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23 de outubro de 2020 1252 • €1,5
Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira
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E ainda José Apolinário aponta à regionalização Nova equipa vai gerir um montante de 620 milhões que serão aplicados segundo uma lógica das prioridades regionais ouvindo o governo e as autarquias. P6
Lagos celebra o Dia do Município No dia 27, a celebração oficial do Dia do Município vai iniciar-se com o hastear simbólico das bandeiras, ao qual se seguirão os discursos do presidente da Assembleia Municipal, Paulo Morgado, e da Câmara de Lagos, Hugo Pereira. P7
ENTREVISTA A CARLOS BRITO
“Fui denunciado e traído muitas vezes”
software de gestão documental
NOVA RUBRICA
Primeira parte de uma conversa sem tempo com um herói da resistência
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Família
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Política
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Esteve preso mais de oito anos e dez de clandestinidade. Sofreu a tortura e o isolamento, a delação e
Prisão
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Tortura
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Clandestinidade
a perfídia. Aos 87 anos, Carlos Brito, dirigente histórico do PCP, revela uma inteligência lúcida e uma me-
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Liberdade
mória prodigiosa. Falámos com ele em Alcoutim, o retiro do guerreiro e a sua terra de infância. P3 a 5
"Qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência" P2
PORTIMÃO A MAGIA DO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE GRANDE PRÉMIO
> Programa > Vencedores > Traçado > 'Pole Positions'
Faro investe 1,5 ME em Bordeira Construção do Centro Cultural e de Inovação de Bordeira, na freguesia de Santa Bárbara de Nexe tem um prazo de execução de 540 dias. P9
ORGANIZAÇÃO
Impacto direto na economia algarvia superior a 100 ME
Zoo de Lagos respira saúde
ENTREVISTA
Isilda Gomes quer Portimão como Capital de MotorSports
Uma expressão que ganhou fôlego durante este ano - e as cerca de 150 espécies existentes continuaram a ser cuidadas como anteriormente. P6
Portimão isenta movimento associativo A medida, que vigora entre setembro de 2020 e junho de 2021, abrange 25 clubes nas mais diversas modalidades indoor, coletivas e individuais. P11
ESPECIAL Este fim de semana, todos os caminhos vão dar a Portimão. O Grande Prémio de Fórmula 1 voltou a Portugal 24 anos depois
e promete não ficar por aqui. Pelo menos, vontade não falta ao CEO do Autódromo Internacional do Algarve, nem aos políticos e em-
presários da região. Esta edição do POSTAL associa-se ao evento e dá-lhe a conhecer os detalhes dos três dias "mágicos", com uma or-
ganização que juntou várias forças vivas do Algarve e a boa vontade do Governo, apesar dos tempos difíceis. P12 a 19
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CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
Qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência
OPINIÃO
quê, não se sabe! Afinal, para que é que servem os amigos?
Já não se baila como antigamente
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Afinal, Marta-a-Temível não é a carinha simpática que o seu sorriso aloirado parece querer mostrar. Contaram ao Corridinho que logo após ter forçado a saída de Jahira da Serra, tratou logo de encontrar uma substituta que estava ali mesmo à mão de nomear. Como era possível ninguém ter reparado que a sua chefe de gabinete era mesmo a pessoa indicada para o lugar? Ninguém como ela conhecia tão bem, as competências de Anita do Castro! Bastaria convencer o Tony do Paço para toda a gente se esquecer da algarvia. Mas Tony não entrou no baile e deu-lhe tampa, como dizia a minha avó, recordando os bailes de roda do seu tempo de juventude. Já não se baila como antigamente! Ai, ai, ai!...
Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto
REDAÇÃO
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DEPARTAMENTO COMERCIAL
E siga o baile mandado
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O Zé da Pontinha foi eleito, como se esperava, chefe do Palácio do Reino. A única surpresa terá sido a abstenção e os votos em branco. Simples minudências da democracia, foi o que a gente foi ouvindo! Agora, já eleito, e melindres à parte, o Corridinho deseja-lhe boa sorte e à sua equipa, ficando na expectativa de ver se o que as más línguas vaticinavam não tinha razão de ser. A partir de agora, faz falta mostrar que para cá do Caldeirão, mandam os que cá estão. E siga a roda!...
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O Conselheiro Acácio
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No dia em que estragaram a selfie ao Grão Mestre Diz quem lá esteve que o Grão Mestre de Sousa ficou meio atrapalhado. Na reunião dos autarcas à beira do Guadiana, estava tudo preparado para dançar o corridinho e tirar a selfie do costume. O Grão Mestre, toda agente o sabe, pela-se por isso e foge-lhe sempre o pé para o chinelo. Mas por aquela é que ele não estava à espera. O Pina Júnior, num tom de indignação terá disparado: nem pensar, isto de fotos só depois de sair daqui alguma coisa palpável. O Algarve não se alimenta de fantasias e está farto de ser adiado. Não se sabe em que
é que deu tanta indignação, mas que valeu a atitude... lá isso valeu!
Para que é que servem os amigos? Há coisas que não se entendem, apesar de às vezes entrarem pelos olhos adentro. Numa troca por troca, o Gomes da Raia e o Rei da Vida, terão feito um pacto solidário em que nenhum ficaria a perder. Comenta-se por todo o reino que o segundo terá convencido o Coelho da Sé a dar uma assessoria, de coisa nenhuma, ao primeiro, enquanto o Da Vida, por boas palavras do da Raia, ganhou o direito a subir a escadaria do Palácio do Guadiana. Para fazer o
O Conselheiro Acácio é a eminência parda que o clube do pé da cruz contratou para seu treinador. Disseram ao Corrinho que, semanas atrás, decidiram seguir a opinião do seu guru que ainda chora mágoas antigas. Estavam prontos para chumbar uma recomendação que propunha uma homenagem, mais que devida e justa, a um seu antigo jogador que, pela sua classe, soube grangear o respeito e a admiração dos adeptos em geral e até de outros clubes. Na ocasião, terá valido a lucidez do Carlitos da Atalaia, da Tati Cara Lindas e do João Cambota, para dar a volta ao jogo. Diz-se, com alguma propriedade, que um clube sem memória é um clube sem futuro. E este do pé da cruz nem com VAR sabe ler o que se passa no terreno de jogo! E muito baixinho a mesma fonte disse ainda: “paira sobre o palácio cor-de-rosa uma sombra que continua a amendrontar o conselheiro Acácio e os seus discípulos”. Vinda do além túmulo!
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CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
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ENTREVISTA
Texto RAMIRO SANTOS Fotos ANA PINTO
e a minha mãe teve medo de ficar em África com três filhos e com um companheiro que era bastante incerto. Resolveu, por isso, vir com os pais. RS O Carlos Brito nasceu em Moçambique e veio para Portugal com três anos....
Teve uma educação católica e republicana, mas aos 21 anos já era militante comunista. Herdou do pai, deportado político em Moçambique, a coragem para enfrentar os perigos e os abismos do risco. Esteve preso mais de oito anos e dez de clandestinidade. Sofreu a tortura e o isolamento, a delação e a perfídia. Aos 87 anos, Carlos Brito, dirigente histórico do PCP, braço direito de Álvaro Cunhal, revela uma inteligência lúcida e uma memória prodigiosa. Apesar dos anos e do cansaço, sobralhe ainda energia para outros desafios.
CB Primeiro para Lisboa e depois para Alcoutim, porque a minha avó materna era de lá e tinha uma ligação profunda à sua terra. Após um curto período em Lisboa, acabámos por vir para Alcoutim morar em casa dos meus avós, porque aqui sempre viveríamos mais desafogados financeiramente. Dez anos depois, o meu pai, tendo ficado em África, regressou em 1946, no pós guerra, beneficiando de uma amnistia para presos políticos, que Salazar teve que tomar para mostrar uma nova imagem aos aliados vencedores da guerra.
Nasceu em Moçambique para onde o seu pai foi deportado pelos militares do golpe 28 de maio de 1927 que abriu as portas à ditadura de Salazar. Foi em Lourenço Marques que os seus pais se conheceram, não é? RS
CB Sim, foi lá que se encontraram porque o meu avô, o pai de minha mãe, Luis Jesus Brito, que era de Tavira, foi para Moçambique integrado nas tropas de Mouzinho de Albuquerque para realizar acções de pacificação daquela colónia. Ele participou nessas campanhas que conduziram à prisão, em Chaimite, do régulo Gungunhana, um chefe tribal com grande influência junto das populações locais. Foi ainda ele que escoltou o prisioneiro até Lisboa. Depois das campanhas, o governo monárquico de então convidou os militares que tinham participado nas campanhas, e que tivessem mais do que a instrução primária, a regressarem a Moçambique para serem integrados na administração colonial. O meu avô estava nessas condições e aceitou, acabando por fazer uma carreira que o levou até quase ao topo da hierarquia. RS E onde encontramos aqui a sua mãe e o seu pai?
CB A minha mãe, Maria Fernanda Brito, era de Tavira, e como disse, o pai dela também, e a sua mãe, Silvéria Rosa, minhã avó, nasceu em Alcoutim. A minha mãe, que se divorciara entretanto, foi ter com os pais a Lourenço Marques e foi lá que conheceu o futuro marido, Alfredo Nordeste, de Aveiro, meu pai. Foi assim que se encontraram e fizeram vida em conjunto. Tiveram três filhos - eu e duas irmãs - mas não chegaram a casar. O meu avô, terminada a carreira colonial regressou ao continente ou à metrópole, como se dizia então, mas o meu pai, deportado político, era um homem muito namoradeiro
A minha mãe mudou-se para Caxias quando eu fui para Caxias e para Peniche quando eu estava em Peniche, sempre para estar perto de mim RS E foi em Alcoutim que fez o ensino primário. E depois?
CB Depois, ou ia para Faro ou para Lisboa, porque só havia ensino secundário nas capitais de distrito. A família avaliou a menos onerosa decisão, tendo acertado com os meus padrinhos de nascimento, que também eram de Tavira, as condições para ficar em casa deles e continuar os estudos em Lisboa. RS O ensino secundário já o fez, portanto, em Lisboa...
Carlos Brito nos "Subterrâneos da Liberdade"
Testemunho de um velho combatente
CB Sim, primeiro na escola Veiga Beirão onde fui colega de Luis Filipe Costa. Ambos partilhámos durante quatro anos o quadro de honra até irmos os dois para o Instituto Comercial de Lisboa. Os professores tinham, por isso, muita consideração por nós e a dada altura houve um processo de perseguição a um deles, por desconfiarem que era comunista. Então, a direcção da escola, pressionada pela Pide, nomeou um professor que fez o inquérito e que nos perguntou o que pensávamos dele, como é que ele dava as aulas e outras perguntas, tentando saber se falava em luta de classes, de mais valias e coisas assim. Respondemos que não e que no livro de estudo é que estavam essas palavras. Deduzimos logo que o inquiridor fosse um enviado da PIDE. O professor perseguido era Esteves Belo e foi secretátio de Estado, depois do 25 de Abril. >>
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CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
ENTREVISTA >>
RS
Durante a guerra civil espanhola, estava em Alcoutim e era ainda um miúdo de seis ou sete anos. Teve consciência do que se passava do lado de lá do rio? Não falavam disso em casa? CB Eu tive uma educação católica e republicana. O meu pai, advogado e militar, tinha sido deputado da República e a minha mãe sempre nos criou no respeito por ele e pelas suas ideias republicanas. O meu avô também era republicano e o que eu apanhava em relação à guerra civil espanhola era o que ia escutando em casa e na rua. RS Mas para além das conversas apercebeu-se de alguma coisa?
CB Aqui em Alcoutim foi muito sentida. Aqui ouviam-se os fusilamentos. Do local onde hoje é a pousada da juventude, via-se o cemitério do lado de lá e os cortejos fúnebres. Foi uma grande desgraça. Tenho a memória viva de que os fascistas de Franco demoraram muito tempo a chegar aqui ao Guadiana, porque havia uma guerrilha muito activa em Rio Tinto que lhes barrava o caminho. Só chegaram quase no fim da guerra civil e vi o desfile das falanges nas ruas de Alcoutim a cantar o “Cara al Sol”. Depois tomámos conhecimento da miséria tremenda em que a Espanha ficou, cheia de fome e na maior desgraça. RS Alcoutim, nunca lhe serviu de refúgio nas suas andanças de clandestinidade?
CB Não. Era desaconselhado. Eu ia era para o norte onde não se lembravam de me encontrar e ajudava os outros. RS
Detendo-me ainda na sua estada em Alcoutim, na infância e nas férias grandes de Verão. Guarda ainda outras memórias? CB Alcoutim para mim e para a minha geração de amigos, foi por esses tempos uma escola de cidadania. Criámos uma associação transformada em Grupo Desportivo que ainda existe e iniciámos as festas de Alcoutim, com o objectivo de arranjar fundos para a construção de um hospital sub-regional onde o cirurgião João Dias, um benérito e amigo do povo, pudesse operar. Nessa altura fazer uma cirurgia era coisa só para ricos que iam para uma Casa de Saúde em Faro, Portimão ou Tavira. A nossa vila transformou-se num verdadeiro centro de saúde. Uma parte da população alugava quartos a doentes que aqui se instalavam aguardando a sua vez. RS
Em 1951, estava com 17
anos quando entrou para o MUD juvenil... CB Sim, mas o MUD não era um movimento comunista, sendo em-
bora muito influenciado pelo PCP. Mas em Lisboa fiz amizade e convivi com o António José Saraiva, o Keil do Amaral e o Alexandre O’Neill. Foi aí que descobri o Jorge Amado e li o Processo Histórico, de Juan Clemente Zamora e Marx. Ao mesmo tempo que frequentava uma biblioteca marxista de velhos operários, organizámos uma biblioteca para troca de livros num grupo onde estava também o Carlos Paredes e o Vasco Granja, que tinha uma tabacaria no Rossio e era lá que íamos buscar os livros que vinham de França e passávamos uns aos outros. RS Nessa altura era já membro activo do MUD e acabou por ser preso pela primeira vez em Caxias, aos 20 anos...?
