoras de estilos de vida saudáveis reduz a hipótese do acidente vascular cerebral, de dor nas pernas ao andar. Reduzir o colesterol pode exigir intervenção médica, a toma de medicamentos, mas é determinante que para baixar o colesterol elevado no sangue tem que se adotar um regime alimentar bastante criterioso. Não esqueça também a hipertensão arterial (HTA), que é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. É uma situação que não produz sintomatologia (um hipertenso pode sê-lo durante dezenas de anos sem que sinta qualquer queixa ou mal-estar). Esclareça-se que há outras complicações graves da hipertensão não tratada igualmente importantes, como sejam a insuficiência renal e algumas formas da perda de visão. Tal como o colesterol, a HTA tem um tratamento que passa por medicamentos completado por um regime alimentar cuidado. Se medir a tensão arterial na farmácia, para seu bem, atenda a alguns requisitos – quando se dispuser a fazê-lo, deve pelo menos manter-se meia hora sem comer e sem beber. Deve descansar entre 5 a 10 minutos quando chegar à farmácia, se possível sentado; o braço deve ficar bem apoiado sobre uma mesa que estiver ao nível do coração; peça sempre ao farmacêutico, no final da medição, que lhe dê um cartão com os valores encontrados; deve saber que só pode considerar que tem a hipertensão controlada se tiver, no máximo, 139/85 ml de mercúrio.
- Se formos sempre em frente, chegamos ao mesmo sítio... Fiquei a olhar para ele enquanto lhe media a seriedade das palavras. O meu silêncio instigou-o a continuar: - Já viste que em vez de regressarmos a casa via Paris, podíamos simplesmente apanhar um avião para Sidney, depois outro para Lima ou LA e regressar daí a Lisboa? Em vez de voltar para trás, íamos sempre em frente e regressávamos ao mesmo sítio... Olhei à nossa volta. Sentados numa mesa do La Favela, percebi-me incapaz de reter tanta informação visual (quem já lá esteve entenderá) e, ao mesmo tempo, entendi que o mundo não se consegue absorver só com os olhos e com imagens captadas. Não. Para o capturar de verdade temos que nos entregar, deixar ir; temos que o abraçar com o ser, desligando toda a razão até que todos os sentidos se apurem... Na verdade há um certo sabor irreal nas viagens, quase como se conseguíssemos sair de nós mesmos e sentíssemos cada vivência com muito mais intensidade; como se as paisagens se pintassem ali, só para os nossos olhos, com pinceladas divinas, provocadoras, a provar-nos que conseguimos ser mais e fazer melhor. - Ainda não estou nesse ponto, Ricardo, de deitar fora voos de 13 horas já pagos e voltar para casa dez dias depois do previsto... - sorri-lhe com traquinice - quem sabe um dia? O que te posso garantir é que, com o que tenho absorvido nestes dias, vamos regressar com reatores nos calcanhares e preparados para tornar ainda mais bela, única e eficaz, a nossa realidade... Viajar é isto: investir para crescer. E as viagens que fazemos, mais que um prazer ou recompensa, são o reflexo perfeito no compromisso assumido com a nossa evolução.
Os bons amigos, ZÉ e JEREMIAS, no seu convívio habitual resolveram conversar sobre os DEUSES do OLIMPO. Deuses como Júpiter, Eolo (deus do vento), Baco (deus do vinho). Zé relembra o Salazar que dizia que beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, fundamentando-se no povo que cuidava das suas vinhas, desde cavar a terra, poda, vindima, etc. Na adega os túneis de madeira eram limpos pelos próprios e ali entrava o mosto das uvas pisadas, fabricando o BOM VINHO. Ficou a memória dum menino de 12 anos, que foi estudar para o ERAS onde mais velhos o iniciaram a apreciar o néctar, de sublime gosto, sobretudo dum tinto, que é glória da purificação divina do DEUS BACO. Jeremias interrompe o amigo e deriva para outra conversa, embora cingindo-se ao OLIMPO, sobretudo ao delírio comercial da DROGA. A DROGA é negócio de milhões. Apareceram assim as offshores e negócios inimagináveis. A BOLA AZUL não pára de mandar os seus avisos. Tudo isto preocupando OLIMPO. Não existe o DEUS DA DROGA, nem o DEUS do DINHEIRO, inspiração tentadora dum valor, sem AFECTO e CARINHO, cobrindo o manto da vaidade, buscando assim num animal esse calor humano. No CUPIDO está instalada a DÚVIDA, reparando na política, sobretudo duma assembleia onde estão dezenas de indivíduos ganhando um dinheirão. Tudo isto até OLIMPO se chatear e transformar a BOLA AZUL em pedacinhos e voltarem a NAVEGAR no UNIVERSO, pois tudo tem um PRINCÍPIO e um FIM. pub
CARTÓRIO NOTARIAL DE CASTRO MARIM CERTIFICADO Nos termos do número 1, do artigo 100º, do Código do Notariado, eu, Isabel Alexandra Dinis da Silva Esteves Nunes de Almeida, Notária no Cartório Notarial de Castro Marim, Urbanização Castro Marim Sol, lote 2, 1º E, certifico que, no dia dezasseis de Janeiro de dois mil e vinte, foi lavrada neste Cartório, de folhas cinquenta e seis a folhas cinquenta e oito verso, do Livro de Notas para Escrituras Diversas número Vinte e Cinco-A, uma escritura de justificação, na qual outorgou Paulo Jorge Cavaco Paulino, casado, natural da freguesia e concelho de Alcoutim, onde reside, no Monte Vascão, na qualidade de Vice-Presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, em representação do “MUNÍCIPIO DE ALCOUTIM”, com sede na Rua do Município, número 12, 8970-066, freguesia e concelho de Alcoutim, o qual declarou que, com exclusão de outrem, o Município de Alcoutim, é dono e legítimo possuidor do prédio urbano situado na Estrada Regional 124, 8970-307 Pereiro, Alcoutim, composto por um conjunto habitacional - Habitação Social - de cinco fogos em banda, geminados, com dois pisos, com a área total de novecentos e dezasseis vírgula oito metros quadrados, correspondendo à área coberta ou de implantação trezentos e quatro metros quadrados e à área descoberta seiscentos e doze vírgula oito metros quadrados, que confronta a Norte, a Nascente e a Poente com Fazenda Nacional e a Sul com via pública, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Alcoutim, inscrito na respetiva matriz predial urbana em nome do Município de Alcoutim, sob o artigo número 3522, da União das Freguesias de Alcoutim e Pereiro, sem proveniência matricial Que, o supra identificado prédio pertencia à Junta de Freguesia do Pereiro, com sede na Estrada Nacional 124, Edifício da Junta, Pereiro Que, o Município de Alcoutim entrou na posse do terreno onde foi implantado o referido prédio, em dia que não consegue precisar do mês de Maio do ano de mil novecentos e noventa e sete, por cedência gratuita, meramente verbal, que nunca chegou a ser formalizada por escritura pública, feita pela Junta da Freguesia do Pereiro, no mandato de João Custódio Marques da Palma, então Presidente dessa Junta. Que, a partir daquela data, no exercício de um direito próprio e de boa fé, o Município de Alcoutim procedeu a todas as diligências tendo em vista a construção do mencionado conjunto habitacional, no âmbito de um Processo de Financiamento concedido pelo Instituto Nacional de Habitação, para a construção de cinco fogos, obra que teve inicio no mês de Novembro desse ano de mil novecentos e noventa e sete e que se encontra concluída Que, sem interrupção no tempo desde aquela data imprecisa do mês de Maio do ano de mil novecentos e noventa e sete, portanto há mais de vinte anos, tem estado o Município de Alcoutim, ora justificante, na posse do prédio, utilizando-o, conservando-o e usufruindo de todas as potencialidades do mesmo, pagando as respetivas contribuições e impostos, sempre com ânimo de quem exercita direito próprio, sem a menor oposição de quem quer que fosse, desde o seu início, posse que sempre exerceu sem interrupção e ostensivamente, com conhecimento de todos, agindo sempre por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, tendo por isso uma posse pública, pacífica, contínua e de boa-fé, que dura há mais de vinte anos, pelo que o adquiriu por usucapião, não tendo, todavia, dado o modo de aquisição, documento algum que permita proceder ao registo do mencionado prédio, em nome do Município, na Conservatória do Registo Predial. Que, desta forma, justifica, para o Município de Alcoutim, a integrar no domínio público municipal, a aquisição do supra identificado prédio por usucapião. Está conforme o original. Castro Marim, dezasseis de Janeiro de dois mil e vinte. A Notária Isabel Nunes de Almeida Conta registada sob o n.º 55 Fatura/Recibo: FAC 2020 Data de Emissão: 16//01/2020
(POSTAL do ALGARVE, nº 1238, 7 de Fevereiro de 2020)
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Tavirense Inês Oliveira é a única ilustradora portuguesa a expor na Feira do Livro Infantil de Bolonha foto d.r.
A ilustradora tavirense Inês Viegas Oliveira foi seleccionada para mostrar o seu trabalho na Feira do Livro Infantil de Bolonha e prepara o primeiro livro ilustrado para a infância, a editar pela Bruaá. Depois de três dias de intenso trabalho, o júri internacional da Exposição de Ilustradores 2020, formado por Valérie Cussaguet (editora, Les fourmis rouges, França), Enrico Fornaroli (diretor, Academia de Belas Artes de Bolonha, Itália), Lorenzo Mattotti (artista, Itália), Cathy Olmedillas (editora, Anorak Magazine, Reino Unido), Machiko Wakatsuki (editora, Bronze Publishing, Japão), escolheu as obras de 76 ilustradores entre 2.574 de todo o mundo. Fedra Santos, Marco Taylor, Joana Estrela, Teresa Cortez, António Jorge Gonçalves, Sara Feio, Yara Kono e
Madalena Matoso foram outros ilustradores que também apresentaram obras para a exposição, mas o júri apenas escolheu Inês Viegas Oliveira. A jovem artista nasceu em Tavira em 1995 e actualmente a viver em Lisboa, diz que está ainda a começar na área da ilustração, tendo feito em 2019 uma pós-graduação, depois de ter estudado Física e Matemática. A exposição vai decorrer durante a 57ª Feira do Livro Infantil de Bolonha, entre o próximo dia 30 de março e 2 de Abril, e continuará numa turné mundial que nos próximos dois anos percorrerá vários países, começando pelo Japão, Coreia e China. O catálogo da exposição será distribuído em todo o mundo nas versões italiana, inglesa, japonesa, americana, chinesa e coreana.
Uma das ilustrações de Inês Oliveira que vai estar em exibição na 57ª Feira do Livro Infantil de Bolonha pub
ALTA TECNOLOGIA AO SERVIÇO DO AGRICULTOR • Ampla gama de equilíbrios que podem incluir macronutrientes secundários e micronutrientes, em formas solúveis ou granuladas. • Aumenta exponencialmente a capacidade de troca catiónica (CTC) do solo; • Foca a energia da planta na produção; • Aumenta a disponibilidade de nutrientes para a planta; • Diminui a “despesa” energética na assimilação de nutrientes; • Adubação por medida ao longo do ciclo vegetativo.
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tel 284 739 612
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Algarvio Nelson Dias cria Atlas Mun fotos d.r.
