UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROJETO PRÁTICAS INTEGRAIS DE NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
JOUSIANNY PATRÍCIO DA SILVA LAURYCÉLIA VICENTE RODRIGUES RENATA ALESSANDRA SOUSA FIRMINO
GRUPO OPERATIVO: IDOSOS
João Pessoa 2008
JOUSIANNY PATRÍCIO DA SILVA LAURYCÉLIA VICENTE RODRIGUES RENATA ALESSANDRA SOUSA FIRMINO
GRUPO OPERATIVO: IDOSOS
Relatório do Grupo de idosos do Projeto de Extensão Práticas Integrais de Nutrição na Atenção Básica em Saúde (PINAB), coordenado pela professora Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba, apresentado a PRAC, CCS e DN/UFPB.
João Pessoa 2008
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SUMÁRIO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO GRUPO 2OBJETIVOS 2.1Objetivo Geral 2.2 Objetivos Específicos.
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3 METODOLOGIA
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4 ATIVIDADES REALIZADAS
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5 DISCUSSÃO, REFLEXÃO E ENCAMINHAMENTOS
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6 CONSIDERAÇÕES
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ANEXOS
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ANEXO A - Relato Pessoal por Jousianny Patrício da Silva ANEXO B - Relato Pessoal por Laurycelia Vicente Rodrigues ANEXO C - Relato Pessoal por Renata Alessandra Sousa Firmino
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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO GRUPO
Este relatório expõe as práticas e vivências desenvolvidas pelo grupo operativo de idosos do Projeto de Extensão PINAB (Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde), que vem atuando na Unidade de Saúde da Família (USF) Vila saúde localizada no bairro do Cristo Redentor em João Pessoa, Paraíba. Durante o período de 20 de maio até 09 de setembro do presente ano, o grupo de extensionistas permaneceu com suas atuações nas terças-feiras à tarde durante quatro horas, dando seqüência ao trabalho desenvolvido pelos grupos anteriores. O grupo era formado por quatro graduandas do curso de Nutrição, as quais fundamentavam suas atividades na perspectiva de incorporar a educação popular nas práticas de educação em saúde, por meio dos três eixos norteadores do PINAB: visitas domiciliares, aconselhamento dietético e atividades coletivas. O grupo de idosos do PINAB vem contribuindo com o trabalho realizado pelos profissionais de saúde da USF através de ações de promoção à saúde, além do desenvolvimento de práticas que trazem discussões e problematização de temas pautados na efetivação de hábitos alimentares saudáveis, bem como assuntos relacionados com o direito humano à alimentação adequada com o intuito de estabelecer neste público o despertar para a vivência de seu papel enquanto atores sociais. Apesar da Unidade Vila Saúde ser composta por quatro áreas: Pedra Branca II, Jardim Itabaiana I, Pedra Branca I e Jardim Itabaiana II, apenas as duas últimas possuem grupos de idosos que se reunem regularmente. Este fato, de certa forma, contribuiu para que o grupo do PINAB viesse a atuar somente com as mesmas nos semestres anteriores. Neste semestre, tentamos articular apoio a formação de grupos nas outras duas equipes, mas um atraso no planejamento das ações (sobre o qual trararemos mais tarde) implicou no acompanhamento apenas do grupo de Pedra Branca I, que se reunem regularmente nas terças feiras no turno da tarde, coincidindo com o horário de atuação do grupo do PINAB. Nesse sentido o grupo de idosos deu continuidade aos trabalhos já realizados nos semestres anteriores com rodas de conversa e dinâmicas buscando a promoção da saúde e observando as limitações (diabéticos, hipertensos) e a sabedoria dos idosos. Além disso, o grupo contou com a participação da enfermeira Edilane e dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS´s) nas atividades realizadas.
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O presente relatório aborda as metas traçadas pelo grupo, as atividades realizadas durante o semestre, a metodologia utilizada, bem como as reflexþes do grupo diante do trabalho que foi realizado.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Incentivara promoção da saúde e da autonomia dos idosos a partir da troca de conhecimentos e valorização dos saberes e experiências de vida dos mesmos, promovendo sua saúde em sentido amplo.
