temas em debate Número 7 – São Paulo – 1º Semestre de 2011
Foto Agência France Presse
Faculdades Integradas Rio Branco – Curso de Jornalismo
Saúde e qualidade de vida 1
Tecnologia: para o bem ou mal?
temas em debate
temas em debate
Número 5 – São Paulo – 1º Semestre de 2010
Faculdades Integradas Rio Branco – Curso de Jornalismo
Número 6 – São Paulo – 2º Semestre de 2010
Foto Gabriela Conde e Letícia Liñeira
Foto Daniela Maciel
Faculdades Integradas Rio Branco – Curso de Jornalismo
Conheça os riscos do uso excessivo do smartphone para envio de mensagens Rodrigo de Oliveira
S
tem um smartphone, preste atenção ao que vai ler a seguir, e, se possível, tente não usar o celular enquanto lê este texto. O apelo pode soar exagero, mas é o desafio a que estudiosos têm se dedicado atualmente: dosar o uso excessivo das tecnologias, que já têm apresentado disfunções no organismo humano. A mais recente delas recebeu o nome de “Síndrome do Polegar de BlackBerry”, ocasionada pelo hábito incontrolável de enviar mensagens de texto pelo celular. A referência à marca se deve ao fato de a empresa ser uma das primeiras a disponibilizar aparelhos smartphones com teclados que possibilitam digitação rápida de mensagens. Mas, se facilita por um lado, por outro, o uso exagerado do serviço tem gerado lesões nos usuários. Diagnosticada por estudiosos do Hospital Kaplan, em Rehovot, cidade de Israel, a incidência dessa síndrome está cada vez mais frequente, especialmente entre o público jovem (18 a 24 anos). É nessa faixa etária que os médicos identificam comportamento de risco para desenvolver a lesão. São, em geral, os usuários que mais utilizam serviços de envio de texto via celular, incluindo SMS, resposta de e-mail e atualizações em perfis das mídias sociais. A “Síndrome do Polegar de BlackBerry” nada mais é do que uma tendinite no polegar, ocasionada por movimento e esforço repetitivos, explica a terapeuta ocupacional, com especialidade em terapia da mão, Dra. Marise Massa. De acordo com ela, o processo inflamatório pode gerar inchaço e aumento da temperatura na região afetada. “Nos casos mais avançados, podem ocorrer vermelhidão e hipersensibilidade, além de encurtamentos tendinosos e rigidez articular”, alerta. Seguindo a tendência de mercae você
cado, novos casos da síndrome devem aparecer com mais frequência aos consultórios. Conforme pesquisa divulgada pela Ofcom, o aparelho com teclado tipo BlackBerry é o que mais chama atenção de jovens, especialmente homens. Entre os entrevistados, 37% deles disseram preferir o aparelho, ante a outros modelos disponíveis nas lojas. Os adultos, por exemplo, se sentem mais atraídos por modelos touchsreen, tipo iPhone (32%). Embora o estudo não especifique o principal motivo que leva os usuários a optar pelo aparelho, especialistas apontam pelo menos duas vantagens: preço e facilidade na digitação de mensagens. No Brasil, logo chegaram vários modelos de outras marcas e o preço se revelou bastante atrativo, esclarece Karine Salles, consultora em novas mídias. A velocidade na digitação de SMS, por exemplo, é outro benefício elencado pelo especialista. Nos planos das operadoras, o envio de mensagens de texto é bem mais barato. Isso gerou um interesse maior por esse público, que opta por aparelhos que facilitem essa função. É o caso do empresário carioca Rafael Abrantes, 23 anos, que comprou seu aparelho logo que saiu o modelo. “Esse tipo de celular tem um teclado que facilita muito, né? Eu vivo mandando mensagem, ‘tuitando’, usando meu Facebook. Fica mais fácil digitar. Na verdade, eu uso mais meu celular para escrever mesmo. Quase não faço ligações”, conta. A terapeuta destaca outros riscos a que os usuários de smartphones estão sujeitos, entre eles, as atividades simultâneas, como mandar mensagem de celular enquanto dirige, usar o celular durante as refeições ou em sala de aula. “O uso excessivo da tecnologia é prejudicial não só as dedos, mas
também está interligado com algumas desordens emocionais e psíquicas”. Ela lembra que o uso frequente do aparelho causa um efeito de dependência, gerando acúmulo de estresse decorrente da impossibilidade de se desvincular do vício até mesmo quando se está almoçando ou dirigindo. Consciente dos riscos que a utilização frequente do aparelho pode gerar, o agente de viagens Roger Spinhadeli, 24 anos, mesmo assim não abre mão do smartphone. “Percebi que mudei de comportamento, porque agora até quando estou almoçando paro um pouco para ver se chegou e-mail. Antes não fazia isso, e sei que não é um bom costume”, diz. Mesmo assim, o empresário fala com orgulho do incremento nas vendas de pacotes turísticos desde que passou a usar o aparelho. “Sei que estou exagerando, mas por enquanto está sendo lucrativo. Depois, vou procurar ajuda”, afirma. A Dra. Marise, no entanto, é taxativa: “Tudo que é feito em excesso é prejudicial. Com o uso do celular, e de outras tecnologias como vídeo game e computador, não é diferente. É preciso saber estabelecer limites.” Buscando a linha de equilíbrio, a terapeuta recomenda cautela a usuários como Roger. “A prevenção é sempre o melhor remédio. A começar pela moderação. Sabendo usar adequadamente, a tecnologia vai só ajudar e não prejudicar”, aconselha. No caso de Roger, ele começa a sentir os primeiros sintomas. Para ele e tantos que se encontram na mesma situação, a Dra. Marise faz recomendações. “Todo processo inflamatório requer repouso, então antes que as dores se agravem, aposente o celular por algumas horas ou dias. Alem disso, é importante procurar um médico ortopedista, de preferência um especialista em mão”. 2
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Saúde e qualidade de vida
E abriga não só as dimensões geste
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em
debate
rais do binômio saúde e qualidade de vida (como os benefícios de atividade física para o corpo e a mente das pessoas e o hábito saudável de estudar), mas também um exemplo de iniciativa da sociedade civil que garante a pessoas de baixa renda a gratuidade do atendidimento e tratamento de doenças graves como o câncer. O projeto
da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), é um sinal promissor de uma luta que só nos cabe animar. O alerta dos especialitas de que a qualidade do ar piorou nos últimos anos em São Paulo, contribuindo para o aumento no número de casos de doenças respiratórias, mostra que as medidas tomadas pelo poder público até o momento foram ineficazes e insuficientes.
