R$ 12.50 2002
ESPECIAL: SALÃO DO MÓVEL DE MILÃO
Nº 25 QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
Nº 25
MAIO/JUNHO
2002
R EVISTA BI M ES TRAL DE DESIG N ARQU ITETU RA I NTE R IOR ES COM PORTAM E NTO
HOTÉIS DOS DESIGNERS COZINHAS TECNOLÓGICAS SALÃO SATÉLITE BIENAL DE DESIGN GRÁFICO
Gaetano Pesce nasce em La Spezia, na costa lígure, mas cresce em Pádova, no vêneto italiano, diplomando-se em arquitetura em Veneza, onde mora antes de se transferir para Paris e, depois, para N. York. Arquiteto e artista plástico, destaca-se como designer, como figura que aboliu antigos códigos, recriando com sua obra novas formas de ver e sentir o mundo, além de um novo universo no design, com o uso de materiais tecnológicos. Foto Andrés Otero
Os novos códigos celebrados por Pesce incluem a desigualdade e a diversidade. Suas frases e conceitos traduzem seu modo de ser e de criar. “É significativo tudo aquilo que pode evocar, para além de seu significado imediato, Acima, imagem da capa: detalhe de uma das mesas da coleção Nobody’s Perfect, de Gaetano Pesce para a Zerodisegno. Abaixo, em primeiro plano, Pesce trabalhando na execução de um buffet da mesma coleção e o empresário Carlo Poggi, da Zerodisegno. No pé da página e no detalhe, mesa Nobody’s Perfect: a estrutura quadriculada suporta o tampo – inteiriço ou em diversos fragmentos – em resina flexível. Na página ao lado, cadeira da coleção Nobody’s Perfect
uma emoção inconsciente, como o medo, a insegurança, a angústia, a morte.” ... “Amo tudo que é ar ti fi ci al: é a me tá fo ra hu ma na por ex ce lên cia... Não po de mos nos me dir com a na tu re za: se rí a mos per de do res.” Para Pes ce, o ar ti fi ci al é a mar ca de nos sa cul tu ra. François Barré, no catálogo para a exposição no Museu de Arte Moderna de Strasbourg, França, em 1986, escreve: “os objetos de Pesce têm uma pele, uma crosta, uma idade. Neles lemos, os tocamos e sentimos o tempo que passa. Eles sofrem, desde sempre, um desgaste original”. Trabalhando inicialmente com a espuma de poliuretano, Pesce cria em 1969 a série Up, que era entregue ao cliente desinflada, no tamanho e volume de uma pizza. Da espuma à resina de poliuretano, a trajetória de Pesce no design e na arquitetura é a representação do homem contemporâneo
Foto Lanman Associati
e o antropomorfismo define seu trabalho. Atu an do no ter re no li mí tro fe en tre o de sign e a arte, a sé rie de ca dei ras Pratt, de 1983, é a de mons tra ção da tê nue fron tei ra en tre es sas duas for mas de ex pres são, mos tran do tam bém a re la ção en tre a for ma, a es tru tu ra e a fun ção do ob je to. São nove ca dei ras com den si da des cres cen tes da re si na de po li u re ta no, sen do que a mais mole não se man tém es tru tu ra da e de sa ba, e a mais rí gi da é im pos sí vel de ser usa da, tal a du re za do as sen to.
Foto Lanman Associati
“Nobody’s Perfect”, a coleção em resina de poliuretano de espessuras e cores variadas, editada pela Zerodisegno e apresentada no Salão do Móvel deste ano, pode ser considerada – até no nome – uma síntese do pensamento e do processo projetual em Gaetano Pesce.
Cober tura completa, como um guia que poderá ser, a cada ano, seguido. É o Salão do Móvel de Milão na seleção publicada por ARC DE SIGN: dos produtos aos eventos e às mostras institucionais, incluindo as cozinhas e sua sofisticada tecnologia, além do design dos jovens criadores. Selecionamos as principais galerias; as empresas “design oriented”, dentro e fora-salão; os impor tantes eventos que o próprio Salão promove, o envolvimento da cidade, que faz de Milão a capital do design. O “caminho das pedras” está traçado para cada nova edição dos Salões da Primavera. Não perca também a opinião de nossos profissionais sobre o grande acontecimento do design. Tendências e sinais sutis, apenas perceptíveis, definindo a casa contemporânea. Mas nem só de Milão vive o mercado brasileiro. A Movelsul, em Bento Gonçalves, RS, maior feira brasileira de móveis, mostrou a qualidade da indústria do mobiliário em MDF. Aliada à qualidade, vê-se a nova percepção do design como ferramenta indispensável à indústria. Pulando para o nor te europeu, mostramos um pedaço da Dinamarca encravado em Brasília, com a casa da embaixadora desse país, que em seu cotidiano vive uma atmosfera anos 1950 com móveis e objetos de Arne Jacobsen. Uma grande cober tura da 6ª Bienal do Design Gráfico oferece uma visão detalhada do que se faz hoje no Brasil. Confira os trabalhos apresentados e o resultado da premiação na mostra, em São Paulo, promovida pela Associação dos Designers Gráficos – ADG. Finalmente, no Panorama Brasil, a resenha dos produtos para iluminação encontrados no mercado: luzes para iluminar, objetos luminosos, estão todos presentes. Uma edição para ser lida em todas as linhas e entrelinhas. Aproveite! Maria Helena Estrada Editora
A feira para o profissional de hoje e para aquele que deseja desvendar o futuro. Design irônico, lúdico, sensorial, a ser viço do novo consumidor
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Jovens designers apresentam suas criações nessa vitrine privilegiada – que já resultou na inserção de 48 produtos no mercado – e se destacam nos inúmeros shows fora-Salão
Arquitetos de renome internacional subver teram conceitos e criaram dez quar tos de hotel, dando um adeus ao estilo standard internacional. Conheça GHS, novo e aclamado evento do Salão do Móvel de Milão
NEWS
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
nº 25, maio/junho 2002
Conforto e eficiência nas cozinhas tecnológicas
Winnie Bastian
EU RO CU CI NA E FTK
GRAND HO TEL SA LO NE: ES PE TA CU LAR!
Winnie Bastian
Maria Helena Estrada
SA LÃO SATÉ LI TE E EVEN TOS JO VENS FORA-SA LÃO
Maria Helena Estrada
Design: tem a palavra o consumidor
SA LÕ ES DE MI LÃO
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Apuro formal e tecnológico são os atrativos das novas cozinhas, expostas na Eurocucina e na FTK: Technology For The Kitchen, no último Salão do Móvel de Milão. Confira conosco as novidades
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PING-PONG MILANÊS
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MATERIAL CONNEXION
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PANORAMA BRASIL
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EXPEDIENTE
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Projeto do arquiteto Eduardo Whitaker propõe descontração e informalidade ao ambiente de treinamento, num diálogo perfeito entre arquitetura, design e tecnologia
A indústria moveleira do Brasil reconhece o caminho do crescimento: design! ARC DESIGN apresenta as novidades da maior feira do setor no país, Movelsul 2002
PUBLI-EDITORIAIS: Giroflex, pequenos notáveis da Linha EVO
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Firma Casa apresenta as novas criações da designer Baba Vacaro
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La Lampe: Lighting Design nacional e internacional
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Da Redação
A QUAN TAS ANDA O DE SIGN GRÁFICO BRA SI LEI RO?
MOVELSUL
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O funcionalismo no design e na arquitetura moderna dinamarqueses presentes na paisagem do planalto central brasileiro. Conheça a Embaixada Real da Dinamarca em Brasília
Maria Helena Estrada Ethel Leon
Angélica Valente
AT MOS FE RA DI NA MAR QUE SA
Da Redação
AR QUI TE TU RA, DE SIGN... E TEC NO LO GIA
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Conheça os trabalhos que se destacaram na 6ª Bienal do Design Gráfico na opinião de Car lito Car va lhosa, de Sandra Souza, de Ernesto Boccara e de ARC DESIGN
CADERNOS-OBJETO POR GUTO LACAZ Guto Lacaz acaba de lançar pela papelaria Paper House a coleção Cadernos Modernos. São sete cadernos de anotações criados pelo artista plástico que apresentam formatos nada convencionais. Q é amarelo e furado (um queijo!), Caderno de Olhar tem a forma de óculos, Ida e Volta são dois blocos que se abrem em sentidos inversos, Caderno onredaC são cadernos espelhados entre si. A coleção apresenta ainda Sim e Não, 4 elementos e Caderno de Vento. Disponíveis na Paper House. R. Oscar Freire, 281, São Paulo. Tel.: (11) 3082-4022.
VÔO LIVRE PELA HISTÓRIA Ele foi um marco na história das conquistas do homem, provando a dirigibilidade dos balões e realizando o primeiro vôo num aparelho mais pesado que o ar, o 14 Bis. Seu desenvolvimento tecnológico forneceu as bases da aviação. Alberto Santos Dumont recebe agora a devida homenagem de seu país, com a publicação do livro “Eu Naveguei pelo Ar”, editado pela Nova Fronteira. Fruto do primoroso trabalho de pesquisa do livre-docente pela USP, Marcelo Mourão, com a participação do professor Dr. João Luiz Musa e do designer gráfico Ricardo Tilikan, o livro reúne fotografias cuidadosamente restauradas, que retratam a
CRUZ VERMELHA
época em que Santos Dumont realizou suas façanhas. Um vôo
A designer Daniela Ktenas acaba de desenvolver sua mais
pelas imagens, justa homenagem ao mestre dos ares.
nova linha de móveis e objetos em resina acrílica (a flores-
www.novafronteira.com.br
ta agradece!). São módulos brancos com listas coloridas que se encaixam intercaladas: cada parte pode ser utilizada de modo independente ou em conjunto. A Mesa Cruz é formada por duas peças brancas e uma vermelha ou laranja. Entre os objetos destacam-se as fruteiras e a tina para bebidas Xícara, versão “over-sized” da mais tradicional xícara de cafezinho. As peças de Ktenas estão à venda na Terra Madre. Terra Madre: Al. Franca, 1.100, São Paulo. Tel.: (11) 3081-6944.
4 ARC DESIGN
ABILUX ESTIMULA EMPRESA A INVESTIR NO DESIGN A Abilux divulgou no dia 6 de março os vencedores do Prêmio Abilux Empresarial de Design. Ao todo foram inscritos 60 pro-
DESIGN ESPAÑOL
jetos. Na categoria Residencial/Decorativa, os vencedores
“Experimenta” é uma re-
foram a luminária Yantra, design Cristiana Bertolucci; aran-
vista espanhola bimestral
dela Flag/1, design Luis Carlos Martins Santos; pendente Se-
especializada em design,
rissia, design José Carlos Bartholomeu; e Kit esferas, design
arquitetura, comunicação
José Carlos Bartholomeu. Na categoria Comercial/Industrial,
e cultura do projeto, dirigi-
os vencedores foram Estilo TS, equipe de desenvolvimento
da por Pierluigi Cattermo-
dos produtos Philips; Gaivora e Delta, ambos design Gilson
le Fioravanti.
Miranda, Fred Mamede e Robson Gomes.
Em sua 37ª edição, a pu-
Na categoria Iluminação Pública para Via Principal, levaram
blicação discute o papel
o prêmio DI-801, design André Luis Gomes Silva; Opalo, de-
dos cartazes na comuni-
partamento de produtos Schreder Group; e F-5137, design
cação, em duas reporta-
Walter Merlo Jr. O prêmio especial ficou com Aquafiber 150,
gens. Uma trata da expo-
design Willian Sallouti. Destaque negativo: duas luminárias
sição realizada no Centro
concorrentes eram cópias – uma idêntica e outra utilizan-
Pompidou, em Paris, em homenagem a Toulouse-Lautrec, enfati-
do o mesmo princípio – de peças européias. Que vergonha!
zando seus cartazes, meios que extrapolaram a função comuni-
Quando nos livraremos desses vexames?
cativa e abriram espaço para os ilustradores do século XX. A ma-
www.abilux.com.br
téria traz obras concebidas por artistas de todo o mundo inspiradas nas criações do artista francês. O Brasil é representado por Guto Lacaz e Rafic Farah. Em design do produto, cobertura da 22ª edição do Prêmio IDEA – uma das mais importantes premiações européias de design, cujo
Ao lado, DI-801, design André Luis Gomes Silva, primeiro lugar na ca te go ria Iluminação Pública para Via Principal
objetivo é mostrar ao grande público a incidência do design sobre a qualidade de vida e a economia. Os projetos vencedores deveriam contemplar em sua concepção a inovação, o benefício para o
PARA ASSINAR EMBAIXO
usuário, a consciência ecológica e o valor estético. Outro destaque
“Twice” é o novo lançamento da Faber-Castell, um instru-
da revista é a reportagem sobre o Pegaso, automóvel espanhol
mento único que acumula duas funções com praticidade.
que chocou o público em sua primeira exposição – no Salão de Pa-
Basta girar o apoio e optar pela ponta de caneta esferográ-
ris de 1951 – pela modernidade e elegância de suas formas, con-
fica preta, ou a lapiseira em grafite 0.5 mm. O corpo pode
traste gritante com o cenário político-social de uma Espanha sob a
ser em madeira pereira, nas cores marrom, branca, preta
sombra da ditadura.
manchada ou bordô-claro, com prendedor metálico. Aten-
Informações e assinaturas: suscribe@revistaexperimenta.com
dimento ao consumidor: 0800-701-7068. www.faber-castell.com
CEM PÉS SEM CABEÇA A mesa “Centopéia” é mais um dos destaques da Casa 21. Criada pelo designer Carlos Ferreira, o móvel tem um aspecto lúdico em que a possibilidade de interação do usuário é a principal característica. Os módulos articulados permitem a composição de vários formatos e o acréscimo de novos tampos. A mesma mesa pode ser usada para o centro da sala, totalmente fechada, em formato arredondado, lembrando uma flor, ou como mesa lateral, aberta, com os tampos acompanhando a curva do sofá. Casa 21: Av. Europa, 385, São Paulo. Tel.: (11) 3088-9698
CASA COR 2002 Em sua 16ª edição, a Casa Cor 2002 acontece a partir do dia 28 de maio, numa construção tombada como patrimônio pelo Condephaat, o edifício do antigo “Asylu Sampaio Vianna”, no Pacaembu , que, além de asilo, já foi unidade da FEBEM e hoje pertence à Fundação Faculdade de Medicina da USP. A intenção da Casa Cor é transformar o prédio num condomínio residencial – incluindo biblioteca, salão de festas, lavanderias, área de conveniência, sala de leitura e escritórios – e mostrar que imóveis an-
ERRAMOS!
tigos e pouco conservados podem continuar servindo a cidade
Na edição 23 de ARC DESIGN, a matéria “Simplicidade Plane-
sem perder seu caráter histórico.
jada” divulgou dois créditos incorretos; publicamos, a se-
Serão ocupados os 46.130 metros quadrados de terreno e
guir, as informações exatas.
6.800 metros de área construída, totalizando 87 ambientes
Na página 50, painel “Eus”, trabalho conceitual sobre a repe-
projetados por arquitetos, decoradores e paisagistas concei-
tição da imagem, que explora a lapidação côncava. O painel
tuados, como Sig Bergamin, Brunete Fraccaroli, João Armen-
da foto possui 1,60 x 1,60 metro, mas também é possível
tano, Bya Barros e outros. Uma das novidades deste ano será
criar outras composições, a partir de módulos de 18 cm x
o projeto de uma capela, assinado pelo arquiteto Gil Carvalho,
1,60 metro. A luminária publicada na página 55 chama-se
que terá programação musical com concertos de música sa-
Capta, e não Mira.
cra, orquestra de câmara e corais.
Aproveitamos a oportunidade para divulgar o endereço do
Casa Cor 2002 – de 28 de maio a 9 de julho, das 12 às 21 horas.
novo estúdio da designer Jacqueline Terpins: Rua Gustavo
Local: Rua Angatuba, 756, São Paulo.
Teixeira, 374, São Paulo. Tel.: (11) 3872-4497.
