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Sporting Clube Olhanense
Integra equipa técnica do Sporting Clube Olhanense São Brás de Alportel atribui voto de louvor ao futebolista Hugo Faria
O Município de São Brás de Alportel atribuiu um voto de louvor ao jovem são-brasense Hugo Faria, ex-adjunto do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa, que recentemente integrou a equipa técnica do Sporting Clube Olhanense
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Natural de São Brás de Alportel, Hugo Miguel da Encarnação Faria tem dedicado a sua vida ao desporto e essencialmente ao futebol. Segundo refere a autarquia são-brasense em comunicado, “jogador desde tenra idade, depressa alcançou as competições nacionais e internacionais de futebol, uma paixão que evoluiu para a componente técnica e estratégica de treino vindo a integrar diversas equipas técnicas. Recentemente, foi adjunto da equipa técnica do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa, regressando atualmente a Portugal, mais precisamente ao Algarve para integrar a Equipa Técnica do Sporting Clube Olhanense, sob coordenação do treinador Edgar Davids”. Hugo Faria iniciou a sua carreira futebolística em São Brás de Alportel na Sociedade Recreativa 1 º de janeiro, ingressando aos 16 anos na equipa de juvenis do Futebol Clube do porto, onde se sagrou campeão nacional de juniores na época 1999/2000. Tendo sido ao longo da sua carreira, desde jovem, convocado inúmeras vezes para representar a Seleção Nacional nos diferentes escalões da modalidade, demonstrando enorme orgulho e empenho em defesa da bandeira nacional.
Aos 21 anos conquistou um novo sonho ao assinar contrato com o União de Leiria e passar a representar um clube na principal liga de futebol portuguesa. Uma porta aberta ao mundo do futebol profissional que elevou a sua carreira a um patamar internacional integrando os plantéis de diferentes desde Grécia, Malta, Escócia entre outros. Depois de uma consistente carreira de jogador profissional da I Liga de futebol, Hugo Faria prosseguiu no mundo do futebol, mas fora das quatro linhas, ao assumir, em 2018, o cargo de adjunto da equipa técnica do Athletic Football Club Bournemouth, da Primeira Liga Inglesa. Em 2021 regressa a Portugal, mais propriamente ao Sporting Clube Olhanense, clube que o acolheu em tempos passados como jogador e que abre agora portas ao seu conhecimento e experiência à frente da equipa técnica do treinador Edgar Davids. Um percurso desportivo de mérito ao mais alto nível da competição futebolística, nacional e internacional, reconhecido publicamente pelo município nas edições de 2006 e 2008 dos Prémios Juventude, tendo sido inclusive vencedor na categoria desporto em 2004. O voto de louvor foi entregue no passado dia 2 de fevereiro, nos Paços do Concelho como “sinal de reconhecimento da dedicação, trabalho e mérito deste profissional de futebol”, cujo percurso “dignifica a prática e competição do futebol, eleva o nome do município de São Brás de Alportel e orgulha a comunidade são-brasense”.
Hugo Faria tem um percurso desportivo de mérito ao mais alto nível da competição futebolística FOTO D.R.
Exposição fotográfica homenageia pescadores de Armação de Pêra
Uma exposição fotográfica, da autoria de Christine Baumkirch Miguel, pode ser vista no edifício da Praça Velha da vila de Armação de Pêra. A fotógrafa, que chegou a Armação de Pêra há mais de 20 anos, "sempre admirou a relação existente entre a pesca e a identidade da vila, até que recentemente decidiu prestar uma homenagem aos pescadores", afirma a Junta de Freguesia em comunicado, acrescentando que Ricardo Pinto, presidente da Junta, que também tinha a mesma vontade e "foi surpreendido pelo trabalho da fotógrafa nas redes sociais". Os retratos que Christine tirou ao longos dos anos resultaram numa exposição fotográfica em forma de homenagem a quem, há mais de 400 anos, estabeleceu uma armação de atum na outrora designada Baía de Pêra dando origem a esta tão especial povoação. Dezoito anos depois da última ação relevante desenvolvida na vila para beneficiar esta atividade e os seus profissionais - a instalação dos atuais apoios de pesca; na mesma data acontece a justa e merecida homenagem aos pescadores locais. Com esta iniciativa conseguiu-se ainda dignificar um edifício municipal que se encontrava há muito degradado. Assim, quem passar perto do edifício da Praça Velha tem a oportunidade de contemplar uma valiosa e rara exposição fotográfica com muitos dos rostos que simbolizam a ligação ancestral de Armação de Pêra ao mar.
