Edição 23 - O Praça (2004)

Page 1

A LUTA FAZ A LEI

Da esquerda para a direita, deputados que foram importantes no processo de aprovação do incremento salarial: Antônio Ceron (PFL), Wilson Vieira Dentinho (PT), Dionei da Silva (PT), Joares Ponticelli (PP), Herneus de Nadaus e Manoel Mota (PMDB). Ao lado, governador Luiz Henrique da Silveira, acompanhado pelo secretário de Segurança, Ronaldo Benedet, assina lei que concede abono para policiais e bombeiros militares.

Jaksson Zanco - SEI

Fotos: Alexandre Brandão

Com a nossa luta fizemos a lei que beneficiará todos os praças de SC. Temos muito mais para buscar, e 2005 será repleto de outras lutas e vitórias. Feliz Natal!


1o DE DEZEMBRO

A LUTA FAZ A LEI Cerca de mil praças na capital e em todo interior do Estado fizeram o maior movimento já ocorrido em nossa história Alexandre Brandão

Para resumir em algumas palavras os úscula. Nunca antes em 170 anos tivefeitos do dia 1º de dezembro poderíamos mos a oportunidade de dizer: isso é fruto dizer, assim como foi repetido várias vedo nosso trabalho, da nossa consciência, zes pelo deputado Dentinho em nossa da nossa luta! Sempre recebemos benefímanifestação: “A luta faz a lei”. Nada mais cios vindos por outros meios, pela mão expressivo e mais explicativo para o que dos de cima; agora fomos buscar com nosfizemos naquele dia, serve como aprensas próprias mãos. Isso indica claramente dizado e como método para os trabalhos o caminho a seguir, orienta o rumo da futuros. Com nossa luta, fizemos uma marcha, confirma nossa permanente tese nova lei, que beneficiará a todos os prade que só a luta nos redime. ças, ativos e inativos, da Polícia Militar e Dessa vez construímos com nossa mão, do Corpo de Bombeiros. Até mesmo ou- Embora parcial, esta foi uma grande vitória fruto da luta organizada de todos alcançamos o céu, e não pegamos carona tros segmentos receberão uma lei, procom ninguém. Pelo contrário, conduzimos No dia 1º só nos bastava colher o fruto e é preciso duto da mesma luta, nossa. que os irmãos de farda não fiquem frustrados se ti- um processo que beneficiou até mesmo os descrenMais de mil praças de todo o Estado estavam nham a intenção de parar. Agradecemos o empenho, tes, os contrários e até os adversários. na Capital, e em todo o Estado outros milhares de e sabemos que é isso que definirá as vitórias do futuA cada guerreiro aprasquiano, que muitos lutapraças acompanhavam com atenção os acontecimen- ro. Ao contrário do desânimo, devemos ter a compre- ram de forma desinteressada e com paixão, fica nossa tos, prontos para a ação se necessário fosse. Certa- ensão exata da vitória que tivemos. Valeu muito mais imensa gratidão. Agora temos que aumentar a unidamente foi o maior movimento de policiais e bombei- que 250 reais. de e a fraternidade interna, com lealdade e consideraros já ocorrido em nossa história. A luta continua, até porque tem a maior parte dos ção. Aumentar o número de filiados à APRASC e o Mas as coisas mais significativas não foram divul- 93,81% para receber ainda. Além da questão salarial, contingente de participação engajada. Somos todos gadas pela imprensa, e nem poderiam ser, uma vez temos várias outras questões a colocar em debate e praças, temos todos os mesmos afazeres, que cada que não as realizamos, porque foram desnecessárias. levar à frente até virar lei. Sim, essa foi uma vitória um contribua da forma que melhor puder. Nossa preparação para a luta já nos levou à vitória, parcial, mas foi inteira nossa, dos praças. Claro que não sendo preciso a outra tática. Aprendemos com o merecemos mais do que isso e vamos trabalhar para Saudações a quem tem Coragem! movimento culminado em 1º de Dezembro muitas conquistar, de forma ininterrupta até conquistarmos FELIZ NATAL A TODOS OS coisas. Aprendemos o valor da solidariedade, do es- toda a justiça. GUERREIROS E UM 2005 CHEIO DE pírito de sacrifício de centenas e milhares de praças. Embora parcial, esta foi uma vitória com letra maiLUTAS E NOVAS CONQUISTAS!