UM PARA CADA LADO Os açucareiros Multiuso e Duplo Uso são as novidades da Coza. Com capacidade para 220 gramas, o primeiro tem uma divisória que separa o espaço em dois, sendo um com tampa, para preservar o açúcar, e outro aberto, para os guardanapos e adoçantes. Como o próprio nome diz, o açucareiro Duplo Uso tem duas funções: guardar o açúcar branco e o mascavo, separadamente. Em formato elíptico, as duas peças são fabricadas em polipropileno texturizado nas cores azul, amarela, verde e natural. Coza: Tel. (54) 211-2699. www.coza.com.br
DOSSIÊ ITALIANO A Editora Abitare acaba de lançar três livros durante o Salão do Móvel de Milão de 2002. Um deles é “Ritratti e Parole”, que reúne 41 ilustrações de importantes nomes da cultura mundial criadas por Andrea Ventura. Os outros dois integram a coleção “Prontuario”, série de publicações sobre importantes nomes do design italiano. “Gio Ponti – Gli Anni di Stile” resgata o trabalho de Gio Ponti na revista Stile durante o conturbado período de 1941 a 1947, mostrando o papel da revista nos anos de reconstrução de uma Itália abalada profundamente pela Segunda Guerra Mundial. O outro título, “Denis Santachiara”, traça um panorama sobre a obra completa do designer, incluindo suas mais recentes criações, expostas no próprio Salão. Mais informações podem ser obtidas no site www.abitare.it
ALESSI NA KIRK’S A empresa italiana Alessi, conhecida pelo design inusitado e inteligente de seus produtos para casa e cozinha, volta a ser comercializada pela loja Kirk´s, em São Paulo. São utensílios assinados por 27 designers, entre eles Achille Castiglioni, Ettore Sottsass, D’Urbino e Lomazzi e Jasper Morrison. A linha Mami, design Stefano Giovannoni, inclui jogo de peças para cozinhar e talheres. As facas foram desenhadas para garantir empunhadura perfeita, corte fino e segurança. Uma delas apresenta múltiplas funções: seu formato – uma lâmina fina no começo, seguida por duas seções curvas e uma ponta – é ideal para cortar, descascar, triturar e fatiar. Todas as peças são em aço inox, com acabamento polido ou escovado. Kirk’s: Rua Bueno Brandão, 80, São Paulo. Tel.: (11) 3842-9237. www.alessi.com 7 ARC DESIGN
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Foto Andrés Otero
SALÕES DE miLão
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DESiGN: tem a palavra o consumidor
Maria Helena Estrada
Tendências? Pluft! Já passaram. mas os sinais sutis se anunciam e, conectados ao mercado, falam de costumes e de humores, de sentimentos, de conforto e de ousadia O que havia no Salão 2002? Algumas evidências nítidas, sem dúvida. Cores: cítricas; formas: mínimas; materiais: ar tificiais; consistências: leves; tex turas: macias, como emborrachadas; tom: irônico; nota for te: transparência; denominador comum: transformação. Os móveis agitam-se em metamorfoses, irradiam luzes, somem em sacolas, inflam e desinflam, multifuncionais incorporam vestimentas, alguns exalam aromas... e já emitem sons. Como caminhar nessa Babel? “Prever o futuro é a minha profissão, assim como em uma previsão do tempo (...) e as previsões para o design de interiores em 2002 não mencionam o cinza- escuro dos temporais ou os verdes-chuvosos da primavera, nem o puro branco das nuvens; falam de brilhantes, solares, lustrosas tex turas, quase como em uma pintura a óleo. Um amarelo raio de sol, for te o suficiente para enxotar todos os beges e cinzas para o esquecimento”, escreve Li Edelkoort (diretora da Design Academy Eindhoven, Holanda, e consultora de tendências, cores e tex turas para diversas empresas – da moda aos automóveis – e para a revista View on Colour), no editorial da publicação holandesa Moooi. A primeira visita à feira, direto ao pavilhão 20, que abriga as mais impor tantes empresas “design oriented”, ou na Edra, por exemplo, é suficiente para que esse raio de sol nos atinja. Claro e translúcido cenário na Alias, um labirinto com paredes em material plástico – semelhante a um “ninho de abelhas” – que, se desdobrando, deixava entrever os produtos da coleção 2001. Estandes muitas vezes escuros e sombrios, como o da Kar tell – este ano todo preto – ou vermelho-escuro como na Zanotta, escondiam o colorido e a luminosidade do mobiliário.
Na pá gi na ao lado, vista ge ral da mostra No body’s Per fect, na ga leria Nilufar. Nesta página, vistas das áreas ex ter nas da Feira (acima), detalhe da mostra Cappellini, no Su perstu dio (no alto, à direita, e do lan ça mento dos pro tó ti pos do li vro Cam pa na, na dan ce te ria Rol ling Sto ne
Pensando em tendências, ou melhor, nos rumos do design, outra leitura possível remete ao momento atual, o mundo pós-catástrofe nova-iorquina que se reflete, com força, na economia italiana do setor. O Salão 2002 retrata esse momento que, visto em chave positiva, se traduz em evolução, em profundas transformações. Os produtores procuram satisfazer o consumidor emergente, 19 ARC DESIGN
Eventos milão é uma festa. A semana do design, a cada mês de abril, traz uma excitação febril que não existe em nenhuma outra cidade durante as feiras de mobiliário. Este ano foram 252 exposições paralelas! Abrindo a mostra Cappellini, no Superstudio – talvez a mais concorrida de todo o fora-Salão – , Fabio Novembre passeia entre o design e a escultura com as
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poltronas em espiral And.
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Foto Andrés Otero
aquele que hoje não busca dimensões de representação e status, mas de personalização. “Modifica-se o baricentro da inovação, amadurece uma linguagem psico-sensorial”, declara Rodrigo Rodriquez, presidente da Federlegno-Arredo, federação que reúne os fabricantes de móveis da Itália, e profundo conhecedor do sistema-design. “Ao mesmo tempo, depois do ocorrido em 11 de setembro, dá-se a recuperação dos valores da insegurança, que fazem com que se evitem as contribuições superficiais, desprovidas de sentido. A crise leva à ruptura e, em uma cadeia lógica, à transformação.” A coleção “Nobody’s Per fect”, de Gaetano Pesce para a Zerodisegno – e a repercussão que as peças ti veram –, exemplifica à per feição os valores da insegurança gerando transformações, inver tendo as leis da estabilidade – física, econômica ou emocional. Assim, a reviravolta ocorrida no mundo teve o efeito de mola propulsora em relação à criatividade e aos pressupostos para o exercício do projeto. Perde impor tância e interesse o simples exercício formal e a inovação é direcionada aos anseios do consumidor. Exigente, este sonha com produtos que satisfaçam Nesta página, três das sete instalações ao ar li vre, em pontos estratégicos da cidade, um evento da pre feitura de Milão com a revista Inter ni. Em sentido horário: Alessandro e Francesco Mendini na Piazzza Duomo; Astrid Klein & Mark Dytham no largo Croce Rossa, em frente ao cru zamento das vias Montenapoleone e Manzoni; Ber nard Tschumi na Colonne di San Lorenzo
às suas necessidades subjetivas, emocionais, que desper tem, ao menos, um sorriso irônico,
Foto Andrés Otero
ou um desafio a novas formas de compor tamento. Veja-se, por exemplo, o grande pufe gelatinoso, iluminado, sensual, de Stefano Giovannoni e equipe (Rodrigo Torres e Frédéric Gooris), par te da mostra “Sofa Light”, no show-room Felicerossi; ou a cama – que desejo! – de Aldo Cibic na Galeria Antonia Jannone: colchão em tecnogel translúcido sobre base em plástico transparente verde-limão, com travesseiro e apóiapés vermelhos. Uma versão ocidental, sensual/sensorial do ascético tatami japonês. Falando em sensualidade, o sofá Boa (serpente), de Fernando e Humber to Campana, foi considerado pelo jornal cotidiano (cinco edições durante a feira) da revista Abitare como o melhor produto, in & out salão, e eles, os melhores designers! Além de produtos, os irmãos lançaram o protótipo do livro – trilíngue, com mais de 300 páginas – sobre suas obras, a ser editado em breve. O panorama de crise – para nós tão habitual – fez com que sumissem da safra 2002 o design experimental, as formas ex travagantes, o design para “épater”. Por outro lado, ressurge a fibra de vidro dos anos 1950, capaz de produzir séries com moldes a baixo custo, e uma nova e contida normalidade. O grande show montado pela indústria moveleira, que reúne mais de 200.000 visitantes italianos e internacionais, passa cada vez mais a ser cobiçado por empresas de outros segmentos, como as de som e vídeo, que se unem aos grandes fabricantes de móveis oferecendo
Na página ao lado, poltronas And, design Fabio Novembre para a Cappellini: estrutura em metal e madeira, estofamento em po li u re ta no ex pan dido de densidades diferenciadas, revestimento em tecido ou couro
sistemas embutidos nos próprios estofados, como o M.I.S.S., de Philippe Starck para a Cassina, ou a poltrona Roomchair (design Stefano Mar zano) na Felicerossi, que incorpora do som ao projetor ao telão. Uma nova noção de confor to, que introduz na casa “ícones falantes e amigos silenciosos”, nas palavras de Marcel Wanders. 21 ARC DESIGN
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Foto Andrés Otero
To ku jin Yos hio ka, a nova es tre la do design ja po nês, apresen tou a ca dei ra Ho ney Pop, em pa pel-ar roz com do bra du ras em for ma de col méia, e re a li zou a ce no gra fia do showroom Dria de (abai xo) com grâ nu los de plásti co bran co, si mu lan do neve. A ca dei ra em pa pel deu origem à sé rie Tok yo Pop (ao lado), fa mí lia de assen tos mo no blo co, em po li u re ta no tra ba lha do por “ro ta ti on moul ding”, que, em bo ra man ten do as mes mas for mas orgâ ni cas – como se fei tas pe las mar cas do cor po –, foi mo di fi ca da para per mi tir a se ria li za ção in dus trial. Co res: mar fim (se me lhan te ao pa pel-ar roz), cin za-es ver de a da e la ran ja. Aci ma, a Ho ney Pop fe cha da. Yos hio ka foi o res pon sá vel pela ce no gra fia da mos tra “Issey Mi ya ke Ma king Things”, pu bli ca da em ARC DE SIGN n. 8
O consumidor é, assim, a nova estrela no sistema-design. É pensando no potencial de crescimento das diversas faixas de mercado, e na criação de outras, que as empresas direcionam seus produtos. Não apenas objetos elitizados, mas outros, capazes de serem fruídos e usufruídos por novos adeptos do design. “Reali za-se uma convergência entre a dimensão mais irônica, transgressi va, emocional do design e as novas formas de vida que o consumidor vem elaborando para os objetos que o circundam (...), uma tendência a estetizar o cotidiano”, escreve Giampaolo Fabris no jornal Il Sole 24 Ore, em 14 de abril. O jogo do consumo deixa, com toda a cer teza, de se basear no luxo como símbolo de status, trazendo ao design – não apenas italiano – uma nova dimensão, uma nova inteligência na procura da satisfação dos anseios subjetivos do consumidor. Mas nessa festa da normalidade ainda sobrevive a poesia em belos exemplos do quase ex tinto design ligado à arte, ou ao fazer ar tesanal, e nesse universo destacamos duas peças diametralmente opostas: uma livremente gestual, espontânea, em tecido, a Sushi, de Fernando e Humber to Campana; outra nascida do gesto meticuloso, de raiz japonesa, em papel-arroz pacientemente armado, a cadeira Honey Pop, de Tokujin Yoshioka.
Nes ta pá gi na, vis tas da mos tra “De light in De dark”, na Ga le ria Giò Mar co ni, que apresen tava a Pa per work Col lec ti on, de Ron Arad: mesas, ca dei ra de jan tar e ca dei ras de ba lan ço em ma te rial com pos to de pa pel, No mex – em for ma col méia – e fi bra de car bo no. O pro cesso pro du ti vo se guiu as se guin tes eta pas: es bo ços à mão, mo de la gem por com pu ta dor, pro du ção in dus trial e aca ba men to ar tesa nal. À es quer da, ca dei ra Three Skin Joint e de ta lhe do ân gu lo assen to/en cos to, em No mex; no alto, mesa e ca dei ras no mes mo ma te rial; à direita, ca dei ra de ba lan ço e lu mi ná rias na mos tra “De light in De dark” Foto Andrés Otero
Tecnológicos Tecnologiaéhojeograndediferencialna produção italiana. Com novos recursos tecnológicos barateia-se a produção;
Ao lado, One Fa mily, design Kons tan tin Grcic para a Ma gis: alu mí nio fun di do em sua mí ni ma uti li za ção, com to tal eco no mia de ma té ria-pri ma
com inovações tecnológicas evita-se a cópia. São diversos os materiais que ainda permitem inovações formais: de plásticosdeúltimageraçãoaometacrilato e ao polietileno; do aço soprado à luzneon.
À es quer da, Spo on: fle xí vel, ex ten sí vel e elás ti ca, é a ban que ta de An to nio Cit te rio para a Kar tell. Re gu la gem de al tu ra nãoapa ren te e jun ção assen to/pe des tal na for ma de uma cur va elás ti ca; base e apoia-pés em alu mí nio. Como sem pre, a Kar tell am plia, com seus pro du tos, no vas fron tei ras da tec no lo gia
Aci ma, Spag het ti, design Tom Di xon para a Cap pel li ni: sofá e pol tro ni nha em PVC ex tru da do nas co res mag nó lia, roxa, azul e pre ta. O pro cesso de ex tru são do PVC foi pu bli ca do em ARC DE SIGN n.19 no ar ti go so bre o Sa lão do Mó vel 2001
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À es quer da, Mis ter Kel vin, pro je to de De nis San ta chia ra, ex pos to na ga le ria Post Design. Sé rie de mesas fei tas de uma lâ mi na re fri ge ran te em aço “so pra do” que, ali men ta da com ani dri do car bô ni co só li do, faz ge lar a su per fí cie e cria um efei to ca pi to nê ou uma tex tu ra se me lhan te à de um te ci do. Aci ma, Mister Tes la, lâm pa da-insta la ção: pe que na co lu na em ce râ mi ca so bre a qual é co lo ca da uma jar ra de vidro e, nela, lâm pa das de neon acesas sem esta rem liga das a ne nhum fio. Os ne ons per ma ne cem acesos dentro ou fora da jar ra, quan do os pe ga mos, e a inten sida de da luz pode va riar. Uma prateleira de cristal presa à parede tem o poder de acender qualquer neon que dela se aproxime. Mister Kel vin e Mister Tesla integram a Oz Collection, design Santachiara, “para a casa de um hipotético mago”
Nino Rota e None Rota, acima e à direita, são a nova proeza tecnológica de Ron Arad. Duas poltronas iguais, produ zidas (e vendidas) em duplas, deri vadas do cor te de uma única estrutura moldada. Polietileno, em duas cores: vermelho/marrom, manteiga/branco, azul/verde, curry/laranja. Coleção Cappellini
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Ao lado, Stran ge Thing, pol tro ni nha de Phi lip pe Starck para a Cassi na: es tru tu ra em ti tâ nio me ta li za do e re ves ti men to em ver de-li mão, la ran ja, ver me lho e ain da cre me e cin za-es cu ro, para não fu gir à tra di ção. A Cassi na ain da apresen tou, tam bém de Starck, o pro tó ti po do sofá M.I.S.S.(aci ma), “au diovi sual e sen sual”, novo mo de lo de “home-the a ter” re a li za do em co la bo ra ção com a Sony
Ao lado e abai xo, pol tro na Cu bi ca, design Tito Ag nol li para a Za not ta: um me ca nis mo pa ten te a do per mi te que, ao se sol tar um dos bra ços do assen to, a ca dei ra se tor ne pla na para o trans por te. Re ves ti men to re moví vel
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À di rei ta, Tablette, mesa trans for má vel em cama, com col chão em es pu ma e tam po da mesa em la mi na do de ma dei ra; design De nis San ta chia ra para a Cam peg gi. Aci ma, Eva, um exer cí cio de tec no lo gia re a li za do pela Kar tell na pol tro na de Marc Sa dler: pro cesso de in je ção em ma te rial plás ti co ma cio, usa do pela pri mei ra vez na in dús tria move lei ra. Ma te rial de gran de resis tên cia, co lo ri do na massa em bran co, cera, ver de-pis ta che, cin za, ama re lo, la ran ja
À di rei ta, Flu id, flu i da mesa de Ross Lo ve gro ve para Cap pel li ni, to tal men te em alu mí nio na tu ral, tem um es pe cial sis te ma de fi xa ção tam po/pés. Dis po ní vel nas ver sõ es re don da, qua dra da ou re tan gu lar
Ao lado, Fjord, co le ção de re lax, pol tro na e pu fes de for mas orgâ ni cas, que acom pa nham o movi men to do cor po, de sign Pa tri cia Ur quio la para a Mo ro so. “Ins pi ra da na Egg Chair de Arne Ja cob sen”, afir ma a desig ner, “é como se fosse a sua me ta de”, na assi me tria das for mas
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Lúdicos O campo de abrangência do design se alarga e pede objetos que falem à sensibilidade do consumidor, que transmitam uma linguagem afetiva. Nesta edição de 2002, vimos no salão sinais lúdicos, de fácil apreensão, capazes de serem imediatamente assimilados por esse novo e ambicionado consumidor do design.
