Revista ARC DESIGN Edição 26

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

Nº 26 ARC DESIGN

R$ 12.50 2002 Nº 26 QUADRIFOGLIO EDITORA

JULHO/AGOSTO

2002

RAÍZES BRASILEIRAS NO DESIGN

O NOVO DESIGN GRÁFICO JAPONÊS PLÁSTICOS E SUA HISTÓRIA

NOMADISMO NOS ESCRITÓRIOS CRIANÇAS FAZEM DESIGN


Foto Fernando Perelmutter

Acima, imagem da capa: detalhe de gamela em terracota brasileira com relevo em redendê (bordado de desenhos geométricos sobre o linho; pronto o bordado, as par tes do linho que não foram cober tas pela linha são desconstruídas com o auxílio de uma tesoura). À direita, as gamelas da capa. Abaixo, Caroline Harari trabalhando em seu ateliê

Caroline Harari nasceu na cidade de São Paulo. Historiadora e arqueóloga de formação, teve o primeiro contato com a cerâmica no início da década de 1990, no ateliê de Laís Granato, e a partir daí passou a se dedicar à pesquisa das formas e dos significados da arte. Desde o início do trabalho com cerâmica, sua preocupação foi dotar de perenidade os objetos que criava, para que com eles não se perdessem as referências e os valores que trazem em si. Afinando a técnica, selecionou materiais de melhor qualidade, como a

Foto Eduardo Girão

argila grês branca canadense e a terracota brasileira tratada. A monoqueima em alta temperatura garantiu a resistência desejada. Da cultura popular brasileira, Harari pinçou as rendas e as formas dos utensílios, criando peças que compuseram a exposição “O Barro e a Renda”, realizada durante o mês de junho no Museu da Casa Brasileira, São

Foto Fernando Perelmutter

Paulo, da qual fez parte a gamela que ilustra a capa desta edição.

À esquerda, bi lha em ar gi la grês branca ca nadense com relevo em renda de bil ro (um pedaço de papel, com o molde do desenho, é afi xado sobre a al mo fada com al fi netes, em tor no dos quais a rendei ra repas sa fios de li nha en rolados em pequenos bastõ es de madei ra, compondo desenhos va riados)


ar tesanato – e novíssimo, ao mesmo tempo. Trata-se do ar tesanato que sofre pequenas interferências por par te dos designers, tornando-o mais “palatável” e desejável pelo mercado consumidor, sem com isso perder suas raízes culturais profundas. Além do mais, falaremos do ar tesanato não como um fim em si, nem dos objetos da cultura popular, mas do ar tesanato capaz de agregar valor ao projeto, ao design brasileiro. Ar tesanato com qualidade, no qual a interferência do designer é respeitosa e sutil. De vá ri os pon tos do Bra sil sur gem exem plos, o pró prio go ver no já iden ti fi cou no de sign uma arma po de ro sa para ala van car a ex por ta ção. É nes te ter re no que va mos ori en tar nos sa pes qui sa. No design internacional, pinçamos dois assuntos atuais, que podem desper tar nossa reflexão: o design de mobiliário infantil desenhado pelas próprias crianças e o trabalho nômade do “white collar” contemporâneo. Trabalhar deixou de ser uma atividade sedentária, seja qual for sua especialidade. Os ma te ri ais plás ti cos, tão ca ros à ARC DE SIGN, se mos tra ram em uma bela e rica ex po si ção em São Pau lo, com pe ças cri a das a par tir de 1907 (!) até hoje. E como evo lu í ram es ses ma te ri ais! Hara Kenya, nosso personagem na seção de design gráfico, aos 44 anos já é considerado um mestre das ar tes gráficas japonesas, tendo recebido em 2001 o prêmio de designer do ano. Surpreender o leitor é uma de suas estratégias preferidas. E nossa também. Viajem conosco pelo Brasil, França, Japão, e pelo maravilhoso mundo dos plásticos.

Maria Helena Estrada Editora

ARC DESIGN

Com esta edição inauguramos uma série de matérias sobre um tema muito antigo – o


Não mais buscar o modelo europeu, mas desviar o olhar para o próprio contexto, na dialética entre o local e o global

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Conheça o trabalho da artista plástica Caroline Harari que, em suas peças cerâmicas, resgata desenhos de diversos tipos de renda imprimindo-os no barro

NEWS

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

nº 26, julho/agosto 2002

DA BAQUELITE AOS TECNOPLÁSTICOS

Winnie Bastian

MULHER RENDEIRA

Angélica Valente

Maria Helena Estrada

UMA INVERSÃO DO OLHAR

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Exposição em São Paulo conta a trajetória dos plásticos, resinas sedutoras e polivalentes, cada vez mais relacionadas com o bom design. Viaje conosco pela história desses polímeros

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PANORAMA BRASIL

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MATERIAL CONNEXION

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EXPEDIENTE

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Crianças francesas “brincam de designers”, projetando os próprios móveis, no projeto Mobi Découver te, que já passou por dez escolas francesas. Confira conosco o resultado desta aventura

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Trabalhar em casa, no carro, no avião e também no escritório. Essa realidade faz com que os acessórios para a jornada de trabalho nômade se tornem tão importantes quanto o próprio escritório. Conheça a novidade nas duas esferas – nômade e tradicional – de trabalho

Idéias ilu mi nadas de compe tentes designers brasileiros estiveram expostas na “ParaMostra: Designers da Luz”, realizada em São Paulo

PUBLI-EDITORIAIS: Firma Casa: “Vitrine” e os lançamentos do Salão de Milão

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Giroflex apresenta a linha de poltronas Grand Rapids

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Forma comemora os 100 anos de Arne Jacobsen

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HB System Bertolini e a Casa Cor Paraná

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HARA KENYA: DESIGN PARA OS SENTIDOS

Francisco Homem de Melo

DESIGNERS DA LUZ

Da Redação

Angélica Valente

ESCRITÓRIOS: DOS NÔMADES AO LUXO

BRINCADEIRA CRIATIVA

Angélica Valente

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Busca da surpresa, atenção para com os sentidos, resgate da tradição japonesa e filiação à herança modernista: conheça a obra de Hara Kenya, um dos mais importantes designers japoneses da atualidade


3° PRÊMIO BRA SILEIRO DE EMBALAGEM PAPELCAR TÃO Estão abertas as inscrições para o 3° Prêmio Brasileiro de Embalagem Papelcartão. Realizado pela Campanha do Papelcartão em parceria com a Universidade Anhembi-Morumbi, o prêmio é destinado a estudantes de graduação e pós-graduação das áreas de design, artes plásticas, arquitetura, marketing, artes gráficas e comunicação de todo o país. Serão aceitas propostas de embalagens para os segmentos de cosméticos, higiene e limpeza, vestuário/calçados e utilidades domésticas. As inscrições podem feitas até o dia 17 de agosto pelo telefone 0800-102131 ou pelo site www.papelcartao.com.br

PRÊMIO DE SIGN MUSEU DA CASA BRA SILEIRA Inscrições abertas para a 16ª edição do Prêmio Design Mu-

À FLOR DA PELE “Todo objeto tem uma pele. Fina ou espessa, suave ou áspera, porosa ou impermeável, a pele é o limite entre o interior escondido e o visível exterior”. Em cartaz até o dia 15 de setembro, no Cooper-Hewitt National Design Museum de N. York, a exposição “Skin: Surface, Substance + Design” reúne exemplos de objetos, moda, mobiliário, arquitetura e meios de comunicação que de alguma forma pretendem ampliar a definição convencional de “superfície”: a pele é a substância. Entre os designers estão Greg Lynn, Petra Blaisse, Ross Lovegrove, Marcel Wanders e o grupo Morphosis. Parte da exposição pode ser conferida no site www.sdi.edu/ndm

seu da Casa Brasileira. Instituído pela Secretaria de Estado da Cultura, o prêmio tem como objetivos contribuir para o reconhecimento e o incentivo do design nacional, promover o trabalho de profissionais ligados ao design, estimular a adoção de soluções de arte e de tecnologia brasileiras, além de ser uma das principais iniciativas para revelar novos talentos. A premiação inclui as categorias: mobiliário residencial, utensílios domésticos, design inovador, incentivo ao design, têxteis e revestimentos, iluminação, eletroeletrônicos, equipamentos de construção e ensaios críticos. O edital com informações específicas já está disponível no próprio museu. As inscrições devem ser entregues nos dias 8 e 9 de agosto. Museu da Casa Brasileira: Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.705, São Paulo. Tel.: (11) 3032-2564. Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas. www.mcb.sp.gov.br

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BIENNALE INTERNATIONALE DE SIGN SAINT-ÉTIENNE 2002

DESIGN CONSCIENTE

Acontecerá de 16 a 24 de novembro a Bienal Internacional de

móveis e objetos para decoração ecológicos e socialmente

Design de Saint-Étienne, França. Em sua terceira edição (veja

corretos. Os produtos são fabricados em materiais que res-

matéria sobre a segunda edição em ARC DESIGN nº 18), o

peitam o meio ambiente, por comunidades artesãs em par-

evento vai apresentar propostas e trabalhos de designers dos

ceria com diversas ONGs, entre elas Monte Azul, WWF, Aldeia

cinco continentes e pretende traçar um panorama do estilo

do Futuro, Coopa Roca e Gente de Fibra. Além disso, toda a

de vida contemporâneo.

arquitetura da loja, concebida pela Orro & Christensen, utili-

Um dos destaques dessa edição será a o fórum Design & Ecologia,

za madeira certificada.

que reunirá 50 projetos de estudantes do mundo todo sob o tema

Projeto Terra: Av. das Nações Unidas, 477, loja 178, São Paulo.

“Objetos para um mundo sustentável”. A escolha dos produtos

Tel.: (11) 3021-7873 – www.projetoterra.com.br

Acaba de ser inaugurada a loja Projeto Terra, que oferece

levou em consideração a relevância ambiental, o caráter inovador e a qualidade da apresentação. Além da mostra oficial, outros eventos paralelos devem tomar conta da cidade francesa. Espaço para a análise do fenômeno da globalização, questionando contradições, simplificações e a questão da identidade, a bienal será também uma ótima oportunidade para discussões e trocas de experiências entre profissionais, estudantes, escolas, agências, museus e empresas. Outras informações podem ser obtidas no site www.institutdesign.com

MATÉRIA-PRIMA Versatilidade é a principal característica do Corian, superfície sólida moldável, fabricada pela DuPont, muito utilizada em cozinhas em áreas hospitalares devido à sua não-porosidade, e que agora passa a ser utilizada em móveis. Composto por 30% de acrílico e 70% de minerais naturais, o material é reutilizável e, quando necessário emendá-lo, a junção é imperceptível, ideal para ambientes assépticos e outros diversos usos criativos. Um dos primeiros exemplos no Brasil são as travessas e bandejas da coleção Rio, design Camila Fix. A sinuosidade das

NOVO SHOW-ROOM MARELLI

peças é resultado da aplicação de

Especializada em móveis para escritórios, a Marelli está com

termomoldagem ao material.

novo show-room na Vila Olímpia, em São Paulo. Em um espa-

Atendimento ao consumidor

ço de 200 metros quadrados, arquitetos e clientes poderão

DuPont: 0800 171715 –

conhecer toda a linha de mobiliário da empresa e conferir

www.corian.com.br

sua aplicação: a parte administrativa e operacional da loja é composta por estações de trabalho e divisórias Marelli. Show-room Marelli: Rua Funchal, 263, cj. 131, São Paulo. Tel.: (11) 3044-0033. 5 ARC DESIGN


