Foca em Sampa: Leitura

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FOCA EM SAMPA

LEITURA EDIÇÃO 1 - ANO 1- NÚMERO 1 - 2013

Leitura e Metrô:

Saiba qual a proximidade dos dois. Págs. 3 e 4

Conheça:

Saiba onde é possivel ler Gratuitamente Em São Paulo Pág 4 e 5 Como é feito o trabalho de uma programadora cultural .

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Crônica: Os críticos da Leitura

No último dia 22, enquanto ouvíamos opiniões a respeito das máquinas de livro no metrô, nos deparamos com uma estudante, chamada Vanessa. Ela criticou fortemente aquela proposta de leitura no transporte público. “Sempre que passo aqui eu vejo, e não tem nada assim de muito interessante para adquirir”, afirmou.

Mas será que ela realmente tem o gosto pela leitura? Esta é uma pergunta que ficará sem resposta. Algumas pessoas não têm este hábito, e isso possivelmente é uma das razões do desinteresse da moça pelas obras que estavam colocadas à venda, pelo preço mínimo de R$ 2,00. Confesso, sinceramente, que fiquei surpreso com a reprovação dela quanto ao projeto “Pague o quanto acha que vale”. É certo que é difícil agradar a todos, mas ainda assim imagino que a maioria seja a favor da proposta, e não pensei que fosse encontrar com tanta facilidade algum crítico.

de biblioteca ou uma livraria, onde certamente encontraria livros para todos os gostos. Além disso, as obras vendidas no metrô não são apenas voltadas para temas como autoajuda, saúde e curas naturais, que não interessam a maioria, conforme ela disse. São comercializados também, exemplares de clássicos da literatura, que são cobrados nos grandes vestibulares, livros de oratória, e de grandes pensadores, como Maquiavel e Platão. É possível, por coincidência, que nas vezes em que Vanessa tenha parado em frente às máquinas, só tenha visto títulos que não a interessavam, como autoajuda e curas naturais, citados por ela própria. Mas mesmo assim, não seria muita coincidência?

Editorial Sejam todos bem-vindos, essa é a primeira edição do Foca em Sampa Leitura. Nesse trabalho tentamos mostrar que as bibliotecas ainda sobrevivem, e que o hábito de leitura está presente na vida das pessoas. Procuramos abordar temas que você, leitor, gostasse de ler.

Metrô de São Paulo incentiva a população à leitura Máquinas com livros estão instaladas em algumas estações, e as pessoas pagam o quanto acham que valem

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m março de 2003, o empresário Fábio Bueno Netto conseguiu realizar seu sonho; vender livros bons e baratos. E assim, depois de muitas tentativas frustradas, finalmente instalou sua primeira máquina de livros, na estação São Joaquim, do metrô de São Paulo.

Primeiramente, visitamos a biblioteca Mario Schenberg, onde entrevistamos Katianne da Silva, que nos contou como é dura a vida de um programador cultural. . Visitamos também o SESC Pompéia em duas oportunidades, e logo na primeira visita ficamos espantados com o tamanho da área voltada à leitura, além de vermos um espaço voltado para a contação de história para crianças. Entrevistamos as pessoas que estavam lendo, algo que, afirmamos a todos, não foi nada fácil: ninguém gosta de ter sua leitura interrompida, e ainda mais para dar entrevista a três estudantes de jornalismo.

