Alerta contra o uso excessivo da tecnologia: você está se tornando dependente?
Ano XLV — Nº 64 — Janeiro a Junho de 2015
É MELHOR DESABAFAR
DO QUE ABAFAR Deus nos deixa livres para falar qualquer coisa com ele, sem reservas ou medos Com Jesus no container O emocionante testemunho de uma cristã presa na Eritreia (África)
Movimento de oração, cujo objetivo é despertar e conscientizar mulheres dispostas a orar diariamente por seus filhos, a fim de que, de joelhos, possam contemplar um despertamento espiritual operado por Deus na vida deles. As armadilhas do mundo são sutis. Sem as nossas intercessões, nossos filhos podem não ter o discernimento necessário para evitá-las. Eles não precisam estar sós; nem você. Objetivos de oração do projeto:
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Conversão dos filhos não crentes; Libertação de vícios e desvios morais; Retorno dos filhos afastados; Santificação; Avivamento espiritual; Despertamento missionário dos jovens; Formação de famílias cristãs.
Procure informações com a sua Sofap sobre como se tornar uma mãe de oração.
EDITORIAL
Pode falar
SEM RESERVAS “Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós, tenho que apagar a luz, tenho que calar a voz”, registrou o cantor Gilberto Gil em uma música que se tornou conhecida e cantada por muitos. Na Bíblia, lemos exatamente o contrário, como fez Davi: “Derramo diante dele [do Senhor] o meu lamento; a ele apresento a minha angústia” (Sl 142.2). Podemos – e devemos – nos aproximar de Deus sem reservas, sem cerimônias, sem medo de sermos incompreendidas, pois “Deus não se ofende quando ouve absurdos nem pune o sobrecarregado quando ele se expõe”, escreve o Pr. Elben César na matéria de capa desta edição, ressaltando o valor do desabafo como forma de oração. Não é apenas por receio ou desconhecimento que muitos cristãos não derramam seu coração diante de Deus. Há muitas alternativas que têm nos roubado o precioso tempo com o Senhor. O uso excessivo da tecnologia talvez seja uma das campeãs nesse ranking desastroso, conforme alerta o artigo à página 21. Nossos aliados da vida moderna – smartphones, tablets, computadores – não devem substituir nosso tempo com Deus, com a família e os amigos. É fundamental aquela conversa saudável, “olho no olho”, cada vez mais escassa entre esta geração dependente da tecnologia. www.fesofap.com.br
Afinal, os melhores momentos da vida, em geral, não são aqueles que passamos conectados virtualmente, mas presencialmente. O projeto dos Pequenos Grupos, implantado pela IAP em 2014, mostra que as reuniões semanais, que promovem entre seus membros a comunhão, a oração e a meditação na Palavra de Deus, têm impactado a vida de muitas mulheres, conforme nos relata o texto à página 40. Sem oração, sem desabafo, sem ser alvo da intercessão de muitos cristãos ao redor do mundo, Helen Berhane não teria suportado a perseguição que sofreu na Eritreia, na África. Por ser cristã, ela foi lançada num container, submetida a condições sub-humanas e torturada várias vezes. Se negasse a Cristo, seria libertada, era o que lhe prometiam as autoridades. Tentaram em vão. “Negar a Jesus nunca passou pela minha cabeça”, diz Helen, na entrevista desta edição. Que O Clarim possa inspirar você a priorizar os valores espirituais e ser cada dia mais parecida com Cristo. Boa leitura!
Lilian Mendes Editora
O Clarim | 3
Destaques
ÍNDICE
E D I Ç Ã O 64
fesofap 9
14
Congressos
6
CARTAS
7
PALAVRA DA DIRETORA Como é bom estar em casa
Uso excessivo da tecnologia
9 FESOFAP
18 ESPECIAL
14
21 COMPORTAMENTO
PASTORAL A Grande Tribulação
Curta o novo espaço da Revista O Clarim no Facebook
www.facebook.com/revistaoclarim
A Escola Bíblica é mesmo necessária?
Alerta contra o uso excessivo da tecnologia
25 DE OLHO NA PALAVRA Por que estou aqui?
8.700 FÃS
EXPEDIENTE
ATÉ O FECHAMENTO DESTA EDIÇÃO SOMOS
comportamento
A Grande Tribulação
Mulheres refletem a beleza de Cristo
Nossos leitores
21
pastoral
O Clarim Ano XLV Nº 64 Janeiro a Junho de 2015 Diretora Editorial Elaine C. Fontana Cunha Diretor do Departamento de Educação Cristã Pr. Alan Rocha Jornalista Responsável Lilian Mendes - MTb 22.152 Conselho Editorial Pr. Alan Rocha Elaine C. Fontana Cunha
Lilian Mendes Meire Barbosa Corrêa Margareth A. Rebouças Covre Maristela Montanheiro de Paula Terezinha M. do Prado Ferreira
Revisão Cristina Lavrador Alves Capa, projeto gráfico e diagramação Pozati Comunicação www.pozati.com Fotografia da Capa Shutter Stock Impressão Gráfica Mundo Digital
O Clarim é uma publicação semestral da Federação das Sociedades Femininas Adventista da Promessa (Fesofap). Os textos são de responsabilidade de
Conteúdo cristão feito por mulheres para mulheres
capa 30 Desabafar não é pecado
30 38 MISSÕES 40 CAPA
Desabafar não é pecado
Não deixemos de orar PROJETO COMPARTILHAR O impacto dos Pequenos Grupos na vida das mulheres
projeto
40
compartilhar
Pequenos Grupos
Violência contra a mulher
Tiragem 5.000 exemplares Distribuição Gráfica e Editora A Voz do Cenáculo Equipe da Fesofap Alice Dvoranen Machado Elaine C. Fontana Cunha Maisa das Neves Gomes Margareth Alves Rebouças Covre Marinete Gonçalves do Santos José Maristela Montanheiro de Paula Meire Barbosa Corrêa Nadir Maria Braz Mendes Nilda Quental Pereira Simone Cesário da Costa Farias Suely C. Rocha de Oliveira Terezinha Marques do Prado Ferreira
No container com Jesus
69 MELHOR IDADE 72 TWITTANDO
50 57 MULHER MODERNA 62 MULHER MODERNA DICA DE LEITURA PORTAL DE ORAÇÃO 74 64 66 SAÚDE ENTREVISTA
No container com Jesus
O futuro já começou
O ninho vazio
Meu namorado não é evangélico. Qual é o problema?
Tudo ao alcance da mão
A família sob ataque
45 ESPECIAL
50
entrevista
Por que (sempre) faço o que não quero?
Tensão Pré-Menstrual
Colaboradores Alan Rocha Andrei Sampaio Soares Claudia Falcão Danúbia Guarnieri Elaine C. Fontana Cunha Elben M. Lenz César Eleilton William de Souza Freitas Elza Satiko Shudo Prado Eudoxiana Canto Melo Genilda Ferreira Murta José Lima de Farias Filho Maisa Neves Marco Murta Marta Olívia de Oliveira Santos Rute de Oliveira Soares Terezinha Marques do Prado Ferreira Valeria Duarte
Correspondência Rua Boa Vista, 314 - Cj G - 6º andar 01014-010 - Centro - São Paulo - SP Fone/fax: 11 3104-7980 www.fesofap.com.br fesofap.oclarim@gmail.com
e seus autores e não refletem necessariamente a opinião dos editores. É permitida a reprodução dos artigos publicados, desde que tenha a fonte citada.
CARTAS
Nossos
LEITORES Prazer ao coração e ao intelecto A equipe que produz a revista O Clarim merece um MEGA parabéns a cada edição! Dá prazer ao coração e ao intelecto manusear cada página, enche os olhos o bom gosto da arte e estimula as conexões do cérebro cada conteúdo. Que o Pai conserve, inspire, anime e mantenha a dedicação e a fidelidade de todos vocês neste projeto! Ah, e como ficou bonita a nova bandeira! Top demais, além de simples, delicada, forte e direta.
de pessoas tão comprometidas com o Reino de Deus, como vocês. A edição 63 está magnífica e gostaria de destacar alguns artigos que me impactaram. Oro ao Senhor para que isso se repita na vida de todos que forem alcançados pela revista, são eles: “Domínio próprio”, “Olhando para dentro”, “Sua maneira de vestir...”, “Não tenho tempo para nada”, “Ester X Hannah Montana”, “Seja o seu melhor para a glória de Deus” e “Ela não é poderosa”, este, particularmente, um artigo essencial, há muito eu o desejava ver.
trabalha! É só nos unirmos cada vez mais para continuarmos ganhando vidas para Cristo. Cleania Braga, pela nossa fanpage
Não deixo de ler Desde que conheci esta maravilhosa revista não deixo de ler, pois é muito rica em seu conteúdo. Senildes do Vale Santos Vieira, pela nossa fanpage
Pr. Edmilson Mendes congrega na Flavia Fresque Bellia Leonardo congrega na IAP em Vila Medeiros IAP em Pq. Itália (Campinas – SP) (São Paulo – SP)
Artigo essencial Não me contive em expressar minha admiração por este maravilhoso trabalho que tem chegado às nossas mãos. Aprendi muito e cresci bastante diante de assuntos tão relevantes para os nossos dias. Glórias a Deus por este trabalho e louvado o nome do Senhor pela vida
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Ganhando vidas para Cristo O Clarim é uma publicação que interessa a todos, sejam da IAP ou não. Depois que conheci a revista, pude ver o quanto é de extrema importância e prazeroso orar pelo crescimento das igrejas e o quanto o povo de Deus
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PALAVRA DA DIRETORA
Foto: Décio Figueiredo
Elaine C. Fontana Cunha Diretora da Fesofap
Como é bom
ESTAR EM CASA A igreja é a rede social idealizada por Deus para nós Após um semestre de muitos congressos e muitas viagens, não há como não sermos impactadas por uma verdade inquestionável: a igreja de Cristo é única! Chegamos aos mais diferentes lugares e somos recebidas por pessoas (na maioria) até então desconhecidas, mas nos sentimos em casa! Isso é a família de Deus! Isso acontece porque o sangue de Jesus Cristo nos une ao Pai e nos tornamos uma com ele e com nossas irmãs. Pensando nisso, me lembrei de uma situação familiar. Certo garotinho, em uma noite de raios e trovoadas, invade o quarto dos pais pedindo-lhes que o deixem dormir ali, pois estava com muito medo. A mãe o lembrou de que ele não precisava ter medo, pois Jesus está sempre com ele. Mas o garoto respondeu: “Eu sei mamãe, mas eu quero alguém de carne e osso!”.
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Todas nós fomos criadas como seres relacionais. Precisamos do relacionamento com Deus, pois somos feitura sua, obra de suas mãos, criadas à sua imagem e semelhança. Mas também precisamos de pessoas “de carne e osso”, de abraços, de afeto, de amizades... No que diz respeito a amizades, as redes sociais são essenciais em nossa geração. Mas, você já se deu conta de que a igreja é a rede social idealizada por Deus para nós? Ela foi criada e organizada por Jesus. Projetada para ser um lugar no qual seus irmãos, a família de Deus aqui na terra, podem se relacionar entre si e com Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um lugar onde podemos praticar o evangelho de Cristo e exercitar a comunhão. Esta igreja/rede social é totalmente ligada com o provedor (Deus) e a conexão (a oração) nunca cai O Clarim | 7
PALAVRA DA DIRETORA
objetivo, como uma família na mesma direção e para o mesmo destino, apoiando-nos, suportando-nos... Diminuindo o passo quando alguém precisa de nossa ajuda, acelerando o passo quando estamos lentas demais... Mas o alvo é sempre coletivo: “até que todos cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo” (Ef 4.13). Não dá pra vivermos a vida cristã individualmente ou virtualmente. O crescimento se dá quando estamos realmente 1. As duas devem seu sucesso unidas. Corpo é a junção de aos relacionamentos (faça-os com ética e com verdade); todos os membros.Todos recebemos do Pai diferentes 2. O coração das duas é dons para serem utilizados em “compartilhar” (dividir, trocar); benefício do corpo. Quando deixamos de fazê-lo, privamos 3. As duas só funcionam se os demais irmãos dos dons que formos generosos na inclusão Deus nos confiou. (preocupe-se em trazer seus Assim sendo, esteja você amigos a Cristo). onde estiver, aproxime-se da família de Deus aqui na terra. Não se prive das bênçãos disQ u e r i d a s , c a m i n h e m o s pensadas à igreja de forma juntas! Como um só corpo, como coletiva. Não deixe de integrarum time que tem o mesmo se ao corpo, de ajudar e ser ou falha. Seus participantes estão interligados pela comunhão (ceia do Senhor) e devem manter contato entre si: semanal (Escola Bíblica e cultos), Pequenos Grupos ou Grandes Grupos (retiros, acampamentos, congressos, convenções etc). O Pr. Daniel Martins de 1 Barros diz que podemos estabelecer um paralelo entre a igreja e as redes sociais:
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ajudada. De aprender junto, de louvar junto, de orar junto, de chorar junto, de alegrar-se junto... Sigamos o conselho do Espírito Santo dado através do apóstolo Paulo: “Pensemos em como nos estimular uns aos outros ao amor e às boas obras, não abandonemos a prática de nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário, animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.24-25).y
Elaine C. Fontana Cunha congrega na IAP em Brás Cubas (Mogi das Cruzes – SP) e é diretora da Federação das Sociedades Femininas Adventista da Promessa (Fesofap). Referência 1 - Barros,D. M.(2012). Fórum: uma igreja real num mundo virtual. Semana IBAB 2012. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= FDg90ZvSZ-k. Acesso em 15 dez. 2014.
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FESOFAP
Mulheres refletem a
BELEZA DE CRISTO Nos 37 Congressos Femininos realizados em 2014, cerca de sete mil mulheres se prostram diante do Senhor, desejando ser mais parecidas com ele Para a Federação das Sociedades Femininas da IAP, o ano de 2014 foi uma maratona de viagens extenuante, porém, muito compensadora. Pela graça de Deus, a Fesofap participou dos 37 Congressos Femininos que se realizaram no Brasil e dos dois Encontros de Mulheres realizados no Paraguai e Chile. Louvamos a Deus pela liderança de cada Resofap que orou, jejuou e preparou todos os detalhes para que cada evento fosse marcante na vida das participantes. E realmente foram! Nosso Deus respon-
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deu com sua presença, bênçãos incontáveis, milagres, conversões, reconciliações, batismos no Espírito Santo e quebrantamento entre as mulheres, tornando-as mais parecidas com ele. As palavras são escassas para agradecer ao Senhor por tudo o que ele fez. Que o moto oficial das mulheres promessistas continue sendo nossa oração diária: “E seja sobre nós a graça do
Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.” (Salmos 90.17).y O Clarim | 9
FESOFAP
Resofap Paulistana ABC Tema: Jesus, a Videira Verdadeira
Resofap Amapaense Tema: Mulheres Vencendo Desafios
Resofap Ceará Tema: O Perfume de Cristo
Resofap Amazonas Tema: Vi o Senhor
Resofap Norte Mineira Tema: A Importância da Palavra de Deus em Nós
Resofap Bahia Tema : Chamadas para Viver o Melhor de Deus
(Foto: Estúdio Laura Fernands)
Resofap Brasília Tema: Santificai-vos e Vivereis
Resofap Espírito Santo Tema: Ao Único Minha Oração, Meu Louvor, Minha Adoração
FESOFAP Resofap Paulista Tema: A Mulher Nota 10
Rondoacre Sul
Resofap Chile
Tema: Mulheres que Florescem
Tema: Mulheres como Débora
Resofap Nordeste Oriental Tema: Mulheres Exalando o Aroma de Cristo
Resofap Goiânia Tema: Levanta-te e Resplandece
Resofap Mato-grossense Tema: Jesus nos Convida ao Banquete
Resofap Meio Norte Tema: Mulher, desperta, ainda há tempo!
Resofap Litoral e Leste Paulista Tema: A Caminhada da Mulher com Deus
Resofap Mineira Tema: Ele Virá! E Você?
