Plurale em Revista - Edição 47

Page 1

ano oito | nº 47 | maio / junho 2015 | R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

Foto de Maurício Chichitosi (Histórias pelo Mundo) – Butão

www.plurale.com.br

Artigos inéditos

Butão, a terra da felicidade

Amazônia, Leitura, Ecoturismo e Argentina


Como a inovação em sustentabilidade está transformando os negócios agora

rick ridgeway

raj sisodia

patagonia

capitaliSMo conSciente

andré Palhano

Mark lee

Virada SuStentáVel

SuStainability

alejandro litovsky

Pedro tarak

andrew Morlet

siMon & Maria robinson

claudio sassaki

sirikul laukaikul

earth Security group

ellen Macarthur Foundation

SiSteMa b

holonoMicS education

geekie

the brandbeing conSultant

edgard gouveia

thoMas kolster

Fred gelli

ty Montague

juliana nunes

Maya coloMbani

play the call tátil

braSil kirin

goodVertiSing co:collectiVe l’oreal

windsor barra hotel • Barra da Tijuca, rio de janeiro - inscreva-se: www.sbrio15.com.br parceiro de mídia

patrocínio

apresentado por


E ditorial DANILO VIVAN

Jovens da periferia de São Paulo estudam temas atuais com a ajuda de Plurale em revista e a Ministra Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, recebe em mãos a Edição 46

Butão e o Índice de Felicidade; artigos inéditos, Amazônia, Educação e muito mais Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

E

m tempos de crise econômica global, nada mais atual do que discutir novas métricas para medir a qualidade de vida de uma população. O pequeno e deslumbrante Butão – quase escondido entre os gigantes Índia e China - desafia os mais céticos com a irradiante felicidade de seus habitantes, distante dos padrões de consumo imediatista dos tempos modernos. O casal Giuliana Preziosi e Maurício Chichitosi – autores do Blog parceiro Histórias pelo Mundo – conferiu de perto como é a vida deste povo hospitaleiro e acolhedor que inspirou o Índice de Felicidade Bruta. Confira este relato incrível, entremeado de fotos deslumbrantes. Como já tornou-se nossa marca, apresentamos três artigos inéditos sobre temas relevantes: a Encíclica do Papa Francisco sobre meio ambiente, por Rafaela Brito; os desafios hídricos, pelos professores Ana Tereza Spínola e Antonio Freitas e ainda um debate sobre alguns dos símbolos nacionais, pelo escritor e ex-senador Roberto Saturnino Braga. Esta edição também traz duas matérias fortes sobre a Amazônia: Isabella Araripe esteve em Manaus acompanhando Conferência sobre as águas tão estratégicas da região e Hélio Rocha mostra o desafio de populações tradicionais, como povos indígenas e ribeirinhos, diante de ameaças econômicas e políticas. Eu também estive no sertão potiguar, no município de Currais Novos, visitando projeto premiado de escola pública com foco em inclusão social e digital. Lília Gianotti compartilha,

em primeira mão, belíssimo livro da fotógrafa Cláudia Ferreira, que acompanhou nos últimos anos a marcha das Margaridas, mulheres guerreiras. A jornalista e escritora Raquel Ribeiro apresenta projeto muito interessante de educação ambiental para crianças através das minhocas. Da Argentina, a correspondente Aline Gatto Boueri, denuncia a poluição no Rio Tigre, nos arredores de Buenos Aires, provocada por condomínios de luxo. E, de Londres, mais especificamente da charmosa região de Chelsea, a também correspondente Vivian Simonato, encanta com a visita à Exposição de Jardins floridos. Não é só. Isabel Capaverde traz as novidades em termos de cinema sustentável e Nícia Ribas conferiu, no Rio, o belo trabalho de duas jovens para incentivar a leitura, principalmente em comunidades. Leitura, aliás, incentivada também pelo jornalista Danilo Vivan, nosso colaborador. Voluntário, como todos nós, em boas causas, Danilo dá aulas de Gramática e Literatura para jovens carentes em São Paulo. Aproveitou para compartilhar em sala de aula a recente Edição 46 de Plurale em revista (foto). Obrigada, Danilo! Agradecemos a sua generosidade e ficamos felizes por podermos estar atingindo o nosso objetivo de ter o conhecimento sempre acessível a todos. Edição 46, aliás, que teve forte repercussão, principalmente pela entrevista exclusiva com a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, artigos inéditos e fotos espetaculares de Luciana Tancredo da Serra da Bocaina. Entregamos em mãos exemplar de Plurale para a Ministra, que agradeceu a entrevista (foto). Esperamos que aprecie a leitura!

3


terra da felicidade

Por Ana Teresa Spínola, Antônio Freitas, Rafaela Brito e Roberto Saturnino Braga

Fotos de divulgação Oslo – Pedro Freiria

45 Butão, a

12.

Official Vaticano Network

Conte xto

Artigos inéditos:

32.

Amazônia: em debate a questão das águas e do marco da biodiversidade,

Por Isabella Araripe e Hélio Rocha

40.

Fotos de Maurício Chichitosi (Histórias pelo Mundo) – Butão

Ninho de Leitura, Por Nícia Ribas

22

CLÁUDIA FERREIRA

Livro eterniza a luta das mulheres reunidas na Marcha das Margaridas, Por Lília Gianotti

Exposição de flores em Chelsea,Leitura,

30

Por Vivian Simonato

52 Argentina: poluição no Rio Tigre,

CLáUDIo loes

Por Aline Gatto Boueri

54 Cinema Verde,

Por Isabel Capaverde

64 4

36.

PLURALE EM REVISTA | Janeiro Maio / Junho / Fevereiro 20152015

Educação ambiental pelas minhocas, Por Raquel Ribeiro


Prêmio Mobilidade Urbana “Mobilidade com qualidade merece reconhecimento” O PMU é uma iniciativa da Fetranspor que premia cases de sucesso para a evolução da mobilidade urbana no estado do Rio de Janeiro. Em 2015, a edição está ainda mais especial, e os três primeiros colocados em cada categoria serão premiados. Afinal, são 60 anos de Fetranspor. Inscreva-se.

Anúncio Fetranspor/ virá novo material PMU Especial Fetranspor 60 anos Inscrições abertas

Até 10/8/2015

Categorias:

Educação e Cultura

Jornalismo

Mídia impressa | Mídia eletrônica

Planejamento de Transportes e Tecnologia

Relacionamento com Clientes

Desenvolvimento Sustentável

Realização:

Informações, inscrições e regulamento no site www.premiomobilidadeurbana.com.br


Quem faz

Cartas

Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br

Sérgio Vilas Boas, Consultor e Educador em Sustentabilidade, Marketing e Inovação, Ativista e Net-ativista socioambiental, por e-mail

Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook:

“Caro Renato Manzano, a falta de ética no meio empresarial e corporativo é uma extensão do que ocorre na política partidária em nosso país, se retroalimentam numa pérfida cadeia eivada de ganância. Entretanto, as exceções de praxe e alertas como o do texto, são os combustíveis para não perder a esperança.” Francisco Carlos de Oliveira Lima, Consultor em Desenvolvimento Territorial e MPE’s, por e-mail

http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte Jurandir Santos e Julio Baptista Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Ana Tereza Spinola, Antonio Freitas, Cláudia Ferreira, Giuliana Preziosi e Maurício Chichitosi (Blog Histórias pelo Mundo), Fotos Divulgação Itaipu Binacional, Hélio Rocha, IHU On-Line, Leda Alvim, Lela Beltrão, Lília Gianotti, Marina Guedes, Moraes Neto, Rafaela Brito, Raquel Ribeiro, Roberto Saturnino Braga e Vinícius Lisboa (Agência Brasil).

Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: WalPrint

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r

“Em nome das Mulheres da Reserva Botânica, quero agradecer à Plurale em revista, em especial à editora Sônia Araripe, pela divulgação de nosso trabalho. Para os pequenos grupos rurais, que estão longe dos grandes centros, sem essas iniciativas o alcance ao mercado torna-se quase impossível. Parece pouco, mas para nós significa muito e poucas pessoas fazem. Isso faz a coluna Bazar Ético ser tão especial. Obrigada!” Cecilia Amorim de Freitas, da ONG Mulheres da Reserva Botânica, do Rio de Janeiro, por email “Professora Patricia Almeida Ashley, é sempre um privilégio contar com suas contribuições certeiras em Plurale. É mesmo tempo de refletirmos sobre a eficiência do Estado brasileiro. Há décadas, privilegiamos o inchaço da máquina pública ao investimento - em pessoas, infraestrutura, na ampliação de nossos potenciais. Obrigado por nos ajudar a pensar sobre como ajustar esse rumo.” Christian Travassos, economista, Rio de Janeiro, por email “Parabéns, como sempre, para toda equipe. Bela entrevista com a Ministra Izabella Teixeira. Deslumbramento nas fotos da Bocaina: muito competente a Luciana Tancredo. Exemplo notável o dessa rede de hotéis que leva as camareiras às nascentes do São Francisco, como relatou Nícia Ribas. Artigo corajoso o de Renato Manzano.” Roberto Saturnino Braga, escritor e exsenador, Rio de Janeiro, por e-mail “Excelente artigo de Renato Manzano na Edição 46 de Plurale em revista que revela a importância de se valorizar a ética e o caráter em todo ambiente profissional. Se queremos verdadeiramente uma sociedade mais humana e justa, as mudanças têm que partir de cada um de nós. É uma questão de escolha. Parabéns pelas reflexões, professor.”

“Belíssimo texto, Renato Manzano !! Nosso respeito e admiração por aqueles que pagam o alto preço da dignidade profissional, seja em qual área for!!! Helder Cavalcanti Vieira, Consultor Empresarial, por e-mail “ Em nome da Will Art Photography, agradeço às jornalistas Marina Guedes , Sônia Araripe e a todo o time da revista pela matéria “Tubos, a possibilidade de encontrar o desconhecido”. Aproveito para parabenizar a Revista Plurale pelas excelentes e sempre relevantes matérias.” Wilson Aguiar - Sócio e Fotógrafo na empresa Will Art Photography, da Sunshine Coast, Queensland, Austrália, por e-mail “Quero parabenizar o jornalista Nélson Tucci pelo artigo sério e compromissado publicado na Edição 46 de Plurale em revista sugerindo que sustentabilidade passe a ser uma disciplina obrigatória nas escolas brasileiras. Um alerta para que um dos pilares mais importantes na educação, a Ética, alinhada a um dos temas transversais tão urgentes em nosso século, a Sustentabilidade estejam presentes de forma mais eficaz no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças e adolescentes. Parabéns!” Eliane Lemos Ozores, Diretora de Gestão da ONG Entre Rodas e Batom, São Paulo (SP), por e-mail “Caro Nélson Tucci, dizem que as pessoas só aprendem pelo amor ou pela dor. Nesse caso, a segunda opção me parece mais verdadeira. As crises hídrica e energética pelas quais o país está passando, de certa forma, estão forçando a população a economizar e, ainda que de maneira lenta, a pensar no futuro. Por isso, o momento é mais do que oportuno para levar para as salas de aula a discussão sobre a importância dos recursos naturais.” Paulo Rosa, Jornalista, de São Paulo, por e-mail

Correção

As fotos da matéria “Um arquiteto que resgata o sagrado no que faz”, da Edição 46, são de Vivi Sodré Photo.


14 e 15 de julho de 2015 Local de realização: Fecomercio – São Paulo/SP REALIZAÇÃO:

Estão abertas as inscrições para o maior evento da área de RI e Mercado de Capitais da América Latina. As vagas são limitadas, faça já sua inscrição. O maior encontro do mercado de capitais brasileiro e da América Latina, em Relações com Investidores, já tem data marcada: dias 14 e 15 de julho próximos. Uma vez mais a capital de São Paulo sediará o Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, promovido conjuntamente entre a ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas e o IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores. O 17º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais é parte do calendário de eventos das principais companhias abertas, agentes reguladores, dirigentes de entidades, analistas e profissionais de investimentos, bem como advogados, auditores e especialistas em relações com investidores de todo o Continente. Como acontece todos os anos, representantes de companhias abertas, bolsas de valores, consultorias e instituições financieras deverão passar pelo evento, que reúne público superior a 700 pessoas em seus dois dias de realização. Paralelamente aos painéis da programação oficial, haverá uma exposição de serviços composta de estandes onde as empresas e instituições expõem seus produtos e serviços pra um público customizado, tornando-se também um oportuno ponto de encontro de todo o mercado.

PATROCINADOR DIAMANTE:

Mais informações: (11) 3107.5557 - (11) 3106.1836 www.encontroderi.com.br

PATROCINADORES OURO:

C

PATROCINADORES PRATA:

OLIVEIRA TRUST

PARCEIROS DE MÍDIA:

APOIO INSTITUCIONAL:

ABRAPP, ABVCAP, AMEC, ANBIMA, ANCORD, ANEFAC, APIMEC NACIONAL, APIMEC SÃO PAULO, BRAIN, CODIM, FIPECAFI, IBEF, IBGC, IBRACON e IBRADEMP


Entrevista

Ronaldo Serôa da Motta “A principal questão é fazer com que a China e os EUA aceitem qualquer meta. Se eles aceitarem, o acordo sai, porque o mundo rateia o resto”, assegura o pesquisador

“COP-21: Acordo climático depende da China e dos EUA” Da IHU On-Line

“A humanidade sempre teve dificuldade de antever o futuro e tomar medidas que garantissem a sustentabilidade das gerações possíveis, e talvez estejamos destinados a cometer os mesmos erros dos maias, dos astecas e dos egípcios, que tiveram colapsos civilizatórios”, adverte Ronaldo Serôa da Motta em entrevista à IHU On-Line, ao comentar as dificuldades que os países têm tido no sentido de assumir metas rigorosas para conter os efeitos das mudanças climáticas nos próximos anos. Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line, Motta pontua

8

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

que será difícil os países chegarem a um acordo global na COP-21, que ocorre em Paris no final deste ano. Segundo ele, entre os principais impasses a serem resolvidos, está o da interpretação do “princípio de responsabilidade comum, mas diferenciada”, ou seja, qual deverá ser a contribuição de cada país para reduzir os efeitos climáticos. “Essa é a principal questão, mas o problema é justamente as diferenças que são difíceis de mensurar. De todo modo, são essas diferenças que irão nortear as divisões do orçamento global de carbono”, pontua. Ronaldo Serôa da Motta explica ainda que “há um conflito entre os critérios”, no sentido de definir quais países devem assu-


mir mais responsabilidades. Na interpretação dele, “essa questão deve ser lida no sentido de entender qual foi a contribuição de cada país para o aquecimento global. Os EUA, por exemplo, começaram a emitir gases de efeito estufa muito antes que os outros países e, nesse sentido, eles contribuíram mais. Mas é claro que daqui a 20 anos, com o crescimento da China, da Índia e do Brasil, a emissão desses países será maior, então haverá essa convergência. (...) Temos de compreender que a contribuição de cada país é dinâmica ao longo do tempo, porque depende do nível de emissão anual, que vai afetando o nível de estoque de gases”. Contudo, as expectativas de Motta para a formulação de acordo global na COP-21, o qual substituiria o Protocolo de Kyoto, não são muito otimistas. Segundo ele, por causa da crise econômica internacional, a tendência é que os países assinem um “acordo gradualista”, com metas pouco ambiciosas até 2030, “adiando para 2050 as grandes reduções”. Ronaldo Serôa da Motta é doutor em Economia pela University College London e professor de Economia do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Foi coordenador de Estudos de Regulação e de Meio Ambiente do IPEA e diretor da Agência Nacional de Aviação para as áreas de Pesquisa e Relações Internacionais. IHU On-Line - Quais são as principais barreiras comerciais, econômicas e políticas que dificultam a implantação de políticas de regulação de gases de efeito estufa? Ronaldo Serôa da Motta – O que existe é um conflito de interesses dos países signatários da Convenção em termos de quem irá assumir as responsabilidades no que se refere à redução de emissões que cada país tem de fazer. A quantidade total de emissão sobre toneladas de carbono recomendada pelos cientistas não pode passar de um trilhão, porque senão a temperatura aumentaria acima de dois graus. Assim, esse orçamento de carbono tem de ser dividido entre os países, mas a dificuldade é que cada país quer uma parte maior desse orçamento a partir de uma justificativa. O que será feito na COP-21, em Paris, será

O que não pode acontecer é o mundo aceitar a responsabilidade de controlar as emissões e a China e os EUA não se comprometerem” justamente tentar chegar a um consenso de como dividir esse orçamento. – Uma das propostas da COP-21 é atribuir princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas para cada país. Como vê essa proposta, dado o embate entre os países desenvolvidos e os que estão em desenvolvimento? – Essa é a principal questão, mas o problema é justamente as diferenças que são difíceis de mensurar. De todo modo, são essas diferenças que irão nortear as divisões do orçamento global de carbono. Há um conflito entre os critérios, por exemplo, quem emite mais hoje não quer dizer que tenha contribuído mais para o aquecimento global, porque o que vale é a quantidade de tempo que um país emitiu, já que os gases ficam mais de 100 anos na atmosfera. En-

tão, a contribuição de cada país depende do ano e da forma como se medem as emissões. Além do mais, os países percebem danos diferentes com o aquecimento global: alguns países, como os da Europa, consideram que irão sofrer muitos danos e, por isso, têm mais interesse em colaborar; por outro lado, países que acham que os danos serão menos prejudiciais, têm menos interesse em colaborar. Essa é a questão que não se resolve e para a qual se pretende definir uma métrica na COP-21. Nesse sentido, o governo francês quer que essa meta seja definida antes da COP-21, ou seja, na reunião que antecede a Conferência, em outubro. O governo está jogando pesado para que se chegue a um consenso sobre a forma de rateio desse orçamento de carbono. – Como deveria ser lido esse princípio de responsabilidade comum, mas diferenciada? As metas mais robustas devem ser assumidas pelos países desenvolvidos ou pelos em desenvolvimento? – Essa questão deve ser lida no sentido de entender qual foi a contribuição de cada país para o aquecimento global. Os EUA, por exemplo, começaram a emitir gases de efeito estufa muito antes que os outros países e, nesse sentido, eles contribuíram mais. Mas é claro que daqui a 20 anos, com o crescimento da China, da Índia e do Brasil, a emissão desses países será maior, então, haverá essa convergência. Hoje a

9


Entrevista

contribuição de alguns países é menor, mas se, por exemplo, a China continuar crescendo mais do que a Europa, ela terá uma responsabilidade maior no futuro. Temos de compreender que a contribuição de cada país é dinâmica ao longo do tempo, porque depende do nível de emissão anual, que vai afetando o nível de estoque de gases. Essa é a confusão. Como vamos resolver isso? Essa é uma questão geopolítica e teremos de ver se os países terão interesse ou não de fazer um esforço, acomodando alguns países relutantes como a China, e dando para os chineses algumas emissões gratuitas, ou seja, um orçamento maior, desde que eles reduzam algo, ou isentando os países africanos muito pobres e isentando também a Índia. O Brasil tem pouca contribuição e não será afetado diretamente. A principal questão é fazer com que a China e os EUA aceitem qualquer meta. Se eles aceitarem, o acordo sai, porque o mundo rateia o resto. O que não pode acontecer é o mundo aceitar a responsabilidade de controlar as emissões e a China e os EUA não se comprometerem. Uma vez que China e EUA se comprometam com metas que possam ser verificáveis e críveis, o resto do mundo se encaixa, porque a Europa está disposta a bancar reduções de emissões que os outros não fizerem, mas ela espera que os demais aceitem ao menos algumas metas. – O acordo bilateral entre EUA e China poderá ter algum impacto na COP-21, ou os países assinaram esse acordo bilateral justamente para não se comprometerem num acordo global? – Eles estão tentando fazer, paralelamente, uma troca de tecnologia, porque eles têm interesse num avanço tecnológico, pois sabem que no futuro a tecnologia limpa será importante. Então, eles estão tentando fazer um acordo paralelo à Convenção justamente para mostrar que, caso ela fracasse, eles têm um acordo. - Qual é o peso da economia nas discussões e decisões acerca da redução de CO²? Quais são os entraves postos pela economia e, por outro lado, que mecanismos positivos foram pensados a partir da economia? – Na questão das mudanças climáticas existem duas linhas. A primeira delas é em re-

