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Ano VII

Amantes da magrela Passeios ciclísticos noturnos pelas ruas da capital ganham adeptos que se reúnem para praticar e se divertir.

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Matéria de Capa - Os trilhos de São Paulo

Foto Charles Turci

Jornal-laboratório do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco.

Ecoturismo / Sustentabilidade

Mais de dois milhões de pessoas utilizam o trem diariamente em São Paulo, mas esse meio de transporte está longe do charme que teve no passado. PÁGINA 6 G20 Youth Summit Brazil

Entorno

Cultura Largo do Arouche

Evento reuniu alunos de diferentes instituições de ensino e selecionou seis estudantes para compor a delegação brasileira no evento mundial em Washington.

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Reclamações de moradores vão além dos problemas de enchentes. Acúmulo de lixo na Lapa é constante, visível e criticado por pessoas que transitam pelo bairro.

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Tradicional espaço urbano de São Paulo é frequentado por tribos urbanas e famílias paulistanas.

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Saúde e Qualidade de vida Pilates ajuda na prevenção de doenças e no condicionamento físico.

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Esportes O MMA começa a abandonar o rótulo de ser uma brutalidade, para se tornar um dos esportes que mais crescem.

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Junho de 2012

Rio Branco EM FOCO

Opinião

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Empregabilidade é cultivar competências Por José Luís de Melo Turiani – Coordenador dos cursos Gestão Comercial, Marketing e de Estágios das Faculdades Integradas Rio Branco

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mpregabilidade. Mas o que é mesmo que isto significa? Significa estar apto para assumir qualquer posição numa empresa? Claro que não. Empregabilidade tem a ver com nossas competências e, um pouco, com nossa personalidade. Quanto à nossa personalidade, esta já está mais ou menos moldada nesta fase da vida. Claro que podemos “mexer” um pouco na personalidade se for preciso, mas o melhor é investir energia e tempo em nossas competências. E, no campo das competências, temos muitas formas de incrementá-las conforme as necessidades do mercado de trabalho. Para ter uma ideia do que é competência, imagine-se observando um monte de operários trabalhando na abertura de um buraco numa rua. Agora chegue perto e observe cada um destes operários. Percebe que quando olhamos “de longe” todos parecem fazer a mesma coisa? No entanto, quando nos aproximamos, vemos que alguns estão apenas olhando, outros estão retirando a terra, outros batem no chão com

uma picareta... Cada um desempenha um papel, mesmo que alguns façam a mesma coisa, cada um faz do seu jeito. Este “jeito” de fazer a mesma coisa, de forma particular, faz parte das competências de cada um. Então competência é a aplicação de todo conhecimento e habilidade que uma pessoa tem e pode ser medida pela observação. E a empregabilidade? É a capacidade de adequar suas competências às necessidades do mercado de trabalho. O melhor de tudo é que dá para melhorar as competências e adquirir novas. Algumas são mais fáceis (aprender a limpar uma mesa de lanchonete), outras nem tanto (aprender uma nova língua), mas nada que, com um pouco de esforço, não se possa conseguir! Empregabilidade tem a ver com nossas competências, sendo que estas podem ser construídas e melhoradas! Basta querer. Vejamos algumas coisas que você pode fazer desde já para melhorar sua empregabilidade: - Esteja sempre atualizado. Leia notícias, artigos e revistas de sua e de ou-

tras áreas (vale ler na internet, no smartphone, nos jornais de sua biblioteca etc.). Fique antenado nas tendências e nas novas tecnologias! O mercado quer pessoas atualizadas. - Tenha empatia: numa conversa, tente compreender o ponto de vista do outro, como ele pensa, como ele se comporta. Numa negociação, parta do

“É a capacidade de adequar suas competências às necessidades do mercado de trabalho” princípio de que os dois lados devem sair ganhando. - Participe de cursos e treinamentos (o CIEE, por exemplo, oferece mais de 30 cursos on-line gratuitos. É só entrar no site e se cadastrar). Estude muito! Durante as aulas, no ônibus, nos finais de semana, enfim... - Planeje-se. Afinal não conseguimos

tudo de um dia para o outro e ainda não inventaram uma pílula mágica. Saiba aonde quer chegar para saber qual caminho percorrer. - Tente ser bom naquilo que faz. Não sendo possível, tente assim mesmo! - Aprenda um segundo idioma, de preferência o inglês. Quando dominar o inglês, parta para um terceiro idioma (existem sites como o www.livemocha. com que oferecem cursos de línguas gratuitamente. Experimente!). - Não minta sobre suas competências. Alguém descobrirá. Isto lhe custará não apenas a vaga, mas vai prejudicá-lo em outras entrevistas. Falta de ética “corre o mercado”. - Seja pontual. São Paulo tem trânsito caótico e todo mundo sabe disto. Portanto, saia bem antes do horário combinado. Cito dois renomados psicólogos americanos - Martin Seligman e Angela Duckworth, que publicaram o resultado de uma pesquisa na revista Psychological Science. Eles demonstraram que a autodisciplina é mais importante para se alcançar o sucesso do que a inteligência (QI).

Lei da “Ficha Limpa” vale para eleições 2012 Renata Marques Ferreira – Professora do curso de Direito das Faculdades Integradas Rio Branco, Mestre e Doutora em Direito pela PUC/SP

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om o passar do tempo e a cultura de corrupção e de desrespeito à ética e à lisura na condução da coisa pública se alastrando notoriamente no âmbito do Congresso Nacional, teve início em abril de 2008 um grande movimento de engajamento de parte da população brasileira que pedia por mudanças profundas nessa cultura tão antiga em nossa história de se confundir, reiterada e acintosamente, o universo público com o privado. A campanha passou a se chamar “Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral” e rapidamente começou a fazer parte das conversas diárias dos brasileiros. Em 04/06/10, a LC135 foi sancionada e já publicada em 07/06/10, trazendo para o mundo jurídico novas hipóteses de inelegibilidades, e indicando em seu art. 5º sua imediata aplicação a partir da data de sua publicação. Com a entrada em vigor da nova regra legal, vários questionamentos começaram a surgir. No TSE o tema foi logo discutido por meio de Consulta e

Expediente

se decidiu que, por não alterar o processo eleitoral, as novas hipóteses de inelegibilidades poderiam ser aplicadas já para as eleições de 2010. Apesar da decisão do TSE, por envolver questão constitucional, a matéria ainda precisaria passar pela análise do Supremo Tribunal Federal. As divergências na maior corte do País passaram a girar em torno da data em que se considera iniciado o processo eleitoral, devido à determinação da Constituição Federal (art.16) de que nova lei que altere o processo eleitoral só pode ser aplicada no ano seguinte ao de sua publicação. Dos 11 ministros que compõem o Tribunal Superior, cinco decidiram pela aplicação imediata da lei, alegando que o processo eleitoral se iniciaria com as convenções partidárias (que pela Lei Geral das Eleições seriam entre 10 e 30 de junho) e com o registro das candidaturas que deveriam ser efetivadas até às 19 horas do dia 5 de julho. Nesse sentido, votaram os ministros Carmem Lúcia, Ricardo Lewandowski, Joaquim

Faculdades Integradas Rio Branco Endereço: Av. José Maria de Faria, 111 – Lapa São Paulo - SP - Cep 05038-190 www.riobrancofac.edu.br Agência de Jornalismo - Fone: (11) 3879 5373

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Barbosa, Ayres Britto e Ellen Gracie. De outro lado, os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Cezar Peluso se posicionaram alegando que o processo eleitoral começaria um ano antes das eleições, com o fim do prazo legal para

“Nasceram do profundo desejo da população brasileira de dar um “basta” aos desmazelos provenientes de parte da classe política” as filiações partidárias. O tema só restou definitivamente decidido quando o ministro Luiz Fux assumiu seu lugar na corte e em seu voto decidiu que a lei não poderia ser aplicada nas eleições de 2010, mas deveria aguardar o prazo constitucional de um ano. O que estava em discussão, naquele momento, era apenas a possibilidade

Diretor Geral: Profº Dr. Edman Altheman Coordenadora do Curso de Jornalismo: Profª Patrícia Moreira Rangel Orientação: Profª Patrícia Ceolin, Profª Clara Correa e Profº Dario Luis Borelli

Estagiário: Égon Ferreira Rodrigues

de aplicação da lei já em 2010; o mérito da ação seria julgado apenas em 2011, quando se decidiu que a Lei era de fato constitucional e seus dois temas foram considerados válidos para as próximas eleições. Aqueles condenados por órgãos colegiados teriam seus registros indeferidos pela Justiça Eleitoral e a lei valeria para condenações e renúncias apresentadas antes de 10 de junho de 2010 (data da sanção das novas regras legais). As alterações trazidas pela LC 135/10 nasceram do profundo desejo da população brasileira de dar um “basta” aos desmazelos provenientes de parte da classe política brasileira. Há muito tempo não se observava tão curiosa movimentação da sociedade para demonstrar tamanho grau de insatisfação com a classe política no Brasil. Apesar da insatisfação de parte da população brasileira pela não aplicação imediata da lei, somos um País pautado por regras legais e as regras do jogo democrático devem ser respeitadas para que encontremos a tão aclamada e desejada segurança jurídica, necessária e fundamental para a nossa nação. Jornal Rio Branco Em Foco é uma publicação elaborada pelos alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, das Faculdades Integradas Rio Branco.