Nelson Dias é licenciado em Sociologia e possui um mestrado na área do Planeamento e Avaliação de Políticas Públicas Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
O algarvio Nelson Dias criou, no ano passado, o Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos, um trabalho inédito que contou com a participação de 76 autores de 71 países e que está a ter repercussão em várias partes do mundo. Nelson Dias é licenciado em Sociologia. “Após a licenciatura e alguns anos de experiência no mercado de trabalho, decidi tirar um mestrado na área do Planeamento e Avaliação
de Políticas Públicas. Há cerca de 20 anos interessei-me sobre um tema que não era propriamente conhecido em Portugal, nomeadamente os Orçamentos Participativos”, começou por explicar, em entrevista ao POSTAL. “Decidi fazer alguma pesquisa sobre o tema e acabei por estar fora do país durante um período. Quando regressei pensei que isto era algo que realmente fazia falta em Portugal. Isto, porque o processo de descentralização desenhou os nossos municípios para aproximar a administração pública das pessoas, mas não para promover a participação das pessoas na administração
pública”, afirma. Nelson Dias salienta que “no fundo era como se as pessoas fossem beneficiárias de um Estado assistencialista. O Estado pensado para assistir as pessoas e não para colocar as pessoas a pensar sobre o Estado e o desenho das políticas públicas. O país precisa de encarar os seus cidadãos de uma outra forma, como coprodutores das políticas. Isso seria um sinal de maturidade da nossa democracia e das nossas instituições”. “Eu interessei-me muito por este tema e achei que fazia falta este tipo de instrumento em Portugal para as autarquias portuguesas”, explicou,
salientando que começou a fazer “experimentações com municípios interessados”. “Aconteceu em São Brás de Alportel e depois fora da região, com municípios de maior dimensão como é o caso de Lisboa e Cascais. Chegou a um ponto em que o trabalho começou a ser conhecido também fora do país, tendo recebido convites de algumas organizações para apoiar a implementação destes processos participativos fora de Portugal”, recorda. O sociólogo trabalhou em Cabo Verde, enquanto consultor das Nações Unidas e do Governo desse país, e desde 2011 desempenha, regularmente,
funções como consultor do Banco Mundial, para apoiar a implementação destes processos em algumas regiões do mundo, nomeadamente em Moçambique, no México e até mesmo na Rússia. Em Moçambique apoiou diretamente a implementação de orçamentos participativos nas cidades de Maputo, Nampula e Quelimane e colaborou com a Associação Nacional de Municípios desse país na criação de uma estratégia nacional de governação municipal participada, algo inédito no contexto africano. No México apoiou a criação de um processo pioneiro de orçamento participativo na cidade mineira de Cananea, no deserto de Sonora, junto à fronteira com os Estados Unidos. Essa iniciativa-piloto teve como objetivo alargar este processo, com as devidas adequações, aos cerca de duzentos municípios mineiros do país, transformando este processo numa política nacional. “Todo este trabalho deu-me a perceção da importância que este tema tem vindo a ganhar a nível mundial e, então, fui criando uma rede de contactos, pessoas, colegas e amigos, e nesse âmbito decidi, em colaboração com colegas, criar o Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos, um trabalho em rede, que envolveu a colaboração de 76 autores, de 71 países, de todos os continentes”, que conta com o apoio do Município de Cascais, revela. Nelson Dias realça que “o atlas representa um trabalho sem precedentes, porque não há nenhum levantamento tão exaustivo como este, que tivesse sido feito a nível mundial, o que nos permitiu identificar mais de 11 mil casos de orçamentos participativos no mundo”. O Atlas tem uma análise detalhada dos orçamentos participativos e vários mapas ilustrativos. “Este trabalho tem uma leitura das dinâmicas globais e tem fichas de cada país com dados concretos”, destaca. O Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos foi lançado em outubro do ano passado em Cascais e está disponível na internet. O trabalho “teve de ser editado em inglês, para
facilitar a sua disseminação, e o título é “The World Atlas of Participatory Budgeting”. “Estamos neste momento a preparar a 2ª edição do Atlas, que será lançada em outubro próximo, e que trará muitas novidades. Para além da versão em papel, será também lançada a versão digital do Atlas, baseada numa página de internet, através da qual as pessoas poderão interagir com os mapas e os dados estatísticos alcançados”, revelou ao POSTAL. Nelson Dias revela um pouco do seu percurso nos últimos dois anos “Nos últimos dois anos estive ainda a trabalhar no extremo oriente da Rússia, mais precisamente na região insular da Sacalina, a cerca de 20 quilómetros do Japão, onde me convidaram para implementar um processo de orçamento participativo. Foi um desafio tremendo porque é um contexto político, social e cultural completamente diferente de todos os outros onde tinha trabalhado”, explica. “O Orçamento Participativo que aí conseguimos implementar foi o primeiro na Federação Russa em que existiu uma votação pública aberta sobre dinheiro público. As pessoas puderam apresentar as suas propostas e decidir, através do seu voto, os projetos que queriam ver implementados com os cerca de 15 milhões de euros alocados pelo Governo da região, algo inédito no país”, afirma. “A par disto, no ano passado, juntamente com outros colegas, apoiou a criação de uma organização, com sede em Faro, que se chama Oficina, vocacionada para desenvolver e apoiar projetos de promoção da participação dos cidadãos, bem como de planeamento e avaliação de políticas públicas”, salienta. O sociólogo disse que neste âmbito “estão a ser feitos trabalhos com vários municípios da região e não só em áreas importantes, como é o caso da habitação”. Nelson Dias destaca que “a região algarvia enfrenta, entre outros, dois problemas estruturais, nomeadamente uma crise demográfica, com uma perda continuada de população ao longo dos últimos
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ndial dos Orçamentos Participativos país com a habitação mais cara. A política de habitação não é apenas uma responsabilidade do Estado Central e há muito trabalho que os municípios podem e devem fazer”, afirma. Como o Postal já revelou em outras ocasiões, grande parte do trabalho de Nelson Dias, nos últimos anos, tem sido desenvolvido noutras regiões do país e do estrangeiro. Também neste âmbito, tem vindo a colaborar com a Câmara Municipal de Lisboa no desenho e na avaliação de instrumentos de política pública dirigidas aos bairros e zonas de intervenção prioritária da capital portuguesa. Nos últimos meses tem dedicado parte do seu tempo a apoiar a criação de um programa de apoio ao desenvolvimento local destas comunidades, algo que será apresentado em breve pelo município. Perto de Lisboa, mais precisa-
mente em Cascais, tem vindo a trabalhar com a autarquia na consolidação do seu Orçamento Participativo, mas também na conceção e no desenvolvimento de outros processos participativos nas áreas da Saúde e da Educação, envolvendo os cidadãos no desenho de políticas públicas. O mestre em Planeamento e Avaliação de Políticas Públicas revelou ainda que está implicado em outros projetos e desafios. Espera, por exemplo, até ao final do primeiro trimestre deste ano estabelecer acordos com organizações representativas de municípios de países de três continentes, para estreitar laços de cooperação com Portugal sobre políticas municipais inovadoras. Neste âmbito está inclusive a preparar visitas ao nosso país por parte dessas delegações municipalistas. Em conjunto com colegas está também empenhado em
alargar os processos participativos ao mundo das empresas. Considera que essas “podem ter um papel importante no desenvolvimento de uma cultura democrática, implicando os seus funcionários em matérias relacionadas com a vida interna ou alocando parte dos seus lucros a projetos dedicados às comunidades onde se inserem”. Nelson Dias adianta que “são hoje conhecidos vários exemplos de sucesso que podem servir de inspiração para as empresas portuguesas”. Recentemente chegado da Ucrânia, onde foi apresentar o Atlas Mundial dos Orçamentos Participativos, Nelson revelou ainda ao Postal que nos próximos meses deslocar-se-á a países como a Geórgia, o Brasil e o Perú para a realização de conferências e aproveitar para estreitar os laços de cooperação com Portugal. pub
O trabalho de Nelson Dias contou com a participação de 76 autores de 71 países
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anos e uma especulação muito acentuada dos preços da habitação”. O sociólogo afirma que “a crise demográfica poderia ser pior se não se tivesse verificado o crescimento da população
estrangeira, que após a crise internacional voltou a procurar Portugal e o Algarve, não apenas em busca de emprego mas também de uma boa qualidade de vida”. Nelson Dias adianta que “em-
prego e habitação são as duas principais variáveis que determinam a decisão da maioria das pessoas quanto ao local que escolhem para viver. Se olharmos para o desemprego no Algarve, esse atingiu nos últimos dois anos valores bastante baixos, situação à qual não é alheia a perda populacional verificada, o que significa que a região precisa, em determinados momentos, de atrair pessoas de outras regiões para ocuparem postos de trabalho disponíveis. Esta situação contrasta, por um lado, e choca, por outro, com o mercado de habitação, cujos preços continuam a crescer, tornando difícil o acesso à compra ou arrendamento para muitas famílias, pelo menos em condições dignas”. Num país que teve cerca de uma década sem investir dinheiros públicos na provisão de habitação, perante um mercado bastante desregulado, este é o momento de inúmeros desafios e os municípios assumem neste particular um papel muito relevante”, adianta. “O Algarve é das regiões do
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Grupo Ria pretende franchisar a marca no Algarve e no país fotos stefanie palma
distância de um clique, através da instalação de uma aplicação denominada “Grupo Ria Online”. “Os clientes podem aceder à sua conta bancária, a todas as faturas, atas e acompanhar a execução do orçamento ao longo do ano, para além de um registo de ocorrências. Basicamente, podem fazer um acompanhamento de perto de toda a gestão”, complementou. Álvaro Viegas é peremptório: “a grande novidade que temos para este ano é franchisar o nosso negócio”. “No ano passado entregámos todo o processo a um gabinete da especialidade e estamos praticamente a concluir todo um processo que nos vai permitir replicar a marca Grupo Ria primeiro no Algarve e depois no resto do país”, explica. O administrador do Grupo Ria não tem dúvidas de que estão reunidas todas as condições para dar este passo. “Temos estrutura, know how, clientes e algumas ferramentas que muitas empresas algarvias não têm, o que nos vai permitir avançar”, defende. “A situação ideal seria que pudéssemos franchisar primeiro a nossa Agência de Olhão e de Vila Real de Santo António porque são estruturas que já estão a funcionar e que já têm clientes. As duas agências entre Vila Real de Santo António e Olhão repartem entre si os cerca de 200 condomínios e, portanto, alguém que aceite este desafio de ser nosso franchisado ao pegar em qualquer uma destas agências, já pega numa estrutura que já está a faturar, portanto, é muito mais fácil”, explica Álvaro Viegas.
/ postal d.r.
Álvaro Viegas é o administrador do Grupo Ria Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
O Grupo Ria, que administra atualmente cerca de 200 condomínios e mais de 2.000 condóminos, entre os concelhos de Loulé e Vila Real de Santo António, pretende franchisar a marca já em 2020. Álvaro Viegas, administrador do Grupo Ria, explicou ao POSTAL que “a Agência de Olhão nasceu há seis anos e foi crescendo gradualmente. A de Vila Real de Santo António existe há
13 anos, embora só a tenha adquirido em 2018”. “Eu coloquei um enfoque muito grande naquilo que considero essencial nesta atividade, ganhar a confiança entre os condóminos e a administração, nomeadamente no que diz respeito ao acesso à informação”, afirma. Álvaro Viegas realçou que “o Grupo Ria é das poucas estruturas na administração de condomínios que tem uma aplicação onde é possível que os condóminos acedam a toda a documentação do condomínio, à
O Grupo Ria tem agências em Olhão e Vila Real de Santo António O responsável diz que “na área da gestão dos condomínios existe uma componente muito forte ligada à área jurídica, que advém da sua formação base em direito”. Assim, o Grupo Ria proporciona três soluções distintas aos seus clientes. “Temos a Solução Light que é a mais económica que tem os serviços básicos (administração, manutenção, limpeza), onde o condomínio tem também todo o apoio jurídico, que já está contemplado na quota que o próprio condómino paga”, destaca. Depois, “existe a Solução Plus, que é uma solução com os mesmos serviços, mas com uma componente jurídica mais alargada, ou seja, não se resume a um apoio jurídico ao condomínio, mas pode ir além deste apoio”, reforça. Por fim, existe a Solução Excellent “que é a solução top, que inclui tudo isto que aqui falámos, mais a oferta de um seguro de recheio para cada fração, até ao capital de 10 mil euros”.
Álvaro Viegas confessou ao Postal que “gostaria muito de entrar no mercado de Tavira”. “O mercado de Tavira é interessante e o concelho tem conhecido um crescimento muito grande na área da construção civil e no ramo imobiliário, portanto, é um dos concelhos onde queremos apostar”, explica. Para os possíveis interessados no franchising, o processo é muito simples: a pessoa tem de ter um espaço mínimo de 30 metros quadrados, que lhe permita arrancar com este projeto. “Já temos um caderno de apresentação do nosso franchising. O projeto está concebido tipo chave na mão, ou seja, nós montamos e instalamos toda a área e fornecemos o mobiliário, equipamento informático, programa de gestão, bem como a decoração interior e exterior. Todos os procedimentos estão protocolados”, reforça. O grande objetivo do Grupo Ria é, assim, expandir a sua marca no decorrer do presente ano.
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Vai nascer em Faro um estúdio E-Fit com super treinos de 25 minutos fotos stefanie palma
/ postal d.r.
O método E-Fit é um treino de eletroestimulação com um fato próprio que 'puxa' por todos os músculos do corpo Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
Vai abrir, em Faro, um ginásio onde pode trabalhar 90% dos seus músculos com um treino de apenas 25 minutos. Este espaço traz para o Algarve um conceito inovador: o método E-Fit. Segundo José Especial, dono do estúdio, “o E-Fit é um treino de electroestimulação com um fato próprio, que dura aproximadamente 25 minutos e é mais intenso do que um treino normal porque puxa por todos os músculos do corpo”. O equipamento consiste “num body que se veste e que depois leva um colete, onde estão os elétrodos de estimulação e é a partir daí que se estimulam os músculos com alguns exercícios”, explica o proprietário do estúdio. Por sua vez, Andreia Pinto, gestora comercial do estúdio,
confessou ao POSTAL que o conceito já existe em 55 países. “Estamos em Portugal há cinco anos. Existimos em Lisboa e no Porto e vamos abrir novos espaços em Torres Vedras, Coimbra, Benfica e o primeiro agora no Algarve”, complementa. Estúdio inaugura já em fevereiro A inauguração do espaço está provisoriamente marcada para dia 22 de fevereiro, no entanto, o estúdio vai abrir ao público em meados de fevereiro, para testar as máquinas e o próprio espaço. A gestora comercial explicou ainda um pouco sobre o conceito: “este treino tem como objetivo uma prática de apenas 25 minutos de exercício, que é sempre acompanhado obrigatoriamente por um personal trainer que vai estar exclusivamente com o cliente”. “Este treino estimula 90% do nosso corpo e é basicamente igual a duas ou três horas de ginásio convencional, ou seja, 25 minutos de E-Fit corresponde a duas ou três horas de um ginásio ‘dito
normal’”, acrescenta. O body e o fato são fornecidos pelo ginásio. Este equipamento pode igualmente ser alugado ou comprado. O ginásio oferece também serviços de nutrição. “Temos uma nutricionista no estúdio semanalmente, também incluída na mensalidade, e que acompanha os nossos clientes e faz avaliações periódicas”, revela Andreia Pinto. Neste novo espaço de treino farense vão existir vários tipos de massagens. Quanto às instalações, a gestora comercial esclarece que “existem dois balneários disponíveis, um masculino e outro feminino. Temos uma casa de banho disponível e aqui o cliente pode tomar banho. Nós fornecemos as toalhas de banho, de treino e utensílios de banho. Aqui o cliente só precisa de trazer as sapatilhas”. Quanto às mensalidades, os responsáveis salientaram que os preços são variáveis de pessoa para pessoa. “É necessário fazer-se, primeiramente, uma avaliação e entender, por exemplo, quantas vezes por semana é que é necessário a pessoa treinar”, explicam.
