POSTAL 1253 6NOV2020

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6 de novembro de 2020 1253 • €1,5

Diretor: Henrique Dias Freire Quinzenário à sexta-feira

postaldoalgarve

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E ainda Olhanenses instalam 25 novos abrigos nas paragens de autocarro

Desta forma, para além de se renovarem os existentes, surgiram 14 novos abrigos, para maior comodidade de quem aguarda a passagem dos autocarros.. P7

Albufeira investe na preservação do património religioso

As obras representam um investimento no valor de 162.975 euros. P8

Faro aposta na proteção de idosos

ALGARVE E O.E. PARA 2021

quase O orçamento de √

todo o descontentamento ➡ Jamila Madeira - PS

Novo Hospital Central e Ponte de Alcoutim são dois objetivos deste Governo

➡ Cristóvão Norte - PSD

Quais investimentos? Estão a nascer no país cinco hospitais. O Algarve não é um deles

www.hpz.pt

➡ João Vasconcelos - BE

NOVA RUBRICA

Mais uma vez o Algarve é esquecido, não há quase nada para a região

O Mandador

O orçamento mantém os sinais insuficientes de investimentos na região, há muito reclamados pelas populações P3 e 24

Nesta nova rubrica política, "qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência" P2

➡ Vasco Cardoso - PCP

do Corridinho algarvio

TERESA RITA LOPES – A PESSOA E O PESSOA

A ação promove sociedades amigas de todas as idades e a qualidade de vida. P9

“Tráfico de Artes no Guadiana” este ano em versão online

Após cancelamento no passado mês de março, a Câmara de Alcoutim aposta num programa diversificado, através da criação e interpretação de artistas de arte pública convidados. P24

Carlos Brito lamenta recuo da Esquerda

Geringonça foi um passo em profundidade e de grande alcance político O primeiro encontro com Álvaro Cunhal. O estalinismo e a revolução falhada de Krutchev. O PCP dos tempos da ação armada. Os amores clandestinos. A desilusão e o afastamento. P4 e 5

ENTREVISTA Reparte a sua vida por Almada, onde reside, e o Algarve. Apaixonou-se por Fernando Pessoa muito nova e hoje

CREMAL

“A verdade é que a cremação é o futuro” P20

é considerada uma das maiores especialistas da vida e obra do poeta. Afirma que há ainda muito do Pessoa por conhecer. E em Tavira,

fomos revisitar Álvaro de Campos: “Cheguei finalmente à vila da minha infância... Tudo é velho onde fui novo”. CS14 e 15

SERVILUSA

“O nosso foco são os familiares"

VERSUS TUNA P21

"PODEMOS TER DE VOLTAR A SUSPENDER OS ENSAIOS" P6


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CADERNO ALGARVE

OPINIÃO

Postal, 6 de novembro de 2020

Qualquer semelhança com a realidade é puro veneno e coincidência

O Mandador

do Corridinho algarvio

lavam a cara e lá dentro, praticamente, só estão funcionais duas ou três salas da casa, de tal modo que há ocasiões em que vão reunir para o IPDJ. Diz o povo que pelos ares do convento se pode ver quem está lá dentro! E na rua de Sto António já se comenta que um dia a casa vem abaixo!

O regresso de D. Macaio

Um dia a casa vem abaixo É um edifício que marca o largo e a história recente da política algarvia. Foi a casa da Legião Portuguesa e, depois do 25 de Abril, tem sido a sede do Partido Socialista. Ali se tem decidido muito do que tem calhado à região e aos algarvios. Mas, visto de fora, aquele belo palacete anda muito desprezado. Tem anos que não lhe

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Fala-se à boca cheia no terreiro da política caseira que D. Macaio quer voltar. Depois da capital do reino, de onde saiu pela porta pequena, está agora apostado num regresso à sua casa de origem. Nas redes sociais, já tem tropa no terreno a batalhar em acções de desgaste do poder instalado. E fontes geralmente bem informadas garantiram ao Mandador, que é o Rei da Vida que o anda a empurrar, mas o homem continua a fingir-se pouco virado para esse combate. Ainda que longe do brilho político de outros tempos, mesmo assim, é ele o corredor onde se apostam todas as fichas para o assalto laranja à fortaleza do Gilão. E com a ida de Euzinha para o palácio da pontinha, o caminho é uma alameda! Se os da camisola rosa continuarem distraídos!

De candeias às avessas Consta que vai um alarido e muita confusão no campo do laranjal em Monchique. O chefe da casa, que está a esgotar os três mandatos, não abdica de reivindicar para si a escolha do seu sucessor. Mas a concelhia, que terá as suas ideias, não concede esse privilégio a alguém que durante os anos de mandato não lhes ligou pevide. Andam, por isso, de candeias às avessas, de tal modo que o chefe já não entra na sede do laranjal e nem lhes dá cavaco. A coisa pode acabar mal e os rapazes do clube rival já andam a bater palmas!

Chefe mas pouco Foi um pequeno abalo nas hostes dos laranjinhas de Faro. Tudo por que o chefe provisório da bancada geral, amuou por não lhe terem pedido a benção para aprovação de uma proposta que não colhia o seu aplauso. Estava em causa a homenagem a uma figura da equipa cor de rosa, e ele não podia tolerar uma coisa assim. Vai daí, encostando a biclicleta,

abandonou a corrida e partiu o pelotão. Esquecendo-se – segredaram ao Mandador – que ele próprio, há muito que anda de braço dado e de boa saúde com os camaradas a quem exigiu agora distanciamento. E numa sala do Whatsapp, ouviu das que não queria: “toma o pequeno almoço com o inimigo, durante o dia dá-lhe palmadinhas nas costas, e à noite desanca neles para disfarçar!”

Sem rumo certo Quem parece andar um pouco confuso é o Nuno Lageado da Sé. Juram a pés juntos que o encorpado rapazolas, está a preparar terreno para disputar um lugar no Palácio da Sé, ou mesmo o seu cadeirão superior. Mas também se diz, que o seu alegado encosto aos amigos da Agência, ainda que não o deixe chamuscado, pode acabar por lhe atrapalhar os projetos e a ambição. Entretanto, vai procurando apoios aqui e acolá, num ziguezagueado próprio de quem não sabe ao certo, o rumo a seguir. Com esse andar cambaleante, garantem fontes autorizadas, ninguém pode dançar o corridinho, porque corre o risco de se espalhar ao comprido. Politicamente, é claro!


CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de novembro de 2020

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ORÇAMENTO DE ESTADO DE 2021

Que sinais de investimentos para o Algarve? Fomos saber a opinião de quatro dos principais partidos com assento parlamentar, sobre os investimentos contemplados para o Algarve no

Orçamento do Estado (OE) para 2021. Na consulta ao OE, o POSTAL constatou que ele não refere o Hospital Central do Algarve, nem a Ponte de

Alcoutim sobre o Guadiana. Perguntámos se assin se confirmava e o que cada um pensa sobre os investimentos para a região.

Redação, Administração e Serviços Comerciais Rua Dr. Silvestre Falcão, 13 C 8800-412 Tavira - ALGARVE Tel: 281 405 028 Publisher e Diretor Henrique Dias Freire Diretora Executiva Ana Pinto

REDAÇÃO

jornalpostal@gmail.com Ana Pinto, Beatriz Faria, Cristina Mendonça, Filipe Vilhena, Henrique Dias Freire

HOSPITAL CENTRAL E PONTE DE ALCOUTIM

SEM HOSPITAL CENTRAL, QUAIS INVESTIMENTOS?

ALGARVE É ESQUECIDO. QUASE NADA PARA A REGIÃO

Jamila Madeira - Deputada do PS

Cristóvão Norte - Deputado do PSD

João Vasconcelos - Deputado do BE

O Hospital Central é o primeiro compromisso do PS com os algarvios e consta das Grandes Opções do Plano que suportam este Orçamento. O novo Hospital Central é um objetivo deste Governo. Um processo de 2008 suspenso em 2011 que, no contexto desta legislatura, para que possa ser retomado, teve de ser alvo de uma avaliação jurídica e técnica indispensável para o levantamento da suspensão. Tratando-se de uma PPP não carece de incorporação imediata em OE, enquanto não começar a obra não há necessidade de rubrica orçamental. Outro ponto é o plano de eficiência hídrica que implica investimentos de mais de 200 milhões de euros, particularmente relevantes face àsalterações climáticas e à situação de seca do nosso território. É um investimento para assegurar o futuro do Algarve que está assegurado no Plano de Recuperação e Resiliência, como também a ponte Alcoutim San Lucar. Mesmo em contexto de crise económica o Governo neste OE 2021 continua a redução das portagens nas ex-SCUT, onde a via do infante está integrada. O quarto compromisso é a eletrificação e requalificação da ferrovia também vertido neste OE 2021. É com orgulho que assinalo que este OE 2021 continua o seu caminho de reforço do Estado social e de reforço do apoio às famílias e empresas, de particular importância neste momento difícil para a nossa economia. Pelo quinto ano consecutivo aumentamos o salário mínimo nacional, até atingir 750 euros. Reforça o apoio social das populações perante a pandemia e cria estímulos às empresas, seja com complementos de rendimento, redução da taxa de IVA da eletricidade ou nas retenções do IRS. Sublinho outra medida com impacto para o Algarve que é o IVAucher, que contempla a devolução do IVA pago à restauração, alojamentoe cultura e o layoff. Ambos visam defender o emprego e apoiar as empresas.

1. Quais investimentos? A estratégia do Governo é remeter o investimento público e apoios às empresas para o Plano de Resilência, a “bazuca”, os fundos da União Europeia. É assim para a questão da água, urgente mas que não avançará em 2021. O problema é que ninguém sabe quando chega o dinheiro, se em 2021 ou depois, mas chegue quando chegar para o Algarve será arma de baixo calibre, pois o pacote vai ser canalizado esmagadoramente para Lisboa e Porto. O país não consegue vencer o centralismo. Entretanto, a cruel destruição de emprego e de empresas agudiza-se. O programa específico de emergência para o Algarve, anunciado pelo Governo, citado pelo Presidente da República como um desígnio nacional, não foi apresentado e nada consta no OE. O maior investimento que podemos fazer é salvar emprego, já que o Algarve está com crescimentos na ordem dos 200 % e à beira do abismo, sem que haja qualquer medida específica que atente que a região é a mais afetada. É como se o Governo quisesse combater o fogo com um borrifador. A excepção é a eletrificação da ferrovia, mas essa está conceptualmente errada. Uma obra mais útil deveria assegurar a ligação ao aeroporto, modos leves, rapidez de trajectos, um intercidades regional. Vamos continuar a demorar 2h30 entre VRSA e Lagos, mesmo após gastar 60 milhões!

1. A proposta de Orçamento do Estado não dá resposta ao rápido agravamento da situação económica e social que se verifica no Algarve e no País. Quando se exigia o aumento dos salários e das pensões, a valorização das prestações sociais, o reforço dos serviços públicos designadamente do Serviço Nacional de Saúde, a contratação de centenas de trabalhadores em falta – SNS, Escola Publica, Segurança Social, o apoio às micro, pequenas e grandes empresas, a diversificação da atividade produtiva – particularmente numa região dependente do turismo – ou a eliminação das portagens na Via do Infante, o governo prefere dar prioridade à redução do défice das contas públicas em detrimento de medidas para enfrentar uma profunda crise que está em desenvolvimento. Uma proposta de OE que mantém os níveis insuficientes de investimento público na região e no País, adiando investimentos há muito reclamadas pelas populações, designadamente: a requalificação da EN 125 e de outras vias; o início da construção do HC do Algarve e o reforço da rede de cuidados primários de saúde; a requalificação das barras e portos (pescas) ou a construção de um matadouro público regional (agricultura); a constituição de um operador público regional rodoviário (transportes); rede pública de creches e lares. Investimentos a que o PCP dará expressão durante o debate na especialidade.

2. O processo do Hospital é das decisões mais danosas a que assisti. O Algarve é a segunda prioridade nacional, definida pelo Estado. Estão a nascer 5 hospitais. O Algarve não é um deles. E isso é mais grave quando seria essencial para fixar médicos e suprir lacunas gravíssimas numa região que cronicamente regista uma hemorragia na sua oferta assistencial. A Ponte, por seu lado, é mais um dos exemplos do que não se fará já. Quando se fizer é uma boa decisão. Devemos desamarrar as zonas fronteiriças do isolamento a que estão votadas e abrir novas oportunidades.

2. O governo associou a construção da nova ponte internacional em Alcoutim e o novo Hospital Central do Algarve ao chamado Plano de Recuperação e Resiliência submetendo-o à aprovação por parte da União Europeia. A concretização destes dois investimentos que têm sido objeto de várias iniciativas do PCP ao longo dos anos, a confirmarem-se no futuro, chegarão com anos de atraso.

SINAIS INSUFICIENTES DE INVESTIMENTOS Vasco Cardoso - Da Comissão Política do Comité do PCP

No Orçamento de Estado para 2021, da responsabilidade do governo PS, mais uma vez o Algarve é esquecido e esse esquecimento é agravado. A nível de investimentos estruturantes praticamente não há quase nada para a região. Começando no setor da saúde, para o Hospital Central do Algarve não é contemplado um único cêntimo. Há aqui, inclusivamente, um recuo da parte do governo, quando em orçamentos anteriores estava a proposta de iniciar os procedimentos para a construção do Hospital, embora não tenha passado do papel. Foi o Bloco de Esquerda que introduziu, em sede de discussão na especialidade, essas propostas – mas também não serviu de nada, pois o governo não cumpre muitas matérias negociadas com a oposição de esquerda. Um outro aspeto que não merece qualquer atenção por parte do Orçamento prende-se com a requalificação da EN125, que continua encalhada nos troços compreendidos entre Olhão e Vila Real de Santo António. É urgente a requalificação desta via, com o resgate da concessão, tal como estipula a Resolução da Assembleia da República n.º 51/2020, de 19 de junho, da responsabilidade do Bloco de Esquerda e que teve um vasto consenso parlamentar. Para o governo e o PS, afinal temos cidadãos de primeira e de segunda no Algarve. Todos sabemos que a EN125 é considerada uma das vias mais perigosas do país e com as portagens na Via do Infante e a falta de requalificação são potenciados os acidentes de viação com muitos feridos e vítimas mortais, para além do prejuízo à economia e à qualidade de vida dos cidadãos da zona do Sotavento algarvio.

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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de novembro de 2020

ENTREVISTA SEGUNDA E ÚLTIMA PARTE

armada tendo de andar num barquito no Tejo?”. E ele, voltando-se para mim, disse: “Olha, ele tem tanta vontade de ir que acho que não podemos negar esse desejo a um revolucionário como ele, que quer morrer assim”. RS Mas na expressão dos afectos era uma pessoa distante... CB

Era...

Eu não abandonei o partido. Eu autossuspendi-me depois de a direção me ter sancionado com dez meses de suspensão na sequência de uma série de posições críticas que tomei em relação à linha política do partido

RS

Carlos Brito e o PCP: Há forças que se opõem à renovação

Tenho medo que as coisas fiquem piores no próximo congresso Texto RAMIRO SANTOS Fotos ANA PINTO

Nesta entrevista: Primeiro encontro com Álvaro Cunhal. O estalinismo e a revolução falhada de Krutchev. O PCP dos tempos da ação armada. Os amores clandestinos. A desilusão e o afastamento. A geringonça. Os livros, a música e os poetas. O testemunho de um homem magoado com o seu partido

RS Quando, onde e em que circunstâncias conheceu Álvaro Cunhal?

CB Num café em Paris, na praça de Clichy, em finais de outubro de 1966, num encontro intermediado por Francisco Miguel. Quando o vi não tive nenhuma dúvida. Era ele. Vinha no seu passo elegante e de gabardina puxada. Depois encontramo-nos muitas vezes. Eu fui estudar para o Instituto de Ciências Políticas em Moscovo e um dia, a convite dele, integrei a representação oficial do PCP numa conferência dos partidos comunistas europeus. Ele era uma pessoa muito

austera mas disse: vais conhecer dois grande oradores: a Dolores Ibarruri e Max Reimer, secretário geral do PC alemão (RFA).

O que é que sentiu por estar na frente de uma figura mítica como Álvaro Cunhal, chamemos-lhe o grande camarada? RS

CB Um grande fascínio, uma grande emoção e uma grande vontade de aprender com ele.

