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Visita ao Centro de Recuperação de Animais Silvestres Acompanhamos o trabalho do CRAS do Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, que recebe animais apreendidos do tráfico ilegal e os reabilita para a vida na natureza. pág. 4
Luisa Mell e sua luta pelos direitos dos animais A apresentadora conta sua história de vida, seus gostos e de onde surgiu sua paixão e ativismo pelos animais. pág. 8
Conversa com veterinário Especialista tira suas dúvidas sobre os cuidados necessários para seu bicho viver saudável, e quais os procedimentos para se ter um. pág. 6
Serviços grátis e necessários para seu animal Cuidar de um animal não precisa ser caro: veja serviços grátis e necessários para seu bicho viver com saúde. Se você ainda não tiver um cachorro ou gato, listamos maneiras de adotar um novo amigo. pág. 3 H T T P : /F /AW PR OA CD A .ACSO R MIR CW U LWD. A DO EF S IISNSTAEOGF R OI O BB RR AA NNCCOO . C O M
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Vida de Cão
Um amor sem preço
Rafael Camolez
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vida pode ser difícil, viu? Ontem, por exemplo. A família do meu melhor amigo, o João, chegou de viagem aqui em casa e a galera não parou de brincar comigo um segundo sequer. Era bolinha pra cá, corrida pra lá. Fiquei destruído no final do dia. Dormi no tapete enquanto eles assistiam televisão. Pensando bem... acho que gosto de quando essas loucuras acontecem. Faz bem quebrar a rotina. O quê? Não acredita que animais também podem ficar presos na rotina? Vocês humanos... Há dias que eu acordo e o
João já saiu de casa. Fico parado o dia inteiro. Só dormindo e mordendo meus brinquedos. Ele chega à noite, cansado, não quer nem saber de mim. E isso se repete a semana inteira. Só falta eu levar a coleira até ele para perceber que quero um passeio. Coitado. Ele chega tão cansado... não sei o que ele faz o dia inteiro. Será que ele corre atrás de uma bolinha também? Merece um descanso. Acho que ficar do lado dele no sofá pode ajudá-lo e eu ganho um carinho. Mas tem dois dias seguidos em que o João fica em casa. E aí acontece de tudo. Ele me leva ao parque, onde encontro
outros caninos e ainda aprendo a entendê-lo melhor. Ele precisa repetir as palavras algumas vezes, mas agora já entendi o que quer dizer “senta”! Eu também vou a um lugar onde me dão banho (fico todo cheiroso), tem vários brinquedos (queria todos para mim) e outros bichos (alguns me assustam). Com um pouquinho de atenção, me divirto de monte com meu amigo, que também curte nossos passeios, dias em casa e brincadeiras juntos. Não é que essa vida de cão pode ser bem boa?
Expediente Editores Graziela Primiani Rafael Camolez Orientação Patrícia Ceolin Renata Carraro Agradecimentos Liliane Milanelo Luisa Mell Itagiba Neto Faculdades Integradas Rio Branco
Editorial
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Junho/13
em-vindo à primeira edição do Foca em Sampa – Bichos.Este suplemento traz diversas matérias sobre o mundo animal, buscando informar, entreter e ajudar os donos de animais ou interessados nesse mundo. Nessa primeira edição visitamos o CRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) do Parque Ecológico do Tietê, em São Paulo, para mostrar o grande trabalho de biól-
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ogos que buscam a recuperação de animais retirados da natureza de maneira ilegal. Conhecemos muitos bichos diferentes e ouvimos a bióloga Liliane Milanelo sobre mudanças na legislação que podem afetar o trabalho dessas instituições. Além disso, conversamos com Luisa Mell, atriz, apresentadora e ativista dos direitos dos animais. Ela nos contou um pouco mais sobre sua vida pessoal, suas motivações, atividades
e planos de carreira. Entrevistamos também o veterinário Itagiba Neto, para aprender mais sobre os cuidados básicos com animais de estimação e desbancar mitos ainda populares. Não se esqueça de checar a máteria sobre serviços grátis para seu animal doméstico: há dicas de atividades e serviços para o bem-estar do seu “peludo”. Esperamos que tenha uma leitura proveitosa, - Graziela Primiani Rafael Camolez
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Fique de olho: diversos serviços gratuitos visando o bem-estar do seu animal estão disponíveis em São Paulo
Graziela Primiani e Rafael Camolez
