Fios de História do jornalista Ramiro Santos
software de gestão documental
A padeira algarvia de Aljubarrota P.19
••• REGIÃO
ENTREVISTA AO ENFERMEIRO JOSÉ NEUTEL
VAMOS ULTRAPASSAR ISTO
"Fuza Flows", banda com raízes na Fuseta, lança primeiro álbum P.6
P.10
••• REGIÃO
Associações de animais preocupadas com o aumento do abandono P.18
••• REGIÃO
Convívio e talento no palco da Casa das Virtudes em Faro P.21
DISTRIBUÍDO COM O EXPRESSO VENDA INTERDITA Diretor Henrique Dias Freire • Ano XXXIII Edição 1246 • Quinzenário à sexta-feira 10 de julho de 2020 • Preço 1,50€
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10 de julho de 2020
Redação: Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 320 900 Fax: 281 023 031 E-mail: jornalpostal@gmail.com Online: www.postal.pt FB: facebook.com/ postaldoalgarve FB: facebook.com/ cultura.sulpostaldoalgarve Issuu: issuu.com/ postaldoalgarve Twitter: twitter.com/postaldoalgarve Diretor: Henrique Dias Freire Diretora executiva: Ana Pinto Redação: Ana Pinto (CO-721 A) Cristina Mendonça (2206 A) Filipe Vilhena Henrique Dias Freire (2207 A) Design: Bruno Ferreira Colaboradores: Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor) Colaboradores fotográficos e de vídeo: Luís Silva / Miguel Pires / Rui Pimentel Departamento comercial, publicidade e assinaturas: Anabela Gonçalves, Helena Gaudêncio José Francisco Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 8800-399 Tavira Contribuinte: nº 502 597 917 Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do título (DGCS): ERC nº 111 613 Impressão: LUSOIBÉRIA – Av. da República, n.º 6, 1.º Esq. 1050-191 Lisboa Telf.: +351 914 605 117 e-mail: comercial@lusoiberia.eu Distribuição: Banca - Logista, ao sábado com o Expresso/ VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT Estatuto editorial disponível: postal.pt/arquivo/ 2019-10-31-Quem-somos
Tiragem desta edição:
9.839 exemplares
••• OPINIÃO
Beja Santos
Ana Amorim Dias
Daniel Graça
Assessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL
Escritora anamorimdias@gmail.com
Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa, Professor aposentado
O elementar sobre a febre na criança
Falsas notícias
Covid-19 e as histerias
A febre é um sintoma, não é uma doença. São muito variadas as situações que podem originar febre, e estamos a pensar especialmente na criança: o excesso de roupa, a utilização de roupas molhadas, a prática de exercício físico em excesso, a exposição a ambientes altamente aquecidos, as infeções de origem viral e bacteriana, intoxicações ou a existência de doenças não-infeciosas, após a vacinação e até mesmo em resultado da utilização de determinados medicamentos. Temos, pois, apenas um sinal que nos transmite a existência de um desequilíbrio no nosso organismo, deve-se dizer que não existe nenhuma medida específica para preveni-la. No entanto, podem ser adotadas medidas de higiene pessoal e doméstica com o objetivo de prevenir a propagação dos vírus e das bactérias: lavar as mãos regularmente com água e sabão, cobrir a boca e o nariz em caso de espirro ou de tosse, manusear os alimentos apenas após a correta lavagem das mãos; manter a vacinação da criança em dia, adotar um regime alimentar o mais equilibrado possível, onde a água, as frutas e os legumes têm boa representação; um sono regular é um atributo indispensável. Se a temperatura axilar não for elevada (inferior a 39ºC) e se a criança se sentir desconfortável, podem ser aplicadas apenas medidas não-farmacológicas, tais como retirar a roupa em excesso, respeitar os comportamentos espontâneos nas crianças mais velhas (o agasalho ao desejo de cada um), reforçar a ingestão de líquidos, garantir uma temperatura ambiente de cerca de 22ºC e dar alimentos ricos em vitaminas e hidratos de carbono (frutos, massa, arroz e batata). Em caso algum se devem utilizar soluções alcoólicas nas crianças. Além de dificultar a eliminação do calor pelo corpo (embora deem uma sensação aparente de frescura), o álcool pode ser absorvido através da pele, podendo ter efeitos tóxicos sobre as crianças. As medidas farmacológicas devem ser implementadas quando a temperatura retal é superior a 39ºC e a criança apresenta dor ou desconforto. Os medicamentos utilizados para controlar a febre são os antipiréticos. O seu objetivo principal é, mais do que a normalização da temperatura, proporcionar conforto à criança. O paracetamol é o antipirético de escolha no lactente e na criança, uma vez que apresenta uma eficácia e segurança bem estabelecida. O ácido acetilsalicílico e seus derivados não devem ser utilizados para tratar a febre em crianças menores de doze anos, salvo em casos especiais e com indicação médica, pelas reações graves que podem causar em situações particulares. Para qualquer criança, mas em particular se tiver menos de dois anos, é fundamental que fale sempre com o seu farmacêutico ou pediatra, antes da administração de qualquer medicamento.
Nos últimos tempos, em prol de alguma paz de espírito, tenho andado deliberada e convictamente esquiva à informação. Da televisiva e radiofónica, embora mais fiável em termos de veracidade, consegue-se escapar com maior facilidade. Já relativamente à informação e desinformação que nos chega online, é mais difícil a impermeabilização, sobretudo quando é online que se tem uma significativa fatia da vida laboral. Enervada com o que me parece ser um exponencial crescimento das fake news (nada como as redes sociais para a propagação desta maleita), decidi começar a treinar e interiorizar o instinto da filtragem da informação. Perceber qual é a verdadeira e a falsa, a isenta e a tendenciosa. O objectivo é criar uma imunidade forte relativamente tanto às fake news como à informação facciosa e tendenciosa que se dedica a controlar as massas através de estímulos subliminares capazes de dominar os motores emocionais de cada um. Tendo em conta que toda a informação que abrimos se repercute nos algoritmos que determinarão o que mais nos irá aparecer para ler (penso que cada vez funcionará mais assim), é de crucial importância que não nos deixemos levar pela boçal tendência de dar atenção ao que cheiramos à légua ser falso. Isto devido ao perigo de nos vermos invadidos por tanta falsa notícia que perderemos o fio de prumo que ainda nos vai permitindo intuir as verdades e traz a curiosidade de investigar a veracidade sobre o que nos cheira a esturro. Pensar é preciso, é urgente, importantíssimo, para não nos convertermos todos em fantoches comandados pelas muitas invisíveis mãos que nos tentam controlar. Ler, investigar, procurar saber mais e por outros meios, pode salvar-nos da triste figura de papaguear baboseiras e de sermos agentes activos na proliferação deste mal. Mais: estarmos atentos, habituarmo-nos a filtrar, e procurar fazer disso quase um instinto, salvar-nos-á, muitas vezes, tanto de más decisões como de padecer de exacerbados medos e outras emocionais maleitas que nos prejudicam de todas as maneiras possíveis. Deixo o apelo: procurem exercitar a atenção e tentar filtrar aquilo que são realmente os factos, de tudo o resto que inventam, manipulam ou tentam dissimular.
A covid-19 é uma doença, provocada por um vírus, que ataca mais fortemente algumas pessoas com menos resistências naturais ou diminuídas por outras doenças. A imunidade de grupo começa a existir quando pelo menos 60% da população tenha sido infetada. Portugal tem mais de dez milhões de habitantes, portanto só começa a haver imunidade de grupo quando seis milhões tenham sido infetados, por agora só foram infetadas cerca de quarenta mil pessoas, 0,4 % da população total, estamos ainda muito longe da imunidade de grupo. Contrariamente à competência de quem disse que “… há pouca probabilidade de aquele vírus chegar cá …” digamos que todos vamos ter a covid-19, novos e velhos, e muitos morrerão antes de existir cura ou vacina, como não se trata de uma “doença de velhos” muitos novos também morrerão. Para além das graves consequências económicas e sociais, surgiram as histerias. A primeira foi a do papel higiénico, talvez a preverem a porcaria que alguns políticos iriam fazer. Uma das mais recentes é a histeria dos convívios de pessoas ainda jovens, creio que o raciocínio dessa gente é o seguinte: “vamos aproveitar agora que os velhos estão entretidos com a doença”. Uma explicação possível é que esses ‘iluminados’ estão habituados a fazer só porcaria, aprenderam sabe-se lá com quem. A histeria das regras, normas, proibições, restrições, autorizações, e planos de contingência, muitas vezes sem aderência à realidade, quando muitas vezes bastaria ter bom senso. Por exemplo, como é que alguém consegue manter o distanciamento social num infantário? Eu não conseguiria porque não tenho o ordenado de técnico altamente qualificado à sombra da política. Outra histeria é a prioridade dada à economia pelos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, bem como os seus seguidores. Talvez as suas atitudes perante a epidemia conduzam aqueles países a não terem uma segunda vaga tão grave como o resto do mundo porque a maioria da população vai ficar doente nesta primeira onda de propagação da doença. Se assim for, aquelas economias recuperarão mais rapidamente dando razão àqueles a que chamamos irresponsáveis. Quando Bolsonaro disse que “… todos vamos adoecer, alguns vão morrer, e depois?”, até parece que tinha razão, não pelos motivos subjacentes ao seu raciocínio, mas porque somos seres vivos integrados na natureza de um planeta em declínio.
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Castro Marim apoia famílias vulneráveis com vales alimentares foto d.r.
A Câmara de Castro Marim tem criado e implementado medidas excecionais e temporárias que auxiliem as situações de fragilidade resultantes da Covid-19. Assim, foi aprovada por unanimidade em reunião de câmara a atribuição de vales alimentares, destinados às famílias mais vulneráveis, face às atuais circunstâncias trazidas pela pandemia covid-19. As famílias que se encontrem em situação de carência devido aos efeitos da pandemia e que por este facto tenham perdido rendimentos que afetam as suas economias familiares, devem apresentar a sua candidatura ao Gabinete de Ação Social do Município de Castro Marim, através do preenchimento de um formulário e de alguma documentação comprovativa da situação económica do agregado (consultar tudo AQUI). "Os vales serão atribuídos mensalmente e incluem a aquisição de bens
alimentares e outros bens de primeira necessidade, tendo um valor de 25 euros por cada elemento do agregado, a ser usado exclusivamente em superfícies comerciais do concelho", explica a autarquia castromarinense. Os agregados podem ainda optar por "um vale de 25 euros, caso pretendam adquirir um cabaz de produtos da terra". Com o mesmo contexto de fragilidade económica, decidiu a Câmara de Castro Marim implementar "o apoio ao arrendamento durante os próximos 6 meses (suscetível de renovação) e estender os benefícios do Cartão do Idoso (à exceção da aquisição de medicamentos) à franja populacional mais abrangida pelo impacto económico da pandemia". Cada beneficiário só poderá usufruir de uma das medidas referenciadas por mês, devendo também preencher formulário e declaração de honra onde garanta que não beneficia de apoio semelhante e para o mesmo fim.
Os vales, atribuídos mensalmente, incluem a aquisição de bens alimentares e outros bens de primeira necessidade pub
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Algar recolheu 660 toneladas de embalagens recicláveis nas escolas foto d.r.
A Algar recolheu 660 toneladas de resíduos de embalagens recicláveis nas escolas do Algarve, através do concurso “Separa e Ganha”. A iniciativa foi promovida ao abrigo do projeto ECOVALOR, no qual participaram 117 escolas, uma população escolar de 42.593 alunos. “O concurso ‘Separa e Ganha’, consiste numa competição entre instituições de qualquer nível de ensino e dimensão do mesmo município, que visa aumentar as quantidades de resíduos recicláveis recolhidos e sensibilizar a comunidade escolar para a correta utilização dos Ecopontos”, explica a Algar em comunicado. O concurso decorreu entre outubro de 2019 e maio de 2020. Durante esse período, as escolas participantes separaram e depositaram nos ecopontos: 230.574 kg de embalagens de vidro, 246.315 kg de embalagens de papel/cartão, e 183.045 Kg de embalagens de plástico/metal. A Algar vai agora atribuir os prémios aos estabelecimentos de ensino que conseguiram atingir o mínimo de uma tonelada de plásti-
co/metal e/ou uma tonelada de papel/cartão e/ou uma tonelada de vidro, durante o ano letivo 2019/20. Algumas escolas também separaram resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, tendo-se recolhido um total de 6.863 kg, pelo que receberão uma bonificação extra. No âmbito do projeto, a Algar disponibilizou equipamentos para a deposição seletiva, nomeadamente, ecobags para as salas de aula, suportes metálicos e sacos para as zonas exterior do recinto escolar, bem como formação a toda a comunidade escolar. “Devido ao enorme sucesso desta 2ª edição do concurso ‘Separa e Ganha’, a iniciativa vai manter-se no próximo ano lectivo”, anunciou a Algar A Algar já começou a receber inscrições de escolas que manifestaram interesse em antecipar o envio da sua candidatura, preenchendo o formulário de adesão para garantir o seu lugar. Toda informação está disponível no site da Algar em www.algar.com.pt. Através da Linha Verde 800 203 251 ou do email: gci@algar.com.pt.
O concurso “Separa e Ganha” decorreu entre outubro de 2019 e maio de 2020
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© Amnesty International
DOIS MINUTOS PARA OS DIREITOS HUMANOS 2. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
1. EUROPA
Fabiozinho,
No cumprimento das regras de confinamento para combater a COVID-19, polícias de 12 países visaram, de forma desproporcional, minorias étnicas e grupos marginalizados com violência, verificações discriminatórias de identidade e quarentenas. Há casos de uso ilegal de força ou regimes especiais aplicados apenas em comunidades ciganas ou centros para refugiados, requerentes de asilo e migrantes. Por incumprimento do isolamento social, pessoas sem-abrigo foram multadas.
Nesta MASK colocar a IMAGEM
As forças de segurança cometeram violações generalizadas e flagrantes de direitos humanos nos protestos contra as mortes de negros e por reformas nas polícias. A organização documentou 125 casos separados de violência contra manifestantes em 40 estados e no distrito de Columbia (Washington, D.C.), entre 26 de maio e 5 de junho de 2020. O uso ilegal de força incluiu agressões, utilização indevida de gás lacrimogéneo e gás pimenta, e o disparo de balas de borracha.
