Foca em Sampa: Esportes

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EDITORIAL O Brasil é conhecido mundialmente por seu desempenho em várias modalidades esportivas. Atualmente, as mais populares e consagradas são futebol, vôlei e natação. No entanto, outros esportes também estão conquistando espaço, à medida que o País cria programas de incentivo e ganha destaque mundial. Isso faz com que a participação de brasileiros seja sempre lembrada nos maiores campeonatos mundiais, como os Jogos Olímpicos. Além dos esportes mais conhecidos, o brasileiros se destacam em outras modalidades, como rugby, polo aquático, hockey, entre outros. A grande extensão territorial do país e as paisagens diversificadas fazem dos brasileiros indivíduos abertos a receber influências culturais e a descobrir novos desafios.

EXPEDIENTE REDAÇÃO: Amanda Demétrio Georgia Aliperti Jéssica Vasconcelos DIAGRAMAÇÃO: Amanda Demétrio COORDENADOR: Renata Carraro Divulgação

A água na vida de Paulo Coutinho O treinador se encantou quando saiu das quadras e foi para o polo aquático Por: Jéssica Vasconcelos

“Meu pai era super esportista”, dessa forma enfática Paulo Coutinho, técnico do time de polo aquático do Atlético Paulistano, explica o principal motivo da sua paixão por esportes. Desde pequeno Paulo freqüentava o Clube Paineiras, localizado no bairro do Morumbi. Seu pai nasceu no Rio de Janeiro e chegou a ser jogador da Seleção Brasileira de Basquete da categoria de base, quando tinha 17 anos. O paulistano e torcedor do Santos sempre esteve inserido no mundo esportivo. “Eu tinha uma turma e a gente jogava todas as modalidades. Éramos muito bagunceiros e animados”, relembra o técnico dando risada. Basquete, vôlei, handebol e futebol foram alguns esportes praticados por Coutinho na época que freqüentava o clube, onde tinha uma escola só de esportes para os sócios. Encantado pelo tênis praticou a modalidade por muitos anos. Preconceito em conhecer novas atividades nunca foi uma característica do técnico que sempre teve atração por esportes diferentes e não muito praticados.

“Quando tinha 15 anos, eu e minha turma decidimos começar a nadar e eu me apaixonei pela atividade fora das quadras e dentro da água”, conta com emoção ao relembrar essa fase da adolescência. A modalidade aquática encantou Paulo e rapidamente ele passou da natação para o polo aquático. A paixão pelo polo foi passada para os filhos que são jogadores da Seleção Brasileira e vão participar das Olimpíadas de 2016. Quebrar o nariz, o dedo, ter que dar pontos nos supercílios fazem parte da trajetória do técnico no esporte. “Esses acidentes acontecem, mas nunca pensei em parar de praticar o polo”, ressalta Paulo. A trajetória profissional de Coutinho é longa. Trabalhou por cinco anos no clube Paineiras e depois três no Paulistano. Retornou ao Paineiras e também foi técnico por três anos do time do Sesi. Entre 1997 e 2003 foi técnico da Seleção Brasileira Feminina de Polo Aquático, participando de Campeonatos Mundiais, Sul-Americanos e Pan-Americanos. Atualmente está novamente no clube Atlético Paulistano. Incentivar e buscar o reconhecimento do polo aquático são as metas de Paulo, pois a aposentadoria ainda está fora de cogitação para o treinador.


Sampa do futebol? Esportes diferentes começam a ganhar destaque

Hockey

O futebol sempre fez parte da cultura brasileira e em meio a nossa sociedade futebolística encontram-se fora dos holofotes outrosesportes diferentes e interessantes. Atletas apaixonados se doam, acreditam em suamodalidade e se dedicam para que um dia tenham apoio e patrocínio, o que tornaria possível uma cultura baseada na diversidade esportiva. Com crescimento em longo prazo, quem pratica atividades como hockey, polo aquático e rugby lutam por conta própria,tendo poucos recursos financeiros para tornar sua paixão conhecida e valorizada nesse país. “Patrocínio aqui é em futebol, nós é que pagamos as viagens”, relata Giuliano Passini, treinador e jogador do time de rugby Rio Branco. O amor pelo futebol é passado de gerações em gerações. Toda criança nasce inserida em uma família onde pelo menos um de seus parentes tem um time do coração. “O que você quer ser quando crescer?”, essa é uma pergunta comum nessa fase. Quantos meninos e meninas não foram indagados com

Polo Aquático

essa questão e com um sorriso nos lábios responderam “jogador de futebol”. Se essa não foi sua resposta, você certamente conhece uma pessoa que respondeu dessa forma.

