N º 47 ARC DESIGN
R$ 15.00 QUADRIFOGLIO EDITORA
Nº 47
2006
2006
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
SALÃO DO MÓVEL, MILÃO ARQUITETURA ESPANHOLA PROJETISTAS CONTEMPORÂNEOS
FEIRAS BRASILEIRAS CONHEÇA OS LANÇAMENTOS
COZINHAS COMO O DESIGN PODE CONTRIBUIR
Fotos Mimmo Capurso
Na capa, banco Flash, do estúdio Vacuum Lab, na Fundação Arnaldo Pomodoro, um dos mais belos locais de Milão. A Saporiti e o catalão Marti Guixé propuseram a seis arquitetos e designers uma reflexão sobre os assentos, ou bancos, para galerias de arte. São seis percursos projetuais com soluções para espaços expositivos, também adequados a grandes ambientes públicos e privados. Bancos para “serem vistos” e “para ver”, é a proposta da Saporiti com a mostra Inside Art. Claudio Nardi, Dodo Arsian, Eric Maria, Alain Renk, além de Vacuum Lab e de Marti Guixé, participaram da instaAcima, banco Flash, design Vacuum Lab. Abai xo, Sand, de Eric Maria. Na sequência, Nuan ce, design Dodo Arslan. No pé da página, à direita, Web Seat, design Marti Guixe. Ao fundo das duas páginas, bancos Endless, de Clau dio Nardi. Todos da ex posição Inside Art, na Fun da ção Arnaldo Pomodoro
lação que ocupou os 3.500 metros quadrados do museu. Foram propostos dois diferentes percursos de leitura para o projeto. O primeiro constava de uma longa linha de aço, traçada no piso, que unia idealmente os bancos e acompanhava o visitante na descoberta da mostra antológica de Gastone Novelli e das esculturas de Arnaldo Pomodoro. A outra, uma videoinstalação de Marti Guixé, repropunha não apenas uma leitura da pesquisa desenvolvida pela Saporiti, mas das próprias peças e da sua utilização pelos visitantes do museu.
A mola propulsora e difusora do design para o hábitat, o Salão do Móvel de Milão, está outra vez em pauta. Termômetro do mercado, sinaliza as épocas de expansão, de confiança em grandes investimentos, e aquelas de retração, onde é preciso apostar no seguro – e vender. A crise não é exclusividade brasileira. E a normalidade é a tônica de 2006. Com exceções, é claro. O que vimos no Salão? O entrosamento do design com a moda, o surgimento de alguns novos nomes, belas cenografias e, para reforçar a sintonia com a moda, anunciando muito branco – a cor da estação. E no design brasileiro? Se os empresários que apostam ainda são poucos, as associações, empresas e entidades prontas a promover concursos são muitas. Nesta edição, uma coincidência interessante: duas premiações brasileiras para o design latino-americano, ambas envolvendo, no Brasil, as indústrias do sul do país. Há também a aposta nas feiras, que começam a ter grande sucesso comercial, com a “marca Brasil” atraindo a curiosidade de compradores internacionais. O panorama ainda é confuso, com muitas manifestações semelhantes ocorrendo ao mesmo tempo. ARC DESIGN divide-se entre o artesanal e o industrial e traz uma amostragem dessa nova safra. Sin to ni za da no mun do, ARC DE SIGN apre sen ta a nova ar qui te tu ra es pa nho la, a boa ar qui te tu ra bra si lei ra, jo vens – e mu i to in te res san tes – de sig ners bri tâ ni cos, mais um nome da nova ge ra ção de de sig ners de in te ri o res, atu a li da des da moda. Nesta edição, ARC DESIGN tem duas capas. Qual a sua preferida? Envie a resposta para enquete@arcdesign.com.br Entre na sintonia! Maria Helena Estrada Editora
Para onde seguem os caminhos do design italiano? Desvende conosco o 45º Salão Internacional do Móvel de Milão, realizado de 5 a 10 de abril
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Quais os bons lançamentos de objetos para casa – e em que aspectos o design brasileiro deve melhorar: uma avaliação de quatro impor tantes feiras acontecidas em São Paulo
Rita Monte
RA DI O GRA FIA DE UM PRO JE TO
Maria Helena Estrada
DESIGN LATINO-AMERICANO
UM NOVO REPERTÓRIO?
Da Redação
UMA FESTA CENOGRÁFICA
Maria Helena Estrada
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O concurso para o Salão Design, maior disputa brasileira no design de mobiliário, realizado em paralelo à feira Movelsul, Bento Gonçalves, RS, completa dez edições. Velhas correntes e novas idéias se mesclam nas propostas e na produção moveleira latino-americana
Ao reformar o próprio apar tamento, a arquiteta Bia Prado “aclimata” o conceito de loft. Seu projeto desloca paredes, adiciona transparências, cria piso intermediário e transpira elegância – sem perder o despojamento
NEWS
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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
ELEGÂNCIA NA TRANSPARÊNCIA
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nº 47, abril 2006
CONQUISTA BRASILEIRA
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O Concurso Masisa para Estudantes latino-americanos traz novamente à tona discussões conhecidas, sobre o entrosamento incipiente dos criadores com a indústria e as diretrizes para o ensino do design. Além disso, mostra como é possível inovar graças à boa utilização da matéria-prima
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Hoje é a cozinha o centro das atenções da casa. Para uma nova mulher – e um novo homem – surge a nova cozinha. Confor tável, diver tida, acolhedora – um espaço para ser exibido
O projeto do Cenpes II, ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras, une funcionalidade e eficiência ecológica. Pla nejadas pelo ar quite to Sieg bert Zanettini, as instalações abrigam a expansão daquela que é a área crucial da empre sa: os laborató rios onde são desenvolvidas novas tecnologias
Winnie Bastian
LABORATÓRIO ARQUITETÔNICO
“ALMA NOVA” PARA A PETROBRAS
Winnie Bastian
AS NOVAS RAINHAS DO LAR
Da Redação
DE CONCURSOS E COMPETÊNCIAS
Maria Helena Estrada
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Força e vitalidade são as marcas da nova arquitetura espanhola. É o que mostra a exibição “On Site: New Architecture in Spain”, em car taz no MoMA de N. York, que reúne projetos cuja tônica é o vanguardismo, aliado à originalidade e à funcionalidade
BRITS: TECNOLÓGICOS OU ARTESANAIS?
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EXPEDIENTE
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PUBLI CINEX/CORIAN
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NA MODA
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COMO ENCONTRAR (ENDEREÇOS)
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ENGLISH VERSION
www.arcdesign.com.br
MONHANGABA? Em tupi, “lugar de fazer”. Em português, o nome da oficina de artesanato orientada pelo programa Sebrae-SP de Artesanato, NIDA-SP/CSPD (Núcleo de Inovação e Design em Artesanato de São Paulo/Centro São Paulo Design) e ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP). Composta por mulheres, a Oficina Monhangaba fica em Itariri, São Paulo, e é responsável pela criação do papel artesanal em fibra de bananeira – a partir da reutilização dos resíduos da bananicultura da região – e da linha de embalagens de baixa complexidade, resistentes, bonitas e sustentáveis. Para os designers que propuseram a inter venção, Carla Martins, Raphael Bicudo e Tatiana Tavares, “o mais importante foi extrair das artesãs o conhecimento e a cultura para fazer o mínimo de inter venção possível; o projeto só será concretizado se essas pessoas re-
CIRCUITO DE FEIRAS I – INTERNACIONAIS
conhecerem algo no produto que faça parte de sua vida e de
A partir de abril, arquitetos, designers, técnicos e empresários têm a
sua cultura”. Com essa premissa em mente, a equipe vislum-
agenda completa por um circuito de feiras nacionais e internacionais.
brou o diferencial do projeto: a utilização da fibra trançada
A maratona começou com a 45ª edição do tradicional Salão Interna-
das cestarias com o papel reciclado de fibra de bananeira,
cional do Móvel de Milão, de 5 a 10 de abril. Em seguida vem a 4ª edi-
conferindo estrutura e resistência necessárias ao kit de em-
ção da Light+Building em Frankfurt, uma das principais feiras de ilu-
balagens. www.cspd.com.br
minação, eletrotécnica e automação, de 23 a 27 de abril. A novidade é a incorporação da ACS, feira antes paralela que expõe as inovações nos sistemas de computadores para engenharia civil. Seguindo a ordem dos eventos que já têm data definida, o mês de junho abriga a Collectione, de 11 a 14, que mostrará em Frankfurt produtos de mesa-posta e cozinha que serão cobiçados na primavera-verão 2007, e a NeoCon, em Chicago, importante feira para o setor de escritórios, entre os dias 12 e 14. Agosto é o mês de Tendence Lifestyle, de 25 a 29, também em Frankfurt, e setembro, o momento em que ocorrem duas feiras importantes no mundo do design: a Promosedia, na cidade de Udine, que mostra as inovações em cadeiras da potente indústria moveleira italiana nos dias 9 a 12, e a 100% Design, feira inglesa referência em design de vanguarda, de 21 a 24. O ciclo se encerra com a bienal de design Interieur, em Courtrai, Bélgica, nos dias 13 a 22 de outubro, e a Bienal de Saint Etienne, na França, de 22 de novembro a 03 de dezembro. www.cosmit.it; www.light-building.messefrankfurt.com; www.collectione.messefrankfurt.com; www.merchandisemart.com/neocon; www.tendence-lifestyle.messefrankfurt.com; www.promose dia.it; www.100per centde sign.co.uk; www.in te ri eur.be; www.citedudesign.com
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CIR CUITO DE FEIRAS II – NACIONAIS No Brasil, a agenda é um pouco mais enxuta. A partir de junho,
MÚLTIPLAS FACES DO OB JE TO BRA SILEIRO
o setor moveleiro é contemplado com quatro eventos conse-
A Casa – Casa-Museu do Objeto
cutivos. De 29 de maio e 2 de junho, acontece a 11ª Office So-
Brasileiro, em São Paulo, abre
lution, em São Paulo, onde serão apresentados produtos e so-
inscrições para seu curso “Cul-
luções prediais e para interiores. Entre 27 e 30 de junho, o
tura, Arte e Desenho do Objeto
pólo moveleiro de Arapongas, no Paraná, abrigará a Feira In-
Brasileiro”. Oportunidade digna
ternacional da Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e
de ser abraçada, o curso segue
Acessórios para a Indústria Moveleira (FIQ), que acrescenta à
até outubro, abrindo a cada sábado novos enfoques – multi-
sua programação visitas programadas de negócios, momen-
disciplinares, teóricos e práticos – sobre o objeto artesanal
to em que os expositores poderão apresentar seus produtos
brasileiro. Temas como cultura popular brasileira, antropolo-
e negociar com novos clientes. De 1º a 4 de agosto, a Feira In-
gia visual, ecologia e meio ambiente, além de marketing e
ternacional de Fornecedores da Indústria Madeira e Móveis
plano de negócios, serão ministrados por designers, intelec-
(ForMóbile), em São Paulo, reunirá fornecedores de máqui-
tuais, folcloristas e profissionais de diversas áreas, como
nas, matérias-primas, acessórios e ser viços na área madei-
Janete Costa (arquiteta), Hélio Moreira da Silva (diretor da
reira também para fomentar novos negócios no setor. A Feira
Comissão Paulista de Folclore), Beto Ricardo (diretor do Ins-
de Móveis do Estado do Paraná (Movelpar), que ocorrerá
tituto Socioambiental), Heloísa Crocco (designer) e Ricardo
entre 12 e 16 de março de 2007, completará dez anos, so-
Scura (coordenador do núcleo de materiais do Centro São
mando seis edições bienais realizadas em Arapongas – e
Paulo Design). As aulas acontecem na própria A Casa: Rua
promete, por ocasião do aniversário, ser a maior já feita em
Cel. Irlandino Sandoval, 425, São Paulo. www.acasa.org.br
sua história. Também em 2007 acontece a primeira edição da Casa Brasil – móveis, decoração e complementos, de 21 a 25 de agosto em Bento Gonçalves (RS). Sites relacionados: www.flexeventos.com.br; www.fiq.com.br; www.formobile.com.br; www.movelpar.com.br; www.casabrasil.com.br
PINHEIROS POP São Paulo acaba de ganhar mais um espaço dedicado às artes visuais: Pop, um misto de livraria e galeria, no bairro de Pinheiros. A casa é fruto da idéia de Roger Bassetto, que imprimiu seu conhecimento sobre artes – especialmente pop e underground – na composição do acer vo de livros e revistas
VARINHA CONQUISTOU A INDÚSTRIA
e na escolha das mostras que habitam o espaço para expo-
A Varinha da Conquista, objeto integrante do projeto Faber: Vi-
sições. Para a inauguração, uma boa surpresa: a mostra
vência em Marajó, conduzido pelo Laboratório Piracema de
“Designer Toys”, movimento que surgiu no fim dos anos
Design com o apoio do Sebrae-PA e capa de ARC DESIGN nº 46,
1990 em Hong Kong – seguindo, rapidamente, para N. York,
agora está literalmente ao alcance de todos. A Metalúrgica Al-
Los Angeles e Londres –, no qual designers reconhecidos
tero, do Rio Grande do Sul, acaba de lançar uma linha de pu-
na cena mundial emprestam seus talentos para a criação de...
