Edição 22 - O Praça (2004)

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SIM, NÓS PODEMOS! Cada praça será juiz dessa decisão: ou está com seus irmãos de farda – com seus iguais – ou aceitará o jogo vindo de cima, na esperança vã de que terá dignidade ao lado dos indignos

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perar todos os receios e abraçar a causa dia 1º de dezembro será a nossa pro comum pelo futuro que almejamos. A riva de fogo, um marco onde estará em gor, nós construímos a APRASC esperanjogo o tamanho da nossa dignidade. do por esse dia, o dia em que todos serão Está mais do que claro que os governantes colocados à prova. Sabemos que serão fazem pouco caso da nossa categoria e da milhares conosco, apesar das dificuldades. nossa capacidade de auto-organização. QueEm sentimento e vontade, a maioria estarem soterrar nossos sonhos para que vivará conosco. Mas agora é preciso mais que mos mais um século debaixo dos mesmos vontade: é preciso determinação e engajarigores e comendo do mesmo pão. mento ativo. Se nos respeitassem não estariam nos traNão queremos subverter a hierarquia, tando assim. E continuam a mesma lógica nem destruir nossa Instituição. Zelaremos de inventar notícias repetidas anos após pelo patrimônio público e pelos valores anos, buscando convencer a sociedade de humanitários mais elevados. Não quereque as coisas estão mudando. Reclamam que mos desrespeitar ninguém que use a nossomos intransigentes, e nos inventam um sa farda e não compraremos inimigos grabocado de trincheiras inquisitivas e disci- Assembléia geral da APRASC realizada em 10 de novembro tuitamente. Em contra-partida, pedimos plinares com o fito de nos fazer retornar aos respeito – que não tentem parar nossa porões do silêncio subserviente. marcha, que não obstruam a roda da hisNada disso nos convence e muito metória. Queremos um futuro de cordialidanos mutila nosso brio. Nenhuma categoria de e confiança mútua, mas isso só pode e nenhuma entidade de classe teria mais paser se efetivamente estivermos juntos nas ciência com um governo do que nós tivehoras mais difíceis. mos com o atual, portanto, temos sido é Nós praças sabemos o que é necessário muito pacientes. Dezenas de vezes fomos e se fala em todos os quartéis do Estado chamados a apoiar, e lá estávamos com o aquela palavra proibida. “Se todos fizerem, fito de melhorar a situação salarial e as coneu faço” é a expressão mais comum. Pois dições de trabalho de todos os profissiobem, façamos todos. Nada é impossível de nais da segurança, elemento indispensável mudar! Se todos sempre pensaram em faà elevação da qualidade do serviço prestazer, e isso não aconteceu antes, é porque do à população. cada um pensou em seu tempo, em seu O governo está tentando convencer de que a organização não resolve nada, e por isso Praças - mais uma vez - lotam as galerias da Assembléia ritmo, em seu próprio local de trabalho, isolado. nos deixa esperando, apostando que a mai- Legislativa, em audiência pública no dia 10 de novembro Agora temos a possibilidade, ímpar em oria se afaste da APRASC, ficando mais fánossa história, de fazermos todos juntos, cil reprimir e continuar ludibriando. Cada ao mesmo tempo. Milhares estão pensando no praça será juiz dessa decisão: ou está com seus Estado inteiro a mesma coisa. É preciso que irmãos de farda – com seus iguais – ou aceitatodos façam a mesma coisa, ao mesmo tempo, rá o jogo vindo de cima, na esperança vã de no mesmo dia e na mesma hora (pelo menos que terá dignidade ao lado dos indignos. para começar). O dia é 1º de dezembro – ALNós continuamos acreditando na força da VORADA NA CAPITAL. organização, na capacidade de cada praça su-

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Dia 1 de dezembro:

ALVORADA NA CAPITAL

Que cada um cumpra o seu dever!