CB Sim, era responsável por uma sede do MUD, numa casa que aluguei em nome de Alfredo, meu segundo nome. Fui preso em 1953, quando um grupo de antifascistas foi esperar Maria Lamas ao aeroporto para impedir que ela, que vinha de Moscovo, fosse presa. Acabámos por ser presos também e enviados para Caxias onde cumpri dois meses de cadeia. RS E quando é que decidiu aderir ao PCP?
CB Quando saí da cadeia em 1954, passados uns dias sou abordado por José Dias Coelho, pintor, depois assassinado pela PIDE, recrutador do partido, que me convidou para entrar no PCP. RS Aceitou sem consultar a família, por exemplo?
CB Falei com o meu pai e ele disse-me: “filho, vais entrar no caminho das pedras e condicionar ou perder a tua liberdade, mas se é isso que queres e te dá sentido à vida, segue o teu caminho”.
E Aljube, em que ciscunstâncias se dá a sua detenção pela polícia política, a primeira das duas vezes que passou por lá? RS
CB
Já era militante e funcionário do PCP, há dois anos. Estava em Lisboa e já estava preparado para entrar na clandestinidade completa, mas a PIDE chegou primeiro, estava eu a almoçar com a minha companheira...
Tornei-me num especialista da clandestinidade e, para mim, a traição mesmo sob tortura, esteve sempre excluída
RS Quem era a sua companheira, posso saber? CB RS CB
Era uma algarvia de Portimão...
...chamada...
Chamada Deolinda... e pronto, volto a ser preso no restaurante. Estávamos a almoçar e começámos a perceber que a PIDE estava a vigiar-nos, que o restaurante estava enxameado de PIDES. Quando íamos a sair, deram-nos voz de prisão e prenderam-nos aos dois na altura RS Foi então para Aljube... Quanto tempo lá esteve?
CB A primeira em 1956, estive sete meses. Fui à tortura do sono e mandado depois para as celas, onde estive cinco meses em isolamento total, que era uma coisa anormal estar tanto tempo!. Só ao terceiro mês consegui que entrasse um jornal. Até os cordões dos sapatos me tiraram para não me enforcar. Numa das sessões da tortura do sono, o inspetor, Boim Galvão, disse: “Ah não falas? – então, vais apodrecer nas celas do Aljube.”
RS CB
E visitas não tinha?
Tinha visitas da minha mãe e da minha mulher, que entretanto, tinha sido posta em liberdade. Um dia fomos selecionados oito, todos funcionários do PCP, e transferidos, para uma enfermaria desativada, no último andar do Aljube. Verificámos que era possível fugir dali, mas era muito complicada porque tínhamos de caminhar ao longo de um algeroz, que era muito estreitinho e o muro de protecção dava-nos abaixo do joelho. Aquilo era altissimo e muito perigoso, mas conseguimos escapar.
E depois, novamente, no Aljube, em 1959. Foi apanhado após uma correria a fugir dos PIDES que o perseguiram pelas ruas de Lisboa... RS
CB Sim, levaram-me para o Aljube onde dormi duas noites no chão, sem mais nada, antes de me transferirem para Caxias e depois para Peniche. Em Caxias, eu e mais três camaradas estávamos a preparar
uma fuga vestidos de guardas republicanos, em fatos de trabalho de ganga e já tínhamos até os bivaques, que conseguimos fazer entrar na cadeia, com a roupa. Estava tudo preparado, mas, entretanto, deu-se a fuga de Cunhal em Peniche, e a PIDE apertou a vigilância e a repressão em todas as cadeias, o que fez abortar a fuga. Fui então transferido para Peniche. RS Em Peniche, esteve lá sete anos... CB Sim, sete anos, dos quais mais de dois em completo isolamento que, mais do que a porrada e a tortura do sono, foi para mim, o mais difícil de tolerar. Estar numa cela, acompanhado apenas pelos seus pensamentos e em total solidão, foi o mais terrível! RS CB
E o que é que fazia?
Fazia bonecos... mas a certa altura, comecei a dizer em voz alta os meus poetas, como o O’Neill e outros que eu sabia de memória, fa-
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ENTREVISTA
do sono, ficaram com muitas perturbações. RS Aconteceu alguma vez um agente da PIDE ter sugerido que se passasse para o lado deles e abandonasse a luta política, seria libertado?
CB Digamos, que tudo o que eles faziam compreendia sempre essa ideia dizendo: o senhor está aí há três dias sem dormir e basta uma palavra sua e esse sofrimento desaparece. Só uma palavrinha. RS
Só dependia de si...
CB Esse tal Boim Galvão dizia-me essas coisas e eu cameçava a rir… “Estás a rir, não falas?” e ameaçava: “vou meter-te nos curros do Aljube. RS Ao todo, esteve oito anos nos cárceres da PIDE, não é?
CB Sim, e dez anos na clandestinidade. Houve um período em que eu controlava a organização de Lisboa e Baixo Ribatejo, mas morava no Porto. Havia uns camaradas do Porto que me traziam para Lisboa, e eu depois para regressar ao norte, era de noite, ia no wagon lit, que era frequentado quase exclusivamente por gente doutorada e engravatada. Eu entrava no comboio igualmente bem vestido, e o cobrador cumprimentava-me respeitosamente e soltava um: “boa noite, Sr. Engenheiro”, sem suspeitar quem eu fosse. Tornei-me num especialista da clandestinade e passei a aconselhar os mais novos: “façam assim, façam assado” e eles escutavam a voz de uma pessoa experiente e com provas dadas. RS Na clandestinidade não tinha atividade profissional, apenas vida política, como é que sobrevivia… quem é que lhe pagava as suas despesas? CB
zendo recitais e isso era muito bom, porque exercitava as cordas vocais e a memória. Às tantas, de rompante, entra o guarda que quase cai em cima de mim: “mostre cá o que tem”os gajos estavam convencidos que eu tinha um rádio e estava a transmitir para qualquer lado… “Eu não tenho nada”, disse eu, e eles: “ah! então fala sozinho?” - Sim, respondi, “estou a recitar poesia, não posso?”. -“Pode”, mas mais baixinho.” Mas não me deixou cantar: “o menino não pode cantar. É proibido cantar”.
Já disse que a pior tortura, para si, foi o isolamento... RS
CB
Sim, o isolamento prolongado e quando cheguei a Peniche, apreenderam-nos os livros e só podíamos ter livros escolares. Claro que isso deu grande barulho e discussão sobre o que são livros escolares e o que não são. Chegámos a um consenso e cada um estabeleceu um plano de leituras e esse plano de leituras foi discutido e aprovado. Eu escolhi o século XIX, livros sobre a história do pensamen-
to democrático, a revolução liberal de 1820 no nosso país até a revolução republicana, porque eles achavam que aquilo era história e não era política.
A tortura requer seguramente uma enorme exigência, coragem física e uma grande firmeza ideológica para não ceder. Onde é que nessas alturas se vai buscar a força interior para se resistir à brutalidade? RS
CB
Pois…
RS Já disse que à poesia, à sua memória e à leitura, mas mesmo assim, é preciso muito mais do que isso… CB
Pois… firmeza nas convicções políticas, coragem física, psicológica e moral.... Coragem, que nesta zona de fronteira recebemos da mentalidade do contrabandista com quem aprendemos, por exemplo, nunca trair os camaradas. É uma coisa de dentro, para mim não era esforço nenhum. A traição para mim era uma questão que estava comple-
tamente excluída. Uma realidade nunca considerada! RS Nunca pensou quando esteve preso, que podia não sair de lá vivo?
CB Isso é o ponto principal, estar preparado para essa possibilidade.
E como é que era viver com esta iminência da morte, porque uma das técnicas da PIDE era precisamente a construção da iminência da morte para levar a pessoa a ceder? RS
CB Eu tinha de pensar que iria conseguir superar tudo e sair dali vivo, mas uma pessoa prepara-se para o pior também. RS Portanto, convivia bem com essa ideia? CB
Eu sobrevivi bem…
Ficou com alguma sequela física da tortura? RS
CB Não, não… mas alguns dos meus camaradas, submetidos à tortura
Era o partido.
RS Teve conhecimento alguma vez de agentes duplos ou infiltrados?
RS CB
E sabia quem era? Sim, nalguns casos soube.
RS Nas suas andanças de terra em terra, de casa em casa, escondido, a sua mãe sabia de si? CB RS CB
Não.
Nunca soube? Não.
RS Como é que apaziguava a saudade da mãe e a sua preocupação?
CB Tenho um poema que é dedicado a ela e que termina assim: “A voz da minha mãe que sabia calar as suas queixas para não aumentar os meus remorsos”. RS A sua mãe morreu antes do 25 de Abril??
CB Não, não, morreu depois. Viu-me chegar! RS CB
Grande alegria!...
Pois... é aí que eu lhe perguntei “Ó mãe, então e tu? Ah Tudo bem.” E chorámos abraçados de emoção e alegria!... RS Ela estava em Vila Real de St António?
CB Sim, mas houve um período em que ela, quando eu fui para Caxias, foi morar em Caxias, quando fui para Peniche mudou-se para Peniche, sempre para estar perto de mim..! RS Grande mulher e uma mãe enorme!
CB (Emociona-se, lábios trémulos com as lágrimas a bailarem-lhe nos olhos). RS Ela também era uma resistente... CB
...(silêncio)...
RS Nunca foi tentado a gozar um pouco da vida sem as exigências da clandestinidade ou as obrigações da disciplina partidária?
Alguns puseram-se ao serviço da PIDE depois de presos. Houve um que apareceu morto mais tarde.
CB Sim, na altura da substituição do Cunhal e em que foi eleito outro camarada do partido para o seu lugar.
RS Houve algum momento em que sentiu que foi denunciado?
RS Nunca pensou em ser você, o sucessor?
CB
CB
Sim, muitas vezes.
Filho, vais seguir o
CB Não. Numa entrevista à TSF perguntaram-me se eu gostaria de ser secretário-geral do PCP, e eu disse “não, não gostaria”. RS Nunca pensou em alimentar essa ideia? CB
se é isto que queres e
Não. Sempre tive outros projetos. E o Cunhal embora soubesse disso, até admitiu... mas nada que eu considerasse.
que te dá sentido à vida,
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
caminho das pedras, mas
segue o teu caminho
NOTA: “Na próxima edição de 6 de novembro, pode ler a segunda parte desta entrevista, que inclui: o primeiro encontro com Álvaro Cunhal, a desilusão e o abandono, os amores clandestinos e a atualidade política.
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CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
REGIÃO
Do layoff ao melhor verão:
Zoo de Lagos está “de boa saúde”
Paulo Figueiras é o responsável pelo Parque Zoológico de Lagos FOTOS D.R.
No Zoo de Lagos existem cerca de 500 espécies de animais
FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE
A
quando do surgimento da pandemia, em março, o Zoo de Lagos esteve em layoff - como tantas outras empresas - e encerrou portas, deixando de receber os curiosos visitantes. Durante esse período, em que poucos sabem o que aconteceu, os animais continuaram a precisar de alguém que os alimentasse e cuidasse deles. O Zoo de Lagos esteve também na linha da frente - uma expressão que
ganhou fôlego durante este ano - e as cerca de 150 espécies existentes continuaram a ser cuidadas como anteriormente, dando aos animais a sensação de que estava tudo bem, mas sem tantos humanos (o que para alguns pode até ter sido bom). Paulo Figueiras, fundador do espaço, explicou ao POSTAL que o staff foi reduzido na restauração, mas manteve-se o pessoal essencial. As medidas aplicadas foram o uso de máscara dentro do recinto do zoo, assim como a prática do distanciamento social e o uso de desinfetantes. Apenas no espaço exterior não era necessário utilizar máscara.
Neste período de incertezas, o responsável explica que “não podemos contar só com a semana que vem, temos de contar a longo prazo”. Deste modo, existia reserva de alimentos. “Não explorávamos muito essa parte” dos donativos, mas “uma senhora inglesa doou dois mil euros na fase em que o zoo esteve fechado. Como situação alternativa, Paulo Jorge Figueiras admite que se tentaram criar outras saídas, como apostar no cartão “Amigos do Zoo”, que pode ser adquirido por 45 euros, válido por um ano, e em que as pessoas podem visitar o espaço sem limite. Tentou também apostar-se no apa-
drinhamento de animais, mas “não foi nada de relevante a adesão”. Questionado pelo apoio do público algarvio e sensibilização para com os animais, o responsável pelo Zoo de Lagos admite que tal não se verificou, uma situação que Paulo Figueiras considera “normal”, uma vez que “nem toda a gente está preocupada e entende-se”, confessa. “Somos uma empresa privada e temos de estar preparados para qualquer incidente que aconteça”, afirma. “A minha maior preocupação foi entrarem ou não visitantes”, reconhece. Em relação ao número de visitas já no verão - a época foi muito boa para o Zoo de Lagos e os números
Novo presidente da CCDR Algarve aponta à regionalização José Apolinário é o novo presidente da CCDR Algarve para os próximos cinco anos, tendo como vice-presidentes, o arquiteto paisagista José Pacheco e a economista Elsa Cordeiro Os novos dirigentes do órgão coordenador regional foram eleitos por um colégio eleitoral de 483 autarcas, entre presidentes de câmara e membros das assembleias municipais, incluindo os representantes das juntas de freguesia. Num encontro com os jornalistas, Apolinário apresentou as linhas orientadoras do seu mandato, destacando que “o nosso objetivo será criar as condições para reabrir o processo de regionalização”.
