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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO PROJETO PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
SIMONY GUIMARÃES RENATA ALESSANDRA SOUSA FIRMINO LARISSA LORENA DIAS MENEZES KELLY LACERDA DE OLIVEIRA MAGALHÃES AMANDA MARQUES DE ANDRADE
GRUPO OPERATIVO: MOBILIZAÇÃO POPULAR
João Pessoa 2007
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SIMONY GUIMARÃES RENATA ALESSANDRA SOUSA FIRMINO LARISSA LORENA DIAS MENEZES KELLY LACERDA DE OLIVEIRA MAGALHÃES AMANDA MARQUES DE ANDRADE
GRUPO OPERATIVO: MOBILIZAÇÃO POPULAR
Relatório do Grupo Mobilização Popular do Projeto de Extensão Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde (PINAB), coordenado pela professora Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto de Vasconcelos, do Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba, apresentado a PRAC, CCS e DN/UFPB.
João Pessoa 2007
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1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O PINAB é um projeto de extensão popular em saúde vinculado ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Paraíba. Atuante na Unidade de Saúde da Família (USF) Vila Saúde localizada no bairro do Cristo Redentor, no município de João Pessoa - PB. Teve início em julho de 2007, sendo coordenado pela professora do Departamento de Nutrição Ana Claudia Cavalcanti Peixoto de Vascocelos e os nutricionistas Ingrid Dávila Pereira e Pedro José Cruz. Suas atividades tiveram início com a seleção e ingresso de 20 graduandos do curso de Nutrição, contemplando alunos do 1º ao 7º período do curso. O Projeto trabalha com três eixos que norteiam e integram suas ações dentro dos referidos grupos. Estes eixos são: atividades coletivas, visitas domiciliares e aconselhamento dietético individual. Atualmente, o Projeto encontra-se com 25 membros que atuam em grupos operativos com públicos específicos como idosos, gestantes, crianças da Escola Municipal Augusto dos Anjos, famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família. Além dos grupos supracitados, no segundo semestre de atuação, o Projeto implantou mais um grupo, o de Mobilização Popular. Este tem por objetivo unir os interesses dos profissionais de saúde da Unidade aliados aos da comunidade, como a formação do Conselho Local da USF Vila Saúde. A participação ativa dos profissionais, da comunidade e dos estudantes neste processo, além da a busca por líderes comunitários que estejam dispostos a somar conhecimentos e perspectivas, tem sido pré-requisito para que haja avanços neste processo. Ainda, o Grupo pretende mapear os movimentos sociais existentes na comunidade, a fim de ampliar as perspectivas de resolução ou melhoria dos problemas enfrentados na comunidade. Com o Grupo de Mobilização Popular, o Projeto pretendeu agregar o trabalho que vem sendo realizado pelas entidades existentes de organização popular, conhecer as lutas da comunidade através da realização de ações fundamentadas na educação popular, com discussão e problematização acerca das reivindicações e anseios da população. Diante do exposto, o presente relatório sistematiza a experiência vivenciada por este Grupo. O referido relatório também serve de guia, a fim de facilitar a continuidade do trabalho dos extensionistas que irão compor o grupo no período letivo 2008.1.
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL Ser o grupo de interligação com todos os outros do PINAB, levando informações relevantes sobre a comunidade e a Unidade de Saúde da Família Vila Saúde no contexto social, político e nutricional.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Participar do desenrolar da formação do Conselho de Saúde Local da USF Vila Saúde como sujeito onisciente;
Mapear as possíveis lideranças das comunidades em questão, como também, os equipamentos de saúde e sociais presentes;
Observar a opinião dos moradores quanto à questão da formação do Conselho, preconizando a conduta apolítica.
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3 METODOLOGIA
O grupo operativo Mobilização Popular (MP) atuou na comunidade numa perspectiva de investigação qualitativa, a qual teve como objetivo compreender como a comunidade se organizava, quais eram suas reais necessidades e como se mobilizavam para atendê-las, adquirindo esta percepção a partir das lideranças comunitárias locais. Estes líderes comunitários puderam ser identificados no decorrer do processo de formação do Conselho Local de Saúde, que estava ocorrendo na USF Vila Saúde, onde o projeto pôde contribuir como representante da universidade desenvolvendo ações educativas que geraram discussões construtivas, a fim de se levar ao esclarecimento do conceito, objetivo e importância deste espaço. Para tanto o grupo MP teve um momento inicial preparatório, recorrendo a vídeos, artigos científicos e literatura em geral, para se aprofundar teoricamente em temas relacionados à mobilização popular em saúde, como por exemplo, o próprio Conselho Local de Saúde. Além destas formas de atuação, utilizamos como instrumento de atuação as visitas domiciliares aos líderes comunitários, aliando-se a eles para pensarmos na formulação de estratégias fomentadas na educação popular que promovessem a saúde integral da comunidade, a partir da ação desta.
