Revista Inox N° 45

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Associação Brasileira do Aço Inoxidável Jan./Abr. de 2014

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MERCADO

Linha branca muda de cor com aumento do uso do inox ENTREVISTA

Presidente da Ferbasa traça um panorama do setor

APLICAÇÃO Nas microcervejarias, os equipamentos em inox são os mais indicados



sumário

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entrevista ......................... 6

Inox consome cerca de 80% de ferrocromo da Ferbasa O diretor presidente e comercial da Ferbasa, Geraldo Lopes, apresenta panorama da empresa no mercado brasileiro do aço inox como maior fabricante de ferro ligas do país e única produtora integrada de ferrocromo das Américas

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tecnologia .............................. 12 Tarugos

Versatilidade do inox Conheça os processos de fusão de matérias-primas para obterChapas placas e tarugos de aço inox, bem como de laminação a quente

artigo ................................................................................. 10

Manual de aços duplex é lançado pela Abinox e IMOA “Orientações práticas para o processamento dos aços inoxidáveis duplex” é o título da publicação, traduzida para o português e agora disponível no site da Abinox para todos interessados

Aciaria

Aumenta o consumo do inox no Brasil Números de 2013 sinalizam aumento do consumo de aço inox na casa de 8,7%, em relação a 2012, no mercado brasileiro, segundo pesquisa da Abinox-Associação Brasileira de Aço Inoxidável. O dado é um dos mais importantes indicadores do mercado, mas está ainda muito longe das expectativas da indústria, segundo especialistas. Porém, o cenário ainda é positivo. A informação sobre o crescimento do consumo e produção do inox está em uma das notas da seção de notícias desta edição e as matérias, que compõem a revista, mostram casos que contribuíram para esse aumento, como o do crescimento da demanda pelo aço inox na indústria de eletrodomésticos da linha branca e nas microcervejarias, com a introdução do consumo de cervejas especiais, artesanais ou diferenciadas, no cardápio do brasileiro. Mas os aspectos que agiram na contramão do consumo, mantendo os números do inox ainda muito longe do esperado, também tiveram espaço nessa publicação, como nas anteriores. Geraldo Lopes, diretor presidente e comercial da Ferbasa, em entrevista exclusiva, apontou os

entraves para o mercado brasileiro, como a excessiva carga tributária, o alto custo da energia e da mão de obra e os graves problemas de logística do país, o que afeta a competitividade do inox brasileiro no mundo. Além disso, a revista traz dois artigos técnicos. Um deles, resultado da cooperação entre a IMOA (International Molybdenum Association) e a Abinox, que traduziu, com apoio da Villares Metals, a publicação: “Practical Guidelines for the Fabrication of Duplex Stainless” que, em português, recebeu o título: “Orientações práticas para o processamento dos aços inoxidáveis duplex”. O outro artigo é sobre o processo de fabricação do aço inoxidável nas etapas de aciaria e de laminação a quente, mostrando a versatilidade do material, as diferentes possibilidades, dimensões e composições químicas que permitem otimizar todos os processos de fabricação de placas, tarugos e chapas de aço inoxidável. Boa Leitura!

Paulo Ricardo C. Andrade, diretor executivo da Abinox


aplicação................... 14

Equipamentos em microcervejarias só em inox! Com o crescimento da produção de cervejas especiais vêm junto o aumento da utilização do inox . Isto porque, para respeitar as normas cervejeiras internacionais a recomendação é que todos os equipamentos sejam produzidos com o aço inox AISI 304

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Aumenta uso do aço inoxidável na linha branca No Brasil, o “reinado” do branco como acabamento dos eletrodomésticos da linha branca está prestes a se encerrar. Ou, no mínimo, a ser compartilhado com o aço inoxidável. Os fabricantes de eletrodomésticos que comercializam suas linhas no país reconhecem que existe uma mudança em curso. Veja opiniões dos fabricantes e da Aperam South America, principal produtor de aço inoxidável do país

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notícias inox..................................... 23

23 JAN / ABR 2014

Abinox e associados participam da Santos Offshore 2014; coberturas em inox é tema de palestra; cresce consumo de inox no Brasil; escória de ferroníquel é alternativa para o uso de misturas asfálticas; fachada da arena Allianz Parque, do Palmeiras, é toda em inox

Publicação da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – ABINOX Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1234 – conjunto 141 – CEP 01451-913 São Paulo-SP – Telefone (11) 3813-0969 – Fax (11) 3813-1064 abinox@abinox.org.br; www.abinox.org.br Conselho Editorial: Arturo Chao Maceiras, Jorge Durão, Roberto Guida, Osmar Donizete José e Maria Carolina Ferreira Coordenação: Paulo Ricardo C. Andrade (diretor executivo) Circulação/distribuição: Liliana Becker Edição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de Comunicação Rua Dr. Alberto Seabra, 1010, Conj. 12, Alto de Pinheiros, São Paulo-SP, telefone (11) 3675-0809; atelie@ateliedetextos.com.br; www.ateliedetextos.com.br Diretora de redação e jornalista responsável: Alzira Hisgail (MTb 12326)

Repórteres: Adilson Melendez e Eduardo Gomes Comercialização: Sticker MKT Propaganda Alameda Araguai, 1293, conjunto 701 – Centro Empresarial Alphaville Barueri - SP – CEP 06455-000 – www.sticker.com.br Diretor: Antonio Carlos Pereira - caio@sticker.com.br Para anunciar: (11) 4208-4447 / 4133-0415 - Dulce Josias Nery Junior (11) 99178-0930 - junior@sticker.com.br Edição de arte/diagramação: Vinicius Gomes Rocha (Act Design Gráfico) Capa: foto divulgação Aperam Impressão: Pauligrafi A reprodução de textos é livre, desde que citada a fonte.