Ele era aquele bloco ideológico frio, distante, sem emoções e pouco afectivo que se falava? RS

CB (..pausa..) É difícil... não era um homem frio sem emoções, até porque ele era um artista das letras e das artes. Percebe-se, por isso, que era um homem sensível. Conto-lhe uma história quando o PCP concordou com a formação da ARA (Ação Revolucionária Armada). Houve uma reunião em Paris para preparar uma ação violenta no país, com um ataque ao navio Cunene. O homem indicado era Gabriel Pedro, pai de Edmundo Pedro, que estava muito doente. Fiz essa observação a Cunhal dizendo-lhe: “mas como é que nós vamos enviar um homem nestas condições para uma acção

Reconhecidamente, era um homem de elevada formação intelectual e muito culto... na hierarquia da Internacional Comunista, na escala de um a dez em que lugar o colocaria? CB Posso dizer-lhe que era uma figura de destaque e era tratado com enorme deferência por todos, incluindo os dirigentes soviéticos, onde tinha acesso aos corredores do poder. Ele e o argentino Arismendi eram os dois grandes ideólogos fora dos países socialistas. Era uma pessoa para estar entre os dez primeiros, seguramente. RS Pergunta-se muitas vezes se Álvaro Cunhal e a direção do PCP, onde o senhor também estava, terá cometido aquele que pode ter sido o grande erro estratégico do partido, ao querer transpôr para Portugal o modelo da revolução de outubro quase 100 anos depois. CB Há teses que defendemos no passado e que hoje penso não foram certas. Refiro-me à tese de que nas condições de Portugal não podia haver democracia sem monopólios. A outra é a de que haveria um espaço entre o PS e o PCP para a organização de um novo partido que acabou por ser o PRD, e que deu no que deu. Ambos os casos serviram para encurtar muito o nosso espaço de manobra e afastou-nos ainda mais do partido socialista. Foram dois grande erros. RS O PCP pensou alguma vez na tomada do poder durante o período quente da revolução? CB

Uma operação de assalto ao poder,


CADERNO ALGARVE

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por meios violentos, nunca. O nosso projeto passava por uma via política apoiando o MFA, numa aliança Povo/ MFA. De resto, após a célebre reunião de Alhandra de agosto de 1975, o PCP retirou-se de tudo o que cheirasse a conspiração militar, de tal modo que não foi considerado inimigo no rescaldo do 25 de Novembro. RS

Na clandestinidade como é que resolvia os seus sentimentos mais íntimos, os arrebatamentos amorosos, as paixões, os desejos? CB Como na vida normal. Tinha mulher e só não podíamos era manter uma relaçao próxima com os amigos e familiares e, ao mesmo tempo, tinha que ter sempre os cuidados devidos numa situação de clandestinidade. RS Foi nessa altura que conheceu Zita Seabra?

Sim, fui controleiro dela na clandestinidade e na UEC, mas o nosso relacionamento só começou depois do 25 de Abril. Naturalmente, já havia antes aproximação e sentimentos... CB

RS

Teve duas filhas com ela.

Sim, uma é professora de Ciências Políticas na Universidade Católica e a outra é técnica de Informática.

Jerónimo de Sousa disse que “o PS só não governa se não quiser”. E o desfecho dessa abertura traduziu-se numa solução de poder com a geringonça, e foi um passo em profundidade de grande alcance político que poderá não ter colhido votos no imediato, mas é preciso tempo porque não se pode obter resultados logo. Mas tenho medo que as coisas dentro do partido fiquem piores no próximo Congresso Nacional. RS

Porquê?

Porque há tendências internas que se opõem a novos caminhos ou inovações, apostando em voltar-se de novo para dentro, convencidos de que se ficarem muito quietinhos não vão perder votos. É ao contrário e, aliás, o processo de erosão eleitoral não é só de agora e vem mais ou menos do tempo dos renovadores. CB

RS CB

Fala com Jerónimo de Sousa?

Não falo porque os nossos caminhos não se cruzam, mas quando se cruzam, falamos. RS

Não lhe liga [telefona]?

CB

Não, não lhe ligo.

CB

Como é que viu a ruptura e o afastamento de Zita Seabra do PCP? RS

CB

Não quero falar disso.

RS Que razões fundamentais o levaram a abandonar o partido? CB Discordância por constatar que o PCP continuava fechado sobre si próprio, sem evolução nem abertura para se constitutir como solução de poder. Mas eu não abandonei o partido. Eu auto-suspendime depois de a direcção me ter sancionado com dez meses de suspensão na sequência de uma série de posições críticas que tomei em relação à linha política do partido.

Há tendências internas no PCP que se opõem a novos caminhos ou inovações, apostando em voltar-se de novo para dentro, convencidos de que se ficarem muito quietinhos não vão perder votos

O que não houve na União Soviética foi marxismo bastante. O marxismo

CB

Houve um sinal de mudança que me entusiasmou bastante quando o

Questionário Proust RS Carlos Brito tem editados 6 livros de poesia e 9 de prosa. Dos poetas que lhe apresento, quais os seus preferidos: Pessoa, Camões, Ary dos Santos, José Gomes Ferreira? CB

Pessoa, Camões e... Alexandre O’Neill.

RS

No romance: Camilo, Eça, Alves Redol, Manuel da Fonseca, Álvaro Cunhal, Saramago? CB Camilo, Eça, Manuel da Fonseca e José Saramago. RS E dos estrangeiros: Tolstoi, Dostoievski, A. Solyenitsin e Máximo Gorki? CB Tolstoi.

RS Música: clássica, ligeira, jazz, rock, heavy metal, fado? CB Clássica e fado, mas também rock, de vez em quando.

Figura da nossa história? Em relação às figuras da nossa democracia, CB não há ainda o distanciamento temporal e, por isso, vou recuar na história e escolho D. João II e D. Dinis. Da primeira república destaco Afonso Costa que foi um grande governante, reconhecendo embora que não recolhe a unanimidade que o possa considerar como os outros. RS

RS CB

No futebol, veste de vermelho? Não, de verde. Sou um sofredor sportinguista.

O Mobilizado

estava na gaveta e foi isso que permitiu o estalinismo

RS

Carl Marx disse que é possível chegar ao poder pela via eleitoral. Neste caso está com Marx? CB Exato, exato, é isto que defendemos na renovação comunista, mas tendo sempre presente que o processo democrático não se esgota nas eleições.

Entre Marx, Lenine, Kerensky e Trotsky, de que lado está? RS

CB Marx, aliás, o que não houve na União Soviética foi marxismo bastante. O marxismo estava na gaveta e foi isso que permitiu o estalinismo. Estaline foi uma desgraça e marcou o país de tal maneira que apesar da revolução de Krutchev não foi possível revertê-lo. Krutchev foi um homem de uma enorme coragem - nem se calcula - e se fosse um tirano não tinha caído, nem ido de férias para o Mar Negro deixando a conspiração à solta RS Olhando para a sua vida... repetiria tudo outra vez?

Eu tenho uma visão muito positiva dos comunistas da minha geração porque foram excepcionais na luta, na entrega, no combate e na resistência. Deram tudo para mudar o mundo. Muitos a própria vida. CB

RS E desde então, acha que as coisas estão diferentes?

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RS Como gostaria que o recordassem no futuro as suas filhas, netos e os portugueses em geral?

Um homem que se entregou à luta para se conseguir um mundo melhor. De outra forma: um mobilizado para a transformação do mundo! CB

RS Que conselho deixaria a um jovem nestes tempos de indefinição, de falta de rumo, de populismos e de perigos à solta?

Que vale a pena ter esperança, usando o título de um livro seu? CB Sim, vale a pena ter esperança e trabalhar para ela. RS Finalmente, uma pergunta que não lhe fiz e que ninguém ainda se lembrou de fazer? CB Não há perguntas e foram já dadas todas as respostas.


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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de novembro de 2020

REGIÃO

Versus Tuna

Uma serenata na janela da internet não é o mesmo que à janela de casa, mas podemos tentar les que terminam os seus percursos académicos e tuneris neste ano letivo, temos sempre de agir de forma consciente. Continuamos, apesar de tudo, motivados e expectantes por voltar em pleno aos palcos.

A união é a base dos elementos integrantes na Tuna FOTO D.R.

Poderemos ter de voltar a suspender os ensaios, dependo da evolução da epidemia

O facto de não existirem este ano eventos académicos (traçar das capas, bênção das pastas, serenata e até as praxes) pode ser uma forma de estas tradições caírem no ‘esquecimento’ ou perderem força junto de novos alunos? P

FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE

João Lima integra a Versus Tuna desde 2013 e ocupa o cargo de Magister Tvnae. Em entrevista ao POSTAL revela os desafios que a pandemia trouxe para a tuna, fundada em 1991, numa mesa do Seu Café por três estudantes da academia: João Catarino, Rogério Leal e José Artur Melo P A Versus Tuna é uma referência dentro da comunidade académica. Qual é o conceito deste grupo? Em que locais já atuaram?

O conceito era o mesmo que se observava na altura a nível nacional no dito boom tuneril: um grupo musical com base no cancioneiro popular português e no cancioneiro tuneril espanhol - por vezes audaciosamente passando pelo fado coimbrão e pela música clássica. A verdade é que num ápice de 3 passaram a 17 elementos e bastou pouco mais de um mês de ensaios para uma primeira aparição - ainda sem traje - na forma de uma serenata da Residência Feminina do Campus da Penha na noite de 28 para 29 de novembro de 1991. Volveram-se meses de ensaios, mas R

também de intervenção académica. A tuna pautava-se pela música e pela proatividade dos seus tunos no meio estudantil e por isso mesmo desempenhou um papel fulcral em várias iniciativas, uma delas o Traje Académico da Universidade do Algarve. No dia 7 de maio de 1992 chegaram ao Campus da Penha os primeiros trajes, que tinham sido feitos à medida para os integrantes da tuna com o aval do Prof. Dr. Jacinto Montalvão Marques, na altura reitor da Universidade do Algarve. Nesse mesmo dia a tuna atuou no Restaurante Portofino, na baixa de Faro, consagrando a primeira aparição de facto da tuna e do traje, ficando este dia relembrado como data de fundação, dada a magnitude da sua importância para a tuna e para a academia. Ao longo das últimas três décadas, a tuna passou pelos principais palcos nacionais, desde coliseus aos mais emblemáticos teatros. Contudo, não atuamos só em salas de espetáculo e por entre arruadas, serenatas, eventos culturais e populares, certames tuneris e académicos e outros tantos acontecimentos, já percorremos todo o território nacional, incluindo as ilhas. Tivemos ainda algumas internacionalizações, já passámos por Espanha, França, Suíça, Alemanha, Países Baixos e Luxemburgo. No total, contávamos com cerca de 50 atuações da mais variada índole por ano antes do início da epidemia.

Considera que os alunos reconhecem cada vez mais a importância da ‘marca’ Versus Tuna dentro da comunidade académica? O grupo tem recebido sempre elementos novos ao longo dos anos? P

R O reconhecimento que nos é dado deriva em primeira instância de uma importância histórica da tuna, isto porque mantivemos uma participação constante nas lides académicas, sendo assim impossível falar do passado da academia sem falar do passado da tuna. Ainda assim, o fator social prevalece no dia-a-dia. Continuamos a ser uma tuna com expressividade nos campi por contarmos sobretudo com estudantes de 1.º e 2.º Ciclo e alguns recentes alumni – é normal, e bom sinal, todos os estudantes conhecerem ou terem um colega da tuna. Esta consonância passado-presente acaba por ser uma identidade que nos permite manter as nossas tradições e evoluir também com a chegada de cada novo tuno. Temos por isso tido uma renovação plena, sempre com novos elementos, mas gostaríamos sempre de receber mais. P Com a chegada da pandemia, todas as possíveis atuações foram canceladas. Como lidou a Versus Tuna com a situação? Os ensaios foram cancelados?

Os ensaios foram cancelados de imediato e consequentemente foram também as atuações que tínhamos agendadas. A verdade é que foi inicialmente frustrante. Seria um segundo semestre bastante fruitivo, com participações em muitos certames tuneris e muitas atuações na região inclusive as habituais performances na Semana Académica do Algarve. Acabamos por nos adaptar, dentro do possível, ao convívio virtual. No fundo a tuna entrou em teletrabalho. Não é possível ter um ensaio pleno através do zoom ou do discord mas dá para manter o contacto e desenvolver outros aspetos da tuna. Focamo-nos assim no dito trabalho invisível, nos aspetos associativos, musicais e históricos da tuna. Pode dizer-se que estivemos a trabalhar atrás do pano à espera que ele abra e possamos atuar outra vez. R

P Neste momento, o grupo está a ensaiar. Numa altura em que os casos covid-19 voltaram a aumentar, quais são as perspetivas de futuro? R Vamos ensaiar seguindo todas as normativas da Direção-Geral da Saúde e da Reitoria da Universidade do Algarve, enquanto nos for possível. Dependo da evolução da epidemia poderemos ter de voltar a suspender os ensaios. Por muito que seja inglório, especialmente para aque-

R As tradições e os fenómenos sociais que as acompanham não se extinguem com tanta facilidade. Podem eventualmente transformar-se e serem adaptados ao “novo normal” mas duvido muito que caiam em esquecimento. Pode acontecer até o efeito contrário e por este ano não existirem voltarem no próximo em força. No que nos toca, temos feito por desempenhar o nosso papel, ainda que virtualmente. Ainda assim queremos trabalhar no sentido de fazer chegar à comunidade académica um pouco mais de nós nos próximos meses. Uma serenata na janela da internet não é o mesmo que uma serenata à janela de casa, mas podemos sempre tentar. P

Qual é o espírito da tuna?

O espírito da tuna é a irmandade criada em torno da música. A prova disto é que somos uma tuna heterogénea com estudantes dos mais variados cursos e vindos um pouco de toda a parte, mas que se unem por terem em comum a música. Acreditamos que a nossa música é também a música de todos os estudantes da Universidade do Algarve, portanto fica o convite a todos aqueles que queiram participar num dos nossos ensaios, às terças-feiras, pelas 21:00 horas, no Campus da Penha. Em caso de dúvida basta contactar-nos através das nossas redes sociais. R


CADERNO ALGARVE

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REGIÃO

Olhanenses instalam 25 novos abrigos nas paragens de autocarro

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cidade de Olhão, no seu perímetro urbano, já tem 25 novos abrigos nas paragens de autocarro, que substituíram os 11 que existiam anteriormente e que já se encontravam em avançado estado de degradação. Desta forma, para além de se renovarem os existentes, surgiram 14 novos abrigos, para maior comodidade de quem aguarda a passagem dos autocarros. Os abrigos estão situados nas ruas Francisco Guerreiro, do Caminho de Ferro, da Padaria, Calouste Gulbenkian, da Feira, Patrão Joaquim Casaca, Dâmaso da Encarnação, e nas avenidas Parque Natural da Ria Formosa, Dr. Bernardino da Silva, 5 de Outubro e D. João VI, Praça da Restauração e EN125. “Esta é uma melhoria substancial, que pode ser comprovada nos vários locais onde instalámos os novos abrigos, que se apresentam mais modernos e seguros. Os olhanenses podem agora abrigar-se do sol, do vento e/ou da chuva, o que nos últimos tempos não era possível. Pelo facto pedimos desculpa, mas quisemos proporcionar as melhores condições nestes espaços totalmente renovados”, refere a vereadora com o pelouro dos Transportes Urbanos, Elsa Parreira.

Reciclamos.

Não Reciclamos.