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Em Tempo

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Faculdades Integradas Rio Branco realizam 1ª edição do G20 Youth Summit | Brasil Evento proporcionou vivência em ambiente diplomático

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Global Attitude, em parceria com as Faculdades Integradas Rio Branco, realizou a primeira edição do evento G20 Youth Summit | Brasil, durante os dias 9 e 13 de abril. O evento contou com o apoio da Federação Nacional de Estudantes de Relações Internacionais (FENERI), e proporcionou aos participantes a vivência de um ambiente diplomático. Rodrigo Reis, fundador e diretor do Instituto Global Attitude, juntamente com a professora Denilde Holzhacker, coordenadora do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, estiveram à frente do projeto. “Mesmo sendo a primeira edição do evento no Brasil, acredito que tenha sido um sucesso tanto pela diversidade das palestras, quanto pela qualidade das discussões e participação de estu-

dantes de diversos estados brasileiros”, conta Rodrigo. O projeto internacional acontece desde 2006 em paralelo com as reuniões oficiais e obtém reconhecimento e apoio dos países participantes do G20, reunindo cerca de 150 jovens das respectivas nações para debater assuntos mundiais da atualidade no âmbito político, econômico e social, com o objetivo de agregar a ótica jovem aos assuntos tratados pelas agendas oficiais. Durante os 5 dias de evento, os temas discutidos seguiram os padrões e métodos utilizados nas negociações oficiais do G20, o que foi um dos pontos fortes da edição. Durante todo o evento os jovens lidaram com temas diversos, onde, através de palestras e rodadas de negociações, puderam colocar em prática toda teoria passada durante a caminhada acadêmica. Dentre os participantes, seis foram destaque, e assim, escolhidos para compor a delegação brasileira na simulação que acontecerá em Washington, nos Estados Unidos. Os nomes foram anunciados durante a Cerimônia de encerramento no auditório da Faculdade, onde os participantes Wellington

Sousa Silva, Gabriela Pascholati, Douglas Bernardo, Priscila Prado, Fernando Haddad e Alberto Caldeira foram selecionados. O evento ainda contou com a participação de especialistas em política externa e de personalidades internacionais e autoridades convidadas, como a do Cônsul Geral dos EUA, William Popp. Rodrigo ainda destacou que “A escolha das Faculdades Rio Branco para sediar o G20 Youth Summit | Brasil, foi feita pela visão e disposição que a instituição possui em

proporcionar atividades extracurriculares como forma de complementar a educação acadêmica de jovens. Essa visão tem ressonância com a missão e projetos que a Global Atittude propõe, e que tem como objetivo alavancar a cooperação à educação e o engajamento público em nível global a respeito dos desafios contemporâneos que afetam nossas sociedades.”, deixando elevadas as expectativas para o evento de 2013. Fotos: Divulgação

Por: Isabela Almaçam e Naryana Caetano

Equipe: dedicação e profissionalismo

Educação para surdos oferece inclusão social Por: Patrícia Candelária, Lidinalva Mendes e Piter Duarte.

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trabalho de cunho social atualmente desenvolvido pela Fundação de Rotarianos de São Paulo prevê a valorização e contribuição social no âmbito educacional, por meio da Escola para Crianças Surdas (CES) e do Centro Profissionalizante (CEPRO), que também inclui projetos para jovens com deficiência auditiva. O desenvolvimento infantil é estimulado desde os primeiros anos, por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), acompanhando padrões pedagógicos e orientando as famílias. Segundo Sabine Vergamine, diretora do CES, “Aqui os alunos adquirem naturalmente o hábito de se comunicar por meio da língua de sinais e o português é aprendido como segunda língua. Nós ensinamos a LIBRA para os pais, porque a maioria deles não têm deficiência, e eles continuam a trabalhar com os filhos”. Visando a proximidade e o comprometimento dos pais com a escola, são desenvolvidas atividades dirigidas,

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como grupos de orientação, reuniões, aulas de LIBRAS e de informática. Desde a primeira à quarta série, os alunos participam de projetos interclasses e atividades extracurriculares, de acordo com o conteúdo pedagógico desenvolvido. O Colégio Rio Branco comporta crianças a partir da quinta série, mantendo a gratuidade até o final do ciclo educacional e proporcionando a formação profissional de jovens surdos, por meio do CEPRO.

Trabalho e estudos caminham juntos Para Sabine Vergamine, a continuidade dos estudos após a quinta série ocorre quando eles vão estudar no Colégio Rio Branco, no SESI e na Fundação Bradesco. Quando os alunos concluem, optam por cursar a faculdade, fazer um curso técnico, ou mesmo ingressar no mercado de trabalho. Segundo Fernanda Oliveira, assistente técnica no CEPRO, o curso profissionalizante comporta 22 alunos por semestre e encaminha os alunos ao mercado

de trabalho por meio do Selur Social. “O site é aberto a todas as empresas que querem contratar pessoas com deficiência” , elucida Oliveira. Quando questionada sobre as novidades em relação à educação de surdos no Brasil, Oliveira descreve o susto que teve no ano passado: “Recebemos Escola para crianças surdas contribui para a a notícia de que seriam fechadas as valorização no âmbito da educação escolas municipais de educação para surdo, simplesmente porque não preci- didas na vida profissional”, ministrada sava ter inclusão. Nos mobilizamos e fi- em Maio nas Faculdades, contou com zemos passeatas por todos os cantos do a presença da pedagoga surda e exBrasil, até revertermos essa situação”. -aluna Sylvia Lia Grespan Neves e dos profissionais surdocegos Carlos Jorge Investimento Permanente Wildhagen Rodrigues e Cládia Sofia Indalécio Pereira. Os palestrantes mosAs Faculdades Integradas Rio Bran- traram a importância da inclusão do co investem em alunos surdos, ofere- surdocego na vida profissional e social, cendo formação superior aos ex-alunos com exemplos motivadores. Sylvia exe atuais colaboradores da CES. Em plicou de maneira dinâmica e bem hutodas as entidades, tradutores e intér- morada sua vida pessoal e trajetória pretes de LIBRAS e Língua Portuguesa acadêmica até tornar-se graduada em acompanham os alunos, gratuitamen- biblioteconomia e mestra em pedagote, caracterizando mais um serviço da gia. Fez especialização de surdez na Fundação em prol da formação e inclu- FMU e atualmente leciona para alunos surdos por meio da expressão corporal são dessa minoria. A palestra “Experiências bem suce- e facial.

Fotos: Lidinalva Mendes

CES, com parceria da Fundação de Rotarianos de SP, desenvolve projeto social com crianças surdas

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Rio Branco EM FOCO

Ação Social

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Foto: Janaína Gorski

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Zooterapia, uma lição de cidadania Voluntários visitam idosos com seus “cães terapeutas” Por: Por Janaina Gorski e Mariana Gusmão

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m sábado por mês, a ansiedade toma conta dos moradores do Centro de Acolhida Especial para Idosos Morada São João, localizado na região central de São Paulo e mantido pela Prefeitura. A espera é pelos cães terapeutas e seus donos, que visitam o espaço e passam 45 minutos fazendo companhia e brincando com alguns idosos. Essa atividade é chamada de Zooterapia, TAA ou AAA (terapia/atividade assistida por animais), que utiliza animais para a prevenção e tratamento de diversas doenças físicas ou psíquicas. Minutos antes de iniciar a atividade no Centro, a responsável por coordenar o encontro, Annelise Faccin, 41, psicóloga e adestradora, já está à espera dos cães. Os donos dos cachorros fazem parte da equipe de voluntários do projeto Cão Terapeuta e vão chegando aos poucos. Annelise explica que esse momento de reunião antes da visita é importante para os cães poderem se acostumar com a presença uns dos outros e para ela também se aproximar de cada cão, brincar, oferecer petiscos e assim ter mais intimidade e confiança dos cães durante a visita. Após a breve reunião, os donos levam seus cachorros pelas coleiras até os moradores do Centro, assim cada um dos residentes pode brincar com o cão que desejar, passar a mão, dar petiscos etc. Os voluntários também têm um papel importante nesse momento, pois conversam bastante com os idosos, que estão sempre dispostos para um bom bate-papo.

Terapia com cães Os benefícios constatados por hospitais, asilos e clínicas que já utilizam esse tipo de ajuda no tratamento de seus pacientes são muitos. Tatiane Ichitani, 33, é psicóloga, adestradora, consultora comportamental e responsável pelo projeto Cão Terapeuta. Ela menciona alguns dos benefícios da atividade com os animais: “a Zooterapia melhora a autoestima , a memória e concentração, além da capacidade de comunicação dos pacientes”. A equipe do Cão Terapeuta conta com 11 adestradores voluntários em formações acadêmicas diversas. Uma das voluntárias, por exemplo, é formada em Medicina Veterinária, então cuida da saúde dos animais. Atualmente são 46 cães terapeutas e seus donos e mais 3 voluntários sem cachorros que participam do projeto. As visitas são organizadas sempre de acordo com a proposta da instituição a ser visitada. São levados em consideração o espaço disponível, o número de assistidos e a atividade desenvolvida. Os mesmos cães irão sempre ao mesmo abrigo, hospital ou clínica, para que assim seja criado um vínculo entre paciente, voluntário e animal. Responsável pelo projeto, Tatiane esclarece que as visitas são organizadas de acordo com a disponibilidade e horários dos voluntários. Fabiana Nemeth, 30, começou recentemente o trabalho de Zooterapia com seu cão vira-lata, Napoleão. Apesar de ter uma rotina já estabelecida e bastante corrida

com sua carreira de atriz, Fabiana endossa que é possível conciliar o voluntariado com suas obrigações do dia a dia tranquilamente, “É apenas uma vez por mês que a gente vem e as datas são todas marcadas com antecedência no início do ano, então é bem fácil se programar. Temos direito a duas faltas no ano, caso tenhamos algum imprevisto”.