“Nunca senti preconceito, considero o hockey um esporte diferente. Gostar de hockey é diferente” Nas aulas de educação física é comum praticar futebol, vôlei, basquete e handebol. Porém, outras modalidades também estão começando a ganhar destaque. O hockey inline é praticado numa quadra com cantos arredondados, na qual dois times com cinco jogadores cada utilizam tacos para mover o puck ou disco até o gol. Mesmo sendo considerado um esporte de contato físico, os atletas utilizam equipamentos de proteção: cotoveleira, fraldão, joelheira, caneleira e capacete. “Podem me jogar na parede, vou bater e voltar. É um esporte de contato, mas não machuca”, ressalta Nathalia MiwaItai,

Divulgação

Rugby

jogadora da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Para que um time possa participar de competições mundiais é necessário ser filiado a uma federação internacional. A Confederação Brasileira de Hockeye Patinação (CBHP) ajuda como pode, mas por não ter incentivo e renda, não tem caixa. A CBHP organiza campeonatos e vai atrás de infraestrutura, mas não há competições que possam ser consideradas profissionais, pois os atletas não recebemsalário, tendo no máximo uma ajuda de custo. “Nunca senti preconceito, considero o hockey um esporte diferente. Gostar de hockey é diferente”, afirma Katia Luisa da Silva. Capitã do time feminino de hockey in line da Hípica de Campinas, ela explica que um dos seus incentivadores foi o noivo, que também pratica o esporte. Katia o acompanhava nos jogos e ao ver a mobilização das meninas para criar um time feminino decidiu participar. Geralmente comparado ao


futebol americano, o rugby se diferencia em número de jogadores e em regras. “Não tem como desvincular, as pessoas veem os jogadores segurando a bola oval e associam os dois esportes”, explica Giuliano, treinador e jogador de rugby. Na modalidade existem regras que limitam a colisão entre os atletas, por isso a proteção não é obrigatória, como no futebol americano. O número de jogadores também é diferente, enquanto no futebol americano são 11e no rugby são 15. Com as recentes veiculações dos jogos na televisão a procura pelo esporte tem aumentado, o que o torna mais conhecido. Entretanto, é importante destacar que o rugby é um esporte no qual a dedicação está em primeiro lugar. Saindo das quadras para a água, o polo aquático também vem ganhando destaque nacional. É considerado o primeiro esporte olímpico em fadiga, isto é, em uma hora de jogo nenhum outro esporte cansa tanto o atleta quanto este. “Em sua origem os jogadores ficavam montados em barris, como uma associação ao polo – em que os competidores ficam montados em cavalos - e utilizavam remos. Mas com a evolução humana eles perceberam que nadando é mais rápido do que remando sobre o barril”, explica Paulo Coutinho, técnico do time Atlético Paulistano.Como proteção os jogadores utilizam tocas com um plástico duro e vazado, que também servem para diferenciar os times e o número de cada jogador. Atualmente os clubes

bancam o polo aquático por tradição, já que não há um retorno financeiro. Eles o mantêm porque é um esporte olímpico. “Aqui tem o garoto que o avô jogou, o pai jogou e hoje ele joga. É tradicional”, conclui.

Violência nos esportes Modalidades tradicionais podem ser mais agressivas do que esportes considerados “violentos” A violência é a primeira coisa que vem na cabeça quando pensamos nesses esportes de contato. Contudo, os riscos de uma contusão e de brigas são os mesmos do que em outros esportes tradicionais como o basquete, por exemplo. Considerado o segundo esporte olímpico mais violento, ficando atrás apenas do boxe, o polo aquático é uma atividade que exige muito do atleta. Enquanto em outras modalidades os jogadores tem os pés no chão e consequentemente grande mobilidade, no polo para fazer um gol o jogador precisa passar pelo adversário na marra e sem dribles. “Claro que hoje tem mais técnicas. Antigamente era muito violento, hoje tem ética e respeito. Nós professores tentamos sempre transmitir isso aos jogadores”, ressalta Paulo Coutinho, técnico do Atlético Paulistano. Durante uma competição saber administrar a intensidade das jogadas é fundamental. “Claro que tem horas que a violên-

