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plurale em revista

ano um | nº 5 | março/abril 2008 | R$ 10 ,00

| AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

A FORÇA DO

MICROSSEGURO NA INCLUSÃO SOCIAL 200 ANOS

DESMATAMENTOS UM DEBATE E UM FÓRUM NACIONAL ETANOL E UM ENSAIO

SOY LOCO POR TI AMERICA ENTREVISTA O RIO DO IRMÃO DO BUSSUNDA


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B

PELO BRASIL 18 A 21

A HERANÇA DE D. JOÃO VI 32 A 41

Contexto

28. ENSAIO DE ORQUESTRA

RECIFES DE CORAIS 50

CARBONO NEUTRO 64

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12.


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Bazar66 ético 47. 22. MICROSSEGURO FATOR DE INCLUSÃO

LORD JAY, LULA E A DEFESA DO ETANOL

42.

8.

ENTREVISTA SÉRGIO BESSERMAN

PELO MUNDO TODAS AS CORES DO MICROCRÉDITO

DEBATE PLURAL PEGADA ECOLÓGICA E DESMATAMENTOS

52. SANA A CIDADE ONDE O TEMPO NÃO PASSA


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Quem faz a plurale

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editorial

Diretores Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Diretor comercial Henrique Bertini

com sabor de

cana caíana

comercial@plurale.com.br Editor de arte Marcelo Begosso plurale@plurale.com.br Fotografia Luciana Tancredo, Cacalos Garrastazu, Agência Brasil e Maradentro Colaboradores nacionais Múcio Bezerra, Isabel Capaverde, Marcelo Pinto, Vicente Senna, Nícia Ribas, Geraldo Samor, Sérgio Lutz e Tiago Ribeiro Colaboradores internacionais Renata Mondelo, Virginia Silveira, Yume Ikeda, Marta Lage e Ivna Maluly Plurale é a uma publicação da Editora Olympia (CNPJ 07.596.982/0001-75) em parceria com a SA Comunicação Ltda (CNPJ 04980792/0001-69) Impressão: Gráfica Ideal Revista impressa em papel reciclado

Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-39040932 São Paulo | Alameda Barros, 66/158 CEP 01232-000 | Tel.: 0xx11-92310947 Uberlândia (MG) | Avenida Afonso Pena, 547/sala 95 CEP 38400-128 | Tel.: 0xx34-32530708

Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores Copyright Plurale em Revista

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Chegamos a março e A abril. O carnaval passou. E, há 200 anos, no dia 7 de março de 1808, D. João VI desembarcava na hospitaleira e ensolarada cidade do Rio de Janeiro. A sua chegada marcou novo tento na história do País, que deixou de ser apenas um quintal de exploração de riquezas naturais e foi elevado à condição de Império Ultramarino. Ganhamos o Banco do Brasil. Aprendemos a usar talheres, a andar de liteiras, a produzir aqui o que antes era proibido e, com a abertura dos portos, a conviver com outros povos. O resultado foi o desenvolvimento de um "jeitinho" peculiar de ser; o chamado "jeitinho brasileiro", fruto da convivência entre os então súditos com uma Corte européia fugitiva das tropas de Napoleão Bonaparte e que se viu em meio a bananeiras e matas verdejantes, além de um mar e um céu azul profundos. A aventura nada segura dessa redescoberta do Brasil é o ponto de partida dessa edição, na qual trazemos uma entrevista com Sergio Besserman, o irmão do falecido e saudoso Bussunda, e uma reportagem especial sobre o microssseguro. Uma atividade que cresce e dá sustentação a projetos daqueles que sonham construir redes de negócios e contribuem diretamente para o melhor ambiente e a geração de renda. São, afinal, micro, pequenos e médios empresários os maiores empregadores desse País. Reforçamos ainda o convite para a reflexão desses 200 anos formulado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, coordenador do Fórum Nacional que revigora, a cada ano, o pensar com foco no Brasil. Numa América Latina conturbada por crises, algumas de vaidades como a do arrogante presidente colombiano Álvaro Uribe, a colocar em risco a vida de reféns da guerrilha em seu país, pegamos carona em belas imagens tiradas por irmãos argentinos. No melhor estilo "easy rider", aquela turma que saía por aí sem fronteiras e sem destino, eles cruzaram a América Latina e registraram tudo em fotos. Alguns ficaram pelo caminho, em Sana, no Estado do Rio de Janeiro, como relata Múcio Bezerra. Na capa, a força da cana-de-açúcar no debate sobre aquecimento global e mudanças climáticas que reuniu em Brasília parlamentares dos países ricos e emergentes. Que a garapa e a mistura plural desses assuntos tenha o sabor doce da cana caíana. Boa leitura!


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cartas p l u r a l e @ p l u r a l e . c o m . b r

A “Uma delícia o número 4 de Plurale. Li aos poucos, entretida com o debate plural e tão salutar. Gostei especialmente do contraponto de cartas sobre o polêmico projeto da transposição do Rio São Francisco, com Dom Luiz Cappio e a atriz Letícia Sabatella se opondo e o deputado e ex-ministro Ciro Gomes a favor. Interessantíssimo para que cada um forme sua opinião.” Gilda Vieira de Mello, Rio de Janeiro “Fiquei entusiasmado com Plurale: a revista está muito bem elaborada com papel reciclado, ótima paginação, fotografia e artigos muito bem trabalhados. Parabéns e que continuem sempre com este trabalho de altíssima qualidade”. Lucio Marques –Vice-presidente do Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro e Espírito Santo e Diretor Comercial da Previdência do Sul "Há duas grandes recompensas quando se faz um trabalho social: a inclusão de pessoas, que passam a ter o destino nas próprias mãos, e a disseminação de conceitos, que passam a gerar novas iniciativas, numa progressão benéfica a toda a sociedade. Parabéns pela bela matéria sobre as várias iniciativas sociais na comunidade da Mangueira. Possam outras se juntar a estas". José David Martins Júnior, diretor da Bolsa de Mercadorias & Futuros-BM&F "Plurale, tal qual o Programa Social da Mangueira, é fruto da ousadia e da responsabilidade social que precisam pautar às pessoas de bem que querem viver num mundo melhor". Chiquinho da Mangueira, Deputado Estadual e Vice-Presidente de Esportes e Desenvolvimento Social da Estação Primeira de Mangueira "Nesta época, quando muito se fala sobre inclusão e responsabilidade sociais, a Plurale está de parabéns por abrir espaço para mostrarmos à sociedade uma nova maneira de ver e lidar com o mundo." Bárbara Machado, Coordenadora do Programa Social da Mangueira “A revista está um primor! Na qualidade gráfica em papel reciclado, nas fotos e na arte, com belo uso de cor e tipologias, por Simone e Heloneida (apesar do José Dirceu), na outra homenagem verde-rosa e na entrevista praticamente inédita de Cartola. Sem falar nos anunciantes adequadíssimos ao projeto. E valeu o bazar ético! Ótimo! Já estou distribuindo a revista, que vai chegar a cantos e recantos. O povo daqui também adorou! Vida longa ao projeto, vou sugerir pautas. Flavio Lenz, assessor de imprensa da Ong Davida e da Daspu, RJ

Plurale é uma revista extremamente classuda, eclética e bem feita. Tomara que faça muito sucesso. Ivan Sant`Anna, escritor, Rio de Janeiro “Plurale é muito interessante, tanto pelo conteúdo, quando pelo visual.” Luiz Miguel da Rocha, Assessor para Assuntos Políticos e Econômicos e Assessor Interino para Assuntos de Educação e Diplomacia Pública da Embaixada do Canadá, Brasília (DF) “Agradecemos em nome do Governador José Serra o envio de Plurale em revista. Aproveitamos para transmitir os nossos sinceros cumprimentos.” Luiz Carlos de Carvalho Silva Diretor Técnico do Departamento de Gestão da Documentação Técnica do Governo do Estado de São Paulo “Que bela revista! Além do conteúdo interessantíssimo e bem escrito, que prende a atenção do leitor.” Wellington Moreira Franco, vice-presidente da Caixa Econômica Federal “Muito interessante a abordagem do número 4 de Plurale. Só não li o artigo do ex-ministro José Dirceu sobre Heloneida Studart.” Ubiratan Iorio, economista, Rio de Janeiro “Recebi o número 4 de Plurale. Fiquei muitíssimo contente. Ficou genial a revista! Parabéns a todos pelo conteúdo, design, relevância e abordagem dos temas discutidos. Contem comigo sempre que precisarem Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Téo), Professor da PUC Minas (MG) Desejamos sucesso no projeto de Plurale. É uma revista moderna, com um conteúdo muito bom e uma apresentação fantástica” Odin Leandro, Porto Alegre (RS) Parabéns a toda equipe pela revista e suas reportagens que abordam vários assuntos de grande importância para as pessoas. Gostaria de sugerir uma matéria sobre novas idéias e o que elas podem contribuir para a qualidade de vida. Sou inventor e tenho um projeto que pode economizar até 9.000 de água na descarga de banheiro por pessoa por ano. O projeto é uma caixa de descarga com cordinhas para banheiro em dois estágios. A atual descarrega 9 litros cada vez que é acionada. Trocando estas caixas já teremos uma enorme economia. Álvaro Almiro Ignácio, Blumenau (SC)

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MARCIA PIMENTA

PEGADA ECOLÓGICA Como o nosso estilo de vida pressiona a oferta de recursos naturais “O mundo tem o suficiente para as necessidades de todos, mas não para a ganância de todos”. GANDHI, Mahatma

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ltimamente as questões ambientais vêm ganhando cada vez mais espaço na mídia. Costumo dizer que se por um lado isso é bom, porque permite que grande parcela da sociedade se informe a respeito dos problemas ambientais que nos afetam, por outro sinaliza que a crise é grave e todos os dias novos conflitos se estabelecem e são notícia. O aquecimento global é o tema do momento, e a mídia vem cobrindo o assunto com freqüência, embora não contextualize de forma eficiente suas causas e conseqüências. Os efeitos das mudanças climáticas são ameaças que pairam sobre nossas cabeças, mas ao mesmo tempo não sabemos o que fazer para reverter os impactos da degradação ambiental que causamos ao planeta. Embora o aquecimento global esteja no cerne das discussões, a degradação ambiental do planeta assume outras formas, como a desertificação, perda de solo, poluição das águas, buraco na camada de ozônio, contaminação de alimentos e da água por fertilizantes e agrotóxicos, entre outros. Mundialmente estas questões tendem a ser observadas como problemas ambientais, quando na verdade trata-se da falta de uma perspectiva sustentável para o desenvolvimento. Todos estes impactos negativos são frutos dos atuais padrões de produção e consumo, que pressupõem um crescimento infinito sobre uma base finita, que é o planeta Terra. Um modelo que não tem futuro, e celebra o triunfo individual (lucros) sobre os interesses coletivos (saúde dos ecossistemas). Porém, alheios a esta realidade, persistimos em buscar no crescimento

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a solução para o fim da pobreza e da desigualdade na distribuição de renda e exaltamos o aumento do PIB - Produto Interno Bruto - ignorando que este índice não contabiliza a perda dos serviços ambientais dos quais a humanidade depende para sobreviver. Além disso, contabiliza como custos, investimentos em áreas importantes, como a educação. Índices alarmantes do desmatamento da Amazônia divulgados recentemente expõem a fragilidade desse índice. Apontado como o principal responsável pelo desmatamento imoral da floresta Amazônica, o agronegócio responde por 1/3 do PIB brasileiro e foi responsável por 93% do superávit comercial brasileiro de US$ 46 bi, segundo o Ministério da Agricultura. O outro lado da moeda que a mídia não comenta é a concentração de renda, perda de empregos, contaminação do solo e da água pelo uso de fertilizantes e agrotóxicos e a destruição de biomas. E a ameaça só tende a crescer com a febre dos biocombustíveis. No cálculo do PIB nenhuma dessas perdas é computada. Não é difícil concluir que o PIB não é a melhor escolha para quantificar o progresso e o bem estar das sociedades, conclusão que nos leva a buscar outros índices que possam mensurar de uma forma mais realista o desenvolvimento. Para avaliar até que ponto nossos impactos e consumo já ultrapassaram os limites, Willian Rees e Mathis Wackernagel criaram o conceito da pegada ecológica que busca revelar quanto de área produtiva de terra e de mar do planeta é necessário para prover os recursos e assimilar os resíduos gerados pelas atividades humanas. Em 1961, a humanidade usava 70% da capacidade produtiva da Terra. Porém com o crescimento populacional a partir dos anos 80 e o conseqüente aumento do consumo, a capa-


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cidade do planeta em fornecer os recursos necessários para as atividades humanas começou a mostrar-se insuficiente. Por volta de 1999 já consumíamos 25% a mais do que a capacidade de regeneração do planeta. Em outras palavras, o planeta precisaria de um ano e três meses para gerar os recursos usados pela humanidade num único ano. Dessa forma, criamos um déficit insuportável para as gerações futuras. Constatou-se que a área produtiva disponível a cada habitante do planeta é 1,8 hectares (ha), mas hoje os norteamericanos já usam mais do que o quíntuplo, ou seja, 9,71ha. Como será possível equacionar esta questão, se os países do sul, em desenvolvimento, ainda precisam satisfazer necessidades básicas do seu povo, em um planeta que usa recursos naturais além da sua capacidade de regeneração? Optarão os países mais ricos pelo decrescimento em solidariedade àqueles que não têm atendidas necessidades básicas como alimentação, saúde, saneamento e educação? Dificilmente... Apesar de ter alcançado pouca visibilidade se comparado a outros índices, o cálculo da pegada ecológica oferece uma boa pista para entender como países e indivíduos utilizam seus recursos naturais. Individualmente podemos pressionar nossos governantes a adotarem posturas que fortaleçam a sustentabilidade em seus processos produtivos e também calcular como nosso estilo de vida impacta negativamente a capacidade da oferta dos ecossistemas Quer saber qual é a sua “pegada”? Acesse: http://www.footprintnetwork.org/. Além do cálculo, o sítio oferece informações detalhadas sobre metodologia, fontes de dados, hipótese e definições.

Márcia Pimenta é tutora do curso de Instrumentos de Gestão Ambiental da FGV Online

O DILEMA DA AMAZÔNIA O desmatamento elevado está de volta na Amazônia. Após três anos de queda houve uma retomada no ritmo de desmatamento no ultimo semestre de 2007, o que é largamente explicado principalmente pela alta nos preços dos produtos agropecuários especialmente, soja e carne. Em grande parte, a floresta está sendo derrubada para dar lugar à agropecuária porque no curto prazo (e para alguns segmentos econômicos) é mais lucrativa do que as opções sustentáveis de uso da floresta (por exemplo, manejo florestal sustentável). Para entender por que esse problema persiste e porque estamos encalhados há mais de três décadas na busca de uma solução efetiva, é importante olhar um pouco para trás para entender as causas e é só então propor algumas saídas para essa crise. O desmatamento é relativamente recente na história amazônica e foi impulsionado a partir da década 70 pelo governo federal por meio de incentivos para a ocupação e integração da Amazônia ao resto do País. Naquela época o governo pagava para quem desmatasse. De fato, a política oficial era por abaixo metade das florestas existentes nas propriedades. Nas décadas de 1980 e 1990 e o governo reduziu os incentivos para o desmatamento e diminuiu drasticamente os investimentos em infra-estrutura (abertura de estradas, construção de hidrelétricas, linhas de transmissão de energia etc). Porém, ao invés de reduzir o ímpeto a ocupação da fronteira se intensificou com o forte crescimento da atividade madeireira associada ao crescimento da pecuária, e da especulação de terras públicas.

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FLORESTA EM PERIGO Resultado em pouco mais de três décadas, o desmatamento passou de meros 0,5% do território da floresta original (em 1975) para quase 18% ou mais de 730 mil quilômetros quadrados em 2007 (uma área equivalente a soma dos Estados de Minas Gerais e Paraná). Além disso, das florestas que permanecem estima-se que cerca de um terço já tenha sofrido algum tipo de pressão tais como exploração madeireira predatória e incêndios florestais. Isto significa que a situação é muito mais crítica do que sugere apenas os dados do desmatamento. Como qualquer sistema biológico a Amazônia tem um ponto limite (threshold) além do que não será possível recuperá-la. Muitos cientistas temem que se o desmatamento atingir 30% da área total, a Amazônia poderá entrar em um processo irreversível em direção a savanas. As implicações disso para o aquecimento global, ciclos hidrológicos e biodiversidade seriam catastróficas O PAPEL DA FLORESTA AMAZÔNICA A floresta Amazônica tem um papel chave na regulação do clima regional e global Por exemplo, a Amazônia é “provedora” de chuvas o sul-sudeste do Brasil. Isto significa que a maior parte da riqueza brasileira é gerada a partir das chuvas da Amazônia. Chuva que garante as safras do agronegócio nacional. Chu-

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ADALBERTO VERÍSSIMO

vas que abastecem as hidrelétricas do Sudeste e possibilitam a geração de energia que supre o crescimento econômico nacional. Estima-se também A bacia Amazônica (incluindo também os outros países Amazônicos e não apenas o Brasil) abriga entre 120-150 bilhões de toneladas de carbono (acima do solo), os quais se liberados para a atmosfera através de desmatamento poderiam tornar ainda mais catastrófico o aquecimento global.. De fato, o desmatamento e a degradação florestal, principalmente em florestas tropicais, representam 17% das emissões globais dos gases do efeito estufa (GEE) com uma contribuição significativa do desmatamento da Amazônia1.

racional dos recursos naturais. O resultado disso é a proliferação de atividades ilegais e a degradação ambiental (inclusive nas áreas fronteiriças). Na medida em que a fronteira econômica avança na Amazônia torna-se ainda mais difícil para o Estado acompanhar esse processo oferecendo segurança, saúde, educação e ordenamento territorial.