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Texto e fotos RAMIRO SANTOS
Houve um aumento exponencial do número de pedidos de apoio alimentar desde o início da pandemia. E de Março do ano passado até hoje, registou-se um crescimento global da operação de assistência às famílias necessitadas da ordem dos 74, 2 por cento. Na entrevista ao Postal, o responsável do Banco Alimentar no Algarve, Nuno Alves, revela que o ano de 2021 é um grande ponto de interrogação. Na sua opinião há uma pobreza estrutural no nosso país da ordem dos 18 a 20 por cento, que o prolongamento da crise pôs a descoberto. Em menos de um ano, o Banco Alimentar distribuiu mais três mil toneladas de produtos alimentares, abrangendo para cima de 26 mil pessoas.
P Um ano depois do início da pandemia, que balanço faz no que respeita à quantidade de produtos alimentares distribuídos pelo Banco Alimentar no Algarve, comparativamente com o período anterior?
R Antes da pandemia, o Banco Alimentar distribuía no Algarve regularmente cerca de 2 mil toneladas por ano, e durante o ano de 2020, entre Março e 31 de Dezembro, subiu para 3,3 mil toneladas, o que representa um valor de três milhões e meio de euros, correspondendo a um crescimento de um milhão e meio de euros de um ano para o outro, ou seja, quase o dobro. Notou-se uma diferença gigantesca se verificarmos que o número de pessoas beneficiadas subiu de 16 mil em 2019 para mais de 26 mil no ano passado. No que respeita às instituições que vêm abastecer-se ao Banco Alimentar, passaram de 104 para um total de 119 no mesmo período. Há, portanto, um crescimento global da operação da ordem dos 74, 2 por cento.
P Como pode definir o perfil das pessoas que hoje procuram assistência alimentar? Nota-se um empobrecimento crescente em classes que não solicitavam qualquer tipo de ajuda antes da pandemia?
R Sentimos que há claramente uma alteração do perfil das pessoas que pro-
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O Banco Alimentar no Algarve movimenta mais de três mil toneladas e o crescimento médio global das operações de assistência alimentar é de 74,2 por cento
Nuno Alves responsável do Banco Alimentar no Algarve Desde o início da pandemia distribuímos mais de três mil toneladas de alimentos
curam o Banco Alimentar. As 16 mil pessoas que vínhamos a apoiar antes, integravam um grupo que podemos classificar de probreza estrutural. Agora, o número atual de 27 mil casos, incluindo já os números do mês de janeiro são na sua maioria de pessoas que cairam em situação de desemprego, que tinham negócios e que, no fundo, tinham o seu rendimento garantido. A situação de pandemia levou ao encerramento de empresas, a despedimentos, ao lay off, ou seja, a situações de perda total ou parcial dos seus rendimentos, havendo a considerar ainda os casos que não reunem as condições para receber os apoios sociais do estado. Tendo em conta que este tipo de população tinha as suas contas em dia, o que se sente é que as pessoas começaram a fazer um esforço enorme para cumprir com os seus compromisso - renda da casa, carro etc – acabando por deixar cair as coisas mais essênciais como a alimentação, por exemplo. A classe média no seu todo, que antes não necessitava de apoio alimentar, acabou por sofrer com esta crise porque esta situação já se arrasta há um ano e quem tinha o seu pé de meia, já o gastou. Há novos pobres em Portugal.
P A ideia generalizada de que o Algarve é uma região rica, contribuiu de algum modo para esconder alguma pobreza envergonhada?
