COLETÂNEA DE TEXTOS
- Maratona Escolar -
Desde 2009, os alunos do 8º e 9º anos e PEJA da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro são convidados a participar das Maratonas de Redação, organizadas por meio da parceria entre a Gerência de Mídia-Educação e a Academia Brasileira de Letras. A solenidade de abertura na ABL inicia o trabalho, que prossegue, nas palestras feitas pelos acadêmicos nas CREs. Posteriormente, as escolas promovem oficinas de leitura sobre a vida e a obra de grandes escritores brasileiros, indicados pelos “Imortais” da atualidade. Os encontros entre professores e alunos resultam em produções escritas, que já tematizaram a vida e a obra de Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz, Erico Verissimo, Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e Moacyr Scliar. Esta publicação pretende mostrar um pouco desse trabalho, apresentando algumas redações produzidas pelos nossos alunos, e o autor homenageado em 2015: João Ubaldo Ribeiro. Como disse o baiano, “a arte é uma forma de conhecimento“. Deixemos, então, que nossos jovens embrenhem-se por essa aventura que é o mundo da leitura!
Alunos premiados Jackeline Souza de Carvalho E. M. Pracinha João da Silva – 8ª CRE
Larissa Oliveira de Souza CIEP Carlos Drummond de Andrade – 7ª CRE
Maria de Fátima Silva CREJA
Mizael Albuquerque E. M. Reverendo Martin Luther King – 2ª CRE
Rosilaine Lima Batista Felix E. M. Alcide de Gasperi – 3ª CRE
Vanessa de Oliveira E. M. Barão da Taquara – 7ª CRE
Alunos premiados Antonio Edvar da Silva CIEP Gilberto Freire - PEJA
Beatriz Cosmo de Oliveira E. M. Walter C. Magalhães Fraenkel – 1ª CRE
Camila Nascimento Dias E. M. Jenny Gomes – 1ª CRE
Karina Maria Soares de Sousa CIEP Carlos Drummond de Andrade – 7ª CRE
Stefanye Rafael Jardim E. M. Barão da Taquara - 7ª CRE
Vanessa Cristina de Oliveira Silva E. M. Reverendo Martin Luther King – 3ª CRE
Alunos premiados Ariana Soares de Oliveira E. M. Albert Sabin - 5ª CRE
Beatriz Magalhães Nascimento CIEP Carlos Drummond de Andrade - 7ª CRE
Greicy Kelly Pimenta Ramos E. M. Mário Casasanta - 8ª CRE
Lourhanna Chrystine Belmiro da Silva E. M. Barão da Taquara - 7ª CRE
Matheus Rodrigues Calixto E. M. Professor Vieira Fazenda- 10ª CRE
Rebeca Fernandes Costa E. M. Mário Casasanta – 8ª CRE
Alunos premiados Ana Beatriz de Jesus Santos E. M. Dr. Jair Tavares de Oliveira – 9ª CRE
Eduardo Pontes de Queiroz E. M. Comunidade de Vargem Grande – 7ª CRE
Eroniza Andrade do Nascimento CIEP Gregório Bezerra – 4ª CRE
Ismael David Machado da Cruz E. M. Vicente Licínio Cardoso – 1ª CRE
Jorge Lucas Lopes de Brito E. M. Monte Castelo – 6ª CRE
Laisa Helena de França Fortes E. M. Rosa Bettiato Zattera – 5ª CRE
Alunos premiados Alana Raquel da Silva Lino E.M. D. Pedro I – 7ª CRE
Daniel Braz da Silva de Souza Escola Municipal Rose Klabin – 6ª CRE
Drielli Almeida de Oliveira Escola Municipal Pedro Bruno – 1ª CRE
Ester Ramos Ventura E. M. Mário Casasanta – 8ª CRE
Lucrécia Vieira Mendonça E.M. Pio X – 7ª CRE
Mayris Silveira Malheiro E. M. Anísio Teixeira – 11ª CRE
Alunos premiados Alexandre Antonio da Silva E.M. Vieira Fazenda – 10ª CRE
Flávio Ribeiro da Silva CREJA
Maria Nayane Felix Marinho E.M. Presidente Eurico Dutra – 4ª CRE
Rayssa da Silva Inácio E.M. Rodrigo Otávio Filho – 5ª CRE
Thaynnara Oliveira Bernardes E.M. Rose Klabin – 6ª CRE
Wilman Rodrigues Pereira E.M. Comunidade de Vargem Grande – 7ª CRE
Professores orientadores Ademilde Sant’Anna Alessandro dos Santos Elias Amanda Alves Ana Lucia de Menezes Costa Ana Maria Lins Rodrigues Ana Paula Monteiro Apolônia da Costa André Luis da Silva Junior Claudia Alves Moreira Cristiane Coelho Araujo Silva Denise Fidalgo Pereira de Barros Eliane de Castro de Assumpção Ester de Barros França Fernanda Samel López Igor Ferreira de Freitas Ismael David Machado da Cruz
Professores orientadores Juçara Guimarães Katia Zandomingo Soares Amanda Alves Lílian dos Santos de Mello Gonçalves Livia Dirce Benassi dos Santos Márcia Garcia Pereira Maria Angélica Lopes Mendes Maria Cristina Gomes Mariana Pereira de Souza Mônica Ferreira Nena Maria Macedo de Andrade Raquel Martins dos Santos Rosa Maria Pinto de Souza Saionara Bicalho Solange Freitas da Mota Tamara Rangel Cavalcanti Pinto