FORTALECIMENTO

Aprasquianos já chegam a cinco mil O mês de novembro de 2004 ficará na história como a data em que a APRASC atingiu 5 mil praças. Estamos apenas começando No dia 17 de novembro, a APRASC ultrapassou a barreira dos cinco mil filiados, um número expressivo para uma entidade que tem apenas três anos e três meses de existência. No começo diziam que não daria em nada, depois ficaram procurando elementos para desmerecer, diziam que ia ser “mais uma”, que era apenas para eleger um deputado (já em 2002 falavam isso) ou para apoiar o ex-deputado Jaime Mantelli. Teve até gente que ia lá na DP contar quantos éramos para poder dizer que era bem pouquinho o número de associados. Podem continuar a contar, a partir de agora o prazer é nosso. Podem dizer muitas coisas, todas fora de propósito e muitas vezes desprovidas de qualquer verdade. Absurdos do tipo que estamos enriquecendo, que compramos casa em Garopaba, que fomos todos para o PMDB, que recebemos dinheiro dali ou de acolá. Aliás, podem dizer isso, mas continuem dizendo às escondidas, de

Praças eleitos nas eleições municipais Na última edição do jornal O Praça publicamos o nome dos praças que foram eleitos vereadores nas últimas eleições. Por falta de informação, deixamos de publicar o nome de pelo menos um. Trata-se do Soldado Lúcio Luiz de Lima, que trabalha em Braço do Norte e foi eleito pelo PDT na cidade de Capivari de Baixo, com 418 votos. Desejamos boa luta ao companheiro na Câmara de Vereadores e continuamos à disposição para o que podermos contribuir. Abaixo publicaremos novamente o nome dos eleitos: • Sargento Pacheco: eleito vereador na cidade de Lages, pelo PP. • Sargento Eduardo: eleito como primeiro suplente a vereador na cidade de Joinville. Deve assumir a cadeira, pois seu partido, o PSL, faz parte da coligação que elegeu o prefeito da cidade. • Sargento Batista: eleito como primeiro suplente pelo PSDB, na cidade de Tubarão. Também deve assumir a Câmara, pois o PSDB reelegeu o prefeito, que é amigo do Sgt Batista. • Sargento Burato: eleito vereador na cidade de São Miguel do Oeste, pelo PMDB. • Soldado RR José Carlos: reeleito em Caçador, pelo PP. • Soldado Marcil: eleito vereador na cidade de Abelardo Luz, pelo PTB. • Soldado Nelson: eleito vereador na cidade de Guaraciaba, pelo PT. • Soldado Paulo Meneghini: eleito vereador na cidade de Guaraciaba, pelo PMDB. Parabenizamos mais uma vez os companheiros, desejando que tenham pleno êxito no trabalho legislativo, engrandecendo nossa categoria e Instituição. A APRASC está à disposição e convida todos a somarem-se às nossas lutas. Sabemos que muitos outros foram candidatos, e que não conseguiram o êxito esperado. Desejamos a estes perseverança no caminho, e convidamos também a virem para a luta ao lado de todos os irmãos de farda.

trás do toco, pois se falarem perto de alguém dos nossos, ou se assinarem isso, serão instados a provar. Não tem nada não! Nossos propósitos são maiores que a imaginação destes pode alcançar. Dizem que cada ser humano costuma avaliar os outros segundo seu próprio caráter. Ou seja, se falam que estamos fazendo isso é porque fariam isso se estivessem em nosso lugar. A miopia intelectual impede essa gente de enxergar propósitos maiores no voluntarismo alheio. Olho grande cria remela. O que queremos de fato é agradecer, com toda franqueza e sinceridade, cada irmão de farda que confiou em nós. Já somos cinco mil. Muitos dos que hoje estão conosco nos conheceram pelo jornal da APRASC, pela página na internet, por ouvir falar de terceiros, pela imprensa. Muitos acreditaram sem sequer nos conhecer, sem nunca termos conversado. Muitos ainda não nos conhecem pessoalmente e con-

tinuam confiando. Não existe agradecimento formal que possa exprimir o sentimento de gratidão que temos. E não é pela nossa beleza, pela nossa inteligência, nem pela nossa coragem. Coragem quase todos os praças têm, caso contrário não teriam essa profissão – de alto risco. Nossa maior virtude, se quiserem encontrar uma, foi confiar na nossa categoria. A certeza de que uma categoria como a nossa tem um caminho de dignidade e glória a conquistar. Pedimos desculpas pelas nossas deficiências, e continuamos conclamando à união. União que só pode ser feita com base em algumas bandeiras, comuns a todos: justiça salarial, plano de carreira, dignidade profissional a partir de um novo regulamento disciplinar, ou um “código de ética” que estabeleça nossa disciplina segundo as necessidades da maioria da população.