expediente temas em debate é uma publicação dos alunos da disciplina
Reportagem II do Curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco. São Paulo Ano IV - N. 7 – Janeiro-Junho de 2011. editor
prof. dario luis borelli
diretor geral
prof. dr. edman altheman
diretor acadêmico
prof. dr. alexandre ratsuo uehara
coordenadora
do
curso
de
jornalismo
profa. patrícia rangel moreira bezerra
faculdades integradas rio branco curso de comunicação social avenida josé maria de faria, 111 cep 05038-070 – são saulo, sp telefone: (011) 3879-3100 www.riobrancofac.edu.br Apoio cultural – CTP, impressão e acabamento:
Foto Paula Marolo
Os desafios de comer bem fora de casa em São Paulo Devido à correria do dia-a-dia, paulistanos tentam aliar o pouco tempo livre com o desafio de manter uma alimentação saudável Caio Colagrande e Paula Marolo
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ona edite mora no bairro do Sacomã, em São Paulo. Acorda às 5h30 da manhã, pega dois metrôs e faz, todos os dias, uma verdadeira viagem até a avenida Brigadeiro Faria Lima, Zona Oeste da capital paulista, onde trabalha das 8h às 17h. Então, pega o caminho inverso para voltar para a casa. O cotidiano da copeira Edite Dias, 56, é compartilhado por outras milhares de pessoas que precisam cruzar a cidade todos os dias. De acordo com dados do IBGE, cerca de 950 mil trabalhadores passam entre uma e duas horas no trânsito diariamente, apenas na metrópole. Além disso, eles têm de conviver em um ambiente de trabalho muitas vezes estressante. Em meio a tantas preocupações, que fazer para se alimentar direito? “Trago comida de casa porque economizo um pouco e ainda faço a comida do gosto da gente, bem temperadinha, e é mais saudável”, afirma Edite, que já sofreu algumas vezes quando comeu fora do ambiente de trabalho. “Quando faço a minha comida, eu me sinto bem, e, quando como fora, eu fico com o estômago cheio. Prefiro a minha comida, mesmo”, explica. O hábito de dona Edite, no entanto, não é seguido pela maioria da população. Segundo dados do IBGE, um terço da renda dos brasileiros é gasto com alimentação fora de casa. O principal atrativo para esse número expressivo poderia ser o preço baixo aliado à praticidade, mas, na prática, a população está pagando caro por
não utilizar a cozinha do lar. No último ano, o aumento passou de 10% nas refeições nos restaurantes e lanchonetes. O desafio de comer bem fora de casa esbarra em problemas que vão desde maus hábitos até a falta de opção. Comer bem e perto do trabalho é o que não acontece com a maioria dos trabalhadores. Ter uma vasta opção de lugares para escolher é privilégio de poucos e, quando se trata de opções saudáveis, a variedade diminui ainda mais. A média de horário de almoço é de uma hora por dia. Levando-se em conta que sair do trabalho e chegar ao restaurante leva algum tempo, o que sobra da uma hora de almoço é compensado com alimentos nada saudáveis, como salgados e doces. Hábitos que, se cultivados por muito tempo, podem comprometer muito a saúde. Sem contar que muitos ainda usam essa hora que deveria ser reservada para uma alimentação adequada, para ir ao banco, fazer compras ou até mesmo trabalhar. “Eu aproveito essa hora para ir ao banco, às vezes ao cabeleireiro. É o único momento do dia que consigo fazer essas coisas e acabo comendo besteira na rua na hora do almoço”, conta Katia Salgado, que trabalha oito horas por dia e tem uma de almoço. Mas a preocupação não deve ser somente com essa refeição. O ideal são seis refeições ao longo do dia, sendo as três principais (café da manhã, almoço e jantar) e mais três no intervalo entre as principais, explica a nutricionista
A copeira Edite Dias, 56 anos, prefere preparar sua própria comida, “bem temperadinha”, ao invés de comer fora
responsável da Editora Globo, Kelly Salute Balieiro. E intervalos muito longos também comprometem uma saúde saudável. “A alimentação é um dos pilares para a gente ter bem-estar. Se você não comer os alimentos com os nutrientes em quantidades adequadas, vai ficar com o corpo em desequilíbrio. Isso pode acarretar estresse, queda de cabelo, desatenção e problemas nos órgãos, o que é mais grave”, comenta Balieiro. Mudança de hábito Pequenas mudanças podem ajudar nesse desafio diário por uma boa alimentação. Durante as refeições intermediárias, uma dica é comer produtos simples de um dos grupos alimentares (proteínas, carboidratos, fibras e vitaminas e minerais), como barra de cereal ou uma fruta. E, se você é adepto da famosa “marmita”, é importante observar as condições de armazenamento dos alimentos. Dê preferência a bolsas térmicas para transportar o recipiente. “Após 30 minutos fora da temperatura ideal, já começa a proliferar bactérias no alimento”, alerta Balieiro. Manter a refrigeração é essencial, portanto, 3
logo ao terminar de montar o prato, é necessário colocá-lo na geladeira. A pausa no horário do trabalho é importante não só para nossa saúde, mas também deve ser um momento prazeroso e proveitoso para relaxar e muitas vezes interagir com os colegas de trabalho. “É um momento para falar de outros assuntos, que não sejam profissionais. Conhecer os outros profissionais que trabalham com você, criar vínculos e identificar compatibilidades. A hora do almoço é um importante ato de socialização, são nessas horas que percebemos o entrosamento da equipe de trabalho”, comenta o empresário Silvio Lorenzoni. Muitas empresas estão se dedicando a tornar esse momento mais proveitoso e saudável. A Editora Globo, por exemplo, mantém em seu quadro nutricionistas que realizam avaliações gratuitamente com seus funcionários duas vezes por semana, há cerca já de cinco anos. E ainda existe a extensão para a família. “A gente não atende o familiar, mas podemos orientar o funcionário sobre como agir”, explica Kelly. Além disso, existe um res-
taurante e uma lanchonete que oferecem ao trabalhador comida saudável, de qualidade e em um espaço diferenciado, propício para se descansar durante o almoço. Porém, o maior desafio, segundo a nutricionista, é o hábito. “Há cerca de seis anos, nós instituímos um projeto de qualidade de vida. Tínhamos muita incidência no ambulatório médico de resfriados, coisas pequenas que levavam as pessoas a ficar muito tempo afastadas. Então, cortamos frituras, refrigerantes, massa folhada. Eles queriam me pegar no começo porque eu tirei batata frita, coxinha, refrigerante, mas depois de muito tempo eles perceberam que fazia bem”. A prática deu ainda retorno para a própria empresa. “Sentimos uma diminuição na sinistralidade do plano de saúde de 90% para 70%”, conta. No dia em que conversamos com a Dona Edite, ela tinha preparado um cardápio especial. “Arroz solto, bife acebolado com uma salada, maxixe, quiabo, que eu adoro, repolho refogado, salada de chuchu. Tudo isso”, revelou, satisfeita.
