TFG - GALERIA 625|9 Um novo uso para as casa modernistas de Augusto Reynaldo

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO

ARQUITETURA E URBANISMO

PRISCYLA DURÃO LEITE CALDAS

GALERIA 625|9

UM NOVO USO PARA AS CASAS MODERNISTAS DE AUGUSTO

REYNALDOTrabalho

de Graduação desenvolvi do pela aluna Priscyla Durão Leite Cal das, sob orientação da Professora Paula Maria Wanderley Maciel do Rêgo Silva, apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista.

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DEZEMBRORECIFEDE 2020

Morreu um artista. No seu longo voo, o pássaro de aço cansou as asas, e, entre muitos, morreu Reynaldo. Mas a cidade, cheia dos seus desenhos e projetos, as li nhas e curvas saídas de sua mão, gritam seu nome. Não importa o pouco tempo que viveu, o tempo que povoou com suas imagens e cores. Não importa o tempo. O tempo não é uma medida, segundo Rilke, ser artista é não contar ( Autor desconhe cido, 14 set. 1958).

Fonte: Alves, 2008. Figura 1:Varanda da casa 639
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AGRADECIMENTOS

A meus pais, Taciana e Frederico, irmão, João Felipe, e familiares por todo o apoio, pois sem eles nada disto se tornaria possível. A Diogo Capeleiro, pelo incentivo, paciência e apoio desde sempre. As amigas de jornada Manuella Nínive e Maria Eduarda Soares que compartilharam comigo esses cinco anos de muito aprendizado e em especial este último, pelas dificuldades enfrentadas juntas.

A todas grandes amizades que construí ao longo da vida e me encorajam sempre, em especial, Amanda, Beatriz, Ester, Gabriel, Guilherme, Helena, Isabela e Otávio que estiveram do meu lado durante esse percurso.

A minha orientadora, Paula Maria Wanderley Maciel do Rêgo Silva, pelos ensinamentos e dedicação durante esses dois anos de trabalho juntas, desde a iniciação científica até o trabalho de graduação.

A todo o corpo docente de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Ca tólica de Pernambuco, pelos conhecimentos compartilhados ao longo do curso, vocês foram fundamentais para meu amadurecimento pessoal e profissional.Atodos

do Grupo Morais Amaral, com quem eu aprendo diariamente e por me fazerem buscar evoluir sempre, obrigado por me ajudarem a percor rer este caminho.

Por fim, agradeço àqueles que não nomeei aqui, mas que de alguma forma contribuíram com minha aprendizagem. A todos, muito obrigado.

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O movimento moderno, considerado um grande movimento artístico que eclodiu no final da segunda década do século 20, foi responsável por profundas transformações nas mais diversas manifestações culturais que tinham o objetivo de romper com o passado. O pensamento modernista trouxe uma resinificação da literatura, da arquitetura, do design, da escultura, do teatro e da música e deixou de seguir as normas consideradas ultrapassadas para adotar tendências mais modernas e livres de padrões.

No contexto arquitetônico, a influência desses ideais foi tão grande que deu origem a uma nova maneira de criar, planejar e arquitetar obras e cons truções. Nesse momento, ocorreram modificações em diversos aspectos que deram forma a muito do que é construído até hoje em cidades do mun do inteiro. Dessa forma, perceberemos a arquitetura moderna como parte do desenvolvimento de nossa cultura.

A partir deste entendimento, busca-se uma reflexão crítica acerca do significado de patrimônio cultural. A palavra patrimônio vem do latim ‘pater’, que significa pai. É um conceito atrelado à noção daquilo que é passado como herança entre as gerações que carrega em si aspectos referentes a identidade daquela sociedade.

Portanto, o Patrimônio Cultural Mundial é composto por monumentos, grupos de edifícios ou sítios que tenham um excepcional e universal valor his tórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico e é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas (UNESCO, 2017).

O conceito, em seu viés antropológico, inclui o conjunto do conhecimento, dos costumes, hábitos, a arte, e outros aspectos de uma dada sociedade. É uma noção que funciona como elementos identitários de um povo.

Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o con junto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vin culação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, biblio gráfico ou artístico ( DECRETO-LEI Nº 25, 1937 § 1).

O patrimônio cultural pode ser encontrado em diversos níveis mundial, nacional, estadual e municipal e, em qualquer instancia, deve ser valorizado por todos e sua proteção deve ser pensada para e pelos sujeitos que detém o conhecimento. A fim de conservar um bem cultural, é importante saber não apenas que ele existe, mas também que se trata de uma manifestação cultural praticada pela população que é transmitida de uma geração paraFonte: Thyago Amaral, 2014.

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Figura 2: Escada da casa 265

outra entre vários outros aspectos relativos à existência daquele bem cultural.O

presente trabalho discorre a respeito da importância da arquitetura moderna e, sobretudo, da conservação de um exemplar significativo para o patrimônio histórico, artístico e/ou cultural da cidade do Recife. O anteproje to buscará propor, em forma de especulação arquitetônica, uma galeria que comporte um programa diverso tanto para o objeto de estudo em questão, as Casas Modernistas localizadas na Av. Conselheiro Rosa e Silva no bairro das Graças números 625 e 639 em Recife - PE, como também para o anexo que será criado utilizando o terreno adjacente ao lote 639.

Debruçando-se sobre cenários de intervenções projetuais contemporâ neas sobre o patrimônio edificado, o anteprojeto busca explorar questões como autenticidade e integridade do bem e através de uma análise territorial com: fluxos, dinâmicas, socioeconomia e espacialidade atender as deman das reais do bairro no qual o objeto de estudo está inserido.

O estudo inicia-se com a justificativa que ressalta a importância da abor dagem do tema. Em seguida, são apresentados os objetivos, que são dividi dos entre geral e específicos. Após isto, virão os procedimentos metodológicos, que incluem os meios através dos quais os objetivos serão atingidos.

tuais, onde foram escolhidas algumas obras que possam auxiliar na elaboração das diretrizes projetuais através das suas relações com a tipologia, conceito e programa adotados para o presente trabalho.

Logo após é feita uma análise do território onde o objeto de estudo está inserido que, por sua vez, leva em consideração a história do bairro e das Graças e os principais aspectos socioeconômicos do local. Além disso, fo ram levantados dados sobre implantação, volumetria, ritmo, escala, densidade e cores e texturas da área considerando a dissertação de mestrado de Nivaldo de Andrade Júnior, de forma a orientar uma futura implantação do edifício, de caráter consonante para a área e terreno em estudo.

Por fim, foram elencados os dados iniciais sobre a proposta, que levam em conta as diretrizes projetuais, o pré-programa e seu pré-dimensionamento. As diretrizes projetuais determinam os pontos principais a serem incorporados no projeto, o programa e o pré-dimensionamento foram estabelecidos levando em consideração equipamentos semelhantes (Figura 1).

Por fim, apresenta-se a proposta composta pelas diretrizes projetuais, o programa e respectivo dimensionamento, determinando, assim, os princi pais fatores a serem incorporados na proposta.

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Figura 3: Diagrama síntese do Tema, Conceito da proposta e programa.

Na sequência, a conceituação temática visa demonstrar como a biblio grafia selecionada contribuirá para a execução da proposta arquitetônica. Dividida em quatro partes, a conceituação inicia com a teoria do restauro e da preservação apresentando estudiosos sobre o assunto que detém as teorias mais antigas como John Ruskin até as mais atuais como Cesare Brandi, permeia conceitos relevantes de algumas cartas patrimoniais como as diferentes formas de intervir no patrimônio presente na carta de burra, os desafios da conservação da arquitetura moderna e, também, o conceito de metamorfose arquitetônica.

Logo após, o trabalho discorre sobre a conceituação do que representou a arquitetura moderna, seus principais conceitos e discorre sobre a percepção da importância do patrimônio moderno. Em seguida, desenvolve-se o panorama da arquitetura moderna internacional, no Brasil e a Escola Per nambucana. Por fim, a fase de conceituação é concluída analisando a vida e obra do arquiteto Augusto Reynaldo, o responsável pelo objeto de estudo da pesquisa, bem como analisa as casas modernistas projetadas por ele e discute como intervir em um objeto arquitetônico moderno, na contemporaneidade.Emseguida a conceituação temática apresenta-se as referências proje

Fonte: A autora, 2020.

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Arquitetura moderna foi um conjunto de movimentos e ideias que predominaram na arquitetura durante boa parte do século XX e surgiu a partir do movimento modernista, que também influenciou a arte e a cultura nesse pe ríodo. Esse movimento teve origem na Europa após a Revolução industrial como uma forma de romper com o passado e quebrar com as tradições his tóricas e culturais vigentes até o momento. Nesta época, surgiu uma nova linguagem estética para os edifícios, no entanto, diante da contemporaneidade, percebe-se que a conservação dessa arquitetura traz consigo inúmeros desafios que tange não só dimensões teóricas como técnicas também.

Modernidade não é um estilo, mas uma abordagem cultural que penetrou todas as regiões do mundo e é expres sa em uma variedade de formas. É esta pluralidade de expressões que representa nossas culturas contemporâ neas e que forma nosso patrimônio recente. (JOKILEHTO, 2003, p.109 Apud MOREIRA, 2011, p.155).

No que se refere a conservação dessa arquitetura, o assunto ainda não é uma unanimidade, infelizmente, nossas sociedades ainda não consolidaram a ideia de que a arquitetura moderna é um produto cultural e de que deve ser protegida para as futuras gerações. O reconhecimento de um edifício como um bem cultural leva certo tempo (MOREIRA, 2011).

Como exemplo disso, vale ressaltar os dois casos mais recentes de edificações modernas demolidas deliberadamente na cidade do Recife. O pri meiro em 03/10/2020 a casa na esquina das ruas Sant’anna e Astério Rufino Alves, no bairro de Santana projetada pelo arquiteto Delfim Amorim onde, durante 40 anos, funcionou a sede da Agência Estadual de Meio Ambiente (que manteve a antiga sigla CPRH da Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos), e em janeiro de 2019 mudou-se de endereço (Figura 5).

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Fonte: Disponível em: < semteceuFigurasado-escondidas-em-recife/>.sa-modernista-e-demolida-asmarcozero.org/mais-uma-cahttps://AcesemNovembrode2020.5:Demoliçãoaconnofinaldesemanaeplacadeobraafixada

Fonte: Thyago Amaral, Figura Terraço da casa
2014.
4:
625.

O segundo, por sua vez, ocorreu dez dias depois, em 13/10/2020, com a demolição da edificação modernista de número 83 da Rua Jacobina, nas Graças, conhecida como Residência Emir Glasner. A construção modernis ta de 1972 projetada pelo arquiteto pernambucano Vital Pessoa de Melo e possuía, além do seu significado, jardins assinados pelo paisagista Roberto Burle Marx e vitrais da artista plástica franco-brasileira Marianne Peretti (Fi gura 6).

Fonte: Disponível em: < emcondidas-em-recife/>.-modernista-e-demolida-as-esmarcozero.org/mais-uma-casahttps://AcessadoNovembrode2020.

As edificações modernistas constituem um grande estoque construído que detém, e continuará detendo, um importante papel no dia a dia de nossas sociedades. Nós precisamos conhecer melhor nosso passado recente. Precisamos entender a forma de vida de nossos pais (ou mesmo a da nossa própria infância ou juventude), suas inovações técnicas, detalhes e desem penho físico de seus edifícios (JANHENKET, 1998, p. 14 Apud MOREIRA, 2011, p.

Existem157).fotografias,

plantas e outros documentos que constituem uma valiosa documentação para a conservação, além de importantes registros da história da construção. Esses edifícios da nossa modernidade podem nos ensinar a projetar melhor hoje e encontrar um futuro para essa imensa massa de edifícios significa também dar um melhor futuro a nossas cida des.A

fim de que melhor sirvam às demandas de hoje, está cada vez mais comum a adaptação, o reuso e renovação de edifícios de 30 ou 40 anos atrás. Nesse contexto, nós não podemos exigir criteriosas restaurações, como aquelas destinadas às obras-primas, mas não podemos permitir que se destruam suas qualidades e valores. Um equilíbrio deve ser atingido pe

los conservadores, proprietários e usuários (ALLAN, 2007 p.15 Apud MOREIRA, 2011, p.156).

Em Recife, alguns edifícios, exemplares de arquitetura moderna são clas sificados como IEPs1 (Imóvel Especial de Preservação) como por exemplo, o Ed. Barão do Rio Branco, na Rua do Giriquiti, projeto de Delfim Amorim, o Ed. Acaiaca, na Av. Boa Viagem, de autoria de Delfim Amorim e Lúcio Este lita, o Ed. Califórnia, na R. Arthur Muniz, projeto de Acácio Gil Borsoi, entre alguns

Infelizmente,outros.

com tipologia de casa e com características comuns ao movimento moderno, encontram-se listadas como IEPs apenas as Casas Modernistas da Av. Rosa e Silva (Figura 7), objeto de estudo do presente trabalho, e uma residência conhecida como Casa Rozenblit na Av. Dezessete de Agosto, nº 206 (Figura 8).

As casas modernistas geminadas, por sua vez, foram projetadas em 1958 pelo arquiteto pernambucano Augusto Reynaldo e estão situadas em Recife, na Av. Rosa e Silva números 625 e 639. Nesse sentido, as Casas Modernistas, antigas moradias, foram classificadas em 2014, através do Decreto número 28.823/2015, como Imóveis Especiais de Preservação (IEP) (ver Figura 9).

1 Imóveis Especiais de Preservação - IEP - são exemplares isolados, de arquitetura significativa para o patrimônio histórico, artístico e/ou cul tural da cidade do Recife, cuja proteção é dever do Município e da comuni dade, nos termos da Constituição Federal e da LEI Nº 16.284/97 Municipal.

Figura 6: Demolição a sem placa de obra afixada Fonte: Trabalho de Mariana Alves, 2008, p. 119. Editado pela autora, 2020. Fonte:Disponível recantigo/photos>.em:<https://www.facebook.com/Acessoemabrilde2020. Figura 7: Casas geminadas Figura 8: Casa Rozenblit
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Figura 9: Reportagem de um jornal local de Recife

Fonte: Disponível em: < -preservacao-de-casas-modernistas-da-avenida-rosa-e-silva-160358.php>.https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2014/12/13/cdu-aprova-Acessoemabrilde2020.

Assim, considera-se que são exemplares isolados de arquitetura significa tiva para o patrimônio histórico, artístico e/ou cultural da cidade do Recife. A proteção da cultura arquitetônica permitiria que o Recife revelasse as diversas temporalidades vividas, impregnadas na matéria própria da arquitetura tornar essa mesma cultura imortal é criar elos no espaço no tempo, e é o elo moderno que agora precisa ser devidamente constituído (AMORIM, 2007).

Segundo o Artigo 7º da Lei municipal Nº 16. 284/97 que define os imóveis especiais de preservação - IEP situados no município do Recife cabe ao proprietário a manutenção das características gerais do imóvel. No entanto, a classificação das Casas Modernistas como Imóveis Especiais de Preservação, assegurada por lei não foi suficiente, por muito tempo, para salvaguardar esses exemplares arquitetônicos significativos da cidade.

Pelo contrário, de 2014 a 2018 as casas passaram por um processo de abandono e descaso incluindo uma postura de incentivo à depredação dos bens como pode-se notar a partir das denúncias realizadas por grupos ati vistas e veículos da comunicação referentes a situação recente das casas (ver Figuras 10 e 11).

Seria esse o ciclo vital da arquitetura, ou das cidades, como lugar por excelência da arquitetura em suas formas edilícias, urbanas e paisagísticas? Transmutar-se con tinuamente, para atender aos desejos dos homens? Se sim, por que lamentar os desaparecidos, se os nascituros abrigarão novos usos, novos sujeitos? (AMORIM, 2007, p.18).

Figura 10: Notícia de jornal local divulgando a situação das casas em 2015.

Figura 11: Notícia de jornal local divulgando a situação das casas em 2017.

Fonte: Figura 10: Disponível em: < Fonte:2020.-rosa-e-silva.html>.-derruba-muro-de-casa-modernista-danoticia/vidaurbana/2015/06/proprietariotps://www.diariodepernambuco.com.br/htAcessoemabrildeFigura11:Disponívelem:<https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2017/09/13/casas-modernistas-protegidas-por-lei-sao-danifica-das-no-recife-306408.php>.Acessoemabrilde2020.

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Em virtude dos fatos mencionados, deve-se destacar que as casas modernistas, apesar de terem sido depredadas por logos anos, estão passando por uma obra atualmente que tem como objetivo restauro dos imóveis e, principalmente, o resgate das Casas Modernistas em razão dos danos a que foram submetidas num curto espaço de tempo. Os autores do projeto, entretanto, não contemplaram soluções espaciais e detalhes construtivos de novos usos que venham ser ali instalados, segundo os mesmos, isto caberá aos profissionais que venham ser contratados pelo proprietário para os fins específicos de ocupação dos imóveis ou pelos futuros inquilinos que se candidatem instalar suas atividades (TINOCO & OLIVEIRA, 2019).

Portanto, considerando a atual situação dos imóveis e também o projeto de restauro desenvolvido pelo arquiteto Jorge Tinoco, o presente trabalho tem a intenção de intervir e adaptar das casas modernistas a a um novo uso. Além disso, o trabalho incluirá o lote adjacente a casa de número 639 no projeto a ser concebido a fim de criar um anexo as casas e, dessa forma, atender as demandas contemporâneas do novo uso a ser proposto criando, assim, uma unidade projetual.

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Objetivo Geral:

O presente trabalho visa propor um anteprojeto de adaptação para um novo uso das Casas Modernistas da Av. Conselheiro Rosa e Silva. Essa in tervenção busca a conservar e solidificar a importância das casas adequando-as as demandas contemporâneas, para seu novo uso, uma galeria.

Objetivos Específicos:

Propor uma intervenção arquitetônica contemporânea que respeite, se gundo as teorias de conservação recentes Moreira (2011), Kühl (2008), Ma cdonald (2007), a preexistente;

Incorporar o projeto de restauro desenvolvido pelo arquiteto Jorge Tino co, em andamento nas casas, na intervenção a ser proposta pelo presente trabalho;Explorar o conceito de metamorfose arquitetônica, Andrade Junior (2006), através dos conceitos de consonância e dissonância nos elementos da for ma (volumetria, implantação, escala, densidade ou massa, ritmo e cores e texturas) na concepção da proposta arquitetônica do anexo;

Explorar a edificação de forma contextualizada em relação a seu entorno;Absorver,

na proposta arquitetônica, as oito etapas para um projeto de reutilização bem sucedido Derek Latham (2000). São elas: aquisição, compreender o objeto, perfil de usuário, custo e finanças, projeto, aprovações, produção, implementação e ocupação;

Desenvolver uma intervenção que reative as casas modernas e estabele ça uma relação com o anexo proposto no lote adjacente a casa de número 639 concebendo, assim, uma unidade projetual que funcione como condensador público de atividades culturais e convivência;

Utilizar, na concepção projetual, estratégias de representação, tais como colagens, fotografias e outras manipulações gráficas.

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Fonte:
Thyago Amaral, 2014. Figura 12: Varanda da casa 625.
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O projeto em desenvolvimento segue as seguintes metodologias de pesquisa e análise para o cumprimento dos objetivos propostos:

Revisão Bibliográfica:

Quanto ao entendimento de patrimônio sua conservação e preservação são relevantes os autores: Amorim (2007), Moreira (2011), Kühl (2008), Macdonald (2007), Prudon (2008), Silva (2012), Unesco (2017);

Quanto ao desafio formal que construir sobre no construído analisa-se De Gracias (1992) e o conceito de metamorfose arquitetônica recorre-se ao autor Andrade Junior (2006) que, juntos, auxiliam na percepção de inter venções projetuais contemporâneas sobre o patrimônio edificado afim de futuramente serem aplicadas ao projeto;

Para a compreensão acerca da arquitetura moderna, torna-se necessá rio a compreensão sobre a abordagem de autores como: Benévolo (1976), Curtis (2008), Frampton (2000), Gropius (2003), Lima (2002) e Naslavsky (2012);No

que diz respeito a vida e obra de Augusto Reynaldo recorre-se aos autores Alves (2008), Tinoco e Oliveira (2019) e Saldanha (2018) que ajudam a conceituar e enaltecer a trajetória do arquiteto bem como detalhar o proje to das casas modernistas.

No que tange as etapas para um projeto de reutilização bem sucedido avaliou-se os conceitos de Derek Latham (200).

Coleta de dados:

Análise de referências projetuais visando a compreensão das diversas formas de abordagem do programa a ser desenvolvido e de projetos de intervenção contemporânea com acréscimo de volume a edificação preexistente;Sobre o território de intervenção, consulta ao website da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), ao website da Diretoria de Preservação do Patri mônio Cultural (DPPC) e visita a 1ª Regional da Prefeitura do Recife;

Análise da legislação local sobretudo no tocante à IEP (Imóvel Especial de Preservação), classificação do território de intervenção;

Análise do território de inserção do objeto através da elaboração de ma pas de usos, tipologias, gabaritos, mobilidade e vegetação, visitas, digitaliFonte: Thyago Amaral, 2014.

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Figura 13: Varanda da casa 625.

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zação de dados, fotografias;

Sistematização e análise dos dados coletados para gerar critérios de elaboração do Determinaçãoprojeto;de diretrizes projetuais para a elaboração do anteprojeto a ser desenvolvido.

01 INTRODUÇÃO | JUSTIFICATIVA | OBJETIVOS | PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo são explanados assuntos referentes aos autores Moreira (2011); Amorim (2007) ; Tinoco e Oliveira (2019).

CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA

Revisão bibliográfica dos principais autores que dissertam sobre: o patrimônio e conservação; o desafio formal que construir sobre no construído; a compreensão acerca da arquitetura moderna e por fim a vida e obra de Augusto Reynaldo.

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Análise de referências projetuais visando a compreensão das diversas formas de abordagem do programa a ser desenvolvido e de projetos de intervenção contemporânea com acréscimo de volume a edificação preexistente.

Consulta ao website da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), ao website da Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC) e visita a 1ª Regional da Prefeitura do Recife.

Análise da legislação local sobretudo no tocante à IEP (Imóvel Es pecial de Preservação), classificação do território de intervenção.

TERRITÓRIOPROPOSTA

Sistematização e análise dos dados coletados para gerar critérios de elaboração do projeto. Determinação de diretrizes projetuais para e proposta do anteprojeto desenvolvido.

Figura 14: Diagrama resumo dos procedimentos metodológicos referentes aos capítulos 01 a Fonte:05.

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A autora, 2020.

Breve histórico da teoria do restauro e da preservação

As discussões a respeito da preservação surgiram na segunda metade do século XIX baseadas nos acontecimentos históricos como: Iluminismo, Revolução Industrial e Revolução Francesa. Ou seja, eventos que causaram catástrofes trouxeram consigo discussões sobre a preservação também.

Acreditava-se que a conservação da arquitetura do passado, como ex pressão de arte e cultura, nos permitiria entender a relação existente entre os estilos arquitetônicos e as técnicas construtivas como a resultante do fruto do trabalho de determinada cultura, utilizando-se da história dessas construções como o veículo de comunicação dos processos de desenvolvi mento cultural (Figura 16)

Figura 16: Diagrama da linha do tempo da teoria do restauro e da preservação Fonte: A autora, 2020. Fonte: Thyago Amaral, 2014. Figura 15: Jardim interno da casa 625.
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Foi nessa época, ainda, que surgiram as teorias e correntes conceituais e práticas sobre o tema, as pioneiras foram as de John Ruskin e de Viollet-Le-Duc. Ruskin, simbolizava uma corrente muito conservadora que defendia a ideia de que as edificações deveriam atravessar os séculos de maneira intocada envelhecendo segundo seu destino, lhe admitindo a morte se fos se o caso. Viollet-Le-Duc, por sua vez, foi o responsável pelo conceito que conhecemos como “restauração estilística”, ou seja, um processo que, baseado na unidade formal e estilística das edificações buscava criar um modelo idealizado na “pureza” de seu estilo.

europeu, possuía uma perspectiva próxima a da escala urbana e valorizava os monumentos enquanto documentos históricos no momento de pensar o restauro (KÜHL,2008).

No entanto, com a grande destruição das cidades europeias durante a Segunda Guerra e, consequentemente, a necessidade de reconstrução também em larga escala não se podia pensar nos monumentos destruídos apenas como documentos e ignorar sua existência como obra e seu significado social. Nesse contexto, Cesare Brandi será figura de grande destaque pois, em meados do século XX, questionou essas teorias e práticas citadas e, a partir disso, concebeu o chamado restauro crítico.

