Plurale em revista edição 50

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AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE w w w. p l u r a l e . c o m . b r

LIÇÕES DA TRAGÉDIA DE

MARIANA

FOZ DO RIO DOCE - REGÊNCIA - LINHARES (ES) - FOTO DE FRED LOUREIRO (SECOM -ES)

ano oito | nº 50 | novembro / dezembro 2015 R$ 10,00

ESPECIAL OITO ANOS: ARTIGOS INÉDITOS, BELAS, FAMOSAS E ENGAJADAS CAUSA ANIMAL GANHA FORÇA


SABE POR QUE METADE DE NOSSOS VICE-PRESIDENTES SÃO MULHERES? PELO MESMO MOTIVO QUE METADE SÃO HOMENS. Além de duas vice-presidências, quase metade de nossos cargos de gestão é ocupada por mulheres. Nós não privilegiamos um gênero quando contratamos, porque sempre acreditamos que, quando o assunto é criar um mundo mais belo, o que importa mesmo é o que você faz.

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grupoboticario.com.br

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GREENPEACE

Contexto

Belas, famosas e engajadas,

Por Sônia Araripe

14. 24

ARTIGOS INÉDITOS: Luiz Antônio Gaulia, Marco Simões e Marcos Paulo Reis

As lições que ficam do rio de lama Por Sônia Araripe e Hélio Rocha

ARQUIVO PESSOAL

Coluna Ecoturismo, por Isabella Araripe

46 Itaparica, por Tom Correia

50 TOM CORREIA

ESPECIAL OITO ANOS

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Causa animal ganha força Por Isabel Capaverde

DIVULGAÇÃO/GREEN SCHOOL

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Escola verde

Por Giuliana Preziosi e Maurício Chichitosi, do portal Histórias pelo mundo 4

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Mais energia com menos impacto na natureza. A Eletrobras investe para o Brasil vencer seus desafios. Investimento de cerca de R$ 50 bilhões em geração e transmissão, até 2019, como parte do Programa de Investimentos em Energia Elétrica. A empresa é a que mais investe em tecnologia e energias alternativas. O resultado são projetos inovadores e capazes de ampliar a oferta, reduzindo o impacto sobre o meio ambiente, como o Megawatt Solar e o Parque Eólico Geribatu. O objetivo é estar entre as três maiores empresas globais de energia limpa até 2020. Por isso, a Eletrobras não para: os novos investimentos vão deixar nosso sistema ainda mais robusto e confiável, gerando mais energia de maneira limpa. Onde tem Eletrobras, tem o Governo Federal trabalhando para o Brasil avançar.

eletrobras.com

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Quem faz

Cartas

Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Amaro Prado e Amaro Junior Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Adriana Beltrão, Ariane Mondo (Obsma/Fiocruz), Fernanda Cubiaco (Movimento Lixo Zero), Giuliana Preziosi e Maurício Chichitosi (Histórias pelo Mundo), Hélio Rocha, Janaína Pucci, Luis Antônio Gaulia, Marco Simões, Marcos Paulo Reis, Marli Moreira (Agência Brasil) e Tom Correia. Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: WalPrint

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

“Caro Christian Travassos, Muito bom o seu artigo na Edição 49 de Plurale em revista! Há um tempo nas entrelinhas e por trás bem mais complicado e muito mais delicado de se abordar: até quando vamos talhar a produtividade da máquina produtiva privada para sustentar a improdutividade da máquina produtiva pública (sejam as empresas públicas, as sociedades de economia mista ou mesmo as agências reguladoras)? Abs. E parabéns pelo trabalho.” Marcel de Queiroz Pereira, economista, por e-mail, do Rio de Janeiro “Com respeito ao artigo publicado pelo jornalista Nelson Tucci, sob o titulo “Solidariedade x I(ni)migração”, na edição 49 de Plurale em Revista, gostaria de cumprimentar tanto o autor quanto a publicação. A matéria é importante, sobre tema mais que atual, bem escrita e retratando de modo correto o que foi exposto. É fundamental que a opinião pública brasileira tenha informações dessa qualidade para entender melhor o mundo agitado e sem rumo que nos cerca. Cordialmente, ” Professor Dr. Aleksandar Jovanovic, por e-mail, de São Paulo “Preciso dizer que estou apaixonada pela Serra do Cipó! Coisa mais linda de se ver! Quero parabenizar os autores e a Plurale pela excelente matéria sobre a Serra do Cipó, que traz dicas ótimas de passeios sobre o lugar e fotos tão lindas que dá vontade de mergulhar nas cachoeiras pela revista. Esse é o nosso Brasil, surpreendendo em cada estado e mostrando o que tem de melhor, a natureza pujante. Valeu Plurale!!! Monica Pinho, por e-mail, do Rio de Janeiro

c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r

“Como é bom a leitura de uma revista que se propõe a salvar o mundo contemporâneo, pugnando pela sustentabilidade! O Edição 49 de Plurale mostra um novo pedaço do extremo Oriente, que cansou de sofrer e hoje se salva preservando o que a natureza pode oferecer. Algo muito diferente dos que não podem plantar nas areias ferventes mais do que a busca desenfreada de liderança a poder do subsolo generoso que ainda pare ouro negro em profusão. Fico a pensar: porque não se substituem as romarias de trânsfugas do terror para outras partes do mundo aonde se possa seguir o exemplo de sustentabilidade defendida pela Plurale? Todos querem seguir para o primeiro mundo das nações europeias e desaguarem talvez hordas de idiotas religiosos que pensam poder, um dia, impor seus objetivos messiânicos a toda a humanidade? Então eu prefiro agradecer iniciativas como a da sua revista: seguir na luta de PLURALE para convencimento de que o mundo ainda tem jeito...Grande abraço. ” Luiz Menezes, jornalista, por e-mail, do Rio de Janeiro “Andei sem tempo de dizer o quanto a revista tem me alegrado, mas hoje não pude resistir a um comentário sobre a última edição. Não bastassem as ótimas seções de livros (Estante), Cinema Verde e Vida Saudável (um chá de hibisco cheio de vitaminas e minerais e que, ainda por cima, emagrece? Adorei!), encontrei um roteiro cativante para uma próxima viagem. A matéria de Giuliana Preziosi sobre o Vietnã dos dias de hoje deixa qualquer leitor com água na boca – literalmente e culturalmente. Pois entre um e outro bolinho de arroz, um pato ao maracujá ou um egg coffee, é possível fazer incríveis visitas históricas, que vão desde a Cidade Proibida até os quilômetros e quilômetros de túneis que os guerrilheiros utilizavam como passagem e esconderijo, durante a guerra do século passado. Jamais imaginei que continuassem por lá... Muito legal! Parabéns! ” Maria Helena Malta , jornalista e escritora, por e-mail, do Rio de Janeiro “Equipe Plurale, Parabéns por mais essa edição sobretudo pela matéria sobre o Vietnã. Com certeza entrou no meu roteiro de viagem! Abraços” Mônica Angeleas, por e-mail, do Rio de Janeiro


*Dados da pesquisa Datafolha.

Tem sempre alguém esperando você chegar. Por isso, a gente faz você chegar mais rápido. O sistema BRT é rapidez, tecnologia, mais mobilidade urbana e 74% de usuários satisfeitos.*

Bom para a cidade. Um bem para o cidadão.


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E ditorial

Muito a comemorar: Edição 50, completando oito anos Por Sônia Araripe e Carlos Franco, Editores de Plurale

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sta não é uma edição comum. Traz o peso de ser a Edição de número 50, justamente a de comemoração de oito anos de Plurale. Quando percebemos a coincidência, há alguns meses, começamos a preparar um material realmente especial para os leitores. Desde que começamos com Plurale, sabíamos que não seria fácil. Empreender no Brasil não é tarefa simples. Mas também tínhamos a certeza que iríamos perseverar até a exaustão não por nós, mas, principalmente, pela causa. Conseguimos chegar à marca de oito anos. Com várias vitórias, marcas e resultados por comemorar. Conquistamos prêmios, realizamos eventos, fizemos reportagens e entrevistas que marcaram o diálogo sobre sustentabilidade neste período. Mais do que isso, passamos a

fazer parte de uma rede forte e consistente, formada por pessoas relevantes que acreditaram em Plurale e na nossa proposta. A todos, nosso MUITO OBRIGADO. Preferimos nem nomear, porque, felizmente, foram muitos e não queremos correr o risco esquecer alguém. Trazemos hoje matérias especiais, artigos inéditos e fotos espetaculares. Apresentamos também uma análise da

maior tragédia ambiental do Brasil, provocada pelo rompimento de barragens da Samarco, empresa controlada pelas duas das maiores corporações mineradoras globais – a Vale e a anglo-australiana BHP Biliton. Recomendamos também acompanhar a cobertura completa de Plurale em site, que, desde o acidente, monitorou diariamente os desdobramentos da crise. Não é só, mostramos também nesta edição tão especial como a causa animal tem conquistado mais e mais voluntários. Apresentamos as belas atrizes e artistas que se engajam em causas sustentáveis e alavancam campanhas. Assim como a incrível história da escola verde em Bali. Tudo isso e muito mais. Por você, para você. Porque não teríamos chegado até aqui sem você. Que possamos comemorar juntos mais outros tantos aniversários! 9


Entrevista

EDNILSON VIANA PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP

Por Patrícia Fachin, da IHU On-Line

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Fotos da Fapesp e Agência Brasil

pesar de a Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, ter sido promulgada há cinco anos, o modelo vigente de gestão de resíduos sólidos no Brasil ainda “é o que preza pelo aterramento dos resíduos sólidos e pelo desperdício de matéria-prima”, afirma Ednilson Viana à IHU On-Line. Na entrevista, ele explica que esse modelo “é responsável pelo esgota-

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mento rápido dos aterros sanitários e por contribuir para agravar os impactos negativos ao meio ambiente e à saúde pública pelo uso alargado de lixões e aterros controlados”. Viana pontua que as áreas para a implantação de aterros sanitários “estão ficando cada vez mais raras e distantes dos centros urbanos (...). Desta forma, os resíduos poderão viajar centenas de quilômetros para serem dispostos no solo, o que encarece toda a cadeia de coleta e transporte e, consequentemente, uma elevação nas taxas a serem cobradas para geri-los”. De acordo com ele, se os

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problemas centrais relacionados à gestão dos resíduos sólidos não forem solucionados com urgência, poderemos assistir a situação crítica para os resíduos no futuro. “Quando se observa que aproximadamente 96% dos resíduos sólidos urbanos são encaminhados parar aterros sanitários, que uma grande quantidade de métodos inadequados é utilizada (lixões e aterros sanitários), que convivemos com um aumento na produção de resíduos, com uma responsabilidade compartilhada pelos resíduos, dentre outros fatores, é fácil concluir que no futuro, se


“Não basta a gestão dos resíduos sólidos ser integrada. Ela precisa ser sustentável.” continuarmos assim, não teremos mais espaço para colocar tantos resíduos e teremos os problemas agravados pela disposição inadequada”, adverte. Na avaliação de Viana, um modelo de gestão dos resíduos sólidos eficiente consiste em compreender os resíduos como “matéria-prima” que pode originar novos produtos através da reciclagem. Essa concepção sustentável de gestão sugere que “não basta apenas fazer a coleta seletiva dos materiais recicláveis. Ednilson Viana é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, mestre em Ciências pelo Instituto de Química de São Carlos – IQSC/ USP e doutor em Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos – EESC/USP. Atualmente é professor da Universidade de São Paulo - USP, onde desenvolve trabalhos na área de Gestão Sustentável de Resíduos Sólidos. IHU On-Line - Que modelo de gestão de resíduos sólidos existe hoje no Brasil? Quais são os aspectos negativos e os positivos desse modelo de gestão? Ednilson Viana - O nosso modelo ainda vigente é o que preza pelo aterramento dos resíduos sólidos e pelo desperdício de matéria-prima. Este modelo é responsável pelo esgotamento rápido dos aterros sanitários e por contribuir para agravar os impactos negativos ao meio ambiente e à saúde

pública pelo uso alargado de lixões e aterros controlados, que são métodos de disposição dos resíduos sólidos inadequados no solo e sem a proteção devida. Por isso, é preciso dar um basta nesta situação e progredirmos para uma outra realidade. IHU - A partir do atual modelo de gestão, o que é possível vislumbrar em termos de futuro acerca dos resíduos sólidos no país? Viana - Eu volto a dizer o que disse no jornal El País: os resíduos sólidos, se forem geridos da forma como estão sendo, podem conduzir a uma situação crítica no futuro por diversas razões. As áreas para implantação de aterros sanitários (método de disposição no solo adequado) estão ficando cada vez mais raras e distantes dos centros urbanos, especialmente os grandes centros urbanos e as megacidades. Desta forma, os resíduos poderão viajar centenas de quilômetros para serem dispostos

no solo, o que encarece toda a cadeia de coleta e transporte e, consequentemente, uma elevação nas taxas a serem cobradas para geri-los. Veja que não ter onde colocar os resíduos ou enviá-los para longe é uma situação crítica. Se o custo é um fator importante nesta dinâmica de cuidados com os resíduos, elevadas taxas podem colocar em risco determinados desenhos de gestão e a capacidade de determinados municípios em lidar com a questão. O descarte de resíduos sólidos de forma clandestina ou mesmo de forma inapropriada pode se intensificar. Além disso, o baixo índice de aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos, como pode ser visto pelos dados do Ministério das Cidades através do Sistema de Informação em Saneamento - SNIS de 2013 e da Abrelpe, do mesmo ano, demonstra que teremos muitos resíduos sendo produzidos com muito pouco apro-

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Entrevista

A experiência internacional mostra claramente que a responsabilidade pela logística reversa deve ser estendida ao produtor, onde o fabricante, por exemplo, tem a responsabilidade de cuidar dos resíduos gerados a partir do momento em que lança um produto no mercado. É claro que ele vai cobrar do consumidor a conta, mas, por outro lado, se garante a gestão adequada destes resíduos no seu fluxo, não provocando “nós” como vemos hoje para diversos setores no Brasil.”

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veitamento, levando — como eu já disse na questão anterior — ao esgotamento rápido dos aterros sanitários e a uma demanda cada vez maior por áreas adequadas a estes métodos, que já são escassas. Será que precisamos deixar a situação chegar ao quase extremo para estabelecer as condutas eficazes? IHU - Que lacunas percebe no debate acerca dos resíduos sólidos e da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS no país? Viana - Há acertos e equívocos. É assertivo exigir das fontes geradoras os planos de gestão ou planos de gerenciamento para buscar o desvio dos resíduos dos aterros sanitários. Por outro lado, há equívocos como a falta de cobrança rigorosa dos planos e de cobrança de planos que tenham qualidade. Lembro ainda que a cobrança deve se estender a implementação e acompanhamento dos planos ao longo dos anos. Um outro ponto que quero destacar é sobre a responsabilidade compartilhada pela gestão dos resíduos sólidos entre fabricantes, importadores, comerciantes e consumidor (logística reversa). A experiência internacional mostra claramente que a responsabilidade deve ser estendida ao produtor, onde o fabricante, por exemplo, tem a responsabilidade de cuidar dos resíduos gerados a partir do momento em que lança um produto no mercado. É claro que ele vai

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cobrar do consumidor a conta, mas, por outro lado, se garante a gestão adequada destes resíduos no seu fluxo, não provocando “nós” como vemos hoje para diversos setores no Brasil. IHU - Quais são as dificuldades de pôr em prática a Lei Nacional de Resíduos Sólidos? Viana - São várias. Há questões naturais ao processo e questões de comodismo, mas a principal, na minha opinião, é uma postura de maior rigor na fiscalização para fazer valer a lei e os seus princípios básicos. O Ministério Público tem papel fundamental neste caso. Só a cobrança rigorosa sobre a elaboração e implementação dos planos de gestão municipais e planos de gerenciamento, todos sob a ótica da qualidade, elevariam muito a nossa velocidade na direção de uma gestão dos resíduos sólidos mais digna de um país tão promissor quanto o Brasil. É preciso respeitar a hierarquia de resíduos prevista na lei e que é muito certa, promover mecanismos de incentivos às cooperativas de catadores e diversos outros mecanismos importantes, introduzir tecnologias no processo de gestão e, ainda, estabelecer regras que sejam cumpridas de fato. É preciso avançar na gestão dos resíduos sólidos, sem desculpas ou ficar “empurrando com a barriga” uma questão tão importante. Outra questão importante é que o nosso modelo de gestão tem como unidade de gestão o próprio município, na sua grande maioria.


É preciso formar agrupamento de municípios para uma gestão mais adequada e menos custosa. Os consórcios têm atuado neste sentido, mas eles têm dificuldades de funcionamento por diversas questões, deixando a dúvida se o modelo de consórcio que temos hoje é o mais adequado para este agrupamento dos municípios. É preciso fazer o agrupamento de todos os municípios como regra única e através de critérios eficientes, democráticos, mas sérios. IHU - Por quais razões os municípios não conseguiram entregar seus planos de gestão para o lixo? De outro lado, por que as cidades não conseguiram acabar com os lixões? Viana - Se houver uma cobrança rigorosa com relação aos planos, eles acontecerão. E não basta apenas ter um plano, é preciso elaborar planos com qualidade e cobrar a sua implementação e fiscalizar com rigor o seu andamento. Há e houve diversas fontes de recursos, além de prazo o suficiente para a sua elaboração, assim como a erradicação dos lixões nos municípios. Se deixarmos tudo acontecer em um processo moroso, todos sairemos perdendo e é preciso agir já, de imediato. Não é prorrogando prazos que se vai obter a desejada gestão dos resíduos sólidos. É preciso rigor na cobrança e rigor nos procedimentos de gestão, criando uma nova cultura na área. IHU - Recentemente o senhor fez uma comparação da crise hí-

drica com uma possível crise dos resíduos sólidos. O que vislumbra em termos de crises futuras? Viana - A minha intenção não foi ser sensacionalista e muito menos alardear tragédias. Esta comparação é no sentido de que se não dermos ouvidos aos desafios que temos hoje postos na gestão dos resíduos sólidos, eles podem se agravar no futuro. É como uma doença (sentido de um mal físico): se não for tratada logo de início, pode levar a uma situação crítica e comprometedora no futuro. Isto foi o caso da crise hídrica e pode ser um comparativo para a questão dos resíduos sólidos. IHU - Em que consistiria uma gestão sustentável dos resíduos sólidos no Brasil? O que é possível fazer considerando o contexto brasileiro? Viana - O conceito de gestão sustentável remete à ideia de visão dos resíduos como matéria-prima e a qualidade do produto final obtido no processo de aproveitamento destes. Portanto, este conceito indica o aproveitamento máximo dos resíduos sólidos, gerando produtos de qualidade e não mais um resíduo. Além disso, se analisarmos o fluxo dos resíduos, no final não restaria nada ou quase nada de resíduos sólidos para ser disposto nos aterros. Este pouco resíduo que restaria pode ser denominado de rejeito, porque não se tem mais o que fazer com ele. Neste conceito de gestão sustentável foi citado um elemento

importante que é a qualidade do produto final. Isto significa, por exemplo, que não basta apenas fazer a coleta seletiva dos materiais recicláveis. É preciso ter qualidade de separação na fonte geradora para que se tenha um produto final de boa qualidade no final do processo de reciclagem. Se fizermos uma coleta seletiva dos resíduos orgânicos, como um exemplo mais preciso nesta minha colocação, é preciso que estes resíduos tenham uma separação adequada na fonte geradora para não vir misturados com outros componentes como vidro, pilhas etc, que comprometeriam o produto final da valorização destes resíduos. Eu quero dizer que o composto advindo desse tipo de separação dos resíduos orgânicos sem qualidade poderá produzir um composto que apresenta em sua composição metais pesados e outros componentes indesejados, reduzindo a sua qualidade enquanto produto final e produzindo mais um resíduo, e não um produto que possa ser utilizado sem receios na agricultura. Isto é muito discutido na Europa como o fim do Estatuto dos Resíduos e deve ser incorporado ao conceito de gestão sustentável dos resíduos sólidos no Brasil. Por isso, não basta a gestão dos resíduos sólidos ser integrada. Ela precisa ser sustentável, envolvendo o conceito de integração entre as etapas do fluxo dos resíduos e ainda os aspectos ambientais, sociais, políticos, econômicos etc, associados à qualidade do produto final. Pensando no Brasil, um grande passo é seguir com seriedade, rigor e clareza a hierarquia dos resíduos. Esta hierarquia, que está na PNRS, diz acertadamente o seguinte e nesta sequência: a) evitar a produção de resíduos sólidos; b) aproveitar o máximo possível os resíduos sólidos gerados; c) tratamento térmico se não forem possíveis as etapas anteriores; d) aterros sanitários como última alternativa.