10

Greenpeace Brasil

Em termos de um acordo internacional, o Brasil nunca vai assumir metas muito rigorosas” lação à agricultura no sentido de melhorá-la diante dos efeitos climáticos, uma vez que não é só o aumento da temperatura que causa problemas, mas também a alteração da temperatura faz com que o equilíbrio do planeta se altere e haja períodos de chuvas e secas mais intensos, o nível do mar aumenta e começa a ter um sistema de clima completamente diferente do que se está acostumado a ver. Isso traz, para qualquer país, um desarranjo na sua estrutura, além de consequências econômicas muito sérias. Inclusive, gera fluxos migratórios muito fortes, como se observa com os refugiados que estão indo para a Europa. A outra forma é criar alternativas de mitigação, de defesa. Outra maneira ainda é justamente reduzir as emissões. Essa capacidade de reduzir emissões têm custos diferentes para cada país. Então, criam-se

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

mecanismos que permitam que esse esforço seja mais barato através de países que possam contratar a redução de emissões em outros países, porque tanto faz em que país as emissões serão reduzidas, porque na atmosfera isso terá o mesmo efeito climático. Por isso existem mercados de carbono, os países plantam e protegem florestas. Há uma reflexão de que em países em desenvolvimento, que não têm um nível de desenvolvimento energético muito alto, é mais barato reduzir emissões porque eles podem adotar energias limpas e de eficiência energética. E, como o PIB deles é menor, o efeito sobre a renda é menor. Então se criou o mercado de carbono para que os países ricos fossem nos países pobres e fizessem a redução das emissões de carbono por um custo muito menor do que se fossem fazer em seus países e, com isso, as emissões caem. Esse mercado não acabou acontecendo de forma efetiva porque não há um acordo global. Ele só aconteceu na Europa porque a Europa decidiu cumprir o acordo de Kyoto, que é um acordo de redução de emissões só dos países desenvolvidos. Esse mercado, se tiver um acordo global, irá funcionar, porque aí todos terão obrigações e interesses em procurar lugares onde poderiam cumprir suas obrigações a custos menores.


O mesmo irá acontecer com o REED. O REED visa o pagamento a proprietários de florestas para que eles não usem a floresta para a agricultura e possam manter a floresta em pé, ou com proprietários que plantem florestas e as conservem. Mas o mercado de REED é mais complicado, porque a floresta pode pegar fogo e aí tudo que os países economizaram de carbono pode ir para o espaço, literalmente, para a atmosfera. A Europa poderia comprar carbono ou alugar florestas no Brasil, e como a floresta não seria desmatada, a Europa estaria reduzindo as emissões no Brasil, as quais poderiam ser transferidas para os países europeus. Só que se acontecer de a floresta pegar fogo, por exemplo, tudo que foi gasto em dinheiro comprando carbono é perdido, e os países teriam de comprar carbono novamente. Então, trata-se de um mercado delicado, porque o preço do carbono é muito baixo e a quantidade de florestas que existe é muito alta, então, não tem muita atratividade econômica. O Brasil tem uma experiência um pouco diferente com o Fundo Amazônia, que é um pagamento que uns países fazem, em especial a Noruega, para o Brasil reduzir as emissões por desempenho. Eles pagam cinco dólares para cada tonelada de carbono que o Brasil reduzir. O último acordo foi de um trilhão de dólares, e o Brasil pode usar esse dinheiro como quiser para controlar o desmatamento. Mas como o Brasil aplica esse dinheiro é uma questão complicada, a qual não quero tratar aqui, porque é muito controversa. De todo modo, esse mercado não é atrativo para um produtor rural vender carbono, porque não há uma demanda

Vislumbo um acordo gradualista, ou seja, até 2030 devem adotar metas pouco ambiciosas, adiando para 2050 as grandes reduções. por controle de emissões, à medida que só a Europa está controlando as emissões na área energética de forma bastante significativa. E, quando eu falo de Europa, estou falando apenas da Alemanha e da Inglaterra, que são as que fazem algo, para ser sincero. Nesse caso, o controle ainda é baixo para que esses mercados funcionem de forma eficiente, mas são experiências. – Que tipo de acordo vislumbra na COP-21? – Um acordo gradualista, ou seja, até 2030 devem adotar metas pouco ambiciosas, adiando para 2050 as grandes reduções. Esse resultado que teremos na COP21 será assim porque, dada a crise internacional, vai haver um acordo global em que todos irão participar, mas a meta provavelmente não será aquela de 30%, mas talvez uma redução de 20% e o restante será postergado para 2050. – Que ações foram feitas pelo Brasil para reduzir as emissões de CO² até 2020, desde a aprovação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em 2009?

– O Brasil fez um esforço muito grande em relação à redução do desmatamento, embora ela tenha sido muito mais focada na questão da biodiversidade. O país tem feito um esforço, ainda não significativo, mas importante, na redução das emissões da agricultura. Por outro lado, o país está reduzindo a participação de energia hidráulica e de biomassa na matriz energética, e usando mais termoelétricas. O Brasil está muito confortável porque ainda tem uma matriz limpa e o desmatamento já reduziu bastante. Assim, em termos de um acordo internacional, o Brasil nunca vai assumir metas muito rigorosas. Contudo, isso é ruim porque pode, inclusive, inibir um desenvolvimento tecnológico. Os países que tiverem metas rigorosas serão capazes de desenvolver novas tecnologias. Esse é um grande desafio para o Brasil. – Quais devem ser as contribuições do Brasil na COP-21? – O Brasil terá uma participação muito mais de intermediário entre países desenvolvidos e em desenvolvimento do que propriamente apresentará uma contribuição significativa de mitigação. Como disse, o Brasil tem uma condição favorável porque não é um país em desenvolvimento que está prejudicando a negociação em termos de emissões e, por isso, vai tentar fazer uma intermediação entre EUA, Europa e China. – Dado os acordos de curto prazo que foram feitos até agora, que medidas seriam importantes para atingir emissões zero até 2100? Trata-se de uma expectativa utópica? – Utópica não é, porque basta fazer um esforço enorme para atingir essa meta e direcionar os gastos governamentais para inovações tecnológicas. Mas o problema é que politicamente talvez não seja viável, porque exige das gerações atuais um esforço grande de mexer nos padrões de consumo de energia. É uma questão difícil de resolver, porque as pessoas e os governantes de hoje não estarão vivos em 2100. A humanidade sempre teve essa dificuldade de antever o futuro e tomar medidas que garantam a sustentabilidade das gerações possíveis, e talvez estejamos destinados a cometer os mesmos erros dos maias, dos astecas, dos egípcios, que tiveram colapsos civilizatórios. A grande diferença é que eles não sabiam o que poderia acontecer, mas nós sabemos.

11


Colunista Rafaela Brito

E

Como está a nossa ‘casa’?

ncíclica, ou Litterae Encyclicae, constitui um dos documentos pontifícios utilizados pelo Papa para tratar de assuntos diversos. A Carta Encíclica pode ter caráter social- como é o caso da Laudato Si- é dirigida aos Bispos de todo o mundo e, por meio deles, a todos os fiéis. Desta vez, a Encíclica Laudato Si (Louvado Sejas), com o subtítulo “Sobre o Cuidado da Casa Comum”, publicada e divulgada, em 18 de junho de 2015, pelo Papa Francisco, foi esperada, ansiosamente, por jornalistas, cientistas, estudiosos, céticos, políticos, cidadãos comuns, cristãos, líderes governamentais, de todo o mundo. Tornou-se, de fato, católica, que quer dizer, para todos ou universal. Este é o primeiro documento escrito integralmente por Francisco, além de ser a primeira vez que um Papa aborda o tema da ecologia no sentido de uma ecologia

12

integral, requerendo a abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põe em contato com a essência do ser humano. A ecologia integral pressupõe a ecologia ambiental, ecologia político-social, a mental, a cultural, a educacional, a ética, a econômica, a da vida cotidiana, isto é, engloba a participação de todos, a partir de uma consciência compartilhada. Como está a nossa “casa”? Existe uma mudança que “... é algo desejável, mas torna-se preocupante quando se transforma em deterioração do mundo e da qualidade de vida de grande parte da humanidade.” O trecho faz parte do ponto 18 da Encíclica e nos leva a repensar as problemáticas e os desafios de preservação e prevenção, aspectos da proteção à criação e questões como a fome no mundo, pobreza, globalização e escassez, apontados pelo documen-

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

to, e como estamos transformando desordenadamente a Terra, casa de todos. A desigualdade planetária faz com que aumente o número de excluídos e esquecidos. Sem o contato físico com as situações reais e concretas, não conseguimos oferecer soluções compatíveis com o diagnóstico in loco, sendo que “a desigualdade não afeta apenas os indivíduos, mas países inteiros, e obriga a pensar numa ética das relações internacionais. Com efeito, há uma verdadeira «dívida ecológica», particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais realizado historicamente por alguns países”, como afirma o ponto 51 do documento papal. A Laudato Si nos leva a refletir sobre a importância ímpar como se apresenta, porque reforça a ideia de que o meio ambi-


Official Vaticano Network

ente é um bem comum, uma herança coletiva de toda a humanidade, e temos todos as mesmas reponsabilidades para torná-lo melhor. Essa reflexão me lembra o que a doutrinadora leiga Chiara Lubich escreveu: “(…) Se a fraternidade universal for vivida os reflexos na sociedade logo serão evidentes. E um deles deverá ser uma estima recíproca entre os Estados e os povos. E isto é algo inusitado. De fato, estamos habituados a ver acentuadas as fronteiras entre povo e povo; a temer a potência dos outros. No máximo se fazem alianças, em benefício próprio. Mas dificilmente se pensa em agir unicamente por amor a outro povo – já que a moral popular jamais atingiu este ponto. Mas quando os indivíduos amarem efetivamente os seus próximos, brancos ou negros, vermelhos ou amarelos, como a si mesmos, será fácil transplantar esta lei entre Estado e Estado. (…)”.

A encíclica pode e deve servir de instrumento educativo, guiando todas as pessoas de boa vontade a romperem com o antigo e ultrapassado paradigma que isola os problemas e procura soluções para cada um deles, sem se preocupar com os ecossistemas diferentes. Encoraja a busca pelo novo paradigma de visão inclusiva e integral, por meio de iniciativas ousadas e urgentes, como uma petição, endereçada aos Chefes de Estado e de Governo dos países participantes da XXI Conferência Internacional sobre a Mudança do Clima, que acontecerá em Paris, de 30 de novembro a 15 de dezembro de 2015. A petição diz respeito à “ecologia integral” e pede compromissos concretos pela redução decisiva da poluição, como um ato de responsabilidade com as futuras gerações. O Papa afirma que, nas condições atuais da sociedade mundial, onde há tantas

desigualdades e são cada vez mais numerosas as pessoas descartadas, privadas dos direitos humanos fundamentais, o princípio do bem comum torna-se imediatamente, como consequência lógica e inevitável, um apelo à solidariedade e uma opção preferencial pelos mais pobres. Nos convida a assumir compromissos para descobrir o valor de cada coisa, a contemplá-la com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos. A publicação da encíclica papal demonstra a grande sabedoria, coragem e liderança que Francisco tem desenvolvido ao longo do seu pontificado, mostrando, por exemplo, como as alterações climáticas têm implicações morais e éticas de importância vital. Como venho defendendo há algum tempo, o princípio da fraternidade é o vetor, o guia a ser seguido para a aplicação do princípio da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável. É o amor mútuo, o socorro entre os próprios indivíduos da sociedade que proporcionará a aplicabilidade de um ambiente ecologicamente equilibrado e harmônico. A interdependência que caracteriza a comunidade internacional está ligada ao conceito de governança ambiental que é dado a cada Estado e aos indivíduos que dele fazem parte. Aplicar os princípios de fraternidade e de solidariedade, com ou sem o apoio estatal, por meio da educação ambiental, ou projetos e programas coletivos, fraternos, de amor mútuo, por moralidade e ética, com vistas à proteção do meio ambiente e dos recursos naturais, torna-se fundamental para a aplicabilidade da Encíclica, de cunho comunitário, universalista e fraterno. (*) Rafaela Brito (rafaelasilvabrito@ gmail.com ) é Colunista colaboradora de Plurale. Advogada, em Brasília e em Fortaleza, sócia do escritório Carvalho, Moreira & Brito Advogados Associados. Mestranda em Estudos Ambientais pela UCES, em Buenos Aires. Especialista em Direito Ambiental pela Facinter. Especialista em Direito Internacional pela UNIFOR. Membro da Comissão de Direito Ambiental, de Direitos Humanos e de Direito Internacional da OAB-CE. Palestrante e estudos realizados na Alemanha, Argentina, Estados Unidos, Irlanda, Itália e Reino Unido. Membro da delegação de Humanidade Nova das Nações Unidas para participar da Rio + 20.

13


Artigo Ana Tereza Spinola

Antonio Freitas FOTOS DE ITAIPU BINACIONAL/ DIVULGAÇÃO

BRASIL:

O PAÍS COM A MAIOR RESERVA DE ÁGUA DO PLANETA, SEM ÁGUA NA TORNEIRA

14

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

“Á

guas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”, já bem observou e relatou Pero Vaz de Caminha à corte portuguesa ao ver a incrível quantidade de água do recémdescoberto Brasil. O escritor português foi certeiro. O Brasil é um país privilegiado, com a maior reserva de água doce do mundo. A maior bacia hidrográfica do planeta (Amazônica). O maior reservatório subterrâneo de água (aquífero Guarani) e a maior planície alagável da Terra (Pantanal). Além disso, em 2011, foi descoberto o rio subterrâneo Hamza, localizado a 4 mil metros de profundidade debaixo do rio Amazonas e com 6 mil metros de extensão. Apesar de tantos recordes de água doce, um fato preocupante para todos nós, brasileiros, é a má gestão deste recurso tão valioso que precipitou a maior crise hídrica já vivida pelo nosso país. É importante ressaltar que, até os dias de hoje, o uso da água é o mesmo desde a época do Império. Ou seja, retira-se a água dos mananciais e, simultaneamente, o enche de detritos domésticos e industriais. De acordo com dados do Instituto Trata Brasil, mais de 6,5 bilhões de m³ de água foram desperdiçados no ano de 2014, o equivalente a 40% do volume total tratado no país e que poderia encher mais de seis vezes o sistema Cantareira. Em um ano, essa perda equivale a mais de R$ 8 bilhões de prejuízo. No Estado do


Rio de Janeiro, colecionamos o título de campeão de vazamentos nas redes públicas e privadas. A Cedae desperdiça 62,69% da água tratada em Belford Roxo; 62,29% em Nova Iguaçu; 57,78% em São João de Meriti e 50% em Duque de Caxias. Os dados mundiais também são preocupantes. Relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgado em março, alerta para um déficit de 40% no abastecimento de água em 2030, caso não haja uma mudança dramática no uso, gerenciamento e compartilhamento do recurso. De acordo com a organização, nas últimas décadas, o consumo cresceu duas vezes mais do que a população e a estimativa é de que a demanda aumente 55% até 2050. A instituição afirmou também que a crise global é um problema de governança e não somente de disponibilidade de recursos hídricos. Por fim, faz um alerta: o padrão de consumo mundial sustentável ainda está bem distante. Diversos projetos vêm sendo discutidos para contornar esse problema, como o reaproveitamento da água do mar, da chuva e até dos dejetos; o replantio de árvores nas margens dos rios e nos cumes das montanhas; interligação hídrica e hidroviária; criação de fazendas de pisciculturas e reservatórios de água para uso humano, animal e geração de energia; melhor gestão das águas subterrâneas e maior conscientização da população. No entanto, para que estas e outras iniciativas sejam eficientes ou até mesmo saiam do papel, é preciso um esforço mútuo tanto dos governantes quanto da sociedade. No mundo, há diferentes exemplos de iniciativas: Hong Kong usa a água do mar para descarga; a Alemanha utiliza a água da chuva para irrigação; a Austrália adota controle eletrônico para mitigar perdas; a China superou a crise hídrica reciclando água; para evitar desperdícios, Singapura criou tarifa progressiva, enquanto o Japão apostou em tubos resistentes; e o estado de Nova York iniciou, em 1990, um amplo programa de proteção aos mananciais. E o Brasil? Há anos vem sendo relapso com a questão da água. Não temos uma política eficiente e adotamos poucas práticas significativas. Afinal, quais iniciativas em curso são realmente benéficas para o fim da crise hídrica?

No Estado de São Paulo, palco da crise, por exemplo, o sistema Cantareira está sendo conectado com outros reservatórios de forma a suprir todas as cidades adequadamente. A ideia é construir um sistema de “mão dupla”. Ou seja, quando um dos reservatórios tiver excedente de água, o volume será transferido para outra represa. O ideal seria ampliar este projeto de norte a sul do Brasil. Com isso, poderíamos evitar enchentes em determinada região e, ao mesmo tempo, minimizar a seca em outra localidade. Esta é uma aplicação trivial da noção de vasos comunicantes. Desta forma, conseguiríamos atender plenamente o consumo de água humano, animal, agrícola e industrial. Relatório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Universidade de Campinas (Unicamp) apontou que um dos problemas do sistema Cantareira é o reflorestamento. Especialistas descobriram que há um déficit de árvores de 34,5 mil hectares na região da bacia. A situação é tão dramática que apenas 10% dos topos de morros e das margens do sistema têm mata nativa. Com o replantio das mudas nas beiras dos rios e nos cumes das montanhas, como prevê a lei, ressurgem rios com água límpida e com uma quantidade normal de pescado. Já tivemos por aqui experiências positivas com este tipo de reflorestamento. No entanto, este é um trabalho que ainda engatinha no Brasil, mas que pode ser, e muito, ampliado. Com o potencial aquífero obtido por meio da revitalização dos rios, bem como o desenvolvimento do transporte hidroviário, diminuiremos, fortemente,

outro problema: o transporte de grãos e demais produtos. Atualmente, cerca de 50% da produção agrícola brasileira é desperdiçada pela deficiência do modal rodoviário. Mais um ponto relevante é que, caso as reservas hídricas do Brasil não sejam utilizadas, seremos forçados a usar uma energia mais poluente gerada a partir do carvão e do óleo mineral e, eventualmente, a energia nuclear, considerada mais arriscada. Desta forma, precisamos explorar melhor o potencial de energias renováveis e mais limpas que o Brasil possui, como a solar, a eólica e a hidráulica. Assim, teremos de volta um país mais verde. Os desafios de distribuição e consumo de água no Brasil e no mundo ainda são inúmeros. Para alcançarmos as metas, precisamos aprimorar a engenharia estratégica dos recursos hídricos. Para tal, face à realidade financeira brasileira, as ações e os projetos poderiam ser mais eficientes se aproveitássemos a tecnologia e os recursos privados disponíveis. Seria dar continuidade à prática de concessões, como já existe em aeroportos, telefonia e distribuição de energia. Com isso, a riqueza gerada atuaria diretamente na melhoria da sustentabilidade ambiental para atender, sobretudo, comunidades carentes no que tange a alimentação, saúde e educação. Afinal, melhorar a forma de utilizar a água é algo muito mais sério do que o lucro e/ou o conforto imediato, é a garantia do desenvolvimento sustentável para as próximas gerações de brasileiros. Antonio Freitas - Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura e Ana Tereza Spinola - Professora universitária.