Lei de promoção aprovada na ALESC cria 912 vagas de cabos e sargentos tudo que é de nosso interesse até o momento. Alguns companheiros do Bombeiro têm perguntado sobre a possibilidade de uma proporção dessas vagas (tanto de cabos e sargentos, quanto as do QOA) serem oferecidas aos bombeiros. Da nossa parte, não existe nenhuma ressalta, muito pelo contrário. Mas é preciso ver se a nova LOB do Bombeiro prevê a exisDentinho: sempre aliado tência desses quadros. Caso exista, e sendo possível remeter uma proporção equivalente ao efetivo de cada Instituição, por parte da APRASC não temos qualquer objeção. Entretanto, esse assunto deve ser discutido com o Secretário de Segurança e pelos Comandantes Geral tanto da PM quanto do Bombeiro. Agora só basta a sansão por parte do Governador para virar Lei. Achamos que isso foi também uma importante conquista. Outros comandos e governos morreram sentados sobre estas vagas, que certamente farão a diferença para centenas de praças. Ainda não é um Plano de Carreira, que vamos trabalhar com mais intensidade a partir de agora, mas com certeza é um bom começo. Desde já, parabenizamos os mais de 200 soldados que serão promovidos à cabo e os mais de 52 cabos que serão promovidos à 3º sargento no final de janeiro. Além deles, os 31 sub tenentes que serão selecionados para o CAQOA. A todos, incluindo os sub tenentes que em pouco mais de um ano serão oficiais, queremos ressalvar que isso é produto da luta dos praças, e que precisamos continuar contando com todos para as lutas futuras. Carlos Kilian - ALESC

Neiva Daltrozo - SEI

No dia 8 de dezembro, a Assembléia Legislativa aprovou a Lei de Promoção de Praças, um projeto que cria mais 800 vagas de cabos e mais 112 vagas de 3º sargentos, por antiguidade. Na Assembléia Legislativa, o deputado João Henrique Blasi (PMDB), que foi o relator na Comissão de Constituição e Justiça, apresentou um substitutivo global, alterando alguns aspec- Blasi: acolheu idéias da Aprasc tos do projeto conforme reivindicado pela APRASC. As 800 vagas de cabos e as 112 vagas de 3º sargento juruna vão ser todas preenchidas em 2005, ao contrário do que veio no projeto original, colocando a metade para 2005 e a metade para 2006. O substitutivo do deputado Blasi contemplou também os sub tenentes e sargentos, criando a obrigatoriedade da realização do CAQOA sempre que metade das 31 vagas estiverem disponíveis. Como a maioria não está sendo ocupada, pela nova Lei, no primeiro semestre de 2005 terá que ocorrer uma convocação dos sub tenentes e 1º sargentos para o CAQOA. E um novo será convocado sempre que no mínimo 16 vagas estiverem disponíveis. Esse é o espírito do projeto aprovado ontem. Na Comissão e de Finanças, o deputado Afrânio Bopré (PT) era o relator. Como este estava viajando, o deputado Dentinho (também do PT) assumiu a relatoria, e levou à votação na Comissão no mesmo dia 8 pela manhã, assim como coletou a assinatura dos deputados da Comissão de Segurança. Isso garantiu que o projeto fosse à Plenário ainda no dia 8. Foi aprovado por unanimidade, aliás, como