Fotos Divulgação
Vírus e bactérias se proliferam em ambientes fechados Viver e trabalhar em salas sem ventilação e sem contato com a luz do sol, pode comprometer a saúde Natalia Lippo e Natalia Tozzo
A
s alergias e doenças respira-
tórias são mais frequentes em indivíduos que vivem em ambientes fechados. Nos escritórios, por exemplo, as doenças não são transmitidas em decorrência do frio ou da fragilidade do sistema imunológico. Elas são espalhadas pela aglomeração de pessoas em lugares sem ventilação adequada. Basta ter uma pessoa doente para que a contaminação ocorra, uma vez que os microorganismos podem sobreviver até 96 horas. De acordo com médico Clóvis Eduardo Galvão, diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Regional São Paulo), nos ambientes fechados há mais exposição aos chamados alérgenos. São substâncias causadoras de reações alérgicas e que o organismo reconhece como perigosas. As mais comuns são os agentes infecciosos e inalantes, como fungos, pó e ácaros. Os locais propícios para a proliferação desses organismos são ambientes com carpetes e ar condicionado, sem manutenção adequada. Por mais limpo que pareça, o carpete sempre fica com resíduos de poeira. Além disso, fatores como temperatura, umidade do ar, odores, ventilação, contaminantes biológicos, componentes voláteis e toxinas bacterianas, presentes nos espaços internos, podem agravar as alergias. O estudante universitário Caio Kato, sofre com uma das doenças respiratórias mais comuns. “Primeiro ataca a rinite. O nariz entope e coça, fica aquela coriza chata e não paro de espirrar. Em uma semana, eu já estou com sinusite também”, explica. Já Ca-
mila Pontes, fisioterapeuta, tem predisposição para ficar resfriada. “As pessoas fecham todas as janelas dos ônibus por causa do frio e algumas vezes da chuva, e sempre tem alguém tossindo ou espirrando. Se eu não tomo uma vitamina C, logo fico ruim”, conta. Ficar próximo de pessoas gripadas ou resfriadas, eleva o risco do contágio. A chance de transmissão é muito maior, uma vez que os vírus estão presentes nas gotículas de saliva e podem chegar na boca ou no olho de outro indivíduo por meio de fatores como fala, beijo, espirro ou tosse. Os cinemas também são vilões das proliferações. Os piores são os 3D. O uso dos óculos especiais contribui para as infecções. Além de as pessoas infectarem os óculos com gotículas de saliva, elas também podem passar conjuntivite, já que os cílios se encostam nas lentes. Portanto, confira se o estabelecimento faz a higienização necessária, caso contrário, tenha sempre à mão álcool para limpeza. Nesses ambientes, os sistemas de ar condicionado também contribuem para o agravamento das alergias respiratórias, porque os filtros normalmente não estão preparados para reter as micropartículas que transmitem bactérias. O ar frio paralisa os cílios que revestem as paredes do sistema respiratório, encarregados de jogar para fora as impurezas que entram junto com o ar que respiramos. Assim, fungos, mofo, bactérias, vírus e ácaros permanecem no organismo e livremente provocam doenças. Como prevenir Para quem trabalha em escri-
tórios com ar condicionado, o ideal é beber muita água para hidratar o corpo e compensar o ressecamento causado pelo ar. Pingar soro fisiológico nas narinas também é de grande ajuda, pois a solução umedece a mucosa interna e evita a ardência. O hidratante labial é ótimo, já que as rachaduras servem como porta de entrada para as doenças e as mãos devem ser sempre higienizadas. Também é aconselhável manter as frestas das janelas e portas abertas, mesmo com a temperatura externa baixa. A luz do sol e o ar puro devem entrar, pois são inimigos dos fungos, ácaros e também do O médico Bill Wolverton desenvolveu pesquisa com plantas para a Nasa mofo. Se onde você trabalha isso é impossível, a alternativa é se imunizar com as vacinas existentes contra os vírus e as bactérias. Há algumas plantas que podem ajudar na limpeza dos resíduos no ambiente, sem prejudicar as vias respiratórias. Entre elas estão o Crisântemo, o Lírio da paz, a Hera, a Palmeira-bambu, a Espada-de-SãoJorge, a Dracena e a Jibóia. São eficientes na remoção do benzeno, tricloroetileno e formaldeído do ar, segundo pesquisa feita pelo médico Bill Wolverton, para a Nasa, presente em seu livro Como cultivar ar fresco. Em casa, é importante colocar uma toalha molhada ou um balde de água nos quartos durante a noite. Eles ajudam a amenizar a proliferação e a umidificar o ar. Alguns hábitos também são preventivos e saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos. Essa alimentação consiste em refeições enriquecidas com nutrientes que auxiliam o sistema imunológico a ficar fortalecido. A fisioterapeuta Camila Pontes se previne do resfriado com vitamina C 4
Estudar é um hábito saudável para os aposentados Para especialista, estudar durante a terceira idade ajuda em tratamentos físico e mental e beneficia a inclusão social do idoso Camila Teixeira e Jéssica Almassi Fotos Camila Teixeira
O
s cursos de qualificação profissional não são mais uma necessidade apenas dos jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. Por motivos diversos, aposentados e sexagenários passam a investir em cursos de informática, idiomas e graduação como alternativa para tratar doenças ou simplesmente manter alguma atividade diária. De olho na mudança do mercado, empresas dos mais variados segmentos se adaptam à nova demanda e criam cursos e modalidades voltadas especificamente para esse público. Era dezembro de 2009, quando a gerente comercial Lúcia Martins, 59 anos, desligava o seu computador profissional pela última vez. Em sua mesa, o vazio dava lugar ao que por anos havia sido um compilado de revistas, jornais e demais papéis relacionados ao seu mundo profissional. A despedida dos colegas e amigos de empresa selava uma etapa importante de sua vida. “Naquele momento senti um enorme vazio”, conta. “Pela primeira vez não sabia como seria o meu dia seguinte.” Passados seis meses desde o desligamento da empresa, a aposentada foi diagnosticada com depressão. Segundo seu psicólogo, a falta de uma ocupação diária foi determinante para a evolução do quadro clínico, também agravado por um princípio de doença que afetava o seu sistema gástrico. Após encontros semanais na clínica de psicologia, o veredicto do profissional foi certeiro: investir num curso de seu interesse. A escolha foi pelo curso de artes plásticas oferecido pelo Senac de São Paulo. “Sempre tive interesse por oficinas artísticas, mas minha vida profissional se distanciou daquele hobby. Foi um desejo que aos poucos ficou para trás e só fui recuperar depois de aposentada”, revela. Passado pouco mais de um ano desde que in-
A aposentada Rosinha Amadeu se orgulha de não gesticular nem fazer mímica quando viaja para o exterior vestiu no curso de artes, hoje Lúcia se sente realizada e livre da depressão. Apesar de ainda não estar completamente curada, o problema gástrico também melhorou. Números recentes demonstram que Lúcia não é uma exceção, mas o retrato de uma sociedade em transformação. Segundo a consultoria Oxford Economics, o Brasil é o quarto país do mundo em previsão de crescimento da população idosa (pessoas com 65 anos ou mais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde). Até 2030, deveremos ter 16,2 milhões de pessoas na terceira idade. Dados da Pnad de 2007, também apontam para essa nova realidade: apenas 13% da população brasileira com mais de 65 anos possui mais de nove anos de estudo. “O menor tempo de estudo dessa geração pode explicar a crescente procura por cursos de qualificação profissional”, comenta