Projeto de lei de promoção está em tramitação na Assembléia Legislativa Está tramitando na Assembléia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) um Projeto de Lei de autoria do governo do Estado que cria vagas para cabos e sargentos por antiguidade. Previa a criação de mais 800 vagas de Cabo Juruna e de mais 80 vagas de Sargento Juruna, a serem preenchidas em 2005 e 2006. O relator na Comissão de Constituição e Justiça da ALESC é o deputado João Henrique Blasi (PMDB), com o qual tivemos tratativas no sentido de modificar um pouco o projeto, para melhorá-lo. Até aqui, o deputado Blasi concordou em fazer todas as promoções previstas em 2005. Ele concordou também em aumentar mais algumas as vagas de Sargento Juruna de mais 80 passando para mais 112, o que totalizaria 150 vagas de Sargento Juruna e 932 vagas de Cabo Juruna, somadas às que já existem. Outra emenda ao Projeto que o Deputado Blasi já concordou em fazer, inclusive como um ponto de honra por compromisso assumido quando dirigia a Secretaria de Segurança, é garantir na forma da lei a realização do Curso de Aperfeiçoamento para o Quadro de Oficiais Administrativos (CAQOA). Ou seja, a lei existe há vários anos, mas sempre fica na dependência da iniciativa do comandante e concordância

do governador para que seja realizado. Com a emenda já proposta pela APRASC e aceita pelo deputado Blasi, o QOA estará sempre ativado, sendo realizado um novo curso sempre que 50% das vagas estiverem disponíveis. Ou seja, são 31 vagas no total, de sorte que sempre que 16 vagas estiverem ociosas, automaticamente o comandante e o governador deverão convocar outra seleção para o CAQOA. Assim, consideramos que daremos um avanço importante para impedir que praças completem os 30 anos de serviço sem uma única promoção. O quadro dos subtenentes e sargentos também terá uma oxigenação. Claro que isso não é um Plano de Carreira, mas já é um avanço, pois é um absurdo termos essas vagas todas paradas enquanto um enorme contingente de praças fica amargando até a aposentadoria, e mesmo depois de completar os 30 anos de serviço, sem ver seu esforço minimamente recompensado. Na terça-feira, 23 de novembro, o deputado Blasi relata seu parecer na Comissão de Constituição e Justiça. E estamos conversando no sentido de que o Projeto seja aprovado ainda esse ano, e vire Lei já para a promoção do mês de janeiro de 2005. Para outras informações, contatar a APRASC.

A luta não é contra a Instituição Nós não queremos destruir nossa Instituição, nós não queremos subverter a hierarquia. Pelo contrário, queremos garanti-la em consonância com os anseios da sociedade atual. Nós não procuramos inimigos, nem os faremos gratuitamente. Pelos 170 anos da Corporação, e por tantos outros que teremos ainda pela frente, pedimos tão somente que nos deixem passar. Não segurem a aurora do dia 1º de dezembro. Agiremos em conformidade com nossa consciência, conforme sempre pensamos em fazer um dia. Queremos resolver um problema pontual, de preferência em um

único dia, ou em poucos. Achamos melhor assim, de uma única vez, do que a omissão, o fingir que se trabalha, o faz de conta. A sociedade precisa e merece o melhor de nós, e só com profissionais motivados e respeitados poderemos melhorar a qualidade do nosso serviço. Antes que afrontá-los, pedimos apoio e consideração pelos profissionais que estão no dia-a-dia ao seu dispor. A atitude de cordialidade, que deve ser recíproca, vai ficar mais elevada depois do dia em que percebermos que os senhores estão do nosso lado.