Proprietário tinha o sonho de abrir um ginásio inovador José Especial, proprietário do estúdio, revelou ao POSTAL como surgiu a ideia da criação deste espaço. “Eu já tinha experimentado um E-fit onde morava, perto da Ericeira, e sempre quis abrir um ginásio, mas tinha de ser algo diferente. Ginásios no Algarve é coisa que não falta e eu queria abrir algo que fosse diferente de
tudo, algo que fosse realmente inovador”, afirma. O responsável salientou que “só é permitido treinar de uma a três vezes por semana, não mais do que isso e também não convém serem três dias seguidos, pois o corpo precisa de um ou dois dias de descanso”. A gestora comercial disse ainda que “através da electroestimulação, em apenas 25 minutos, o nosso corpo é todo tonificado, com a realização de um quadro
de exercícios, essencialmente no solo”. “O revolucionário método de E-fit é suportado por uma equipa de investigação, que trabalha de maneira contínua sobre novas formas de conseguir obter cada vez melhores resultados”, afirmou. A marca aposta “na formação de treinadores altamente qualificados em electroestimulação. Os nossos personal trainers não são só personal trainers. Eles são formados numa das nossas sedes em Lisboa antes de iniciarem o método E-fit”, explicou a gestora comercial. Andreia Pinto salientou ainda que “o E-Fit tem inúmeros benefícios para a saúde: é um treino rápido, permite a melhoria da postura, reduz dores nas costas, é um treino acompanhado e personalizado que permite a obtenção de resultados mais rápidos”. O objetivo é sempre “trabalhar em prol da saúde e do bem-estar de todos os praticantes”. O ginásio localiza-se no Vale da Amoreira, na Rua Filipe Ferrer, loja D, número 25, em frente ao Continente de Faro. Os responsáveis deixam o convite a todos aqueles que queiram experimentar este tipo de treino: “Venham conhecer e façam um treino experimental de 15 minutos. Se gostarem seguimos com a inscrição e damos todo o apoio necessário para que possam começar a praticar o E-Fit”. pub
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Entrevista a Ana Fazenda, coordenadora regional no Algarve da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens:
"Defendo a simplificação de procedimentos sabemos existirem ótimas Instituições que servem os interesses das crianças e dos jovens acolhidos e também sabemos que existem famílias que não têm perfil para integrarem estas respostas. Por isso, numa linha de identificação com a política governamental, defendo esta medida como preferencial à institucionalização, não sendo deixada ao acaso a observação, o diagnóstico e a avaliação do resultado da mesma. Acredito que, para casos excecionais, a família de acolhimento possa permitir a tutela parental da criança por parte da família de acolhimento, uma vez que este tipo de resposta mais personalizada permite à criança criar vinculação, ainda que temporariamente, afeto, atenção de uma outra família, candidatando-se à adoção da criança acolhida.
fotos d.r.
Ana Fazenda não consegue aceitar que uma criança espere por uma família de adoção cinco ou mais anos
Ana Fazenda já desempenhou vários cargos de relevo ao longo de toda a sua vida profissional. Em entrevista ao POSTAL, a coordenadora regional no Algarve da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens recorda os momentos mais marcantes da sua carreira.
sempre de mim o lado mais perverso ou maquiavélico da política. Neste percurso de 22 anos entendo que o serviço político de qualquer autarca deve ser desenvolvido como promotor da qualidade de vidas das populações, num paradigma de competitividade local e regional através de respostas sociais, saúde, cultura, ambiente e economia.
Já passou por várias áreas ao longo da sua carreira, tendo sido presidente de junta e vereadora em Portimão. Como carateriza a sua atividade enquanto política? Sempre entendi a minha experiência política como uma missão de serviço publico, com o objetivo de servir os portimonenses de forma presente na galvanização das suas aspirações. Iniciei-me na política em 1998, como autarca na Assembleia de Freguesia, em 2005 como presidente de Freguesia de Portimão e, em 2013, como vereadora na Câmara Municipal de Portimão, com os pelouros de Acão Social, Educação, Cultura, Desporto e Sistemas de Informação, tendo exercido a prática política com grande espírito de missão numa estratégia responsável e cuidada, procurando abolir
Entre 2017 e 2018 exerceu funções como diretora técnica das residências Vilavó. Como carateriza este período? Sim, depois de não ter aceite as condições para continuar no projeto politico da autarquia, voltei para a minha entidade de origem, uma IPSS em Portimão que promove respostas sociais para os jovens e para os idosos. Iniciei uma nova função, a de diretora técnica de uma das suas valências - residências unifamiliares Vilavó – que presta serviço a cerca de 30 utentes seniores. De resto, mesmo na prática política, a área social esteve sempre presente em mim. Num ou noutro espaço, a visão de uma sociedade mais harmónica e socialmente mais justa e equilibrada esteve sempre presente, porquanto sinto integrante a possibilidade de
Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
colocarmos a nossas energias e os nossos talentos ao serviço dos nossos concidadãos. Ana Fazenda coordena as 16 Comissões de Proteção de Crianças e Jovens do Algarve desde abril de 2018 Qual o balanço que faz deste ano e meio? Não serei a pessoa indicada para falar em causa própria, mas considero este tempo dedicado à coordenação e acompanhamento às 16 CPCJ da região do Algarve francamente positivo. Na verdade, tenho trabalhado com lideranças nacionais de grande nível cognitivo e brilhantes em matéria de relações interpessoais. Por outro lado, esta prática tem-me permitido, em representação da CNPDCJ, descentralizar o apoio e promoção de melhorias no funcionamento das CPCJ, através de um trabalho de proximidade, inclusivamente com as entidades regionais dos serviços representados nas CPCJ, nomeadamente Segurança Social, Educação, Saúde, Administração Interna e ainda com os Procuradores do Ministério Publico, interlocutores das CPCJ. O que mudou neste período?
Muita coisa, desde logo a consciência por parte dos Comissários das CPCJ de que a resposta aos seus anseios está mais próxima de todos e de cada um, dado que faço reuniões de acompanhamento presencial. Por outro lado, tenho conseguido, em articulação com as CPCJ, colocar o tema do sistema protetivo em discussão publica, através da minha participação em vários fóruns para os quais tenho sido convidada, como coordenadora regional e em representação da Comissão Nacional. Em traços gerais, qual o balanço que faz destes mais de 15 anos a “servir a população algarvia”? Dir-lhe-ei, antes de mais, que cada projeto que integro representa um novo desafio, porquanto sinto que alguém confiou em mim para o integrar e por isso dou-me por completo, colocando todas as minhas energias e o meu saber, deixando a minha marca pessoal em cada um deles. Só assim faz sentido trabalhar. Nunca soube viver em águas mornas nos projetos que integrei e integro. Tenho sempre a necessidade de fazer mais e melhor com e para as pessoas que deles dependem, sempre numa perspetiva de alicerçar
a melhoria das condições e direitos de cidadania. A lei não permite que uma família de acolhimento temporário possa vir a adotar a criança. Até que ponto as vantagens não seriam superiores às desvantagens? O acolhimento familiar é uma nova resposta social, dirigida às famílias dispostas a proteger temporariamente crianças em risco, sobretudo até aos seis anos. Trata-se de crianças que foram retiradas aos pais ou a familiares próximos por se encontrarem em situações de perigo para a sua segurança, saúde, educação, bem-estar e desenvolvimento pessoal, até que estejam reunidas as condições para o seu regresso a casa ou, se isso for impossível, até serem encaminhadas para adoção. Estas famílias são, também, uma alternativa à colocação destas crianças em determinadas instituições, nomeadamente aquelas que possam não garantir tão bem os cuidados individualizados, ou que, por circunstâncias especiais não consigam transmitir o mesmo afeto e estabilidade emocional que uma família possa proporcionar. Naturalmente que falamos em abstrato, uma vez que
Os processos de adoção são muito morosos em Portugal. Não devia o Estado facilitar a integração destas crianças? Defendo a simplificação de procedimentos nos processos de adoção. Não consigo aceitar que uma criança espere por uma família de adoção cinco ou mais anos, que é precisamente o mesmo tempo que a criança espera para ser adotada com toda a frustração associada a esta espera. Ainda assim, existe um mito nesta matéria. O tempo de espera também está associado ao perfil da criança desejada. Está provado que os processos de adoção são mais rápidos no caso de crianças com idades inferiores aos oito anos. Há poucos candidatos para adotar crianças a partir destas idades. Mas, a idade não é o único elemento que ajuda a acelerar o processo. Quanto mais os candidatos alargarem os parâmetros de escolha quanto a sexo, raça, idade, doenças, religião, menos tempo demora a adoção. "A grande maioria dos processos que dá entrada é com preferência de bebés e meninas, porque há o mito de que as meninas dão menos trabalho". Quando é que uma criança é legalmente considerada como estando em perigo, ao ponto de ser institucionalizada?
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s nos processos de adoção" situações que foram surgindo. Dou, como exemplo, a obrigatoriedade da escolaridade dos 6 aos 18 anos. E, se hoje temos desafios mais complexos, também estamos mais exigentes, uma vez que intervimos num sistema que exige uma concertação de esforços na intervenção do perigo e da prevenção. O que é que ainda falta fazer nesta área? O caminho faz-se caminhando, com algumas conquistas realizadas já por esta presidência, nomeadamente ao nível da divulgação dos direitos da criança, em diferentes fóruns, a formação promovida pela CNPDPCJ aos comissários das CPCJ a nível nacional, o reforço técnico dos representantes do Ministério da Educação nas CPCJ, uma conjugação de esforços que faz a diferença pelo fantástico e dedicado trabalho que todos
desenvolvem, numa cultura de governança integrada. Quais considera serem os principais desafios a médio/ longo prazo? Os desafios que se colocam nesta matéria passam pela dotação de maior tempo de afetação dos membros às CPCJ na sua modalidade restrita, de forma a que o trabalho processual se faça com maior rapidez e eficiência. Não podemos esquecer que cada processo representa uma criança ou um jovem que precisa de uma intervenção rápida. Quanto ao seu futuro profissional, quer levantar um pouco do véu? Considero-me uma "pessoa de convicções", que se move "por causas”. Em 22 anos de exercício de prática política, ao serviço do Partido e da sociedade em
que milito, tenho respondido com todo o meu entusiamo e dedicação aos desafios que se me têm colocado e que tenho abraçado. Não me entusiasmo com as querelas partidárias e os jogos de bastidores. Pelo contrário, o meu entusiasmo reside sempre nos projetos que impliquem a minha contribuição pela melhoria da qualidade de vida das pessoas que represento e sirvo. Neste contexto estarei sempre disponível para abraçar novos projetos e compromissos que impliquem a potenciação da nossa cidadania, seja a que nível for, junto de pessoas que necessitem verdadeiramente que as representemos em órgãos decisivos na defesa dos seus interesses. Penso que hoje temos uma opinião pública mais esclarecida e que sabe distinguir o trigo do joio e só assim podemos merecer o seu voto, a sua confiança. pub
Ana Fazenda desempenhou vários cargos de relevo ao longo de toda a sua vida profissional
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Segundo o artigo 3º. da LPCJ, a legitimidade da intervenção para a promoção dos direitos e proteção da criança e do jovem em perigo tem lugar quando os pais, o representante legal, ou quem tenha a guarda efetiva, ponham em perigo a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento, ou quando esse perigo resulte de ação ou omissão de terceiros ou da própria criança ou do jovem a que aqueles não se oponham de modo adequado a removê-lo. São várias as situações que podem pôr em perigo uma criança: desde logo o abandono, maus tratos, comportamentos que afetem a sua segurança ou equilíbrio emocional ou quando ela assume comportamentos ou se entrega a atividades ou consumos que afetem a sua saúde, segurança, formação, educação ou desenvolvimento, sem que os pais ou quem tenha a sua guarda se lhes oponham de modo adequado a remover essa situação. O legislador pretendeu elencar uma série de situações exemplificativas. Ainda assim, existem outras ocorrências, não descritas na normatividade, as quais sejam igualmente
suscetíveis de configurar perigo para a criança ou para o jovem e que podem fundamentar a intervenção da proteção. Qual é o papel das CPCJ? Segundo o princípio orientador da subsidiariedade, a intervenção deve ser efetuada sucessivamente pelas entidades com competência em matéria de infância e juventude, pelas CPCJ e, em última instância, pelos tribunais. O papel das CPCJ coloca-se ao nível da intervenção na proteção das crianças e dos jovens, sempre que não seja possível às entidades de primeira linha, constantes do artº.7º da LPCJ, atuar de forma adequada e suficiente a remover o risco e o perigo em que as crianças ou os jovens se encontram, ou seja quando se esgota, sem sucesso na situação de perigo vivenciada pela criança, a intervenção das entidades de primeira linha, mesmo aí com os consensos exigidos legalmente. Se essas entidades não conseguem atuar de forma adequada e suficientemente eficaz para remover esse perigo, há que remeter a situação ao outro degrau do sistema protetivo, às CPCJ.
Quais são as suas expetativas futuras relativamente à área da Proteção de Crianças e Jovens? O Sistema Protetivo Português em que assenta o nosso sistema de Promoção e Proteção da Criança e do Jovem, baseia-se no pressuposto de que cada comunidade é responsável pelas suas crianças, no respeito pela responsabilidade das famílias, nomeadamente os seus pais, responsáveis legais, ou quem de direito tenha a guarda de facto. É um sistema que nos convoca a todos e a cada um dos intervenientes, entidades com competência em matéria de infância e juventude, comissões de proteção de crianças e jovens e tribunais. Trata-se de um sistema que já atingiu a maioridade, que muito conquistou nestas duas décadas, sendo inquestionável o quanto tem zelado pela concretização dos direitos das crianças. Ao longo deste tempo, este sistema foi-se robustecendo para dar resposta às mudanças que foram ocorrendo, nomeadamente jurídicas, mas também aos novos desafios e
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Grupo Gymnasium já abriu mais uma unidade em Portimão A responsável diz que a missão do Gymnasium é “exatamente fazer as pessoas felizes”. O grupo faculta a todos os seus sócios um acompanhamento diário em sala. “Nós temos profissionais de qualidade que estão sempre dispostos a esclarecer qualquer dúvida e a corrigir posturas, explicando e exemplificando os vários exercícios”, destaca. “Não existem dúvidas de que quem pratica atividade física se sente melhor, tanto a nível físico como psicológico. O desporto ajuda a prevenir inúmeras doenças e nós pretendemos contribuir para uma sociedade mais saudável”, salienta.
foto d.r.