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DIVULGAÇÃO

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Por Marco Simões

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BRT

FOTOS DE GOVERNO DO ESTADO/UPP


Numa recente palestra sobre sustentabilidade para alunos de Direito e Administração em São Paulo fui questionado sobre o profissional do futuro diante das ameaças ambientais que assustam a nossa civilização. Pergunta por demais ampla e difícil para qualquer professor, tentei guiar-me pelos ensinamentos que recebi de meus avós. Lembrei que é obrigação da geração mais velha, no meu entender e no entendimento de meus antepassados, a pavimentação da estrada do futuro para a geração seguinte. Meu avô sempre falava que os adultos tinham o dever moral de garantir um mundo melhor para as crianças. Não somente para seus próprios filhos, mas para todas as crianças, em geral. Esse era o sentido maior das nossas vidas não só como profissionais, mas também como cidadãos. Alguns estudantes estavam mais descrentes no futuro do Brasil do que outros e, todos muito jovens, ainda nas primeiras turmas da graduação, ficaram aparentemente surpresos diante dessa obrigação individual para com o futuro. Eles mesmos até pouco tempo eram as crianças e, como contaram,

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muitas vezes acusaram os próprios pais de não terem garantido o tal “mundo melhor” de herança. Desafio coletivo colocado no salão, voltei-me para o significado e o esclarecimento do que seria a tal sustentabilidade tão falada, usada e abusada atualmente. Todos pareciam acreditar que a sustentabilidade é o novo mantra da civilização, mesmo sem compreenderem o seu significado e como o colocar em prática. Falei então, para eles, que cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres seriam, com certeza, profissionais melhores. Entretanto, assustados com o fantasma do aquecimento global e as tais “mudanças climáticas” (que sempre aconteceram na história da Terra) e também impactados por toda sorte de sensacionalismos, apelos e culpas da indústria do entretenimento em seus filmes e mensagens apocalípticas do fim do mundo, os jovens ouvintes queriam uma dica para tornarem-se parte da solução. Como fazer a sustentabilidade acontecer? Após meu testemunho sobre as palavras de meus avós e a responsabilidade de cada um de nós para com a geração seguinte, compartilhei o que entendo e acredito ser o significado


da tal sustentabilidade, facilita em muito uma prática diária em casa ou no trabalho: “Sustentabilidade é saber cuidar. Mas é também querer cuidar”. Mas cuidar de quem? Cuidar de quais questões? Ora, o saber cuidar era exatamente o que eles estavam fazendo dentro de uma universidade: conhecendo, estudando, aprendendo, entendendo mais sobre os ferramentais de suas profissões, também entendendo das relações humanas de seus ofícios, dos impactos e conflitos de suas decisões enquanto profissionais e futuras lideranças no dia a dia das comunidades, dos ecossistemas. O saber estava sendo aprofundado, compartilhado e expandido. Se a sustentabilidade começa pelo saber - o saber como cuidar de nossas relações, de nossas famílias, ruas, cidades, florestas, recursos e do país -, eles estavam dando os passos corretos nessa direção. Por isso, não bastava a conquista do diploma. Ele nada significaria se não estivesse conectado ao sentido maior de suas profissões; um saber cuidar de qualidade, compromisso com boas práticas, excelência no atendimento ao cliente (agora uma ampla rede de Saber E Querer Cuidar), cumprimento das promessas feitas e de uma busca pela educação e aprendizagem por toda a vida. Mas a sustentabilidade também depende do desejo de cuidar. O querer cuidar. Nada adianta o saber técnico, se nós não nos comprometermos com esse sentido maior de nossas vidas. Saber e querer cuidar das relações, das

pessoas, das crianças, das águas, das árvores, de nossas responsabilidades como cidadãos, de nossos direitos mas também de nossos deveres são atitudes e sentimentos fundamentais para que a sustentabilidade aconteça de fato. O saber cuidar sozinho não vai muito longe, além das conclusões racionais, necessárias para os planos de trabalho. E saber cuidar é também um ato de comunicação, pois se remete ao outro, antes de nossas próprias individualidades, de nossas próprias necessidades num relacionamento respeitoso demanda “ação comum”, entre os dois que se encontram. O outro enquanto proposta de diálogo e vínculo, tornase o centro da nossa atenção, do nosso querer cuidar, pois na verdade o outro somos nós mesmos espelhados. Querer e saber cuidar do outro é, portanto, cuidar de nós mesmos, numa rede vital e fraterna. Imaginem! Assim, a comunicação também se insere na dimensão do cuidado. Pela palavra nos aproximamos e entendemos o outro e abrimos espaço para o cuidado. Conhecer o outro para melhor cuidar do outro. Através da conversa uma vez que nos permitem “com versar”, versar sobre questões que não entendemos ou não percebemos como o outro interlocutor percebe. E assim, nos aproximamos uns dos outros, entendendo como saber cuidar do outro sem retirar sua autonomia, sem impor ordens ou controles como fazem os ditadores. Que fingem cuidar para escravizar. O ato de cuidar é um legado

exemplar para as próximas gerações. E atos muitas vezes falam mais do que palavras. Mas a palavra aproxima. O cuidar está no mundo dos afetos, que podem ser silenciosos e gentis. O cuidar está inserido numa espiral Saber E Querer Cuidar. Repleta de vida e desejo. Um movimento integrante da gigantesca teia de contatos e de convivência a que todos nós estamos necessariamente envolvidos. O querer cuidar é o entusiasmo maior de fazer acontecer um mundo melhor para as gerações futuras, numa entrega de um legado valioso, respeitoso e amoroso para o dia de amanhã. Saber e querer cuidar, então, traduzem de forma simples o significado da sustentabilidade para as nossas vidas diárias. De certa forma muito simples e de certa forma muito difícil, pois só depende de cada um de nós. Fez sentido para os alunos e fiquei gratamente feliz. Mas, faz sentido para vocês? *Luiz Antonio Gaulia é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre sustentabilidade. É jornalista e professor. Foi gerente de comunicação na CSN e na Alunorte. Foi consultor no Grupo Votorantim e atuou em projetos de sustentabilidade de empresas como Vale, Light e Petrobras. Foi o gestor dos projetos de relato da sustentabilidade da Estácio Participações de 2012 a 2014. Atualmente é Gerente de Comunicação da Estácio.

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Colunista Marcos Paulo dos Reis

VOLUNTARIADO EMPRESARIAL – UMA “OUTRA” FERRAMENTA DE CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

O

Voluntariado não é unicamente uma ação de responsabilidade social, mas também uma excelente ferramenta que as áreas de recursos humanos lançam mão para capacitar, desenvolver e aprimorar competências. O mundo das empresas, com suas áreas de recursos humanos, percebe a cada dia, que o voluntariado tem sido um aliado importante, quando é preciso realizar cursos de desenvolvimento de lideranças, ou cursos vivenciais, que exigem do participante o desenvolvimento das capacidades que as empresas tanto buscam e necessitam. Muitas companhias já entendem que, ao invés de levar seus colaboradores para salas de aula, ou colocá-los em frente a computadores com cursos online, ou ainda diante de palestrantes, oferecer a oportunidade de ter contato com ações de voluntariado, bem coordenadas e dirigidas, pode ajudar a desenvolver competências. As empresas, em sua maioria, seguem as regras ditadas pelo mercado para identificar as competências que acreditam serem as essenciais para seu negócio e para o setor em que atuam. Essas competências precisam estar alinhadas também a suas crenças e a seus objetivos como empresa. Ela, portanto, identifica essas competências, define-as como essenciais e importantes e, depois, apresenta ao colaborador o que julga ser importante desenvolver. Empresas por todo o mundo, anualmente, contratam grandes consultorias e equipes de desenvolvimento para reali-

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zar capacitações, palestras, cursos, etc. sempre de acordo com um plano que juntamente com o colaborador fora traçado. Em geral, depois que o colaborador faz os cursos e participa de encontros de formação, são realizadas pesquisas ou testes para saber como ocorreu seu desenvolvimento e se ele absorveu os novos conhecimentos que foram transmitidos. Muitas empresas optam por fazer “team bulding” com seus colaboradores, que são ações de imersão que proporcionam uma experiência geralmente extrema, com o objetivo de desenvolver competências, em especial de liderança e de resistência diante a crises, de tomada de decisão, etc. Essa é com certeza uma ação que envolve investimentos enormes, e que infelizmente nem sempre produz o conhecimento desejado – as ações de team building podem ser um rafting em uma corredeira, travessia de um lago em um bote fabricado pelos próprios participantes, subir uma mon-

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tanha, fazer uma caminhada, uma corrida, um rali etc. O que o voluntariado apresenta são alternativas muito interessantes para desenvolver capacidades de gestão, entre outras, aos colaboradores. Evidentemente, que não se pode concluir que se trata de voluntariado puro e simples, em que a pessoa participa de forma compulsória, pois se trata de treinamento. O que se propõe é utilizar as características de ações de voluntariado, para adaptar a treinamentos. Um exemplo muito interessante é quanto ao team building. Algumas empresas, ao invés de levar seus funcionários para escalar uma montanha, podem optar por levá-los para uma organização social, onde recebem capacitação sobre a realidade social daquele local. Depois, são convidados a propor um grande projeto de melhoria do espaço físico dessa ONG. É uma oportunidade para essas pessoas ouvirem os participantes e os atendidos pela instituição, elaborar um projeto de melhoria, execu-


tar esse projeto, e capacitar os atendidos e funcionários da ONG, bem como a comunidade, para que consigam manter as melhorias que foram feitas. Às vezes, os “voluntários” participantes desse treinamento precisam inclusive desenvolver suas capacidades comerciais, para captar recursos para essa ONG. O caso acima está relacionado diretamente a um desenvolvimento de competência planejado, claro e feito sob medida para grupos onde se identifica a necessidade de desenvolver certas habilidades, e se define usar o team building como ferramenta, com características de ação social de voluntariado. Muitas empresas, ao elaborar um programa de voluntariado para seus colaboradores, já reconhecem que há um potencial de desenvolvimento de características e habilidades importantes entre os participantes, como capacidade de negociação, gestão de crise, criatividade, entre outras. É importante que a área de responsabilidade social, ou mesmo de recursos humanos, não se perca na missão do programa de voluntariado, que em sua essência é gerar um valor social, de mobilização cidadã e participação por meio das ações de apoio a organizações sociais e grupos menos favorecidos. Não se pode focar prioritariamente o desenvolvimento das habilidades que foram mapeadas. O que se deve ter em mente é que o voluntariado é apenas um meio e não um fim, para conseguir o desenvolvimento das habilidades importantes no meio empresarial. Não se pode transferir para o voluntariado toda responsabilidade de capacitar e desenvolver os colaboradores de uma empresa, pensando que ele dará conta dessa ação, pois isso com certeza não acontecerá. O voluntariado é um parceiro importante, mas não é o responsável por desenvolvimento das habilidades exigidas pela empresa dos seus colaboradores.

O colaborador que participa das ações de voluntariado, de forma livre, certamente terá desenvolvido muitas habilidades, porém isso ocorre de forma natural. Se ele realiza a ação de voluntariado com alegria, se deseja fazer a ação de forma espontânea e o faz com interesse e compromisso, certamente tudo o que desenvolve nessas atividades terá muito mais sentido e importância, pois estará 100% focado e interessado não somente em aprender mas também em compartilhar e praticar o que está desenvolvendo. Como sua experiência passa por todos os sentidos do seu corpo, certamente as novas habilidades adquiridas ou desenvolvidas se fixarão muito mais e ganharão muito mais sentido. É importante notar que o voluntário é uma pessoa altamente comprometida e interessada em assuntos ligados ao desenvolvimento humano, a corrigir desigualdades sociais importantes, a se doar em favor de outras pessoas, e a construir um mundo melhor para sua geração e para as gerações futuras. A pessoa dotada desse espírito generoso se torna um “ativo” muito importante para a empresa. Existem habilidades ou podemos dizer comportamentos que não se podem medir exatamente, que são intangíveis, tais como alegria, bom humor, fé (crença que as coisas vão melhorar), empatia e gratidão. Essas características, que podemos chamar de comportamentos, são muito desenvolvidas quando a pessoa pratica e vive o voluntariado. Todas as empresas reconhecem que ter pessoas com essas atitudes melhora muito o ambiente de trabalho, contagia outras pessoas, e resulta inclusive em uma maior produtividade. Pessoas mais felizes tornam o ambiente de trabalho um lugar feliz, que por sua vez transmite segurança e confiança de que mesmo diante de crises e dificuldades, elas podem ser vencidas ou se pode passar por elas com mais leveza.

Com certeza, as instituições empresariais que estão atentas para o voluntariado já estão provando como essa ferramenta poderosa pode ajudá-las a fazer do ambiente empresarial um local muito mais humano. Há noticias importantes de que, na atual crise que o Brasil está passando, algumas empresas têm recorrido ao voluntariado como o porto seguro da boa notícia. Não se trata de uma escora, mas de um lugar em que se pode praticar a solidariedade e onde as pessoas acreditam em dias melhores. Em ambiente de grandes fusões, que tem se tornado cada vez mais comuns, muitas companhias também compreenderam que o voluntariado está no lugar da unanimidade, no lugar da paz, da mesa da compreensão, do entendimento, pois nesse lugar as pessoas não competem e não lutam por posições ou por opiniões, já que todas concordam que ajudar outras pessoas, unindo diferentes cabeças, e colocando do mesmo lado pessoas e até mesmo grandes áreas que estão vivendo conflitos. A conclusão que podemos chegar é que o voluntariado precisa ocupar um lugar estratégico dentro das empresas. Ele precisa não de um lugar de destaque, mas estar no lugar comum do dia-a-dia da vida empresarial. O voluntariado não é somente uma ação isolada, pontual e sazonal, mas deve ser encarado como uma forma de vida, um comportamento que precisa ser adotado, pois só assim ele gera valor para a empresa, ele desenvolve as pessoas e ele traz reputação para a marca, para o produto, e principalmente para a empresa como um todo. Não se pode recorrer ao voluntariado somente no momento das dificuldades, mas se ele existe na empresa como uma forma de responder aos anseios por ações sociais e de participação, no momento que ele for mais necessário, com certeza não se negará a atender e a atingir os objetivos que estiverem postos e os desafios que se apresentam, mesmo que sejam passageiros. O voluntariado é, enfim, a boa notícia que precisamos. Marcos Paulo dos Reis é Consultor em Gestão no Terceiro Setor. É formado em Gestão de Recursos Humanos com MBA em Gestão e Empreendedorismo Social pelo CEATS/FIA. Atuou como coordenador de Voluntariado do Grupo Telefônica/Vivo no Brasil. Possui consolidada vivência em planejamento estratégico e na gestão de equipes presenciais e à distância.

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Pelo Brasil Mortes de líderes enlutam mercado segurador Da CNseg

As mortes prematuras de Marco Antonio Rossi, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e presidente da Bradesco Seguros, e de Lúcio Flávio Condurú de Oliveira, vicepresidente da FenaPrevi e da presidente da Bradesco Vida e Previdência, em acidente aéreo, no dia 10 de novembro, chocaram, comoveram e entristeceram o mercado segurador brasileiro. Após quase três anos à frente da Confederação, Rossi marcou sua gestão por importantes conquistas para o mercado segurador e o para o país. Entre as suas preocupações como presidente da Confederação, destacava-se a ampliação da base de segurados, mediante o desenvolvimento de produtos voltados a todos os segmentos da população. Outro de seus objetivos era a qualificação dos profissionais que atuam no setor. Nesse sentido, em novembro, realizou-se o primeiro exame de Certificação Profissional da CNseg (CPC), do qual participaram mais de 1.700 candidatos. Rossi dedicava-se ao desenvolvimento de novos produtos no mercado de seguros, previdência privada, saúde suplementar e capitalização. Apresentou, recentemente, o projeto do VGBL/Saúde, produto destinado a permitir a aquisição de um plano de saúde na aposentadoria, mediante o aporte de pequenas quantias, realizado ao longo do período mais produtivo das pessoas. No cenário inter-

nacional, presidiu a Federação Interamericana de Empresas de Seguros (FIDES), durante dois anos, período em que pôde contribuir para a integração mais efetiva dos mercados de seguros das Américas, notadamente no desenvolvimento de programas de educação. Homem de diálogo, sempre priorizou o relacionamento com os Poderes da República e com as instituições empresariais e da sociedade civil. Como traços mais marcantes de sua personalidade destacavam-se o dinamismo, a capacidade de liderança e a docilidade no trato com as pessoas que o cercavam. Sempre foi otimista em relação ao futuro do Brasil: mesmo nos momentos de crise, tinha uma palavra de incentivo aos amigos e colaboradores. Casado com Maria Isabel Moreschi Rossi, Marco Antonio Rossi era pai de quatro filhos. Formado em Tecnologia em Gestão de Marketing, com pós-graduação em Gestão de Cliente pela Univer-

sidade Paulista (UNIP) e em Altos Estudos de Estratégia e Geopolítica pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), ingressou em julho de 1981 na Bradesco Vida e Previdência S.A., onde passou por todos os escalões da carreira, ascendendo a diretor em janeiro de 1999. Em sua vida pessoal, Rossi era um homem muito ligado à família e de hábitos simples. Natural de Belém, Pará, 54 anos, Lucio Flávio era casado com Edimara Luz Louzada Condurú de Oliveira e pai de seis filhos. Era funcionário de carreira da Organização Bradesco. Atuava na Bradesco Vida e Previdência, empresa integrante do Grupo Bradesco Seguros, desde a sua fundação, exercendo a Presidência desde março de 2010. Exercia o cargo de vice-presidente da FenaPrevi na gestão da atual Diretoria (2013 a 2016). Era graduado em Administração de Empresas, com especialização em Gestão de Pessoas.