NA RECICLAGEM, TODOS SOMOS PARTE. PORQUE O FUTURO DO PLANETA NÃO É RECICLÁVEL. Coordenação:

Cofinanciado por:


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CADERNO ALGARVE

Postal, 6 de novembro de 2020

REGIÃO

Albufeira investe na conservação das igrejas e património religioso A Igreja Matriz de Albufeira, a Igreja de Sant’Ana e a Igreja de São Sebastião estão a ser alvo de obras de conservação Trata-se de imóveis de grande interesse religioso, cultural e arquitetónico e contribuem para o desenvolvimento do turismo e cultural da região. Na passada semana o presidente da Câmara Municipal visitou as referidas obras as quais foram co-financiadas pelo Município, em parceria com a Paróquia, no valor de 162.975 euros. “O co-financiamento foi alvo de um protocolo específico para o efeito, atendendo a que cabe às paróquias a responsabilidade pela recuperação e manutenção do património religioso, designadamente no que respeita às Igrejas, Capelas e Museus sob sua jurisdição”, explica a autarquia de Albufeira em comunicado. Por sua vez, e atendendo ao art.º 3.º da

Lei de Bases do Património Cultural, o Município tem a responsabilidade de “assegurar a transmissão de uma herança nacional”. Tendo sido recebidos pelo pároco, o padre Flávio Martins e pelo responsável pela empresa que está a levar a cabo as obras, José Carlos Rolo refere que as “as obras estão a decorrer a bom ritmo esperamos que estejam concluídas em breve. Albufeira tem pequenos tesouros culturais, como é o caso das suas igrejas e capelas que falam por si da evolução de um concelho e dos sonhos que guiaram o ser humano em busca de um mundo mais justo e mais belo”. Após a visita a estas obras, José Carlos Rolo, acompanhado pela vice-presidente e vereadora da Cultura, Ana Pífaro, visitaram as obras no antigo Tribunal de Albufeira, que no início do próximo ano deverá abrir as portas como Centro de Artes e Ofícios, um investimento de

cerca 557 mil euros com o apoio de fundos comunitários.

Em breve será assinado novo protocolo com a paróquia Em breve será assinado um novo Protocolo de Colaboração entre o Município de Albufeira e a Fábrica da Igreja Paroquial de Albufeira, visando a conservação, restauro e tratamento documental do espólio impresso. Com a assinatura do novo protocolo, cabe à Fabrica da Igreja Paroquial de Albufeira, a conservação, restauro, inventário, tratamento documental e proteção do património material móvel, imóvel e documental. O Município, por seu turno, através do serviço de Conservação e Restauro, compromete-se a dar apoio na elaboração de cadernos de encargos, pareceres técnicos e acompanhamento de obras de inter-

As obras representam um investimento no valor de 162.975 euros FOTO D.R. venção de conservação e restauro no património móvel, imóvel, integrado e documental da Paróquia, colaborar no inventário dos bens móveis e integrados, proceder ao levantamento e inventário do estado de conservação dos bens culturais e instruir e habilitar a Paróquia para a adoção de medidas de conservação preventiva. Através do serviço de Arquivo Histórico, o Município assegura também “o tratamento do património documental (livros, maços, documentos

gráficos e documentos fotográficos), mediante o levantamento, higienização, inventariação, digitalização (cuja cópia será entregue à Paróquia), descrição e disponibilização em plataforma digital de todo o espólio documental com mais de cem anos”. Este serviço garante a devolução dos documentos originais em condições de conservação preventiva e a reserva dos dados, por mútuo acordo, independentemente da idade das fontes documentais.

São Brás retoma serviço de transporte “Vir à Vila” em segurança

O Município de São Brás de Alportel retomou neste mês de outubro, o serviço de transporte “Vir à Vila”, nos seus diversos circuitos - Serrano, Este e Oeste - do concelho, para combater o isolamento, nas zonas mais periféricas do concelho. Conforme explica a autarquia são-brasense em comunicado ”o serviço foi suspenso em março deste ano, como medida preventiva do contágio por Covid-19 da população sénior mais isolada do concelho ao mesmo tempo em que foram lançados novos serviços de apoio e proteção: ‘Se precisar, podemos fazer as compras por si’, a Linha da Amizade e a visita regular de equipas multidisciplina-

res municipais a estes cidadãos seniores”. Tendo presente a importância deste serviço para estes munícipes, o Município decidiu retomar este serviço “a 14 de outubro, com regras de segurança reforçadas e com periodicidade quinzenal para o circuito serrano e mensal para os restantes circuitos”. “Reforço de sensibilização, redução da regularidade da realização do transporte e do período de permanência na vila, redução da lotação do autocarro, cumprimento do distanciamento, obrigatoriedade de uso de máscara e disponibilização de desinfectante” são algumas das medidas implementadas.


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Postal, 6 de novembro de 2020

REGIÃO

Rogério Bacalhau quer criar comissão de proteção de idosos e seniores

O

presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, defendeu esta quarta-feira, no âmbito do Dia Internacional da Terceira Idade e da cerimónia de criação da Rede Algarvia de Investigação Colaborativa sobre o Envelhecimento (RAICE), que deve ser constituída uma comissão de proteção de idosos e seniores, à semelhança das que existem para crianças e jovens em risco (Comissões de Proteção de Crianças e Jovens). “O Município tem feito, através do Gabinete de Apoio ao Idoso, um acompanhamento próximo com um grupo alargado de idosos, nomeadamente durante o confinamento, também com a ajuda da PSP e da GNR, e existem muitos problemas com idosos por situações de isolamento e falta de assistência ou

até por abusos, até financeiros, por parte de familiares”, referiu Rogério Bacalhau, deixando um apelo para criação de uma resposta para este grupo etário mais vulnerável. “Nesse sentido, devia criar-se a nível nacional uma entidade idêntica às CPCJ's para tratar este tipo de problemas dos idosos”, disse o presidente da Câmara Municipal, durante a cerimónia de criação da Rede Algarvia de Investigação Colaborativa sobre o Envelhecimento (RAICE), que teve lugar na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (UAlg). Além da Faculdade de Economia da UAlg e Município de Faro, através do Gabinete de Apoio ao Idoso, fazem parte desta nova rede o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, a Universidade do Algarve para a Terceira Idade (UATI) e a Sociedade Recreativa Bordeirense.

Trata-se de um projeto de investigação que pretende ter aplicação direta na vida das comunidades, nomeadamente através da contribuição para o desenvolvimento de políticas públicas e de práticas profissionais que promovam, efetivamente, sociedades amigas de todas as idades e a qualidade de vida de todos, em particular das pessoas mais velhas. “O objetivo é que os resultados desta investigação sejam relevantes para todos os atores intervenientes, com o objetivo último de desenvolver políticas públicas e práticas profissionais que promovam a qualidade de vida de todas as idades, mas em particular das pessoas mais velhas”, explicou o impulsionador técnico do projeto, José de São José, professor da Faculdade de Economia da UAlg, adiantando ainda que esta rede está aberta a novos parceiros.

Autarca de Faro deixa um apelo para a criação de uma resposta para os idosos mais vulneráveis FOTO D.R.

A GAMA QUE RECUPERA OS PRESSUPOSTOS DE UMA AGRICULTURA ANCESTRAL E ECOLÓGICA NUTRIR

PRESERVAR

INOVAR

PROTEGER

www.hubelverde.com /hubelverde/ Olhão · Alpiarça · Ferreira do Alentejo

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Mensalmente com o POSTAL em conjunto com o

NOVEMBRO 2020 n.º 144 www.issuu.com/postaldoalgarve

7.134 EXEMPLARES

MISSÃO CULTURA

Ao Fim e ao Cabo RUI PARREIRA

O Infante Dom Henrique estabeleceu-se em Sagres onde viria a falecer há 540 anos FOTO D.R.

Técnico superior da Direção Regional de Cultura do Algarve

S

agres - um cabo no fim do mundo. Uma das pontas terminais daquele triângulo em que, em todos os mapas do Mundo Antigo, se afunila o extremo sudoeste da velha Europa. Esquina naval de todas as rotas de navegação marítima entre o Mediterrâneo, a Europa Atlântica e a África Ocidental. Mar – tanto mar. Que une povos, mais do que os separa. Nesse vasto promontório triangular apontado ao Atlântico transbordam marcas milenares de humanização do território: lugares de residência sazonal, recintos e agrupamentos de menires pré-históricos, lembranças de sacralidade destas paragens – em que avulta a memória da Igreja do Corvo, o mais destacado lugar de peregrinação do mundo moçárabe. E, na extremidade do promontório, a par do Cabo de São Vicente, o cabo de Sagres – ponto de convergência de mareantes. Por mar, que em terra, até 1443, a ponta era um ermo desabitado e mal frequentado. A partir de então, com as estadas cada vez mais prolongadas do Infante Dom Henrique no Algarve, a ponta cobra outra vida. Interessado nas riquezas naturais da região, senhor do extremo Barlavento, fruidor exclusivo, por bula papal, da navegação a sul do Bojador, o neto do Justiceiro (o da formosa Inês) e terceiro filho legítimo do rei Dom João I, instala na ponta de o uma das suas residências e promove a fortificação do lugar, cortando-lhe o acesso com uma muralha que manda fabricar ao modo ziguezaguente que, então, parecia ser o mais eficaz para a defesa dos lugares – adaptado a armas de propulsão manual mas também às mais antigas bocas de fogo. Dono de um empório comercial que trafica com as riquezas da terra e do mar algarvios (cana de açúcar, pescarias, coral...) e com os rentáveis produtos que começam a afluir da costa ocidental africana (especiarias, gente escravizada...), o Infante estabelece-se em Sagres e escolhe este lugar para nele passar os seus últimos anos de vida, que aqui termina na noite de 13 de novembro de 1460 – faz agora exatamente 540 anos. O tempo e os homens fizeram o resto: a

memória de Dom Henrique, o homem que promovera inovadores modos de navegação e comércio por mar, que abrira a Europa a novos mundos, foi manipulada como estandarte de uma nação, como herói civil de uma época de pretéritas glórias (o outro, o herói militar, era Nun’Álvares, o santo condestável que defendera a independência do reino e a consolidara em Aljubarrota). A manipulação da memória do príncipe mitificou o lugar. E a ponta de Sagres passou a ser olhada com o sítio fulcral de uma refundação nacional de dimensão colonial. Ou, como se dizia numa enciclopédia para jovens dos anos 60, como um «lugar que todo o homem civilizado visita com respeito». Até hoje, o regime democrático tem mostrado uma certa incapacidade para reverter o mito e suscitar uma reflexão – sem falsas modéstias nem ufanias, e alicerçada em factos historicamente comprovados – acerca do significado deste lugar de memória. Comemore-se, pois, o Infante de Sagres, evoque-se o seu passamento

há 540 anos nesse lugar consagrado. Mas como personagem que incansavelmente perseguiu a inovação, que foi precursor de um mundo globalizado, que fez de Sagres aquilo que hoje é – um lugar de convergência e convivência de muitas e

variadas gentes e culturas. Se a Europa começa aqui (isso diz a distinção Marca do Património Europeu que Sagres ostenta) é na sua dimensão multicultural. E com mar – tanto mar – que continua a unir mais do que a separar os povos.

Ficha técnica Direção: GORDA, Associação Sócio-Cultural Editor: Henrique Dias Freire Responsáveis pelas secções: • Artes Visuais: Saúl Neves de Jesus • Espaço AGECAL: Jorge Queiroz • Fios de História: Ramiro Santos • Filosofia Dia-a-dia: Maria João Neves • História da Fotografia no Algarve: Carlos Osório • Letras e Literatura: Paulo Serra • Marca D'Àgua: Maria Luísa Francisco • Nascida no Monte: Teresa Lança Colaboradores desta edição: Rui Parreira Parceiro: Direcção Regional de Cultura do Algarve e-mail redacção: geralcultura.sul@gmail.com publicidade: anabelag.postal@gmail.com online em: www.postal.pt e-paper em: www.issuu.com/postaldoalgarve FB: https://www.facebook.com/ Cultura.Sulpostaldoalgarve


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NASCIDA NO MONTE

Outono TERESA LANÇA Educadora de Infância nascidanomonte@gmail.com

É

outono e a paz recomeça desde a Alma! Caminho ao lado desta cordilheira plantada ao rés da calçada, onde tudo começa a amarelecer. Quando vim parar aqui, e no primeiro instante... como sempre no primeiro instante, os carros rodopiavam sem sossego, o odor dos gases da cidade, o barulho infernal, cinzento, era tudo o que eu conseguia ver

e que camuflava o essencial. Acreditava que esta minha estadia, não seria mais que uma passagem obrigatória, de um destino qualquer do destino. A pouco e pouco, as folhas foram tapetando as calçadas de tons dourados, e o céu nem sempre se mostrava azul. Desejava descontroladamente o final das sextas-feiras, e rumava noite dentro, ao Alentejo. Era uma correria endoidecida entre um e outro lugar, que me anestesiava a vida e não me deixava cansar o corpo nem a Alma. Acordava cedo depois de uma noite no aconchego do meu ninho, e lá ia eu... As minhas companheiras de caminhada sempre se adiantavam

nos passos, enquanto eu me detinha em pormenores floridos em tempos de primavera, ou nos seus vultos envoltos em nevoeiro, trazido por qualquer outra estação, que em qualquer caso, eu ia registando em fotos. Foram muitas as vezes que também elas, envoltas em vidas e assuntos que eu desconhecia, se alhearam da minha presença do seu lado... e eu gostava! Sempre gostei desse anonimato, dessa ignorância confortável do mundo à minha volta, sobretudo do humano: dele de mim, de mim dele. Tinha chegado ali com a minha varinha de condão, e colorido um a um, os que ia conhecendo, com as

cores que a minha alma desejava que tivessem! Depois... depois outras estações foram chegando, e a luz dos verões incidindo e desbotando a quem pintei, e com o humano assim exposto, cinzento mas real, extinguiram-se não só as tintas da minha imaginação, mas os meus entusiasmos encantados que rodopiaram de novo, mais uma vez de novo, e se encaminharam para o “antes" de ter chegado ali. Por aqui, a realidade foi-me sempre menos sonhada, mais real. Eu sei que tudo continua como dantes... as chuvas chegam e diluem na mesma proporção, as cores e os cinzentos, e continuam a mos-

trar nas ruas molhadas o reflexo cintilante da cidade: a mesma que outrora, na minha juventude, descobri cintilando no rio, encantada... que desde lá não mais a tinha visto! E tudo recomeça! O Alentejo, o Sonho, mas também o ninho real dos meus eternos regressos, que sempre encontro intacto... e lá, outros que não pintei, nem se me mostraram com cores que não tinham, e que me ficaram para nunca mais partir: um presente de Deus, talvez! A cidade, com tanto para viver e descobrir! É outono, e eu com tanto para agradecer à vida.

MARCA D'ÁGUA

À memória dos que continuam a ser parte de nós MARIA LUÍSA FRANCISCO Investigadora na área da Sociologia; Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

luisa.algarve@gmail.com

T

udo está em constante mudança e por estes dias em que houve restrições às visitas aos cemitérios fica o silêncio, o visitar interiormente essa força evocativa e simbólica que nos liga aos entes queridos. Os nossos mortos estão vivos nos nossos corações e não naqueles túmulos vazios, onde existe apenas pó. Em vez de ir ao cemitério costumo abraçar as árvores que o meu pai plantou e das quais se despediu antes de morrer. Continua a ser a minha inspiração, o tronco e eu apenas um ramo. Na página de agradecimentos da tese de mestrado escrevi: “Ao meu pai que nunca verá este trabalho, mas que me ensinou a ver a Serra com um olhar de contemplação e respeito. À minha irmã e à mãe pela dedicação e generosidade. À Cláudia Diogo pela colaboração e sugestões pertinentes.” Ainda não há um mês que a Cláudia partiu, tinha 53 anos e tanto para dar (vítima de doença oncológica como o meu pai). Demos aulas às mesmas turmas do curso de Sociologia no ISMAT em

Portimão, estávamos ambas a fazer a tese de mestrado em Lisboa. A Cláudia Diogo e eu tínhamos o gosto pela serra, pelas tradições, memórias e oralidade. Defendi a tese de mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos em 2002 e a Cláudia a tese de mestrado em História em 2003. Apoiamo-nos mutuamente, chegamos a andar pela Serra de Monchique a fazer recolha junto de pessoas idosas. A Cláudia referiu no livro que publicou em 2015, baseado na sua tese, e com apoio da Dir. Regional de Cultura do Algarve, algumas situações curiosas que passamos, para além de incluir a minha tese na bibliografia. Entretanto passei a dar aulas na Universidade do Algarve e só nos voltamos a encontrar anos depois na apresentação do livro em Faro. Reli a dedicatória que me escreveu e emocionei-me. A melhor homenagem que posso prestar à investigadora Cláudia Diogo é continuar o trabalho de recolha das tradições e preservação da memória, que comecei na Serra de Monchique e dei continuidade na Serra do Caldeirão até Alcoutim.