3° PRÊMIO ECODESIGN

LÚCIO COSTA, BRASÍLIA E O DESIGN

Realizado a cada dois anos pela Fe-

Em junho deste ano, Brasília sediou o II Seminário Internacio-

deração das Indústrias do Estado

nal do Design, cujo tema foi “cultura do design, tecnologia dos

de São Paulo – FIESP, o Prêmio Eco-

materiais e integração no sistema de empresas”. Participa-

design visa reconhecer indústrias,

ram das discussões importantes profissionais brasileiros e

escritórios e profissionais de design de

internacionais da área e mais de 1.300 inscritos. Entre os

todo o país que estimulam o desenvolvimento de produtos de

palestrantes estavam a curadora de design do MoMA de N. York,

maneira sustentável em todo o seu ciclo de vida – desde a es-

Paola Antonelli, o arquiteto e designer italiano Massimo Morozzi,

colha da matéria-prima, passando pelo processo produtivo,

a jornalista e crítica de design italiana Cristina Morozzi e o desig-

embalagem e distribuição. A premiação é dividida nas catego-

ner italiano Aldo Cibic, além dos designers brasileiros Jacqueli-

rias “produto no mercado” e “projeto” (da qual podem partici-

ne Terpins, Fernando e Humber to Campana e Leigia de

par também estudantes). As inscrições estão abertas até o

Medeiros, dos prefessores da UnB Ana Claudia Maynardes e

dia 16 de agosto. Serão avaliados em cada proposta os benefí-

Matheus Gorovitz, de Roberto Stern, diretor de criação da

cios ambientais no processo produtivo, o impacto do design e

H.Stern, de Jorge Viana, governador do Acre, da jornalista Adélia

a utilização de tecnologias inovadoras. O regulamento e outras

Borges e de Maria Helena Estrada, editora de ARC DESIGN.

informações podem ser obtidos pelos telefones (11) 3719-

Promovido pela Embaixada Italiana no Brasil, o seminário inte-

3286 e (11) 3767-4787.

grou o evento Itália-Brasil 2002, que contou ainda com a mostra Compasso d’Oro, reunindo peças produzidas entre 1954 e 2001,

NIEMEYER REVISITADO

ganhadoras do mais conceituado prêmio europeu de design.

A cadeira Oscar, design Sérgio Rodrigues em homenagem a um

Agora, durante os meses de agosto e setembro, acontecerá a

dos mais importantes arquitetos brasileiros, está sendo relança-

exposição “Brasília: Casa de Todos os Brasileiros”, uma home-

da pela Dpot. A nova versão é produzida em Lyptus maciço (ma-

nagem ao centenário de nascimento do arquiteto e urbanista

deira de alta qualidade, obtida de fonte totalmente sustentável e

Lúcio Costa. A mostra pretende despertar a curiosidade para

renovável), com assento e encosto em palhinha.

os marcos culturais da casa brasileira, presentes na arquite-

Dpot: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.250, São Paulo. Tel.: (11) 3082-9513.

tura moderna e contemporânea da capital federal. Arquitetos, designers de interiores e artistas plásticos brasilienses criarão 11 projetos cênicos com temas diretamente ligados à história da morada no país (arquitetura, questões sociais, religiosas, de memória e afetividade), que serão montados em pontos estratégicos da cidade. O registro dos projetos será feito pelo fotógrafo Rui Faquini, e suas fotos irão compor o cenário para a exposição. Eventos paralelos como palestras e aulas de culinária brasileira regional incrementam a programação. Com mais essas iniciativas, a cidade de Brasília, marco da arquitetura moderna brasileira, projeta sua importância também no circuito nacional do design. “Brasília: Casa de todos os Brasileiros”: de 27 de agosto a 27 de setembro. Local: SGCV/Sul, Lote 22, Setor de Garagens, Brasília. Tel.: (61) 362-8008.

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PENSAR O DESIGN

EM PRATOS LIMPOS

Acabam de ser lançados pela Editora Rosari cinco livros da cole-

A Bosch acaba de lançar a lava-louças Intelligent. A novidade

ção Texto Design, que discutem a evolução e as perspectivas do

do produto é o sistema aqua-sensor, que detecta a quantida-

design no Brasil. “Designer não É Personal Trainer”, de Adélia

de e o tipo de sujeira da louça e seleciona automaticamente

Borges, reúne textos da jornalista e crítica de design, publicados

a melhor sequência de lavagem a ser executada: basta acio-

entre 2000 e 2001 em sua coluna semanal no jornal Gazeta

nar um botão para que ela trabalhe sozinha. Cestos inteligen-

Mercantil. De maneira clara, a autora nos fala sobre o design e

tes facilitam a colocação de louças e talheres, garantindo a

suas interseções com a moda, o artesanato, a inovação indus-

distribuição adequada para a circulação da água. Outro des-

trial e outros assuntos correlatos.

taque é o baixo consumo de água e energia.

Alexandre Wollner assina “Textos Recentes e Escritos Históri-

Atendimento ao consumidor Bosch: 08000 7712902 –

cos”, em que discute a profissão e seus (des)caminhos no país.

www.boscheletrodomesticos.com.br

Em “O Tipo da Gráfica – uma Continuação”, de Claudio Ferlauto, o autor fala do desenvolvimento do design sob os aspectos tecnológicos, políticos, econômicos e sociais brasileiros. Os outros dois títulos abordam temas mais específicos. “Projeto Tipográfico: Análise e Produção de Fontes Digitais”, de Cláudio Rocha, traça um panorama da evolução tipográfica de seus primórdios até a internet; e “Livro Infantil”, de Guto Lins, apresenta os procedimentos criativos, técnicos, industriais e de mercado para a produção de livros infantis. Editora Rosari: Tel. (11) 5571-7704 – edirosari@uol.com.br

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UMA INVERSÃO DO OLHAR Maria Helena Estrada

Re fe rên ci as

lo cais,

pro je to

glo bal.

Acre di ta mos que esta seja uma das “re cei tas” para o de sign bra si lei ro. Mas como re a li zar a trans po si ção do fa zer ar te sa nal para a pro du ção em lar ga es ca la? Quais as re fe rên ci as vá li das? ARC DE SIGN ini cia uma pes qui sa do ar te sa na to bra si lei ro vis to não como um fim em si, mas como sub sí dio para o

Foto Lena Trindade

pro je to bra si lei ro

Nas duas páginas, Ca pim Dou ra do, ma té ria-pri ma bra si lei ra en con tra da em To can tins, nas re giões de Ma tei ros e Pra ta. O Se brae con vi dou o desig ner Re na to Im broi si para re a li zar in ter ven çõ es em uma co mu ni da de onde nove pessoas tra ba lha vam com esta fi bra. Hoje são 250. “Ape nas en si nei a usar me nos ma te rial, tor nan do os ob je tos mais le ves, e dei al gu mas idéias para novos dese nhos”, diz Re na to, “e o pro je to passou a ser de res pon sa bi li da de da Se cre ta ria de Cul tu ra do Es tado”


ram deixadas as comunidades artesanais – cujos habitantes procuram o falso tradicional e o falso mo-

Foto Lena Trindade

A perda de nossas tradições, o abandono em que fo-

derno no artesanato para turistas – resultaram, muitas vezes, em um fazer pobre e mal-executado, sem raízes. O que aconteceu com aquele repertório denso, belo, exibido na mostra Brasil+500, e que realmente nos fez redescobrir o Brasil? Outras duas questões fundamentais: como dar ao produto artesanal características contemporâneas, capazes de torná-lo desejável e competitivo no mercado internacional? Como difundir e escoar a produção realizada em regiões longínquas? Depois de décadas de abandono, entidades como o Sebrae ou o projeto Comunidade Solidária e diversas ONGs promovem hoje o revigoramento, o resgate do artesanato baseado em nossas tradições culturais, abrindo caminho para uma possível nova realidade no design brasileiro. E, principalmente, reintroduzem a confiança em nossa capacidade de criação. O desafio do Brasil – que é também o desafio lançado aos designers – é identificar o diferencial, as características desse design – na verdade um enorme painel de escolhas – ou a marca Brasil; é criar produtos capazes de encontrar um mer-

Aci ma, tam po de mesa de 1,20 a 1,50 m de di â me tro para a loja Hou se Gar den, São Pau lo. À es quer da, capa do li vro “Cara Bra si lei ra”, edita do pelo Se brae

Foto Lena Trindade

cado internacional, evitando que se continue a exportar apenas matéria-prima.


A propósito da “marca Brasil”, o Sebrae acaba de editar um estudo com o título “Cara Brasileira” que, além de traçar um perfil do brasileiro, trata da brasilidade nos negócios e propõe um caminho para o “made in Brazil”. “Exportar é a solução”, é voz corrente. E o design é, sabe-se, a grande ferramenta para a exportação. Mas como dar o passo decisivo? Como desatar o nó? Quais os instrumentos para o milagre? Além de uma correta infra-estrutura – que, grosso modo, parte do projeto e da capacidade produtiva chegando aos canais de comercialização –, é fundamental, na formação do designer brasileiro, na sua postura, voltar o olhar para seu entorno – e não apenas para o que nos chega de outras culturas – e repensar a própria realidade. No Brasil, os objetos contemporâneos são em sua maioria projetados por profissionais que exercem (e parece não haver outra escolha) todos os papéis na cadeia do design: projetar, desenvolver, produzir, comercializar. No entanto estes são ainda, em grande parte, produtos resultantes de uma estética globalizada. Poderiam ter sido criados aqui, na França, na Argentina. Como encontrar a tão ambicionada “cara Brasil”? Como pensar o projeto? Liberdade e diversidade são palavras que po-

atributos do trabalho criativo. A esses valores agregamos qualidade. Mas o que seria essa qualidade? Qua li da de é si nô ni mo de

O fu xi co, in ven ção bra si lei ra, está na moda. Em sua ver são cai pi ra ori gi nal ou ou tras, resul ta do da cria ti vi da de dos de sig ners. À es quer da, de ta lhe am plia do da bol sa de cro chê e la cres de la ti nhas re a li za da em Ri a cho Fun do, pró xi mo a Bra sí lia, por uma co mu ni da de de 17 pessoas: um pro je to Se brae com Re na to Im broi si. Nas ou tras fo tos, al gu mas versões da bolsa

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Fotos Fernando Perelmutter

dem definir nosso tempo. São também


ino va ção no conceito, na forma e na escolha de materiais e de tecnologia; é também qualidade de execução, respeito à ecologia... e alguma poesia. Podemos dizer que, hoje, também faz parte da qualidade uma atenção às raízes culturais do próprio país, ou região. O Primeiro Mundo – os mercados em geral – valoriza as peculiaridades dos países em desenvolvimento – e sua expressão. A globalização dos mercados levou a uma homogeneização, a uma pasteurização da produção. Para agradar ao consumidor da China, do Brasil, da Europa, da América e, para produzir em larguíssima escala, aboliram-se as grandes diferenças formais. Mas esta é uma “receita” que já se esgotou e o mundo busca a diversidade em outras culturas, em países mais jovens que saibam utilizar suas singularidades, transformando-as em uma linguagem universal. Assim, seguir inspirando-se na estética européia, quando eles mesmos já procuram abandonar esse modelo é, no mínimo, inútil. É hora de inverter o olhar! Cresce o apelo local e global por novas expressões, por soluções inovadoras que tragam um maior frescor à produção industrial, em todo o mundo; um design brasileiro de forte identidade é uma aspiração que já parece possível, pois a consciência de sua importância já existe entre nós, seja por parte de órgãos do governo, seja por outras entidades, ou entre os empresários. Assim, propomos um novo salto, uma nova abordagem, que inclui a pretensão de um alcance mais amplo e ambicioso, que não atinja apenas o Brasil. Partir de referências locais e atingir o global. Esse é, seguramente, um dos caminhos possíveis para o design no Brasil. O conhecimento da própria cultura, que passa por uma percepção do fazer arcaico, popular, é sem dúvida, um interessante ponto de partida. Como realizar essa transposição? É uma resposta que os próprios designers deverão encontrar.