4. CHINA 2
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Junte-se a nós. Encontre o grupo mais perto de si em www.amnistia.pt/grupos
A ratificação da lei de segurança nacional de Hong Kong pelo Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional representa a maior ameaça aos direitos humanos na história recente da região. Indivíduos, instituições e organizações podem ser proibidos de “se envolverem em atividades” que ponham em risco a segurança da China. Os chamados crimes de separatismo, subversão, terrorismo e “conluio” com potências estrangeiras vão passar a ser punidos com penas que podem ir até à prisão perpétua.
3. PORTUGAL A Amnistia Internacional Portugal lançou uma coleção de manuais e um site que reforça a sua oferta de conteúdos na área da Educação para a Cidadania. Os manuais, disponíveis gratuitamente através de download, destinam-se a docentes, educadores, estudantes, profissionais ligados ao trabalho social, líderes comunitários, animadores e a todas as pessoas que pretendam promover atividades sobre direitos humanos. Todos os conteúdos estão adaptados à realidade nacional.
5. ISRAEL As autoridades devem abandonar imediatamente os planos de anexação de territórios na Cisjordânia, que violam leis internacionais e acentuam décadas de violações sistemáticas dos direitos humanos contra palestinianos. Relatos indicam que a proposta de Israel poderá incluir até 33 por cento da área total da Cisjordânia. Recentemente, dezenas de especialistas das Nações Unidas manifestaram preocupações de que o plano de anexação proposto vai criar um “apartheid do século XXI”.
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UAlg abre 121 vagas no Concurso Especial para alunos do Ensino Profissional e Artístico foto d.r.
O propósito deste concurso "é contribuir para a igualdade de oportunidades entre os candidatos ao Ensino Superior. Até agora, todos os alunos diplomados de vias profissionalizantes estavam sujeitos à realização dos Exames Nacionais que avaliam matérias que não fazem parte do currículo dos seus cursos. Com a abertura destas novas vagas, pretende-se que a percentagem de alunos, elegíveis
a este concurso, que prosseguem os estudos possa atingir os 40%", explica a UAlg em comunicado. Para o reitor da UAlg, Paulo Águas, "este novo concurso constitui uma resposta à diversidade de percursos formativos criada no ensino secundário, contribuindo para o aumento da qualificação dos jovens, indispensável numa sociedade de crescente complexidade". pub
O concurso pretende contribuir para a igualdade
de oportunidades entre os candidatos ao Ensino Superior
As condições de acesso ao Ensino Superior através do Concurso Especial para Titulares de Cursos de Dupla Certificação de Ensino Secundário e de Cursos Artísticos Especializados já estão definidas. A Universidade do Algarve vai disponibilizar 121 vagas para acesso às suas licenciaturas. Os alunos com o curso concluído no ano letivo 2019/2020 podem apresentar candidatura a licenciaturas e mestrados integrados nas Instituições de Ensino Superior abrangidas pela Rede Sul e Ilhas. Além da UAlg, fazem parte da Rede Sul e Ilhas os Institutos Politécnicos de Beja, Portalegre, Setúbal e Santarém, as Universidades da Madeira, Évora e Açores e, ainda, a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril e a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique. Os estudantes terão de realizar uma prova de conhecimentos em função da área de formação do Ensino Secundário e da licenciatura a que pretendem candidatar-
-se. A prova será organizada em duas partes: Língua e Cultura Portuguesas e Prova Específica (Biologia, História e Cultura das Artes, Psicologia, Matemática, Matemática para as Ciências Sociais e Educação, Economia), sendo válida para a candidatura a todas as IES da Rede Sul e Ilhas. Após aprovação na prova, o estudante tem que efetuar a sua candidatura online ao ensino superior no site da Direção Geral do Ensino Superior (www.dges.gov.pt/), em calendário a anunciar. Vagas são distribuídas por 30 licenciaturas No total, este consórcio abre vagas em 114 licenciaturas e 1 mestrado integrado. A Universidade do Algarve distribui as suas 121 vagas por 30 licenciaturas. As condições e o calendário do concurso são definidos regionalmente, em articulação com as restantes Instituições de Ensino Superior que integram a Rede Sul e Ilhas.
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A banda já visitou o IPDJ de Faro
Fuza Flowz lançam primeiro álbum com “Raízes” na Fuseta foto filipe vilhena
Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
A paixão pela música juntou-os, a amizade uniu-os e as raízes mantêm-nos próximos. Os Fuza Flowz prometeram e cumpriram: chegou o primeiro álbum da banda algarvia, que traz novos temas, pautados pela diferença e juntando influências do rock, rap, reggae ao R&B. “Raízes” é o nome do primeiro trabalho dos seis jovens que mantêm viva a ligação ao Algarve. Para além da diversidade das músicas, também as idades dos membros da banda se afastam. O membro mais novo tem 18 anos e o mais velho 33. São alguns anos de experiência diferentes, que acabam por unir ainda mais a banda. A juntar a isto, todos têm outras ocupações profissionais, mas tentam contornar estas questões para comparecer nos ensaios e concertos, algo que “nem sempre é fácil”, revelam. A banda formou-se em 2019. Já passaram por vários sítios da região
sul de Portugal e pretendem ir mais longe. Numa entrevista realizada pelo POSTAL em 2019 prometeram “conquistar os algarvios” e a missão aproxima-se cada vez mais de ser cumprida. Flame (Flávio Fernandes), Orlnd (Orlando Silva), Ruski (Anton), Placas (Tiago Martins), Kameny (Carlos Andorinha) e Luís Santos aproveitaram a quarentena e o tempo livre que tiveram para trabalhar. Neste novo álbum, os Fuza Flowz juntam “baladas e músicas em memória de pessoas da Fuseta”. O novo álbum, com o nome “Raízes”, já tem gravados, até à data de publicação da entrevista, três videoclips. A aposta dos Fuza Flowz tem sido no digital, uma vez que “a música ficou muito visual” e o YouTube acaba por ser uma janela aberta a novas oportunidades e novos seguidores da banda. “Chillado” é uma das novidades da banda O POSTAL teve oportunidade de assistir à gravação de um videoclip, cuja
música irá precisamente para o ar no dia de publicação desta entrevista. O sol iluminou as imagens da banda, compondo um cenário descontraído e animado entre amigos. A música que estava a ser gravada chama-se “Chillado” e tem por trás uma história. Os Fuza Flowz explicam que a letra “fala de momentos que estamos a sós connosco próprios”. É um espelho da calma e “pode relacionar-se com os tempos de pandemia e o sossego que temos de procura, para não ficar preso no stress”. A música, por si só, já é sinónimo de um momento íntimo e de alienação, mas a banda algarvia reforça que “Chillado” mostra como podemos “desligar-nos do real”. Questionados sobre outra mensagem da música, um pouco mais “subliminar”, o grupo explica que esta música pode ser a esperança de melhores dias. Como sempre, a banda mantém as ligações ao Algarve – ou não fosse “Raízes” o nome do álbum – e traz-nos imagens da vila da Fuseta, contempladas com um drone que captará de um ângulo diferente tudo
/ postal d.r.
A música "Chillado" pretende passar uma mensagem de descontração e boa energia o que se passou. Nas gravações, a banda mostra-se a tocar no palco da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta. Apesar do novo álbum ainda estar “fresco”, os Fuza Flowz confessam que já têm novos projetos para o futuro. Já existem letras escritas e,
apesar da pandemia, os seis jovens mostram-se confiantes com o futuro e com o regresso aos palcos, ainda incerto. Do Algarve para o mundo, os Fuza Flowz prometem manter vivas as suas raízes e a vontade de mostrar que “na região algarvia, também se fazem coisas boas”.
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Rotunda em Loulé celebra paisagem e vegetação do barrocal algarvio foto d.r.
A empreitada de requalificação paisagística da rotunda da Avenida Parque das Cidades, à entrada da cidade de Loulé, na ligação para Faro, conhecida por “Rotunda do Euro”, está em fase de início. A rotunda, que passará a ser designada de “Rotunda do Barrocal”, pretende ser a porta de entrada para a zona interior do concelho. A requalificação desta que é a principal rotunda no eixo viário entre Faro, capital da região, e a cidade de Loulé, irá promover a paisagem e vegetação típicas do barrocal algarvio, assim como valorizar a localização e centralidade do concelho de Loulé. Esta intervenção pretende "promover os principais valores naturais da região, quer na sua geologia e pedologia, quer na sua vegetação", explica a autarquia de Loulé em comunicado. De acordo com os responsáveis do projeto, “tratando-se de uma rotunda entre vias com bastante trânsito,
propõe-se que a conservação do espaço ajardinado não seja de grande exigência de mão-de-obra permanente, recorrendo a amplos espaços de inertes e um ajardinamento com espécies pouco exigentes em manutenção”. Cidade de Loulé terá “porta de entrada” com imagem renovada A Câmara de Loulé considera que “com esta intervenção, a cidade de Loulé terá mais uma das suas ‘portas de entrada’ com uma imagem renovada, assente na preservação ambiental e também na valorização dos elementos endógenos, que são parte da nossa identidade cultural”. Deste modo, com um investimento total de 52.634 euros e um prazo de execução de 90 dias, com este projeto do conceituado arquiteto paisagista Fernando Pessoa, espera-se criar um impacte visual a quem passa de viatura na rotunda pelo
“contraste de cores das diversas formas de cobertura, até que mais tarde a vegetação, ao adquirir maior dimensão, imponha também a sua presença de forma incisiva”. De salientar, que o arquiteto Fernando Pessoa, em parceria com o arquiteto João Marum, projetaram recentemente o Percurso Eco Botânico Manuel Gomes Guerreiro, que será brevemente inaugurado na aldeia de Querença, em pleno barrocal algarvio. Este projeto conjunto da Câmara de Loulé e da Fundação Manuel Viegas Guerreiro decorre de uma candidatura ao programa de financiamento CRESC Algarve 2020, e permitirá criar o primeiro jardim botânico na região. Pretende-se assimconstituir um núcleo representativo da flora mediterrânica da sub-região do barrocal algarvio e homenagear o ilustre “filho da terra”, Gomes Guerreiro (1919-2000), assinalando o centenário do seu nascimento.
A “Rotunda do Barrocal” representa um investimento total de 52.634 euros e será executada em 90 dias
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Faro: contas aprovadas por maioria foto d.r.
O Município de Faro conseguiu abater, nos últimos 6 anos, perto de 27 milhões de euros de dívida de médio e longo prazo
As contas relativas ao exercício de 2019 da Câmara de Faro foram aprovadas por maioria na reunião da Assembleia Municipal do passado dia 26 de junho. Os documentos receberam os votos positivos das bancadas da coligação (PSD, CDS, MPT e PPM) e as abstenções de PS, PAN, CDU e Bloco de Esquerda. Consolidando o trajeto de redução do passivo, "o exercício de 2019 espelha uma dívida de médio e longo prazo de 17.460.173,65 euros, o que
representa uma descida de cerca de 2,3 milhões face a 2018”. Isto significa que o “Município conseguiu abater, nos últimos seis anos, perto de 27 milhões de euros de dívida de médio e longo prazo – sem que isso venha comprometendo a capacidade de investimento. Também a dívida de curto prazo do Município de Faro reduziu em 2019 face ao ano anterior, em cerca de 100 mil euros, tendo passado para os 578.091,90 euros", explica a autarquia forense em comunicado.
Receita total com mais 4,3 milhões do que em 2018 Relativamente à receita, a municipalidade obteve no ano passado "um total de 50.004.598,33 euros, mais cerca de 4,3 milhões do que em 2018. Desse montante, 12 milhões de euros (11.920.039,74 euros) foram arrecadados através do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), valor que registou uma muito ligeira descida face a 2018 (11.927.620,59 euros)". No que concerne "ao Imposto Mu-
nicipal sobre Transações Onerosas de Imóveis (IMT), este manteve-se nos 8 milhões de euros (8.011.784,14 euros), valor equivalente a 2018 e cerca do dobro do apurado em 2017". Já as receitas municipais relativas ao Imposto Único de Circulação (IUC) "subiram muito ligeiramente (cerca de 87 mil euros) de 2018 para 2019, fixando-se no ano transato em 2.226.249,78 euros". Nesse exercício, a Câmara de Faro recolheu igualmente "2.403.907,91 euros relativos à Derrama, imposto municipal que incide sobre o lucro tributável das pessoas coletivas (menos 53.210,79 euros que em 2018)". Ainda de destacar é a taxa de execução da receita do Município que, em 2019, voltou "a ser superior a 100 por cento: 103%. No que respeita à despesa, a taxa de execução ficou em 83,7%, valor bastante superior ao que era habitual no Município, antes do processo de restituição do seu equilíbrio financeiro e da credibilidade entretanto recuperada". "Dados evidenciam contas sãs e uma gestão realista", diz Rogério Bacalhau O balanço de 2019 dá, finalmente, conta de "um prazo médio de pagamento historicamente baixo, de apenas 5 dias. Em 2018, a autarquia pagava a 10 dias". "Bem longe vão os tempos em que os pagamentos da Câmara eram extrema-
mente demorados no tempo, chegando a superar os 300 dias, o que contribuiu para a desestabilização do tecido económico do concelho", pode ler-se no comunicado. Entretanto, já em 2020, a autarquia decidiu implementar “o sistema de pagamento a pronto, medida que se integra no pacote aprovado de apoio à economia e mitigação dos efeitos do surto pandémico". Para o presidente da autarquia, Rogério Bacalhau, “estes dados evidenciam contas sãs e uma gestão realista. Só assim a autarquia pode continuar a afirmar-se como um parceiro credível sendo, ao mesmo tempo, capaz de operar a grande transformação que se encontra em curso no espaço público e na capacidade de tornarmos o concelho mais dinâmico, aberto, atrativo e com qualidade de vida para todos os nossos munícipes”. O edil adverte ainda que, “não fosse o bom estado atual das suas contas, o Município não poderia fazer face à crise pandémica e aos seus efeitos socioeconómicos da forma musculada que o fez, nem preparar a estratégia de adaptação do concelho às dificuldades de toda a ordem que, infelizmente, já se se fazem sentir na nossa comunidade”. Exemplo disso, conclui, “é a proposta que vamos levar à Assembleia Municipal de redução do IMI urbano, para 2021, de 0,38% para 0,35%, medida que permitirá injetar na economia local cerca de 1 milhão de euros”. pub
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ANÚNCIO PARA VENDA CORNELIS JOHANNES LEONARDUS SEBEL, na qualidade de proprietário e legítimo possuidor do prédio misto composto por dois prédios rústicos e um prédio urbano destinado a habitação constituído por terra de cultura e árvores e edifício térreo com vários compartimentos e logradouro, sito em Alquevinho, freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número 2191 da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, inscrito nas respetivas matrizes prediais sob os artigos matriciais rústico 3233º, rústico 3236º e urbano 3220º, no desconhecimento de quem possam ser os confinantes com direito legal de preferência, venho por este meio dar conhecimento público de que é minha intenção transmitir o referido prédio ao Sr. Luc Vanwynsberghe, pelo preço global de € 375.000,00 (trezentos e setenta e cinco mil euros), o qual inclui o prédio misto e mobiliário/equipamento, mediante escritura a celebrar até o dia 24 de Agosto de 2020 num Cartório Notarial do Algarve. Desta forma, e nos termos do disposto no artigo 1380º nº 1 do Código Civil venho informar publicamente das condições do negócio para que possam os confinantes que preencham os requisitos de preferentes se assim entenderem e no prazo legalmente exigido a contar da presente publicação possam transmitir-me se pretendem exercer o seu direito de preferência na celebração do referido contrato e pelas condições indicadas. Caso não seja recebida resposta no prazo de 8 dias acrescido de 30 dias pela dilação se considera a falta de interesse na aquisição do mesmo prédio e se prosseguirá com a venda. O Contacto e morada para contacto no exercício do direito de preferência será: CORNELIS JOHANNES LEONARDUS SEBEL SITIO DE ALQUEIVINHO PORTO CARVALHOSO CX POSTAL 240 P 8800-166 STA CATARINA FONTE BISPO (POSTAL do ALGARVE, nº 1246, 10 de Julho de 2020)
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••• REGIÃO
Entrevista ao enfermeiro José Neutel:
“Não sei se vai ficar tudo bem, mas que nós vamos ultrapassar isto, vamos” fotos d.r.
Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
José Neutel nasceu em Cabinda, Angola, em 1974, e a sua adolescência foi passada em Viseu, onde estudou e se formou em enfermagem. Veio para o Algarve por uma questão de trabalho. Elogia a sua terra de coração, São Brás de Alportel, trabalha no Centro Hospitalar Universitário do Algarve desde 1996, está na pediatria desde 2001. O POSTAL foi conhecer um pouco mais sobre as paixões e projetos deste enfermeiro. Como surgiu a paixão pela enfermagem e ligação à emergência? Entrei nesta área por um “tropeção” do destino. Não foi a minha primeira escolha na Universidade, mas a partir do momento em que entrei apaixonei-me. A pediatria foi a minha primeira escolha dentro do curso base e, assim que me foi possibilitado, entrei dentro do departamento. A parte da emergência e da urgência foi a minha paixão e é uma paixão dos profissionais de saúde. Fiz viatura médica entre 2000 e 2010 e aprendi imenso, pois têm uma capacidade de trabalho incrível. Tenho uma forte ligação àquilo que é a emergência médica e a formação dentro dessa área. Tive a oportunidade de acompanhar a abertura das viaturas médicas de Faro e Albufeira, em 2000 e 2004, e colaboro naquilo que é a formação do INEM. Sou formador convidado do INEM e tive sempre um gosto particular pela formação dentro da emergência. Daí o “gostinho” de estar a trabalhar com o novo simulador, que é fundamental para uma boa formação. Uma vez que falou no simulador, o que é que ele vai permitir? O simulador vai permitir que consigamos ensinar o grupo de formação LEME, que está em grande formação, vocacionada para os adultos. Dentro da área da pediatria surgiu um grupo que se associou ao LEME para fazermos a formação em Suporte Avançado de Vida dentro do CHUA. Até ao momento tínhamos de estar a adaptar coisas e a trabalhar com equipamentos de adultos. Neste momento estamos autónomos e vamos colmatar esta lacuna que existia a Sul do Tejo, aqui na região do Algarve. Não é o primeiro material do género, existem dois, muitos antigos. Existe um dentro do departamento de formação do INEM e outro na ARS Algarve. São equipamentos antigos e extremamente usados. Este manequim permite ainda simular
A área da pediatria é uma das paixões de José Neutel “quase tudo” de uma criança à volta dos seis anos. A única coisa que lhe falta fazer é levantar-se e andar. Ele fala, respira e tem pulso. Temos de treinar estas situações com simuladores e não crianças, isto tem de ser feito em salas de aula. Esteve presente na entrega do simulador? Não decorreu nas melhores condições, devido a todo este problema de pandemia, mas foi muito emotiva. Os profissionais que o vão utilizar ficaram logo entusiasmados e quiseram experimentar e iniciar simulações. Estamos todos com vontade de iniciar a formação. Assim, para o ano estaremos em condições de fazer formações de uma forma regular e atingir objetivos, nomeadamente que todos os enfermeiros e médicos do departamento de pediatria tenham formação em suporte avançado de vida. É uma fasquia altíssima que vamos atingir a curto prazo. “Têm sido meses complicados para trabalhar e temos conseguido dar conta do recado” O José está envolvido em várias vertentes da saúde. Tem outros projetos profissionais? Em 2010, a minha enfermeira diretora e o presidente da secção de saúde da Ordem dos Enfermeiro lançaram
o desafio de tentar colmatar uma lacuna que a sociedade civil tinha (e tem, a meu ver), relativamente a um flagelo: as mortes por afogamento. Este tipo de morte é a segunda maior causa dentro da faixa da pediatria. É uma morte “evitável”, pois para além de todas as medidas de prevenção, temos de formar a sociedade civil sobre manobras de suporte básico de vida. Nesse sentido, o desafio foi lançado ao departamento de pediatria para dinamizar um grupo de formação que fizesse formação específica à sociedade civil. Eu e um grupo de sete ou oito colegas temos feito formação regular nos meses de verão em suporte básico de vida. É gratuita e não tem encargos, basta apenas inscrição. Este vai ser o primeiro ano em dez anos que estaremos parados. Apesar disso, em 2021 já existe previsão para o regresso, junto também de algumas escolas do Algarve. Tenho estado ainda a desenvolver outra área do departamento de pediatria. Estou cada vez mais ligado ao controlo da dor e da ansiedade. Acho que é extremamente importante, pois uma criança quando recorre ao sistema de saúde está assustada e em pânico e o profissional de saúde tem de saber controlar esses sentimentos dentro dela. Tenho estado a investir bastante nesse controlo de ansiedade perante a perceção
dos cuidados de saúde e eventos dolorosos (colheitas de sangue ou meras observações) e existem procedimentos de atuarmos de forma a reduzirmos a ansiedade. Uma vez que falou na questão da pandemia, quando ela surgiu na China, achou que poderia chegar a Portugal? Quando surgiram as primeiras notícias não me apercebi da dimensão daquilo que iria acontecer. Não tive a perceção. Estava a responder ao que os media nos estavam a informar. Fomos todos apanhados de surpresa com o que aconteceu. Quando chegou a Portugal, tive uma reação mista: de receio e apreensão e também de intensificação de esforços para nos organizarmos e estruturarmos para respondermos àquilo que estava a acontecer. Estamos a preparar-nos para aquilo que está a acontecer, o que prevemos hoje amanhã já não é da mesma maneira. Têm sido meses complicados para trabalhar e temos conseguido dar conta do recado. Temos falta de recursos humanos e materiais, mas temos conseguido superar. Já teve contacto com uma criança infetada com covid-19? O que se diz a uma criança que esteja a passar pela doença? Sim, já. Não se explica esta situação, diz-se apenas “olá campeão”. O que se
diz a uma criança que tem uma pneumonia? Que tem uma infeção? Fala-se e brinca-se com ela. Não temos de falar disto como se fosse o fim do mundo, temos de atuar calmamente. A minha linha de abertura é essa. Como acha que Portugal, particularmente a região algarvia, está a corresponder à situação, em termos de resposta do Serviço Nacional de Saúde? Estamos a corresponder da melhor maneira possível. Se estamos preparados ou não, não sei. Não sei o que vem aí para dizermos isso. Com aquilo que está a acontecer, estamos a tentar dar a melhor resposta possível. Cada dia é um dia. Basicamente, a nossa expectativa são 24 horas, aquilo que brincamos quando mudamos de turno é: “o que é que mudou?”. É essa a adaptação que temos de ter. Comentei isto com a minha chefe de urgência: O ser humano é um animal de hábitos e o que nos tem consumido é não termos rotinas. Neste momento, o que nos está a acontecer é que não fazemos a mínima ideia do que vamos encontrar. Não há rotina, não há nada que aconteça duas vezes e isto consome muito. Não sei se vai ficar tudo bem, mas que nós vamos ultrapassar isto, vamos. Faz parte da nossa raça ultrapassarmos dificuldades. Como vamos estar depois, falamos daqui a uns tempos.
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o
JULHO 2020 n.º 140 www.issuu.com/postaldoalgarve
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NASCIDA NO MONTE •••
Porto Seguro Teresa Lança
Educadora de infância nascidanomonte@gmail.com
Vagueio pela casa: um apartamento pequeno e colorido, salpicado de recordações que vão mudando de lugar e cor, ao comando do meu coração e da minha vida desgastada que me enviou para aqui. Um lugar que fui preparando com cuidado, por saber que seria aqui o final da linha – da linha do horizonte que levei mais de meio século a alcançar na vida e que com os olhos da alma nunca a perdi de vista. Espreito através da janela e reparo no trepidar do ar lá fora, onde o sol do Alentejo tolda a mente, enquanto nos acostuma a viver prisioneiros duma imensa liberdade. Deito-me no sofá e cerro os olhos, tentando descansar das lembranças espalhadas por todos os cantos e paredes da casa que agora explodem de saudade em mim. Penso nos recantos que cada uma delas ocupa e merece, dentro e fora de todos os lugares onde eu habito.
Sinto saudade de quando o meu mundo era pequeno; de quando a minha memória ainda não tinha memórias. Sinto saudade de quando abria a porta da vida e o meu mundo ficava inteirinho atrás das minhas costas e cabia no relance do meu olhar; sem passado porque, para além das quatro paredes que o cercavam e o deixavam à vista, não existia mais nada – toda a minha existência estava ali presente! Que saudade do tempo em que a minha vida se dividia em dia e noite; em que a porta aberta para as colinas a perder de vista, me deixavam inventar vidas de faz-de-conta, que eu não sabia chamar de “sonhos”, nem que tudo o que sentia brilhar dentro de mim era ser feliz. Muito menos ainda que os sentimentos escuros que apertavam o meu peito, tinham a cara do medo – um medo ignorante que não conhecia ainda o preço a pagar por cada metro a palmilhar no dia a dia da vida! Saudade desse medo que sentia ao olhar a imensidão do espaço vazio e infindável, e eu na porta do mundo sem coragem para começar a caminhada. Saudade de saber fazer coisas simples e duradouras, daquelas que a infância não mudou aqui, dentro desta arca de sonhos, mas que o tempo levou a chave que eu não encontrei mais. Tento fazer o caminho de volta,
mas, ora adormeço nos recantos do passado, ora deslizo numa correria louca esbarrando nos atalhos deste labirinto que levei tanto tempo a construir, e sinto medo. Medo de olhar para trás e me dar conta de não avistar a porta por onde entrei, de não ver mais aquela luz que eu seguia e que iluminava o paraíso que procurava alcançar lá adiante no futuro, e agora tento encontrar no passado: um passado que avisto desfocado pelo muito que se distanciou! Aqui estou eu inutilmente de olhos fechados: inutilmente por não conseguir fechar os únicos olhos que veem todos os meus caminhos – os antes e os depois. Por não conseguir impedir as visitas frequentes aos lugares onde deixei mascarados de coragem os meus medos, nem onde em redemoinhos continuam a azucrinar os turbilhões dos meus fantasmas. Tento desenvencilhar-me desta teia de pensamentos em que frequentemente me enleio, abro de novo os olhos e corro para aqui. Quero escrever, falar dos trilhos que agora me assaltam à memória, daqueles que deixei na vida, daqueles que segui deixados por outros, daqueles que os meninos que cuidei deixaram gravados a ferro e fogo nos lugares secretos que com eles percorri nas suas infâncias, e se tornaram por isso meus também. Talvez daqui a pouco eu já não veja
nítidos como agora, todos os pontos onde as crianças que fomos tão distantes no tempo se cruzaram, e os lugares esquecidos dentro de mim que com elas de mãos dadas e olhos fechados percorri até a minha meninice. Como se todos os caminhos de todas as crianças se cruzassem algum dia em algum lugar! Quero escrever, mas o meu pensamento corre mais veloz do que os meus dedos que aqui e ali deixam para trás marcas desvanecidas pela poeira cerrada que a minha corrida pelo tempo entretanto levantou. Quero escrever as sombras que atravessei dentro de mim, numa proteção inconsciente de todos os que me viam sem me ver. Quero descansar do muito que corri enquanto pensava fugir de tudo o que não conseguia perder de vista, arrastando-o numa corrida louca à minha frente e eu atrás, colada a mim, sem me poder distanciar, sem me dar conta que só o tempo passava. E aqui continuo eu tentando de novo. Mais uma vez de novo. Agora, lado a lado comigo, num caminho de regresso à infância que foi minha e num lugar onde só eu cabia: dentro de mim! Quero imprimir a minha alma que agora me fala da criança que fui e que sempre será o meu porto seguro. Em qualquer cais, em qualquer saudade! l
Ficha técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Espaço ALFA: Raúl Grade Coelho • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'água: Maria Luísa Francisco • Nascida no Monte Teresa Lança • Reflexões sobre Urbanismo: Teresa Correia • Colaboradores desta edição: Vítor Azevedo Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 9.839 exemplares
ESPAÇO ALFA •••
Falemos um pouco sobre fotografia foto vitor aZevedo
dia ou os tons dourados do final da tarde vamos fazer as nossas fotos. Utilizemos um pouco de flash de enchimento para fazermos fotos em contra luz ao cair do dia e vamos ver que o assunto da nossa imagem ficará com mais recorte, mais tridimensional e enquadrada num fundo dramático e quente, ou, sem flash, Vítor Azevedo Membro da ALFA exploremos o recorte da luz de fun- Associação Livre Fotógrafos do Algarve do na silhueta que fotografamos. Sabemos que esta hora do dia se Agora que os dias estão mais lon- escoa muito rapidamente e por isso gos e o confinamento mais curto devemos saber aproveitá-la, contudo, temos duas boas razões para voltar um pouco antes dessa hora de luz máa fotografar no exterior. gica, sós ou com o nosso modelo, se for Usando a luz suave do início do o caso, desfrutemos dos aromas e da
serenidade do cair da tarde esquecendo por momentos os “clicks”, relaxando, acalmando o corpo e a mente. Após esses momentos de relaxamento o resultado do trabalho fotográfico terá muito melhor precisão e qualidade, tudo fluirá com harmonia e sincronia, feito ao ritmo certo, sem pressões. Se nunca utilizaram esta técnica de relaxamento, experimentem e depois digam-me se concordam ou não com o que digo, o que sentiram, como viram os resultados das vossas fotos, como sentiram a relação com o vosso modelo. E como é Verão e a vida espera-nos, hoje fico-me por aqui, até um próximo encontro. l
/ d.r.