Acima, Body Prop, design Oli vi er Pey ri cot para a Edra. Qua tro for mas orgâ ni cas, estam pa das em po li u re ta no ex pan dido com aca ba mento em ver niz elásti co; uti li za das no chão ou na cama, dão sustenta ção às mais di versas postu ras, ali vian do a pressão so bre a co lu na ver te bral. Abaixo, ca dei ra com por ta-obje tos Santa mo ni ca, design De nis Santa chia ra para a Ze ro di seg no
Aci ma, um pro du to de gran de ape lo, ge nu í no 2002! A cama Re la xen se, ver são oci den tal, sen sual/sen so rial do ta ta mi, tem es tra do em acrí li co trans pa ren te pin ta do na cor verde-li mão, col chão e travessei ro em Tech no gel mol da do, e apóia-pés em acrí li co re ves ti do com pele de Tech no gel. Design Aldo Ci bic na Ga le ria An to nia Jan no ne
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Foto Andrés Otero
Ao lado, ten da da Snow crash, em presa se dia da em Esto col mo, Su é cia, dá sua contri bu i ção à vida nô ma de com Cloud, design Mo ni ca Fors ter: uma sala por tá til para reu ni õ es, para des can sar, ou me ditar, que pode ser usa da dentro ou fora de um es pa ço existente. É monta da em ape nas 3 mi nu tos!
Ste fa no Gio van no ni, Ro dri go Tor res e Fré dé ric Go o ris cria ram a Fre ezy (à direita e abaixo) para a mos tra S.O.F.A. Light, na Fe li ce rossi. Al mo fa da lu mi no sa fei ta de uma “pele” em po li u re ta no trans pa ren te re che a da com grâ nu los de plás ti co trans pa ren te que agem como di fu so res da luz emi ti da pe los LEDs co lo ca dos em seu in te ri or
Abai xo, Sus hi e Boa, design Fer nan do e Hum ber to Cam pa na para a Edra. Sus hi (à es quer da) par te de uma tra di ção po bre, bra si lei ra, de re a provei ta men to de re ta lhos: o al go dão, o fel tro, a lã, pe da ços de ta pe te ou de em bor ra cha dos vão sen do en ro la dos, com pri mi dos, for man do a base da pol tro na, e a par te dei xa da li vre se abre em co ro la, for man do o assen to. Boa é “um ema ra nha do gi gan te, como uma Ver me lha vis ta com len te”; sem ne nhu ma es tru tu ra, nas ce do fa zer es pon tâ neo. O re ves ti men to em ve lu do acen tua o va lor tá til dos 90 me tros de tubo pre en chi do com po li u re ta no elás ti co
Há alguns anos ela surgia como um si-
Foto Andrés Otero
Transparências nal sutil. Hoje se instala como realidade. O que motivaria nossa vontade de transparências, na moda e no design? Seria a necessidade de leveza (para suportar o peso do mundo?), o querer ver mais, ver além? Seja como for, a colorida leveza 2002 foi uma nota de beleza no Salão do Móvel
Foto Andrés Otero
Aci ma, Jo han na Gra wun der ex põe a co le ção Pil low Talk, es cul tu ras de luz, na Design Gal lery. Em pri mei ro pla no, Blue La ce ra ti on, lu mi ná ria de pa re de em aço com pai nel em me ta cri la to azul agin do como di fu sor; ao fun do, lu mi ná ria sus pen sa 27 Sphe res, com pos ta por 27 es fe ras de vi dro so pra do. “O luxo como uma es pé cie de oti mis mo cons tru ti vo” (...), “a so li dez como veí cu lo desse luxo”, es cre ve Gra wun der. Abai xo, No body’s Side Board, ar má rio com por tas de Gae ta no Pes ce, pro du ção Ze ro di seg no na co le ção No body’s Per fect; em pri mei ro pla no, lu mi ná ria em neon, tam bém de Pes ce
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Abai xo, LCP, chai se-longue do desig ner belga Maar ten Van Se ve ren (apresenta da em 2001 como pro tó ti po in co lor), pro du zida pela Kar tell. Em me ta cri la to trans pa rente, for ma em es pi ral, tem duas gran des mo las no assento que dão fle xi bi lida de ao con junto. Nas co res cristal, ama re la, azul e la ran ja
Acima, Paesaggi Italiani, de Massimo Morozzi para a Edra, com seu novo elemento curvo. “Uma dinâmica quase barroca”, afirma Morozzi. Transparência em cores brilhantes, sinal forte da estética 2002
À esquerda, Bubu, ban que ta de Phi lippe Starck para a XO, ago ra em novas co res trans lú cidas. Aci ma, Jolly, mesi nhas de dis cre tíssi ma presen ça, de Pao lo Riz zat to para a Kar tell, têm a crista li na pu reza do po li car bo na to. Co res: cristal, cinza, ama re la-cla ro, la ran ja-cla ra e vi o le ta
À di rei ta, pol tro ni nha Lou is Ghost. Só mes mo Starck para tra zer o fan tas ma de Luis XV! Cria da para o show-room de Jean Paul Gaul tier em N. York. Co res: fumê-cla ra, ama re lo-pa lha, la ran ja-cla ro, ver de-gelo
Objetos Materiais diversos, inovadores ou milenares, dão vazão a exercí cios em busca de forma, função ou da simples materialização de uma idéia, trazendo à tona tipologias com novos e velhos usos para os mais variados contextos. Nas duas páginas, alguns desses instigantes objetos.
Aci ma, Kal pa 2002: pode ser uti li za do como vaso (ima gem su pe ri or) ou como fru tei ra (ima gem in fe ri or). Design Sat yen dra Pa kha lé para a Cor Unum, Ho lan da
Aci ma, e ao lado, pe ças em cha rão criadas por Ettore Sottsass e Enzo Mari para a empresa japonesa Marutomi
Aci ma, vaso Glove, em ce râ mi ca, de sign Kons tan tin Grcic. À es querda, vaso em ce râ mi ca Orge ra mic Study Se ri es One; design Ross Love grove. Am bos pro du zi dos pela Cor Unum, Ho lan da
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Da es quer da para a di reita: siste ma de contai ners e ban deja Hold-It, design Ja mes Ir vi ne para a Da nese; Soft Lux, lu mi ná ria em “cristal mole”, design Phi lippe Starck e Pa trick Douglas para a Flos; Lu mi ná rias de Serge Mou il le (1953-1962), re cente mente re e dita das por sua vi ú va, Gin Mou il le, e ex postas na ga le ria Car la Soz za ni
Aci ma, ca len dá rio em ma dei ra Bi lan cia, cria do por Enzo Mari em 1959 e re e di ta do este ano pela Da nese. Abai xo, por ta-guar da-chu vas Plomb, de sign Ka rim Ras hid para a Ser ra lun ga
Aci ma, Fuse, gar ra fa e co pos em por ce la na e vi dro, de sign Al fre do Ha ber li para a em pre sa por tu gue sa Atlan tis, ex pos tos na mos tra In si de/Outsi de
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Outros destaques
Flou. Cama Volcano, design Rodolfo Dordoni
Sawaya & Moroni. Z Play, design Zaha Hadid e Patrik Schumaker
Magis. Sofá Sussex, design Robin Day
ARC DESIGN
B&B. Cadeira da coleção Vincent van Duysen
Zanotta. Cadeira Zilli, design Roberto Barbieri
Montina: cômoda Frame, design Marco Romanelli e Marta Laudani
Fritz Hansen. Cadeira Runner, design Kasper Salto
ONDE ENCONTRAR: os produtos publicados nesse artigo e disponíveis no Brasil, estão na relação de endereços na página 60 e 61
Misura Emme. Cama Maggie. Na Collectania
Kartell. Poltrona Zbork e poltronas Ploof (ao fundo), ambas de Philippe Starck
Molteni. Cama Clip, design Patricia Urquiola
XO. Cadeira Fol.D, design Patrick Jouin
Acerbis. Sofá Gem, design Ludovico Acerbis
Fritz Hansen. Mesa Plano, design Pelikan Design
Salão Satélite e mostras paralelas
VITRINES
Foto Andrés Otero
DO JOVEM DESIGNER
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Desde sua criação, há cinco anos, o Salão Satélite vem proporcionando a jovens designers e empresários a oportunidade de encontros e diálogo, que já resultaram na inserção no mercado de 48 produtos apresentados nessa vitrine privilegiada. Mas há também os que preferem circular em grandes shows fora-salão Maria Helena Estrada
O Salão Satélite está aberto a jovens designers de todo o mundo e às escolas de design. A inscrição deve ser feita até 30 de setembro de 2002, preenchendo-se um formulário que se encontra no site www.cosmit.it, onde também estão todas as informações, inclusive medidas e preços dos estandes. Os projetos apresentados passam por um júri qualificado composto por designers, arquitetos e industriais que, este ano, descartou apenas as cópias. Algumas características têm sido constantes nos projetos apresentados no Salão Satélite, e que denotam novos estilos de vida: móveis em tamanhos reduzidos, pensados para pequenos espaços, e quase sempre transformáveis; a baixa tecnologia, o humor e a ironia; o design possível; as boas idéias; o reuso; e o fazer engenhoso e ar tesanal. Italianos, europeus em geral, australianos, ao todo 144 estúdios e 19 escolas estavam presentes. A grande vantagem dessa exposição? A proximidade dos industriais que expõem na feira e que realmente visitam o Salão Satélite em busca de novos profissionais talentosos. Sem contar o que foi exposto em 2002, já são 48 os produtos
Na pá gi na ao lado, es tan te para li vros, design Ge ralt Plo egs tra, ex pos ta na mos tra Desig ners block, no Spa zio Con so lo. Nesta página, no alto, Tic & Toe, luminária que trabalha a difusão da luz através de uma su per fí cie transparente, com estrutura hexagonal, semelhante a uma colméia. Projeto dos suíços do Vobro Vox. À esquerda, no detalhe, painel sinali zador da entrada do Pavilhão Nove, onde é reali zado o Salão Satélite; abaixo, praça inter na central do Salão Satélite, instalação criada pelo ar qui te to bra si lei ro, ra di ca do em Mi lão, Ri car do Bel lo Dias
garimpados no Salão Satélite que entraram no circuito industrial, lançando 30 estúdios de diversos países. Uma sugestão de ARC DESIGN: designers brasileiros com projetos originais (que não tenham forte matriz européia), esta é uma boa oportunidade para se alcançar o mercado internacional. A seleção de ARC DESIGN, entre o que havia de mais interessante no Salão Satélite, mostra, em termos comparativos, que designers brasileiros têm o que oferecer ao mercado: capacidade e profissionalismo, além de idéias vindas de uma nova cultura. E nesses novos valores culturais, os europeus estão muito interessados! Além da seleção apresentada pelo Salão Satélite, alguns designers já têm prestígio suficiente para, a cada ano, realizar a própria festa (sempre concorridíssima) e exposição, como é o caso do grupo de designers ingleses e internacionais reunido na mostra Designersblock, e nas exposições da empresa holandesa Hidden, da Design Academy Eindhoven e da VIA, francesa. Assim como no Brasil, novos jovens estão chegando e, com eles, uma nova concepção da casa, dos locais de trabalho e diversão. Um viver que agrega valores reais e desmistifica o status... sem perder a qualidade. ❉ Foto Andrés Otero
Ao lado, lu mi ná ria Sun mo on, design Cor du la Kaf ka: os dese nhos e seus efei tos lu mi no sos são ob ti dos pe las di fe ren tes es pessu ras da por ce la na. Abai xo, à es quer da, Cri no li ne, co le ção de bol sas e con tai ners em tela plás ti ca me ta li za da, for ma dos a par tir de um qua dra do, por meio de um pro cesso se me lhan te ao ori ga mi. A cri no li na é um te ci do que evo ca tem pos dis tan tes e cuja ri gi dez resul tava do en tre la ça men to de cri na de cava lo com li nho ou seda. Design Lu i sa Ca pua
Aci ma, à direita, Jelly, lu mi ná ria em Cle ar flex, um tipo es pe cial de si li co ne que não man cha e não resse ca. Fle xí vel e com um es pa ço que per mite a co lo ca ção de obje tos di versos, pode ser uti li za da como fru tei ra ou por ta-obje tos. Pro je to do gru po ita lia no Mastro Design, que tam bém cri ou a base para vaso em resi na Eco gral, na se quên cia abai xo. Pro je ta do para adap tar-se a pra ti ca mente to das as gar ra fas plásti cas (tipo PET), per mite a constru ção de va sos perso na li za dos (na for ma, ta ma nho e cor es co lhidos pelo usu á rio, que é tam bém o cria dor). Uma idéia eco ló gi ca e que pre ten de esti mu lar a cria ti vida de
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Ao lado e abai xo, pro du tos ex pos tos na Ga le ria In ter Nos, onde a Hid den apre sen tava sua nova co le ção, com di re ção de arte de Ron Arad. Ao lado, Styre ne Lamps ha de, lu mi ná ria fei ta a par tir de co pi nhos de es ti re no le va dos ao for no, de sign Paul Cock sed ge; a foto da es quer da mos tra uma das par tes uti li za das para com por a lu mi ná ria. Abai xo, à es quer da, ban qui nhos Holo, de sign Yuko Tsu ru ma ru: quan do em pi lha dos, for mam uma es pé cie de to tem
Abaixo, Lily, lu mi ná ria em pa pel, exe cu ta da a par tir da téc ni ca de ori ga mi. Design Jessi ca Shaw, na mos tra Desig ners block
Abaixo, body-bag Lucciola que, além do design ergonômico, tem outros atrati vos: possui em sua alça um painel fotovoltaico de 6V ligado a baterias recarregáveis; a energia captada alimenta 10 LEDs ultraluminosos de baixo consumo, costurados no interior da bolsa, que se acendem cada vez que o zíper é aber to; o mesmo fio elétrico que transmite a energia aos LEDs também ser ve para sustentar a bolsa, e seu comprimento é regulável por meio de um clipe. Na par te inferior, um aquecedor de mãos – com tecido térmico especial – pode ser acoplado
Pro je ta da por Mar ti na Fer ri Par si, Luc ci o la in te grava a co le ção Cow-How de acessó ri os em cou ro com tec no lo gia in cor po ra da, reali za da por es tu dan tes do Ins ti tu to Su pe ri or para a In dús tria Ar tís ti ca – ISIA, de Firen ze, orien ta dos por Pao lo De ga nel lo
Aci ma, Co o king Chi na, uma co zi nha que se es con de den tro da mesa de re fei çõ es; de sign Clau dia Wi e de mann, do gru po Co di ce 21. À es quer da, Popi, pe ni co desen vol vi do para fa ci li tar a vida dos pais dos “usu á ri os”: após o uso, bas ta pu xar os cor dõ es e subs ti tu ir o saco plás ti co. Cria ção da du pla Adria no Design, que no ano an te ri or já se apresen tou no Sa lão Sa té li te com ob je tos bem-hu mo ra dos e in te li gen tes
Ao lado, Tipsy, ban de ja pro je ta da para se be ne fi ciar da for ça cen trí pe ta: a ge o me tria dos com par ti men tos e o po si ci o na men to da alça fa zem com que ne nhum ali men to caia da ban de ja, mes mo que a pes soa que o car re gue faça ma la ba ris mos. Design Ko ray Oz gen, mais uma boa sur presa en con tra da no Spa zio Con so lo
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Acima, Leboski, cadeira com estrutura em alumínio e encosto em PVC armado, design Carlo Contin. O PVC armado tem como principais carac terísticas flexibilidade e maciez, transparência, baixo custo e a possibilidade de ser completamente reciclado. Na sequência, Spike, banquinho para bar, foi criado pelo grupo alemão Dreipunkt4 e possui altura ajustável (varia entre 1,00 e 1,50 metro), se adequando a di versas alturas de usuário e de balcões. Qualquer semelhança com um dry mar tini não é mera coincidência...