cia aparece um pouco, mas isso é em todos os esportes. Nunca me machuquei sério”, afirma Arthur Reis Favaro, jogador de polo do Paulistano. Para muitos jogadores e treinadores a violência depende de cada um e não do esporte em questão. “O rugby é uma modalidade em que os valores estão muito presentes na disciplina. Só o capitão pode falar com o juiz e chamá-lo de ‘senhor’ é obrigatório”, explica Giuliano Passini, treinador e jogador do time Rio Branco. Sendo um esporte de colisão, mas diferente do futebol onde o atleta pode dar um carrinho por trás e quebrar o tornozelo do adversário, no rugby o competidor consegue perceber de onde o adversário está vindo, deixando o seu corpo preparado para o contato. “É engraçado porque as vezes os alunos faltam nos treinos porque se machucaram no futebol, por exemplo. Dificilmente perco um atleta porque ele se machucou no nosso treino”, ressalta Luis Roberto Custódio, jogador do time de hockey da Hípica de Campinas. Conhecer estes esportes é fundamental para eliminar a imagem violenta e agressiva presente na sociedade. Esse receio em conhecer e praticar estas modalidades diferentes só será transformado quando a divulgação e o reconhecimento destes esportes se tornarem tão visíveis quanto nos chamados “esportes tradicionais”. Por: Amanda Demétrio Georgia Aliperti Jéssica Vasconcelos


Uma nova visão do Rugby Por: Georgia Aliperti

O frio nos fazia bater os dentes. Era uma terça feira à noite e não havia sequer uma estrela no céu. Noite perfeita para estarmos em nossas casas, no aconchego de nossas camas, comendo besteiras e vendo TV, mas não. Nós possuíamos uma missão e missão dada é missão cumprida. Do GPS vinha a voz que nos direcionava para nosso destino que agora estava próximo. Nossos corações começavam a pulsar mais rápido pela ansiedade inevitável, apesar do fato de nenhuma das três fazer alguma mínima ideia de onde estávamos. Ou talvez até soubéssemos nossa localização, mas a escuridão não permitia que tivéssemos certeza de nada. O que sabíamos é que algo parecia... diferente. Era nossa impressão ou só havia nosso carro rua? Onde estavam os outros habitantes da região? Bom, talvez fosse só obra do acaso. Ao entrarmos na rua do destino nossa “amiga” digital que havia ditado o caminho inteiro também não parecia mais convicta de que era realmente ali que deveríamos estar. Mas a missão tinha um propósito e não podíamos desistir. Ligamos para nosso informante. Precisávamos de um direcionamento. Comandos recebidos, nossa palavra chave era ”portão azul”. Com a dica não demorou muito até que estivéssemos adentrando por este portão, que nos levou a um espaço amplo, escuro e com

chão de terra. Descemos do carro prontas para atravessar o campo sombrio, afinal já conseguíamos avistar ao fundo o nosso ponto de encontro. Começamos a caminhar com tropeções no terreno incerto. De repente um animal cruza nosso caminho e quase faz parar o coração que agora batia ainda mais depressa de tanta ansiedade. O que para uma era um gato, para outra parecia um rato. Para mim não importava, eu só queria apressar o passo. Sentia olhos nos fitando, julgando nossa presença e comportamento. Chegamos ao exato ponto de encontro e embora tivesse bastante gente, nosso entrevistado ainda não havia chegado. O jeito era sentar e relaxar. Alguns minutos se passara. O campo já não parecia mais tão assustador e a presença dos jogadores de rugby que como nós aguardavam seu treinador, também não parecia tão diferente. Mais alguns minutos e pronto. Com um sorriso nos lábios, extrema simpatia e acolhimento fomos recebidas por Giuliano Passini, treinador e jogador do time de Rugby Rio Branco. Gravador ligado, ouvidos e olhos atentos. Ao mesmo tempo que nos impressionávamos com as explicações sobre o esporte, também ficamos encantadas com o treino. A brutalidade e a violência que imaginávamos deram espaço ao respeito, preparação física rigorosa e orientações preci-

sas. Depois concluir o trabalho, transmitir essa nova visão do esporte e indicá-lo aos amigos. Sim, a missão estava definitivamente cumprida. Divulgação

SERVIÇO RUGBY Time de Rugby Rio Branco Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 1.051 - Vila Anastácio – São Paulo. HOCKEY Associação Portuguesa de Desportos Rua Comendador Nestor Pereira, 33, Canindé - São Paulo. Sociedade Hípica de Campinas Rua Buriti, s/no. - Jardim das Palmeiras - Campinas/SP. Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) Estrada de Itapecerica, 1.935 Santo Amaro - São Paulo. POLO AQUÁTICO Clube Atlético Paulistano Rua Honduras, 1.300 – Jardim América – São Paulo.


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