UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO
PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE PINAB
AMANDA AMAIY PESSOA SALERMO ISLANY COSTA ALENCAR (Bolsistas) PROF. RODRIGO PINHEIRO DE TOLEDO VIANNA (Coordenador) PROFª ANA CLÁUDIA CAVALCANTI PEIXOTO DE VASCONCELOS PEDRO JOSÉ SANTOS CARNEIRO CRUZ (Colaboradores)
JOÃO PESSOA - PB 2010
AMANDA AMAIY PESSOA SALERMO ISLANY COSTA ALENCAR
PRÁTICAS INTEGRAIS DA NUTRIÇÃO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE PINAB
Relatório de Bolsistas apresentado a Assessoria de Extensão e Assuntos Comunitários do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba.
JOÃO PESSOA - PB 2010
SUMÁRIO SUMÁRIO
3
1. INTRODUÇÃO
4
2. OBJETIVOS
6
3. DESCRIÇÃO GERAL
7
4. ATIVIDADES REALIZADAS – PROBEX 2010
13
5. MUDANÇAS OCORRIDAS – PROBEX 2010
14
6. REFLEXÕES PROMOVIDAS
15
7. IMPACTOS NA FORMAÇÃO ESTUDANTIL
19
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
21
1. Introdução O Projeto de Extensão “Práticas Integrais da Nutrição na Atenção Básica em Saúde (PINAB)”, do Departamento de Nutrição/CCS/UFPB, é realizado desde 13 de agosto de 2007 com as comunidades de Jardim Itabaiana, Boa Esperança e Pedra Branca, localizadas no bairro do Cristo Redentor em João Pessoa/PB, atuando na Unidade de Saúde da Família “Vila Saúde” e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Augusto dos Anjos. O PINAB é desenvolvido segundo o referencial teórico da Educação Popular, com práticas de ação e reflexão da Nutrição no campo da Saúde Coletiva e da Segurança Alimentar e Nutricional, possibilitando aos extensionistas a percepção do trabalho em saúde como um ato de compromisso social e construção coletiva de cidadania. Atualmente, participam dezesseis estudantes do primeiro ao sétimo períodos do curso de Nutrição, além de um nutricionista colaborador e três docentes. Possui três frentes de atuação: 1) ações educativas com grupos comunitários de: gestantes, escolares, famílias beneficiárias pelo Programa Bolsa Família, e participantes de organizações populares locais; 2) visitas domiciliares; e 3) gestão compartilhada do Projeto. Tais ações têm possibilitado uma intervenção humanizada da nutrição no cotidiano da comunidade. Além de estimular que os extensionistas construam caminhos para uma atuação do nutricionista comprometida com a promoção da saúde naquela realidade. Suas atividades estão sendo desenvolvidas em caráter permanente, entrando apenas em recesso conforme o calendário letivo da UFPB. Neste processo, o PINAB vem conseguindo acumular experiência na área da extensão na linha da Educação Popular, com a construção de estratégias metodológicas inovadoras no âmbito da Nutrição em Saúde Pública. No transcorrer de seus trabalhos, a Extensão Popular é compreendida não como uma área temática em especial para o desenvolvimento das ações, mas como o norte filosófico e metodológico das ações. A Educação Popular é o jeito diferente de conduzir a extensão que orienta, onde se privilegia o diálogo e a construção conjunta dos saberes como meio essencial e se vislumbra a emancipação social, a autonomia do popular e a promoção da saúde como objetivos-fins.
Nessa esteira, por constituir ação centrada no diálogo de saberes, cujo prérequisito consta do compromisso e da pró-atividade, participam do Projeto estudantes dos períodos iniciais da graduação em nutrição. Nesse sentido, corroboramos com algumas das atuais políticas e fundamentações teóricas de formação estudantil na área de saúde, as quais afirmam ser importante inserir os estudantes o mais precocemente possível em contato com a realidade social da população brasileira, permitindo-lhes apreender os desafios, limites e potencialidades do trabalho em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde a partir de sua interação participativa com o mundo concreto, seus problemas e seu permanente movimento. Assim, este Projeto coaduna com as perspectivas teórico-metodológicas atualmente recomendadas pelo Ministério da Saúde para a formação do profissional de saúde, marcadamente expressas no Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (PRÓ-SAÙDE), bem como pelo Plano Nacional de Extensão. Ademais, está articulado com as diretrizes estabelecidas no Projeto Político Pedagógico do Curso de Graduação em Nutrição, as quais reforçam a necessidade de novos profissionais cujo acúmulo teórico e prático esteja direcionado para uma atuação cidadã, em conformidade com a realidade concreta vivenciada pela maioria da população brasileira, especialmente no que diz respeito às condições de garantia da alimentação enquanto direito e da promoção da Segurança Alimentar e Nutricional. Acreditamos que, por inserir os estudantes de maneira ativa e participativa no contexto social brasileiro, a Extensão Popular é verdadeiramente capaz de formar profissionais que contribuam efetivamente neste quadro, forjando-se aí uma nova perspectiva ética para os futuros profissionais. Conforme explicitado nas