Resofap Geral Tema: A Mulher Nota 10
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FESOFAP Resofap Oeste Paulista Tema: A Noiva de Cristo
Resofap Paulistana Leste Tema: Chegai-vos a Deus e Ele se Chegará a Vós
Resofap Paulistana Norte Tema: Aquele Dia
Resofap Rondoacre Norte Tema: Mulheres Proclamadoras a Serviço do Mestre
Resofap Noroeste Paulista Tema: Amai-vos porque Ele vos amou
Resofap Paraguai Tema: A Mulher Sábia Edifica
Resofap Sul-mato-grossense Tema: Calce as Sandálias aos Teus Pés
Resofap Paulistana Noroeste Tema: Sob a Tua Palavra Lançamos
Foto: Raquel Marina
Resofap Baixo Amazonas Tema: A Mulher Proclamadora Vive Para Ser Bênção
Resofap Norte Tema: Mulheres Proclamadoras a Serviço do Mestre
Resofap Rio Grande do Sul Tema: Irresistível
Resofap Sul Tema: A Beleza que Vem do Alto
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FESOFAP Resofap Norte Paranaense Tema: Prepara-te e Alegra-te; Ele Vem!
Resofap Rio de Janeiro Tema: Vale a pena esperar, Deus nos surpreende
Resofap Oeste Paranaense Tema: Mulheres Vivendo a Beleza de Cristo
Resofap Sul Matogrossense Distrito Dourados Tema: Recebendo o Fruto do EspĂrito
Resofap Paulistana Sul Tema: Uma Fonte a Jorrar
(Foto: Lucy Ribeiro)
Resofap Seal Tema: Mulheres sob a DependĂŞncia de Deus
a Rede
Resofap Roraima Tema: Exalando o Perfume de Cristo
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PASTORAL
A Grande
TRIBULAÇÃO Estejamos alertas para o tempo em que a igreja será provada como ouro José Lima de Farias Filho Que Jesus Cristo vai voltar à terra, que o mundo vai ser destruído com fogo, que o mal será exterminado e o bem Um terrível prevalecerá, para a maioria dos acontecimento se cristãos, não há dúvidas. Porém, o que poucos cristãos se dão abaterá sobre o conta é o fato de que, antes que planeta, fazendo chegue esse fim, um terrível acontecimento se abaterá sobre a com que perca sua terra, fazendo com que o planeta condição de habitat perca totalmente a sua condição natural de habitat natural dos seres humanos. Trata-se da Grande Tribulação profetizada pelos santos profetas, afirmada pelo Senhor Jesus, confirmada por ainda mencionada em outras João no livro do Apocalipse e partes das Escrituras Sagradas. 14 | O Clarim
De uma forma geral, a Grande Tribulação é tema que desperta pouco interesse na maioria dos cristãos. Teólogos, pastores e professores da Bíblia, por dever, são os que mais a examinam. A experiência pastoral me mostra que, entre os cristãos que não se importam com este assunto, há um grupo que parece demonstrar menos interesse ainda: as mulheres. Se esta percepção pessoal fizer sentido, está na hora de começarmos a mudar este quadro, pois a Grande Tribulação é um evento decisivo para a confirmação da fé da “última igreja” ou da última geração de www.fesofap.com.br
PASTORAL
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PASTORAL
salvos por Jesus na terra. A descrição desse impressionante acontecimento está no Apocalipse, de forma chocante: “Houve um grande terremoto; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua toda se tornou como sangue; e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes. E o céu recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os chefes militares, e os ricos, e os poderosos, e todo escravo, e todo livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: 'Caí sobre nós, e escondeinos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da ira deles; e quem poderá subsistir?” (Ap 6.12-17) Assistimos em nossos dias, sobretudo nos telejornais, notícias sobre grandes catástrofes, mas, ainda que sejam extremamente graves e terríveis, elas são localizadas, no máximo, regionalizadas. Porém, na Grande Tribulação, no limiar da volta de Jesus, as catástrofes serão globalizadas: atingirão todos os lugares do planeta terra. As capitais, os pontos turísticos, as praças, as vilas, os lugares mais belos serão atingidos e perderão a sua funcionalidade, beleza e fama. 16 | O Clarim
No limiar da volta de Jesus, as catástrofes serão globalizadas
Acontecimentos não são lendas Os seres humanos vão experimentar o que, de fato, é agonia e horror. Antes da volta de Jesus, o sol, a lua, as estrelas, o mar, os rios, a relva, as florestas e os homens ímpios serão atingidos pelo poder que sai do trono de Deus e ficarão extremamente desordenados. Bilhões de pessoas sem água potável e sem alimentação! Horrível, não? Tem muita gente que ainda pensa que tais acontecimentos são lendas. As temperaturas elevadas queimarão a pele e causarão agonia a milhares de pessoas. Já as temperaturas extremamente baixas submeterão os seres vivos a hipotermias irreversíveis. Fico a imaginar a tensão e o
desespero nas grandes cidades do mundo, entupidas de gente e de automóveis. Mercados e feiras vazias. Hospitais e clínicas lotados. Pais desesperados ao verem e ouvirem os filhos pedindo alimento e água. Demônios a perturbar bilhões de pessoas (Ap 9). Tamanha será a tormenta da alma que pouco ou quase nada poderá fazer a farmacologia e a psicoterapia, pois “naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles.”(Ap 9.6). Agonia terrível! O caos globalizado daqueles dias é tão indescritível e horripilante que os seres humanos vão dizer aos montes e rochedos: “Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; porque é vindo o grande dia da ira deles.” Tão incontrolável é a Grande Tribulação aos homens que João pergunta: “quem poderá subsistir?” Tão decisiva é a Grande Tribulação que o próprio Jesus garante: “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver” (Mt 24.21). Esses impressionantes acontecimentos são detalhados em Mateus 24 e Apocalipse capítulos 8 e 9, durante o período das trombetas, e de forma mais precisa, nos capítulos 15 e 16, durante a época do derramamento das taças. www.fesofap.com.br
PASTORAL
E o porquê de tudo isso? Porque os ímpios, de todos os tempos, mas, sobretudo, os perversos do fim, “derramaram o sangue dos santos e dos profetas, também tu lhes deste o sangue a beber; porque disto são merecedores.” (Ap 16.6). Suas mentes e corações são tão malignos que mesmo diante dos mais letais ataques do trono de Deus, eles “não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de bronze, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. E não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas feitiçarias, nem da sua fornicação, nem dos seus furtos” (Ap 9.21 e Ap 21). E a igreja nesse período? Ela sofrerá o maior e mais terrível de todos os ataques de Satanás, seus demônios e a multidão de homens que os seguem. Ela será provada como ouro no fogo. Mas, nesse tempo, sua fidelidade ao Noivo estará tão apurada que parte considerável de cristãos pagará com a própria vida – e com alegria – o preço de ser fiel. Ela estará plena do Espírito Santo! Em parte, ela será sacrificada como seu Senhor o foi um dia. Mas, assim como ele, ela terá a sua posição espiritual preservawww.fesofap.com.br
da, intocada, ainda que seu corpo seja violado e seu sangue derramado (Mt 24.29; Ap 11.119; Ap13.7). Por isso, irmãs, atenção ao alerta de Cristo: “Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á” (Lc 17.33). Logo depois das indescritíveis agitações daqueles dias, Jesus Cristo voltará e tomará a igreja para si. Então, ela viverá o que está descrito no Apocalipse, junto de seu Noivo, eternamente: “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; e clamavam com grande voz, dizendo: 'Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro'. E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais; e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: 'Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém'. E
um dos anciãos me falou, dizendo: 'Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram?' E eu disse-lhe: 'Senhor, tu sabes'. E ele disse-me: 'Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairão sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes vivas das águas; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima'.” (Ap 7:9-17)y
Pr. José Lima de Farias Filho congrega na IAP em Vila Medeiros (São Paulo, SP) e é presidente da Convenção Geral das Igrejas Adventistas da Promessa. O Clarim | 17
ESPECIAL
A ESCOLA BÍBLICA
é mesmo necessária?
Um espaço para o aprendizado democrático e o maior “seminário teológico” de que se tem notícia Pr. Alan Rocha Todos os dias, somos instigados a substituir as coisas. Trocamos o celular, o computador, o televisor, sempre por outro mais moderno. Por que ficar com um objeto antigo e ultrapassado, se podemos ter um aparelho de última geração? Por causa dos avanços tecnológicos de nosso tempo, tudo é descartável. A velocidade dessas mudanças faz com que, aos poucos, comecemos a assimilar essa “cultura do descartável”. Daí, passamos a querer substituir não apenas as coisas, mas também as pessoas, as instituições, os relacionamentos e os valores. Quando se fala em Escola Bíblica, por exem18 | O Clarim
plo, há quem pense que está na hora de atualizá-la, descartá-la ou substituí-la por algo mais moderno. Alega-se que ela tem uma estrutura antiga e que é um método de educação cristã ultrapassado. Contudo, devemos nos perguntar: a Escola Bíblica é mesmo necessária? Na Escola Bíblica, a instrução acontece de forma conjunta, uniforme, programada, contínua e simultânea, conseguindo ministrar os ensinamentos da Palavra de Deus às crianças, aos adolescentes, aos jovens, aos adultos, aos idosos e aos novos convertidos, de forma simultânea. É também um instrumento democrático de aprendizado, em que www.fesofap.com.br
ESPECIAL
é chamada de Escola Bíblica Dominical, pois, por questões doutrinárias ou de tradição, tal escola funciona aos domingos. Contudo, nós, adventistas da promessa, embora a chamemos apenas de Escola Bíblica, entendemos que o dia mais apropriado para seu desenvolvimento é o sábado, que, segundo a Palavra de Deus, é reservado para a adoração. Por isso, em todos os sábados, às 9 horas, o povo promessista se reúne para estudar a Bíblia e, em seguida, tem a oportunidade de adorar o Criador de forma mais consciente. Sabemos que, quando essa escola está em pleno funcionamento, é o povo do Senhor, no dia do Senhor, estudando a Palavra do Senhor, na casa do Senhor.
Não pode ser considerada um apêndice O que faz a Escola Bíblica ser tão importante? É que ela tem como foco principal a instrução bíblica. Como o seu próprio nome sugere, ela é uma instituição que ministra sistematicamente os ensinamentos da Palavra de Deus. Que valor há nisso? Obviamente, esta é uma pergunta retórica, pois todos nós sabemos que a Bíblia fala o quanto é fundamental que o povo de Deus valorize o ensino. Essa instrução espiritual deve se iniciar na infância (Pv 22.6), continuar na juventude (Sl 119.9-12), passar pela idade adulta (2 Tm 3.14-17), persistir pela velhice (Sl 71.17-18) e manter-se até o fim dos nossos dias (Sl 27.4).
Fotos: Eudoxiana Canto Melo
todos têm a oportunidade de opinar ou tirar suas dúvidas. Além de ser um excelente meio de evangelização, também é o maior “seminário teológico” de que se tem notícia. É um instrumento de Deus para nossa edificação. Descartá-la? Não há a mínima possibilidade! Substituí-la? Cremos que não há opções na atualidade que consigam fazer o que ela tem feito pelo povo de Deus, ao longo dos anos. Por isso, a Escola Bíblica pode e deve, sim, passar por atualizações, a fim de se tornar mais dinâmica e relevante; porém, não pode ser substituída. Concordo com o bispo Robinson Cavalcanti, que afirmava que a Escola Bíblica é algo insubstituível. Na maioria das denominações evangélicas, essa instituição
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ESPECIAL
Na leitura do Antigo Testamento, logo notamos que o ensino tem grande destaque. Moisés escreveu: “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos...” (Dt 6.67). Asafe também disse: “o que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos contaram, não esconderemos dos nossos filhos; contaremos à próxima geração” (Sl 78. 3-4). A geração atual tem uma grande responsabilidade com relação à geração que está surgindo: a continuidade do povo de Deus e sua sobrevivência espiritual dependem que esta 20 | O Clarim
geração ensine a Palavra de Deus com fidelidade à próxima geração (Dt 6.10-25; 11.1-32; Sl 78.1-6), e não podemos falhar nisto (Os 4.6). Nas páginas do Novo Testamento, o ensino bíblico não perde seu lugar de importância (Mt 11.1; At 5.42; 1 Tm 4.13; 2 Tm 2.2). Observe o que está escrito na grande comissão: “Vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei...” (Mt 28.1920, grifos nossos). Note que, nestas palavras do nosso Senhor, existem pelo menos três ideias relacionadas ao ensino. Isso significa que, na missão da igreja, a educação cristã é uma prioridade. A educação cristã acontece nos cultos, nas reuniões dos Pequenos Grupos e nas ações dos departamentos, às vezes, de forma indireta ou subjetiva. No entanto, temos um espaço em nossa estrutura de igreja em que o ensino é o ofício central: a Escola Bíblica. Nela, a instrução da Palavra acontece de forma direta e intencional. Esta é, sem dúvida, uma ferramenta que Deus nos deu para nos auxiliar na realização da missão de ensinar. Por isso, sua manutenção na igreja não é algo opcional. Ela não pode ser considerada apenas um apêndice ou um acessório na
estrutura geral, ou ainda, um departamento de menor valor. Existem irmãos que não frequentam as classes bíblicas, alegando a participação no culto como algo suficiente para o seu desenvolvimento. Dizem: “Ouço o sermão e isso me basta”. Porém, é importante saber que a Escola Bíblica e o culto não são a mesma coisa: são diferentes, especialmente em suas ênfases. Enquanto o culto prioriza a adoração coletiva, a Escola Bíblica prioriza a instrução bíblica. Ele enfatiza a devoção; ela, a reflexão. Na Escola Bíblica, aprendemos; no culto, praticamos, em adoração, o que foi aprendido. Isso não significa que não exista ensino no culto ou que não haja devoção na Escola Bíblica, mas que ambos são fundamentais e se complementam. O ideal é que você participe desta escola e depois fique no culto, para adorar a Deus. Fazendo assim, certamente sua adoração será mais consciente. Pois terá uma compreensão mais profunda a respeito daquele que você está adorando. Por todas estas razões, a Escola Bíblica é, sim, muito necessária!y
Pr. Alan Rocha é responsável pela IAP em Pq. Edu Chaves (São Paulo, SP) e diretor do Departamento de Educação Cristã da (DEC) da Igreja Adventista da Promessa. www.fesofap.com.br
COMPORTAMENTO
Alerta contra o uso excessivo da
TECNOLOGIA Marco Murta Acomodado em uma das dezenas de mesas da praça de alimentação de um shopping em São Paulo, observo, enquanto degusto minha refeição, a quantidade de pessoas em volta de mim com um smartphone ou tablet à mão. Em uma das mesas, conto quatro pessoas – aparentemente dois casais – que não conversam entre si. Os dedos velozes e a mente absorta estão www.fesofap.com.br
conectados virtualmente a algo ou alguém que não está presente, fisicamente. Levante a mão quem nunca notou situação semelhante! A cena é comum em espaços públicos, como escolas, supermercados, terminais de ônibus, metrôs e, até mesmo, em salas de aula e no interior de igrejas. De um tempo para cá, não é raro encontrar pessoas da mesma família, vivendo sob O Clarim | 21
COMPORTAMENTO
o mesmo teto, próximas fisicamente, mas separadas por uma barreira invisível e perigosa: o uso excessivo da tecnologia! Notícia publicada no jornal Folha de S. Paulo, em 19 de dezembro de 2014, revela que os brasileiros estão tendo mais acesso à internet e passam cada vez mais tempo conectados. Segundo a reportagem, que apresenta o resultado de um estudo da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, as pessoas ficam online até cinco horas por dia, em média. O que poderia ser considerado como uma boa notícia, pois os números revelam um crescimento no acesso à informação e inserem as pessoas em um mundo praticamente sem fronteiras, acaba sendo também um motivo de preocupação. Exatamente porque o abuso no uso dos dispositivos eletrônicos – cuja lista inclui aparelhos móveis (celulares e notebooks) e os chamados “de mesa” (computadores, videogames e televisão) – pode levar à depressão, estresse e insônia, além da exposição a uma série de outros males. O alerta é feito pelo professor Cary Cooper, especialista em Psicologia Organizacional e Saúde da Universidade de Lancaster (Inglaterra). Ele diz que os aparelhos oferecem uma saída passiva para um mundo 22 | O Clarim
Os brasileiros ficam on-line cinco horas por dia, em média
novo, no qual o usuário não precisa interagir com pessoas ou enfrentar problemas, em uma espécie de válvula de escape da realidade. O efeito no curto prazo é percebido por um afastamento das pessoas de atividades sociais e marcado pelo início de um isolamento físico. No longo prazo, no entanto, é que as consequências mais sérias aparecem: interferência no desempenho escolar, prejuízo à saúde (visão cansada, ansiedade, depressão, insônia, estresse prolongado), dificuldade de concentração, diminuição da capacidade de perceber outras pessoas e situações ao redor, distração ao dirigir etc. Smartphones, jogos de videogame e computadores podem ser viciantes, segundo especialistas, porque promovem
atividades que são psicoativas – que alteram o humor e, muitas vezes, desencadeiam sentimentos agradáveis, razão pela qual desenvolvem dependência em seus usuários, assim como ocorre com quem faz uso de substâncias entorpecentes, como as drogas. O problema é que muita gente tem dificuldade de encontrar um meio-termo entre o uso moderado e comedido de um recurso que é amplamente útil e plenamente lícito e acaba descambando para o excesso. Como encontrar o equilíbrio? Como saber se você já está adoecendo do “mal dos superconectados ansiosos”? Checar e-mails e redes sociais obsessivamente, por exemplo, ou não conseguir ficar sem responder instantaneamente a um alerta de celular informando a chegada de uma nova mensagem do Whatsapp são indicativos de que algum nível de prejuízo já se instalou. Conheço gente que acorda, pela manhã, e acessa a internet e as redes sociais antes de qualquer outra atividade, como escovar os dentes e tomar café. E também pessoas que passam horas jogando videogame ou assistindo TV. Deixar de realizar qualquer uma dessas atividades e se sentir mal é sinal de que há um processo de dependência se instalando. Responda rápido: quantas vezes seu celular “apitou” enquanto você lia este texto? www.fesofap.com.br
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Parou para ler ou responder as mensagens? Seria capaz de deixar o aparelho desligado por um dia inteiro sem se sentir incomodada? A resposta a essas perguntas simples pode ajudá-la a identificar se está fazendo o uso equilibrado da tecnologia.