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4. ATIVIDADES REALIZADAS
MÊS
DIA
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ATIVIDADES Reunião na USF –
DESCRIÇÃO
O primeiro dia de atividades do grupo
Pauta: Conselho
Mobilização Popular aconteceu na USF –
Local - Dinâmica
Cristo. O grupo pôde estar participando de uma
das mãos + texto
reunião
marcada
pela
Unidade
com
os
funcionários desta e com os profissionais de saúde para falar a cerca do Conselho Local de Saúde, onde as pessoas iriam expor o que entendiam de Conselho, suas duvidas, como se daria sua formação, como era representado o Conselho, quem eram seus integrantes, dentre outras questões. A reunião contou com um total de 36 participantes NOVEMBRO
A reunião foi iniciada com uma dinâmica “mãos: dar e receber” liderada pela ACS Eulina. Um texto foi lido e refletido em seguida. Após esse momento abriu-se um espaço onde as pessoas falavam o que sabiam e entendiam de Conselho de Saúde, alguns participantes relataram suas experiências em Conselhos de Saúde, boas e ruins. Também foi relatado que Pedra Branca I e II eram as que mais apresentavam lideranças comunitárias e se mostravam mais participativos. Seguindo a reunião, a Nutricionista e coordenadora do PINAB apresentou o grupo Mobilização Popular ao “grupão”, expondo
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seus objetivos e de que maneira ele iria atuar. As falas prosseguiram, todas as pessoas que estavam na roda falaram do que entendiam do Conselho e o que percebeu-se é que havia muita confusão e pouco entendimento por parte de alguns sobre o verdadeiro papel deste. Assim sentiu-se a necessidade de uma próxima reunião mais teórica, que exporia ás pessoas o papel dos Conselhos, a necessidade de sua implantação, que benefícios trariam para a Comunidade e para a Unidade, quais os desafios deste, as maiores dificuldades. Como encaminhamentos, os integrantes do PINAB ficaram encarregados de organizar uma oficina com textos que seriam discutidos e refletidos na próxima reunião. Para o grupo MP ficou a tarefa de pesquisar artigos que tratava de formação de Conselhos, a fim de enriquecer nosso entendimento.
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I MOSTRA DO PINAB
14 DEZEMBRO
I Mostra do PINAB, não houve, portanto, atividades nesse dia
Oficina na USF
Reunião liderada pelos integrantes do
coordenada por
PINAB. Foi iniciada com a apresentação de
Pedro e Ingrid
todos. Depois disso, os médicos da Unidade, Janine e Aldenildo, abriram a reunião com Danças de Roda, momento em que houve bastante descontração e deixou todos bastante a vontade,
havendo
uma
integração
entre
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funcionários e profissionais, “quebrando o gelo” do dia-a-dia. Passado esse momento o grupo voltou para a roda e então dividiu o “grupão” em grupos menores. Cada grupo ficou com um texto: “O que é Conselho de Saúde e o que eu tenho haver com isso” (o mesmo para todos). Esse seria discutido e sua apresentação ao grupo maior se daria da maneira que cada um achasse melhor. Alguns apresentaram em forma de esquetes, outros em cartazes, outros em teatro mudo. Em alguns deles houve comoção durante as apresentações, mostrando o desejo de expor seus sentimentos durante aquele momento. A organização da reunião convidou para o grupo uma liderança da comunidade Maria de Nazaré, para que esta pudesse falar um pouco de sua
experiência
em
comunidade, da
importância da organização do grupo, das dificuldades encontradas, da importância de cada um em tentar mudar a situação atual, luta pelas políticas públicas. Ao final de sua fala ressaltou: “Onde há união há força”. A próxima reunião ficou agendada para o dia 22 de fevereiro. Esta contaria também com a participação da comunidade e suas lideranças, funcionários.
alem
de
profissionais
e
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21
INÍCIO DO RECESSO
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TÉRMINO DO RECESSO
Reunião na UFPB 25
A reunião aconteceu na UFPB para que
– Planejamento
discutíssemos alguns pontos e planejar as ações
das atividades a
do grupo em diante. Discutimos então a ultima
serem realizada
reunião
que
aconteceu
na
Unidade
e
destacamos alguns pontos, refletimos em cima do que cada um observou.