recomendações do Ministério da Saúde, o PINAB procura desenvolver e incentivar transformações do processo de formação, geração de conhecimentos e prestação de serviços à população, para abordagem integral do processo saúde-doença, através de metodologias ativas, práticas educativas na rede pública de serviços básicos de saúde, contribuindo para a formação de profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operacionalização do Sistema Único de Saúde. Neste Projeto, dentre um grupo formado por dezesseis estudantes, cabe aos estudantes bolsistas do Programa Bolsas de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da UFPB criar condições pedagógicas, políticas e técnicas de se aprimorar o espírito cooperativo, solidário e crítico no âmbito do Projeto. Desse modo,
ser bolsista no PINAB não implica ser um estudante diferente dos demais, mas comprometer-se de modo mais sistemático e programático no acompanhamento pedagógico, avaliativo, crítico e estratégico do Projeto, junto a Coordenação. Para tanto, manter relação estreita com a Coordenação e as diferentes frentes administrativas do Projeto, bem como suas relações institucionais com os diferentes parceiros. Sobretudo, implica apoiar incondicionalmente todo o grupo para que possam empreender as ações coletivamente acordadas e planejadas, num espírito de avaliação conjunta permanente, mediante a descentralização insistente das ações, pela ênfase na gestão participativa do Projeto e pelo acompanhamento de seu andamento nos campos da extensão, da pesquisa e do ensino. Por isso, para não manter qualquer vantagem em relação ao demais membros do grupo, os bolsistas permanecem realizando ações nas frentes básicas de inserção do Projeto, cumprindo a mesma carga horária exigida para todos. Para exercer as ações específicas de bolsista, anteriormente detalhadas, cumpre-se uma carga horária adicional, em acompanhamento pelos docentes e pelo nutricionista colaborador. Este relatório se propõe sintetizar algumas das principais realizações, avaliações e encaminhamentos construídos no Projeto com a colaboração do trabalho dos estudantes bolsistas, o que foi viabilizado graças ao apoio cedido pelo Programa Bolsas de Extensão (PROBEX) da UFPB, o qual chega ao Centro de Ciências da Saúde, através de sua Assessoria de Extensão, a quem este relatório se dirige especificamente.
2. Objetivos Objetivos Gerais
• Contribuir para o desenvolvimento social no âmbito comunitário, a partir da Promoção da Saúde e da Segurança Alimentar e Nutricional; • Promover a formação acadêmica dos estudantes envolvidos, através de ações de ensino e pesquisa no âmbito da extensão universitária.
Objetivos Específicos
• Promover a aproximação dos estudantes com a realidade social, econômica e cultural das classes populares; • Desenvolver metodologias e sistematizar conhecimentos sobre a educação popular como estratégia de promoção da saúde e da segurança alimentar e nutricional na atenção básica em saúde; • Desenvolver ações educativas em saúde com o público beneficiário do Programa Bolsa Família no âmbito comunitário; • Apoiar a manutenção e o desenvolvimento das iniciativas de participação popular e controle social em saúde no território; • Desenvolver ações de promoção da saúde com a comunidade escolar; • Acompanhar as iniciativas educativas voltadas à saúde da gestante e à promoção do aleitamento materno junto a Equipe de Saúde da Família.
3. Descrição geral Estrutura organizacional do Projeto
O Projeto divide estrategicamente sua equipe em cinco grupos operativos, cada um apoiando a organização de atividades educativas com um grupo comunitário específico. Assim, temos cinco grupos operativos que se inserem em cinco grupos da comunidade: 1-gestantes; 2- mobilização popular e movimentos sociais; 3-famílias beneficiárias pelo Programa Bolsa Família (PBF); 4-escolares crianças; e 5-escolares adolescentes. Além da ação em grupos comunitários, cada grupo operativo ainda está inserido em mais duas frentes de atuação: visitas domiciliares e gestão do Projeto, através da participação dos estudantes em comissões, na perspectiva de descentralizar as atividades organizativas e instigar o caráter pró-ativo dos extensionistas. As ações educativas são realizados com orientação local dos docentes e do nutricionista, na USF, na Escola e em associações comunitárias. As visitas domiciliares são realizadas quinzenalmente, em dia distinto daquele reservado para a ação comunitária. Nas semanas que ocorrem visitas, portanto, os extensionistas se deslocam
para a comunidade em dois dias da semana. Estas visitas buscam permitir ao estudante apreender a realidade das famílias e ampliar os vínculos entre extensionistas e comunidade. A organização das atividades e o apoio pedagógico ocorrem durante reuniões semanais, onde os participantes discutem encaminhamentos em rodas de conversa. Além disso existe um suporte à distância, realizado através de uma lista de discussão da WEB.