O Gymnasium pretende apresentar um serviço diferenciador na cidade de Portimão Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
O Gymnasium abriu, no passado dia 1 de fevereiro, a quarta unidade do grupo, em Portimão. Recorde-se que o Gymnasium está atualmente presente em Faro, Olhão e Tavira.
Paula Caleça, responsável pela comunicação do grupo, disse ao POSTAL que “a inauguração foi um sucesso, com muita curiosidade por parte da população. As pessoas adoraram". “Preparámos muitas surpresas e brindes para esse dia e a ideia foi exatamente dar a conhecer o espa-
ço à cidade de Portimão”, afirmou. O Gymnasium Portimão é “um espaço aberto, dinâmico e vocacionado para quem nunca fez exercício. O nosso objetivo é tirar as pessoas do sofá e fazê-las mudar o seu estilo de vida, contribuindo para uma sociedade mais feliz e saudável”, realçou Paula Caleça.
O novo Gymnasium Portimão situa-se no Edi�ício Praia Mar O novo Gymnasium Portimão tem 1.600 metros e situa-se no Edifício Praia Mar, junto à Rocha. Este novo espaço disponibiliza a todos os sócios uma panóplia de serviços. O Gymnasium vai continuar a ter o tão conhecido Gym
Kids, um espaço com profissionais certificados, onde os pais podem deixar os seus filhos de forma gratuita enquanto treinam. “Vamos ter aulas em três tipo de estúdio: Power, Vyda e Estúdio Cycle”, realça Paula Caleça. O Gymnasium pretende apresentar um serviço diferenciador na cidade de Portimão. “Para além das nossas atividades diárias, pretendemos também dinamizar vários eventos desportivos pela cidade de Portimão, de modo a envolver a comunidade”, revela. “O novo espaço vai oferecer ainda a todos os sócios a possibilidade de treinar em instalações premium, com luz natural, fator que marcará, certamente, a diferença”, destaca. Segundo o grupo “pretendemos trazer à cidade de Portimão mais dinamismo, mais opções de treino e uma melhor qualidade de vida”. A responsável deixa o convite: “venham visitar o nosso novo Gymnasium e deixar-se envolver pelo espírito de união, esforço e confiança, que tão bem caracterizam o Gymnasium”. pub
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A alfarroba na identidade algarvia foto luísa melão/2019
Ficha técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço ALFA: Raúl Grade |Coelho • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ao Património: Isabel Soares • Filosofia dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e literatura: Paulo Serra • Missão Cultura: Direção Regional de Cultura do Algarve • Reflexões sobre urbanismo: Teresa Correia • Colaboradores desta edição: Cristina Fé Santos Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 6.919 exemplares
A exposição de fotografia de Luísa Melão, "Alfarroba – memória(s) de uma vida", pode ser visitada no Museu Municipal de Faro até 11 de abril •
Num primeiro olhar, poderemos ser levados a questionar-nos em quê a alfarroba se cruza com Cultura. A paisagem cultural cruza Natureza com Cultura, uma intervenção do Homem que modifica o território de forma a que produza meios de subsistência para a sua sobrevivência. Em cada região, encontramos uma paisagem que lhe é tradicional, respondendo às condições climatéricas, aos solos e às formas de vida humana que se ajustam ao espaço que ocupam. O Homem não aceita o espaço natural, mas modifica-o, para que, em simbiose, ambos possam ter uma relação de sobrevivência e coexistência. Se este paradigma se ajusta à vida fora das grandes cidades, o certo é
que o espaço natural vai ficando cada vez mais ocupado pela civilização. No Algarve, deparamo-nos, assim, com uma alteração da paisagem tradicional, em que o pomar de sequeiro, tão tipicamente algarvio, se substitui por ocupação humana intensiva, com o crescimento das cidades e lugares, mas também com a ocupação de novas culturas que o espaço e os locais não reconhecem. Pensar na Alfarroba, como uma identidade cultural da região, leva-nos a diversos olhares. - um olhar enquanto aliada nas alterações climáticas: uma árvore que sobrevive com poucos recursos hídricos, adaptando-se naturalmente ao terreno que ocupa e com capacidade para captar e processar o dióxido de carbono da atmosfera;
- um olhar afetivo de memórias familiares, no espaço de família e na tradição de reunião para a apanha do seu fruto; - um olhar de subsistência, por ser ainda para muitos uma ajuda na economia familiar a que associamos, ainda, um olhar económico mais industrial, pois permite também desenvolver a economia da região como matéria-prima de uma indústria local, única a nível nacional, em que a alfarroba e os seus derivados têm um papel importante na exportação de produtos regionais, levando-a aos quatro cantos do Mundo; - um olhar gastronómico, pois a alfarroba deixou de ser um produto destinado exclusivamente à alimentação animal para fazer parte dos
produtos utilizados na alimentação humana, integrando a doçaria regional, num espaço que se relaciona com a Dieta Mediterrânica; - um olhar para as suas características intrínsecas, por exemplo, enquanto aglutinante utilizado nos gelados que tão bem nos sabem no calor do verão da região; - um olhar mais científico, com a investigação à volta da múltipla aplicação dos seus produtos e subprodutos, que nos chegam de outras paragens; - um olhar que nos transporta para a visão de que o natural e tradicional se transformam num produto turístico muito procurado, uma identidade única que nos distingue de outros lugares e que traz até nós muitos que querem ter a experiência
Algarve, para além do Sol e Mar; - Por fim, um olhar artístico, registado pelas imagens que muitos partilham nas redes sociais e que a exposição de fotografia de Luísa Melão «Alfarroba – memória(s) de uma vida» (a visitar no Museu Regional do Algarve, até 11 de abril) – uma parceria da DRCAlg com o Museu Municipal de Faro – pretende valorizar, registando um espaço industrial (desaparecido) que depende deste produto. Atenta ao mérito de se fazerem registos deste património imaterial, materializado de tantas formas, a DRCAlg promove a sua salvaguarda, estudo e valorização incentivando a sua divulgação.l Cristina Fé Santos (Direção Regional de Cultura do Algarve)
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LETRAS E LEITURAS •••
A Barata, de Ian McEwan fotos Helen cat
Paulo Serra
Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
«Naquela manhã, ao acordar, Jim Sams, esperto, mas algo leviano, depois de uma noite cheia de sonhos perturbadores, viu-se transformado numa criatura gigantesca.» (p. 11) Nas primeiras frases de A Barata, de Ian McEwan, publicado pela Gradiva, um texto breve como uma novela que parece responder aos mais recentes acontecimentos de um Reino Unido que decidiu apartar-se da União Europeia, é possível reconhecer o início de A Metamorfose, de Kafka. E, para que não restem dúvidas, Jim Sams, o nome do protagonista, faz eco do de Gregor Sams. Mas se a obra de Kafka se caracteriza pela alegoria que faz uso do fantástico, em A Barata impera uma sátira em que tudo é inversão, numa espécie de parábola que pretende ilustrar co-
Ian McEwan, através de A Barata, pretende ilustrar como o mundo está de pernas para o ar •
mo o mundo está de pernas para o ar – um pouco como Jim Sams se sente quando acorda, deitado de costas durante um bom tempo, enquanto contempla horrorizado os únicos quatro membros que lhe restam e sente saudades das suas perninhas castanhas. Conforme se vai familiarizando com a sua nova e repugnante aparência humana, sempre a partir da sua perspectiva de barata (capaz de lembrar ainda o gosto das moscas varejeiras), Jim Sams vai recordando fragmentos daquela que é a causa, a missão, que o trouxe do mundo dos insectos e, além dele, outros mais, com que o primeiro-ministro se vai cruzando e que consegue reconhecer de forma algo instintiva. «Foi durante esses segundos, enquanto fitava o olhar brando de Trevor Gott, o chanceler do ducado de Lancaster, depois o ministro da Administração Interna, o procurador-geral, o líder da bancada, o ministro dos Transportes, o ministro sem pasta, que, num momento surpreendente de reconhecimento instantâneo, uma alegria inusitada, transformadora, transcendente, percorreu todo o seu corpo, passando pelo coração e descendo pela espinha. (...) Praticamente todos os membros do seu Conselho de Minis-
tros partilhavam as suas convicções. Mas, muito mais importante do que isso, e só nesse momento o soubera, partilhavam as suas origens.» (p. 30) O que estes insectos recentemente convertidos em políticos, de modo a cumprir uma missão em nome do povo, procuram decidir não é o Brexit, mas sim o florescimento de uma economia regressista e que deve ser implementada já no dia 25 de Dezembro, dia em que o comércio está fechado. O autor detém-se com algum cuidado na teoria do regressismo (a ideia não é totalmente nova), procurando explicá-la desde as suas origens, sendo que este consiste na inversão do fluxo do dinheiro. Em suma, a economia será estimulada com o cunho de mais moeda para que as lojas possam pagar aos seus clientes, e os clientes possam pagar pelos seus empregos, da mesma forma que os funcionários pagam um salário para que lhes seja permitido trabalhar, e quanto mais investirem em formação melhor, pois permitir-lhe-á encontrar um trabalho mais dispendioso, pelo que mais compras terá de fazer para o pagar. A lei passa portanto a proibir a acumulação de poupanças, pois o dinheiro parado vence elevadas taxas de juro negativas, o que o reduzirá a nada, obrigando portanto
as pessoas a investirem o seu tempo em lojas onde são generosamente compensadas por todos os artigos que conseguirem levar a preço de retalho. A certa altura a chanceler alemã – que tal como o presidente francês (Sylvan Larousse) ou o presidente americano (Archie Tupper) também passa por esta sátira – pergunta a James Sams «Warum?» (Porquê?), ao que a única resposta possível é «porque sim» (p. 97). Na narrativa de Ian McEwan esta tese de inversão do que é a ordem natural das coisas afigura-se como a verdadeira crítica a um país que está empenhado em se destruir, vogando contra a corrente mas determinado a servir o seu povo. O livro parece perder um pouco da sua irreverência e ímpeto iniciais, mas a ironia cáustica de Ian McEwan permanece incisiva numa história que se quer com final feliz: «Agora, a Grã-Bretanha estava entregue a si própria. O povo tinha falado. A genialidade do líder do nosso partido permitira o cumprimento do desejo do povo. O destino do povo estava nas mãos do povo. O regressismo tinha sido cumprido! Sem mais hesitações nem demoras! A Grã-Bretanha estava sozinha!» (p. 106). l
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Frankissstein, de Jeanette Winterson Mesmo quando iniciamos a leitura de um livro em branco (leia-se in tabula rasa), como normalmente opto por fazer, há ainda assim uma certa expectativa subjacente, um horizonte que criamos mais ou menos involuntariamente e talvez até de modo inconsciente. Pelo título apenas presumi que se tratasse de um romance biográfico que desse conta do processo de escrita de Frankenstein, um dos livros que mais me marcou na adolescência. A narrativa inicia justamente com um cenário idilíco e uma prosa lírica, quando Mary Shelley caminha nua nas margens do Lago de Genebra em 1816. Contudo, no capítulo seguinte, num Reino Unido pós-Brexit, encontramos Ry Shelley, um médico, numa espécie de convenção ou feira de robótica, que pretende estudar de que forma os robôs afectarão a saúde mental e física dos humanos. Ao longo do livro, as duas histórias alternam, e as personagens de uma época encarnam noutra. Este romance pretende romper com as convenções, ao mesmo tempo que intenta uma crítica mordaz, divertida, ao limiar da realidade que conhecemos, num mundo que se aproxima cada vez mais do imprevisível. Victor Stein (que partilha o nome do médico do clássico de Mary Shelley), é um investigador da Inteligência Artificial; Ry Shelly, outrora mulher, é um médico transgénero, que fornece partes de corpos humanos a Victor, com quem se envolve numa relação amorosa e sexual que não se pretende classificar; Ron Lord, um empresário que tem em mente criar uma inovadora gama de sex dolls; Polly D, uma jornalista em busca de um furo; e Claire, uma cristã evangélica que consegue ver no trabalho de Victor algo de religioso.
muito a remover, e as hormonas já me tinham alterado o peito. Gosto do meu peito como o tenho agora: forte, suave, plano. Uso o cabelo puxado para trás num rabo-de-cavalo, como um poeta do século XVIII. Quando me olho ao espelho, vejo alguém que reconheço. Foi por isso que escolhi não fazer a cirurgia ge-
É muito particularmente em Ry que parece recair a simpatia da autora, um transgénero que pode aliás ser tomando como transhumano: «Não sou muito alto, com 1,72 metros. A minha constituição é magra. Tenho ancas estreitas e pernas compridas. Quando fiz a mastectomia, não havia
nital. Sou aquilo que sou, mas aquilo que sou não é uma só coisa, um só género. Vivo com a duplicidade.» (p. 84) Jeanette Winterson entretece neste livro diversas questões actuais, cada uma por si só suficientemente problemática e passível de
tarde para outras opções.» (p. 232) Contudo, um leitor atento consegue perceber que a narrativa se contradiz, e daí a sua complexidade ou não fosse este livro também uma paródia, pois noutra passagem Victor proclama, numa declaração de amor a Ry, que «Os seres humanos evoluíram. Estão a evoluir. A única diferença, aqui, é que estamos a pensar e a desenhar uma parte da nossa própria evolução. Deixámos de esperar pela Mãe Natureza. Temos todos de crescer. Não é a sobrevivência do mais apto – é a sobrevivência do mais esperto. Nós somos os mais espertos. Nenhuma outra espécie é capaz de interferir com o seu destino.» (p. 140) Voltando à história de amor entre Victor e Ry, uma pequena nota sobre a tradução do livro. Intitulado, no original, Frankissstein: A Love Story, a Elsinore optou por simplesmente suprimir o subtítulo. É certo que este pouco parece acrescentar, mas se olharmos o grafismo do título, quer no original, quer na capa da tradução portuguesa, com o jogo de cores, percebemos que este contém também um jogo de palavras, pois podemos separá-lo em 3 palavras: Frank kiss Stein. l
fotos d.r.