Geraldo Lopes, diretor presidente e comercial da Ferbasa, traça um panorama das atuais dificuldades enfrentadas para a produção do aço inox no Brasil, bem como apresenta algumas soluções para o aceleramento do consumo do material e para um aumento da competitividade. A Ferbasa é a maior fabricante de ferro ligas do Brasil e única produtora integrada de ferrocromo das Américas, exercendo as atividades de mineração, reflorestamento e metalurgia. Hoje possui, segundo Lopes, a fábrica de ferrossilício mais sustentável do mundo, já que todos os seus fornos são equipados com filtros, além de utilizarem biorredutor renovável, produzido com 100% de florestas plantadas, de sua propriedade.

Fotos: Divulgação

entrevista

Mercado de aço inox consome cerca de 80% da produção de ferrocromo da Ferbasa Qual é a visão da Ferbasa sobre o mercado brasileiro de aço inoxidável? Basicamente, enfrentamos dois problemas: o baixo consumo per capita, se compararmos a outros países com padrões de renda similares ao do Brasil, e o nível alto de importação. Como consequência, temos uma produção de aço inoxidável aquém do potencial de mercado, situação que vemos como conjuntural, e não estrutural, embora isso já venha ocorrendo há alguns anos. Não acreditamos que um país como o Brasil, que possui todas as matérias-primas e domina a tecnologia de produção de aço inoxidável, possa continuar 6 INOX • JANEIRO/ABRIL 2014

convivendo com o atual nível de importação desse produto, oriunda, principalmente, de países que não dispõem de matéria-prima. É notório que isso acontece em função do custo Brasil, um reflexo da situação do câmbio, que entendemos fora de um patamar razoável, da excessiva carga tributária, e pelo alto custo da energia e da mão-de-obra, além dos graves problemas de logística, fatores que situam os nossos custos acima do que seria aceitável para termos competitividade em nível mundial. É claro que estas análises baseiam-se nos nossos custos do FeCr, cujas premissas acreditamos serem também válidas para o aço inox.


Na sua opinião, o que poderia ser feito para acelerar o consumo do material em nosso mercado? O problema é cultural e, como tal, difícil de mudar. No Brasil, valoriza-se muito a satisfação imediata, desprezando-se a visão de longo prazo. A exemplo, sabemos que a utilização do aço inoxidável nas construções eleva substancialmente o tempo de vida útil e, como consequência, elimina a necessidade de manutenção. Entretanto, mesmo diante dessas vantagens, numa cidade litorânea sujeita a um altíssimo índice de corrosão, como Salvador, onde vivo, praticamente não se vê aço inox em obras públicas ou privadas. Ao confrontarmos o consumo de aço inoxidável do Brasil com o resto do mundo, constatamos aqui uma grande distorção no consumo desse produto pelo setor de construção civil. Daí acreditarmos que o incentivo à utilização do aço inoxidável nesse segmento constitua a principal medida para a reversão do quadro, principalmente ante às excepcionais perspectivas de redução de custo a longo prazo, além da qualidade e durabilidade oferecidas pelo inox. Tente, por exemplo, comprar pregos ou parafusos de inox! Acaso encontre, os preços serão proibitivos e não guardam relação com os custos reais do inox. O cromo é elemento essencial na produção do aço inoxidável, pois é o responsável pela resistência à corrosão, principal atributo do inox. Para a Ferbasa, produtora de ferro cromo e outras ferro ligas, qual é a importância da indústria brasileira e mundial de aço inoxidável para os seus negócios? Cerca de 80% da nossa produção de FeCr é destinada ao mercado de aço inox. Levando-se em consideração que cerca de 60% do nosso faturamento está atrelado ao FeCr, torna-se fácil deduzir a importância da produção de aço inoxidável para a Ferbasa. Dados divulgados recentemente pelo ISSF - International Stainless Steel Forum apontaram para uma produção mundial de aço inoxidável, nos primeiros nove meses de 2013, de 27,9 milhões de toneladas, com aumento de 5,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Qual foi a performance da indústria mundial de cromo em 2013? E no Brasil? No ano passado, o consumo de aço inoxidável no mundo cresceu cerca de 6% quando comparado

“A Abinox pode exercer uma das mais influentes contribuições para o desenvolvimento do consumo do aço inox no Brasil, sobretudo porque a entidade conhece bem a realidade e os problemas que afetam o setor” com 2012. De acordo com dados divulgados pela CRU Group, no Brasil, o crescimento de 7% da produção de inox aumentou as nossas vendas em 14% no mercado interno. Isso evidencia que substituímos parte da importação de FeCr, ou seja, internamente as nossas vendas de FeCr superaram o crescimento da produção de aço inoxidável. Enquanto isso, a nossa produção manteve-se nos mesmos patamares alcançados em 2012, significando que as vendas realizadas implicaram na redução de estoque. Já a produção mundial de inox aumentou em 8,0%, para um aumento de consumo de 6,0%, refletindo no aumento dos estoques. A demanda mundial por aço inoxidável vem aumentando. Como este fato reflete na empresa? Nota-se grande distorção no crescimento mundial de aço inoxidável. Na realidade, nos últimos dez anos, quase todo o crescimento mundial esteve associado à China. Os demais países, como os EUA, os europeus, e mesmo o Japão e a Coreia, não têm elevado a produção de aço inoxidável ou, quando isso aconteceu, os índices foram irrelevantes. Em contrapartida, o crescimento da produção de aço inox na China veio atrelado ao seu crescimento interno de produção de FeCr, utilizando quase 100% de minério importado, o que acabou prejudicando o mercado de FeCr. Como consequência, a produção de FeCr praticamente só aumentou na China. Isso criou uma distorção no mercado, que contribuiu para manter os preços de FeCr num dos níveis mais baixos dos últimos anos. Contudo, apesar das circunstâncias pouco favoráveis, acreditamos que em algum momento teremos uma reversão deste cenário, pois, é pouco provável que a China continue produzindo FeCr com aproximadamente 100% de minério importado, além de utilizar carvão mineral importado na geração de energia elétrica, insumo importante na fabricação de JANEIRO/ABRIL 2014 • INOX 7