De volta à praça de alimentação Pouco antes de terminar minha refeição, levanto os olhos e vejo no alto da parede dos fundos de uma loja de fastfood um objeto curioso, semelhante a uma caixa de metal com uma 24 | O Clarim
espécie de grelha, por meio da qual enxergo uma luz atraente. Trata-se de uma armadilha! Uma engenhoca que emite uma luz ultravioleta e atrai insetos voadores fotossensíveis, tais como moscas, varejeiras, abelhas, mariposas e pernilongos. Eles voam inocentes em direção à luz, sem perceber o perigo. Ao entrarem em contato com a grade eletrificada são atingidos por uma descarga elétrica fatal. A estranha visão soou a mim como uma advertência. Fez lembrar que os distraídos também podem encontrar na tecnologia sua própria armadi-
lha de luz. O brilho das telas atrai e entorpece os sentidos, causando vício e destruição. Para fugir dessa arapuca, é necessária uma boa dose de equilíbrio e temperança. “Achaste mel? Come só o que te basta; para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar” (Pv 25.16). y
Pb. Marco Murta é jornalista, congrega na IAP em São Caetano do Sul (SP) e é tesoureiro da Federação das Uniões da Mocidade Adventista da Promessa (Fumap). www.fesofap.com.br
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Por que estou
AQUI? Como nossa vocação pode glorificar a Deus Pr. Eleilton William de Souza Freitas Talvez você já tenha ouvido ou dito a seguinte frase: “Eu quero ter mais tempo para servir a Deus, mas meu trabalho não me permite”. Até que ponto este desejo pode ser considerado correto? Se não é a Deus que estamos servindo enquanto trabalhamos, então a quem é? Uma pessoa precisa abandonar seu emprego para servir a Deus? Pessoas especiais para o Senhor são apenas aquelas que abandonam suas atividades profissionais para serem pastores ou missionários em outro país? É possível que a frase citada, na maioria das vezes, evidencie um entendimento equivocado sobre o significado da vocação e do sacerdócio do crente. Somos seres integrais e, conforme pretende-
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mos mostrar, até mesmo em nossas atividades cotidianas, estamos servindo a Deus – ou, pelo menos, deveríamos. Para entender esta verdade, precisamos de algumas respostas: O que é vocação? Para que existimos? Apenas pastores são pessoas vocacionadas ou existe mais de um tipo de vocação?
O significado de vocação Kléos M. Lenz César, em seu livro Vocação: Perspectivas Bíblicas e Teológicas1, afirma que vocação é entendida popularmente no meio O Clarim | 25
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cristão como um chamado especial que algumas pessoas recebem para o exercício de uma missão pastoral em uma determinada igreja, ou para uma tarefa missionária em um país distante. À luz desta visão, só pastores e missionários seriam pessoas vocacionadas. Segundo 2 a autora , esta visão pode ser um reflexo do conceito monástico do século XV, que ensinava que os cristãos estavam divididos em dois grupos: os religiosos (freiras e sacerdotes) e os leigos (cristãos comuns). Naquela época, a palavra vocação só era aplicada aos religiosos. Este conceito é bem limitador e não o consideramos adequado por entender que vocação é algo mais abrangente. A palavra “vocação” é derivada do latim vocation e diz respeito ao “ato de chamar”. Na Bíblia, especificamente no Novo Testamento, as palavras gregas às vezes traduzidas por “vocação”, também com este sentido de “chamar”, estão ligadas ao verbo grego kaléo (Ef 4.1, 2 Ts 1.11). Com base na Bíblia, vocação é o chamado divino dirigido aos seres humanos. Em algum sentido (para surpresa de alguns), todo ser humano é vocacionado! Todos nós fomos chamados por Deus para fazer alguma coisa no mundo criado por ele. Não existimos por existir. Deus trouxe os seres 26 | O Clarim
humanos à existência com propósitos. Aliás, tudo o que o criador faz tem alvos claros (Pv 16.4a).
A razão maior de nossa existência A Bíblia é clara ao dizer que existimos para a glória de Deus (Is 43.7). Todas as coisas – isso inclui o ser humano – foram criadas por Deus e para Deus (Cl 1.16). Em sua carta aos Romanos, Paulo diz: “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente”(11.36). Exatamente por isso, ele se alegra nas suas obras, pois as criou para seu prazer (Sl 104.31). Portanto, cientes desse objetivo,
Planejar o futuro, criar filhos, namorar, tudo deve e pode ser feito para agradar a Deus
devemos nos esforçar ao máximo para fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31). O interessante deste texto é que ele aborda o comer e o beber, duas práticas bem corriqueiras da vida humana. E o texto diz que podemos glorificar a Deus nelas! É bom entendermos isso para não pensarmos que só glorificamos a Deus quando praticamos atividades chamadas de “espirituais”, aliás, quando entendemos o ser humano como integral nem podemos fazer esta distinção. Planejar o futuro, criar filhos, ir à igreja, praticar esportes, namorar, trabalhar, tudo deve e pode ser feito com o objetivo de agradar a Deus e dar glórias a ele! Tudo o que Adão e Eva faziam, antes do pecado, era parte de sua adoração a Deus. Não nos esqueçamos! Esta é a nossa maior vocação. É a vocação das vocações. É universal e para todos! A meta da nossa vida deveria ser cumprir este propósito maior. Nenhum ser humano consegue ser plenamente feliz enquanto não entende isso, enquanto não começa a viver para aquele que o criou e deixa de viver para si mesmo e para sua própria glória. Até isso acontecer, sempre lhe faltará algo, que ele tentará preencher com outras coisas. O teólogo e escritor Agostinho disse: “nos fizeste para ti e nosso coração estará inquieto enquanto não encontrar em ti descanso”. www.fesofap.com.br
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Mordomos no mundo de Deus O ser humano, criado para a glória de Deus, foi colocado no mundo para ser representante do criador e mordomo da sua criação (Gn 1.26). Ele recebeu a incumbência de reger o mundo criado por Deus e foi capacitado para isso. Ele deveria refletir a imagem de Deus diante de toda a criação. A responsabilidade de cuidar da criação é chamada pelos teólogos de “mandato cultural”, com implicações sociais, econômicas, culturais e ecológicas, pois é a partir dele que a política, o trabalho, a educação, as artes, o lazer, a 3 tecnologia e todas as outras áreas se desenvolveram. O mandato é a base para nos envolvermos com estas questões. Deus quer ser servido e adorado em todas as esferas da vida! A vida chamada “comum”, na verdade, não tem nada de comum. Enquanto vivemos o dia a dia deveríamos estar cumprindo a nossa missão de regentes do mundo. Todo ser humano tem responsabilidades diante do mundo criado por Deus. É exatamente por isso que todos nascem com algum talento natural, que são as capacidades “existentes na própria natureza do indivíduo como um conjunto de habilidades concedidas no ato criador, independente da fé”.4 Reconhecer tais habilidades é importante até na escolha da carreira profissional! Para cumprir seu papel no mundo, a sua vocação ou seu chamado para ser mordomo, Deus dotou os seres humanos com habilidades em diferentes áreas. Observe que Adão foi colocado no jardim para lavrar a terra, uma espécie de agricultor (Gn 2.15). Seu filho, Abel, tornou-se pastor de ovelhas (Gn 4.2). As pessoas têm aptidões para atuarem em diferentes áreas e devem servir a Deus por meio dessas habilidades, cuidando do mundo criado por ele. Advogados, policiais, médicos, donas de casa, governantes, garis, pedreiros, todos colaboram no cuidado do mundo! Ninguém precisa abandonar sua profissão quando recebe a Cristo, antes deve colocá-la a serviço do reino (Lc 3.12-14; 1 Co 7.20). www.fesofap.com.br
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Sacerdotes do Altíssimo Além dos chamados abrangentes apresentados até aqui, em todo o Novo Testamento, temos chamados específicos para todo salvo em Cristo Jesus. Por exemplo, os salvos são avisados que foram chamados para um relacionamento pessoal com Jesus Cristo (Rm 1.6). Além disso, são desafiados: “... vivam de maneira digna da vocação que receberam” (Ef 4.1 – NVI). É um chamado à santidade (2 Pd 1.10). Todos os crentes também foram comissionados a proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1 Pd 2.9-10). Os dons espirituais, isto é, as capacidades sobrenaturais dadas pelo Espírito Santo aos crentes em Jesus, foram repartidas justamente para o desempenho desta vocação como salvos. E onde os salvos cumprem
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sua vocação? No mundo! O teólogo Martinho Lutero disse que os indivíduos são chamados por Deus na condição de pai, mãe, lavrador, professor, soldado, juiz, governante e nelas podem cumprir sua vocação cristã e exercitar seu amor ao próximo.5 De acordo com Pedro (1 Pd 2. 5,9), todo crente é um sacerdote em atividade no mundo e deve oferecer sacrifícios agradáveis a Deus em sua vida. Foram chamados também para isso. Sendo assim, paremos de fazer diferenciação entre atividades santas e outras menos santas. Enquanto trabalhamos, estamos servindo a Deus. Aliás, devemos trabalhar como se estivéssemos trabalhando para ele (Cl 3.23). Se uma irmã trabalha fazendo “cachorro quente” durante a semana e se prontifica a fazê-lo na “festa do cachorro-quente” da igreja, não está em uma atividade mais santa
do que a que ela desempenha na semana, pois ela deve fazer ambas para Cristo.
Minha missão específica Além da vocação cristã comum a todo salvo, a Bíblia também fala de vocações específicas no reino de Deus. Paulo diz ter sido chamado para ser apóstolo (Rm 1.1). É um chamado específico. Ele tinha tanta certeza de que estava disposto a morrer por isso (At 20.24) que aconteceu de fato (2 Tm 4.7). Uns são chama-
dos para serem pastores, outros mestres, outros evangelistas. Deus se expressa de maneiras diferentes por meio das pessoas, por isso, chama-nos para atividades diferentes em seu reino. O nosso desafio é descobrir que tipo de missão ele nos confiou! O que faz o nosso coração vibrar? Sua vocação específica no reino pode estar relacionada aos talentos naturais e aos dons espirituais www.fesofap.com.br
todos somos vocacionados em algum sentido. Nossa primeira e grande vocação está relacionada à razão pela qual existimos: viver para glória de Deus. Além disso, como seres humanos, fomos chamados por Deus para cuidar do mundo criado por ele e isso envolve atuar nas mais diferentes áreas. Somos também vocacionados para servir a Deus em todas as situações, como cristãos, salvos! Somos sacerdotes do Altíssimo! Por fim, é possível que ele tenha um chamado específico para cada um de nós em seu reino. Por isso mesmo nos capacitou com dons e aptidões diferentes. Se você ainda não sabe qual é seu dom, ore a Deus e reflita naquilo pelo qual seu coração vibra. Teste sua reflexão com a prática. Saber que somos vocacionados é tanto um Você é uma vocacionada! privilégio como um desafio. Não precisa esperar um anjo Sirva a Deus de modo integral, aparecer para lhe dizer. Acredite: todos os dias! y que ele lhe deu. Sua vocação está relacionada àquilo que ganhou seu coração e que você se dedica. Ele pode chamá-lo para sinalizar o reino dele através de uma causa (um projeto de sustentabilidade, por exemplo); pode usar você no seu reino através de uma instituição (uma casa de apoio a dependentes químicos, alcoólatras, prostitutas); um público (um segmento específico, como jovens, casais, crianças, homens, mulheres, empresários); uma tarefa (capelania) e até por meio de sua carreira profissional na perspectiva do reino (um médico, professor ou artista que colocam sua profissão para servir aos outros).6
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Pr. Eleilton William de S. Freitas congrega na IAP em Vila Maria (São Paulo, SP) e é colaborador do Departamento de Educação Cristã (DEC) da Igreja Adventista da Promessa.
1- (1997, p.21). 2- Ibid. 3- Ferreira; Myatt (2007, p. 406). 4- César (1997, p. 22). 5- Atkinson In:Ferguson (2009, p.1195). 6- Ideias baseadas nos argumentos de Ed René Kivitz, em seu sermão sobre vocação. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=sv23 hEdum0o> Acesso em 25 nov. 2014.
Referências ATKINSON, J. Vocação. In: FERGUSON, S. B. Novo Dicionário de Teologia. São Paulo: Hagnos, 2009. CÉSAR, K.M. L. Vocação: perspectivas bíblicas e teológicas. Viçosa: Ultimato, 1997. FERREIRA, F.; MYATT, A. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.
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DESABAFO não é pecado
O extravasamento da alma é o melhor caminho para a sobrevivência emocional e espiritual
Elben M. Lenz César
Desperdício não é derramar um frasco cheio do mais caro perfume aos pés de Jesus, mas é não fazer constante uso do recurso da oração, bondosamente colocado por Jesus ao nosso alcance. Quantas vidas complicadas e fracassadas, exclusivamente prejudicadas pelo não uso da oração! Quanta falta de segurança e estabilidade emocional, de saúde mental e física, da sensação de bem-estar e de alegria, de entusiasmo e coragem, de vitória sobre a tentação e provação, do www.fesofap.com.br
sucesso conjugal e profissional – tudo, enfim, por não se levar a sério a oração! A verdadeira oração é muito simples. Nada mais é do que entrar no Santo dos Santos e colocar-se na presença do próprio Deus em espírito, por meio da fé, valendo-se do sacrifício de Cristo, e falar com ele, com toda liberdade, pela palavra audível ou silenciosa, em qualquer lugar, hora ou situação. Mas a oração só acontece quando reconhecemos, ao mesmo tempo, duas verdades muito solenes: a humilhante estreiO Clarim | 31
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teza dos nossos próprios recursos e a gloriosa amplidão dos recursos do amor, da misericórdia e do poder de Deus.
Além da súplica Um grande número de crentes se esquece de que a oração não é apenas um instrumento de súplica. Temos o direito de solicitar os favores divinos: “Se algum de vocês tem falta de sabedoria [ou de qualquer outra coisa], peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedido” (Tg 1.5). Mas a oração é muito mais ampla do que só pedir. Há outras modalidades de oração, segundo a Bíblia e a experiência de muitos crentes. Existem a oração de adoração (na qual exaltamos o caráter de Deus e nos deliciamos com ele), a oração de ação de graças (na qual agradecemos de coração e nominalmente as
manifestações públicas e particulares da graça de Deus em nossa vida, em nossa família e em nossa comunidade), a oração de confissão (na qual nós contamos a Deus o quanto somos corrompidos por dentro e por fora, mencionamos o nome de nossas próprias mazelas, admitindo sempre a nossa culpa, sem dividi-la com quem quer que seja, e pedimos o seu perdão) e a oração de desabafo, que vamos tratar mais detalhadamente.
A oração do desabafo Na oração de desabafo ou de extravasamento, nós simplesmente derramamos nossa alma diante de Deus e colocamos para fora nossos sustos e medos abertamente, sem esconder coisa alguma, sem reter lá dentro qualquer inquietação, sempre com o propósito de descansar no Senhor.