Brandi tem um papel relevante com pensamentos que influenciam até os dias de hoje. Define o conceito de restauro como “o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com vistas à sua transmissão ao futuro” (BRANDI, 2004, p. 30). Acreditava na obra de arte como produto fun damental da atividade humana e que só era reconhecida como tal a partir da apreensão pela consciência das pessoas (SALDANHA, 2018) e a fim de que esse reconhecimento perdurasse extraiu dois axiomas fundamentais do seu conceito de restauro.

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Mais adiante, no final do século XIX, Camillo Boito reformulou as práti cas de restauração criando uma vertente classificada como restauro filoló gico que enfatiza o valor documental da obra, destacando o valor primordial das edificações enquanto testemunho e documento histórico. Pode-se dizer que Boito contribuiu de forma direta para a formulação dos princípios modernos de restauração na medida em que defendia o respeito à matéria original da preexistência, a reversibilidade, a distinção das intervenções e o interesse por aspectos conservativos e de mínima intervenção. Além disso, também falava sobre a manutenção dos acréscimos de épocas passadas entendendo-as como parte da história da edificação, assim como, buscou harmonizar as arquiteturas do passado e do presente a partir da distinção de sua materialidade.

Boito “concebe a restauração como algo distinto e, às vezes, oposto à con servação, mas necessário. Constrói sua teoria justamente para estabelecer princípios de restauração mais ponderados (entre Ruskin e Viollet-le-Duc)” (KÜHL, 2008, p.23). Do mesmo modo, Boito sugeriu que a conservação periódica seria um instrumento eficaz de preservação, acreditando que as restaurações só deveriam ser realizadas quando necessárias a fim de não abdicar da memória e dos valores implícitos de determinadas obras. Boito complementou suas ideias defendendo que os complementos e adições, quando necessários, deveriam demonstrar ser obras contemporâneas diferenciando-se da matéria original sem colidir com o aspecto artístico do monumento.Nosúltimos anos do século XIX e início do século XX aconteceram diver sas tentativas de disciplinar e limitar as ações de restauração, tendo em vis ta que as más restaurações estavam causando prejuízos maiores às obras de arte do que a própria ação do tempo sobre elas. Isto é, propagava-se a necessidade de tornar o restauro um ato científico que seguisse princípios e métodos cientificamente determinados. Gustavo Giovannoni, precursor do restauro filológico cujas ideias tiveram grande repercussão no entreguerra

O primeiro deles: “restaura-se somente a matéria da obra de arte” haja vista que a ideia do artista é pura e se manifesta em imagem através da ma téria e é sobre esta matéria – que se degrada - que se intervém e não sobre esse processo mental, no qual é impossível agir (BRANDI, 2004) e o segun do: “A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo” (BRANDI,2004, p.33).

Entretanto, qualquer ação sobre a obra intervém em sua realidade figurativa, logo, é obrigação da restauração prefigurar, controlar, justificar e fundamentar essas alterações respeitando, assim, seus aspectos documentais, materiais e formais (SALDANHA, 2018 Apud KÜHL, 2008). Desse modo, fica evidente que as práticas de restauro devem ser fundamentadas na investigação científica e atividades operacionais, através de uma coo peração multidisciplinar, que envolve os diferentes profissionais. É a fun damentação da teoria e abordagem crítica que vão subsidiar a prática do restauro através de um trabalho dessa multidisciplinaridade (SALDANHA, 2018).

Cartas Patrimoniais

Como citado, a partir do século XIX um pensamento mais estruturado so bre a proteção do patrimônio cultural começa a ser organizado. Mas somen te no início do século XX que posturas, legislações e atitudes mais abran gentes e concretas são postas em prática.

Diante desse contexto, é válido ressaltar as Cartas Patrimoniais, documentos que contém desde conceitos a medidas para ações administrativas com diretrizes de documentação, promoção da preservação de bens, planos de conservação, manutenção e restauro de um patrimônio, seja histórico, artístico e/ou cultural. São muitos os documentos que têm uma importante contribuição para o tema relacionado à preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural. Neste trabalho serão abordadas: a Cartas de Atenas, Veneza, a Carta de Burra e a Conferência de Nara (Figura 17).

servação e conservação de edificações, para terem caráter internacionais e para garantirem a perpetuação das características históricas e culturais nos monumentos a serem preservados.

A Carta recomenda também a adoção de diretrizes de caráter interdisci plinar e a ampla divulgação dessas diretrizes. Vale ressaltar a importância dada a preocupação com a legislação de cada país e com a necessidade de se constituir princípios habituais entre os signatários, mesmo que integrados às condições locais, principalmente para assegurar o predomínio do direito coletivo sobre o individual.

Em 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) elaborou a Carta de Veneza, com o foco na carência de um plano internacional para conservar e restaurar os bens culturais numa ação interdisciplinar.A

Carta de Veneza (1964) exprime o consenso da época. Seus artigos, de certo modo, contemplam os três princípios fundamentais que devem ca racterizar uma ação de restauração: (i) Distinguibilidade: “os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem integrar-se harmoniosamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia, das partes originais a fim de que a restauração não falsifique o documento de arte de história” (Artigo 12); (ii) Reversibilidade: “os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações com o meio am biente” (Artigo 13). (iii)Mínima intervenção: “a restauração deve ter caráter excepcional (...) e fundamenta-se no respeito ao material e aos documentos autênticos” (Artigo 9). Como diretriz importante, os elementos que substituí rem as partes faltantes devem ser integrados de forma harmoniosa, porém é imprescindível que se distinguem das partes originais a fim de que a res tauração não falsifique o objeto em questão.

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Fonte: A autora, 2020.

A Carta de Atenas de 1931 marcou o começo das formulações intergo vernamentais, em nível internacional, de diretrizes voltadas para a proteção e conservação do patrimônio cultural. Foi fruto de uma reunião científica organizada pelo Escritório Internacional de Museus da Sociedade das Nações. Neste encontro se constituiu o primeiro ato normativo internacional exclusivamente dedicado ao patrimônio e incidindo sobre a problemática do restauro de monumentos. Esta Carta discute a racionalização de pro cedimentos e m arquitetura e propõe normas e condutas em relação à pre

Na discussão contemporânea sobre a conservação, esses princípios também são válidos. As ações sobre um bem cultural devem ser aquelas estri tamente necessárias – mínima intervenção –, respeitando os princípios da distinguibilidade e de reversibilidade.

No que diz respeito a Carta de Burra 1980, segue linhas de orientação e conservação e gestão dos sítios com significado cultural. Escrita na Austrália, ela reconhece a necessidade de envolver pessoas nos processos de formação das decisões. Com 29 artigos, a Carta aborda questões relacio nadas às definições de conceitos, conservação e preservação por meio de manutenção e restauração, reconstrução (dadas às exceções, circunstân

Figura 17: Diagrama da linha do tempo das cartas patrimoniais

cias e características de elementos a serem implantados e mantidos) e procedimentos de intervenção. A seguir serão destacados termos importantes mencionados nas cartas (ver Figura 18).

O termo significação cultural designará o valor estético, histórico, cien tífico ou social de um bem para as gerações passadas, presentes ou fu turas. A significância de um edifício pode ser reconhecida em função de características, como áreas de significância (arquitetura, educação, herança étnica, indústria, religião, ciência, transporte), períodos de significância (associações entre datas e fatos ou pessoas), características distintas (tipo, período ou técnica construtiva, ou se foi executado por um mestre) (PARK, 2006). Refere-se a todos os elementos que contribuem para o significado, tais como contexto, história, uso e valores sociais e espirituais, e não ape nas para o aspecto material ou a aparência do objeto.

reparação. A reparação implica a restauração e a reconstrução, e assim será considerada. A preservação será a manutenção no estado da substância de um bem e a desaceleração do processo pelo qual ele se degrada.

A restauração será o restabelecimento da substância de um bem em um estado anterior conhecido. A reconstrução será o restabelecimento, com o máximo de exatidão, de um estado anterior conhecido; ela se distingue pela introdução na substância existente de materiais diferentes, sejam novos ou antigos. A reconstrução não deve ser confundida, nem com a recriação, nem com a reconstituição hipotética, ambas excluídas do domínio regula mentado pelas presentes orientações.

A adaptação será o agenciamento de um bem a uma nova destinação sem a destruição de sua significação cultural. Por fim, o uso compatível designará uma utilização que não implique mudança na significação cultural da substância, modificações que sejam substancialmente reversíveis ou que requeiram um impacto mínimo.Figura 18: Diagrama resumo de conceitos extraídos da Carta de Burra

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Na contemporaneidade, a significância cultural desempenha um papel na conservação dos bens patrimoniais condicionando decisões e procedimentos de conservação. Ela pode ser expressa de maneira não formal através das relações humanas cotidianas e também de maneira formal através do documento intitulado Declaração de Significância Cultural. A apresentação dessa declaração adquiriu importância a partir da década de 1990 quando a UNESCO passou a exigi-la nos processos de pedido de inclusão de bens patrimoniais na Lista do Patrimônio Mundial.

A declaração de significância contribui para que nenhuma ação de con servação diminua a significância de um bem ou lugar e sua capacidade de demonstrar sua história e uso devendo, para isso, refletir a natureza e o conteúdo de vários pontos de vista. Avaliar a significância cultural de um bem envolve um processo de estudo para a compreensão dos significados e dos valores do objeto a fim de sintetiza as informações para formar uma base de decisões posteriores e servir como instrumento guiando possíveis ações de conservação dos bens culturais.

Vale ressaltar que a substância será o conjunto de materiais que fisi camente constituem o bem. O termo conservação designará os cuidados a serem dispensados a um bem para preservar-lhe as características que apresentem uma significação cultural. De acordo com as circunstâncias, a conservação implicará ou não a preservação ou a restauração, além da ma nutenção; ela poderá, igualmente, compreender obras mínimas de recons trução ou adaptação que atendam às necessidades e exigências práticas.

O termo manutenção designará a proteção contínua da substância, do conteúdo e do entorno de um bem e não deve ser confundido com o termo

Fonte: A autora, 2020.

O documento da Carta de Nara de 1994, por sua vez, foi concebido no espírito da Carta de Veneza, 1964, desenvolvendo e ampliando esse docu mento em resposta ao alargamento dos conceitos referentes ao escopo do que é patrimônio cultural e seus interesses em nosso mundo contemporâ neo. A conservação do patrimônio cultural em suas diversas formas e pe ríodos históricos é fundamentada nos valores atribuídos a esse patrimônio. “O valor não é uma característica intrínseca ao objeto, é o sujeito quem lhe atribui o valor” (SILVA, 2012, p.24).

Logo, o processo de valorização de um bem tem início quando indivíduos, instituições ou grupo de pessoas decidem que existe algo nesse objeto que deve ser transmitido às futuras gerações (AVRAMI et al. Apud SILVA). Além disso, o valor cultural de um bem é expresso pelos seus atributos, materiais ou imateriais (UNESCO, 2017). Esses atributos estão listados pelo Guia Operacional para Aplicação da Convenção do Patrimônio Mundial de 2017 São eles: forma e concepção, materiais e substância, função, uso, tradição, técnica, localização e implantação, (UNESCO, 2017). No que se refere a conservação de edifícios moderno existe também os atributos linguagem, interconexão e interpenetração (SILVA, 2012).

A primeira diz respeito às questões presentes nas discussões sobre a autenticidade, bem como à capacidade de os atributos expressarem ou transmitirem, com credibilidade, a significância (SILVA, 2012). A segunda ideia abrange o aspecto do estado físico da edificação e/ou de seus atributos significativos, que devem estar em boas condições e ter seu processo de deterioração controlado (STOVEL, 2007).

Segundo Silva (2012, p. 30), evidencia-se, também, que o bem cultural deve possuir uma percentagem importante de elementos necessários à transmissão da totalidade dos valores que ele representa, e que as rela ções e as funções dinâmicas nele presentes são essenciais ao seu caráter

Figura 19: Diagrama resumo dos teóricos e das Cartas Patrimoniais.

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Além disso, deve-se destacar também os conceitos de autenticidade e integridade, pois é por meio da análise, conforme o tipo de patrimônio cultural e o seu contexto cultural, dos atributos listados que se define as condições de autenticidade e a integridade de um bem.

Os bens satisfazem as condições de autenticidade se os seus valores culturais (tais como são reconhecidos nos critérios da proposta de inscrição) estiverem expres sos de modo verídico e credível através de uma diversidade de atributos, entre os quais: forma e concepção, materiais e substância, uso e função, tradições e técni cas, localização e implantação, espírito e sentimento, e outros fatores internos ou externos (UNESCO, 2017 § 82).

Também segundo a UNESCO, 2017 § 88, “a integridade é uma medida da totalidade e do caráter intacto do patrimônio natural e/ou cultural e dos seus atributos.” Avaliar as condições de integridade de um bem significa avaliar até que ponto ele possui todos os elementos necessários para expressar seu Valor Universal Extraordinário (Outstanding Universal Value), e possui dimensão suficiente para expressar a significância (SILVA, 2012).

Existem duas ideias básicas nesse conceito: completude e caráter intacto.

Fonte: A autora, 2020.

Conservação do patrimônio do século XX

Como contribuição para este debate vale ressaltar, ainda, o Documento de Madrid, junho de 2011 que abrange as discussões sobre a conservação da arquitetura moderna. Através do ICOMOS1 este documento elenca critérios para a conservação do patrimônio arquitetônico do século XX.

O Documento de Madrid procura contribuir para o tratamento apropriado e respeitoso deste importante período do patrimônio arquitetônico. Ressalta a obrigação de conservar o patrimônio do século XX e enaltece importância e o nosso dever de conservar o patrimônio significativo de épocas anteriores.

Mais que nunca, o patrimônio arquitetônico deste século está em risco devido a falta de apreciação e ma nutenção. Uma parte é já irrecuperável, e outra, ainda maior, está em perigo. Trata-se de um patrimônio vivo que é essencial entender, definir, interpretar e gerir adequadamente para as gerações futuras (ICOMOS, 2011).

e uso, bem como nos seus valores intangíveis, nomeadamente valores históricos, sociais, associações científicas ou espirituais, ou o gênio criativo do seu ator. Para entender o patrimônio arquitetônico do século XX, é impor tante identificar e avaliar todos os componentes do local, incluindo decora ção de interiores, acessórios e obras de arte relacionadas.

Nesse sentido, o documento sugere que seja aplicada uma metodologia de planeamento da conservação apropriada. Pois deve-se compreender a forma como o significado cultural se expressa no patrimônio arquitetônico do século XX e como diferentes atributos, valores e componentes afetam esse significado é essencial para a tomar decisões adequadas sobre sua manutenção e preservação de sua autenticidade e integridade.

Reconhecendo os documentos relativos à conservação do patrimônio existentes, o Documento de Madrid identifica simultaneamente muitas das questões especificamente vinculadas à conservação do patrimônio arqui tetônico. No entanto, ainda que se aplique especificamente ao patrimônio arquitetônico em todas as suas manifestações, muitos dos seus conceitos podem igualmente aplicar-se a outras expressões do patrimônio cultural do século

DivididoXX.em

quatro partes o documento possui nove artigos e discorre sobre: (i) Conhecimento avançado, compreensão e significado; (ii) Gerir a Mudança para conservar o significado cultural; (iii) Sustabilidade ambiental e (iv) Interpretação e comunicação.

(i) Conhecimento avançado:

A fim determinar e avaliar a importância do patrimônio arquitetônico do século XX, deve ser adotados padrões patrimoniais reconhecidos. O pa trimônio arquitetônico deste século de concreto (incluindo todos os seus elementos) constitui a prova material de seu tempo, lugar e propósito.

O seu significado cultural pode residir nos seus atributos tangíveis, incluindo a sua localização física, desenho (por exemplo, esquemas cromáticos), sistemas construtivos e equipamento técnico, materiais, qualidade estética

1 ICOMOS Conselho Internacional de Monumentos e Sítios é uma associa ção civil não governamental, ligada à ONU, através da Unesco.

Uma pesquisa histórica abrangente deve ser conduzida e sua importância na formulação de políticas para proteger, administrar e interpretar o significado cultural identificado deve ser analisada. Essas análises devem ser concluídas antes de iniciar qualquer trabalho para garantir que as políticas de proteção específicas que orientam a intervenção sejam definidas com antecedência.Umplanode conservação deve ser desenvolvido e deve definir os componentes importantes da propriedade, as áreas vulneráveis à intervenção, o melhor uso e as medidas de conservação que devem ser tomadas. Além disso o planejamento da conservação requer uma abordagem interdiscipli nar que leva em consideração todos os atributos e valores de importância cultural.Éimportante,

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ainda, identificar as partes responsáveis pelas ações de conservação. Estas podem incluir, entre outros, proprietários, autoridades de gestão do patrimônio, comunidades, governos locais e ocupantes. E tam bém é importante a produção de registo das alterações realizadas destina do aos arquivos públicos.

Os materiais e técnicas de construção do século XX são geralmente diferentes dos materiais e métodos tradicionais do passado. É necessário pesquisar e desenvolver métodos de proteção específicos adequados para tipos de edifícios únicos haja vista que apresentam desafios específicos de proteção. E também envolver especialistas em tecnologia de conservação moderna e ciência dos materiais para realizar investigações específicas e intercâmbios de conhecimento

Em contra partida, a aplicação dos padrões de construção atuais (como padrões de acessibilidade, segurança e saúde, proteção contra incêndio, terremotos e melhorias de eficiência energética) pode exigir adaptações

para preservar o significado cultural. A análise detalhada e as negociações com as autoridades devem minimizar os efeitos negativos.

(ii) Gerir a Mudança para conservar o significado cultural

Manter a autenticidade e integridade é particularmente importante em am bientes urbanos, onde mudanças no uso diário podem exigir intervenções que afetam o significado cultural do patrimônio.

Fazer apenas tanto quanto seja necessário e tão pouco quanto seja possível. Qualquer intervenção deve ser cautelosa. O alcance e a profundidade de qualquer intervenção devem ser minimizados. Use métodos de reparo testados e comprovados e evite o processamento que pode destruir dados históricos e seu significado cultural.

A alteração deve ser o mais reversível possível sem comprometer seu significado cultural, algumas pequenas alterações podem ser feitas para me lhorar o comportamento e a função do patrimônio. Ao considerar a mudança de usos, deve-se estar atento para encontrar uma reutilização apropriada para preservar o significado cultural do patrimônio.

cipais elementos arquitetônicos não é uma ação de conservação, portanto não é recomendada. No entanto, se suportada por documentação, a reconstrução de elementos isolados pode contribuir para a interpretação com pleta e / ou correta da propriedade herdada.

O significado cultural de um bem como testemunhas históricas baseia-se principalmente em seus atributos materiais originais ou importantes e / ou no valor intangível que define sua autenticidade. Em qualquer caso, o significado cultural ou as intervenções subsequentes do bem do patrimônio original não dependem apenas de sua idade. Ao tomar uma decisão de pro teção, é necessário reconhecer e considerar as mudanças subsequentes com seu próprio significado cultural.

A antiguidade deve ser identificável tanto através de todas as intervenções e alterações realizadas através dos tempos como da sua pátina. Este princípio é importante para a maioria dos materiais utilizados no século XX. Os conteúdos, elementos fixos e acessórios que contribuem para o signifi cado cultural devem ser sempre mantidos, integrados no bem, na medida do possível.

(iii) Sustabilidade ambiental

Antes de intervir em qualquer bem patrimonial é necessário avaliar o seu significado cultural, devendo definir-se todos os seus elementos e compreender-se a sua relação e implanta ção. O impacto da alteração proposta no significado cultural do patrimônio deve ser minuciosamente avaliado. A sensibilidade à mudança de cada atributo e valor deve ser analisada em fun ção do seu significado. É necessário evitar os impactos adversos ou mitigá-los de forma a preservar o significado cultural do patrimônio (ICOMOS, 2011 § 5).

Em alguns casos, intervenções (como expansão) podem ser necessárias para garantir a sustentabilidade da propriedade. Após uma análise cuida dosa, é necessário projetar a extensão considerando a escala, o layout, a composição, a proporção, a estrutura, o material, a textura e a cor do patri mônio. Essas extensões devem ser reconhecidas como novos elementos que podem ser identificados sob observação cuidadosa, mas desenvolvidos de forma a manter a harmonia com a preexistência. Complementar sem competir.Elementos

importantes devem ser reparados ou restaurados, não subs tituídos. É melhor estabilizar, consolidar e reter elementos importantes em vez de substituí-los. Sempre que possível, os materiais de reposição usados devem ser semelhantes ao original, mas devem ser marcados ou datados para diferenciá-los.

A reconstrução de bens patrimoniais totalmente perdidos ou de seus prin

Com o passar do tempo, a pressão para melhorar a eficiência energética do patrimônio arquitetônico aumentará. A importância cultural não deve ser adversamente afetada por medidas para melhorar a eficiência energética.

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A proteção deve levar em consideração os padrões contemporâneos de sustentabilidade ambiental. A intervenção no bem deve ser realizada de forma sustentável e adaptada ao seu processo de desenvolvimento e gestão (vii). Para se obter uma solução viável e equilibrada, é necessário consultar todas as partes envolvidas para garantir a sustentabilidade do patrimônio.

Em termos de envolvimento, gestão e interpretação da propriedade, sua origem e significado cultural, todas as gerações futuras devem dominar todas as escolhas.

(iv) Interpretação e comunicação

Publicar e divulgar pesquisas e planos relativos à proteção do patrimônio arquitetônico do século XX, promover atividades e projetos no campo pro fissional e em toda a comunidade, sempre que possível.

O diálogo com públicos específicos e participantes relacionados para promover a valorização e compreensão da proteção deve ser incentivado. E por fim, os programas de educação e de formação profissional devem incluir os princípios da proteção do patrimônio do século XX.

A arquitetura moderna esteve presente em grande parte do século XX e emergiu, aproximadamente, junto ao advento da corrente conceitual de Brandi, a mais aceita na atualidade. Isso explica inúmeras discussões sobre o porquê conservar a arquitetura moderna e, principalmente, a real diferença entre a conservação tradicional e a da arquitetura moderna. Autores como Moreira (2011) e Silva (2012) defendem que não há necessidade de se criar uma nova teoria para lidar com a arquitetura moderna e que os princípios da conservação do edifício moderno segue conceitos teóricos da conservação do edifício tradicional, entretanto, elas são distintas entre si e as edificações modernas apresentam novos desafios que merecem estudos diferenciados.Asdiscussões

acerca da conservação do edifício moderno estão se am pliando. Tem-se, no entanto, uma predominância em um modo de intervir no ‘edifício obra de arte’ no qual busca-se um resgate, o mais próximo possível, da sua forma e imagem iniciais, registrados em livros, publicações e, mais ainda, no imaginário das pessoas (SILVA, 2012) (Figura 20 e 21).

Este trabalho se insere nas discussões que abordam o problema de con servação de edifícios e compreende que assim como edifícios com arquite tura tradicional, o edifício da arquitetura moderna também estão dispostos a receber ações de intervenções que vão além da restauração do edifício ou ainda repensam a necessidade reconstruir integralmente elementos perdidos. A partir disso fortalece o entendimento de que a conservação do edifício moderno segue os princípios da teoria da conservação com diferentes desafios, de acordo com Susan McDonald (2003) e Theodore Prudon (2008) são eles: i. funcionalidade, ii. materiais,iii. sistemas infraestruturais,iv. falta de manutenção,v pátina e vi o reconhecimento/tombamento.

A Funcionalidade torna-se um desafio especialmente nos casos nos quais ela está relacionada com a forma da edificação. Neste caso, os arranjos espaciais projetados seguiam a função dos edifícios o que pode criar condicionante para sua adequação a novos usos. Mudança de função, ape sar de intervir em um dos atributos do bem é uma prática aceita e necessá ria para a conservação de bens tombados. Na lista do patrimônio mundial (ver Figura 22) que corresponde aos exemplares da Arquitetura Moderna 07 (sete) são residências unifamiliares e tiveram seu uso alterado. São eles:

Figura 20: Villa Savoye antes da sua conservação.

48 49 distintivo e devem igualmente ser mantidas. Desafios da conservação da arquitetura moderna

Fonte: Disponível em < www.arqfeevale.wordpress.com/tag/le-corbusier>. Acessado em abril de Figura2020.

21:Villa Savoye após ação para sua conservação.

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/187488958@N05/49686003448/in/photostream/ acessado em 20/04/2020.

1 | Casa Rietveld Schröder. Holanda,Gerrit Rietveld (1924). Uso atual: Museu;

Uma reflexão a ser feita é que além de propriedades espaciais que caracterizam o projeto pode-se considerar, também, aspectos imateriais da função - como zoneamento e fluxo -, possam “permanecer” no edifício pós intervenção.

