R$ 12.50 2002 Nº 24 QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
Nº 24
MARÇO/ABRIL
2002
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
COPOS: DESIGN PARA OS SENTIDOS INTERIORES: SÃO PAULO E BERLIM MODA, QUAL MODA? DESENHO INDUSTRIAL NO BRASIL TIPOGRAFIA NA ARQUITETURA
Foto da Capa: Carlos Gama Junior Foto Carlos Gama Junior
Arquiteto e designer, mestre das formas escultóricas, Angelo Mangiarotti ficou famoso com seus vasos em mármore para a Knoll, nos anos de 1960 e 1970, e com as mesas, também em mármore, para a Skipper em 1971, hoje reeditadas pela Cappellini. Seu desenho funcional e ergonômico ultrapassa a fronteira do utilitário. O
conhecimento e a habilidade em lidar
com os materiais lhe permitem “brincar” com as formas, criando verdadeiras esculturas funcionais, como o copo da série Bibulo, que ilustra a capa desta edição. Nele, o for ma to da base per mi te o en cai xe per fei to das mãos, in du zin do o mo vi men to como deve ser le va do à boca para que o con ta to com a be bi da seja aque le ide al. Em homenagem aos 80 anos de Mangiarotti, a Trienal de Milão apresenta uma exposição com obras de arquitetura, esculturas, fotografias e testemunhos que traçam um panorama do trabalho do designer.
Cá li ce para vi nho, se ri es Bi bu lo, An ge lo Man gia rot ti, 1987, Col le Cris tal le ria
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uma: design é a tradução de um comportamento, ou melhor, é o prenúncio de um novo padrão de comportamento. As sim ARC DE SIGN, quan do pu bli ca as úl ti mas cri a çõ es em de sign de pro du tos, ou design de moda, design de interiores ou mesmo design gráfico, está anunciando novas formas de vivenciar o mundo, em cada pequeno detalhe. Nesta edição reforçamos nossa proposta de ampliar a pauta de ARC DE SIGN, incluindo matérias que remetam a novos hábitos de vida, ao prenúncio de comportamentos... que se tornarão moda. Alargamos nosso campo de interesse mantendo, no entanto, a mesma proposta inicial, fio condutor de ARC DE SIGN, que é a análise e a crítica do projeto. Os copos de vinho, por exemplo, mostram a sofisticação a que pode chegar o design. Não mais um copo para vinhos tintos e outro para brancos, mas uma diversidade tão grande de formas quanto a variedade de uvas e suas maravilhosas fermentações. Manoel Beato, sommelier famoso, nos conduz nesse refinado percurso. E aon de ire mos, nes sa pro cu ra pe los pra ze res do vi nho? Car la Caf fé ilus tra um his tó ri co lo cal, e o ar qui te to Isay Wein feld nos mos tra seu novo es pa ço, onde o vi nho é per so na gem fun da men tal. O design de moda mostra do que é capaz, vestindo o novo homem, nômade, e sua roupagem moderna, que deverá cumprir múltiplos papéis para ser verdadeiramente funcional. A tecnologia dos tecidos dará conta do recado? Vejam novas modas e modos de viver e vestir. Também o design gráfico se insere nesse contexto e muda o “visual” das cidades em exercícios de tipografia. Designers gráficos e arquitetos, não percam este artigo! E os produtos? No design brasileiro, Guto Índio da Costa, que trabalha em parceria com a indústria, conseguindo realizar importantes projetos, do mobiliário urbano do bairro do Leblon, Rio de Janeiro, ao mais eficiente, econômico – e bonito – ventilador, incluindo-se neste juízo a produção internacional. Paris e Colônia lançam propostas em papel, plástico, vidro, alumínio, náilon, poliéster, nas quais o importante é criar um novo mundo, leve, muito leve. Aproveitem!
Maria Helena Estrada Editora
ARC DESIGN
São muitas, e todas imprecisas, as definições para o design. Assim, arriscamos mais
No design dos copos de vinho, a forma segue a função. Confira o design de sabores e aromas
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ARC DESIGN apresenta a Forneria San Paolo, inaugu rada recentemente em São Paulo, projeto do arquiteto Isay Weinfeld
Interiores livres, conceituais... e extremamente funcionais. Conheça alguns trabalhos do jovem escritório Martini, Meyer
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Roupas que vão além da função de vestir: tornam-se habitáculos para o homem contemporâneo, nômade. Entenda a filosofia e confira as coleções das marcas italianas C.P. Company e Stone Island
O SHOW-ROOM COLLECTANIA EM NOVA PROPOSTA
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PANORAMA BRASIL
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MATERIAL CONNEXION
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EXPEDIENTE
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NEWS
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
nº 24, março/abril 2002
Maria Helena Estrada
MODA, QUAL MODA?
INTERIORES EM BERLIM
Winnie Bastian
FORNERIA SAN PAOLO
Da Redação
Manoel Beato
O VIDRO E O VINHO
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Tendo o essencial como objetivo na concepção de produtos indus tria li zados, o de sig ner Guto Índio da Cos ta de senvolveu sua “marca inconfundível”, do mo bi li á rio ur ba no ao venti lador
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Em ho me na gem ao cen te ná rio de nas ci mento do grande ar qui te to e de sig ner di na mar quês, ARC DE SIGN traça um per fil de sua obra. Con fi ra
Entre as novidades dos salões de Paris e Colônia, destaque para as criações dos jovens designers, que ARC DESIGN mostra nesta edição
PUBLI-EDITORIAIS: Giroflex e a versatilidade da linha EVO
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Firma Casa, Video Lounge de Christophe Pillet
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Forma lança os biombos Wing e Viper
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Robin Wilson
TIPOGRAFIA NA ARQUITETURA: LINGUAGENS LIMÍTROFES
DE ONDE VIRÁ A NOVA ESTÉTICA?
Maria Helena Estrada
ARNE JACOBSEN
Angélica Valente
Winnie Bastian
EM BUSCA DO ESSENCIAL
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A interação entre tipografia e arquite tu ra tem se intensi ficado, transcendendo a mera sinalização e auxiliando na composição do próprio edifício.
TODOS OS POVOS A L’Oeil acaba de receber novos produtos vindos da Alemanha, Vietnã, Marrocos, França e China. São peças para decoração com toque étnico que se encaixam em qualquer ambiente, do rústico ao cosmopolita. Entre os destaques estão vasos de cerâmica e fruteiras em charão – técnica de laqueação – sobre bambu prensado, vindos do Vietnã. Judith Rosenhek promete, em breve, novidades holandesas para sua loja. L’Oeil: Pça. Benedito Calixto, 182, São Paulo. Tel.: (11) 3088-6787
NOVA LOJA PORTOBELLO A Portobello acaba de inaugurar mais uma Portobello Shop em São Paulo. Além da exposição dos produtos, a loja no bairro do Morumbi conta com ambientes decorados e coffe-shop. O destaque é a área para a elaboração de projetos, na qual arquitetos, decoradores e técnicos orientam a escolha dos produtos e soluções para cada ambiente. A Portobello oferece serviço de entrega agendada. Atendimento ao consumidor: 0800- 482-000 www.portobello.com.br
IN VITRO Versatilidade é a característica dos vidros laminados Vanceva Design, lançamento da Solutia no Brasil. Em padrões lisos e com desenhos geométricos na cor roxa, eles foram utilizados nos balcões e bancos do projeto da arquiteta Bru-
PAPEL SOCIAL RECICLADO
nete Fraccaroli para
A Associação de Designers Gráficos - ADG – colabora com a
uma loja de lingerie de
Associação Minha Rua, Minha Casa desde de 1998, com a
São Paulo. O produto,
coleta e entrega de papéis para serem reciclados. As
em diversas cores e
doações são vendidas, e o dinheiro é direcionado ao
desenhos, proporcio-
salário dos apanhadores e à manutenção da associação.
na, além de beleza e
Para participar desta iniciativa com doações, con-
originalidade, barrei-
tribuições ou como voluntário, entre em contato através
ras contra raios UV e
do e-mail: amrmc@ig.com.br
controle acústico. Pode ser aplicado na composição de estruturas, objetos, ambientes e onde mais a imaginação permitir. Atendimento Solutia: 0800-7070-798 – www.vanceva.com
4 ARC DESIGN
NOVIDADES NO SALÃO DO MÓVEL DE MILÃO 2002 O Salão do Móvel de Milão 2002 acontece de 10 a 15 de abril, na capital italiana do design, e traz exposições, conferências, debates e lançamentos como destaques da programação. Este ano fazem parte da programação oficial, além do próprio Salão do Móvel, a Feira Internacional de Escritórios (EIMU) e a Eurocucina. No mesmo recinto da feira acontecem também os eventos paralelos: a Designing Designers e o Grand Hotel Salone. Entre as novidades, a EIMU, além dos cerca de 200 expositores, apresenta pela primeira vez a Academy, um projeto multidisciplinar envolvendo arquitetura, desenho industrial, economia, psicologia, sociolo-
PORTA-JÓIAS
gia e engenharia, do qual participam os mais importantes nomes da
Uma caixinha de jóias “oversized”. Esta foi a concep-
cultura e do design, como Jean Nouvel e Domenico de Masi, para discu-
ção de Felippe Crescenti para o projeto da joalheria
tir design, espaço e ambiente de trabalho. Serão cinco conferências,
Collection em São Paulo. As vitrines foram revestidas
entre os dias 10 e 14 de abril.
em couro, aço e camurça, os móveis do interior são de
Outro destaque é o Grand Hotel Salone, uma exposição do design da
madeira escura e as paredes, espelhadas, para que o
indústria hoteleira onde serão expostos projetos do hotel imaginário
cliente se veja com a jóia escolhida. Três salas de
do futuro, ambientados em grandes cidades como Tóquio e N. York,
atendimento garantem a privacidade, com iluminação
realizados por importantes arquitetos e designers, entre eles Ron
natural ou artificial. “A Collection foi pensada como um
Arad, Jean Nouvel, Gaetano Pesce, Zaha Hadid, Toyo Ito e Vico Magis-
cofre, uma caixa de concreto cinza-escuro que separa
tretti. Os visitantes serão levados a uma viagem imaginária pelo mun-
e guarda o espaço interior e exterior, preservando sua
do sob o ponto de vista do design.
intimidade”, explica Crescenti.
A Designing Designers, conferência internacional para convidados
Collection: R. Taiarana, 37, São Paulo.
de escolas superiores de design (cerca de 110 universidades de 17
Tel.: (11) 3062-4511
países), acontece nos dias 13 e 14 de abril. A Eurocucina reunirá 130 expositores de mobiliário que vão mostrar as novas tendências, pesquisas e materiais e explorar novos conceitos do design para cozinhas. O Salão Satélite, cujo objetivo é aproximar jovens designers, indústria mobiliária, museus e galerias de arte de todo o mundo, acontecerá nos mesmos dias da feira. E para celebrar os 80 anos de Angelo Mangiarotti, um dos principais nomes do design italiano, a Trienal de Milão realiza paralelamente ao Salão, de 24 de janeiro a 17 de abril, uma exposição sobre a vida e a obra do arquiteto e designer, reunindo esculturas, fotografias, maquetes, produtos, testemunhos e arquivos de Mangiarotti. O principal evento de design de mobiliário do mundo está cada ano melhor e mais completo.
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SAYONARA, IKKO TANAKA No dia 10 de janeiro, Ikko Tanaka despediu-se deste mundo, aos 71 anos. Considerado um dos mais importantes criadores nas artes gráficas japonesas e no design gráfico mundial, Tanaka incorporava o imaginário japonês em suas composições de cores brilhantes, luz e formas cuidadosas, as quais dispunha como pedras antigas num clássico jardim japonês, criando imagens eloquentes e profundas. Não foi “designer de escola”, rejeitou tendências desconstrutivistas e pós-modernistas e fez das imagens consideradas clichês ocidentais sobre seu país obras de arte com estilo próprio, único, pleno de tradições nacionais. O designer se foi, sua obra permanece – referência de seu país e seu tempo. Deixamos aqui registrada nossa admiração por Ikko Tanaka e lhe enviamos um aceno de adeus.