2.2 Objetivos Específicos
Conscientizar o grupo da importância de uma alimentação saudável, dos cuidados com a saúde, com as práticas de atividades físicas, buscando integrar os conhecimentos técnicos aprendidos na universidade às experiências de vida que compõem o cotidiano dos idosos.
Promover a auto-estima e autonomia do idoso resgatando seu potencial como sujeitos mais conscientes e questionadores;
Tentar abordar o envelhecimento como uma fase da vida, com características próprias, que precisam ser conhecidas e explicitadas para a promoção da saúde dos idosos, reconstruindo o olhar do envelhecimento não como um processo patológico, bem como na maioria das vezes é taxado pela sociedade.
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3 METODOLOGIA
O grupo de idosos do PINAB, no período 2008.1 se restringiu somente a uma área por questões de adiamento de programação, uma vez que esta foi refeita várias vezes a fim de se adequar às datas de reuniões da equipe Pedra Branca I, sendo assim, manteve-se o mesmo esquema de atuação do Projeto de Extensão, porém, dedicando-se apenas a esta área. Nas visitas domiciliares, o grupo foi divido em duplas formadas por alunos de períodos diferentes, onde as mesmas eram acompanhadas por um ACS. A intenção maior era de conhecer a realidade dos idosos da área de Pedra Branca I, uma vez que possibilitam às extensionistas uma aproximação da realidade que envolve as ações de cuidado ao idoso em domicílio, observando como se dá sua interação com a família e podendo criar um vínculo de confiança para convidá-los para o grupo de idosos. As atividades coletivas foram realizadas de forma bastante lúdica, sempre contando com a participação da enfermeira Edilane e dos ACS’s. Usamos como metodologia as rodas de conversa, dinâmicas de apresentação e de interação a cerca do tema abordado acarretando em reflexões para discussão. Os temas abordados sempre foram no contexto do bem estar, alimentação, atividades físicas, enfim, o cuidado com a saúde de uma maneira geral aliada aos conhecimentos sobre nutrição adquiridos na universidade, observando um grau de interesse elevado nos temas por parte dos idosos, podendo assim garantir o desenrolar das dinâmicas e reflexões. Por fim, o aconselhamento dietético individual manteve-se fugindo do tradicional modelo biomédico encontrado na maioria das unidades de saúde da família, ressaltando a metodologia de Paulo Freire em que se torna possível “aconselhar” o desenrolar de sua alimentação e saúde, sem imposições e com muito mais diálogo e tempo para isso do que o observado nas consultas tradicionais.
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4. ATIVIDADES REALIZADAS
MÊS
DIA
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ATIVIDADES
DESCRIÇÃO
Discussão do
Na presente data haveria uma reunião na USF para
texto sobre os
compactuarmos sobre as mudanças a respeito das visitas
idosos
domiciliares com os funcionários da mesma. Esta não ocorreu, então foi discutido um texto sobre IDOSOS entre as
MAIO
participantes do grupo.
Planejamento 27
do semestre
Reunião entre as integrantes do grupo para o planejamento das atividades coletivas, visitas domiciliares e aconselhamentos dietéticos durante todo o semestre.
Realizou-se três aconselhamentos, dois foram com 03
Aconselhamento Dietético
puérperes e o terceiro com uma senhora que havia passado por um trauma ocasionado por uma dieta muito rígida.
Devido às mudanças com relação ao grupo a ser JUNHO
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Planejamento
assistido, as atividades foram replanejadas conforme o grupo escolhido.
Visita 17
Domiciliar
Na primeira visita domiciliar, o grupo foi dividido em duplas, as quais foram acompanhadas pelo ACS, no caso de uma dupla o ACS escalado havia ficado de férias então acompanhamos outro ACS que não visitaria idosos e sim crianças para saber se haviam sido vacinadas contra a poliomielite, cuja campanha havia sido no final de semana.
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Enquanto a segunda dupla visitara duas idosas, ambas hipertensas, sendo que uma delas apresenava queimaduras na sua face e em parte do tronco devido a um acidente doméstico.
