••• REGIÃO
Artesãos e produtores locais passam dificuldades com feiras canceladas P.9
••• REGIÃO
Pandemia beneficia citricultura algarvia através de maior procura P.10
ALUNOS DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE TAVIRA ENTREGAM CARTAZ MOTIVADOR AO HOSPITAL DE FARO PARA OS “HERÓIS” DA SAÚDE P.6
DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA Diretor Henrique Dias Freire • Ano XXXIII Edição 1245 • Quinzenário à sexta-feira 12 de junho de 2020 • Preço 1,50€
postaldoalgarve 134.510
CONTRA A PANDEMIA
••• REGIÃO
"Sal e Flor de Sal de Castro Marim" ganha Denominação de Origem P.21
MARCHAR, MARCHAR pub
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12 de junho de 2020
Redação: Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com Online: www.postal.pt FB: facebook.com/ postaldoalgarve FB: facebook.com/ cultura.sulpostaldoalgarve Issuu: issuu.com/ postaldoalgarve Twitter: twitter.com/postaldoalgarve Diretor: Henrique Dias Freire Diretora executiva: Ana Pinto Redação: Ana Pinto (CO-721 A) Cristina Mendonça (2206 A) Filipe Vilhena Henrique Dias Freire (2207 A) Design: Bruno Ferreira Colaboradores: Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor) Colaboradores fotográficos e de vídeo: Luís Silva / Miguel Pires / Rui Pimentel Departamento comercial, publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 8800-399 Tavira Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: LUSOIBÉRIA – Av. da República, n.º 6, 1.º Esq. 1050-191 Lisboa Telf.: +351 914 605 117 e-mail: comercial@lusoiberia.eu Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/ VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial disponível: postal.pt/arquivo/ 2019-10-31-Quem-somos
Tiragem desta edição:
7.772 exemplares
••• OPINIÃO
Beja Santos
Ana Amorim Dias
Daniel Graça
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
Escritora anamorimdias@gmail.com
Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa, Professor aposentado
Com os antiácidos não se brinca
O poder dos sorrisos
Desigualdades de género
Falando dos problemas gástricos, parece-me indispensável uma chamada de atenção. Quando as queixas digestivas, particularmente do estômago, são ocasionais e muitas vezes associadas a excessos alimentares, o recurso à indicação farmacêutica é admitido; mas se houver um quadro frequente de indisposição, não há que hesitar em ir o mais rapidamente possível ao médico. As situações mais ligeiras podem ser aliviadas com a toma de antiácidos. O uso de medicamentos pode não ser suficiente, há medidas que ajudam a diminuir a frequência do refluxo: é o caso da redução da quantidade de alimentos, fazendo refeições menos volumosas; a redução do número de gorduras no conjunto das refeições; a não ingestão de bebidas gaseificadas; aguardar pelo menos duas horas antes de ir para a cama, após a última refeição; manter a cabeceira alta, entre outras medidas. Os antiácidos devem ser tomados com conta, peso e medida. Não é indiferente a escolha do antiácido. Os antiácidos à base de alumínio ou de cálcio podem provocar prisão de ventre enquanto os que têm magnésio dão origem a diarreias. Para não alterar o comportamento intestinal, o ideal será preferir uma marca que associe estes dois tipos de antiácidos. Convém recordar que um insuficiente renal não pode tomar antácidos com magnésio. Há antiácidos com grande conteúdo em sódio, estes não devem ser tomados por hipertensos, diabéticos, insuficientes renais, doentes cardíacos, entre outros. Em resumo, todo o doente que precise de restringir o consumo de sal não pode tomar este tipo de antiácidos. Os antiácidos efervescentes nem sempre estão recomendados, porque o gás libertado, embora permita um alívio rápido das queixas do estômago, tem o efeito de ricochete. Os antiácidos podem influir noutros tratamentos. Esta interação é particularmente importante no caso dos antibióticos, que são neutralizados no estômago por ação dos antiácidos, diminuindo o seu efeito e mantendo-se a infeção. É pertinente, pois, a pergunta: deve-se optar pelo antiácido em gel ou em pastilhas? O primeiro, para além de neutralizar a acidez gástrica, protege a mucosa gástrica, podendo nalguns casos ser mais eficaz, não sendo necessária a sua dissolução. E quantas vezes ao dia se podem tomar antiácidos? Em média, recomenda-se cerca de três tomas por dia. Estes antiácidos sem receita médica exigem cuidados, a indicação farmacêutica é sempre recomendável, sobretudo quando se verifica associação com outros medicamentos. Para quem sofre de úlcera, os antiácidos aligeiram o sofrimento. Porém, isso pode mascarar a progressão do mal e levar ao estado de perfuração. Fale com o seu médico, obrigatoriamente.
Ela pediu uma informação a um desconhecido e falaram por um momento. Depois, quando cada um seguiu o seu caminho, os sorrisos que trocaram permaneceram com eles tão intensamente acesos que deram por si a ver outros desconhecidos a sorrir-lhes por causa dos seus sorrisos... Os sorrisos, como as gargalhadas, são um benévolo e contagioso vírus, são uma praga bendita que se propaga como luz solar numa atmosfera bem limpa. Os sorrisos matam medos, destroem desconfianças e cimentam alianças; eles dão coragem, selam compromissos, comemoram pequenos nadas. Os sorrisos são momentos de poder imenso, capazes de apaziguar tempestades em peito alheio; são magia instantânea disfarçada de expressão facial. Os sorrisos são ferramentas potentes e, se me perguntassem, diria que os de cara inteira, com olhos sorridentes e tudo, são a nossa melhor hipótese para conquistar o mundo e torná-lo um pouco melhor.
O relatório do IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, de 2019, publicado em 2020, é dedicado ao tema das desigualdades entre os géneros em todo o mundo. Não pretendo analisar aqui toda a informação disponível, pelo que selecionei apenas alguns itens. Trata-se de uma análise de índices e não de debate de propostas de soluções para os problemas detectados, contudo creio que posso afirmar que se os rendimentos entre classes sociais fossem mais equitativos, as situações não seriam tão extremadas. Apesar de se dizer habitualmente que tudo é muito mau em Portugal, nem sempre é verdade, tendo em conta todos os outros países.
Cingindo-nos aos valores da tabela, podemos afirmar que a condição feminina em Portugal é menos má do que no conjunto dos países com IDH muito alto onde nos inserimos. Creio que a situação seria melhor não fora a herança política e socioeconómica de cerca de um século. Em todos os parâmetros a situação das mulheres é pior nos países com desenvolvimento médio e baixo, especialmente nos rendimentos anuais. Por um lado, é dada primazia ao trabalho dos homens, se não há trabalho para eles muito menos para as mulheres, e por outro, há países onde a mulher é considerada um objeto para estar em casa e cuidar dos filhos, devido a questões culturais e religiosas. Em Portugal há um menor afastamento dos valores dos parâmetros entre feminino e masculino do que na generalidade dos países. A evolução positiva nas últimas décadas é notória embora ainda exista muito para fazer, é um trabalho político de longo prazo. A média de anos de escolaridade das mulheres nos países de desenvolvimento baixo é muito reduzida, não chega a quatro anos, creio que se deve a problemas económicos, de acesso à escola, falta de perspectivas para o futuro, falta de escolas e o papel da mulher na sociedade. Se a falta de escolaridade é consequência destes factores, é também causa para manter a situação no futuro. Desde os tempos primitivos em que o homem se impôs, pela força, face à mulher, que a situação de inferioridade social desta ainda não é de igualdade plena e manter-se-á assim nos próximos séculos nas áreas de educação, da economia e da política. A sociedade está estruturada à medida do homem e reproduz-se continuamente à sua medida.
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Concluídas as novas ligações entre a Penha e o Vale da Amoreira em Faro foto d.r.
A obra de requalificação do caminho Manuel Vicente e de construção da rotunda entre esta artéria e a Rua Dr. José Filipe Álvares e a Praceta Cruz Azevedo, em Faro, foi concluída. Esta intervenção, que decorria desde o final do ano passado, vai permitir "uma significativa melhoria da circulação num itinerário muito utilizado e com grande afluência de viaturas, sobretudo nas horas de maior tráfego, ligando as zonas do Vale da Amoreira e a Penha", destaca a autarquia Farense. Este caminho passa a funcionar com "um sentido único, no sentido Vale da Amoreira / Penha, passando também a estar dotado de passeios, iluminação pública e de um novo pavimento, garantindo maior segurança para condutores e peões que circulam naquela zona nevrálgica da cidade". A rotunda construída no topo do Caminho Manuel Vicente, no cruzamento com a Rua Dr. José Filipe Álvares e a Praceta Cruz Azevedo, passa a ordenar o fluxo de trânsito e garante também maior segurança na circulação e no acesso aos bairros residenciais vizinhos. A obra representou um investimento do Município de Faro de 216.115 euros.
A intervenção vai permitir uma significativa melhoria da circulação num itinerário com grande afluência de viaturas
Silves entrega tablets a alunos para apoiar aulas à distância
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AVISO Nº42/2020
ABERTURA DE CANDIDATURAS
foto d.r.
Apoios específicos Inerentes ao Surto de COVID-19 O Ministério do Mar disponibiliza um apoio público para a cessação temporária de embarcações licenciadas para arrasto, cerco e polivalente como consequência do COVID-19. Estas medidas de apoio têm previsto um montante de 7 milhões de euros e destinam-se a compensar a perda de rendimento de pescadores e armadores. Os apoios regulam a quantidade de pescado desembarcado, face à menor procura, diminuindo também o esforço de pesca. As candidaturas ao PO Mar 2020 processam-se em duas fases: Os equipamentos informáticos visam proporcionar condições de igualdade no acesso ao ensino O Município de Silves entregou recentemente 200 tablets e respetivas ligações à internet ao Agrupamento de Escolas de Silves e ao Agrupamento de Escolas Silves Sul, para serem distribuídos pelos alunos mais carenciados. Os equipamentos informáticos foram encomendados pela autarquia, correspondendo às necessidades apresentadas pelos agrupamentos de escolas do concelho de Silves.
A iniciativa é uma das muitas medidas que o executivo camarário liderado por Rosa Palma tem vindo a tomar no âmbito do combate às consequências da pandemia do novo coronavírus. A igualdade no ensino que se faz agora à distância é uma das prioridades do Município de Silves que, com a entrega dos tablets, facilitou o acesso a conteúdos escolares a 200 alunos.
- A primeira decorre até ao dia 5 de junho, para as paragens já iniciadas até 10 de maio - A segunda, para as paragens que se iniciem após 10 de maio, cujas candidaturas são apresentadas no prazo de 20 dias úteis contados do seu início Para mais informações consulte o site do Mar 2020 em www.mar2020.pt ou através do email: candidaturas@mar2020.pt
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Albufeira mantém liderança nacional das praias com "qualidade de ouro" foto d.r.
Albufeira continua a ter 18 galardões de Bandeira de Ouro, tal como no ano passado, liderando o ranking nacional a par do município de Vila Nova de Gaia. Trata-se de um galardão de qualidade ambiental máxima atribuído pela Quercus, que exige que as praias têm que ter, continuamente, uma qualidade excelente nos últimos cinco anos (2015-2019), sem qualquer anomalia ou menor ocorrência que altere, nem que seja momentaneamente, a qualidade das águas. Albufeira continua a liderar no Algarve como o concelho com mais praias de qualidade ambiental máxima e o presidente da Câmara José Carlos Rolo, diz-se “satisfeito, pois é fruto de um trabalho de valorização ambiental que o Município faz todos os anos e que agora tem os seus resultados”. O autarca refere ainda “ que o Município vai continuar a trabalhar com empenho e rigor na preservação da qualidade ambiental costeira”. Assim, as praias de Albufeira que nesta época balnear possuem este galardão são as dos Alemães, Arrifes, Belharucas, Castelo, Coelha, Evaristo, Galé-Leste, Galé-Oeste, Inatel, Manuel Lourenço, Maria Luísa, Oura, Oura-Leste, Peneco, Pescadores, S. Rafael, Salgados e Santa Eulália.
Albufeira continua a ter 18 galardões de Bandeira de Ouro
Quercus atribui “qualidade de ouro” às praias de Tavira
Vias e arruamentos de Lagos vão ser pavimentados
foto d.r.
foto d.r.
A obra representa um investimento superior a um milhão de euros
Galardão tem em consideração a qualidade da águas nas últimas cinco épocas balneares As praias de Tavira (Barril e Terra Estreita- Santa Luzia, Cabanas-mar, Ilha de Tavira-mar) receberam o Galardão Qualidade de Ouro 2020 atribuído, pela Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, a 381 praias nacionais. Para a obtenção deste prémio,
as praias tiveram a qualidade de água excelente, nas últimas cinco épocas balneares (2015 a 2019); todas as análises realizadas, na última época balnear (2019), apresentaram melhores resultados do que os valores definidos pela diretiva relativa às águas balneares. Na última época (2019) não se verificou
qualquer tipo de ocorrência/ aviso de desaconselhamento da prática balnear, proibição da prática balnear e/ou interdição temporária da praia. De acordo com os dados fornecidos pela Quercus, das praias classificadas, 321 são costeiras (onde se inclui Tavira), 54 são interiores e 6 são de transição.