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uidar de seu animal de estimação pode ser uma tarefa cara. Atos como castração e vacinação, por exemplo, podem pesar no bolso do dono, no entanto são de grande necessidade para a saúde dos animais. Mas não precisa ser assim. Há lugares em São Paulo que realizam diversos procedimentos gratuitamente. A Prefeitura da cidade, por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), oferece diversos serviços de suma importância gratuitamente. O mais básico e necessário deles é a criação do RGA -- Registro Geral Animal, uma identificação do seu bichinho, como um RG para humanos. Ele é obrigatório para todos os cães e gatos da cidade de São Paulo. Para cães e gatos a partir de três meses de idade, o CCZ ministra vacinação grátis contra a raiva em postos espalhados pela cidade. A instituição também realiza a esterilização (castração) gratuita. “A castração é a maneira mais eficaz de evitar que cães e gatos se reproduzam descontroladamente”, explica Adriane Duarte da Silva, da ONG Castração Pets. “Atualmente existem cerca de dois milhões de animais abandonados, apenas na cidade de São Paulo. Em seis anos, uma cadela e seus descendentes podem gerar 200 mil filhotes. Não há lares para tantos animais, que ficarão sofrendo pelas ruas”. Entre em contato com o centro pelo telefone 3397-8900 ou pelo email zoonoses@prefeitura.sp.gov.br.
Adestramento grátis acontece aos sábados no Parque Villa Lobos
Sites disponibilizam diversos animais para adoção Adoção Caso você ainda não tenha um bichinho e queira adotar, o centro também possui diversos cães e gatos disponíveis. Todos vêm vacinados, vermifugados e castrados, além de terem tido sua saúde e temperamento avaliados. Fora do CCZ, existem diversos petshops e feiras de adoção para achar um novo animal. A “Toca dos Gatinhos”, por exemplo, acontece todo sábado na Rua São Miguel 14, na esquina com a Rua Frei Caneca. Uma lista de outras feirinhas está disponível no link: http://www. arcabrasil.org.br/animais/ caes_e_gatos/feiras.htm Além disso, com o crescimento da internet, sites para adoção são cada vez mais comuns. O adoteumgatinho.com. br e o adoteumfocinho.com. br são exemplos, com diversos
gatos e cachorros (respectivamente, é claro) procurando um dono. E não é nada feito às cegas. Há fotos, descrições e avaliação temperamental dos animais. Adestramento O Kennel Club de São Paulo oferece treinamento para cães todos os sábados, das 15 às 17h, ao lado do anfiteatro do Parque Villa-Lobos – que é também um ótimo local para o passeio de animais. Porém, não se trata de deixar o animal com um treinador e ir embora. O próprio dono do cão é quem faz o adestramento com base na instrução do profissional. É necessário estar com a carteira de vacinação em dia, assinar um termo de responsabilidade e obedecer o regulamento instruído. O animal deve ter mais de seis meses de idade. Qualquer tipo e raça de cão pode participar.
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De volta à natureza
O Centro de Recuperação de Animais Silvestres faz de tudo para melhorar a saúde de animais provenientes do tráfico ilegal. Saiba mais sobre esse trabalho
Graziela Primiani e Rafael Camolez Diversos animais raros e ameaçados de extinção se recuperam no CRAS
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tráfico de animais silvestres é um grande problema no Brasil e no mundo: cerca de 12 milhões de bichos são retirados da natureza por ano no território nacional. Diversas instituições lutam contra esse problema, fazendo prisões de criminosos e apreensões de animais. Para saber o que acontece com os animais depois de tudo isso, a reportagem do Foca em Sampa - Bichos decidiu acompanhar o minucioso trabalho do CRAS (Centro de Recuperação de Animais Silvestres) do Parque Ecológico do Tietê, que reabilita esses seres e transforma suas vidas. “O CRAS é um Centro de Triagem de Animais Silvestres”, explica a bióloga Liliane Milanelo. “Para cá são enviados animais que por algum motivo – tráfico, venda ilegal, manutenção em seus cativeiros, acidentes em áreas urbanas – saíram da natureza. Nós os reabilitamos para poder devolvê-los. Os que podem
voltar ao habitat natural são encaminhados para áreas públicas ou particulares, cadastradas pelo IBAMA e pela Secretaria do Meio Ambiente. Os que não podem vão para reprodução em cativeiro, em zoológicos e em mantenedoras de fauna”.
