3ª Edição Boletim "Pro Infinito e Mais Além - E5G"

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Edição Bimestral Janeiro/Fevereiro 2014

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Notícias

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Espaço de opinião

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Entrevista

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Madalena Marques (técnica do projeto) Entrevista Mais Além

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Professora Paula Saraiva (EB1 JI da Bela Vista) Contactos

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Consórcio

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Equipa

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“O futuro não nos traz, nem nos dá nada. Nós é que, para construi-lo, devemos dar-lhe tudo. Vem construir connosco.” 2


Sessões de terapia da fala promovem as competências comunicacionais dos adolescentes No âmbito de um estágio curricular do curso de terapia da fala, do Instituto Politécnico de Setúbal, três jovens finalistas, Mariana Alface, Susana Azevedo e Marisa Viegas estão a promover um projeto, com o propósito de desenvolver competências comunicativas e de interacção social dos jovens do bairro da Bela Vista, de Setúbal.

desenvolvimento da escrita vão ao encontro das necessidades e preferências dos jovens, de forma a participarem e retirarem as aprendizagens necessárias para o quotidiano, e para o futuro.

As estudantes estagiárias pretendem transmitir-lhes a As estudantes criaram um projeto importância do uso correto da fala novo, nomeado “Bel’(In)Vista em e das suas regras, através do Comunicação e Interacção”, que convívio que estabelecem durante procura complementar o trabalho as sessões, para que os jovens que é desenvolvido no Pro Infinito possam assim resolver problemas, e Mais Além – E5G, mas obterem informações de forma direcionado para a terapia da fala, positiva, ordenada e educada. principalmente na área da comunicação. As jovens têm Além da fala existem outras trabalhado com adolescentes entre caraterísticas nas quais se os 14 e os 18 anos, o público-alvo debruçam, como a linguagem, a em quem identificaram um maior voz, a motricidade orofacial, défice de competências deglutição, fluências e comunicativas. comunicação, área trabalhada em As atividades desenvolvidas em destaque no Pro Infinito e Mais forma de encenações, Além – E5G. conversações, reflexões e

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Pro Infinito e Mais Além – E5G apoia os participantes no estudo Para além disso, o dinamizador trabalha a motivação e atenção dos participantes mais distraídos e com pouco interesse pelo estudo, através de técnicas de compensação, promovendo, posteriormente, a realização de atividades de acordo com os gostos pessoais de cada um. O projeto desenvolve durante o ano letivo a atividade de apoio ao A par do apoio há um processo de estudo, a partir da qual as crianças e jovens participantes com a ajuda organização das notas dos testes e, da avaliação por período letivo dos do dinamizador comunitário, participantes diretos do projeto, o esclarecem dúvidas, realizam trabalhos para casa e trabalhos de que permite à equipa técnica obter grupo, ou estudam para testes, informações de como estão a com o objetivo de conseguirem decorrer os diversos percursos alcançar uma avaliação escolar escolares ao longo do ano letivo. positiva. O dinamizador comunitário, Ruben O acompanhamento e orientação Moreira, revela que “a preparação em métodos e técnicas de estudo para o acompanhamento e procura fomentar o sucesso escolar orientação em métodos e técnicas das crianças e jovens, e estes de estudo é feito a partir de momentos decorrem no espaço do metodologias psicopedagógicas testadas e ajustadas a cada criança projeto, durante a semana, entre as e jovem”, ou ainda com o auxílio de 14 e as 18 horas livros e a Internet, nomeadamente o recurso à Escola Virtual, que é feito no espaço CID@FORMA, juntamente com a monitora Susana Fernandes. 4


“Vou-te escolher a ti!” para promover o poder de decisão dos mais novos As crianças do primeiro ano da EB1/JI da Bela Vista participaram na dinâmica “Vou-te escolher a ti!”, organizada pela técnica do projeto Pro Infinito e Mais Além – E5G, cujo propósito era estimular o poder de decisão. No âmbito do programa de formação em competências pessoais e sociais, designado “Lançar Sementes”, a técnica está a desenvolver com a turma 43, um conjunto de sessões semanais com atividades. A parceria entre o projeto e a escola baseia-se num acompanhamento por parte da técnica do projeto, que realiza uma série de sessões, onde é pretendido capacitar as crianças participantes nas atividades, de um conjunto de competências na área pessoal, social e académica.