Descrição das ações educativas
As ações educativas com grupos comunitários compõem o eixo estruturante sobre o qual se alicerça este Projeto, no qual deságuam as interações individuais e familiares, pois acreditamos serem os grupos comunitários uma estratégia elementar para a dinamização da promoção da saúde em comunidades, onde se estimula a próatividade da população, a interação cultural e o fortalecimento dos movimentos sociais, vitais para a emancipação e a conquista da saúde com qualidade e alteridade. O trabalho em grupo com as gestantes pretende compor espaços para compartilhar e refletir sobre os saberes e representações relacionados à alimentação e nutrição: qual a relação das pessoas com a alimentação, significados e importância da alimentação, como comer, quando comer, o quê comer, refeições, dietas, alimentos regionais, etc. A participação do Projeto neste Grupo propõe contribuir na construção de espaços no serviço de saúde que não discutam apenas doenças, nem concebam a gestação numa perspectiva puramente biológica, mas estimule as iniciativas das gestantes, criando-se alternativas para melhorar seu bem-estar e sua qualidade de vida. O grupo do Programa Bolsa Família atua a partir da situação concreta do Programa naquela realidade social, procurando compor ações educativas capazes de incentivar a reflexão e maior conhecimento/empoderamento da população sobre este importante programa de apoio social. Para isso, tem procurado estimular: a) o exercício da dimensão educativa do Programa na área, repercutindo em reflexões críticas e direcionando ao objetivo fundamental do Programa, que não é a transferência de renda, mas a emancipação de seus usuários; b) o acompanhamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) pelas equipes; c) o apoio a criação e manutenção de grupos de encontro e articulação cultural e política na comunidade, reunindo
principalmente os usuários do Programa Bolsa Família, a fim de incentivar sua capacidade de mobilização e organização popular. No âmbito escolar, o Projeto participa de atividades conjuntas com pais, professores, merendeiras e escolares no sentido da promoção da alimentação saudável e da integração das ações e atividades do projeto e da USF com a Escola Municipal Augusto dos Anjos, sob o enfoque da intersetorialidade da atenção básica em saúde. Tendo em vista demandas pedagógicas diferenciadas para crianças e adolescentes, o Projeto mantém dois grupos operativos na Escola, um no turno da manhã e outro na tarde, dedicando interações específicas com cada um destes coletivos de escolares. O Grupo de Mobilização Popular articula ações educativas para o fomento de espaços de debate sobre controle social em saúde na área adscrita à USF. Desse modo, o Grupo vem acompanhando o processo de construção do Conselho Local da USF, na perspectiva do fortalecimento de uma participação popular ativa, democrática e autônoma. Além disso, dedica-se ao acompanhamento da ação dos movimentos sociais e organizações populares locais, dinamizando a articulação do Projeto e da USF com os interesses e prioridades elencados pela comunidade organizada.
Visitas domiciliares
Um dos objetivos desta ação é a busca do fortalecimento de vínculos com a comunidade. Por meio deste eixo de atuação, os estudantes são convidados a abordar com os membros da comunidade os assuntos cotidianos de suas vidas e sua situação de saúde. Mediante contato e autorização prévias, estudantes, acompanhados por nutricionista e docente, adentram nas diversas casas das comunidades, conhecendo de perto a realidade local e se dedicando a escuta sobre o modo de organizar e pensar a vida das classes populares. A partir de um protocolo, a equipe organiza uma sistematização do acompanhamento familiar, fazendo-o transbordar e dinamizando o cuidado a saúde destas, articulando esforços e enfrentamento dos problemas também com os trabalhadores de cada micro-área. Na USF, os principais problemas, curiosidades e encaminhamentos são coletivamente discutidos e pactuados, logo após cada visita.
Com isso, os extensionistas aprendem a desenvolver um cuidado integral na relação com aqueles indivíduos. Deste modo, paulatinamente, sentem-se verdadeiros atores daquela realidade vivenciada durante a nossa atuação na comunidade, onde o diálogo se torna o elemento norteador das ações.
Mostras e rodas de conversa acadêmicas organizadas pelo projeto
O PINAB realiza semestralmente uma Mostra aberta a toda a comunidade universitária da UFPB, incluindo também a participação de atores provindos de outras instituições de ensino superior. Com isso objetiva socializar todas as experiências desenvolvidas no semestre letivo anterior, dispondo os conhecimentos produzidos e os caminhos percorridos para a crítica da comunidade acadêmica. Ademais, compartilha desafios teóricos e perspectivas metodológicas descobertas a partir das ações de extensão, ampliando o debate na tentativa de escutar outras críticas e opiniões, bem como de dar maior politicidade a estes conhecimentos, permitindo trocas de experiências com gestores de políticas públicas e demais trabalhadores sociais. Desta maneira, o PINAB evita o ensimesmamento das descobertas e reflexões acumuladas no interior de suas práticas, para torná-las públicas, atestando o retorno da atividade de extensão para as demais frentes de ensino e pesquisa e outros setores acadêmicos. Além dos relatos das vivencias do Projeto em si, os temas discutidos geralmente abrangem Educação Popular, Extensão Popular, Educação Popular em Saúde e Nutrição em Saúde Pública. Cada grupo operativo apresenta suas atividades, dificuldades encontradas e aprendizados adquiridos de forma lúdica e dinâmica. A partir do final de 2009, estas Mostras passaram a ser realizadas também com o título e o formato de Rodas de Conversas, dando maior profusão e visibilidade ao caráter participativo e de debate do evento. Ao final do terceiro semestre de atividades, percebeu-se a necessidade de realizar uma Mostra também para os profissionais de saúde da unidade e para as comunidades locais, uma vez, que embora o PINAB esteja lá em quase todos os dias da semana, a rotina adversa da população e dos trabalhadores de saúde não permitia o conhecimento mais detalhado das ações desenvolvidas pelo Projeto, em cada uma de suas diferentes frentes. Então, visando uma aproximação entre o PINAB, a comunidade
e os profissionais, também é realizada semestralmente uma Mostra do PINAB na USF Vila Saúde. A Mostra viabiliza oportunidade para apresentação do trabalho realizado pelo PINAB, como também escutar as percepções, dúvidas e sugestões de toda a equipe de saúde. Assim, oportunizamos um importante espaço para um diálogo entre o Distrito Sanitário II, a USF e o PINAB, sendo o primeiro passo para outros momentos similares.
