Interdita venda na distribuição quinzenal com o jornal
9 de outubro de 2020 1251 • €1,5
Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira
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E ainda Festival da Comida Esquecida despede-se Chega ao fim da sua 1ª edição, a 17 de outubro, e quer deixar uma última memória nos seus participantes, que será uma refeição especial simbolizando os territórios e as heranças alimentares de quem neles vive. P9
Aluno algarvio é o primeiro a arrecadar 7 medalhas A participar na competição desde 2014, este estudante da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, conquistou quatro medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Rui Zhu Wang, que agora ingressa no ensino superior, arrecadou nesta edição uma medalha de prata. P6
Bloco central garante eleição de Apolinário ➡
Mendes Bota “Estamos perante uma falsa sensação de regionalização... um mero negócio partidário de partilha de lugares.” Carlos Brito “A regionalização continua e vai continuar por cumprir... este é um passo tão pequenino, de faz que anda mas não anda.” Joaquim Vairinhos “Estamos perante uma instituição híbrida onde não se garante a separação de autonomia do poder central e local.”
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António Costa (PS) e Rui Rio (PSD) negociaram um acordo para distribuição e partilha de lugares entre os dois partidos, em cada uma das cinco
software de gestão documental
POSTAL ESTREIA
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Comissões de Coordenaçao Regionais no país. Sobre o Algarve, o POSTAL ouviu a opinião dos maiores partidos que estão fora deste bloco central e
ouviu igualmente o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) e três "senadores" algarvios da política portuguesa. P4, 5 e 24
Nesta nova rubrica política, "qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência" P2
LÍdia Jorge, prémio Guadalajara assinala 40 anos de carreira
Rafael Sousa segue as pisadas do pai Filho do músico Luís Gui-lherme, aos três anos começou a cantar com o pai ao microfone. O POSTAL dá-lhe a conhecer quem é este novo cantor algarvio. P12
SAÚDE NA PANDEMIA
Cuidar de nós começa na mente, sem medo de pedir ajuda
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ENTREVISTA Refugia-se na casa do campo para se concentrar e escrever. Foi assim com muitos dos seus romances. É agora com o livro de POR MARIA LUÍSA FRANCISCO
POR JORGE QUEIROZ
Breve apontamento sobre a mulher rural e os seus saberes
Aprender com o Renascimento
CS14
CS20
POR MARIA JOÃO NEVES
Fernando Pessoa e o Racismo
CS15
crónicas “Em Todos os Sentidos” que escreveu para a Antena 2”. Na entrevista concedida ao nosso colaborador, Paulo Serra, a escritora
algarvia pronuncia-se sobre os dias que correm, o covid que lhe roubou a mãe e outros perigos e desafios que nos espreitam. P18 e 19
POR SAÚL NEVES JESUS
POR RAMIRO SANTOS
Até onde pode ir a imersão numa exposição de artes visuais?
O último dia na vida do Príncipe Perfeito
CS16
CS17
MAGNUM CONCILIUM VETERANORUM ACUSA
Estão a usar a covid-19 como "bode expiatório" para acabar com as praxes P3
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CADERNO ALGARVE
Postal, 9 de outubro de 2020
Qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência
Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028
O Zé que se ponha a pau
Publisher e Diretor Henrique Dias Freire
Fala-se que o Zé da Pontinha anda um tanto aziado e indisposto porque o seu nome para Chefe do Palácio não recolhe grande entusiasmo nas hostes socialistas. Muito menos no PSD. O Pimpolho de Loulé era o nome mais desejado. O Zé que se ponha a pau!
Diretora Executiva Ana Pinto
REDAÇÃO
jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Beatriz Faria, Cristina Mendonça, Filipe Vilhena, Henrique Dias Freire Estatuto editorial disponível postal.pt/arquivo/2019-10-31-Quem-somos
O sapo indigesto
Colaboradores Afonso Freire, Alexandra Freire, Alexandre Moura, Beja Santos (defesa do consumidor), Humberto Ricardo, Ramiro Santos
O PSD anda numa de caça às bruxas para saber quem é que anda a passar notícias para os jornais. O documento interno em que se fazia saber que era preciso engolir o sapo e votar no Zé da Pontinha, foi imposição do chefe maior de Lisboa e do seu yes man na região. O Rei David ganhou desta vez por 1-0 e há quem não tenha digerido ainda o sapo e ficou desnorteado.
Colaboradores fotográficos e vídeo Ana Pinto, Luís Silva, Miguel Pires e Rui Pimentel
DEPARTAMENTO COMERCIAL
Publicidade e Assinaturas Anabela Gonçalves - Secretária Executiva anabelag.postal@gmail.com Helena Gaudêncio - RP & Eventos hgaudencio.postal@gmail.com Design Bruno Ferreira
Luta entre mulheres (1)
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Olhos azuis, carinha larocas, Marta-a-Temível parece fazer jus ao seu próprio nome. Diz-se que andava morta de ciúmes pela influência que Jahira da Serra tinha junto de Tony do Paço. Suspeitava que lhe andavam a tramar alguma. Vai daí, num gesto de afirmação perante o chefe, disparou:- “ou ela ou eu”, encostando o Tony à parede, de agulha na mão! Ele cedeu porque para ameaça de “morte” já tinha o vírus. Jahira saiu combalida e não esperava o silêncio ruidoso dos seus camaradas algarvios. Vai cheia, a ribeira de Alte!
PROPRIEDADE DO TÍTULO Henrique Manuel Dias Freire (mais de 5% do capital social) EDIÇÃO POSTAL do ALGARVE - Publicações e Editores, Lda. Centro de Negócios e Incubadora Level Up, 1 - 8800-399 Tavira CONTRIBUINTE nº 502 597 917 DEPÓSITO LEGAL nº 20779/88 REGISTO DO TÍTULO ERC nº 111 613 IMPRESSÃO Lusoibéria DISTRIBUIÇÃO:: Banca/Logista DISTRIBUIÇÃO ao sábado com o Expresso / VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT
Tiragem desta edição
8.316 exemplares
OPINIÃO
De calças na mão Diz-se que o Adélio do pé da cruz, depois de ter apeado o Sáude das Neves do seu lugar, anda agora aflito e de calças na mão, porque o seu putativo candidato à Câmara de Faro, não está seguro de que seja uma boa ideia. E já se fala para aquelas bandas que pode ainda saltar um coelho da cartola. Será?
Outro Coelho na Sé? Quem já esfregava as mãos de contente, confiante e bastante seguro, com a solução negociada pelos rapazes do pé da cruz, era o Coelho da Sé. Mas o pior é se lhe salta outro coelho ao caminho. Ou será uma lebre?
Luta entre mulheres (2) A cordeirinha que Rio decidiu imolar nas eleições para o Palácio da Pontinha, afinal não era para ser. A primeira escolha recaiu outra vez em Josélia da Rama, que já tinha afastado a Euzinha, do Palácio do Reino. Mesmo contrariada e com os cabelos em pé, aceitou o sacrifício para melhor controlar o Zé. Luta entre mulheres. Siga as cenas dos próximos capítulos...
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REGIÃO
MCV ACUSA Reitores estão a usar a covid-19
como "bode expiatório" para acabar com as praxes FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE
As praxes foram suspensas no recinto da Universidade do Algarve. O POSTAL falou com o Magnum Concilium Veteranorum (MCV), que explica que as atividades vão acontecer em outros espaços, como casas de alunos Começou esta terça-feira mais um ano letivo na Universidade do Algarve (UAlg), onde centenas de alunos regressam aos campi depois do verão e de um período em telescola, devido à pandemia do novo coronavírus. A Universidade do Algarve já revelou algumas das medidas para combater a doença causada pela SARS-CoV-2. Será feita a desinfeção constante dos espaços, uso de máscara dentro dos edifícios, criação de circuitos para evitar o cruzamento de muitos utilizadores e ainda a redução da capacidade dos bares e refeitórios.
Os horários estão estrategicamente estipulados, para evitar muitos aglomerados de turmas e alunos na mesma escola/faculdade.
Uma das questões que mais se tem falado nos últimos dias são as praxes académicas. Todas as cerimónias que englobam esta tradição foram suspensas - como a Monumental Serenata - mas as praxes em si continuarão a existir. O MCV é o grupo de alunos que regula a tradição que recebe os estudantes do primeiro ano, chamados "caloiros". Segundo um documento emitido pela entidade, "atividades praxísticas diurnas de carácter coletivo dentro dos campi da Universidade do Algarve estão suspensas". Ao longo do documento, é ainda possível ler que as atividades "fora do espaço da instituição" estarão ao abrigo do estado de contingência. O documento emitido pelo MCV deixa ainda claro que alunos pertencentes à Comissão de Praxe poderão fazer o acolhimento aos novos alunos, dando indicação de salas, num grupo de três pessoas. Resumindo o conteúdo, é percetível que existirão praxes fora do recinto da Universidade do Algarve, mas estão proibidas atividades habituais junto à "praia, mata, doca, entre outros". O MCV reforça ainda que tudo deve ser feito "num ambiente controlado" O POSTAL contactou o responsável pelo MCV, para esclarecer o conteúdo do referido comunicado, uma vez que surgiram algumas dúvidas dentro e fora da comunidade académica. Daniel Leal começou por explicar que "aquilo que disponibilizamos no decreto foi aquilo que sentimos [...] necessidade para que
as coisas corressem bem e a cultura e tradição não acabassem". Questionado sobre a realização ou não de praxes no ano letivo que começou terça-feira, o responsável pelo grupo regulador de praxes vinca que "na totalidade das Comissões de Praxes, a resposta foi unânime" para a realização das praxes. O POSTAL apurou que existiram reuniões com os alunos para esclarecer as regras para a realização de praxes em tempos de pandemia.
UALG/PRAXES: ALUNOS PODEM JUNTAR-SE AO AR LIVRE OU EM CASAS PARA REALIZAR ATIVIDADES
Daniel Leal acusa as "reitorias a um nível nacional" (incluindo a UAlg) de estarem a usar a covid-19 como "bode expiatório" para acabar com as praxes. No final do mês de agosto, o POSTAL entrevistou Paulo Águas e questionou o reitor sobre a realização ou não das praxes. A resposta mostrou que "os estudantes irão compreender a situação e sabem aquilo que podem ou não fazer. Vejo que um conjunto de atividades que os estudantes faziam, e não po-
demos alterar a realidade, faziam-no sem que houvesse autorização da reitoria. Espero que haja a racionalidade e discernimento suficientes para fazer as coisas, ou seja, que não haja praxes. Se, porventura, a AAUAlg não der passos claros nesse sentido, a reitoria terá de fazer algo. A posição aqui é aguardar e esperar que não existam decisões tomadas pela reitoria". A decisão da reitoria terá levado ao cancelamento das praxes dentro do recinto da Universidade do Algarve. O MCV, contudo, autoriza a realização de atividades desde que sejam cumpridas as regras de distanciamento social. Surge aqui uma questão, feita pelo POSTAL, sobre como será feita a regulação das praxes, uma vez que os alunos estarão fora dos portões da UAlg e longe do território que era anteriormente usado para a realização das atividades. Daniel Leal explica que "teremos uma noção (e sempre tivemos) [...] de onde estarão mais ou menos as comissões". Contudo, não será possível para o grupo do MCV estar em todos os locais a regular as atividades, até pela regra de que só podem estar reunidas 10 pessoas e isso formará muitos "sub grupos" dentro de cada curso, tornando a 'missão' impossível. Sobre essa questão, o responsável pelas praxes afirma que ninguém vai incumprir as regras, não deixando claro como irão conseguir vigiar as praxes de todos os cursos. A realização de praxes vai acontecer também nas casas de muitos estudantes, pelo que foi possível apurar pelo POSTAL. Daniel Leal não nega esse fenómeno, mas refere que por a casa do estudante ser propriedade privada, ele pode fazer "o que bem entender", mas "nós [MCV] confiamos que as comissões estão bem instruídas" para cumprir regras. Deste modo, existirão atividades em casas de estudantes às quais o órgão regulador das praxes não terá acesso direto, por se tratar de um local privado. As praxes começam esta terça-feira na Universidade do Algarve, com destaque para os cânticos dos cursos e jogos que apresentem os novos alunos aos colegas de turma e aos colegas do último ano, segundo o MCV.
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CADERNO ALGARVE
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REGIÃO Eleições para as CCDR´s
Sobre o significado do 13 de outubro No próximo dia 13 de outubro realiza-se a eleição dos presidentes e vice presidentes das CCDR’s. Há quem veja nestas eleições, um passo importante para a regionalização e os que en-
tendem, pelo contrário, que o voto limitado a um colégio eleitoral, afasta os cidadãos das decisões políticas e pode comprometer ainda mais a concretização desse processo. O POSTAL pediu a
opinião de três senadores da política portuguesa e quis saber, depois de chumbada em referendo, se faz sentido dar sinais de avançar com a regionalização sem nova auscultação publica.
“UMA FALSA SENSAÇÃO DE REGIONALIZAÇÃO”
“NÃO SE GARANTE AUTONOMIA DO PODER CENTRAL E LOCAL"
"ASSIM NÃO HÁ APROXIMAÇÕES À REGIONALIZAÇÃO"
– A opinião de Mendes Bota
– A opinião de Joaquim Vairinhos
– A opinião de Carlos Brito
1. Importante referir que o colégio eleitoral é exclusivamente constituído por autarcas dos vários órgãos municipais para a eleição do Presidente. Quanto à eleição de um Vice Presidente, ele será proposto unicamente pelos Presidentes de Câmara e o outro indigitado pelo Governo. Contudo o seu mandato pode ser revogado por deliberação fundamentada do Governo. De referir, pela sua importância, as palavras do Chefe de Estado : «o diploma mantém integralmente a natureza jurídica das CCDR's como Administração desconcentrada do Estado» e «mantém igualmente os poderes de direção, de supervisão e disciplinares por parte do Governo», negando que se trate de regionalização. Estamos perante uma instituição híbrida onde não se garante a necessária separação de autonomia do poder central e local. Uma excessiva partidarização na escolha dos candidatos às cinco CCDR's e as negociações fechadas entre PS e PSD têm enviesado o processo que nos leva a concluir se a intenção deste processo era caminhar para um estádio pré regional, não vai ser conseguido; por outro lado o afastamento de outros protagonistas regionais como as Universidades, as Associações Empresariais, Culturais e Sindicais gera uma entorse de efeitos negativos, nomeadamente quando se advinha a gestão pelas CCDR's de milhões comunitários. Existem claramente limites democráticos em todo este processo que não vão contribuir para o avanço de regionalizar o país.