O ISA e a causa socioambiental perderam Juliana Santilli Do ISA

A sócia-fundadora do Instituto Socioambiental (ISA), Juliana Ferraz da Rocha Santilli, perdeu no dia 18 de novembro a luta de quase dois meses contra um AVC. No dia 13/11, Juliana foi transferida de Brasília, onde estava internada, para o Rio de Janeiro, aos cuidados do neurologista Paulo Niemeyer. Foi submetida a uma nova cirurgia, mas não conseguiu se recuperar.

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Ao lado de seu marido Marcio Santilli, foi uma das fundadoras do Instituto Socioambiental em 1994. Promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal, Juliana tinha 50 anos, era doutora em Direito Socioambiental pela PUC-PR e autora dos livros. Ativista incansável em defesa da agrobiodiversidade, da segurança alimentar, dos conhecimentos tradicionais, temas nos quais era especialista, deixa um filho, Lucas, de 19 anos.


Inscrições abertas para a oitava edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente DIVULGAÇÃO/FIOCRUZ – ANNA CAROLINA DUPPRÉ

A Da Fiocruz

oitava edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente foi oficialmente lançada durante a abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que aconteceu no dia 19 de outubro, na Fundação Oswaldo Cruz (RJ). A partir de hoje, professores da educação básica de todo o Brasil podem inscrever trabalhos nas modalidades Projeto de Ciências, Produção de Texto e Produção Audiovisual, e as inscrições vão até o dia 29 de julho de 2016. No auditório do Museu da Vida, a mesa que deu início à solenidade contou com a participação de Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC), Paulo Elian, diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC), e Claudia Levy, pesquisadora da Fiocruz e secretária-geral da SBPC. Durante a discussão sobre a importância da comunicação pública da ciência, Paulo Elian e Claudia Levy observaram que as iniciativas da Fiocruz na promoção dos eventos da SNCT são símbolo do espírito de luta do cientista brasileiro, que precisa ser empreendedor e inventivo para enfrentar os desafios de se fazer ciência no país. A coordenadora nacional do projeto Cristina Araripe falou à equipe sobre a

valorização do professor durante o processo olímpico: “Cada vez que abrimos uma nova edição, a intenção é reafirmar um compromisso dessa instituição com o aprofundamento dos temas de saúde e meio ambiente na sala de aula. A gente sabe que o professor é quem vai liderar o processo na escola e na comunidade. Queremos que ele se sinta estimulado a fazer esse trabalho”, afirmou.

Professores e alunos do ensino público ou privado interessados em participar da 8ª Obsma podem acessar o regulamento em: http:// www.olimpiada.fiocruz.br/regulamento8obsma. Após a divulgação dos resultados, haverá a premiação nacional na Fiocruz, Rio de Janeiro, no mês de novembro do próximo ano, em data a ser confirmada.

Governo de SP anuncia mudanças em registros de violência contra população LGBT Marli Moreira - Repórter da Agência Brasil

Os gays, as lésbicas e os transexuais agredidos em comportamento claro de preconceito por sua orientação sexual poderão tipificar as ações de crimes homofóbicos nos boletins registrados em todas as delegacias do estado de São Paulo. A mudança entrou em vigor no dia 5 de novembro, quando a Lei Anti-Homofobia (10.948/01) completou 14 anos de criação.

Apesar de a lei estadual ter sido criada em 2001, até agora, quando uma vítima registrava queixa, não encontrava espaço nos boletins de ocorrências para detalhamento das ações discriminatórias. Isso impedia o levantamento real do número de casos, consequentemente dificultava o combate aos crimes do gênero, informou o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes.

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Pelo Brasil A revitalização da região do porto e o futuro da mobilidade são apresentados em Seminário da ABA JORGE SANTOS/ FETRANSPOR

A

Associação Brasileira de Anunciantes realizou nos dias 4 e 5 de novembro, a 6ª edição do Fórum ABA Marketing in Rio, no auditório do Espaço Cultural Furnas, em Botafogo. O Evento reuniu especialistas de diversos segmentos, incluindo universidades, poder público, além de agências e veículos de comunicação. O segundo dia do fórum abriu espaço para discussão de soluções para o Rio de Janeiro. Assuntos relacionados a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida foram abordados. No painel Infraestrutura Rio, o Diretor de Relações Institucionais

da Concessionária Porto Novo, Rafael Daltro, apresentou o projeto de revitalização da zona portuária. Daltro mostrou como a formulação de políticas públicas e a iniciativa privada podem promover o desenvolvimento econômico de uma região considerada estratégica para a cidade. “Trata-se de R$ 7,6 bilhões em investimentos com vistas a melhorar a região, de forma a atrair o comércio, indústrias, habitação e opções de lazer para o local”. Na sequência, o diretor de Marketing e Comunicação da Fetranspor, Paulo Fraga, contextualizou as mudanças na matriz de mobilidade urbana da capital, e apresentou os projetos previstos para o futuro baseado

no modelo de cidade inteligente proporcionando mais oportunidades para as pessoas, com a diminuição do espaço para o transporte individual e priorizando cada vez mais o transporte público. “O Rio de janeiro segue o exemplo de cidades importantes que investiram nos sistemas de BRT e vai complementar a sua rede com mais dois corredores, o Transbrasil e a Transolímpica. Este é o caminho para atender com urgência as demandas pela melhoria da mobilidade urbana”. Paulo ressaltou ainda que a ampliação da rede de corredores BRT no Rio de Janeiro acontece no momento de retração econômica do país e, que a implantação desse tipo de sistema se enquadra no cenário de escassez de recursos logo que o custo por quilômetro é menor do que metro ê do veículo leve sobre trilhos. Em outra mesa, Marco Simões, Conselheiro e Diretor-Executivo da SDSN Brasil falou sobre os novos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e sobre iniciativas da rede no Brasil, como o Pacto do Rio. Também Sérgio César Azevedo Jr., risk manager no grupo Norsk Hydro, apresentou palestra sobre energias renováveis. A jornalista Sônia Araripe, Editora de Plurale, moderou os dois debates, a convite da ABA.

Lixo Zero faz parceria com a Cooperativa Transformando

O

Do Movimento Lixo Zero

Movimento Lixo Zero, de forma inédita, atendendo a Politica Nacional de Resíduos Sólidos, está juntamente com seus mais de 50 restaurantes e hotéis associados, implementando a coleta seletiva, a fim de transformar e não enterrar recicláveis e orgânicos em aterros sanitários, encaminhado esses materiais, para, respectivamente, reciclagem e compostagem.

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E essa transformação está sendo feita graças a parceria do Movimento com a Cooperativa Transformando, instalada dentro da Usina do Caju, da Comlurb, no bairro do Caju, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Essa parceria está despertando o interesse dos associados, que já estão agendando visitas técnicas para conhecer a realidade de uma cooperativa de reciclagem, e se conscientizar da responsabilidade que cada um tem de separar seus resíduos de forma a contribuir com o trabalho dos catadores.


Onça-parda é visualizada em reserva de Goiás Da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza

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m meio às notícias das queimadas no Cerrado, uma boa notícia para o segundo ambiente natural mais ameaçado do país: uma onça-parda (Puma concolor) foi visualizada na Reserva Natural Serra do Tombador. Localizada em Cavalcante, no interior de Goiás, a unidade de conservação (UC) está próxima ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. O vídeo foi feito por câmeras trap, que estão colocadas em pontos estratégicos da

reserva e monitoram a fauna da região. “A presença dessa espécie, que é topo de cadeia, e de várias outras, indica que os esforços estão contribuindo efetivamente para a conservação da biodiversidade e que ela está equilibrada”, afirma Marion Letícia Bartolamei, coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que administra a Reserva Natural Serra do Tombador. Ela afirma que, apesar de estarmos acostumados a más notícias no cenário ambiental, ainda temos motivos a comemorar. “Essa é uma ótima notícia para a conservação”, ressalta animada.

O monitoramento na UC é realizado constantemente com o objetivo de conhecer a fauna existente, verificar o tamanho das populações, bem como entender suas dinâmicas e hábitos de vida. A partir desse acompanhamento é possível desenvolver ações direcionadas para a conservação das diversas espécies que ocorrem na região. Marion destaca que o monitoramento dessa e de outras espécies continuará sendo um dos principais objetivos de manejo dentro da reserva. “Esperamos com o tempo obter cada vez mais informações sobre a população local, o que facilitará a conservação da onça-parda”.

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MAIOR CRIME AMBIENTAL DO BRASIL DEIXA LIÇÕES E ALERTA Rompimento de barragens da Samarco - controlada pelas duas das maiores mineradoras do mundo, BHP Biliton e Vale - deixou rastro de mortes, poluição no Rio Doce e alerta para o despreparo de autoridades, empresas e sociedade civil para lidar com uma tragédia desta magnitude Por Sônia Araripe, Editora de Plurale e Hélio Rocha, do Jornal Pautando Minas Fotos de Antonio Cruz (Agência Brasil), Fred Loureiro (SECOM-ES), Comunicação do PACS, Google e Roberto Stuckert Filho (PR)

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ortes, destruição de comunidades, centenas de desabrigados, a Bacia do Rio Doce seriamente atingida, a lama chegou ao mar e um rastro de destruição da biodiversidade que parece não ter fim. Este é o saldo do maior desastre ambiental que o Brasil já viveu nos últimos anos, deflagrado pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco no município de Bento Rodrigues em Mariana (MG) no dia 5 de outubro. A empresa é controlada pelas gigantes Vale e a anglo­australiana BHP Biliton.

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Até o fechamento desta edição, os bombeiros confirmam doze mortes e outras 11 pessoas estão desaparecidas, entre as quais oito funcionários da Samarco. O acidente deixou cerca de 600 desabrigados, levou à liberação de 62 milhões de metros cúbicos de lama, o suficiente para encher 24.800 piscinas olímpicas. A lama misturada com rejeito de mineração chegou ao mar, no Espírito Santo, correndo 800 quilômetros e praticamente “sufocando” o Rio Doce, uma das principais bacias de Minas Gerais e Espírito Santo. Vários municípios ficaram sem abastecimento de água, como Governador Valadares (MG) e Colatina (ES). Ainda não é possível dimensionar o real impacto desta lama para o “berçário” de animais como tartarugas, caranguejos e peixes na Vila de Regência, município de Linhares (ES) e redondezas. Ambientalistas do Projeto Tamar fizeram um esforço concentrado para retirar

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ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Tragédia em Mariana

O rompimento das duas barragens da Samarco destruiu o distrito de Bento Rodrigues e matou 12 pessoas, sendo que 11 ainda estão desaparecidas

ovos de tartarugas na praia que foram transferidos para fugir da chegada da lama. E ninguém sabe ao certo até que altura será esse impacto. A Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que esta “foi a maior catástrofe ambiental do Brasil”, admitindo que a “recuperação do ecossistema do Rio Doce levará 30 anos”, mas assegurou que “não há risco de chegar a Abrolhos”. Especialistas e ambientalistas ouvidos por Plurale advertem para a ur-


ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

A resposta das autoridades foi lenta diante da maior tragédia ambiental do Brasil: a presidente Dilma levou uma semana até sobrevoar a região

gência do debate em torno das lições desta tragédia. Várias questões importantíssimas estão na linha de frente: como e quanto custará salvar nos próximos anos o Rio Doce; o que está sendo feito pelas autoridades e pelas empresas para evitar novos rompimentos de barragens; como lidar com situações de emergência como esta; qual o papel das autoridades na fiscalização; como combater o sucateamento e aparelhamento político de órgãos de fiscalização; quais serão as

punições para os culpados, inclusive os controladores, uma vez que as multas são irrisórias; como repensar a atividade de mineração no Brasil dentro de padrões realmente globais de segurança e gestão e como intensificar o debate sobre o novo Código de Mineração em curso no Congresso. O que não faltam são dúvidas, diálogos e decisões sobre os desdobramentos deste desastre. “Defendemos que não foi um acidente, mas uma tragédia anunciada. A

hora de fazer um amplo diálogo com a participação de toda a sociedade é agora”, denuncia Gabriel Strautman, representando do movimento Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (leia a entrevista completa a seguir). O economista alerta que o que houve em Bento Rodrigues e região (distritos de Mariana/MG) é parte do que já vem ocorrendo há muitos anos na exploração mineral no Brasil, “Não há compromisso verdadeiro com o desenvolvimento sustentável, seja com a segurança dos trabalhadores, da comunidade em torno do empreendimento ou do menor impacto ao meio ambiente”, afirma. A movimentação foi global, ecoando longe: o conjunto Pearl Jam doou o cachê de show em Minas Gerais para os desabrigados pela tragédia. E na Austrália, voluntários do Greenpeace fizeram manifestações na frente da sede da BHP, uma das controladoras da Samarco. Autoridades e a Justiça – em diversas instâncias e fóruns – está buscando punições para a Samarco, mas este trâmite promete ainda se arrastar por anos com recursos cabíveis em todas as instâncias. Infelizmente, esta tragédia ainda promete deixar suas marcas por muitos anos. Relatório exclusivo – Plurale ob-

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teve, com exclusividade, relatório preliminar (a versão final estava sendo concluída ao fechamento desta edição) de grupo de estudo de professores universitários, catedráticos de diferentes áreas que estudaram e acompanharam o acidente da Samarco. O trabalho é extenso, detalhado, bem consolidado e tem 58 páginas: foi elaborado pelo Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS), intitulado “Antes fosse mais leve a carga: uma avaliação dos aspectos econômicos, institucionais e sociais do desastre da Vale/BHP/Samarco em Mariana (MG)”. O grupo é formado por pesquisadores das áreas de ciências sociais, ciências humanas aplicadas e engenharias. Seus membros atuam em instituições de ensino superior no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás, e se propõem a debater e avaliar os efeitos sociais, ambientais e econômicos das atividades extrativas minerais nas esferas local e nacional. O professor Bruno Milanez, professor adjunto da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora, explicou que é o resultado de três semanas intensas de estudo de nosso grupo de pesquisa. O relatório analisa vários aspectos do acidente e traça um cenário do mercado de mineração no Brasil e no mundo, com forte queda do preço do minério de ferro. Em resumo: com preços ladeira abaixo, foi preciso acelerar a produção (consequentemente os rejeitos), para ganhar na escala, reduzindo custos, inclusive em segurança para tentar manter a rentabilidade. De acordo com o estudo, as estruturas estão sofrendo com a falta de investimentos em manutenção, justamente no momento seguinte a um pico expansionista que resultou na construção de mais barragens e, portanto, aumento das demandas por segurança. De acordo com o professor Bruno Milanez, um dos membros do Poemas, trata­se de um ciclo constatado por diversos estudos de várias universidades pelo mundo. No ápice do valor das commodities, as mineradoras partem agressivamente em busca de mais minérios para explorar, aumentando a produção com mais pontos de extração e, consequentemente, aumentando o número de barragens de rejeitos. “O que é agravado pelo fato de que, como a expansão se dá de forma in-

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ARTE SAMARCO

Tragédia em Mariana

discriminada, as mineradoras optam por solos de baixa qualidade, onde há pouca concentração de ferro para a extração, por exemplo, o que impõe a necessidade e construção de estruturas cada vez maiores para depósito dos rejeitos”, explica. A barragem de Fundão, por exemplo, que estourou em Mariana/MG, é de 2008, momento do auge do boom das mineradoras, que vai de 2003 a 2013, quando várias barragens foram construídas às pressas para aproveitar o bom preço das commodities. Depois, a necessidade de redução dos gastos em função da crise no setor – que inclusive impulsiona a crise econômica que assola o país – impõe cortes que atingem os gastos com segurança. “Isso resulta não só em grandes acidentes como o de Mariana, mas em vários menores, como acidentes de trabalho. É uma tendência mundial desse segmento.” O estudo está em fase final e o relatório definitivo será comunicado à sociedade e encaminhado a órgãos públicos. Defesa – Tanto a Samarco quanto as controladoras Vale e BHP tem insistido que estão tomando todas as providências possíveis e cabíveis e que aconteceu foi um acidente, ainda sem causa (s) confirmadas. Plurale procurou a Vale com várias perguntas sobre a sua participação. “A Vale, como acionista da Samarco juntamente com a BHP Billiton, tem atuado para garantir a integridade das pessoas