xadores feitos a partir da Varinha. Sinal de prosperidade nas
bonecos em vinil. A exposição fica em cartaz até 20 de maio.
relações entre indústria brasileira e artesanato de boa quali-
Pop – livraria, galeria e arte: Rua Dr. Virgílio de Car valho Pinto,
dade. www.altero.com.br
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RINO
Estação da Luz - São Paulo - SP. Fotógrafo: Nelson Kon. Projeto: Franco & Fortes Lighting Design.
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Data: 16.03.2006 - 11:00H Scanner: Fornecido Tipo de Prova: Chromedot
NEW DE SIGN CITIES Montreal, Saint Etienne, Estocolmo, Glasgow, Lisboa, N. York (Times Square) e Antuérpia. Qual o denominador comum para essas cidades? Todas podem ser reconhecidas como as “novas cidades do design”. O título é fruto da avaliação do simpósio “New Design Cities”, ocorrido em Montreal – e que produziu um livro de mesmo nome, recém-lançado pela Commerce Design Montreal. Na obra podem ser vistas as ações que posicionaram as sete cidades como top no mundo do design internacional, além de críticas de três pensadores do urbanismo e do design: François Barré (Paris), Saskia Sassen (Chicago) e John Thackara (Amsterdã e Bangalore). Entrevistas com prefeitos, designers e demais moradores de cada localidade contribuem para se construir um quadro de requisitos necessários para desenvolver o design nas cidades, destacando o papel do Estado
LIVRO REÚNE ESCRITOS DE SÉRGIO FERRO
e da sociedade civil nesse trabalho. Há edições em inglês e francês.
A obra “Arquitetura e Trabalho Livre”, lançada em março pela
www.infopresse.com
Cosac Naify, traz textos produzidos ao longo dos 40 anos de atuação profissional de Sérgio Ferro – a maioria deles, inéditos. Reconhecido arquiteto e pintor, Ferro deu aulas na Facule na École d’Architecture de Grenoble, na França, de 1973 a
AR CHITECTURE NOW! 4
2003. Sua produção teórica contribuiu significativamente
O volume 4 da série Archi-
para a reflexão sobre a arquitetura brasileira. Os escritos
tecture Now!, escrita por
reunidos no novo livro tratam de questões como a habitação
Philip Jodidio, acaba de ser
popular, a produção arquitetônica de luxo e o ensino e a pes-
lançado pela Editora Tas-
quisa em arquitetura. www.cosacnaify.com.br
chen. O livro reúne e anali-
dade de Arquitetura e Urbanismo da USP, entre 1962 e 1971,
sa diversos projetos e
POR TAL DO OSB NO AR
construções (organizados
OSB on-line: a Masisa, empresa fabricante do painel OSB
por autor), além de trazer
(Oriented Strand Board, ou “Painel de Fibras Orientadas”),
os contatos dos arquitetos
acaba de lançar um portal com informações técnicas e histó-
mencionados. Jodidio foi
ricas sobre o produto. Além de notícias ligadas ao painel, são
durante 20 anos o editor-chefe da reconhecida publicação francesa
divulgados exemplos de projetos arquitetônicos e de design
“Connaissance des Arts” e tem diversos trabalhos publicados na área
que utilizam o OSB como matéria-prima. Designers e arqui-
de arquitetura. Em 2004, o volume 3 desta série recebeu o prêmio
tetos podem enviar projetos próprios que empreguem o mate-
Saint-Etienne na categoria Melhor Livro de Arquitetura e Design.
rial para publicação no site. www.portalosb.com.br
www.taschen.com
501900_21X28
11/4/2006
21:21
Page 1
SEMINÁRIO SENAC ´ NOTICIAS DO DESIGN INTERNACIONAL Dia 17 de maio de 2006 das 14 horas às 20h30 Senac São Paulo Rua Dr. Vila Nova, 228 Térreo PALESTRANTES: . Agnaldo Farias . Baba Vacaro . Fabíola Bergamo . Fernando Jaeger . Guto Indio da Costa . Marcelo Suzuki . Marili Brandão . Paulo do Anjos . Sílvia Grilli MEDIADORES: . Pedro Ariel . Myrna Nascimento . Cyntia Malaguti INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: Senac Santa Cecília Alameda Barros, 910 Santa Cecília Tel.: (11) 3662-2152 www.sp.senac.br
Apoio:
Realização:
501900_21X28_2.pdf
April 11, 2006
UMA FESTA CENOGRÁFICA
SEMANA DO DESIGN, MILÃO
O espetáculo é grandioso, excitante. Uma nova sede, já em si cenográfica, e 350 exposições espalhadas por toda a cidade. Não sobra um grande galpão ou pequena loja sem ser ocupada. Até mesmo os show-rooms de famosos estilistas se integram à grande festa. Paira no ar um angustiado “frisson”: qual é o espetáculo imperdí vel? Quantas mostras conseguirei visitar?
Maria Helena Estrada / Fotos Mimmo Capurso Esta edição de ARC DESIGN traz a primeira parte de nossa reportagem, com o clima geral da semana milanesa do design. Na próxima, o foco estará centrado nos produtos e nos novos caminhos, ou tendências. Neste Salão, em meio à profusão de flores – naturais ou desenhadas – , rendas e arabescos, o branco faz sua entrada. É a cor da estação: no design e na moda. 2006 preanunciava-se como o do Salão da normalidade, com ênfase nos produtos palatáveis, vendáveis, e que não exigissem grandes investimentos na produção. E confirmou as expectativas. É o famoso freio da economia. A resposta das empresas? Maior ênfase no supérfluo, na decoração e no decorativo. Inaugurando oficialmente o Salão, o Cosmit trouxe para a sede da Trienal o famoso grupo catalão de teatro La Fura dels Baus. Na paralela, uma exposição que abordava, como sempre,
10 ARC DESIGN
Acima, instalação de Zaha Hadid para a revista Wallpaper, que reali zou no Teatro Armani mostra de jovens designers de di versos países, entre eles o Brasil, com peças de Claudia M. Salles, de Kimi Nii e da Lattoog Design, entre outros. Abaixo, cena do espetáculo de aber tura do Salão, no prédio da Trienal, com o grupo teatral catalão La Fura dels Baus. Na página ao lado, no alto, a nova sede da Feira de Milão (vide ARC DE SIGN 42). Embaixo, uma das atrações nos espaços da Via Tor to na era o des fi le de jovens ho lan desas vestidas de flo res, evento orga ni za do pelo Flo wer Coun cil, de Amster dã. Sem dú vida, o design está em tudo...
Foto Divulgação
Nes ta pá gi na, Ingo Mau rer e suas be las ce no gra fias lu mi no sas no Spa zio Kri zia. À es quer da, “ta pe te voa dor” de LEDs; abai xo, pai nel com LEDs for man do pe que nas flo res; aci ma, um hit da moda, exem plos dos Desig ner Toys. “Mu ta çõ es trans gê ni cas” (na pá gi na ao lado, no alto), assim de fi ni ram os ir mãos Cam pa na suas “pol tro nas” para a Edra, com Áster Pappo sus, uma estre la do mar e, ao fun do, os “ja ca rés” Kai man. No pé da pá gi na, mais um ex pe ri mento de Ron Arad, dessa vez usan do o si li co ne so bre estru tu ra de aço
um tema da atualidade. Este ano o escolhido foi “Il Diavolo del Focolare”, ou seja, as transformações da casa e do mundo a partir das mudanças de comportamento dos antigos anjos – as mulheres. Foram convidados cerca de 30 designers internacionais para criarem cenários que mostrassem as novas formas de habitar. Nas palavras de Enrico Morteo, arquiteto e crí tico de design italiano, “nas semanas que antecederam o Salão, já se sabia que este seria um Salão de consolidação, e não de pesquisa. Impressão que foi confirmada pelos fatos. Surge uma consciência tranquila, uma pací fica convivência de estilos, sí mbolos de uma fantástica qualidade. Um design que resolve problemas, não que alimenta dúvidas e interrogações, para uma casa comedida, onde nenhuma tendência domina. Elegante, mas com um toque de cor, eficaz mas sedutora, luxuosa mas racional. Digamos, mas em voz baixa, também um pouco enfadonho”. Por outro lado, esta edição do Salão deixa entrever que a casa não serve mais apenas para proteger, acolher, cuidar de nosso cotidiano – mas se transforma em um es-
12 ARC DESIGN
Foto Divulgação
paço de diversão ou brincadeiras, satisfazendo nossa emergente sí ndrome de Peter Pan, nos permitindo ser crianças descompromissadas, longe do caos urbano.