JANEIRO
Como encaminhamento para a reunião seguinte, Pedro sugeriu que lêssemos um texto que abordasse os movimentos sociais e educação popular. Também seria passado um vídeo, cerca de 20`, onde trataria desses movimentos e de suas lutas e conquistas. Depois discutiríamos o texto e o vídeo.
01
Reunião na UFPB – Discussão do
havíamos combinado na semana anterior, seria
artigo
lido e discutido um texto, alem do vídeo dos
“Movimentos
movimentos sociais.
Sociais e FEVEREIRO
A reunião aconteceu na UFPB, e como
Por motivos técnicos, o vídeo não pôde
educação Popular:
ser apresentado. Fizemos então um circulo para
Construindo
proceder com a leitura do texto: “Movimentos
novas
Sociais e educação Popular: Construindo novas
sociabilidades e
sociabilidades e cidadania”. Cada um dos
cidadania”, de
integrantes leu uma parte do texto, e conforme
Maria do Socorro
houvesse necessidade, este seria interrompido e
Xavier Batista.
as considerações eram feitas.
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Esse texto foi bastante importante para que começássemos a ter uma noção da ótica dos movimentos sociais, como eles atuam, sua organização, para que assim pudéssemos entender melhor sua estrutura. Como encaminhamento para a próxima reunião, Pedro sugeriu que esta fosse liderada por nós do grupo MP, procuraríamos um texto que abordasse o tema Conselho Local de Saúde e fizéssemos então uma oficina. Aceitamos o desafio de construir essa oficina.
08
Não houve
RECESSO DE CARNAVAL
Atividade
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Reunião de
A reunião ocorreu na UFPB, no
estudos teóricos
Departamento
na UFPB - Vídeo
disponibilizava de aparelho de DVD para que o
+ texto (controle
vídeo fosse passado.
social e
de
Fisioterapia,
que
Como havíamos combinado, a oficina
movimentos
seria comandada pelo grupo. Inicialmente
sociais)
Pedro passou o vídeo, um trecho mostrava um depoimento de Paulo Freire que destacava a importância dos movimentos sociais, suas maiores conquistas, entre outros. Também mostrava trechos de alguns movimentos como o MST, Movimentos dos Atingidos por Barragens. Com isso, pudemos entender mais de perto o funcionamento desses movimentos e
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principalmente sua organização. Refletimos sobre as questões levantadas pelo vídeo. Partimos então para a segunda parte da oficina, a leitura do texto: “Conselhos de Saúde: efetividade do controle social em municípios de Goiás e Mato Grosso do Sul”. Anterior a leitura do texto, em forma de dinâmica,
colocamos
em
uma
caixinha,
algumas perguntas, feitas por nos mesmos do grupo, a respeito do texto. Depois de lido, cada pessoa do grupo tirava uma pergunta e todos que nele estavam tentavam respondê-las.
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Reunião geral na
Nesse dia aconteceria a formação do
unidade com
Conselho Local de Saúde. Contou com a
todos os
participação de mais de 50 pessoas, dentre
profissionais de
profissionais de saúde, lideranças comunitárias,
saúde (Discussão
funcionários
sobre a formação
comunidade (Jardim Boa Esperança, Nova
do conselho local
Esperança, Boa Esperança II, Pedra Branca I).
de saúde)
Inicialmente cada um se apresentou para o
da
Unidade,
pessoas
da
grupo maior. A
reunião
começou
bastante
conturbada, uma vez que algumas pessoas começaram a falar de seus problemas pessoais em Conselhos, de suas experiências, algumas delas bastante descontentes e desacreditadas na formação do mesmo. Ao mesmo tempo, percebemos que outras tinham muito interesse que esse Conselho fosse formado rapidamente e que não passasse daquela reunião, talvez por
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interesses pessoais. Como forma de organização, a gerente da USF sugeriu que o “grupão” fosse reduzido em 2 grupos menores, pois da maneira que estava organizado as pessoas não estavam conseguindo ouvir umas as outras. A gerente lançou uma pergunta a ser respondida pelos grupos: “O que nós esperamos do conselho?”. Cada grupo seria liderado por uma pessoa. Depois de um determinado tempo, os grupos voltariam e cada um falava para o todo o que havia sido discutido. Porem, na volta dos grupos as discussões continuaram e objetivo inicial não foi alcançado. Como encaminhamento, Pedro sugeriu que o Conselho não fosse definido naquele dia, uma vez que a formação deste denotaria mais tempo, mais discussão e melhor planejamento. Portanto, sugeriu-se que formasse uma espécie de Comissão Organizadora para organizar as próximas
reuniões
para
a
formação
do
Conselho. Essa decisão não agradou a maioria do grupo, algumas pessoas desejavam que o Conselho fosse formado naquele dia a todo custo. Porem, outras acataram a idéia e concordaram que este deveria ser feito de forma
bastante
racional
e
com
muita
responsabilidade. Ao fim da reunião pudemos estar conversando
com
algumas
lideranças
e
colhendo algumas informações sobre suas
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comunidades
e
seus
grupos.