Florestas plantadas pela Ferbasa produzem 42.000 m3 de carvão/mês

FeCr, haja vista seus graves problemas ambientais decorrentes, principalmente, do uso intenso de térmicas a carvão mineral. Diante do atual panorama econômico brasileiro, quais as perspectivas de investimento da Ferbasa para 2014? Apesar das tantas incertezas ocasionadas pelo panorama econômico brasileiro, ou mesmo pela situação mundial e, mais grave ainda, a despeito das inseguranças relacionadas à situação energética do Brasil, visto que o maior componente de custo dos nossos produtos é a energia elétrica, o Conselho de Administração da Ferbasa aprovou para 2014 um plano de investimentos que entendemos como ambicioso, na ordem de 116 milhões de reais, o que mostra a crença da Companhia de que estes problemas irão passar. Em suma, é uma prova que acreditamos no nosso negócio.

mente, por fatores como o descompasso entre aumento salarial e a produtividade, a elevação da carga tributária, os graves problemas de logística que afetam todo o Brasil e o custo da energia elétrica. Em alinhamento com esses fatores, entendemos que a valorização do dólar no último ano ainda não foi suficiente para atingir um patamar razoável, em termos de equilíbrio com nossos competidores. A atual desvalorização do real foi neutra, pois veio acompanhada da desvalorização das moeda dos nossos competidores (África do Sul, Turquia e Índia). Logo, a nosso ver, uma solução plausível para o problema da competitividade passa por um intenso programa de otimização de custo, embora saibamos que, sem sombra de dúvidas, por mais relevante que seja, não será suficiente para contrapor os problemas estruturais anteriormente citados. A Ferbasa é uma das fundadoras do Núcleo Inox que deu origem à Abinox. Qual é, na sua visão, a importância de uma associação como esta para o desenvolvimento do mercado brasileiro do aço inoxidável? Evidentemente, a Abinox pode exercer uma das mais influentes contribuições para o desenvolvimento do consumo do aço inox no Brasil, sobretudo porque a entidade conhece bem a realidade e os problemas que afetam o setor, o que lhe confere maior capacidade para uma atuação forte, respaldada nos interesses comuns do segmento. A Abinox e seus associados têm desenvolvido ações de divulgação e promoção do aço inoxidável no mercado brasileiro. Como resultado deste

Quanto a Ferbasa espera crescer neste ano? Em março deste ano, inauguramos mais um forno de FeSi, o sexto dessa linha de produto, que adicionará mais 6% à nossa capacidade de produção. Quais fatores podem ajudar no aumento de competitividade nacional no setor? Nos últimos anos, temos acompanhado a perda de competitividade pela indústria nacional. De modo geral, essa perda vem sendo motivada, principal8 INOX • JANEIRO/ABRIL 2014

Atividades de extração do minério


trabalho, o consumo aparente de aço inoxidável no Brasil passou de 226.000 toneladas em 2004 para 398.000 toneladas em 2013. Como este crescimento expressivo do consumo de inox no Brasil tem impactado nos negócios da Ferbasa? Apesar do expressivo aumento do consumo aparente de aço inoxidável no Brasil, no período de 2004 a 2013, esse resultado não influenciou significativamente os resultados da Ferbasa, pois a produção de aço inoxidável nesse período praticamente não avançou, visto que o Brasil, que era um grande exportador líquido de aço inoxidável, passou a figurar como um grande importador desse produto. Desta forma, no balanço final, não houve um crescimento da produção local. Os grandes investimentos que estão sendo feitos na área de exploração de petróleo e gás no Brasil, especialmente no pré-sal, demandarão novos tipos de aços e ligas com maior conteúdo de cromo. Como a Ferbasa avalia o crescimento de consumo de inox neste setor e como ela está se preparando para atender essa demanda adicional de ferro cromo ou para alguns tipos de ligas de cromo metálico? Nos últimos anos, temos fornecido mais de 95% do FeCr produzido no mercado interno, o que evidencia que estamos aptos a atender praticamente toda a necessidade do mercado. Quanto ao aço inox consumido no pré-sal, ainda não temos informações precisas quanto ao nível desse consumo, contudo, entendemos que ainda não é muito significativo, havendo, no entanto, boas perspectivas de crescimento no futuro. Quais as práticas adotadas pela Ferbasa em relação às soluções ambientais e de responsabilidade social? A Ferbasa é uma empresa que tem como acionista majoritária uma fundação, a qual direciona a totalidade de seus rendimentos para projetos sociais, primordialmente na área educacional. É importante ressaltar que a Fundação já existe como controladora da Ferbasa desde 1975, o que prova a preocupação da empresa e do seu instituidor com a responsabilidade social. Assim, a Ferbasa, com o mesmo empenho com que tem se movido perante as questões sociais, vem empreendendo todos os esforços em relação

Parque industrial abriga fábrica de Ferrosilício

Sede da Ferbasa em Pojuca-BA

aos assuntos ambientais, permitindo-nos afirmar, com toda segurança, que temos a fábrica de ferrossilício mais sustentável do mundo, já que todos os seus fornos são equipados com filtros, além de utilizarem biorredutor renovável, produzido com 100% de florestas plantadas, de sua propriedade. Não existe nenhuma outra empresa no mundo que reúna essas condições. Isso é motivo de orgulho para a Ferbasa e mostra a nossa preocupação frente aos problemas de sustentabilidade, em termos ambientais. JANEIRO/ABRIL 2014 • INOX 9