a psicóloga Anali Liberi. “O idoso aproveita o tempo livre e eventuais problemas de saúde para investir em atividades que lhe dê prazer. Isso estimula a mente e faz com que a pessoa se sinta novamente inserida na socidade”, explica. É o caso da aposentada Rosinha Amadeu, que nunca havia estudado inglês, apesar do desejo de conhecer novos lugares e culturas. Nas poucas chances que teve de sair do país, quando visitou a Espanha, em 2007, e a Alemanha, no final de 2010, as viagens não foram proveitosas do modo como a turista imaginava. “Não conseguia me comunicar com as pessoas. Vivia a base de mímica”, comenta. A situação ficou insustentável quando, limitada por barreiras idiomáticas, Rosinha não conseguiu ser atendida em um restaurante alemão. “De primeira não entendia o cardápio. O atendente percebeu minha situa5
ção e tentou me ajudar falando em inglês, mas também não compreendia”, recorda. A saída foi recorrer a uma famosa rede de fast food com atuação global. “Naquele momento percebi que se quisesse continuar viajando, teria que investir num curso de idiomas.” Na volta ao Brasil, a primeira providencia tomada pela turista foi procurar uma escola de idiomas. Duas vezes por semana a aposentada faz aulas de inglês, cada uma com uma hora e quinze de duração. Mas Rosinha não se limita apenas ao conteúdo visto em sala de aula. Aficionada por livros, frequentemente a aposentada busca leituras em inglês ou tenta assistir seus filmes favoritos legendados em língua inglesa. Apesar da dificuldade inicial, os avanços já começam a ser sentidos. Após dois semestres frequentando rigorosamente todas as aulas, a aplicada
aluna já consegue manter diálogos curtos e ler no idioma estudado. A prova de fogo, segundo Rosinha, foi quando viajou para a Inglaterra no final de 2011 para passar as festas com a filha mais nova, que está no paíis fazendo intercâmbio. “Estou acostuamda com o inglês americano, por isso no começo estranhei o sotaque, mas depois de uns dias já conseguia entender bem. Algumas coisas não conseguia compreender perfeitmamente, mas no geral me sai bem”, comemora. A maior felicidade, confidenciou, foi não ter de recorrer a mímicas. Novas turmas As tardes de sexta-feira na escola Bit Company, do empreendedor Marco Aurélio Neves, são frequentadas por um público nada convencional. Conhecida pelas aulas de informática, idiomas e cursos técnicos, a escola atendia prioritamente adolescentes e jovens adultos ingressando no mercado de trabalho. Essa realidade mudou em janeiro, quando o empresário percebeu que seria necesário abrir uma nova turma para atender uma nova demanda: a de aposentados e sexagenários. “No começo tentava encaixá-los nas turmas que já tínhamos, mas a procura foi tanta que o melhor foi abrir uma nova turma para atender especificamente esse público”, relata. Passado um semestre desde a tomada de decisão, a escolha do empreendedor se mostrou correta. “A maioria dos nossos cursos é oferecida duas vezes por semana, de segunda e quarta e terça e quinta. Sexta-feira acabava sendo um dia ocioso”, conta. Segundo Marco Aurélio, hoje o número de matriculados em cursos oferecidos às sextas-feiras aumentou em 30%. “A abertura da nova turma foi certamente um dos fatores que nos levaram a esse crescimento”, informa, satisfeito, o empresário.
Foto Jessica Ferreira
Fotos Divulgação
A equipe de Renata Sousa, proprietária da Papel e Confeito: alongamentos como forma de começar bem o dia e diminuir o número de licenças médicas.
Pausa para combater o estresse no ambiente de trabalho Ginástica laboral, alongamento e outras técnicas são utilizadas pelas empresas para minimizar lesões e principalmente o estresse Camila Miranda e Marcella Tollendal
F
oi-se
o tempo em que, para agradar um funcionário, a empresa concedia minutos para uma pausa. Hoje em dia, as pessoas estão trabalhando cada vez mais, e, por isso, precisam estar dispostas, saudáveis e – por que não? – felizes. A partir disso, a necessidade da prática de exercícios físicos no local de trabalho surgiu no início da Revolução Industrial, séculos atrás, na Inglaterra. Recentemente, com a Era da Informática, o sedentarismo passou a fazer parte do cotidiano dos milhares de trabalhadores que passam muitas horas na mesma posição e quase sempre repetindo os mesmo movimentos. A fim de minimizar o problema, surgiu o conceito qualidade de vida, que, segundo a terapeuta corporal
holística Roberta Tolentino, sócia da Shanti Qualidade de Vida, nada mais é do que ações que podem tornar o dia-a-dia dos funcionários mais saudável e contrabalancear o alto grau de estresse inerente ao estilo de vida atual. E a qualidade de vida pode ser aplicada em forma de palestras, ginástica laboral ou tratamentos, como massagens e acupuntura. Os profissionais da empresa que oferece o serviço atendem empresas de acordo com as suas estruturas. Os atendimentos variam de 15 a 30 minutos para o atendimento terapêutico de massagem e auriculoterapia, individual, e de 10 minutos para a ginástica laboral, feita em pequenos grupos. Sem contraindicação, a não ser uma liberação médica para grávidas
participarem, a ginástica laboral tem sido uma ferramenta eficaz para atingir a qualidade de vida nas empresas, e os primeiros registros da prática datam a partir de 1925, na Polônia, Bulgária, Alemanha Oriental, Holanda e Rússia, até então denominada como ginástica da pausa. A ginástica laboral é uma sequência de exercícios, especialmente alongamentos para as regiões do corpo mais exigidas em cada setor de atividade. A quick massage, por exemplo, consiste na aplicação de shiatsu especialmente na coluna, cabeça e pescoço, pontos de maior tensão, segundo a terapeuta corporal. Existe também a auriculoterapia, uma vertente da acupuntura feita sem agulhas e que estimula na orelha uma zona reflexa do corpo os pontos a 6
serem tratados. Com essa técnica é possível tratar os mais diversos desequilíbrios, como dores nas costas, dores de cabeça, ansiedade, estresse, insônia, intestino preso, entre muitos outros desconfortos. Formada em Administração de Empresas, Renata Sousa abriu mão de uma carreira de executiva para se dedicar ao seu próprio negócio, tudo porque seu ex-chefe era, segundo ela, um “carrasco”. Depois que descobriu que estava com síndrome do pânico pelo estresse no trabalho, abriu mão de tudo e começou uma nova carreira em novo negócio, e nessa nova atividade, no ramo de embalagens e produtos para festas, Renata começou a Papel e Confeito. “Foi a melhor coisa que eu fiz. Larguei uma vida estressante para uma de
muito prazer”, revela a empresária. Hoje em dia, com 14 funcionárias, Renata conta com um profissional de Educação Física para aplicar alongamentos diariamente. “Começamos o dia com um astral melhor. Como trabalhamos com artesanato, ficamos sentadas o dia todo fazendo movimentos repetitivos. Vi no alongamento uma forma de evitar lesões e de começar bem o dia.” O assistente administrativo Felippe William Dias Lopes, 20 anos, trabalha há dois anos na Editora Globo. Ele conta que desde que entrou na empresa os exercícios são aplicados três vezes por semana em todos os funcionários. Perguntado se indicaria a prática para outras empresas, Felippe responde: “Todo