Reuniões teóricas e atividades de ensino
Entendendo o trabalho de extensão como uma provocação constante para a reflexão crítica e o aprimoramento de saberes (científicos e populares), prezamos também pelas ações de ensino no cenário do PINAB. O grupo organizador do Projeto compreende que, como trabalho social, o esforço empreendido por esta equipe, na UFPB, não se basta sozinho. Precisa aprender com outras experiências, bem como as várias análises críticas e aperfeiçoamentos teóricos no campo da extensão, educação, saúde pública, ciências sociais, filosofia, etc. Pela formação dos estudantes e necessidade de refletir sempre sobre a prática, entender melhor o que fazemos e o motivo pelo qual fazemos, é imprescindível a realização de momentos teóricos permeando às atividades do projeto, onde discutimos assuntos pertinentes a nossa ação. Desta forma, quinzenalmente, desenvolve-se reunião de caráter teórico e, geralmente, contamos com um convidado como facilitador das discussões.
Pesquisa e sistematização das experiências
No esforço de compreender a prática da extensão intimamente articulada com a do ensino e da pesquisa, numa indissociabilidade formativa e pedagógica, professora, estudantes e técnicos desenvolvem trabalhos científicos, de estudo e sistematização. Durante sua construção, também passam por avaliação todas as ações. Desde seu início, já foram produzidos no PINAB 40 resumos e 10 artigos, publicados em anais de eventos científicos, além de 04 artigo publicado em revista científica. Tal esforço deverá ser mantido no decorrer do cotidiano do Projeto tendo em
vista sua relevância singular para a sistematização e socialização das experiências empreendidas na extensão, na perspectiva de colocar os conhecimentos lá produzidos à disposição da partilha de experiências interdisciplinares e institucionais, bem como à análise crítica qualificada. Ademais, ao visibilizá-los, demonstra-se que a extensão vem produzindo conhecimentos para os trabalhos sociais empreendidos não só pelas universidades, mas pelos serviços públicos de saúde, educação e cultura, sendo úteis para a sociedade como um todo. Cristaliza-se a utilidade da extensão universitária para a sociedade. Nessa direção, a cada semestre letivo são confeccionados relatórios, contendo a sistematização das experiências e uma avaliação crítica do desenvolver das ações dos estudantes, constituindo tanto registros como mesmo fontes do projeto também enquanto ação de pesquisa social. Estas produções encontram-se sustentadas pelo referencial de autores como Holliday (1996) e Minayo (2005).
Avaliação das ações
A avaliação das ações desenvolvidas pelo Projeto, em parceria com as Comunidades, a Escola e a USF, caracteriza-s por ser formativa, no sentido de que seu propósito fundamental tem sido o de verificar se o extensionista está conseguindo apreender gradativamente os objetivos previstos, expressos sob a forma de conhecimentos, habilidades e atitudes. Além disso ela é realizada de modo contínuo ao longo do desenvolvimento das ações do Projeto e objetiva oferecer um acompanhamento efetivo do desempenho dos envolvidos, permitindo alterações ao longo do processo.É procedida através de quatro dimensões: a) reuniões semanais do Projeto; b) oficinas trimestrais; c) produção de artigos científicos; d) produção de relatórios semestrais. Através de rodas de conversa nas reuniões semanais, coordenadora e vicecoordenador podem desenvolver processos de apoio pedagógico e técnico diante das dúvidas, inquietações e sobre o próprio processo de constituição das ações, fomentando o caráter de práxis no Projeto. Durante o semestre, duas oficinas são realizadas, com periodicidade trimestral, com o objetivo de fomentar a integração do grupo, bem como avaliar as ações e permitir o compartilhar de reflexões sobre a experiência. Nestes espaços, todos os participantes
podem efetivamente estabelecer um diálogo na perspectiva da práxis e da melhor orientação das ações.