Materiais tradicionais foram utilizados de novas formas e combinados com outros materiais mais recentes. É o caso da pedra, utilizada para reves timento, e não mais construção – solução presente nas casas geminadas de Augusto Reynaldo. Outro problema relativo a materiais e que está presente também nesta edificação é a dificuldade de reposição de materiais, como os azulejos. É frequente encontrar edifícios nos quais a falta de material para reposição contribui para que esses sejam substituídos por outros, fazendo com que se percam os registros de detalhes e de soluções originais (MA CDONALD,

Destaca-se2003).também

que, o desgaste dos edifícios modernos ocorre em um tempo significativamente menor que nos edifícios tradicionais. O século XX também modificou o conceito de permanência, durabilidade, preserva ção. Tudo tornou-se mais transitório. A pouca durabilidade dos materiais levou à substituição de revestimentos, esquadrias. Um processo que aconteceu desvinculado de algum tipo de preocupação com a permanência do valor, uma vez que ele ainda não era reconhecido.

A questão dos sistemas infraestruturais relaciona-se às normas de de sempenho, de acessibilidade, implantação de redes de comunicação, exi gências de segurança e outros aspectos específicos decorrentes da reade quação ou do novo uso.

No que se refere à falta de manutenção há uma discussão na literatura que aborda a questão de que se acreditava que materiais como alumínio, concreto e aço inoxidável que gerou a crença de que esses materiais dura

Figura
50 51 2 | Weissenhofsiedlung, de Mies Van Der Rohe. Alemanha (1927). Uso atual: museu; 3 | Villa Tugendhat. República Checa, Ludwig Mies van der Rohe (1930). Uso atual: Museu; 4 | Maison Guiette. Bélgica, Le Corbusier (1926). Uso atual: Fundação Le Corbusier; 5 | La maison du docteur Curutchet. Argentina, Le Corbusier (1949). Uso atual: Colégio de arquitetos.6 | Casa Luis Barragán. México, Luis Barragán (1948). Uso atual: Museu; 7 | Villa Savoye. França, Mies Van Der Rohe ( 1929 ). Uso atual: Museu.
22: Lista de casas modernas unifamiliares consideradas Patrimônio Mundial pela Fonte:UNESCO.Disponível em: <https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/world-heritage-brazil >. Aces sado em abril de 2020.

riam “eternamente” (MACDONALD, 2003). Do outro lado, a pátina, que tem um lugar importante na teoria da conservação, quando se trata da arquitetu ra moderna, ela, geralmente, é entendida como sujeira ou degradação e não como um sinal do envelhecimento natural do edifício (LEATHERBSRROW Apud, MOREIRA, 2011). A substituição do material afeta a autenticidade do edifício.O

tombamento pressupõe o reconhecimento da significância, é a etapa posterior e atribui ao objeto novo valor e significado (MASON, 2000). No entanto, o tombamento de edifícios modernos ainda é um desafio pois ainda não atingiu o mesmo nível de reconhecimento e aceitação da arquitetura de períodos anteriores. Como a arquitetura moderna está no nosso dia a dia, vê-se dificuldade de reconhecer sua significância, mas, na verdade, manter vivo o testemunho cultural do passado no cotidiano da cidade pos sibilita com que os indivíduos identifiquem nos espaços urbanos, e, nos monumentos históricos, marcos referenciais de identidade e memória.

prática contemporânea. Diante disso, Andrade Junior (2006) se apropria da expressão metamorfose arquitetônica, utilizada por Antón Capitel (1988) para distinguir as intervenções de restauro arquitetônico, para denominar estas intervenções projetuais sobre a preexistência.

Nesse sentido, a “atuação projetual sobre um edifício existente, considera do de valor, e que por determinadas razões é preciso modificar ou completar extraordinariamente em época distinta àquela na qual foi construído” é “um dos mais interessantes e complexos temas de Composição em Arquitetura, todavia raramente tratado nas análises históricas ou críticas” (CAPITEL, op. cit.: 11 Apud ANDRADE JUNIOR, 2006, p. 22). Vale ressaltar, ainda, o con ceito de apliação externa definido por Nivaldo como àquela ampliação da área construída de um edifício existente que é claramente perceptível desde o espaço urbano.

O reconhecimento do valor de uma edificação é um pro cesso que começa ainda antes de ele se tornar patrimônio. A indicação do imóvel, como objeto de proteção é a etapa final do reconhecimento do valor atribuído por atores diversos da sociedade que dá, a determinados exemplares, uma significância diferente da significância de outros (SILVA, 2012, p.23).

A especificidade da arquitetura moderna que representa um desafio para a conservação está centralizada no material e nas novas tecnologias em virtude de ainda não haver experimentos suficientes para testar soluções referentes a materiais e tecnologias que nasceram junto com a arquitetura (SILVA, 2012).

Metamorfose Arquitetônica

Como visto, em um contexto que se insinua desde o século XIX, mas que se acelera principalmente a partir do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, os edifícios de períodos e estilos arquitetônicos do passado passam a ser, com maior frequência, adaptados a novos usos, o que inclui muitas vezes ampliações, construções de anexos e outras transformações do objeto arquitetônico. Os autores destes projetos são desafiados a conciliar a preservação dos testemunhos do passado com o atendimento às demandas dos novos programas.

As intervenções projetuais sobre o patrimônio edificado tornou-se uma

No que tange a forma arquitetônica e seus aspectos, Andrade Junior (2006) propõe que a análise das intervenções deve ser feita através das re lações formais externas estabelecidas entre a nova arquitetura e a preexis tência edificada em relação à qual ocorre. A fim de estabelecer parâmetros para análise da forma do objeto arquitetônico em seu contexto urbano foram identificados alguns aspectos principais da forma arquitetônica. São eles: volumetria; implantação; escala; densidade ou massa; ritmo e cores e texturas dos materiais de acabamento.

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O presente trabalho abordará esses aspectos da forma arquitetônica na proposta do anexo às Casas Geminadas da Av. Rosa e Silva.

Volumetria

A volumetria (Figura 23) corresponde à forma geral ou morfologia da obra arquitetônica. Tra ta-se, certamente, de um dos aspectos mais importantes na definição da aparência final da obra, ainda que, como veremos a seguir, uma nova arquitetura possa repetir volumetricamente as preexistências vizinhas e, ainda assim, entrar em contraste com elas.

Implantação

A implantação (Figura 24) equivale à localiza ção do novo objeto arquitetônico – seja ele a ampliação de um edifício existente, a comple mentação de um edifício arruinado ou mesmo um edifício absolutamente novo – com relação

Figura 23: Volumetria dissonante Figura 24: Implantação dissonante Fonte: Maria Eduarda Soares, 2020. Fonte: Maria Eduarda Soares, 2020.

ao espaço urbano e às preexistências com as quais se encontra em relação visual – o edifício original que foi ampliado, as ruínas complementadas ou o conjunto em que se insere a nova edificação, respectivamente.

Escala

Figura 25: Escala dissonante

(aberturas), estrutura (quando aparente e distinguível dos demais elementos que compõem o objeto arquitetônico), elementos de decora ção salientes ou escavados na fachada, mu dança de materiais ou de cores de acabamen to, etc.

Cores e Texturas do Materiais de Acabamento

Neste último aspecto nos referimos às carac terísticas dos materiais utilizados nas superfí cies limite da nova arquitetura, em relação com aqueles utilizados nas preexistências (Figura 28).No

Fonte: Maria Eduarda Soares, 2020.

A escala (Figura 25) diz respeito à relação entre as dimensões da nova arquitetura e aquelas da preexistência na qual a interven ção ocorre. A nova arquitetura será considera da consonante com a preexistência nos casos em que as suas dimensões gerais corresponderem aproximadamente àquelas existentes no entorno. Esta afirmação serve tanto para o caso de edifícios novos construídos em lo tes vazios de conjuntos históricos quanto para ampliações (verticais ou horizontais) de edifi cações existentes.

Densidade ou Massa

Este aspecto corresponde à massa, densi dade ou peso aparente do objeto arquitetônico (Figura 26). A densidade pode ser considera da um aspecto intrinsecamente vinculado ao volume, na medida em que ela pode reforçá-lo ou esvanecê-lo, dependendo dos materiais de construção utilizados. Se imaginamos um mesmo volume arquitetônico, por exemplo um cubo de 5 x 5 x 5 m, construído em pedra, e em seguida o imaginamos em vidro, constituem-se em dois edifícios absolutamente distintos.

Ritmo

O ritmo (Figura 27) se refere à cadência estabelecida pela repetição de determinados elementos utilizados na composição das superfícies-limite do objeto arquitetônico e que configuram a sua aparência: fenestração

Figura 26: Densidade dissonante

Fonte: Maria Eduarda Soares, 2020.

Figura 27: Ritmo dissonante

que diz respeito a cada um destes aspectos, a nova arquitetura poderá estabelecer com as preexistências relações que variam da mais absoluta consonância até a total dissonância. É neste sentido que serão analisadas as relações formais entre as preexistências edificadas e a intervenção arquitetônica a ser proposta no presente trabalho e essa análise subsidiará as diretrizes projetuais para o anteprojeto do anexo.

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Arquitetura moderna e seu patrimônio

Nas primeiras décadas do século XX, a Arquitetura Moderna marcou-se como um período de rejeição aos estilos tradicionais. As edificações exis tentes passaram a não atender satisfatoriamente às necessidades das ci dades que cresciam demasiadamente e o cenário industrial que se instalava no momento era precursor da produção em série e baixo custo (SALDANHA, 2018). Nesse momento, ocorreram modificações em diversos aspectos que deram forma a muito do que é construído até hoje em cidades do mundo inteiro.Oavanço

da industrialização, surgimento de diferentes meios de locomo ção, guerras e suas destruições e reconstruções demandaram uma reestruturação dos padrões tanto formais quanto projetuais, mudou a maneira de produzir e revolucionou a qualidade dos materiais de construção por meio de novas tecnologias. A vanguarda modernista partiu do conceito básico de não considerar e, intencionalmente, negar qualquer possibilidade formal de arquiteturas passadas. Acreditava-se numa arquitetura que partiria do zero baseada apenas no programa e nas dimensões necessárias e com propósito de resolver as necessidades básicas do usuário sem distinção

Fonte: Maria Eduarda Soares, 2020.

Figura 28: Textura dissonante Fonte: Maria Eduarda Soares, 2020.
56 57 Fonte: Disponível em quebrouexemplodermateriaiseplório.umade2020.-com-mies-van-der-rohe/547bda44e58ece90d80000df-barcelona-pavilion>.<https://www.archdaily.com.br/br/794679/mestres-dos-materiais-vidro-e-maisAcessadoemabrildenacionalidadeoucultura,masquebrandocomastradiçõesexigentesdeformadiferenteerevolucionária.Oestilomodernoprivilegiatudooqueésimples,masnuncaoqueésimTalcaracterísticasemanifesta,principalmente,nasformasbásicasnamatéria-primautilizada,comooconcretoaparente,oaçoeovidro(osfavoritosdaArquiteturaModerna).OarquitetoalemãoMiesVanRohedefiniubemessemomentocomumafrasequeé,elaprópria,doseusignificado:“menosémais”(Figura29).Nessecontexto,surgiuumanovalinguagemestéticaparaosedifíciosquetradiçõeshistóricaseculturaisrepresentandoumarenovaçãoradicalnosmétodosprojetuais,técnicasconstrutivaseexpressõesformais(LIMA,2002).Algumastécnicasconstrutivassurgiramduranteesseperíodosãoutilizadasatéosdiasatuaiscomo,porexemplo,oconcretoarmado.NoprojetoteóricodeLecorbusieraMaisonDomino,1914(Figura30)háumesqueletodeconcretoarmadoquedeixaemevidênciaaspossibilidadesdeproduçãoemsérieeopotencialdoprojeto,posteriormentedenominadode“plantalivre”ficaclaraaatuaçãodosistemaestrutural(armado)completamenteindependentedasfunçõesdacasa:sópisoeescadas.Aarquiteturapassaagoraaserfuncional,fluida,orgânicae,acimadetudo,humanahajavistaqueomodernotambémestavaassociadoàsintençõespositivasdemudançassociaisenacrençadeumasociedademaisjusta,fraternaeigualitáriaalémdabuscadeumaresponsabilidadesocialcomoexemplooconjuntohabitacionalparaapopulaçãodeMarselharelocadaapósatentadospóssegundaguerramundial(Figura31,32e33). Fonte: Disponível em < 2020.busier/com/2012/07/29/biografias-le-corpmiltonarquitetura.wordpress.https://>.Acessadoemabrilde Figura 30: Croqui do sistema construtivo da Maison Domino. Figura 29: Pavilhão de Barcelona, Mies Van der Rohe. Fonte: Figuras 31, 32 e 33 Disponíveis em FiguraFiguratetura-unidade-de-habitacao-le-corbusier?ad_medium=gallery>.<https://www.archdaily.com.br/br/783522/classicos-da-arquiAcessadoemabrilde2020.Figura32:Conjuntointernamente33:Fachada31:ConjuntohabitacionaldeMarselha

Levando-se em consideração esses aspectos é notório o admirável legado arquitetônico e cultural da arquitetura, do paisagismo e do urbanismo do movimento moderno e mesmo tratando-se de uma época recente da histó ria este patrimônio deve ser conservado e preservado. Edificações como: Sainte Marie de La Tourette, a Notre-Dame du Haut e o National Museum of Western Art de Le Corbusier e Brasilia, Brasil de Oscar Niemeyer e Lu cio Costa, a Villa Savoye França, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha a Bauhaus e a Fagus Factory ambos na Alemanha são exemplos de algumas edificações e conjunto de edificações modernas consideradas Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO (ver Figuras 34, 35, 36, 37,38 e 39).

Lista de edificações modernas na lista de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO:

1| Petite maison au bord du lac Léman, Corseaux, Switzerland

2| Immeuble locatif à la porte Molitor, Paris, France, 1931 - 1934

3| Cabanon de Le Corbusier Roquebrune-Cap-Martin, França, 1951

4| Cité Frugès , Pessac, França, 1924

5| Couvent Sainte-Marie de la Tourette, Eveux-sur-l’Arbresle, France, 1953

6| Immeuble Clarté, Geneva, Switzerland, 1930

7| Maisons La Roche-Jeanneret, Paris, France, 1923 - 1925

8| Musée National des Beaux-Arts de l’Occident, Taito-Ku, Tokyo, Japan, 1955 Chapelle Notre Dame du Haut, Ronchamp, France, 1950 - 1955 Maison de la Culture, Firminy, France, 1953 Unité d’habitation, Marseille, France, 1945 Manufacture, Saint-Dié, France, 1946 Maison du Docteur Curutchet, La Plata, Argentina, 1949 de la Weissenhof-Siedlung, Stuttgart, Germany, 1927 Villa Savoye et loge du jardinier, Poissy,

Fonte: Figura 34.Disponível em: < https://www.flickr.com/photos/kuk/7083428459 >. Acesso em maio de 2020. Figura 35. Disponível em <https://www.arch2o.com/unesco-world-heritage-sites-modernist/>. Acessado em abril de 2020. Figura 36: Disponível em <https://www.arch2o.com/unesco-world-herita ge-sites-modernist/>. Acessado em abril de 2020. Figura 37: Disponíveis em <https://www.arch2o.com/ unesco-world-heritage-sites-modernist/>. Acessado em abril de 2020. Figura 38 e 39: Disponível em: <Figura-na-ultima-decada?ad_medium=galleryhttps://www.archdaily.com.br/br/930251/lista-de-obras-arquitetonicas-declaradas-patrimonio-mundial>.Acessoemmaiode2020.Figura35:Notre-DameduHaut36:DessauBauhausFigura37:FagusFactoryFigura39:BrasíliaFigura34:VillaSavoye

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14| Maisons
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France, 1928 16| Complexe du Capitole, Chandigarh, Inde, 1952 17| Maison Guiette, Antwerp, Belgium, 1926 18| Conjunto Arquitetônico da Pampulha, Brasil, 1940 19| Cidade de Brasília, Brasil, 1956-1960 20| Bauhaus, Weimar, Dessau e Bernau 21| Fagus Factory, Alfeld, Alemanha 22| Casa Luis Barragán, México, 1948 23| Casa Rietveld Schröderhuis, Holanda, 1924 24| Van Nellefabriek, Holanda, anos de 1920 25| Casa da cascata, Pensilvânia, 1964 26| Guggenheim Museum, New York, 1937 27| Cidade Universitária de Caracas, Venezuela, 1940-1960 Figura 38: Conjunto Arquitetônico da Pampulha

A diversidade de culturas e patrimônios no nosso mundo é uma insubstituível fonte de informações a respeito da riqueza espiritual e intelectual da humanidade. A proteção e valorização da diversidade cultural e patrimonial no nosso mundo deveria ser ativamente promovida como um aspecto es sencial do desenvolvimento humano.

A diversidade das tradições culturais é uma realidade no tempo e no espa ço, e exige o respeito, por parte de outras culturas e de todos os aspectos inerentes a seus sistemas de pensamento. Nos casos em que os valores culturais pareçam estar em conflito, o respeito à diversidade cultural im põem o reconhecimento da legitimidade dos valores culturais de cada uma das partes. Todas as culturas e sociedades estão arraigadas em formas e significados particulares de expressões tangíveis e intangíveis, as quais constituem seu patrimônio e que devem ser respeitadas.

É importante sublinhar um princípio fundamental da UNESCO, que consi dera que o patrimônio cultural de cada um é o patrimônio cultural de todos. A responsabilidade por este patrimônio e seu gerenciamento pertence, em primeiro lugar, à comunidade cultural que o gerou, e secundariamente àque la que cuida dele. Entretanto, além destas responsabilidades, a adesão às cartas internacionais e convenções desenvolvidas para a conservação do patrimônio cultural, obriga a considerar os princípios e responsabilidades por estas preconizados. Equilibrar suas próprias necessidades com aquelas de outras culturas é, para cada sociedade, algo extremamente desejável, desde que, ao alcançar este equilíbrio, não abra mão de seus próprios va lores

Porculturais.fim,vale ressaltar que, em 1988, surgiu uma organização internacional e nacional que defende esse patrimônio moderno. O Comitê Internacio nal para a Documentação e Preservação de edifícios, sítios e unidades de vizinhanças do Movimento Moderno (Docomomo). Trata-se uma organiza ção não-governamental, com representação em 69 países e possui mais de 3000 filiados nos continentes: Europa, América, África, Ásia e Oceania por meio de suas representações no âmbito nacional.

Essa organização, por sua vez, tem como missão a salvaguarda, com base a preservação de importantes obras do Movimento Moderno por toda a parte, a troca de ideias sobre tecnologias de conservação, história e edu cação, o resgate do interesse pelos ideais, pela herança do movimento moderno e pela sua documentação, e o suscitar da responsabilidade para com essa recente herança arquitetônica e permanece até os dias atuais.

PANORAMA DA ARQUITETURA MODERNA

Como citado, a arquitetura moderna surgiu nas primeiras décadas do sé culo XX devido aos problemas gerados pelas mudanças sociais e econômi cas durante a Revolução Industrial a fim de encontrar soluções geradas por tamanhas mudanças.

O modernismo arquitetônico nasceu no oriente e logo expandiu-se pelo mundo afora. O panorama da arquitetura moderna trata da ilustração do al cance que este movimento tomou bem como demonstra obras e arquitetos importantes do movimento.

Internacional

O modernismo foi um movimento que envolvia as áreas artísticas e culturais, pois envolveu aspectos ligados a áreas sociais, tecnológicas, econômi cas e artísticas. Um ícone dessa vanguarda foi a Bauhaus escola em Des sau, Alemanha fundada em 1919, pós Primeira Guerra Mundial, por Walter Gropius. Também a ela é creditado o posto de criadora de uma nova visão de formação dos estudantes que resultou em um novo modelo de ensino ( Ver figura 40).

Criamos uma nova guilda de artesãos, sem as distribuições de classe que erguem uma barreira de arrogância entre o artesão e o artista. Juntos, vamos conceber e criar o novo edifício do futuro, que abrangerá arquitetura, escultura e pintura em uma só unidade e que um dia se erguerá para o céu a partir das mãos de um milhão de operários, como símbolo cristalino de uma nova fé (Pro clamação da Bauhaus de Weimar, 1919 Apud FRAMP TON, 1980,p. 147).

Foi na Bauhaus que surgiu o conceito da funcionalidade guiado pela cé lebre frase do arquiteto Louis Sullivan “a forma segue a função”. Mas para a Bauhaus a funcionalidade não era algo visto como tedioso, chato, buro crático ou esteticamente desinteressante. Pelo contrário, a arquitetura e o design precisavam se unir para propor estruturas tão funcionais e objetivas, quanto visualmente atraentes e impactantes.

A escola ainda ajudou a integrar as artes e o design com a produção vai desde mobiliário (Figura 41) aos projetos arquitetônicos e colocou o urba nismo como parte integrante do conceito de arquitetura além de disseminar o uso do aço e o vidro que passaram a ser usados em larga escala na arquitetura.

60 61

Já nos Estados Unidos, no início do séc. XIX (1830), o núcleo urbano foi construído sobre uma malha em tabuleiro de xadrez. Várias cidades ameri canas tiveram sua concepção baseada neste tipo de desenho urbano. Em 1871, um grande incêndio destrói praticamente toda a cidade de Chicago, as antigas construções em madeira são devastadas. E anos de 1880 e 1900 ocorre uma reformulação urbana transforma a cidade numa grande metró pole com edifícios para escritórios, grandes magazines, hotéis, adotando novas tecnologias construtivas e novos materiais nos projetos. Uma das inovações é a utilização de painéis de vidro como sistema de vedação.

A partir dessas tendências, sugue uma arquitetura tipo, e é o momento em que a arquitetura começa a introduzir uma linguagem nova, com utilização de novos materiais construtivos e novas tecnologias pioneiras. A Escola de Chicago marca uma ruptura, baseando-se numa arquitetura nova, numa nova tipologia, numa arquitetura tipo, mesclada a um novo sistema estrutural onde a forma segue a função e é definida pela estrutura. Le Baron Jenney, por exemplo, foi um arquiteto que sofreu influência da arquitetura e urbanismo de Paris. Projeta o primeiro pavimento como uma base, que se destaca do resto do edifício (Figura 42).

Figura 40: Alunos da Bauhaus Figura 41: Mulher sentada na tubos de de Marcel Breuer, 1926 Fonte: Fonte: Disponível 2020.ra/>.escola-de-chicago-arquitetuwordpress.com/2009/05/29/<https://arquitetandoblog.em:Acessadoemmaiode Figura 42: William Le Baron Jenney , Ludington Building.
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cadeira de
aço
Fonte: Disponível em: < https://www.goethe.de/ins/br/pt/kul/fok/bau/21356390.html?forceDesktop=1>. Acessado em maio de 2020.
Disponível em: <http://soulart.org/artes/o-coletivo-bauhaus >. Acessado em maio de 2020.

Por fim, deve-se destacar que a arquitetura moderna revolucionou as cidades em diversos países e continentes e pode ser facilmente identificada por algumas características próprias ao estilo e comuns nas obras de grandes expoentes do movimento como: Villa Savoye, 1928 que representa os 5 pon tos da arquitetura de Le Coubesier (Figura 43 e 44) na França, Mies Van Der Rohe, Casa Farnsworth, 1951 (Figura 45) nos Estados Unidos e Frank Lloyd Wrigh, Casa cascata, 1964 na Pensilvânia (Figura 46).

Figura

Os 5 pontos da arquitetura: Pilotis. Cobertura-jardim Planta livre Janela em fita. Fachada livre.

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Fonte:Disponível em -france-modernist-style-unesco-world-heritage/<https://www.dezeen.com/2016/07/31/villa-savoye-le-corbusier-poissy>.Acessadoemabrilde2020.