Jornal da Associação de Praças de Santa Catarin (APRASC) Ano IV - no 22 - Novembro/Dezembro 2004 - Tiragem: 8.000 exemplares - Distribuição gratuita e dirigida Arte, diagramação e projeto gráfico: Alexandre Brandão Sede: Rua Deodoro, 176 - Edifício Soraya - 1o andar - Sala 11 - Centro - Florianópolis/SC - CEP 88010-020 Telefone: (48)223-2241 Presidente: Amauri Soares Vice-Presidente: Zulmar Vieira Secretário Geral: Manoel João da Costa 1º Secretário: Elisandro Lotin de Souza 2º Secretário: Domingos João Marques 1º Tesoureiro: Antônio Edilson Gomes de Medeiros 2º Tesoureiro: José Leal de Oliveira Godoy Vice-Presidente Regional Extremo Oeste: Flori Matias Vice-Presidente Regional Planalto: Dejair Nascimento Jerônimo Vice-Presidente Regional Vale do Itajaí: Armindo Maria Vice-Presidente Regional Norte: Irineu Woginhack Vice-Presidente Regional Sul: Claudemir da Rosa Coodenação de Imprensa: Edson Garcia Fortuna, Jadir Vieira, Alaor Antônio Bitencourt Coordenação de Assuntos Jurídicos: Ivan Avani Machado, Luiz Carlos Kangerski, Josué Martins Coordenação de Relações Públicas: Paulo Roberto da Silva, Gilmar Amarildo de Souza, Karla Lopes Viana Coordenação de Direitos Humanos: Gilmar Fernandes, Jorge Castanha de Araújo, Saul Honorato Filho Coordenação de Assuntos Culturais: Valmecir Machado, Antônio Francisco da Silva, Adriano Teixeira Coordenação de Patrimônio: Amarildo Antônio Medeiros, Luiz Carlos Rodrigues, José Deni Tibes Coordenação de Saúde e Promoção Social: Pedro Paulo Scremin Martins, Ângela Ventura de Oliveira, Paulo César Aguieiras CONSELHO FISCAL - Titulares: Marco Aurélio Hilleshein, Romário Pereira, Adilson Elizeu Pereira Suplentes: Clemilson da Silva, José Nascimento Bento, Daniel Pompeu Costa

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Informativo da APRASC - novembro/dezembro 2004

O Praça


1o DE DEZEMBRO

SÓ PRECISAMOS AGIR UNIDOS O dia 1o de dezembro é uma data muito importante, a mais importante desde a criação da APRASC, por isso que nós não podemos recuar nesse momento Temos ouvido vários colegas dizerem que farão se a APRASC convocar. Se for para valer, farão. Muitos dizem que farão se todos fizerem, pois todos entendem que só isso vai mudar o quadro atual. Pois lhes dizemos: a APRASC está convocando, a luta é pra valer e não tem como ser diferente. Diferente disso seria renunciar, dar de ombros, fingir que não percebemos que estamos sendo feitos de tolos. Temos dito, e eu reitero: prefiro ficar preso no Natal do que continuar sendo tratado assim. Essa é minha predisposição. Prefiro ficar preso a ter que explicar para cada praça que vejo o porquê de não ter vindo nada em tantos meses de espera. Se todos agirem juntos, ninguém será castigado, e esse é o entendimento que precisamos construir nas consciências de cada praça desse Estado. Pedimos a todos que estão irmanados nesse propósito a convencer cada companheiro de trabalho desse elemento simples: unidos, venceremos. É possível que durante os dias que nos separam da data chave (1º de dezembro), um anseio angustiante percorrerá a mente de praticamente todos os praças desse Estado. Uma vontade de liberar amarras de anos de profissão e ao mesmo tempo um receio enorme de vir a ser prejudicado. As noites serão mais longas e o anseio sempre virá: tenho filhos menores, o colégio, a rancho de cada mês, a prestação do carro e da casa, a escala (que embora