A polêmica da hora extra No dia 30 de novembro de 2004 o governador doEstado assinou um Decreto (nº 2.697) estabelecendo limites para a hora extra dos oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros e para os delegados da Polícia Civil. O limite, para o coronel, chega a 20 horas mensais, mais varia em torno disso para os demais postos do oficialato. Vale lembrar que o objetivo do Decreto não é atingir nenhum praça, caso contrário, viria expresso nesse sentido. Como sabemos como as coisas são em nosso meio, e até porque em várias unidades alguns oficiais declararam que iam mudar as escalas para atingir os praças, estamos tomando providências para impedir retaliações. Autoridades do Governo garantem que tomarão as medidas necessárias para que as escalas não sejam alteradas no sentido de prejudicar os praças, até porque sabem que isso viria acompanhado de prejuízo para a segurança pública, uma vez que cerca de 25% do policiamento atualmente é feito por policiais e bombeiros que estão realizando hora extra. Nossa hora extra interessa às nossas Instituições e, em especial, à população, que perderá em número de policiais e bombeiros nas ruas se nossa hora extra for reduzida. Mas defendemos que se mantenha a postura de cordialidade, de ambas as partes. Se brigarmos no interior de nossas Instituições (PM e BM) fica mais fácil sermos dominados. Não podemos sequer imaginar que os oficiais tentem nos prejudicar porque o Governo tomou essa decisão, decisão que, é necessário deixar bem claro, não foi reivindicada por nós. Nessas horas é que veremos a grandeza de cada um, o espírito de unidade institucional. Manteremos a posição das últimas semanas, que nos levou à vitória do dia 1º de dezembro: honrar nossas Instituições, trabalhar com respeito por cada irmão de farda, respeito que precisa ser mútuo e continuado. Assim teremos mais valor, assim cresceremos, todos juntos.

Jornal da Associação de Praças de Santa Catarin (APRASC) Ano IV - no 23 - Dezembro 2004 - Tiragem: 8.000 exemplares - Distribuição gratuita e dirigida Arte, diagramação e projeto gráfico: Alexandre Brandão Sede: Rua Deodoro, 176 - Edifício Soraya - 1o andar - Sala 11 - Centro - Florianópolis/SC - CEP 88010-020 Telefone: (48)223-2241 Presidente: Amauri Soares Vice-Presidente: Zulmar Vieira Secretário Geral: Manoel João da Costa 1º Secretário: Elisandro Lotin de Souza 2º Secretário: Domingos João Marques 1º Tesoureiro: Antônio Edilson Gomes de Medeiros 2º Tesoureiro: José Leal de Oliveira Godoy Vice-Presidente Regional Extremo Oeste: Flori Matias Vice-Presidente Regional Planalto: Dejair Nascimento Jerônimo Vice-Presidente Regional Vale do Itajaí: Armindo Maria Vice-Presidente Regional Norte: Irineu Woginhack Vice-Presidente Regional Sul: Claudemir da Rosa Coodenação de Imprensa: Edson Garcia Fortuna, Jadir Vieira, Alaor Antônio Bitencourt Coordenação de Assuntos Jurídicos: Ivan Avani Machado, Luiz Carlos Kangerski, Josué Martins Coordenação de Relações Públicas: Paulo Roberto da Silva, Gilmar Amarildo de Souza, Karla Lopes Viana Coordenação de Direitos Humanos: Gilmar Fernandes, Jorge Castanha de Araújo, Saul Honorato Filho Coordenação de Assuntos Culturais: Valmecir Machado, Antônio Francisco da Silva, Adriano Teixeira Coordenação de Patrimônio: Amarildo Antônio Medeiros, Luiz Carlos Rodrigues, José Deni Tibes Coordenação de Saúde e Promoção Social: Pedro Paulo Scremin Martins, Ângela Ventura de Oliveira, Paulo César Aguieiras CONSELHO FISCAL - Titulares: Marco Aurélio Hilleshein, Romário Pereira, Adilson Elizeu Pereira Suplentes: Clemilson da Silva, José Nascimento Bento, Daniel Pompeu Costa

2

Informativo da APRASC - dezembro 2004

O Praça


Fotos: Alexandre Brandão

1o DE DEZEMBRO

Praças lotaram a galeria da Assembléia Legislativa para assistir a aprovação da lei, após assembléia que aprovou a proposta de abono. Acima os filhos do do Sd PM Malicheski de Lontras