Fotos: Imoa

artigo

abinox E IMOA lançam manual de aços duplex omo resultado da cooperação entre a IMOA – International Molybdenum Association e a Abinox - Associação Brasileira do Aço Inoxidável, foi traduzida para o português a publicação: “Practical Guidelines for the Fabrication of Duplex Stainless Steels”, com apoio da associada Villares Metals, e que recebeu o título em português “Orientações práticas 10 INOX • JANEIRO/ABRIL 2014

para o processamento dos aços inoxidáveis duplex”. Os aços inoxidáveis duplex combinam boa resistência à corrosão, com alta resistência e facilidade de processamento. Há muitas semelhanças no processamento dos aços inoxidáveis duplex com outros aços inoxidáveis, mas o alto teor de liga e a resistência dos aços duplex significam que também existem


algumas diferenças importantes. A publicação aborda estes pontos e é uma fonte abrangente de informações práticas para o processamento correto dos aços inoxidáveis duplex. Sobre a publicação, a dra. Nicole Kinsman, Diretora Técnica da IMOA , comentou que “é uma das mais populares no site da IMOA , com cerca de 150.000

cópias baixadas desde a segunda edição que foi publicada há pouco mais de quatro anos. Há um grande interesse na tecnologia de processamento dos aços inoxidáveis duplex na indústria de petróleo e gás no Brasil, então decidimos torná-la disponível em português, além do inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, chinês e japonês. Gostaria de agradecer à Abinox e à Villares Metals por sua assistência e cooperação para a tradução da publicação”. A publicação está disponível no site da Abinox: www.abinox.org.br na seção Biblioteca/Artigos Técnicos JANEIRO/ABRIL 2014 • INOX 11


tecnologia

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3

4 Tarugos

Chapas

Aciaria

Produtos de Aciaria e Laminados ão muitas as aplicações do aço inoxidável que temos apresentado nas sucessivas edições da Revista Inox. A versatilidade do material permite que encontremos exemplos em todos os tipos de setores. Neste artigo, vamos mostrar o ponto de partida, os materiais brutos que possibilitam a produção de todos os demais. Suas diferentes possibilidades, dimensões e composições químicas permitem otimizar todos os processos posteriores. Um exemplo é o tarugo cujo aumento da seção, de 165x165 a 200x200, tem permitido tanto melhorar os rendimentos na fabricação de fio-máquina, como possibilita seu emprego na fabricação de flanges forjadas.

onde tem lugar as operações de descarburação e refino do aço. 4. No lingotamento contínuo, o aço líquido é derramado em um recipiente chamado distribuidor, que vaza num molde de cobre muito refrigerado, cujo contato o metal líquido solidifica em sua camada externa.

Aciaria Na aciaria ocorre o processo de fusão de matériasprimas para obter placas e tarugos de aço inoxidável. Consta de quatro fases: 1. A seleção e coleta de matérias-primas, principalmente sucata, tanto de aço carbono como de aço inoxidável, e diferentes ferro-ligas. 2. O forno a arco elétrico onde mediante eletrodos de grafite se funde o material. 3. O conversor AOD, Argon Oxygen Decarburization,

Seção (mm)

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Tarugo Em termos de produtos longos, é o material de partida para a laminação de fio-máquina e todos os produtos que dele derivam. A seção 180 x 180 permite a fabricação de flanges por meio de processos de forjamento. Este acessório é muito utilizado na indústria petroquímica. Comprimento (mm)

145x145/155x155/180x180 4000 - 7000 Placa Praticamente todo este produto é usado no processo de laminação. Espessura Largura nominal (mm) (mm) 200 1060 - 1580

Comprimento (mm) 4300 - 12000


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Chapas

Bobina laminada a quente

Laminação a quente

aminados a Quente Laminação a quente O processo de laminação a quente consiste em reduzir a espessura da placa em alta temperatura conservando a largura. Assim se obtém a bobina preta. 1. O processo começa aquecendo as placas em forno de soleira móvel. A diminuição das propriedades mecânicas em altas temperaturas permite uma redução rápida da espessura. 2. Laminador desbastador onde a placa de 200 mm de espessura é transformada numa chapa de 20 a 30 mm. 3. Laminador Steckel, é um laminador com uma bobinadora de cada lado. Através de diversos passes, podem-se alcançar espessuras de até 2,6 mm.

Bobina a quente A bobina a quente é o resultado do recozimento e decapagem da bobina preta. As principais aplicações são as fabricações de tubos, equipamentos industriais, tanques e caldeiraria.

Chapa grossa Recozidas e decapadas individualmente, as suas principais aplicações estão relacionadas com a caldeiraria pesada, processos de corte por plasma e a laser e soldagem TIG ou MIG.

Espessura Largura nominal (mm) (mm)

Longitude (mm)

2,60 - 8,0

1600 - 12000

Espessura Largura nominal (mm) (mm)

Comprimento (mm)

9 - 50,80

2000 - 6150

1000 - 1540

Espessura (mm)

Largura nominal (mm)

2,60 - 8,00

1000 - 1520

Chapa laminada a quente É fabricada a partir de bobinas após os processos de corte longitudinal, aplainamento e corte transversal. Entre suas aplicações destacam-se as relacionadas com a construção metálica: chapa de piso, fabricação de perfis e vigas estruturais.

