A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil - PB
A HORTA ESCOLAR COMO FOMENTADORA DA PROMOÇÃO DA SAÚDE E CRITICIDADE AMBIENTAL JUVENIL Lais Duarte BATISTA Pedro José Santos Carneiro CRUZ RESUMO: As profundas mudanças ocorridas à nível ambiental, nos últimos tempos, tornou necessária a adoção de práticas corretivas e preservacionistas que assegurassem um desenvolvimento sustentável, sobretudo do meio ambiente. Sabendo que o ambiente escolar, por ser um espaço integrador, propicia o desenvolvimento de ações de intervenção critica do meio social, uma vez que a educação se comporta como um instrumento de conscientização e transformação, o Projeto PINAB – Práticas Integrais da Nutrição e Promoção da Saúde na Atenção Básica, vinculado ao Departamento de Promoção da Saúde da Universidade Federal da Paraíba - UFPB idealizou a proposta da horta na escola como um caminho para fomentação da Promoção da Saúde através da alimentação saudável e da conscientização, pelos jovens, da preservação adequada dos recursos naturais. As atividades foram realizadas em uma Escola Municipal de João Pessoa, quinzenalmente, em 2012, utilizando-se dos pressupostos teórico-metodológicos da Educação Popular para a explanação dos temas propostos. Na construção da horta foram utilizadas garrafas PET, de modo a incentivar a busca por meios alternativos que preservem o meio ambiente. O cuidado com as mudas foi feito pelos próprios alunos e pelo corpo de funcionários da escola. A atividade ajudou a enriquecer a alimentação dos participantes, através da mudança nos hábitos alimentares, além de despertar o interesse dos alunos pela natureza, conhecimentos estes, que ao serem deslocados para a vida familiar e social dos discentes, atuam como mecanismo capaz de gerar mudanças na cultura alimentar, ambiental e educacional. Palavras-chave: Horta escolar. Promoção da Saúde. Preservação do meio ambiente.
1. INTRODUÇÃO O modo pelo qual os homens produzem seus meios de subsistência reflete em contextos que traduzem, sobretudo, os efeitos gerados pelas condições ambientais, resultado das transformações oriundas da construção de um meio social marcado pelo consumismo conspícuo e produção em massa, que propicia o esgotamento dos recursos naturais. Os abusos da natureza, em prol do desenvolvimento tecnológico, ocorrido durante séculos, implicaram em profundas mudanças a nível ambiental, fazendo-se necessário a adoção de medidas corretivas e preservacionistas que assegurem o desenvolvimento sustentável da sociedade, tornando-a adequada para as futuras gerações (LEFF, 2002).
BATISTA, D. L. CRUZ. P, J, S, C; A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil. SIMPÓSIO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE. João Pessoa, 2013.
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A sustentabilidade, segundo Romeiro (2012) envolve um desenvolvimento economicamente eficiente, socialmente desejável e ecologicamente prudente ou equilibrado,
baseado
nas
limitações
dos
recursos
naturais,
ou
seja,
o
desenvolvimento sustentável visa à efetivação das exigências do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em suprirem suas necessidades. Nesse sentido, o crescimento econômico e o meio ambiente, caminhando em paralelo são prioritários para a adoção de uma política ambiental eficiente. Para o desenvolvimento dessas ações preventivas frente aos efeitos climáticos, tais como, utilização de formas de energia renovável, promoção da reciclagem, favorecimento de práticas voltadas para o consumo consciente faz-se necessário a fomentação de ações que estimulam o desenvolvimento da visão crítica dos indivíduos, capacitando-os para a vida. Neste sentido, observa-se a exigência de atuações educativas que relacione saúde e meio ambiente através de propostas interdisciplinares (ALMEIDA, 2004). O ambiente escolar, como espaço de convivência diária e interações sociais, destaca-se como um espaço em potencial para implementação das propostas, estratégias e ações que envolvem promoção de saúde e coletividade. A horta inserida nesse ambiente pode ser um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos (MORGADO et al, 2006). A proposta da construção de uma horta no ambiente escolar, exposta no presente trabalho, apresenta então como premissa, o desenvolvimento de estratégias de educação ambiental, desenvolvimento sustentável, promoção de hábitos saudáveis, segurança alimentar e nutricional de forma a contribuir na compreensão dos alunos acerca do perigo do uso de agrotóxicos para a saúde e meio ambiente, além de estimular nesses alunos a adoção de hábitos alimentares saudáveis, percepção da necessidade de reciclagem, estimulando o trabalho em equipe e cooperação, proporcionando um maior contato com a natureza, o gosto pelo cuidar, que além de auxiliar na construção do conhecimento e na conscientização da necessidade de um estilo de vida menos impactante sobre o BATISTA, D. L. CRUZ. P, J, S, C; A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil. SIMPÓSIO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE. João Pessoa, 2013.