A Câmara de Lagos adjudicou a obra de pavimentação de vias e arruamentos, na sequência do concurso público lançado para o efeito. A obra consiste em trabalhos de pavimentação e, em algumas artérias, também correções ao nível da drenagem de águas e nas calçadas. Na cidade está prevista a intervenção na Avenida dos Descobrimentos, Avenida da República, Rua
Filarmónica 1.º de Maio, Estrada do Porto de Mós, Torraltinha, troço da Rua Vasco da Gama, estacionamento do Mercado de Santo Amaro, a que se somam diversas rotundas, algumas artérias do centro histórico e um conjunto de outras urbanizações das zonas de expansão urbana da cidade. As restantes zonas de intervenção incidirão na Meia Praia e Albardeira, Luz, Espiche e Almádena,
assim como Barão de São João e Portelas. O projeto e o mapa das áreas de intervenção teve como base o levantamento de necessidades identificadas pelos serviços da autarquia, assim como o reporte por parte dos munícipes. A obra, orçada em 1.071.248 euros, sem IVA, prevê a intervenção em variadíssimos pontos do concelho e tem um prazo de execução de 180 dias.
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Escolas de Faro recebem 100 mil euros para aquisição de equipamentos tecnológicos foto d.r.
O Município de Faro aprovou a atribuição de uma comparticipação financeira extraordinária de 20 mil euros a cada um dos cinco agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas do concelho, num montante total de 100 mil euros, para aquisição de equipamentos tecnológicos no âmbito do apoio ao processo de ensino e aprendizagem à distância. A medida implementada pelo município para fazer face aos efeitos da crise pandémica prevê que, com esta verba, os agrupamentos possam procedam à aquisição de equipamentos tecnológicos para distribuir aos alunos de famílias carenciadas do concelho. Esta iniciativa decorre dos Protocolos de Delegação de Competências e Transferência de Meios celebrados a 4 de fevereiro “entre o Município de Faro e os Agrupamentos de Escolas João de Deus, Pinheiro e Rosa, Tomás Cabreira, D. Afonso III e de Montenegro”, explica a autarquia farense em comunicado. Assim, após apuradas as necessidades dos vários agrupamentos de escolas, o município vai reforçar “o cabimento de verba para o efeito, no valor global de 159.654 euros, para justificar as despesas dos estabelecimentos de ensino dos agrupamentos de escolas da rede pública do concelho com o fornecimento de água, eletricidade e gás, bem como para assegurar a aquisição dos referidos equipamentos (no valor de 100 mil euros) para distribuir pelos alunos carenciados, no âmbito do apoio ao processo de ensino e aprendizagem à distância com recurso à modalidade de telescola”.
Os equipamentos vão permitir o ensino à distância aos estudantes com menos recursos económicos pub
Arte urbana embeleza caixas de eletricidade em Armação de Pêra foto d.r.
A decoração das caixas de electricidade é da autoria da artista Meire Gomes
Várias caixas de eletricidade foram intervencionadas durantes os meses de abril e maio, na vila de Armação de Pêra, pela artista Meire Gomes. A iniciativa, promovida pelo Município de Silves, pretende ampliar o interesse pela arte no concelho, bem como melhorar a qualidade do es-
paço urbano. O projecto, que teve início em 2016, com a pintura em graffiti das caixas de eletricidade dispersas pela cidade de Silves, no âmbito da comemoração do Dia Internacional das Cidades Educadores, tem vindo posteriormente a ser alargado às restantes freguesias do concelho.
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Os alunos reuniram a sua criatividade e alguns fizeram uma quadra
“Contra a pandemia, marchar, marchar” Alunos da Escola Secundária de Tavira entregam cartaz motivador ao Hospital de Faro para os “heróis” da saúde Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
Estamos todos a viver o mesmo e, apesar do que podem pensar os mais velhos, também os mais novos têm consciência da situação de pandemia que passamos e, sobretudo, do esforço que os profissionais de saúde fazem diariamente para ajudar todos os doentes covid-19. A pensar nisso, a Associação de Estudantes da Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia, em Tavira, criou um cartaz com mensagens para os heróis que lutam na linha principal. “A ideia foi de um membro da associação de estudantes, a Inês Carlota, e da sua irmã”, começa por explicar Pedro Pereira, representante dos estudantes. Os alunos juntaram-se para mostrar a sua compreensão e solidariedade aos profissionais de saúde, numa ideia que não terminou exatamente como começou, mas que mostra a atenção e cuidado
dos jovens no que respeita à atual situação do país. O presidente da associação de etudantes explica que a primeira ideia era mandar cartas para o Hospital de Faro, mas as complicações de juntar todas as cartas fez Pedro Pereira adaptar o plano. Foi desta forma que surgiu o cartaz solidário realizado pelos membros da associação da escola de Tavira, que junta frases encorajadoras e de algum humor, num cartaz colorido, que mostra em destaque as cores do arco-íris e também a frase “Vai ficar tudo bem”. Foi Pedro Pereira que fez o cartaz e reuniu as mensagens, com a ajuda dos seus familiares. Apenas precisou de uma cartolina e canetas. São pequenas mensagens, mas com um grande significado. O contacto com o Hospital de Faro foi o “mais difícil”, refere, mas o seu pai conhecia um cirurgião que trabalhava lá e tudo ficou mais fácil. O cartaz foi entregue no dia 6 de junho, de forma presencial, mas com todos os cuidados e regras de segurança.
Associação de estudantes considera que esta foi a altura certa para entregar o cartaz Mas porquê só agora? A pandemia começou em Portugal no mês de março e já passaram cerca de três meses. Pedro Pereira afirma que “muita gente já se esqueceu que estamos numa pandemia” e, portanto, esta seria uma forma de lembrar a todos que, apesar de voltarmos aos cafés e restaurantes, existe quem continue a lutar e existe quem continue a ficar infetado. Os números têm baixado (exceto na zona de Lisboa e Vale do Tejo) mas as preocupações não podem abrandar, para evitarmos uma possível segunda vaga. A pensar nisso, esta ideia vem “acordar” quem estava na ilusão de que já está tudo bem. Como jovens estudantes, a sua missão é alertar os mais velhos e os mais “desatentos” que devem continuar a agradecer aos profissionais de saú-
de e a tomar cuidados para evitar a sobrecarga do Sistema Nacional de Saúde. É desta forma que Pedro Pereira vê a ação que desenvolveu, ao lado dos seus colegas. Desta forma, acaba ainda por alertar os alunos e desenvolver o debate da pandemia, não só na sua escola, mas em todas as que souberem da existência cartaz. Algumas das frases que o cartaz contém dizem, por exemplo: “112, qual é a sua emergência? Louvar o Sistema de Saúde”, “Homem Aranha e Homem de Ferro, são crianças ao pé de vocês. Porque o nosso verdadeiro herói, é o Sistema de Saúde português” ou “s do Mar, nobre gente, contra a pandemia, marchar, marchar”. Estas frases e rimas, demonstram a gratidão de vários jovens, que se mostram informados com a covid-19 e também das ações do Sistema Nacional de Saúde. Enquanto estudantes, será uma aprendizagem que ficará para sempre marcada. Pedro Pereira assume que nesta altura é difícil ir às aulas, ver todos os seus amigos não
se poderem tocar, abraçar ou ter um contacto que antes parecia tão básico e fácil de acontecer. A associação de estudantes também viu as suas atividades suspensas devido à pandemia do novo coronavírus. Neste momento, a sua voz ficou menos ativa, até porque só alguns alunos voltaram às escolas, mas o trabalho não pode parar. Com este cartaz mostraram que ainda continuam a trabalhar e estão unidos. Pedro Pereira, aluno do 12º ano de Ciências e Tecnologias, reforça que os representantes da Escola Secundária Dr. Jorge Augusto Correia devem continuar a mostrar trabalho, mesmo numa altura em que poucas atividades são permitidas. “Depois da pandemia”, a festa dará lugar a toda esta distância que se sente. Por agora, estudar para os exames é a melhor opção. Quem sabe, se algum destes alunos não ficou deslumbrado com a missão dos profissionais de saúde e, no futuro, teremos novos médicos e enfermeiros.
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Rua da Alagoa em Altura passou a ter sentido único
foto d.r.
A alteração veio melhorar a circulação pedonal, beneficiando os comerciantes locais que ocupam a rua
Barco-ambulância “Ria Solidária” continua a garantir socorro nas ilhas-barreira foto d.r.
O barco-ambulância serve os habitantes dos núcleos da Ilha da Culatra e das ilhas da Fuzeta e Armona
O protocolo para operacionalização, utilização e sustentabilidade da embarcação da “Ria Solidária” foi prorrogado. Os municípios de Faro e Olhão e o INEM continuam a contribuir, cada um, com um apoio de 7 mil euros, num total de 21 mil euros anuais, para despesas de manutenção e operacionalização da embarcação. O acordo, assinado em 2018 pelas autarquias de Faro e Olhão, pela Autoridade Marítima Nacional e pelo INEM, define que "o barco-ambulância se encontra ao serviço, de modo regular, dos habitantes dos núcleos da Ilha da Culatra, no concelho de Faro e das ilhas da Fuzeta e Armona, no concelho de Olhão", explica a autarquia farense em comunicado. O “Ria Solidária” tem como principal mis-
são "o apoio a estas populações através do transporte logístico de doentes e pessoas com mobilidade reduzida face à inacessibilidade por outros meios com as condições adequadas". Este barco-ambulância, construído pelo Governo Civil de Faro em 2007 e entregue, pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, à Autoridade Marítima Nacional em 2013, conta com uma média de 180 evacuações por ano. Com este protocolo, continua a haver "uma partilha das despesas de operação e sustentação da embarcação pelas entidades envolvidas e o INEM vê aumentada a sua capacidade de assistência pré-hospitalar às populações destas ilhas algarvias", conclui a autarquia.
A circulação automóvel na Rua da Alagoa, no troço desde o cruzamento da Rua João de Almeida até à Praia da Alagoa, faz-se num único sentido a desde o passado sábado. Esta normativa, a título definitivo, naquela que é a principal artéria de Altura, vem "melhorar a circulação pedonal, beneficiando os muitos comerciantes locais que ocupam a Rua da Alagoa", afirma a autarquia castromarinense em comunicado. Com o mesmo objetivo, e seguindo a medida que tem sido deliberada a cada época balnear, a Câmara de Castro Marim interditou também a circulação automóvel da Rua da Alagoa entre a Av. 24 de Junho e o parque de estacionamento
da praia. A autarquia de Castro Marim continua a trabalhar num projeto definitivo de requalificação da Rua da Alagoa, “para servir condignamente os interesses de todos, dos visitantes, dos residentes e dos comerciantes”, garante o autarca castromarinense, Francisco Amaral. “Apesar de esta não ser a almejada requalificação definitiva da Rua da Alagoa, deverá corrigir a situação até se conseguir concretizar o estudo e a intervenção de raiz, prevista e integrada no âmbito das negociações de empreendimento turístico durante os próximos 2/3 anos, que incluem também a renovação da rede de águas e saneamento”, conclui. pub
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Requalificação do acesso à Praia da Marinha em Lagoa avança a bom ritmo foto d.r.
As obras de requalificação do acesso à Praia da Marinha, que incidem numa área de cerca de 12.700 metros quadrados, já se iniciaram e devem estar concluídas no próximo outono. "Um passeio, paralelo a toda a via de acesso, mas com uma cota superior à da estrada para proteger a segurança dos peões e evitar o estacionamento abusivo é uma das novidades que a obra vai trazer à entrada da praia da Marinha", avança a autarquia de Lagoa em comunicado. A zona da falésia vai receber "um novo miradouro suspenso que promete uma interação privilegiada com toda a envolvente natural, bem conhecida pela sua extraordinária beleza". A preservação e salvaguarda do ecossistema ambiental foi a primeira preocupação do projeto que não prevê alteração dos elementos naturais existentes, nomeadamente da vegetação, pretende-se mesmo "minimizar a pegada ecológica e evitar a intrusão dos veículos em meio natural". Reordenamento do estacionamento é outra melhoria significativa O reordenamento do estacionamento é outra melhoria significativa a resultar desta intervenção. São 114 lugares que ficarão disponíveis nesta zona requalificada. Deste total, 78 situam-se na zona norte, sendo três deles destinados a autocarros. Os outros 36 lugares localizam-se na zona sul da área. Destes, um dos lugares é reservado a cargas e descargas, dois a veículos prioritários e outros dois a utilizadores com mobilidade reduzi-
A obra representa um investimento de mais de 432.000 euros da. Esta zona, que também terá espaço para velocípedes, será ainda dotada de um pavimento diferenciado dos restantes com o objetivo de conferir maior embelezamento ao lugar. Está igualmente prevista uma área para os vendedores ambulantes.
Novas ilhas ecológicas e papeleiras estrategicamente colocadas fazem parte das novas condições do local. O custo da obra, promovida pela Câmara de Lagoa, ronda os 432.493 euros. O procedimento de contratação pública foi iniciado em agosto de
2019 e visado pelo tribunal de contas em maio de 2020. A construção de infraestruturas de saneamento básico e a rede de drenagem de águas pluviais também está contemplada, sendo que a Iluminação pública e ramais de
abastecimento de eletricidade tinham sido previamente assegurados. A autarquia espera que contribua para "aumentar o já elevado reconhecimento desta praia considerada por entidades nacionais e internacionais como uma das mais belas do mundo".