4. Atividades realizadas – PROBEX 2010 • Através da ação desenvolvida por seus grupos operativos, o PINAB pôde desenvolver na práticas diferentes metodologias educativas, sistematizando caminhos possíveis para a educação popular como estratégia de promoção da saúde e da segurança alimentar e nutricional na atenção básica em saúde; • Em parceria com o serviço de saúde e a organização comunitária, foram desenvolvidas ações educativas em saúde com o público beneficiário do Programa Bolsa Família no âmbito comunitário em três ocasiões a cada mês; • Foi mantido o apoio às iniciativas de participação popular e controle social em saúde no território, pelo acompanhamento do Espaço de Diálogo local e pela cooperação nos esforços da equipe de saúde para sua sistematização; • Foram desenvolvidas ações de promoção da saúde com a comunidade escolar, especialmente em sala de aula junto à adolescentes e crianças, com a equipe docente do turno da manhã da Escola, além de uma Campanha para alimentação saudável e uma Gincana ; • Foram acompanhadas as iniciativas educativas voltadas à saúde da gestante junto a Equipe de Saúde da Família, com ênfase na estruturação e desenvolvimento do Grupo de Gestantes da Unidade de Saúde. - Apoiado o desenvolvimento de 12 reuniões quinzenais dos grupos comunitários de educação em saúde com gestantes desenvolvidos na USF; - Promovidas 30 oficinas educativas com o grupo comunitário “Lá Vêm Elas!”, sobre o Programa Bolsa Família; - Acompanhadas 18 reuniões ordinárias do “Espaço de Diálogo” comunitário para participação popular na USF e de sua Comissão Organizadora; - Realizadas 04 oficinas de capacitação dos professores da escola sobre SAN e DHAA;
- Apoiada 1 campanha de educação para promoção da saúde e da alimentação saudável no âmbito escolar; - Realizadas 2 Mostras na Unidade de Saúde da Família, com a comunidade, os trabalhadores da escola e do serviço de saúde. - Realizadas 2 Mostras na UFPB, com os docentes e estudantes do curso de Nutrição da UFPB, bem como demais extensionistas, técnicos e interessados na Extensão Universitária.
5. Mudanças ocorridas – PROBEX 2010 Em relação ao período de 2009, algumas mudanças foram desenvolvidas no intuito de qualificar as ações do Projeto, em sua interface com a comunidade, a escola e o serviço de saúde. * Reuniões teóricas temáticas, organizadas pelos próprios estudantes, sob orientação docente; * Conquista de espaços mais sistemáticos para formação com os professores da Escola; * Realização semestral das Mostras da UFPB e da USF; * Inserção de formação em produção de textos e sistematização de experiências, junto aos estudantes; * Construção de trabalhos em parceria com trabalhadores de saúde e lideranças comunitárias, incentivando inclusive a ida destes à congressos para apresentação de suas experiências; * Incentivo à construção de projetos de pesquisa de trabalhos de conclusão de curso (TCC) dos egressos do PINAB, a partir de questões geradas pela sua inserção na realidade local; * Início de integração da equipe de saúde com a escola, através de algumas ações pontuais do Programa Saúde na Escola e pela inserção de atividades do Espaço de Diálogo da Saúde no cenário escolar, envolvendo seus jovens;
* Mudança de nome, inserção da equipe de saúde e ampliação do grupo organizado pelo PBF, o “Saúde na Comunidade”; * Co-responsabilização da equipe de saúde pela organização e condução do Grupo de Gestantes, com a programação da participação de seus trabalhadores de modo sistemático no grupo; * Ampliação da repercussão do debate sobre alimentação saudável no âmbito escolar, a partir de campanha e gincana, bem como pela formação com os professores nas Oficinas realizadas; * Compatibilização da agenda do PINAB e da USF, com o planejamento de ações com maior antecedência, diálogo respeitoso e fraterno entre as coordenações de projeto e USF; * Ampliação da carga horária para o planejamento das ações educativas dos grupos, após a retirada da atividade dos atendimentos nutricionais individuais do PINAB, disponibilizando um turno a mais livre por mês.