RISCOS E OPORTUNIDADES E se o problema do desmatamento já era crítico na década passada ele agora tende a se agravar. Nesse início de milênio, as forças que atuam na Amazônia são mais complexas e incluem, por um lado, os investimentos com potencial de ampliar o desmatamento e a degradação ambiental, tais como os gastos públicos (principalmente construção de estradas, construção de hidrelétricas, oferta crédito barato), a expansão de assentamentos de reforma agrária (uma política que teima em persistir na região) e o aporte de capital privado para atender o mercado global nas áreas de mineração, agropecuária e exploração madeireira. Por outro lado, há iniciativas de conservação e uso sustentável dos recursos naturais, tais como a criação de Unidades de Conservação, o combate à grilagem de terras públicas e o aprimoramento do sistema de licenciamento, monitoramento e fiscalização ambiental.

Escassez de Políticas Pró-Floresta. Os investimentos na agenda de desenvolvimento florestal sustentável é insuficiente para se contrapor ao modelo do agronegócios. Sem investimento vultuosos e de longo prazo vai ser muito difícil promover a nova economia florestal sustentável na Amazônia.

CAUSAS DO DESMATAMENTO Porque o desmatamento persiste na Amazônia ? A explicação mais plausível é que o desmatamento gera benefícios econômicos e políticos para alguns segmentos com atuação na Amazônia. O Imazon chama isso de padrão de “Boom- Colapso”.Ou seja, nas novas áreas que estão sendo desmatadas (municípios de fronteira) ocorre um rápido e efêmero crescimento na renda e emprego (Boom). Mas os custos são altos com a violência rural e o desmatamento expressivo. No médio prazo (após uma década), os indicadores socioeconômicos pioram e essas regiões entram em colapso social, econômico e ambiental. Esse é o pior dos mundos: natureza destruída e manutenção ou agravamento da pobreza. Há três causas principais para a persistência do desmatamento e degradação ambiental na Amazônia. Economia florestal Incipiente (sustentável) é ainda periférica e, portanto, insuficiente para conter a ocupação baseada no uso predatório dos recursos naturais (exploração madeireira predatória, soja, pecuária etc). Esse padrão é mais comum em Rondônia, Mato Grosso e Pará onde avanço do desmatamento tem gerado o pior dos cenários: recursos naturais exauridos, manutenção ou agravamento da pobreza. Escassa presença do Estado (Governo) para ordenar e promover o uso

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Agenda para uma Amazônia Sustentável Portanto, para enfrentar e domar de vez as forças do Boom-Colapso que impulsionem o desmatamento, a Amazônia precisa de um grande plano de desenvolvimento sustentável capaz de se contrapor ao modelo de rapina em vigor. Para isso o governo precisa conter a agropecuária restrita as áreas já desmatadas ao mesmo tempo em que fortaleça a economia e a conservação da floresta. O governo tem muitos instrumentos disponíveis para fazer isso. Pode por exemplo, condicionar o crédito rural oferecido pelos bancos públicos (Banco do Brasil, Banco da Amazônia e BNDES) somente para os proprietários que respeitem o código florestal, o qual exige 80% de cobertura florestal na propriedade, e para aqueles que estejam com suas terras legalizadas e cadastradas nos órgãos ambientais. O fundamental é deve haver mudanças de base na economia da


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região. A supremacia das atividades primárias com baixo valor agregado deve ser substituída por uma economia onde os produtos e serviços da floresta sejam valorizados e a renda dessas atividades contribua com a melhoria da qualidade de vida da população. Para isso, é necessário rediscutir as diretrizes do desenvolvimento da Amazônia e ampliar significativamente os investimentos em cência e tecnologia para favorecer a economia da floresta. Iniciativas para reduzir drasticamente o desmatamento e até mesmo cessá-lo por completo (moratória como proposta pelas principais ONGs com atuação na Amazõnia) devem ser perseguidas no curto prazo. Esse esforço deve reunir não apenas o governo, mas também o setor privado, as organizações sociais e ambientalistas, assim como toda a sociedade brasileira. Para garantir o cumprimento dessa política, o governo pode por em prática as tecnologias já disponíveis que permite monitorar com imagens de satélite as propriedades rurais e, portanto, saber em tempo quase real, quais são os proprietários que estão respeitando ou não a lei. Outras medidas precisam ser contempladas incluindo o aprofundamento das ações de combate à grilagem de terras e a suspensão definitiva de novos assentamentos de reforma agrária. Precisa também aprofundar as ações em curso de ordenamento territorial e garantir que as áreas protegidas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação) sejam efetivamente implementadas. O desafio de manter a integridade da floresta amazônica é imenso e urgente. As ameaças contra a floresta persis-

tem e se ampliam com o avanço da fronteira. De fato, se não forem adotadas medidas mais profundas de natureza econômica para valorizar a floresta em pé, o ciclo do “boom-colapso” poderá gerar impactos ambientais severos ao mesmo tempo em que agrava a situação social na Amazônia. As oportunidades para promover um desenvolvimento com base na floresta é que melhore a qualidade de vida da população e o respeito à natureza estão presentes, mas precisam evoluir do caráter piloto e periférico para o pilar central da vida política, econômica e social da região. Por último, tão importante sobre o que fazer é como fazer. Além de medidas de grande alcance e que precisam ser tomadas logo, o governo precisa aproveitar esse momento de crise para construir um pacto político envolvendo todos os segmentos representativos interessados no desenvolvimento sustentável e conservação da Amazônia. Sem um pacto político mínimo e um plano vigoroso de investimento na floresta, o problema do desmatamento não terá solução. Mas, é preciso agir rápido, com persistência, pois algumas medidas levam tempo para vingar e com disposição de enfrentar os interesses menores de grupos para fazer valer os interesses maiores e fundamentais do País.

Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon

A TELEFONIA TOCA

NA

FECHAMENTO PUBLICITÁRIO 5 DE MAIO DE 2008


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Enrevista

SérGio

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O IRMÃO DO BUSSUNDA, SONHA COM UM RIO DE JANEIRO VERDE E COM PASSEIOS DE

BICICLETA

TEXTO [MARCELO PINTO] FOTOS [DIVULGAÇÃO]

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ma tese de mestrado sobre o governo Vargas o levou para o BNDES. “Na época, o primeiro prêmio funcionava como concurso público”, esclarece o economista Sérgio Besserman Vianna, 50 anos, que após ser diretor de planejamento da estatal, passou pela presidência do IBGE, até ser convidado pela prefeitura do Rio de Janeiro para dirigir o Instituto de Urbanismo Pereira Passos (IPP).

O episódio do BNDES, na verdade, revela a síntese entre teoria e prática expressa na vida deste carioca, capaz de conciliar paixões variadas – e quase sempre complementares – como ambientalismo, justiça social, História, Flamengo e Rio, a cidade, aliás, para a qual projeta, hoje, seu pensamento e sua ação como presidente do IPP. Professor da PUC-RJ desde 1984, Besserman, que há cerca de 15 anos estuda as mudanças climáticas do planeta, é também membro da ONG World Wide Found for Nature (WWF) e secretário-executivo do Protocolo do Rio, programa da prefeitura para amenizar os efeitos do aquecimento global na cidade. Além de promover a educação ambiental entre os alunos da rede municipal de ensino, outro desafio assumido por ele é o de devolver ao Rio o título de detentor da maior floresta urbana do mundo, hoje pertencente à cidade do Cabo, na África do Sul. Para isso, projetou a união de dois parques florestais: Pedra Branca e Tijuca. “Já estamos reflorestando no ponto em que elas se encontram, depois vamos criar uma ponte ecológica, mais pelo lado simbólico, claro, porque os macacos, pássaros e outros bichos não vão precisar disso para migrar de um lado pro outro”, explica, Besserman, sem perder o humor. Para ele, o principal “ativo econômico” da Cidade Maravilhosa está no verde. Fale de seu trabalho à frente do Instituto Pereira Passos. O IPP tem um papel importante na cidade do Rio. Fomos a primeira cidade do Brasil a fazer um seminário técnico, em parceria com o laboratório de gestão territorial da UFRJ, sobre mudança global do clima. Pessoalmente, tem sido uma benção essa oportunidade, porque eu sempre trabalhei no macro: na juventude, quando eu queria fazer a revolução mundial, e depois na macro-economia brasileira. Esta é a primeira vez que tenho a chance de descer a um grau de concretude e de detalhe da atividade profissional, numa cidade espetacular, complexa, que me permite conhecer bairros, favelas e atividades setoriais diversas. O IPP é único no Brasil. Nosso esforço é conciliar as duas personalidades do instituto: a diretoria de urbanismo, que lida com as áreas de planejamento da cidade, com as intervenções urbanísticas; e a diretoria que trata de informação, conhecimento e gestão, mais ligada à minha experiência na área de estatística e cartografia – próximo ao que eu fazia no IBGE. O IPP, aliás, tornou-se o principal case de uso das informações censitárias do IBGE em âmbito municipal. O Rio foi também a primeira cidade brasileira a fazer seu inventário de emissão de gases do efeito estufa, em 1998. Este ano vamos atualizar esses dados para fazer um primeiro comparativo. Além disso, há espaço e é conveniente para a cidade um crescimento constante da rede cicloviária. A cidade detém hoje a maior malha cicloviária do país e a segunda da Améri-

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Entrevista ca Latina. Porém, mais do que o crescimento das linhas, estamos investindo em iniciativas como os bicicletários. Acaba de ser firmada parceria com a Sul América Seguros nesse sentido (N.R.: a empresa investirá R$ 3 milhões na instalação, revitalização e ampliação dos bicicletários). Cogitamos implantar, ainda em 2008, um programa com bicicletas públicas, que deu certo em Paris. Vamos adaptar à nossa realidade. E vamos investir no “software” também, ou seja, na educação da população para o uso da bicicleta. As informações e ações geradas pelo IPP têm sido divulgadas pela web e através de publicações. Basta entrar no Google e digitar Armazém de Dados que você entra no mais completo site de informação sobre um município brasileiro. Hoje, 80% da população mundial vive em cidades. Qual o papel das metrópoles na adoção de medidas para enfrentar o aquecimento global? Não apenas o mundo, mas o Brasil tem uma população fortemente urbana. Se você utilizar o critério do IBGE, de população que vive no perímetro urbano, o número vai a 80%. Portanto, as agressões ao meio ambiente que originalmente eram locais, progressivamente tornaram-se regionais. A chuva ácida da América do Norte, por exemplo, vem da Europa ocidental e da Escandinávia. Mas, na segunda metade do século XX, e cada vez mais, as agressões passaram a ser, também, globais. A mudança do clima, a degradação dos oceanos, a crise de água doce, a desertificação, o buraco da camada de ozônio e a crise de biodiversidade são agressões com uma dinâmica global. Com esse percentual de população urbana, o enfrentamento da crise ambiental, principal item da Agenda do século XXI, passa obrigatoriamente pelas cidades. Passa por mudanças, inicialmente, na forma de fazer as coisas, na direção de uma maior eficiência, maior sustentabilidade. Mudanças no próprio modo de ser das cidades. É isso o que nós vamos passar a ver. E no caso do Rio, por diferentes razões, a questão do meio ambiente é fundamental. Em primeiro lugar, porque a essência do Rio é essa dinâmica maravilhosa entre ambiente construído e ambiente natural. Em segundo lugar, por razões econômicas. O “verde”, na medida em que se torna escasso no planeta, adquire maior valor. Ele é hoje o principal ativo da cidade do Rio de Janeiro, se pensarmos num horizonte de tempo considerável. Não estou falando de quantas pessoas vêm visitar a Floresta da Tijuca. Isso também é importante. Mas a marca da cidade, a forma como o Brasil e o mundo vêem a cidade, passa por aí. Por razões históricas, não só relacionadas à manutenção do verde, somos hoje uma região metropolitana com 12 milhões de pessoas. E é evidente que para a população pobre, ou alguns desses milhões, seria muito mais econômico ocupar o verde. De algum modo, embora o crescimento demográfico pressione, a cidade conseguiu manter seu verde. Hoje, não se trata mais de propiciar acesso a ambientes saudáveis, mas do fato de que o meio ambiente da cidade está ligado ao acesso à água potável e à saúde de seus habitantes. O IPP tem uma tradição de apoio nesse setor, principalmente depois que o Rio criou, de forma pioneira no país, sua secretaria de Meio Ambiente. Desde então, o IPP, pelo lado do pensamento urbanístico, da cartografia e das estatísticas, trabalha junto com esta secretaria. Mais recentemente, recebemos a incumbência de participar de programas, projetos e políticas públicas

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relacionadas com a sustentabilidade da cidade. Esse trabalho é integrado com outras secretarias além da do Meio Ambiente. A gente costuma dizer aqui que o IPP é como o Gérson (meio-campista da seleção tricampeã de 70). Se o Gérson ficasse lá na frente a coisa não funcionava, porque aí o Jairzinho e o Pelé iam ter que jogar atrás. Então nosso papel, como qualquer órgão que trabalha com informação e planejamento, é participar junto com as diversas secretarias. Quem faz o gol é o executivo, e isso pode ser também através das secretarias de Urbanismo, de Educação, de Transportes. Com eles nós participamos de atividades cujo foco é a sustentabilidade da cidade. Qual sua avaliação do movimento ambientalista hoje? Houve um momento importante no início da década de 90 que, a seguir, foi sendo diluído pelas diversas crises da economia mundial e, posteriormente, pela eleição de George Bush para a presidência dos EUA. Esse refluxo do tema na agenda interrompeu a crescente percepção de que as agressões ambientais, especialmente a mudança global do clima, são não só muito graves como também de enfrentamento urgente. O movimento ambientalista não só tem pressionado efetivamente políticas públicas locais – nacionais –, como também é um exemplo embrionário de sociedade civil organizada no plano global, através de ONGs como o WWF, Greenpeace, Conservation International etc. Sua contribuição extrapola as questões ambientais para fazer parte da construção de uma globalização mais democrática. Ainda assim, parece importante que no século XXI o movimento ambientalista evolua para uma participação menos compartimentalizada e mais integrada às discussões da economia e da política mundial. O licenciamento ambiental tem sido acusado de travar o desenvolvimento econômico? O licenciamento ambiental não é entrave nenhum ao desenvolvimento econômico, pelo contrário. É preciso não confundir falhas nas leis, equipes técnicas de análise


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desfalcadas ou sem meios de trabalho, com os problemas decorrentes da necessidade de licenciamento. É incrível como empresas grandes, que às vezes gastam fortunas com os estudos de viabilidade econômico-financeira dos projetos, ainda realizem trabalhos precários e mal arranjados quando se trata de atender às exigências do licenciamento ambiental. Até a queda do Muro de Berlim, a grande utopia era o socialismo. Ser revolucionário hoje é lutar por um mundo sustentável? Acompanhei o prefeito do Rio César Maia na última reunião do C-40 (que reúne as 40 maiores cidades do mundo na luta contra o aquecimento global), em Nova Iorque. Lá estavam também o prefeito de Curitiba, Beto Richa, e o de São Paulo, Gilberto Kassab. E lá eu vi o prefeito de Londres, Ken Livingstone, conhecido internacionalmente como “Ken, o vermelho” (original da ala esquerdista do Partido Trabalhista, ele saiu do partido para se candidatar à prefeitura, ganhou a eleição e voltou ao partido). Nessa reunião, em que eram discutidos temas como reflorestamento, gestão de lixo e transportes, eu vi o prefeito de Londres dizer: “No século XXI, o vermelho é verde”. Claro, seria um ato de covardia intelectual e política não olhar de frente para a queda do Muro de Berlim e o fracasso do socialismo real. Isso não me impede de dizer que eu sou uma pessoa de esquerda, tanto pelo lado do combate à desigualdade, quanto por acreditar que o grande desafio do século XXI é colocar o caráter ecologicamente destrutivo do capital sob controle, em nível planetário. Por exemplo, todo mundo tem que reduzir as emissões dos seus gases de efeito estufa, tanto a população norte-americana quanto a chinesa ou brasileira. Há necessidade crescente de controles globais também em relação à água e em questões não ambientais, como a desigualdade global e a opressão de culturas locais. É preciso democratizar a globalização. Hoje, ela é uma globalização só dos mercados. A questão ambiental é decisiva, embora não seja propriedade da esquerda. Há uma esquerda que não percebe a importância da discussão ambiental e continua com uma visão de progresso basicamente de acumulação quantitativa e despreza o tema ambiental. Assim como há uma direita moderna. O líder da União Européia com a proposta mais radical para redução da emissão de gases é a chanceler alemã, a democrata-cristã Ange-

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Entrevista la Merkel. Na Alemanha, inclusive, o chanceler anterior, o social-democrata Gerard Schroeder, ganhou a eleição com o tema do aquecimento global. A população australiana fez seu governo aderir ao Protocolo de Quioto. O mesmo pode ocorrer nos EUA, após a eleição presidencial? Claro que eu torço para que ganhe um candidato democrata, mas quem decide isso é o eleitorado. E já está decidido. O programa ambiental do (John) McCain, por exemplo, é muito bom, assim como o programa do governador da Califórnia, o Schwarzenegger, ambos republicanos. Mas quem provocou essa mudança, de fato, foi a consciência do eleitorado. Bush contribuiu para isso? Ajudou com sua radicalização, ao ponto de censurar um dos heróis do combate ao aquecimento global, o cientista James Hanson, da Nasa, que após ter um relatório alterado virou herói. Junto com a rejeição a várias de suas políticas, com destaque para a Guerra do Iraque, veio uma enorme rejeição ao seu comportamento na questão da mudança global do clima. Bush enfim recuou. É um recuo envergonha-

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do, tímido, mas já é um primeiro prego batido. Qual a importância do relatório do IPCC? O século XXI começou no dia 2 de fevereiro de 2007, com a divulgação do relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Mas não por causa do relatório em si, pois ele não tem tanta novidade científica – apenas traz mais certeza e mais detalhe, o que sem dúvida facilitou o entendimento do impacto na vida das cidades. O fundamental mesmo foi o surgimento da opinião pública mundial, embrião de uma futura sociedade civil planetária. Pois foi a primeira vez que as parcelas mais bem informadas das populações da África, América Latina, Ásia, Europa, EUA, Rússia, Japão, prestaram atenção ao relatório de uma rede internacional de cientistas, produzido para a ONU, e reagiu ao que foi divulgado. Leia mais: http://www.rio.rj.gov.br/ipp (IPP)http://www.armazemdedados. rio.rj.gov.br (Dados do Rio)http://portalgeo.rio.rj.gov.br/ protocolo.index.asp (Protocolo do Rio)


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PELO BRASIL SURFANDO NA ACADEMIA

A prática do surfe ganha espaço para além das ondas. Com o crescimento do mercado mundial, a modalidade iniciada por reis taitianos em 900 D.C. gera, atualmente, milhões de empregos ao redor do mundo. No Brasil, só o surfwear movimenta um faturamento

UVA BRASILEIRA

EM SOLO AFRICANO

anual na ordem de R$ 2,5 bilhões. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e

Em breve, três novas cultivares de uvas brasileiras sem

de Confecção (Abit), os segmentos relaciona-

sementes - BRS Linda, BRS Clara e BRS Morena, desenvolvidas

dos à moda praia representam 15% da indús-

pela Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves,RS), serão culti-

tria têxtil nacional.

vadas em solos africanos.