ruim pode piorar), o futuro. Isso é natural ao ser humano, é isso que nos faz humanos. Todos nós passaremos por isso até a data chave. Entretanto, não são estes sentimentos que devem nos afastar da decisão, da predisposição. Essa é uma data muito importante, a mais importante desde que criamos a APRASC. Estamos avançando há mais de três anos, e não podemos recuar agora. Essa angústia vai embora no exato momento que a marcha sair do lugar. Logo depois do primeiro passo, tudo fica absurdamente fácil. Ânimo É provável que mais de 90% dos praças queiram muito saber o que tem do outro lado dessa angústia. Nos ensinaram a temer até mesmo a hipótese, e temos que fazer um trabalho de autoterapia para desaprender a ter medo. Se em serviço fizemos coisas que depois duvidamos, por que não podemos fazer para requerer um direito? Até o dia 30 de novembro seremos milhares de ansiosos. No dia 1º de dezembro seremos uma avalanche de renascidos. “Se você for, eu vou!” Se é essa afirmação que fazes ao teu companheiro de trabalho, te respondo e peço que assim respondas a quem tem falar isso: “Eu vou”. Só falta superar o medo, esse sentimento que juramos que não temos. É um passinho apenas, o primeiro. Venha que eu estarei lá!

NÃO É MERA COINCIDÊNCIA

Secretário cria “factóide” contra mobilização No dia 19 de novembro, o secretário de Estado de Segurança Pública, Ronaldo Benedet, esteve em Criciúma, onde anunciou o início da próxima Operação Veraneio para o dia 1º de dezembro. Óbvio que a data foi escolhida com o objetivo de criar um “factóide” para tentar omitir o fato de que nós praças decidimos que nesse dia começaremos uma paralisação caso o governo não dê uma solução para o problema salarial. Mas o que revolta não é apenas essa triste falta de criatividade, nem essa intenção de criar uma notícia diferente para o dia 1º de dezembro. O que revolta, além desse enjôo que dá essas “coincidências”, é o tipo de propaganda que sempre fazem. “Serão 5 mil policiais a disposição dos turistas”, com a formatura de “mais 500 soldados”, “a contratação de mais 170 agentes”. Além disso, a PM vai ganhar mais dois helicópteros, pelo menos é o que informam os meios de comunicação. Será que continuam apostando na cegueira da sociedade? Será que ainda pensam que alguém vai acreditar que teremos segurança por conta dessas informações miraculosas? É só o cidadão comum puxar

pela memória que vai lembrar que há mais de dez anos a notícia é a mesma, mudando um ou outro número. Faz muito tempo também que estes números são uma mera fantasia. O número de policiais que trabalharam na operação veraneio de 1986-1987 certamente foi muito maior do que o número do último ano. E não adianta falar em 5 mil, pois isso é menos do que o efetivo que trabalha o ano inteiro na faixa litorânea do Estado. Ou seja, não vai mudar nada, o resto é notícia, ou a ansiedade por criar notícia. Quanto a comprar dois helicópteros para a PM, por favor, caso queiram efetivamente fazer isso (o que não acreditamos), lembrem que com esse dinheiro daria para pagar muito mais que os 15% de reajuste que o Governo nos deve, no mínimo, desde o mês de junho. Acaso os helicópteros vão fazer a segurança da sociedade? Acaso os policiais e bombeiros podem continuar sendo desrespeitados enquanto se produz esse tipo de notícia? Senhores detentores de cargos dirigentes, autoridades desse Estado: parem de debochar da paciência dos servidores da segurança, parem de nos humilhar, parem de tapar o sol com a peneira.