Logicamente, depois de se mostrar radicalmente contrária à proposta “Pague o quanto acha que vale”, ela disse que nunca comprou um livro nestas máquinas. “Não, porque nunca Fomos também na Livraria As pessoas têm todo o direito teve nada que me interessasse”. Cultura, localizada no Shopping Bourbon, que, como de de manifestar sua opinião, seja Por fim, como foi dito antecostume, estava cheia. Foi ela favorável ou contra, mas no caso de Vanessa, ela exigia de- riormente, é impossível agra- possível ouvir uma menina de mais. Se queria encontrar uma dar a todos, mas as pessoas no máximo uns 16 anos afirdiversidade enorme de livros, precisam ter consciência de mar: “Eu quero morar aqui”. estava no local errado. Deve- saber se estão procurando Nossa ida ao metrô, especificaria então procurar uma gran- pela coisa certa no local certo. mente na estação Barra FunEXPEDIENTE da, nos proporcionou algo no mínimo engraçado e que mais Faculdades Integradas Repórteres e textos: chamou a nossa atenção. EnRio Branco Gustavo Afonso Monteiro quanto coletávamos depoimenEndereço: Av. José Maria de Gonçalves tos que elogiavam as máquinas Faria, 111 – Lapa – São PauloLeandro Antonio Monteiro de vender livros, uma estudanSP – Cep 05038-190 Gonçalves te chegou, revoltada, e critiwww.riobrancofac.edu.br Renan Suminski Paladino cou. Quer saber o que ela faDiretor Geral: Profº Dr. Edman Fotos: Renan Suminski lou? Leia a matéria na página 3. Altheman Paladino Coordenadora do Curso de Jornalismo: Profª Patrícia Moreira Rangel Orientação: Profª Renata Carraro e profª Patrícia Ceolin

Diagramação: Leandro Antonio Monteiro Gonçãlves e Gustavo Afonso Monteiro Gonçalves Fotos da Capa, pág 4 e 5: Reprodução.

Esse é o nosso trabalho sobre Leitura para o Foca em Sampa. Espero que vocês gostem e desejamos a todos uma ótima leitura.

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ta é que as pessoas paguem o quanto quiserem, mas deve ser no mínimo R$ 2,00, lembrando que as máquinas não aceitam moedas e não dão troco.

lidade para compra dos livros, como por exemplo, Paulo, funcionário da empresa GE (General Eletric) Qualidades. “É interessante, porque é um preço acessível, qualquer valor que você colocar ali sai um livro”, ele resume. E aponta uma vantagem: “Hoje em dia, para as pessoas de baixa renda, que não têm condições de comprar um livro, para ficar inteirado, é uma forma muito legal de aprender um pouco mais”.

Fábio se inspirou nas máquinas de café para implantar seu projeto. Porém, em entrevista ao site do Uol, em fevereiro de 2013, o empresário afirmou Maria Edna dos Sanque no começo foi tos considera que, há difícil as pessoas aduma grande variedade quirirem, os livros. nos livros. “Meu Elas apenas ficavam irmão já comprou curiosas com a noalguns livros. Achei vidade. “No primeibem legal, consegue ro dia de operação, misturar vários fiquei observando gêneros, tem vários Máquina de livros na estação Barra Funda do metrô a reação das pessolivros como literatura, as. Todos ficavam curiosos, Atualmente, estão entre os religião, isso para ver se o se aproximavam da máquina, livros mais vendidos, clássi- brasileiro lê mais, porque na mas não compravam. No fim cos de grandes pensadores, minha opinião o brasileiro está da tarde, quando eu já estava como Nietzsche, Maquia- fraquinho na hora de ler”, ela frustrado, aconteceu a primei- vel e Platão, livros de orató- conta. E será que já comprou ra venda. Foram quatro livros ria, manuais de informática, algum? “Eu não comprei, só vendidos no primeiro dia”. guias de utilidade prática, meu irmão que comprou pra além das obras que são cobra- mim. Eu e ele gostamos muito Em dezembro de 2011, o ide- das nos grandes vestibulares. de livros religiosos e cada máalizador resolveu, mais uma quina tem livros diferentes”. vez, inovar, e criou a promo- Pensamento dos usuários ção “Pague o quanto acha que Mas na opinião de Vanessa, Na estação Barra Funda do vale”, com a intenção de acabar uma jovem estudante que pacom as dívidas de sua empre- metrô, ouvimos algumas pes- rou para observar os livros, a sa, a 24X7. Com isto as vendas soas, a fim de saber o que pen- proposta poderia ser melhor. cresceram oito vezes, e atual- sam a respeito das máquinas. “Eu acho que daria mais cermente são comercializados 80 Algumas delas consideram a to se colocassem títulos que mil livros por mês. A propos- proposta boa, e elogiam a faci- as pessoas quisessem ler, por-

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que eles colocam títulos pelos quais a maioria não se interessa. Sempre que passo aqui eu vejo, e não tem nada assim de muito interessante para adquirir”, afirma. E completa: “Eles colocam aí, mas se tivesse, por exemplo, algo voltado não só para o estudo, mas também Onde estão as máquinas?