exercício que pode contribuir para o bem-estar e prevenção de lesões, deve ser realizado, inclusive esses exercícios de alongamento, que são simples e trazem benefícios ao longo do tempo.” A empresa Audatex, especializada em soluções na área de processo de sinistros para todo o mundo, adotou a prática de exercícios e ginástica laboral há seis anos. A analista de peças Ariana Bellaguarda Corrêa, 29 anos, vê com bons olhos a iniciativa da empresa em que trabalha. Ela afirma que as atividades minimizam problemas de postura. “Além dos exercícios de alongamento, recebo reforço muscular duas vezes por semana, tudo orientado por um fisioterapeuta”, conta a funcionária. Benefícios A empresária Renata Sousa começou seu próprio negócio depois de descobrir que estava com síndrome do pânico pelo estresse no trabalho. Ela afirma que o astral, a produtividade e o comprometimento de suas funcionárias cresceu logo que implantou os alongamentos, e que, em contrapartida, o número de licenças médicas e pedidos de afastamento do trabalho diminuíram significativamente. No ramo há cinco anos, a terapeuta corporal Roberta conta que as práticas de ginástica laboral vieram para o Brasil por meio das multinacionais, se difundindo cada vez mais. Os empresários têm percebido a importância de investir no capital humano como meio para melhorar o desempenho, conseguir melhores resultados, reduzir a rotatividade e ausência do colaborador, entre outros benefícios que já podem ser comprovados por meio de pesquisas. “Eu diria que as empresas de visão vêem essas ações como investimentos e não como gasto. Elas implantam e têm conquistado excelentes retornos dos investimentos”, finaliza Roberta, sócia da Shanti Qualidade de Vida. Paradinha para o café Uma pesquisa americana denominada Better than a coffe break (Melhor que uma pausa para
Roberta Tolentino (à esq.) e Felipe Oliveira (à dir.) aplicam técnicas de quick massage em funcionários de empresa o café), dividiu em dois grupos colaboradores de uma empresa. Apenas um deles recebeu 15 minutos de massagem semanal. A avaliação do índice de hormônio do estresse verificado pela saliva
apresentou redução considerável nas pessoas que receberam massagem. Além disso, elas conseguiram resolver melhor problemas matemáticos e realizar tarefas de concentração após a
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massagem. Na Shanti Qualidade de Vida, também foi realizado uma pesquisa semelhante. “Em nossa empresa realizamos pesquisas com participantes das sessões terapêuticas em que
recebem massagem, reiki e/ ou auriculoterapia, 20 minutos por semana”, explica Roberta. Aqueles que responderam as pesquisas participaram de pelo menos quatro dos 10 atendimentos oferecidos no período, e apontaram melhoras significativas em diversos quesitos, como a redução de 27% das dores de cabeça, 25% da ansiedade e 35% das dores nas costas, e o aumento de 27% da disposição, 10% da concentração e 29% do bem-estar no ambiente de trabalho. Ao final, os participantes puderam citar seus resultados pessoais. Percebemos os benefícios das atividades, inclusive no núcleo familiar, como é o caso da Maria Silvia Aparecida Geronima Miranda, 56 anos. Depois que começou alongamentos no trabalho, ela mudou sua relação com as coisas do dia-a-dia. Ela voltou a cozinhar por prazer, fazer academia e caminhar antes de ir ao trabalho, além de não ter mais reclamado da famosa dor no ombro.
Poluição do ar provoca graves danos à saude respiratória Poluição atmosférica é responsável pelo morte de oito pessoas por dia, em média, na cidade de São Paulo, segundo pesquisa da USP Amanda Belo e Gabriela Martins Fotos Gabriela Martins
A estudante Camila Miranda e a socióloga Ana Novais lutam contra os danos causados à saúde pela poluição
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ados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), mostram que a qualidade do ar da cidade de São Paulo é a pior já registrada nos últimos cinco anos. Com a alta concentração de gases poluentes, têm-se observado um aumento no número de casos de doenças alérgicas e respiratórias. Nas grandes cidades, o principal poluente do ar é o monóxido de carbono liberado por veículos e pela atividade industrial. A partir desses resíduos lançados no ar, o sistema respiratório é afetado, causando doenças como rinite, bronquite, pneumonia, asma e faringite. De acordo com a médica Ana Paula Moschione Castro, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), a poluição do ar é muito ruim para o sistema respiratório. “A poluição
agrava ou causa inflamação nas mucosas, facilitando o processo de sensibilização do indivíduo, agravando ou causando as doenças alérgicas”, afirma. No inverno, a poluição aumenta ainda mais, fazendo com que a quantidade de pessoas doentes também cresça. Nessa época, a velocidade das massas de ar quente, que estão sob o continente brasileiro, é mais baixa, dificultando a dispersão dos poluentes presentes no ar. Além disso, a umidade também é menor. Outros fatores também contribuem para a grande quantidade de doentes nessa estação do ano. “A maior disseminação de doenças respiratórias nesse período possui várias causas, como clima frio, mudanças bruscas e constantes de temperatura, aglomerações de pessoas. É importante levar em
conta, também, o estado nutricional e imunológico do paciente, fatores de ‘stress emocional’ e a presença de doenças crônicas”, explica Ana Lúcia Innaco, doutora em Clínica Geral. As doenças respiratórias mais comuns classificam-se em infecciosas, causadas por vírus e bactérias como gripes e resfriados, amigdalites, faringites, sinusites, otites e pneumonias, e as alérgicas, que normalmente se manifestam no organismo de maneira crônica, como asma, bronquite e rinite. No geral, os principais sintomas dessas doenças são coriza, espirro, dor de cabeça, tosse seca ou com catarro, chiado no peito, falta de ar. No entanto, segundo Ana Lúcia, esses sintomas variam de acordo com a região afetada e a intensidade da doença. O tratamento das doenças res8
piratórias varia de acordo com a sua causa. Para enfermidades causadas por vírus, são utilizados medicamentos que combatem os sintomas. Para aquelas causadas por bactérias, os medicamentos receitados são os antibióticos. Já as doenças alérgicas são as que possuem o tratamento mais complicado, já que são doenças crônicas que vão e voltam caso sejam estimuladas por algum fator externo. A estudante de Jornalismo Camila Miranda, 20 anos, já fez de tudo para tratar suas crises alérgicas, utilizando inclusive remédios homeopáticos. “Quando criança fazia inalação com ervas em água quente para abrir as vias nasais, tomava xaropes naturais para a bronquite e tentava ao máximo não utilizar remédios alopáticos”, conta. Atualmente, Camila trata as crises com remédios alopáticos. “Sei que eles podem causar dependência, além de ferirem outros órgãos e gerarem outros sintomas, como taquicardia, com a utilização das bombinhas de asma. Mas eles provocam um alívio rápido das crises alérgicas, que eu não aguento mais ter.” A socióloga Ana Novais, 43 anos, utiliza no tratamento das doenças respiratórias uma vacina produzida sob medida. Feita com os anticorpos da própria paciente, o medicamento evita os sintomas por quatro ou cinco anos em média. Ela deve ser tomada uma vez por semana e quatro frascos ao ano. “Tomei a última dose há cinco anos e os sintomas ainda não voltaram”, diz. Quando as crises já estão instaladas, Ana utiliza antialérgicos, remédios para sintomas específicos, como o xarope para tosse e a inalação. “Evito remédios para desentupir o nariz, amenizando o efeito viciante que eles possuem. Também lavo muito o nariz, a garganta e os olhos com soro fisiológico morno quando estão inflamados, isso ajuda a limpar os agentes causadores da alergia, como pó, fumaça e mofo.”