Colhemos
telefones de alguns para que agendássemos visitas as suas associações.
A reunião aconteceu na USF, onde 29
Reunião na USF
planejamos como atuaríamos com as lideranças comunitárias e também como faríamos o mapeamento
dos
movimentos
sociais.
Planejamos inicialmente de visitar a Pastoral da Criança, uma vez que uma das representantes desta era a ACS Eulina. Combinamos de falar com Pedro para que agendasse com ela essa visita. Pensamos
em
realizar
momentos
educativos com as lideranças, após fazer esse mapeamento, fazer oficinas com eles, tentando integrá-los, uma vez que percebemos certa dificuldade nesse aspecto. Também discutimos como poderíamos estar fazendo o Aconselhamento Dietético, uma vez que temos a dificuldade na liberação dos ACS´s
nas
sexta-feira.
Pensou-se
na
possibilidade de fazer na própria casa das pessoas, sem os ACS´s, mas depois vimos que isso era inviável.
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07
Reunião na USF
Nesse dia participamos da reunião interna da Unidade, onde a coordenação do PINAB iria expor algumas mudanças que deveriam ocorrer, principalmente com relação as visitas domiciliares. A coordenação do PINAB falou a respeito da Mostra da Saúde da Família que irá acontecer no mês de Agosto em Brasília. Informou do nosso desejo de escrever algo sobre a formação do Conselho e os perguntou se alguém teria interesse em escrever algo conosco. Alguns mostraram-se interessados. Combinamos de falar com a gerente da Unidade para liberar a ACS Eulina para visitarmos a Pastoral da Criança.
MARÇO
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Reunião na universidade
Reunimos-nos no Cristo para falarmos com Eulina, porém por motivos de saúde não pôde
comparecer.
Devido
esse
fato,
começamos a escrever o resumo da Mostra de Saúde da Família.
21
Semana santa
SEMANA SANTA
(feriado)
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Reunião para
Reunimos na USF para fazermos o
preparação de
resumo para a Mostra de Saúde da Família de
resumo a ser
Brasília. Procuramos quem desejaria participar
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submetido na
dos profissionais, mas não houve nenhuma
Mostra de Saúde
manifestação.
da Família
04
Não houve
NÃO HOUVE ATIVIDADE
atividade
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ABRIL
Visitas à
Pela manhã pudemos estar nos reunindo
lideranças
com a ACS Eulina na USF, para que ela nos
comunitárias e
apresentasse as atuações da pastoral da criança,
equipamentos
quais as conquistas, as maiores dificuldades,
sociais
conhecer de fato suas ações. A exposição feita por Eulina foi bastante abrangente, mais em nível de Brasil, nos falou o que era a Pastoral, seus objetivos, seu publico alvo, entre outras informações. O que nos chamou mais atenção foi que percebemos pela fala da ACS que a Pastoral da Criança naquele momento era pouco atuante. Por ser um trabalho difícil, que conta com a boa vontade das pessoas, de doações, a Pastoral não estaria funcionando. Mesmo assim, Eulina nos relatou que uma das maiores dificuldades em realizar as ações é a violência presente na
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Comunidade, que os deixa acuados. É um movimento bem organizado, com estatuto,
presidência,
baseadas
em
de
princípios
boas
intenções,
bíblicos,
mas
infelizmente não está atuante no bairro. Pela tarde, acompanhadas da funcionária da USF Nice, pudemos esta visitando duas lideranças comunitárias. Primeiro fomos até a casa de Beatriz e Sr. Luiz, líderes da Associação
Comunitária
de
Amigos
e
Moradores de Pedra Branca. Pudemos estar conversando com a Sra. Beatriz, que nos passou algumas informações a cerca da associação: esta não tem sede própria, ela existe há 10 anos, não recebe nenhum tipo de ajuda financeira, as reuniões são feitas apenas quando há necessidade, a participação da comunidade não é tão intensa nas reuniões. Durante sua existência já conquistaram algumas coisas para a Comunidade, como luz, água, saneamento, calçamento. Ainda buscam algumas coisas como uma creche e um colégio que sejam mais próximos a comunidade. Relatou também que tem bom contato com a imprensa, quando querem reivindicar algo, ligam para determinadas pessoas e logo eles chegam. Beatriz relatou que uma das maiores dificuldades é a desunião entre as lideranças, observa que cada pessoa luta por seus próprios interesses, deixando de lado a coletividade.