Seriedade e comprometimento O projeto Cão Terapeuta oferece a oportunidade para aqueles que gostariam de fazer esse tipo de trabalho voluntário e querem descobrir se seu cachorro pode ou não vir a ser um cão terapeuta. “O cão passa por uma avaliação e se não for aprovado o dono recebe instruções para melhorar o comportamento do animal. Em alguns casos, o acompanhamento de um adestrador de nossa equipe é fundamental”. Depois de efetuado o adestramento, o voluntário ganha um manual de orientação e assina um termo de responsabilidade, vinculando-se ao projeto e comprometendo-se a seguir certas regras. A psicóloga reforça: “O trabalho com animais é uma coisa muito séria. Não é simplesmente pegar o cachorro (ou outro animal) e levar para qualquer lugar. Tudo tem que ser acompanhado por profissionais (adestrador, consultor comportamental, médico veterinário e equipe da instituição – médico, fisioterapeuta, psicólogo, enfermeiro, pedagogo etc.) e ainda os animais precisam passar por testes de temperamento e comportamento. Não é qualquer animal que pode realizar esse tipo de trabalho, por isso precisa ser feito com muita responsabilidade. Precisa estudar muito, pois as pessoas criam um vínculo com o animal e tanto voluntários como equipe de profissionais precisam estar preparados para lidar com essas situações”. Uma pequena amostra do comprometimento dos membros do Cão Terapeuta é a declaração de Marcio Godoy, 46, comerciante e voluntário no projeto Cão Terapeuta. Dono de uma cachorrinha da raça Bichon Frisé , chamada Charlise, de 5 anos, “apesar de ser importante para quem recebe, acho que é importante para quem faz também, para quem doa duas horas de um sábado, sendo que trabalha das 7h às 20h de segunda à sexta-feira como eu, é uma coisa que você sente a importância e não dá para você “pular fora”, a partir do momento que você assumiu o compromisso, você tem que ir até o fim”.

Dedicação em 4 patas

Dona Alba e Marcio Godoy

um animal faz quando está perto das pessoas, e acrescenta: “a maior realização é que nosso trabalho é reconhecido e que estamos fazendo bem para alguém. Por isso, nunca desistimos”. Napoleão, o vira-lata de Fabiana, se mostrou um pouco cansado após sua primeira visita, já sua dona estava muito orgulhosa, “o Napoleão se comportou muito bem, deixou fazerem carinho, deram o petisco e ele deu a pata, deixou pentearem ele... Eu acho que isso é bom para ele e bom para a minha relação com ele, para nossa interação. Ser voluntário é isso, você ter essa troca sem ter um retorno financeiro, você conversar com os idosos, ouvir sobre os cachorros que eles tiveram, vê-los pedir alguma coisa do cachorro e o cachorro dar, isso é muito bacana, pois dá uma fortalecida neles. Estou me sentindo super importante”. Dona A.O., idosa residente do Centro de Acolhida, estava muito feliz com a visita dos cães, “Pelo fato de eu estar impossibilitada de levantar com facilidade, os cachorros têm que vir até mim, e eles são maravilhosos, sentam-se próximo a mim para que eu possa acariciá-los, senti-los perto. Os animais são verdadeiros e sinceros, eles falam com o olhar e não esperam nada em troca. São companheiros, nossos amigos de quatro patas”, animou-se.

Fazendo o bem Após o término do encontro, Annelise, que coordenava a visita, reuniu os voluntários para uma conversa rápida sobre o que eles haviam sentido e absorvido da experiência. Ela lembrou a todos que o trabalho voluntário com a Zooterapia deve ser visto como uma terapia, uma ação para oferecer seu tempo, sua atenção e seu carinho, e mesmo que tenha somente três ou quatro pessoas já vale a pena. Se você se interessou por esse trabalho com Zooterapia e gostaria de ser um voluntário com seu cão, entre em contato com o projeto Cão Terapeuta. Seu cachorro deve ser dócil, gostar de dar e receber carinho, estar vacinado e vermifugado, ter mais de dois anos de idade e ser castrado.

Bruce é o nome do Sheep Dog de Tatiane Ichitani, responsável pelo projeto, que também é um cão terapeuta e algumas vezes ao mês alegra os dias de pacientes em clínicas e instituições. Ela diz que pode ver o cansaço de Bruce após as visitas, mas que enxerga isso como uma coisa positiva: “Ele vai às visitas, brinca de bolinha, passeia com as crianças, ganha petiscos. Para ele, é tudo uma brincadeira. Ele gosta, não fica estressado como algumas pessoas imaginam. No fim, faz bem tanto para o assistido quanto para o voluntário”. Tatiane menciona ainda que as pessoas que procuram o projeto estão em busca de um trabalho voluntário com o cão porque sabem o bem que Equipe de voluntarios

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Entorno

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Descaso e abandono na Lapa de Baixo Moradores ainda sofrem com antigos problemas da região

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Lapa de Baixo, localizada na zona oeste, é uma das regiões mais antigas de São Paulo e acervo de muitas histórias que foram fundamentais para expansão da capital paulista abriga a estação de trem da Lapa, que liga a região a outros importantes pontos de São Paulo. O bairro tornou-se uma referência como moradia tranqüila para muitos paulistanos. Os problemas com o crescimento do bairro também apareceram e, pouco a pouco, os moradores começaram a sentir os impactos da saturação que atingiu diretamente seu cotidiano. Logo, enchentes e falta de segurança vieram à tona. Eurico Ferreira, Presidente do Conselho da Associação dos Amigos da Lapa de Baixo, é morador do bairro há 76 anos e relembra com saudades os anos em que a região começava a se desenvolver. Ele explica que o bairro foi criado pelos trabalhadores da estrada de ferro. Passado de orgulho, diferente dos dias atuais. Segundo Ferreira, já é da rotina dos moradores enfrentarem problemas com enchentes durante as épocas de chuva. Uma solução apresentada para a Subprefeitura foi a sinalização em locais considerados de risco no bairro. Para o presidente do conselho, esta iniciativa pode evitar incidentes, como por exemplo, a situação pela qual passou na Rua Ricardo Cavatton, quando perdeu o carro devido ao alagamento e teve que sair nadando do seu carro próximo às Faculdades Integradas Rio Branco.

O Lixo As reclamações dos moradores vão além dos problemas de enchentes. O acúmulo de lixo nas regiões da Lapa também é um problema constante, visível e criticado por moradores e demais pessoas que cruzam diariamente as ruas do bairro. O desrespeito e a falta de educação por parte de algumas pessoas que jogam o lixo em lugares proibidos, ou simplesmente o abandonam nas esquinas, atrapalham ainda mais na limpeza das ruas. “O lixo aqui embaixo é recolhido um dia sim e um dia não. Quem é consciente coloca no dia certo, mas há quem não respeite.” comentou Eurico Ferreira. Além dos abusos cometidos, há situações como as descritas por Luíse Lopao, moradora da Rua Félix Belchior.

Lixeiras para o descarte de materiais recicláveis em má conservação.

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“Nós enfrentamos esses problemas. Há demora na coleta e, com isso, alguns catadores espalham o lixo pela rua”. Segundo Luíse, o caminhão do lixo recolhe os resíduos domésticos aproximadamente às 23h. Mas muitos moradores não têm a consciência de colocar o lixo na rua no horário certo, fazendo com que as calçadas fiquem sujas e facilitando a propagação de doenças. E ainda, existem problemas com a má conservação das calçadas, dificultando o transporte de deficientes físicos e dos próprios moradores, que sofrem diariamente com isso. A assessora de imprensa da Subprefeitura da Lapa Natalia Caringi explica como a Subprefeitura monitora estes casos e também comenta as punições aplicadas àqueles que não agem de acordo com o recomendado: “A manutenção das calçadas é de responsabilidade do proprietário. Por exemplo, se uma calçada em frente a um colégio estiver depredada, nós mandamos a CPDU (Coordenadoria de Desenvolvimento Urbano) que é uma das áreas aqui da Subprefeitura e eles fazem notificações com multas pesadas, algo em torno de R$3.000 de multa”. Natalia Caringi afirma que a Subprefeitura realiza a manutenção e limpeza dos córregos e bocas de lobo, porém o grande volume de água que causa os alagamentos e enchentes atrapalha nestas manutenções e cuidados. “Há projetos de canalização de córregos que ajudariam na resolução deste problema, mas estes projetos ficariam por conta do SIURB (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras)”, relata Natalia. Sobre a limpeza da cidade, a Secretaria de Serviços da Subprefeitura contrata uma equipe de varrição que é responsável pela conservação e recuperação de áreas verdes da região da Lapa, limpando, colocando floreiras e conscientizando as pessoas a não jogar lixo nas ruas. A assessora ainda afirma que é enorme a demanda e os e-mails de pessoas reclamando sobre barulhos, violências ou drogas pela região, casos que são encaminhados diretamente à polícia.