Jeanette Winterson é uma das mais conhecidas escritoras inglesas •
se ramificar em diversas perguntas existenciais, mas sem querer deter-se demasiado para as aprofundar. A autora pretende sim brincar com este admirável mundo novo onde homens e mulheres preferem robôs que fazem a vez de brinquedos sexuais e de parceiros perfeitos; em que o alcance da imortalidade é uma possibilidade, como em Frankenstein, através da criogenética ou com um simples download dos nossos cérebros para uma cópia de segurança que sobreviva ao nosso corpo e permita um futuro upload num corpo de carbono; em que uma mulher consegue alterar a sua biologia e transformar-se num homem; onde a incerta perfeição da Inteligência Artificial não será, ainda assim, pior que a inteligência humana, até porque num mundo pós-humano, a inteligência artificial vence a raça humana, pois por não ser sentimental tende para os melhores resultados possíveis (p. 71). «Li hoje que os seres humanos dizimaram 60 por cento da vida selvagem desde 1970. No Brasil, temos um ditador a fazer-se passar por presidente democraticamente eleito que está a abrir a Amazónia aos interesses comerciais. Os seres humanos não têm mesmo melhor hipótese do que a IA. É demasiado
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REFLEXÕES SOBRE URBANISMO •••
O ordenamento do território e as crianças fotos d.r.
Teresa Correia
Arquitecta / urbanista arq.teresa.correia@gmail.com
Os espaços verdes de utilização coletiva nas cidades As vivências das cidades evoluem com os anos e com as mudanças próprias da sociedade e hoje ninguém questiona a utilização de veículos automóveis nas deslocações frequentes entre casa e escola ou na casa-trabalho. No tempo da minha infância, todos tínhamos de caminhar para a escola, sozinhos, e regressar, sendo que depois dos trabalhos de casa, lá tínhamos a nossa rua e o nosso bairro, para brincar livremente com outros iguais. Que nem pássaros no ar, todos interagiam na rua, sem preocupações de segurança. Hoje, tudo está um pouco mais difícil, temos uma vivência muito maior em casa, ao computador, ao telemóvel, com comunicação via internet e redes sociais, e menos relacionado com o espaço público. No entanto, estes espaços são cruciais para as crianças, estas continuam a necessitar, agora mais do nunca, de correr, de brincar, e viver em espaços ao ar livre. O atual regime legislati-
As crianças continuam a necessitar de correr, brincar e viver em espaços ao ar livre •
posta a uma necessidade social que implica manutenção, boa localização e enquadramento adequado. Estes espaços são normalmente de domínio público municipal, os quais, face à grande dinâmica de loteamentos, provocaram alguma dispersão pelo território. Assim, a manutenção e a gestão é difícil e dispersa, mas será fácil de perceber que onde existirem pessoas a viver estes são necessários.
espaços, em áreas mais desprotegidas e desoladoras. Estas áreas de grande valor educativo e recreativo são exigentes e nem sempre as autarquias conseguem dar resposta ao número elevado de substituições de equipamentos infantis. Uma alternativa possível seria também a contratualização da sua manutenção com um grupo de moradores locais, o que está previsto na legis-
Os parques infantis são espaços de excelência para qualquer criança •
vo obriga, portanto, e com razão, a prever uma percentagem de terreno para cedências em loteamentos para espaços verdes de utilização coletiva. Esta área cedida em razão da sua localização deverá ser a res-
Os parques infantis e as crianças Os parques infantis são espaços de excelência para qualquer criança. No entanto, o vandalismo e o tempo têm transformado alguns destes
lação, mas em Faro nunca chegou a ser praticado. Outra hipótese, é uma tentativa de racionalização e acabar com alguns dos parques existentes e concentrar os esforços em poucos de maior dimensão,
estrategicamente localizados. Esta ideia de planeamento está correta do ponto vista teórico, mas não é fácil, uma vez que estes espaços foram promovidos com esta valência em loteamentos e parece uma desqualificação face às expetativas das pessoas que optaram por aqueles locais para viverem. Apesar da problemática da gestão, os espaços públicos são evolutivos e devem continuar a servir as necessidades da população, promovendo uma qualidade de vida, que ainda é aquela que torna as nossas crianças mais felizes.
concelho. As escolas sobrelotadas criam dificuldades de diversa ordem, seja de infraestruturas que não existem, como auditórios e bibliotecas em condições, como também em comportamentos pouco recomendáveis, como seja a formação de grupos de bullying. Este flagelo da nossa sociedade denota que algo está mal, sendo a origem a ausência de valores, a falta de compromisso das famílias, a desestruturação de comportamentos e os espaços desadequados. As escolas urbanas estão em grande maioria pouco vigiadas, sendo
Os equipamentos de Educação e de Desporto
muito difícil garantir a segurança e controlo, sem meios adequados, nem pessoal especializado. Será assim de aproveitar a revisão dos planos diretores, ou até alguns dos planos urbanísticos em curso, para refletir sobre as necessidades escolares, com um enfoque na localização adequada de novos espaços para escolas, assim como espaços desportivos. A oportunidade é ténue mas existe e visa preparar um futuro melhor para as nossas crianças. l
As escolas são também os ambientes onde as crianças passam mais horas, construindo a sua educação, mas também criando laços, numa socialização por vezes saudável, outra vezes não. A realidade é que numa área tão populosa como a do município de Faro, ainda faltam escolas para o número de alunos que temos no
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CULTURA • SUL
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ESPAÇO AGECAL •••
Paisagens e as casas, reaprender a viver em comunidade Jorge Queiroz
Sociólogo, sócio da AGECAL
“A arquitectura algarvia, resultante de uma harmonização entre o Homem e a terra é interessante exemplo da aculturação nela se esbatendo a clássica distinção entre arte erudita e arte popular, caracteriza-se por perfeita integração paisagística, reduzida e humana escala altimétrica, extrema delicadeza e grande qualidade plástica...” José Eduardo Horta Correia, in “ O Algarve em Património”, 4º Congresso do Algarve, 1986. “Preservar as características únicas e inconfundíveis de uma região, de uma cidade ou de um lugar, não é uma atitude passadista de quem recusa a modernidade, sucede é que esse passado constitui a base de sustentação
da criatividade e da inovação, ao destrui-lo que damos inelutavelmente no vazio espiritual” António Rosa Mendes, in “Cultura.Sul” Novembro de 2011 José Eduardo Horta Correia, natural de Vila Real de Santo António, professor de História da Arte e Urbanismo, tal como o saudoso historiador António Rosa Mendes, também algarvio e docente universitário, chamaram a atenção para a necessidade de estudar, valorizar e reabilitar o Algarve na sua dimensão cultural e patrimonial. Um dos aspectos mais interessantes na cultura algarvia é a arquitectura, o que dela subsiste na casa urbana ou do meio rural, as diferentes características e tipologias, consequência de necessidades de adaptação ao clima, aos solos e matérias-primas, às necessidades familiares, sociais e produtivas. O Algarve contrapõe à “civilização
do granito” do norte do País, a “civilização do barro” na visão da geografia humana de Orlando Ribeiro. Praticou-se no sul a construção de casas em taipa e adobe, barro amassado, misturado com areia e matéria vegetal, secado ao sol. Era usado em casas normalmente de um só piso, uma edificação barata, que poderia ser construída por quatro homens em apenas quinze dias, adaptada às amplitudes térmicas, frescas no Verão e amenas no inverno. Do ponto de vista do desenho há equilíbrio e harmonia, as casas “tradicionais” eram e são atraentes, bem integradas na paisagem. À sua volta nasceram pomares, hortas, vinhas, fornos de lenha, animais de criação e toda a biodiversidade que estamos a perder… A evolução da arquitectura algarvia poderia ser um sucesso, com investigação aplicada, se apoiada nos estudos de arquitectura e engenharia mediterrânicas. Baseada
Altura dedica Carnaval à "Mãe Natureza"
no uso racional dos recursos e aproveitamento das águas é sabedoria milenar, permitiria a construção e urbanismo orientados para aspectos qualitativos e identitários, uma contemporaneidade personalizada e diferenciada, ambientalmente sustentável. O Algarve tem sido dirigido, do ponto de vista do seu desenvolvimento, por interesses exteriores à região, que a transformou numa área dependente da monocultura do turismo e influenciada por fenómenos correlacionados. Estará fragilizada também pelo inadequado uso do território e agudização das alterações climáticas. Ao contrário do que alguns pensam, a avaliação do desenvolvimento não poderá continuar a reger-se por critérios quantitativos e do volume de negócios, mas por critérios ambientais, culturais, de inclusão social e sustentabilidade. O Algarve é, a nível europeu,
um dos mais significativos casos do impacto de uma determinada perspectiva de turismo nas transformações paisagísticas, sociais e culturais, consequência da “descoberta” em meados do século XX de uma das mais belas e preservadas regiões do mundo, privilegiada pela natureza e a sua história. Não são os mercados que definem as políticas, mas as políticas que devem orientar os mercados. A cultura é ampla e multifacetada, as paisagens e as casas são conhecimento e património, exprimem modelos culturais, serão decisivas na adaptação às novas formas de habitar nos tempos crescentemente instáveis que já vivemos. O regresso ao equilíbrio com a natureza será possível se reaprendermos a vida em comunidade de objectivos. É necessário redescobrir a cultura que nos construiu durante séculos. l
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Município de Tavira
Edital n.º 9/2020
Ana Paula Fernandes Martins, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Tavira
foto d.r.
Carnaval de altura já vai na sua 19ª edição O Carnaval de Altura, conhecido pela sua autenticidade, decorre no fim-de-semana de 22 e 23 de fevereiro, sendo realizado há 19 anos com o esforço e empenho da população e associativismo locais. Esta será a edição da "Mãe Natureza", um mote que tem dado largas à imaginação dos envolvidos, que constituem 10 carros alegóricos e 11 grupos de animação, que representam as Juntas de Freguesia de Altura, Castro Marim e Odeleite, o grupo de Amigos do Bairro Quente, Grupo de Zumba,
Amigos da Arrancada, Grupo de Amigos de Altura, o Clube Recreativo Alturense, a Associação Cegonha Branca e o Centro de Cultura e Desporto da Câmara Municipal de Castro Marim. Esta 19ª edição promete ter muita cor, ritmo e alegria, uma festa para a qual também contribuem os muitos foliões que se juntam ao cortejo. No sábado, depois do cortejo, o evento será animado pelo “Duo Reflexo” e Nelson Santos. No dia seguinte, será a vez de conhecer em palco todos os grupos que integram este Carnaval. A 19ª edição do Carnaval de Altura tem a organização conjunta da Junta de Freguesia de Altura e da Câmara Municipal de Castro Marim e o apoio do Supermercado Corvo, contando ainda com a colaboração das Juntas de Freguesia de Castro Marim e Odeleite, Clube Recreativo Alturense, Casa do Povo do Azinhal e outras associações e comércios locais.
TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 28 de janeiro de 2020, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por unanimidade proposta n.º13/2020/CM - Donativo de garrafas de águas para apoio aos Bombeiros Municipais; 2. Aprovada por unanimidade a proposta n.º14/2020/CM - Atribuição de apoio ao Corpo Nacional de Escutas - Agrupamento 100 de Tavira - Tecoree Regional 2020; 3.Aprovada por unanimidade a proposta n.º19/2020/CM - Atribuição de apoio à Sociedade da Banda Musical de Tavira; 4. Aprovada por unanimidade a Proposta n.º20/2020/CM - Atribuição de apoio à OJA - Associação Orquestra de Jazz do Algarve; 5. Aprovada por unanimidade a Proposta n.º21/2020/CM - Atribuição de apoio à Associação Almadrava - Rede Cultural e Social de Santa Luzia - "Baile do Ano"; 6. Aprovada por unanimidade a Proposta n.º22/2020/CM - Atribuição de apoio ao Clube de Tavira - Cedência de auditório; 7. Aprovada por maioria a Proposta n.º23/2020/CM - 2.ª alteração orçamental permutativa | Orçamento 2020 Ratificação do despacho n.º 10/2020; 8. Aprovada por unanimidade a Proposta n.º24/2020/CM - Nomeação do representante do Município nos órgãos sociais da ALSUD. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume. Paços do Concelho, 28 de janeiro de 2020 A Presidente da Câmara Municipal, Ana Paula Martins (POSTAL do ALGARVE, nº 1238, 7 de Fevereiro de 2020)
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CULTURA • SUL
MARCA D'ÁGUA •••
Pão nosso de cada poema foto d.r.