Acima e ao lado, mesa Brasilia, design Eero Kovisto e Ola Rune para a Swedese Col lec ti on. Abai xo, Anna Ci tel li tra ba lhou com ven to sas como se fos sem “ti jo los em uma cons tru ção”, usa dos em lu mi ná ri as e em uma chai se-lon gue. À es quer da, lu mi ná ria Pol li ne, es fe ra em ple xi glass re co ber ta por ven to sas em PVC. À di rei ta, chai se-lon gue Pal mi ra, com es tru tu ra tu bu lar metá li ca, su per fí cie em po li car bo na to e “es to fa men to” em ven to sas de PVC
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GRAND HOTEL SALONE: ESPETACULAR! 42 ARC DESIGN
O Pavilhão 9, consagrado como celeiro dos novos designers, este ano abrigou, além do Salão Satélite, um novo – e já aclamado – evento paralelo: o GrandHotelSalone. Dez arquitetos de renome internacional projetaram os quartos desse “hotel design”, subvertendo conceitos e rejeitando a pasteurização (estilo “standard”) adotada na maioria dos hotéis
Winnie Bastian Fotos Andrés Otero
Como deve ser um quarto de hotel? Neutro? Provocativo? Um “pedaço de casa” ou um “exílio” desta? Respostas fáceis ou prontas não existem. A única certeza é a de que conforto, apenas, não basta: estamos mais exigentes. Efeito da globalização ou não, nunca viajamos tanto – a trabalho ou a lazer –, e, por esse motivo, o mercado do contract (mobiliário para hotelaria e espaços de uso coletivo) nunca foi tão lucrativo – nem tão disputado – como nos últimos anos. Por outro lado, o nomadismo crescente que hoje experimentamos exige que a “indústria da hospitalidade” comece a pensar em conceitos de habitação novos e originais. Foi justamente buscando novos conceitos e interpretações que o Cosmit (comitê que promove, desde 1961, o Salão do Móvel) organizou o evento paralelo mais comentado do Salão do Móvel de 2002: o GrandHotelSalone. O evento é, além de um “show” de inovação, “o primeiro gesto [e “que” gesto: difícil acreditar que toda aquela estrutura desapareceria seis dias depois] da nova política de promoção do sistema moveleiro italiano representado pela Federlegno-Arredo no mercado do contract”, revela o Cosmit. Trata-se de uma forma não-convencional – e, pela audiência do evento, vitoriosa – de promover um ser viço: questionar a realidade existente e estimular o surgimento de novas idéias e padrões. Ocupando uma área de cerca de 4 mil metros quadrados, o GHS enfatiza a originalidade e a personalização dos ambientes como elementos fundamentais para o confor to do “viajante internacional”. Os espaços coletivos do GHS, projetados pelo curador da mostra Adam Tihany, funcionavam exatamente como um hotel. À disposição dos “hóspedes” estavam Front Desk (informações, reser va de passagens ou tickets para shows), Quiet Lounge (leitura e relax), Wine Bar (com os melhores vinhos italianos), Media Lounge (filmes ao longo de todo o dia), Restaurant (com chefs de renome internacional) e Gift Shop (para os compradores de plantão).
N. York – TOYO ITO Em sin to nia com o es pí ri to “pós-11 de se tem bro”, Toyo Ito pro pôs o quar to si tua do em N. York como um re fú gio para orar e me di tar com tran qui li da de. O am bi en te, no qual pre do mi nam os tons azu la dos, foi ins pi ra do na água, que “ilu mi na nosso es pí ri to e suavi za nossa men te”, se gun do o ar qui te to. Cin co ele men tos or de navam a pro pos ta es pa cial de Ito: ba nhei ra, ar má rio com lava tó rio, cama king-size, toa le te e clo set. Em tor no de les, o pavi men to assu mia uma leve ele va ção, re fle tin do as di fe ren tes fun çõ es e ati vi da des pessoais que acon te cem nes ses es pa ços. Mo bi liá rio e piso, am bos bran cos, se fun di am vi su al men te. Era um es pa ço si len ci o so, qua se imer so nos cin co cír cu los que se for ma vam no piso
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Nesta página, de cima para baixo: um dos di versos lounges espalhados pelas áreas coleti vas do hotel; o quar to de Richard Meyer para Paris e o quar to criado por Mattheo Thun para Hong Kong
Mas o ponto alto da mostra foram os quar tos deste “hotel design”. Dez arquitetos, entre os mais renomados do mundo, foram convidados a dar sua interpretação do que seria um “quar to de hotel do futuro” – ou melhor, do presente. Cada quar to estava “vir tualmente” localizado em uma determinada cidade, iniciativa que demonstra claramente a intenção de romper com a padronização hoje existente na maioria dos hotéis. Os protótipos foram executados por empresas italianas “top”, que também produzem para o setor de contract. O resultado são propostas com for te carga simbólica, e muito diferentes entre si (conceitual e formalmente), embora todos os arquitetos tivessem recebido o mesmo briefing e uma área predefinida para trabalhar (um retângulo com 4,3 x 7,5 metros). Cada arquiteto explorou um aspecto diverso em sua proposta. Vico Magistretti propôs um quar to que tivesse muitas superfícies de apoio, mas mantendo a simplicidade, elegância e funcionalidade características de seus projetos. Ricardo e Victor Legorreta inovaram na relação entre os espaços de repouso (quar to) e de bem-estar (banheiro); o segundo é o núcleo vital do projeto. Richard Meyer, por sua vez, trouxe a atmosfera parisiense para dentro do quar to por meio do uso de elementos limpos, clássicos e claros e de uma luz “difusa, distribuída e mutante”, nas palavras do arquiteto. O minimalismo foi a linguagem adotada por Matteo Thun para expressar a cidade de Hong Kong: seu quar to era marcado pela “alternância de símbolos e silêncios”. Arata Isozaki também compôs um ambiente “minimal” para a cidade de Roma. A única semelhança entre as propostas é a existência, em cada ambiente, de um armário, uma cama, um banheiro completo e um lugar para repouso, requisitos exigidos pelo curador – e que são fundamentais para um quar to de hotel. Um quar to é sempre um quar to... mas eles não precisam – nem devem – ser iguais. ARC DESIGN escolheu os quar tos criados por Toyo Ito, Zaha Hadid, Ron Arad, Jean Nouvel e Gaetano Pesce como os representantes destes conceitos inovadores, que subver tem as idéias já consolidadas em relação aos quar tos de hotel. ❉ 44 ARC DESIGN
Sydney – ZAHA HA DID O quar to proposto por Hadid era um grande espaço aber to, no qual a área do banheiro – que em alguns momentos se di vidia do resto do espaço por uma simples cor tina – apresentava os sanitários embutidos. “Nosso pro je to quer su ge rir que obe de cer à ló gi ca dos equi pa men tos de um au to mó vel é uma abor da gem mais in te ressan te para atin gir o ob je ti vo de dar con for to ao via jan te. (...) Não é ne cessá rio criar li ga ção com Sydney ou qual quer ou tra ci da de.” Foi cria da uma pai sa gem de con tor no con tí nuo que en cap su lava to das as fun çõ es do quar to. Um es pa ço aber to, sem di vi sõ es en tre seco e mo lha do (quar to e ba nhei ro), no qual o con tex to ex ter no era co nec ta do pela ja ne la no fi nal do quar to. “Este quar to não quer ser uma casa longe da casa, mas um destino em si mesmo”, explica a ar quiteta
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Ci da de do Mé xi co – RON ARAD (acima) Para Arad, o quar to de ho tel não é uma casa lon ge de casa, mas um exí lio de casa. Por isso, deve que brar a ro ti na de quem nele se hos pe da. “O que mais me agra da ria em um quar to de ho tel não se ria a idéia de ele gân cia ou es ti lo, mas sim de con for to, trans pa rên cia, fa ci li da de de aces so à in for ma ção, en tre te ni men to e am bi ên cia”, diz o de sig ner, que cen tra li zou o con for to e as fa ci li da des prin ci pal men te em tor no de uma cama cir cu lar. Um sis te ma de pro je ção cen tral,
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sus pen so e mul ti di re ci o nal, exi bia in for ma çõ es como ma pas da ci da de, men sa gens, da dos de vi a gem, ca nais de en tre te ni men to, vi de o con fe rên cia e o que mais o hós pe de de se jar. Es ses da dos eram pro je ta dos em pai néis acrí li cos cur va dos – re ves ti dos com uma pe lí cu la es pe ci al (Lu mistyTM) – que con tor na vam a cama. Ba nhei ro e ar má rio es tavam reu ni dos em um úni co mó du lo em fi bra de vi dro. Nes te, o es pe lho po dia se tor nar trans lú ci do para que o hós pe de pu desse ver as in for ma çõ es do pró prio ba nhei ro
Fotos Divulgação
Tó quio – JEAN NOU VEL (abaixo) A má qui na fo to grá fi ca, um “ele men to ja po nês”, ins pi rou o ar qui te to Jean Nou vel na cria ção de um quar to na ci da de de Tó quio. Para Nouvel, “o quar to de hotel deve convidar os hóspedes a aceitar atitudes e experimentar prazeres que eles não têm quando estão em casa. Precisa refletir sua localização única e sugerir o perfume da cidade que o cerca”. Nou vel evi tou o uso tra di ci o nal da ja ne la, e ex plo rou a per me a bi li da de en tre a ci da de e o quar to. Essa per me a bi li da de era su fi ci en te para man ter a pri va ci da de do hós pe de ao mes mo tem po que de nun ciava a
quem es tava na rua que algo acon te cia atrás da fa cha da. Em con tra par ti da, um pou co da ci da de tam bém foi tra zi do para o quar to, que foi pro je ta do como se fosse o in te ri or de uma câ me ra (Nou vel usou o prin cí pio da câ ma ra es cu ra). Assim, teto e pa re des re ce biam pro je çõ es de ima gens da ci da de, as mes mas que se riam vis tas da ja ne la (mas que apa re ciam de ca be ça para bai xo, por cau sa do ân gu lo de pro je ção). A cama era ou tro de ta lhe ino va dor: ofe re cia ao hós pe de, além das po si çõ es para sen tar e dei tar, três pos tu ras in ter me di á ri as; tra ta-se de uma cama para vi ver, e não ape nas para dor mir
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Mos cou – GAE TA NO PES CE O quar to pro je ta do por Pes ce fala di re ta mente aos sentidos. Tra ta-se de ir além do “con for to”, que, segundo o arquiteto, não deveria ser a prioridade do projeto. Fiel à lingua gem da resi na, ma te rial com o qual tra ba lha des de a dé ca da de 1970, o desig ner constru iu um am bi ente bem-hu mo ra do e provo ca ti vo, que se contra põe à “neu tra lida de” ado ta da na mai o ria dos ho téis “estre la dos”. Pes ce de fi ne sua pro posta como “um in vó lu cro no qual os obje tos flu tuam no es pa ço, sem for ma, de for ma dos ou ain da não-for ma dos. Um pro je to so bre a pes qui sa da ‘di fe ren ça’ dos luga res, que o nosso tem po con vida a cria ti vida de contem po râ nea a ex pressar”
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EUROCUCINAEFTK
Foto Andrés Otero
Confortoeeficiêncianascozinhastecnológicas
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Quandooassuntoécozinha,confortoeeficiênciasãopalavrasdeordem;abuscapelamelhorperformancepassa,necessariamente,pelatecnologia.Porisso,esteanooSalãodoMóvel de Milão abrigou a mostra FTK: Technology for the Kitchen, paralela à Eurocucina, onde ARCDESIGNfoiconferirasprincipaisnovidades– formaisetecnológicas– dosegmento
Winnie Bastian
Cozi nhar, comer, convi ver. A cozi nha – que sempre foi o “cuore” da casa ita lia na – vem ad qui rindo, nos últi mos anos, impor tân cia crescente no contex to domés tico em di ver sas par tes do mundo. Esse fato refle te uma pos tu ra cada vez mais comum: a trans formação da casa em um “refú gio” do co tidia no agitado, es tressado e violento ao qual es ta mos su jeitos. Trata-se de vi ver o pra zer da casa, seja indi vidual – a “descober ta” do ba nhei ro como um espaço para rela xar e meditar – ou cole ti va mente, na sala e na cozi nha, onde o pra zer está di re ta mente asso ciado aos sentidos do tato, do ol fato, do pa ladar... e da vi são. Vai longe a época em que a cozinha era vista como um ambiente desarrumado, cheirando a gordura, isolado do contex to “social” da casa. A cozinha de hoje, bem-decorada e equipada com os últimos ar tifícios tecnológicos, é um local de socialização e convivência: abriga as relações familiares cotidianas, mas também está apta para receber os amigos – em grande estilo. Nas coleções apresentadas na Eurocucina durante o último Salão do Móvel de Milão, duas tendências – que podem aparecer combinadas ou isoladas – se destacaram. A primeira busca inspiração nas cozinhas profissionais, tendo como resultado ambientes organizados para a eficiência e com ampla utilização do aço inox. Algumas das soluções profissionais incorporadas ao cotidiano do “cidadão comum” são: fogões com bocas em diversos tipos e tamanhos, valorizados pelo uso de coifas grandes e potentes; pia com cubas amplas, equipadas com torneiras especiais, ex tensíveis (facilitam a lavagem de objetos ou alimentos muito grandes); e gavetas para guardar panelas (maior facilidade de acesso). A segunda tendência obser vada poderia ser descrita como “cozinha sem cara de cozinha”; ou seja, a aparência do mobiliário para cozinha está mais próxima
Acima, Case System 2.3, design Piero Lissoni para a Boffi: destaque para a leveza da bancada suspensa. Na página ao lado, a iluminação dra mática dá um aspecto futurista à cozinha exposta no show-room Boffi durante o Salão do Móvel
daquela do mobiliário do restante da casa. Para enfatizar esse aspecto, refrigeradores, freezers, lavadoras de louça e outros eletrodomésticos são “camuflados” por por tas exatamente iguais às dos armários. Um paradoxo: ao mesmo tempo que a tecnologia é ocultada por por tas de armário, sua impor tância e abrangência nas situações cotidianas estão em amplo crescimento. Se em outros tempos a tecnologia na cozinha estava restrita a um freezer com degelo programável, agora são poucos os eletrodomésticos que não apresentem um sofisticado sistema tecnológico. 51 ARC DESIGN
A co zi nha Tem pe ra HT, aci ma, re pro põe a tra di ci o nal “co zi nha de pa re de”, com re fi na das com bi na çõ es de ma te riais: blo co ope ra ci o nal cen tral – todo em aço inox, equi pa do com fo gão, pia, du plo for no e exaus tor – em aço inox, bal cão com gave tas em la mi na do postfor ming HPL, ar má ri os sus pen sos com per fil em alu mí nio e fe cha men to em vi dro aci da do. Pro je to de Luca Meda para a em presa ita lia na Dada
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As gavetas hoje guardam mais do que talheres... À esquerda, detalhe de gaveta da linha Italia, design Antonio Citterio para a Arclinea: ambição por uma cozinha pro fissional é evidenciada no material utili zado (aço inox, asséptico) e na compar timentação da gaveta, que reser va um lugar específico para cada ferramenta de cutelaria. À direita, Drawer Dish, nova lavadora de louças da Whirpool, em forma de gavetas: facilidade de acesso e “neutralidade” na composição do espaço graças a novas tecnologias
Ao lado, bancada da linha Oblò, com pia e fogão incorporados: minimalismo geométrico na criação de Mario Maz zer para a em pre sa ita li a na Units. O aço inox, for te tendência, traz o charme e o fascínio da cozinha industrial para a escala doméstica
Expostos na mostra FTK: Technology for the Kitchen, realizada paralelamente à Eurocucina, os novos eletrodomésticos – dos “cooktops” vítreocerâmicos à tela plana como acessório de gerenciamento doméstico – surpreendem pelo alto conteúdo tecnológico. Fornos a vapor garantem ajuste preciso de temperatura e umidade. Lavadoras de louça trazem, agora, duas áreas independentes – uma para louças mais delicadas e outra para louças comuns e panelas – e também dispõem de um sensor especial que, pelo grau de tur vação da água, detecta o tipo de sujeira
À ex tre ma es quer da, a li nha mo du lar Com bi Set per mi te com bi nar o tra di ci o nal sis te ma a gás e o ví treo-ce râ mi co: mai or ver sa ti li da de para o co zi nhei ro; as bo cas ví treo-ce râ mi cas pos su em aque ci men to por in du ção, o que ga ran te eco no mia de ener gia e tem po. Na se quên cia, for no a va por DG163: além de mais rá pi do do que o for no tra di ci o nal, é mais sau dá vel, pois os ali men tos man têm as vi ta mi nas e subs tân ci as mi ne rais per di das no pro ces so tra di ci o nal. Ambos produzidos pela empresa alemã Miele
das louças e estabelece a temperatura ideal da água e o tempo e número de enxágues necessários. A conexão à internet satisfaz problemas práticos e subjetivos: o usuário pode providenciar mantimentos em falta (aler tado pelo refrigerador “on-line”) ou simplesmente procurar uma receita diferente para o seu próximo almoço. Assim, temos a nosso dispor uma cozinha cada vez mais per formática... e lúdica!