Iluminação, segurança e transporte público Outro fator que preocupa os moradores da região é a falta da iluminação pública. Em casos como este, situações de violência ficam evidentes, fazendo com que a sensação de insegurança por parte dos cidadãos aumente. Segundo o site da Prefeitura de São Paulo, a iluminação da capital paulista é “grandiosa”, tal como a própria cidade. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado de São Paulo conta com 97,2% de iluminação pública no entorno de moradias. Há, porém, reclamações por parte de habitantes de regiões como a Lapa de Baixo. Eurico Ferreira expõe sua ideia de bairro ideal: “Eu gostaria que a Lapa virasse um bairro como os franceses ou italianos. Colocar lampiões, deixá-la bonita e conservar”. A assessora Natália Caringi explica que estes casos são de responsabilidade de outro departamento. “A iluminação fica por conta da Ilume, Secretaria de Serviços também. Quando chegam reclamações aqui, nós fazemos um encaminhamento”. Problema cada vez mais evidente em todo o Brasil, as faltas de condições do transporte público são facil-

Má conservação das ruas, lixo e entulho descartado irregularmente são problemas constantes

Foto Isabela Almaçam

Por: Renan Rodrigues, Isabela Almaçam e Juliana Rocha

mente perceptíveis e constantemente alvo de severas críticas. Trânsito caótico, superlotações, depredações, alto custo das tarifas e greves dos funcionários são alguns dos muitos problemas vistos corriqueiramente. Morador antigo da Lapa, Ferreira opina sobre a questão no bairro. “É a Lapa que aglomera o pessoal de bairros como Pirituba”. E ainda comentou sobre um projeto do prefeito de São Paulo: “Uma vez conversei com o Kassab sobre um projeto dele, que é de fazer uma avenida em cima da estrada de ferro, vindo do Brás até a Lapa. Mas o pessoal do PT vetou por causa dos galpões que eles consideram históricos”. A Associação dos Amigos da Lapa de Baixo apresentou diversas propostas para melhoria do bairro, bem como a participação maior dos cidadãos em reuniões, em que os moradores podem apresentar ideias a fim de mudar a atual situação e melhorar a condição de vida. Telma Lucia Barros, moradora da Lapa há 48 anos, discorda afirmando não encontrar utilidade no trabalho da Associação de moradores, pois ela não encontra resultados após expor suas propostas. Ela explica que muitas reclamações foram levadas ao poder público. Dentre elas, a falta de segurança que os moradores sentem com pouco policiamento nas ruas, além da demora no atendimento das ocorrências.“Problemas como iluminação, segurança, essas campanhas de conscientização. Tudo isso já foi levado para a Prefeitura. Inclusive liguei na administração regional da Lapa e eles me dão razão, me falam a lei, mas não têm a ação.” Para a moradora, o problema não se resume apenas à pouca ação do governo, mas também à omissão dos moradores em busca por melhorias na região. “Isso no primeiro momento é uma ação do poder público, mas a continuidade quem dá é o cidadão”, afirma Telma.

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Reportagem de Capa

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Os trilhos de S Transporte ferroviário ainda hoje é responsável por levar mesmo longe do charme que Fotos: Charles Turci

Por: Lucas Sousa Almeida, Charles William Turci e Diego de Castro Bremer

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urante muitos anos, o trem foi um sinônimo de expansão e desenvolvimento. Por onde passavam os trilhos das grandiosas e barulhentas locomotivas, traziam consigo um fator econômico importantíssimo durante todo o processo de desenvolvimento do nosso país. A própria São Paulo já ganhou o titulo de “Locomotiva do Brasil”, uma alusão à sua importância econômica que contribuía de maneira intensa para o resto do país, como uma grande locomotiva que puxava os pesados vagões do Brasil rumo a uma economia notável. Muito além do caráter econômico, as raízes das estradas de ferro ficaram marcadas na nossa cultura como marcas de nascença. O transporte dos imigrantes que chegaram a nossa pátria durante mais de um século foi feito através do até então avançado e charmoso transporte ferroviário. Durante muitos anos, tivemos nas locomotivas o mais rápido e importante meio de transporte de passageiros de longa distância, o que acabou criando esse vinculo da nação brasileira com as estradas de ferro. Muito longe do glamour de outrora, hoje o transporte ferroviário paulista se resume ao transporte de carga feito por duas grandes concessionárias e o transporte urbano de passageiros, realizado pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e pelo Metrô. Diferente do que acontecia no século passado, o trem deixou de ser protagonista no transporte paulista, hoje muito mais focado nas rodovias, para apenas servir de uma forma complementar, ainda que conte com as vantagens de ser um meio de transporte limpo(sem poluição) e veloz. Segundo dados da própria empresa, só a CPTM transporta hoje mais de 2.300 mil pessoas por dia (números em média por dia útil), com uma frota de aproximadamente 127 trens que fazem no total cerca de 2630 viagens ao dia, divididas em seis linhas operacionais. Número que fica bem abaixo dos ônibus da São Paulo transportes, a SPtrans, que de acordo com informações divulgadas pela companhia, transporta cerca de 6 milhões de pessoas ao dia, somente na cidade de São Paulo, com uma frota de aproximadamente 15 mil veículos que operam em mais de 1300 linhas. Mesmo que apresente um número razoável de

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Trem do expresso Turístico Perus-Pirapora. A locomotiva sucateada foi doada por uma antiga Cia ferroviária

passageiros, as linhas ferroviárias ainda sofrem com problemas organizacionais que afligem os meios de transporte de grandes metrópoles como São Paulo. Hoje existe superlotação em diversos trechos da CPTM e do Metrô, problema esse que segundo o especialista em transportes Telmo Giolito Porto, é causado principalmente pelo enorme crescimento de demanda dos últimos anos e pelo fato da malha ferroviária encontrar-se incompleta. A solução do problema requer a ampliação e a modernização das ferrovias, processo extremamente demorado se levarmos em conta que para um desenvolvimento completo e eficiente, não basta investir somente em trens, energia ou vias, mas sim em todos os aspectos juntos, tendo uma ampliação por igual e completa. Além disso, é necessário levar em consideração que o transporte não pode ser interrompido em nenhum momento, o que gera a necessidade de desenvolver os projetos enquanto as linhas ainda estão operantes, o que causa ainda mais demora na execução das melhorias. Ainda segundo Porto, a previsão é que com os devidos investimentos, até 2025 haja uma malha capaz de atender de maneira completa e eficiente as demandas da metrópole (até porque a tendência é que o próprio crescimento demográfico venha a se estabilizar com o passar do tempo). Isso não quer dizer necessariamente que não haverá mais lotação, principalmente no horário de pico. Ocorre que não há uma saída viável economicamente que possa gerar uma malha capaz de transportar os passageiros sentados no horário de pico, sem que tenhamos como consequência uma enorme ociosidade durante os horários de menor movimento.

Projetos e Melhorias Hoje, a CPTM tem diversos projetos de expansão

em andamento, que visam o aumento e a modernização da frota, a expansão da malha ferroviária urbana e também a construção de novas estações em algumas das linhas. Conforme informações da companhia, até 2014 o chamado Projeto de Expansão da CPTM visa modernizar 97 estações, expandir em 47km a atual malha ferroviária, entregar 154 novos trens de 8 carros e capacitar as linhas para ter intervalos de circulação de até 3 minutos em alguns trechos. O projeto de modernização ainda prevê a construção de novas linhas de operação, que seriam a linha 13 – Jade que é um trecho que conectaria a estação Eng. Goulart, na linha 12, até o Aeroporto na cidade de Guarulhos e mais 3 linhas expressas: o expresso ABC que ligaria a estação da luz até a estação de Mauá, o expresso Oeste-Sul que faria uma ligação de Pinheiros com Barueri e o expresso Jundiaí que faria o trajeto da atual linha 7 Rubi até a estação de Jundiaí em apenas 25 minutos. Atualmente, existem seis linhas em operação pela CPTM, a linha 7 Rubi (luz – Jundiaí); a linha 8 Diamante (Julio Prestes – Amador Bueno); linha 9 Esmeralda (Osasco – Grajaú); linha 10 Turquesa (Luz – Rio Grande da Serra); linha 11 Coral (Luz – Estudantes) e a linha 12 Safira (Brás – Calmon Viana). Entre essas, as que mais recebem recursos de modernização são as três com maior movimento diário, que são as linhas 11, 8 e 7 respectivamente. Segundo o departamento de marketing da CPTM, os projetos andam de maneira muito mais devagar do que deveriam, por conta de diversos fatores. O primeiro e talvez mais relevante deles é a questão da burocracia e da própria falta de verbas: “a CPTM quando foi criada era uma empresa do governo do estado de São Paulo e com toda arrecadação que ela tem ela não consegue manter o custo de material urbano e custo de manutenção(por exemplo). Então tudo que

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Reportagem de Capa

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e São Paulo diversas pessoas diariamente a seus destinos, tinha em outras épocas. chegar diariamente ao trabalho e enfrentam o período de super lotação, o desgaste é muito grande e acaba comprometendo a própria produtividade do individuo. Para Daiane Santos, 24 anos, bancária, são diversos os fatores que resultam em um transporte ruim: “o trem é cheio, às vezes demora por problemas operacionais e alguns usuários também não têm educação. Isso acaba fazendo você já chegar ao trabalho cansada e não conseguir trabalhar da melhor maneira possível”. Mesmo com o estresse matinal, o trem para muitas pessoas ainda é a melhor forma de chegar ao trabalho, como completa Daiane “apesar de tudo, ainda é a forma mais rápida. Se você resolver ir de ônibus, tem que esperar um bom tempo para poder ir sentada, senão o problema é o mesmo, e com o trânsito, acaba levando quase o dobro do tempo. Daí você tem que escolher: ou vai espremido dentro do trem, ou acorda duas horas antes para ir de ônibus. Eu, que além de trabalhar também estudo, não posso me dar ao luxo de perder duas horas de sono”.