As crianças reuniram-se numa roda, onde todos se conseguiam ver uns aos outros. A atividade consistia na utilização de cartões com tarefas, e um cartão era escolhido por cada criança, que posteriormente indicava outro colega para as realizar. As tarefas consistiam em cantar, dançar, responder a adivinhas sobre o corpo humano, entre outras perguntas de conhecimento geral adequadas à faixa etária. No final, a turma participou na parte refletiva da atividade, que consistiu na partilha de opinião sobre a dificuldade das tarefas, do gosto pela atividade, ao que responderam a tudo de uma forma positiva.

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“Mediação de professores” promove articulação entre projeto e docentes das escolas do bairro da Bela Vista O Pro Infinito e Mais Além – E5G dinamiza mensalmente uma atividade denominada “Mediação de Professores”, com o propósito de formalizar a articulação com os professores das escolas do bairro da Bela Vista, de Setúbal. Esta articulação pretende promover a reflexão, identificação de metodologias e práticas interventivas necessárias para trabalhar com as crianças e jovens.

permite com regularidade, haver uma articulação com os docentes, sobre os alunos e respetivas famílias. O objetivo é promover o aumento do sucesso escolar, e melhorar as aprendizagens escolares, minimizando situações de absentismo e abandono escolar. A articulação passa inclusive pela interação com outras entidades parceiras, como a CPCJ de Setúbal e equipas de RSI, que acompanham os agregados familiares, permitindo uma transmissão de informações, através de uma comunicação fluída entre todos os que intervêm junto da população escolar.

A parceria consistente e efetiva existente com as escolas

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“Caminhando para ir mais além” com turmas de 4º ano da EB1/JI da Bela Vista O Programa de Formação em Competências Pessoais e Sociais, designado por “Caminhando para ir Mais Além”, dinamizado pela técnica do projeto Pro Infinito e Mais Além – E5G, visa trabalhar com as crianças entre os 08 e os 12 anos de idade, que estão numa fase de transição do 1º ciclo para o 2º ciclo a ocorrer no próximo ano letivo. As atividades ao nível da educação não-formal desenvolvidas com 3 turmas do 4º ano, em parceria com a escola, nomeadamente com as professoras titulares, procuram minimizar situações de exclusão escolar e social, trabalhar com as crianças questões relacionadas com os valores, as mudanças corporais, a abertura de perspetivas, a exploração e diversidade cultural…

O programa assenta em três áreas formativas, que são: a educação para a cidadania, a educação para a saúde, e a educação para os afetos. A par destes tópicos abordados, a técnica trabalha também com as crianças a transição do 4º para o 5º ano escolar. As dinâmicas realizadas são lúdicas e interativas, de forma a captar a atenção dos alunos, promovendo o trabalho em contexto de grupo, inclusive a nível individual com reflexões que vão sendo feitas por cada um no final de cada atividade.

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Aprende-se espanhol e polaco no Pro Infinito e Mais Além – E5G O projeto proporciona desde o mês de fevereiro a oportunidade das crianças e jovens, alunos do 2º e 3º ciclo, aprenderem as línguas estrangeiras, espanhol e polaco, através da parceria com a Fundação Escola Profissional de Setúbal, que está a desenvolver o projeto Programa Aprendizagem ao Longo da Vida – Comenius, até Julho de 2014, com a assistente comenius, Marta Jaroszewska, de nacionalidade polaca.

aos participantes uma abertura de perspetivas, sensibilizando-os para a diversidade de culturas e línguas, e adquirirem novas competências a nível linguístico, às quais não podem aceder em contexto escolar, devido à carência deste tipo de resposta mais específica, como as línguas espanhola e polaca. A assistente criou uma página na rede social Facebook, a fim de poder partilhar atividades, experiências e promover concursos sobre o mundo hispânico e do país natal de Marta, a Polónia.

