Revista ARC DESIGN Edição 64

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REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO

WALTER SMETAK

2008

2008 Nº 64

Nº 64 ROMA EDITORA

ARC DESIGN

R$ 18.00

PLÁSTICAS SONORAS

BIENAL DE DESIGN, BRASÍLIA DESENHO INDUSTRIAL EM ALTA

EXPERIMENTADESIGN, AMSTERDÃ PROJETOS PARA AS CIDADES

DESIGN GRÁFICO ENTREVISTA COM ELLEN LUPTON

SUSTENTAÇÃO PRÊMIO HOLCIM

TRYPTIQUE ARQUITETURA BRASILEIRA


2a CAPA HOLCIN

11/28/08

2:25 PM

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A contaminação entre os diversos campos da criação é uma realidade cada vez mais visível. Design, arte, arquitetura, música se avizinham, entrecruzam-se. Chegam ao hoje. Vai-se o tempo – aleluia! – das janelinhas coloniais na arquitetura, da persistente madeira, na estética contemporânea. Nossa capa nesta edição é Walter Smetak, músico e criador de belos e incríveis objetos sonoros, instalações plásticas nas quais visualidade e sonoridade se confundem. Arte, design, música? ARC DESIGN foi convidada para o evento Experimenta, que se realiza, em anos alternados, em Lisboa e em Amsterdã. É realmente uma grande experiência, que une urbanismo, design e arte, tocando aspectos comportamentais. Foram muitas as exposições, os seminários e as premiações neste final de ano – Bienal de Design, em Brasília; Bienal Brasileira de Design no Rio de Janeiro; Prêmio Holcim para Construção Sustentável; concurso promovido pela empresa Plásticos Mueller com a Fiat, para o interior dos automóveis; Prêmio Tok&Stok para estudantes; seminário sobre design sustentável, com palestra do inglês Peter Marigold; conferência da designer gráfica Ellen Lupton. Todo esse universo você encontra em ARC DESIGN. Na arquitetura, a expressão contemporânea, brasileira, do escritório Tryptique que, por ironia, é formado por três arquitetos franceses e apenas uma brasileira. Na Radiografia de um Projeto, Francisco Calio harmoniza mobiliário contemporâneo com peças clássicas – originais – dos anos 1920 a 1950. O que ARC DESIGN pretende? Mostrar um universo único e, ao mesmo tempo, múltiplo, que vai da arquitetura, ao design, ao urbanismo .... Maria Helena Estrada Editora

UMA LUZ SE DESLOCA Janete Costa. Já não nos instiga, alegra, encanta. Já não nos mima com seu amor e infinita generosidade. Nascida em Guaranhuns, seus brinquedos eram os bonecos de barro de Mestre Vitalino. Formou-se em arquitetura, casou-se com o arquiteto Borsoi, teve filhos, mas sua família de coração era imensa. Ensinou a mim e a muitos o amor pelos fazeres populares brasileiros. Fez arquitetura, interiores e muitas belíssimas exposições. Viveu mais do que sua doença permitiria, pelo enorme amor à vida – uma vivacidade que era seu grande tesouro. Obrigada, Janete.


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O DESIGN DA PEQUENA SÉRIE

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Julia Garcez

SMETAK IMPREVISTO

Maria Helena Estrada

Maria Helena Estrada

A BIENAL DA INDÚSTRIA

Fernanda Sarmento

PAISAGEM HUMANA/URBANA

EXPERIMENTADESIGN 2008

14

36

em foco

mostras

cultura material

design internacional

O evento Experimentadesign, criado em Lisboa, e agora anual, aconteceu no mês de setembro em Amsterdã, reu nindo diver sos proje tos reais, como o do Bairro Vermelho, e experi mentais, estes testando os limites de aceitação dos usuários com instalações capazes de humanizar as cidades

A Bienal de Design, este ano realizada em Brasília, mostra o patamar atual do design brasileiro. Se a pequena série e o artesanato eram a saída viável até bem pouco tempo, vemos os profissionais da área se voltarem para a indústria e estas abrirem espaço para os designers e os engenheiros. Destaque para a mostra Sambonet e para o carro brasileiro da Fiat

Uma expo si ção imperdí vel. “Smetak Imprevisto”, no MAM, São Paulo. Os instrumentos musicais e o som de Walter Smetak, mostra com curadoria de Jasmin Pinho e Arto Lindsay, revelam “o pesquisador incansável, em busca de novas faculdades de percepção; cruzou fronteiras físicas, estéticas, místicas e musicais”

As várias faces do designer inglês Peter Marigold, que visitou o Brasil em novembro para ministrar palestra na mostra (CAD) Casa Arte & Design. Em suas surpreendentes produções o designer explora vários materiais e recria móveis tradicionais

REVISTA DE DESIGN ARQUITETURA SUSTENTABILIDADE INOVAÇÃO

nº 64, novembro/dezembro 2008

Na capa, instalação plástico-sonora M-2005, em corda percur tida, cabaça, madei ra, me tal, isopor e plástico. Walter Smetak, 1969. Foto Fernando Perelmutter


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PROPOSTAS PARA UM MUNDO NOVO

Da Redação

SEM LIMITES PARA CRIAR

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Julia Garcez

COM JEITO DE LOFT

Cristina Teixeira Duarte

Julia Garcez

DESIGN PARA TODOS

48

65

entrevista

radiografia de um projeto

arquitetura

sustentAção

Referência mundial em design gráfico, Ellen Lupton veio ao Brasil para lançar o livro “Novos Fundamentos do Design”, escrito em parceria com Jennifer Cole Phillips. Em entrevista exclusiva, ela fala sobre algumas tendências e comemora a democratização cada vez maior da profissão

Um amplo apar tamento dos anos 1960, que, apesar da integração, tem setores bem definidos e privativos. Uma configuração sob medida para que o arquiteto Francisco Calio dispusesse o acer vo de design da família com despojamento nada casual e sofisticada modernidade

Em ascensão no Brasil e no exterior, o escritó rio fran co-brasi lei ro Triptyque Arquitetos que par ticipou da Bienal de Arquitetura de Veneza no pavilhão francês, investe no trabalho em equipe e aposta em uma arquitetura livre, que dialogue com o entorno e não se prenda a padrões preestabelecidos

O Brasil destaca-se no Holcim Awards América Latina. Em sua se gunda edi ção, o con cur so inter nacio nal premiou os projetos de construção sustentável mais inventivos e interessantes da região e apontou novas perspectivas para o setor

news

6

GOURMET FASHION-HITS

42 44

design brasileiro RUMO À IDADE ADULTA

30

concursos TECNOLOGIAS PARA O CONFORTO

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investindo em design DESENHANDO PARA A INDÚSTRIA

39

sustentAção NO CAMINHO CERTO

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como encontrar

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universo VEM POR AÍ

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04-05 FIAT

11/28/08

2:19 PM

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04-05 FIAT

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DESIGN COM ARTE Não é de hoje que Enrique Rodriguez atua entre design e arte, uma recente tendência do design. Seus móveis e objetos são marcados por transparências e tridimensionalidades de forte impacto estético, em que jogos de luz, formas lúdicas e funcionalidade convivem em harmonia. Depois de frequentarem as prateleiras de lojas como Conceito Firma Casa, Tok&Stok, Puntoluce e a italiana Firme di Vetro, as criações de Rodriguez acabam de ganhar

NAVEGANDO PELA LUZ

showroom paulistano, na rua Matias

Sombrero Nau é o nome desta luminária

Aires, 61, onde estão peças como a

que propõe uma abordagem puramente

cadeira Brasil, de acrílico cristal com

conceitual dentro da coleção 2008-09 da

encosto em papel colorido. (11) 3266

Saccaro. Uma peça assinada pelo designer

2528. www.enriquerodriguez.com.br

Roque Frizzo, que busca inspiração nas “asas” náuticas dos veleiros e na obra arquitetônica do espanhol Santiago Calatrava. Com 160 x 112 x 255 cm, sua estrutura em aço inoxidável recebe tecido de nylon resinado e tratado com proteção UV. (54) 4009 3600, www.sacca ro.com.br

CLÁSSICO DE SEMPRE Veterana sempre atual, a mesa Kaeko (110 x 30 cm), de Rafic Farah, editada e distribuída pela francesa Objekto, integra a coleção Design Assinado da Futon Company. Foi criada no final dos anos 80, para o consultório médico de uma amiga de raízes japonesas. Daí a leveza minimalista da peça, com a transparência do vidro no tampo e base elipsoidal em aço, que lembra um desenho gestual como os desenhos orientais à nanquim sobre papel-arroz. (11) 3083 6212, www.futon-company.com.br


JOVEM CINQUENTENÁRIA

SALÃO DESIGN, CASA BRA SIL

Há 50 anos, Poul Henningsen criava para o tradicional fabri-

Promovido pelo Sindmóveis de Bento Gonçalves, RS, o Salão Design é

cante dinamarquês Louis Poulsen a luminária PH5. Para

um concurso que pode ser considerado o mais importante do Brasil. As

celebrar a longevidade deste clássico do desenho interna-

inscrições para 2009, que já foram encerradas, receberam 974 proje-

cional, sua representante carioca Delmak lança a edição

tos de estudantes, profissionais e indústrias de 15 países. Do Brasil são

limitada PH50. Nas cores vermelha, verde, preta, azul e

756 concorrentes e 197 vieram do exterior: Austrália, Canadá, Chile,

coconut white, seu novo look não trai a beleza do desenho

Colômbia Costa Rica, Cuba, Espanha, EUA, Inglaterra, Itália, México,

original. (21) 3326 4449, www.delmak.com.br

Paraguai, Peru e Uruguai. Os projetos selecionados e os vencedores serão expostos em estande especial na CASA BRASIL em agosto 2009. As tipologias contempladas incluem móveis, luminárias, utilidades, acessórios, aparelhos, cutelaria, têxteis. O prêmio, em dinheiro, é muito bom. Mas o melhor, para os concorrentes, é ver seu produto exposto

PINTANDO O SETE

na feira do maior pólo moveleiro do Brasil. www.salaodesign.com.br

Em fase de efer vescência criativa, Zanini de Zanine queria desenvolver módulos versáteis e lúdicos o suficiente para compor incontáveis móveis, formas e, claro, funções. Algo que pudesse "construir" estantes, mesas, aparadores e o que mais a imaginação propusesse. Desenhou para a sua

BEM-ESTAR NO TRA BA LHO

2Z o Módulo 7, em

Embody é o lançamento mundial da

unidades com for-

Herman Miller e da última parceria entre

matos en cai xá -

Jeff Weber e Bill

veis de compen-

Stumpf, este falecido

sado laqueado,

há pouco e um dos

nas cores ama-

grandes designers de cadeira. Um feito da marca,

rela, azul, bran-

que pretende alcançar com o novo produto o

ca, preta ou ver-

mesmo prestígio da cadeira

de. Enquanto exibe

de trabalho Aeron. Suas vir-

a novidade, finaliza

tudes nada banais incluem a

os estudos da pol-

sustentação do corpo e da

trona Joatinga, pa-

mente a fim de restaurar o

ra a Saccaro, cria-

equilibro da relação entre homem

da em homena-

e máquina (computador), além de

gem ao seu pai e

apurados estudos biomecânicos, com-

mestre, Zanine Cal-

portamentais e antropomé-

das. (21) 2529 8594.

tricos. (11) 3729 9555,

www.2zmoveis.com.br

www.hermanmiller.com.br


CONCURSO INTERNACIONAL

DESIGN MIAMI

Marca mundial de itens para banheiros, a Roca promove a 3ª

Ross Lovegrove é um dos inúmeros

edição do Concurso Internacional de Design "jumpthegap",

designers que, agora, também se

para criações inovadoras. A iniciativa vale para profissionais

dedicam ao novo design – séries

e estudantes de arquitetura e de design do mundo todo, com

muito limitadas ou peças únicas,

menos de 35 anos, que desenvolvam ineditismos em espa-

estética na fronteira da arte. Liquid

ços, usos e funções para os produtos. As inscrições terminam

Space é a peça que, em parceria

em 30 de dezembro pelo www.jumpthegap.net, e a apresenta-

com a Swarovski, o designer inglês

ção dos projetos vai até 13 de março de 2009. Os resultados

apresenta no evento Design Miami,

serão divulgados em abril, com premiação em euros e apre-

realizado entre 2 e 6 de dezembro.

sentação do vencedor na Feira 100% Design, em Londres.