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meio ambiente, funciona como ferramenta integrativa da melhoria da qualidade de vida e da construção de cidadãos preocupados com o meio social.
2. MATERIAIS E MÉTODOS O PINAB – Práticas Integrais da Nutrição e Promoção da Saúde na Atenção Básica é um projeto de extensão vinculado ao Departamento de Promoção da Saúde da Universidade Federal da Paraíba que atua desde 2007 com ações educativas no âmbito comunitário, buscando estimular o surgimento de atores sociais com uma postura crítica, participativa, com visão humanizada, apostando para isso na educação popular como base metodológica. É sabido que o ambiente escolar constitui-se de um espaço propicio para a implementação de ações sociais, já que este representa um espaço integrador, comportando-se como um instrumento de transformação social. O PINAB idealizou então, a proposta da horta na escola, como um meio alternativo para fomentação da promoção da saúde através da alimentação saudável e da conscientização, pelos jovens, da preservação adequada dos recursos naturais. Pelo seu caráter cooperativo de melhoramento do ambiente escolar, a construção da horta escolar complementou as atividades do programa do Governo Federal “Mais Educação”, delimitando seu público-alvo em parceria com este programa, abrangendo assim, estudantes do Ensino Fundamental I. As atividades foram realizadas na Escola Augusto dos Anjos, no bairro do Cristo Redentor, João Pessoa – PB, às sextas-feiras pela manhã, quinzenalmente, no período de 2012. Inicialmente, como forma de explorar os conhecimentos dos alunos acerca dos temas trabalhados na prática da horta, foram explanadas questões como sustentabilidade, alimentação saudável, agrotóxico, bem como, explicados os objetivos da construção da horta no ambiente escolar, utilizando-se da metodologia do diálogo. Em conjunto com professores da escola, foi realizado pela comunidade um mutirão para recolhimento de garrafas PET, para serem reutilizadas, fortalecendo a idéia de sustentabilidade e a importância da reciclagem. As garrafas recolhidas foram então levadas à escola, para posteriormente serem cortadas de acordo com as necessidades de acondicionamento para o adubo. Sob orientação e supervisão das extensionistas, os alunos foram instruídos sobre a forma adequada BATISTA, D. L. CRUZ. P, J, S, C; A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil. SIMPÓSIO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE. João Pessoa, 2013.