Projeto independente mantém viva a história das ferrovias

Desembarque de usuários na estação da luz

se arrecada o governo subsidia uma parte. Então toda melhoria que é exigida, tanto com trem, modernização entre outras coisas o governo do Estado tem que bancar. Como há diversos outros setores do estado que necessitam de recursos, os investimentos são limitados”, diz Gerson Faria, analista de comunicação da empresa. No caso do transporte ferroviário da CPTM, os trens de carga que dividem as linhas com os trens de transporte urbano durante todo o dia também são responsáveis pelo inviabilização de melhorias, principalmente a redução do intervalo entre os trens. A malha ferroviária paulista foi construída visando o transporte de carga, e no decorrer dos anos foi adaptada ao transporte de passageiros. “Hoje, colocar muitos trens e diminuir os intervalos é difícil porque tem que colocar também os trens de carga. Então há horários em que são necessários intervalos maiores para injetar os trens de carga, que também não podem parar”. Para a solução deste problema, existe o projeto da construção do Ferroanel, que tem a intenção de desviar os trens de carga da região metropolitana de São Paulo para que se possa focar apenas no transporte coletivo. Com moldes baseados no Rodoanel, o projeto é exclusivo para os trens de carga, que além de desafogar o transporte de passageiros na metrópole, ainda conseguiriam redução no tempo e custo do transporte de mercadorias. O chamado trecho norte do Ferroanel (onde parte do percurso será feito em paralelo ao Rodoanel norte) tem custo previsto de 1.2 bilhões de reais e é prometido pelo governo federal e paulista para 2014. Este trecho tem traçado previsto para sair de Itaquaquecetuba, zona leste, passar pelo município de

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Guarulhos, seguindo a Serra da Cantareira até chegar ao bairro de Perus, onde seguirá rumo a Jundiaí. A segunda parte do Ferroanel, chamada de trecho sul, que deve passar pelo Grande ABC até Rio Grande da Serra num percurso de aproximadamente 40km, ainda não tem previsão de implantação. Vale lembrar que o projeto já é bem antigo, tendo sido incluído inclusive no projeto PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo Lula e só está realmente saindo do papel agora porque a explosão demográfica que a CPTM tentará comportar a partir de 2014, inviabilizará quase que totalmente a possibilidade de que se mantenham os moldes atuais do transporte de carga nas vias urbanas. A CPTM ainda apontou outro fator importante que prejudica o transporte ferroviário: “Nós abrangemos 250km de linha, são 22 municípios, necessitamos de passagem de nível. Para o metrô, trem ou qualquer outro tipo de transporte, é preciso fazer ponte, viaduto, adequar para o transporte. E você ainda existem muitos municípios que não tem verba e isso não tem a ver com a CPTM. O município que tem que buscar dinheiro para fazer uma ponte”.

Enquanto as melhorias não saem do papel, a população sofre A maior interessada em todas essas melhorias, que é a população, por enquanto apenas aguarda ansiosamente. Mesmo que muito superior ao transporte que era oferecido há alguns anos, os usuários ainda sofrem com seus deslocamentos diários para o trabalho, escolas e momentos de lazer, principalmente no horário de pico. Para as pessoas que dependem do transporte para

Colocada em operação por um grupo de saudosistas dos tempos das locomotivas, a Estrada de Ferro Perus-Pirapora é hoje uma atração especial para os moradores de São Paulo. Pronta para completar 100 anos, a Estrada Ferro Perus-Pirapora, localizada no bairro de Perus em São Paulo, operou por quase 70 antes de ser completamente desativada e abandonada. Projetada inicialmente com o intuito de transportar romeiros até a cidade-santuário de Pirapora do Bom Jesus, acabou tornando-se unicamente uma estrada para transporte de carga, que era utilizada para transportar cal e calcário de Cajamar, interior de São Paulo, até os trilhos da até então São Paulo Railway (mais tarde convertida em Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) que passava pelo bairro de Perus. Sendo assim, a estrada sequer chegou a ser estendida até a cidade de Pirapora do Bom Jesus, apesar de levar em seu nome a referência ao município. Após a desativação, a estrada de ferro caiu em desuso e ficou abandonada por quase duas décadas, mesmo tendo sido tomada como patrimônio histórico. Foi aí que a ONG IFPPC (Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural) começou um processo de revitalização da via para poder colocá-la novamente em operação. Hoje, contando com aproximadamente 7 km revitalizados para operação, o projeto oferece passeios de locomotiva aos finais de semana na via. O Vice-Presidente do Instituto e Ex Ferroviário senhor Nelson Bueno lamenta a falta de investimentos governamentais no projeto, que hoje é mantido apenas com a colaboração de poucas empresas privadas da região e com o próprio valor obtido pelos ingressos cobrados dos visitantes. Valor pequeno, que apesar de manter os custos do projeto, impede que maiores investimentos de ampliação sejam realizados.

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Rio Branco EM FOCO

Saúde e Qualidade de Vida

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Pilates ajuda a prevenir doenças e no condicionamento físico Modalidade integra o corpo, a mente, traz qualidade de vida e pode ser praticada por qualquer idade

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assando por uma avenida movimentada do bairro de Santana, uma placa na fachada de uma academia chama a atenção. Nela está a divulgação de uma modalidade física ainda pouco conhecida chamada Pilates. Para entender o que é e como funciona, fomos conhecer um lugar especializado neste tipo de aula. Nossa reportagem foi a estúdios especializados em São Paulo para saber quais os benefícios que a modalidade traz para a vida dos praticantes, quais os objetivos podem ser alcançados e se há idade para começar a praticar. Ao entrar na academia em uma sala reservada estava o estúdio de Pilates, assim denominado o lugar frequentado por praticantes desta modalidade. A primeira impressão é de um estúdio de torturas, macas altas com ferros e elásticos pendurados, bolas gigantes no chão, pesos e suportes para apoio de coluna e pés. Aos poucos, as primeiras impressões deram lugar à curiosidade e à vontade de experimentar todos aqueles equipamentos que ali estavam. Para cada equipamento colocado, um exercício era aplicado e um núcleo de músculos exercitados. “O Pilates é uma modalidade física que junta o corpo e a mente, ajudando a eliminar as dores, ampliando a capacidade de fazer movimentos, aumentando o controle, a força, o equilíbrio muscular e a consciência corporal. No Pilates, você consegue trabalhar o corpo como um todo, corrigindo a postura e realinhando a musculatura. Através dele o aluno é capaz de desenvolver a estabilidade corporal adotando assim uma vida mais saudável”, explica o professor doutor em Pilates Maurício Barcellano. De alguns anos para cá, estão sendo feitas cada vez mais pesquisas mostrando o Pilates como uma forma nova e eficaz também na recuperação de doenças crônicas como artrose, hérnia de disco, escolioses entre outras causadas pela má postura, por exemplo, e também na má circulação do sangue, dores nas articulações e alterações musculares. Acredita- se que os métodos utilizados no Pilates se complementam e são muito eficazes para os pacientes que o procuram. Por isso, hoje, médicos ortopedistas e fisioterapeutas se especializam nessa técnica, por ser um excelente método de reabilitação e prevenção de doenças, além de trazer um melhor condicionamento físico, o que

ajuda de uma forma geral na sustentação do corpo. “A prática do Pilates não cura de fato os problemas crônicos.O mais importante é utilizar esse método como forma de prevenção a algumas doenças” , alerta o fisioterapeuta Luis Roberto de Oliveira. Mas além da busca pela cura de doenças, a busca por um corpo sarado e músculos definidos resultou em uma grande procura pela modalidade em academias de todo o país. “Comecei a praticar Pilates, pois queria melhorar o condicionamento físico e curar uma dor na coluna. Faz um ano que estou praticando e está me fazendo muito bem”, declara Márcia Miller, aluna do estúdio Torres Pilates. O método é indicado para todo o tipo de pessoas, desde crianças, melhorando a postura e prevenindo problemas posteriores à saúde, até a terceira idade, servindo mais como uma forma de tratamento do que uma ação preventiva, ajudando principalmente na melhora das articulações e facilitando nas atividades diárias. “Não podemos esquecer que cada um tem um problema, uma dificuldade, e uma resistência corporal. Então, é importante procurar um especialista para guiar essa pessoa ao melhor tipo de exercício”, avisa Luis Roberto, fisioterapeuta.

Contraponto Mas há quem diga que não se adaptou a esta modalidade. Maiara Fontes é uma destas pessoas que não se adaptaram ao exercício. “Procurei o Pilates para condicionamento físico, porém não me adaptei. É uma modalidade que requer muita paciência e concentração, as aulas são bem lentas, pois a respiração é fundamental. Gosto da agitação, músicas e animação”, declara com risos a aluna de spinning.

Stúdio Torres Pilates – Stúdio para a prática da modalidade.