1. A principal relação do 13 de outubro (eleição dos Presidentes e Vices das CCDRs) com a Regionalização é, na minha opinião, lembrar que esta fundamental reforma do Estado, com assento constitucional, continua e vai continuar por cumprir. No entanto, ao procurar alguma democratização das estruturas intermédias desconcentradas da Administração, podia trazer avanços positivos no domínio do desenvolvimento regional. Mas é um passo tão pequenino em matéria de competências autónomas, tão rodeado de receios, tão ferreamente controlado pelas cúpulas do Governo e do principal partido da Oposição, incluindo com negociações secretas entre Costa e Rio, que mais parece querer negar-se a si próprio, numa espécie de faz que anda, mas não anda. É claro que assim não se fazem aproximações à Regionalização
1. Este acto eleitoral pretende criar uma falsa sensação de Regionalização, destinada a anestesiar qualquer ímpeto regionalista. Substitui a democracia directa de uma consulta eleitoral a nove milhões de portugueses pela democracia enviesada de uma consulta a um colégio eleitoral de 10.500 autarcas, nenhum deles mandatado para este efeito pelos seus próprios eleitores. Pode haver legitimidade formal, mas o acto está imbuído de ilegitimidade política. Segue um calendário invertido: muitos dos autarcas que agora vão eleger os presidentes das CCDRs por cinco anos cessarão funções em menos de um ano. Não se toca no fundamental, que são as funções atribuídas às CCDRs, consignadas na respectiva Lei Orgânica. Tal como está, os presidentes das CCDRs são meros delegados do governo, sem autonomia, que têm por missão executar as políticas definidas pelos Ministérios de Lisboa nas respectivas áreas geográficas. Trata-se, pois, de uma eleição sem programa regional subjacente, sem opções sufragadas pelos cidadãos, uma falsa descentralização. E, pior ainda, a tutela permite-se nomear um vice-presidente, dispensado de ir a votos, ou seja, um comissário político. Estamos perante um mero negócio partidário de partilha de lugares. 2. O debate sobre a Regionalização está inquinado desde o referendo de 1998, com tendência para pior. Não existem condições para uma consulta séria, nem serena, sobre assunto tão estruturante para o País mais centralizado da Europa. A demagogia venceria estrondosamente qualquer nova consulta. O labéu de “mais tachos para os políticos” colado à Regionalização está imbatível. Depois de três crises (1998, 2011 e a actual pandemia) que agravaram as desigualdades entre os portugueses, e com o iceberg da corrupção a derreter à vista de todos, esse debate seria tudo menos sério e sereno. O caminho passaria sempre pela vontade concertada dos líderes políticos dos partidos estruturantes da democracia portuguesa, vertida em propostas concretas nos respectivos programas eleitorais das próximas eleições legislativas. Se haveria coragem para tal, é a questão.
2. Face à Constituição que é bem clara no Artº 256 a instituição em concreto das regiões administrativas depende da lei e do voto favorável expresso pela maioria dos cidadãos eleitores através de consulta direta. O que pressupõe nova consulta pública. Uma alteração à Constituição para institucionalização direta das Regiões Administrativas não me parece viável.
2. Um erro crasso seria os defensores da Regionalização aceitarem um novo Referendo, nos termos que foram introduzidos na Constituição pela Revisão Constitucional de 1997. As alterações feitas então ao texto constitucional, por PS e PSD, sobretudo em matéria de referendo, tornaram praticamente impossível a vitória do sim, ao exigirem o voto favorável expresso da maioria dos cidadãos eleitores que se tenham pronunciado em consulta directa, de alcance nacional e relativa a cada área regional. Esta exigência discriminatória, pois não existe no estatuto constitucional do referendo (e que foi introduzida confessadamente para soterrar a Regionalização), legitima que, enquanto não houver vontade política para fazer nova revisão da Constituição, eliminando as normas liquidadoras, se façam todas as aproximações à Regionalização que caibam na lei ordinária. Tal é uma das maneiras de manter viva a luta pela Regionalização.
AS REAÇÕES DOS PARTIDOS O PCP pôs-se de fora das negociações, argumentando que se está perante um processo de "falsa democratização" que só revela, mais uma vez, "a convergência que se tem verificado entre PS e PSD", no caso "para continuar a não cumprir a regionalização e manter as políticas de desenvolvimento regional nas mãos dos governos". Por sua vez, o presidente da Juventude Popular (CDS/PP) apelou aos representantes da JP com assento nos órgãos das autarquias locais a não participarem no ato eleitoral. Francisco Mota considera que “este processo é uma farsa democrática” e “um triste espetáculo” que deve ser rejeitado. A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse que o seu partido rejeita “uma regionalização sem democracia”, acrescentando: “Tivemos uma descentralização acordada entre PS e PSD, sem meios, ou seja, passam competências para as autarquias sem as autarquias terem os meios para assumirem da melhor forma essas competências. É um erro. E agora está-se a propor uma regionalização sem democracia”, disse Catarina Martins.
...E DA AMAL
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, disse ao POSTAL que esta eleição “é mais um passo naquilo que é o objetivo final para os algarvios que é a regionalização”. Considera que esta eleição indireta "vai ser determinante para o novo enquadramento legislativo de reforço de poderes das CCDR's, previsto para o próximo ano". “Porque só assim permitirá que esta nova equipa tenha verdadeira coordenação regional e que a CCDR não fique por aquilo que é hoje: um organismo de gestão de fundos e de ordenamento do território", disse. Segundo Pina, o processo de autonomia em matéria do ordenamento "deve ser, numa primeira fase, mais de fiscalização do comprimento das normas", defendendo que "a redefinição da autonomia do ordenamento do território vá sendo construindo passo a passo progressivamente". Para isso, o presidente da AMAL espera que as CCDR's vejam "reforçadas as suas competências e a sua autonomia, em articulação com os municípios”. Para António Miguel Pina, "o grande projeto no âmbito das atuais competências da CCDR deverá consistir na revisão do Plano de Ordenamento do Território do Algarve.”
CADERNO ALGARVE
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REGIÃO Eleições para as CCDR´s
Bloco Central garante Apolinário no Algarve O socialista José Apolinário, até há pouco tempo secretário de Estado das Pescas, será o próximo presidente da CCDRAlgarve, sucedendo no cargo a Francisco Serra, num processo eleitoral marcado para a próxima terça-feira, dia 13 de outubro Apolinário, a quem caberá a gestão de 600 milhões de euros de fundos comunitários previstos no Programa Operacional Regional, vai ter como vice-presidentes o arquiteto paisagista José Pacheco (independente) e a economista, Elsa Cordeiro (PSD), para um mantado de cinco anos. O colégio que vai eleger o presidente, é constituido por 106 votantes entre os presidentes de câmara e vereadores dos 16 municípios do Algarve e 379 como membros de assembleias municipais, incluindo os presidentes de juntas de freguesia, deputados municipais por inerência. Já um dos novos vice-presidentes, no caso José Pacheco, ex-cordenador do projeto Polis, será eleito pelos 16 presidentes de câmara que compõem a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), enquanto Elsa Cordeiro, a segunda vice de Apolinário, é nomeada pelo governo. O Partido Socialista detém a supremacia nas autarquias da região do Algarve, com a presidência de 10 dos 16 municípios, o dobro do PSD
SINDICATO DE VOTO Numa
que tem cinco, havendo ainda um concelho liderado pela CDU. As CCDR´s são serviços desconcentrados da Administração Central, dotados de autonomia administrativa e financeira, incumbidos de executar medidas para o desenvolvimento das respetivas regiões, como a gestão de fundos comunitários.
reedição do bloco central, as cúpulas do PS e do PSD negociaram um acordo para distribuição e partilha de lugares entre os dois partidos, em cada uma das cinco Comissões de Coordenaçao Regionais no país. Isto significa que vão estar à frente das CCDR´s homens da confiança do poder central, ainda que eleitos pelos autarcas locais que, no caso do Algarve, representam um total de 485 votantes. As eleições, em circuito fechado, não deixam, por isso, nenhuma dúvida quanto à eleição dos nomes que vão a votos.
O ato eleitoral para presidente decorre em reunião de assembleia municipal, em simultâneo e ininterruptamente em todas as assembleias da região. Em simultâneo, decorre também o ato eleitoral para um vice-presidente, nas instalações das comunidades intermunicipais. Até agora os presidentes das cinco
Comissões de Coordenação Regionais - Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve - eram nomeados pelo Governo. Os dirigentes eleitos estão sujeitos a uma limitação de três mandatos consecutivos por um periodo de quatro anos cada, e a respetiva eleição decorrerá nos 90 dias seguintes
às eleições para os órgãos das autarquias locais. No entanto, excecionalmente, este ano decorrerão em outubro e o mandato será de cinco anos, para que os novos eleitos possam acompanhar as negociações dos fundos estruturais que estão a decorrer com Bruxelas.
Presidente
Vice-presidente
Vice-presidente
José Apolinário Nunes Portada nasceu em Pechão
José António Pacheco, arquiteto paisagista
Elsa Maria Simas Cordeiro, gerente bancária. Nasceu em 16 de junho de 1968. Aos 14 anos, torna-se militante da JSD. Reside em Tavira e tem dois filhos. É licenciada em Gestão Económica-financeira. • Vice-presidente da Câmara Municipal de Tavira (PSD) entre 2008 e 2009; Atualmente desempenha os seguintes cargos: • Vereadora sem pelouro da Câmara Municipal de Tavira; • Secretária da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Tavira; • Tesoureira do Secretariado Distrital dos TSD de Faro; • Membro da Comissão Distrital Auditoria Financeira PSD Algarve • Gerente Bancária no BPI.
– Olhão, em 22 de Julho de 1962. É casado e tem dois filhos. Licenciado em Direito, é militante do Partido Socialista desde 1976. Cargos e funções que desempenhou: • Secretário-Geral da Juventude Socialista; • Deputado à Assembleia da República pelo Algarve em vários mandatos; • Presidente da Federação do Algarve do Partido Socialista; • Membro da Comissão Política do Partido Socialista; • Deputado Europeu entre 1993 e 1998; • Presidente da Câmara Municipal de Faro de 2005/09; • Presidente do Conselho de Administração da Docapesca; • Presidente da Assembleia Municipal de Faro; • Secretário de Estado das Pescas; • Ex-Coordenador regional no combate à Covid-19 no Algarve.
Nasceu em Faro em abril de 1960. É casado e tem dois filhos. • Quadro da CCDR Algarve desde 1984; • Administrador da Administração Hidrográfica do Algarve; • Presidente da Comissão Liquidatária da Sociedade Polis; • Participou no PROTAlgarve, em 1991; • Membro do Conselho Nacional de Cartografia e da Comissão da Reserva Agrícola do Algarve; • Diretor Regional do Ordenamento do Território; • Vereador da Câmara Municipal de Faro; • Vogal do Conselho de Administração do Parque das Cidades; • Diretor do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve.
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REGIÃO
OLIMPÍADAS PORTUGUESAS DE MATEMÁTICA:
Aluno algarvio é o primeiro a arrecadar 7 medalhas
R
ui Zhu Wang é o primeiro aluno a conseguir conquistar sete medalhas nas Olimpíadas Portuguesas de Matemática, uma por cada ano de participação. A participar na competição desde 2014, este estudante da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, conquistou quatro medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Rui Zhu Wang, que agora ingressa no ensino superior, arrecadou nesta edição uma medalha de prata. Também Sophia Zhu Wang, irmã de Rui, conquistou uma medalha de bronze na Categoria Júnior (6.º e 7.º anos). De
assinalar que, coincidentemente, todos os medalhados com prata e ouro da Categoria B (10.º ao 12.º ano) são os mesmos que foram escolhidos em agosto para integrarem a equipa que representaria Portugal nas Olimpíadas Internacionais de Matemática, que decorreram de 20 a 28 de setembro, inteiramente online. Pedro Costa Dias (18 anos), Tiago Marques (16 anos) e Tiago Mourão (16 anos) são os responsáveis pelas medalhas de ouro. Leonardo Tavares (16 anos), Nuno Carneiro (18 anos) e Rui Zhu Wang (17 anos) conquistaram as medalhas de prata. A cerimónia de encerramento das XXXVIII OPM decorreu na passada sexta-feira online,
através da plataforma Zoom. O evento contou com a presença de José Vítor Pedroso, da Direção Geral de Educação, de João Araújo, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, de Ana Noronha, da Ciência Viva, da equipa de correção de provas e das várias dezenas de alunos participantes. As Olimpíadas Portuguesas de Matemática são organizadas pela Sociedade Portuguesa de Matemática em parceria com o Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, e contam com o apoio do Ministério da Educação, da Ciência Viva, da Fundação Calouste Gulbenkian, do Novo Banco, da Texas Instruments e da Happy Code.
Rui Zhu Wang ingressou este ano no ensino superior FOTO D.R.
Município de Faro Edital Nº 125/2020 PRORROGAÇÃO DO PRAZO DA ALTERAÇÃO DO PLANO DE PORMENOR DA HORTA DOS PARDAIS Rogério Conceição Bacalhau Coelho, Presidente da Câmara Municipal de Faro, torna público que, nos termos e para os efeitos previstos no nº 6 do artigo 76.º do Decreto-Lei nº 80/2015, de 14 de maio, na reunião pública de câmara realizada no dia 20 de julho de 2020, foi deliberado proceder à prorrogação do prazo inicialmente fixado para o procedimento de alteração do Plano de Pormenor da Horta dos Pardais por mais 12 meses, até ao dia 24 de setembro de 2021, nos termos e com os objetivos já publicados pelo edital nº 223/2020, publicado na 2ª série do Diário da República nº 28, de 10 de fevereiro de 2020. O presente edital será publicado na 2.ª serie do Diário da República, e divulgado na plataforma colaborativa de gestão territorial, no boletim municipal, em dois jornais diários de grande expansão nacional, num jornal de expansão regional e na página da internet da câmara municipal de Faro. Faro, 23 de julho de 2020 O presidente da câmara municipal de Faro Rogério Bacalhau Coelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1251, 09 de Outubro de 2020)
Município de Faro Aviso Nº 126/2020 DISCUSSÃO PÚBLICA DA ALTERAÇÃO DO PLANO DE URBANIZAÇÃO DA PENHA Rogério Conceição Bacalhau Coelho, Presidente da Câmara Municipal de Faro, torna público que, nos termos e para os efeitos previstos nos nºs. 1 e 2 do artigo 89.º do Decreto-Lei nº 80/2015, de 14 de maio, na reunião de câmara de 20-07-2020, foi deliberado proceder à abertura de um período de 20 dias úteis para Discussão Pública da alteração do Plano de Urbanização da Penha. O período de discussão pública terá início no 5º dia útil após a publicação do presente aviso em Diário da República. Os elementos relativos à alteração do Plano poderão ser consultados nos seguintes locais: • Instalações do Departamento de Infraestruturas e Urbanismo da Câmara Municipal de Faro, no Largo de São Francisco nº 39, 8004-142 Faro; • Página do Município na Internet, em www.cm-faro.pt. Os locais, dias e horas onde terão lugar as sessões públicas serão publicitados na página do Município na Internet, em www.cm-faro.pt. A formulação de participações deverá ser efetuada por escrito, até ao termo do referido período, e dirigida ao Presidente da Câmara Municipal de Faro, por correio ou, ainda, por correio eletrónico, para o endereço geral@cm-faro.pt. com indicação expressa de "Discussão Pública da alteração do Plano de Urbanização da Penha" e com a identificação e morada de contacto do signatário. O presente aviso será publicado na 2.ª serie do Diário da República, e divulgado no boletim municipal, em dois jornais diários, num semanário de grande expansão nacional, num jornal de expansão local ou regional, na plataforma colaborativa de gestão territorial e na página da internet da Câmara Municipal de Faro. Faro, 23 de julho de 2020 O presidente da câmara municipal de Faro Rogério Bacalhau Coelho (POSTAL do ALGARVE, nº 1251, 09 de Outubro de 2020)
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REGIÃO
Covid-19 Algarve é a região com maior risco de transmissibilidade a seguir ao norte O risco de transmissibilidade (Rt) da covid-19 está com valores “muito próximos de um” em todo o país, o que indicia “apesar de tudo, uma estabilidade na progressão da pandemia”, disse esta quarta-feira a diretora-geral da Saúde Segundo Graça Freitas, o último Rt em Portugal foi calculado em 1,09, sendo de 1,18 na região norte, de 1,14 na região Centro, 1,02 na região de Lisboa e Vale do Tejo, 0,86 no Alentejo e 1,15 na região do Algarve. “São valores muito próximos de um, que indiciam apesar de tudo uma estabilidade na progressão da epidemia, com uma tendência ligeiramente crescente, como se pode verificar pelos números e pela curva, mas mesmo assim com valores bastante inferiores àquilo que já
tivemos em meses passados e que se verificam atualmente noutros países”, afirmou Graça Freitas na conferência de imprensa regular sobre a covid-19. Questionada sobre a redução do número de contactos em vigilância, Graça Freitas disse que “uma pessoa pode originar vários contactos, ou quase nenhuns, depende da socialização dessa pessoa”. “Este não é um número constante nem acompanha obrigatoriamente o aumento do número de casos, porque há pessoas que de facto têm uma vida social e laboral mais ativa e contactam muitas pessoas que ficam sob vigilância e há outras que têm contactos mais limitados”, adiantou. Por isso, justificou, o aumento do número de casos não obriga necessariamente ao aumento do número de pessoas em vigilância depende muito das pessoas em análise.