R Pelos indicadores da União Europeia, o Algarve é, de facto, considerada uma região rica, mas a realidade é igual em todo o país. Nós temos um problema estrutural em Portugal que são os salários baixos e a precariedade dos contratos de trabalho. E é nisto que reside a base da pobreza no nosso país. Há pessoas – e temos elementos sobre isso – que trabalhando em condições normais e fora desta situação de crise, não conseguem rendimentos suficientes para assegurar a sua alimentação. Não é por acaso que em situações normais, Portugal confronta-se com uma taxa de pobreza da ordem dos 18 a 20 por cento. Isto é absolutamente inaceitável
P Já disse que o número de pessoas em situação de carência subiu significativamente e pergunto-lhe se têm obtido resposta adequada da sociedade e das empresas nas ajudas alimentares. Quem são os vossos doadores?
R Hoje não temos as campanhas tradicionais de recolha e vivemos, por isso, de doações generalizadas. Promovemos campanhas de vales de supermercado e campanhas ‘on line’ que receberam o melhor acolhimento. Além disso, é importante salientar que ao longo de todo o ano de 2020 houve um contributo muito elevado em dinheiro por parte de particulares e empresas, que nos permitiram através da Federação fazer as compras que são depois distribuídas pelos diversos Bancos no país. Temos um conjunto de viaturas que fazem diariamente a recolha de produtos junto dos supermercados e do Mercado Abastecedor do Algarve, e uma outra fonte que é fundamental que é a Rede
Já detetámos situações irregulares na distribuiçao alimentar o que levou à suspensão e mesmo exclusão de algumas instituições
de Emergência Alimentar. Esta Rede foi criada quando surgiu a pandemia com o propósito de ajudar as pessoas a serem encaminhadas para o apoio social, dado que os Bancos Alimentares não fazem a assistência direta às populações, que é feita através das diversas instituiçoes como as misericórdias. Este trabalho foi tal maneira gigantesco que, ao fim de duas a três semanas, criou a sua própria equipa de emergência, com nove voluntários organizados por concelhos e assim que recebem pedidos de ajuda, fazem o devido encaminhamento sempre em articulação com as instituições protocoladas e os municípios. Aquilo que mais nos surpreendeu, por via da Rede de Emergência Alimentar, foi que as mais diversas empresas, fundações e empresas internacionais, começaram a canalizar donativos que ao longo deste período de menos de uma ano gerou mais de quatro milhões de euros em dinheiro em todo o país. Esse dinheiro serviu para a Federeção proceder às compras de produtos que depois distribuía pelos Bancos consoante as necessidades sinalizadas. Para o Algarve - que recebeu 125 mil euros de doações em dinheiro- isto foi fundamental porque sem esta ajuda da Rede de Emergência nós não conse-
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Nuno Alves, do Banco Alimentar: “tem havido uma resposta extraordinária da sociedade a esta situação social grave que não se sabe quando pode terminar”
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guíamos adquirir aqueles produtos que normalmente chegavam pelas campanhas habituais junto dos diversos estabelecimentos comerciais. Esta reação da sociedade foi extraordinária, porque raramente recebemos em dinheiro para comprar alimentos, mas revela que todos perceberam que o país estava a viver uma situação demasiado grave e responderam de uma forma a todos os títulos louvável.
P A nível internacional que tipos de apoio vos chegam, para além de algumas empresas que referiu?
R Os apoios internacionais são raros - por vezes chegam alguns provenientes da Federação Europeia - mas são pouco significativos porque Portugal acabou por ter uma capacidade de resposta e autonomia bastante grande para gerir a sua própria situação. Convém, no entanto, assinalar que no caso do Banco Alimentar, estávamos a distribuir cerca de um milhão de quilos de alimentos no âmbito do Programa Europeu de Apoio às pessoas carenciadas, que em Portugal é gerido pela Segurança Social e que no caso do Algarve e de outras regiões, são os Bancos que asseguram a parte logística e operacional.
P Existe algum plano de acompanhamento que garanta que os donativos alimentares chegam às pessoas a que verdadeiramente se destinam?
