Plurale em Revista

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EspEcial MEio aMbiEntE:

Ceará e Deserto Do ataCama EntrEvista

Com mÍriam Leitão artigos inéDitos

Foto de Luciana tancredo - FLamingos na reserVa naturaL Los FLamencos, deserto do atacama (cHiLe)

ano sete | nº 41 | maio / junho 2014 | R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE



Editorial

ALUSA ENGENHARIA: COMPROMISSO COM A MELHORIA CONTÍNUA DOS PROCESSOS E SISTEMA DE GESTÃO. Mais de 50 anos trabalhando pelo desenvolvimento sustentável do Brasil, cuidando sempre da performance e do bem-estar dos colaboradores.

Sergio Abranches

Sônia Araripe

Artigos inéditos, entrevista com Míriam Leitão, Jeri, Deserto do Atacama e muito mais Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista Trazemos uma edição bem variada e plural, com destaque para Especial sobre Meio Ambiente, em ritmo de Copa do Mundo. Confira os artigos inéditos de Christian Travassos, Dario Menezes e Luiz Antônio Gaulia. Viaje conosco para a imensidão e as surpresas do Deserto do Atacama e pelas dunas e natureza ainda preservada (mas já ameaçada pela ação do homem) de Jericoacara, ou simplesmente, Jeri, para os mais íntimos, no litoral do Ceará. Tive o privilégio de entrevistar a colega jornalista multimídia Míriam Leitão, que está lançando seu primeiro livro de ficção, Tempos Extremos. Ela fala sobre meio-ambiente, o Brasil, o desmatamento e sobre seus novos tempos, como escritora, observadora de pássaros e avó. Estive também em Jericoacara, no litoral do Ceará e conto o esforço pela preservação de um verdadeiro paraíso ameaçado pela ambição humana. Não é só. Cecilia Corrêa conta a história incrível de jovens lindas e solidárias que doam parte de seus cabelos para amenizar a trajetória de luta de meninas em tratamento de câncer. Isabella Araripe conheceu, em Recife, o premiado projeto de naufrágio artificial que tornou-se refúgio para várias espécies marinhas.

As nossas Nícia Ribas e Luciana Tancredo conheceram o Deserto do Atacama, no Chile, em diferentes períodos. Nícia acabou de voltar, aproveitando as dicas de Luciana, que esteve lá há algum tempo. Aproveitamos a visão das duas excelentes repórteres, mesclando texto e fotos de Nícia com o olhar de Luciana, sempre atenta aos melhores ângulos. Isabel Capaverde traz novidades em sua coluna Cinema verde e Raquel Ribeiro dá dicas para quem quer começar uma dieta vegetariana, apresentando ainda uma loja de produtos voltados para o comércio ético e sustentável na serra, em Visconde de Mauá (RJ). Em São Paulo, Nélson Tucci foi conhecer de perto a história de sucesso dos 35 anos da Fundação Volkswagen no Brasil e Juliana Limonta, gerente de sustentabilidade da Telefonica / Vivo

relata a experiência exitosa em telefonia do Site Sustentável. Em tempos de Copa do Mundo, a parceira Carolina Stanisci, do Portal 1 Papo Reto, relata a luta de pesquisadores na Caatinga para preservar o tatu-bola, que inspirou a criação do mascote da festa, o “Fuleco”. Os correspondentes Wilberto Lima Jr e Vivian Simonato relatam novidades dos Estados Unidos e Comunidade Europeia. Trazemos ainda a sugestão de inscrições em duas premiações relevantes: o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros, da Confederaçao Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e ainda o Prêmio IBEF de Sustentabilidade 2014. Tudo isso e muito mais, como as colunas Pelo Brasil, Pelas Empresas, Frases, Estante e Energia. Boa leitura! N íc ia R ib as

www.alusa.com.br 3


ENTREVISTA COM MÍRIAM LEITÃO,

por SÔNIA ARARIPE

AGÊNCIA BRASIL

20.

BAZAR ÉTICO

Sergio Abranches

08.

Conte xto

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ARQUIVO PESSOAL

ARQUIVO PESSOAL

ARTIGOS INÉDITOS

Doação de cabelos, um gesto solidário, por Cecília Corrêa

PELO BRASIL

22 Naufrágio artificial é premiado,

Deserto do Atacama,

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por NÍCIA RIBAS E LUCIANA TANCREDO

Prêmio em Seguros

42 Cinema sustentável,

POR ISABEL CAPAVERDE

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PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2014

luciana tancredo

POR ISABELLA ARARIPE

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22 e 23 de julho de 2014 Local de realização: Fecomercio – São Paulo/SP REALIZAÇÃO:

Estão abertas as inscrições para o maior evento da área de RI e Mercado de Capitais da América Latina. As vagas são limitadas, faça já sua inscrição. O maior encontro do mercado de capitais brasileiro e da América Latina, em Relações com Investidores, já tem data marcada: dias 22 e 23 de julho próximos. Uma vez mais a capital de São Paulo sediará o Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, promovido conjuntamente entre a ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias Abertas e o IBRI – Instituto Brasileiro de Relações com Investidores. O 16º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais é parte do calendário de eventos das principais companhias abertas, agentes reguladores, dirigentes de entidades, analistas e profissionais de investimentos, bem como advogados, auditores e especialistas em relações com investidores de todo o Continente. Como acontece todos os anos, representantes de companhias abertas, bolsas de valores estrangeiras, consultorias internacionais e companhias listadas no exterior deverão passar pelo evento, que reúne público superior a 700 pessoas em seus dois dias de realização.

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Paralelamente aos painéis da programação oficial, haverá uma exposição de serviços composta de estandes onde as empresas e instituições expõem seus produtos e serviços pra um público customizado, tornando-se também um oportuno ponto de encontro de todo o mercado.

Maiores Informações: (11) 3107.5557 - (11) 3106.1836 www.encontroderi.com.br PATROCINADORES OURO: C

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APOIO INSTITUCIONAL:

ABRAPP, ABVCAP, AMEC, ANBIMA, ANCORD, ANEFAC, APIMEC NACIONAL, APIMEC SÃO PAULO, CODIM, FIPECAFI, IBEF, IBGC, IBRACON e IBRADEMP


Quem faz

Cartas c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r

Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no Twitter e no Facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial comercial@plurale.com.br Arte SeeDesign Marcelo Tristão e Marcos Gomes Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Geraldo Samor, Isabella Araripe, Isabel Capaverde, Nícia Ribas, Paulo Lima e Sérgio Lutz Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Agência Brasil, Agência Fapesp, Carolina Stanisci (Portal 1 Papo Reto), Cecília Corrêa e Lília Gianotti (Gesto Comunicação), Christian Travassos, Dario Menezes, Jean Pierre Verdaguer, Jéssica Lipinski (Instituto Carbono Brasil), João Laet (Unicef Brasil), João Victor Araripe, Juliana Limonta (Telefonica | Vivo) Luiz Antônio Gaulia, Nélson Tucci, Paula Piccin (Instituto Ipê), Raquel Ribeiro, Sergio Abranches (Ecopolítica), SOS Mata Atlântica.

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“Um primor a Edição 40, Especial sobre Água de Plurale em Revista. Trata-se de um tema tão precioso quanto momentoso e urgente, que precisa sempre ser abordado de forma séria e consequente, tarefa por sinal à feição de uma publicação como Plurale, que tem como foco a cidadania e o meio ambiente. Parabéns pela riqueza do conteúdo e pela abrangência das matérias. ” Luiz Cláudio Reis, SuperintendenteExecutivo do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Rio de Janeiro, por e-mail “Parabenizo a equipe de Plurale pela matéria de capa sobre a Semana das Águas 2014, publicada na Edição 40. A divulgação de informações de qualidade sobre temas ambientais é fundamental para o engajamento da população nas políticas e ações de conservação do meio ambiente”. Marília Carvalho de Melo - Diretora Geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), de Belo Horizonte (MG), por email “Ficamos imensamente agradecidos pelo envio da Edição 40 de Plurale. Adoramos a revista e esperamos estreitar os nossos laços de trabalho e amizade. ” Kaíka Luiz, Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do Crato (CE), por e-mail “Cara Geise, A sua matéria – “Vinho francês com personalidade brasileira” - sobre o nosso vinho, publicada na Edição 40 de Plurale em Revista ficou bem completo e muito boa. Ficamos felizes e te agradecemos” Marie e Frédéric Chauffray, LanguedocRoussilon, França, por e-mail “Acompanho o valioso trabalho de Plurale desde o início. É uma revista séria, com excelentes artigos e leio cada matéria com muito prazer. A Pipa Social ter sido incluída

na pauta para uma matéria na recente Edição 40 nos deixou muito felizes. Tenho certeza que assim conseguimos divulgar o trabalho que realizamos com artistas e artesãos de 49 comunidades de baixa renda no Rio de Janeiro. Obrigada a equipe Plurale!” Helena Rocha, Diretora da Pipa Social, Rio de Janeiro (RJ), por e-mail “Prezada Senhora Sônia Araripe, Vimos pela presente agradecer pelo apoio a 1ª Conferência Internacional EFFAS - Taking ESG into Account - TESGIA, que a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais – APIMEC, em parceria com a EFFAS – The European Federation of Financial Analysts Societies, realizou no dia 29 de abril de 2014, na BM&FBOVESPA, São Paulo – SP. Como pode observar no relatório, o evento foi pautado pelo zelo na organização, êxito na realização e sucesso de participação. Esperamos contar com seu apoio em eventos futuros, afim de continuar gerando externalidades positivas para Plurale e para a APIMEC. Atenciosamente, Ricardo Tadeu Martins, Presidente da APIMEC SP, São Paulo, por e-mail “Agradecemos imensamente o apoio de Plurale que contribuiu de forma muito positiva para o programa Prêmio Criança 2014” Renata Cabral, Marketing, Fundação Abrinq, São Paulo (SP), por e-mail Plurale em site “Sou professora responsável por uma escola de ensino infantil, atende 147 crianças de 03 a 05 anos, em uma área de zona rural no município de São João do Araguaia-PA. Fiquei sabendo, através de Plurale em site, de iniciativa do Instituto Natura na distribuição gratuita de cartilhas e fiquei muito interessada. Nossa escola ficaria muito feliz em poder ser contemplada com tais projetos deste Instituto. ” Cícera Justino, professora, São João do Araguaia (PA), pelo site “Querida Sônia, Parabéns pela bela história, relatada na edição de 26 de maio do de Plurale em site, sobre a cobertura de depoimento da socialite Carmen Mayrink Veiga. Rica em emoção, brilhante em cada frase. ” Tânia Malheiros, jornalista, pelo site


Os principais temas que impactam as Relações com Investidores, você encontra em uma só revista: na RI

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Entrevista

Míriam Leitão, Jornalista

“Sou uma pessoa do meu tempo” A jornalista Míriam Leitão lança o seu primeiro livro de ficção e fala, com exclusividade para Plurale, sobre meio ambiente, seus projetos e sobre o Brasil Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

H

á tempos sonho com este projeto. Apresentar Míriam Leitão não tão somente como a brilhante e premiada jornalista multimídia. Mas como ambientalista, interlocutora mais do que relevante, que tem feito toda a diferença no cenário socioambiental brasileiro, e, porque não, global. Não gostaria de resumir e cair no lugar-comum de mostrar a Míriam de todos os dias – no jornal, na televisão, no portal ou na rádio-, mas uma faceta que apenas alguns conhecem. Imagine, por exemplo, Míriam de galochas e chapéu, embrenhada em reserva indígena nos confins do Maranhão, junto a ninguém menos do que o afamado

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fotógrafo Sebastião Salgado. Não poderia gerar outro resultado: uma série genial, que venceu o Prêmio Esso e mostrou ao mundo a dura luta pela sobrevivência da etnia Awá. Pense na jornalista que transita com a mesma desenvoltura junto a fontes do alto escalão do setor púbico e privado, assim como defendendo a causa dos negros, dos índios, dos menos favorecidos e das famílias de desaparecidos políticos. No seu primeiro livro de ficção, em Tempos Extremos, Míriam encara seus fantasmas do passado e abre, de certa forma, o baú de memórias. Larissa, a personagem principal, é filha de um desaparecido político, que, como Míriam, conheceu de perto os tempos difíceis da Ditadura. Engajada politicamente, a jovem jornalista esteve presa por três

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meses quando estava grávida do primeiro filho, Vladimir. Hoje, em tempos menos extremos, a mineira de Caratinga passa quase despercebida, munida de binóculos e chapéu de abas largas na Reserva Particular, localizada na Zona da Mata de Minas, na qual aproveita os raros fins de semana de folga com a família. Longe do agitado dia-a-dia, Miriam recarrega as baterias procurando pássaros que serviram de inspiração para o primeiro livro infantil, A perigosa vida dos passarinhos pequenos, lançado em 2013. Era este perfil, esta entrevista, que gostaríamos de apresentar ao leitor de Plurale. Apresentando a Míriam casada com o sociólogo e jornalista Sergio Abranches (editor do Portal Ecopolítica e comentarista da CBN), mãe de Vladimir e Matheus, e um


enteado, Rodrigo, avó de Mariana, Daniel, Manuela e Isabel. Generosa, Míriam não só aceitou o desafio, como respondeu a todas as perguntas. Sem deixar de comentar até mesmo sobre a relação entre a temática socioambiental e política. Conversamos sobre Tempos Extremos, o novo livro; os desafios da migração para a Economia de baixo carbono; o desmatamento na Amazônia; a profissão; família e muito mais. Acompanhe esta entrevista exclusiva para os leitores de Plurale sobre esta jornalista/ ambientalista multifacetada. “Sou uma pessoa do meu tempo”, resume. Agradecemos também imensamente a generosidade de Sergio Abranches que nos cedeu fotos do arquivo pessoal para esta entrevista.

Fotos: SERGIO

Confira a entrevista. Plurale em revista - Você acaba de lançar Tempos Extremos, seu primeiro livro ficção, após vários não-ficção. O que lhe moveu nesta direção? Foi difícil migrar para o terreno ficcional? Míriam Leitão - No começo tentei fugir das ideias que vinham à minha mente. Mas depois que parei de brigar com o livro, a narrativa fluiu. Na verdade, percebo agora que o fato de ter lido muita ficção ao longo da vida me ajudou no jornalismo e na hora de escrever meu próprio romance. Uma boa reportagem tem que usar técnicas do texto literário. Foi arrebatador e libertador escrever um romance, porque nele eu tive que me entregar aos personagens totalmente. Plurale - Tomou gosto? Virão outros livros de ficção? Míriam – Entrei no mundo dos livros para ficar e estou aberta. Estou há três anos escrevendo um outro livro de fôlego de não ficção sobre o Brasil. Alternava isso com o Tempos Extremos, indo de um para o outro com a mesma paixão. Há novos infantis no forno. Minha certeza é que quero continuar escrevendo, enquanto puder. Plurale - O livro fala dos porões de escravos e da ditadura, de fazendas de Minas, de natureza. Você esteve presa, quando estava grávida do primeiro filho, nos tempos de chumbo e nasceu em Minas ... tem algo de autobiográfico este novo livro? Miriam - Não é autobiográfico. Há pontos de contato. Há uma personagem que tem a minha faixa etária e também foi presa grávida, como eu. Mas ela é muito diferente de mim. Meu desafio

ABRANCHES

EDITOR DO PORTAL ECOPOLÍTICA

foi exatamente não cair nessa tentação. A personagem principal, Larissa, tem 38 anos e vê a minha geração com estranheza, apesar de ela mesma ser vítima da ditadura por ser filha de um desaparecido político. Plurale - Tempos Extremos, apesar de ser ficção, também traz uma parte relevante de pesquisa, reportagem. Mostra as suas pesquisas sobre escravos, do que foi resgatado com as escavações na Zona Portuária carioca. O que mais lhe impressionou nesta pesquisa? Miriam – Fiz pesquisas sem saber que seriam usadas nos livros. Há anos venho lendo sobre escravidão por interesse de entender melhor a história do Brasil e especificamente este período doloroso. Isso me levou a fazer reportagens como a Arqueologia da Escravidão. E a reportagem me deu ideias para o livro. Foi tudo natural. Uma coisa levou a outra. Andando nas pedras do Valongo ou no Cemitério dos Pretos Novos fui tendo ideias para o livro. Uma visita que fiz, movida apenas pelo interesse pessoal, a uma exposição na Casa de Rui Barbosa me ajudou a compor uma personagem do período da escravidão. Para o leitor de Plurale entender: o livro tem duas trilhas, uma família de escravos que se divide sobre como enfrentar a escravidão no século XIX. E uma família que nos dias de hoje se reúne numa fazenda para o aniversário da matriarca, mas que carrega uma grande divisão, não sanada, do período da ditadura. Eles viverão emoções fortes no desenrolar da trama

Falta até algo mais elementar: entender os povos indígenas. Eu digo sinceramente que agradeço a chance de ter feito a reportagem porque tive que estudar o tema e lá ver o mundo da perspectiva deles. Aprendi muitíssimo, mas ainda é pouco o que eu sei. Eles prestam aos outros brasileiros um enorme serviço ambiental. Viajei por um Maranhão devastado, seco e quente. Encontrei um oásis: era a floresta onde os 400 Awá estão dispostos a dar a vida para manter as árvores em pé.” tanto em um quanto em outro tempo. Não são dois livros em um. A ficção, que tudo pode, aproxima os dois tempos extremos do Brasil.

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Entrevista Plurale – Na sua carreira jornalística, as primeiras experiências foram como repórter de Política, depois de repórter de Diplomacia e se consagrou na Economia. Mas também tem forte viés socioambiental. Dá palestras e é escritora. Como se classificaria? Que atividade gosta mais? Míriam - Sou uma pessoa do meu tempo. O jornalista hoje é um produtor de conteúdo e isso pode ir do Twitter ao livro. Quero comunicar: ideias, histórias, causas. Gosto de tudo do que eu faço e aproveito a pergunta para deixar claro que continuarei jornalista enquanto viver. Minha ida para os livros não me afastará do jornalismo. Plurale - Seus dois filhos são jornalistas. Jornalismo está no DNA? Miriam - Vladimir Netto (da TV Globo em Brasília) e Matheus Leitão (da Folha de S. Paulo) são dois excelentes jornalistas e escolheram caminhos diferentes do meu. Gostam e se dedicam mais ao jornalismo investigativo que é o mais forte na geração deles. Aprendo muito com eles. Plurale - Em seu trabalho, tem acompanhado os principais fóruns de diálogo sobre o Desenvolvimento Sustentável, como a Rio 92, a Rio + 20 e as reuniões de clima da COP. Qual a sua análise do que tem visto? O tema é urgente, mas os líderes globais lhe parecem dispostos a ceder em prol de países subdesenvolvidos? Míriam - É a marcha da insensatez novamente. Não é a primeira vez que a humanidade adia o inadiável. Mas neste caso, pode ser fatal. Acompanho esse debate porque sei que ele é central no mundo de hoje. Basta olhar em volta. O Brasil vive esse ano um momento extre-

mo do clima e um estresse hídrico de grande proporção. Plurale - Acredita na nova filantropia de nomes de grande destaque, como Bill Gates e Warren Buffet, que estão envolvidos em cruzada pela transferência de tecnologias para estes mercados menos favorecidos? Míriam - Os Estados Unidos têm a tradição da filantropia e do voluntarismo. Em parte isso se faz com deduções do Imposto de Renda. Plurale - No caso do Brasil, a questão da sustentabilidade tem realmente avançado? É realmente uma preocupação séria de empresas, governos e Terceiro Setor ou ainda estamos patinando? Míriam - Ainda estamos patinando. Pior, há momentos que penso que recuamos. Houve um esforço forte até o começo do governo Dilma, mas de lá para cá colecionamos retrocessos. As empresas falam mais do que fazem em sustentabilidade. Plurale - Acredita que a pauta de sustentabilidade estará presente nas Eleições de 2014? Míriam - Deveria estar porque este ano vivemos uma seca severa no Nordeste, São Paulo corre o risco de colapso de água, os reservatórios das hidrelétricas estão com nível crítico de água. Mas o debate eleitoral brasileiro tem sido ditado pelos marqueteiros e não pelas necessidades do país. Plurale - Devastamos a Mata Atlântica, o Cerrado e o desmatamento da Amazônia, apesar dos números mostrarem redução, ainda são dados alarmantes. Pelas suas andanças por sertões e veredas, o que tem visto?