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Várias feiras foram canceladas devido à pandemia e a previsão aponta para o regresso apenas no Natal
A arte está parada: Artesãos e produtores locais passam dificuldades com feiras canceladas Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
Vivemos tempos de pandemia. São tempos difíceis para todos, onde muitos trabalhadores ficaram em lay-off e outros tantos perderam o seu sustento, sem saber quando podem ainda retomar a sua atividade normal. As associações dão o melhor de si neste momento, procurando auxiliar quem mais precisa. Contudo, a falta de apoios ou a elevada procura torna essa missão mais difícil. Ainda assim, a vontade de ajudar só aumenta perante as dificuldades. A Associação Artesãos do Barlavento surgiu em 2012, pelas mãos de Vítor Oliveira, residente em Lagos. Com o objetivo de dar valor à doçaria, ao artesanato, à música regional ao vivo, à gastronomia e a outras atividades culturais, o projeto enfrenta agora algumas dificuldades devido ao novo coronavírus. Existem 230
sócios, alguns até de Espanha, que participavam nos projetos antes de toda a situação pandémica começar em Portugal. Vítor Oliveira não é artesão, mas esteve envolvido na junta de freguesia durante 12 anos e foi desenvolvendo o gosto por esta arte, que precisava de continuar a ser valorizada. Além disso, reconhece que “a doçaria em Lagos é muita rica e forte”. No ano passado, o Dom Rodrigo de 100 quilos entrou para o Guiness, algo que deixou o responsável de 56 anos muito orgulhoso. Ao longo de cinco anos, a Associação Artesãos do Barlavento já participou em diversas atividades, com vista a reconhecer os profissionais que vivem da arte e que lutam todos os dias para sobreviver, num setor muitas vezes “desacreditado”. Vítor Oliveira explica que o principal objetivo da sua associação é “continuar o trabalho de apoiar os artesãos nas feiras”. Por ano, o grupo participa em cerca de cinco ou seis feiras. Entre elas,
o responsável destaca a Feira da Primavera, realizada no início da estação; Feira do Doce de Lagos, no 25 de Abril; e Feira de Natal. Devido à pandemia, a Feira da Primavera foi cancelada, deixando para trás o investimento em publicidade, nomeadamente, cartazes. Vítor Olveira assumiu-se desiludido com o sucedido, mas reconhece que foi o melhor a fazer, para proteção de todos. Com toda esta situação, a associação não sabe quando retoma a sua atividade. O responsável deixa claro que “não quer apontar datas”. Contudo, “a associação só vai voltar, talvez na altura da Feira do Natal. Antes disso, será complicado”. Os artesãos e os produtores regionais estão neste momento a passar por dificuldades em escoar os seus produtos. Ainda assim, não desistem e mostram-se confiantes com os tempos que aí vêm. É preciso acreditar, mas também é preciso vender, pois existem muitos homens e mulheres que vivem das feiras e essas pessoas têm,
na maioria dos casos, uma família para sustentar. Neste momento de pandemia, Vítor Oliveira explica que as ajudas da Câmara de Lagos são muitas, uma vez que eles pagam a luz e a água do espaço da associação. Contudo, este ano cortaram o subsídio anual, devido a não haver atividades. Para o diretor da associação, “é exatamente nesta altura que precisamos mais de ajudas”. A falta de apoios em termos de subsídios deixou os membros da Associação de Artesãos do Barlavento preocupados. Artesãos apoiam profissionais de saúde do Hospital de Portimão Mesmo sem vender os seus produtos, os artesãos não desistiram de ajudar quem está na linha da frente no combate ao novo coronavírus. Alguns membros da associação estão envolvidos num projeto que tem como principal fim apoiar médicos e enfermeiros. O talento que têm com
as mãos está a ser utilizado para “ajudar na confeção de máscaras sociais e roupas de proteção individual”. Os materiais desenvolvidos serão entregues ao Hospital de Portimão, numa ação solidária que serve de exemplo para muitas pessoas, pois a ajuda de todos é essencial para garantir materiais de proteção a quem está na frente de batalha. É o que levamos de “lição” da pandemia: a solidariedade. Em momentos de incerteza, todos os apoios são bem-vindos e é preciso continuar a lutar. Vítor Oliveira apela a que os artesãos e produtores regionais “não desistam”, uma vez que “melhores dias virão”. Enquanto isso, o desconfinamento vai abrindo portas a alguns setores e existem feiras que já são permitidas. Pode ser a “luz ao fundo do túnel” para estes profissionais. É preciso que a população continue a consumir os produtos regionais, de modo a apoiar quem lhes dá forma e também a valorizar o que é algarvio. pub
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foto d.r.
A AlgarOrange agrupa 9 empresas e associações de produtores de citrinos de todo o Algarve
Pandemia beneficia citricultura algarvia com mais procura e melhores preços A pandemia de covid-19 beneficiou a citricultura algarvia com um aumento da procura e dos preços, o que faz antever o escoamento total da produção até ao verão, disse o presidente da Associação de Operadores de Citrinos do Algarve (AlgarOrange). José Oliveira, presidente da AlgarOrange, que agrupa nove empresas e associações de produtores de citrinos de todo o Algarve, disse que este é um dos setores que “menos sofreu com a pandemia” e que as variedades de verão de laranja estão a ser vendidas “praticamente ao dobro” do preço do ano transato. “Neste momento, nesta última fase das variedades de verão, com o fenómeno da covid-19 a procura aumentou e - como a produção não é muita, porque foi menor este ano -, isso refletiu-se nos preços, que subiram”, afirmou aquele dirigente à Lusa, quantificando “na ordem dos
70 cêntimos por quilograma” o valor que os produtores estão a conseguir por quilograma de laranja. A mesma fonte sublinhou, no entanto, que “ainda não há uma perceção de como pode evoluir o mercado nos tempos mais próximos”, porque “há variáveis que podem influenciar” os preços pagos aos citricultores. Se, por um lado, “há pouca produção”, os efeitos económicos “nas pessoas e nos consumidores certamente também se hão de refletir”, podendo vir a influenciar a procura e a rever os preços em baixa. 70 cêntimos por quilograma dobram 35 cêntimos pagos no ano passado “Mas, até agora, a campanha de verão tem sido boa para o setor”, disse José Oliveira, acrescentando que os cerca de 70 cêntimos por quilograma pagos na atualidade dobram “os 30 e 35 cên-
timos que eram pagos o ano passado”. Por isso, antevê “que não haja dificuldade em escoar a fruta e que o preço se possa manter” até terminar de vender toda a produção da AlgarOrange, que supera um total de 100.000 toneladas anuais, 25% das quais destinadas à exportação, permitindo dar trabalho direto a 500 colaboradores. José Oliveira acredita que o escoamento poderá ser feito “até ao verão” e lembrou o que aconteceu no ano passado com a variedade ‘valência late’, que “ainda estava nas árvores de alguns produtores em finais novembro”, o que “este ano não vai acontecer”. “Dentro das contingências e das dificuldades criadas com a pandemia de covid-19, o setor é uma exceção e podemo-nos considerar satisfeitos”, concluiu a mesma fonte. Segundo Pedro Monteiro, só com
a reabertura dos mercados locais e da hotelaria e restauração, agora iniciada, se conseguirá devolver a normalidade aos pequenos produtoresFOTO D.R. O diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Monteiro, também disse à Lusa que “a realidade da pandemia ajudou” a citricultura algarvia, mas mais os grandes produtores, porque os pequenos “vendem essencialmente para o canal Horeca [sigla para hotelaria, restauração e cafés] e em mercados de rua”, que “estiveram encerrados” durante a pandemia, criando “dificuldades” para escoar a sua produção. Para evitar quebras mais acentuadas, as autoridades incentivaram “a emergência de novos canais de escoamento” e “apelaram a um consumo de proximidade, às cadeias curtas e ao contacto direto entre produtores e consumidores”, mas es-
ta solução “não resolve os problemas todos”, considerou. Segundo Pedro Monteiro, só com a reabertura dos mercados locais e da hotelaria e restauração, agora iniciada, se conseguirá devolver a normalidade aos pequenos produtores. “Agora, os grandes produtores estão a vender bem, a campanha correu bem e este ano antecipamos que, se calhar, por volta de agosto, já não haja laranja nas árvores, porque está tudo a ser escoado e os preços praticamente duplicaram relativamente ao ano anterior”, referiu. A mesma fonte acrescentou ainda que os grandes produtores estão a “funcionar melhor, tanto ao nível do escoamento para as grandes superfícies, como a nível da exportação”, indicador que “no ano passado andou à volta de 15% e, como se está a exportar mais, pode chegar aos 20% este ano”.
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o
JUNHO 2020 n.º 139 www.issuu.com/postaldoalgarve
7.772 EXEMPLARES
MARCA D'ÁGUA •••
Falamos, ouvimos e lemos - Não podemos ignorar Maria Luísa Francisco Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com
Adapto uma conhecida frase de Sophia de Mello Breyner para homenagear a Língua que falamos, ouvimos e lemos... por isso não podemos ignorar ou maltratar esta que é a nossa Língua Materna. No passado dia 5 de Maio celebrou-se pela primeira vez o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Esta data foi ratificada pelos órgãos da UNESCO, em Paris, no mês de Novembro e é um reconhecimento que ajuda a afirmar o Português no mundo. O Português é a quarta língua mais falada como língua materna - a seguir ao mandarim, inglês e castelhano - a mais falada no hemisfério sul e idioma oficial dos nove países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Macau. A nossa Língua Pátria está entranhada no nosso estar e modo de ser. A língua é parte do nosso património e acredito que a maior parte dos Portugueses está incomodada com
os atropelos para com o Português de Portugal. O Acordo Ortográfico de 1990 (AO) não foi ratificado por todos os Estados que o subscreveram, ou seja, não está em vigor na ordem jurídica internacional, não vinculando desse modo o Estado Português conforme o artigo 8º nº2 da Constituição da República. Um Acordo desta natureza não se pode implementar por Decreto. São oito séculos de Língua Portuguesa e uma língua é mais do que uma grafia, é uma memória viva. Recordo algumas palavras de Vasco Graça Moura que foram bastante veementes quando referiu que o AO resultou de um lobby político e é uma forma de adulterar o património cultural. E chamou a atenção para o Art. 78º nº 2 da Constituição da República Portuguesa. Artigo que nos implica a todos na preservação do património cultural imaterial. Pode ler-se na Lei Portuguesa, na alínea c) do referido artigo, que “Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os agentes culturais: Promover a salvaguarda e a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum”. Se a Língua é esse elemento que dá vida à identidade comum, que nos une cultural e patrioticamente, não pode ser alterada de forma leviana. Assistimos diariamente a autores
de referência que se recusam a utilizar o novo Acordo e estão no seu direito. Esta coexistência dos dois Acordos está a gerar imensa confusão e creio que terá consequências muito negativas para a Língua Portuguesa. Falta coragem política para admitir que o Acordo é um erro. Faltam governantes intelectualmente responsáveis para dizer que não resultou e que seria mais coerente extinguir o Acordo. Esta situação desprestigia Portugal. O Acordo não está interiorizado e vai contra a nossa matriz cultural. “A Língua Portuguesa foi ferida por um vírus pior nos seus efeitos sociais e culturais do que o coronavírus.” Uso esta citação de Pacheco Pereira pela sua acutilância e actualidade e acrescento estas suas frases, não recentes, mas que se mantém actuais. “O acordo ortográfico é a típica medida de engenharia política. É a ideia de que, a partir da política, pode-se moldar a língua, moldando, neste caso, a grafia.” E ainda “(…) o acordo ortográfico é muito empobrecedor em relação à riqueza do Português”. O AO ainda pretende ser mais papista que Sua Santidade, vejamos este exemplo: Escrevemos “perceptível” e no Brasil escreve-se igualmente com o “p”. Então qual o sentido de no novo AO ser proposto que “perceptível” passe a “percetível” em Portugal, quando
no Brasil se mantem com o “p”? É certo que existiram outros acordos ortográficos, mas tinham a ver com uma evolução natural da Língua, como por exemplo passar a escrever Farmácia em vez de Pharmacia. Agora o que não faz sentido é estar a mutilar a Língua Portuguesa por causa de outros países. Há um conjunto de normas avulsas e não normativas propostas pelo novo AO que levantam muitas dúvidas. Por exemplo cor-de-vinho perde os hífens. Já para escrever cor-de-laranja o uso do hífen é facultativo. Falei com professores que estão completamente desiludidos com a situação e ainda mais baralhados ficam porque recebem documentos oficiais do Ministério da Educação, ora escritos com base no novo Acordo, ora com base no antigo Acordo. Esta e outras situações relativas ao novo AO deixam um amargo de boca à grande maioria dos portugueses. O número de assinaturas que tem sido recolhido o corroboram. Nesta semana em que celebramos o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas fica o desafio para um tratamento mais cuidadoso da nossa Língua-Mãe. Termino com palavras de Natália Correia retiradas do seu poema Língua Mater Dolorosa: l
Ficha técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'água: Maria Luísa Francisco • Nascida no Monte Ramiro Santos • Colaboradores desta edição: Teresa Lança, Vico Ughetto Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 7.772 exemplares
“(...) a canalha apedreja-te a semântica e os teus verbos feridos vão de maca (...)”