“Não será sério dizer que no final deste mandato estaremos em condições para avançar” e concretizar este processo inscrito na constituição de 1976 e que tem sido sucessivamente adiado. Mas deixou garantias: ”Tudo faremos para que a prazo seja possível uma eleição direta para a criação de uma futura autarquia intermédia regional”. No imediato, José Apolinário vai reunir o Conselho de Coordenação Intersetorial que quer redinamizar, juntando todos os organismos desconcentrado da administração pública e a Associação Intermunicipal do Algarve (AMAL). Em concreto, a primeira prioridade será acom-
panhar as medidas de apoio às empresas e aos cidadãos, procurando responder à dimensão dos problemas que a região vive, derivado do impacto da pandemia da Covid 19, cujos efeitos setoriais, designadamente na atividade turística, são maiores do que em outras regiões do pais. Em segundo lugar, monitorizar, acompanhar e em alguns casos implentar as medidas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRRPT), bem como a gestão racional da água com a execução do Plano Regional de Eficiência Hídrica. A nova equipa vai gerir um montante de 620 milhões que serão aplicados segundo uma lógica das prioridades regionais ouvindo o governo e as autarquias.
até subiram, situação que agradou a Paulo Figueiras. Em agosto, “tivemos o melhor dia desde que abrimos o parque há 20 anos”. O responsável confessa que, por norma, o público era maioritariamente estrangeiro, mas este ano muitos portugueses vieram para o Algarve e o espaço acabou por ganhar novos clientes. “Foi uma carteira de clientes que conseguimos ganhar” e, de certa forma, uma valorização do que se “faz cá dentro”. “Tivemos vendas online e explorámos mais o site, com descontos” de modo a “cativar mais gente”, frisa. Com o fim do verão, os números acabaram por cair e a situação das visitas das escolas é ainda incerta. Por norma, o Zoo de Lagos costuma receber alunos, de modo a que tenham algum contacto com os animais, mas este ano, a pandemia veio complicar essa situação e Paulo Jorge Figueiras admite que não sabe como irá funcionar este ano. “Agora acaba por ser tudo uma incógnita” e “até à data não temos reservas de nada”. O responsável pelo zoo não acredita que as escolas “tenham vontade” de colocar os alunos fora das salas de aula, onde não estão 100% seguros.
TIVEMOS O MELHOR DIA DESDE QUE ABRIMOS O PARQUE HÁ 20 ANOS No inverno, vão existir eventos no aeródromo de Portimão e o Zoo de Lagos fez uma oferta junto da Algarve Anima, para ofertas VIPS de famílias que queiram visitar o zoo, para este ganhar algum público. Em dezembro, vai existir a nova edição do “Natalândia”, que terá uma redução de 50% do valor dos bilhetes para o público algarvio, para estes “se habituarem a vir ao zoo”. É uma estratégia de valorização. Existirá ainda um projeto para construir uma savana africana, mas que está parada “até vermos o futuro”. “Visite o zoo” é o desejo e a mensagem de Paulo Figueiras. Os animais continuam a precisar de ser alimentados e de cuidados médicos. Ir ao Zoo de Lagos é seguro e recomenda-se, mas este está de ‘boa saúde’.
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Lagos celebra o Dia do Município com programação diferente direto na página de youtube da Assembleia Municipal e na página de Facebook do município de Lagos. Seguir-se-á a assinatura dos protocolos de entrega de viaturas às forças de segurança e a outras entidades locais, nomeadamente PSP – Polícia de Segurança Pública, GNR – Guarda Nacional Republicana, AMN – Autoridade Marítima Nacional (Polícia Marítima), agrupamentos de escolas de Lagos (Gil Eanes e Júlio Dantas); e ARS Algarve – Autoridade Regional de Saúde do Algarve (Centro de Saúde de Lagos).
Programa integra diversas iniciativas de cariz institucional e protocolar, assim como eventos culturais e actividades
Programa contempla uma missa em homenagem de São Gonçalo, padroeiro de Lagos Pelas 11 horas, está marcada a habitual missa em homenagem ao padroeiro de Lagos, São Gonçalo, na Igreja de Santa Maria. Figura histórica emblemática e padroeiro do concelho, “deixou uma profunda marca em Lagos, visível nos locais por onde passou e na sua História e tradições”. Por esse motivo, ao longo do dia serão partilhadas informações e curiosidades na página de facebook da autarquia sobre tão querida figura para os lacobrigenses, iniciativa essa que terá como título “Ao encontro do tempo e dos
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agos assinala, a 27 de outubro, mais um Dia do Município, celebrado em honra do seu padroeiro, São Gonçalo de Lagos. Num ano em que a conjuntura atual obriga a uma adaptação da habitual programação, o município não podia deixar de assinalar tão relevante efeméride, promovendo diversas iniciativas de cariz institucional e protocolar, assim como eventos culturais e atividades, alguns dos quais terão difusão, em tempo real, nas páginas do facebook da autarquia e no youtube da Assembleia Municipal. As comemorações iniciam-se no dia 26 de outubro, pelas 21:30, com um espetáculo pelos “Monda”, no Centro Cultural de Lagos, prometendo uma homenagem do Cante Alentejano num concerto genuíno, luminoso e emocionante. No dia 27, a celebração oficial do Dia do Município, vai iniciar-se com o hastear simbólico das bandeiras, ao qual se seguirão os discursos do presidente da Assembleia Municipal, Paulo Morgado, e da Câmara de Lagos, Hugo Pereira. Este ano sem a habitual presença das associações e instituições locais de forma a garantir todas as medidas de saúde e segurança, mas permitindo que o público tenha acesso aos discursos, a cerimónia será transmitida em
lugares de São Gonçalo de Lagos”. As atividades culturais também estarão bem presentes, com a inauguração de duas exposições no Centro Cultural. Inspirado por Antoni Gaudí e Andy Warhol, Ivan Ulmann mostra uma nova visão da realidade em “Mundos Fragmentados”. Já o trio de artistas Tom
Saunders, Silke Weißbach e Martim Brion apresentam a exposição “Matérias Incertas, projeto multidisciplinar nas áreas da escultura, pintura, instalação, vídeo e fotografia. Ambas as exposições estarão patentes no Centro Cultural entre 27 de outubro e 30 de dezembro. Também o Zoo de Lagos se asso-
ciou às comemorações do Dia do Município, dando a conhecer o seu espaço e projetos de educação e conservação. No dia 27, a entrada para residentes no concelho a partir dos quatro anos tem um desconto de 50%, sendo que crianças até aos três anos têm entrada gratuita.
Novo Balcão da Inclusão de Lagos já funciona A Câmara de Lagos disponibiliza, desde a passada segunda-feira, um novo serviço especializado na área da deficiência
Social, este novo serviço de atendimento qualificado “destina-se não apenas às pessoas com deficiência
e/ou incapacidade, como também às suas famílias e, ainda, a organizações que, direta ou indiretamente,
Trata-se do Balcão da Inclusão, um espaço de atendimento que presta, a pessoas com deficiência e/ou incapacidade, informação sobre direitos, benefícios e recursos existentes, assim como encaminhamento e mediação junto dos serviços públicos e entidades privadas responsáveis pela resolução dos seus problemas. Resultante de um protocolo de cooperação celebrado com o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), que visa estender ao concelho de Lagos a rede de Balcões da Inclusão já existente em vários pontos do país, designadamente em autarquias e nos centros distritais da Segurança
O novo serviço funciona na Edifício Paços do Concelho Séc. XXI
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intervêm na área da deficiência”, explica a autarquia lacobrigense em comunicado.
Acessibilidades e transportes, emprego e formação profissional, produtos de apoio e ajudas técnicas, prestações e respostas sociais existentes e benefícios fiscais, são apenas algumas das temáticas em que o Balcão da Inclusão está preparado para informar. Para o efeito, os recursos humanos do município afetos a este novo serviço tiveram oportunidade de receber formação específica ministrada pelo INR, entidade que prestará igualmente acompanhamento técnico e acesso a documentação. A Câmara de Lagos disponibiliza os recursos humanos e materiais, assim como um espaço com condições de acessibilidade para assegurar este atendimento. O novo Balcão da Inclusão funciona na Edifício Paços do Concelho Séc. XXI e atende presencialmente às segundas-feiras no horário das 9:30 às 12:30, mediante marcação prévia.
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Quarteira Requalificados os espaços verdes na Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro
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s trabalhos de requalificação dos espaços verdes do troço nascente da Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro, em Quarteira, já estão concluídos. Este investimento, que rondou os 128 mil euros, “teve como principal objetivo “tornar o local mais sustentável a nível ambiental e económico, sem comprometer a sua atratividade visual”. Conforme explica a Câmara de Loulé, “a requalificação passou pela substituição de 27 árvores que se encontravam em condições deficitárias, assim como do relvado existente, e pela plantação de 70 novas árvores e de vários arbustos e herbáceas de espécies autóctones, melhor adaptadas ao clima algarvio”. As espécies escolhidas, a introdução de um sistema de rega inteligente e o
revestimento com materiais inertes em substituição da relva permitirão uma maior retenção de humidade no solo, o que, consequentemente, diminuirá a quantidade de água gasta neste espaço verde, sem comprometer a sua estética e tornando toda a área mais fresca. As melhorias implementadas neste espaço verde irão contribuir para a gestão mais eficiente dos recursos hídricos, indo, deste modo, ao encontro da política de ação climática do Município de Loulé. “Este é um projeto alinhado com o paradigma municipal relacionado com o uso eficiente dos recursos e gestão integrada do espaço público, contribuindo para o compromisso do Município de Loulé na resposta às Alterações Climáticas”, sublinha Vítor Aleixo, presidente da Câmarade Loulé.
As melhorias implementadas no espaço representaram um investimento de 128 mil euros
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Sítio da Fábrica Cenário da maior campanha de sensibilização ambiental de Portugal A campanha nacional "O Planeta Não é Reciclável" pretende provocar consciências e levar à mudança de comportamentos O Sítio da Fábrica foi um dos cenários escolhidos para o anúncio de TV da campanha nacional "O Planeta Não é Reciclável", a qual é também
a maior ação de sensibilização ambiental alguma vez desenvolvida em Portugal. Com um investimento de mais de um milhão de euros e cofinanciado pelo POSEUR, o movimento "O Futuro do Planeta não é Reciclável" apela à prevenção, reutilização e reciclagem de resíduos urbanos. O município de Vila Real de Santo António associou-se à produção
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deste filme através da cedência de logística e meios necessários às gravações, que decorreram, no concelho, durante o mês de setembro, e mostram a Ria Formosa a e praia da Fábrica como pano de fundo. O anúncio publicitário, da autoria do realizador Rúben Alves, que realizou o filme "Gaiola Dourada", tem como objetivo "provocar consciências e levar à mudança necessária de
comportamentos". O spot mostra o que acontece aos resíduos depois de separados nos ecopontos e dá rosto e voz aos milhares de trabalhadores deste setor de atividade.
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Faro investe 1,5 milhões na construção do Centro Cultural e de Inovação de Bordeira
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presidente da Câmara Municipal de Faro assinou, na passada sexta-feira, o contrato para a empreitada de construção do Centro Cultural e de Inovação de Bordeira, na freguesia de Santa Bárbara de Nexe. A intervenção vai implicar um investimento global da autarquia de 1.503.426 euros, tem um prazo de execução de 540 dias e foi adjudicada ao concorrente Martins Gago & Filhos, Lda na sequência da deliberação da Câmara Municipal do passado dia 8 de setembro. A construção desta infraestrutura prevê “a implementação de um edifício de âmbito cultural e recreativo – que inclui um Museu da Pedra e Museu do Acordeão - com o intuito de promover e divulgar a identidade desta localidade”, explica a autarquia farense em comunicado. O financiamento da presente empreitada foi garantido “através do empréstimo a médio e longo prazo no mon-
tante de 4.801.000 euros, aprovado pelo Tribunal de Contas, com visto de 30 de outubro de 2019, a pagar, em condições favoráveis, num prazo de 12 anos”. Além do Centro Cultural e de Inovação de Bordeira, o financiamento destina-se a concretizar “um conjunto de intervenções cruciais para o desenvolvimento do território do concelho, nomeadamente o Centro de Recolha Oficial de animais (adjudicado, aguarda visto do Tribunal de Contas), a primeira fase da futura 3ª Circular, desde a Avenida 25 de Abril à Estrada da Penha, a requalificação da Alameda João de Deus e da Mata do Liceu (também já adjudicadas, aguadando esta última o visto do Tribunal de Contas)”. “O contrato para construção do Centro Cultural e de Inovação da Bordeira fica agora apenas sujeito à obtenção do visto do Tribunal de Contas, uma vez que os contratos com valor superior a 950.000 euros ficam sujeitos à fiscalização prévia daquele órgão”, conclui a autarquia.
Bombeiros Municipais de Olhão têm nova adjunta técnica de comando O presidente da Câmara de Olhão, António Miguel Pina, deu posse, no início deste mês, à nova adjunta técnica do comando dos Bombeiros Municipais, Sara Ferreira Sara Raquel Martins Ferreira, licenciada em Geografia, Ambiente e Desenvolvimento é, desde o dia 1 de outubro deste ano, adjunta técnica do comandante no Corpo de Bombeiros Municipais de Olhão, ficando assim completo o quadro de pessoal previsto para os cargos de chefia no Corpo de Bombeiros Municipais de Olhão. A nomeação de Sara Ferreira
pelo presidente do Município, António Miguel Pina, é efetuada por um período de cinco anos, eventualmente renovável por idêntico período. Sara Ferreira desempenhou funções no Gabinete de Planeamento e Ordenamento do Território do Município de Almodôvar entre 2011 e 2015, tendo depois integrado, durante dois anos, a Divisão de Informática do Município de Olhão, na área de Sistemas de Informação Geográfica. Era, desde 2017, adjunta técnica do comandante do Corpo de Bombeiros Sapadores de Faro, de onde saiu para desempenhar o cargo que agora ocupa nos Bombeiros Municipais de Olhão.