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Função do Pilates na dança A dança exige muito do corpo, desde força a equilíbrio. O Pilates então se adequa perfeitamente à modalidade, seus exercícios facilitam e ajudam no desempenho dos movimentos, minimizando e ajudando na prevenção de lesões causadas pelo grande esforço que é exigido do corpo. Francine da Corte, formada em Ballet Clássico e Jazz, teve seu primeiro contato com Pilates em um workshop de Jazz que fez em Indaiatuba, SP. “De cara já gostei dos exercícios, porque todo o dançarino ou bailarino é um pouco doido. Quando sentimos dor temos a certeza que realmente o exercício está fazendo efeito, gostamos disso. Mas tive algumas dificuldades, pois são exer-

Imagens cedidas por Maurício Barcellano

Por: Bruna Fazion Rodrigues e Natalia Medeiros

Exercícios Acrobáticos – Módulo Avançado

cícios de muita força e concentração.” diz Francine. Além dos benefícios do Pilates, o mais importante para os dançarinos de uma forma geral é ver mudanças de melhoramento na atuação de sua performance. A resistência é fundamental para que o dançarino consiga de uma forma saudável realizar todos os movimentos coreográficos, que são repetidos nas aulas e principalmente nos palcos. Esses movimentos podem causar algum problema na saúde do corpo, como dores musculares e articulares, posturais, rompimento de ligamentos, entre outros, por ser uma atividade de constante aperfeiçoamento e os patricantes se cobrarem e exigirem muito do corpo, o fortalecimento na musculação ajuda no preparo para a prevenção de lesões. “Melhorei muito a minha resistência, com os exercícios do Pilates, consegui aguentar a fazer e a dar aulas com mais facilidade, pois sentia meu corpo pronto para mais e mais coreografias, além da minha flexibilidade e minha força que aumentaram, sem contar o meu equilíbrio.”, revela Francine da Corte.

Histórico do Pilates O Pilates foi inventado por Joseph Hubertus Pilates em 1881 ainda quando criança. Muito doente na infância, via seus amigos brincarem sem poder estar junto. Uma família de médicos conhecida lhe deu um livro velho de anatomia, e Pilates aprendeu cada página, cada parte do corpo humano. Estudou tanto as formas orientais como ocidentais de exercício como, Yoga, meditação Zen, e muitos outros tipos antigos de exercícios greco-romana. Estudou anatomia, na esperança de encontrar uma combinação de disciplinas para melhorar sua saúde. Após ser exilado durante a 1ª guerra Mundial, foi trabalhar em um hospital de exilados e mutilados e lá passou a utilizar molas para a cura de algumas doenças. Esta nova maneira de curar, mais tarde resultou em um novo método de exercícios e equipamentos hoje conhecido como Pilates.

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Roteiro de visitas / Ecoturismo / Sustentabilidade

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Amantes da magrela Por: Naryana Caetano

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oi-se o tempo em que os períodos noturnos eram feitos para assistir à novela e ao sagrado futebol, ir ao barzinho ou à balada, ir naquele tradicional restaurante, ou quem sabe somente relaxar, descansar e dormir. Para algumas pessoas essa realidade está mudando e a noite perfeita nada mais é do que ficar perto da sua paixão, a bicicleta. Alexandre Weckwerth, 33, gerente comercial, inicia “Pra mim, pedalar é desestressar, porque é o único momento da minha vida que eu consigo apagar problema com a minha mulher, problema com meu carro, problema com o trabalho, problema com a mãe. Então quando você só fica pedalando, você só tem aquela preocupação no momento, por isso que eu gosto.”. Caio Costa, 19, produtor audiovisual, diz: “Sabe por que eu ando de bicicleta? Porque eu não suporto o trânsito de São Paulo, simples assim”. Já Carolina Muramoto, 26, publicitária, exclama rindo “Eu quero liberar endorfina, oras!”. Os motivos da escolha são muitos, mas o foco é sempre o mesmo: o bem-estar físico, mental e emocional. O sistema de direção e propulsão de corrente, o selim e as duas rodas foram unidos pela primeira vez em um desenho feito por Leonardo Da Vinci, em meados de 1490, e descoberto muitos anos depois, sendo melhorado e aperfeiçoado até a atualidade. De meio de transporte a esporte, as bicicletas ganham cada vez mais visibilidade e admiradores, contando até mesmo com grupos de pessoas que se unem em determinados dias da semana para praticar e se divertir, como o Pedal da Vila. Era quarta-feira à noite, por volta das 19h40, quando pisei na lojinha aconchegante, lotada de bicicletas e acessórios. Um paraíso que me remeteu logo à infância – e a tombos, claro. Muito bem recebida pelo Roberto David, 46, proprietário, nossa conversa começou descontraída e ele ganhou minha confiança logo na primeira resposta: “Eu sou apaixonado por bicicleta! É a minha vida!”. Com o grupo formado em 2010, os encontros acontecem todas as quartas e contam com mais ou menos 20 adeptos frequentes.

Amizades, saúde e sustentabilidade em duas rodas

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Em um trajeto de 40km – sempre mudando o percurso para não cansar da vista –, Roberto divide comigo que é uma alegria ter os amigos compartilhando do seu sonho e do seu dia a dia. Outro exemplo é Fernando Garnizet, 26, proprietário da Biketoor. Ele afirma que “qualquer pessoa é convidada a participar dos passeios noturnos desde que saiba andar de bicicleta” e salienta que “o motivo principal é o entretenimento. Pedalar em grupo é estimulante. O fato de estarmos em grupo também nos traz segurança tanto com relação a assaltos, quanto a visibilidade. E assim evitamos acidentes com carros.” A cada um que eu perguntava por que pedalava em grupo, a resposta era sempre a mesma: pelos amigos feitos e pelo prazer da companhia. E foi aí que eu me arrependi de ter vendido minha magrela.

Passeios ciclísticos noturnos: esporte e lazer

Fotos Naryana Caetano

O encontro de ciclistas apaixonados pelo esporte nas noites de São Paulo

Benefícios De acordo com André Mendes, 26, condicionador físico, os benefícios da bicicleta são enormes. Além de liberar endorfina, tornear as pernas e ser um exercício físico, pedalar também é bom para o coração. “Andar de bicicleta ajuda na prevenção dos problemas cardíacos, redução da gordura corporal, melhoria da função respiratória, redução dos níveis sanguíneos de colesterol e triglicéries, regularização do sono e ajuda a combater o estresse e a depressão.”, e ainda adiciona rindo, “Quer ter qualidade de vida, gastar pouco e não se estressar? Não case, compre uma bicicleta!”. O ciclista Caio afirma que “meia hora em pé no ônibus é muito chato, mas meia hora pedalando é bom demais. Não é bom apenas pelo físico, mas também pelo psicológico.”. Carolina concorda: “Você viaja pra muito longe sem sair do seu perímetro, fora que dá uma turbinada na perna, uma ajeitada na cabeça, na mente.” E acrescenta: “A minha maior cautela é com a coluna mesmo.” André também salienta os cuidados que devemos ter para prevenir problemas. “Atenção à região da coluna. A má postura pode levar a danos na região lombar e no músculo romboide, que é um dos responsáveis pela sustentação da postura.”.

A Segurança Segundo o Código Brasileiro de Trânsito - o CBT -, nas bicicletas é obrigatório o uso de campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, espelho retrovisor nos lados esquerdo e direito, e... É, e só! A falta de obrigatoriedade de um dos itens de segurança mais importantes, na opinião dos ciclistas, é motivo de revolta e Roberto complementa “Quem fez o código nunca andou de bicicleta!”. Os grupos de passeio noturnos não possuem restrições de idade nem de porte físico, mas é necessário seguir algumas regras, e a principal: nunca, por hipótese nenhuma, sair sem capacete. A segurança nos encontros é sempre feita pelos mais experientes nas extremidades e os iniciantes no meio, sempre seguindo as leis de trânsito e respeitando sinais, motoristas e pedestres. “Pedalar em grupo é diferente em andar sozinho. Por mais que seja na parte noturna e que o trânsito de veículos seja menor, todos andando juntos chamam mais atenção e impõem mais presença do que apenas um”, conta Eduardo Borges, 33, bancário.

Alexandre, que gostaria de ir de bicicleta para o trabalho, é adepto das ciclofaixas, mas garante que elas não resolvem o problema. “Infelizmente, como trabalho na área comercial, preciso estar com o carro visitando clientes, levando-os para almoçar, sempre fazendo ‘social’. Então, é muito difícil associar a área comercial com bicicleta. Mas se um dia eu tivesse a possibilidade de ser dono do meu próprio negócio e poder andar de bicicleta, poder ir pro trabalho e voltar, com certeza eu faria.” E Roberto, presenciando a entrevista, completa “Ah, se o problema fosse esse! Não adianta lotar de faixas para ciclistas sendo que não há o princípio básico da convivência: a educação. É motorista que não respeita ciclista, ciclista que não respeita pedestre, pedestre que não respeita sinalização, e por aí vai!”. Já quase de saída, ainda na porta da Pedal da Vila, eu finalizava minha conversa com Alexandre, quando um senhor de cabelos grisalhos, óculos meia lua e roupa de ciclismo laranja brincou comigo. Papo vai, papo vem, descobri que Flavio Androni, 57, era sócio de Roberto. E o seu motivo para apoiar o uso do capacete, além de me contar em primeira mão que a loja 55 da Rua Paulo Franco iniciaria um curso de educação no trânsito para ciclistas, era inquestionável. Perdera o pai por uma “bobagem”, como ele mesmo diz. O senhor “fazia graça” em cima de uma bicicleta, se desequilibrou e bateu a cabeça em uma pedra. Com os olhos cheios d’água e com muita confiança, Flavio afirma “Se você tem uma bicicleta, você tem um capacete!”. Dentre volantes e guidões, cinco e dezoito marchas, rodas aro dezessete e vinte, buzinas e campainhas, cinto de segurança e capacete, lataria e roupas de ciclismo, as ruas de São Paulo se tornam todo dia mais coloridas, iluminadas e por que não, “miscigenadas”? Os passeios noturnos além de fazerem bem para o corpo e para a alma, estimulam um dos melhores sentimentos, o respeito. O respeito no trânsito, o respeito ao próximo e o respeito com o seu próprio corpo.