Foto Divulgação
Aci ma, à esquerda, ins ta la ção de Tom Di xon, com lu mi ná ria Dia mond Light, de Hi ro ki Ta ka da, em alu mí nio ano di za do do bra do, ins pi ra da nas re fra çõ es da luz, e Link Easy Chair, com es tru tu ra ara ma da, e ver são re ves ti da em cou ro. Na sequência, mesi nhas em pi lhá veis Pa ni er, dos ir mãos Bour roul lec, um lan ça men to Kar tell. Abaixo, novo lustre da Moooi, um candelabro de cristal envolto numa capa de acrílico
Dirí amos que essa “nova” estética nos chega como uma onda de neo-lúdico, com profusão de adornos, de grafismos, de reinvenção de um passado barroco. Memórias sentimentais e afetivas que desejarí amos resguardar, restaurar? Vejamos alguns destaques da semana do design. Fernando e Humberto Campana, com a direção de arte de Massimo Morozzi, criaram para o show-room Edra Historia Naturalis um jardim zoológico animado por estranhas cores e texturas. Da estrela marinha ao jacaré, as formas se contorcem e se esparramam, formando inusitados sofás. A natureza comparece também no espetáculo holandês dos vestidos feitos de flores, que desfilavam na Zona Tortona, e nas belas rosas de LEDs que cobriam toda uma parede na exposição de Ingo Maurer, no Spazio Krizia. Sempre uma das mais interessantes e poéticas exposições, Maurer trouxe também os “design toys”, inspirados nas figuras do “manga” japonês. A exacerbação cenográfica atingiu em cheio o espaço Moroso, inclusive com uma versão da cadeira Ripple, de Ron Arad, “vestida” pela A POC, de Issey Miyake. Arad compareceu também em outra mostra, esta no antigo Teatro Metropol, hoje show-room Dolce & Gabana, onde apresentava 25 peças, entre cadeiras de acrí lico ou de
Foto Divulgação
Aci ma, chai se-lon gue An ti bo di, de Pa tri cia Ur quio la para a Mo ro so, apresentada no show-room Valentino, com revestimento inspirado nas estampas do estilista. Abai xo, o es tan de da Moroso, prova de que moda e design re al men te se ca sa ram. Em pri mei ro pla no, a ca dei ra Rip ple, de Ron Arad, “ves ti da” pela A-POC, de Mi ya ke, ce no gra fia de Pa tri cia Ur quio la e Mar ti no Berg hinz e pai néis grá fi cos de Co rin na Ca det to
Aci ma, à esquerda, vista do hall central do Sa lão Sa té lite, como sem pre um pro je to do bra si lei ro Ri car do Bel lo Dias. Na sequência, Z Is land, de Zaha Ha did, que, com o apoio da Co rian Du Pont, inova o con cei to de co zi nhas le van do-as para a era digital.
resina com aço, até um incrí vel lustre com cristais
Contrapondo-se a essa morbidez, os holandeses da Droog
Swarovski, com o qual o público podia interagir envian-
Design trouxeram a frescura da natureza em um cenário
do SMS, cujo texto escorria, iluminando-se.
idí lico, digno de um conto de fadas.
A meio caminho, indeciso ou querendo atingir as várias,
Na verdade, a natureza e os animais estiveram presentes
fugazes, tendências no design, encontramos Tom Dixon,
em muitas exposições.
que, além de uma nova cadeira aramada, criou um cená-
Um toque de poesia – e tecnologia? A bela cadeira
rio de inimaginável mix... no compasso com a moda.
Pane, de Tokujin Yoshioka, apresentada no Palazzo del-
Um espetáculo à parte, temática estranha e inesperada foi a mostra da Design Academy Eindhoven, Post Mortem, que escolheu retratar a morte, com caixões de todos os tipos enfileirados no espaço de uma Faculdade Teológica.
Abai xo, Very Round Chair, da jovem inglesa Lou i se Camp bell, com fi nos fios me tá li cos cor ta dos a la ser, na ho ri zontal, e de pois for ma ta da, dan do como resul ta do uma ca dei ra que gira so bre si mes ma
la Permanente. Por que Pane? A cadeira é feita – apenas – com longos filamentos sintéticos, que são assados em um forno, após o que adquirem sua forma final. Realmente, o mais interessante produto desse Salão. i
Acima, poltrona de Fabio Novembre para a Meritalia, empresa que deu um salto de qualidade este ano, sob a direção de arte de Novembre. Abaixo, coleção Ottochairs, design Antonio Citterio e Taon Nguyen para a B&B
16 ARC DESIGN
Fotos Divulgação
Foto Divulgação
Nesta página, Pane, pol tro na de To ku jin Yos hio ka que le vou três anos para ser desen vol vi da, uti li za lon gas fi bras trans lú ci das que se cons ti tu em na pró pria es tru tu ra do mó vel e são assa das no for no, como um pão. Acima, o processo de produção com a cadeira sendo colocada no forno, o que faz com que sua for ma seja de fi ni da so men te o final da operação. Apresen ta da no Mu seo del la Per ma nen te
Nesta página, cen tro de mesa, ban co e va sos em pa pel Kraft re ci cla do, con fec ci o na dos por Do min gos Tó to ra, ar tis ta plás ti co com ate liê em Ma ria da Fé, MG, e cria dor do pro je to Gen te de Fi bra
UM NOVO REPERTÓRIO? Qua tro fei ras si mul tâ ne as fo ca ram, na se gun da se ma na de mar ço, o mundo dos objetos. Gift, Abup, Paralela Gift e Craft Design. O resultado? Um tímido repertório, resultado de uma desoladora falta de investimentos, de audácia, de coragem
18 ARC DESIGN
Acervo ARC DESIGN
Ao lado e abaixo, estantes Por ta-Tudo, de Flávia Pagotti Sil va, em PVC com has tes me tá li cas. As es tan tes in te gram a li nha Por En quan to É Só, que tira par tido da ma lea bi lida de das lâ mi nas de plásti co em es pessu ras fi nas – moldá veis com ca lor e que po dem atingir gran des com pri mentos
Da Redação Uma pergunta se coloca antes de qualquer análise: temos mercado para duas edições anuais de quatro feiras dedicadas aos objetos para a casa? Outra questão: temos preços competitivos para fazer frente aos importados vindos da China e adjacências, ou qualidade para competir com a Itália, por exemplo? Antes de poder responder de forma afirmativa a essas questões, o repertório brasileiro de equipamentos e objetos para a casa e para o corpo continuará a desenvolver-se de forma muito lenta. É claro que não falamos em abdicar. Mas é claro também que sem investimentos em pesquisa, em novos materiais, em novas tecnologias e, principalmente, sem uma reflexão quanto às reais necessidades dos usuários, não sairemos do lugar. Designers e empresas de todo o mundo se dedicam a encontrar soluções projetuais que melhorem a qualidade de vida (mesmo que só em relação à qualidade estética), seja de pessoas normais ou com deficiências, seja de quem já tem quase tudo ou de quem não tem nada. E nós? Quais os caminhos que decidimos percorrer? Uma reflexão dos profissionais do setor nos parece oportuna. Mas, apesar do pequeno repertório, encontramos boas surpresas. A Coza, empresa gaúcha que tem se destacado na 19 ARC DESIGN
Acervo ARC DESIGN
Aci ma, ba te dor de ovos com va re tas re vestidas em si li co ne, que não ris cam o re ci pi ente, e ra la dor de mão, am bos da em presa ca na den se Cu i si pro, im por ta dos pela Ar tli fe. Abai xo, sousplat, prato e travessas da linha Coza Bios, produzidas a partir da mistura de lig ni na (um polimero encontrado em plantas terrestres) com fi bras na tu rais (linho, cânhamo e sisal) in je ta das com si li co ne. A linha é completada por argolas para guardanapo, centro de mesa, cestos de 5, 7 e 10 litros, mesa auxiliar, revisteiro e bandeja
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Aci ma, li xei ra Pop au to má ti ca, pre mia da no IF 2006; a li xei ra, que é aber ta com a sim ples apro xi ma ção da mão gra ças a um sen sor, foi de sen vol vi da pela Ber tus si De sign e pela Sazi Inox e está à ven da na Util plast. Na se quên cia, jogo Ame ri ca no Oval de Mar ce lo Gon za ga e Ju lia na Fa ria, do es tú dio ca ri o ca Od.design. Abai xo, vasos Si lhue ta, em laminado melamínico, dos mesmos designers
produção de utilitários em plástico, com peças assinadas por designers brasileiros, apresentou a linha Bios, produzida com matéria-prima importada – um composto de lignina (substância orgânica que une as fibras da celulose) com linho, cânhamo e sisal, injetado com polipropileno. O resultado é um material leve, de aspecto
respeito ao meio ambiente. No que diz respeito à tecnologia, a lixeira Pop, desenvolvida pela Bertussi Design, com sensor na tampa, que faz com que seja aberta de forma automática, sem o uso
Acervo ARC DESIGN
semelhante ao da madeira e, principalmente, com total
das mãos, é um bom exemplo do design que pensa em resolver problemas cotidianos – e não apenas formais. Domingos Tótora realiza um belo trabalho com papel – e consegue resultados surpreendentes. Já expôs em Paris, com sucesso, e dá seguimento à vertente brasileira no design, que parte de uma raiz artesanal. Qualidade? Destacamos a maestria de Jacqueline Terpins com seus objetos em vidro e a indústria Riva, como sempre impecável na produção. 21 ARC DESIGN
Maurício Figueiredo
Jorge Hirata
Designer que procura falar a linguagem da indústria e
Acima à esquerda, aparadores de livros de Cau Al mei da que integram a linha Strokes. Na sequência, peça decorativa de Guto Lacaz para a Vd’sign. À esquerda, centro de mesa em ma dei ra, aço inox e alça re vestida em junco, da Riva, empresa de Caxias do Sul, RS. Abaixo, vasos em cerâmica com aplicação de pastilhas de coco, criação do gru po pernambucano Artes & Ofícios, e pul sei ra de cro chê com fios de cri na de cava lo e apli ca ção de lã, do pro je to gaú cho Lã Pura. Na pá gi na ao lado, vaso Guache, lançamento da designer Jac que li ne Ter pins: filetes de cristal líquido colorido são aplicados sobre uma bola de cristal soprado; o conjunto é, então, mergulhado novamente na massa vítrea incandescente, para envolver os filetes em uma grossa camada de cristal maciço
se inserir no mercado da grande série? Destacamos Flavia Pagotti Silva. Uma novidade resultante de pesquisas realizadas no Rio Grande do Sul é o projeto Lã Pura, coordenado por Renato Imbroisi, que, além das jóias em feltro, apresentou trabalhos utilizando a crina do cavalo em delicado crochê. Mas ainda é pouco, são apenas os primeiros passos. Coragem, empresários e industriais, nosso mercado,
Lucas Moura
mesmo ainda incipiente, está à vossa espera! i
22 ARC DESIGN
Fotos AndrĂŠs Otero
DESIGN LATINO-AMERICANO A Movelsul e a 10ª edição de seu Salão Design foram realizadas de 13 a 17 de março no maior pólo moveleiro do Brasil, em Bento Gonçalves, na região da serra gaúcha
À direita, ca dei ra com ba lan ço Le vi ta, design Ma nu el Ban dei ra, da Ul tra design, de Sal va dor, BA, tem es tru tu ra em aço mola re ves ti da com capa em lona Du Pont, e com dois ter mi nais de bor ra cha que dão ade rên cia ao piso. Abai xo, ban co em pi lhá vel Ham bur ger, de Edu ar do Schmith e Lu ci a no Ku du avicz, da Pro je to MLD, de Join vil le, SC, tem as sen to em plás ti co com fu ros que per mi tem em pi lha men to
Maria Helena Estrada / Fotos Studio Majola O maior concurso para designers – profissionais e estudantes – realizado no Brasil é, sem dúvida, o Salão Design Movelsul. Maior nos prêmios, maior na quantidade de produtos selecionados. Mas, cuidado, quantidade não é sinônimo de qualidade. Muito pelo contrário. Uma seleção mais rigorosa, nos parece, contribuiria para estimular bons designers a concorrer ao Prêmio. Como era de se esperar, prevalece o uso da madeira. Falta de imaginação ou de tecnologia? Ou será que o brasileiro ainda vive apegado à sua mais remota tradição – e sem interesse pelo fazer contemporâneo? Olhando o panorama geral dos produtos selecionados, não se percebe que o mundo mudou, a casa mudou e os costumes são outros. Também nos chamou a atenção a falta de diversidade de um país em relação a outro. Seria interessante poder observar contrastes ou, ao contrário, a possível linguagem comum nesse vasto repertório. 24 ARC DESIGN
Aci ma, mo bi li á rio in fan til Novi, em ma dei ra, design Wil liam Soa res, alu no da PUC Cu ri ti ba, PR. À esquerda, mesa bai xa em acrí li co da sé rie En tre li nhas, design José An to nio Mar ton, de São Paulo . Abai xo, ca dei ra Ri po se ra, em ma dei ra la mi na da, de Wal do Bul nes, da es co la INA CAP, de San tia go, Chi le
Adélia Borges, diretora do Museu da Casa Brasileira e membro do júri, que havia participado da primeira edição do Prêmio, em 1988, se diz “impressionada e orgulhosa de ver o nível de profissionalização das empresas gaúchas, o fantástico espírito empreendedor dos industriais dessa região, sua vontade de fazer parte do universo do design e, principalmente, a evolução do Salão Design, de sua primeira edição para hoje”. Analisando por tipologias, a cadeira, como sempre, é objeto de preferência dos projetistas e é onde se nota um maior desejo de inovação. O retorno ao laminado curvado, o uso da lona e de tecidos artesanais são sinais ainda fracos que anunciam uma possível diversidade e personalização no design brasileiro. Poderíamos falar em tendências no novo design latinoamericano? Sim. A primeira, ótima, é o abandono do modelo italiano, por vontade ou necessidade. Mas 25 ARC DESIGN
sentimos falta, nesse concurso, do design de raiz arte-
CNI, Masisa, Movelpar, Salão Design, e participou da se-
sanal, expressão da cultura de um país. Este é, sem
leção do Design Excellence Brasil/IF, realizado em
dúvida, um bom caminho para o design nos países do
Hannover, Alemanha! Neste concurso é premiado com
Hemisfério Sul – África inclusa – e que é hoje ambicio-
uma estação de trabalho produzida pela Flexiv, de
nado por todo o “mundo desenvolvido”.