A Câmara de Faro espera pelo visto do Tribunal de Contas para avançar com a obra FOTO D.R.
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União das Freguesias lança aplicação móvel “Viver Faro”
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União das Freguesias de Faro disponibiliza gratuitamente a aplicação móvel “Viver Faro” para o sistema Android.
A App procura fornecer um recurso para o cidadão explorar e descobrir o território. Assim, para além de uma breve descrição da freguesia, o utilizador poderá ter acesso aos dados fornecidos pela Estação da Qualidade do Ar, recentemente implementada por esta freguesia, bem como testar os seus conhecimentos sobre a freguesia num Quiz. Para além disso, o utilizador tem acesso às prin-
cipais lendas de Faro, a notificações de notícias e eventos e ainda a mapas descritivos, com uso a georreferenciação, dos “Bustos e Monumentos” da cidade e do seu “Património Classificado”. De acordo com Bruno Lage, presidente da União das Freguesias de Faro “esta ferramenta procura aproximar o cidadão da Junta de Freguesia, proporcionando-lhe informações úteis e um maior conhecimento sobre o território onde reside ou visita”. Para aceder à App “Viver Faro”, o utilizador deverá aceder à “Play Store”, pesquisar pela App pretendida e proceder à sua instalação gratuita.
Câmara de Silves atribui 15.000 euros à Cruz Vermelha para ajuda alimentar
A Vida Extraordinária do Português que Conquistou a Patagónia, de Mónica Bello PAULO SERRA Doutorado em Literatura na Universidade do Algarve e investigador do CLEPUL
A verba destina-se à elaboração de cabazes alimentares para distribuir pelas famílias carenciadas do concelho FOTO D.R.
Câmara de Silves assinou Protocolo de Cooperação de Apoio Alimentar com a Cruz Vermelha Portuguesa A cerimónia realizou-se no Salão Nobre dos Paços do Concelho e teve como intervenientes, Rosa Palma, presidente da Câmara, e António Pontes, diretor do Centro Humanitário de Silves – Albufeira. O acordo consiste na atribuição de um subsídio por parte da autarquia, no valor de 15 mil euros à Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa, com o objetivo de serem elaborados cabazes alimentares destinados aos requerentes do Concelho de Silves, no âmbito de mais uma
resposta social por parte do Município de Silves à Covid-19. Desde o início do estado de emergência, e de forma a minimizar esta problemática, ocorreu uma enorme articulação entre o Município de Silves e a Delegação da Cruz Vermelha Portuguesa de Silves-Albufeira. Como forma de concretizar esta articulação entre ambas a entidades, no passado dia 31 de julho foi estabelecido um Protocolo. A autarquia silvense salienta que “a situação pandémica causada pelo vírus SARS-Covid-19, decretada pela Organização Mundial de Saúde, que originou o Estado de Emergência, tendo levado ao confinamento da população residente em ter-
ritório nacional, trouxe como consequência a paragem da economia nacional e mundial” Na sequência desta paragem, sentiu-se “a necessidade de ser intensificada a rede de apoio que garantisse uma resposta alimentar a famílias em crise socioeconómica derivado ao vírus SARS-Covid-19, e cuja problemática tem sido constatada gradualmente no Concelho de Silves.” Segundo informa a autarquia, “é da responsabilidade da Cruz Vermelha Portuguesa efetuar a distribuição dos referidos cabazes junto das famílias identificadas pelo Serviço de Ação Social do Município, tendo sido até ao momento encaminhadas 116 famílias”.
A Vida Extraordinária do Português que Conquistou a Patagónia, de Mónica Bello, publicado pela Temas e Debates e Círculo de Leitores, livro de não-ficção que tem mais de romance do que de biografia, é a reescrita de uma vida, com a poética inventiva e a prosa pujante próprias da literatura. Ainda que suportada por documentos oficiais, cartas, relatos, fotografias, biografias de seus contemporâneos e entrevistas de viva voz com aventureiros que ainda se terão cruzado em vida com José Nogueira, Mónica Bello reinventa a seu bel-prazer a vida do (segundo) português mais conhecido na Patagónia, terra de fim do mundo a que Fernão de Magalhães emprestou o seu nome ao atravessar o estreito. Como tantos portugueses desta e de outras épocas, José, nascido em 1845, parte (aos 12 anos) um pouco por acidente pelo mundo fora, e era (até à publicação deste livro) mais conhecido no Chile do que em Portugal, como um dos fundadores da Patagónia. Neste documento historiográfico – pontuado por «Terá sido», «Pode ser», «Pode até ser», «Talvez» – «todas as hipóteses e outras ainda podem ser verdadeiras» (p. 45). Indiscutivelmente verdade é que, após anos em alto-mar, terá desembarcado em 1866 «para assentar casa a meio-caminho en-
tre dois oceanos, nove minutos a sul do paralelo 53, na margem norte do estreito de Magalhães – Punta Arenas, então o lugar mais austral do Planeta habitado em permanência» (p. 52). O nosso explorador instala-se nessa colónia penal, dominando a caça de lobos-marinhos no Pacífico Sul por mais de 15 anos, com uma média anual de 4 mil peles que exportará para Londres; às peles, junta o negócio ocasional de salvados e fretes-marítimos, constituíndo uma frota que o torna o primeiro armador da zona; abre um pequeno armazém que se converte na casa de comércio mais próspera de Punta Arenas; descobre ouro; e quando o governo chileno lhe entrega um milhão de hectares na Terra do Fogo, área deserta e gelada onde nada cresce, mas que José Nogueira teria de pôr a produzir sob risco de a perder, lembra-se de criar ovelhas – que se transformam numa «fonte inesgotável de lã pura que a Europa pagava a bom peso de ouro» (p. 19). Alternando entre o presente e o passado, a autora perde-se muitas vezes nas malhas de outras histórias que com esta se cruzam, fazendo deste livro o testemunho de vida de um extraordinário lusitano, mas também um relato fundacional da Patagónia, num amplo quadro dessa desolada terra de estrangeiros, aventureiros, índios, deserdados, marinheiros e caçadores. «Os homens que vivem no Sul dizem que para lá do paralelo 40 não há lei. E que para além dos 50 graus, nem Deus existe.» (p. 51)
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Portimão aprova isenção do pagamento de tarifas pelo movimento associativo
FARO Quinta do Eucalipto em obras Os trabalhos de requalificação da Urbanização da Quinta do Eucalipto recomeçaram
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Câmara de Portimão aprovou por unanimidade, em recente reunião de câmara, a proposta de isenção de pagamento de tarifas pelo movimento associativo nas instalações desportivas municipais e nos pavilhões desportivos escolares, relativas à época desportiva 2020/2021. Esta medida excecional resulta da necessidade sentida pela autarquia em apoiar e incentivar os clubes e associações locais a não desistir e a não deixar de estar presentes no desenvolvimento da atividade desportiva e do desporto, perante as adversidades provocadas pela atual pandemia. A medida, que vigora entre setembro de 2020 e junho de 2021, abrange 25 clubes nas mais diversas modalidades indoor, coletivas e individuais. “Nestes tempos complicados, em que os cidadãos são convocados a procurar soluções para reativar as diversas áreas, a isenção agora aprovada reconhece como interesse municipal o trabalho realizado pelas coletividades desportivas, o que legitima o seu papel empreendedor, sendo política local apoiar o associativismo na prossecução dos seus objetivos, que não devem ficar suspensos ou ser cancelados”, sublinha a autarquia portimonense em comunicado.
© Estácio Valói
Medida abrange 25 clubes nas mais diversas modalidades indoor, coletivas e individuais
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Trata-se de uma empreitada que tinha sido adjudicada à empresa Convirsul SA em outubro de 2019, pelo montante de 217.300 euros e que foi interrompida devido a alegadas dificuldades financeiras desta empresa. “Revelando-se infrutíferos os seus esforços para que a dona da obra retomasse os trabalhos”, a autarquia decidiu “rescindir unilateralmente o contrato, resgatar a empreitada e entregá-la à empresa classificada imediatamente a seguir no concurso de 2019 (José de Sousa Barra & Filhos, Lda.)”. Concluídos estão, desde o passado mês de maio, os trabalhos de substituição da rede de abastecimento de água na zona, intervenção que chegou a 110 ramais. “O objetivo desta empreitada da FAGAR, no valor de 144.615 euros foi reduzir perdas, minorar ruturas e garantir que o abastecimento se faz com uma pressão estabilizada e normalizada”, explica a autarquia.
DOIS MINUTOS PARA OS DIREITOS HUMANOS 1. MOÇAMBIQUE Três anos depois do início do conflito em Cabo Delgado, há registo de mais de 2000 mortos, 300 mil deslocados internos e 712 mil pessoas que precisam de assistência humanitária. Os sobreviventes e familiares das vítimas continuam a lutar por justiça, verdade e reparação, ao passo que as autoridades não conseguem responsabilizar todos os suspeitos de terem cometido crimes contra o direito internacional e violações de direitos humanos, entre os quais se incluem membros das forças armadas.
2. FRANÇA Milhares de manifestantes pacíficos foram alvo de repressão, com as autoridades a usarem indevidamente leis para deter arbitrariamente e acusar pessoas que não cometeram atos de violência. Durante o confinamento, os protestos foram proibidos, resultando na aplicação de multas injustificadas. Antes da pandemia, socorristas, jornalistas e observadores de direitos humanos estavam entre os alvos da legislação vaga aplicada nas várias manifestações que começaram no final de 2018.
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Junte-se a nós. Encontre o grupo mais perto de si em www.amnistia.pt/grupos
A Amnistia Internacional entregou ao procurador-geral William Barr mais de um milhão de assinaturas, recolhidas em todo o mundo, exigindo justiça para George Floyd. Na carta aberta que também foi enviada refere-se a preocupação em relação às práticas policiais racistas utilizadas desproporcionalmente contra pessoas negras no país. A organização volta a pedir que os agentes envolvidos na morte de George Floyd sejam responsabilizados.
3. ARÁBIA SAUDITA Migrantes etíopes que foram expulsos do Iémen estão em risco de vida na Arábia Saudita, onde se encontram detidos. Acorrentados em pares, obrigados a utilizar o chão como casa de banho e confinados 24 horas por dia em celas insuportavelmente lotadas são algumas das condições a que estas pessoas estão sujeitas. Três pessoas já morreram, mas a prevalência de doenças e a falta de alimentos, água e cuidados de saúde fazem antever que o verdadeiro número de vítimas pode ser muito maior.
5. COLÔMBIA Frequentes ameaças, ataques e mortes de pessoas que defendem a terra e o ambiente mostram o fracasso do governo colombiano em lidar com a grave crise que os defensores de direitos humanos enfrentam no país. Um novo relatório analisa as razões por detrás da violência contra líderes comunitários que vivem em áreas geograficamente estratégicas e ricas em recursos naturais. O documento também aponta a ineficácia das medidas de proteção implementadas em 2016.
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ESPECIAL
Portugal vai entrar na história de Lewis Ha CARLOS SOUSA Jornalista
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cidade de Portimão vai acolher o Grande Prémio que pode coroar já a Mercedes com o título de Construtores, numa corrida em que Lewis Hamilton quer cimentar a liderança no Mundial de Pilotos, apesar de estar à espera de uma prova equilibrada e que, o Algarve, mantenha a tendência de Verstappen a andar muito rápido. Já a Ferrari revelou que vai apresentar melhorias mecânicas no Autódromo Internacional do Algarve. Refira-se que Portugal, que também viu vencer pela primeira vez o brasileiro Ayrton Senna, mas no Estoril, pode ver o inglês, que igualou recentemente, em Nurburgring, o máximo de vitórias pertença de Michael Schumacher (91) e como é, de longe, o mais rápido do “circo” na actualidade (e a Mercedes a mais forte), passar a liderar isolado esta tabela. Lewis Hamilton tem o máximo de poles (96) conseguidas em 260 Gran-
des Prémios, e prepara-se, no final da época, chegar ao 7.º título e ficar de braço dado com Schumi. Importante é que o regresso do grande “circo” a Portugal não seja necessário esperar mais 24 anos para receber os magos da Fórmula 1. O Autódromo Internacional do Algarve é fantástico e acredito que quem assistir ao Grande Prémio vai idolatrar para sempre. Refira-se, por outro lado, que a transmissão televisiva tornou a Fórmula 1 num produto muito apetecível. Podemos ver como se estivéssemos dentro do carro, no lugar do piloto. Não foi só a Fórmula 1 que mudou. O Autódromo Internacional do Algarve é um circuito novo que não ficou subjugado com o que foi pensava para as pistas. A segurança tem de ser sempre o objectivo primário, mas a verdade é que a introdução de certas pistas tirou a vontade de ver Fórmula 1. Portimão soube tirar partido da tipografia do terreno e construir uma pista bastante desafiante, em que os pilotos vão sair do Algarve com a promessa de regressar o mais rápido possível. No Autódromo Internacional do Al-
garve, as velocidades são altas, mas também os custos dos carros, os salários e os preços dos bilhetes. Desde 1996, ano da última visita ao Estoril, muito mudou e nem sempre para melhor. Serão duas dezenas de viaturas à partida e há uma equipa dominadora – em 1996 era a Williams, agora é a Mercedes –, mas a Fórmula 1 que regressa esta semana a Portugal transformou-se num mundo ainda mais caro e exclusivo.