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Discussão de um texto sobre
Seria o aconselhamento, mas como os médicos estavam em greve, a USF estava vazia impossibilitando o
aconselhamento acontecimento do mesmo. Então realizou-se uma reunião dietético
teórica entre as integrantes do grupo a partir de um texto de Eymard Vasconcelos sobre aconselhamento dietético.
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Planejamento
Devido à saída da Nutricionista Ellen (integrante do
das atividades
grupo) não foi possível realizarmos o aconselhamento. Neste
coletivas com a
mesmo dia articulamos com Edilane (enfermeira de Pedra
enfermeira.
Branca I) sobre as atividades coletivas.
Na presente data apenas uma dupla fez visita, a qual JULHO 15
Visita
visitou uma senhora viúva hipertensa e diabética que morava
Domiciliar
em Pedra Branca I, ela relatou a insatisfação em não poder comer o que gostava como também a dedicação que seu filho tinha em relação a sua saúde. Foi perceptível durante a visita as péssimas condições de higiene de sua casa que continha gatos, cachorros, galinhas soltos em todos os ambientes da residência.
Planejamento
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Foi planejado entre as integrantes do grupo como seria
da primeira
a primeira atividade coletiva. A divulgação se deu através de
atividade
convites entregue aos ACS’s para distribuírem entre os
coletiva
idosos, além da exposição do convite no mural presente na USF.
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Realizou-se a primeira atividade coletiva que contou com aproximadamente 35 idosos, além da equipe do NASF 29
Atividade
(Núcleo de Apoio a Saúde da Família) que acompanhava as
Coletiva
nossas atividades (dinâmicas) com o grupo. Fizemos uma dinâmica de apresentação entre os idosos que abordava alguns alimentos considerados limitantes para os mesmos, surgindo assim uma discussão que pôde esclarecer algumas dúvidas sobre a alimentação deles.
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Atividade
Neste dia o NASF realizou uma atividade com o grupo
Coletiva do
de idosos fazendo um alongamento com eles e elucidando a
NASF
importância da atividade física. Nós do grupo PINAB assistimos a atividade podendo perceber como eles encaravam a prática de exercícios físicos, já que este é um aliado fundamental para a promoção da saúde.
Foram realizados três aconselhamentos, dois casos de AGOSTO
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Aconselhamen-
obesidade entre pessoas da mesma família (mãe e filho) e o
to Dietético
outro era de um senhor diabético. O grupo foi dividido em duas duplas, uma dupla ficou com Juliana que estava estagiando na USF e a outra com Pedro.
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Atividade coletiva
Na nossa segunda atividade coletiva fizemos uma dinâmica buscando escutar dos idosos “o que eles faziam de bom para cuidarem de sua saúde? E o que não faziam de bom para sua saúde?”, a partir dessas perguntas surgiram várias dúvidas, ao final da dinâmica o idoso que melhor cuidava de sua saúde recebeu um brinde simbólico e para concluir nossa atividade distribuímos um lanche saudável
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02
Visita domiciliar
dupla visitou com integral o ACS aressaltando casa de umaa com Um frutas, sucos e junto biscoito senhora hipertensa, de 92 anos, que possuía uma boa importância deles na alimentação. alimentação e certas noções de saúde por possuir o filho e a nora maratonista.
SETEMBRO Chegamos ao fim de nossas atividades do período realizando a última atividade coletiva dos idosos na qual através de uma roda de conversa debatemos sobre a fruta que 09
Atividade
havia marcado a vida de cada idoso ali presente, seja pela
Coletiva
limitação de sua ingesta (devido ao seu problema de saúde), por lembrar de sua infância ou até mesmo por ser a de seu maior consumo, essa atividade nos possibilitou conhecer um pouco de suas histórias como também recordar momentos de suas infâncias.