O objetivo desta atividade, a decorrer no projeto, é permitir

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Semana da Internet Segura informa sobre os cuidados e perigos do mundo digital

O dinamizador comunitário do Pro Infinito e Mais Além – E5G planeou a semana relacionada com a temática “Internet Segura”, no mês de fevereiro, em resposta ao desafio lançado pelo Programa Escolhas, com recursos a diversos materiais, como apresentações, vídeos, jogos online e um jogo “quantos-queres”. O objetivo do desafio consistia em sensibilizar as crianças e jovens sobre o tema, e foram abordadas questões como os cuidados e perigos a ter em atenção nas redes sociais, no fornecimento de dados pessoais, ou passwords de e-mails ou outras contas online, proteger os computadores contra vírus da internet, por exemplo.

O Pro Infinito e Mais Além – E5G em parceria com o projeto CLPManteigadas – E5G organizou também uma formação sobre o tema, e inclusive o dinamizador comunitário estendeu esta acção à turma de 4º ano da EB1/JI da Bela Vista, abrangendo um total de 80 crianças e jovens, que participaram nesta semana preventiva. Os jovens deram a sua opinião sobre esta semana, afirmando a importância do trabalho desenvolvido, e que as atividades foram pertinentes e interessantes. Além disso possibilitou a aprendizagem sobre questões, como o spam, e técnicas para descobrir se quem está do outro lado do ecrã é real ou fictício, se é perigoso ou nã 9


Jessica Lopes, 10 anos Estou no 5º ano da EB 2/3 da Bela Vista. Gosto muito da escola, e para mim “escola” significa “estudar”. É importante ir à escola, porque é um lugar que nos ajuda a estudar, a fazer trabalhos e a conhecer amigos. A minha disciplina preferida é Português, a menos preferida é História. A minha mãe e tia ajudamme a estudar, o Ruben e a professora Susana do Pro Infinito e Mais Além – E5G também, com a Escola Virtual. No futuro quero terminar os estudos e ser enfermeira, porque acho uma profissão fixe.

João Paulino, 11 anos Estou no 5º ano da EB 2/3 da Bela Vista. A “escola” significa “trabalhar”. A minha disciplina preferida é Matemática, a menos preferida é Música. Se não existisse a escola não poderia ir trabalhar, e lá aprendo coisas novas, faço novos amigos. A minha família ajuda-me com os trabalhos, e no projeto é o Ruben e a professora Susana. Quero terminar a escola, e gostava de poder vir a ser mecânico.

Miguel Balão, 16 anos A escola para mim é a minha terceira casa, pois é onde eu estudo e aprendo. Passei a maior parte da minha vida na escola, por vezes fico cansado, mas o que seria de cada um de nós sem a escola? Andávamos por aí, sem fazer nada. O que seriamos sem saber ler e escrever? Era como se fossemos cegos e mudos. No meu caso, a equipa do projeto ajuda-me imenso com os trabalhos da escola, através da Internet, e a Escola Virtual. O meu objetivo é terminar o 9º ano de escolaridade e gostava de arranjar um trabalho na AutoEuropa, por exemplo, desde que fosse um trabalho fixo era muito bom.

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A técnica do Pro Infinito e Mais Além – E5G, Madalena Marques, foi entrevistada sobre o trabalho que tem vindo a desenvolver dentro e fora do projeto com as crianças e jovens do bairro da Bela Vista. 1. O projeto tem uma parceria com a EB1/JI da Bela Vista, qual o objetivo desta parceria onde a Madalena dinamiza as atividades com os alunos do 1º ciclo?

As atividades que eu dinamizo com as turmas de primeiro e quarto ano fazem parte do “Programa de Formação em Competências Pessoais e Sociais”, designadas de “Lançar Sementes” e “Caminhando para ir Mais Além”, respetivamente. O programa decorre semanalmente na escola, e as dinâmicas têm por objetivo trabalhar tanto as competências ao nível pessoal, como a nível social, com a ajuda da professora titular, que é um membro muito importante nas dinâmicas. Mas além disto, realizamos formações com entidades exteriores - que também são nossas parceiras como por exemplo, formações com as famílias, passeios ao exterior.