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s usuários do metrô podem encontrar as máquinas “Pague o quanto acha que vale”, nas seguintes estações: São Joaquim e Vila Mariana (em instalação), na Linha Azul; Sé, nas linhas Azul e Vermelha; Barra Funda, na linha Vermelha; Brigadeiro, na linha Verde; Consolação, nas linhas Verde e Amarela; Luz, nas linhas Azul e Amarela; e Pinheiros, na linha Amarela. Na estação Trianon-Masp, na linha verde, está sendo instalada uma máquina para teste, com livros no preço fixo de R$ 10,00.

para a literatura mesmo, uma obra infanto-juvenil, um livro de contos mais atuais, alguma coisa assim, agora pelo que eu vejo a maioria aí é autoajuda, saúde, curas naturais, coisas assim, que a maioria não se interessa. Mas acho que isso é de propósito, que é

São Paulo, uma cidade propícia para a leitura

para ninguém levar mesmo”. Quando questionada se já havia comprado um livro na máquina, mais uma vez criticou a proposta: “Não, porque nunca teve nada que me interessasse. Não adianta ter essa proposta, se as pessoas não se interessam pelos títulos que eles colocam”.

Saiba quais os pontos de leitura gratuitos na maior metrópole do país

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m São Paulo existem diversos espaços onde é possível ler, mas nem todos são conhecidos pela população. Só da Prefeitura são 56 Bibliotecas Públicas, 13 Bosques de Leitura, 14 Pontos de Leitura e 12 Ônibus Biblioteca, espalhados pela cidade, além de outros como SESC, SENAI, FIESP e grandes livrarias.

Roteiro de Sebos Sebo do Messias - Praça Doutor João Mendes, 140, Centro (Próximo à estação Sé do metrô – Linhas Azul e Vermelha)

Sebo Central - Rua Riachuelo, 62, Sé (Próximo à estação Sé do metrô – Linhas Azul e Vermelha)

Sebo Red Star - Rua Benjamin Constant, 48, Sé (Próximo à estação Sé do metrô – Linhas Azul e Vermelha)

Sebo Canto das Letras - Rua General Bráulio Guimarães, 381, Jardim Promissão (Próximo à estação Largo Treze do metrô – Linha Lilás)

Sebo Praia dos Livros - Avenida Bernardino De Campos, 331, Paraíso (Próximo à estação Paraíso do metrô – Linhas Azul e Verde) Sebo Corsarium Alfarrabista - Rua Augusta, 1492 - loja 8, Consolação (Próximo à estação Consolação do metrô – Linhas Verde e Amarela)

além de o tamanho ser reduzido. Lá é possível se cadastrar e alugar as obras levando o RG e o comprovante de residência.