NASCIDA NO MONTE •••
Entre mim e toda a terra Teresa Lança
Educadora de infância
Corria o mês de Maio. Os campos estavam cobertos de flores e a barra azul do monte pousada num tapete amarelo de grisandras; o vento vergava as searas sobre a terra, catarolando sons frescos que se dispersavam pelas colinas sem fim
e se silenciava lá ao longe, onde o céu e o verde se uniam numa ténue linha desfocada que parecia cerrar o horizonte. Como se para lá de tudo o que o olhar alcançava, não existisse mais nada. É partindo destas lembranças, umas contadas outras vividas, que imagino essa distante Primavera, no momento em que um ai de dor se dilui nos sons da natureza e com a força da vida expulsa das entranhas de minha mãe uma menina indesejada. Dentro deste corpo que minha mãe pariu, nasceu e cresceu uma vida ao deus-dará; por um lado, colorida de encantos e sonhos, com aromas e cores da Primavera que me acolheu
e, por outro, já a vida me enleava em laços de erva daninha que minava os terrenos virgens da minha tenra existência. Assim, afagada pela aragem morna do vento que passava, surgi apagando as esperanças de quem me esperava no masculino incendiando-lhe rastilhos na imaginação, que por consequência desta minha condição feminina, se veria obrigada a deixar semear de novo nas terras do seu corpo já cansadas! Era já hora de queimar o restolho, lavrar os campos dentro de si e deixar que florisse ou secasse em qualquer canto, a última colheita do seu ventre. Era hora de abrir de novo os braços,
sem remédio nem desejos de abraçar; nem sequer resignação nessa sua condição de mulher e mãe que, a cada filho que somava, subtraía um pouco mais daquele espaço que os sonhos alargam e a distância dói. Era de novo hora de ocupar os terrenos esvaziados por este filho, nascido mulher! Da âncora que me manteve amarrada, durante os últimos nove meses, ao único porto seguro que conheci, restava um pequeno e frágil cordão preso a mim e eu, desamparada, presa a ninguém. Um medo inconsciente deixava-me sentir a distância que crescia entre mim e todos os portos, e todos os cais onde atracar em segurança. Um medo que eu sentia em sons de
palavras repetidas, não sei se neste mundo onde de olhos abertos tudo ainda me soava desfocado, ou se, em todos os meus sentidos, transportara em mim as tempestades e dúvidas vividas através do ventre de minha mãe, para este imenso vazio de afetos, no qual, cada olhar, cada palavra e sentimento, não tinham lugar onde se aninhar. Como que um eco perdido num enorme espaço desabitado e aberto ao mundo, sem teto onde se abrigar, paredes onde embater, nem chão onde pousar a vida! Nasci assim, entre mim e toda a terra firme. Um deserto sem fim e um mar de medos. À deriva da sorte e da vida! l
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CULTURA • SUL
LETRAS E LEITURAS •••
Rua de Paris em Dia de Chuva, de Isabel Rio Novo fotos VErA CArMo
/ d.r.
Paulo Serra
Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
Se a biografia de Agustina (aqui apresentada no ano passado com entrevista à autora) pode ser lida com o enlevo de um romance, e se no romance anterior (também aqui recenseado) se cruzava ficção e ensaio, Isabel Rio Novo dá agora um novo passo no seu percurso romanesco, confirmando-a uma vez mais como uma nova voz da literatura portuguesa contemporânea, e presenteia-nos com o que poderíamos tentar definir como um romance biográfico, mas que se esquiva, como os livros anteriores, a ser classificado numa só categoria. Escrever um quadro No início do romance deparamo-nos com uma mulher velha, de longos cabelos grisalhos, que, todas as tardes, pouco tempo antes de o Instituto de Arte de Chicago fechar, costuma entrar na ala impressionista e postar-se a olhar para os rostos num quadro. A explicação é prometida para quem chegar ao final do romance... Imediatamente após esse breve preâmbulo, a narrativa começa num sábado de Inverno em 1877 com o jovem Gustave Caillebotte a instalar-se naquela que hoje é a praça de Dublin, numa confluência de ruas, onde intenta capturar uma cena da vida parisiense na sua tela. «Gustave é um homem de estatura mediana, magro, de cabelo castanho-claro. Os olhos são cinzentos ou esverdeados, as mãos, mais ásperas do que a suavidade das feições ou as roupas de boa qualidade deixariam supor. A Autora recorda estas coisas assim, como se as visse, porque na realidade as viu, ou sente que as viu.» (p. 12) A partir daqui está dado o mote do romance, que passa a alternar entre a narrativa da vida de um jovem aspirante a pintor e a Autora, que se assume claramente como a fonte criadora desta história, ainda que se refira a documentação e as exposições por parte de Helena, professora de história de arte, sobre a vida de Gustave. «Poderíamos principiar antes, mas há sempre um tempo que definimos como o início. A Autora gosta de pensar que foi ela quem definiu o princípio desta história e que nem Helena, que lhe cedeu documentos, nem as circunstâncias da vida, que
Isabel Rio Novo foi finalista do Prémio Leya por dois anos consecutivos •
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CULTURA • SUL
> lhe permitiram escrever durante um
ano inteiro, pesaram nessa decisão.» (p. 20) E deste ponto em diante, inicia realmente a história de vida de Gustave, contada a partir das gerações que o antecederam, nomeadamente com o bisavô Pierre. A Autora e a autora A Autora pode ser considerada como a mesma Isabel Rio Novo que assina a autoria do livro, que ao longo da narrativa irá relacionando a história da vida de Gustave com a história da sua própria vida, não se esquivando a contar-nos episódios mais privados da sua vida. Essa alternância entre as memórias (re) criadas da personagem e as memórias (re)criadas da Autora permanece ao longo de todo o romance, mesmo quando a relação entre as duas situações parece apenas indirecta. Um leitor atento que siga a autora nas redes sociais, designadamente no Facebook, incorrerá nessa tentação indiscreta de confundir esses episódios potencialmente autobiográficos com a realidade íntima de quem os viveu. Por exemplo, quando a 19 de Julho de 1870 a França declara guerra à Prússia e Gustave recebe a convocatória para ingressar na Guarda Nacional, sendo confrontado com a possibilidade de morrer, no parágrafo seguinte pode ler-se isto: «Cerca de um século e meio depois, também a Autora deste livro recebeu nas mãos o peso de um documento que convocava a sua mortalidade. Em rigor, não era um documento,
A obra pode definir-se como uma biografia romanceada de um milionário excêntrico •
mas um pequeno conjunto de películas e papéis. Falavam todos dela; não dela toda, de partes, e não dela apenas, de algo mais que se instalara
no seu corpo.» (p. 64) Como se pode ler noutra passagem: «Na verdade, não é de descartar que na história de Gustave Caillebotte a Autora deste livro procure a sua própria história» (p. 170) Narrativa pós-moderna
Isabel Rio Novo escreveu a biografia da escritora Agustina Bessa-Luís •
De um jeito pós-moderno, o narrador (ou narradora), que curiosamente não adopta a primeira pessoa, assume claramente que pode desviar os acontecimentos como bem entende, impondo-se de forma omnipotente. A Autora ora lembra-se, ora imagina, ora rompe decididamente com os factos e deixa a sua criatividade seguir outro rumo. Mas nem sempre é omnisciente, como quando se interroga ao ver Gustave em jovem: «O rapaz leva no dorso o vigor, a flexibilidade, a frescura de pele, que o resguardam de todas as máculas. Tem nos olhos o brilho dos dias intermináveis. Pode todos os sonhos. Desconhece todas as dificuldades. Que quererá ele, interroga–se a Autora, vendo-o avançar descalço sobre a relva?» (p. 44) Existem inclusive outras personagens que transitam por este romance que poderiam ser mais apelativas, mas é Gustave que fascina a Autora, a quem chama de «seu amigo», sendo que «a sua relação com Gustave Caillebotte excedia o interesse de uma romancista por uma personagem» (p.
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49). Essa paixão, «maneira de dizer», observava a mulher sentada à sua é, como todas as paixões, um sen- frente. De repente, Helena era tão timento privado, mas nem por isso parecida consigo que se diriam irsecreto: «a Autora surpreendeu-se mãs. Os mesmos cabelos castanhos com o modo como Helena parecia e finos, caídos sobre os ombros, os muito ao corrente do seu interesse mesmos lábios cheios, os mesmos por Gustave Caillebotte, embora, em olhos grandes. Só que os de Helena seu redor, não fizesse segredo dos eram um castanho e o outro verde. livros de arte que colecionava nem Um como os seus, pensava a Autora, das viagens que empreendia para vi- o outro como os de Caillebotte. Sim, sitar museus. Talvez todos os que a eram parecidas.» (p. 49) cercavam soubessem. Talvez até os Isabel Rio Novo, doutorada em seus alunos percebessem a emoção Literatura Comparada, nascida no que a percorria quando, nas aulas de Porto, lecciona Escrita Criativa e literatura, a pretexto de um qualquer poema, projetava pinturas de Gustave Caillebotte, procurando ser sucinta e objetiva nas aproximações que entretecia, mas percebendo, pelos olhares de simpatia que recebia dos adolescentes, que se denunciava forçosamente» (p. 28). Há inclusivamente passagens em que a Autora reconhece que pode estar a filtrar a realidade pelos olhos da personagem que incorpora e inA escritora é considerada uma nova voz da literatura terioriza, como no portuguesa contemporânea • seguinte exemplo: «Mas as florestas, as pradarias cobertas de trevos, as outras disciplinas, como História de macieiras floridas, as veredas relva- Arte (à semelhança de Helena...), das, as vilas pitorescas erguidas nos no âmbito da arte, da literatura, do declives e quase inclinadas sobre o cinema. Foi finalista do Prémio Lemar, eram tão parecidas com as que ya por dois anos consecutivos, em Gustave Caillebotte representara 2016 com o Rio do Esquecimento, que a Autora chegou a perguntar-se e em 2017. se o que via não seria pintado pelo Rua de Paris em Dia de Chuva poolhar do seu amigo.» (p. 20) de definir-se como uma biografia O foco sobre a realidade pode os- romanceada de um milionário excêncilar entre a câmara que regista como trico, mecenas dos impressionistas, um filme ou a tela em que a descrição coleccionador de arte, indivíduo mulcorresponde a pinceladas, temas e tifacetado, pintor vanguardista; mas é reflexos, como é próprio da pintura. também uma elegia a uma época e à Aliás, refere-se, a dada altura, que cidade de Paris, conforme a cidade da a Autora, por nunca ter pintado, luz passa por sucessivas revoluções, procura escrever «como quem ten- pela industrialização e pela modertava desenhar, buscando beleza nas nização; é um romance magnífico de ideias, nas construções, na melodia pujança narrativa, que dialoga com a das palavras» (p. 73). arte e a vida, onde confluem diversos aspectos - tal como, no quadro que Desdobrar-se em personagens dá nome ao livro, as várias ruas que convergem –, alguns bastante caros Para terminar, e voltando a Hele- ao pós-modernismo – há inclusivana, há diversos momentos em que mente um piscar de olho ao leitor, nos é dado a entender que, mal- quando na biblioteca de René se engrado o desconforto da Autora em contram livros europeus com títulos relação à professora de história de extravagantes como «La fièvre des arte, a relação entre as duas é mais âmes sensibles ou Rivière de l’oubli» inequívoca do que a própria Autora (p. 128). E tal como o quadro depende gostaria de confessar, insinuando-se de um observador, este livro depende no leitor a possibilidade de Helena da perspectiva de quem lhe é exterior, materializar um alter-ego, pois afi- como no pormenor da capa, alguém nal é ela quem auxilia a Autora no que está deste lado, «à esquerda das seu processo de escrita, informan- personagens, na porção do quadro do-a e documentando-a:«a Autora que não se vê» (p. 224). l
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FILOSOFIA DIA-A-DIA •••
Convívio
foto d.r.
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
O Francisco descarregou com impaciência o novo e-book para dentro do seu sistema neuronal. E pensar que nos tempos antigos as pessoas tinham de fazer downloads, e ler as coisas em ecrãs digitais que faziam tanto mal à visão! Já para não falar das palavras passes que tinham que recordar, e de todo esse lixo de pop ups que apareciam nos ecrãs, sempre a distrair e a irritar! Tinham estudado esses horrores da multimédia antiga na disciplina de História e, tal como ele, todos os colegas tinham reagido com incredulidade. Esta incredulidade, no seu caso, tinha dado lugar a uma curiosidade crescente sobre os tempos antigos de tal modo que, pelo seu aniversário, os pais lhe tinham oferecido um acesso ilimitado à base de dados da biblioteca dos tempos antigos, onde se incluíam os séculos XX e XXI, que tanto interesse lhe despertavam. Lia avidamente, de olhos fechados, o seu novo livro até que esbarrou numa palavra: “convívio”. Leu e releu, tentou perceber o que é que esta palavra queria dizer mas não conseguiu! Ligou o sistema de gravidade quadrangular do seu quarto e pôs-se a caminhar pelas 4 paredes da divisão, gostava dessa sensação de mudar o acima e o abaixo, o lado esquerdo e o lado direito, ajudava-o a mudar de ponto de vista e a encontrar soluções para os enigmas. Caminhou durante longo tempo pelas quatro paredes, lembrando-se dos passeios peripatéticos dos Gregos do início da época pré-histórica. Foi em vão! Não conseguia perceber o que queria dizer convívio. Ligou a gravidade unidirecional, sentou-se e pressionou o botão do intercomunicador. Do outro lado a voz do seu preceptor andróide soou melodiosa: “Olá Francisco, em que posso ajudar-te?”. “Olá, olá... diz-me por favor o que significa convívio!” “Tentaste averiguar pelo contexto?” “Sim.” “Recorreste à origem etimológica da palavra?” “Sim. Cito: ‘acto ou efeito de conviver; relacionar-se de forma próxima; relações amigáveis; do latim convivium: participação em banquete.’ Não percebo nada disto!” Do outro lado do intercomunicador o andróide pareceu emitir um longo suspiro: “Francisco, sabes que nos tempos antigos os humanos tinham o hábito de fazer as suas refeições juntamente com outros hu-
Almoço em família •
manos, sentavam-se todos a uma mesa e comiam.” “Mas que trabalheira! Arranjar tempo para isso! Para se encontrarem e para se sentarem e com uma mesa, para que era a mesa?” “Nos tempos antigos as refeições eram feitas de alimentos e não de comprimidos como agora. A mesa servia para colocar os pratos, os copos e os talheres de que se serviam para comer.” “A sério?! Mas que canseira!” “Sim, é verdade. Existam sítios chamados restaurantes aos quais os humanos iam quando não queriam cozinhar eles próprios nas suas casas. As pessoas sentavam-se umas com as outras em volta da mesma mesa, comiam, bebiam e conversavam, a isto se chamava conviver. Uma refeição dessas podia levar várias horas!” “Horas?! Mas agora comer leva um segundo! É só engolir o comprimido! Que estranhos tempos esses!” “Sim Francisco, a nova era só começou na primeira metade do sec. XXI, mais precisamente em 2020. Até lá os humanos costumavam viver uns com os outros e encontravam-se com outros humanos, para trabalhar ou para realizar actividades de ócio. Também era muito comum as famílias encontrarem-se e celebrarem certas datas juntos: os aniversários; o Natal; a Páscoa, etc. Todos esses eventos incluíam refeições em comum com mesas e cadeiras e os humanos sentados uns junto aos outros numa mesma divisão.” “Isso é muito difícil de imaginar! E devia ser deveras perigoso toda a gente a respirar assim junta!” “Sim, até Abril de 2020 estes ditos convívios eram não somente possíveis mas frequentes. Os humanos costumavam, inclusivamente, encontrar-se para dançar juntos.”