Para entender este mercado, a USP - Uni-

A iniciativa foi garantida pela assinatura do contrato entre

versidade de São Paulo, iniciou em março o

a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

curso Surfe: Administração, Marketing e

empresa vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e

Gestão de Negócios. Com a realização do Ins-

Abastecimento e a Colors Fruit Ltd.

tituto Brasileiro de Desenvolvimento do Surf

Além do continente africano, as cultivares sem sementes

(IBRASURF), em parceria com a Escola de

também têm despertado o interesse de outros pólos produto-

Educação Física e Esporte da USP, o curso terá

res tradicionais de uva de mesa, como Chile e Espanha, que

a carga horária de 42 horas.

já negociam o direito de uso.

Reconhecidamente prática de convívio

No final de outubro de 2007, Tersia Marcos, diretora de pes-

saudável com a natureza, o surfe agora

quisa e desenvolvimento da Colors Fruit, assinou o contrato

entrou, de vez, para a academia.

de cooperação técnica na presença de pesquisadores da

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Embrapa Uva e Vinho e de Ana Paula A. Vaz, pesquisadora e Edison Antonio Bolson, gerente do Escritório de Negócios de Campinas da Embrapa Transferência de Tecnologia. Este contrato prevê a realização dos tes-

EM DEFESA DO

BOTO

TEXTO [AGÊNCIA BRASIL]

|

FOTO [DIVULGAÇÃO]

tes de VCU (Valor de Cultura e Uso) e procedimentos para a proteção das três cultivares de uva na África do Sul. Segundo Bolson, trata-se de uma excelente oportunidade de negócios, com a divulgação e inserção no mercado mundial, dos produtos desenvolvidos pela Embrapa. "Garantimos os direitos de propriedade intelectual sobre as cultivares brasileiras e também protegemos nossos viticultores da concorrência no mercado com nossas próprias variedades", comenta Umberto Camargo, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e

Apesar de ser proibida por lei federal desde 1987, a pesca de

coordenador da equipe de melhoramento

botos na Amazônia continua sendo praticada. De acordo com o

genético de videira.

Instituto Chico Mendes, na fronteira Brasil-Colômbia, a

Durante sua visita à Estação Experimental de Viticultura Tropical da Embrapa Uva

pesca

desses animais foi intensificada nos últimos anos, o que caracteriza uma preocupante situação de caça predatória na região.

e Vinho, localizada em Jales (SP), Tersia

Para combater esse problema, um grupo formado por repre-

Marcos participou do processo de degus-

sentantes do Instituto Chico Mendes, do Instituto Brasileiro do

tação de novas seleções de uvas de mesa sem

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do

sementes.

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas e ainda de instituições ambientais colombianas dará início ao Plano de Ação Emergencial para Redução e Interrupção da Caça de Botos-da-Amazônia. O plano inclui uma série de atividades, a começar pela identificação e fiscalização das áreas críticas e pelas ações de educação ambiental na região. De acordo com o analista ambiental do Instituto Chico Mendes, Paulo Flores, o problema se intensificou há pelo menos um ano, quando brasileiros descobriram que poderiam comercializar na Colômbia um peixe característico da Amazônia.

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PELO BRASIL

muito além do ZIRIGUIDUM TEXTO [EISABEL CAPAVERDE]

cadeias produtivas da economia

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de bens intangíveis. De 1999 a 2000, eles estudaram a economia da cultura no Rio de Janeiro, concluindo que o setor representa

Aos que ainda torcem o nariz para os cinco dias em que o país lite-

cerca de 4% do PIB do estado

ralmente pára e só quer cantar e dançar é bom dizer que existe no car-

fluminense. Mais adiante, de 2002

naval, em especial no carnaval carioca, uma rica e promissora cadeia pro-

a 2005, o grupo se debruçou sobre

dutiva. Durante cerca de dois anos um grupo de pesquisadores coorde-

a economia da música, também

nados por Luiz Carlos Prestes Filho estudou minuciosamente as etapas da

no estado do Rio de Janeiro,

folia que no Rio de Janeiro culmina com os desfiles das escolas de sam-

reconhecendo a cidade de Con-

ba na Avenida Marquês de Sapucaí. Citando um dos trechos da pesqui-

servatória, capital mundial das

sa, que se transformará em livro a ser lançado em junho desse ano, "tra-

serestas e serenatas como um APL

ta-se da fabricação, forçando a analogia, de um entretenimento. Desde a

- Arranjo Produtivo Local de entre-

produção da matéria-prima que será transformada em fantasias e carros

tenimento. No estudo que o gru-

alegóricos, passando pela elaboração de projetos criativos, por obtenção

po formado por Sérgio Cidade de

de recursos financeiros, divulgação e marketing, até a recepção pelo públi-

Rezende, Carlos Saboya Monte,

co do produto final - o grandioso desfile - miríades de fases são percorri-

Clarissa Alves Machado, Sydney

das para entrega ao consumo do entretenimento procurado. Poderia se

Limeira Sanches, Antônio Carlos

dizer que emoção e encantamento são, de fato, o produto final procura-

Alkmin, Pedro Argemiro e Jair

do pelo consumidor".

Martins de Miranda, fez a respei-

Essa não é a primeira incursão de Prestes Filho e equipe - que se man-

to da economia do carnaval cario-

tém basicamente com os mesmos pesquisadores há dez anos - por

ca, a grande descoberta foram às

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nal de Atividades Econômicas. Mas reconhecemos que de 1999 para cá houve avanços. Hoje já existe dentro do BNDES um departamento de economia da cultura. Também há na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Rio de Janeiro, uma superintendência cuidando do assunto. E o IBGE está lançando estudos sobre a economia da cultura. Nossa equipe colaborou na mudança da maneira de olhar a cultura no país". Entre os elos da cadeia produtiva do carnaval carioca mencionados no estudo, estão atividades indiretas como o turismo, o audiovisual, as indústrias fonográfica, editorial, gráfica e de bebidas, o entretenimento. Também os direitos de propriedade intelectual e de imagem, as políticas públicas (investimentos em infraestrutura, fomento e incentivos fiscais), os desfiles de blocos e bandas, o comércio e exportação, além das atividades sociais, culturais e profissionais. Sintetizando, os pesquisadores estimam que em valores aproximados, a folia no Rio de Janeiro mobilize uma massa de trabalhadores não inferior a 500 mil pessoas movimentando bordadeiras de Barra Mansa. "Ao visitar o site da cida-

mais de R$ 700 milhões. Números que segundo eles,

de, quando se fala da economia de Barra Mansa

poderão ser melhorados havendo continuidade dos pro-

encontramos apenas o setor industrial, com destaque

jetos sociais em andamento, fazendo da festa criada pelo

para empresas como Nestlé, Metalúrgica Matarazzo,

povo brasileiro uma fonte de novas e maiores riquezas.

Du Pont do Brasil e outras instaladas na região. Em

se depender de Prestes Filho a próxima pesquisa do

nenhum momento, são mencionadas as bordadeiras

grupo irá ultrapassar as fronteiras do estado do Rio de

locais que produzem em torno de 39 milhões de

Janeiro. "Estive em Nova Jerusalém, em Pernambuco,

peças por ano, injetando cerca de R$ 50 milhões na

e fiquei muito impressionado com A Paixão de Cristo.

economia. Mais da metade do que elas produzem, ou

Em meio ao sertão pernambucano, o espetáculo que

seja, 53% são vendidos para as escolas de samba do

acontece em dez palcos, é visto por um público de 12

Rio. Aproximadamente 28% vão para as escolas de

mil pessoas que se desloca na mais absoluta escuridão

samba de São Paulo e o restante da produção é

por aquela cidade cenográfica, com o maior respeito

exportado para a França, Portugal, Inglaterra, Estados

pelo trabalho e sem acontecer um acidente. No entor-

Unidos e Japão", conta o coordenador da pesquisa,

no há milhares de barracas com artesanato, CDs, comi-

Prestes Filho.

da, enfim, comercializando de tudo. Tive, inclusive, uma

Além das descobertas, Prestes Filho acredita que

reunião com o responsável por Nova Jerusalém, Rob-

a maior contribuição dos estudos que sua equipe tem

son Pacheco. Minha idéia é desenvolver um projeto

realizado - primeiro dando uma visão macro da eco-

sobre a economia dos eventos religiosos de Pernambu-

nomia da cultura e depois visões mais específicas por

co. Somente no estado existem 350 representações da

segmentos - seja a criação de uma metodologia sobre

Paixão de Cristo. Isso significa a geração de centenas

o assunto. "A cultura é um setor da economia que

de empregos, enfim, uma outra cadeia produtiva a ser

infelizmente ainda não está listado no Catálogo Nacio-

estudada".,

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reportagem especial

SOCIAL

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MICROSSEGURO PROMOVE INCLUSÃO.

EXPECTATIVA É DE GRANDE POTENCIAL DE CRESCIMENTO DESTE

MERCADO

TEXTO [SÔNIA ARARIPE] FOTO [DIVULGAÇÃO]

J

á ficou muito claro para a maioria dos brasileiros que o Estado todo-poderoso, capaz de garantir o presente e prover o futuro dos cidadãos não existe. Quiçá algum dia existiu. Assim, seguindo modelos de países desenvolvidos, brasileiros começam a ter a cultura de formar e zelar pelo seu futuro. No lugar de esperar, deitado em berço que nada tem de esplêndido, a atitude tem sido cada vez mais partir para a ação e formar, por si próprio, prudentemente, garantias de um futuro sem sobressaltos. Diante do déficit da Previdência, milhares de consumidores decidiram fazer um plano de previdência privada complementar, provocando um boom neste tipo de mercado. De algum tempo para cá, diante da melhoria da renda e da estabilidade do emprego, chegou a vez dos seguros populares. Com preços a partir de R$ 10 ao mês, existem apólices que podem garantir a proteção não só de pessoas, mas também de bens. O próximo movimento esperado será o do chamado microsseguro, voltado para massas, com forte apelo social. Há quem defenda, por exemplo, a ligação do microsseguro ao programa Bolsa Família, dando uma proteção para a família caso a figura principal – homem ou mulher – venha a falecer. Outra idéia para disseminar o novo produto é envolver não apenas lojas voltadas para a classe popu-

lar, mas também o Terceiro Setor, contando com a ajuda de ONGs, associações de moradores e igrejas. Baseado em conceitos de mutualismo e do cooperativismo, inspirado no microcrédito do indiano Muhammad Yunnus, o microsseguro apenas engatinha em solo verde-e-amarelo. Poucas empresas já estão operando produtos que ainda nem chegam a ser considerados exatamente nesta categoria: estão mais próximos dos seguros populares. Especialistas explicam que, antes de avançar, será preciso debater amplamente modificações e os benéficos deste mercado para que realmente possa se multiplicar. “Este é um mercado para massas. E, como tal, precisa ter um arcabouço completo voltado para a massificação”, explica Pedro Bulcão, diretor da Sinaf Seguros, voltada, desde a sua fundação, há 25 anos, para o público popular. A companhia vende seguros de vida tradicionais e ganhou fama pelos produtos que oferecem auxílio funeral, principalmente para as classes C, D e E. Com a experiência de quem conhece como a palma da mão as peculiaridades em discussão, Bulcão adverte que há muito a ser estudado. Por exemplo: a tributação que incide sobre todos os seguros, que, se continuar assim, no caso do microsseguro pode acabar inviabilizando-o. Há também a questão dos canais de venda e, principalmente, as exigências de capital para as seguradoras operarem e a facilidade para vender e registrar o ocorrido (ou sinistro, como se diz no mercado de seguros). “Já vi concorrente vendendo este tipo de seguro simplificado com débito em conta e carência de 12 meses. Não dá. Muitas vezes, este cliente nem tem conta. Imagino que é um mercado para algumas seguradoras com expertise neste nicho operarem. E não obrigatoriamente para todos”, questiona Bulcão. A Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg) e a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) estão acompanhando o debate de perto, com grande intereresse e importante participação. O presidente da Fenaseg, João Elisio Ferraz de Campos, destaca o papel social do seguro como um todo e especificamente do novo segmento. “Nosso setor, em qualquer lugar do mundo, sempre cresce mais e melhor nas economias equilibradas, com indicadores sociais elevados. Se compararmos a produção do mercado segurador com os índices de desenvolvimento humano, vamos observar que quanto maior o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano ) de um país, maior a busca pela proteção dos seguros. Em outras palavras: menos pobreza, mais seguro.” O dirigente da Fenaseg lembra que, além de proteger pessoas e garantir patrimônios, o seguro tem a capacidade de formar poupança para investimentos de longo prazo. Formando uma espécie de colchão de segurança para a economia, ajudando no crescimento sustentado. “As reservas, constituídas pelo patrimônio líquido e pelas provisões técnicas das companhias, se situam hoje na casa dos R$ 175 bilhões, número que deve dobrar nos próximos três anos.” Com a definição das regras do microsseguro, este crescimento será ainda mais acelerado. O presidente da Fenaprevi, Antonio Cássio dos Santos, conhece bem a experiência de outros países que

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reportagem especial estão mais avançados nesta matéria, como China, Índia e alguns da América Latina e África. Por onde passa, em congressos e seminários, ele tem sido chamado para opinar sobre o tema. Nestas palestras, o líder segurador apresenta as peculiaridades próprias de um produto que precisa ser vendido para gente simples, sempre de forma simples. Assim, vendedores de lojas populares e agentes comunitários estão mais acostumados a lidar com este público de baixa renda. Nova categoria de corretores também pode ser criada, os microcorretores, mas este é outro tema a ser debatido. Quanto às possíveis fraudes, Antonio Cássio, que também é presidente da Mapfre no Brasil, garante não haver motivos para assustar ou afugentar empresas interessadas no ramo. “É gente humilde sim, mas que honra seus compromissos.” Se os números recentes indicam forte crescimento da economia, principalmente puxado pelo consumo – através do crédito –, economistas acreditam que agora pode ser boa hora para planejar. Avançar além do imediatismo da compra a prazo (muitas vezes por impulso), para se preocupar em prover, em assegurar a tranqüilidade futura de si e, principalmente, da família. Ainda mais em um quadro de cidades violentas, inseguras, agitadas e de pouca qualidade de vida. É neste cenário que o microsseguro se encaixa. E qual o tamanho deste mercado? Projeção da especialista da Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão regulador de seguros, Regina Lídia Simões, coordenadora de Relações Internacionais e que participa dos grupos de discussões em fóruns internacionais sobre microsseguros, é que o potencial seja de cerca de 100 milhões de pessoas. Este contingente, de acordo com dados do IBGE, ganha de um a três salários mínimos. Ao contrário de outros países, onde o microsseguro tem um caráter principalmente rural, no Brasil, lembra Regina, a maior concentração destas pessoas é em áreas urbanas, em grandes cidades. A Susep está criando um grupo de trabalho para debater todos estes aspetos, com participação de integrantes do mercado. A Escola Nacional de Seguros (Funenseg) também está estudando o potencial do microsseguro. Contratou o economista francês Jean-François Estienne, professor da Escola Nacional de Seguros e Resseguros da França, para desenvolver este trabalho técnico. “O microsseguro e o seguro de vida popular devem ser confirmados dentro das prioridades do Governo e do mercado. Os órgãos governamentais, o setor acadêmico, corretoras e ONGs poderão trabalhar juntos na área do microsseguro e da assistência social”, recomenda Estienne. Recentemente, a Funenseg publicou revista técnica sobre o tema. Lúcio Marques, diretor comercial da Cia. de Seguros Previdência do Sul, participou do debate. “O microsseguro é uma necessidade, um desafio. Precisamos vencer este desafio imposto pelos organismos de fomento internacionais, privilegiar os menos favorecidos e transformar tudo isto em uma grande e rentável oportunidade.” O professor Cláudio Contador, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Funenseg, considera muito relevante o papel do governo neste debate. “O microsseguro deve ser visto como instrumento social. E aí, o Estado precisará estudar alguma forma de incentivo. Pode ser, por exemplo, no Bolsa Família.” Contador acrescenta ainda que em se tratando de seguro, o lado social, de proteção é importantíssimo. A idéia de trazer o microsseguro para próximo do Bolsa Família não chega a ser nova. O economista René Garcia, ex-titular da Susep, hoje professor da Fundação Getúlio Vargas, foi um dos primeiros a citar esta possibilidade. “Pode ser uma boa idéia. Mas o que defendo é que as pessoas precisam pagar nem que seja uma parcela muito pequena para dar valor. É possível, por exemplo, pensar um microsseguro por R$ 3,00 ao mês, atingindo uma camada da população hoje inteiramente descoberta. Se for um contigente de 10 milhões de brasileiros, por exem-