RPPN do Brejo Novo

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Míriam - Tenho visto devastação e a luta da conservação. Alguns protegem, preservam e replantam por amor e por serem visionários. Os conservacionistas não desanimam e isso me estimula a sonhar com um país melhor e mais sustentável no futuro. Plurale - Reportagem com Sebastião Salgado junto aos índios Awá, no Maranhão, lhe rendeu recente Prêmio Esso. A série mostra que aquela etnia e tantas outras mandam SOS. Falta uma política consistente para os povos indígenas no Brasil? Míriam - Falta até algo mais elementar: entender os povos indígenas. Eu digo sinceramente que agradeço a chance de ter feito a reportagem porque tive que estudar o tema e lá ver o mundo da perspectiva deles. Aprendi muitíssimo, mas ainda é pouco o que eu sei. Eles prestam aos outros brasileiros um enorme serviço ambiental. Viajei por um Maranhão devastado, seco e quente. Encontrei um oásis: era a floresta onde os 400 Awá estão dispostos a dar a vida para manter as árvores em pé. Plurale - Junto ao seu marido, o também jornalista Sergio Abranches, compraram e mantém uma Reserva Particular do Patrimônico Natural (RPPN), em Santos Dumont, na Zona da Mata de Minas, que lhe rendeu inspiração para livro infantil. O que a natureza tem lhe ensinado? Gosta de observar pássaros? Míriam - O convívio com a natureza, andar na mata, ouvir o canto dos pássaros tem feito de mim uma pessoa melhor. Sérgio e eu colocamos em prática o que pregamos e já replantamos 32 mil mudas de árvores de espécies nativas da Mata Atlântica e fizemos uma RPPN. Hoje metade dos nossos 113 hectares em Minas é ocupada por mata fechada ou bosque em crescimento. Os pássaros voltaram, os mamíferos começam a aparecer, a água brota do chão. Isso tudo me inspira. Plurale - Que região - no Brasil e no mundo - planeja conhecer em breve? Míriam - Vou de novo a Amazônia. Não quero parar de ir. São muitas amazônias e eu quero conhecê-las todas. Plurale - Um novo livro infantil acaba de ser lançado. Do que fala, é para que público?


Míriam - A Menina de Nome Enfeitado foi escrito para falar do encantamento da entrada no mundo da leitura e para resolver um problema: o que fazer com o H. Mas de alguma forma eu acabo falando de “caminho da mata” e “ninho de passarinho”. Afinal, aí tem H. É para crianças em fase de alfabetização. Já está nas livrarias. Acabei de lança-lo em São Paulo e aguardo chance de lançar no Rio.

Arianas, nascidas no Dia do Jornalista Por Sônia Araripe

Um jornalista não se faz da noite para o dia. Muito menos apenas após a formação universitária, generalista e normalmente rasa. É no dia-a-dia, a partir da paciência de colegas – chefes e repórteres com maior experiência – é possível ir formatando, burilando este ser que precisa, antes de mais nada, aprender a pensar. Felizmente tive esta imensa sorte. Ao longo de 30 anos de profissão, transitando por diversas redações - como Jornal do Commércio, O Dia, O Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil (por onde estive em diferentes fases por 14 anos) - convivi com alguns dos mais brilhantes jornalistas da geração atual. Para não correr o risco de esquecer de tantos nomes, cito apenas os editores diretos: Ricardo Bueno, Luiz Cesar Faro, Coriolano Gatto, Cristina Calmon, José de La Peña, Míriam Leitão, Xico Vargas, Arnaldo César, Altair Thury, Cláudia Reis, Cristina Konder, Ricardo Boechat, Augusto Nunes e José Casado. Um time de figurinhas carimbadas, capaz de fazer “corar” a Seleção de Felipão. Míriam foi minha editora por cerca de cinco anos, nos bons tempos do JB. Rigorosa sim, rancorosa não. Severa sim,

mas esperando sempre o melhor de cada repórter. Nos descobrimos, logo após algum tempo de convivência que nascemos no mesmo dia. Arianas, sim senhor! E como se a sina estivesse sido escrita, nascidas no Dia do Jornalista. Guardo as melhores lembranças destes tempos. Ganhamos um prêmio de jornalismo pela cobertura investigativa do que viria a se transformar no Caso Naji Nahas, do megaespeculador responsável por um esquema fraudulento que colimou com a bancarrota de várias corretoras e da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Míriam não só bancou a matéria como defendeu os repórteres junto ao poderio econômico. Exigia, cobrava, sempre foi o seu estilo. Mas sabíamos que era sempre pelo melhor resultado. Em quarenta anos de profissão, Míriam recebeu diversos prêmios, entre eles o Maria Moors Cabot, da Universidade Columbia, de Nova York. Ganhou o Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 2012 por Saga brasileira, sobre o período que acompanhamos de perto da hiperinflação. Seus filhos seguiram os passos dos pais e são jornalistas de boa cepa. Feliz por também poder apresentar a minha Isabella, que se inicia na profissão. Uma passagem ficou para sempre marcada. Apaixonadas por política, apesar de que, na época, estávamos na Editoria de Economia do JB, nos envolvemos na cobertura das eleições presidenciais

TEMPOS EXTREMOS: FICCÇÃO COM F MAIÚSCULO Tempos Extremos, por Míriam Leitão, Editora Intrínseca, 272 páginas, Preço sugerido: R$ 24,00 Não espere uma leitura fácil e despretensiosa. Tempos extremos é a primeira ficção – espera-se que de muitas – da jornalista Míriam Leitão e, na estreia, já deixa gosto de “quero-mais”. Larissa é jornalista frustrada, que migrou para a pesquisa em História. Filha de desaparecido político, não chegou a conviver, de verdade, com o seu pai. Sua mãe, Alice, amargurada, enfrenta a dor de um luto eterno, sem direito a velório. Primos, tios, parentes de uma grande família tradicional – com seus anseios e conflitos – se

reencontram na Fazenda Soledade de Sinhá, no interior de Minas. Larissa passa a ter, então, contato com o sobrenatural: “fantasmas” passam a “visitá-la” na madrugada, com a jovem Paulina e Larissa se unindo no desejo de fazer Justiça. Os tempos difíceis da Ditadura e da Escravatura se cruzam de maneira surreal. Do porão da fazenda secular e do “fantasma” ainda presente dos porões da Ditadura. Apaixonada por Guimarães Rosa e Gabriel Garcia Marques, Míriam abre, de certa forma, o seu “baú de memórias”, e vai desenrolando o fio de uma meada fantástica e

de 1989, marcadas por denúncias de manipulação em debates na TV. Conhecíamos de perto o “braço-direito” do ex-governador Leonel Brizola, o jovem economista (e ex-secretário de Finanças do Estado do Rio) César Maia. Brizola temia um novo “Caso Proconsult”, e sem confiar nas pesquisas e contagem oficial, deixou para César Maia a tarefa de contabilizar os votos por informes de regiões. Míriam soube disso e me levou para o “quartel-general” dos pedetistas, no apartamento de Brizola. Entramos “escondidas” dos coleguinhas já no fim da tarde, começo da noite, com fotógrafo. Já sabendo ter sido derrotado no primeiro turno para Lula, a quem Brizola chamava de “sapo barbudo”, o gaúcho tinha partido para o Uruguai. Fizemos uma ampla e exclusiva cobertura deste fato histórico com vários pedetistas fundadores do partido. Voltamos já tarde para a redação e Míriam “virou” o jornal para contar o que vimos e ouvimos. Sentada ao seu lado, me empolguei em escrever a “quatro mãos” o texto que começaria na primeira página do JB. Fizemos uma matéria principal e outra menor. Fui embora com a sensação de ter, de certa forma, participado da História com H maiúsculo. Qual não foi minha surpresa, no dia seguinte, ao ver o texto assinado na primeira assinado apenas com o meu nome. E o de Míriam somente lá na parte de dentro do jornal. Generosidade é o seu nome. de prender o fôlego. Pesquisadora detalhista, sem jamais abandonar sua veia jornalística, a autora aproveita o material apurado em reportagens: seja sobre as descobertas do Valongo e do cemitério dos pretos novos localizados na revitalização da Zona Portuária carioca, em “Arqueologia da escravidão” e também a série sobre a morte do ex-deputado Rubens Paiva nos porões militares. Ambas séries premiadas: Prêmio Abdias Nascimento 2012 na categoria menção honrosa e Prêmio Vladimir Herzog de 2012 na categoria reportagem de TV, respectivamente. E como se desenrola a trama e seus personagens destes diferentes porões? Bom, aí só conferindo mesmo. Mais não conto para dar vontade de todos lerem Tempos Extremos e verem como a história termina. Por Sônia Araripe

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Estante FRAÇÕES, DE LUIZ CLÁUDIO REIS, Editora Frutos, 66 páginas, R$ 18 Frações é o reflexo dos sentimentos experimentados ao longo da vida do autor e transformados em poesias. O carioca Luiz Cláudio Dias Reis é poeta, jornalista e editor. Com relevante carreira jornalística, atualmente é Superintendente-Executivo do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Começou a escrever poesia aos 13 anos. Aos 51 anos escreve seu primeiro livro, Frações, reflexo dos sentimentos experimentados ao longo desse período de vida.

UMA PEQUENA LIÇÃO DE LIBERDADE, DE JÚLIO EMÍLIO BRAZ, Editora Mundo Mirim, 72 páginas, R$ 29,90 Imagine um ambiente explosivo, cheio de luta, de coragem, de valentia – e de traições... É nesse clima de tensão e de bravura que Júlio Emílio Braz resgata uma face pouco explorada da história brasileira: a resistência negra por meio da formação dos quilombos. Uma pequena lição de liberdade relembra alguns dos episódios pouco mencionados nos livros de histórias e mostra o quanto os negros africanos eram oprimidos e, mais ainda, como brigavam e se empenhavam na busca da liberdade perdida. A história ressalta a importância dos quilombos e o exemplo de luta daqueles que viviam refugiados. O autor que é vencedor de prêmios nacionais e internacionais de literatura traz para este romance um enredo comovente.

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PANTANAL: SELVAGEM – WILD – SALVAJE, de Mike Bueno, Editora: Entrelinhas , R$ 220, vendas pelo site http://www. entrelinhaseditora.com.br/ Ao longo de 18 anos, Mike Bueno se dedicou a fotografar o Pantanal mato-grossense e as transformações desse bioma. Registrou cenas únicas, condições climáticas extremas e a luta pela sobrevivência na seca e na cheia. Com um acervo de 250 mil fotos sobre o assunto, decidiu materializar o sonho de publicar o livro “Pantanal: Selvagem – Wild – Salvaje” e montar uma exposição. A obra e a mostra fotográfica foram lançadas no dia 11/06, em Cuiabá – um dia antes da abertura da Copa do Mundo de 2014.

COMO FAZER A EMPRESA LUCRAR COM SUSTENTABILIDADE, de Bob Willard, Editora Saraiva,195 págs, R$ 34,90 Sustentabilidade é o assunto da ordem do dia nas organizações, mas, antes de usá-la como diferencial competitivo, é preciso entender a fundo o tema para enraizar profundamente as ações sustentáveis na estratégia das empresas. É exatamente isso que Bob Willard revela em Como Fazer a Empresa Lucrar com Sustentabilidade. Publicada no Brasil pela Editora Saraiva, a obra, dividida em sete capítulos, detalha em cada seção um benefício da sustentabilidade para as organizações e também indica como as empresas podem usar o conceito de sustentabilidade para aumentar a receita e a produtividade e reduzir riscos e despesas, ao mesmo tempo em que aumentam seu valor no mercado.


Frases Sigmund Freud “Eu prefiro a companhia dos animais. Eles são muito mais simples” MILLOR FERNANDES “Deus fez o mundo. O homem o fez imundo”

ALBERT EINSTEIN “O meio ambiente é tudo o que não sou eu” CHICO XAVIER “Nenhuma atividade no bem é insignificante...As mais altas árvores são oriundas de minúsculas sementes.”

CONFÚCIO “O mestre disse: Por natureza, os homens são próximos; a educação é que os afasta.”

MAHATMA GANDHI “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.”

ARISTÓTELES “A natureza não faz nada em vão.” SÊNECA “Se vives de acordo com as leis da natureza, nunca serás pobre; se vives de acordo com as opiniões alheias, nunca serás rico.”

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Colunista

Foto: Agência Brasil

Christian Travassos

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assado um ano da eclosão de uma série de manifestações populares e em meio à realização do maior evento esportivo de sua História, o Brasil vive dias turbulentos, marcados por greves, violência, puxões de orelha da Fifa, por #VaiTerCopa, #NãoVaiTerCopa. Razões para esse climão são levantadas, inspiradas em disputas políticas ou em teses sobre o comportamento do brasileiro. Não há respostas simples, mas algumas evidências embasadas em fatos permitem-nos abordar o imbróglio sob um menor risco. De início, assim como para um engenheiro o fundamental está nos alicerces da construção, para um economista, o ponto de partida aqui está na condução da política econômica - na capacidade de o país preservar seus fundamentos macroeconômicos. Neste caso, leia-se infla-

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ção sob controle, responsabilidade fiscal e câmbio flutuante. No princípio da década de 1990, James Carville, estrategista político norte-americano, ganhou notoriedade internacional após pendurar um cartaz em um quadro de avisos no comitê de campanha de Bill Clinton, então candidato à Casa Branca. Naquela folha de papel estava escrita uma frase simples e aparentemente despretensiosa: “É a economia, estúpido!”. A partir dali, aquelas palavras seriam o slogan de campanha de Clinton, que tomaria do favorito George Bush (pai) a presidência da maior potência econômica mundial nas eleições de 1992, sendo reeleito quatro anos depois. Sob essa ótica, como se encontram os pilares da economia no Brasil? Bem, em primeiro lugar, cabe notar que o fato de o brasileiro se mostrar atento ao cenário eco-

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nômico, usar diferentes canais - rua, redes sociais - para manifestar seu ponto de vista, demonstrar interesse na administração pública e, sobretudo, se incomodar com uma inflação de 6,5% ao ano é um sinal do patrimônio consentido pela condução responsável da economia nos últimos 20 anos. Em outras palavras, não, não somos Argentina, nem Venezuela e o brasileiro não quer caminhar na mesma direção desses hermanos. Ocorre que, ao longo desse mesmo período, como diria Drummond, “no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”. E essa pedra não foi - e nem é - a Copa do Mundo. A Copa talvez seja uma bola mal chutada, que alguns até consideram gol contra. A pedra, ou rocha, foi a crise financeira internacional de 2008, com efeitos mais evidentes no Brasil ao longo de 2009, mas com herança indireta indesejável.


Como diria Drummond, “no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”. E essa pedra não foi - e nem é - a Copa do Mundo.

É que, tão importante quanto os seus desdobramentos diretos - forte abalo na confiança, na oferta de crédito e no crescimento econômico -, a crise serviu de pretexto para relaxar os tais pilares da economia doméstica. Flexibilizar o controle do gasto público, abrir espaço para a criatividade no fechamento das contas governamentais, elevar despesas com a máquina estatal e tolerar um “pouquinho mais de inflação” para “garantir a retomada do crescimento” passaram a compor o repertório da política econômica brasileira. Até mesmo o ponto pacífico de que inflação e crescimento guardam relação estreita em qualquer tabuleiro econômico sério chegou a ser questionado pelo Planalto. Não é pouco. Ter como referência o teto da meta de inflação do país, de 6,5%, em detrimento de seu centro, de 4,5%, faz uma grande diferença. Quatro anos

com uma inflação anual de 4,5% resultam numa alta de preços acumulada de 19,3%. O mesmo raciocínio para uma inflação anual de 6,5% colhe uma taxa acumulada de 28,6% - uma vez e meia a verificada pelo centro da meta. Nesse ambiente, não é de surpreender a longevidade de uma regra de indexação salarial, do mínimo, pautada por indicadores alheios à evolução da produtividade do trabalho - a norma em vigor baseia-se no resultado do PIB e na inflação. Também não soa entranho o surgimento de movimentos de consumidores como o “isoporzinho” e o “$urreal”, que aparentemente retratam a reação a aumentos na ponta, mas precisam ser entendidos à luz do encarecimento de preços na economia como um todo. Em dezembro de 2013, um caso aparentemente “bobo” chamou atenção. O IBGE anunciou a revisão do crescimento do PIB 2012 de 0,9% para 1,0%. Acontece que na semana anterior a presidente Dilma Rousseff havia dito em entrevista ao jornal espanhol El País que “sabia que (a alta do PIB 2012) não havia sido 0,9%”, que o avanço revisto seria de 1,5%. Uma diferença de 50% em relação ao que o IBGE divulgaria dias mais tarde. Sintomático, dado que a condução adequada da política econômica depende de uma comunicação governamental eficiente. Somados aos abalos nos alicerces emergiram fatores, uns mais, outros menos, coadjuvantes, mas que nem por isso devem

Quatro anos com uma inflação anual de 4,5% resultam numa alta de preços acumulada de 19,3%. O mesmo raciocínio para uma inflação anual de 6,5% colhe uma taxa acumulada de 28,6% - uma vez e meia a verificada pelo centro da meta.

ser vistos como desimportantes. Ainda mais por terem trazido à tona inquietações há tempos represadas. Nesse sentido, encontram-se a morosidade governamental na execução de obras de infraestrutura; questionamentos acerca da garantia de legado pós realização da Copa do Mundo - o que vale também para o Rio no caso das Olimpíadas; a maior presença de quadros político-partidários em posições dependentes de experiência e capacitação técnicas; e a má qualidade dos serviços públicos, prestados por Estado ou concessionárias privadas, em comparação ao custo que representam ao cidadão - em diversos segmentos, como saneamento, transporte, segurança, educação, saúde e comunicação. Cabe analisar ainda nesse contexto o fato de a reputação de instituições até então considerada inabalável ter sido colocada à prova no passado recente. Vide os casos de Petrobrás (Pasadena), o próprio IBGE (polêmica em torno da descontinuidade da Pnad), Ipea (divulgação equivocada de dados sobre violência contra a mulher) e Correios (custo desproporcional de mudança da logomarca). Não por acaso, no último ano, o Brasil perdeu três posições no ranking mundial de competitividade do International Institute for Management Development - IMD, consolidando a posição do país entre as dez piores nações do mundo de acordo com o indicador. O país passou à 54ª posição num total de 60. Entre 2011 e 2014, perdeu 16 posições no ranking. Com isso, deixou o nível mediano de países para figurar entre as nações menos competitivas do estudo. Erros são também oportunidades para mudanças, acertos de rota, aprendizado. Vai ter Copa – já está tendo -, vai ter manifestação, vai ter eleição. E, principalmente, vai ter um novo Brasil, que não será mais o mesmo depois deste ano e de tantas tensões em tão pouco tempo. Porque o principal ator dessa história não quer: o brasileiro, que aprendeu a valorizar conquistas pessoais e de seu país e não quer mesmo voltar atrás. Que bom. Cristian Travassos (christian.travassos@yahoo. com.br.) é Colunista colaborador de Plurale, escrevendo sobre economia e sustentabilidade. É economista (Puc-Rio) e Mestre em Ciências Sociais (CPDA/UFRRJ)

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Colunista Dario Menezes

Reputação e Sustentabilidade:

uma interlocução estratégica

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m decorrência das mudanças ocorridas no mundo nas esferas econômica, ambiental, social e tecnológica nos últimos anos, com um cenário global permeado por incertezas, crescimento das mídias sociais, da representatividade das ONG’s e do ativismo anticorporati-

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vo, intensificou-se o questionamento do papel das empresas passando a existir maior pressão da sociedade por uma atuação mais responsável por parte das corporações que devem pautar sua ação nos fundamentos da lógica e da coerência: falar o que efetivamente fazem e fazer o que divulgam utilizando-se de um

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processo consistente de comunicação estabelecida a partir do propósito organizacional. Nada de propaganda enganosa. Nada de promessas ou greenwashing. Somente fatos. Por conta desse contexto, é crescente nos últimos anos a publicação de estudos nacionais e internacionais sobre o tema reputação corporativa. O tema saiu da esfera das discussões acadêmicas e de forma definitiva integrou-se à agenda das empresas, priorizando direcionamentos estratégicos e a forma como as organizações desenvolvem e gerenciam o relacionamento com os seus diversos stakeholders. O conceito de reputação sumariza a percepção que os stakeholders têm sobre as ações passadas e futuras de uma empresa englobando os seus emprega-


dos, acionistas, clientes e fornecedores bem como o governo, mídia, academia, associações, ONG’s e formadores de opinião. Estamos falando de um ativo valioso que se constrói por meio de ações e relacionamentos consistentes, transparentes e coerentes ao longo dos anos, reduzindo conflitos, ajudando a empresa a tratar com eficiência a diversidade, gerando valor social e econômico e benefícios mútuos para os seus públicos de interesse, estabelecendo uma nova dimensão para a gestão da empresa. O primeiro passo para a formação da reputação é a construção do alinhamento da visão estratégica, da cultura e das percepções dos stakeholders. De novo nada de promessas. Reputação se conquista com fatos, práticas e percepções.