O RETORNO A linha Originals é mais uma incursão da Adidas no mundo da moda. São roupas, acessórios e (claro!) tênis que fazem uma releitura dos produtos criados pela marca nas décadas de 1960, 1970 e 1980, novas interpretações dos conceitos de tecnologia e performance associados ao tradicional trevo de três listras. A linha se divide em três segmentos: Re-Introduced, produtos que já estão no mercado; Re-Interpreted, baseados na versão esportiva original; e Re-Designed, inspirados no estilo e na construção
À esquerda, poster de Ikko Tanaka, 1961
de produtos antigos com design atual. A coleção será vendida com exclusividade em algumas lojas Zoomp por tempo limitado – a partir da segunda quinzena de maio até o final de junho. Atendimento ao consumidor: 0800-556244 – www.adidas.com/br
4 EM 1 Um único aparelho para reproduzir CD, DVD, vídeo CD e super CD: eis a novidade do Sony DVP-NS900V. Outro destaque são as tecnologias empregadas: SACD (desenvolvida em parceria com a Philips, garante fidelidade de som), Progressive Scan (com varredura progressiva das linhas, proporciona imagem limpa) e Precision Drive 2 (assegura uma reprodução precisa tanto de DVDs quanto de CDs, mesmo dos discos com irregularidades). Harmonia entre som e imagem e entretenimento de qualidade. Atendimento ao consumidor: (11) 3613-9200 – www.sonybrasil.com.br
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BRASILEIROS SE DESTACAM EM N. YORK O de sig ner bra si lei ro Ro dri go Leão aca ba de ser pre mi a do pelo Design 21, concurso internacional de design organizado pela Unesco e pela Felissimo Foundation de N. York, que tem o objetivo de revelar talentos do design mundial. Em sua quarta edição, cujo tema foi Conexão Contínua (Continuous Connection), Design 21 convidou os participantes a apresentar uma visão sobre a forma como viveremos o século XXI. Com três trabalhos inscritos, Leão levou o primeiro lugar na
HOME-THEATER DE VERDADE De olho nos avanços tecnológicos, a LG traz para o Brasil, até o final do primeiro semestre deste ano, o novo projetor RL-JA10 para sistemas de home-theater. O projetor com tecnologia LCD (liquid cristal display) oferece imagens de alta definição, tem nível de ruído reduzido durante a operação e pode ser conectado a TVs digitais e computadores. As telas projetadas vão de 30 a 300 polegadas. Ideal para empresas e escolas, é também ótima opção no uso doméstico. Atendimento ao consumidor: 0800-707-5454 – www.lge.com.br
categoria New Essentials pelo Espelho OBS. Desenhado para se encaixar entre as pernas, OBS deixa as mãos livres para explorar uma região do corpo pouco acessível aos olhos, os genitais. O objetivo do espelho é criar uma relação confortável entre a pessoa e seu corpo, sem rejeitar as chamadas regiões tabus. Outro brasileiro que participou do prêmio foi Rodrigo Lyra, com a Banqueta Trapo, publicada em ARC DESIGN 18, inspirada nas tradicionais colchonilhas de retalhos. O vencedor do grande prêmio foi Michael Rakowitz, dos Estados Unidos, pela barraca inflável Parasite, desenhada para sem-tetos – um abrigo portátil com adaptador que se encaixa na saída de ar de sistemas de aquecimento e ventilação de edifícios, o que faz com que, além de montada, a barraca fique aquecida. A exposição com os objetos premiados fica na Felissimo Design House, em N. York, até 4 de maio, segue para Paris no final do ano, e já pode ser conferida também pela internet, no site www.felissimo.com/designhouse, com imagens e informações sobre o concurso e os designers participantes.
POR CAUSA DA MULHER Os depiladores Lissea são destaque da nova linha Arno Beauty de aparelhos para a beleza feminina. Leves e fáceis de transportar, podem ser levados a qualquer lugar. Para facilitar o manuseio, o desenho é anatômico e possui empunhadura de borracha. Outra facilidade são os dois modelos que podem ser usados durante o banho (à pilha e com bateria recarregável), além do modelo bi-system (à pilha ou elétrico). A linha inclui ainda massageador, secadores de cabelo e depilador à cera quente, para deixar os rituais de beleza mais práticos e prazerosos. Atendimento ao consumidor: 0800-119-933 – www.arno.com.br 7 ARC DESIGN
ARC DESIGN
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PRAZERES a For ne ria San Pao lo, es pa ço do pão e do vi nho, pro je ta do por Isay Wein feld
fermentações. Design altamente funcional. Onde curtir os prazeres do vinho? Sugerimos
co pos de vi nho – um para cada tipo, para cada va ri e da de de uva e suas ma ra vi lho sas
Com o Cla rid ge Bar, na ilus tra ção de Car la Caf fé, abri mos a ma té ria so bre os no vos
COMPORTAMENTO
O VIDRO e o vinho O copo tem o cor po e o conteú do, an tí do to con tra a fome con ti da sob tantas for mas. Tem o fun do que no se es va ziar cria ou tras co res, ca leidos có pio, em fun ção da for ma: oval, bo ju da, isós ce les, oblonga, ou tras. A for ma vem do fogo do so pro do ho mem que por fim con so me fi nos vi nhos, versus o vá cuo cava do no vidro, como va zio no co ra ção. Re cor tes, li nhas, tra ços: só a for ma in for ma. O ma te rial es cul pido é a men sa gem. O copo mu dou o conta to, o vín cu lo entre o vi nho e a boca. O “novo” copo (fu são de conteú do e for ma) rein ventou o vi nho, ressal tou-o, pro longou-o. Um dese nho cons ci ente, ade qua do, aten ci o so como o ama do cu ida do so, per ce beu, ou viu, ima gi nou, sentiu o tato. En vol ven do-se. Desen vol ven do-se. Dese nhan do-se para o gran de en la ce: copo ol fa to boca tato e a contem pla ção da cor que nos re me te, se não a ou tra es fe ra do mun do, ao me nos ao nosso pró prio inte ri or com um real enten di mento im plí cito. O gosto ex posto pelo ar que leva a dan çar o vi nho, em gi ros ve lo zes no copo val sam lânguida-ale gre mente. O copo em contenta mento. O vi nho se des contrai. E com essa dan ça o vi nho se dá conta que for ma e ma te rial são fun da mentais. Assim Pau li nho da Vi o la asso cia: “vi nhos fi nos, cristais, tal vez uma val sa”. E nessa mú si ca o mun do muda o rumo. Ma no el Be a to
18 ARC DESIGN
Aci ma, à es quer da, copo com du plo bojo, design David Pal te rer na Ga le ria Co lom ba ri, Mi lão. Na se quên cia, design Danny Lane, copo com has te sol ta da base. À di rei ta, design David Pal te rer na Ga le ria Co lom ba ri, Mi lão. Co le ção par ti cu lar
Da Redação Fotos Carlos Gama Jr.
A história do copo para vinhos é muito recente, tem pouco mais de quatro décadas. Alguns fabricantes de copos, apreciadores da bebida, resolveram ir em busca da forma apropriada à degustação de cada vinho e suas características específicas. O aroma mais forte ou mais suave, a textura encorpada, a cor, cada detalhe não poderia ser negligenciado no momento da degustação e o copo de vinho, enquanto meio, deveria ressaltá-los. A empresa austríaca de cristais Riedel foi uma das primeiras a se dedicar a essa arte e hoje apresenta aproximadamente 60 tipos de copos de vinho, cada um designado a destacar as características mais marcantes da bebida. Deixam-se de lado as formas ornamentais, o emprego das cores, os bisotados, o espaço exíguo do bojo e as bordas inadequadas – qualquer excesso que distorça a visão, o olfato, o paladar do vinho. Agora, o conteúdo determina a forma também dos copos. Mas onde apreciar um bom vinho? Quais lugares se dedicam a este prazer? No Brasil, o hábito já foi quase uma extravagância, a bebida só era encontrada em alguns restaurantes e a preços muito altos. Aos poucos, com a abertura ao mercado externo e o desenvolvimento da produção nacional, o país começa a aderir também à cultura do vinho, e não é mais preciso procurar tanto para encontrar bares e restaurantes com boas adegas, que oferecem variedade e qualidade em sua carta. Um desses lugares é a Forneria San Paolo, em São Paulo, que ARC DESIGN apresenta nesta edição, ao lado de copos cujo design convida à degustação. ❉
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Vi nhos opu len tos, den sos, al gu mas
A forma tulipa nos remete aos aromas
A forma ovalada e a espessura de casca de ovo
ve zes do ces ou meio do ces, be ne fi -
florais e cítricos, típicos dos vinhos
destacam a tex tura densa com lágrimas que
ciam-se de es pa ços mai o res para
nela ser vidos. Menor o espaço, me-
escorrem suavemente, enaltecendo o aspecto
ae ra ção e ex plo são de aro mas ocul -
lhor a conser vação da baixa tempera-
visual. Os aromas explodem sem se perder. Na
tos. Para os vi nhos Ri es ling Grand
tura, fundamental para esses vinhos.
boca, refor ça o frescor que contrabalança a li-
Cru, Al sa ce Grand Cru, Ge würz tra mi -
Para os vinhos Rheingau, Grüner Vel-
corosidade do vinho. Para os vinhos Sauter-
ner, Grü ner Vel tli ner, Ju ran çon Sec,
tliner, Mosee-Saar-Ru wer, Or vieto, Pi-
nes, Ausbruch, Auslese, Barsac, Beerenausle-
Ri es ling (Late Har vest), Ri es ling
not (Blanc, Grigio, Gris), Riesling (Ka-
se, Dessertwine, Jurançon Moelleux, Ice Wine,
Sma ragd, Vou vray
bi nett), Roter Veltliner, Scheurebe,
Loupiac, Monbazillac, Picolit, Quar ts de Chau-
Sylvaner, Vernaccia, Welschriesling
me, Tokaji, Trockenbeerenauslese
20 ARC DESIGN
Vinhos firmes, for tes, mas de postura elegan-
Vi nhos en cor pa dos e com ple xos ao
As bor bu lhas não po dem se dis per -
te, vi vaz e vibrante precisam de espaço para
ex tre mo. Bran cos de alma tin ta,
sar, por isso a pos tu ra re ti lí nea,
os aromas e de borda aber ta para abranger
am plos e ple nos. Assim são esses
lon ga que des ta ca a ca cho ei ra de
toda a boca. Para os vinhos Alsace, Aligoté,
vi nhos, assim de vem ser os co pos.
pé ro las às aves sas. Por ser fe cha -
Chasse las, Che nin Blanc, Fen dant, Fur mit
Para os vi nhos Mon tra chet (Char -
do, per mi te sen tir me lhor o fres cor
(Dry), Gutedel, Kerner, Melon de Bourgogne
don nay), Bur gundy (Whi te), Char -
in ci si vo e a agu lha de li ca da dos
(Mus ca det), Mül ler-Thurgau, Mus ka tel ler,
don nay, Cor ton-Cha le mag ne, Meur -
es pu man tes. Para os vi nhos Cham -
Muskat-Ottonel, Neuburger, Recioto Di Soave,
sault, New World Char don nay. Pou -
pag ne, Cu vée Pres ti ge, Rosé Cham -
Ribolla Gialla, Ruländer, Soave, Tokay, Trebbia-
illy-Fu issé, St. Au bin
pag ne, Vin ta ge Cham pag ne, Vin ta ge
no, Vin de Savoie (White)
Spar kling Wine
21 ARC DESIGN
Bojo balão, com dimensão avantajada, permite aeração e
Frutas maduríssimas ou passas e cer to aro-
O copo ideal para desabrochar os
faz explodir os aromas complexos – mas delicados – de flo-
ma vegetal. O copo um pouco mais fino não
aromas de ju ventude essencial-
res, frutas e especiarias presentes nesses vinhos. A borda
deixa que os aromas se dipersem, além de
mente frutados, às vezes florais,
aberta suaviza os vinhos ner vosos, fazendo-os tocar alguns
colaborar com a temperatura, que não deve
de vinhos ser vidos a 14°C.
pontos da boca, essenciais para apreciar as sensações ma-
passar de 18°C. Para os vinhos Zinfandel,
Para os vinhos Beaujolais, Moulin
cias. Para os vinhos Burgundy Grand Cru, Barbaresco, Ba-
Ajaccio, Bardolino, Beaujolais Nou veau, Ca-
à Vent, Morgon, Juliénas, Fleury
ro lo, Beau jo lais Grand Cru, Blau burgun der, Burgundy
rignan, Chianti, Côtes du Roussillon, Côtes
(Red), Clos de Vougeot, Dornfelder, Echézeaux, Gamay, Mu-
du Ventoux, Dol cet to, Frei sa, Grig no li no,
signy, Nebbiolo, Nuits Saint Georges, Pinot Noir, Pommard,
Lambrusco, Montepulciano, Patrimonio, Pri-
Romanée Saint Vivant, Santenay, Volnay, Vosne-Romanée
miti vo, Sangiovese, Teroldego, Vin de Corse
Cou ro, es pe cia rias, iodo, fru tas e al ca trão
Es pa ço am plo para re ve lar os
no con jun to aro má ti co. Ple no na boca. Es-
inú me ros aro mas de vi nhos
ses são os vi nhos que caem no copo como
mais evo lu í dos. A dis tân cia
uma luva, ressal tan do o ave lu da do do vi -
con si de rá vel en tre o fun do do
nho e guar dan do sua com ple xi da de. Para
copo e a boca sol ta os sa bo res
os vi nhos Her mi ta ge, Ama ro ne, Bar be ra,
mais dis cre tos.