Fonte: Disponível em

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-cascata-frank-lloyd-wright>.<https://www.archdaily.com.br/br/01-53156/classicos-da-arquitetura-casa-daAcessadoemabrilde2020.Figura45:CasaFarnsworth,MiesvanderRohe.
43: Croqui de Le Corbusier sobre “Os 5 pontos da nova arquitetura” (1929). Lado esquerdo, a nova arquitetura, lado direto, a antiga arquitetura. Figura 44: Villa Savoye Figura 46: Casa cascata, Frank Lloyd Wright. Fonte: Disponível em: 2020.-com-mies-van-der-rohe/547bdad5e58ececbba0000b3-the-farnsworth-house>.<https://www.archdaily.com.br/br/794679/mestres-dos-materiais-vidro-e-maisAcessoemabrilde

No Brasil

A arquitetura moderna também chegou ao Brasil no início do século XX, mas encontrou um cenário diferente ao da sua origem haja vista que a discussão da identidade nacional é que estava em pauta. A in satisfação com o ecletismo vigente e com as cópias feitas aos estilos estrangeiros que surgiram por todo Brasil durante o século XIX inter rompendo um possível processo de maturação da identidade nacional exemplificam a necessidade de uma arquitetura que substituísse a que estava em prática (LIMA, 2015). A ambicionada identidade cultural nacional ganhou força no período de efervescência intelectual no qual os paulistanos tomam a vanguarda através da Semana de Arte Moderna de 1922, de Manifestos como o Pau-Brasil e Antropofágico, da produção pioneira de uma arte moderna e um modernismo literário tipicamente brasileiros.

No Brasil o campo da arquitetura teve influência de arquitetos es trangeiros, adeptos do movimento. O russo Gregori Warchavchik pro jetou a “Casa Modernista” 1929-1930 (Figura 47), obra que foi marcada como a primeira casa em estilo Moderno em São Paulo, porém o estilo se tornou conhecido e aceito em solo brasileiro através de projetos de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.

Figura 47: A casa modernista

Figura 48: Igreja de São Francisco de Assis com painel de azulejo de Portinari.

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Fonte: Disponível em 2020.modernismo/>.teturadobrasilemfoco.wordpress.com/<https://arquiAcessadoemabrilde

Fonte: Disponível em < nalismo,blico-apos-um-ano-de-restauro?ad_medium=galleryhttps://www.archdaily.com.br/br/925850/igreja-da-pampulha-e-reaberta-ao-pu>.Acessadoemabrilde2020.Osprojetosmodernistaserammarcadospeloracionalismoefuncioalémdecaracterísticascomoformasgeométricasdefinidas, falta de ornamentação – a própria obra é considerada um ornamento na paisagem; separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o paisagismo e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais (Figura 48) e esculturas.

Quando o movimento moderno se difundiu no Brasil, arquitetos recém graduados passaram a estudar obras de arquitetos estrangeiros como os alemães Mies Van der Rohe e Walter Gropius porém foi arquiteto franco-suíço Le Corbusier que mais teve influência na formação do pensamento Modernista nos arquitetos brasileiros, suas ideias inovadoras tiveram uma vasta influencia no movimento em território brasileiro, sendo fonte inspiradora para Lúcio Costa, Niemeyer e ou tros pioneiros da arquitetura Moderna brasileira.

Não obstante, a vinda de Le Corbusier ao Brasil em 1929 trouxe ou tra alternativa além do repertório neocolonial. Em suas visitas ao Rio de Janeiro e a São Paulo realizando algumas conferências, Le Corbusier influenciou jovens arquitetos como Lúcio Costa e Luiz Nunes

e Oscar Niemeyer. Contagiado pelo clima nacionalista, Lúcio Costa associava-se ao pensamento intelectual e político presente, propondo uma arquitetura moderna brasileira sob a teoria de uma expressão nativa. Nesse sentido, é evidente que a arquitetura moderna se comportava de forma diferente no Brasil. Ela foi a ponte com as origens de uma arquitetura típica brasileira que, se não havia sido realmente definida, seria continuada através das linhas modernas.

Desse modo, a arquitetura moderna brasileira tomou para si tarefa de representar a expressão nacional legítima, pré-requisito obrigató rio para que uma arquitetura pudesse ser considerada verdadeira no país. Foram destaque no Movimento moderno brasileiro Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Lina bo Brdi, os irmãos Mar celo, Milton e Maurício Roberto, Paulo Mendes da Rocha e outros.

Figura

Fonte:

A vanguarda modernista logo se popularizou e a racionalização da construção foi defendida tanto por arquitetos quanto pelo governo. Exemplares modernos apareceram em todo país desde edificações institucionais como o Ministério da Educação e Cultura (1936) (Figuras 49 e 50), Conjunto Pedregulho de Affonso Reidy (1947) (Figura 51) até habitações como a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi (Figura 52).

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Figura 49: Edifício do Ministério da Educação e Cultura.

Figura 50: Edifício do Ministério da Educação e Cultura.

Escola Pernambucana

As discussões sobre a nova arquitetura no Recife recaia sobre um problema básico: o clima tropical. O clima era a justificativa primordial tanto para condenar a arquitetura eclética, criada para um homem europeu em clima frio, como para defender a criação de uma nova ar quitetura que, além de responder às necessidades de um novo tempo,

Fonte: A autora, 2017
51: Conjunto residencial Pedregulho.
Disponível em: FiguraFonte:Acessado-residencial-prefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-eduardo-reidy/12832_12892?ad_me>.<https://www.archdaily.com.br/br/01-12832/classicos-da-arquitetura-conjuntoemabrilde2020.Disponívelem:<https://www.archdaily.com.br/br/01-12802/classicos-da-arquitetura-casa-de-vidro-lina-bo-bardi/12802_14279>.Acessadoemabrilde2020.52:CasadeVidrodeLinaBoBardi

As ideias de Le Corbusier eram, então, familiares a vários profissionais atuantes no Recife. De tal modo que, quando elas foram difundidas por ocasião da primeira vinda do mestre suíço ao Brasil (1929), considerada como um marco de referência na formação da consciência da modernidade arquitetural, elas repercutiram de imediato na cultura recifense. Em 1934, Luiz Nunes encontrou o local favorável à experiência inovadora, que começa, no mesmo ano de sua chegada, com o projeto para a Usina Higienizadora de Leite (Figura 53).

Nesta primeira obra em Pernambuco, cujo programa era uma fá brica, Nunes reflete as posturas de racionalização da construção e funcionalidade exigidas pelas novas demandas modernas. A semelhança com a fábrica Fagus de Walter Gropius é evidente: as linhas horizontais, os prismas retangulares justapostos e a diferenciação do local da circulação vertical ( MARQUES & NASLASVSKY, 2011).

Figura

Fonte:

Antes mesmo do projeto do Ministério da Educação e Cultura no Rio de Janeiro, Luiz Nunes começou a desenvolver no Recife os primeiros projetos modernos do nordeste. Enquanto esteve à frente do DAC (Diretoria de Arquitetura e Construções), entre 1934 a 1937, Nunes e sua equipe composta por nomes como Roberto Burle Marx, Joaquim Cardozo, Ayrton da Costa Carvalho e Hélio Feijó desenvolveram alguns projetos modernos que apresentavam em suas concepções, soluções de uma arquitetura bioclimática. Como, por exemplo, Pavilhão de verificação de óbitos da faculdade de medicina de Recife, atual IAB-PE (Figura 54) a Caixa D´agua de Olinda (Figura 55)1, Escola Rural Alber to Torres (Figura 56).

Figura 54: Pavilhão de óbitos atual sede do IAB-PE.

Fonte:

Figura 55: Caixa d´água de Olinda Figura 56: Escola

Fonte:

1 Fotos não foram realizadas in loco devido a COVID-19.

70 71 fosse capaz de trazer o conforto climático fundamental para a defesa de uma arquitetura regional (LIMA, 2015).
pandemia do
Rural Alberto Torres
Disponível em: < https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.131/3826%3E >. Acessado em abril de 2020.
53: Usina Higienizadora de Leite, Luiz Nunes, Recife, 1934.
Disponível em: <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.131/3826%3E>. Acessado em abril de 2020.
Figura 55. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/900315/classicos-da-arquitetura-cai xa-dagua-de-olinda-luiz-nunes>. Acessado em abril de 2020. Figura 56. Disponível em: <https://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.131/3826%3E>. Acessado em abril de 2020.

Nos anos 50, em Recife, o modernismo ganha legitimidade e sua arquitetura que era usada apenas por um grupo restrito em produ ções de iniciativa pública, popularizou-se e passou a ser adotada em grande parte dos edifícios da iniciativa privada. Devido a uma série de fatores socioculturais houve a chegada de arquitetos imigrantes que ao se depararem com a realidade local tropical tiveram que elaborar soluções projetuais e construtivas para adotarem a modernidade em seus

Assim,trabalhos.omodernismo na arquitetura pernambucana criou real mente raízes graças ao arquiteto italiano Mario Russo (Figura 57), ao carioca Acácio Gil Borsoi (Figura 58 e 59)2 e o português Delfim Amorim. Foi o trabalho precursor destes profissionais, que, atuando como professores do curso de arquitetura disseminavam as ideias e concepções projetuais da modernidade, aplicando as mesmas na prática em seus projetos na cidade.

Figura 59: Detalhes dos cobogós de Borsoi.

Fonte: Figura 57. Disponível em: < https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.147/4466

>. Acessado em abril de 2020. Figura 58 e 59. Disponível em: <http://acaciogilborsoi.com.br/>. Acessa do em abril de 2020.

Vida e obra de Augusto Reynaldo

Augusto Reynaldo Alves, nascido em 28 de janeiro de 1924, morou em várias cidades diferentes durante sua infância e boa parte dela no interior do estado de Pernambuco. Aos 16 anos Augusto vem para Recife estudar no Ginásio Pernambucano onde demonstrou habilidade nas aulas de desenho e piano e pode desenvolver seu talento para a arte (ALVES, 2008).

Durante esse período, morou em uma casa de estudantes até a vinda dos seus pais e onze irmãos à Recife em 1945. Nesta época, aos 22 anos, Augusto passou a trabalhar como desenhista de Heitor Maia Filho, tio de sua noiva, fundador da Escola de Belas Artes e, também, um dos pioneiros na inserção da arquitetura moderna em Pernambuco. Além disso, ele esta giou no Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis (DNPVN) do porto do Recife onde teve contato com outros profissionais e adquiriu co nhecimento no âmbito da prática construtiva como resolução de problemas técnicos e conhecimento sobre funcionalidade.

Suas habilidades como desenhista e talento como pintor o levaram a cur sar artes plásticas em Paris no ano de 1947 onde “teve contato com outros estilos de pintura e influenciado pela liberdade pictórica dos artistas naquela época, repensou sua forma de pintar e sua arte” (ALVES, 2008, p.22) e, des sa forma, voltou para o Brasil encantado pelo estilo abstracionista. O abstracionismo, por sua vez, tem haver com simplificação de formas, novos usos

2 Fotos não foram realizadas in loco devido a pandemia do COVID-19. Figura 57: Instituto de Antibióticos, 1953. Mário Russo. Fachada e detalhe da esquadria. Figura 58: Edifíio Santo Antônio de Borsoi.
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de cor, a reinterpretação de sombra e luz e a decomposição da figura.

A partir disso, Augusto encontrou no abstracionismo uma maior liberdade de realização e criação, condizente com seu temperamento artístico. Expôs suas pinturas abstracionistas, de ousada concepção, sendo considerado entre muitos, um dos representantes mais expressivos da nova geração de artistas pernambucanos (Figuras 60 e 61) (ALVES, 2008).

Após retornar ao Brasil ingressa no curso de arquitetura da Escola de Belas Artes de Pernambuco (EBAP), e mesclou duas grandes paixões a pin tura e a arquitetura. Nessa mesma época, ainda, começa a trabalhar como desenhista no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacio nal) atuando na luta pela preservação cultural. No entanto, nada influenciou tanto Reynaldo quanto o contato com a arquitetura moderna que, como já citado, consolidou-se na década de 50 no Recife.

Como professores da Escola de Belas Artes, Mário Russo, Acácio Gil Borsoi e Delfim Fernandes Amorim difundiram os ideais modernistas e de fenderam a sua adaptação ao clima influenciando, assim, os arquitetos em formação. Entre eles, deve-se destacar Augusto Reynaldo e Heitor Maia Neto pelo desenvolvimento de importantes projetos para a cidade bem como estagiários de Delfim Amorim e, posteriormente, como professores da EBAP. “Tais arquitetos imprimiram uma identidade regional em suas obras, fazendo emergir uma linha pernambucana de arquitetura, que não deixou de ser marcada pelas influências da escola carioca e do modernismo europeu”

(ALVES, 2008, p.24). A relação entre esses mestres da arquitetura modernas e seus alunos, como Augusto Reynaldo, que faz parte de uma nova geração de arquitetos que atuaram em Pernambuco e deixaram um legado mais recente e, portanto, de valor menos reconhecido.

As experiências mais relevantes desta integração entre arte e arquitetu ra são as obras arquitetônicas produzidas neste período. Painéis, murais, pinturas, esculturas, ladrilhos cerâmicos com motivos decorativos regionais são algumas contribuições das artes plásticas nestas obras modernas.

Em suas obras arquitetônicas, percebe-se o traço marcante de sua personalidade, simples e original. Cada edificação possui uma peculiaridade e se distingue das outras constituindo um exemplar único de sua criação. Sem dúvida, a composição formal é a característica mais forte, que evidencia a relação com a arte. (ALVES, 2008, p.33).

O uso de azulejos na arquitetura moderna brasileira tornou-se muito comum, sobretudo em Pernambuco pois, além de resgatar uma tradição cultu ral, era utilizado como elemento de adaptação ao clima, revestindo paredes e constituindo mais um valor artístico para a obra.

Este artifício foi bastante utilizado por Augusto (Figura 62) em seus projetos como na Residência Vieira Silva e, assim como os demais arquitetos atuantes na época (Figura 63), possibilitava que outros artistas contribuís sem com painéis decorativos, murais e esculturas, fortalecendo ainda mais o intercâmbio entre artistas e arquitetos.

Fonte: 60. ALVES, 2008, pgs. 30 e 31, 61. ALVES, 2008, pgs. 30 e 31 Figura 60: Autorretrato, fase anterior ao contato com o abstracionismo. Figura 61: Fase abstracionista das pinturas de Au gusto. Figura 62: Painel de Abelardo da Hora no Edf. Joaquim Nabuco. Figura 63: Painel de azulejos e pedra natural. Fonte: Figura 62. Disponível em: < http://www.recifeartepublica.com.br/obras/obra/Joaquim-Nabuco-e -a-Abolio-da-Escravatura-s.d/5 >. Acessado em abril de 2020. Figura 63. ALVES, 2008, p.33.
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Ele chegou até a desenhar painéis o do segundo andar do Edifício Arnaldo Bastos, é um exemplo e foi realizado pelo artista a pedido do arquiteto e amigo Heitor Maia Filho (Figuras 64 e 65).

Segundo Alves (2008, p. 35), as residências geminadas da Avenida Rosa e Silva representam a obra arquitetônica de Augusto em que mais perce bemos esta integração entre arte e arquitetura. A diversidade de materiais (Figuras 66, 67, 68 e 69), cores e texturas, o caráter geométrico dos blocos, a relação entre planos, o jogo de cheios e vazios e os diferentes arranjos de esquadrias revelam a inventividade artística presente nas criações de Augusto. Nesta obra, o arquiteto lançou mão de painéis de azulejos em algumas paredes e utilizou vários tipos de pedras naturais com texturas, cores e formas distintas, que se desenvolvem em harmonia com a obra arquitetônica.

Além disso, deve-se destacar também que Augusto Reynaldo, então aluno da EBAP, imerso nesta forma de pensar arquitetura, estimulado pelo uso de técnicas e estudos sobre o clima e pela constante busca de novas for mas de promover o conforto ambiental utilizou bastante a técnica do peitoril ventilado (Figura 70), artifício arquitetônico de adaptação climática que se incorporou à arquitetura pernambucana ganhando inúmeras versões e usos nos anos posteriores (ALVES, 2008).

76 77

Em setembro de 1958, aos 34 anos, enquanto voava com destino a Campina Grande para acompanhar uma de suas obras Augusto Reynaldo morreu de forma inesperada. É fato que sua carreira, que se destacava pela qualidade de seus trabalhos, foi interrompida tragicamente. No entanto, Augusto deixou um grande legado, inclusive, em cidades além de Recife como João Pessoa, Campina Grande e Natal. Antes mesmo de se formar em 1956, projetou várias edificações, mas não pode assiná-las o que dificulta a identificação das mesmas. Casas, edifícios multifamiliares, mistos, comerciais, institucionais e públicos, como a Sede do Sport Clube do Recife e o restaurante boate do Clube Náutico Capibaribe, demonstram sua capa cidade de trabalho e o estilo simples, belo e inovador de suas criações.

Fonte: ALVES, 2008, p.35. Figura 65: O mural. Figura 66: Mural de pedra no interior da casa 639. Figura 67: Mural de pedra na fa chada da casa 639. Figura 64: Augusto Reynaldo pintando o Mu ral do Edf. Arnaldo Bastos. Fonte: ALVES, 2008, p.35. Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: HOLANDA, Armando de. Roteiro para Cons truir no Nordeste. Recife: MDU/UFPE, 1976, p.25. Figura 68: Mural de azulejos no interior da casa 625. Figura 69: Mural de azulejos no interior da casa 625. Figura 70: Peitoril ventilado.

As casas modernistas geminadas

Escolhidas

Fonte: Alves, Localização geminadas. Figura Fachada das casas Figura Fachada das casas Figura Fachada geminadas. Fonte: Alves, 2008, p. Fonte: Alves, Alves,
78 79
como objeto de estudo, as casas geminadas (Figura 71, 72, 73, 74 e 75) projetadas pelo arquiteto Augusto Reynaldo em 1958 com área total de 902,20m² estão localizadas na Avenida Rosa e Silva nº 625 e 639 no bairro das Graças, Recife – PE. A pesquisa teve acesso ao projeto original através dos arquivos da 1ª Regional da URB - Prefeitura do Recife. Figura 71: As casas geminadas.
2008, p. 119. Figura 72:
das imagens das casas
Fonte: Google maps editado pela autora, 2020.
74:
625.
75:
639.
73:
das casas
121.
2008, p. 121. Fonte:
2008, p. 121.

As casas são implantadas de forma simétrica em relação ao eixo longitudinal do lote e conectadas no sentido transversal, através da coberta, separadas por um muro central e com acessos independentes (Figura 76).

O recuo frontal permite a existência de um jardim favorecendo a privacidade dos moradores e a passagem de veículos nas laterais. Preocupado com a ventilação e uma adequada orientação solar, Reynaldo dispõe as áreas social e íntima num volume de dois pavimentos na fachada leste – voltada para a via – e a de serviço, num volume com apenas o pavimento térreo, na parte posterior do lote (Figura 77). A sobreposição de volumes gera o terra ço coberto que atua como um local de articulação entre o interior e exterior, e como um espaço de convívio social.

No pavimento superior (Figura 78), encontram-se três quartos e um ba nheiro dispostos de maneira racional seguindo uma modulação que promove espaços fechados e independentes, interligados por uma varanda externa que protege os cômodos da insolação excessiva. As aberturas, enquanto elementos de interconexão são compostas por esquadrias em madeira com vidro e venezianas, uma característica marcante das casas geminadas que enfatiza a absorção do pensamento modernista de integrar-se com as tradi ções, principalmente climáticas, de cada local (Ver Figuras 79, 80).

O resultado dinâmico entre os planos, o jogo de cheios e vazios e as variações de materiais enfatiza a teoria de que se pode conseguir boas soluções modernas mesmo utilizando elementos tradicionais e de referências a parti dos arquitetônicos passados (ALVES, 2008, p.123).

Figura 76: Fachada das casas.

Fonte: 1ª Regional da Prefeitura do Recife, 1958. Editado pela autora, 2020.

Figura 77: Planta baixa do térreo.

Figura 78: Planta baixa do primeiro pavimento.

Fonte: 1ª Regional da Prefeitura do Recife, 1958. Editado pela autora, 2020.

80 81

Internamente, a articulação entre o térreo e o primeiro pavimento é feita através de uma escada de concreto que se destaca pelo seu caráter escultórico. É composta por degraus formados por placas pré-moldadas engasta das na parede que parecem flutuar enquanto são suspensos por barras de ferro ligadas ao teto que oferecem proteção, o que configura, para a época, uma solução ousada do ponto de vista estrutural. A escada, portanto, é um elemento arquitetônico definido da interconexão entre o térreo e o primeiro pavimento (Figura 81).

Outro elemento que se destaca na volumetria das casas é a coberta. Composta por uma estrutura de madeira recoberta por telhas cerâmicas tipo canal e gera beirais em torno da edificação. O uso deste tipo de cober tura era geralmente escondido por platibandas em prol de uma linguagem purista moderna, contudo, nestas residências, o arquiteto optou por uma solução que beneficia o conforto térmico dos proprietários permitindo, assim, a entrada e saída de ventilação refrescando com isso a laje ou diretamente os cômodos (ALVES, 2008).

Fonte: Regional da Prefeitura do Recife, Figura 79: Planta de coberta das casas Figura 80: Cortes AA e BB Figura 81: Escada que interliga os dois pavimentos. Fonte: Alves, 2008, p.122.
82 83
1958. Editado pela autora, 2020.

No que diz respeito aos materiais utilizados, a variedade de materiais e cores e texturas empregados, definem a riqueza plástica criada por Augusto e, sem dúvida, a relação com as artes plásticas é a característica formal mais forte nesta obra (ALVES, 2008).

A obra oferece um conjunto harmonioso de diferentes elementos (azulejos, pedras naturais, esquadrias em ma deira com vidros e venezianas) colocados dentro de uma composição de grande riqueza de planos e volumes, trabalhada de maneira sutil com diferentes tramas verticais, horizontais e diagonais. (ALVES, 2008, p.123).

A pedra natural utilizada como revestimento das fachadas (Figura 82) realça o sombreamento e sua posição recuada além de criar um jogo de reentrâncias e saliências que, por sua vez, evidencia as fachadas do volu me superior cujas cores são distintas a fim de trazer individualidade para cada casa. Os azulejos decorados compõem painéis artísticos e reafirma a intenção de integrar a arte ao projeto (Figura 83). O ferro, por sua vez, é o material utilizado nos peitoris moldados de forma inovadora para a época, formam faixas horizontais divididas em três partes com marcações verticais, levemente inclinadas para frente, trazendo leveza e transparência (Figura Figura84).

84 85

82: Revestimento de pedra das fachadas. Fonte: Figura
Alves, 2008, p.125.
83: Painéis de azulejos presentes nasFiguracasas.84: Varanda da casa 635. Fonte: Alves, 2008, p.128.Fonte: Alves, 2008, p.126.

Situação recente das casas

Em 2014, foi a provada pelo o Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) a classificação de duas casas modernistas da Avenida Conselheiro Rosa e Silva como Imóveis Especiais de Preservação (IEPs). Vale ressaltar, ainda, que na mesma reunião, os conselheiros negaram a inclusão do sobrado existente ao lado das casas modernistas na lista de IEPs da cidade. Prédio onde, desde 1969, funciona a Padaria Capela (Figura 85 e 86). Por lei, os IEPs são edificações isoladas, de arquitetura significativa para o patrimônio histórico, artístico e cultural, que a cidade tem interesse em preservar.

Antes da votação, a Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural do Recife (DPPC), apresentou um estudo para justificar a preservação do pré dio da padaria, o número 651 da Rosa e Silva, nas Graças. De acordo com a DPPC, o sobrado de dois andares, na esquina da Rua Amélia, é o mais antigo da avenida e tem estilo arquitetônico colonial e conserva nas facha das elementos construtivos característicos da primeira metade do século 19 inicialmente chamada Estrada dos Aflitos.

A preservação do Sobrado 651 não era apenas uma questão de se pre servar tipologias arquitetônicas, é também uma questão de se preservar a história da ocupação da cidade do Recife, atendendo perfeitamente ao Plano Diretor, quando ele afirma que a classificação de novos IEPs deverá levar em conta a preservação da paisagem e da memória urbana e a manutenção da identidade do bairro. Levando-se em conta esses aspectos, o sobrado 651 era o último exemplar desse tipo em toda essa parte da cidade na época e , ainda assim, foi demolido em Outubro de 2015.

Por outro lado, a Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC), setor responsável pela justificativa da inclusão das Casas Modernistas no rol de IEP municipais, atribuiu, no Parecer Técnico de 2014, os valores que conformam a sua significância:Valorartístico: determinado pela riqueza da composição formal e plástica criada por Augusto Reynaldo.

Valor histórico: uma vez que os imóveis são exemplares da escola pernambucana de arquitetura moderna, tanto em termos projetuais quanto no que diz respeito às técnicas construtivas, e do conjunto da obra do arquiteto Augusto Reynaldo. O valor histórico remete àquilo que

Fonte: Disponível em: < FiguraFigurado-651-da-rosa-e-silva-e-o-problema-na-preservacao-de-novos-edificios-no-recife/>.https://direitosurbanos.wordpress.com/2014/12/12/o-sobradoAcessaemabrilde2020.85:Fachadadapadariacapelaem2014.86:Situaçãodosobradodapadariacapelaem2014.