“Animais que chegam ao centro com problemas graves podem passar anos na reabilitação”
O centro recebe diversos tipos de animais silvestres, sendo 82% aves, 6% mamíferos e 12% répteis. “Esses animais foram apreendidos por qualquer tipo de polícia, principalmente a Ambiental e a Guarda Civil Metropolitana”, informa Liliane. Eles passam por avaliação clínica e biológica, recebendo tratamento, se necessário, além de exames laboratoriais para diagnosticar doenças. “Os que chegam ao centro saudáveis
permanecem de 30 a 60 dias. Já animais que chegam com problemas graves, como fraturas ou mutilações, podem passar anos na reabilitação”. Todos os animais recebidos são identificados quanto à espécie e marcados (por microchip, anilhas ou tatuagem). Infelizmente, 20% dos bichos recebidos pelo CRAS não sobrevivem devido às péssimas condições em que foram encontrados -- muitos já chegam mortos. Existem dezenas de viveiros, onde os animais são agrupados por afinidade de espécie. A quantidade deles impressiona – um viveiro, por exemplo, continha cerca de 20 araras azuis, um pássaro ameaçado de extinção. É notável como a beleza dos bichos pode se tornar uma “vilã” para certas espécies, por serem grande alvo dos traficantes. A medicação e a alimentação são totalmente planejadas para cada animal. A dieta inclui frutas frescas, ovos, verduras, legumes, rações, além de baratas e outros insetos, que são cultivados pelo centro para algumas espécies. Liliane ressalta: “Todos estes procedimentos são muito caros. Além disso, o processo de devolução de animais à fauna original também é caro, pois diversas vezes as espécies apreendidas em São Paulo vêm de outras regiões do país. Recentemente, 60 papa-
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frutas frescas, ovos, verduras, legumes, rações, além de baratas e outros insetos, que são cultivados pelo centro para algumas espécies. Liliane ressalta: “Todos estes procedimentos são muito caros. Além disso, o processo de devolução de animais à fauna original também é caro, pois diversas vezes as espécies apreendidas em São Paulo vêm de outras regiões do país. Recentemente, 60 papagaios foram enviados ao Mato Grosso. E é bastante comum a apreensão de pássaros naturais do Nordeste”. Mudanças na legislação Por causa desse alto custo e da grande quantidade de animais recebidos – que já demandaria mais hospitais, segundo Liliane --, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), aprovou em uma reunião no dia 22 de maio uma resolução que regulamenta a posse de animais silvestres. Um cidadão que tiver animais de origem ilegal poderia permanecer com eles após receber um Termo de Guarda de Animal Silvestre (TGAS). “Esse é um processo de muiComo você pode ajudar: - Não compre animais silvestres, mesmo se sentir pena de um deles. Além de não ajudar o animal, você está cometendo um crime e estimulando o tráfico ilegal. Não compre nem com o objetivo de entregá-lo a uma instituição. Em vez disso, denuncie.