Não é sábio afirmar que uma modalidade de oração é superior a outra. Todas são necessárias e fazem um bem enorme, tanto suplicar como agradecer, tanto confessar como desabafar. Mas, talvez, esta última seja a menos conhecida e praticada. A oração do desabafo é aquela na qual, na hora do sofrimento, no pique da dor, na mais densa escuridão, nós derramamos a nossa alma perante o Senhor, retirando de dentro e colocando para fora uma infinidade de coisas incômodas e aborrecedoras. Entre essas coisas estão todo e qualquer melindre, mágoa, ressentimento, queixume, ansiedade, medo, indignação, compulsão, revolta e coisas assim. Em sua misericórdia, Deus nos deixa livres para falar qualquer coisa com ele: quando a alma está perturbada ante o sofrimento; quando não conse-
É incomparavelmente melhor... Jogar a tristeza fora do que arquivar tristezas
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Falar do que ficar calado
Falar demais do que de menos
Desabafar do que abafar
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CAPA
guimos conciliar a dor com a fé; quando não aguentamos mais o excesso da angústia. O extravasamento da alma é o melhor caminho para a sobrevivência emocional e espiritual. Na arte do desabafo, precisamos aprender que quem se expõe não pode falar as coisas pela metade. Devemos ficar inteiramente soltos (como Jó, como os salmistas), precisamos ter liberdade para orar! Nesse extravasamento, certamente falamos absurdos mas é muito melhor e correto proferir absurdos do que armazenar e multiplicar absurdos na mente. Deus não se ofende quando ouve tais coisas nem pune o sobrecarregado quando ele se expõe. Deus tem ouvidos para ouvir súplicas, confissões e também orações chorosas.
deixar escorrer dele as coisas aflitivas, aparece algumas vezes nas Escrituras. Quando o sacerdote Eli fez mau juízo de Ana, dizendo que ela estava bêbada ao orar e chorar silenciosamente em Siló, a mulher de Elcana esclareceu: “Não bebi vinho nem bebida fermentada; eu estava derramando minha alma diante do Senhor” (1 Sm 1.15). O Salmo 62 recomenda: “Confie nele em todos os momentos, ó povo, derrame diante dele o coração, pois ele é o nosso refúgio” (verso 8). O título do Salmo 102 é muito precioso quanto à prática do extravasamento: “Oração de Um grande número um aflito que, quase desfalecido, de cristãos se esquece derrama o seu lamento diante do Senhor”. de que a oração não é Quando Davi estava na apenas um instrumento caverna de Adulão para se de súplica proteger de Saul e rodeado de 400 homens “que estavam em dificuldades, ou com dívidas ou As Escrituras encorajam insatisfeitos”, ele mesmo conta o o desabafo que fez: “Derramo diante dele [do Senhor] o meu lamento; a ele apreO verbo “derramar”, no sento a minha angústia” (1Sm 22.1sentido de abrir o coração e 2; Sl 142.2). Em meio ao tremendo
Chorar do que fingir alegria
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Manter o semblante triste por mais um pouco do que sorrir artificialmente
Orar: “não me deixes decepcionado”, do que reclamar: “Deus não me valeu nada”
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sofrimento causado pela destruição de Jerusalém pelos exércitos de Nabuco-donosor, no ano 587 a.C. (crianças morriam de fome nas esquinas de todas as ruas e mães comiam seus próprios filhos), uma voz se levanta e aconselha: “Levante-se, grite no meio da noite, quando começam as vigílias noturnas [e] derrame o seu coração como água na presença do Senhor” (Lm 2.19). Precisamos prestar atenção aos conhecidos imperativos do Salmo 37: “Confie no Senhor” (v. 3), “Deleite-se no Senhor” (v. 4), “Entregue o seu caminho ao Senhor” (v. 5), “Descanse no Senhor” (v. 7) e “Espere no Senhor” (v. 34). Na paráfrase de Eugene Peterson, o verso 5 fica assim: “Abra-se completamente diante do Eterno, não esconda nada dele, e ele fará o que for preciso”. A lembrança das ternas palavras de Jesus é outro convite ao alívio: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso” (Mt 11.28).
A medicina encoraja o desabafo Uma das posturas ensinadas pela Palavra de Deus que tem apoio da medicina é o exercício do desabafo. “A pessoa que sofre calada”, diz a cardiologista Lígia Fernandes Barro, “adoece mais 34 | O Clarim
rapidamente”. O psiquiatra Henrique Figueira alerta que, “quando engolimos sapos, chega a hora em que o organismo não suporta mais a tensão e estoura através de doenças”. O criador da disciplina do relacionamento amoroso nos cursos de graduação e pós-graduação da USP, o médico Ailton Amélio da Silva, chega a dizer que os assuntos não resolvidos não raro “se tornam infecções encapsuladas que, quando lancetadas, revelam-se impossíveis de serem curadas”. A chargista argentina Maitena Burundarena escreve que “os homens não choram, não gritam, mas têm úlcera, azia e alcoolismo”. O autor de Como tornar-se um bom estressado, Gilberto Ururahy, explica que uma das medidas para se combater o estresse é “o desabafo, ao lado do sono de boa qualidade, atividade física de forma regular, alimentação equilibrada, temperança entre o trabalho e o lazer, ter verdadeiros amigos para conversar e até desabafar, e a redução de excitantes, entre eles o cigarro, café e açúcar.” O médico que escreveu Carandiru, Dráuzio Varella, é muito enfático: “Emoções e sentimentos que são escondidos, reprimidos, acabam em doenças como gastrite, úlceras, dores lombares, dor na coluna... Com o tempo, a repressão dos sentimen-
tos pode estimular até um câncer. Então vamos desabafar, partilhar nossa intimidade, nossos segredos, nossos pecados. O diálogo, a fala, a palavra é um poderoso remédio e uma excelente terapia”. Outra médica, Simone Iwasso, confirma: “É importante extravasar os sentimentos e não guardá-los ou reprimi-los. Conversar ou desabafar com amigos pode ser uma boa alternativa para quem não pode ou não quer procurar um psicoterapeuta”. O testemunho que combina mais com o desabafo de Jó, por exemplo, é da pena do psicanalista Carlos Garrido: “Um dos remédios para prevenir doenças do coração é o desabafo: perigoso não é o que se fala, mas sim o que se deixa de falar. O que fica dentro é veneno e acaba saindo de algum jeito, seja na forma de diarreia, de impotência ou de enfarto”.
O desabafo de Jó O exemplo mais dramático de desabafo na Bíblia é o de Jó. O livro que leva o seu nome pode ser denominado o “Livro do Desabafo”. Por ter perdido de uma hora para outra todos os bens, todos os filhos, a saúde, os admiradores e a parceria religiosa da esposa, Jó precisava desabafar em suas orações para sobreviver. E foi o que ele fez o tempo www.fesofap.com.br
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todo. Ele retira do coração o que precisa tirar, não escolhe as palavras, não é fingido, não diminui nem aumenta as suas dores. Ele esvazia, limpa, oxigena o coração com torrentes de palavras candentes. Daí, as muitas perguntas que fazia em seus desabafos: “Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao nascer? Por que houve regaço que me acolhesse? E por que peitos para que eu mamasse?” (3.20-21). “Por que esperar, se já não tenho forças? Por que prolongar a vida, se o meu fim é certo? Acaso, a minha força é a força da pedra? Ou de bronze a minha carne?”(6.11-12). “Por que me tiraste da madre? 36 | O Clarim
Ah! Se eu morresse antes que olhos o da areia dos mares” (6.1), Jó nenhuns me vissem”!(10.18). parece ir longe demais: “Eu prefiro ser estrangulado; é melhor morrer do que viver neste Jó conhecia e praticava meu corpo. Detesto a vida; não quero a arte do desabafo mais viver” (7.15-16, NTLH). “Na verdade, as minhas forças “Não reprimirei a boca, falarei na angústia do meu espírito, queixar- estão exaustas; tu, ó Deus, destruíste me-ei na amargura da minha alma” a minha família toda” (16.7). “O meu caminho ele [Deus] (7.11). “Minha alma tem tédio à minha fechou, e não posso passar; nas vida; darei livre curso à minha minhas veredas pôs trevas. Da minha queixa, falarei com amargura de honra, me despojou e tirou-me da cabeça a coroa. Arruinou-me de todos minha alma” (10.1). “Se eu falar, a minha dor não os lados, e eu me vou; arrancou-me a cessa; se me calar, qual é o meu esperança; como a uma árvore” (19.8-10). alívio?” (16.6). “O meu hálito é intolerável à Coerente com a sua vontade e necessidade de dar livre curso às minha mulher, e pelo mau cheiro sou suas dores, cujo peso “é maior que repugnante aos filhos de minha mãe.
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reto e temente ao Senhor, aos olhos do próprio Deus (1.1, 8, 22; 2.3). Há vários outros desabafos na Bíblia: o de Ana, o de Asafe, o de Ezequias (que colocou a carta desaforada de Senaqueribe para Deus ler), os de Jeremias, e até o de Jesus Cristo, quando ele se abriu com Pedro, Tiago e João, dizendo-lhes “a minha alma está profundamente triste até a morte”.
Desabafo ou murmuração
Até as crianças me desprezam e, querendo eu levantar-me, zombam de mim. Todos os meus amigos íntimos me abominam, e até os que eu amava se tornaram contra mim” (19.17-19). “Quando eu esperava o bem, veio o mal; quando eu procurava luz, vieram as trevas. Nunca para a agitação dentro de mim; dias de sofrimento me confrontam. Torneime irmão dos chacais, companheiro das corujas. Minha pele escurece e cai; meu corpo queima de febre. Minha harpa está afinada para cantos fúnebres, e minha flauta para o som do pranto” (30. 26, 29-31). Embora não compreendido e repreendido por seus três amigos, Jó é considerado íntegro, www.fesofap.com.br
Desabafo é uma coisa, murmuração é outra. A linha divisória entre um e outro é muito tênue e uma coisa pode ser facilmente confundida com a outra. Enquanto for uma exposição respeitosa na presença de Deus de alguma tristeza interior, confusão momentânea, sofrimento atroz, tragédia imprevista, drama pessoal, momento de dúvida, carência prolongada, acontecimento desagradável, aperto pelo qual se passa, problema passageiro de saúde mental ou enfermidade ameaçadora – o desabafo definitivamente não é pecado. Pois o que motiva o desabafo é a proximidade de Deus, a intimidade com ele, a certeza de seu amor, de sua providência e de seus recursos. No desabafo, o ser humano não enfrenta Deus, não lhe diz desaforos, não o coloca no banco dos réus, embora possa desgos-
tar-se profundamente da vida, estranhar o prolongado silêncio de Deus e declarar-se incapaz de entender os mistérios, a intensidade e a durabilidade da dor. O desabafo deixa de ser desabafo quando não se fala com Deus, mas contra Deus. Aí entra a murmuração, que é pecado, e pecado grave (1Co 10.10). A murmuração diz frases como: “Deus não é o que diz ser, não faz o que promete, não ama como diz que ama”. Essa atitude só serve para agravar o problema.
Desabafo vitorioso Guardemos na alma: o desabafo bem feito interrompe uma situação de intensa e contínua amargura. Vemos isso na experiência de Ana, a mãe de Samuel. Antes de derramar perante o Senhor o excesso de sua ansiedade e de sua aflição, ela era uma mulher que não comia e que tinha um semblante triste. Depois do desabafo e antes de ficar grávida, Ana comeu e bebeu e “seu rosto já não estava mais abatido” (1 Sm 1.18). Aleluia!y
Pr. Elben M. Lenz César é um “desabafador” que, no momento, serve ao Senhor como editor da revista “Ultimato” e autor de livros. É casado há 58 anos com Djanira e tem 5 filhas, 10 netos e 2 bisnetos. O Clarim | 37
MISSÕES
Não deixemos de
ORAR Irmãos perseguidos na Nigéria e precisando de base bíblica em El Salvador
Nigéria Segundo a Wikipedia, a Nigéria é muitas vezes referida como "o gigante da África", devido a sua grande população e economia. Com cerca de 174 milhões de habitantes, é o país mais populoso do continente africano e o sétimo país mais populoso do mundo. O país é dividido ao meio entre cristãos, que em sua maioria vivem no sul e nas
Danúbia Guarnieri regiões centrais, e muçulmanos, concentrados principalmente no norte. Um estudo de 2012 apontou que 49,3% da população nigeriana era cristã; 48,8% era muçulmana; e 1,9% era seguidora de religiões nativas. A pesquisa também previu que, em 2030, a Nigéria deverá ter uma ligeira maioria muçulmana na população (51,5%).
Situação da igreja A Igreja Adventista da Promessa conta com 21 pastores trabalhando nas 19 igrejas espalhadas pela nação, liderados pelo Pr. Clement Abazie. Hoje, mais de mil nigerianos estão registrados em nossas igrejas, que muito têm sofrido nos últimos anos devido à perseguição religiosa.
A violência de grupos terroristas islâmicos não é a única forma de perseguição. O governo local e grupos sociais quase não deixam espaço para que os cristãos vivam suas próprias vidas. Muitos vilarejos cristãos têm acesso negado a instalações básicas como poços e escolas.
MISSÕES
El Salvador É um país da América Central, que faz fronteira com o Oceano Pacífico, a sul, a Guatemala a oeste e Honduras, para o norte e leste. Sua população, de acordo com dados de 2014, era de 6.279.783 habitantes, sendo o país mais densamente povoado do subcontinente, conforme a Wikipedia. De acordo com o Banco Mundial, El Salvador
ocupa o 86° lugar para se fazer negócios. A economia do país se concentra primordialmente em serviços (60%), indústria (29%) e agricultura (11%). A predominância da população é de católicos (57,1%), seguidos pelos protestantes (21,2%) e 2,3% se declaram sem religião.
Situação da igreja O Pr. Paulo Augusto de Melo e sua esposa, Dsa. Luciana, estão servindo ao Senhor em El Salvador desde fevereiro deste ano e pastoreiam a IAP no país, que se encontra em Santa Ana. O Evangelho verdadeiro, cristocêntrico, baseado somente na palavra do Senhor, está
sendo pregado nos cultos, visitas nos lares, estudos bíblicos e discipulado. Hoje, são 32 cadastrados, dos quais 12 membros. Culto após culto, novas pessoas estão passando a congregar e participando desse novo tempo na IAP em El Salvador.
Danúbia Guarnieri é missionária da IAP na Argentina. www.fesofap.com.br
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PROJETO COMPARTILHAR
O impacto dos
PEQUENOS GRUPOS na vida das mulheres “Sou grata e apaixonada pela existência dos Pequenos Grupos. Jesus Cristo usou o Pequeno Grupo para me resgatar. Foi lá que ele mudou minha história.” (Lilian Chevidal)
Genilda Ferreira Murta A Igreja Adventista da Promessa tem avançado, com a ajuda de Deus, na implantação do projeto de Pequenos Grupos (PG). Esta já é uma realidade presente em muitas igrejas e que tem total e absoluto respaldo na Palavra de Deus. Uma variedade de textos bíblicos comprova que a igreja se reunia em pequenos grupos, nas casas: “… partiam o pão em suas casas” (At 2.42-47), “… no templo e de casa em casa” (At 5.42), “… ensinei-lhes tudo publicamente e de casa em casa” (At 20.20), “…a igreja que está na casa deles” (Rm 16.3,5,10), “… a igreja que está 40 | O Clarim
em sua casa” (Cl 4.15) e “… a igreja que está em sua casa” (Fm 1.2). Diante disso, vamos conhecer como a iniciativa impactou a vida de quatro mulheres promessistas: Andréia Aparecida Gallo Swincik, 39 anos, casada, mãe de uma filha, secretária da IAP em São Caetano do Sul (SP) e do PG do qual participa; Cristiane Morais, 37 anos, casada, mãe de três filhos, nascida no evangelho, também secretária da IAP em SCS; Lilian C. Gallo Chevidal, 33 anos, casada, convertida ao evangelho por meio do PG, líder do ministério de teatro e líder de
PG em SCS e Nilma Marina Nossa, 53 anos, nascida na IAP, divorciada, mãe de uma filha já casada, ex-secretária da igreja por 25 anos e hoje integrante do projeto de Pequenos Grupos.y
Genilda Ferreira Murta é enfermeira, jornalista e congrega na IAP em São Caetano do Sul (SP), onde é professora da Escola Bíblica e coordenadora de Pequenos Grupos.