No alto e à di rei ta, capa e ves ti do de fu xi co na co le ção M. Of fi cer. À es quer da, al mo fa da com o fu xi co ori gi nal, cai pi ra, en con tra da pró xi mo a Ti ra den tes, em Vi to ria no Vel lo so, ou Bi chi nho, como é co nhe ci do


Foto Fernando Perelmutter

Minha única certeza é que, enquanto continuarmos totalmente voltados para a cultura européia, reproduzindo nos objetos de consumo suas fórmulas, sua estética, estaremos alimentando apenas o pequeno mercado nacional e, claro, com produtos sem grande valor agregado. Estaremos exportando madeira, alumínio, café, e recebendo produtos industrializados. Mas como poderia ser feita essa aproximação entre o fazer artesanal e aquele industrial? Como pensar um novo repertório de objetos que possa traduzir, identificar uma procedência? Para começar, vamos pensar no que temos, de quais matérias-primas naturais dispomos. Madeiras, fibras – incluindo-se o algodão –, papel, couro, borracha, uma tradição de mais de 2 mil anos e nossa alma criativa. O artesanato, em todo o mundo, voltou a ser valorizado. Um exemplo é a Design Academy de Eindhoven, na Holanda, que no currículo de desenho industrial tem a cadeira “artesanato”, orientada por uma incrível designer: Hella Jongerius. Em 2001, um grupo de professores e estudantes da escola veio ao Brasil conhecer nosso artesanato, em busca de novas fontes para a criação. Junto com artesãos brasileiros criaram uma coleção de alcance internacional (veja ARC DESIGN nº23). O que propomos aqui não é um retorno simplista ao fazer artesanal, mas uma hipótese de inversão na direção do olhar como base para uma estética brasileira e universal. Seria como apontar um caminho, ainda pouco trilhado. Um caminho que passa pela recuperação e utilização do artesanato. Muito do que hoje está sendo recuperado é tocado pela mão do designer. Tratase de um trabalho que redescobre o antigo fazer artesanal e o orienta – sem interferir em sua expressão original – no sentido de torná-lo adequado ao mercado. O Sebrae tem sido o responsável pela maioria dessas ações, em todo o Brasil. Dois bons exemplos são projetos que utilizam o algodão. Um deles reuniu tecelãs de todas as regiões do Brasil, no projeto Transformarte (veja ARC DESIGN nº 9). Uma empresária de visão, autora do projeto, decidiu direcionar essa produção diretamente para a Itália. Hoje muitos dos tecidos artesanais brasileiros são distribuídos em toda a Europa. Outro exemplo é um projeto de A CASA, que também contou com o apoio do Sebrae, no qual o estilista Walter Rodrigues atuou junto às ren-

No de ta lhe, a al mo fa da de re ta lhos com fi tas do Se nhor do Bon fim, de Cris ti a na Mô na co, à ven da na In ter/De sign; e, no alto ver sõ es da al mo fa da. À di rei ta, bol sa de re ta lhos pro du zi da em Sal va dor, Ba hia

deiras do Piauí, no Morro da Mariana: deulhes novas cores de fio, como o preto, e pediu que fizessem um ponto mais aberto, tornando a renda flexível. Com este material criou sua coleção internacional de moda brasileira.

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Aci ma e ao lado, pa pel e tear ma nu al no tra ba lho de Ma ria Re gi na Mar ques. No pé da página, Wal ter Ro dri gues in ter fe riu de ma nei ra bela e su til no tra ba lho das ren dei ras do Pi auí: deu-lhes li nha pre ta e pe diu que fi zes sem um pon to mais aber to (detalhe à direita), dan do ori gem a uma co le ção de alto luxo


LUCIANO DEVIÀ NA AMAZÔNIA Recuperação e valorização dos produtos e introdução

Abaixo, mesa de cabeceira que reproduz o olho do tucunaré (a cama reproduz o rabo do tucunaré), considerado o peixe mais bonito da Amazônia

dos conceitos relativos ao design nas pequenas e médias empresas são tarefas que o Sebrae vem cumprindo em todo o país. Um dos casos que bem ilustra essa atuação é protagonizado por Luciano Devià, designer italiano radicado em São Paulo, que tem se deslocado para a Região Amazônica – Acre, além de Manaus, Presidente Figueiredo e Itacoatiara, no Estado do Amazonas – como consultor do Sebrae, para ministrar cursos (no Sebrae Amazonas) e orientar diversas pequenas marcenarias destas localidades. Os cursos, com 80 horas de duração, destinados a marceneiros e artesãos empalhadores, foram ministrados em três meses, com a distribuição de apostilas e o acompanhamento de uma equipe de sete técnicos que incluía designers especializados nas diversas áreas afins ao de-

No alto das duas pá gi nas, se qüên cia de fo tos dos Cur sos de Design Ama zo nas, que fo ram re a li za dos por Lu cia no De vià, a con vi te do Se brae, no Ama zo nas e no Acre. Da es quer da para a di rei ta, mar ce na ria em Cru zei ro do Sul, Acre; in te ri or de mar ce na ria em Presi den te Fi guei re do, Ama zo nas, onde fun ci o nava o cur so; Lu cia no De vià com alu na; pla ca nas pro xi mi da des de Cris to Rei, em Bal bi na, Ama zo nas; o pre pa ro da pia çava para vassou ras; dese nhos pre pa ra tó ri os, Cru zei ro do Sul, Acre. Ao lado, ar tesão com obra ina ca ba da, em fren te ao rio em Ma ca pá, Ama pá, e pre pa ra ção de mol du ra para es pe lho, design Luciano Devià, produzido na Es co la de Ar tes Po pu la res Sam bó dro mo, em Ma ca pá

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sign, como o conhecimento da madeira e seu trato. A primeira parte do curso, teórica, incluía conceitos e discussões sobre a identidade brasileira; a importância da originalidade do projeto, ou seja, da não-cópia; conhecimentos e utilização correta da madeira. Na segunda fase, os alunos apresentavam desenhos que eram analisados, passando-se ao projeto para execução. Fato curioso é o mimetismo nas criações: os desenhos apresentados quase sempre representavam peixes da Amazônia, como a piranha e o tucunaré, considerado o mais bonito peixe do rio. Por outro lado, o Sebrae também encomendou ao designer Devià o projeto para uma coleção de mobiliário que foi produzida no Acre e no Amapá, sob a orientação dos Sebraes locais. Essas peças fizeram parte da sala especial em homenagem a Devià, durante a exposição dos vencedores do XV Prêmio Design Museu da Casa Brasileira.

Aci ma e ao lado, mesa de Lu cia no De vià em jatobá com se men tes de jarina (claras) e jatobá (escuras), que faz par te do pro je to para o Se brae, ex pos to no Mu seu da Casa Bra si lei ra em 2001

Foto Antonio Saggese

Foto Antonio Saggese

No alto, mesi nha Pi ra nha e, aci ma, pre pa ra ção dos por ta-guar da na pos, am bos cria dos du ran te o Cur so de Design Ama zo nas, em Ita coa tia ra

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rendeira

Com a exposição “O Barro e a Renda”, Caroline Harari traz a arte para o cotidiano, leva o cotidiano à arte e nos incita à reflexão sobre nossa cultura popular Angélica Valente Na simplicidade das matérias-primas que utiliza, as criações

Mulher

de Caroline Harari emocionam ao falar de nossa cultura e de nossas tradições. A exposição “O Barro e a Renda”, realizada durante o mês de junho no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, reuniu peças em cerâmica criadas pela artista plástica, com relevos que reproduzem diversos tipos de renda brasileira. A coleção incluiu moringas, gamelas, cumbucas, panelas, urnas e pratos, utensílios tradicionais do cotidiano, esquecidos no tempo, mas presentes no imaginário coletivo do país. As peças nos contam histórias de formas, de rendas, de rendeiras e de bordados. Utilizando monoqueima em forno elétrico e argila tratada, Harari aplica tecnologia contemporânea ao fazer da cerâmica, submetendo-a a temperaturas de até 1300°C, conferindo resistência e durabilidade. “Hoje tudo é muito descartável, e a minha preocupação era criar

Fotos Isabella Matheus e Pablo Di Giulio

À esquerda, detalhe da Moringa Cabaça (diâmetro: 55 cm x 35 cm), em argila grês branca canadense. O relevo reproduz a renda irlandesa, originária da Itália e difundida pelos conventos da Irlanda em torno dos séculos XVI ou XVII, hoje executada no Brasil pelas artesãs sergipanas de Divina Pastora. Ao fundo, o relevo reproduz a renascença, renda também de origem italiana. Abaixo, Pote Una (diâmetro: 35 cm x 31 cm) em argila branca brasileira. No relevo, o labirinto de origem portuguesa, bordado que se estrutura no corte, desfio e preenchimento do tecido. Todas as peças são em monoqueima, datam de 2002 e integram a coleção da artista

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algo que viesse para ficar, que

receberam a intervenção da

pudéssemos ter contato por mais tempo”, explica. A ceramista parte em busca do resgate do

linha e do trançado brasileiros, e ainda servem como fonte de sustento para as comunidades em que são produzidos.

repertório brasileiro de utensílios, e a cada forma

“O trabalho primoroso que as rendeiras realizam leva

redescoberta aplica a delicadeza das mãos, para chegar

dias para ser completado, e depois são obrigadas a

ao limite de espessura que a argila permite, num movi-

vendê-los por 10, 5 reais. Não há como sobreviver. Se

mento de “pinçar” que remete ao fazer indígena.

essa arte se perder, perderemos um pedaço de nós

Seguindo a idéia de resgate, a renda une-se ao barro de

mesmos. Muitas pessoas estão trabalhando para

maneira espontânea: “peguei uma toalha de mesa rendada,

preservar essa cultura de uma forma ou de outra, há

imprimi na argila e coloquei no forno. Quando saiu a peça,

projetos competentes sendo desenvolvidos ao longo do

vi aquele diálogo perfeito, pleno de significados”.

país. Meu trabalho é uma intervenção indireta que vai

Orientada pela antropóloga Luciana Aguiar, Harari utiliza

também nesse sentido.”

a irlandesa, o bilro, o labirinto, a boa-noite, o redendê, a

Ao reapropriar-se do barro e da renda, utilizando-se de

renascença e o filé, rendas e bordados de origens diver-

nova tecnologia, Caroline Harari torna contemporânea

sas, em sua maioria de países árabes e europeus, que

essa cultura popular. ❉

No alto da página, Panela Grande (diâmetro: 20 cm x 53 cm), em argila branca brasileira, com relevo em labirinto. Abaixo, Cumbuca (diâmetro: 18 cm x 38 cm) em argila grês branca canadense, com relevo em renda de bilro (nascida na Península Ibérica e difundida por todo o litoral brasileiro). À direita, Gamela (diâmetro: 30 cm x 55 cm) em terra-cota brasileira com relevo em redendê, renda portuguesa que passa a ser executada pelas comunidades ribeirinhas do Rio São Francisco por volta do século XVIII

s heu Mat ella Isab os Fot

Foto Fernando Perelmutter

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S O A T E E CN OP T I L E U LÁS Q A gem no tem T B a i v IC A uma po

Eles variam em forma, cor, cheiro; podem ser macios, rígidos, flexíveis, opacos, transparentes, translúcidos, policromáticos, fluorescentes... Adequando-se às mais diversas necessidades, os plásticos nos cercam: de bonecas a implantes de quadril, de garrafas de refrigerante a eletroeletrônicos, de meias-calças a coletes à prova de bala 26 ARC DESIGN