Os Ônibus Biblioteca vão para 72 lugares, nas áreas periféricas do município, entre terça-feira e domingo, e ficam das 10 até às 15 horas. São veículos comuns, iguais aos que utiliTamine Bueno, também de 20 zamos no dia-a-dia. Nele as As Bibliotecas Públicas tam- anos de idade, estudante do crianças podem alugar livros, bém são ótimos lugares para curso de Design de Produto, gibis e jornais entre 4.000 fazer pesquisas, e propícias na Faculdade Belas Artes, diz exemplares, e devem devolvêpara aqueles que buscam paz frequentar o Centro Cultural -los em 14 dias. (Leia mais e tranquilidade para efetuar Vergueiro, e as bibliotecas pú- sobre os Bosques de Leitura, a leitura. Katianne da Silva, blicas Brito Broca e Monteiro Pontos de Leitura e Ônibus responsável pela programação Lobato, pelo fato de sua mãe Biblioteca nas págs. 6 e 7). cultural das Bibliotecas Públi- ser bibliotecária. “Por causa da cas da cidade de São Paulo, minha mãe que é bibliotecária, O Centro Cultural FIESP (Fecomenta que durante muitos e quando vou fica mais fácil, deração das Indústrias do Esanos elas estiveram fortemen- porque ela já sabe onde estão tado de São Paulo), localizado te ligadas ao público escolar, os livros que eu gosto de ler. na Avenida Paulista nº1313, porque as pessoas iam até Quando vou à biblioteca fica também oferece ao público lá para fazer suas pesquisas, mais barato do que comprar os uma biblioteca, que contém mas com a evolução da inter- livros além de possuir um acer- livros sobre os mais diversos net, este público começou a vo qualificado de livros que temas, como: artes plásticas, deixar de frequentá-las. Den- não são fáceis de encontrar”. música, literatura e teatro. tre essas bibliotecas, 11 são Os Bosques de Leitura surgi- Além disso, o SESI (Servitemáticas, ou seja, especiali- ram com o intuito de resolver ço Social da Indústria) poszadas em determinado tema, um problema de abrangência sui uma Gibiteca, localizada como por exemplo, cinema, das bibliotecas, que não atin- no bairro da Vila Leopoldina, música e meio ambiente. giam todas as áreas da cidade. que contém tradicionais histórias em quadrinhos, como por São casas de leitura, localizadas exemplo, sobre os heróis da Bruna Pereira, 20 anos, estu- dentro dos principais parques dante de Direito das Faculda- de São Paulo, como por exem- Marvel. Nestes locais é possídes Rio Branco, diz que cos- plo, o Parque do Ibirapuera e vel também acessar a internet, tuma frequentar bibliotecas. o Parque Cidade de Toronto. ver filmes em DVD e ler jornais nacionais e internacionais. “Sim, eu frequento a biblioteca da própria Faculdade e Existem também os Pontos de As bibliotecas do SENAI (Serfrequentava a Brito Broca no Leitura, que são minibiblio- viço Nacional de AprendiEnsino Médio”. E completou tecas, ainda não presentes na zagem Industrial) oferecem afirmando que a biblioteca cidade inteira. Estes têm uma espaço para leitura, além de pública no bairro de Pirituba quantidade menor de livros, acesso à internet e serviços

Sebo Avalovara - Avenida Pedroso De Morais, 809, Pinheiros (Próximo à estação Faria Lima do metrô – Linha Amarela) Sebo Barra Funda - Rua Barra Funda, 622 - Barra Funda (Proximo à estação Barra Funda do metrô - Linha Vermelha)

Entrada do sebo Avolovara, localizado na aveida Pedro de Morais

é um lugar agradável. “Isso porque era um lugar agradável de estudar e fazer trabalhos, e como a mãe da minha amiga trabalha lá, era mais fácil para achar os livros que eu precisava. Além disso, é bem perto de casa, e me fazia economizar muito com os livros que eu teria que comprar”.

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como: orientação em pes- -Lobos, Morumbi Shopping quisas, metodologia cientí- e outros pontos da cidade. fica e empréstimo de livros. Na Livraria Cultura, do BourAs grandes livrarias, como bon Shopping, o jovem João por exemplo, Cultura e Sarai- Gabriel, 22 anos, diz frequenva, funcionam todos os dias, tar a loja entre duas e três e também são opções de lei- vezes por semana, buscando tura. Nesses locais, os leitores sempre um ambiente tranpodem se acomodar em sofás, quilo para a leitura. “Sempre mesas e aproveitarem para quando tenho um tempo vago ler seus livros de interesse. de manhã, porque só vou traEstão localizadas em grandes balhar à tarde, eu gosto de vir shoppings, entre eles: Shop- à livraria, ler alguns livros, dar ping Center Norte, Bourbon uma olhada se chegou alguShopping, Shopping Villa- ma coisa nova”. O local para

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ele é calmo. “Bem sossegado, bem gostoso, um ambiente legal para poder ler um pouco”.