1000 - 1520

Fonte: Artigo traduzido do site www.cedinox.es

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aplicação

NAS MICROCERVEJARIAS, INOX É UNA Características do inox, como facilidade de limpeza e assepsia, tornam fundamental a presença do material na produção das cervejas especiais massiva publicidade dos grandes fabricantes de cerveja, que ocupa diariamente as telas dos canais de televisão e outras mídias, empurra para segundo plano um considerável número de empresas de menor porte também produtoras da bebida, entre as quais as microcervejarias. Porém, embora nem de longe disponham dos mesmos recursos para investimentos em propaganda, essas indústrias têm, cada vez mais, ocupado espaços no mercado surgidos, sobretudo, do aumento do interesse dos brasileiros pelas chamadas cervejas artesanais ou diferenciadas. O consultor e mestre cervejeiro Matthias Rembert Reinold, diretor da M Reinold Tecnologia em Qualidade e Produ14 INOX • JANEIRO/ABRIL 2014

tividade, empresa que presta serviços de consultoria e assessoria na fabricação de cervejas incluindo a instalação de equipamentos, estima existirem atualmente no país mais de duas centenas de microcervejarias e esse número continua aumentando. “As cervejas especiais estão se tornando obrigatórias nos cardápios dos estabelecimentos ligados à gastronomia, onde disputam o espaço que, antes, era ocupado quase que exclusivamente pelo vinho”, ele avalia. Não é sem motivo que, nos últimos anos, surgiram lojas, bares e estabelecimentos especializados nessas bebidas. E mesmo as prateleiras dos supermercados das grandes redes abriram espaço para marcas até menos conhecidas, mas de maior valor agregado. Reinold – que é também o criador e responsável pelo o site www.cervesia.com.br – observa que os consumidores das cervejas artesanais são pessoas que desejam experimentar produtos diferenciados de características próprias e que, consequentemente, são comercializadas por valores superiores. O próprio site – que tem como proposta levar aos profissionais da área as tendências nacionais e internacionais do setor, reunindo, entre outros elementos, informações técni-


ANIMIDADE cas e de gestão – é reflexo do desenvolvimento do segmento, que continuamente lança produtos diferenciados tanto em termos de sabor como em embalagens. “Essas cervejas [artesanais] diferenciam-se das industriais por serem elaboradas em pequenas quantidades e possuir características exclusivas. São as chamadas de cervejas de nicho”, pondera o consultor. Mesmo já contando com mais de duas centenas de empresas, o segmento continua a apresentar potencial para crescer ainda mais. “A saturação ainda está distante por se tratar de um segmento novo no país”, avalia o consultor/ mestre cervejeiro. “Apenas para comparação, nos Estados Unidos existem, hoje, cerca de 1.500 microcervejarias, que são responsáveis por 11% do mercado. É um segmento que saiu do zero em 1970 e em pouco mais de quatro décadas chegou a esse número”, ele argumenta. Várias cores e sabores, mas só com inox De baixa ou alta fermentação, claras ou escuras, mais encorpadas ou mais leves, as opções de cervejas especiais atendem todos os paladares. Se nesse aspecto a varieda-

A partir da esquerda: instalação completa de microcervejaria; trocador de calor; tanques de fermentação e maturação; sala de cozimento; rinser de garrafas. Fonte: www.cervesia.com.br

de é imensa, para a fabricação de todas existem elementos fundamentais para que se consiga produzir uma bebida de qualidade. Além da criteriosa seleção dos ingredientes, é fundamental contar com equipamentos adequadamente dimensionados à quantidade de cerveja que se pretenda fabricar e, em grande parte deles, é imprescindível fazer uso do aço inoxidável. Para Reinolds, a aquisição dos equipamentos é a maior dificuldade para a montagem de uma microcervejaria em razão do capital despendido, mas, no entanto, essas máquinas são essenciais para respeitar as normas cervejeiras internacionalmente reconhecidas. A recomendação do consultor é que todos os equipamentos sejam produzidos com o aço inoxidável AISI 304 – ele salienta, porém, que além do material, deve-se estar muito atento com relação ao dimensionamento adequado das máquinas e equipamentos. “Isso vale para a configuração, geometria, espessura de chapa, acabamento superficial etc.”, exemplifica, acrescentando que empregar materiais diferentes dos recomendados (aço inoxidável) significa potencializar os riscos de corrosão e de contaminação microbiológica e físico-química. JANEIRO/ABRIL 2014 • INOX 15


Além da criteriosa seleção dos ingredientes, é fundamental contar com equipamentos adequadamente dimensionados à quantidade de cerveja que se pretenda fabricar e, em grande parte deles, é imprescindível fazer uso do aço inoxidável

Foto: Divulgação

Equipamentos para microcervejarias A possibilidade de insucesso é minimizada com os equipamentos fabricados pela Mec Bier Microcervejaria, divisão do grupo Harmo Darin, de Pompeia, SP, que responde atualmente por cerca de 90% dos negócios do grupo. Constituída em 1997 – em reação ao que sua diretoria avalia como “monótona padronização no sabor da cerveja determinada pela concentração de fabricantes” –, a Mec Bier produz os seguintes equipamentos para o segmento: microcervejarias; pasteurizadores; filtro; lavadora/enchedora de barril; tanques de F/M e moinho de malte. De acordo com o gerente de vendas da empresa, Marcelo Nicolosi, a Mec Bier conta atualmente com mais de 130 clientes em seu portfólio e comercializa, anualmente, em torno de dez desses sistemas. “Somos líderes de mercado”,