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Cristiane Morais
Fotos: Marco e Genilda Murta
“É uma excelente oportunidade para aqueles que ainda não tiveram um encontro com Cristo” Minha experiência com o PG é muito enriquecedora. As dificuldades que encontrei no começo estavam relacionadas aos meus filhos, de três, nove e onze anos, pois não tínhamos espaço para crianças e a agitação deles atrapalhava. Agora temos o PG Kids e eles participam e aprendem. Participo do PG há quatro anos. Sinto-me muito feliz e agradecida a Deus, pois, por vezes, devido às atividades de secretária na igreja, não participo dos cultos com toda a atenção, mas participo do PG e isso me enriquece, especialmente, no estudo da Palavra. Aprendo com a experiência dos outros e louvo a Deus. Participe! No início, pode ser difícil estar em todos os encontros por causa da correria do dia, mas se você se organizar, vai conseguir! Meus três filhos e meu esposo precisam de minha atenção, também tenho a casa para cuidar e as atividades da secretaria que não são poucas, mas nada disso me impede de ir aos encontros. Se há familiares e amigos que ainda não tiveram um encontro com Cristo, essa é uma excelente oportunidade para eles, pois o PG é um encontro entre amigos que compartilham a palavra de Deus de maneira simples, agradável e constante.
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PROJETO COMPARTILHAR
Nilma Marina Nossa “Abri minha casa para o PG e tenho relacionamentos melhores, desinibição e mais fé”.
Eu nasci em berço evangélico. Fui criada na igreja, frequentando os cultos, vendo meu pai pregar o evangelho. Lembro-me dos cultos nos lares, do evangelismo, dos estudos bíblicos, das campanhas de intercessão. Mas hoje vivo uma nova experiência: abri minha casa para o PG. Ajudo a levar pessoas para as reuniões. Gosto de participar das atividades e estudos. Estou desde o começo do projeto, em março de 2007. Vejo que hoje tenho relacionamentos melhores, desinibição, mais fé, mais convicção daquilo que aprendi e creio. Considero o PG importante para crescer na Palavra e no entendimento e, assim, estar mais bem preparada para cumprir o “Ide” de Jesus. Participe! Com certeza, o desejo de abrir sua casa virá, pois o que mais aprendi é que o PG é uma partezinha da igreja de Cristo. Quando abrimos a casa, nossos vizinhos sabem que tem povo de Deus ali. As mulheres podem e devem participar. Devem conhecer um grupo, depois abrirem a casa e serem anfitriãs – é um prazer muito grande poder receber pessoas com carinho, para adorar a Deus e falar de Jesus. 42 | O Clarim
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Lilian C. Gallo Chevidal “Sem que eu percebesse, o PG trouxe a igreja até minha casa”
Sou grata e apaixonada pela existência dos Pequenos Grupos. Jesus Cristo usou o PG para me resgatar. Foi lá que ele mudou minha história. Antes de conhecer a igreja, eu era espírita ocultista e sofria de depressão, tinha aversão ao que chamávamos de “crente”. Não via mais saída, então pedi ao meu cunhado, para falar com o pai dele – que hoje é diácono na IAP em São Caetano do Sul (SP) – para que alguém da igreja fosse orar em minha casa. Foi então que começou minha experiência com o PG, há mais de quatro anos. Sem que eu percebesse, o PG trouxe a igreja até a minha casa. Isso é maravilhoso! No começo, achei que não passaria de uma visita com oração e algumas palavras bonitas, mas comecei a sentir algo muito diferente do vazio que habitara em mim por tanto tempo. A cada novo encontro, meus amados irmãos faziam com que minha família e eu
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nos sentíssemos amados e queridos. Por meio do PG, sentimos o grande amor de Deus. Aceitei a Cristo dentro de um PG, sem que ninguém precisasse fazer um apelo, porque lá comecei a conhecer a verdade e pude tirar minhas dúvidas. Contei muito com a perseverança dos pastores da igreja, pois eu sempre questionei tudo, e no PG tinha esse espaço, podia me expor, chorar, desabafar, dividir minhas alegrias e minhas dores. Em 13 de janeiro de 2015 fez quatro anos que eu e meu esposo frequentamos o PG toda semana e também participamos da classe para formação de líderes, que acontece às segundas-feiras. As mulheres, especialmente, podem participar do projeto, orando, abrindo suas casas, sendo anfitriãs. E as que não podem oferecer suas residências, participem com as demais. Creiam que a bênção de Deus virá!
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PROJETO COMPARTILHAR
Andréia Aparecida Gallo Swincik “Se não fosse o PG, provavelmente, eu teria deixado a igreja”
O PG foi o meu primeiro contato com a igreja. Ele é um importante meio de aprendizado da Palavra de Deus. Desde o começo, não tive nenhuma dificuldade para participar do projeto. Participo há três anos com uma frequência semanal. Por meio do PG, conheci a Bíblia como ela realmente é. Conheci Jesus Cristo e, a cada encontro, me entregava mais à fé nele. Considero importante participar, pois aprendemos muito, e tudo influencia diretamente a nossa vida diária e a vida de nossa família, principalmente em como agir com o marido, os filhos e as pessoas mais próximas. Minhas irmãs e minha filha participam, mas meu marido ainda não. No entanto, aprendi que é no tempo de Deus que as coisas acontecem e não no meu. Tenho que confiar e esperar. Quando me converti, foi muito difícil para mim, pois os “amigos” que eu tinha se afastaram e, na igreja, a princípio, me senti um “peixinho fora d'água”, fiquei totalmente perdida. Se não fosse o PG, provavelmente teria deixado a igreja. Nele, aprendi que o meu foco é Jesus Cristo e não o homem. Hoje, graças a Deus, estou cada vez mais integrada à igreja e servindo ao Pai.
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ESPECIAL
VIOLÊNCIA contra a mulher
A difícil decisão de denunciar o agressor Elza Satiko Shudo Prado Quando se trata de violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha já se tornou bastante conhecida e aplicada. Mas é necessário que as próprias mulheres, principais beneficiadas, conheçam muito bem a efetividade da lei e a proteção
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que ela fornece às vítimas de violência física, emocional, patrimonial, sexual e de dano moral. Especialmente as mulheres cristãs, se sofrerem algum tipo de violência, não podem nutrir o sentimento de culpa e calarem-se diante do fato. Pelo
contrário, devem identificar o agressor e quais caminhos devem adotar para estancar a situação, sem o sentimento de culpa, vergonha ou pecado, por se ampararem na lei em busca de seus direitos. Violência doméstica cometida O Clarim | 45
ESPECIAL
Violência doméstica cometida contra a mulher é aquela praticada com a finalidade de retirar seus direitos, aproveitando de sua insuficiência
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contra a mulher é aquela praticada em um determinado ambiente (doméstico, familiar ou de intimidade), com finalidade específica de objetá-la, isto é, dela retirar direitos, aproveitando de sua insuficiência. Este espaço físico está no âmbito da unidade doméstica, compreendido por espaço caseiro, envolvendo pessoas com ou sem vínculo familiar. A Lei Maria da Penha, diferente do que muitos pensam, não foi simplista, mas elaborada a partir de uma luta profunda de sobrevivência da autora e de colaboradores. Foi criada após muitos estudos, desde 1983, quando a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes foi atingida pelo marido com um tiro de espingarda. Desde então, sua luta contra a agressão à mulher tomou um grande vulto, denunciando muitos atos violentos cometidos por homens sobre as mulheres, em uma disputa de gênero que merece atenção especial. No dia 20 de agosto de 1998, a própria Maria da Penha levou sua denúncia criminal à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e também foi recebida pelo Comitê LatinoAmericano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher. Assim, transformou-se em um relatório em 2001 e, somente em 7
de agosto de 2006, transformou-se na Lei número 11.340/2006, cujo capítulo II assim define: Art 7° São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I – a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II – a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III – a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força, que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação, ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
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ESPECIAL
30,7% donas de casa
39,3%
Perfil das mulheres vítimas de violência
entre 18 e 40 anos
6,3% comerciárias
3,6%
5,7% trabalhadoras da economia informal e profissionais liberais
funcionárias públicas
Fonte: Cavalcanti, 2012.
IV – a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V – a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Esses são os tipos de violência que podem ser denunciados em qualquer delegacia ou no Conselho de Referência de Assistência a Mulher (CRAM), cujo trabalho existe em todos os municípios, criados pelo governo Federal, com a finalidade de atender às mulheres vítimas de violência doméstica. www.fesofap.com.br
Quem é a mulher vítima de violência? Na Bíblia, encontramos a importância de se zelar pelo direito dos menos favorecidos: “Não discriminareis as pessoas em juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande; não temereis a face de ninguém, porque o juízo é de Deus; porém a causa que vos for difícil fareis vir a mim, e eu a ouvirei“ (Dt 1.17). Portanto, a mulher vítima de violência é alvo do interesse de Deus e não podemos ser coniventes ou tolerantes com a situação, alegando ser a vontade dele. Todas as mulheres que se enquadram em um ou mais dos cinco
artigos citados acima, coagidas, intimidadas, violentadas por alguém da família que seja de outro sexo; ou namorado, marido, amásio, ou que tenha vínculo com a pessoa, são consideradas vítimas de abuso. Mas há, infelizmente, mulheres cristãs vítimas dessas situações previstas na lei, porém, que não se manifestam por questões religiosas e doutrinárias. Essa maneira de perceber a realidade engana o pensamento e o abusador ganha força, pois sabe dos conflitos internos da mulher e a intimida para não denunciá-lo. A vítima da violência doméstica geralmente sofre calada porque se sente culpada como causadora da violência. Porém, os dados mostram que ela não é motivadora da agressão. Outros motivos que a impedem de delatar são: laços de afeto entre ela e o agressor; medo do abusador; dependência econômica; existência de filhos menores; ausência de apoio familiar para oferecer queixa; desinformação e ineficiência no atendimento prestado nas Delegacias de Polícia. O Clarim | 47
ESPECIAL
Perfil do agressor Quem é o agressor Na maioria dos casos, o agressor é homem, muitas vezes, com uma imagem pública impecável. No ambiente social não demonstra atitude violenta, isso só aparece dentro de casa. Sob o ponto de vista psicológico, esse homem tem insegurança em relação à própria virilidade ou ao seu papel masculino. Assim, em geral o agressor é possessivo, ciumento e vê a mulher como sua propriedade. Entre as razões que o levam a praticar a agressão estão a necessidade de controle ou dominação sobre a mulher; sentimento de poder frente à mulher; receio da independência dela e liberação da raiva em resposta à percepção de que estaria perdendo a posição de chefe da família. Contudo, denunciar o agressor não é nada fácil para a mulher, especialmente, a mulher cristã, que pode ser levada a pensar que deve tolerar todo o tipo de violência, para cumprir a Palavra de Deus que ordena a submissão da esposa. Devemos lembrar que um homem que agride sua esposa está desobedecendo frontalmente a Palavra de Deus, que manda aos maridos amarem suas esposas como Cristo amou a 48 | O Clarim
52% sem um perfil psicológico marcado, realizam abuso verbal e físico, porém em níveis menos severos que os outros grupos. Podem abusar verbalmente, patrimonialmente e emocionalmente
40% têm características de personalidade antissocial e tendência a realizar atos com extrema violência física e verbal, porém não sexual
8% têm personalidade antissocial e tendência a praticar atos com extrema violência sexual e física Fonte: Gondolf, 2004.
igreja, e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5. 25). Portanto, a Bíblia não diz ao marido: “bata, agrida, violente sua mulher”, ao contrário, “ame sua mulher como a seu próprio corpo” (Ef 5.28). Da mesma forma como um homem, em sã consciência, não exerce violência contra si mesmo, ele não deve agir dessa maneira com sua companheira.
A Lei Maria da Penha veio para proteger as mulheres oprimidas desta sociedade, na qual estamos inseridos. Vivemos em uma sociedade democrática e livre, mas esta liberdade é utilizada de forma prejudicial por aquele que faz vítimas e não percebe a manipulação que tem sobre o outro, impedindo a outra pessoa de sair da situação de www.fesofap.com.br
ESPECIAL
forma ilesa, sem culpa, sem remorso e sem dores. Mas como denunciar aquele que sustenta a família, que é bom pai, que, quando não se altera por bebida ou por falta de dinheiro, se comporta como um lorde, um homem gentil e bom? Quando agredida, a mulher está mais fragilizada e tende a agir e tomar decisões precipitadas pelo sofrimento e não porque está amparada emocionalmente. É necessário que ela tenha acompanhamento familiar, psicológico e pastoral, para que tome decisões acertadas. Ela precisa ter atitudes e, ao contrário do que muitos pensam, isso colabora para a recuperação do agressor na reflexão de seus atos frente ao sexo mais frágil. Assim, a Lei Maria da Penha não representa ameaça alguma aos homens praticantes da Palavra de Deus em relação a suas esposas, mas é uma proteção necessária às mulheres que convivem com homens violentos. A denúncia causa separação? Pode ser, porque as medidas protetivas previstas na lei (Cap. II, art. 18) amparam a mulher para se distanciar do indiciado. Mas se ele não for pego em flagrante, esse procedimento não ocorre imediatamente. No caso da violência patrimonial ou psicológica, que não aparecem nitidamente como a violência www.fesofap.com.br
A Lei Maria da Penha não representa ameaça alguma aos homens praticantes da Palavra de Deus em relação a suas esposas, mas é uma proteção necessária às mulheres que convivem com homens violentos.
pode representar a restauração do relacionamento, pois há casos em que o agressor, quando confrontado, arrepende-se e muda de atitudes. Em todo caso, a Lei oferece a você, mulher vitimizada, um novo caminho, de resgate da sua condição de mulher por inteiro, e não apenas de continuar sendo a pessoa que sustenta e alimenta no homem o machismo, a violência e a agressividade. No começo do processo, tudo é difícil, nebuloso, incerto, mas Deus a orientará a viver dignamente, sem violência, sem ressentimento em relação ao agressor, amparando-a em todos os aspectos.y
Elza Satiko Shudo Prado é psicóloga forense e atende mulheres vítimas de violência e crianças vítimas de abuso. Congrega na IAP em Cariovaldo (Maringá – PR) e integra a equipe da Resofap Norte Paranaense. Para contato, escreva para essp@tjpr.jus.br
Referências
física, a vítima pode se respaldar por atendimento médico, psiquiátrico e psicológico, que referendam o estado emocional e mental em que ela se encontra no momento da crise. Por outro lado, a denúncia
CAVALCANTI, S. Violência Doméstica. 4 ed. Revisada, ampliada e atualizada. Salvador: Editora Jus PODIVM, 2012. GONDOLF, E. W. Evaluating batterer counseling programs: A difficult task showing some effects and implications. Aggression and Violent Behavior Journal, 9, 605-631,2004.