86 87

jamais pode ser reproduzido, conferindo um status de patrimônio no sentido de herança e de memória social

Valor cultural: por se tratarem de construções represen tativas de sua época e dos modos de vida a ela associados, bem como por se inserirem de forma marcante até os dias de hoje na paisagem local

Valor de existência: que se fundamenta nos conceitos de singularidade e irreversibilidade. Nesse caso, por se tratar de um dos últimos exemplos do uso de certas técni cas, como a argamassa pigmentada, e por serem um dos últimos projetos do arquiteto Augusto Reynaldo que ainda não foram demolidos, percebe-se que o valor de existência desses exemplares foi amplificado, como seria tam bém ampliado o valor de sua perda (DPPC, 2014, p. 06).

Lamentavelmente a proteção legal das casas não impediu sua depredação e o vandalismo perante o patrimônio. Em 29 de junho de 2015, a DPPC constatou no imóvel de nº 625, a instalação de publicidade na fachada prin cipal sem prévia autorização dos órgãos municipais competentes (Figura 87) e comunicou tal irregularidade à 1ª Gerência Regional. Em seguida, no dia 03 de agosto de 2015, foi concedido ao imóvel de nº 625, o alvará de localização e funcionamento para implantação de empreendimento comercial, uma panificadora (Figura 88), que iniciou suas atividades em 10 de agosto de 2015. A panificadora, por sua vez, tratava-se da mesma padaria que funcionava no sobrado adjacente as casas modernistas “a padaria ca pela” (e que foi demolido, de forma ilegal, segundo meios de comunicação em outubro de 2015 (Figura 89).

No dia 03/05/16, esta DPPC, ao realizar vistoria nas duas casas, realizou levantamento fotográfico a fim de demonstrar a situação atual das edificações. Desta forma, foi possível identificar o quanto estes IEP vem sendo atingidos pela ausência de preservação e proteção. Tal situação resulta em risco à manutenção da memória da cidade, o que dificulta o cumprimento da competência municipal de promoção da proteção do patrimônio cultural local.

Fonte: Disponível
88 89
FiguraFiguradocom.br/noticia/vidaurbana/2015/10/sobrado-secular-e-demolido-nas-gracas.htmlFonte:Acessadocdu-aprova-preservacao-de-casas-modernistas-da-avenida-rosa-e-silva-160358.phpem:<http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/geral/noticia/2014/12/3/>.emabrilde2020.88:Arcevodaautora,2016.89:Disponívelem:<https://www.diariodepernambuco.>.Acessaemabrilde2020.87:Situaçãodascasasmodernistasem2014.88:Padariacapelafuncionando.Figura89:Demoliçãodosobradoem2015.

A lei n° 16.284/97 define que os Imóveis Especiais de Preservação – IE permite que qualquer uso seja exercido nos IEP, desde que não acarrete descaracterização do imóvel e que sejam observados os requisitos de ins talação previstos na LUOS (art. 10). A instalação da padaria no imóvel n° 625, no entanto, atentou contra este dispositivo, acontecendo a revelia des ta Diretoria ao não tramitar projeto no âmbito municipal, o que impediu que este órgão de preservação se pronunciasse a respeito das intervenções propostas para a instalação do uso comercial.

Este foi o dispositivo mais atacado pelas intervenções realizadas nos imó veis (Figura 90 e 91). Diversas obras, inclusive acréscimos, foram realiza das sem atenção aos elementos caracterizadores da casa, o que acabou mutilando as edificações Modernas, que perderam diversos elementos im portantíssimos para sua configuração. Como exemplo, a retirada de vários elementos originais, como o piso, o peitoril, as esquadrias e as louças sanitárias da casa n° 639 pode ser citada, bem como a construção do banheiro na parte de trás da casa número 625.

Ao proprietário, portanto, cabem as intervenções que assegurem a pre servação do imóvel, principalmente das características relevantes ao patrimônio cultural. Estas intervenções podem possuir natureza de conservação, cuja finalidade consiste na manutenção do bem cultural preservado; na recuperação, que objetiva a substituição, modificação ou eliminação de ele mentos estranhos ou incompatíveis com a unidade arquitetônica do edifício ou conjunto; ou na restauração, que consiste na reconstituição das carac terísticas originais do imóvel no tocante a fachadas e coberta, mediante recuperação das estruturas afetadas e dos elementos destruídos, danificados ou descaracterizados ou, ainda, de expurgo de elementos estranhos (art. 8). Salienta-se também que as intervenções de qualquer natureza nos IEP ficam sujeitas à Consulta Prévia e à análise especial por parte dos órgãos competentes do município (art. 13).

Com o passar dos anos as casas se depararam cada vez mais com a de predação e o vandalismo se fizeram presente nos dois imóveis. Em 2017, a casa, de número 625, onde funcionou temporariamente a padaria, encontrava-se parcialmente destelhada, com forro quebrado, banheiros depredados, sem portas e janelas. Vândalos arrancaram fiação, interruptores, lâmpadas e até os tacos do piso. Ano após ano a DPPC (Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural) fez diversas vistorias e documentou através de registros fotográficos avanço da depredação das casas. As imagens a seguir são re

Fonte: 90 e 91. Disponível em < Acessadora-do-recife-diz-que-casas-do-seculo-passado-estao-prontas-para-serem-demolidas/>.https://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2016/08/03/vereadoemabrilde2020.

Figura 90: Situação da sala da casa número 639. Figura 91: Situação da fachada da casa número 635 em 2016.
90 91

ferentes a três dessas vistorias realizadas sequencialmente em 24/07/2017, 13/09/2017 e 14/11/2017 93,

Figura 92: Situação vistoria de 24/07/2017.

Figura

Figura 93: vistoria de 13/09/2017.

92 93
(Figuras 92,
94 e 95).
das casas modernistas na
Situação das casas modernistas na
94: Situação das casas modernistas na vistoria de 14/11/2017. Figura 95: Comparação da situação das fachadas durante as três vistorias, em ordem.Fonte: 92, 93, 94 e 95. Banco de dados da DPPC, 2017.

Além dos documentos técnicos elaborados pela DPPC, manifestações recorrentes da sociedade civil contra os descuidos às Casas Modernistas também tiveram forte papel nas ações fiscalizadoras em defesa do patri mônio da cidade, pois representaram uma forma de validação, por outros atores sociais, dos valores atribuídos às Casas Modernistas. Logo, Tendo a sociedade um papel fundamental na construção da identidade do lugar, esses atos demonstraram a importância da sua preservação e sua relação, também afetiva, com o bem.

A situação de vulnerabilidade das Casas gerou muitas divulgações em jornais locais e internet, com uma alta propagação das notícias. Através das redes sociais houveram muitas denúncias de obras irregulares e até uma manifestação em frente às Casas Modernistas organizada por integrantes do grupo Direitos Urbanos (Figura 96) 3 de fevereiro de 2018. Além disso, páginas eletrônicas do Direitos Urbanos e Por aqui publicaram muitas notí cias sobre o descaso com os imóveis que acentuou, no público, a indignação do descaso (Figura 97).

94 95

O proprietário, que é o mesmo dos dois imóveis, tem o dever da vigilância do bem, mas negligenciou a atenção necessária à sua preservação. Mesmo com as notificações judiciais determinando a restauração do imóvel e provi dências para impedir novas depredações, o descumprimento da decisão ju dicial, resultou, ao dono, em um montante de dívida através do recebimento de multas financeiras diárias.

Apesar disso, em audiência realizada no dia 13 de junho de 2018 foi firma do um acordo entre a DPPC e o proprietário sobre a restauração dos imóveis nº 625 e 639, mencionados nos processos n.º 0053299-16.2015.8.17.2001 / 0041464-74.2017.8.17.2001 O Curso Gestão de Restauro/CECI, através de sua coordenação técnica e com apoio de alguns estagiários, assumiu o desafio de contribuir, juntamente com outro escritório de arquitetura contratado pelo proprietário, na elaboração do projeto de restauração das Casas Mo dernistas.Umareunião

foi realizada na sede da DPPC (25 jun. 2018), com os arquite tos do CECI/Curso Gestão de Restauro e arquitetas da Municipalidade para o esclarecimento quanto às diretrizes que devem ser observadas no projeto. O processo deverá contemplar o resgate das características arquitetônicas e da paisagem valoradas pela DPPC para que o imóvel consiga explorar co mercialmente a edificação aliada a conservação do patrimônio como retorno

Fonte: 96. SALDANHA, 2018, p. 48. e 97. Disponível em <

Figura 96: Manifestação realizada no dia 3 de fevereiro de 2018
dernistas-nas-gracas-estao-em-ruinas/>.ponívelphp?fbid=1799752063370214&set=g.233491833415070&type=1&theater&ifg=1>.https://www.facebook.com/photo.p.65.Disem<https://poraqui.com/gracas/era-uma-casa-muito-engracada-construcoes-moAcessadosemabrilde2020.Figura97:Reportagemdoabandonodasedificações.

96 97 dos investimentos. Todo o processo de decaimento pode ser visto a partir de 2015 nas mídias e redes sociais com as notícias sobre as perdas dos es paços internos, externos e das características arquitetônicas modernistas.

O coordenador técnico do Curso Gestão de Restauro, Jorge Tinoco, disse que há um grande interesse acadêmico neste projeto e que serão produzi dos estudos e análises com vistas aferir as possibilidades de conciliação das teorias do restauro da Arquitetura Moderna nas práticas da vida real da Gestão Pública do Patrimônio Cultural e dos interesses do Mercado Imobiliário.Em

meados de 2018 o projeto para recuperação da coberta (Figura 98) já tinha sido entregue à prefeitura e os imóveis passaram por obras emergen ciais da coberta e limpeza geral e em 2019 já é possível identificar a coberta recuperada (Figura 99). Segundo (TINOCO & OLIVEIRA, 2019) para os au tores do projeto foi válida a experiência da prática de um aspecto da teoria do restauro da arquitetura moderna expressa pelas edificações para fins de residênciasEvidentementeunifamiliares.que,as

ações deste projeto se restringiram às possibili dades de novos usos com a preservação dos espaços, materiais, técnicas e sistemas construtivos. Estas produziram o mapeamento dos danos, os detalhes construtivos dos telhados – madeiramento (estrutural e trama) e telhamento, as especificações técnicas e o caderno de encargos para as restaurações indicadas nas diretrizes de projeto pelo DPPC/PCR.

O projeto desenvolvido pelo CECI, por sua vez, foi repercutido inclusi ve no 13º Seminário do DOCOMOMO Nordeste e, sobre as conclusões, os autores do artigo divulgado no seminário, mesmos autores do projeto, analisam que ficou evidente ser possível a conciliação dos interesses dos particulares na exploração comercial dos imóveis com os do Poder Público na preservação das edificações de valor cultural, até mesmo quando em situações de conflitos legais.Seja como for, a edificação de valor cultural sempre oferece a oportunidade de agregar valor aos ambientes da preexistência, ao mesmo tempo que preenche a linha temporal entre o Antigo e o Novo (TINOCO & OLIVEIRA, 2019, p.13) .

Fonte:
Disponível em < Fonte:FiguraFigurat=g.233491833415070&type=1&theater&ifg=1>.https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1660430817371523&seAcessadoemabrilde2020.98:Situaçãodacobertaemabrilde2018.99:Situaçãodoprojetoemoutubrode2019,cobertarefeita.Aautora,2019.

No que tange a situação das casas em 2020, no primeiro semestre o pro jeto desenvolvido pelo CECI esteve com as obras estão paradas haja vista as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e os decretos do Governo do estado de Pernambuco que limitaram as atividades da construção civil devido a pandemia gerada pelo COVID-19.

No entanto, a partir do segundo semestre e a flexibilização das medidas de proteção a obra de restauro voltou a ativa (Figuras 100, 101, 102, 103, 104,e 105).

Figura 100: Vista superior das casas geminadas.

Figura 101: Vista frontal das casas geminadas.

Fonte: 100 e 101: A autora, 2020.

Figura 102: Situação recente da fachada das casas

Fonte: A autora, 2020.

Figura 103: Estado atual do jardim frontal das casas

Fonte: A autora, 2020.

98 99
Figura 104: Estado atual dos ambientes no pavimento térreo. Fonte: A autora, 2020.
100 101
Figura 105: Estado atual dos ambientes no primeiro pavimento. Fonte:
102 103
A autora, 2020.

104

Figura 106: Comparação da situação das fachadas durante as três vistorias, em ordem.

Fonte: A autora, 2020.

Objetivando ilustrar não apenas a conceituação formulada como, também, os aspectos discutidos no decorrer do trabalho, foram selecionados projetos arquitetônicos que se encaixam nas características desejadas na proposta de projeto para uma galeria de arte, seguindo os conceitos anteriormente estudados. Estas características podem ser de uso e programa, organiza ção espacial e tipologia.

MUSEU RODIN

Arquitetos: Brasil Arquitetura

Localização: Bahia

Área: 3055 m2

Ano: 2002

Figura

Fonte: Disponível em quitetura>.

Fonte: A autora, Figura Coberta das
107
<https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-ar
Acessado em abril de 2020.
108: Museu Rodin
2020.
107:
casas modernistas.

A fim de criar uma filial do Museu Rodin em Salvador, a primeira fora da França, foi necessário o cumprimento de uma série de exigências. A primeira delas era encontrar uma sede que pudesse ter significado cultural para a cidade e que atendesse a todos os requisitos técnicos para acolher as cerca de setenta peças originais em gesso, parte do acervo do museu em Paris. Localizada na Bahia, a nova sede do museu foi proposta a partir de uma intervenção contemporânea em uma edificação antiga.

Tanto o restauro do palacete como as novas intervenções tiveram como objetivo dotar a edificação da infraestrutura necessária, adequando os es paços às atividades previstas para o museu: ação educativa e recepção, localizadas no pavimento térreo (Figura 109); áreas de exposição para as peças da coleção Rodin, previstas para os dois pavimentos superiores (Fi gura 110); atividades administrativas instaladas no sótão, recuperado para o uso e com nova escada de acesso.

Figura 109: Planta Baixa do pavimento térreo do palacete.

Figura 110: Planta Baixa do 1º pavimento do palacete.

Fonte: Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-ar quitetura>. Acessado em abril de 2020.

Figura hh: Intervenção contemporânea.Figura 111: Antigo x Novo.

108 109

Para acolher a reserva técnica, os espaços para exposições temporárias e um café-restaurante, foi previsto um anexo com a mesma área construída do palacete. O cuidado com a distinguibilidade entre o antigo e o novo é facilmente percebido pelos materiais e cores utilizados na edificação adicio nal (Figura 112, 113 e 114). Essa diferença, por sua vez, respeita o rítimo e a escala do edifício já existente que passa a conviver harmoniosamente com esse acréscimo volumétrico. A principal solução de continuidade do conjunto é representada por uma passarela de concreto protendido, sem pilares de apoio, com 3 m de altura, braço que se estende na direção do novo edifício e parece flutuar sobre o terreno (Figura 115 e 116).

Portanto, trata-se de dois edifícios, com dois momentos históricos que conversam num jardim centenário, definem um espaço cultural que se pre tende ponto de encontro e área de convívio, um espaço de agregação de valor e de vida.

Figura 112: Planta Baixa do Subsolo do ane xo.

Figura 113: Planta Baixa do Térreo do anexo.

Figura 114: Planta Baixa do 1º Pavimento do anexo.

Figura 115: Croqui da passarela de conexão entre o palacete e o anexo.

Fonte: Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/910445/museu-rodin-bahia-brasil-ar quitetura>. Acessado em abril de 2020.

Figura 116: Passarela de conexão entre o palacete e o anexo.
110 111

BRISTOL OLD VIC

Figura 118: Jardim do Museu Rodin. Figura 119: Fachada do Bristol.
112 113
Arquitetos: Haworth Tompkins Localização: Bristol, Reino Unido Área: 2135 m2 Ano: 2018 Figura 117: Fachada do anexo.

Os arquitetos da Haworth Tompkins foram responsáveis por projetar um novo foyer e teatro no edifício tombado Bristol Old Vic, o mais antigo teatro em funcionamento contínuo no mundo de língua inglesa. Resultado de cinco anos de pesquisa cuidadosa, consultas, desenho e construção, o projeto visa abrir a sua porção frontal para um público mais amplo e diversificado e colocar o teatro no coração da vida pública e do espaço público de Bristol.

O foyer foi concebido como uma extensão informal da rua, como uma praça pública coberta e um edifício discreto (Figura 120). O espaço é emoldurado e coberto por madeira estrutural e vidro para trazer a luz do dia para o interior do ambiente. A peça central do espaço é a fachada, bastante diferente do auditório georgiano, visível da rua pela primeira vez, iluminado por um grande poço de luz e com novas aberturas para marcar a evidência visível das alterações históricas.

Figura 120: Planta baixa do térreo.

Fonte: Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/911619/bristol-old-vic-haworth-tompkins>.

Acessado em abril de 2020.

Figura 121: Fachada do Bistrol Old Vic
114 115

Galerias no mezanino, escadas de madeira sinuosas e plataformas de observação permitem que todo o público se mova para cima e para baixo, e em torno de um único espaço de convívio antes e depois de cada show, além de se constituir como um ponto de encontro para a comunidade local, que pode aproveitar o foyer durante o dia como um café / bar (Figura 122).

A fachada sul voltada para a rua foi concebida como uma obra de arte pública, feita de estruturas móveis de sombreamento, operadas manualmente, e da incorporação do texto tanto do discurso inaugural feito por Garrick em 1766 e de um poema do poeta de Bristol, Miles Chambers. O texto destaca a importância da longa história do teatro, mas também celebra seu papel na vida atual e futura de toda a comunidade.

Além do saguão principal, um novo espaço de teatro ocupa a antiga loja de barris do Coopers’ Hall, no térreo e no subsolo, contando com paredes históricas e permitindo a iluminação natural de janelas no nível da rua. O Coopers’ Hall original no primeiro andar foi convertido em um grande espa ço público com vista para a rua, servindo tanto como uma extensão do foyer quanto uma sala de eventos independente (Figuras 123,124, 125, 126).

Figura 122: Imagem interna do Bistrol Old Vic. Figura 123: Esquema da intervenção. Figura 124: Bilheteria do Bistrol Old Vic Figura 125: Auditório
116 117

ANEXO DO MUSEU GUGGEHEIM

Arquitetos: Gwathmey Siegel Associates

Localização: Nova York, Estados Unidos

Ano: 1992

Figura 126: Diversidade de planos existentes internamente. Figura 127: Museu Guggeheim.
118 119
&

Construído em Manhattan, o Museu Solomon R. Guggenheim foi o último grande projeto desenhado e construído por Frank Lloyd Wright, em 1959. Tornou-se um de seus trabalhos mais longos, e também um de seus proje tos mais populares. Contrastando completamente com a grade rigorosa de Manhattan, as curvas orgânicas do museu são um ícone familiar tanto para os amantes da arte, visitantes e pedestres.

O exterior do Museu Guggenheim é um cilindro espiralado branco de concreto armado. As curvas dramáticas do exterior do museu evidenciam um efeito ainda mais impressionante no interior. Ali Wright propôs “um grande espaço em um piso contínuo”, atingindo grande êxito nesse conceito. Ca minhando através do interior, a primeira visão do visitante é um átrio enor me, subindo a 28 metros de altura até uma abóbada de vidro (Figura 128 e 129).Ao

longo dos lados deste átrio fica uma rampa contínua desenrolando seis andares através de quase meio quilômetro de comprimento que permi ta que um andar flua até o outro. A rampa também cria uma procissão em que o visitante experiencia as artes exibidas ao longo das paredes enquan to continua subindo. O projeto do museu como uma rampa perimetral com vistas ao átrio aberto também permitiu a interação de pessoas em diferentes níveis, intensificando o projeto em corte.

Figura 128: Coberta do Museu Guggeheim.

Figura 129: Átrio do Museu Guggeheim.

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Embora o espaço dentro do edifício seja inegavelmente majestoso e ele seja monumental em si, não foi perfeitamente bem sucedido em termos funcionais. As paredes curvas do interior eram destinadas a que as pinturas tivessem de ser inclinadas para trás, “como no cavalete do artista”. Isso falhou, pois era muito difícil expor as obras por causa da concavidade das paredes. Por causa disso, antes da inauguração do museu 21 artistas as sinaram uma carta de protesto sobre a exposição de suas obras em tal espaço.Em1992,

o museu construiu uma adição projetada por Gwathmey Siegel & Associates Arquitetos, que Wright tinha originalmente pretendido (Figuras 130, 131, 132, 133). Os arquitetos analisaram os esboços originais de Wright e de suas ideias criaram uma torre de pedra calcária de 10 andares que tinha paredes planas, mais apropriadas para a exibição de arte.

Entre 2005 e 2008 o Museu Guggenheim passou por uma renovação exte rior onde onze camadas de pintura foram removidas da superfície original e revelaram muitas rachaduras ocasionadas pelo clima. Esta revelação levou a uma extensa pesquisa sobre materiais, para restaurar o exterior.

Portanto, o anexo pojetado pelos arquitetos Gwathmey Siegel & Associates Arquitetos é uma importante referência haja vista que se trata de uma edificação adicionada a uma obra

130: Passagem de conexão do anexo ao Museu Guggeheim. 131: Anexo de conexão do ane xo ao Museu Guggeheim.

122 123

modernista.Figura
Figura
Fonte: Disponível em < Figuragenheim-frank-lloyd-wrighthttps://www.archdaily.com.br/br/798207/classicos-da-arquitetura-museu-gug>.Acessadoemabrilde2020.Figura132:CortesdoMuseuGuggeheim.133:EspaçodegaleriadoMuseuGuggeheim.

Projetado para o Soho Estates, o Walker’s Court substituiu uma série de prédios do pós-guerra em ruínas por um centro de entretenimento revitalizado e arrojado com diversos usos relacionados. Fawn James, neta do ‘Rei do Soho’ Paul Raymond, imaginou um projeto que prestaria homenagem à Raymond Revuebar que originalmente ocupava este terreno, ajudando a garantir o futuro do Soho como um centro de criatividade.

O SODA Studio concluiu em 2019 a primeira fase do desenvolvimento do Walker’s Court, apresentando o inovador Boulevard Theatre, que tem um auditório giratório no centro, além de um novo restaurante e apartamentos (Figura 134). O empreendimento resultante de 5000 metros quadrados con tém uma mistura de edifícios novos e reaproveitados, com o edifício Revue original coberto com uma fachada de centenas de tijolos entrelaçados que, por sua vez, fazem uma releitura da materialidade original do local bem presente nas edificações.

A fachada é iluminada à noite e apresenta uma impressionante obra de arte pública, uma versão refeita do letreiro original e icônico de neon, que mais uma vez recebe os vistantes do West End. Fawn e India Rose James encomendaram a restauração do letreiro da God’s Own Junkyard como uma homenagem ao falecido avô, e a SODA o incorporou ao design geral do empreendimento (Figura 135, 136 e 137).

Figura 135: Plantas do Teatro Walkers Court

Fonte: Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/930704/teatro-walkers-court-soda?ad_me dium=gallery>. Acessado em abril de 2020.

Figura 134: Teatro Walkers Court
124 125 TEATRO WALKER’S COURT Arquitetos: Localização:SODASoho, Londres Área: 4500m2 Ano: 2019
Figura 136: Fachadas do antigo Raymond Bevuebar Figura 137: Fachadas do antigo Raymond Bevuebar Figura 138: Atual fachada do Teatro Figura 139: Efeito do letreiro da atual fachada do Teatro a noite.
126 127

Uma vez dentro do teatro, um hall construído sob medida leva a uma ponte envidraçada de altura dupla que atravessa o Walker’s Court e chega até o restaurante e o bar. Ela foi feita em um padrão de renda (Figura 140) que remete às cortinas de rede dos famosos bordéis da região e é um motivo recorrente em diferentes momentos no design de interiores do teatro. O res taurante tem uma estética distinta de inspiração Art Déco (Figura 142), com paredes revestidas em painéis rosa ao lado de acessórios de metal e vidro. Isso apresenta um design marcante e moderno que também capta a aparência da vida noturna do Soho.

O próprio auditório do Boulevard Theatre (Figura 143) - um espaço cilíndri co- pode girar nos níveis dos mezaninos para fornecer várias configurações que se adaptam a um programa diversificado de trabalho que inclui teatro, comédia e cabaré, desfiles de moda, filmes e jantares. O nível do mezanino rotativo - que se acredita ser o primeiro de seu tipo - pode girar 270 graus para acomodar as várias mudanças do ambiente e reimaginar o que os teatros contemporâneos são capazes. As cadeiras tinham que funcionar de acordo com as necessidades de um teatro movimentado, enquanto pa recessem atemporais para que casassem com a estética geral do antigo e do Figuranovo.140: Ponte envidraçada. Figura 141: Fachada nova alinhada com o entorno.