6. Reflexões promovidas A operacionalização do grupo operativo de gestantes tem como objetivo contribuir para a promoção da saúde e para a dimensão participativa das gestantes através de atividades coletivas e fortalecer a ação participativa dos profissionais de saúde em atividades coletivas com as gestantes. Pode-se refletir como potencialidades em algumas atividades o trabalho em equipe, onde cada profissional da equipe de saúde contribuiu de alguma forma para a promoção da saúde das gestante, seguindo o raciocínio do tema discutido em cada reunião. No que diz respeito as limitações, é de grande importância ressaltar a diminuição da participação das gestantes nas atividades, e para isso a divulgação pelos profissionais torna-se imprescindível, como também a distribuição de convites personalizados que são confeccionados pelo PINAB. Outra dificuldade perceptível é a participação dos profissionais no grupo, e também no que diz respeito a realização das ações educativas para as gestantes, onde apesar da USF estabelecer um cronograma para
a realização do grupo, este não é seguido, dificultando assim a permanência do grupo na USF. Tendo em vista a realização das atividades do grupo operativo mobilização popular, as lideranças comunitárias juntamente com o projeto priorizou desenvolver algumas ações do grupo em espaços comunitários ao ar livre, o qual possibilitou um maior contato com a população, e facilitou a participação desta. Outro fator que foi considerado ponto positivo foi a integração entre as extensionistas do grupo e as lideranças comunitárias, como também com a gestão e os profissionais de saúde da USF, estudantes e professores da Escola Municipal Augusto dos Anjos (EMAA), visto que foi realizado filmagens com tais atores sobre a saúde na comunidade, abordando os pontos positivos, as dificuldades, e as propostas para que exista uma saúde para todos e melhor na comunidade. Portanto a partir de algumas estratégias construídas houve uma contribuição para aberturas de portas para uma maior união de forças em busca de melhorias na condições de vida daquela população. Como uma das principais dificuldades observadas tem-se a evasão da participação popular, uma vez que houve reuniões que ninguém da comunidade compareceu, como também a participação dos profissionais de saúde, onde percebeu-se a falta de interesse dos mesmos, em que passaram a apenas cobrar a participação da comunidade. Salientando que os feriados em grande número, também prejudicaram a realização das reuniões. O Grupo Operativo constituído por mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), surgiu a partir da revitalização de um antigo grupo local, o grupo comunitário “Lá Vêm Elas”, cujo objetivo foi promover ações de educação em saúde e aprimorar a dimensão educativa inerente ao Programa Bolsa Família (PBF) através do desenvolvimento de experiências na Saúde da Família, numa perspectiva de identificar e ampliar potencialidades e necessidades da população, despertando o seu senso crítico e participativo. No decorrer desse ano pode-se perceber entre suas potencialidades o fortalecimento e estreitamento do vínculo do grupo com algumas lideranças comunitárias da área e com a própria comunidade, re-configurando o grupo para um novo nome “Saúde na Comunidade”, de modo a incluir os homens da comunidade, no qual o projeto passou a ser apenas um interlocutor de apoio ao desenvolvimento das iniciativas comunitárias, não alterando a sua participação nos espaços e sim favorecendo a participação de sua população na vida e nas lutas sociais de seu povo, além disto,
pode-se apontar a maior participação das mulheres nos grupos, visto que são mulheres muito acolhedoras, inquietas e com muita sede de saber, aumentando assim o entusiasmo das extensionistas do grupo. Com a nova configuração do grupo, foi instituído também um grupo mensal na chamada “parte de baixo da comunidade”, onde o acesso aos serviços públicos de saúde é limitado. Muitos idosos e pessoas portadoras de deficiência desta área tinham dificuldade em participar, devido ao deslocamento. Neste sentido, essa estratégia pode ser considerada uma potencialidade neste período, uma vez que proporcionou um estreitamento do vínculo com a comunidade, contribuindo para aberturas de portas para uma maior união de forças em busca de melhorias nas condições de vida daquela população. Outro ponto positivo deste grupo foi a maior participação dos agentes comunitários de saúde da USF Vila Saúde, tanto nos espaços proporcionados pelo projeto, quanto nas atividades coletivas, demonstrando assim interesse na estruturação do grupo. Enquanto que as limitações se deram a princípio pela falta de espaço para a realização das atividades, no qual as próprias líderes comunitárias disponibilizavam suas próprias casas, entretanto, este caso acabou sendo resolvido pelos próprios moradores, passando o grupo a ter como sede a Associação Comunitária Boa Esperança para a realização das atividades e outro ponto negativo foi a falta de recursos para um melhor desenvolvimento de determinadas atividades, entretanto tal situação foi superada pela vontade de progredir presente em cada uma das participantes, assim como o empenho dos estudantes em prol da qualificação do grupo como mais um elemento para a transformação da difícil realidade social da comunidade. O âmbito escolar é um importante espaço para construção da cidadania, sendo propício também para a promoção da saúde e a formação de práticas alimentares saudáveis, neste sentido o PINAB com o grupo escola possui como principal objetivo desenvolver ações para a promoção da alimentação saudável. Sendo assim, dentre as potencialidades podemos destacar: o acolhimento e participação dos escolares nas atividades desenvolvidas, o planejamento prévio das atividades, a inovação dos extensionistas ao surgirem as dificuldades na realização das oficinas dos professores, como sua substituição por novas propostas, como o som da escola, pela horta comunitária, entre outros, o aumento do vínculo dos extensionistas dos diversos grupos do PINAB, com suas participações nos eventos ocorridos na escola, demonstrando assim que a humanização que já está sendo alcançada nos estudantes, a realização de uma