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ENTREVISTA
NO CONTAINER com Jesus “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus...” (Mateus 5:11-12a) Por Lilian Mendes Tradução: Alyne Medeiros
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Fotos: Decio Figueiredo
ENTREVISTA
“O container não tinha mais de 6 metros, de modo que estávamos bem apertadas lá dentro. Havia 18 pessoas confinadas. Embora eu não fosse claustrofóbica, era difícil permanecer calma em um lugar tão pequeno. Descobrimos rapidamente que o container estava infestado por pulgas e piolhos e, como ficara vazio por um tempo, www.fesofap.com.br
os parasitas estavam famintos. Era como se meu corpo inteiro estivesse queimando. Conforme o dia clareava, o container começava a esquentar, até que o calor se tornou quase insuportável. Não tínhamos permissão para usar o banheiro. Quando uma das mulheres pediu para usá-lo, o guarda trouxe por cima dos ombros um balde grande e colocou dentro do container, dando risada. Quando a noite chegou, a temperatura do container caiu rapidamente. Tivemos que dormir em turnos para garantir que ninguém passasse a noite toda ao lado do 'baldebanheiro'.” Essa foi a “rotina” de Helen Berhane, 45 anos, uma cantora gospel confinada num container na Eritreia, durante 32 meses. Seu crime? Pregar o evangelho de Jesus Cristo para pessoas na rua, nas igrejas clandestinas, outras presidiárias e até mesmo para os guardas. Localizada no nordeste africano, a Eritreia é o 9º país em perseguição aos cristãos no mundo, segundo levantamento da Missão Portas Abertas. Segundo Helen, no livro Canção da Liberdade, cerca de 10% dos cristãos eritreus estão presos atualmente, na maior perseguição já vivida no país. Aproximadamente 50% deles já estiveram encarcerados em
algum momento da vida. Torturada muitas vezes, Helen não morreu porque Deus não permitiu. Ela a sustentou, a libertou e a tem levado a testemunhar por muitos países. Hoje ela vive na Dinamarca, com a filha Eva, 20 anos, mas não se esquece de seus irmãos na fé. Pelo contrário, seu chamado é ser “a voz dos que não podem falar”. Em setembro de 2014, Helen esteve no Brasil e recebeu a revista O Clarim para uma entrevista impactante. Vivendo num país onde o evangelho é proibido até hoje, como foi sua conversão? Helen – Quando eu tinha oito anos de idade, eu comecei a frequentar uma igreja. Depois de um tempo, meu pai construiu uma casa, nos mudamos para lá e encontrei outra igreja. Eu comecei a ver muitos milagres, muitas coisas sobrenaturais e, então, até hoje eu continuo seguindo a Jesus Cristo. Você imaginava que seria perseguida? Não teve medo? Helen – Eu nunca tive medo. Logo depois da minha conversão, eu comecei a ler muitos livros, muitos testemunhos de pessoas que já tinham passado pela perseguição. Um livro que eu li foi Torturado por Amor a Cristo, de Richard Wurmbrand. Eu usava esse livro para pregar nas igrejas e para prepará-las para a perseguição. Eu nem sei como esse O Clarim | 51
ENTREVISTA
material chegou até mim, mas foi como um preparo para o que eu iria enfrentar. A perseguição na Eritreia veio de repente: nossa independência foi em 1991 e ninguém imaginava que o novo governo teria esse posicionamento. Em que circunstâncias você foi presa? Helen – Eu já havia sido presa algumas vezes por pregar em lugares públicos, mas em delegacias comuns. Eu já era conhecida. Mas a última prisão, que foi a pior, foi quando gravei um CD e fiz um filme, junto com alguns amigos cristãos, intitulado O Evangelho é a Cura para o Mundo. O material fez sucesso, atingiu muitas pessoas pelo país, até lojas seculares o estavam vendendo. Foi então que o governo começou a me seguir. Um dia, em 2004, eu estava ensinando em uma classe de jovens, numa igreja subterrânea porque o governo já havia fechado todas as igrejas, ele só reconhecia a Igreja Católica, Ortodoxa, Luterana e o Islã -, quando os policiais chegaram e me prenderam. Em seu livro Canção da Liberdade, você relata como pregou para os soldados o tempo todo que esteve na prisão. O que a motivou a isso, apesar do tratamento ruim que recebia? Helen – Eu não sei explicar, 52 | O Clarim
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ENTREVISTA
era algo que vinha de dentro. Era uma necessidade que eu tinha, se eu passava um dia sem pregar para eles, eu sentia uma fome muito grande e quando eu pregava eu sentia um alívio, algo como “missão cumprida”. Era por necessidade que eu compartilhava a Palavra de Deus com eles. Muitas pessoas têm dificuldade com o perdão, em situações bem mais simples. Como você conseguiu perdoar seus agressores? Helen – Para mim, essa também é uma grande questão. Eu não sei como, mas Deus me dava muita graça, eu simplesmente olhava para eles e não sentia ódio, porque eles não sabiam o que estavam fazendo, eles não conheciam Jesus. Se olharmos para a Bíblia, Jesus passou por isso também. Ele curou pessoas, expulsou demônios, no entanto, foi torturado e morto. Mas as pessoas que fizeram isso não sabiam quem ele era. Se ele passou por isso, quem sou eu para não passar? Eu sigo a ele, não sou melhor que ele, então, é natural que eu também passe. Qual foi o pior período? Helen – O pior período que eu tive na prisão foi quando eles me colocaram num container com uma mulher que tinha problemas mentais e ela não recebia nenhum tratamento. Isso www.fesofap.com.br
Se olharmos para a Bíblia, Jesus passou por isso também. Não sou melhor que ele
durou 10 meses. Eu tinha que ficar o tempo todo de olho nela. Ela era grande e forte, então, sempre me agredia, puxava o meu cabelo, batia na parede do container e fazia um barulho enorme, de modo que eu mal conseguia dormir. Às vezes, eu estava comendo e ela chutava minha comida, então, foi uma época em que perdi muito peso. Algumas vezes, os guardas a deixavam do lado de fora do container para passar o dia, eram os momentos em que eu conseguia dormir um pouco. Não dava para estabelecer nenhum relacionamento entre nós duas. Em algum momento, pensou em desistir do evangelho, negar sua fé, negar a Deus? Helen – Não! Quando eu era adolescente, eu aprendi que, quando Deus permite uma prova, a gente precisa passar por ela. Se a gente não passar, não
cresce. Para mim, sempre foi muito claro que o cristianismo custava um alto preço. Eu sempre compreendi que Deus controla todas as coisas, então, eu não posso ficar culpando-o pelo que acontece, antes, devo clamar e confiar. Negar a Jesus nunca passou pela minha cabeça. Algumas pessoas têm uma imagem errada de Deus, acham que ele tem um jeito bravo, que só está disposto a punir e julgar, mas eu sempre tive entendimento de como ele me ama. Para mim, sempre ficou muito claro o Deus de amor que ele é. Como você lidava com a saudade de sua família, especialmente de sua filha? Helen – No tempo todo que eu estive presa, só vi minha filha uma única vez, mas eles permitiram para tentar com que eu mudasse de ideia e negasse a Jesus. Minha irmã e minha filha choraram muito nesse dia, ao me verem tão debilitada na prisão. Mas eles viram que eu não cederia por isso, então, eles não permitiram mais a visita delas. Como ocorreu sua libertação? Helen – Eu saí em 2006. Eu estava tão machucada pelas agressões, que eles me mandaram para eu morrer em casa. Eu havia sido severamente espancada com um bastão, em meu corpo todo. Quando eu estava na solitária, uma mulher foi colocaO Clarim | 53
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Canção da Liberdade O testemunho completo da Helen Berhane está neste livro. Pode ser adquirido no site www.portasabertas.org.br
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da comigo por alguns dias e ela também havia sido muito agredida com o bastão, a ponto dela não conseguir mais andar. O corpo estava duro como pedra, seu útero havia sido deslocado para fora e eu precisei encaixá-lo novamente. Então, quando eu vi o bastão do policial e me lembrei do que a mulher havia passado, eu pensei: “Senhor, creio que agora é o fim”. Eles me bateram muito, atingiram os rins, a ponto de a minha perna esquerda inchar completamente. Meu corpo ficou todo escuro, muito endurecido e eu tinha muito sangramento. O médico da prisão disse: “não há mais o que ser feito”, eu fui dada como morta. Então, me mandaram para morrer em casa, não por misericórdia, mas porque assim seria culpa da minha família. Apesar de eu ter sido enviada para casa, os guardas estavam o tempo todo ali, fazendo escolta. Isso começou a prejudicar muito minha família também, os meus familiares não tinham mais sossego, temendo que, se saíssem, eles me levariam de volta para a prisão. Então, não era apenas eu a vigiada, mas toda minha família. Foi quando decidi que precisava fugir. E como isso se viabilizou? Helen – Foi um milagre! Nós encontramos pessoas muito boas na imigração, que nos ajudaram. Fiquei dois meses em casa e
primeiro, fugi para o Sudão. Depois, fui para a Dinamarca, em outubro de 2007. Minha filha Eva veio depois de cinco meses. Sua travessia da Eritreia para o Sudão levou 50 dias e ela tinha apenas 12 anos, mas Deus cuidou de tudo. Depois, ela veio para Dinamarca e hoje, graças a Deus, estamos juntas. Você consegue auxiliar seus irmãos em Cristo que continuam na Eritreia? Helen – Sim. A forma que encontrei para ajudá-los foi viajando pelo mundo, porque assim eu sou a voz dos que não podem falar. Eu também viajo para Etiopia para encontrar esposas e filhos de pastores, cujos maridos ainda estão presos na Eritreia. Também ofereço ajuda a mulheres que, na fuga, foram estupradas na fronteira e têm filhos sem pai. Algumas delas também estiveram presas antes de fugir. Como Portas Abertas a encontrou? Helen - Eu conheci Portas Abertas quando eles foram me visitar no Sudão. Veio uma representante de Portas Abertas com um pastor, e eu me surpreendi porque ela sabia do que eu tinha passado na prisão. Na verdade, o mundo todo sabia, pois cheguei a receber três mil cartas de cristãos. Sou muito grata a Deus pela Portas Abertas, que desenvolve um papel fundawww.fesofap.com.br
ENTREVISTA
mental no suporte aos cristãos perseguidos. Como nós, mulheres do Brasil, podemos nos envolver com os cristãos que sofrem na Eritreia? Helen – A maior contribuição é orar. Você também pode ajudar financeiramente para que as pessoas sejam alcançadas. Mas, além disso, eu creio que os cristãos precisam se posicionar contra a perseguição e entender que os cristãos perseguidos são parte do Corpo de Cristo, nossa família, como está em I Coríntios 12: 26: “De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele“. A perseguição não acontece só na Eritreia, mas em muitos lugares. A razão de eu ter vindo da Dinamarca até aqui é para alertar que muitos pastores e membros estão sendo mortos nas prisões. O meu papel é despertar a igreja para essa realidade, pois precisamos saber e tomar uma atitude frente ao que está acontecendo. Sabemos que a perseguição é bíblica, mas os perseguidores extrapolam todos os limites. As formas como eles matam, dizimam famílias inteiras, é algo diabólico. Por isso, precisamos nos posicionar contra isso. y Leia a íntegra da entrevista em www.fesofap.com.br www.fesofap.com.br
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ENTREVISTA
Helen e Elizabeth: unidas pelo ministério Portas Abertas
Mulheres do Caminho A oração é um dos pilares fundamentais para a sustentação do ministério Portas Abertas – Servindo Cristãos Perseguidos, que atua em mais de 60 países. Tudo começou com o irmão André, um jovem holandês que “contrabandeou” bíblias em Varsóvia, em 1955. Aquele era o início de um chamado para socorrer cristãos que sofrem pelo evangelho, ao redor do mundo. No Brasil, Portas Abertas calcula que apenas 0,05% dos cristãos têm conhecimento e envolvimento com a igreja perseguida. Pode ser uma atuação ainda despercebida para muitos, mas certamente, é notada e impulsionada por Deus. O ministério de mulheres de Portas Abertas é composto por aquelas que dobram os joelhos clamando ao Senhor em todo o tempo, com um olhar especialmente voltado às mulheres perseguidas, que perdem maridos, filhos, ficam sozinhas, em muitos países, sem a chance de trabalharem. A cada dois meses, na sede em São Paulo, o ministério realiza tardes de oração, que chegam a reunir 80 mulheres. “As mulheres brasileiras clamam para que as irmãs perseguidas consigam resistir, como Helen Berhane resistiu. “Ela suportou porque havia pessoas orando, o Espírito Santo estava lá”, diz Elizabeth Banov, líder do Mulheres do Caminho.
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Em algumas situações, Deus presenteia essas mulheres fazendo-as conhecerem o resultado de sua intercessão. “Eu orei por uma mulher no Irã, líder de igrejas clandestinas, que foi presa com um grupo de cristãos. Depois, eu soube que ela fora libertada”, conta Elizabeth. “Um dia, um amigo me pediu para eu recepcionar uma amiga dele que estava chegando no Brasil e, para minha surpresa, era ela! Logo, ela estava em minha casa, contando o que o Senhor fizera! Ela relatou que entrou num período de depressão, em que questionava: ‘Senhor, te sirvo e agora estou numa solitária’. Ela havia recebido uma sentença de seis anos. No décimo dia, o Senhor apareceu a ela e perguntou: ‘Por que você me trata como um deus morto? Eu não estou morto, estou vivo, estou aqui’. Ela disse que ele ministrou a ela todos os dias, e sua cela nunca mais ficou escura. E assim foi por 37 dias, até ela sair da prisão, de forma miraculosa.” O Ministério também fomenta grupos de oração, que hoje totalizam mais de 40, espalhados pelo Brasil. Outra atuação é a organização de caravanas que participam de viagens de campo, visitando cristãs perseguidas em seus países de origem e compartilhando o sofrimento delas. Se você deseja saber mais, entre em contato com P o r t a s A b e r t a s p e l o e - m a i l f a l ecom@portasabertas.org.br ou tel. (11) 2348-3330.
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MULHER MODERNA
O futuro já
COMEÇOU Fotos: Ministério Público - Divulgação
Saiba quais são os benefícios do INSS e como adquiri-los Maisa Neves
coisa:... tempo para plantar, tempo para colher; ... tempo para guardar, tempo para jogar fora; ...tempo para guerra, tempo para ficar em paz. Que vantagem o homem tem com o trabalho pesado, que cansa tanto? Vendo os vários tipos de trabalho que Deus deu aos homens, fiquei pensando nessa pergunta. Todas as coisas têm seu valor quando são feitas na sua hora certa. Deus colocou a eternidade no coração do homem, mas assim mesmo ele não consegue entender completamente os planos e as obras de Deus. Por isso, eu conclui que: primeiro, não há nada melhor para o homem que se alegrar e gozar a vida enquanto puder; segundo, que ele “Há um tempo certo para cada deve comer e beber; aproveitar o
Nunca é cedo demais para pensar no nosso futuro e de quem amamos! E como não sabemos quando enfrentaremos uma situação de enfermidade ou de perda, é bom que estejamos prevenidas para o momento não se tornar ainda mais dramático, seja pela insegurança em prover nosso sustento ou em como manter financeiramente nossa família. Também precisamos pensar que chegará o momento em que não poderemos mais trabalhar pela idade avançada para, então, poder descansar e desfrutar o resultado de anos trabalhados. A Bíblia fala sobre a importância de nos preparamos para cada etapa da vida:
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Conheça os benefícios do resultado de seu trabalho. Essas Seguro Social – INSS, representad o p e l a s A g ê n c i a s d a INSS: duas coisas são presentes de Previdência Social, distribuídas Deus.”(Ec 3:1-13) Em nosso país, a Previdência Social é um regime contributivo, portanto, para ter direitos aos benefícios, o trabalhador precisa estar inscrito e manter o pagamento das contribuições em dia. Cumprindo essas duas exigências, a pessoa é considerada um segurado da Previdência Social. Com base na Cartilha Cidadão Idoso - Parceiro de uma Vida Inteira, vamos orientar nossas leitoras como funciona o sistema de aposentadoria e licenças em 1 nosso país. A área é administrada pelo Ministério da Previdência Social e o órgão responsável pela execução das políticas previdenciárias é o Instituto Nacional do 58 | O Clarim
em todo o país. Quem é segurada da Previdência Social? •Todas as pessoas empregadas com carteira registrada com a contribuição previdenciária dependente do valor do salário; •Prestadoras de serviço sem vínculo empregatício, trabalhadoras por conta própria, mas que contribuem mensalmente com a Previdência; •Microempreendedoras individuais; •Donas de casa cuja renda familiar seja de até dois salários mínimos, que estejam inscritas no CadÚNICO do Governo Federal e contribuam com 5% do salário mínimo, mensalmente.
Aposentadoria por idade A mulher que completa 60 anos e o homem com 65 anos de idade podem fazer o pedido de aposentadoria ao INSS, desde que tenham contribuído por, no mínimo, 15 anos. Os trabalhadores rurais também podem requerer aposentadoria por idade. Basta completar 55 anos (mulheres) e 60 anos (homens), sendo necessário comprovar o exercício de atividade rural pelo mesmo número de meses correspondentes ao www.fesofap.com.br
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número de contribuições exigi- quem trabalhou durante 15, 20 das aos demais segurados, para ou 25 anos, em condições prejudiciais à saúde ou à integridade obter a concessão do benefício. física. O benefício de aposentadoria especial, por idade e por tempo de contribuição, é irreversível e irrenunciável, por isso, após receber o primeiro pagamento, o segurado não poderá Aposentadoria por invalidez desistir do benefício. Você não precisa sair do Quando o trabalhador ou a trabalhadora estiver incapacita- emprego para solicitar a aposendo por doença ou acidente, não tadoria por idade, por tempo de podendo exercer as suas ativida- contribuição ou especial (nesse des que garantem o seu sustento, caso, não é permitido continuar poderá requerer a aposentadoria trabalhando na mesma atividapor invalidez. A incapacidade de). Mesmo depois de aposentaprecisa ser confirmada pela da, a pessoa poderá continuar empregada e recebendo a apoperícia médica do INSS. G e r a l m e n t e , o p r i m e i r o sentadoria do INSS, desde que benefício pago ao segurado não acumule outro benefício da incapacitado para o trabalho é o Previdência Social, exceto o auxílio-doença. Se concluído que salário-família e a reabilitação o segurado não tem condições de profissional. recuperar a capacidade de trabalhar, o auxílio-doença é transformado em aposentadoria por invalidez. Nessa condição, a pessoa fica impedida de voltar a trabalhar sem que comunique ao INSS. A cada dois anos, a aposentadoria é revista pela perícia Aposentadoria por tempo de contribuição médica do Instituto. Esse tipo de aposentadoria pode ser solicitado após ter contribuído para o INSS por 30 anos (mulher) ou 35 anos (homem), sem depender de idade mínima. Caso seja professor ou professora, esse tempo é reduziAposentadoria especial É o benefício pago pelo INSS a do em 5 anos. www.fesofap.com.br
Auxílio-doença O trabalhador ou a trabalhadora que adoecer ou sofrer acidente e ficar incapacitado(a) temporariamente para o trabalho poderá requerer o auxílio-doença se essa condição for comprovada pelo perito médico do INSS. Caso seja comprovada, será definido o período de duração do benefício. Importante: •Nem sempre uma doença impede alguém de trabalhar; •O perito médico do INSS não indica tratamento e nem receita medicamentos.