E complementa: ”Quem quer também tem a parte de computação, internet, navegação, cursos. É bem legal, eu acho muito interessante”.

o gosto pela leitura. As mesas reservadas para a leitura geralmente estão sempre cheias.

Dona Meira, que também frequenta o espaço sempre que A carteirinha do pode ser re- pode, e o acha agra-dável, rectirada em qualquer unidade, lama da biblioteca; “O espaço é gratuita para comer-ciári- é excelente, a biblioteca que é os, ou pessoas que trabal- um pouco fraca, porque exisham em empresas que con- tem alguns tipos de livros que O senhor José Aparecido, que tribuem com o SESC. Em eles não têm aqui, por exemdiz frequentar constantemente caso contrário, é cobrada plo, sao os livros de literatura a biblioteca do SESC Pompéia, uma taxa de R$ 50,00 anuais. e principalmente os livros retambém gosta dos locais para Na biblioteca a maioria dos ligiosos. Há pessoas que têm a leitura, de uma forma geral. livros é voltada para a litera- necessidade desse tipo de livro “Frequento pelo menos de três tura nacional e interna-cional. e não encontram em todo lua quatro dias por semana. Não Não há livros muito técnicos, gar”, ela aponta. Mas também só esse espaço de leitura como como por exemplo, específicos reconhece o lado bom: “Mas todos os demais atendem as- em admi-nistração, engenha- eles têm bons livros, princisim, de uma forma bastante ria. Há muitos livros sobre lit- palmente na parte técnica, na agra-dável, você se integra eratura francesa e espanhola e área de tecnologia, de artes, com amigos, conversando, sobre literatura juvenil, como eles têm uma boa livraria, bom você lê, têm os jornais, as re- Harry Potter. O objetivo é faz- conceito de teoria eles têm, vistas, música”, ele enumera. er as crianças de-senvolverem mas faltam alguns temas”.

Era uma vez a leitura divertida

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SESC

Na biblioteca do SESC é possível fazer a leitura e, pegar livros emprestados. Para levá-los para casa é necessário ter a carteirinha do SESC ou um cadastro na biblioteca, feito mediante a apresentação do RG e um comprovante de resi-dência.

É o caso também de Daniel Oliveira, 49 anos, que frequenta a Livraria Cultura do mesmo shopping. “Sim, geralmente eu a frequento, porque acho calma, a tranquilidade me agrada. A livraria não tem pontos negativos, só positivos, a luminosidade, por exemplo, é demarcada no ambiente, o que transforma a leitura muito mais agradável”.

SESC oferece contação de histórias nos finais de semana

SESC (Serviço Social do Comércio) possui uma área voltada para a literatu-ra infantil, de 0 a 6 anos, em que contadores de histórias fazem a mediação, nos finais de semana, das 10 às 18 horas. Para as crianças de 0 a 3 anos de idade, que ainda usam fraldas é feita uma contação de histórias diferente, adaptada a esse público, além de outras atividades como canções, nos sába-dos e domingos às 11 horas.

fazer com que elas peguem mente 300 ou 400 pessoas nos livros, para que elas de- vão assistir às apresentações. senvolvam o gosto pela leitura. Durante o horário da “con- Neli Ornelas, que leva sua filha Isabel Ornelas ao SESC Pompéia, afirma: “É muito bom esse espaço de leitura. Essa semana vão ficar alguns brinquedos aqui nesse espaço, mas depois só ficam os livros” apontou. Ela ainda faz uma sugestão. “Eu acho que eles deveriam ampliar um pouco mais essa questão da brincadeira com os livros. Porque as crianças gostam bastante dos brinque-dos”. Ela ainda completa Os contadores dizendo que semSESC Pompéia oferece um grande espaço para leitura que fazem a medipre que pode, leva ação são treinados e obrigados tação de fraldas”, geralmente a filha, que gosta bastante do a terem um curso, exigido pelo cerca de 60 pessoas estão espaço. “As crianças no geSESC; além disto, é necessário presentes, sendo que são 30 ral gostam de brincar, e aqui ter também o registro como crianças, cada uma acompan- é uma ótima opção, porque ator. O intuito desta ativi- hada pelo pai ou pela mãe; dá para comer aqui pertindade é chamar a atenção das no restante do dia, nos fi- ho, alem de ter essa parte de crianças com as histó-rias e nais de semana, aproximada- brincar que é muito perto”.