Figura 142: Restaurante Art Deco. Figura 143: Auditório do Boulevard Theatre
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Tendo em vista os aspectos observados nos projetos citados anteriormente fica clara a intenção do presente trabalho em criar uma edificação no lote adjacente as casas modernistas geminadas (antigo sobrado da padaria capela) que funcionará como um anexo das mesmas. Esse anexo, por sua vez, funcionará como uma extensão da galeria de arte concebida nas casas geminadas e bem como o Museu Rodin presará pela distinguibilidade entre o antigo e o novo.

Além disso, deve-se destacar também a relação harmônica dessas edificações com o entorno, como no Bistrol Old Vic e no Teatro Walkers Theare Court que, apesar de contemporâneas, se fundem a paisagem preexistente. Outro ponto a ser levado em consideração é o programa destes projetos: área destinada a uma exposição permanente, outra de exposições itineran tes, um restaurante como o do Walker’s Court que atua como uso complementar e agrega na vivacidade ao projeto, auditório, bilheteria e parte administrativa são aspectos importantes a serem considerados na concepção de um projeto para uma galeria de arte.

Figura 144: Tabela síntese das precedências projetuais.

130
Fonte: A autora, 2020.

ÁREA DE ESTUDO

As Casas modernistas de Augusto Reynaldo estão localizadas no bairro das Graças, na Cidade do Recife - PE. Pela divisão político-admistrativa da região metropolitana do Recife, encontra-se na RPA 3, cujo engloba vinte e sete bairros do Recife. São eles: Aflitos; Alto do Mandu; Alto José Bonifácio; Alto José do Pinho; Apipucos; Brejo da Guabiraba; Brejo de Beberibe; Casa Amarela; Casa Forte; Córrego do Jenipapo; Derby; Dois Irmãos; Espinheiro; Graças; Guabiraba; Jaqueira; Macaxeira; Monteiro; Nova Descoberta; Par namirim; Passarinho; Pau-Ferro; Poço da Panela, Santana; Sítio dos Pintos; Tamarineira; Mangabeira; Morro da Conceição; Vasco da Gama.

Atualmente, segundo a Prefeitura da Cidade do Recife, o bairro conta com uma população de 20.538 habitantes, possuindo mais mulheres do que homens e 51,85% destes estão entre 25 e 59 anos de idade (Figuras 146 e 147). Além de ser delimitado pelo Rio Capibaribe e pela Av. Conselheir e Rosa e Silva é vizinho dos bairros dos Aflitos, Espinheiro, Derby, Rosarinho, Jaqueira e Tamarineira, o bairro possui uma média de 7.015 domicílios, possuindo 2,9 moradores por residencia e uma densidade demográfica de 143,08 habitantes por hectare. Pode-se dizer que o bairro das Graças está localizado em uma “área nobre” da cidade, cercado por vias de grande im portância, como por exemplo a Av. Agamenon Magalhães (via de eixo me tropolitano), que se caracteriza como um dos mais importantes corredores de transporte público do Recife. O Bairro é delimitado pelo Rio Capibaribe e vizinho dos bairros dos Aflitos, Espinheiro, Derby, Rosarinho e Tamarineira (ver Figura 148).

Figura 146: Gráfico da população do bairro das Graças por sexo

Figura 147: Gráfico da população do bairro das Graças por faixa etária

133

Fonte: Disponíveis em: < http://www2.recife.pe.gov.br/servico/gracas> Editado pela autora. Acessado em maio de 2020.

Fonte: A autora, 2020. Figura 145: Esquadria das casas modernistas Figura 148: Localização do bairro das Graças. Fonte: Google Earth, editado pela autora, 2020. Fonte: Google Earth, editado pela autora, 2020. Fonte: A autora, 2020. Figura 149: Imagem de satélite da área de intervenção antes do sobrado ser demolido em 2014 e as casas modernistas serem depredadas. Figura 150: Imagem de satélite mais recente da área de intervenção (Casas fechadas com tapume e coberta sendo refeita e farmácia construída no lote do antigo sobrado).
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Aspectos históricos

O processo de ocupação do Recife teve início em meados do século XVII, com a ocupação Holandesa. Era inicialmente um Porto natural para o em barque e desembarque da produção açucareira, o número de habitantes não passava de 5.000 e o território contava apenas com igrejas e algumas das construções. Esse processo de ocupação estendeu-se do litoral (leste) para o centro da cidade do Recife (Oeste) onde o bairro das Graças está si tuado. Ao contrário de outros bairros recifenses, em grande parte originários de primitivos engenhos de açúcar o bairro das Graças e a Capunga tiveram origem em loteamentos desenvolvidos no século XIX.

O surgimento do bairro das Graças deveu-se ao remembramento do Sí tio da Cruz que se estendia do antigo Parque Amorim, até as margens do Capibaribe em área limitada pela Estrada do Manguinho (atual Avenida Rui Barbosa), Rua da Baixa Verde e Rua da Ventura (atual Rua Joaquim Na buco). A partir de 1845, o sítio foi dividido em dois loteamentos conhecidos como “Capunga Velha” que tinha como eixo a atual Rua Joaquim Nabuco e “Capunga Nova”, tendo por eixo a atual Rua das Pernambucanas (Figura 151 e 152).

Figura 151: Sítio Cruz e sua divisão em “Capunga velha” e “ Capunga nova”.

Fonte: A autora, 2020.

Fonte: Disponível em: Figura-que-se-tornou-uma-lenda/>.<http://blogs.diariodepernambuco.com.br/diretodaredacao/2017/02/20/o-parqueAcessadoemMaiode2020.OsprimeirosloteamentoseconstruçõesdaCapungavelhadatamdeno-vembrode1835,conformeanúnciopublicadonoDiáriodePernambuco.ForamerguidossobradosasmargensdoCapibaribecomoporexemplooqueposteriormentesetornouaFundiçãoCapunga(Figura153)eatualmenteestáocupadoporumdosprédiosdaUniversidadeNassau(Figura154).Alémdasmoradias,foiconstruídoumpequenoportoquelogoficouconhecidocomoPortoLasserre.152:ParqueAmorim.Figura153:E.Lucena-FábricaeFundiçãoCapunga.Propagandaem14-05-1972.Fonte:Disponívelem:<https://www.facebook.com/recantigo/posts/2439806976159838/>.AcessadoemMaiode2020.

136 137

No que diz respeito a Capunga Nova, o proprietário das terras pediu à Câmara Municipal do Recife licença para abrir ruas e travessas em sua pro priedade na Capunga. Dessa forma, percebe-se que o bairro estava acompanhando os avanços da época com as mudanças no traçado urbano e posteriormente, em 1867, viria a implantação do trem urbano na cidade foi fruto da mobilização de grupos sociais preocupados na época em obter um meio de transporte compatível com a necessidade e prestígio do Recife.

Neste trecho do Capibaribe, ainda, vem a ser construída, pela Companhia de Trilhos Urbanos, em 1884, uma ponte de ferro (Figura 155) destinada à passagem dos trilhos da maxambomba (Figura 156), unindo os bairros da Capunga e da Madalena, a atual Ponte da Capunga.

Pela lei provincial n.º 939, de 22 de julho de 1870, foi criada a freguesia de “Nossa Senhora da Graça da Capunga” cujo nome dará origem ao atual bairro das Graças. Grande parte da área da Capunga Nova era propriedade da Irmandade de São Pedro dos Clérigos do Recife e em 1872 iniciou-se a construção de uma capela consagrada ao culto de Nossa Senhora da Gra ça. A construção foi concluída em 1878 e deu origem a um marco na paisa gem do bairro considerada dos mais belos e harmoniosos dos construídos no final da segunda metade do século XIX (Figura 157).

A freguesia das Graças teve um considerável progresso registrando em 1872, contando com uma população de 5.433. Segundo o noticiário da imprensa de então a área teve investimento e passou a ser um polo importante para a cidade, surgiram nessa época: sorveteria (1849); Hotel da Capunga, situado na pracinha da Fundição (1854); Novo Hotel Pernambucano, na Rua das Pernambucanas (1858); primeira ligação ferroviária (1867), entre outras inovações para a época.

Deve-se destacar também que assim como a Capunga e o bairro das Graças outros bairros como: Soledade, Rosarinho (Sítio das Roseiras), Espi nheiro, Beberibe, Fundão, João de Barros, Chacon, também são originários de loteamentos de sítios que, no século XIX, localizavam-se em torno do perímetro urbano do Recife. Desse modo, fica clara a importância do bairro para a evolução urbana da cidade do Recife.

Figura 155: Ponte Lasserre, Atual Ponte da Capunga, 1905.

Fonte: Disponível em: <https://www.facebook.com/photo?fbid=1502751376512383&set=p cb.1502751539845700>. Acessado em Maio de 2020.

Figura 156: Maxabomba passando pelo bairro. Figura 157: Igreja Nossa senhora das Graças.

Fontes: 134.Disponível em: < http://revista.algomais.com/exclusivas/6-retratos-do-recife-nos-tempos -da-maxambomba >. 135. Dinponível em: < https://www.facebook.com/nossasenhoradasgracasparo quia/>.Acessados em Maio de 2020.

Figura
138 139
154: Sede da Universidade Nassau na antiga Fundação da Capunga. Fonte: Disponível em: < https://www.facebook.com/photo?fbid=1481159682174361&setcb.1481167835506879 >. Acessado em Maio de 2020.

Análise territorial

Como já citado, o bairro das Graças é delimitado pelo Rio Capibaribe, Av. Conselheiro Rosa e Silva, Rua Joaquim Nabuco, Rua Deputado Pedro Pires Pereira e vizinho dos bairros dos Aflitos, Espinheiro, Derby, Rosarinho e Tamarineira. A fim de alcançar uma análise territorial mais abrangente esse entorno imediato foi considerado no mapeamento dos elementos marcan tes, usos e principais fluxos.

É notória a importância histórica desse território haja vista a quantidade de IEPS (Imóveis Especiais de Peservação), além das próprias casas modernistas, em um raio de 1km da área de intervenção (Ver mapa ao lado). A presença de edificações de várias épocas e estilos consideradas IEPs são marcantes na paisagem e fortalece a relevância da área com senso de lu gar. Neste espaço plural há uma grande variedade de expressões urbanas, arquitetônicas e sociais, edificações de vários estilos e épocas, das casas de porta e janela aos edifícios modernistas.

Além de equipamentos e instituições como 12 escolas entre públicas e privadas, 03 Hospitais, Centro da AABB e da grande quantidade de comércios e serviços que contribuem para a vivacidade do bairro existe, também, uma gama de oportunidades de atividades para a população desfrutar como: o Clube Português, o Country Club Britânico, a sede do Clube Náutico Capi baribe, a Academia Pernambucana de Letras e o Jardim do Baobá (a proximidade com o Rio Capibaribe contribui com a biofilia do lugar). Apesar disso, deve-se evidenciar que o Museu do Estado representa a única edifi cação que possui um uso com exposição de arte.

140 141

Figura 158: Museu do Estado Figura 159: PernambucanaAcademiadeLetras

Figura 160: Antiga estação (Ponte D’ Uchoa).

Fonte: Figura 158. Disponível em: < http://www.cultura.pe.gov.br/pagina/espacosculturais/museu-do-es tado-de-pernambuco-mepe/. Acessado em maio de 2020. 159 . Disponível em: <http://jorgepassos.com. br/academia_pernambucana_de_letras.php>. 160. Disponível em: < html>.com.br/noticia/vidaurbana/2020/01/tjpe-condena-motorista-que-destruiu-a-estacao-ponte-d-uchoa.https://www.diariodepernambuco.Acessadoemmaiode2020.162.Disponívelem:<https://mercadodofutebol.net.br/arquibancada-alvirrubra/parabens-clube-nautico-capibaribe-pelos-117-anos/>.AcessadoemMaiode2020.163.Disponívelem:<http://parquecapibaribe.org/jardim-do-baoba/>.AcessadoemMaiode2020.

Fonte: A autora, 2020.

Figura 161: Mapa de elementos marcantes do bairro das Graças e seu entorno imediato Figura 162: Sede do Clube Náutico Capibaribe Figura 163: Jardim do Baobá

A área em questão apresenta-se bastante adensada quanto ao parcela mento do solo onde poucos terrenos encontram-se sem uso. De acordo com o levantamento feito na área estudada percebe-se que esta é densa, mas não é diversa haja vista que 76,08% é de uso habitacional. Apesar disso, a área possui uma variedade de comércios. Em alguns casos possuem funcionamento pelo período da noite como no bares e restaurantes que ajudam na relação de vigilância do entorno mas, a maioria deles, funciona no perío do comercial, ou seja, possuem mais “vida” durante certas horas do dia e normalmente apenas nos dias úteis, causando a falta de vigilância social.

No que diz respeito a mobilidade urbana, o território está situado em um lugar privilegiado da cidade do Recife que possui (Figura 164) uma ótima localização e área de intervenção está instalada no cruzamento de duas vias importantes e tanto a Rua Amélia quanto a Av. Conselheiro Rosa e Silva são vias que têm fluxo intenso durante o dia todo e transitam pessoas nos mais diversos modais. Como pode-se perceber no mapa ao lado o transporte público está presente na área.

Figura 164: Mapa de usos predominantes por quadras e mobilidade

142 143

A Rua Amélia, inclusive, faz parte da iniciativa da prefeitura do Recife que, aos domingos, disponibiliza uma das faixas de rolamento para a passagem exclusiva de bicicletas. Além disso, a proximidade com a Av. Rui Barbosa e, principalmente, a Av. Agamenon Magalhães, um grande corredor de circu lação da cidade, possibilita uma conexão direta com a Av. Conselheiro Rosa e Silva e, por sua vez, um fácil acesso a área de intervenção originário de vários locais da cidade.

Recorte de análise específica

Neste trabalho foi necessário um diagnóstico mais aprofundado de um recorte menor dessa área que, por sua vez, sera discorrido a seguir (Ver Figura 165). Desenvolverá o entendimento e as principais características do sítio que possam contribuir para a proposta. Vale ressaltar também que a intervenção nesta área segue a metodologia presente na dissertação de mestrado de Nivaldo Andrade Júnior (2006), com ênfase nas definições de consonância e dissonância. Onde o conceito de consonância é dado por toda intervenção arquitetônica que consegue ser harmônica com a preexis tência, e dissonância é a falta dessa harmonia.

Dessa maneira, as intervenções podem ser identificadas entre esses dois conceitos levando em consideração a volumetria, implantação, escala, densidade, ritmo e texturas dos materiais de acabamento. Os mapas de Cheios e Vazios, Tipologia, Gabarito, Usos, o Skyline foram determinantes no en tendimento da evolução do território e na sua conformação atual a fim de auxiliarem nas decisões projetuais a serem tomadas.

Fonte: A autora, 2020.

Figura 165: Recorte de análise específica

Aspectos legislativos

De acordo com o Estatuto da Cidade do Recife (Lei 10.257/2001), o Plano Diretor tem como objetivo garantir melhores condições de vida, desenvolvi mento municipal e para beneficiar a população através da iniciativa pública e privada. Esta lei divide a cidade do Recife em duas macrozonas - Macrozona de Ambiente Natural (MAN) e Macrozona de Ambiente Construído (MAC) – subdividindo em zonas, setores e imóveis com características dis tintas. O bairro das Graças, onde está inserida a área de análise, faz parte de um conjunto de 12 bairros que encontram-se na Área de Reestruturação Urbana - ARU (Lei nº 16.719 /2001) e é dividia em:

I - ZONA DE REESTRUTURAÇÃO URBANA - ZRU

I - Setor de Reestruturação Urbana 1 - SRU1;

II - Setor de Reestruturação Urbana 2 - SRU2;

III - Setor de Reestruturação Urbana 3 - SRU3.

II - ZONAS DE DIRETRIZES ESPECÍFICAS - ZDE

I - Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural - ZEPH;

II - Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS;

III - Zonas Especiais de Proteção Ambiental - ZEPA .

Esta lei busca requalificar o espaço urbano coletivo respeitando as confi gurações morfológicas, tipológicas e demais características específicas das diversas localidades da ARU. Além de definir e proteger áreas que serão objeto de tratamento especial em função das condições ambientais, do valor paisagístico, histórico e cultural e da condição sócio econômica de seus habitantes. A área de intervenção, por sua vez, está inserida no Setor de Reestruturação Urbana 1 - SRU1 que configura-se como área adensada construtivamente, diversificada em usos, com habitações predominante mente multifamiliares e com as principais vias saturadas em termos de fluxo. Desse modo, são requeridos parâmetros urbanísticos capazes de contribuir para um melhor equilíbrio entre a área construída e a oferta de infra estrutura viária (Figura 166).

Figura 166: Tabela de parâmetros urbanísticos da área de intervenção

Na Avenida Beira Rio (projetada), Conselheiro Rosa e Silva, Rui Barbosa, Parnamirim, 17 de Agosto, Estrada do Encanamento e estrada do Arraial, o afastamento frontal não poderá ser inferior a 8 (oito) metros.

Fonte: A autora, 2020.
144 145

Além disso, deve-se destacar que as casas modernistas, como já foi citado, são consideradas Imóveis Especiais de Preservação segundo a Lei 16284/97 que define os Imóveis Especiais de Preservação - IEP, para efeito da proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural do Município do Re

cife.Conforme

o Art. 13 da lei, as intervenções de qualquer natureza nos IEP ficam sujeitas à consulta prévia e à análise especial por parte dos órgãos competentes do Município. Ou seja, também possuem restrições no que diz respeito ao uso e ocupação do solo.

Nesse sentido, na existência de divergentes parâmetros para esta mesma área de intervenção, o Art. 51 da Lei de ARU (Lei nº 16.719 /2001) diz que os Imóveis Especiais de Preservação - IEPs, definidos pela Lei n°16.284/97 de 23 de janeiro de 1997 e situados na ARU, serão analisados de acordo com as condições de preservação, compensações e estímulos da mencionada Lei e obedecerão aos parâmetros urbanísticos desta lei (Figura 167).

Figura 167: Mapa de legislação

Análise segundo os conceitos da metamorfose arquitetônica

1 | Implantação

Implantação nada mais é do que a forma como a edificação se comporta dentro do lote (Figura 168). Ao analisar as implantações no sítio percebesse que a quadra da área de intervenção se comporta diferente das demais. Uma vez que nas outras quadras existe um padrão de edificações soltas no lote e com recuos frontais e laterais.

Já na quadra das casas geminadas os lotes, em sua maioria, são predo minantemente cheios, mais estreitos e finos além de estarem situadas no paramento do lote. Essa conformação é devido, principalmente, a morfotipologia das casas de porta e janela.

Figura 168: Mapa de cheios e vazios

146 147

Fonte: A autora, 2020.

Fonte: A autora, 2020.

A volumetria de uma edificação é certamente o aspecto mais importante na definição da aparência final da obra, e como já foi visto anteriormente, uma intervenção contemporânea pode repetir volumetricamente as edifica ções vizinhas ou entrar em contraste com elas. A fim de elaborar a uma proposta de intervenção consonante com o sítio, primeiramente foi analisado as tipologias existentes na área e como pode ser visto na (Ver mapa ao lado) a predominância tipológica é de casas soltas no lote 33,6%, edifícios sobre pilotis 25,7% e casas de porta e janela (algumas descaracterizadas)

16,8%.Como

essa tipologias são de contextos históricos diferentes, possuem características bem distintas em termo de volumetria. As casas soltas no lote possuem plantas mais quadradas e coberta com várias águas (Figura 169). Os edifícios sobre pilotis possuem uma proporção mais larga, altos gzbaritos e, geralmente, muros altos interferindo de forma negativa na per meabilidade visual (edifício x exterior) (Figura 170). Já as casas de porta e janela possuem uma proporção mais retangular e na cobertura possuem a empena convencional inclinada de duas águas (Figura 171).

Templo religiosoCasa de porta e janela Edf. Sobre pilotis Edf. caixão Galpão Casa solta no lote Fonte: Google Maps editado pela autora, 2020. Fonte: A autora, 2020. Figura 169: Casa solta no lote Figura 170: Edifício sobre pilotis Figura 171: Casa de porta e janela Fonte: A autora, 2020. Figura 172: Mapa de tipos
148 149 2| Volumetria

Ritmo significa a repetição de elementos utilizados na composição das superfícies limite do novo objeto arquitetônico: fenestrações (aberturas), es trutura (quando aparente), elementos decorativos salientes ou escavados na fachada, mudança de materiais ou cores, etc. As intervenções podem repetir o ritmo da preexistência; apresentar ritmos completamente distintos; e reinterpretar em termos abstratos o ritmo. Algumas intervenções conse guem trazer esse ritmo das edificações da preexistência, o que faz o projeto ter consonância com o sítio.

Quanto aos skylines do recorte específico de análise, foram desenvolvidos dois (Figura 173), o da Avenida Conselheiro Rosa e Silva e da Rua Amélia e através deles percebe-se que não há um ritmo contínuo devido, principalmente, a diversidade tipológica do lugar.

Fonte: A autora, 2020. Figura 173: Skylines Avenida Rosa e Silva Rua Amélia
150 151 3| Ritmo

4| Escala

A partir da análise dos parâmetros legislativos, percebe-se a necessidade de respeitar as dimensões gerais da preexistência no projeto de interven ção, a fim de torná-lo consoante com as edificações do entorno. Foi elabo rado um mapa com os diversos gabaritos existentes para um melhor enten dimento das diferentes escalas presentes no sítio e, dessa forma, registrar as maiores e as menores alturas das edificações e, assim, intervir de forma coerente com o entorno.

Percebe-se, ainda, que as alturas estão diretamente relacionadas aos ti pos arquitetônicos, ou seja, os edifícios sobre pilotis detém as maiores altu ras, as casas soltas no lote estão na média dos 2 pavimentos e as casas de porta e janela, por sua vez, são térreas. Logo, a escala é predominantemente de gabaritos com térreo e primeiro pavimento (Figura 174).

Figura 174: Mapa de gabarito

5| Densidade

A densidade mostra o peso aparente do objeto arquitetônico, o mesmo volume se conforma de maneira diferente a partir da materialidade, podendo ser reforçado ou esvanecido. Analisamos a materialidade e técnica constru tiva das edificações preexistentes para um melhor entendimento da densi dade da Primeiramenteregião.

é importante perceber que a área em análise tem predominância de edificações densas. Isso porque a maioria das tipologias existentes foram constituídas por técnicas construtivas com materialidade maciça, os as casas soltas no lote e as casas de porta e janela, por exemplo, foram feitas por uma arquitetura tradicional a partir de alvenaria estrutural com esquadrias de madeira e ferro, permitindo assim um aspecto mais denso e pesado.Jácom

relação ao edifícios sobre pilotis percebe-se que, embora a técni ca construtiva seja mais leve com alvenaria de vedação e pilotis, possuem grandes proporções nos seus lotes e, dessa forma, podem ser considera dos com grande densidade também (Figura 175)

Fonte: A autora, 2020. Figura 175: Densidade do recorte específico Fonte: Google Earth editado pela autora, 2020.
152 153

6| Cores e texturas

Um traço importante para a intervenção é o resgate de materiais construtivos tradicionais da preexistência sem deixar de declarar sua modernidade. Para definir de que aspectos dessa a intervenção será dissonante ou con sonante com o sítio, é preciso analisar as texturas predominantes do local definidas pelas edificações modernas e sobrados descaracterizados.

As casas soltas no lote da área de estudo são feitas de alvenaria estrutural emassadas e pintadas e, por possuírem a mesma materialidade, são consonante entre si em textura, entretanto, são dissonantes nas cores, as cores são bem variadas sem padronização . Isso acontece também com as casas de porta e janela como pode ser visto na figura 159. Deve-se perce ber que os edifícios sobre pilotis são de alvenaria de vedação e possuem esquadrias de vidro e metal. Nota-se que essas edificações são revestidas de forma predominante por cerâmicas 10cmx 10cm de cor branca e azul (Figura 176).

Planejando o caminho para uma reutilização bem sucedida

A investigação da atratividade de edifícios antigos e do papel auxiliar desempenhado pelo reúso criativo determinou o público central ao qual o processo de reúso deve atender. Uma análise mais aprofundada é necessária para estabelecer um equilíbrio entre conhecimentos, habilidades e habilida des de tomada de decisão, o que iniciará um processo que exige um verda deiro trabalho em equipe.

