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TRINDADE ESQUECIDA
compreender e vivenciar de forma autêntica as etapas de sua jornada, caminhando juntos em procissão até que cheguem ao seu destino (Rm 8.29-30) e o Senhor Jesus volte para nos conduzir em absoluta segurança para o lugar que ele mesmo foi-nos preparar (Jo 14.1-6). No céu, na Cidade de Deus, teremos uma “teologia dos benditos”.25 Estaremos de volta à nossa terra natal.
Deus deseja que partilhemos da intimidade da relação da Trindade, dirigindo-nos ao Pai pela mediação do Filho sob a direção iluminadora do Espírito.26 Lembremo-nos de que Trindade é habitualmente o nome cristão para Deus, fazendo, portanto, parte do cerne de nossa fé.
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Curiosamente, foi a busca da igreja pela compreensão do mistério do Cristo encarnado que a fez desenvolver e precisar o conceito de Trindade. E a igreja estava certa. O que Deus adoremos em obediência (Dt 29.29). Desta maneira, sabemos que a Trindade nos deu a Trindade. Sem a ação trinitária, jamais conheceríamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É por eles que conhecemos o Deus Triúno e nos relacionamos com ele em santa adoração.
Por conseguinte, é preciso que entendamos que não compete à igreja explicar o mistério da Trindade. Ela, partindo da Escritura, apenas o descreve de forma mais ou menos sistemática, formulando a doutrina de tal forma que evite os erros e as heresias. O mistério permanece em todo o labor teológico.
25 Cf. Johannes Wollebius, Compêndio de teologia cristã (Eusébio, CE.: Peregrino, 2020), p. 30.
26
“O propósito original de Deus foi que o ser humano partilhasse a intimidade familiar jubilosa da Trindade” (J. I. Packer, O plano de Deus para você, 2. ed. (Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2005), p. 125).
Prefácio à edição brasileira
Isso nos humilha e, ao mesmo tempo, deve nos conduzir em humilde e alegre gratidão a cultuar a Deus.
Devemos considerar que nada na Escritura é ocioso (At 20.27; 2Tm 3.16). Ocioso e ingrato27 é deixar de considerar todo o desígnio de Deus28 ou mesmo tentar ultrapassá-lo.
Com tudo isso em mente, tenho o prazer de dizer que a obra do Dr. James White é de excelência e profundamente bíblica. O autor, valendo-se frequentemente de habilidade, consistência e profunda exegese, procura discorrer de modo preciso e claro sobre a fundamentação bíblica da doutrina da Trindade, dedicando maior espaço à divindade do Filho, e,
Pessoa do Espírito. Depois, ele demonstra alguns equívocos ocorridos ao longo da história na tentativa de formulação da doutrina, bem como desvios modernos que se afastaram das elaborações clássicas fundamentadas na Palavra. Diante destas elaborações, White dá explanações exegéticas e com arcabouço histórico, trazendo o leitor de forma branda e segura ao direcionamento bíblico, evidenciando a necessidade que a igreja tem de considerar com alegria e reverente temor a bendita Trindade — a qual, ainda que envolta nos relacionarmos com o Deus Trino, descartando conceitos heréticos, especialmente os sustentados pelas “Testemunhas de Jeová”. Assim, White, com amplitude bíblica, demonstra a relevância dessa doutrina para a vida cristã.
27 Cf. João Calvino, As Institutas, III.21.4.
28 Aqui, Calvino também tem algo dizer: “A Escritura é a escola do Espírito Santo, na qual, como nada é omitido só se necessário, mas também proveitoso de conhecer-se, assim também nada é ensinado senão o que convenha saber” (João Calvino, As Institutas, III.21.3).