afirma. A empresa fabrica desde sistemas mais modestos (com capacidade de produção de 500 litros/mês) aos de porte mais avantajado (até 300.000 litros/mês, ou ainda dependendo da necessidade do cliente). Todos os sistemas são configurados para ocupar o menor espaço dentro do estabelecimento existente ou a ser construído. Os equipamentos que integram esses sistemas são produzidos com aço inoxidável dos tipos AISI 304 e 316, fabricados pela Aperam South America. Questionado sobre porque um eventual interessado deveria optar pelos sistemas da Mec Bier, Nicolosi responde: “pela qualidade, tecnologia, serviço e experiência de anos no mercado”. O gerente de vendas da empresa destaca que o objetivo da Mec Bier é desenvolver continuamente a melhoria da qualidade dos seus equipamentos e serviços, visando a satisfação dos clientes. Tanques para fermentação e maturação, de pressão para envase, para geração de água quente e armazenagem de água gelada, trocadores de calor e moinhos de malte são alguns dos itens destinados às microcervervejarias que fazem parte do portfólio da Águia Inox Soluções Tecnológicas em Aço Inox, metalúrgica sediada em Garibaldi, RS. Márcio de Mattos, gerente nacional de vendas da divisão cervejaria da empresa, conta que faz cinco anos que a Águia produz esses equipamentos e informa que recentemente ela firmou parceria com a Finox, Cervejarias e Equipamentos Industriais, especializada no ramo cervejeiro. “Da fusão resultou a Águia Beer By Finox, divisão dedi-

Mec Bier fabrica equipamentos com capacidade de produção de 500 litros/mês a 300 mil litros/mês

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Foto: Divulgação

Equipamentos fabris da Dado Bier são todos em aço inox

cada aos equipamentos do processo cervejeiro, com profissionais de elevada capacitação e experiência, o que reforça nosso compromisso com a alta qualidade e pela satisfação dos clientes”, afirma Mattos. A parceria, explica, é decorrente da crença dos parceiros em que o mercado tem potencial para evoluir. “Porém, para nós, mais importante que números é o prazer em atender pessoas tão dedicadas e apaixonadas pela arte de produzir cerveja”, argumenta. A Águia Beer By Finox emprega nos seus equipamentos o aço inoxidável AISI 304, assegura o CEO do grupo, Leandro Soccol que, segundo ele, “o cliente que compra nossos produtos está também adquirindo precisão, técnicas modernas de fabricação, rendimentos positivos em brassagens, apresentação impecável do produto e toda nossa dedicação para que ele faça a melhor cerveja”, afirma. Inox na Dado Bier As dez diferentes cervejas atualmente produzidas pela Dado Bier, fabricante de cervejas especiais em Porto Alegre, são exemplos de como o segmento se expandiu em duas décadas – hoje já existe até uma entidade que as representa: a Associação Brasileira de Microcervejaria (Abmic), que foi constituída no segundo semestre do ano passado. Eduardo Bier – em alemão, o sobrenome Bier significa cerveja –, sócio-diretor da empresa, conta que a trajetória da Dado Bier

começou em 1994, com uma a microcervejaria montada em meio ao restaurante do mesmo nome. Dado, como é mais conhecido, garante ter sido a empresa que leva seu nome a primeira cervejaria artesanal do Brasil. Atualmente, porém, talvez não seja mais tão adequado ainda tratá-la como microvervejaria – a fábrica da Dado, localizada em Santa Maria, produz mensalmente 1 milhão de litros (da marca Lager), embora para a produção das cervejas artesanais ela continue a manter as características das microcervejarias. Porém, tanto na produção de uma como da outra, os equipamentos fabris são em aço inoxidável. “Atualmente todos os equipamentos que entram em contato com a cerveja são desse material”, afirma o sócio-diretor da empresa. “Os equipamentos em inox são os que têm as melhores condições para efetuarmos a sua limpeza, sendo fundamental para a qualidade do produto, além das matérias-primas”, ele justifica. Carlos Bolzan, mestre cervejeiro da Dado Bier, acrescenta que os equipamentos são produzidos com o aço AISI 304. “Produzindo cerveja em equipamentos de aço inoxidável com acabamento sanitário, temos condições de fazer uma limpeza muito mais eficiente entre as utilizações e, consequentemente, entregar um produto de melhor qualidade para o consumidor final”, arremata. Adilson Melendez JANEIRO/ABRIL 2014 • INOX 17


Foto: Getty Images

mercado

Linha branca muda de cor com aumento o Brasil ou no exterior, as indústrias de eletrodomésticos são um dos principais segmentos consumidores de aço inoxidável. Máquinas de lavar e de secar, refrigeradores e fogões possuem diversos componentes no qual o inox é utilizado, sobretudo pelo material apresentar alta resistência à corrosão. Na maioria das vezes, no entanto, esses itens estão fora do alcance imediato do olhar do consumidor final, pois, em geral – e especialmente no Brasil –, o revestimento final desses produtos costuma ser em chapas de aço pintadas e, a grande maioria, em cores claras. 18 INOX • JANEIRO/ABRIL 2014

Porém, como já vinha ocorrendo há mais tempo no exterior, no Brasil o “reinado” do branco como acabamento dos eletrodomésticos da linha branca, como também são chamados esse produtos, está – pelo menos aparentemente – prestes a se encerrar. Ou, no mínimo, a ser compartilhado com o aço inoxidável. Não é difícil constatar isso na exposição das grandes redes de varejo onde refrigeradores, fogões e máquinas de lavar em aço inox têm ganhado espaço nas lojas físicas. Também nas lojas virtuais pode se observar o aumento de opções de peças com esse tipo de acabamento.

Os fabricantes de eletrodomésticos que comercializam suas linhas no país reconhecem que existe uma mudança em curso. Conforme foi publicado na edição de 10 de fevereiro do jornal Folha de S.Paulo, na coluna Mercado Aberto, a categoria de eletrodomésticos que reúne geladeiras, fogões e lavadoras – a chamada de linha branca – tem cada vez menos produtos naquela cor. Depoimentos de executivos de algumas das principais indústrias do setor, registrados pela reportagem, explicam por quais motivos isso está ocorrendo.