Winnie Bastian A exposição “Plástico: Formas e Cores dos Materiais Sintéticos”, realizada pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) entre 19 de maio e 7 de julho, em São Paulo, traçou um panorama da história desses polímeros. Com curadoria do arquiteto italiano Nunzio Vitale, a mostra trouxe 400 objetos da riquíssima coleção da empresária e colecionadora italiana Maria Pia Incutti, abrangendo desde os primeiros objetos realizados em plásticos primitivos, como o Bois Durci – material feito a partir de pó de madeira e sangue Aci ma, acessó rio para es cri va ni nha – por ta-nan quim e des can so de ca ne tas – em Bois Dur ci (1860-1890). À di rei ta, bol sa em po li es ti re no (dé ca da de 1970). No pé da pá gi na, ven ti la dor elé tri co em re si na uréi ca e po li es ti re no (dé ca da de 1940). Na pá gi na an te ri or, rá dio EKCO, em resi na fe nó li ca (design Wells Coa tes, 1934)

ou cola –, até peças executadas com polímeros de última geração. Há quem diga que os plásticos constituem o “quarto reino”, tão importante quanto os reinos animal, vegetal e mineral. Sua evolução constante faz com que sejam capazes de atender a um universo sempre mais amplo, tornando-os onipresentes em nossas vidas. O que chamamos vulgarmente de “o plástico” são cerca de 45 famílias diferentes – com centenas de descendentes –, divididas em três categorias: plásticos naturais, semi-sintéticos e sintéticos. Os mais antigos são os naturais, substâncias orgânicas que, quando aquecidas, se tornam moles e podem ser moldadas em fôrmas; são numerosos e incluem o âmbar, o chifre, a cera, o betume, a goma-laca e a gutta-percha. Os semi-sintéticos são feitos a partir de materiais naturais – modificados pela ação de agentes químicos – e surgiram por volta da metade do século XIX. “Celulose, látex e proteína de leite geravam celulóide, ebonite e galalite, para citar os mais comuns”, explica o designer e colecionador de plásticos Gerson Lessa, no catálogo da exposição. Os plásticos mais utilizados atualmente, os sintéticos, surgiram no início do século XX, sendo que a baquelite, criado por Leo Baekeland em 1907, foi o primeiro e mais famoso. Os plásticos adquiriram significados culturais bem diversos ao longo de sua história. No século XIX, os semi-sintéticos surgiram como alternativas mais baratas e acessíveis para materiais nobres e raros, como o marfim e a tartaruga. Por causa dessa origem, que tem na imitação a sua essência, os plásticos foram associados por muito tempo à idéia de falsidade, artificialidade ou de coisa barata. Essa ligação é explicitada pelo historiador norte-americano Robert Friedel no livro “The Plastics Age”: “entre 1879 e 1880, o celulóide foi introduzido lentamente em 27 ARC DESIGN


A evo lu ção dos plás ti cos le vou ao surgi men to de pro du tos nos quais es tes po lí me ros ti nham iden ti da de pró pria, não se res trin gin do mais a imi tar ou tros ma te riais. Em sen ti do ho rá rio: ven ti la dor de mão em ni tra to de ce lu lo se, imi tan do mar fim (1901); rá dio em resi na fe nó li ca en ver ni za da (1945-1950); assen toes cul tu ra Pra to ne, em po li u re ta no (de sign Giorgio Ce ret ti, Pi e ro De rossi, Ric car do Rosso; pro du zi da pela em pre sa ita li a na Gu fram, 1970); lu mi ná ria de mesa em resi na fe nó li ca e me tal cro ma do (1945)

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usos diversos. Aplicações técnicas, como rodas de esmeril ou treliças estruturais, dificilmente eram bem-sucedidas. Logo ficou claro que a maior virtude do celulóide era sua capacidade de parecer outro material, mais raro e valioso”. Somente após a Segunda Guerra Mundial os plásticos deixariam de querer aparentar materiais naturais. Após 1945, novas técnicas e matérias-primas estavam à disposição dos designers e dos fabricantes. A tecnologia desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial revolucionou a indústria de produtos plásticos, possibilitando uma produção veloz e em grande volume. Os plásticos passaram a fazer parte do cotidiano, embora nem sempre com a qualidade que os progressos técnicos permitiam. A produção abundante de objetos com baixo preço e qualidade foi também responsável pela “má fama” dos plásticos, que passaram a ser vistos como materiais inferiores, baratos, ordinários e descartáveis. Essa imagem só foi desfeita a partir do momento em que a indústria chama designers talentosos – hoje mundialmente famosos – para projetar produtos em plástico. “No final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, os designers

Aci ma, bo ne qui nha em PVC (dé ca da de 1950). No alto, à es quer da, lu mi ná ria (quan do aber ta) a quart zo em resi na amí ni ca (dé ca da de 1940). Abai xo, con junto de mesa – jar ra e co pos/xí ca ras – em po li esti re no (dé ca da de 1970)

italianos Marco Zanuso, Vico Magistretti e Joe Colombo desenharam cadeiras para as empresas Kartell e Artemide, demonstrando como os plásticos poderiam ser usados para criar objetos de alta qualidade. O uso do ABS e do polietileno de alta densidade permitiu a produção de cadeiras lisas, lustrosas e resistentes, que, visualmente, dominavam o espaço a seu redor. Isso ajudou a criar o que foi considerado uma identidade ‘autêntica’ para os objetos plásticos”, explica a historiadora britânica Penny Sparke, em seu livro “The Plastics Age”. A partir de então, os plásticos começaram a ser vistos como “portadores do bom design” e têm sido cada vez mais valorizados. O desenvolvimento de novas tecnologias também tem contribuído para essa ascensão, e as aplicações ampliaram-se extraordinariamente: hoje, peças plásticas de alta performance são utilizadas em turbinas de aviões, substituindo os antigos componentes metálicos. Recentemente, o aumento da preocupação mundial com o meio ambiente fez crescer o interesse pelos plásticos “ecológicos”: os biodegradáveis e os não-derivados do petróleo, gás natural ou carvão, mas de matérias-primas renováveis. Alguns deles já são produzidos em escala industrial, embora seu preço ainda seja muito elevado; os polímeros derivados do amido, porém, já apresentam preço competitivo em relação aos sintéticos. Um exemplo é o ácido poliático: derivado do amido de milho, já está no mercado e pode ser processado pelos mesmos métodos que os polímeros sintéticos. Um uso “sem culpa” da matéria plástica! ❉ 29 ARC DESIGN


Brincadeira criativa Com a ajuda de professores, designers e industriais, crianças francesas desenham peças de mobiliário, aprendem a ver o espaço e os objetos que as circundam com um novo olhar e ensinam aos mais velhos novas perspectivas: “elas aumentam as formas porque percebem os objetos de baixo para cima, enquanto os adultos os desenham de cima para baixo...” Angélica Valente O que poderia acontecer se fosse dada às crianças de 7 a

Découverte já passou por 40 classes de dez escolas francesas.

13 anos a tarefa de desenhar os móveis de uma casa? Pro-

O programa é parte do Projeto Artístico e Cultural (PAC),

vavelmente tudo viraria uma brincadeira, mas afinal elas

iniciativa do governo francês que visa integrar o estudo da

sabem que brincadeira é coisa séria. Acreditando nesta

cultura e da arte ao currículo escolar, não apenas como ma-

premissa, o Ministério da Educação da França, em parce-

téria secundária, mas como premissa fundamental para o

ria com as Indústrias Francesas de Mobiliário (Industries

desenvolvimento de outras habilidades, relacionando os di-

Françaises de Ameublement – IFA) e a fundação Valoriza-

ferentes campos do conhecimento à música, às artes plás-

ção da Inovação para o Mobiliário (Valorisation de l’Inova-

ticas, ao teatro, ao design, à arquitetura, à fotografia...

tion dans l’Ameublement – VIA), lançou o projeto Mobi

Como explica Gérard Laizé, diretor do VIA: “convidar crianças

Découverte, a descoberta do móvel.

a refletir sobre o ambiente à sua volta é indispensável não so-

Designers, industriais, professores e alunos se reuniram

mente para que compreendam a lógica envolvida nos vários

para pensar o processo da criação mobiliária, desde a

aspectos da vida, cujas particularidades surgem das escolhas

concepção da idéia até a produção, estimu-

de seus pais e de referenciais adultos, mas também para fazer

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lando nas crianças, além da criatividade, a

emergir os códigos e as escolhas que lhes são próprios”.

percepção crítica dos objetos que as cir-

O processo incluiu a sensibilização das crianças quanto

cundam e a capacidade de organizar o

às diferentes funções dos móveis, a identificação de usos

próprio espaço. Iniciado em 1998, Mobi

e possibilidades de vários tipos de material e promoveu


Aci ma, vis ta da ex po si ção “Mobi Dé cou ver te”, na ga le ria VIA, Pa ris: des ta que para Sou coup’lit, ao cen tro, a cama em for ma to de dis co voa dor que ex tra po la a fun ção de lei to para ser vir de brin que do, ar má rio, es con de ri jo... À di rei ta, gave tei ro Ci trou il le, uma abó bo ra orga ni za do ra. No alto da pá gi na ao lado, à es quer da, cama Ze bu lon: a par te de cima é uma es pu ma para brincar e o baú ao lado guar da o que for pre ci so; à di rei ta, um mo men to de cria ção

discussões com designers, visitas a museus especializa-

se enrolar e se mover, evidenciando sua noção de conforto.

dos, a fábricas e ao Salão do Móvel de Paris. Em seguida,

Os resultados do projeto tornam-se referências importantes

partiram para a criação. Frédéric Lecourt, designer inte-

para designers e produtores de mobiliário infantil, mas tam-

grante do projeto, explica que “o papel do designer é orien-

bém para educadores, uma vez que evidencia a relação das

tar a viabilização de cada idéia, de cada gesto das crianças,

crianças com o ambiente em que se inserem.

respeitando a criatividade de suas produções”.

Como explica a designer Sonia Déléani: “somos designers,

Entre as criações, surgem móveis lúdicos e práticos, em

muitas vezes pais e talvez ainda pequenas crianças. Este pro-

sua maioria inspirados em frutas e animais, acompanha-

jeto torna possível novas aproximações com os móveis e nos

dos de detalhes funcionais: no travesseiro, uma luminária

leva a questionar se nós, com nossos estudos e visões ‘tão cer-

acoplada sugere a leitura noturna; a cama-esconderijo

tas’ do mundo, ensinamos ou aprendemos com as crianças?”

guarda objetos e amigos; a cadeira vira caixa e traz uma

Vinte e três peças criadas pelos pequenos designers e

bola grande e macia para brincar.

produzidas em protótipos únicos integram a exposição

Outras constatações surpreendem, como a maneira com a

“Mobi Découverte, Les Enfants Designers”, realizada em

qual transformam e se reapropriam dos móveis: um tape-

junho na galeria VIA em Paris, que segue agora em tem-

te encanta se puder emitir luz, o armário torna-se interes-

porada por toda a França e tam-

sante se puder conter a criança. Além disso, o que mais as

bém pode ser conferida no site

atrai são objetos que convidam ao tato e nos quais podem

www.via.asso.fr/telechargement. ❉

À es quer da, Pil low-Light, travessei ro que traz lu mi ná ria aco pla da, para as lei tu ras no tur nas. À di rei ta, Zoum, uma ca dei ra de brin car. Na pá gi na ao lado, à es quer da, ca dei ra de ba lan ço Ba na na Re lax. Na se quên cia, cô mo da Ca ra pa ce, com es pa ços aber tos en tre as gave tas: quem disse que é pre ci so abrí-las para ver o que está den tro?