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O SESC funciona de terça-feira a domingo, e os contadores de histórias estão presentes nos finais de semana e feriados, das 10 às 18 horas

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Entrevista com Katianne da Silva, responsável pela programação cultural

m entrevista realizada na Biblioteca de Ciências Mário Schenberg, no bairro da Lapa, Katianne da Silva, 29 anos, responsável pela programação cultural das Bibliotecas Públicas da cidade de São Paulo, falou, entre outros temas, sobre a quantidade, funcionamento, empréstimo de livros, Pontos de Leitura, Bosques de Leitura e os Ônibus Biblioteca. Confira. Foca em Sampa Leitura: Quantas Bibliotecas Públicas temos atualmente em São Paulo? Katianne da Silva: Temos 55 unidades fixas. Mas nem sempre o poder público pensou as unidades nos pontos estratégicos. Em muitas gestões as construções dessas unidades foram feitas onde havia espaço, onde tinha um terreno vazio. FSL: Onde elas estão atualmente? Em toda a cidade de São Paulo? K.S: Vemos que algumas estão bem próximas uma das outras, enquanto em alguns pontos da cidade não há nenhuma unidade. Elas foram pensadas a partir da Biblioteca Mário de Andrade como a central, e a partir disso foram sendo construídas as outras unidades, sempre onde havia maior número de habitantes. Porém, São Paulo foi crescendo, então temos bibliotecas públicas bem no extremo, mas elas ainda são ínfimas para o tamanho da metrópole. Nós somos o sistema de maior capilaridade cultural da cidade de São Paulo.

FSL: O que são os Bosques de Leitura? Como surgiram? K.S: Surgiram para tentar resolver esse problema de estruturação, fazendo com que o número de unidades fosse suprido através desse, serviço de extensão, que são os Bosques de Leitura. São espaços de leitura, casas dentro dos parques da cidade de São Paulo, pontos onde as pessoKatianne da Silva . as podem ir lá e ler o seu livro. Existem 13 Bosques de Leitura. outra porta. São 4.000 exemplares por ônibus, desde liFSL: Como funcionam vros, gibis, jornais, e o públios Pontos de Leitura? co principal são as crianças. K.S: Os Pontos de Leitu- Do lado de fora tem um toldo ra, são 15 no total e, funcio- com funcionários sentados, nam da seguinte forma: são onde é possível ficar lendo. minibibliotecas, que têm uma quantidade menor de li- FSL: Quantos Ônibus Bivros, além de seu tamanho bliotecas existem atualtambém ser um pouco me- mente em circulação? nor. São feitos em parceria K.S: São 12 Ônibus Bibliocom a subprefeitura ou com o tecas que vão para 72 lugares poder privado, em que o po- por semana, de terça a dominder público faz as compras go, e ficam das 10h da manhã do livro e nós entramos com ate às 15h. O ônibus vai para a parte técnica. Vale lembrar as áreas da periferia da cidade que as doações sempre são de São Paulo, onde só existe bem-vindas nas bibliotecas. ele como equipamento cultural. Ele estaciona exatamente FSL: Como funcionam nesses pontos estratégicos, geos Ônibus Biblioteca? ralmente em lugares que estão K.S: Para tentar atingir a ci- sendo ocupados, que estão se dade de São Paulo inteira, no formando. O Ônibus Bibliosentido de levar o acesso à teca também faz carteirinhas leitura, pensamos no serviço para pessoas que vivem nas de extensão Ônibus Bibliote- ruas, e o interessante é que ca. São ônibus adaptados, do ele tem o maior número de tamanho normal, iguais a es- empréstimos de livros e o que ses que nós pegamos no nosso tem menos exemplares extradia-a-dia. Eles são adaptados, viados. Cada pessoa pode levar dentro têm estantes, as pes- até três livros para casa e ficar soas entram por uma porta, 14 dias com eles. É o nosso inescolhem o livro e saem pela vestimento mais motivador.