2.O que se pretende que estas crianças e jovens sejam ou façam com estas atividades?

Acima de tudo é prepará-los. Estamos a falar de um contexto complicado, no bairro da Bela Vista existe muita multiculturalidade, e estas crianças podem vir a desenvolver comportamentos menos adequados, atitudes menos assertivas, porque efetivamente também culturalmente e mesmo pelo meio envolvente, não têm grandes noções do que supostamente será mais correto. Nós não pretendemos modificar ou alterar as suas 11


crenças, valores, o que é pretendido é trabalhá-los e capacitá-los para uma visão diferente do mundo, queremos que eles tenham uma perceção de que existem outras culturas para além do contexto de bairro. Inclusive procuramos que adquiram competências escolares, motivá-los e estimulá-los cognitivamente, para adquirirem novos conceitos, novo vocabulário. E ajudar as famílias que se mostram disponíveis, o que não é fácil, pois nós queremos chegar até elas, mas elas não quererem a nossa ajuda, e não estamos numa posição de exigir, e então tentamos mediar e mostrar a nossa disponibilidade sempre que queiram adquirir outro tipo de comportamentos, e envolvê-los acima de tudo na vida académica dos filhos.

cumpridas, porque se não cumprirem têm que sair do jogo, portanto de alguma forma, simbolicamente, que eles percebam e consigam levar isso para o exterior, para outras situações, e vivências na rua ou em casa. O treino da atenção é importante, porque eles têm muita dificuldade em conseguirem estar concentrados, o esperar pela vez deles, e ao nível da memória. Cada dinâmica tem objetivos definidos, determinados conteúdos, e no final, um momento de reflexão, que pretende fazê-los saber que a opinião deles importa.

3.Quais são as principais áreas trabalhadas com os jovens no “Programa de Formação em Competências Pessoais e Sociais”?

A atividade “Educação para os Afetos” é trabalhada com os jovens adolescentes do projeto. Esta temática também está englobada na “Formação em Competências Pessoais e Sociais”, e chamamos “afetos” invés de “sexual”, porque temos que ir até à essência, que são os afetos, por isso nós demos esse nome. É importante abordarmos a questão dos afetos, a importância das emoções, como é que nos sentimos em determinadas situações, como é que o nosso corpo reage quando nos estamos

Neste programa trabalhamos a questão do “eu”, as emoções, os afetos, nota-se a dificuldade que eles têm na interação com o outro, no toque, também trabalha-se o desenvolvimento cognitivo, como a atenção, concentração. Todas as atividades promovem exatamente isso, o saber que determinados jogos têm regras e que têm de ser

4.A educação para os afetos é uma área explorada no projeto com os jovens participantes, inclusive com as turmas de 4º ano, qual a importância de trabalhar a educação sexual?

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a sentir contentes, tristes, com raiva, zangados. Posteriormente, falamos sobre a sexualidade, a puberdade e a adolescência, as diferenças e o desenvolvimento do corpo masculino e do feminino, e a importância da higiene. Estes jovens não têm facilidade em abordar estes temas em casa, ou a família não lhes passa esta informação, e eles têm curiosidade em perceber, mas ao mesmo tempo têm vergonha. Por isso, tenta-se criar dinâmicas de forma a eles ouvirem, intervirem, nunca obrigados. Há dinâmicas no sentido de eles poderem colocar algumas questões sem se expor, quer perante mim, quer perante a turma, por exemplo escrever num papel, colocar numa caixa, para depois lermos, e eu responder, ou então eu levo questões formuladas e com respostas, sendo que assim todos recebem informação e ninguém se sente exposto. Os professores abordam esta temática ao nível do órgão reprodutor masculino e feminino, portanto perde-se a questão dos afetos, das emoções. “Eu reajo assim porquê?”, “Porque é que tenho comportamentos que são vistos pelo adulto enquanto negativos e eu acho que não são”, são algumas questões, e importa eles perceberem que não é assim tão estranho e errado, por vezes têm um determinado

comportamento, porque faz parte da adolescência. 5.No que consiste o acompanhamento psicológico? Que questões são abordadas?