A crônica da minha vida Nasci em Porto Alegre, no bairro do Bom Fim. Sou filho dos imigrantes José e Sara Scliar. Formei-me em medicina, mas sou muito apaixonado pela literatura. Ainda na minha juventude, vi uma cena que nunca esqueci: uma mulher sentada no banco de uma praça, olhando de um lado para o outro. Parecia impaciente com alguma coisa, quando, de súbito, chega um rapaz muito elegante e a agarra. A moça, por alguns instantes, fica espantada, pois não sabia quem poderia ser. Quando se vira, era ele, “o amante da montanha”. Ela, de repente, começa a gritar e correr em direção ao ”Carnaval dos animais“, uma festa que celebrava o “mês de cães danados“. Fiquei meio transtornado com aquela situação, não entendi ao certo o porquê de ela ter corrido de um rapaz que, aparentemente, não demonstrava risco nenhum. Embora eu tenha ficado um pouco perturbado com aquela cena, continuei meu caminho. Naquela mesma praça, vi “os voluntários” de uma ONG palestrarem sobre “o ciclo das águas“. Achei tudo muito interessante, pois nunca havia pensando como seria este ciclo. No entanto, infelizmente,
quando parei para prestar atenção, a palestra já havia acabado. Ainda naquela praça, vislumbrei algo que me deixou extasiado: “o centauro no jardim“ e “os leopardos de Kafka”. Fiquei tão maravilhado com tal cena, fiquei boquiaberto por ter visto tão belas obras em um mesmo lugar. Já era tarde quando decidi voltar para casa. Então, me veio à memória que “minha mãe não dorme enquanto eu não chegar”. A poucos quilômetros de minha casa, acontecia uma briga que gerou uma tragédia. Fiquei tão assustado com aquela cena que decidi intervir para não gerar nada pior. Tudo havia começado por causa do ciúme excessivo de um rapaz por sua namorada. Com certeza, ele era um “ciumento de carteirinha“, não havia como negar. “No caminho dos sonhos“ fiquei pensando em como contar todas essas coisas para a minha mãe. Por fim, decidi botar tudo em uma folha de papel, pois, para mim, escrever é mais do que informar; escrever é a respiração do meu pensamento. Thaynnara Oliveira Bernardes - 9º Ano/Turma 1903 Orientadoras: Amanda Alves e Saionara Bicalho Diretora: Aline Menduiña Calil E.M. 06.22.022 Rose Klabin
Carta para Erico Verissimo O endereço e o lugar não sei, mas disseram que lá só entram pessoas como você. Procurando nas minhas lembranças, um anjo me respondeu: ”Um dia, um raio caiu na casa do velho Galvão, matando-o e ferindo-lhe a filha. A mãe disse: Deus castigou. Eles eram muito malvados. Além do castigo da professora, do castigo dos pais da gente, havia então um castigo maior, muito maior – o castigo de Deus?”. Esse trecho do livro “Olhai os lírios do campo” me fez pensar que a sua ausência talvez fosse também um castigo, porém entendi que esse anjo que me fazia lembrar de seu livro era você, pessoa que com certeza está junto de Deus. Erico, eu nem te conheci e neste mundo de hoje, em que ninguém leva a vida a sério, fico imaginando ser como você, o melhor escritor do mundo, que não precisou magoar alguém para ser feliz nem se dividir em mil para tentar uma coisa que não vale a pena. “Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está passando inutilmente.”
Quem foi esse homem atrevido e cheio de entusiasmo que recusou uma proposta, que muitos sonharam receber, para entrar para Academia Brasileira de Letras? O que seria mais difícil: falar de você ou de suas obras? Você foi como suas próprias obras, cada título uma parte de sua vida. Viajei em busca de alguém que te superasse e olhando os lírios do campo entendi: você foi e é nosso maior sucesso. ”O tempo faz a gente esquecer. Há pessoas que esquecem depressa. Outras apenas fingem que não se lembram mais.” Para: Érico Lopes Veríssimo De: Alguém que muito te admira.
Ariana Soares de Oliveira - PEJA II Orientadoras: Denise Fidalgo e Maria Cristina Gomes Diretora: Maria das Dores Ramos do Amaral Escola Municipal Albert Sabin - 5ª CRE
Lembranças Esperei anos para ter essa oportunidade. Raramente tenho tempo, mas hoje reservei esses pequenos minutos para contar a essência de uma mulher que foi capaz de me fazer perder tanto tempo para acompanhá-la. E não foi em vão. Rachel sempre foi muito tímida; ainda lembro-me do primeiro livro que ela leu, “Ubirajara”, escrito por seu primo José de Alencar, e de sua voz dizendo bem baixinho: “Não entendo nada”. Com apenas 5 anos de idade, não era obrigada a saber. Lembro-me da menina Rachel em sua casa, em 1915, quando eu e ela olhávamos pela janela. A imagem, já conhecida por muitos, menos por Rachel: a seca. Um sol rigorosamente quente. Nessa época trabalhei muito, pois a fome e a falta de esperança tiraram muitas vidas.