Fotos: Divulgação

mento do inox nos lares brasileiros Na Electrolux, 50% em aço inoxidável Entre os artigos mais sofisticados, pela primeira vez neste ano, as peças em aço inoxidável deverão responder pela metade das unidades fabricadas pela Electrolux dividindo espaço com o branco, informava a coluna. “Outros revestimentos, como o vidro, já começaram a ser empregados”, acrescentava Fábio Machado, executivo da multinacional de origem sueca. O grupo que existe há quase cem anos e está presente em mais de 150 países se diz líder mundial em eletrodomésticos e aparelhos

de uso profissional. Refrigeradores, freezers, lavadoras, microondas e fornos integram o portfólio da empresa. Também na Whirlpool Latin American, fabricante que afirma ser líder na América Latina em eletrodomésticos (no Brasil, ele é proprietário das marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid), no mês em que a reportagem foi publicada, metade da produção já era em cores diversas. “Não só em inox, mas vermelho, azul, amarelo e até uma linha toda preta”, informava ao jornal o executivo do grupo, Gustavo Melo. A Whirlpool é uma corporação de origem norte-americana,

do estado de Michigan e foi fundada em 1911, por Louis Upton, para produzir máquinas de lavar roupas. Na LG, multinacional de origem sulcoreana que, nos itens da linha branca, fabrica no Brasil lavadoras e secadoras, a coluna registrava que o aço inoxidável respondia por 50% do total desses artigos. “Com os novos produtos que serão lançados neste ano, o percentual vai subir”, afirmou ao jornal a executiva da LG, Kati Dias. Os refrigeradores que a LG comercializa no país são importados da Coreia, onde não são mais produzidas peças da linha branca. O grupo está preJANEIRO/ABRIL 2014 • INOX 19


Eletrodomésticos da linha prata (inox) Um dos aspectos mais visíveis do avanço do aço inoxidável no acabamento dos eletrodomésticos da linha branca no país é o espaço que, nos últimos anos, esses produtos passaram a ocupar nas unidades físicas das principais redes varejistas bem como nos catálogos de suas lojas virtuais – o Magazine Luiza passou, inclusive, a chamar essas peças de “linha prata”. Se refrigeradores, fogões e máquinas de lavar em inox são fabricados há bastante tempo, por que então essa expansão só se deu nos últimos anos? Na explicação de Daniel Rodolpho Domingues, gerente de vendas para a linha branca da Aperam South America, o que contribuiu para essa expansão foi a elevação do poder aquisitivo dos consumidores. “Principalmente o aumento da população na classe média. O mix dos eletrodomésticos migrou para produtos mais sofisticados. Neste movimento aumentam os volumes de produtos com acabamento em inox”, avalia. “Também houve redução da diferença de preço entre os produtos em inox em relação ao bran-

co padrão e o inox tornou-se mais acessível”, acrescenta. De 2007 a 2013, o crescimento das vendas de aço inoxidável da Aperam, principal produtor de aço inoxidável do país, para o segmento da linha branca, cresceu a taxas superiores a 9% anuais – no caso específico dos refrigeradores essa expansão ficou na casa dos dois dígitos. A empresa não espera, no entanto, repetir essas mesmas taxas esse ano – principalmente em razão da realização da Copa do Mundo, época em que os consumidores preferem comprar TVs, DVDs e outros eletrônicos da linha marrom.

sente no Brasil desde 1995 e possui fábricas em Manaus e Taubaté, no interior paulista.

sofisticação, modernidade e higiene”, ele afirma. “Acredito que o consumidor opte por produtos cada vez mais modernos, com visual sofisticado e que ofereça praticidade no dia a dia. Também existe tendência em termos de design e estética em relação aos produtos fabricados em inox. Eles têm sido muito bem aceitos pelos consumidores”, acrescenta. Na avaliação do executivo da Samsung, uma das razões de o aço inoxidável ter se tornado mais frequente no acabamento dos eletrodomésticos deve-se à diversificação dos tipos de

Consumidores aceitam bem o AÇO inox Para Jefferson Porto, gerente da divisão de eletrodomésticos da Samsung – corporação também de origem sul-coreana –, que concedeu declaração à Revista Inox, o aumento do aço inoxidável no acabamento dos eletrodomésticos da linha branca se dá principalmente nos refrigeradores Premium. “Pelo apelo à 20 INOX • JANEIRO/ABRIL 2014

Potencial para crescer Atualmente, entre 10 e 12% das vendas da Aperam são destinadas aos fabricantes dos eletrodomésticos da linha branca. O material é aplicado principalmente nas mesas e acabamentos de fogões e fornos, lavadoras de roupas, refrigeradores e microondas. “As ligas de aços inoxidáveis mais utilizadas são o 430, 430DDQ, 439 e pouco 304. O aço inoxidável ferrítico abrange praticamente todo o inox utilizado nestas aplica-

ções”, detalha o gerente de vendas da Aperam. Embora o inox já venha compartilhando espaço com outros acabamentos na linha branca, o material tem potencial para crescer ainda mais no segmento. “Os fabricantes de eletrodomésticos e os fornecedores acreditam no crescimento, visto o aumento do poder aquisitivo e o desejo dos consumidores em ter a cozinha em inox. Poucos ainda querem a cor branca”, afirma o executivo. “Também comparando o Brasil com mercados mais maduros, que vendem muito mais produtos em inox, temos um grande potencial de crescimento”, avalia. Outra expectativa do setor é que o governo efetive um programa que vem sendo cogitado já há algum tempo: o da substituição de refrigeradores antigos por modelos mais novos e econômicos. “Além de potencializar a venda de eletrodomésticos – de preferência com acabamento em inox –, o programa reduziria a demanda por energia elétrica, por esses serem produtos mais eficientes”, observa Domingues.