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5 DISCUSSÃO, REFLEXÃO E ENCAMINHAMENTOS
As atividades desenvolvidas no período 2008.1 pelo grupo operativo dos Idosos iniciaram-se atrasadamente, pois houve uma demora na concretização do planejamento do semestre em virtude da mudança de horário de reunião do grupo de idosos de uma das equipes, acarretando em um novo planejamento para trabalharmos apenas uma área (Pedra Branca I).. Acreditamos ter havido falhas do grupo de idosos do PINAB por não termos insistido num planejamento das atividades juntamente com as enfermeiras das áreas, acarretando em desencontros, como a mudança de horário da equipe Jardim Itabaiana II. Ficamos muito presos em resolver problemas do cotidiano do Projeto e da Unidade sem uma preparação organizativa anterior definida, o que nos ajudaria melhor a lidar com as mudanças e inusitados. Sendo assim, foi priorizada Pedra Branca I por já ter um histórico de atividades regulares e estas coincidirem com o mesmo dia e turno de atuação do PINAB. As visitas domiciliares neste período também continuaram sendo realizadas com o auxílio dos ACS’s, porém, passamos a ter como objetivo visitar mensalmente três famílias, com pessoas idosas, durante todo semestre, acompanhadas pelos Agentes de Saúde. Contudo, muitos Agentes não conseguiram cumprir com o calendário de visitas, o que dificultava as estudantes realizarem as mesmas, tendo em vista o pouco acesso que ainda tinham na comunidade. Entretanto, em algumas casas de acesso mais fácil, conseguimos realizar as visitas mesmo sem a presença dos ACS’s. Assim, esse obstáculo serviu de estímulo para que tornássemos mais autônomos com relação às visitas, podendo assim criar um vínculo maior com determinadas famílias. Apesar das poucas visitas feitas às casas de nosso interesse, estas serviram para que pudéssemos conhecer idosos que por determinados motivos não freqüentava o grupo, e convidá-los para participar do mesmo. Nas atividades coletivas, procuramos interagir de forma horizontal com os idosos, propondo uma relação em que pudéssemos discutir variados temas relacionados à alimentação e ao seu bem estar de uma forma descontraída, buscando abordar as principais patologias presentes no grupo (hipertensão e diabetes). Durante essas atividades foi perceptível o bom humor e a receptividade por parte dos mesmos contribuindo para o desenrolar das nossas atividades. A maioria dos idosos apresentava pressão arterial elevada e relatavam que a dieta era um dos seus maiores desafios para a obtenção de uma melhor qualidade de vida. Como também era notável a presença de 12 12
idosos mais desinibidos, sendo os chamados facilitadores, mas de um modo geral quando provocados mesmos os mais tímidos participam do diálogo e expressam suas opiniões e conhecimentos sobre os temas abordados. Por ser um grupo que se reúne cm freqüência, observou-se a existência de uma maior interação entre seus participantes, a qual antes faltava e dificultava a atuação do PINAB; visto que isso favorecia ao surgimento de conversas paralelas entre alguns idosos enquanto outro relatava suas reflexões, o que os tornava dispersos em vários momentos, atrapalhando de certa forma a coesão das atividades. No entanto, começamos a perceber que esse “tricotar”, se bem explorado, pode se tornar um meio de chamá-los a compartilhar suas conversas e experiências com todo o grupo. Quanto ao aconselhamento dietético, o principal ponto a avaliar poderia ser nosso anseio por ainda não estarmos conseguindo fazê-lo apenas com idosos, mas isso não chega a ser um problema, pois temos também a possibilidade de conviver com os dilemas dos outros grupos de saúde e de outras faixas etárias da população freqüentadora da USF Vila Saúde. Um ponto negativo foi a pouca quantidade de Aconselhamentos realizados, pois a saída da nutricionista Ellen (apoiadora do grupo) do Projeto ocasionou na impossibilidade de alguns aconselhamentos dietéticos, pois estes só poderiam ser realizados com a presença de um Nutricionista. Ao final do semestre letivo, durante o planejamento para o próximo semestre, observamos que os coordenadores do Projeto (Ana Cláudia Vasconcelos e Pedro Cruz) não teriam disponibilidade de tempo em acompanhar este grupo, em virtude de já terem agendas neste horário e da saída da nutricionista Ellen, até então quem acompanhava esta atividade. Todo o grupo do PINAB avaliou a situação e decidiu por, ao menos temporariamente, extinguir esse grupo. Dessa forma, não teríamos encaminhamentos para o próximo, uma vez que este não existirá no período seguinte.
