PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO, SEGURANÇA ELETRÓNICA E NO TRABALHO 6,00€
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GESTÃO DO RISCO
Garantir a continuidade de negócio INCÊNDIOS RESIDENCIAIS
Novos incêndios, novas táticas
TRABALHOS EM ALTURA
Trabalhos verticais na reabilitação de edifícios
TEMA DE CAPA
SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR SPRINKLERS UTILIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS, PANORAMA EUROPEU, SUSTENTABILIDADE E CENTRAIS DE BOMBAGEM
TODOS DEVEMOS CAMINHAR NA DIREÇÃO DA SEGURANÇA
ASSOCIADOS OBSERVADORES NOVA CATEGORIA DE ASSOCIADO
Podem associar-se à APSEI e usufruir de serviços exclusivos as empresas que não têm como atividade principal a segurança mas que assumem esta área como um fator estratégico para a sua atividade. Esta categoria de associado pretende incluir na APSEI empresas dos setores bancário, energético, industrial, hoteleiro, construção e imobiliário, de comércio e retalho, entre muitos outros.
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Editorial Maria João Conde
Integrar a APSEI é fazer parte de uma comunidade técnica especializada em segurança, (…) é poder participar na definição do futuro do setor da segurança.
Num mundo cada vez mais imprevisível, uma das poucas certezas que temos é que a atividade de segurança, em qualquer uma das suas vertentes – Safety e Security – vai crescer nos próximos anos. Os novos factos dominantes do século XXI como sejam o envelhecimento da população, o terrorismo à escala global, a generalização das novas tecnologias, a economia digital, configuram uma grande oportunidade para que a atividade de segurança se desenvolva em ritmo elevado nos próximos anos. O futuro é, por isso, promissor para as empresas e profissionais de segurança que laboram nesta atividade tão crítica para a salvaguarda da vida e bem-estar das pessoas e para a estabilidade económica e social. Contudo, num ambiente de elevada concorrência, as áreas com maior potencial de crescimento são também as áreas mais apetecíveis e, por vezes, a concorrência surge de todos os quadrantes, até mesmo de setores aparentemente não concorrenciais. Para que os agentes económicos da segurança, sejam empresas ou técnicos, consigam converter esta oportunidade do mercado em vantagem competitiva, é essencial que: — tenham consciência do ambiente externo e das influências indiretas (políticas, económicas, cultuais, demográficas e tecnológicas) que impendem sobre a atividade de segurança; — tenham conhecimento dos fatores que influenciam diretamente a atividade, com destaque para a legislação aplicável, a concorrência atual e futura; — tenham internalizadas as competências necessárias para conseguirem ser competitivos e conseguir criar valor para os seus stakeholders. A APSEI desde há 10 anos que desenvolve um trabalho consistente nestas três dimensões, proporcionando aos seus associados uma vantagem competitiva. Integrar a APSEI é fazer parte de uma comunidade técnica especializada em segurança, é ter acesso a um acervo de informação técnica, a um know how acumulado, a canais de comunicação especializados, a canais institucionais conetados à regulamentação e fiscalização, é poder participar na definição do futuro do setor da segurança. Com praticamente 300 associados (empresas e técnicos) que têm como denominador comum o interesse na atividade de segurança (independentemente do posicionamento: projetista, fabricante, instalador, responsável/diretor de segurança), o crescimento da APSEI ao longo do seu tempo de vida confirma que o associativismo é um fator competitivo. Para continuarmos a criar valor para o nosso associado, estamos a promover até ao final de 2015 o 3.º Estudo do Setor da Segurança em Portugal, que está a ser realizado por uma entidade independente, e que tem como principal objetivo caracterizar o setor da segurança e identificar os principais fatores competitivos da atividade. Esperamos poder a continuar a saber dar o apoio que as empresas e técnicos de segurança necessitam para progredir na atividade e de contribuir para o crescimento do setor da segurança. Finalmente, deixamos uma nota para todos os interessados pela segurança e saúde do trabalhador. Depois da Comissão Técnica 46 (Segurança contra incêndio) e Comissão Técnica Eletrotécnica 79 (Sistemas de alarme), o Instituto Português da Qualidade atribuiu à APSEI uma terceira comissão técnica, a Comissão Técnica 42 no âmbito da Segurança e Saúde do Trabalhador, a qual será dinamizada até ao final do primeiro semestre de 2015. ABRIL 2015
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01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. Publicadas revisões das portarias complementares ao Regime Jurídico de Segurança Privada. Gases Fluorados com Efeito de Estufa – Novas Obrigatoriedades Legais. Eventos setoriais da APSEI marcam início de 2015. 06 Novidades na APSEI. Aconteceu na APSEI. 53+54 Ficha técnica APSEI n.º43 Sistema de alarme de intrusão (SAI). Detetor de infravermelhos passivo (IVP). 55 Legislação e Normalização. 56 Agenda.
Sumário
06 ARTIGO DE CAPA 08 SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR SPRINKLERS 10 Extinção Automática de Incêndios por Sprinklers - Abordagem Sintética Razões jurídicas, económico-sociais e de desempenho para o emprego dos sistemas de extinção por sprinklers. Critérios para o emprego, projeto e implementação de sistemas de sprinklers e desmistificações.
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António Rosa Gomes
15 Progresso dos Sistemas de Sprinklers e Água Nebulizada na Europa Exigências e requisitos de sistemas de sprinklers nos diferentes ordenamentos jurídicos europeus. A importância dos sistemas de sprinklers na proteção contra incêndio e o seu reconhecimento legal. Alan Brinson
19 Sprinklers: Uma Proteção Sustentável O impacto social e económico dos incêndios e o papel dos sistemas de extinção por sprinklers na sua mitigação. Os custos totais associados aos incêndios. Investigação e dados recolhidos pelo setor das seguradoras. A importância da inclusão dos sistemas de sprinklers nos regulamentos de segurança contra incêndio. Bruce Bromage e Miguel Azevedo
22 Condição de Aspiração para Centrais Supressoras de Incêndio – EN 12845 Dimensionamento da tubagem em instalações com aspiração positiva e com aspiração negativa de acordo com a norma EN 12845. Hugo Gomes
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A instalação de sprinklers em edifícios protege não só os edifícios, como os seus ocupantes e as suas atividades, tornando essas instalações muito mais resilientes e, por essa via, contribuem para um desenvolvimento sustentável. Os sprinklers protegem a sociedade contra os impactos mais amplos dos incêndios e deveriam ser o ponto de partida da filosofia de proteção contra incêndios de um edifício.
FABRICO NACIONAL 26 Conceber Proteção e Criar Qualidade de Vida no Trabalho Reportagem à empresa HR Proteção sobre o processo de conceção e fabrico de vestuário profissional. Aposta no fabrico de equipamentos de proteção individual para diferentes atividades. Enfoque na criação de qualidade de vida em contexto laboral. Certificação e qualidade de produto. João Carvalho 02
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LEGISLAÇÃO 30 Revisão do Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios Perspetivas dos membros da Comissão de Acompanhamento sobre o processo em decurso de revisão do Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios consagrado no Decreto-Lei nº220/2008. Visão da APSEI – Associação Portuguesa de Segurança, da Ordem dos Arquitetos e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil. LNEC, APSEI e Ordem dos Arquitetos
INFORMAÇÃO TÉCNICA 33 Novos Incêndios, Novas Táticas Divulgação de novas táticas de combate a incêndios residenciais resultantes de estudos conduzidos pelos investigadores Kerber e Madrzykowski. Características dos incêndios em edifícios habitacionais. Impacto das novas descobertas nos procedimentos dos bombeiros no combate a incêndios. Críticas e advertências à alteração das táticas atuais. Jesse Roman
38 Gestão do Risco e Continuidade do Negócio A importância da implementação de sistemas de gestão do risco eficazes que permitam a continuidade de negócios. Uniformização da gestão do risco. Conceitos e procedimentos essenciais na conceção de um plano de continuidade de negócios. Luís Coelho
40 A Proteção dos ATM's Introdução das ATM’s no sistema bancário e a sua rápida dispersão geográfica em Portugal. Ataques a ATM’s e sistemas de neutralização de notas. A tintage como uma das principais tendências na proteção de valores em ATM’s. Panorama nacional e enquadramento legal da proteção de ATM’s. Paulo Duarte
44 Trabalhos Verticais na Reabilitação e Reparação de Edifícios em Espanha e Portugal Estudo dos requisitos de acesso das normas espanhola e portuguesa para os profissionais que realizam trabalhos em altura.
Direção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira, Bruno Pinto, Gonçalo Sítima, João Carvalho e Mélanie Cuendet Colaboradores neste número Alan Brinson, Alfonso Pérez, Ana Pedrosa, António Coelho, António Gomes, Bruce Bromage, Hugo Gomes, Jesse Roman, Jorge Lozano, Juan Pérez, Luís Coelho, Manuel Tender, Miguel Azevedo, Paulo Ramos Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Publicidade Gonçalo Sítima Redação, Edição e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail rp@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt/proteger Fotografia Gonçalo Sítima, Shutterstock Design e Paginação José Mendes Graphic.Design.Studio jmendesign@mac.com Pré-press BBCE, Comunicação e Eventos, lda. Impressão Gráfica Central Almeirim Periodicidade Quadrimestral Tiragem 3000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288 Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança.
Alfonso Cortés Pérez, Juan Pedro Cortés, Manuel Tender e Jorge Lozano
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PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO, SEGURANÇA ELETRÓNICA E NO TRABALHO 6,00€
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GESTÃO DO RISCO
Garantir a continuidade de negócio INCÊNDIOS RESIDENCIAIS
Novos incêndios, novas táticas
TRABALHOS EM ALTURA
Trabalhos verticais na reabilitação de edifícios
48 Proteger o Pé em Contexto Laboral
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Utilização do calçado de proteção e segurança e vantagens para os trabalhadores. Evoluções no fabrico, materiais utilizados e nas características de proteção do calçado. O calçado profissional e a saúde. Desenvolvimento de programas de aconselhamento e promoção da utilização de calçado de proteção e segurança. Ana Rita Pedrosa
TEMA DE CAPA
SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR SPRINKLERS UTILIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS, PANORAMA EUROPEU, SUSTENTABILIDADE E CENTRAIS DE BOMBAGEM
50 Conformidade de Sistemas de Deteção Contra Intrusão Adequação dos sistemas de deteção contra intrusão à lei e às especificações técnicas. Orientações para o estudo e conceção, instalação e manutenção de sistemas de alarme de intrusão. Especificação Técnica CEN/TS 50131-7. Avaliação do risco, especificação do sistema, instalação e ensaios funcionais, entrega do sistema e documentação legal necessária. APSEI ABRIL 2015
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NOTÍCIAS
PUBLICADAS REVISÕES DAS PORTARIAS COMPLEMENTARES AO REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA PRIVADA
Recentemente algumas portarias que regulamentam o regime jurídico da atividade de segurança privada, publicado pela Lei n.º 34/2013, sofreram alterações pontuais que visaram viabilizar a implementação de alguns requisitos. Esta não se tratou de uma verdadeira revisão legal, uma vez que a avaliação do regime jurídico está prevista acontecer três anos após a entrada em vigor da referida lei (ou seja, junho de 2016). A APSEI colaborou ativamente nesta proposta de revisão através do seu Núcleo de Segurança Eletrónica, tendo reunido com o ex-Secretário de Estado Adjunto do MAI, Fernando Alexandre e com o Departamento de Segurança Privada da Direção Nacional da PSP e participado no Conselho de Segurança Privada, órgão de consulta do Ministro da Administração Interna. No dia 13 de abril foram publicadas as revisões das Portarias n.os 272/2013 e 273/2013, respeitantes aos requisitos e ao procedimento de registo de entidades na Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública e à regulação das condições específicas da prestação dos serviços de segurança privada. Recorde-se que a Portaria n.º 272/2013, de 20 de agosto, veio estabelecer os requisitos e os procedimentos de registo, na DNPSP, das entidades que procedem ao estudo e conceção, instalação, manutenção ou assistência técnica de material e equipamento de segurança ou de centrais de alarme. De acordo com o publicado em Diário d a R e p ú b l i c a “ o re g i s t o p ré v i o t i n h a subjacente, desde logo, um princípio de desburocratização e desmaterialização, que não tinha correspondência nalguns dos elementos comprovativos exigidos no âmbito do respetivo
procedimento”. Tal objetivo não se verificou por completo e dessa forma, as alterações efetuadas pela Portaria nº 105/2015, de 13 de abril visam “adequar tais elementos comprovativos e possibilitar que o licenciamento seja conduzido, integralmente, de forma eletrónica”. Para além desse objetivo, a Portaria nº 105/2015 procura ainda “clarificar em que termos” poderá ser concretizada a qualificação profissional do Técnico Responsável da entidade sujeita a registo prévio. Já a Portaria n.º 273/2013, de 20 de agosto, que regula as condições específicas da prestação dos serviços de segurança privada, o modelo de cartão profissional e os procedimentos para a sua emissão e os requisitos técnicos dos equipamentos, funcionamento e modelo de comunicação de alarmes, sofreu alterações através da Portaria nº 106/2015 de 13 abril. Estas alterações visam responder à “inadequação de alguns requisitos especiais de segurança, designadamente os previstos nos artigos 8.º, 9.º e 111.º” da Portaria 273/2013. Assim sendo, foi considerada “justificada a introdução de alterações à Portaria n.º 273/2013 que permitam ter em consideração o nível de risco associado às entidades, a inexistência no mercado de determinado tipo de equipamento, bem como a impossibilidade de certificação de determinados requisitos, desde que o nível de segurança seja assegurado por outros sistemas existentes”. Desta forma, e através da Portaria nº 106/2015 “opta-se por, apenas em casos excecionais e mediante parecer prévio da Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública, dispensar parcialmente a adoção de sistemas de segurança e/ou o cumprimento
dos requisitos mínimos previstos no capítulo II da Portaria n.º 273/2013, de 20 de agosto”. Com a publicação da Portaria n.º 114/2015 de 24 de abril, a Portaria n.º 148/2014, referente à formação do pessoal de segurança privada e às qualificações profissionais dos docentes sofreu também algumas alterações. Com a publicação da Portaria n.º 114/2015, o legislador tem como objetivo “clarificar o regime de reconhecimento de unidades de formação de curta duração ministradas no âmbito da formação da especialidade de segurança privada”. Além dessa clarificação, o legislador procura igualmente “consagrar como requisito de formação de qualificação de assistente de portos e aeroportos, na vertente de segurança aeroportuária, a frequência com aproveitamento da formação legalmente exigida para o pessoal que executa ou é responsável pela execução do rastreio, do controlo de acesso ou de outros controlos de segurança aeroportuária”. Segundo a nova Portaria, e tendo como base o modelo de formação profissional adotado, “o sistema de avaliação previsto aplica-se quer no âmbito dos cursos de formação inicial de qualificação, quer nos cursos de formação de atualização”. Como último objetivo, ao proceder a estas alterações, o legislador visou ainda “adequar a formação exigida ao pessoal de vigilância que já exerça alguma das novas especialidades”, mas que não possua uma “declaração da entidade patronal comprovativa do exercício efetivo das funções durante dois anos nos últimos cinco anos”, de forma a garantir “o reconhecimento da experiência profissional adquirida, complementando-a com a formação de atualização da especialidade exercida”.