Quando parece que tudo acaba é quando tudo começa Diariamente leio um trecho da Bíblia escolhido aleatoriamente, para além

do Evangelho do dia. Uma das frases da semana foi esta: “Vale mais o bom nome do que o melhor dos perfumes, vale mais o dia da morte do que o dia do nascimento”. Eclesiastes 7,1 Creio que a maioria das pessoas pensa mais em como será o dia da sua morte, do que em como foi o dia do seu nascimento. Aquele será o dia da grande passagem para o Infinito, depois de todas as vivências que fizeram a nossa história pessoal. Quando se está presente no último momento de alguém percebe-se que quando parece que tudo acaba é quando tudo começa… É um momento que, como cristã, vejo como júbilo porque é a grande passagem para o abraço de Deus, esse abraço que, imagino, nos acolherá com a ternura infinita de Pai. Daí ser tão importante a fé em algo superior a nós, seja qual for a religião ou filosofia de vida. E a poesia…essa companheira de vida permite-nos também outro entendimento… Como diz o poeta de língua alemã, Rainer Maria Rilke, “(…) somos apenas a casca e a folha. A grande morte, que cada um traz em si, é o fruto à volta do qual tudo gira.” Os livros fazem parte da vida e ajudam a ver a morte com um outro olhar. Os que estava a ler ao lado do meu pai na fase final da sua vida, juntamente com a fé, foram o apoio para ter mais coragem para enfrentar um momento tão único.

O telúrico abraço da Serra-Mãe no horizonte da memória e do sentir FOTO RUI ANDRÉ / D.R.

Sim, foi doloroso, mas a beleza e profundidade dos nossos diálogos e de termos pensado juntos como seria esse momento (embora nunca se esteja totalmente preparado) foi o mais triste e mais memorável que me aconteceu. Estar ao lado, ser presença total e dar o abraço final, depois de ter dado o sumo de laranja das nossas árvores, como se estas agradecessem à sua maneira os cuidados e dedicação do meu pai. Nesse golo derradeiro…o abraço apertado…e a morte a me pôr à prova…por instantes, também eu quis morrer envolta naquele abraço. A morte passou a fazer parte do meu itinerário pessoal. A morte tornou-se um tema de vida e de reflexão. Há um território interior feito de adiamentos e de silêncios que obriga a olhar mais profundamente para dentro e para o Alto.

Quem morre de doença oncológica por vezes tem uma lucidez que parece escolher o simbolismo do dia e da hora. Há momentos humana e espiritualmente tão marcantes que transformam a nossa caminhada. Essa proximidade com a morte deu-me força para enfrentar outras situações em que assisti a momentos finais. E fez-me perceber uma vocação espiritual e a missão de colocar a vida ao serviço dos outros, principalmente dos mais velhos e vulneráveis. Os poemas que escrevia iam sublimando a dor e das leituras dessa altura, em que permaneci ao lado do meu pai, partilho esta frase do teólogo e escritor Teilhard de Chardin: “Não somos seres humanos a viver uma experiência espiritual, somos seres espirituais a viver uma experiência humana”.


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ARTES VISUAIS

Como “aprender” e “mostrar” Artes Visuais em tempos de pandemia? SAÚL NEVES DE JESUS Professor Catedrático da Universidade do Algarve; Pós-doutorado em Artes Visuais; http://saul2017.wixsite.com/artes

A

proveitando as condições climatéricas do Algarve, com uma luz que permite uma cor e um brilho especiais, vários artistas, nomeadamente estrangeiros, têm vindo residir para o Algarve nos últimos anos. Mas são também artistas portugueses com percurso internacional que têm escolhido o Algarve para residir e desenvolver a sua atividade, como é o caso de Pedro Cabrita Reis. Desta forma, o Algarve tem sido, não apenas local de fruição, mas também espaço e tempo de produção artística no âmbito das Artes Visuais. Num projeto iniciado já no século XXI, no Algarve começou-se também a desenvolver o conhecimento e a investigação no domínio das Artes Visuais, tendo a Universidade do Algarve (UAlg) sido essencial para isso, com a abertura da licenciatura em Artes Visuais, permitindo a existência no Algarve dum ambiente formal para aprendizagem no âmbito das artes visuais. Com um corpo docente constituído sobretudo por artistas, os alunos têm tido oportunidade de vivenciar de perto o mundo da arte na sua complexidade e articulação entre a teoria e a prática. Além disso, beneficiam duma formação multidisciplinar, em que o desenho, a pintura, a escultura, a fotografia, a videoarte e a arte digital/multimédia se complementam na sua formação. A criação do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) foi também essencial neste processo, sobretudo do ponto de vista da investigação em Artes Visuais, permitindo a construção do conhecimento neste domínio, mas estando este muito associado à própria formação dos alunos, sobretudo ao nível do mestrado e do doutoramento no âmbito das Artes Visuais, que abriram mais recentemente na UAlg. Assim, o centro de investigação e a formação em Artes Visuais interligam-se quase como um laboratório de criação e aprendizagem neste domínio científico/artístico, em que a arte e a ciência se entrecruzam, tornando-se a arte ciência e a ciência arte. Mesmo em tempos de pandemia, a formação no âmbito das artes visuais tem ocorrido dentro das possibilidades, graças à elevada motivação e empenho dos docentes e dos estudantes, num esforço constante de adaptação às contingências do período em que vivemos. A relação com a comunidade tem sido desde o início um dos aspetos muito valorizados pela equipa de docentes, sendo constantemente feitas mostras ou exposições do trabalho artístico produzido nas atividades letivas, em particular pelos próprios alunos. Muitas das atividades de mostra do trabalho produzido têm sido realizadas na Galeria Trem, em Faro, ou no Convento de Santo António, em Loulé, expressando o reconhecimento e o apoio que ambas as autarquias têm proporcionado às Artes Visuais na UAlg.

Fotos de alguns dos trabalhos da exposição “O Toque em tempos ilícitos” (2020) FOTOS D.R.

Recentemente foi inaugurada mais uma exposição de trabalhos dos finalistas da Licenciatura em Artes Visuais, desta vez no Convento de Santo António, a qual poderá ser visitada até ao próximo dia 15 de novembro. O título da exposição, “O Toque em tempos ilícitos”, pretende expressar a complexidade e o condicionamento deste ano letivo ocorrido durante a pandemia. Através da expressão artística, cada estudante procurou expressar um sentimento que é comum na atualidade: «Que tempos são estes? De que forma e quando, voltaremos a ser como antes?». Os trabalhos expostos são da autoria de De Borj@, Gonçalo, Joana Bento, Lorena, Manu, Margarida Lopes, Mariana Domingos, Miguel Costa e Sofia Cardoso, sendo a curadoria da responsabilidade dos docentes Bertílio Martins, Mirian Tavares, Pedro Cabral Santo, Rui Sanches, Susana de Medeiros, Tiago Batista e Xana. Os responsáveis pela exposição referem que “através do toque, trabalharam a matéria, os materiais, transformaram as ideias em obras e criaram a exposição possível nos tempos que correm. Esta exposição integra, na sua lógica interna, a arquitetura complexa do edifício, a sua história, as memórias, e procura ir ao encontro do espetador para o envolver e tocar de alguma forma, já que o toque, na era da pandemia, foi decretado «ilícito» (...) Completamos, com esta exposição, mais um ciclo de estudo no domínio das artes visuais e apresentamos mais um grupo de artistas promissores. Esperamos sempre que a comunidade os acolha e que perceba a importância das artes e da produção que é feita no Algarve, dentro da Universidade. Apesar de fisicamente distantes, continuamos a trabalhar, e os jovens artistas a produzir, pois se há algo que talvez nos possa salvar da incerteza e do distanciamento social, é a Arte que nos toca profundamente, mesmo em tempos ilícitos”. Vale a pena refletir sobre estas palavras e fruir da exposição... AF_CA_CampanhaB10_20_IMPRENSA_210x285mm_cv.indd 1

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Entrevista a Teresa Rita Lopes

Ainda há muito de Pessoa a dar a conhecer Texto RAMIRO SANTOS Fotos HENRIQUE DIAS FREIRE

Foi amor à primeira vista. Andava ainda no liceu em Faro, cidade onde nasceu e viveu até aos 17 anos, quando conheceu Fernando Pessoa. Depois, já na universidade, a paixão pelo poeta foi crescendo ao ponto de, no seu exílio em Paris, o ter abraçado num compromisso que dura já uma vida. Teresa Rita Lopes há muito que conquistou um lugar na história da literatura portuguesa, sendo considerada uma das maiores especialistas da vida e da obra poética de Fernando Pessoa. Hoje, reparte os seus dias entre Almada, onde reside, e o sul dos seus sonhos, num triângulo que inclui Faro, Alcoutim e Cacela. “Sou uma algarvia de gema”, afirma Teresa Rita Lopes, que nasceu numa casa térrea da rua de S. Luís, em Faro

A Teresa Rita Lopes é uma algarvia de gema. Nasceu em Faro, numa casa térrea da rua de S. Luís, mas não chegou a conhecer o seu pai, não é? RS

TL O meu pai morreu três meses antes de eu nascer. Nunca chegaram a saber do que é que ele tinha morrido, mas a minha avó de Alcoutim, mãe do meu pai, dizia que ele tinha nascido com “cabeça de água”, aquilo a que hoje chamam de hidrocefalia. A minha mãe só esteve 10 meses casada e dizia que o meu pai me tinha adivinhado quando aviltrava que havia de nascer uma menina. RS Imagino, portanto, que foi recebida e cuidada como uma menina mimada! TL A minha infância foi sempre rodeada de mil cuidados, com muito receio que eu herdasse a desconhecida doença de meu pai e, desde que me lembro das coisas, recordo-me de ser olhada como se eu tivesse qualquer coisa de sobrenatural. RS Os seus avós paternos eram de Alcoutim e do lado de sua mãe, a sua avó era de Cacela e o avô era de Messines... TL A minha avó de Cacela, que era muito santanária – como se diz no Algarve – uma vez chamou lá a casa um

homem que era sacristão e diziam vidente... Lembro-me ainda de ele olhar para mim e dizer: “ai esta menina tem um futuro muito importante à frente dela”. Juntava isto ao tratamento especial que recebia até aos oito anos, tanto mais que era filha única, sobrinha única apesar de haver quatro tios, e era também neta única. De maneira que eu podia ter saído uma criancinha insuportável, uma menina mimada, porque era mimada. Andava de casa em casa, e isso também me deu algumas vivências muito especiais.

dava-se qualquer coisa à vidente e, a minha tia, puxando de uma nota, disse assim: “Tome lá para o espírito comprar rebuçados”. De outra vez, a tia Emília pôs o menino Jesus de cabeça para baixo na retrete, de castigo, porque ele não atendeu o pedido que ela tinha feito ao colocar a cautela por baixo dele para lhe dar sorte. Como a cautela saiu branca, ela tratou de lhe dar o devido castigo como era hábito na época.

RS E isso vê-se na maneira viva como descreve esses quadros da sua meninice...

Alberto Caeiro e Ricardo Reis foram criados por Pessoa para o seu combate à “igreja de Roma

TL Sim, é talvez por isso que hoje falo tanto das pessoas da família: da mãe, dos avós, dos tios, das tias e guardo deles uma particular afeição e conhecimento de como eram. De todos, mesmo de todos, porque deles tenho memória fotográfica.

TL A tia Emília era professora primária, católica, mas acreditava em espiritismo. Lembro-me que uma vez, a minha tia organizou uma sessão mediúnica lá em casa mas eu percebi que ela não estava a levar o espírito a sério. No final, como era costume,

TL Tenho essa honra, sim e estou bem acompanhada por um poeta árabe e dois outros que cantaram Cacela, como a Sofia e o Eugénio de Andrade. Foi uma surpresa que me fizeram, gostei muito! RS E nas memórias que vai escrevendo foi recuperar as redacções da Teresinha... TL A Maria Teresinha, era o nome que me davam quando eu era menina. Comecei a fazer essas redacções num livro para todas as idades que se chama “Jogos, Versos e Redacções”, publicado quando os meus cinco netos eram muito novinhos. Um dia recomecei porque as pessoas gostaram e incentivaram-me a escrever mais. RS A Teresinha, pode dizer-se que é uma sua heterónima?

A sua infância e, digamos a sua vida, porque nunca se desligou do Algarve, repartiu-se por um triângulo formado por Faro, Alcoutim e Cacela, não foi? RS

RS A tia Emília, por exemplo, de que fala muito!...

E em Cacela tem a honra de lá ter o nome de uma rua..! RS

Sim eu digo isso no meu livro “O sul dos meus sonhos”, pois essas são as terras e os cenários, ainda hoje, dos meus sonhos. Ia mais a Faro e Cacela do que a Alcoutim. TL

TL De certo modo, mas não chega a ser heterónimo à maneira pessoana porque ela tem as mesmas atitudes do que eu, só que numa linguagem diferente.

E quando é que descobriu o Pessoa, qual foi o primeiro poema que leu dele? RS

TL Eu descobri Pessoa e Florbela Espanca ao mesmo tempo. Gostei logo


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ENTREVISTA

mente com ele que expôs o assunto ao irmão. O Hermano Saraiva mandou imediatamente arrolar o espólio, impedindo-o assim de sair do país. Ordenou ainda que uma equipa de bibliotecárias fosse para casa da irmã do Pessoa fazer a catalogação do material e um breve resumo de cada um dos papéis do poeta. RS E foi assim que chegou aos escritos do baú? TL Sim, por intervenção depois de Veiga Simão, o novo ministro da Educação, agora de Marcelo Caetano, contra a vontade dos burocratas do ministério. Comprei uma máquina de fotocopiar enorme, e lá fui para casa da mana do poeta. Fotocopiei o mais que pude com o argumento de que era para a minha tese que concluí com o título “Fernando Pessoa e o Drama Simbolista”. Estive lá durante muito tempo, fiz uma excelente relação de amizade com a irmã do Pessoa, e foi aí que eu me dei conta de que os livros que nós conhecíamos editados pela Ática, eram muito incompletos, e senti que tinha absolutamente de fazer novas edições.

E em 1990 publica então “Pessoa por conhecer”! RS

Exatamente, no ano do centenário do nascimento de Álvaro de Campos, 1990, eu quis mostrar, em dois grandes volumes, que as pessoas ainda não conheciam o Pessoa.

dizer parvoíces, classificando-o como um escravocrata. Isso é de uma burrice total! É preciso perceber uma coisa muito simples, da qual temos todos que partir sob pena de não entendermos nada do Pessoa: ele é o dramaturgo que toda a vida disse ser; muita gente põe na boca de Pessoa o que é dito, por exemplo, por António Mora, um indivíduo que ele colocou a viver nos tempos da Grécia e Roma antigas onde a escravatura era considerada uma coisa normal. Esclavagista era Antonio Mora e não o Fernando Pessoa. Um não tinha nada a ver com o outro. Aliás, muito antes dos direitos humanos começarem a andar na boca das pessoas, já o Pessoa era contra a homofobia e a pena de morte!

Imprimiu na sua tipografia Ibis o jornal “O Povo Algarvio”, de Loulé, que se assumiu na capa como republicano e anticlerical

TL

Falou em Álvaro de Campos. Alguma razão especial para Fernando Pessoa o ter colocado a nascer em Tavira? RS

do Álvaro de Campos e ainda hoje é aquele de que mais gosto. O Álvaro de Campos e a Florbela andavam sempre na minha pasta. Estou convencida de que a Florbela teve muita influência no Álvaro de Campos. Por isso é que ele é relativamente desbocado e desinibido: Pessoa era extraordinariamente inibido. Não me lembro qual foi o primeiro poema que conheci dele, mas li todo o Álvaro de Campos, da Ática, que é apenas um terço do Álvaro de Campos. Mas ainda assim, foi o suficiente para eu ficar completamente rendida.

uma bolsa à Gulbenkian. Ele escutou-o, distraídamente, e escreveu então a carta a declarar que aceitava ser o orientador da tese de J. A. Seabra sobre “quatro poetas portugueses”: É claro que ele não a enviou – e não obteve a bolsa!

Andam por aí a dizer parvoíces, classificando Pessoa como um escravocrata. Isso é de uma burrice total!

RS No seu exílio político em Paris, apercebeu-se de que, em meados dos anos sessenta, Pessoa era um desconhecido no mundo académico e intelectual dos franceses...!