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de cortar as garrafas, e em seguida, a terra foi misturada ao adubo e transferidas às garrafas, efetuando assim, o plantio das sementes. O cuidado com as mudas foi feito diariamente, com revezamento no quadro de funcionários durante a semana, e nos finais de semana, o caseiro da escola o realizava. Semanalmente, professores levavam os alunos para cuidarem da horta, estimulando nestes o cuidado e o trabalho em equipe. Além das práticas executadas, a metodologia das rodas de conversas também foi explorada, onde os estudantes elegiam temas de interesse coletivo e discutiam juntos com as extensionistas, como forma de disseminar conhecimento de modo interdisciplinar, estimulando nos alunos uma postura critica através de uma formação acadêmica diferenciada, atingindo assim, os objetivos do projeto.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O desenvolvimento das atividades de construção da horta na escola buscou orientar e conscientizar os alunos quanto à necessidade por sistemas de produção menos nocivos e capazes de atender, de forma consciente, a demanda de produtos agrícolas de qualidade e processos de produção mais limpos, voltados para a ética, a segurança alimentar dos povos e a qualidade ambiental. Por intermédio dos relatos das próprias experiências dos estudantes foi perceptível que poucos estudantes tinham passado pela experiência de plantar algo, mas a interação com as extensionistas, que buscaram incentivá-los a participarem, pouco a pouco das atividades, facilitou o progresso das ações desenvolvidas, permitindo assim, uma abertura para o envolvimento geral dos alunos e estimulando o fortalecimento do vinculo entre os envolvidos. Além de todos os aspectos educacionais abordados durante o desenvolvimento das atividades, através da exposição dos temas, dos diálogos abordados, o consumo das hortaliças produzidas pelos educandos, sempre foi incentivado, informando os estudantes sobre seu valor nutritivo, importância do consumo, formas criativas de preparo, de maneira que apresentem satisfação ao consumir o que ajudou a cultivar. Desta forma, a atividade ajudou a enriquecer a alimentação das crianças e jovens participantes, através da mudança nos hábitos alimentares, além de despertar o interesse dos alunos pela natureza. BATISTA, D. L. CRUZ. P, J, S, C; A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil. SIMPÓSIO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE. João Pessoa, 2013.
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A partir da atividade, os estudantes tiveram a possibilidade de aprender a plantar, regar, cuidar, colher, remodelando sensivelmente a relação indivíduo - meio ambiente, intensificando a construção dos princípios de responsabilidade e comprometimento com a natureza, com o ambiente escolar, com a comunidade, com a sustentabilidade do planeta e com a valorização das relações intra-específicas. 4. CONCLUSÃO Diante do exposto, pode-se inferir que por meio da construção de hortas nas escolas é possível propiciar discernimento e aptidão aos alunos, permitindo-os produzir, selecionar e consumir os alimentos de forma adequada, saudável e segura e assim conscientizá-los quanto às práticas alimentares mais saudáveis. Os alunos são sensibilizados quanto à importância de se manter um meio ambiente conservado, e são discutidas ações humanas conscientes que possibilitam a obtenção desse objetivo. Esses conhecimentos podem ser socializados na escola e deslocados para a vida familiar e social dos discentes, como mecanismo capaz de gerar mudanças na cultura alimentar, ambiental e educacional.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ROMEIRO, R. A. Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômicoecológica. Estudos avançados. vol. 26 n.74. São Paulo, 2012. ISSN 0103-4014 ALMEIDA, J. R. Políticas e Planejamento Ambiental, 3 ed. Rio de Janeiro: Thex, 2004. LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade racionalidade, complexidade, poder. 2ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. MORGADO, F. S. A horta escolar na educação ambiental e alimentar: experiência do projeto Horta Viva nas escolas municipais de Florianópolis. Universidade Federal de Santa Catarina – Monografia. Florianópolis, 2006. TAMBELLINI, A. T. Desafios teóricos na relação produção, ambiente e saúde. In: PORTO, M. F. S.; FREITAS, C. M. (Org.). Problemas ambientais e vulnerabilidade: abordagens integradoras para o campo da Saúde Pública. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002.
BATISTA, D. L. CRUZ. P, J, S, C; A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil. SIMPÓSIO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE. João Pessoa, 2013.
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BATISTA, D. L. CRUZ. P, J, S, C; A horta escolar como fomentadora da promoção da saúde e criticidade ambiental juvenil. SIMPÓSIO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE. João Pessoa, 2013.