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GASES FLUORADOS COM EFEITO DE ESTUFA NOVAS OBRIGATORIEDADES LEGAIS Oito anos após a publicação do Regulamento (CE) 842/2006, que veio estabelecer o controlo da emissão de gases fluorados com efeito de estufa (GFEE) na Europa, a Comissão Europeia substituiu o referido Regulamento, de modo a introduzir medidas mais restritivas. Com este objetivo, a Comissão publicou, em abril do ano passado, o Regulamento (UE) nº 517/2014. Das novas medidas introduzidas por este Regulamento, no âmbito da segurança contra incêndios, destacase o facto dos distribuidores de GFEE passarem a apenas poder vender estes gases a empresas e técnicos certificados de acordo com o Regulamento (UE) nº 304/2008 e o facto da colocação no mercado de produtos e equipamentos que contenham HFC- 23 passar a ser proibida partir de 1 de janeiro de 2016. Enquanto que o anterior Regulamento apenas exigia que os equipamentos que contivessem 3 kg ou mais de GFEE fossem sujeitos a verificações periódicas para deteção de fugas, com as novas disposições legais, praticamente todos os
extintores e sistemas fixos de extinção que contenham GFEE ficam obrigados a este tipo de verificações. Da mesma forma, com o novo diploma também a periodicidade das verificações para deteção de fugas e a capacidade a partir da qual é exigida a instalação de sistema automático de deteção de fugas sofreram alterações. Por outro lado, o Regulamento (UE) 517/2014 introduziu também alterações nos dados que os distribuidores de GFEE, os operadores dos sistemas e as entidades responsáveis pela sua intervenção necessitam de submeter à Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Assim, estas entidades passam a ter de comunicar à APA, até 31 de outubro de cada ano, as folhas relativas às compras e vendas ocorridas entre 1 de janeiro e 30 de junho do mesmo ano, e até 30 de abril as folhas relativas às compras e vendas ocorridas entre 1 de julho e 31 de dezembro do ano anterior. A primeira destas submissões apenas está prevista para Outubro de 2015. As folhas de compra e venda, bem como o manual de preenchimento das mesmas, estão
disponíveis para download na página eletrónica da APA, em www.apambiente.pt. Com a publicação do novo Regulamento, os proprietários dos sistemas continuam obrigados a comunicar à APA, até 31 de março de cada ano, os dados respeitantes ao ano civil anterior. Recorda-se que as empresas e os técnicos, para efeitos da intervenção de extintores e sistemas fixos de proteção contra incêndio que contenham GFEE, carecem de estar certificados para o efeito. Esta certificação é concedida pela APSEI. Para além desta certificação, decorrente do Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios, as entidades necessitam igualmente de estar registadas na Autoridade Nacional de Proteção Civil. A lista de entidades registadas na ANPC pode ser consultada na página eletrónica da ANPC, em www.prociv.pt e a lista de técnicos e empresas certificados para efeitos da intervenção de extintores e sistemas fixos de proteção contra incêndio que contenham GFEE na página eletrónica da APA e da APSEI, em www.apsei.org.pt.
EVENTOS SETORIAIS DA APSEI MARCAM INÍCIO DE 2015 A APSEI – Associação Portuguesa de Segurança arrancou o ano de 2015 com a organização de vários fóruns setoriais com o objetivo de promover o debate entre os profissionais da segurança em diferentes áreas de atividade. No IV Fórum da Normalização da Segurança em Portugal, que decorreu no dia 3 de março no Instituto Português da Qualidade, a APSEI, na qualidade de organismo de normalização setorial, apresentou os trabalhos normativos desenvolvidos em 2014 nas duas comissões que coordena: a Comissão Técnica 46 – Segurança contra incêndio e símbolos gráficos e a Comissão Técnica Eletrotécnica 79 – Sistemas de alarme.
A 25 de março teve lugar o 24º Fórum APSEI dedicado aos sistemas automáticos de extinção por sprinklers e que reuniu mais de 200 profissionais no auditório principal do ISEL, em Lisboa. O programa do fórum abordou as várias perspetivas relacionadas com estes sistemas, desde o projeto à manutenção, passando também pela instalação e fiscalização. Destaque ainda para o Workshop Sistemas de Segurança Eletrónica, organizado em parceria com a Universidade da Beira Interior, no dia 13 de abril, e que permitiu a estudantes e profissionais ligados às áreas da arquitetura e segurança adquirirem e consolidarem conhecimentos no âmbito dos sistemas de segurança eletrónica.
Para o dia 12 de maio está agendada a realização do 26º Fórum APSEI sobre prevenção e emergência em ambientes industriais, em Estarreja. Alguns dos temas em debate serão a comunicação de acidentes graves, as estratégias de prevenção para evitar acidentes com matérias perigosas e o que fazer em caso de derrame. Segurança em atmosferas explosivas, o trabalho em espaços confinados e a conceção de exercícios para indústrias também fazem parte do programa deste fórum. Poderá inscrever-se nos eventos organizados pela APSEI e acompanhar todas as suas iniciativas www.apsei.org.pt.
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APSEI
Novidades da APSEI
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Reunião com ANPC sobre revisão da Portaria n.º 773/2009 e Despacho n.º 10738/2011 sobre Registo das Entidades
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Participação na Security Section da confederação Euralarm (Alemanha)
IV Fórum da Normalização da Segurança em Portugal, IPQ, 253 participantes inscritos
A APSEI trabalha continuamente na promoção do setor da segurança. Fique a conhecer algumas das iniciativas e atividades realizadas pela APSEI nos últimos meses.
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Participação na Jornada Técnica da Ordem dos Engenheiros com uma intervenção sobre a “Normalização na Segurança contra Incêndio”
atribuição foi feito no decorrer do IV Fórum da Normalização da Segurança em Portugal, no Instituto Português da Qualidade. PRESENÇA NO SEGUREX 2015 A APSEI irá marcar presença na edição de 2015 do SEGUREX que terá lugar entre 5 e 9 de maio, na FIL, em Lisboa. Visite-nos e fique a conhecer todas as vantagens de se tornar associado da Associação Portuguesa de Segurança. CAMPANHA DE ISENÇÃO DE JÓIA Até 31 de maio, as empresas de segurança com atividade em proteção contra incêndio, segurança eletrónica e segurança no trabalho poderão aderir à APSEI sem o pagamento da jóia de entrada. Aderindo ao pagamento por débito direto, os novos associados poderão ainda beneficiar de descontos até 15% sobre a quotização, podendo assim aceder a todos os serviços da APSEI com um investimento mais reduzido.
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OORDENAÇÃO DA COMISSÃO C TÉCNICA 42 – SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR A APSEI – Associação Portuguesa de Segurança vai coordenar a Comissão Técnica 42 (CT 42), responsável pela produção de normas na área da segurança e saúde do trabalhador, designadamente no campo dos equipamentos de proteção individual, exposição ocupacional, ergonomia e sistemas de gestão. O anúncio foi desta nova
MARÇO
FEVEREIRO
LANÇAMENTO DE NOVOS CURSOS Com o início de 2015 a APSEI aumentou a sua oferta de formação, disponibilizando ao mercado novos cursos. Até ao final do ano, serão ainda apresentadas novas ações de formação, mas para já, fique a conhecer os novos cursos em que poderá participar: ≥ Gestão de Emergências: Do Planeamento à Avaliação de Exercícios ≥ Gestão da Segurança em Estabelecimentos Industriais ≥ Auditorias de Segurança Contra Incêndio ≥ Gestão de Segurança Contra Incêndio em Edifícios Históricos ≥ Segurança contra Incêndio em Atmosferas Explosivas (ATEX) ≥ Gestão de Emergências e Continuidade de Negócios
ORMAÇÃO PRÁTICA DE F EXTINTORES NO PORTO A partir de abril a APSEI aproximase dos profissionais da região norte disponibilizando a realização da componente prática (para além da componente teórica) do seu Curso de Manutenção de Extintores no Porto. Este curso permite o cumprimento do Requisito 5 - Qualificação e Formação de Colaboradores, da NP 4413:2012, para efeitos da certificação do Serviço de Manutenção de Extintores.
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24.º Fórum APSEI Sistemas Extinção por Água, 216 participantes inscritos Participação no Conselho de Segurança Privada, órgão consultivo do Ministro da Administração Interna, sobre a revisão do regime da atividade de segurança privada
Audiência com o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna, Fernando Alexandre, sobre a revisão do regime da atividade de segurança privada
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Participação no seminário “A Proteção Civil e as Empresas” organizado pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira com uma intervenção sobre Soluções de Proteção contra incêndio
Participação na Comissão de Formação da CFPA-Europe (Finlândia)
Workshop APSEI Sistemas de Segurança Eletrónica, Covilhã, 69 participantes
Reunião com o gabinete do Secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, sobre revisão do RJ-SCIE Reunião com o Departamento de Segurança Privada da Direção Nacional da PSP
Sistemas de Extinção por Sprinklers Os sistemas automáticos de extinção por sprinklers são um dos métodos de proteção contra incêndio mais utilizados em todo o mundo e o incentivo à sua utilização tem sido um das principais tendências na proteção de pessoas e bens das últimas décadas. Nesta edição da PROTEGER olhamos para as razões que justificam a sua utilização em diferentes edifícios e como se caracteriza o panorama legal europeu atual. Iremos ainda abordar a sustentabilidade destes sistemas e quais os requisitos de instalação do sistemas de bombagem para serviço de incêndio.
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CAPA
EXTINÇÃO AUTOMÁTICA DE INCÊNDIOS POR SPRINKLERS Abordagem Sintética António Rosa Gomes Consultor da Tecniquitel
Este artigo tem como objetivo efetuar uma abordagem sintética aos sistemas de extinção automática por sprinklers e, pese embora o tema seja abordado tecnicamente em abstrato, pretende‑se enquadrá-lo na realidade portuguesa.
De modo generalizado, o emprego de sistemas de sprinklers em Portugal é relativamente recente e foi sobretudo alavancado pelo atual Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RJSCIE), mas ainda assim encontram-se algumas resistências. Naturalmente, antes da publicação do RJSCIE que já se utilizavam sistemas deste tipo, essencialmente por opção de proprietários, sendo algumas empresas referenciais de boas práticas desde a década de 50, como por exemplo a Companhia dos Carris de Ferro de Lisboa. Merece ainda especial destaque a iniciativa do antigo Instituto de Seguros de Portugal (atualmente designado ASF – Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões) com a publicação de um conjunto de Regras Técnicas em 1986 diretamente indexadas às tarifas dos produtos de seguro do ramo incêndio. No seu âmbito, este documento revela uma perspetiva técnica e recusa a limitação à mera prescrição administrativa pelas consequências que uma visão legalista — e redutora — pode ter em determinadas circunstâncias. Sem depreciação do quadro legal, que assegura um determinado conjunto de soluções para outro determinado conjunto de enquadramentos, importa estar particularmente atento às singularidades de cada sistema de sprinklers no seu contexto. RAZÕES PARA O EMPREGO DE SISTEMAS DE SPRINKLERS Em incêndios de desenvolvimento rápido e flash fires o recurso a extintores manuais ou meios manuais de primeira intervenção pode ser impraticável. Por seu lado, um sistema de sprinklers é um sistema de extinção automático e pode estar exposto a condições incompatíveis com a vida humana. O sistema não fugirá. Atuará. Porquê confiar num sistema de sprinklers? Porque são simples, mecânicos e certificados. O fumo e resíduos gasosos da combustão são tendencialmente mais perigosos para a vida humana do que o fogo, mas a atuação do sistema de sprinklers contribui de imediato para a diminuição de emissões. Podem encontrar-se dois grandes universos de razões:
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CAPA
Razões de natureza jurídica: O Decreto-Lei nº 220/2008 prevê no seu art.º 4º que o diploma assenta “nos princípios gerais da preservação da vida humana, do ambiente e do património cultural”, visando os valores referidos, comuns aliás às sociedades ocidentais. Outros ordenamentos jurídicos, quer Europeus, quer nos referenciais da comunidade Anglo-Saxónica (ou seja, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América e Reino Unido), transpõem, quer para a o direito interno, quer para as práticas económico-sociais comuns, outros valores mais tangíveis e que evidenciam formas pragmáticas de abordagem que consolidam a sã convivência da obrigação legal com a realidade das sociedades modernas. O quadro I sintetiza os dois universos de razões. Razões económico-sociais (pragmáticas) As razões económico-sociais para emprego destes sistemas podem sintetizar-se num quadro de análise SWOT (quadro 2), que permitirá transitar em seguida para o detalhe. Dados estatísticos São desconhecidos dados estatísticos nacionais publicados sobre esta matéria, pese embora se afigure que seriam um fator de gestão imprescindível, quer para o setor público como para o privado, para a avaliação sistemática de desempenho de atuação em incêndio. Nesta conformidade, a avaliação do real impacto económico dos sucessivos diplomas legais e torna-se um exercício muito difícil, senão mesmo impossível. Em contraponto, ao nível internacional encontra-se uma considerável fonte de elementos estatísticos. Publicados por entidades públicas e privadas. Todavia a dispersão de fontes por entidades de natureza distinta e que reportam realidades e perspetivas ainda mais diversificadas, em vários países e estados, conduzem a uma variedade e heterogeneidade de dados tal, que a sua análise tende a tornar-se tarefa infinita. É no entanto possível obter elementos que permitem chegar a conclusões gerais, ou pelo menos óbvias, a partir de algumas fontes nos Estados Unidos e Europa.
Proteção e atuação Segundo o relatório Reliability of Automatic Sprinkler Systems, sustentado por dados proporcionados pela NFPA, conclui-se que as perdas de vidas e bens em estruturas protegidas por sprinklers são relevantemente inferiores às das não protegidas. ≥ No passado, os sistemas de sprinklers tinham taxas de falha de atuação de 1
para 6, em incêndios com desenvolvimento suficiente para ativar estes sistemas. Sensivelmente 16% de insucesso. ≥ C om base nos dados existentes, a partir de 2005 evidencia-se que a taxa de atuação com sucesso em incêndios com desenvolvimento suficiente para ativar sistemas de sprinklers é de cerca de 93%.
QUADRO 1 Razões jurídicas de emprego (resumo)
REALIDADE NACIONAL
REALIDADES ANGLO-SAXÓNICA E DO NORTE DA EUROPA (sem contradição com o referido na coluna da esquerda e em complemento)
a) Reduzir a probabilidade de ocorrência de incêndios;
a) Meio de consolidação do investimento;
b) Limitar o desenvolvimento de eventuais incêndios, circunscrevendo e minimizando os seus efeitos, nomeadamente a propagação do fumo e gases de combustão;
c) Economia em prémios de seguro.
b) Dedutibilidade fiscal, em alguns estados;
c) Facilitar a evacuação e o salvamento dos ocupantes em risco; d) Permitir a intervenção eficaz e segura dos meios de socorro.
QUADRO 2 Análise SWOT das razões para o emprego dos sistemas de sprinklers
VANTAGENS (Strengths) – Proteção da vida humana em espaços ocupados (1); – Proteção da propriedade (2); – Salvaguarda de continuidade de negócio e mitigação de lucros cessantes em caso de incêndio; – Automatismo. Não espera pelos bombeiros. Atua imediatamente; – Supressão e controlo de incêndio rápidos (3); – Investimento aceitável. Bom rácio investimento/garantia; – Grau de prontidão para resposta permanente e constante.
ASPETOS COM POTENCIAL POSITIVO (Opportunities) – Amortização – Investimento de elevada longevidade; – Redução de custos com seguros; – Reduzido custo de manutenção.
DESVANTAGENS (Weaknesses)
ASPETOS NEGATIVOS COM POTENCIAL DE COMPROMETER AS VANTAGENS (Threats)
– Os sistemas de Sprinklers, independentemente da tipologia de sistema e fluido de operação selecionado, não representam uma solução universal para a segurança e luta contra incêndios.
– Deficiência de análise de risco; – Deficiência de projeto; – Deficiência de implementação/execução da obra; – Deficiente manutenção.
[1] Um sistema de Sprinklers pode, de per si, detetar, alarmar, alertar, assegurar supressão e controlo de um incêndio. [2] Ver dados na secção de dados estatísticos deste artigo [3] Pressupõe sistema corretamente dimensionado, instalado e operativo.
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CAPA
≥ Atuação de uma cabeça de sprinkler após a deteção de um foco de incêndio.
ados mais recentes apontam para uma D taxa de atuação com sucesso de cerca de 96%. Tal indica que estes sistemas tendem a não ter sucesso na extinção 1 vez em cada 25 incêndios. Sensivelmente 0,25% de insucesso.
foi de forma indevida, inadequada ou involuntária impedido de atuar. 5. Congelamento (ação climatérica). Todas as fontes estatísticas colocam esta razão em último lugar com valores de incidência residuais.
Refira-se ainda que a redução de perdas, quer em vidas humanas quer em danos materiais, é evidenciada em todos os elementos estatísticos disponíveis.
Razões comuns de ineficácia dos sistemas de sprinklers A dispersão de fontes estatísticas impede de novo o estabelecer de um percentual apurado que caracterize estas razões. No entanto, as razões mais comuns para a ineficácia do sistema são: 1. A água não atinge o incêndio; 2. Sistema inadequado; 3. Insuficiência de caudal.