Curitiba, que é comercializada pela empresa Tok & Stok.
A cadeira Cruz Latina mostra um pouco da “alma” Argen-
Maior qualidade na execução dos protótipos concor-
tina no uso do couro e das costuras aparentes, com ex-
rentes foi uma das características observadas pelo
trema qualidade de execução. De acordo com o júri, “dei-
júri, o que atesta a crescente importância dada pelos
xa registradas as marcas de uma identidade regional”.
designers à premiação.
Uma estrutura leve, em aço mola e uma “luva” em lona.
Um concurso de largo respiro, graças à atuação do
É a síntese da cadeira Levita, já premiada no concurso
Sindmóveis, de Bento Gonçalves (RS), que inspira e
do Museu da Casa Brasileira. Confortável, resistente e
estimula os industriais brasileiros e latino-americanos a
perfeita, segundo as leis da ergonomia.
não temerem investir na produção de peças originais.
Um caso raro, talvez único no design brasileiro: Dari
Há um risco, sempre, em optar pelo novo. Mas um risco
Beck, ainda estudante, já recebeu os prêmios Abimovel,
necessário e que pode gerar brilhantes resultados. i
No alto, à es quer da, poltrona Flo ra, em plásti co in je ta do, do desig ner ca ri o ca Joa quim Re dig. Na sequência, cadeira Cruz La ti na, em ma dei ra, cou ro e aço; criada por Nes tor Bertot to e Mar tin Javier Favre, de La Pla ta, Argen ti na, recebeu o Gran de Prê mio Sa lão Design. À di rei ta, Prê mio Es tu dan te, a Es ta ção de Tra ba lho para No te bo ok Beck, de Da ri Beck, da Uni ver si da de Tui u ti, de Cu ri ti ba, PR
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Aci ma, Men ção Hon ro sa, mesa Vis con de, design Ana Lu i sa Lo Pumo, Ma ria Cris ti na Mou ra e Dé bo ra Ei chem berg, de Por to Ale gre, RS, in cor po ra tra ma em pa lha e sa bu go de mi lho, ima gem que é re pe ti da ao in fi ni to gra ças aos es pe lhos co lo ca dos no re bai xo
Acima, Prêmio Ibama Movelsul de Madeiras Alternati vas, banco Pará, de Luis Eduardo Ribeiro do Valle, de Rio Branco, AC, utiliza o Ipê e fibras vegetais tramadas. Abaixo, Prêmio Indústria, recebido pela Telasul, Garibaldi, RS, com a linha Steel, projeto da 3 Design Móveis, de Bento Gonçal ves, RS, utiliza chapas de aço cur vadas e vazadas e acabamento em pintura epóxi
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RADIOGRAFIA DE UM PROJETO
ATMOSFERA METROPOLITANA Pi po ca ram ini ci al men te em Ma nhat tan, N. York, em an ti gos gal põ es in dus tri ais ou co mer ci ais si tu a dos em áre as pou co va lo ri za das – uma res pos ta ao alto cus to do aluguel na cidade. Transferidos para São Paulo, os já tradicionais lofts norte-americanos ganham bairros luxuosos, conotação de “hype”, divisões e andar intermediário – esses dois últimos, no caso, por obra da arquiteta Bia Prado Rita Monte / Fotos Luis Calazans Luz
To ma da ge ral da sala de jantar e do li ving: ca dei ras Lia, design Ro ber to Bar bi e ri, edita das pela Za not ta, mesa de jantar Pi, design Jac que li ne Ter pins, lu mi ná ria Arco, de Achil le Cas ti gli o ni, e pol tro na Ban que te, cria ção dos ir mãos Cam pa na, mos tram a har mo nia e o equi lí brio de um bom mix, como o realizado com peças das lojas Firma Casa e Conceito
São Paulo com jeito de N. York. Essa foi a impressão fi-
duítes de branco para camuflá-los... Apesar de ser loft,
nal dada por Bia Prado sobre a reforma de seu aparta-
não há necessidade de parecer que se está em uma
mento, no Itaim Bibi, em São Paulo. O projeto adaptou
obra!”, acredita a arquiteta.
o conceito de loft – ausência de paredes, planta livre –
Com este ponto de partida, Bia Prado reformulou a
ao seu desejo de “lar ideal”. “O teto não possuía forro e
planta do apartamento, chegando a criar um pavimento
os conduítes prateados eram visíveis. Projetei o forro,
intermediário no que antes era um dúplex. Percebendo
pensei em uma iluminação interessante, pintei os con-
que o pé-direito de 4 metros subia para 5,40 metros 29 ARC DESIGN
Aci ma, a am pli tu de do es pa ço é re al ça da pelo lon go ta pe te e pelo uso de mó veis com dese nho cle an, como o sofá Blu, design Mar cus Fer rei ra, que con fe re neu tra li da de ao li ving. Abai xo, a es ca da que con duz ao quar to tam bém dá aces so ao clo set, no “en tre pi so” sur gi do na re for ma. Na pá gi na ao lado, vis ta par cial da co zi nha: as por tas de vi dro per mi tem in te gra ção vi sual desse am bi en te à sala – uma “co zi nha-vi tri ne”, nas pa lavras da ar qui te ta
sem o forro, propôs um closet no caminho da escada que liga a sala de estar e o dormitório. O período que Bia passou em N.York no ano passado rendeu idéias para o projeto – ainda que fossem contraexemplos aos amplos galpões nova-iorquinos. Sem fugir do conceito, a arquiteta procurou integrar ambientes mantendo algumas divisões, fossem portas e paredes, fossem limites mais sutis de espaços – como o longo tapete que une o home theater à sala de estar. Com esse foco, a cozinha (Formaplas) ganhou portas de correr em vidro, o que estabeleceu o diálogo com a sala de jantar e o living (com mobiliário Firma Casa), compostos por belos representantes do design nacional, da mesa de jantar Pi ao sofá Blu. A idéia de acessórios, iluminação e detalhes aquecerem e personalizarem ambientes foi a tônica do projeto de decoração. O auto-retrato de Vik Muniz, logo na entrada, aliado à poltrona Banquete e à luminária Arco, quebra o padrão geométrico do mobiliário e a sobriedade do cinza e branco, cores predominantes no apartamento. 31 ARC DESIGN
Aci ma, des ta que para a pa re de em pre to que emol du ra a tela pla na do home the a ter: “É mu i to mais con for tá vel assis tir à te le vi são so bre esse fun do”, acre di ta Bia. Em con tras te, a bem-hu mo ra da pol tro na Ban que te em pres ta um ar des con traí do ao am bi en te. Abai xo, de ta lhe do ba nhei ro da su í te, com cuba em ma dei ra dese nha da pela ar qui te ta
Em outros momentos, o contraponto foi a madeira, encontrada na viga sobre a porta da cozinha, na tora que serve de mesa de centro na sala e no piso, em tábuas de peroba lixadas, antes restritas à sala e, agora, estendidas ao escritório, ao closet e ao quarto. As paredes de tijolos receberam uma pasta branca, para dar o efeito de envelhecido. “A opção era por um estilo contemporâneo, mas não por um projeto frio. Deveria haver fatores que quebrassem esse movimento”, comenta. Como ambiente preferido do apartamento, a arquiteta aponta a solução dada ao home theater: “Substituí a parede de tijolinhos detrás da televisão por um painel preto. As pessoas têm medo de usar esta cor, em especial se for em uma parede inteira, como é o caso. Mas aqui é como se todos os outros elementos fossem anulados pelo preto, restando apenas a televisão naquela parede”, explica. i 32 ARC DESIGN
ELEGÂNCIA NA TRANSPARÊNCIA Loja-conceito da italiana Rimadesio chega ao Brasil pela Cinex. Instalado na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, o show-room se mostra sóbrio e sofisticado, uma construção à altura dos pro dutos que expõe
Da Redação Pense em proporções elegantes, em uma loja chique, “padrão italiano”. Pé-direito alto, cores e texturas sóbrias, linhas puras; os destaques ficam por conta dos produtos expostos – no caso, portas, painéis, módulos e alguns móveis estofados. A imagem mental associase a um ambiente construído de tal forma que tudo nele se faz harmônico. É exatamente esse o misto de sensações que a primeira loja Rimadesio no Brasil causa a seus visitantes. Uma impressão de impacto. O projeto é do italiano Luigi Mascheroni, arquiteto responsável pelo padrão das lojas-conceito Rimadesio em lugares como Milão, Roma, Paris e N. York. No Brasil, a empresa é representada pela Cinex, que também apresenta, no mesmo espaço, lançamentos das italianas CHForm e MOS. Conhecida por fabricar artigos em vidro e alumínio com acabamento impecável, a Rimadesio oferece portas – de correr e tradicionais –, painéis – para atuar como divisórias de ambientes, por exemplo – e módulos – que podem servir de estantes –, sempre tendo em mente a chance de luminosidade, conseguida, literalmente, através desses produtos. Estruturas e perfis em alumínio anodizado fornecem maleabilidade à execução e leveza no produto final – além de, combinados ao Nesta página, na foto superior, vista do corredor de entrada da loja, com painéis da linha Graphis em vidro argentato (efeito espelhado ob tido me dian te luz so bre pos ta). Na se quên cia, o con tras te da pa re de com ri pas de madeira envelhecida e o mobiliário contemporâneo (ao centro, sistema modular da linha Car tesia). Na página ao lado, estantes da linha Zenit, com prateleiras em vidro acidato
vidro, resultarem em peças de muita sofisticação. Por uma coerência de linguagem, o showroom utiliza os materiais-chave da Cinex e da Rimadesio em sua própria arquitetura. Clara – e transparente! – referência aos produtos expostos. i
35 ARC DESIGN
DE CONCURSOS E COMPETÊNCIAS 36 ARC DESIGN
Cha pas de ma dei ra são mol dá veis, do brá veis? Os de sig ners ven ce do res do Con cur so de De sign Ma si sa para Es tu dan tes pro va ram que sim. Uti li zan do as pla cas de ma dei ra MDF e OSB, fu tu ros pro fis si o nais de Bra sil, Ar gen ti na, Chi le, Co lôm bia, Equa dor, Mé xi co, Peru e Ve ne zu e la mos tra ram como é pos sí vel ino var gra ças à boa uti li za ção da ma té ria-pri ma Maria Helena Estrada
Ao lado, ca dei ra Flat, de Luis Car los Be navi des e John Jai mes Ro se ro, da Uni ver si dad de Na ri ño, de Pas to, Co lôm bia. Do brá vel, tem uma es tru tu ra in ter na, o es que le to, e uma ex ter na, for ma da por seis su per fí ci es que “co brem” o es que le to in ter no. Na página ao lado, Clef So leil (clave de sol), de Ger man Ono fre Veja, do Ins ti tu to Me tro po li ta no de Di se ño de Qui to, Equa dor, re ce beu o pri mei ro prê mio. Base de apoio para gui tar ra ou vi o lão, tem es tru tu ra em MDF cur va do so bre uma es tru tu ra de apoio em aço inox, com acrí li co po li do na base
São várias as leituras possíveis quando falamos de um
como portadoras de uma boa qualidade de ensino.