Maria Luísa Francisco Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com
A história das três grandes civilizações do Mundo Antigo, egípcia, grega e romana, acompanhou a evolução do pão, alimento com grande importância no decorrer destas civilizações. A civilização egípcia é considerada como a primeira civilização que confecionou pão; os Gregos não tinham grandes condições naturais para o cultivo de cereais e revestiram o pão de um valor emocional e deificaram-no; os Romanos entenderam o seu valor e aproveitaram-no politicamente (Panem et circenses). A política do pão e circo é uma expressão muito conhecida que foto maria luísa francisco
"Num grão de trigo, habita alma infinita" (Fernando Pessoa) • pub
"Não sei se fazer um poema não é fazer um pão, um pão que se tire do forno e se coma quente ainda por entre as linhas" (Herberto Helder) •
remete para o Império Romano. Na época, o imperador utilizava comida e entretenimento para apaziguar a população. Muitos historiadores consideraram esta atitude como uma política de manipulação de massas. O pão tem sido durante milénios uma importante base alimentar para ricos e pobres, tanto no meio rural como urbano, se bem que em algumas épocas, tenha assumido uma maior centralidade devido à dificuldade em aceder a outro tipo de alimentos. Num projecto que criei em 2015, intitulado Pão nosso de cada poema, fiz um levantamento de textos alusivos ao Pão e à sua simbologia e encontrei poemas da autoria de Fernando Pessoa, Miguel Torga, Guerra Junqueiro, Vitorino Nemésio, José Saramago, José Carlos Ary dos Santos, Herberto Helder, entre outros. Foi nessa altura que amassei pão pela primeira vez, e cozi no forno
antigo, seguindo todos os preceitos que aprendi com as gentes da serra algarvia. Inclusive a oração aquando da colocação do pão no forno: “Deus te acrescente e que dê para muita gente!” Liturgia popular do pão Pode dizer-se que existe uma liturgia popular do pão. Amassar e cozer o pão é quase um ritual religioso. Algumas pessoas mais antigas marcam o pão com cinco toques do dedo indicador direito simbolizando as cinco chagas de Cristo. A maioria das pessoas que amassa e coze pão recita orações junto do mesmo. Quase sempre fazem o sinal da cruz com a pá sobre o pão ou à porta do forno dizendo uma breve oração, que varia de acordo com a região do país. No Alentejo é usada, em algumas localidades, esta breve frase em jeito de oração:
“Deus te ponha a virtude, que eu fiz o que pude.” Ao amassar há quem diga, mais a Norte, esta outra oração: “S. Vicente te acrescente, S. João te faça pão, E Deus te cubra com a sua bênção” (No fim reza-se um Pai Nosso e uma Avé Maria) E ainda: “Deus te finte, Deus te acrescente, E as almas do Céu para sempre” Pão enquanto símbolo de partilha Na simbologia cristã o Pão está presente na Oração do Pai Nosso, sendo referência ao pão eucarístico e à sua partilha. Por sua vez, na tradição judaica o matzá é o Pão da Páscoa com a pureza do pão ázimo, sem fermento. Para os judeus a Páscoa é denominada
Pessah. Ou seja, a Pessah dos judeus e a Páscoa dos cristãos são celebrações intimamente relacionadas. Ambas as festividades se celebram em datas quase coincidentes, embora naturalmente encaradas sob pontos de vista históricos diferentes. Os judeus lembram a libertação da escravidão do povo hebreu no Egipto (cerca de 1280 a. C.). Os cristãos recordam a última Ceia, a partilha do Pão, a Morte e a Ressurreição de Cristo. O pão desde há muito que é um alimento com forte simbolismo. Alimento não só para o corpo, mas também para o espírito: “Nem só de pão vive o homem” como refere Jesus. O pão é um elemento sagrado, de partilha e de fraternidade. Que sejamos fermento numa sociedade com mais partilha de bens materiais e espirituais, ajudando a despertar a dimensão convivial e espiritual e, se possível, com um toque biológico e integral! l
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FILOSOFIA DIA-A-DIA •••
É Carnaval... Ninguém leva a mal! fotos d.r.
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
De acordo com a origem etimológica, a palavra carnaval vem do latim carnem levarem que significa abster-se da carne. O nome da festividade antecipa o período de privações inerentes à Quaresma onde não apenas a carne mas também o álcool e outras substâncias dadas à euforia são desaconselhadas. O jejum requer o afastamento dos prazeres mundanos. Preparamo-nos, pois, para a privação, com o excesso. O Carnaval é uma festa da exorbitância e do descomedimento. Não apenas se ingere carne, mas mostra-se a carne: os corpos cantam e dançam até à exaustão. No Brasil as escolas de samba exibem o seu virtuosismo em todo o esplendor. É o prazer do corpo, dos sentidos, da sexualidade que se exulta. Durante o Carnaval recorre-se à sátira, criticam-se as autoridades, vive-se uma inversão de papéis sociais, e como “é carnaval, ninguém leva a mal”. Já a actividade sexual pode tornar-se bastante concupiscente. Esta libertinagem tem até uma origem histórica: Durante os cinco dias que duravam as Sacéias, comemoradas na Babilónia, um prisioneiro escolhido à sorte assumiria a vida do monarca: vestia-se e alimentava-se como o rei e tinha até direito a partilhar o leito com as suas esposas. Mas este paraíso depressa acabava, pois findo o prazo o prisioneiro era chicoteado e depois enforcado ou empalado. Na Mesopotâmia, perto do equinócio da Primavera, o rei era despojado das suas insígnias de poder e espancado junto à estátua de Marduk, para demonstrar a sua submissão à divindade. Depois do ritual o monarca voltava a assumir o trono. Em Roma celebravam-se a Saturnália próxima do solstício de inverno em Dezembro, e a Lupercália em Fevereiro, mês das divindades infernais. Tais festas duravam dias, com comidas, bebidas e danças. Os papéis sociais também eram invertidos temporariamente, entre os escravos e os seus senhores. Por seu lado, os ritos dionisíacos gregos, ou as bacanais romanas eram festas marcadas pela embriaguez e pelos prazeres da carne. O lado mais negro do Carnaval é sem dúvida o do abuso sexual Temos, portanto, muito por onde herdar nas práticas carnavalescas ac-
No Brasil as escolas de samba exibem o seu virtuosismo em todo o esplendor •
tuais. Dada a lascívia inerente a esta festividade as autoridades brasileiras lançaram em 2019 a campanha “Pare, pense e use camisinha” tendo distribuído 129 milhões de preservativos. Contudo, a adesão dos foliões a esta medida foi bastante fraca, alegaram que o preservativo atrapalha a relação e impede a espontaneidade, admitindo que se expõem a situações de risco. Em 2020, o governo de Bolsonaro prepara-se para lançar a campanha “iniciação sexual não precoce” precisamente antes do carnaval, para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis, promover a abstinência sexual e evitar a gravidez na adolescência. Trata-se de uma verdadeira incitação à castidade cuja eficácia resulta duvidosa mesmo para os mais benevolentes. Porém, o lado mais negro do Carnaval é sem dúvida o do abuso sexual. Para lhe fazer face foi também lançada uma campanha de prevenção sob o lema “Meu corpo não é sua fantasia”. Pretendem prevenir e promover orientação e segurança das pessoas que sofrerem violência durante o período de folia em todo o país. Em termos legais, a “importunação” sexual foi definida como a prática de um acto libidinoso contra alguém sem a sua anuência “com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de um terceiro”. Com esta lei um “beijo à força ou qualquer outro acto consumado mediante violência ou grave ameaça, impedindo a vítima de se defender, configura crime de estupro”. Que pensar de tudo isto?
As festas são uma celebração de algo positivo, são geradoras de alegria As festas são uma celebração de algo positivo, são geradoras de alegria, de confraternização, de sentimentos de união e paz. O amor encontra uma das suas mais prazenteiras expressões nas relações sexuais. Os orgasmos produzem muitos benefícios como qualquer clique na internet pode ajudar a esclarecer, entre eles, o alívio das tensões e a união do casal propiciadora de estabilidade. Porque e como damos cabo de tudo isto? Os excessos provocadores de dano ao próprio ou a terceiros justificam uma intervenção de controle. As privações sustêm-se de forma mais eficaz quando precedidas de abundância ou mesmo enfartamento daquilo de que nos teremos de abster. O sentimento de culpa provoca uma enorme vulnerabilidade. Tudo isto sabem os poderosos! Vejamos o que tem Nietzche que dizer a este respeito no seu livro intitulado O Anti-Cristo: “A desobediência a Deus, isto é, ao sacerdote, à lei, chama-se agora pecado; os meios de reconciliar-se com Deus são, como é justo, meios que asseguram ainda mais profundamente a submissão ao sacerdote; só o sacerdote salva (...) em toda a sociedade organizada sacerdotalmente, os pecados tornam-se indispensáveis: são propriamente os instrumentos do poder, o sacerdote vive pelos pecados, tem necessidade de que se peque...”
Não querendo ficar sem a sua quaresma, a igreja consentiu e integrou o carnaval. Afinal o que são 3 dias comparados com 40?! Ainda por cima 3 dias propiciadores de muitos pecados. A seguir ao gozo vem o arrependimento. É preciso incutir durante o maior período de tempo possível o desalento, o desamparo, e a aspiração por algo superior. Sobre-
tudo, é preciso que as pessoas andem melancólicas! Gente feliz consome menos, portanto, precisa de trabalhar menos e é pouco influenciável. Os tristes e os que se sentem culpabilizados manipulam-se muito mais facilmente! l Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com
Nietzche diz que o "sacerdote vive pelos pecados, tem necessidade de que se peque.."•
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Professor e biólogo algarvios abandonam profissões e criam banda de música Nome da banda carateriza a dinâmica do grupo
foto d.r.
A banda carateriza-se pela rotatividade dos vários elementos que a compõem Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
João Faísca, professor de Ciências e Matemática, e Pedro Barroso, biólogo, decidiram abandonar as suas profissões em prol de uma paixão de longa data: a música. O sonho tem vindo a ser concretizado aos poucos e, recentemente, a dupla empenhou-se na formação de uma nova banda no panorama musical algarvio, os Plasticine. “Eu e o Pedro já tínhamos temas individuais e pensámos juntá-los para formar uma banda, sendo que a apresentação oficial dos primeiros esboços de músicas aconteceu no verão de 2017”, começou por explicar João Faísca em entrevista ao POSTAL. O músico é peremptório: “apesar das coisas não terem sido feitas propositadamente para isto nem ter havido um foco com o objetivo de fazermos músicas para uma banda, o resultado desta junção é francamente positivo”. Banda Plasticine apresenta uma estrutura singular A banda Plasticine apresenta uma estrutura singular, uma vez que se carateriza pela rotatividade dos vários elementos que a compõem. A ideia inicial partiu de João Faísca e Pedro Barroso, no entanto, cada con-
certo apresenta, frequentemente, um número diferente de elementos. Pedro Barroso, de 41 anos, disse ao POSTAL que “o primeiro concerto feito a 30 de março de 2018 contou com 13 elementos. Não eram necessariamente todos em todas as músicas”, acrescentando que “nos últimos concertos já tocámos com cerca de nove/dez elementos”. “O número de elementos é variável até pela questão de sermos muitos e de ser um projeto relativamente recente, o que faz com que não seja muito fácil estarem todos disponíveis para o mesmo concerto”, acrescenta. Segundo os músicos, a banda é uma mistura de estilos: “no fundo aquilo que nos sai da inspiração acaba por estrar sempre um bocadinho mais ligado à fusão, à música do mundo e a coisas um bocadinho relacionadas com o soft jazz/cool jazz”. João Faísca diz ainda que é “fácil encontrar outras referências nas músicas. Às vezes pode encontrar-se um bocadinho de rock, soul ou afro beat, por exemplo”. Em termos musicais contam que se inspiram na banda Snarky Puppy. “Começámos a ouvir esta banda ao mesmo tempo e seguimos um pouco o percurso deles, que tem um pouco este funcionamento, pois é uma banda com muita gente, onde os elementos também acabam por ser rotativos”, afirmam. Os músicos destacam que “acaba por ser uma mistura muito interessante de
estilos”, sendo que “é muito curioso termos conseguido juntar estas músicas e integrá-las num disco sem que tenha existido um fio condutor inicial”. O primeiro disco dos Plasticine saiu em setembro de 2019. “Nós estamos agora a trabalhar em músicas novas e já tínhamos inclusivamente três músicas que não ficaram gravadas e que vão integrar um segundo disco”, revelam. Os artistas avançam que “a ideia é fazer um novo CD dentro de um ano e meio e também ir lançando músicas, algumas delas só nas plataformas digitais”. As músicas já estão disponíveis no Spotify, Itunes Music, Amazon, Youtube, entre outras. João Faísca e Pedro Barroso deixaram as suas profissões em prol da música João Faísca e Pedro Barroso sempre tiveram uma grande paixão em comum: a música. Os artistas decidiram, inclusivamente, deixar as suas profissões para se dedicarem inteiramente à música. João Faísca era professor de Matemática e Ciências dos 5º e 6º anos. Ao POSTAL confessou que “no início existiu um período em que achava que tinha um papel social mais relevante no ensino”. “Eu sinto um pouco falta disso, mas por outro lado a parte burocrática do ensino tornava a profissão bastante desgastante para aquilo que é a princi-
pal tarefa de um professor”, assegura. O ex-professor diz que “enquanto músico tem um controlo de tempo que não tinha como professor. É uma comparação um pouco injusta porque dentro da sala de aula queremos que os alunos aprendam, enquanto que nos concertos o objetivo é que as pessoas se divirtam”. João Faísca confessou ao POSTAL que a música é algo “que lhe dá imenso prazer porque consegue fazer-nos sentir determinadas emoções mesmo sem estar a vivenciar certas situações” e que “acaba por ser um prazer tocar”. “Não sei explicar porque é que é, mas sempre foi e com o tempo acabou por surgir a oportunidade de tornar isto numa profissão, o que é perfeito porque permite aliar o gosto e a profissão”, explica. Por sua vez, Pedro Barroso, biólogo de formação, conta que “a música também é algo verdadeiramente importante e que vem desde pequenino”. “Desde pequeno que ando a bater tambores e a partir coisas. Era, sem dúvida, um grande baterista já aos três anos”, recorda, entre risos. Pedro Barroso explicou ao nosso jornal que decidiu afastar-se da profissão de biólogo porque “trabalhar na ciência tem sido muito complicado” e “as carreiras não são nada fáceis”. Os artistas trabalham essencialmente no turismo, casamentos, bares e eventos privados e já tiveram inclusivamente um duo.