Participação dos praças em todas as cidades foi importante Em alguns lugares o pessoal A APRASC gostaria que houvesse uma forma de agradecer o não veio mesmo porque priorizou ficar na cidade, com o fito nível de participação dos praças de aquartelar sua própria Unidade várias cidades do Estado. Em muitas Companhias, em muitos de, motivo que merece destaque, pela coragem dos companheiros. Pelotões, em muitos DestacamenNa correria da última noite, acatos, o número de praças que veio para a capital foi maior que o núbamos não conseguindo contatar APRASC durante assinatura da lei no Palácio todo mundo e teve mesmo Unimero que permaneceu na cidade. Isso é só a prova do tamanho que nosso movimento dade que aquartelou com toda tranqüilidade até que a contra-posição veio da capital. pode tomar. Todos os guerreiros aprasquianos sabem o valor Por outro lado, é preciso registrar que algumas cidades, principalmente cidades onde têm batalhões, que têm, de sorte que não é um elemento isolado, e poucos participaram. De algumas delas veio muito justificável, que vai anuviar nossa relação, e nem popouca gente ou ninguém. Temos que conversar com deria. Desde o dia 25 de agosto de 2001, tivemos coos companheiros destes lugares para ver o que está nosco inúmeros companheiros que já deram valiosa acontecendo. Com fraternidade e bom senso, tentar contribuição. A vitória pertence a todos eles, de forma igual. superar as dificuldades. É preciso registrar, para desfazer uma idéia meio Claro que precisamos também destacar cidades que não vieram nessa, mas estavam em todas as anterio- corrente, que os praças da capital estavam em grande res. Unidades onde todos os praças são aprasquia- número no dia 1º de dezembro, assim como já estivenos, mas que por problemas momentâneos, inclusive ram na ponte no dia 15 de setembro. E se alguém ainde ordem de saúde de alguns líderes, impediu uma da duvida, é preciso reafirmar que a capital ia parar se participação maior no dia primeiro. Algumas circuns- fosse necessário, e em quase todas as unidades havia tâncias são plenamente justificáveis. O que vale é to- uma tática discutida e encaminhada. Não ocorreu pormarmos pé da situação e dizer para cada companhei- que demos a contra-posição, a suspensão temporária ro honesto que não precisa ficar aborrecido se situa- para a ação combinada. Depois não foi necessário, para ções indesejáveis os impediram de vir. alívio de muitos e, claro, frustração de alguns.

Abono de R$ 250 representa cinco anos de contribuição O Subtenente Odemir, do 13º BPM, ses terão que fazer a ficha novamente, pois fez um cálculo que esclarece que os R$ a velha não foi aceita lá. 250 correspondem a mais de cinco anos Vamos visitar as cidades por aí, mas é de contribuição para a APRASC. Ou seja, praticamente impossível visitar o Estado em apenas um mês, os aprasquianos reinteiro, pois temos todos os compromissos cuperarão tudo que já contribuíram e particulares de todos os praças de todo o mais um pouco, mesmo aqueles que esEstado (serviço, contas a pagar, compromistão na APRASC desde o mês de agosto de sos familiares e pessoais). É a união e o tra2001, quando foi fundada. balho na mesma direção que faz o resultaÉ preciso engajamento Isso vale para conversar com os irdo. mãos de farda que ainda não são filiados à APRASC. Para os novos aprasquianos é preciso sempre dizer que Eles não terão mais o argumento de que precisam ver não é apenas pelos R$ 4,08 reais, e sim pelo engajamento, prova de resultado. Agora o resultado vai estar no con- pela luta que precisa ser feita de forma coletiva e organitra-cheque de cada um, bem visível. Aqueles que prefe- zada. Ou seja, não basta a filiação, é preciso engajamento, rirem economizar os R$ 4,08 reais por mês, pois rece- buscar informação, repassar aos demais companheiros, berão os benefícios da boa vontade e da luta dos outros, incentivar à participação. estes não merecem e não precisam mesmo vir para a Quatro reais e oito centavos é muito pouco, não faz APRASC. Tamanho olho grande e egoísmo em nosso meio diferença no orçamento de ninguém. Duzentos e cinqüennos enfraqueceriam. Mas a maioria virá e é isso que ta reais também é pouco, e precisamos buscar mais. Preciimporta. samos buscar a definitiva justiça salarial, que só virá com Pedimos a todos que contribuam com a divulgação dos a integralização da Lei 254/03, mas têm muitas outras resultados, com a distribuição das fichas de filiação, com coisas de fundamental importância que precisamos conseu recolhimento, enviando para a sede da APRASC as quistar. Chamar cada irmão à luta é o compromisso de fichas dos novos filiados. É preciso assinatura, pois só com cada um e de todos. isso tem validade, logo, não dá para remeter via Internet O resultado desse trabalho e dessa vitória já está dado: ou fax. É preciso também que seja a ficha nova, onde cons- no dia 10 de dezembro encaminhamos a ficha de mais de tam as opções PM ou BM, pois depois da separação do 470 novos aprasquianos à Diretoria de Pessoal da PM e Bombeiro, temos tido problema sobretudo naquela Insti- BM: um recorde. Ninguém segura mais essa força. Só pretuição. Vários bombeiros que se filiaram nos últimos me- cisamos nos manter unidos.