Blau frän kisch, Châ te au neuf-Du-Pape, Cor -
Para os vi nhos Tin to Reser va,
nas, Côte Rô tie, Cro zes Her mi ta ge, Gre na -
Crian za, Gran Reser va, Ri be ra
che, Mal bec, Mour vè dre, Pe ti te Si rah, Pri o -
del Du e ro, Ri o ja, Tem pra nil lo
ra to, Saint Jo seph, Shi raz, Si rah
O copo para vinho Beaujolais tinto, publicado na página 22, é produzido pela empresa francesa Luminarc e pode ser encontrado na Spicy. Tel.:0800 168388. www.spicy.com.br Os demais copos publicados na página 22 e todos os copos das páginas 20, 21 e 23 são produzidos pela empresa austríaca Riedel (coleção Sommelier) e podem ser encontrados na Expand Adega Santa Maria. Tel.:(11)3706-5252/www.expand.com.br
UM ESPAÇO BEM-TEMPERADO 24 ARC DESIGN
INTERIORES
Da Redação Fotos Nelson Kon
Be ber vi nho... Mu i tos são os
cenários possíveis. ARC DESIGN
mostra, nesta edição, a Forneria
San Paolo, cujo ambiente informal
e des po ja do – pro je to do ar qui -
te to Isay Weinfeld – reflete o
novo status do vinho: aquele de
bebida democrática e não-elitizada
Nesta pá gi na, vistas da fa cha da da For ne ria San Pao lo: ao lado, o restau rante fe cha do; no alto da pá gi na, em fun ci o na mento, quan do o imen so pai nel em ma dei ra é re co lhido, inte gran do a área do bar com a rua
Um ambiente informal e descontraído: esse foi o pedi-
garimpadas pelo arquiteto em Minas Gerais –, que ilu-
do de Rogério Fasano a Isay Weinfeld, quando convi-
minam a área do balcão e o salão do bar, ambientes
dou este para projetar a Forneria San Paolo.
marcados pelo dinamismo – seja das pessoas que vão
Despojado, mas acolhedor, o ambiente do restaurante
e vêm da calçada, seja dos funcionários que traba-
convida à permanência e a agradável atmosfera gerada
lham no balcão.
pela luz tem papel indiscutível nesse sentido. Toda a
A área da Forneria divide-se em dois salões: no da fren-
iluminação do restaurante é feita de forma indireta; a
te, plenamente integrado à rua, funciona um bar, e, no
única exceção são lâmpadas incandescentes antigas –
de trás, um restaurante. No espaço do bar, interior e
25 25 ARCDESIGN DESIGN ARC
exterior são separados por uma linha quase imaginária, que reforça a descontração do ambiente e convida a entrar aqueles que passam. O aspecto informal do espaço, por outro lado, “esconde” o refinamento característico dos projetos de Weinfeld, que nesse caso se evidencia nos detalhes do projeto. Um dos exemplos é o forro, executado em gesso com tratamento acústico: ao mesmo tempo que favorece a performance acústica do ambiente, forma um grafismo que contribui para a beleza do espaço interno. O emprego de contrastes para atingir o equilíbrio também orientou a escolha dos materiais utilizados: aço escovado e vidro predominam na cozinha e áreas destinadas ao serviço, enquanto a madeira e os cacos de mármore são os principais componentes do
Nesta pá gi na, desta que para o contraste de ma te riais uti li za dos no bar (acima) e na co zi nha (abai xo). Os mó veis e as lu mi ná rias fo ram dese nha dos pelo ar quite to Isay Wein feld, au tor do pro je to ar quite tô ni co
26 ARC DESIGN
restaurante. Assim, Weinfeld alterna materiais quentes e frios, high-tech e low-tech, brutos e lapidados, na bem-sucedida composição do espaço. Um grande painel de vidro possibilita a visão da cozinha pelos clientes, sugestão de Fasano ao arquiteto, que prontamente a incorporou ao projeto: “minha função é traduzir, interpretar os desejos e idéias do cliente em relação ao lugar. Nesse caso, especificamente, foi muito fácil, pois Rogério e eu temos uma grande afinidade”. No entanto, o que ressalta ao primeiro olhar é a mão do arquiteto e sua habitual elegância. ❉
Forneria San Paolo Rua Amauri, 319, São Paulo. Tel.: (11) 3078-4888
Nes ta pá gi na, duas vis tas do res tau ran te, com ilu mi na ção ar ti fi cial (aci ma) e na tu ral (abai xo). Des ta que para o for ro de gesso, que com bi na be le za e efi ci ên cia acús ti ca
27 ARC DESIGN
INTERIORES
INTERIORES EM BERLIM
Pes qui sa, con cei tu a li za ção, de sign, ma te ri a li za ção. Esta é a me to do lo gia uti li za da pelo jo vem es cri tó rio Mar ti ni, Me yer, de Ber lim, na con cep ção de ob je tos e es pa ços
28 ARC DESIGN
Na pá gi na ao lado, “Yel low Room”, insta la ção de 1999 lo ca li za da no Ro yal Col le ge of Arts, Lon dres. Nes ta pá gi na, es cri tó rio da agên cia alemã Das Werk, Ber lim: am bi en tes ami gá veis e di ver sas possi bi li da des de uso
Winnie Bastian Olhar para o óbvio de forma incomum: essa intenção é constante nos projetos do escritório Martini, Meyer, fundado em Berlim no ano 2000 por Alexandra Martini e Henrike Meyer, formadas em 1997 pela Escola de Artes de Berlim. Os trabalhos realizados pelas designers envolvem muita pesquisa para definir um conceito, que irá estruturar as diversas necessidades do espaço. Esse processo permite novas soluções projetuais, resultando em ambientes funcionais e inovadores. Berlim, a cidade, já inspira, instiga a inovação. Duas projetistas muito jovens, de alma nômade, e um saber viver minimalista, essencial, completam os ingredientes para uma criação livre, leve, solta... e extremamente funcional. Assim são os ambientes da Das Werk de Berlim – maior agência européia de processamento digital para filmes publicitários, musicais ou para televisão e cinema –, projetados recentemente pelas designers. O trabalho da agência envolve diferentes níveis de complexidade; possibilitar novos modos de trabalho – sem descuidar do aspecto formal – foi um dos objetivos do projeto. A principal intenção era permitir diversas ações simultâneas na mesma sala. Os ambientes foram projetados para que fosse possível sentar, ficar em pé, repousar, comer, ou qualquer outra ação, em períodos que poderiam variar de 30 minutos a 30 horas. O profissional pode trabalhar altamente concentrado no computador enquanto o cliente participa ativamente ou relaxa – às vezes até dorme – no fundo da sala. Nesta agência, um produto é sempre desenvolvido em grupo e o espaço precisa reagir às mais diversas situações. “Funcionalidade e circunstâncias que otimizem o trabalho são os aspectos mais importantes”, diz Alexandra Martini, que antes da fundação do escritório já desenvolvia projetos nos quais os conceitos “explodem”. A Yellow Room, projetada em 1999, por exemplo, foi instalada em um espaço que, até então, se caracterizava pela ociosidade. A sala destinava-se apenas à saída de emergência, mas possuía uma grande janela, com uma vista fantástica de Londres. Um assento flutuante foi posicionado em frente a essa janela, permitindo a contemplação da cidade a partir do alto (a sala localiza-se no 8º andar do Royal College of Arts) em um momento de serenidade. “A sala é luminosa, refletindo a luz do sol, enfatizando o azul da janela, o mundo exterior”, explica a designer. A exposição “Sight Specifics”, realizada em março de 2000, é ainda mais conceitual: nela, Martini expôs “móveis para olhar ao redor”. O mobiliário, nesse caso, é uma extensão da arquitetura e atua como ferramenta de reinterpretação das coisas cotidianas: olhar para o comum de forma incomum. ❉ 30 ARC DESIGN
O Martini, Meyer Büro for Gestaltung foi fundado em Berlim em 2000 e atua nas áreas de arquitetura de interiores, design e comunicação. Ale xan dra Mar ti ni (à direita) e Hen ri ke Me yer gra du a ram-se em 1997 pela Hochs chu le der Küns te Ber lin. Mar ti ni é mes tre pelo Ro yal Col le ge of Arts, Lon dres, onde es tu dou com Ron Arad, Vico Ma gis tret ti, Tom Dixon, Kons tan tin Grcic
Nesta página, ex po si ção Sight Spe ci fics, em que o mo bi li á rio inte ra ge com a ar quite tu ra, in du zin do o usu á rio a ob ser var o ex te ri or sob ângu los pré-de fi nidos
não queremos os mesmos modelos, a divisão óbvia dos espaços – o tempo mudou. Mas, afinal, é preciso separar o
aleatoriamente. Mas por onde começar? A Collectania, que está com novo show-room, apresenta suas propostas
Na composição do interior da casa contemporânea é preciso ir além da simples disposição de móveis e objetos escolhidos
novo show-room Collectania
Qualidade e elegância
Compor o nosso hábitat é um desafio. Já
I N T E R I O R E S
dentro e o fora? Deve a casa ser refúgio, ou extensão do externo? Expressar o tempo veloz dos nossos dias ou o tempo subjetivo de quem nela mora? A Collectania, que traz ao Brasil com exclusividade os produtos da empresa holadesa Auping e das italianas Misura Emme e Rimadesio, sugere caminhos para a casa contemporânea que deve refletir o estilo de vida e as atitudes de quem a habita. As peças e a composição total devem extrapolar a funcionalidade e dialogar com os demais elementos do espaço que as comporta. Como? Com a ajuda do design e da tecnologia, que caracterizam o mobiliário contemporâneo. “Para a sala de estar, estantes, prateleiras e armários Misura Emme, com divisões racionalizadas que reservam o lugar certo para cada objeto a ser guardado ou exposto. Linhas retas, sóbrias, minimalistas para que o detalhe personalizado sobressaia. As portas de correr e divisórias de vidro fosco com estrutura em alumínio, da empresa italiana Rimadesio, redimensionam o ambiente com a translucidez que amplia o pequeno ou divide o amplo espaço”, comenta Lili Tuneu, uma das sócias da loja. Nos quartos, a empresa holandesa Auping transforma a cama em um lugar para o sono e a vigília. Com o conforto de um sofá, permite relaxar, ler ou simplesmente estar, mostrando que é preciso (e saudável!) mudar hábitos. Além das articulações independentes, que se ajustam eletronicamente em diversas posições, outros recursos da cama permitem a regulagem da temperatura, que pode ser intensificada nos pés. Um sistema de circulação de ar mantém o equilíbrio da umidade deixando-a livre de ácaros... “A Collectania sugere um estilo de vida para quem se preocupa com a qualidade. Não são apenas peças, mas conceitos o que oferecemos. No show-room, aproveitamos o espaço para ousar, ir além do convencional e mostrar outras possibilidades de composição para os produtos. A partir dessas idéias, cada pessoa encontra aquela com a qual se identifica, apropria-se dela, intervém e personaliza seu espaço”, explica Lili Tuneu. ❉
Fotos Roberto Stelzer
Na pá gi na ao lado, no alto, des ta que para as di vi sõ es do clo set: orga ni za ção ra ci o nal e es pa ço para o que for pre ci so. Embai xo, ca dei ra Ar chet to, design Mau ro Lip pa ri ni. Aci ma, vis ta ge ral do show-room Col lec ta nia, com so fás Dune em pri mei ro pla no, design Mau ro Lip pa ri ni para a Mi su ra Emme. Abai xo, des ta que para as ca mas da em presa ho lan desa Au ping. Na mes ma foto, em se gun do pla no, am bi en te com pro pos ta ou sa da: ver de-li mão nas pa re des con tras tan do com a es tan te mi ni ma lis ta Mi su ra Emme. As por tas de cor rer Ri ma desio, ao fun do, di vi dem o es pa ço
MODA F A S H I O N
D E S I G N
Qual moda?