Em 1930, agora Rachel com seus 20 anos foi submetida a um rígido tratamento de saúde, estava com suspeita de tuberculose, doença que já me deu muito trabalho. Será que já era a hora? De repente eu a ouvi dizer: eu tenho que escrever. Ela pegou uma cadeira, colocou uma almofada por trás de suas costas e ali diante de mim começou a escrever. Escrevia por horas que depois viraram dias e meses. Resolvi aproximar-me e li o que estava escrito no papel que ela acabara de tirar, e quando olhei lembrei de tudo, do passado, de 1915, da menina Rachel com a parte da face molhada pela lágrima que escorria diante do que via. Esta realidade serviu para Rachel escrever a história de seus personagens. Ela era incrível, pensei. Ficou famosa com O Quinze. Era de uma simplicidade extrema, sempre foi guerreira e sofreu muito, principalmente quando chegou o dia em que tive de levar embora sua filha com apenas 18 meses de vida. Infelizmente tive de fazê-lo.
Continuei acompanhando-a. Era incrível como ela escrevia tanto, onde ela arrumava tanta inspiração para escrever tantos romances e crônicas? Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. Rachel sempre foi especial pra mim, e eu sempre achei que eu não teria coragem e força o suficiente para levá-la. Agora com seus 92 anos, era a hora certa. Com um largo sorriso me acompanhou. Aproximei-me e disse o quanto a amava. Por incrível que pareça, a morte também pode se apaixonar.
Stefanye Rafael Jardim - 8º ano/ Turma 1803 Orientadora: Lilian dos Santos de Mello Gonçalves Direção: Guilherme Frederico Degou Escola Municipal Barão da Taquara – 7ª CRE
Um Recado do Rosa Encontrei um burrinho pedrês caído na biblioteca da escola. O burrinho me chamou e disse: “Guimarães Rosa, meu criador, ensinou-me que o mundo é o sertão, e que as pessoas não morrem, ficam encantadas”. Eu, inocente, entrei e explorei esse mundo. Descobri que uma frase não precisa ser ordenada, seguir a gramática. Rosa se faz “personagente”, livre e autêntico. A linguagem vai além da narração da história, ela se torna o personagem principal. Rosa falava do amor, porém não do amor literário, não do inventado. Ele falava do amor real, o puro, verdadeiro, sem preconceitos e julgamentos, no qual distância, dinheiro, raça e cor não importam, afinal “infelicidade é questão de prefixo”. Esse amor ele nos mostra na “estória” de Riobaldo e Diadorim.
Esse poeta do sertão, esse menino “de lá”, tão magnífico, não esquecia ninguém. Dava valor aos esquecidos na vida e na arte; do mesmo modo que deu valor aos judeus na Alemanha nazista, salvou o burrinho. Em uma criação, um burro nos ensina a sermos pacientes diante de dificuldades da vida; no outro conto, Rosa transforma em “presépio” os três esquecidos na noite de Natal. Por todo esse cuidado, principalmente com quem é desvalorizado, um bosque foi batizado, em Israel, com seu nome: “Guimarães Rosa”. Que floresçam muitas rosas mundo afora. Perguntei ao burrinho o que significavam estas travessias todas. “Nonada”, ele me respondeu. Talvez um dia eu entenda... Travessia. Drielli Almeida de Oliveira – 9º ano / Turma 1901 Orientador: André Luis da Silva Junior Diretora: Edna Maria Augusto da Silva Escola Municipal Pedro Bruno – 1ª CRE
Vamos participar?
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Eduardo Paes SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO Regina Helena Diniz Bomeny SUBSECRETÁRIA DE ENSINO Jurema Holperin SUBSECRETÁRIO DE GESTÃO Paulo Figueiredo COORDENADORA DE EDUCAÇÃO Maria de Nazareth Machado de Barros Vasconcellos GERÊNCIA DE MÍDIA-EDUCAÇÃO Simone Monteiro de Araújo Catharina Harriet Machado Vasconcellos Soares Baptista Cilene Alves de Oliveira EQUIPE Adelair Nunes Martins Ana Margarida Ferreira de Sant’Ana Fernandes Andrea Cristina Rossi di Gioia Andrea Doria Poças Câmara Angela Santana do Nascimento Cristina Martins de Azevedo Fatima Regina dos Santos França Luciana Bessa Diniz de Menezes Luciane de Assis Almeida Mara Jane Felippe Oliveira de Carvalho Marcia dos Santos Ibrahim Marcia Romualdo da Silva Levy Marcia Valeria Gouveia Pinto Martha Rocha Guimarães Rita Cássia Lima Vaz Valéria Monteiro Preza
Publicação: 20 de julho de 2015 Formatação: Luciane de Assis Almeida