ESCRITÓRIOS: dOS

Onde você tra ba lha? No es cri tó rio e em casa, com cer te za. Mas tam bém no avi ão, no car ro, sa be-se lá onde mais. A ins pi ra ção muitas vezes nos chega quando solitários na mesa de um bar. É o anunciado nomadismo – característica essencial da vida moderna Angélica Valente Muitas empresas já estão atentas às necessidades desses profissionais, nômades do trabalho. A mochila Boblbee (empresa sueca Boblbee) foi desenvolvida pelo nômade-designer Jonas Blanking e incorpora seu estilo de vida. Pequena, possui divisões internas definidas (espaço para a garrafa de água, para as barras nutritivas, para os CDs) e parte externa em material rígido, garantindo a proteção de objetos como notebooks e câmeras. Além disso, seu formato distribui o peso adequadamente, liberando da carga a curva das costas. A bolsa Loco (Snowcrash), com diversos compartimentos, é uma estação de trabalho portátil que 32 ARC DESIGN

Nes ta pá gi na, mo chi las da em presa su e ca Bobl bee, acessó rio ide al para o nô ma de exe cu ti vo, mas tam bém para o es por tis ta. Ergo nô mi cas, possu em cas co rí gi do para pro te ger o in te ri or e es tru tu ra em es pu ma de alta den si da de que dis tri bui e su por ta o peso; design Jo nas Blan king. Aci ma, da es quer da para a di rei ta, bol sa Scor pia e mo chi la Me ga lo po lis em duas ver sõ es. Abai xo, mo chi la Pe o ples De li te


NÔMAdES AO luxO

também pode ser encaixada em superfícies verticais, transformando-se em um “wall organizer”. Tudo pensado para que aquele que se divide, entre três, quatro trabalhos diferentes, não dependa mais dos escritórios e passe por lá apenas para reabastecer acessórios, atualizar in-

Na se quên cia aci ma, da es quer da para a di rei ta, mo chi la Me ga lo po lis, bol sa Sca ra bee e Netsur fer. Abai xo, no va men te o Netsur fer, pro du to que re cria o bi nô mio “mesa-ca dei ra” numa só peça, ofe re cen do con for to para as lon gas ho ras de nave ga ção pela in ter net. Apoi os de bra ço, pés e te cla do são ajus tá veis e as al mo fa das dão su por te ao pes co ço e à co lu na; design Tep po Asi kai nen e Ikka Sup pa nen para a em presa su e ca Snow crash

formações e preparar-se para seu próximo destino, que tanto pode ser outro país quanto o café ao lado. A produção se dá em qualquer lugar, de preferência naqueles onde mais à vontade o “white collar” se sinta. “O trabalho nômade responde à necessidade do profissional de equilibrar a vida entre casa e escritório, eliminando ou ao menos diminuindo o tempo de transporte entre um e outro, reduzindo custos e provendo mobilidade e flexibilidade ao seu dia. Além de reduzir o tráfego e consequentemente a poluição, economizar energia...”, teoriza Bill Joy, em artigo para a revista Fortune. Seria o fim dos escritórios? Muito pelo contrário, é a sua multiplicação. Diante das evoluções, é preciso repensar hábitos. Tornam-se comuns as organizações com funcionários que desempenham funções diversas em horários flexíveis, 33 ARC DESIGN


dando adeus à rigidez nas relações e à inútil burocracia em favor da qualidade da produção. Estações de trabalho temporárias e leves, coloridas quando possível, permitem a comunicação e as alterações necessárias de acordo com o ritmo de cada profissional. Layouts verticais sugerem que se trabalhe em pé, apoiado nas paredes; novos estofados permitem o trabalho deitado sobre os cotovelos ou ainda sentado no chão. E se a atividade pede a posição “normal”, que a cadeira ao menos respeite as minúcias Nes ta pá gi na, Laps ta ti on, da em presa nor te-ame ri ca na In tri go: leve e do brá vel, a mi croes ta ção de tra ba lho ofe re ce apoio estável para o uso do notebook em qual quer lu gar. Dois bol sos la te rais, em bu ti dos nas per nas, reser vam es pa ço para os acessó ri os

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anatômicas do corpo. Acessórios coloridos, com texturas diferenciadas e formas pouco convencionais personalizam o ambiente e estimulam os sentidos. Algumas empresas assimilam rapidamente esses


novos conceitos, como as que trabalham com internet – segmento que comporta em si as mudanças provocadas pela tecnologia da informação. Já nos escritórios mais tradicionais a modificação é notável, mas a partir de outra perspectiva. A imponência dá lugar à funcionalidade, e materiais como o vidro e o alumínio substituem a velha e pesada madeira escura. Bons exemplos são os produtos da empresa italiana Unifor, cujos projetos baseiam-se em materiais diversificados e na elegância de traços minimalistas. Mesas que alocam o monitor sob o tampo de vidro deixam o ambiente menos carregado e recriam no plano horizontal a relação do papel sobre a mesa – agora espaço virtual. Mas o que hoje nos chama a atenção não são as novas tendências estéticas ou comportamentais; mesmo o nomadismo já se anunciava com o “boom” da tecnologia da informação. Observamos agora a consolidação gradativa de propostas já conhecidas.

No alto da pá gi na, Laps ta ti on. Aci ma e ao lado, bol sa Loco, es ta ção de tra ba lho por tá til que, en cai xa da em su per fí ci es ver ti cais, trans for ma-se em um “wall-orga ni zer”; design Ikka Sup pa nen para a Snow crash

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Como explica Ronaldo Duschenes, diretor da Flexiv Móveis para escritórios: “no Salão de Milão deste ano, por exemplo, vimos escritórios de paisagens leves, com divisórias menos rígidas e móveis menores. Não se pode dizer, porém, que os produtos apresentados propunham mudanças profundas ao espaço de trabalho. O que mais chamou a atenção foi o desenvolvimento de detalhes funcionais em propostas já incorporadas ao nosso cotidiano”. A Neocon, famosa feira de Chicago, EUA, que reúne as maiores empresas do setor mobiliário, praticamente não trouxe inovações. A crise financeira mundial, é claro, atinge também o design. Aci ma, su por te para te cla do e mou se Bo o gie Board, da em presa nor te-ame ri ca na Ha worth: todo fei to em si li co ne, apresen ta ajus te des li zan te de po si ção para ser adap ta do a cada usu á rio. Abai xo, es ta ção de tra ba lho Over, design G. Pe rin e G. To pan para a em presa ita lia na IVM Of fi ce. Na pá gi na ao lado, es ta çõ es de tra ba lho iSa tel li ti, F&L Design para a em presa ita lia na Uni for: a tor re cen tral per mi te o ajus te ele trô ni co in de pen den te da al tu ra das mesas

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Seja qual for o ritmo das modificações, o fato é que em pouco tempo o escritório será o lugar onde as pessoas irão para desenvolver atividades e discussões em grupo, espaço de pesquisa em que não há funcionários, mas sim geradores de idéias,



anunciando a passagem da era de tecnologia da informação à era da tecnologia do conhecimento. Paola Antonelli, curadora de design do MoMA, N.York, completa: “enquanto o trabalho (con)forma nossas vidas, e continuará a fazê-lo no futuro, nossas vidas também determinarão a maneira como trabalhamos, ou, no mínimo, estas duas esferas irão se relacionar de uma forAo lado e abai xo, Jump Stuff, tri lho com di ver sos aces só ri os (por ta-pa péis, dis que tes, gram pos...) que se adap tam a su per fí ci es ver ti cais, li be ran do o es pa ço da mesa; de sign De sign works/EUA para a Ha worth

ma mais clara. Para conquistar este equilíbrio, novas ferramentas e novos espaços de trabalho devem ser desenhados, sempre”. Aguardemos as mudanças! ❉

Abai xo, Split, design Fer nan do e Hum ber to Cam pa na para a For ma: em acrí li co trans pa ren te, além de reser var es pa ço para ma te riais di ver sos, o acessó rio fun ci o na como di vi só ria, sem im pe dir a co mu ni ca ção en tre as es ta çõ es de tra ba lho

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Abaixo, gaveteiro Trevo, design Tok&Stok, outro acessório que se adapta ao movimento do usuário. No pé da página, mesa e ca dei ras Vico Duo, design Vico Ma gistret ti para a em presa di na mar quesa Fritz Han sen. O dese nho mi ni ma lis ta e fun ci o nal per mi te usos di ver sos tan to para a mesa quan to para as ca dei ras, em sa las de jan tar, es cri tó ri os ou sa las de con fe rên cia. Dis po ní veis em di ver sas co res e ta ma nhos

Acima, es ta ção de tra ba lho Pila Of fi ce, pro du zi da pela em presa Se cu rit: per fei to exem plo do no ma dis mo den tro dos es cri tó ri os, o mó du lo pode ter a con fi gu ra ção in ter na (mesas, pra te lei ras, ca dei ras) to tal men te mo di fi ca da, e os ro dí zi os o le vam para onde o usu á rio de ter mi nar...

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DESIGNERS DA LUZ Durante os meses de junho e julho, a Light Shop promoveu a “ParaMostra Designers da Luz”,

Glauco França

Glauco França

reunindo o trabalho de jovens designers num repertório marcado pela diversidade

Na foto maior, vitrine da Light Shop, São Paulo, durante a exposição, mostrando as luminárias Bóia Fria, Pantone e Nebulosa e a cadeira LCP, design Maarten van Severen, lançamento Kartell no Salão de Milão 2002. Acima, luminária Bóia Fria, design José Machado, um dos integrantes do grupo No Tech. À direita, uma referência ao designer ita liano Bruno Munari na luminária Elástica, design Francisco Almeida

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À direita, série Pantone, design Marton: feitas de pequenas partes coladas, em acrílico leitoso, cada peça traz um imã na parte central que possibilita composições em duplas. No pé da página, série Pixel nas versões mesa e parede, design Giorgio Giorgi e Fábio Falanghe

De bóias infláveis a válvulas, idéias iluminadas não faltaram à exposição. Hermann Pohlmann, designer alemão radicado no Brasil há três anos, apresentou suas luminárias Tutti-Frutti, frutos em vidro fundido de aparência caramelada, uma brincadeira com a tropicalidade brasileira. As luminárias Pantone, design Marton, jogam com a desconstrução de listras, em cores ou preto e branco. A composição de pequenos cubos acrílicos remete à impressão fragmentada dos primeiros (e primários!) computadores. Também estiveram presentes peças criadas pelos designers da No Tech, grupo que nasceu do workshop realizado em 2001, no MuBE, sob coordenação de Fernando e Humberto Campana. Os designers do No Tech recriam formas e funções, a partir da reapropriação de materiais simples. Fábio Falanghe e Giorgio Giorgi seguem surpreendendo com suas idéias bem-pensadas e desenvolvimento tecnológico primoroso. Destaque para a luminária Plana, minimalista, mas de forte impacto visual: paira no ar plena, difundindo a luz em cores e efeitos diversos. Francisco de Almeida – também expositor – foi o responsável pela ambientação em diálogo perfeito com os produtos expostos. Glauco França

Em sua primeira edição, a Paramostra Designers da Luz marca o incentivo da Light Shop à criatividade e à produção do

Glauco França

design nacional. ❉ PARAMOSTRA DESIGNERS DA LUZ – EXPOSITORES:

Fábio Falanghe e Giorgio Giorgi: luminárias Pixel, Duna e Plana. Hermann Pohlmann: luminárias Tutti-Frutti. Ricardo Infantozzi e Mervyn Lowe: luminárias La Vávola e Em Canto. Marton: série Pantone. Christina Janstein (No Tech): difusor removível. Mariana Dupas e Rosa Berger (No Tech): luminária Nebulosa. José Machado (No Tech): luminária Bóia-fria. Tetê Knecht (No Tech): luminária Fru-fru. Francisco de Almeida: luminárias Elástica e Gotta.