Auxílio-acidente Quando segurados e seguradas sofrem um acidente que deixam sequelas e reduzam, temporariamente, a capacidade de trabalho, eles têm direito ao auxílio-acidente, pago pelo INSS. O auxílio-acidente tem caráter de indenização, portanto, pode ser acumulado com o auxílio-doença O Clarim | 59
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(desde que não decorra do mesmo motivo), salário-família, salário-maternidade, pensão por morte e auxílio-reclusão. O benefício apenas deixa de ser pago quando o trabalhador se aposenta. Nesse caso, integrará o cálculo da aposentadoria. Este benefício só é devido aos segurados empregados (exceto o doméstico), trabalhador avulso e segurado especial.
Pensão por morte Tem direito a receber a pensão por morte os dependentes do segurado ou do aposentado que falecer. Os dependentes estão divididos em três grupos: •O cônjuge, o(a) companheiro(a) e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos de idade ou inválido, ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; •Os pais; •O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos de idade ou inválido, ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta 60 | O Clarim
ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Quando há dependentes de um grupo, os demais não têm direito ao benefício. É importante ressaltar que dependentes do segundo e do terceiro grupos devem comprovar que já dependiam economicamente do segurado falecido. A pessoa que recebe pensão de cônjuge, companheiro ou companheira, já falecido, poderá casar-se novamente e não perderá o benefício. Além disso, se estiver contribuindo poderá receber também a aposentadoria.
Auxílio-reclusão É o benefício a que têm direito os dependentes do segurado ou da segurada que se encontra preso ou presa, em regime fechado ou semi-aberto, durante o período de reclusão ou detenção. Não é pago nos casos de liberdade condicional ou cumprimento de pena em regime aberto. •Esse benefício é destinado a amparar a família do segurado da Previdência Social, enquanto o mesmo estiver recluso ou detento.
•Os dependentes deverão apresentar ao INSS, a cada três meses, atestado emitido por autoridade competente, que comprove que o segurado continua preso.
Salário-maternidade A mulher que contribui para a Previdência Social tem direito ao salário-maternidade por um período de 120 dias, em razão do parto ou no caso de adoção de uma criança de até 1 ano de idade. Se a criança adotada tiver de 1 a 4 anos de idade, o benefício será pago por 60 dias. Se tiver de 4 a 8 anos de idade, será pago por 30 dias.
Salário-família O idoso, empregado ou aposentado tem direito a receber o salário-família caso tenha filhos menores de 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade. Também tem direito a esse
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benefício se a sua renda mensal sua família, não tenha meios de não ultrapassar o valor máximo prover a própria subsistência. A definido anualmente. renda familiar per capita deve ser inferior a um quarto do salário mínimo (por pessoa). Este benefício não pode ser acumulado com nenhum outro benefício; não dá direito ao décimo terceiro salário; pode ser pago a mais de um membro da família, desde que comprovadas Benefício de Prestação todas as condições exigidas. Continuada – BPC Nesse caso, o valor do benefício O Benefício de Prestação concedido anteriormente será Continuada é um benefício incluído no cálculo da renda assistencial concedido à pessoa familiar (exceto quando se tratar portadora de deficiência (com- de benefícios concedidos a provada através da perícia idosos, que não entram no médica) ou ao idoso a partir de cálculo da renda per capita); 65 anos, desde que o mesmo, ou deixará de ser pago quando www.fesofap.com.br
houver superação das condições que deram origem à concessão do benefício, ou no caso de falecimento do beneficiário; é intransferível, portanto, não gera pensão aos dependentes.y
Dsa. Maisa Neves é analista do Seguro Social, congrega na IAP em Juquiá (São Paulo, SP) e integra a equipe da Fesofap. Referência 1 - BRASIL. Ministério da Previdência Social. Cidadão idoso - parceiro de uma vida inteira, DIRAT/INSS. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/ arquivos/office/1_121017-104915755.pdf>. Acesso em 15 dez. 2014.
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TUDO ao alcance da mão
A organização não é apenas um detalhe, pois muito de nosso tempo pode ser perdido tentando “decifrar” nossa própria desordem Valéria Duarte
A profissão de personal organizer está chegando ao Brasil para trazer qualidade de vida a todos. Uma consultoria em organização é o caminho para trazer tranquilidade para a vida de nós, mulheres. Existem momentos no nosso cotidiano que precisamos de ajuda, pois o tempo foge de nosso controle. Pensando nisso, resolvi ajudar as pessoas a ter mais tempo para as coisas mais agradáveis do que ficar envolvidas com as tarefas organizacionais da casa. Há pesquisas que comprovam que a bagunça faz mal à saúde, causa desordem mental, estresse e muitos outros malefícios. Segundo a antropóloga francesa Françoise Héritier, depois de calcular o tempo que uma pessoa ocupa com trabalho, sono, tarefas domésticas, higiene, refeições e compromissos, ela chega à conclusão que sobra, em média, uma hora e meia por dia para fazer o que se gosta1. Diante 62 | O Clarim
desta afirmativa, não podemos perder tempo com a bagunça. Entregar a organização de suas coisas para uma profissional é sinônimo de inteligência, rumo à qualidade de vida! Não existe nada mais desgastante do que perder nosso tempo procurando as coisas perdidas. Nada mais irritante do que querer muito usar “aquela” roupa e justamente ela estar perdida no meio de um “tsunami”. Para que você possa organizar melhor as coisas em sua casa, aqui vão algumas dicas. Com elas você logo vai notar a diferença em sua casa! Boa arrumação!y
Valéria Duarte é personal organizer e congrega na IAP em Pq. Edu Chaves (São Paulo, SP). Para saber mais, escreva para contato@valeriaorganiza.com.br ou acesse facebook.com/Valeria.organiza Referência 1-Revista Boa Forma, edição 326, dezembro de 2013.
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Quarto das crianças As sapateiras plásticas ou de tecidos, antes usadas somente escondidas atrás das portas com sapatos, agora são coringas para a organização da casa em vários ambientes. No quarto das crianças, elas são excelentes para guardar os brinquedos menores. Por exemplo, no caso dos meninos, os bonecos de super-heróis, os carrinhos e joguinhos pequenos. Para as meninas, fica perfeito para guardar bonequinhas, bichinhos de pelúcia pequenos, canetinhas e lápis de cor, enfim, para tudo que seja de tamanho menor.
Banheiro Nos dias de hoje, os espaços estão cada vez menores, e o banheiro é o lugar mais atingido. Existem várias dicas interessantes para deixar o banheiro charmoso e elegante. Usar caixas de madeira, vime, tecido, qualquer que seja o material, deixa o ambiente perfeito. Usar caixas para colocar as toalhas em rolinhos fica lindo. As caixas podem ser colocadas em baixo da pia, penduradas na parede, em cima de uma prateleira, enfim, sempre existirá um lugar em que ela se encaixe perfeitamente. Caixas organizadoras são muito úteis para acomodar tudo com ordem.
Cozinha Este é um lugar de destaque, não somente para as mulheres, mas para todos e deixar o ambiente bonito é fundamental! Se o problema for ganhar espaço nos armários, a grande dica são os aramados. Existem aramados para otimizar os espaços dentro dos armários e ficam ótimos. Hoje temos as meiaprateleiras, os aramados para xícaras, copos e pratos, oferecendo um leque de opções que facilitam ‒ e muito ‒ a vida de quem quer deixar tudo organizado e bonito. Para quem mora em apartamento, onde a cozinha é normalmente minúscula, não deixar “coisas” acumuladas em cima da pia é a receita do sucesso. Agora existe escorredor de pratos dobrável que, após o uso, pode ser guardado, deixando a pia completamente livre.
Lavanderia Para que tudo fique organizado, guarde os panos, escovas e buchas junto com os baldes e os produtos de limpeza em local fechado, longe do alcance de crianças e animais domésticos. Precisa abrir espaço? Invista em ganchos na parede para pendurar vassouras e rodo.
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PORTAL DE ORAÇÃO
A FAMÍLIA
sob ataque
Deus conta com mulheres comprometidas que orem pela preservação do seu projeto
Terezinha Marques do Prado Ferreira Temos plena convicção de que a família é projeto de Deus. Ao criar a família, Deus desejava que o lar fosse um lugar de refúgio, paz e segurança para o ser humano. “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou, macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.27-28). Deus se deleitou na sua obra e lhe atribuiu valor. Somos obraprima de Deus! Ele expressou seu amor por nós, criando-nos à sua imagem e semelhança. Porém, a família tem sido bombardeada pela sociedade e os valores morais têm sido invertidos. Os princípios da Palavra de Deus estão sendo banalizados. Hoje, o que era anormal há algum tempo atrás,
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tem sido aceito como normal. Essa inversão de valores pode ser aceita pela sociedade moderna, mas não para nós, crentes em Jesus. Por isso, amadas irmãs, Deus conta com mulheres prudentes, sábias, para edificar suas casas, para resgatar princípios bíblicos para suas famílias. Isaías 32.9 (NVI) registra: “Levantai-vos, mulheres que viveis despreocupadamente, e ouvi a minha voz, vós filhas, que estais confiantes, inclinai os ouvidos às minhas palavras.” Estudando o livro de Isaías, notamos que ele profetizou tribulações para o povo de Deus! Ele previu que haveria lamentação e luto. Haveria tristeza nos lares felizes de Jerusalém. Naquela época, foi então lançado um grande desafio para as mulheres de Jerusalém para que saíssem da zona de conforto e ajudassem a nação a buscar a verdadeira segurança no Senhor.
Hoje não é diferente! Em um tempo como este, o Espírito Santo conta com mulheres comprometidas com ele, que lutem pelo bem-estar da família. Não podemos nos conformar com este mundo mau. Quem se levantará para defender o projeto tão sublime de Deus? O desafio é para nós, mulheres do século XXI. Amadas, se orarmos por nossa família e seguirmos o que a Bíblia nos ensina para vivermos bem, o Espírito Santo fará mudanças duradouras nela. y
Terezinha Marques do Prado Ferreira congrega na IAP em Santo Amaro (SP) e é vicediretora da Federação das Sociedades Femininas Adventista da Promessa.
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PORTAL DE ORAÇÃO
Ore para que Deus renove o amor, para que haja unidade entre os casais. “Duas pessoas andarão juntas se não estiverem de acordo?”(Am 3.3). Ore para que haja paz e harmonia em nossas famílias. “Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua” (Rm 14.19). Ore para que o Senhor nos dê sabedoria para tornar o nosso lar um abrigo seguro. “Com sabedoria se constrói a casa, e com discernimento se consolida. Pelo conhecimento os seus cômodos se enchem do que é precioso e agradável” (Pv 24.3-4). Ore para que o Senhor dê forças aos maridos e esposas para resistirem às tentações (adultério, pornografia e toda perversão sexual). “E não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13a).
Ore para que o Senhor nos torne cada vez mais bonitas, desejáveis e atraentes para nossos esposos, e que nenhuma de nós venha a ser tentada a pensar em buscar satisfação em outra pessoa. “Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude.” (Pv 5. 18). “Como você é linda! Como você me agrada! Oh, o amor e suas delícias!” (Ct 7.6). Ore para que, como esposas, possamos ser cordiais, amorosas e carinhosas.“O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de especiarias, para descansar e colher lírios. Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele descansa entre os lírios”(Ct 6.2-3). Ore para que seus filhos vejam o lar como um lugar de aconchego e acolhimento, no qual eles podem conversar sobre acertos ou erros. Que possamos repreendê-los, quando necessário, com amor. “E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4).
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SAÚDE
TENSÃO Pré-Menstrual
Incômodo presente em cerca de 80% das mulheres, a TPM pode ser amenizada com tratamento adequado Claudia Falcão As mulheres sofrem alterações nos níveis hormonais diariamente, podendo ter o humor um pouco alterado em função disso. Mas quando falamos de Tensão PréMenstrual, referimo-nos ao pior momento do mês. É aquele período em que a mulher segura o mau humor no trabalho – quando consegue – para explodir em casa. Aí, sobra para todo mundo! Por isso, acredito ser um tema que interessa tanto às mulheres 66 | O Clarim
quanto aos homens, pois todos sofrem com a TPM. Mas, por que tem de ser assim? Por que as mulheres são tão complicadas? As mulheres são complicadas, mesmo! Os homens são bem mais simples. Mas, a boa notícia é que não precisamos sofrer tanto com a TPM, nem com as mazelas que causa, pois hoje temos muitos tratamentos eficazes, quando individualizados para cada paciente. De acordo com o protocolo publicado no Royal College of
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Obstetricians and Gynaeco-logists , a TPM é uma síndrome composta por manifestações físicas, emocionais e comportamentais que acomete mulheres em fase reprodutiva na ausência de doença orgânica ou mental que possa simular os sintomas. Ela acomete entre 75 a 80% das mulheres, com grande variação no número, duração e gravidade 2 dos sintomas . Mulheres que apresentam sintomatologia mais severa são classificadas como portadoras de Distúrbio ou www.fesofap.com.br
SAÚDE
Transtorno Disfórico PréMenstrual (DDPM)2. A TPM acomete a mulher na fase lútea (após a ovulação) e desaparece durante a menstruação. Mais de 200 sintomas têm sido associados à TPM1, sendo que os mais comuns são: Sintomas emocionais: humor deprimido, agressividade, irritabilidade, ansiedade e isolamento social ou falta de interesse em atividades do dia-adia; Sintomas físicos: dor nas mamas, inchaço no corpo, dor de cabeça e alterações no padrão do sono e apetite.
Atividades físicas e chás O diagnóstico da TPM é feito em casa pela própria paciente, que anota em um calendário, por pelo menos, três meses consecutivos, os dias em que teve dor de cabeça ou se sentiu triste e chorosa e quando a menstruação começou. Exames complementares podem ser solicitados para descartar outras causas para os sintomas. A partir daí, inicia-se uma avaliação da quantidade e gravidade dos sintomas para, então, se propor um tratamento adequado. Atividade física, como caminhada, alimentação saudável e boas noites de sono são www.fesofap.com.br
O uso de chás diuréticos ou calmantes estão indicados neste período
recomendadas para todas as mulheres, pois diminuem o estresse do dia-a-dia e, por consequência, diminuem a intensidade dos sintomas durante a TPM. O uso de chás diuréticos (carqueja) ou calmantes (camomila, melissa) também estão indicados neste período, principalmente, se substituírem
bebidas como café e refrigerantes. Porém, cuidado com os chás: alguns contêm níveis altos de cafeína, podendo aumentar a ansiedade. As pacientes que mantêm sintomas leves, mesmo com a melhora do estilo de vida, podem se beneficiar com a prescrição de suplementos alimentares contendo: Vitamina B6: por ser uma coenzima na biossíntese da 2 dopamina e serotonina ; Cálcio: a diminuição dos níveis de cálcio no sangue está associada à irritabilidade e a estados de agitação. Estudos demonstram que os níveis de cálcio no sangue se encontram mais baixos antes da menstruação3; Magnésio: mulheres com TPM têm baixos níveis desse mineral em algumas células do sangue3, sendo que a sua reposição traz benefícios na diminuição da retenção hídrica (inchaços). Porém, mais estudos de boa qualidade metodológica são necessários para se determinar a real eficácia desses regimes terapêuticos2. Os fitoterápicos também têm seu papel na melhora dos sintomas de mulheres com TPM leve, com relativo sucesso, mas sempre sendo necessária uma prescrição criteriosa. Entre eles, temos: Óleo de Prímula: é rico em ácido graxo essencial, podendo O Clarim
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SAÚDE
diminuir a dor nas mamas e a 3 irritabilidade ; Vitex agnus-castus: arbusto originário da região mediterrânea, com ação moduladora na secreção de prolactina que demonstrou ser eficaz na melhora dos sintomas2. As pacientes que não se beneficiam com essas terapias por ter sintomas mais acentuados podem ser tratadas com anticoncepcionais contendo estrógeno e progesterona. Os contraceptivos são muito eficazes tanto na obtenção do alívio dos sintomas quanto na prevenção da reinci4 dência , mesmo que usados em pacientes que não necessitam de contracepção. A prescrição dos contraceptivos hormonais segue sempre as recomendações de eleg ib ilidade dos mesmos, segundo a Organização Mundial de Saúde2, não sendo aconselhável a utilização sem acompanhamento médico. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, os quais incluem a fluoxetina, paroxetina, sertralina e outros, são atualmente considerados a classe farmacológica mais eficaz no tratamento dos sintomas leves relacionados à TPM, bem como a forma mais severa, o DDPM2. Apesar de ser a primeira linha de tratamento, devem ser utilizados com cautela e em pacientes selecionadas, devido à possibilidade de efeitos colaterais. 68 | O Clarim
Há ainda outros tratamentos como ansiolíticos, diuréticos, androgênios, DIU-Mirena e análogos de GnRH, que também demonstram ser úteis. O importante é entender que devem ser levados em conta dois princípios básicos na escolha do tratamento: o custo dos efeitos adversos e a adaptação à gravidade dos sintomas2. Portanto, o tratamento sempre deve ser individualizado e acompanhado de perto por seu ginecologista. y
Claudia Falcão é ginecologista e congrega na IAP em Vila Medeiros (São Paulo, SP).