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afetadas pelo acidente ocorrido na barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (MG), no último dia 5. Desde o primeiro dia, a empresa disponibilizou recursos humanos e materiais para auxiliar a Samarco nos trabalhos de resgate e remoção dos locais de riscos dos desabrigados pelo acidente. Sempre sob a coordenação da Samarco”, informou a Vale, através de sua Assessoria de Imprensa. Perguntamos também sobre as denúncias feitas pela Articulação Atingidos pela Vale, sobre problemas com segurança dos empregados e com a integridade de moradores e comunidades em torno. A Vale respondeu: “Com relação à segurança de nossos empregados, nosso desempenho e cultura em saúde e segurança evoluíram nos últimos anos, a partir da disseminação de conceitos e práticas e da aplicação de soluções inovadoras que visam à prevenção de lesões e doenças. Ainda assim, há um caminho a percorrer para alcançarmos a perda zero. Alinhada a essas diretrizes, em 2014, treinamos 68 mil empregados e 5,8 mil líderes e incentivamos as boas práticas, com mais de 500 iniciativas catalogadas e aprovadas.” Rio Doce – Foi um acidente realmente de grande impacto”, avalia Ricardo Valory, diretor geral do IBIO­ AGB Doce. A Bacia do Rio Doce é uma das mais importantes dos estados de Minas e Espírito Santo: diretamente pelo acidente serão afetadas sete ci-


o ecossistema local, é possível afirmar que o prejuízo é “intenso e incalculável”. Isto pode significar que muitos anos sejam necessários para recuperar o meio-ambiente, sobretudo o leito do rio atingido pela lama de rejeitos de minério. “O Estado de Minas Gerais tem uma grande quantidade de mineradoras, porque tem nessa exploração suas origens econômicas, toda uma tradição e um know­how.” Ele ressalta, porém, que grande parte das estruturas construídas para esta atividade, em Minas, são consideradas pela Federação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), órgão fiscalizador de atividades que impactam o meio ambiente, como grau 3. “Todas as intervenções de grau 3 são as mais custosas, impactantes e perigosas.” De acordo com o especialista, isto faz com que dades mineiras e três capixabas, atingindo 700 mil moradores. Moradores e pescadores da região registram em vídeos e fotos a morte de peixes e um rastro de destruição ao longo de várias cidades cortadas pelo Rio Doce. Cauteloso, Valory diz que ainda será preciso esperar laudos dos órgãos competentes para avaliar os danos para toda a Bacia. Mas adverte que há um longo e urgente trabalho pela frente. “Toda a lama que encobriu a área mais atingida pode voltar a escoar caso a chuva forte caia. E aí estaremos só “enxugando gelo”. É preciso ter um plano emergencial para ver se é possível conter aquele material por lá”, alerta. Para tentar minimizar o problema de abastecimento de água, o plano emergencial está em curso, perfurando poços profundos, transposição de rios, carros­pipa e distribuição de água mineral. Mas o diretor do Comitê alerta que é preciso cuidar do material que encobre o distrito de Bento Rodrigues para que não escoe todo no Rio Doce. A destruição da biodiversidade local é incalculável. “A fauna e a flora foram muito impactadas.” Prejuízo incalculável ­O professor de engenharia ambiental José Francisco do Prado, considerado um dos maiores especialistas no tema, professor da Universidade de Ouro Preto, explicou que, embora seja cedo para conjecturar o impacto do acidente com as barragens da mineradora Samarco para

essas estruturas tenham de ser fiscalizadas anualmente, o que dificulta que qualquer falha tenha passado despercebida pelos avaliadores. Segundo o engenheiro, o impacto biológico ainda não pode ser calculado. Tóxico ou não – A Samarco tem insistido que a lama não é tóxica e até mesmo um laudo oficial do Governo Federal foi dado para garantir que a água do Rio Doce pode servir para consumo. Mas este ponto ainda não está definido e há o impacto de todos os rejeitos da mineração para a biodiversidade. O professor de Geotecnia da COPPE/UFRJ, Maurício Ehrlich, deixou claro que “o problema não é o material em si, mas o fato da lama ter coberto a região, soterrando toda a vegetação.” Ambientalistas da região do Espírito Santo também estão muito pre-

MORADORES PERDERAM TUDO

ANTONIO CRUZ/ AGÊNCIA BRASIL

O pedreiro Marcos Eufrásio Messias, 38 anos, vivia no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana (MG), desde que nasceu. Morava com a mãe, os irmãos e dois sobrinhos. Criava galinha, pato e codorna. Tinha, como ele mesmo conta, a vida feita. Mas perdeu tudo depois que duas barragens na região se romperam e a lama destruiu o povoado. Morador em Bento Rodrigues, o pedreiro Marcos Eufrásio Messias disse à repórter Paula Laboisière, da Agência Brasil, que terá de recomeçar: “Eu tinha a vida feita. Tinha casa bem aqui no centro”, contou, apontando para um revirado de lama e sujeira. “Conseguimos sair

a tempo, mas perdi carro, documento, cartão de banco. Tudo. Só conseguimos salvar a vida. De resto, não sobrou nada.” A dona de casa Teresinha Custódio Quintão, 49 anos, também morou a vida toda no distrito atingindo pela tragédia. No momento em que as barragens se romperam, ela estava na cozinha do restaurante onde trabalhava com a irmã. “Na hora em que vi a avalanche, minha irmã gritou. Eu estava acabando de arrumar a cozinha. Olhei para cima, vi uma chuva de poeira. Quando olhei de novo, vi a avalanche de lama.”

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ocupados. O biólogo André Ruschi, diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Santa Cruz, no Espirito Santo, alertou, em entrevista à Agência Brasil, que “milhares de quilômetros do litoral do Espírito Santo foram contaminados pelos metais tóxicos liberados pelo rompimento das duas barragens de rejeitos”. Tartarugas, peixes, tubarões e a biodiversidade marinha como um todo, alerta Ruschi, serão diretamente afetados. Multas e fiscalização – E qual o papel dos fiscalizadores? O “xerife”, especializado no tema, o Departamento Nacional de Proteção Mineral (DMPM) só tem cinco fiscais especializados em barragens. Para todo o Brasil. O diretor pediu sua saída em meio à crise e diretores admitiram que o órgão está sucateado e com poucos técnicos para tantas responsabilidades. Um especialista em Direito Ambiental, que preferiu não ser identificado, admitiu que as multas são pífias perto da dimensão dos danos causados, muitas vezes irreversíveis e que será preciso, a partir de agora, rever

DIVULGAÇÃO/SAMARCO

Tragédia em Mariana

Na coletiva sobre o acidente (da esquerda para a direita): CEO da BHP Biliton, Andrew Mackiense; Ricardo Vescovi, presidente da Samarco (ao centro) e o presidente da Vale, Murilo Ferreira

toda aa legislação brasileira, que não tem os valores das multas corrigidos há mais de 20 anos. O desastre ambiental acontece justamente quando o novo Código de Mineração está em discussão. O projeto de lei foi enviado em junho de 2013 pelo governo federal em regime de urgência, mas a discussão acabou se arrastando até hoje. O relator do Código, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) considerou o rompimento das barragens “um acidente gravíssimo” e afirmou em entrevistas que a Samarco tem que arcar com todas as indenizações às famílias e recuperar o meio ambiente. Controladores - Por todo lado que

se olha, há cenário de destruição e desolação. O trabalho intenso e incansável de bombeiros e a solidariedade de voluntários –Mariana nem tem mais como receber tantos donativos - não apagam as cenas, que falam por si só. Em entrevista coletiva, apenas um dia após o acidente, dirigentes da Samarco disseram que não tinham instalado sirenes “porque a comunidade não pediu” e que “seguiram padrões globais de emergência”. As sirenes foram instaladas somente depois do acidente. As controladoras – Vale e a anglo-australiana BHP Billiton – se limitaram a divulgar notas oficiais, como se não fossem também responsáveis pela tragédia.

“NÃO HÁ NADA DE SUSTENTÁVEL NA VALE E NA ATIVIDADE DE MINERAÇÃO NO BRASIL”, DENUNCIA LIDERANÇA DA ARTICULAÇÃO INTERNACIONAL DOS ATINGIDOS PELA VALE Por Sônia Araripe, Editora de Plurale O ritmo de trabalho entre integrantes da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale tem sido ainda mais intenso nas últimas semanas desde que o rompimento de duas barragens em Bento Rodrigues (distrito de Mariana) da mineradora Samarco - controlada pela Vale junto à anglo-australiana BHP Biliton - provocou várias mortes e de- ixou um rastro de lama e destruição não só na região, mas que atingiu o Rio Doce e a biodiversidade de vários municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. No último dia 16 de novembro, integrantes do movimento se aliaram à outras organizações sociais para protestar na frente da sede da Vale, no Centro do Rio. Em um “flash mob” - ação teatral com mo-

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bilização pelas mídias sociais - jovens sujos de lama encenaram o desastre e jogaram galões com lama na fachada do prédio. O que para muitos pode ter sido um acidente na região de Mariana, provavelmente o maior da história da mineração do Brasil, na visão de um dos líderes da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale foi bem além: “Esta foi uma tragédia anunciada”, denuncia. Em entrevista à Plurale, Gabriel Strautman, do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), que integra o movimento dos Atingidos pela Vale, afirmou que “este foi mais um capítulo” do que chamou de “histórico de insustentabilidade da Vale e suas controladas e coligadas”. “Há anos estamos reunindo testemunhos e documentação sobre esta ação que não tem nada de práticas globais de sustentabilidade e de menor impacto ao meio ambiente. Isso é

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discurso vazio. A Vale e suas empresas oprimem trabalhadores e comunidades”, afirma Strautman. Em abril deste ano, o grupo divulgou extenso trabalho batizado de “Relatório de Insustentabilidade da Vale 2015”, exemplificando com várias ações e posturas que sustentam esta tese. Representantes dos 43 movimentos que integram o grupo estão em Mariana cobrindo todos os desdobramentos da tragédia. “Queremos mostrar o que a grande mídia não pode ou não quer mostrar”, resumiu Strautman. Entre os grupos que integram a Articulação estão, por exemplo, o Sindicato Metabase, a Justiça Global, o Movimento dos Atingidos por Barragens, o IBASE e o portal Brasil de Fato. Gabriel Strautman adverte que o que houve em Mariana é parte um


As ações das duas mineradoras logo sentiram fortemente o impacto e analistas do mercado acionário fazem as contas dos prejuízos financeiros diante da crise provocada pela paralisação das atividades da Samarco, suspensas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, “para que sejam apuradas as causas e consequências do evento para a saúde da população e para o meio ambiente”. Há várias ções na Justiça: o Ministério Público de Minas instaurou inquérito civil público para apurar as responsabilidades pelo acidente. E MPF do Espírito Santo definiu multa caso não fossem tomadas providências imediatas da mineradora para evitar que a lama atingisse o mar. A empresa recorreu faltando um minuto para o prazo se encerrar, somando documentação sobre as ações tomadas. No dia 26 de novembro, a BM&FBovespa anunciou que a Vale foi excluída do Índice de Sustentabilidade Empresarial, o ISE, principal referência sobre sustentabilidade no Brasil, administrado junto à divisão de

Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. A Vale lamentou em nota o ocorrido, destacando suas ações sustentáveis e lembrando que fez parte do ISE de 2011 a 2015. “Isso mostra a seriedade de todo o processo do ISE. É triste porque neste momento duas das maiores empresas do país, a Vale e a Petrobras estão de fora”, observa Fabiane Goldstein, sócia da MBS Value Partners. A Petrobras foi excluída anteriormente aos escândalos de corrupção, por conta de problemas ambientais com o seu diesel e depois não voltou mais diante dos recentes fatos políticos. Um veterano analista do mercado de capitais, Luiz Guilherme Dias, da SABE Consultoria, lembra que a Samarco – apesar de ter o controle dividido meio a meio entre a Vale e a BHP Billiton - sempre foi tratada pela Vale como empresa do grupo (das controladas e coligadas) e, portanto, seguia os padrões e políticas desta acionista. Luiz Guilherme Dias adverte que as empresas precisarão “realmente ser sustentáveis e não apenas fazer relatórios bonitos e ações de greenwashing”. PACS/DIVULGAÇÃO

cenário global”. Como o minério-de-ferro está em um período de queda nas cotações no mercado internacional, a maior dos últimos 10 anos, a solução que tem sido encontrada pelas fabricantes, segundo o economista, é produzir ainda mais e ganhar na escala. “Estamos vendo as consequências. Reservatórios se rompendo, outros correndo risco, trabalhadores expostos ao excesso

de trabalho, com a segurança em risco e sem que haja investimentos em práticas realmente sustentáveis”, afirma Strautman. O economista e mestre em Planejamento Urbano e regional pelo IPPUR/UFRJ acredita que a tragédia precisa ser pontuada também com a discussão sobre o novo Código da Mineração. “Temos que discutir novas bases para a mineração no Brasil.”

Barreiras - Isso é confirmado pelo depoimento de um engenheiro ambiental que trabalhou na companhia por anos e conhece de perto a realidade da Samarco. “Estou desolado. Fizemos um trabalho intenso, com a participação de consultorias internacionais de controle rigoroso de todas as barragens da Vale, incluindo a Samarco. Com cálculos matemáticos e todo rigor. O que foi feito deste trabalho? ”, perguntou o especialista. Todo este trabalho foi desenvolvido há 10 anos pela área de Meio Ambiente da Vale e – seguindo as práticas – implantado em todas as empresas do grupo, incluindo a Samarco. O engenheiro explica que há várias tecnologias sobre rejeitos de mineração como compactar - e, na avaliação dele, não há como condenar, no momento, todas as barreiras existentes. “Controle é essencial e melhores práticas. Mas o Brasil sempre se destacou como melhores práticas em barreiras, de água e de rejeitos.” O mais provável, acredita o técnico, é que a barragem – um grande pudim invertido – não tenha sido monitorada corretamente e os seus drenos, na base, tenham ficado entupidos. O Relatório de Sustentabilidade da Samarco de 2014 – publicado no site – mostra o expressivo aumento de produção de minério-de-ferro, com aumento dos rejeitos, destacando sempre o que chama de “melhores práticas” de sustentabilidade. Fala do “respeito às pessoas”, também de “integridade, dignidade e ética”. As causas da tragédia os laudos indicarão. Mas os estragos deixam rastros e lições. Que a sustentabilidade e o cuidado com pessoas e o meio ambiente sejam, realmente, mais do que palavras bonitas em relatório e que não sejam precisam novas mortes e mais rastro de destruição para que as lições sejam aprendidas. Leia a cobertura especial sobreA tragédia de Mariana no portal Plurale e acompanhe também no Facebook e Twitter www.plurale.com.br https://www.facebook.com/plurale https://twitter.com/pluraleemsite

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Estante Retratos do Tempo, por Evandro Teixeira, Edições de Janeiro, 240 páginas, R$ 100 Evandro Teixeira, um dos mais renomados fotojornalistas brasileiros, acaba de lançar novo livro, Retratos do Tempo. O projeto, em parceria com a editora Edições de Janeiro, reúne fotografias que marcam a trajetória de mais de 50 anos de fotojornalismo, além de contar com testemunhos marcantes como o do escritor Ruy Castro: “Um livro abrangente, que compreende os principais temas e cenários de uma extraordinária carreira fotográfica. Retratos do Tempo é surpreendente a cada virada de página. Era o que faltava para podermos nos debruçar sobre a obra de Evandro Teixeira”. As 240 páginas de Retratos do Tempo revelam o olhar singular do fotógrafo por mais de 160 imagens de coberturas nacionais e internacionais.

E o Pequeno Grou Migrou, por Elle Pei, Editora Atitude Terra, 48 páginas, R$ 45 Com ilustrações autorais e uma viagem pelo universo das aves repleta de curiosidades, a paulista Elle Pei acaba de lançar o conto infantil E o Pequeno Grou Migrou, com o qual busca mostrar, por meio das aventuras do carismático Grou, a importância do respeito às diferenças culturais. O livro infantil narra a viagem do Pequeno Grou, uma ave migratória, durante sua jornada solo inédita, realizada com o objetivo de fugir do inverno severo que anualmente castiga a região em que vive com a família. Ao longo da viagem, ele cruza com oito espécies de aves (pelicanos, flamingos, pinguins, papagaios-do-mar, tucanos, corujas, beija-flores e queleas), até então desconhecidas por ele. E descobre que, apesar de os novos amigos terem modos de vida diferentes, cada um é feliz à sua maneira.

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Carlos Franco – Editor de Plurale em revista

Histórias inspiradoras – Conheça 50 empreendedores sustentáveis que fazem do mundo um lugar melhor, por Rosenildo Gomes Ferreira , à venda na Livraria da Vila, Banca Tatuí e na loja virtual da Lote 42 (http:// www.bancatatui.com.br/editoras/ bate-papo-livros/), R$ 35 O jornalista e escritor Rosenildo Ferreira, editor do Portal 1 Papo Reto, acaba de lançar o livro Histórias inspiradoras – Conheça 50 empreendedores sustentáveis que fazem do mundo um lugar melhor . No livro, o autor divide um grupo de 50 empreendedores sustentáveis – do Brasil e do exterior – entre ativistas, intuitivos e tecnológicos. A lista inclui personagens de diversas áreas e diversos portes econômicos. O que eles possuem em comum é o inconformismo diante dos problemas do cotidiano, acompanhado de ações. Por meio de atividades empreendedoras ou de empresas sociais, estes homens e mulheres foram agentes de mudanças socioeconômicas.

Beleza Natural, por Liana Melo, Editora Sextante, R$ 25 Garra e determinação pavimentaram o caminho da carioca Zica Assis, ex-empregada doméstica que durante anos testou misturas caseiras para controlar seus cabelos rebeldes. O livro é da jornalista Liana Melo e mostra que o preconceito marcou a infância pobre de Zica, mas foi responsável também pela grande virada em sua vida: depois de inúmeras tentativas frustradas, ela descobriu a fórmula que transformava fios crespos em cachos sedutores. Filha de porteiro, Leila Velez cresceu na zona Sul do Rio, convivendo com a riqueza sem jamais se sentir diminuída. Com espírito empreendedor, soube aproveitar cada pequena oportunidade. Com um faturamento de 250 milhões de reais em 2014 e a meta de chegar a 120 lojas até 2018, o Beleza Natural transformou-se em um dos 10 principais casos de empreendedorismo do Brasil na última década.


