Nazareno
AQUI DO LADO DE DENTRO!
Capa: ”Acordado?” 2014. Aço, areia, ouro, madeira Medidas variáveis
Nazareno
AQUI DO LADO DE DENTRO! Texto
Marco Lucchesi
De 24 de julho a 23 de agosto 2014
AQUI DO LADO DE DENTRO!
4 | NAZARENO
Como definir o cosmos de Nazareno, em sua condição tácita e vibrátil, feito de puro dinamismo? Como definir esse microuniverso em busca permanente de sinais, remissões que redesenhem um gesto concentrado e primordial, como um alfa cheio de luz e calor? Como defini-lo, em sua liberdade radical, como compreendê-lo sem o aprisionar? Nazareno é essencialmente um poeta do espaço. Não do espaço puro, bem entendido, mas do espaço regido por um deus ludens, que o faz crescer e diminuir, como se buscasse os gigantes da Antiguidade e as províncias de Liliput. Um poeta do espaço dentro de um cosmos sazonal, retrátil e expansivo: nas variações de escala, na taxa demográfica de objetos, que se nutrem de espaço, que dentro dele se descobrem e com ele se confundem. Espaço objetal onde, ao fim e ao cabo, surgem novas e estranhas potências. Pluriformas de ocupação territorial, ora recatadas, ora sabiamente dispersas. Sempre em movimento de fuga e torna-viagem, num feixe de convergência ou então acêntrico, deslocado, fora da moldura, com inesperadas saídas de emergência. O artista exerce uma espécie de teologia do jogo, uma herança em que nada se perde: antes se transmuta na poesia do espaço, dentro de uma razão combinatória de acaso e necessidade, com imagens portadoras de límpidas modulações, sobrepostas, com céleres passagens de ritmo e semântica, seguindo uma recorrente flutuação de sentido e diversidade de conceito. E desde os títulos lapidares, criados por Nazareno, que parecem uma inscrição rupestre, dura e suave. Nazareno é um poeta do espaço, com saudades das matrizes, míticas, de um passado que tudo devora como esfinge. Mas o segredo pode estar nas flechas que têm sede de futuro. Nessa ucronia inscreve-se com rara sensibilidade a obra de Nazareno, saudosa do futuro.
Marco Lucchesi Marco Lucchesi é poeta, escritor e membro da ABL
NAZARENO | 5
HERE ON THE INSIDE!
6 | NAZARENO
How can we define the world of Nazareno, tactile and vibrating, made of pure dynamism? How can we define this mini-universe in constant search of signs, remissions that redraw a condensed primordial gesture, like an alpha full of heat and light? How can we define it, in its radical freedom, how can we understand it without caging it? Nazareno is essentially a poet of space. Not of pure space, for sure, but of space governed by a deus ludens, who makes it shrink and grow, as if in search of the giants of antiquity and the provinces of Lilliput. A poet of space within a seasonal, retractable and expansive universe: variations in the scale and population density of the objects that feed on space, that discover themselves in space and blur into it. A space of objects, where, from beginning to end, new strange powers emerge. Occupations of territory of various forms, sometimes reserved, at others wisely dispersed. Always in a toing and froing movement, on a band of convergence or acentric, displaced, spilling out of the frame, in unexpected emergency exits. The artist practices a kind of playful theology, a legacy in which nothing is lost: before it is transmuted into the poetry of space, according to a combinatory logic of chance and necessity, images bearing limpid superimposed modulations, with swift shifts of rhythm and meaning, following a recurrent fluctuation of meaning and diversity of concepts. And even the lapidary titles, created by Nazareno, which resemble hard yet smooth rock carvings. Nazareno is a poet of space, of nostalgia for patterns and myths from a past that devours everything like a sphinx. But the secret may lie in the arrows that thirst for the future. Nazareno’s work is inscribed with a rare sensibility in this time out of time pining for the future.