15


Colunista Roberto Saturnino Braga

SÍMBOLOS: A AMAZÔNIA

E

m boa hora, o Ministério da Integração instituiu um denominado Prêmio Celso Furtado para os melhores trabalhos, teses, sobre Desenvolvimento Regional, elaborados em cada ano. E o Prêmio, a cada edição, homenageia, como símbolo, uma figura brasileira eminente ligada ao desenvolvimento. Neste ano de 2015, o homenageado foi o grande economista Armando Dias Mendes recentemente falecido, servidor de longa e bela vida dedicada ao tema do desenvolvimento regional, com uma atenção muito especial ao desenvolvimento da Amazônia. Cerca de 800 jovens brasileiros se inscreveram no concurso deste ano e mais de 600 enviaram trabalhos que foram criteriosamente analisados por uma banca especializada. Embora a remuneração do Prêmio não deixe de ser atraente, o interesse demonstrado pelo tema e pelo prestígio do Prêmio é alvissareiro: revela a dimensão da crença e do esforço da nossa juventude no estudo e na criatividade vinculados ao grande desafio do Desenvolvimento. Tive a oportunidade de comparecer à cerimônia de agraciamento dos vencedores e de sentir, em suas faces, o ânimo do cumprimento de uma missão de significado nacional. E os Símbolos são muito importantes no fenômeno da mobilização da vontade de um país para o desenvolvimento. A Petrobras é um símbolo do sentimento nacionalista brasileiro; Brasília, onde se realiza o julgamento e a entrega do Prêmio, é um símbolo do Brasil Novo, desenvolvimentista, que ascendeu ao Planalto Central a assenhoreou-se de todo um imenso território que antes lhe pertencia quase só nos mapas; Celso Furtado é um símbolo do desenvolvimentismo brasileiro, do cuidado, do estudo, da racionalização do processo de desenvolvimento ligado ao interesse e à mobilização de todo o povo; e Armando Mendes tornou-se um símbolo do desenvolvimento da Amazônia, do esforço de busca dos caminhos de realização deste desenvolvimento ainda não suficientemente equacionado. Sou daqueles que acreditam que uma das etapas mais importantes, senão a mais relevante para o Desenvolvimento do Brasil em nossos dias, é a do traçado das diretrizes de um processo de desenvolvimento da Amazônia que respeite verdadeiramente a ecologia da floresta, e que envolva todo o povo amazônida, uma

16

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

ciência da Amazônia ainda não decifrada, uma política para a Amazônia ainda não praticada. Estamos bem conscientes, os desenvolvimentistas brasileiros, de que as desigualdades regionais ainda são muito grandes, inaceitáveis, e que a grande reserva de miséria do País ainda se encontra no Nordeste. Não se pode, evidentemente, descuidar da nossa populosa região mais pobre, mas é hora de reconhecer que o Nordeste Brasileiro encontrou os seus caminhos: tem já uma forte e preciosa presença de universidades no seu interior, e aprendeu, tem hoje o saber social dos caminhos do desenvolvimento. E há um brasileiro, nascido na região, bem destacado e reconhecido nesta decisiva realização nordestina: chama-se Celso Furtado. Outra grande parte do nosso País, outrora atrasada no processo econômico-social, o greenpeace brasil Centro-Oeste, é hoje a região brasileira de maior dinamismo neste processo, fruto, entre outros fatores, da simbólica mudança da Capital efetuada no meio do século passado, e de toda a irradiação desenvolvimentista que se processou a partir deste novo pólo nacional. O que falta no Brasil, agora, é a Amazônia: imensa e ambicionada riqueza biológica, hídrica, energética, mineral e humana toda em potencial, à espera de caminhos ainda não desvendados, caminhos profundamente novos, que não sejam comandados pelos bem conhecidos interesses do capital mas que abram, revelem ao mundo o que o mundo inteiro está aguardando: um novo desenvolvimento que respeite a natureza e priorize o ser humano, o desenvolvimento do século XXI. E anuncio logo, com muita ênfase e muito entusiasmo, que o Centro Celso Furtado decidiu que o tema do seu próximo Congresso internacional bianual, no ano próximo, será a Amazônia, o Desenvolvimento da Amazônia, a realizar-se em Manaus, com a participação de importantes representações de todos os países amazônicos. E dois nomes brasileiros obviamente serão símbolos desse Congresso: Celso Furtado e Armando Mendes. (*) Roberto Saturnino Braga é Colunista colaborador de Plurale. Economista, político e escritor de vários livros. É Diretor-Presidente do Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento.


GESTÃO DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Sua carreira em suas mãos. Sua formação nas mãos de quem entende do assunto. O MBA Aberje em Gestão da Comunicação Empresarial é destinado a profissionais com formação superior em comunicação ou áreas correlatas que exerçam ou almejem posições de liderança. Para isso, o programa do curso conta com uma grade que corresponde a novas demandas do mercado. Aspectos teóricos compõe uma programação atualizada do jeito que você precisa: • Visão Estratégica da Comunicação Empresarial • Planejamento, Gestão e Análise Financeira de Projetos • Comunicação Interna • Gestão da Comunicação Digital • Relações Governamentais e Institucionais • Comunicação em Programas de Ética e Compliance • Gerenciamento da Comunicação de Crises • Relacionamento com a Imprensa • Pesquisa e Mensuração de Resultados em Comunicação • RSC, Sustentabilidade, Relacionamento com Stakeholders e GRI • Novas Narrativas Organizacionais e storytelling na comunicação • Comunicação Mercadológica e Branding • Liderança e Engajamento para o Desenvolvimento Organizacional

Inscrições abertas ao longo de todo o ano Novas turmas no início de cada semestre (julho/janeiro) Programa em parceria com a Escola Superior de Engenharia e Gestão (Eseg), qualificada no Grupo de Excelência do Índice Geral de Cursos 2012 (Inep/MEC).

Mais informações: www.aberje.com.br/mba | Tel.: (11) 3662-3990 – R. 846 | mba@aberje.com.br

17


P e lo B rasi l GRI lança setorial de Mídia Por Sônia Araripe, Editora de Plurale Fotos de Lela Beltrão/ Divulgação

A

GRI (Global Reporting Initiative) acaba de lançar o Setorial de Mídia. O lançamento no Brasil aconteceu no dia 17 de junho, durante o Seminário “Liberdade de Expressão e Transparência: Os Meios de Comunicação e seus Impactos na Sociedade Brasileira”, realizado na sede da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. O evento reuniu diversos especialistas da área de mídia, executivos de empresas e consultores da área de produção de balanços pela metodologia da GRI. A publicação, destinada a organizações do setor de Mídia, abrange os principais aspectos do desempenho de sustentabilidade que sejam significativos e relevantes ao setor. “É um conteúdo relevante”, explicou Gláucia Terreo, Diretora da GRI no Brasil. O setorial, na verdade, foi lançado pela primeira vez em 2012, desenvolvido com base nas Diretrizes G3.1, mas passou por adaptações e agora foi apresentado em novo formato para facilitar seu uso em combinação com as Diretrizes G4. Para quem não está acostumado com esta terminologia, é como se fosse um upgrade, com padrões e diretrizes ainda mais completos. No Brasil, apenas três empresas de mídia publicam Relatórios em GRI: a Editora Abril, o grupo RBS e o Grupo Gazeta, de Vitória. “Seria interessante que mais empresas seguissem este exemplo”, observou Gláucia Terreo. O professor da FGV, Aron Belinky, moderou a roda de diálogo.

Aron Belink e Gláucia Terreo abriram o evento

Rodolfo Gutilla, presidente do Conselho do Ponto Focal Brasileiro da Global Reporting Initiative e sócio diretor da CAUSE, também destacou a importância do documento. “Reportar com clareza é essencial para que um veículo de comunicação mostre seu comprometimento com a verdade e isso deve ser feito não somente com seus acertos, mas com erros também. Os relatórios são importantes para entender o papel da indústria da comunicação na defesa da liberdade de expressão”, disse Gutilla. Brainprint - O setorial de mídia lança o conceito de brainprint , em uma alusão ao footprint, citando o impacto e influência na sociedade por meio do conteúdo da mídia. Como o paper explica, o brainprint”significa que o conteúdo pode afetar atitudes, comportamentos e a opinião pública, o que impõe outras.” Junto com a liberdade, reforça o paper,

Jornalistas debateram sobre os rumos e a relevância da Mídia Sustentável (da esquerda para a direita): Ricardo Voltolini (Ideia Sustentável/NEXT), Amália Safatle (Página 22), Sônia Araripe (Plurale) e Célia Rosemblum (Valor)

18

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

“vem a responsabilidade, e responsabilidade exige um processo decisório ético”. Seminário - Além do lançamento do documento, foi realizado pela GRI, em parceria com o Instituto Verificador de Comunicação (IVCBrasil), o seminário “Liberdade de Expressão e Transparência: Os Meios de Comunicação e seus Impactos na Sociedade Brasileira”. Especialistas debateram temas relacionados aos meios de comunicação e seu papel no movimento pela sustentabilidade. O seminário abordou questões como regulamentação, transparência e impacto social da imprensa e das novas mídias, além da influência dos meios na visão de executivos e editores de veículos de circulação nacional que acompanham os novos modelos de desenvolvimento. Cheila Zortéa, coordenadora da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho - do Grupo RBS - apresentou a experiência com o relatório GRI. “Tem sido muito valioso para o Grupo. Temos um quadro bem real de nossas ações”, disse. O diretor de Apoio Editorial da Editora Abril, Edward Pimenta, apresentou a linha editorial e o compromisso com a qualidade e com os leitores. “O jornalista continua sendo muito importante. Existe atualmente uma verdadeira catarse coletiva por conta das redes sociais. Mas o público é quem julga.” Mídia Sustentável - Tive o privilégio de participar de roda de diálogo com colegas editores de publicações de Sustentabilidade - Amália Safatle (Página 22) e Ricardo Voltolini (Ideia Sustentável/ Next) - com mediação da também jornalista Célia Rosemblum, Editora do Valor Econômico. “A mídia sustentável é muito relevante, mas, infelizmente, o segmento publicitário ainda não reconheceu isso. Normalmente, as negociações costumam acontecer diretamente com os executivos das empresas”, afirmou Ricardo Voltolini. Amália Safatle disse que a Página 22, publicação do Centro de Sustentabilidade da FGV (Gvces), passará a ser bimestral, e não mais mensal como nos últimos anos. “O jornalismo não está em crise. Mas temos que rediscutir as formas de financiamento.”


O

Prêmio Mobilidade Urbana é uma iniciativa da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Sua missão é a promoção de um amplo debate sobre Mobilidade Urbana de modo a gerar o amadurecimento das reflexões sobre o tema e contribuir para inovação no setor. O tema Mobilidade Urbana refere-se aos meios, serviços, infraestruturas e políticas voltados à garantia dos direitos dos cidadãos, relativos aos deslocamentos de pessoas nas cidades. O prêmio – lançado em 2010- tem por objetivo reconhecer os melhores trabalhos sobre o tema, desde que estejam direta ou indiretamente ligados à Mobilidade Urbana no Estado do Rio de Janeiro.

Excepcionalmente, em 2015, o Prêmio Mobilidade Urbana reconhecerá uma personalidade que tenha contribuído de forma significativa para o desenvolvimento do tema objeto de cada categoria, e, de forma geral, uma personalidade de merecido destaque especial pela sua relevante contribuição à Mobilidade Urbana, em comemoração ao 60º aniversário da Fetranspor. O trabalho vencedor de cada categoria será premiado em cerimônia oficial, com o Troféu Mobilidade Urbana e um cheque no valor de R$ 20.000,00. A cerimônia de premiação será em novembro. Leia o regulamento e saiba como se inscrever no site: http://www.premiomobilidadeurbana. com.br/

Inscrições abertas para Prêmio Mobilidade Urbana o Prêmio “Mobilidade com qualidade Mobilidade Urbana – Especial merece reconhecimento” Fetranspor, 60 anos

O PMU é uma iniciativa da Fetranspor que premia cas sucesso para a evolução da mobilidade urbana no esta Rio de Janeiro. Em 2015, a edição está ainda mais espe os três primeiros colocados cada categoria 5ª edição do Prêmio Antonio Carlosem de Almeida Braga de serão pre Afinal, 60 anos de Fetranspor. Inscreva-se. Inovação emsão Seguros: inscrições abertas

Da CNseg

E

stão abertas as inscrições para a 5ª edição do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros, promovido pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg). As inscrições irão até 30 de setembro. A premiação, criada em 2011, busca estimular e reconhecer os trabalhos que contribuem para a inovação no mercado de seguros. Poderão participar aqueles que forem colaboradores de empresas de seguros, previdência privada e vida, saúde suplementar, capitalização, resseguros, corretoras e corretores de seguros e resseguros autônomos. Os projetos concorrerão nas

istas a oportunidade de defender seus projetos presencialmente. A mudança permite o conhecimento mais detalhado de um maior número de projetos concorrentes. Ao final do processo, os três primeiros colocados de cada categoria serão premiados. Para auxiliar e inspirar os interessados em participar da premiação, a CNseg promoverá, ao longo do período de inscrições, uma série de eventos voltados à inovação. A expectativa é de que o total de trabalhos concorrentes seja ainda maior que o recorde de 78, registrado em 2014. O aumento, de 41,3% em relação à edição anterior, reafirma a importância do Prêmio dentro e fora da Confederação, que vê na iniciativa uma maneira de reforçar o papel do setor como agente fundamental do desenvolvimento socioeconômico do país. http://www.premioseguro.com.br/

PMU Especial Fetranspor 60 anos Inscrições abertas

Até 10/8/2015

categorias “Produtos e Serviços”, “Processos” e “Comunicação”. A avaliação será feita pela Comissão Julgadora em duas etapas, sendo a primeira de julgamento individual dos trabalhos.Este ano, a segunda fase foi ampliada, dando a 15 final-

19


P e lo B rasi l Anderson Ferreira / Divulgação

Fórum Mundial de Biodiversidade premia ações ambientais De Curitiba

O

s vencedores do Prêmio LIDE de Meio Ambiente 2015 foram divulgados no dia 25 de junho, durante o 6º Fórum Mundial do Meio Ambiente, que acontece em Foz do Iguaçu (PR). O objetivo da premiação é homenagear empresas brasileiras, estrangeiras ou pessoas físicas que realizam projetos ambientais no Brasil. O prêmio é uma iniciativa do LIDE – Grupo de Líderes empresariais, maior organização empresarial do Brasil, reunindo cerca de 1.700 empresas que juntas são responsáveis por 52% do PIB privado do país. A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza foi a instituição escolhida na categoria Unidades de Conservação (UC) pelo trabalho que desenvolve pela conservação da biodiversidade brasileira, especialmente no incentivo às áreas protegidas. “A Fundação Grupo Boticário foi uma das primeiras instituições a incentivar ações de proteção às UCs, além de possuir

Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, recebe o prêmio de ​ Roberto Klabin, presidente do Instituto ​SOS Pantanal e do LIDE Sustentabilidade (esq) e de João Dória Jr, fundador e presidente do Grupo Doria.

duas reservas próprias. É um compromisso com a conservação que merece ser reconhecido”, afirma Gustavo Ene, CEO do LIDE. Os projetos apoiados pela Fundação Grupo Boticário já beneficiaram mais de 400 UCs em todo o Brasil. Já as duas unidades de conservação criadas e administradas pela instituição estão localizadas nos dois ambientes naturais brasileiros mais fragmentados e mais ameaçados de extinção: a Mata Atlântica (Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba - PR) e o Cerrado (Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante - GO). Juntas, elas protegem mais de 11 mil hectares de áreas

naturais nativas que são habitat para cerca duas mil espécies de plantas e animais. Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário é uma honra poder receber mais essa premiação. “Sermos reconhecidos por este grupo de formadores de opinião é muito importante, pois reflete que a conservação da natureza é relevante nas diversas regiões do Brasil e que estabelecemos a rota correta para trabalhar com essa causa, conquistando resultados sólidos e notório reconhecimento”, destaca. A instituição já recebeu mais de 60 reconhecimentos públicos e em setembro deste ano completa 25 anos.

Uso de agrotóxicos no Brasil cresce mais de duas vezes e meia em dez anos Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil

O

uso de agrotóxicos na agricultura brasileira mais do que dobrou entre os anos de 2002 e 2012, divulgou hoje (19) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), o uso de agrotóxicos saltou de 2,7 quilos

20

por hectare (kg/ha), em 2002, para 6,9 quilos por hectare em 2012 – variação de cerca de 155%. Segundo o IBGE, os produtos mais usados em 2012 são os considerados perigosos ou muito perigosos, com 64,1% e 27,7% do total de produtos comercializados naquele ano. Os herbicidas foram os agrotóxicos mais comercializados no período, com 62,6% do total de vendas, seguidos dos

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

inseticidas, com 12,6%, e dos fungicidas, com 7,8%. O uso de agrotóxicos por área foi maior na Região Sudeste, com 8,8 quilos por hectare, e o estado de São Paulo foi o que fez o uso mais intenso em 2012, com 10,5 kg/ha. O segundo estado com maior uso de agrotóxicos é Goiás, com 7,9 kg/ha, e o terceiro, Minas Gerais, com 6,8 kg/ha. O menor uso de agrotóxicos foi verificado no Amazona e no Ceará, onde o valor é menor que 0,5 kg/ha.


ISE 10 anos: BM&FBOVESPA e GVces apresentam os destaques do novo questionário e a Plataforma de Indicadores do Índice

De São Paulo

A

BM&FBOVESPA e o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces) realizaram, em 23 de junho, na FGV, evento destinado exclusivamente a jornalistas, com as novidades sobre o processo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para 2015 e uma avaliação dos 10 anos de sua criação. Foram apresentados os destaques do novo questionário do ISE e a Plataforma de Indicadores do Índice. Entre os principais destaques do novo questionário estão uma maior ênfase ao posicionamento estratégico das empresas

em relação à sustentabilidade e à geração de valor compartilhado, com a criação de novo critério na Dimensão Geral; uma mudança de indicadores de outras dimensões para a Dimensão Geral, que passa a ser preenchida inclusive pelas empresas controladas; explicitação do conteúdo das dimensões por meio de matrizes lógicas; organização de temas transversais (educação, engajamento de stakeholders, governança, saúde e segurança, cadeia de valor); adequação dos questionários Social e Amb-IF a diferentes perfis de empresas, por meio da incorporação de “trilhas de perguntas”; e a ênfase a questões de governança de empresa públicas / economia mista e integridade na gestão.