A corrida do próximo domingo, que poderá lançar ainda mais Lewis Hamilton e a Mercedes para históricos sete títulos mundiais, poderá ser, por sinal, uma das últimas oportunidades para ver o topo do desporto automóvel num dos seus últimos anos de despesismo, pois a pandemia, se por um lado possibilitou estreias como a do Autódromo do Algarve, por outro também pressionou as equipas para a entrada numa nova era. Os orçamentos, que actualmente atingem os 400 milhões
em equipas como a campeã, a Ferrari e a Red Bull, vão, já em 2021, passar a ter um tecto de 124 milhões de euros. Os gastos das maiores equipas de Fórmula 1, que se multiplicaram por 10 nos últimos 30 anos, são de tal forma que especialistas escrevem que o preço de um carro é aquilo que uma equipa pode gastar nele. O cálculo por peças apresentado nesta página, que estima o custo de um Fórmula 1 em 10,5 milhões de euros – mesmo assim, partir uma asa dianteira, acidente comum numa corrida, é praticamente o valor de um pequeno apartamento (128 mil euros) –, não contabiliza o que se investe em desenvolvimento. A actual Fórmula 1, que se tornou tão exclusiva que equipas do fundo da tabela, como Haas e Williams, têm orçamentos próximos dos 150 milhões, está condenada a adaptar-se a uma nova realidade, mas a mudança irá ser gradual. Os actuais carros vão manter-se em 2021, outra solução de resposta à crise gerada pela pandemia e que permitirá uma adaptação. Em 2022 os orçamentos passarão a
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Quanto custa um F1
Hamilton um máximo de 120 milhões e no ano seguinte descerão para 115, valor que ficará como referência futura. «Quando decidimos criar um tecto orçamental, foi a pensar na forma de lidar com uma crise», explicou Ross Brawn, director desportivo da Fórmula 1, sobre medidas que se aplicam sobretudo ao desenvolvimento dos carros. Fora do limite ficam os gastos em marke-ting, nos salários dos pilotos, nos três outros ordenados mais altos e custos com baixas ou seguros de saúde. Mesmo assim, haverá certamente despedimentos em equipas que já estavam perto dos 1.000 funcionários, e os primeiros sinais foram dados com a compra da Williams pela Dorilton Capital ou a colocação da sede da McLaren à venda. Onde não se mexerá muito será no salário dos pilotos – com excepção de Sebastian Vettel, que mudará da Ferrari para a futura Aston Martin –, embora já se tenha percebido que Lewis Hamilton, a negociar a renovação com a Mercedes, vai ter de baixar as exigências e ficar, no máximo, pelos quase 50 milhões anuais que já recebe.
Peças / Valor (euros) Asa frontal: 128.000; Halo: 15.000 Jogo de pneus: 2.300; Volante: 42.500 Motor: 9.000.000; Asa traseira: 72.500 Depósito de gasolina: 120.000 Chassis (fibra carbono): 580.000 Sistema hidráulico: 145.000 Caixa velocidades: 340.000
Quanto ganham os pilotos
Como funciona o sistema DRS
A história da Curva Craig Jones
Piloto (Equipa) / Salário (euros) Lewis Hamilton (Mercedes) 48.000.000 Sebastian Vettel (Ferrari) 42.000.000 Daniel Ricciardo (Renault) 18.000.000 16.000.000 Max Verstappen (Red Bull) 9.000.000 Charles Leclerc (Ferrari) 7.500.000 Valtteri Bottas (Mercedes) 4.000.000 Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) Carlos Sainz (McLaren) 3.500.000 3.000.000 Sergio Perez (Racing Point) 1.500.000 Esteban Ocon (Renaullt) 1.200.000 Alexander Albon (Red Bull) Lance Stroll (Racing Point) 1.000.000 Romain Grosjean (Haas) 1.000.000 1.000.000 Kevin Magnussen (Haas) 400.000 Pierre Gasly (Alpha Tauri) 275.000 Daniil Kvyat (Alpha Tauri) 225.000 Lando Norris (McLaren) Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) 200.000 200.000 George Russell (Williams) ? Nicholas Latifi (Williams)
O Drag Reduction System (DRS) foi criado em 2011, para compensar a desvantagem de estar atrás de outro carro e permitir ultrapassagens. É uma mudança da asa traseira, que “abre” e dá mais velocidade, só sendo usada em zonas pré-determinadas. No Algarve será entre a curva 14 e o final da recta da meta.
As curvas do AIA têm o nome de patrocinadores, com uma excepção: a curva 9 chama-se Craig Jones em homenagem ao piloto de motos que faleceu em 2008, numa corrida de Supersport em Brands Hatch. O britânico corria pela Parkalgar, equipa do AIA, e ainda tem uma estátua a recordá-lo.
Quanto pesa e anda um Fórmula 1
Que pilotos conhecem a pista?
Um Fórmula 1 pesa no mínimo 740 kg, com 80 kg relativos a piloto, capacete e banco, o que obriga os mais altos a emagrecer. A velocidade depende das pistas, mas no ano passado foram medidos 359,7 km/h a Sebastian Vettel, em Monza, e Sergio Perez, no México.
Lewis Hamilton já testou no Algarve, em 2009, com a McLaren, Daniel Ricciardo, Charles Leclerc, George Russell, Alexander Albon, Lance Stroll e Antonio Giovinazzi correram lá em fórmulas de promoção e Max Verstappen, como que adivinhando, treinou em Portimão em Janeiro.
As três fases da qualificação
Recorde do AIA: 1m27,987s
Os treinos de qualificação repartem-se em Q1, Q2 e Q3. A Q1 tem 18 minutos, com os 20 carros, eliminando os cinco mais lentos. A Q2, de 15 minutos, elimina mais cinco, podendo os restantes 10 discutir as melhores posições na grelha de partida na Q3.
Foi o tempo da melhor volta nos testes de Fórmula 1 de Janeiro de 2009. A marca de Sebastien Buemi, com um Toro Rosso, dura até dos dias de hoje. Em MotoGP, Aleix Espargaró, com uma Aprilia, fez 1m40,170s, no passado dia 8.
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ESPECIAL
Paulo Pinheiro “Estamos a tentar trazer os testes de Fórmula 1 para o Algarve” CARLOS SOUSA Jornalista
voláteis e com uma série de factores que têm de ser analisados. De preferência, queremos sempre fazer corridas em Setembro, Outubro ou Novembro. Gosto muito de ser a última corrida do campeonato, como é óbvio. Ser em Março, Abril ou Maio é, também, uma boa data», explicou. Para Paulo Pinheiro «não faz sentido» realizar a prova «a seguir a Jerez (no início de Maio) porque o público é quase o mesmo». «Se houver uma alternância com Jerez, aí já faz sentido aquela data de Maio. Não
havendo essa alternância, temos de nos afastar de Jerez e ir mais para o final do ano. Setembro, Outubro, Novembro será sempre uma data mais plausível. Se for a última corrida do ano, para nós faz sentido», frisou. Já a continuidade da Fórmula 1 será mais complicada de garantir: «Neste momento, muito honestamente, nem pensamos nisso, não faz sentido. O nosso foco é fazer o melhor possível. Se correr tudo bem, ficamos numa posição privilegiada para ser uma boa candidatura para 2021 porque ninguém sabe, honestamente, o que será» o futuro, disse Paulo Pinheiro. O administrador do AIA entende que «estará no meio-termo, isto é, não será igual a 2020 mas, também, não será um ano normal». «Há uma janela de oportunidade significativa para termos as duas corridas e agora temos de fazer um bom trabalho», frisou. Já o campeonato de Superbikes tem contrato até 2022 e o objectivo «é renovar». O AIA vai receber este ano o Mundial de Fórmula (25 de Outubro) e Mundial de MotoGP (22 de Novembro).
esforço e o trabalho dos outros, que andam há largo tempo a estudar os melhores procedimentos, e, claro, privilegiando sempre a saúde», admitiu o engenheiro e administrador do AIA. «Todos desejamos que a corrida seja um orgulho e há muito a respeitar. Não podemos correr riscos e a saúde, repito, é a nossa maior preocupação. Tem havido muito trabalho nesse sentido, ou seja, na prevenção, e, embora mais afastado do nosso raio de acção, claro que obriga a outro esforço e gere mais preocupações. O que vamos ouvindo, é que os novos casos estão mais relacionados com as reuniões familiares, os lares e nos encontros de amigos e menos nos eventos públicos. Daí aproveitar todas as oportunidades para sensibilizar as pessoas, apesar do forte contingente policial que vai estar no Autódromo. Mas não podemos destinar um agente da autoridade para cada pessoa», considerou Paulo Pinheiro. A Fórmula 1 Heineken Grande Prémio de Portugal está quase a “rebentar” no Autódromo Internacional do Algarve, mas nem a proximidade com o regresso da prova ao nosso país tem entusiasmado os adeptos do automobilismo.
A competição portuguesa vai ter a lotação reduzida, devido às restrições impostas pelo Governo face à pandemia da Covid-19. O administrador do AIA admitiu a redução do número de espectadores para 27.500, calculando que fossem suprimidos os lugares de peão, depois de terem sido colocados à venda cerca de 46 mil bilhetes. «Inicialmente, tínhamos um valor estimado em 40 mil pessoas, mas não vamos chegar lá. Não há hipóteses de um enquadramento destes. Face ao cenário actual, colocamos a fasquia abaixo dos 30 por cento da lotação do Autódromo (95 mil espectadores). Tudo isto vai obrigar a uma maior rigidez nos procedimentos, nos acessos, nos torniquetes. Os cuidados serão redobrados e apelo, de novo, às pessoas, para que respeitem todas as indicações e cumpram as normas», referiu Paulo Pinheiro. No Autódromo Internacional do Algarve, a segurança é crucial para o sucesso da Fórmula 1 Heineken Grande Prémio de Portugal, pelo que, entre corpo policial, efectivos da GNR e elementos de segurança propriamente ditos, serão mais de mil: «Mas o sucesso da prova vai depender muito das próprias pessoas», finalizou Paulo Pinheiro. CS
Paulo Pinheiro admite negociações, com a resposta a ser conhecida antes do dia 25 de Outubro, data da realização da Fórmula 1 Heineken Grande Prémio de Portugal O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) é um dos circuitos candidatos a acolher os próximos testes de pré-temporada das equipas que disputam o Mundial de Fórmula 1, admitiu o administrador Paulo Pinheiro. «Estamos a tentar, mas já percebemos que não está um processo fácil. Ainda por cima, o número de testes será reduzido», lamentou Paulo Pinheiro. Tradicionalmente, Barcelona é o circuito que acolhe os testes e Paulo Pinheiro considera que é o mais «fácil para as equipas, porque é ficar onde já estão». «A parte mais importante dos testes
é poder extrapolar dados e poder comparar com os dados que já tinham. A decisão de mudar para um circuito onde não têm nenhumas referências é uma decisão difícil. Estamos a tentar, vamos ver o que conseguimos», sublinhou. Portimão está na corrida com os circuitos espanhóis de Jerez de la Frontera e Barcelona, e com o circuito francês de Paul Ricard. Já o campeonato do mundo de MotoGP poderá continuar no Algarve até 2027.
Apesar de em 2020 se realizar no circuito algarvio a última ronda do Mundial, cujo calendário foi revisto devido à pandemia da Covid-19, Paulo Pinheiro revela que existe um contrato assinado de três anos com mais dois de opção, a entrar em vigor a partir de 2022. «É o que está assinado. Todos os contratos DORNA (empresa promotora do campeonato) são por três anos mais dois», revelou. Contudo, falta ainda definir a data. «Os calendários são coisas muito
Paulo Pinheiro numa roda-viva para colocar AIA na perfeição Entre a vaidade do “seu” autódromo receber a Fórmula 1 Heineken Grande Prémio de Portugal e o desassossego inerente à pandemia da Covid-19, para o administrador da AIA este é o pico de maior trabalho O administrador do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) admitiu que tem dormido pouco – muito pouco mesmo –, com a promessa de cuidados redobrados para que o sucesso da Fórmula 1 seja uma realidade, pura e dura. Importante é que os adeptos e o público em geral respeitem todas as regras. Paulo Pinheiro segue a par e passo todas as incidências que se passam no interior e exterior do AIA. Tudo, sem excepção, é calculado ao pormenor e ao cronómetro. Nada pode falhar, nem que para isso tenham de ser adiadas as horas para dormir.
Na Mexilhoeira Grande, freguesia algarvia de Portimão mais emotiva em termos de velocidade, uma vez que é aqui que se localiza o Autódromo Internacional do Algarve, palco de grandes eventos mundiais, o grande “circo” está em crescendo. A par da montagem da “cidade” da Fórmula 1, em que os camiões avançam a um ritmo vertiginoso a encher o paddock, a prevenção também permanece intocável. Para Paulo Pinheiro «tem sido uma azáfama gigante». «Esta é uma fase de enorme pico de trabalho num Grande Prémio de Fórmula 1 e vai ser assim até ao final do dia desta quinta-feira. É a fase em que tudo tem de ser feito e ficar pronto, desde as montagens, as pinturas, a protecção, os contentores, os geradores e até as cozinhas. Isto é um mundo. Temos a equipa do Autódromo Internacional do Algarve, os nossos empreiteiros, e depois, à parte, toda a estrutura da Fórmula 1 que também trabalha sem des-
canso», referiu o administrador do circuito que recebe, de sexta-feira a domingo, a Fórmula 1 Heineken Grande Prémio de Portugal. O trabalho tem sido enorme em que nada pode faltar face às exigências de uma competição como a Fórmula 1: «É, sem margem para dúvida, um orgulho sem paralelo. Já tive a oportunidade de falar com os responsáveis da Federação Internacional do Automóvel (FIA) e testemunhei, mais uma vez, o apreço que todos têm pelo traçado, pelas infra-estruturas e, acima de tudo, pelo cuidado que colocamos em campo, bem como pelo apoio da cidade. É um circuito de que todos gostam e isso deixa-nos deveras orgulhosos». Paulo Pinheiro diz que «toda a gente anda preocupada». «É fundamental que as pessoas se saibam comportar e que tenham respeito pelas directrizes e normas. Façam o que tenham a fazer, mas sempre em segurança, sem colocar em causa o
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ESPECIAL
HENRIQUE DIAS FREIRE Jornalista
Nesse sentido, lançámos o Portimão MotorSports que, mais do que um conjunto de eventos de animação, pretende que a cidade se apresente de braços abertos para receber os fãs do desporto motorizado e mostre toda a sua identidade e o que tem de melhor: património, cultura e gastronomia. Este evento tem como objetivo criar oportunidades para o nosso tecido económico local, e pretende dinamizar a cidade até ao final do ano em três momentos: Fórmula 1, Moto GP e época do Natal.