Mesa em alumínio e luminária com

www.rocabrasil.com.br

cristais, acoplada à mesa, que pode ser quadripartida e apresentar novas configurações. Fernando e Humberto Campana são os Designers do

DESIGN ESCANDINAVO EM SÃO PAULO

ARC DESIGN publicará a cobertura

Acaba de ser inaugu rada a

do evento em sua próxima edição.

Scandinavia Designs, com pro-

www.designmiami.com

Ano escolhidos pelo Design Miami.

jeto de Aurélio Martinez Flores e uma coleção de design escandinavo que abrange objetos criados a par tir da década de 1960 – Arne Jacobsen e Erik Magnussen – até hoje,

PREMIANDO O FUTURO

como o vaso em borracha flexível de

O 3º Prêmio Tok&Stok de Design Universitário comemorou também

Hella Jonguerius. A loja abrigará diver-

os 30 anos da marca, com festa no Museu da Casa Brasileira. O tema

sas coleções, entre as quais a marca George Jensen e a

“Estudar” teve como vencedor André Cepollina, da FAAP-SP

Royal Kopenhagen. Na foto acima, jarra de água da linha

(Fundação Armando Alvares Penteado), com a escrivaninha Rolling

Cylinda (1967), produção Stelton, em aço escovado e,

(abaixo); a segunda colocação coube à Helder Filipov, UFPR

abaixo, talheres para o Hotel Real (1957), ambos de Arne

(Universidade Federal do Paraná), com o Tok Study; e o terceiro lugar

Jacobsen (1902-1971). A idéia de trazer o design escandi-

ficou para Maurício Rocha, UFSM-RS (Universidade Federal de Santa

navo para o Brasil veio do casal dinamarquês Soren e Priess

Maria), com a almofada Cushi. Ademir Bueno, gerente de design da

Grade. www.scandinavia-designs.com.br

marca, avisa que as inscrições para a 4ª edição do prêmio abrem em fevereiro de 2009 sob o tema "Descansar". 0800 7010161, www.tokstok.com.br


núcleo

de

design belas ar tes

Inaugurado em 2007, o Núcleo de Design do

prêmio Tok&Stok Marília Cichini Simões

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo se firmou como um espaço para estudo, pesquisa e extensão, com alunos reconhecidos e premiados em diversos concursos, como Bombay Sapphire, Desafio Plascar de Design Automotivo, Embala Idéias, IDEA/Brasil, Tok&Stok, ABIPLAST, entre outros.

prêmio Embala Idéias menção honrosa Bruno Berkenbrock dos Santos Juliana F. M. dos Anjos Silva Marcelo de B. C. Fagundes Rodrigo Bianchi de Vicente

Agora, a qualidade de todos os cursos é também reconhecida pelo Guia do Estudante – Melhores Universidades 2008.

Design Design Design Design

de Interiores de Moda Gráfico de Produto

Processo Seletivo 2009 Inscrições abertas

www.belasartes.br

prêmio Bombay Sapphire Raphael Caleb Pastore Dryzun


DA PAS SARELA PARA A CASA Mobiliário e acessórios com o glamour das passarelas. Assim o estilista André Lima apresentou uma linha para decoração com a marca da Firma Casa, de Sônia Diniz. A coleção propõe um mix instigante de peças que podem ser coordenadas ou – como prefere Lima – descoordenadas a par tir das variações de cores e padrões. Há estofados, garden seats, aparador, abajures, tapetes e complementos, como mandalas gráficas e tecidos em puro linho, em motivos que exaltam a natureza com a marca autoral do estilista. (11) 3068 0377, www.firmacasa.com.br

ESTOFADOS COM CLASSE Conchita Valentino, diretora de marketing da inglesa Designers Guild, veio a São Paulo apresentar as linhas Arabella e Royal, trazidas com

ERRATA

exclusividade pelo Empório Beraldin. Em ação inédita, as coleções

Na edição 63 publicamos que a coleção Moroso era vendida

de Tricia Guild foram apresentadas simultaneamente no Brasil e no

na loja Atrium. Na verdade, a representante da Moroso no

mundo, destacando a inspiração clássica de seus motivos, tingidos

Brasil é a empresa catarinense Brasita, e os produtos podem

em seda brocada e jacquard de veludo nos tons vibrantes da marca.

ser encontrados em sua rede de revendedores, que não

A Arabella Colection, na foto, mescla tons neutros e metálicos em

inclui a Atrium. Brasita. (47) 3025 3332, www.brasita.com.br

impactante paleta de cores. (11) 3512 7300, (21) 3512 7800. www.beraldin.com.br

RETALHOS DE EMÍLIA Leonardo Lattavo e Pedro Moog criaram para a a Lattog Design a poltrona Emília, uma peça impregnada de referências ao artesanato brasileiro. E, claro, à irreverência da personagem de Monteiro Lobato. Com base de aço carbono e pintura eletrostática colorida, seu estofamento é feito à mão com nozinhos de lycra reciclada, como manda a correção ecológica. E mais: a variedade de cores e texturas permite, inclusive, customizar o revestimento com motivos especiais. Produzida também na versão de dois lugares. (21) 2512 6182, www.lattoog.com



LUXO IMPOR TADO A Jasmim Glass Studio chega à Zona D pela Vyluz Vidro, representante da marca por tuguesa na América Latina. Seus vidros de luxo trazem o olhar aguçado da premiada designer Sara Paiva, que, entre outros caprichos, investe na produção ambiental e no resgate da tradição vidreira lusitana. Soprado e trabalhado pelas mãos de artesãos, são cerca de 30 mil criações anuais, entre luminárias, centros de mesa e vasos, em estilo clássico, moderno, autoral, romântico e também para empresas. Caso de Look Me Inside, de Paiva,

EMU NO BRASIL

em edição numerada de apenas

A italiana EMU, móveis para áreas externas, integrante do

50 unidades. (11) 3088 0399,

grupo Louis Vuitton, chega ao Brasil pelas mãos da Tidelli,

www.zonad.com.br

marca nacional do segmento. Com mais de quatro décadas de história, seus itens trazem assinaturas de designers de peso e são frequentemente encontrados em cafés, restaurantes e espaços externos de toda a Europa. São peças em aço com pintura eletrostática, propriedades atérmicas (não esfria nem esquenta) e garantia de cinco anos, como a Heaven Collection, de Jean- Marie Massaud, que inclui mesas, cadeira e poltrona. (11) 3031 9843, www.tidelli.com

CONFORTO GENEROSO Formas orgânicas, fibra sintética e base em madeira e alumínio personalizam a poltrona Marina, desenvolvida para a Brisa Móveis pela Asa Design, empresa voltada a criações para o universo gráfico e de produtos. Assinada por Daniela Ferro Gil e Rossana Ma naka, a peça tem profundidade diagonal suficiente para simular uma chaiselongue ampla e gostosa de sentar. E mais: as almofadas soltas no encosto permitem acomodar o corpo à posição de conforto e bemestar. (41) 3352 5098, www.asadesign.com.br


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12/3/08

10:56 AM

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EXPERIMENTADESIGN 2008

PAISAGEM

HUMANA/URBANA


A últi ma edi ção do Experimentadesign sina li za novos cami nhos para o design do sécu lo XXI. O cole ti vo, a inte ra ti vi da de e a dimen são social dos pro je tos são alvos que nor teiam as novas refle xões no uni ver so do design. O even to tem seu foco diri gi do, sobre tu do, às pes soas e às idéias e não a pro du tos e mer ca do, pro mo ven do a refle xão crí ti ca e a inter dis ci pli na ri da de em rela ção à pai sa gem urbana Texto, fotos e arte: Fernanda Sarmento

Acima e abai xo, BUS HWAF FLE: almo fa das modu la res inflá veis e arti cu lá veis. Proposta de mobi liá rio urba no para sen tar, boiar, dor mir, etc. Criação: Rebar (EUA). Ao lado, MOVING FOREST: uma res posta para a falta de verde nas cida des. Pretende se tor nar um “par que sobre rodas”. As pessoas podem pegar os car ri nhos de super mer ca do e criar, na cida de, seus pró prios par ques onde achar con ve niente. Um pro je to do NL Architects (Holanda)


OBSES SIONS MAKE MY LIFE WORSE AND MY WORK BET TER: feita com 300 mil moe das de 50 cents de euro que foram cole ta das como doa ção duran te a sema na de aber tu ra. A ins ta la ção é poten cial men te auto des tru ti va, mas por sua bele za sus ci ta a dúvi da se as pessoas irão mantê-la ou levar as moe das. Em dado momen to, foi a polí cia que reco lheu as moe das. Criação: Sagmeister Inc. (EUA)

16 ARC DESIGN

A Experimentadesign, bienal internacional de

va e quais os caminhos que poderiam ser abertos, no

design, arquitetura e criatividade, ampliou

campo do design, capazes de sugerir novos comporta-

suas fronteiras para além do território por-

mentos e relações com o espaço urbano e doméstico.

tuguês, por meio de uma parceria com

Os eventos realizados na semana de abertura, entre 18

Amsterdã, a partir da edição de 2008. O evento inicia

e 21 de setembro, em Amsterdã, incluíram conferên-

uma nova fase, expandindo sua plataforma de ação

cias, debates, instalações urbanas e exposições. A pró-

para duas capitais européias, Lisboa e Amsterdã,

xima Experimentadesign será realizada em Lisboa, em

sendo realizada em cada uma das cidades em anos

2009, e terá como tema “O Tempo”.

alternados, com diferentes plataformas.

Enquanto no século XX, boa parte dos projetos era dirigi-

O tema da edição 2008 – “Espaço e Lugar” – explora a

da para a criação de produtos – formas, materiais e tecno-

possibilidade de levar a cultura do design para uma

logias –, entramos no século XXI com a percepção de que

dimensão com maior enfoque social, de modo a apon-

são outras as nossas necessidades. Mais do que o dese-

tar novos caminhos para políticas públicas e para o

nho do objeto, o que está sendo colocado em questão é a

convívio coletivo nos espaços urbanos.

forma como nos organizamos no mundo. O questiona-

O evento, que foi encerrado no final de outubro, esti-

mento proposto pela Experimenta – como utilizamos o

mulou o questionamento sobre o quanto nos é permiti-

espaço público – tenta mostrar a necessidade de assumir,

do interagir com os espaços públicos de maneira criati-

com maior consciência, a ocupação do espaço coletivo.