A co zi nha Pi ra mi de, abai xo, pro du zi da pela Mi not ti Cu ci ne, com bi na fór mi ca, car va lho-es cu ro e pe dra Hok kai do em uma com po si ção mi ni ma lis ta, na qual o re le vo da ban ca da faz as ve zes de pu xa dor
Aci ma, Acro po lis, design Pi nin fa ri na para a Snai de ro. Pro je ta do para “abra çar” o usu á rio e per mi tir que este te nha tudo ao al can ce das mãos no mo men to da pre pa ra ção dos pra tos; a úni ca área se pa ra da do nú cleo é um blo co – tam bém em aço inox – que reú ne re fri ge ra dor, des pen sa, for no e lava do ra de lou ças. Luc ci & Or lan di ni pro je ta ram, tam bém para a Snai de ro, o sis te ma ES (abai xo), au to por tan te (as pa re des não pre ci sam ser fu ra das, possi bi li tan do mu dan ças de la yout). A for ma em “S” do bal cão que com bi na pia e fo gão, além de tra zer di nâ mi ca ao con jun to, ser ve a prin cí pi os ergo nô mi cos
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Nesta pá gi na, pro du tos da em presa ita lia na Al pes, to dos em aço inox ní quel-cro mo 19/10, ma te rial al ta mente resistente e higiê ni co. No alto, à es quer da, ban ca da com bi na fo gão e gre lha elé tri ca (tam bém pode ser uti li za da para chur ras co); na se quên cia, for no elé tri co com por ta fria (um siste ma es pe cial de cir cu la ção de ar faz com que a tem pe ra tu ra da por ta não ul tra passe os 40 graus). Ao lado, fo gão pi vo tan te: pode ser ro ta ci o na do até 90 graus, per mi tin do a uti li za ção da ban ca da para ou tros fins. Idéia in te li gen te, re ce beu o Prê mio Com passo D’Oro no ano de 1998
Na pá gi na ao lado, al guns lan ça men tos da Dada na Eu ro cu ci na: ar má ri os ocul tan do ele tro do més ti cos eram uma cons tan te. No alto (à es quer da e ao cen tro), ar má rio da li nha Ban co, design Luca Meda: o sis te ma es pe cial de aber tu ra da por ta – que fica em bu ti da no pró prio ar má rio quan do aber ta – per mi te a uti li za ção do ar má rio como mais uma ban ca da de tra ba lho, su por tan do ele tro do més ti cos me no res. Na sequência, à di rei ta, co zi nha da li nha Vela, design Luca Meda: des ta que para o uso de co res vi bran tes e para o sis te ma de aber tu ra dos ar má ri os su periores. Embaixo, co zi nha da li nha Ban co: rigor ge o mé tri co na com po si ção das ban ca das, às quais so mam-se, con for me a ne cessida de, ga ve tas ou ar má ri os.
ONDE ENCONTRAR: os produtos publicados nesta matéria, disponíveis no Brasil, estão na relação de endereços na página 61
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Vindas dos quatro cantos do mundo, visitantes descompromissados, profissionais, estudantes, clássicos inveterados e vanguardistas de plantão se reúnem em torno de um só assunto, dentro e fora dos pavi-
PING PONG MILANÊS
lhões: design, design, design! Novos materiais, novas formas, novas cores: inovação e tecnologia são
Arthur de Mattos Casas – Arquiteto e designer, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 3 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 3 Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Fui a Milão este ano, na realidade, para pesquisar desenhos de armários e closets. • Produto top e designer top: sofá Boa, de Fernando e Humberto Campana, e uma poltrona de Karim Rashid. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Produtos da Droog Design e a “biblioteca” do Material Connexion. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Doze anos. Brunete Fraccarolli – Arquiteta, São Paulo
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? As cozinhas em aço, uma torneira nova da Boffi e as peças dos irmãos Campana. • Produto top e designer top: Philippe Starck, Vico Magistretti, Piero Lissoni. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Praticamente tudo da cozinha Boffi e o sofá Boa, design Fernando e Humberto Campana para a Edra. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Dois anos ou mais.
• O MELHOR DO SALÃO: DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 3 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 5 GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 3 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 5 Eventos fora-salão: nota 5
Délia Beru – Designer e sócia da Casa 21, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 3 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 3 GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 4
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Tecnologia e tendências. Salão mais comercial. • Produto top e designer top: Família Frame / Alberto Meda e Philippe Starck. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Família Frame. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Doze anos.
Roberto Bumagny – Proprietário da Tecer, São Paulo
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Tendências de móveis, objetos para cozinhas e banheiros, sofás e quartos. • Produto top e designer top: Cappellini – Carlo Colombo. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? As peças para banheiro da Cappellini. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Cinco anos.
• O MELHOR DO SALÃO: DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 1 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 4 Eventos fora-salão: nota 5
Fernanda Machado – Sócia da Casa 21, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 3 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 4 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? A tecnologia; a diversidade das formas e uso dos materiais. • Produto top e designer top: cadeira Louis Ghost, de Philippe Starck para a Kartell. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Sistema modular, de Massimo Morozzi, para Edra, linha de cadeiras Frame da Alias, poltrona And, de Fábio Novembre para Cappellini. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Primeiro ano. Marcia Domene – Arquiteta, São Paulo
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Do ponto de vista do design, a criatividade, a tecnologia e o uso de novos materias, uso de cores fortes e vibrantes, ausência de cores... Do ponto de vista de mostras, Grand Hotel Salone e FTK: Tecnology For The Kitchen. • Produto top e designer top: LCP (chaise-longue em polimetilacrilato transparente), design Maarten van Severen para a Kartell. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Wall to Wall (Poliform), Pass (Molteni & C), Ando (Poliform). • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Primeiro ano.
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 4 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 3 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 4 Eventos fora-salão: nota 4
palavras de ordem. O que será usado já sabemos: estava em Milão nestes seis agitados dias de abril. O futuro? Este já se anunciava em sinais sutis. Aguardamos abril de 2003... Neste “ping-pong”, ARC DESIGN apresenta os destaques do Salão na opinião de profissionais brasileiros que estiveram por lá. Confira!
Sônia Diniz – Proprietária da Firma Casa, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 3 SALÃO SATÉLITE: nota 2 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 2 Eventos fora-salão: nota 4
• Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Estou esperando muito ansiosa a chegada da Moroso, mas só em 2003. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Seis anos.
Estela Martucci – Gerente da Firma Casa, São Paulo
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Os novos materiais e acabamentos utili-
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5:
zados e as tendências de cor. • Produto top e designer top: Poltrona Sushi – Fernando e Humberto Campana. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Sofá Damier (Edra), Sofá Freud (Zanotta), Mesa de jantar Estenssa (Zanotta). • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Três anos.
EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 3 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 4 Eventos fora-salão: nota 5
Ítalo Rossi – Presidente da Masisa, Curitiba
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 4 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 3
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Novas propostas. • Produto top e designer top: poltrona Oscar (Poltrona Frau). • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Criatividade, qualidade, entusiasmo visto no salão. • Há quantos anos você visita a feira de Milão? A cada duas edições.
Angela Roldão – Arquiteta, Belo Horizonte
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? A Eurocucina. Fora-salão: Teatro
• O MELHOR DO SALÃO: DÊ SUA NOTA DE 1 A 5:
Armani, do arquiteto Tadao Ando. • Produto top e designer top: A poltrona Oscar (Poltrona Frau). • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Banheiros Agape / Boffi e a tecnologia de algumas marcas de cozinha. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Três anos.
EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 5 GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 3 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 4
Thomas Lanz – Presidente da Giroflex, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5:
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Móveis de design contemporâneo
EIMU, salão do escritório: nota 2 EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 3 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 5
(pavilhões 20, 4 e 5). • Produto top e designer top: Irmãos Campana, Philippe Starck, Ludovico Acerbis. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Linha Kartell, Acerbis, Arflex, Fritz Hansen. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Cinco anos.
Valéria Beraldin – Arquiteta e proprietária do Empório Beraldin, São Paulo • O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Ver as tendências e as novas tecnologias. • Produto top e designer top: Poltrona Sushi – Fernando e Humberto Campana • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Luminárias Sticky Lamp de Chris Kabel, armários de Massimo Morozzi para Edra, poltrona Maxima de William Sawaya. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? É a primeira vez, pois nossa loja é de tecidos.
• O MELHOR DO SALÃO: DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 3 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 5
PING PONG MILANÊS
Baba Vacaro – Designer, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 4 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 4 Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Ver como os produtos são bem expostos e valorizados pela indústria; a criatividade e bom gosto nos estandes e espaços fora-salão (B&B, Ycami, Cappellini, Driade, Kartell, Edra, Moroso); novas tecnologias na fabricação, novos materiais. • Produto e designer top:difícil escolher um só... Spaghetti Chair (de T. Dixon para Cappellini); Tokyo Pop (de T. Yoshioka para Driade); Sofa Reef (de P. Lissoni para Cassina); One Family (de K. Grcic para Magis). • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Vasos Nembus, em PVC (Driade); produtos têxteis de Anne Kyyro Quinn, designer inglesa; Sticky Lamp (Droog Design). • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Há cerca de oito anos. Denise Stockler Portugal – Gerente da Staaten, Belo Horizonte
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Os show-rooms fora-salão. • Produto top e designer top: Produtos: muitos. Designers: Ron Arad, Paolo Piva, Irmãos Campana, Tressera. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Todas as grandes e excelentes fábricas já têm representantes no Brasil. E isto é muito bom! • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Três anos.
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 3 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: não visitei SALÃO SATÉLITE: nota 4 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 4 Eventos fora-salão: nota 5
Maria Abadia Haich – Decoradora, Goiânia
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 5 GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Salão Satélite e Grand Hotel Salone. • Produto top e designer top: Sofá Boa – Fernando e Humberto Campana. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Cavalete Salão Satélite, banquinho Salão Satélite, todos os produtos alternativos, porém acessíveis. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Três anos.
Maurem Françoise – Designer de Interiores, Belo Horizonte
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Salão Satélite e Grand Hotel Salone. • Produto top e designer top: Sofá Boa – Fernando e Humberto Campana. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Produtos do Salão Satélite: design inteligente com preço acessível.
• Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Dois anos.
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 5 GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 5
Sônia Regina Colapietro – Diretora de Marketing da Arredamento, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 4
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? O Salão Satélite. • Produto top e designer top: Empresa Edra / Design Binfaré • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Matérias-primas inovadoras para desenvolvimento de produtos mais competitivos no mercado. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Quinze anos.
MÓVEIS E OBJETOS (p. 18 a 35) – ONDE ENCONTRAR ACERBIS, FRITZ HANSEN E KARTELL Forma – Av. Cidade Jardim, 924, São Paulo. Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A, Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br
CAPPELLINI
EDRA, MOROSO E ZANOTTA Firma Casa – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487, São Paulo. Tel.: (11) 3068-0377 Rio Design Barra: Av. das Américas, 7.777, Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br
Douek & Prado – Pça. Benedito Calixto, 96, São Paulo. Tel.: (11) 3061-1531
Espaço Tecer – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 785, São Paulo. Tel.: (11) 3064-6050 www.espacotecer.com.br MAGIS
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www.douekprado.com.br MISURAEMME E AUPING
Collectania – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.456. São Paulo. Tel.: (11) 3088-6555 www.collectania.com.br
Fernando e Humberto Campana – Designers, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitamos EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitamos GRAND HOTEL SALONE: nota 3 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitamos Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? O Salão Satélite. • Produto top e designer top: Cadeira One Family (de K. Grcic para a Magis).
• Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Chair One Family, Jogos da Magis, Cadeiras de papel Tokio Pop para Driade – somente as de papel. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Desde 1995.
Raphael Benviniste – Designer Gráfico da Forma, São Paulo
• Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Sofá Gem e estantes Life, da Acerbis, e sofá Form, da Kartell. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Desde 1986.
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 2 EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 5 SALÃO SATÉLITE: nota 4 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 5
Nicola Goretti – Arquiteto, Brasília
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: nota 4 EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 3 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 3 Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? Possivelmente os eventos fora-salão. • Produto top e designer top: impossível de responder. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Os fabricados pelas empresas Edra, Moroso e Poltrona Frau. • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Sete anos.
Paulo Sérgio Franzosi – Consultor para Design do Sebrae, São Paulo
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5:
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? O uso de matérias-primas alternativas; a política de desenvolvimento de produtos e o marketing agressivo das empresas italianas. • Produto top e designer top: Sofá Boa (dos irmãos Campana para Edra). Também achei muito interessante o ventilador Spirit, de Guto Indio da Costa, e a cadeira Giro, de Lars Diederichsen. • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? Namoradeira Victoria and Albert (Moroso), poltrona Oscar (Poltrona Frau) e cadeira Ero/s (Kartell). • Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Dois anos.
EIMU, salão do escritório: nota 3 EUROCUCINA, salão da cozinha: nota 4 GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 4 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: não visitei Eventos fora-salão: nota 4
Vera Santiago – Gerente de Relações Comerciais da Schuster, Porto Alegre
• O MELHOR DO SALÃO, DÊ SUA NOTA DE 1 A 5: EIMU, salão do escritório: não visitei EUROCUCINA, salão da cozinha: não visitei GRAND HOTEL SALONE: nota 4 SALÃO SATÉLITE: nota 5 FTK: TECHNOLOGY FOR THE KITCHEN: nota 5 Eventos fora-salão: nota 5
• O que mais lhe interessou na Feira de Milão? O Salão Satélite. • Produto top e designer top: Sofá Boa (de Fernando e Humberto Campana para Edra). • Que produtos você gostaria de encontrar no Brasil? O sofá Boa e os produtos das empresas Riva e Ceccoti.
•Há quantos anos você visita a Feira de Milão? Dois anos.
COZINHAS (p. 50 a 57) – ONDE ENCONTRAR: B&B
DADA
Atrium – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 642, São Paulo.