Relativamente ao facto de haver no boletim epidemiológico da DGS cerca de 200 pessoas com idade desconhecida, Graça Freitas observou que são “cerca de 200 num total de 81.256 pessoas” e que “estes casos às vezes ocorrem nas notificações laboratoriais que nem sempre têm este campo preenchido”. “O que nós tentamos fazer à posteriori, obviamente, é recuperar o máximo possível de informação que esteja não registada nos formulários
que nós recebemos”, sublinhou. Questionado na conferência de imprensa sobre as brigadas de intervenção rápida nos lares, o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, afirmou apenas que já estão operacionais e que incluem cerca de 400 profissionais, ressalvando que “é um tema sob a tutela da Segurança Social". Relativamente às críticas do presidente da Associação de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira, so-
bre utentes que telefonam para os centros de saúde para marcarem consultas ou renovarem a medicação e podem esperar horas sem conseguirem uma resposta, e de não haver funcionários suficientes nem centrais telefónicas adequadas, Diogo Serras Lopes reconheceu haver “problemas pontuais”. “Acho que não é razoável dizer que há problemas em todos os centros, há problemas pontuais”, disse o governante, sublinhando que as autoridades continuam “a trabalhar para melhorar as várias questões” “Esta é uma realidade diferente, com a qual estamos todos a aprender, não parece que seja de qualquer forma uma questão generalizada, sendo certo que obviamente temos toda o interesse e toda a vontade de continuar a melhorar continuamente e dar melhores respostas aos utentes dos centros de saúde.
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A pandemia de não estar bem:
A saúde mental é a “base” de tudo FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE
“Mente sã, corpo são”. Uma expressão quase clichê, mas que ganha cada vez mais veracidade e importância nos tempos que correm A 10 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, com o objetivo de sensibilizar o público para a importância deste tema, uma vez que a saúde mental é a “base do nosso bem-estar” e “da nossa vida”. As citações acima foram ditas por Elizabethe Noronha, psicóloga clínica na Associação de Saúde Mental do Algarve (ASMAL), uma instituição de solidariedade social com sede em Loulé, criada em 1991, que funciona como um centro de recursos especializados para a doença mental e presta auxílio na promoção de qualidade de vida do seu público. O público-alvo é diversificado, passando por pessoas com problemas de saúde mental, com deficiências e incapacidades, população desfavorecida ou em risco e ainda famílias. “A saúde mental é transversal a todas as fases da nossa vida” e acaba por descrever o nosso bem-estar psicológico e social, influenciado o dia a dia e a disposição com que cada um de nós encara a vida e os problemas. Falar de saúde mental é falar “da nossa própria expressão” e da relação permanente entre esta e a saúde física. Ambas estão relacionadas – como dá a entender a expressão que inicia este artigo – e é igualmente importante dar atenção ao corpo e à mante para atingirmos o equilíbrio. Elizabethe Noronha explica que é fundamental estarmos bem psicologicamente, uma vez que a saúde mental funciona como a “base” de tudo. Infelizmente, ainda hoje existe alguma dificuldade “na compreensão de um estado de sofrimento”, uma vez que as doenças físicas são observáveis de uma forma mais imediata e “o que acontece na saúde mental, é que conseguimos de alguma forma disfarçar um sofrimento psicológico que existe”. A dificuldade na deteção desta patologia acaba por “condicionar a sensibilidade das pessoas que estão à nossa volta” e ainda “da própria pessoa que está em sofrimento emocional”, tornando o diagnóstico mais complicado. É importante passar a mensagem de que a saúde física e mental estão ao mesmo nível e o que sentimos psico-
A Sede da ASMAL - Associação de Saúde Mental do Algarve logicamente não deve ser reduzido e desconsiderado, tal como explica a psicóloga clínica. Ou seja, se estivermos com dores em alguma parte do corpo, devemos procurar um profissional de saúde. O mesmo acontece quando se trata do nosso bem-estar. O estigma de “quem procura um psicólogo são os ‘malucos’” deve ser abolido e devem ser assumidos com naturalidade quaisquer sinais de que precisamos de ajuda ao nível mental.
Saúde mental em tempos de pandemia A pandemia do novo coronavírus, que surgiu em Portugal em março, acabou por trazer para a mesa um debate mais alargado da importância da saúde mental. “Falar sobre a saúde mental vai permitir que as pessoas se sintam mais à vontade”, reflete Elizabethe Noronha. A verdade é que “tendo a pandemia afetado todos, isto torna as pessoas mais empáticas para o que o outro sente. Estamos todos a vivenciar a mesma experiência”. Nos media, vários jornais, televisões e rádios abordaram a temática, no sentido de informar a população para a sua importância. Numa altura em que os apelos abran-
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dam, é preciso reforçar a mensagem e a covid-19 veio, sem dúvida, alterar o sentido da nossa vida, trazendo-lhe um conjunto de “incertezas”, refere a psicóloga clínica.
CUIDAR DE NÓS E DA NOSSA SAÚDE, COMEÇA ASSIM NA MENTE. SEM MEDO DE PEDIR AJUDA Durante o confinamento, alastrou-se a grande parte da população um sentimento de “ansiedade”, que nos fez “ter sensações físicas de aperto no peito e até falta de ar”, uma vez que nos encontrávamos rodeados de incertezas, medo e até pela liberdade, que foi de certo modo condicionada para abrandar o contágio da SARS-CoV-2. Naquela altura “muitas pessoas experienciaram estes sentimentos pela primeira vez”. Também os conflitos familiares, matrimoniais (onde aparece a violência doméstica) e problemas relacionados com distúrbios alimentares, foram “apurados” nesta fase. Viver 24 horas
com o problema e não poder distanciar-se, fazer alguma atividade que antes se poderia fazer, acabou por afetar a saúde mental de todos.
ASMAL terá unidade sócio-ocupacional para adolescentes “Foi um período muito curto para mudanças tão significativas”, explica Elizabethe Noronha. Até ao momento, continua a ser uma exigência muito grande para todos nós viver com a pandemia: passámos por três estados de emergência, vivemos confinados durante mais de dois meses, começámos a utilizar máscaras em espaços fechados e a proceder à desinfeção constante das mãos e uma série de outras normas que vieram ‘trocar’ o sentido de tudo o que tínhamos até agora como ‘normal’. Esta “sensação de incerteza que põe [também] em causa questões como a continuidade no emprego ou na escola”, ajudou à revelação do “quadro de ansiedade de todos nós”. “Todas estas emoções podem levar-nos a momentos de crise de choro e ansiedade, a roçar talvez um estado de pânico”, uma vez que estava em causa a nossa “sobrevivência”, conclui Elizabethe Noronha. Todas estas questões vieram ao de cima com a
pandemia do novo coronavírus. A ASMAL terá uma unidade que visa desenvolver programas de reabilitação psicossocial para adolescentes com perturbação mental ou perturbação do desenvolvimento e estruturação da personalidade. O programa será desenhado de acordo com a situação específica do paciente, em articulação com os serviços de Saúde Mental da Infância e Adolescência e com as escolas. Elizabethe Noronha explica que “há uma prevalência significativa de problemas de saúde mental na adolescência” e, por isso, se torna importante dar uma resposta “que promova o apoio e os cuidados a jovens com problemas de saúde mental”. É muito importante o trabalho na promoção do bem-estar e “vale a pena referir que somos todos nós que precisamos apostar nas ações de prevenção e promoção da saúde mental”. “Capacitar pessoas” é assim muito importante, começando na juventude. A pressão de ter boas notas, escolher uma área de estudo, escolher um emprego ou debater-se com questões de aparência, acaba por tornar emergente uma ação que consiga articular e desenvolver o bem-estar mental. Cuidar de nós e da nossa saúde, começa assim na mente. Sem medo de pedir ajuda.
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Festival da Comida Esquecida despede-se com refeição especial
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Festival da Comida Esquecida chega ao fim da sua 1ª edição, a 17 de outubro, e quer deixar uma última memória nos seus participantes, que será uma re-feição final simbolizando os territórios e as heranças alimentares de quem neles vive. “Em Querença, sede da organização do Festival, os participantes terão mais um dia e uma refeição especial, desta vez com três ementas diferentes à escolha, dedicadas a cada uma das três grandes regiões algarvias, tão bem representadas no concelho de Loulé: a Serra, o Barrocal e o Litoral”, explica a organização em comunicado. Além da refeição, o programa incluirá “um percurso gastronómico guiado pela aldeia, para abrir todos os sentidos à riqueza da gastronomia algarvia, e ainda animação diversa, com música, palavras e história ligadas à nossa tradição cultural”. O evento foi alterado e adaptado de forma a respeitar todas as atuais orientações da Direção-Geral da Saúde e garantir a segurança de
participantes e colaboradores, mas mantendo a sua identidade e essência, ligadas à celebração de tradições algarvias através de experiências gastronómicas inesquecíveis. Os bilhetes são adquiridos online (https://qrer. bol.pt/) antecipadamente, estando todas as regras de participação disponíveis na página Facebook do Festival. A entidade promotora desta iniciativa é a Cooperativa QRER, uma organização dedicada ao Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade. O Festival da Comida Esquecida integra o programa cultural 365 Algarve, uma iniciativa co-financiada pelas Secretarias de Estado da Cultura e do Turismo, uma iniciativa das Secretarias de Estado da Cultura e do Turismo, financiada pelo Turismo de Portugal, e operacionalizada pela Região de Turismo do Algarve, pela Associação de Turismo do Algarve e pela Direção Regional de Cultura do Algarve. Mais informações disponíveis no site www.comidaesquecida.com, email info@comidaesquecida. com, ou através do telemóvel 963 189 629.
O festival quer deixar uma última memória nos seus participantes
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A GAMA QUE RECUPERA OS PRESSUPOSTOS DE UMA AGRICULTURA ANCESTRAL E ECOLÓGICA NUTRIR
PRESERVAR
INOVAR
PROTEGER
www.hubelverde.com /hubelverde/ Olhão · Alpiarça · Ferreira do Alentejo
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Famílias de Tavira podem voltar a candidatar-se a apoio ao arrendamento
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Município de Tavira estabeleceu o Programa Municipal de Apoio ao Arrendamento que visa auxiliar os agregados familiares com incapacidade económica para suportar a totalidade da renda. A medida visa “reforçar as soluções e respostas a nível habitacional”, atendendo “às dificuldades no acesso à habitação”, destaca a autarquia tavirense em comunicado. Neste sentido encontram-se abertas as candidaturas a este apoio, sendo apreciadas as primeiras inscrições no prazo de 10 dias úteis. Segundo a câmara tavirense, “podem aceder ao programa os cidadãos nacionais e estrangeiros detentores de títulos válidos de permanência no território nacional, maiores ou
emancipados que reúnam as condições estabelecidas no regulamento”. Para o efeito, os candidatos devem ser titulares de contrato de arrendamento, devidamente registado junto da Autoridade Tributária, ou ser titulares de contrato promessa de arrendamento. Para formalização da candidatura, o munícipe deverá dirigir-se à Divisão de Assuntos Sociais, sita na Rua da Liberdade, n.º 60, em Tavira, dentro do horário de expediente ou remeter o formulário de candidatura, devidamente preenchido e acompanhado pelos necessários documentos, para o correio eletrónico: apoio.arrendamento@cm-tavira.pt No ato de formalização devem ser entregues, obrigatoriamente, os documentos definidos como necessários para a instrução da inscrição.
Medida visa auxiliar os agregados familiares com incapacidade económica para suportar a totalidade da renda FOTO D.R.
Câmara Municipal de Vila Real de Santo António volta a oferecer máscaras à população Ao longo do mês de outubro, a Câmara de Vila Real de Santo António volta a distribuir, de forma totalmente gratuita, uma máscara reutilizável para cada munícipe, através do projeto “máscara solidária”
“Com esta medida, pretende-se contribuir para a segurança de todos os vila-realenses e travar a propagação da Covid-19 no concelho”, explica autarquia vila-realense. A máscara é certificada pelo Citeve e suporta até 5 lavagens (uso geral - nível 3), podendo ser levantada, a partir do dia 6 de outubro, no ponto de recolha disponível em cada uma
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das três freguesias do concelho. “São mais 20 mil máscaras, uma por cada munícipe, que vão contribuir para a segurança de todos. Tal como temos defendido, o uso generalizado de máscara é, neste momento, um dos melhores recursos que temos ao nosso alcance para travar a propagação da Covid-19”, afirma Conceição Cabrita, presidente da autarquia.
Em Vila Real de Santo António, o levantamento da máscara poderá ser efetuado na Câmara Municipal. Em Monte Gordo, o ponto de entrega será no Centro Comunitário (espaço da Casa do Avô), enquanto na freguesia de Vila Nova de Cacela a distribuição será feita no mercado municipal. Em todos os locais, o ponto de atendimento estará aberto de segunda
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a sexta-feira, entre as 9:30 e as 13 horas. Em paralelo à distribuição das máscaras, a Câmara vila-realense iniciou uma nova campanha de prevenção da Covid-19, tendo igualmente reforçado a sinalética de aviso, etiqueta respiratória e apelo ao distanciamento social nas escolas, mercados, espaços municipais e zonas comerciais.
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Albufeira convida a conhecer a cidade através de visitas guiadas
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Município de Albufeira retoma o programa de visitas guiadas ao cento antigo da cidade já neste mês de outubro. As visitas, que têm por objetivo divulgar o património histórico e cultural do concelho e dinamizar o centro urbano da cidade, realizam-se todas as quintas-feiras, em português e inglês, exceto aos feriados, até ao próximo dia 15 de junho. “Venha à Descoberta do Centro Antigo de Albufeira, por ruelas estreitas que fazem lembrar o passado mourisco da cidade. Conheça a história, cultura e tradições dos nossos antepassados e aproveite para encher os pulmões de cheiro a maresia e os olhos com uma das paisagens mais deslumbrantes sobre a baía da cidade”, é o convite do presidente da Câmara de Albufeira, José Carlos Rolo. O autarca destaca que a iniciativa reflete a posição do Município face ao momento difícil que estamos a atravessar devido à pandemia: “Albufeira
não para, temos de continuar em frente, apoiar a nossa economia, os agentes económicos e a atividade turística e cultural do concelho. Tivemos um verão atípico e os tempos que se aproximam já sabemos que serão difíceis, por isso temos que saber dar a volta, valorizar o que temos de bom, na nossa história, cultura, tradições, riqueza paisagística e gastronómica, ao mesmo tempo que temos que apostar na diversificação do turismo, em áreas complementares que ajudem a recuperar a economia e a combater a sazonalidade, entre as quais são, também, exemplo as visitas ao Castelo de Paderne, os percursos pedestres pelo interior do concelho e os diversos programas culturais”.