PUBLI EDITORIAL

FIRMA CASA

Ponto de referência da temporada de design e decoração que toma conta de São Paulo a cada ano, a Firma Casa realizou, durante os meses de junho e julho, a quarta edição da mostra “Vitrine”, um dos principais eventos da semana Gabriel Design. Foram apresentados ao público brasileiro os lançamentos do Salão do Móvel de Milão das empresas Edra, Baleri, Moroso e Zanotta, representadas com exclusividade pela Firma Casa no Brasil. A atmosfera festiva tomou conta do show-room da empresa, e a ambientação criada pelo designer Francisco de Almeida transformou parte da loja numa extensão da vitrine principal. Dispostos de forma museológica, os produtos recém-chegados da Itália dividiam espaço com as fotos de Andrés Otero que compunham uma retrospectiva dos hot-spots da primavera do design internacional em Milão. Entre os lançamentos da empresa Edra, destaque para o sofá Superblob, design Karim Rashid. O estofado é confeccionado

Abai xo, sofá Su per blob, design Ka rim Ras hid para a Edra: for mas orgâ ni cas “aco lhem” o cor po hu ma no. Na pá gi na ao lado, no alto, vis ta ge ral da ex po si ção Vi tri ne, com as ca dei ras Lisa em pri mei ro pla no; design Perry King & San tia go Mi ran da para a Ba le ri; no pé da página ao lado, divã Freud, design Todd Bra cher para a Za not ta, uma re lei tu ra da es pre gui ça dei ra de ana lis ta

em tecido stretch, com assentos em formato concha, e traz aplicações em tecido plastificado transparente de cores vibrantes. “É um projeto de alta-costura que possui formas desestruturadas, mas seu design apresenta formas perfeitamente esculpidas. Os Superblobs foram criados para um mundo sem cantos e são projetados para promover a informalidade nos ambientes”, explica Rashid. Outras novidades presentes na mostra Vitrine foram a poltrona Max, design Massimo Morozzi; o sistema modular Damier, design Francesco Binfaré; as divisórias Paesaggi Italiani, design Massimo Morozzi; a cadeira Cubica, design Tito Agnoli; o divã Freud, design Todd Bracher e a inventiva poltrona Sushi, design Fernando e Humberto Campana.

FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br



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GIROFLEX Projetar um espaço destinado a receber eventos culturais não é tarefa fácil. Entre tantos elementos envolvidos estão a acústica, a organização adequada do ambiente, a iluminação... Mas em relação ao público, o principal critério a ser levado em conta é a ergonomia dos assentos: o espectador deve ter o conforto necessário para poder absorver cada momento do espetáculo da melhor forma. Pensando nessas situações, a empresa Irwin Seating desenvolveu a linha de assentos Grand Rapids, fabricados no Brasil pela GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro – São Paulo, SP Tel.: 0800 112580 www.giroflex.com.br

Giroflex , e que estão presentes em diversos auditórios de prestígio no país, como o Maison de France, no Rio de Janeiro, e o Teatro Alfa, em São Paulo. Um dos teatros mais importantes do Rio de Janeiro, Nas duas pá gi nas, assentos Grand Ra pids Giroflex em impor tantes teatros brasileiros. Nesta página: interior do Teatro Alfa, São Paulo


construído em 1956, o Maison de France foi reinaugurado em fevereiro de 2002, depois de ter passado 17 anos fechado. A arquiteta Ana Lúcia Jucá desenvolveu o design do interior do teatro, um ambiente moderno que reúne toda a tecnologia necessária para receber espetáculos de qualidade internacional. Para a platéia, Jucá utilizou poltronas Grand Rapids da Giroflex. Segundo a arquiteta, o fator decisivo para a escolha da Giroflex foi a “sua capacidade em adaptar-se às exigências do empreendimento. A Giroflex atendeu todas às nossas solicitações, acompanhou o projeto e, quando foi preciso, desenvolveu intervenções exclusivas nas poltronas, que colaboraram, e muito, para a beleza e o conforto que o teatro proporciona aos usuários”.

Acima e à direita, in te ri or do Te a tro Mai son de Fran ce, Rio de Ja nei ro

Além do design de última geração, os assentos Grand Rapids apresentam a mais alta tecnologia em sua concepção, garantindo o desempenho, a resistência e a qualidade do produto. Entre os itens que se destacam está o encosto com altura de 28 centímetros, espuma de 5 centímetros de espessura e apoio dorsal. A parte externa é toda revestida em madeira. O assento em poliuretano injetado resiste a pressões constantes e o revestimento da parte inferior é feito em polietileno de alta densidade. As poltronas Grand Rapids podem ser encontradas nos show-rooms Giroflex de todo o país.


PUBLI EDITORIAL

FORMA Arne Jacobsen, o mais importante arquiteto dinamarquês, faria 100 anos em 2002. O centenário de seu nascimento está sendo comemorado no mundo todo e, no Brasil, Jacobsen foi lembrado com uma exposição no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, realizada entre 10 de maio e 7 de julho. O arquiteto e designer transitava com desenvoltura por diversas escalas: objetos, móveis, arquitetura – “da colher à cidade”, lembrando o tema de um dos congressos da International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), realizado em Milão, Itália. As peças selecionadas para a exposição – que teve curadoria de Fernanda Machado e cenografia de Raphael Benviniste – refletiam a amplitude da obra de Jacobsen: estavam expostos objetos, móveis e projetos de arquitetura realizados pelo mestre. No que diz respeito ao mobiliário, grande destaque para as cadeiras Formiga e Series 7 (a famosa e tão copiada Dinamarquesa), expostas em diversas cores, em tamanho natural e também em miniatura, em uma vitrine iluminadíssima. As poltronas Swan e Oxford completavam o mobiliário exposto, ao lado da mesa Egg, em formato oval. Os objetos, bastante sedutores, iam de maçanetas a luminárias, passando por relógios, um serviço de mesa em aço inox, uma linha de copos e os famosos talheres projetados por Jacobsen em 1957 para o Hotel Real Sas, e que foram eternizados no filme “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubric. O mobiliário de Jacobsen – produzido pela empresa dinamarquesa Fritz Hansen – está disponível no Brasil desde setembro de 2001, quando a Forma começou a importá-lo com exclusividade. Os objetos, no entanto, Nas duas pá gi nas, vistas da ex po si ção rea li za da no Institu to To mie Oh ta ke. Acima, as ca dei ras Se ri es 7 (ou Di na mar quesas) e, no alto, des ta que para a vi tri ne com minia tu ras. Na pá gi na ao lado, no alto, o “kit” lan ça do pela Fritz Han sen es pe ci al men te para o cen te ná rio de Ja cob sen: Ca dei ras For miga, mesa Egg e lu mi ná ria AJ (produzida pela Louis Poulsen); em bai xo, desta que para o sofá e as pol tro nas Swan

não são mais encontrados no país (esperamos que a própria Forma os importe um dia!). Todos os objetos exibidos na mostra fazem parte do acervo da embaixadora da Dinamarca no Brasil, Anita Hugau. A grande novidade da Fritz Hansen é um “kit” lançado

FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro - RJ - Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br

durante o centenário do arquiteto/designer, formado por três cadeiras Formiga, pela mesa Egg e pela luminária AJ (os dois últimos fora de produção). A Forma importou cinco unidades deste “kit”, produzido em edição especial limitada. A disputa deve ser grande...



PUBLI EDITORIAL

BERTOLINI Uma empresa em constante atualização. Assim pode ser definida a Bertolini, indústria gaúcha que está sempre buscado a inovação e o aperfeiçoamento de seus produtos e processos produtivos. Quando foi fundada, em 1969, a Bertolini era uma pequena serralheria que fabricava portas e janelas de ferro e funcionava em um porão de 80 metros quadrados. Em 1973, a empresa já havia passado por duas ampliações e contava com uma área de 3.600 metros quadrados. Em 1977, a Bertolini iniciou o desenvolvimento de uma nova linha de produtos em aço: aumentou sua área física em mais 1.740 metros quadrados e, satisfazendo às demandas do mercado, passou a produzir cozinhas. Em 1980, outros móveis em aço passaram a fazer parte do catálogo Bertolini: armários para vestiários, estantes, arquivos e mesas para refeitórios. Em 1994, a empresa parte para um novo nicho de mercado, passando a fabricar dormitórios em MDF. A linha, denominada HB System, causou impacto durante seu lançamento, na Movelsul 1994, por ser a primeira produzida totalmente em MDF e revestida com hot stamp (material e técnica praticamente inexistentes na indústria moveleira nacional da época). Em 1996, Bertolini lança uma linha de cozinhas em MDF, complementando o HB System. Embora o segmento de cozinhas em aço continue sendo o carro-chefe da empresa (em virtude do grande número vendido), a importância dos móveis em MDF cresceu bastante: o HB System é hoje procurado pelos consumidores mais exigentes, Aci ma, vista do “Loft do Ca sal Exe cu ti vo”, pro je to da ar qui te ta Keth len Ri bas na Casa Cor Pa ra ná 2002. A co zi nha uti li za da no pro je to foi dese nha da es pe cial mente pela ar quite ta e exe cu ta da pela Ber to li ni, com aca ba mento no pa drão No gal

constituindo a linha “top” da empresa. O investimento em design e alta tecnologia tem garantido móveis de linha contemporânea e com acabamento impecável: modulações com encaixes precisos e diversas opções de cores e texturas. A grande variedade de cores e materiais disponíveis permite ao arquiteto e ao decorador a criação de ambientes em sintonia com o projeto concebido para cada ambiente. Este foi o motivo que levou alguns arquitetos paranaenses a escolher móveis da linha HB System na última Casa Cor Paraná, realizada em Curitiba, de 23 de abril a 26 de maio de 2002. Em breve, a Bertolini fará o lançamento de mais uma linha integrando o HB System: a linha Home Office, dedicada à composição do escritório residencial.


Aci ma, co zi nha da li nha HB System com bi na aca ba men to nos pa drõ es im bu ia e bran co; abai xo, dor mi tó rio em pa drão No gal. Li nhas re tas e de ta lhes de aca ba men to – como as por tas em vi dro fos co – ates tam a mo der ni da de des tas co le çõ es da Ber to li ni

BERTOLINI Rua Francisco Luiz Bertolini, 235, Bento Gonçalves, RS. SAC: 0800 051-9985 www.bertolini.com.br


HARA KENYA Design para os sentidos Alguns dos capítulos mais importantes da história do Francisco Homem de Melo

design do século XX foram escritos no Japão. Os gran-

Surpresa. Hara Kenya está sempre procurando

des mestres já estão idosos

reverter expectativas, abordar um tema por um

– Ikko Tanaka, que esteve

ângulo inusitado, causar espanto ao leitor. O

no Brasil em 1999, por oca-

projeto para a Exposição Mundial de 2005 é um

sião de sua memorável ex-

bom exemplo. O tema da exposição é a sabedo-

posição de cartazes realiza-

ria da natureza. Kenya recuperou desenhos de um naturalista japonês do século XVII que estava quase esquecido, em virtude de seu trabalho ser taxado de pouco

da no MASP, faleceu há poucos meses – e uma nova ge-

científico. Foi exatamente isso que interessou ao designer. Nos cartazes, os delicados desenhos flutuam no branco do papel, seus tons de marrom valorizados pelo dourado do texto. Na aurora do século XXI, em vez de apostar em imagens high-tech,

ração está ocupando seus lugares. Hara Kenya faz par-

foi em desenhos de 300 anos que Kenya encontrou a matéria-prima capaz de sur-

te dela. Com apenas 44 anos,

preender o olhar contemporâneo e resgatar a grandiosidade e o respeito pela natu-

já é um dos designers mais

reza. Aliás, uma das peças mais marcantes do projeto é uma aposta não na alta, mas

influentes de seu país, a

na baixa tecnologia. Trata-se de uma fita adesiva impressa com os desenhos do na-

ponto de, em 2001, ter re-

turalista. Kenya chamou-a de mídia parasita: ao ser aplicada em qualquer pacote, ela

cebido da Associação Japo-

impregna o objeto de sua presença, transformando-o em mensagem do evento. Baixa

nesa de Design Gráfico o

tecnologia, baixo custo, alta eficácia. A mesma estratégia baseada na surpresa foi adotada na família de catálogos de

prêmio de designer do ano. Kenya formou-se dentro da

Issey Miyake, intitulada “Não fale de cores”. O modelo escolhido é um inusitado corvo. Kenya explica que pensou na ave a partir da fábula de Esopo, na qual o corvo enfeita-se com penas de todos os pássaros para ser o escolhido de Deus. O resultado distingue-se imediatamente dos catálogos de moda, tão preocupados em serem especiais, mas que, com frequência, acabam sendo tão parecidos uns com os outros.

tradição modernista. Seus tra ba lhos pau tam-se pelo mesmo ideário dos mestres: limpos, claros, dominados por uma imagem forte, de cuja vizinhança foi eliminada qualquer informação supérflua. No entanto, ao contrário do que essa descrição pode sugerir, sua produção nada tem de previsível. Surpreender o leitor, na verdade, é uma de suas es tra té gias pre fe ri das.