E quando é que veio abrir o baú do poeta?

TL Sim, e quando decidi fazer a minha tese de doutoramento sobre o Fernando Pessoa, o meu “patron”, René Étiemble, “Papa” das literaturas comparadas, disse-me: “Olhe eu não conheço o seu autor mas vou aprender consigo”. Para ver o desconhecimento que existia, ainda lhe conto outra: o José Augusto Seabra, também exilado, abordou o Roland Barthes, para seu orientador de uma tese sobre Fernando Pessoa, e pediu-lhe uma carta de recomendação para se candidatar a

TL Só em 1969 fui a casa da irmã do poeta, Henriqueta Madalena, detentora do baú, que vivia na Avenida da República, em Lisboa. Meses antes tinha ido à biblioteca da Gulbenkian em Paris, e o seu director, o professor Veríssimo Serrão, disse-me que o espólio de Pessoa ia ser vendido para a Inglaterra. Fiquei em pânico! Era nessa altura ministro da Educação de Salazar, o professor José Hermano Saraiva, irmão do meu companheiro, António José Saraiva. Falei imediata-

RS

TL É importantíssima essa história de Tavira, porque Pessoa fez de Álvaro de Campos, um cristão novo, como todos os seus antepassados de nome Pessoa. No cemitério de Tavira está uma lápide na sepultura do seu tio avô, onde se lê “Jacques Pessoa livre pensador”, como se designavam os maçons. O que encarna precisamente a identidade de Pessoa, é o Álvaro de Campos. Só que é um Pessoa extrovertido… Daí Álvaro de Campos dizer que Pessoa “era um novelo enrolado para dentro”… O que ele fez, foi esse novelo desenrolar para fora. Álvaro de Campos é o que acompanha mais de perto Pessoa durante toda a sua vida. E não se pode nunca perder de vista, quando se está a ler qualquer texto, quem é que disse isto ou aquilo. Os heterónimos e personagens, criados pelo poeta, não emitem as opiniões do Pessoa, exprimem-se, contrariando-se uns aos outros, apoiam-se e desapoiam-se como numa peça de teatro. Escrevi desde sempre poesia e teatro, e creio que me interessei pelo Pessoa por ele ter essa dimensão dramática.

Por isso é que surgem as polémicas acerca do Pessoa esclavagista, por exemplo, não é? RS

TL Claro, as pessoas ainda não entenderam isso e andam por aí a

RS Mas, na nossa conversa, esquecemo-nos do Álvaro de Campos, em Tavira..! TL Espere, oiça isto que é indispensável para se perceber o poeta. Antes de inventar os heterónimos em 1914, o Pessoa já se tinha organizado para combater a igreja de Roma. E isto vem muito a propósito do Álvaro de Campos descender dos judeus de Tavira. Fernando Pessoa não se assumiu como um judeu, mas essa identidade era extraordinariamente importante para ele. Quando percebeu as suas raízes judaicas, levou toda a sua vida - não mudou rigorosamente nada - a combater a igreja católica. Metade desses textos estão inéditos e a primeira “militância” do Pessoa, digamos assim, foi contra a igreja de Roma. É neste quadro que ele inventou, antes dos seus heterónimos, o tal “esclavagista” António Mora, personagem da Grécia antiga que tinha por função a reconstrução do paganismo ou a criação do “novo paganismo português”. RS Portanto, Mora nasceu antes do Caeiro, Campos e Ricardo Reis..! TL Sim, Pessoa primeiro entreviu no António Mora e só depois o Alberto Caeiro e Ricardo Reis, que nasceram para sustentar esse combate religioso. As pessoas não sabem ler... o Caeiro era “o reconstrutor da sensibilidade pagã”, está escrito assim por Pessoa com todas as letras. Nasceu para isso! E o Ricardo Reis nasceu para “reconstrutor da estética pagã”. Portanto, estes dois heterónimos foram criados para esse seu combate à “Igreja de Roma”. Isto nunca foi dito.

Mas voltando a Tavira e ao Álvaro de Campos... RS

TL Ele teve um avô e um tio avô em Tavira. Eram liberais e estiveram os dois na guerra contra os absolutistas e o Pessoa visitava regularmente os seus parentes de Tavira. E conto-lhe mais: Pessoa, aos vinte e poucos anos, montou a tipografia Ibis com a herança que tinha recebido da avó paterna, tendo imprimido, entre 12 de Março e 12 de Junho de 1910, um jornal chamado “O Povo Algarvio”, de Loulé, que se assumia na capa como republicano e anticlerical, cujo director era Paulo Madeira, que terá sido procurado por indicação da sua familia do Algarve. Isto digo eu, porque como é que ele, em Lisboa, ia conhecer em Loulé, o director de um jornal que tal como a família de Tavira, era republicano e maçon? Foi certamente por indicação dos seus familiares “fidalgos e judeus” que se relacionavam com esse Paulo Madeira. Portanto, o Pessoa estava numa relação de militância republicana e numa cruzada de toda a sua vida contra o que ele chamava a “Igreja de Roma”.

Os heterónimos e personagens, não emitem as opiniões do Pessoa, exprimem-se, contrariando-se uns aos outros, apoiam-se e desapoiam-se como numa peça de teatro RS Eu sempre pensei que ele era monárquico... TL As pessoas também pensam isso erradamente. Na sua militância republicana, ele alinhou com os seus parentes de Tavira e, além da relação com o director do jornal de Loulé que o comprova, até deixou um manuscrito, militantemente republicano, chamado “O Fósforo” que nunca foi publicado. Portanto, começou por se assumir republicano e embora mais tarde se tivesse definido, interiormente, como monárquico, considerou sempre que isso era inviável em Portugal. Era, pois, ideologicamente uma personalidade dividida e aquilo que melhor o define, é a sua adesão ao sidonismo e ao conceito de um presidente-rei, que mais não é do que uma conciliação entre duas faces aparentemente contraditórias. RS Para final de conversa, quando é que temos o tal livro que disse estar a organizar sobre o “Pessoa Todo”? TL Ó homem! Se acredita e sabe rezar, faça-o para que eu ainda dure um certo tempo porque ainda há muito de Pessoa a dar a conhecer.


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FILOSOFIA DIA-A-DIA

Périplo de um Café Filosófico MARIA JOÃO NEVES PH.D Consultora Filosófica

I

ntegrado na Festa dos Anos de Álvaro de Campos, que se continuará a celebrar até dia 30 de Novembro, o Café Filosófico de Outubro foi o primeiro presencial desde o início da pandemia. Um Café Filosófico não é uma palestra, é um encontro de saberes e reflexões, vive sobretudo das intervenções de quem nele participa. Tendo sido este um encontro tão rico, venho hoje aqui dar conta do que nele se conversou. Foram lidos alguns excertos da obra de Pessoa onde claramente aparecem posicionamentos racistas, e lançada a dúvida de saber se esses textos seriam ou não atribuíveis ao poeta, ele próprio, ou ao quase heterónimo António Mora. Alguns especialistas afirmam que assim é e consideram-no uma antítese de Pessoa num exacerbado exercício de retórica. Encurtando razões, deixámos esse deslinde para os investigadores de pleno direito e passámos a ocupar-nos do problema em si mesmo: tentar perceber como é que pensamentos ou ideias de cariz racista podem surgir na nossa mente. “Raça é um não conceito!”, exclamou um dos participantes. De facto, trata-se de um construto social. A humanidade é uma apenas... Lançou-se então o repto de tentarmos perceber se e como é que a ideia de racismo poderia estar na base do sentimento de nação. Apontou-se para o universalismo da humanidade que se opõe aos particularismos da nossa condição e nos tornam sexistas, nacionalistas, etc... “Nós para sermos Portugueses temos de não ser tudo o resto!” Ficou claro para todos que só tomando a nossa portugalidade como o topo daquilo a que se pode aspirar na condição humana, podemos considerar que temos não apenas o direito mas até o dever de nos expandirmos, de “civilizar" outros povos e de os “aportuguesar”. Em catadupa foram surgindo da boca dos vários participantes exemplos de movimentos expansionistas deste género: a reconquista cristã; o nazismo alemão; todos os colonialismos; a revolução francesa... a lista não parava de aumentar! Um dos participantes de nacionalidade francesa, questionou-se sobre como foi possível que o seu povo, em prol dos ideais tão nobres como a liberdade, a igualdade e a fraternidade andasse a decapitar cabeças e a invadir outros povos! De onde surgiria este pensamento “civilizacional-expansionista” tão

amplamente arreigado no nosso mundo ocidental? Sugeri que olhássemos para a obra de Aristóteles - filósofo grego do sec. IV a.C., que foi aluno de Platão e preceptor de Carlos Magno. De facto, falar do pensamento do estagirita é, em grande medida, falar do nosso próprio pensamento. A linguagem científica actual e muitas das expressões da linguagem comum são, sem que nos apercebamos disso, decalcadas dos esquemas conceptuais elaborados por Aristóteles para dar forma às suas ideias. Mergulhámos então no Livro I da Política onde o filósofo claramente defende a escravatura. Começa por estabelecer que dos instrumentos que temos disponíveis uns são inanimados e outros animados. Por exemplo, para um comandante de navio o leme é inanimado e o vigia é um instrumento animado. Daqui para a afirmação de que “o escravo é uma posse animada” foi apenas um pequeno passo. Aristóteles define-o como aquele que sendo homem “não se pertence por natureza a si mesmo, senão a outro (...), sendo homem é posse de outrem”. O filósofo vai ainda mais longe afirmando que a escravatura é um direito natural pois, “por natureza, alguns estão destinados a obedecer e outros a mandar. De acordo como seu raciocínio, uns nascem livres e outros não e, para estes últimos, “ser escravo é conveniente e justo”. A questão racial acaba por ser também aflorada ao afirmar que “a natureza quer inclusivamente fazer diferentes os corpos dos livres e dos escravos: uns fortes para os trabalhos necessários; outros, erguidos e inúteis para tais necessidades, mas úteis para a vida política”. Contudo, o próprio filósofo reconhece que, muitas vezes, sucede o contrario: “há escravos que têm corpos de homens livres, e outros, almas”. Por último, Aristóteles defende que a arte da guerra “deve utilizar-se contra os animais selvagens e contra aqueles homens que, havendo nascido para obedecer, se negam a isso”. Sendo que este tipo de guerra se considera “justa por natureza”. Uma das participantes recordou-nos então a Controvérsia de Valladolid (1550-51) na qual se pretendeu apurar se os índios americanos tinham alma ou se eram selvagens susceptíveis de serem domesticados. Na esteira aristotélica, Guinés de Sepúlveda foi partidário da “guerra justa” contra os indígenas, devido à sua inferioridade, defendendo a sua subjugação. Bartolomé de las Casas foi o grande defensor deste povo procurando demonstrar a sua racionalidade. Um dos participantes sugeriu que os ameríndios

Controvérsia de Valladolid - Pretendia apurar-se se os ameríndios tinham alma FOTOS D.R.

Manifestação anti-racismo Lisboa 2020

também eram aristotélicos sem o saber! Pois pegavam nos espanhóis e metiam-nos debaixo de água. Se eles morressem não eram veneráveis... Chegámos à conclusão de que as sociedades humanas parecem estruturar-se com base nessa ideia de supremacia própria, da que decorrem desejos expansionistas supostamente civilizadores. Em todas as culturas parecem ter havido variações deste modo de pensar. - Qual a ideia que lhe subjaz? Descobrimos tratar-se da ideia do Outro como total e radicalmente diferente de mim! O Outro aparece como aquele que é perigoso, atentatório dos nossos princípios, diferente e, portanto, rejeitável. Verificámos que as sociedades se constroem precisamente com base nesta rejeição. Ficou claro que a ideia de que o nosso espaço comunitário é uma identidade que nos protege é for-

tíssima. Legitima rejeitar o outro, matá-lo inclusivamente, destruí-lo nas suas características culturais, políticas ou idiosincrásicas. Vivemos em sociedades que são profundamente racistas pela sua forma de organização e que rejeitam o outro por dever de nacionalismo ou auto-preservação. Como é que podemos abandonar este modo de pensar? Trouxe então à colação um excerto do livro Para una História de la Piedad da filósofa María Zambrano: “A ideia de que o homem é, acima de tudo, consciência e razão levou a que o homem só se considere semelhante a outro homem. Mas o processo não acaba aí, pois, como as diferenças entre os homens subsistem, há raças, nacionalidades, culturas, classes sociais e diferenças económicas, chegamos ao espectáculo bem visível da sociedade actual. Apenas

sabemos lidar com aqueles que são praticamente uma reprodução de nós próprios. O homem moderno, ao assomar-se ao mundo, vai à procura de um espelho que lhe devolva a sua imagem, e, quando não a encontra, é um desconcerto! Frequentemente, quer partir o espelho! Tornamo-nos terrivelmente incapazes de suportar que existam homem diferentes de nós. Inventou-se, para encher esse vazio, a tolerância, palavra favorita do léxico do homem moderno. Mas a “tolerância” não é compreensão nem trato adequado, é simplesmente manter a distância respeitosamente, isso sim, com aquilo com o qual não se sabe tratar.” (pp. 18 e 19) Já não chegam os caracteres para dar conta das reflexões que a partir daqui surgiram... Inscrições para o Café Filosófico: filosofiamjn@gmail.com


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FIOS DE HISTÓRIA Remexido:

A história esquecida de um padre soldado! RAMIRO SANTOS Jornalista ramirojsantos@gmail.com Foi padre e soldado. Juiz e julgado. Herói e vilão! Ficou na história e na lenda como Remexido, nome de guerra de José Joaquim de Sousa Reis. Morreu de pé, fiel às suas convicções e ao seu rei. Hoje, é completamente desconhecido do algarvios

N

asceu em Estômbar, em 1796, mas foi em S. Bartolomeu de Messines onde se estabeleceu, casou e traçou o seu destino. Ainda menino, foi estudar para o seminário de Faro. Aí tomou as ordens menores mas, dado o seu talento para a oratória, cedo despertou a admiração do bispo que o autorizou a subir ao púlpito e falar ao povo. Acabaria, contudo, por abandonar a promissora carreira eclesiástica e a batina, para casar com Maria Clara Machado de Bastos, filha de uma “mui distinta família” local. Precisou, ainda assim, de muita persistência e fazer uso de toda a retórica e do seu latim, para vencer a relutância do tio da moça, homem abastado e dono de terras nas cercanias de S. Bartolomeu de Messines e S. Marcos da Serra. Dessa sua insistência, viria a receber de Maria Clara, a alcunha de Remexido que lhe ficou, para sempre, colada à pele e ao nome. Jovem letrado, bem falante e alinhado com o regime absolutista da época, depressa ganhou posição social de relevo e reconhecimento público. Conseguiu benfeitorias para a aldeia. Uma escola pública de primeiras letras, um

forno comunitário e uma feira franca em honra de Nª Sra da Saúde, que ainda hoje se realiza. Já depois da primeira revolução liberal de 1820, foi eleito juiz de vintena, passando, simultaneamente, a administrar os bens do tio de sua mulher. Nessa função ia, pessoalmente, fazer as cobranças dos dízimos das terras de S. Bartolomeu e S. Marcos da Serra. Anos mais tarde, na pólvora dos dias, enquanto guerrilheiro, na serra do caldeirão que conhecia como os seus próprios passos, tornou-se uma dor de cabeça para as tropas liberais fiéis a D. Pedro, na guerra civil que o opôs aos absolutistas de seu irmão D. Miguel. Assinada a paz na Convenção de Évoramonte, esperava-se um regresso à normalidade. Contudo, a prisão de sua mulher e de um filho, bem como as represálias e perseguições políticas exercidas pelos liberais, vencedores da guerra fratricida, levaram o guerrilheiro a prosseguir a sua campanha militar com acções de violência, um pouco por todo o algarve e baixo alentejo. A tomada de Albufeira, ao tempo uma praça liberal, é um exemplo sagrento da chacina e pilhagem perpretadas pelas hostes miguelistas, provocando cerca de sete dezenas de vítimas. E se os excessos de guerra se podem apontar sempre a um e outro lado da contenda, na narrativa construída ao longo do tempo, os liberais fizeram, do Remexido, um sanguinário e “façanhudo guerrilheiro”. Um homem - diziam - que desenvolveu particular ferocidade, “apunhalando os prisioneiros, queimando-os vivos e arrastando-os a todos à cauda do seu próprio cavalo.” E para compôr a lenda, o Remexido teve mesmo honras de figurar numa coleção de romances de cordel, onde a história e a ficção andam de mãos dadas. Como em todas os casos, há porém quem

guarde dele a imagem diferente de um herói romântico e idealista, que se sacrificou pela causa que lhe pareceu mais justa, ainda que contra os ventos dominantes das ideias liberais republicanas que chegavam da revolução francesa. Dele, escreveu Camilo Castelo Branco: “O Remexido surge imbuído de fortes laivos românticos, acabando por trocar uma pacata vida de lavrador, pelos apuros de uma luta sem quartel que lhe valeu e à família, as mais duras perseguições, contra as quais se rebelou.” E o historiador algarvio, Alberto Iria, exalta o Remexido apresentando-o como “uma pessoa inteligente, dotada de uma alma boa e generosa, com dignidade e grandeza ao serviço dos seus ideiais.” Feito prisioneiro em 1838, foi julgado em tribunal de guerra no salão da Misericórdia de Faro e condenado à pena capital. Nas alegações finais, em sua defesa, disse: “o único crime que cometi foi o crime de desobediência”, em obediência a um ideal e a uma causa em que acreditava. Sem possibilidade de recurso, foi executado por fusilamento, a 2 de agosto do mesmo ano, pelas 18 horas, no campo da Trindade, onde hoje é a Alameda João de Deus, em Faro, e enterrado no cemitério da Misericórdia. Duzentos anos volvidos, e independentemente da imagem e do juízo que hoje se possam fazer do Remexido – do homem, do político e do guerrilheiro – fica a ideia de que o Algarve nunca chegou, verdadeiramente, a conhecê-lo, deixando cair sobre ele e as suas razões, o manto escuro do esquecimento e do silêncio. Como quase sempre acontece, também neste caso acabou por prevalecer a versão da história escrita pelos vencedores. E ele esteve do lado errado da barricada! Vae victis! Ai dos vencidos!