FISH IN THE SKY: cole ção de belas e trans pa ren tes biru tas em plás ti co, na forma de pei xes, que se inflam com o vento. Foram fei tas para serem colo ca das em mas tros de ban dei ras, bici cle tas e ante nas de car ros. Criação: Nothing Design Group (Coréia)

17 ARC DESIGN


Acima, dois ambien tes da ins ta la ção SUN DAY ADVEN TU RE CLUB. À esquer da, uni for mes e rou pas que pode riam ser usa das pelos desig ners no pro cesso de cria ção e, à direi ta, a simu la ção de um clube, ou seja, de um espa ço de lazer no qual as pessoas se reú nem para criar algo em rela ção a deter mi na do tema. Na pare de ao fundo, estão ende re ços de sites de diver sos “clubs”. Abaixo, pai nel na expo si ção do Sunday Adventure Club: na pare de, todos os equi pa men tos que pode riam ser uti li za dos pelos desig ners para criar seus espa ços na cida de. No pé da pági na, o resul ta do de três inter ven ções: da esquer da para a direi ta: “Beatty Adventure Gallery”, “City Dog Adventure” e espa ço para cons tru ção de bar cos

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Acima, a par tir da esquer da: inau gu ra ção dos ate liês dos desig ners de jóias no RED LIGHT DIS TRICT; jóias em ple xi glass de Susanne Klem e uma das peças expos tas no Redlight Design, Kitchen Necklace, de Gesine Ackenberg, que traz a típi ca por ce la na holan desa, do prato para o corpo

URBAN PLAY

serão aceitas pelas autoridades e quais serão vetadas?

Evento orga ni za do pelo grupo holan dês Droog

www.experimentadesign.nl e www.urbanplay.org

Design e por Scott Burnham (curador norte-americano), propõe 12 instalações urbanas interativas e uma

SUNDAY ADVENTURE CLUB

exposição que explora o diálogo entre intervenções

Exposição e intervenções urbanas em áreas abandona-

urbanas e espaço público. Apresenta trabalhos reali-

das de Amsterdã. Idealizada por Ester van de Wiel, pro-

zados em várias partes do mundo e mostra como a

fessora da Design Academy Eindhoven, contou com a

linguagem criativa nas cidades pode ser influenciada

participação de jovens ex-alunos da escola.

por esses projetos.

A exposição homenageia os pioneiros que transforma-

“Nossa relação com os espaços públicos em geral é con-

ram áreas abandonadas das cidades em espaços de

cebida de forma muito passiva, os espaços são distribuí-

domínio público. São apresentadas desde experiências

dos e determinados para fins específicos e recebemos

como “Gerrila Gardening”, em N.York, de Liz Cristie,

instruções sobre as ações que devemos evitar”, comen-

nos anos 1970, até as mais recentes formas de organi-

ta Rem Remarkers, do grupo Droog Design. “Nossa pro-

zação social, possíveis graças ao surgimento da tecno-

posta é criar objetos e instalações que encorajem as

logia móvel e da internet. O ambiente virtual criou

pessoas a se relacionar com o espaço de forma criativa.”

cenários para que comunidades organizassem suas ati-

Para as 12 instalações foram convidados jovens

vidades espontaneamente, dando origem a um novo

designers, artistas e arquitetos de vários países,

tipo de espaço público nas cidades.

entre eles alguns nomes bastante conhecidos, como

Para as intervenções, em áreas selecionadas e não

Stefan Sagmeister e Marti Guixé. As obras devem

ocupadas da cidade, estas foram transformadas em

ficar expostas temporariamente ao longo da IJ-river-

“clubes” para atividades, sem um espaço definido.

front, em Amsterdã.

Os designers foram convidados a escolher ferramentas e

A expectativa é de que essas instalações possibilitem

vestimentas capazes de criar cenografias para uma especí-

interações criativas com a população e estimulem o

fica “aventura”. As áreas abandonadas deveriam se trans-

debate sobre aspectos políticos e sociais da cidade. Por

formar em locais com forte identidade e valor para a comu-

outro lado, também levantariam questões quanto à tole-

nidade. Foram criadas áreas destinadas a laboratórios pa-

rância que uma cidade teria para suportar intervenções

ra estudos da flora e da fauna urbana; espaço para treina-

da população sobre seu espaço físico; se a cidade

mento de cachorros; clube para cuidados do corpo e da

suportaria os inputs criativos e um direto envolvimento

beleza; clube para construção de barcos, etc. www.expe-

no seu design; que tipos de proposta de design urbano

rimentadesign.nl e www.sundayadventureclub.nl 19 ARC DESIGN


Divulgação

Perr Tingleff

Nesta pági na, ima gens apresen ta das por dois con fe ren cis tas. Acima, pro je tos expe ri men tais de Anthony Dunne (GB), pro fessor e chefe do depar ta men to de Design e Interatividade do Royal College of Art, em Londres. Seu tra ba lho tem como obje ti vo explo rar as res pos tas que o design pode dar às novas tec no lo gias, à ciên cia e à bio na no tec no lo gia. À esquer da, pro pos ta de dese nho para comi da sin té ti ca; ao cen tro, pro je to Tecnological Dream Series, que pro põe estu do de robôs domés ti cos com outras for mas que não a dos huma nos e dos ani mais; à direi ta, pro je to Dools/Genetic Test. Abaixo, duas inter ven ções fei tas com ilu mi na ção a laser pelo Graffiti Research Lab, de Evan Roth e James Powderly (EUA)

COME TO MY PLACE

A região, localizada no centro histórico, se tornou atra-

Realizada na Westerhuis Gallery, espaço projetado por

ção turística por incorporar a prostituição como ativida-

Marcel Wanders, a exposição se propõe a fazer uma

de regular na cidade: as prostitutas posavam como

reflexão sobre o espaço interno das casas. Pequenos

mercadorias nas vitrines de suas casas.

estandes foram distribuídos entre oito designers de

Com o aumento da imigração, a região tem se torna-

diferentes cidades do mundo para que criassem espa-

do mais violenta, e a prefeitura iniciou um projeto

ços personalizados, usando tanto produtos do design

para atrair profissionais da moda e do design para

industrial globalizado como outros, da loja da esquina.

esses imóveis. Inspirados nas pequenas bodegas

Para representar São Paulo, foram convidados os desig-

artesanais da Ponte Vecchia, em Florença, as vitri-

ners da OVO, Gerson de Oliveira e Luciana Martins.

nes das casas irão mostrar, de um lado, as jóias expostas e, do outro, o artesão trabalhando. Os

20 ARC DESIGN

RED LIGHT DISTRICT

designers usarão as casas como residência, estúdio

Projeto realizado por meio da parceria entre a Droog

e oficina pelo período de um ano, enquanto esses

e a cidade de Amsterdã, traz o trabalho de oito

imóveis aguardam autorização para se transforma-

jovens designers de jóias, instalados no “Red Light

rem em áreas residenciais. i

District”, em Amsterdã.

Fernanda Sarmento viajou a convite da Experimentadesign


Nesta pági na, alguns dos ambien tes cria dos para a mos tra COME TO MY PLACE. No alto, à esquer da, espa ço cria do pelos desig ners Gerson Martins e Luciana de Oliveira. Estrutura tubu lar per cor re e defi ne o ambien te. As refe rên cias ao Brasil ficam por conta do caldo de fei jão e da cacha ça ser vi dos no dia do even to. No alto, à direi ta e abai xo, um dos espa ços mais inte ressan tes, a obra do desig ner tche co Maxim Velcovsky – um mosai co nas pare des, cria do a par tir de reta lhos de rou pas de grife de segun da mão. A ins ta la ção foi con ce bi da em alu são ao dese jo dos tche cos, após a queda do muro de Berlim, de possuir rou pas assi na das; des ta que para a lumi ná ria cria da com rega do res de plan tas

Edo Kuijpers

21 ARC DESIGN


A BIENAL DA

INDÚSTRIA Se o Brasil começou a se destacar no design em razão de suas peculiaridades culturais, de seu artesanato, da liberdade e do colorido já tão decantados no design semi-industrial, hoje parece que o desenho industrial toma a dianteira. A nova geração de designers, formados por diversas boas escolas no Brasil, não procura mais instalar seu pequeno ateliê, mas colabora com as grandes indústrias. Foi isso que a Bienal de Brasília quis mostrar, é isso que notamos, hoje, como tendência na produção brasileira Maria Helena Estrada

À esquer da, ventilador Esfera, 2004, de Gustavo Grana to, M. A. Coelho Ribeiro e Rafael Q. Martyres. Polímero e ABS inje ta do. No alto da pági na, Tolomeu, design Michele de Lucchi, 1987, pro du ção Artemide, na mos tra do design ita lia no, cura do ria Vanni Pasca


Acima, interno e externo do Fiat 500, presente em painéis que mostravam vários aspectos da indústria. Um dos carros mais famosos da Fiat e da Itália, o “cinquecento” é reeditado desde 2007, e já vendeu 270 mil unidades. Agora recebe o prêmio Best Compact Car no Japão, que se soma às 29 outras premiações outorgadas na Europa

A Fiat Brasil tem em sua equi pe 17 desig ners e 450 enge nhei ros, e uma voca ção para investir no design bra si lei ro. O FCC, é o resul ta do do pro je to Speed: design ins pi ra do nos car ros para rally, que por suas carac te rísti cas está pronto para enfrentar qual quer ter reno


André Oliveira

Acima, vista geral dos equipamentos hospitalares desenvolvidos pela área de pro je tos do EquipHos, da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação. À direita, Orto mó vel G-40, 2003, fabricado em tubos de alu mí nio, PRFV inje ta do e PRFV lami na do

À esquerda e abaixo, Skate longboard Folha Seca, 2007/2008, em material desenvol vido pela Fibra Design Sustentável. Nasceu a par tir de um projeto de incubadora da ESDI, RJ, na plataforma de inovação Letsevo, em parceria com o designer Henrique Monnerat. Fabricado em Bioplac, com pó sito de recursos não-madereiros, com sete camadas unidas por adesi vo de base vegetal. As camadas externas são de com pen sa do de pupu nha e as cama das inter nas, de 3-ply de bambu Mosso orgâ ni co


Acima, pulverizador Parruda, 2004, pro je to desen vol vido por Marcos Sebben, Eduardo Sanches e Edson Giovane, do Design Inverso. Pulverizador agrí co la autopro pe lido, em fibra de vidro, com per fis e cha pas metá li cas. À direita, totem de luz Ziplux, 2007, de Walen Nogueira de Souza Cruz, para ilu mi na ção remo ta de espa ços públi cos. Desenvolvido pela Zip Lux Tecnologia e Desenvolvimento do Projeto

A Bienal de Design de Brasília teve, como grande patrocinador, a Fiat, que apresentou seu novo carro, FCC, totalmente brasileiro. A empresa tem 17 designers no Centro Estilo e 450 engenheiros trabalham na Engenharia de Produto em sua sede em Betim, MG. É uma das tantas indústrias que atualmente contam com a colaboração de profissionais brasileiros. Fato significativo que reforça a aposta atual no design para a indústria de produção em larga escala. Outro destaque da Bienal, no que diz respeito ao desenho industrial, é o trabalho desenvolvido pelo Hospital Sarah, de Brasília. Equipamentos hospitalares também projetados por equipes brasileiras, e presentes na mostra. E o design brasileiro para a casa, com ou sem o aporte da indústria? A julgar pelo que foi visto na Bienal, não parece muito saudável. É uma pena, pois designers com talento não são ainda aproveitados pela indústria, e a hegemonia da madeira faz com que se desista de procurar novos caminhos. As formas, claro, são repetitivas, pois a madeira, da forma como é utilizada no Brasil, tem limites bem claros... e estreitos. Para dar um pequeno exemplo do que poderia ser tentado, experimentado por nossas indústrias, cito uma importante fonte de pesquisas, a Material Connexion (www.materialconnexion.com), arquivo de 25 ARC DESIGN