“Somos absolutamente contrários. Não colabora em nada” tos anos”, relata a bióloga do CRAS. “A última resolução do CONAMA já previa o fiel depositário (indivíduo a quem a justiça confia um bem, nesse caso, animais), com base no argumento de que o número de animais silvestres em cativeiro hoje é extremamente grande. Se apreendêssemos todos esses bichos, nenhum lugar conseguiria recuperá-los”. “A outra justificativa é que muitas pessoas possuem animais silvestres e isso seria uma maneira de adaptar a situação: nem tudo, nem nada. Existem animais que não têm capacidade de soltura e que não têm possibilidade de encontrar um cativeiro. Essa seria uma maneira desse animal ter um destino e a pessoa ter um animal”. Liliane destaca a posição do CRAS sobre essa medida. “Somos absolutamente contrários. Achamos que a manutenção de um animal silvestre como animal de estimação é extremamente ruim para a conservação das espécies. Estimula a retirada de animais da natureza e não colabora em nada. Um animal silvestre tem um papel fundamental na na-
- Caso você já possua um animal silvestre (um papagaio, por exemplo), não o solte em qualquer lugar. Entregue-o para uma organização e/ ou um local especializado – como um CETAS, IBAMA, Polícia Ambiental. A doação de animais silvestres é amparada por lei. - Caso você queira ter
tureza. Com essa medida, existe um papel biológico específico a ele que não será ocupado”. Muitos acreditam que é fácil domesticar um animal silvestre, que ele se acostuma com a presença de seus donos e vive bem, como qualquer gato ou cachorro. A bióloga faz questão de desbancar este mito. “Os animais silvestres têm instinto muito presente. O processo de domesticação leva séculos para ser feito. Não é porque você pegou o animal filhote na natureza e deu papinha que ele se domesticou. Ele pode até ter se acostumado com sua presença, mas quando conhecer um indivíduo da sua espécie, retomará seus hábitos. E às vezes até o poder judiciário entende de maneira equivocada e autoriza a devolução de um animal apreendido”. A visita da reportagem ao CRAS revelou o trabalho fundamental dos seus funcionários e da organização na tentativa de manter a biodiversidade nacional, uma das mais ricas do mundo e que é constantemente ameaçada. O centro não é aberto ao público, mas o Parque Ecológico do Tietê, que reúne diversas atividades de lazer e preservação da fauna e flora, é. E ainda é possível se deparar com quatis e macacos passeando pelo parque, que tem mais de 210 espécies catalogadas.
um animal silvestre, tenha certeza de que ele é proveniente de um criadouro registrado. É também importante conhecer o animal antes de adquiri-lo: pesquise sobre seus hábitos, tamanho, alimentação, tempo de vida e comportamento. Animais silvestres são mais complexos que animais de estimação,
como gatos e cachorros. Planeje de acordo. - Denuncie a venda ilegal, maus tratos e posse irregular de animais silvestres a órgãos fiscalizadores. Telefones úteis: Polícia Militar Ambiental: 0800-555190 IBAMA: 3066-2633
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“Posso fazer isso”?
Conversamos com o veterinário Itagiba Neto para tirar dúvidas, desbancar mitos e entender os cuidados necessários para seu animal de estimação
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uidar de um animal pode parecer fácil, mas há certas nuances e detalhes que muitas vezes passam despercebidos, ou então informações desencontradas e mitos. Pensando em sanar algumas de suas possíveis dúvidas, seja você dono de animal ou interessado em ser, conversamos com o veterinário Itagiba Nayme Neto (CRMV 15445). Ele esclareceu diversos aspectos do cuidado e comportamento animal para a reportagem do Foca em Sampa - Bichos. Veja: Foca - Quais os principais cuidados para se ter com o seu filhote? Itagiba - Primeiro tem de se pensar no mais básico: na alimentação, hoje em dia é normal dar ração, e existem rações específicas para filhote, que devem ser dadas até 8 meses a 1 ano ao animal. Além disso, claro, é preciso água limpa, fresca e filtrada e um local para o animal fazer suas necessidades básicas – ou então levá-lo a passeio.