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Artes e Tecnologia

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Classe C: a nova ‘queridinha’ do e-commerce População com renda inferior a dez salários mínimos representa 12,7 milhões de consumidores do comércio eletrônico brasileiro Por: Gabriel Landi e Leonardo Terranova

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compra pela Internet já deixou de ser uma coisa restrita às pessoas com renda mais elevada. Agora, a classe C se tornou o novo alvo do comércio eletrônico. Segundo a pesquisa feita pela E-bit, empresa de consultoria especializada em informações sobre o comércio virtual, isso acontece porque, somente nos últimos dois anos, 5 milhões de novos consumidores da classe C se interessaram e passaram a fazer compras em sites de varejo online. O motivo pelo qual a classe C vem se tornando a nova favorita dos mercados de e-commerce se deve ao fato de mais de 50% das famílias dessa classe social já possuir ao menos um computador em casa, 7% desses tendo mais de um em sua residência, segundo dados revelados a partir de pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos a pedido da Intel. Víctor Hugo, 20, é um deles, optou pelas vantagens que as compras online o proporcionam. “O que me atraiu foi, principalmente, a praticidade e a facilidade de se pesquisar e adquirir os produtos. Com uma taxa mínima de entrega, o produto desejado é entregue em sua residência, além das formas de pagamento facilitadas, pelo cartão de crédito ou por meio de boleto, entre tantas outras”, explica o estudante. O aumento da procura desses eletrônicos pelas pessoas de renda entre três e dez salários mínimos (R$ 1.635 a R$ 5.450) deve-se à diminuição dos preços dos eletrônicos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a isenção de PIS/Cofins promoveu uma queda de 9,25% no preço final dos computadores. De acordo com levantamento divulgado pela E-bit, em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara-e.net), a participação desse público no ambiente de compras online tem crescido de maneira espantosa. Em 2007, os consumidores de baixa renda representavam 3,8 milhões; em 2009: 7,8 milhões e em 2011 já refletiam um total de 12,7 milhões de pessoas adeptas da compra online. Este fenômeno deve-se também aos benefícios e vantagens que o e-commerce traz para os seus consumidores, como sua facilidade, a comodidade e a economia de tempo ao procurar pelo produto que se deseja, elementos atrativos para as pessoas que convivem constantemente em meio à correria do dia a dia, o estresse do trabalho e dos problemas pessoais e não têm tempo a perder. Mesmo o segmento conquistando a confiança do público, ainda existem problemas em relação aos prazos de entrega em locais de difícil acesso que, corriqueiramente, atrasam a chegada do produto a seu destino final. Muitos desses problemas acontecem por conta do crescimento acelerado de vendas, muito acima das expectativas das empresas do setor. Vendo o crescimento desse novo mercado, as empresas de e-commerce começam a se adaptar a essa nova demanda. Segundo Roberto Oliveira, especialis-

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ta em Comércio Eletrônico e sócio-diretor do IFED e do ConceitoHost, o comércio eletrônico no Brasil precisa se reestruturar a cada seis meses. Serviços que antes eram negligenciados a uma equipe pequena (pós-venda, logística reversa e atendimento ao cliente), agora precisam ser profissionalizados e tratados como estratégicos pelas empresas. As empresas de e-commerce estão de olho nessa parcela da população e sabem que essa é uma grande oportunidade para se atrair esses consumidores, que estão em busca de bons preços, várias possibili-

dades de pagamento e agilidade no atendimento e na compra. “O atendimento e a logística serão a bola da vez daqui para frente. O atendimento será mais social e humano e a logística, completa, universal e enraizada na cultura da empresa. Uma loja virtual não vende produtos simplesmente, ela vende serviços de entrega, conteúdo dinâmico, informações técnicas, imagens detalhadas, recomendações e tudo mais que a era digital nos trouxe de facilidades. Se não for assim, prefiro ir na loja física”, prevê Roberto, autor do livro “E-Commerce na prática”.

Infográfico Gabriel Landi

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Esportes

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MMA, a nova sensação dos esportes de luta Atividade criada por brasileiro ganha destaque no mundo, mas deixa dúvidas sobre o incentivo à violência Foto Bruno Domingos

Por: Muryel Athayde, Lucas Soares e Sidney Mariano

Os investimentos milionários na madrugada

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“Vale-Tudo”, como era chamado no Brasil, começa a abandonar o rótulo de ser uma brutalidade, para se tornar um dos entretenimentos de maior crescimento na última década. Hoje, o “Vale-Tudo”, que passou a ser denominado como MMA (Mixed Martial Arts) ou, em português, Artes Marciais Mistas, estourou de uma forma surpreendente e segue como o esporte que mais cresce no mundo. Entretanto, apesar de seu notório crescimento, as regras desse novo esporte ainda não são claras para a maioria das pessoas. É uma modalidade de luta na qual os praticantes não necessitam adotar um estilo específico. Como o próprio nome diz, abrange uma mistura de diferentes artes marciais, permitindo aos praticantes utilizarem qualquer golpe ou técnica das mais diferentes artes marciais como o Jiu-Jitsu, Caratê, Boxe, Judô, Muay Thai, Kickboxing, Wrestling, entre outras. Os praticantes se enfrentam em um ringue, chamado octógono, cercado por grades e em três rounds de cinco minutos cada. Já em lutas que valem os cinturões, ou seja, o título da categoria, o número de rounds sobe para cinco de três minutos cada. Ao contrário do que muitos pensam, não vale tudo no MMA. Em 1993, quando houve o primeiro torneio nos Estados Unidos, incentivado pelo brasileiro Ryan Gracie, realmente valia de tudo. Denominado Ultimate Fight Championship, o famoso UFC, foi criado para comprovar a superioridade do Jiu-Jitsu sobre as demais artes marciais. Dois anos após a ideia, Gracie vendeu-a por não concordar com as regras exigidas pela televisão. Para ele: “as pessoas não entendiam que o propósito era não haver regras”. Esse campeonato foi uma referência para o surgimento de outros campeonatos como o StrikeForce, que ofereceu uma inovação para o universo do MMA: nele também são praticadas lutas entre mulheres, o que não acontece no UFC. Foram necessárias diversas mudanças nas regras e no controle do comportamento dos lutadores fora do octógono, para reconstruir a imagem do esporte.

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O UFC vale hoje 1 bilhão de dólares, muito mais do que quando foi comprado pelos irmãos americanos Frank e Lorenzo Fertitta, herdeiros de cassinos em Las Vegas. Em apenas um ano foram comprados mais de 7 milhões de pay-per-view das lutas. Em comparação ao ano de 2011, houve um aumento de 75% da audiência. “Apesar de muito empenho para a humanização do UFC, não se pode negar que é um esporte intenso e agressivo”, diz Fabio Pellanda, mestre em Sociologia do Esporte pela Universidade Federal do Paraná. “Deparamos hoje com uma inevitável discussão ao redor da agressividade que decorre do octógono. Apesar de todas as regras do esporte, seria tolo dizer que o MMA não é violento”, completa. Entretanto, o esporte passou por muitas adaptações desde a época em que era conhecido como Vale-Tudo. “Há algo de nobre além das pancadarias nas artes marciais mistas. Existem regras, respeito, disciplina, estratégia e treinamento específico para cada luta, fatores que podem influenciar, e muito, no desempenho de cada lutador”, contrapõe Thiago Tenório, 29, lutador de MMA e professor da academia Wu Shu, em Perdizes. As regras do esporte ficaram mais rígidas com o intuito de proteger e conservar a integridade física dos atletas. A necessidade de uma preparação adequada para as lutas é cada vez mais evidente e a técnica dos lutadores muito mais apurada. Para que um lutador obtenha sucesso, é preciso dominar grande parte das artes marciais e conseguir adaptá-las para o MMA.

O instinto natural do homem e a superação dos limites “A violência caminha junto com a natureza humana”, diz Rita de Cássia Saeta Corrêa, psicanalista pela Universidade de Marília. No mundo inteiro, pessoas gastam boa parte de seu tempo com realidades virtuais sangrentas: seriados policias, tragédias gregas e jogos violentos. É claro que nesses casos as agressões não atingem de fato o corpo físico, contudo nos fazem compreender melhor o fascínio que as sociedades têm em relação à violência, até as mais pacíficas. “Lutar está no DNA do ser humano, como todos os animais também lutam por sobrevivência”, finaliza

Thiago Tenório e Fabricio Werdum em treinamento

a psicanalista. Sendo assim, o MMA pode estimular a violência? “Não tanto quanto um jogo de rugby ou um jogo de guerra”, afirma Pellanda. Thiago Tenório é faixa preta em Kung Fu, já foi campeão Paulista, Copa Brasil e Vice Brasileiro. Como praticava Freestyle, era permitido durante os treinos golpear, derrubar e imobilizar o adversário. Isso fez com que a transição para o MMA acontecesse de uma forma natural. Mostra-se um homem tranquilo, longe do aspecto de bravo que possui quando está lutando. “Apesar dos socos na cara, os atletas não se odeiam e tudo tem um propósito esportivo de fazer o ser humano superar seus limites”, afirma.