Depois do credo máximo, “form follows function” e seu antídoto, “form follows fiasco”, hoje a forma segue a matéria. No fashion design é o novo tecido, a nova matéria, que irá determinar as formas da moda
34 ARC DESIGN
Maria Helena Estrada O nômade metropolitano é o novo personagem da história contemporânea, e é para ele que Moreno Ferrari, designer da marca italiana C.P. Company, cria suas roupas-habitáculos. “Procuro contar uma história de emoções, inspirado no respeito pelo homem e por sua história – a qual as roupas deveriam contar. Procuro reconstruir o puzzle da vida e o próprio limite da roupa para fazê-la se tornar alguma coisa a mais que uma proteção: talvez um modo de habitar, ou a própria habitação, um refúgio, forma originária de todo habitar.” Com suas coleções para a C.P. Company, Moreno Ferrari anula os limiNa pá gi na ao lado, capa que pode ser en cur ta da com o uso de cor dõ es. Fei ta em “sof fio” – musse li ne de nái lon re ves ti da com resi na, uti li za da em guar da-chu vas – e im pressa com es tam pa-ca mu fla gem que re pro duz o efei to do fun do do mar vis to de uma ja ne la de avi ão. Co le ção C.P. Com pany, Pri mave ra/Ve rão 2000
tes entre moda e design: o corpo se torna medida do espaço e as estruturas habitacionais, sua prótese, sempre pensando na precariedade em que vivemos a cada dia. Um monofilamento de náilon, como uma linha para a pesca, processado em máquinas circulares de malharia, sem costuras. Esse o sonho de Paul Harvey, e base de sua última coleção para a Stone Island, marca italiana da qual é o criador. A busca da leveza, levando a pesquisas e experiências que têm como resultado roupas em tecidos como o K-way, capazes de caber em uma caixa para CD, ou o feltro Kevlar, tingido graças ao uso do poliuretano, interna e externamente. Há ainda o náilon com aço inox, ou o monofilamento, uma rede de náilon levíssima unida a outra mais resistente, além de outras descobertas que fazem com que a roupa seja construída para respeitar a morfologia do corpo humano. Mais atento à cultura material do que à da imagem, Paul Harvey diz ter aprendido seu ofício olhando as pessoas na rua, muito mais do que na escola. Em seu vocabulário a palavra “revival” não existe. A
Nes ta pá gi na, ja que ta in flá vel da sé rie I Tras for ma bi li, C.P. Com pany, co le ção Pri ma ve ra/Ve rão 2000. Em po li u re ta no trans pa ren te, é equi pa da com um com pres sor e, uma vez in fla da, trans for ma-se em pol tro na: os om bros e a gola for mam o en cos to, as man gas for mam os bra ços e a par te de trás, o assen to
beleza de suas roupas é aquela que deriva da construção e das características
da
ma-
téria. “Uma roupa deve ser como um
motor”,
afirma.
Acima, co le te em “crys tal wind”, que se trans for ma em mo chi la. C.P. Com pany, co le ção Pri mave ra/Ve rão 2000. Abaixo, bar ra ca for ma da a par tir de uma capa em “crystal wind”, ar ma da so bre es tru tu ra em car bo no. C.P. Com pany, co le ção Pri mave ra/Ve rão 2000
“Os motores não são desenhados, sua forma é inevitável.” Também Yohji Yamamoto, falando de seu método de criação, afirma, “começo do tecido, do material, do tato. Depois, passo à forma. Não sei o que depende do quê. Pode ser que as formas tenham necessidade de um determinado material, ou este, de uma específica forma”. São afirmações e conceitos contidos no livro “Carlo Rivetti: C.P. Company e Stone Island”, o primeiro da coleção Os Emergentes, editada pela Stardust, Itália, e dirigida pela crítica de design Cristina Morozzi. Um livro que fala sobre moda. Mas qual das modas? Aque la vis ta an tes de tudo como ex pe ri men ta ção e pro cu ra por no vos pa drõ es de vida, de li be ra ção e de li ber da de – com mu i tos
36 ARC DESIGN
À es quer da, no alto, de ta lhe de co le te com ca puz em lã de nái lon cor ta da a la ser, co le ção C.P. Com pany Ou to no/In ver no 2000/2001. Na se quên cia, duas ma lhas da Sé rie 100, am bas co le ção Sto ne Is land, Pri ma ve ra/Ve rão 2001
Aci ma, malha de náilon da Série 100. A espessura di mi nu ta e a construção elástica da trama conferem grande flexibilidade à peça, enquanto o uso do náilon a torna indeformável
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re tro ces sos, é ver da de, do es par ti lho ao sal to alto.
Morozzi, “na qual a primeira preocupação é a maté-
No passado, as mulheres, para manifestar seu desejo
ria, que não se restringe a uma questão de trama e
de emancipação, cortaram os cabelos e vestiram a es-
urdidura, mas a híbridos, surgidos das uniões mais
candalosa calça comprida. Hoje, dias de vida nômade,
disparatadas e de diversos processos de tingimento,
homens e mulheres pedem roupas que não amassem,
lavagem e outros”.
que não ocupem espaço em malas e armários, que
A empresa terceiriza a confecção, mas continua mo-
respeitem o próprio corpo. É a moda...
nitorando todo o processo para garantir a qualidade
No livro sobre Carlo Rivetti e suas empresas, C.P.
final. Fornece maquinário, treina operários, os man-
Company e Stone Island (que constituem a Sportswe-
tém ligados à direção central para que eles participem
ar Company), fala-se da moda como “um projeto de de-
dos mesmos ideais de inovação e excelência.
sign, indagando as funções e as possíveis mutações da
Cristina Morozzi define o projeto da Sportswear Com-
roupa, vista como interface entre o corpo e o espaço”.
pany como sensorial. “Mais do que à forma, diz res-
Moderna em sua estrutura, “a Sportswear Company,
peito à matéria, tratada como se fosse viva e, assim,
mais do que uma confecção tradicional, se parece
submetida a envelhecimento e modificações para
com uma in dús tria quí mi ca”, co men ta Cris ti na
que, como a pele, faça aflorar na superfície as rugas
Nesta página, saco de dor mir em “crystal wind”, ma lha de nái lon em bor ra cha do, in de for má vel e resis ten te ao ven to e à chu va. Abrin do-se o zí per, o saco de dor mir se trans for ma em uma par ka e uma mo chi la
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produzidas pelo tempo. Para que, como a pele, seja porosa e elástica e, como as epidermes delicadas, deixe transparecer as tramas, os enchimentos e forros que dão consistência às roupas.” Se a moda, em outros tempos, já foi definida como instrumento sociológico, indicador do gosto de uma época ou, “contemporaneamente ser e não ser, sempre no limite entre passado e futuro, capaz de dar, enquanto em voga, uma forte sensação do presente” , ou ainda, como capaz de criar um exclusivo código linguístico, hoje moda é design, obedecendo aos seus pressupostos de pesquisa e inovação. E, numa visão nem tão futurista, a roupa é prótese do corpo e habitáculo de seres que, com muito charme, se anunciam nômades no planeta. ❉
Nes ta pá gi na, par ka em po li u re ta no in flá vel que pode ser trans for ma da em col chão. Possui bo tõ es mag né ti cos e vem equi pa da com um pe que no com pressor e uma lan ter ni nha “Mag-lite”. O col chão pode ser co ber to por uma ten da em ma lha de nái lon ar ma da so bre le víssi ma es tru tu ra de car bo no
39 ARC DESIGN
PRODUTO
Em busca do
ESSENCIAL Design – ou melhor, desenho industrial –
minima lista, não apenas na forma,
mas também na concepção. Com
experiência internacional, mas
inspirado pela realidade
bra sileira, Guto Indio
da Costa desenvolve
seus projetos ti -
rando pro veito má -
ximo da simplici-
dade construtiva
Winnie Bastian “Trabalhar com o mínimo faz parte do design brasileiro.” Com essa afirmação, o designer carioca Guto Indio da Costa resume a essência do seu trabalho, que alia bom design e ecologia na criação de objetos nos quais a economia de meios é, muitas vezes, o fio condutor do projeto. Formado em 1993 pela Art Center College of Design, Suíça, Indio da Costa trabalhou em grandes escritórios de design na Alemanha, na França e na Dinamarca. De volta ao Brasil há cinco anos, já desenvolveu produtos tão diversificados quanto uma garrafa térmica e um abrigo de ônibus, um arbalete para pesca submarina e um ventilador. A garrafa térmica Alladin Futura é provavelmente seu produto mais conhecido. Ecológica (a cápsula pode ser substituída, pois a “casca” é apenas encaixada), simples e de baixo custo, já vendeu mais de 2 milhões de unidades e foi premiada no Brasil e no exterior. Seu mais recente projeto, o ventilador Spirit – desenvolvido em conjunto com o designer Martin Birtel –, também foi concebido com base na simplicidade. Na verdade, foi a busca pelo essencial que trouxe a principal inovação do Spirit: possui apenas duas pás, o que o diferencia de todos os ventiladores existentes no mercado brasileiro. Procurando ao mesmo tempo economizar material e tornar o ventilador mais leve, aumentando assim sua performance, os designers “despiram” o produto de quaisquer elementos desnecessários. Com esse exercício minimalista,
Nas duas páginas, ventilador Spirit em policarbonato, design Guto Indio da Costa e Martin Birtel. Projeto ousado, possui somente duas pás e é composto por apenas quatro peças (excluindo-se o motor e a luminária opcional), conforme o esquema ao lado. Na página anterior, destaque para os frisos da hélice, projetados para aumentar a resistência da peça ao mesmo tempo que sua espessura é diminuída
41 ARC DESIGN
Foto Tiago Santana
Nas duas páginas, mobiliário urbano para o bairro do Leblon, Rio de Janeiro. Acima, à esquerda, destaque para a combinação entre iluminação direta e indireta, voltadas, respectivamente, para as vias de veículos e de pedestres. Além de conferir identidade ao projeto, por meio de uma forma marcante, a luminária com luz rebatida proporciona uma atmosfera mais agradável ao pedestre
Foto Tiago Santana
Foto George Unterman
Neste projeto, Indio da Costa elegeu o poste (e a iluminação) como elemento unificador de todos os equipamentos: cabines telefônicas (acima, à esquerda), placas de sinalização (acima, à direita), semáforos, abrigos de ônibus (na página ao lado) e outros. A concentração de diversos equipamentos em um mesmo suporte resulta em mais área livre para o pedestre, além de baratear os custos de produção
42 ARC DESIGN
conseguiram projetar um ventilador composto por ape-
Executado totalmente em plástico, o Spirit apresenta duas
nas quatro peças.
versões: cores translúcidas (em policarbonato) ou branco
Uma curiosidade: durante a pesquisa para o desenvolvi-
sólido (em polipropileno). Conforme a cor escolhida, o ven-
mento do Spirit, descobriu-se que os aviões da época da
tilador pode “sumir” no teto, tamanha a limpeza de seu
Primeira Guerra Mundial eram monomotores com duas
desenho. Um produto verdadeiramente minimalista, não
pás e, ainda, que o uso de duas pás em vez de três pro-
apenas na forma, mas também no conceito.
porciona melhor performance aerodinâmica quando se
A simplicidade com a qual Guto Indio da Costa costuma
trata de motores com baixa potência. O desempenho do
conceber seus projetos também é evidenciada no mobi-
Spirit confirma tal afirmação: sua vazão de vento chega a
liário urbano criado em 1996 para o bairro do Leblon, no
ser 30% superior à de seus similares. Mas o desenho da
Rio de Janeiro – que integra a primeira etapa do projeto
hélice também foi essencial nesse sentido. Oito protótipos
Rio Cidade.
foram feitos para chegar ao desenho mais eficiente, façanha
O mobiliário urbano do Leblon alia identidade marcante e
possível graças ao processo de prototipagem rápida utiliza-
modulação construtiva: a maioria dos equipamentos pro-
do neste e em outros trabalhos de Indio da Costa. Os proje-
postos é vinculada a um poste, elemento-base. Na ilumi-
tos são detalhados em modelagem 3D e os protótipos gera-
nação, desenvolvida em conjunto com a lighting designer
dos a partir deste arquivo.