Formas de prevenção A prevenção dessas doenças é o melhor remédio para evitar que elas apareçam. Por isso, alguns hábitos precisam ser observados. Além disso, a limpeza e organização da casa são fatores que contribuem muito, principalmente quando se tratam das doenças alérgicas. “A criação de um ambiente adequado ao alérgico é uma solução caseira e eficaz. A casa dessa pessoa não deve ter fumantes, deve ser de fácil limpeza para que se possa passar um pano úmido diariamente. Se houver focos de bolor, uma solução caseira e parcialmente eficaz é passar vinagre no foco ou água sanitária nas paredes”, explica a médica Ana Paula Moschione. A socióloga Ana Cristina utiliza várias formas para evitar as doenças. Evita cheiro de produtos de limpeza fortes, tintas, vernizes, poeira e fumaça de cigarro. “Se preciso, uso máscaras dessas usadas por médicos durante a faxina em casa, além disso, só uso aspirador de pó e pano úmido. Evito tapetes na casa, não uso carpetes, cobertores e roupas de lã, pois acumulam muito pó, prefiro edredons e moletons”, afirma a socióloga. Ela também tem o hábito de lavar as roupas de inverno e pendurar no varal no sol antes de o frio chegar. “As cortinas precisam ser fáceis de limpar, então, as melhores opções são as persianas”, diz. Já a estudante Camila troca as roupas de cama toda semana e evita acúmulo de pó nos objetos do quarto. “Sempre deixava uma bacia de água nos dias quentes para umidificar o ambiente. Agora, estou usando um umidificador elétrico. Esse hábito me ajuda a diminuir as crises de bronquite”, afirma. “Também é importante ter uma dieta equilibrada e saudável”, diz a doutora Ana Lúcia Innaco. Consumo de líquidos, inalações e a adoção e um estilo de vida saudável com a prática de esportes, por exemplo, são boas formas de bloquear a saúde dos efeitos maléficos que a poluição pode causar.
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Quebrando barreiras contra o tratamento do câncer
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ão muito tempo atrás, quem recebia o diagnóstico de leucemia e outros cânceres, no Brasil, tinha poucas chances de saber mais sobre a doença. Cansado dessa situação difícil, um grupo da sociedade civil, formado por Juntar esforços pela chance de tratamento e cuidado digno pacientes e seus familiares, fundou, ao paciente com câncer é a meta da Associação Abrale em 2002, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), com Fernanda Falcão e Isabelle Vassalo a missão de mudar a história da onco-hematologia brasileira. A Abrale é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para democratizar o tratamento a todos os pacientes com câncer do sangue – linfoma, leucemia, mieloma múltiplo e mielodisplasia. Ela oferece, de forma gratuita, atendimento psicológico, advogados para orientar os pacientes sobre os direitos de um tratamento digno, médicos e enfermeiros que ajudam a saber como lidar com a nova fase na vida. De acordo com Andrea Karolina Bento, advogada da Abrale, as diversas formas de ajuda que a instituição oferece visam não só a cura, mas também o bem-estar de quem convive com a doença e de seus familiares. “É gratificante ver uma pessoa se levantar depois da notícia de um câncer e ver como a família cria esperança com a intervenção da Abrale”, conta. Recentemente, Reynaldo Gianecchini estrelou um comercial para a Abrale em que fala de sua experiência com a instituição. O ator teve leucemia no final de 2011 e início de 2012. No vídeo, ele revela como foi importante ter recebido apoio da Abrale e diz que a divulgação do caso encorajou A advogada da Abrale, Andrea Karolina Bento, orienta os pacientes sobre os direitos de um tratamento digno outros pacientes a procurar ajuda. Sintomas exige tratamento imediato, evo- na mesma situação, muitas delas ela encontrou apoio psicológico Os sintomas da leucemia crô- luindo rapidamente. respondendo positivamente ao para si e para a sua mãe Amanda nica não são tão severos como na A advogada Andrea Karolina tratamento. “A mudança aconte- Salgueiro, de 56 anos, que não leucemia aguda e muitos pacientes Bento conta que, na maioria das ce quando o paciente descobre sabia como lidar com a doença da nem percebem que estão com casos, a Abrale é indicada aos que pode compartilhar suas expe- filha.“Foi um caos na nossa vida, eu a doença. No modo crônico, os pacientes diagnosticados com a riências porque muitas pessoas já pensava que não conseguiria mais sintomas são graduais e muitas doença pelos próprios médicos, passaram pelo mesmo problema. A sobreviver e a ideia de morte era vezes imperceptíveis, geralmente mas grande parte deles descobre a angústia, o medo e a inquietação, frequente. Fui muito bem recebida notados em exames de rotina e associação por meio de buscas na transformam-se em fé para essas e dei início ao tratamento, mas evoluem mais lentamente, trazendo internet. Depois de estabelecido pessoas”, diz a advogada. confesso que ainda não estou sintomas tardios da doença. Na o contato, muita coisa muda na A jovem Rebeca Salgueiro, de totalmente bem psicologicamente. leucemia aguda, o paciente se vida do paciente. Além de ter o 22 anos, parece não acreditar ter O fato de ter câncer em uma idade sente doente e obrigado a procurar acompanhamento de bons médicos, sido diagnosticada com leucemina tão prematura, me assustou e por eu um médico, a doença é rápida e ele passa a conviver com pessoas aguda há oito meses. Na Abrale, ter conseguido fazer o tratamento
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aqui, me dá uma esperança maior. Minha mãe passou pela psicóloga e hoje enfrenta melhor o problema. Se eu pudesse frisar algo muito bom da Abrale, eu diria que foi o tratamento, fiz muitos amigos aqui, que também precisam de ajuda”, conta a jovem. Sergio Augustin tem 54 anos e é paciente da Abrale há quatro anos, por causa de uma leucemia linfóide crônica. Com o tratamento, o paciente declarou estar mais confiante em relação à cura da doença. “Graças a Abrale, hoje entendo meu diagnóstico, mas na hora confesso que foi difícil e cheguei a pensar em abandonar tudo. Mas a equipe daqui me trouxe força de viver e motivação. Hoje sei dos meus direitos depois de conversar com a advogada e sei como conviver bem com a minha doença.” Campanhas A Abrale conta com médicos renomados de variados hospitais e apresenta como apoio aos pacientes palestras com novidades sobre tratamentos que são ministradas presencialmente ou pela internet, sem contar os inúmeros materiais que são divulgados em forma de panfletos informativos dando dicas das doenças e seus principais sintomas. A instituição também mantém uma publicação trimestral chamada Revista Abrale, que aborda assuntos como alimentação e cuidados para o paciente com câncer, duvidas frequentes, saúde em geral e entrevistas com variados profissionais ligados à medicina especializada do câncer. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, a publicação atinge cerca de 450 mil leitores e os informativos eletrônicos são enviados mensalmente para mais de 40 mil endereços de e-mail. Na primeira edição de 2012, o vice-presidente da Abrale, Juares Pires de Sousa, enfatiza o empenho da organização. “Além da sede em São Paulo, temos núcleos regionais, e desejamos tornar-se referência latino-americana na promoção da saúde e bem-estar do paciente com linfoma e leucemia.”