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Engajamento

Por

amor a quatro

patinhas

Voluntários em diferentes cidades se engajam para proteger e defender cães e gatos de rua, estimulando adoções e defendendo o respeito às leis mais severas contra os maus tratos a animais

DIVULGAÇÃO/ AMICÃO E AMICAT

Por Isabel Capaverde, de Plurale Fotos de Divulgação

A

causa rende muito bem uma série de reportagens. Ganha cada vez mais ativistas. Famosos - como as apresentadoras de TV Luisa Mell e Penelópe Nova - e anônimos. Gente apaixonada capaz de dedicar à vida aos animais que chamamos de domésticos. Também como não proteger nossos melhores amigos? Estamos falando de cães e gatos que segundo dados do IBGE, em pesquisa realizada em 2013, estão em grande número nos lares brasileiros. Em 44,3% dos domicílios do país há pelos menos um cachorro, com um total estimado de 52,3 milhões de cães. Já os gatos povoam 17,7% dos domicílios, num total de 22,1 milhões de felinos. Há mais cães do que crianças nas casas brasileiras. Mas essa situação de acolhimento com tutores responsáveis, não é a realidade da maioria dos bichos. Ainda há um longo caminho de conscientização, respeito e leis mais severas contra os maus tratos aos animais. Na web, pelas redes sociais, proliferam pági-

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Celina Müller, do Projeto Amicão e Amicat, de Nova Friburgo (RJ)


DIVULGAÇÃO/101 VIRA

LATAS

Lucas Moraes, depois de participar de um evento como passeador, se tornou voluntário da 101 Viras Latas

nas de ONGs de norte a sul do Brasil, que sobrevivendo de doações, resgatam e cuidam dos que estão pelas ruas, promovem campanhas sobre a importância da castração, da adoção ao invés da compra e lutam por leis e políticas públicas de proteção. Ativistas que ainda enfrentam o preconceito dos que acham que enquanto houver crianças e idosos em situação de miséria e sofrimento no mundo, a luta pelos animais não merece a mesma atenção. No Sul É na Região Sul, onde se concentra mais cães de estimação, com 58,6% dos domicílios com um ou mais cachorros que encontramos a ONG 101 Viralatas, criadora de um evento diferente em prol dos cachorros que abriga: os Passeadores Voluntários. Localizada em Viamão, cidade da Grande Porto Alegre (RS), a 101 Viralatas abriga cerca de 400 cães. Administrada por Rogério Trindade Chiocheta, a ONG nasceu da paixão se sua mulher, Aline, pelos cachorros. Também foi dela a ideia de

convidar voluntários pelas redes sociais, para passear com os cachorros até uma praça que fica próxima a ONG. “Começamos com os passeios em 2013. No primeiro vieram 40 voluntários. No segundo 20. Até que a história ganhou a mídia e a repercussão foi tanta que tivemos 600 voluntários passeadores inscritos. O movimento fechou a rua, mas os vizinhos não reclamaram. Até mesmo porque, realizamos um passeio por mês”, conta Rogério. O esquema é organizado de forma que parte dos voluntários da ONG - que hoje tem de 30 a 40 voluntários fixos fiquem no canil preparando os cães e outra parte os conduza até os passeadores que saem em grupos de 15. Para angariar fundos, a ONG vende as guias por 10 reais e mantém no dia dos passeios, uma pequena feira com produtos com a logo da Viralatas. “Não existe um perfil determinado para os passeadores. De promotor de justiça a estudante. Jovens e casais. Vem todo tipo de gente e de todas as idades. Os passeios não estimulam tanto a adoção como gostaríamos, mas a satisfa-

ção dos cães em poder sair dos canis, correr e brincar não tem preço”. Foi exatamente isso que motivou Lucas Moraes, 31 anos, Assistente Administrativo Financeiro, a participar do passeio. “Fiquei motivado pela ideia dos cães terem contato com o ambiente externo da ONG, onde é possível a convivência com outros cães, além dos companheiros de canil. Considero também a importância do peludo em se habituar com o uso da guia, reduzindo as chances de devolução após a adoção, pois, infelizmente, muitos adotantes não possuem a paciência necessária”. Ele e a namorada depois de dois eventos como passeadores, viraram voluntários da Viralatas. “No primeiro passeio que fomos, foi muito difícil entregar o cãozinho na hora de ir embora. Porém, essa tristeza, se transformou em interesse em ajudar a ONG a desenvolver o trabalho. O apadrinhamos, felizmente com um final feliz, pois ele já está em um lar, e hoje somos voluntários”. Em casa Lucas é tutor do Conde, cão que adotou aos nove meses.

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Engajamento

Passeio voluntário Quase a mesma história conta Katiele Radünz, 28 anos, arquiteta. Moradora de Porto Alegre ouviu falar da ONG e o namorado leu uma reportagem na internet sobre o Passeio Voluntário. Resolveram se inscrever. Tutora de um cão que adotou adulto de outra ONG protetora, ela caiu no choro ao devolver Feijão, nome do cachorro que foi passear com ela. “Não podia adotar o Feijão, pois já tinha um cachorro, mas a partir daí vi que poderia fazer um pouquinho mais”. Katiele passou a visitar Feijão, o levou para ser castrado e conseguiu um lar para ele. “Hoje ele mora com um casal de amigos e está muito feliz”. Sensibilizada pela situação dos animais durante as enchentes na região serrana do estado do Rio de Janeiro, em 2011, Celina Muller criou o Projeto Amicão e Amicat, em Nova Friburgo (RJ). A tragédia que matou famílias inteiras desalojou e desabrigou milhares, deixou muitos cães e gatos abandonados a própria sorte. Celina lembra que após alguns meses como voluntária no salva-

mento e acolhimento dos animais, o galpão que estavam utilizando, localizado em área urbana, começou a causar transtornos pelo barulho e movimentação das equipes de veterinários. “Terminados os primeiros socorros, os trabalhos emergenciais, muitos veterinários voltaram para suas casas, vários animais não conseguiram um novo lar e ficaram por lá. A equipe se apegou aos animais e como eu já tinha alguns cães em casa e espaço, improvisamos um gatil e levamos todos para lá criando o Projeto Amicão e Amicat”. Celina é reconhecida e respeitada na cidade. Seu projeto é o único a promover feiras de adoção e conta com um grupo de amigos voluntários que ajuda nas campanhas de vacinação, castração, vermifugação, ração, roupinhas para frio, remédios. Teve a ideia de reunir os protetores, para ficarem mais coesos e fortes, numa cooperativa, a CPA - Cooperativa de Trabalho de Proteção Animal de Nova Friburgo. “Somos a primeira do gênero no Brasil. Conseguimos apoio da Universidade Federal Fluminense – UFF Campus Friburgo. Integramos o Progra-

ma Sustenta-Vida. Temos feitos ações nos bairros com animais de rua”. Ativismo em Niterói Lentamente o poder público começa a dar mais atenção à causa animal. Marcelo Pereira da Costa, diretor de Proteção Animal da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade de Niterói (RJ), comemora algumas vitórias no seu município. Nos últimos dois anos, Niterói ganhou uma política sólida de adoção de animais através da campanha “Adotar é o bicho!” que já realizou mais de mil adoções de cães e gatos. Além disso, aprovou uma lei que permite aplicar multas em quem cometer crimes contra animais na cidade. Niterói aumentou o combate à venda de animais, que já durava anos em uma praça pública, a fiscalização contra maus tratos e o número de castrações. Recentemente abriram um chamamento público para parceria com mais clínicas veterinárias o que ajudará a realizar mais castrações. Em agosto, inauguraram o primeiro ParCão da cidade, espaço para

ARQUIVO PESSOAL

DIVULGAÇÃO/CNSEG

Solange Beatriz Palheiro Mendes: Apoio fundamental para incluir a causa animal no programa mão amiga

Adriana Beltrão, à direita, é voluntária e conseguiu o apoio da direção da CNseg, onde trabalha, para apoiar também a causa animal. Aqui na ONG Paraíso dos Focinhos, em Pedra de Guaratiba, com as colegas de trabalho, Sandra Quirino e Joana.

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DIVULGAÇÃO

Apresentadora de TV Luiza Mel abraçou a causa animal há anos

cães, mesmo local em que haverá campanhas de adoção e o Projeto Cãoterapia. Criaram diversos programas educacionais com distribuição de material informativo e em outubro foi lançada a primeira cartilha educacional para a rede municipal de ensino. Fizeram parcerias com todas as delegacias da cidade para atendimento diferenciado de denúncias de maus tratos aos animais. “Não apenas em Niterói, mas em várias cidades brasileiras tivemos avanços significativos nas leis de proteção animal. Há mais ativistas em ação, mas precisamos que muitos deles saiam do mundo virtual e ajudem no mundo real. E dialoguem entre si. Temos que ter bancadas de proteção animal nas câmaras legislativas pelo país inteiro e uma legislação federal mais completa e com penas maiores”, enfatiza Marcelo. Como todos os demais protetores de animais, Thaisa Calvente, diretora da Associação Focinhos de Luz, localizada em Sepetiba, bairro da zona oeste no Rio de Janeiro (RJ), tem um sonho. “O sonho é a utopia de um mundo em que os animais sejam respeitados e não precisemos mais de instituições para sua proteção. Aqui nós temos alguns projetos para que os animais que estão nas ruas tenham uma

vida melhor e mais digna como a construção de casinhas nas praças dos bairros e a manutenção de comedouros e bebedouros nas ruas e praças, começando pela nossa porta”, fala. A Focinhos de Luz presa muito pela organização. Conta com 20 voluntários e uma pequena equipe de seis profissionais remunerados, entre eles um veterinário. Abrigam cães e gatos e mantém a instituição através de doações e da venda de produtos na lojinha virtual no site da Focinhos. Para comprar o terreno onde construíram as instalações de canis e gatis, há quatro anos, Thaisa conta que rodaram a sacolinha, fizeram a famosa vaquinha entre os amigos. Também promovem feiras de adoção e no final do ano festas de Natal para os abrigados. Mão amiga Já que o sonho dos protetores ainda está longe de se realizar, outra iniciativa que merece ser replicada é a da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) que dentro do seu Programa Mão Amiga, de causas sociais, decidiu incluir entre as ações a causa animal. A ideia partiu de Adriana Beltrão, que integra a equipe da

Superintendência de Comunicação e é voluntária do Programa, e foi aceita pela diretora executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes. Durante o ano o Programa promove três campanhas de doações destinadas respectivamente a crianças, idosos e animais. As doações são feitas pelos próprios funcionários e as instituições que as recebem são escolhidas depois de serem previamente visitadas pelos voluntários da CNseg, para que suas reais necessidades sejam avaliadas. “O objetivo do Mão Amiga é mobilizar, chamar atenção, provocar reflexão. Poderíamos ter eleito outro segmento para ajudar. Mas achamos que vale a pena chamar atenção sobre o abandono dos animais. Hoje existe um grande descaso e desprezo pela vida, seja ela humana ou animal. É preciso chamar as pessoas para essa responsabilidade. Temos que resgatar valores esquecidos”, acredita Solange Beatriz.

Abraçando a causa Os que tiverem vontade de adotar ou apadrinhar cães e gatos, ser voluntário nos passeios e ações ou começar a lutar como ativista há muitas organizações não governamentais e protetores de animais pelo Brasil inteiro. Seguem os contatos dos ouvidos por Plurale. No RS:

Associação 101 Viralatas https://www.facebook.com/ ONG101viralatas https://instagram. com/101viralatas http://www.101viralatas.com.br No RJ: Focinhos de Luz https://www.facebook. com/focinhosdeluz https://instagram.com/ focinhosdeluz/ http://contato7159.wix.com/ focinhos-de-luz Projeto Amicão e Amicat https://www.facebook.com/ amicaoeamicat http://www.amicaoamicat.com

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ESPECIAL PLURALE 8 ANOS

Rede Plurale, 8 anos: Histórias, emoções e conteúdo para compartilhar EQUIPE

Aline Gatto Boueri

Luciana Tancredo Giuliana Preziosi e Mauricio Chichitosi

Wilberto Lima

Isabel Capaverde, Isabella Araripe e Nícia Ribas

Carlos Franco em viagem ao Pantanal Por Sônia Araripe e Carlos Franco, Editores de Plurale

Q O Vivian Simonato

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uando começamos a formatar o projeto Plurale, em meados de 2007, tínhamos várias dúvidas, mas, ao menos, uma certeza. A ideia só daria certo se fosse tão plural quanto o nome de batismo. Seria preciso perseverar, insistir, não desistir. Assim fizemos ao longo da trajetória de Plurale. Chegamos agora ao significativo número 50 da revista impressa, com 3.400 páginas, o portal (atualizado diariamente) consolidou-se como um dos principais

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do segmento e temos participação ativa também nas mídias sociais. Contamos com a sorte de termos uma competente e aguerrida equipe, também parceiros, leitores, colaboradores, colunistas do melhor naipe e apoiadores que acreditaram desde o início na revista e no portal. Mais do que isso: confiaram na proposta que havia espaço sim para uma mídia independente que pudesse fazer diferença em um cenário que já tinha grandes nomes trilhando com sucesso. Vamos evitar citar nominalmente cada um, mas sintam-se todos, por favor, aqui homenageados.


LANÇAMENTO No Rio de Janeiro com Saturnino Braga e esposa e Arnaldo Cezar Coelho

Plurale número 1

Lançamento em São Paulo com Manoel Carlos

PRÊMIOS

Prêmio Abraciclo Em 2008

Certificao IBEF em 2011

Certificação - Prêmio IBEF de Sustentabilidade. 20142015

Os 100 mais Admirados

A Jornalista Sonia Araripe ,editoria da Plurale, recebe prêmio em dezembro 2014

Não foi fácil, admitimos. Afinal, empreender no Brasil é tão difícil que muitas empresas esmorecem antes mesmo do primeiro aniversário. Procuramos focar, azeitar o projeto, regar as ideias. Sempre somando, trazendo para a grande Rede Plurale mais e mais nomes, conteúdo de relevância para compartilhar. Esta, acreditamos, foi a grande vitória, que não é nossa, mas de todos, do coletivo. Plural, Plurale. Temos compartilhado Plurale em rede: com universidades, escolas, bibliotecas, com ONGs, diversos eventos, etc Os leitores enviam mensagens dos mais diferentes pontos – do Brasil e até mesmo do exterior – nos incentivando, comentando, criticando. Nos ajudando a construir um novo número, a ter sempre uma visão que possa ser conjugada na primeira pessoa do plural. Que não seja a nossa. Mas a da maioria. Agradecemos a generosidade e dedicação de cada um da equipe, aos leitores sempre participativos (nossa principal razão de existir), aos colunistas e aos apoiadores que nos permitiram chegar até aqui. Conquistamos vários prêmios e ainda pudemos realizar dois eventos com a marca Plurale – um ao completar dois anos e o outro no aniversário de seis anos. Esperamos poder comemorar juntos outras realizações nos próximos anos. Continuaremos tentando perseverar. Que possamos continuar a trilhar esta estrada. Por vocês, pelo planeta.

Aspásia Camargo no lançamento Rio

EVENTOS

Evento de dois anos na ESPM-Rio

Evento Plurale 6 anos

André Trigueiro no Evento de 6 anos da Plurale

Seminario Sustentabilidade da APIMEC-RIO

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ESPECIAL PLURALE 8 ANOS

Quem lê Plurale “Nem tudo o que se enfrenta pode ser transformado, mas nada que não é enfrentado pode ser transformado” -James Baldwin, primeiro grande escritor negro norteamericano. Obrigado Plurale por, bela e corajosamente, enfrentar. ”. Sergio Besserman Vianna, economista e ambientalista, presidente do Instituto Pereira Passos (IPP) “O IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) parabeniza os jornalistas, colaboradores e leitores do portal e Plurale em revista pelos oito anos de sucesso. A Plurale é referência com conteúdos de alta qualidade e grandes histórias sobre a importância de ser sustentável por meio dos cuidados com o meio ambiente e adoção das melhores práticas de governança, cidadania e responsabilidade social”. Geraldo Soares, presidente do Conselho de Administração do IBRI

“Nunca foi tão importante abrir espaço nas mídias para conteúdos relevantes e urgentes em favor da vida em equilíbrio, da promoção da cultura de paz, e de um modelo de civilização mais sustentável e ético. É o que faz a Plurale! Oito anos fazendo a diferença! ” André Trigueiro, jornalista

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“Equipe Plurale: parabéns por cada minuto de bom jornalismo, de histórias incríveis, de talento e de coragem para criar algo tão bacana. Sou um enorme fã!” Hélio Muniz, Diretor de Comunicação McDonald`s Brasil “A Plurale tem muito a celebrar nestes seus primeiros oito anos de vida. Projeto generoso liderado por idealistas, competentes e comprometidos, e’ aliado de todos aqueles que lutam por um planeta sustentável e uma sociedade mais justa. Estou certo que esse trabalho continuara’ cada vez mais forte e vitorioso. Parabéns!” Antonio J. Matias, Fundação Itaú Social

“Parabéns à equipe Plurale por oito anos de inovação e de compromisso com o pluralismo e o desenvolvimento sustentável.” Ricardo Abramovay, Professor Sênior do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo “As vésperas da COP-21, quando o mundo vai, mais uma vez, buscar saídas para o maior risco que paira sobre a humanidade, uma publicação no Brasil que comemora oito anos mostrando como podemos encontrar os caminhos para a sustentabilidade, merece comemorar muitos e muitos mais anos de vida. Um grande abraço e parabéns.” Prof. Luiz Roberto Cunha, Decano do Centro de Ciências Sociais da PUC-Rio “Parabéns à Plurale pelos oito anos de vida, de excelente e essencial trabalho, baseado na informação de qualidade e construção de cidadania socioambiental no Brasil.” Carlos Rittl, Observatório do Clima

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Parabéns por mais um ano desta Revista, que muito tem colaborado com reportagens de interesse coletivo e artigos sempre reflexivos. À Equipe, comandada pela competente e sempre simpática Sônia Araripe, os melhores votos de sucesso para que siga no êxito do caminho traçado. Antonio D.C. Castro, Presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA)

“Quando Plurale em Revista teve sua primeira edição, há oito anos, veio preencher uma importante lacuna existente na mídia brasileira especializada na cobertura de meio ambiente e sustentabilidade. O jornalismo lança luz para a sociedade sobre importantes temas que necessitam de atenção na agenda de discussões públicas. Esse importante papel é cumprido com excelência pela Plurale em Revista, cuja pauta consiste em um caminho certo para aqueles que querem entender, com informações relevantes, as delicadas questões que envolvem a conservação da natureza no Brasil e no mundo.” Malu Nunes, Gerente de Sustentabilidade do Grupo Boticário e Diretora-Executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza


“Em tempos de resistência cultural a uma transformação necessária do consumo global de recursos naturais, conciliandose o acesso a bens de consumo e direitos sociais para segmentos até então excluídos das condições materiais e de dignidade humana e, por outro lado, a agenda ausente da mudança de hábitos de consumo dos que não sabem mais o que fazer com tantos bens e serviços com obsolescência cultural ou programada, transferindo suas sobras para a especulação financeira nacional e internacional nos trilhões de dólares movimentados no mercado financeiro especulativo de derivativos, um Brasil que seja inclusivo, justo, sustentável e pacífico é o que a sociedade clama. A Plurale traz esses temas de forma qualificada, crítica, atualizada e fundamentalmente o que precisamos, em uma perspectiva Plural de visões. Que a Plurale complete muitos oito anos, um número de sorte e energia vital pela sua produção cuidadosa e leitores multiplicadores.” Patricia Almeida Ashley, Professora da Universidade Federal Fluminense

“Em nome da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec SP), parabenizo a equipe de Plurale por seus oitos anos de atividades e, acima de tudo, pela seriedade e qualidade do serviço prestado à sociedade, ao tratar de temas tão relevantes quanto sustentabilidade e meio ambiente. Que venham muitos outros anos!“ Ricardo Tadeu Martins, Presidente da Apimec SP

“Plurale, o encontro do texto, da imagem, do conteúdo com pretexto claro de transformar! Mudar consciências e em consequência nossa forma de agir, tentando entender a profundidade do ser sustentável. São oito anos de plantio com muitas sementes cheias de força para florescer! Alegria por estar lado a lado com a equipe da Plurale!” Nádia Rebouças, consultora em Comunicação para a Transformação