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Sobre a formação do Conselho de Saúde, Beatriz mostrou-se desacreditada e relatou: "Espero que seja com grupo de pessoas bem escolhidos para terem disponibilidade, porque se não é perder tempo.". A segunda visita foi a casa de Dona Dora, que faz parte da Comunidade Boa Esperança, que não gostava de se intitular como líder comunitária. Dora relatou que trabalhava com a comunidade há 22 - 23 anos, disse que as pessoas a buscavam contando seus problemas e esta ia buscar ajuda fora da comunidade ou mesmo nela. Relatou algumas conquistas como, luta com
a
Saelpa
quando
foi
privatizada,
calçamento, esgoto, lombada eletrônica na BR. Uma das dificuldades por ela apresentada é não haver lugar para as reuniões, as igrejas não ajudarem, cedendo seus espaços, grupos que são aliados com sistemas partidários. Dora relatou-nos a existência de outro movimento dentro do Boa Esperança, chamado "Lá Vem Elas", um grupo de mulheres liderado por ela, porem sem sede própria, nem estatuto. Também sente falta de uma creche para as crianças, uma melhor atuação do Conselho Tutelar, e as drogas como sendo um dos maiores empecilhos para realizar trabalhos na comunidade. Sua opinião em relação a formação do Conselho, acha que será bom para as
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comunidades, mas relatava que este só deverá ser formado se contar com a participação de todos e que a presidência deve ser de alguém da Comunidade, não de funcionários da USF.
A reunião aconteceu no Cristo. Fomos 18
Reunião com lideranças (Comunidade Boa Esperança)
visitar a líder comunitária, com as ACS ´s Francy e Lúcia, da Boa Esperança, a Sra. Lourdes. Ela nos relatou que a associação existe desde o inicio da Comunidade. Ela tem sede, apresenta 6 sócios, que contribuem com uma quantia de 20,00R$ por mês. A associação conta com 12 participantes, porém poucos participam de fato. A comunidade não se mostra muito participativa durante as reuniões e essa é uma das maiores dificuldades que ela vê, segundo ela: “as pessoas aparecem apenas para reclamar ou quando tem alguma festividade”. Em geral, as maiores reclamações são em relação ao saneamento básico, que foi mal feito, a retirada do posto de saúde que dificultou o acesso das pessoas ao serviço de saúde. A líder mostrou-se descontente com a população e nos disse que não desejava mais se reeleger
nas
próximas
eleições,
que
acontecerão no final do ano
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Reunião na UFPB para discussão e
Reunião na UFPB sobre as repercussões
21
encaminhamentos
das Ăşltimas visitas aos lĂderes e possĂveis encaminhamentos do grupo MP.
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5 DISCUSSÕES, REFLEXÕES E ENCAMINHAMENTOS
O grupo de mobilização popular (MP) é um grupo novo, que surgiu da necessidade de engajar integrantes do presente projeto num horário viável de modo que conciliasse com suas obrigações acadêmicas. Sua formação coincidiu com o processo de formação do Conselho Local de Saúde. Deste modo, a princípio foram realizadas reuniões com o grupo, a fim de planejarmos, traçarmos metas e objetivos, que facilitassem o acompanhamento da dinâmica deste processo, o qual ainda não foi concluído. Durante estes encontros, surgiu a necessidade de buscarmos um embasamento teórico sobre conselhos de saúde e movimentos sociais. Assim foram utilizados textos e vídeos, levando a discussões construtivas e pedagógicas, que contribuíram para um maior esclarecimento do tema. Foram muitos valiosos os momentos de pesquisa, de questionamentos, de provocações e discussões vivenciados pelo grupo. Nesta etapa, tivemos a oportunidade de conhecermos diversos movimentos sociais e sua dinâmica, que ampliaram nossa visão despertando um maior senso crítico em cada integrante da equipe. As primeiras atividades desenvolvidas pelo grupo MP, junto a comunidade foi acompanhar este momento inicial de formação de conselho de saúde. Assim sendo, as primeiras reuniões foram realizadas somente com os profissionais da unidade e organizada pela própria gestão da Unidade de Saúde da Família – USF. A partir das observações feitas pelo grupo, percebemos que estes profissionais apresentavam muitas dúvidas quanto aos objetivos, estrutura e atuação dos Conselhos de Saúde (CS). Num segundo encontro, contou com a presença da comunidade, entre ela suas lideranças, representantes da secretaria de saúde, profissionais da unidade e integrantes do projeto, durante a reunião formou-se um clima tenso, onde a comunidade estava mais preocupados em cobrar e apontar erros, talvez por considerar esse espaço um meio apenas para isso. Porém, foi esclarecido, no decorrer da própria discussão pelos facilitadores (representantes da secretaria) e outros participantes, mais esclarecidos do assunto que o papel do CS vai muito além de reivindicações, pois busca melhores meios de solucionar os problemas que surgem dentro da comunidade. Estes resultados demonstram a vontade da população de exercer o controle social, que o Conselho de Saúde permite.