Esther Stiller, uma surpresa: além da tradicional iluminação
Foto George Unterman
Foto José Carlos Almeida
utilizada em espaços públicos abertos, propôs-se o uso da luz indireta. Esse recurso permitiu a criação de uma forte identidade para o bairro, por meio de dois fatores: a definição da hierarquia viária (luz direta para as ruas e luz indireta para as calçadas) e a criação de uma forma marcante para a luminária rebatida. Além disso, a existência da luz indireta gera uma atmosfera muito mais agradável, mais doce, e não ofusca a visão do pedestre. A modulação, por sua vez, vem de encontro a duas necessidades básicas, a da viabilidade produtiva e de organização do “caos” encontrado até então – algumas esquinas chegavam a ter seis postes para atender a funções diversas, como iluminação, fiação, semáforo, placas de sinalização e de nomes de rua. Tamanha foi a repercussão desse projeto que o designer foi chamado para desenvolver outra linha de mobiliário urbano, dessa vez para a empresa francesa JC Decaux. O que lhes chamou a atenção? O sotaque carioca de produtos com qualidade internacional. ❉
Abaixo, arbalete Cobra Sub para caça submarina, em alumínio extrudado anodizado e ABS e náilon injetados. Sua seção elíptica, que contém maior volume de ar do que as seções cilíndricas convencionais, garante que o arbalete tenha peso neutro dentro da água (não flutua nem afunda), facilitando a mira do alvo. Outra inovação diz respeito à precisão, aperfeiçoada graças à colocação de uma guia para o arpão. A empunhadura foi projetada para se adaptar com conforto a mãos de tamanhos extremos. Design Guto Indio da Costa e Martin Birtel Acima, parte do mobiliário urbano desenhado para a empresa francesa JC Decaux. Em sentido horário: abrigo modulado de ônibus – que explora a leveza e a transparência, com cobertura ondulada em chapas perfuradas de aço inox –, cabine policial e coluna multi-serviços. Colunas como estas acabam de ser instala das em Sal vador: nesse caso, fazem o papel de cabines telefônicas
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PRINCIPAIS PREMIAÇÕES: utilizada em espaços públicos abertos, propôs-se o GARRAFA TÉRMICA ALLADIN FUTURA 1º Prêmio FIESP Ecodesign – 1998 Bienal Internacional de Design 1998 – Saint-Étienne, França Diploma Museu da Casa Brasileira – 1997 RIO CIDADE - LEBLON Finalista do Mies van der Rohe Award for Latin America – 1998 IF Product Design Award – Industrie Forum Hannover – 1998 VENTILADOR SPIRIT IF Product Design Award – Industrie Forum Hannover – 2002 Diploma Museu da Casa Brasileira – 2001
uso da luz indireta. Esse recurso permitiu a criação de uma forte identidade para o bairro, por meio de dois fatores: a definição da hierarquia viária (luz direta para as ruas e luz indireta para as calçadas) e a criação de uma forma marcante para a luminária rebatida. Além disso, a existência da luz indireta gera uma atmosfera muito mais agradável, mais doce, e não ofusca a visão do pedestre. A modulação, por sua vez, vem de encontro a
CANETA SURF IF Product Design Award – Industrie Forum Hannover – 2002 Prêmio Incentivo ao Design – Museu da Casa Brasileira – 2001
duas necessidades básicas, a da viabilidade produtiva e de organização do “caos” encontrado até então – algumas esquinas chegavam a ter seis
Acima e à direita, garrafa térmica Alladin Futura. Abaixo, caneta Surf em termoplástico injetado. As peças desta caneta, destinada ao mercado infanto-juvenil, foram desenvolvidas com um software para modelagem 3D, e estes arquivos digitais orientaram a fabricação dos moldes na Alemanha. Design Guto Indio da Costa e Martin Birtel para a Compactor
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PRODUTO
ARNE JACOBSEN Este ano co me mo ra-se o cen te ná rio de Arne Ja cob sen, e a data abre es pa ço para uma re fle xão so bre sua obra e o con tex to em que ela se in se re, os cri a ti vos e ex pres si vos anos de 1950 e 1960, cu jos va lo res es té ti cos en sai am uma re to ma da qua tro dé ca das de pois Angélica Valente
Ao fundo, detalhe das escadas internas da prefeitura de Rodovre (1954-1956)
46 ARC DESIGN
“Arne Jacobsen? Neste momento estou sentado em uma cadeira desenhada por ele, a dinamarquesa, inovadora e brilhante como tudo o que ele criou”, foi a resposta de Michel Arnoult (designer francês radicado no Brasil há 50 anos) quando lhe perguntamos sobre o mestre dinamarquês. Assim é a obra de Jacobsen, reflexo de seu tempo e atual até nossos dias, destacando-se tanto na história da arquitetura quanto do design. Um trabalho que evidencia as relações entre as duas áreas, seja pela harmonia do conjunto criado, seja pelo contraste não menos harmônico de suas diferenças. Nascido em fevereiro de 1902, em Copenhague, Dinamarca, Jacobsen formou-se pela Escola de Arquitetura da Academia Real de Arte da capital dinamarquesa, à qual se juntaria anos
Aci ma, a Casa do Fu tu ro (1929), de Arne Ja cob sen e Fle ming Lassen, que intro du ziu a ar quite tu ra mo der na na Di na mar ca. Abai xo, sala de aula da es co la Mun ke gard (1949-1957), Van ge de, Di na mar ca, em que Ja cob sen co lo ca a “di na mar quesa” no co ti dia no dos alu nos. Na se quên cia, edi fí cio Bel la Vis ta (1932-1934): o movi men to da fa cha da per mi te que to dos os apar ta men tos te nham vis ta para o mar
mais tarde como professor. Foi o introdutor da arquitetura moderna na Dinamarca, com a Casa do Futuro, de 1929, projetada em parceria com Fleming Lassen, e o responsável pelo projeto do complexo da Praia de Bellevue (anos de 1930), ao norte de Copenhague – que inclui o edifício BellaVista –, considerada a primeira realização coerente dos ideais de vida moderna. Entre as décadas de 1930 e 1940, enquanto se desenvolve a arquitetura de estilo internacional, Arne Jacobsen opta por um modernismo que incorpora texturas de acento regionalista, como as paredes dinamarquesas de tijolos amarelos, ou os telhados de inclinação acentuada, iniciando a busca pelo estilo próprio que se consolidaria nos anos seguintes. Mas que anos foram esses? 1950, anos de reconstrução pós-guerra, da televisão como fenômeno mundial, do neo-realismo italiano; da euforia norteamericana expressa nas produções de Hollywood e nos arranha-céus que surgiam; dos jornais nos moldes dos periódicos de língua inglesa, com seções e divisões temáticas, destinados aos “open-mindeds”. Anos de nítido contraste entre arquitetura e design. A arquitetura precisava encontrar uma solução para os problemas urgentes de moradia e espaço suscitados pelo pósguerra. Mies Van der Rohe e a Bauhaus ofereciam a saída possível: linhas retas, sóbrias, vidro, luz, alumínio, concreto armado, produção industrial rápida e econômica. 47 ARC DESIGN
Ao lado, lu mi ná rias para as mesas do re fei tó rio do Co lé gio St. Ca the ri ne (1962), Ox ford, Ingla ter ra. Abai xo, lu mi ná ri as AJ Lam pe (1959) para o Ho tel Real, Co pe nha gue
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Enquanto isso o design, aproveitando-se das possibilidades oferecidas pelos avanços da indústria de base – a qual criava novos materiais e novas tecnologias para antigos materiais –, encontra formas orgânicas, uma tentativa de humanizar e dar identidade ao espaço funcional. Nesse contexto, Jacobsen produz uma arquitetura racionalista, resposta objetiva às necessidades da época, e um design orgânico, caracterizando a relação de forte contraste que pode ser observada no Hotel Real (1956-1961), edifício de traços retilíneos e cadeiras emblemáticas como Egg e Swan. Considerado o principal trabalho de Arne Jacobsen, o Hotel Real, no centro de Copenhague, neutraliza sua imponência e interferência no espaço, interagindo com o céu mutante da Dinamarca refletido em sua fachada, uma demonstração brilhante de poesia modernista. Para o hotel, Jacobsen desenhou praticamente todos os objetos do interior, onde se destacam as cadeiras Swan – assento, encosto e braços em uma só peça – e Egg, que com sua concha alta forma um abrigo e compõe o próprio espaço no ambiente. Mas antes mesmo do Hotel Real, em 1951, o artista, explorando as diversas possibilidades da madeira laminada moldada, cria um de seus maiores clássicos, a cadeira com assento e encosto em peça única, de linhas orgânicas e minimalista, para uso diário: Ant, a formiga, produzida pela Fritz Hansen em 1952 – e que um ano depois ganharia sala especial na exposição do Dansk Design Center – em pouco tempo tornou-se um best-seller. A cadeira marca o ponto de virada na carreira de Jacobsen
Aci ma, tor nei ras e du chas dese nha das ori gi nal men te para o Ban co Na ci o nal da Di na mar ca (1969), pro du zi das ain da hoje pela em pre sa Vola. Ao lado, de ta lhe do sis te ma de aber tu ra. Abai xo, dese nhos do pro je to
como designer, distanciando-o do mobiliário tradicional dinamarquês e do racionalismo, desvelando uma linguagem própria, e abrindo espaço para outras sucessoras, como Series 7, a Dinamarquesa, a mais conhecida delas. Chegam os anos de 1960, “inaugurados” com La Dolce Vita e encerrados com a Revolução de 1968. Entre eles, o boom econômico, a conquista do espaço, o feminismo, Sartre e Marcuse com suas novas idéias, jovens da Sorbonne às Américas pedindo novos valores. Anos das grandes esperanças, das lutas de trabalhadores, da crise da família e da rejeição da sociedade de consumo. Os questionamentos constantes pedem uma arquitetura de espaços menos estáticos e mais humanizados. Jacobsen adota agora sistemas modulares e princípios de adição, uma arquitetura estrutural e flexível, sustentada na combinação de elementos com base comum. O aspecto modular, profundamente intricado na arquitetura tradicional 49 ARC DESIGN
Aci ma, Cylin da Line, sé rie que in clui 17 pe ças di fe ren tes, ven ce do ra do prê mio Da nish Design de 1967, ano em que foi pro je ta da. Ao lado, des ta que para o dese nho ri go ro sa men te ergo nô mi co da alça. Abai xo, ta lhe res para o Ho tel Real, pro je to de 1957, que fo ram usa dos no épi co fu tu ris ta de Stan ley Ku brick: 2001 – Uma Odisséia no Es pa ço
dinamarquesa, era retomado, evidenciando a volta à identidade regionalista. No design, o trabalho com formas cilíndricas e modulares surge na série de serviços de mesa em aço inox Cylinda-Line, e segue até as últimas séries de mobiliários por ele desenhadas, as Series 3600. O trabalho de Arne Jacobsen foi a interação entre estética e habilidade técnica, incorporando a dimensão da utilidade em cada criação. Inovador, ele explorava a possibilidades dos materiais, transformando suas limitações em novos projetos de design. “Jacobsen iniciou seus projetos como arquiteto de escola, construindo habitações modernistas e, ao longo da vida, aprimorou sua arte, terminando como clássico”, diz o arquiteto Júlio Katinsky. E parodiando Drummond, Katinsky encerra: “como ficou chato ser moderno, Arne Jacobsen resolveu ser eterno”. ❉
Para comemorar o centenário do nascimento de Arne Jacobsen, o Dansk Design Center de Copenhague organizou a exposição “Evergreens & Nevergreens”, baseada em exemplos do universo multifacetado do designer. A versão itinerante da exposição, “Milestones & Evergreens”, vai percorrer ao longo deste ano as cidades de Berlim e Mainz, na Alemanha, Toronto e Montreal, no Canadá, Oxford, na Inglaterra, e Istambul, na Turquia. O Museu Louisiana de Arte Moderna, de Humlebaek, Dinamarca, também fará sua homenagem ao arquiteto com uma exposição que vai até o início de 2003. No Brasil, a Forma organizará uma exposição da obra de Jacobsen em abril. 50 ARC DESIGN
Nes ta pá gi na, ima gens do Ho tel Real. Aci ma, da es quer da para a di rei ta, a fa cha da do ho tel, a sala e o bar Or quí dea, no cen tro de Co pe nha gue. Ao lado, dese nhos de co pos para o res tau ran te. Abai xo, o sa guão prin ci pal: con tras te evi den te en tre o in te ri or ra ci o na lis ta e o mo bi li á rio de li nhas orgâ ni cas
51 ARC DESIGN
F E I R A S
De onde virá a
nova estética?