Abitare – Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.970, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3061-1125 abitareprogetto@uol.com.br
Tel.: (11) 3061-3885 www.atrium.com.br
MIELE ALIAS, CASSINA, SAWAYA & MORONI E VITRA Dotto – Av. Eng. Luís Carlos Berrini, 716 1º andar. Tel.: (11) 5102-7000 Torre do Rio-sul: Rua Lauro Muller, 116, cj 1.105, Rio de Janeiro, RJ Tel.: (21) 3873-7000 www.dotto.com.br
Plancorp – Rua Lopes Amaral, 98, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3845-0240 plancorp@prestonet.com.br SNAIDERO
Siemark – Rua Acyr Guimarães, 522, Curitiba, PR. Tel.: (41) 342-4990 Rua Padre João Manoel, 199, cj. 53, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3088-2941 www.siemark.com.br
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INTERIORES
Um centro de treinamentos deve ser um local rígido ou descontraído? O arquiteto Eduardo Whitaker aposta na segunda opção, e mostra que, para atingir esse objetivo, design e tecnologia são grandes aliados
Arquitetura, design... e tecnologia Quem passa pela Avenida Brasil, em São Paulo, vendo o novo prédio da Sun Micro Systems poderia imaginar que aquela é a nova sede da empresa. Na verdade, o local é o centro de treinamento da multinacional, cuja fachada imponente “camufla” um interior policromático, estimulante e irreverente. Traduzir em arquitetura a importância institucional de uma empresa e a alta tecnologia dos equipamentos que ela produz foi o objetivo ao qual o arquiteto Eduardo Whitaker se propôs quando elaborou o projeto do novo centro. O antigo edifício foi totalmente reestruturado. Na fachada privilegiou-se as linhas sóbrias, o que, somado à localização em uma das avenidas de maior circulação da cidade, desempenha importante papel institucional. No interior, ao contrário, o ambiente é arrojado, descontraído, proporcionando uma atmosfera agradável Da Redação Fotos Carlos Kipnis
para os treinamentos. A inovação se apresenta nos espaços de circulação e estar – salas específicas para o staff, reuniões e treinamento seguem o padrão adotado internacionalmente pela multinacional. Na área de circulação, três ambientes compartilham o mesmo espaço, cuja divisão é evidenciada pela intervenção marcante do desenho no piso em resina. A recepção é destacada pelas luminárias redondas dispostas simetricamente logo acima do balcão. Ao lado, ciberterminais podem
62 ARC DESIGN
Na página ao lado, a fachada do prédio da Sun, na Avenida Brasil. Embaixo, balcão de recepção, projetado pelo escritório Eduardo Whitaker, é destacado pelas luminárias Glo-Ball, design Jasper Morrison. Nesta página, vistas da área externa: as cores cítricas e o desenho do piso em resina de poliuretano conferem dinamismo ao am biente. Ao lado, mobiliário em material sintético: sofá Bubble Club, design Philippe Starck; pufes laranjas Memo, design Ron Arad; poltronas transparentes infláveis, design Form Factory
ser usados pelos visitantes para consulta à internet, e cabi-
tecnologia. A solução encontrada foi a utilização de peças
nes com tomadas para notebooks também estão disponí-
em materiais sintéticos, como o plástico e o vinil, assinadas
veis. Uma vitrine interativa para exposição de produtos em
por Philippe Starck, Ron Arad e Vico Magistretti. Arejada e
lançamento permite que qualquer operador – que se sinta
iluminada, a área é o lugar do convívio, do coffee-break, da
apto – tenha contato com as máquinas, enquanto quem
conversa e da troca de experiências. No café, a parede laran-
está de fora observa e conhece o equipamento. Um painel
ja contrasta com as cadeiras azuis-anil, escolha compatível
metálico com cubos encaixados em vãos circulares foi a
com o dinamismo do espaço. Também nesse ambiente uti-
forma divertida encontrada para aproximar os instrutores
lizou-se o piso em resina. “Eduardo Whitaker dividiu a
de seus alunos: as faces do cubo contêm informações so-
área como uma malha geométrica cartesiana, deixando
bre a pessoa, como nome, características pessoais, grupo
evidente a disposição do mobiliário, e então trabalhamos
que irá liderar etc. Na parte externa, a ampla área foi cober-
o desenho do piso adequando o aspecto aleatório caracte-
ta por uma tenso-estrutura, mantendo as laterais livres, o
rístico da linguagem da resina. Cores cítricas, vibrantes, per-
que condicionou a escolha do mobiliário: este deveria ser
mitiram expressar a modernidade que o projeto exigia”, ex-
resistente à ação do tempo, além de incorporar design e
plica a designer Adriana Adam, criadora do piso de resina
Abaixo, cafeteria; o caráter dinâmico do ambiente é reforçado pelo uso de cores vibrantes. Destaque para as cadeiras azuis Blablabla, design Philippe Starck
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poliuretânica no Brasil. “Este lugar é uma espécie de contraponto que dialoga com a tecnologia de ponta, da vanguarda dos equipamentos que a empresa produz. E o projeto é dinâmico; a área externa, por exemplo, é um espaço que também poderá ser usado para eventos da empresa. É um edifício que extrapola sua função de local de treinamento para ter múltiplo uso”, comenta o arquiteto Eduardo Whitaker. ❉
Obra: Centro Educacional Sun Micro Systems Projeto: Eduardo Whitaker Consultoria e Planejamento Comercial Ltda. Gerenciadora da Obra: Jones Lang LaSalle Piso (Recepção, Lounge e Cafeteria): Resin Floor Mobiliário (Recepção, Lounge e Cafeteria): By Design, Douek & Prado, FAS, Light Shop/Kartell, Teperman Iluminação: Conelight e Dominici Acima, à direita, o banheiro. Abaixo, ciberterminais com equipamentos Sun e cabines para notebook
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di na mar quês, in te gra-se com har mo nia à pai sa gem ári da do pla nal to cen tral bra si lei ro
na Em bai xa da da Di na mar ca no Bra sil, cuja ar qui te tu ra mo der nis ta, de for te tra ço
Amplitude, um retorno aos anos de 1960 e design de alta qualidade são presenças marcantes
Atmosfera dinamarquesa
Angélica Valente Fotos Nelson Kon
A coerência entre forma e função é marcante no edifício da Embaixada da Dinamarca em Brasília, lugar que além de servir às relações diplomáticas oficiais do país, é residência da embaixadora dinamarquesa no Brasil, Anita Hugau. O projeto, assinado pelo arquiteto Jorgen Bo em 1972, faz referência à arquitetura do Museu Dinamarquês de Arte Contemporânea Louisiana, também de sua autoria. Deste, o edifício conserva a profunda integração com a natureza, ressaltada pela arquitetura aberta, o espaço amplo (são 700 metros quadrados de construção) e contínuo. A disposição no terreno e as grandes
Aci ma, ca dei ras Se ri es 7 (a Di na mar quesa) ama re las fa zem a inter ven ção su til na ho mo ge neida de do am bi ente bran co e fun ci o nal da copa. Mesa Ta ble, design Hein, Mathsson e Ja cob sen. Na pá gi na ao lado, am pla área de cir cu la ção, com ca dei ras Swan, de sign Arne Ja cob sen, em pri mei ro pla no: com po si ção pri mo ro sa de co res
janelas de vidro privilegiam a iluminação natural, proporcionando uma bela visão externa para todos os ambientes da embaixada. No interior, pisos em cerâmica ou madeira em tonalidades semelhantes remetem à cor vermelha da terra de Brasília. As paredes brancas destacam o mobiliário, que reúne exemplos clássicos do design dinamarquês. Mas não foi sempre assim. A ambientação atual teve a intervenção cuidadosa da embaixadora, fascinada pelo design de seu país. Ela nos conta que o antigo layout comportava mobiliário “old-fashioned”, inadequado para um edifício de traços modernistas tão marcantes. “A casa tem a parte de decoração fixa, na qual eu não intervim; para os espaços residenciais, trouxe muita coisa da Dinamarca logo que me mudei para cá. Queria compor um jeito dinamarquês de morar no Brasil. É fundamental que eu me sinta em casa para que possa representar meu país da melhor maneira.” Do design dinamarquês destacam-se peças de Arne Jacobsen e Poul Kjaerholm. Na sala de TV, a composição em mobiliário assinado por Kjaerholm é sublinhada pelas cadeiras Swan, de Jacobsen, ao fundo. Ao redor da lareira, o design de Kjaerholm é também predominante e recebe a intervenção estética de Jacobsen nos candelabros e objetos sobre a mesa de centro. No "home-office" e na copa, as mais emblemáticas cadeiras de Jacobsen, Ant, e a conhecida Dinamarquesa, em edições coloridas. “Muitas dessas peças eu tenho há mais de 30 anos! É um design feito para durar. Arne
Acima, cadeiras Ant coloridas, design Arne Jacobsen, dão um ar descontraído ao “home-office”. Abaixo, na sala da lareira, so fás PK 31/2, mesa de centro PK 61 em mármore sem polimento e banquetas PK 33, design Poul Kjaerholm. Na mesa, ob je tos e can de la bros, de sign Ja cob sen
Ao lado, área da pis ci na. Abai xo, na sala de TV, a pre do mi nân cia das to na li da des “bra si li a nas”: pol tro na em pa lha PK 22, mesa PK61 em már mo re bru to re tan gu lar, ban que tas PK 33 em cou ro na tu ral, design Poul Kjae rholm. Na pá gi na ao lado, ob je tos di na mar queses e bra si lei ros em com po si ção: pol tro nas PK 22 em pa lha e mesa PK 65, design Poul Kjae rholm; ao fun do, apa ra dor e ban co em ma dei ra, design Mau rí cio Aze re do
66 ARC DESIGN
Jacobsen e Poul Kjaerholm eram fascinados por cur-
Jacobsen como um de seus principais expoentes e
vas – assim como Niemeyer no Brasil – e estavam sem-
deixou marcas definitivas no design e na arquitetura
pre à procura de soluções simples, inteligentes e de
contemporânea da Dinamarca".
alta qualidade, dentro da tradição do design na Dina-
Em julho deste ano, a Embaixada da Dinamarca pro-
marca”, explica a embaixadora.
moverá, em parceria com a Forma, uma exposição so-
De fato, uma das características mais fortes do design
bre a obra de Arne Jacobsen, homenagem ao centená-
dinamarquês, reconhecido no mundo todo, é a união
rio do arquiteto e designer. Sobre o evento, a embaixa-
criteriosa de senso estético, função, alta qualidade e
dora comenta: “fazer uma exposição sobre Jacobsen
economia de materiais. Nesse sentido, o trabalho de
na embaixada será um imenso prazer; além disso,
Arne Jacobsen desempenhou um papel importantíssi-
como o design dinamarquês é forte e presente na
mo, tanto em sua passagem pela Royal Academy of
Embaixada, o processo será bem simples: novas peças
Arts de Copenhague, como na simplicidade das formas
serão somadas às aqui existentes e o conjunto será
fluidas e geométricas que criou e permanecem atuais
então disposto da maneira mais adequada”.
até nossos dias, como afirma Anita Hugau: “Esse
Em São Paulo, a exposição será realizada no Instituto
modernismo, iniciado nos anos de 1920 e 1930, teve
Tomie Ohtake, até o dia 07 de julho de 2002. ❉
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O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian
COLOR-SHIFTING POLYVINYL CHLORIDE FILM
mc#2604-08
Material furta-cor que pode ser trabalhado em relevo. É feito de um sanduíche de PVC laminado com um filme interno de múltiplas camadas (mais de 300) de poliéster/acrílico. Essa construção em camadas absorve a luz que incide nos filmes, refletindo-a em diferentes cores, conforme o ângulo de visão e a fonte de luz. Disponível em dois pares de cores – cian/púrpura e dourado/magenta –, em consistência rígida ou flexível, em diversas texturas e espessuras, em folhas de 59,69 cm x 135,89 cm ou rolos, com 60,96 cm de largura. Aplicações incluem embalagens de cosméticos, calçados, bens esportivos, bolsas, acessórios, papel de parede
MATERIAL CONNEXION
LEATHER FLOOR AND WALL TILES mc# 3297-03 Ladrilhos em couro macio e durável para revestimento de pisos e paredes. São feitos a partir de couro bovino, curtido com tanino e tingido com uma combinação de anilina e corantes vegetais. Disponíveis em quadrados, retângulos e diversas formas geométricas. Os ladrilhos para piso podem ser encontrados em seis cores diferentes, e os para parede, em três, além de cores personalizadas
WOVEN POLYESTER SHOE FABRIC
mc# 1556-01
Tecido idealizado para sapatos e tênis. Urdido em 100% poliéster, está disponível nas seguintes combinações de cores: vermelha/preta, branca/preta e azul/preta, com largura variável entre 150 cm e 155 cm
DECORATIVE L AMINATED GL ASS
mc# 1965-08
Vidro decorativo para envidraçamento arquitetônico interior e exterior. É composto por uma folha de tela de cobre prensada entre duas camadas de um filme acrilato transparente, colado a duas camadas de vidro temperado. Pode ser feito com qualquer vidro colorido e cortado em qualquer tamanho e forma
WOVEN FIBER OPTIC LIGHTING mc# 0189-01 Painel emissor de luz, flexível e durável, não-gerador de calor ou interferência eletromagnética. É formado por múltiplas (entre 1 e 6) camadas, tecidas a partir de fibras ópticas. Possui uma camada refletiva fixada em um dos lados para aumentar a intensidade da luz e refleti-la em uma única direção, e uma camada difusora semitransparente no lado superior para acentuar a uniformidade. A fonte de luz pode ser um único LED (diodo emissor de luz), lâmpadas incandescentes de baixa voltagem, ou lâmpadas halógenas, em diversas categorias de potência. Aplicações incluem luz de fundo para LCDs (liquid crystal displays), para interruptores, keypads e painéis de controle; para sistemas de câmeras; para aparelhos médicos
TEXTILE L AMINATING ADHESIVES
mc# 0253-02
Trama adesiva para aplicação em laminação têxtil de alta performance. Incorpora adesivos do tipo “hot melt” (sólidos em temperatura ambiente, líquidos quando aquecidos e re-solidificados quando esfriados) com tramas de fibras de poliéster modificado, poliamida ou polyolefin. O adesivo e a fibra são completamente integrados. A vantagem de utilizar tramas adesivas é que não são necessários aditivos químicos e a aplicação exige apenas calor. Essas tramas podem ser projetadas para aderir em qualquer substrato, e são utilizadas para laminação têxtil, em aplicações como cortinas, tapetes, revestimento de paredes e no vestuário para firmar as costuras e para fornecer propriedades antidesgaste para ilhoses de cintos
EL ASTOMERIC GEL
mc# 4056-04
Gel com maciez controlada, utilizado para estofamento. É termoplástico, resistente à fadiga (sobrevive a centenas de milhares de deflexões), elastomérico e sua rigidez pode ser controlada (de denso a extremamente macio) pela variação do óleo empregado em sua formulação. Pode ser processado por diversas formas de extrusão, fusão ou injeção e pode ser colorido – desde translúcido, passando por tons pastéis, até fluorescentes. Pode, ainda, receber tratamento para ser resistente a micróbios e radiações ultravioleta. Aplicações incluem mobiliário, almofadas de assentos, colchões, estofamento médico e comercial, calçados, mochilas, malas desestruturadas
REFLECTIVE FILMS mc# 4402-01 Filmes refletivos para aplicações externas, auto-adesivos e permanentes. Estão disponíveis em sete cores e com diferentes desenhos e níveis de refletividade. Para aplicações em arquitetura, transporte e sinalização em geral que exijam harmonia e durabilidade
DECORATIVE PVC (POLYVINYL CHLORIDE) FILM mc# 3901-03 Filmes decorativos revestidos com grânulos e flocos coloridos. Diversos grânulos e/ou flocos de PVC colorido são aplicados à superfície de um filme de PVC – com 42 cm de largura e espessura entre 0,038 e 0,076 cm –, opcionalmente revestido com uma cobertura de PVC transparente. Usos incluem etiquetas, sinalização, design de vestuário, mobiliário, revestimento de paredes e pisos
KNITTED PL ASTIC CORDS mc# 4403-01 Cordas plásticas entrelaçadas com alto poder elástico. São resistentes à abrasão, intempéries, descoloração causada por fungos e decomposição; são produzidas em dois tipos. O primeiro possui alma e revestimento em 100% poliéster low-stretch, estira menos do que as outras cordas e é adequada para cordas de estilingues, mastros de bandeiras, guindastes e cordames. O outro possui capa em poliéster “low stretch”, com alma em poliéster e polipropileno; é uma corda multiuso. A construção entrelaçada elimina o problema de torção associado com os fios trançados da maneira tradicional. Ambas as cordas estão disponíveis em 6 diâmetros e com uma ampla gama de resistência à ruptura 71 ARC DESIGN
MOVELSUL o design na vitrine A maior – e melhor – feira da indústria moveleira realiza-se a cada dois anos em Bento Gonçalves, RS. Atentos à importância do design para a expansão de seu mercado, os organizadores da Movelsul promovem o Salão Design, com concorrentes de todo o Mercosul.
Ao lado, banqueta Onda: pés em aço inox e plástico injetado e assento em aço revestido com couro. Criação de Ilse Lang, recebeu o prêmio nacional na modalidade pro fissional do VIII Salão Design Movelsul
73 ARC DESIGN
Maria Helena Estrada Muito se tem caminhado para a definitiva implantação do design, ou seja, de um projeto contemporâneo e original junto à grande indústria moveleira. De olho na exportação, ou mesmo no mercado interno, o design é ferramenta essencial. Mas um sinal de que o mercado para o designer ainda não está assim tão favorável – ou aberto – é a sucessão de concursos nos quais os mesmos
Versatilidade e criati vidade dão o tom ao Metaso fá, acima. Projetado por Maria Cecília Rego de Oli vei ra, re ce beu men ção hon ro sa na modalidade estudante. Abaixo, banco Go, em madeira laminada, não recebeu nenhum prêmio mas recebe o destaque de ARC DE SIGN. Design Alain Blatche para a empresa gaúcha Schuster
protótipos se repetem: não foi diferente na Movelsul. Hoje, as exposições com o resultado dos concursos são a melhor vitrine para os designers, jovens ou mesmo veteranos. No concurso de 2002, ARC DESIGN destacou alguns produtos que melhor incorporavam os requisitos básicos ao design: contemporaneidade, originalidade, qualidade de projeto e de produção, sem falar na ecologia, uma preocupação ainda nãoprioritária para nossos profissionais do projeto. Um destaque especial, para nós, foi a estudante Maria Cecília Rego de Oliveira, da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Curitiba, com o estofado Metasofá; um projeto lúdico e funcional, além de totalmente original! 74 ARC DESIGN
Acima, mesa Go, outro destaque do designer Alain Blatche para a Schuster. No detalhe (abaixo), as bor das em ma dei ra cla ra ocultam gavetas multiuso
Ao lado, torre de atendimento, design Ronaldo Duschenes para Flexiv: a ar ticulação das peças permite o ajuste de altura e posição de cada par te do conjunto, proporcionando uma composição “compac ta”
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Cidadela da eficiência moveleira Ethel Leon
“Destruir o mito de que design é acessível apenas a uma casta.” A missão da diretoria da Movelsul é anunciada por Jeferson Bertolini, diretor-presidente da edição 2002, a 13ª da história. Realizada bienalmente em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, a feira (cinco pavilhões cobrindo 50.280 metros quadrados) demonstra o crescimento do setor em várias direções. Uma delas é o design. Mas outras, igualmente importantes, se fizeram presentes na maior feira de móveis da América Latina.