À esquer da, cadei ra Notus, obti da a par tir do corte e dobra de cha pas metá li cas, 2007, de Frederico Teixeira, Ulisses Neuenschwander e Rodrigo Braga, da Notus Design. À direi ta, Pena, 2008, design Mirna Korolkovas. Broche em nóbio e titâ nio, usan do téc ni ca de corte, cone xão fria e ano di za ção dos metais refra tá rios. Abaixo, brin co Mondrian, 2004, de Adriana Delmaestro, em ouro branco

referência de novos materiais, aberto à consulta, que hoje conta com mostruário de 4.500 materiais avançados! O que a Bienal mostrou, graças ao trabalho de curadoria de Fabio Magalhães, assessorado pelo Professor Stephan, foi resultado de pesquisa em todo o Brasil. É um retrato fiel do que temos hoje. Outro destaque desta Bienal foi a mostra de produtos da cultura popular brasileira, com curadoria do Professor Nemer. Embora tenham merecido pouco espaço, os objetos arcaicos brasileiros sempre emocionam. Um recorte da coleção de Carlos e Maria Cristina de Azevedo Moura com objetos dos imigrantes do sul do Brasil (veja ARC DESIGN 53), as velhas lamparinas de lata, artefatos em madeira. É tudo muito bonito. Uma homenagem organizada por Adelia Borges mostrava o trabalho dos designers Bornancini e Petzold, os primeiros grandes nomes do design brasileiro; uma exposição pensada como um rápido olhar sobre o design italiano, com curadoria do crítico Vanni Pasca, trouxe peças consagradas dos mestres do século XX, chegando ao XXI. A mostra Sambonet, que teve a curadoria do arquiteto italiano Enrico Morteo e foi concebida para a cidade de Turim (Capital do Design em 2008), talvez venha para São Paulo. Ela nos dá


À esquerda, luminária Nebulosa, 2000, de Mariana Dupas e Rosa Berger. Saquinho em rede de nylon e néon. Abaixo, cadeira JV, 2005, em madeira, design Jansen Lopes com a FUCAPI, Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica. No pé da página, Quiabo, 2008, de Regina Medeiros. Vidro cor tado, lapidado e moldado, acabamento com policromia

o parâmetro de qualidade que uma Bienal deve transmitir. Bela escolha do curador Fabio Magalhães, que soube ver, na figura de Sambonet, e no apuro da mostra, os requisitos necessários para uma Bienal de Design: qualidade, pertinência e cultura. Arrisco aqui uma observação sobre o que todos sabem, mas muitos parecem ignorar. Uma Bienal, seja de arquitetura, design ou arte, para existir como evento significativo e importante, para merecer credibilidade, para ter repercussão internacional, necessita de uma curadoria culta e possuidora de critérios bem fundamentados. Parabéns ao Movimento Brasil Competitivo e a seu presidente, Jorge Gerdau Johannpeter; à Fiat, por acreditar no design brasileiro; aos curadores pelo resultado de seus esforços em fazer o melhor possível. Esperamos que a Bienal de Design se profissionalize cada vez mais. O terreno é delicado e as pressões políticas, inumeráveis. Mas cada vez que a escolha do curador ou do corpo curatorial for ditada por interesses pessoais ou de grupos, por vaidades ou por artimanhas políticas, o prejuízo será da cultura e também do país. i


Fotos André Oliveira

Nesta pági na, exem plos da mostra de cul tu ra popu lar, cura do ria do Professor Ne mer. Acima, conjunto de banquinho caipira; ao lado, lamparina feita com “lata velha”

À direita, armário anô ni mo que nos reme te às fra ses das tra sei ras de cami nhões e, abaixo, exem plo de lam pa ri na em folha-de-flandres, muito comuns no Nordeste bra si lei ro, e sem pre com um dese nho origi nal

28 ARC DESIGN


Reproduções fotográficas do livro “Roberto Sambonet”, Officina Livraria, Itália, 2008

ROBERTO SAMBONET (1924-1995) Artista plástico e designer, Sambonet viveu alguns anos no Brasil, atuou em diversos campos, estimulado por Pietro Maria Bardi e, quando voltou para a Itália, assumiu com paixão o ofício de designer. O arquiteto Enrico Morteo, curador da mostra, escreve em artigo para ARC DESIGN. “Utilizando a geometria como uma

No alto, à esquerda, auto-retra to de Roberto Sambonet, aqua re la so bre pa pel, 1984; aci ma, ser vi ço de pra tos (de se nho téc ni co), e prato, pra ti nho e xíca ra, 1974; à esquerda, Qua dre glio, 1977, par te de um set de traves sas em aço inox, às quais pode ser aco pla do um cabo

gazua que limpa a aparência exterior das coisas, Sambonet desnuda a armadura escondida do real, reduzindo o múltiplo a poucos esquemas de base. Sambonet usa a forma como pretexto evocativo porque sabe que a função não é jamais nua, mas ‘vestida’ de intenções, usos, recordações, possibilidades. Uma forma simples é sempre mais versátil porque deixa espaço para novas interpretações, assim como trabalhar com módulos permite inventar funções inesperadas. É por meio desse procedimento que Sambonet abre espaço para o jogo combinatório do projeto, e é aqui que revela a sua extraordinária liberdade. Em seus infinitos estudos dedicados às estruturas vegetais, sabe colher o detalhe do enxerto de uma folha para resolver a junção do cabo de um talher; o espaço de um anfiteatro grego dita os ritmos de um sistema componível de panelas; um almofariz de pedra sugere a transparente leveza de uma bola de cristal”. 29 ARC DESIGN


RUMO À IDADE ADULTA O Rio de Janeiro transformou-se, no mês de

Evento realizado pela ABEDESIGN (Associação Brasilei-

setembro, na capital nacional do design com a

ra de Empresas de Design) e promovido pela APEX Brasil (Agência de Promoção e Exportação), a iniciativa, iné-

realização do Brazil Design Week – Inovação co-

dita, contou com a presença de representações nacio-

mo Estratégia de Negócios. Desenho industrial é a

nais e estrangeiras (Coréia do Sul, Inglaterra, Espanha),

chave de leitura para este primeiro evento, que

além de programação paralela especial, com a realização de palestras, exposições, lançamentos de coleções e

conserva sua atualidade pelas temáticas discutidas Cristina Teixeira Duarte

produtos, todos fruto da movimentação de uma centena de estabelecimentos e profissionais cariocas e de outras partes do país. Caso do Rio + Design, ação do Grupo Consultivo de Design e das equipes da SEDEIS (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços) do Rio de Janeiro, com curadoria de Ângela Carvalho. Dois eventos que, pela primeira vez, uniram entidades de classe, órgãos governamentais e empresas do segmento em torno de um mesmo objetivo: a formulação de novos paradigmas e o fomento do design enquanto próspera indústria nacional. Com abertura do governador do Rio de Janeiro, Sérgio


No alto das páginas, cenas do Brazil Design Week. Acima, sofá inspirado nos bares cariocas, de Patrícia Davis, Rafael Roldão e Tiago Bouças, dividido em seis bancos e uma mesa central, sob medida para um bate-papo. Ao lado, o triciclo em plástico dos brinquedos Bandeirante, redesenhado pela Seragini Farné Design. Ao pé da página ao lado, a fachada do MAM-RJ, sede do evento

Cabral, o encontro aconteceu no MAM-RJ (Museu de

idéias e patentes já são aceitas como garantia de emprés-

Arte Moderna do Rio de Janeiro), sob a coordenação-ge-

timos em instituições financeiras. E nomes como Coca-

ral de Manoel Muller, presidente da ABEDESIGN, de

Cola, por exemplo, transcendem o valor de seu próprio

Luciano Deos, vice-presidente da ABEDESIGN, de Guto

parque industrial”, pondera Indio da Costa, para quem

Indio da Costa, e de Dulce Procópio de Carvalho, sub-

o design deve ser mais do que nunca incorporado defi-

secretária de Desenvolvimento do Estado do Rio de Ja-

nitivamente à indústria como instrumento de fomento à

neiro. Contou ainda com o apoio institucional e opera-

produção do país em todas as áreas. Para isso, é essen-

cional de importantes entidades públicas e privadas,

cial estimular a pesquisa, apoiar profissionais e estu-

como Sebrae, Petrobrás, Philips, Tok&Stok, Saccaro,

dantes, participar de feiras e intercâmbios internacio-

BNDES, MDIC, entre outros.

nais, a fim de abrir caminho à exportação e à aquisição

Um evento que demonstra a urgência em reformular

de know-how para o setor, enquanto indústria serial. O

consciências, atitudes e posicionamentos no mercado do

designer acredita que Brazil Design Week e Rio + Design

design, ainda de atuação tímida diante de sua crescente

foram o primeiro grande passo de uma grande caminha-

evolução nos últimos anos. Para o designer Guto Indio

da. Nos anos vindouros, a idéia é realizar os eventos

da Costa, é mais do que tempo de se compreender que

anualmente em diferentes cidades brasileiras, sempre

a economia criativa é tão ou mais abrangente do que a

de olho na profissionalização do designer, no estímulo à

produção de bens de consumo. “O mundo vive uma

sua criatividade e na criação de conceitos. Fatores que,

inversão de prioridades, uma indústria com uma grande

certamente, agregarão cada vez mais valor aos produtos

idéia é maior do que seus próprios produtos. Hoje,

nascidos do talento dos designers nacionais. i 31 ARC DESIGN


SMETAK IMPREVISTO É este o títu lo da mos tra retros pec ti va sobre a obra de Walter Smetak, apre sen ta da pelo Museu de Arte Moderna da Bahia e, agora, pelo MAM de São Paulo. “Des cons tru ção do som con ven cio nal e cons tru ção de ima gens-ins tru men tos expe ri men tais” seria, segun do Solange Farkas, uma defi ni ção Acima, Smetak e par titu ra do autor. À direita, Gambus Orientalis, 1968, instru mento em madei ra e metal para ser fric cio na do e per cur tido; faz parte da série Choris, vio li nos com a volu ta vol ta da para trás, dando ao instru mento um ca rá ter contem pla ti vo e passi vo, per den do sua agressi vida de

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pa ra a obra de Smetak, o qual cos tu ma va dizer, “o fim da fala ainda não é o iní cio do silên cio” Maria Helena Estrada / Fotos Andrew Kemp – Acervo Família Smetak


Acima, Chori Vio li; à direi ta, Chori Baixo. Os Chori, de 1968, são fei tos de madei ra, caba ça e cor das e, co mo diz o nome Chori, nem chora nem ri: é equi li bra do. Tem um som pe que no, e peque nos fenô me nos sono ros, como um ma ravi lho so solu ço

A Bahia dos anos 1960, época em que Lina Bo Bardi, Ruy Guerra, Koellreutter andaram por lá e que Antonio Risério descreve com detalhes em seu livro “Avant Garde na Bahia”, foi também terreno fértil para Smetak. Músico, compositor, escultor, designer, pesquisador e, antes de tudo, pensador,

À esquerda, Chori Sol e Lua, 1968. Pa ra ser fric cio na do e per cur tido. “Se alguém qui ser construir um instru mento com caba ças, que plante as se mentes e não as jo gue fora, que colo que as se mentes na terra”, instrui Smetak

Smetak foi uma das tantas figuras brilhantes para a nossa cultura que o Brasil – e a Bahia – produziram nessa época. Smetak girava por Salvador em sua “Prostituta da Babilônia”, velha moto BMW que só pegava depois de muitas aceleradas. Foi ali que encontrou as vertentes que modificaram seu destino e inspiraram suas pesquisas, teorias e experimentos. Na estréia da música concreta de Koellreutter na Bahia, para onde se mudou a convite do compositor, coube a 33 ARC DESIGN


Abaixo, Pindorama, 1973. Cabaças, tubos de plásti co, bambu, cano de PVC, madei ra e me tal. Instrumento de sopro, como uma ameba em constante muta ção, dá a possi bi lida de de 60 pes soas se ati va rem musi cal men te