≥
Razões comuns de falha dos sistemas de sprinklers Dada a dispersão de fontes estatísticas, não é possível estabelecer um percentual apurado que caracterize estas razões. Assim, são resumidas, abaixo, por ordem decrescente de fator desencadeador da falha. As razões mais comuns para a falha de operação do sistema são: 1. Sistema inativo, por válvula de seccionamento principal estar fechada. Trata-se de uma ação humana que reflete uma decisão do operador. 2. Sistema inadequado. Trata-se de uma falha humana de concepção sistémica, ou dimensionamento hidráulico, ou de projeto. 3. Falta de manutenção. Trata-se de uma falha humana. 4. Intervenção manual. Este conceito engloba dois tipos de eventos diferenciados: por atuação humana o sistema de sprinklers foi impedido de atuar, mas o incêndio foi dominado por essa intervenção, e; por atuação humana o sistema de sprinklers 12
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Depois surge uma série de razões com taxas de incidência menores, que se podem resumir a intervenção manual, componente danificado, falta de manutenção, exposição às consequências do incêndio, má execução, e outras residuais. A corrosão (particularidade) A corrosão é uma causa comum de condicionamento do desempenho nestes sistemas. Por afinidade química, o oxigénio nas tubagens causa reações com a água e com as paredes interiores, quer de tubagens quer de outros componentes do sistema, resultando na criação de sólidos por ação corrosiva. A ação biológica não é um fator desencadeador principal do fenómeno corrosivo, mas pode ser potenciada por este. A presença de ar nas tubagens ou pontos do sistema é sempre a
primeira causa. Os sistemas secos, e mesmo os sistemas de dilúvio, não estão imunes a esta realidade. Os fluidos de operação em presença são outro fator a ter em conta, mormente a qualidade da água empregue e a presença de aditivos potenciadores de corrosão por elevada afinidade química/agressividade química, como por exemplo o recurso a agentes emulsores para a formação de espumas. Os fatores influenciadores e concorrentes principais para o desenvolvimento de corrosão nestes sistemas podem sintetizar-se em: ≥ Presença de oxigénio; ≥ Sólidos criados pela corrosão, que a potenciam; ≥ Corrosão potenciada por microbiologia. CRITÉRIOS PARA EMPREGO, PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO A definição dos critérios para emprego, projeto e implementação destes sistemas é um passo crítico do processo de análise de cada caso, estudo prévio e desenvolvimento de projeto, quer para licenciamento, quer para execução com prescrições e peças desenhadas para produção. Assim, referem-se abaixo e por sequência de ação, os passos principais a seguir para uma abordagem criteriosa a um novo sistema: a) Análise de risco e caracterização da realidade Se pretendemos contrariar uma eventualidade – incêndio e suas consequências – devemos começar por caracterizá-la. O leitor terá presente que nenhuma realidade é igual a qualquer outra no domínio da
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Segurança e Luta Contra Incêndio (SLCI). Terá ainda presente que cada realidade necessita de um processo de abordagem individualizado, no qual por vezes as meras disposições dos quadros legais e regulamentares podem não ser integralmente adequadas nem mesmo suficientes. Assim, deve-se iniciar o processo de implementação de um sistema de sprinklers começando por uma adequada caracterização da realidade do(s) objeto(s) da proteção. Quando critérios como a simples determinação do valor da CIM possam parecer insuficientes pode ser muito recomendável o recurso a aplicações informáticas complementares, tais como programas de modulação de cenários, de estruturas, de cálculo hidráulico, etc. Caracterizada que esteja a futura realidade, identificados os perigos, determinados os riscos e avaliadas a gravidade e severidade das consequências produzíveis, poder-se-á passar à fase seguinte: o projeto de medidas de SLCI.
≥
b) Projeto O projeto deve também, e por maioria de razão, adequar-se a cada realidade. Assim, poderá, ou deverá, ter duas fases: a de licenciamento, nos termos da lei; e a de execução, se necessária. Não iremos abordar o projeto de licenciamento, que se encontra perfeitamente definido e tem uma tramitação clara. Centremos-mos no projeto de execução. c) Projeto de execução O primeiro passo para um projeto de execução é atender, considerar e levar em conta os resultados e as conclusões da análise de risco. Seguidamente deve-se optar por um critério técnico que defina o padrão de qualidade do projeto e: ≥ Classificar corretamente o risco e os combustíveis em presença; ≥ Determinar áreas lógicas ordenáveis, correspondentes a áreas físicas, prescrevendo-as; ≥ Determinar objetivos gerais de desempenho; ≥ Selecionar fluidos de operação; ≥ Determinar a tipologia de sistema(s) e a sua atuação; 14
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fetuar o cálculo hidráulico, incluindo E circuitos, reserva de água e central de bombagem; ≥ Identificar-se com os conceitos e terminologia; ≥ Determinar a área de operação de sistema e eventual previsão de simultaneidades (exemplo: risco mais grave confinante, ou segundo risco mais grave, seja este onde for). ≥ Determinar a(s) taxa(s) de aplicação ou densidade(s) de descarga, aplicável(eis) – na EN 12845 é definido como densidade de projeto. ≥ Selecionar e prescrever os equipamentos; ≥ Determinar e prescrever condições de instalação e montagem; ≥ Determinar e prescrever condições de manutenção e continuidade de operação. DESMISTIFICAÇÕES Os sprinklers provocam danos elevados causados pela água. Todos os sistemas húmidos abrem pontualmente sprinkler por sprinkler, em função da necessidade que decorre do desenvolvimento do incêndio. A descarga de água é criteriosa, logo, não são causados danos elevados pela água. Todos os sistemas de dilúvio são considerados para locais onde a importância de danos por água não se coloca, ante a dos danos por incêndio. Os sprinklers de resposta rápida debitam grandes caudais Todos os sistemas de sprinklers de resposta rápida (QR / ESFR) tendem a atingir a supressão de incêndio muito rápida, o controlo rápido e por vezes mesmo a extinção. O intervalo de tempo de descarga está sempre sob o escrutínio e sujeito à decisão dos gestores da emergência. Um sistema de sprinklers tem um custo muito elevado As consequências de um incêndio são muito mais elevadas. A elevada longevidade útil destes sistemas fazem com que o investimento tenha uma amortização real igualmente muito longa.
Os perigos da atuação intempestiva acidental Os registos disponíveis no Reino Unido indicam que a média de descarga acidental é de 1 – 16x106. (1 – 16.000.000). Atuação dos sistemas sprinklers vs. intervenção dos Bombeiros Os sistemas de extinção automática por sprinklers já estão no local do incêndio. Os bombeiros não. Existe, portanto, a vantagem da intervenção imediata. Por outro lado, o comparativo básico de caudais aplicados permite-nos averiguar que uma cabeça de sprinkler descarrega, em média, 55 lpm (litros por minuto) enquanto uma linha de água de bombeiros descarrega entre 450 a 700 ou mais lpm (valores correntes para linhas de 45mm e 70mm, respetivamente, se operadas a 6,0 bar). Em média, um sistema de sprinklers usará menos de 5% da água utilizada pelos bombeiros. No entanto, que fique claro que não se pretende, com estas dados, recomendar a ausência de intervenção dos bombeiros. Esta apenas será sempre, por natureza, num momento subsequente ao da atuação do sistema de sprinklers.
REFERÊNCIAS: Budnick, Edward K., – P.E., “Automatic Sprinkler System Reliability,” Fire Protection Engineering, Society of Fire Protection Engineers, Winter 2001 Frank et al.: – A review of sprinkler system effectiveness studies. Fire Science Reviews 2013 2:6. Marryat, H. W. – Fire: A Century of Automatic Sprinkler Protection in Australia and New Zealand 1886 – 1986, Australia Fire Protection Association, Melbourne, Australia. William E. Koffel, – P.E. Reliability of Automatic Sprinkler Systems Revised September 2005 NFPA FAR: U.S. Experience with Sprinklers
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PROGRESSO DOS SISTEMAS DE SPRINKLERS E ÁGUA NEBULIZADA NA EUROPA Alan Brinson Diretor Executivo European Fire Sprinkler Network
As normas e códigos europeus têm aumentado o reconhecimento dos sistemas de extinção automática por sprinklers e água nebulizada e este artigo pretende resumir alguns dos progressos mais recentes neste âmbito.
Na última década, a maioria dos países europeus introduziu nos seus quadros legais a exigência de sistemas de sprinklers em edifícios em altura. A maioria desses países que ainda não exigia sprinklers em centros comerciais, também já o faz, e vários países também já requerem a existência destes sistemas de proteção em grandes edifícios industriais e armazéns. Alguns países também estão a exigir sprinklers em grandes edifícios públicos ABRIL 2015
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e em parques de estacionamento, enquanto na Escócia estes já são exigidos em escolas. Atualmente, a tendência mais importante é a utilização de sistemas de sprinklers nos locais onde que pessoas vivem, uma vez que os dados estatísticos demonstram que é nestes locais onde a maioria das mortes resultantes de incêndios ocorrem. Nos países nórdicos e no Reino Unido existem vários requisitos e incentivos para a aplicação de sistemas de sprinklers em lares de idosos, apartamentos e até moradias. Esta tendência deverá continuar no futuro, uma vez que os legisladores de diversos países europeus estão presentemente a considerar a obrigatoriedade de instalação de sistemas de sprinklers nos novos lares de idosos que sejam construídos. Durante décadas, os Estados Unidos da América têm feito um uso pleno dos sistemas de extinção por sprinklers como ferramenta de proteção contra incêndio, mas a Noruega foi capaz de os alcançar e, hoje em dia, tem já instalado um maior número de mais cabeças de sprinklers por cada mil habitantes (700.000 em 2014 para uma população de 5 milhões). Desde julho de 2010 que são exigidos sistemas de extinção por sprinklers na Noruega em novos edifícios de habitação, hotéis, lares de idosos e hospitais – anteriormente, já era obrigatória a instalação em grandes edifícios. No entanto, em 2016 o País de Gales dará um passo mais à frente ao exigir sistemas de sprinklers em todos os novos edifícios habitacionais, incluindo moradias. Embora esteja a utilizar a palavra sprinklers para descrever estes incentivos e requisitos legais, em vários ordenamentos jurídicos são aceites os sistemas de água nebulizada como alternativa. Estes novos requisitos foram introduzidos por várias razões. As exigências para edifícios em altura, centros comerciais e edifícios habitacionais têm como finalidade evitar lesões e mortes provocadas por incêndios, enquanto os sprinklers exigidos em fábricas e armazéns têm como principais objetivos prevenir a perda de postos de trabalho, prejuízos ambientais e proteger os bombeiros que intervêm na extinção completa do incêndio. Os regulamentos de segurança 16
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contra incêndio são uma complexa teia de requisitos em que cada país tem os seus próprios documentos de diferentes naturezas legais, baseados em diferentes abordagens concetuais. Para aumentar ainda mais a complexidade, muitos países têm exigências diferentes e acrescidas nas suas regiões ou cidades. É seguro afirmar que ninguém tem uma noção completa dos regulamentos de segurança contra incêndio em toda a Europa e que, para o conseguir, será necessário conhecer várias centenas de documentos escritos em mais de 20 idiomas distintos. A maioria destes documentos não está sujeita a uma atualização regular, portanto, a introdução de novas ideias pode demorar muito tempo. Apesar deste contexto desafiante, os sistemas de sprinklers estão paulatinamente a ganhar espaço nos regulamentos de segurança à medida que a European Fire Sprinkler Network e os seus membros trabalham em conjunto na promoção do uso generalizado destes sistemas. Estimamos que mais de 14 milhões de cabeças de sprinklers são instaladas anualmente em toda a Europa e que este número tem-se mantido, apesar da diminuição da atividade da construção em cerca de 25%. Os nossos argumentos são reforçados por uma investigação recente no Reino Unido que demonstra que existe uma razão económica para a introdução de sprinklers em apartamentos, lares de idosos e armazéns novos. Estes estudos utilizam como dados de referência a elevada taxa de sucesso dos sistemas de sprinklers (97%-100% para estudos independentes na Dinamarca, França, Alemanha, Holanda, Suíça e Reino Unido), a redução de mais de 90% de mortes causadas por incêndios e de 80% de ferimentos e prejuízos materiais em incêndios onde existiam sistemas de sprinklers. Estes estudos podem ser consultados em www.eurosprinkler.org. Embora consigamos explicar a necessidade da instalação de sistemas de sprinklers, infelizmente, na maior parte das vezes, as alterações legais só acontecem após a ocorrência de um incêndio com consequências trágicas. E vão acontecer incêndios trágicos. Entretanto, alguns incêndios de grandes dimensões em
parques de estacionamento motivaram as corporações de bombeiros de Amesterdão e de Paris a apelarem para a introdução de sistemas de sprinklers nestes locais, algo que já é exigido em países como a Alemanha, Itália, Portugal e muitos outros países. Neste contexto, refira-se que a European Fire Sprinkler Network acompanha as exigências legais de mais de 22 países europeus. Quando os reguladores e outras entidades exigem a instalação de sistemas de sprinklers num edifício, geralmente clarificam os requisitos técnicos ao referirem uma determinada norma. Para edifícios industriais e comerciais, existe a norma europeia EN 12845, complementada por cinco partes da norma EN 12259. As seguradoras têm normalmente requisitos adicionais para os sistemas, que são definidos como regras nacionais paralelas ou como complementos à EN 12845. Em vários países, são também aceites os requisitos presentes na norma NFPA 13 ou nas especificações técnicas da FM Global. As investigações subjacentes a estas normas de conceção são quase todas conduzidas nos Estados Unidos da América, o que faz com que os documentos europeus estejam a evoluir no sentido de incluir novas abordagens de conceção semelhantes à NFPA 13 e às especificações técnicas da FM Global. Atualmente, já se encontra aprovada pelos membros do CEN uma profunda revisão à EN 12845 que será publicada em agosto. Esta primeira revisão à norma introduz os sprinklers de resposta rápida (ESFR – Early Suppression Fast Response) e sprinklers que operam em modo de controlo e aplicação específica (CMSA – Control Mode Specific Application). Esta revisão também aborda as distâncias excessivas dos sprinklers, fornece orientações para linhas de teste, cablagem elétrica e inspeções por organismos independentes, e atualiza ainda o controverso anexo “sistemas de proteção de vida”, alterando o seu nome para “medidas adicionais para a melhoria da fiabilidade e disponibilidade do sistema”. Entretanto, já está a ser elaborada uma segunda revisão à norma que irá introduzir as tecnologias mais recentes para proteção de espaços de armazenamento e que irá também facilitar a incorporação de
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ideais de outras normas. Todas estas alterações visam tornar os sistemas de sprinklers mais económicos e fiáveis, o que conduzirá ao aumento da sua utilização. Para sustentar os novos requisitos regulamentares e incentivos para a introdução de sistemas de sprinklers em lares de idosos, apartamentos e moradias, o mercado precisa de normas para a sua conceção e desenvolvimento, assim como para os seus componentes essenciais. Os sistemas de sprinklers residenciais e domésticos são concebidos para ser o mais económicos possível, mantendo as suas características de proteção dos ocupantes de uma casa, isto é, permitindo o aumento da sobrevivência das pessoas em caso de incêndio. Isto é conseguido através de utilização reduzida de água e da existência do menor número possível de cabeças de sprinklers, com o fornecimento de água feito, preferencialmente, através da rede pública de abastecimento. Os países nórdicos, a Holanda e o Reino Unido já publicaram normas para sistemas de sprinklers residenciais, aproveitando as décadas de experiência das normas NFPA 13R e 13D. Por sua vez, a VdS, na Alemanha, já publicou um código de boas práticas. No entanto, todos os restantes países europeus continuam sem norma. Neste contexto, elaborámos um projeto de norma europeia para conceção, manutenção e instalação de sistemas de sprinklers residenciais que contamos enviar aos membros nacionais do CEN para inquérito (comentário) no final deste ano. Antes disto, o projeto de norma de produto dos sprinklers residenciais, prEN 12259-14, já foi enviada aos membros do CEN para inquérito. Este projeto de norma também inclui os ensaios de fogo segundo os quais os sprinklers residenciais existentes no mercado foram avaliados nos Estados Unidos da América, para que os sprinklers instalados hoje na Europa possam estar já em conformidade com estes requisitos. Os sistemas de água nebulizada também precisam de normas se os reguladores e outras entidades os aceitarem e especificarem. Em 2006, o CEN publicou a Especificação Técnica CEN/TS 14972 sobre conceção e instalação de sistemas de água nebulizada e