Independente do seu tamanho, segmento de mercado e região geográfica, todas as organizações são avaliadas pela qualidade do relacionamento com os seus stakeholders e principalmente pelo nível de estima, admiração e confiança gerados a partir desses relacionamentos. É relevante perceber que à medida que a empresa se estrutura gerando essas novas formas de relacionamento e diálogos, ela expande a sua percepção como ator social, ampliando seu propósito organizacional e transformando-se de forma considerável. O segundo passo para a formação da reputação é estabelecer uma narrativa organizacional coerente alicerçada por uma estratégia de comunicação transparente e consistente com os seus públicos. Gradativamente a organização começa a conquistar percepções positivas junto aos stakeholders e recebendo de volta comportamentos de apoio favoráveis como a intenção de compra, o suporte em momento de crises corporativas, o interesse em colaborar no desenvolvimento da empresa e das suas ações sociais por exemplo, levando-a a um círculo virtuoso de desenvolvimento. Reputação e Sustentabilidade possuem sinergias importantes para o sucesso corporativo Fundamentalmente o terceiro vetor para a formação da reputação é a avaliação da atuação da empresa, a percepção de qualidade dos seus produtos e serviços e principalmente a avaliação das suas práticas ambientais e sociais. Desta forma, todos os esforços que as empresas têm desenvolvido nos últimos anos em prol da sustentabilidade como a revisão dos seus processos, a evolução da sua

prestação regular de contas, participação em índices como o ISE e DJSI, adoção das práticas do Instituto Ethos e do GRI tem potencializado a percepção positiva dos seus públicos. Por outro lado, empresas que têm experimentado constantes críticas a qualidade dos seus produtos, denúncias de práticas passadas de relação com a sua força de trabalho, protestos sociais, recalls por conta de defeitos de produção que colocam em risco as nossas vidas ou inclusão em rankings não prestigiosos, como, por exemplo, o Public Eye Award e similares, tem destruído seu capital reputacional e por extensão o valor da organização. Se os três vetores descritos acima (alinhamento estratégico, engajamento dos stakeholders e atuação da empresa) estiverem alinhados, teremos uma reverberação positiva gerando maior confiança e estima dos seus públicos estratégicos. Por tudo isso, temos a convicção de que a união de esforços relacionados a sustentabilidade e reputação constituem uma relação complementar de esforços e que constituem papel fundamental no redesenho dos processos internos das organizações. Desses processos surgirão empresas mais proativas nos seus relacionamentos com os seus stakeholders, com maior conexão com as demandas e expectativas da sociedade contemporânea, compromissadas com o seu posicionamento e estratégia e mantendo-se alinhadas com os mandamentos da atuação de uma empresa que possui um olhar no futuro: no seu futuro como organização e principalmente no futuro da sociedade na qual está inserida. Dario Menezes (dario.menezes@ ig.com.br) tem mestrado em Administração e é professor da Fundação Dom Cabral, Fund.Getúlio Vargas e IBMEC. Atua como Diretor de Novos Negócios do Reputation Institute além da experiência executiva na área de Marketing na VARIG e na Vale. Consultor de empresas e palestrante

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Colunista Luiz Antônio Gaulia

O tempo e a mudança.

A maldição do Saturno tecnológico.

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m 1965, quando Alvin Toffler escreveu sobre o “choque do futuro” e aquilo que ele chamou de “doença da mudança” talvez tenham sido poucos os que vislumbraram o caos e o potencial da nova onda civilizatória que ganhava ímpeto num curto espaço de tempo. A informação e o conhecimento deixariam nossa sociedade à mercê da transitoriedade. Para Toffler, se o surgimento da agri-

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cultura trouxe uma primeira e profunda revolução para a civilização humana, séculos mais tarde, foi a revolução industrial, com suas máquinas e processos fabris que causou uma segunda onda de transformações estruturais marcantes na vida social e no mundo trabalho. Contudo, é a revolução da telemática - uma terceira e até o momento aparentemente definitiva onda civilizatória - com sua rapidez e tecnologia provocando profundas mudanças na forma

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e no tempo do trabalho, nas relações humanas, bem como nos processos mentais e emocionais, que insere a humanidade diante da constatação de que o futuro é agora. Ou seja, o dia de amanhã já pode ser conhecido hoje, neste momento, pois o mundo ficou menor ao se conectar numa rede on line all time. Não somente os fluxos financeiros ganharam agilidade, mas o conhecimento, os fatos, as notícias e as trocas de correspondência, opiniões e re-


latos conquistaram a instantaneidade derrubando fronteiras e trazendo um tempo presente permanente para lares, empresas e governos. Nesse mundo de transparência obrigatória, pois tudo se sabe e se vê, sem segredos e sem o amanhã planejado e linear que as gerações passadas conheceram, a complexidade cresce exponencialmente. A mudança é a única certeza. Com a tecnologia produzindo mais tecnologia de forma acelerada e nesse desdobramento, mais mudanças nas nossas percepções de tempo, espaço e diálogo, vamos sofrendo uma nova doença psicológica que ainda não foi completamente entendida por grande parte das pessoas. Alguns especialistas já dizem que a ansiedade e o déficit de atenção são o mal do nosso novo século – que está apenas em seus anos iniciais. Não falo apenas de uma carga adicional de estresse oriundo dos excessos informacionais e da sobrecarga de conhecimento multiplicada pela vastidão de estímulos da internet, mas do peso de uma instabilidade crônica do aprender e reaprender constantes. Aprender como lidar com um cenário onde encontramos mais dispersão do que afinidades. “A principal preocupação do cérebro é formar modelos” li recentemente no livro “O Animal Social” de David Brooks. Ora, se vivemos sob a mudança perpétua, estamos condenados a não encontrar modelos que nos sejam familiares e nos permitam conexões mais tranquilizadoras. Claro que, a biologia segundo Darwin nos seleciona a partir da capacidade de adaptação, talvez tornando o homem um animal mutante por natureza mas o mutável crescente também é uma forma de câncer. Não é preciso uma teoria profunda para constatar que certas pessoas teriam mais dificuldades do que a outras para viver nesse cenário de mudança permanente, dependendo de suas condições sociais, oportunidades, cultura, acesso ao mercado de trabalho, competências, habilidades e mérito. Me parece que a geração Twitter com seus 140 caracteres surge como resultado desse mundo novo da transformação virtual constante e de uma agora chamada sociedade disruptiva. Nada mais existe enquanto tradição. Será essa a nova tradição? O choque de civilizações é inevitável entre sociedade e culturas mais ou menos arraigadas aos seus costumes e dogmas

milenares. Digo afinidades no sentido de que, como humanos, buscamos conexões e pontos de vista em comum. A diversidade alardeada ultimamente quer preservar o diferente dentro da comunidade, mas a comunidade é uma unidade em comum e, portanto uma rede que se integra a partir de ideias, percepções, ritos, amores e objetivos compartilhados. Vivemos hoje o inverso, uma fragmentação de elos possíveis e verdadeiros, diante do efêmero. Não há mais tempo para o afeto, a não ser que ele venha pela quantidade de likes do Facebook. Entre centenas de milhares de outros inputs digitais. Não sou contra a tecnologia, pelo contrário, nem contra as inovações, mas é preciso lembrar que homens juntam-se em fraternidade para superar as dificuldades de viver e saber conviver de maneira mais fraterna é a sempre a melhor das inovações. Vivemos em conjunto para sobreviver, mas hoje vivemos em conjunto para nos violentar em comodismo, indiferença, distância sentimental e falta de significado para nossos rituais coletivos, todos eles acelerados num tempo de dinâmica assustadora. Em épocas não muito distantes, na geração de nossos avós, nos percebíamos mais como semelhantes do que como ameaças. A solidão é o resultado nesse cenário de mudança que a tudo e a todos atinge e devora. A quem interessa tal situação? Parece-me assim que vivemos um tempo de complexidades estonteantes que precisam ser interrogadas em seus detalhes, principalmente diante da falta de tempo para refletirmos sobre nossos comportamentos caóticos. É vital pensarmos no futuro, mesmo que ele não mais exista como nos moldes pelos quais nossos avós podiam se orientar. Há um risco de retornarmos à barbárie, caso não tenhamos mais tempo para cuidar de nossas emoções, sentimentos e intuições, pois são eles que nos distanciam dos outros animais. E estamos todos com muita pressa ultimamente para trabalhar esse cuidado. Nossa atualidade nos possibilitou avançar com os ponteiros do relógio, principalmente no conhecimento disponível num simples toque do teclado, mas a característica do tempo atual é de ser como um moinho. Na corrida para termos tempo de sobra, numa sociedade que não dorme, nosso desafio diante dessa repetitiva ruptura com o passado é nos escravizarmos

O dia de amanhã já pode ser conhecido hoje, neste momento, pois o mundo ficou menor ao se conectar numa rede on line all time. Não somente os fluxos financeiros ganharam agilidade, mas o conhecimento, os fatos, as notícias e as trocas de correspondência, opiniões e relatos conquistaram a instantaneidade derrubando fronteiras e trazendo um tempo presente permanente para lares, empresas e governos.” de forma inconsciente ao comando da racionalidade técnica cujo curto prazo é a regra para esmagar a esperança de uma proximidade social e ambientalmente mais responsável, a partir do desejo do cuidado e do afeto. O planeta ficou menor com as inovações tecnológicas, mas não pode ficar pior por causa delas. É hora de retirarmos os antolhos para enxergarmos com mais nitidez as tradições que estamos desconstruindo, ao sermos servos de uma tecnologia que tem potencial para desumanizar em sua aparente facilidade em aproximar. Viver sob condição de uma eterna mudança é a maldição do Saturno tecnológico. Ela só vai nos enlouquecer. Luiz Antônio Gaulia (lgaulia@ bol.com.br) é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre sustentabilidade. É Professor da Universidade Estácio.

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Bazar ético

Maria Preta, a única loja da região de Visconde de Mauá que apresenta somente artesanato local

Texto e fotos: Raquel Ribeiro A fachada parece casinha de boneca; o interior, um pedacinho de conto de fadas. Há cores e alegres texturas por todos os lados, até no teto, de onde pendem estrelas de chita, sino dos ventos e outros balangandãs. O nome da lojinha arremata o clima lúdico-rural: Maria Preta, assim batizada em homenagem a um passarinho pequenino, comum da região de Visconde de Mauá. Sim, ali todos os objetos remetem à simplicidade – não se busca o extraordinário, mas a beleza, a poesia do cotidiano. Apaixonada por produto manual, a belga Beatrijs Hindt fala de cada peça com a intimidade de quem bem conhece as peças e seus artesãos. “Converso muito com eles, para que valorizem seu trabalho e saibam cobrar um preço justo.” Diz não se interessar pelo comércio que visa somente o lucro e não vende nada que seja feito em série. Em tudo, de fato, se sente o toque pessoal de quem tece, borda, pinta ou molda. Há obra de artista reconhecido, como um dos pássaros de Jorge Brito, que transforma em escultura pedaços de madeira achados na mata; quem mais vende, porém, é Sonia, moradora da Prata, um dos vales mais distantes da região. São delas as estrelas feitas de retalho e papelão. Conhecidas por giramundo fazem parte da cultura local e enfeitam centenas de casas antigas. Na loja, Beatrijs também expõe seus delicados anjinhos de palha, colares de papel e outros mimos. “No meu trabalho quase sempre tem uma ligação com a natureza, seja pela forma, seja pelo tema.” Formada em artes plásticas e expert em decoração, conta que na Bélgica se sentia longe da base da vida e aqui vive a riqueza da simplicidade.

“A boneca mais bonita é aquela que nasce das mãos de uma mulher que costura; costurar à mão é uma meditação.” Beatrijs Hindt.

Contato:

Maria Preta Vila de Visconde de Mauá/RJ Telefone: (24) 9831-4513

Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de comércio solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.

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P e lo B rasi l

Carvoarias em Minas (SOSma)

Brasil perdeu cerca de 24 mil campos de futebol de Mata

Da SOS Mata Atlântica

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgaram em 27 de maio, Dia da Mata Atlântica, em entrevista coletiva, os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no período de 2012 a 2013. O levantamento foi apresentado por Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do Atlas pela organização; Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE, e Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação. A iniciativa tem o patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da Arcplan.

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O estudo aponta desmatamento de 23.948 hectares (ha), ou 239 Km², de remanescentes florestais nos 17 Estados da Mata Atlântica no período de 2012 a 2013, um aumento de 9% em relação ao período anterior (2011-2012), que registrou 21.977 ha. A taxa anual de desmatamento é a maior desde 2008, cujo registro foi de 34.313 ha. No período 2008 a 2010, a taxa média anual foi de 15.183 hectares. No levantamento de 2010 a 2011, ficou em 14.090 ha. Nos últimos 28 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.850.896 ha, ou 18.509 km2 – o equivalente à área de 12 cidades de São Paulo. Atualmente, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 ha. Somados todos os fragmentos

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de floresta nativa acima de 3 ha, restam 12,5% dos 1,3 milhões de km2 originais. Segundo Flávio Jorge Ponzoni, do INPE, os avanços tecnológicos têm permitido mais precisão nos levantamentos. “Mas, em razão da cobertura de nuvens, que prejudicam a captação de imagens via satélite, foram avaliados 87% da área total do bioma Mata Atlântica”. Os dados completos e o relatório técnico poderão ser acessados nos sites www.sosma.org.br e http://www. inpe.br ou diretamente no servidor de mapas http://mapas.sosma.org.br. Um resumo do OHI Brasil, dados e métodos detalhados podem ser encontrados em: http://www.oceanhealthindex.org/ Regionals/Brazil_Assessment_Portuguese


IBEF-Rio

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Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças - IBEF abriu inscrições para o Prêmio IBEF de Sustentabilidade 2014. Em seu quarto ano consecutivo, o projeto, que conta com o patrocínio da Deloitte, Furnas Centrais Elétricas S.A. e Petrobras, e apoio de Plurale em Revista, visa certificar e premiar cases de empresas e administrações que possuem projetos na área. O objetivo é reconhecer e disseminar tais práticas de desenvolvimento nas organizações e estimular a adoção de ações sustentáveis pelas empresas brasileiras. As inscrições seguem até o dia 27 de junho. É fácil participar. Basta fazer o download do formulário “Prêmio IBEF de Sustentabilidade”, que consta no site do IBEF, preencher e enviar em formato PDF para o e-mail sustentabilidade@ibefrio. org.br, de acordo com os padrões estabelecidos.

Um grupo de altos executivos, que compõem a Banca Examinadora do Projeto, irá analisar e identificar as empresas que serão certificadas, levando em consideração os requisitos da Metodologia do Pentágono em Sustentabilidade, com base no livro “Avaliação de Investimentos Sustentáveis”, de autoria de Rechtman & Young (2013). Os autores, por meio de pesquisas, estudos e orientações de profissionais da área, estabeleceram conceitos de direção e gestão empresarial, caracterizando e disseminando a responsabilidade socioambiental como paradigma complementar a performance econômico-financeira. As empresas que participam em uma das cinco categorias do Prêmio – valorização, gestão, governança, administração de conflitos e estrutura da operação – se aprovadas, recebem o Certificado de Excelência em Sustentabilidade

e concorrem no dia 15 de agosto, em evento promovido pelo IBEF, ao Prêmio Troféu Ecosofia. Além disso, terão seus projetos divulgados pela instituição e serão convidados especiais nas palestras e seminários do IBEF-Rio. Para Marcos Varejão, diretor executivo do IBEF-Rio, o reconhecimento e aprovação do Instituto é um fator de peso na avaliação de investimentos de cases empresarias na área. “O tema é uma preocupação global, e está na pauta da nossa agenda de eventos para orientar as empresas associadas, de diversos segmentos”, ressaltou. O Prêmio IBEF de Sustentabilidade foi criado em 2010 e desenvolvido para orientar a atuação das empresas nos diversos aspectos que envolvem o tema, tais como: a responsabilidade ambiental, justiça social, viabilidade econômica, gestão, conflitos, governança e estrutura da operação.

Renata Costa/ECOTV

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Educação na luta contra a pobreza Por Nícia Ribas, de Plurale em revista

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que a educação pode fazer para combater a pobreza? Especialistas em pobreza e desigualdade reuniram-se em, 12 de maio, na Casa do Saber, Rio de Janeiro, para discutir a questão e lançar a Maleta Futura Por que Pobreza?. Trata-se de, uma seleção de material audiovisual, textos inéditos e propostas interativas criados a partir do acervo do Futura e dos curtas e longas-metragens do projeto internacional Why Poverty? “http://www.whypoverty.net/”

Maristela Moreira de Carvalho veio de Ouro Preto para receber, simbolicamente o material. Ela representou um dos parceiros do Canal Futura, que vão ajudar a disseminar o conhecimento gerado pelo projeto. Os kits serão distribuídos no Brasil para ONGs, universidades e outras organizações que trabalham com formação de educadores da rede pública de ensino; universidades parceiras do Canal Futura; redes públicas de ensino; instituições públicas de Assistência Social e organizações que trabalham com jovens. Até o fim deste ano, 12 instituições receberão a Maleta em dez estados: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Maranhão, Pará, Paraná, Pernambu-

co, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. “Em Ouro Preto nossa Sala Futura existe há 10 anos,” disse Maristela à Plurale. O debate “Educação como uma saída sustentável para a pobreza: possibilidades e limites” contou com a participação do ex-presidente do IPEA e atual ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), Marcelo Neri; o professor e pesquisador André Lázaro; e a gerente-geral do Canal Futura, Lúcia Araújo. A mediação ficou por conta do jornalista Antônio Gois. Participou também o documentarista sul-africano Don Edkins, diretor da Steps International, também esteve lá.

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P e lo B rasi l Grupo Boticário, BV Rio e catadores oficializam primeira operação de Logística reversa Por Sônia Araripe, Editora de Plurale Do Rio/ Foto de Divulgação

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que levou cerca de 20 anos sendo discutida, começa, efetivamente, a sair do papel. No dia 25 de abril, em solenidade com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o Grupo Boticário e a BVRio oficializaram as primeiras negociações de Créditos de Logística Reversa de Embalagens, por meio da BVTrade, plataforma eletrônica da bolsa de valores ambientais BVRio. A ministra Izabella Teixeira destacou o envolvimento dos catadores nesta operação, recebendo pelos serviços prestados. “Vivemos tempos que exigem uma nova governança ambiental e esta parceria como estamos vendo aqui, do Boticário com catadores e a Bolsa é pioneira”, disse. Representando o Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, Severino Lima destacou o caráter de empreendedorismo da categoria. “Estamos fazendo um trabalho

importante e conseguimos também trabalhar com reciclagem na Copa”, comemorou. A catadora Ionara dos Santos, da Cooperativa Avemare, de Santana do Parnaíba (SP), representou a primeira cooperativa de catadores contemplada com os recursos da operação em bolsa. Reciclagem não é um assunto novo para o Grupo Boticário, ressaltou o seu presidente, Artur Grynbaum em entrevista para Plurale. “Desde 2004, antes mesmo da Lei ser sancionada, já tínhamos esta preocupação”, contou o executivo. Assim, todas as lojas da marca ganharam cestas para arrecadar embalagens usadas. O problema, admitiu Artur, é que esta é uma questão voluntária, de cada consumidor e envolve também a cultura da sociedade. Ele preferiu não definir uma meta de negociação das embalagens - se será o suficiente para compensar todas as produzidas - mas mostrou-se animado com a parceria pioneira. A atuação do Grupo Boticário no segmento de logística reversa será continuada a partir

Artur Grynbaun (presidente do Grupo Boticário), Maurício Moura Costa (diretor de operações da BVTrade) e Ionara dos Santos comemoram a primeira operação

destas primeiras operações, e o volume de créditos adquiridos pelo Grupo deve chegar a 1200 toneladas ao longo dos próximos dois meses. O sistema da BVRio permite que empresas de todo o país possam contribuir de forma efetiva para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), ao mesmo tempo em que promovem a inclusão dos catadores no processo, que passam a receber o pagamento pelos serviços prestados ao meio ambiente e para toda a sociedade.

Inscrições para o Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional vão até o dia 30 de junho

Maceió - Estão abertas as inscrições o Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regiona 2014. Podem concorrer ao prêmio, teses e dissertações, novos projetos para implantação no território e relatos de experiências exitosas. Os vencedores receberão mais de R$260 mil em prêmios, que vão de R$ 13 mil a R$ 50 mil por categoria. Coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Regional do MI (SDR-MI), a terceira edição do concurso homenageia o professor e economista Armando Dias Mendes, um dos ícones do pensamento crítico sobre o desen-

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volvimento da Amazônia. Lançado em 2009, o Celso Furtado tem o objetivo de estimular o debate sobre o tema e servir como instrumento para a criação de novas ações que visem ao crescimento das regiões menos desenvolvidas do País. As inscrições podem ser feitas no site www.integracao.gov.br/premio até 30 de unho. Outras informações por ser obtidas pelo e-mail: premiodesenvolvimento@integracao. gov.br. SOBRE O PRÊMIO O Ministério da Integração Nacional - MI, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Regional - SDR, lançou em 2009, o Prêmio Nacional de Desenvolvimento Regional Edição 2010: homenagem a Celso Furtado como uma das

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estratégias para estimular o processo de discussão e divulgação da Política Nacional de Desenvolvimento Regional - PNDR. A partir da segunda edição, o nome do consagrado economista brasileiro foi incorporado permanentemente à denominação do Prêmio que passa a se chamar “Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento Regional”. Nas duas primeiras edições homenageou dois brasileiros, Celso Furtado e Rômulo de Almeida, respectivamente, pela importância deles como responsáveis pela condução do processo de reconhecimento político, social e econômico da questão regional brasileira e de inserção do tema na agenda de governo e no centro do debate nacional, a partir da década de 1950. Em sua terceira edição reconhece e homenageia o Professor Armando Dias Mendes, um incansável defensor da região amazônica.