Smetak criar instrumentos de cordas. Assim, o músico se transformou em designer, “e algo vindo do abstrato se fez concreto”, afirma. No catálogo que acompanha a exposição no Museu da Arte Moderna, ambos excelentes, embora os textos críticos falem muito da música, ou melhor, das sonoridades, o que salta aos olhos é o Smetak criador de formas e instrumentos que pudessem traduzir essas novas sonoridades. Na sala/galpão, onde trabalhava em Salvador, no porão da Universidade Federal da Bahia, havia cabaças, madeira, cordas, tubos de PVC, latas e qualquer material que estivesse a seu alcance. Tudo era transformado em objetos instalações. Chamados de “plásticas sonoras”, são mais de 100 os instrumentos criados por Smetak, a maioria em 1968, que incluem variantes do violoncelo, como o Gambus Orientalis; o Fidle e o Violoncelo Cristal. Ainda em 1968 surgem suas primeiras experiências com o uso de cabaças, e na mostra encontramos a série Chori: viola, violino, baixo, violoncelo, pagode e microtonizado. Para

No alto da pági na, Três Sois, 1971. Ins tru mento musi cal manual, em madei ra, iso por e cano de PVC. À direi ta, Im pre vis to, 1971. Plástica sono ra em madei ra, folha de flan dres, verga lhão e cabaça

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À esquer da, Árvore, 1968. Ca baça, madei ra e metal em ins tru men to para ser per cur ti do e fric cio na do. À direita, M-2005, de 1969. Smetak era irô ni co e lú di co, brin can do com todo o “lixo” que encon trasse à vis ta. Ins tru mento musi cal de corda per cur ti da, em ca ba ça, madei ra, metal, iso por e plás ti co

cada sonoridade, um desenho especial, que evolui, por exemplo, com o Andarilho, feito com cano de plástico, duas cordas, chifre, cabaça, pele, mangueira, cavalete e duas cravelhas. A partir de 1969 os instrumentos ganham novas formas e se desprendem daquelas tradicionais. Surge a “série figurativa”, com Guerreiro, Anjo Soprador, São Jorge Tibetano, Bis-nadinha e M-2005, entre tantos outros. Smetak era um espírito crítico e gozador, com uma forte inclinação mística. Entre suas peças dos anos 1970 encontramos o Piston Cretino, feito com funil e mangueira de plástico, e Quadratura Mágica, que já prenunciava o Ovo, obra não concluída. “O que aconteceu, talvez, é que me interessa muito mais o mistério dos sons que o da música”, diz Smetak, “e tenho procurado diferenciar claramente o fazer som, um meio de despertar novas faculdades da percepção mental, e o fazer música, apenas um acalanto para velhas faculdades da consciência.” ... “Vivemos numa época tão problemática e tão apocalíptica. É preciso uma orientação. Salve-se quem souber, porque poder ninguém poderá mais.” ❉

Exposição Smetak Imprevisto, 9 de outubro a 11 de janeiro no MAM-SP Curadoria: Arto Lindsay e Jasmin Pinho

Anton Walter Smetak nas ceu em 1913, em Zu ri que, Suíça. Estu dou no Mozarteum de Salz burgo, Á ustria, e diplo mou-se em Vie na como con cer tis ta de vio lon ce lo. Em 1937 veio para o Brasil con tra ta do pela Rádio Farroupilha de Por to Ale gre. Tra ba lhou na Or ques tra Sin fô nica do Rio de Ja neiro, e em di ver sas rádios. Foi para São Paulo em 1952 e, em 1957, rece beu con vi te do maes tro Koell reutter para par ti ci par como pro fes sor dos Se mi nários de Música da Uni versidade Fe deral da Bahia. Na turalizou-se bra si lei ro em 1968. Viveu até 1984 35 ARC DESIGN


O DESIGN DA PEQUE NA SÉRIE O designer inglês Peter Marigold visitou o Brasil para participar de seminário durante a mostra Casa, Arte e Design (CAD), onde falou do novo design, mais próximo à arte, e mostrou as muitas faces do seu trabalho. Imprevisíveis, suas concepções recriam móveis tradicionais, que podem ser utilizados das mais diferentes maneiras Julia Garcez

No alto da pági na, o jovem desig ner Peter Mari gold. À esquer da, pra te lei ras Split Box mon ta das com nichos for ma dos por mol du ras em madei ra, com ângu los inter cam biá veis, de diver sos tama nhos e for ma tos; acima, deta lhe de cons tru ção dos ni chos. Na pági na ao lado, biom bo Yield Screen, mó vel em esca mas de euca lip to com mol du ra em car va lho

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Em um cenário muitas vezes marcado pela monotonia, pela previsibilidade e pela repetição de fórmulas, o inglês Peter Marigold é um jovem representante de uma nova forma de pensar o design. Com 34 anos e recémformado em design de produto pelo Royal College of Art, ele, antes graduado em escultura e cenógrafo teatral por anos, combate os padrões regulares impostos pela produção em massa e busca, como faz questão de frisar, “os objetos dentro dos objetos”. Esqueçam os tradicionais cantos em 90 graus. Fascinado por geometria, Marigold subverte a tradição e propõe um sistema de amplas possibilidades, em que os ângulos resultantes de uma peça cortada em quatro, quando invertidos, formam outro corpo de 360 graus: é o objeto dentro do objeto. Suas criações assumem diferentes funções ou tipologias, como estantes, prateleiras, mesas, bancos ou armários, montadas de diversas formas e em sintonia com os hábitos mutantes de nossa época. “Sou obcecado por mudança e movimento, não me satisfaço com o que é estático”, afirma. “A produção industrial impõe uma regularidade que não é natural e não condiz com um universo de formas tão diferentes.” Marigold adora trabalhar com madeira – “material bizarro, que brota da terra e oferece possibilidades quase infinitas”, e se vale das potencialidades desta e de outras matérias-primas “fáceis de manipular”, como metal e borracha. Já teve suas criações expostas no Design Miami e no Salão do Móvel de Milão, mas lamenta que o mercado, em geral, seja tão reticente a mudanças e a novas proposições. “É difícil convencer os grandes produtores a realizarem projetos inovadores”, diz. “Mas pretendo produzir objetos interessantes e não me fecho às boas propostas dos fabricantes.” Não por acaso, ele consegue equilibrar o trabalho com galerias – como a Libby Sellers, em Londres – e com grandes produtores de móveis, como a Movisi. Com o coletivo Okay Studio, ele exercita a criatividade em produções individuais e a capacidade de dividir espaço – e projetos – com Acima, Ellipse, e o modo sim ples de aumentar a su per fí cie da mesa: tampo em tábuas de ma dei ra que pode ser aber to com movi mento panto grá fi co e “pre en chido” com novas tá buas; no al to, à di reita, estante Make/Shift com módu los que po dem ser agru pa dos de di versas for mas; ao la do, Oc tave, estante que usa o mesmo con ceito da Split Box

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oito colegas. Assim como Marigold, muitos designers estão se “descolando” da indústria que produz em larga escala para se dedicar às pequenas tiragens, que permitem exercer a capacidade de experimentação, e de inovar com maior liberdade. ❉


DESENHANDO PARA A INDÚSTRIA O Projeto Design Futures é o primeiro resultado da parceria entre o SENAI e o Instituto POLI.design. O objetivo é aumentar a competitividade do produto brasileiro, reforçando e disseminando pelo Brasil uma nova visão sobre a importância do de sign para o nosso desen vol vi men to indus trial e social

Da Redação / Fotos André Gomes O POLI.design, junto com a escola de design do Politécnico de Milão, fornece assessoria a entidades e escolas de diversos países, no âmbito da formação e da pesquisa universitária em design. Assim, o projeto de capacitação orientado pelo POLI.design permitirá ao SENAI oferecer novos serviços de consultoria para diversos setores industrias. O processo tem foco inicial em três segmentos: empresas de mobiliário em Santa Catarina e no Paraná; setor de couro, calçados e artefatos na Paraíba e no Rio Grande do Sul; moda, no Rio de Janeiro. Como o SENAI atua em rede, o conhecimento adquirido nesses Estados será repassado para os demais. A equipe do POLI.design atuará, ainda, em conjunto com o SENAI para o desenvolvimento e a revisão de cursos de graduação, pós-graduação e produção de pesquisas em design, além do Portal SENAI Design, que traz referências globais para inspirar produtos com identidade brasileira. Inaugurado em 30 de novembro, com seminário organizado pelo SENAI/CETIQT, os objetivos e as proposições do Design Futures foram tema de palestras do presidente do POLI.design, Giuliano Simonelli; do diretor científico do Politécnico de Milão e presidente do INDACO (Industrial Design, Arts, Communication and Fashion), Arturo Dell’Acqua Bellavitis; do diretor-geral do SENAI, José Manuel Aguiar Martins; do presidente do Conselho Técnico-Administrativo do CETIQT (Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do SENAI), Antonio Cesar Berenguer, e de seu diretor-geral, Alexandre Rodrigues ❉

Acima e abaixo, ves ti dos e cha péus em fel tro, pri mei ro resul ta do da par ce ria do SE NAI/CE TIQT, Rio de Janeiro, com o POLI.Design, Con sorzio del Poli tecnico di Milano


Nova sensação de Londres, o res tau rante asiá ti co Inamo inaugu ra um novo conceito para o segmento. A casa dispõe de menu eletrônico projetado sobre as mesas, para que os clientes possam, a um simples toque, consultar o cardá pio, fazer seus pedidos, praticar games ou até chamar um táxi. O layout colorido e o décor do ambiente são assinados pelo escritório de design Blacksheep. www.inamo-restaurant.com

Misto de mesa de computador e esteira elétrica, a Walkstation, da Steelcase, permite juntar trabalho e malhação – desde que haja concentração suficiente para isso. Além de melhorar o condicionamento físico, o fabricante destaca que o uso do produto em escritórios pode reduzir os custos de empresas com planos de saúde. www.steelcase.com

A cada edição, ARC DESIGN trará um repertório de objetos destinados a diversos segmentos, em que a melhor performance é garantida por desenho funcional, plasticidade, tecnologia... e muita originalidade

O celu lar Aura, da Motorola, tem design futu rístico e é o pri mei ro do gênero a contar com uma aber tu ra circu lar. Em fibra de car bono, ele pesa apenas 140 gra mas e possui visor com 16 milhões de cores. www.motorola.com

Nova vida para pratos e xícaras de porcelana quebrados. A norte-americana Jessica Lee produz belas jóias e bijoux a par tir desses materiais, todas feitas à mão sob inspiração do padrão original da porcelana reaproveitada. As criações da artista plástica podem ser encontradas na boutique on-line Zanisa. www.zanisa.com

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Não deixe uma tempestade estragar seus sapatos. Colorida e estilo sa, a Shuella é uma bota de chuva que pode ser usada por cima dos cal çados. E mais: é dobrá vel e cabe direi ti nho na bolsa das meninas mais antenadas. Difícil é querer tirar do pé depois que o aguacei ro passar. www.shuella.com

Um luxo para poucos. A fabricante de produtos eletrônicos Ego Lifestyle e a gigante dos carros de luxo Bentley selaram parceria para criar o Ego for Bentley, notebook produzido em edição numerada e limitada a 250 unidades. O aparelho tem formato de uma bolsa e as cores mais procuradas do automóvel. Em couro, tem acabamento à mão e detalhes em ouro branco. www.ego-lifestyle.com

Quer iluminação com estilo, cor e respeito ao meio ambiente? Experimente a Glow Brick. Após captar energia solar durante o dia, a lâmpada oferece até oito horas de iluminação à noite, sem gastar nada de energia elétrica. É que, ao acabar a energia, basta recarregar a Glow Brick para a luminária brilhar novamente. www.suck.uk.com