Referências 1. PANAY, N. Management of premenstrual syndrome. Royal College of Obstetricians and Gynaecologists Green-top Guideline,2007; v. 48, p. 1-16. 2. ARRUDA, C.G.; FERNANDES, A.; CEZARINO, P.Y.A.; SIMÕES, R. Tensão pré- menstrual. Federação brasileira das associações de ginecologia e obstetrícia; Sociedade brasileira de medicina de família e comunidade. p-4, 2011. 3. PAIVA, S. P. C.;PAULA, L.B.;NASCIMENTO, L. L. O. Tensão Pré-Menstrual (TPM): uma revisão baseada em evidências científicas, FEMINA, Jun/10, vol 38. 4. LOPEZ, L.M.;KAPTEIN, A.A.;HELMERHORST, F.M. Oral contraceptives containing drospirenone for premenstrual syndrome. Cochrane Database Syst Rev, 2009.
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MELHOR IDADE
O NINHO VAZIO Você pode descobrir beleza e significado nesta etapa da vida Marta Olívia de Oliveira Santos “Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono, e enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas... com a costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher e a levou até ele” (Gn 2. 21 e 22). Foi assim que a família começou. Foi assim que o Criador estabeleceu que seria a vida do ser humano: vivendo em família. Não existe uma definição capaz de exprimir perfeitamente o que significa “família”. Tudo o que acontece na vida de uma www.fesofap.com.br
pessoa, seja de bom ou de ruim, está relacionado com a presença ou ausência de uma estrutura familiar bem formada, de uma família saudável. “Tudo o que acontece em nossas vidas, fora de casa, cria em nós a necessidade de termos um lugar para onde correr em busca de amor, encorajamento, descanso e proteção e, assim, estarmos prontos de novo”.1 Vejo a ideia de ninho no primeiro capítulo da Bíblia: “Homem e mulher os criou... abençoou-os e lhes disse: 'Sejam
férteis e multipliquem-se'” (Gn 1. 27, 28). Um ninho sempre nos traz a imagem de uma família com filhotes sendo cuidados, protegidos, felizes. Uma das definições de ninho, no dicionário Aurélio, é: “um lugar onde os animais se recolhem e dormem”. Ninho humano é sinônimo de refúgio, aconchego, sobretudo, de amor. Amor que gera bem estar físico e emocional, onde é possível dormir. O homem ou a mulher que não sentir saudade da casa paterna, a meu ver, não será plenamente feliz e realizado. O Clarim | 69
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Há sempre um encanto, um inexplicável sentimento de deliciar-se, quando voltamos à casa paterna, à infância, passando pela adolescência, e chegamos ao dia em que deixamos o ninho. É quando entendemos quem realmente somos. “O ciclo vital é constituído por diversas fases como: período de crescimento, quando a assimilação prepara para a maturidade; período de maturidade, quando os processos biológicos estão a serviço da manutenção, reparo e procriação; e período de declínio, quando o intercâmbio biológico se atrasa em relação às necessidades de renovação e leva à morte”.2 Em sua sabedoria, Deus nos permite experimentar cada fase do ciclo apenas quando ela chega, apesar de precisarmos nos preparar para isso a vida inteira. Um filho, ao se despedir dos pais, na saída para a lua de mel, por exemplo, é incapaz de dimensionar com exatidão o sentimento que esses pais experimentarão ao voltarem para o ninho, agora vazio. E esse momento é único e diferente para cada casal.
Nem todos os pais adoecem Muitos estudos têm sido feitos sobre esse período na família. Há divergências até em relação ao termo para identificá70 | O Clarim
Um filho, ao se despedir dos pais na saída para a lua de mel, é incapaz de dimensionar o sentimento deles ao voltarem para casa
lo. Há os que usam “período pósparental” ou “pós-paternidade”, “meia-idade” ou, apenas, “ninho vazio”. Na maioria das vezes, esse período denominado por alguns de “Síndrome do Ninho Vazio” coincide com muitos acontecimentos inter-relacionados como o declínio biológico dos pais e as várias mudanças físicas acontecendo (menopausa, surgimento de doenças), acúmulo de fortes emoções, como a perda das funções de pai e mãe, e o amadurecimento dos filhos, além de outros fatores vistos como negativos para muitos, como a aposentadoria. Síndrome é um estado mórbido caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, que pode ser produzido por mais de uma causa. Mas, como eu disse, não é um termo adotado por todos, visto que nem todos os pais adoecem. Por mais que exista o
desconforto do ninho esvaziado, para muitos casais é um período emocionalmente neutro, com boa qualidade de vida. Pesquisas têm comprovado, ao longo das últimas décadas, que o grau de sofrimento nessa fase da vida familiar varia em função do país, da cultura, da realidade socioeconômica e da importância que a família dá à educação, à formação acadêmica e profissional dos filhos, ou seja, do lugar que a educação ocupa na lista de prioridades familiares. No Brasil, esses dados ainda são escassos, mas os poucos estudos realizados indicam que essa fase é acompanhada de sofrimento, brigas e casamentos prematuros, incluindo fortes mudanças na estrutura familiar, principalmente na vida financeira, em função do aumento dessa família, sem que haja conclusão dos estudos e estabilidade profissional dos filhos. A partir de então, muitos pais sustentam duas casas.
Equilíbrio é o melhor caminho Mas, focando especificamente no papel da mulher, encontramos algo interessante para refletir. Se, por um lado, a mulher de algumas décadas atrás, que se dedicava exclusivamente à criação dos filhos, sentia-se perdida ao vê-lo não precisando mais dela, por outro lado, a mulher moderna que estudou, foi atuar no mercawww.fesofap.com.br
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Mães que não conversaram com suas filhas, preparando-as para serem esposas e mães, podem colher frutos amargos do de trabalho, cuidou e investiu em si mesma, vê-se frustrada e deprimida, ao perceber que os filhos cresceram e ela não esteve presente o suficiente para prepará-los para serem lançados para fora do ninho. Mães que não conversaram com suas filhas, preparando-as para serem esposas e mães, muitas vezes colhem frutos amargos. Não é raro vermos filhos voltando para a casa paterna, trazendo seus filhos, muito pouco tempo depois de saírem dela. São avós maduros educando netos pequenos. E vale lembrar que o ciclo vai em frente. Não há volta para reparos e consertos. O equilíbrio saudável é o melhor caminho. É bíblico. Seja trabalhando fora ou escolhendo cuidar exclusivamente dos filhos enquanto pequenos, é preciso que a mulher cristã não fuja do seu papel de mãe. Ela pode fazer tudo isso e, ao mesmo tempo, investir em sua saúde física, www.fesofap.com.br
mental, emocional e espiritual, pois maior será o seu grau de felicidade, seja qual for a fase do ciclo de vida que experimenta. Até na velhice, produzirá frutos! Não dá para fugir do que Deus determinou desde o início. Há um tempo para todas as coisas. Seja deixando o filho pela primeira vez na escola, ou na faculdade ou levando-o para embarcar para a lua de mel, Deus é soberano, faz tudo perfeito e no seu tempo, deu-nos Sua Palavra para nos orientar e estará sempre conosco. Enquanto escrevia este artigo, assisti a uma reportagem sobre biólogos da cidade de Campo Grande (MS), recolhendo filhotes de arara Canindé dos ninhos, em troncos de palmeiras, e assistindo-os em seus primeiros voos. Fiquei emocionada! Lindos, nas suas cores vibrantes, prontos para seguirem seu instinto dado por Deus. Louvo a Deus pelo momento em que estou vivendo, do ninho vazio. É, de certa forma, doloroso, mas tem sua beleza e seu significado. Há muitos anos, li essas palavras que sempre me ajudaram muito, neste conceito de ninho. E ainda mais agora, quando ele ficou vazio. Pense nisto: “Quando a casa em que passamos a maior parte da nossa vida for derrubada. Quando os quadros que pintamos forem leiloados. Quando as blusas que
tricotamos estiverem cheias de buracos...O que restará? Restará a doce fragrância do amor. Ele ainda estará vivo nas lembranças e, sussurrando, ainda diremos: Ele era bondoso, e me amava. Ela era bondosa, e me amava.” (Autor Desconhecido) Aqui vamos sempre ter tristezas, lágrimas, ninhos vazios... Mas o lar eterno, a Casa do Pai, nos aguarda. Lá, não haverá mais despedidas. É para lá que desejamos e precisamos ir.y
Dsa. Marta Olívia de Oliveira Santos congrega na IAP em Brás Cubas (Mogi das Cruzes – SP) e é especialista em Aconselhamento Familiar. Referências CARTER B.; MCGOLDRICK, M. As Mudanças no Ciclo de Vida Familiar: uma estrutura para a terapia familiar. Porto Alegre: Artmed, 1995. 1 - LAMP, B. Fragilidade e Força – Mulheres no Ministério Cristão. João Pessoa: Betel Publicações, 2009. 2 - MCCULLOUGH PG, RUTENBERG SK. Lançando os filhos e seguindo em frente. In: CARTER B, MCGOLDRICK M. As mudanças no ciclo de vida familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. SARTORI, A. C. R.; ZILBERMAN, M.L. Revisando o conceito de ninho vazio. RevPsiq Clín. 36(3): 112-21, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?scrip t=sci_arttext&pid=S010160832009000300005. Acesso em: 15 nov. 2014.
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Meu namorado não é evangélico. Qual é o problema? Mesmo sabendo dos riscos, muitas garotas firmam relacionamentos que acabam de forma desastrosa Rute de Oliveira Soares
Quem nunca ouviu histórias parecidas com esta: “Estou apaixonada! Ele é maravilhoso! Tão carinhoso, gentil e compreensivo! Só tem um probleminha: Não é evangélico... Mas, apesar disso, ele tem um testemunho melhor do que muito crente que eu conheço... Não é possível que Deus não aprove o nosso relacionamento!”. Outro argumento comum é o seguinte: “Conheço várias pessoas que se casaram com não crentes, depois houve conversão e conseguiram viver uma vida conjugal feliz”. Ou ainda: “Vou 72 | O Clarim
levá-lo para a igreja e fazer estudos bíblicos com ele. Penso que Deus o colocou em minha vida, para que ele se converta”. São opiniões difíceis de serem contestadas, afinal, fortes sentimentos envolvem essas declarações. Mesmo estando intensamente apaixonada, é muito importante saber qual é a opinião de Deus sobre situações como as apresentadas acima, a fim de não relativizarmos a vontade divina de acordo com o que julgamos. A posição de Deus é claramente declarada na sua Palavra em 2
Coríntios 6.14-18 (NVI): “Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente? Que acordo há entre o templo de Deus e os ídolos? Pois somos santuário do Deus vivo. Como disse Deus: 'Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo'. Portanto, 'saiam do meio deles e separem-se', diz o Senhor. 'Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei e lhes
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serei Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas', diz o Senhor Todopoderoso.” Algumas pessoas, quando alertadas sobre um perigo iminente, têm a tendência de achar que elas serão uma exceção. Esta prerrogativa existe, porém, a chance de errar é muito maior do que a de acertar. O Pr. Jaime Kemp1 perguntou a uma jovem, que morava em São Paulo, sobre qual decisão ela tomaria se tivesse que fazer uma viagem para o Rio de Janeiro e soubesse que 90% dos voos de determinada empresa de São Paulo ao Rio, às 8 horas de terçafeira, estavam caindo. A pergunta foi: “Você tomaria este avião?” A resposta foi: “Claro que não! Ninguém seria tão inconsequente assim!”. Quantas meninas, mesmo sabendo do risco que estão correndo, acabam entrando em um relacionamento que tem todas as condições de se transformar em um desastre. A palavra de Deus é clara quanto ao aviso de não se colocar em jugo desigual. O jugo é um suporte de madeira que, colocado sobre os pescoços de dois animais, emparelha-os para um trabalho agrícola em comum. Um boi unido pelo jugo a um cavalo seria uma catástrofe e tornaria a atividade impraticável, porque são animais de
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A compatibilidade espiritual será uma plataforma segura para a construção de uma família
natureza totalmente diferente. A Bíblia diz que, no caso de relacionamentos humanos, mais precisamente, quando se pensa em namoro e casamento, esta regra de “não se ajuntar em jugo desigual” deveria ser seguida à risca. Ninguém quer se casar para ser infeliz. Pelo contrário, um casamento feliz é o sonho de todas as meninas! Assim, observe esta ordem divina para evitar um relacionamento desastroso. A compatibilidade espiritual será uma plataforma segura para a construção de uma família. Os filmes, as novelas, os romances têm roteiros nos quais o impossível acontece e a conclusão é sempre um final feliz. Mas, não se iluda, porque isso acontece apenas na ficção. A vida real é bem diferente. Existe a possibilidade de conversão através do namoro ou casamento com uma crente em Cristo? Sim, é possível, mas
considere isto uma notável exceção. Os riscos de assumir um relacionamento com esta perspectiva são altíssimos. A maioria das pessoas que fizeram esta opção, e tiveram sucesso, têm histórias dramáticas para relatar sobre a luta travada até a conversão do cônjuge. Quantas desistiram do casamento por não suportarem o sofrimento! Amar alguém e ser correspondido é maravilhoso! Mas, não se deixe levar por uma emoção momentânea. Tenha a coragem de expor seus sentimentos à luz da Palavra de Deus. Analise as circunstâncias de acordo com a vontade divina e você tomará a decisão acertada. Assim, terá uma história de amor com o esperado final: “E viveram felizes para sempre”!y
Dsa. Rute de Oliveira Soares congrega na IAP em Vila Maria (SP) e é diretora do Departamento Infantojuvenil da IAP - Convenção Geral.
Referências 1 - KEMP, J. Eu amo você. Namoro, noivado, casamento e sexo. São Paulo: Editora Betânia, 1984, p.20.
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DICA DE LEITURA
Por que (sempre) faço o que
NÃO QUERO? Elben M. L. César (Editora Ultimato)
Andrei Sampaio Soares O escritor e pastor Elben M. Lenz César apresenta, neste livro, como a maldade é perceptível a cristãos e não cristãos. Por exemplo, na confissão paulina: “Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço” (Rm 7.19). Ou na expressão do matemático e filósofo francês Blaise Pascal: “Temos duas caras e vivemos sob disfarces na tentativa de ocultar dos outros o que realmente somos”. Como nos conta a própria sinopse do livro, a pergunta “por que sempre faço o que não quero?”, não é coisa de religiosos ou conversa de confessionário. Está na boca dos intelectuais, dos psicopatas, no meio do povo e também nas igrejas. Ela é comum a todos os seres humanos. Com uma linguagem simples, um estilo cativante, muito profundo e bíblico, Elben César nos indica que a pergunta tem resposta e solução. A salvação pela fé em Cristo nos liberta do pecado no passado, quando somos justificados em Cristo; do pecado no presente, pois pela santificação do Espírito nos afastamos dele e nos mostra que, na glorificação, na segunda vinda de Cristo, nos veremos livre dele. Ótima leitura!y Mis. Andrei Sampaio Soares congrega na IAP em Vila Medeiros (São Paulo – SP) e é colaborador do Departamento de Educação Cristã (DEC) da Igreja Adventista da Promessa.
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