O Praça

Informativo da APRASC - dezembro 2004

CURTO E GROSSO O que faz a diferença? Alguns acreditam que as siglas fazem a diferença, outros pensam serem as estruturas físicas e materiais, outros dizem que é muito dinheiro que resolve. Para nós, é mais simples: acreditamos que poder é gente e que gente é poder. De nada adianta todo o recurso material se as pessoas são passivas, se não se engajam com companheirismo e determinação. Fraternidade, solidariedade, coesão de propósitos para ações unitárias. Isso é poder. As outras coisas são efêmeras, incluindo status e cargos. Gente faz a diferença!

Olho gordo não pega em nós Alguém não veio para a luta, preferiu ficar sentado no berço esplêndido do ar condicionado, trocando favores com o poder instituído. Fez isso por conveniência, por descrença ou por peleguismo mesmo. Assim que a vitória se configurou como dada – e foi tão rápida que não deu tempo para qualquer reação – apareceu com um bocado de discurso, aparentando até algum radicalismo. Se falou em inconstitucionalidade, em insuficiência, tentando passar uma versão de que nossa vitória não deveria ser assim chamada. Estranho é que concordaram prontamente em receber o mesmo benefício, com considerações que são justas, mas ditas com despropósitos. Falaram até em nome de outras categorias, o que seria justo, se tivessem ao menos lutado pela própria. Deveriam admitir que erraram ao ficar fora do movimento, deveriam fazer autocrítica. Ficaria mais bonito e menos presunçoso. Nós também defendemos que todos os servidores sejam tratados com justiça e dignidade, mas é imperativo que lutemos pela nossa categoria, e só podemos falar por ela e não pelas demais.

Nada é impossível de mudar A vitória recente que tivemos só foi possível a partir do entendimento de que tudo é possível de mudar, incluindo as leis. Aliás, as leis foram feitas por seres humanos, logo, estes também podem mudá-las. Tudo depende de uma correlação de forças que favoreça a mudança. Um entendimento necessário é que não é a lei que faz os movimentos e as demandas sociais: são as forças sociais, com seus interesses em disputa, que fazem a lei. Tudo aquilo que era impossível até o dia 30 de novembro, tornou-se plenamente possível em menos de 24 horas. Disponibilidade de recursos, dificuldades de encaminhamento no legislativo, forças que se opunham, tudo ficou relativo diante da força do movimento dos praças. Em menos de 24 horas, tudo foi transformado. Mais rápido ainda atuou a Assembléia Legislativa. O projeto de lei concedendo o abono a todos os praças chegou na ALESC por volta das 14:30h do dia 1º de dezembro. Antes das 17:00h já estava aprovado em Plenário, restando para ser lei apenas a sanção do governador. Foi a força dos praças que fez isso, força que estava adormecida, organização que não existia. E pensar que ainda temos metade do caminho pela frente em termos de organização, indica que podemos ter um futuro magnífico.

3


HOMENAGEM

Honra e glória ao soldado Matias Nos incumbe a tarefa de unir todos os policiais e bombeiros e não deixar passar nenhuma calamidade como essa Quartel Barra Velha