O acompanhamento psicológico decorre no espaço do projeto, com as crianças e jovens participantes, e de forma individualizada. No acompanhamento, dependendo do caso, não se trabalha apenas a questão psicológica, mas também questões cognitivas. Quando eu percebo que aquela criança ou jovem precisa de uma estimulação diferente, pode acontecer sentirse a necessidade de fazer uma avaliação psicológica, para percebermos qual é o problema. Se o problema, por exemplo, traduz-se em maus resultados na escola, será um problema cognitivo? Será que precisa de necessidades educativas permanentes? Será apenas uma questão emocional? Há essa necessidade de fazer um despiste, e eu espero que eles também tenham a iniciativa de se precisarem de falar, de aconselhamento perante determinada situação venham ter comigo, mas quando isso não acontece, trabalha-se as questões de estimulação cognitiva, porque muitos precisam dessa área trabalhada. 13


Há jovens que têm hora marcada e comparecem, pois efetivamente está marcado, depois há aqueles jovens que perguntam, “posso falar um bocadinho consigo?”. Se for necessário, ainda inserido nesta componente do apoio em psicologia, falo com os pais ou com o encarregado de educação, tento articular com outros técnicos para tentarmos perceber junto com os professores, diretores de turma, ajustar algum tipo de medidas. Por vezes fala-se que “têm mau comportamento, não têm competências académicas ou cognitivas para um bom desempenho académico” só que isso não é totalmente verdade, e aí há necessidade de se fazer um despiste para percebermos “é uma questão cognitiva? Ou uma questão emocional?”. 6.Quais são as estratégias que a Madalena adota para se aproximar dos participantes?

Eu já conheço mais ou menos os jovens, no entanto aqueles que aparecem pela primeira vez, a nossa estratégia é aproximarmo-nos deles, o que é muito normal e humano, uma relação normal interpessoal. Tentamos de alguma forma “falar” a linguagem deles, percebê-los, não mostrarmos uma atitude negativa, nem agressiva,

porque o próprio contexto em si exige que assim seja. Há uns anos, quando eu cheguei ao projeto, não foi fácil, era um contexto diferente daquilo a que eu estava habituada, e tive que desenvolver estratégias, nomeadamente adequar as dinâmicas, por exemplo no “Programa de Formação de Competências Pessoais e Sociais” eu tinha algum treino em fazer este trabalho, mas tive que fazer uma readaptação total, o que eu tinha não me servia para aplicar neste contexto. Tive que me adequar, aprender a falar a “língua” deles, a ser mais tolerante, perceber os problemas de cada um deles. Percebi que era eu que tinha que me adaptar ao contexto deles, pois era eu que estava ali para trabalhar com eles. As estratégias vão surgindo automaticamente, ser tolerante é a palavra-chave, quando alguém tem um comportamento desadequado nós temos que adequar também o nosso comportamento, e perceber toda a dinâmica envolvente. 7.A nível comportamental, a que evoluções tem assistido?

Com os jovens com quem eu trabalho diretamente, penso que houve muitas evoluções, mas também houve uma adaptação da minha parte. 14


Os laços afetivos que se vão estabelecendo ajuda na evolução, o saber que podem contar com o

projeto. Estes jovens funcionam muito pela questão da afetividade, o poder contar com alguém, invés de estarem no bairro, poderem estar no projeto. Efetivamente tem-se assistido a uma evolução bastante positiva. Se falarmos de turmas que acompanhamos com regularidade, ou que se acompanham 2 anos seguidos, à nossa presença os comportamentos foram alterados de uma forma muito positiva. 8.Na perspetiva da Madalena, como é que as estratégias de orientação em métodos e técnicas de estudo desenvolvidas pela equipa valorizam as aprendizagens escolares?

Não podemos falar de uma forma absolutamente global, porque temos de perceber que todos são diferentes, e respeitar a diferença, os limites, os momentos de mais e menos atenção e concentração de cada um, por isso não podemos utilizar as mesmas estratégias com todos. Costumamos perguntar quando chegam, incluindo uma coisa básica como “tens trabalhos de casa?”, vamos lembrando-os, funciona quase como uma rotina, ou sentarmo-nos ao lado deles e tentarmos ajudar na leitura ou no exercício, no qual eles demonstrem dificuldades. Temos de perceber se determinado jovem ou criança tem uma necessidade de mais atenção, e nós devemos dar-lha. 9.Quais os principais problemas e desafios que encontra na população juvenil que acompanha?