Criar oportunidades para o tecido económico local é o grande objetivo, diz Isilda Gomes ao POSTAL. A presidente da autarquia salienta em entrevista que pretende "dinamizar a cidade até ao final do ano em três momentos: a Fórmula 1, Moto GP e época do Natal
Que justificação e resposta pode dar às pessoas mais críticas a este tipo de evento, por estarmos em período de pandemia?
Quais são os efeitos multiplicadores do retorno esperado das duas grandes provas (Fórmula 1 e GP) que se vão realizar no Autódromo Internacional do Algarve? No intervalo de um mês, os dois maiores eventos do mundo do desporto motorizado vão ter lugar no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão. Em primeiro lugar, consideramos que a realização destas duas provas é, desde logo, um momento único de grande projeção da região e do país em todo o mundo. Encaramos estes eventos como uma oportunidade única para dar a conhecer Portimão e a região, não só como destino turístico de eleição, mas também como uma oportunidade para viver e investir. Pelas características únicas da região, acreditamos que estes eventos trarão potenciais investidores e empresários que vejam aqui uma oportunidade de criar ou expandir os seus negócios, pelo que da nossa parte terão todo o apoio nesse sentido. A região precisa de investimento sustentável e diversificado, capaz de criar riqueza o ano todo e alavancar a nossa economia e as condições de vida dos nossos concidadãos. Simultaneamente, e no curto prazo, face aos tempos de incerteza que vivemos, acreditamos que estes dois eventos poderão configurar um importante balão de oxigénio para a economia local, tendo potencial para retardar o fecho da época turística, mantendo mais empresas abertas e mais empregos durante as próximas semanas que se avizinham.
Qual foi o seu papel e desempenho para a realização destas duas provas mundiais? O Município de Portimão esteve, desde a primeira hora, ao lado de quem sonhou ter um circuito de excelência na região, dando sempre o seu apoio político junto das entidades da administração central e do Governo para tornar este projeto realidade. Não seria possível ter estas duas provas sem esta infraestrutura de excelência na região. É um trabalho de largos anos
Isilda Gomes Presidente da Câmara Municipal de Portimão
Conseguimos tornar realidade este sonho
e por ele felicito o homem do leme, o engenheiro Paulo Pinheiro, que sonhou desde o primeiro momento com este feito. O trabalho que o Autódromo tem desenvolvido ao longo destes vários anos, apesar de todas as dificuldades que enfrentou, e o qual apoiamos sempre na medida das nossas capacidades, por acreditarmos muito no potencial deste projeto, foi fundamental para se chegar aqui. Recordo que, desde 2017, o circuito está homologado com o grau máximo pela Federação Internacional de Automobilismo, condição decisiva para que aí se realizem as mais importantes provas, como é o caso da Fórmula 1. Quando percebemos que haveria
uma oportunidade de termos estas duas provas, este ano, em Portimão, desde logo trabalhámos, em conjunto com o Autódromo, junto do Governo para se conseguir o apoio necessário para convencer os promotores da prova de que a nossa vontade de receber estas provas era enorme. Felizmente, com o empenho de todos e com o envolvimento do Governo, conseguimos tornar realidade este sonho muito antigo.
Qual foi o valor do investimento municipal nestas duas provas e o valor aproximado do investimento municipal indireto? No âmbito de uma decisão tomada
no seio da Comunidade Intermunicipal do Algarve, de conceder um apoio financeiro que contribuísse para tornar realidade a concretização do Grande Prémio de Fórmula 1 no Algarve, o Município de Portimão, assumindo o papel de anfitrião, concedeu um apoio de 200 mil euros à realização desta prova. Simultaneamente, sentimos que tínhamos uma responsabilidade acrescida, no âmbito das nossas competências, não só para receber as várias dezenas de milhar de pessoas que nos vão visitar, como em trazer o mundo do automobilismo para além das portas do Autódromo, envolvendo toda a cidade neste desígnio e criando uma experiência única para todos os portimonenses.
Estas serão as primeiras provas desde a retoma das competições que irão receber público, seguindo um protocolo sanitário muito restrito, devido à pandemia do COVID -19. Desde o momento em que surgiu a possibilidade de estes eventos se realizarem em Portimão que os mesmos estão a ser acompanhados pelas áreas governativas com responsabilidades nas vertentes da saúde e da proteção civil, de forma a garantir a maior robustez de todas as medidas a implementar, para que os eventos decorram em total segurança. Ao mesmo tempo, convocámos um conjunto de reuniões com entidades a nível local e regional, nomeadamente da área da saúde e da proteção civil, para garantir que teríamos no terreno o melhor plano, não só em termos de apoio às provas, como nos eventos de ativação da cidade durante estas provas. Não avançaríamos para este conjunto de iniciativa se não sentíssemos que, atempadamente, e com muito trabalho conjunto com as demais entidades competentes, tivéssemos a certeza que as melhores medidas estavam no terreno. Estamos convictos de que teremos dois momentos muito especiais para a região, nos quais todas as questões de segurança e saúde pública foram acauteladas de forma a proporcionar as melhores experiências e retorno aos nossos concidadãos e a todos aqueles que nos visitam.
MotorSports pretende que Portimão se apresente de braços abertos para receber os fãs do desporto motorizado e mostre toda a sua identidade e o que tem de melhor
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ESPECIAL
Hoteleiros Principal impacto económico resulta da cobertura mediática O principal impacto económico do Grande Prémio de Portugal em Fórmula 1 no Algarve vai resultar da cobertura mediática e da continuidade da prova na região, defendeu o líder da maior associação hoteleira da região O Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, vai acolher no domingo a 12.ª prova do Mundial de Fórmula 1, mas o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considera necessário “garantir, em termos de futuro a continuidade do evento”, já que, além dos fluxos turísticos que gera, tem “um peso mediático enorme”. “O principal impacto [económico] tem a ver com a cobertura mediática internacional e o seu contributo para a promoção e divulgação do
Algarve internacionalmente, o que é um impacto francamente positivo”, considerou Elidérico Viegas, em declarações à agência Lusa. O responsável reconheceu que o impacto direto, calculado através da ocupação das unidades hoteleiras nas imediações no circuito, casos da Praia da Rocha e do Alvor, está “muito aquém do que seria normal”. “Há hotéis [nessa zona] com boas expectativas de ocupação. Não são muito elevadas, já não eram, e ainda menos agora com o agravamento da pandemia”, referiu Elidérico Viegas, sublinhando que o evento vai atrair, sobretudo, espetadores nacionais, devido às restrições nos países de origem de potenciais espetadores e à lotação do autódromo estar “muito reduzida”. Elidérico Viegas reconheceu que os hotéis vão beneficiar das estadas dos portugueses, “apesar de curtas”, e das “pessoas que gravitam à volta do evento”, que envolve “bastante gente”, havendo hotéis “que vão
encerrar imediatamente a seguir” à prova. No domingo, o administrador do AIA admitiu que o limite máximo para a corrida deve rondar os 27.500 espetadores, cerca de um terço da capacidade do recinto. Em meados de setembro, Paulo Pinheiro estimava que a vinda da Fórmula 1 a Portugal poderia re-
"SABORES DE UM IMPÉRIO ESQUECIDO" Facebook: @restaurante.oquintoimperio | Instagram: @restaurante.oquintoimperio E-mail: reservas@oquintoimperio.com Avenida João Paulo II, L2, Restaurante O Quinto Império 8500-780, Portimão | Contacto: 282 074 993
presentar um impacto direto na economia da região algarvia superior a 100 milhões de euros. Inicialmente, foram colocados à venda cerca de 46.000 bilhetes, mas as restrições poderão impossibilitar a existência de lugares de peão, e eventual distribuição pelas bancadas. Paulo Pinheiro admitiu ainda a
existência de "várias desistências" de estrangeiros, "que, ou não conseguiram viagem, ou estão com receio" de assistir à corrida. O Mundial de Fórmula 1 regressa a Portugal 24 anos depois, desta vez ao circuito algarvio, que vai acolher o Grande Prémio de Portugal entre sexta-feira e domingo, dia da 12.ª corrida da temporada. CS
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Pedro Lamy: “Fórmula 1 em Portugal é uma grande conquista” O piloto Pedro Lamy, o primeiro português a pontuar num Mundial de Fórmula 1, no Grande Prémio da Austrália de 1996, onde conquistou a 6.ª posição, sublinhou que o regresso do campeonato «representa muito para Portugal», sendo «uma grande conquista, sobretudo para os amantes de automobilismo», num ano marcado pela pandemia da Covid-19 e por eventos desportivos sem a presença de público. «O impacto do público no automobilismo não
tem o mesmo impacto que no futebol. O piloto dentro do carro concentra-se, o público são os outros carros. Não é tão grave, mas é triste, no “paddock” deve ser terrível. É uma fase em que esperemos que termine depressa», sustentou. O antigo piloto falou também sobre a descaracterização da Fórmula 1 nos últimos anos com a entrada de novos circuitos em detrimento das pistas tradicionais: «A Fórmula 1 perdeu o carisma e a tradição. A segurança tem vindo a mudar com os países que tinham
dinheiro, em vez daqueles que tinham tradição. O dinheiro mudou a tradição da Fórmula 1. Mas com esta mudança, o facto de a televisão não transmitir em canal aberto também afecta. Assim como o facto de não haver pilotos portugueses em prova. Por outro lado, a Fórmula 1 perdeu um bocado, mas não em termos de competitividade. A Fórmula 1 está muito interessante, tem muito bons pilotos e eu acho que as mudanças no regulamento têm sido úteis», considerou Pedro Lamy.
As 'pole positions' Lista de 'pole positions' do Grande Prémio de Portugal em Fórmula 1, que vai voltar a ser disputado, no domingo, em Portimão, depois de 13 edições no circuito do Estoril, em Cascais:
Berger (Aut), 1987 Gerhard Ferrari - 1.17,620
1986 Ayrton Senna (Bra), Lotus-Renault - 1.16,673
1988 Alain Prost (Fra), McLaren-Honda - 1.17,411
1985
1989
Ayrton Senna (Bra), Lotus-Renault - 1.21,007
Ayrton Senna (Bra), McLaren-Honda - 1.15,468
1984
1990
Nelson Piquet (Bra), Braham-BMW - 1.21,703
Nigel Mansell (Ing), Ferrari - 1.13,557
1996
1991
Damon Hill (Ing), Williams-Renault - 1.20,330
Riccardo Patrese (Ita), Williams-Renault - 1.13,001
1995
1992
David Coulthard (Esc), Williams-Renault - 1.20,537
Gerhard Berger (Aut), Ferrari - 1.20,608
Nigel Mansell (Ing), Williams-Renault - 1.13,041
1994
1993
Damon Hill (Ing), Williams-Renault - 1.11,494
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ESPECIAL
Os vencedores Pedro Matos Chaves:
“Regresso da Fórmula 1 é enorme alegria”
Lista dos vencedores do Grande Prémio de Portugal em Fórmula 1, que vai voltar a ser disputado, no domingo, em Portimão:
1996: Jacques Villeneuve (Can), Williams-Renault 1995: David Coulthard (Esc), Williams-Renault 1994: Damon Hill (Ing), Williams-Renault 1993: Michael Schumacher (Ale), Benetton-Ford 1992: Nigel Mansell (Ing), Williams-Renault 1991: Riccardo Patrese (Ita), Williams-Renault 1990: Nigel Mansell (Ing), Ferrari 1989: Gerhard Berger (Aut), Ferrari 1988: Alain Prost (Fra), McLaren-Honda 1987: Alain Prost (Fra), McLaren-Porsche 1986: Nigel Mansell (Ing), Williams-Honda 1985: Ayrton Senna (Bra), Lotus-Renault 1984: Alain Prost (Fra), McLaren-Porsche (...) 1960: Jack Braham (Aus), Cooper-Climax 1959: Stirling Moss (Ing), Cooper-Climax 1958: Stirling Moss (Ing), Vanwall
'Ranking' por piloto: 1. Alain Prost (Fra) 3 vitórias Nigel Mansell (Ing) 3 3. Stirling Moss (Ing) 2 4. Jack Braham (Aus) 1 Ayrton Senna (Bra) 1 Gerhard Berger (Aut) 1 Riccardo Patrese (Ita) 1 Michael Schumacher (Ale) 1 Damon Hill (Ing) 1 David Coulthard (Esc) 1 Jacques Villeneuve (Can) 1 NOTA: As corridas de 1958 e 1960 foram disputadas no circuito da Boavista, no Porto, a de 1959 em Monsanto, em Lisboa, e entre 1984 e 1996 no circuito do Estoril, em Cascais.