chapas comercializadas. “E, consequentemente, a acessibilidade desse material”, afirma. No Brasil, a empresa (que foi fundada em 1938 por ByungChull Lee, em Daegu) ainda não produz as peças em aço inoxidável – são importadas das fábricas da Coreia e México – sendo o insumo (inox) adquirido de diversos fornecedores globais. A fabricação de máquinas de lavar e refrigeradores da marca teve início em 1974. Adílson Melendez


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Associados da Abinox participam da Santos Offshore 2014 As associadas da Abinox, Villares Metals e Walter - Tecnologias em Superfícies participaram, em abril, da Santos Offshore Oil & Gas Expo 2014, expondo seus produtos na área reservada às empresas da cadeia do aço inoxidável. O evento, que teve apoio institucional da Abinox, segundo executivos, é o mais importante do setor petroleiro no estado de São Paulo e o que gera mais negócios entre fornecedores e investidores do segmento de E&P (Exploração e Produção de Óleo e Gás) na região. Estiveram presentes, operadoras, drilling contractors, operadores logísticos e de subsea, fornecedores de máquinas e equipamentos, entidades financiadoras, consultorias, diversos representantes do governo e das associações do setor.

Fotos: Divulgação

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Cadeia do inox teve área reservada para exposição

Inox em coberturas industriais é tema de palestra na TeCobI Expo 2014 Como apoiadora institucional do TeCobI Expo (20-22/05), evento Internacional de Telhados, Coberturas e Impermeabilização, a Abinox promoverá durante o TeCobI Summit, programa de conferências, a palestra “Coberturas em Aço Inoxidável feitas para durar”, no dia 20, das 9h40 às 10h20, na sala 1, no Transamérica Expo Center, em SP. Apresentada pelo o engenheiro Júlio Cesar Di Cunto, da Aperam, a palestra mostrará casos de sucesso de utilização do aço inoxidável em coberturas industriais. O evento reunirá, num só local, todos os elos da cadeia produtiva de equipamentos, produtos ou serviços relacionados à indústria de construção e manutenção de telhados; coberturas e impermeabilização; aplicáveis a obras residenciais, comerciais, industriais e esportivas.

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notícias inox

É na cidade de Niquelândia, na região norte do estado de Goiás – antes São José do Tocantins, mas rebatizada em 1945 por causa do ferroníquel encontrado na região–, que a mineradora multinacional Anglo American desenvolve em parceria com o Sesi Senai de Niquelândia e o Instituto Militar de Engenharia (IME), do Rio de Janeiro, estudos para utilizar a escória da produção de ferroníquel na fabricação de revestimentos asfálticos e blocos de concreto para a construção civil. De acordo com a empresa, o asfalto elaborado com a escória de ferroníquel é uma alternativa adequada para o uso de misturas asfálticas e pode substituir de forma parcial a brita na pavimentação de estradas e ruas e também a areia na fabricação de blocos de concreto. Intitulado “Estudos para Utilização de Escória de Ferroníquel das Plantas de Barro Alto e Codemin na Construção Civil”, o trabalho foi um dos projetos vencedores da edição de 2011 do Edital Senai Sesi de Inovação. E, ao longo de quase dois anos, foram realizados vários testes físico-químicos nos laboratórios do IME para avaliar o potencial da utilização desse resíduo.

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Foto: Divulgação

Resíduos da produção de ferroníquel são utilizados em asfalto e blocos de concreto

Um trecho experimental foi construído e está sendo monitorado. Os estudos devem continuar a partir da realização de testes mais modernos e em busca de novas aplicações da escória, como na agricultura. O objetivo, segundo a empresa, é dar melhor destinação aos resíduos gerados em seu processo e gerar valor em outras áreas do setor produtivo brasileiro.


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Foto: Edo Rocha Arquiteturas

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Fachada em inox do Allianz Parque, do Palmeiras A fachada de um estádio revestida em todo perímetro com quase 100% de aço inox foi concluída em abril. Trata-se da Allianz Parque, arena que será o futuro estádio do Palmeiras, no bairro Pompéia, em SP, cujo projeto de arquitetura é do escritório Edo Rocha Arquiteturas.

Segundo o arquiteto Edo Rocha, o estádio receberia um revestimento feito com aluzinco, liga de alumínio com zinco, mas foi substituído pelo aço inox, uma vez que o material traz vantagens ao empreendimento a longo prazo. “Além da durabilidade, o inox funciona melhor no

isolamento acústico e na dissipação do calor do lado interno do estádio. O inox tem garantia de pelo menos 20 anos contra oxidação e, praticamente, gasto zero com manutenção”, completa. A construtora WTorre mantém agosto como limite para entrega do estádio finalizado.

Aumenta demanda por aço inox no Brasil

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Consumo aparente de aço inox no Brasil (t mil) 400 350

37,3

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200

17,5

22,7

150 14,8

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26,0 31,9

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181,2

200,0

193,7

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327,0

305,0

330,0

350,0

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Planos

2002

176,4 2000

50

148,3

100

1999

Segundo pesquisa realizada pela Abinox, em 2013 houve crescimento de 8,7% no consumo aparente do aço inox no Brasil, em relação a 2012. O país consumiu no ano passado 398.000 t ante as 363.374 t do ano anterior. A alta mais representativa foi a do consumo de produtos longos, que cresceu 33% e alcançou um patamar de 48.000 t. Já o consumo de aço plano, maior fatia do setor, também cresceu e alcançou 350.000 t, com elevação de 6%. O consumo per capita atingiu 1,98 kg por habitante ano. Com mostras de aquecimento, a produção brasileira cresceu 6,3%, com um total de 354.600 t, sendo 322.300 t de produtos planos e 32.300 t de produtos longos.

Não Planos



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