Da ABBR

No dia 23 de maio, a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) inaugurou o Memorial ABBR. O espaço, agora aberto à visitação das 9h às 17h, reúne 60 anos de história da instituição e registra o começo da reabilitação no Brasil. O prefeito Eduardo Paes, a primeira-dama do Estado, Maria Lucia Horta, deputados, autoridades e convidados prestigiaram o evento. O prefeito ressaltou a importância da ABBR como uma instituição criada pela organização da sociedade civil. “Esse espaço aqui talvez seja a materialização de como se constrói uma sociedade ou de como deveria se construir uma sociedade. Portanto, nada mais justo do que a gente lembrar a história dessas pessoas. Para o Rio de Janeiro é um orgulho dispor de uma instituição como a ABBR”, conclui Paes, reforçando o desejo de que o trabalho da instituição dê frutos por outros 60 anos.

A entidade teve início em 5 de agosto de 1954, quando o empresário Charles Robert Murray, o arquiteto Fernando Lemos, um grupo de empresários cariocas e médicos importantes da época inauguraram o centro de reabilitação, com o objetivo de tratar crianças acometidas pela poliomielite – o Brasil vivia um surto da doença – e pessoas com limitações físicas. Como não havia profissionais para atuarem no Centro que seria construído, a ABBR criou a Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (ERRJ) e formou os primeiros Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais do país. Para o presidente da entidade, o cirurgião Deusdeth Gomes do Nascimento, a inauguração do Memorial é a realização de um sonho antigo. “Resgatar a memória da ABBR significa resgatar a história toda. Nós temos que registrar para a posteridade, é a história de um ícone de responsabilidade social. Ver que aqui nós praticamos, quando eu digo nós, essa for-

Divulgação ABBR/ Katarine Almeida

ABBR inaugura Memorial que conta seus 60 anos de história e o início da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional no Brasil

ça viva da ABBR, o exercício de cidadania a cada dia”, comemora. Durante as seis décadas mais de 400 mil pacientes passaram pela entidade. Atualmente cerca de 70% dos pacientes são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que contam também com fornecimento médio de 11 mil produtos ortopédicos por ano. Como visitar: Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação – ABBR Rua Jardim Botânico, 660, Jardim Botânico. Tel. 21 3528-6363 • Horário: das 9h às 17h Site: http://www.abbr.org.br


Especial Ceará

Jeri,

um paraíso a ser preservado

Vila no litoral cearense, com diversas atrações naturais, tenta resistir à ameaças do avanço da civilização e da especulação imobiliária

E

squeça os engarrafamentos quilométricos, o frenesi tenso do dia-a-dia nos grandes centros e até mesmo o sapato, que mesmo macio, cisma em apertar o joanete no fim do dia cansativo. Sonhe com o paraíso, ou melhor ainda, vá até lá. Corra, antes que esta verdadeira visão do éden possa passar por profundas e definitivas mudanças a partir da interferência do homem. Conheça Jericoacara, ou melhor, Jeri para os íntimos, antes que seja tarde. A pequena vila de pescadores, no litoral cearense, a cerca de 300 quilômetros de Fortaleza, localizada no município de Jijoca de Jericoacara, vive um daqueles momentos de “encruzilhada”, digamos assim. Andar para a frente, a passos largos, enfrentando, com a cara e a coragem os avanços para atrair mais turistas e investimentos ou resistir enquanto puder para manter o seu ar

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Texto e Fotos de Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista De Jijoca de Jericoacara, Ceará

bucólico, a sua graça de ainda se guiar pelas leis da natureza. Há defensores das duas vertentes e, neste momento, fica difícil prever que lado sairá vitorioso. Um ponto já é certo: dificilmente Jeri dos próximos anos será a mesma de hoje ou de ontem. A pequena aldeia lançada “para o mundo” nos últimos 30 anos, é bem diferente da que aventureiros e mochileiros descobriram em meio às restingas e dunas. Chegar no lugarejo era uma verdadeira aventura. Conseguir se hospedar ou até mesmo comprar algo, mais complicado ainda. O comércio era feito na base da troca e os pescadores alugavam redes e quartos para quem vinha desbravar a região. Hoje, há de tudo um pouco na vila: de Wi-Fi até professores de italiano e alemão. Também massagistas de diferentes técnicas, a jovens garçons argentinos em restaurantes balados, passando por sommeliers internacionais e sorvetes sofisticados com sabores

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totalmente exóticos para o generoso leque de frutas regionais, como pistache ou “Dulce de leite”. Yes, Jeri se globalizou: para o bem e para o mal. Não há caixas eletrônicos na vila, mas são aceitos todos os cartões e também moeda estrangeira. Se for um morador, dá para comprar fiado, nos tradicionais caderninhos de anotação. A explicação oficial para a ausência dos caixas eletrônicos é a dificuldade de chegar até aqui, mas ouvimos também algumas notícias raras de bandos armados que se aproveitam e assaltam principalmente cargas no caminho pelas dunas. Comércio sem portas - Violência? Qual nada. Há policiais na região, mas apenas para garantir a paz. São cerca de 5 mil moradores fixos e em alta temporada chegam a 80 mil flutuantes e turistas. Os casos mais extremos são de alguém que bebeu demais e mesmo assim de tempos em tempos. “Isso aqui é o paraíso, mas tem que ser


preservado como está”, decreta o comerciante Evandro Barroso Teixeira, 44 anos, mais conhecido como Sangue Bom, dono da padaria mais famosa da cidade. Portas? Não há. Muito menos aquelas de ferro, blindadas que lacram estabelecimentos similares em cidades grandes. Nascido em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos fluminense, Evandro tem na veia o legítimo DNA de empreendedores. Foi de tudo um pouco, até se mudar com a família para Fortaleza e de lá para Jeri. São dois anos e só boas lembranças para contar. “Não troco esta minha paz daqui por nada neste mundo”, resume. Vamos caminhando pelas ruas e damos de cara com um jovem casal apaixonado tirando fotos para recordação. Seria algo comum se um detalhe não fizesse toda a diferença: os paulistanos Wilma (27 anos) e Willy Yamashita (32 anos) vieram se casar em Jeri. “Queríamos algo totalmente diferente do habitual pacote de igreja-recepção-bolo e champanhe. Sonhamos em nos casar em Jericoacara e aqui estamos, felizes da vida”, revela Wilma. Os padrinhos de casamento foram a fotógrafa paulista de nascimento, mas quase uma nativa de Jeri, Mary, e seu marido, o italiano Daniele Sabatini, 42 anos, que chegou em Jeri há seis anos e fincou raízes. O estrangeiro adora o local, mas se queixa da falta de infraestrutura, principalmente em casos de emergência. “Uma inflamação no dente à noite pode se transformar em um pesadelo. Aqui é distante de tudo”, lembra. Em casos gravíssimos, existe a possibilidade de solicitar a remoção por helicóptero que segue para municípios mais aparelhados. Novos investimentos - O turismo, definitivamente, é a vocação de Jericoacara. E promete, a cada novo investimento – principalmente os estrangeiros - ganhar ainda mais força. Um aeroporto está a caminho, encurtando as quase seis horas de distância de Fortaleza e novos hotéis sofisticados, do tipo resort, ameaçam não só alterar o perfil das atuais simpáticas pousadas mais caseiras, assim como correm o risco de avançar na área hoje preservada pelos 6.295 hectares do Parque Nacional de Jericoacara, criado em 2002. O Parque Nacional possui diversas paisagens como: serrote, tabuleiro, restinga, manguezais, praias, gramados, lagoas e campos de dunas. Segundo os moradores, há duas explicações para a palavra Jericoacara: significa, na língua indígena, jacaré tomando sol ou, toca das tartarugas-marinhas, em tupi. Nos quatro intensos dias que visitamos a região, em fevereiro deste ano, encontramos e conversarmos com vários moradores

Evandro Barroso Teixeira, dono da padaria que não tem portas e fica aberta 24h: “Não troco esta minha paz daqui por nada neste mundo.”

que relataram histórias de bastidores de negociações para abrir brechas capazes de permitir a construção de investimentos de grande porte na região: hotéis, restaurantes e até condomínios residenciais. Segundo estes antigos moradores, se não houver uma coalizão forte e unida, Jeri corre o risco, sim, de ter sua exuberância natural totalmente alterada pela ação da especulação imobiliária. “Estamos unidos e fortes, mas temos muito medo de denunciar publicamente. São grupos poderosos, com ramificações internacionais e uma boa parte da população não entende que há sérios riscos no que pode parecer, à primeira vista, bom para Jeri”, comenta um líder comunitário que ouvimos e pediu para não ser identificado. Especulação imobiliária - Investidores italianos, alemães, argentinos e de outras nacionalidades literalmente lotearam Jeri. Não há uma só parte que não haja a presença destes. Uma pequena casa de pescador hoje não é encontrada por menos de R$ 500

mil, e estes valores são até baixos. Quem pode, resiste à tentação de vender. E quem não resiste, vende e se muda para a sede do município, na cidade Jijoca, sem a graça, nem os atrativos naturais de Jeri. Jardineiras – caminhonetes e 4X4 adaptados – fazem o transporte pelas dunas até a cidade, não só de moradores, mas também de turistas. Alguns, como nós, contratam serviços de empresas especializadas em Fortaleza para vir, pelo litoral, conhecendo todas as praias e parando. Saímos da capital cearense por volta de 8h e chegamos em Jeri, depois de parar em diversos pontos, com um laudo almoço de peixe e pirão, ao anoitecer. Fomos muito bem guiados por Paulo Sérgio Guedes de Almeida, 40 anos, da Hard Tour Turismo, experiente motorista de 4X4 na chamada Rota das Emoções – envolvendo o litoral do Ceará, do Piauí até o Rio Grande do Norte. Paulo já morou em Jeri, conhece praticamente todo o Brasil e sabe que é preciso sempre respeitar os “caprichos”

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Especial Ceará

Os jovens paulistanos Wilma e Willy se casaram em Jeri, tendo como padrinhos a fotógrafa e seu marido

da natureza: volta e meia para o carro, leva uma vareta alta e checa se a maré permite continuar a viagem pela areia. Com algumas destas paradas, a chegada ao vilarejo é inesquecível. Das dunas, pela areia, o 4X4 mira nas poucas luzes mais fortes. O paraíso existe e tem nome: Jericoacara. Vários passeios - Uma vez na vila, é hora de aposentar tênis e calçados e andar só mesmo de sandália, short e roupa de praia. O trânsito é proibido na vila e, no lugar de ruas e avenidas calçadas e carrões estão bicicletas, bugres e gente caminhando sem pressa em ruas de areia e vielas que cortam a pequena aldeia. Uma placa em restaurante já avisa: “Não temos Wi-Fi, conversem entre si”. É, sem dúvida, a melhor tradução do jeito Jeri de ser. Quem precisa de conexão em alta velocidade por aqui quando há um um sem-número de passeios e opções por todos os lados? Se a natureza e os moradores te convidam, nada melhor do que conhecer as “riquezas” naturais das redondezas. Kite-surf, caminhada até a famosa Pedra Furada (imperdível, mas recomendamos ir cedinho, para ver o sol nascendo por lá ou já no fim do dia se tiver a companhia de moradores locais), os passeios das lagoas de águas cristalinas, o berçário de cavalos-marinhos, o mangue de raízes mortas e muito, muito mais.

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O passeio dos cavalos-marinhos é imperdível. Pescadores levam turistas, sem fazer barulho ou alarde nos berçários, juntinho das raízes das árvores. Mostram, delicadamente os bichinhos e os recolhem em

O barraqueiro João Galdino, da Lagoa Torta, comemora o aumento do fluxo de turistas

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garrafas plásticas, sem tocar, para um só clique, imediatamente devolvendo para o seu habitat. Diferentes cores e tamanhos do Hippocampusreidi habitam a região. O pescador Leone da Costa Damião, 40 anos, morador de Mangue Seco é nosso guia para conhecer os cavalos-marinhos. Explica que aprendeu muito com os pesquisadores do projeto e hoje já sabe – apenas por olhar – a saber quando é macho ou fêmea. Os turistas ficam impressionados ao saber que em uma gestação nascem de 500 a 700 cavalos-marinhos, entretanto, apenas 3% ou 4% sobrevivem. E a criançada dá risada solta ao saber que é o macho que guarda os ovos em suas barrigas, até os expelirem a partir de contrações. Lagoas - Descansar e só curtir as lagoas também é um sonho. Foi isso o que faziam os suecos Stefan e sua filha Josefine, 22 anos: fugiram do frio de Estocolmo pelas águas quentes e cristalinas acompanhados pelo cearense Rafael Alves, que mora na Suécia. São várias lagoas para serem visitadas: a mais famosa é a Tatajuba, cruzando o Rio Guriú, com balseiros locais. Redes presas dentro da lagoa asseguram um dia paradisíaco, com direito a um peixinho para aplacara a fome. Mas tem também a Lagoa Azul e a Lagoa do Paraíso. Encontramos também os casais de tijucanos Simone e Alfredo Lima e Rosana e Robson Theotônio. Chegaram por Fortaleza e partiram para Jeri, onde fizeram todos os passeios na região. “Isso aqui é maravilhoso. Precisa ser preservado como está”, resumia o grupo. Seu João Galdino, 48 anos, é barraqueiro na Lagoa Torta, morador de Tatajuba. Conta que, quando começou a trabalhar na região, Há 22 anos, só recebia no máximo três bugres com turistas por dia. Hoje, o movimento é tão intenso que emprega 15 pessoas na alta temporada e dependendo do dia. Frisa ter sempre cuidado com a natureza – “Recolhemos todo o lixo e procuramos conscientizar os turistas da importância da preservação” – e fala orgulhoso dos quatro filhos criados com o suor do trabalho. “Um filho é instrutor de kite surf e já conheceu vários países da Europa. Agora está na Argentina dando aulas”, conta. Faça o seu roteiro por dias, não deixando nada de fora, como a incrível visita à árvore da preguiça, quase deitada pela força do vento e uma caminhada esperta de cerca de uma hora de ida-e-vinda até a Pedra Furada. Mas quebre a rotina terminando, a cada dia,


Um dos passeios mais procurados é a visita ao berçário de cavalos-marinhos

no alto de uma duna apreciando a paisagem e agradecendo por estar ali, curtindo tamanho presente da natureza. Evite o contato direto com a areia, levando, se possível, óculos que proteja bem as laterais. Outra boa dica, é andar sempre protegido por roupas leves e protetor solar: o sol engana, mas junto com o sal do mar, queima rascante a pele de turistas desavisados. Chapéus leves de abas largas com tirinhas ou daquele tipo da legião francesa também são ótimos. Lembre-se, você está praticamente no deserto, com muita água, claro, mas com um vento que chega a incomodar volta e meia. De noite escolha um dos dezenas de excelentes restaurantes e bares da vila. Há de tudo um pouco: internacionais, caseiros, de frutos do mar, regionais, parrillas, etc. Experimente uma das muitas opções de drinques da região se gostar de apimentar um pouco a viagem ou então fique mesmo nos sucos naturais de frutas da região. Ande sem destino, curta o “mood”, como dizem os ingleses, sinta-se em Jeri. Se alguém vier bater papo despretensiosamente, não se assuste: aqui não há ladrões ou batedores de carteira. Trata-se de alguém hospitaleiro querendo saber um pouco mais sobre você e sua história. Se bem que, diante de tudo o que se vê em Jeri e das histórias que ouvimos, o nosso dia-a-dia frenético parece totalmente desinteressante. Reserve pelo menos uma semana para conhecer tudo com calma. Se não der, é preciso no mínimo quatro dias, como nós ficamos, para poder desintoxicar da dura realidade selvagem das grandes metrópoles pela alegria leve e solta da vila de Jeri. Converse com locais, sinta-se local, entenda a realidade de hoje e tome partido do que é melhor para este pedaço imenso do paraíso. Ou você não vai querer ser o último felizardo a ainda conhecer Jeri como está hoje em dia?

Serviço - Leia e pesquisa bastante antes de ir para Jericoacara. Há várias opções para todos os bolsos e gostos. Escolha a que melhor se adapta às suas expectativas e possibilidades.

- A Hard Tour Turismo tem ótimas opções de translado e passeios por Jeri e redondezas. A procura costuma ser intensa e vai depender da disponibilidade, mas, se - Jeri é agradável em todas as épocas do ano, for possível, peça que o seu guia seja Paulo, um profundo conhecedor da região e um mas se for possível, planeje sua viagem fora dos picos de temporadas, como de dezembro defensor de Jeri e sua gente. (85) 9925-6262 / (85) 8202-9993 a fevereiro e em julho. e-mail: contato@hardtour.com.br - Vá de avião até Fortaleza e de lá parta - Em Jeri é possível alugar um jipe com para Jeri. Se possível, aproveite para fazer motorista ou apenas o carro para explorar o passeio parando de praia em praia, o que costuma levar cerca de um dia, chegando na os arredores. O ideal é ir com um nativo porque assim conhece tudo e não corre o vila já ao anoitecer. Caso tenha pouco tempo risco de se perder ou ficar atolado na areia – o que é uma pena – vá pela estrada, por e água. Pesquise preços e passeios. dentro, sem ver o litoral e prepare-se para enfrentar cerca de seis horas de uma viagem - Há cerca de 90 pousadas na vila. monótona e cansativa. Recomendamos entre as mais sofisticas a Casa de Areia, a Blue Jeri, Maxitália e a - Aconselhamos que confira o Portal Jericoacara, bem completo, com várias dicas: Casa Caiçara. Entre os standards, http://www.portaljericoacoara.com.br/index.html sugerimos a Pousada Ibirapuera, bem simpática e de bom preço, assim como Papaya Outros sites. Da Prefeitura: e Vento de Jeri. Há várias alternativas mais http://www.jijocadejericoacoara.ce.gov.br/ simples e em conta também. Do Parque Nacional de Jericoacara: - Restaurantes são também diversos, com http://www.icmbio.gov.br/portal/o-que-fazemos/ diferentes perfis. Sugerimos o Tamarind o, visitacao/ucs-abertas-a-visitacao/190-parqueo Leonardo da Vinci, o Pimenta Verde e nacional-de-jericoacoara.html Na Casa Dela.

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Págs 26/27/29/29 Especial Ceará/ c duas de ensaio/ m

BERÇÁRIO DOs CAVALOs-MARINHOs

ÁRVORE DA PREGUIÇA

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PLURALE EM REVISTA | Setembro / Outubro 2013


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LAGOA AZUL LAGOA AZUL

9/30/31 – com fotos em minha matéria A VILA TEM RUAs E VIELAs DE AREIA E NãO PERMITE O TRÁfEGO DE VEíCULOs.

Texto e Fotos:

sÔNIA ARARIPE

POR DO sOL NAs DUNAs DE JERI é PROGRAMA IMPERDíVEL

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Fauna marinha

Projeto Parque dos Naufrágios Artificiais é premiado em Recife Isabella Araripe, de Plurale em revista De Recife (PE) Fotos: Divulgação/ Wilson Sons

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O

Projeto Parque dos Naufrágios Artificiais de Pernambuco, iniciativa de sustentabilidade do Grupo Wilson Sons, foi escolhido como um dos vencedores do Prêmio Top Socioambiental e de RH. O evento foi concedido pela Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Pernambuco (ADVB-PE) e a entrega ocorreu na terça-feira, 27, em Recife. Outros projetos também foram premiados, como a parceria da Bradesco Cartões com a SOS Mata Atlântica, em defesa deste bioma, o Centro Cultural dos Correios em Recife e a Empetur. Ao todo, 13 empresas foram premiadas pelo Top Socioambiental e RH 2014 em Recife, sendo nove na Categoria Meio Ambiente.