Os músicos confessaram ao POSTAL que o nome Plasticine relaciona-se com a elasticidade dos músicos, com a própria rotatividade e também com o facto de a banda não ter um formato fixo e um estilo claramente definido. “O nome do projeto é ele próprio um reflexo do conceito da banda, isto é, uma formação que se permite maleável e onde a rotatividade dos músicos é em si uma caraterística da banda, permitindo que cada um dê o seu cunho pessoal e emoção à interpretação dos temas, tornando cada concerto único”, complementaram. Os músicos confessaram ao POSTAL que a aceitação do público tem sido bastante positiva: “nós já fizemos cerca de 12/13 concertos neste ano e meio e é muito bom perceber que já existem muitas pessoas que conhecem as nossas músicas”. Quanto a perspetivas futuras, os artistas dizem que “gostavam de participar em alguns festivais para já a nível nacional e eventualmente a nível internacional”. “Este ano já temos bastantes contactos iniciados, como por exemplo, com o MED, que ficou como uma possibilidade muito forte devido ao concerto de apresentação do álbum se ter realizado em Loulé”, revelam. Os músicos também confidenciaram ao POSTAL que “existem muitos projetos em aberto para este novo ano 2020”. Os temas originais da banda já foram várias vezes apresentados ao vivo, nomeadamente, em concertos na Re-Criativa República de Olhão, Mar Festival em Lagos e Lac também em Lagos. A banda venceu ainda o concurso de bandas organizado pelo Marginália Bar, em Portimão, a 29 de março de 2019. Os músicos destacam que “este desafio está a ser muito interessante e é realmente surpreendente entender que o mundo da música está cada vez mais universal. Através do Spotify, conseguimos ver que já existem pessoas a ouvir a nossa música na Nova Zelândia e na Argentina e isso dá-nos muita força para continuar”. pub
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REGIÃO •••
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Espetáculo “O Início” de Rui Sinel de Cordes estreia em Portimão ra o que se está a fazer. Serve para qualquer profissão.
fotos d.r.
Quanto a este espetáculo em concreto, o que é que o público pode esperar? Este primeiro espetáculo retrata a história da Humanidade até 2020, vista pelos meus olhos. É um resumo baseado na escuridão que enfrentámos durante anos e a luz que sobrou no meio de tanto progresso e conflitos. Que surpresas tem guardadas para este dia? Muitas, mas aqui não vou revelar nenhuma. O melhor das surpresas é isso mesmo.
uma profissão em que podia dizer os mesmos disparates, mas num local próprio. O que o inspira? O Mundo. No caso destes dois próximos espetáculos, literalmente. Qual é o segredo do sucesso? Trabalho, dedicação, sorte e alguma apetência natural pa-
Que mensagem pretende transmitir? Nenhuma. Apenas pretendo transmitir diversão e risos, que é o que mais falta faz, por estes dias. Quais são as expetativas relativamente a este espetáculo no Algarve? As melhores, como sempre. São muitos anos a fazer espetáculos no Algarve e a receção do público só tem melhorado. Espero continuar nesse caminho. pub
NOTIFICAÇÃO PARA EFEITOS DE EXERCÍCIO DE DIREITO LEGAL DE PREFERÊNCIA
Rui Sinel de Cordes promete muitas surpresas para o espetáculo de 15 de fevereiro Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
O espetáculo “O Início” de Rui Sinel de Cordes vai estrear no próximo dia 15 de fevereiro, em Portimão. Rui Sinel de Cordes começou por ser co-fundador do grupo de sketch-comedy 'Alcómicos Anónimos', foi guionista de programas como "Aqui Não
Há Quem Viva", na SIC, ou "Cómicos de Garagem", na Antena 3. Desenvolvendo a sua paixão por humor negro, teve o seu primeiro programa em 2009, "Preto no Branco", na SIC Radical, seguindo-se a estreia a solo em stand-up comedy com "Black Label". Depois disto, Rui escreveu e/ ou realizou (sozinho ou em colaboração) vários programas da sua autoria, com destaque para "Gente da Minha Terra" – uma viagem pelo pior de
18 países europeus – e "Very Typical" – os piores hábitos dos portugueses. Ambos os programas tiveram duas temporadas. Lançou dois livros, 'Blackbook' e 'Very Typical', e foi colunista de imprensa em Record, FHM ou Playboy Magazine; e Roastmaster do primeiro roast da história da televisão portuguesa. Mas foi na stand-up comedy que Rui Sinel de Cordes encontrou o palco perfeito para a sua visão.
O POSTAL decidiu fazer uma mini-entrevista ao comediante para saber mais pormenores sobre o espetáculo. Rui Sinel de Cordes é um dos comediantes mais conhecidos do nosso país. O que o fez enveredar por esta área? O incentivo de amigos e uma capacidade anormal de dizer disparates nas alturas erradas. Achei por bem seguir
Nos termos e para os efeitos do exercício do direito legal de preferência, vem MARIA JOSÉ SERRA GORGULHO, NIF 108231119, divorciada, residente na Rua Capitão Henrique Galvão, nº 53, 7780-150 Castro Verde, portadora do cartão do cidadão n.º 04901908 2ZY0 emitido pelas Autoridades Portuguesas e válido até 12.01.2021, na qualidade de proprietária e legítima possuidora, vem pelo presente, comunicar aos confinantes a sua intenção de vender de forma simultânea e conjunta o seguinte prédio: - Prédio Misto, sito em Cruz do Areal, Prego, inscrito na matriz predial rústica sob o número 3803 da União das Freguesias de Luz de Tavira e de Santo Estevão, composto de pastagem e 20 alfarrobeiras, com a área total de 15.000m2 e na matriz predial urbana sob o número 2364, com a área coberta de 180m2 da mesma referida freguesia, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número 1131; O preço global acordado para a venda do referido prédio é de 50.000,00 euros (cinquenta mil euros) correspondendo o valor de 20.000,00 euros (vinte mil euros) à parte rústica e 30.000,00 euros (trinta mil euros) à parte urbana. A escritura notarial de compra e venda encontra-se marcada para o dia 28 de Fevereiro de 2020, no cartório notarial do Drº Bruno Torres Marcos, na Rua da Silva nº 17-A 8800-331 Tavira. Nestes termos ficam os proprietários dos prédios rústicos confinantes notificados do objeto da venda, devendo pronunciar-se sobre se pretendem exercer o direito legal de preferência relativamente ao prédio identificado, no prazo máximo de 8 dias contados desde a data de publicação do presente anúncio, sob pena de caducidade do referido direito de preferência, nos termos do disposto do n.º 2 do artigo 416.º do Código Civil. (POSTAL do ALGARVE, nº 1238, 7 de Fevereiro de 2020)
20 7 de fevereiro de 2020
NECROLOGIA
JAIME DAS NEVES COSTA
MARIA ROSA
JOSÉ FERNANDO CRUZ PEREIR A
12-08-1934 14-01-2020
24-12-1931 15-01-2020
17- 01-1946 18-01-2020
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
SANTIAGO TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
SANTA MARIA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
SANTIAGO TAVIRA CONCEIÇÃO E CABANAS DE TAVIRA TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
MANUEL MARTINS FERNANDES
MANUEL DE JESUS SILVA DA CONCEIÇÃO
MARIA CÂNDIDA PEREIR A
02-02-1942 18-01-2020
23- 06-1952 19-01-2020
08- 11-1936 21-01-2020
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
STA CATARINA DA FTE DO BISPO TAVIRA
SANTA MARIA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
SANTA MARIA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
VALENTIM CUSTÓDIO MARTINS
CARLOS ALBERTO GONÇALVES BARROS
MANUEL JACINTO VALENTE
18-06-1941 22-01-2020
09-04-1951 24-01-2020
22-05-1935 24-01-2020
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Faro, 31 de Janeiro de 2020 O Presidente da Assembleia Geral, Henrique Dias Freire
Cirurgia e Estética
Ginecologia
CONVOCATÓRIA
1. Apreciar e votar o Relatório de atividades de 2019; 2. Outros assuntos.
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Mesoterapia
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De acordo com a alínea a) do número 3 do artigo 5º do Regulamento das Delegações, convoca-se a assembleia geral ordinária, para o dia 17 de fevereiro de 2020, pelas 19 horas, na Delegação Regional Algarve, na Rua Dr. Coelho de Carvalho, n.º 1C, em Faro.
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(POSTAL do ALGARVE, nº 1238, 7 de Fevereiro de 2020)
MARIA JOÃO VIEGAS
DOMENICO ANTONIO SALVATORE
23-06-1926 27-01-2020
30-06-1953 29-01-2020
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SANTIAGO TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
GUARDIA PERTICARA(PZ) ITÁLIA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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MARIA L AURENTINA DE JESUS RODRIGUES
ISAUR A DA CONCEIÇÃO SABINO
MANUEL JACINTO DOMINGUES
30-06-1953 29-01-2020
25-05-1929 30-01-2020
12-11-1930 03-02-2020
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SANTA MARIA TAVIRA LUZ E SANTO ESTÊVÃO TAVIRA
STA CATARINA DA FTE DO BISPO TAVIRA
SANTA MARIA TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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7 de fevereiro de 2020
••• REGIÃO
União de Freguesias de Tavira homenageou 3 filhos da terra foto miguel pires d.r.
O Dia de Santa Maria foi marcado pela homenagem aos tavirenses: menina "Bianita", menina "Olguinha" e José Domingos Horta Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
Tavira celebrou no passado domingo, 2 de fevereiro, o Dia de Santa Maria, com várias iniciativas que decorreram ao longo do dia e que foram organizadas pela União das Freguesias de Tavira, liderada por José Mateus. O programa contemplou o XVII Cicloturismo “Terras de Santa Maria”, uma eucaristia na Igreja de Santa Maria e um espetáculo de fados com Raquel Peters e João Leote. No final da tarde, pelas 18 horas, foram ainda homenageados três ilustres tavirenses: menina “Bianita”, menina “Olguinha” e José Domingos Horta. União de Freguesias homenageou as meninas “Bianita” e “Olguinha” Em tempos que já lá vão, entre as décadas de 50 a 80, a realidade ao nível da educação nada tinha a ver com os dias de hoje. Muitas crianças não tinham possibilidade de ter o apoio escolar a que hoje chamamos “explicações”, mas tinham-no de outra forma, era então a chamada de “escola paga”. Na cidade de Tavira foi marcante o papel de duas irmãs que dedicaram grande parte das suas vidas ao ensino das crianças, quer no apoio escolar, quer ainda no pré-escolar. Maria Bebiana Canceira Marçal Rodrigues, carinhosamente conhecida por
menina “Bianita”, hoje com 82 anos, é proveniente de uma família remediada. A menina "Bianita" era filha do senhor Bebiano António Trindade Marçal e tem duas irmãs. "Bianita" frequentou a escola pública até ao 4º ano mas não teve possibilidade para continuar os estudos, uma vez que nesses tempos para continuar era necessário ir para Faro, o que se tornava bastante dispendioso. Por influência de uma vizinha, que por ter um estabelecimento comercial não tinha tempo para acompanhar os estudos das suas duas filhas, por volta dos 11 anos, decidiu-se então pelo ensino às crianças. Paralelamente, com o gosto e dedicação que tinha pelo ensino, também pesava o facto da atividade contribuir para a ajuda financeira da família, pois recebia 5 escudos mensais por cada criança que recebia apoio escolar. Quando começavam, as crianças faziam-se acompanhar de uma cadeira e um copo para beber água, que se mantinha na casa da professora até lá andarem. As crianças que ainda não frequentavam a escola primária iniciavam às nove da manhã e lá permaneciam até à hora do almoço, regressando depois para a parte da tarde. As que frequentavam a escola, apenas podiam ir depois de terminar as aulas, por volta das 15 horas e ficavam até à hora em que os pais os podiam ir buscar, durante todo o ano, fosse ou não tempo de aulas. Exerceu a atividade até aos 28 anos, altura em que casou e foi morar para Almada. Com a sua ausência e visto que a ati-
vidade se tinha tornado importante para as crianças e suas famílias, a sua irmã mais velha, Olga da Encarnação Canceira Marçal, de 87 anos, conhecida por menina “Olguinha”, dada a escassez de empregos dedicava-se apenas a ajudar o pai na sua atividade de encadernador, viu ali uma oportunidade de dar continuidade à atividade da irmã, obtendo também uma importante ajuda financeira. Seguindo o mesmo trajeto de "Bianita", Olga Marçal iniciou então a atividade aos 33 anos e prosseguiu o seu trabalho com muito gosto e dedicação durante muitos anos, fazendo dela a sua profissão, chegando a ter na sua sala de estudos mais de 50 crianças ao mesmo tempo. As meninas “Bianita e Olguinha” receberam e ensinaram os filhos das mais diversas famílias tavirenses dessas épocas, assim como de quadros militares que por cá passaram, sentem orgulho por todos, e ainda hoje existe uma amizade recíproca com muitos dos alunos, que por vezes aparecem para visitá-las e recordar esses tempos, nomeadamente os que vivem fora do concelho. Assim, foi com imenso "carinho e reconhecimento que a União das Freguesias de Tavira, no âmbito das comemorações do dia de Santa Maria 2020, decidiu homenagear as irmãs 'Olguinha e Bianita'”. José Domingos Horta foi também homenagedo Pode dizer-se que o instrumento musical que identifica o Algarve é o acordeão, que é o instrumento
principal do nosso folclore, indispensável nos arraiais, bailes mais típicos e ranchos folclóricos, tendo como expressão maior a dança do corridinho algarvio. Um instrumento intrigante e de sonoridade fascinante, sendo um acompanhamento preferencial em várias formações musicais, nomeadamente, nos grupos de charolas que desfilam no concelho durante as festividades de Ano Novo e Dia de Reis. José Domingos Horta, de 78 anos, nascido a 26 de abril de 1941, no Sítio de Malfrade, freguesia de Vaqueiros, concelho de Alcoutim, estabeleceu-se em Tavira com poucos meses de idade, iniciou-se nas suas lides musicais a tocar bandolim e só depois por volta dos 11 anos começou a despertar e a ganhar gosto pelo acordeão. O seu primeiro acordeão foi-lhe oferecido pelo pai e durante cinco a seis anos foi autodidata a aprender os primeiros acordes musicais. Seguiu-se o início de aulas de acordeão com a professora Isabel, que residia em Loulé, onde aprendeu muito, tanto na correção da posição dos dedos, como nas aulas de solfejo, no manual “Freitas Gasulo”. Depois de adquirir o conhecimento base começou a ganhar cada vez mais gosto pela arte do acordeão, ao ponto de se dedicar totalmente à música e ao acordeão, sendo um “tocador” de eleição, abrilhantando bailes pelo concelho de Tavira e um pouco por todo o Algarve, bem como nas atuações de todos os ranchos folclóricos do concelho e até deslocações ao estrangeiro, havendo meses em que apenas tinha dois ou três dias
sem atuações. Recorda com alguma nostalgia a sua primeira atuação, que foi no Sítio da Altura e recebeu 500 escudos. Entre as muitas situações hilariantes que aconteceram na sua vida de acordeonistanrelatou uma que gosta de recordar e que foi "numa certa ocasião em que se deslocou para tocar ao Sítio do Beliche, bebeu uns copitos de aguardente de medronho a mais e acabou por adormecer numa moita de azedas perto da ribeira, valendo-lhe o facto de ter sido encontrado ao fim de poucas horas… ". A fase seguinte foi a sua passagem por diversos ranchos folclóricos, primeiramente no Rancho Folclórico da Conceição, no qual era presidente da direção o professor José Joaquim, seguindo-se depois os Ranchos Folclóricos da Luz de Tavira, Santo Estevão, Santa Catarina, Luz de Tavira, Cabanas de Tavira e Tavira. Dedicou a sua vida a tocar acordeão, mas por volta dos 40 anos pôs em prática outra vertente da paixão que sentia por este instrumento, dedicando-se a estudar minuciosamente toda a sua engrenagem, tendo começado a construí-los. José Horta construiu cerca de 70 acordeões, com a particularidade de serem mais leves cerca de cinco quilos, em relação aos que são produzidos em fábricas. Os seus instrumentos eram bastante procurados, principalmente por mulheres, por serem mais leves. Atualmente, tem uma oficina em Tavira, que pode ser visitada perto do Pavilhão Dr. Eduardo Mansinho, onde faz arranjos e aconselha acerca da qualidade dos instrumentos. José Domingos Horta considera que até nesta área “os apaixonados do acordeão tendem a deslumbrar-se com a sua aparência e à primeira vista ficam mais atraídos por aqueles que apresentam uma decoração mais fascinante, o que nem sempre corresponde ao melhor instrumento, pois o mais importante para a finalidade a que se destina é mesmo a sonoridade e as teclas, para o efeito a beleza não é importante, por vezes até ofusca a atuação dos tocadores”. Durante a sua carreira de acordeonista deu aulas de acordeão, ensinando muitas pessoas a tocar e a aperfeiçoar os acordes desse instrumento. Devido ao seu vasto percurso e dedicação, foi com "imenso carinho e reconhecimento que, entre outros concidadãos certamente merecedores de reconhecimento, a União das Freguesias de Tavira, no âmbito das comemorações do dia de Santa Maria 2020, decidiu reconhecer o 'tocador de fole', José Domingos Horta".