FSL: O que é feito para evitar o extravio de livros? K.S: A gente tem um sistema de relembrar as pessoas por telefone. Se ela se esqueceu de devolver, pedimos que faça gentilmente isso, pois se ela pegou aqui na Mário Schenberg, por exemplo, e não devolveu, em toda a cidade de São Paulo, o nome dela vai constar que está devendo. Caso a pessoa não devolva o livro, se ela quiser que o cadastro seja liberado, terá que comprar um livro similar ou o mesmo livro e nos devolver. Mas é o máximo que o sistema faz no sentido de punir, porque a nossa intenção não é punir, não queremos que as pessoas deixem de ler. A gente só trabalha com uma margem porque já aconteceu dos usuários de uma unidade passarem por diversas outras pegando livros e fazendo esse tipo de atividade maldosa, no sentido de vender para sebos. Hoje ela pode pegar até quatro livros e ficar quatorze dias com eles. Mas tinham pessoas que pegavam quatro livros em cada um das cinquenta e cinco bibliotecas, e montavam um sebo. Mas esses casos eram, são raros. Hoje graças ao novo sistema, com ajuda da tecnologia, isso é dificil de acontecer”

Bibliotecas e a Secretaria de Cultura entenderam que havia uma tendência dos próprios bairros para alguns temas. E aproveitando essas tendências do bairro e esse público que já existia na unidade, nós entendemos que seria interessante comprar acervos específicos e começar a trabalhar uma programação específica. Por exemplo, a Biblioteca de Belmonte está em Santo Amaro, que tem uma grande concentração de pessoas de vários estados do Brasil, do norte e nordeste. Então, lá temos um acervo específico de cultura popular. Atualmente temos 11 Bibliotecas Temáticas que são um polo de pesquisa para a cidade de São Paulo. As mais utilizadas são as Belmonte e a Biblioteca Fantástica.

meçamos a abrir as bibliotecas de domingo, e começaram a programação cultural também aos domingos. E iniciamos essa programação com o Teatro. Isso faz uns dois anos, e nós conquistamos um público, um público cativo. A cada 15 dias nós temos uma programação de teatro nessas unidades e o público vai crescendo cada vez mais, sempre aos domingos.

FSL: Qual das Oficinas atrai mais público? K.S: É difícil dizer qual é o que mais atrai, porque cada um é um público diferente, quem busca quadrinhos não necessariamente busca o cinema. Numericamente posso dizer que a gente atingiu os objetivos em todas as programações. Nos quadrinhos a gente tem uma média de quinze alunos FSL: O que mais as Bi- por turma, que é um número bliotecas Públicas fa- razoável para o professor dar zem para se adaptar aos uma boa aula, de qualidade. seus diferentes públicos? K.S: A biblioteca pública du- FSL: A Programação é rante muitos anos da sua his- voltada para todos os pútória, ela estava relacionada blicos? com o público escolar aonde K.S: A programação é especías pessoas iam até lá fazer suas fica. O sistema é enorme, enpesquisas. De uns anos pra cá, tão temos cinco programadograças à evolução da internet o res. Temos um programador público jovem começou a não para cinema, que toma conta ir mais fazer as pesquisas nas da programação das três bibibliotecas. Nisso a biblioteca bliotecas voltadas ao cinema. FSL: O que são as Bi- pública teve que se repensar, Para ser um programador de bliotecas Temáticas? e atender a outros públicos e cinema é preciso ter cursado Como surgiu essa ideia? não só a esse público escolar. faculdade e ser formado pela K.S: Dessas 55 bibliotecas fi- Então nós apostamos nossa USP, precisa ser profissional xas, no decorrer de dez anos programação cultural num pú- que tem gabarito para isso, para cá, a Coordenadoria de blico espontâneo. Assim, co- saber o que está fazendo”.