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plo, o microsseguro atingirá seu papel social e terá volumes mais do que expressivos”, calcula Garcia. O presidente da Fenaseg, João Elisio Ferraz de Campos, chegou a apresentar oficialmente a proposta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, aliás, tem se mostrado um entusiasta da idéia do microsseguro como ferramenta de inclusão social. Pedro Bulcão, da Sinaf Seguros, também bate na tecla da relevância do papel social de um seguro que pode ser a única alternativa para uma família em momento crítico. “O pai morre e a esposa não sabe como fará para garantir o sustento dela e dos filhos. A indenização cai do céu na hora certa. É determinante para definir se aquela família vai conseguir se manter ou acabará engrossando a linha abaixo da pobreza.” Rodolfo Ern, Superintendente Técnico de Novos Negócios da Bradesco Auto/RE, observa que o microsseguro não é um produto específico, nem uma linha de produtos. “É o instrumento de transferência de riscos que provê cobertura contra os perigos a que estão submetidas às pessoas de baixa renda, em troca de pagamento do prêmio adequado à cobertura dada. É a mesma definição do seguro normal, exceto que dela consta expressamente que ele é desenhado para as pessoas de baixa renda.” Há alguns meses, uma comitiva de seguradores e especialistas esteve na China para ver de perto o que acontece por lá em termos de microsseguros. “Lá, o Estado incentiva. E a indenização é paga em dinheiro porque muitos nem têm contas”, conta Paulo Tomáz, diretor da Federação Nacional de Corretores (Fenacor), que estava no grupo. Diante de toda expectativa em torno do impacto que o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, possa ter na economia e principalmente para as populações mais carentes, Tomáz sugere que o microsseguro deveria ser pensado rapidamente para pegar uma “carona” nesta fase. “Hoje, infelizmente, o traficante exerce o papel de agente social forte naquela comunidade. Ajuda no enterro, em uma necessidade. Com o Esta-


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reportagem especial do presente e o microsseguro ativo, seria uma boa oportunidade de mostrar o papel social deste produto”, sugere o diretor da Fenacor. O debate está em curso. E o mercado aguarda, ansioso, a luz para trilhar o caminho. Várias empresas esperam posicionamento mais preciso das autoridades para entrar neste nicho. Considerando as características deste público mais popular, o produto precisaria, na avaliação de Rodolfo Ern, da Bradesco Auto/RE, ter um valor a ser pago (o chamado prêmio no mercado de seguros) baixo. Portanto, o suposto lucro seria muito pequeno em uma apólice isolada. “Assim, uma operação bem sucedida pressuporia um grande volume de apólices. Neste sentido, seria uma operação massificada”, insiste. E que fatores deveriam ser garantidos? Rodolfo Ern enumera vários: criar uma cultura de seguro entre as pessoas de baixa renda; compreender as necessidades de cobertura daquele mercado; envolver o próprio mercado no desenho de produtos simples endereçados a ele; conseguir, atuarialmente, o custo adequado; educar o mercado, conseguir a sua confiança e mantêla; encorajar as reclamações de sinistros (apólices simples de compreender, simplicidade no aviso de sinistros e rapidez no seu pagamento); grande universo de segurados e altas taxas de renovação (manutenção da clientela); maximizar eficiências e, finalmente, trabalhar com perspectivas de longo prazo. Assim, avalia o dirigente da Bradesco, o tamanho do caminho a ser percorrido no Brasil vai depender do grau de sucesso em se alcançar simultaneamente estes fatores. O desafio está lançado. As partes envolvidas - mercado segurador, Governo e sociedade civil – já começaram a debater a importância de avançar na criação da cultura do seguro.

EXPERIÊNCIAS BEM-SUCEDIDAS Não foi por acaso que o economista indiano Muhammad Yunnus ganhou o Nobel da Paz de 2006. Ele deixou bem claro para o mundo que o pobre precisa de oportunidade e não de esmola. Criou o modelo de microcrédito e no lugar do “peixe”, deu condições para que cada um pudesse ter sua “vara de pescar”. Começou emprestando seu próprio dinheiro e, em algum tempo, criou uma rede azeitada de empréstimo para quem tinha garra e disposição, mas não se encaixava no perfil tradicional para ter acesso aos recursos. Foi reconhecido mundialmente e o case virou sucesso global. Os programas de microcrédito na Índia já beneficiaram 32 milhões de pessoas, com um volume total de US$ 1,5 bilhão. O microsseguro é baseado em princípios bem parecidos que inspiraram Yunnus. Está ligado especialmente ao falecimento do provedor da família – portanto, costuma ser um seguro de vida – mas pode ter outras características. Pode também ajudar a quitar dívidas do falecido, nos moldes do chamado seguro prestamista. Na Índia, também é possível fazer um tipo de apólice popular para proteger as vacas sagradas. Outra opção é o auxílio funeral. Na China, país com força agrícola, há também esta modalidade. Lá acontecem grandes catástrofes naturais e várias enfermidades causadas por animais. O microsseguro funciona muito bem: valores baixos, rapidez no atendimento, pagamentos imediatos e, normalmente, em dinheiro vivo.

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TOM jobim

HÁ 50 ANOS, NASCIA A BOSSA NOVA. O MAESTRO ANTÔNIO CARLOS BRASILEIRO JOBIM, NA BELA FOTO DE OTTO STUPAKOFF, FOI O SEU MAIS IMPORTANTE MENESTREL. FICA AQUI, A HOMENAGEM NA IMAGEM QUE A AGÊNCIA DE PUBLICIDADE LEO,BURNETT TROUXE DE VOLTA EM FORMA DE EXPOSIÇÃO.

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inclusão social

MÚSICA CLÁSSICA

TEXTO [ISABEL CAPAVERDE] FOTOS [DIVULGAÇÃO]

NEM SÓ COM

APOIAR

MUITOS MILHÕES SE FAZ UMA ORQUESTRA

A primeira impressão de um leigo no assunto - seja empresário ou simples cidadão - é que patrocinar uma orquestra, apoiar um jovem estudante de música clássica é caro, empreitada de milhões e coisa para multinacionais. Afinal, ao assistirmos uma apresentação da OSPA – Orquestra Sinfônica de Porto Alegre ou da OSESP – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo vemos lá no programa patrocinadores como Grupo Gerdau, Souza Cruz, Ipiranga, Vonpar e Eletropaulo Tietê, Hospital e Maternidade São Luiz, Nossa Caixa, Unibanco e Votorantim, respectivamente. Para o consagrado violinista, regente e professor Bernardo Bessler, que há quase 20 anos se dedica a projetos sociais de inclusão pela música, é preciso desmistificar essa idéia. “Existem muitas formas de apoio. Pode-se dar apoio financeiro a um projeto de aulas para um pequeno grupo de crianças, um projeto de criação

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É PRECISO e manutenção de uma orquestra jovem. Também viabilizar infra-estrutura para projetos já em andamento com a cessão de espaço para ensaios. Com R$ 2 mil mensais, por exemplo, é possível conceder bolsas para jovens talentosos que não tem acesso ao estudo da música. Ou com R$ 10 mil mensais começar a apoiar projetos de iniciativa própria. Enfim, as possibilidades são muitas e podem ser adequadas ao apoiador. Música clássica não é algo inacessível”, esclarece. Carioca, Bessler começou seus estudos de violino aos cinco anos. Aos 14 fazia sua primeira aparição pública como regente fren-

te ao Coral Contraponto. É considerado um dos mais importantes músicos do país, respeitado internacionalmente por crítica e público. Eclético não se restringiu só ao clássico, participando de inúmeras gravações com artistas da MPB como Caetano Veloso, Gal Costa, Egberto Gismonti, Gilberto Gil, entre outros. Além de regente, solista e camerista, ele

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inclusão social

desenvolve atividades didáticas em seu Centro Musical Bernardo Bessler, em Niterói, é coordenador pedagógico da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira, nos projetos patrocinados pela Prefeitura do Rio na Fundação José Bonifácio, na ONG Meninos de Luz (Morro Pavão/Pavãozinho) e no projeto “Vale Música” nas cidades de Corumbá (MS), Belém (PA) e Vitória(ES). “Hoje cuido desde a questão gerencial, passando pelo recrutamento de professores, a adequação acústica do local de ensaios, a grade pedagógica, até a seleção dos alunos. Não se forma um músico apenas lhe dando um instrumento e aulas de música. Essa simplificação é perigosa. O aluno precisa treinar seus sentidos, sua concentração, seu tato. Não só aprender, mas desenvolver sua sensibilidade. No caso dos projetos sociais, o objetivo não é formar grandes músicos, é mudar a forma como as crianças e jovens se relacionam com o mundo. A música vai fazê-los conhecer outras manifestações artísticas, pois para tocar uma peça de Mozart e entender o que está tocando, ele terá que conhecer ópera. Para tocar Mendelssohn, teatro. Quem nunca assistiu um balé não entenderá a música de Tchaikovisk, tão pouco a de Prokofiev se nunca tiver ido ao cinema”. Segundo Bessler, a situação dos projetos sociais focados em música no país é muito heterogênea. “Em alguns falta treinamento aos professores, em outros a metodologia é falha. Mas é importante que se diga que especialmente nas artes, metodologia não se aprende nos livros. Implica em relacionamento humano, em contato pessoal. Às vezes o problema é na formação da orquestra. Mais de dois terços das orquestras é formada por instrumentos de corda e de repente encontramos o inverso, ou seja, 30 flautas e dois violinos. E não é uma questão de custo, pois os violinos são mais baratos que as flautas”. Apesar de não citar nomes, comenta que há bons projetos sendo desenvolvidos na região de Belo Horizonte (MG), alguns no Estado do Rio, muitos bem-sucedidos em São Paulo e belas iniciativas individuais no Nordeste. “Defendo que temos que oferecer oportunidade a todos, democraticamente. Mas não podemos obrigar a todos, porque há jovens que não tem mesmo talento para música. Nesses casos ao invés de elevarmos a auto-estima, corremos o risco do efeito contrário. É necessário identificar os talentos”. Conta como exemplo sua experiência em Corumbá, na escola de artes Moinho Cultural, no projeto de formação da orquestra com crianças brasileiras e bolivianas oriundas de famílias de baixa renda, com idades entre oito e 14 anos. “Quando cheguei lá, tinham crianças inscritas para a música e com talento para balé. Outras com talento para música estavam no balé e o mesmo se dava nas com vocação para o canto. Em resumo: criamos uma orquestra, um coral e um grupo de balé. No final de 2007 fizemos uma apresentação completa, com todas as crianças do projeto e foi lindo ver as famílias emocionadas”. Para ele todas as iniciativas privadas de patrocínio são louváveis, mas sente falta

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de uma política mais elaborada e coordenada na questão cultural. É favorável a criação de centros culturais de bairros, locais para onde as pessoas pudessem se dirigir a fim de aprender música, dança, pintura, escultura. Nada muito complexo, luxuoso e caro. Um espaço adequado às artes, acessível a todos e que fizesse parte do dia-a-dia da população. “A contra-partida seria a diminuição nos índices de violência”.

NA ROTA DA VIA DUTRA Os patrocinadores podem estar mais perto do que imaginamos. Na casa ou até na estrada ao lado. É o caso da Concessionária NovaDutra que há cerca de três anos apóia através da Lei Municipal de Incentivo Fiscal de São José dos Campos, a Orquestra e o Coro Sinfônico Municipais, mantidos pela Prefeitura da cidade através da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Originária de uma oficina de cordas da Fun-

dação, a orquestra foi sendo ampliada até se tornar uma sinfônica em 2004. Em 2006, foi totalmente reformulada e reestruturada, realizando licitação para escolha de músicos e maestro. Já o Coro Jovem Sinfônico oferece 150 vagas para jovens com idades entre 16 e 25 anos, cursando o ensino médio ou superior, que recebem aulas de canto e teoria musical. “Os coralistas que em sua maioria são de comunidades de baixa renda, recebem uma bolsa-auxílio de R$ 75 mensais para custear despesas de transporte e alimentação para participarem de ensaios e aulas. Temos também cursos de música erudita que são gratuitos e abertos a interessados a partir de oito anos, sendo que a orientação pedagógica é do Centro de Estudos Musicais Tom Jobim, de São Paulo”, explica Antônia Vazotto, diretora-presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Com orquestra, coro e cursos a intenção da Fundação é criar oportunidades para que os alunos estudem esse gênero musical, ampliando seu campo de trabalho e colocando São José dos Campos no circuito da música clássica.

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história

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200 anos

aventura da história TEXTO [CARLOS FRANCO]

FOTOS [DIVULGAÇÃO]

DOM JOÃO VI DEIXOU DE HERANÇA A CULTURA, UM BANCO E UM

JEITINHO

DE SER BRASILEIRO

Depois de cinco semanas em Salvador, na Bahia, a esquadara que trouxe ao Brasil Dom João VI, chegou ao Rio de Janeiro no dia 7 de março de 1808. Era o começo de uma nova era, da redescoberta do Brasil e da elevação de sua condição de colônia a Império Ultramarino e, desta, a um país com identidade própria e riquezas próprias. Antes da chegada de D. João VI, o Brasil não passava de uma colônia extrativista. Sua gente não tinha uma visão nacional nem o País tinha importância política. A vida era provisória e os índios, donos de uma identidade única, iniciam o caminho de fuga pelas matas, deixando livre o litoral onde portugueses e aventureiros explorarem e extraírem as riquezas, sonhando regressarem para Europa com as burras carregadas de dinheiro, glória e títulos. A vinda de D. João VI, escoltado pela Inglaterra e fugindo das tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte, colocou o País no mapa do mundo. A viagem tumultuada e o desembarque, no Rio de Janeiro, da família real e da nobreza foi marcada por pitorescas histórias. Uma delas é um dos pontos altos do filme "Carlota Joaquina", de Carla Camuratti, que teve ainda o mérito de reconciliar o público com a produção cinematográfica nacional. É que tomada por piolhos, durante a viagem que durou três meses, mais as cinco semanas de estadia na Bahia, as mulheres da Corte, incluindo Carlota Joaquina, decidiram raspar os cabelhos e usar turbantes. As mulheres dos exploradores locais, que viviam no Rio de Janeiro, ao verem a mulher de S. João VI, suas filhas e toda a nobreza, acreditaram ser aquela a última moda européia e trataram de raspar a cabeça o mais rápido e usarem turbantes. A cessão de casas para a nobreza é outro capítulo à parte. Foi inscrito nas portas o PR, de Princípe Regente, naquelas que foram requisitadas para alojar os nobres. Alguns despejados se orgulharam de ceder suas casas, outras juravam que haviam virado nobres. Mas, além dos fatos pitorescos, a realidade é que a chegada de D. João VI foi um marco. A abertura dos portos, a permissão para a industrialização de produtos aqui, as importações da Europa, a vinda de missões artísticas e a criação do Banco do Brasil, uma rica biblioteca e o Jardim Botânico. Plurale em revista irá abordar esses assuntos nas suas próximas edições, até o fim do ano, onde várias datas serão lembradas, inclusive o Fórum Nacional, coordenado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, que pretenderá debater essa herança. Nessa edição, a história se redime diante do monarca.

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A HISTÓRIA REDIME DOM JOÃO VI TEXTO [CANTONIO VITAL]

Quem assistiu ao filme "Carlota Joaquina", de Carla Camurati, ou à minissérie "Quinto dos infernos", da Rede Globo, deve se lembrar da figura caricata do rei Dom João VI, apresentado como glutão, indeciso, obeso, medroso e dominado pela mulher, Carlota Joaquina. Pois quem acreditou nessa versão pode se preparar para uma grande mudança do personagem. O D. João que está sendo apresentado nas comemorações dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil tem as mesmas características físicas do anterior, mas uma revisão histórica em curso revela uma faceta pouco conhecida do pai de D. Pedro I: o de um estadista tolerante, com visão estratégica suficiente para iludir Napoleão Bonaparte, manter seu trono enquanto praticamente todos os monarcas europeus perdiam os seus e, de quebra, lançar as bases para a transformação do Brasil em país. Sem contar que voltou para Portugal como rei e deixou o filho para fundar outra dinastia aqui. Os 200 anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil, episódio fundamental da nossa história, foram o tema do programa Expressão Nacional, da TV Câmara. Participaram do debate Dom Bertrand de Orleans e Bragança, descendente direto de D. João VI; Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal no Brasil; e os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ), que é historiador, e Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), descendente de José Bonifácio de Andrada e Silva, o "Patriarca da Independência". "A vinda para o Brasil foi uma saída pensada, uma estratégia inteligente", disse D. Bertrand, que se auto-intitula "princípe imperial do Brasil". Ele é o segundo na linha sucessória da dinastia dos Bragança, logo depois de seu irmão D. Luiz, o chefe da família imperial brasileira. Eles são bisnetos da Princesa Isabel e trinetos de Dom Pedro II, que por sua vez era neto de D. João. "Os historiadores do século XIX puniram D. João", admitiu o embaixador de Portugal. Francisco Seixas da Costa ocupou a cadeira ao lado da de D. Bertrand, mas fez questão de deixar claro o fato de ser republicano. Ele falou das conseqüências da vinda da família real para o povo português. "A vinda da corte para o Brasil provocou a massa crítica que resultou no movimento pela constitucionalidade em Portugal", disse. A família real deixou Lisboa em 29 de novembro de 1807, quando as tropas de Napoleão estavam nas cercanias da cidade. Os portugueses se sentiram abandonados e só a proteção de homens armados evitou uma revolta popular. A bordo dos navios, escoltados pela Marinha inglesa, um número que varia de 4 mil a 15 mil pessoas segundo o historiador. Eles deixaram para trás a ameaça de deposição feita por Napoleão Bonaparte em direção a uma colônia que nunca mais seria a mesma. Foi a primeira vez que um soberano europeu pisava nas terras descobertas além-mar. Ao chegar aqui, o futuro rei de Portugal plantou a semente da independência do Brasil – além de abrir os portos, fundar uma escola de Medicina, a Biblioteca Real (Biblioteca Nacional) e a Real Academia de Belas Artes (Museu Nacional de Belas Artes). Sem contar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, inde foram plantadas as primeiras mudas de uma planta que iria revolucionar a eco-

nomia brasileira, o café. Em seu livro recém-lançado, "1808", o jornalista Laurentino Gomes defende a tese de que, caso D. João VI não tivesse fugido de Portugal para o Rio de Janeiro, o Brasil não existiria como é hoje. "Provavelmente teria se pulverizado em pequenas repúblicas, como aconteceu com a América espanhola. Seria uma constelação de países irrelevantes na América do Sul, cuja liderança caberia à Argentina", arrisca. A cidade que primeiro viu a família real foi Salvador, em janeiro. Lá, D. João abriu os portos da até então fechadíssima colônia. Isso beneficiou em um primeiro momento a Inglaterra, elevada à categoria de parceira comercial prioritária em detrimento de Portugal, que ficou literalmente a ver navios. A chegada ao Rio ocorreu em março de 1808. Na cidade de 60 mil habitantes, 40 mil eram escravos. Na época, navios despejavam entre 18 mil e 22 mil escravos por ano no mercado do Valongo, no Rio. Chico Alencar considerou a escravidão uma chaga que atrasou até mesmo o desenvolvimento econômico do país. Mas, no início do século XIX, a escravidão era o motor da economia, ainda basicamente extrativista. Tanto que o Palácio da Quinta da Boa Vista, onde D. João passou a morar, foi um presente do traficante de escravos Elias Antônio Lopes. A ajudinha, para Laurentino Gomes, tinha razão de ser em função dos altos custos de manutenção de uma corte cara e perdulária. Em um relatório escrito em 1817, o embaixador alemão von Flemming afirmava que "nenhuma outra corte tem tantos empregados, guarda-roupas, assistentes, servos uniformizados e cocheiros". D. Bertrand não concorda com a afirmação. "A Corte não tinha cabide de emprego como a República", disse, ao negar o excesso de gastos. "Mas de onde vinham os recursos?", perguntou Chico Alencar. De acordo com o livro "1808", vinham dos comerciantes agraciados com favores reais e do recém-fundado Banco do Brasil, que acabou praticamente falido de tanto emitir moeda sem lastro. "O grande legado da vinda da corte portuguesa para o Brasil é a democracia cristã", concluiu Bonifácio de Andrada. A história tem múltiplas interpretações. Mas, para D. João, está começando a ser levada a sério avaliação já sugerida pelo próprio Napoleão Bonaparte em suas memórias: "Foi o único que me enganou". Antonio Vital é apresentador do programa Expressão Nacional, da TV Câmara.

