Foca em Sampa
Nos Campos da Várzea
Mesmo com a profissionalização do futebol, com times como Real Madrid e Barcelona, que investem milhões e milhões de euros para contarem com os melhores atletas do planeta, o jogo dentro “das quatro linhas” ainda é disputado de forma amadora, como diversão no final de semana. Longe do interesse dos empresários da bola, que só pensam em vender jogadores e ganharem muito dinheiro, a várzea paulistana ainda preserva intocável o amor ao esporte e a diversão das “pelas do fim de semana”.
Em busca do retrato do futebol praticado no terrão, descobrimos histórias interessantes de atletas que suaram a camisa na várzea e hoje integram grandes equipes do futebol do Brasil. A reportagem do Profissão Foca saiu a campo entrevistando as personagens mais marcantes de cada região. Além de um panorama dos times que praticam o futebol lde forma amadora em São Paulo, o suplemento “Sampa dos Campos de Várzea” uma crônica sobre o “Jogo do Século”. O resultado, o leitor confere a seguir!
Denílson relembra infância com doação Volante do São Paulo cresceu e aprendeu a jogar no bairro paulistano Wellington Lacerda
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ara diminuir a saudade dos amigos e promover o bem, o volante Denílson, jogador que atualmente defende a camisa do São Paulo, promoveu uma doação de 40 cestas básicas no Jardim Ângela, bairro da zona sul de São Paulo. O atleta faz questão de destacar o passado pobre e não esquece as origens. “Quando brincava nos campinhos, sempre pensava que se um dia fosse jogador, gostaria de voltar e ajudar as pessoas do bairro. A entrega das cestas será, sem dúvida, algo marcante na minha vida. Doar é bom para quem recebe, mas principalmente para quem doa, sem pedir nada em troca”, comentou o jogador. Depois de dois anos jogando na Inglaterra, Denílson volta ao Brasil e decide ir viver no mesmo lugar onde nasceu, no Jardim Ângela Denílson reuniu amigos e fa-
miliares na sede do Galo Real FC, clube de várzea, no bairro onde deu os primeiros passos no futebol. Denílson só deixou o Jardim Ângela em 2006, aos 18 anos, quando foi emprestado pelo São Paulo para o Arsenal, da Inglaterra. Em 2012, quando retornou ao Brasil, o atleta fez questão de voltar a morar no mesmo lugar onde cresceu.
na várzea que dei os primeiros passos no futebol. Tudo que eu sou hoje está atrelado a esse começo, no futebol amador. Por isso faço questão de ajudar meu bairro sempre”, finalizou Denílson. Renovação
Denílson anunciou via Twitter no dia 14 de juho que assinou “Nunca escondo de ninguém a um novo contrato com o São minha origem humilde. Olho Paulo. O atleta servirá o Tricopara trás e vejo com orgulho de lor do Morumbi por mais quatro anos. onde sai e o que conquistei. Graças a Deus hoje eu posso fazer essa doação e dar um pouco de alegria para essas pessoas humildes, a quem considero meus irmãos”, declarou. O jogador lembra que mesmo quando jogou na Inglaterra, seu amor pelo Jardim Ângela jamais esfriou. “No Arsenal, mesmo longe, eu acompanhava notícias daqui. Sempre recordo do inicio da minha carreira. Foi FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO
São Paulo dos campos de Várzea Conheça um pouco do futebol jogado nos bairros da capital Wellington Lacerda
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ocê com certeza já ouviu a expressão “futebol da várzea”. Trata-se do esporte jogado nos campos e terrões em todas as regiões de São Paulo. Considerado “amador” em comparação aos grandes times da capital, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos e Portuguesa, que jogam o mesmo futebol, mas de forma profissional, as “peladas” dos finais de semana viraram algo sério e organizado. A evolução das partidas que eram disputadas como forma de entretenimento e diversão nos sábados e domingos é tão grande que até patrocinador o campeonato tem. Isso mesmo. A Copa Kaiser é patrocinada pela marca da cerveja famosa e é formada por 192 equipes divididas entre as quatro regiões da cidade: Norte, Sul, Leste e Oeste. Alguns dos principais times: Cantareira, de Heliópolis, região que tem 20 times amadores constituídos e quatro disputando a Copa Kaiser. Pioneer, da Vila Guacuri, Napoli, da Vila Industrial. O Nós Travamos, do Jardim Ângela, se tornou o primeiro time da Zona Sul a conquistar o título. O América é um time bem conhecido, e conquistou a Copa Kaiser em 2011.