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6 CONSIDERAÇÕES
O grupo dos idosos do PINAB possibilita uma experiência única e enriquecedora para os extensionistas, visto que os mesmos passam a conhecer a realidade como também a maioria dos problemas enfrentados pela senilidade nas famílias da USF, o que nos leva a refletir sobre nossas capacidades e desafios enquanto extensionistas e futuros nutricionistas. Este grupo permite não só a construção de novos saberes a partir da integração da sabedoria popular e dos conhecimentos acadêmicos, mas nos provoca cada vez mais a buscar novas maneiras de como fazer educação popular. Ao trabalhar no grupo de idosos foi possível observar que a promoção da saúde vai além da transmissão de conhecimentos aprendidos na sala de aula. Os extensionistas passam a fazer parte de um todo, ou seja, se tornam participantes e atuantes juntos com os idosos, podendo assim, entender de maneira mais clara o que se passa nesta fase da vida. Isto contribui para a formação de sujeitos críticos e humanizados diante dos problemas da sociedade.
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ANEXOS
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ANEXO A
Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Jousianny Patrício da Silvia
Trabalhar este período com os idosos foi antes de tudo desafiador. Sempre sonhei em participar desse grupo, talvez por ter sido muito apegada a minha avó e hoje não tê-la mais ao meu lado, porém no decorrer do semestre aquele sonho foi se tornando um pesadelo; primeiro os adiamentos constantes de planejamento, depois a saída de Ellen e consequentemente a falta de um orientador que estivesse mais presente e ainda por cima estar cursando um dos piores períodos da graduação, tudo isso contribuiu por muitas vezes eu achar que não deveria estar ali e que aquele grupo era merecedor de uma pessoa mais atuante. Aconteceu a nossa primeira atividade coletiva, com mais de 30 idosos, a equipe do NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) presente, além de algumas residentes do Sul que estavam acompanhando nossas atividades do PINAB todos atentos as nossas dinâmicas e reflexões a cerca do tema abordado. Foi naquele momento que eu pude ver que apesar da minha curta caminhada como extensionista estava fazendo algo especial, quando uma das idosas ao final da atividade me chamou e perguntou: “nesse grupo tem psicóloga também? Pois estou com uma neta que está muito deprimida e pra não deixar ela só quase que não vinha hoje pra cá, só vim porque minha pressão ta alta demais e preciso pegar o remédio. Aí quando eu chego aqui vocês com tantas informações sobre alimentação e essa alegria contagiante, se eu soubesse tinha trazido ela também.” E ela falou isso pegando na minha mão e com os olhos cheios de lágrimas, sei que estou longe de ser psicóloga até porque não foi essa profissão que escolhi, mas aprendi com o Pinab que antes de qualquer coisa é preciso saber ESCUTAR os anseios e as tristezas de cada indivíduo, e por que não tentar solucionar como fiz ao indicá-la para o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) lá do bairro mesmo. Creio que esse saber escutar e acolher que diferencia o bom e o mal profissional, pois muitas vezes aquela obesidade ou até mesmo um simples desconforto gástrico está muito mais ligado a um problema doméstico do que se pensa. Assim seguiram nossas atividades e quando eu chegava lá pensando “poxa eu acho que podia ter planejado melhor” ao final da atividade era recompensada seja com um abraço das idosas, ou com outra me chamando de neta e como aconteceu na última atividade: um saquinho de bombom dado por um senhor que não era tão participativo e um pouco 16 16
sério, mas que ao final me presenteou como se eu fosse uma netinha dele e isso de certa forma me consolava. São esses gestos que me fazem perceber e fortalece a idéia de que para trabalhar com Saúde Pública é necessário antes de tudo gostar de gente e essa experiência só o PINAB está me proporcionando. O grupo dos idosos será extinto, pelo menos temporariamente, e isso me entristeceu bastante ao saber que aquilo que nós plantamos com tanto carinho não terá continuidade, mas sei que tentei fazer o possível pra não decepcioná-los e espero ter conseguido acrescentar algo de bom e “nutritivo” para os meus vovós e vovôs.