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O evento, que reuniu empresários de grandes empresas, contou com a presença do cônsul geral da Argentina no estado, Jaime Beserman, que juntamente com o presidente do ADVB-PE, Leopoldo de Albuquerque, fizeram parte do grupo de profissionais responsáveis pela entrega dos troféus. O projeto dos Naufrágios Artificiais teve início em 2002 e consiste no afundamento de rebocadores fora de operação da companhia para criação de recifes artificiais. A ideia surgiu há 14 anos atrás quando o gerente regional Norte e Nordeste da Wilson Sons, Helio Vaisman, estava voltando de um mergulho. “O rebocadores mais antigos acabavam vindo para Recife e morriam aqui. Alguns viravam sucata ou eram vendidos


José Mário Lobo, Helio Vaisman e Edísio Rocha como barco de pesca, mas na verdade não se tinha um destino certo pra eles. Agora eles contribuem com o ecossistema marinho criando recifes artificiais debaixo d´água.”, explica Helio Vaisman. Ao receber o Prêmio Top Socioambiental e de RH o gerente regional Norte e Nordeste da Wilson Sons, Helio Vaisman , se mostrou orgulhoso do projeto. “Tenho uma relação extremamente íntima com o projeto, que é pioneiro no Brasil. Antes dele não havia legislação específica para esse tipo de ação. Fico feliz em receber este prêmio, que é mais um reconhecimento do sucesso do Parque dos Naufrágios Artificiais de Pernambuco”, comemorou o gerente regional Norte e Nordeste da Wilson Sons, Helio Vaisman. Ao receber o prêmio, ele afirmou: “Este troféu vem coroar o projeto.” Para que os afundamentos fossem realizados, a Wilson Sons contou com a parceria da Universidade Federal Rural de Pernambuco, do Laboratório de Oceanografia Pesqueira e da Associação das Empresas de Mergulho do Estado de Pernambuco, além da autoriza-

ção da Marinha do Brasil, do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH). “A trajetória de mais de 175 anos da empresa está diretamente ligada às atividades marítimas e portuárias. Nada mais coerente do que tratar o ambiente que provê grande parte de sua receita com respeito e devolvendo recursos e meios para que a natureza e a comunidade se beneficiem com essas atitudes”, explica a diretora de Desenvolvimento Organizacional da Wilson Sons, Aléa Fiszpan. O projeto do Parque dos Naufrágios Artificiais de Pernambuco teve diversos objetivos. No campo científico, foi possível catalogar as espécies presentes no recife artificial, obter informações quanto ao comportamento dessas espécies e avaliar os impactos das atividades de ecoturismo e mergulho subaquáticos na diversidade, abundância, distribuição e comportamento da fauna marinha associada aos naufrágios. Já nas searas social e econômica, o objetivos foram o desenvolvimento da atividade ligada ao ecoturismo e ao mergulho subaquáticos, incremento da pesca artesanal em função do crescimento da fauna marinha e beneficiamento da comunidade local, da cidade de Recife e do estado, já que o projeto estimula o fluxo de turistas mergulhadores na cidade. O projeto inovador demorou apenas um ano para sair do papel e ganhar vida. Até hoje, oito rebocadores já foram afundados no litoral de Pernambuco. As em-

“ O projeto dos Naufrágios Artificiais teve início em 2002 e consiste no afundamento de rebocadores fora de operação da companhia para criação de recifes Helio Vaisman artificiais.” barcações proporcionam refúgio e habitat para o meio marinho, permitindo o estabelecimento de uma cadeia alimentar e de relações ecológicas no entorno do recife. O parque também virou uma das atrações turísticas mais visitadas do estado. “Hoje em dia têm mergulhadores que vem para Recife apenas para visitar o Parque”, conta o gerente regional Norte e Nordeste da Wilson Sons. O Diretor da Aquáticos e Presidente da Associação das Escolas de Mergulho do Estado de Pernambuco, Edísio Rocha, viu de perto o crescimento do turismo após o surgimento do Parque. “As opções que nós tínhamos antes eram apenas naufrágios naturais na costa do Recife e faltavam mais pontos de mergulho aqui. A entrada dos oito novos naufrágios aumentou bastante a procura de mergulhadores em Recife”, afirma. Edísio Rocha, a época ideal para conhecer os naufrágios é entre setembro e maio onde as condições climáticas são melhores. Ele também afirmou que para os que desejam conhecer o Parque basta procurar uma operadora de mergulho da região e o ideal é que tenha pelo menos o curso básico de mergulho, mas existe a possibilidade de quem não tem fazer um treinamento na piscina e logo depois fazer um mergulho de batismo. (*) A repórter viajou a convite da Wilson Sons.

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Preservação

Um tatu-bola ameaçado e muitas promessas Ele ficou famoso mundialmente ao virar mascote da Copa, porém, a duas semanas do megaevento, de concreto pouco foi feito pela sua preservação Por Carolina Stanisci, Editora do Portal 1Paporeto(*) http://paporeto.net.br/

O

que era para ser apenas um reencontro de dois amigos pode, nos próximos dias, se tornar o primeiro parque estadual exclusivo do tatu-bola, o mascote da Copa do Mundo 2014. É o que esperam os professores José Alves de Siqueira Filho e René Geraldo Cordeiro Silva Junior, do campus de Petrolina da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). Seria uma reparação. A duas semanas da Copa, a espécie que ganhou fama e mídia não recebeu em troca nada em prol de sua preservação, exceto promessas, planos e reuniões. Mas vamos à história da dupla de professores.

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Apreciadores da biodiversidade da Caatinga, René e Zé Alves, como é conhecido, ficaram um tempo sem se ver. Professores das áreas de veterinária e biologia, respectivamente, os amigos se reencontrarem no campus da Univasf, no Centro de Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad). Um dia, Zé Alves contou a René da existência de uma área de 70 mil hectares, entre os municípios de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco. Distante 50 quilômetros de Petrolina, o local é rico em fauna e flora: tatus, veados, mocós, preás, uma infinidade de répteis e de aves, além de juazeiros, umbuzeiros, umburanas. O lugar

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pertence ao estado de Pernambuco, e hoje contempla assentamentos realizados pelo Incra. Toda essa riqueza que salta aos olhos dos pesquisadores, porém, está ameaçada. Os assentados acabaram desmatando muito o entorno e caçam os animais. “Um morador tem uma horta orgânica, mas a maioria lá desmata. Há uma escola também, mas é tudo muito precário. A merenda é macarrão com salsicha, o banheiro é ruim”, conta René. “Se não houver preservação, em 10 anos não vai existir mais nada.” Cadê o tatu? Um trabalho de campo feito pelos dois docentes da Univasf revelou o potencial daquilo tudo se tornar um parque. ”Perguntamos aos moradores sobre o tatu. Eles diziam: ‘Tinha o tatu-bola, o fulano caçava, mas hoje não estamos encontrando’”, lembra René. O desaparecimento do Tolypeutes tricinctus (nome da espécie) fez soar o alarme. É sabido que essa espécie, existente na Caatinga e em algumas partes do Cerrado, é considerada na lista internacional da IUCN como “vulnerável”. De acordo com Rodrigo Castro, secretário executivo da Associação Caatinga, até o final do ano ela será alçada à categoria “em perigo”, na lista de espécies ameaçadas da fauna brasileira. Tendo tudo isso em vista, a dupla de amigos pensou: por que não aproveitar o gancho do mascote da Copa, o Fuleco (um tatu-bola), e conseguir recursos para um parque?


Em tempo recorde, colocaram a mão na massa: entraram em contato com o pessoal da Associação Caatinga, responsável pela campanha que alçou o tatu a mascote da Copa, elaboraram um projeto para o parque, que envolve ação educativa, trabalho de campo e formação de guias, procuraram o secretário do Meio Ambiente do Estado de Pernambuco e postaram abaixo-assinado online mobilizando pessoas. Finalmente, nesta sexta-feira, 30/5, vão apresentar o projeto ao Conselho Estadual do Meio Ambiente de Pernambuco.

René e o bichinho em extinção (“não é o Fuleco!”)

A cruzada que inclui Fifa, Inpi, Suíça… Um parêntesis é necessário antes de contar o desfecho da história da dupla de professores da Univasf. Rodrigo Castro, secretário executivo da Associação Caatinga, está à frente de um tipo de “cruzada”, como ele mesmo denomina, em defesa do tatu-bola. Há tempos. O bicho ganhou visibilidade com a campanha da associação para torná-lo mascote da Copa. Mas, até agora, foi só visibilidade. O pessoal da Associação Caatinga fez uma porção de propostas à Federação Internacional de Futebol (Fifa) e, a duas semanas do pontapé incial dos jogos, na Arena Corinthians, nada de concreto vingou. A Fifa chegou a pedir, em 2012, para que a associação retirasse do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) todos os registros de marcas relacionadas ao tatu-bola. Contrariada, a associação acatou, até por temer processos judiciais no futuro. Em

troca, solicitaram uma reunião com Jérôme Valcke, o todo-poderoso secretário geral da instituição – o que aconteceu em janeiro do ano passado. Na ocasião, foi apresentado um projeto para a preservação da espécie. “Ele (Valcke) nos passou o contato de um gerente de responsabilidade social da Fifa, que fica em Zurich, na Suíça”, contou Rodrigo. Até hoje, nenhuma das sugestões foi acatada pelo tal gerente. Entre elas, a de reverter parte da venda dos Fulecos para a preservação da espécie. Ou mesmo que o tatu, em material promocional, falasse de si próprio e que está sob ameaça de extinção. “Se nada for feito ele será extinto em 50 anos.” Apenas um dos patrocinadores da Copa, a Continental Pneus do Brasil, tem apoiado a causa. Mas, para Rodrigo, dirigente da Associação Caatinga, o que passou passou. “A Copa vai embora, e a preservação fica.”

Professor Zé Alves: pesquisa de campo no local onde idealiza parque para o tatu-bola

A direita, Fuleco, Mascote da Copa do Mundo 2014.

Parque do Tatu: de onde vem o dinheiro? Voltando à história da dupla de professores da Univasf. Existe um Plano de Ação Nacional para a Conservação do Tatu-bola. Foi feito com a ajuda de todos os pesquisadores citados neste texto e referendado com a assinatura do ICMBio, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente que cuida de biodiversidade. Prevê uma verba de R$ 6,3 milhões. Dessa verba, R$ 500 mil foram para elaborar propostas para algumas regiões, sem especificar localidades, e apenas R$ 50 mil estão, no plano, dedicados à criação do parque de Pernambuco, entre outras unidades pelo País. Como a área entre os municípios que René e Zé Alves desejam transformar em

Ele (Valcke) nos passou o contato de um gerente de responsabilidade social da Fifa, que fica em Zurich, na Suíça”, contou Rodrigo. Até hoje, nenhuma das sugestões foi acatada pelo tal gerente. Entre elas, a de reverter parte da venda dos Fulecos para a preservação da espécie.

parque é estadual, a verba terá que ser conseguida em Pernambuco. Será que sai do papel? O secretário do Meio Ambiente do Estado de Pernambuco, Carlos André Cavalcanti, é otimista. “Quero marcar um gol socioambiental durante a Copa.” Ao ser perguntado sobre de onde virá a verba, diz que de compromissos a serem assinados (ainda não foram) resultantes da compensação ambiental de grandes empreendimentos feitos no Estado. A cruzada de Rodrigo, René, Zé Alves e tantos outros pesquisadores para proteger o bioma da Caatinga e o tatu-bola mais parece uma novela. Rodrigo torce para que o parque estadual seja criado e acredita que será um dos poucos e bons legados socioambientais da Copa, ao lado do próprio plano aprovado pelo ICMBio. Enquanto isso, diz o secretário executivo da Associação Caatinga: “O Fuleco acabou virando uma figura vazia. Só faz embaixadinhas, dá risadinhas e aparece nos eventos com patrocinadores.” A pergunta que fica é: será que o Fuleco vai levar mais uma bola nas costas? (*) 1Paporeto (http://paporeto. net.br/) é uma plataforma colaborativa que tem por objetivo promover a sustentabilidade em diversos níveis.

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Ecoturismo

ISABELLA ARARIPE

Passaporte Verde estimula roteiros e comportamentos sustentáveis ões para Praias alagoanas iniciamraaçAzul conquistar a Bandei Que as praias de Alagoas estão entre as mais bonitas do Brasil todo mundo sabe. Agora, algumas delas buscam reconhecimento internacional de qualidade por meio da certificação do programa Bandeira Azul, concedida anualmente pela FEE (Foundation for Environmental Education) a praias e marinas que cumprem requisitos como cuidado com o meio ambiente, segurança e infraestrutura de apoio. “As praias que sustentam a Bandeira Azul podem ser consideradas um exemplo de qualidade aos banhistas”, explica Francis Hurst, gerente da Secretaria de Estado do Turismo (Setur). Entre os candidatos alagoanos estão as prefeituras de: Maragogi (que lançou a candidatura da praia de Barra Grande), Japaratinga (praias de Boqueirão e Centro), Barra de São Miguel e Marechal Deodoro. Para que a praia conquiste o selo é necessário o cumprimento de 34 critérios (alguns não são obrigatórios).

Parque Estadual de Campinhos O Parque Estadual de Campinhos foi o primeiro Parque Estadual criado para conservar o Patrimônio Espeleológico do Paraná, tendo uma área de 336,98 hectares, abrangendo parte dos municípios de Tunas do Paraná e Cerro Azul, na região metropolitana de Curitiba. Seu principal atrativo é a gruta dos Jesuítas, considerada a 5ª maior caverna do Estado do Paraná. Acompanhado de um guia, o visitante percorre uma área de 550 metros da Gruta dos Jesuítas. O trajeto dura aproximadamente 1 hora e 20 minutos. O passeio conta com uma ausência total de luz, temperatura entre 16º e 18º e umidade de 95% a 100%. Destaque também para as cavernas Jesuítas/Fada e a trilha da floresta. A trilha possui dimensão de 890 metros e seu percurso é realizado em aproximadamente 50 minutos.

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“Eu cuido do meu destino” é a proposta da nova campanha do programa Passaporte Verde, que aproveita o período da Copa do Mundo no Brasil, procurando mobilizar turistas e empresários para a adoção de comportamentos mais sustentáveis. A campanha oferece um portal interativo, aplicativo móvel e estratégias de mobilização nas redes sociais. O Passaporte Verde é uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), em parceria com os ministérios do Meio Ambiente, Esportes, Turismo e Desenvolvimento Social e Combate à Fome. “São 60 roteiros turísticos com uma visão de trabalhar a questão da sustentabilidade na agenda de turismo”, enfatizou ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Saiba mais e conheça os destinos em: www.passaporteverde.org.br

Mangal das Garças reproduz animais silvestres em cativeiro Um dos principais cartões postais da capital paraense, o Parque Zoobotânico Mangal das Garças foi inaugurado em 2005, pelo Governo do Estado. Em meio às árvores e lagos, uma rica fauna é cuidada por biólogos e veterinários, que acompanham, alimentam e tratam os animais que vivem no Mangal das Garças. Com condições adequadas à vida e reprodução de espécies, o espaço alcançou dados reprodutivos de sucesso. Com 40 mil metros quadrados, o Mangal das Garças abriga mais de 500 animais de 59 espécies. No ano passado, foram registrados o nascimento de 136 marrecas, 18 guarás, seis arapapas, um aracuã, um trinca ferro, dois socozinhos e três colhereiros. Além dos animais que habitam Mangal, o espaço também recebe animais visitantes. Cerca de 50 a 60 garças visitam regularmente o Viveiro das Aningas.


sso e r g n Co icação

un ic berje m o C l A eiro de a i r a s Jan Empre Rio de

Propósitos, interações e resultados Pág 37- Anúncio permuta Aberje (ainda virá)

Atualize-se com os melhores do mercado. O 8º Congresso de Comunicação Empresarial Aberje Rio de Janeiro vai analisar tendências, apresentar casos bem sucedidos e inspirar com ações diferenciadas e eficazes na área de comunicação empresarial. Palestra Magna “ A espiritualidade nas organizações” com o CEO do Valor Econômico, Alexandre Caldini. Garanta sua vaga para o dia 25

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Doação Raphaela Silva doou 15 cm do seu cabelo

elas mesmas organizariam a campanha dentro da instituição incentivando outras meninas que tinham cabelo grande a cortarem suas madeixas para doá-las. A ideia partiu de uma campanha semelhante divulgada em redes sociais. Depois de pesquisar sobre a instituição Cabelegria e verificar que ela é confiável e faz um trabalho sério, o colégio aprovou a ideia de suas alunas e começou o trabalho de divulgação da campanha. Só que ninguém poderia imaginar a proporção que a iniciativa iria tomar: “antes mesmo de chegar o dia marcado para fazer o mutirão dos cortes de cabelos, muitas ex-alunas, vizinhas, mães e amigas das meninas não aguentaram esperar e já passaram no salão para diminuir os cabelos. Nós passamos a semana inteira recebendo doações”, afirmou Lucia Assis, diretora do Colégio Hélio Alonso. Quando finalmente chegou o dia 12 de maio, a mãe de uma das alunas, que é cabeleireira, se voluntariou a ficar a manhã inteira disponível só para cortar as madeixas das meninas que queriam fazer a doação. No final do dia, mais de 70 crianças e adolescentes compareceram ao mini-salão montado especialmente para a campanha. Ao todo, mais de 100 rabinhos de cavalo foram arrecadados e vão virar lindas peruquinhas.

A moda agora é cabelo curto Por Cecília Corrêa, Especial para Plurale em revista Fotos: Divulgação e Arquivo Pessoal

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m grupo de meninas de apenas 13 anos tem comovido pais e professores com sua vontade de ajudar: elas resolveram cortar suas madeixas para doar a uma instituição que transforma os fios naturais em perucas, que são entreguem a crianças em tratamento de câncer. As

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amigas pré-adolescentes abriram mão te ter aquele cabelão – quase obrigatório nesta idade – e causaram tanto burburinho na escola onde estudam, que resolveram organizar a campanha “a moda agora é cabelo curto”. Elas apresentaram a proposta da ação para a equipe pedagógica da escola:

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As amigas Giovana Ramos e Mariana Silva Serra


Solidariedade que começa cedo Uma das idealizadoras da ação, a estudante Luísa Gonzalez de Sousa, de 13 anos, é atriz e não pôde cortar os cabelos, por razões contratuais, mas nem por isso ficou de fora da campanha. A menina convenceu a mãe, a professora Daniele, que depois de muitos anos de cabelos longos, está de visual chanel. “Cortei uns 18 centímetros. Desde que me conheço como adulta, tenho cabelo comprido. Estou sentindo falta, mas foi por uma ótima causa”. Raphaela Silva também participou da ação e doou mais de 15 centímetros. “A gente cortou pra valer! Agora, a maioria das minhas amigas ou está com cabelo no ombro ou bem curtinho. Estamos lindas”.

fazemos aqui na escola. Na nossa grade, temos uma disciplina chamada ética e cidadania. Esse tipo de atitude é um exemplo para os alunos mais novinhos, que mais tarde também vão querer ajudar a sociedade de alguma forma. Isso me deixa muito orgulhosa!”, explica Lúcia Assis, diretora do Colégio Hélio Alonso. O poder da mobilização nas redes sociais A postagem no Facebook chamou a atenção da advogada Anna Laura Reis de Andrade, moradora de Macaé: uma amiga de Volta Redonda cortou os cabelos e postou a foto do novo corte dizendo que doaria as madeixas para uma Organização Não Governamental que confecciona perucas especialmente para meninas e mu-

Foi nesta busca que vi a foto de uma menina que usava uma peruca comprida e estava feliz da vida. Fiquei pensando que já que eu ia participar daquela ação, precisava valer realmente a pena. Decidi então que iria doar o meu cabelo quase todo

que dois dedinhos”. Mas a causa era nobre e pensou em ajudar, cortando o comprimento mínimo solicitado pela ONG para produção da peruca: 10 centímetros. No dia marcado no salão de beleza, Anna convocou uma amiga para lhe acompanhar e antes de partir para a missão, navegou na internet e procurou saber mais sobre iniciativas como aquela a qual estava prestes a aderir. “Foi nesta busca que vi a foto de uma menina que usava uma peruca comprida e estava feliz da vida. Fiquei pensando que já que eu ia participar daquela ação, precisava valer realmente a pena. Decidi então que iria doar o meu cabelo quase todo”. Muitas lágrimas depois, o novo corte resultou em um estilo Chanel, bem curto, e um rabo-de-cavalo de quase 60 centímetros que será transformado em peruca. “Quem me conhece sabe que eu nunca corto meu cabelo, pois tenho adoração por ele bem comprido. Ainda estou em crise de identidade, mas valeu a pena e faria tudo outra vez”, diz Anna.

Anna Laura Reis de Andrade

Como as meninas têm menos de 18 anos, todas apresentaram autorização dos pais para dar fim aos cabelos longos e estrear o visual novo em benefício das crianças com câncer. “Acredito que essa ideia tão bonita ter partido de meninas de 13 anos é um verdadeiro reflexo do trabalho que

lheres vítimas de câncer, que passaram pelo tratamento de quimioterapia. A iniciativa mexeu tanto com a advogada que ela decidiu seguir o exemplo. Há anos sem cortar os longos cabelos castanhos, sempre que Anna ia ao salão para aparar as pontas ficava tensa e pedia ao cabeleireiro “cuidado: não corte mais do

Destino certo para o corte A nutricionista Amanda Reis sempre teve o costume de deixar o cabelo crescer bem comprido para depois cortar curtinho. Mas durantes anos, ela viu seus longos fios no chão do salão de beleza serem varridos para a lixeira. Desta vez foi

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Doação

Escolhi doar meus cabelos para uma instituição que ajuda no combate ao câncer de mama, porque a mulher fica muito vulnerável. Além de perder os cabelos, muitas ainda precisam fazer a retirada ou reconstituição da mama. Se eu puder ajudá-las devolvendo um pouco da autoestima através de uma peruca, vou me sentir realizada!