Em contexto de bairro, os problemas de forma geral são comuns, devido à multiculturalidade, às vezes é difícil respeitarem-se, perceberem a importância de regras, rotinas, comportamentos adequados e ajustados a diferentes contextos. O grande desafio não é alterarmos o comportamento, crenças ou atitudes deles, mas sim tentarmos de alguma forma modelá-los, para que eles tenham consciência e perceção de que 15


para além deste contexto de bairro existe mais, e que temos de respeitar todos, que não podemos nos fazer respeitar sem respeitar os outros. É de facto um desafio tentar modelar de alguma forma estas crianças que têm comportamentos tão vincados, e acham que aquelas são unicamente corretas, e isto o também é promovido pelos pais. À semelhança de todos os jovens existem problemas comuns, e importa trabalhar com eles, na fase da adolescência, questões relacionadas com a higiene, sexualidade, a importância dos afetos. Nas crianças, o trabalho que estamos a desenvolver a nível da formação é todo um desafio, porque é uma etapa nova na vida deles, e muito boa, pois é a fase das aprendizagens de tudo, e para nós é importante podermos ensinar o que temos para partilhar com eles, e vice-versa. No meu caso, eu aprendo imensas coisas com eles, não só em termos culturais, crenças, mas também por exemplo, o vocabulário que utilizam. Eu acredito que eles conseguem de alguma forma tomar consciência do que lhes é ensinado e transportar isto para o próximo ano, e inclusive para casa e o meio social que os envolve. 10.Para os participantes mais velhos existe a atividade de “Orientação e Esclarecimento Formativo e

Profissional. O que a Madalena desenvolve com eles?

A atividade está direcionada, principalmente, para jovens que estão a frequentar o 9º ano, que pretendem prosseguir estudos ou querem tirar um curso profissional. Trabalho com os jovens dois tipos de baterias, que são apenas momentos de avaliação. A bateria de provas de raciocínio diferencial (BPRD), que se refere aos raciocínios, são testes psicométricos que medem a capacidade, composto por 5 subtestes, nos quais se avalia a aptidão numérica, o raciocínio verbal, a aptidão espacial, o raciocínio abstrato e mecânico. A partir daí, percebe-se quais são os pontos fortes e fracos, quais são os níveis onde eles atingem melhores e menos bons resultados, cada um desses níveis está para determinada área profissional. Ainda outra bateria de testes que faço com os jovens é o IPP (teste de interesse e profissões), que depois de analisado podemos concluir quais os pontos mais fortes e mais fracos em determinada atividade e profissão, no entanto torna-se difícil, porque eles têm um vocabulário muito reduzido e dificuldades na compreensão, e perceção do que é que se faz em determinada profissão. Portanto é um teste que 16


está mais relacionado com as preferências deles e a capacidade na compreensão, na consciência da atividade e da profissão. Durante a atividade há um momento de conversação, em que faço a devolução dos resultados e, o encaminhamento formativo para

alguns jovens que não se enquadram propriamente na área de orientação vocacional, mas sim na necessidade de encontrarem uma resposta formativa para concluírem o 6º ano ou o 9º ano escolar.

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A professora Paula Saraiva, que trabalha com a turma 43, do 1º ano, da EB1/JI da Bela Vista de Setúbal, foi entrevistada na edição deste boletim, sublinhando a importância da parceria entre a escola e o projeto. 1. Qual o objetivo da parceria entre o projeto Pro Infinito e Mais Além – E5G com a turma 43?

Em princípio, seria uma experiência, acompanhar uma turma que iniciasse o primeiro ano e auxilia-los neste tipo de atividade, até ao 4º ano. O objetivo é investir e monitorizar o benefício das atividades desenvolvidas com esta turma, de modo a perceber a evolução dos alunos, quer na parte académica, quer enquanto seres sociais. 2. Qual a opinião da professora sobre a parceria entre a escola e o projeto?