Perfil: Leandro Damião Da Várzea para a Seleção Brasileira Wellington Lacerda
son, ex-Arsenal e hoje de volta ao São Paulo, e com o zagueiro David Luiz, do Chelsea. Na Zona Sul e na Zona Leste, a várzea encontrou abrigo Segundo informações obtidas no site da Prefeitura Municipal de São Paulo, a cidade conta com mais de 500 campos de futebol. Isso quer dizer que São Paulo tem um campo para cada 37 mil pessoas – sem contar as instalações esportivas privadas. Conforme informa pesquisa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que apontou que 16% da população brasileira é
recorremos ao livro “Geografia (s) do Futebol Contemporâneo em São Paulo: Espaços do Jogar e do Torcer na Metrópole’. “Zona leste e zona sul têm mais campos já que são muito mais populosas e pobres que as outras zonas. A zona norte tem diversos times ‘clássicos’ da várzea, por ser mais antiga. A leste, além da população, tem e teve muitos campos de várzea de rio. A sul é, entre todas, a de ocupação mais recente, mas como o futebol de várzea se reproduz nas áreas mais afastadas, pobres e onde há espaço e costume de jogar bola, é normal encontrarmos mais campos nas
zonas sul e leste. Os que haviam no resto da cidade foram sendo desapropriados por obras e construções. Na região central, por exemplo, eram centenas”, Na zona leste, se existem atu- explicou o autor, o geógrafo Daalmente 122 campos de várzea, nilo Cajazeira. Alguns jogadores conhecidos 41% do total da cidade. Podepor atuarem em equipes pro- mos dizer que o “coração da Nos quatro cantos da metrófissionais do Brasil saíram da várzea se encontra ali”. Logo pole, onde quer que seja, nos várzea. A região de Pedreira e depois vem a zona sul, com 93 finais de semana sempre a aleda divisa com Diadema revelou campos. Juntas, as duas ma- gria será vista nos olhos daquealguns craques. Denílson, co- crorregiões reúnem 72% do to- les que se esquecem do cotidiamentarista da TV Bandeirantes tal de campos de toda a cidade. no duro e sofrido e encontram a felicidade e a paz correndo e pentacampeão com a Seleção Para entendermos essa dis- atrás de uma bola nos campos Brasileira, é de lá. O mesmo tribuição dos espaços onde o de futebol por aí. acontece com o volante Denílfutebol amador é disputado, FOCA EM SAMPA NOS CAMPOS DE VÁRZEA praticante de futebol. Com isso, a capital paulista oferece um campo para cada seis mil praticantes da modalidade.
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os 23 anos, o atacante Leandro Damião é uma das esperanças do Brasil na Copa do Mundo, torneio de futebol que será realizado em nosso país em 2014. O jogador que atua no Internacional de Porto Alegre é nome certo na lista dos 23 atletas que serão convocados pelo técnico da seleção brasileira Luís Felipe Scolari para o disputa do Mundial do ano que vem.