Fim de tarde na Ria Formosa •
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LETRAS E LEITURAS •••
Margarida Espantada, de Rodrigo Guedes de Carvalho fotos vitorino CoraGeM
/ d.r.
que este livro tenha saído primeiro em audiolivro, e narrado na própria voz do autor – se bem que foi a pandemia a principal causa que levou a isso), não permitindo propriamente um envolvimento com as personagens. A prosa é muitas vezes torrentosa, com frases que se distendem em gradações e repetições e enumerações (a copulativa e é constante). A ironia atravessa a narrativa, com uma intenção de forte crítica social que chega, por vezes, ao vitupério e à obscenidade do vocabulário como forma de chamar o mundo à razão. Os próprios nomes das personagens denotam alguma ironia, constituíndo-se
Paulo Serra
Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
Todos nós já assistimos, provavelmente, às consequências que a depressão pode ter em quem nos é próximo. Possivelmente até já a conheceram por dentro, na própria pele, ou de perto, com familiares ou amigos. Eu sei que passei dias a observar alguém que se sentava em silêncio na sala e ficava a fitar a televisão, umas vezes sem som, outras desligada. E ficava assim todo o dia, levantando-se quase de tarde e rondando a casa durante a noite. Para adormecer a dor era preciso adormecer a mente. E para muitas pessoas, a depressão é apenas uma “mania”, uma moda, um ócio de gente desocupada... Até que calha acontecer-lhes. Mas a verdade é que pode inclusive matar, como aconteceu há bem pouco tempo com o suicídio de mais uma figura pública. Depois de Jogos de Raiva e O Pianista de Hotel, o novo romance de Rodrigo Guedes de Carvalho, Margarida Espantada, publicado pela Dom Quixote, é descrito pelo autor como uma história sobre família, mas também sobre «violência doméstica e doença mental. É um efeito dominó sobre a dor.» Esse efeito dominó representado na própria capa pode ser entendido como uma falsa calma que reina sobre os dias e que, subitamente, se desmorona, pois um ínfimo gesto ou uma situação aparentemente banal podem espoletar uma reacção em cadeia, despertando sentimentos reprimidos mas latentes. E pode ter consequências nefastas até para os que estão isentos dessa dor, como acontece com o caso descrito do avião despenhado... Mas este livro vai muito além da depressão, adentrando-se no lado obscuro da mente, passando pela demência, pelo mal (porque este é também um livro sobre a violência doméstica e aqueles que tiram gozo da dor infligida), pela dissociação de personalidade, pelas perturbações e transtornos mentais. Não é por acaso que Joana Ofélia estuda para psicóloga. Em torno da personagem principal que, como o título aponta, é Margarida, sendo também aquela sobre quem menos sabemos – e aquilo que se saberá é sempre a partir da perspectiva dos irmãos e dos outros – chega a haver epsiódios que nos aproximam do sobrenatural, não fosse o caso de sabermos estar a lidar com uma personagem deprimida e fortemente medicada.
quase sempre como binómios sonoramente estranhos (Paulo Paulino, Aida Vanda, Margarida Rosa, Joana Ofélia). Torna-se difícil entrar verdadeiramente na história, mesmo nos capítulos finais, de maior tensão narrativa, que alternam entre a inspectora e o psicólogo forense, na sua “perseguição” automóvel, e o que terá acontecido entre os irmãos. Porque a intenção principal da narrativa parece ser a de denunciar o “desconcerto do mundo” (particularmente no capítulo 33, com a enumeração de tudo o que vai mal no mundo, quando Margarida já não consegue continuar e perde as defesas, o filtro). É também quando «o horror do mundo explode na cara de Margarida Rosa» que tudo se precipita pois, ao saber da morte da irmã (e daí que, conforme o nome indica, Ofélia é também o cordeiro sacrificado ou o fim da bondade possível), Margarida (espantada) deixa-se levar pela única via que conhece, desde criança, de saber lidar com o mundo... quando se deixa submergir na consciência de outrem. l foto d.r.
O novo romance de Rodrigo Guedes de Carvalho é descrito pelo autor como uma história sobre família •
A ironia atravessa a narrativa, com uma intenção de forte crítica social Na primeira parte do livro, a narrativa é mais hesitante, lançando pistas que são retomadas na parte final, e parcelada, alternando entre personagens, com constantes analepses e prolepses. Se, primeiro, parece tratar da violência doméstica, depois, conforme conhecemos os vários membros das duas gerações da família Duval, as várias pontas enlaçam-se e percebe-se que além de um pendor agressivo transmitido de pai para filho, houve algo mais herdado geneticamente. Sabe-se, por exemplo, que os irmãos Manuel Afonso e Margarida Rosa têm em comum um comportamento com
«ecos de espectro muito mais suaves e espaçados» no primeiro e «mais constantes e gritantes» na segunda (p. 124). Mas no seio desta família disfuncional, em que quase todos se encontram sozinhos, ou com problemas sérios nos seus relacionamentos, a solidão surge associada à incapacidade de amar o próximo, à excepção de Joana Ofélia, a “benjamim” da família. À solidão comum a todas as personagens subjaz um sentimento de frustração – o que já surgia no romance anterior do autor, O Pianista de Hotel. Aproveitamos também para destacar a referência intranarrativa que é feita a essa outra obra do autor, a certa altura, deixando esse jogo de descoberta a cargo do leitor. A voz narrativa é distanciada, como quem faz um relato (é curioso
O livro é sobre violência doméstica e doença mental •
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Caronte à Espera, de Cláudia Andrade >
fotos d.r.
Cláudia Andrade é a mais recente aposta da Elsinore, editora que discretamente tem vindo a apostar em novas vozes literárias, como João Reis ou Raquel Gaspar Silva, mas sobretudo em autores que além de inéditos trazem uma nova voz ao panorama literário português, uma assinatura de estilo na sua prosa. Depois do furor causado pelo seu livro de contos Quartos de Final e Outras Histórias, publicado em Setembro de 2019, considerado um dos melhores livros do ano pela crítica, finalista do Prémio Autores 2020 (Melhor Livro de Ficção Narrativa) da Sociedade Portuguesa de Autores, Cláudia Andrade presenteia-nos agora com o seu primeiro romance, Caronte à Espera, que reafirma a força da sua voz na literatura portuguesa. Caronte à Espera é uma narrativa breve, que não ultrapassa as 130 páginas, mas capaz de deixar o leitor tão agarrado quanto desconcertado, possivelmente até capaz de voltar ao início do livro para o reler. A prosa é burilada, em frases que se distendem e emaranham, um pouco como as acções das próprias personagens que são tão complexas e enigmáticas quanto desamparadas. Há aliás uma passagem do livro que parece relevar isto mesmo: «Não vejo motivo para contar a vida com a pressa insensível com que somos obrigados a vivê-la» (p. 66). Artur, o protagonista, reformou-se há um ano e vive agora entediado e desinteressado da vida, como se percebe logo no início do romance quando a mulher lhe pousa em cima o álbum de fotos do seu casamento: «Artur carecia tanto da força para suportar como para repelir a eterna repetição daquele ritual» (p. 7) Quando ao oitavo dia da sua reforma, e sétimo dia de treino desde que se determinou a ficar em boa forma física, Artur se vê conduzido numa ambulância por se lhe ter prendido uma virilha, fica dado o mote para a narrativa pícara da vida deste pobre coitado que na própria semana em que decide suicidar-se rapidamente vê gorados os seus recentes planos de morte ao descobrir numa foto do álbum de casamento, visto e revisto, um rosto que se distingue entre os familiares pela «não-familiaridade dos traços, o ar de eslava anemia, a aura de poeta no desemprego» (p. 10). É nesse instante-revelação que Artur é acometido por uma visão que lhe dá novo ímpeto, levando-o a dirigir as suas intenções numa nova direcção ao longo de toda a narrativa, da mesma forma que aí inicia esta narrativa que é afinal o conto dessa viagem, que implicará sair de casa e deixar a mulher. Viagem ini-
ler Morte em Veneza (e tal como a personagem central do livro vive obcecado na busca de um homem que é também um ideal de beleza) enquanto o seu novo amigo, Ivan, lê Margarita e o Mestre (que narra a visita do Diabo à cidade de Moscovo). Conforme tudo isto se desenrola, Caronte é deixado numa espera, como o próprio título indica, enquanto Artur tão depressa se decide a morrer como depois esbraceja para se agarrar à vida, sendo, por isso, bom para “chamar a morte”, dada a sua lentidão e indefinição. Mas esse ajuste de contas com o passado, desencadeado por um belo desconhecido numa foto, torna-se afinal um ajuste de contas com a vida. Cláudia Andrade nasceu em Lisboa. Autora dos livros de contos Elogio da Infertilidade, vencedor do Prémio Ferreira de Castro 2017 (sob o pseudónimo que lhe era habitual de Vitória F., entretanto abandonado), e Quartos de Final e Outras Histórias, finalista do Prémio Autores SPA 2020 – Melhor Livro de Ficção Narrativa. A autora considera-se sobretudo contista, embora esteja já a trabalhar num segundo romance, e antes de ser lida em Portugal foi inicialmente publicada no Brasil. l
Cláudia Andrade é uma nova voz no panorama literário português •
ciática, rito de passagem, que inicia com essa demanda quixotesca de Artur – um pouco ao jeito dos Cavaleiros arturianos da Távola Redonda –, mas sempre sujeita aos revezes da ironia do destino, como quando finalmente se decide a apanhar o metro, decisão laboriosamente descrita que desemboca no risível, e depois se dá a revelação, ao sair para a plataforma, de que Artur afinal viajara no sentido errado. Cláudia Andrade já está a trabalhar no segundo romance A indefinição e indecisão de Artur estende-se inclusivamente às dúvidas que este nosso antiherói, e o leitor com ele, tem sobre a sua
sexualidade. Mas a saga atribulada de Artur pode ser lida sobretudo como uma alegoria da condição humana, em que predominam símbolos quer literários quer míticos. Além do nome Artur, temos Beatriz, a sua mulher, cujo nome é quase indissociável daquela outra mulher-anjo que conduziu Dante ao Inferno e ao Paraíso, mas que para este Artur representa apenas o tédio e fastio da vida doméstica de casado. Existe depois um homem que parece tornar-se o amante de Artur, mas que pode ser tão somente o lado sombrio da sua consciência. Há duelos entre o bem e o mal, representados por anjos. E há as inevitáveis referências literárias, como é o caso de Artur
“Caronte à Espera” é o primeiro romance de Cláudia Andrade •
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FILOSOFIA DIA-A-DIA •••
Da máscara ao sentir
fotos d.r.
Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
Existe um novo acessório de utilização obrigatória que está a modificar tanto os nossos hábitos que talvez não tenhamos ainda a noção do seu devido alcance: a máscara. O governo decretou o seu uso obrigatório por todos aqueles que permaneçam ou acedam a espaços interiores fechados, ou utilizem os transportes públicos. De facto, verificamos uma utilização generalizada da máscara: no queixo ou no pescoço, na testa ou em jeito de bandolete; pendurada na orelha ou no cordão dos óculos ao pescoço. Às vezes, a máscara até aparece bem colocada, sobre o nariz e a boca, protegendo as vias respiratórias. A máscara também viaja guardada de muito diversas formas, aos tombos na carteira das senhoras misturando-se com toda a tralha que lá existe, esticadinha na carteira dos homens como se de mais uma nota se tratasse. E claro que sendo necessária, ela é colocada de modo automático, sem um pingo de reflexão sobre a legitimidade da sua função depois de se ter roçado com todos estes elementos de higiene duvidosa. Poupa-se dinheiro na esteticista, pois já não há que realizar a depilação do buço e não fazem falta os batons na cor da moda. Porém, acresce o cuidado com os olhos e as sobrancelhas. De repente, as mulheres latinas tornam-se turcas ou marroquinas, com esta espécie de burca sanitária que só nos deixa livre o olhar. Mas agora é verão e os olhos ocultam-se debaixo dos óculos de sol... Saímos à rua e não reconhecemos ninguém, e ninguém nos reconhece a nós. A máscara modificou também os rituais de chegada a casa. Quem vive em blocos de apartamentos coloca-a à entrada do prédio, permanece com ela posta no elevador e, conscienciosamente, não a retira ao chegar ao seu andar. Há primeiro que descalçar os sapatos e deixa-los cá fora, abrir cuidadosamente a porta tentando não tocar em nada, e realizar um passo de equilibrista do sapato da rua para o chinelo caseiro. Uma vez dentro, há que lavar muito bem as mãos, e depois, só depois, tirar a máscara. Entretanto, os filhos já se desinteressaram da chegada do progenitor/a. Não há a corrida para os receber, nem o beijo ou o abraço espontâneo.