Município aposta nas medidas de segurança Apesar dos momentos de incerteza, o Município tem apostado forte nas medidas de segurança para quem aqui vive e o visita e os programas da responsabilidade
Câmara de Tavira compra duas viaturas amigas do ambiente A Câmara de Tavira atenta às questões ambientais e de sustentabilidade do planeta reforçou a sua frota automóvel com duas viaturas Renault Kangoo ZE, 100% elétricas, sem emissões de poluentes e sem ruído de motor. "A aquisição, no valor de 57.010 euros, com IVA incluído, veio substituir dois carros diesel que apresentavam uma quilometragem bastante elevada e cujas emissões de gases não se enquadravam nos atuais padrões legais de qualidade",
explica a autarquia tavirense em comunicado. "Um automóvel elétrico, em utilização, não tem quaisquer emissões poluentes e o seu motor não gera ruído. O seu custo de utilização é inferior ao de um veículo de motor a combustão, seja em manutenção ou 'combustível/energia'", salienta. "Os carros elétricos são, cada vez mais, uma aposta na indústria automóvel, uma vez que apresentam uma alternativa ecologicamente correta e contribuem para um planeta mais limpo", conclui.
A iniciativa pretende divulgar o património histórico e cultural do concelho e dinamizar o centro urbano da cidade da autarquia seguem todas as recomendações da Direção-Geral de Saúde. O programa “À Descoberta do Centro Antigo de Albufeira”, que pretende dar a conhecer o património edificado de maior interesse turístico e histórico da localidade, é conduzido sob
orientação de técnicos da Divisão de Turismo do Município, em português e inglês, e tem uma duração aproximada de duas horas. O ponto de encontro está marcado para as 10 horas, no Beato Vicente, Largo Jacinto d’Ayet, junto à Igreja Santana (séc. XVIII). A participação é gratuita e é
obrigatório uso de máscara. O grupo, constituído por um máximo de dez participantes, prossegue a visita em direção à Igreja Matriz (finais do séc. XVIII), passando pela Igreja de S. Sebastião (Museu de Arte Sacra, sem visita), Rua Pedro Samora, Rua Henrique Calado, visitando a Capela da
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Misericórdia (séc. XV), Largo da República (Museu de Arqueologia, sem visita) e, finalmente, Rua da Bateria. Se houver tempo extra, está previsto continuar a visita em direção ao Cais Herculano e Praia dos Pescadores, onde se dará por finalizada a visita guiada.
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Rafael Sousa segue as pisadas do pai Luís Guilherme na música FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE
2014 foi um ano importante na carreira do jovem artista Questionado sobre a eventualidade de o público associar o seu nome ao do seu pai, Raquel Sousa explica que isso não acontece nem vai acontecer. As idades e o tipo de música acabam por dissociar os artistas, que vão construindo o seu caminho separadamente. Contudo, é importante realçar a importância do progenitor na sua descoberta musical, pois em 2009 gravou a música “Sentimento de Amor”, em conjunto com Luís Guilherme, que representava “esperança para todos os meninos e meninas que passam por qualquer tipo de dificuldade”. A receita da música
FOTOS D.R.
FOTO INÊS MONTEIRO / D.R.
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música entrou na vida de Rafael Sousa logo quando nasceu, por influência do seu pai. “Aos três anos comecei a cantar com o meu pai com um microfone de plástico”. No início, era tudo uma brincadeira, mas quando começou a crescer, foi “nascendo o bichinho” e hoje assume que cantar é o que quer fazer para o resto da vida. O pai de Rafael Sousa é o artista Luís Guilherme, descrito como uma das vozes de maior destaque da música portuguesa. “Ele é considerado a voz de ouro do Algarve e é uma das minhas maiores inspirações da música”, revela o jovem cantor. Luís Guilherme é cantor de música ligeira portuguesa e o filho seguiu-lhe o caminho. “Esta é a minha base musical. É muito gozada, mas eu levo-a muito a sério. Foi dela que eu nasci”, explica ao POSTAL. Com uma carreira consolidada, o cantor e pai já compôs músicas para o Toy, Marco Paulo e Camilo Sesto, um dos maiores nomes da música latina, que faleceu em 2019. O amor pela música foi-se desenvolvendo desde cedo e a influência de Luís Guilherme fez Rafael apaixonar-se pelo mundo do espetáculo. Quando era mais novo, conta que assistia a todos os concertos do pai e assumia um papel ativo em ajudar no que fosse necessário. O jovem cantor algarvio revela que ter um pai artista “não é muito difícil, porque nós aqui em casa [Rafael Sousa e a sua mãe] vamos sempre com ele”. A vida de cantor é uma vida “de estrada, viagens e gargalhadas”, principalmente na época de verão.
Em cima a esquerda: Rafael Sousa e o pai num concerto ; em baixo à esquerda: A música sempre fez parte da vida do jovem artista; à direita: Rafael Sousa vai lançar um EP reverte ainda para a UNICEF e o seu objetivo foi passar uma mensagem ao público, acabando também por representar o início de algo especial para Rafael Sousa. O ano de 2014 foi decisivo na carreira de Rafael Sousa, uma vez que foi nessa altura que se apercebeu que queria ser músico e começou a investir na sua formação. Apesar de “não ter acontecido nada profissionalmente”, admite, o artista algarvio explica que “a mentalidade de ser profissional apareceu e comecei a percorrer o sonho”. Luís Guilherme foi mais uma vez uma peça central. O jovem cantor diz que ele foi seu “professor de vida e de carreira”, pois passou-lhe muitas técnicas musicais e ajudou a voz do artista a desenvolver. Rafael Sousa destaca ainda que a música pop entrou na sua vida nesta altura. “Lembro-me de ouvir Jessie
J [cantora e compositora britânica] e Whitney Houston [cantora norte-americana que faleceu em 2012]. Estes dois nomes foram as inspirações internacionais do cantor. Contudo, vários outros artistas e estilos musicais ajudaram a formar o sentido musical de Rafael.
Canal do Youtube aumentou seguidores de Rafael Sousa Com a criação de um canal no Youtube, Rafael Sousa começou a publicar covers na sua página e a interagir com uma comunidade maior de artistas e a “criar laços de amizade”. Depois disso, conseguiu conhecer pessoas que ainda hoje trabalham consigo ou que se tornaram amigos. Esta etapa permitiu “adquirir muitas ferramentas e conhecimentos”, explica. A sua plataforma digital no Youtube conta com quase 14 mil
visualizações. Conheceu no Youtube um grande amigo seu, Tyoz, que escreveu o “Faz Gostoso” de Blaya e ainda algumas músicas de Fernando Daniel e David Carreira. Qualquer artista (por muito “pequeno” que seja em número de fãs) acaba por estar exposto a um público vasto, que muitas vezes se esconde atrás de um perfil na internet e comenta coisas menos positivas no trabalho alheio. Rafael Sousa conta que não tem medo das opiniões. “Se a pessoa não gosta de mim, tudo bem”, confessa. Apesar de algumas críticas negativas, revela que ainda existem algumas construtivas, que fazem todo o trabalho valer a pena.
Futuro marcado por um novo EP “Pra Sempre”, lançado em setembro de 2019, foi o primeiro sucesso do ar-
tista a solo, alcançando mais de 11 mil visualizações. “A música surge como uma afirmação da minha vontade de ser um cantor profissional”, explica Rafael Sousa, que refere ainda que a música não foi pensada para ser algo maior, mas apenas para marcar uma viragem na sua carreira. O artista terá um EP “de poucas canções”, como explica. Será um novo trabalho, que misturou alguns produtores, que pretende “explorar qualquer tipo de vozes e melodias”, graças também “ao tipo de escrita que foi feito”. Uma das músicas terá um estilo completamente diferente do “Pra Sempre”. Rafael Sousa conta que a médio prazo quer “que estas músicas cumpram o seu propósito”. O jovem algarvio continuará a trabalhar no novo trabalho. Enquanto este não for revelado, “Pra Sempre” é a música que os fãs do artista devem procurar para ouvir a sua voz.
Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o
OUTUBRO 2020 n.º 143 8.316 EXEMPLARES
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MISSÃO CULTURA
A Casa Rural das Ruínas Romanas de Milreu (Estoi) CRISTINA TÉTÉ GARCIA Coordenadora das Ruínas Romanas de Milreu - DRC Algarve
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esde há muito que as grutas do Algarve As pequenas torres cilíndricas adossadas aos quatro cantos do edifício são a imagem forte da Casa Rural de Milreu, um dos mais interessantes exemplos da arquitetura tradicional algarvia. A sua origem remonta ao reinado de D. Afonso III, quando a região do Algarve foi conquistada pelos reis cristãos peninsulares e integrada no reino português. O alargamento da construção terá acontecido nos finais do século XV ou inícios do século XVI, tendo então sido construídas a cozinha, mais espaçosa, a casa de dentro (quarto de dormir), o celeiro e o estábulo, com o seu sobrado. A casa de fora funcionava como sala, onde também seriam recebidas as visitas. A Casa Rural resistiu ao terramoto de 1755, porque as suas fundações assentam sobre as robustas construções da época romana. No século XIX, os proprietários de então, fizeram obras de ampliação da Casa Rural, criaram uma nova fachada principal, em que variadas portas e janelas permitiam encher de luz o interior. A subida do pavimento em cerca de quarenta centímetros e a subida geral de toda a cobertura deu ao edifício o aspeto atual. Já na posse do Estado Português, a Casa Rural foi recuperada em 2001. Desde então, tem acolhido inúmeras exposições e atividades culturais. Destacamos a exposição de Júlio Pomar em 2009. E as muitas exposições de arte de alunos e artistas nacionais dinamizadas pelos Professores Miriam Tavares e Pedro Cabral Santo da Universidade do Algarve. Ou as oficinas de artes tradicionais, palestras proverbiais. Diversas associações e artistas locais tiveram também a oportunidade de divulgar os seus trabalhos. E as conferências em que podem participar todos os que amam o Mundo Antigo. Vinte anos depois, a vetusta Casa Rural voltou a acolher a mesma equipa, que recuperou os revestimentos exteriores, garantindo a sua impermeabilização, nomeadamente rebocos, caixilharias de portas e janelas, reparou o telhado e ainda executou uma caleira para desvio de águas pluviais das ruínas arqueológicas, reforçando a solidez e capacidade de resistência da Casa Rural. Esta obra decorreu entre fevereiro e junho deste ano, foi enquadrada pelo Programa de Conservação e Requalificação das Ruínas Romanas de Milreu e financiada pelo Programa Operacional CRESC Algarve 2020, coordenado pela CCDR Algarve. Mal podemos esperar para reabrir o espaço da Casa Rural à participaçãodacomunidade,sinaldamudançadestetempo. Até lá, podemos sempre apreciar a sua bela arquitectura e imaginar uma família a aquecer-se na casa de fogo, mal imaginando que sob o chão que pisavam, a casa romana, silenciosa, os observava e protegia.
Ficha técnica Direcção: GORDA Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Paginação e gestão de conteúdos: Postal do Algarve Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Fios de História: Ramiro Santos • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Àgua: Maria Luísa Francisco • Nascida no Monte Teresa Lança Colaboradores desta edição: Cristina Tété Garcia Parceiros: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com e-mail publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/ postaldoalgarve FB: www.facebook.com/ postaldoalgarve/ Tiragem: 8.316 exemplares
Em cima A Casa Rural de Milreu é um dos mais interessantes exemplos da arquitetura tradicional algarvia
Em baixo A Casa Rural tem acolhido
inúmeras exposições e atividades culturais FOTOS D.R.
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CULTURA.SUL
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NASCIDA NO MONTE
Sem máscaras TERESA LANÇA Educadora de Infância nascidanomonte@gmail.com
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ouso em cima da mesa uma caixa de cartão. A porta, aberta para a pequena varanda, deixou entrar o vento e há papéis espalhados por todo o lado. Lá fora, as malvas a florir nos vasos pendurados presas por raízes à terra, e eu aqui, do lado de dentro, presa a nada, como os meus desabafos esvoaçando pela sala. Pego numa folha que já não lembro, nem os tempos nem os sentimentos que lhe descrevi. E leio: “Vá, coragem, despeja aqui a tua alma! Escreve aqui todas as palavras, todas! Esquece os medos,
e se não encontrares as palavras que traduzam o que sentes, é porque ainda não foram inventadas todas as palavras. Inventa-as sem medos, sobretudo esses que te azucrinam atrás das portas...das portas de ti, onde as noites te matam nos sonhos. Não temas falar dos outros, porque nenhuma das tuas palavras se aplicará àquilo que eles realmente são, mas à forma como tu os recebeste em ti; nem são deles os teus caminhos. A tua história não é a história de ninguém: é tua, és tu, são os teus caminhos. Tira a burca porque o tempo dos perigos já passou; derrama sobre este teclado a tua alma! Vence o medo que vives embebendo em tudo o que és tu! Tu és tu! A tua vida pode ter crescido misturada na vida de outras vidas, mas não
fundida nelas. A tua história não é a mesma daqueles que percorreram os mesmos caminhos que tu. As estradas da vida são comuns a todos, as vidas que percorrem as estradas, não. A tua história é feita dos caminhos percorridos dentro de ti mesma, com aqueles que voluntária ou involuntariamente deixaste entrar neles: nesses que ainda percorres e naqueles que dentro de ti chegaram ao fim da linha. Não temas este parto que é só teu. Recusa qualquer benevolência. Não procures palavras que atenuem o que não tem forma nem jeito de dizer o que sentes, sem adulterar a imagem que passaste de quem és, nem temas que as palavras derramadas na vida, se confundam com os sentimentos
que são apenas teus e cresceram… tanto, que já não os consegues reter dentro de ti. Não temas falar das tuas tristezas, das tuas mágoas, mas também de assumir as tuas felicidades, os teus amores, nem temas falar de ódios… não, não apagues a palavra sublinhada, essa é a palavra exata; a que define esse ardor raivoso que sentes, pelo mundo a que fechaste definitivamente as tuas fronteiras. Não temas as tuas culpas, as tuas dependências, nem as desculpas que não consegues conceder. Usa os bálsamos que te restam para ti mesma, e não te deixes vencer pelo medo que as tuas confissões e desalentos, deixem a tua alma nua, as tuas fragilidades do avesso! Não és mais forte por mascarares as tuas fraque-
zas, nem deixas de o ser por mostrares o que és por detrás da máscara. Assume o teu disfarce e assume-te sem ele; dá-te o direito de teres direitos, de te apresentares do avesso. Não temas que por mostrar as tuas fragilidades te julguem enfraquecida! Força. Vá! Expulsa todo o veneno que a vida te injetou. Espreme tudo o que és tu, até restar em ti apenas a essência, porque este é um filho apenas teu, e não deixes que te convençam do contrário. Tu és responsável pelo que fazes, não pelo que sentes, não pela forma que os outros aceitam ou sentem o que tu és. Tu és apenas e completamente tu, mesmo o que transborda e derramas na vida, por não o conseguires reter mais. Vá! Ainda tens uma arca de sonhos por abrir”.