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Ponto

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EDUARDO NEVES MOREIRA

PORTUGAL E O DESMATAMENTO NO BRASIL

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Na história da preservação ambiental no Brasil, verifica-se que, diferentemente do que passou a ocorrer no século XX, principalmente na segunda metade do século, quando se acentuou o processo de desmatamento das florestas brasileiras, sempre assistimos ao surgimento de determinações e atos governamentais cujo teor tinha por objetivo a manutenção das riquezas florestais do território brasileiro. Apesar das agressões ao meio ambiente, verificadas em grande parte do território brasileiro e mais acentuadamente na região amazônica, o país ainda mantém 64,9% de suas florestas primitivas, o que ainda lhe dá autoridade bastante para rebater as críticas que lhe têm sido formuladas pelos defensores das políticas anti-desmatamento e em particular pelas instituições internacionais que lutam pela preservação do meio ambiente. Em recente artigo, publicado no jornal “O Estado de São Paulo”, o Dr. Evaristo Eduardo de Miranda, Chefe geral do projecto “Embrapa Monitoramento por Satélite”, acaba por nos trazer uma série de dados históricos sobre como, desde o descobrimento, Portugal sempre adotou medidas governamentais visando a preservação das florestas encontradas, além das medidas de plantação de novas espécies de vegetação, algumas das quais, passaram, desde há séculos, a fazer parte da paisagem do “habitat” brasileiro. Desde o século XVI, foram as Ordenações Manuelinas e Filipinas que primeiro estabeleceram regras e limites

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para exploração de terras, águas e vegetação. Havia listas de árvores reais, protegidas por lei, o que deu origem à expressão “madeira de lei”. O Regimento do Pau Brasil, de 1605, estabeleceu o direito de uso sobre as árvores, e não sobre as terras. As áreas consideradas reservas florestais da Coroa não podiam ser destinadas à agricultura. Essa legislação garantiu a manutenção e a exploração sustentável das florestas de pau-brasil até 1875, quando entrou no mercado a anilina. Ao contrário do que muitos pensam e divulgam, a exploração racional do pau-brasil manteve boa parte da Mata Atlântica até o final do século XIX e não foi a causa do seu desmatamento, que ocorreu muito tempo depois. Os manguesais foram protegidos por um alvará real de Dom José I, expedido em 1760 e em 1797, uma série de cartas régias consolidou as leis ambientais: pertencia à Coroa toda mata à borda da costa, de rio que desembocasse no mar ou que permitisse a passagem de jangadas transportadoras de madeiras. O surgimento dos Juízes Conservadores, aos quais coube aplicar as penas previstas na lei, foi outro marco em favor das florestas. As penas variavam podendo ser de multa, prisão, degredo e até pena capital para os incêndios dolosos. Também foi criado o Regimento de Cortes de Madeiras, que estabeleceu regras, bastante rigorosas, para a derrubada de árvores, além de outras restrições à implantação de roçados.


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A primeira unidade de conservação, o Real Horto Botânico do Rio de Janeiro, foi criado por D. João VI em junho de 1808, possuindo mais de 2.500 hectares, hoje reduzido a apenas 137 hectares. Uma Ordem, de 9 de abril de 1809, deu liberdade aos escravos que denunciassem contrabandistas de pau-brasil e um Decreto de 3 de agosto de 1817, proibia o corte de árvores nas áreas das nascentes do Rio Carioca. Em 1830, o total de áreas desmatadas no Brasil era inferior a 30 mil km². Hoje se corta mais do que isso a cada dois anos. Em 1844, o então ministro Almeida Torres propôs desapropriações e plantios de árvores para salvar os mananciais do Rio de Janeiro. Por Decreto Imperial, em 1861, do imperador Dom Pedro II, foi dado início ao plantio da Floresta da Tijuca. Essa política florestal da Coroa portuguesa, continuada pelo Império brasileiro, conseguiu manter preservada a cobertura vegetal do território até ao final do século XIX, sendo notório que o desmatamento brasileiro se iniciou no século XX, começando por São Paulo, Santa Catarina e Paraná, estendendo-se numa marcha para o oeste, atingindo assim e aos poucos quase a totalidade do território nacional. O que fica absolutamente claro é que, enquanto Portugal geria o território brasileiro, sempre houve uma política voltada para a preservação ambiental, antecipando-se à política recentemente implantada pela maioria dos países, de estímulo à manutenção das florestas e do meio ambiente. A verdade é que essa política colonial é a principal razão por ter o Brasil, hoje, 28,3% das florestas mundiais, podendo em breve, desde que observadas e devidamente fiscalizadas as políticas ambientais vigentes, vir a ter cerca de 50% de todas as florestas primárias do planeta, tal é o nível de desmatamento que se observa em todos os continentes.

Eduardo Neves Moreira Presidente do Elos Clube do Rio de Janeiro Ex-Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Brasil Agência Brasil

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Contra Ponto

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XICO GRAZIANO

VISÃO

SOBRE OS DESMATAMENTOS

t

odos estão certos, ninguém tem razão. Assim se parece a discussão sobre o desmatamento na Amazônia. Dados desencontrados, governo perdido, acusações múltiplas. A hiléia sucumbe na incompetência coletiva. O assunto começou a embaralhar a opinião pública quando, há dois anos, numa jogada política, o Ministério do Meio Ambiente declarou que a queda no desmatamento, então apontado, era obra do seu governo. Não era crível. Analistas da matéria, incluindo boas organizações ambientalistas, sabedoras da inépcia governamental, creditavam o arrefecimento da devastação à crise da agropecuária. Na época, a arroba do boi amargava o pior preço em 30 anos. Os parlamentares ruralistas defendiam, na Câmara dos Deputados, a criação da CPI da carne, para averiguar a formação de cartel entre os frigoríficos. Na soja, a quebradeira era geral, motivada pela sucessiva queda do dólar. Por duas vezes seguidas, os agricultores semearam a safra com câmbio melhor, colhendo a produção em pior situação, estraçalhando sua renda. Em Mato Grosso, o custo do frete e os buracos nas rodovias recomendavam nem plantar. Segundo afirmava Marina Silva, porém, o ciclo da agropecuária era irrelevante. ?Fomos nós?, assegurava a Ministra, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à frente, Polícia Federal atrás, posando de heroína. O desmatamento estava sendo controlado ?como nunca na história deste país?... Uma chatice. Agora que aumentou o fogaréu, virou no avesso o argu-

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mento. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), antes impoluto, se vê desacreditado pelo governo. E a culpa da desgraceira recai, vejam só, sobre o boi e a soja. Quando a notícia é positiva, sorte, a responsabilidade cabe ao governo federal. Piora o quadro, azar, lavam-se as mãos, culpa da agropecuária. Política da lorota. A virtude, sempre, mora no meio. É certo que medidas positivas de fiscalização se implementaram, a começar das malfadadas guias florestais, substituídas por sistema eletrônico no comércio de madeiras. Sabe-se que muita sem-vergonhice ainda se esconde por detrás desse famigerado mercado de toras. Mas melhorou, sem dúvida, o controle público. É igualmente inegável que a expansão das pastagens e da sojicultura pode acelerar o desmatamento. A ?moratória da soja?, porém, pacto assinado entre grandes traders (que comercializam 92% da leguminosa do País) e entidades ambientalistas, Greenpeace à frente, amainou o estrago. Quem plantou soja em terrenos desmatados, após julho de 2006, dificilmente encontrará bom comprador. Quem é do ramo sabe que, normalmente, após a derrubada da mata virgem surge a pastagem. O solo recém-desbravado impede a mecanização. Muita gente planta arroz ou milho, espécies gramíneas como o pasto, para ?abrir? o terreno, ainda cheio de tocos e raizame. Somente no cerrado amazônico a lavoura de soja se instala de imediato. Processo distinto ocorre na floresta úmida e densa. Como se sabe, a Amazônia legal, uma invenção dos militares, define um território maior que o ?bioma Amazônia?. A região de Rondonópolis (MT), por exemplo, conta na Amazônia, mas é dominada pelo cerrado. Cuidado com os conceitos. Na floresta densa, ao contrário do cerrado, a rapina ambiental chega muito antes da agropecuária. Entender esse ponto é fundamental. Quando vem a derrubada, em corte raso, as serrarias já extraíram a melhor madeira de lei. Primeiro, caem as cobiçadas árvores de mogno, ipê e cedro. Depois, deitam o jatobá e a maçaranduba. Tudo escondido.


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IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE

WWW. REVISTAPUBLICITTA. COM. BR

IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE IMAGEM | CONSUMO | ATITUDE O crime ecológico, quando detectado pelo satélite do Inpe, estoura na mídia e bate na cara do agricultor, mas apenas resvala nos verdadeiros ladrões da floresta. Aqui, no comércio da valiosa madeira, reside a origem do problema. Ou se enfrenta a lógica dessa economia perversa ou nada restará da floresta amazônica. Esse processo histórico, um conluio entre o poder público e o privado, madeireiros e proprietários rurais, posseiros e assentados de reforma agrária, exige duas formas de controle: primeira, a fiscalização do transporte, vistoriando os caminhões nas rodovias que partem da Região Norte. As cargas são volumosas, notórias. A polícia, armada nas barreiras, não pega ladroagem se não quiser. Segunda, urge reduzir o uso da madeira de lei na construção civil, substituindo-a por floresta plantada (pinus e eucalipto) na confecção de telhados e que tais. São Paulo consome 15% do rico lenho extraído da Amazônia. Nos tempos de aquecimento global, esse costume, quase uma adoração, pelo uso da madeira de lei, inclusive na movelaria, precisa ser repensado. Gosto antigo, oligárquico. Calma. Para liquidar o assunto falta ainda burilar num dogma: a legislação agrária do País continua confundindo floresta com terra improdutiva. Resultado: para escapar da reforma agrária, ao adquirir uma mata virgem, o proprietário manda derrubar, rápido, tudo o que puder. Vem sendo assim desde os anos 60, com o Estatuto da Terra. Ora, os tempos mudaram. Terra de onça não pode ser sinônimo de latifúndio. É verdade que, averbando a Reserva Legal à margem da escritura, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) fica impedido de considerá-la improdutiva. Nesse caso, a área preservada fica exposta, sem perdão, aos invasores de terra. Triste sina. A corrente da devastação somente se inverterá quando um pedaço de floresta, mantido em pé, valer mais que tombado. A equação é complexa, dispensa raciocínio fácil. Um dia a sociedade vai premiar, e não castigar, a conservação ambiental.

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Xico Graziano, agrônomo, é secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. E-mail: xico@xicograziano.com.br Site: www.xicograziano.com.br

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Fórum Nacional

DEBATE Plural TEXTO [SÔNIA ARARIPE] FOTO [DIVULGAÇÃO]

FÓRUM NACIONAL DE REIS VELLOSO COMPLETA 20 ANOS DE DEBATES E APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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assados os “anos de chumbo”, o exercício da democracia, do diálogo, nos anos 80 precisava urgentemente ser exercitado. Mas diante de tantos anos de autoritarismo não foi fácil criar este espaço. Um encontro plural anual conseguiu praticar a ação de dar voz e repercussão a diferentes interlocutores. Coube a um ex-ministro de governos militares, João Paulo dos Reis Velloso, autor dos famosos Planos Nacional de Desenvolvimento Econômico – primeiro e segundo PND – e criador do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), a missão de praticar este ofício. Com a crença de um abnegado religioso e a obstinação de quem sabe fazer História, Reis Velloso formou um dos mais famosos think thanks tupiniquins. Com fama internacional. Contou com o apoio de intelectuais de matizes diversas e patrocinadores fiéis. Como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), onde são sempre realizados os encontros, além de uma dezena de empresas privadas e estatais. Logo no primeiro, em 1988, percebeu que não seria tarefa fácil. “Um grupo não aceitava a presença do presidente fundador do Partido dos Trabalhadores. Fiz pé firme. Disse que sem o Plínio de Arruda Sampaio, não teria Fórum. Deu certo. Ele veio, foi um bom começo e estamos aí até hoje promovendo os debates e apresentando propostas para o país”, conta Reis Velloso à Plurale em revista. O PT participou ativamente não só do primeiro Fórum, mas de outros, assim como economistas de várias tendências. Centros de saber como a Unicamp, USP, Fundação Getúlio Vargas, UFRJ, etc se alternaram em propostas nos últimos 20 anos. Também participaram ativamente as autoridades, políticos e empresários. Foi em uma solenidade de abertura do Fórum, em 1998, que o então presidente Fernando Henrique discursou para uma platéia lotada de cerca de 400 pessoas. Estava tão à vontade que chamou de “vagabundos” os aposentados pelo INSS que seguiam a regra, mas paravam de trabalhar com idade inferior a 50 anos. “Pessoas que se aposentam com menos de 50 anos são vagabundos e se locupletam de um país de pobres e miseráveis", afirmou o então presidente FHC. A imprensa – que sempre acompanhou todos os debates com disposição – alardeou a polêmica. Lembrou que o próprio professor perseguido pela Ditadura aposentou-se nesta faixa de idade e poderia, portanto, ser considerado, “um vagabundo”. As histórias são tantas e tão interessantes que renderiam um livro. Mais uma para a extensa coleção editada pelo Fórum que enche prateleiras não só na sede do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), associação civil, sem fins lucrativos, que realiza o Fórum, mas também de gabinetes ilustres. Em Brasília, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em bibliotecas de todo o país. O prestígio pessoal do fundador é certo. Nos últimos 20 anos não houve um só encontro que não fosse aberto por um presidente da República. Lá estiveram, portanto, José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. A lista de ministros de Estado e do Judiciário é tão extensa que ocuparia outras tantas páginas. Economistas e intelectuais também

foram vários. O modelo é simples: estudos com propostas, ou policy papers, como o ministro prefere chamar, são apresentados a cada rodada. E debatidos. Depois, a peça de resistência é apresentada na forma de livro para a sociedade. Antigamente era só um encontro a cada ano. Depois, o Fórum passou a ter mais do que uma edição anual, englobando discussões tão atuais como a violência urbana e a falta de segurança, a desigualdade social, a política do conhecimento, informática, saneamento, reforma do Judiciário, etc. Este ano, entre 26 a 30 de maio (a programação completa pode ser conseguida no site http://forumnacional.org. br/sec.php?s=110&i=pt), quando todos voltarem a se reunir para debater o futuro do Brasil, uma novidade: refletir sobre o amor em tempos de desamor, homenageando o poeta britânico John Donne . Para quem não se lembra, é de Donne o célebre “nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo, cada homem é parte do continente, parte do todo...” inspirou, mais tarde, o poeta Ernest Hemingway. E agora, inspira também o Fórum. O tema central este ano será “Um novo mundo nos Trópicos”, baseado em Gilberto Freyre, debatendo os 200 anos de independência econômica. “Procuramos sempre estar à frente, trazer inovações, mas também nos basear nos clássicos. Os livros nos ensinam muito”, sugere Reis Velloso, dono de um saber inestimável. As reformas começaram a ser debatidas no Fórum muitos anos antes dos tempos atuais. Também a proposta de um pólo exportador no Nordeste. Sem falar na parte socioambiental. Foi assim, com voz fraca, corpo franzino, mas memória aguçada aos 77 anos, que este ilustre filho de Parnaíba, Piauí, conseguiu conquistar interlocutores internacionais e colecionar amigos. A cada ano o time de “estrelas” é de fazer inveja a muitos seminários orçados com verbas realmente siderais. O Fórum já trouxe ao Rio de Janeiro, por exemplo, Helmut Schmidt, Robert

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Fórum Nacional McNamara, Manuel Castells, Barry Eichengreen e vários intelectuais russos. Para maio deste ano a grande estrela é o Nobel de Economia de 2006, o americano Edmond Phelps. Não foi tarefa fácil convencê-lo a aceitar o convite. O cachê verde-e-amarelo passa longe do padrão global ao qual um Nobel está acostumado. Foi preciso, então, partir para o jeitinho brasileiro. E rezar. Reis Velloso sempre mantém sua fé. “Já tinha oferecido tudo o que poderíamos. Até hotel tradicional em Copacabana. Ele apenas balançava a cabeça e não falava nada. Foi quando vi dois livros de um mesmo autor em cima da mesa dele. Foi a minha salvação.” O ex-ministro tinha lido, no original, os dois livros de um historiador americano. E foi certeiro. “Disse que um livro era excelente, mas o outro... E também fiquei calado.” O economista americano se despediu polidamente, agradeceu o convite, pedindo um tempo para pensar e consulta a esposa. A estratégia deu certo. Alguns dias depois, Phelps aceitava o convite. E assegurou que o comentário sobre os livros tinha sido decisivo. Alguém ainda duvida da capacidade de persuasão pelo debate do “pai” do Fórum?