Amanda Reis diferente: “fiquei sabendo que algumas instituições recebem cabelos cortados e confeccionam perucas, destinas às mulheres que ficam carecas em função do tratamento de quimioterapia. Não pensei duas vezes”. Talvez por ter vivido uma experiência muito próxima de câncer na família, Amanda ficou sensibilizada pela campanha e decidiu cortar seus cabelos. “Na minha família existem muitos casos de câncer, não especificamente de mama, e eu sei o quanto é dolorosa e desgastante essa doença. Minha mãe passou por um tratamento quimioterápico por causa de um tumor no intestino, apesar de não ter tido um queda total, eu via diariamente sua preocupação com seu cabelo. Para nós mulheres, o cabelo muda totalmente a autoestima, que é muito importante para o sucesso do tratamento”. Depois de sair do salão, Amanda ficou com 38 centímetros de cabelos nas mãos sem saber ao certo o que fazer. Procurando em uma rede social, rece-

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beu a indicação da Fundação Laço Rosa, enviou uma mensagem para a instituição para conhecer o trabalho deles antes de enviar a doação. “Escolhi doar meus cabelos para uma instituição que ajuda no combate ao câncer de mama, porque a mulher fica muito vulnerável. Além de perder os cabelos, muitas ainda precisam fazer a retirada ou reconstituição da mama. Se eu puder ajudá-las devolvendo um pouco da autoestima através de uma peruca, vou me sentir realizada!”. Foi a primeira vez que Amanda fez a doação e, de agora em diante, está disposta a repetir a ação todas as vezes que for mudar o corte de cabelo. “Essas campanhas deveriam ser mais divulga-

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das. Muita gente deve querer ajudar. Se eu soubesse dessa possibilidade há mais tempo, já teria doado meu cabelo umas três ou quatro vezes.”


Fundação Laço Rosa: como tudo começou Em 2007, a carioca Aline Lopes, com 33 anos e grávida do primeiro filho, descobriu um câncer de mama. Assim começava uma batalha contra a doença. Ainda na gestação, Aline teve que passar por uma mastectomia e pelas sessões de quimioterapia. E para obter informações sobre o que estava vivendo, Aline usou a internet como grande aliada. Inspirada pela história de Nancy G. Brinkera, da instituição Suzan G. Komen for the cure, ela começou a desenhar o projeto da Fundação Laço Rosa junto com as irmãs Andrea Ferreira e Marcelle Medeiros. A ideia era ajudar e orientar as pessoas com câncer de mama. Nesse período, o tumor voltou,

o projeto de fundar a ONG acelerou e ideia da criação de um portal onde as pessoas pudessem ter referências sobre a doença ganhou ainda mais força. Em outubro de 2010, Aline lançou a Fundação Laço Rosa em uma noite memorável na Casa Julieta de Serpa. No mês seguinte, ela faleceu e seu legado foi levado adiante por suas irmãs. “Sempre me perguntam como conseguimos dar continuidade ao trabalho revivendo a doença da minha irmã através de outras pessoas. Não há uma resposta para isso. Apenas sigo acreditando em milagres, diariamente”, diz Marcelle Medeiros, atual presidente da Fundação Laço Rosa. Em agosto de 2011, a organização ganhou um espaço para abrigar o tra-

balho, uma sala situada na Estação Central do Metrô, emprestada graças à parceria com a ONG Entre Amigas, da jornalista Márcia Peltier. Lá, a Fundação Laço Rosa oferece auxílio psicológico a pacientes, parente e amigos de portadores de câncer, além de espaço para palestras e confraternizações. Banco de Perucas Online, um projeto de doação gratuita de perucas pela internet para pacientes em quimioterapia. Em três anos, quase 700 mulheres de todo o país — com idades entre 16 e 95 anos — já foram atendidas pelo programa e a meta é dobrar esse número até o fim de 2014.

SERVIÇOS Fundação Laço Rosa – mantém um portal sobre câncer de mama, com informações, apoio e suporte por meio do compartilhamento de histórias e de artigos de médicos, fisioterapeutas, psicólogos e advogados. Investe na manutenção de um Banco de Perucas online, para pacientes em tratamento de quimioterapia, em todo o Brasil. Cabelegria – é um projeto voluntário de arrecadação de doações de cabelo, para confecção de perucas para crianças com câncer que estejam em tratamento quimioterápico. A ONG sabe da importância da autoestima durante o tratamento, por isso convoca a todos a participarem desta iniciativa. Para doar no Rio de Janeiro: agende a retirada pelo telefone (21) 7974-8504 Para doar em São Paulo: o cabelo precisa ter o mínimo de 10 cm. Avenida Parada Pinto, 3420, bloco 6, apt. 33. Vila Nova Cachoeirinha. São Paulo SP. CEP: 02611-001 Para doar de qualquer parte do mundo: Embale o cabelo (no mínimo com 20 cm) ou peruca e envie para Rua Desembargador Isidro, 18 sala 910, Tijuca - Rio de Janeiro. CEP: 20521-160

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Seguros

Antonio Carlos de Almeida Braga (ao centro, de blazer cinza) com vencedores do Prêmio em 2013 e lideranças do mercado segurador

Abertas as inscrições para o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros Por Sônia Araripe. Fotos: Divulgação

J

á estão abertas as inscrições para a quarta edição do Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros, criado pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) em 2011. Com o objetivo de estimular o aprimoramento das relações entre a indústria de seguros e seus públicos de interesse, o Prêmio

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apoia a adoção de ideias inovadoras, que contribuem para delinear o perfil do setor no futuro. A edição deste ano não tem o foco voltado somente para o desenvolvimento sustentável. O Prêmio busca incentivar a inovação em todos os aspectos. As inscrições acontecem até o dia 30 de setembro, devendo ser realizadas no hotsite da premiação (www.premioseguro2014.com.br). Os projetos concorrentes precisarão se enquadrar em uma das seguintes categorias: “Produtos e Serviços”, “Pro-

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cessos” e “Comunicação”. O 1º lugar de cada uma delas receberá como prêmio o valor de R$20 mil, enquanto o 2º e o 3º receberão R$10 mil e R$5 mil, respectivamente. Crescimento nas inscrições Podem participar da premiação colaboradores de empresas de seguros, previdência privada, saúde suplementar, capitalização, resseguros, corretoras e corretores de seguros pessoa física. Com um número cada vez maior de trabalhos inscritos, o Prêmio vem se consolidan-


Este ano, a expectativa é que o volume de projetos triplique. A sustentabilidade, assim como uma série de outras preocupações essenciais para o mercado, merece a atenção dos profissionais de seguros

Solange Beatriz Palheiro Mendes, Diretora-Executiva da CNseg.

do como importante incentivador de práticas inovadoras na área securitária. A iniciativa é uma das mais importantes da CNseg, na medida em que reforça, por meio desse estímulo aos colaboradores do mercado de seguros, o papel do setor como agente fundamental do desenvolvimento socioeconômico do país. O número de projetos inscritos tem aumentado a cada ano. Em 2013, foram 58 trabalhos avaliados. “Isso demonstra que o Prêmio Antonio Carlos de Almeida Braga de Inovação em Seguros vem se consolidando como importante incentivador do desenvolvimento e da implementação de projetos inovadores na indústria de seguros. Este ano, a expectativa é que o volume de projetos triplique. A sustentabilidade, assim como uma série de outras preocupações essenciais para o mercado, merece a atenção dos profissionais de seguros”, avalia Solange Beatriz Palheiro Mendes, Diretora-Executiva da CNseg. As premiações têm mostrado cada vez maior criatividade e inovação. Isso demonstra, segundo Solange Beatriz, que o conceito de inovação vem sendo desmitificado. Inovar não diz respeito somente a invenções tecnológicas, mas também à adoção de técnicas que otimizem processos realizados no dia a dia, aperfeiçoando as relações entre o mercado de seguros e seus públicos de interesse.

Novidades no regulamento Os critérios de avaliação foram reformulados para se adequarem à nova proposta do Prêmio, na qual o quesito de maior peso será a inovação. Os projetos serão ainda pontuados de acordo com a sua relevância para o negócio, os aspectos de implementação e o conjunto do trabalho. A Diretora-Executiva da CNseg destaca que os critérios de avaliação foram reformulados para se adequarem à nova proposta do Prêmio. O quesito de maior peso será a inovação (40%), seguida por: relevância para o negócio (30%), aspectos de implementação (20%) e conjunto do trabalho (10%). Além disso, foi criada uma nova etapa, em que os nove finalistas, sendo três de cada categoria, terão a oportunidade de defender seus projetos presencialmente para a Comissão Julgadora. A fase será decisiva para a colocação final dos vencedores. Comissão Julgadora Os participantes da Comissão Julgadora desta edição serão o Professor Marcos Augusto Vasconcellos, coordenador emérito do Fórum de Inovação da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-EAESP); Mariana Meirelles, do Ministério do Planejamento e Orçamento; Julio Albuquerque Bierrenbach, consultor especializado em seguros; Bruno Miragem, presidente do Instituto Brasileiro de Política e Defesa do Consumidor (BrasilCon) e Antonio Penteado Mendonça, advogado e colunista de O Estado de S. Paulo. Prazos As inscrições ficam abertas até 30 de setembro. O mês seguinte está reservado para a avaliação de pontuação dos projetos. Os finalistas serão anunciados no dia 31 de outubro e, no início de novembro, acontecerão as defesas presenciais. Durante a confraternização do mercado de seguros, promovida todos os anos pela CNseg, serão conhecidos os vencedores do Prêmio. O evento está marcado para o dia 16 de dezembro, no Rio de Janeiro.

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VIDA Saud ável Bolacha de arroz integral

Já experimentou a bolacha de arroz integral? É o novo hit das dietas: é livre de glúten, conservantes ou aromatizantes. O gosto e o efeito são parecidos com o da pipoca, mas sem o lado calórico da diversão do cinema que estoura no micro-ondas. O biscoito de arroz integral – levemente salgada - tem volume, mesmo consumindo um ou dois, você tem a sensação de ter comido muito mais. Isso se deve, em parte, ao alto teor de fibras, que estimulam a mastigação, além de saciar. E melhor: as bolachas de arroz integral são ricas em gama-orizanol, um composto bioativo com propriedades antioxidantes.

Crescimento espetacular De acordo com levantamento do instituto de pesquisa de mercado internacional Euromonitor, o mercado de produtos naturais – que envolve alimentos e bebidas orgânicos, funcionais, naturalmente saudáveis, livres de substâncias consideradas “menos saudáveis” à saúde (gordura, açúcar, sal, carboidratos) e de outras que podem apresentar intolerância (glúten e lactose) – movimentou cerca de US$ 36,4 bilhões em 2013 no Brasil. Ainda segundo a pesquisa, o crescimento nos últimos cinco anos chegou a 83%. O cenário favorável vai ao encontro do grande número de pessoas que vem aderindo a uma alimentação e estilo de vida mais voltados ao bem-estar e a ética alimentar. Segundo pesquisa IBOPE feita em 2010, o Brasil conta com pouco mais de 15 milhões de vegetarianos - pessoas que não se alimentam de carne, mas que podem, ou não, consumir outros produtos de origem animal -, o que representa 8% da população.

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Farinha de quinoa orgânica

Outra boa dica para os celíacos ou os que têm alta sensibilidade ao glúten é a farinha de quinoa orgânica, que também não contém glúten. O produto possui grandes quantidades de vitaminas e minerais. É excelente fonte de proteína e pode ser utilizada em diversas receitas de bolos, pães, biscoitos, etc.

Excesso de peso afeta 2,1 bilhões em todo o mundo Da Agência Brasil O número de pessoas obesas e com excesso de peso aumentou de 857 milhões em 1980 para 2,1 mil milhões em 2013, revelou estudo publicado pela revista Lancet, segundo o qual o problema continua aumentando. Nos últimos 33 anos, segundo os pesquisadores, a taxa de adultos obesos e com excesso de peso aumentou 28%, enquanto a das crianças e adolescentes (até os 19 anos) subiu 47%. Coordenada por Emmanuela Gakidou, do Instituto para a Avaliação e a Métrica da Saúde da Universidade de Washington (EUA), a equipe de pesquisadores diz ter feito a análise com base em dados recolhidos em estudos, relatórios e na literatura científica sobre a prevalência do excesso de peso e obesidade em 188 países entre 1980 e 2013.


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Alimentação

VegStart: uma longa caminhada começa com um pequeno prato Texto: Raquel Ribeiro, Especial para Plurale em revista Fotos: Jean Pierre Verdaguer e Raquel Ribeiro

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Mas você não come nem presunto?” O ingrediente da pergunta varia, mas nunca o tom surpreso ao descobrir que sou vegetariana. Essa opção alimentar ainda assusta, provoca, intimida e incomoda muita gente – ao menos no Brasil. Como também já saboreei um bife e já fiquei intrigada diante de alguém que se fardou na doutrina do Santo Daime ou cobriu a pele de tatuagens, sei que esse estranhamento é normal. E espero, nesse espaço, desvendar mitos e mostrar que qualquer um pode experimentar e, quem sabe, adotar essa dieta saudável, ética e sustentável. Sem pressa, sem estresse social, sem medo de ficar fraquinho e anêmico. Segundo o filosofo Tom Reagan, pouquíssimos nascem vegetarianos como Leonardo da Vinci; alguns se convertem “no susto” após assistir, por exemplo, alguma cena chocante ligada à produção de carne; e a maioria muda o cardápio pouco a pouco, conforme vai se convencendo de vários argumentos. Ou seja, rola uma transição lenta, gradual e segura. Criada pela SVB, Sociedade Vegetariana Brasileira, o termo VegStart ainda não foi incorporada pelo Aurélio, nem está no google, mas a adotei com simpatia, pois traduz esse momento de iniciação. Como quem aprende uma língua ou passa a praticar um esporte, o movimento de mudar de dieta requer uma boa dose de informação, disposição para a velha e nem sempre agradável tática do ensaio-e-erro e, claro, certo traquejo. Primeiro desafio? Encarar a pergunta que inicia esse texto com bom-humor e paciência. Dependendo do interesse do interlocutor, você pode explicar que tem vegetariano que consome ovos e leite (os ovolactovegetarianos); nenhum tipo de carne, porém, entra no prato. Nem presunto, nem bacon, nem atum, nem caldo de frango. Alias, um videozinho divertido nos lembra que esses ingredientes são pedaços de bichos, vale assistir: http://m.youtube.com/ watch?feature=youtube&v=NTE5jq n p w o & d e s k t o p _ uri=%2Fwatch%3Fv%3DNTE5jqnpwo%26feature%3Dyoutu.be. Segundo desafio: fazer compras. Uma amiga comentou com propriedade que supermercado tem muita coisa para vender, mas pouca para comer. Ao tirar carne e derivados animais da lista de compras, a tendência é exagerar nas massas, pães, biscoitos e outros alimentos industrializados. Tem


vegetariano que segue nessa linha trash food e, verdade seja dita, colabora com o planeta, poupa vidas, mas realmente não se beneficia da dieta. Os substitutos saudáveis para a proteína de origem animal ficam na prateleira de grãos e no setor hortifrúti. É ali que você resolve o cardápio semanal. Quer ver? Opções para acompanhar o trio arroz-feijão-salada: torta de palmito, quiche de tomate seco com cogumelo, panqueca de espinafre, nugget de inhame, hambúrguer de abobrinha, lasanha de berinjela e pastel de couve-flor. Tudo bem temperado e preparado com legumes al dente. Mesmo com a variedade de vegetais que encontramos em quase todo o Brasil, tem quem fique com a sensação de “está faltando um gostinho de carne”. Já que o que realmente dá gosto à carne é o tempero e o cozimento, a PVT (a famosa “carne de soja”) supre essa lacuna. Vazio em termos nutritivos, esse subproduto da soja cai bem em pratos tradicionalmente feitos com carne moída ou picada, como quibe, pastel, lasanha, estrogonofe e almôndega. Basta deixar marinando uns 15 minutos no shoyu, com limão e especiarias de sua preferência (nada de hidratar na água quente e espremer!) e depois refogar no azeite com cebola, alho, pimenta-do-reino, salsinha ou o que preferir. Há, claro, substitutos

mais sofisticados que o PVT. Shiitake, shimeji, de Paris, portobelo, frescos ou desidratados, os cogumelos garantem textura e sabor em pratos onde antes reinavam as carnes; aspargos, palmitos e alcachofras propiciam sabores delicados e sofisticados; e os clássicos abobrinha, berinjela, couve-flor, brócolis e outros frutos da terra mostram que podem se sair bem ao forno, na chapa, dourados no azeite ou grelhados num espetinho sobre as brasas da churrasqueira. O amante da boa cozinha logo percebe que, ao se tornar vegetariano, nada perde no quesito sabor e lucra barbaridade quando se trata de saúde. Mas para isso é preciso se dedicar à pesquisa de ingredientes, à atenção na hora das compras e ao capricho no preparo dos alimentos. Fazer a feira com calma, sem vergonha de perguntar “ei, o que é essa cebolinha com essa bolinha na ponta” (é o nirá!) e destrinchar no mercado, com curiosidade aguçada, as prateleiras de conservas, temperos, grãos e cereais. Nesse espaço, espero ajudar a abrir a mente (e o apetite!) de quem curte os prazeres da mesa, e instigar paladares. Até porque foi o que aconteceu comigo: fui fisgada por um paulistano gourmand, gourmet e vegetariano, que apimentou meus pratos e encheu de cor a minha mesa.

Na web há milhares de receitas, mas não custa indicar alguns endereços inspiradores: http://www.segundasemcarne.com.br/ category/receitas/ http://www.menuvegano.com.br/ http://www.vegetarianismo.com.br http://vista-se.com.br/ http://chubbyvegan.net Raquel Ribeiro (raquel.ri@uol. com.br) é jornalista, coordenadora do Departamento de Publicações da Sociedade Vegetariana Brasileira (www.svb.org.br), organizadora de Festa Vegetariana, receitas perfeitas para ocasiões especiais, de Merenda Vegetariana, livro de apoio à campanha Segunda Sem Carne e das cartilhas Tudo o que você precisa saber sobre Alimentação Vegetariana e Impactos sobre o Meio Ambiente do Uso de Animais para Alimentação.