MARCA D'ÁGUA
Dia Internacional da Mulher Rural - breve apontamento sobre a mulher rural e os seus saberes MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
luisa.algarve@gmail.com
D
ecidi escrever algumas palavras sobre aquelas mulheres do mundo rural que todos conhecemos na vida real. No Algarve quase todos nós temos algum familiar na serra e mesmo quem não tem, no seu imaginário existe a imagem daquelas mulheres que trabalhavam e trabalham a terra de lenço e chapéu na cabeça. São mulheres lutadoras, maioritariamente agricultoras, às vezes já viúvas, e que desempenham vários papéis sociais. São cuidadoras dos filhos e dos seus idosos. São as principais guardiãs de tradições e saberes ancestrais que chegaram aos nossos dias e que foram passadas de geração em geração, sem livros ou manuais. A manutenção dessa memória deve ser valorizada porque estas mulhe-
res guardam uma valiosa sabedoria popular, que é parte importante do Património Cultural Imaterial. Vidas passadas parte do tempo ao sol, de manhã até ao anoitecer, daí a expressão “trabalhar de sol a sol”. Essa protecção do corpo com roupas de manga comprida, mesmo de Verão, tal como a cabeça coberta, não tem só a ver com o pudor e o recato, mas creio que terá a ver principalmente com o proteger-se do sol. O mesmo acontece com o vestuário do homem que trabalha no campo, que sempre veste calças, camisa de manga comprida e boina ou chapéu. Gosto das gentes da serra e estou grata pelos ensinamentos que me passaram, como por exemplo amassar o pão e os rituais associados, como referi na crónica de 6-02-2020. Tive a oportunidade de fazer alguma recolha, não só a nível do gosto pessoal pelas tradições, costumes, lendas, orações e cantares, mas tive também a oportunidade de, a nível académico, estudar diversas dimensões da vida no interior algarvio de Aljezur a Alcoutim. Esta paixão pela serra algarvia e pelas raízes rurais faz parte de uma
maneira de estar, de um orgulho em manter certos termos regionais na linguagem diária e de os divulgar, mas isso daria outra crónica. Não fugindo ao tema escolhido, há que referir que o Dia Internacional da Mulher Rural foi instituído pela ONU em 1995, principalmente para relembrar o grande número de mulheres que vive e trabalha no meio rural e é um exemplo de resiliência e resistência em relação à manutenção da vivência humana nos territórios rurais. E pela importância de reconhecer e valorizar o seu papel. É curioso que a ONU escolheu como tema das Comemorações do último Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado a 15 de Outubro de cada ano, “Mulheres e raparigas rurais a construir uma resistência climática”. É muito curioso este tema não só pelo sentido de resistência, mas pela importância que as mulheres têm na parte climática e ambiental. São elas que recolhem e guardam as sementes, que preservam, mas por vezes também têm comportamentos, que por desconhecimento, são prejudiciais para o ambiente. Por exemplo, após a utilização de
adubos ou produtos anti-pragas, as embalagens nem sempre são devidamente acondicionadas ou são deixadas no campo. Outro exemplo que verifiquei foi as pilhas das lanternas ou rádios espalhadas pelos campos, porque falta a noção de que as pilhas contêm produtos nocivos para o solo. Cabe muitas vezes à mulher essa parte de transmitir aos filhos, pequenos gestos de cuidado com a terra e tudo o que ela produz. De cuidado com o outro, seja homem ou mulher. São as mulheres que dão a primeira educação aos filhos e por isso muitas vezes, por ignorância, dão aos rapazes uma educação machista. (Não defendo conceitos machistas nem feministas) Ainda hoje há quem eduque os filhos dizendo que os homens não choram, ou não precisam de saber fazer tarefas domésticas. E sem querer, estão a deseducar em vez de educar para a igualdade, para o saber estar e o saber ser. Felizmente, o meio rural está a mudar também porque vivem nestas zonas pessoas cada vez mais esclarecidas e com formação superior.
As mulheres rurais são uma força da Natureza! FOTOS D.R.
Alguns voltaram à terra dos pais ou dos avós idealizando uma vida no campo com novos negócios. Estes rurais renovados, normalmente em idade activa, juntamente com outras pessoas em início de reforma, que procuram uma vida mais tranquila, tornam-se importantes agentes de desenvolvimento local pelo seu capital cultural, espírito de iniciativa e experiência. Voltarei ao mundo rural...
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FILOSOFIA DIA-A-DIA
Fernando Pessoa e o Racismo Maria João Neves Ph.D Consultora Filosófica
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problemática da possibilidade de Fernando Pessoa ter eventualmente assumido posições racistas foi abordada pela primeira vez na Festa Álvaro de Campos, na edição de 2016. Tratou-se de um espectáculo com encenação e roteiro de Tela Leão intitulado Os Filhos do Fogo de Deus, que coligiu textos de vários autores. Esta expressão que dá título ao espectáculo provém de um sermão do Padre António Vieira em que se promete uma carta de alforria a todos os escravos, na vida para além da morte: “Vós sois filhos do fogo de Deus (...) porque o fogo vos imprimiu a marca de cativos (...) também o fogo vos alumiou, porque vos trouxe a luz da fé e dos conhecimentos dos mistérios de Cristo. (...) a melhor parte do homem, que é a alma, é isenta de todo o domínio alheio, e não pode ser cativa.” O padre António Vieira dedicou grande parte do seu esforço não apenas à consolação das almas das minoria oprimidas, mas também activamente à sua defesa. Na sua brilhante carreira diplomática defendeu junto da coroa portuguesa os direitos dos judeus e dos povos indígenas escravizados no Brasil. Pergunto-me, pois, como é que é possível terem vandalizado a estátua do Padre António Vieira nas manifestações anti-racistas que recentemente ocorreram em Lisboa. Na encenação de Os Filhos do Fogo de Deus o texto que incendiou os ânimos, tanto do público como dos actores, foi o seguinte parágrafo atribuído a Fernando Pessoa: “A escravatura é lógica e legítima; um zulu ou um landim não representa coisa alguma de útil neste mundo. Civilizá-lo, quer religiosamente quer de outra forma qualquer, é querer dar-lhe aquilo que ele não pode ter. O legítimo é obrigá-lo, visto que não é gente, a servir os fins da civilização. Escravizá-lo é que é lógico, o degenerado conceito igualitário, com que o cristianismo envenenou os nossos conceitos sociais, prejudicou, porém, esta lógica atitude.” Fernando Pessoa in Sobre Portugal - Introdução ao Problema Nacional. Foi este mesmo texto que despoletou a oposição Luzia Moniz à proposta de se dar o nome do poeta a um programa académico de intercâmbio, semelhante ao programa Erasmus, mas de abrangência restrita aos países de Língua e Cultura Portuguesa. Gerou-se uma enorme polémica! A presidente da Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana (PADEMA), num artigo de opinião publicado no
jornal de Angola acusou Pessoa de ter sido um “escravocrata racista, que não pode ser indicado para patrono de um projecto cujos beneficiários são maioritariamente jovens descendentes de escravizados”. O controverso texto atribuído ao poeta, e cuja data se desconhece, encontra-se disponível no arquivo Pessoa on line no seguinte endereço: http://arquivopessoa. net/textos/1013. Foi também publicado numa recolha de textos de Maria Isabel Rocheta e Maria Paula Morão editados pela Ática em 1979. O investigador José Barreto, que trabalha há 15 anos no espólio da obra de Fernando Pessoa, afirma que esta acusação não tem fundamento. Considera que o equívoco deriva do facto de desde os anos 80 se terem vindo a publicar “muitas centenas de coisas que Pessoa nunca pensou publicar, muitos leitores simplesmente não distinguem entre o que ele deu ou pretendia dar à estampa e o que atirou simplesmente para a mala em que guardava tudo o que escrevia, mesmo certas parvoíces (acontece a todos) que rabiscava em papelinhos, eventualmente com uns copinhos já bebidos. Pessoa não atirava nada fora: podia era escrever outros papelinhos a dizer o contrário do que tinha dito nos primeiros. Acontecia-lhe isso muito frequentemente.” Na mesma linha de raciocínio Teresa Rita Lopes, uma das principais investigadoras da obra do poeta, explica que o mal entendido acontece porque “as pessoas esquecem que quando atribuem frases ao poeta estão a tirá-las de uma das suas personagens, porque toda a obra do Pessoa é uma obra de teatro. Pessoa desdobrou-se em personagens que, naturalmente, se contrariam umas às outras”. Neste caso específico, Pessoa terá inventado um personagem a quem chamou António Mora para quem a escravatura era algo natural. No mesmo site podemos encontrar outros textos polémicos sobre este tema, igualmente atribuídos ao poeta, a título de exemplo: “Ninguém ainda provou, por exemplo, que a abolição da escravatura fosse um bem social. Ninguém o provou, porque ninguém o pode provar. Quem nos diz que a escravatura não seja uma lei natural da vida das sociedades sãs? Ninguém o pode dizer, porque ninguém sabe quais são as leis naturais da vida das sociedades e essa pode portanto ser uma delas. A velha afirmação de Aristóteles — aliás tão pouco propenso a soluções ‘tirânicas’ — de que a escravatura é um dos fundamentos da vida social, pode dizer-se que ainda está de pé. E ainda está de pé porque não há com que deitá-la abaixo.” in Fernando
Em cima: Estátua de Fernando Pessoa em frente ao Café “A Brasileira"; Em baixo: Peça “Os Filhos do Fogo de Deus” fala de escravatura FOTOS D.R.
Pessoa, Régie, Monopólio, Liberdade http://arquivopessoa.net/textos/2397 Sobre o posicionamento de Aristóteles relativamente à escravatura muito há a dizer, mas escasseiam os caracteres para poder seguir tal trilho neste artigo. Regressando ao texto acima citado, ele vem referenciado como tendo sido publicado pela primeira vez em 1926 na Revista de Comércio e Contabilidade. Se estes dados forem correctos trata-se de uma publicação em vida do poeta que teria então 38 anos. Não se trata, portanto, de um texto de juventude onde um Pessoa ainda imaturo e envolto pelo clima de apartheid que experienciou na África do Sul expressasse a sua opinião imberbe influenciado pelas circunstâncias do momento. Pessoa trabalhou como correspondente comercial em várias
empresas da Baixa lisboeta interessando-se também por temas ligados ao comércio. Tratava neste escrito da questão chamada “dos tabacos” onde se tenta apurar se se deve preferir o sistema de administração de Estado ou régie, o sistema de monopólio privado, ou o sistema de concorrência livre. Pessoa escreve que “A lei aparentemente mais justa, a lei mais de acordo com os nossos sentimentos de equidade, pode ser contrária a qualquer lei natural, pois pode bem ser que as leis naturais nada tenham com a nossa ‘justiça’ e em nada se ajustem às nossas ideias do que é bom e justo”. Daqui decorre que quando o poeta estabelece um paralelismo entre a lei da natureza e a lei das sociedades expressa justamente a injustiça que pode vigorar sob elas. Injustiça essa que permite atrocidades como a escravatura.
Como se pode verificar, são de crucial importância as fontes e o contexto. Ora não se pode pedir a um público não especializado que deslinde fontes, esclareça proveniências, averigue datas. Esta é precisamente a tarefa dos especialistas que, justamente, se deveriam responsabilizar pelo modo como a informação é facultada ao público em geral. O arquivo on-line que venho citando neste artigo, por exemplo, poderia e deveria conter alguma nota onde se indicasse a possibilidade de determinados textos pertencerem a personagens, como é o caso do racista esclavagista António Mora, e não ao próprio poeta. Aqui fica o meu apelo! Assim se evitariam calamitosas mas quiçá inadvertidas desonestidades intelectuais. Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com
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ARTES VISUAIS
Até onde pode ir a imersão numa exposição de artes visuais? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/ artes
A
arte tem vindo progressivamente a representar e a refletir a atual era digital. As criações artísticas constroem-se através de instalações audiovisuais que incorporam imagem, som e luz, em produções 3D, projeções a 360º e hologramas. Vários artistas consideram que a relação entre ciência, tecnologia e arte traduz um novo conceito de arte, não apenas como um objeto de consumo ou contemplação, mas como um sistema complexo, que permite a interação e a imersão. No último artigo abordámos “Como tornar a arte mais imersiva?”, tendo destacado o papel da utilização das novas tecnologias nas artes visuais e exemplificado com a exposição digital imersiva ‘Impressive Monet & Brilliant Klimt’, alusiva à obra dos pintores Claude Monet e Gustav Klimt, a decorrer no espaço subterrâneo do edifício Alfândega do Porto até 15 de novembro. Através da utilização de projeções a 360º e de hologramas, o espetador mergulha no universo pictórico do Monet e Klimt, desenvolvendo uma experiência imersiva única. Este tipo de exposições marcará o futuro próximo nas artes visuais. Para além da “Impressive Monet & Brilliant Klimt’, no Porto, em Lisboa, continua patente, no Terreiro das Missas, em Belém, uma exposição imersiva alusiva ao pintor holandês Vincent Van Gogh, intitulada “Meet Vincent Van Gogh”, permitindo um percurso pela vida e obra deste artista, com recurso a vários elementos multimédia, projeções, filmes e fotografias. Nesta exposição, é feita uma viagem por locais por onde passou, como o “Café Le
Tambourin”, em Paris, ou a “Casa Amarela”, em Arles. Permite também a imersão na criação dos quadros mais famosos de Van Gogh e inclusivamente pintar na perspetiva do artista e até perceber a sua influência na atualidade. Para perceber melhor o que vai encontrar nesta exposição, existe um site oficial. Inaugurada em fevereiro e suspensa em Março, a exposição multissensorial produzida pelo “Vincent Van Gogh Museum”, em Amesterdão, em parceria com a produtora UAU, reabriu em junho com lotação reduzida e com um reforço da higienização do espaço. Esta exposição imersiva e multissensorial já passou por cidades de vários países, nomeadamente Barcelona, em Espanha, Pequim, na China, e Seul, na Coreia do Sul, podendo ser vivenciada em Lisboa até 3 de janeiro de 2021. Mas a componente de imersão do espetador pode ser ainda mais conseguida com a utilização da realidade virtual. Os universos do virtual, bem como do digital e do online, caracterizam-se como velozes, transitórios, mutáveis, intangíveis e elétricos. Como exemplo, a exposição de realidade virtual "Electric", inaugurada em maio de 2019, na Feira Frieze de Nova Iorque, e que passou pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves no início deste ano, pretendia "experimentar" de que forma é que o mundo da tecnologia e da arte se "misturam". A mostra foi comissariada por Daniel Birnbaum, reconhecido crítico de arte e diretor do “Moderna Museet de Estocolmo”, sendo a instalação técnica da responsabilidade da “Acute Art”, organização que o próprio dirige. Birnbaum descreveu esta exposição como uma experiência que visa também atrair “novos e diferentes públicos” aos museus. O objetivo da “Acute Art” é produzir e apresentar obras de realidade virtual, realidade aumentada e realidade mista que sejam acessíveis, inteligíveis e que possam
Imagens da exposição ‘Meet Vincent Van Gogh” (2020) ser expostas sem ser necessário recorrer a complexas infraestruturas. Esta exposição apresentava-se como divergente em relação às tendências de quem visita um museu, na medida em que convidava o público a visitar, através de óculos de realidade virtual, “outros universos”, experiências imersivas que levavam o observador por percursos desconcertantes através de mundos fictícios. No centro de uma sala em penumbra, sete cadeiras equipadas apresentavam cinco realidades distintas, acionadas pela colocação dos respetivos óculos. Assim se retirava e isolava o espectador do que o circundava, sendo convidado a ingressar em universos profundamente imersivos, inteiramente projetados pelos artistas. Apresentadas com mais ou menos ação, com cor ou em escala de cinzas, com motivos naturais ou puramente geométricos, os percursos virtuais tinham como denominador comum
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a possibilidade de adotar uma visão de 360º e obter respostas tecnológicas ao movimento corporal exercido pelo espetador/participante. Através do download de uma aplicação para smartphone, disponível no local, o espetador era convidado a participar numa experiência interativa e relacional, sendo a realidade virtual reativa à movimentação do espectador, ou seja, à deslocação do dispositivo móvel e à alteração do ponto de vista adotado. O tempo, o modo de comunicar com a obra, o nível de participação e a proximidade que se estabelecem são determinados por cada espectador, o que permite o desenvolvimento de uma experiência individual, inédita e irrepetível. Assim, o aproveitamento das potencialidades da realidade virtual poderá ser uma das vias privilegiadas a desenvolver no futuro das artes visuais, contribuindo para experiências sensoriais e emocionais cada vez mais intensas e imersivas.