Quem olha para o atual momento de Damião não imagina as dificuldades que o paranaense nascido na pequena cidade Jardim Alegre, interior do Paraná, passou até chegar nessa fase vitoriosa de sua vida. “Era muito difícil eu sair de casa durante a semana para jogar bola. Meu pai não deixava. Mas todo fim de semana o futebol de rua era a nossa diversão. Jogava descalço e ficava com os pés todos estourados. Mas a dor só vinha em casa, depois que o futebol acabava e eu levava bronca do meu pai”, explicou Leandro Damião. Momento decisivo na carreira.
Aos 20 anos, uma viagem para mas vezes para fazer pequenos o sul do país bicos e assim conseguir um dinheiro a mais”, explicou LeanEm 1999, aos 20 anos, Damião dro Damião, que trabalhou de conseguiu a chance de sua vida. servente de pedreiro em sua O atleta que estava acostumado passagem por Santa Catarina. a jogar nos campos do Jardim Ângela foi chamado às pressas Diante de tantas dificuldades, para substituir um amigo em o atacante revela que seguiu uma viagem para Santa Catari- acreditando em seu potencial na, onde o grupo de quatro jo- e superou o descrédito para algadores foram participar de um cançar seu objetivo de tornarteste (peneira). -se profissional. “Eu sempre sonhei ser jogador de futebol. “Meus amigos No começo, as pessoas que conalugaram uma viviam comigo não acreditavam perua Kombi. pelo jeito que eu jogava na rua. Um pouco antes Eu era muito ruim. Mas eu bade iniciar a jor- talhei muito, insisti até o fim”, nada até o sul do comentou. país, um dos jogadores passou Damião lembra com saudade mal e desistiu. do convite para defender o InComo sabiam ternacional de Porto Alegre e que eu amo fu- assim melhorar de vida. “Por tebol, me convi- eu ter vindo da várzea, eu não daram e eu fui”, tinha as qualidades de um jolembrou o joga- gador profissional. Não sabia dor, que nasceu dominar a bola, cabecear, não no dia 22 de ju- tinha noções de posicionamennho de 1989, no Jardim Alegre, to. Aí o Inter me contratou e Paraná. criou um projeto especial para aprimorar o meu desenvolviCom um pouco de sorte, o jo- mento”, finalizou o atleta, que gador se destacou em uma par- treinava em períodos contrátida. “Joguei por 40 minutos rios aos outros atletas do clube e consegui marcar um gol. O gaúcho, para poder adquirir as técnico do time não gostou de técnicas que os jogadores promim, mas o presidente do clube fissionais possuem. aprovou meu futebol e me convidou para defender sua equipe, Com a história de Leandro Dao Ibitirama de Santa Catarina”, mião, que recebeu em 2012 revelou. uma proposta de 80 milhões de reais do Totheham, uma equipe O atleta recebia um salário de da Inglaterra, aprendemos que 100 reais por mês e dependia mesmo quem surgiu na várzea da ajuda da família para não pode alimentar o sonho de se desistir do sonho. “Muitas vezes tornar um atleta profissional de pensei em abandonar o futebol. renome e ser respeitado dentro Tive que parar de treinar algu- das quatro linhas. FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO
Especialista em várzea Diego Viñas detalha sua paixão pelo futebol amador Wellington Lacerda
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os 22 anos de idade, Rafael Medeiros é mais um jovem que sonha conseguir fama e sucesso através da carreira de jogador de futebol. Ele lembra que começou a “correr atrás da bola desde pequeno”. Mas sua primeira chance veio ainda no futebol amador no Grêmio Santa Adélia, clube do bairro onde nasceu. “Brincava de bola com os meninos da rua. Era um passatempo. Apenas aos 20 anos comecei jogar de forma séria”, disse.
De onde surgiu essa paixão pelo futebol de várzea?
gostar da várzea. Sobre musas, as comunidades em si são repletas de gente bonita e as mulheres não ficam atrás. Como existem alguns times relacionados a escolas de samba, não é incomum encontrar uma rainha de bateria numa torcida ou andando por um campo durante uma partida.