Síndrome de Down: o esporte vencendo o preconceito Especialistas do Sesi-SP coordenam projeto social esportivo para promover o desenvolvimento dos portadores da síndrome de Down Ligia Neiva e Melissa Carmelo Fotos Divulgação
A mãe Veruska Flores não mediu esforços para ver a felicidade do filho Kayan Flores
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em 1862 pelo cientista, médico e pro fessor britânico John Langdon Down, a síndrome de Down, popularmente conhecida no país, é uma deficiência de or dem genética, causada pela presença extra ou parcial do cromossomo de número 21. Atualmente, é considerada a síndrome mais comum do mundo, abrangendo todas as raças e, segundo dados da Sociedade Pestalozzi de São Paulo, afetando 1 a cada 800 ou 1.000 nascimentos. escoberta
Caracterizada pela combinação de diferenças na estrutura corporal, a síndrome está associada a di ficuldades cognitivas que variam de retardo mental leve a moderado. Também estão relacionadas a dificuldades físicas, assim como má formação na aparência facial e nas pálpebras do corpo. Há 100 anos, a síndrome era considerada uma monstruosi dade pelas famílias que con cebiam a criança portadora. Passado o processo de aceitação, dá-se início
O professor de Educação Física Marcio Sena (à dir.) coordena a Divisão de Esportes do Sesi-SP
ao planejamento e execução de uma série de atividades que promoverão o desenvolvi mento da criança. Trata-se da estimulação precoce, pro cesso extenso que institui o modo mais rápido, eficaz e seguro de promoção do desenvolvimento e superação das dificuldades da síndrome. Nessa etapa, são desenvolvidas atividades que visam o aprendizado biopsicossocial, como a fala, o andar, a escolarização, o desenvolvimen to psicomotor e cognitivo. 10
Também é nesta etapa que uma importante ferra menta no desenvolvimento da criança com síndrome de Down é iniciado: a prática de esportes. A sociedade Pestalozzi de São Paulo, entidade especialista no tratamento de portadores de síndrome de Down, realiza todos os anos, em parceria com o Serviço Social da Industria (Sesi), um estudo de campo anual sobre a prática de esportes entre os associados, orientada a medir o impacto da atividade física
sobre a saúde de pessoas com pouca capacidade intelectual. A experiência de sucesso demonstrou que as pessoas com síndrome melhoram de forma quase imediata sua resistência cardiorrespiratória e o consumo máximo de oxigênio, ao participar de práticas regulares de exercício moderado, acompanhadas por profissionais qualificados na área. As vantagens da atividade física para o cérebro do portador são diversas: de sensação de bemestar e melhora da autoestima à
redução dos sintomas depressivos e ansiosos, todos relacionados com a liberação de endorfina, uma substância produzida pelo cérebro que ocasiona sensação de prazer. O exercício reduz ocorrências de gripes, resfriados e infecções respiratórias em geral, estimulando todos os outros sistemas do corpo humano. Há destaque maior para a função motora. O Sesi-SP reúne atualmente mais de 650 jovens portadores de deficiência física e intelectual. Segundo organizadores do projeto, a meta é alcançar mais de três mil crianças até 2014, ano em que o Brasil sediará a Copa do Mundo. Em entrevista a nossa equipe de reportagem, o professor e coordenador da divisão de esportes do Sesi-SP, Marcio Sena, relatou a importância dessas melhorias na vida dos portadores. “Além de extremamente benéfico, o esporte é uma ferramenta de inclusão social para os portadores da síndrome de Down. Claro que ele deve ser adequado às suas características físicas e necessidades, como acontece com os indivíduos saudáveis Entre os benefícios que podemos citar, estão o desenvolvimento do equilíbrio, coordenação, hábitos posturais e respiração, fatores fundamentais para o desenvolvimento dessas crianças. Além do mais, essa prática promove o desenvolvimento global, com uma mútua aquisição de valores e quebra de preconceitos, o que gera uma melhor qualidade de vida para quem não teve culpa de nascer diferenciado”, diz. O professor ainda explica a inserção do esporte na vida desses pequenos guerreiros. “Não há o que temer. O esporte deve ser inserido aos poucos por meio de pequenos jogos com regras simples, todos de acordo com as necessidades do paciente. Deve-se estruturar um ambiente facilitador e adequado aos alunos, que oferece experiências que resultam na melhora do seu desenvolvimento. Não existem limites predefinidos para nenhuma deficiência, todo ser é único e se expressa de forma singular. Tudo que for feito com responsabilidade
e acompanhamento correto, será muito importante para eles”, afirma. Diante de inúmeros benefícios, o que será que pensam as famílias que possuem um portador de síndrome de Down? Será mesmo tão fácil e importante inserir a prática de atividade física no diaa-dia? Para responder a essas perguntas e ilustrar a realidade dos portadores, conversamos com a família de Kayan Flores, um jovem de 17 anos que diz não viver sem praticar esportes. Em entrevista, a mãe, Veruska Flores, abre o jogo sobre sua batalha inicial. “Foi muito difícil, eu confesso. Tinha medo do preconceito das pessoas, até mesmo dentro da minha família. Quando olhei para aquela criança linda e inocente nos meus braços, não me deixei abater. Lutei ao seu lado e farei isso até o último dia da minha vida. Hoje ele está lindo, aos 17 anos de idade. O Kayan começou a nadar aos quatro anos de idade. Para o Ká, o esporte é vida. Quando começou nadando, vi seus músculos se desenvolvendo e percebi que até a sua fala havia melhorado. Depois disso, não parei mais. Sempre acompanhado pelo médico pediatra e pelo fisioterapeuta.