Em cima Remexido foi um guerrilheiro algarvio que lutou pelos absolutistas de D. Miguel na guerra civil que o opôs aos liberais de seu irmão D. Pedro Em baixo Campo da Ermida de Santana, palco de um dos confrontos mais sangrentos entre as tropas de Sá da Bandeira (liberais) e Tomás Cabreira (absolutistas) FOTOS D.R.

Fontes: “A guerrilha do Remexido”, de António Monteiro Cardoso e António do Canto Machado” (edições Europa América) e “O Remechido, glória e morte de um mito”, de J. C. Vilhena Mesquita (edição C.M.de Loulé); outras.

ESPAÇO AGECAL

Programar – o quê e para quem? JORGE QUEIROZ Sociólogo, sócio da AGECAL

A

sociologia da cultura e das artes permitiria realizar diagnósticos das dinâmicas culturais em Portugal, caracterizar as formas organizativas e actividades dos profissionais das áreas culturais. No âmbito da economia da cultura verifica-se uma enorme carência de estudos fundamentados sobre a realidade nacional e regional, também sobre o tecido socioprofissional. Entre as dezenas de profissões existentes na área de cultura (escritores, actores, cantores, artistas visuais, bibliotecários, editores, técnicos de conservação e restauro, cineastas, arqueólogos, documentalistas,…) surgiu nas últimas décadas do século XX em Portugal, sobretudo nos anos 90, consequência

da construção de infraestruturas culturais e de um conjunto de iniciativas de grande projecção, a actividade de “programador”. Sobre a programação artística ocorreu no final do último milénio uma tentativa de reflexão e questionamento da profissão envolvendo muitas dezenas de profissionais do sector público, privado e associativo ligados às artes do espectáculo (teatro, dança, música, festivais,..), dos quais muitos eram também directores ou responsáveis por estruturas artísticas profissionais. Era desígnio do movimento a criação de uma Associação Portuguesa de Programadores, iniciativa vista com interesse pelo Ministério da Cultura / Instituto Português das Artes do Espectáculo - IPAE que esteve presente nas reuniões gerais realizadas em Montemor-o-Novo, Guimarães e Lisboa. A figura do programador institucional sur-

giu por necessidade conjuntural, através de convite a especialistas e decisão da administração. A existência formal ou legal da profissão, permitiria estabelecer as condições de acesso, académicas, de formação profissional ou de experiências, sobretudo para as actividades regulares. Nas estruturas actuais, salvo raras excepções, são estruturalmente reduzidas na sua composição, a mesma pessoa desenvolve várias funções, incluindo a de programador. É frequente nas pequenas estruturas, que são a maioria, que directores sejam também programadores, encenadores e até actores. No mundo das artes existem genericamente dois grandes grupos profissionais: os criadores e os mediadores (curadores/comissários, directores, galeristas, programadores de teatros e centros culturais, …). Outras profissões técnicas participam no processo

ligadas à realização, produtores, divulgadores, técnicos de som e luzes, vídeoplastas, cenógrafos, monitores de serviço educativo, assistentes de sala… A mediação ocorre numa primeira fase entre o(s) programador(es) que propõem, com critérios e razões que deverão ser explicitadas, e a administração que decide sobre a sua realização, orçamentos e meios a envolver. A mediação do programa dirige-se a cidadãos/públicos, com objectivos diferenciados consoante se trate de áreas geridas com recursos públicos, que neste caso se deverão centrar prioritariamente na democratização do acesso, no desenvolvimento educativo e cultural, ou de iniciativa das indústrias culturais privadas ligadas aos mercados, à promoção dos produtos culturais com retorno nos sistemas de venda e bilheteiras. Estes dois sistemas mediadores podem e devem articular-se sem adulterar a natureza de cada um. Como em todas as actividades a programação não é neutra, pela análise atenta

apercebemo-nos dos objectivos, das prioridades sociais, da coerência das linhas programáticas, dos meios envolvidos. A avaliação dos objectivos propostos e das actividades concretizadas são elementos insubstituíveis, introduzem a monitorização de resultados e eventuais desvios, de ponderação para melhoria ou substituição. O que se programa? Para quem? À volta destas questões encontra-se o fundamento e equilíbrio da programação, a sociedade é heterogénea na sua composição etária, género, escolaridade, residência, emprego, interesses culturais e educativos… Não há “o público” mas públicos diversos. No Algarve, “Faro-2005 Capital Nacional da Cultura” foi uma experiência importante, provavelmente única na região, porque se constituiu uma equipa de programação, com especialistas para as artes visuais, dança e novo circo, teatro, música, cinema e literatura, que se reuniam e trabalharam conjuntamente na permuta de informações e colaborações.


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HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA NO ALGARVE

Os Ateliers photographicos Silva Nogueira & Irmão no Algarve CARLOS ALBERTO OSÓRIO Docente do Ensino Secundário Mestre em Produção, Edição e Comunicação de Conteúdos

Manuel António da Silva Nogueira (1863-?)

C

om cerca de 23 anos de idade, M. A. Silva Nogueira, nome pelo qual ficará conhecido enquanto fotógrafo de estúdio, e o seu irmão mais novo, Joaquim da Silva Nogueira, vão iniciar-se na fotografia na Travessa dos Sete Cantos, em Santarém, e abrir ateliers noutras cidades, tais como Nazaré, Caldas da Rainha e Faro, no Largo da Conceição, n.º 6. Estes estúdios com maior atividade nas épocas estivais, também permitem que, sobretudo no Algarve, os dois irmãos sejam fotógrafos excursionistas, deslocando-se sazonalmente por curtos períodos a Lagos, Vila Nova de Portimão, Silves, Loulé, Tavira, Olhão e Vila Real de St. António para realizar o seu trabalho fotográfico, instalando-se, com estúdios improvisados, em pequenos hotéis, quartéis e outros espaços arrendados para o efeito. Nos vários anúncios que faz publicar nos jornais da época, destaca a utilização de máquinas que pertenceram ao famoso fotógrafo da Golegã, Carlos Relvas, e no verso dos cartões de visita, imprime a distinção de ser fotógrafo de “Suas Majestades”. Num interessante artigo de Francisco Serra publicado na Revista O Occidente, em 1904, podemos claramente perceber o gosto que Silva Nogueira tinha pelo Algarve e a admiração que os algarvios tinham pelo seu trabalho: “Ainda hoje, apesar do seu atelier em Lisboa lhe tomar grande parte do tempo, nas suas curtas visitas áquella província, onde é sempre anciosamente esperado, se vê quanto

o estimam e apreciam. E por tal forma o fazem, e tão radicado o seu nome está nesta província, que nem o Algarve o esquece, nem o habilíssimo artista esquecerá o Algarve. Assim o cremos, porque nem outra coisa é de esperar dos que, como elle sabem ser gratos”, lê-se no artigo. É igualmente conhecida a amizade existente entre ele e José Maria dos Santos, o proprietário da Tipografia Burocrática de Tavira.

anuncia mais uma excursão artística pelo Algarve, iniciando-se por Vila Real de Santo António. “Apresentará as maiores novidades e difficuldades dest' arte com as quaes grande parte dos seus collegas não poderão competir”. Explica nos anúncios que “Os trabalhos com que for honrado irá concluí-los ao seu atelier de Santarém enviando-os pelo correio”. Nos jornais destaca os “retratos a Crayon”, dizendo ser o artista que mais se tem salientado no género e garantindo a mais completa semelhança.”. Em Abril de 1900, José Maria dos Santos, o editor do Jornal de Anúncios, publica uma notícia na qual nos elucida sobre o seu auxílio a este fotógrafo, tornado entretanto seu amigo, no modo de proceder itinerante: “As famílias que desejarem utilizar-se dos seus trabalhos photographicos, podem fazer a competente indicação no nosso estabelecimento, na Praça N° 10, afim de lhe fazermos o competente aviso da chegada e local que nos encarregamos de lhe arranjar”. Na semana seguinte, uma segunda notícia refere a grande afluência registada: “Apraz nos saber isto, porque assim a nossa elite lhe provará, que não tem tido razão, em ter operado em todas as principais terras do Algarve, menos em Tavira”.

Joaquim António da Silva Nogueira (1865-?) Sabemos que Manuel António da Silva Nogueira e o seu irmão Joaquim António da Silva Nogueira se instalam em Faro, a partir de 1893. Em 27 de Abril desse ano, no Jornal de Anúncios (Tavira) de José Maria dos Santos, anuncia que será visita recorrente por longos anos no Algarve, incluindo a cidade de Tavira, onde abre uma sucursal do seu atelier denominado Sociedade Photographica no Quintal do Theatro (antigo Teatro Tavirense). Naquele periódico anuncia que se executam “todos os trabalhos por mais difficeis que sejam e em todos os formatos desde miniatura a natural, por preços relativamente baratos”. Ao percorrermos os anúncios que vai publicando ao longo dos anos, percebemos a verdadeira ascensão do seu negócio fotográfico. Em 1895, M. A. Silva Nogueira, já se denominando “conhecido photographo de Santarém”,

As notícias sobre M. A. Silva Nogueira continuam na primeira semana de Maio, desta vez sobre fotografias sobre vistas da cidade: “(...) Em consequência do mau tempo, não operou numas vistas que desejava tirar de diferentes pontos da cidade, e por isso volta domingo a ver se consegue os seus desejos.” Tudo leva a crer que os postais com vistas de Tavira vendidos posteriormente na Tabacaria Santos e anunciados no próprio jornal de José Maria dos Santos, serão da sua autoria.

Uma foto de republicanos em Loulé, em 1910 No periódico O Povo Algarvio, de junho de 1910, um artigo descreve o momento que sucedeu à brilhante actuação

em tribunal do prestigiado advogado Alexandre Braga (1871-1921), na defesa do seu correlegionário, Paulo Madeira, então diretor daquele jornal, acusado de se ter envolvido numa quezília com um sacerdote. Informa o artigo que: "Terminada a improvisada oração seguiu S. Ex.ª sempre acompanhado pela multidão para o atelier photographico do nosso amigo Silva Nogueira, que lhe tirou uma photographia em grupo com alguns correligionários d'aqui.” Esta fotografia, datada de 6 de junho de 1910, para além de ilustrar a vinda do ilustre causídico a Loulé, constitui um admirável documento sobre as figuras proeminentes da causa republicana em Loulé. De notar que no cartão que suporta a fotografia surge o nome Joaquim Nogueira, o que nos leva a considerar não poder ter sido o seu irmão, Manuel António da Silva Nogueira, a fotografar. Em 1906, venceu o 5.º Prémio com o retrato de uma “montanheira dos arredores de Loulé”, promovido pela Ilustração Portuguesa. É muito provável que Joaquim Nogueira se tenha mantido mais tempo no Algarve que o seu irmão, embora não tenha encontrado evidências consistentes. Da união de Manuel António da Silva Nogueira com Maria da Piedade Rel-

vas, nasceu em 1892, no dia 2 de janeiro, Joaquim da Silva Nogueira, vindo a falecer em Lisboa, no dia 25 de março de 1959. Casou primeiro com Severina Quintãs da Silva Nogueira e dois anos antes, em 1957, com Maria Helena Bastos de Jesus. No seu longo percurso profissional de cerca de 50 anos, torna-se o fotógrafo preferido das vedetas de teatro e cinema e é proprietário desde 1920 da Fotografia Brasil, situada na rua da Escola Politécnica, número 14, em Lisboa. Este importante fotógrafo é muitas vezes confundido com o seu tio e padrinho, na medida em que tem o mesmo nome, com o seu pai, pela igualdade dos dois apelidos e, por último, pela comum atividade artística e profissional, que todos apaixonadamente desenvolveram. Entre 1928 e 1935 foi colaborador assíduo com retratos de artistas do semanário O Notícias Ilustrado. Foi igualmente colaborador artístico da revista Teatro Magazine, Ilustração Portuguesa, ABC e De Teatro, Revista de Teatro e Música, nos anos 20 e 30. São conhecidas os retratos que fez de Oliveira Salazar, tendo um deles lugar de culto nas salas de aulas da escolas primárias do país, bem como as célebres fotografias de estúdio que fez da fadista Amália Rodrigues e da cantora silvense Corina Freira.