“O maior custo envolvido em se ter um animal é a alimentação, sem dúvidas” E no aspecto de saúde? Há algum processo que deve ser feito? É preciso fazer vermifugação em cães e gatos: são três doses com algumas semanas de espaço. Também são necessárias
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“Você pode dar banho em seu animal após as primeiras vacinas”
vacinas. No caso de cachorro são três doses da vacina V10 (que protege contra sete doenças, como leptospirose e hepatite) e uma contra a Raiva. Para gatos são necessárias três doses da vacina V4 (contra doenças virais comuns), uma para raiva e outra para manutenção anualmente. Pensando em tudo isso: é caro ter um animal? Quais são os principais custos envolvidos? O maior custo é sem dúvida com a alimentação, as rações. Mas há também o custo com banhos, se você não for realizálos em casa, e as vacinas anuais. A partir de que idade posso dar banho em meu animal? Pode ser dado em casa? Sim, se preferir. Por volta de quatro meses de idade, depois das primeiras vacinas. Sobre rações, como funcio-
na esta parte? Há diversos modelos, marcas, nomes. Todas são boas? Posso dar qualquer uma ao meu animal? Nós recomendamos rações da categoria premium para cima, por possuírem mais qualidade. Elas são facilmente encontradas em petshop e têm maior qualidade que as rações vendidas em supermercado, por exemplo, e um preço similar. Muitas pessoas continuam a dar comida “de gente” (arroz, feijão, carne) para seus animais. Isso é problemático ou pode ser uma opção? Se a dieta for bem balanceada, com suplementações de cálcio, não há problema e o animal vai viver saudável. A diferença para a ração é que ela já vem balanceada, com a contagem exata de vitaminas necessárias, tecnologia aprimorada. Mas conheço pessoas que fazem dieta caseira
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e dá super certo. Só é preciso cuidado. A castração continua sendo um assunto polêmico para muita gente. A ação ainda possui um estigma negativo, alguns têm medo de castrar o seu animal ou preconceito. Por que a castração é algo positivo? A castração é algo muito bemvindo. Primeiro por ser um método anticontraceptivo que evita a superpopulação animal e também por diversas razões de saúde: se feita cedo reduz completamente as chances de um animal fêmea ter tumor de mama no futuro, algo comum em cadelas, sem contar infecções de útero. Também evita o cio, quando as fêmeas criam diversos inconvenientes para os donos e para si próprias, como sujeira. Nos machos evita o tumor de próstata e também outros inconvenientes. Um animal pode engordar após a castração? Sim, pode. Mas não são todos. Às vezes o metabolismo do animal fica um pouco mais lento e ele engorda por consequência. Mas não é uma regra, não acon-
tece em todos os casos.
“A responsabilidade de cuidar do animal geralmente sobra para os pais” Qual sua opinião sobre o crescimento exponencial do mercado pet? Há pontos negativos, como o excesso de humanização de animais, tratá-los como se fossem uma criança. Pintar, fazer manicure, colocar argola. Não acho isso muito positivo, e sim um exagero. Tem de tudo, casamento, spa... Quanto ao crescimento em relação a medicações e tecnologia das rações, este “boom” da área é super bem-vindo. Suponhamos que eu seja alguém na faixa de catorze, quinze anos. Quais procedimentos devo tomar para adotar um animal? E as responsabilidades? Primeiro é preciso fazer um acordo na família para saber quem será responsável pelo
“A castração é muito bem-vinda”, explica Itagiba
animal. Essa responsabilidade geralmente sobra para os pais (risos). Então é preciso que a mãe, o pai estejam de acordo, porque isso acontece com frequência. É preciso que alguém alimente-o todos os dias, limpe cocô, dê banho, todas essas responsabilidades que não podem ser ignoradas e serão adicionadas na sua vida todos os dias. Por exemplo: quando fazemos feiras de adoção, só liberamos os animais com comprovante de residência, conversamos bem com a pessoa para informá-la destas responsabilidades e requisitamos a presença de redes de proteção nas janelas, no caso de apartamentos, principalmente no caso de gatos. Além dos cuidados mais conhecidos, pouca gente sabe do corte de unha animal e da escovação dentária. Esses são processos necessários? É necessário fazer o corte de unha de forma periódica, sim. Em um gato, por exemplo, é bem importante. No caso da escovação, depende do animal. Alguns formam mais tártaro, então de acordo com observações pode ser necessário. Tem muito a ver com a dieta do animal. Existem raças agressivas? Ou o comportamento é aprendido e difere de animal para animal? Às vezes existe uma tendência, de acordo com a raça. Mas é importante lembrar que são apenas tendências. A educação dada ao animal e sua índole são de extrema importância. Também existem cães que possuem determinados instintos, como o cão pastor e as ovelhas, por exemplo.
