101 — SEP/OCT 2021
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INDEX — 101/Art Report II
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Editor’s Letter
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Friends
Journal 14
Wishlist
Our Choice 20
Our Choice: Collector
22
Our Choice: Gallerist
Global Report 26
Piet Oudolf × Vitra
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Casa Falcó
32
vaga - espaço de arte e conhecimento
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Qta. Nova de Nossa Sra. do Carmo
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Hot Architecture
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Art Report Online Projects
42 Confidential António Filipe Pimentel/Benjamin Weil Photo © Ricardo Oliveira Alves
42
António Filipe Pimentel+Benjamin Weil
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Ana Clara Silva
50
Stéphanie Ruth
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Simone Coscarelli Parma
104 Place Lapa LX Photo © Francisco Nogueira
Art 56
Ai Weiwei
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Evy Jokhova
66
Mónica de Miranda
70
Marco A. Castillo
74
Mia Dudek
78
Fernanda Fragateiro
114
Hot Exhibitions
Places 84
Galleries, Museums, Ateliers
116 Sounds 118
148 Interior Portimão Photo © Carlos Cezanne
Books
Interiors 120
Portimão I
128 Lisbon 138 Madrid 148
Portimão II
158 Estoril
8
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Santarém
176
Porto
184
Talk to me in Flowers
Fotografia captada durante a instalação da peça de Loris Cecchini 'Wallwave Vibration', 2012, Resina de Poliéster e pintura, edição 1/3+2PA, 220×220×8 cm. Photograph taken during installation of Loris Cecchini’s piece, 'Wallwave Vibration', 2012, Polyester resine and paint, edition 1/3+2PA, 220×220×8 cm.
138 Capa/Cover Interior Madrid Photo © Ricardo Labougle
Errata/Erratum: Attitude 100 Hope: página/page 35, testemunho de/testimonial by Hugo Barreto, CEO HB Design Brands
Confidential
www.barreirosebarreiros.com
Collection Pierre Frey VIBRATION 2021 www.pierrefrey.com
© Filimage/Vincent Leroux
ART
"Forever Bicycles", 2015 (960 bicicletas de aço inoxidável/960 stainless steel bicycles), Cordoaria Nacional, Lisbon. Ai Weiwei
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Alda Galsterer
"Rapture" Courtesy Ai Weiwei Studio
Portraits: SERRALVES Museu de Arte Contemporânea + Carlos Cezanne
Artista e activista político, Ai Weiwei (Pequim, 1957) vive agora em Portugal e apresenta, desde Junho, a sua mais recente exposição em Lisboa. Com uma actividade artística que vai desde a escultura ao universo cinematográfico, passando pela instalação ao objecto ready-made, procura mobilizar a opinião pública em torno de tragédias humanitárias e questões económicas e sociais, tornando-se, assim, persona non grata do Estado Chinês. O artista assistiu à destruição consecutiva dos seus ateliers em Pequim e Xangai, foi raptado pelas autoridades chinesas em 2011, esteve preso durante quase três meses e acabou por viver em prisão domiciliária, recebendo o seu passaporte apenas em 2015. No seu trabalho polémico, encontramos referências constantes à pop art, à cultura ocidental do ready-made, mas, também, às tradições chinesas e orientais. A melhor forma de o conhecer será certamente através das suas palavras.
AI WEIWEI
Ai Weiwei (Beijing, 1957), Artist and political activist, now lives in Portugal and his most recent exhibition in Lisbon has been open to the public since June. With artistic activity that ranges from sculpture to cinema, from installation to ready-made objects, he seeks to rouse public opinion around humanitarian tragedies and economic and social issues, thus making himself into a persona non grata of the Chinese State. The artist witnessed the successive destruction of his ateliers in Beijing and Shanghai, was kidnapped by the Chinese authorities in 2011, was imprisoned for almost three months and ended up living under house arrest, only getting his passport back in 2015. In his provocative work, there are constant references to pop art, to the Western culture of the ready-made but also to Chinese and Eastern traditions. The best way to get to know him is certainly through his words.
“A MINHA ARTE É UMA ARMA” — “MY ART IS A WEAPON” IG: aiww
Alda Galsterer: Quando e porque é que decidiu que queria tornar-se num artista? Ai Weiwei: A minha relação com a arte começou muito antes de querer tornar-me num artista. O meu pai foi poeta e também um excelente artista. Quando cresci, acreditava que ele era especial porque trabalhava arduamente, limpava quartos de banho públicos, mas também desenhava lindamente e isso chocava-me… Estávamos em Xinjiang, a viver nuns campos (de trabalho) para sermos castigados e longe do olhar público. O meu pai passou 20 anos lá, eu passei uns 16 talvez, foi onde cresci. Quando se cresce onde eu cresci, não queres ser artista porque sabes que é perigoso, é um problema.