Imagens da exposição ‘Electric” (2020)
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FIOS DE HISTÓRIA
O último dia na vida do Príncipe Perfeito RAMIRO SANTOS ramirojsantos@gmail.com
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orreu em Alvôr, ao cair da tarde do dia 25 de Outubro de 1495. Era Domingo. Tinha 40 anos. Foi o arquitecto de “um mundo novo”. Percursor da globalização e da modernidade. Abriu as portas do Índico. Mudou a geografia de Ptolomeu. Deixou a Índia, o Brasil e o império ao virar da “esquina”. Assinou em Tordesilhas a partilha do mundo, a dois, com Castela. D. João II ficou na história como o Príncipe Perfeito. A nível interno teve mãos de ferro e lançou as bases de um estado moderno. Centralizou o poder, confiscando bens e retirando privilégios à alta nobreza feudal. “Não quero ser rei apenas das estradas de Portugal”, terá dito quando iniciou um processo de reformas que pôs fim à medievalização e fragmentação do poder. E a quem se lhe opôs, não hesitou em aplicar a força da lei e, em alguns casos, a lei da força do seu próprio braço. Foi assim com o todo poderoso duque de Bragança e com D. Diogo, duque de Viseu, irmão de sua mulher, rainha Dª Leonor. Ambos, alegadamente, implicados em conjuras de alta traição à pátria, em conluio com Castela, visando a sua eliminação física. Há quem não deixe de estabelecer essas ligações familiares - e a forma como reagiu com firmeza às conspirações lideradas pelas grande casas senhoriais - à sua própria morte. Se a rainha Dª Leonor e sua mãe, Dª Beatriz, não escapam à suspeição, de terem sido as mãos por detrás do arbusto, o que não parece merecer hoje grandes reparos é que D. João II morreu envenenado. Por doses pequenas e graduais de ácido arsénico. Reinou durante 14 anos e dois meses. Nos últimos quatro anos, os sinais de envenamento eram visíveis e recorrentes: vómitos, diarreias, desmaios, mãos e pés inchados e enegrecidos. E, sobretudo, o efeito típico do veneno da época: o corpo continuava intacto e incorruptível muitos anos após a sua morte! Já em 1492 – segundo o cronista do reino, Garcia de Resende - estando em Lisboa, “vieram-lhe grandes acidentes e desmaios, estando mui mal em casa da rainha”. E ele, que até aos 37 anos só bebia água, começou, a conselho médico, a
tomar vinho com “grande temperança”, desde que os físicos começaram a associar os sinais de crise, à agua que ingeria da Fonte Coberta, em Évora. E a prova real foram as mortes do copeiro mor do palácio e outros dois serviçais da corte que beberam na mesma fonte! Foram longos anos de degradação física progressiva, com recaídas cada vez mais frequentes, mas que nunca lhe toldaram o pensamento e a acção. D. João II era um homem de grande coragem física, perspicaz e determinado. Sabia bem o que pretendia: - Diogo Cão já atingira a foz do Zaire e Pêro da Covilhã seguira por terra para preparar localmente o caminho aos navegadores. Mais importante ainda: a sul, Bartolomeu Dias tinha encontrado a passagem para Índia. Afinal o Índico não era um mar fechado! E o Atlântico sul era mar português! Porém, Colombo tinha chegado às Antilhas. E Tordesilhas estava ainda por assinar! A morte, tão acidental como duvidosa, do seu filho, príncipe herdeiro D. Afonso, em 1491, trazia-lhe o proble-
ma acrescido da sucessão da coroa. O rei tudo fez junto do papa para legitimar o filho bastardo, D. Jorge, mas o lóbi de castela, da mulher e da sogra, venceram este braço de ferro que poderia ter custado uma guerra civil e deitado tudo a perder. Castela espreitava um qualquer descuido para intervir, mas o rei português teve a sabedoria de saber esperar porque, como ele costumava dizer, “há tempos de falcão e tempos de coruja”. Com grande visão de estado, assegurou a paz na terra e a liberdade no mar. Em Julho de 1495 - escreve o cronista - “encontrando-se em Alcáçovas, vê a sua situação piorar e perde o gosto de comer, não tendo prazer em coisa alguma”. E perante este quadro, em finais de Setembro, os médicos decidem recomendar ao rei que fosse para tratamento nas caldas de Monchique, no Algarve. Aqui, sentiu-se “mui contente”. Foi à caça e saiu divertido. Contudo, dias depois, sobrevieram-lhe fortes dores de estômago que o deixaram “agastado e triste”. Muito fraco, dirigiu-se a
Em cima à esquerda: D. João II foi o estratega da globalização e da modernidade e deixou o país às portas do Brasil, da Índia e do império; Em cima à direita: D. João II impôs as suas condições no tratado de Tordesilhas assegurando a liberdade exclusiva no Atlântico Sul e dividindo o mundo a dois com Castela; Em baixo à direito: Sepultado na Sé de Silves, o seu corpo foi transladado 4 anos depois para o Mosteiro da Batalha, sem sinais de corrupção FOTOS D.R. cavalo, instalando-se em casa de Álvaro de Ataíde, alcaide mor de Alvôr. O filho, D. Jorge, que o acampanhava, foi mandado para casa de D. Martinho, senhor de Vila Nova de Portimão. Desenganado pelos médicos, organizou, então, o cenário da sua morte. Recebeu a extrema unção, não sem antes pedir aos que o rodeavam que não o “agonizassem com os seus prantos”. Recebia pouca gente e só Garcia de Resende tinha “porta aberta” na sua antecâmara de morte. No testamento, declara herdeiro da coroa, o duque de Beja, futuro D. Manuel I, que foi travado em Alcácer pelos partidários da mãe quando se dirigia para Alvôr, impedindo-o de acompanhar os últimos momentos do seu primo e cunhado. Pediu ainda que lançassem o seu corpo na Sé de Silves e depois levassem os restos mortais para o mosteiro da Batalha. Quando o enterraram em Silves, usaram três alcofas de cal vir-
gem para apressar a decomposição do corpo. Porém, quatro anos mais tarde, verificaram que as tábuas do ataúde estavam queimadas pela cal, mas o corpo “acharam-no todo inteiro, que se conhecia quando em vivo”. Se o título de Príncipe Perfeito lhe foi atribuído por Lope da Vega, a maior demonstração de respeito pela personagem excepcional, que deixou uma marca indelével na história do mundo, foi dada por Isabel de Castela, a Católica. Informada da morte do rei português, desabafou: “Es muerto el Hombre”! ...E Lisboa cobriu-se de luto por seis meses. Ele era o rei do povo. Que o chorou, condoídamente, como antes nunca havia acontecido. Fontes: ““Crónica da vida e feitos d’el rei D. João II”, de Garcia de Resende; Crónica d’el Rei D. João II”, de Rui de Pina; “D. João II”, de Luis Adão da Fonseca; “Itinerários d’el rei D. João II”, J. V. Serrão; outras.
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PAULO SERRA Doutorado em Literatura
parece ter achado graça a estas crónicas. Falámos algumas vezes sobre elas. Entendemo-nos bem. Acabámos por colaborar com gosto. O título Em Todos os Sentidos foi o João Almeida quem o criou. Acabámos até por fazer um audiolivro em colaboração. Mas é preciso ser justo, as minhas crónicas são longas, descritivas, narrativas. Clarice era genial, bastavam-lhe duas linhas ou pouco mais para criar um monumento.
na Universidade do Algarve; Investigador do CLEPUL
E
m Todos os Sentidos, compilação de crónicas da autora, foi publicado em Abril, pela Dom Quixote. A propósito desses 41 textos, entre o conto e o testemunho, entrevistámos a autora que foi agraciada entretanto com o Prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara para Línguas Românicas. Nada mais merecido, além de que se assinala este ano os 40 anos de vida literária de Lídia Jorge, cujo romance de estreia foi publicado em 1980 e marca uma cisão na literatura portuguesa pós-25 de Abril.
A NOSSA GERAÇÃO ENCAMINHA-SE PARA A REVOLUÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
No primeiro texto, «A Caminho do Bosque», leva tempo até chegar à questão fulcral. Será o ritmo calmo desta primeira crónica próprio de quem tenta encontrar o seu tempo de escrita? Essa é uma observação curiosa, relacionar o ritmo espaçado na descrição do movimento das árvores com a busca de um modelo de construção da crónica. Mas a questão é ligeiramente diferente. Estas crónicas são construídas a partir de uma imagem, um tema, em geral anódino ou quase, que depois se desenvolve e alcança um outro sentido no final. Foram-me chamando a atenção para isso, e acabei por verificar que era assim. Suspeito que seja a contaminação da estrutura narrativa, a fórmula do conto emprestada à crónica. A ordem de publicação das crónicas respeita a ordem pela qual foram transmitidas? Sim, respeita. Além das poucas alterações que vêm mencionadas na nota final do livro, as crónicas publicadas seguem a ordem e o texto que lhes deram origem. A Casa do Bosque, rodeada pelas árvores de frutos, que refere diversas vezes corresponde à casa da sua mãe, o seu refúgio predilecto de escrita? De facto, corresponde. Um título alternativo para estas crónicas seria “Crónicas da Casa do Bosque”. Foram escritas no ambiente desta casa. Uma casa no meio do mato, como aqui lhe chamam. Uma floresta de árvores de sequeiro, uma floresta esparsa. Ao longo dos anos este local tem permitido concentrar-me. Teve receio de que lhe acontecesse o mesmo do que a Clarice Lispector, despedida por não saber escrever crónicas? Claro que sim, mas não foi isso que aconteceu. João Almeida, director da Antena 2 da Rádio Pública
Lídia Jorge foi agraciada com o Prémio da Feira Internacional do Livro de Guadalajara para Línguas Românicas FOTOS FRANK FERVILLE / D.R.
Entrevista a Lídia Jorge:
“O momento delicado que atravessamos ora nos faz chorar, ora nos faz rir”
Existem vários temas recorrentes, mas nenhum tão presente como o tempo ou uma sensação de espanto, ou cautela, face aos novos tempos. Claro que sim. Estamos no fundo da vaga que faz o nosso tempo. Não vemos o cimo da ondulação, não sabemos onde estamos. A nossa geração passou por uma revolução digital e encaminha-se para uma outra, a revolução da inteligência artificial. São mudanças rápidas que apresentam ganhos formidáveis para a Humanidade. Ao mesmo tempo, trazem consigo não só a perturbação que todos os saltos civilizacionais desencadeiam como albergam riscos que contradizem o progresso criado pelo desenvolvimento tecnológico. O princípio grego do homem como medida de todas as coisas está em risco de desaparecer. Quando os jovens clamam nas ruas de que não há Planeta B, eles estão a expressar o receio de que embarquemos não só na exploração assassina da Terra, mas também o medo de que a vida humana em vez de melhorar, deixe simplesmente de o ser. Implicitamente, também estão a dizer que não há Humanidade B. Atendendo ao ofício da escrita como acto de natureza solitária, ter os seus textos difundidos na rádio permitiu-lhe ter retorno dos ouvintes? A participação em rádio ou televisão desencadeia uma comunicação imediata muito interessante. O diálogo torna-se mais rápido, a opinião e o juízo de valor faz-se sobre o momento. As pessoas podem trocar experiências entre si a propósito dos temas e dos casos relatados. Depois da crónica “A Rapariga dos Fósforos”, que relata um caso de burla nunca bem explicado, muitos amigos contaram-me outros casos semelhantes. O conto de Hans Christian Andersen estava sempre como pano de fundo.
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LETRAS & LEITURAS Reencontramos personagens e histórias, em especial de O Dia dos Prodígios, algumas já conhecidas. Mas a de Manuel Gertrudes é uma completa novidade ou a do Grande Hotel que se metamorfoseou no Stella Maris de A Costa dos Murmúrios. Os livros têm histórias paralelas que constituem o seu substrato. Milan Kundera diz evitar falar da sua biografia porque os seus dados pessoais são apenas os tijolos do edifício da sua obra. Mas sobre A Insustentável Leveza do Ser Kundera contou como lhe surgiu a ideia, e como a transfigurou. Nem ele nem o livro ficaram diminuídos, pelo contrário. O soldado Manuel Gertrudes teve importância de vários modos na minha vida e a sua história pessoal entrou de várias formas para o interior dos meus livros. A Costa dos Murmúrios foi escrito porque a casa onde esse antigo soldado da Grande Guerra tinha morado ia ser transformada para sempre. Eu tive a ideia de que o derrube das paredes era o último murmúrio da sua história. Tinham acabado as palavras. Esse facto levou-me a escrever esse livro e além do mais sugeriu-me o próprio título. A escrita é uma aventura entre seres humanos. De certa forma, em cada livro, há muita gente de mãos dadas. Fala-nos ainda do Guilherme, que tal como a sua Jesuína Palha agarrou uma serpente com as mãos para a matar. A serpente alada de O Dia dos Prodígios é um símbolo e também a sua imagem de marca, o que já vem da primeira edição na Europa-América. Sabemos que é a serpente do seu primeiro romance mas há aí outra história... E porquê a cobra como símbolo? Foi acontecendo. O Dia dos Prodígios está construído em torno desse mito. O mito ofídico estava muito vivo no Algarve, quando eu era criança. Pelo menos no centro do Algarve. A ideia que se passava era de que, quando as serpentes tinham muita idade, criavam asas e voavam. Passei a infância com receio de que não fossem pássaros as aves que vinham beber nas pias da nossa casa mas serpentes voadoras. Depois, a edição da Europa-América apresentava a cobra voadora, a olhar para nós, bem assanhada, terrível. Eu gostei. Achei que olhava para ela e a vencia. Depois a serpente foi-se estilizando e tornou-se anémica. Agora é já só um arabesco. Mas eu sinto-me sempre diante do bicho feroz e a figura do Guilherme defende-me. Nas suas crónicas parece sempre preferir problematizar em vez de apontar e opinar. A certa altura, refere «Não me quero intrometer em assunto tão delicado...». Não me eximo a dar opinião, mas gosto de ouvir a opinião dos outros. A ficção deu-me a capacidade de escutar, julgo. A leitura e a prática da
ficção ajudam a deslocar-nos do nosso ponto de vista para o ponto de vista dos outros. O que não significa fraqueza de opinião, bem pelo contrário. O contraditório é o nervo que estimula e sustenta a opinião própria.