7 de fevereiro de 2020
REGIÃO •••
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Festival das Camélias em Monchique promete encantar visitantes foto d.r.
Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
A vila de Monchique prepara-se para acolher mais um Festival das Camélias no fim de semana de 15 e 16 de fevereiro. Este ano o certame decorre no Largo dos Chorões. Este festival já tão bem conhecido dos algarvios presta homenagem a um dos ícones patrimoniais e culturais identitários de Monchique: a camélia. A autarquia de Monchique reitera que “existe a certeza e a convicção que Monchique é já uma referência e que reúne em si a distinção de ‘Jardim do Algarve’ e o festival foi e é (mais) um impulsionador deste atributo”. Embora não se possa falar
Monchique já é conhecido como o "Jardim do Algarve"
em longevidade no que toca a este evento, pois o festival vai para a sua 6ª edição, pode-se, no entanto, falar “na construção e criação de histórias que irão prevalecer por longos anos”. O Festival das Camélias promete animar o concelho e mostrar a beleza desta caraterística flor. O programa do certame contempla performances e teatros, a exposição de camélias, a mostra de artesanato e doçaria. A Rota das Camélias vai apresentar-se, este ano, com um formato diferente. A cantora Viviane vai dar um concerto em homenagem a uma das maiores senhoras da canção francesa, Edith Piaf. Temas como “La vie en rose“, “Padam Padam“, “Non
rien de rien”, “Sous le ciel de Paris”, “Milord” ou “Mon Dieu”, entre outros, fazem parte de um alinhamento marcado por histórias de amor e tragédia, um espetáculo repleto de emoção e de algumas surpresas, em que Viviane irá conduzir o público aos longínquos anos 40-50 num ambiente bem parisiense. A programação inerente ao festival irá transmitir uma mensagem aliada à consciencialização, à informação e à discussão em torno do planeta. O Município de Monchique convida assim “à visita e à participação nesta edição do festival”. Não deixe de visitar o certame e encantar-se com a beleza destas flores algarvias.
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Município de Tavira Edital n.º 8/2020
Ana Paula Fernandes Martins, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Tavira TORNA PÚBLICO, que nos termos do n.º1 do artigo 56.º do anexo I à Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 14 de janeiro de 2020, foram tomadas as seguintes deliberações: 1. Aprovada por maioria a proposta número 1/2020/CM, referente a 1ª. Alteração orçamental permutativa | Orçamento de 2020; 2. Aprovada por unanimidade a proposta número 2/2020/CM, referente a Atribuição de apoio a estabelecimentos de ensino de Tavira - Desfile de Carnaval de 2020 - Reforço de verba; 3. Aprovada por unanimidade a proposta número 3/2020/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação Academia de Música de Tavira - Projeto de formação - Orquestra de Guitarras de Tavira; 4. Aprovada por unanimidade a proposta número 4/2020/CM, referente a Atribuição de apoio no âmbito do evento - Festival de Charolas - Cidade de Tavira - Dia 5 de janeiro 2020; 5. Aprovada por unanimidade a proposta número 5/2020/CM, referente a Atribuição de apoios no âmbito do RMAAD; 6. Aprovada por unanimidade a proposta número 6/2020/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação Musical do Algarve - Orquestra Clássica do Sul; 7. Aprovada por unanimidade a proposta número 7/2020/CM, referente a Atribuição de apoio ao G.A.T.O - Grupo de Ajuda a Toxicodependentes no âmbito de tratamento de comportamentos aditivos; 8. Aprovada por unanimidade a proposta número 8/2020/CM, referente a Revogação, por mútuo acordo, do contrato de comodato celebrado em 7 de agosto de 2008, entre o Município de Tavira e a extinta Freguesia de Santa Maria (sede da freguesia); 9. Aprovada por maioria a proposta número 9/2020/CM, referente a Alteração ao uso - Loja n.º 11 - Mercado da Ribeira - Indeferimento - decisão final; 10. Aprovada por unanimidade a proposta número 10/2020/CM, referente a Suspensão parcial do PDM de Tavira e do Regulamento de medidas preventivas; 11. Aprovada por unanimidade a proposta número 11/2020/CM, referente a 01-Emp/19 - OBRAS DE CONSERVAÇÃO E BENEFICIAÇÃO DA REDE VIÁRIA DO CONCELHO DE TAVIRA - Caminhos Municipais na Freguesia da Conceição e Cabanas de Tavira - Processo n.º 2019/300.10.001/29 - Ratificação de despachos - homologação dos autos de consignação - Lotes 1 e 2 e Lote 3; 12. Aprovada por unanimidade a proposta número 12/2020/CM, referente a 01-Emp/19 - OBRAS DE CONSERVAÇÃO E BENEFICIAÇÃO DA REDE VIÁRIA DO CONCELHO DE TAVIRA - Caminhos Municipais na Freguesia da Conceição e Cabanas de Tavira - Processo n.º 2019/300.10.001/29 - Aprovação dos Planos de Trabalhos, Mão-de-obra, Equipamentos, Pagamentos, Cronogramas Financeiros e Desenvolvimento dos Planos de Segurança e Saúde - Lotes 1 e 2 e Lote 3. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos de costume. Paços do Concelho, 19 de janeiro de 2020 A Presidente da Câmara Municipal, Ana Paula Martins (POSTAL do ALGARVE, nº 1238, 7 de Fevereiro de 2020)
media veritas
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7 de fevereiro de 2020
Tiragem desta edição: 6.919 EXEMPLARES
O POSTAL regressa dia 21 de fevereiro
••• ÚLTIMA
Concurso “Música Já” está de volta para dar palco aos jovens algarvios fotos stefanie palma
para que possam encontrar, de alguma maneira, nesta iniciativa uma saída para os seus sonhos”, afirma Custódio Moreno. Segundo o diretor regional do IPDJ, “o objetivo é dar palco aos jovens com condições”. O trabalho dos vários parceiros aliados a esta iniciativa tem corrido muito bem. “A primeira edição veio provar que é possível no Algarve fazer uma boa parceria em prol de um projeto maior. Conseguimos montar uma verdadeira equipa e parceria, em que todos ajudam de algum modo a concretizar o sonho destes jovens, que muitas vezes gostam de cantar e têm dificuldades”, conta. Custódio Moreno salienta que “no primeiro ano, a iniciativa correu muito bem. Ficámos muito satisfeitos porque os parceiros cumpriram tudo aquilo a que se comprometeram e por outro lado, os projetos musicais deram-nos uma grande alegria”. O diretor do IPDJ defende que “o tempo de vida na participação no concurso não tem prazo de validade, pois os quatro finalistas têm direito a apresentar-se em grandes certames do Algarve, participam em formações e gravam também um E.P, por exemplo”. Custódio Moreno destaca que “os jovens participantes também atuam depois várias vezes em iniciativas do IPDJ, como é o caso de “Às Sextas no IPDJ”. Nós também temos parcerias com o OPTO, em Albufeira, por exemplo e sugerimos que as bandas atuem lá”.
/ postal d.r.
Concurso Música Já conta com vários prémios e incentivos Custódio Moreno sublinha que “o IPDJ se sente, de algum modo, padrinho destes projetos musicais. Vamos tentar igualmente que estes jovens possam ir a outras zonas do país, através de parcerias com outras direções regionais”. Os prémios do Música Já vão desde a apresentação ao público no Festival F, na FATACIL, na Semana Académica do Algarve, na Feira da Serra em S. Brás de Alportel, numa FNAC, à gravação de um EP em formato digital, à gravação de um videoclipe, assim como à inclusão de um tema na programação diária da Rua FM e também um cheque formação ETIC_Algarve. Esta iniciativa conta com vários parceiros. A Direção Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, em estreita colaboração com a Câmara Municipal de Faro, a Câmara Municipal de Lagoa, a Câmara Municipal de S. Brás de Alportel, a ETIC_Algarve, a FNAC Portugal, a Associação Académica da Universidade do Algarve e a Rua FM, promovem o Música Já - Concurso de Música Moderna IPDJ Algarve – 2020, cuja produção está a cargo da Mentecapta - Produções Áudio. Custódio Moreno termina a entrevista, realçando que “a ideia deste concurso é dar as melhores condições aos jovens para que eles possam desfrutar, aprender e partilhar com os outros e com o mundo a sua paixão pela música”.
Custódio Moreno diz que há "grandes talentos escondidos em garagens e queremos trazê-los para a ribalta" Stafanie Palma / Henrique Dias Freire
stefanie.palma.postal@gmail.com
O Algarve vai acolher a segunda edição do concurso Música Já, uma iniciativa que pretende dar palco aos jovens algarvios. As inscrições já estão abertas. Custódio Moreno, diretor regional do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), afirmou ao POSTAL que “quando nós fizemos a primeira edição, já estávamos a sonhar fazer a segunda, a terceira e a quarta. Nós achamos que os projetos quando são bons não são efémeros e devem realmente ter continuidade”.
Ao Música Já podem concorrer projetos musicais cujos elementos sejam residentes no Algarve, tenham entre 14 e 30 anos e não tenham qualquer contrato discográfico. As inscrições abriram no dia 10 de janeiro e prolongam-se até 3 de março. Os candidatos devem enviar para faro@ipdj.pt dois temas, em formato mp3, com duração não superior a 10 minutos, assim como o formulário de inscrição, disponível em www. juventude.gov.pt. Vão ser selecionados 8 projetos musicais Dos projetos musicais a concurso serão selecionados, por elementos
da Mentecapta-Produções Áudio, oito projetos que irão atuar em duas eliminatórias, a realizar no dia 21 de março em S. Brás de Alportel e no dia 28 de março no concelho de Lagoa, e que serão avaliados por um júri que valorizará a técnica instrumental, a performance em palco, assim como a originalidade e os conteúdos lírico e musical. Custódio Moreno afirmou ao POSTAL que “a grande novidade deste ano é que as eliminatórias acontecem fora de portas”. Por sua vez, a grande final realiza-se no dia 4 de abril, na Direção Regional do Algarve do IPDJ, em Faro. “O projeto tem o objetivo de fidelizar os jovens na área da música,
As inscrições prolongam-se até ao dia 3 de março “Fizemos igualmente festas de Natal com as cadeias de Faro e Olhão e convidámos as bandas para irem lá tocar”, afirma.
“Temos grandes talentos despercebidos e “escondidos” em garagens e queremos trazê-los para a ribalta”, conclui o diretor regional do IPDJ.