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Paixão pelos animais
Luisa Mell nos conta sua história de vida, marcada pela batalha por direitos e saúde dos animais
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o programa falava sobre sexo, mas o nome pegou e ela não conseguiu mais abandoná-lo. Para ela, o melhor de morar em São Paulo é poder aproveitar uma cidade que tem absolutamente tudo em se tratando de lazer, gastronomia e cultura. Nas horas vagas, não dispensa treinos de Muay Thai e a leitura de biografias. A atriz aproveita para falar sobre suas outras inspirações: os dois sites que mantêm. “São os meus canais com o público. Falo sobre tudo, desde defesa A apresentadora e seus animal, vegetarianismo, cachorros, adotados após produtos éticos, adoções, terem sofrido maus tratos diversão, tudo que tem a os 34 anos, a paulistana, ver com animais está nos virginiana, atriz, modelo e meus sites”. apresentadora Luisa Mell “[O Late Show] era tem muita história para contar sobre sua carreira e engajamento para ser um prona luta pelo direito dos animais. grama bonitinho, Filha de pai roteirista, de bichinho. ViMarina Zatz de Camargo conheceu ainda pequena os sets de rou o que virou: o gravação. Seu primeiro trabalho primeiro programa na TV foi uma reportagem sobre a mostrar o animal conserto de bonecas para o Domingo Legal, do SBT. Aos 13 com sentimentos e anos, começou a estudar teatro. inteligência” Depois, formou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Apaixonada por cachorros Mackenzie. desde criança, Luisa conta que Adotou o nome artístico abraçou a causa logo após o início Luisa em homenagem à sua avó, do programa Late Show, que apreque morreu na época em que ela sentou na RedeTV por seis anos. foi contratada pela RedeTV para “Ali, comecei a conviver e entender participar do programa Noite os animais, fui muito além da Afora, apresentado por Monique superficialidade. Olhei nos olhos e Evans. Luisa conta que o uso de captei toda a história, as injustiças, um pseudônimo foi uma forma a escravidão, as torturas a que são de preservar sua imagem, já que submetidos em todos os níveis,
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desde a indústria da carne, passando pelas experiências, etc... Era para ser um programa bonitinho, de bichinho e virou o que virou: o primeiro programa do mundo a mostrar o animal com sentimentos e inteligência.” Depois desse envolvimento, trabalhou para por fim às apresentações circenses com animais no estado de São Paulo e às mortes no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Também ajudou a valorizar a imagem do vira-lata e lutou por melhorias nos CCZs do estado. “Mãe” de Dino, que tem 13 anos, e dos gêmeos Marley e Gisele, de 11, todos vítimas de maus tratos, Luisa acredita que ainda faltam iniciativas governamentais que garantam a qualidade de vida aos bichos, mas acredita que estamos no caminho certo. Luisa ainda revela que aceitaria um convite para voltar à TV e mostrar às câmeras o trabalho que vem desenvolvendo e afirma que seu maior sonho é conseguir realizar tudo o que planeja em relação ao bem estar animal. A apresentadora agradeceu o espaço no Foca em Sampa e aproveitou para conscientizar e deixar um recado aos leitores: “Pense bem antes de adotar, não aja por impulso. Um animal vive em media 15 anos, faz xixi, cocô, come seus sapatos, faz bagunça, precisa passear todos os dias e precisa de cuidados veterinários. Agora, quando decidir ter um, saiba que será a melhor escolha de sua vida”. Acompanhe o trabalho de Luisa nas redes sociais: http://fb.com/LuisaMellOficial http://twitter.com/luisamell http://luisamell.com.br
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