depoimentos ... "O Fórum Nacional, liderado pelo ministro João Paulo dos Reis Velloso, vem ao longo dos últimos vinte anos contribuindo para o enriquecimento e aprofundamento do debate de questões fundamentais para o desenvolvimento do país, não só no campo econômico, mas também no social, político, cultural e educacional. Um debate rico que, pautado pela diversidade de idéias e opiniões, colabora para a construção de uma agenda de interesse público, em prol do desenvolvimento econômico e social do Brasil". Luciano Coutinho, presidente do BNDES

“Diante dos desafios cada vez mais complexos com que se defronta a economia brasileira, o Fórum Nacional é um dos poucos eventos do tipo que procura discutir a fundo esses desafios, procurando ouvir todos os lados, tendências, e inclinações políticas diversas.” Raul Velloso, economista

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“A iniciativa do exministro foi um dos marcos na minha vida de repórter. A megacobertura anual sempre foi vista por nós, jornalistas, como sinônimo de muito trabalho, mas também muito aprendizado. Freqüentei muitos fóruns e neles acompanhávamos, com atenção, as palestras de ministros, consultores e economistas convidados pelo anfitrião ilustre. A cobertura era intensa e agitada nos corredores do andar da Presidência do BNDES. Era uma correria só. Ali, os jornalistas faziam muitas fontes para matérias futuras, disputavam os famosos “papers” e as cobiçadas entrevistas exclusivas. Era um ambiente rico em informações e análises econômicas. Velloso soube introduzir a política nestes debates convidando figuras de relevo do Congresso. E deu-lhes também um viés social. Apesar da cobertura intensiva, o Fórum foi o primeiro espaço democrático aber-

to para se discutir os problemas do país, após o governo militar. Coincidentemente, isto foi uma realização de um ministro que serviu aos generais Médici e Geisel, mas que soube aproveitar o cargo para tomar iniciativas à la Getúlio Vargas. Nos seus mandatos, no tempo do verde-oliva, nos anos de chumbo, Velloso, que sempre teve os olhos voltados para o futuro, criou o Ipea e ajudou a tornar realidade a indústria de bens de capital brasileira com o 2º PND, sustentado com recursos do BNDES. Uma obra inesquecível para o Brasil”. Vera Saavedra Durão Repórter Especial, Valor Econômico

“O mais importante espaço aberto de debate sobre as grandes questões que confrontam o país”. Cláudio R. Frischtak, economista

“Como repórter de Economia da Gazeta Mercantil, que fui durante quase vinte anos, cobri para o jornal praticamente todos os fóruns realizados pelo ex-ministro Reis Velloso ao longo dos últimos vinte anos. O debate dos grandes temas nacionais se aprofundava, ganhava maior força e repercussão nos principais jornais do país, garantindo, muitas vezes, as manchetes do dia. Para mim, um aprendizado muito rico profissionalmente e pessoalmente. Há dois anos na assessoria de imprensa do BNDES, tenho a feliz oportunidade de continuar a acompanhar o Fórum nacional, que tradicionalmente se realiza no Banco.” Lívia Ferrari, jornalista, assessora do BNDES


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O DESCOBRIMENTO É O PRIMEIRO PASSO NA EVOLUÇÃO DE UM HOMEM OU DE UMA NAÇÃO

OSCAR WILDE

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GRANDES DESCOBERTAS E PROGRESSOS INVARIAVELMENTE ENVOLVEM A COOPERAÇÃO DE VÁRIAS MENTES

ALEXANDER GRAHAM BELL PERDER TEMPO EM APRENDER COISAS QUE NÃO INTERESSAM, PRIVA-NOS DE DESCOBRIR COISAS INTERESSANTES

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE A VERDADEIRA VIAGEM DA DESCOBERTA CONSISTE NÃO EM BUSCAR NOVAS PAISAGENS, MAS EM TER OLHOS NOVOS

MARCEL PROUST MEU PRIMEIRO LIVRO FOI O MAPA DO BRASIL

HEITOR VILLALOBOS

GRANDES DESCOBERTAS E PROGRESSOS INVARIAVELMENTE ENVOLVEM À COOPERAÇÃO DE VÁRIAS MENTES

GRAHAM BELL

SE FIZ DESCOBERTAS VALIOSAS, FOI MAIS POR TER PACIÊNCIA DO QUE QUALQUER OUTRO TALENTO

ISAAC NEWTON O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES."

TOM JOBIN

OS TRÊS MAIORES GÊNIOS BRASILEIROS, NA MINHA OPINIÃO: ALEIJADINHO, MACHADO DE ASSIS E VILLA-LOBOS, SÓ FORAM PORQUE FORAM PROFUNDAMENTE BRASILEIROS.

CELSO FURTADO 41


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PELO MUNDO TEXTO [WAGO FIGUEIRA]

RECICLE SUAS ROUPAS TEXTO [WAGO FIGUEIRA] A reciclagem de roupas ganhou forte apelo nos mercados internacionais mais maduros, como Londres. O fenômeno conhecido como "fast fashion", aquelas pessoas que economizam até na comida para comprar produtos de grifes e são tomadas por uma febre consumista, ajuda a indústria,

CELULAR VERDE VIRÁ PÉ DE BAMBU

mas empresas preocupadas em cons-

A busca pelas novas tecnologias ecologicamente corretas

truir uma imagem de sustentabilidade

parece não ter fim. Desde que o aquecimento global virou

estimulam a reciclagem.

assunto diário em todos os jornais e as campanhas institucio-

Como na Inglaterra a quantidade

nais se rechearam de precoupações com o meio ambiente,

de roupa descartada chega a 1 milhão

não param de inventar gadgets verdes para amenizar a

de tonelada por ano, algumas iniciati-

situação. Agora o que esta IN é manter-se GREEN.

vas começam a ganhar corpo.

O brinquedinho da foto é um belo exemplo de toda essa

A sofisticada Marks & Spencer, por

onda verde. Ele é um celular feito de plástico biodegradável,

exemplo, ganhou visibilidade com

extratos de bambu e milho. Quando é jogado fora, existe um

campanha que estimular seus consu-

invólucro dentro dele que contêm sementes e gera novas

midores a reciclar o armário e as rou-

mudas de bambu onde for plantado. O designer holândes

pas, levando as peças para serem

Gert-Jan van Breugel foi quem surgiu com essa idéia, a fim de

entregues na rede, com a exigência

contrapor os danos que a fabricação do celular têm para o

de que pelo menos uma peça tenha

meio ambiente.

sido comprada na loja. O consumidor

Para carregar o gadget, basta dar corda. 3 minutos é o bas-

pode acompanhar a reciclagem dessas

tante para uma ligação. A desculpa que a bateria do celular aca-

peças que serão doadas para a

bou não existe com ele, é energia inacabável. E além de tudo,

Oxfam's, uma instituição de caridade

a natureza agradece.

das mais respeitadas de Londres.

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EUROS ESPANHA

ECOLOGIA RENDE NA

TEXTO [VIRGÍNIA SILVEIRA - MADRI]

A rede espanhola de supermercados Bon Preu, presente na região da Catalunha, dará dois centímos de euro a seus clientes, por cada dez euros de compra, se não utilizarem sacolas de plástico para guardar suas compras. O objetivo da campanha, segundo a rede, que conta com o apoio da Agência de Resíduos da Catalunha e da Fundação Catalã para a Prevenção de Resíduos e Consumo Responsável, é conscientizar seus clientes sobre a necessidade de não utilizar sacolas de plástico e de reduzir em 10 milhões o número de sacolas utilizadas em 2008. Com a campanha intitulada “ Melhor que uma sacola de plástico”, Bon Preu pretende reduzir em 20% o consumo anual de sacolas de plástico na rede, que atualmente gira em torno de 51 milhões de unidades. Da mesma forma o grupo quer reduzir em 25% a quantidade de plástico usada na fabricação das referidas sacolas. Segundo um estudo da Agência de resíduos da Catalunha, a região consome ao redor de 10 milhões de sacolas de plástico por semana. Ao invés das sacolas de plásticos, a rede Bon Preu oferecerá aos seus clientes a opção de levar suas compras em sacolas recicláveis e biodegradáveis, além de estimular o uso de carrinhos ou cestas de compra levados pelos próprios clientes. O grupo Bom Preu possui um total de 110 estabelecimentos de alimentação na Catalunha, distribuídos entre as empresas Bonpreu, Esclat e Orangután. O projeto da rede Bon Preu é uma iniciativa pioneira na região da Catalunha, mas a Agência de Resíduos da região espera que ele se torne um acordo de referência para o setor. Desde 2004 a agência apóia 115 projetos para reduzir o consumo de sacolas de plástico em entidades locais e sem fins lucrativos, além de universidades

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PELO MUNDO MICROCRÉDITO NA MODA TEXTO [YUME IKEDA - TÓQUIO]

África que usa a dignidade do trabalho para combater a pobreza, promover desenvolvimento equilibrado, maximizar seus recursos e ter a responsabilidade de criar o futuro. Youssou N’Dour, um dos cantores africanos mais conhecidos e um homem comprometido com projetos humanitários, comenta: “Minha experiência pessoal me ensinou a perceber que quando um empréstimo, mesmo pequeno, é usado para desenvolver uma idéia ou realizar um projeto, é um caminho efetivo para o combate da pobreza. Por isso todo mundo deveria entender o valor do micro-crédito. A África não quer caridade, quer subsídios financeiros”. Alessandro Benetton, vicepresidente executivo do Grupo Benetton, disse, em comunicado à imprensa. os motivos que

É sempre a mesma coisa. A grife italiana Benetton lança uma campan-

o levaram a apoiar esse proje-

ha publicitária e o mundo abre os olhos, inclusive aqui, onde são amen-

to. “Nós escolhemos apoiar e

doados. A campanha de 2008, cujo mote global é Africa Works, chama a

promover este importante pro-

atenção para a força do microcrédito. Foi lançada, em fevereiro, no Sene-

jeto porque, diferente dos tradi-

gal, em conjunto com a cooperativa de crédito Birima, do cantor senegalês

cionais atos de solidariedade,

Youssou N´Dour.

ele oferece apoio tangível para

O fotógrafo James Mollison, que sucede o famoso Arturo Toscanini,

pequenos produtores regionais

retratou trabalhadores africanos com as ferramentas de suas empresas. Den-

através do uso efetivo do

tre os trabalhadores estão um pescador, um decorador, um músico, um

micro-crédito. “

joalheiro, um fazendeiro, um alfaiate, dois vendedores têxteis e um boxeador, entre outros. Essas pessoas comuns se tornam símbolos reais de uma

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Oxalá outros sigam esses exemplos.


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PARLAMENTO EUROPEU

CINQÜENTÃO TEXTO [IVNA MALULY DE BRUXELAS, BÉLGICA]

Nas celebrações dos 50 anos do Parlamento Europeu (PE), no dia 12 de março, os presidentes do PE, da Comissão e do Conselho destacaram os poderes conquistados pela instituição parlamentar ao longo de meio século, bem como o exemplo de democracia na história da União Europeia. Com o Tratado de Lisboa, os poderes do PE serão ainda mais alargados, a par dos desafios de servir mais de 500 milhões de cidadãos europeus. Na cerimónia que decorreu no hemiciclo de Estrasburgo, o atual presidente do PE, Hans-Gert Pöttering, recordou o "longo caminho de parlamentarismo europeu" percorrido nos últimos 50 anos, com avanços "a par e passo e com muita paciência". A instituição reuniu-se pela primeira vez a 19 de ,arço de 1958, então com o nome Assembléia Parlamentar Européia. A celebração – antecipada para dia 12 para coincidir com a sessão plenária de Estrasburgo – contou com a presença de antigos presidentes do PE, deputados dos vários parlamentos nacionais e presidentes de outras instituições européias. "Há quase 50 anos, no seu discurso inaugural, o primeiro presidente, Robert Schuman, disse que a Assembleia Parlamentar Européia tinha um papel fundamental no desenvolvimento do espírito europeu. Hoje representamos cerca de 500 milhões de

Juventude da União Europeia, constituída por 22

cidadãos e somos um fator de poder na política

jovens de 18 nacionalidades, que interpretou obras

européia", salientou Hans-Gert Pöttering.

de Jeremiah Clarke, Nielsen, Mozat, Wolf e Strauss,

Durante a cerimónia de comemoração dos 50 anos do PE, houve um concerto da Orquestra da

terminando com o hino europeu (Ode à Alegria), de Beethoven.

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PELO MUNDO

CARROS PRA QUEM NÃO QUER POLUIR O PLANETA

potência que a de veículos com motores convencionais. Ótima notícia para aqueles que temiam perder a sensação de prazer e segurança de dirigir um bom carro nas grandes vias e estradas de alta velocidade.

TEXTO [RENATA MONDELO LAUSANNE, SUÍÇA ]

Uma questão negativa que ainda paira sobre a discussão dos híbridos é a que diz respeito ao preço das frotas. Esse, ainda está bem longe de ser considerado econômico, mas os fabricantes já se empenham em ativar meios para resolver esta questão. Atualmente na Suíça, já existem mais de 2500 unidades à venda nas concessionárias e, o melhor, é que o consumidor continua podendo dar seu último carro como valor de entrada para pagamento. Na verdade, o povo por aqui já está bastante acostumado com

Coqueluche do momento nos países de primeiro mundo, os veículos ecoló-

outros híbridos que sempre estão

gicos, mais conhecidos como híbridos, já estão fazendo a cabeça de muita gen-

por todos os lados como as bicicle-

te por aqui.

tas

A Suíça, que acaba de ganhar o prêmio de país com melhor política ambien-

motorizadas,

locomotivas,

carros-testes,etc.

tal do mundo, na última Semana do Verde realizada em Berlim, em janeiro pas-

Atualmente a maior parte das

sado, adotou mais que rapidamente o conceito de dirigir ajudando a natureza

fábricas em todo o mundo já yem

e, mais uma vez, saiu na frente 'patrocinando' essa iniciativa de respeito ao meio

planos de fabricar suas próprias

ambiente.

versões, mas para o Brasil, pensar

O carro híbrido é um veículo que cruza um motor de combustível tradicional com um de motor elétrico. Uma tecnologia que fornece a possibilidade de operar com altos níveis de eficiência em consumo de combustível e baixa

nisso ainda será mais demorado. Para os interessados em conhecer melhor os híbridos, visite o site

emissão de contaminantes, como por exemplo, o dióxido de carbono-CO2.

http://www.ecocar4.ch, atestado

Felizmente, a combinação desses motores em nada implica na capacidade de

pela ATE (Association Transports et

gerar excelente desempenho ao carro. Os motores híbridos atingem a mesma

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environnement).


y A J

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Perfil

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Lord

TEXTO [CARLOS FRANCO] FOTOS [DIVULGAÇÃO]

O CAVALEIRO DA RAINHA DÁ O

TOM DOS BIOCOMBUSTÍVEIS NO G8+5

Michael Hastings Jay, o Barão Jay de Ewelme, um dos mais influentes políticos ingleses da Câmara dos Lordes, é presença obrigatória nos fóruns globais sobre sustentabilidade e meio ambiente. Sua atuação firme e o poder de concisão na elaboração de textos diplomáticos foram fundamentais para a aprovação de documento de especial interesse do Brasil na reunião de parlamentares do G8+5, que reúne os países ricos mais os países emergentes, realizada em Brasília, em fevereiro. O documento reconhece biocombustíveis, incluindo o etanol que o País pretende propagar o uso, como aliados no controle das emissões de gás carbônico para que as metas estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto, sejam atingidas até 2012. Esse protocolo assinado por diversas países não conta com o apoio dos Estados Unidos. Nascido em junho de 1946, em Hampshire e educado no Winchester College , Magdalen College e Oxford, Lord Jay é "fellow" honorário da London University's School of Oriental and African Studies (SOAS). Homem de gestos nobres, esse inglês teve uma conversa reservada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, minutos antes da aprovação do documento de interesse do Brasil. Para esse barão, "as questões do meio-ambiente não podem esperar e as decisões devem ser rápidas de forma a não comprometerem o futuro da humanidade". Com bom trânsito nos países emergentes, Lord Jay atuou, ainda jovem, como professor voluntário na Zâmbia, antes de chegar ao Ministério do Desenvolvimento Ultramarino, em 1969, servindo em Londres, Washington (no Banco Mundial) e no Alto Comissariado Britânico em

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Nova Deli, na Índia. Em 1981, começou a trabalhar na Foreign and Commonwealth Office. Entre julho de 1996 e setembro de 2001, foi embaixador britânico para a França. Desde então, voltou-se sua visão sobre questões humanitárias e meio ambiente. Em julho de 2001, por sua atuação diplomática, levando em conta diferentes realidades e visões de mundo, foi nomeado sub-secretário permanente no Foreign Office e, assim, chefe do Serviço Diplomático Britânico, cargo que assumiu em 14 de Janeiro de 2002. Em 2005, esse cavaleiro da rainha - aqueles tratados por Sir - serviu como o primeiro-ministro da Representante Pessoal (Sherpa), para preparar a cimeira do G8 em Gleneagles. Assim, foi se destacando nesses fóruns e voltando cada vez mais sua atenção para as questões relacionadas ao meio ambiente. Em entrevista a Plurale em revista disse que "o homem tem que ter uma preocupação constante com futuro, tanto para o fortalecimento dos negócios, como da garantia dos bens essencias à vida, como a água, o ar e os alimentos". Lord Jay não esconde seu entusiasmo com combustíveis limpos. Para ele, produtos como o etanol são essenciais para a preservação da vida e das cidades. É um crítico do desperdício e do consumo ostensivo de produtos de difícil descarte. Sempre elegante, alto e com

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ternos bem talhados, embora formalmente ingleses e excessivamente sóbrios, mostrou em sua viagem de cinco dias ao Brasil que repetir roupa não é pecado, basta ter um bom par de gravatas e lenços para diferenciar a cada dia o mesmo terno, e duas calças que possam casar com o paletó. Casado com Sylvia Mylroie, Lady Jay de Ewelme, ele sabe que desperdício não rima com elegância. Lady Jay foi vice-presidente da L'Oreal no Reino Unido, presidente da Alimentação De Bretanha desde janeiro de 2006 - um órgão independente e sem fins lucrativos - e é ainda diretora da St-Gobain. Sempre solicito, inclusive a pedidos de entrevista, Lord Jay se mostra cauteloso quanto tem de falar dos textos, extremamente diplomáticos. Para ele, diferentes ponto de vista devem ser levados em conta em fóruns globais, e o mais importante é que uma linha mestra seja aprovada. "Não vamos detalhar quais dos combustíveis, mas é importante que se chegue a um termo comum que favoreça a produção daqueles que são limpos, os biocombustíveis. Se do milho, da cana-de-açúcar ou de outros produtos naturais, essa é uma outra discussão". Ele não negou, porém, seu entusiasmo com a produção do etanol brasileiro a partir da cana-de-açúcar. "Está sendo testado na prática e parece ter escala, mas alguns países temem pela produção de alimentos em detrimento dessas plantações". Lord Jay, no entanto, foi rápido nas conversas de bastidores para que parlamentares da China e da Alemanhas viessem a assinar o documento. A China discorda de futuras regras para a emissão de gás carbônico que venham a limitar o seu crescimento, enquanto a Alemanha alega temer o comprometimento de áreas hoje usadas para o plantio de alimentos em detrimento de lavouras como a cana-deaçúcar para a produção de combustíveis limpos. Lord Jay conversou individualmente com essas delegações para aprovarem esse documento. Não teve, porém, o mesmo êxito nas metas que começou a esboçar para o documento que deve substituir o Protocolo de Kyoto. "É bom começar o debate, começar a discutir metas, ams sobretudo trazer para a discussão parlamentares dos Estados Unidos, que têm influência sobre o futuro". A preocupação com a adesão americana faz todo o sentido. E, nesse campo, Lord Jay acaba por fazer eco a Al Gore, prêmio Nobel da Paz, que alertou seu País para as questões do aquecimento global. O mundo de Jay, de gestos nobres, ganha agora a visão ecológica de um barão, o Barão Jay de Ewelme. Membro da Câmara dos Lordes e com forte influência no G8+5, quer por sua habilidade e diplomácia, quer por sua postura firme e intransigente na construção de um novo e duradouro pacto em torno do meio-ambiente.