DIVULGAçÃo

Cultura

Um ninho para Projeto procura estimular o hábito de leitura entre os cariocas. Casinhas para a troca de livros estão espalhadas em vários pontos do Rio, alguns perto de comunidades

22

Por Nicia Ribas, de Plurale Do Rio de Janeiro

B

oas ideias para melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades são sempre bem-vindas. É o caso dos Ninhos de Livros que estão sendo espalhados pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo primordial de incentivar a leitura. Uma criação da Satrápia, agência carioca de benfeitorias para cidades, inspirado em iniciativa que já existe na França, o Ninho está fazendo sucesso: “Temos recebido muitos pedidos para instalação de Ninhos em diversos locais, inclusive em outras cidades do País”, revela a publicitária Renata Tasca, 29 anos. Ela e sua sócia, Myrtes Mattos, fundaram a Agência em 2013 e estão empolgadas com a boa aceitação dos Ninhos pelos cariocas. Já existem nove Ninhos no Rio: Rua 3, no Vidigal; Praça Sarah Kubitschek, em Copacabana; Arpoador; Praça Nelson

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

As jovens Myrtes Mattos e Renata Tasca, da Satrápia, que lançaram a Ninho de Leitura no Rio.

Mandela, em Botafogo; Parque Guinle, em Laranjeiras; Pedro II; Escola Parque; Praça Santos Dumont, na Gávea e Parque Lage, no Jardim Botânico. “A meta é instalar 50 na cidade e para isso estamos buscando patrocinadores”, diz Renata, citando a contrapartida do investimento: divulgação da marca da empresa no próprio Ninho, nas camisetas da equipe e no site da Satrápia. Além de estimular o hábito da leitura, os Ninhos estão servindo para aproximar e criar laços entre vizinhos. No troca-troca de livros, todos saem ganhando. Toda semana, a equipe da Satrápia faz a ronda nos Ninhos, colocando nas casinhas livros doados que recebem em sua sede. As pessoas podem colocar livros diretamente nos Ninhos próximos de suas casas ou enviar para a Satrápia. Em janeiro deste ano, a Praça Sarah Kubitschek, em Copacabana, ganhou a casinha de passarinho. Recentemente,


NÍCIA RIBAS/ PLURALE

A editora Lúcia Kourry foi conhecer o Ninho de Copacabana: “É disso que precisamos. Facilitar o acesso aos livros, formar leitores”.

numa tarde chuvosa, a editora Lúcia Koury, que mora ali perto, foi conhecer o Ninho. Ela aproveitou para levar A doçura do mundo, de Thrity Umrigar, escolhido entre obras de Pedro Bandeira, Antonia Pellegrino, uma bíblia, um dicionário de inglês e até os pesados volumes de uma enciclopédia Barsa, que foram deixados sobre a mesa da praça porque não couberam na casinha. Para a Plurale, Lúcia

elogiou a iniciativa das criadoras do Ninho de Livros: “É disso que precisamos.Facilitar o acesso aos livros, formar leitores”. Além do projeto Ninho de Livros, a Satrápia já lançou outros, como Bairro Galeria, Fortaleza Sou Eu, 100 em 1, Te Vejo na Praça e Te Vejo na Quadra. Outra ideia que já começa a virar realidade é a de aliar o Ninho de Livros a eventos voltados para a literatura, como o que ocorreu na

inauguração da casinha do Vidigal, quando a escritora Thalita Rebouças comandou uma roda de leitura entre as crianças. Mais informações: Site: www.satrapia.com.br Facebook: www.facebook.com.br/satrapia Vídeo Institucional: http://vimeo. com/100823925 Facebook Ninho de Livro: www.facebook. com/ninhodelivro

23


Educação

Escola pública de Currais Novos (RN)

é campeã em prêmio de Educação & Sustentabilidade Por Sônia Araripe, Editora de Plurale * De Currais Novos (RN)

D

istante de Natal, em uma viagem de cerca de três horas em estrada que corta o agreste nordestino, o município de Currais Novos (RN) não tem muitas atrações turísticas. Um pequeno Cristo-Rei na praça principal, açude nas redondezas, algumas lojas “de grife” nas ruas principais, igrejas e restaurantes de comidas

típicas. Nenhum cinema ou outro ponto de interesse geral. No coração do Seridó - região de destaque no interior do Rio Grande do Norte - o município com cerca de 41 mil habitantes agora tem algo mais para se orgulhar. A Escola Estadual Tristão de Barros foi premiada no dia 2 de junho como destaque na primeira edição do concurso “Respostas para o Amanhã”, promovido pela Samsung. Como prêmio, uma sala de aula high-tech, com computadores, tablets e equipamentos de última geração.

Bruno Henrique de Oliveira, estudante do grupo premiado; Mario Laffitte, Vicepresidente de Marketing e Assuntos Corporativos da Samsung para América Latina; José Vilton da Cunha, Prefeito de Currais Novos; Elba Alves, Diretora da Escola Tristão de Barros; Maria do Socorro da Silva, Secretária-Adjunta da Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte e Ivanês Oliveira Alexandrino, professor de Física, coordenador do grupo premiado pelas invenções que misturam inclusão e sustentabilidade.

24

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

O objetivo do Concurso é premiar escolas públicas que tenham se destacado com propostas inovadoras de como ajudar a solucionar algum problema de suas comunidades utilizando conceitos de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. No caso da escola no sertão potiguar, não faltaram ideias inovadoras e muito menos lideranças e uma turma de jovens com vontade de fazer a diferença. “Trabalhamos com o lixo eletrônico, o chamado e-lixo, e procuramos soluções que pudessem incluir alunos especiais”, conta o professor de Física, Ivanês Oliveira Alexandrino, 45 anos. A partir de pedaços de celulares e outras partes de produtos eletrônicos, ele conseguiu, em um laboratório alternativo, com a ajuda de alunos do 3º Ano do Ensino Médio produzir algumas “engenhocas” de fazer inveja ao “Professor Pardal”, personagem da Disney que cria inventos curiosos e inovadores. O trabalho no laboratório tem três anos e exigiu comprometimento do grupo de alunos também fora do horário de aula. Nasceram, assim, uma bengala eletrônica e pulseira com vibra call de celulares para deficientes visuais e uma cadeira de rodas elétrica, capaz de permitir que deficientes se movimentem ao enviar comandos direcionais por meio de um joystick de videogame. Os alunos também criaram um mouse óptico que, com uma lente tirada de um celular, pode aumentar o tamanho das letras de um texto e ajudar deficientes visuais na leitura. Um dos “cobaias” foi o então aluno da Escola Tristão de Barros, o deficiente visual João Paulo da Silva Vieira. “Estou orgulhoso pelo o que desenvolvemos juntos”, contou à Plurale, o jovem que hoje tem 27 anos e estuda Física à distância na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. João Paulo se inspirou no Professor Ivanês e sonha um dia também poder ensinar outros jovens de Currais Novos a achar soluções inovadoras. O projeto vencedor foi batizado de “Equilíbrio – para uma inclusão sustentável e um meio ambiente melhor” e venceu outras 363 práticas de vários colégios em diferentes pontos do Brasil. Antes, o Concurso já existia em oito países da América Latina, mas 2014 foi a primeira vez que a iniciativa chegou também ao Brasil. A expectativa dos organizadores é que o números de inscritos cresça no segundo ano, agora em 2015.


FOTOs DE

MORAES NE

TO/ DIVULG

AÇÃO

a Escola como um todo “abraçou” a iniciativa, explicou Elba Alves. Orgulhosa, apresentou dados: nove alunos participantes do concurso “Respostas para o Amanhã” foram aprovados no vestibular de universidades públicas em cursos de Ciências e Tecnologia. Em toda a escola, foram 41 aprovados em universidades públicas. Os alunos vibraram não só com a sala interativa mas também com a possibilidade de assistir um filme atual no telão instalado no pátio do colégio sem ter que ir até Natal.

Compartilhar Ninguém espere, porém, uma aguçada visão comercial do Professor Ivanês e seus alunos. “Não queremos patentear ou ganhar dinheiro com o que criamos. Nosso objetivo é mesmo compartilhar, ajudar à quem precisa e incluir todos na mesma escola”, assegura. A Escola Tristão de Barros, criada em 1978, é modelo na região em inclusão de especiais. O vice-presidente de Marketing e Assuntos Corporativos da Samsung para América Latina, Mario Laffitte, explicou que os coordenadores da premiação ficaram impressionados com a qualidade dos projetos apresentados. “Todos realmente inovadores. Ficamos satisfeitos por notar que muitas das propostas estavam ligadas à sustentabilidade, com foco em inclusão e meio ambiente”, disse. E completou: “Tivemos a grata surpresa de conhecer a Escola Estadual Tristão de Barros e seu excepcional trabalho. Eles mereceram vencer o concurso. Para nós da Samsung é uma alegria imensa entregar essa sala de aula interativa para uma escola que se destaca, e para educadores, que fazem a diferença e promovem a aplicação prática das teorias, além de estimularem o engajamento social dos jovens.” No fim de 2014, os jovens de Currais Novos - e outros grupos de quatro escolas finalistas - estiveram em São Paulo, para serem premiados. “Foi incrível. Tínhamos esperança, mas não imaginávamos que

poderíamos sair de lá campeões”, revelou o jovem aluno Bruno Henrique de Oliveira, 17 anos, um dos envolvidos no grupo vencedor, que sempre gostou das disciplinas de Exatas. Trabalho de equipe A visita da comitiva de executivos representantes da empresa coreana no Brasil à Currais Novos, no coração do Seridó, na última terça-feira, dia 2 de junho, teve gosto mesmo de festa. Com direito à visita do Prefeito e uma leva de políticos, empresários e comerciantes da região. “Estou certa que este será um dia inesquecível não só para a nossa Escola Tristão de Barros, mas também para Currais Novos e para toda a nossa região”, disse a diretora da Escola vencedora, a professora Elba Alves. A Tristão de Barros sofre, como a maioria das escolas públicas com as carências de infra-estrutura e da distância para os grandes centros. Não tem muros e a rede elétrica é antiga e sobrecarregada. Nem por isso, diretora, funcionários, professores e alunos deixaram de se engajar de corpo e alma em transformar do limão uma limonada. “Focamos no ensino, na gestão, no trabalho de equipe. Este é um prêmio para toda a “família” Tristão de Barros”, comemorava a diretora. Apenas os alunos do 3º ano do Ensino Médio estiveram envolvidos diretamente com o projeto vencedor no concurso, mas

Edição 2015 Especialistas em Educação participaram do júri que escolheu os finalistas e depois a Escola vencedora. “Foram cases realmente relevantes. Fiquei muito impressionada com o que vi na Tristão de Barros. Um ensino de qualidade e um grupo muito motivado. Fala-se muito no exemplo de outros países em educação. Mas esta escola mostra que é possível buscar inspiração aqui mesmo, no Brasil “, disse Carolina Fernandes, coordenadora de Campanha e Mobilização da ONG Todos pela Educação, que participou do julgamento. “O trabalho da escola Tristão uniu a questão ambiental, a tecnologia e a inclusão de deficientes, o que é realmente muito especial. Esperamos que, nas próximas edições do concurso, mais escolas se inspirem a criar projetos tão inovadores e revolucionários quanto esse”, diz Helvio Kanamaru, gerente de Cidadania Corporativa da Samsung para América Latina. Ele anunciou que a ideia é relatar o que aconteceu nestas escolas finalistas do concurso para que possam servir de exemplos para outros gestores e professores. “Vamos sistematizar o que aconteceu na Tristão de Barros e nas outras quatro finalistas para que estes cases possam ser compartilhados”, explicou Hélvio. A edição 2015 do concurso “Respostas Para o Amanhã” está com as inscrições abertas pelo site www.samsung.com.br/respostasparaoamanha. Poderão se inscrever alunos do Ensino Médio de escolas públicas de todo o Brasil que tenham ideias inovadoras de como ajudar a solucionar algum problema de suas comunidades utilizando conceitos de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. (*) A Editora viajou a convite da Samsung Brasil.

25


S eguros

Um seguro de cunho social Seguradora Líder-DPVAT, administradora do Seguro DPVAT, publica balanço social com práticas e ações sustentáveis relevantes Do Rio de Janeiro

A

Seguradora Líder-DPVAT – companhia privada administradora do seguro DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, mais conhecido como Seguro Obrigatório) – lançou recentemente o seu Relatório de Sustentabilidade de 2013, apresentando a evolução dos compromissos assumidos com o cidadão, acionistas e governo. Desde 2012, a Seguradora é signatária dos Princípios para a Sustentabilidade em Seguros (PSI), iniciativa das Nações Unidas para a integração das questões ambientais, sociais e de governança corporativa à estratégia e gestão das empresas do mercado segurador. “O seguro DPVAT tem elevado cunho social. Assim, a aderência da Seguradora Líder-DPVAT, administradora do seguro, aos princípios norteadores do PSI foi um caminho muito natural. Fizemos uma revisão estratégica e a sustentabilidade passou a integrar a própria cultura, os processos e resultados, como uma importante ferramenta para a mitigação de riscos e aproveitamento de oportunidades de negócio”, avalia o Diretor-Presidente da Seguradora Líder-DPVAT, Ricardo Xavier. O Relatório seguiu as diretrizes da GRI-G4, um conjunto de diretrizes da ONG holandesa Global Reporting Initiative de melhores práticas em transparên-

26

cia. Para quem não está muito familiarizado com este tipo de tema, é fácil entender: conteúdos e indicadores acordados internacionalmente permitem que as informações contidas nos relatórios de sustentabilidade sejam acessadas e comparadas, disponibilizando, assim, dados aprimorados para informar as decisões de diferentes públicos estratégicos, ou stakeholders. Iniciativas sustentáveis O Relatório destaca a importância dos Boletins Estatísticos, que apresentam, trimestralmente, um panorama das indenizações e perfil das vítimas de trânsito. O

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

documento também traz o desenvolvimento de iniciativas que reduzam o uso de recursos naturais, como a criação do grupo SustentabiLíder e do projeto Atitude Líder, que visa conscientizar os colaboradores sobre a importância de adotar atitudes mais sustentáveis em seu cotidiano. “Acreditamos que a transparência é uma premissa de atuação da seguradora e que envolve a participação de todos os colaboradores, ” afirma Xavier. Ele destaca que a sustentabilidade passou a ser definitivamente incorporada na visão estratégica da companhia. “Revisitamos nossa estratégia para que ela refletisse a necessidade de olharmos as operações de forma sistêmica, integrada aos nossos parceiros de negócio, beneficiários e demais partes interessadas, mapeadas na Cadeia de Valor”, explica. Na mesma linha da busca por maior transparência, foi consolidada importante parceria com o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) dedicada exclusivamente para trabalhar nos pilares delineados como fundamentais para o atingimento do compromisso assumido pelo Brasil perante à ONU, na redução do índice de acidentes de trânsito, e que ficou conhecido como a Década Mundial de Segurança de Trânsito (2011 a 2020). Para facilitar o cidadão no licenciamento anual do seu veículo, com consequentes benefícios ao processo de arrecadação do seguro DPVAT, desde 2013 os proprietários de veículos usados das categorias 3, 4 e 9 (ônibus, micro-ônibus, vans e motocicletas) podem fazer o parcelamento do valor do prêmio do seguro DPVAT, a ser pago em conjunto com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Aumento da rede de atendimento Outro ponto destacado no Balanço Social é o aumento da capilaridade do atendimento ao púbico com relevante parceria com os Correios, que passaram a receber os avisos de ocorrências (ou sinistros, como se fala no mercado de seguros) do seguro DPVAT. “Isso permite o alcance de nossa rede de atendimento a praticamente todas as cidades do Brasil”, destaca o Diretor-Presidente da Seguradora Líder. Também houve um esforço intenso na divulgação de ações e prestação de contas ao público, seja através de campanhas educa-


tivas e institucionais, como também em melhorias no site e nos canais de atendimento da Seguradora Líder. Tantas iniciativas inovadoras e estratégicas garantiram premiações para a companhia. O trabalho conjunto para ampliar a rede de atendimento em parceria com os Correios garantiu à Seguradora LíderDPVAT o primeiro lugar no prêmio Inovação e Sustentabilidade da CNSeg – Confederação Nacional das Seguradoras. Também foi destaque na 10ª Edição do Prêmio Innovare 2013, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como incentivo às práticas inovadoras, que ajudam a modernizar o Sistema Judiciário Brasileiro: a Política de Conciliação implantada pela Seguradora Líder-DPVAT foi agraciada com a Menção Honrosa. As Provisões Técnicas em 2013 atingiram o montante de R$ 4,1 bilhões, uma evolução de 16% em relação a 2012. Os resultados positivos se devem à diligência dos profissionais e parceiros na gestão destes recursos, mesmo em um período turbulento para o mercado financeiro brasileiro. O que é O Seguro DPVAT foi criado por Lei Federal, em 1974, com a finalidade de assegurar que todos os cidadãos, que tenham sofrido danos pessoais como vítimas de acidentes de trânsito dentro do território brasileiro, pudessem ser amparados. O seguro garante indenização, independentemente de culpa, às pessoas transportadas ou não, pelos veículos ou por suas cargas. A natureza do seguro DPVAT é, em sua essência, social. Ou seja, são recursos da sociedade geridos para a sociedade. Dos recursos arrecadados, 50% são repassados à União, sendo 45% destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS), para o custeio da assistência médico-hospitalar das vítimas de acidentes de trânsito, e 5% ao Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), para aplicação em campanhas de prevenção de acidentes de trânsito. Os 50% restantes são geridos pela Seguradora Líder dos Consórcios do seguro DPVAT S.A., para o pagamento de indenizações às vítimas de acidentes. O pagamento do prêmio do seguro DPVAT é imprescindível para que haja reservas que garantam o pagamento das indenizações.