Eu penso que é uma mais-valia para a turma. Pretende-se trabalhar e munir estes alunos de capacidades e aptidões que provavelmente levariam mais tempo a ganhar se não tivessem esta parceria, nomeadamente ao nível da atenção, da concentração, do saber estar, do saber relacionar-se com os outros. Esta parceria vai muito além da parte académica, é um todo que é importante e benéfico, porque

eles estão a crescer e estão a crescer como um todo. Proporcionar-lhes este tipo de oportunidade é muito bom. 3. Qual a opinião da professora sobre o trabalho que está a ser desenvolvido pelos técnicos do projeto com a turma?

Tenho a agradecer todo o trabalho que está a ser desenvolvido, penso que o facto de eu só ter a agradecer responde àquilo que eu penso. As oportunidades que eles têm, como saírem do espaço do bairro, terem outro tipo de vivências, conhecerem outros locais… É ótimo, pois muitos deles não têm

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este tipo de oportunidade, não conhecem nada fora do bairro. O acompanhamento que eles têm com a técnica do projeto é muito bom, assim como com outros técnicos. Penso que o empenho destas pessoas é louvável, acredito que vamos atingir resultados positivos.

opinião uns dos outros, portanto aos poucos vai-se notando. Posso dar ainda outro exemplo, nós fizemos duas saídas, uma em Setúbal, e outra em Lisboa. Da primeira visita que nós fizemos para a segunda, reparei que houve menos conflitos. Acho que eles aos poucos estão a aproveitar as oportunidades que estão a ter.

4. Desde que o “Programa em Competências Pessoais e Sociais” iniciou, tem notado alguma evolução nos alunos? E em que aspetos?

Esta turma é uma turma particularmente difícil, os alunos são muito agitados. Não é fácil lidar e fazer avançar uma tarefa ou atividade do princípio ao fim, sem estar constantemente a chamar a atenção, ou a pedir mais calma. Aquilo que eu noto neste momento, é que em determinadas situações de grupo, eles já são capazes de realizar uma tarefa, sem necessitar da intervenção do adulto. Dou-lhe um exemplo, uma das capacidades que a Madalena tem estado a tentar melhorar desde o início é a organização, eles serem capazes de se organizarem sozinhos, fazerem uma roda, por exemplo. Parece uma tarefa simples, imediata, no entanto nós pedíamos para eles fazerem e eles não conseguiam. Neste momento, não fazem facilmente, mas organizam-se, vão respeitando a

5. Como carateriza as crianças desta turma?

A turma é composta por crianças com muitas dificuldades de atenção, concentração, em criar hábitos de trabalho, aspetos fundamentais para um bom desenvolvimento académico. Nós temos um programa escolar para cumprir, e não tem sido fácil trabalhar com estas crianças, pois temos muitas dificuldades em relação às famílias. Estas crianças, o que fazem a nível académico só o fazem na escola, não há um acompanhamento escolar em casa, o que dificulta muito também o próprio processo de evolução de cada um deles. 19


6. Há dois alunos de ensino especial nesta turma, que acompanhamento é realizado nestes casos?

Um está a tempo inteiro na sala, só sai quando tem o apoio da educação especial, e outro aluno está integrado na Unidade Multideficiência, e devido à problemática relacional só está na sala apenas em alguns momentos do dia, e beneficia de todo um conjunto de terapias que têm que ser dadas num local apropriado, como na Unidade Multideficiência. A unidade está integrada na escola, porque há crianças com deficiência grave ou profunda, e que têm todo um acompanhamento, não só das docentes que estão destacadas na unidade, como também dos técnicos, e ainda temos uma parceria com a APPACDM de Setúbal, que tem sido uma maisvalia e uma resposta ao nível das fisioterapias, terapia da fala, que eles beneficiam.

relação à escola. Uma das outras dificuldades com que nos debatemos é o número excessivo de faltas que os alunos têm, é muito difícil nós termos uma semana seguida com os alunos todos. Estamos a falar de um primeiro ano, que está a fazer uma aquisição de leitura, escrita, cálculo… É muito complicado, e nesse aspeto a família deveria ter um papel fundamental, porém não há investimento. 8. Nesta turma, que desafios tem encontrado ao longo do ano letivo corrente? O que faz para os ultrapassar?