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Diplomacia

o tom de Lula TEXTO [CARLOS FRANCO] FOTOS [AGÊNCIA BRASIL]

DISCURSO FIRME EM

DEFESA DO ETANOL

Ele não veio no primeiro dia. Ele foi esperado em três horários diferentes no último dia, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda assim, foi a estrela principal do Fórum de Legisladores G8+5, que reuniu em Brasília 130 parlamentares dos países ricos e de cinco países emergentes - o próprio Brasil, África do Sul, Índia, China e México entre os dias 20 e 21 de fevereiro de 2008. Durante 48 minutos, Lula traçou um panorama das ações do País em defesa do meio ambiente, dando números da redução dos desmatamentos. E centrou fogo na defesa, apaixonada, diga-se, do etanol. Deu um pito nos países ricos, de alto e bom tom, dizendo que os países pobres, continuarão ainda mais pobres se continuarem a serem vítimas do aquecimento global e do esquecimento. Derrubou argumentos de que a produção de etanol pelo Brasil poderia implicar em novos desmatamentos, deu detalhes da área do País de 810 milhões hectares, dos quais 220 milhões agriculturáveis, onde a cana-de-açúcar ocupa apenas 5% desse total. Lembrou que os povos pobres também sonham em trabalhar, comer e consumir e que aos ricos caberia compensar aquelas riquezas que ainda não usufluem mantendo vivos biomas e florestas. Descartou a possibilidade de que se pare de produzir alimentos para produzir cana-de-açúcar. Do seu jeito, sem muita cerimônia, Lula deu o seu recado. Lembrou que, em 1995, o País produziu 57,9 milhões de toneladas em área de 37 milhões de hectares, enquanto no ano passado a produção chegou a 133 milhões de toneladas de grãos em área de 46 milhões de hectares. Ressaltou que o avanço da tecnologia e da produtividade estão permitindo

essse crescimento e que o Brasil ainda dispõe de muita terra, sem ser necessário derrubar uma árvore da Amazônia para produzir. O resultado foi imediato. Os parlamentares dos países ricos, capitaneados pelo Reino Unido, em especial o barão Michael Jay, encerraram o encontro com a divulgação de dois documentos: o primeiro sobre biocombustível, reconhecendo a liderança brasileira no segmento e o etanol como combustível limpo e renovável. Pode parecer pouco, mas foi uma vitória da diplomacia brasileira. O presidente do Globe International, o inglês Hon Elliot Murley, disse que o discurso de Lula foi extremamente importante e compensou os atrasos. O outro documento assinado pelos parlamentares do G8+5 refere-se ao manejo sustentável das florestas. Mais uma vez o Brasil desponta liderando esse projeto. Mas aí, os méritos recaem sobre a ministra Marina Silva, hoje referência global no assunto, respeitada em todo o mundo. O documento que pretende listar compromissos pós 2012, quando chega ao fim as metas estipuladas no Protocolo de Kyoto, não foi aprovado. As divergências ainda são muitas, mas certamente o mundo está mudando. Movido, quem sabe, a etanol.

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Meio Ambiente

VIAGEM AOS RECIFES DE

CORAIS

2008 É O ANO INTERNACIONAL DE DEFESA DESSE PATRIMÕNIO DA HUMANIDADE

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TEXTO [EQUIPE PLURALE] FOTO [DIVULGAÇÃO]

Dessa forma, 2008 será um ano de campanhas e iniciativas coordenadas por governos e organizações não governamentais que trabalham no mundo todo em prol da conservação desse valioso ecossistema. Por que o Ano Internacional dos Corais é importante? Recifes de Coral são um dos mais antigos e diversos ecossistemas do planeta. Eles produzem serviços e recursos que são estimados em 375 milhões de dólares por ano. Milhões de pessoas e milhares de comunidades ao redor do mundo dependem dos corais para alimentação, geração de emprego e renda, fabricação de remédios, lazer, recreação, além de serem estruturas importantes para a proteção da costa.

O

ano de 1997, dez anos atrás, foi declarado o primeiro ano Internacional dos Recifes de Coral. Essa iniciativa foi uma estratégia de se chamar a atenção para o aumento das ameaças e perdas de recifes de coral e ecossistemas associados, tais como manguezais e banco de algas. O Ano Internacional foi um esforço global para aumentar a consciência e o conhecimento sobre recifes de coral e apoiar esforços de conservação, pesquisa e manejo e foi considerado um sucesso tendo a participação de mais de 225 organizações em 50 países e territórios, 700 artigos publicados, centenas de pesquisas científicas que deram origem a novas áreas marinhas protegidas, além do surgimento de numerosas organizações locais e globais dedicadas a conservação dos corais. Reconhecendo que depois de 10 anos do primeiro Ano Internacional dos Recifes continuamos com a necessidade de divulgar e disseminar os valores e importância de se conservar e manejar sustentavelmente os recifes de coral e ecossistemas associados, a Iniciativa Internacional para os Recifes de Coral (ICRI) designou o ano de 2008 como o segundo Ano Internacional dos Recifes.

Infelizmente, muitos dos recifes de coral (incluindo os habitats associados como banco de algas e manguezal) foram muito afetados ou destruídos, nos últimos anos, devido ao aumento dos impactos humanos, mudanças climáticas e outros fatores. De acordo com o relatório -Status dos Recifes de Coral no mundo- de 2004 , 70% dos recifes de coral do mundo estão ameaçados ou já foram destruídos, 20% desses foram totalmente destruídos e, somente no Caribe, muitos recifes perderam mais de 80% de espécies. O fenômeno do branqueamento de 1998, um dos anos mais sérios da história, danificou imensas áreas de coral em todo o mundo, aumentando seriamente a quantidade de recifes degradados. Poluição de nutrientes e sedimentos, mineração de areia e rocha, o uso de explosivos e cianeto (ou outras substâncias tóxicas) na pesca, sobrepesca e turismo desordenado também estressam os recifes em todas as partes do globo.

Para mais informações sobre eventos no Brasil acesse a página do MMA (www.mma.gov.br) Para mais informações globais acesse www.iyvor.org

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PELAS EMPRESAS EMBRAER RECICLA SOBRAS VIVO RECOLHE APARELHOS E BATERIAS

Proteger o meio ambiente reciclando sobras de alumínio, isopor ,titânio, ferro, papel, papelão, espuma, plástico, óleo de cozinha, madeira, lâmpada e alimentos, faz com que a Embraer se torne referência nesse assunto. O Programa de Reciclagem da Empresa reciclou 84,2% dos resíduos produzidos em 2007 que representa um

A Vivo recolheu, em 2007, mais de

crescimento de 5,7% se comparado ao ano de 2006,

131 mil aparelhos e cerca de 105 mil

quando foram reciclados 79,6%. O destino correto des-

baterias pelo projeto Vivo Recicle seu

tes resíduos é o foco principal desta atividade que tam-

Celular, programa pioneiro que faz a

bém é fonte de receita para a Companhia, tendo gera-

coleta de aparelhos, baterias e acessó-

do US$ 9.6 milhões em 2007. Um aumento de 36,8 % em

rios usados e os encaminha para a reci-

relação a 2006 (US$ 6,6 milhões).

clagem. Aparelhos de qualquer operadora, marca e tecnologia podem ser doados nas principais lojas próprias da companhia. O processo é simples, basta comparecer a um estabelecimento da Vivo, assinar um termo de doação

CARNAVAL RESPONSÁVEL COM APOIO DA AMBEV

e depositar o material em uma urna especializada . O recurso obtido com a

Uma grande folia responsável: é o que foi o Carna-

reciclagem dos produtos é doado ao

val patrocinado pela AmBev este ano. A companhia pro-

Instituto Vivo que o repassa à Audiote-

moveu ações conscientizando os foliões sobre os riscos

ca Sal&Luz, instituição que produz e

de beber e dirigir em todos os eventos realizados por suas

empresta áudio livros para pessoas com

marcas. Uma destas ações foi o concurso “Foto de Res-

deficiência visual, em todo o território

ponsa”: o folião que curtiu o Carnaval e resolveu voltar

nacional, de forma gratuita. Só no ano

para casa de táxi, ônibus ou metrô, encaminhou à

passado, a instituição recebeu mais de

AmBev sua foto com motorista e concorreu a brindes da

R$ 45 mil. Implantado em novembro de

companhia, que também serão distribuídos ao motoris-

2006, o projeto Vivo Recicle Seu Celular

ta "amigo da vez". Além disso, a companhia doou cerca

está presente nas lojas da Vivo nos esta-

de 8 mil bafômetros na semana do carnaval para os esta-

dos: São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito

dos do Rio de Janeiro, Goiás, Bahia e Ceará, sendo 6 mil

Federal Espírito Santo, Goiás, Sergipe,

para a Polícia Rodoviária Federal do DF, que distribuirá

Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Cata-

para outros estados. Desde o início de seu programa de

rina e será levado até o segundo semes-

consumo responsável, em 2001, 58 mil bafômetros foram

tre deste ano a outras regiões.

doados para os órgãos governamentais.

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ESTE ESPAÇO É DESTINADO A NOTÍCIAS DE EMPRESAS. ENVIE NOTÍCIAS E FOTOS PARA PLURALE@PLURALE.COM.BR

BRADESCO CAPITALIZAÇÃO PATROCINA VIVEIRO A Bradesco Capitalização, em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, inaugurou dia 12 de fevereiro, na cidade de Piracicaba (SP), um viveiro comunitário com capacidade de produção

de

250

O BALÉ DA FIAT EM JOINVILLE

mil

A Fiat Automóveis formalizou parceria com um dos maiores representantes

mudas de árvores nati-

do balé mundial. A montadora é a mais nova apoiadora da Escola de Teatro Bols-

vasde mais de 80 espé-

hoi no Brasil, cuja única sede fora da Rússia está localizada em Joinville (SC).

cies diferentes. Elas

A união entre a montadora e a instituição vai incentivar ações de inclusão social

serão plantadas em pro-

através da cultura. Em 2008, a Escola vai beneficiar mais de 240 alunos, de 9 a

priedades da região

20 anos. Desse total, 94% são bolsistas e têm todas as despesas custeadas pela

com foco em áreas prio-

instituição. “A parceria vai possibilitar que muitas crianças e adolescentes acre-

ritárias para a restau-

ditem ainda mais em seus sonhos. A Fiat confia na Escola de Teatro Bolshoi no

ração da mata atlântica.

Brasil porque além de formar bailarinos, a instituição preocupa-se com o cres-

As árvores que serão

cimento desses jovens como cidadãos”, afirma o Diretor de Comunicação Cor-

plantadas no local vão

porativa da Fiat, Marco Antônio Lage.

permitir a neutralização completa da emissão de CO² (gás carbônico),

MRN PLANTA ESPÉCIES AMAZÔNICAS

resultante do trabalho realizado pelos mais de

A MRN plantou, em 2007, 413 mil novas árvores. Nos 28 anos de operação,

82 mil colaboradores da

somam-se quase 7 milhões de árvores plantadas, numa área de 3.860 hectares,

Organização Bradesco.

cerca de 3.184 campos de futebol. Anualmente, a empresa produz meio milhão

As iniciativas socioam-

de mudas e adquire outras 150 mil de comunidades do alto rio Trombetas, geran-

bientais da Bradesco

do renda para famílias ribeirinhas. Os recursos aplicados em ações de controle

Capitalização fazem par-

e manutenção ambiental somaram R$ 28,4 milhões, em 2007. Desse total, R$ 750

te das ações do Banco

mil são destinados à conservação da Reserva Biológica do Rio Trombetas (Rebio)

do Planeta.

e da Floresta Nacional Saracá-Taquera (Flona).

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responsabilidade social

A CRUZADA DA

BOA AÇÃO

TEXTO [NICIA RIBAS] FOTOS [DIVULGAÇÃO]

A RESPONSABILIDADE SOCIAL DE UM SHOPPING TEVE UM PODER

TRANSFORMADOR NO PROJETO

QUE NASCEU DO SONHO DE DOM HÉLDER CÂMARA

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Um ano depois da sua inauguração, o Shopping Leblon, erguido entre uma comunidade carente e os imóveis mais valorizados da cidade, parece ter vencido o desafio de conquistar uma vizinhança heterogênea. Graças a estudos realizados com a Prefeitura e a Cet Rio, a malha viária foi remanejada para atender ao aumento do fluxo de veículos, evitando problemas no trânsito temidos pelos moradores no início do empreendimento. Por outro lado, os quase cinco mil habitantes da Cruzada São Sebastião, convivem harmoniosamente com o centro comercial de alto luxo, participando de projetos que vêm contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida. “A atenção que estamos recebendo do Shopping mexeu com a autoestima das pessoas, que já se sentem valorizadas e mais animadas”, avalia Marilda Gomes, 50 anos, nascida e criada na Cruzada e atual presidente da Associação de Moradores: O Shopping Leblon estabeleceu parcerias com a Prefeitura Municipal, ONGs e instituições sociais e culturais para oferecer condições de crescimento pessoal e profissional àquela população. Pela primeira vez, um empreendimento de luxo daquela região nobre demonstrou interesse em bus-


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car integração com a Cruzada e está dando certo. Prova que o caminho para a superação dos problemas sociais brasileiros passa pelo envolvimento de toda a sociedade. Com a experiência de quem já instalou e administra 20 shopping centers no Brasil e 260 nos Estados Unidos, sempre preocupada com a população do entorno, a Aliansce Shopping Centers voltou seus olhos para a Cruzada São Sebastião desde o início da construção do centro comercial no Leblon, formando e recrutando mão- de-obra na comunidade, através do Projeto Caminhando Juntos. Hoje, um grande contingente de profissionais que trabalham nas 200 lojas do Shopping são oriundos da Cruzada. MELHOR AMIGO O censo de 2006, realizado em parceria com a PUC Rio, detetou que 40% das famílias da comunidade são monoparental, isto é, possuem um chefe de família, que é sempre a mulher. Com base nesse dado, os administradores do Shopping constataram que as crianças ficavam ociosas, sem a atenção da mãe, que saía para trabalhar. Por isso, um dos projetos tocados por eles foi o Melhor Amigo, voltado para o público infantil. Residem na Cruzada 920 crianças entre um e 12 anos. Desde julho do ano passado, turmas de 60 crianças participam do Projeto Melhor Amigo, que oferece cursos de arte-educação e reforço escolar. Concebido em parceria com a Oficina de Desenho Daniel Azulay e a ONG Ação Comunitária do Brasil, o Projeto também tem o apoio da Cult & Art, Senac Rio e Escritório de Idéias. Eventualmente, alguns lojistas integram-se ao esforço, como a Livraria da Travessa, que doou livros para a criação de uma biblioteca infantil na comunidade; e o restaurante Outback, que destinou ao projeto a renda obtida durante o seu primeiro dia de funcionamento no Shopping. Segundo Marilda, “as crianças que passaram pelo Projeto Melhor Amigo estão muito mais felizes”. Ela revela que já existe uma fila de espera para o próximo período. Só uma pessoa não está satisfeita e aproveita para fazer sua reivindicação. É Natália Cristina de Barros Gonçalves, que aca-

ba de completar 13 anos e não tem mais direito a participar do curso: “Acho uma injustiça não aceitarem maiores de 12 anos.” A cada mês, o Shopping avalia, através de questionários, a performance das crianças. “Constatamos que 90% daquelas que participam do Projeto apresentaram melhoria no desempenho escolar, no relacionamento com a família e com amigos; constatamos também crescimento no espírito cooperativista”, informa Mônica Orcioli, superintendente do Shopping. Este ano, o número de vagas vai crescer para 80 e a meta é chegar aos 100 em cada nova turma. CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL Graças às parcerias com o Senac Rio e a Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego foi possível qualificar profissionalmente, em 2007, 141 moradores maiores de 18 anos, em atividades como porteiro de hotel, agente de turismo, barman e língua estrangeira. Os alunos também recebem ensinamentos sobre legislação trabalhista e segurança no trabalho “Foi um grande passo porque as aulas, principalmente as de inglês e espanhol, tiveram excelente aceitação,” garante Marilda Gomes. Os cursos de segunda à sexta, das 18 às 22h, na Escola Municipal dos Santos Anjos, que fica dentro da Cruzada, vão continuar este ano. Para Daniela Lacombe, da consultoria Cult & Arte, contratada pela Aliansce para atuar em todos os seus empreendimentos no Rio, “a iniciativa foi bem sucedida porque permite conciliar as aulas com o horário de trabalho e tem a vantagem de funcionar dentro da comunidade, evitando deslocamentos.” Merece destaque a atuação da Paróquia dos Santos Anjos, especialmente do Padre Marcos e da coordenadora Penha Cristina Freitas, que apóiam e divulgam as atividades propostas pelo Shopping, incentivando os moradores a participar. Pelo que tudo indica, a integração moradia/escola/trabalho/ igreja, pregada por Dom Hélder Câmara, fundador da Cruzada São Sebastião, está se concretizando e pode ser a alavanca para tirar as crianças das ruas e o Rio de Janeiro do caos social.