Quem frequenta a feira há muitos anos surpreendeu-se com a melhoria da qualidade da maior parte dos fabricantes, especialmente aqueles dedicados a móveis componíveis para cozinhas e escritórios: Todeschini, Carraro, Bertolini, SCA, Flexiv são nomes que vêm-se fortalecendo em todo o país e aperfeiçoam, a cada feira, não só seus produtos, como sua apresentação. Os 414 estandes (com expositores de 12 Eestados brasileiros), de forma geral, melhoraram muito em layout com relação às últimas edições. E o mobiliário revela algumas conquistas de qualidade, identificáveis em detalhes como ferragens, puxadores e acabamentos: gavetas que correm com facilidade, portas alinhadas, superfícies bem aplicadas são indícios de que os móveis têm melhor desempenho. De forma geral, pode-se notar a preocupação em introduzir benefícios e também em acompanhar tendências, geralmente trazidas de Milão. Algumas empresas, como a Tramontina e a Cinex, orgulham-se de ter contratado designers italianos para projetar novos lançamentos, móveis de jardim, no caso da Tramontina, e futuras peças de móveis residenciais e de escritórios da Cinex. Estas duas empresas são exemplos do enorme dinamismo dos empreendedores gaúchos: a Tramontina, tradicional fabricante de utensílios domésticos, se lança na área de mobiliário de madeira, buscando mercado interno e externo. A Cinex levou ao Rio Grande do Sul tecnologias alemã e italiana de perfis 76 ARC DESIGN
de alumínio em portas de vidro e fundou uma empresa produtora que, em cinco anos, conseguiu a proeza de vender para a Steelcase norte-americana – maior fabricante de móveis de escritório do mundo. Além do olho nas exportações, os expositores da Movelsul dirigem-se com força ao mercado popular interno, de grandes proporções. Raros são os fabricantes de móveis para a elite econômica. Os consumidores de móveis vendidos em grandes redes são o alvo de muitas empresas e seus produtos vêm ganhando em qualidade e design. Um bom exemplo são os lançamentos da empresa mineira Itatiaia, tradicional fabricante de móveis de aço para cozinha. Uma nova linha, desenvolvida pelos designers Angela Carvalho e Alex Neumeister em parceria com a equipe interna da empresa (veja ARC DESIGN 21), rendeu um produto esmerado, com cores originais e acabamentos surpreendentes (paredes duplas e sistema de fechamento de portas que reduz o ruído) que reabilitam o uso dos velhos armários de aço.
A Movelsul demonstra também uma ótima capacidade de promover negócios em várias esferas. Uma das prioridades desta edição foi aumentar o número de visitantes da feira. Foram cadastrados 32.525 profissionais do setor de móveis, um crescimento de 25% em relação à última edição, em 2000. Os importadores vieram de 53 países (contra 41 de 2000). Trinta deles foram levados a Bento Gonçalves pela organização da feira com apoio da Agência de Promoção de Exportações – APEX, o que, segundo dados divulgados pelo Sebrae/RS, resultou em 550 encontros, o que deve gerar um volume de negócios de 3 mi-
Nas duas páginas, lançamentos de quatro empresas brasileiras na Movel sul. Na pá gi na da es quer da, es tan te mo du lar HB System, da Ber tolini: por tas em vidro e alumínio apresentam mecanismo ex clusi vo de aber tura. Na sequência, Sistema SCA de Mobiliário Contemporâneo: as cores invadem as cozinhas
Acima, à esquerda, armário de cozinha Todeschini em uma composição contrastante das cores Cris tal 39 e Ta bac co 47. Na sequência, o siste ma Rea sons para escritórios, produzido pela Marelli, que apresenta estrutura em alumínio e di versas opções de cores e acabamento dos painéis
lhões de dólares nas exportações, beneficiando, sobretudo, pequenas empresas. A direção da Movelsul promoveu ainda um balcão de negócios voltado para design, o Salão Vende Design, com encontros agendados entre escritórios de designers e empresas fabricantes de móveis. Novos pavilhões – todos climatizados, serviços de transporte para os aeroportos próximos, programação para ocupar os visitantes internacionais, vários cibercafés espalhados no espaço expositivo permitiram visitas eficientes de compradores e jornalistas de veículos moveleiros holandeses, sul-africanos, australianos, libaneses, norte-americanos, alemães e de mais 47 nacionalidades. A Movelsul já se firmou como a mais importante feira brasileira do setor moveleiro. Aguardamos 2004! ❉ 77 ARC DESIGN
Nesta página, convite e fragmentos da ilustração criada por Kiko Farkas para a Identidade da 6ª Bienal
O DESIGN GRÁFICO BRASILEIRO?
A QUANTAS ANDA
Re a li za da en tre os dias 21 de mar ço e 7 de abril, no Sesc Pom péia, em São Pau lo, a 6ª Bi e nal do De sign Grá fi co, ini ci a ti va da As so ci a ção dos De sig ners Grá fi cos - ADG, com o apoio do SE NAC e do SESC, reu niu mais de 300 tra ba lhos pro du zi dos nos úl ti mos dois anos no país, en tre sis te mas de iden ti da de cor po ra ti va, ti po gra fia, em ba la gens, li vros, pe ri ó di cos, in ter net e ou tros mei os
Da Redação Os responsáveis pela seleção foram os 35 jurados, sob coordenação do curador Francisco Homem de Mello, que deveriam escolher entre 1.700 trabalhos inscritos os 300 mais representativos, divididos em 19 categorias. Um trabalho cuidadoso, como explica o curador: “o desafio do júri é equilibrar transgressão e consistência, ou seja, o projeto ousado, destinado a poucos e o projeto de caráter institucional, destinado ao grande público”. Além da exposição, a presença de designers internacionais nos debates levantou questionamentos sobre a profissão, discutindo suas experiências para confrontá-las ao fazer brasileiro. Cecília Consolo, responsável pela coordenação de debates e palestras, explica no catálogo da Bienal a escolha dos convidados: “a presença de David Carson e John Warwicker visa desvendar os rumos que eles adotaram após o mergulho na ruptura de fronteiras, uma oportunidade para conhecer suas produções e questionamentos atuais. O workshop de Bruno Maag busca a retomada da legibilidade e da estruturação funcional do ‘typedesigning’, enquanto Rubén Fontana traz a experiência de uma carreira pioneira na América Latina, com um forte trabalho de identidade desenvolvido no cenário das crises econômicas e instabilidades do sis te ma fi nan cei ro, co muns em to dos os paí ses la ti nos”. O que ficou evidente no conjunto dos trabalhos expostos nessa sexta edição da bienal foi a heterogeneidade, alguma transgressão e muita timidez. Ainda são poucos os que se arriscam na exploração de linguagens diferenciadas e capazes de dialogar com a cultura em que estão inseridos. Poderiam ser mais. Num país jovem e vasto como o Brasil, cujas influências são inúmeras e diversificadas, ousar é possível. Na verdade, não se trata de criar uma identidade única para o design gráfico brasileiro, mas, como explica Rafic Farah (ver ARC DESIGN 15): “falta no design brasileiro profundidade e regionalização: entender o que está em torno dele, os meios que tem, para quem vai falar. Descobrir seu discurso e se libertar, refletir a cultura onde vive”. E a Bienal, enquanto espaço de exposição e discussão do design gráfico, é peça-chave nesse processo. Nas próximas páginas, Sandra Ribeiro, Ernesto Boccara e Carlito Carvalhosa, três dos integrantes do júri da bienal, tecem seus comentários e avaliações sobre o evento.
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Aci ma, à es quer da, lo go ti po para a Be ne dixt, Prê mio Ouro ADG na ca te go ria Sím bo los e Lo go ti pos, design Pe dro Luis Car va lho (Made in Bra sil Design): seis for mas orgâ ni cas mu tan tes fo ram cria das a par tir da mar ca an te ri or, atua li zan do a iden ti da de vi sual da loja. À di rei ta, Scre enty pe, ti po gra fia para mí dias di gi tais, design Crystian Cruz: boa le gi bi li da de e pa drõ es es té ti cos con tem po râ ne os. Na pá gi na ao lado, à es quer da, ti po gra fia Seu Juca, ba se a da em dese nhos ori gi nais de João Ju vên cio Fi lho, Prê mio Ouro ADG na ca te go ria Ti po gra fia: os qua tro es ti los bus cam re pro du zir as va ria çõ es de tra ta men to de som bras cria das por “seu Juca”; design Pris ci la Lena Fa rias
Abai xo, à es quer da, car taz para o fil me “Onde a Ter ra Aca ba”, design Guto Lins e Adria na Lins (Ma ni fes to Design). Na se quên cia, car taz do pri mei ro CD da du pla de mú si ca ele trô ni ca AD, design Ale xan dre Suan nes (Es po le ta Design): ins pi ra ção “cyber ali e ní ge na”
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Acima, à direita, car taz para o evento XXIV Gioconda Venuta: cores cítricas ganham destaque nos murais sobrecarregados das faculdades; design Orlando Facioli Júnior (Nuts Design). Abaixo, sistema de car tazes sobre mobiliário urbano AD SHEL, Prêmio Ouro ADG na categoria Car tazes; design Bitiz Afflalo & Associados
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À esquerda, edição especial da revista 55, publicação semestral da Bo ok mark, ex plo ra ma te riais di fe ren cia dos (como a capa em veludo molhado) e traz ensaios fotográficos de Bob Wolfenson; design Rober to Cipolla e Hélio Rosas. Na se quên cia, A Re vis ta, pu bli ca da pela grá fi ca Ta ka no, Prê mio Ouro ADG nas ca te go rias Pe ri ó di cos e Di re ção de Design de Pe ri ó di cos: em cada edi ção a re vis ta tra ba lha re cur sos grá fi cos es pe ciais, ilus tran do apli ca çõ es de téc ni cas de im pressão e aca ba men to di fe ren ci a dos; design Fer nan da Sar men to e Gi se le Dias
“Não senti, nesta edição, caminhos ou tendências fortemente inovadores, mas a consolidação do design como uma ferramenta indispensável para a implantação e manutenção de uma interface entre o mercado (em suas diversas áreas de atuação), o produto (como solução não apenas gráfica a determinado problema percebido, mas como criatividade total integrada) e o consumidor (o destinatário cultural de todo o processo). O trabalho para Nokia, desenvolvido pela Tátil Design, foi inovador em relação à linguagem de varejo e de ponto-de-venda: pela concepção modular polivalente, pelas cores, pela facilidade de instalação e adaptação a diferentes espaços/funções. Destaco também categorias como capas de livros e periódicos,
Abai xo, a capa do li vro “Oc tae dro” tra ba lha a fi gu ra ge o mé tri ca do tí tu lo, acen tuan do a mul ti pli ci da de de pon tos de vis ta ex plo ra dos pelo au tor; (design Evelyn Gru mach, Eg Design)
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que apresentaram alto grau de profissionalismo, bom gosto e acabamento primoroso. Alguns profissionais desmembraram um trabalho completo feito para um cliente em duas ou mais categorias semelhantes. Creio que as categorias, no futuro, devam ser por soluções aos clientes, em uma visão mais
Na alto da pá gi na, à es quer da, o li vro “Noi tes Tro pi cais” (design Luiz Stein), Prê mio Ouro ADG na ca te go ria Ca pas de Li vros, uti li za co res es pe ciais na ti po gra fia. À di rei ta, di ci o ná rio “Houaiss”, Prê mio Ouro na ca te go ria Li vros: fon te es pe cial men te cri a da para aten der a ne ces si da des de le gi bi li da de em cor po re du zi do; design Vic tor Bur ton. Abai xo, ca tá lo go da ex po si ção “Si tu a çõ es – Arte Bra si lei ra – Anos 70”, em que re cur sos grá fi cos ca rac te rís ti cos dos anos de 1970 re ce bem novo tra ta men to; design Ney Val le (Du pla Design)
global, embora seja grande o número de inscrições de peças isoladas, como um convite, uma capa, um logo. A Bienal de Design Gráfico é um evento indispensável para o setor e o seu crescimento revela o reconhecimento e a credibilidade que o design gráfico e o evento têm conquistado ao longo desses anos.” Prof. Dra. Sandra de Souza, Design e Marketing, ECA-USP
Abai xo, li vro “São Pau lo na Li nha”, dese nhos de Car la Caf fé: capa, su má rio e aber tu ra de ca pí tu los su ge rem um per cur so urba no; design Fer nan da Sar men to e Car la Caf fé. Na se quên cia, li vro “Ka tie.com”, design Vic tor Hugo Ce cat to: in ter pre ta da por meio da fo to gra fia des fo ca da, a his tó ria real de uma me ni na de 13 anos ví ti ma de pe do fi lia na in ter net
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“O destaque desta bienal é a revelação, em geral, de uma progressiva maturidade dos participantes e seus respectivos trabalhos, que parecem tomar consciência da importância de se pensar esteticamente as mensagens codificadas no plano da informação, no intercâmbio comunicacioEm ba la gens para as tor ra das Bau duc co ga nha ram le ve za bus can do ressal tar os con cei tos de “cro cân cia” e “sau da bi li da de” e o có di go de co res foi des ta ca do para di fe ren ciar os três sa bo res; design Christian Noviot (MDesign)
nal, que deve existir entre grupos organizados de uma sociedade da era tecnocrônica com contrastes polarizados entre a ilha da riqueza e um oceano de miséria, como é nosso caso no Brasil. Outro aspecto desta mostra é a descoberta da cor sem pudores minimalistas e conservadores, uma neotropicalidade gráfica em gestação. Senti falta da produção simulada, porém fértil, da participação dos designers estudantes em formação profissional, que hoje estão em crescimento significativo em nossas universidades e com uma riqueza lúdica e espírito de renovação que mereciam a presença e o diálogo com o mercado instituído dos profissionais atuantes. A montagem física da bienal continua deixando a desejar, o excesso de informação em espaço muito limitado dificulta a leitura e a observação simples do visitante, havendo uma mistura de produtos gráficos que deve-
Aci ma, iden ti da de vi sual para o Gru po Fis cher, que de ve ria con tem plar os três seg men tos da cor po ra ção: Fis cher (fru tas e gado), Ci tro su co (pro cessa men to de suco) e CBO (tran por tes ma rí ti mos); design Brand group Stra te gic Design
riam ser setorizados. Outro aspecto a destacar neste mercado em expansão são as mídias eletrônicas e informatizadas, em que pudemos observar um crescente número de participantes e com um bom desempenho em seus trabalhos, mas vivendo um estágio de hibridização, em se tratando de convergência de linguagens mediatizadas por uma tecnologia ainda pobremente entendida como ferramenta.” Prof. Ernesto Giovanni Boccara, artista plástico, designer e arquiteto
À esquerda, embalagens para presente Natura em apoio ao projeto Crer para Ver; design Fred Gelli (Tátil Design)
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À es quer da, iden ti da de vi sual do Ba nes pa, re nova da sem per der os va lo res bá si cos an te ri o res; de sign Cau du ro Mar ti no Ar qui te tos Asso cia dos. À di rei ta, iden ti da de vi sual para o es cri tó rio 1:1 Kiko Sa lo mão Ar qui te tu ra e Pla ne ja men to, cria da pela Rex Design: mi ni ma lis mo ba se a do na uti li za ção de pa pel com di fe ren tes tex tu ras e na com bi na ção de re cur sos de im pressão como se ri gra fia, re le vo seco e off-set. Abai xo, pa pe la ria para a Bao bá Te ci dos Ar tesa nais, que in cor po ra o con cei to de “pro du ção res pon sá vel, con su mo cons ci en te”; design Si mo ne Mat tar
Aci ma, iden ti da de cor po ra ti va para o gru po Vo to ran tim, cria da pela BC&H Design: o desa fio era con so li dar a ima gem de um dos mai o res gru pos in dus triais bra si lei ros, en vol ven do suas oito áre as de atua ção
À di reita, identida de cor po ra ti va para Esta ção Pri mei ra de Design, rea li za da pelo pró prio es critó rio: as co res, assim como o nome, fa zem re fe rên cia à es co la de sam ba ca ri o ca Manguei ra e os ma pas lo ca li zam o es critó rio na ci da de de Belo Ho ri zonte