“Dançar? O que é isso?” “Dançar é movimentar o corpo, geralmente ao som de alguma música. Os humanos podiam inclusivamente agarrar-se. Em algumas zonas do globo, no continente africano, por exemplo, existiam danças em que o homem e a mulher se movimentavam com o corpo de um colado ao corpo do outro.” “Corpo a corpo? Mas já tinham fatos de silicone?” “Não, Francisco. Nos tempos antigos os humanos tocavam-se, era pele com pele.” “Ai que nojo! E se transpirassem? Ficavam com as secreções corporais misturadas!” “Correcto Francisco. Mas isso, naquele tempo, era normal. Os humanos diziam até gostar de sentir essas secreções uns dos outros, e os seus cheiros.” “Mas que repugnante!” “Nessa época também se juntavam para procriar. Só em casos muito excepcionais é que se utilizava a fertilização in victro.” “Que loucura! E quando é que a civilização começou?” “Variou um pouco de país para país. Aqui em Portugal costuma considerar-se o dia 18 de março de 2020 que foi quando foi promulgado o primeiro estado de emergência devido à pandemia Covid-19. As pessoas foram obrigadas a ficar em casa, passaram a trabalhar através da internet e foi decretado o distanciamento social.” “Foi aí que acabou o convívio?” “Exactamente Francisco, aprendeste bem a lição!” *** O escritor de ficção científica Julio Verne (1828-1905) previu, com uma margem de erro de escassos quilómetros, o local onde viria a
realizar-se o lançamento da primeira nave espacial para a lua. Vaticinou também que os carros deixariam de ser movidos por cavalos e passariam a dispor de um “motor i n v i s í v e l ”. A máquina de calcular, comboios subterrâneos, o s u b m a r i n o, ou transportes que “flutuam no ar” foram outras das suas certeiras
antevisões. Com todo o ardor desejo que a primeira parte deste texto não seja uma inspiração a la Julio Verne! Que o princípio do distanciamento social não marque o início de uma nova era ascética em que deixamos de tocar uns nos outros, que a palavra convívio não caia em desuso ao ponto de a deixarmos de conhecer. Onde começou tudo isto? Não me refiro ao aparecimento de um vírus novo, inimigo invisível com o qual estamos a tentar lidar. Refiro-me ao enquadramento mental de separação que agora atingiu proporções inimagináveis! Foi o filósofo René Descartes quem no séc. XVI estabeleceu uma linha de fronteira entre a mente - res cogitans - e o corpo - res extensa. No fundo, Descartes era herdeiro da antiguidade clássica de acordo com a qual a mente cognitiva é o que de mais elevado a humanidade possui, e o corpo um empecilho para o avanço do conhecimento. Daqui ao estabelecimento da impassibilidade e da independência como notas do entendimento, foi apenas um passo. O progresso científico fez da objectividade a sua alavanca. Desprezados os sentimentos, desdenhámos as ligações. De acordo com a antiga filosofia indiana dos Vedas, o universo é uma entidade coesa Agora, em pleno séc. XXI, estamos a sofrer as consequências de tanta independência! Considerámo-nos entidades individuais, como se possuíssemos uma auto-existência, esquecemos o quanto em verdade dependemos uns dos outros e, mais ainda, o quanto dependemos do planeta!
A medicina ayurvédica, que se baseia na indiana filosofia dos Vedas que data de 1500 a.c. entende o ser humano, não como uma entidade individual mas antes como um ser com raízes cósmicas, ligado não apenas ao planeta onde nasceu mas a todo o universo. Este enquadramento tem consequências profundas para a saúde e para o modo de conduta. A terra já existia biliões de anos antes da vida humana ter surgido. As árvores, por exemplo, são muito mais antigas que nós. Em Dezembro de 2019 uma equipa de investigadores da universidade de Binghamton, Nova Iorque, descobriu um extenso sistema radicular de árvores com 385 milhões de anos, que existiam durante o período Devoniano. As árvores com sementes apareceram 10 milhões de anos mais tarde. De acordo com a antiga filosofia indiana dos Vedas, o universo é uma entidade coesa. Contudo nós, humanos, vivemos preocupados com a nossa individualidade, completamente surdos para o pulsar da harmonia planetária. Ávidos de sucesso vivemos obcecados pelas nossas conquistas. Na realidade comportamo-nos como adolescentes imaturos! De acordo com a medicina ayurvédica, inspirada na filosofia dos Vedas, “Cada árvore, cada montanha, cada nuvem, cada nascente reflecte a luz do universo. A memória cósmica é mantida e refinada pelo código genético em todas as formas de vida. Por esta razão, a comunidade cósmica prevalece sobre todos os habitantes da Terra. Quando andamos, corremos ou escalamos, cada célula lembra-se do início da vida. A própria terra possui uma memória cognoscente dos seus cerca de 10 milhões de espécies! O nosso movimento, as nossas acções criam as condições para a actualização dessa memória. Quando contemplamos a beleza de uma nascente a cintilar ao sol, ou provamos o néctar de um pêssego maduro, ou até em momentos mais passivos, quando o vento nos acaricia a pele, ou quando as nossas narinas se inundam pela fragrância de uma flor, nós experienciamos os elementos - estimulamos a nossa memória cognitiva.” (Maya Tiwari, Ayurveda. A Life of balance). Talvez valha então a pena recordar que não somos uma existência separada, que pelo contrário estamos ligados e somos dependentes. Dependentes dos outros, dependentes deste planeta que habitamos, dependentes do universo no qual obtivemos esta fantástico improvável dom da vida! E se ajustássemos o nosso comportamento a esta realidade? l
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ARTES VISUAIS •••
Como podemos fruir das artes visuais em tempos de Covid19? fotos d.r.
Saúl Neves de Jesus
Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes
É inegável a importância para o nosso bem-estar e para a nossa saúde mental desenvolvermos emoções positivas. Tal como quando ouvimos uma boa música, apreciar artes visuais é seguramente uma boa forma de despertarmos essas emoções e sentir a plenitude desses momentos, comportando benefícios no plano psicológico. Todos os nossos sentidos podem contribuir para a nossa fruição, mas a audição e a visão são os nossos dois principais sentidos para a relação que estabelecemos com as atividades culturais. É fantástica a sensação de plenitude e preenchimento que temos quando inspiramos profundamente ao sermos confrontados com a beleza duma obra de arte, pela cor ou pela forma que esta apresenta. Mas, para além da componente emocional, uma obra de arte também pode ter uma dimensão cognitiva. Sendo a arte uma forma de comunicação, muitos artistas procuram expressar, não apenas emoções e sentimentos, mas também ideias e conceitos nas suas produções artísticas. Costuma dizer-se que uma imagem pode valer mais do que mil palavras e, desta forma, uma obra de arte visual pode conseguir sintetizar ideias que ajudam a tomada de consciência e a reflexão do espetador, para além da componente emocional que possa comportar.
Embora atualmente haja muitas obras de arte urbana, acessíveis a
Imagem do início da exposição online •
qualquer um, as visitas a museus permitem-nos um contacto mais sistemático e organizado com as artes visuais.
vid19?”, demos conta duma iniciativa promovida pela plataforma da Google que permite realizar visitas online a centenas dos principais museus de
Nas várias semanas de confinamento não foi possível visitar museus ou exposições de forma presencial. E, mesmo terminando o estado de emergência nos vários países, as restrições em espaços públicos mantêm-se. Os museus e outros espaços de fruição de artes visuais não são exceção. Assim sendo, têm sido muitos os museus que, embora estando encerrados para visitas presenciais, têm criado a possibilidade de visitas virtuais às suas exposições. No último artigo, intitulado “Como visitar museus em tempos de Co-
arte em todo o mundo, através do link https://artsandculture.google. com/partner?hl=en Mais recentemente, de Portugal para o mundo, a galeria lisboeta Underdogs propõe uma exposição coletiva online, que estará patente até ao próximo dia 13 de Junho, em www.under-dogs.net Esta mostra tem a particularidade de apenas conter obras que foram criadas por 32 artistas, portugueses e estrangeiros, durante o período de confinamento, feitas com materiais que estes tinham em casa. A designação “Right now”, ilustra
esta característica da exposição, em que os artistas produziram obras que falavam da sua realidade e das circunstâncias presentes durante o período de confinamento, onde quer que estivessem. Um rosto quebrado por uma máscara, a impossível proximidade de um beijo, a difícil passagem do tempo, o distanciamento social, a casa como espaço seguro ou como prisão e a natureza que floresce lá fora, são algumas das imagens criadas durante este processo por artistas como Aka Corleone, André da Loba, Maria Imaginário, Pedrita Studio, Okuda San Miguel, Wasted
Rita, André Saraiva, Bráulio Amado, Francisco Vidal e Vhils. Sem poder sair de casa, os artistas tiveram de usar apenas os materiais que já tinham consigo e alguns deles tiveram também de usar técnicas mais simples do que aquelas que é habitual no seu trabalho. É o caso de Vhils, por exemplo, que apresenta desenhos, quando em geral apenas os usa como base para outros trabalhos de grande dimensão. No comunicado à imprensa, a curadora Pauline Foessel explica: “Sempre acreditámos que a arte cumpre um papel fundamental em aproximar as pessoas, agora estamos seguros de que é crucial para manter o nosso sentido de comunidade, de proporcionar apoio e conforto durante este novo capítulo da nossa experiência humana conjunta.” Efetivamente, trata-se duma experiência global, vivida por todos em todo o planeta, independentemente de sexo, raça ou religião. Esperemos que possa servir para nos unir e refletir sobre o que realmente é importante, bem como para desenvolvermos atitudes e comportamentos mais adequados para nós mesmos, para com os outros e para com o planeta Terra, em particular outras espécies animais e a natureza. Devemos procurar fruir das artes, mas com esta fruição devemos aprender a fruir daquilo que está à nossa volta, em cada momento, com consciência e emoção plenas, serenidade e gratidão. l
Imagens de algumas das obras expostas online •
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CULTURA • SUL
ESPAÇO ALFA •••
A nova imagem do (des)confinamento e onde, apesar de expostos, acabaram por ter uma guerra branda com poucas ou nenhumas baixas (e até contágios) entre os fotógrafos, e a restante Comunicação Social. Para as restantes áreas fotográficas, tudo ficou em suspenso. Os fotógrafos urbanos, tinham as ruas, mas sem vida e sem a verve que a Vico Ughetto Vice-presidente da ALFA agitação das metrópoles exibe, e que - Associação Livre Fotógrafos do Algarve a torna sedutora para o registo dos instantâneos de rua. Os fotógrafos de viagens, ficaram ainda piores, pois se as deslocações no bairro Por muito que digamos que não eram limitadas, ainda mais entre vamos falar ou escrever sobre a países e continentes. Os fotógrafos Covid-19, e toda a problemática e de eventos, espetáculos, casamenquestões relacionadas, a realidade tos e outras reuniões familiares ou é que acabamos por não conseguir, empresariais, ficaram com a agenpois esta pandemia não só definiu os da cancelada por completo, e os três últimos meses mais sui generis fotógrafos de cariz mais comercial que vivemos, como irá marcar segu- – como quem diz – os que trabalham ramente todo o ano de 2020. E não com as empresas e marcas, seja na foi só o confinamento forçado e to- fotografia de produto, de moda, ou das as demais restrições associadas, corporativa, também não escaparam, foi também a forma como passamos pois a comunicação que não foi cana viver e como iremos incorporar al- celada perdeu muita criatividade e gumas dessas mudanças no nosso dinâmica centrando-se apenas no quotidiano agora reinventado. essencial do combate ao vírus. Na vertente da fotografia os imNeste campo houve algumas inipactos foram fortes. Quem teve ciativas com imaginação e criativas, essencialmente trabalho ou ativida- sem dúvida, só que elas puseram de de foram os repórteres fotográficos, parte os fotógrafos e centraram-se aqueles que, digamos, puderam es- em ter o próprio staff das empresas tar na frente de combate ao vírus a produzir os conteúdos a partir de
foto VICo uGHEtto
/ d.r.