este documento ajudou no desenvolvimento deste setor. No entanto, sem o estatuto de norma, várias autoridades competentes não recorrem a esta especificação. Assim, o CEN decidiu desenvolver esta Especificação Técnica numa norma completa, complementada por um conjunto de protocolos de ensaios de fogo para diferentes aplicações. Paralelamente, foram elaboradas uma série de normas de produto para sistemas de água nebulizada com base em normas de produto existentes para sistemas de extinção por sprinklers e por agentes gasosos. Todos os regulamentos de segurança contra incêndio em edifícios utilizados na Europa impõem limites nas áreas com compartimentação de incêndio e períodos mínimos de resistência ao fogo para esses compartimentos. Alguns impõem menos. O limite de uma área com compartimentação de incêndio limita indiretamente a distância que os ocupantes devem percorrer para sair de um edifício. Também limita a dimensão do incêndio que os bombeiros irão combater. Para além destes métodos, os projetistas de segurança contra incêndio procuram encontrar formas alternativas para atingir os níveis aceitáveis de proteção contra incêndio, incluindo regularmente os sistemas de sprinklers nos seus projetos. Os sprinklers são capazes de controlar e extinguir um incêndio, evitando a produção de calor e fumo o que possibilita aos ocupantes de um edifício mais tempo, ou até uma duração ilimitada de tempo, para evacuar o edifício. Um incêndio reduzido e controlado permite aos bombeiros abordarem e extinguirem o incêndio com maior facilidade. Ambas estas considerações podem justificar um compartimento maior. Fora do compartimento, as vias de evacuação do edifício recebem menos fumo e, consequentemente, precisam de menos ventilação e podem ser mais longas. Os bombeiros também têm mais tempo para poder chegar até ao incêndio, o que representa uma vantagem importante caso o quartel de bombeiros esteja distante, o edifício seja de difícil acesso ou existam poucas fontes de fornecimento de água como bocas-de-incêndio ou hidrantes. Todos estes conceitos surgem em diversos
códigos, normalmente com restrições na sua aplicação. Os projetistas de segurança podem combiná-los com outras medidas e analisar e avaliar como um determinado edifício se comporta em caso de incêndio com o máximo de ocupantes. Vários projetos de edifícios só são viáveis com a instalação de sistemas de sprinklers, enquanto outros podem ser construídos de forma mais económica com estes sistemas. A engenharia de segurança é uma disciplina relativamente recente, pelo que o ISO desenvolveu um conjunto de projetos de normas para orientação dos profissionais desta área e o CEN está a elaborar um guia para colmatar as lacunas existentes. Um dos documentos que está a ser desenvolvido pelo CEN define como é possível incluir os sistemas de sprinklers num projeto como alternativa às medidas prescritivas presentes na maioria dos regulamentos. Tendo por base as orientações do governo sueco, este documento especifica que os projetistas de segurança deverão considerar uma taxa de libertação de calor constante para incêndios maiores que 5MW quando o primeiro sprinkler é ativado (um incêndio controlado), mas se a taxa de libertação de calor for inferior a 5MW poderá ser considerado após um minuto da ativação uma linha reta com um declive de dois terços durante o segundo minuto (supressão de incêndio). Todos estes temas serão abordados em detalhe na Fire Sprinkler International, uma conferência que terá lugar em Munique nos dias 19 e 20 de abril de 2016. Organizada pela European Fire Sprinkler Network e pela Bundesverband Technischer Brandschutz, a conferência terá lugar no Hotel Holiday Inn Munich City Centre. Durante dois dias, 50 especialistas de todo o mundo irão apresentar a 300 participantes as mais recentes tecnologias de sprinklers, avanços na normalização e campanhas para garantir o reconhecimento dos sprinklers nas regulamentações. Durante os intervalos, os participantes poderão visitar cerca de 30 expositores e ficar a saber mais sobre produtos inovadores. Esta será a 11ª conferência da EFSN e sucede a edição de 2014 em Londres. Mais detalhes sobre este evento no final do ano em www.firesprinklerinternational.com. ABRIL 2015
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SPRINKLERS: UMA PROTEÇÃO SUSTENTÁVEL Bruce Bromage Consultor do International Codes and Standards Group, da FM Global
Miguel Azevedo
Engineering Specialist da FM Global
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Por volta das 23 horas numa noite de sábado em Fevereiro de 2005, um pequeno incêndio começou numa sala do 21º andar da Torre Windsor, no centro de Madrid. Apesar dos esforços da segurança do edifício e dos bombeiros – que usaram um total de 6 milhões de litros de água para evitar que as chamas se propagassem aos edifícios vizinhos – o edifício de 32 andares e 100 metros de altura foi envolvido pelas chamas; de manhã tinha parcialmente colapsado. Temendo o colapso total, a Câmara Municipal de Madrid criou uma zona de exclusão em volta do edifício, obrigando ao encerramento de negócios nas imediações, o que que afetou cerca de 30.000 trabalhadores. Ao mesmo tempo, ruas e linhas de metro e comboio que alimentavam esta importante zona financeira foram encerradas, dificultando a vida de muitos madrilenos. E, devido à localização central do edifício, a sua demolição assemelhou-se mais a uma derrocada gradual, um processo que representou uma significativa disrupção na área durante os seis meses seguintes. O custo estimado do incêndio, incluindo danos seguráveis a terceiros, excedeu 300 milhões de Euros. Mais difícil de avaliar foi o dano que este sinistro, altamente publicitado, teve na imagem de Madrid como importante capital e centro de negócios, especialmente numa altura em que a cidade se posicionava na corrida à organização dos Jogos Olímpicos de 2012. Também em Madrid, alguns anos antes, no dia de Ano Novo de 2002, um curto-circuito num aquecedor eléctrico portátil iniciou um incêndio num edifício de escritório de sete andares. Contudo, ao contrário da Torre Windsor, este edifício estava protegido com um sistema de sprinklers. Três sprinklers abriram, controlando com sucesso o incêndio. Quando os bombeiros chegaram ao local, alertados pelo sinal de alarme do próprio sistema de sprinklers, o incêndio estava extinto. Cerca de 26 mil litros de água foram usados – 230 vezes menos que o volume usado na Torre Windsor. O custo total estimado para o sinistro foi de apenas 175 mil euros. Porventura ainda mais importante, os trabalhadores puderam voltar aos seus empregos no dia seguinte e não houve qualquer disrupção significativa na comunidade envolvente. 20
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O IMPACTO DOS INCÊNDIOS NA SOCIEDADE Em 2007 houve inúmeros exemplos de incêndios catastróficos na Europa e no Mundo, em instalações com as mais variadas atividades (e com os riscos de incêndio associados). Na Dinamarca, por exemplo, dois incêndios, um em abril e outro em julho, destruíram duas fábricas de processamento de carne. Durante o período para demolições e reconstrução das fábricas, mais de 1300 trabalhadores ficaram sem trabalho, para além do impacto em empresas fornecedoras das empresas sinistradas, criando um sentimento de incerteza e tensão na comunidade, muito para além dos custos relacionados com os pagamentos dos subsídios de desemprego. Acresce que o encerramento temporário e muitas vezes definitivo de uma instalação, provoca frequentemente a deslocalização dos postos de trabalho para outros países com menores custos. Foi isso que aconteceu com 200 empregos no Reino Unido, em 2001, numa fábrica de produção de equipamento elétrico. Na sequência de um grave incêndio, a fábrica foi encerrada e as operações transferidas para uma outra na Grécia. De facto, os incêndios afetam a economia não apenas a um nível local, mas, frequentemente, também a nível nacional. Em 2007, em Treviso, Itália, uma fábrica de produção de eletrodomésticos com 800 trabalhadores, sofreu um incêndio catastrófico. Com denso fumo negro a emanar da fábrica, as escolas das imediações foram evacuadas e encerradas, enquanto as pessoas nas empresas e residências na envolvente foram aconselhadas a manter as janelas fechadas e a manterem-se no interior. O impacto na comunidade foi de tal forma grande que a empresa foi formalmente questionada sobre o que tinha feito para prevenir o sinistro e as suas consequências. O IMPACTO DOS SPRINKLERS NA SOCIEDADE Cada uma das catástrofes acima referidas tem um fator em comum – os edifícios envolvidos não estavam equipados com sistemas de proteção por sprinklers. Caso existisse um
sistema de proteção devidamente projetado, instalado e mantido, o resultado e o impacto global desses sinistros seria certamente bem diferente. Investigação laboratorial bem como dados relativos a sinistros demonstraram que os sistemas de proteção por sprinklers podem prevenir este tipo de sinistros. Fazem-no respondendo automaticamente e atacando um foco de incêndio no seu estado inicial. E mesmo que não sejam capazes de o extinguir, são capazes de limitar a dimensão do incêndio para que os bombeiros quando chegam têm uma situação mais facilmente controlável. Sem sprinklers, a alternativa mais viável e segura é usar táticas defensivas, sobretudo para prevenir a propagação do incêndio para outros edifícios adjacentes. Naturalmente esta abordagem raramente reduz de forma significativa os danos no edifício onde o incêndio teve origem. Contraste-se os exemplos anteriores de incêndios não controlados com o que aconteceu em França numa sexta-feira ao fim da tarde, em 2007. Depois de uma violenta discussão com colegas de trabalho, um trabalhador de um armazém de peças com 8 mil metros quadrados ateou um incêndio a alguns dos materiais de embalagem da empresa, armazenados em estantes de grande altura. Quatro cabeças de sprinkler, posicionadas sobre a zona do incêndio, operaram imediatamente, limitando os danos a apenas uma fila de estantes. Todos os trabalhadores foram evacuados em segurança e os bombeiros quando chegaram tiveram apenas de extinguir o que restava do incêndio. Não houve impactos ambientais e o armazém retomou as operações na segunda-feira seguinte. O CUSTO TOTAL DOS INCÊNDIOS Embora os custos materiais de um incêndio possam ser facilmente quantificáveis, o seu custo total e o seu impacto global na sociedade – na comunidade, no ambiente, na segurança dos ocupantes das instalações, etc.- não é tão fácil de quantificar. De facto, os danos materiais e as perdas por interrupção de atividade representam apenas a ponta do icebergue; grande parte dos custos totais e do impacto global dos incêndios permanece invisível.
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Sob este ponto de vista, os sprinklers são um dispositivo para a proteção, não apenas dos ativos materiais, mas também das pessoas, dos seus modos de vida, do ambiente, da comunidade local, da economia. Considerando tanto o impacto dos incêndios na sociedade atual – estimado por vários estudos como situando-se entre um e dois por cento do PIB de um país – e os benefícios potenciais da proteção por sprinklers, é apropriado que a legislação aponte o caminho para a mudança nesta área. Na Europa, por exemplo, já existem disposições legais que requerem a instalação de sprinklers. No entanto, frequentemente, esses requisitos apenas se aplicam a um número reduzido de situações, que se considera ir além da resposta tradicional esperada por parte dos bombeiros. Atualmente, muitos dos códigos legais no mundo inteiro tendem a focar-se na deteção e na proteção passiva, os quais, como os exemplos acima mostram, não podem, por si só, prevenir a ocorrência de incêndios catastróficos. Acresce que os desafios colocados à luta contra incêndios aumentaram enormemente ao longo do tempo, em grande medida devido à proliferação de plásticos, usados tanto na construção dos edifícios, como nos materiais e produtos manipulados no interior das instalações. Aceder a um edifício em chamas tornou-se mais difícil e perigoso. A Chief Fire Officer’s Association (CFOA), do Reino Unido, defende fortemente o uso de sistemas automáticos de supressão por água, ou sprinklers, em potencialmente todas as instalações: os sprinklers, disseram, “representam o elemento mais significativo de um programa de gestão do risco de incêndio”. Considerando a proteção que os sprinklers garantem às, aos ocupantes, aos serviços de emergência e o valor que os ativos geram para a sociedade, a legislação deveria requerer um uso maior de sistemas de sprinklers, ou proporcionar incentivos à sua instalação. Um sistema de sprinklers adequadamente projetado, instalado e mantido proporciona a última proteção contra os riscos de incêndio e as suas consequências potenciais, presentes em praticamente todo o tipo de edifício e atividade.
IMPACTO DOS CUSTOS Quando a legislação requere a instalação de sprinklers, o seu projeto e instalação, em média, torna-se mais simples e, sobretudo, mais barato. Tipicamente uma poupança de cerca de 40% é conseguida quando os sistemas de sprinklers são incorporados num edificio desde a fase de projeto e instalados durante a construção, por contraste com a sua instalação posterior. Numa fase inicial, um sistema de sprinklers pode ser instalado por um custo que pode representar um a dois por cento do custo do novo edifício. A presença de sprinklers pode também traduzir-se noutras vantagens, por exemplo uma maior flexibilidade nos critérios de proteção passiva.
para os segurados, também reduzem significativamente, ou eliminam mesmo, os custos para a sociedade no seu todo. Um tema de muito estudo é a fiabilidade e eficácia dos sprinklers. Com que frequência os sistemas de sprinklers controlam incêndios? Os dados da FM Global demonstram que a fiabilidade do sistema de sprinklers mais comum, um sistema húmido, varia entre os 94% e os 98%. Quando ajustado para um número de incêndios que não chegam a ser participados e são controlados com sucesso pelos sprinklers, o número sobe para mais de 99%. Estes números estão em linha com outros estudos – por exemplo, H.W. Marryatt na Austrália (99%), e a Associação Alemã de Seguradores (97,9%).
INVESTIGAÇÃO E DADOS Os dados de sinistros da FM Global, medidos em termos de danos materiais e custos de interrupção de atividade, demonstram que, entre 1997 e 2007, o custo médio de um sinistro numa instalação adequadamente protegida foi de 600 mil dólares. O custo médio de um sinistro numa instalação a necessitar de sprinklers foi de 3,4 milhões de dólares – 5,7 vezes mais. E, de facto, o número relativo aos sinistros em instalações com sprinklers deve ainda provavelmente ser menor: estima-se que cerca de 80% dos sinistros controlados com sucesso pelos sprinklers não chegam a ser reportados às companhias de seguros, porque o custo do sinistro é inferior ao valor da franquia. E, da mesma forma que os sprinklers reduzem os custos dos incêndios
OS REGULAMENTOS APONTAM O CAMINHO A instalação de sprinklers em edifícios protege não só os edifícios, como os seus ocupantes e as suas atividades, tornando essas instalações muito mais resilientes e, por essa via, contribuem para um desenvolvimento sustentável. Os sprinklers protegem a sociedade contra os impactos mais amplos dos incêndios e deveriam ser o ponto de partida da filosofia de proteção contra incêndios de um edifício. É, por isso, adequado que a legislação, através dos regulamentos de construção ou dos regulamentos de segurança contra incêndio, tenha disposições ou incentivos para a instalação de sprinklers em todos os edifícios públicos, comerciais ou industriais.
Ao longo dos seus 180 anos de história a FM Global suportou ativamente e colaborou com muitas organizações responsáveis pelo desenvolvimento de regulamentos e normas. Recentemente, com a criação do International Codes and Standards Group, a companhia decidiu fazer um investimento a longo prazo em mercados-chave internacionais, em benefício dos seus clientes. Através do fornecimento de informação sobre sinistros e de dados sobre investigação de incêndios, o grupo dá suporte a organizações e stakeholders no desenvolvimento de regulamentos de construção, de proteção contra incêndios e de normas de instalação de sprinklers, com o objetivo de criar instalações melhor protegidas e, por isso, mais resilientes e sustentáveis.
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TIPOS DE ASPIRAÇÃO EM CENTRAIS SUPRESSORAS DE INCÊNDIO — EN 12845 Hugo Lopes Gomes Coordenador de Apoio a Projetistas da Xylem Water Solutions Portugal
A norma EN 12845, sendo o normativo que regula a instalação de sistemas automáticos de extinção de incêndio, conhecidos também como sprinklers, impõe algumas regras quanto aos dois tipos de condição de aspiração que podemos ter no nosso sistema de bombagem. O cumprimento destas regras é fundamental para o bom funcionamento das bombas, principalmente quando é conhecido que 90% dos problemas ocorridos com os sistemas de bombagem estão relacionados com a incorreta instalação e com deficientes condições de aspiração. Em seguida vamos expor as exigências normativas e algumas recomendações na instalação do equipamento.