mantendo-se sem desalinhar última ronda. AlEra mais uma ocorrência A Morte não é Nada nesse tormento. A dimensão guns companheiros policial, dessas que atendeSanto Agostinho dessa separação virá depois, iam com ele sobre o mos às centenas todos os dias: A morte não é nada. para os filhos, pais e espocaminhão, e uma pessoas em atitude suspeita, Eu somente passei sa. multidão seguia no caso, tomando banho na para o outro lado do Caminho. Nós todos perdidos numa atrás, primeiro as praia com roupas íntimas. Eu sou eu, vocês são vocês. imensidão de idéias, contanviaturas, depois os Claro: averiguar a situação, O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. do cada irmão caído na bataoutros carros. A ciconsultar nomes e documenMe dêem o nome lha diária. São tantos já, e dade se rendeu a tos e – como em quase todos que vocês sempre me deram, tantos outros que virão. E esta patrulha, mais os casos –constatar a inexisfalem comigo continuamos nosso trabalho de um quilômetro tência de necessidade de concomo vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo diuturno, rondando as cidade fila. O comércio dução à delegacia e liberar. Era no mundo das criaturas, des, dando tranqüilidade fechava as portas, as isso que o Sd Matias e o Sd eu estou vivendo Soldado Davi Matias Francisco nas praias, preservando o pessoas vinham Moraes imaginavam. no mundo do Criador. ambiente, salavando vidas, Mas eis que de repente, de dentro de uma roupa para a calçada, dentre as quais várias tiNão utilizem um tom solene fiscalizando as estradas, cerdobrada, surge uma arma. Pânico geral! O que fazer nham lágrimas nos olhos. Sim, a cidade ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. cando os cárceres. diante de uma atitude tão surpreendente de quem chorava a morte de um de seus defensoRezem, sorriam, pensem em mim. Seguiremos nosso trabaaté então mostrava-se solícito e educado? A morte res! Rezem por mim. lho, assim como fizeram o Sd Revoada de gaivotas na orla, e os baralcançou um irmão de farda, Sd Matias, pela mão de Que meu nome seja pronunciado Matias e seus companheiros um sujeito que nada tinha a perder: haviam rouba- cos dos pescadores que ajudaram a socomo sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. de trabalho na manhã do dia do um carro em Curitiba algumas horas antes e vie- correr os policiais e a prender os agresSem nenhum traço de sombra 1º de Dezembro. Sim, lá eles sores encostados na praia, observando ram curtir o verão de Santa Catarina. ou tristeza. também fizeram, e a cidade Não tem palavra, nem gesto, nem atitude a tomar o cortejo. Catedral lotada: praças e oficiA vida significa tudo inteira soube porque. Não que venha a remediar a situação. Não tem jeito de ais em comunhão de dor e lamento. Que o que ela sempre significou, receberá nem o primeiro mês resolver esse drama. Que o digam o pai, a mãe, a dizer? Alguns disseram o que a voz pero fio não foi cortado. Porque eu estaria fora do abono o Sd Matias, laesposa e os dois filhos do Sd Matias, do cidadão mitiu. Outros não disseram nada. E nem de seus pensamentos, mentavelmente, e lutou por Davi Matias Francisco, conhecido da cidade inteira dava para dizer mais nada. agora que estou apenas fora toda uma categoria, cinco Três salvas de fuzil no cemitério, e a e sem ter um inimigo sequer. A dor dos companheide suas vistas? dias antes de ser morto luros de trabalho também é imensa, uma sensação inex- cabeça não parou de contar ao final do Eu não estou longe, apenas estou terceiro reboar, foi contando, contando, tando pela sociedade. plicável de desconforto incontido. do outro lado do Caminho... Nos incumbe a tarefa de Um enorme cortejo pelas ruas de Barra Velha, até vinte e um. Heresia não! Petulância Você que aí ficou, siga em frente, unir todos os policiais e bomcidade mãe do Guerreiro morto para defender a so- nenhuma! Não era chefe de Estado, mas a vida continua, linda e bela beiros, em todo o Estado, e ciedade. O Sd reformado Carlinhos, aquele que não era um dos nossos, e nós somos o prócomo sempre foi. não deixar mais passar em tem as duas pernas mas vai em muitos lugares lu- prio Estado. Pétalas de rosa vindo lá de silêncio nenhuma calamidatar por seus direitos com uma destreza não perce- cima, junto com o vento das hélices, babida na maioria, sugeriu que a condução do caixão rulho no céu misturado ao choro incontido na terra. de como essa. Que fique para trás o tempo em que com o corpo do Sd Matias fosse feita por um cami- Terra que engoliu um Guerreiro. E o capitão arran- um companheiro morria em uma cidade e os demais nhão do Bombeiro, e não na ambulância da funerá- cou das entranhas a força necessária para entregar a sequer ficavam sabendo. Temos que ir lá, dizer que não aceitamos, mostrar nossa indignação, mostrar ria. A classe que tudo faz, em minutos foi lá e trou- bandeira à mãe, esposa e pai. O Soldado Matias deixou uma filha de 13 anos e para a sociedade inteira que somos irmãos, e que xe o caminhão. E partiu o féretro, seguindo o Sd Matias em sua um filho de 5. Estavam lá, no meio da multidão, não morreremos em vão.