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Aci ma, Ca tá lo go Cu ri ous Pa per, produto da Arjo Wiggins: cin co mos tru á ri os in di vi duais apresen tam as co res, gra ma tu ras e apli ca çõ es es pe ciais de cada pa pe;. design Mar cos Pe rei ra de Al mei da (Mix 21). No alto, à es quer da, ca len dá ri os pro mo ci o nais Vi cen te Gil Ar qui te tu ra e Design, cria dos pelo pró prio es cri tó rio: doze pôs te res im pressos em co res cha pa das com ilus tra ções sim ples e te má ti cas va ria das. Na se quên cia, lu mi ná ria Oran ge Box e Le mon Box, “ob je tos grá fi cos” cria dos pela Nuts Design para di vul gar seus tra ba lhos no cam po grá fi co e de pro du to; design Or lan do Fa ci o li Jú ni or. Abai xo, dois tra ba lhos da ca te go ria Am bi enta ção. À es quer da, ex po si ção “A Mão na Moda – Uma Histó ria Bra si lei ra”, que apresenta os tra ba lhos resul tantes do en contro do esti lista Wal ter Ro drigues com as tra di ci o nais ren dei ras de bil ro do Piauí; design Fre de ri co Ming, Gean dre To ma zo ni, Ro drigo Araú jo e Olavo Ek man (Estú dio Bi ja ri). À di reita, “Po rõ es da Mente”, Prê mio Ouro ADG: ce no gra fia alo ca da nos po rõ es de um hos pital psi quiá tri co em Por to Ale gre, du rante a III Bi e nal de Ar tes Vi suais do Mer co sul, que re cria a at mos fe ra de iso la mento e aban do no do lugar; design Flá vio Wild (Wildstu dio Design)
À direita, o site Trama.com, Prêmio Ouro na categoria Internet, composto por páginas com projetos gráficos diferentes para cada um dos quatro estilos musicais produzidos pela gravadora. O portal é a soma de todas as páginas (o preto e branco como soma das cores); design Carolina Aboarrage, Clarissa Tossin e Ana Starling. Abaixo, ícones para a Revista MTV, que têm transparência e volume como elementos comuns; design Priscila Lena Farias
“A ADG fez um tra ba lho sé rio e mu i to bom nes ta bi e nal. A pre mi a ção e a ins cri ção obri ga tó ria, no en tan to, afas tam pro je tos de gen te que não quer com pe tir por um prê mio. Tal vez a mos tra de ves se ter uma par te com pe ti ti va e uma que fun ci o nas se por con vi te, com uma cu ra do ria des cen tra li za da. Há um es for ço em sair do eixo Rio-São Pau lo, no en tan to mu i to ain da há de ser fei to para tor nar a mos tra re pre sen ta ti va do que acon te ce em todo o país. Além dis so, a ex po si ção du rou mu i to pou co tem po para uma bi e nal na ci o nal. Des ta co as ma té ri as do jor nal O Dia, do Rio de Ja nei ro. É um de se nho que foge da ‘ele gân cia con ser va do ra’ de boa par te do ma te ri al mos tra do na bi e nal. Não é o tipo de de sign que cos tu ma ga nhar prê mi os, mas é uma mos tra de que um veí cu lo de gran de ti ra gem pode ino var, e até ar ris car, no ter re no do mau gos to. Ou tros tra ba lhos que se des ta ca ram fo ram a mar ca da Be ne dixt, a pa pe la ria da Bao bá, a pa pe la ria do Kiko Sa lo mão, a re vis ta 55, a ma té ria da Anna Ma ri a ni na re vis ta da Ta ka no e o ca tá lo go e o in dex ADG, bo ni to e mu i to útil.” Carlito Carvalhosa, designer e artista plástico
Aci ma, CD Otto, Chan gez Tout, Prê mio Ouro na ca te go ria Capa de CD, que apresen ta re mi xes das fai xas do pri mei ro dis co do can tor e teve as fo tos do ál bum tam bém “re mi xa das”; de sign Ri car do Fer nan des (Tem po De sign). Abai xo, kit de lan ça men to e ma te rial de pon to-de-ven da para o No kia 3320, Prê mio Ouro ADG na ca te go ria Ma te rial Pro mo ci o nal; design Fred Gel li (Tá til Design)
Todos os trabalhos selecionados e finalistas podem ser conferidos no site www.adg.org.br. Além disso, a exposição, que já passou pela Panamericana – Escola de Design e Artes em São Paulo –, encontra-se à disposição para itinerar por outras praças. Contato: gerencia1@adg.org.br
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PUBLI EDITORIAL
GIROFLEX A composição do ambiente de trabalho exige uma versatilidade nem sempre disponível nas linhas de móveis para escritórios: a mesa muitas vezes tem o tamanho ideal, mas não possui as gavetas necessárias; ou tem gaveteiros, mas o ritmo do usuário pede que eles sejam móveis; ou ainda é quase perfeita mas, sem dúvida, seria ótimo se tivesse umas prateleiras a mais. Pensando na dinâmica de um ambiente que será povoado por pessoas com as mais diversas atividades e necessidades, a Giroflex trouxe para o Brasil a linha EVO, da empresa austríaca
Nesta pá gi na, mesa Flex ta ble com al tu ra fa cil mente re gu lá vel, um dos aces só ri os da li nha EVO para com ple men tar o am bi en te de tra ba lho
Svoboda. Além de mesas e estações de trabalho de alta qualidade, a linha apresenta acessórios inteligentes para suprir as necessidades de espaço e movimentação, mesmo em ambientes de pequenas dimensões. São mesas-suporte – com e sem rodízios – prateleiras organizadoras e suportes para telefone também com rodízios, que se adaptam facilmente a qualquer layout, conferindo funcionalidade ao ambiente. Com design de Nick Butcher, a linha EVO já está disponível nas lojas Giroflex em todo o país.
Abaixo, su por te Flip para te le fo ne ou no te bo ok, com ro dí zi os: acom pa nha o rit mo do usu á rio. À di rei ta, es tan te Cargo, com orga ni za dor de pa péis e su por te para no te bo ok: acessó rio mul tifun ci o nal
GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro – São Paulo, SP Tel.: 0800 112580 www.giroflex.com.br
PUBLI EDITORIAL
FIRMA CASA
Baba Vacaro assina as mais novas peças da Firma Casa. A designer paulista criou com exclusividade para a empresa dois sofás inspirados em temas históricos, mas que apresentam uma linguagem altamente contemporânea. O sofá Quilt remete aos mantos medievais de mesmo nome, que eram usados como proteção sob as pesadas armaduras e com o tempo ganharam o interior das casas para aquecer e decorar ambientes. O costume percorreu a Europa e chegou às Américas. Formada por três camadas de tecido costuradas, unidas por
pontos bordados, pespontos ou pequenos nós, a manta trazia, na parte superior, desenhos pintados, bordados, ou simplesmente retalhos encadeados. A partir dessa tradição, Vacaro criou um sofá com assento e encosto cobertos por quilts – em tecido ou couro, ou uma combinação entre os dois materiais – que podem ser trocados conforme o gosto do usuário, apresentando cenários adequados a cada ocasião. Os módulos de largura fixa, com ou sem braços e em duas profundidades diferentes, permitem que a composição se adapte ao uso e ao espaço disponível. Outro estofado, o
Monobloco, é um sofá cujas formas parecem ter sido esculpidas em um único bloco maciço de espuma, referência direta aos anos de 1960. Sobre a estrutura monolítica – muito confortável apesar da
Na pá gi na ao lado, sofá mo no blo co, design Baba Va ca ro, com re ves ti men to em cou ro. A for ma mo no lí ti ca de apa rên cia rí gi da “disfarça” o con for to da peça, uma re fe rên cia ao design dos anos de 1960
aparência rígida – é colocado um colchonete macio, fixado por um zíper. Monobloco tem estrutura em espuma de alta densidade com camada externa de espuma soft. A parceria com Baba Vacaro confirma a aposta da Firma Casa no design brasileiro. O resultado são peças atuais em perfeita sintonia com o design internacional.
Nes ta pá gi na, sofá Quilt, de sign Baba Va ca ro, nas ver sõ es de dois e três lu ga res: a es tru tu ra mo du lar per mi te com po si çõ es va ria das e o man to – o quilt – re cria o ce ná rio
FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br
PUBLI EDITORIAL
LA LAMPE
Produtos de alta qualidade, design, tec-
Marc van Riel, diretor-presidente da
nologia e características funcionais di-
empresa, explica: “o design brasilei-
ferenciadas. Acreditando nesses con-
ro é ainda jovem perto do que se faz
ceitos, a La Lampe surge no mercado
em outros países. A tiragem é baixa e
nacional de iluminação em 1987 e em
o modo de produção, quase sempre
pouco tempo passa a importar peças
artesanal. Por isso investimos em apri-
das empresas italianas Artemide e Fon-
moramento de detalhes funcionais,
tana Arte, e da espanhola Endoll.
explorando materiais e buscando a
Hoje, além do estreito relacionamento
inovação pela tecnologia, o que carac-
com as empresas estrangeiras, a La
teriza nosso diferencial".
Lampe investe no desenvolvimento e
Desse investimento surgem luminá-
na produção de design nacional, esta-
rias, arandelas, abajures, soluções
belecendo
parcerias com renomados
em iluminação e projetos lumino-
designers brasileiros, como Jacqueline
técnicos para ambientes diversos, resi-
Terpins e Fernando e Humberto Campana.
denciais ou comerciais. Produtos com
Aci ma, à esquerda, lu mi ná ria Me lam po, cuja ar ti cu la ção per mite o po si ci o na mento da luz em três di re çõ es; design Adri en Gar dè re para Ar te mi de. Abai xo, lu mi ná rias Ja to bá (design Fer nan do e Hum ber to Cam pa na), expostas no show-room La Lampe na Al. Gabriel Monteiro da Silva, São Paulo
versatilidade, características autorais
apresentam cúpula em cristal conten-
claras e alto valor agregado, que conso-
do grãos coloridos de policarbonato
lidam a posição da La Lampe como líder
que interferem na difusão da luz crian-
do mercado nacional de iluminação.
do uma atmosfera cenográfica.
Entre os últimos lançamentos da empre-
O abajur de mesa Melampo, design
sa destaca-se a linha Jequitibá, design
Adrien Gardère para a Artemide, por
Fernando e Humberto Campana, com-
sua vez, tem base em alumínio extru-
posta por abajur e arandela em acrílico,
dado, com difusor em policarbonato
em formato cilíndrico, com placas colori-
acetinado que pode ser direcionado
das que se encaixam na estrutura. A dis-
em três posições, oferecendo opções
posição interseccional das peças permi-
de luz direta ou indireta.
te difusão da luz com efeito cromático .
A La Lampe possui lojas nas cidades de
Dentre as novas peças importadas desta-
São Paulo, Campinas, Salvador, Rio de
cam-se o tocheiro e abajur Gles, design
Janeiro, Vitória, Belo Horizonte, Forta-
Riccardo Giovanetti para a Fontana Arte,
leza, Curitiba, Porto Alegre e Recife.
Acima, à direita, luminária de teto Gles, design Ricardo Giovanetti para a Fontana Arte: iluminação com efeito cenográfico. Abaixo, projeto La Lampe de iluminação para living: a luz indireta proporciona atmosfera agradável, enquanto focos específicos ressaltam detalhes da composição
LA LAMPE Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.258 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3082-4055 www.lalampe.com.br
96 ARC DESIGN
Lâm pa das, lu mi ná ri as, aba ju res, “pla fons”, aran de las. São mu i tas as
va ri a çõ es de ob je tos para ilu mi na ção, mas a ver da de é que ain da es ta -
mos apren den do a do mi nar a ener gia lu mi no sa. A ilu mi na ção di re ta ofus -
ca, a fria es pan ta, a quen te es cal da.
In ten si da de, cor, po tên cia, di re ção, qual cri té rio uti li zar no ato de ilu -
mi nar? Tec no lo gia e ino va ção in di cam ca mi nhos, mas... ha ve rá luz
no fim do tú nel?
Nes ta edi ção, nos so pa no ra ma apre sen ta al gu mas so lu çõ es en -
con tra das no Bra sil para ilu mi nar am bi en tes di ver sos. Apa re -
lhos que ilu mi nam tra zem a luz. Ou tros, ilu mi na dos, que
não ilu mi nam tan to as sim... Su ges tõ es para
ilu mi nar as idéi as. Acen der as lu zes!
Pipe Sospensione, design Herzog e De Meuron para a Artemide
PANOR AMA B R A S I L
LUZES, L Â M PA D A S ...ILUMINAÇÃO
BIOSFERA, design Giovanni D’Ambrosio Fer ro Abajur de mesa em vidro murano, acabamento em alumínio, espaço para vaso de plantas Preço sob consulta Mefilumina Tel.: (11) 5535-4149 – mefilumina@terra.com.br
MATAHARI 7670, design Cristiana Bertolucci Coluna de altura regulá vel com haste cromada, cúpula em tecido branco ou laranja Preço sob consulta Bertolucci Tel.: (11) 3873-2879 www.bertolucci.com.br
ORIENTE, design Crepax e Zanon Vidro soprado nas cores branca, azul, cristal e âmbar Preço sob consulta Mefilumina Tel.: (11) 5535-4149 – mefilumina@terra.com.br
ZOE, design Paolo Zani Cúpula em porcelana Preço: R$ 1.947,00 La Lampe Tel.: (11) 3082-4055 – www.lalampe.com.br
GLES, design Ricardo Giovanetti Cúpula em cristal contendo grãos de policarbonato, estrutura cromada Preço: R$ 3.466,30 La Lampe Tel.: (11) 3082-4055 – www.lalampe.com.br
COPYLIGHT, design Thomas Schulte Acrílico e metal; a imagem pode ser trocada Preço: R$ 267,00 FAS Tel.: (11) 3088-5818 – fastrade@uol.com.br
99 ARC DESIGN
LASTRA, design Antonio Citterio Spots direcionáveis de policabonato montados em superfície de vidro laminado, suspenso por cabos de aço Preço: R$ 7.166,40 Dominici Tel.: (11) 3043-9142 – www.dominici.com.br
LAMPEDUSO, design Bernhard Dessecker Em plástico,vidro e metal Preço: R$ 914,00 FAS Tel.: (11) 3088-5818 – fastrade@uol.com.br
CLASS, design Studio Técnico Itre Vidro murano soprado e moldado à mão Preço sob consulta Puntoluce Tel.: (11) 3064-6977 – www.puntoluce.com.br
MAY-DAY, design Konstantin Grcic Plástico moldado Preço: R$ 350,00 Dominici Tel.: (11) 3043-9142 – www.dominici.com.br
LUXMASTER, design Jasper Morrison Haste em inox envolvida por fio elétrico aparente, difusor em alumínio fundido e policarbonato estampado com leve textura Preço: R$ 2.856,20 Dominici Tel.: (11) 3043-9142 www.dominici.com.br
100 100 ARC ARC DESIGN DESIGN
Apoio: Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 25, maio/junho 2002 Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Redatora – Angélica Valente Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi Arte: Designers – Adriana Lago Cibele Cipola Estagiária – Carolina Haik Participaram desta edição: Andrés Otero Carlos Kipnis Ethel Leon Nelson Kon Departamento Administrativo: Cláudia Hernandez
Apoio Institucional:
Departamento Comercial: Gerente Comercial – Flávia Jorge Departamento de Circulação e Assinaturas: Maurício Grazzini Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, presidente da Federlegno-Arredo, Itália, consultor de Arc Design para assuntos internacionais Fotolito: Village Fotolito Impressão: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150g) Suzano Papel – Reciclato (caderno especial – 120g) Supremo Duo Design (capa – 250g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.
Arc Design – endereço para correspondência: Rua Lisboa, 493 - CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones: Tronco-chave: (11) 3088-8011 FAX: (11) 3898-2854
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www.arcdesign.com.br
A melhor alternativa em painéis de madeira
“Em um cenário globalizado torna-se cada vez mais importante o design como ferramenta de expressão única para alcançar o almejado diferencial de um produto.” Italo Rossi, diretor geral da Masisa do Brasil
Visando promover intercâmbios e colaborar com o aprimoramento da indústria moveleira na América do Sul, a Masisa organizou a missão de empresários e designers, chilenos e brasileiros à Itália. Em Udine, visitaram o laboratório CATAS (Centro de Controle de Qualidade e Desenvolvimento para a Indústria do Móvel), as fábricas da IlcamLegno e da Snaidero Cucine e assistiram a uma apresentação da Promosedia (Feira Internacional da Cadeira). Em Milão a comitiva esteve presente ao Salão do Móvel, conheceu a editora Rima e visitou o Museu Alessi e o estúdio Sottsass Associati, sendo recebida pelo arquiteto Marco Zanini.
www.masisa.com.br Masisa do Brasil Ltda. Ponta Grossa: (42) 219-1500 / 219-1600 Curitiba: (41) 219-1850 / 219-1870 Bento Gonçalves: (54) 453-1095 / 453-1413 e-mail: masisa@masisa.com.br