DIMENSIONAMENTO DA TUBAGEM EM INSTALAÇÕES COM ASPIRAÇÃO POSITIVA – EN 12845 Para o dimensionamento de um tubo de aspiração – incluindo válvulas e acessórios – tem de se verificar a seguinte condição (indicada pela norma EN12845 (10.6.2.1)): NPSHd ≥ NPSHr + 1[m] Por outras palavras, o NPSH disponível na bomba excede o NPSH requerido pelo menos 1 m na capacidade máxima da bomba (para o caudal, consulte o mapa 14 em EN12845). NPSH significa Altura Líquida Positiva de Aspiração. É a carga hidráulica líquida à entrada de uma bomba, ou seja, a diferença 22
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entre a pressão num ponto de um circuito hidráulico genérico e a tensão de vapor líquido no mesmo ponto. Isto depende dos parâmetros do sistema, ou seja, do modo como a bomba foi instalada. O NPSHd é calculado na aspiração da bomba, e o NPSHr é o NPSH mínimo em que a bomba pode funcionar sem cavitação. Utilizando a fórmula indicada pela norma EN12845, podemos resumir assim: NPSHd = Pa + H - ∑ Y onde: Pa = pressão atmosférica H = diferença geodésica ∑ Y = perda de carga na aspiração (válvulas, tubos, curvas...).
Para cumprir a relação entre NPSHd ≥ NPSHr+1, o valor desconhecido que tem de ser encontrado é o relativo às perdas de carga nos tubos de aspiração. Este valor terá de ser o mais pequeno possível para conseguir um NPSHd grande. Para limitar as perdas de carga, o diâmetro dos tubos e a velocidade da água têm de ser ajustados. Uma instalação com aspiração positiva oferece melhores condições relativas à relação mencionada acima, a menos que existam inconsistências sérias no desenho da tubagem. O NPSHd é dificilmente menor do que o NPSHr. A norma EN12845 indica que o diâmetro dos tubos numa instalação com aspiração positiva não deve ser inferior a 65 mm. O diâmetro tem de permitir que a velocidade da água não ultrapasse os 1,8 m/s na capacidade máxima necessária. Para cumprir estes requisitos, é necessário um tubo de aspiração com cones redutores. Estes cones são necessários se as bombas tiverem bocas de aspiração menores que DN65. Reduzem também a velocidade da água até ao valor limitado aconselhado pelos regulamentos standard. Os cones não estão disponíveis comercialmente e têm de ser desenhados com base nos vários valores do caudal da bomba e nos conceitos expressos na legislação. Finalmente, para garantir a instalação correta da tubagem de aspiração, deve ser instalado um filtro no exterior do tanque, nos tubos de aspiração. Deve ser instalada uma válvula de seccionamento entre o tanque e o filtro. Para escolher o filtro consulte o ponto 9.3.6 da norma EN12845.
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CAPA
Nível normal
2/3 da capacidade atual do tanque
< 2 mt
Nível mínimo x
≥ Fig. 1 – Definição de uma instalação com aspiração positiva. 1. Pelo menos dois terços da capacidade de água do tanque de aspiração têm de estar acima do nível do eixo da bomba. 2. O eixo da bomba não deve estar mais de 2 m acima do nível mínimo da água no tanque de aspiração (nível x).
Pa
H
≥ Fig. 2 – Definição de uma instalação com aspiração positiva.
DIMENSIONAMENTO DA TUBAGEM EM INSTALAÇÕES COM ASPIRAÇÃO NEGATIVA – EN 12845 A instalação com aspiração negativa, apesar de não ser aconselhável, pode ser efetuada seguindo os critérios habituais. Definição de uma aspiração negativa: Todas as instalações que não fazem parte da categoria com aspiração positiva. A altura do nível mínimo de água em relação ao eixo da bomba não deve ser superior a 3,2 m. Na prática, é sempre bom manter o mínimo possível de distância entre a superfície da água e a bomba. Recorde que este tipo de instalação apresenta maiores dificuldades em relação à ferragem da bomba. Em instalações com mais do que uma bomba, os tubos de aspiração não devem ser interligados, mas cada bomba deve ter o seu próprio tubo de aspiração (EN12485 10.6.2.3). No desenho do sistema, o termo altura de aspiração (por vezes denominada “altura negativa de aspiração”) é semelhante o desenho na figura 1. Eis algumas sugestões retiradas dos regulamentos e da prática: A tubagem de aspiração deve ser ligeiramente inclinada na direção da bomba com suportes para evitar a tensão nos tubos. A válvula de corte pode ser omissa. Deve ser instalada uma válvula de pé de acordo com o especificado na norma EN12845 (9.3.6). Tenha atenção especial à limpeza do filtro para remover impurezas que podem obstruir o caudal de água na direção da bomba. Os regulamentos especificam que o filtro deve ser mantido limpo e que, durante a limpeza, o tanque não deve ser esvaziado. Contudo, este ABRIL 2015
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CAPA
As mesmas regras das instalações com aspiração positiva podem ser aplicadas às instalações elevatórias com aspiração negativa. Utilize a seguinte fórmula: NPSHd ≥ NPSHr + 1[m] Sabendo que se aplicam os mesmos conceitos de uma instalação com aspiração positiva, podemos resumir a fórmula acima para que: NPSHd = Pa + (-H) - ∑ Y
Nível normal Máx. 3,2 mt
Onde: Nível mínimo x
Pa = pressão atmosférica H = altura geodésica ∑ Y = valor da perda de carga na aspiração (válvulas, tubos, curvas...)
≥ Fig. 3 – Definição de uma instalação com aspiração negativa.
Pa H
≥ Fig. 4 – Definição de uma instalação com aspiração negativa.
não é um processo fácil. Esvaziar o tanque de reserva de água envolve tempo e aumenta o risco de não haver água em caso de incêndio. No caso de uma instalação com aspiração negativa, o filtro deve ser limpo diretamente no tubo de aspiração, retirando-o do tanque de reserva de água. Certifique-se que os tubos que passam pelas paredes não entram em contacto direto com as próprias paredes. É aconselhável proteger os tubos com camadas 24
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de plástico ou borracha, que irão absorver quaisquer possíveis vibrações. As bombas exteriores devem ser isoladas para evitar a congelação. Os tubos congelados podem provocar danos no tubo e, mais importante, interromper o abastecimento de água aos sprinklers. Devem ser fornecidos depósitos automáticos de ferragem para cada uma das bombas instaladas. Estes tanques são ligados diretamente à descarga das bombas.
Ao contrário da instalação com aspiração positiva, deve ser considerado o desnível geométrico na aspiração. Esse desnível irá provocar uma diminuição no valor de NPSHd. É assim crucial que o valor H seja o mais baixo possível. Tal como no caso de uma instalação com aspiração positiva, as perdas de carga na linha de aspiração terão de ser calculadas, incluindo a válvula de pé, o filtro, as curvas e os cones redutores. É importante reduzir ao mínimo as perdas de carga, porque constituem uma situação difícil. Para o fazer, as secções da tubagem devem ter a dimensão adequada e a velocidade da água nos tubos deve ser diminuída. A norma EN 12845 (10.6.2.3) aconselha a que o diâmetro dos tubos de aspiração não seja inferior a 80 mm, e que a velocidade da água não seja superior a 1,5 m/s quando a bomba está a funcionar com o caudal máximo necessário. Para o fazer, devem ser colocados cones redutores nos tubos. Estes não são comercializados, e devem ser desenhados especialmente. Quando o valor de NPSHd tiver sido estabelecido, a relação entre NPSHd ≥ NPSH+1 pode ser verificada (o NPSHr é fornecido pelo fabricante da bomba, calculado com o caudal máximo). Se a relação não for cumprida, o diâmetro dos tubos terá de ser alterado, ou a altura da aspiração.
Conceber Proteção e Criar Qualidade de Vida no Trabalho HR GROUP João Carvalho
ESTE TEXTO FOI REVISTO E CORRIGIDO APÓS A PUBLICAÇÃO NA VERSÃO IMPRESSA.
O sucesso, o reconhecimento do mercado e a ambição foram as bases que levaram a HR Protecção SA a enveredar pelo fabrico de vestuário e equipamentos de proteção individual em nome próprio, com soluções à medida e inovadoras. Fernando Mateus e Pedro Matos, respetivamente diretor-geral e diretor-comercial da HR Protecção SA e da HR Indústria SA (HR GROUP), mostraram-nos como é possível ter sucesso no fabrico de vestuário profissional e equipamentos de proteção individual. 26
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ID
HR GROUP (HR Protecção S.A. / HR Indústria S.A.)
Fundação 1986 (HR Indústria) e 2001 (HR Protecção) Linha de negócio Conceção, fabricação e comercialização de vestuário profissional. Comercialização de Equipamentos de Proteção Individual. Capital Social 225.000 € Volume de negócios anual 5.600.000 € Empregados 93 Área fabril 3.900 m2 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Vestuário profissional e Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
UM NOVO POSICIONAMENTO: FABRICAR PARA PROTEGER Nascida em 2001 pela mão dos empresários Hermínio Rodrigues e Isabel Cabral, a HR Protecção SA iniciou a sua atividade no mercado da segurança como uma empresa importadora e distribuidora de diversos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Passados sete anos da sua fundação, em resposta às constantes solicitações que ia recebendo do mercado e fruto também da experiência acumulada na conceção e comercialização de vestuário profissional, a HR Proteção decidiu aventurar-se no fabrico de vestuário e equipamentos de proteção profissional. Dessa forma, em 2008, a HR Protecção avançou com o processo de aquisição da empresa Benilde Confecções SA, que já se encontrava presente no mercado do fabrico têxtil desde 1986 e com quem tinham relações comerciais. A aquisição veio dar assim origem à HR Indústria SA, que juntamente com a HR Proteção formam o HR Group. A opção tomada pelos responsáveis da HR Proteção visou capitalizar o crescimento a que tinham assistido desde a fundação da
empresa, bem como, a longo prazo, assumir a liderança de mercados nacionais e internacionais no fabrico de vestuário e equipamentos de proteção profissional. Para melhor compreender os serviços atualmente prestados pelo HR Group, a empresa criou quatro segmentos estratégicos: através da HR Design, a empresa presta serviços de desenvolvimento de design de vestuário de profissional à medida das solicitações dos seus clientes; a área HR Safety representa a comercialização dos vários equipamentos de proteção individual (que não são vestuário), como luvas, capacetes, proteção auditiva, proteção respiratória, entre muitos outros; através do HR Line é comercializado o vestuário profissional standard, de catálogo; e através da chancela HR Tech que a HR Proteção concebe, fabrica e comercializa o vestuário profissional de proteção em nome próprio. Com este posicionamento no mercado e ao acrescentar à sua gama de serviços a fabricação de produtos, abriram-se novas possibilidades de negócio para o HR Group, que desta forma adquiriu know-how e capacidade produtiva, que lhe permitiram introduzir
inovações e criar produtos certificados para o mercado da proteção, saúde e segurança no trabalho. PROTEÇÃO TOTAL. FOGO, ALTA VISIBILIDADE E ELETRICIDADE ESTÁTICA Na sequência do investimento efetuado em 2008, o HR Group, inicia a sua atividade enquanto fabricante de vestuário profissional e equipamentos de proteção individual certificados para diferentes atividades e tipos de proteção laboral. Com várias opções em carteira, realce para as múltiplas soluções apresentadas pelo HR Group, que vão desde o fabrico de vestuário para bombeiros, até a profissionais que se encontram a laborar em ambientes industriais ou metalúrgicos, passando por trabalhadores que desenvolvem a sua atividade em ambientes com complexidade visual e que exige a existência de vestuário de alta visibilidade, ou até técnicos que se encontram permanentemente em contacto com aparelhos elétricos. No que aos bombeiros e ao respetivo combate aos incêndios diz respeito, destaque ABRIL 2015
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para os equipamentos fabricados pelo HR Group, designadamente Dólmen e Calça (de acordo com os requisitos da norma EN 15614) e Cogula (de acordo com os requisitos das normas EN 11612, EN ISO 14116 e EN 13911), visando a proteção de riscos de categoria III, a mais elevada de acordo com os riscos atribuídos aos EPI’s. Para os profissionais a laborar em ambientes industriais ou metalúrgicos, expostos ao perigo de exposição à chama, temperaturas elevadas, objetos quentes e salpicos de metal, considerados como riscos de categoria II, a HR Group oferece vestuários e equipamentos de proteção profissional fabricados com base nas normas EN ISO 11612, EN ISO 11611, EN ISO 14116 e EN 1149-5. Já em ambientes com complexidade visual, também estes de risco de categoria II, os produtos concebidos, desenvolvidos e fabricados pelo HR Group encontram-se devidamente certificados pela norma EN ISO 20471. Para a proteção dos profissionais que desenvolvam a sua atividade onde seja recorrente o trabalho efetuado com equipamentos ou instalações elétricas, situações enquadradas num risco para o ser humano de categoria II ou mesmo de categoria III, sublinhando-se o fabrico de equipamentos de proteção contra explosões, nomeadamente devido à formação de chispas relacionadas com a descarga de eletricidade estática, são fabricados equipamentos de acordo com os requisitos presentes na norma EN 1149-3 e EN 1149-5. ELEVADA PROTEÇÃO EM TEMPERATURAS BAIXAS Na sequência do fabrico de diversos equipamentos, para múltiplas finalidades de proteção, em julho de 2009, o HR Group decidiu inovar, introduzindo no mercado do vestuário de segurança um produto desenvolvido e confecionado exclusivamente para profissionais cujo trabalho é efetuado em ambientes onde as temperaturas negativas são uma constante, dando assim início ao lançamento do vestuário de proteção Antartida. Esta gama de produtos é constituída por casacos, parkas, fatos-macacos, anoraks, blusões, calças, capuz e coletes, que oferecem 28
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FABRICO NACIONAL
≥ (Em cima à esquerda) Gama de produtos de proteção ao frio Antartida. (Em baixo à esquerda) Confeção de vestuário profissional na HR Indústria. (À direita) Confeção de vestuário profissional na HR Indústria.
uma proteção contra o frio para trabalhos em ambientes com temperaturas negativas, procurando oferecer simultaneamente segurança, conforto e um sentimento de bem-estar – uma associação diferenciadora entre a proteção e a qualidade de vida laboral do utilizador. Na base do desenvolvimento desta solução esteve a conjugação da proteção ao frio sem que a mesma significasse uma diminuição da mobilidade dos trabalhadores no desenvolvimento das suas atividades profissionais e, consequentemente, da sua produtividade. Estes produtos caracterizam-se por providenciar níveis de proteção elevados em equipamentos pouco volumosos e, dessa forma, mais confortáveis para o utilizador. A gama de produtos Antartida encontra-se certificada pelas normas EN 342, correspondentes à combinação de humidade e vento à temperatura do ar abaixo de -5ºC. e pela Norma EN 14058, respeitantes à proteção do utilizador contra ambientes frios, ou seja, ambientes caracterizados pela combinação de humidade e vento à temperatura do ar acima de -5ºC, tendo a certificação sido efetuada pelo Centro
Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) e surge como resposta à proteção contra riscos da categoria II. Ainda no decorrer do ano de 2015, o HR Group prepara-se para apresentar uma nova evolução da gama de produtos Antartida, tendo conseguido inovar e alavancar nas características de proteção, mobilidade e conforto deste tipo de vestuário profissional. À CONQUISTA DE PORTUGAL COM UM OLHAR SOBRE O MUNDO Com cerca de 100 trabalhadores, perto de 2.000 clientes ativos e a distinção de PME Excelência, 2014 foi um ano de crescimento para o HR Group, tendo registado um incremento de 34% ao nível de faturação. Para esse crescimento muito contribuiu a parceria entre o HR Group e o Grupo Elis no final de 2013, que levou a que o grupo se tornasse no fornecedor do vestuário profissional personalizado utilizado pelos trabalhadores da Autoeuropa, fábrica de Palmela da Volkswagen. Ainda com um peso marginal, à volta de 10% do volume de negócios total, mas a crescer
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FABRICO NACIONAL
≥ (Em cima à esquerda) Processo de personalização do vestuário profissional. (Em baixo à esquerda) O HR Group tem um know how acumulado de 30 anos de experiência na confeção de vestuário. (Em cima) A confeção do vestuário é efetuada nas instalações da HR Indústria.