Campanha de Promoção da Alimentação Saudável envolvendo os três turnos da escola, onde houve intensa mobilização dos estudantes que participaram de concursos de desenho para a logomarca da campanha, surpreendendo até mesmo os extensionistas. A estratégia desempenhada pelos extensionistas da tarde para desenvolver a campanha, foi desenvolver de forma lúdica e interativa um evento que chamasse a atenção dos alunos, então foi realizada uma Gincana, com o envolvimento dos escolares e professores, cuja temática foi à mesma preconizada pela FAO para o Dia Mundial da Alimentação de 2010: “Unidos contra a fome”. Dentre este evento, a potencialidade que também se vale destacar foi o apoio dos professores, da coordenação e da direção da escola nas nossas atividades, fortalecendo assim a parceria com o PINAB, a elaboração das atas pedagógicas, o estreitamento do vínculo com aqueles adolescentes, o apoio dos professores e funcionários da escola. Além disto, outro ponto positivo foi à realização das oficinas com 12 professores do turno matutino, envolvendo diversos temas, como: SAN e o DHAA, promoção da saúde e bem estar, aproveitamento integral dos alimentos, a terceirização da merenda, pesquisa sobre o perfil alimentar dos estudantes e abordagens metodológicas de atividades educativas em sala de aula e todos esses temas tiveram como objetivo o fortalecimento do vínculo com os professores da EMAA, a construção ao lado dos profissionais da educação de um novo olhar sobre a saúde, a SAN e o DHAA e o sua importância como formador de conhecimento. Outra potencialidade que se cabe destacar foi à superação do diálogo entre a EMAA e USF e o PINAB como sujeito intermediador neste momento, participando juntamente na realização da avaliação antropométrica dos escolares e das ações do Programa Saúde na Escola, sendo esta união um importante espaço de potencialização das ações de promoção da saúde e da educação. Como pontos negativos podem ser apontados: a dificuldade inicial de saber lidar com adolescentes, a falta de recursos áudios-visuais, além do desestímulo de muitos adolescentes no que diz respeito aos estudos, o difícil começo no turno da manhã, devido as dificuldades colocadas para a realização das oficinas dos professores, a falta do diálogo com a nutricionista da escola, devido à terceirização do serviço, a timidez dos professores nas oficinas, a dificuldade na conciliação entre a agenda da USF e a agenda da Escola, o que ocorre devido à significativa demanda administrativa e organizativa dos ambos os serviços, o que acaba diminuindo os espaços disponíveis para realização de ações educativas, oficinas ou eventos. Esse fator limitante também acontece na relação
entre o PINAB e a Escola, devido às demandas de ambos os espaços, dificultando de certa forma no desenvolvimento das ações. Nessa direção, o diálogo permanente com a direção da Escola e com o apoio matricial da USF tem sido essencial para conciliar agendas, e permitir que as propostas do projeto provoquem e estimulem novas perspectivas para estes serviços sociais, sem, contudo, prejudicar sua organização e estruturação interna.
7. Impactos na formação estudantil No grupo operativo de gestantes observou-se a partir da não participação ativa da equipe de saúde da USF, que a formação acadêmica destes tem contribuído para certas falhas, como também podemos destacar a sobrevalorização das atividades individuais em detrimento das coletivas por grande parte dos profissionais e das gestantes. Isso provém do comportamento que ocorreu tradicionalmente na assistência pré-natal à saúde, gerando uma participação ainda incipiente dos participantes no grupo, bem como a própria rotatividade inerente ao público-sujeito. Com o grupo operativo mobilização popular percebeu-se que no espaço de diálogos a comunidade e a USF discute assuntos da sua própria realidade e vivências, trocam saberes a partir de experiências, e constroem gradativamente melhorias de vida, refletindo assim que o grupo não é apenas de reclamações, e sim de aprendizados a partir de situações do cotidiano que são impostas no transcorrer de cada dia. Sabendo também que não basta criticar e reclamar sobre o sistema, e sim mobilizar a participação da população, para que assim possamos construir propostas de melhorias de saúde, de tal forma que estimule os sujeitos em questão, na conscientização do seu papel político social para o exercício da cidadania ativa na saúde. Com o grupo operativo Programa Bolsa Família percebeu-se a importância desses espaços para a formação crítica e participativa das mulheres beneficiárias, fazendo assim com que elas reflitam sobre suas necessidades e da população, incentivando assim mudanças no cenário comunitário, a partir dos espaços educativos. Além disso, estes espaços tiveram os seus efeitos positivos para os extensionistas, constituindo uma estratégia efetiva para a humanização e formação crítica e pró-ativa, conscientes do seu papel com o cuidado integral daqueles indivíduos, quebrando seus