Lançamento da HP, o iPAQ Data Messenger é um Smartphone 3G repleto de funcionalidades: tela touch screen de 2,8 polegadas, teclado alfanumérico deslizante, Wi-Fi, bluetooth 2.0 e GPS. Com design sóbrio, moderno e elegante, o apa relho pode ser usado tanto no traba lho quanto no lazer. www.hp.com

Para cima, para baixo, de um lado e do outro, de cabeça para baixo... Nenhum movi mento der ruba esses copos de plástico colorido, que têm base magnética para mantê-los firmemente equilibrados sobre uma bandeja metálica. Boa pedida para diver tir os convidados! www.wowcoolstuff.com

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A customização chegou às panelas. A Doural trouxe da França a marca Cristel, com cabos e alças removíveis em várias cores, para tirar a cozinha da rotina. Tal recurso permite ainda que se adapte a panela a diferentes situações, dotando-a apenas de alças, do cabo, de uma alça com o cabo ou o que a necessidade exigir. Fáceis de armazenar por sobreposição, são de inox e têm opção com tampa de vidro. (11) 3328 6228, www.doural.com.br

A cario ca Obggi propõe um mix de objetos e utilitários descolados, com ênfase para a cozinha. Em seu novo espaço, na rua Carlos Góis, 234, Leblon, os arquitetos Estefano Alonso e Luciano Magalhães selecionam peças criativas e irreverentes em diversos materiais e estilos, a exemplo deste pegador de salada Mãos. (21) 2512 2082, www.obggi.com

Preparar massas caseiras é um antigo hábito hoje resgatado também pelos chefs amadores. Um apoio e tanto nessa aventu ra doméstica é a Atlas 150 Wellness, da Imeltron, com cilindros especiais de alumínio que garantem segurança e eficiência no preparo de tagliarini, spaghetti, tagliatel le e lasagne. (19) 3783 9797. www.imeltron.com.br

A fruteira com propriedades de um minirefrigerador conser va frutas e verduras fresquinhas para o consumo. A boa idéia é da jovem designer paranaense Patrícia Pereira, que propõe um aparelho, prático, benéfico à saúde e muito funcional, com seu controle de temperatura e compar timentos individuais. Só falta mesmo um fabricante disposto a colocá-lo de vez no mercado. (41) 8416 0902


Flavour Shaker é o misturador de temperos criado pelo chef Jamie Olivier, que tritura, mistura e esmaga especiarias para manter íntegros sabores, aromas e propriedades nutritivas de ervas, especiarias, alho, nozes, cítricos... Basta colocar os ingredientes em seu interior, para que, com movimentos firmes, a bola cerâmica faça o resto. Rende uma por ção de molho ou ma ri nada. (11) 3073 0333

A ita lia na Snips desenvolve, a Full-Fit impor ta e a Villa Cucina comercializa este escorredor de louça para lá de bem resolvido: fechado, libera espaço na pia, aber to permite organizar vários utilitários de forma segura e racional, sem abrir mão da estética. (11) 5181 5961, www.fullfit.com.br


A carioca Maria Filó chega a São Paulo com toda a feminilidade própria de sua marca. Sua almejada mulher sensorial para 2009 desfila roupas e acessórios com estampas e cores tropicais, trabalhadas por laços, babados, plissados, pregas e muita sofisticação. Prova disso é a bolsa de couro com detalhes em camurça, criação de Tatiana Calvano. (11) 3823 2880, www.mariafilo.com.br

Hilea é a marca que a consultora de design Débora Laruccia criou junto com comu nidades de artesãos da Região Amazônica, com as quais implementa proje tos de desenvol vi mento sustentá vel. Móveis, uti litá rios e jóias ganham traçado contemporâ neo, sempre fiel às téc nicas e saberes locais. Assim, surgem, entre outras, peças como esse colar em semente de açaí, e pul sei ras em casca de coco lapidada, todos com deta lhes em prata. (11) 3063 5026, www.hileadesign.com.br

A nova coleção de Sarah Chofakian busca na arte contemporânea sua fonte de inspiração. Tons, formas e motivos contrastantes dão vida a 45 modelos de cores for tes e for mas arredondadas, uma caracterís ti ca da desig ner. Caso da sapati lha Cor, em peli ca com apli cação de tecido estampado. (11) 2081 3164, w w w. sa r a h c h o fa kian.com.br

Ando Feltrando é a mostra da Thrisklee Design de Jóias, loja de Lorena Artioli, que vai até o Natal e tem no feltro a sua maior atração. São biju terias, jóias, acessórios e até dredes feitos à mão por artistas como Renata Porto, Michael Striemer, Marina Garcia, Maria Mitre, Gianina Marques, Daniela Figueroa e Carolina Pedroso. (11) 3071 3769, www.thrisklee.com.br

Um mix de referências marcantes está na coleção de Carlos Miéle para o Verão 2009 da M.Officer. Entre ousadias atuais e revivals dos estilos 1950, 1960 e 1970, destaque para o romantis mo de babados, camadas e drapeados, em tons de cin za e lilás, de rosa e azul, no esfor ço de mime tizar os anos dourados, Grace Kelly e Audrey Hepburn. 0800 55 31 65, www.mofficer.com.br


Sonhe... Imagine... Crie...

a

Design de superfície

Quando se fala em exclusividade, uma das alternativas é a personalização. Personalização nos leva as mais variadas especificações de materiais disponíveis no mercado, como por exemplo uma bela estampa de uma nova coleção ou um revestimento diferenciado. Indo além disso, uma criação exclusiva do seu projeto por vezes se torna inviável Sonhávamos... Agora quando pensar em personalização você PODE pensar desde um tecido para uma poltrona à por exemplo um tampo de mesa com espessura de até 5,00 cm, impresso com qualidade industrial, contando com a sua criação como inspiração. Não pare só no tecido ou na madeira, SONHE também em azulejo, vidro, granito, couro, plástico, acrílico, alumínio, aço.... IMAGINE as paredes do quarto, do banheiro, a mesa do escritório, e objetos diversos com a SUA criação. CRIE, sem limites para realizar.

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TEC NO LO GIAS PARA O CON FOR TO Con cur so resul tan te da par ce ria entre duas gran des empre sas, o Grupo Mueller, for ne ce dor de peças em plás ti co para a indús tria auto mo bi lís ti ca, e a Fiat Automóveis, Talentos do Design pre miou pro je tos ino va do res do dese nho indus trial bra si lei ro Da Redação

A Plásticos Mueller detém a preferência de praticamen-

de Lorenzo Ramaciotti, da Fiat Itália, e dos designers

te todo o setor automobilístico para a produção de

Anísio Campos e do americano Daniel Simon, que deu

peças para o interior dos carros – e agora também para

uma surpreendente aula de “fanta-ciência”.

o exterior, como é o caso de um novo teto solar. Poderia

O designer vencedor do concurso foi Rubem Floriani,

se dar por satisfeita com a qualidade alcançada. Mas é

com o projeto “Fluid”, seguido de Williane Oliveira, com

maior a ambição da empresa e de Esther Faingold, CEO

“Interactive”. Na categoria escritórios de design, o ven-

do Grupo Mueller. Além de criar o Hangar 44, estúdio

cedor foi o estúdio Tipo D, com o projeto “Compass”.

dedicado aos projetos a serem implantados por sua

O projeto “Fluid” prevê nova interface para o interior

indústria (veja ARC DESIGN 62), acaba de premiar

dos carros, com a substituição do volante e dos pedais

designers independentes e estúdios que apresentaram

por “side sticks”. O estúdio Tipo D apresentou, por suas

idéias inovadoras, algumas futuristas, para o interior

unidades de Brasília e Florianópolis, uma proposta bem

dos carros.

conceituada que relaciona design automotivo a design

A premiação foi seguida do 1º Seminário Internacional

de produto, abrindo novas perspectivas para o interior

Fiat Design, com o tema “Arquitetura do Interno para a

dos automóveis.

Geração do Novo Milênio”, do qual participaram Peter

Os estúdios Vanguard Design, Cacau e Breder recebe-

Fassbender, diretor do Centro Estilo Fiat Brasil, além

ram menções honrosas e a designer Williane Oliveira ficou com o segundo lugar na categoria Designer. Quais as tendências predominantes delineadas pelo resultado do concurso? Conforto, flexibilidade e estética. ❉

No alto da pági na, Williane Oliveira, BH, usa diver sas refe rên cias, como o robô, e pro põe con cei to “inte rac tí vel”, com novos mate riais e pro cessos. À esquerda, “Fluid”, de Rubem Flo ria ni, RJ, ven ce dor na cate go ria Pro fissio nal: mini ma lis mo, flui dez nas for mas e uso de “side sticks”


Acima, pro pos ta da Vanguard Design: pai nel de ins tru men tos que pro cu ra esta be le cer novo pata mar de fle xi bi li da de de uso. Numa visão futu ris ta, seria possí vel reco lher os co man dos e, com recur sos holo grá fi cos, modi fi car o am bien te. Abaixo, pro je to ven ce dor na cate go ria Escri tó rio de Design, Tipo D cor re la cio na pro je to de inte rior dos car ros a pro je to de pro du to, sina li zan do novas pers pec ti vas Acima, o estú dio Breder, de Belo Ho rizonte, que rece beu men ção hon ro sa, pro põe esti mu lar os sen ti dos pa ra maior inte gra ção ho mem/máqui na

Acima e ao lado, projeto do estúdio Cacau, SP. Flexibilidade de uso é o principal objeti vo da proposta: por meio do intercâmbio de componentes, é possível adaptá-los a necessidades diversas


ELLEN LUPTON

DESIGN PARA TODOS Para a norte-americana Ellen Lupton, referência mundial em design gráfico e tipografia, o desenvolvimento tecnológico não empobreceu o trabalho dos designers. Ao contrário de nove entre dez profissionais do segmento, ela acredita que as novas tecnologias e a disseminação dos programas de edição contribuíram para valorizar e democratizar a atividade. Autora do já clássico “Pensar com Tipos”, curadora de design do museu Cooper-Hewitt, em Nova York, e diretora de dois programas de pós-graduação nos Estados Unidos, Lupton veio ao Brasil para o lançamento de “Novos Fundamentos do Design” (Cosac Naify), escrito em parceria com Jennifer Cole Phillips, e ministrou concorridas palestras na Livraria Cultura e na ESPM. Confira abaixo entrevista exclusiva à revista ARC DESIGN Julia Garcez


Acima, à esquerda, textura criada sem o uso do computador: um dos exemplos de exercício feito com alunos e ilustrado em ”Novos Fun da men tos do Design”. Ellen Lupton e Jennifer Cole Philips revisitam neste livro o bê-á-bá do design, enfocando temas como ponto, linha, plano, ritmo, equilíbrio, mo du la ridade, à luz das mudanças tecnológicas e da sociedade global. Já no livro “Pensar com Tipos”, Ellen aborda a tipografia, aliando in ves tigação teórica a exemplos práticos

ARC DESIGN – Enquanto edu ca do ra e vete ra na no seg men to, que

objetos e suas próprias mídias. Acompanhamos a ascensão de

mudanças enxerga no ensino do design e que tipo de formação

sistemas de autopublicação, blogs, programas de compartilha-

deve buscar o futuro profissional?

mento de imagens digitais, redes educacionais e muito mais.

ELLEN LUPTON – O ensino é hoje inteiramente diferente de

Todos esses impulsos sociais estão relacionados ao design,

quando eu era estudante. Naquela época, trabalhávamos com

pois as pessoas se sentem mais encorajadas a criar sua marca

fotoletras e réguas de medidas tipográficas organizadas à mão!

registrada e a falar por si.