A MEGALOMANIA RESULTA SEMPRE NUM TRISTE ESPECTÁCULO Mas também há momentos em que a ironia predomina, como quando ao falar do Brexit remete para a A Jangada de Pedra de Saramago. Até porque também cabe à literatura iluminar a realidade... A megalomania resulta sempre num triste espectáculo, quando não em tristes situações como as que estão a acontecer no mundo de hoje. Os Estados Unidos, o Reino Unido, o Brasil, a Turquia, e muitos mais, padecem dessa doença infernal que é o infantilismo. O slogan do Great Again que se espalhou pelo mundo anglo-saxónico é a reprodução do pensamento de Hitler que galvanizou a Alemanha para a trágica aventura da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto. O momento delicado que atravessamos ora nos faz chorar, ora nos faz rir. Por vezes, eu gosto de sorrir. Serve-nos alguns pormenores da sua vida mais privada, como a referência ao Carlos. Foi uma partilha arriscada ou uma espontaneidade consciente? Foi para brincar com o Ignácio de Loyola Brandão, amigo do Carlos. Foi o Carlos Albino quem me apresentou o Ignácio há muitos anos. Nunca mais deixámos de estar próximo. O Ignácio é um grande escritor e um bom amigo. Na crónica “Tempestade”, eu quis descrever-lhe a situação climática do Algarve e ao mesmo tempo celebrar a sua obra. Passou um momento difícil recentemente, à semelhança de muitos portugueses. A minha mãe faleceu com Covid-19. Estava muito débil, o vírus entrou nela e levou-a. Foi muito duro. Ao contrário da Gripe Espanhola que atingia os jovens saudáveis, este vírus atinge os mais frágeis. Estamos perante a força da Natureza que não olha a quem. E nós somos débeis, soberbos mas débeis. Este é um momento de tomada de consciência da nossa vulnerabilidade. Deveria juntar-nos. Houve uma onda calorosa de felicitações a propósito do recentíssimo prémio, por parte dos leitores e escritores. Temos uma geração jovem que lhe está reco-
nhecida. Como vive essa boa nova? Cada geração traz a sua luz muito própria. Como dizia o Eduardo Lourenço, as gerações mais novas sempre são parricidas, matricidas. Por isso, em geral, os mais velhos leem mais os mais novos do que o seu contrário. É natural. Mas quando nos encontramos e nos reconhecemos, com propostas diferentes, porque saídas de tempos diferentes, e nos respeitamos mutuamente, temos mais possibilidades de fazer vingar uma Literatura. Eu gosto de ler os jovens e de falar deles. Obrigada àqueles que por acaso já tenham lido uma página minha, e que estejam contentes com o significado do Prémio FIL de Guadalajara. Sei que já falámos noutra entrevista sobre isto, mas anos depois não resisto a perguntar. Ainda sente que Estuário marca uma nova fase na sua escrita? Imagino aliás que deve estar para sair um novo romance... Quando um livro sai, se acreditamos nele, sentimo-nos em estado de êxtase durante um tempo. Uma tendência para se ser fanfarrão, como dizia o John Sheever. Em relação a Estuário ainda estou nessa fase. Mas ela vem sobretudo de Os Memoráveis. Nesses dois livros a subversão do plano real é o seu suporte. O que estou a escrever vai de novo por aí. Magritte dizia que só pintava sobre o além. Posso não o conseguir, mas é o que tento fazer.
A escritora assinala este ano 40 anos de vida literária
Na sua crónica sobre a Beira, não tenho uma pergunta mas uma possível resposta. Percebemos que a passagem do ciclone Idai foi algo que a tocou particularmente até porque viveu na Beira. Refere depois «A cada dia que passa, o que acontece lá é como se acontecesse aqui (...). A Terra é um só espaço, e todos os países estão unidos pelo mesmo traço de convivência necessária. (...) Que palavra temos para chamar a isto?» A minha resposta é cooperação. Portugal reagiu tão prontamente à tragédia que os próprios beirenses acolhiam-nos com um sorriso imenso. Foi palpável a sua gratidão. O seu comentário dá razão ao que penso. A palavra que utiliza está certa, cooperação. Cooperação é mais forte do que solidariedade. A solidariedade ainda mantém a conotação de que passa da mão que tem para a mão que recebe. Cooperação fala do que também se recebe em troca quando se dá. E do que se dá quando se recebe. Fala da dádiva recíproca, e da responsabilidade mútua. Como se fôssemos só um povo. Não se trata de palavras piedosas, mas de puro resgate. Ao mal e ao bem assiste o dever de partilha. A Literatura, disciplina de beleza por excelência, criada para júbilo do poder das palavras, promove esse encontro. Se isto não for assim, então não sei nada sobre este mundo.
“Em Todos os Sentidos” foi publicado em Abril pela Dom Quixote
FOTO D.R.
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CULTURA.SUL
Postal, 9 de outubro de 2020
ESPAÇO AGECAL
Aprender com o Renascimento JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL
“Os que se fascinam com a prática sem ciência são como os timoneiros que entram num navio sem roda do leme ou bússola, nunca sabem o destino”. Leonardo da Vinci À medida que o estudo das culturas do mundo foi avançando, sobretudo nos séculos XIX e XX, período durante o qual se constituíram diversas ciências sociais, a análise do fenómeno cultural enquanto sistema de valores e práticas comunitárias evoluiu para a estruturação de novas disciplinas autónomas e interdependentes, designadas genericamente por ciências da cultura. Na obra “As duas culturas” C.P. Snow subdividiu este universo em “cultura humanista” e “cultura
científica”. Várias foram as categorizações propostas por outros autores e hoje dispomos de inúmeras classificações, adoptadas por organismos internacionais: cultura material e imaterial, popular e erudita, de saída e de apartamento no caso dos espectáculos, … Mas a contemporaneidade necessita de uma visão que aborde e inclua as lições do passado. O Renascimento na história das civilizações, inspirado pela Antiguidade greco-romana, continua sendo percepcionado como um dos períodos mais extraordinários e o seu epicentro ocorreu na Europa do Sul, em particular em Florença e Roma, um pouco por toda a Europa pós-medieval. Do modelo representativo induzido pela teologia medieval durante cerca de mil anos surgiu em contraposição uma nova fórmula conceptual, manifestando-se nela a íntima relação entre ciência e arte. As artes visuais do Renascimento tiveram por base a geometria, a
introdução da proporção e da perspectiva permitiu aos artistas calcular com rigor as obras para locais previamente definidos e com diferentes dimensões. Ainda hoje nos surpreendemos com a facilidade com que Leonardo da Vinci e outros artistas seus contemporâneos criaram sínteses, tendo como ponto de partida a observação e interpretação científica do homem e da natureza. A influência dessas concepções foi grande em Portugal durante os séculos XV e XVI com grandes benefícios para Portugal que ainda hoje sentimos. Figuras do Renascimento em Portugal foram o Infante D. Pedro e D. João II, mas também Damião de Góis, intelectual multifacetado perseguido pela Inquisição, Francisco de Holanda o primeiro historiador de arte europeu, os arquitectos Diogo de Boitaca, Francisco e Miguel Arruda, Diogo de Torralva, Garcia de Resende que compilou o Cancio-
neiro Geral, o poeta Sá de Miranda, o médico Garcia da Orta, Gil Vicente dramaturgo, muitos grandes nomes da cartografia portuguesa como António de Holanda, Pedro e Jorge Reinel, pintores da corte… e tantos outros. A permanência de referentes e exemplos criados pelo “homem do renascimento”, permite-nos procurar alterar uma actualidade dominada pela tecnologia e as especializações, que promove a substituição da reflexão de problemas complexos pela reprodução automática de processos e o imediatismo de tarefas. Apesar da necessidade de quadros correctamente formados para as áreas da cultura, domínio para a qual se exige conhecimentos amplos e actualizados, as universidades portuguesas têm dado escassa atenção à oferta de cursos de investigação aplicada à gestão dos recursos culturais do País e dos territórios, o que concorre para o predomínio da con-
juntura sobre estratégias de médio e longo prazo. Se continuarmos a trabalhar sectorialmente sem entendermos o todo nas suas interligações, teremos segmentação de realidades, perda de patrimónios, corporativização do tecido cultural ao sabor das conjunturas, disfuncionalidades e afastamento dos objectivos de desenvolvimento humano. As lições do passado, em particular do Renascimento, as relações entre Homem e Natureza, são hoje cada vez mais necessárias na educação das novas gerações para os valores, a começar pelo olhar de escolas e comunidades para o património cultural e natural que as rodeia e a compreensão das interligações entre as diversas ciências. O mundo não é um mercado global em competição, são os territórios e as sociedades, produção de conhecimentos com milhares de anos imprescindíveis à sobrevivência humana.
Município de Tavira Edital n.º 56/2020
• Jazigo Municipal nº. 24, Grupo I, Rua S/N Torna publico, nos termos do artº. 53º Capitulo X do Regulamento do Cemitério, em vigor no Município, que serão depositados em ossários públicos os restos mortais que se encontram nos jazigos abaixo descriminados e que não sejam reclamados no prazo de 60 dias contados da data da afixação deste Edital. • Jazigo Municipal nº. 18, Grupo F, Rua S/N - Rosália da Assunção Ribeiro Castanho, falecida em 02/02/1928 • Jazigo Municipal nº. 21, Grupo F, Rua S/N - Maria Vitoria Pereira, falecida em 16-04-1938 - Isabel do Carmo, falecida em 20-06-1953 - Manuel Pereira, falecido em 24-05-1967 • Jazigo Municipal nº. 33, Grupo F, Rua S/N - Brites do Carmo, falecido em 07-02-1937 - Joaquim de Jesus Casquinha, falecido em 25-12-1946 - José Pilar, falecido em 09-03-1953
- Maria Isabel Dias, falecida em 02-10-1924 - Ana da Conceição Cartó, falecida em 02-12-1929 - Teresa Maria da Fonseca, falecida em 01-02-1958
- Zulmira Cândido Matos Gomes, falecida em 22-05-1930 - Maria do Carmo Matos, falecida em 29-09-1938 • Jazigo Municipal nº. 47, Grupo I, Rua S/N - Ana das Dôres Frangolho, falecida em 30-12-1924 - Maria das Dores, falecida em 19-02-1942
Ponto 1 – Apreciação e deliberação, da Ata de 12 de agosto 2020 – Aprovado por unanimidade
- João dos Santos, falecida em 12-09-1947 - Maria José Soares, falecida em 23-11-1953 - Maria Inácia, falecida em 04-01-1960 • Jazigo Municipal nº. 27, Grupo J, Rua S/N
- Antónia Júlia Romero Fernandes, falecida em 02-04-1923
- Maria José, falecida em 01-09-1930
- Ana das Dores Pereira, ossadas
- Maria Rosa Pires Caleça, falecida em 31-12-1947
- Maria das Dores Pereira, ossadas
- José Gomes Baptista Caleça, falecido em 06-03-1936
• Jazigo Municipal nº. 47, Grupo G, Rua S/N
• Jazigo Municipal nº. 54, Grupo J, Rua S/N
- Maria do Rosário, falecida em 14-04-1929
- Cândida Rita Martins, falecida em 19-12-1925
- Cristina da Conceição Cabrita, falecida em 24-09-1953
- Lucinda Eglantina Martins, falecida em 13-04-1936
• Jazigo Municipal nº. 12, Grupo H, Rua S/N
- Maria Júlia Martins, falecida em 21-09-1953
- João Pedro Maldonado, falecido em 28-03-1940
• Jazigo Municipal nº. 60, Grupo J, Rua S/N
• Jazigo Municipal nº. 26, Grupo H, Rua S/N
- José Simplicio Pires, falecido em 07-05-1926
- Câmara Municipal de Tavira
- Maria Eduarda Santos Peres, falecida em 29-07-1939
• Jazigo Municipal nº. 18, Grupo I, Rua S/N
- Inez de Jesus Gomes Peres Pires, falecida em 23-12-1951
• Jazigo Municipal nº. 22, Grupo I, Rua S/N
JOSÉ LUÍS AFONSO DOMINGOS, presidente da Assembleia Municipal supra, faz público, nomeadamente tendo em atenção o preceituado no n.º 1 do artigo 56.º, da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, que a Assembleia Municipal, na sua sessão ordinária de dia 30 de setembro de 2020, deliberou:
- Caetana da Conceição, falecida em 04-12-1936
- Maria da Glória Barros, falecida em 10-06-1925
- Manuel Pedro Pereira, falecido em 06-03-1944
EDITAL
- Antónia Joaquim Mendonça, falecida em 25-12-1924
• Jazigo Municipal nº. 13, Grupo G, Rua S/N
- Diamantina da Conceição Pereira Albino, falecida em 31-08-1924
CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM
• Jazigo Municipal nº. 46, Grupo I, Rua S/N
PERÍODO DA ORDEM DO DIA Ponto 1 – Apreciação da informação escrita do Senhor Presidente da Câmara Municipal, nos termos da alínea c) do n.º 2 do art.º 25.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro- Tomou conhecimento; Ponto 2 – Informação do Senhor Presidente da Assembleia – 2ª Congresso da ANAM – Tomou conhecimento; Ponto 3 – Pedido de renúncia ao mandato - Victor Hugo Gregório Palma e Élia Isabel Pereira Horta - Tomou conhecimento; Ponto 4 – Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, Transferência de Competências para o Município no Domínio da Educação – Aprovado por unanimidade; Ponto 5 – Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, Transferência de Competências para o Município no Domínio da Saúde – Aprovado por unanimidade; Ponto 6 – Apreciação e deliberação, sob proposta da Câmara Municipal, 2ª Alteração Mapa Pessoal para o ano de 2020 – Aprovado por unanimidade; Ponto 7 – Informação - Eleições para Presidente e Vice-Presidente para a CCDR do Algarve - Tomou conhecimento; Para constar, se publica este Edital e outros de igual teor, que vão ser afixados nos lugares de estilo do Município
22 de setembro de 2020 O Vereador do Desporto, Mobilidade e Equipamentos Municipais
Castro Marim, 30 de setembro de 2020 O Presidente da Assembleia Municipal,
Manuel Madeira Guerreiro
José Luís Domingos (POSTAL do ALGARVE, nº 1251, 09 de Outubro de 2020)
- Emília Júlia dos Santos, falecida em 02-10-1924 - Salvador Santos Rêgo, falecido em 03-03-1966 - Maria da Glória Bandeira Gomes, falecida em 01-03-1979
(POSTAL do ALGARVE, nº 1251, 09 de Outubro de 2020)
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CADERNO ALGARVE
Postal, 9 de outubro de 2020
REGIÃO NECROLOGIA
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.A. FERNANDO MANUEL DO NASCIMENTO ROMEIR A
GR A ZIEL A AUGUSTA DIAS FERREIR A
11-10-1954 22-09-2020
24-10-1923 18-09-2020
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SEIA - GUARDA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
CARMINA ARISTIDE REIS CHRISTINA
MARIA CÂNDIDA GASPAR NETO
JOÃO VENÂNCIO
26-10-1938 23-09-2020
20-04-1923 26-09-2020
22-03-1923 28-09-2020
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
CASABLANCA - MARROCOS SÉ E SÃO PEDRO - FARO
SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
MARIA ALZIR A DE JESUS
JOSÉ CARLOS PIMENTA MANGAS
JOSÉ MARCELINO FIGUEIR A
03-12-1927 29-09-2020
29-09-1961 04-10-2020
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. M.G.