ELEIÇÕES 2006

O mais importante é a organização dos praças Sim, haverá eleição em 2006, eleições gerais, que devem eleger o presidente da República, os governadores de todos os Estados da federação, um senador, deputados federais e estaduais. Faz tempo que se fala nisso em nosso meio, especialmente desde a última eleição municipal. Cada vez que a APRASC faz um movimento, e – especialmente agora que nosso movimento teve uma vitória – aparecem inúmeros interessados no assunto. É provável que mais uma vez vai aparecer pelo menos uma dezena de candidatos em nosso meio, todos disputando a mesma vaga, a julgar pelos rumores das coxias. Faz tempo que nos acusam de termos esse interesse, enfraquecendo a APRASC por causa de uma coisa que tem sido secundária para nós. Reafirmamos aqui, sob juramento, que o que tem de mais importante, e o que tem sido e vai ser até o final da gestão a nossa prioridade, é a organização dos praças. Organização de toda a categoria, que deve ser feita independente de ideologia política ou de in-

teresses eleitorais. Cargo eletivo é poeira, ilusão se a categoria não estiver organizada e se o ocupante não tiver a humildade de saber que só vale a pena se for para fortalecer a categoria e o movimento popular por conquistas sociais fundamentais à maioria da população, da qual somos parte integrante até a medula. Por status, por egocentrismo ou por interesse financeiro, cargo eleitoral é pura ilusão, que trará mais desgosto que satisfação. Nosso temor é que esse elemento acabe prejudicando o trabalho de organizar a categoria, trabalho que julgamos estar pela metade, embora nossa força já seja grande. Estamos há três anos e quatro meses organizando os praças em nível estadual, e julgamos fundamental a continuidade desse trabalho. Nosso maior patrimônio é a organização que já temos em todo o Estado, que precisa ser completada e aprofundada cada vez mais. O interesse eleitoral que prejudicar isso, dividindo, fomentando bairrismos e grupos

com interesses restritos, estará trabalhando contra a própria categoria. Não, não estamos dizendo que devemos virar as costas para a luta institucional e achamos importante a representação no Parlamento, desde que submetida permanentemente ao controle da categoria. E podemos dizer mais: não deixaremos de apresentar alternativa que possa congregar a maioria, não nos omitiremos do compromisso. Seria covarde da nossa parte deixar que interesses não muito claros fossem a única alternativa. A melhor forma de definir é uma prévia na categoria. Que façamos isso, se todos os interessados estiverem dispostos a participar e aceitar o resultado. Mas repetimos: a prioridade deve ser sempre o trabalho de fortalecimento da categoria em termos de consciência e de organização. Entendemos que isso se dá através de APRASC, e é para ela que continuaremos voltando nossos esforços enquanto estivermos na diretoria.

FILIE-SE Á APRASC: É HORA DE FORTALECER NOSSA LUTA Enquanto as forças dominantes tentam nos enfraquecer, enquanto espalham por aí toda sorte de boatos maldosos e alheios à verdade, é preciso que cada guerreiro abrace a causa do fortalecimento da nossa luta. Isso se dá pela participação nas atividades, mas também pelo número de filiados. No dia 09 de dezembro chegamos a 5,3 mil filiados e sabemos que a APRASC tem potencial para ir muito mais longe. Estamos apenas começando. A contribuição mensal é de apenas R$ 4,08. Preencha a ficha de filiação no site www.aprasc.org.br ou ligue (48) 223-2241 que enviamos até você. Convença mais um guerreiro a entrar para essa luta!

4

Informativo da APRASC - dezembro 2004

O Praça


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.