Joaquim Silva Nogueira (1892-1959)


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LETRAS & LEITURAS

Quartos de Final e Outras Histórias, de Cláudia Andrade assim, o frémito indomável de se replicar, sempre pronta a «fazer um outro morto para na Universidade do Algarve nascer dali a nove meses, com Investigador do CLEPUL um crédito de mil anos para se desiludir com a existência» (p. 50). Mas, um pouco ao jeito do realismo mágico e de um certo pós-expressionismo pictórico, láudia Andrade, autora o mundo, como a vida que nele publicada pela Elsinore – pulula, pode também revelareditora que discretamente -se um prodígio, onde até os tem vindo a apostar em objectos quotidianos podem autores inéditos, novas perder a sua domesticidade, vozes literárias no panorama lite«removida a patina de quotirário português numa prosa singular dianidade», ganhando vida com assinatura de estilo –, venceu reprópria e «interesse novo ao centemente o Prémio Autores 2020 olhar» (p. 117). Até a vida pode da Sociedade Portuguesa de Autores ganhar ambiência fantasmátina categoria de Melhor Livro de Ficção ca, como acontece no funeral Narrativa, com o seu Quartos de Final de «As Mãos»: «A natureza e Outras Histórias. Já aqui se escreveu esmerava-se em participar no a propósito do seu primeiro romance, espírito da coisa: o dia estava frio, Caronte à Espera, recenseado no Cultura. “Quartos de Final e Outras Histórias”, de Cláudia pálido e pétreo. Assim que o corSul de Julho deste ano. Mas compete-nos Andrade, venceu o Prémio Autores 2020 para tejo começou, uma névoa leitosa agora traçar o furor causado pelo seu li- Melhor Livro de Ficção Narrativa FOTOS D.R. começou por mover-se rente ao vro de contos, publicado em Setembro de 2019, considerado um dos melhores livros do dor de viúvas e que depois de ter provado chão, apagando as pernas e dando a todos um menino por acidente, decide agarrar a impressão de que flutuavam. A certa alano pela crítica. O romance Caronte à Espera é capaz de um anjo; um poeta que leva uma vida sem tura, a névoa subiu, esfumando as arestas deixar o leitor tão agarrado quanto descon- máculas nem pecados e por isso decide rees- das coisas, depois adensou-se e submergiu certado, mas convém esclarecer que o livro crever com algum acto incauto a sua futura tudo.» (p. 94) de contos Quartos de Final e Outras Histó- biografia, para que não seja demasiado sen- Pode ler-se em «O Exilado» como «o escririas é-lhe superior, ainda que os una essa saborona. Estas personagens e situações tor» «pegava nessa coisa insossa e informe mesma prosa burilada cujas frases se dis- têm, entre si, muito pouco em comum, mas que era a vida e a decantava no laboratório tendem e emaranham, ao jeito das acções compõem indubitavelmente um universo da memória, do raciocínio e da boa vontadas próprias personagens, tão complexas e tão insólito quanto fracturante numa ficção de poética, para conseguir sentir um amor enigmáticas quanto marginalmente desam- que rasga o véu da vida, essa «marcha ridi- às coisas que seria impossível enquanto paradas. Estas 18 histórias distendem-se ora culamente longa» (p. 108), e abala qualquer confrontado com elas, para delas consenum sopro de 3 páginas, ora em 20 páginas, desejo de conforto num leitor que procure guir espremer então qualquer coisa sobre como é o caso de «O Exilado», o conto mais nestes contos uma prosa fácil, delico-doce, a qual valesse a pena escrever» (p. 113). extenso desta colectânea. O primeiro conto, que embeleze a vida, nalgum compasso de São particularmente curiosos os contos que dá nome ao livro, conta-nos a história de espero de fuga ao mundo. A escrita desta desta compilação que mais se debruçam uma noiva desesperada, no dia do casamen- autora coloca o dedo na ferida, num mundo sobre a arte da escrita, em que pode o leitor to, por chamar a atenção do seu noivo, mais muito pouco tranquilizador, descrito, a dada querer deslindar uma explicação possível preocupado com ver os quartos de final do altura, como um «grotesco circo» (p. 61), para o espírito que anima estas páginas, campeonato de futebol, até que decide en- capaz de suscitar revolta «contra a natureza como em «Requerimento» onde se pode trar numa das casas-de-banho com um dos das coisas. Não há nada de claro ou justifi- ler como o autor dessa carta «inadvertida e empregados. Sabemos que a noiva traz con- cado nesta trapalhice universal, nenhuma compulsivamente» levou a tarefa de pensar sigo uma lâmina com a qual se corta, mas coordenada» (p. 62), sendo «aquele outro «demasiado a sério e, à custa de observar, não nos é inteiramente revelado como no inferno, tão redundante em relação a este» ponderar e coleccionar tanto e tão cirdesfecho dessa história o casamento acaba (p. 64). E nesse inferno que é o quotidiano, cunstanciado absurdo, matéria-prima do em sangue. E assim, logo na primeira his- o insólito anda a par e passo do absurdo da mundo, tomei amor ao desalento e arruinei tória deste livro, o leitor é deixado no fio da existência humana, entre homens que esfa- a minha alegria para sempre» (p. 60). Ponavalha, enquanto nele se sucedem momen- celam anjos e viúvas que ocupam as mãos díamos até rematar que a prosa de Cláudia tos de vida de protagonistas tão díspares para evitar serem visitadas pelo fantasma Andrade entra no panteão dos «escritores merecedores desse epíteto» que «deambulaquanto excluídos. A existência murcha do marido. ram por ruelas escuras em sofrimento pelas destas personagens apenas parece palpitar suas obras, esfolaram os narizes contra as fugazmente com vida quando dilaceradas A prosa de paredes da labiríntica e incerta intuição lipor certas pulsões, viscerais como o sexo, Cláudia Andrade terária. Era uma obra sólida, a sua, densa e intensas como a paixão, capazes de toldar entra no panteão trapalhona como a vida» (p. 117). de vermelho «o seu interior» (p. 119), num dos «escritores Cláudia Andrade nasceu em Lisboa. Aumosaico de histórias quase sempre desconmerecedores tora ainda do livro de contos Elogio da certantes: uma prostituta que recebe num desse epíteto» Infertilidade, vencedor do Prémio Ferreira sofá na berma de uma estrada e se liberta de Castro 2017 (sob o pseudónimo que lhe ao salvar uma cadela abandonada; uma moribunda que da cama, no prenúncio do seu A existência, para a qual somos catapulta- era habitual de Vitória F., entretanto abanestertor final, lança diatribes reveladoras dos, arrancados «a um muito confortável donado), considera-se sobretudo contista, dos mais infames segredos das mulheres nada», é, afinal, uma «camarazinha de embora esteja a trabalhar num segundo que em seu redor oram por ela; um viola- horrores» (p. 129), onde a vida tem, ainda romance.

Mumtazz, de Alexandra Lucas Coelho

PAULO SERRA Doutorado em Literatura

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O novo romance de Alexandra Lucas Coelho eterniza a artista plástica portuguesa Mumtazz, que morreu em junho do ano passado FOTOS D.R. Mumtazz, de Alexandra Lucas Coelho (agraciada com o Grande Prémio de Literatura de Viagens da APE por Cinco Voltas na Bahia e um Beijo para Caetano Veloso), foi publicado pela Caminho. A autora-jornalista-repórter-editora-cronista é convidada por Mumtazz a ver «a sua primeira grande exposição, talvez escrever sobre ela». Ficou para «outra vez» que não chegou em vida... Mumtazz morrerá pouco depois, aos 49, com um cancro no colo do útero, e é cremada em Lisboa, «coberta de flores, entre próximos e poemas». A primeira versão do texto deste livro será escrito para um «encontro-performance», a convite do curador da exposição, num tributo a Mumtazz, mulher com nome de lenda e vida de estória que «escolheu ser quem queria». Ambas nasceram em Dezembro com 3 anos de diferença. Conheciam-se há mais de 20 anos. E da mesma forma que o Taj Mahal é o túmulo da Mumtaz Mahal persa, este livro-tributo eterniza Mumtazz, artista portuguesa «quase secreta», «grande construtora de chapéus» que, ao jeito pós-moderno, começa a

sua arte recriando-se a si mesma, como quando muda de nome: «Como as colagens, essa espécie de cinema, montagem, edição: magia a operar, surf num material passado». Este livro, na senda da homenageada Mumtazz, é «arte do movimento, desenho-escrita-mão», como acontece com um itinerário num mapa que, esbatendo fronteiras e continentes, se torna uma linha traçada a vermelho (que figurará na capa): «E no branco que tudo recomeça, onde terras e mares já são só a memória de um vinco no papel, galoparíamos enfim, livres.» Essa Rota da Seda, hoje cheia de senhores da guerra, de «desertos milenares metidos em sacos» para proteger milhares de militares americanos. Território que a América pretende dominar, apesar de o Afeganistão a anteceder em 5 séculos. Porque este é também um livro sobre doenças globais, como a poluição que ameaça as fundações do Taj Mahal e o mármore que escurece das chuvas ácidas. Sobre as mil e uma noites da «violência de género contínua», onde as raparigas engravidam mal saem da infância.


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“A verdade é que a cremação é futuro” FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE

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primeiro crematório do Algarve foi inaugurado em Albufeira, com a expectativa de corresponder às necessidades da população, que era a única região do país que não dispunha do serviço. A estrutura iniciou os testes para entrar em funcionamento a 13 de Janeiro e passou a operar a 19 de março, tendo realizado cerca de 700 cremações. Paula Ganhão explica ao POSTAL que a Cremal é formada por si, João Anastácio, Vivaldo Martins, Hugo Martins, Bruno Martins e Nuno Silva. O projeto foi avante em plena pandemia, portanto a divulgação acabou por ser pouca na altura, mas os sócios mostram-se satisfeitos pelo crescimento dos serviços, que no final do mês de março, logo após ser inaugurado, realizou 20 cremações. “Hoje em dia toda a gente já sabe” dos serviços da Cremal, que traz vantagens a nível de deslocações para os familiares que perderam o ente querido. “Existem mais solicitações de cremações por parte do Barlavento”, revela Paula Ganhão. A sócia em conjunto com o colega, Vivaldo Martins, afirmam que a situação é explicada por parte dos estrangeiros, que olham para a cremação com maior aceitação do que os portugueses. A cremação é uma técnica que tem vindo a crescer no nosso país, não só por poupar algumas burocracias aos familiares, como também por poupar espaço nos cemitérios e trazer maior liberdade às famílias em termos de manutenção de campas. A abertura da Cremal em Albufeira permitiu trazer para o Algarve (e também para a região do Baixo Alentejo) o conforto que outrora não era permitido devido às deslocações.

Processo desde o pedido da cremação e a chegada ao crematório é simples Com uma tecnologia de última geração e totalmente automatizada, a Cremal pretende “crescer”, revela Paula Ganhão. O processo desde o pedido da cremação e a chegada ao crematório é simples e tratado sempre entre o cliente e a agência. É permitido, caso o falecido não esteja infetado com covid-19, despedir-se do corpo no velório. Caso o corpo seja portador da

Em cima: A Cremal chegou ao Algarve em plena pandemia; Ao centro à esquerda: A cremação é uma técnica que tem vindo a crescer em Portugal; Ao centro à direita: Os residentes em Albufeira têm um desconto de 252 euros; Em baixo à direita: A Cremal foi o primeiro crematório no Algarve FOTOS D.R. doença provocada pela SARS-CoV-2, não é permitido ir antes da hora e a tampa da urna será selada. “Estamos limitados ao que a Direção-Geral de Saúde impõe, mas tentamos trazer o melhor para o nosso cliente”, afirma. Bruno Martins, sócio e técnico responsável dos formos, explica que a cremação tem a duração de aproximadamente 1 hora e 30 minutos, reforçando a parte automatizada

do processo: “A duração depende, de certa forma, da constituição da pessoa”. Para o jovem de 23 anos, Portugal é ainda um país conservador na aceitação da cremação e é importante falar-se do assunto, para quebrar algum estigma que possa existir. “Não é por ser a minha área de trabalho, mas a verdade é que a cremação é futuro”, vinca. Deste modo, as cinzas podem também ser

deixadas no mar, colocadas num vaso para dar lugar a uma árvore e diversos outros simbolismos associados às cinzas mortais. Com dois fornos crematórios e um pirolítico, a Cremal consegue estar sempre em funcionamento, uma vez que a manutenção é necessária neste tipo de processos. É importante explicar que o forno pirolítico faz a queima com materiais inertes, como

madeiras e flores do cemitério. O aumento de clientes levou à necessidade de melhorar cada vez mais os serviços e oferecer aos familiares dos falecidos um processo rápido e o menos doloroso possível. Uma cremação custa 280 euros, mas existe um desconto para os residentes em Albufeira, ficando o valor em 252 euros. “Estamos num bom caminho”, conclui Paula Ganhão.


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"O nosso foco são os familiares" FILIPE VILHENA / HENRIQUE DIAS FREIRE

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Dia dos Finados aconteceu a 02 de novembro, mas a morte continua ainda a ser um tabu para muitas pessoas. Escrevia Fernando Pessoa que «a morte chega cedo / pois breve é toda a vida» e a verdade é que morrer não é mais do que o completar do ciclo natural e biológico. O POSTAL e a Servilusa, uma das mais conceituadas agências funerárias, falaram sobre este tema, explicando processos fundamentais e a importância de planear o funeral em vida. A Servilusa tem como principal objetivo diferenciar-se do mercado em geral, uma vez que, como refere Paulo Carreira «não encaramos a atividade do setor funerário como uma mera operação logística, […] mas como algo que deve ser focado na família, criando todo o contexto para aquele momento». Para o diretor geral de negócio da empresa, para cada serviço fúnebre o momento deve ser pensado desde o velório, onde é criado um ambiente de “conforto e tranquilidade” para a Família, que se encontra perante um momento complicado e de enorme sensibilidade. Por esse motivo, sublinha Paulo Carreira, «o nosso foco são os familiares». E destaca igualmente a importância de homenagear e de mostrar solidariedade a quem está presente no funeral, dando atenção a todos os detalhes: «As flores, por exemplo, são vistas como uma grande forma de homenagem e por esse motivo temos a preocupação de as levar de forma digna e cuidada. Também é nossa “obrigação” proporcionar o máximo de conforto a todos, presentes na última homenagem, garantindo a possibilidade de cada um poder beber uma água, tomar um café ou um chá, proporcionando um ambiente o mais tranquilo possível». Os serviços funerários da Servilusa estão disponíveis em 70 lojas, de Norte a Sul do País, com presença nas principais cidades, Porto, Espinho, Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz, Santarém, Lisboa, Almada, Setúbal, Elvas, Évora e no Algarve em Silves, Portimão, Alvor, Albufeira, Loulé, Quarteira, S. Brás de Alportel, Estoi, Faro e Olhão. «O objetivo da empresa é apostar na proximidade às famílias, para que as pessoas tenham uma loja perto de si. Deste modo, a agência funerária consegue

prestar serviços onde o público mais precisa», explicou Paulo Carreira A preparação de um funeral envolve muito mais do que talvez se possa pensar. A tanatopraxia, por exemplo, é uma técnica cuja principal finalidade é devolver ao falecido o seu aspeto natural. «Não pretendemos “embelezar” ninguém, mas apenas deixar o corpo como se estivesse a dormir. A técnica é ancestral e propõe dar “segurança e higienização” ao morto. O que fazemos é eliminar as marcas do falecimento», refere Paulo Carreira. A mais valia da tanatopraxia é a possibilidade dos amigos e familiares poderem despedir-se da pessoa tal como a conheceram em vida. E nesse sentido, a Servilusa destaca-se das outras agências, uma vez que é líder desta técnica e aplica-a na maioria dos casos. A Servilusa também reforçou os seus serviços internacionais em virtude do aumento de clientes, nos últimos anos. Paulo Carreira recorda que «temos acordos com agências funerárias em todo o mundo, em especial nos países onde estão ou residem mais portugueses. A empresa reforça assim a sua marca, uma vez que tem pelo menos um agente identificado em cada país, e parcerias estabelecidas com as transportadoras aéreas. Quando um nacional ou um estrangeiro precisa de um serviço de repatriamento, temos as respostas para oferecer uma solução ao cliente». Deste modo, a resposta é «mais rápida, mais eficiente e mais profissional», sublinha o líder da Servilusa A equipa fala diversos idiomas, como inglês, alemão, francês, espanhol, russo e ucraniano, para toda a comunicação poder ser mais fluida. Uma das opções de funeral que a Servilusa tem vindo a apostar, há mais de uma década, é a cremação. Uma alternativa que permite aliviar a pressão sobre a capacidade dos cemitérios e permite que as famílias, atualmente com pouco tempo disponível, fiquem desobrigadas dos cuidados de limpeza de campas. Além disso, a cremação é uma opção «definitiva, ecológica e mais económica», conclui Paulo Carreira. A Servilusa oferece um conjunto de valências nos seus vários centros funerários com crematórios, como o de Faro, que na sala de última despedida confere a possibilidade de se poder ver a urna a entrar no forno crematório. Cada processo de cremação demora entre uma a duas horas, e «as pessoas confiam nos nossos serviços, por

O Crematório da Servilusa de Faro foi inaugurado no dia 23 de Setembro de 2020 se tratar de um processo bastante transparente», refere Paulo Carreira. «Fornecemos um certificado da cremação, garantindo que as cinzas correspondem ao falecido, numa aposta pioneira dos crematórios desta agência funerária!». A taxa de cremação em Portugal está na ordem dos 20%, representando cerca de 21 000 cremações por ano em Portugal, das quais cerca de sete mil nos oito crematórios Servilusa. No Algarve ainda não existem dados, uma vez que a inauguração foi há apenas dois meses. O crematório de Faro vem responder às necessidades do Concelho, do Distrito e ainda de uma parte do Alentejo. As principais valências do

Crematório e do centro funerário de Faro, para apoio ao serviço de cremação, incluem um espaço amplo de receção, a sala de estar, uma cafetaria, a capela ecuménica, sala comum e sala de última despedida, espaço para tanatopraxia e um jardim da memória/cendrário. A sala da última despedida é um elemento diferenciador deste equipamento, que vem servir toda a população da região. Esta valência permite aos familiares acompanharem o seu familiar ou amigo até ao último momento, uma vez que torna possível visualizar a entrada da urna no forno, pela sala adjacente e através de uma janela em vidro (cuja cortina se fecha quando a cerimó-

FOTOS D.R.

nia termina) ou a partir de um ecrã LCD, instalado na capela. Paulo Carreira destaca ainda a importância de se poder planear o funeral em vida, uma solução disponibilizada pela Servilusa que «tem vantagens económicas e protege a família de situações imprevistas». Trata-se de um assunto que é ainda um estigma em Portugal, mas algo que pode representar muito mais conforto a todos os envolvidos – o próprio e todos os seus próximos. «Esta opção é extremamente comum em diversos países», frisa Paulo Carreira, deixando claro que «deste modo as famílias podem concentrar-se apenas em prestar a última homenagem!».