Intrigas e resistência Um medo que muitos têm é se o MMA sobreviveria a uma morte ao vivo. Possivelmente, sim. Vale observar que outros esportes não acabaram depois da morte de seus atletas. Até hoje não há relatos de morte no octógono do UFC. A cada luta são necessários quatro médicos para fazer o atendimento imediato que, no final do combate,

determinam o período de quarentena obrigatório a um lutador machucado. Nenhum deles sobe mais de três vezes por ano no ringue. Um estudo feito pela Universidade Johns Hopkins avaliou 1270 lutadores e mostrou que somente 24% sofrem lesões. Destes, 84% tiveram uma contusão. Em 3% houve contusão cerebral grave. O MMA se tornou um esporte de alta performance, além de ser um verdadeiro show de entretenimento, impulsionado principalmente por um fator essencial: a profissionalização do esporte. A disciplina dos lutadores mostra respeito e autocontrole. Como simplifica Tenório, “artes marciais são formas de canalizar agressividade e disciplinar esforços. Pessoas com níveis elevados de agressividade social e afetiva encontram nela uma forma de se acalmar, conhecer a si mesmo e respeitar companheiros, se tornando menos violentas. A real violência que vivemos está mais presente em situações cotidianas como pobreza, desigualdade, corrupção, trânsito, do que efetivamente nos ringues”.

Algumas das regras:

É permitido: Sufocar, obstruindo a respiração Golpes com o cotovelo Golpes que atingem a orelha Pisar no pé

É proibido: Dar cabeçadas Agarrar o adversário pela boca Cotoveladas de cima para baixo Golpes na nuca com a mão ou o pé

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Junho de 2012

Rio Branco EM FOCO

Cultura

www.riobrancofac.edu.br

Por: Priscila Mayumi e Priscila Pires

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o circuito das casas noturnas paulistanas, entre os bares do Bixiga e da Vila Madalena, teatros, e até eventos particulares, grupos musicais reproduzem o figurino, postura e repertório de consagradas bandas da história do Rock. O Morrison Rock Bar, na Vila Madalena, por exemplo, recebe até 700 pessoas, e funciona desde 1994 dando espaço às bandas cover. Assim, fãs afastados de bandas como Legião Urbana e The Beatles, podem viver um momento nostálgico. As bandas cover interpretam músicas de diferentes artistas e bandas, em uma forma de tributo às suas influências musicais, e como uma forma de lembrar as décadas passadas. Segundo Ricardo Mendonça e Márcio Ferreira, que atuaram em diversas gravadoras como Universal, Abril Music e Sun Records, há muitos músicos que tocam composições de diversas bandas e desejam o reconhecimento. No entanto,

essas não podem ser denominadas dessa forma: “ter uma banda cover é fazer tudo igual a original, isso inclui as roupas, os instrumentos e comportamento”. Os produtores musicais afirmam, ainda, que a procura pelo gênero deve-se à escassez de novidades no mercado musical. Dimas Borba, vocalista da Sete Cidades, cover da banda Legião Urbana, explica o sucesso do gênero: “Aqueles que puderam estar diante da (banda) original, ao assistir uma tribute band, vão poder relembrar momentos que ficaram marcados. A galera da nova geração, que não teve o privilégio de ver a banda na ativa, busca no cover saciar uma pequena parte da vontade”.

Esforço, dedicação e reconhecimento Dedicação é a palavra que define o trabalho dessas bandas. Desenvolve-se um processo de estudo da banda original, que vai desde o figurino, a personalidade e os trejeitos, até a aproximação dos tons de voz. Os integrantes da banda cover dos Beatles, a Zoombeatles, criada em 1999, revelam que deixaram os empregos formais e estudos para dedicar-se em tempo integral à banda.

Afirmam, ainda, que ao contrário do estereótipo da sociedade, a música tem um bom retorno financeiro: “Beatles tem um mercado muito grande, temos oportunidades de trabalho por todos os lados”, comenta Reinaldo Almeida, cover de Paul McCartney. É possível observar a dimensão desse sucesso por meio das conquistas de bandas cover: Zoombeatles já tem dois CD’s e um DVD; e os festivais em que se classificaram entre os finalistas. Há um grande reconhecimento por parte do público, que por vezes chega a confundir o cover com a original, como explica Dimas Borba sobre a banda Sete Cidades: “Em primeiro lugar, o sucesso é o nome e o peso que a Legião Urbana carrega. A Sete Cidades está tão somente à sombra disso. Há o desejo por parte do público de viver a ilusão de estar num verdadeiro show da Legião Urbana e isso é fantástico! Tem uma carga de responsabilidade sem tamanho para nós da banda. É totalmente surreal essa sensação de você estar diante de uma banda tributo e brincar de ‘faz-de-conta’ que essa banda é a verdadeira”. Além disso, o ex-produtor Márcio Mendonça e o integrante da Zoombeatles com o cover de George

Largo do Arouche e sua diversidade cultural

Banda Zoombeatles – Cover dos Beatles

Harrison, Rony Almeida, têm a mesma opinião quanto às novas gerações. Em momentos distintos, eles destacam que jovens acabam conhecendo as bandas clássicas do rock por meio das bandas cover. “Aqueles que nunca viram ao vivo, agora poderão conhecer”, afirma Rony Almeida, e o líder da banda, Reinaldo Almeida, completa “fazemos tanto aniversários de 60 anos quanto de 9 anos de idade”. Os cover não deixam que consagradas bandas e músicas sejam esquecidas. Afinal, para o público, independentemente da faixa etária, há sempre espaço para músicas de outras décadas que se apresentam como novidade para essa geração, e para as boas lembranças de quem viveu o auge da banda original. Obra “Depois do Banho”, do escultor Vitor Brecheret

Tradicional espaço urbano de São Paulo é frequentado por tribos urbanas e famílias paulistanas Por: Gilson Gomes e Guilherme Neves

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Virada Cultural deste ano colocou no mapa das atrações regiões como a Cracolândia e o Largo do Arouche, que teve seu apogeu na década de 70 quando recebia semanalmente um fluxo intenso de turistas e famílias paulistanas, frequentadoras do local principalmente aos finais de semana. Muito embora a degradação do centro da cidade tenha sido incontestavelmente rigorosa, as lembranças presentes no inconsciente destas famílias têm sido fortes o bastante para que as façam continuar frequentando a praça, 30 anos após seu ápice. A identidade e a função cultural do Largo do Arouche foram conquistadas com a fundação da Academia Paulista de Letras, em 27 de novembro de 1909 por Joaquim José de Carvalho, autor de obras literárias e científicas. Na gastronomia, destacam-se o restaurante “O Gato que Ri”, de 1951, o “Le Casserole” (primeiro bistrô da Cidade de São Paulo, de 1954) e também o “Bar Amigo Leal”, com seu

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tradicional chope claro e escuro e petiscos da cozinha alemã. San Raphael, importante hotel da região, atende ao fluxo turístico e apresenta shows ao vivo de MPB. Distribuídas pela praça, há esculturas em metal, com destaque para as obras “Depois do Banho”, de Vitor Brecheret (escultor que participou da “Semana da Arte Moderna de São Paulo”, em 1922), “A Menina e o Bezerro”, do carioca Luiz Christophe, e “Amor Materno” (peça centenária do francês Eugéne Virion). Destacam-se inclusive alguns bustos de bronze, como o de Aureliano Leite, esculpido por Luís Marrone, em 1979, obra encomendada pela Academia Paulista de Letras em homenagem ao escritor e historiador político. Desde 1953, o “Mercado das Flores”, instalado no Largo após a expulsão de suas bancas da Praça da República pelo então prefeito Armando Arruda, funciona. E de tão característico, chegou a dar o nome ao local de “Praça das Flores”. Fernando Vieira da Silva, 42, floriculturista há 26, conside-

ra que houve uma mudança sensível no perfil dos consumidores: “Antigamente, vinham aqui o Silvio Santos, Chiquinho Scarpa, Jô Soares e outros importantes figurões, que deixaram de vir devido à violência”. Os novos clientes são funcionários dos escritórios das empresas instaladas ao redor do Largo, que nos finais de tarde adquirem flores para suas esposas ou namoradas. O centro da cidade de São Paulo abrigou até recentemente um contingente de usuários de drogas (maconha, cocaína e crack). Ficou conhecido como “Cracolândia”. Com a enérgica ação policial, houve dispersão deste grupo para o entorno. Para Fernando Silva, o mercado das flores está sendo prejudicado pela frequência diária dos expulsos do epicentro do narcotráfico, bem como jovens que vêm à procura de bebida e sexo.

Boas lembranças! Lúcia Nascimento de Oliveira, 78 – moradora da região desde 1936 - abriu

Foto Gilson Gomes

Bandas cover se destacam no cenário musical

Foto Divulgação

Tributo ao rock na cidade de São Paulo

seu coração e falou com emoção: “A minha vida se desenvolveu neste Largo. Fui criança, adolescente, casei, tive filhos e netos que também tiveram a oportunidade de viver os bons tempos daqui. Além de estar geograficamente situado no coração da cidade, o Largo pulsava em nossas vidas e também na dos turistas que o visitavam, principalmente aos finais de semana. Com meu marido, filhos e depois os netos fazíamos quase todos os dias as caminhadas matinais ao redor do Largo. O clima ameno dos meses de outono era um convite para deixarmos o apartamento e respirarmos o frescor das manhãs.” As boas lembranças deixaram marcas profundas no imaginário das famílias paulistanas, refletindo hoje na presença de casais, filhos, netos, amigos e jovens com câmeras fotográficas, numa demonstração de apreço e amor incondicional a este espaço urbano.

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