O entardecer visto da açoteia da Galeria Arco (sede da ALFA) sobre a Ria Formosa é um tónico ótimo para o bem-estar e a reflexão sobre os próximos desafios que se avizinham no campo da imagem fotográfica •
casa. Assistimos ao boom das plataformas de videoconferência, dos webinares e dos diretos feitos nos escritórios improvisados nas salas de jantar ou nos quartos. Grandes marcas internacionais como a Gucci, usaram o feito-em-casa ao extremo, tendo realizado as fotografias da próxima coleção Outono/Inverno pela primeira vez, sem a intervenção de qualquer fotógrafo(a), maqui-
lhador(a) ou estilista, tendo sido inteiramente produzidas e realizadas pelos modelos, que são também os intervenientes. São quase uma espécie de autorretratos do seu quotidiano, ligeiramente orientados pelo diretor criativo Alessandro Michele, que confessou, numa entrevista online, ter dado espaço para a criatividade de forma a que os modelos fossem os diretores deles próprios.
Creio que o olhar, a criatividade e o talento do fotógrafo ainda fazem e farão a diferença, mas a nova imagem do desconfinamento passou a ser registada de modo mais individual, simplista, económico e imediato. Isto não era propriamente novidade, a sua aceitação generalizada (desde a produção ao consumo) é que foi muito acelerada devido aos acontecimentos. l
ESPAÇO AGECAL •••
A cultura no pós 25 de Abril: 1974-1990 (2) Jorge Queiroz
Sociólogo e gestor cultural, Sócio da AGECAL ‒ Associação de Gestores Culturais do Algarve
O grande acontecimento cultural de 1974 foi a liberdade. A abolição da censura e do exame prévio foram as primeiras medidas do Movimento das Forças Armadas-MFA, inscritas no programa apresentado ao País logo após o derrube da ditadura, simultaneamente foram tomadas medidas em relação à liberdade de informação. O Programa do MFA assentava nos três D: Democratizar, Descolonizar e Desenvolver. Nesta primeira fase verificou-se uma estreita ligação de cultura e educação, também a estruturação dos
domínios culturais em cinco áreas: literatura, música, teatro, cinema e artes plásticas. Relevada pelo novo poder democrático a importancia da comunicação social na difusão da língua portuguesa no mundo. A preocupação do acesso à cultura nas regiões periféricas e do interior do País originou as “Campanhas de Dinamização Cultural”, impregnadas de voluntarismo e romantismo revolucionário, mas que estiveram longe de ser aceites pelos destinatários, dada a ideia paternalista que estava na base da sua formulação. Nas zonas urbanas do País dá-se a explosão das artes públicas, surgem os grandes murais políticos realizados por colectivos de artistas, mas também se verifica crescimento exponencial das frequências aos cinemas e aos espectáculos em geral, nomeadamente de teatro. As populações surgem desejosas de conhecer e de usufruir das liberdades cívicas. A cultura está na rua. O Poder Local deu com as eleições de 1976 os primeiros passos para a democracia local e em 1979 a Lei das
Finanças locais permitiria o acesso a recursos financeiros, o início da estruturação dos serviços municipais e dos reequipamentos. Foi o período de trabalho intenso nas obras de saneamento básico, rede viária e electrificações, planeamento urbano e habitação social, também na saúde com o serviço médico à periferia e na habitação o SAAL. Em relação à cultura predominava nas autarquias a ideia de animação cultural, mas a construção/ reabilitação de infraestruturas culturais (bibliotecas, museus, arquivos, teatros…) necessitava de gestão e trabalho quotidiano especializados. Em 1976 surge o I Governo Constitucional e a Secretaria de Estado da Cultura e na política cultural como áreas estratégicas: o património cultural, a investigação e fomento cultural. Publica-se uma actualização do Código do Direito de Autor e o Estatuto do Profissional Intelectual. No programa do III Governo Constitucional (Nobre da Costa) faz-se uma teorização da cultura que a subdivide em cultura erudita, de massas e popular, sendo objectivo da tutela diminuir
as distâncias entre elas. Este governo e os seguintes, seriam de curta duração, tendo como Primeiros Ministros Mota Pinto (IV GC), que defende a valorização da cultura humanista portuguesa no mundo e Maria de Lurdes Pintassilgo (V GC), que se orienta para a maior participação cívica dos movimentos culturais, cria um Ministério da Coordenação Cultural e da Cultura e Ciência. Regista-se neste Governo, único presidido por uma mulher em todo século XX republicano, o abandono da visão mais conservadora de património e abertura às novas formas de criação contemporânea. Nos governos dos anos 80, de predominio da Aliança Democrática (PSD, CDS e PPM) e bloco central com o PS, dá-se maior enfase à preservação do património e em 1983 (VIII GC) foi criado o Ministério da Cultura e da Coordenação Científica, tutelado por Francisco Lucas Pires e no governo seguinte (IX GC) surge pela primeira vez um Ministério da Cultura tendo como ministro Coimbra Martins. A ideia da intervenção mais destacada do sector privado na cultura
originou a Lei do Mecenato. O Decreto-Lei nº 258/86 foi objecto de debate político baseado na possibilidade do Estado se demitir gradualmente das obrigações e responsabilidades culturais e educativas. Nesta década de 80 são publicados importantes diplomas como a Lei de Bases do Património Cultural Português (1985), que não chegou a ser regulamentada, e em 1987 a Rede de Leitura Pública com avanço na nova rede de bibliotecas municipais e escolares. Todo este processo se desenrola no contexto da integração de Portugal na CEE ocorrida em 1986, a qual provocou nos anos seguintes grandes alterações, em particular no tecido económico nacional mas também da visão instrumental para a cultura nacional. A ideia da marca “Portugal” surgirá no princípio da década de 90. As políticas culturais acompanham a visão de fim de ciclo de 500 anos do Império, acompanharão a renovação de discursos e práticas, de forma mais visível na Europália-91 coincidindo com o semestre da presidência portuguesa da UE (1991). l
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50 músicos animam Festas da Cidade de Olhão em formato roadshow foto d.r.
O Município de Olhão vai levar 50 músicos locais a percorrer as 5 freguesias do concelho, no âmbito das comemorações do 16 de junho - Dia de Olhão, ao longo de cinco dias, entre 12 e 16 de junho. Os concertos decorrerão no formado roadshow, estreado pela autarquia em final de maio, aquando do encerramento do Mostra-te. Segundo o presidente da Câmara, António Miguel Pina, “com este evento, pretendemos levar uma mensagem positiva, de ânimo e esperança, a todos os olhanenses, em segurança e junto de quem mais amam, através da música e do talento dos artistas da nossa terra. Esta é, também, uma forma de promover esses profissionais, a cultura e estimular o regresso à dinâmica cultural, em associação com
a reanimação da hotelaria e restauração, através de formas criativas e adaptadas a esta nova realidade”. Às Festas da Cidade de Olhão, junta-se, como é hábito, o Olhão ao Vivo, que, anualmente, e através da Casa da Juventude do Município, promove os músicos e as bandas locais. Este ano não será excepção, e o Município e a empresa municipal Fesnima voltam a juntar sinergias para agora, no formato original de roadshow, levarem a todo concelho a dinâmica cultural e artística dos novos músicos. Festas encerram com espetáculos de Luís Guilherme e Íris Tudo num só evento que durará cinco dias, de 12 a 16 de junho, das 18:30 às 22:30, ao
longo dos quais percorrerá todas as freguesias do concelho. Tal como na experiência de roadshow que encerrou o mês de maio, o programa não irá especificar as ruas de passagem, a fim de evitar aglomerados, sendo revelada apenas, e com algumas horas de antecedência, a zona de abrangência de cada dia. No que diz respeito ao cartaz musical, no dia 12, sexta feira, o evento conta com os fadistas, acompanhados à guitarra, Inês Graça, Sara Gonçalves, Libânia, Estrela Maria, Mário Saraiva, Luís Moreno, Pedro Viola, Teresa Viola. No dia seguinte atuam M90, Susana Neves, Denzel e Ricky B. No domingo, dia 14, sobem ao palco do roadshow Gerações, Cristiano Martins, Luís Francês e 33 LM. Na segunda
feira, é a vez dos Contra-Corrente, Fernando Leal, Mariana Barnabé, Eduardo Patarata e Bruno Henriques. Na terça feira, 16 de junho, Dia da Cidade, o evento encerra com Luís Guilherme e Íris. A todos estes artistas, juntam-se outros convidados, num total de 50 músicos. Se, na primeira experiência, e porque assim se justificava, o roadshow percorreu apenas, e num dia, as entidades vocacionadas para a juventude envolvidas no Mostra-te, desta vez, fica a garantia da autarquia de que, dentro das limitações associadas ao volume e peso do palco móvel, “os espetáculos irão chegar ao maior número de zonas possível, de Moncarapacho a Quelfes, passando por Pechão, Olhão e Fuseta”.
Os espetáculos vão percorrer todas as freguesias do concelho durante 5 dias
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Abertas inscrições para monitores das "Férias de Verão Portimão 2020" foto d.r.
O projeto visa proporcionar às crianças e jovens do concelho uma ocupação salutar dos tempos livres
As inscrições para monitores das Férias de Verão Portimão 2020 decorrem até ao próximo dia 16 de junho. Trata-se de um projeto municipal que visa proporcionar às crianças e jovens do concelho uma ocupação salutar dos tempos livres. Assente num programa cheio de ofertas lúdico-pedagógicas, culturais e desportivas, a iniciativa decorrerá entre 29 de junho e 14 de agosto, e representa um esforço do município em manter atividades que vão ao encontro
das crianças e jovens entre os 6 e os 12 anos e das suas necessidades de lazer, tendo em conta as medidas impostas face à atual situação pandémica. Os interessados em participar como monitores devem ser estudantes entre os 18 e os 25 anos, manifestando a sua disponibilidade a partir do dia 25 de junho e até ao término do programa. Devem ter experiência em campos de férias ou atividades similares, particularmente em jogos coletivos, surf, bo-
dyboard, canoagem, ténis e vela, bem como em atividades lúdicas e culturais. As inscrições serão efetuadas on-line através do preenchimento do formulário que se encontra disponível no site do Município de Portimão, o qual posteriormente deverá ser enviado para o email da Divisão de Desporto e Juventude: desporto@cm-portimao.pt. Mais informações podem ser solicitadas através do telefone 282 470 813. AF_Imprensa_CAJuniores_210x285mm_cv.indd 1
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Câmara de Faro vende jazigos e prevê que o crematório esteja concluído no final do verão
foto d.r.
a expectativa de “o crematório estar concluído no final do verão, dando cumprimento à antiga e justa reivindicação das populações que, hoje, ainda têm que percorrer centenas de quilómetros para realizar as cerimónias de cremação dos seus entes queridos”. O Novo Cemitério de Faro beneficiou de um conjunto de melhoramentos A autarquia de Faro procedeu à adjudicação definitiva de três jazigos no novo cemitério após deliberação por unanimidade na última reunião de câmara, na passada semana. Os jazigos, identificados com os números 9, 10 e 25, situam-se todos no Bloco H desta infraestrutura cemiterial e haviam sido “arrematados em praça, no passado dia 6 de maio, pelo
valor global de 63.200 euros”, afirma a autarquia farense em comunicado. Esta alienação surge num momento em que “o Novo Cemitério de Faro beneficia de um conjunto de melhoramentos já operados, ganhando destaque a construção do novo crematório municipal, cuja obra segue sem percalços e em ritmo acelerado”. Desta forma, mantém-se incólume
Crematório é um desenvolvimento importante no que respeita à gestão dos espaços Conforme avança a Câmara de Faro “o crematório estará equipado com dois fornos, um para as cremações funerárias e um forno pirolítico para queimar resíduos associados aos enterramentos, como flores e restos de urnas. Disporá ainda de todas as valências conexas, como sala de tanatopraxia, receção, capela ecu-
Ranking coloca a Universidade do Algarve entre as melhores do mundo O Center for World University Rankings (CWUR) acaba de divulgar o ranking mundial para as universidades para 2020-21. A Universidade do Algarve (UAlg) surge no top 5,9% mundial, destacando-se em 7º lugar a nível nacional, de entre as 14 instituições nacionais observadas. Num total de 20 mil universidades, avaliadas tendo como base indicadores de qualidade do pub
ensino, empregabilidade dos antigos estudantes, desempenho na investigação, qualidade das publicações, entre outros parâmetros, a UAlg aparece na posição 1178. “A avaliação realizada à academia algarvia atribui especial enfoque à investigação, parâmetro no qual surge em destaque, encontrando-se classificada na posição 1120”, explica a UAlg em comunicado.
ménica, arrecadações, instalações sanitárias e vestiário”. Com a edificação deste equipamento coloca-se também termo a um longo processo que tramitava já desde 2011, ano em que pela primeira vez o município colocou o crematório a concurso. Após resolução de querela jurídica com o primeiro adjudicatário, que implicou “a indemnização do município em 309 mil euros”, foi ainda preciso aguardar que “os tribunais resolvessem de forma conclusiva a contestação ao segundo procedimento, tendo a adjudicação definitiva sido assinada a 14 de Junho de 2019 com a Servilusa – Agências Funerárias S.A. e FPC Construções Lda”, explica a autarquia. Nos termos do contrato de concessão, a Câmara de Faro vai receber 1.700 euros por mês pela ocupação
do terreno e 1% do valor de cada cremação, tendo sido garantido um desconto significativo para os munícipes do concelho – os residentes em Faro pagarão 258 euros por cremação, enquanto os não residentes pagarão 309 euros. As ossadas terão um custo de 180 euros. Para o executivo camarário, “esta é uma excelente notícia para a cidade e para a Região”. O presidente Rogério Bacalhau lembra mesmo “que a população há muito que pedia esta valência e era difícil explicar como o Algarve esteve tantos anos sem esta resposta”. Por outro lado, o edil considera que “o novo crematório representa também um desenvolvimento importante no que respeita à gestão dos espaços cemiteriais e permite-nos dar uma melhor resposta às necessidades de Faro e do Algarve”.
foto d.r.