“O seguro DPVAT tem elevado cunho social. Assim, a aderência da Seguradora Líder-DPVAT, administradora do seguro, aos princípios norteadores do PSI foi um caminho muito natural.” Ricardo Xavier,

Diretor-Presidente da Seguradora Líder-DPVAT

Com a criação do seguro DPVAT, em 1974, cada proprietário de veículo passou a ter a obrigação de contratar o seguro obrigatório com a Seguradora de sua preferência, que administra os prêmios e indenizações referentes à sua carteira de clientes. Em 1986, foi instituído o Convênio de Operações do seguro DPVAT, em regime de pool das Seguradoras, administrado pela Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização (FENASEG). O modelo de gestão da Seguradora Líder-DPVAT visa às melhores práticas de governança corporativa e técnicas de gestão do mercado segurador. A estrutura dos Consórcios do seguro DPVAT, em 2013, era composta por um pool de 75 Seguradoras Consorciadas, das quais 61 são acionistas da Seguradora Líder-DPVAT. As Consorciadas permanecem responsáveis pela análise/regulação dos sinistros, enquanto a Seguradora Líder-DPVAT passa a representá-las nas esferas administrativa e judicial das operações do seguro DPVAT, o que resulta em mais unidade e responsabilidade na centralização de ações Destaques do Relatório - Implantação do parcelamento do pagamento do prêmio para os veículos usados das categorias 3, 4 e 9 (ônibus, micro-ônibus, vans e motocicletas), em três parcelas iguais e mensais; - Consolidação da parceria com os Correios: inclusão das 15 Unidades Federativas restantes, totalizando 7.745 pontos de atendimento em todo o Território Nacional ao final de 2013; - Continuidade da Campanha Institucional de divulgação do seguro DPVAT: foco nas informações sobre o parcelamento do prêmio; - Consolidação dos conheci-

mentos sobre o seguro DPVAT, com ênfase na facilidade do acesso direto aos diversos canais de atendimento, sem necessidade de intermediários, e na segurança viária, por meio de filmes com cunho educacional; - 10ª Edição do Prêmio Innovare 2013: a Política de Conciliação implantada pela Seguradora Líder-DPVAT foi agraciada com a Menção Honrosa; - Reformulação do site institucional com o objetivo de facilitar o acesso às informações e estreitar o relacionamento com a sociedade, parceiros, imprensa e Seguradoras Consorciadas; - Parceria com o ONSV – Observatório Nacional de Segurança Viária – tendo, entre várias ações, o Programa Observar com criação de 12 vídeos educativos destinados à prevenção de acidentes e orientação dos condutores de veículos para uma atitude mais segura. Esses vídeos podem ser visualizados no endereço http://www. onsv.org.br/categoria/observar. - Incremento nas ações de combate à fraude: 5.449 comprovações de tentativas de fraude, sendo 3.605 novas representações criminais, das quais parcela significativa deve resultar na instauração de inquéritos policiais, denúncias do Ministério Público e sentenças condenatórias; - Participação em programas e concessão de entrevistas divulgando além dos benefícios do seguro DPVAT, estatísticas de sinistros, viabilizando tomada de ações pontuais, inclusive, pelas Autoridades Públicas e Privadas; O Relatório completo está disponível para download no site da Seguradora Líder DPVAT: http://www.seguradoralider.com.br/ SitePages/a-empresa-relatorio-sustentabilidade.aspx

27


Frases sem pensar, tudo o “queEscrevo o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi.

Um de nossos escritores prediletos e pegando “carona” na Feira Literária Internacional de Paraty 2015, também rendemos nossas homenagens para Mário de Andrade. O modernista, o poeta, o cronista de seu tempo, o crítico literário, o musicólogo, o apaixonado pelo folclore brasileiro, vários em um só, sempre atual.

28

PLURALE EM REVISTA | Maio Janeiro / Junho / Fevereiro 20152015

Não devemos servir de “exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição. ” O passado é lição para “se meditar, não para se reproduzir. ” faz a vida “valerO essencial a pena. ” Não exijas mais nada. não “desejo também mais nada, só te olhar, enquanto A realidade é simples e isto apenas. ” a alma fala, já não “falaQuando nada. ” Só o esquecimento é que “condensa, E então minha alma servirá de abrigo. ” é tão oposta à “vida,A felicidade que estando nela, a gente esquece que vive. ”


Os principais temas que impactam as Relações com Investidores, você encontra em uma só revista: na RI

Também disponível no tablet! www.revistaRI.com.br

29


Á gua

Conservação da

Bacia Amazônica depende de manejo integrado

30

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


GREENPEACE BRASIL

Por Isabella Araripe, de Plurale De Manaus Fotos de Ingrid Anne/ Divulgação

A

Amazônia é reconhecida mundialmente por ter a maior floresta tropical do mundo. Mas, sem as águas amazônicas essa floresta poderia virar um grande deserto. As “Águas Amazônicas: Escalas, Conexões e Desafios” foram o tema de conferência internacional realizada nos dias 19 e 20 de maio, em Manaus. O evento - uma iniciativa da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil), que tem como marco o Projeto SNAP – Ciência para a Natureza e Gente e foi implementado em colaboração com a The Nature Conservancy (TNC) e o National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS) - debateu como consolidar propostas para ampliar as ações de conservação na Bacia Amazônica, considerando a importância dos recursos, dos ambientes aquáticos e dos modos de vida tradicionais da região. A Bacia Amazônica é o maior sistema hidrográfico do planeta, cobrindo uma área equivalente ao território continental dos Estados Unidos, e é responsável por 15% a16% da água doce que chega aos oceanos. Mas, nos últimos dez anos, a degradação das florestas alcançou aproximadamente 20% da Amazônia e é uma grande ameaça. “Precisamos considerar o manejo integrado de bacias para o bem-estar humano

e a conservação da biodiversidade da região amazônica”, explica Durigan. De acordo com o diretor da WCS no Brasil é preciso ter olhar diferenciado para que possamos seguir além das fronteiras geopolíticas. A pressão sobre os recursos naturais tem aumentado de forma vertiginosa e sem controle e o problema não está apenas no lado brasileiro da Amazônia. Durante a conferência internacional, Bruce R. Forsberg, do Inpa, alertou sobre as barragens que estão sendo construídas na região andina da Amazônia e podem causar grandes impactos sobre os ecossistemas aquáticos amazônicos, como redução da produção pesqueira, mortalidade de árvores, contaminação mercurial, etc. Unidades de Conservação - Atualmente, só no Brasil, cerca de 50% da Bacia Amazônica está protegida em unidades de conservação, terras indígenas ou territórios quilombolas. No entanto, estudos demonstram que esse percentual não é suficiente para garantir a conservação da biodiversidade e dos modos de vida dos povos regionais. Outro tema apresentado no evento foi a pesca que ainda é o principal recurso natural proveniente dessa região. Sergio Rivero, da UFPA, lembrou que ela é chave para segurança alimentar da Amazônia e fonte fundamental de proteína para os ribeirinhos. Segundo ele, 73% da Amazônia Brasileira consome pescado dos rios e não e por isso é preciso conservar as rotas migratórias e as áreas de alimentação, reprodução e os berçários.

Peixes - Mais de uma centena de projetos de novas hidrelétricas estão previstos para a Amazônia, alguns já em fase de implementação, gerando uma série de impactos irreversíveis. Segundo o pesquisador e coordenador científico da WCS, Michael Goulding, caso seis barragens planejadas para a região andina sejam implementadas causariam impactos negativos no ecossistema amazônico por barrar fontes de sedimentos e nutrientes, áreas de reprodução, além de prejudicar as espécies migratórias de peixes, que representam até 90% da pesca comercial na região. Somente no estado do Amazonas, o consumo de pescado é de 30 quilos por pessoa a cada ano. A pesca sustenta uma população heterogênea e atende desde populações ribeirinhas, passa pelas cidades e chega à exportação. Uma ação efetiva para o manejo pesqueiro passa pelo conhecimento da rota migratória dos peixes, das áreas de pesca e também da frota pesqueira A conferência também apresentou os resultados do Grupo de Trabalho Amazônia Ocidental do SNAP, com uma série de análises científicas para auxiliar identificar processos chaves para serem considerados nas tomadas de decisão para ações na região e a Iniciativa Águas Amazônicas, através da qual a WCS pretende construir alianças em prol da conservação na Amazônia baseada nas conexões propiciadas pelas suas águas. (*) A repórter viajou a convite dos organizadores do evento.

31


Fotos de

divulgaçã

o

Amazônia

Ciência, agronegócio e a distribuição da riqueza

natural Populações tradicionais lutam por destinação mais justa ao lucro gerado pela exploração econômica da floresta Por Hélio Rocha, Especial para Plurale

A

política ambiental brasileira segue em debate em Brasília e nas principais regiões onde há áreas de preservação. Considerado um avanço em termos de proteção ao meio ambiente, por alguns especialistas, e criticado por outros por legalizar áreas utilizadas de forma ilegal, o Código Florestal Brasileiro, aprovado há três anos, ainda provoca embate entre a classe política, proprietários rurais e ONGs. Caso parecido é o do Marco da Biodiversidade na Amazônia, que estabelece regras para o uso da riqueza natural do bioma amazônico, mas não deixa claro qual será a participação de povos tradicionais da região Norte, como ribeirinhos, indígenas e quilombolas, nos benefícios econômicos e sociais trazidos pela chegada

32

de empresas interessadas na diversidade da fauna e da flora na região. Desde muito antes de haver pesquisa científica ou grande negócios agrários na Amazônia, e consequentemente antes da transformação da biodiversidade em patentes e da terra num produto para o mercado, os povos tradicionais que ocupam a região Norte são os detentores do conhecimento sobre as riquezas da região. Que benefícios a exploração econômica da floresta deixará a esses grupos sociais? Da mesma forma, questiona-se: qual o direito de minorias do campo à terra, num setor da economia dominado por grupos hegemônicos desde as Capitanias Hereditárias? Segundo o diretor do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Rubem Gomes, o acesso desses segmentos minoritários da sociedade à riqueza que advém da exploração da biodiversidade é extremamente res-

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

trito. É, aliás, nulo se considerado o benefício direto, ou seja, o empoderamento e enriquecimento das comunidades que detêm o conhecimento empírico sobre o uso da flora e da fauna amazônicas. “Acesso direto não existe. E se considerados as formas indiretas de benefício à população, também quase não há. A riqueza é levada para longe daqui”, protesta Rubem. Amapaense, ele é filho de seringueiros e, hoje, mantém uma escola que desenvolve ações de educação para sociedades sustentáveis, que começou apenas como uma oficina de lutheria (produção de instrumentos musicais a partir de madeiras amazônicas). A Oficina Escola de Lutheria da Amazônia (OELA) e o GTA trabalham pela coordenação das atividades de diversas comunidades tradicionais, em prol de mais e melhor participação nas lutas sociais da região. “Procuramos mudar esta correlação de forças, para garantir a parte de ribeirinhos, indígenas e quilombolas neste trabalho. Há duas vertentes da pesquisa científica na floresta. A primeira é a dos cientistas interessados em garantir progresso à humanidade e qualidade de vida à população. Outra é a dos ‘inventores’, que


vêm aqui em busca de patentes e enriquecimento pessoal. Com essa não lidamos”, diz, taxativamente, o diretor do GTA. Rubem afirma, ainda, que é difícil fazer da lei uma ferramenta de proteção dos povos tradicionais da Amazônia, visto que a própria Legislação foi pensada sem ouvir a voz dos povos da floresta. “Todo o processo de normatização do acesso à diversidade deste ecossistema se dá atropelando as comunidades locais. A população daqui é tratada de forma ‘paternalizada’, como se não pudesse decidir por si e pela terra que habita há séculos.” Tal impasse, a exemplo do quanto o Código Florestal beneficiou o agronegócio ao anistiar produtores que desmataram Áreas de Preservação Permanente (APPs), como encostas e topo de morros, além de margens de rios, deixa evidente a luta das minorias por lograr representatividade nas decisões políticas que normatizam a conservação e a exploração sustentável das riquezas naturais. Toda a avaliação do filho de seringueiros do Amapá vai ao encontro da análise do cientista político Paulo Roberto Figueira Leal. Para o especialista, a origem deste problema está nos representantes da sociedade no

Congresso nacional. “É difícil haver uma legislação que contemple as pautas desses grupos sociais, visto que o que está representado no Legislativo é o poder econômico, neste caso os grandes produtores rurais. Com o tamanho da bancada ruralista e de outros setores conservadores, a luta pelo atendimento a demandas desses segmentos da sociedade é cada vez mais árdua.” Cadastro Rural é o principal avanço, mas recenseamento ainda é desafio No caso do Código Florestal, o estabelecimento de novas obrigações aos produtores rurais – como a preservação de 80% de vegetação natural em território amazônico, 35% no cerrado e 20% em outros ecossistemas –, mostrou-se insuficiente, segundo diversos ambientalistas. Neste caso, porque o cumprimento da lei depende da eficácia do Cadastro Rural, que busca registrar as propriedades para delas exigir os padrões estabelecidos pelo Código, além de salvaguardar as terras indígenas. Essa necessidade esbarra na resistência de alguns produtores em aderir ao registro oficial. O prazo para cadastramento seria encerrado em maio deste ano,

mas o Governo fez a prorrogação para até 2016, em razão da baixa adesão. O enfrentamento ao interesse de alguns fazendeiros, no entanto, é considerado fundamental por quem defende os direitos sociais das minorias do campo. Para o jurista Bruno Stigert, a disputa pela terra, e pelos bens que dela se extrai, confunde-se com o surgimento da propriedade privada e, desde este momento, é o principal fomento da desigualdade social no curso da história. Neste caso, a resistência em partilhar dos bens naturais, por parte de muitos detentores de terras e de meios de produção para pesquisa científica, faz parte da mesma tensão na pirâmide social que atinge e mobiliza diversos grupos no espaço urbano. “A propriedade, independente de qual seja, foi adquirida de forma justa, num sistema igualitário? A história nos diz que não. Há um sistema injusto de acúmulo de capital e de riquezas, com alguns dominantes e outros, dominados. Podemos levar este tema à questão do direito ao meio ambiente.” De acordo com Bruno, a própria Constituição brasileira postula o meio ambiente como um direito e um dever de todos os cidadãos. Este ponto em particular seria a premissa para um questionamento sobre a função social das propriedades – e outras atividades que proporcionem lucros – ligadas aos ecossistemas brasileiros. “É fundamental a garantia dos direitos à terra de quilombolas, indígenas e outras minorias. Nisto, podemos tomar por precedente o próprio direito dos índios à reserva Raposa Serra do Sol, garantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), contrariando interesses econômicos.” Enquanto não há definição para o problema, no entanto, instituições como o GTA lutam por dar representatividade às populações locais e fazer frente ao poder econômico de empresas e elites agrárias. O principal avanço foi a assinatura, em abril deste ano, do primeiro Protocolo Comunitário da Amazônia, que regula as atividades comerciais envolvendo povos tradicionais, com base no direito de todos e no respeito às leis ambientais. “Esperamos avançar com esta e outras relações que estamos estabelecendo entre os povos da Amazônia. O objetivo é sempre garantir qualidade de vida não só para quem vive aqui, mas para todo o mundo”, conclui Rubem Gomes.

33


Biodiversidade marinha

Levantamento estuda

baleias-jubarte na costa brasileira Por Marília Fuller, da Agência USP de Notícias

A

partir de análises visuais, estudos de campo e autópsias, a pesquisadora Kátia Regina Groch estudou a saúde das baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) na costa brasileira. Em sua pesquisa realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, ela analisou como se dá a interação do animal com as atividades humanas na região, com sua própria espécie, com animais predadores e qual o impacto na sua sanidade. As baleias-jubarte são uma das 14 espécies de cetáceos da subordem dos Misticetos, os quais possuem barbatanas no lugar de dentes. Com até 16 metros de comprimento, sua grande nadadeira peitoral dá a elas o nome Megaptera— “grande asa”, em grego. Nascem no alarga-

34

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

mento da plataforma continental brasileira, ao sul da Bahia e ao norte do Espírito Santo, onde se encontra o arquipélago de Abrolhos. Durante o verão, as baleias-jubarte, com um período de gestação de aproximadamente um ano, migram para a Antártida em busca de alimento e voltam ao Brasil no inverno, quando têm seus filhotes e se reproduzem. Sob orientação do professor José Luiz Catão Dias no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (LAPCOM) da FMVZ, o estudo de Kátia identificou as baleias presentes na região entre 2008 e 2012 por meio de imagens do padrão de pigmentação branca na parte ventral da cauda, que difere de uma baleia para a outra. Dessa forma, a pesquisadora pôde acompanhar a evolução de cada um dos animais. Em campo - Foram fotografados 622 animais em vida livre na primeira parte do estudo. A partir

das imagens, Kátia observou lesões cutâneas superficiais e profundas, evidências de interações com artefatos de pesca e com animais de outras espécies, marcas de colisão com embarcações e até mesmo de interações entre as próprias baleias. Um dos maiores índices foi de casos de bolhas, nódulos e manchas descoloridas na pele das baleias. Segundo a pesquisadora, tais lesões não são normais e possuem origem desconhecida. Elas podem indicar possíveis doenças e infecções, o que as torna bastante relevantes considerando que há ocorrência delas em mais de 53% das baleias estudadas. “Vi muitos arranhões superficiais, que deixam a pele com riscos brancos, ou feridas na nadadeira dorsal e nas protuberâncias da cabeça das baleias. Provavelmente, são resultado de interação intraespecífica, que ocorre principalmente quando há a disputa entre os machos para acasalar com as fêmeas”,


FOTOS DE:

MARINA GUEDES diz Kátia. Outros tipos de marcas, como riscos mais uniformes e de mesmo espaçamento ou pequenas mordidas em locais como a cauda, são indícios de interação com predadores como tubarões e orcas. Contudo, talvez o fator mais alarmante seja a percentagem de 17,7% de animais com sinais de emalhe em artefatos de pesca. “Dependendo do tamanho da rede de pesca, pode ser pesada demais para o animal arrastar quando nada, fazendo ferimentos profundos em sua pele e extenuando-o de tal maneira que ele morre por não conseguir se deslocar e pela infecção da ferida”. Ela ainda revela que essas são apenas as baleias as quais sobreviveram e, portanto, esse número pode ser ainda maior, como é o caso daquelas com sinais de colisão com embarcações. “Muitas vezes, a interação delas com barcos e navios é fatal: uma hélice pode causar cortes profundos e até amputação”. A pesquisadora também utilizou órgãos e ossos de baleias encalhadas por toda a costa brasileira. Por intermédio da autópsia desses animais, coletou e examinou amostras para identificar lesões e presença de bactérias ou vírus. Foram analisados os órgãos de 19 baleias, em sua grande maioria filhotes que encalharam ainda vivos. Estudando os órgãos desses animais, Kátia concluiu que 73% deles possuía algum distúrbio relacionado ao nascimento, fazendo o filhote ter dificuldade respiratória. Foram encontradas, também, infecções bacterianas nas amostras, além de diversos sinais de trauma por choque com adultos, por predação e até estresse causado no momento em que o animal encalhou. Quando já em alto estágio de decomposição, Kátia analisou os ossos dessas bale-

ias. A parceria com o Projeto Baleia Jubarte permitiu que pudesse incluir em seu estudo os esqueletos do acervo. Ela encontrou marcas de erosão nas articulações como as da artrite, desgaste de ossos, reação óssea por infecção ou por degeneração — como o caso da artrose — má formação óssea e fraturas. Acompanhamento, manejo e monitoramento - A iniciativa de Kátia foi a primeira a levantar dados sobre a saúde das baleiasjubarte no Brasil, possibilitando o acompanhamento de cada uma delas. “Contudo, pesquisas ainda precisam ser feitas para elucidar algumas das lesões encontradas, as quais não possuem uma explicação”, disse Kátia.

Mais que isso, a pesquisadora acredita que os altos índices de sinais de interações entre o homem e as baleias devem servir de alerta. “É preciso que haja manejo e monitoramento das embarcações e animais na região para diminuirmos essas porcentagens de interações, prejudiciais às baleias e aos próprios pescadores”, completa. Kátia já apresentou seu trabalho em conferências no Brasil, na África do Sul e na Nova Zelândia. Ela participa da 21st Biennial Conference on the Biology of Marine Mammals na cidade de São Francisco, na Califórnia, em dezembro deste ano, no qual expõe seu estudo sobre as doenças encontradas nas baleias-jubarte encalhadas na costa brasileira.