R Estamos convictos que sim. Trabalhamos com 117 instituições e conhecemos o número de pessoas que estão a receber a ajuda e, no caso do Programa Europeu, todos os casos são validados pela Segurança Social e não há duplicação porque o sistema não permite essa situação. Mais do que o Banco Alimentar, são as instituições que têm a obrigação de fazer a sinalização e garantirem que os alimentos cheguem a quem mais precisa. Se me perguntar se tenho a certeza de que 100 por cento dos alimentos chegam ao seu destino, a minha resposta é se calhar não chegam, mas como em qualquer projeto que envolva pessoas há sempre a possibilidade de erros e desvios. Temos uma equipa de 45 voluntários a acompanhar e visitar as instituições com as quais temos protocolos, e pedimos à comunidade que nos alerte para os casos suspeitos de situações irregulares. Posso dizer-lhe que ao longo dos anos já detetámos diretamente ou por interposta pessoa casos desses e acabámos por atuar. No limite já levou à suspensão de acordos e à exclusão de algumas instituições, tendo havido mesmo situações gravosas.
P Não se sabe qual vai ser a evolução desta situação pandémica nem quanto tempo é que pode ainda demorar, mas pergunto-lhe quais são as suas expetativas?
R O processo de vacinação está em curso, vêm aí mais testagens mas a imunidade de grupo só deverá ser possível atingir no último trimestre do ano. Independentemente disso, o que falta saber é quais serão os danos económicos e sociais que ficaram na comunidade, e se as empresas que fecharam foram ou não apoiadas e se conseguiram ou não garantir o seus postos de trabalho. Vão voltar a reabrir e a funcionar quando se voltar a uma situação de normalidade, ou temos uma franja de empresas que já não voltarão a abrir? Isto é que vai ditar o futuro. Este ano de 2021, vai ser um enorme ponto de interrogação.
Texto e fotos RAMIRO SANTOS
Para Carlos Oliveira, Presidente da Cáritas do Algarve, as dificuldades das famílias vão aumentar. Diz que os números não param de subir e que mais de um quarto dos desempregados na região são estrangeiros. Além dos pedidos de assistência alimentar, há gente a solicitar ajuda para pagamento da renda de casa, medicação, água e luz. Mas perante este quadro de carência social, aquele responsável mostra-se, ainda assim, convicto de que é possível erradicar a pobreza entre nós.
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P Que balanço faz dos casos de assistência alimentar desde o início da pandemia em Março do ano passado?
R Em termos gerais o que posso dizer é que se verificou um aumento médio de 63 por cento de pessoas ou famílias necessitadas de medidas de apoio. Quem já estava numa situação de fragilidade em termos económicos e sociais, as situações de confinamento vieram em muitos casos agravar as necessidades sentidas. A maioria dos casos são agregados familiares que viram os seus rendimentos reduzidos devido à situação de desemprego e de “lay off’.
P Falou num aumento médio de 63 por cento de pedidos de apoio, peço que me concretize em número de casos...
R Antes da pandemia beneficiavam do apoio da Cáritas Diocesana do Algarve de forma regular, centenas de pessoas. Para ter um ideia dos casos de assistência, refiro que no primeiro trimestre do ano passado, antes da pandemia, as cáritas de Faro e de Portimão apoiaram regularmente 4.276 pessoas. Se compararmos este número com o período de pandemia o crescimento é bastante significativo: no segundo trimestre, esse número subiu para 5.439, no terceiro ascendeu a 5.708 casos e no quatro trimestre registaram-se 5.957, perfazendo um total de 21.380 pessoas que receberam assistência social. A este número de casos de assistência social há a juntar
Além da alimentação, as ajudas mais solicitadas são para pagamento da renda da casa, medicação, água, luz e gás
Carlos Oliveira, da Cáritas Diocesana do Algarve: “As fragilidades das famílias vão aumentar e a sazonalidade no Algarve pode arrastar o problema por mais tempo”
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As Cáritas Paroquiais Diocesanas são uma das 119 instituições que no Algarve se dedicam à distribuição alimentar, prestando ainda outras ajudas a pessoas carenciadas cujo número não deixa de aumentar
Carlos Oliveira, presidente da Caritas Diocesana do Algarve Há muitos casos de pobreza envergonhada
ainda 1.544 casos resgistados pelas cáritas paroquiais de S.Brás, Boliqueime, Loulé e Lagoa, totalizando o número de 22.924 de pessoas beneficiadas no ano transato. O mês de Janeiro deste ano, veio acentuar ainda muito mais esses números.