“Oito anos de Plurale em circulação, Oito anos de boa e bela informação que acompanhei desde o primeiro dia Oito anos de bons serviços prestados à causa da vida e do planeta. Comemoremos: parabéns a toda a equipe de Plurale!” Roberto Saturnino Braga, ex-senador, economista e escritor “É com grande prazer que parabenizamos a Plurale por oito anos de trabalho sério, disseminando informação de qualidade e contribuindo para o enriquecimento da cultura.” Lenina Mariano, IPEMA

“Em nome da família IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas parabenizo a Plurale pelo oitavo aniversário e pelo lindo trabalho que desenvolvem. Em um período onde o mundo está acelerado e hostil à sustentabilidade, é cada vez mais desafiante proteger a biodiversidade e melhorar a qualidade de vida de comunidades que vivem em locais remotos. A Plurale, assim como o IPÊ, nada contra a corrente, de forma incansável e comprometida, trazendo à tona questões ambientais e profundidade que a temática merece. Como poucos, erguem a bandeira da conservação. Mudar o mundo pode parecer pretensioso, mas é este o caminho que queremos trilhar. E com a ajuda de veículos de comunicação sérios e comprometidos como a Plurale conseguimos dar voz a ética que reflete o que é socialmente justo e ambientalmente sustentável. Parabéns e sucesso - é o que nós do IPÊ desejamos.” Suzana Padua, Presidente do IPÊ

“Na nossa busca por um caminho que nos leve a um desenvolvimento justo, igualitário e que não cause danos às pessoas e ao meio ambiente, é fundamental ter informações precisas, reflexões amplas e um espaço para a ciência se manifestar. Plurale é um dos veículos de comunicação que vem cumprindo muito bem o papel de ajudar os brasileiros a não ficarem para trás nessa busca. Parabéns Sônia e equipe!” Amélia Gonzalez, jornalista

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ESPECIAL PLURALE 8 ANOS

A plural biodiversidade brasileira, por Luciana Tancredo Por Sônia Araripe Editora de Plurale

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o longo da trajetória de oito anos, tivemos o privilégio de contar com a dedicação da nossa Editora de Fotografia, LUCIANA TANCREDO. Sempre de bom-humor, inspirada e profissional, Luciana tem cruzado o Brasil de norte a sul, leste a oeste em diversas matérias que ilustraram as páginas de Plurale. Encantou e inspirou os leitores com seu olhar poético, sensível para cada detalhe, cada ângulo. Esteve em regiões de difícil acesso, como o Monte Roraima, no extremo norte do país e precisou se preparar intensamente durante três meses para fazer a subida. Contou não só com o preparo, mas também com a obstinação pela melhor foto. Compartilhamos aqui alguns destes momentos ímpares das andanças da fotógrafa de alma leve. Como na Amazônia, na Reserva de Xapuri, terra de Chico Mendes, no Acre; no Monte Roraima, onde clicou o “rosto de Macunaíma”; na Serra da Bocaina (di-

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visa do Rio de Janeiro e São Paulo), Serras da Canastra e do Caraça (MG) e na RPPN Estância SESC Pantanal, que esteve por duas vezes (na seca e no período alagado). Para ela, nunca tem mau tempo. É companheira de viagem das mais agradáveis, parceira de todas as horas. Brincamos que ela está sempre “em linha direta” com os animais e as plantas. Vê detalhes que os nossos olhos rápidos dificilmente enxergam: um pequeno sapinho escondido atrás da pedra, cogumelos coloridos e pode ficar horas esperando até um lobo guará, arisco, aparecer. E ele aparece. Como que “encantado” por sua máquina – ou seria flauta? – mágica. Foram vários destinos visitados, sem falar nas diversas reportagens internacionais, que, desta vez, deixamos de fora. Selecionamos apenas algumas fotos para esta homenagem. Vai saber, mas em outras vidas Luciana deve ter sido um animal silvestre ou uma espécie da exuberante floresta nativa verde-e-amarela. Macunaíma e todos os deuses te protejam sempre! Obrigada por tanto carinho conosco. Nossa eterna gratidão.


RESERVA EXTRATIVISTA CHICO MENDES - XAPURI - ACRE

FOTOS POR LUCIANA TANCREDO, DE PLURALE

TUCANO-DOBICO-VERDE PARQUE NACIONAL DA BOCAINA (RJ)

QUEIMADA NA AMAZÕNIA


MONTE RORAIMA (RR)

RORAIMA JACUZZI

ROSTO DE MACUNAIMA

RPPN ESTÂNCIA ECOLÓGICA SESC PANTAL (MT)

FOTOS POR LUCIANA TANCREDO, DE PLURALE

ARARAS AZUIS

TUIUIU

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VEADO CAMPEIRO FEMEA

SERRA DA CANASTRA (MG)

PICA PAU

LOBO GUARÁ

SERRA DO CARAÇA (MG)


Seguros

Seguradora Líder-DPVAT e o Planejamento Estratégico DIVULGAÇÃO

Encontro para alinhamento estratégico reúne gestores de todas as áreas

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Seguradora Líder-DPVAT realizou nos dias 22,23 e 24 de outubro Encontro de Gestores, visando alinhar os objetivos e as ações estratégicas, discutidos e definidos em outro momento, anterior a este evento (o “Workshop do Planejamento Estratégico”, com os Diretores, Assessor Executivo e Superintendentes).O Encontro de Gestores foi realizado em Itaipava, na Região Serrana do Rio, e mobilizou todo o nível gerencial da Seguradora: cerca de 75 gestores estiveram presentes, participando ativamente do planejamento e da discussão de metas para 2016. O planejamento foi definido para o período de 2014-2018 e todos os anos são feitas avaliações para ver se os objetivos estão sendo atingidos. Este é o sétimo planejamento estratégico da Seguradora Líder-DPVAT. Ao longo de todo o ano várias atividades e encontros foram realizados para que o planejamento fosse finalizado e apresentado. “Nossa intenção é nunca fazer um trabalho vertical, mas sim algo que possa ter a participação de todos. É realmente um trabalho de construção coletiva”, explica Lídia Monteiro, Gerente de Gestão Estratégica da Seguradora Líder-DPVAT. Ela completa que o pla-

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Ricardo Xavier, Diretor-Presidente da Seguradora Líder-DPVAT, falou sobre as expectativas e a essência do trabalho do planejamento, para a sustentabilidade do negócio

nejamento – dentro da empresa – “é entendido como um fio condutor e que isso ajuda a garantir o sucesso”. A consultoria Resultante trabalhou para a Seguradora no planejamento, assim como outros parceiros nas atividades do encontro. Como boas vindas, consultoria contratada para mediação trabalhou jogos nomeados como “OlimpiLíder”, onde todos puderam, com montagem de quebra-cabeças envolvendo o mapa estratégico e cadeia de valor, e uma série de perguntas e respostas sobre o seu Relatório de Sustentabilidade, atestar os benefícios do compartilhamento

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de objetivos e planos de ação com os demais colegas. Na manhã seguinte, abrindo o evento, Lídia Monteiro fez apresentação sobre o tema “Organizações focadas na estratégia”, gestão do amanhã, e os condicionantes internos de inovação, além de mostrar o trabalho que vem sendo realizado de redesenho de processos para algumas áreas da empresa. A seguir, o Diretor-Presidente da Seguradora Líder-DPVAT, Ricardo Xavier, comentou sobre as expectativas e a essência do trabalho do planejamento, para a sustentabilidade do negócio. Os


CADEIA DE VALOR

diretores das respectivas áreas apresentaram realizações e motivaram para o estabelecimento de novos desafios para 2016.E então, iniciou-se a discussão sobre as metas. Durante a definição das metas, fossem compartilhadas ou não, foi possível atestar a maturidade que este processo vem atingindo dentro da empresa: as Gerências já com propostas desenhadas, alinhando com colegas e Diretoria, todos dispostos a investir em novos desafios, que envolvam real melhoria de seus processos e sistemas dentro da Seguradora. No último dia, a consultoria apresentou as metas definidas e os objetivos e ações estratégicos atrelados. Foram 95 metas distintas, sendo que, 50% compartilhadas. Como desdobramento, a Gerência de Gestão Estratégica trabalhará na validação de todas as metas definidas. Finalizando o evento, foi realizada a palestra do filósofo e professor Leandro Karnal, que levou alguns pontos de reflexão sobre ética, o conceito de mundo líquido e o papel da liderança nesse contexto e o protagonismo na vida e carreira. A Seguradora Líder–DPVAT fica fortalecida quando suas estratégias são delimitadas, acompanhadas, atingidas e comemoradas por todos os envolvidos.

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Ecoturismo

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Costa Verde é eleita uma das 10 melhores regiões para viajar E A região da Costa Verde, que inclui os municípios do Rio de Janeiro, de Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba, Paraty e Rio Claro, foi premiada pelo Guia Lonely Planet, a maior editora de guias de viagem do mundo, como uma das 10 melhores regiões do mundo para viajar. Os destinos do estado do Rio foram classificados em nono lugar, ao lado da região da Bavária, na Alemanha, e do Havaí, nos Estados Unidos. O primeiro lugar ficou com a Transilvânia, na Romênia. De acordo com o último estudo do Ministério do Turismo, o estado Rio de Janeiro tem a capital mais visitada por estrangeiros que viajam pelo Brasil a lazer, tendo recebido 1,59 milhão de visitantes internacionais no ano passado.

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Parque Grande Sertão Veredas inaugura primeira trilha A trilha do Mato Grande foi inaugurada em outubro no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, que fica entre Minas e Bahia, e é gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Na entrada, os visitantes são recebidos com a frase de Guimarães Rosa “Agora, o mundo quer ficar sem sertão... Se um dia acontecer, o mundo se acaba”. A trilha foi construída em parceria com a Fundação Pró-Natureza e o Funbio/TFCA , e já é considerada uma das principais atrações do local, pelo grande volume de seus cursos d´água e pela exuberância dos ambientes de cerrado e animais residentes. Com 2,2 km de extensão, a trilha é considerada de grau leve, fácil de ser percorrida e corta vários ambientes do cerrado, margeando o Rio do Mato Grande.

Ingressos mais caros nos parques nacionais Os ingressos dos parques nacionais aumentaram de valor. Os novos preços estão previstos na portaria nº 43, publicada no Diário Oficial da União, no dia 2 de outubro, e estão em vigor desde o dia 1º de novembro. O aumento é de 9,52%, correspondente à variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) nos últimos 12 meses. A única exceção é o Parque Nacional de Brasília, que teve um reajuste maior no valor do ingresso, passando de R$ 8 para R$ 12 – no caso de brasileiros e estrangeiros que moram no Brasil – e de R$ 16 para R$ 24 – para estrangeiros. Isso se deve à mudança de status do parque na tabela do ICMBio. Veja a portaria com a tabela no link: http://pesquisa.in. gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=02/10/2 015&jornal=1&pagina=66&totalArquivos=248

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Ilhas e “praias” de água doce atraem turistas em Tocantins As belas paisagens formadas pela transição da vegetação do Cerrado para a floresta Amazônica destacam-se entre os atrativos turísticos da região do Bico do Papagaio, em Tocantins. Situada no extremo norte do estado, a região banhada pelos rios Araguaia e Tocantins reúne 12 municípios ricos em biodiversidade. As “praias” e ilhas formadas pelo rio Araguaia são os principais atrativos turísticos de Araguatins. Partindo do porto da cidade, o primeiro destaque do rio é a Ilha de São Vicente, com orlas de até cinco quilômetros de extensão. A praia de água doce com maior fluxo turístico de Araguatins, localizada a 610 km da capital de Palmas, é a praia da Ponta, cercada pela floresta Amazônica, com areia branca e estrutura especial entre junho e agosto.

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R ecursos Hídricos

FÓRUM DAS ÁGUAS 2015, CIDADES SUSTENTÁVEIS E SEUS DESAFIOS Cerca de 600 pessoas compartilharam as alternativas para garantir a qualidade de vida da população nos próximos anos Por Sônia Araripe e Isabella Araripe Fotos de Hugo Cordeiro - Divulgação -Cibapar

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tema água é hoje, sem dúvida, prioritário. Especialistas do Brasil e do exterior estiveram reunidos ao longo de três dias em Brumadinho, Minas Gerais, comprovando que este é, realmente, um diálogo urgente. O local não poderia ser mais apropriado: o Tea-

tro de Inhotim, museu a céu aberto que tanto se aproxima da natureza, localizado no município de Brumadinho, berço também de uma das principais bacias que abastece não tão somente os municípios da região, mas também a grande Belo Horizonte, responsável por 70% do abastecimento da capital mineira. Cerca de 600 pessoas compartilharam as alternativas para garantir a qualidade de vida da população nos próximos anos.

Breno Carone, presidente da Cibapar: “É a sustentabilidade que vai garantir um desenvolvimento econômico e social inclusivo para as próximas gerações.”

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Este foi o terceiro ano da realização do evento pelo Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar), desta vez com foco especialmente nas cidades sustentáveis. “Não tenho dúvidas que esse fórum é de proveito e queremos que não acabe, para criar esse debate. É a sustentabilidade que vai garantir um desenvolvimento econômico e social inclusivo para as próximas gerações Trouxemos profissionais de vários países para aprofundar o debate e para termos novas ideias para as cidades e comunidades para enfrentarem e mudarem esse panorama de crise hídrica”, afirmou Breno Carone, presidente do Cibapar. De acordo com a especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos Marília Melo, é preciso expor os reflexos da seca no estado. “A situação atual nos traz desafios para o aperfeiçoamento da gestão das águas. Assegurar água em qualidade e quantidade para os seus múltiplos usos requer um grande pacto social para o desenvolvimento sustentável em Minas Gerais”, explicou. Um dos focos da conferência foi a gestão da Bacia do Paraopeba, principal afluente do Rio São Francisco, e o desenvolvimento de ações de conscientização voltadas para a população e para os representantes dos 48 municípios mineiros impactados. Appleton O evento seguiu bem a dinâmica do local para o global e do global para o local. Um dos principais convidados foi o Professor Albert Appleton, ex-Comissário do Departamento de Proteção Ambiental (DEP) e diretor do Sistema de Água e de Esgoto da Prefeitura de Nova


Marília Melo : “A situação atual nos traz desafios para o aperfeiçoamento da gestão das águas.”

York. Ele contou que em sua gestão, nos anos 90, começou trabalho intenso rastreando não só o desperdício, mas também procurando preservar as nascentes de água que abastecem a metrópole, pagando para os agricultores pelos serviços ambientais e também trocando descargas por outras mais econômicas na cidade. “Era preciso ter todos envolvidos nesta conscientização ou Nova York sofreria de falta de água”, lembra. Appleton, hoje consultor em sustentabilidade e serviços ecossistêmicos, lembrou que todas as práticas geraram uma economia de bilhões de dólares. A demanda do município crescia 2% ao ano, observou Appleton, e a solução tradicional seria construir mais reservatórios, o que custaria de U$ 2 bilhões a U$ 5 bilhões aos cofres públicos. “Decidimos, então, ousar e implementar um projeto de racionalização do uso da água que os especialistas consideravam impraticável, inocente, mas que deu certo”, resumiu o consultor. Foram recuperadas áreas de nascentes nas montanhas Catskill, que abastecem em grande parte a cidade de Nova York. Lá, a água começava a ser poluída com fertilizantes e dejetos da pecuária, além da derrubada da vegetação. “Quando disse que precisaria convencer os proprietários a mudar sua maneira de trabalhar, acharam que era coisa de quem abraça árvores”, relata o especialista. Cidades sustentáveis De Portugal vieram dois palestrantes – Luiz Catarino, da consultoria Intermoney, que falou sobre cidades sustentáveis – e o arquiteto Pedro Barata, focando sua palestra em preciclagem, um conceito ainda pouco estudado no Brasil. “Podemos colocar a arquitetura a serviço da água e realizar projetos que têm menos impacto ao meio ambiente. Os planejamentos devem ser feitos com base na

praticidade, sustentabilidade, harmonia e na valorização do deste recurso”, assegurou Barata. Para Catarino quando se fala sobre cidades sustentáveis é preciso conversar sobre o futuro, em uma linguagem universal. Através de sua experiência nos Estados Unidos e Europa os projetos são adaptáveis à realidade específica de cada região. “Conhecendo a realidade mineira acho possível o desenvolvimento e a aplicação de projetos nesses locais”, afirmou demonstrando modelos de cidades sustentáveis. O Fórum também reuniu especialistas brasileiros no assunto, como o cientista político Sérgio Abranches (editor do Portal Ecopolítica e comentarista da CBN) e o economista Sérgio Besserman, presidente do Instituto Pereira Passos e também comentarista da CBN. De acordo com Abranches, o Brasil se transformou na no país que menos se discute as questões fundamentais políticas da sociedade. “A questão da água, hoje, não tem transparência alguma. Há um escamoteamento sistemático das autoridades acerca dos reservatórios de água. São situações críticas que não são tratadas com veracidade com a sociedade brasileira. Quando deveríamos, na verdade, discutir seriamente o problema gravíssimo do abastecimento de água das principais cidades brasileiras. E a participação da população é essencial para as mudanças. Segundo Abranches, não se trata de uma crise eventual, e sim de uma situação que saiu do controle em consequência de ações nocivas ao ambiente. Sobre o colapso hídrico vivido atualmente em boa parte do país, o econo-

Sérgio Besserman: quase metade da umidade do Sudeste vem da Amazônia, através dos chamados rios voadores, o que reforça a importância de se preservar a floresta, ao invés de derrubá-la.