Marco Lucchesi Marco Lucchesi is a poet, a writer and a member of ABL [Brazilian Academy of Letters]
NAZARENO | 7
Nazareno
8 | NAZARENO
NAZARENO | 9
(Pag. 9) ”Meu, Meu, Meu, Meu, Meu” 2014. Objeto Vidro, metal, espaço 37 cm de diâmetro (aprox.) 10 | NAZARENO
“Espero Que o Tesouro Encontre Você” 2014. Objeto, texto Grafite s/ madre-pérola 22,8 x 20,2 x 4 cm
(Pag. 11 /12/ 13) “A História Secreta da Proteção.” 2014. Escultura Terracota Medidas variáveis NAZARENO | 11
12 | NAZARENO
NAZARENO | 13
“Saudade é óbvio.” 2014. Objetos Terracota, vidro lapidado, madeira Medidas variáveis 14 | NAZARENO
NAZARENO | 15
16 | NAZARENO
NAZARENO | 17
(Pag. 16/17/18)) “Mais Além do Que Vemos” 2014. Desenho composto de 33 partes Grafite s/ papel 102 x 286 cm 18 | NAZARENO
“Constelações” 2014. Objeto - sete botões de prata Prata Medidas variáveis
NAZARENO | 19
“Um Começo (Simples Assim).” 2014. Escultura Terracota Medidas variáveis
20 | NAZARENO
NAZARENO | 21
22 | NAZARENO
NAZARENO | 23
(Pag. 22 /23) “Noite” 2014. Escultura Madeira e linha Medidas variáveis 24 | NAZARENO
“Ninguém Sabe Até Acontecer” 2012. Desenho - díptico Nanquim s/ papel 32 x 24 cm - cada
NAZARENO São Paulo - SP, 1967 Vive e trabalha em São Paulo Graduado em Artes Visuais na Universidade de Brasília em 1998. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, narrativas, bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Realizadas em variadas mídias como desenho, esculturas, instalações, vídeos, gravuras, entre outras, suas obras potencializam a atenção do espectador pelo caráter de sua miniaturização, evidenciando outras realidades e, eventualmente, conduzindo o adulto/espectador a uma estranha experiência em seu rebaixamento à condição infantil. Com uma carreira que conta com exposições nacionais e internacionais nos últimos dezesseis anos, além de prêmios e publicações em revistas, catálogos e da edição dos livros de sua autoria “São as coisas que você não vê que nos separam”, em 2004, e “Num lugar não longe de você”, em 2013, suas obras estão em diversas coleções públicas (MAC – USP, MAM RIO, MAR, MAM Recife entre outros) e particulares. Entre suas recentes exposições individuais e participações em coletivas destacam-se: “Abre-se a Floresta”, na galeria Luciana Caravello, RJ, 2012; “Ninguém Sabe Até Acontecer”, na galeria Emma Thomas, SP, 2012; 18º Sesc Vídeo Brasil, SESC Pompéia, SP, 2013; “Da Próxima Vez Fazia Tudo diferente” Espaço PIVÔ, SP, 2012 e “Somos Iguais”, Oi Futuro Flamengo, RJ, 2014.
NAZARENO | 25
AQUI DO LADO DE DENTRO! FICHA TÉCNICA Texto: Marco Lucchesi Molduras: Votupoca Molduras Imagens: Guilherme Gomes Eduardo Ortega (“Acordado?” e “Ninguém sabe Até Acontecer”) Assessoria de imprensa: CW&A Comunicação Tradução: Paul Webb Design do catálogo: Bitty Nascimento Silva Pottier - C-Art Brasil Design do convite: Luana Aguiar Catálogo: impressão e acabamento: Barbero - Graphus
EQUIPE DA GALERIA LUCIANA CARAVELLO ARTE CONTEMPORÂNEA: Direção artística: Waldick Jatobá Vendas: Ronaldo Simões Vendas: America Cavaliere Produção: Julia Vaz Financeiro: Valeria de Araujo Teixeira Montador: Fabio Francisco de Paula Apoio: Francinato Araujo Pereira 26 | NAZARENO
A história da galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea, inaugurada em 2011, se mistura com o percurso profissional da marchand Luciana Caravello. Desde 1998, Luciana vem trabalhando com arte contemporânea, representando vários artistas visuais do Rio de Janeiro e outras regiões do Brasil, comprometidos com pesquisas sobre suportes variados. O espaço atual tem uma arquitetura privilegiada, adaptada para receber exposições de artistas consagrados e artistas emergentes, sempre mostrando o que há de melhor na arte contemporânea nacional. Assim, a galeria desenvolve uma programação consistente, cujo objetivo principal é destacar a constância da linguagem artística, evidenciando o contraste de trajetórias consolidadas com a ousadia e o frescor das experimentações mais de vanguarda.
NAZARENO | 27
www.lucianacaravello.com.br
Rua Bar達o de Jaguaripe, 387 Ipanema Rio de Janeiro RJ 22 421-000 Tel.: +55 (21) 2523-4696 +55 (21) 2274-8287 contato@lucianacaravello.com.br www.lucianacaravello.com.br