As baleias-jubarte são encontradas desde o sul ao extremo norte da costa brasileira

35


“Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” O educador ambiental Cláudio Loes assumiu uma missão: mostrar para as crianças que a máxima de Lavoisier é a chave para preservar a natureza Por Raquel Ribeiro, Especial para Plurale Fotos de Cláudio Loes e de Raquel Ribeiro

D

esde 2009, Cláudio Loes desenvolve em municípios do Paraná o Projeto de Compostagem, reconhecido como prática de referência em Educação Ambiental pelo Ministério do Meio Ambiente, atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólido. Inspirado nesse projeto, ele desenvolveu o Eco da Minhoca, uma série de atividades educativas bem pé-na-terra para turmas do 4º ano do ensino fundamental. Tudo começa com a leitura de A Fuga das Minho-

36

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


cas, um livro para crianças que conta as aventuras dessas grandes operárias da terra e trata, nas entrelinhas, de consumo consciente e, principalmente, da importância de compostar os resíduos orgânicos. Ou seja, separar as sobras da cozinha e as aparas de jardim e transformá-las, por um processo natural, em húmus, um riquíssimo adubo. “Conto a história antes da prática da observação. Os alunos melhoram seu comportamento, quererem no início pegar as minhocas com as mãos e depois passam a ter respeito por elas e esse cuidado pode ser estendido a todos os animais”, avalia Cláudio. “Mas mais importante do que aprender a valorizar as minhocas é pensar no lixo que produzimos e ser responsável por ele, dar destino nobre aos resíduos e discutir o consumo desenfreado”, completa o especialista em Educação Ambiental.

37


Em Francisco Beltrão (PR), o Colégio Nossa Senhora da Glória, o Colégio Estadual Mario de Andrade e a Escola Estadual Cristo Rei; assim como a Escola Estadual Telmo Octávio Müller e a Escola Municipal Padre Afonso, ambas em Marmeleiro (PR), já participaram dos projetos, desenvolvidos e aplicados pela sua empresa, a Ecophysis. “O objetivo principal é religar os alunos com a natureza e aprender fazendo sobre compostagem, participação dos microrganismos e das minhocas no ciclo da vida; buscando, em um contexto amplo, ampliar a percepção ambiental”, resume Cláudio. O Eco da Minhoca acontece em três etapas de cinco semanas cada: observação da decomposição do resíduo orgânico; chegada das tão esperadas hóspedes e observação sobre como será dali para frente; por fim, plantio e observação do desenvolvimento. Para a turma acompanhar o processo bioquímico da produção do composto, foram feitos vasos de garrafas de água de 20 litros (pet) com três tipos de diferentes composições orgânicas: somente resíduo orgânico e resíduo orgânico mais folhas, serragem, folhas ou palha de milho. Observando esses vasos, os alunos entendem como funciona a decomposição dos resíduos, o movimento das minhocas, como elas se alimentam e aeram o solo. “A

possibilidade de sentir a terra com as mãos, o uso de lupas e de fichas de observação aumentam o interesse dos alunos e propiciam a compreensão de que a natureza não produz lixo! O resíduo de um ser é alimento de outro; e assim sucessivamente”, diz o especialista. Ao mesmo tempo em que os alunos vão aprendendo sobre o ciclo da terra, a história de A Fuga das Minhocas é contada por Cláudio e, em algumas situações, interpretada: “A união do imaginário e a realidade observada melhoram a percepção ambiental do aluno.” Um tema importante abordado no livro é a gigantesca produção de lixo nas cidades, questionando a cultura do descartável e incentivando o consumo consciente. Durante a leitura, o aluno percebe que não basta reciclar, é

preciso evitar a compra de embalagens e produtos de vida curta, além de repensar nossos hábitos. Se cada um for responsável pelo lixo que produz, o impacto ambiental será menor. Durante as atividades do Eco da Minhoca, Cláudio ainda procura mostrar que os conteúdos aprendidos em sala de aula estão relacionados com todo o Meio Ambiente no qual estamos inseridos. “É importante fazer a ponte entre esses novos conhecimentos com os conteúdos da grade escolar. Exemplos: uma boa observação é escrita com um bom texto (Português), um gráfico precisa de números (Matemática), cada ficha a cada semana encadeia uma sequência (História), a apresentação do animal e onde é encontrado (Geografia e Ciências) e fazer o varal do lixo (Artes).”

Por que compostar? Um simples dado responde a pergunta: do total de resíduo sólido urbano coletado no Brasil, 51,4% é matéria orgânica, ou seja, 94.309,5 toneladas/dia. Apenas 1,6% desse montante é destinado a unidades de compostagem e o restante é levado para lixões, aterros controlados e aterros sanitários, segundo o Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos (IPEA, Brasília, 2012). Se esses resíduos fossem transformados em húmus e os materiais recicláveis separados, sobraria pouco “lixo”. Economia para a prefeitura e respeitável redução do impacto ambiental – pois isso evitaria a emissão de gases poluentes, de contaminação de aquíferos e do solo. Para essa mudança de paradigmas acontecer, Cláudio Loes acredita “na implantação de um programa de educação ambiental durante o período de um ano es-

38

colar, para ensinar a prática da compostagem, relacionar a mesma com os conteúdos ensinados em sala de aula e criar o hábito, a rotina, de separar os resíduos orgânicos”. Conquistar o prazo de um ano (em vez de ser apenas no Dia do Meio Ambiente) é um constante desafio para aplicação do projeto. Com tempo pode-se ter, além da prática da compostagem, atividades lúdicas como sessão de cinema, produção de textos e passeios de observação da natureza. Para ensinar nas escolas, Cláudio Loes conta com sua vasta experiência, pesquisa e atualização constante: conhece diversos processos de compostagem e usa sua própria casa como vitrine! “Se a criança não consegue fazer a ponte entre o que aprende na escola e sua realidade cotidiana, não há mudança no conjunto. Por isso mostro que

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

a compostagem pode ser feita até em apartamento.” O especialista acredita que “se cada um compreender e procurar religar sua existência com os ciclos naturais, todos poderemos ter uma vida melhor, sustentável e aumentar nosso ciclo de existência enquanto espécie humana”. Fontes e contato - O Projeto de Compostagem, de Cláudio Loes, usa uma cartilha de sua autoria, Informações Básicas para Fazer Compostagem, que contou com revisão técnica dos engenheiros agrônomos Sérgio Carniel e Nilton Fritz, da EMATER do Paraná, o Guia de Compostagem Caseira, de Raquel Ribeiro, e informações técnicas da EMBRAPA. Cláudio Loes: (46) 9923-3094 -www.facebook. com/ecophysis?pnref=story/ www.ecophysis.com.br


Estante Quatro e-books sobre reputação Por Tatiana Maia Lins, Make Make Comunicação, Gratuito Ter boa reputação no mercado é um pré-requisito para que as empresas sejam bem sucedidas. Especializada em Gerenciamento de Reputação Corporativa, a consultoria Makemake acaba de completar quatro anos de existência, realizando planejamento de comunicação, consultoria em reputação, edição de conteúdo e cursos e workshops personalizados que ajudam empresas a construir e manter uma imagem positiva junto aos seus diferentes públicos. Em comemoração ao aniversário, a consultoria resolveu lançar quatro e-books para apresentar ao público alguns pontos relevantes sobre o tema. São eles: “O que é Reputação Corporativa?”; “Reputação para pequenas empresas”; “Confiança: a base da reputação”; “Crise de Imagem: como reconhecê-las e contorná-las”. Com estes e-books, a autora e fundadora da Makemake, Tatiana Maia Lins, espera levar o debate sobre a Reputação para empresas que ainda não despertaram para esta necessidade. “A preocupação com a Reputação não deve ser exclusiva das empresas de grande porte e listada em bolsa de valores. A Reputação é o que diferencia uma empresa de sua concorrente em um mercado onde produtos e serviços, cada vez mais, são vistos como commodities”, alerta Tatiana. O material está disponível no site da consultoria: http://www.makemake.com.br/

Alma da Casa Por Tiago Petrik, RIOetc, 160 págs Para comemorar os 450 dias da Casa Ipanema, a Sandálias Ipanema acaba de lançar o livro ‘’A Alma da Casa’’, reunindo depoimentos, fotos e um pedacinho da vida dos protagonistas dessa história. Personagens como Zazá Piereck (foto), Sharon Azulay, Fred Gelli, Demian Jacob, Peu Mello, José Camarano, Renata Abranchs, Isabel Jobim e André Carvalhal abriram suas casas e emprestaram um pouco de seus lares para decorar a Casa Ipanema. Em 160 páginas, o livro é um agradecimento a essas pessoas que constroem, junto da Ipanema, uma história que só está começando.

Carlos Franco – Editor de Plurale em revista

Orlando Villas Bôas e a Construção do Indigenismo no Brasil Por Orlando Villas Bôas Filho (org.), Editora Mackiense, 160 págs, R$ 216 O livro Orlando Villas Bôas e a Construção do Indigenismo no Brasil, organizado por Orlando Villas Bôas Filho, decorre da comemoração do centenário de nascimento de Orlando Villas Bôas, no ano de 2014, ocasião em que a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), realizou um amplo colóquio e uma exposição para a discussão e divulgação de seu legado. A obra procura analisar a contribuição de Orlando Villas Bôas e seus irmãos para a construção do indigenismo brasileiro. Para tanto, reúne artigos de autores nacionais e estrangeiros que, a partir de prismas distintos, analisam a herança dos irmãos Villas Bôas. Além disso, o livro compila depoimentos de diversas personalidades acerca do trabalho empreendido por Orlando Villas Bôas e seus irmãos para a proteção dos povos indígenas do Brasil.

Estratégias das empresas para a base da pirâmide Por Fernando Filardi, em coautoria com Adalberto Fischmann, Editora Atlas, 208 págs , R$ 60 O professor e pesquisador do Ibmec/RJ, Fernando Filardi, acaba de lançar o livro “Estratégias das empresas para a base da pirâmide: Técnicas e Ferramentas para Alcançar os Clientes e Fornecedores da Nova Classe Emergente”, pela Editora Atlas, em coautoria com Adalberto Fischmann. Esta obra é resultante de um trabalho pioneiro dos autores no Brasil que visa investigar e entender as práticas adotadas pelas empresas que estão buscando compreender e aproveitar as oportunidades existentes junto à base da pirâmide social e econômica, que, nesse contexto, estão percebendo a importância de desenvolver e adaptar estratégias específicas para se beneficiar do grande potencial de mercado que ainda se encontra pouco explorado.

39


M ovimento social

Marcha das Margaridas:

Por Lília Gianotti, Especial para Plurale Do Rio

livro E eterniza luta e beleza em fotos

40

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

m agosto de 2015, a Esplanada dos Ministérios vai receber mais de cem mil mulheres. Agricultoras, sem-terra, artesãs, quebradeiras de coco, seringueiras, ribeirinhas, pescadoras, quilombolas, indígenas, domésticas, operárias, professoras, de diferentes sotaques, idades, origens e etnias chegarão de todas as partes, carregando bandeiras, faixas, flores e suas crianças, com o firme propósito de apresentar mais uma pauta de reivindicações ao governo federal. Trata-se da Marcha das Margaridas, movimento feminista, criado há quinze anos, batizado em homenagem Margarida Maria Alves, líder sindical que morreu assassinada, em 1983, por defender os direitos das mulheres rurais. Desde 2000, muitas conquistas já foram alcançadas por essas mulheres. Em todas as quatro edições da Marcha (realizadas também em 2003, 2007 e 2011), um olhar atento e especialmente comprometi-


FOTOS:

CLÁUDIA FERREIRA do registrou a história, a luta, o colorido, os rostos, as marcas, os sorrisos... Claudia Ferreira1, fotógrafa e historiadora, esteve presente nas quatro. O resultado de sua entrega é o livro Marcha das Margaridas, que saí pela Editora Aeroplano, fruto de um esforço conjunto da Fundação Ford e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura (CONTAG), já com lançamentos marcados para julho e agosto, em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Marcha das Margaridas é um livro de fotografias ilustrado por textos, com curadoria do premiado fotógrafo João Roberto Ripper, que conta a história das quatro primeiras Marchas e dessas mulheres. “Eu estava lá e precisava registrar esse momento em uma época em que não existiam câmeras digitais, celulares com câmeras nem redes sociais. Não havia o que fazer de imediato com aquelas imagens, mas eu tinha a certeza de que elas eram importantes e precisavam ser guardadas”, diz Claudia. Em 2003, a Marcha das Margaridas reuniu 50 mil mulheres, mais de 70 mil em 2007 e cerca de cem mil em 2011.

Claudia continuava seguindo as margaridas, com a missão de registrar essa história que ela vira nascer e com o sonho de devolvê-la às suas protagonistas em um livro, onde elas pudessem visualizar o caminho percorrido e quanto, cada uma delas, fora importante na construção de um processo que resultou em tantas conquistas. Sonho realizado. Em junho e agosto, o livro Marcha das Margaridas, de Claudia Ferreira, será lançado às vésperas da quinta edição da Marcha e distribuído, gratuitamente, para os quatro mil sindicatos rurais existentes no Brasil, bibliotecas, centros de pesquisa e para o maior número de mulheres do país. Além da versão impressa, um E-book, com a versão digital do livro e um PDF, ambos com acesso livre e gratuito, estarão disponíveis para quem quiser baixar. “Este livro relata a trajetória de um movimento vibrante e vigoroso. São muitas imagens que depõem sobre a opção dessas mulheres de fazer da sua luta um elemento inegociável do seu cotidiano. O livro apresenta um jeito de lutar, que opta por ser amplo, inclusivo, participa-

tivo, colorido. Um jeito de lutar que percebe a si mesmo como ferramenta emancipatória para esta e para as próximas gerações. Um jeito de lutar que investe na relação entre as pessoas, ao mesmo tempo em que as compele à ação coletiva. É como se as Margaridas já tivessem nascido sabendo o que nos ensina Cora Coralina: o que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim teremos o que colher.”, Nilcéa Freire, Diretora da Fundação Ford no Brasil. (*) Claudia Ferreira é fotojornalista e historiadora, com passagens pelas redações do Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Correio Braziliense, agências Sipa Press e Cone Sur press. Em 1988, começou a se interessar pelo movimento feminista. Sobre esse tema, lançou o livro Mulheres e Movimentos (Aeroplano) e realizou dez exposições individuais em Londres, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília, Salvador e João Pessoa, além de várias coletivas nacionais e internacionais.

41


M  ovimento social

Marcha das Margaridas:

42

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


FOTOS:

CLÁUDIA FERREIRA

43


P elo mundo

Butão,

a terra da

felicidade 44

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


Por Giuliana Preziosi Fotos de Mauricio Cichitosi Blog Histórias pelo Mundo www.historiaspelomundo.com.br

A

ntes de conhecer o Butão, estava curiosa para entender como é a vida em um país que mede seu desenvolvimento com um Índice de Felicidade Interna Bruta. Cheguei no aeroporto toda ansiosa querendo saber mais sobre isso, e um guia me perguntou: “O que é felicidade para você?” Em 1972, o 4º Druk Gyalpo declarou que a métrica para medir o progresso do país seria o GNH (Gross National Happiness) ou FIB: Felicidade Interna Bruta. Ele acreditava que, dentro de um período de 5 anos, se seu povo não fosse mais feliz do que antes da implementação do índice, seu plano teria falhado. A métrica foi sendo aprimorada e um conjunto de indicadores mais preciso vem sendo usado desde 2008.

E ai vem a pergunta: Como medir felicidade? O GNH possui uma abordagem multi-dimensional que visa atingir o equilíbrio entre as necessidades atreladas ao bem estar material, espiritual, emocional e cultural, presentes na sociedade. O conceito é pautado na crença de que felicidade pode ser alcançada por meio do equilíbrio das necessidades do corpo e da mente, em um ambiente seguro e tranquilo, diferente do sentimento momentâneo que sentimos quando algo bom acontece, pois é passageiro. O GNH tem quatro grandes pilares e resolvi aproveitar nossa viagem para observar como estes pilares influenciam o modo de vida no Butão. O primeiro pilar é o Desenvolvimento Sustentável. Com um conceito tão complexo e abrangente como este, perguntei ao nosso guia o que era considerado desenvolvimento sustentável para o Butão e ele me respondeu expli-

cando que o Rei dá 5 hectares de terra para cada cidadão butanês e cabe a cada um construir sua casa, plantar sua comida, cuidar de seu espaço e seguir sua vida. O governo providencia o básico e dá condições para que todos tenham acesso ao necessário, mas o esforço para manter o que é seu e crescer, depende de cada um. A educação e assistência médica é gratuita e oferecida para todos. No entanto, para entrar na universidade, por exemplo, ou conseguir uma bolsa de estudos fora do país, o aluno passa por um teste e precisa ter uma nota mínima para ser aceito. O segundo pilar é a Preservação e Promoção da Cultura. Desde de seu modo tradicional de se vestir até os festivais que ocorrem todos os anos em diferentes cidades, este item é fascinante de ser observado. Há muitos festivais no Butão e praticamente cada distrito tem o seu, mas cada um ocorre em uma época diferente do ano.