paulatinamente, encontra-se a vertente de exportação dos produtos fabricados pelo HR Group. Atualmente com presença vincada nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP’S), França e Suíça, o HR Group conta abrir portas em mais um novo mercado internacional, nomeadamente o mercado argelino. FABRICO DE QUALIDADE CERTIFICADA. NA INOVAÇÃO ESTÁ A SOLUÇÃO Certificadas pela NP EN ISO 9001, as empresas do HR Group aquando do fabrico de vestuário e equipamentos de proteção profissional, procuram encontrar um ponto de equilíbrio entre as soluções finais pretendidas ao nível de design, as tecnologias existentes e ainda a necessidade de as normas vigorarem nos diversos produtos fabricados. Perante tais exigências, quer seja dos clientes, quer seja das normas existentes, o HR Group procura sempre que os seus produtos sejam devidamente testados e aprovados, contando para tal com o apoio do CITEVE na certificação dos produtos fabricados. Para além da certificação dos produtos, realce para a constante procura pela inovação
e diferenciação no mercado incorporada no seio do HR Group. Neste domínio importa valorizar a relação com a comunidade científica, destacando-se a parceria com a Universidade do Minho, designadamente através do projeto “Fibrenamics”. O motor do novo conhecimento encontra-se nas Universidade, devendo as indústrias transformá-lo em produto inovador para o mercado – é essa a visão do HR Group. A disponibilidade do HR Group para acolher projetos de investigação nos seus domínios de atividade, faz com que possam participar nas etapas iniciais de Investigação de Desenvolvimento de novos produtos, partilhando com os investigadores a experiência adquirida neste sector ao longo de quase três décadas. O FUTURO ESTÁ NAS PESSOAS. A PROTEÇÃO NO INTERIOR DO HR GROUP Como empresa com atividade diretamente ligada à proteção de pessoas, a HR Proteção, ao mesmo tempo que protege alguém a cada peça que é terminada na sua fábrica, procura,
antes de mais, que cada colaborador seu esteja e se sinta seguro, cómodo e feliz na atividade que desenvolve. Tendo como lema, “reforço da qualidade de vida laboral”, no seio do HR Group são desenvolvidas iniciativas de apoio aos seus colaboradores em contexto profissional, nomeadamente sessões de relaxamento e meditação, por forma a evitar o desgaste, a saturação e problemas de saúde. Fruto da experiência acumulada nestes momentos, o HR Group pretende também empreender uma avaliação ergonómica e um levantamento das condições presentes em cada posto de trabalho, por forma a melhorar cada vez mais as condições laborais, bem como as diversas e diferentes posturas assumidas pelos colaboradores num dia normal de trabalho. Por outro lado, com o propósito de extensão desta filosofia e pondo em prática o resultado dos estudos ergonómicos e psicossociais, o HR Group irá avançar em 2015 com a implementação da ginástica laboral. É um compromisso com a Qualidade de Vida Laboral que o grupo pretende partilhar de dentro para fora. ABRIL 2015
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LEGISLAÇÃO
Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios em Revisão Perspetivas dos Membros da Comissão de Acompanhamento
Em outubro de 2014, no decurso da sessão de encerramento do NFPA-APSEI Prevenção e Segurança 2014, o Secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, anunciou a intenção do Governo rever o regime jurídico de segurança contra incêndio em edifícios (RJ-SCIE), publicado pelo Decreto‑Lei n.º 220/2008. Desde então, a Autoridade Nacional da Proteção Civil empenhou-se na recolha de contributos para a revisão, tendo promovido várias reuniões da Comissão de Acompanhamento da implementação do RJ-SCIE em 2014. A revisão em curso tem subjacente três objetivos principais: proceder a ajustamentos pontuais, proceder a clarificações e corrigir gralhas e erros técnicos já identificados desde 2009 pela referida Comissão. A proposta de revisão coordenada pela ANPC foi entregue ao Secretário de Estado no início do ano. Em reunião realizada com o gabinete do Secretário de Estado da Administração Interna, em abril, a APSEI foi informada que a publicação do regime jurídico acontecerá previsivelmente até ao final do primeiro semestre de 2015. Conforme referido, o regime jurídico de segurança contra incêndio em edifícios prevê a criação de uma Comissão de Acompanhamento da aplicação do referido regime, de caráter consultivo, presidida pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e constituída por peritos de diversas entidades: 30
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Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI), Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Ordem dos Arquitetos (OA), Ordem dos Engenheiros (OE), Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET), Associação Portuguesa de Segurança (APSEI), Governo Regional da Região Autónoma dos Açores e Governo Regional da Região Autónoma da Madeira. Reconhecendo a importância da missão desta comissão para o aperfeiçoamento do quadro legal e para a sua implementação no terreno, a PROTEGER procurou recolher o depoimento de todos os peritos que integram esta comissão sobre a revisão em curso. Reproduzem-se os depoimentos do representante da Ordem dos Arquitetos, Paulo Ramos, da APSEI e de António Leça Coelho, representante do LNEC. ANTÓNIO LEÇA COELHO No final da década de 80, na sequência do incêndio do Chiado, o País conhece a primeira legislação específica em matéria de segurança ao incêndio (edifícios situados em centros urbanos antigos, estabelecimentos comerciais e hoteleiros), caracterizada por uma extrema simplicidade). Posteriormente, no decurso da década de 90, foram publicados regulamentos para os edifícios de habitação, parques de estacionamento cobertos, recintos
de espetáculos, edifícios do tipo administrativos, hospitalares e escolares, que seguiam muito de perto a legislação francesa. Mais tarde, em 2008, foi publicada a atual legislação cujo âmbito de aplicação se estende por doze utilizações-tipo distintas. Esta legislação, continuando a ser de natureza prescritiva, introduziu algumas roturas com aquela que revogou. Essas roturas, não fundamentadas cientificamente, tornaram essa legislação na mais exigente de todas as que são conhecidas. A este propósito transcrevem-se duas conclusões da dissertação de mestrado “Comparação técnica e económica da anterior Regulamentação de Segurança ao Incêndio com a atual Legislação de Segurança Contra Incêndio em Edifícios” de Maria da Luz Santiago. A primeira, relativa às implicações económicas, refere que “verifica-se que em determinadas situações e tendo como referências para estabelecer a comparação entre a antiga regulamentação e a regulamentação em vigor o agravamento de custo é brutal”. A segunda, relativa aos aspetos técnicos, refere que “no que se refere às conclusões do ponto de vista técnico e da fundamentação das soluções julgamos que este trabalho prova, sem ser exaustivo, que há um elevado grau de aleatoriedade na forma como se chega às soluções. O principal problema da regulamentação em vigor começa naquilo que é
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LEGISLAÇÃO
nuclear, isto é, na definição das categorias de risco. Não é possível definir o risco da forma como foi feito, pois isso conduz a situações absurdas como se exemplificou com alguns exemplos apresentados”. Quando atualmente se discute a necessidade de revisão da atual legislação importa ter presente os factos referidos de modo a encontrar uma legislação em que haja uma racionalização das soluções propostas quando analisadas na perspetiva segurança/custo. Assim, embora se considere que a futura legislação deve continuar a ser prescritiva, as soluções que venha a considerar devem ser cientificamente fundamentadas, não resultando de um mero conhecimento empírico. A PERSPETIVA DA APSEI Desde 2004 que a Associação Portuguesa de Segurança tem vindo a acompanhar a produção do regulamento técnico de segurança contra incêndio em edifícios, que veio a ser publicado como Portaria n.º 1532/2008. Quer em 2004, quer na revisão em curso, os comentários que apresentámos visaram o aperfeiçoamento da regulamentação no que se refere às medidas de autoproteção e aos equipamentos e sistemas de segurança. Nesta vertente, procurámos que a legislação enquadrasse corretamente os equipamentos e sistemas de segurança na perspetiva da conceção, dimensionamento, instalação e
manutenção e a correta referenciação das normas nacionais, europeias e internacionais aplicáveis. Por outro lado e porque a competência dos técnicos e a qualidade dos serviços das empresas de segurança sempre foram prioritários para a APSEI, mantivemos um envolvimento ativo na elaboração da proposta de regulamentação sobre o registo das entidades que comercializam, instalam e mantêm equipamentos e sistemas de segurança e que veio a ser publicada como Portaria n.º 773/2008. Também na revisão de 2014 tivemos a oportunidade de transmitir as nossas propostas à ANPC, tendo subjacente a intenção de fazer do Registo de Entidades uma base de dados fidedigna de empresas competentes e de técnicos qualificados em segurança contra incêndio. Finalmente, após a publicação desta revisão, importa iniciar outra etapa igualmente importante: a revisão estrutural do regulamento técnico, isto é, uma reflexão profunda sobre os pressupostos do atual regulamento técnico e uma atualização das suas prerrogativas de acordo com o estado da arte da engenharia de segurança. A título de exemplo, uma das reflexões que, na nossa perspetiva, não pode deixar de ser efetuada é a ponderação sobre as vantagens e desvantagens de enquadrar regulamentarmente, com autonomia e especificidade, a indústria. Naturalmente que entendemos que este processo deve ser gerido com tempo e dedicação exclusiva por parte de um grupo de trabalho que venha a ser designado e coordenado pela Autoridade Nacional da Proteção Civil. A PERSPETIVA DO ORDEM DOS ARQUITETOS – PAULO RAMOS A atual regulamentação de SCIE, apesar de ter representado enorme avanço face à anterior está longe de ser perfeita, tendo várias gralhas que importava terem sido corrigidas de forma célere. A Comissão de Acompanhamento, criada em 2010 sob a presidência da ANPC, desde logo se dedicou ao levantamento destas gralhas, tendo elaborado um documento propondo alterações aos vários diplomas. Apesar das correções
serem simples e consensuais, por motivos alheios à Comissão esse documento não teve qualquer efeito prático. Posteriormente a ANPC entendeu (e bem) que a revisão da regulamentação não deveria limitar-se à correção de gralhas, devendo ser mais ambiciosa, clarificando a redação de alguns artigos e introduzindo alterações técnicas noutros. Apesar de a Comissão de Acompanhamento ser um órgão essencialmente consultivo e não fazer parte das suas competências a elaboração de legislação, a ANPC pediu contributos aos seus membros para alterar o atual quadro regulamentar. A Ordem dos Arquitetos participou com empenho nesta tarefa, tendo proposto uma estratégia que estruturasse e desse coerência à revisão da legislação, que estava a ser feita artigo a artigo, olhando para a parte sem refletir sobre o todo. Propunha-se, entre outras aspetos, harmonizar os critérios de classificação das categorias de risco, eliminar a Ficha de Segurança, alargar a certificação de projetistas para a 2ª categoria de risco, atenuar inúmeras redundâncias, fazer a compatibilização com regulamentos de outras especialidades, adotar alguns conceitos de projeto baseado no desempenho e adequar a aplicabilidade da regulamentação aos edifícios existentes. Quase nada disto foi feito. A Ordem dos Arquitetos assumiu ao longo dos trabalhos uma postura crítica em relação à metodologia da revisão, baseada nos contributos da Comissão e no trabalho a tempo parcial de alguns técnicos da ANPC, tendo sugerido que fosse criado um grupo de trabalho dedicado em exclusividade a esta tarefa, que contasse com contributos externos, incluindo, para além das instituições representadas na Comissão, universidades e especialistas quer de SCIE, quer de RJUE. Nada disso foi feito. A alteração à legislação é tardia e muito aquém do desejável. Importa começar a trabalhar quanto antes numa nova regulamentação, moderna, com novos paradigmas e fundamentação técnica, que num prazo máximo de cinco anos possa substituir a que vier agora a ser publicada. ABRIL 2015
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Novos Incêndios, Novas Táticas Jesse Roman Redator do NFPA Journal
Com o mobiliário e os métodos de construção modernos a darem origem a incêndios maiores e mais agressivos, estão a ser desenvolvidas novas investigações que poderão conduzir os bombeiros a reavaliar as suas práticas de combate a incêndios residenciais.
Para alguns, a investigação no âmbito da ciência de proteção contra incêndios de Dan Madrzykowski é pioneira, enquanto para outros não é assim tão excitante. Madrzykowski gosta de contar a história do chefe de bombeiros do Iowa, que disse entusiasmado à mulher que a nova investigação iria revolucionar a forma de trabalhar dos bombeiros e que era provavelmente a melhor notícia que tinha ouvido nos últimos 40 anos. “A mulher pergunta, ‘Então, qual é a grande diferença?” lembra Madrzykowski, engenheiro de proteção contra incêndio do Instituto Nacional de Normas e Tecnologia (NIST, da sigla em inglês) “O chefe disse,
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INFORMAÇÃO TÉCNICA
‘dizem que devemos levar a água até ao fogo tão rápido quanto possível’. A mulher olha para ele espantada e pergunta ‘E que é que têm feito até agora?” Madrzykowski ri-se sempre que conta esta história, que a seu ver, demonstra como algumas das atuais táticas dos bombeiros se afastaram do conhecimento científico. “O fogo esqueceu-se de ler o manual de combate a incêndios”, diz em tom de brincadeira. Durante mais de uma década, Madrzykowski e o seu parceiro de investigação, Stephen Kerber, diretor do Instituto de Pesquisa para a Segurança dos Bombeiros (FSRI, da sigla em inglês) dos Underwriters Laboratories (UL), trabalharam juntos para mudar esta situação e reintroduzir a ciência no âmbito dos incêndios. Nos últimos anos, os UL e o NIST juntaram esforços para realizar mais de 200 experiências com incêndios estruturais para medir a resposta do fogo a diferentes variáveis e formas de ataque. O trabalho representa a análise científica mais extensa das últimas décadas das táticas de combate a incêndio e está a revelar aquilo que os investigadores definem como graves falhas na forma atual de combater os incêndios. De acordo com Madrzykowski e Kerber, algumas das técnicas aceites como o evangelho, revelaram-se potencialmente mortais nos incêndios modernos, que tendem a ser mais quentes e mais rápidos do que há décadas atrás. Embora a sua investigação tenha conduzido a várias descobertas, existem três ideias principais que receberam uma maior atenção: a descarga de água num incêndio estrutural desde o exterior, ou “hitting it hard from the yard”, é muitas das vezes a melhor opção e pode salvar vidas de civis e bombeiros; a ventilação nem sempre salva vidas e, de facto, pode tornar-se rapidamente mortal; e a água não conduz o fogo para outras partes do edifício. Todas estas noções contrariam o conhecimento convencional presente em muitas corporações de bombeiros, que durante décadas utilizaram a ventilação e os ataques internos agressivos, deslocando-se do lado não queimado para o lado queimado do edifício para não empurrar o fumo e o fogo para dentro do edifício.