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Com relação à Pastoral da Criança, verificamos que ela não está ativada atualmente devido à sua principal dificuldade que é a falta de voluntários e também de subsídios. A Associação Comunitária Amigos e Moradores de Pedra Branca existe há dez anos e já pôde enumerar algumas conquistas como calçamento, luz, saneamento e etc. Tem como líderes um casal. Atualmente, as reuniões acontecem quando há necessidade, sempre na residência do casal ou no espaço da quadrilha. Por meio de diálogos observamos que estes líderes estão cansados, desgastados de lutar e provavelmente, por este motivo, desacreditam na proposta do CS, apesar de considerarem importante. Diagnosticamos com outra líder de Pedra Branca II, que sua percepção com relação ao Conselho de Saúde é positiva, ou seja, sua possível formação seria de grande importância para ela e para a comunidade em si, todavia, apenas se ele for realizado de forma transparente e esta considera os profissionais da USF bastante abertos para o diálogo. Um aspecto interessante durante estas visitas foi a participação de algumas Agentes Comunitárias de Saúde. Além de viabilizarem estas visitas, permitiram que o diálogo com as lideranças fosse espontâneo, sem muita formalidade, o que deixou estes bem mais a vontade para expressar a a atual realidade da comunidade. Diante destas impressões, destacamos a necessidade de se conhecer outra lideranças comunitárias de Itabaiana I e II, já que durante o tempo de estudo não foi possível realizar. É imprescindível continuar com as visitas às lideranças para que seja possível entender toda a dinâmica que está interferindo diretamente no processo de formação de Conselho e, a partir daí, traçar novas perspectivas e objetivos. Além disso, seria de grande proveito o contato com a população para podermos observar a opinião e esclarecimentos deste público. É essencial também divulgar e discutir o que é o Conselho Local de Saúde em entidades (como a ASPAN, igrejas, pastoral, entre outros, que precisam ser elencados) na comunidade por meio de métodos dinâmicos. Constatamos também que os ACS possuem uma visão diferente e privilegiada sobre os movimentos sociais dentro da comunidade, por enxergarem estes movimentos com um olhar que não representa o de um líder comunitário, logo, a participação dos ACS constitui uma ferramenta importantíssima para entender o desenvolvimento deste processo.
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6 CONSIDERAÇÕES
Trabalhar com o grupo Mobilização Popular é um desafio que confere ao PINAB um caráter mais político e inovador, que aliado aos objetivos do referido projeto, propicia ao estudante um conceito mais amplo de saúde que envolve a luta e a participação da comunidade na busca por melhores condições de vida, possibilita ao aluno interpretar a realidade de uma maneira mais crítica, além de contribuir na formação humanística, social e profissional do extensionista. Na comunidade percebemos que há lideranças fortes, que ao longo dos anos realizaram grandes conquistas, porém, há também muitas divergências, conflitos pessoais e políticos entre eles, dando a entender que cada um tenta lutar sozinho pelos mesmos objetivos no sentido de buscar melhorias para comunidade, porém com possíveis interesses pessoais por trás, que não cabe neste momento apontarmos ou afirmarmos enquanto projeto de extensão. Entender a história destas lideranças é nosso maior desafio enquanto extensionistas, para tal temos que ter um olhar crítico e ao mesmo tempo não interferir ou influenciar nos diálogos expostos e sem nos preocupar em apontar quem está falando ou não a verdade, pois cada um tem sua verdade individual. Comportando-se desta forma, sem nos envolvermos no sentido de tomar partido, mas tentando entender a percepção da comunidade de maneira geral e dos profissionais da unidade quanto à formação destes Conselhos de Saúde, acreditamos que será possível entendermos esta dinâmica que envolve o processo de formação do Conselho. E a partir deste ponto contribuir de modo a facilitar uma melhor compreensão com relação a conselhos de saúde, para que este comece com um bom embasamento, esclarecido tanto para a comunidade como para a Unidade de Saúde e seja bem sucedido.