Alda Galsterer: When and how did you decide that you wanted to be an artist? Ai Weiwei: I started approaching art long before I decided to become an artist. My father was a poet and he was also a very good artist. While I was growing up, I always thought that he was very special because he used to do hard physical labor, he had to clean the public toilets. And he could also draw beautifully so that did shock me… We were in Xinjiang, living underground, punished, in these camps. My father spent 20 years there, I spent maybe 16 years there; it’s where I grew up. When you grow up in a place like I did, you avoid becoming an artist because it is so dangerous, it’s a problem. AG: In the 1980s you went to New York, to study and work
AG: Nos anos 80 foi para Nova Iorque fazer um curso e tentar ser artista. No entanto, quando voltou para a China, pôs essa ideia de lado e assumiu o papel de alguém que cria espaço e oportunidades para outros artistas trabalharem e mostrarem o seu trabalho… AW: Sim. Fiz publicações clandestinas, curadoria de exposições de arte para ajudar artistas locais, sabendo sempre que ainda tinha muito para mostrar. Essas publicações clandestinas foram uma forma de ajudar os outros artistas. Por volta do ano 2000, construí o meu próprio estúdio. Não porque me queria tornar num artista, mas porque a minha mãe dizia que "a minha vida era um fracasso”.
there, trying to make it as an artist. However, when you came back to China in the 1990s, you set this idea aside. Although you didn’t work as an artist, didn’t you provide spaces and opportunities for other artists to work and show their works? AW: Yes. I did underground publications and curated art shows; I curated an art show for local artists, knowing that my time was not yet up. Also, the underground publications were meant to help other artists. But around the 2000s I built my own studio. Not because I wanted to become an artist, but because my mum said ‘My life was such a failure’.
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PLACES
DONUM HOME California USA
THE DONUM COLLECTION ▲ Zhan Wang, "Artificial Rock No126" 2007-13. Photo © Robert Berg. ▶ Richard Hudson, "Love Me", 2016. Photo © Gregory Gorman. ◀ David Thulstrup. Portrait © Irina Boersma.
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Renata Branco
Courtesy Studio David Thulstrup
THE DONUM COLLECTION ▲ Anselm Kiefer, "Mohn und Geda êchtnis", 2017. Photo © Gregory Gorman. ▶ Jaume Plensa, " Sanna", 2015. Photo © Robert Berg.
Vinho, terra e arte são os três motivos que nos levaram à aclamada região vinícola do condado de Sonoma, na Califórnia. Em causa está a propriedade Donum Estate com 200 hectares, que reúne uma instalação vinícola de última geração, uma quinta orgânica, uma das maiores colecções particulares de esculturas acessíveis no mundo, e a Donum Home, – um espaço desenvolvido pelo arquitecto Matt Hollis, do estúdio MH Architects, “onde os convidados podem apreciar as camadas do vinho Donum, num ambiente natural, e explorar a colecção de arte”. Na comemoração do vigésimo aniversário da Donum Estate, o arquitecto dinamarquês David Thulstrup reinterpretou a Donum Home pela sua visão holística, apresentando “um espaço honesto, simples e sem complexidades de design”. Uma projecção arquitectónica que celebra a região onde se insere, pela utilização de matérias locais, e que se traduz no cruzamento entre a hospitalidade e a
Wine, land and art are the three reasons we headed for the acclaimed Sonoma County wine region in California. Our destination was the 200-acre Donum Estate, which combines a state-of-the-art winemaking facility, an organic farm, one of the largest private collections of accessible sculpture in the world, and Donum Home – a space developed by architect Matt Hollis from MH Architects studio, "where guests can savour the layers of Donum wine in a natural setting and explore the art collection." To celebrate Donum Estate's 20th anniversary, Danish architect David Thulstrup reinterpreted Donum Home through his holistic vision, presenting "an honest, simple space devoid of design complexities". This architectural projection celebrates the region where it is set, by using locally-sourced materials, and embodies a combination of hospitality and the sensation of
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INTERIORS
INTERIOR DESIGN ANA ANA www.ana-ana.online
UM SER CRIATIVO Portimão, Portugal
A CREATIVE SPIRIT A mutação é constante, mas as premissas de ser uma casa, uma galeria, uma oficina e um laboratório de investigação num só prevalecem aqui. — While mutation might be a constant, the premises of being a home, a gallery, a workshop and laboratory for research all in one place prevail here.
Patrícia Ramos
Carlos Cezanne
Ana Lapão
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