No ano passado, Kerber e Madrzykowski passaram mais de 150 dias a viajar juntos ou individualmente para difundir esta mensagem, fazendo apresentações em praticamente todas as reuniões de organizações de combate a incêndio nos Estados Unidos da América e deixando, muitas das vezes, uma sala de discípulos no seu rasto. Estas informações estão também a impulsionar as mudanças táticas mais significativas das últimas décadas para os bombeiros. No ano passado, foi publicada uma adenda que inclui estas sugestões na terceira edição do livro de Jones e Bartlett “Fundamentals of Fire Fighter Skills”, um dos manuais de formação para combate a incêndios mais populares nos EUA. Este ano, com o financiamento do Programa de Subvenções para Assistência aos Bombeiros, os formadores da International Society of Fire Service Instructors irão realizar dois seminários em cada um dos 50 estados norte-americanos para capacitar os bombeiros na utilização das novas táticas. No passado mês de setembro, o Urban Fire Forum, uma reunião anual organizada pela secção Metro Chiefs da NFPA, juntou 25 comandantes de bombeiros de todo o país que adotaram, por unanimidade, um relatório de intenções que incita os departamentos de bombeiros a adotarem estas novas táticas. O impacto da investigação foi mais sentido no local dos incêndios. Corporações de bombeiros como o Departamento de Bombeiros de Nova Iorque, o Departamento de Bombeiros de Los Angeles e o Departamento de Bombeiros de Oklahoma alteraram os seus procedimentos táticos com base nestas descobertas. Em Los Angeles, por exemplo, as novas informações são utilizadas em parceria com o College of the Canyons, sendo testadas nos exames de progressão na carreira. Oito meses após as mudanças introduzidas em Los Angeles, os ferimentos de bombeiros diminuíram 45% e as perdas de bens materiais 7% quando comparadas com os oito meses precedentes, de acordo com o Comandante de Los Angeles, Daryl Osby. Outro aspeto muito importante foi o facto dos bombeiros sentirem que tinham uma maior compreensão da ciência por detrás das operações no terreno. “De acordo com
a minha experiência, quando perdíamos uma casa unifamiliar, nem sempre percebíamos porquê,” diz Osby. “Agora, percebemos a dinâmica e integramos isso no terreno.” Este é exatamente o objetivo, diz Kerber, porque mais do que nunca, a compreensão pode ser uma questão de vida ou de morte. “Quando um bombeiro sofre ferimentos ou morre, surge o desejo de mudança”, diz. “Uma das possíveis consequências deste trabalho é a morte, o que demonstra a importância que existe na aplicação correta das táticas.” MAIOR, MAIS FORTE E MAIS RÁPIDO Os incêndios atuais podem desenvolver-se de forma mais agressiva e são mais perigosos que os de algumas décadas atrás. Este facto é explicado em grande parte porque os recheios e os materiais de construção das casas modernas podem ser muito mais voláteis que antigamente. Anteriormente, os móveis eram de madeira maciça; hoje o material predominante consiste em madeiras leves e de queima rápida, incluindo painéis de aglomerado. Os colchões e os sofás que antes eram recheados com algodão, são agora recheados com materiais sintéticos, incluindo substâncias ricas em energia e altamente combustíveis como a espuma de polietileno. “Considerando-se todos os fatores, a taxa de energia aumentou três ou quatro vezes”, diz Madrzykowski, descrevendo o mobiliário moderno. “Por isso é provável que os bombeiros encontrem uma carga de incêndio rica em combustível quando chegam ao local do incêndio.” A introdução de novos materiais de construção leves nas casas habitacionais, que podem ruir muito mais rapidamente durante um incêndio do que as vigas tradicionais de madeira maciça, veio agravar o problema. Em suma, as casas modernas e os seus recheios podem queimar oito vezes mais rápido que as casas de há algumas décadas atrás, de acordo com os UL. Num vídeo particularmente impactante numa das suas apresentações, Madrzykowski e Kerber mostram um ecrã dividido em duas partes onde aparecem duas salas de estar. Uma sala contém “móveis antigos” – cadeiras e mesas em madeira maciça e um sofá com ABRIL 2015
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almofadas recheadas com algodão – e outra sala que contém mobília moderna feita de espuma e aglomerado. Os sofás são incendiados. A sala com os móveis mais antigos queima lentamente e ponderadamente, o incêndio cresce de forma regular; passam aproximadamente 30 minutos até que a sala alcance a combustão súbita generalizada. A mobília na sala moderna queima de forma mais agressiva e a sala alcança a combustão súbita generalizada em apenas 3 minutos e 40 segundos. De acordo com um estudo recente da NFPA, de 2007 a 2011 o tempo médio de resposta dos bombeiros aos incêndios estruturais residenciais era de quase 6 minutos. Uma característica construtiva das casas modernas, contudo, pode de facto ter um efeito de mitigação na volatilidade do incêndio. As casas modernas tendem a ser bem isoladas, diz Madrzykowski, muitas vezes com janelas duplas e construções herméticas. Como consequência, “os incêndios começam e a ventilação fica rapidamente limitada – o oxigénio contido na casa necessário à combustão é consumido,” diz. Nesse ambiente, um incêndio irá queimar de forma pouco eficiente, produzindo um fumo denso e preto constituído de hidrocarbonetos não queimados – combustíveis gasosos que não se podem incendiar devido às condições de falta de oxigénio. Mas se se abrir uma porta ou uma janela, o oxigénio precipita-se para dentro da estrutura e o incêndio pode irromper violentamente. “Numa casa pequena, podemos passar do fumo à combustão súbita generalizada em 30 segundos e numa casa maior talvez em dois ou três minutos,” diz Madrzykowski. A compreensão do fluxo do ar é central na mensagem que Madrzykowski e Kerber estão a difundir. As apresentações que realizam incluem muitos vídeos que mostram este processo em incêndios estruturais. Num vídeo de incêndio residencial, o fumo sai da janela do andar térreo de uma casa unifamiliar. Os bombeiros partem as janelas para ventilar a casa com o objetivo de remover os vapores nocivos e arrefecer o incêndio. O ar fresco entra pelas novas aberturas e em segundos o incêndio cresce dramaticamente. Os bombeiros retrocedem e atacam o fogo com água e em poucos minutos o incêndio é abatido e apagado. 34
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Um observador externo poderia considerar este como um sucesso, diz Kerber, mas não é. “Eu asseguro-vos que eles ainda devem estar a felicitar-se uns aos outros,” diz. “Mas se não tivessem ventilado, aquele incêndio teria ficado circunscrito à cave.” Outro vídeo de um teste de queima mostra um incêndio a devastar uma casa; a porta de entrada da casa está aberta, mas quando os bombeiros fecham a porta, os sensores mostram que a temperatura no interior da casa incendiada diminui de 1000 graus Fahrenheit em menos de um minuto. O fogo retrocede, lutando com a falta de oxigénio. A mensagem do teste é clara: manter as portas e janelas da estrutura fechadas até que as linhas de mangueiras estejam prontas para ser utilizadas limita a quantidade de oxigénio disponível e mantém o incêndio pequeno – um incêndio limitado pela falta de ventilação. Inversamente, abrir as janelas e as portas antes de atacar o fogo com água pode fazer crescer rapidamente o incêndio. Ventilar demasiado cedo, ou nos lugares errados, pode também causar uma propagação rápida do fogo a outras partes da estrutura. A ventilação ainda é crítica, dizem os investigadores, mas somente depois de se ter combatido o fogo com água. Outra conclusão importante da investigação é que atacar o incêndio com água desde o exterior da estrutura momentos antes de entrar faz arrefecer toda a estrutura dramaticamente e aumenta a probabilidade de sobrevivência das vítimas e dos bombeiros. Durante décadas, diz Madrzykowski, os bombeiros aprenderam que não deviam descarregar água desde o exterior, com medo de causar danos às vítimas presas no interior com o vapor ou empurrando o fumo e o fogo na sua direção. É também uma ideia comum que atacar o incêndio desde o lado queimado vai empurrar o fogo para as partes não queimadas da estrutura. A investigação chegou à conclusão que acontece exatamente o contrário – a água não pode empurrar o fogo, mas faz cair dramaticamente a temperatura ambiente. Por outras palavras, diz Madrzykowski, atacar o fogo com água tão cedo quanto possível tem muitas vantagens. “Eu não acho que isto seja revolucionário,” diz Madrzykowski. “Apenas considero que o
pêndulo das táticas de combate ao incêndio está a voltar ao centro. Olhando para a forma de operar dos bombeiros nos anos 50 e 60, vemos que eles faziam quase exatamente aquilo que preconizamos agora. Até os manuais dos anos 1800 falam de controlar a porta e ter cuidado com a corrente de ar. Infelizmente os bombeiros foram perdendo parte de seus conhecimentos sobre o comportamento do fogo ao longo do tempo, e estamos a tentar reintroduzi-los de novo.” ABORDAGENS DIVERGENTES No mundo do combate aos incêndio, o trabalho realizado por Madrzykowski e Kerber faz deles estrelas de rock ou heréticos, dependendo com quem falamos. Uma das vozes divergentes é John Salka, um veterano reformado de 33 anos e que foi chefe de batalhão do FDNY. Salka, autor de três livros incluindo The Engine Company, que analisa as táticas e operações de todas as corporações dos Estados Unidos da Américo, é critico em relação a alguns aspetos da investigação. Salka observa que os investigadores podem configurar todas as variáveis da experiência, começar o incêndio num local selecionado, e manter o controlo total sobre os procedimentos. Salka é especialmente crítico em relação à afirmação que o fumo ou o fogo não podem ser empurrados para as vítimas que se encontram na outra ponta da linha de ataque. “Estive em milhares de incêndios, dentro e fora, e a minha experiência não diz o mesmo”, conta-nos. “Estive num edifício onde alguém do lado de fora abriu uma linha de ataque na direção errada. É como um raio – é-se atingido por uma explosão repentina de vapor, fumo e fogo. Isto tem um impacto negativo do lado da saída do quarto.” Aaron Fields, bombeiro de longa data em Seattle, fundador de Nozzel Forward, um programa de formação para as corporações que forma aproximadamente 2000 bombeiros por ano em todo o país, acredita na ciência e nos resultados os testes apresentados por Madrzykowski e Kerber. Mas também diz que a realidade no local do incêndio pode ser diferente da que se vive nos testes. Se os métodos dos UL e do NIST não forem seguidos com precisão, ou se não existirem as condições ótimas – como
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numa área urbana densa onde os bombeiros podem não conseguir colocar uma linha de mangueira externa na posição correta – as coisas podem acabar muito mal, diz Fields. Assim como Salka, Fields questiona a conclusão da investigação que sugere que o fumo e as chamas não podem ser deslocadas por um fluxo de água externo. O vapor resultante de um ataque externo pode também ser mortal, diz Fields, um tema que o NIST ainda não investigou de forma exaustiva. “O motivo pelo qual se entra num edifício não é apenas o incêndio, mas também para se salvarem pessoas,” diz Fields. “Os gases libertados por um incêndio matam antes das chamas. Se eu entro, o meu trabalho é retirar os subprodutos da combustão e extingui-los.” Nas suas aulas, Fields ensina que, na maioria dos incêndios, um ataque interior agressivo com linhas de mangueiras para extinguir o fogo e retirar os gases tóxicos é a forma mais eficaz para salvar vidas. Lançar água desde o exterior deveria ser reservado, defende, para um ataque defensivo, ou para situações onde se verifica uma demora significativa na colocação das linhas de mangueiras. “Globalmente, não sou contra os resultados da investigação,” diz Fields. “Digo apenas que o estudo não é completo.” Kerber e Madrzykowski já ouviram estas críticas antes e reconhecem logo que não estão a defender uma abordagem única no combate aos incêndios. “Não dizemos que só se pode atacar o incêndio desde o exterior – dizemos que é uma opção válida e que deveria constar nos manuais”, diz Madrzykowski. “Deve avaliar-se cada incêndio e decidir o que fazer. Se for um incêndio pequeno, entra-se e extingue-se. Na realidade estamos a falar apenas de ajustar algumas coisas que os bombeiros já estão a fazer.” Apesar das preocupações, os elogios ao trabalho realizado por Kerber e Madrzykowski vêm dos mais altos níveis dos serviços de combate aos incêndios. “Devemos acelerar a formação e a aplicação,” disse recentemente Ernest Mitchell Jr., Administrador de Incêndio dos Estados Unidos da América, no Urban Fire Forum. “A questão está em como difundimos a mensagem para que este conhecimento científico não salve apenas vidas em Nova 36
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Iorque, Los Angeles ou Oklahoma City, mas em todo o lado?” A Associação Internacional de Bombeiros (IAFF, da sigla em inglês), a maior associação de bombeiros da América do Norte, também apoia as mudanças táticas e desenvolveu um currículo baseado nesta investigação. Lori Moore-Merrell, assistente do presidente da IAFF, disse no decorrer do Urban Fire Forum, em setembro passado, que o número de horas dedicadas a formar recrutas sobre o comportamento do fogo deve aumentar, mas reconheceu também os desafios associados a este tipo de mudança, descrevendo-a como “uma mudança de paradigma” para muitos e incitando os bombeiros a “superar o choque”. Os comandantes de Los Angeles e Nova Iorque disseram que os obstáculos culturais entre os bombeiros eram a parte mais difícil de resolver para se poderem aplicar os novos procedimentos. O vice-comandante Cecil Clay, do Departamento de Bombeiros de Oklahoma, que liderou pessoalmente a adoção e formação sobre as novas táticas de aproximadamente 1000 bombeiros, disse que muitos dos seus colegas oficiais eram céticos no início. “Alguns têm mais de 20 anos de experiência no combate a incêndio e agora estamos a tentar ensinar-lhes uma forma diferente de fazer as coisas. Dizem-nos ‘Eu sei que o que faço está certo porque sempre fiz assim’,” diz Clay. “Mas assim que começávamos a implementar as nova táticas, eu já não era preciso vender nada. Os resultados foram notáveis.” Clay descreve as mudanças táticas em Oklahoma como “uma mudança de 180 graus” quando comparado com aquilo que o departamento fazia há apenas dois anos atrás. “Como muitos outros departamentos, adotávamos uma abordagem interior agressiva,” diz. “A nossas táticas consistiam em ir pelo lado não incendiado [percorrendo a casa] até o lado incendiado. A teoria era que estaríamos a empurrar o incêndio para fora da casa. Da mesma forma, nunca tínhamos aplicado água desde o exterior num ataque ofensivo – pensávamos que iríamos empurrar o fogo para uma vítima. Através da ciência e da investigação descobrimos que ambas as ideias eram totalmente falsas.” Os bombeiros em Oklahoma aprendem agora a fazer uma avaliação a 360 graus da
estrutura para ver se o incêndio está a ser ventilado ou decidir se deverão aplicar água. Se o fumo estiver a ser ventilado no lado A, atacam esse lado com água através de uma janela no lado A antes de ventilar ou efetuar a busca e salvamento. Imagens térmicas feitas em incêndios em Oklahoma mostraram que ao lançar-se água para o teto e deixá-la cair como se fossem sprinklers – uma técnica cuja eficácia foi demonstrada pelos ensaios do NIST e dos UL – faz arrefecer a divisão ao baixar a temperatura de 1500 graus para 300 graus numa questão de segundos. “Isto dá-nos um nível de segurança incrível” quando os bombeiros entram na estrutura, diz Clays. Apesar destas táticas poderem ser mais seguras para os bombeiros, também enfrentam um outro obstáculo cultural. Para muitos bombeiros, lançar água a partir de um lugar seguro no exterior quando potenciais vítimas poderão estar a ser ameaçadas no interior não parece correto. “Têm esta noção de que não se é um verdadeiro bombeiro se não se precipita para dentro de um edifício em chamas”, diz Kerber. “Há pessoas que dizem ‘não me alistei para atirar água pela janela’” Clay diz que enfrentou logo aos céticos no seu departamento. “Agora temos a investigação – esta é de facto uma prova científica sobre aquilo que está a acontecer e a melhor forma de combater o fogo e proteger as pessoas,” diz. “O aspeto machista, a excitação do combate onde se sai do edifício com a capa fumegante, já desapareceu de alguma forma. Mas eu digo aos meus companheiros que não se trata de nós – trata-se de como protegemos as pessoas e os bens e como podemos eliminar rapidamente a ameaça.” Ajudar as corporações de bombeiros a abandonar os velhos dogmas e adotar um abordagem científica que poderá salvar vidas é aquilo que mantém a motivação de Kerber e Madrzykowski enquanto viajam de auditório em auditório, de um aeroporto para o outro. “Algumas pessoas dizem que são precisas gerações para que uma corporação de bombeiros mude”, diz Madrzykowski. “Não estou nada de acordo com isso”. Reimpresso com a permissão do NFPA Journal® (January to February 2015) copyright© 2015, National Fire Protection Association, Quincy, MA. Todos os direitos reservados.