Albert Appleton: ““Decidimos ousar e implementar um projeto de racionalização do uso da água que os especialistas consideravam impraticável, inocente, mas que deu certo.”

mista Sérgio Besserman observou que quase metade da umidade do Sudeste vem da Amazônia, através dos chamados rios voadores, o que reforça a importância de se preservar a floresta, ao invés de derrubá-la. O cineasta André D’Elia, diretor do filme “Lei da Água – Novo Código Florestal”, apresentou o documentário que trata a importância das florestas para a conservação dos recursos hídricos no Brasil, e problematiza o impacto do novo Código Florestal, aprovado pelo no Congresso em 2012, nesse ecossistema e na vida dos brasileiros. Preservar nascentes Em coro, a maioria dos palestrantes insistiu que é bem mais barato e eficiente preservar nascentes do que qualquer outra ação depois, quando a crise hídrica já estiver instalada. Ação coletiva e ganho de escala de boas práticas também foi defendida por Gilberto Tiepolo, da ONG TNC-Brasil. “Só existe essa forma de avançar”, acredita. Ele calcula que sem mudança na política do setor, em 16 anos a demanda por água irá superar a oferta em 40%. “A crise já faz parte da realidade brasileira. E a responsabilidade é do cidadão, de empresas e de governos”, defende. A sociedade civil foi representada por ambientalistas, integrantes dos Comitês de Bacias e diversos estudantes da região. O evento foi encerrado com coral de crianças de escola pública do município de Brumadinho e contou com a participação especial da atriz Cléo Pires, que, para quem não sabe, é ativista engajada na causa ambiental. Ela é “embaixadora” do projeto “Águas nas Escolas”, programa socioambiental de conscientização do uso de recursos hídricos que está sendo implantado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

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Ecoturismo

ITAPARICA Uma crônica visual

Texto e fotos: Tom Correia De Itaparica, Especial para Plurale*

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oradores mais antigos da Ilha de Itaparica, na Bahia, dizem que é a terra do “já teve”, mas para muitos é um tipo de irresistível “decadência”. Única estância hidromineral à beira-mar das Américas e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1980, a cidade se mantém como um oásis para quem deseja escapar do estresse diário. A onipresença do mar, o clima ameno e o estilo de vida simples em contato com a natureza são atrativos acolhedores. Os itaparicanos, sempre gentis, são outro destaque. Aqui não se pode deixar de beber a água de propriedades medicinais da Fonte da Bica, que desde 1842 rejuvenesce moradores e visitantes. Muito menos esnobar o pôr-do-sol, simplesmente arrebatador. Da Marina ao Forte de São Lourenço, existem diversos pontos estratégicos de observação, onde se pode tomar banho de mar de água morna e transparente enquanto o sol se derrama sobre as montanhas do Recôncavo Baiano. * Tom Correia, escritor e jornalista, foi premiado com uma residência artística no Instituto Sacatar entre outubro e novembro de 2015 (com apoio da Fundação Cultural do Estado da Bahia). Mais sobre o autor: acavernadoescriba.wordpress.com

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Ecoturismo

E n s a i o

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TEXTO E FOTOS:

TOM CORREIA


COMO CHEGAR E ONDE FICAR: PARA CHEGAR - De Salvador pode-se atravessar a baía de Todos-os-Santos através do ferry-boat e das lanchas que chegam em Mar Grande. Vans e kombi fazem o trajeto por R$ 3,50 em cerca de 20 minutos. As corridas de táxi a partir de Mar Grande custam cerca de R$ 30 (caro para os padrões da ilha). DICAS - À noite, no Centro Histórico, quase não há opções para jantar. O ideal é comer um pouco mais cedo. Para beber, uma caipirinha no bar do Joanilton Marvado ou uma cerveja no clássico Bar do Espanha. No Mercado e ao longo da simpática orla, diversos bares servem frutos do mar. Venha com o espírito de descontração e com senso de humor para lidar com as limitações de um lugar pacato e livre de estresse. OPÇÕES DE HOSPEDAGEM Hotéis, pousadas e casas para alugar. PARA ENTENDER - a alma itaparicana, ler as crônicas de João Ubaldo Ribeiro é um prazer indescritível. Tanto em “A arte e a ciência de roubar galinha” quanto em “Um brasileiro em Berlim”, o filho mais famoso da terra nos apresenta personagens e situações hilárias. A ilha é dividida em dois municípios. Itaparica, além de ser nome a ilha de 115 km2, é nome da cidade de 23 mil habitantes. A outra é Vera Cruz (Mar Grande).

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GREEN SCHOOL,

DIVULGAÇÃO- GREEN SCHOOL

E ducação

EDUCAÇÃO POR UM MUNDO MELHOR Por Giuliana Preziosi, Especial para Plurale Editora do Blog Histórias pelo Mundo (http://www.historiaspelomundo. com/) Fotos de Maurício Chichitosi

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ma escola sem paredes, mesas redondas, lousas de bamboo, salas de aula ao ar livre, piscina de lama, horta, sistema de compostagem, energia solar, e até um vortex para gerar energia. Tudo isso, no meio da natureza na região central da ilha de Bali na Indonésia. É assim a Green School, uma escola que surpreende não somente pela sua arquitetura e preocupação com o meio ambiente, mas também pela sua metodologia e sistema de aprendizagem baseada numa visão holística e na importância das nossas ações para garantir o futuro das próximas gerações. Conheci a Green School lendo um artigo que falava sobre as principais “escolas verdes” pelo o mundo. Quando chegamos na Indonésia, não tive dúvidas em marcar uma visita para conhecer de perto suas atividades e sua forma inovadora de aprendizagem. Conseguimos agendar o tour pela escola guiado pelo seu fundador John Hardy, que além de

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ser divertido, fala com paixão e orgulho sobre seu projeto. John conta que sempre teve problemas na escola, saiu do Canadá com 25 anos e fugiu para Bali onde conheceu Cynthia, sua esposa. Tiveram quatro filhos e tudo estava caminhando tranquilamente, quando em 2006, suas vidas virariam de ponta cabeça por culpa do ex-Presidente americano, Al Gore. Ele conta que depois de assistir o filme “Uma verdade Inconveniente” que fala sobre os possíveis efeitos das mudanças climáticas no Planeta, decidiu que teria que fazer algo para mudar isso. Ele dizia: “Eu tenho quatro filhos e mesmo se só uma parte do filme for verdade, meus filhos não terão a mesma vida que eu tive. Então eu decidi que iria passar o resto da minha vida fazendo tudo que eu pudesse para mudar isso” Claro que montar uma escola não é nada fácil, ainda mais buscando fazer algo diferente e inovador. Segundo John, quem tem essa ideia de montar uma escola, deve procurar tratamento psiquiátrico, ele brinca. Ele reforça que Cynthia, sua mulher, foi essencial em todo o processo, guerreira, ela soube lidar com as dificuldades e buscar soluções que viabilizassem toda a metodologia utilizada na escola. O processo não foi fácil,

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Escola na Ilha de Bali surpreende não só pela arquitetura sustentável, mas também pela preocupação com a sustentabilidade no ensino

mas hoje é extremamente recompensador, diz ele. Bambu Para transformar o projeto em realidade John foi buscar formas de construção sustentáveis e viu o bambu como seu melhor aliado. Os prédios da Green School deixam qualquer arquiteto de boca a aberta. Tudo feito de bamboo e de forma bastante artesanal. John soube combinar a sabedoria local de artesões para lidar com o bamboo com o conhecimento técnico de engenheiros, arquitetos, designers e paisagistas internacionais. O resultado é incrível, de deixar qualquer um babando. A Green School foi considerada por algumas revistas a escola mais verde do mundo. Além de utilizar placas de energia solar, captação de água de chuva, poços artesianos, sistema de compostagem, reciclagem, horta orgânica, possui seu próprio gerador de energia através de um vortex para geração de energia hidráulica, a partir da força do rio que corta a escola. O vortex está em fase de testes, mas em breve poderá compartilhar energia com a vizinhança e a comunidade local, conta John. A escola foi aberta em 2007 e atualmente conta com 376 alunos de 43 países


Metodologia A metodologia da Green School foi baseada nos estudos do educador britânico Alan Wagstaff, que defende uma maneira de ensinar conectando aspectos racionais, emocionais, físicos e espirituais. Ao invés de matérias, como estamos acostumados no Brasil, aqui são trabalhos temas, passando por todos os aspectos mencionados. O objetivo de John é dar oportunidade para que mais crianças balinesas possam frequentar a escola, sua meta é chegar em pelo menos 20% de alunos balineses nos próximos anos. Hoje as crianças da Indonésia representam 15% dos alunos. A maioria das crianças são australianas e americanas. Mesmo com um custo razoável comparado aos padrões de escolas particulares na Europa e nos EUA, as famílias de Bali não possuem condições financeiras para colocar seus filhos na Green School, e as que possuem, muitas vezes acabam mandan-

do seus filhos para Europa ou para os EUA. O preço por aluno varia 10 a 15 mil dólares por ano. Mas para atingir seu objetivo, a escola conta com um programa de bolsas para as crianças locais, suportado por doações de diferentes partes do mundo. Inclusive o tour que fizemos, que custa 10 dólares por pessoa, tem o dinheiro totalmente revertido para esse programa. No final do passeio, você é convidado a fazer uma doação maior se quiser e ter seu nome escrito em um dos bambus do saguão principal. Grandes nomes estão por lá, inclusive do Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon que visitou a escola em 2014. Um dos pilares da escola passa pela conexão e envolvimento com a comunidade local. O projeto Coco Connection oferece aulas de inglês para mais de 110 crianças da região gratuitamente. Promovem festas com a comunidade e empregam a mão de obra local. Além disso, os alunos estão sempre interagindo com os hábitos e costumes da cultura balinesa na sala de aula, seja através de projetos específicos ou em atividades artísticas como dança e teatro. Conhecer exemplos como a Green School é uma injeção de esperança para poder ver o mundo de forma otimista. Muito legal conhecer pessoas como o John e a Cynthia que saíram da sua zona de conforto, depois de já estarem aposentados, porque acreditaram que poderiam fazer a diferença. E estão fazendo, não só para seus filhos e netos, mas para as próximas gerações.

MAURÍCIO CHICHITOSI (HISTÓRIAS PELO MUNDO)

diferentes. Diversidade não falta por aqui, o que não poderia ser melhor para uma rica troca de conhecimentos na sala de aula. O ensino vai desde o jardim de infância até o colegial. A metodologia traz uma formação baseada na visão holística, no aluno e na consciência ambiental. A escola procura integrar os conteúdos acadêmicos tradicionais com a aprendizagem ambiental e experiencial, baseada em práticas sustentáveis e centrada no aprendizado individual do aluno. O objetivo é humanizar o conhecimento e respeitar o tempo de aprendizagem de cada um.

MAURÍCIO CHICHITOSI

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Ativismo

Lindas, famosas e engajadas Atrizes e artistas abraçam causas ambientais e ajudam a mobilizar o grande público

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista Fotos: Divulgação/Cibapar, CI-Brasil, Greenpeace e WWF-Brasil

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las e eles são lindos, famosos e engajados. Atrizes e artistas têm, cada vez mais, se engajado voluntariamente em relevantes causas ambientais. O que, há alguns anos, era uma ação isolada de poucas celebridades, quase sempre as mesmas, passou a ser uma prática cada vez mais frequente, com impacto direto na audiência e retorno para as campanhas “abraçadas”. Que o digam as ONGs Greenpeace, CI-Brasil, WWF-Brasil e HSI (Humane Society International) no Brasil, apenas para citar alguns exemplos. Com a ajuda de artistas comprometidos com suas lutas, estas entidades do terceiro setor viram multiplicar os voluntários, simpatizantes e os acessos e visitações às mídias que apresentam as suas ações. Em comum o fato que as celebridades não cobram nada por ceder a imagem às causas e o fato que só aceitam participar de ações que realmente acreditem e possam assinar embaixo e se “jogar” de corpo e alma. Algumas belas tornaram-se “embaixadoras” de causas do bem. Desmatamento Zero Não é novo para o Greenpeace Brasil ter a adesão de famosos para suas causas.

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A campanha #Desmatamentozero reuniu uma constelação de celebridades, de atores a cantores, passando por cineastas e figurinistas, vários dos quais foram até o Congresso ajudar na mobilização. Como a atriz Valesca Popozuda, o ator Paulinho Vilhena e a atriz Maria Paula. Por jamais aceitar verbas de empresas, a ONG globalmente depende dos voluntários e tem conquistado parceiros famosos ao redor do planeta. O mesmo acontece no Brasil. Marcos Palmeira também apoiou a campanha e é um verdadeiro ícone ativista. Está sempre envolvido nas boas causas, como a favor dos indígenas e participou dos eventos paralelos da Rio + 20: também defende a alimentação mais saudável, sendo dono de fazenda de produtos orgânicos na Serra Fluminense. Desde 2012 o Greenpeace, junto à sociedade civil, vem coletando assinaturas para levar ao Congresso Nacional um Projeto de Lei pelo Desmatamento Zero no Brasil, com amplo apoio popular. O projeto foi encaminhado ao Parlamento no dia 7 de outubro com uma grande mobilização. Pela proposta, fica proibido o corte de floresta mata nativa e não serão mais emitidas autorizações para novos desmatamentos. Essa petição, segundo o Greenpeace, é também uma maneira de chamar a sociedade para participar

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da construção de um futuro sustentável para o Brasil. A atriz Letícia Spiller não só se engajou na causa, como também tornou-se a “embaixadora” da causa Desmatamento Zero para o Greenpeace Brasil “A luta pela preservação do meio ambiente sempre fez parte da minha vida e de meus familiares. Através das minhas viagens o que vi e vejo na Amazônia é aterrorizante e assustador. Como chegamos a isso?”, questionou a atriz no lançamento da campanha. “É inacreditável! Ela explicou que abraçou a campanha do Desmatamento Zero pelo Greenpeace, para ajudar a garantir um futuro com água limpa, clima ameno e alimento para todos. “Precisamos de uma lei para proteger nossas florestas. Uma lei que garanta o Desmatamento Zero”, defendeu Spiller. “Podemos criar um futuro melhor para os nossos filhos e para as gerações futuras protegendo os maiores bens do planeta Terra. Se cada um fizer a sua parte, construiremos esse futuro juntos”, disse Letícia Spiller. Também o famoso figurinista Ronaldo Fraga criou a camiseta para a campanha que foi literalmente vestida por famosos. A renda é revertida para a campanha. Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia e porta-voz da campanha do Desmatamento Zero, acompanhou a adesão dessas celebridades bem de perto. Em entrevista à Plurale, ela confirma o impacto da adesão dos artistas à causa. “Chegamos a mais de 1,4 milhão de assinaturas até agora, o que representa cerca de 1% do eleitorado brasileiro. É uma marca bem expressiva”, diz. Ela acredita que os famosos ajudam não só a trazer holofotes para a causa, mas também a despertar a atenção do grande público. “O meio ambiente não é uma causa só de alguns, mas de todos”, destaca Cristiane. Os artistas foram reunidos em jantar no Rio e Letícia, assim como vários outros tiveram participação decisiva. “ Vai muito além de só emprestar a imagem. É um engajamento de corpo e alma mesmo.” Natureza falando A Conservação Internacional (CI-Brasil) sempre teve um perfil bem discreto, low-profile, com foco principal-


DIVULGAÇÃO/GREENPEACE BRASIL

DIVULGAÇÃO/CIBAPAR - HUGO CORDEIRO

LETÍCIA SPILLER

DIVULGAÇÃO/CI-BRASIL

DIVULGAÇÃO/WWF-BRASIL

CLEO PIRES

MAITÊ PROENÇA

MAYA GABEIRA

mente nos estudos e trabalhos científicos. Mas este ano, em reposicionamento, passou também a adotar estratégias midiáticas a partir de campanha global, que teve estrelas hollywoodianas (como Penélope Cruz, Julia Roberts e Harrison Ford) e aqui também contou com um time e tanto de famosos. A campanha “A natureza está falando” foi abraçado por Maitê Proença, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Juliana Paes, Rodrigo Santoro, Max Fercondini e uma “orquestra” de vips. A ação de conscientização dá vida a elementos da natureza, que em primeira pessoa, conversam com o espectador, convidando-o a refletir sobre como a ação do homem tem alterado o meio ambiente e como ela, a natureza, seguirá evoluindo - com ou sem a presença dos seres humanos. A ideia é sensibilizar a sociedade para uma mudança consciente de atitude, enquanto há tempo de se construir sociedades mais saudáveis e sustentáveis, onde as gerações atuais e futuras possam viver com bem-estar. Em entrevista à Plurale, Rodrigo Medeiros, vice-presidente da CI-Brasil, explica que a ONG sentiu necessidade de fazer chegar seu trabalho e sua mensagem também para o grane público. “Nos últimos 30 anos, este tema foi abordado de forma muito tradicional, até chata, de certa forma. Queremos agora mostrar que estamos falando e trabalhando pela natureza, pelo bem-estar, em última forma, pela vida de todos”, diz. A campanha global – com sete filmes - é um sucesso tendo alcançado cerca de 4 milhões de pessoas nas mais diversas mídias, como TV, cinema, internet, etc. Foi criada por ninguém menos do que Lee Clow, chairman da agência MAL/ TBWA, o “mago” das criações para a Apple junto ao seu fundador, Steve Jobs. “Não estamos fazendo uma campanha institucional, sobre a nossa ONG, mas sim voltada para escolas, empresas, a sociedade de uma forma geral”, destaca Rodrigo. Em nova fase, outros filmes entrarão no ar, inclusive um apenas sobre a Amazônia. O vice-presidente da CI-Brasil comemora que dois irão passar em evento da COP-21, a Cúpula do Clima, que será realizada em Paris, entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro.