concurso de design. A primeira é a da já possível capa-
Mas o problema do ensino tem se mostrado bem mais
cidade de cooperação e entrosamento entre o designer
complexo. A discussão em torno de suas diretrizes é
e a indústria. Mesmo em se tratando de projetos com
um dos temas mais “quentes” da atualidade, principal-
investimentos muito baixos, como é o caso desse con-
mente no cenário europeu.
curso, e sem risco ou compromisso comercial, já pode
“Designing Designers” (Desenhando os Designers) é
ser considerado o início de um processo, um primeiro
a linha mestra de um encontro anual entre escolas
passo para esse difícil “casamento”.
de design de todo o mundo, realizado em Milão du-
Outra leitura possível diz respeito ao ensino de design.
rante o Salão do Móvel, este ano em sua 7ª edição,
Os vencedores brasileiros estudam em uma das me-
para citar apenas um exemplo. A questão central é:
lhores escolas, a primeira a ser fundada no país, a Es-
qual deveria ser o direcionamento do ensino para ca-
cola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de
pacitar o profissional do projeto a inovar respeitando
Janeiro. Em outros concursos temos visto também
o meio ambiente e, ao mesmo tempo, inserir-se em
que se destacam alunos de escolas reconhecidas
um mercado global?
Ao lado, mesa Arco, de Di o go Lage Sou za e Eduar do Cro nem berger de Fa ria, da ESDI, Rio de Ja nei ro, sob ori enta ção do prof. João Bezer ra, vencedor do se gun do prê mio. Pro je ta da para ser trans por ta da aber ta, como uma cha pa, foi pro du zida pela Lac ca, RJ, em MDF com re vesti mento me la mí ni co
37 ARC DESIGN
Discutem-se, também, de forma mais ampla, os funda-
Analisando os protótipos apresentados na mostra da
mentos da educação formal, prejudicada por “muito
premiação, sentimos o desejo de inovação entre os
conteúdo e pouco tempo para pensar”.
estudantes/designers, sobretudo no que se refere à
Uma idéia recorrente entre diversos órgãos de gover-
habilidade no uso de novas tecnologias. Quase todos
no, encarregados das diretrizes de ensino na Europa, é
se expressaram utilizando a chapa curvada – até a
a de que “a habilidade de aprendizado de cada povo vai
pouco uma façanha impensável – tornada agora pos-
distinguir, no futuro, um país do outro”, escreve o teó-
sível. No caso do projeto brasileiro premiado, essa
rico do design e pensador John Thackara, em seu livro
nova forma de utilização da chapa foi enriquecida
“In the Bubble, Design in a Complex World” (Na bolha,
pela recuperação de antigo fazer, de uma velha técnica
o design em um mundo complexo). A importância e o
de marcenaria para curvar a madeira.
direcionamento dados ao ensino em países, como a
De concurso em concurso – e são inúmeros os realiza-
Suécia, já demonstram os resultados desse enfoque.
dos no Brasil – o design vai ocupando espaços, avan-
Estas são apenas duas questões, levemente aqui abor-
çando em seu caminho, mesmo que algumas vezes por
dadas, que mostram a complexidade das decisões no
meio de “mal traçadas linhas”. Mas isto também é uma
que diz respeito à formação do designer.
questão de aprendizado... ou de ensino. i
Ao lado, estante Mood, de Di e go Vil la re al Ri va ro la, Este ban Da mi án Alon so e Di e go Eduar do Vera, do Institu to Su pe ri or de Di se ño Águas de la Ca ña da, de Cór do ba, Argenti na. Constru í da em MDF e entre gue des monta da, tem as pra te lei ras da base cur va das por meio de ten so res. No alto da pá gi na, à es quer da, Ban que ta Pá ja ro, de Car los Gui xe ra Te rán, da Uni versidad Di e go Por ta les, de Santia go do Chi le; é for ma da por duas pe ças unidas por pa ra fu sos que, quando desmontadas, podem ser empilhadas, otimizando espaço para o transporte. Na se quên cia, Ban co de Pa red, de Ro drigo de la Pena, do Institu to de Di se ño de Ca ra cas, Ve nezu e la, em MDF cur va do, pode ser insta la do ao longo de uma pa re de em áre as de es pe ra
38 ARC DESIGN
Ana Ottoni
CONQUISTA BRASILEIRA A obra universal de Paulo Mendes da Rocha recebe o Prêmio Pritzker 2006. Ele é o segundo arquiteto brasileiro a ser homenageado com essa honraria, considerada o “Nobel” da arquitetura
Da Redação “Ele constrói com excepcional economia e consegue rea-
Hoje com 77 anos, Paulo Mendes da Rocha já recebeu
lizar uma arquitetura de profundo engajamento social,
outros prêmios de peso, como o Mies van der Rohe de
uma arquitetura que transcende os limites da construção
Arquitetura Latino-Americana em 2000. Seus trabalhos
e que deslumbra com seu rigor poético e imaginação.”
incluem o Museu Brasileiro da Escultura, a polêmica
Quem elogia é o professor norte-americano Carlos Jime-
revitalização da Praça do Patriarca, a renovação da Pi-
nez, jurado do prestigioso Prêmio Pritzker. O elogiado é
nacoteca e a recentíssima reforma – ao lado do filho Pe-
o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o mais recente ga-
dro – da Estação da Luz, que passou a abrigar o Museu
nhador da medalha – premiação máxima da arquitetura.
da Língua Portuguesa. Todos esses projetos estão em
A escolha, anunciada no dia 9 de abril em Chicago, foi
São Paulo, cidade para onde o capixaba se mudou com
motivo de comemoração no Brasil. É a segunda vez que
a família ainda pequeno, na década de 1930.
um criador brasileiro recebe o prêmio – o primeiro foi
Mendes da Rocha venceu seu primeiro concurso de ar-
Oscar Niemeyer, laureado em 1988.
quitetura com um ousado projeto para o Clube Atlético
José Moscardi
40 ARC DESIGN
Abaixo, entrada do Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo, construído em 1988. Na sequência, Capela de São Pedro, trabalho realizado um ano antes em Campos do Jordão, SP. Na página ao lado, detalhe do Ginásio de Esportes do Clube Atlético Pau lis tano, com cujo projeto Paulo Mendes da Rocha venceu o primeiro concurso arquitetônico
Paulistano, três anos depois de concluir, em 1954, o curso
de 1979 e homenageia o conjunto da obra do arquiteto
de arquitetura na Universidade Mackenzie. Em 1959, a
agraciado. A cerimônia de premiação deste ano está
convite de Vilanova Artigas, começou a lecionar na Facul-
marcada para o dia 30 de maio em Istambul, na Turquia.
dade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
“O que nos anima é sempre o tempo em que não vamos
Paulo–USP, atividade da qual só se aposentou em 1998.
viver”, disse Mendes da Rocha em entrevista à ARC
“Mesmo que poucas obras suas tenham sido realizadas
DESIGN no final de 2004, “a nossa contribuição à sus-
fora do Brasil, as lições que se aprendem do trabalho de
tentação do homem no Universo. O que estamos vivendo
Mendes da Rocha como arquiteto e professor são uni-
é a não-existência, ou a não-presença, da arquitetura como
versais”, disse Thomas J. Pritzker, presidente da Fun-
força capaz de transformar, e de realizar, portanto, a efeti-
dação Hyatt, durante o anúncio do nome escolhido para
va cidade dos homens, um lugar possível de morar, de vi-
receber o prêmio.
ver. O objetivo da arquitetura hoje seria tentar demonstrar,
O Pritzker é concedido anualmente pela Fundação des-
na prática, que é possível inverter a rota do desastre”. i
Nelson Kon
Cristiano Mascaro
BRITS: TECNOLÓGICOS OU ARTESANAIS?