A máscara não nos deixa alternativa, a cara, o rosto todo, resume-se quase somente ao olhar •
A máscara modificou o gesto. Não se vendo se sorrimos ou se esboçamos algum esgar, as pessoas tentam comunicar da forma possível e desatam a esbracejar. Jamais vi tanto gesticular como agora! Ao aumento do volume da voz, pois há que falar através da máscara, corresponde também uma desengonçada dança dos membros superiores que tentam, em vão, suprir a falta de expressão facial. Inevitavelmente olhamos nos olhos do outro, para compreender e tentar ser compreendidos. Antes da máscara tal não seria justificável, poderia ser tomado como um acto invasivo. O olhar directamente nos olhos do outro é algo muito íntimo
e, por isso mesmo, sujeito a algum pudor entre pessoas que não se conhecem, quase um tabu. Agora, a máscara não nos deixa alternativa. A cara, o rosto todo, resume-se quase somente ao olhar. Antes da pandemia a nossa época parecia caracterizar-se por, nas palavras do filósofo italiano Mário Perniola, vivermos num “já sentido”. No seu livro Do Sentir publicado em 1991 o filósofo afirma: “Aos nossos avós, os objectos, as pessoas, os acontecimentos apresentavam-se como algo para ser sentido, para ser vivido como uma experiência interior, causa de alegria ou de dor, objecto de participação sensorial, emotiva, espiritual, ou,
pelo contrário, algo de que não se apercebiam ou se recusavam a perceber. A nós, pelo contrário, os objectos, as pessoas, os acontecimentos apresentam-se como algo já sentido, que vem ocupar-nos com uma tonalidade sensorial, emotiva, espiritual já determinada.” Estamos a viver algo que nunca se viveu antes Agora estamos a viver algo que nunca se viveu antes. Após anos de sensações mastigadas, de condutas pre-estabelecidas, de sentires recalcados a cheirar a mofo, eis que nos encontramos em território desconhecido. Embora existam normas de conduta, desde a etiqueta respiratória
As mulheres latinas tornam-se turcas ou marroquinas com esta espécie de burca sanitária que só deixa livre o olhar •
aos novos hábitos que se requerem: lavar frequentemente as mãos, uso obrigatório de máscara e distanciamento social, não há nada sobre o sentir de tudo isto. Não existe nem um manual, nem um exemplo a seguir, que nos mostre como gerir os sentimentos que toda esta modificação de comportamentos sociais acarreta. Este estado de coisas dá-se, precisamente, a jusante de décadas que privilegiaram o agir. A actividade tem tido um estatuto preponderante, a quietude, a passividade, o sentir, foram discriminados e adquiriram um estatuto de “menoridade ontológica”. Como conciliar isto com o dever cívico de recolhimento domiciliário? Desde os primórdios que a filosofia ocidental teve como meta a exclusão do sentir, em prol da objectividade, da imparcialidade, da independência, da universalidade, etc., etc. Este objectivo foi praticamente alcançado, contudo, os seus efeitos secundários não se fizeram esperar: Como bem aponta Mário Perniola: “a reflexão e o eco do já sentido substituiu o pensamento: tanto o agir como o pensar estão subordinados à negociação permanente das mercadorias sensológicas que pretendem esgotar todo o universo contemporâneo. Este é simultaneamente a realização e a abolição do projecto metafísico: por um lado foi de facto desprezado todo o impulso autónomo do corpo e dos afectos através da alienação do sentir, por outro tornou-se também vão todo o primado da actividade intelectual.” Assistimos também, um pouco por todo o mundo, a uma tensão entre a racionalidade e a animalidade. Se por um lado governantes e governados parecem unir esforços para estancar esta pandemia, por outro lado, surgem irrupções poder-se-ía dizer de cariz dionisíaco: a vontade da festa, do contacto com o outro, da diversão, do extravasamento, sobrepõe-se à racionalidade. Após décadas de desprezo pelo sentir, ele surge agora como uma fera indomável, egoísta e indiferente ao contexto, ao meio, às necessidades e direitos do próximo. O respeito desvaneceu-se. A necessidade individual surge de forma tão gritante que esquece que a irracionalidade de uns afecta impreterivelmente a vida de todos. Cegos para a falsidade da existência individual e separada boicotamos a possibilidade de nos salvarmos. Em tempo de rostos com máscara, nunca foi tão difícil evitar o face a face consigo próprio. À máscara exterior parece impreterivelmente corresponder o desmascarar interior, em camadas sucessivas. A paragem, o confinamento, obrigou-nos a isso. Não conseguimos continuar a fugir de nos sentirmos. l Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com
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CULTURA • SUL
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ARTES VISUAIS •••
“Regresso ao futuro” nas artes visuais após o estado de emergência? fotos d.r.
Saúl Neves de Jesus
Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes
Após um período de vários meses em que não foi possível visitar museus ou exposições de forma presencial, tendo sido desenvolvidas iniciativas que permitiam visitas online a museus de todo o mundo e a visualização virtual de obras de arte, foi levantado o estado de emergência, começando a ser organizadas exposições presenciais. É o caso da exposição coletiva intitulada “Regresso ao Futuro”, inaugurada no dia 13 de junho, na sede da Associação 289 (Solar das Pontes de Marchil, em Faro), procurando prosseguir o caminho da criatividade, do conhecimento e da cultura, depois do período de confinamento forçado e de alguma incerteza em relação ao futuro. A Associação 289 é um coletivo de arte contemporânea, criado há três anos, em Faro. Segundo esta Associação, durante o período de confinamento, a atividade de planeamento e de execução artística não pararam, sendo agora tempo de regressar ao diálogo com a sociedade, através duma exposição coletiva em que participam 57 artistas sediados na região algarvia, mas também integrando alguns convidados nacionais. Desde nomes conhecidos no meio artístico, como Pedro Cabral Santo, Pedro Cabrita Reis, Rui Sanches ou Xana, até nomes de quem está a expor pela primeira vez, em particular alguns estudantes de Artes Visuais da Universidade do Algarve.
Imagens de algumas das obras que integram esta exposição •
Cartaz da exposição “Regresso ao futuro” •
As Artes Visuais na UAlg têm desenvolvido um percurso em que tem sido desde sempre muito valorizada a relação com a comunidade no processo de formação dos estudantes, sendo todos os anos feita uma mostra dos trabalhos que estes produzem em diversos locais, em particular em Faro e Loulé. Além disso, têm procurado contribuir para o desenvolvimento da perceção, da reflexão e do potencial criativo, dentro da especificidade do pensamento visual, num processo que requer um elevado grau de interdisciplinaridade e de integração entre os diversos meios de produção artística. Com um corpo docente constituído sobretudo por artistas, os alunos têm oportunidade de vivenciar de perto o mundo da arte na sua complexidade. Tudo isto
suportado pela investigação desenvolvida no Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC), avaliado com “Muito Bom” pela FCT, permitindo uma oferta formativa que vai da licenciatura, ao mestrado e ao doutoramento. Mas voltando à exposição, o título desta remete para uma perspetiva de futuro com otimismo relativamente à possibilidade da arte ser vista ao vivo e para o regresso à interação social, não ficando inibida com a pandemia e o confinamento. Curiosamente, “Regresso ao futuro” foi também a designação do evento solidário de música, realizado no passado dia 20 de junho, que integrou a realização simultânea de 24 concertos, em vários locais do país. As receitas de bilheteira, geridas pelo Fundo de Solidariedade para a Cultura, pretendem apoiar financeiramente profissionais do setor cultural. Este apoio revela-se imprescindível para que muitos profissionais do setor artístico consigam fazer face a
este período, na expetativa de que, num futuro que se deseja próximo, as atividades artísticas possam voltar a ser realizadas como dantes. No entanto, há quem diga que nada será como dantes e, pelo menos a curto prazo, as exposições terão que respeitar um conjunto de regras de saúde pública, para garantir a segurança de todos. No caso desta, no dia da inauguração foi necessário ser feita marcação antecipadamente, para horários previamente definidos, sendo admitidos 10 visitantes de cada vez no interior do espaço de exposição e 20 no exterior. Além disso, o uso de máscara e a higienização das mãos são práticas obrigatórias, havendo
gel desinfetante para as mãos à entrada do espaço. Algumas das obras dizem respeito ao período em que vivemos, até pelos títulos que apresentam, como é o caso do trabalho “Experiência de quarentena” de Rúben Gonçalves, outras referem-se a temas bastante atuais na sociedade, como é o caso da obra “George Floyd”, de Raymond Dumas, mas é bastante vasto o conjunto de temas e de técnicas de produção artística usadas nesta exposição de arte contemporânea, a qual estará patente até 26 de Julho de 2020, com o horário de sexta-feira a domingo, das 15 horas até às 19 horas. Vale a pena... l
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CULTURA • SUL foto d.r.
MARCA D'ÁGUA •••
Da etiqueta pós-COVID Maria Luísa Francisco Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa luisa.algarve@gmail.com
“Às vezes a felicidade está a bater à porta e nós andamos à procura do trevo de quatro folhas no quintal” Anónimo Quando acontece algo difícil na vida ou terrivelmente novo, como tem sido a pandemia, temos três formas de lidar com a situação: entrar em desespero, em desânimo ou em desenvolvimento. Obviamente que o ideal será o desenvolvimento, com todos os sentidos que encerra. Neste tempo de pandemia, que ainda não acabou, temos que aproveitar para reencontrar o que realmente importa e o que
traz valor à vida. Para isso é importante apostar no desenvolvimento pessoal como tempo de olhar para si mesmo, porque o mundo vai ser diferente daqui em diante. Nos websites de vendas online os livros de desenvolvimento pessoal, auto-ajuda, motivacionais e conquista da felicidade tiveram mais destaque e provavelmente mais vendas. Dizem alguns comentadores que o mundo pós-pandemia será um mundo pós-trauma e que vai ser necessário que cada indivíduo desenvolva e faça coisas novas. Todos vivemos uma paragem forçada, uma paragem que para muitas pessoas foi angustiante e para outras foi revitalizante, com mudanças a nível profissional, pessoal e emocional. Muitos de nós ficámos com as agendas ainda mais preenchidas com webinars, reuniões, formações, cursos, debates e até congressos. Para além de ser uma forma de ocupar o tempo trata-se de tempo de aprendizagem. No fundo, procura-se aumentar o nível de felicidade, descobrir talentos em nós e nos outros,
aumentar a esperança e definir próximos passos para um futuro com sentido e propósito. Uma das palavras que mais ouvi nestes meses, para além de pandemia, foi a palavra propósito. Este termo está relacionado com a defini- É importante apostar no desenvolvimento pessoal como tempo de olhar para si mesmo • ção de objectivos que façam sentido na vida e para isso temos de ter um trazer a reflexão sobre o que é que Esta foi uma das actividade que repropósito que nos mova. nos faz realmente felizes. criei recentemente para valorização Talvez a COVID-19 tenha vindo A felicidade e a qualidade de vida do interior algarvio, das suas gentes, convidar a humanidade, e cada um são conceitos subjectivos, mas creio saberes e sabores. de nós individualmente, a repensar que os bons laços afectivos com Enfim, sabemos que as sociedao que realmente é um “propósito de amigos e familiares, uma vida com des “ditas avançadas” incutem mais a vida”. O que faz com que cada ser hu- sentido, o descanso de qualidade, o valorização do “ter” do que do “ser”, mano ponha o pé fora da cama a cada ter tempo para fazer o que se quiser, mais a valorização do urbano e da manhã, o que faz com que saia dos pesa mais no grau de felicidade do juventude, do que a valorização do seus “muros individuais” e viva para que os bens materiais. Obviamente rural e dos idosos, que são parte de algo que tenha um sentido maior, em que o dinheiro também é importan- um saber ancestral em extinção. sintonia com os seus valores. te, ainda assim acredito que adquirir Aprendemos todas as etiquetas Nem sempre é fácil conseguir o ali- experiências torna as pessoas mais fe- do uso da máscara e de lavagem nhamento entre valores e objectivos, lizes, do que adquirir bens materiais. das mãos, mas se calhar ainda não mas quando isso é conseguido há um Os bens materiais desgastam-se aprendemos a etiqueta do saber espropósito definido e tudo flui melhor, e deixam de ser novidade, as expe- tar (connosco próprios), do gerir a abrindo mais e melhores caminhos. riências vividas tornam-se parte da mudança e de nos renovarmos peEste tempo de resposta e combate memória e podem ser consideradas rante a adversidade. à COVID-19 também veio mostrar o bens culturais, como por exemplo Que as pessoas que nos desafiam e quão importante é o contacto com os viagens, experiências no mar, in- as situações que nos provocam desoutros e como o encontro/reencon- teracção com golfinhos, retiros na conforto sejam os nossos maiores tro é parte da nossa felicidade. Veio natureza ou piqueniques na serra. mestres nesta nova caminhada! l
ESPAÇO AGECAL •••
A cultura no pós 25 de Abril: Anos 90 e a Expo-98 (3) Jorge Queiroz
Sociólogo e gestor cultural, Sócio da AGECAL ‒ Associação de Gestores Culturais do Algarve
Nos anos 90 do século passado, final do segundo milénio, as políticas públicas para a cultura em Portugal registaram avanços, que foram no sentido de projectar o País no processo de internacionalização e sobretudo de “europeização”, após cinco séculos de expansão marítima e colonizações. Nesta estratégia, que deverá ser analisada com objectividade informativa e estatística, ocorreram iniciativas marcantes: a Europália 91 na Bélgica onde Portugal foi o País-tema, a Exposição Universal de Sevilha em 1992 com pavilhão próprio e grande número de iniciativas portuguesas, Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura, a Feira do Livro de Frankfurt de 1997 com a literatura portuguesa como tema central e a Expo 98, o grande acontecimento cultural do final do milénio que transformou física, económica e socialmente a zona oriental de Lisboa.