P O Algarve é uma região marcada pela sazonalidade turística e, por isso, as situações de apoio devem ter crescido também em função do desemprego ligado ao turismo!
R Sim, esse é um facto e não temos dúvidas de que a fragilidade das famílias vai aumentar enquanto não se verificar a retoma económica e a criação de emprego. Apesar da maioria dos casos serem de familias portuguesas, é importante notar que mais de um quarto dos desempregados no Algarve são estrangeiros, ligados também à hotelaria e restauração. Temos observado uma grande procura de pessoas que não nasceram em Portugal, sobretudo indivíduos de nacionalidade brasileira.
P No atendimento e apoio social também apareceram casos de violência doméstica que aumentaram com a pandemia provocada pela situação de confinamento?
R Sim, durante este período assistimos a um aumento de violência doméstica. O problema já existia mas foi agravado e, depois de identificadas, estas situações são encaminhadas para as instituições respetivas.
P Que tipo de ajuda é mais solicitada?
R O tipo de ajuda mais solicitada é o apoio alimentar e pedidos de pagamento de despesas com a renda de casa, medicação, água, luz e gás.
P Como se processa o vosso método de atribuição de ajuda?
R A atribuição de qualquer tipo de apoio é precedida de um atendimento social, onde se caracteriza o agregado familiar e são identificadas as necessidades.
P Notaram que a pandemia trouxe para uma situação de pobreza a necessitar de ajuda alimentar um outro tipo de pessoas ou famílias que habitualmente não recorriam à instituição?
R Nota-se claramente uma alteração do perfil das pessoas que hoje solicitam o nosso apoio e que antes não nos vinham bater à porta. Isto tem a ver com o desemprego e as dificuldades por que passam muitas das pequenas empresas da região, designadamente, restaurantes e pequeno comércio.
P Pode-se falar de pobreza envergonhada?
R Num quadro como o que lhe referi em que se verifica a alteração do perfil das pessoas necessitadas, existem muitos casos que antes nunca sentiram essa situação e que agora recorrem ao nosso apoio com alguma relutância envergonhada. Mas para esses casos procuramos, na medida das possiblidades, fazer a distribuição de vales de aquisição de bens essênciais, de modo a que essas pessoas possam adquirir e fazer as suas compras em qualquer estabelecimento sem que possa ser identificado como indivíduo carenciado
P Para além das campanhas que a Cáritas Portuguesa está a levar a efeito, a Cáritas Diocesana do Algarve lançou também um conjunto de iniciativas que possam ir ao encontro das dificuldades sentidas?
R Essas iniciativas surgiram no seguimento da Nota Pastoral do Bispo da Diocese “Na linha da frente para vencer a indiferença”, onde é apontada a necessidade de reestruturação do serviço sócio-caritativo neste tempo de crise. Perante este desafio resultaram diversas iniciativas como a “Campanha Colega a Colega”, dirigida a crianças da catequese, escuteiros e outros, com o objetivo de recolha de material escolar, alimentos e produtos de higiene. Outra iniciativa é a “Campanha Vizinho a Vizinho”, dirigida a famílias que farão chegar ao conhecimento do grupo paroquial, famílias necessitadas na área da sua residência. Há ainda a campanha “Linha da Frente Universitária”, dirigida a estudantes com dificuldades em alimentação, despesas de habitação e propinas.
P A nível nacional a Cáritas Portuguesa tem uma campanha que visa erradicar a pobreza absoluta no país, não é?
R Sim, é uma campanha denominada “Vamos Inverter a Curva da Pobreza”, que visa dar resposta aos efeitos provovcados pela Covid 19 a quatro níveis: apoio de primeira linha, apoio de recuperação sócio económica inclusiva, apoio à capacitação da estrutura social da rede nacional da Cáritas e apoio à rede Cáritas Internacional. Trata-se de uma campanha que para além de fundos próprios também depende de donativos. A campanha visa contribuir e manter uma resposta de emergência social. O apelo que a Cáritas faz a toda a população portuguesa é que acreditem que é possível, através de mais justiça social e solidariedade, erradicar a pobreza absoluta entre nós.
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