Abai xo, es tan te Lu nu gan ga, do Es tú dio Wok me dia: o as pec to ar tesa nal não sig ni fi ca pou ca tec no lo gia, e sim op ção es té ti ca. Pai sa gens do Sri Lan ka, com ár vo res par cial men te sub mer sas nas su per fí ci es inun da das, fo ram a ins pi ra ção para a peça
Por trás dos poéticos objetos da mostra “New British Designers”, es con de-se a des co ber ta de que o ar te sa nal não pre ci sa ser si nônimo de ausência de tecnologia Diana Pellegrini Delicados motivos florais decorando a fachada de um edifício. Finos galhos brancos que parecem brotar das paredes. As peças de alguns dos jovens criadores presentes na mostra “New British Designers”, realizada pela Droog Design entre março e abril em Amsterdã, têm a aparência ingênua do artesanato, mas “escondem” uma sofisticada tecnologia. O aspecto artesanal, aqui, é opção estética – afinal ninguém disse que a tecnologia deve sempre parecer futurista. Os designers, de diferentes nacionalidades, se formaram recentemente no Royal College of Art, em Londres. Um traço comum em seus trabalhos é a busca por identidade num contexto de globalização – característica que também os aproxima do artesanato, por princípio a expressão de uma identidade cultural. Dois dos produtos – o painel Blumen e a instalação Weather Patterns – vêm do mesmo estúdio, o Loop.pH, que desenvolve pesquisas acerca da luz e cor e suas relações com o corpo humano. Dessas investigações nascem os produtos que os designers denominam “superfícies reativas”, interfaces com padrões decorativos animados que respondem a estímulos do ambiente ao redor. Ao longo de 2006, a Droog Design pretende realizar outras exposições com o foco nos jovens talentos europeus – Portugal e França já estão nessa lista. É um espaço para admirar o design conceitual exaltado pelo grupo holandês, que nunca deixa de aliar à funcionalidade dos objetos uma pitada de provocação. i
Acima, à esquerda, ins ta la ção We a ther Pat terns, uma das “su per fí ci es re a ti vas” do Es tú dio Loop.pH. Um softwa re ana li sa o cli ma em tor no do edi fí cio e, de acor do com essas in for ma çõ es, movi men ta pa drõ es ani ma dos em lu mi no sos co lo ca dos na fa cha da. Na se quên cia, o pai nel Blu men, com o mes mo prin cí pio: um cir cu i to elé tri co no ver so do qua dro (aci ma, à di rei ta) ilu mi na os mo ti vos ani ma dos. O pai nel pode ter ape nas fun ção or na men tal, como um pa pel de pa re de, ou di vi dir am bi en tes. Abai xo, a evo lu ção qua dro a qua dro de um mo ti vo da ins ta la ção We a ther Pat terns
43 ARC DESIGN
AS NOVAS RAINHAS DO LAR São mesmo apenas cozinhas? Parecem lounges, am plos salões de estar ou pequenos ambientes equi pa díssimos. A nova mulher – e o novo homem – opera a transformação nesse antigo recanto fechado, tra zen do-o para o centro da casa
44 ARC DESIGN
Nas duas páginas, a co zi nha como es pa ço de con vi vên cia, que reú ne fun çõ es para além do pre pa ro dos ali men tos: abai xo, o pro je to de li mi tou três áre as dis tin tas – mas que dia lo gam –, in clu in do am bi en te de home the a ter in te gra do à área de re fei çõ es
No pé da página, a cozinha com amplos balcões faz suave fronteira com o li ving, orientada pela continuidade das linhas que compõem os dois ambientes. As duas cozinhas são produzidas pela empresa alemã Poggen Pohl
Da Redação Os livings e seus home theaters, assim como os salões
trans for ma çõ es na re la ção en tre a mu lher, o mun do
de banho já tiveram seu momento como foco principal
e a casa. E para uma nova mu lher... uma nova casa.
de interesse na casa. Hoje a rainha do lar é a cozinha,
Nessa casa, reina a cozinha, ultramoderna, onde os
capaz de espelhar a vida da nova família – e também
amigos serão recebidos, os drinques servidos – en-
das almas solitárias.
quanto ela ou ele serão os prazerosos chefs. A cozinha
O Sa lão do Mó vel de Mi lão 2006 in ti tu la “Il Di a vo lo
como prolongamento do living e, assim, confortável,
del Fo co la re” sua gran de mos tra ins ti tu ci o nal. Tí tu -
lúdica, divertida, acolhedora, lugar de socialização, es-
lo irô ni co, uma con tra po si ção à no ção de “anjo do
paço para ser exibido.
lar”, sím bo lo da an ti ga mu lher. Tra tan do o tema
Mas o que está por trás dessa reviravolta?
com pro vo ca ção, o even to mos tra as pro fun das
Além de eletrodomésticos de última geração, brilham
45 ARC DESIGN
Acima, a “co zi nha es con di da” cri a da por Ma kio Ha su i ke para a Del Ton go, cu rin ga da casa: o mo bi li á rio re ve la sua fun ção ape nas quan do a par te in fe ri or do bal cão é aber ta, dei xan do à mos tra pia e fo gão; no ar má rio, por tas cor re di ças ocul tam os ou tros ele tro do més ti cos, per mi tin do múl ti plas pos si bi li da des de uti li za ção do am bi en te. Na pá gi na ao lado, mesa e bal cão de tra ba lho da co zi nha se unem, em duas ver sõ es di fe ren tes: na pri mei ra, da Arc Li nea (no alto), o de se nho tra di ci o nal da mesa per mi te ca dei ras ao seu re dor; na se gun da, da Bof fi (embai xo), o bal cão que embute fo gão e pia é tam bém o lo cal para as re fei çõ es
os armários – fachadas e interiores. Portas que se mo-
hoje se torna cada vez mais nômade, noturna, sofisti-
vem a um simples toque, aberturas ardilosas, superfí-
cada, pessoal: menos foto de grupo com os avós, sem-
cies translúcidas, coloridas, delicados perfis, interiores
pre mais auto-retrato”.
e gavetas que parecem organizar sozinhos toda a pa-
E é partindo das cozinhas que será dado esse salto,
rafernália do gourmet. E não só. Há a possibilidade de
essa capacidade de nos colocarmos, descontraídos,
camuflar, de embutir todos os equipamentos – e aí es-
prontos para novas aventuras domésticas.
tamos em um verdadeiro salão! Um espaço com “pare-
E as cozinhas brasileiras? Não devem nada em quali-
des” em madeira, em plástico, em metal, em laminados
dade, estilo e modernidade às européias. A casa brasi-
coloridos, sempre com a maior qualidade.
leira e nosso modo de vida, estão em total sintonia com
Outra tendência nessa transformação das cozinhas?
os novos “diabinhos do lar”, abrindo espaço para que
Não mais a existência dos dois banquinhos solitários,
o ambiente cozinha possa ser equipado com refina-
que acomodavam um tímido casal – mas grandes me-
mento e alta tecnologia.
sas, extensões dos tampos de trabalho, que hoje fazem parte do layout da cozinha moderna. De acordo com os organizadores da mostra “Il Diavolo del Focolare”, realizada na Trienal de Milão, “a casa, há um tempo considerada como o território da família, 46 ARC DESIGN
“Il Diavolo del Focolare” Trienal de Milão, de 5 a 30 de abril Projeto de direção: Luigi Settembrini Curadoria: Claudia Gian Ferrari Cenografia: Matali Crasset
BOFFI
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ARC DESIGN
Fotos Cláudia Laborne Studio Majola
Aci ma, so lu ção para áre as re du zidas: com ele tro do mésti cos em bu tidos, a co zi nha Favo aproveita os es pa ços, li be ran do a cir cu la ção. Desta que para os orga ni za do res nas gave tas, que fa ci litam o acesso a ingre di entes e uten sí li os. Abai xo, copa, co zi nha e ade ga, da To des chi ni, com põ em um am bi ente com ple to – es pe cial mente para o gour met apai xo na do por vi nhos
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Fotos Studio Majola
O foco na or ga ni za ção em ar má ri os – de ti pos e ta ma nhos di ver sos – mar ca es tas co zi nhas da S.C.A. Des ta que para os sis te mas de aber tu ra: aci ma, o me ca nis mo aci o na do pelo to que na por ta dis pen sa pu xa do res; abai xo, a uti li za ção de pis tõ es fa ci li ta e suavi za aber tu ra dos ar má ri os su pe ri o res, com por tas do tipo bás cu la
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Pra ti ci da de é a tô ni ca das co zi nhas des ta pá gi na. Abai xo, nichos aco pla dos à cuba fa ci li tam a ro ti na do co zi nhei ro; aci ma, à es quer da, de ta lhe da mes ma co zi nha, da Me kal: os vá ri os re ci pi entes na ban ca da da pia ga ran tem aces so ime di a to aos uten sí li os in dis pen sá veis
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Aci ma, a ban ca da con tí nua em “L” de li mi ta com pre ci são a área des ta co zi nha da Bon tem po, en quan to a ho ri zon ta li da de do mo bi li á rio per mi te a in te gra ção aos de mais am bi en tes da casa
Lulu Costa
Aci ma, co zi nha com es tru tu ra con tra va za men to e umi da de, li nha Aqua da Flo ren se. No pro je to, a cir cu la ção foi pri vi le gia da com o des lo ca men to da copa para ou tra área
Con cep çõ es di fe ren tes para a mes ma idéia: a ilha de tra ba lho, que ser ve de base para a prá ti ca da cu li ná ria, ao mes mo tem po que é o lo cal para as re fei çõ es ou sim ples men te para uma boa con ver sa. Aci ma, co zi nha Cri a re e abai xo, Kit chens
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De ta lhes e aces só ri os oti mi zam o es pa ço e o fun ci o na men to das no vas co zi nhas. Aci ma, su por tes mul ti u so; à di rei ta, ar má rio com di vi só ri as para guar dar be bi das na ho ri zon tal e ces tos de lixo em bu ti dos. Tudo da El gin
Os “do mi nós”, mó du los aco plá veis às ban ca das, têm sido uti li za dos com fre quên cia gra ças à fle xi bi li da de de pro je to que per mitem. Abai xo, à es quer da, mó du lo Bar be cue Grill e, ao centro, mó du lo Frita dei ra. As coi fas, por sua vez, ul tra passam sua fun ção (conter fu ma ça, chei ro de gor du ra e de mais odo res) para assu mir pa pel tam bém de co ra ti vo; abai xo, coi fa Step; na pá gi na ao lado, mo de lo As tra Vi dro. To dos os pro du tos são da Fal mec
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PUBLI EDITORIAL
CINEX CINEX Rua Carlos Dreher Neto, 2.700 Bento Gonçalves - RS Tel.: (54) 3455-2222 Fax: (54) 3455-2223 www.cinex.com.br
CINEX E CORIAN NO BRASIL O Corian, material à base de resina acrílica da DuPont, deverá se tornar ainda mais conhecido e utilizado em todo o Brasil. A Cinex acaba de firmar uma parceria com a DuPont e, a partir de agora, será uma processadora autorizada, responsável pelo beneficiamento, pela distribuição e pela instalação de bancadas, cubas e outros produtos em Corian
Ao longo dos anos em que está presente no Brasil, o Corian já conquistou muitos arquitetos, designers e consumidores finais, principalmente por sua versatilidade e elegância. A possibilidade de termomoldagem e a realização de juntas invisíveis entre as chapas fazem com que o material possa adquirir inúmeras formas, viabilizando a produção de peças únicas, customizadas conforme cada projeto. Para atender à demanda em todo o Brasil e facilitar o acesso aos consumidores, a DuPont, fabricante do Corian, estabeleceu uma parceria com a empresa gaúcha Cinex. “Fizemos essa opção porque a Cinex possui grande penetração junto a empresas especializadas em mobiliário para cozinhas e banheiros e tem uma forte capacidade industrial, além de ser reconhecida pela alta qualidade de seu trabalho”, explica Marcio Magnoli, gerente de marketing e vendas da DuPont Surfaces. Além dos ambientes residenciais, onde é aplicado principalmente em cozinhas e banheiros, o Corian também é utilizado em espaços comerciais e no setor médico-hospitalar. Neste último, o material é valorizado em função de sua facilidade de higienização, graças à inexistência de juntas e à execução de cantos curvos, de modo a não acumular sujeira. No mercado residencial, principalmente, o Corian tem sido escolhido como opção aos mármores e granitos por sua flexibilidade e maior resistência a impactos e a manchas. No que diz respeito ao preço, o Corian tem custo equivalente a outras soluções diferenciadas, como pedras especiais e aço inox de alto padrão. Naturalmente impermeável, a superfície não-porosa do Corian é mais resistente a manchas e dispensa o uso de selantes: o acabamento (fosco, semibrilho ou brilhante) é obtido por meio de polimento. No caso do acabamento fosco, há uma vantagem adicional: a facilidade de reparo em caso de arranhões ou cortes, simplesmente utilizando-se o lado verde de uma esponja Scotch Brite. Essa característica, aliada à alta resistência a impactos que o material possui, permite que o produto conserve a aparência de novo por muitos anos. A parceria DuPont/Cinex também se estende ao projeto Cinex On The Road, showroom itinerante Cinex que percorre as cidades brasileiras levando aos profissionais da área uma programação de palestras sobre toda a linha de materiais, produtos e serviços oferecidos pela Cinex. Para saber mais: www.corian.com.br 54 ARC DESIGN
Acima, exemplos da versatilidade do Corian: as bancadas podem receber outros materiais, como o aço inox, e também desenhos em baixo-relevo, que orientam os líquidos para a cuba. Ao lado, as tonalidades de Corian oferecidas pela Cinex: Glacier White, Cameo White, Bone, Aurora e Black Quartz, esta última exclusiva da empresa. Abaixo, cozinha apresentada pela Cinex na Movelsul 2006. Na página ao lado, bancada em Corian Black Quartz
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“ALMA NOVA” PARA A PETROBRAS O maior centro de pesquisa energética da América Latina começa a se tornar realidade na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. Com projeto do arquiteto Siegbert Zanettini em conjunto com José Wagner Garcia, o Cenpes II, ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobras, é um exemplo da harmonização entre funcionalidade projetual e consciência ambiental. Vencedor do concurso realizado pela empresa em junho de 2004, o projeto começou a ser executado em novembro de 2005 e a conclusão da primeira etapa da obra está prevista para setembro deste ano Winnie Bastian
Abai xo, vis ta pa no râ mi ca da am plia ção do Cen pes. Em pri mei ro pla no, o Cen tro de Con ven çõ es, a par tir do qual se desen vol ve o pré dio cen tral e as alas dos la bo ra tó ri os. Ao fun do lo ca li zam-se os edi fí ci os de apoio, como o CIPD, a Cen tral de Uti li da des e o Res tau ran te
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A “alma” da Petrobras: assim poderia ser definido o Cen-
A nova estrutura ocupa uma área de cerca de 300 mil
tro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo
metros quadrados, localizada entre o Cenpes I, projeta-
Miguez de Mello. O Cenpes, como é conhecido, constitui
do por Sérgio Bernardes em 1973, e a orla marítima da
o berço das novas tecnologias desenvolvidas pela empre-
Baía de Guanabara.