45 > 45


P Pelo elo mundo mundo FOTOS DE MAURÍCIO CHICHITOSI

festival de paro

E

stávamos em Paro durante seu festival, o Paro Tshechu. São quatro dias de festival com música e dança o dia todo. Mas não pensem que é só uma grande festa, pois tudo tem um significado. Na maioria das danças são usadas máscaras que simbolizam os espíritos a serem encontrados após a morte. Eles utilizam as danças como forma educativa de preparar as pessoas para o que elas encontrarão em outros planos. O lugar onde ocorre o festival estava lotado mas, mesmo assim, não havia confusão e cada um tinha seu espacinho para sentar, mesmo que bem apertadinho. Além disso, por ser uma atividade solene, cada um usa a sua melhor roupa, sendo que para os homens o tradicional “Gho” e para as mulheres, a “Kira”, que geralmente são bem coloridas. Conservação do meio ambiente é o terceiro pilar. Segundo dados do Climate Action Tracker, as emissões de GEE (gases de efeito estufa) do Butão são desprezíveis, visto que implicam menos de 2,23 Mt CO2 e (dados de 2010), o que corresponde a cerca de 3 MtCO2 -e per capita. Mesmo com as progressões que indicam aumento das emissões ao longo do tempo devido ao crescimento econômico, o país investe em se tornar carbono neutro. Claro que é um país pequeno, com apenas 700 mil habitantes, mas tem cidades com

46

menos do que isso que tem uma pegada de carbono muito maior. Além disso, o espirito comunitário dá o exemplo, pois é comum organizarem mutirões de limpeza em suas vilas. A matriz energética do país é hidráulica e, também, a principal fonte de renda do país, pois exportam energia para a Índia e pra o Nepal. Tivemos a oportunidade de visitar a 1ª Royal Bhutan Flower Exhibition. Para comemorar o aniversário de 60 anos de seu pai, o Rei organizou essa exposição com objetivo de promover a aprendizagem e o envolvimento com a natureza, além de encorajar a criação de mais espaços verdes em áreas urbanas, e olha que não faltam espaços verdes por todo o país. E, ainda, outro fato curioso é que a parte do Himalaia que fica em território butanês é a única intocável até hoje, por ser uma região considerada sagrada, onde é proibida, inclusive, a entrada do próprio povo do país. Boa Governança - O quarto pilar é a “Boa Governança” e esse é um exemplo

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

que vários governos deveriam imitar. Apesar de ser uma monarquia, as decisões são tomadas de forma bastante democrática. Duas vezes por ano ocorre a Assembleia Nacional, quando o Rei, o Primeiro Ministro e o Parlamento se reúnem para discutir o andamento do país. Toda Assembleia, que tem duração de um mês, é transmitida pela TV local e as pessoas realmente acompanham, porque no final do dia, um dos parlamentares vai em um programa de televisão do canal local, para uma entrevista aberta onde as pessoas podem ligar fazendo perguntas e comentários sobre o que está sendo discutido. Se algo causa descontentamento da população, volta para discussão. Todas as pessoas que conversamos adoram o seu jovem Rei, que tem apenas 35 anos, e o vêm como um grande líder, seguindo o exemplo de seu pai. Algumas pessoas nos contaram que o Rei não para em seu gabinete, pois está sempre circulando pelo país, visitando os vilarejos, as cidades, e conversando com as pessoas para ver os pontos a serem melhorados em seu governo. É comum encontrar quadros do Rei e da família real em todos os lugares. Os quatros pilares se desdobram em 9 princípios, que são a base para os indicadores do GNH. Uma pesquisa é feita anualmente para mensurar esses indicadores e avaliar o desenvolvimento do país. Para conhecer mais sobre os indicadores e sua metodologia, uma ótima fonte é o site do Centro de Estudos do Butão (www.bhutanstudies.org.bt). Os nove princípios do Índice de Felicidade Interna Bruta no Butão são: Padrão de vida Educação Saúde Diversidade cultural e Resiliência Vitalidade da comunidade Uso e equilíbrio do tempo Bem estar emocional Vitalidade e diversidade do ecossistema Boa governança Conhecer o Butão foi diferente de qualquer viagem que já tínhamos feito, e olha que estamos viajando pelo mundo. Lá vimos: trabalhadores contentes


Como chegar no Butão O Butão fica escondido entre dois gigantes, a Índia e a China, no continente asiático. O turismo é controlado no país, mas visitá-lo não é tão difícil quanto parece, desde que se programe com antecedência e faça contato com uma das agências de turismo credenciadas pelo governo Butanês. Para obter o visto, é necessário fechar um pacote completo com uma destas agências. Não é barato, pois custa em média U$280 dólares por dia, por pessoa, mas nesse valor está incluído hospedagem, refeições, guia e motorista durante todo o período, transporte e entrada em todos os lugares a serem visitados. A lista das agências pode ser encontrada no site: http://www.tourism.gov.bt/directory/tour-operator Há voos para o Butão saindo da Índia, Nepal, Bangladesh, Cingapura e Hong Kong, mas não há muitas opções de dias e horários, pois as duas companhias áreas que fazem o percurso também são administradas pelo governo butanês. O controle não é para inibir o turismo, e sim para evitar que o número de estrangeiros seja maior do que o país pode abrigar, o que, convenhamos, poderia prejudicar o índice de felicidade interna do país. Além disso, esse controle facilita para que sua viagem seja uma experiência prazerosa, sem stress de filas, lugares lotados, trânsito etc. Referências: www.grossinternationalhappiness.org - Site sobre o Índice de Felicidade Interna Bruta www.bhutanstudies.org.bt - Centro de Estudos do Butão ww.bhutannewsonline.com - Site com detalhes da história e da economia butanesa www.climateactiontracker.org/countries/bhutan.html - Emissões de GEE do Butão

com seu trabalho, famílias reunidas se divertindo, pais educando seus filhos, pessoas com orgulho do governo do País, crianças rindo e brincando com a gente mesmo sem entender o que falávamos, jovens compenetrados em seus estudos e orgulhosos de mostrar o que estavam aprendendo, monges atenciosos e simpáticos, voluntários ajudando na organização do festival, jovens da comunidade auxiliando os policiais (com jaquetas dizendo “Amigos

da Polícia”), pessoas fazendo mutirão para limpar o lixo das ruas, idosos sempre nos cumprimentando com um sorriso, ruas sem semáforos com o trânsito funcionando muito bem, pessoas trabalhando arduamente nas plantações de arroz, mas com um sorriso no rosto disposto sempre a dizer um “olá”, orgulho e valorização da cultura local, respeito ao meio ambiente, fé e espiritualidade. E, agora, pergunto: O que é felicidade para você?

SOBRE O HISTÓRIAS PELO MUNDO Giuliana Preziosi e Mauricio Cichitosi decidiram inverter um pouco a possível “lógica”, ou melhor, o padrão das ações esperadas após o casamento. Ao invés de economizar para comprar um apartamento e se estruturar para a chegada dos filhos, resolveram viajar pelo mundo por 500 dias. Ela, trabalha com sustentabilidade, ele trocou a advocacia pela fotografia. Para acompanhar essa aventura acesse: www. historiaspelomundo.com Facebook: https://www.facebook.com/historiaspmundo Instagram: @Historiaspelomundo

47 >

47


P elo mundo

48

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


E n s a i o

FOTOS:

MaurĂ­cio Cichitosi

49 > 49


P elo mundo


E n s a i o

FOTOS:

MaurĂ­cio Cichitosi

51 >


P elo mundo

Uma visita ao estonteante RHS Chelsea Flower Show 2015 Por Vivian Simonato, Correspondente de Plurale na Comunidade Europeia De Chelsea, Londres

E

ncantada com tanta beleza, me perco admirando uma abelha que, preguiçosamente, voa baixinho, pousando de flor em flor. Papoulas de um vermelho vibrante aparecem, aqui e ali, entre as lavandas, peônias, rosas, estevas e osmanthus, que entre outras flores fazem do cenário uma pintura delicada. O caminho de terra nos convida a um passeio gostoso e, nesse momento, encontramos James Basson, que, sentado numa mesa charmosa sob uma oliveira, nos sorri e começa a explicar mais sobre o jardim que estamos visitando. James é o criador do “Jardim de um perfumista em Grasse” para a luxuosa marca de cosméticos francesa L’occitane en Provence. Difícil é acreditar que não estamos em Grasse, a capital mundial do perfume, muito menos na Franca. O “Jardim de um perfumista em Grasse” encontra-se no Hospital Royal de Chelsea, uma das áreas mais requintadas de Londres, onde aconteceu, em junho, a mostra de jardinagem RHS Chelsea Flower Show 2015. Os detalhes delicados desse jardim

52

impressionam e intrigam. A mostra dura apenas cinco dias. Porém, nada ali denuncia sua breve vida. O lavatório de pedra (ou, do francês, lavoir), igual aos que são facilmente encontrados nos arredores de Grasse - e nos quais as mulheres provençais se reuniam para lavar suas roupas e conversar - está coberto de musgos. A figueira tem figos maduros. Laranjas pen-

O perfumista da L`Occitane em Provence, James Basson, apresenta para a repórter Vivian Simonato o jardim que criou para o evento

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

dem da laranjeira.... É muito fácil acreditar que tudo sempre esteve ali. E é por essa atenção aos detalhes, exigidas dos muitos exibidores, e a ideia de trazer o melhor em jardinagem, que o RHS Chelsea Flower Show vem encantando britânicos e visitantes de todo o mundo há mais de 100 anos. Tradição em jardinagem O RHS Chelsea Flower Show é realizado anualmente em Londres desde 1913 pela Sociedade Real de Horticultura (Royal Horticultural Society – RHS – em inglês). O evento somente teve intervalos por conta das duas Guerras Mundiais. E, apesar de ter perdido o título de maior exposição de flores da Grã-Bretanha para o RHS Hampton Court Flower Show em 1993, o RHS Chelsea Flower Show ainda é a exposição de flores mais prestigiada e também fortemente associado com a Família Real, cujos membros frequentam o dia de abertura a cada ano. Desde o final da década de 70 o evento tornou-se tão popular que em 1979 os organizadores tiveram que fechar as catracas para evitar a superlotação. Desde então, há limitação e “apenas” 157 mil ingressos são vendidos todos os anos.


FOTOS DE VIVIAN SIMONATO

Muito mais que flores A tradição e sucesso de eventos como o RHS Chelsea Flower Show, no entanto, abrem muitas oportunidades para que mais ações, além das exposições, sejam realizadas. Pensando exatamente nos desafios futuros sobre mudança climática, a Sociedade Real de Horticultura, organizadora dessa e de outras exibições, anunciou recentemente um investimento massivo de £100,000 em 10 anos para aumentar a visibilidade e os benefícios de todos os aspectos da horticultura. Dentre as principais áreas contempladas no investimento está a criação de iniciativas que visam incentivar o cultivo de jardins domésticos, evitando que espaços verdes sejam pavimentados e contribuindo para a diversidade de plantas e manutenção da vida selvagem. Atrair e formar futuras gerações de horticultores e cientistas hortícolas é outro objetivo do investimento, que prevê divulgar carreiras em horticultura para um público mais amplo, criando, inclusive, mais oportunidades de estágio em parceria com empresas. E, um outro foco importante para os próximos 10 anos é estabelecer ações para encorajar a população a cultivar seus próprios alimentos. Essa iniciativa tem por objetivo construir uma sociedade mais resiliente às mudanças climáticas e garantir melhor seguridade alimentar para a nação, frente à demanda por comida com as expectativas de crescimento da população mundial para 9 bilhões ate 2050.

53


Meio ambiente

o x u l e d s io ín m Condo destroem bioma e intensificam enchentes

na Argentina

El Encuentro, um dos bairros privados vizinhos de Las Tunas

54

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

Construídos sobre pântanos que escoam a água quando há chuvas intensas, bairros privados se multiplicaram no distrito de Tigre, na província (estado) de Buenos Aires.


Tigre está todo cortado por riachos e é destino turístico para quem quer escapar do verão portenho Por Aline Gatto Boueri, de Buenos Aires Correspondente de Plurale na Argentina Fotos de Monk Fotografia e Eidico

O

pequeno distrito de Tigre, na Zona Norte da província (estado) de Buenos Aires é uma das grandes atrações turísticas da região. Com cerca de 400 mil habitantes, o município engloba outras localidades e é famoso pelo delta, que está cercado pelo Rio de La Plata e pelo Rio Paraná. Tigre é muito procurado por fanáticos de esportes náuticos ou por quem quer escapar do verão portenho e se hospedar nas ilhas que compõem a paisagem do distrito. Desde os anos 1990, Tigre também começou a ser explorado como alternativa de moradia para quem desejava sair dos grandes centros urbanos, sem se afastar muito - e podia pagar caro por isso. O estilo de vida bucólico associado a condomínios luxuosos passou a ser uma característica marcante das novos empreendimentos imobiliários, conhecidos como countries, que materializam a utopia para uns, distopia para outros, do bairro amuralhado, com segurança privada, do qual não seria necessário sair para quase nada. Enchentes Inacessíveis para simples transeuntes, esse tipo de construção se multiplicou no Tigre, quase sempre sobre pântanos que

cumpriam uma importante função no ecossistema local: esse tipo de bioma absorve as crescentes dos rios e ajudam no escoamento da água quando há chuvas intensas. Para os grandes condomínios de luxo, a destruição dos pântanos não é um grande problema. Elevados artificialmente, estão acima do nível dos bairros populares que os cercam. Seus muros retêm o avanço da água e, caso seja necessário, possuem sistemas de comportas para facilitar o escoamento em momentos de emergência. Quem sofre - e muito - são os vizinhos menos abastados. Um exemplo é o bairro Las Tunas, cercado por três countries, onde cada vez que chove há temor de que o pior aconteça. Em março de 2014, em meio a uma grande enchente, os moradores, desesperados, começaram a romper parte do muro de um dos condomínios privados, com a esperança de que a água escoe. Os relatos são de que a segurança privada por trás dos muros respondeu com tiros. Juan Wahren, militante da organização popular Fogoneros, que trabalha em Las Tunas, conta à Plurale que as enchentes passaram a ser muito mais graves no bairro desde que chegaram os countries foram construídos. “Ao transformar os pântanos em zona habitáveis, a fronteira das inundações avançou em lugar de retroceder, o que teria acontecido com uma urbanização responsável, que trouxesse

melhorias estruturais”, aponta. “A função que antes era do pântano, agora é dos bairros populares: se inundam para que a água não chegue aos ricos”. Wahren conta que, com a elevação dos terrenos vizinhos para a construção dos condomínios de luxo, Las Tunas passou a ser um poço, o que deixa o bairro muito mais vulnerável às cheias. Um quarto country, Nordelta - que também é um dos maiores - está um pouco mais distante de Las Tunas, mas tem impacto direto sobre a vida do bairro popular. O riacho Las Tunas, que atravessa o bairro homônimo e também o Nordelta, tem altos níveis de contaminação porque cruza uma zona de indústrias muito poluentes, como frigoríficos e fábricas de celulose. Segundo Wahren, o country construiu uma espécie de filtro que faz com que os dejetos se acumulem no bairro popular. Cidade excludente O impacto eco social dos countries não poderia ser analisado sem pensar o projeto de cidade que é pensado hoje no Tigre. Segundo dados de um relatório da Unicef publicado em 2010 e divulgados por meios de comunicação argentinos, somente 17,3% dos moradores do distrito têm acesso à rede de esgoto, enquanto 35,7% contam com água corrente. A distribuição da terra também é desigual: os condomínios de luxo ocupam 60% dos terrenos habitáveis, onde moram 10% dos tigrenses.

55


Meio ambiente

Wahren avalia que os empreendimentos imobiliários do Tigre estão pensados em um modelo de cidade excludente. “Há um impacto ecológico e social muito forte: são grandes extensões de terra onde não se pode caminhar livremente”, lamenta. “Além disso, há um investimento muito grande em turismo - que não é ruim, ao contrário, é bom que as pessoas possam conhecer esse lugar lindo que é o Tigre. O problema é que se faz isso em detrimento das pessoas que moram aí, que não usufruem de melhorias estruturais”. Um exemplo é a construção de vias expressas de acesso a esses condomínios. As obras, públicas, são questionadas por servir somente aos moradores dos bairros privados. Como é impossível ultrapassar a barreira das guaritas de onde seguranças privados vigiam as entradas dos countries, grande parte dessas avenidas é utilizada somente por quem tem a permissão para entrar nos condomínios, ou seja, quem mora lá ou é convidado por algum morador. Os movimentos sociais que atuam no Tigre tentam deter esse tipo de empreendimento e pressionam o poder público para que se proíba a construção de novos countries. Wahren reclama que falta diálogo com o poder público. “Mas seguimos em luta”, conclui.

Família é surpreendida no meio de um churrasco pela crescida do rio

Distrito de Tigre é famoso pelo delta, que está cercado pelo Rio de La Plata e pelo Rio Paraná

56

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


Educação

Pais trabalham pela transformação da

E sc o la P

DIVULGAÇÃO

Por Nícia Ribas, de Plurale

reocupados com o futuro da educação de seus filhos, um grupo de pais residentes em Manaus está organizando um seminário para sensibilizar gestores de escolas públicas locais sobre a questão da humanização e democratização do ensino. Eles conseguiram agendar a ida de três palestrantes: “Conseguimos o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Manaus, que vai fornecer o espaço, e convidar todos os gestores de escolas públicas do município (são 220 diretores de escolas). Agora estamos pedindo contribuições a particulares para custear as passagens aéreas e hospedagem dos palestrantes, diz o pai de Tainá, quatro anos, e Maia, dois, Ingo Daniel Wahnfried. Iniciativas como esta estão surgindo em vários estados brasileiros, na tentativa de alavancar uma necessária transformação no ensino básico. O mundo mudou, a Internet colocou a informação ao alcance de todos, porém a escola continua a mesma, oferecendo conteúdo, exigindo o acúmulo de dados nas cabecinhas dos alunos. Essas mudanças levam tempo para serem assimiladas. O que tem sido feito Em outubro de 2013, foi publicado o III Manifesto pela Educação do Brasil . Como anexo ao Manifesto, o documento “Mudar a Escola, Melhorar a Educação: transformar um país” que tem o intuito de florescer um debate nacional para mudar a educação brasileira em cada federação. O documento propõe uma nova construção social da escola, servindo como diretrizes para Educação no Século XXI na direção de uma sociedade justa, solidária e sustentável. O documento traz alguns princípios como:

1. Educar-se para integralidade; 2. Educar-se em solidariedade; 3. Educar-se na diversidade; 4. Educar-se na realidade; 5. Educar-se na democracia; e 6. Educarse com dignidade. “Na contra-mão deste princípios, as escolas com modelo tradicional dominam. No geral as particulares são muito conteudistas e não estimulam a gestão participativa e a formação do aluno crítico e criativo. Nas públicas, vemos vários exemplos de projetos inovadores interessantes, mas são muito pontuais e, no geral, elas seguem o padrão caótico e tradicional da educação pública”, diz a pedagoga Ana Bocchini, uma das mães do grupo de Manaus. Pensando em tudo isso, eles formaram um coletivo de pais, mães e educadores interessados em propor uma alternativa de educação para Manaus. Este coletivo existe há cerca de três meses e, em encontros quinzenais, vem dividindo anseios para aquilo que acreditam ser uma educação de qualidade, propondo alternativas e estu-

dando formas de transformar a educação escolar. A primeira ação pública deste coletivo será promover um seminário nos dias 31/7 e 1/8 de 2015 para pais, mães e educadores, com foco em diretores de escolas públicas e particulares apresentando temas relacionados à educação integral e democrática. “Estamos buscando algumas parcerias e a arrecadação desta campanha servirá para arcarmos com custos de passagem e hospedagem dos palestrantes, bem como compra de materiais para a realização do evento”, explica Ingo Wahnfried. Para conhecer melhor esse movimento que surge na base da sociedade brasileira, e para fazer doações pra o seminário em Manaus, aí estão os endereços do site do grupo de Manaus e de um filme no Youtube sobre o tema. http://juntos.com.vc/pt/seminarioeducacaomanaus h t t p s : / / w w w. y o u t u b e . c o m / watch?v=HX6P6P3x1Qg

57


P e las Em pr esas

ISABELLA ARARIPE

divulgação

Coca-Cola Brasil e Natura lançam diagnóstico social inédito de território da Amazônia De Manaus

A

Coca-Cola Brasil e a Natura lançaram no dia 24 de junho, durante o I Seminário Internacional Índice de Progresso Social, o IPS Comunidades – um mapeamento social inédito de comunidades da Amazônia brasileira. O IPS Comunidades foi desenvolvido e implementado a partir da metodologia do Índice de Progresso Social, concebido pelo economista americano Michael Porter. A pesquisa é pioneira no mundo ao utilizar dados primários para

A localidade escolhida para o mapeamento foi o Médio Juruá, que compreende mais de 50 comunidades ribeirinhas situadas às margens do Rio Juruá, no município de Carauari (AM).

mensuração de desenvolvimento socioambiental a nível local. A partir do diagnóstico – elaborado no âmbito da rede #Progresso Social Brasil e com apoio técnico da Ipsos –, empresas, órgãos governamentais, ONGs e movimentos sociais poderão alinhar os esforços de investimento na região. A localidade escolhida para o mapeamento foi o Médio Juruá, que compreende mais de 50 comunidades ribeirinhas situadas às margens do Rio Juruá, no município de Carauari (AM). A Natura e a Coca-Cola Brasil já estão presentes na região, com projetos que fo-

Instituto Alcoa completa 25 anos com campanha divulgação

O

Instituto Alcoa está presente em todas as localidades em que a Alcoa atua. A organização acaba de completar 25 anos e os números mostram que há muito para comemorar. Em 2014, a organização fechou seu balanço com 46 projetos apoiados, 135 mil pessoas beneficiadas, 22 mil horas de trabalho voluntário e mais de dois mil funcionários como voluntários, resultado de um investimento de mais de R$ 6 milhões aplicados pelo próprio Instituto e pela Alcoa Foundation. Para comemorar os 25 anos do Instituto, a Alcoa doou R$ 10,00 para cada compartilhamento dos cinco posts que foram produzidos para a campanha com o mote “Compartilhar faz bem”. As doações foram para a Fundação Abrinq, organização sem fins lucrativos que tem como missão promover a defesa dos direitos e o exercíA funcionária Mônica cio da cidadania de crianças e adolescentes. A ação aconteceu na rede social Facebook em maio Paiva é uma das de 2015. O valor total da doação foi de R$ voluntárias em 11.920,00, ultrapassando um pouco a meta iniprojeto social em cial de 1.000 compartilhamentos para R$ 10 mil. Juriti, no Pará

58

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

mentam cadeias de fornecimento sustentáveis de ativos da biodiversidade local, mas queriam ir além. Dessa forma, no último ano, foi iniciado na região do Médio Juruá (foto) um processo integrado e coparticipativo de fortalecimento das instituições locais, de criação de espaços democráticos e de engajamento de múltiplos atores. Essa articulação culminou com a formação de um Fórum de Gestão Territorial Tríplice, no qual setor privado, governo e sociedade civil trabalham juntos em busca de soluções para os desafios regionais

O Boticário é a empresa de cosmético que mais gera valor aos seus stakeholders

C

om um faturamento de R$ 101,7 bi no ultimo ano, a indústria brasileira de cosméticos representa mais de 1,8% do PIB nacional, como aponta os números da Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC). Diante deste cenário aquecido, a DOM Strategy Partners, consultoria 100% nacional focada em estratégia corporativa, ouviu os stakeholders das principais empresas do segmento para saber como geram e criam valor apenas para si também consumidores, acionistas, funcionários e sociedade. Dessa interação, foi criado o ranking MVP (Mais Valor Produzido) Brasil – Beleza e Cosméticos 2015. O estudo aponta O Boticário, Natura, Procter & Gamble, Johnson & Johnson e Unilever como as cinco empresas do setor que mais produzem valor a partir da percepção, avaliação e recomendação de seus stakeholders. Pelo segundo ano consecutivo, o O Boticário mantém a liderança no levantamento com a pontuação de 8,23. A Johnson & Johnson sobe duas casas e fica em segundo lugar com a nota 8,21; a P&G figura na terceira colocação com 8,18. Encerrando a listagem, veem a Unilever (7,96) e a Natura (7,66) que no ano passado estava na segunda posição.