50 ARC DESIGN


Nas duas páginas, car ta zes, ca len dá rio e fita adesi va para a Ex po si ção Mun dial de 2005, cujo tema é a “sa be do ria da na tu re za”. Para fa lar do fu tu ro, Ken ya re cu pe rou ima gens do passa do – os re fi na dos dese nhos de um na tu ra lis ta ja po nês do sé cu lo XVII. A fita adesi va é uma apos ta do desig ner na bai xa tec no lo gia: bas ta apli cá-la em um pa co te para trans for má-la em men sa gem do even to


À es quer da, car ta zes de sé ri es desen vol vi das (1991, 1992, 1993) para di vul ga ção de uma ex po si ção anual de ar tes plás ti cas pro movi da por um fa bri can te de pa pel. Na página ao lado, car taz sobre uma ex po si ção de cul tu ra ja po nesa ocor ri da em São Pau lo, em 1995. Em to dos eles, Ken ya cria ima gens “sem sig ni fi ca do”, for mas que visam esti mu lar a ima gi na ção do es pec ta dor

As surpresas continuam em seus cartazes anunciando exposições de artes plásticas ou exibições de seus próprios trabalhos. Formas não-figurativas – “sem significado”, segundo suas palavras – reinam soberanas no fundo branco. Esses cartazes podem ser entendidos como um manifesto de recusa às imagens fáceis. Eles mostram como nem sempre a comunicação precisa estar baseada em soluções de compreensão imediata, como afirma a crença generalizada.

O DESIGN E OS MATERIAIS A tradição japonesa reza que o design começa pelo cuidado com os materiais. Kenya procura ser fiel a esse princípio, como no trabalho para a Olimpíada de Inverno de Nagano, de 1998. O projeto começou pela confecção de um novo papel, capaz de traduzir a atmosfera da competição. As folhas, encorpadas e rugosas, ao receberem a impressão tipográfica a seco, ficam translúcidas e lisas nas áreas pressionadas. Dessa forma, a peça busca recriar o efeito da neve ao ser pisada, como se água e gelo convivessem em sua superfície. A linguagem dos materiais, o branco e a informação tátil estão presentes novamente no projeto de sinalização do Hospital Umeda. Os sinais foram confeccionados em tecido branco, que são encaixados em suportes fixados nas paredes e nos tetos. Para justificar sua escolha, Kenya fala sobre a nobreza relacionada aos tecidos brancos — afinal de contas, seu uso em toalhas de mesa é sinônimo de máxima sofisticação em restaurantes de luxo. Os sinais são laváveis, obrigando a uma manutenção constante para mantê-los imaculados. Cuidado e delicadeza são as mensagens por trás das informações objetivas. Cuidado e delicadeza é o que o usuário espera receber do hospital.

O DESIGN E OS SENTIDOS Kenya tem uma história pessoal relacionada a uísques e a suas garrafas de vidro. Ela está mostrada no belo livro “Skeleton”, publicado em 1995. A preocupação em incorporar a percepção dos cinco sentidos em seus trabalhos tem aqui seu exemplo mais acabado. Nos projetos de garrafas e rótulos de uísque, à visão juntam-se tato, olfato, paladar e audição (audição, sim; lembre-se de que o vidro, além de tudo, tem uma sonoridade muito particular). O designer conta que foi sempre fascinado por essa mística. Jovem, ao visitar cidades européias, seu primeiro destino ao chegar eram as lojas de bebidas, em busca das formas, cores e texturas das garrafas do lugar. 52 ARC DESIGN



Aci ma e no alto da página ao lado, pe ças da Olim pí a da de In ver no de Naga no. O pro je to inclu iu até a pro du ção de um novo pa pel que, ao ser pressi o na do, re cria o efei to da neve re cém-pi sa da. A trans for ma ção da ban dei ra ja po nesa em uma bola de fogo, e o pa ra do xo de ado tá-la como sím bo lo da com pe ti ção, sin te ti za a maes tria do tra ba lho de Ken ya

Sua abordagem não recusa a tradição de linguagem ligada ao encontro do uísque com as garrafas de vidro. Ele diz que, ao respeitar essa tradição, sabe do risco de parecer anacrônico, ainda mais se tratando de um território tão difícil de vincular

Na fa mí lia de ca tá lo gos de Issey Mi ya ke, acima e abaixo, Ken ya ado tou um sur pre en den te cor vo como mo de lo para mos trar os pro du tos. O desig ner lem brou da fábu la de Eso po, na qual o cor vo nun ca está sa tis fei to com sua aparência, e en fei ta-se com pe nas de ou tras aves

ao vocabulário modernista. Mesmo assim, em nome do prazer ligado à multiplicidade de estímulos sensoriais característica do produto, ele prefere correr o risco. O designer não deveria preocupar-se tanto. Seus projetos constituem um requintado diálogo entre tradição e inovação. Mesmo nas garrafas aparentemente mais tradicionais, o vigor do desenho e o primor dos rótulos não deixam dúvidas quanto à excelência e à contemporaneidade de seu design.

A SÍNTESE Se tivéssemos de condensar em uma única imagem a busca da surpresa, a atenção para com os sentidos, o resgate da tradição japonesa e a filiação à herança modernista, ela seria a bola de fogo dos Jogos de Inverno de Nagano. O uso inesperado do fogo no símbolo de uma competição de esportes praticados na neve, o contraste entre o quente e o frio, o redesenho da bandeira do Japão e o controle preciso da forma fazem dessa imagem a síntese do trabalho de Hara Kenya, um tra ba lho dig no da he ran ça dei xa da por seus mes tres.


Ken ya é fas ci na do pela místi ca que de ri va do en contro do uís que com as gar ra fas de vidro. Seus pro je tos pro cu ram tra zer uma abor da gem contem po râ nea a um ter ritó rio mar ca do por uma longa tra di ção de lingua gem. A mes ma aten ção de di ca da à in for ma ção vi sual é de di ca da à es co lha do pa pel dos ró tu los e das em ba la gens. Para o de sig ner, o cu i da do com os ma te ri ais e a va lo ri za ção dos sen ti dos é o pon to de par ti da de seus pro je tos. Abaixo, algumas das embalagens desenvolvidas para a empresa Nikka Whisky, publicadas no livro “Skeleton”

55 ARC DESIGN


ENTREVISTA REALIZADA POR ARC DESIGN EM OUTUBRO DE 2001 ARC DESIGN - Há quanto tempo você trabalha como designer gráfico? Quais são suas principais atividades no design atualmente? HARA KENYA - Trabalho como designer gráfico desde os 25 anos, mas meus trabalhos começaram a ganhar características próprias a partir dos 30, ou seja, há cerca de 12, 13 anos. Minhas atividades são voltadas para a comunicação visual ligada ao projeto de desenvolvimento urbano de Tóquio, assim como o design gráfico para identificação geral da cidade, sinalizações etc... Procuro, por meio do design, revestir a cidade com uma nova identidade. Também assumi a direção de arte da marca MUJI pelos próximos dez anos. Outro trabalho é o projeto RE DE SIGN que, além de ter sido uma exposição para refletir o futuro do papel, foi o que me forçou a pensar o que é o design do século XX. Vamos começar a itinerar esta exposição a partir de novembro de 2001, iniciando pela Inglaterra e Canadá. Se possível, queremos trazê-la também para o Brasil. O design não deveria existir somente para a autopromoção das empresas, mas funcionar igualmente como instrumento cultural e de crítica. É preciso estar sempre consciente desse aspecto para poder desenvolver trabalhos de qualidade. A.D. - Quais foram seus maiores mestres e quais são suas principais influências? H.K. - Tenho muitas influências. A designer Ishioka Eiko, entretanto, foi quem me ensinou a buscar a qualidade na produção. A.D. - Quais são as metodologias que você utiliza na criação de um projeto e qual, na sua opinião, é a maior dificuldade enfrentada pelo designer durante a elaboração de um projeto? H.K. - Primeiro preciso encontrar a essência do problema em nível comunicativo. Se consigo achar uma maneira interessante e criativa de questionar os fatos, o resultado será bom também. A maior dificuldade aparece quando a visão do parceiro de um projeto ou do cliente é diferente da minha opinião. A.D. - Como você vê o design gráfico japonês hoje e como você se situa neste contexto? H.K. - A geração anterior à minha consolidou sua carreira como designer da mídia impressa, enquanto a minha cresceu não somente como designer de cartazes, mas também como criadores que possam garantir a longevidade dos produtos e funcionar como agentes de comunicação informativa. Os cartazes são bastante simbólicos quanto se trata de design, mas tenho consciência de que minha função é a de desvendar os problemas. Não desprezo, contudo, de maneira alguma o trabalho de meus antecessores e penso que a geração que segue tem a missão de perpetuar a qualidade do design japonês. Não há ruptura, mas hoje a mídia se desenvolveu tanto que, se não abraçarmos os outros campos – como a arquitetura, a iluminação, a moda – e não trabalharmos em parceria com vá rios 56 ARC DESIGN


O bran co do mi na to dos os am bi en tes da loja de de par ta men tos Matsu ya Gin za, na página ao lado. Ao qua li fi car as pa re des e ima gens por meio de su per fí ci es sen sí veis ao tato, nova men te quem dá a tô ni ca ao pro je to é a pre o cu pa ção em ir além do vi sual, e in cor po rar os de mais sen ti dos no pro ces so de co mu ni ca ção

profissionais, não poderemos manter um trabalho de qualida de. A.D. - Sentimos em seus trabalhos uma forte presença de texturas visuais. Fale-nos um pouco dessa sua preferência gráfica. H.K. - Não é bem uma preferência. O universo de cartazes, diferentemente daquele da fotografia, é abstrato; inspira-se nas memórias do passado e não em algo concreto, e a textura visual presente em alguns trabalhos é consequência disso. É a sensação causada por esta “textura” que nos faz pensar que é algo que já conhecemos, como um ovo de borboleta ou gavinhas de uma planta, mas na verdade são figuras abstratas. A figura do corvo tem origem nas fábulas de Esopo. Na hora de criar o modelo para os produtos de Issey Miyake, pensei que seria melhor não optar por um ser humano e me inspirei na história de Esopo, em que o corvo reúne as penas de outros pássaros para ser eleito por Deus. O título do livro é “Don’t Talk About Colours”. Eu quis dizer que as cores não podem ser impostas em função da moda, mas devem ser compreendidas na medida em que vão ser usadas no corpo. A.D. - Você tem preferência por atuar em alguma área específica do design gráfico? Por quê? H.K. - Trabalho com o design como comunicação, e uma das formas

A si na li za ção do Hos pi tal Ume da, nesta página, foi in tei ra men te ba sea da na utilizção de te ci dos bran cos. Isso quer di zer que os si nais po dem ser lava dos e pen du ra dos no va ral! Além de mostrar toda a infor ma ção ne cessá ria, o pro je to bus ca mostrar tam bém o cu i da do e a aten ção com que os usuá ri os se rão tra ta dos

é o design gráfico. Eu gostaria que o design fosse percebido como um aliado dos cientistas no desenvolvimento de tecnologias de ponta. A.D. - Como você vê o design mundial hoje? Quais países, na sua opinião, têm se destacado pela inovação e qualidade dos trabalhos? H.K. - Do ponto de vista da arquitetura seria a Holanda, representada por Rem Koolhas. Mas no design gráfico não encontro coisas muito estimulantes. A.D. - Que conselhos você daria a um jovem designer gráfico? H.K. - Não tenho nada a aconselhar aos jovens designers. A única coisa que poderia dizer é para não ficarem somente no nível da utilização dos softwares e recorrerem mais à própria sabedoria; é preciso saber seguir o caminho certo. ❉ Entrevista realizada com a gentil colaboração da Fundação Japão. Tradução: Yumi Garcia dos Santos 57 ARC DESIGN


Estante Horizontal-A, design Shigeru Uchida

PANOR AMA BR ASIL 58 ARC DESIGN

Qual é o seu devido lugar?