Atualmente, os estudantes necessitam se preparar para uma série de mudanças ao longo de suas carreiras. Portanto, as esco-

AD – Com a difu são dos soft wa res e dos conhe ci men tos sobre

las precisam ir além das “ferramentas de mercado” e ensinar

design, em tese todos podem se tornar designers gráficos. Como

também a ser curioso, aprender coisas novas, ser crítico, flexível

os profissionais podem fazer diferença no mercado de trabalho?

e criativo. Devem ensinar os alunos a ser bons comunicadores, a

EL – Aprender a pro du zir design de alta qua li da de exige muita

falar e escrever sobre o próprio trabalho, e também a colaborar

prática e sofisticação visual. Conforme os designers amadores

com outros profissionais. O design é uma atividade social.

vão se aperfeiçoando, eles tendem a apreciar melhor o trabalho dos profissionais. Há 25 anos, apenas profissionais do ramo

AD – Quais os prin ci pais desa fios que os desig ners enfren tam

sabiam o que era uma fonte. Hoje, qualquer pessoa que tenha

hoje? Seria tornar o design uma atividade cada vez mais aberta

um computador sabe o que é isso. Portanto, há um mercado

e democrática?

maior e uma consciência cultural maior do valor da tipografia.

EL – Um gran de desa fio é con se guir acom pa nhar as mudan -

Se minha mãe, por exemplo, consegue compreender o que é

ças na tecnologia e na economia, e outro é tornar nossa prá-

design, isso é bom para a profissão. A melhor maneira de as

tica profissional cada vez mais sustentável. Os designers con-

pessoas entenderem alguma coisa é experimentando. Ninguém

tribuíram muito com o sistema industrial desperdiçador que

aprende a cozinhar somente freqüentando restaurantes – é

agora causa tantos problemas. Atualmente, assistimos a um

preciso ir para a cozinha! A partir das experiências culinárias

movimento, em várias frentes, no qual as pessoas criam seus

próprias, é possível ter um conhecimento maior das habilida49 ARC DESIGN


des e da criatividade necessárias para elaborar os pratos ser-

nista, mas vem trilhando um caminho bem mais inclusivo e

vidos nos restaurantes. E o mesmo ocorre com o design.

acessível nos últimos anos. No mundo inteiro, os designers usam ferramentas similares e criam uma cultura comum por

AD – Como o desen vol vi men to de tec no lo gias móveis impac tou a

meio de sites como o Flickr. Eu encorajo meus alunos a expres-

atividade dos designers e de que forma estes devem preparar

sarem suas identidades culturais. Mas, ao mesmo tempo, eles

para trabalhar com elas?

aprendem também uma linguagem que é compartilhada. Às

EL – Tecnologia móvel não sig ni fi ca nada além de, lite ral men -

vezes, pode ser mais interessante descobrir o que torna as

te, colocar informação nas mãos das pessoas. Portanto, o

pessoas iguais do que se concentrar no que as diferencia.

design para esses meios tem de ser cada vez mais focado no usuário final e cada vez menos na personalidade do designer.

AD – Que ele men tos o desig ner grá fi co deve dis por para alcan -

Os aparelhos móveis são pequenos, não há espaço para errar.

çar uma boa cria ção? EL – Os designers devem refletir sobre o que estão tentando fazer

50 ARC DESIGN

AD – O livro “Novos Fundamentos do Design” esmiúça os princi-

ou dizer com seu trabalho, que não é apenas um exercício visual

pais conceitos da profissão e apresenta exemplos feitos por

e tem uma função no mundo. Às vezes, os designers lançam mão

estudantes do mundo inteiro. Como conciliar tantos repertórios

de clichês como gradações e sombras, pois não têm a mínima

diferentes na produção do bom design, existiria algum tipo de

idéia do que estão fazendo. Outras vezes, porém, eles usam esses

“linguagem universal” a ser perseguida?

elementos visuais para separar informações e dar ênfase maior à

EL – Todos temos uma cultura e experiência pessoal próprias e,

mensagem que desejam transmitir. Uma das minhas máximas é:

ao mesmo tempo, fazemos parte de uma sociedade global. O

“Pense mais; desenhe menos”. Qualquer técnica é potencialmente

design tem sido “global” desde que nasceu o movimento moder-

mais útil se tiver uma boa reflexão por trás. i


Nas duas páginas, exemplos do livro “Novos Fundamentos do Design”, on de são apresentados os recursos de trans pa rên cia, ritmo, figu ra/fundo e so bre po si ção de elementos gráficos a foto gra fias


COM JEITO DE LOFT

O ambiente de estar defi ne-se por peças de design, pran cha de alve na ria na late ral do living, fotos enqua dra das de Beto Consorte e ta pe te tex tu ri za do da Gaia. O plano de pouca altu ra dos móveis de famí lia, assi na dos, e de outros adqui ridos na Mi Casa, auxi lia o per fil mi ni ma lista do espa ço, inun da do de luz pelas largas aber tu ras das jane las

52 ARC DESIGN


A atmosfera é a de um loft, mas na verdade se trata de um apartamento típico dos anos 1960. Os moradores, aficionados por design, escolheram para repaginar os 350 metros quadrados disponíveis o arquiteto Francisco Calio, que readaptou estruturas remanescentes e concebeu outras, a fim de alcançar modernidade para os móveis assinados que há anos acompanham a família Cristina Teixeira Duarte / Fotos Fran Parente


Long Chair, de Charles Eames; Ball Chair, de Eero Aarnio; mesa Saarinen, de Eero Saarinen; lumi nรก ria Arco, de Achille Castiglioni. Itens do melhor design que fazem toda a dife ren รงa. Uma bomba de gaso li na ancestral e mesa de bilhar sob lumi nรก ria dese nha da por Francisco Calio, e exe cu ta da na empresa do pro prie tรก rio, acres centam origi na lida de ao ambiente


Com amplas áreas de convívio e setores privativos, o apartamento conta com bancada central, que foi repensada para dividir o espaço e abrigar armários e um pequeno bar. A prancha de alvenaria que percorre toda a lateral da sala recebe na face inferior nichos ora abertos, ora fecha dos para orga ni zar obje tos


Grandes vãos, tanto das jane las quan to dos aces sos a outras áreas – home thea ter, dor mi tó rios, hall, cor re dor com expo si tor de livros –, refor çam a inte gra ção pro por cio na da pela cozi nha tipo ame ri ca na, assim co mo a dis po si ção lon gi tu di nal da mesa de jan tar, junto à ban ca da azu le ja da da pia. Vale des ta car a cria ção de um home offi ce infor mal, a par tir da colo ca ção da mesa Saarinen, pró xi ma à es tan te que divi de o living do hall de entra da

De qual quer ângu lo, a inte gra ção é total, gra ças a aces sos aber tos e fecha dos por por tas tipo cama rão, que pro mo vem a comu ni ca ção entre os espa ços

56 ARC DESIGN


Grande living, home offi ce pró xi mo à mesa de bilhar, hall de entra da atrás da estan te e mesa de tra ba lho, cor re dor de acesso à ala ínti ma com cole ção de livros raros. E a sur presa: na pare de for ra da em lona de cami nhão, enfei ta da por gui tar ra


12/2/08

2:09 PM

Page 58

SEM LIMITES PARA CRIAR

Fran Parente

Beto Consorte

tryptique final

Acima e na página ao lado, fachada da agência Loducca, São Paulo, e vista do espaço entre a fachada e o prédio


12/3/08

5:08 PM

Page 59

Beto Consorte

Beto Consorte

tryptique final

Os quatro sócios do escritório franco-brasileiro se conheceram na faculdade, e trabalham juntos desde então. Da esquerda para a direita: Gregory Bousquet, Carolina Bueno, Olivier Raffaelli e Guillaume Sibaud

Com projetos autorais e diversificados, o escritório franco-brasileiro Triptyque Arquitetos aposta em uma arquitetura livre, que não se prenda a padrões preestabelecidos e dialogue com o contexto à sua volta. Vencedor de prêmios no Brasil e no exterior, o escritório tem quatro jovens integrantes, busca maneiras inovadoras de ocupar o espaço e é um dos nomes mais festejados da atualidade


tryptique final

12/2/08

2:09 PM

Page 60

Acima, maquete do prédio na rua Fidalga, em São Paulo, na Vila Madalena. Com fachada assimétrica, o projeto investe na customização e traz apartamentos com metragens variadas, que podem ser montados de diferentes formas e se adaptam às diferentes necessidades de cada comprador

Julia Garcez

60 ARC DESIGN

“Triptyque” é a palavra francesa para tríptico, antiga obra

O quarteto se conheceu nos anos 1990, na Escola de

de arte cristã na qual três pinturas se unem e comple-

Arquitetura de Belas Artes de Paris. Primeiro tornaram-

mentam por meio de uma moldura tríplice. Tal como o

se amigos, depois sócios, sempre motivados pelo

espírito deste vanguardista escritório de arquitetura for-

sonho de produzir “uma arquitetura linda, emocionan-

mado pelos franceses Guillaume Sibau, 35, Gregory

te, que fizesse sentido em novos mundos”. Inspirados

Bousquet, 35, Olivier Raffaelli, 35, e pela brasileira Caro-

pelas idéias do francês Jean Nouvel, para quem o “esti-

lina Bueno, 34. Fundado em 1998, o Triptyque Arquitetos

lo” dá lugar a um contexto mais amplo a ser explorado

acredita que todas as partes devem trabalhar juntas na

de forma irrestrita, reuniam-se para desenvolver proje-

materialização dos projetos. Procura, desde então, sur-

tos, participar de concursos, jogar-se em experimentos

preender a cada empreitada e fazer o que ainda não exis-

e viagens, até criar, na Europa, o Triptyque Arquitetos.

te. Responsável por projetos que ficaram imediatamente

O escritório cruzou o oceano no ano 2000, quando bus-

famosos – como os edifícios Fidalga e Harmonia, expos-

cou horizontes inexplorados para erguer sua própria

tos na última Bienal de Arquitetura de Veneza –, o escri-

arquitetura. Para tanto, escolheram o Brasil e sua imen-

tório sediado em São Paulo é um dos mais promissores

sa diversidade cultural que, ao contrário da França, tem

da nova geração. Foi inclusive um dos vencedores do

ainda muito por fazer. Depois de um período no Rio de

Naja 2008 (Novos Álbuns de Jovens Arquitetos e Paisa-

Janeiro, instalaram-se em São Paulo, cidade que esti-

gistas, em francês). Concedido pelo Ministério da Cultu-

mula um questionamento permanente, levando os ar-

ra da França, o prêmio abre a possibilidade de participar

quitetos a projetos abertos, que buscam uma interliga-

do concorrido mercado de arquitetura pública do país.

ção particular para expressar o lugar em que estão.


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2:09 PM

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Fotos Nelson Kon

tryptique final

Ao lado e abaixo, prédio da rua Harmonia, também na Vila Madalena, reflete a preocupação do escritório com o meio ambiente. O edifício tem fachadas cobertas por vegetação e conta com um complexo sistema de drenagem e reutilização das águas da chuva e do solo


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Beto Consorte

tryptique final


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2:09 PM

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Beto Consorte

tryptique final

Desde suas primeiras incursões na cidade, o quarteto propõe uma abordagem autoral e diversificada, em projetos únicos e customizados, que se harmonizam com

Fran Parente

Na página ao lado, interior da boate Museum, SP; acima, estante Treme-Treme, em madeira, um dos primeiros projetos do escritório; abaixo, agência Bullet, projeto que foge do aspecto asséptico comum aos locais de trabalho e conta com uma área de relax e um tramado em rede, suspenso, com muitas almofadas

elementos naturais e climáticos. Na sede da agência Loducca, nos Jardins, havia um ambiente cheio de sol e barulho. Propuseram uma fachada tipo brise em madeira resistente ao passar do tempo, capaz de se afastar ou se aproximar da edificação, de acordo com a incidência de luz solar e de ruído. Já o Edifício Harmonia funciona como um complexo ecossistema, tantas são as soluções de eficiência ambiental. Nesse e em outros projetos, o escritório procura reencontrar o sentido da geografia no local em que atua, e recuperar na metrópole alguns prazeres típicos do campo. Com uma arquitetura tipicamente brasileira – apesar das origens e da formação francesas –, os jovens profissionais têm nas premiações e no reconhecimento de seu trabalho um sinal de que estão no caminho certo. Em tempos de crise, de falta de ousadia e de apelos neoclássicos, nunca é bom perder a sede de inovar. ❉ 63 ARC DESIGN


Roma Editora, Projetos de Marketing Ltda.