Praticou natação até os 12 anos, quando escolheu o jiu-jitsu para ampliar seu leque de experiências. Ele vibrava! Meu filho é muito constante em suas ideias e quando ele se aplica em uma atividade, é incrível como se porta. Orgulho-me muito disso. Ele já está no time especial do SesiI há dois anos e já ganhou mais de quatro medalhas em disputas intercolegiais. É o nosso orgulho! O esporte o colocou em contato com jovens da idade dele e outros portadores da síndrome. Ele aprendeu a lidar com muitas situações, inclusive com adversidades, como perder uma partida ou luta. As reações dos portadores de síndrome de Down são muito expressivas. Antes do esporte, ele era muito mais agitado. Foi evoluindo com a idade e com as experiências. Eu, como mãe, me realizo”, diz. Mas nem tudo foi fácil. A família Flores lutou muito contra o preconceito da sociedade. “Várias vezes vi pessoas olhando, comentando e apontando para o meu filho. Eu, como mãe, me mordia por dentro, mas não deixava o Ká perceber. Encontrei preconceito até na minha própria família. Me condenavam por ter gerado uma 11
criança com síndrome de Down. Hoje o Ká venceu e boa parte disso se deu por meio dos esportes. Agradeço a Deus por ter um filho tão especial”, afirma. A mãe ainda nos contou a relação entre Kayan e sua irmã mais nova, Lorena, de 7 anos de idade, e como o esporte os ajudou. “O Ká tinha muito ciúmes da Lorena, isso logo no início. Hoje em dia, graças à evolução psicológica que essas atividades proporcionaram, eles se dão muito bem. O Ká aprendeu a conviver com outras crianças, respeitar as diferenças sem precisar se manifestar com braveza ou chorar. É a evolução dele! Ele vai a esocla normal, não tem brigas ou desentendimento com os colegas e se estabilizou emocionalmente. Vejo muitas crianças com a síndrome que não praticam atividades regulares. Eu, como mãe, tenho vontade de alertar outras mães. O benefício é claro, evidente aos olhos de toda a sociedade. Me sinto uma pessoa melhor fazendo isso: acordem mães, o futuro do seu filho depende de vocês, não deixem o preconceito vencer, é agora ou nunca. Desígnos de Deus talvez. Sou especial por ter o Kayan como filho”, completa.
Fundação Síndrome de Down fundação Síndrome de Down nasceu a partir da idealização e sonhos de um grupo de pais que, acreditando nas capacidades das pessoas com síndrome de Down, pensaram que poderiam agir e oferecer a seus filhos um espaço educacional e terapêutico integrado, no qual o indivíduo fosse considerado em sua totalidade. Por isso, a missão da Fundação é: “Promover o desenvolvimento integral da pessoa com síndrome de Down nos aspectos físico, intelectual, afetivo e ético, mediante a integração de pesquisas interdisciplinares e prática educacional inovadora.” A sua equipe técnica é formada por profissionais de diversas áreas do conhecimento: psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, pedagogia, terapia ocupacional e neuropediatria. A Fundação conta ainda com a consultoria de profissionais especializados nas áreas de psiquiatria, além de manter permanente contato com profissionais de referência nas áreas de organização de serviços para pessoas com síndrome de Down, inclusão no mercado de trabalho, dentre outras.
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O economista Amaro Brito, 40 anos, pratica atletismo (corrida de rua) regularmente há mais de seis anos
Conheça os efeitos da atividade física no corpo e na mente Bem-estar, disposição e saúde são alguns dos benefícios de quem pratica algum tipo de exercício Alexandre Arcari, Amanda Ceretti e Felippe William
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correria do dia-a-dia tem levado as pessoas ao sedentarismo. Segundo dados do Censo 2010, do IBGE, na grande maioria dos países em desenvolvimento, grupo do qual faz parte o Brasil, mais de 60% dos adultos que vivem em áreas urbanas não praticam
nível adequado de exercício físico. O problema se agrava se considerarmos o fato de 80% da população brasileira viver nas cidades. Os indivíduos mais sujeitos ao sedentarismo são mulheres, idosos, pessoas de nível socioeconômico mais baixo e os
indivíduos incapacitados. Em todo o mundo, observa-se um aumento da obesidade, o que se relaciona pelo menos em parte à falta da prática de atividades físicas. É o famoso estilo de vida moderno, em que a maior parte do tempo livre é passado assistindo televisão, 12
usando computadores, jogando videogames etc. Para a médica esportiva e fisioterapeuta Daniela Amaral, a prática de exercícios físicos acompanha uma série de benefícios que se manifestam por todos os sistemas do nosso organismo. “Existe uma série de aspectos que ajudam o corpo humano com atividades físicas. Do ponto de vista músculo-esquelético, auxilia na melhora da força e do tônus muscular e da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das articulações. No caso de crianças, pode ajudar no desenvolvimento das habilidades psicomotoras.” A fisioterapeuta define também os benefícios físicos e mentais. “Com relação à saúde física, observamos perda de peso e da porcentagem de gordura corporal, além da redução da pressão arterial em repouso e melhora no diabetes. Já no campo da saúde mental, ajuda na regulação das substancias relacionadas ao sistema nervoso, melhora o fluxo de sangue para o cérebro e ajuda na capacidade de lidar com os problemas e com o estresse.” Quanto à alimentação, Daniela explica: “Os exercícios sempre deverão estar associados à uma alimentação equilibrada, contendo carboidratos, proteínas, sais minerais, fibras e vitaminas. Não adianta treinar muito se não houver uma reposição correta da energia gasta durante o exercício. O mais indicado é consultar um nutricionista para uma melhor orientação.” E a médica alerta: “Antes de tudo deve-se procurar um médico, para que ele verifique se a pessoa está apta a realizar uma atividade física. Além disso, é preciso ficar atento quanto ao vestuário, como tênis apropriado e roupas leves que possibilitem mobilidade. E hidratarse sempre com água mineral ou repositores hidroeletrolíticos”. Benefícios De acordo com o médico ortomolecular Rúfulo Santana, uma pessoa que deixa de ser sedentária e passa a ser um pouco mais ativa, diminui o risco de morte
por doenças do coração em 40%. Segundo ele, “isso mostra que uma pequena mudança nos hábitos de vida é capaz de provocar uma grande melhora na saúde e na qualidade de vida.” O fisiologista e médico espor-tivo Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo, acrescenta que os benefícios não são alcan-çados para aqueles que fazem exercícios somente aos fins de semana. “A pessoa que faz exer-cício no sábado, por exemplo, deveria repetir a atividade na segunda-feira, para dar sequência no processo de supercompensação”, explica. “Se ela não repetir o exercício, não dá sequência ao trabalho e não melhora a condição física.” O economista Amaro Brito, de 40 anos, pratica corrida de rua regularmente há mais de seis anos, mas sempre gostou de esportes em geral e praticava futebol pelo menos uma vez por semana. A motivação para a prática de esportes se deve aos inúmeros benefícios que as atividades físicas proporcionam aos praticantes, como o bem-estar, disposição e saúde. Amaro tem como foco o atletismo (corrida de rua), mas sempre gostou de futebol e natação. Ele conta que sem uma partida de futebol e uma boa corrida, falta algo. “Cheguei também a disputar diversos campeonatos de corrida, inclusive ganhei um troféu na Meia Maratona Internacional de SP e na Volta da Ilha de Florianópolis”. Amaro conta que não deixa de participar da São Silvestre “por nada”. No que diz respeito a conciliar os exercícios físicos com o trabalho, ele diz que costuma treinar duas vezes por semana no período noturno e durante os finais de semana pela manhã. Ele começou a se interessar por corridas em um projeto da Siemens, empresa onde trabalha. “Isso sem dúvida motivou ainda mais quem já gostava desse tipo de modalidade esportiva e acabou por influenciar outras pessoas que hoje também fazem parte do grupo. A Siemens subsidia parte do valor que pagam para a Consultoria Esportiva”.