A reutilização bem sucedida significa seguir cuidadosa e sistematicamente a rota planejada. Em cada etapa principal do processo, deve-se prestar atenção aos detalhes, o que é crucial. Uma vez que determinado atributo é selecionado como objeto de reutilização, Derek Latham sugere oito etapas identificáveis envolvendo múltiplos participantes, nas quais surgirão riscos significativos e decisões importantes deverão ser tomadas. As etapas são: aquisição, compreender a construção, perfil de usuário, custo e finanças, projeto, aprovações, produção, implementação e ocupação.

Vale ressaltar que o presente trabalho buscará seguir tais etapas na con cepção do projeto.

Aquisição

Todos os tipos e tamanhos de edifícios devem ser considerados para reutilização, mas a primeira questão básica é o controle do edifício. Pode valer a pena comparar opções por um período de tempo para conduzir um estudo de viabilidade completo para garantir que to dos os parâmetros de reutilização potenciais possam ser atendidos.

O consentimento do proprietário torna a compra uma questão be nigna, mas estratégias agressivas, como ordens de compra obrigatórias ou mesmo a aquisição de uma empresa, são legais. No entanto, se uma avaliação preliminar do edifício e sua configuração for impra ticável, o controle direto é quase inútil.

Compreendendo o objeto

Os arquitetos usam várias habilidades para avaliar os méritos ar quitetônicos, condições, movimentos externos e estabilidade dos edifícios. Para estudar a estrutura ou serviço, você também precisa estudar a literatura, e até abrir o cenário. Os arquitetos paisagistas ou urbanistas também podem precisar analisar o cenário mais amplo da

Figura 176: Cores das casas de porta e janela Fonte: A autora, 2020. Fonte: A autora, 2020. Figura 177: Cerâmicas 10cmx10cm
154 155

Perfil de usuário

O briefing é um processo de mão dupla. Os usuários podem se be neficiar da ampla ajuda fornecida por seus consultores. As empresas especulativas precisarão conduzir pesquisas de mercado para identificar usuários “fictícios” e criar perfis típicos contra os quais decisões possam ser tomadas.

Para além dos clientes, existem também alguns grupos de utiliza dores, que devem ser considerados como o impacto do edifício nos visitantes e no público que entra ou acaba de passar. É essencial estabelecer as necessidades de todos os usuários. Um briefing bem pensado evitará mais problemas se for direcionado aos usuários em vez de aos edifícios.

Custo e finanças

Considerando que a receita potencial deve exceder as despesas, os topógrafos de quantidade devem desenvolver um plano de custo preciso. É difícil fazer isso nos estágios iniciais, porque comparar o custo por metro quadrado com outros custos de conversão pode ser enganoso. Logo, realizar análises de mercado para avaliar a viabili dade comercial e a disponibilidade de financiamento para cobrir parte do custo do projeto é um caminho seguro a seguir.

Dessa forma, não deve-se depender de fatores externos, como a inflação, para resolver análises financeiras irrealistas. As expectativas irrealistas que estão surgindo podem ser parcialmente resolvidas por meio de consulta profissional. Mas a chave para o sucesso ou o fracasso ainda depende das habilidades empreendedoras do cliente. Se não for a fonte, os clientes também podem preferir a forma de financiamento.Emsuma,as dificuldades podem incluir esperanças irrealistas para fornecedores que não entendem o custo real da reutilização. Ou não conseguiu encontrar um patrocinador do mesmo tipo do projeto. Nes te último caso, fazer recomendações confiáveis por meio de estudos de viabilidade é essencial para a arrecadação de fundos.

Projeto

Durante a construção, uma equipe profissional deve desenvolver o projeto em conjunto e pode envolver a indústria no planejamento e avaliação do projeto para estabelecer a viabilidade técnica geral.

O cliente deve estar disposto a possuir o projeto nesta fase para garantir que o projeto corresponda ao briefing e assiná-lo para evitar mudanças dispendiosas nas fases posteriores do projeto detalhado ou trabalho de campo. Qualquer tendência de que o cliente queira expressar compromisso ou dúvida sobre a propriedade do projeto precisa ser totalmente exposta para manter a visão clara.

Caso contrário, a verdade do conceito original pode ser perdida e um design implacável será imposto por razões pragmáticas erradas. Portanto, a direção principal do projeto depende da geração de in formações precisas para fornecer soluções de design claras, trans parentes e aceitáveis. Reconhecer o problema real significa que os problemas decorrentes da existência de divergência de informação provavelmente não levarão a novas mudanças e se afastarão da dire ção principal do projeto. Ainda nesse sentido, adaptando ao contexto deste trabalho, foram adicionados nesse tópico as questões de Nival do de Andrade.

Aprovações

A legislação não foi necessariamente escrita com reutilização em mente. A proposta será exposta a um exame mais amplo por uma variedade de órgãos. Cada área de regulamentação traz uma pers pectiva e um grau de autoridade diferentes. Uma resposta é assumir o ônus da responsabilidade, apresentando estratégias que invocam o espírito e não a letra da legislação. No entanto, por mais que a equipe tente influenciar o resultado, essas decisões estão nas mãos de

Asoutros.consequências

do fracasso em obter a aprovação são atrasos, recursos onerosos ou alterações significativas nas propostas. Tal possibilidade deve ser permitida no cronograma do projeto, especial mente se as propostas forem controversas. De forma otimista - para reutilização em geral, se não em alguns projetos específicos - podem resultar soluções inovadoras que podem fornecer orientação para estratégias futuras.

156 157 propriedade, enquanto os arquitetos de edifícios históricos precisam estudar os planos de conservação. Somasse a isso, no trabalho em questão, as questões de Nivaldo de Andrade bem como o projeto de restauro desenvolvido pelo CECI.

Produção

Agora que o projeto geral foi determinado, os projetos detalhados podem ser desenvolvidos e aprovados pelos clientes em fases. A equipe de produção deve continuar o trabalho escrito: um documento legal que descreve todos os detalhes da proposta. Os elementos-chave do estágio de produção são: tempo para preparar informações suficientes, escolha de acesso, boa coordenação entre consultores, seleção de contratados e procedimentos práticos para preparação e manutenção. Se as necessidades do cliente mudarem e causarem mudanças no projeto, custos adicionais e atrasos no processo podem ocorrer.

Implementação

Uma vez que o trabalho começa, algumas das suposições mais fortes podem ser alteradas por evidências no local. A visão de res peito, cooperação e diálogo frutífero entre a equipe de design e o em preiteiro tornou possível realizar as primeiras etapas do projeto. Toda inspiração, pesquisa, planejamento, diplomacia, discussão, design, projeto detalhado e produção devem ser concentrados para informar o trabalho necessário no local. O resultado final ainda depende se alguma implementação inesperada é consistente com tudo o que aconteceu antes.

A delegação de responsabilidade deve aproveitar, sempre que possível, as habilidades de determinados operadores ou artesãos, garantindo que os conceitos de design sejam comunicados à mão que os implementaram. A nomeação de um escriturário de obras pode ser considerada uma vez que as obras envolvem uma ampla gama de negócios. Como é provável que não sejam vistos, é importante que aqueles que têm maior impacto na longa vida útil do edifício (fundações e estrutura) e no seu desempenho (serviços) sejam devidamente supervisionados.

Ocupação

Seguindo este percurso, a viagem é concluída quando o edifício é entregue e ocupado. Mas este não é o fim da história de reutilização. O edifício precisa ser mantido e mantido em prontidão para mudan ças que ocorrerão inevitavelmente. Um manual de manutenção será útil. Será necessária uma boa gestão para que as instalações continuem a servir bem o usuário.

Figura 178: Diagrama resumo das etapas projetuais de um projeto de reutilização bem
158 159
Fonte:sucedidoAautora, 2020.
160

Partindo dos estudos, análises e conceituação desenvolvida, seguimos para a definição das primeiras condições que darão início ao desenvolvimento da proposta. Para isto, foram estipuladas diretrizes projetuais, seu programa e o dimensionamento.

Diretrizes Projetuais

Como foi previamente discutido, o bairro no qual a área de intervenção se encontra fez parte da formação do Recife e possui um legado importan te para a cidade. As Casas Modernistas representam a resistência de um movimento arquitetônico e artístico que se desenvolveu em Recife e deve ser enaltecido. O projeto de restauro das casas desenvolvido pelo Curso Gestão de Restauro/CECI e liderado pelo arquiteto Jorge Tinoco esta em desenvolvimento.Visandouniros objetivos do trabalho, sua conceituação temática e as condições do seu território específico, as diretrizes projetuais aqui determinadas visam intervir contemporaneamente nas Casas Modernistas alterando seu uso inicial bem como criar um anexo no lote ao lado da casa de número

639.As diretrizes definidas para elaboração do trabalho foram:

1.

Figura

163
Absorver o projeto de restauro dirigido pelo CECI (Figura 180) na proposta de adequação das Casas Modernistas ao novo uso.
180: Registro do restauro em desenvolvimento Fonte: A autora, 2020.Fonte: A autora, 2020. Figura 179: Perspectiva da coberta.

2. Incorporar os conceitos de consonância e dissonância nos elementos da forma (volumetria, implantação, escala, densidade ou massa, ritmo e cores e texturas) na concepção da proposta arquitetônica atribuindo um caráter contemporâneo ao edifício anexo Andrade Junior (2006) (Figura 181).

4. Incorporar as Casas Modernistas o programa de uma galeria, como exemplo de um novo uso, a partir da adaptação das funções originais de habitação, que funcione como condensador público de atividades culturais e convivência (Figura 183).

Figura 181: Entorno da proposta

Fonte: A autora, 2020.

3. Incluir as etapas de aquisição, compreender o objeto, perfil de usuário, custo e finanças, projeto, aprovações, produção, implementação e ocupação, discutidas pelo autor Derek Latham, utilizadas para guiar uma reutilização bem sucedida na proposta do projeto (Figura 182).

Figura 182: Diagrama das etapas para guiar uma reutilização bem sucedida. Figura 183: Arte e imagens em todas as possibilidades.

Fonte: A autora, 2020.

Fonte: Disponível em Fonte:-west-kowloon-cultural-district<https://bustler.net/news/tags/xml/6353/3385/xml-s-arts-pavilion-proposal-for-the>.Acessadoemmaiode2020.Figura184:Condensadorcultural.Disponívelem<https://criticaexpografica.wordpress.com/2016/03/28/fundamentos-da-expografia-em-1940/>.Acessadoemmaiode2020.

164 165

5. Fomentar a valorização da arte pela comunidade através do programa do edifício como as áreas de exposição, espaços educativos e de lazer para proporcionar uma maior integração entre diferentes tipos de usuários, ressaltando seu caráter de condensador cultural (Figura 184).

O projeto

Mudança de função é uma realidade e, muitas vezes, uma necessidade para a conservação de edifícios históricos. A cidade é dinâmica e, no caso da habitação unifamiliar, ela perdeu espaço em muitas áreas das grandes cidades, principalmente, em vias arteriais de grande fluxo, como é o caso do objeto de estudo. Adequar a edificação a novas funções depende da flexibilidade dos arranjos espaciais.

Para obter uma reutilização de um edificação bem-sucedida significa se guir cuidadosa e sistematicamente uma rota planejada Derek Latham (2000). Com base nisso, o presente projeto buscou seguir essa rota considerando as casas modernistas como edificação a ser reutilizada. Entre os conceitos citados anteriormente: aquisição, compreendendo a construção, perfil do usuário, custo e finanças, projeto, aprovações, produção, implementação e ocupação e considerando as condições reais do objeto de estudo em questão a autora apreendeu o seguinte cenário:

AQUISIÇÃO

sas se encontram. Esse estudo demonstrou que o bairro possui mais mulheres do que homens e 51,85% destes estão entre 25 e 59 anos de idade.

Além disso, através da análise histórica do bairro das Graças foi possível evidenciar que o entorno do objeto de estudo possui 76,08% de ocupação com uso habitacional e 23,91% com uso comercial e de serviço.

Dessa forma, essa análise deu subsídio para escolha dos novos usos propostos para as casas geminadas que além de ser compatível com seu entorno também está de acordo com os pa râmetros internacionais haja vista que os 07 (sete) exemplares residências unifamiliares modernistas encontradas na a lista do patrimônio mundial tiveram seu uso alterado e todos estão relacionados a arte e ou arquitetura como foi citado anteriormente.

CUSTOS E FINANÇAS

O promotor da reutilização e o proprietário são os mesmos, logo, a propriedade está garantida.

166 167

COMPREENDENDO O OBJETO

Durante a conceituação temática e a análise do território foi realizada uma extensa e abrangente pesquisa sobre as Casas Geminadas. O acesso a documentos como os desenhos técni cos originais das casas situados na 1ª Regional da prefeitura do Recife, a declaração de significância das casas pertencentes ao departamento de preservação do patrimônio cultural e as referências bibliográficas com informações sobre o histórico das casas auxiliaram na compreensão da representatividade dessas casas perante questões amplas como a remanescên cia do movimento moderno em Recife bem como a sua significância cultural para o entorno no qual se encontram.

BRIEFING (PERFIL DO USUÁRIO)

Neste caso, o briefing foi realizado com base nos dados adqui ridos durante o trabalho e principalmente no capítulo de análise territorial. A definição dos principais usuários, por exemplo, foi feita através de um levantamento demográfico baseado nos dados da prefeitura sobre o bairro das Graças, onde as caPRELIMINARESTUDO

O quesito de plano de custos não é válido para o presente trabalho uma vez que o projeto aqui trata-se de um trabalho acadêmico. No entanto, houve uma preocupação com viabilidade econômica do projeto desde o início.

Nesse sentido, deve-se evidenciar que uma das finalidades do anexo proposto é complementar as casas para que, juntos, con sigam comportar um programa diverso que atenda a demanda para se tornar um projeto rentável e sustentável tanto para o proprietário quanto para o local no qual o projeto esta inserido.

PROJETO

No que diz respeito ao projeto de reutilização das casas ele respeitará o projeto de restauro que está sendo executado atu almente liderado pelo arquiteto Jorge Tinoco, representante do CECI. Como citado no artigo divulgado por Tinoco, o objetivo deste restauro é o resgate das Casas Modernistas em razão dos danos a que foram submetidas num curto espaço de tempo (2 anos). No entanto, “não foram contempladas soluções espa ciais e detalhes construtivos de novos usos que venham ser ali instalados, isto caberá aos profissionais que venham ser con tratados pelo proprietário para os fins específicos de ocupação dos imóveis ou pelos futuros inquilinos que se candidatem instalar suas atividades”.

Logo, este trabalho assume o papel de propor a reutilização

PRODUÇÃO

desses imóveis partindo do princípio que o restauro foi concluído e assume o compromisso de intervir de forma associada ao respeito às garantias da autenticidade e integridade do bem além de criar um anexo que respeite e coexista harmoniosa mente com a preexistência.

APROVAÇÕES

A legislação não foi necessariamente escrita com reutiliza ção em mente, ainda mais tratando-se de um Imóvel Especial de Preservação, como é o caso das casas geminadas. Nesse sentido, o presente trabalho analisou a legislação na qual as casas estão inseridas bem como a do lote do anexo a fim de que o projeto esteja em consonância com todos parâmetros exigidos.

PRODUÇÃO

Esta etapa em questão não é válida para o presente trabalho uma vez que o projeto proposto aqui trata-se de um trabalho acadêmico.

A habitação unifamiliar moderna possui relação entre os cômodos e uma lógica de zoneamento distribuídos em 3 zonas definidas e distintas (social, íntima e serviço) (AMORIM, 2001). Enquanto autores mencionam o caráter dos envelopes flexíveis (OVERY, 2007), há de considerar também a nature za dos espaços internos – mais ou menos flexíveis – além da possibilidade de expandir, de ampliar a área útil construída.

Levando essas questões em consideração, foi determinado que casa 625 (da esquerda) permanecerá com a composição original. A intenção é que ela represente um registro mais fiel de como as duas casas já foram ante riormente e compreenda uma exposição permanente sobre a arquitetura e o movimento moderno com mobiliário móvel para que haja mínima interven ção na casa. Já para casa 639 (da direita) a proposta foi realizar adequa ções para promover a conexão entre o antigo (as casas) e o novo (o anexo) (Figura 185) .

Figura 185: Diagrama manter, reutilizar e criar.

168 169

IMPLEMENTAÇÃO

Esta etapa em questão não é válida para o presente trabalho uma vez que o projeto proposto aqui trata-se de um trabalho acadêmico.

OCUPAÇÃO

Esta etapa em questão também não é válida para o pre sente trabalho uma vez que o projeto proposto aqui trata-se de um trabalho acadêmico, no entanto, trata-se de um tópico muito relevante e que deve ser aderido não somente para edi ficações pós reutilização. A manutenção deve ser uma prática constante pois é por meio dela que consegue-se conservar o patrimônio e perpetuá-lo por gerações.

Manter a casa 625

Reutilizar: casa 639 sofre alteração para adaptação ao novo uso

Criar: lote de anexo a ser proposto

Fonte: A autora, 2020.

Para a elaboração do programa e dimensionamento das respectivas áreas da galeria a ser elaborada foram levados em consideração projetos existen tes que compartilham de fatores, configurações e características que se assemelham à proposta.

Tanto as diferenças quanto as semelhanças referentes aos respectivos usos das referências projetuais apresentadas anteriormente foram analisa das a fim de guiar o programa da Galeria de arte 625|9. Além disso, a aná lise territorial foi de fundamental importância para entender a necessidade de usos do local.

Dessa forma, foram estabelecidas quatro zonas que procuram proporcionar, cada uma, diferentes experiências para os usuários. São elas:

Zona cultural: composta por espaços ligados à apresentações, exposições permanentes e temporárias e intervenções artísticas e culturais.

Zona comercial: composta por espaços destinados à locação a fim de fomen tar a rentabilidade do projeto e acrescentar a diversidade de usos do local como, por exemplo, lojas e salas que comportam diversos tipos de atividade etc.;

Zona gastronômica: composta por espaços voltados para permanência e ali mentação como, por exemplo, restaurante, café/bar e área de encontros.

Zona administrativa: composta por espaços necessários para os fins adminis trativos de um complexo cultural.

Por fim, os espaços comportados em cada zona foram definidos (Figura 166) chegando ao dimensionamento de cada ambiente totalizando em 1.501,85m2 de área construída total do projeto.

Figura 186: Diagrama resumo das áreas do programa proposto.

Fonte: A autora, 2020.

170 171

Um ponto relevante a ser elucidado é a intenção da autora em manter uma correlação entre os novos usos e a divisão da casa em três setores assim como declara o documento de diretrizes de restauro das casas “a nova pro posta de uso deve aproveitar ao máximo a setorização existente”.Pois, além da relevância de tal aspecto da arquitetura moderna, é uma das caracterís ticas que permanece íntegra nas casas (Figura 187).

Portanto para a casa 639 foi apontado um restaurante no térreo que, por sua vez, foi subdividido em cozinha (utilizando a antiga cozinha da casa) e salão (antiga sala de estar) e salas corporativas para locação no primeiro pavimento onde funcionavam os quartos. Além disso, o banheiro do primei ro andar também foi aproveitado com o uso original uma vez que possui dimensões compatíveis com um banheiro acessível para portadores de ne cessidades especiais.

Figura 187: Diagrama das modificações nas plantas e no zoneamento das casas.

Desse modo, a casa 625 (da esquerda) comportará a zona cultural, a casa 639 (da direita) comportará as zonas gastronômica no térreo e comercial no primeiro pavimento e o anexo comportará as zonas comercial e cultural no térreo, primeiro e segundo pavimentos respectivamente.

Além disso, foram adicionados três volumes no terreno das casas para comportar a zona administrativa do complexo e, juntos, completar o progra ma estabelecido (Figura 188).

Figura 188: Diagrama das zonas propostas.

172 173

Fonte: A autora, 2020.

Fonte: A autora, 2020.

Proj. coberta Proj. coberta PlantasNovoZonamentoZonaZonaZonaServiçoSocialÍntimaCulturalGastronômicaComercialConstruirDemolirOriginal:Zoneamento:dereforma

Na sequência, a formação do anexo foi norteada pelos conceitos previamente discutidos de metamorfose arquitetônica de: volumetria, implantação, escala, ritmo, densidade ou massa e cores e texturas a fim de que ele esteja em consonância tanto com o entorno quanto com as casas Andrade Junior (2006). Essas definições, por sua vez, serão demonstradas a seguir:

VOLUMETRIA

Nas tipologias existentes da área, percebeu-se contextos históricos dife rentes que possuem características bem distintas em termo de volumetria e foram identificados três períodos diferentes. Em ordem cronológica percebe-se que no primeiro momento estão as casas de porta e janela possuem

uma proporção mais retangular e na cobertura possuem a empena convencional inclinada de duas águas.

No segundo, estão compreendidos as casas geminadas e uma edificação sobre pilotis com gabarito relativamente baixo e por fim existe o momento contemporâneo de outro edifício sobre pilotis que contém mais de vinte pavimentos, totalmente desproporcional e dissonante com o entorno, cons truído no lote remanescente de uma antiga casa que, por sua vez, foi usada como salão de festas.

Portanto, a proposta volumétrica do anexo trata-se de um quarto momento no qual a autora buscou intervir contemporaneamente criando um volume contextualizado ao entorno terreno e, principalmente, respeitando as casas geminadas, pois será interligado a elas (Figura 189).

ANEXO

Figura 189: Skyline da Av. Conselheiro Rosa e Silva
174 175
02 01
03
Fonte: A autora, 2020.

IMPLANTAÇÃO

Na quadra das casas geminadas os lotes, em sua maioria, são predo minantemente cheios, mais estreitos e finos além de estarem situadas no paramento do lote. Essa conformação é devido, principalmente, a morfo tipologia das casas de porta e janela.

No caso do anexo em questão a legislação foi preponderante para definir a implantação haja vista que o terreno é estreito, de esquina e necessita de um grande recuo frontal e lateral. Nesse sentido, o projeto respeitou o formato estreito, comum na quadra, e seguiu a legislação recuando nas fachadas da Av. Rosa e Silva e também da Rua Amélia.

Vale ressaltar que no recuo frontal foi optou-se, propositalmente, por uma distância maior da Av. Rosa e Silva a fim de que haja uma melhor visibilida de da casa 639 (Figura 190). Além disso, como já foi citado, a principal ideia é poder conectá-lo as casas, portanto, foi proposto uma movimentação de terra a fim de que o lote do anexo fique no mesmo nível das casas, ou seja, aproximadamente setenta centímetros do nível da rua (Figura 191).

Figura 190: Implantação proposta para o anexo consonante com o entorno.

Fonte: A autora, 2020.

Figura 191: Diagrama da movimentação do solo.

Implantação do anexo

Fonte: A autora, 2020.

Lote a ser proposto o anexo

Recuos impostos pela legislação

Movimentação do solo

176 177

ESCALA

A partir da análise das escalas predominantes que são de gabaritos baixo, principalmente com térreo e primeiro pavimento, percebe-se a necessidade de respeitar as dimensões gerais da preexistência no projeto a fim de torná-lo consoante com as edificações do entorno.

Dessa forma, a fim de conciliar com o entorno, com a altura máxima das casas geminadas e, também, a necessidade de alcançar um potencial construtivo bom para um novo empreendimento foi proposto um anexo com três pavimentos.

RITMO

Como citado no capítulo de análise territorial não há um ritmo contínuo devido, principalmente, a diversidade tipológica do lugar. Dessa forma, o

Figura 192: Fachadas do projeto proposto

ritmo encontrado na fachada das casas geminadas foi norteador para o do anexo uma vez que a nova edificação será conectada a elas. Ao reinterpretar elementos utilizados na composição das superfícies limite das casas geminadas suas aberturas, sua estrutura e seus elementos decorativos sa lientes criou-se uma volumetria consonante com as casas, mas de forma contemporânea.AfachadadaAv.

Rosa e Silva guiou a altura dos pavimentos do anexo, ou seja, os térreos e os primeiros pavimentos de ambas edificações estão alinhados bem como o último pavimento do anexo está alinhado com o ponto mais alto da coberta da fachada das casas. Além disso, a inclinação do pei toril das casas foram reinterpretados originando uma pele translúcida com o material multipainel wave da marca Hunterdouglas na cor branca fixados na fachada da Rua Amélia em uma estrutura metálica com marcações horizontais e verticais assim como nas casas (Figura 192).

178 179

Fachada da Av. Rosa e Silva

Fachada Rua Amélia

LEGENDA

Alinhamento do térreo

Fonte: A autora, 2020.

