Solidário e ComunitárioTURISOL
Primavera de 2022

A Rede Brasileira de Turismo
Solidário e Comunitário -

TURISOL
A Turisol é a Rede Brasileira de Turismo Solidário e Comunitário. Ela surgiu em 2003 da articulação de um grupo de 07 iniciativas de turismo comunitário brasileiras que, com apoio da Embaixada da França no Brasil, participaram do FITS (Fórum Internacional de Turismo Solidário) em Marselha. Entre 2003 e 2007 o diálogo permaneceu ativo, mas não houve captação de recursos nem realização de projetos em conjunto, uma vez que, com muitos desafios internos, nenhuma dessas iniciativas pôde assumir a liderança da Rede.
Em 2007 Cecília Zanotti (Projeto Bagagem) e Thaise Guzatti (Acolhida na Colônia) se tornaram fellows da Ashoka Empreendedores Sociais e Artemísia. Em conjunto com os outros fellows do turismo comunitário, René Scharer (Prainha do Canto Verde), Francisco Alemberg (Fundação Casa Grande) e Eugênio Scannavino (Saúde e Alegria), os empreendedores sociais conseguem dar um novo fôlego à Rede Turisol.
O Instituto Virtual do Turismo (UFRJ), o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) foram parceiros na discussão e construção das bases dessa Rede. Em 2008 o edital para apoio a inciativas de turismo de base comunitária no Brasil do Ministério do Turismo (MTur) apoiou o Projeto Bagagem na gestão e articulação da Rede Turisol, projeto que durou até 2010 e teve como principais resultados o Encontro Nacional da Rede Turisol em 2010 e as publicações sobre as 07 iniciativas pioneiras da Rede: Projeto Bagagem, Acolhida na Colônia, Rede Tucum, Casa Grande, Saúde e Alegria, Mamirauá e Silves.
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Entre 2011 e 2014 o Projeto Bagagem passou por uma fase de hibernação com equipe muito reduzida e sem possibilidade de seguir liderando a Rede. Nessa fase a Rede ficou inativa, sobretudo porque o período coincidiu com desafios internos de outras iniciativas centrais. Porém as articulações e os trabalhos não cessaram e durante a Cúpula dos Povos 2012, participaram cerca de 80 representantes que debateram, concluiram e aprovaram a Declaração "Turismo, Sustentabilidade e Futuro". Propondo que a educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos.
Em agosto de 2014, com nova diretoria e a gestão estratégica do Bagagem assumida pela Raízes Desenvolvimento Sustentável, o diálogo em rede foi reestimulado. Um primeiro trabalho em conjunto foi a construção do histórico da Turisol e do turismo solidário no Brasil para apresentação no FITS na Nicarágua em setembro de 2014. Aconteceram, ainda, duas reuniões de articulação para retomada dos trabalhos em rede: uma em novembro no Encontro Nacional de Turismo de Base Local (ENTBL) em Juiz de Fora e outra em dezembro no Instituto Virtual de Turismo na UFRJ.
Em 2015 ocorreu o II Encontro da Rede Turisol em Brasília (2015), reunindo cerca de 180 pessoas. Foram mais de 50 pessoas de diferentes comunidades de norte a sul do país –além de operadores e agências, acadêmicos que pesquisam o tema, membros do Poder Público Municipal, Estadual e Federal.
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Em março de 2018 foi realizado o II Fórum Global sobre Turismo Sustentável – II FGTS, como uma atividade do Fórum Social Mundial- FSM 2018. Os participantes do II FGTS reafirmaram o potencial do turismo comunitário como ferramenta de desenvolvimento local com sustentabilidade, a partir de experiências exitosas protagonizadas por povos e comunidades, que são conduzidas a partir de princípios como os da economia solidária, que contestam as formas hegemônicas de turismo convencional e de massa, que muitas vezes se apresentam como insustentáveis: segregadoras, predatórias e invasivas contra os povos, seu ambiente e suas culturas. Entendemos que resistimos de forma global, mas agimos de forma local. O resultado deste evento foi a Declaração de Salvador - II Fórum Global sobre Turismo Sustentável-II FGTS.
O ano de 2018 também marcou o início da articulação virtual da Rede Turisol, promovendo atualemnte a comunicação, o debate e a integrando de 200 comunitários, técnicos e representantes de entidades, movimentos sociais e projetos de TBC em todos os estados do Brasil.
No ano de 2020 o Projeto Bagagem realizou um mapeamento nacional e, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, foram identificados 100 projetos de TBC em operação no Brasil.
No entendimento da Rede Turisol o TBC, este fenômeno social que extrapola a dimensão econômica, tem muito a contribuir para superação dos desafios que o turismo nacional terá nos próximos anos. Desta forma apresentamos a seguir 13 demandas para o desenvolvimento do TBC no Brasil.
13 Propostas à política nacional de turismo e ao desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária - TBC
1. Incluir princípios como a cooperação, solidariedade, sustentabilidade, economia solidária, empoderamento comunitário e transparência, assim como o Turismo de Base Comunitária - TBC nas Diretrizes do Turismo Nacional;

2. Reconhecer e incentivar o Turismo de Base ComunitáriaTBC através de legislação e políticas públicas específicas;
3. Realizar parcerias com iniciativas comunitárias para a gestão e operação turística das Unidades ConservaçãoUCs, assim como as práticas de Ecoturismo de Base Comunitária;
4. Estimular a participação do Turismo de Base ComunitáriaTBC nas instâncias de governança [municipal, regional, estadual, nacional] e redes de cooperação, locais, regionais, nacionais e internacionais;
5. Implantar Programa de Promoção Específica do Turismo de Base Comunitária - TBC a nível municipal, estadual, nacional e internacional;
6. Realizar conferências estaduais e nacional para elaboração coletiva do Plano Nacional do Turismo de Base Comunitária - PNTBC; ...
13 Propostas à política nacional de turismo e ao desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária - TBC
7. Incluir as entidades representativas do Turismo de Base Comunitária - TBC na elaboração do Plano Nacional do Turismo e das políticas públicas relacionadas ao TBC: Unisol - Movimento Indígena - Conaq - MST - ContagMovimentos de comunidades urbanas - Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – Associação Nacional de Agroecologia/ANARede Turisol - Rede Traf.
18. Desenvolver a Política Nacional de Turismo de Base Comunitária baseada nos princípios e diretrizes envolvidos na promoção do Direito às Viagens e ao Turismo e, nos princípios/noções do Bem-Viver;
9. Criar unidade gestora do Turismo de Base ComunitáriaTBC e Povos Tradicionais na estrutura do Mtur, assim como do TBC no Ministério dos Povos Originários;
10. Avançar na inclusão digital dos comunitários e territórios do Turismo de Base Comunitária - TBC no Brasil;
11. Lançar continuamente linhas de crédito e investimentos sociais, assim como chamadas públicas e editais específicos ao Turismo de Base Comunitária - TBC;
12. Promover evento nacional do Turismo de Base Comunitária - TBC [debates, intercâmbios, missões técnicas, ações comerciais, feiras e exposições];
13. Realizar Prêmio Nacional de Turismo de Base Comunitária - TBC [práticas ambientais, sociais, gestão participativa, economia solidária, inovação, juventude e empoderamento comunitário].

Este documento foi produzido coletivamente na Rede Turisol e tem o objetivo de aproximar as demandas do TBC, no Plano e Diretrizes da Coligação Brasil da Esperança na elaboração e debate nacional das políticas públicas de turismo no Brasil.