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Ativismo

No filme, Maitê Proença dá voz à Água e pregunta em um tom indagador. “E se eu começar a faltar, como já vem acontecendo? Eles (seres humanos) vão começar a fazer guerra por mim, como fazem por todo o resto? É sempre uma opção. Mas não é a única.” Água e animais Cleo Pires é outra sempre engajada em causas relevantes. No fim de outubro foi uma das estrelas do Fórum das Águas, realizado no teatro do museu a céu aberto Inhotim, localizado em Brumadinho, Minas Gerais (saiba mais sobre o evento nas páginas 48 e 49 desta edição). Cleo esteve lá como “embaixadora” da Unesco no projeto “Água Potável nas Escolas”, programa socioambiental de conscientização do uso de recursos hídricos que está sendo implantado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A atriz esteve em Cabo Verde, na África, e doou do próprio bolso US$ 61 mil para o projeto. Ao lembrar a visita para plateia do evento em Inhotim, ficou emocionada ao confirmar o seu compromisso com a causa. Não é só. Cleo declarou também o apoio à causa da Humane Society International (HSI) no Brasil, uma das maiores organizações globais de proteção animal, contra o consumo de ovos produzidos por galinhas confinadas em gaiolas em bateria. No Brasil, cerca de 95% das galinhas usadas na produção de ovos em escala comercial passam suas vidas inteiras confinadas em gaiolas de metal tão pequenas que elas não podem sequer andar ou esticar suas asas. “Eu fiquei chocada quando a HSI me mostrou como os animais são tratados na produção de ovos no Brasil. Estou feliz por ter narrado o filme da organização ‘Ovos: Gaiolas versus Livres-de-Gaiolas’ e espero que ele informe muitas pessoas sobre a origem dos nossos alimentos. Tenho certeza de que muitos brasileiros também serão contra o tratamento extremamente desumano ao qual as galinhas são submetidas depois de assistir ao vídeo e farão escolhas mais éticas na hora de comprar alimentos”, disse Cleo. Ela gravou um vídeo que está na página da HSI no Brasil (www.hsi.org/ovos)

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Carolina Galvani, gerente sênior de campanhas de animais de produção da HSI no Brasil, explicou: “É realmente muito gratificante trabalhar com a Cleo Pires na conscientização sobre a realidade da produção de ovos no Brasil. O confinamento por toda a vida de galinhas poedeiras em gaiolas em bateria é uma das práticas mais cruéis da pecuária. Por isso, nós convidamos os consumidores a fazerem a diferença ao deixar os ovos produzidos por galinhas engaioladas fora de seus pratos”. Maya Gabeira A surfista profissional brasileira Maya Gabeira é a embaixadora do Programa Marinho, que acaba de ser lançado pela WWF-Brasil, campanha que também tem o apoio do surfista Felipe Toledo. Filha do ex-deputado e ambientalista Fernando Gabeira, Maya tem as causas ambientais no DNA. Em vídeo gravado para o lançamento a WWF-Brasil, a surfista – que acidentou-se ao surfar as ondas gigantes de Nazaré, em Portugal e guerreira e corajosa, caba de conseguir voltar ao mesmo local e enfrentar novamente uma super onda – explica a sua ligação com o mar e sua biodiversidade. “O mar é minha casa e meu trabalho. É a casa também de um quarto de brasileiros que vivem no litoral e dependem do mar para a sua sobrevivência, já que fornece energia, água, sal e alimentos para a população. ” Maya adverte que menos de 2% do ambiente marinho está protegido. De acordo com a campanha da WWF-Brasil, com 10,8 mil km de exten-

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são, a costa brasileira percorre 395 cidades, em 17 estados. Uma imensidão azul que abriga ¼ da população brasileira em um ecossistema único com 3 mil km de recifes de corais e 12% dos manguezais do mundo. É também um habitat com alta relevância econômica para o Brasil, tendo no turismo, na pesca e na exploração mineral seus principais alicerces, mas também com grande potencial biotecnológico e energético. “Vivemos um momento crítico na conservação dos recursos marinhos do Brasil, que sofrem com a pesca excessiva, fraca fiscalização, poluição, exploração mineral, necessidade de políticas públicas adequadas para o bioma; a forte especulação imobiliária e consequente ocupação desordenada das cidades costeiras. Nossa atuação nos mares brasileiros visa chamar a atenção da sociedade para essa triste realidade, a importância da saúde dos oceanos para nossas vidas e como podemos nos mobilizar para protege-los”, explica a coordenadora do Programa Marinho e Mata Atlântica, Anna Carolina Lobo.

SAIBA MAIS SOBRE AS CAMPANHAS RECENTES Campanha “A natureza está falando”: anaturezaestafalando.org.br Campanha #desmatamentozero: http://www.desmatamentozero. org.br/ Campanha da organização contra as gaiolas em bateria: www.hsi.org/ovos. Programa marinho da WWF-Brasil: http://www.wwf.org.br/ natureza_brasileira/reducao_ de_impactos2/programa_marinho/ Projeto água potável nas escolas da Unesco: http://cvunesco.org/index.php/ noticias/184-agua-potavel-nasescolas


DEDICAÇÃO AO PRÓXIMO

Associação beneficente completa 15 anos de trabalho relevante junto a crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social

A

Do Rio de Janeiro

alegria de crianças, brincando, estudando, acolhidas e acarinhadas contagia a todos e dá gosto de ver. Há 15 anos, o trabalho da Associação Beneficente AMAR faz diferença na área social. Iniciado pela Irmã Adma Cassab Fadel, vários outros voluntários e apoiadores se juntaram à causa. A Associação Beneficente AMAR é uma organização sem fins lucrativos que desenvolve seu trabalho junto a crianças, adolescentes e jovens em situação de risco pessoal e social, através da metodologia do Sistema Preventivo da Educação, em três linhas operativas: Linha Emergencial, Linha Preventiva e Linha Formativa. Desenvolve o Projeto Meninos de Rua, que se realiza em três momentos distintos de atuação metodológica: a abordagem nas ruas, o acolhimento durante o dia no Centro Sócio Educativo, em São Cristóvão e o acolhimento na Casa Frei Carmelo Cox, em tempo integral, em Vila Isabel. Tem como missão o desenvolvimento integral e inclusão social de crianças, adolescentes e jovens menos favorecidos, com foco no resgate da dignidade e na conquista da cidadania. Roberto José dos Santos, coordenador da AMAR, explica que a associação desenvolve 10 projetos, nas áreas da Zona Norte do Rio

FOTOS DE DIVULGAÇÃO

AMAR:

Irmã Adma e equipe da AMAR: trabalho junto a crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social

de Janeiro e no Município de Duque de Caxias. Em 2014 foram atendidas 291 crianças, adolescentes e jovens em situação de rua e ou vítimas de negligência familiar. O relatório de 2015 ainda está sendo finalizado, mas também foram várias ações e muitos atendimentos. Assim como aconteceu com várias outra entidades do terceiro setor, o ano de 2015 não foi fácil para a AMAR. O contrato com a Petrobras ainda não foi renovado e a saída tem sido procurar outros parceiros: empresas e pessoas físicas. “Temos a possibilidade de benefício fiscal e isso atrai empresas. Estamos em curso com vários contatos”, relata Roberto dos Santos. O ex-senador e Colunista de Plurale, Saturnino Braga, é voluntário, colaborador e entusiasta do trabalho da Irmã Adma e de todos na AMAR. “Há trinta anos acompanho o trabalho da Irmã Adma, liderando um grupo que cuida de meninos de rua em nossa cidade do Rio de Janeiro. Cuida com eficiência, formando várias gerações reconhecidas, porque cuida com seriedade e com amor. Vejo na Irmã Adma a encarnação do amor cristão; do amor pela criança tenra e rejeitada, pelo ser humano que mais carece deste sentimento”, disse. Quem quiser doar ou conhecer mais sobre a Associação AMAR visite o site: http://www.acaminho.org.br/

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Pelas Empresas

ISABELLA ARARIPE

PMU Especial 60 anos da Fetranspor reconhece projetos e matérias em busca de uma mobilidade com qualidade para o Rio ARTHUR MOURA

A

Fetranspor realizou, em novembro, o Prêmio Mobilidade Urbana. A entrega dos prêmios da 6ª edição, especial em comemoração aos 60 anos da Fetranspor, teve recorde em número de inscritos e foi realizada no Copacabana Palace. Pela primeira vez, os segundos e terceiros lugares de cada categoria receberam troféus e prêmios em dinheiro. A outra novidade foi a escolha de personalidades de destaque em todas as categorias. Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor, agradeceu a participação de todos, jurados, inscritos e convidados e afirmou que o

Seguradoras estão atentas à crise hídrica e desenvolvem ações preventivas

M Da CNseg

otivados pelo agravamento da disponibilidade dos recursos hídricos no Brasil e, particularmente, em São Paulo, a CNseg e o Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas da Comissão de Sustentabilidade promoveram uma pesquisa sobre a gestão da água nas seguradoras associadas e entre seus stakeholders. Ao todo, foram 20 empresas respondentes, de todos os seguimentos, representando aproximadamente 80% dos

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prêmios diretos arrecadados pelo mercado segurador brasileiro em 2014. Contendo nove perguntas, divididas entre cinco subseções, o questionário enviado eletronicamente abordou os temas: ações de comunicação, ações internas de infraestrutura, ações no produto, estratégia hídrica e gestão de fornecedores. Entre as conclusões, observa-se que 95% das empresas já haviam desenvolvido campanhas de engajamento para economia de água, sendo que 100% delas já haviam implementado sistemas ou instalado equipamentos de controle e/ou redução do consumo em suas instalações.

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PMU é muito importante para a Federação, por isso tornou-se o ponto alto das comemorações dos 60 anos da instituição. “Queremos dar o necessário sentido à reflexão sobre as questões importantes em todos os deslocamentos urbanos em todo o Estado reconhecendo os melhores trabalhos em cada categoria e dando o merecido destaque. É uma forma de contribuir, ainda mais, para um futuro melhor, pois os brasileiros se concentram cada vez mais nas cidades e é essencial que estas sejam voltadas para a qualidade de vida e para o conforto das pessoas”, declarou o presidente. Veja a lista completa de premiados no site www.premiomobilidadeurbana.com.br/

Novo aplicativo reforça o senso de coletividade

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De São Paulo

m novo app está ajudando a reforçar o senso de coletividade entre as pessoas. O HealthMeApp, com versões gratuitas para iOS e Android, tem como objetivo funcionar como uma grande rede colaborativa de buscas e indicações de médicos. Os usuários podem indicar seus médicos de confiança e assim contribuir para esse banco de dados em que todos poderão ter acesso a profissionais que geram boas experiências no relacionamento com os pacientes. Mais informações sobre o HealthMeApp, assim como o link para download podem ser encontrados no www.healthmeapp.com.br


Coca-Cola Brasil convida: participe da “Semana Movimento Coletivo” e sinta o sabor de ajudar alguém

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e 8 a 14 de novembro, durante a Semana Movimento Coletivo, todas as vendas de produtos da Coca-Cola Brasil vão ajudar diretamente os programas do Instituto Coca-Cola Brasil, que já impactaram mais de 100 mil pessoas em todo o país. Nesta edição, a expectativa é arrecadar mais de R$ 7 milhões. Para participar, basta comprar qualquer um dos mais 125 produtos que fazem parte do portfólio da Coca-Cola Brasil, entre águas, chás, refrigerantes,

bebidas de frutas e isotônicos, disponíveis em mais de um milhão de pontos de venda em todo o país, no período da ação. A campanha na internet contará com três filmes que narram, com tom lú-

Horta comunitária às margens da Avenida Brasil

dico e em formato de conto, a história real de três jovens que tiveram suas vidas transformadas pelo programa Coletivo Coca-Cola. Gerido pelo Instituto Coca-Cola Brasil, o Coletivo impacta principalmente jovens e mulheres de comunidades, a partir da valorização da autoestima e da geração de renda. Hoje, a plataforma está presente em mais de 500 comunidades em 22 estados, com sete programas, entre eles o Coletivo Varejo, que ajuda jovens a se prepararem para o mercado de trabalho.

Balanço do McDia Feliz 2015

O Do Rio

Consórcio Transbrasil, responsável pelas obras do BRT que ligará Deodoro ao Caju, fechou uma parceria com a Associação Brasileira no Tratamento do Solo e Guardiões da Natureza, para a construção de uma horta comunitária às margens da Avenida Brasil, em um canteiro da via expressa. Os moradores da comunidade da Maré, situada na Zona Norte da cidade, que se cadastrarem no projeto poderão trocar óleo de cozinha usado por hortaliças colhidas na horta. Ao Consórcio Transbrasil coube a doação de seis cercas urbanas e 25 tubos, reutilizados das obras, que garantem a segurança do espaço para construção e preservação da horta. A iniciativa deu outra função ao material e contribuiu ainda mais para a sustentabilidade da obra.

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e acordo com balanço divulgado, a campanha McDia Feliz 2015 vendeu 1.659.689 sanduíches BigMac. Com isso, foram arrecadados R$ 22.114.008,48 para o Instituto Ronald atuar na causa pela cura do câncer infantil e juvenil. Ao longo dos últimos 26 anos, os recursos obtidos com o McDia Feliz já viabilizaram a implantação de unidades de internação, ambulatórios, salas de quimioterapia, casas de apoio e unidades de transplante de medula óssea, entre outros projetos, por todo o Brasil


COMIDA SAUDÁVEL DENTRO DE VIDROS

G

https://www.facebook.com/DeliciasamodadaGerse http://marmitalegal.blogspot.com.br/ http://www.juntalocal.com http://www.slowfoodbrasil.com/ WhatsApp: 994231878

erse Cubiaco é mãe da Fernanda, colaboradora da Plurale, que atua na conscientização das pessoas para a adoção da coleta seletiva de resíduos e na conservação das praias e mares. E foi a Fernanda, vegetariana e desportista que, tendo o prazer de comer diariamente os alimentos saudáveis que sua mãe faz, a animou para produzir e vender saladas, sopas e conservas no pote de vidro. A motivação para começar foi a seguinte: você faz e eu entrego aqui no nosso perímetro urbano, de bike, e depois recolho os potes, criando uma logística reversa eliminando assim a geração de resíduo com embalagens, contou Fernanda. Segundo Gerse, que mora ali no Posto 6, em Copacabana, fornecer alimentos saudáveis feitas por ela própria, localmente, tem sido um trabalho e tanto. “Há muito quis ter um negócio de comida, mas um negócio onde eu pudesse fazer a comida empenhando todo o amor que sinto ao cozinhar, segundo o princípio do movimento Slow Food, com calma, estimulando no outro também a se alimentar de forma a saborear o alimento. E tenho visto muitas iniciativas que começaram em casa. Então, com o apoio da minha filha, agi e estou adorando. O meu cardápio tem antepastos - conservas de berinjela, abobrinha e hamus tahine, sopas detox e saladas, e os pedidos precisam ser realizados com 24 horas de antecedência, pela página do face, por whatsapp e também pelo blog Marmita Saudável, criado pela Fernanda para disseminar informações sobre alimentação e dos parceiros: Movimento Slow Food, Junta Local, Ponto Natural, Becker e Biomercearia. Sobre os potes de vidro “Escolhi o vidro para ser a embalagem de meus produtos, porque além de possuir aspecto inerte, ele não exerce nenhuma interferência no sabor dos alimentos que estou produzindo, zelando pela autenticidade do sabor e pela qualidade dos itens ofertados, ele é reutilizável e reciclável 100%. Em todo o processo, as embalagens de vidro geram menores impactos ambientais. O vidro é o único material 100% reciclável, ou seja, com 1 kg de cacos é possível produzir a mesma pesagem em vidro novo, além de possuir um ciclo infinito de renovação. Além disso, com o vidro, sendo ele retornável, estimulamos no cliente a responsabilidade compartilhada e a logística reversa, novos conceitos oriundos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que contemplam os três 3 R´S: reduzir, reutilizar e reciclar. O que estamos oferecendo agora é, com a devolução de 5 potes de vidros, a pessoa ganha um pote, a escolher.


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20 anos de investimento social no Brasil

Para comemorar seus 20 anos de existência, o GIFE – Grupo de Institutos Fundações e Empresas, organização sem fins lucrativos com 132 associados que investem R$ 2,4 bilhões por ano na área social – lançou um documentário sobre o desenvolvimento da sociedade civil no país nas últimas duas décadas. O “Em Movimento: 20 anos de Investimento Social no Brasil” tem cerca de 30 minutos de duração e é uma verdadeira aula de história contemporânea, mesclando imagens dos principais acontecimentos do período como a promulgação da Lei da Anistia, a criação do IBASE, a Campanha Diretas Já, a primeira Lei Nacional do Meio Ambiente e de Incentivo à Cultura, a promulgação da Constituição de 1988, com comentários e depoimentos de pessoas que vivenciaram estes momentos, trazendo suas opiniões a respeito. O documentário está disponível no You Tube: https://www.youtube.com/watch?v=0_1HzzKl1vs.

A transformação pela música

“Tudo Que Aprendemos Juntos”, filme de Sérgio Machado que ganhou a 39º Mostra Internacional de São Paulo, é baseado na história do Instituto Baccarelli (IB), criado pelo maestro Sílvio Baccarelli que ao assistir pela TV a um incêndio na comunidade de Heliópolis, em 1996, e a luta das famílias para recuperar suas casas e pertences, se dirigiu a uma escola pública da região e sugeriu ajudar com o que sabia fazer melhor: ensinar música com instrumentos de orquestra para crianças e adolescentes. Hoje, com aproximadamente 1300 crianças e jovens majoritariamente de Heliópolis, o IB usa a música como ferramenta para formar cidadãos íntegros. A Orquestra Sinfônica de Heliópolis é apenas a ponta de um belo trabalho. Para saber um pouco mais sobre a Orquestra, o documentário sobre três jovens feito por Vivian Carrer Elias e Valéria Mendonça pode ser visto na internet, no endereço: https://vimeo.com/78575752.

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Teste de público Exibições para testes de público são muito comuns nas produções cinematográficas nos Estados Unidos. Foi o que fez no Rio e em Brasília, aproveitando o mês da Consciência Negra (novembro), o documentário Menino 23, de Belisário Franca, da produtora Giros, que segue a investigação do historiador Sidney Aguilar sobre tijolos marcados com suásticas por meio das memórias de meninos negros e órfãos vítimas de preconceito, trabalho semiescravo e violência nos anos 1930. Um deles, hoje com 87 anos, relata os abusos. A obra ajuda a compreender as raízes do racismo e do eugenismo no Brasil e sua permanência devastadora. O roteiro e do próprio Belisário e de Bianca Lenti. O trailer está disponível na internet: https://vimeo.com/137876510 (senha Giros)

Centenário que não podem passar em branco Em 2015 Grande Othelo faria 100 anos e para comemorar a data uma mostra sobre o ator passou por São Paulo e chega ao Rio de Janeiro: “O Maior Ator do Brasil – 100 Anos de Grande Othelo”. Com curadoria de Breno Lira Gomes e João Monteiro, patrocinada pela Caixa Econômica Federal, a mostra reunirá 23 filmes com a participação de Othelo, inesquecível nas comédias da Atlântida, nos dramas do Cinema Novo, nos palcos dos teatros de revista pelo Brasil e nas participações na televisão. Foi o cineasta americano Orson Welles quem disse que Grande Othelo era maior ator do Brasil. Ambos se conheceram durante as filmagens de It´s All True, em 1942, que não chegou a ser finalizado por não ser aprovado pelo governo de Getúlio Vargas. Grande Othelo, negro, baixinho (1, 50 de altura), foi dos maiores atores brasileiros do século XX. Em mais de 50 anos de carreira derrubou barreiras e venceu preconceitos. Foi plural.


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Imagem: Shutterstcok.com

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I m a g e m FOTO DE ADRIANA BELTRÃO PRAIA DA BAÍA DO SANCHO-FERNANDO DE NORONHA

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mar cristalino e um visual de tirar o fôlego garantiram para a Praia da Baía do Sancho o título da mais bonita praia do mundo, conferido pelo site TripAdvisor. Foi a segunda vez que o arquipélago de Fernando de Noronha ganhou o prêmio “Traveler´s Choice”. A jornalista Adriana Beltrão acaba de voltar de Noronha – esteve lá outras vezes – e conferiu de perto a beleza. “É maravilhoso mesmo. Recarrega as energias. Recomendamos a visita”, disse Adriana, que adora fotografar todas as viagens. O Travelers’ Choice Praias 2014 definiu o Brasil como o melhor destino do mundo para aqueles que querem curtir uma viagem à beira-mar. Baía do Sancho foi eleita a melhor entre mais de 300 praias em 42 países. As outras duas praias brasileiras também premiadas foram a dos Carneiros (em Pernambuco) e a Praia de Lopes Mendes, na Ilha Grande (RJ).

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