P-2 como aliado sim, como espia não A partir desse momento tomaremos uma nova atitude quanto ao P-2. Ou melhor: tomaremos outra atitude quanto às ordens de serviço que tenham por objetivo nos filmar, gravar, fotografar, catalogar. Temos todo o respeito pelos companheiros que trabalham nessa missão de fazer policiamento velado, pois isso também é importante para a segurança da sociedade. Entretanto, não aceitaremos mais em nossas manifestações o serviço secreto que tem por objetivo informar às peças inquisitórias os nossos atos, que são pacíficos e legítimos. Teremos fotógrafos e câmeras cadastrados por nosso O Praça

movimento e, é óbvio, a imprensa terá acesso livre a todas as informações, podendo circular com toda tranqüilidade em nosso meio. As ordens de espionagem são ilegais, atentam contra a liberdade de manifestação. Logo, pediremos aos colegas que estejam sob estas ordens que se afastem do movimento. Nenhum policial ou bombeiro militar é obrigado a usar peruca para trabalhar. Aqueles que se considerarem “espertos” o suficiente para fazer à revelia da vontade da maioria responderão pelos seus atos. Que ninguém venha disfarçado de praça para nosso meio, pois não arcaremos com as conseqüências. Informativo da APRASC - novembro/dezembro 2004

A MARCHA Atentem irmãos de farda. O descompasso de nossos passos sempre serviram a quem nos oprime. A nossa incerteza quanto ao futuro é a arma que nos divide. Nosso maior inimigo é nosso medo. Atentem irmãos de farda: eles têm mais motivos pra nos temer do que nós a eles. Nós somos a maioria, e fizemos praticamente tudo que a sociedade precisa em termos de segurança. Ou podemos fazer tudo?! Atentem irmãos de farda: quem pode fazer tudo durante todo o tempo, em todas as horas do dia e da noite, ininterruptamente, sob sol ou sob chuva, nos feriados e “dias santos”, também pode fazer nada, pelo menos por um dia. Atentem irmãos de farda: é mais fácil fazer nada que fazer tudo. Mas sabemos que nossa profissão é fazer tudo, e queremos bem fazêlo. Para isso precisamos quase nada: RESPEITO à nossa profissão e à nossa dignidade. Atentem irmãos de farda: nos desrespeitam aqueles que prometem e não cumprem, que enganam com promessas renovadas que não pretendem cumprir. Atentem que somos profissionais de verdade, e chega de desrespeito. Atentem irmãos de farda: quantos praças trabalhando sem condições para ganhar o pão de cada dia. É por eles e é por nós que devemos fazer. Levemos para a rua os sonhos dos irmãos caídos na batalha cotidiana. Atentem irmãos de farda: 170 anos de subserviência não construíram a Segurança Pública que a sociedade precisa e nem nos deram dignidade. Quem sabe se um dia só, unidos e irmanados, não possa mudar essa realidade!? Atentem irmão de farda: eles têm vários instrumentos para nos impedir (o nosso medo é o principal deles). Nós temos todos os instrumentos para fazer. E quem quer, faz, não manda e nem pede. É só pensar isso. Atentem irmãos de farda: se todos dizem que se todos fizerem também farão, então é só você fazer, coletivamente, que outros te seguirão. Do Norte, do Sul, do Planalto, do Vale, da Capital, marchando, unidos. Atentem irmãos de farda: ninguém e nada podem deter o curso de um grande rio. Ele segue, sempre conforme a gravidade. A gravidade que nos atrai é a justiça, separada de nós por um único calço: nosso medo. Supera ele e venceremos! Atentem irmãos de farda: não teremos mártires se formos juntos. E seremos maiores e mais úteis no dia seguinte. Mais orgulhoso todo aquele que disser: EU VOU! Quem não for, apenas fique, PARADO! Atentem irmãos de farda: o dia já está marcado – 1º de dezembro. Essa é NOSSA data e ninguém a roubará. Os antigos à frente, os “modernos” no meio. Cerrando fila a dignidade. ALVORADA NA CAPITAL.

Governador erra a tática Depois que o PT passou a fazer oposição aberta ao governo do Estado, o governador foi à Brasília buscar apoio em Aldo Rabelo (ministro da Coordenação Política) e em José Dirceu (ministro da Casa Civil). O objetivo do governador era pressionar o PT estadual para que relaxem a oposição, como fica claro. O que “Sua Excelência” teima em não ver é que seus problemas não estão em Brasília, e sim em Santa Catarina. Se resolver (minimamente) o problema salarial da base da Segurança Pública, se atender os estudantes quanto aos direitos do “Artigo 170” da Constituição Estadual, é provável que não precisará pedir apoio dos “comissários” Aldo Rabelo e José Dirceu.