O antigo piloto e ex-campeão nacional de ralis, Pedro Matos Chaves, diz que é «com enorme alegria que vejo o regresso do Mundial de Fórmula 1 a Portugal», esperando que seja «um primeiro passo para o regresso de um português» ao grande “circo”. «É excelente. É sempre uma alegria ver a Fórmula 1 no nosso país. É uma oportunidade de ver os carros de perto e um prémio grande para o circuito de Portimão, que tinha apostado em ser construído com todas as possibilidades de albergar a Fórmula 1», sustentou o antigo piloto natural do Porto.
Pedro Matos Chaves foi piloto da Coloni no campeonato de 1991, não conseguindo a classificação para nenhuma corrida. No entanto, esteve presente no GP de Portugal de 1991, apesar de também ter falhado a qualificação. «Estávamos em casa, depois de andar a fazer provas pelo mundo todo. Infelizmente, nesta época não temos nenhum piloto na Fórmula 1 para torcer por ele», lamentou. No entanto, Pedro Matos Chaves tem esperança que «seja um primeiro passo» para o regresso de um piloso luso ao campeonato. Pode «ser que seja um incentivo para os patrocinadores», concluiu.
Tiago Monteiro: “Fantástico para Portugal receber a Fórmula 1” O único piloto português a subir ao pódio numa corrida de Fórmula 1 (Indianápolis, em 2005, com um terceiro lugar) disse que «é preciso estar presente para agarrar as oportunidades quando elas surgem». «Parece-me muito bem. É fantástico para o nosso país poder receber a Fórmula 1. É uma oportunidade que surgiu devido à Covid-19, mas é preciso estar presente para agarrar as oportunidades quando surgem», sublinhou o piloto portuense. Para Tiago Monteiro, «é uma excelente oportunidade, pois põe-se um pé na porta com o grande “circo”». «Vai criar uma relação diferente (com a organização do Mundial). É uma forma de poder ficar
(no calendário nos próximos anos) se correr tudo bem», frisou. O piloto portuense, que actualmente compete na Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), participou nos campeonatos de Fórmula 1 de 2005 e 2006, pela equipa Jordan. Apesar de gostar de correr em Portugal, Tiago Monteiro já não sente nostalgia com a Fórmula 1.: «Obviamente que seria incrível correr na Fórmula 1 em Portugal, mas esse tempo já passou. Há que abrir espaço aos mais jovens», disse. «Um português a correr seria mais incrível ainda, mas não podemos ser demasiado exigentes nem sonhar demasiado», concluiu o piloto natural do Porto.
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REGIÃO
RICARDO JORGE CLAUDINO:
Um poeta que não gostava de letras FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE Um poeta algarvio, “transportado por um bando de cegonhas oriundas de Reguengos de Monsaraz”, com diz. Filho de pais alentejanos, Ricardo Jorge Claudino, de 35 anos, teria tudo para não ser poeta. É licenciado em Engenharia Informática e mestre em Informação e Sistemas Empresariais e iniciou a atividade em 2001, estando dois anos a trabalhar como programador nos Países Baixos, em Amesterdão.
VEJO-ME COMO ESCRITOR E COMO PROGRAMADOR
O Algarve e o Alentejo são a sua inspiração. Refere o poeta que “sou um bocado dos dois mundos”. O facto de ter estado em contacto permanente com a natureza do local onde os pais habitavam e a agitação da cidade de Faro, deu-lhe uma visão “extra” do mundo, que acaba por se transpor nas suas obras, principalmente na mais recente, “A Cor do Tempo”. Este livro - do qual já falaremos - mistura paisagens dos dois locais e um amarelo torrado, que significa o amanhecer das terras do seu coração. Numa vida recheada de números, o algarvio reconhece que “nunca fui bom a português” e o interesse pelas grandes obras, nem existia aquela altura: “Lia simplesmente o resumo, só queria passar com 10 [valor mínimo para ficar com a disciplina concluída]”. A sua vida era imaginada como programador, mas aos 15 anos, começou a escrever poesia. “Ficava guardada numa gaveta”, recorda. Nada do era colocado no papel era mostrado ao mundo. Apenas a “tal” gaveta sabia de tudo o que Ricardo Jorge Claudino escrevia. Foi com 33 anos que “reativei esse gosto” pela poesia e pela literatura. “Lusíadas”, de Camões, “A Mensagem”, de Fernando Pessoa, ou “Os Maias”, de Eça de Queirós” foram algumas das obras que começou por ler, “como se fosse [a leitura] de uma vida inteira”. Ricardo Jorge Claudino
vinca que com a sua escrita, o objetivo é “trazer algo de novo para a língua portuguesa”. Língua essa que deixou de lado durante muitos anos em prol da informática, mas que despertou nele “uma vontade”. “Ser poeta não se escolhe, sente-se”. Uma frase até poética – ironicamente – mas que é verdade. “Sempre gostei muito de passar histórias” e a paixão adormecida pela poesia começou a despertar e a dar ao algarvio uma vontade de “escrever e publicar”, deixando de lado a anterior gaveta. O objetivo da escrita é “mostrar pensamentos, vivências e poesia”, tendo “cuidado com a língua portuguesa”. Na sua “curta” carreira, já participou na antologia “A Vida em Poesia IV”, publicada pela Helvetia Éditions. Conta também com publicações nas revistas Gazeta Inédita de Poesia e NERVO. “A Cor do Tempo” é a sua primeira obra publicada. Anteriormente, a poesia era uma paixão adormecida, mas já adulto, Ricardo Jorge Claudino sentiu vontade de mostrar o que faz. Neste momento, assume: “vejo-me como escritor e como programador”, duas áreas distintas, assim como o Algarve e o Alentejo, duas regiões diferentes, pelas quais o poeta nutre um enorme sentimento. “Descobri uma balança naquilo que gosto de fazer”. A família e a mulher são os seus maiores apoios. Diziam os seus familiares: “O mundo da literatura não é tão rentável como o da informática, mas se gostas avança”. A sua mulher foi mais longe e participou até no livro “A Cor do Tempo”, fazendo duas ilustrações. Essa força ajuda e “isso foi um grande passo para que eu pudesse publicar este livro e os outros”. Ricardo Jorge Claudino, com a necessidade de mostrar o seu trabalho ao mundo, criou redes sociais (Facebook e Instagram) e mostra agora pequenas frases dos seus poemas. Da sua caminhada no mundo virtual, conta que “tive uma professora de português no Brasil que pegou num poema meu e fez um exercício para os seus alunos”. A docente leu o poema e retirou-lhe o título. O desafio seria os alunos adivinharem e interpretarem a obra.
“A COR DO TEMPO” VENCE PRÉMIO POESIA
Em cima à esquerda: O livro "A Cor do Tempo" foi a sua primeira obra publicada; Em cima à direita: Ricardo Jorge Claudino divide a paixão pelo Algarve e Alentejo; Em baixo: O poeta venceu o Prémio Poesia na Gala dos Autores da editora Cordel d' Prata FOTOS D.R. Como seria de esperar, “havia títulos tão díspares”, que tinham a ver com morte e solidão. Na realidade, o poema chama-se “Casa no Campo”. Para o poeta este exercício foi fantástico. “Quando escrevemos, sinto que o poema é meu, mas quando o público o lê, ele passa para o leitor” e dá-lhe a “interpretação que quiser”. A obra foi publicada com a chancela da editora Cordel d' Prata e, na gala anual de reconhecimento de grandes escritores, Ricardo Jorge Claudino foi nomeado. Na votação online, foi o preferido e acabou por
arrecadar o prémio na categoria de poesia. “Não estava à espera, por ser um escritor recente”, confessa. Quando subiu ao palco para receber o prémio, falou “mais dos outros nomeados”, uma vez que reconhece a importância desta vitória, junto de escritores mais experientes. “A Cor do Tempo” é um livro que mistura vivências do Algarve e Alentejo. Mistura o pôr-do-sol dos dois locais e, em certa parte, as vivências e paixões do autor. “Quando me perguntam qual a minha cor preferida, enrolo todas as palavras; e descre-
vo-a”, explica o autor na sinopse do livro. Pode dizer-se que este livro é impessoal e, tal como revelou ao POSTAL Ricardo Jorge Claudino, foi escrito para que todos se identificassem. “Não sei se é daltonismo ou não, mas só distingo a cor do tempo”, conclui. Para Ricardo, a cor do seu tempo está no livro, mas quando o ler, irá encontrar outra cor. E é de cores que é feito o mundo. Mais do que nunca, procuramos o arco-íris. Coincidência ou não, é ele que aparece quando dizemos “vai ficar tudo bem” depois da pandemia.
CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
BILHETE POSTAL
REGIÃO
Silves: uma varanda perfumada com flores de laranjeira RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com
H
oje, havemos de subir pela imaginação, ao Palácio das Varandas. E dali, avistar o rio lá em baixo. Ou derramar o olhar pela cidade vermelha do grés, o castelo, as muralhas, o centro histórico, evocando a presença árabe e um vasto património islâmico presente em cada pedra e em cada olhar. Às janelas do Palácio hão-de chegar as vozes e a nostalgia dos poemas e dos amores de Ibnamar e Almutamid, perfumados com flores de laranjeira. E também os gritos de desespero das guerras e das disputas sangrentas. Dos cercos, das resistências, das conquistas e reconquistas. Da fome e da sede. Espreitar a cisterna árabe, onde agora fica o museu arqueológico, ouvindo o eco das vozes
em caracol, vinte metros lá em baixo. Descer à cidade escondida por baixo da cidade construída, onde Saramago é agora guardador de livros e de aventuras. Ou subir à Sé cristã erguida sobre cânticos e orações vindos do além mar. Demorar o olhar no arco de entrada, nas suas ogivas interiores e junto ao altar, o túmulo onde por quatro anos ficou o corpo de D. João II. E a ponte cá em baixo, árabe ou romana, passagem para a outra banda. O rio, os canaviais, os meandros em serpente. Assim, há séculos! E, em redor, os pomares e a frescura do Arade por onde subiram águas e cruzados. E se fez a paz e se fez a guerra. E por ali se embarcaram figos, passas e laranjas e legumes e madeiras, para a Europa e norte de África. Ou para as naus das descobertas. E também a cortiça que nos remete para as lutas operárias, em anos de servidão. E quase junto à foz, perscrutar vozes longínquas de batalhas travadas em línguas estranhas. E ao lado, na ribeira de Boina, adivinhar Camões a sarar feridas do corpo, que as da alma foram com ele para os confins do mundo! Nas rimas dos seus versos e na epopeia lusitana!
Em cima: Silves: a cidade vermelha do grés do castelo, carregada de história em cada pedra e em cada olhar; A meio: Cidade de disputas sangrentas de conquistas e reconquistas; Em baixo à esquerda: A ponte e o Arade, por onde subiram árabes, romanos, cruzados e outras vozes longínquas em línguas estranhas; Em baixo à direita: Sé cristã, erguida sobre uma mesquita árabe, que acolheu por quatro anos o corpo de D. João II FOTOS D.R.
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CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
REGIÃO NECROLOGIA
Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não acredite. C.F.
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MANUEL JOAQUIM NOBRE 12-10-1930 16-10-2020
CARTÓRIO NOTARIAL DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL DE AMÉLIA DE BRITO MOURA DA SILVA CERTIFICA, para efeitos de publicação, nos termos do disposto do artigo cem, número um do Código do Notariado, que no dia sete de Outubro de dois mil e vinte, a folhas noventa e seguinte do livro de notas para escrituras diversas número Noventa e um deste Cartório, foi lavrada uma escritura de Justificação Notarial, em que JOSÉ HENRIQUE DE JESUS DO CARMO, NIF. 109.899.245, solteiro, maior, natural da freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, onde reside no sítio dos Morenos, Caixa Postal 312-M, declara que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem, dos seguintes prédios, ambos sitos em Morenos, na freguesia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira: a) Prédio urbano, composto por edifício térreo com logradouro, destinado a habitação, que confronta a norte com José Viegas, a sul com José Rodrigues, a nascente com Virgínia Viegas e a poente com Virgínia Viegas e outro, com a área total de mil quinhentos e sessenta e cinco metros quadrados, sendo a área de implantação do edifício de cento e oitenta e sete metros quadrados, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 3230, com o valor patrimonial actual de quinze mil seiscentos e trinta e sete euros e noventa e seis cêntimos, que é o atribuído, e b) Prédio urbano, composto por edifício térreo com logradouro, que confronta a norte e nascente com Manuel Cavaco, a sul com Virgínia Viegas e a poente com José do Carmo, com a área total de quinhentos e setenta e dois metros quadrados, sendo a área de implantação do edifício de vinte e seis metros quadrados, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 3229, com o valor patrimonial actual de mil quatrocentos e cinquenta e dois euros e cinquenta e quatro cêntimos, que é o atribuído. Que os indicados prédios não se encontram descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira. Que os prédios acima identificados vieram à sua posse em data imprecisa do ano de mil novecentos e oitenta e um por compra meramente verbal feita a Deolinda Mendes, viúva e a Januário Teixeira Gonçalves e mulher Maria Lúcia Mendes Martins, casados sob o regime da comunhão geral, todos residentes que foram no dito sítio dos Morenos, compra essa que não lhe foi nem é agora possível titular por escritura pública. Que desde essa data e sem qualquer interrupção, entrou na posse dos referidos prédios, pessoalmente e em nome próprio, tendo vindo desde então, a gozar todas as utilidades por eles proporcionadas, neles praticando os actos materiais de fruição e conservação correspondentes ao exercício do direito de propriedade, nomeadamente fazendo as reparações necessárias ao longo do tempo e pagando os respectivos impostos, procedendo assim, como seu dono e senhor, à vista e com o conhecimento de toda a gente e sem oposição de ninguém, pelo que exerceu uma posse pacífica, contínua e pública e isto, como se disse, por prazo superior a vinte anos. Que, dadas as enunciadas características de tal posse, adquiriu os ditos prédios por USUCAPIÃO, título esse que, por sua natureza não é susceptível de ser comprovado pelos meios extrajudiciais normais. São Brás de Alportel, sete de Outubro de dois mil e vinte.