Pa ris e Co lô nia re a li zam os dois sa lõ es, ou fei ras, do in ver no eu ro peu. Pa ris, em bo ra tam bém abri gue a pro du ção co mer ci al, tem como pon to de in te res se o jo vem de sign fran cês. Co lô nia, na Ale ma nha, gran de fei ra co mer ci al, si tua-se en tre o já vis to e um in ci pi en te ra di ca lis mo for mal
Maria Helena Estrada O que chama a atenção, nas mostras institucionais do Salão de Paris – cujo material foi enviado por nossa correspondente Judith Pottecher –, é a sempre presente raiz decorativista do design francês e, em 2002, algum retorno (passageiro, esperamos) aos anos 1960. O que não inclui os projetos patrocinados por escolas e órgãos de valorização do design, apesar do VIA, ainda este ano, se preocupar com o espaço de estar social dos TVs maníacos e “plugados”, com velhas soluções como o tapete/poltrona. Contradições dialéticas? Chama também a atenção que, apesar de toda a vontade de se inserir na vanguarda do design, o Salão de Paris tenha conferido o prêmio de Criador do Ano a François Bauchet e a seus móveis, na contratendência da modernidade e da ecologia! “Criar corpo, criar massa, tornar físico, criar espessura, presença, densidade, em um mundo no qual o virtual parece querer tudo absorver”, são as intenções declaradas de Bauchet. Mas retrô à parte, encontramos no Salão de Paris o resultado de mais de duas décadas de investimentos do governo
Nas duas páginas, imagens relativas ao Salão de Paris. Acima, vaso em cordas, técnica tradicional indiana; design Satyendra Pakhale. À direita, vista da bolha inflável onde aconteceu o Le Phare
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francês, que resultaram em uma nova geração de ótimos designers, muitos deles já atuantes no mercado internacional. A receita? Escolas excelentes e um firme apoio governamental. Com essa nova valorização do design, algumas indústrias começam a demonstrar coragem e ousadia, investindo na produção de móveis e objetos de projetistas franceses. Por outro lado, empresas como a DuPont e outras, produtoras de matéria-prima artificial, propõem parcerias que irão resultar em novos usos para seus produtos. É o caso do Corian, da DuPont (alô, DuPont Brasil, vamos criar aqui, também, um estímulo ao uso do Corian no design?). A mostra WorldWide, edição do catálogo Repères, organizado há seis anos pela jornalista Brigitte Fitousse e pelo designer Christophe Pillet, reuniu profissionais de diversas partes do mundo, com o design brasileiro representado por Fernando e Humberto Campana. A seleção revela o conceito do nomadismo urbano, da fusão de culturas diversas e, também, uma vontade atual de revalorizar as próprias raízes, de abandonar padrões e modelos dominantes. “É preciso ser nômade, atravessar as idéias como se atravessam as cidades e as ruas”, já pressentia, há mais de meio século, o pintor francês Francis Picabia. Mostrando a energia que impulsiona o design francês, o espaço Design Lab apresentou Recherches 2002 – um encontro entre designers e novos materiais. As indústrias que aceitam participar dessa experiência, divulgando o seu know-how, são os próprios produtores da matéria-prima. Assim, Corian, Alucobond, Recticel, e outros materiais ainda pouco conhecidos, entram no vocabulário do design de móveis e objetos. Na mostra, uma estante em vidro opalescente, de Wulf Schneider, muda de cor quando se aciona o controle remoto – resultado de uma tecnologia usada na indústria automobilística. A DuPont chamou Ettores Sottsass para definir sua palheta de 90
Aci ma, chai se-lon gue em Co rian, design Chris tian Ghion, re a li za da em par ce ria com a Co rian Du Pont de Ne mours para a ex po si ção Re cher ches, do Design Lab. Abai xo, à es quer da, pol tro na com es tru tu ra me tá li ca e es to fa men to em 3D Tex ti le, de sign Fran çois Azam bourg, pro du zi da em par ce ria com Tis savel/Cer tec. Abaixo, vaso Ba tu que, de sign Fer nan do e Hum ber to Cam pa na; ex pos to na mos tra World Wi de
Nas duas pá gi nas, pro du tos apre sen ta dos na fei ra de Co lô nia. À es quer da, lu mi ná ria pen den te Hi wave, em po liés ter e alu mí nio, de sign Ilk ka Sup pa nen, da Snow crash
Ao lado e abaixo, duas peças da Cocollection. Schrank, estante em alu mínio (estrutura e prateleiras) e tecido de náilon, design Marcus Blom: o tecido “flutua” entre a estrutura, sendo fixado apenas nas extremidades por faixas de velcro. Shaky Seats, bancos em fibra de vidro e poliéster, design Sabrina Diehl
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nuances do Corian e vem estimulando na Europa, já há alguns anos, a criação dos jovens designers. Pelo quinto ano consecutivo a Ensad, Escola Nacional Superior de Artes Decorativas, tem seu espaço no Salão de Paris. No projeto de 2002, o Le Phare apresentou o Solardôme, uma área fechada em imensa bolha inflável, de plástico transparente, na qual eram apresentados protótipos criados pelos estudantes e que exemplificavam a fluidez, a leveza, o cosmopolitismo e o nomadismo de nossa época. E a Alemanha? Em Colônia não encontramos conceitos ou discursos, mas a força da indústria e da distribuição globalizada. Mas é também em Colônia que expõem, foraSalão, designers completamente isolados desse contexto comercial, que radicalizam na expressão de novas formas de vida e de comportamento. Algumas empresas também vêm divulgando essa nova visão – como a Moorman, com seu lema “think simple, live simple”, englobando a noção de um nomadismo contemporâneo –, que tem traduzido diversos conceitos do design da Europa do norte. É a evolução dos costumes que sinaliza a criação no
Nesta página, linha Loom, em tela metálica revestida com papel. O material, desenvolvido há quase 100 anos (!?), ganha conotação contemporânea com as peças propostas por Ross Lovegrove. Resistentes e muito leves, podem ser utilizadas em ambientes internos ou externos
design, ou são designers iluminados que se antecipam aos sinais ainda fracos do cotidiano e nos propõem novos modos de vida? Refletir e escolher: o global ou o regional? Experimentalismo e vanguarda, ou o globalismo pasteurizado que nos propõe a maior parte da grande indústria? Vida nômade ou o “stablishment”? Viver no próprio tempo ou se apegar a formas arcaicas do hábitat? São questões que, hoje, inquietam designers e indústrias e abrem espaço para uma nova estética. ❉ 55 ARC DESIGN
PUBLI EDITORIAL
GIROFLEX
A linha EVO para escritórios, novo
Aci ma, algu mas das op çõ es de per nas para as mesas. A Gi ro flex providen cia o ajuste de cada uma no lo cal de tra ba lho, sen do que a va ria ção de al tu ra pode ser de até 8 cm
grafite, preto-fosco, pérola e alumínio,
lançamento da indústria austríaca de
possuem alto grau de estabilidade e
móveis Svoboda, já está sendo fabri-
são projetadas para propiciar liberda-
cada pela Giroflex no Brasil. O mobi-
de de movimentos ao usuário, permi-
liário reúne racionalidade, conforto,
tindo ainda mudanças de layout e am-
durabilidade e um alto valor agregado
pliações de acordo com a necessida-
do design. O projeto de Nick Butcher
de de cada espaço. Um ajuste de al-
utiliza elementos modulares de linhas
tura de até 8 centímetros permite a
elegantes, que conferem flexibilidade
adaptação das mesas a cada usuá-
ao layout do ambiente.
rio. Os tampos podem ser em madei-
Mesas, estantes, gavetas, prateleiras
ra (pau-marfim, freijó e louro-escu-
e outros módulos em diversos forma-
ro) ou melamina (nogueira, marfim-
tos permitem as mais variadas adap-
super, argila e ovo).
tações. Os acabamentos e as cores
Fabricante e distribuidora exclusiva
ampliam as possibilidades. As estru-
da Svoboda no Brasil, a Giroflex pos-
turas metálicas, oferecidas nas cores
sui diversas lojas em todo o país.
Abai xo, o con tras te en tre a ma dei ra e o co lo ri do vi bran te da base que bra a so bri e da de do con jun to. Na pá gi na ao lado, es cri tó rio com pos to por di ver sos mó du los do sis te ma EVO: o aca ba men to mar fim dá le ve za ao am bi en te
GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro – São Paulo, SP Tel.: 0800 112580 www.giroflex.com.br
PUBLI EDITORIAL
FIRMA CASA Uma das principais editoras francesas
Pérès, proprietários da marca, assu-
de móveis contemporâneos, Domeau &
mem os riscos da inovação, utilizando
Pérès apresenta criações que se situam
novos materiais, formas e cores inéditas
entre o artesanato refinado e o proces-
para criar um design que rejeita rótulos
so semi-industrial – peças sob medida
e explora livremente os caminhos possí-
que podem ser reproduzidas dez ou
veis. O resultado são peças de linhas ar-
100 vezes. A Firma Casa traz agora pa-
rojadas, em materiais inusitados, como
ra o Brasil, com exclusividade, alguns
o neoprene, a lycra e a lã, além dos tra-
dos produtos da marca.
dicionais trabalhos em couro.
O trabalho realizado pela Domeau &
A vinda da francesa Domeau & Pérès
Pérès alia a tradição do fazer ancestral
para o Brasil vem ao encontro da filoso-
ao design de vanguarda, em peças de
fia da Firma Casa: investir no design de
jovens talentos, como Ronan e Erwan
qualidade, seja ele nacional, seja inter-
Bouroullec, e de criadores de renome,
nacional. Além disso, as tradicionais
como Andreé Putman. A chaise-longue
empresas italianas Zanotta e Moroso,
Video Lounge, já disponível no Brasil, é
que já fazem parte da coleção Firma
parte da coleção criada por Christophe
Casa, também trarão novidades nos
Pillet, diretor de arte da marca.
próximos meses, ampliando a gama de
Audaciosos, Bruno Domeau e Phillipe
produtos oferecidos pela loja.
Foto A. Paderni
Aci ma, sofá Low Land, uma das no vi da des da em pre sa ita li a na Mo ro so, que a Fir ma Casa tra rá nos pró xi mos me ses. Pro je ta do pela de sig ner es pa nho la Pa tri cia Ur quio la, tem estru tu ra em ma dei ra, re cheio em es pu ma de po li u re ta no anticha ma e re vesti mento re moví vel. À esquerda, chai se-lon gue e ban que ta Vi deo Loun ge, um dos pro du tos de mai or des ta que da Do me au & Pé rès, já dis po ní vel no Bra sil. Possui assen to e en cos to re ves ti dos em lã e pés em aço es cova do. Design Chris to phe Pil let
FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br
PUBLI EDITORIAL
FORMA Eles dividem espaços com neutralidade, mas não passam desapercebidos. Assim são os biombos Wing e Viper, produzidos pela empresa dinamarquesa Fritz Hansen. A elegância e a simplicidade características do design escandinavo são elementos comuns às duas peças, que a Forma importa para o Brasil. Desenhado em 1996 pelo jovem designer dinamarquês Hans Jakobsen, o biombo Viper é altamente flexível, pois Nesta página, bi om bo Wing, design Lars Ma thiesen e Ni els Gam mel gaard, 1993. Em alu mí nio ano di za do, está dis po ní vel nas co res na tu ral ou pre ta. Mó du los com po ní veis de 94 x 180 cm. Na página ao lado, bi om bo Vi per, em alu mí nio ano di za do na tu ral ou pre to-mate. Possui 160 cm de al tu ra e com pri men to ini cial de 300 cm, po den do ser alon ga do até a di men são dese ja da. Design Hans Ja kob sen, 1996
é formado por diversos tubos ovais de alumínio articulados individualmente. Essas articulações são montadas e desmontadas manualmente – sem o auxílio de ferramentas – por simples encaixe. A extensão padrão de Viper é de 300 centímetros, mas o biombo pode ser estendido a qualquer tamanho: basta adicionar
o número de tubos correspondente ao comprimento desejado. O biombo Wing, por sua vez, é constituído por folhas de alumínio curvadas, anodizadas nas cores natural ou preta. Cada unidade é formada de duas folhas, posicionadas sobre rodízios duplos; um biombo pode ser formado por duas ou mais unidades. Projetado pela Pelikan Design (Lars Mathiesen e Niels Gammelgaard), Wing é um bom exemplo do trabalho desses designers: despretensioso, minimalista... e muito expressivo. Tanto Wing como Viper estão disponíveis em três versões: folhas inteiras, folhas perfuradas (efeito de transparência) e folhas perfuradas com “recheio” de material absorvente acústico.
FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br
Tipografia na Arquitetura: DE S IGN GR Á F IC O
Linguagens Limítrofes
Os tipos autoportantes, característicos do modernismo internacional, deixaram de ser utilizados em favor da fusão direta com as superfícies arquitetônicas. Dessa forma, a tipografia começou a fazer mais do que rotular um edifício – ela passou a assumir o papel de um sistema de identidade, sugerindo novas interpretações figurativas. Na França, cada vez mais as paredes e os edifícios estão sendo cobertos pela escrita. A onda refrescante do grafite urbano é parte de uma relação emergente entre a tipografia e o ambiente. E o que, à primeira vista, pode parecer um jogo aleatório, revela uma nova linguagem, limítrofe à arquitetura, ao urbanismo e à gráfica. 62 ARC DESIGN
Nas duas pá gi nas, ESI SAR, es co la para en ge nhei ros elé tri cos em Va lên cia, Fran ça. Na pá gi na ao lado, de ta lhe da pele ti po grá fi ca desen vol vi da para pro te ção so lar. Nes ta pá gi na, duas vis tas ge rais do pré dio da es co la: a tex tu ra ti po grá fi ca, cria da a par tir da re pe ti ção, em di ver sas es ca las, do có di go nu mé ri co bi ná rio (0 e 1), pode ser ob ser va da de lon ge, con fe rin do iden ti da de ao edi fí cio
Robin Wilson para a revista Blueprint, Londres Sedutoras arquiteturas gráficas – vindas nos últimos anos de práticas emergentes – são a grande atração na arquitetura francesa, como adjunto decorativo a uma preocupação constante: a transparência. Francis Soler utilizou, em 1997, uma técnica de esmalte serigrafado para aplicar a repetição de fragmentos de um afresco de Jules Romain às janelas de um novo edifício próximo à Biblioteca da França e, dois anos mais
Neste projeto, a so lu ção de Baur foi uti li zar os ca rac te res da fer ra men ta bá si ca da ci ên cia da com pu ta ção e, assim, da pró pria es co la: o có di go nu mé ri co bi ná rio, o que dis pen sou o su por te usual para os ele mentos grá fi cos – tex to, íco ne, ima gem. O sím bo lo grá fi co, assim, tor na-se mar ca, man cha ou má cu la; mar ca feita pelo ho mem, equi va lente àque las en contra das na na tu reza. Como o pêlo e as plu mas do mun do ani mal, elas ex pressam o pa pel do cor po no contex to so cial e do meio am bi ente. Vi san do prin ci pal mente o ex te ri or do edi fí cio, a ta re fa de criar uma identida de tam bém se fun diu com a de re gu la ção cli má ti ca: o pro je to pro du ziu uma situa ção não-usual, na qual o design ti po grá fi co atua como uma bar rei ra para os rai os so la res
tarde, Manuelle Gautrand usou a fotografia, produzindo 63 ARC DESIGN
paisagens invertidas nos quiosques para compra automática de bilhetes, nas rodovias do norte da França. Uma das utilizações mais sutis da fotografia na arquitetura pode ser encontrada em um subúrbio de Touquet, no foyer de um ginásio local. Sylviane Saget e Jean-Paul Bonnemaison usaram uma técnica diversa – cujos detalhes não revelam – para transferir uma “cronofotografia” de Jules Marey (atleta de salto com vara dos anos de 1880) para um filme colocado entre duas folhas de vidro laminado.
Na página ao lado, esquemas gráficos e de sinalização do Centro Georges Pompidou, em Paris; projeto do escritório francês Ruedi Baur and Associates. Ao lado, interior do Pompidou. No centro e abaixo, material impresso, também projetado por Baur. Nesta página, imagens da expo sição de Pierre Chareau no Centro Pompidou (1995), projeto do es critório francês Ruedi Baur and Associates
Marey’s Saut de la Perche foi ampliada na medida da
o escritório de design Ruedi Baur and Associates, de
escala urbana, transformando a imagem em uma inter-
Paris, produz esquemas gráficos e de sinalização para
face entre duas estruturas temporais: o tempo arquite-
diversos eventos, instituições e territórios – de exibi-
tônico e a vida cotidiana.
ções temporárias a cidades inteiras, como Lyon.
Mas foi devido a uma evolução no uso da tipografia arqui-
Trabalhando com Renzo Piano nos sistemas de sinali-
tetônica que ocorreu a exploração de novas relações entre
zação para o “novo” Centro Pompidou e para o Centro
os aspectos gráfico e estrutural, de tal forma que um futu-
Cultural Tjibaou, essa prática produziu um efeito posi-
ro para a gráfica arquitetônica já pode ser vislumbrado.
tivo em relação à exposição da arquitetura a conceitos
“Penetrar na lógica de um edifício” é a filosofia com que
gráficos complementares. Na brochura preparada para
65 ARC DESIGN
a primeira inauguração do Centro Pompidou, antes da reforma, Piano propunha que seu edifício fosse “uma ‘cabine’ bem servida, totalmente capaz de mudanças na planta, nas secções e elevações, sendo capaz de absorver o imprevisível Na verdade, a mudança mais significativa realizada durante a reforma no Pompidou não dizia respeito a nenhum dos planos arquitetônicos, mas representava a expressão tipográfica da entidade sociocultural na qual o edifício se transformara. Foi um acréscimo transarquitetônico, pode-se dizer, que utilizou os campos físico, mental e social dos espaços de circulação do Pompidou como suporte. Provando ser tão adaptável quanto seu edifício. Piano se mostrou capaz de absorver “o nunca visto”. Ele estava aberto a trabalhar com temporalidades desiguais, da arquitetura e da gráfica. Isto confirmou a Baur que seu trabalho poderia ter um papel positivo e contíguo à evolução de um edifício. Piano também permitiu que o esquema de sinalização “in progress” alterasse seus planos para o interior. Depois de perceber como a equipe de designers gráficos pretendia reincorporar e fazer evoluir os esquemas de cores dos anos de 1970, ele decidiu fazer os próprios acréscimos em tons neutros de cinza. A feliz síntese com o trabalho de Piano levou Baur a descobrir o que ele descreve como uma “colaboração exemplar” com arquitetos, mesmo em projetos de especificação contrastante àquela do Pompidou. Baur foi convidado por Florence Lipsky e Pascal Rollet para encontrar uma solução para uma fachada que atuasse como um grande painel gráfico de identificação para ESISAR, escola para engenheiros elétricos em Valence, França. Em vez de realizar uma interferência pósconstrução, este foi um projeto no qual uma pele tipográfica foi Nesta página, sinalização interna de Beatrice Fichet e Valerie Popot para a ampliação do Lycee Remi Belleau, em Nogent-le-Rotrou, França, projeto dos arquitetos Sophie Berthelier, Philippe Fichet e Benoit Tribouillet, 1995
desenvolvida simultaneamente com a forma arquitetônica. Os caracteres são em verniz negro e durável, aplicados com serigrafia e colados por meio de um tratamento de calor entre duas folhas de vidro. Os tipos aparecem em três medidas: de poucos milímetros a 27 centímetros e próximas a um metro. Essa variação de escalas permite que o código numérico binário forme um
66 ARC DESIGN
Nesta página, duas vistas do Point Info, com aplicações tipográficas de Fichet e Popot. Acima, a fachada leste, semitransparente, em metal perfurado. Abaixo, uma faixa vermelha de caracteres segue a própria narrativa do edifício, que emerge das fundações ou, simbolicamente, do coração do bairro. Esta faixa forma uma fenda – como se fosse grafitada – com caracteres crípticos, querendo expressar a equação da evolução metafísica do edifício, como se o formulasse ou definisse antes de virar a esquina para a fachada frontal, quando a escrita se torna legível
67 ARC DESIGN
68 ARC DESIGN
campo de sombra estrategicamente posicionado e se
lippe Fichet e Benoit Tribouillet (B/F/T), um sistema de
projete visualmente pelo espaço, particularmente para
sinalização é desenvolvido pela equipe gráfica inter-
o oeste, onde a fachada é visível para motoristas em
na de Beatrice Fichet e Valerie Popot. Elas também
uma auto-estrada periférica.
trabalham de forma independente e estão atualmente
A aplicação do conceito nasceu de uma colaboração
desenhando um esquema de sinalização para o Centro
não-planejada entre os designers e a escola. Um progra-
Nacional de Fotografia em Paris. Fichet e Popot desen-
ma de computador foi utilizado para gerar a distribuição
volveram uma abordagem que pode ser descrita como
aleatória de um código numérico binário, mas produziu
a repetição da narrativa arquitetônica de um edifício,
disposições indesejadas. A tarefa foi então passada ao
utilizando faixas que o contornam com sequências
diretor da escola (um matemático) e a seus alunos, para
semi-abstratas de caracteres, aplicadas diretamente
reescrever o programa. Se este não tivesse sido proces-
nas fachadas principais.
sado pelos cérebros e computadores da escola, o efeito
Entre os projetos mais espetaculares do B/F/T está o
visual de aleatoriedade não teria sido obtido: seria ape-
Point Info (centro de informação) em Tabellione, um su-
nas uma pele falsa. O que o diretor e os alunos con-
búrbio de Dreux, bairro decadente e segregado, embo-
seguiram fazer foi emprestar ao design do código
ra próximo do centro histórico, e com alto índice de de-
numérico um aspecto de não-design, para autenticar os
semprego. Empreendimento do final dos anos de 1960,
caracteres como uma erupção da pigmentação da
são blocos-torre distribuídos em torno de uma praça
superfície. Essa dinâmica entre expressão externa e
central desajeitada. A tarefa identificada pelos arquitetos
conteúdo interno também é verdadeira para a relação
foi a de efetuar uma intervenção que reafirmasse a natu-
entre os grafismos e o design arquitetônico de Lipsky e
reza do ambiente existente e proporcionasse meios de
Rollet. Pascal Rollet reformula o edifício como uma série
permitir aos indivíduos formas de vida dignas, apesar
de caixas autoportantes revestidas em madeira entre
das condições adversas. Teria principalmente de se esta-
dois blocos Miesianos (referindo-se aos edifícios linea-
belecer uma comunicação com a juventude do bairro.
res e de fachada livre de Mies van der Rohe no Illinois
O Point Info passou a servir de mediador entre as áre-
Institute of Technology).
as abertas, espaços para pedestres, e as superfícies
Os painéis gráficos de Baur, de fato, abrigam a “alma”
perpendiculares dos blocos-torre. Ele parece, essenci-
do colégio: seus centros de serviços de informática.
almente, um bloco vertical que foi trazido para o nível
Há, por essa razão, uma ligação explícita e simbólica
dos pedestres, deslocado do pilar e recolocado na cota
entre os centros nervosos “flutuantes” e a decoração
da praça central.
das fachadas. São essas evoluções do volume funcio-
A equipe aplicou uma tática similar a todo o compri-
nal e modernista que elevam a função-chave do edifí-
mento da fachada interna de uma escola católica em
cio por meio da “pixação” como expressão gráfica ex-
Chartres: com desenhos em estêncil laranja e verme-
terna. A solução de Baur em Valência trata do principal
lho, os caracteres vão da abstração total à parcial, final-
desafio nos grafismos arquitetônicos: como introduzir
mente se reunindo para formar palavras legíveis nas
um motivo repetido e/ou monumental sem produzir
portas das salas de aula.
um gesto brutalista, e ampliar, em vez de negar, os
Esse uso da tipografia tem uma relação específica com
conceitos da arquitetura.
o grafite e é um reconhecimento generoso do seu pa-
A agência de Baur não está sozinha no desenvolvimen-
pel, ao contrário das tentativas de estigmatizar sua ma-
to de táticas tipográficas de tal nível. A década de 1990
nifestação como vandalismo. Ele afirma o ato de mar-
viu o surgimento de um projeto particularmente sofis-
car uma superfície e, assim, trazer uma escala humana
ticado de neominimalismo a partir de uma intervenção
para a arquitetura.
realizada na cidade de Chartres.