sa e tem papel essencial no reconhecimento que a Petro-
O Centro de Convenções é uma peça-chave na propos-
bras desfruta internacionalmente.
ta. Os arquitetos materializaram a importância do edifí-
O projeto do Cenpes II surgiu da necessidade de um nú-
cio – onde o trabalho realizado pela Petrobras e pela co-
mero maior de laboratórios, e também da ampliação na-
munidade acadêmica será apresentado ao público – e
tural do espectro de atuação da Petrobras, que tem inves-
localizaram-no estrategicamente, como elemento de ar-
tido de forma crescente na pesquisa de fontes limpas e re-
ticulação entre o Cenpes II e o Cenpes I.
nováveis de energia, como o bagaço de cana e a mamona.
Do Centro de Convenções parte o eixo central Norte-
Cor re ção am bi en tal e ra pi dez na exe cu ção da obra fo ram os prin ci pais mo ti vos que le va ram à es co lha do aço como so lu ção cons tru ti va. Além dis so, os ar qui te tos ti ra ram par ti do plás ti co da es tru tu ra me tá li ca, ex plo ran do a le ve za per mi ti da pelo ma te ri al
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Abai xo, cor te trans versal do pré dio central: o ní vel tér reo desti na-se prin ci pal mente à cir cu la ção e distri bu i ção de pessoas entre os la bo ra tó ri os. Aci ma deste, um pavi mento téc ni co abriga o pipe-rack central e de mais con du to res de energia, com bustí veis e re des de in for ma ção. No pavi mento se guinte, um gran de “tú nel” me tá li co orga ni za a cir cu la ção para os es critó ri os, a biblioteca, o CIC e o CRV
Abai xo, vista de um dos jar dins que per meiam o novo complexo. Os ar quite tos pro pu se ram distri bu ir o ver de por todo o espaço, contri bu in do para o con for to am bi ental: vol ta dos para o ver de e uti li zan do va ran das e bri ses me tá li cos, os la bo ra tó ri os têm me lhor venti la ção e não so frem aque ci mento ex cessi vo. Ou tro resul ta do im por tante é a me lho ria da qua lida de de per ma nên cia no con junto, já que os jar dins atuam como áreas de re pou so, la zer e estar
Sul, que organiza as atividades do edifício principal: laboratórios, escritórios, Centro de Realidade Virtual, Centro Integrado de Controle e Biblioteca. Ao final desse eixo, na extremidade Norte, localiza-se o bloco do Restaurante, que se volta para o mar. Para facilitar a acessibilidade e a manutenção, os laboratórios localizam-se no térreo e, imediatamente acima deles, situa-se um pavimento técnico, no qual se distribuem os pipe-racks, que conduzem todos os tipos de energia para os laboratórios, além das redes de informação, automação e controle. Os escritórios, também voltados à pesquisa, ocupam os dois níveis superiores. O desenvolvimento de uma “obra aberta”, passível de ampliações e transformações ao longo do tempo, foi uma premissa de projeto, explica Zanettini. A constante mudança das necessidades, conforme a natureza das pesquisas realizadas, exige uma estrutura bastante flexível. A concepção do projeto arquitetônico contemplou estratégias de eco-eficiência, como a orientação solar adequada e a utilização dos ventos dominantes no controle térmico dos edifícios. A combinação dessas duas so-
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luções permitirá que o edifício dispense o uso do arcondicionado durante 35% do ano. A forma arquitetônica também foi influenciada por esse objetivo: plantas estreitas garantem a eficiência das es-
Aci ma, a ma que te ele trô ni ca ex pli cita os con ceitos esta be le cidos por Za net ti ni para o edi fí cio do CIPD. O pro je to fi nal será exe cu ta do por ou tro es critó rio de ar quite tu ra, ain da não di vulga do. Abai xo, as di re tri zes para o inte ri or dos es critó ri os do CIPD: a pre o cu pa ção com o con for to tér mi co, acústi co e lu mí ni co este ve presente em todo o pro je to
tratégias passivas de controle térmico. Além disso, a maior parte das fachadas tem orientação norte/sul, o que diminui a exposição à radiação solar, além de potencializar o melhor desempenho dos painéis fotovoltaicos instalados na cobertura. Nos ambientes internos, buscou-se o aproveitamento da iluminação natural com o mínimo de complementação artificial; para cada atividade foi desenvolvido um tipo específico de iluminação. A preocupação ambiental estende-se à execução da obra, que tem o aço como principal matéria-prima. Dentre os motivos citados por Zanettini para essa escolha, estão a simetria e a regularidade da estrutura, a facilidade de transporte, a organização do canteiro de obras, a racionalização dos materiais e da mão-de-obra, além da rapidez de montagem. A transformação de resíduos em insumos é outro 59 ARC DESIGN
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Aci ma, mon ta gem so bre ima gem de sa té li te mos tra a in te gra ção do novo com ple xo ao an ti go (par te in fe ri or), e o pa pel ar ti cu la dor de sen vol vi do pelo Cen tro de Con ven çõ es
1 CENTRAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS (CIPD) 2 CENTRAL DE UTILIDADES 3 RESTAURANTE 4 ORQUIDÁRIO 5 LABORATÓRIOS
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recurso sustentável presente na obra de ampliação do
AMPLIAÇÃO DO CENTRO DE PESQUISAS LEOPOLDO A. MIGUEZ DE MELLO
PRÉDIO CENTRAL CRV GALERIA SUBTERRÂNEA CENTRO DE CONVENÇÕES OFICINAS / ALMOX ARIFADO EMPREITERÓPOLIS
Cenpes. Os restos dos antigos edifícios do Centro de Tecnologia de Petroquímica, implodidos devido a problemas formais e estruturais, foram britados e aproveitados na confecção de concreto secundário. O mesmo aconteceu com resíduos de pneus, utilizados como agregado para a pavimentação asfáltica. Em função de sua grande extensão, a obra será realizada em etapas. A primeira delas, já em execução, compreende o Centro de Convenções, a primeira ala de laboratórios, o Centro de Realidade Virtual, parte do estacionamento, algumas instalações de suporte e serviços e a passagem subterrânea que ligará o Cenpes I ao Cenpes II. i 60 ARC DESIGN
FICHA TÉCNICA Autor: Arq. Siegbert Zanettini Co-autor: Arq. José Wagner Garcia Projeto de arquitetura II: Noosfera Projetos Especiais Projeto de instalações, automação, segurança e incêndio, som, telefonia, controle de dados: MHA Engenharia Projeto de fundações: Engenheiros Consultores Associados Consultrix Projeto estrutural: Companhia de Projetos Projeto luminotécnico: Esther Stiller Consultoria Pesquisa e consultoria de eco-eficiência: FUPAM – Fundação para Pesquisa Ambiental da FAU-USP/LABAUT Projeto de paisagismo: Benedito Abbud – Arquitetura da Paisagem Consultoria de estruturas de concreto e metálica: Eng. Augusto Carlos Vasconcelos Consultoria e projeto de acústica: Sresnewsy Engenharia Aço: Usiminas
a ino va ção e a ex pe ri men ta ção na ar qui te tu ra. A afirmação é de Terence Riley, curador do Museum of Modern Art de N. York e responsável pela mos tra “On Site: New Ar chi tec tu re in Spain”, que ofe re ce aos vi si tan tes um pa no ra ma da atu al cena ar qui te tô ni ca es pa nho la Winnie Bastian
LABORATÓRIO ARQUITETÔNICO
Roland Halbe
A Es pa nha é, hoje, um pal co in ter na ci o nal para
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O vanguardismo, a originalidade e a funcionalidade da arquitetura espanhola contemporânea são o tema da mostra “On Site: New Architecture in Spain”, que acontece até 1 de maio no Museum of Modern Art de N. York. Força e vitalidade são as características essenciais dessa arquitetura, resultado de um processo iniciado logo após o fim da ditadura no país, quando a criatividade dos arquitetos deixa de ser reprimida. Outros dois fatores também foram fundamentais: a decisão do Estado de estabelecer uma nova rede de infra-estrutura, revertendo décadas de indiferença, e a entrada da Espanha na Comunidade Européia, em 1986. A Espanha recebeu 110 bilhões de euros dos fundos europeus. Os 53 projetos apresentados – concluídos nos últimos oito anos ou ainda em construção (35 deles) – foram criados por arquitetos espanhóis ou estrangeiros e ilustram o momento particular da arquitetura na Espanha. Durante a década de 1980, teve início uma intensa campanha pública e privada de construção, contemplando edifícios dos mais diversos tipos: estádios, museus, aeroportos, teatros, estações de trem, escolas e universidades, parques, restauração de prédios históricos, habitações populares, edifícios comerciais. É importante citar, nesse contexto, o acontecimento das Olimpíadas
AENA / Manuel Renal
de Barcelona e da Expo em Sevilha, ambas em 1992 –
Nas duas pá gi nas, vis tas do novo ter mi nal de passa gei ros do Ae ro por to de Ba ra jas (2006), em Ma dri, pro je ta do por Ri chard Ro gers e equi pe, em par ce ria com o Es tu dio La me la. Na página anterior, Capela Valleaceron (2000), em Almadenejos; projeto de Sol Madridejos e J. C. Sancho Osinaga, do escritório Sancho-Madridejos
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Roland Halbe
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Roland Halbe
Aci ma, Mer ca do de San ta Ca te ri na, em Bar ce lo na: inau gu ra do em 1848, foi re vi ta li za do em 2005 con for me pro je to de En ric Mi ral les e Be ne det ta Ta glia bue, que man ti ve ram as pa re des ex ter nas e pro pu se ram uma am pla co ber tu ra on du la da
em Barcelona, por exemplo, a estrutura necessária às
na cidade, pois conecta os setores norte e sul do centro
Olimpíadas se refletiu não apenas em novos edifícios,
histórico da Sevilha medieval.
mas em intervenções urbanas significativas.