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar
A Notária, Amélia de Brito Moura da Silva Conta registada sob o n.º 2017/2020
MARTIM LONGO - ALCOUTIM Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
(POSTAL do ALGARVE, nº 1252, 23 de Outubro de 2020)
ALZIR A CUSTÓDIA MARTA
MARIA DOS ANJOS DAS DORES GONÇALVES
VIRGÍLIO EDUARDO DA SOLEDADE CABRITA
01-04-1933 19-10-2020
02-08-1927 19-10-2020
27-07-1934 19-10-2020
Os seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade
Os seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade.
PEREIRO - ALCOUTIM SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA
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Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.
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CADERNO ALGARVE
Postal, 23 de outubro de 2020
23
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no emagrecimento e na dor
DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA DECLARAÇÃO DE RETIFICAÇÃO Hugo Miguel Marreiros Henrique Pereira, Presidente da Câmara Municipal de Lagos: Faz público, para cumprimento do disposto no artigo 17.º, n.° 1 e 2 e 11.°, n.° 4, do Código das Expropriações, Lei n.° 168/99, de 18 de setembro, na sua versão atualizada, que foi publicada na 2.ª Série do Diário da República, n.° 199, de 13 de outubro, a Declaração de Retificação n.° 694/2020, que retifica a Declaração (extrato) n.° 78/2020, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.° 182, de 17 de setembro de 2020, relativa à declaração de utilidade pública da expropriação com caráter de urgência e autorização da tomada de posse administrativa de parcelas de terreno, necessárias à execução de obras no âmbito do projeto de requalificação viária municipal da estrada EM 537, Quatro Estradas — Vila da Luz, que visa o alargamento da via para criação de zona de circulação pedonal ao longo da mesma, bem como a requalificação do pavimento e das infraestruturas existentes. Nesta Declaração de Retificação procedeu-se à publicação da planta parcelas da parcela 10, bem como à correção da proprietária das parcelas 8 e 9 (onde se lê: «SETIL — Sociedade de Investimentos Turísticos e Imobiliários, L.da» deve ler-se «SETIL — Sociedade de Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, L.da»). E para geral conhecimento, se publica o presente e outras de igual teor, que vão ser afixadas nos lugares públicos do costume. Lagos, 14 de outubro de 2020 O Presidente da Câmara, Hugo Miguel Marreiros Henrique Pereira (POSTAL do ALGARVE, nº 1252, 23 de Outubro de 2020)
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ModernaPresidente Moderna Modernade Lagos:Moderna da Câmara Municipal
OLHÃO
Brito
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Progresso
PORTIMÃO
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Rio
QUARTEIRA
Mª Paula
Miguel
Miguel
Da Ria Nobre Pacheco BritodataFaz público que, em conformidade com o meu despacho, do de 23 de setembro de 2020, exarado no uso da competência Central P. Mourinha Moderna Carvalho prevista na alínea g) do n° 1 do art.° 33º do anexo I, da Lei n° Miguel Miguel Miguel 75/2013, de 12 deMiguel setembro, na sua redação atual, delegada por Algarveda Câmara realizada deliberação tomada na- reunião extraordinária em seDias vai Neves proceder a hasta São30/10/2019, Brás Sãopública Brás para concessão, Dias Neves pelo período de dez anos, do direito à ocupação de espaços no João de Deus Cruz Portugal Mercado Municipal da -Avenida, sito na rua- Portas de Portugal e no Central Municipal Felix Sousa Montepio Mercado de Santo Amaro, sito na rua Filarmónica 1º de Maio, ambos em Lagos. Pombalina Pombalina Pombalina Pombalina - Valor Base de Licitação: Bancas destinadas ã venda de peixe/marisco —2.000,00€ Bancas destinadas à venda de fruta/hortaliça — 100,00€ Bancas destinadas à venda de artigos de artesanato e outros — 100,00€ Bancas destinadas à venda de plantas e flores — 100,00€ Lojas — 1.000,00€ Talhos — 2 000,00€ Esclarecimentos e obtenção do programa do procedimento e condições de ocupação: - Para obtenção do programa do procedimento e condições de ocupação, deverão os interessados dirigir-se ao Gabinete do Municipe, Edifício Paços do Concelho Séc. XXI, todos os dias úteis das 9h às 17h. - telef. 282 771 700. Os pedidos de esclarecimentos deverão ser apresentados, por escrito no Gabinete do Munícipe ou remetidos via postal, para o endereço: Secção de Património e Aprovisionamento, Edifício Paços do Concelho Séc. XXI, 8600-293 Lagos, ou atraves de e-mail para o endereço: spa@cm-lagos.pt. - Local, data e hora da hasta pública: Auditório do Edifício Paços do Concelho Séc. XXI, Praça do Município, em Lagos, no dia 2 de Novembro de 2020, pelas 15h, E, para geral conhecimento se publica este e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares públicos do costume.
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De aco segun Azeite a reun 2016,
1º- Ap
2º- Ap 3º - O
Se à h Geral com a de ass
EDITORIAL Henrique Dias Freire
Obrigado Carlos Brito
A
grande entrevista desta edição do POSTAL é a uma figura ímpar da história contemporânea portuguesa: Carlos Brito. O dirigente histórico do PCP recebeu-nos em Alcoutim, terra que o viu crescer, onde a sua família instalou-se vinda de Moçambique. Tinha ele apenas três anos de idade e hoje tem 87 anos, sempre vividos com coragem para enfrentar os riscos do abismo, convicto numa luta por um ideal de bem comum, que lhe custou muita dor e sofrimento. Foi preso político e teve que viver na clandestinidade no tempo da ditadura, onde sofreu tortura e isolamento durante quase duas décadas. Perseguido pela sua atividade como militante comunista, foi preso três vezes, cumprindo um total de oito anos de cárcere. Aos 17 anos, Carlos Brito aderiu ao MUD Juvenil, para mais tarde entrar nas fileiras do Partido Comunista Português. Foi responsável, enquanto funcionário do PCP, por diversas ações de propaganda contra o regime. Já na direção do partido, evidenciou-se como um dos seus operacionais no ramo militar, tendo tido um papel especial na mobilização do partido para o golpe de 25 de abril de 1974. Foi eleito deputado à Assembleia Constituinte e exerceu, sem interrupções, o cargo de deputado à Assembleia da República, sucessivamente eleito nas legislaturas iniciadas em 1976, 1979, 1980, 1983, 1985 e 1987. Foi presidente do Grupo Parlamentar do PCP durante 15 anos e candidato a Presidente da República pelo partido que acabaria por abdicar em prol de Ramalho Eanes. Carlos Brito foi igualmente diretor do jornal Avante entre 1992 e 1998. Mas em meados dos anos 90, tornou-se "inconveniente" no seio do partido e acabou por ser o protagonista dos chamados renovadores do partido. Crítico do rumo rígido marxista-leninista do PCP, Carlos Brito acabou suspenso pelo Comité Central em 2002 e depois, autossuspendeu-se, em 2003. A generalidade da sua história de vida é conhecida, tanto durante o período que antecedeu o 25 de abril como no período seguinte, mas na longa entrevista que deu ao jornalista Ramiro Santos, Carlos Brito deixa o testemunho do seu lado mais íntimo, com aspetos até então desconhecidos do grande público. Como cresceu, as suas referências, os seus ideais, os seus amores e a sua relação com Álvaro Cunhal são temas abordados num testemunho único deste "velho combatente". Nesta edição, o POSTAL publica, por isso a primeira parte desta grande entrevista, remetendo para a próxima edição a sua continuação. O privilégio de termos estado à conversa com este grande Senhor merece a sua partilha com os nossos leitores. À pessoa de Carlos Brito felicitamos com o nosso sincero agradecimento.
Covid-19: Duas funcionárias da Câmara Municipal de Faro testam positivo Duas trabalhadoras da Câmara Municipal de Faro testaram positivo ao novo coronavírus, há cerca de uma semana e meia, obrigando outros funcionários a realizarem testes de despiste à doença provocada pela SARS-CoV-2. O presidente da Câmara Municipal de Faro revelou ao POSTAL que as funcionárias são assistentes administrativas do Departamento de Urbanismo e estão neste momento em casa, assintomáticas, cumprindo o isolamento obrigatório. Segundo Rogério Bacalhau, “vários funcionários foram testados”, começando pelos contactos mais próximos, para garantir que não existe realmente risco de transmissão. Os testes realizados até
ao momento “deram todos negativos”. O autarca da cidade de Faro revelou ainda ao POSTAL que alguns funcionários estão “em casa em regime de teletrabalho”. A entidade de sáude está a acompanhar a situação, “fez o rastreio e nós fomos dando informações sobre quem era quem e quem tinha de ficar em casa”. Em Alcoutim, duas utentes do Lar de Balurcos com 94 e 90 anos, faleceram na segunda e na terça-feira, respetivamente. Ambas estavam internadas no Hospital de Faro. No passado domingo, já tinha falecido outra utente, de 93 anos, que permanecia no lar. O Município de São Brás de Alportel revelou na
Últimas DGS vê risco "mínimo" no Grande Prémio A diretora-
-geral da Saúde considerou hoje que a presença de 27.500 espetadores no Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 é "um risco calculado" e salientou que, se forem cumpridas as regras, o risco "é mínimo", relembrando que o recinto conta com "cerca de 90 mil potenciais lugares sentados".
segunda-feira que foram detetados sete casos positivos de infeção no Lar da Santa Casa da Misericórdia, nomeadamente, dois funcionários e cinco utentes. No domingo, o mesmo município revelou que foi detetado um caso positivo de covid-19, num educador da Creche “Sítio do Bebé”. Até ao momento, “todas as famílias das crianças da turma deste educador foram devidamente informadas, a sala encontra-se fechada e todas as crianças, bem como as colaboradoras da sala, encontram-se em vigilância, nas suas casas”. A autoridade local de saúde está a monitorizar todas as pessoas da sua rede de contactos, informou a autarquia.
Desalojadas com derrocada de ímóvel devoluto
Cinco pessoas ficaram desalojadas depois da derrocada, esta quarta-feira, de um prédio devoluto ter atingido as suas habitações, no centro da cidade de Silves. Uma pessoa que se encontrava na sala de uma das duas casas afetadas sofreu ferimentos ligeiros, tendo sido encaminhada para o hospital de Portimão. A derrocada atingiu também um veículo que se encontrava estacionado nas imediações do imóvel, no centro histórico. Tudo leva a crer que a derrocada terá sido originada pela chuva e vento que afetaram a região na terça-feira.
Nasce ciclovia urbana na Avenida Gulbenkian em Faro
Linces no Vale do Guadiana têm a mais alta taxa de nascimento Os
resultados dos censos 2019 divulgados pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas indicam que a taxa de nascimentos (taxa de produtividade) no Vale do Guadiana é a mais elevada na península. Em 2019, das 13 ninhadas referenciadas, três geraram cinco crias cada uma, quando anteriormente o máximo registado foi de quatro crias por ninhada. Esta taxa de nascimentos é “reveladora de abundância de alimento, de disponibilidade e adequabilidade de habitat e de tranquilidade proporcionada pelos proprietários e gestores do território”.
FARO A obra de construção de um novo corredor ciclável urbano que vai percorrer a Avenida Calouste Gulbenkian, entre as rotundas do Teatro das Figuras e do Hospital, avança a bom ritmo. A nova ciclovia custará 160.051 euros e está a ser construída pela empresa local José de Sousa Barra & Filhos. “A intervenção abrange toda a avenida, com um percurso clicável em cada um dos sentidos com uma faixa ciclável de 1,50 metros e dupla delimitação relativamente à circulação automóvel, que se continua a fazer em duas faixas de rodagem”, explica a autarquia farense.
Empresárias do Algarve e Alentejo reunidas em Sevilha Meia centena de empresárias da Andaluzia, Alentejo e Algarve estiveram quarta-feira e quinta-feira reunidas em Sevilha, durante um fórum que visou promover a internacionalização das suas empresas e a cooperação comercial entre as três regiões. O I fórum INTREPIDA plus reúniu mulheres empresárias de várias áreas da economia, mas sobretudo dos setores da agricultura e alimentação, turismo, cultura, moda, artes e design. Catalina Bejarano, da Fundação Três Culturas do Mediterrâneo, que promove a iniciativa, relatou à Lusa que participam no fórum pequenas empresas – a maioria
com uma ou duas pessoas - num registo próximo ao “autoemprego”, algumas de povoações muito pequenas. Catalina Bejarano confessou que houve alguma hesitação em avançar com a realização do fórum, devido à pandemia de covid-19, mas este acabou por se revelar o momento ideal, já que, agora, as empresárias “têm mais tempo para se dedicarem a planificar”. O objetivo do projeto INTREPIDA é impulsionar a competitividade empresarial das pequenas e médias empresas administradas por mulheres no território transfronteiriço da eurorregião formada pela Andaluzia, Algarve e Alentejo.
"Sem adeptos não há futebol" volta a acusar Governo O movimento “Sem
Distribuição quinzenal com
Tiragem desta edição 7.494 EXEMPLARES
POSTAL regressa a 6 DE NOVEMBRO
adeptos não há futebol” voltou esta semana a acusar o Governo e as autoridades de saúde de “discriminação”, ao permitir a presença de 27.500 pessoas no Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1. O movimento diz que "não reclama para os adeptos de futebol qualquer tipo de discriminação positiva, mas não se calará enquanto os adeptos de futebol continuarem a ser discriminados em relação a adeptos de outros desportos, atividades culturais ou formas de lazer”.