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7 REFERÊNCIAS
LABRA, E.M; FIGUEIREDO, J.S.A. Associativismo, participação e cultura cívica. O potencial dos Conselhos de Saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva; v. 7, nº 3, Rio de Janeiro, 2002. STRALEN, C.J.V; LIMA, A.M.D; SOBRINHO, D.F; SARAIVA, L.E.S; STRALEN, T.B.S.V; BELISÁRIO, S.A. Conselhos da Saúde: efetividade social em municípios de Goiás e Mato Grosso do Sul. Revista Ciência e Saúde Coletiva; v. 11, nº 3, Rio de Janeiro, julho/setembro de 2006.
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ANEXOS
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ANEXO 1 Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Amanda Marques de Andrade
Participar do novo grupo Mobilização Popular pôde estar contribuindo de maneira significativa em minha vida na academia. Por tratar-mos de momentos mais políticos, onde a população estava diretamente envolvida, levando a tona suas insatisfações com o sistema de saúde, seu anseio por mudanças estruturais, fez nascer em mim também um desejo de não me conformar com a realidade de nossa sociedade, que por vezes é injusta e excludente. Durante a experiência no grupo detectamos a presença de alguns movimentos sociais, onde pessoas se reuniam na luta por uma causa. Achei bastante interessante e válido conhecer alguns movimentos sociais em nível de Brasil, para conhecer como se estruturavam e depois conhecer mais de perto os que existiam naquela comunidade. Os lideres comunitários (dos movimentos sociais) eram pessoas que sabiam “controlar” a população e que de alguma maneira tinham a capacidade de reunir pessoas em torno de um objetivo comum. Percebi na fala de alguns líderes a insatisfação em trabalhar pela comunidade, por relatarem trabalharem sozinhos pela defesa de causas que eram comuns a todos. Pelo desejo da formação de um Conselho Local de Saúde ali naquela USF pude perceber, agora pela voz do povo, que o sistema de saúde apresentava falhas em sua estrutura e que aquela população sentia-se injustiçada e almejava mudanças imediatas. Pude observar, pelos depoimentos de alguns populares durante as reuniões, a característica de lideranças políticas, que muitas vezes o desejo em participar do Conselho, estaria mais voltado a interesses pessoais, do que mesmo pela coletividade. Esse fato poderia estar diretamente prejudicando a formação deste, as necessidades da população seriam postas de lado, prevalecendo os interesses de uma minoria. O que senti falta nesse grupo foi o contato mais de perto com as famílias da USF, uma vez que as visitas domiciliares tornaram-se inviáveis, pela disponibilidade de AC´s nas sextasfeiras. Em suma, pude aprender a perceber algumas características de lideranças dentro das comunidades, vi pessoas realmente interessadas na luta por mudanças, mas infelizmente também percebi a presença de pessoas oportunistas. Apesar da boa estrutura que a USF apresenta,
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alguns populares estavam bastante insatisfeitos com os atendimentos, com a marcação de consultas e de exames, necessitando, portanto rever estes e buscar alguma maneira de modificar essa situação.
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ANEXO 2 Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Kelly Lacerda de Oliveira Magalhães
A vivência no grupo Mobilização Popular (MP) foi bastante desafiadora, visto que era uma nova frente de atuação dentro do projeto e meu conhecimento prévio sobre mobilização popular em saúde era bastante superficial. Durante a busca do conhecimento e a percepção obtida principalmente nas visitas domiciliares às lideranças comunitárias, houve em mim o despertar de um olhar mais crítico, contribuindo para meu amadurecimento e o acentuar da inquietação perante algumas realidades sociais, o que leva a pensar e pôr em prática estratégias que resultem em mudanças. Além disso, como acredito que a mobilização das pessoas, que se tornam sujeitos de sua própria história, é fundamental para que ocorra a mudança social, inclusive a promoção da saúde integral daquelas, este grupo poderá ser uma grande estratégia para que esta autonomia seja trabalhada na comunidade.