Há quanto tempo você acompanha o jogo Para finalizar, conte sobre o time marcante que deixou boas impressões em você. do terrão? Desde 2006. Você percebe alguma organização nas partidas ou é o 11 contra 11 e após o duelo a cervejada rola solta? As partidas são organizadas como no profissional. Em festivais, normalmente os jogos tem dois tempos de 30 minutos ou 35. A cervejada e o churrasco depois do jogo é praticamente uma regra obrigatória. Conheceu algum craque já? E alguma musa da Várzea? A várzea é cheia de craques, mas o mais legal é o que está por trás desses talentos. O que eles fazem em suas vidas para estarem naquele domingo para jogar. Onde trabalham, suas histórias de vida. Isso é o que realmente me importa e me fez
FOCA EM SAMPA NOS CAMPOS DE VÁRZEA
Conheça a história de Rafael Medeiros, mais um peregrino da bola Wellington Lacerda
onfira abaixo, a conversa do Foca em Sampa com Diego Viñas, jornalista, pós-graduado em jornalismo esportivo. Pesquisador de futebol de várzea. Membro do grupo Memofut (Memória e memorabília do futebol) do Museu do Futebol, colunista do jornal Metrô News às terças e do boletim na rádio Jovem Pan 620 AM, aos sábados.
Comecei a gostar de várzea em 2006, quando comecei a fazer meu trabalho de conclusão do curso de jornalismo, na faculdade. Éramos um grupo com quatro amigos e tínhamos três afinidades em comum: gostávamos de cultura, tínhamos uma tendência a pensar de maneira social e transformadora e, o principal, adorávamos futebol. Primeiro, íamos fazer um projeto cultural na favela de Paraisópolis, mas toda reunião, a gente se atrapalhava porque comentávamos a rodada do futebol. Então, faltava contemplar uma das paixões e mudamos o tema para futebol de várzea durante o processo.
Jogador sai da zona leste de São Paulo e atua em time chinês
Costumo dizer que torço por pelo menos um time por região da cidade. Gosto de muitos, mesmo! Juro que tentei escolher um só, mas não consegui. O primeiro para o qual «torci» foi o Botafogo de Guaianases, da zona leste, porque nas minhas primeiras pesquisas, ele sempre apareceu. Em 2008, fiz o documentário de um time chamado Consideração Futebol e Samba, de Campo Grande, zona sul. Pela convivência, pelos amigos, foi outro time que peguei carinho. Depois, gosto muito do Nacional do Bom Retiro e Santa Marina da Água Rasa, dois times centenários em 2013. Adoro o Classe A da Barra Funda, zona oeste, e do Arthur Alvim, zona leste, que são tradicionais no carnaval e samba. Como agora moro na zona norte, já acolhi muitos times como queridos como o Quase Nada de Pirituba e Morro Doce, o Inajar de Sousa da Freguesia do Ó, o Cruz da Esperança da Casa Verde.
tradicional. O atleta foi para o Capivariano, onde se profissionalizou. Com muita dedicação e força de vontade, ele relembra os desafios que enfrentou em equipes desconhecidas do futebol brasileiro. “Joguei pelo São José, equipe do interior de São Paulo, mas não tive chances. Depois fui para o Serrano FC, do Rio de Janeiro”.