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. A.G.
29-05-1933 06-10-2020
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.
SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
SANTIAGO- TAVIRA SANTA LUZIA - TAVIRA
SANTA MARIA - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
Medis, Multicare, C.G.D., Allianz
OLHÃO
Brito
Rocha
Progresso
Da Ria
Nobre
Pacheco
Brito
PORTIMÃO
Amparo
Arade
Rio
Central
P. Mourinha
Moderna
Carvalho
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
Miguel
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Algarve
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Algarve
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Mª Paula QUARTEIRA Postal, 9 de outubro de 2020 -
SÃO BART. DE MESSINES
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VILA REAL de STº ANTÓNIO
Carmo
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São Brás
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Central
Felix
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(POSTAL do ALGARVE, nº 1158 de 4 de Março de 2016)
a 3 minutos da cidade de Tavira
EDITAL N.º 169/2020 Pomar de citrinos: 8.158 m2 Terra de semear: 8.000 DE m2UTILIDADE PÚBLICA - TOMADA DE POSSE ADMINISTRATIVA DAS PARCELAS DE TERRENO DECLARAÇÃO Terra de semear: 9.788 m2 Hugo Miguel Marreiros Henrique Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Lagos: m2 Pomar de citrinos e terra de semearno 6.370 Faz público, para cumprimento do disposto artigo 17.º, n.º 1 e 2 e 11.º, n.º 4, do Código das Expropriações, Lei n.º 168/99, de 18 de setembro, na sua versão atualizada, foi publicada Área total: 32.316 m2 na 2.ª Série do Diário da República, n.º 182, de 17 de setembro, a Declaração (extrato) n.º 78/2020 que torna público, que
por despacho do Secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, datado de 17 de agosto de 2020, foi declarada a utilidade pública da expropriação com caráter de urgência e autorizada a tomada de posse administrativa das parcelas dede terreno identificadas Rua Santomelhor António, n.º 68 - 5ºabaixo. Esq. 8000 - 283 Faro Telef.: 289 820 850 | Fax: 289 878 342 A causa da utilidade pública é a execução de obras no âmbito do projeto de requalificação viária municipal da estrada EM 537, Quatro Estradas – Vila da Luz, que dbf@advogados.com.pt | www.advogados.com.pt visa o alargamento da via para criação de zona de circulação pedonal ao longo da mesma, bem como a requalificação do pavimento e das infraestruturas existentes. Mais se faz público que a transmissão da posse administrativa está agendada para a parcela n.º 3 para o dia 9 de novembro de 2020, às 14h30, na localização da parcela, para a parcela n.º 6 para o dia 9 de novembro de 2020, às 15h00, na localização da parcela e para a parcela n.º 7 para o dia 9 de novembro de 2020, às 16h00, na localização da parcela.
Contacto: 918 201 747
Matriz Proprietários
Áreas (m2) Rústica
Urbana
N.º da descrição no registo predial
Maria José de Valsassina Sanches de Baena de Faria, casada com João Pedro Teixeira de Faria; Maria da Graça de Valsassina Sanches Baena Bandeira Ennes, casada com João Manuel Balançuella Bandeira Ennes;
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Art. 4 Sec. I
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A. CORREIA DANIEL Médico AVISO N.º 95/2016 CONSULTAS
MUNICÍPIO DE FARO
Torna-se público que, no âmbito do Programa Estágios Profissionais na Administração Local (PEPAL) – 5.ª Edição, nos termos e para efeitos do n.º 1 do artigo 6.º do TODOSdeOS ÚTEIS Decreto-Lei n.º 166/2014, 6 de DIAS novembro, conjugado com o artigo 3.º da Portaria n.º 254/2014, de 9–de12:30H dezembro,/ se encontram pelo período de 10 dias 9:00H 15:00H – abertas, 18:00H úteis, a partir da publicitação do aviso na página eletrónica do Município de Faro em www.cm-faro.pt, candidaturas ao procedimento de recrutamento e seleção para - Atestados / Carta de Condução e outros 1 Estágio PEPAL – 5.ª Edição, no qual constará a seguinte informação, relevante - Renovaçõese seleção: para o procedimento de recrutamento - Domicílios - Local onde o estágio irá decorrer, destinatários, duração do estágio, forma e prazo PRAÇA REPÚBLICA documentação Nº 12, 1º ESQ –para TAVIRA (DEFRONTE das À CÂMARA) de DA candidaturas, apresentação candidaturas, área e resexigida, planos de estágio, métodos de seleção, parâmetros e 281 petiva 322 491licenciatura | 936 396 022 fórmula de avaliação, respetivo júri, bem como a legislação aplicável.
TRATA
Vereador da Câmara Municipal, José António Cavaco
5144
Publique-se em 2 jornais de expansão regional ou local Faro, 8 de fevereiro de 2016 Vereador da Câmara Municipal, José António Cavaco
Angelina de Sousa Costa, Manuel Fonte Boa, casado com Maria Adélia da Costa Ferreira;
Tel.: 289 792 674 / Fax.: 289 791 242 / www.tractor-rega.com
Faro, 8 de fevereiro de 2016
Herdeiros de Maria da Conceição Valssassina Sanches Baena: desconhecidos
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Cirurgia GERAL e Estética ASSEMBLEIA Preenchimento de cara e lábios CONVOCATÓRIA Emagrecimento Peeling Sinais De acordo com o disposto no Parágrafo art. 23º, e no Parágrafo Rugas segundo do Varizes segundo do art. 25º dos Estatutos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Ginecologia Manchas Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, CRL, convoco os seus associados Ecografia a reunirem-se em Assembleia Geral, em sessão ordinária, no dia 02 de Abril de Citologia 2016, pelas 14 horas na sua sede eTratamento com a seguinte ordem de trabalhos: Pé Diabético 1º- Aprovação de Contas de 2015; Sexologia Varizes sem cirurgia (sem dor) Nutrição e
Av.3ºDr.- Outros Eduardo Mansinho, 28 r/ch - Tavira Assuntos;
UNIDADE TÉCNICO-JURÍDIC
3
(NOVOS PREÇOS) Cartas de condução Mesoterapia COOPERATIVA AGRICOLA PRODUTORES Carta deDOS caçador no emagrecimento Uso e porte de arma DE AZEITE DE SANTA CATARINA e na dor
2º- Aprovação do parecer do Concelho Fiscal;
VENDE-SE ou ARRENDA-SE
N.º da Parcela
Atestados
Clínica Geral
Rua Sport Faro e Benfica, 4 A - 8000-544 FARO Telf: +351 289 393 711 | Fax: + 351 289 397 529
23
124
-
6838
983
165
Art. 1 Sec. 1–A
598
4126
Herdeiros de Abílio Ferreira: desconhecidos
Herdeiros de José de Jesus Carreiro: desconhecidos; 7 Herdeiros de Maria Francisca Gorgulho: desconhecidos
E para geral conhecimento, se publica o presente e outras de igual teor, que vão ser afixadas nos lugares públicos do costume. Lagos, 25 de setembro de 2020 O Presidente da Câmara, Hugo Miguel Marreiros Henrique Pereira (POSTAL do ALGARVE, nº 1251, 09 de Outubro de 2020)
EDITORIAL Henrique Dias Freire
Antiga Casa dos Cantoneiros será sede da Proteção Civil na Serra do Caldeirão
Últimas Ministro garante: "Há camas suficientes para os estudantes" O Ministro do
Cosmética política
A
s eleições para as CCDR´s que se realizam na próxima terça feira, dia 13, estão longe de recolher um consenso alargado em relação ao alcance que muitos esperavam e desejavam que fosse possível, na afirmação de um poder regional forte e autónomo. Discussões à parte, estas eleições têm, contudo, o mérito de reabrir o debate sobre um processo esquecido desde o referendo de 1998, que varreu o assunto para baixo do tapete, remetendo-o para as calendas gregas. Todavia, não deixa de ser pertinente procurar saber se se trata de um passo em frente ou um passo atrás - um avanço ou um retrocesso - em direcção à regionalização administrativa, uma reforma inscrita na constitução de 1976 e que tem vindo a ser permanentemente adiada. A opinião de três senadores algarvios, da política nacional, sobre o tema que hoje aqui publicamos, traduz bem o desencanto instalado entre todos aqueles que reclamam, desde sempre, que se cumpra a constituição, e se avance na institucionalização do poder regional intermédio com os meios e competências correspondentes. A eleição indireta dos órgãos dirigentes da CCDR, se aparentemente, pode dar a ideia de um avanço rumo à regionalização, acaba, no entanto, por esbarrar no essencial, deixando ficar tudo na mesma em matérias e aspetos tão importantes e fundamentais como o autonomia política e administrativa, planeamento e ordenamento do território, finanças, orçamento e investimentos regionais. É verdade, que se pode sempre invocar que esta eleição para a presidência das Comissão Regionais, representa um sinal que os partidos do arco do poder estão a dar para que, num futuro a médio prazo, se possa avançar para uma etapa superior na descentralização política e administrativa, como prometeu, de resto, o primeiro ministro, apontando a concretização da regionalização para o ano de 2023, no quadro de uma próxima legislatura. Se é assim, pode-se sempre considerar este processo, como um passo positivo. Mas - e a pergunta faz todo o sentido - por que não aproveitar então o momento para ouvir a população, num processo eleitoral aberto e universal, fazendo-o coincidir com as eleições autárquicas do próximo ano? Circunscrevê-lo, como é o caso, a um colégio eleitoral fechado, onde à partida tudo está decidido e negociado, sem poderes nem competências além das que são as atribuições das atuais CCDR´s, é cosmética política que em nada contribui para o prestígio e credibilidade das instituições e dos agentes políticos. Os fumos que vão chegando de todo o lado, são sinais claros de que este processo eleitoral se tem revelado pouco mobilizador, está a passar ao lado das pessoas e não desperta o entusiasmo que, certamente, se pretendia e desejava. As críticas são mais que muitas, vindas até mesmo do universo dos eleitores autarcas que na próxima terça-feira vão votar. A contagem final dos votos pode trazer algumas supresas!
Câmara de Loulé vai proceder à remodelação e ampliação da antiga Casa dos Cantoneiros no Vale Maria Dias, freguesia de Salir, para aí instalar a base de um destacamento da Proteção Civil no interior – Unidade Avançada de Proteção Civil Municipal O edifício está situado em plena Serra do Caldeirão, uma das zonas mais sensíveis da região em termos de incêndios florestais. A autarquia louletana pretende
assim, reunir neste espaço “várias valências como a operacionalização de um Posto de Comando, apoio logístico para operações de Proteção Civil, sede dos sapadores florestais, espaço para formação no âmbito da defesa da floresta contra incêndios e abrigo temporário à população no caso, por exemplo, de um incêndio florestal que resulte em desalojados”. Os trabalhos de remodelação e ampliação incluem “a substituição integral da estrutura de cobertura do edifício existente, a remodelação interna
Ensino Superior garantiu esta quarta-feira no parlamento que ainda há camas disponíveis em todo o país e de todas as tipologias, desde residências públicas a camas em alojamento local. “As residências públicas ainda não estão cheias. Há ainda camas disponíveis, em todas as tipologias”.
para criação dos vários espaços de trabalho, construção de edifício anexo para balneários e arrumos, bem como arranjos exteriores no terreno envolvente”. O custo estimado da intervenção é de 350.000 euros, sem IVA, prevendo-se que a obra seja executada em 8 meses. A autarquia recorda que, ao longo das últimas décadas, “a vasta área florestal da Serra do Caldeirão tem sido fustigada por incêndios que têm destruído parte daquele património natural do Algarve”.
Escola de Hotelaria vai ser instalada em antiga cadeia
O Governo vai investir 2,3 milhões de euros na requalificação do antigo estabelecimento prisional de Portimão, para a instalação da Escola de Hotelaria e Turismo naquela cidade, anunciou a secretária de Estado do Turismo. De acordo com Rita Marques, as obras de requalificação do antigo imóvel do estabelecimento prisional de Portimão, desativado há cerca de duas décadas e instalado no centro da cidade, deverão estar concluídas até março de 2022.
Rota do Petisco Solidária apoia a Fundação Irene Rolo
Algarve e Baixo Alentejo mantêm seca moderada
No final de setembro, 52% de Portugal continental estava em seca fraca, 34,3% normal e 13,7% em seca moderada, de acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) disponível no ‘site’ do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O IPMA salienta que foi registado um desagravamento da situação de seca meteorológica em grande parte do território, mas no Baixo Alentejo e Algarve, ainda se mantém em muitos locais a classe de seca moderada.
TAVIRA A Rota do Petisco decorre até ao próximo domingo, 11 de outubro. Através deste evento, todos os anos as associações e os projetos sociais dos vários concelhos aderentes podem candidatar-se a receber um apoio ao seu desenvolvimento. A verba reservada a este fim resulta da aquisição do passaporte da Rota do Petisco, pelo valor de 1,50 euros. A receita com a sua venda reverte na íntegra para a componente solidária do evento. Em nove anos, a Rota do Petisco angariou 126 mil euros, que contribuíram para apoiar 63 entidades. Neste ano de pandemia, e consequentemente de crise, a componente solidária assume um maior significado, uma vez que são várias as instituições de solidariedade social da região a serem auxiliadas, no caso de Tavira o apoio destinar-se-á à Fundação Irene Rolo.
Vinte e três escolas do país com surtos ativoso
Zoo de Lagos com novo morador O Zoo de Lagos tem um novo morador, um Calau Bicorne (Buceros bicornis), que chegou ao parque no dia 21 de setembro vindo do Zoo de Zoo Zlin (República Checa)
“Esta é uma espécie que não só se tem reproduzido em cativeiro muito pouco, como também tem poucos indivíduos na EAZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários), apenas 18 machos e 12 fêmeas em 11 instituições, ao abrigo do programa especial de reprodução EEP (Programa Europeu de Espécies em Perigo)”, explica o zoo em comunicado. A ave foi criada à mão por causa do abandono do ovo pelos pais, com uma mario-
neta para “não criar laços afetivos com humanos e para que no futuro seja mais fácil acasalar. Ao tornar-se dependente de humanos, faria com que fosse mais complicado aceitar uma fêmea no futuro”. Conforme esclarece o Zoo de Lagos, “os calaus são aves monogâmicas que acasalam para sempre, sendo que a vida da fêmea depende do macho que escolhe devido à peculiaridade reprodutiva (selagem do ninho)”
Distribuição quinzenal com
Tiragem desta edição 8.316 EXEMPLARES
POSTAL regressa a 23 DE OUTUBRO
São 136 casos de infeção entre alunos, professores e funcionários, disse esta quarta-feira a diretora-geral da Saúde, afirmando, contudo, que a situação "está controlada”. A maioria dos surtos são na região de Lisboa e Vale do Tejo, com 12 casos, seguida da região Norte, com sete. A região Centro tem três surtos e o Algarve um, precisou Graça Freitas relativo à infeção pelo SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19. Relativamente ao impacto que terá havido na abertura das escolas na difusão da epidemia, considerou que ainda “é precoce” neste momento saber qual é esse impacto, mas não parece ser “muito grande”.