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REGIĂƒO NECROLOGIA

5 FML?GEGE

COMUNIQUE COM O POSTAL CESALTINA GONÇALVES AGOSTINHO 03-08-1934 Â&#x; 28-10-2020 Os seus familiares vĂŞm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido Ă sua Ăşltima morada ou que, de qualquer forma, lhes manifestaram o seu pesar.

Contacto: 281 320 900 Administrativo: anabelag.postal@gmail.com Redação: jornalpostal@gmail.com

CACHOPO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA AgĂŞncia FunerĂĄria Santos & BĂĄrbara, Lda.

MUNICIPIO DE FARO

-&%/(- -,!$(" - ! *' 2 -$*'-; - .! '/ & - 0'! !+ % -(; ; '(. / -&(. ( '7 G ( -/! ( KL7 ! '7 MK>HFGI; PUBLICITAĂ‡ĂƒO DAS/(& (.; DELIBERAÇÕES DA CĂ‚MARA GH . / & -(; ,0 (- & + % & - 0'! !+ %; (. . 0!'/ . /(. %! - * . (& ! ! 3/ -' < MUNICIPAL EFICĂ CIA EXTERNA /-.-01 ,>5 GNF?GEGE? A /-.-01 #$ .-(- - 00-!( 1(3(0+- $ .-(- RogĂŠrio Conceição Bacalhau Coelho, Presidente da Câmara Municipal de Faro, TORNA $41/ -/#(, /(- #$ + PĂšBLICO, nos termos do nÂş (1- = 1 do artigo 56Âş da Lei nÂş 75/2013, de 12 de setembro, que foram & - & os - 0'! ( - %!5 '( ! com HG>FO>HFHF; %! -(0 tomados, pela 0'! !+ %; Câmara Municipal, seguintes atos e deliberaçþes eficĂĄcia externa: +-(2 - /-! 0! ( 0& +(!( !' ' !-( ( ..( ! /!2!.&( .+(-/!2( $02 '!% '( 2 %(- CHN=ILJ;GLC A2!'/ (!/( &!% /- 5 '/(. . .. '/ ,0 /-( Proposta n.Âş 291/2020/CM – Proposta de apoio ao associativismo e apoio extraordinĂĄrio de âmbito COVID: ..!& (&( /-! 0! ( +(!( '( & !/( 0-(. 5 .. !. '/!&(.B; A ?GO; Câmara Municipal, realizada no &!% dia 21/09/2020, a '( 2 %(- em reuniĂŁo CL NFF;FF A. !. (!/( '/(. deliberou 0-(.B; aprovar (' (-& atribuição de um apoio financeiro ao associativismo desportivo e juvenil no valor de ,0 -(. . 0!'/ .< â‚Ź28.364,16â‚Ź (vinte e oito mil trezentos e sessenta e quatro euros e dezasseis cĂŞntimos), assim como a atribuição de apoio no âmbito COVID-19, no valor de â‚Ź6 800,00 (seis mil e oitocentos euros), conforme quadros seguintes: ,$4- F A 2 #/- #$ .-(- - 00-!( 1(3(0+- $0.-/1(3- $ 23$,(*

EDITAL NÂş 187/2020

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CUSTĂ“DIA ANTĂ“NIA COSTA 15-08-1942 Â&#x; 29-10-2020 Os seus familiares vĂŞm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimĂłnias exĂŠquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. VAQUEIROS - ALCOUTIM SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA AgĂŞncia FunerĂĄria Santos & BĂĄrbara, Lda.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negĂłcios e 2 impossĂ­veis ao 9Âş dia publique este aviso, cumprir-se-ĂĄ mesmo que nĂŁo acredite. A.G. LUĂ?S MIGUEL SANTOS MARTINS 11-05-1965 Â&#x; 29-10-2020 Os seus familiares vĂŞm, por este meio, agradecer a todos quantos o acompanharam em vida e nas suas cerimĂłnias exĂŠquias ou que de algum modo lhes manifestaram o seu sentimento e amizade. SANTIAGO - TAVIRA SANTA MARIA E SANTIAGO - TAVIRA AgĂŞncia FunerĂĄria Santos & BĂĄrbara, Lda.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negĂłcios e 2 impossĂ­veis ao 9Âş dia publique este aviso, cumprir-se-ĂĄ mesmo que nĂŁo acredite. D.S.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, 1 de negĂłcios e 2 impossĂ­veis ao 9Âş dia publique este aviso, cumprir-se-ĂĄ mesmo que nĂŁo acredite. G.F.

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.,., ! 3 – Quadro de Apoio de âmbito COVID Anexo 6 811+11 . 1+11 . 6 811+11 . # % " ! " "$ ! # " "# ! ata. ! " # & O conteĂşdo # ! integral das liberaçþes supra identificadas constarĂĄ na respetiva $ # ! 6 811+11 . 1+11 . 6 811+11 . # , Para constar e # ! legais efeitos publica o presente Edital e outros de igual6 811+11 . teor, quais # % " se ! " "$ ! # " "# ! os! " # & 6 811+11 . 1+11 . vĂŁo ser afixados nos locais pĂşblicos do costume. # ,

! "# ! # ! " # " " $ ! " # # $#! " $ # % " ! " "$ ! # " "# ! ! " # & # !+ " $ " & " ! ' " " " % " "#$ , Paços do Município, 16 de outubro de 2020

! "# ! " # " " $ ! " # # $#! " $ # , O Presidente da Câmara Municipal, # !+ " $ " & " ! ' " " " % " "#$ ,

! "# ! " # " " $ ! " # # $#! " $ RogĂŠrio Bacalhau Coelho # !+ " $ " & " ! ' " " " % " "#$ , (POSTAL do ALGARVE, nÂş 1253, 6 de Novembro de 2020)


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Postal, 6 de novembro de 2020

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(POSTAL do ALGARVE, nº 1253, 6 de Novembro de 2020)

PRAÇA DA REPÚBLICA Nº 12, 1º ESQ – TAVIRA (DEFRONTE À CÂMARA) 281 322 491 | 936 396 022

DIREITO DE PREFERÊNCIA Maria Ivone Gomes Diogo, NIF 141.213.426, solteira, maior, natural de Mocambique, residente na Rua Comandante Henrique de Brito, número 19, Tavira, na qualidade de procuradora de JOSÉ JACINTO DA CONCEIÇÃO, NIF 148.678.262, solteiro, maior, natural da freguesia de Conceição, concelho de Tavira, residente no sítio da Gazeta, União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, mas temporariamente residente no Centro de Reabilitação de Longa Duração da Cruz Vermelha Portuguesa, em Santa Catarina da Fonte do Bispo, Tavira, vem comunicar aos possíveis interessados que o referido José Jacinto da Conceição pretender vender o prédio rústico no sitio da Gazeta, União das Freguesias de Conceição e Cabanas de Tavira, concelho de Tavira, inscrito na matriz sob o artigo 3.171 (anterior artigo 3.053 da extinta freguesia de Conceição), com a área de trinta e nove mil metros quadrados, composto por terra de cultura, pastagem e diverso arvoredo, a confrontar do norte com António Domingues Fernandes, do sul com Jacinto Fernandes, do nascente com José Galhardino e do poente com António Rodrigues Fernandes, pelo preço de quarenta mil euros.

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23%

Os possíveis interessados devem, no prazo máximo de dez dias a contar da publicação deste anúncio, entrar em contacto com a procuradora do vendedor. Tavira, 23 de Outubro de 2020 (POSTAL do ALGARVE, nº 1253, 6 de Novembro de 2020)

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EDITORIAL Henrique Dias Freire

O Orçamento e os algarvios

S

obre os investimentos contemplados para o Algarve no Orçamento do Estado (OE) para 2021, pedimos a opinião de quatro dos principais partidos com assento parlamentar [ler página 3].

Na consulta ao OE, não ficou muito claro para o POSTAL que as contruções do novo Hospital Central do Algarve ou mesmo da prometida Ponte de Alcoutim sobre o Guadiana estejam contempladas. Apesar da deputada socialista eleita pelo Algarve voltar este ano a dizer que o Hospital Central encontra-se nas Grandes Opções do Plano que suportam este orçamento, Jamila Madeira responde com uma justificação técnico-jurídica para concluir que "enquanto não começar a obra não há necessidade de rubrica orçamental". O ponto comum dos nossos "quatro convidados", que militam em partidos diferentes, é que a construção do novo Hospital Central do Algarve é hoje uma das maiores prioridades para a nossa região, embora seja difícil perceber, na voz de Jamila Madeira, como é que "o novo Hospital Central é um dos objetivos deste Governo"... O próximo Orçamento de Estado foi aprovado na generalidade com uma margem de três votos: os 108 a favor do PS, os 105 contra do PSD, BE, CDS, IL e Chega e as 17 abstenções de PCP, Verdes, PAN e as duas deputadas não inscritas. Agora e até à votação final do Orçamento, agendada para 26 de novembro, abre-se uma discussão que falta fazer para se responder efetivamente às necessidades do país e dos portugueses com medidas que respondam a mais um ano que se avizinha tão ou mais difícil que o atual. Infelizmente, trata-se de um debate que pouco atrai os portugueses, apesar de ser o que mais vai determinar a qualidade e o nível de vida de todos nós em 2021. Escrevia em 1867 Eça de Queirós que "Discutir o Orçamento é revolver quase todo o sistema de reformas sensatas que pedem as nossas instituições. Há muito que as dificuldades financeiras pesam sobre este país, como uma fatalidade desorganizadora que ora entorpece um movimento, ora inutiliza uma ação profunda, ora inabilita um progresso". Mais de 150 anos depois, receio que essa "fatalidade desorganizadora" volte a relembrar um desabafo do imperadador romano Júlio César: "Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar". E quem for algarvio ou cá viver, sabe bem do que aqui falo.

Cuidados Intensivos nos hospitais do Algarve estão apenas com 25% de ocupação A unidade de Cuidados Intensivos para doentes com covid-19 do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) regista uma ocupação de 25%, com apenas três utentes internados, garantiu fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) Em resposta escrita enviada esta quarta-feira à Lusa, a mesma fonte adiantou que a capacidade do CHUA para doentes com covid-19 em Cuidados Intensivos é de 12 camas – que apresentam uma taxa de ocupação atual de 25% -, enquanto na Enfermaria é de 48 camas, atualmente com 25 doentes internados, o que representa

uma ocupação de 52%. “Uma vez que se trata de um processo dinâmico, que se adapta à realidade e às necessidades do momento em função da evolução da pandemia de covid-19 na região do Algarve, as unidades de saúde do CHUA podem, numa próxima fase, alargar a sua capacidade de resposta em Cuidados Intensivos até 51 camas”, referiu a ARS/ Algarve. Face aos últimos dados disponíveis relativamente à situação epidemiológica na região, a Autoridade de Saúde Regional sublinhou que a capacidade de internamento do CHUA “está longe de esgotar os recursos existentes”, afastando um cenário de rutura: "o CHUA

Últimas Câmara liquida dívida do processo Viga D'Ouro A

tem garantida a capacidade de resposta em internamento e em cuidados intensivos e nenhuma das suas unidades está perto de níveis de rutura”. O centro, que compreende as unidades hospitalares de Faro e Portimão, dispõe de 818 camas de Enfermaria, num total de 904 camas. Segundo a ARS/Algarve, a capacidade de resposta de ambas as unidades “será adaptada às necessidades existentes a cada momento, podendo as mesmas aumentar significativamente a sua capacidade de resposta, quer em internamento, quer em cuidados intensivos, se a evolução da pandemia assim o exigir e sempre em estreita articulação com outras entidades”.

Câmara de Silves anunciou ter liquidado a última prestação referente à dívida de 5,5 milhões de euros resultante da cedência de créditos da empresa de construção Viga D’Ouro a duas entidades bancárias. Iniciado em 2004, o processo Viga D’Ouro teve origem na suspensão dos pagamentos a duas das três entidades bancárias a quem o município, presidido na altura por Isabel Soares (PSD), cedeu os créditos da empresa de construção através de contratos de ‘factoring’ (cobrança de faturas) que deram origem a processos judiciais, obrigando a autarquia ao pagamento coercivo da dívida com juros de mora.

Detetadas 96 infrações por campismo selvagem

“TRÁFICO DE ARTES NO GUADIANA” EM VERSÃO ONLINE

GNR detetou em Vila do Bispo infrações por campismo selvagem e autocaravanismo e estacionamento ilegais, durante a noite, em locais não permitidos. As ações de fiscalização incidiram sobretudo na área do Parque Natural do Sudoeste Alentejo e Costa Vicentina, onde este tipo de infrações ocorre com maior expressão.

Ocupação por quarto cai 57% no Algarve A taxa de

ALCOUTIM Após o cancelamento do Festival do Contrabando no passado mês de março, Alcoutim adaptou-se aos tempos atuais e, num formato diferente, apresentou a marca Contrabando e a sua impressão artística o “Tráfico de Artes no Guadiana”, com atividades programadas entre o dia 10 a 15 de novembro e transmissão online. “Este ano não vamos ter ponte flutuante no rio Guadiana, nem mercado nas ruas das duas vilas, não existirá o frenesim musical e teatral que já caracterizam e fazem com que o Festival do Contrabando seja reconhecido como um evento importante e âncora para a região”, afirma a autarquia alcouteneja. Desta forma e fazendo justiça ao programa 365 Algarve e ao Tráfico de Artes no Guadiana, “nesta 4ª edição iremos dar lugar a um espaço de criatividade, expressão e criação artísticas, com a execução de obras de arte de artistas

locais, nacionais e internacionais, que deixarão na paisagem a sua marca, em consonância e sintonia com o território e com os temas do festival, de forma a que o visitante possa desfrutar das suas obras o ano inteiro, e no decorrer das datas programadas, será possível acompanhar no facebook do evento as ações calendarizadas”. A Câmara de Alcoutim criou “um programa simples, mas especial, artisticamente rico e diversificado, através da criação e interpretação de artistas de arte pública convidados, com acesso presencial e participativo para alguns, em especial para as comunidades de Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana, e aberto a todos, em formato digital. Em 2020, o ADN do Contrabando será visível no território. Neste ano atípico, o festival dá lugar ao Contrabando na sua máxima expressão do Tráfico de Artes no Guadiana!”

Distribuição quinzenal com

Tiragem desta edição 7.134 EXEMPLARES

Cria de hipopótamo pigmeu nasce em Zoo Nasceu no Zoo de Lagos uma cria de hipopótamo pigmeu, espécie de hipopótamo inserida num programa de reprodução em cativeiro. A cria pesa três quilogramas, “estando já na sua

instalação, com a mãe, separada do progenitor até ser desmamada”. O acontecimento é considerado “muito importante para a gestão e conservação ‘ex situ’ da espécie nos zoos".

POSTAL regressa a 20 DE NOVEMBRO

ocupação média por quarto no Algarve caiu 57,4% em outubro, comparativamente ao período homólogo de 2019, situando-se nos 30,3%, o nível mais baixo de sempre em mês idêntico, estimou a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve. A AHETA avançou também dados relativos aos números verificados nos primeiros 10 meses de 2020, destacando que, “desde o início do ano, a taxa de ocupação quarto regista uma descida média de 55,1% e o volume de vendas uma descida de 58,1%. A descida homóloga na taxa de ocupação durante a época turística (abril a outubro) é de 64,6%, enquanto o volume de negócios baixou 66% no mesmo período”, quantificou ainda a AHETA.

Detidas cinco pessoas por furto de abacate GNR de-

teve esta terça-feira em Faro e Almancil cinco pessoas, em duas ações distintas, por furto de abacate num valor total estimado de mercado de 420 euros. Os detidos são três homens e duas mulheres com idades entre os 25 e 48 anos.


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