No plano político a década de 90 foi marcada por dois projectos, os governos de centro-direita de Cavaco Silva até 2005 e de centro-esquerda de António Guterres na segunda metade. Este reinstituiu o Ministério da Cultura com vários Institutos associados, deu continuidade a preocupações de descentralização cultural cujos resultados eram verificáveis na utilidade da rede de leitura pública. Tentou alargar-se esta experiencia a museus e cineteatros com a criação de Centros Regionais das Artes do Espectáculo/CRAE(s) em Viseu e Évora. De referir neste âmbito estratégico a criação em 1992 do Instituto Camões, definido como pessoa colectiva de direito público, com autonomia administrativa e patrimonial. Ficou sob tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros na orientação da política cultural externa. A principal vantagem da internacionalização no plano da gestão dos recursos culturais nacionais foi a passagem de um sistema organizativo semiamador e voluntarista para a concretização de objectivos definidos no tempo, planeamento
faseado e criação de equipa profissionalizadas, publicas e privadas. Importa referir que estas iniciativas no campo cultural corresponderam a sinergias diversas de afirmação política, mas também urbanísticas, tecnológicas, comerciais, mediáticas e de consumo, com o alargamento dos mercados e “criação de novos públicos”. As indústrias culturais, definidas como industrias que integram o trabalho cultural e artístico no produto transacionado, participaram nas estratégias para afirmação cultura-espectáculo. Do ponto de vista laboral estas I.C. privilegiaram a precariedade e a sazonalidade, surgiram profissões “independentes” com formas de dependência e de assalariamento menos visíveis. Do ponto de vista ideológico procurava-se afirmar Portugal como “País Europeu”, moderno, aberto ao mundo, participante ativo nos desígnios da globalização, ao mesmo tempo que se ia construindo a “Marca Portugal ” para um turismo massificado. Algumas expressões artísticas nacionais surgiam como exportáveis, como o fado e alguma
arte contemporânea. O grande acontecimento cultural da década foi a Expo-98, de Lisboa. Esta Expo dedicada aos Oceanos, inseriu-se no conjunto de exposições universais iniciadas na segunda metade do século XIX, em Londres e Paris, com evidentes propósitos estratégicos de afirmação de uma “modernidade industrial” e anúncio da “nova era” acompanhada de movimentos artísticos modernistas na arquitectura e nas artes. Se do ponto de vista da identidade nacional se procurou na Expo-98 celebrar os 500 anos da chegada da armada de Vasco da Gama à Índia em 1498, foi igualmente introduzido um olhar para a problemática dos oceanos, nomeadamente a necessidade da gestão internacionalmente partilhada e sustentável dos recursos marinhos. A Expo recebeu 11 milhões de visitantes, 82% nacionais e 18% de estrangeiros, destes quase metade provenientes de Espanha. Portugal no extremo ocidental da Europa mostrava o seu posicionamento periférico, com menor facilidade de acessos internacionais resultante de
uma única fronteira terrestre com um único País e uma extensa frente litoral atlântica. A requalificação da zona oriental de Lisboa foi a maior intervenção urbanística desde o terramoto de 1755 com mais de 300 hectares, foram construídas a segunda ponte para travessia do Tejo, a ponte Vasco da Gama, o Oceanário, pavilhão Atlântico, pavilhão da Ciência, gare do Oriente,.. Aspecto relevante surgido na década de 90 foi o papel do Poder Local na democratização cultural do País, contrariando as tradicionais macrocefalias de Lisboa e Porto, surgiram em muitas cidades e vilas equipamentos culturais, construídos de raiz ou a partir da reabilitação de edifícios antigos, foram criados serviços municipais e milhares de empregos permanentes em bibliotecas, arquivos, museus, teatros, centros de ciência, estações arqueológicas,… Depois do Estado Novo, da Revolução de Abril, foram os anos de estruturação de políticas publicas para a cultura, da emergência das indústrias culturais e do mercado das artes. l
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CULTURA • SUL
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ESPAÇO ALFA •••
As cidades, a arquitetura e os arquitetos fotos d.r.
Teresa Correia
Arquiteta / urbanista arq.teresa.correia@gmail.com
As cidades como motor de desenvolvimento As cidades são hoje uma forte concentração de pessoas e de serviços que geram motores de desenvolvimento enormes. Por outro lado, os países e as cidades, competem entre si pela sua capacidade de atratividade de pessoas e bens, e de geração de conhecimento e inovação. Com a pandemia, percebeu-se também que as grandes cidades possuem um maior risco, e que a libertação de áreas de espaço público, assim como espaços verdes, são da maior importância para a salubridade e para a saúde pública. Qual o papel da arquitetura num desenvolvimento de uma cidade, num contexto de pós-covid? Desde logo, na criação de respostas sociais tanto de equipamentos hospitalares em dimensão e número suficiente, como de apoio aos idosos, questão que no nosso país parece ter ficado esquecida. Embora se possa considerar que estas opções não dizem respeito à arquitetura, esta poderia sempre dar o seu contributo. Mesmo nas catástrofes, o arquiteto bem formado está preparado para pensar em soluções que criam respostas, mesmo que provisórias. A verdade é que não se ouviu falar nessa possível colaboração ou intervenção da parte do arquiteto, em circunstâncias anormais.
Nesta pandemia, nem todos estávamos nas mesmas condições para estar confinados em casa •
As cidades são formadas em grande parte também por um tecido habitacional que permite a sua vivência. Nesta pandemia, foi evidente que nem todos estávamos nas mesmas condições para estar confinados em casa. Quais as respostas que o Planeamento e a Arquitetura poderá dar a esta questão? Criar modelos mais adaptativos e flexíveis? Promover protótipos de habitação social promovidos pelas autarquias, mas em espaços mais abertos, fora dos guetos? Porém, não existiu uma palavra do poder político para envolver os arquitetos até hoje.
A arquitetura, os arquitetos e o debate ausente
A arquitetura nem sempre é realizada por arquitetos, mas parece que existe já uma aceitação tão resignada por parte da sociedade, que nem os próprios arquitetos se revoltam. Após uma disputa das eleições para a Ordem dos Arquitetos parece que o debate não chegou a acontecer e tudo se virou sobretudo para o arquiteto premiado que irá constituir “uma salvação sebastianista” sobre um marasmo de toda uma classe. De facto, o arquiteto de renome internacional tem um valor inquestionável e até diria heróico, no entanto, será que a defesa dos pequenos arquitetos de luta diária será conseguida debaixo desta enorme manta de fama? Isto porque no passado e nos dias de hoje, os mais notáveis são cada vez ainda mais notáveis, tanto pela sua exposição pública, como pelo acesso aos grandes projetos e às adjudicações, e nem por isso alteram as regras do jogo dos mais pequenos, dos estagiários dos granMesmo nas catástrofes, o arquiteto bem formado está preparado des gabinetes, em função para pensar em soluções que criam respostas • do profissional liberal que
trabalha sozinho ou com pequenos grupos. Assim, coloca-se a questão, temos a arquitetura do dia-a-dia cada vez mais deprimida, e esmagada nas leis opressivas do nosso país, e por outro lado temos os ícones que, até de certo modo, são imagens públicas intocáveis, que usufruem até de alguma liberdade concetual. Qual o papel de uma Ordem dos Arquitetos defender apenas a arquitetura como bem público, ou também e sobretudo defender os profissionais desta arquitetura? Será de referir que uma questão não ne-
ga a outra, mas em termos políticos, parece que sim. No Algarve, por sua vez, ganhou a lista da continuidade, aquela que nunca esteve presente no passado, mas que passará a estar a partir de agora, esperando que haja a mudança necessária. Os arquitetos são como missionários que ambicionam ser felizes com os projetos que conseguem realizar dando de si, para um cliente, privado ou público, mas tantas vezes, esmagados pela competitividade e pelo mercado desregulado. Haja esperança que um dia, esta circunstância se altere. l
Os arquitetos são como missionários que ambicionam ser felizes com os projetos que conseguem realizar •
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••• REGIÃO
foto d.r.
Cães e gatos são abandonados nas ruas, aumentando as doenças e os acidentes de viação
Pandemia multiplica abandono de animais e preocupa associações Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
O novo coronavírus atinge os humanos, mas os animais também estão a sofrer consequências da pandemia. O mês de março ficou marcado pela chegada a Portugal da doença SARS-CoV-2 e também pelo aumento do abandono de animais que, por diversas razões, perdem o lar que outrora era seu. Desde março, Portugal e vários outros países têm registado um aumento exponencial do número de abandonos de animais, com chamadas de atenção de algumas associações que, ainda assim, não conseguem ter a sua voz completamente ouvida. Apesar da pandemia estar “mais controlada”, continuam a ser deixados de lado, principalmente, cães e gatos, que ficam nas ruas, sentindo a tristeza do abandono. A região algarvia não contraria a tendência de abandonos de animais e
os efeitos colaterais são inúmeros. A Bem Estar Animal é uma associação sem fins lucrativos, situada no Esteval, em Loulé, que dá um lar a animais carenciados, quer tenham sido abandonados, maltratados ou colocados em canis por serem idosos ou deficientes. Alexandra Costa Pinto, responsável pelo espaço, explica que durante a pandemia se registaram mais abandonos “sem justificação”. Para a responsável pela associação, a crise é o principal fator que liga a pandemia ao abandono. Por semana, a Bem Estar Animal recebe uma média de três a quatro pedidos para ficar com cães. A situação piora quando existem “menos donativos, uma vez que as pessoas estão com dificuldades económicas”. Muitos dos que apadrinharam animais, deixaram de contribuir devido à crise que já se faz sentir, depois de mais de dois meses de confinamento, em que a economia parou quase por completo. Em termos de ração, por mês, são gastas cerca de três toneladas.
Falta de possibilidades financeiras na origem dos abandonos A falta de possibilidades financeiras que se vive em Portugal acaba por fazer alguns donos bandonarem os seus animais, que precisam, muitas vezes, de tratamento para doenças como a leishmaniose e a sarna. Alexandra Costa Pinto conta que muitos cães são abandonados porque as pessoas não querem gastar dinheiro com os animais. Cães idosos e bebés são os que mais aparecem na Bem Estar Animal, por exigirem também mais cuidados financeiros. O “flagelo” dos abandonos, como refere a responsável pela associação, acabaria com a esterilização e castração dos animais. O mesmo defende Marta Correia, da Pravi - Núcleo de Faro, que explica que tudo isto é “uma bola de neve” que irá certamente estragar o trabalho que as associações fizeram até agora. A não esterilização e castração dos animais está a gerar novas ninhadas que, por
sua vez, geram mais abandonos. Marta Correia confidencia que as associações estão aflitas e que desde o início do desconfinamento houve um aumento dos animais na rua. A Pravi está em Faro desde 2008 e não tem um espaço físico, mas faz resgate de animais e tem, até à data de publicação do artigo, 27 gatos e 12 cães, que estão também em associações colaboradoras. Um dos objetivos da Pravi - Núcleo de Faro é esterilizar colónias, algo que não é bem aceite pela maioria das pessoas, mas que, como afirma Marta Correia, é essencial para resolver este problema. A experiência da representante da Pravi Núcleo de Faro, neste tempo de pandemia, leva-a a relatar que muitos canis ficaram vazios, pois as pessoas adotaram animais devido à saturação que estavam a sentir com o confinamento. Os animais foram utilizados para passar algum tempo e também realizar passeios higiénicos, tornando “o escrutínio de adoções
maior do que o Natal”. Contudo, Marta Correia já previa estes abandonos, agora que a crise chegou e também a época de praia e férias, que é sempre uma altura em que as pessoas deixam os animais nas ruas. O “desespero” das associações levou a vários apelos por parte de Marta Correia, que já fez um relatório sobre os gastos durante a pandemia covid-19 e espera que a voz das associações de animais seja ouvida e até que venham a receber mais apoios financeiros. Dinheiro à parte, o certo é que os animais continuam a ir para rua e toda esta situação vai gerar problemas em termos de doenças, acidentes na estrada e novas ninhadas. O trabalho das associações que protegem cães, gatos e outros animais está cada vez mais complicado, mas Alexandra Costa Pinto e Marta Correia fazem uma questão: “abandonaria um membro da sua família?”. Depois da resposta dada, repense o abandono dos seus animais.
FIOS DE HISTÓRIA
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A padeira algarvia de Aljubarrota fotos d.r.
Ramiro Santos Jornalista ramirojsantos@gmail.com
Comeu o pão que o diabo amassou, mas ficou para a história como uma lenda viva. Mais lenda do que história. Passada de boca em boca, na boca do povo. A padeira de Aljubarrota, como é conhecida, antes de rumar a outras paragens, servia copos na pequena taberna do pai, em Faro, onde tem nome de rua e aqui nasceu em 1350. Mulher rija e forte, Brites de Almeida, verdadeiro nome desta improvável heroína algarvia, dir-se-ia que parecia mais homem que
Livro sobre a lenda da heorína algarvia, impresso em 1776
A estátua da padeira em Aljubarrota
mulher. Alta, ossuda e corpulenta, era de nariz adunco, boca rasgada e cabelos crespos. Como se pode adivinhar pelo retrato, pouco ficava a dever à formosura. Mas Brites estaria talhada para ser uma mulher de “armas”. Dizem que nasceu com seis dedos em cada mão, o que teria alegrado o pai que julgou ter ali um braço de trabalho e de grande Azulejo alusivo a Brites de Almeida ajuda nos dias
difíceis do algarve desse tempo. Orfã aos 26 anos, teve que se lançar à vida, fazendo valer o peso e a força do seu corpanzil sempre que foi caso disso. E o certo é que ela dava tudo para comprar uma boa briga. Ganhou fama de lutadora implacável e não havia homem que não fugisse dela a sete pés. Já nessa altura pouco se continha em despachá-los a soco ou à pazada! Ainda assim, não lhe faltaram pretendentes. Um deles pediu-a em casamento e Brites aceitou com a condição de o interessado aceitar medir forças com ela. E conta quem viu, que se tratou de uma luta curta mas intensa. Ela deu cabo dele! Desiludida com as fraquezas dos machos lusitanos, fugiu de barco para Espanha, acabando por ser apanhada
por piratas argelinos. Feita escrava de um árabe rico da Mauritânea, um dia passou-se, e de arma em punho, despachou 16 guardas e fugiu. De volta a Portugal, acabou por se fixar em Aljubarrota em busca do sossego que agora pretendia e longe da confusão que tinha sido a sua vida até ali. Chegou mesmo a casar com um lavrador da zona e ficou dona de uma casa com forno para cozer pão. Era ali que se encontrava quando, a 14 de Agosto de 1385, se deu a batalha entre portugueses e castelhanos, no campo de Aljubarrota. E, garante quem viu, que foi dar com sete castelhanos escondidos no forno. O resto já se sabe: Brites agarrou numa pá e com ela despachou, sem dó nem piedade, os pobres coitados que ali se foram esconder a tremer de
Boca do forno nas proximidades do mosteiro da Batalha
medo, fugidos do campo de batalha. Esta é a história picaresca, que ficou de uma das mais singulares personagens que povoam o imaginário do povo português. Como disse, Eduardo Lourenço, “a história passa, os mitos têm longa vida, mas é na história que se enraízam”.