O alto grau de originalidade é outro fator que unifica os
Essa é uma característica da arquitetura espanhola. Di-
projetos. Na Capela Valleaceron, por exemplo, os arqui-
versos projetos que integram a exposição relacionam
tetos Sol Madridejos e J. C. Sancho Osinaga trabalham
planejamento, infra-estrutura e arquitetura. É o caso
com ângulos afiados, como se fossem “dobraduras de
do Metropol Parasol, proposta de reestruturação da
concreto”, e assim conseguem um interessante jogo de
Plaza de la Encarnación, em Sevilha, desenvolvido por
luz e sombra no interior do edifício.
Jürgen Mayer H.
Outro exemplo da fecundidade criativa da arquitetura
O projeto, vencedor do concurso de idéias realizado
executada atualmente na Espanha é o Terminal 4 do
pela Gerencia de Urbanismo de Sevilha, propõe “uma
Aeroporto de Barajas, em Madri, projetado pelo inglês
nova interpretação da típica praça sevilhana”. Embora
Richard Rogers, em conjunto com o Estudio Lamela, se-
atualmente vazia, desestruturada, ilegível e não-funcio-
diado na capital espanhola. Ao explorarem a cobertura
nal, a praça tem potencial para se tornar um ponto vital
do edifício como elemento arquitetônico determinante,
Abai xo, Mu seu da Cantá bria, em Santan der, pro je to dos ar quite tos Emi lio Tu ñón e Luis M. Man sil la. A pro posta foi a pri mei ra co lo ca da no con curso re a li za do em 2003; a con clu são do edi fí cio está pre vis ta para 2009
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Nesta página, Metropol Parasol, em Sevilha, projeto de Jürgen Mayer. As grandes estruturas semelhantes a cogumelos atuam no sombreamento e, ao mesmo tempo, permitem o acesso ao sítio arqueológico e ao mercado de frutas e verduras (sob a praça suspensa), assim como ao mirante (sobre as “copas”)
os arquitetos fogem – com sucesso – da assepsia co-
tica marcante, como é o caso do Museu da Cantábria,
mum a esse tipo de equipamento. O amplo telhado on-
em Santander. Luís Mansilla e Emilio Tuñón, autores
dulado, revestido internamente por lâminas de bambu,
do projeto, buscaram inspiração nas montanhas do vi-
é suportado por “árvores” centrais e pontuado por cla-
zinho parque de Las Llamas, com seus contornos desi-
rabóias que permitem a entrada controlada da luz natu-
guais, mas similares. “O edifício será formado pela jun-
ral no pavimento superior do terminal.
ção de elementos similares e diferentes que procuram
O telhado também é o elemento principal do novo Mer-
estabelecer uma geometria oculta da natureza”, expli-
cado de Santa Caterina, no centro de Barcelona, proje-
cam os arquitetos.
to de Benedetta Tagliabue e do falecido Enric Miralles.
O conjunto das obras expostas é bastante variado,
Aqui a cobertura irregular assume o aspecto de um
mas a idéia que norteou a seleção pode ser sintetiza-
enorme “tapete voador”, adornado com 325 mil ladri-
da pela afirmação do curador Terence Riley: “Quise-
lhos cerâmicos nas cores das frutas e dos vegetais ven-
mos olhar para o futuro e que todas as obras expos-
didos no mercado.
tas respondessem à idéia de inovação, transforma-
A conexão com as referências locais é outra caracterís-
ção e expansão”. i
Abaixo, dois detalhes do projeto. À esquerda, vista parcial dos três níveis da Plaza de la Encarnación; de baixo para cima: o sítio ar queológico, o merca do e a pra ça sus pen sa. À di rei ta, o mi ran te si tua do so bre as “co pas” dos cogumelos e seus ca mi nhos. O con jun to de ve rá es tar con clu í do em 2007
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COMO ENCONTRAR
UMA FESTA CENOGRÁFICA – p. 10
DE SIGN LATI NO-AME RI CA NO – p. 24
Atrium (B&B) Al. Gabriel Monteiro da Silva, 650, São Paulo Tel.: (11) 3061-3885 alessandra@grupoatrium.com.br
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Florense Av. Rebouças, 2.516, São Paulo Tel.: (11) 3062-8188 www.florense.com.br
Manuel Bandeira Tel.: (71) 9137-7498 www.manuelbandeira.art.br
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 47, Abril 2006 Diretora Editora Maria Helena Estrada Diretor de Marketing Cristiano S. Barata Diretora de Arte Fernanda Sarmento REDAÇÃO Editora Geral Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico Fernanda Sarmento Chefe de Redação Winnie Bastian Redatoras Diana Pellegrini Rita Monte Revisora Jô A. Santucci ARTE Designers Betina Hakim Ana Beatriz Avolio Estagiária Anny Magalhães
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Departamento de Publicidade Carla Mastrangelo Departamento de Circulação e Assinaturas Cristiane Aparecida Barboza Schiavon Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DESIGN para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Artes Gráficas Ltda. Impressão Prol Papel: Suzano Papel capa: Supremo Duo Design 250g/m2 miolo: Couché Suzano Matte L2 130g/m2
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E são preciosas..... Não importa o material de que são feitas. O valor está na criação! Jóias em tecido, no Brasil e em N. York, combinadas com diversos materiais, do feltro ao zíper, moldadas, enroladas, lembrando antigos adornos orientais ou a moderna simplicidade. Jongstra, e a norte-americana Kate Cusack, fashion designers como a brasileira Chiara Gadaletta, a joalheira Kika Alvarenga ou o resultado de um projeto de recuperação artesanal, como o Lã Pura, do Rio Grande do Sul – conheça os novos achados e tendências. Estão na moda. E um toque final sobre a preciosidade dessas jóias. Os colares de Claudy Jongstra têm origem em sua criação de um rebanho de ovelhas da raça Drenthe Heath, com todo o processo de tosquia e fiação manual controlado pela designer. “Never Felt Before!” é o nome da coleção, cujas peças chegam a custar mais de 500 dólares! Da Redação, com a colaboração de Heloísa Maia Campos, de N.York
Aci ma, co lar Dread, em fios de seda com apli ca çõ es em pra ta, da mi nei ra Kika Al va renga. À ven da com a pró pria desig ner, por 680 reais
Abai xo, pe ças da co le ção Ta rân tu la, em fios de seda e al go dão en ro la dos e tra ma dos, de Chia ra Ga da let ta. À es quer da, co lar Tu ca no, por 360 re ais na Pelu; à di rei ta, co lar Elos com Den tes, por 356 re ais na Acer vo Ben ja mim
Fotos Daniel Klajmic
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Peças de artistas plásticos e designers famosos, como a holandesa Claudy
Acima e abaixo, broches e colares feitos com zíper cur vado ou moldado, da ar tista plástica e figurinista nor te-americana Kate Cusack. Cada broche custa 70 dólares, e os colares variam entre 400 e 600 dólares
Frank Cusack
Co la res da li nha Ne ver Felt Be fo re, da de sig ner ho lan de sa Claudy Jongs tra, em fios es pe ciais de lã e seda. Na Moss Gal lery, N. York, por 550 dó la res cada
Ca che col Ro di lha em fel tro de lã, do pro je to Lã Pura, rea li za do no RS e ori enta do por Re na to Im broi si. Na D2A Design para Ar tesa na to, por 39 re ais
Frank Cusack
Lucas Moura
* Confira os endereços na seção Como Encontrar
Mimmo Capurso
Divulgação
Na capa, luminária Porca Miseria e painel com desenhos em LEDs, ambos de Ingo Maurer (na foto à esquerda). A luminária Porca Miseria não é nova. Nas ceu com este nome, que depois foi trocado por Porca China (china, em inglês significa louça, porcelana). Tendo sido criada como uma homenagem à Itália, com pratos – para comer a pasta – quebrados, teve seu nome mudado, em sentido irônico. Em 2005, com o nome de L’Éclat Joyeux, Ingo Maurer acrescentou ao lustre diversos
Acima, imagem da contra-capa: luminária L’Éclat Joyeux, design Ingo Maurer, 2005, tendo ao fundo painel com flores em LEDs. Abaixo, lus tre fei to com as mes mas fi gu ras uti li za das nos apa re lhos lu mi no sos cria dos por Ingo Mau rer para o pré dio res tau ra do do Ato mi um, em Bru xe las
rostos de budas. Um simbolismo de boa sorte? O painel que serve de fundo à foto segue a moda atual de ênfase no decorativo, mas com muita tecnologia... e poesia. São flores de LEDs. As exposições de Ingo Maurer, já tradicionais, que acontecem no Espaço Krizia, são um verdadeiro espetáculo lumi-
No pé da página, à direita, De li ri um yum yum, um novo pro je to com a água e a luz, foi apresen ta do em duas ver sõ es, uma para mesa e, ou tra, enor me, como uma gran de es cul tu ra, co lo ca da na par te ex ter na do es pa ço. No fun do da página, instalação de Ingo Mau rer no Salão do Móvel de Milão
notécnico que acrescenta, a cada ano, novas experiências de vanguarda no campo da iluminação. Outra contribuição de Ingo Maurer em suas exposições é o convite a designers jovens para que mostrem suas criações. Este ano, o projeto “Delirium yum yum. Aspettatevi l’inaspettabile” (Aguardem o inesperado), contou com a colaboração de ex-estudantes do Royal College of Arts, Stuart Wood e Florian Ortkrass, autores do “Pixel Roller”, um rolo para pintura de paredes que, ligado a um computador, funciona como uma
Divulgação
produzir qualquer imagem
“pi xe la da”
grandes superfícies.
so bre
Mimmo Capurso
impressora capaz de re-
Estudantes, este desafio foi feito para vocês! Proponha soluções criativas para novas aplicações em alumínio. O Concurso é aberto, nas categorias Projeto e Planejamento de Gestão, para estudantes universitários de todas as áreas. Faça já sua inscrição no 5º Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio! O valor do prêmio é de R$10.000,00 para o autor e de R$5.000,00 para o orientador e a instituição, em cada categoria. Solicite o regulamento na coordenação do curso de sua escola, via e-mail premioalcoa@alcoa.com.br ou acesse o site: www.alcoa.com.br. Participe e dê sua contribuição para um meio ambiente mais saudável! Agora a categoria Planejamento de Gestão tem uma nova temática, visando à sustentabilidade: RECICLAGEM. A categoria Projeto continua premiando projetos criativos ou novas aplicações em alumínio e resíduos.
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