pré-conceitos e sua sabedoria maior através da escuta das vivências das mulheres da comunidade, enxergando-as assim como companheiras de vida e de luta e possibilitando a estas uma maior aproximação com a comunidade, permitindo assim uma maior percepção da realidade social local. A importância do PINAB no grupo operativo Escola foi a partir dos espaços educativos de promoção da SAN e do DHAA, influenciando na formação de estudantes mais participativos, de professores mais sensibilizados do seu papel como formador de conhecimento e do papel da escola na construção do caráter dos estudantes, além disto, foi de grande valia ao extensionista conhecer a rotina da escola, como trabalha os seus profissionais, o papel do professor, no qual foi bastante enriquecedor nas oficinas o diálogo, onde através das suas experiências, inquietações e dificuldades muito têm a nos ensinar, como se comportar com os alunos na realização das atividades, utilizando da criatividade para atrair a atenção destes que muitas vezes não valorizam esse tipo de trabalho e não colabora, a importância de não abaixar a cabeça nas primeiras dificuldades, de correr atrás dos seus objetivos, a importância do diálogo, permitindo uma maior aproximação da realidade vivenciada pelos escolares e pelos professores da EMAA, ampliando assim o senso crítico, autônomos e pró-ativos dos extensionistas, tornando-os capaz de enfrentar os desafios da sua carreira profissional. Esta experiência nos permite considerar a importância da escuta da comunidade, como pré-requisito elementar na construção de ações de extensão popular. Mais do que isso, privilegiar a criação de espaços de encontro e convivência comunitária, valorizando a cultura e desejos populares, permitindo a estudantes e comunidade se conhecerem melhor e desvelarem vínculos de confiança, fortalecedores de outras parcerias visando a promoção social local, e configurando de modo concreto o tão propalado “compromisso social” universitário. Após sua consolidação dentro da comunidade o projeto buscou ainda mais estreitar seus laços com os moradores repensando a estratégia utilizada nas visitas domiciliares, uma vez que anteriormente estas só ocorriam em domicílios próximos à unidade de saúde, passando assim a atuar também nesta frente dentro da comunidade, visitando pessoas indicadas pelas lideranças locais. É importante salientar a troca de saberes, do conhecimento popular e do conhecimento acadêmico, onde percebemos o interesse e envolvimento da comunidade nas atividades coletivas realizadas. Estudantes aprendem com a comunidade, aumentando o seu conhecimento através das experiências vivenciadas pelas mulheres do grupo, como também em torno das suas inquietações. Portanto é essa interação
que estabelece o vínculo com a comunidade, incrementando sua paixão pela educação popular como possibilidade de promoção do encontro com outras pessoas.
8. Considerações finais A inserção estudantil nas iniciativas de Promoção da Saúde e de desenvolvimento social no território tem permitido superar a visão tradicional e fragmentada do trabalho em saúde, onde se procura apenas por doenças e se olha a vida em comunidade apenas a partir do ponto de vista biológico. A interação com o mundo concreto e seus protagonistas, mediatizada pela reflexão crítica e participativa estimulada pelos docentes e nutricionista, bem como o espírito de trabalho cooperativo do grupo, desvela na maioria dos formandos uma abordagem mais holística dos problemas sociais e de saúde. Desse modo, amplia-se a visão do estudante, desmistificando o saber científico e aprendendo a atuar conforme a vida comunitária, numa atuação centrada na vida, não apenas na doença e na cura. Esse conjunto de ações compõe horizontes condizentes com a promoção da SAN de maneira dialógica, respeitosa e emancipatória. Para tanto, o PINAB vem fortalecendo a formação crítica dos sujeitos da comunidade e dos serviços, qualificando as bases para a promoção da SAN e da alimentação saudável no território, o que pode ser constatado também pela criação de espaços de encontro e diálogo comunitário protagonizados por educadores populares, bem como pelo reforço na gestão participativa da USF e pelo incremento de dimensões críticas, compreensivas e participativas nas ações de saúde na USF e na Escola. Ao oportunizar a inserção de futuros nutricionistas nestes espaços, esta experiência vem contribuindo para a formação de profissionais sensibilizados com as desigualdades sociais; críticos e pró-ativos na busca pela alimentação enquanto direito humano, na perspectiva da emancipação social, humana e material dos setores sociais menos favorecidos. Em 2009, o projeto foi contemplado pelo edital PROEXT/SESU/MEC, o que tem possibilitado ampliar os recursos estruturais e pedagógicos, bem como qualificar o acompanhamento e sistematização das experiências. Ao incrementar essas dimensões, o PINAB pôde fortalecer ainda mais a interlocução comunitária com os serviços públicos de saúde e educação locais, através da criação de espaços de diálogo para gestão
participativa da saúde, e campanha de alimentação saudável na escola. Além das vivências nos grupos comunitários, atualmente vêm sendo promovidas ações como: campanha de Alimentação Saudável na Escola, de modo a valorizar a criatividade e os anseios das crianças para a promoção da saúde neste âmbito; oficinas com os professores da Escola acerca da SAN; desenvolvimento de um espaço permanente de diálogo para a gestão participativa da USF; e criação de um fórum intersetorial para integração de políticas públicas e de ações dos movimentos populares. O diálogo, o protagonismo estudantil e a horizontalidade nas relações, como eixos centrais do PINAB, se contrapõem às práticas autoritárias e verticais, hegemônicas no ensino universitário brasileiro, contribuindo para a formação de estudantes autônomos, capazes de desenvolver iniciativas éticas, comprometidas e educativas no fazer em saúde, em busca da superação dos problemas , visando a diminuição das desigualdades sociais. Dessa forma, o trabalho desenvolvido tem permitido um crescimento profissional e pessoal dos estudantes extensionistas, que passam a exercer um senso crítico em relação às políticas públicas brasileiras sobretudo no que se refere ao SUS, estimulando-os a tornarem-se co-responsáveis no processo de emancipação dessas pessoas com que lidam semanalmente nas atividades do projeto.