A avaliação realizada à academia algarvia atribui especial enfoque à investigação
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Soror Mariana, desenho de Matisse
Intimidades de uma freira A Soror Mariana “Cortaram os trigos. Agora A minha solidão vê-se melhor” - Sophia –
Ramiro Santos Jornalista
Subindo à varanda da janela gradeada do Convento da Conceição, Mariana descansava o olhar no horizonte das searas ondulantes da planura alentejana. Aguardava ansiosa e com frémitos de emoção, a passagem do cavaleiro que a tinha feito cativa de ardentes e arrebatadores amores furtivos. Aos 26 anos, a freira de Beja descobrira que, afinal, o mundo pode despertar outros encantos, e ir além da meditação contemplativa e da renúncia aos prazeres da vida! fotos d.r.
Original das Cartas
Foi dali, da janela de Mértola, que os dois se conheceram, e a história dava um filme! É um romance proibido, de amor e pecado. Ou, como escreveu Stendhal – “o modelo acabado de um amor paixão”, que derrubou muros e preconceitos e abanou a disciplina rígida de um convento e os ferros da sua clausura. Ela, uma jovem que desde menina a fizeram recolher, como mandavam os preceitos da época, aos aposentos do convento, e ele, um jovem oficial do exército francês que ali estava para ajudar Portugal na guerra da Restauração contra os espanhóis. Pouco se sabe da vida da freira alentejana, e não fosse a indiscrição das cartas de amor que lhe são atribuídas, enviadas ao Monsieur Le Chevalier de Chamilly, por quem haveria de se perder de amores, nada a história teria registado, a não ser a vida apagada de uma freira dentro dos altos muros e na escuridão de uma cela do convento. Entregue à oração e à penitência! As Cartas Portuguesas, como ficaram conhecidas, foram publicadas em Paris em 1669, num livrinho que contribuiu mais para o mito do amor português do que as cantigas de amigo ou a lírica de Camões. Nelas, Mariana Alcoforado, expõe sem limites o seu amor pelo cavaleiro francês e o desespero pelo abandono, desprezo e esquecimento a que acabou por ser votada.
Com mais de 500 edições em vários países do mundo, as Cartas, constituíram um dos maiores sucessos editoriais à época e, nelas, Mariana, na sua clausura, conseguira fazer ouvir bem alto “a magnífica música de um corpo exasperado de desejo e abandono”. Várias vezes se tem contestado que as Cartas Portuguesas sejam da autoria da freira de Beja, mas – diz o grande poeta alemão Rainer Maria Rilke - “o que não poderá nunca contestar-se é que não seja uma das obras supremas da literatura amorosa.” Numa das suas Cartas, apesar de já não esconder a desilusão e o desencanto para com o seu amante, Mariana não se mostra arrependida: “Quero que toda a gente o saiba, não faço disso nenhum segredo, estou encantada por ter feito tudo quanto
Convento da Conceição
A leitura das Cartas revela que estas eram de uma freira do convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, dirigidas a um o�icial francês por quem ela se perdeu de amores. As Cartas, publicadas em Paris, em 1669, constituiram um enorme sucesso editorial.
fiz por ti; a minha honra e a minha religião hão-de consistir só em amar-te perdidamente toda a vida”. Noutro ponto, sublinha ainda: ”Orgulho-me de te haver posto em estado de já não teres, sem mim, senão prazeres imperfeitos!” e, num assomo de lúcida paixão resignada admite: “Acostumei-me, ingenuamente, a uma grande paixão, e é necessário algum artifício para nos fazermos amar. Devem procurar-se habil-
mente os meios de agradar: o amor por si só não suscita amor”. Apesar de tão arrebatadora paixão, Mariana Alcoforado, não morreu de amor. Envelheceu e morreu, aos 83 anos, no convento, e nunca mais soube do seu cavaleiro andante, que tantas vezes pulou a cerca para se aninhar nos sonhos quentes de uma solidão abandonada. Mariana, não se tornou santa. Porque, afinal, não se pode servir a dois senhores!
Janela de Mértola
Avança a obra de acessibilidade pedonal à Praia de Odeceixe foto d.r.
A obra denominada “Acessibilidade Pedonal à Praia de Odeceixe” avança, no âmbito da intervenção Polis. A intervenção vai requalificar e melhorar a circulação pedonal entre os dois miradouros, no acesso à praia, numa extensão de cerca de 200 metros, permitindo assim que os peões circulem com mais segurança e comodidade, no acesso à Praia de Odeceixe. Os custos da obra serão suportados na sua totalidade por verbas do Município de Aljezur, num valor total de 267.213 euros e um prazo de execução de 90 dias. Trata-se de uma estrutura de material reciclado, onde um passadiço para a circulação dos peões, permitirá "mais segurança, mais conforto e melhores condições de acessibilidade, com pe-
quenos apontamentos de arranjos urbanísticos, iluminação autónoma, constituída por pequenas armaduras “led”, ligado a um conjunto de célula solar e bateria, energias amigas do ambiente", afirma a Câmara de Aljezur em comunicado. A cerca de 50 metros, do lado norte, será instalada "uma pequena estrutura que irá impedir o pisoteio na área natural, permitindo um pequeno local/ miradouro sobre a praia, este passadiço terá um circuito de cerca de 200 metros". Esta obra encerra um ciclo das intervenções Polis, no concelho de Aljezur, de requalificação, embelezamento e de criação de mais e melhores condições para os locais e para quem visita o Concelho de Aljezur.
A intervenção vai permitir que os peões circulem com mais segurança no acesso à praia
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foto d.r.
O edifício vai integrar a “Cidadela da Segurança e Proteção Civil” de Loulé, junto ao nó da A22
Aprovado lançamento do concurso para construção das novas instalações do INEM em Loulé A Câmara de Loulé aprovou o projeto de execução das instalações do INEM no Algarve, bem como o lançamento do concurso público da obra. Trata-se de um edifício que vai integrar a “Cidadela da Segurança e Proteção Civil” de Loulé, junto ao nó da A22, onde já estão instalados o quartel dos Bombeiros Municipais de Loulé, o CREPC – Comando Regional de Emergência e Proteção Civil da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e o heliporto, onde está em perpub
manência o helicóptero do INEM. Este novo equipamento nasce da cooperação interadministrativa entre o Município e o Instituto Nacional de Emergência Médica e pretende "dar resposta a toda a região do Algarve, contribuindo para que o INEM possa cumprir a sua missão com mais eficácia, nomeadamente, garantir a assistência adequada às vítimas de acidente e de doença súbita e o socorro e assistência às populações em caso de
necessidade", explica a autarquia louletana em comunicado. Equipamento vai beneficiar toda a região, pela sua localização mais central O presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, relembra que “a autarquia tem realizado um grande investimento, tanto financeiro, como humano nas áreas da proteção civil, investigação e saúde”, pelo que
se congratula pela vinda do INEM para o concelho: “é para nós um grande orgulho poder receber este equipamento no concelho de Loulé. A segurança, saúde e proteção das pessoas e bens tem sido uma forte aposta deste executivo nos últimos anos. Com a pandemia da Covid-19 temos todos maior consciência da importância do planeamento e da prevenção nestas áreas, pelo que a presença do INEM em Loulé, irá reforçar esta nossa aposta e também
beneficiar toda a região, pela sua localização mais central”. Entre outras valências, o edifício contará com um Centro de Formação, Gabinete da Coordenação Regional, Gabinete de Coordenação de Enfermagem, Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) e Gabinete de Apoio ao CODU, assim como instalações para a área de Logística e Operações. A obra está orçada em 1.800.318 euros e o prazo de execução previsto é de 600 dias.
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"Sal e Flor de Sal de Castro Marim" ganha Denominação de Origem legalmente protegida
foto d.r.
A produção de sal é uma atividade tradicional e um dos ex-libris do município de Castro Marim
O “Sal de Castro Marim” / “Flor de Sal de Castro Marim” passou a ter Denominação de Origem, legalmente protegida a nível nacional, de acordo com o despacho n.º 6105/2020, publicado no Diário da República n.º 110/2020, Série II do passado dia 5 de junho. O uso desta denominação de origem fica reservado aos produtos que obedeçam às disposições constantes no respetivo caderno de especificações depositado na Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Esta iniciativa, candidatada pela Cooperativa Terras de Sal com o apoio do Município de Castro Marim, "é um enorme passo no reconhecimento da exce-
lência do Sal e Flor de Sal de Castro Marim, manualmente recolhidos e seco ao sol em plena Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, o que lhe permite a sua cor naturalmente branca e a retenção de microelementos da vida marinha, contrariamente ao sal industrial, extraído com recurso a meios mecânicos e depurado com sistemas e produtos industriais", destaca a autarquia castromarinense em comunicado. A produção de sal é "uma atividade tradicional e um dos ex-libris do município de Castro Marim, que muito se tem empenhado, ao longo dos anos, em ações diversas para a revitalização da atividade salineira,
assente no princípio de que é um produto único e distinto". Além da formação de salineiros, a Câmara de Castro Marim tem trabalhado na valorização desta atividade, tendo inclusive produzido o documentário “Os Dias do Sal”, de Ivan Dias, que traduz a identidade castromarinense, profundamente ligada à exploração do sal, e todo o potencial deste produto nos mercados nacionais e internacionais. A Câmara de Castro Marim aprova também nestes dias "a entrega de espaços no Edifício Multifuncional de Empresas à Cooperativa Terras de Sal, contribuindo para que possam também potenciar a sua relação institucional com o mercado".
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NECROLOGIA
12 de junho de 2020
BRUNO FILIPE TORRES MARCOS O NOTÁRIO CARTÓRIO NOTARIAL EM TAVIRA
JOSÉ FERREIR A ALBERTINO FELICIANO 11-07-1948 23-05-2020 Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
CORUCHE Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
AVELINO APOLINÁRIO CAVACO 09-07-1925 25-05-2020 Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. G.F.
EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 12.02.2020, exarada a folhas 102 e seguinte do competente Livro n.º 160-A, que: - Vitorino Rodrigues Gonçalves e mulher Ermelinda Custódio Domingues Gonçalves, naturais da freguesia da Conceição, concelho de Tavira, residentes em Sítio da Almiranta, caixa postal 1790-C, Almiranta, 8800-501 Tavira; - Declararam ser donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis, sitos na freguesia de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira: a) prédio urbano composto por edifício térreo, do tipo T-Dois, com quintal, destinado a habitação, com a área total de cento e oitenta e cinco vírgula noventa e cinco metros quadrados, sendo a área coberta de cento e setenta e seis vírgula noventa e seis metros quadrados e a área descoberta de oito vírgula noventa e nove metros quadrados, que confronta a norte com herdeiros de Maria Domingues, a sul e a nascente com Manuel Jacinto e a poente com Manuel Jacinto e outra, sito em Poço da Amendoeira, inscrito na respetiva matriz a favor do justificante marido sob o artigo 6501, que teve origem no artigo 6828 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 6.097,36 €; b) prédio rústico composto por terra de cultura com pomar tradicional de sequeiro, com a área de seiscentos e oitenta e sete vírgula setenta e sete metros quadrados, que confronta a norte com Manuel Jacinto Agostinho, a sul com Manuel José, a nascente com Manuel Jacinto Domingos e a poente com João Domingos, sito em Dianteira, inscrito na matriz a favor do justificante marido sob o artigo 26285, que teve origem no artigo 25465 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 1,42 €; - Tendo alegado para o efeito que: - Os identificados prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse, já no estado de casados entre si, por compra meramente verbal, em data imprecisa do ano de mil novecentos e setenta, e nunca reduzida a escritura pública, a Manuel José Domingos, já falecido, residente que foi no Poço da Amendoeira, Tavira; - Desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre os referidos prédios, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aqueles prédios – amanhando e limpando a terra, semeando e colhendo os respetivos frutos, relativamente ao rústico, e demarcando o quintal e efetuando a sua limpeza, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção relativamente ao prédio urbano e ainda pagando contribuições e impostos devidos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram os referidos prédios por USUCAPIÃO. Tavira e Cartório, em 12 de fevereiro de 2020. O Notário,
SANTA CATARINA DA FONTE DO BISPO Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. G.F.
Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/402 (POSTAL do ALGARVE, nº 1245, 12 de Junho de 2020)
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Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
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BRUNO FILIPE TORRES MARCOS O NOTÁRIO CARTÓRIO NOTARIAL EM TAVIRA EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO
CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 18.03.2020, exarada a folhas 24 e seguinte do competente Livro n.º 162-A, que: - Anabela Belles Horta Neto, natural da freguesia de Tavira (Santiago), concelho de Tavira, casada com Paulo Jorge Marques Neto, residente na Rua Manuel Virgínio Pires, n.º 10, 8800-437 Tavira; - Declarou ser dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem e com a natureza de bem próprio, do prédio urbano, composto por terreno para construção urbana, com a área de vinte e sete metros quadrados, sito na Rua Manuel Virgínio Pires, n.º 16, na freguesia de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira, inscrito na matriz em nome da justificante mulher, sob o artigo 8437, com o valor patrimonial tributário de 7.100,00; - Tendo alegado para o efeito que: - o referido prédio, com a indicada composição e área, chegou à sua posse no ano de mil novecentos e noventa e nove, em data que não pode precisar, ainda no estado de solteira, por compra meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública efetuada a Sílvio do Carmo Santos Horta, solteiro, maior, residente na Rua das Amendoeiras, Bloco A, 1.º frente, em Faro; Bruno Jorge Santos Horta Dias, solteiro, maior, residente na Avenida de Berna, n.º 24, 7.º dto, em Lisboa; Dário Eduardo Santos Horta Dias, divorciado, residente na Urb. das Amendoeiras, lote 16, Montenegro, Faro; e Miguel Ângelo Santos Horta Dias, solteiro, maior, residente na Urbanização do Ferragial, lote 8, 1.º esq. em Faro; - desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencida de ser a titular do mencionado direito de propriedade sobre o identificado prédio, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído o mesmo – tendo já limpo o terreno, encontrando-se perfeitamente delimitado através de muro com os vizinhos –, pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu por usucapião o referido imóvel, o que invoca.
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Tavira e Cartório, em 18 de março de 2020. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/725 (POSTAL do ALGARVE, nº 1245, 12 de Junho de 2020)
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Nos termos do artigo 40º Ponto 1 e Ponto 2 alínea a) E C) dos Estatutos, convoco a Assembleia – Geral Ordinária para o dia 26 de JunhoSÁBADO de 2020, Sexta –feira , pelas SEXTA DOMINGO 17.00h, na Sede do Monte-pio A.T. , na rua Tenente Couto nº 6 1º A, em Tavira na ALBUFEIRA doordem Mar de Trabalhos Alves Alves Sousa “Casa da Matilde”, com a seguinte : Sousa Aprovação Rejeição do Relatório e ContasSousa / Apresentação Contas Coelho de Central ARMAÇÃO DE ou PÊRA Mutualistas . Palma Montepio Caniné FARO Informa se os Associados que oito dias antes da realização da Assembleia Geral Sousa LAGOA Ordinária se encontra o RelatórioVieira e Contas de 2019 Vieira á disposição de todos os Associados, no Gabinete administrativo do Monte –Pio Artístico Tavirense. Ribeiro Lacobrigense Silva LAGOS Nos termos do artigo 41, Ponto 1 dos Estatutos, a Assembleia –Geral funcionará Chagas Avenida LOULÉ com qualquer número de Associados pelas 18.00h. Pinto
Hygia Hygia MONCHIQUE Mais informo, que só poderão votar mediante a apresentação de cartãoHygia de Associado. Brito Rocha Progresso OLHÃO
SÃO BART. DE MESSINES
Amparo Arade Tavira 12 de Junho de 2020 Mª Paula Miguel A Presidente - Da -
SÃO BRÁS DE ALPORTEL
Dias Neves São Brás Mesa da Assembleia Geral
São Brás
SILVES
Guerreiro Maria José Sousa Martins Sousa Montepio
Guerreiro
QUARTEIRA
Dr. Francisco Amaral, Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, TORNA PÚBLICO, que no dia 29 de Junho de 2020, pelas 10:00 horas, na Sala de Sessões da Câmara Municipal de Castro Marim, realiza-se a hasta pública de direito à ocupação das seguintes bancas do mercado de Altura: 2 Bancas (n.ºs 9 e 10) destinadas a venda de peixe; 2 Bancas (n.ºs 22 e 23) destinadas a venda de Frutas, legumes, flores e outros produtos regionais ou locais, como por exemplo, frutos secos, mel, licores, etc.; 1- A base da licitação é de 150,00 €, por banca; 2- A Hasta Pública é dirigida ao público em geral; 3- Não podem concorrer titulares de outras bancas, desde que já tenham atingido os limites previstos no Art.º 9.º do Regulamento dos Mercados Municipais de Castro Marim; 4- A cada arrematante só poderá ser adjudicada como máximo, 2 bancas; 5- A praça realizar-se-á perante a Comissão, para esse fim nomeada por deliberação de Câmara de 03-06-2020, a ela diz respeito, onde consta a SEGUNDA TERÇA devendo a ata que QUARTA QUINTA adjudicação, ser homologada na primeira reunião que se lhe seguir; Alves Sousa será lavrado Alves Sousa AlvesdeSousa Sousa 6Da adjudicação o respectivo auto/guia arrematação eAlves entregue ao arrematante nos 30 (trinta) dias subsequentes; Central 7- Os arrematantes serão devidamente identificados através de cartão de cidadão Pereira Baptista Helena ou bilhete de identidade ePenha contribuinte fiscal e quando não sejam os próprios deverão apresentar a competente procuração; Lagoa Lagoa Lagoa Lagoa 8- Os lanços mínimos estabelecem-se em múltiplos de 25,00 €; Telo Neves Ribeiro Lacobrigense 9- A Comissão, por razões de conveniência extraordinária, reserva-se o direito de tirar da praça ou não adjudicar, Pinheiro Martinsbancas; Chagas Pinto 10A licitação considera-se finda quando o lanço mais elevado não tenha obtido Moderna Moderna Moderna Moderna cobertura, depois de anunciado pelo menos três vezes; Da ARia Nobre Brito no 11Comissão ordenará por valores ofertadosPacheco até ao terceiro posicionamento processo permitirá que, as bancas sejam provisoriamente atriCentral de licitação, oP.que Mourinha Moderna Carvalho buídas ao lanço mais elevado e no caso de não cumprimento posterior da respectiva liquidação, seguinte ou seguintes licitantes, Miguel podem as mesmas Miguelser atribuídas ao Miguel Miguel respeitando o ordenamento estabelecido; Algarve 12- Finda a praça e não estando atribuídas as bancas, proceder-se-á, se considerado conveniente, a nova hasta pública, mediante a publicação de novo Edital; São Brás Dias Neves São Brás Dias Neves 13- A praça poderá ser adiada em qualquer momento ou a Câmara deixar de fazer João de Deus Cruz Portugal a adjudicação desde que se verifique que houve conluio entre os concorrentes ou qualquer Centralfacto que não justifi Felixque a homologação;Sousa Montepio 14- O pagamento do valor da arrematação constitui receita camarária e o arremaPombalina Pombalina Pombalina tante é obrigado a liquidar no primeiro dia útil a seguir à homologação daPombalina ata da praça o valor da adjudicação e a iniciar a ocupação no prazo de 30 (trinta) dias a partir da mesma data, sob pena de lhe ser declarada caducada a respectiva autorização, sem direito a qualquer indemnização nem à restituição de quaisquer importâncias já pagas; 15- Em caso de desistência posterior ao pagamento da totalidade do valor de arrematação, o dinheiro não será restituído; 16- Ao adjudicatário é garantido o direito de permanência nas bancas mediante o pagamento das taxas aprovadas pela sua ocupação, não tendo direito no caso de desistência da ocupação a qualquer indemnização, sendo proibido o trespasse ou qualquer forma de aluguer; 17- Os concessionários estão obrigados a garantir a segurança do edifício e respectivas instalações durante o período de abertura do mercado e respondem por eventuais danos que ocorram; 18- Nas bancas não poderão ser realizadas quaisquer obras de beneficiação ou modificação sem autorização da Câmara e, quando se tratar da realização de obras deverão estas ser requisitadas nos termos legais e sujeitas ao pagamento das respectivas taxas de licença. Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente EDITAL e outros de igual teor, que vão ser afixados nos lugares de estilo e publicado num Jornal Regional.
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Paços do Concelho de Castro Marim, 03 de Junho de 2020 O Presidente da Câmara Dr. Francisco Amaral
CO
De acor segundo Azeite d a reunir 2016, p
1º- Apro
2º- Apro (POSTAL do ALGARVE, nº 1245, 12 de Junho de 2020)
3º - Out
Se à hor Geral re com a m de asso
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12 de junho de 2020
Tiragem desta edição: 7.772 EXEMPLARES
O POSTAL regressa dia 10 de julho
••• ÚLTIMA
Casal Lisandra e Paulo:
A luta por “uma causa” em troca de “um sorriso”
fotos d.r.
Os pedidos aumentam de dia para dia Os pedidos aumentam de dia para dia, como seria expectável da crise provocada pela covid-19. O casal assume que “as instituições não têm resposta” e, por isso, tornou-se essencial a união de ambos neste projeto solidário. É preciso reconhecer as dificuldades dos outros e perceber que todos podemos dar um pouco de nós. Apesar dos pedidos, muita gente tem-se juntado à iniciativa. Durante as visitas às famílias é Lisandra quem faz o primeiro contacto, por ser mais sensível. “Tentamos sempre ajudar sem dar a ideia de que o estamos a fazer”, revela. Os assuntos são tratados com naturalidade para evitar que as pessoas tenham vergonha. Contudo, muitas delas têm vergonha, mas o casal coloca-se no “lugar das pessoas para quebrar o gelo”. Dizem que “hoje são vocês, amanhã somos nós a precisar de ajuda” e tranquilizam as famílias, que muitas vezes são numerosas. A verdade é que muitos são os que têm vergonha, mas a estratégia dos responsáveis por “Uma Causa, um Sorriso” é assinalar as pessoas mais contidas e ligar-lhes depois, dizendo “que estamos a passar ali perto e temos umas coisinhas a mais na carrinha”. É uma forma de contrariar a vergonha. Lisandra Brito conta emocionada que durante uma das visitas conheceram uma senhora grávida e foram entregar um ovo de chocolate ao seu outro filho. Assim que o rapaz viu a carrinha seria expectável que
ficasse entusiasmado com a prenda, mas o olhar dele foi direcionado para os pacotes de leite que via, pois “eles não tinham leite para beber”. São situações complicadas de gerir emocionalmente, como já foi referido. Além disso, o casal tem três filhos e a logística é complicada. A sogra de Paulo Brito tem sido um elemento fundamental para cuidar dos filhos. Ainda assim, nem isso trava o casal, que pretende futuramente formar uma associação e continuar o trabalho que está a desenvolver, mesmo após os tempos mais complicados da pandemia. É a força de vontade e a solidariedade que movem esta ação, num objetivo de chegar a mais gente. Muitas vezes, Lisandra Brito e Paulo Guerra ficam até às 2 horas da manhã a organizar a sua agenda, a fazer contactos e a responder às mensagens de apoio que recebem. É preciso pedir apoio à Câmara de Albufeira para conseguir continuar com este projeto e atender a todos os pedidos. “Ajude-nos a ajudar” é o pedido de ambos, que apelam a todos os que puderem para contribuírem com alimentos, produtos de higiene ou até mesmo disponibilidade para ajudar nas entregas. A pandemia continuará no nosso país por tempo indeterminado e as ajudas não podem abrandar, pois a fome continua a existir na região algarvia, diz o casal, que contou várias histórias das suas visitas. Em breve, o Algarve terá mais uma associação para apoiar quem mais precisa. Por agora, pode procurá-los nas redes sociais. Unir forças e fazer o bem, é “uma causa” que pode gerar “um sorriso”.
As entregas são feitas com o apoio de alguns amigos voluntários, a partir de uma carrinha Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
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São um casal e têm um objetivo em comum: ajudar quem mais precisa. Esta é a missão de Lisandra Brito e Paulo Guerra, naturais de Albufeira. A pandemia obrigou à união de forças de várias pessoas para conseguirem corresponder às necessidades que se fazem sentir pelos mais carenciados, a nível de alimentação e bens de higiene. Popularmente, costumamos dizer que de “grão a grão, enche a galinha o papo” e, em tempos de maior dificuldade, esse ditado ganha ainda
mais força. Lisandra Brito tem um centro espiritual, o Cura da Alma, tratado como um “hospital espiritual”. Desde sempre esteve ligada ao interior de cada um e ajuda todos os que a visitam. Enquanto isso, Paulo Guerra é enfermeiro de formação e bombeiro voluntário há 20 anos. Já participou em várias missões internacionais de voluntariado. O casal uniu forças para compartilhar um pouco do que tem com quem mais precisa e confessa que em duas semanas conseguiu ajudar 70 famílias, que “ultrapassaram a região algarvia e chegaram também ao Alentejo”. É uma missão complicada, mas que lhes traz um sentimento de realização ao final do dia. Dia esse que tem “36 horas”, como dizem. Lisandra Brito teve de diminuir a carga horária
das suas consultas para se poder dedicar ao projeto que assumiu ao lado do marido e que chamaram “Uma Causa, um Sorriso”. É um projeto online que angaria alimentos e bens de higiene para famílias carenciadas, mas que leva também na carrinha “amor e afeto”, algo que faz falta a todos nestes tempos de incerteza. São momentos alegres, ajudar quem precisa, mas por vezes não é fácil lidar com o desgaste. Lisandra Brito assume que chora muito e fica de rastos com algumas situações que conhece. Já o Paulo tem uma maior resistência a estas situações, devido à sua profissão e também pelo facto de já ter feito voluntariado. É preciso “desligar” a tomada ao final da noite, depois dos dias de trabalho que têm no auxílio aos mais carenciados.
Lisandra Brito e Paulo Guerra têm três filhos e a gestão do tempo nem sempre é fácil