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ANEXO B
Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Laurycelia Vicente Rodrigues
Extensão popular seria a construção de um sonho rodeado por anseios e expectativas de transformar tudo que está a nossa volta, a partir de uma realidade que de certa forma nos faz crescer e perceber que somos capazes de transformar e ser transformados. É a oportunidade de experimentar os vários desafios que nos aguardam, oportunidade de conhecer o outro, aprender a lidar com os problemas da comunidade e com ela buscar soluções. A experiência que estou tendo dentro do PINAB sem duvida é das melhores, uma vez que estou tendo a oportunidade de perceber a importância que é a extensão popular, e perceber o quanto tenho a aprender com o outro, pois saber ouvir e compreender não são tarefas tão fáceis, mais a partir do momento em que se estabelece uma monte com a realidade em que vivemos fica evidente a força que temos quando estamos em busca de um mesmo sonho. Conhecer o ser humano em seu contexto histórico, político e cultura faz parte desse processo de transformação e mudança, uma vez que buscamos uma transformação do que estar a nossa volta, isso também nos permite conhecer a nos mesmos, uma vez que a extensão nos possibilita a se tornarmos mais abertos as lutas sociais e entender o porque é necessário compreender os vários movimentos já existentes. Um dia ouvi alguém dizer que para ser estensionista é preciso sentir que é extensionista, e que não se aprende a ser um, eu me sinto extensionista e o PINAB está me dando as ferramentas para aprender a ser um pouco líder, ser crítica quando preciso, ser paciente, saber ouvir melhor as pessoas, a olhar com outros olhos o mundo ao meu redor e a trabalhar em equipe. São muitas lições que aprendi este período, e as expectativas são cada vez maiores para o que estar por vir, sei que vou me apaixonar cada vez mais por este mundo de oportunidade, são experiências que vou levar sempre comigo e em minha formação como pessoa e profissional.
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ANEXO C
Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Renata Alessandra Sousa Firmino
Idosos. Esse grupo foi diferente pra mim em todos os aspectos. Acho que começou diferente por ter sido escolhido a dedo. Escolhi esse grupo por vários aspectos: por nunca ter vivenciado nada com esse público, pela possibilidade de trabalhar com pessoas diferentes do PINAB e pelo motivo principal de que queria muito aprender não só com a vivência deles, mas com o idoso em si. Nunca tive muita proximidade com meus avós e achei que talvez me encontrando com outras pessoas da mesma faixa etária pudesse, quem sabe, aprender a lidar melhor com eles. Isso tudo eram apenas expectativas de início. A realidade me confirmou algumas coisas, mas também me surpreendeu com outras. Diante de tantas dificuldades enfrentadas por esse grupo eu me vi por muitas vezes até desanimada. Desanimada por não ter tanto tempo pra organizar as atividades coletivas, por saber que não tinha como me doar mais e, também, por ver que estávamos muito sozinhas. Mas esse desânimo conseguiu ser revertido pelo prazer que tive com o desafio. Desafio este que me fez ter mais confiança em mim como extensionista, mais confiança no grupo em que eu me encontrava. Quando aprendi que sou humana e que preciso de ajuda. E pude ter essa ajuda explicitamente das meninas. Jousy, Laury e Jessica, cada uma com seu jeito, com seus medos e com, muitas vezes, a garra que me faltava foram quem conseguiram me motivar. Me motivaram tanto que hoje digo com todas as letras que vou sentir saudades. Saudades da experiência vivida, da amizade fortalecida, e, é claro, de trabalhar com eles, os idosos. É reconfortante você se sentir acarinhada após cada atividade coletiva, ver vários deles vindo até você e dizendo: “Obrigada, voltem mais vezes” e claro, nos chamando de “netinhas”. Foi quando senti que eu era alguém importante para aqueles idosos e que eles gostavam da gente. Por mais que achássemos que estávamos fazendo pouco, quando víamos a reação deles percebíamos que não. Eles adoravam aquilo tudo. Devido a tudo isso, não nego, que apesar de entender os motivos do grupo se tornar temporariamente “fora do ar”, fiquei triste. Mas feliz por me ver diante de um novo desafio agora, o PBF.
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