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••• REGIÃO
Museu Municipal de Alcoutim celebra 25 anos com nova imagem e site foto d.r.
O Museu Municipal de Alcoutim comemora este ano 25 anos com um conjunto de atividades, como o lançamento da sua nova imagem, a criação do logotipo e de sítio web, a renovação da exposição de jogos islâmicos “Jogos Intemporais”, a edição de catálogo, e em colaboração com diversos museus algarvios a participação no projeto “Backwards Archaeology” de Charlie Holt e no projeto O MAR da Rede de Museus do Algarve, com a produção da exposição de exterior e itinerante “A Colónia Balnear Infantil de Alcoutim (1959-1962)”. No núcleo sede do Museu Municipal, o Museu do Rio, vão ser desenvolvidas diversas ações associadas à manutenção do edifício e das suas coleções, assim como a criação de um projeto artístico, em colaboração com a Asso-
"Repensar o museu e as suas ações na comunidade" é o mote para as comemorações
ciação Artística Satori, para celebrar os 25 anos do museu. "A atual conjuntura nacional e internacional limita as ações e direciona a estratégia de comunicação centrando as comemorações dos 25 anos do Museu Municipal em contributos materiais e virtuais, consequentes das restrições impostas pelo estado português no combate à pandemia Covid-19", destaca a autarquia alcouteneja em comunicado. O Museu Municipal de Alcoutim é uma estrutura com vários espaços museológicos interligados, representativos e interpretativos das distintas realidades culturais e ambientais do território e das suas comunidades: Museu do Rio, Núcleo Museológico de Arte Sacra, Núcleo Museológico de Arqueologia, A Escola Primária, Casa do Ferreiro,
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BRUNO FILIPE TORRES MARCOS O NOTÁRIO CARTÓRIO NOTARIAL EM TAVIRA
BRUNO FILIPE TORRES MARCOS O NOTÁRIO CARTÓRIO NOTARIAL EM TAVIRA
EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 27.05.2020, exarada a folhas 10 e seguintes do competente Livro n.º 164-A, que: - A sociedade comercial “GRUPO SILVA & SILVA, LDA”, pessoa coletiva número 501425845, com sede no Sítio do Cordovil, Assêca, Santo Estêvão, 8800-514 Tavira, freguesia de Luz de Tavira e Santo Estêvão, concelho de Tavira, matriculada na Conservatória do Registo Comercial sob o mesmo número de pessoa coletiva, com o capital social de duzentos e cinquenta mil euros, através dos seus órgãos sociais; - Sendo dona e legítima possuidora do prédio urbano sito em Vale Caranguejo, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 5408, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número dois mil quinhentos e quarenta e seis, da freguesia de Tavira (Santa Maria), de ora em diante designado por prédio dominante; - E confinando com este prédio, pelos seus lados sul, nascente e norte, o prédio misto também sito em Vale Caranguejo, na mesma freguesia de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, inscrito na matriz sob os artigos urbano 8105 e rústico 33644, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número três mil trezentos e vinte e seis, da freguesia de Tavira (Santa Maria), onde encontra registado a favor de José Diogo Gil Marques pela apresentação dois, do dia quinze de Abril de mil novecentos e noventa e nove, de ora em diante designado por prédio serviente; - Declarou a identificada Sociedade, através dos seus órgãos sociais, que sobre este prédio misto, ora serviente, existe um caminho de terra batida, perfeitamente demarcado no solo, com a largura aproximada de seis metros (6 m), mas alargando nas extremidades, por trezentos e quarenta metros (340 m) de comprimento, que atravessa o prédio serviente desde a Estrada do Arraial, junto à sua extrema sul, contorna o prédio dominante pelos seus lados nascente e norte, dando acesso a um parque de estacionamento do prédio dominante, e continuando até ao Caminho Municipal, junto à extrema poente do prédio serviente; - Caminho esse que vem servindo o prédio dominante para passagem de veículos motorizados e pessoas, nomeadamente veículos pesados de mercadorias, auto-betoneiras e auto-bombas, essenciais ao funcionamento da Central de Betão, desde pelo menos o ano de mil novecentos e oitenta (1980), quando ainda era proprietário do prédio dominante Vasco Correia Ferreira, ora segundo outorgante identificado em c), mantendo-se a partir do ano de mil novecentos e noventa e oito (1998), ano em que a Sociedade justificante comprou o prédio dominante, até à presente data, sem qualquer interrupção; - tendo ainda alegado que esse caminho sempre se revelou por sinais visíveis e permanentes no prédio serviente, através de uma cobertura de brita ocultada com resíduos de pó de pedra e a existência de marcas de rodados de veículos a motor no chão, verificando-se existir uma servidão de passagem de veículos a motor e a pé sobre o prédio serviente em benefício do dominante; - pelo que, há mais de VINTE ANOS, o aludido prédio urbano dominante tem acesso à via pública, concretamente, à Estrada do Arraial (a sul) e ao caminho público (a poente), através do prédio misto supra mencionado, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, reiterada e ininterruptamente, na convicção de que aquela posse não lesa quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de que o referido prédio misto é serviente, pelo que, por USUCAPIÃO ora se constitui a referida servidão de passagem nos termos exarados.
EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 19.02.2020, exarada a folhas 2 e seguinte do competente Livro n.º 161-A, que: - Jan Vilhelm Egertoft, NIF 224078844, e mulher Marta Birgitta Egertoft, NIF 224078852, ambos naturais da Suécia, de nacionalidade sueca, casados sob o regime sueco da separação de bens, residentes em Kamvägen, 4, Halmstad, Suécia; - Declararam ser donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, há mais de vinte anos da fração autónoma designada pela letra “R” correspondente à habitação no segundo andar F, situada no “Corpo Norte”, do tipo T – um, do prédio urbano de três pisos, designado por lote 13, sito em Cara de Pau, Vale Caranguejo, Colina das Alfarrobeiras, atualmente Urbanização Tavira Garden, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número seiscentos e trinta e sete, ainda da freguesia de Tavira (Santa Maria), afeto ao regime da propriedade horizontal, inscrito na matriz da atual freguesia sob o artigo 4921, com proveniência no artigo 4257 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário correspondente à fração de 57.905,75 €; - Encontrando-se registada a fração na citada Conservatória a favor da sociedade de direito estrangeiro “TAVIRA GARDEN LIMITED”, pela apresentação dezasseis, do dia doze de novembro de mil novecentos e noventa, com o número de identificação de entidade equiparada estrangeira 980044871, com sede em Gibraltar, sendo a última morada conhecida em 15–A, Tuckey’s Lane, desconhecendo se existe ou se ainda tem atividade, e quem sejam os seus atuais representantes e paradeiro; encontrando-se ainda registada uma hipoteca a favor do Banco sueco Sparbanken Vast, pela apresentação dezassete, do dia doze de Novembro de mil novecentos e noventa, e uma penhora a favor da Fazenda Nacional, pela apresentação três mil cento e oitenta e cinco, do dia nove de maio de dois mil e onze; - Tendo para o efeito alegado que a referida fração foi por eles adquirida, em comum e partes iguais, corria o ano de mil novecentos e noventa e dois, ano em que dela tomaram posse através da entrega das respetivas chaves, mas em dia e mês que não sabem precisar, por compra à referida Sociedade titular inscrita, pelo preço de, à data, trezentas e vinte e cinco mil (325.000) coroas suecas, sem que, todavia, tenha sido lavrada a competente escritura, não existindo por essa razão título formal que o comprove; - tendo os justificantes desde esse ano, desfrutado a identificada fração autónoma, como coisa própria, autónoma e exclusiva, dela retirando as vantagens de que é suscetível, e nela praticando os atos materiais correspondentes ao direito de propriedade plena, nomeadamente nela habitando, fazendo os melhoramentos e reparações necessários, pagando os respetivos impostos, designadamente o Imposto Municipal sobre Imóveis, bem como as quotas e outras despesas do condomínio, participando na vida associativa do empreendimento onde se insere o imóvel, tudo na convicção de não lesarem o direito de outrem, pelo que possuem a dita fração em nome próprio há mais de vinte anos, sem a menor oposição de quem quer que seja, desde o seu início, posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, com o conhecimento e acatamento de toda a gente; pelo que, esta posse pública, pacífica e contínua, conduziu à aquisição do direito de propriedade da mencionada fração autónoma por usucapião, que invocam para justificar o direito de propriedade para fins de registo.
Tavira e Cartório, em 27 de maio de 2020. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 3/1140 (POSTAL do ALGARVE, nº 1246, 10 de Julho de 2020)
Tavira e Cartório, em 19 de fevereiro de 2020. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/463 (POSTAL do ALGARVE, nº 1246, 10 de Julho de 2020)
Núcleo Museológico Dr. João Dias, Menires do Lavajo, Ruínas do Montinho das Laranjeiras, Castelo Velho de Alcoutim e Núcleo Histórico de Alcoutim. Exibe, atualmente 6 exposições de longa duração dedicadas à etnografia, arqueologia, arte antiga e ciência, com conjuntos de peças resultantes de doações, escavações arqueológicas e recolhas etnográficas, provenientes de diversos locais do concelho e do baixo Guadiana. "Repensar o museu e as suas ações na comunidade" é o mote para estas comemorações numa época em que "mudanças sociais, culturais, políticas e, consequentemente, pessoais são impostas pela Covid-19, invisível, dissimulada e desconhecida que veio alterar formas de sentir, ver, pensar, agir e viver em sociedade".
Loulé estreia-se na "Rota do Petisco" para impulsionar restauração foto d.r.
A ementa da rota deve
inspirar-se na gastronomia tradicional algarvia ou apresentar uma oferta inovadora
Loulé recebe este ano, pela primeira vez, a “Rota do Petisco”, o maior evento gastronómico da região, promovido pela Teia d’Impulsos (Associação Social, Cultural e Desportiva de Portimão). Numa época de crise, esta iniciativa ganha ainda maior alcance já que pretende dina-
mizar o setor da restauração e assim potenciar um impacto positivo na economia local. A Rota, que decorre entre 11 de setembro e 11 de outubro, desenvolve-se do barlavento ao sotavento algarvio e este ano, devido aos problemas sociais resultantes da pandemia da Covid-19, assume o compromisso de contribuir para o restabelecimento do pulsar da dinâmica social da região, respeitando sempre as medidas de segurança necessárias. A ementa da rota deverá inspirar-se na gastronomia tradicional algarvia ou apresentar uma oferta inovadora com base em produtos locais ou modos de confeção tradicionais. Os interessado em mais informações podem obtê-las através do email rotadopetisco@teiadimpulsos.pt ou dos telemóveis 966 467 870 e 913 131 578.
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REGIÃO •••
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Casa das Virtudes: O palco dos artistas que mistura convívio e talento em Faro fotos filipe vilhena
/ postal d.r.
O tecido vertical é uma das atrações do espetáculo "Três Virtudes" Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
E se pedisse um café, se sentasse na mesa e o empregado que o serviu estivesse depois pendurado num tecido vertical? É esta a premissa da Casa das Virtudes, um projeto inovador em Faro que mistura convívio com artes. Um palco aberto a todos, onde não falta animação, descontração e, claro, momentos de talento. O projeto surge pelas mãos de dois amigos. Ambos são “de vários locais” do país, como dizem, mas estavam em Lisboa até aceitarem o convite. Brigitte Virtudes foi a “culpada” de tudo isto acontecer. A cantora algarvia estava a desenhar o projeto para Lisboa, mas descobriu uma sala em Faro, na estrada do Passeio Ribeirinho, e disse de imediato aos dois jovens: “vocês têm de vir”. Em 15 dias, Ricardo Morujo e Gerald Oliveira estavam a mudar de vida, rumo ao Algarve, onde se sentem em casa, devido à “calma e tranquilidade” da cidade e à simpatia dos residentes e da Câmara Municipal, que apoiou desde logo o projeto. A Casa das Virtudes é um espaço amplo, onde todos os dias acontece espetáculo. Tem o bar e as mesas, semelhantes a um café, mas tem um palco. Naquele palco, os dois amigos, em conjunto com Jéssica Barreto, apresentam diversos espetáculos de circo. A juntar a estas funções estão ainda a servir bebidas no bar, em contacto com os clientes, que devem perceber
que o artista é “aquilo”, uma pessoa igual a tantas outras e não uma “estrela” que está no camarim. O objetivo deste espaço é também desmistificar o conceito de o público assistir a um espetáculo e ir-se embora. A zona de bar permite que estejam a acontecer várias coisas em simultâneo. Ricardo Morujo conta que nunca quis ser bailarino, mas acabou por entrar para o mundo das artes e, ao longo dos seus 26 anos de vida, já compartilhou projetos com Marco Camillis. Fez depois teatro, para pagar o curso de química científica, do qual desistiu. Passou pelo Politeama e contracenou com João Baião. Para além de todos estes projetos, fez ainda a tour com a cantora Blaya. A paixão pelo circo surgiu durante a quarentena, com um dos seus amigos. A propósito, Gerald Oliveira é o segundo elemento fundador da Casa das Virtudes e também o amigo de Ricardo Morujo que o levou para as alturas. Aos 31 anos, já trabalhou em companhias de teatro amador, distribuição de cartazes e montagem de luz. Começou por querer ser ator mas descobriu as artes circenses depois e participou como professor no Chapitô. Fez ainda a novela da SIC “Ama e Coração” (2018), como coreógrafo de algumas cenas que envolviam o tecido vertical. Os amigos estão no Algarve desde setembro. Aos poucos, a Casa das Virtudes foi entrando no coração de quem a visita, apesar de ser um espaço recente e ter estado encerrado devido à pandemia. As obras abriram-se, o palco iluminou-se e, neste momento, aos poucos, tudo volta à normalidade.
“Três Virtudes” é um dos espetáculos principais neste momento Entre as várias atividades pensadas para o futuro, este espaço quer abranger famílias e cruzar gostos e momentos. Convidar muitos artistas está no centro das prioridades da Casa das Virtudes. Todos terão o seu momento para brilhar, inscrevendo-se e tendo oportunidade de rodar chapéu e deixar que o público decida quanto vale o seu trabalho. Existe ainda a janela, que tem um vizinho que canta a meio das atuações. Para além disto, o espaço pode ser alugado para ensaios e serão dadas aulas a amadores e profissionais.