Objetos pessoais ou puramente estéticos, ferramentas de trabalho, informações confi-

denciais: como organizar a diversidade de pertences com que convivemos diariamente? Ob je tos pes so ais ou pu ra men te es té ti cos, fer ra men tas de tra ba lho, in for ma Há os de uso diário, de uso semanal, o que está em desuso... çõ es con fi den ci ais: como or ga ni zar a di ver si da de de per ten ces com que conAlguns optam por sistematizar cada item, dentro de lógicas quase “cartesianas”. vi ve mos di a ri a men te? Outros têm no caos a regra, e o suporte quando existe é apenas enfeite, encaixaHá os de uso diário, os de uso semanal, os que estão em desuso... seguns no op todo mas nãocada menos Aocaslado da“car cama, livros,Oucartas, Al tamcaótico, por sistema tizar item,organizado. dentro de lógi quase tesianas”. tros têm no caos de a rechocolate gra, e o su te quan do existeNão é ape nas enfeite, en no todo um pedaço dapor noite anterior. surpreenderá secai alixa-se embaixo exiscaótico, mas não menos organizado. Ao lado da cama, livros, cartas, um pedaço de chotir um criado-mudo. colate da noite anterior. Não surpreenderá se ali embaixo existir um criado-mudo. ARC DESIGN apresenta nesta edição idéias múltiplas para guardar, suportar, apoiar ARC DESIGN apresenta nesta edição idéias múltiplas para guardar, suportar, apoiar e arrumar, da forma como cada um melhor entenda sua organização cotidiana. e ar ru mar, da for ma como cada um me lhor en ten da sua or ga ni za ção co ti di a na.


Estante Spin, design Guilherme Bender Madeira aglomerada laminada ou laqueada Preço: R$ 228,00 Tok&Stok 0800-960169 – www.tokstok.com.br

Estante Circular, design Gerson de Oliveira e Luciana Martins MDF laqueado em diversas cores ou laminado em freijó, imbuia ou carvalho Preço: R$ 4.938,00 Dpot Tel.: (11) 3082-9513 – dpot1@ig.com.br

Armário One, design Piero Lissoni para Kartell Em resina acrílica, estrutura tubular em alumínio injetado, várias cores Preço sob consulta Forma Tel.: (11) 3816-7233 – www.forma.com.br

Rack Clips, design Orro & Christensen Linha modular em madeira certificada; diversas cores e tamanhos Preço: R$ 608,00 Orro & Christensen Tel.: (11) 3819-2933 – www.orroechristensen.com.br

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ARC DESIGN


Cômoda Baba, design Massimo Scolari Cômoda em madeira acero com puxadores em alumínio Preço sob consulta Montenapoleone Tel.: (11) 3083-7511 www.montenapoleone.com.br

Armário Farmácia Suspenso, design Vallvé Madeira laqueada e vidro temperado Preço sob consulta Vallvé Tel.: (11) 3061-2444 www.vallve.com.br

Linha Festival, design Baldanzi & Novelli Sistema modular, estrutura em madeira ou MDF, portas em madeira ou acrílico fosco, painéis em acrílico fosco Preço variável de acordo com a modulação Douek & Prado Tel.: (11) 3064-4684 – www.douekprado.com.br

Estante No Name, design Felippe Crescenti Pranchas de imbuia, tampos de cristal e rodízios Preço: R$ 2.570,00 Casa 21 Tel.: (11) 3088-9698

60 ARC DESIGN


Estante Ring, design Trezzi Seveso Alumínio e laca preta Preço sob consulta House Garden Tel.: (11) 3081-7999 – www.housegarden.com.br

Painel linha Boiserie, design Ornare Estrutura em alumínio anodizado fosco, acabamento em madeira wengé e prateleiras em vidro acidato Aparador linha Libero, design Ornare Tampo de silestone, acabamento em poliéster branco Preço sob consulta Ornare Tel.: (11) 3061-1713 – www.ornare.com.br

Cômoda Tao Como, design Mauro Lipparini Rovere (carvalho italiano) tinto ou natural, tampo em cristal acidato Preço sob consulta Collectania Tel.: (11) 3088-6555 – www.collectania.com.br

Cômoda Chicago, design Fernando Espíndola de Oliveira Acabamentos nas cores castor, pátina ou whisky, puxadores cromados e tampo de vidro Preço: R$ 3.264,00 Madeira Bonita Tel.: (11) 3062-9699 61 ARC DESIGN


O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian

LIQUID CRYSTAL FILMS mc# 2794-01 Cristais líquidos dispersos e encapsulados em filmes elásticos que podem ser usados para destacar pontos de calor – que podem surgir a partir do contato com a mão ou outra parte do corpo – em superfícies irregulares ou tridimensionais. As formas podem resultar de corte com molde ou por vácuo; podem também ser tratadas com uma cola sensível à pressão para aderir em outra superfície

MATE­RIAL CON­NE­XION

GAGE DECORATIVE METAL CEILINGS mc# 0162-01

62 ARC DESIGN

Painéis para teto, constituídos de pelo menos 50% de alumínio pós-consumo reciclado. Executados em padrões standard, incluindo diversos padrões de alumínio, acabamentos espelhados, desenhos decorativos em relevo ou cores, e reproduções de madeiras, mármores e granitos raros. Também podem ser projetados por encomenda

RR+EF TM mc# 0140-01 Processo patenteado para a fabricação de compostos poliuretânicos flexíveis e reforçados com fibras, com respirabilidade controlada, nos quais a ligação entre a fibra e o poliuretano é deliberadamente fraca, para permitir que as fibras se movam dentro da matriz e para maximizar a flexibilidade do composto. Esta tecnologia é aplicada às necessidades dos consumidores, e então licenciada para produtos e mercados específicos

THE HOLOGRAPHIC COLLECTION mc# 2604-06 Tecidos com desenhos holográficos tridimensionais na superfície. Estes tecidos são do tipo elástico (em duas direções), drapejáveis e laváveis. Estão disponíveis em diversos padrões gráficos, nas larguras de 61 ou 127 centímetros, e podem ser usados para tapeçaria, confecção de cortinas, revestimento de paredes, vestuário, calçados e acessórios

LIQUICELL mc# 4592-01 Avançada tecnologia de estofamento fluido. As almofadas são executadas utilizando uma membrana externa feita de uretano para uso médico e preenchidas com uma solução à base de água que inclui um aditivo não-tóxico para reduzir os efeitos da variação de temperatura (a viscosidade do líquido varia muito pouco entre 40oC negativos e +149oC). O líquido reduz dramaticamente a dor e o desconforto, protegendo o corpo da pressão e do choque. O estofamento pode ser projetado e produzido em quase todas as formas e tamanhos. Aplicações incluem bermudas, luvas e selins para ciclismo, cadeiras e estofados para escritórios, assentos de automóveis, capacetes para ciclismo e futebol americano e capacetes de segurança para aviação


MÓZ METALS mc# 3648-01 Painéis decorativos em alumínio para superfícies internas. Fabricado em 16 cores, além das cores customizadas, em oito padrões gráficos, e perfurados. Disponíveis em folhas com tamanho e espessura-padrão, e também em tamanhos personalizados. Aplicações incluem revestimen to de pa re des, in ser ção em for ros (te tos), abó ba das, ins ta la çõ es de lo jas, mo bi li ário, decoração, displays, sinalização

FLEXFORM TM mc# 3788-01 Indiana Bio-Composites, Inc. Painéis e forrações leves e fortes, resistentes à umidade, não-tecidos e recicláveis. Disponíveis em diversas cores e espessuras para encostos, painéis para portas, embalagens e, no mobiliário, para assentos, encostos e cadeiras empilháveis

LUXICA ENVINYL MC# 4576-01 Revestimento em vinil para piso, com pelo menos 35% de componentes reciclados. Disponível em ampla variedade de cores e texturas: perolada, metal martelado, pele de avestruz, metal enferrujado, assim como gráficos e logos personalizados. Recicláveis e resistentes a manchas, os ladrilhos são normalmente fabricados em quadrados de 45,7 x 45,7 centímetros, com 3 milímetros de espessura

KNITTED PILE FABRICS mc# 4396-01 Uma coleção de tecidos felpudos. São fabricados com diferentes alturas de felpa, em ampla gama de cores, e em padrões gráficos de duas a quatro cores, que incluem pontos, listras, xadrezes, pequenos ramos e tufos. As aplicações incluem roupas para uso externo, tecidos dupla-face, colchas, brinquedos, almofadas para cadeiras de rodas

HONEYCOMB AND FOAM CORE L AMINATED PANELS mc# 0102-01 Painéis-sanduíche laminados com diversos materiais; formados por dois tipos de alma: placas de espuma e em forma de colméia, cujos materiais incluem alumínio, papel kraft, fibra aramid e ter mo plás ti cos. En tre as op çõ es de ma te ri ais para re ves ti men to es tão: alu mí nio, aço, “porcelain steel”, aço inox e painéis de alta densidade. Aplicações: painéis para telhado, displays, sinalização, estruturas portáteis, ambientes isolados e divisórias, entre outras

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Apoio: Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 26, julho/agosto 2002 Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Redatora - Angélica Valente Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi Arte: Designers – Adriana Lago Cibele Cipola Participaram desta edição: Andrés Otero Fernando Perelmutter Francisco Homem de Melo Glauco França Helena Salgado Departamento Administrativo: Cláudia Hernandez Fabiana Ferreira da Costa

Apoio Institucional:

Departamento Comercial: Gerente Comercial – Flavia Jorge Departamento de Circulação e Assinaturas: Denise Toth Gasparotti Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais Fotolito: Village Fotolito Impressão: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel: VCP – Couchê fosco Lumimax (miolo – 150g/m2)

Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram fornecidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.

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12:32 AM

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BIENNALE INTERNATIONALE DESIGN 2002 SAINT-ÉTIENNE 16–24 NOVEMBRE 2002

ÉCOLE DES BEAUX-ARTS DE SAINT-ÉTIENNE 15, RUE HENRI GONNARD 42000 ST-ÉTIENNE, FRANCE T EL : +33(0)477 478 805, F AX : +33(0)477 478 801 WWW.INSTITUTDESIGN.COM




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