Alinhamento do primeiro pavimento

1 2 3 Respeito a altura máxima das casas geminadas

Painel multipainel wave - hunterdouglas
321
213

DENSIDADE OU MASSA

Ao considerar que a densidade, ao redor do anexo, é grande pois a maioria das tipologias existentes foram constituídas por técnicas construtivas com materialidade maciça pode-se dizer que o projeto proposto é dissonante.

Para o anexo, foram escolhidos materiais contemporâneos e leves como pilares e vigas metálicos, piso de steel deck e pele de vidro na fachada. Além disso também foi considerado uma parte de vedação de concreto que, por sua vez, remete á arquitetura do século XX e concorda com as casas geminadas (Figura 193).

Figura 193: Planta térrea do projeto para mostrar a materialidade.

CORES E TEXTURAS

Como ficou explícito, o contexto no qual o anexo está inserido é bem di verso tanto nas texturas quanto nas cores. A partir disso, para este quesito considerou-se novamente as casas como norteadoras das escolhas das cores e texturas da nova edificação.

Um traço importante para a intervenção é o resgate de materiais constru tivos tradicionais da preexistência sem deixar de declarar sua modernidade. Para isso, foi utilizado o concreto, símbolo modernista, na nova edificação do anexo. No entanto, diferente das casas, para o projeto do anexo foi proposto um volume monolítico branco e, dessa forma, as cores e texturas das casas, que são muitas, serão evidenciadas (Figura 194).

Figura 194: Fachadas do projeto proposto.

180 181
Escada sobe 17161514131211 4 981017161514131211 10126 Escada7 sobe Acesso 1º pavimento 1716151413121110 10 sobeEscada 7.00 9.545.005.005.005.00 29.85 Pilares metálicos modulados na malha de 7 x 5 metros Plano de vidro - fachadaEstrutura de alvenaria Volumetria leve - novaVolumetria maciça - antiga Volume monocromáticoVolume multicor Volume monocromáticoVolume multicor Fonte: A autora, 2020. Fonte: A autora, 2020.

Por fim, criou-se esta tabela para resumir as decisões tomadas na cons tituição do anexo considerando de são consonantes ou dissonantes com o entorno e/ou com as casas geminadas (Figura 195):

Fonte: A autora, 2020.

Levando em consideração a volumetria final do anexo, foi proposta uma conexão com as casas. Essa conexão interliga o primeiro pavimento do anexo com o primeiro pavimento da casa 639 (da direita) e, para isso, a proposta é substituir uma parte da coberta dela a fim de estender o seu primeiro pavimento e comportar um volume onde serão locados os banheiros para os clientes. A nova coberta será de laje com teto jardim a fim de que fique evidente a intervenção e promova a distinguibilidade. Dessa forma, as casas estarão interligadas com o anexo e essa nova área ajudará a compor o programa necessário do complexo.

182 183

Além desta intervenção criou-se, também, três volumes na área remanescente do lote das casas geminadas para comportar a zona administrativa do complexo com vestiários de funcionários, sala administrativa, depósito de apoio e wc´s para os clientes. Sua volumetria foi derivada de uma rein terpretação do formato da fachada das casas e sua materialidade igual do anexo, concreto branco, a fim de promover a distinguibilidade entre o novo e o antigo e, também, evidenciar as casas.

Quanto as vagas de estacionamento, a autora levou em consideração, como citado, a multimodalidade do entorno imediato as casas bem como existência de um supermercado, à sua frente, que disponibiliza aos clientes e ao público em geral dois amplos estacionamentos, um aberto e outro coberto. Por fim, para interligar esses espaços, propôs-se uma grelha metálica permeável na qual pode-se trafegar, manter o solo natural e, além disso, gerar espaços de convivência/passagem ao ar livre. O primeiro entre as casas e o segundo na esquina do anexo que conta com o ponto de apoio o bar (Figura 196).

Figura 195: Diagrama resumo das posturas adotadas. Figura 196: Diagrama resumo das decisões projetuais tomadas. Coberta substituída Conexão do anexo com as casas Anexos da zona administrativa Fonte: A autora, 2020.

Fonte: A autora, 2020.

Figura 197: Diagrama do zoneamento final.

Refletindo sobre a conservação da arquitetura moderna

O presente trabalho deseja contribuir com as discussões da conservação da arquitetura moderna quanto à necessidade de adequar edifícios às outras demandas de função e uso.

Silva & Caldas (2019) sugerem que o primeiro passo seria a atribuição do valor pelo maior número de atores possíveis, o que vai repercutir no reconhecimento da significância. No caso das Casas Modernistas este momento ocorreu, com as mobiliza ções em torno da sua preservação, quatro anos após se tornarem

Compreendeu-seIEP.

que o zoneamento do uso original da edi ficação poderia nortear o novo zoneamento enquanto aspecto imaterial que permanece no edifício. “A restauração deve ter ca ráter excepcional (...) e fundamenta-se no respeito ao material e aos documentos autênticos” (Carta de Veneza. Artigo 9).

As posturas adotadas no trabalho em questão estão menos focadas na restauração do edifício sem deixar de considerar os três princípios fundamentais: Distinguibilidade, Reversibilidade e Mínima intervenção. A questão é: mínima para quê? É necessá rio ter sempre a visão do processo de conservação por inteiro, o qual deve ser o mínimo possível para atender aos objetivos propostos, de modo que se reduzam as modificações desne cessárias. A intervenção do conservador pode ser vista como um “mal necessário” (MUÑOZ-VIÑAS, 2005).

Figura 198: O complexo Fonte: A autora, 2020.
186 187
Figura 199: Fachada da Av. Conselheiro Rosa e Silva. Fonte: Felipe Porpino, 2020. Figura 200: Fachadas das casas modernistas e do anexo proposto.
Fonte: Felipe Porpino, 2020.
Figura 201: Fachada do anexo proposto - Rua Amélia. Fonte: Felipe Porpino, 2020. Figura 202: Vista interna do bar. Fonte: Felipe Porpino, 2020. Fonte: Felipe Porpino, 2020. Figura 203: Vista interna da exposição temporária do anexo.
PLANTA DE REFORMA | TÉRREO
PLANTA DE REFORMA | PRIMEIRO PAVIMENTO
PLANTA DE COBERTA
PLANTA BAIXA | TÉRREO
PLANTA BAIXA | PRIMEIRO PAVIMENTO
PLANTA BAIXA | SEGUNDO PAVIMENTO
Planta de coberta - Teto jardim 212 213 Telha20%=i Telha 20%=i Telha Teto25%=ijardimi=2%
Exposição - 1 pavimento Sala Multimídia - 2 pavimento Laje impermeabilizada =1 0%Exposição - térreo Isométrica - Estrutura Anexo 216
FACHADA FRONTAL LESTE | AV. CONSELHEIRO ROSA E SILVA FACHADA LATERAL NORTE | RUA AMÉLIA
220

Considerações finais

O patrimônio moderno é de extrema importância para a história recente do mundo e deve ser preservado a fim de se perpetuar por gerações. O estudo do comportamento desse tipo de edificação na contemporaneidade revela novas demandas da sociedade para estes espaços, como, por exemplo, adequação a novas funções e usos.

Quer o desafio específico enfrentado pelo proprietário do edifício, usuário em potencial, desenvolvedor ou arquiteto seja fácil ou difícil, a criatividade está em alcançar uma solução que pareça apropriada, realce em vez de diminuir seu caráter original, seja sustentável e ainda retenha o potencial para mudanças futuras. O exemplo das casas modernistas da Av. Rosa e Silva traz algumas reflexões:

i) O reconhecimento e o tombamento de edifícios modernos ainda é uma prática pouco recorrente pois ainda não atingiu o mesmo nível de reconhe cimento e aceitação da arquitetura de períodos anteriores. Avaliar a significância de um edifício é algo que requer certa distância do tempo (JOKILEHTO Apud DINIZ) e como a arquitetura moderna está no nosso dia a dia, temos dificuldade de reconhecer sua significância.

ii) Evidencia-se que o bem cultural deve possuir uma percentagem impor tante de elementos necessários à transmissão da totalidade dos valores que ele representa, e que as relações e as funções dinâmicas nele presentes são essenciais ao seu caráter distintivo e devem igualmente ser manti das. Por isso, mesmo em meio a tantos desafios que a arquitetura moderna enfrenta no que diz respeito a sua conservação, talvez o principal deles seja a falta de reconhecimento da significância daquele bem perante a socieda de. Uma vez que não há reconhecimento da significância, menores são as chances de as pessoas lutarem pela preservação daquela edificação.

iii) A forma de abordar a conservação da arquitetura moderna conduzida pela procura do projeto original e pela intenção do autor está mais ligada à visão, já superada, de conservação de Viollet-le-Duc do que à abordagem crítica de Brandi. A conservação do edifício deve “restabelecer a unidade potencial da obra de arte, mas sem cometer um falso artístico ou falso histórico” (BRANDI, 1963, p. 33). A postura da conservação não é a de, simplesmente, resgatar o edifício no passado. Ela é uma referência, um ponto de partida, não de chegada.

As intervenções contemporâneas no patrimônio moderno possuem, em sua maioria, cunho cultural. Esses lugares tem em seu uso a importante missão de conectar pessoas e ser o espaço de interação para estas. Equi-

223

Fonte: Thyago Amaral, 2014. Figura Mural
204:
da casa 625.

224

pamentos culturais e educacionais são de extrema importância para uma sociedade informada e consciente.

Desse modo, para a proposta aqui apresentada, foi adotada uma dinâmi ca de correlação entre o antigo e o novo. Evidenciando, assim, três momen tos diferentes no projeto: manter, reutilizar e criar, objetivando, em seu todo, uma experiência espacial mais dinâmica por parte do usuário. Ressalto, ainda, a importância de produzir arquitetura que conte a história do nosso passado, mesmo que ressente, para que cada detalhe seja absorvido e introduzido ao nosso dia a dia e enfatize a valorização do nosso patrimônio.

Por fim, encerro este trabalho acadêmico com a mesma frase que me cerca desde a minha produção durante a iniciação científica “Fazer o que?”. Diante de tantas possibilidades, concluo, que é impossível ter respostas objetivas para as questões apresentadas, no entanto, acredito que elas indiquem um percurso a ser trilhado.

Figura 1: Varanda da casa 639 | pág. 4

Figura 2: Escada da casa 265 | pág. 12

Figura 3: Diagrama síntese do Tema, Conceito da proposta e programa | pág.13

Figura 4: Terraço da casa 625 | pág. 18

Figura 5: Demolição aconteceu no final de semana e sem placa de obra afixada | pág. 19

Figura 6: Demolição aconteceu no final de semana e sem placa de obra afixada | Pág. 20

Figura 7: Casas geminadas | pág. 21

Figura 8: Casa Rozenblit | pág. 21

Figura 9: Reportagem de um jornal local de Recife | pág. 22

Figura 10:Notícia de jornal local divulgando a situação das casas em 2015 | pág. 23

Figura 11: Notícia de jornal local divulgando a situação das casas em 2017 | pág. 23

Figura 12: Varanda da casa 625 | pág. 26

Figura 13: Varanda da casa 625 | pág. 30

Figura 14: Diagrama resumo dos procedimentos metodológicos referentes aos capítulos 01 a 05 | pág. 32

Figura 15: Jardim interno da casa 625 | pág.34

Figura 16: Diagrama da linha do tempo da teoria do restauro e da preservação | pág.35

Figura 17: Diagrama da linha do tempo das cartas patrimoniais | pág. 38

Figura 18: Diagrama resumo de conceitos extraídos da Carta de Burra | pág. 41

Figura 19: Diagrama resumo dos teóricos e das Cartas Patrimoniais | pág. 43

Figura 20: Villa Savoye antes da sua conservação | pág. 49

Figura 21: Villa Savoye após ação para sua conservação | pág. 49

Figura 22: Lista de casas modernas unifamiliares consideradas Patrimônio Mundial pela UNESCO | pág. 51

Figura 48: Igreja de São Francisco de Assis com painel de azulejo de Portinari | pág. 67

Figura 49: Edifício do Ministério da Educação e Cultura | pág. 68

Figura 50: Edifício do Ministério da Educação e Cultura | pág. 68

Figura 51: Conjunto residencial Pedregulho | pág. 69

Figura 52: Casa de Vidro de Lina Bo Bardi | pág. 69

Figura 53: Usina Higienizadora de Leite, Luiz Nunes, Recife, 1934 | pág. 70

Figura 54: Pavilhão de óbitos atual sede do IAB-PE | pág. 71

Figura 55: Caixa d´água de Olinda | pág. 71

Figura 56: Escola Rural Alberto Torres | pág. 71

Figura 57: Instituto de Antibióticos, 1953. Mário Russo. Fachada e detalhe da esquadria | pág.

Figura7258: Edifício Santo Antônio de Borsoi | pág. 72

Figura 59: Detalhes dos cobogós de Borsoi | pág. 73

Figura 60: Autorretrato, fase anterior ao contato com o abstracionismo | pág. 74

Figura 61: Fase abstracionista das pinturas de Augusto | pág. 74

Figura 62: Painel de Abelardo da Hora no Edf. Joaquim Nabuco | pág. 75

Figura 63: Painel de azulejos e pedra natural | pág. 75

Figura 64: Augusto Reynaldo pintando o Mural do Edf. Arnaldo Bastos | pág. 76

Figura 65: O mural | pág. 76

Figura 66: Mural de pedra no interior da casa 639 | pág. 76

Figura 67: Mural de pedra na fachada da casa 639 | pág. 76

Figura 68: Mural de azulejos no interior da casa 625 | pág. 77

Figura 69: Mural de azulejos no interior da casa 625 | pág. 77

Figura 70: Peitoril ventilado | pág. 77

Figura 23: Volumetria dissonante | pág. 53

Figura 24: Implantação dissonante | pág. 53

Figura 25: Escala dissonante | pág. 54

Figura 26:Densidade dissonante | pág. 54

Figura 27: Ritmo dissonante | pág. 54

Figura 28:Textura dissonante | pág. 55

Figura 29:Pavilhão de Barcelona, Mies Van der Rohe | pág. 55

Figura 30:Croqui do sistema construtivo da Maison Domino | pág. 57

Figura 31:Conjunto habitacional de Marselha | pág. 57

Figura 32:Conjunto habitacional de Marselha | pág. 57

Figura 33:Conjunto habitacional de Marselha | pág. 57

Figura 34: Villa Savoye | pág. 59

Figura 35: Notre-Dame du Haut | pág. 59

Figura 36: Dessau Bauhaus | pág. 59

Figura 37:Fagus Factory | pág. 59

Figura 38: Conjunto Arquiteônico da Pampulha | pág. 59

Figura 39: Brasília | pág. 59

Figura 40: Alunos da Bauhaus | pág. 62

Figura 41: Mulher sentada na cadeira de tubos de aço de Marcel Breuer, 1926 | pág.62

Figura 42: William Le Baron Jenney , Ludington Building | pág. 63

Figura 43: Croqui de Le Corbusier sobre “Os 5 pontos da nova arquitetura” (1929). Lado esquerdo, a nova arquitetura, lado direto, a antiga arquitetura | pág. 64

Figura 44: Villa Savoye | pág. 64

Figura 45: Casa Farnsworth , Mies van der Rohe | pág. 65

Figura 46: Casa cascata, Frank Lloyd Wright | pág. 65

Figura 47: A casa modernista | pág. 66

Figura 71: As casas geminadas | pág. 78

226 227

Figura 72: Localização das imagens das casas geminadas | pág. 78

Figura 73: Fachada das casas geminadas | pág. 79

Figura 74: Fachada das casas 625 | pág. 79

Figura 75: Fachada das casas 639 | pág. 79

Figura 76: Fachada das casas | pág. 80

Figura 77: Planta baixa do térreo | pág. 81

Figura 78: Planta baixa do primeiro pavimento | pág. 81

Figura 79: Planta de coberta das casas | pág. 82

Figura 80: Cortes AA e BB | pág. 82

Figura 81: Escada que interliga os dois pavimentos | pág. 83

Figura 82: Revestimento de pedra das fachadas | pág. 84

Figura 83: Painéis de azulejos presentes nas casas | pág. 85

Figura 84: Varanda da casa 635 | pág. 85

Figura 85:Fachada da padaria capela em 2014 | pág. 87

Figura 86: Situação do sobrado da padaria capela em 2014 | pág.87

Figura 87: Situação das casas modernistas em 2014 | pág. 89

Figura 88: Padaria capela funcionando | pág. 89

Figura 89: Demolição do sobrado em 2015 | pág. 89

Figura 90: Situação da sala da casa número 639 | pág. 91

Figura 91: Situação da fachada da casa número 635 em 2016 | pág. 91

Figura 92: Situação das casas modernistas na vistoria de 24/07/2017 | pág. 92

Figura 93: Situação das casas modernistas na vistoria de 13/09/2017 | pág. 92

Figura 94: Situação das casas modernistas na vistoria de 14/11/2017 | pág. 93

Figura 95: Comparação da situação das fachadas durante as três vistorias, em ordem | pág. 93

Figura 96: Manifestação realizada no dia 3 de fevereiro de 2018 | pág. 95

Figura 97: Reportagem do abandono das edificações | pág. 95

Figura 98: Situação da coberta em abril de 2018 | pág. 97

Figura 99: Situação do projeto em outubro de 2019, coberta refeita | pág. 97

Figura 100: Vista superior das casas geminadas | pág. 98

Figura 101: Vista frontal das casas geminadas | pág. 98

Figura 102: Situação recente da fachada das casas | pág. 99

Figura 103: Estado atual do jardim frontal das casas | pág. 99

Figura 104: Estado atual dos ambientes no pavimento térreo | pág. 100

Figura 105: Estado atual dos ambientes no primeiro pavimento | pág. 102

Figura 106: Diagrama resumo da linha do tempo das casas | pág. 104

Figura 107: Coberta das casas modernistas | pág. 106

Figura 108: Museu Rodin | pág. 107

Figura 109: Planta Baixa do pavimento térreo do palacete | pág. 108

Figura 110: Planta Baixa do 1º pavimento do palacete | pág. 108

Figura 111: Antigo x Novo | pág. 109

Figura 112: Planta Baixa do Subsolo do anexo | pág. 110

Figura 113: Planta Baixa do Térreo do anexo | pág. 110

Figura 114: Planta Baixa do 1º Pavimento do anexo | pág. 110

Figura 115: Croqui da passarela de conexão entre o palacete e o anexo | pág. 110

Figura 116: Passarela de conexão entre o palacete e o anexo | pág. 111

Figura 117: Fachada do anexo | pág.112

Figura 118: Jardim do Museu Rodin | pág.112

Figura 119: Fachada do Bristol | pág. 113

Figura 146: Gráfico da população do bairro das Graças por sexo | pág. 133

Figura 147: Gráfico da população do bairro das Graças por faixa etária | pág. 133

Figura 148: Localização do bairro das Graças | pág. 134

Figura 149: Imagem de satélite da área de intervenção antes do sobrado ser demolido em 2014 e as casas modernistas serem depredadas | pág. 135

Figura 150: Imagem de satélite mais recente da área de intervenção (Casas fechadas com tapume e coberta sendo refeita e farmácia construída no lote do antigo sobrado) | pág. 135

Figura 151: Sítio Cruz e sua divisão em “Capunga velha” e “ Capunga nova” | pág. 136

Figura 152: Parque Amorim | pág. 137

Figura 153: E.Lucena - Fábrica e Fundição Capunga. Propaganda em 14-05-1972 | pág. Figura137

154: Sede da Universidade Nassau na antiga Fundação da Capunga | pág. 138

Figura 155: Ponte Lasserre, Atual Ponte da Capunga, 1905 | pág. 139

Figura 156: Maxabomba passando pelo bairro | pág. 139

Figura 157: Igreja Nossa senhora das Graças | pág. 139

Figura 158: Museu do Estado | pág. 140

Figura 159: Academia Pernambucana de Letras | pág. 140

Figura 160: Antiga estação (Ponte D’ Uchoa) | pág. 140

Figura 161: Mapa de elementos marcantes do bairro das Graças e seu entorno imediato | pág.

Figura141162: Sede do Clube Náutico Capibaribe | pág. 141

Figura 163: Jardim do Baobá | pág. 141

Figura 164: Mapa de usos predominantes por quadras e mobilidade | pág. 143

Figura 165: Recorte de análise específica | pág. 144

Figura 120: Planta baixa do térreo | pág. 114

Figura 121: Fachada do Bistrol Old Vic | pág. 115

Figura 122: Imagem interna do Bistrol Old Vic | pág. 121

Figura 123: Esquema da intervenção | pág. 117

Figura 124: Bilheteria do Bistrol Old Vic | pág. 117

Figura 125: Auditório | pág. 117

Figura 126: Diversidade de planos existentes internamente | pág. 118

Figura 127: Museu Guggeheim | pág. 119

Figura 128: Coberta do Museu Guggeheim | pág. 120

Figura 129: Átrio do Museu Guggeheim| pág. 121

Figura 130: Passagem de conexão do anexo ao Museu Guggeheim | pág. 122

Figura 131: Anexo de conexão do anexo ao Museu Guggeheim | pág.123

Figura 132: Cortes do Museu Guggeheim | pág. 123

Figura 133: Espaço de galeria do Museu Guggeheim | pág. 123

Figura 134: Teatro Walkers Court | pág. 124

Figura 135: Plantas do Teatro Walkers Court | pág. 125

Figura 136:Fachadas do antigo Raymond Bevuebar | pág. 125

Figura 137:Fachadas do antigo Raymond Bevuebar | pág. 126

Figura 138: Atual fachada do Teatro | pág. 126

Figura 139: Efeito do letreiro da atual fachada do Teatro a noite | pág.127

Figura 140: Ponte envidraçada | pág. 128

Figura 141: Fachada nova alinhada com o entorno | pág. 129

Figura 142: Restaurante Art Deco | pág. 129

Figura 143: Auditório do Boulevard Theatre | pág. 129

Figura 144: Tabela síntese das precedências projetuais | pág. 130

Figura 145: Esquadria das casas modernistas | pág. 132

Figura 166: Tabela de parâmetros urbanísticos da área de intervenção | pág. 145

228 229

Figura 167: Mapa de legislação | pág. 146

Figura 168: Mapa de cheios e vazios | pág. 147

Figura 169: Casa solta no lote | pág. 148

Figura 170: Edifício sobre pilotis | pág. 148

Figura 171: Casa de porta e janela | pág. 148

Figura 172: Mapa de tipos | pág. 149

Figura 173: Skylines | pág. 150

Figura 174: Mapa de gabarito | pág. 152

Figura 175: Densidade do recorte específico | pág. 153

Figura 176: Cores das casas de porta e janela | pág. 154

Figura 177: Cerâmicas 10cmx10cm | pág. 154

Figura 178: Diagrama resumo das etapas projetuais de um projeto de reutilização bem sucedido | pág. 159

Figura 179: Perspectiva da coberta | pág. 162

Figura 180: Registro do restauro em desenvolvimento | pág. 163

Figura 181: Entorno da proposta | pág. 164

Figura 182: Diagrama das etapas para guiar uma reutilização bem sucedida | pág. 164

Figura 183: Arte e imagens em todas as possibilidades | pág. 165

Figura 184: Condensador cultural | pág. 165

Figura 185: Diagrama manter, reutilizar e criar | pág. 169

Figura 186: Diagrama resumo das áreas do programa proposto | pág. 171

Figura 187: Diagrama das modificações nas plantas e no zoneamento das casas | pág.172

Figura 188: Diagrama das zonas propostas | pág. 173

Figura 189: Skyline da Av. Conselheiro Rosa e Silva | pág. 174

Figura 190: Implantação proposta para o anexo consonante com o entorno | pág. 176

230

Figura 191: Diagrama da movimentação do solo | pág. 177

Figura 192: Fachadas do projeto proposto | pág. 178

Figura 193: Planta térrea do projeto para mostrar a materialidade | pág. 180

Figura 194: Fachadas do projeto proposto | pág. 181

Figura 195: Diagrama resumo das posturas adotadas | pág. 182

Figura 196: Diagrama resumo das decisões projetuais tomadas | pág. 183

Figura 197: Diagrama do zoneamento final | pág. 184

Figura 198: O complexo | pág. 187

Figura 199: Fachada da Av. Conselheiro Rosa e Silva | pág. 188

Figura 200: Fachadas das casas modernistas e do anexo proposto | pág. 190

Figura 201: Fachada do anexo proposto - Rua Amélia | pág. 192

Figura 202: Fachada do anexo proposto - Rua Amélia | pág.194

Figura 203: Vista interna da exposição temporária do anexo | pág. 196

Figura 204: Mural da casa 625 | pág. 220

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