O peso da notícia é um dos destaques do espetáculo O espetáculo “Três Virtudes” nasceu na quarentena e será, como referem Ricardo Morujo e Gerald Oliveira, uma das atrações principais da Casa das Virtudes. Protagonizado pelos dois amigos e Jéssica Barreto, é uma utopia do que aconteceu na quarentena dos artistas, que passaram cerca de dois meses na mesma casa. O palco é decorado com um sofá, uma corda da roupa e vários outros elementos que nos remetem para a casa. O peso da notícia, as redes sociais, a televisão e a internet conduzem as emoções das personagens, que se vão mostrando mais ou menos influenciadas sobre o que está a acontecer no mundo. É a
“loucura na quarentena” e o público interpreta aqueles 50 minutos como quiser: pode representar um dia, uma semana ou até toda a quarentena. “Felicidade, tristeza e emoção” são o mote condutor das “Três Virtudes”, que mostram as habilidades dos artistas circenses. Apesar da pandemia ter “arrefecido” o negócio, ainda recente, a força dos dois jovens é imensa e a vontade de continuar também. A casa funciona a meio gás e existem muitas reservas canceladas, uma vez que as pessoas ainda se mostram receosas em saírem de casa. Contudo, o espaço cumpre as medidas da Direção-Geral de Saúde e,
por ser de grandes dimensões, torna-se mais seguro. As artes estão neste momento a atravessar um momento delicado e Ricardo Morujo e Gerald Oliveira admitem não perder a esperança no seu negócio, que junta as suas paixões e ainda dá palco a outros artistas. Nas alturas ou no bar a servir-lhe uma bebida, pode sempre visitar o espaço destes artistas que, no futuro, será a rampa de lançamento de novos talentos ou talentos mais conhecidos. A casa (com) virtudes impulsionará ainda a cidade de Faro, tornando-se não só de Ricardo Morujo e Gerald Oliveira, como também de toda a cultura algarvia e portuguesa. pub
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NECROLOGIA
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MARIA DA ENCARNAÇÃO PARREIR A FERNANDES RIBEIRO
MARIA FERNANDA DOS SANTOS PUGA
MARIA JOSEFA DO CARMO DUARTE DE BRITO
25-02-1929 17-06-2020
30-10-1949 20-06-2020
29-12-1929 23-06-2020
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
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Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
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SOCORRO - LISBOA QUELFES - OLHÃO
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28-12-1927 07-07-2020
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BRUNO FILIPE TORRES MARCOS O NOTÁRIO CARTÓRIO NOTARIAL EM TAVIRA EXTRATO DE ESCRITURA DE JUSTIFICAÇÃO CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de justificação, outorgada em 30.05.2020, exarada a folhas 34 e seguintes do competente Livro n.º 164-A, que: - Antónia Pereira Lourenço e marido Manuel Rosa Campos, ambos naturais da freguesia de Tavira (Santa Maria), concelho de Tavira, residentes em Curral dos Boeiros, caixa postal 553-Z, 8800-206 Tavira; - Declararam ser donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem do direito a um terço (1/3) indiviso do prédio rústico composto por terra de cultura e pomar de citrinos, que confronta a norte com Manuel Campos, sul com José Pereira, nascente-com José da Lda Conceição Chagas e a poente com limite da Tractor Rega, freguesia, com a área de 8.400,00 m2, sito no Almargem, na freguesia de Conceção e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira sob o número quatro mil e noventa e dois, da freguesia de Conceição, inscrito na matriz a favor do justificante marido, na indicada proporção, sob o artigo 11563, com origem no artigo 11479 da extinta freguesia da Conceição, com o valor patrimonial tributário correspondente a um terço ora justificado e 3.308,41 €; sendo que o referido direito não se encontra inscrito na citada Conservatória, mas está inscrito o direito a dois terços a favor de José Sebastião Lourenço Campos (já falecido) e mulher Maria Domingas Rodrigues Pereira Campos, pela apresentação quinze, do dia seis de junho de dois mil e oito; - Tendo alegado para o efeito que: - O aludido direito a um terço (1/3) chegou à sua posse no ano de 1997, em data que não pode precisar, por partilha meramente verbal e nunca reduzida a escritura pública feita com os demais interessados, por óbito dos pais da justificante mulher, Manuel Lourenço e Maria Segunda, falecidos em dezassete de abril de mil novecentos e noventa e quatro e oito de março de mil novecentos eRua noventa e seis; António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 Faro de Santo Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342
- Desde aquele ano, portanto, há mais de |vinte anos, de forma pública, pacífica, dbf@advogados.com.pt www.advogados.com.pt contínua e de boa-fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem co-titulares do direito de propriedade daquele prédio, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aquele prédio na proporção do seu direito – cultivando-o, amanhando a terra, tratando das árvores, colhendo os respetivos frutos, suportando os encargos ou despesas com a sua manutenção – ajustando com os demais compossuidores ou consortes a divisão do seu uso e fruição e a repartição dos seus encargos ou despesas; pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriram por USUCAPIÃO o referido imóvel, o que invocam. Tavira e Cartório, em 30 de maio de 2020. O Notário, Bruno Filipe Torres Marcos Conta registada sob o n.º 2/1173
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Bombagem - Filtragem - Aspersão Automatização - Gota a Gota Jardim - Golfe - Piscinas
Tractor-Rega, Lda
(POSTAL do ALGARVE, nº 1246, 10 de Julho de 2020)
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ASSEMBLEIA GERAL
JOSÉ LUÍS AFONSO DOMINGOS, presidente da Assembleia Municipal supra, faz público, nomeadamente tendo em atenCONVOCATÓRIA ção o preceituado no n.º 1 do artigo 56.º, da Lei n.º 75/2013, com o disposto Parágrafo segundo do art.na23º, no Parágrafo deDe 12acordo de setembro, que anoAssembleia Municipal, suae sesdo art. Agrícola dos Produtores de sãosegundo ordinária de 25º diados 29 Estatutos de junhodadeCooperativa 2020, deliberou:
Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, CRL, convoco os seus associados a reunirem-se em Assembleia Geral, em sessão ordinária, no dia 02 de Abril de PERÍODO ANTES 2016, pelas 14 horasDA na ORDEM sua sede eDO comDIA a seguinte ordem de trabalhos:
Ponto 1 – Apreciação e deliberação, da Ata de 21 de feve1º- 2020 Aprovação de Contas de reiro – Aprovado por2015; unanimidade. 2º- Aprovação do parecer do Concelho Fiscal;
PERÍODO ORDEM DO DIA 3º - OutrosDA Assuntos; Ponto 4 Apreciação e deliberação, sob proposta da CâSe à hora marcada não estiver presente o número legal de sócios, a Assembleia mara Municipal – Desafetação de parcela de terreno do local e Geral reunirá uma hora depois, em segunda convocatória, no mesmo Domínio Públicoordem Municipal para podendo integrardeliberar o Domínio com a mesma de trabalhos, com Privado qualquer número Municipal – Aprovado por maioria de associados. Ponto 5 - Apreciação e deliberação, sob proposta Santa Catarina, 29 de Fevereiro de 2016 da Câmara Municipal, Relatório de Gestão Exercício O Presidente da Assembleia Geral de 2019 – Aprovado por maioria Alberto Maria Vilela Boto Pimental Ponto 6 – Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, 2ª doRevisão aonºOrçamento GOP´S do ano (POSTAL ALGARVE, 1158 de 4 deeMarço de 2016) de 2020 – Aprovado por maioria Ponto 7 – Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, Empréstimo EQ BEI efetuado para operação POSEUR-02-1809-FC-000054-Estrutura de Salvaguarda do Cordão Dunar - Adenda ao Contrato – Aprovado por maioria Ponto 8 – Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, Empréstimo de Médio e Longo Prazo de 368.600,00€, nos termos do artigo 51.º da Lei n.º 73/2013, de 03 de setembro – 2.ª Adenda ao Contrato - Caixa Geral 95/2016 de Depósitos, S.A. – AVISO AprovadoN.º por maioria Torna-se público que, no âmbito do Programa Estágios AdministraPonto 9 – Apreciação e deliberação, sobProfissionais propostana da ção Local (PEPAL) – 5.ª Edição, nos termos e para efeitos do n.º 1 do artigo 6.º do Câmara Municipal, Empréstimo de Médio e Longo Prazo Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de novembro, conjugado com o artigo 3.º da Portaria atén.º417.012,78 nos termos do artigo 51.º Lei n.º 254/2014, de €uros 9 de dezembro, se encontram abertas, pelodaperíodo de 10 dias 73/2013 de 03 setembro – Decisão Contratar – Aproúteis, a partir da de publicitação do aviso na páginade eletrónica do Município de Faro em www.cm-faro.pt, vado por maioria candidaturas ao procedimento de recrutamento e seleção para
MUNICÍPIO DE FARO
1 Estágio PEPAL – 5.ª Edição, no qual constará a seguinte informação, relevante para o procedimento de recrutamento e seleção: Para constar, se publica estedestinatários, Edital e outros igual teor, - Local onde o estágio irá decorrer, duraçãode do estágio, forma e prazo candidaturas, documentação para apresentação dasMunicípio. candidaturas, área e resquedevão ser afixados nos lugares de estilo do petiva licenciatura exigida, planos de estágio, métodos de seleção, parâmetros e fórmula de avaliação, respetivo júri, bem como a legislação aplicável.
Castro Marim, 29 de junho de 2020 Assembleia Municipal,
Faro, 8 de O fevereiro de 2016da Presidente
Vereador da Câmara Municipal, José Luís Domingos José António Cavaco (POSTAL do ALGARVE, nº 1246, 10 de Julho de 2020) Publique-se em 2 jornais de expansão regional ou local Faro, 8 de fevereiro de 2016 Vereador da Câmara Municipal,
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10 de julho de 2020
Tiragem desta edição: 9.839 EXEMPLARES
O POSTAL regressa dia 24 de julho
••• ÚLTIMA
foto d.r.
Os donativos são, sobretudo, alimentos, papas para bebés e produtos de higiene
Grupo de amigos “SULidários” ajuda as crianças que mais precisam Filipe Vilhena / Henrique Dias Freire
jornalpostal@gmail.com
Muitos portugueses ficaram sem trabalho devido à pandemia do novo coronavírus. A doença proveniente da SARS-CoV-2 veio alterar os planos de todos, que viram a sua vida dar uma volta mais ou menos grande. Em tempos de incertezas para todos, a alternativa para ultrapassar esta fase complicada foi unir forças e ajudar quem mais precisa. Foi assim que Flávio Santos e alguns elementos do seu grupo de trabalho começaram a distribuir alimentos pelos mais necessitados. Gestor de projeto numa empresa de audiovisual, Flávio Santos viu o trabalho acabar com o início da pandemia. A incerteza era o mote para um novo começo: “ajudar os outros”. A distribuição de alimentos começou no
mês de abril, a título informal. Seria apenas a contribuição deste grupo de amigos para tornar os dias cinzentos de algumas pessoas, em dias mais coloridos. O tempo que iria durar a iniciativa não ficou estipulado nesta primeira fase, mas o esforço foi muito para conseguir ajudar algumas das pessoas mais carenciadas. Os donativos começaram a chegar e eram cada vez mais as pessoas que contavam com a ajuda dos amigos. O mês de junho trouxe a necessidade de tornar o projeto em “algo mais sério”, como refere o gestor. As redes sociais serviram de veículo para chegar a mais população e também para dar alguma credibilidade à ação. Flávio Santos explica que não foi fácil fazer algumas pessoas acreditar no projeto. E foi assim que nasceu o nome SULidários, que passou a dar um ar mais profissional à iniciativa.
Cinco instituições algarvias são apoiadas O grupo de amigos SULidários falou com cinco instituições algarvias, de modo a entregar-lhes os seus donativos. Fazem parte da lista a União Audiovisual, Associação Cultural e Apoio Social de Olhão (ACASO), Associação Humanitária Solidariedade de Albufeira (AHSA), Fundação António Aleixo e o Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em Risco (Catraia). Os donativos feitos pela população são distribuídos de forma justa pelas instituições, de modo a combater algumas das suas necessidades. Flávio Santos conta que não fazia ideia das carências que muitas pessoas têm, principalmente crianças, que necessitam de fraldas, leite, papas e muitos outros bens de higiene. Foi uma nova realidade que conheceu devido à sua iniciativa e
que certamente o irá marcar. Aos 45 anos, o gestor de projeto confessa que toda esta situação mexeu muito consigo, assim como com os seus colegas. A iniciativa SULidários era para acabar as suas funções no dia 20 de junho, mas vão prolongar a atividade até dia 25 de julho, uma vez que “há muita necessidade, mas também muita gente a contribuir”. Ainda assim, o “fim” desta iniciativa pode alterar-se consoante as necessidades. Muitos amigos da SULidários passaram a palavra e esta chegou tão longe que já contribuíram pessoas de Lisboa e do Porto. De Setúbal e Grândola também chegaram donativos que o grupo distribuiu pelas cinco instituições algarvias. Contudo, a ideia é parar por umas semanas e recomeçar apenas no Natal. Questionado com o porquê da decisão, Flávio Santos confessa que o seu trabalho deve voltar em setembro e a falta de disponibilidade não
lhe irá permitir continuar. Ainda que exista sempre tempo para tudo, como refere o gestor de projeto, “fazer por fazer não faz sentido”. A decisão passa, portanto, por continuar a trabalhar em modo “não profissional”, ou seja, a SULidários não será oficializada como uma associação de apoio. A pandemia não vai parar, assim como as carências, mas Flávio Santos faz um balanço muito positivo desta “aventura”. Como cidadão ajudou da forma que podia, juntando um grupo de amigos e alguns contactos, a quem agradece prontamente. Todos podemos ser “sulidários”, contribuindo para esta ou outras iniciativas. Flávio Santos deixa o apelo e pede a todos que procurem o grupo e façam uma doação de bens alimentares ou de higiene para apoiar as crianças, que também nesta altura passam dificuldades devido ao vírus que a qualquer porta pode bater.