Sentar à porta - livreto 2018 - Priscila Costa

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Sentar Ă Porta Priscila Costa


Priscila Costa Oliveira

Sentar à Porta 1ª edição

Florianópolis/SC Edição do autor 2018


A falta de tempo, a insegurança e a arquitetura hostil das cidades foram levando as pessoas cada vez mais para dentro de suas casas, atrás de suas portas e grades, transformando a calçada em um espaço unicamente de passagem. Para contrapor essa lógica venho propondo ações com o projeto "Sentar a Porta", desde 2014 que se volta a escuta da fala pública. Entendendo que as calçadas podem ser uma arquitetura de discurso publico, como exemplo: no bairro Restinga, Porto-alegrense [projeto realizado para exposição Reabito da Revista Arte Contexto em 2015], as pessoas acabaram por se aglutinarem em uma ou duas casas e a debater o bairro, com suas histórias e mudanças. Para algumas foi a primeira oportunidade de comunicar com seus vizinhos. Isso torna o espaço mais humano, criando laços afetivos entre moradores. E são nessas relações que nos tornamos resistência à violências institucionais. A conversa: ouvir o Outro e falar sobre experiências, pelo simples ato de estar junto - contraria às exigências de comunicação impostas pelo mercado e pela indústria do entretenimento que nos submete constantemente ao simulacro do dialogo mediado pelo consumismo. Nesse sentido, convido o público para uma conversa e trocas de experiências através de contação de histórias, conversas faladas ou silenciosas. O projeto Sentar à porta, repensa a cidade e os modos de habitá-la. Nas andanças pela cidade bato de porta em porta e convido os moradores a sentarem em frente a suas casas para conversar sobre a rua, o bairro e a cidade ou simplesmente para ver o tempo passar.

*Caminhadas e conversas no bairro Fragata na cidade de Pelotas/RS durante o projeto Criar na Cidade da Agência CKCO em 2017. Fotos: Natalia Linck













"O interlocutor pode ser o vizinho, aquele que nem sabemos o nome, mas que ao dormir se coloca ao nosso lado, separado apenas por uma parede de 20 cm. Quem sabe ao pisar na mesma calรงada e dar bom dia, renasรงa ali a nossa tรฃo esquecida capacidade de escuta, e de uma conversa sem objetivos e fins lucrativos?" ATRAVESSAR E SER ATRAVESSADO COTIDIANAMENTE. Carolina Rochefort e Helene Sacco, 2015







*Caminhadas e conversas no bairro Restinga de Porto Alegre/RS durante o a exposição Reabito da Revista Arte Contexto em 2015. Fotos: Marcius Andrade







"Parece mais urgente inventar relações possíveis com os vizinhos de hoje do que entoar loas ao amanhã. E só, mas é muito". Nicolas Bourriaud, 2009





costaoliveira.priscila@gmail.com facebook/sentaraporta

Tiragem 100 exemplares Miolo couché fosco 115g acabamento: grampo Capa cartão 250g acabamento: refile Impresso pela gráfica Printi - São Paulo/SP



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