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ANEXO 3 Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Larissa Lorena Dias Menezes “O nome mobilização, por si só, causa um certo impacto pela força que o mesmo representa e, ao ser escalada para fazer parte de um grupo denominado Mobilização Popular, senti inicialmente que, onde quer que este grupo atuasse, tinha que fazer valer o seu nome. Então, com a responsabilidade não apenas de mobilizar, vi, a partir das vivências, quantas coisas poderiam ser feitas a fim de solucionar alguns dos problemas enfrentados pelos moradores daquela comunidade, problemas estes que não eram visualizados tão facilmente por nós por não estarmos vivenciando a realidade deles diariamente. Mas, mergulhando nesta realidade, passei a enxergar que existe uma enorme vontade por mudanças, mudanças positivas que só poderão ser concretizadas se forem idealizadas por pessoas confiáveis, líderes comunitários preocupados com a comunidade e não apenas em seus interesses. Daí nosso desafio. Um grande desafio que não se resume à busca por estas pessoas comprometidas, mas também na continuidade deste trabalho que só está sendo possível devido a uma porta seletiva que foi aberta, a qual permite apenas a entrada de pessoas que realmente estejam dispostas a fazer algo, algo engrandecedor como estamos fazendo. Portanto, a cada dia que passa, enxergamos nossos passos feitos com tanta cautela, mas que são os responsáveis por nos dar a certeza de que nosso esforço está valendo a pena.”
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ANEXO 4 Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Renata Alessandra Sousa Firmino Quando entrei no grupo “Mobilização Popular”, o conhecido “MP”, fiquei meio perdida de início, pois não tinha idéia de como poderia ajudar se nem ao menos sabia o que era Mobilização Popular ou Conselho de Saúde (CS). Ao mesmo tempo me veio uma curiosidade muito grande a respeito do tema que me obrigou a pesquisar. E, foi por meio dessa pesquisa, que pude perceber a importância do grupo que eu me encontrava para aquela USF e para a comunidade. Me senti privilegiada por saber que fazia parte de um grupo que conseguiria observar coisas muito além do dia a dia do Vila Saúde ou dos grupos de atuação do PINAB, pois poderíamos sentir no real sentido da palavra as situações que envolvem toda a comunidade, com o acesso que encontraríamos aos Líderes Comunitários e a população em geral no termo político. Estar “mobilizando” me fez crescer muito como extensionista. Pude perceber que a falta de informação sobre assuntos tão próximos aos moradores podem deixar líderes totalmente descrentes com uma nova realidade que só tende a ser melhor para todos. E foi aí que vi o meu papel mais aprofundado, pois se nem os líderes conheciam os Conselhos de Saúde direito, como a população iria poder apoiar ou não? A pesquisa e o estudo sobre o tema me levaram a ver a própria sociedade em que vivo com outros olhos. Apesar de já ter feito visitas domiciliares, participado do grupo de Gestantes e feito aconselhamento dietético, só com a participação nas reuniões de formação do CS pude aprender muito sobre a atuação da USF, da comunidade, dos líderes e até mesmo dos ACS’s que mais uma vez demonstraram sua importância. Isso tudo me mostrou que ser Nutricionista de PSF não é apenas lidar com dietas e assuntos relacionados a alimentação, ser Nutricionista de PSF é saber lidar também com toda a realidade comunitária, observando suas lutas e anseios para poder ajudar com o conhecimento científico junto as comunidades sobre temas que muitas vezes estão tão distantes da realidade desse público.
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ANEXO 5 Relato Pessoal da experiência vivenciada Por Simony Guimarães
A extensão popular é um mundo de descobertas, que nos envolve e nos impulsiona cada vez mais a engajarmos nesta causa, que nos humaniza e nos torna cidadãos mais sensíveis e mais críticos. E a oportunidade de colocar o estudante diante de problematização real da comunidade e a partir desta buscar soluções criativas, práticas, construtivas e pedagógicas, interpretando diferentes realidades. Dentre as muitas experiências vivenciadas até aqui, com o grupo de mobilização popular aprendir a importância do ouvir o outro e como as pessoas estão carentes de atenção. Esse diálogo, que exige o ouvir, constitui uma ferramenta imprescindível que permeia o processo da educação, tão importante quando se trabalha na atenção básica e ao mesmo tempo tão “escanteada” por muitos profissionais de saúde. Quando ouvimos passamos confiança, credibilidade, valorizamos o ser humano independente de sua condição socioeconômica, credo ou escolaridade, e tudo isto faz com que eles se sintam importantes e inclusos, além de se tornarem mais abertos para discutir diferentes opiniões, levando a possíveis mudanças, que pode demorar anos, afinal o trabalho com educação é lento, porém muito eficaz e só através dele poderemos fazer diferença enquanto extensionistas, enquanto projeto no ambiente na qual estamos inseridos!! Um outro aspecto da extensão, é que ela permite o aprendizado em equipe, trabalha com a subjetividade do estudante, o coloca diante de situações que exige muitas vezes uma posição de liderança. E tudo isto leva a um amadurecimento pessoal, acadêmico e profissional do extensionista. Estas são experiências que jamais esqueceremos e nenhuma sala de aula entre quatro paredes pode nos proporcionar.