ESTE ESPAÇO É DESTINADO A NOTÍCIAS DE EMPRESAS. ENVIE NOTÍCIAS E FOTOS PARA ISABELLA.ARARIPE@PLURALE.COM.BR

Fetranspor vence o “UITP Awards 2015” e o Diálogo Jovem sobre Mobilidade, programa da Fetranspor Social, conquistou menção honrosa no prêmio

A

Fetranspor venceu, em junho, o “UITP Awards 2015”, na categoria “Estratégia de Transporte Público”, e o Diálogo Jovem sobre Mobilidade, programa da Fetranspor Social, conquistou menção honrosa no prêmio “Y4PT Health Awards 2015″, uma das categorias do “UITP Awards 2015″. A cerimônia de premiação foi realizada em 10 de junho, em Milão, na Itália, durante o 61º Congresso Mundial da UITP, que aconteceu entre os dias 8 e 10. Estiveram presentes: o presidente executivo da Federação, Lélis Teixeira; a diretora de Mobilidade Urbana, Richele Cabral; e três integrantes do DJ – Victoria Roza (19 anos), Wanderson Nogueira (16 anos) e Fábio da Silva (28 anos). O

“UITP Awards” destaca os projetos inovadores, desenvolvidos nos dois últimos anos em cidades e regiões ao redor do mundo, que contribuam para o setor de transporte público e que atendam à proposta da UITP, de duplicar o mercado de transporte em todo o mundo até 2025 (PTX2). O trabalho com o qual a Federação concorreu – intitulado “Reformulando a demanda do Rio de Janeiro com uma rede de BRTs” – foi desenvolvido em parceria com a área técnica do Rio Ônibus e do Consórcio BRT. Já o “Y4PT Health Awards” é uma categoria da premiação cujo objetivo é identificar os programas sobre mobilidade urbana, realizados e/ou dirigidos por jovens e que visam a contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais saudável.

Arcos Dorados está entre as 5 melhores empresas para trabalhar da América Latina

A

Arcos Dorados, maior franquia de McDonald’s no mundo, com operações em 20 países da América Latina, está entre as cinco melhores empresas da região para trabalhar, segundo o instituto Great Place to Work® (GPTW). A pesquisa, realizada com 2.994 empresas e quase 4 milhões de co-

laboradores, colocou a Arcos Dorados em quinto lugar no ranking das melhores 25 multinacionais. “Somos o ‘primeiro emprego’ para milhares de jovens latinoamericanos e estamos orgulhosos de ser uma das melhores empresas para trabalhar na região, oferecendo treinamento e oportunidade de carreira”, afirma Woods Staton, CEO da Arcos Dorados. divulgação Um estudo realizado recentemente pela TNS em países da América Latina apontou que 29% dos jovens entrevistados querem trabalhar na rede. A empresa é uma das maiores empregadoras de jovens na região, capacitando mais de 75 mil a cada ano. No Brasil, são mais de 48 mil empregados.

divulgação

Márcia Vaz, gerente de Responsabilidade Social da Fetranspor, recebe a Menção honrosa com Diogo, Victória e Wanderson, representantes do Diálogo Jovem

Sustentabilidade na gelateria Momo

I

naugurada no final de 2013, na Rua Dias Ferreira, no Leblon, a gelateria Momo desde a sua abertura se preocupa para que todos os detalhes da sua operação causem o menor impacto possível ao meio ambiente. Neste mês de maio, mais duas iniciativas foram implementadas: um serviço de entregas feito por uma scooter elétrica, sem emissão de gases poluentes e a distribuição, todas às terças-feiras, na loja do Leblon, de pacotes de um quilo de borra de café para serem utilizadas como adubo. Outra atitude sustentável da Momo é o uso de lâmpadas de LED em todas as lojas, que além de garantir uma redução expressiva no consumo de energia podem ser recicladas por não possuírem metais pesados. Os jogos americanos e sacolas são feitos com papel reciclado e os potinhos de gelato são produzidos com papel proveniente de florestas certificadas. Os copos usados para o consumo de água filtrada, que os clientes podem se servir à vontade, são de vidro, evitamos assim o descarte de embalagens plásticas.

59


VIDA Saud ável Sopas sob medida para o inverno

Sopas são, é claro, destaques no inverno que já é um dos mais frios das últimas décadas em todo o país. Até mesmo no Rio, os cariocas passaram a consumir mais sopas. É possível utilizar diversas opções de ingredientes, lembrando sempre que o ideal no caso de uma sopa variada de legumes ter um item de cada cor/categoria. Assim, nos vermelhos e laranjas pode ser uma cenoura, ou abóbora e nos verdes há opção de bertalha ou espinafre. Uma boa alternativa também é usar um só ingrediente predominante, como o alho poró ou a ervilha em grão. Há também sopas detox e as que podem aproveitar grãos e outros itens. Pesquise receitas, use a criatividade e curta o inverno.

Do Portal Ciclo Vivo

Inverno 2 Mudanças bruscas de temperatura acabam trazendo resfriados simples, gripes e até mesmo viroses. É bom ter cuidado reforçado com a alimentação. Alguns alimentos ajudam a fortalecer o sistema imunológico. Como a couve, cenoura e tomate, ricos em betacaroteno, antioxidante que combate as infecções e estimula as células imunológicas. Outra boa dica é o gengibre, que tanto pode ser ingerido em receitas e na salada como também na forma de chá, em sopas e suflês. O mel também é ótimo pela ação bactericida e antisséptica. Um pouco de goji berries a cada dia e cacau também são indicadas.

Loja de orgânicos no Bairro de Fátima (RJ) A Ecorgânico nasceu da iniciativa de Renato Martelleto e Hugo Queiroz – dois ativistas dos orgânicos - cuja a missão é a de promover o consumo de alimentos 100% orgânicos e agroecológicos de forma confiável e com preços justos. Este trabalho já vem valorizando e incentivando centenas de famílias agrícolas de todo país (RJ, SP, MG, RS, SC, PR, AL)​. Neste novo espaço, localizado bem próximo do Centro da cidade do Rio de Janeiro, no

60

França obriga supermercados a doarem alimentos que seriam descartados

tradicional Bairro de Fátima (junto da Lapa e de Santa Teresa), você encontra inúmeras opções de alimentos de mercearia e hortifruti livres de agrotóxicos e transgênicos. Em breve, os sócios terão também uma loja virtual, entregas domiciliares e cursos de culinária alternativa. Ecorgânico Rua Riachuelo, 241/ loja 32 (Galeria Fátima) - Bairro de Fátima – RJ / Tel.: (21) 2242-0601/ facebook Ecorganico

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

Os supermercados franceses serão proibidos de jogar fora os alimentos que não foram vendidos. De acordo com uma legislação, aprovada recentemente pela Assembleia Nacional, os estabelecimentos serão obrigados a doar os alimentos a instituições de caridade ou para serem usados na alimentação de animais. A lei tem como objetivo reduzir o desperdício, ao mesmo tempo em que permite economia financeira e minimiza a emissão de gases de efeito estufa. De acordo com as autoridades francesas, o desperdício no país é alto, com cada cidadão jogando fora, anualmente, de 20 a 30 quilos de alimentos. O custo financeiro deste problema chega a 20 bilhões de euros. São mais de sete milhões de toneladas de alimento perdidos ao ano.


Vida saudável

Local, Orgânico e Vegano LOV, marca carioca de sucos prensados a frio Do Rio de Janeiro

A

caba de chegar ao mercado carioca a LOV, marca de sucos prensados a frio pioneira no quesito orgânico no sudeste do Brasil - seus produtos possuem o selo de certificação orgânica. Com fábrica construída do zero e atendendo a todos os padrões da Anvisa necessários para uma produção segura, a marca carrega no seu DNA três pilares essenciais no segmento o qual atua: Local, Orgânico e Vegano. Local, porque a LOV quer, cada vez mais, incentivar pequenos e médios produtores e a agricultura familiar a trabalharem com produção orgânica e se certificarem. Orgânico, pois trabalha com produtos totalmente livres de agrotóxicos, focando na saúde e bem-estar do seu consumidor – hoje o Brasil é o maio consumidor mundial de agrotóxicos, com consumo de, aproximadamente, 7kg per capita. E, finalmente, vegano porque os ingredientes não são processados termicamente a uma temperatura superior àquela que comprometa sua atividade enzimática, mantendo os sucos “vivos”. A prensagem a frio é o melhor método de fazer um suco e manter seus nutrientes e enzimas intactos, o método permite não utilizar conservantes ou aditivos químicos para manter os sucos, evita o contato dos vegetais e frutas com o calor de centrífugas e liquidificadores impedindo a oxidação dos ingredientes. Comparado com o processo tradicional, o prensado a

frio preserva até 5 vezes mais os nutrientes, vitaminas e minerais encontrados nesses alimentos in natura. Sem a utilização de água, açúcar ou conservantes, os sucos da LOV são 100% naturais e a não pasteurização dos mesmos preserva o valor nutricional de cada ingrediente. A sócia e idealizadora da LOV, Tatiana Veras, é hoteleira e chef vegana, com passagem pelo Le CondonBleu, mas que entrou no mercado financeiro aonde ficou por anos. Com a abertura da marca volta às suas origens. Para iniciar o negócio, estudou na Califórnia no Matthew Kenny Institute – Matthew é chef do restaurante Make, em

Santa Mônica, considerado o melhor em alta gastronomia vegana do mundo. Com um ano inteiro se dedicando a todos os processos de construção da fábrica, produção e aquisição do selo orgânico junto ao Ministério da Agricultura, e tudo o que diz respeito ao negócio, brinca que hoje pode prestar consultoria na área. Tatiana conta com a sócia Marília Lucas, nutricionista que gerenciava o serviço de nutrição de um dos hospitais referência do Sul do Brasil, com mais de 500 leitos. A mesma assume a responsabilidade por toda a produção da LOV, formando, então, uma sociedade que se completa: trazendo inovação, sabores e nutrientes com a garantia de um processo que assegure a saúde do cliente. Os seis sabores da LOV já podem ser encontrados em alguns pontos de vendas cariocas como o Talho Capixaba, Casa Carandaí, Jaeé, Deli do Golden Green e Le Depanneur, além da venda no site www.lovsaude.com.br. A marca também possui pacotes de assinaturas e programas de Detox para ajudar na eliminação de toxinas acumuladas pelo consumo de alimentos industrializados, bebidas, entre outros. Os sucos podem ser comprados frescos ou congelados, o último permite maior durabilidade.

61


Ecoturismo

N

isabella araripe

W

Fernando de Noronha vai ganhar bicicletas públicas para turistas e moradores

E S

O arquipélago de Fernando de Noronha ganhará mais um incentivo ao uso do transporte sustentável. Serão 105 bicicletas públicas, sendo três para deficientes visuais e duas para deficientes físicos. O projeto Bike Noronha será gratuito para moradores e turistas . A ideia é da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco, por meio do ‘Programa Pedala PE’, e inclui as bicicletas elétricas, que já existem na Ilha. Ao todo, serão implantadas oito estações, com espaço de convivência, e 12 estações de apoio. Serão sinalizados 30 espaços para realização de trilhas, com uso compartilhado entre pedestres e ciclistas. O prazo para início das atividades será de 90 dias após a conclusão do processo licitatório.

Parque Nacional do Itatiaia comemora 78 anos O Parque Nacional do Itatiaia, no Rio de Janeiro, comemorou 78 anos no dia 14 de junho. O parque foi o primeiro a ser criado no Brasil e é administrado

pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Entre as principais atrações estão a escalada, o montanhismo e o banho de cachoeira

no Lago Azul e nas cachoeiras do Complexo do Maromba: Piscina do Maromba, Véu de Noiva e Itaporani. O ingresso para o público em geral é de R$ 27,00.

Parque da Fonte Grande terá arvorismo e tirolesa

Caverna do Diabo atrai turistas em São Paulo Um paraíso ecológico localizado no Vale do Ribeira, mais precisamente dentro do Parque Estadual Caverna do Diabo. A Gruta da Tapagem, que ficou conhecida popularmente como Caverna do Diabo fica no município de Eldorado, a 295 km da capital de São Paulo, com acesso pela Régis Bittencourt (BR-116), ela ainda está rodeada de trilhas, cachoeiras e mirantes com vistas skyline. O local é aberto para visitas de terça-feira a domingo das 8h às 17h e os ingressos custam R$ 12,00. Mais informações: (13) 3871-1242

N

W 62

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

O Parque da Fonte Grande, em Vitória, terá novos atrativos: o arvorismo e a tirolesa. A proposta é da Secretaria Municipal de Turismo, Trabalho e Renda (Semttre) e foi aprovada pelos membros do conselho do local no dia 18 de junho. O parque já teve 11 pontos mapeados e receberá os marcos geográficos que mostram os locais que serão utilizados. A previsão é que até março de 2016 a concessão deva estar finalizada. Aos domingos, o Parque da Fonte Grande promove as caminhadas ecológicas, cujo percurso tem cerca de 5 km. As inscrições devem ser feitas durante a semana pelo telefone (27) 3381-3521, pois a atividade é restrita a 40 pessoas.


´

ENTENDA COM AGILIDADE E PRECISÃO AS INFORMAÇÕES ESTRATÉGICAS DO SEU NEGÓCIO. CONHEÇA O CLIMAS: UMA FERRAMENTA INOVADORA PARA GERENCIAR SUAS EMISSÕES DE GEE.

Vantagem sustentável para uma nova economia.

63


CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Fica 2015 em números O Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – Fica 2015 recebeu a inscrição de 327 filmes (111 internacionais, 200 nacionais, sendo 55 goianos e 16 coproduções entre Brasil e outros países). Para a Mostra Competitiva foram selecionados 21 produções: 12 nacionais, nove internacionais e sete filmes goianos. São cinco longas-metragens, três médias-metragens e 13 curtas-metragens. Esta edição terá como tema principal a água, com representantes de peso para o debate sobre a situação ambiental e sobre o audiovisual. O festival acontece entre os dias 11 e 16 de agosto na Cidade de Goiás.

Cachoeiro de Itapemirim e seu primeiro festival de cinema ambiental e sustentável Nos primeiros dias de julho, Cachoeiro de Itapemirim (ES) teve a primeira edição do CINE.EMA – Festival de Cinema Ambiental e Sustentável de Burarama - Cachoeiro de Itapemirim. Durante quatro dias o tema “Águas e Florestas do Espírito Santo” foi alvo de debates em atividades paralelas ao festival, como oficinas com escolas, trilhas ecológicas e apresentações musicais. A ideia foi vincular a programação com a educação. Nas mostras competitivas a seleção contou com 14 filmes de setes estados, todos tratando de temas ambientais. O cinema foi montado a céu aberto.

64

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015

Inscrições abertas para evento na Espanha

Filmes brasileiros podem ser inscritos nas competições oficiais de longas-metragens, para filmes com mais de 60 minutos de duração, e de curtas-metragens, para produções com até 30 minutos no 41º Festival de Cinema Íbero-Americano de Huelva, na Espanha, que será realizado de 14 a 21 de novembro. Para ambas as categorias, as obras devem ter sido finalizadas a partir de 1º de setembro de 2014 e serem inéditas no circuito comercial espanhol. A critério da organização, os filmes inscritos poderão também integrar alguma das mostras não competitivas do festival. As inscrições devem ser feitas pela internet, por meio da plataforma online Up to Fest. O prazo para inscrição se encerra dia 31 de julho.

Ferramenta ressocializadora educativa No Centro de Reeducação da Polícia Militar (CREED), unidade prisional militar do Estado de Pernambuco foi criado o Preciso – Programa de Exibição de Cinema Social, garantindo a exibição, a produção, a promoção de eventos e o ensino de cinema às camadas socialmente excluídas e de baixa renda. O programa surgiu dos eventos audiovisuais bem sucedidos realizados no CREED, que utilizam o cinema como uma de suas ações ressocializadoras. Na unidade prisional militar são realizados o CineCreed - Mostra de Filmes Digitais, o Mostrajovem-Cinema.com, as Sessões Cineclubistas e a Oficina de Cinema Digital, que como diz em site site “transcenderam a alternativa ao ócio e firmaram-se como eficazes promotores de entretenimento, cidadania, cultura, solidariedade e geração de renda extra para os reeducandos, seus familiares e comunidade circunvizinha”. O próximo CineCreed, que desde 2011 passou a ser mostra competitiva atraindo produtores de cinema de todo país, já está com seu edital de inscrição disponível no site www. precisope.com.br e o prazo se encerra no dia 30 de agosto.


65


I m a g e m Foto:

E

Leda Alvim

m destaque nesta edição é foto de Leda Alvim, que clicou esta abelha em meio a flores na sua cidade natal, São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP). Filha da jornalista Virgínia Silveira (uma das principais especialistas na cobertura de defesa) e do militar da Aeronáutica Humberto Alvim, Leda acaba de completar 15 anos. Traz no DNA o gosto pela natureza e pelo fotojornalismo. Confira outras fotos dela: https://www.facebook.com/Alvimphotos? pnref=story .

66

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2015


67



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.