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Especial Meio Ambiente

Deserto do Atacama: uma saudação à natureza Por Nícia Ribas, de Plurale em Revista

O

respeito à natureza é uma prática constante na região norte do Chile, onde o Deserto de Atacama se estende por 181.300 quilômetros. Talvez pela deslumbrante paisagem, talvez pela ocorrência frequente de terremotos, ou porque é o lugar mais próximo do céu, o fato é que o povo chileno e também os turistas que andam por lá, reverenciam e protegem a terra andina. São incapazes de macular a vegetação dourada, grafitar montanhas incrustradas de sal e muito menos jogar lixo fora da lixeira. A cidade de Calama, onde fica o aeroporto mais próximo de San Pedro de Atacama, é abastecida por energia eólica. Da estrada que une as duas cidades, avistam-se as fileiras de cataventos gigantes a girar sem cessar. Na praça principal de San Pedro, fartamente arborizada e alegremente frequentada por crianças e cachorros, o viajante esquece que está numa das regiões mais inóspitas do Planeta. Pode sentar numa confeitaria e pedir um cappuccino, enquanto aprecia a bela igreja de 1774, patrimônio nacional. Bater pernas pela rua Caracoles, entre lojinhas, bares e restaurantes, provando um risoto de camarão feito com quinoa em vez de arroz, sempre acompanhado de um pisco sour, já é um programa que vale a viagem. Principalmente se, ao anoitecer, olhar para o céu. Que céu! Empolgados com tanta luz de planetas e estrelas, muitos decidem visitar a casa do astrônomo francês Alain Maury. Lá, com uma lanterna a laser, ele aponta e nomeia cada astro para, em seguida, colocar à disposição dos visitantes os seus 10 telescópios espalhados pelo jardim. E se quiserem tocar nos asteróides, no dia seguinte podem visitar o Museu do Meteorito, onde estão 77 que caíram por lá, foram analisados e classificados pela Nasa e estão expostos sob uma

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grande tenda redonda branca. Mai conta a história de cada um deles com o maior entusiasmo. Quanto menos poluição melhor. Por isso, os hotéis e pousadas alugam bicicletas para conhecer as atrações do deserto. Pedalando três quilômetros, por exemplo, chega-se às ruínas de El Pukara de Quitor, uma cidade do tempo dos incas construída sobre a Cordilheira do Sal. Calor, poeira e altitude atacamenhos tornam ainda mais pitorescos os passeios. Nada que uma garrafa d`água, um boné, protetor solar e balas de coca não resolvam. PARA REFRESCAR, A LAGUNA CEJAR! A 20 quilômetros ao sul de San Pedro, entre as dunas do Salar de Atacama, encontram-se as lagoas Cejar e Piedra, de cara para a Codilheira dos Andes. O desafio para turistas do mundo todo é banhar-se nas águas geladas e relaxar sem afundar jamais, pois a grande quantidade de sal mantém qualquer corpo boiando. Nas bordas das lagoas, cristais de sal afiados exigem o uso de sandálias. Um ecossistema especial, conhecido como “bofedal” permite o desenvolvimento de abundantes espécies vegetais, e consequentemente, o abastecimento das comunidades locais, com bastante água e pasto para o gado. Ao longo das estradas, grupos de vicunhas e lhamas. Pouco mais adiante, dois imensos poços de água doce em pleno deserto, mergulho perfeito para quem ainda sente na pele o sal da Cejar. O por do sol às margens da Lagoa Tebinquinche, apreciando o reflexo dos Andes e a brancura do sal merece um brinde com pisco sour. Ali ninguém pode pernoitar para evitar qualquer poluição. Camping e cigarros estão proibidos na área. Ponto alto do turismo no Salar do Atacama são as lagunas altiplânicas, denominadas Miscanti e Miñiques a

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4.200 metros de altura na base dos vulcões da Cordilheira dos Andes. No caminho até elas, avistam-se flamingos alimentando-se na Lagoa Chaxa. O Salar de Atacama se estende por 320 mil hectares cobertos por uma crosta de sal devido ao acúmulo constante de cristais produzidos pela evaporação das águas subterrâneas intensamente salgadas. No Museu Arqueológico Gustavo Le Paige,em San Pedro de Atacama, estão as provas de que o homem chegou àquelas terras há cerca de 13 mil anos. Mas restam apenas cerca de cinco mil atacamenhos em vilarejos como Socaire e Toconao, que vivem do turismo. A igreja de San Lucas, em Toconao, foi construída à prova de terremotos e desde 1951 é monumento nacional. PAISAGEM ÚNICA A nove graus abaixo de zero, a 4.300 metros de altitude, fica difícil para um oriundo de país tropical apreciar qualquer coisa. Mas os Gêiseres do Tatio não são qualquer coisa. Uma visão inédita de caracóis de nuvem branca de até 10 metros intriga os visitantes. O que é isso? De onde vem essa névoa? Numa região com muitos vulcões, a água subterrânea submetida a alta pressão alcança temperatura de 85º.C, evapora e busca saída através de fissuras no solo terrestre. O fenômeno é ainda mais atraente ao amanhecer, quando a chegada dos primeiros raios de sol por trás da Cordilheira colorem as colunas de vapor. No Vale da Lua, parece que a qualquer momento surgirão enormes dinossauros por trás dos morros de areia e sal, enquanto o Vale da Morte lembra tanto a superfície de Marte que a Nasa até já esteve lá testando sondas. Hordas de humanos caminham acima e abaixo, sem deixar rastros, refletindo sobre a imensidão e a beleza do Planeta que merece ser preservado.


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nícia ribas como chegar

Serviço

A TAM/ LAN tem voos diretos para Santiago (R$ 1.112,55) e para Calama (R$ 785,00).

onde ficar

Santiago: Holliday Inn (diária R$ 396), ao lado do aeroporto para facilitar o embarque no voo Santiago/ Calama que parte cedo. Ou IBIS Providência (R$ 160,00). San Pedro de Atacama: Explora, com todos os passeios e refeições incluídos; ou o Altiplânico, melhor custo/benefício. Reservas pelos sites. Contratar transfer do aeroporto de Calama para San Pedro de Atacama (R$ 130,00 para duas pessoas) pela Turistour. A empresa também oferece todas as opções de passeios. Melhor contratar pela Internet apenas os passeios para o primeiro dia e deixar para comprar os demais nas diversas agências da rua Caracoles, em San Pedro.

passeios imperdíveis Geyser de Tatio, Vale da Lua e Vale da Morte, Salar e Lagoas Altiplânicas, Lagoas Cejar e Tebinquinche, Vale do Arco íris e Passeio Astronômico.

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P e lo Mundo Corte nas emissões das usinas de energia: mais uma batalha de Obama? Por Wilberto Lima Jr., Correspondente de Plurale nos EUA De Boston

Como prometido na sua campanha de releição, o Presidente Barack Obama deu início ao seu plano de corte nas emissões de carbono das usinas produtoras de energia nos EUA. A Administradora da EPA (Agência de Proteção Ambiental americana), Gina McCarthy, assinou no dia 2 de junho a legislação especial que estabelece as regras para obter um corte 30% nas emissões de dióxido de carbono até o ano de 2030, num documento de 645 páginas. O ano base será o de 2005 para estabelecimento da comparação de níveis. Imediatamente, setores mais tradicionais, como os Republicanos e da industria, mais os da energia e até mesmo certos Democratas em campanha de reeleição, se manifestaram contra o plano. A legislação não deve ser submetida ao Congresso, mas os políticos de oposição vão se preparar para aprovar alguma lei que detenha o referido plano.

As usinas produtoras de energia são a maior fonte gerada de gases de efeito estufa nos EUA, respondendo por 38% das emissões. Um fato que não se fala muito é que, desde 2005, as usinas ja efetuaram um corte de 13% nas suas emissões de carbono. Elas são responsáveis por 6% dessas emissões no contexto global. Não se pode negar que existe uma certa maioria da opnião pública favorável à redução de emissões. O compromisso definido por Obama é o de reduzir em 17% as emissões totais dos EUA, até o ano de 2020, o que ainda estaria abaixo do necessário para estabilizar a temperatura do planeta. O que também vale para muitos outros países no mundo inteiro. Um outro esforço do Presidente está voltado para reduzir a poluição causada por veículos. Espera-se com isso,

dobrara a economia de consumo dos veículos fabricados entre 2012 e 2025. Agora, os estados americanos terão que estabelecer seus planos de ajuste aos novos limites e isso, apesar da intenção de estar resolvido ate 2016, poderá ser estendido para 2017 e até mesmo 2018. A aplicação da lei difere de estado para estado. Enfim, o que parece é que a implementação integral das novas regras só deve acontecer na administração do novo Presidente. Fica a dúvida.

Biodiversidade protegida e desenvolvimento sustentável são metas de nova iniciativa da União Europeia Por Vivian Simonato, De Dublin Correspondente de Plurale na União Europeia

Com objetivo de proteger a biodiversidade, combater o crime ambiental e erradicar a pobreza em países em desenvolvimento a União Europeia anunciou em maio o programa Biodiversidade para Vida (Biodiversity for Life - B4Life). A iniciativa, uma das principais criada pelo Bloco, estará concentrada nos países em desenvolvimento que possuem “ hotspots de biodiversidade “, mas que também são altamentes ameaçados por diversos fatores. O objetivo do B4Life é ter ampla área de atuação combatendo

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a crescente ameaça aos ecossistemas globais, a partir de mudanças de uso da terra, uso não sustentável dos recursos naturais, o crime de caça aos animais selvagens, a poluição e as mudanças climáticas. No entanto, estando alerta para a necessidade de comunidades locais, sendo que mais de 70% delas vivem em áreas rurais e dependem diretamente dos serviços dos ecossistemas para a sua subsistência. Com orçamento estimado em €8 00 milhões para 2014-2020, a iniciativa será financiado pelo programa temático da UE Desafios dos Bens Públicos Globais. Porém, espera-se que a iniciativa atraia fundos de Estados-Membros da UE e outros parceiros de desenvolvimento regionais e nacionais.

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O B4Life vai operar em três áreas prioritárias: • Boa governança dos recursos naturais • Proteção dos ecossistemas saudáveis ​​para a segurança alimentar • Desenvolvimento de soluções baseadas na natureza para uma economia verde Além das três áreas prioritárias, B4Life vai incluir uma “Janela para Crise da Vida Selvagem” (Wildlife Crisis Window – WCW), dedicada a combater o aumento do comércio ilegal de espécies ameaçadas, particularmente na África. A prática, não só ameaça espécies, mas também põe em risco a segurança local e nacional. Evidências recentes mostram que as milícias rebeldes e, possivelmente, os grupos terroristas estão agora envolvidos na caça de elefantes e rinocerontes como meio de financiar suas ações.


Leo Burnett Tailor Made

Carta real de suicídio. A identidade do autor foi preservada.

Dentro de um suicida há alguém querendo viver. Programa de apoio emocional: ligue 141 ou acesse cvv.org.br

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Estudo

Ação humana acelera em mil vezes a extinção da biodiversidade em todo o mundo

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Da ESCAS/ Ipê

s ações humanas estão elevando a extinção de espécies a um índice alarmante. O desaparecimento de biodiversidade global é atualmente mil vezes mais veloz do que se ele acontecesse naturalmente, sem o impacto do homem. A taxa é muito maior do que a estimada anteriormente, em 1995, que era de 100 vezes (Pimm, Stuart L., et al. “The future of biodiversity.” SCIENCE (1995): 347-347). Esta é uma das conclusões de um artigo recém-publicado pela Revista Science, que tem Clinton Jenkins como coautor. Jenkins é professor visitante da ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, organização brasileira que atua na conservação da biodiversidade. Nove pesquisadores assinam o artigo, que também afirma que o mundo precisa encontrar nas novas tecnologias um meio de frear esse desaparecimento de espécies. Caso contrário, nesse ritmo, o planeta poderá passar por sua 6ª extinção em massa. Segundo o artigo, as novas tecnologias podem ser usadas para traçar políticas e estratégias mais eficientes para conservação de espécies, porque ajudam a facilitar as tarefas de encontrar e monitorar a biodiversidade. As novas abordagens tecnológicas, segundo os autores, serão vitais para avaliar o progresso em direção às metas de conservação internacionais, como as metas de Aichi recentemente estabelecidos da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). Um dos exemplos de tecnologia inovadora é o Biodiversity Mapping. Criado por

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Jenkins, o site (www.biodiversitymapping.org) reúne informações de diversos biomas e o estado de conservação das suas espécies, em uma única plataforma, alimentada com dados de diversas organizações e pesquisadores de todo o mundo. O mapa da biodiversidade já identificou, por exemplo, dados relevantes sobre a Mata Atlântica como uma área prioritária para conservação, em escala mundial. “Nossos mapas mostram claramente que a Mata Atlântica no Brasil é uma das grandes prioridades globais para a prevenção de extinções. É a combinação de uma enorme concentração de espécies intrinsecamente vulneráveis ​​e uma grande quantidade de perda de habitat, com apenas cerca de 10% da floresta original remanescente”, diz. Os cientistas ainda reiteram no estudo suas preocupações com relação às espécies desconhecidas. Apesar dos progressos recentes em conservação de espécies, eles observam muitas incertezas quanto ao número de espécies existem, onde estão, e suas taxas de extinção, sendo que muitas delas ainda são desconhecidas pela ciência, podendo enfrentar grandes ameaças. As tecnologias como base de dados e mapas, por sua vez, estão permitindo que os cientistas expandam seu foco e identifiquem padrões e tendências importantes, por exemplo, entre as espécies aquáticas e marinhas, assim como as terrestres. “Com a reunião de dados antigamente dispersos, sabemos agora que a maioria das espécies terrestres está espalhada em pequenas áreas geográficas - a maioria delas menor do que o estado do Rio de Janeiro. Espécies com essas pequenas faixas são

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desproporcionalmente vulneráveis ​​a ameaças modernas que causam extinção. Novos conhecimentos oferecem a possibilidade de a sociedade concentrar os esforços de conservação em locais críticos ao redor do planeta”, afirma Jenkins. Nessa linha, o novo estudo também confirma que espécies de água doce são provavelmente mais ameaçadas do que espécies na terra, e o potencial de extinções de espécies nos oceanos tem sido severamente subestimado. Enquanto cerca de 13% da área terrestre do planeta está protegida, apenas 2% do seu oceano está sob proteção. Medidas de conservação tradicionais, como reservas naturais, estão aquém da necessidade de conferir proteção, especialmente para espécies de água doce, sendo que a ameaça às espécies aquáticas pode começar fora das áreas protegidas. Desta forma, concluem os especialistas, embora existam dados acessíveis sobre as espécies vulneráveis e um rápido progresso no desenvolvimento de áreas protegidas, tais esforços não têm sido ecologicamente representativos. O artigo é assinado por Clinton Jenkins (IPÊ/ ESCAS), Stuart. L. Pimm (Duke University), R. Abell, Tom M. Brooks (International Union for Conservation of Nature, IUCN), John L. Gittleman (University of Georgia), Lucas Joppa (Microsoft Research), Peter H. Raven (Missouri Botanical Garden), Callum. M. Roberts (University of York), Joseph O. Sexton (University of Maryland). Para acessar o resumo: http://www.sciencemag.org/ content/344/6187/1246752



Social

Projeto “Jogo da Vida em Trânsito” deve beneficiar aproximadamente 20 mil alunos no Alagoas

Fundação Volkswagen completa 35 anos apoiando a educação e o desenvolvimento social Por Nélson Tucci, Especial para Plurale em revista De São Paulo Fotos: Divulgação/ Fundação Volkswagen:

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riorizar a educação e investir nos educadores como agentes multiplicadores poderia ser o eixo fundamental de governos, mas raramente isso acontece no Brasil. Por sorte, um país não é composto apenas de um Poder Executivo mas, também, de vários entes da chamada sociedade civil organizada. Entre estes algumas fundações se destacam como protagonistas. É o caso da Fundação Volkswagen que em 2014 completa 35 anos, período em

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que investiu R$ 87 milhões – sendo 70% em projetos voltados à educação e 30% destinados ao desenvolvimento social. Com presença em 13 estados e 386 municípios brasileiros, a Fundação Volkswagen atinge alguns milhares de educadores, crianças e comunidades carentes, em parcerias com ONGs e governos estaduais e municipais. Os números iniciais são volumosos, mas a colheita desses frutos é sempre abundante, resume o seu piloto Eduardo Barros. “A intenção não é substituir o papel dos governos, mas influenciar as políticas públicas”, diz o cordial e entusiasmado superintendente. Barros, que é do primeiríssimo escalão da VW do Brasil, responde pela área jurídica da companhia e faz um trabalho voluntário na fundação

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(desde 1997) e também na VW Previdência Privada, ocupando ainda a superintendência, além de ser o Chairman do Comitê de Sustentabilidade da companhia. Importante: para se entender o porquê da fundação é preciso conhecer o processo político internacional. A Alemanha da primeira metade do século XX era uma e a Alemanha do pós-Guerra é outra. “A Alemanha passou por um profundo processo de autoanálise e a partir dos anos 50 várias posturas foram mudadas. Não só na VW como também em outras empresas”, enfatiza o Dr. Eduardo – como é mais conhecido na corporação - , argumentando ainda que no Brasil a empresa não só é pioneira com esse trabalho como até pouquíssimo tempo era a única no setor.


GÊNESE e GOVERNANÇA CORPORATIVA Dotada de princípios de governança, a Fundação VW possui um Conselho Curador, com oito membros; Conselho Fiscal, com três integrantes; e a Diretoria Executiva integrada por quatro pessoas. Todo esse corpo gestor é ligado à companhia. Além dos R$ 87 milhões investidos, a fundação tem outros R$ 100 milhões aplicados. De 1979 a 1996, os recursos provinham de quatro empresas do grupo brasileiro, então existentes, nas áreas de turismo, assistência médica, corretora de valores e administração de consórcio. “O lucro destas era destinado à fundação e hoje, após a venda delas, nos garantimos por meio de aplicações financeiras”, conta o superintendente, acrescentando ainda que no início a entidade oferecia bolsas de estudos aos funcionários e a seus filhos. Quem trabalha full time para a fundação é Keli Smaniotti, a diretora geral, que comanda uma equipe de oito pessoas entre administrativo e relações institucionais. Orgulhosa do que faz, é capaz de falar horas seguidas dos projetos idealizados e materializados em nada menos que 13 estados do Brasil. Na área de educação são contabilizadas 1.976 escolas e instituições, abrangendo 15.993 educadores. Na área de desenvolvimento social, por exemplo, a fundação é patrocinadora ouro do Instituto Bacarelli, que tem sede na comunidade de Heliópolis, na Zona Sul paulista (de alta vulnerabilidade social) e oferece música e canto com estrutura profissional e professores altamente qualificados, ministrando aulas individuais e em grupo, de teoria e técnica, além de prática de conjunto em quatro grupos

de câmara, 16 corais e quatro orquestras. Ali são atendidos 1.400 crianças e adolescentes. Engajamento social O “Volkswagen na Comunidade” é uma iniciativa que tem por objetivo incentivar a participação social de seus colaboradores. Estes podem inscrever projetos que considerem de interesse social e uma comissão julgadora elege 10, apurando criteriosamente o cumprimento das premissas básicas para o concurso. Cada um dos eleitos recebe a quantia de R$ 40 mil. “Na verdade, elegemos nove projetos no ano e mais um do ano anterior para que sejam incentivados permanentemente”, explica Keli Smaniotti, frisando em seguida: “Nosso ideal é a perenidade dos projetos, porque se não for assim estaríamos fazendo apenas ´meio bem´ “. O “Volkswagen na Comunidade” já ganhou 52 prêmios, sendo cinco no quesito sustentabilidade, beneficiando diretamente 9.666 pessoas. Nas primeiras seis edições foram inscritos 2.276 projetos provenientes de 20 Estados brasileiros. Além de oferecer cursos de Gestão de Projetos e fomento à sustentabilidade (com o Instituto Ethos, por exemplo), a fundação atende pedidos de governos, como a prefeitura de São Bernardo do Campo, em SP (com o programa Pinacoteca, envolvendo a rede pública municipal), e do estado do Amapá para alavancar

O programa educacional “Aceleração da Aprendizagem” chegou também à Bahia

Dr. Eduardo Barros

ações cidadãs. “Nós acabamos nos envolvendo não só com as comunidades do entorno de nossas unidades de produção, como também de outras localidades”, sublinha Eduardo Barros. Para ilustrar tais ações, ele destaca o “Costurando o Futuro”, que capacitou 205 mulheres gerando uma cooperativa de costureiras, na comunidade do DER, em São Bernardo (SP). Posteriormente a iniciativa foi estendida a São José dos Pinhais, no Paraná. Nesses casos existem unidades produtivas. Mas atendendo a uma solicitação do governo do Amapá, firmou o projeto educacional “Jogo da Vida em Trânsito”, em 27 de maio último, com a Secretaria Estadual da Educação daquele estado, visando 2.000 estudantes do ensino médio da rede estadual dos municípios de Macapá e Santana. E para encerrar esse texto, destacamos citação de Eduardo Barros, que acredita na música como “purificadora do cidadão”. Processos produtivos à parte, as ações de responsabilidade social se feitas com rigor e determinação também haverão de purificar todos os nossos estratos sociais.