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MOBILIZAÇÃO

Audiência Pública: Benedet não dá garantias Durante a Audiência de 10 de novembro promovida pela Assembléia, Secretário de Segurança continua sem dizer nada No dia 10 de novembro foi realizada uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa para discutir “o não cumprimento da Lei 254 e os altos índices de criminalidade em Santa Catarina”. A pedido da APRASC – e sob iniciativa do deputado Wilson Vieira, o Dentinho (PT), – a Comissão de Segurança da ALESC resolveu convocar a Audiência, que contou com a participação de cerca de 300 praças, de dezenas de cidades do Estado. Participaram da audiência, além do deputado Dentinho, que a presidiu sessão, os deputados Lício Mauro da Silveira (PP), da Comissão de Segurança Pública, e Joares Ponticelli (PP). O secretário de Estado de Segurança Pública, Ronaldo Benedet, representou o governo estadual. Esteve presente também o procurador de justiça criminal, Odil José Cota, representando o Ministério Público. Pela nossa Instituição participou o Subcomandante Geral, Coronel Dagostin, e o Tenente-coronel Clério César Corbini, representando o General Comandante da 14a Briga de Infantaria Motorizada. A APRASC também teve espaço à mesa, para falar e perguntar. Esteve presente o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Segurança Pública (SINTRASP), companheiro Carlos. O cabo J. Costa (diretor da APRASC) e o subtenente Córdova (aprasquiano de velhas guerras) também usaram a Tribuna para manifestação e para fazer perguntas.

O resultado é que não foi o esperado. O secretário Benedet falou em estratégias de segurança, falou que gostaria de poder resolver o problema salarial em sua pasta, para “pacificar” (termo dele) a relação com os servidores do setor, falou que a Lei 254 foi aplicada de forma equivocada, falou que por ele teria sido diferente. Perguntado sobre as possibilidades atuais, nada disse a não ser que não dependia dele, que tem a Lei de Responsabilidade Fiscal, etc. Ao final da audiência, para alguns diretores da APRASC que estavam perto, disse que iria discutir uma proposta com o governador e, caso aprovada, nos chamaria para debater. Nada mais. Por questionamento do deputado Dentinho, o procurador Odil José Cota, pediu a palavra para anunciar que o Ministério Público está à disposição para acionar o governo pelo não cumprimento da Lei 254. A ALESC vai fazer a solicitação nos próximos dias. Se não ouvimos nada de positivo do Governo com a realização da Audiência, é certo que o apoio à nossa demanda salarial saiu fortalecido. O posicionamento posterior de PP, PFL e PT estão também relacionados aos fatos do dia 10 de novembro. Ganhamos mais um batalha, ou pelo menos uma escaramuça de uma batalha. A luta continua e, se a guerra não está ganha, jamais será perdida.

REUNIÕES DA APRASC Rio do Sul e Alto Vale do Itajaí Estivemos em Rio do Sul, em 12 de novembro, onde fomos recepcionados por dezenas de praças de várias cidades do Alto Vale do Itajaí. A partir desta reunião, estamos com o pé fincado em Rio do Sul, fortalecendo toda a região. Só neste dia, trouxemos mais 30 novas fichas de filiação preenchidas. Brusque No dia 18 de novembro, fomos às Brusque, onde a APRASC é forte há mais de um ano. Na pauta, a preparação para o dia 1o de dezembro. Praças estão firmes em Brusque. Blumenau No dia 20 de novembro foi a vez de Blumenau (da qual não temos foto). Num sábado de noite, conversamos com mais vinte praças por horas seguidas. Foram filiados 16 praças. Vamos crescer ainda mais na cidade.