Interior de SP, Rio de Janeiro, Bolívia e China, eis o caminho trilhado por Ra- novembro de 2013, o jogador fael conta como é ficar tão longe do seu país de origem e como foi O primeiro time de sua vida foi Após superar os percalços, as recebido na China. “O pessoo São José, com quem disputou coisas começaram a dar certo al me recepcionou muito bem. a Copa Kaiser, em 2010. Como todo garoto que começou no na vida de Rafael. Um amigo Nos acolheram. Eles só nos futebol amador, na várzea, Ra- que atuou com ele no Serrano ajudam, eu e aos outros dois fael sabe das dificuldades para FC o convidou para jogar fora companheiros brasileiros que conseguir firmar um contrato do Brasil. “Em dezembro de moram comigo. Vivemos aqui e conseguir ganhar dinheiro 2012 fiz uma excursão para a como uma família. Já estou como atleta profissional. “Não Bolívia, onde atuei em um clube adaptado com a cultura, comida, horário. No começo foi um adianta só ter talento. É preci- por dez jogos”, comentou. so ter um bom empresário que A chance de atuar na China pouco difícil, mas agora já me faça contatos e consiga arrumar veio de onde Rafael menos es- sinto bem”, comemorou Rafael. um grande clube. Para isso, perava. “Um amigo que jogou os ‘agentes’ nos exploram, ga- comigo no Rio de Janeiro, no Acostumado a superar obstácunham muito dinheiro em cima ano passado, pediu um DVD los, o jogador faz planos e não descarta uma possível volta ao da gente”, desabafou Rafael. para apresentar aqui no clube. Brasil em breve. “Eu sempre O atleta justifica ter deixado o Ele mostrou para o presidente converso com os companheiBrasil por falta de oportunida- e a comissão técnica. Depois de ros. Apesar de estar me sentindes. “Tem coisas que chateiam. avaliarem o material, se inte- do bem aqui, tenho vontade de A corrupção que a gente vinha ressaram, compraram a passa- jogar em outro país, na Europa acompanhando. Empresários gem e mandaram eu vir”, expli- principalmente, ou até mesmo que pagam para colocar joga- cou Rafael, que desde fevereiro voltar para um clube do Brasil. dor no clube, tirando a vaga do de 2013 defende as cores do É onde estão os melhores camoutro. Isso acontece não só no Clube Desportivo Monte Carlo, peonatos e os melhores jogadonosso país, mas no futebol em de Macau, na China. Macau é res. O importante é não desistir geral. No meu caso, corro atrás uma região da China de coloni- e continuar sempre batalhando. zação portuguesa, o que explica Meu grande sonho é jogar no sozinho”, comentou. o nome de time. Corinthians, na Inter de Milão Em 2010, Rafael teve a primeie, quem sabe, um dia, chegar à ra oportunidade em um clube Com contrato com o clube até Seleção Brasileira”, finalizou. FACULDADES INTEGRADAS RIO BRANCO
O jogo do século Wellington Lacerda
campo de ataque e a defesa do Tatuapé ficou parada, vendo o atacante Nanico estufar as redes e correr para o abraço. Vila Prudente 1 x 0 Tatuapé. A torcida da Vila Prudente comemorava atônita, sem acreditar. “O mais fraco está vencendo, impossível”, era o pensamento no estádio.
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ara nós, garotos com idade entre 13 e 14 anos, aquilo era bem mais que uma simples partida de futebol. O bairro todo só falava no duelo marcado para o próximo sábado, a final do Campeonato Varzeano da zona leste, entre Tatuapé e Vila Prudente. Os dois times chegaram até a decisão com campanhas semelhantes: 15 vitórias e três empates. Daí a grandiosidade do jogo que se aproximava e a expectativa criada ao redor dele. Faltando um dia para a partida, os atletas da Vila Prudente fizeram um treino leve na parte da manhã e dedicaram o período da tarde para distribuir cestas básicas entre as pessoas necessitadas do bairro. Já os jogadores do Tatuapé, treinaram normalmente e prometeram doar metade do valor da bilheteria para alguma instituição de caridade. Chegado o “grande dia”, um sol encantador brilhava sobre o
bairro da Mooca, local marcado para o embate. O estádio estava lotado. Vendedores se aglomeravam em volta da multidão, buscando comercializar garrafas de água, amendoim e pipoca. As pessoas se organizavam em filas e faziam suas apostas, sonhando com uma vitória do time que os representava.