O Point Info, em sua narrativa do colapso do vertical ao ho-
Para cada projeto dos arquitetos Sophie Berthelier, Phi-
rizontal, também realiza o ato de se deslocar do espaço
Acima e abaixo, vistas da fachada do Centre National de la Photographie, Paris, 2001. Projeto de Beatrice Fichet e Valerie Popot
Nesta página, diversas vistas do Parque Kalkriese (1995), nos arredores do Centro Cultural Tjibaou, Noumea, Nova Caledônia
arquitetônico para aquele do pedestre. Fazendo isso, transforma-se em superfície para uma versão dignificada e comunitária, talvez até higienizada, do grafite. O que o Point Info tem em comum com a escola de engenharia e, de fato, com o ginásio de Touquet, é que os grafismos estão genuinamente em contato com a estrutura, a funcionalidade e a vida social. Baur escreve: “a idéia é desenvolver uma linguagem simbólica coordenada, ligando elementos largamente variáveis na escala, em lugares e com medidas de tempo que também variam. Deve-se apenas tomar cuidado para não cair na armadilha da repetição exagerada ou da cacofonia: ambas destroem a diversidade”. O grafismo arquitetônico bem-sucedido é, pode-se dizer, uma imagem expandida por meio de uma modulação repetitiva. Ela se expande para deixar para trás o fetichismo da imagem publicitária e para definir um território neutro; um interstício comportamental, espacial e temporal, e um terreno comum para a vida nas cidades. ❉
70 ARC DESIGN
Nesta página, vistas de um ginásio do subúrbio de Touquet: Sylviane Saget e Jean-Paul Bonnemaison ampliaram o salto de Jules Marey para a escala urbana, transformando a imagem em uma interface entre duas estruturas temporais: o tempo arquitetônico e a vida cotidiana
Sen te-se e re la xe... ou não Nos so pa no ra ma des ta edi ção traz o re per tó rio das ti po lo gias exis ten tes no mer ca do bra si lei ro para o sen tar. Ca dei ras e pol tro nas es tá ti cas, fle xí veis, ere tas, tor tas; pos tu ras para o tra ba lho, para o des -
PANORAMA BRASIL
can so e para o en tre te ni men to. Ca dei ras, ban cos, pol tro nas, so fás, es pre gui ça dei ras: ain da é pos sí vel ino var? Ar qui te tos e de sig ners de se jam (re)cri ar a ca dei ra, en con trar a úni ca, mas todas as cur vas já foram de se nha das e as re tas o cor po re jei ta. A ino va ção hoje par te do ma te ri al e suas pos si bi li da des for mais, e tam bém dos há bi tos de vida e seus mo vi men tos, re sul tan do em no vas pos tu ras e ma nei ras de sen tar. Quem se ar ris ca a des ven dá-las? Diga-me onde sen tas e te di rei quem és.
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POLTRO NA JAR DIM, design Fer nan do e Hum ber to Cam pa na Fer ro cromado e tubos de PVC Pre ço sob consulta Fir ma Casa Tel.: (11) 3068-0377 www.firmacasa.com.br
76 ARC DESIGN
POLTRO NA TU LIP, design Jef frey Ber nett Poltrona gi rató ria, base em alu mí nio escovado Pre ço sob consulta Neo Design Tel.: (11) 3088-8522
DPOT Ca dei ra Os car, design Beto Sal vi e Tut ti Giorgi Madei ra taua ri, acaba mento éba no ou laca, as sento em cou ro ecoló gico Pre ços: R$ 611,00 (com braço); R$ 512,00 (sem braço) Tel.: (11) 3082-9513 – dpot1@ig.com.br
BELLINI CHAIR, design Ma rio Bel li ni Poli propi leno Pre ço: R$ 346,00 By Design Tel.: (11) 3064-9600 www.byde sign.com.br
BAN CO MO CHO, design Sérgio Ro dri gues Madei ra certificada Pre ço: R$ 386,00 Dpot Tel.: (11) 3082-9513 – dpot1@ig.com.br
77 ARC DESIGN
POLTRO NA PEGGY, design Um ber to As na go Reves tida em algo dão cru Pre ço sob consulta Mon te na po le o ne Tel.: (11) 3083-7511 www.montenapoleone.com.br
BAN CO OUT DO OR, design Na gib Orro e In grid Chris ten sen Es tru tu ra em aço inox, as sento em madei ra acapu ou euca lipto Altu ra: 46 cm, compri mento 180 cm, largu ra 44 cm Pre ço: R$ 2.440,00 Orro & Chris ten sen Tel.: (11) 3819-2933 – ocde sign@uol.com.br
SOFÁ PAM PA SEN SU AL, design Dia na Ca be za Es tru tu ra em aço inox, reves ti mento em cou ro ou tecido Pre ço: R$ 3.910,00 (sem reves ti mento) Casa 21 Tel.: (11) 3088-9698
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WIG GLE SIDE CHAIR, design Frank O. Gehry Papelão moldado Pre ço sob consulta Dot to Im port Tel.: (11) 5102-7000 saopau lo@dot to.com.br
CA DEIRA SUN, design Chris to phe Pil let Reves ti mento em tecido ou cou ro, op ção gi rató ria Pre ço sob consulta Es pa ço Te cer espaço tecer@uol.com.br - Tel.: 3064-6050
CA DEIRA ME TAL WAF FLE, design G. Sea bro ok Es tru tu ra em aço cromado Pre ço sob consulta Es ta la gem Tel.: (11) 3758-0555 – vendas@es ta lagem.com.br
POLTRONA FOUR LINE, design Marco Zanuso Estrutura em aço, assento e encosto em couro entrelaçado Preço sob consulta Forma Tel.: (11) 3816-7233 – www.forma.com.br
O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian
CO-INJECTION MOLDING PROCESS
Processo para moldagem por injeção; dois plásticos são derretidos e derramados juntos, concorrente ou sequencialmente, assim produzindo uma parte na qual o material de fora encapsula completamente o de dentro em um único ciclo de máquina. Duas categorias de materiais podem ser introduzidas no molde como parte do mesmo ciclo, utilizando-se um material mais caro e visualmente superior na parte de fora e outro, mais barato, reaproveitado ou recuperado, na parte interna
POLYAL
MATERIAL CONNEXION
mc# 3310-01
mc# 1907-02
Painéis compostos de poliestireno e alumínio reciclado a partir de tampas de garrafas, sem quaisquer aditivos, que podem ser usinados de modo semelhante ao da madeira. Atóxicos e à prova d’água, podem ser usados em mobiliário para ambientes internos e externos
HOT SMOKE SEAL™
mc# 3728-01
Faixa em grafite para selar portas, quimicamente inerte, expansível e altamente estável. Consiste de grafite misturado a uma cola à base de polímeros, em um suporte adesivo para instalação, que ajuda a prevenir a penetração de fumaça e de fogo em ambientes, até mesmo sob altas temperaturas. À medida em que o calor atinge 204oC, o selo começa a expandir multidirecionalmente, dilatando-se até 40 vezes seu volume para preencher as fendas existentes no perímetro da porta
HONEYCOMB COMPOSITES
mc# 3462-01
Painéis-sanduíche, fabricados a partir de um cerne em forma de colméia, feito de fibra aramid, fibra fenólica ou alumínio e laminado com folhas decorativas. São leves e atendem às exigências estritas em relação a fogo, fumaça e toxicidade para interiores de aeronaves e trens. Disponíveis em folhas planas com até 2,44 metros x 14,63 metros, em qualquer cor ou acabamento, e com ou sem ferragens, fechos ou preenchimento. Aplicações incluem aviões, trens, automóveis, barcos e divisórias
FIBERBOARD TUBES
mc# 3654-01
Tubos resistentes, sem uso de cera, feitos de múltiplas camadas de placas de laminado pesado coladas, em diversos tamanhos e formas, como: redondas, em espiral, quadradas, hexagonais, ovais, semicirculares e formas personalizadas. As seções dos tubos podem ser combinadas com madeira compensada, maciça, ou MDF, para criar componentes com cantos arredondados. Também podem receber acabamentos de pintura ou laminados de alta pressão, ou serem revestidos com lâminas de madeira natural com uma base fenólica. A espessura da parede dos tubos espirais varia entre 0,64 cm e 1,07 cm, dependendo do diâmetro, e para todas as outras formas é de 1,067 cm
COLOR-SHIFT L AMINATE AND GL ASS PANELS
mc# 3597-01
Painéis laminados de vidro ou policarbonato, que exibem um amplo espectro de cores, variáveis conforme o ângulo de visão. Um polímero patenteado é laminado nos dois lados de uma folha de papel ou vinil. Esta folha, então, é laminada entre duas peças de vidro ou policarbonato transparente. Aplicações incluem mobiliário, joalheria, equipamentos esportivos, embalagens, pisos, venezianas e difusores de luz, paredes internas nas quais se utilizaria vidro colorido. Disponível nas versões transparente, com fundo branco ou com fundo preto, em folhas de 124,43 cm x 246,38 cm ou rolos com 124,46 cm de largura, ou ainda em peças de 63,5 cm x 124,46 cm
SILKMIRROR®
mc# 1965-04
Espelho com uma camada de vidro flutuante; não-ofuscante, difusor suave de luz, não oxida e é laminado para atender aos códigos de segurança de vidros. Disponível em diversas corespadrão ou personalizadas, para aplicações em design e arquitetura e sistemas de envidraçamento internos e externos
MIRAVISTA® SL ATE
mc# 3635-01
Substituto econômico para as telhas de ardósia feito de ardósia triturada e prensada em moldes para dar a aparência da pedra natural. É leve, não absorve umidade, tem classificação “Classe A” para fogo e é garantido por 50 anos. Disponível em dois tons de cinza, que podem ser misturados para obter a aparência típica da ardósia natural
HOLTSET®
mc# 4018-01
Um processo de impressão por sublimação (transição da fase sólida para o vapor) em duas etapas. Primeiro o papel é impresso com tintas de sublimação e depois aplica-se calor seco ao papel, de forma que a imagem nele contida seja transferida para a superfície desejada. Não há mudança na sensação de toque da superfície impressa. As estampas podem ser reproduzidas em diversos tecidos, incluindo os novos tipos de poliéster e também madeira, carpete, plástico, metal e vidro
3-D TEXTILE KNITTING MACHINE
mc# 3824-01
Nova máquina de tricô. Produz tecidos tridimensionais com formas predeterminadas com diferentes perfis (como almofadas para assento, perfis em L, em forma de cunha, curvados) e cross sections, que se aproximam muito do contorno final desejado; flexibilidade na construção do tricô; reforço bidirecional; têxteis com boa recuperação elástica. Aplicações incluem componentes em malha de ponto firme para engenharia, indústria aerospacial, esportiva e de automóveis; partes moldadas, expandidas ou infláveis; componentes de filtragem e partes moldadas preenchidas com sólidos; produtos têxteis pré-formatados para uso médico e sanitário; têxteis reforçados para construção Para mais informações sobre os produtos publicados, visite o site www.materialconnexion.com e clique no link “magazine promotions” 81 ARC DESIGN
Apoio: Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 24, março/abril 2002 Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Redatora - Angélica Valente Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi Arte: Designers – Adriana Lago Cibele Cipola Participaram desta edição: Carlos Gama Jr. Judith Pottecher Manoel Beato Robin Wilson Departamento Administrativo: Cláudia Hernandez
Apoio Institucional:
Departamento de Circulação e Assinaturas: Maurício Grazzini Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, presidente da Federlegno-Arredo, Itália, consultor de Arc Design para assuntos internacionais Fotolito: Village Fotolito Impressão: Takano Editora Gráfica Ltda Papel: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150g) Supremo Duo Design (capa – 250g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.
Arc Design – endereço para correspondência: Rua Lisboa, 493 - CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones: Tronco-chave: (11) 3088-8011 FAX: (11) 3898-2854
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