Reunião em Rio do Sul com praças do Alto Vale de Itajaí

Lages Estaremos em Lages no dia 23 de novembro (terça-feira), junto com lideranças dos praças de todo o Estado. Um único ponto de pauta: avaliar, planejar e organizar as atividades do dia 1o de dezembro. É a primeira reunião do Conselho de Mobilização criado na assembléia de 10 de novembro. Outras visitas Continuamos devendo visitas em várias cidades, especialmente aos guerreiros de São Lourenço do Oeste e aos bombeiros de Rio do Sul. Assim que vencermos a próxima batalha, teremos tempo para visitar todo mundo.

Reunião em Brusque com praças da região, em 18/11

APOIO POR APOIO

Assémbléia decide por saída da ABECOM caso a cúpula não apoie a paralisação Na assembléia anual da APRASC, ocorrida em 10 de novembro, além da prestação de contas do exercício 2003 –2004 (setembro), e da decisão pelo indicativo de paralisação a partir do dia 1º de dezembro, decidiu-se também que vamos ter uma tática aditiva a partir de agora, se for necessário. A tática é a seguinte: se não tivermos apoio da cúpula para a superação do impasse salarial atual, os aprasquianos passarão de pedir o desligamento da ABEPOM. Entendemos que a ABEPOM é importante, e que deve ser democratizada para melhor cumprir seus objetivos, mas é preciso que seus diretores e conselheiros sejam também nossos aliados na luta pela justiça salarial. Se assim não for, esse movimento tomará vulto.

Bancada de apoio aos praças é maior que a base do Governo LHS Após a audiência pública e depois de muita conversa com os parlamentares nos últimos meses, vários deputados da Assembléia Legislativa decidiram deflagrar um movimento mais incisivo na direção dos nossos objetivos: não dar quorum e não votar nenhum projeto do Governo antes que este dê uma solução satisfatória para a questão salarial da segurança. Os deputados Antônio Ceron (PFL), Joares Ponticelli (PP) e Dentinho (PT) tomaram a frente da Tribuna para manifestar essa posição. Os deputados petistas Afrânio Boppré e Padre Pedro Baldissera também manifestaram repúdio em relação a “enrolação” permanente à qual estamos submetidos. Ponticelli e Ceron falam pela liderança dos seus partidos, PP e PFL respectivamente. A bancada do PT, em reunião após a audiência, decidiu trancar a pauta enquanto o governo não resolver o problema. Assim, PFL, PP e PT, três dos grandes partidos estão com essa posição, o que deixa o governo em minoria. Queremos agradecer todos os deputados que se manifestaram em nosso favor, valendo ressaltar que todos os deputados da Comissão de Segurança Pública da ALESC concordaram em convocar uma Audiência Pública para 10 de novembro, conforme solicitado pela APRASC. Esta audiência – proposta e dirigida pelo deputado Dentinho – foi amplamente divulgada pelo canal de televisão da Assembléia (TVAL), que agora está também acessível em canal aberto (canal 31) e foi um elemento importante para nossa pauta entrar no noticiário da imprensa e na agenda da política estadual. Nossos agradecimentos a todos os deputados aliados e a todo Poder Legislativo. Continuamos tendo apoio da ALESC, o que nos honra como categoria e fortalece nossas demandas e nossas lutas.

FILIE-SE Á APRASC: É HORA DE FORTALECER NOSSA LUTA Enquanto as forças dominantes tentam nos enfraquecer, enquanto espalham por aí toda sorte de boatos maldosos e alheios à verdade, é preciso que cada guerreiro abrace a causa do fortalecimento da nossa luta. Isso se dá pela participação nas atividades, mas também pelo número de filiados. No mês de novembro chegamos a 5 mil filiados e sabemos que a APRASC tem potencial para ir muito mais longe. Estamos apenas começando. A contribuição mensal é de apenas R$ 4,08. Preencha a ficha de filiação no site www.aprasc.org.br ou ligue (48) 223-2241 que enviamos até você. Convença mais um guerreiro a entrar para essa luta!

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Informativo da APRASC - novembro/dezembro 2004

O Praça


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