Nós garotos, extasiados pelo espetáculo da partida, gritávamos e festejamos muito, emocionados com aquele dia que nós estávamos tendo a chance de presenciar. O Tatuapé vendeu caro a derrota, e criou no mínimo mais cinco oportunidades de empatar o duelo. Em três dessas chances, Gordo salvou sua equipe. Em outras duas, a trave e a sorte evitaram o gol. Quando o arbitro apitou o final do jogo, uma explosão de fogos tomou conta do bairro da Mooca. Vila Prudente campeã do Campeonato Varzeano pela primeira vez na história. A entusiasmada torcida invadiu o gramado, carregou os jogadores nos ombros. O goleiro Gordo, o mais assediado de sua equipe, teve seus calções arrancados e ficou só de cueca. A garotada vibrava e festejava junto com os jogadores, e só pensávamos no churrasco que seria realizado logo mais pela diretoria da agremiação vencedora.
Bola em jogo. O Tatuapé buscava o gol a todo momento. A Vila Prudente apenas se defendia, assustada com a força do adversário. O destaque do jogo foi o goleiro dos prudentinos, chamado Gordo, que mesmo com alguns quilos a mais e esforçava e fazia milagres embaixo da meta que defendia. Final do primeiro tempo, o zero se recusava a sair do placar. Foram várias e várias tentativas do Tatuapé em abrir o placar, mas Gordo magistralmente afastava Passados mais de 20 anos desse a bola e se recusava a buscá-la jogo do século, eu ainda consigo lembrar de cada detalhe dano fundo das suas redes. quele dia. Com saudade, se fizer Início da segunda etapa, em um pouco de força, consigo até um lance inusitado, o brilhan- ouvir as vozes das fanáticas torte goleiro chutou a bola para o cidas saudando seus atletas.
FOCA EM SAMPA NOS CAMPOS DE VÁRZEA
O lado social do futebol São Paulo receberá Campusexperience da Fundação Real Madrid Wellington Lacerda
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Fundação Real Madrid oferece uma oportunidade para meninos e meninas de 7 a 15 anos, que querem viver a experiência de representar o melhor clube esportivo do século XX.
dizagem de diferentes localidades e culturas e transmitir os conceitos que tornaram o Real Madrid o maior clube de futebol do mundo.
O Campus da Fundação Real Madrid Campusexperience terá 240 vagas e mais 100 para o Acontecerá em São Paulo, no período de 02 a campus social. As inscrições serão realizadas 06 de julho, a segunda edição da Fundação Real pelo site www.frmcampus.com.br e oferece três Madrid Campusexperience no Brasil, na High tipos de pacotes. Soccer, academia de futebol, localizada na Av. Em 2012, a primeira edição foi realizada em RiGiovanni Gronchi, 3260. beirão Preto, onde 200 meninos e meninas pu Através da prática do futebol, as crianças par- deram entender e viver a filosofia do clube. ticipantes aprenderão valores como cidadania e ética, alémde participar de atividades em gru- O Campus acontece nas férias escolares das po. Além disso, as crianças se aproximam dos crianças e as edições serão duas vezes por ano, valores que se associam ao Real Madrid, como sendo em janeiro e julho. Os próximos Camliderança, autocontrole, esforço e respeito ao pus acontecerão em outras capitais brasileiras, como: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e próximo. Salvador. As atividades serão ministradas pelos treinadores das categorias de base do clube e têm como O evento será patrocinado por: Segasp Sport – principal objetivo apresentar os conceitos técni- Seguro, Adidas, e Outback. cos e táticos do futebol de acordo com os méto*Campus Social: A High Soccer possui um trados de trabalho utilizados por todas as equipes balho social na escola com crianças das comunido time espanhol. Além de aperfeiçoar os fundades carentes da região. A Fundação Real Madamentos básicos individuais e coletivos, prodrid irá utilizar essas crianças para o Campus mover o convívio de crianças na idade de aprenSocial, no dia 07 de julho.
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