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responsabilidade social O sonho de Dom Hélder Em 1955, quando era secretário-geral da CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Dom Hélder Câmara tentou transformar em realidade o sonho de acabar com as favelas do Rio. Convenceu o então presidente da República, Café Filho, a construir um conjunto habitacional, como piloto para atingir seu objetivo. No dia 29 de outubro daquele ano, foi fundada a Cruzada São Sebastião, um conjunto de 10 prédios de sete andares, com 945 apartamentos. Nos blocos 8, 9 e 10, ficam os de sala e dois quartos; nos blocos 4, 5, 6 e 7, os de quarto e sala; e nos blocos 1,2 e 3, está a grande maioria de apartamentos conjugados, num total de 483. A localização da Cruzada garante aos moradores todas as comodidades dos bairros de classe alta, como comércio farto, escolas, hospital e posto de policiamento. No entanto, eles se sentem vítimas de preconceito e chegam a trocar de endereço na hora de preencher fichas para se candidatar a empregos. A Igreja dos Santos Anjos, com sua escola municipal, e a ONG Crescendo em Graça, com programas esportivos para a comunidade, funcionam entre os prédios da Cruzada. Além disso, eles dispõem de creche e um posto ambulatorial. Os primeiros moradores vieram da extinta favela Praia do Pinto, que existia no terreno onde hoje está o condomínio Selva de Pedra. Naquele ano, o Rio tinha 150 favelas. Hoje, são 600. O Projeto de Dom Hélder não foi avante e a Cruzada sintetiza a contradição da cidade em que ricos e carentes convivem de perto, entre os morros e o asfalto.

Beleza e arte na fachada da Cruzada A partir de março, os moradores da Cruzada São Sebastião terão um bom motivo para se orgulhar do seu endereço: será inaugurado o museu Os Grandes Personagens da História do Brasil nas paredes externas dos 10 prédios do conjunto habitacional do Leblon. Em eleição ocorrida em outubro de 2007, eles escolheram as figuras que serão retratadas: Dom Hélder Câmara, Ayrton Senna, Zumbi, Monteiro Lobato, Princesa Isabel, Aleijadinho, Vinicius de Moraes, Betinho, Santos Dumont e Tiradentes. O projeto da empresa Soluções Urbanas, dirigida por Bertrand RigotMuller, tem como madrinha a atriz Zezé Motta, que estudou na escola da Cruzada, e como patrocinador, a Oi. Os seis primeiros painéis a serem colocados em março e seus autores serão: Monteiro Lobato - Ziraldo, Vinicius de Morais - Chico Caruso, Zumbi - Airá o Crespo, Aleijadinho - Marcello Quintanilha, Santos Dumont -Vladimir Machado, Dom Hélder Câmara - Tilher

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turismo

SANA ONDE OS BICHOS-GRILOS AINDA CANTAM TEXTO [MÚCIO BEZERRA] FOTOS [DIVULGAÇÃO]

O TEMPO PARECE TER PARADO EM SANA, UMA PEQUENA E PACATA CIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, ONDE SER

HIPPIE NÃO É

COISA DO PASSADO

P

arece que o tempo parou ali para descansar nos anos 1960 e foi ficando. Estamos em Sana, distrito de Macaé, na fronteira com Lumiar, em Nova Friburgo, Estado do Rio, um reduto de bichos-grilos nas roupas, nos hábitos, na maneira de falar. O acesso é pela rodovia Mury-Casimiro de Abreu, asfaltada, mas para chegar à Sana é preciso entrar à esquerda e passar por um perregue de um bom trecho de estrada de chão da pior qualidade. O lugarejo é pontilhado de sítios, pousadas e acampamentos para todos os gostos. Dito isto, vamos à vaca fria, mesmo porque lá têm muitas em seus campos. Descontadas as diferenças, Sana deve ser o último resquício que sobrou de Woodstock - até pelo cheiro. O réveillon do lugar, onde passei este ano com uma filha, seu namorado e um casal de amigos deles foi uma festa de paz, amor e tranqüilidade, como convém no caso de um lugar desses. Com a rua principal cheia de gente, os bares apinhados e inundados de boa música - dos anos 60 e 70 naturalmente, e o inevitável Raul Seixas - não vi uma bri-

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turismo ga, uma discussão, uma desavença. Para falar a verdade, a única reclamação que ouvi nos três dias em que fiquei lá, foi um sujeito acampado onde eu estava, gritar: - Cala a boca, Evanilda! Não por Evanilda estar falando alto, mas, talvez, por ela se chamar Evanilda, o que é um tipo de condenação que alguns pais costumam fazer contra os filhos e filhas em cartório. A confraternização nas ruas no pipocar do ano novo lembrava coisa de velhos amigos, embora quase ninguém ali, na maioria visitantes, se conhecesse há muito tempo. No acampamento, onde a troca de favores é comum, tomei banho com sabonetes esquecidos nos banheiros que pareciam festas de crianças: no final, sempre haviam uns pentelhos esquecidos que ninguém sabia de quem era. Mas tudo era uma festa e só me senti uma figura estranha ao lugar quando duas bonitas mocinhas foram até a minha barraca e perguntaram: - E aí, tio, tem uma seda para arranjar pra gente? Seda, na gíria da turma, é aquele papel usado para enrolar vocês sabem bem o quê. Não tinha. Eu nunca consumo esse vegetal tão festejado pelo Gabeira, não por uma questão moral, mas porque me faz um mal danado - me dá forte arritmia - mas, dada a beleza das moças, me arrependi na hora de só criar gatos e cachorros. Às vezes a gente perde boas oportunidades por não ter, pelo menos, uma modesta colônia de bichos-da-seda. Me surpreendi com uma simpática artista plástica, dona de um camping e de uma loja de artesanato, que recentemente ganhou o segundo lugar de um prêmio de artes plásticas na Espanha. De Sana para Santiago de Compostela! E com um casal de jovens macaenses que, em vez de cair na orgia comum, todas as manhãs praticava jiu-jitsu e muay-tay. Também tinha o zelador do lugar, que gentilmente se oferecia para subir nos pés de jaca e distribuir os frutos para todo mundo. A viagem de ida e volta foi aos trancos e barrancos - e estes eram um grande problema, porque com a bagagem e as cinco pessoas no carro, um Santana pré-Henry Ford e com espírito de jegue teimoso, todo mundo precisou descer para empurrá-lo em várias ocasiões do percurso. Foi divertido? Foi. E surrealista, como as placas de avisos plantadas ao longo de toda a estrada do perrengue e nas ruas de Sana: "Não use drogas". Então tá. Já estou providenciando uma colônia de bichos-da-seda e, quem sabe, no próximo réveillon, eu amarei uma mulher em Sana.

ARTISTA DE SANA GANHA PRÊMIO INTERNACIONAL

Em Sana há uma miscelânea de artistas para todos os gostos, cujos trabalhos estão expostos em lojinhas e nas ruas. Então, não é de se espantar que, em 2007, uma mulher que mora ali tenha ganhado o segundo lugar do Prêmio Cultural da Secretaria Geral de Imigração de Santiago de Compostela, na Espanha. A niteroiense Lucila Proença, casada, mãe de dois filhos, exfigurinista da Rede Manchete e ex-funcionária do Departamento Cenográfico da Rede Globo, abiscoitou a invejável premiação na categoria pintura, uma das atividades que ela faz por gosto e por força do ofício na

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turismo

sua loja Arte & Manhas, na rua principal do lugarejo, onde também é dona do Arte & Café Camping. Lucila se orgulha de ter sido elogiada pela mais prestigiada crítica de teatro brasileira, Bárbara Heliodora, pela cenografia que fez para a peça "Concerto para Virgulino sem orquestra" (1996). Atualmente, além de dedicar-se à pintura e ao seu camping, ela ganha a vida projetando e produzindo roupas no estilo da cultura que ela chama de brasileira - o que, em Sana, tem a graça da confecção para bichos-grilos. O nome da grife é Adelaide e Dagmar, homenagem a tias que lhe deram a primeira máquina de bordar. Encontrar Lucila e suas artes é uma tarefa quase religiosa: sua loja fica bem defronte à igreja católica de Sana. Na internet, seus trabalhos podem ser vistos em www.adelaidedagmar.blogger.com.br.

ATÉ OS MOSQUITOS ACORDAM COM "LARICA" Serras lindas, rios com corredeiras suaves, cachoeiras e, como era de se esperar nessa mata atlântica, muitos mosquitos que, geralmente, acordam com "larica" (somente os três que aporrinharam a minha barraca procuravam Sonrisal de madrugada). Em Sana, onde funciona um pequeno posto policial, há também esportistas de vida saudável, como o jovem casal Maicon da Silva Araújo e sua namorada, Renata da Silva Freiman, ambos macaenses de 18 anos, que todos os dias, de manhã cedo, treinavam artes marciais no Camping da Praça, onde ela trabalha vigiando a entrada e a saída de seus hóspedes, todos marcados por pulseiras plásticas cujas cores indicam o tempo em que cada um pode permanecer ali, já que o pagamento é antecipado. Maicon é faixa verde em caratê, já lutou jiu-jitsu e, atualmente, gosta também de dar seus golpes de muay thay. O rapaz é campeão regional de lutas marciais da Região dos Lagos, vice-campeão do campeonato interno da Academia Kime Kan, em Macaé, e também instrutor da modalidade. Renata, uma bonita moça, diz que não luta, mas apenas incentiva o namorado, o que é uma deslavada mentira: pelos golpes que vi aquela jovem aplicando em Maicon, eu não gostaria de enfrentá-la nem em campeonato de vídeo game. Como em Sana noite e dia são irmãos gêmeos, inseparáveis, andam sempre juntos e aqueles três mosquitos não paravam de zoar nos meus ouvidos, resolvi sair por aí de madrugada à procura de uma farmácia, para ver se lá encontrava Sonrisal para eles. Ou, sei lá, uns quatro Engov. Um pra mim, e claro.

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SOY LOUCO POR TI AMÉRICA “Viajar pela América do Sul é como entrar em um estado de consciência”, garante o fotógrafo argentino Fernando Madro, 29 anos, ao final de uma travessia estendida por nove países, 13 meses e mais de 25.000 km. Detalhe: tudo dentro de uma kombi adaptada. Para a esposa e também fotógrafa Maria Eugenia Tombacco, 27, a Bolívia foi um dos lugares mais marcantes. “A paisagem do Altiplano é imponente, inóspita, solitária. Viajar por essas montanhas tão altas, e em meio a essa gente tão simples, me ensinou a ser mais espeitosa, a falar mais lenta e paudamente”, revela. Talvez só as imagens possam dar conta dessa experiência, que em breve estará exposta em uma galeria de Buenos Aires. Cor


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Cordilheira de Sal: regi達o de colorido incomum e intenso apesar da aridez de suas mutantes crateras


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UM CASAL. UM ÚNICO DESTINO: A AMÉRICA LATINA

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CARBONO NEUTRO

SÔNIA ARARIPE

s o n i a a r a r i p e @ p l u r a l e . c o m . b r

A SUSTENTÁVEL LEVEZA DE VOAR

GENTE QUE FAZ Esta quem nos sugere é a colega Paula Scheidt, do site CarbonoBrasil (www.carbonobrasil.com). Foi lançado, e é muito interessante, segundo Paula,

Já voou, ainda

o livro “Earth: The Sequel” (Terra: a seqüência). Os

em fase de testes,

autores são Fred Krupp, presidente do Fundo de

sem passageiros,

Defesa Ambiental, Fred Krupp, e a jornalista

um avião com bio-

Miriam Horn. O livro traz uma vastidão de reporta-

combustível, da

gens especiais, documentários, fotografias, livros e

companhia Virgin

até filmes sobre as conseqüências das mudanças

Atlantic. O primei-

climáticas apareceram na mídia nos últimos anos.

ro vôo aconteceu no fim de feverei-

AL MARE

Amsterdã. O bioquerosene foi feito

Divulgação

ro, entre Londres e

a partir de óleos de coco e babaçu da Amazônia. O avião teve um de seus quatro motores abastecidos apenas com o novo combustível - o que representa uma mistura de 25% de bioquerosene ao querosene de avião conven-

Estudo de um grupo internacional de pesquisadores, publicado na

cional. A iniciativa

revista Science, alerta que 40% dos mares foram severamente afetados e

faz parte de um

apenas 4% ainda permanecem razoavelmente inalterados. As regiões

projeto que reúne

mais atingidas incluem o Mar do Caribe (foto), o Mar do Norte, o Mar

a Boeing, a Gene-

do Mediterrâneo e as águas em torno do Japão. As menos afetadas são

ral Eletric.

aquelas próximas aos pólos. A costa brasileira não está entre as áreas criticamente afetadas, consideradas zonas mortas.

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O OÁSIS DE O BOTICÁRIO Iniciativa da Fundação O Boticário, o Projeto Oásis começa a premiar financeiramente proprietários particulares de terras que se comprometem a conservar integralmente áreas de remanescentes de Mata Atlântica, localizadas na bacia de Guarapiranga e nas Áreas de Proteção Ambiental Municipais Capivari-Monos e BororéColônia, na Região Metropolitana de São Paulo. Atualmente, nove proprietários participam da iniciativa. Ao incentivar a proteção dessas áreas naturais, o Projeto Oásis contribui para a conservação de um manancial estratégico, que garante o abastecimento de água para quase quatro milhões de habitantes da Grande São Paulo. “É de conhecimento geral que São Paulo enfrenta um risco crescente de colapso do sistema de abastecimento de água, e a perda de um manancial como o da Guarapiranga terá custos econômicos e sociais altíssimos para toda a região metropolitana. Com o Projeto Oásis, esperamos contribuir decisivamente para a produção de água de boa qualidade, o que acarretará em menores custos de tratamento para potabilidade”, diz a diretora executiva da Fundação O Boticário, Maria de Lourdes Nunes. A Fundação O Boticário também espera que o Projeto Oásis sirva de estímulo para governos e outras instituições investirem em iniciativas similares, ampliando assim as ações voltadas para a conservação da natureza.

BOM EXEMPLO Quem costuma viajar sempre para a Europa e Estados Unidos já se acostumou a neutralizar. Esta é a moda do momento. Serve tanto para quem compra uma passagem aérea, quanto para o trajeto de táxi do aeroporto até o grande centro. Empresas brasileiras estudam trazer a novidade também para cá. O modelo é simples: basta optar, na hora da compra, por pagar um pouquinho a mais para que a neutralização seja feita.

“DONOS” DA FLORESTA Outro dado impressionante foi divulgado

FATOS E NÚMEROS Contra fatos e números não há argumen-

pela ONG Imazon, sediada em Belém. De

tos. O mercado de créditos de carbono do

acordo com o estudo, 31% do território da

país movimentou no ano passado por volta

Amazônia são supostamente privados sem

de R$ 1 bilhão. Essa estimativa foi divulgada

validação de cadastro. Mas, na verdade, não se

pelo Ibraexpo (Instituto Brasileiro de Feiras

sabe a quem pertence e a que se presta esta

de Negócios), que organizou recente feira

região. Um verdadeiro continente: equivale à

sobre o tema. Estudos BNDES apontam ain-

soma de países como a Alemanha, Espanha,

da que, até 2012, quando termina o atual

França, Hungria e República Checa. Também

período do Protocolo de Kyoto, há potencial

estão incluídos aí os posseiros, processos em

para US$ 1,2 bilhão (pouco mais de R$ 2

trâmite e sem informação.

bilhões) por ano.

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O DESCOBRIMENTO É O PRIMEIRO PASSO NA EVOLUÇÃO DE UM HOMEM OU DE UMA NAÇÃO

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GRANDES DESCOBERTAS E PROGRESSOS INVARIAVELMENTE ENVOLVEM A COOPERAÇÃO DE VÁRIAS MENTES

ALEXANDER GRAHAM BELL PERDER TEMPO EM APRENDER COISAS QUE NÃO INTERESSAM, PRIVA-NOS DE DESCOBRIR COISAS INTERESSANTES

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE A VERDADEIRA VIAGEM DA DESCOBERTA CONSISTE NÃO EM BUSCAR NOVAS PAISAGENS, MAS EM TER OLHOS NOVOS

MARCEL PROUST MEU PRIMEIRO LIVRO FOI O MAPA DO BRASIL

HEITOR VILLALOBOS

GRANDES DESCOBERTA E PROGRESSOS INVARIAVELMENTE ENVOLVEM À COOPERAÇÃO DE VÁRIAS MENTES

GRAHAM BELL

SE FIZ DESCOBERTAS VALIOSAS, FOI MAIS POR TER PACIÊNCIA DO QUE QUALQUER OUTRO TALENTO

ISAAC NEWTON O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES."

TOM JOBIM

OS TRÊS MAIORES GÊNIOS BRASILEIROS, NA MINHA OPINIÃO: ALEIJADINHO, MACHADO DE ASSIS E VILLA-LOBOS, SÓ FORAM PORQUE FORAM PROFUNDAMENTE BRASILEIROS.

CELSO FURTADO

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