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Marca página do Ônibus Biblioteca

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O que mudou na biblioteca? Funcionária comenta sobre frequentadores, atrações, curiosidades e mais

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ma das mudanças no comportamento dos frequentadores de bibliotecas é a diminuição de pesquisas escolares. É o que comenta Osmarina Bueno Perondi, 53 anos. Para ela o fácil acesso à internet, nos dias de hoje, é o principal responsável por esta redução. Atualmente, em sua opinião, o público busca lazer e o prazer pela leitura.

man, afirma a biblio-tecária. Ela menciona também, que o empréstimo ainda é um hábito comum. “Há muito empréstimo. Quem frequenta a biblioteca está voltado para o lazer, pelo gosto da leitura, por isso que hoje tem bem mais”.

Atividades especiais são feitas para atrair o público, não só na unidade na qual Osmarina trabalha, mas nas bibliotecas de “De uns cinco anos para cá, maneira geral. No caso da Britnão tem mais pesquisa esco- to Broca, ela conta que, para as lar (história, geografia etc.). Os crianças é feita mediação de livros didáticos voltaram para leitura, e contação de histórias. as escolas, para as bibliotecas Os jovens têm a opção de asside lá. Antigamente 80% dos es- stir a palestras, e para os adotudantes frequentavam a bibli- lescentes e adultos há um sarau oteca, visto que os pro-fessores (poesia, literatura e música). pediam pra ir. Contudo, com o acesso à internet também di- Quanto à função de um bibminuíram muito as pesquisas liotecário, Osmarina fala que didáticas na biblioteca. Ainda muitas pessoas pen-sam que há pesquisa escolar, mas bem este só serve para pegar e menos”, explica Osmarina. guardar os livros na prateleira. Ela explica que, de A funcionária que trabalha uma forma geral, realmente na biblioteca Britto Broca, no é isso que faz, mas sempre bairro de Pirituba, há 22 anos, que pode, aproveita para ler e adora aquilo que faz, co- aqueles que chegam e buscar menta que há diferentes per- diferentes conhecimentos. fis dos frequentadores, variando também as idades. Como “Eu tenho sempre um tempo por exemplo, pais que levam livre, e uso para ler a maioria seus filhos para incentivá-los dos livros que che-gam na biba desenvolver o gosto pela lioteca, os que mais me atraem, leitura, alunos de faculdade e o que me faz ter um pouco de aqueles que estão estudando co-nhecimento sobre vários para o vestibular, professores temas”, declara a funcionária. que estão preparando aulas, além é claro das pessoas que A respeito de fatos inusitados, simplesmente gostam de ler. a bibliotecária diz que não há Dentre os livros mais pro- muita coisa ines-perada dencurados, estão os de litera- tro da rotina do ambiente. Ela tura, infantil, juvenil, adulta, comenta que às vezes, crianças e há uma grande procura por e adolescentes não sabem diquadrinhos, como os do Bat- reito o que procuram, e é pre-

ciso um esforço para entender. Também acontece deles não lembrarem o nome de um autor e volta-rem para perguntar ao professor. “Procuram por José de Alencar, mas dizem José de Alenca”, exemplifica. Ela conta ainda que existem crianças que procuram livros sobre sexualidade e ficam “escondidos”, olhando as cenas. “Não é livro pornográfico, só explica o que acontece. Tinha um livro específico que eles procuravam, que de tanta procura outra bibliotecária acabou escondendo em cima da prateleira”. Por último, talvez o mais inusitado dos fatos. A funcionária lembra de uma pa-lestra que falava sobre a ditadura no Brasil, em que um visitante ilustre compa-receu, um cachorrinho. “Ele subiu as escadas e entrou na sala onde estavam os palestrantes e os participantes, mordia os tênis de uns, o cotovelo da minha filha e não queria sair da palestra, parecia que estava interessado”.

Osmarina Bueno Perondi é bibliotecária há 22 anos

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