No dia-a-dia há todo um trabalho que teve que ser completamente reajustado à turma. Isso é fundamental. Tem que se conhecer as necessidades, os ritmos, dar uma resposta a uns sem prejudicar outros. Temos aqui vários níveis de ritmos e aprendizagens de trabalho, tem 7. Quais são as maiores que se tentar conjugar, o que é um dificuldades destes alunos de 1º desafio. Sendo um primeiro ano, ano? importa dar-lhes regras de funcionamento de sala de aula, e As maiores dificuldades são escola, que acabam por ser sociais, sobretudo ao nível da atenção, pois eles têm que saber concentração, eles não têm uma comportar-se, saber estar em memória trabalhada ainda, contextos diferentes. esquecem-se facilmente. E É outro desafio tentar fazer inclusive temos um grande os pais perceber a importância da problema com a pouca valorização escola, nesse âmbito o projeto de toda uma comunidade de pais, também está aos poucos a tentar encarregados de educação em 20


trabalhar os encarregados de educação. Outra dificuldade é a gestão do conflito, eles têm muitos conflitos entre eles, ultrapassa-se essa questão implementando estratégias, umas dão resultados positivos, outras não, vai-se experimentado, e mudando. Vivese um dia de cada vez. Por vezes, nem é um dia, é minuto a minuto, e faz-se o melhor que se pode.

10. Considera pertinente a aplicação deste programa numa turma de 1º ano? Porquê?

Se não achasse pertinente, nunca tinha aceitado. Quando me foi apresentado, percebi e entendi que era uma oportunidade muito boa para estas crianças. Espero que o projeto os possa acompanhar no mesmo tipo de trabalho durante os 4 anos, porque só aí é que nós vamos aferir, vamos aos poucos vendo a 9. Há quanto tempo leciona na evolução. É necessário ver o que EB1/JI da Bela Vista de Setúbal? está a falhar, ver o que está a ser bom, manter, reformular, e no Leciono há 11 anos e, gosto de final dos 4 anos tentarmos tirar trabalhar na escola. Já passei por elações. Não estou nada muitas escolas, de contextos arrependida, pelo contrário, acho diferentes. Tenho 23 anos de que foi uma oportunidade que me serviço. Experimentei um pouco foi dada enquanto docente, de cada realidade, embora isto também para crescer, porque eu seja muito subjetivo, porque só quando nós estamos nas situações própria passo a ter perspetivas, e interajudas. Uma parceria destas é é que sabemos ou não lidar com ótimo, e tenho pena que nem toda elas. a gente tenha oportunidade de passar por uma situação destas, porque é muito bom.

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MORADA: Rua da Figueira Grande, loja 27 - E 2910-000 Setúbal TELEFONE: +351 265 741 406 E-MAIL: Coordenação proinfinitoemaisalem.e5g@gmail.com

SITE: http://proinfinitoemaisalem.wix.com/proinfinitoemaisalem FACEBOOK: http://facebook.com/proinfinitoemaisalem.e5g

ISSUU: http://issuu.com/proinfinitoemaisalem.e5g HORÁRIO: Segunda a Sexta 09h30-13h00 14h00-19h30 Sábado 14h00-17h00 22


ENTIDADE PROMOTORA E GESTORA DO PROJETO:

PARCEIROS:

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A equipa que integra o projeto Pro Infinito e Mais Além – E5G: MARGARIDA VIEIRA (Coordenadora do Projeto)

proinfinitoemaisalem.e5g@gmail.com

MADALENA MARQUES (Técnica do Projeto)

tecnica.mm.pima@gmail.com

RUBEN MOREIRA (Dinamizador Comunitário)

dinamizador.rm.pima@gmail.com

SUSANA FERNANDES (Monitora CID@FORMA)

monitora.pima@gmail.com

NATACHA SOUSA (Técnica de Comunicação)

tecnicacomunicacao.pima@gmail.com

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