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ESTUDO DE CASO Fotos de Divulgação/ Telefonica | Vivo

Nome do Produto:

Site Sustentável Por Juliana Limonta, gerente de Sustentabilidade da Telefonica | Vivo

Atenuar a interferência visual de nossas antenas na paisagem e otimizar o uso de recursos naturais são formas de reduzir os impactos ambientais de nossa operação

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ata de início da implementação do Produto: O projeto teve início em junho de 2012. Premissa: A Telefonica Vivo acredita no potencial que as tecnologias têm para melhorar a qualidade de vida das pessoas, entregando educação, segurança, mobilidade, saúde e bem estar. No entanto, como grande empresa de telecomunicações que somos, consumimos um alto volume de energia e de matérias primas na manutenção de nossas infraestruturas, que garantem a melhor cobertura de rede e de boas conexões. Por isso, investimos em soluções inovadoras que minimizem esses impactos e que permitam a outros setores da economia e a nossos clientes ser mais eficientes e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, além de facilitar a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas. Somos a empresa que mais utiliza energia limpa do Brasil e vamos além. Desenvolvemos projetos que reduzem o impacto visual e ambiental de nossas ins-

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talações, aplicamos práticas de construção ecologicamente responsáveis e fazemos uma rigorosa gestão de resíduos, entre outras iniciativas. Descrição do Produto Atualmente o celular não é só um telefone. Hoje é fundamental para comunicação, acesso a redes sociais, trabalho, acesso a serviços gerais e diversão. Ou seja, é um serviço essencial. Estamos presentes em mais de 3,1 mil municípios com nossa rede 3G e, em 2012, não medimos esforços para adquirir a melhor frequência 4G no leilão da Anatel, o que possibilitará maior velocidade de conexão e melhor atendimento a cada vez mais lugares do País. Com o 4G, já estamos em 86 municípios, atendendo a 68 milhões de moradores dessas localidades. A ativação da rede 4G e ampliação da 3G para melhoria de qualidade do serviço de telefonia móvel depende, contudo, da instalação de milhares de

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antenas. A rede de quarta geração, em especial, utiliza alta freqüência no espectro (2,5 GHz) e por isso demanda grande número de antenas. Atenuar a interferência visual de nossas antenas na paisagem e otimizar o uso de recursos naturais são formas de reduzir os impactos ambientais de nossa operação. Para isso temos investido em projetos inovadores como o Site Sustentável, alternativa que permite a substituição de torres metálicas por uma infraestrutura semelhante a um poste de iluminação, onde a maior parte dos equipamentos é instalada abaixo do solo, reduzindo assim o impacto visual. A nova solução, 100% nacional, é desenvolvida pela equipe de engenharia da Telefonica Vivo, e atende às características de transmissão da tecnologia 4G para oferecer um serviço mais eficiente e com mais qualidade. Componente Ambiental Os componentes ambientais do Site Sustentável são: não emprega nenhum


melhoria de qualidade do serviço de telefonia dependem da instalação de milhares de antenas. Ao possibilitar que uma cidade tenha uma rede de dados, abrangendo todo o seu território, os cidadãos passam a ter acesso contínuo aos benefícios que a conectividade traz: serviços, comunicação, agilidade, mobilidade, educação, cultura e lazer.

gás nocivo, previne roubos de equipamento, reduz a poluição visual das cidades e o uso de energia, evita a corrosão causada pela salinidade graças à sua localização subterrânea e, por não ter motor gerador, não utiliza diesel. Componente Econômico Os componentes econômicos são: redução do gasto de energia; a área utilizada para a construção é menor em comparação à construção de uma infraestrutura de rede tradicional. Além de ser mais barata, ela requer uma quantidade menor de recursos e tempo para a instalação. Componente Social O Site Sustentável permite a ampliação da rede em harmonia com o crescimento urbano, inclusive em áreas que demandam o maior número de antenas. Dessa forma podemos suprir as demandas sociais e de comunicação provenientes do aumento da concentração populacional nas cidades. Além disso, a solução reduz o impacto visual ao patrimônio histórico cultural. Breve histórico Quando o projeto foi concebido, o objetivo era desenvolver uma solução que causasse a mínima interferência possível nos espaços urbanos, principalmente em regiões densas. A cidade do Rio foi a primeira localidade pensada para a implantação, já que estava num processo de revitalização de várias áreas, exigindo mudanças em relação às antenas.

O primeiro protótipo foi desenvolvido em seis meses e instalado em Araruama, no Rio de Janeiro, para submetê-lo a condições de grande umidade, alto grau de salinidade, além de altas temperaturas. Durante essa fase de testes, aprimoramos a forma de instalação, de maneira a prover um ciclo de troca de calor diferenciado. A maior parte dos equipamentos é instalada abaixo do solo, numa caixa subterrânea de fiberglass – plástico reforçado com fibras de vidro –, o que garante proteção contra a água e outros elementos, além de evitar qualquer tipo de impacto no subsolo e reduzir o impacto visual. Além disso, seu consumo de energia é cerca de 10% menor em relação ao modelo tradicional. A caixa de fiberglass foi desenhada com a Tecpox, empresa que fornece caixas similares à indústria petroquímica e também fabrica orelhões. Quando soubemos das caixas resistentes às condições do fundo do mar, imaginamos que seriam ideais para nosso projeto. A Telefonica Vivo tem hoje 30 Sites Sustentáveis em operação no Brasil ,e até o final do ano, a expectativa é termos um total de 160 sites instalados, sendo a maioria no Rio de Janeiro/Espírito Santo e na região Norte. Repercussão do Produto no comportamento/ atitude dos cidadãos: O público alvo são as Prefeituras, pois demandam que seus municípios tenham maior qualidade no sinal de celulares. A ativação da rede 4G e a ampliação da 3G para

Integração de soluções inovadoras para o aumento da eficiência O diferencial da solução é a inovação da infraestrutura que permite que tenha baixo impacto visual, principalmente em ambientes urbanos. Além disso, a quantidade de materiais necessários para a sua construção também é reduzida. Por estar normalmente localizado em grandes cidades, o Site Sustentável está ligado à rede de energia elétrica, o que evita a necessidade de um gerador próprio (movido a óleo diesel), reduz a quantidade gerada de resíduos e gases de CO2eq e otimiza o consumo de energia. Relação entre os benefícios gerados e os custos associados ao Produto A utilização de Sites Sustentáveis possibilita que os ambientes urbanos tenham um maior número de sites para transmissão de sinal, melhorando a qualidade e a eficiência da rede. Também, ganhamos em escala (custo x quantidade) na construção e instalação da infraestrutura, por permitir maior capilaridade para sua implantação em regiões das cidades onde anteriormente não seria possível, devido às legislações restritivas e aos espaços físicos disponíveis. Reprodutibilidade do Produto ou Serviço Esta iniciativa destaca-se pela adaptação de infraestruturas de telefonia em áreas urbanas, que antes eram vistas como grandes causadoras de impacto visual. As dificuldades hoje são as leis estaduais e municipais, que não estão em sintonia com o desenvolvimento das comunicações. O impacto de suas restrições acaba recaindo sobre os próprios usuários. O produto pode ser replicado em todas as localidades, devido a sua facilidade de instalação em qualquer área, mesmo com limitações urbanas.

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ISABELLA ARARIPE

Divulgação

P e las Em pr esas Tetra Pak entrega equipamentos para cooperativas de reciclagem no Rio A Tetra Pak, em parceria com o INEA (Instituto Estadual do Ambiente), cedeu, em maio, 12 equipamentos entre prensas hidráulicas, balanças eletrônicas, empaletadeiras e elevadores para três iniciativas de reciclagem do noroeste do Rio de Janeiro. As ferramentas fundamentais para o trabalho nas cooperativas de coleta seletiva foram entregues nos municípios de Sapucaia, Carmo e Porciúncula. Com a entrega dos equipamentos, espera-se que o trabalho das coopera-

tivas se torne mais ágil, o que fará o ciclo da reciclagem girar com mais velocidade. “Por conta da nossa atuação regional, da parceria com o INEA e com as prefeituras, conseguimos rastrear as iniciativas mais necessitadas e acreditamos que os equipamentos ajudarão a agregar valor aos materiais recicláveis coletados”, afirma Fernando von Zuben, Diretor de Meio Ambiente da Tetra Pak. Em 2013, mais de 71 mil toneladas de embalagens

da Tetra Pak foram recicladas, um incremento de 9%, se comparado a 2012. A expectativa é que, com a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, o volume de materiais reciclados aumente ainda mais.

Grupo Boticário é premiado por presença no exterior

Premiados (da esquerda. para a direita): Humberto Ribeiro, secretário de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); Miguel Krigsner, presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário; Mauro Borges, ministro do MDIC; Luiz Eduardo Melin Carvalho e Silva, diretor do BNDES; José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.

O prêmio foi recebido, no dia 29 de maio, por Miguel Krigsner, presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário e fundador de O Boticário. O Grupo Boticário é uma das principais organizações de beleza do mundo, com mais de 3.800 lojas de suas quatro unidades de negócio (O Boticário, Eudora, quem disse, berenice? e The Beauty Box) e presença em sete países. Em sua 5ª edição, a ENAServ reuniu em São Paulo cerca de 500

executivos para debater a interação das empresas e instituições que atuam no campo do comércio exterior de serviços, favorecendo a troca de experiências e o intercâmbio de práticas entre as organizações. Na ocasião, os participantes puderam debater propostas e trocar informações voltadas para estimular a ampliação do comércio sustentável e competitivo de serviços, além de facilitar a adoção de políticas e ações em favor da expansão da inserção internacional do Brasil.

Coca-Cola Brasil investe R$ 8 milhões em reciclagem A Coca-Cola Brasil inaugura, até o final do ano, Polos de Reciclagem nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. As unidades terão maior eficiência, possibilitando triplicar o volume reciclado e a renda dos trabalhadores, oferecendo dignidade e segurança. O intuito é gerar a valorização dos materiais recicláveis, impulsionando toda a cadeia de reciclagem no país. O novo programa faz parte da política de reciclagem do Sistema Coca-Cola Brasil, que, só no último, ano investiu cerca de R$ 8 milhões em reciclagem. Em parceria com a Prefeitura de São Paulo, por meio da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), a Coca-Cola Brasil inaugurou no dia 27 de maio a Cooperativa Polo Cooperleste, que já receberá parte dos materiais recicláveis coletados na

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Arena Corinthians, além de fazer parte da coleta seletiva do município de São Paulo. Todas as Cooperativas Polo estarão integradas ao programa Coletivo Reciclagem, que oferece capacitação técnica, equipamentos, atuações de impacto na autoestima dos catadores, acesso ao mercado e trabalho em rede. Hoje, cerca de 400 cooperativas são apoiadas em todo o território nacional por meio da plataforma Coletivo Coca-Cola, impactando 12 mil pessoas e com triagem de 15 mil toneladas por mês de material reciclável.


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Fetranspor realiza oficinas regionais para aplicação dos indicadores do Instituto Ethos

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Após a assinatura do termo de parceria firmando acordo para a adoção dos Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis em março, a Fetranspor realizou ao longo de junho várias oficinas regionais com orientações específicas para a aplicação dos indicadores estratégicos do Sistema. A palestra de apresentação do Instituto Ethos e dos Indicadores aconteceu no dia 27 de março, na Universidade Corporativa de Transporte, com transmissão ao vivo pelo site da UCT. Por meio da área de Responsabilidade Social da Fetranspor, representantes de empresas, sindicatos e da Federação se reuniram ao longo do mês de abril para escolher de forma participativa os temas prioritários entre os Indicadores Ethos

Divulgação

Da esquerda para a direita: Rodolfo Gutilla, Monica Gregori e Leandro Machado

Cause já nasce com boas causas Com a experiência de anos em Marketing/ Comunicação/ Responsabilidade Socioambiental Corporativa, os últimos dos quais na Natura, Rodolfo Gutilla, Leandro Machado e Monica Gregori, fundaram a Cause, a primeira agência de issues advocacy do Brasil, apoiando organizações e marcas na identificação e gestão de suas causas. Conectados com movimen-

tos da sociedade que compartilham propósitos genuínos e transformadores, a agência promove causas nos campos dos novos modelos de desenvolvimento, direitos humanos e participação democrática. A Cause atua na formulação da arquitetura estratégica e nos processos de conscientização, engajamento e mobilização das causas, por meio de ações integradas de influência, relações públicas, comunicação e articulação de atores relevantes e pontos de contato.

Lei Anticorrupção: nossas empresas estão preparadas? A lei Anticorrupção (nº 12.846), que entrou em vigor há três meses, prevê que empresas respondam judicialmente por atos ilícitos cometidos por seus funcionários contra a administração pública mas, as corporações não parecem preparadas para se precaver dos riscos que a nova legislação impõe. Levantamento da consultoria ICTS publicado na Revista RI de abril, mostra uma realidade preocupante: metade dos profissionais ouvidos para a pesquisa, em uma amostragem de 3.211 entrevistados em 45 empresas brasileiras,

está disposta a adotar atalhos antiéticos para atingir suas metas. Outro levantamento, da HSD Consultoria em RH, afirma que 20% dos executivos têm desvios de caráter. Esses estudos e análises de especialistas sobre a situação das empresas diante da nova Lei estão na reportagem “de capa” da Revista RI de abril, que pode ser conferida na edição digital, disponível no site: http://www.revistaRI.com.br.

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ENERGIA & CARBONO IDEAL É VENCEDOR DO ENERGY GLOBE AWARD InstitutoIdeal

De Florianópolis

Paula Scheidt Manoel, responsável pelo Projeto América do Sol recebe o prêmio do Cônsul Comercial da Áustria no Brasil, Ingomar Lochschmidt

O Instituto Ideal recebeu no dia 13 de maio o National Energy Globe Award Brazil 2014 pelo projeto América do Sol, que tem como foco a disseminação da energia solar fotovoltaica. No total, mais de mil projetos de todo o mundo se inscreveram para competir nas categorias nacionais de 161 países do Prêmio Energy Globe Award. A cerimônia foi realizada durante o Seminário Energia + Limpa, evento promovido pelo Ideal e pela UFSC, em Florianópolis-SC. Na ocasião, o Cônsul Comercial da Áustria no Brasil,

Ingomar Lochschmidt, da Advantage Austria (Agência de Promoção do Comércio Exterior da República da Áustria), entregou o certificado à gerente de projetos do Ideal, Paula Scheidt Manoel, responsável pelo América do Sol. O projeto América do Sol, que surgiu em 2008, se tornou um dos principais da organização sem fins lucrativos Instituto Ideal e engloba uma série de ações na área de eletricidade solar. O site América do Sol http://www.americadosol.org/ concentra diversas informações sobre como adotar a fotovoltaica, além de esclarecer sobre normas da área.

EMISSÕES DE CO2e DE VEÍCULOS A GASOLINA AUMENTAM 3% NO ANO O uso de gasolina por veículos foi responsável, em 2013, pela emissão de 73,8 milhões de toneladas de CO2e no Brasil, aumento de 3% em relação ao ano anterior, quando foram emitidas 71,6 milhões de toneladas de CO 2e. Os dados fazem parte de levantamento feito pela Ecofrotas, empresa especiali-

zada em gestão de frotas corporativas. “O aumento das emissões está relacionado ao crescimento do consumo da gasolina e do número de automóveis”, afirma o gerente de Inovação da Ecofrotas, Rodrigo Somogyi. Conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustí-

veis (ANP), o consumo de gasolina em 2013 foi de 40,9 milhões de litros, ante 39,6milhões de litros no ano anterior. No caso do etanol, cujas emissões de CO 2e são consideradas neutras, o consumo aumentou de 9,8 milhões de litros em 2012 para 10,5 milhões de litros no ano passado.

EMPRESAS PODEM TER ‘IMPACTO AMBIENTAL POSITIVO’, DIZ RELATÓRIO Por Jéssica Lipinski, do Instituto Carbono Brasil

Quando procuramos corporações que desenvolvem produtos ou serviços ‘sustentáveis’, geralmente buscamos empresas que, por exemplo, produzem o carro ‘menos poluente’ ou a mercadoria que gera ‘menos lixo’ etc. Se pararmos para analisar, isso significa que estamos financiando companhias que ‘poluem menos’ o meio ambiente, mas que ainda assim geram impactos negativos sobre a natureza, numa espécie de abordagem ‘dos males, o menor’. Mas será que é possível que as firmas possam ter um impacto realmente positivo sobre os ecossistemas, ajudando a recuperar o meio ambiente?

Pelo menos segundo um novo relatório do Forum for the Future, The Climate Group e WWF-UK, a resposta parece ser sim: algumas estratégias podem fazer com que as corporações passem do atual estado de ‘fazer menos mal’ para de fato irem além e melhorarem a situação da natureza. O documento ‘Net Positive: A new way of doing business’ (‘Efeito Positivo Líquido: uma nova forma de fazer negócio’) argumenta que esse tipo de estratégia pode ter efeitos muito benéficos para uma empresa, dando a ela vantagem competitiva, segurança na cadeia de suprimentos e o espaço para inovar produtos e serviços, levando a organização a uma posição de liderança.

ESTUDO CONFIRMA COMO ORGANISMO REGULA NÍVEIS ELEVADOS DE CO2 NO SANGUE Da Agência Fapesp

Em um estudo publicado recentemente na revista Experimental Physiology, pesquisadores brasileiros confirmaram a importância de um grupo específico de neurônios, situados em uma região encefálica

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conhecida como núcleo retrotrapezoide (RTN), na detecção de alterações nos níveis de dióxido de carbono (CO2) e na modulação da atividade de outros grupos neuronais que controlam a atividade respiratória.

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A pesquisa contou com a participação de cientistas do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Araraquara.


CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Sobre coragem registra cotidiano de ocupações e acampamentos de sem terra

Autor e diretor, Guilherme Xavier Ribeiro, começou a produzir o filme em janeiro deste ano, quando passou a visitar comunidades de trabalhadores sem terra do interior de São Paulo a fim de fazer um clipe para o novo disco do artista Guido. Unindo com imagens da comunidade de Galinhos, no Rio Grande do Norte, o filme só se transformou num pequeno documentário quando Guilherme conviveu com os moradores da ocupação da Vila Nova Palestina, na Zona Sul de São Paulo e registrou as histórias que viu e ouviu por lá. Com trilha sonora do disco Coragem de Guido, o filme de cerca de 30 minutos sugere uma pausa para reflexão. Está disponível pela internet acessando: http://vimeo.com/95858496

Expocine em novembro O Brasil é um dos mercados de exibição cinematográfica que mais cresce em vendas de ingressos no mundo, algo em torno de 60% ao longo dos últimos quatro anos. Em menos de 10 anos, o país passou de 1.500 para 2.500 salas de cinema - que ainda é muito pouco devido as nossas dimensões continentais - e teve mais de 20 filmes com bilheteria superior a dois milhões de ingressos. Por isso, o maior evento da América Latina voltado ao segmento, o Expocine 2014, será em São Paulo, nos dia 10 e 11 de novembro próximo. Com palestras e painéis de discussão com profissionais do mercado, screenings (apresentações dos estúdios e distribuidoras cinematográficas sobre os lançamentos), além de feira com as principais empresas fornecedoras de serviços e produtos para o mercado exibidor. Encontros similares ocorrem anualmente em Las Vegas, Miami, Barcelona, Hong Kong e Buenos Aires.

Intercâmbio entre países da América Latina É este o objetivo do 5º Festival Internacional Pachamama que será realizado na cidade de Rio Branco, no Acre, de 9 a 15 de novembro. A competição é dividida em três categorias, em que participam curtas, médias e longas-metragens nas Mostras Latino-americanas de Longas-metragens, Curtas-Metragens e Cinema Comunitário. As regras são as seguintes: na competição de longas-metragens os filmes devem ter, no mínimo, 70 minutos de duração e finalizados a partir de 2013. Produções de até 25 minutos de duração, concluídas a partir de 2013, poderão ser inscritas na competição latino-americana de curtas-metragens. Destaque para a categoria latino-americana de cinema comunitário onde as obras deverão ter sido produzidas de forma comunitária, em suporte digital, com duração mínima de 30 minutos e conclusão a partir de 2012. As inscrições estão abertas até 27 de julho. Mais informações pelo site: http://cinemadefronteira.com.br/

Projeto une Cinemark e Tela Brasil Para incentivar a produção audiovisual criativa e revelar novos talentos o Projeto Brasil Cinemark e o Portal Tela Brasil se uniram e criaram um concurso cultural, o “Brasil em Cartaz – Se o Mundo Fosse um Filme”. Destinado a curtas-metragens de ficção, documentário ou animação, o concurso ainda disponibiliza ferramentas e dicas para ajudar a produzir e editar o vídeo. Os filmes podem ter duração de 30 segundos a 1 minuto e captados em HD. O vencedor terá seu vídeo exibidos nas salas do Cinemark em todo país. As inscrições vão até 24 de junho. Detalhes, regulamento e inscrições pelo site: http://www.telabr.com.br/se-o-mundo-fosse-um-filme.

No Rio e em Porto Alegre simultaneamente O 4º Filmambiente – Festival Internacional de Audiovisual Ambiental, que acontecerá simultaneamente no Rio de Janeiro e em Porto Alegre dos dias 4 a 10 de novembro, recebeu mais de 400 inscrições de todas as partes do mundo – 75 países, cinco continentes. A organização visitou ainda festivais e acompanhou os recentes lançamentos de filmes pelo mundo. Agora estão em fase de seleção.

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I m a g e m

Foto: JOÃO

LAET

UNICEF Brasil

E

m clima de Copa do Mundo, a Seleção Brasileira recebeu, no início de junho, poucos dias antes do início do evento começar, 30 crianças de diferentes comunidades do Rio de Janeiro que participam de projetos sociais de organizações parceiras do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Os jovens do Complexo do Alemão, do Morro dos Prazeres e de São Gonçalo foram recebidos por vários jogadores, o técnico Luiz Felipe Scolari e integrantes da Comissão Técnica, que fizeram questão de tirar fotos e assinar autógrafos. As crianças entregaram uma camisa da campanha, o Manifesto do UNICEF pelo Direito ao Esporte e desenhos feitos por elas com seus desejos de sucesso para a Seleção Brasileira na Copa do Mundo. A campanha foi lançada neste dia 5 de junho nas mídias sociais e faz parte da estratégia do UNICEF de utilizar a paixão pelo futebol e os esportes para construir uma cultura de respeito aos direitos de todas as crianças e adolescentes. Por esse motivo, o Fundo também nomeou o coordenador técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Carlos Alberto Parreira, como Campeão do UNICEF pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo, e tem parcerias com os clubes brasileiros Flamengo e Santos.

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ALUSA ENGENHARIA: COMPROMISSO COM A MELHORIA CONTÍNUA DOS PROCESSOS E SISTEMA DE GESTÃO. Mais de 50 anos trabalhando pelo desenvolvimento sustentável do Brasil, cuidando sempre da performance e do bem-estar dos colaboradores.

www.alusa.com.br


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