Apoio:

Diretoria Maria Helena Estrada Cristiano Barata Fernanda Sarmento REDAÇÃO

Apoio Institucional:

Editora Geral Maria Helena Estrada Chefe de Redação Cristina Teixeira Duarte Redatora Julia Garcez Revisora Jô A. Santucci ARTE Projeto Gráfico Fernanda Sarmento

ARC DESIGN Rua Lisboa, 493 – CEP 05413 000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: + 55 (11) 2808 6000 Fax: + 55 (11) 2808 6026

Editora de Arte Betina Hakim Designers Ana Beatriz Avolio Ana Cristina Cintra Estagiária Maysa Leandro Produtor Gráfico Mario Rayel Participou desta Edição Fernando Perelmutter Comercial e Marketing Cristiano Barata Bruna Lazarini (estagiária) Publicidade Christiane de Almeida Sandra Pantarotto

Editora mh@arcdesign.com.br Redação editora@arcdesign.com.br redacao@arcdesign.com.br Arte arte@arcdesign.com.br Marketing cbarata@arcdesign.com.br Publicidade publi@arcdesign.com.br publi1@arcdesign.com.br Assinaturas assinatura@arcdesign.com.br

Circulação e Assinaturas Carmem Lúcia Madalosso Conselho Consultivo Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de ARC DESIGN para assuntos internacionais Pré-impressão Cantadori Impressão IBEP Distribuição Nacional Fernando Chinaglia Distribuidora S/A

Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista.

www.arcdesign.com.br


SUSTENT A ÇÃO SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA, DESIGN E URBANISMO

PRÊMIO AMBIENTAL UMA NOVA ESTRUTURA É POSSÍVEL

NO CAMINHO CERTO PROPOSTAS INOVADORAS PARA O MEIO AMBIENTE Quem investe em SustentAção:


PROPOSTAS PARA UM MUNDO NOVO Holcim Awards, com pe ti ção glo bal que esti mu la pro je tos de cons tru ção social men te res pon sá veis e ambien tal men te cor re tos, chega à se gun da edi ção e anun cia os ven ce do res da etapa lati no-ame ri ca na. Idéias bra si lei ras so bres saem-se e país tem três tra ba lhos pre mia dos e duas men ções hon ro sas

Da Redação A segunda edição do Holcim Awards América Latina aponta que, mesmo em tempos de crise, uma outra forma de construir é possível. A premiação concedida pela Holcim Foundation, que teve os resultados divulgados em outubro, na Cidade do México, contemplou 12 projetos de habitações sociais, eficiência energética e revitalização urbana que não dependem de investimentos ou tecnologias mirabolantes para serem executados. E o Brasil destacou-se. Além de ganhar os prêmios de prata e bronze, o país teve duas menções honrosas e ficou com o terceiro lugar na


Acima, pro je to de rein te gra ção urba na de uma fave la de Medellín, na Co lômbia. Vencedora do Gold Awards, a ini cia ti va da Empresa de Desa rollo Urbano pro põe a melho ria da infra-estru tu ra local e imple men ta ção de pro gra mas de desen vol vi men to social. Na página ao lado, ven ce dor da ca te go ria “Next Generation”, pro je to do arqui te to chi le no Alberto Fe ran dez Gonzalez obtém água para agri cul tu ra uti li zan do uma torre que capta a névoa cos tei ra “Camanchaca”

categoria “Next Generation”, que reconhece o talento

nas imediações, a midiateca tem tudo para se tornar

de jovens profissionais.

um ponto de referência da cidade.

Vencedor do Silver Award, o projeto da midiateca da

Já os ganhadores do Bronze Award, Maria Andrea

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Triana, Roberto Lamberts e Marcio Antonio Andrade,

(PUC-RJ), de Ângelo Bucci, da SBPR Arquitetos, cha-

do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações

mou a atenção do júri por reduzir significativamente o

(LabEEE) da Universidade Federal de Santa Catarina

consumo de energia de um local que exige um rigoro-

(UFSC), apresentaram uma solução que melhora a qua-

so controle climático. Para isso, a aposta foi em ele-

lidade de vida em favelas e áreas urbanas pobres. Os

mentos de design passivo, como isolamento térmico,

pesquisadores criaram uma torre multifuncional com-

janelas com proteção solar, ventilação e iluminação

pacta que permite coleta de água da chuva, armazena-

naturais. Frequentada tanto por membros da PUC-RJ

mento de água potável e aquecimento solar da água,

quanto por moradores da Favela da Rocinha, que fica

tudo isso ocupando um mínimo de espaço. 67 ARC DESIGN


Contemplado com men ção hon ro sa, pro je to do escri tó rio bra si lei ro Artetec Arquitetura prevê refor mas no Estádio do Maracanã e pro põe cons truir um esta cio na men to para 5 mil veí cu los sobre a malha fer ro viá ria. A iniciativa faz parte dos pre pa ra ti vos para a Copa de 2014


Projetada por Ângelo Bucci, da SPBR arquite tos, a midia te ca da PUC-RJ (acima) uti li za rá ele mentos de design passi vo, como iso la mento tér mi co e ilu mi na ção natu ral, para re du zir substan cial mente o con su mo de energia do edi fí cio

Apesar do ótimo desem pe nho do Brasil, porém, foi a Colômbia que levou o Gold Awards. A Em presa de Desarollo Urbano criou um amplo pro je to de rein te gra ção urba na para uma fave la de Me dellín, que pro põe a reno va ção e a amplia ção da rede viá ria e da infra-estru tu ra públi ca do local, incluin do ins ta la ções espor ti vas, ser vi ços de saú de e edu ca ção e pro gra mas de desen vol vi men to social. Prova de que cons tru ção sus ten tá vel não se apóia ape nas em “edi fí cios ver des” e na tec no lo gia de ponta, mas sim em boas idéias e diá lo go com quem está ao redor. ❉ 69 ARC DESIGN


VERDE URBANO A capital paulista já tem sua passarela verde, iniciativa conjunta da prefeitura de São Paulo e do Unibanco. Concepção do escritório Todescan Siciliano Arquitetura e execução da Fakiani Construções, o projeto, que liga a praça Eugene Boudin à rua Antonio Sabino, recebe piso de borracha reciclada, telhado de bambu, elevadores para portadores de deficiências, lâmpadas econômicas, lixeira para reciclagem, painéis de energia solar, calçadas permeáveis no entorno e jardim de espécies nativas. Queremos outras mais!

MENOS ÁGUA, MAIS LEVE ZA

PIONEIRISMO SUSTENTÁVEL

Estética, funciona-

BASF, é a primeira a ter seus produtos

lidade e economia de

atestados pelo LEED (Liderança em Ener-

água, a Linha Trio, da

gia e Design Ambiental), conceito do US

Docol, tem acabamento cromado

Green Building Council (Conselho de

em torneiras de mesa de bica alta e bai-

Construções Verdes dos EUA) para em-

xa, misturadores de mesa, bidê, chuveiro e ducha

preendimentos sustentáveis. A marca

higiênica. O sistema exclusivo de arejamento propor-

promove ainda a fabricação responsável

ciona jato mais agradável, além de evitar desperdícios,

do produto, também em conformidade

enquanto os volantes de três pontas se encaixam com

com as normas do LEED, quesito importante para algumas etapas

o desenho da bica. Em 184 pontos-de-venda e com 10

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CORREÇÃO NO PISO Ecostone é a linha de porcelanato ecológico da Eliane, feita com até 60% de massa reciclada de peças descartadas pela própria empresa, trituradas e usadas como massa. A novidade é fabricada ainda com 90% de água reaproveitada e 50% de economia de energia elétrica. São cinco tons, entre sépia, preto, branco, marrom, crema e bege, nos tamanhos 60 x 60, 30 x 60 e 45 x 90 cm. Pode ser usado em áreas externas e no revestimento de pisos, paredes e móveis para interiores. 4004 2971, www.eliane.com.br


PLASTICIDADE COM SUCATA Com peças já encontradas em lojas do porte da Zona D, Paulo Toledo teve um início quase instintivo, mas também baseado na pesquisa de diferentes materiais. E logo definiu estilo próprio, impresso em formas simples, muitas vezes determinadas pela natureza da matéria-prima. A coleção 2009, “Conteúdo-limite”, de bowls (foto), fruteiras, bandejas e cálices, e “Pangea”, de globos de ferro e aço vazados, é concebida com fragmento de sucata, que parecem flutuar ao se apoiarem uns aos outros. (11) 3895 5626, www.paulotoledo.com.br

MÓVEIS IMPECÁVEIS A coleção 2009 dos móveis Etel Carmona traz assinaturas de Claudia Moreira Salles, Lia Siqueira, reedições do polonês Jorge Zalszupin, a chegada de Ricardo Fasanello à marca, além de duas séries, da própria Etel, que prometem arrebatar, ao primeiro olhar. Maria Antonieta e Cacos têm edições limitadas de banco, mesa, cadeira, sofá e o aparador da linha Cacos (foto). Como um quebra-cabeça de pedaços reaproveitados de madeira, a peça forma um tecido único, assim como é única a sua estrutura construtiva. (11) 3064 1266, www.etelinteriores.com.br

FORMAS E MATERIAIS RECICLADOS Além de repensar a forma, o que já lhe rendeu muitos prêmios, o desig ner baia no Manuel Bandeira tem investido na pesquisa e pro-

DESTINAÇÃO DE PNEUS USADOS

dução de peças de

Empresa de ser viços automotivos, a DPaschoal recolheu para

apelo sustentável. Sua

reciclagem, de janeiro de 2007 a agosto deste ano, mais de

mais recente criação é a

5.900 toneladas de resíduos automotivos entre pneus, amorte-

“Penteadeira de Moça”, uma

cedores, discos, cilindros e 306 mil litros de óleo lubrificante.

releitura diver tida dos anti-

Em vez de irem para o lixo comum, esses resíduos automotivos

gos toucadores. Além da in-

são agora coletados e enviados a recicladores homologados por

terpre tação inesperada, a

órgãos ambientais, a fim de providenciarem descarte ou reuso

peça é feita em madeira de re-

adequados. A DPaschoal, que detém ISO 9001, recebe relatório

florestamento, devidamente

comprovando mensalmente a destinação correta dos materiais.

certificada. (71) 3346 0800,

www.dpaschoal.com.br

www.manuelbandeira.art.br 71 ARC DESIGN


EXPERIMENTADESIGN 2008 PAISAGEM HUMANA/URBANA Droog Design www.droog.com Experimentadesign www.experimentadesign.pt Nothing Design Group www.designnothing.com Ovo Design www.ovodesign.com.br Scott Burnham www.scottburnham.com Sunday Adventure Club www.sundayadventureclub.nl Urban Play www.urbanplay.org

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A BIENAL DA INDÚSTRIA Artemide www.artemide.com Bienal Brasileira de Design www.bienalbrasileiradedesign.org.br Fiat www.fiat.com.br Fibra Design Sustentável www.fibradesign.net Fucapi www.fucapi.br Keramos Atelier de Artes www.keramos.com.br

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