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Gestão do Risco e Continuidade do Negócio Luís Coelho Consultor e Formador de Gestão do Risco
Na minha função de auditor já pernoitei em muitas localidades, grandes e pequenas, e tenho vindo a constatar que cada vez mais pessoas utilizam as chamadas “circulares externas” para realizarem caminhadas. Seja por culpa da crise ou por qualquer outra razão, a verdade é que este exercício traz frutos ao corpo e à mente que não conseguiremos, em tempo útil, avaliar. Não conseguiremos avaliar porque não há enquadramento para perceber se “caso não tivesse mantido esta prática teria tido um ataque cardíaco?”. Nas organizações a perspetiva deve ser a mesma. Devemos ter competências e acreditar que a prevenção pode dar resultados tanto a médio como a longo prazo. Devemos acreditar que estes resultados são significativos porque podem promover a qualidade de vida das pessoas e das populações, uma vez que não se fecharão empresas cujo fornecedor faliu e onde não existia um fornecedor alternativo, que não existirão políticas de recursos humanos em que ninguém “para” na empresa criando entropia, que não haverão empresas onde, a ocorrer um incêndio que danifique o património, mesmo com seguro, não seja possível restabelecer a atividade. Face a estes e outros argumentos, considerando ainda o contexto macroeconómico mais complexo e globalizante, é cada vez mais crítico que as organizações sejam capazes de planear a continuidade do seu negócio, independentemente da forma, para todos os cenários que possam ocorrer, qualquer que seja a sua origem, externa ou interna, decorrente de situações como um acidente em que faleceu a equipa de direção, uma falha técnica que danificou uma peça de um equipamento descontinuado e para o qual não existem no mercado peças disponíveis, ou em
caso de emergência pura e dura, com impacto a qualquer nível da sua sustentabilidade. Assim, a implementação de sistemas de gestão do risco eficazes deve ser uma prioridade, independentemente da organização ou área de atividade em questão. Os números disponíveis não permitem sustentabilizar argumentos, mas uma coisa é certa: grande parte das perdas decorrem de falta de visão estratégia a longo prazo que incluem a gestão de contingência e, principalmente, a elaboração de procedimentos específicos para garantir a recuperação do negócio, cuja ausência coloca as organizações de tal forma vulneráveis que basta um pequeno evento para produzir danos, muitos deles irreversíveis. LEVANTAMENTO INICIAL Uma vez que todas as atividades de uma organização envolvem risco, a sua gestão implica identificar todos os perigos e avaliar os respetivos riscos permitindo, à posteriori, avaliar até que ponto os mesmos devem ser alvo de tratamento de modo a satisfazer os critérios de risco definidos pela organização. Durante este processo são contactadas todas as partes interessadas e tanto os riscos como os seus mecanismos de controlo são monitorizados e revistos. Quando se fala em todos os perigos, são mesmo todos, sejam eles financeiros, de gestão do pessoal, ambientais, legais, de segurança e saúde, ou quaisquer outros aplicáveis ao enquadramento da organização. Para melhor compreender a gestão do risco e a temática associada à gestão da contingência e continuidade do negócio, o primeiro passo é analisar e clarificar as terminologias associadas e saber identificar o assunto em questão. Por exemplo, existem cadernos
de encargos que falam em contingência e outros em procedimentos de continuidade de negócio. No fundo a abordagem é a mesma, depende é do enquadramento. AMEAÇAS QUE DECORREM DOS RISCOS O risco consiste no efeito da incerteza na obtenção dos objetivos, existindo dois grandes tipos de riscos: os do ambiente externo e os do ambiente interno. Os riscos do ambiente externo serão, muito provavelmente, os mais perigosos, uma vez que implicam uma limitação mais abrangente ao nível das atividades da empresa e tornam bastante difícil identificar se e em que magnitude algum evento terá impacto na organização. São exemplos destes riscos os político-legais, económicos, sociais, de concorrentes, de fornecedores, entre outros. No entanto os riscos do ambiente interno também não poderão ser menosprezados uma vez que, se não forem bem geridos, poderão implicar que a organização venha a ser afetada por problemas oriundos do seu interior, ou seja das suas próprias instalações ou operações. Estes riscos podem ser, acima de tudo, financeiros (ex.: de liquidez, de crédito,…) ou operacionais (ex.: erros, greves,…). UNIFORMIZAÇÃO DA GESTÃO DO RISCO Embora a gestão do risco se tenha vindo a desenvolver ao longo do tempo e em diversos setores, de modo a dar resposta às mais diversas necessidades, a adoção de processos consistentes pode ajudar a assegurar que a gestão do risco é feita de forma eficaz, eficiente e de modo coerente em toda a organização. Assim, a NP ISO 31000:2012, “Gestão do Risco – Princípios e Linhas Orientadoras”, ABRIL 2015
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FORMAÇÃO APSEI CURSO GESTÃO DE EMERGÊNCIAS E CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS // 14 HORAS LISBOA 20 DE NOVEMBRO DE 2015 // PORTO 5 DEZEMBRO DE 2015 INSCRIÇÕES EM WWW.APSEI.ORG.PT
adaptação nacional da Norma Internacional que estabelece um conjunto de princípios a cumprir para tornar eficaz a gestão do risco, é muito clara em dizer-nos que “A gestão do risco pode ser aplicada a uma organização na sua globalidade, nas suas diversas áreas e níveis, a qualquer momento, bem como a funções, projetos e atividades específicos.” Nesta norma são especificados os requisitos para planear, estabelecer, implementar, operacionalizar, monitorizar, rever, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão documentado para proteger, reduzir a probabilidade de ocorrência e estar apto a dar resposta e recuperar de qualquer incidente disruptivo que possa surgir. Associadas à gestão do risco estão ainda outras normas, das quais se destaca a ISO 22301:2012 Societal security – Business continuity management systems – Requirements (Segurança Societária – Sistema de Gestão de Continuidade do Negócio – Requisitos), que especifica os requisitos para o estabelecimento de um Sistema de Gestão de Continuidade do Negócio verdadeiramente eficaz. O objetivo desta norma é permitir a cada organização desenhar o sistema mais eficaz, mais apropriado às suas necessidades e que dê resposta aos requisitos de todas as partes interessadas. PRINCÍPIOS PARA A GESTÃO DO RISCO Para haver uma eficaz gestão do risco deverão seguir-se alguns princípios que definem que esta gestão deve: s er parte integrante dos processos da organização; ≥ ser parte da tomada de decisão; ≥ s er baseada na melhor informação disponível; ≥ ser adaptável; ≥ ser sistemática e estruturada; ≥ ser transparente e inclusiva; ≥ ser dinâmica, interativa e rapidamente adaptável; ≥ criar valor; ≥ endereçar explicitamente a incerteza; ≥ ter em conta os fatores humanos; ≥ e ser capaz de melhoria contínua e valorização. ≥
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FRAMEWORK DE GESTÃO DO RISCO Para a gestão do risco ser bem-sucedida e sustentável é fundamental que a mesma seja incorporada na organização e tenha o total apoio e envolvimento da gestão de topo. Este será o primeiro, e fundamental, passo para permitir desenhar qualquer plano de contingência ou continuidade do negócio. Os resultados serão tão mais completos, adequados e eficazes quanto maior for o nível de envolvimento da gestão de topo. Para isso é fundamental que exista massa crítica e formação que permita a participação da gestão de topo na identificação de todas as ameaças e vulnerabilidade, bem como a presença de uma visão de “helicóptero” permitindo projetar o exercício tão longe quanto possível e, desta forma, “proteger” as operações e os investimentos a realizar. Se estas condições estiverem criadas, qualquer equipa consegue assegurar fiabilidade no exercício de gestão do risco que, devidamente comunicado e analisado, permitirá a tomada de decisões a todos os níveis da organização e de forma sustentável, ou seja, com a informação necessária e atualizada. Assim, fazer uma boa definição do contexto é essencial para este processo, que irá permitir identificar claramente os objetivos da organização, o seu mercado, o ambiente em que se insere, a cadeia de valor e uma diversidade de critérios de risco que ajudarão a perceber e avaliar a complexidade dos riscos que lhe estão associados. PLANO DE CONTINUIDADE DO NEGÓCIO Um bom planeamento para garantir a continuidade do negócio deve contemplar não só as questões internas mas ser, também, integrado na cadeia de valor e nos processos de negócio das organizações, assegurando assim que os objetivos estratégicos não serão postos em causa independentemente de qualquer incidente disruptivo que possa acontecer. Um Plano de Continuidade de Negócio deverá ser um documento orientador que contenha informação relativa à avaliação dos danos causados por qualquer eventual incidente e à tomada de decisão relativamente à recuperação a empreender.
Na prática, o Plano de Continuidade de Negócio deverá ser um documento que constitua um plano de ação detalhado onde sejam claramente estabelecidos tanto as medidas como os procedimentos necessários para a recuperação da atividade (nos níveis e tempos predeterminados), devendo abranger todos os meios (procedimentos, instruções, documentos, entre outros) que permitam à organização gerir qualquer incidente disruptivo que implique uma eventual interrupção não planeada da atividade, incluindo o processo de retorno, o mais rapidamente possível e mantendo normais os níveis de qualidade do produto/serviço. Este plano deve, assim, estabelecer procedimentos e atribuir responsabilidades que, em caso de incidente disruptivo, permitam: ≥ Avaliar os danos; ≥ Decidir sobre a necessidade, ou não, de ativar o Plano de Continuidade de Negócio; ≥ Recuperar as funções de negócio e infraestruturas de suporte; ≥ Proceder ao retorno das operações. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA GESTÃO DO RISCO Pela importância fundamental desta temática, quanto maior o nível de conhecimento e domínio da mesma maior a probabilidade de se aumentar a eficácia da gestão do risco de uma organização. Assim, a formação nestas temáticas deverá ser constituída por uma importante componente teórica, sempre complementada por uma forte componente prática, que permita às organizações implementar os seus procedimentos e, posteriormente, realizar exercícios de simulação de diversas situações e de desenvolvimento de documentos de trabalho concretos, incluindo um Plano de Continuidade de Negócio recorrendo, após concluídas estas tarefas, a modelos de exercício denominados “CPX” (exercício funcional e interativo de simulação total que testa a capacidade de uma organização para responder a um evento simulado), visando a avaliação da coordenação, integração e interação das políticas, procedimentos, papéis e responsabilidades no seio tanto da organização como de outras partes interessadas.
A Proteção dos ATM's Paulo Duarte Administrador da PNP Tech S.A.
O funcionamento da rede ATM em Portugal, Rede Multibanco, teve início em 2 de setembro de 1985 com a instalação de apenas 12 máquinas nas duas principais cidades do país, Lisboa e Porto. Desde logo o sucesso deste equipamento foi enorme, tendo tido de imediato uma enorme adesão pelo público em geral, existindo hoje milhares dessas caixas, cerca 12.000 terminais espalhados por todo o País, constituindo a maior densidade de caixas automáticas por habitante em toda a Europa. Desde o início que a estratégia de implementação visava uma grande dispersão geográfica no território de modo a garantir uma grande proximidade à população, numa perspetiva de fidelização dos clientes por parte dos bancos e ao mesmo tempo permitindo que o simples ato de levantar dinheiro dispensasse uma visita à agência bancária.
Se numa primeira fase estes equipamentos eram instalados nas Agências Bancárias, rapidamente passou a ser um equipamento disponível fora desse domínio, sendo instalados em Associações Recreativas, Juntas de Freguesia, Estações de Serviço e em outros locais, sempre na procura duma maior proximidade com a população. OS ATM'S SÃO UM ATRATIVO ALVO DE ATAQUES No entanto, a tendência para a dispersão geográfica de ATM e a multiplicidade de locais onde os mesmos tentam levar a tendência de automatização e disponibilização de serviços bancários constituem por si só um desafio à segurança. Este fenómeno de capilaridade que a população em geral agradece, tornou-se um problema para a integridade dos equipamen-
tos e dos locais onde estavam instalados. As máquinas ATM são um atrativo alvo de ataque, por possuírem uma elevada soma de numerário no seu interior, por estarem em muitas situações num enquadramento desprotegido e tudo isto à distância de um cofre-forte para os amigos do alheio. Desde o início que se observaram ataques a estes equipamentos com recurso a uma grande variedade de técnicas de assalto. Desde o arrasto com recurso a um laço tracionado por um veículo motorizado, normalmente um jipe ou uma pick up, a utilização de equipamentos de construção civil, tal como a clássica retroescavadora, passando por técnicas mais demoradas de corte com ferramentas de disco ou oxicorte, até às mais destruidoras, o recurso à explosão. Na altura as medidas de segurança adotadas baseavam-se na segurança física,
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suportada pela robustez dos cofres dos ATM's mas também através do incremento de sensores com ligação às centrais de alarme. No entanto, o isolamento dos locais das ATM’s permitia em muitos casos o tempo necessário para que se concretizassem este tipo de assaltos, com graves prejuízos materiais: o dinheiro furtado, o equipamento danificado, e muitas vezes o próprio edifício onde este se encontrava instalado. Não é também de descurar os custos colaterais, como o tempo em que o equipamento fica fora de serviço, a imagem da própria instituição, os aumentos dos prémios de seguros, entre outros. OS SISTEMAS DE NEUTRALIZAÇÃO DE NOTAS (IBNS – Inteligent Banknote Neutralization System) Na tentativa de estancar um problema crescente, em 2005 foram introduzidos um Portugal os primeiros sistemas de neutralização de notas através da sua maculação por tinta, IBNS – Inteligent Banknote Neutralization System. Estes equipamentos são sistemas eletrónicos que possuem a capacidade de reconhecer de forma imediata uma tentativa de assalto e tomar a decisão de marcar as notas, alvo do roubo, com uma tinta indelével, impossível de ser removida das notas mesmo com recurso a produtos químicos de lavagem. Estas notas, dificilmente transacionáveis, constituem em si um objeto de prova criminal para o seu possuidor. Existem normas do Banco de Portugal que instruem o procedimento a adotar caso uma nota seja utilizada nos estabelecimentos comerciais, como exemplo. Desde logo os equipamentos dotados com este tipo de sistema passaram a ser os menos procurados para a realização do ataque, não obstante algum desconhecimento e curiosidade inicial que proporcionou algumas tentativas. Estas resultaram em muitos casos na concretização do roubo, isto é, os assaltantes levaram consigo o dinheiro manchado na tentativa de o utilizar posteriormente. Na impossibilidade da remoção da tinta, os assaltantes encontram-se sempre perante um problema de difícil solução, têm em sua posse uma grande quantidade de notas, que os compromete, e não as conseguem utilizar livremente. 40
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Muitas vezes procuram utilizar esse dinheiro nas máquinas automáticas de bilhética, nos parques de estacionamento ou em outros locais. Contudo, a maior parte destes equipamentos estão vigiados por sistemas de videovigilância o que permitem às forças policiais identificar posteriormente os assaltantes, expondo um outro objetivo e característica do sistema IBNS. Com o aparecimento de novas técnicas de assalto com destaque para o recurso à explosão através da utilização de gás, o parque de ATM's ficou ainda mais vulnerável. Não existem soluções físicas que permitam suster um ataque desta natureza, teriam que ser utilizados cofres muitíssimo mais resistentes, o que originaria posteriormente um aumento da força da explosão na tentativa de o arrombar, pondo ainda mais em risco a segurança da população em geral. Os sistemas IBNS evoluíram e os de última geração operam eficazmente em cenários de explosão por via de gás ou mesmo através da utilização de explosivos sólidos, mesmo os de cariz militar.
≥ Ataque a uma ATM protegida pelo sistema de tintagem.
IBNS – UMA TENDÊNCIA FUTURA O Banco Central Europeu através da decisão de 20 de março de 2003 relativa às denominações, especificações, reprodução, troca e retirada de circulação de notas de euro (BCE/2003/4) e da Recomendação da Comissão de 22 de Março de 2010 sobre o alcance e consequências do curso legal das notas e moedas em euros (2010/191/ UE) regulamentou a utilização deste tipo de sistemas: "Esta Instrução tem como objetivo regulamentar a utilização de IBNS, designadamente, prevendo a obrigação de testes e correspondente reconhecimento de aptidão para os fins que justificam a sua utilização, reporte de informação relativa aos mesmos e estabelecimento de regras respeitantes à integração destes sistemas em equipamentos operados pelo público, procurando assim garantir a segurança dos utilizadores, a eficácia na prevenção de ilícitos e o apoio das atividades de perícia laboratorial e investigação policial. Sendo reconhecido que a utilização de IBNS constitui um relevante instrumento para o reforço da segurança nas operações
de transporte e distribuição de numerário, importa acautelar que os dispositivos atuem em condições tidas como adequadas face ao objetivo visado e que as notas danificadas por esta via sejam claramente identificáveis, permitindo quando necessário, a atuação das autoridades policiais competentes." O flagelo destes ataques com gás é sentido em todos os países Europeus com maior relevância em Itália (mais 47% comparando 2012 com 2013), Holanda (mais 5% comparando 2012 com 2013), Inglaterra (com primeiras incidências em 2013) e França (com primeiras incidências em 2013) conforme estatística. A nível europeu regista-se um aumento significativo dos ataques por explosão de gás (mais 39% em todos os países comparando 2012 com 2013). A partilha da mesma moeda, num espaço comunitário onde não existem fronteiras permite o aparecimento e partilha de informação por parte de equipes cada vez mais especializadas que avançam de país em país furtando dezenas de equipamentos. Alguns países europeus já adotaram legislação que obriga à utilização deste tipo de
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sistemas em todos os ATM instalados no seu território. Bélgica foi o primeiro, com elevado sucesso, registando 0 ataques a ATM em 2012 e 2013. Mais recentemente França adotou a mesma medida que se tornou efetiva em 2015, tendo o mercado 3 anos para proteger 100% do parque de ATM nas zonas de risco, e 5 anos nas restantes zonas. França criou regras rigorosas e muito completas para a certificação dos equipamentos de proteção IBNS acreditados e que vão até à obrigatoriedade de utilização de ADN na tinta, garantindo assim, através de análise forense, identificar a origem exata de uma nota marcada, e facilitar às forças policiais correlacionar o assaltante com o assalto efetuado. Na América do Sul, nomeadamente Chile, México e Brasil, este problema assume proporções crescentes e alarmantes, estando atualmente as entidades competentes e os respetivos governos a estudarem a obrigatoriedade de soluções IBNS na sua rede. Em alguns países Africanos, embora a distribuição de ATM seja mais baixa e estejam quase sempre instalados em Agências Bancárias, com segurança garantida por um guarda armado 24 horas por dia, os ataques existem e muitas vezes lamentando-se a perda de vidas humanas. Por esta razão as entidades competentes começam a avaliar também os sistemas IBNS como forma eficaz para mitigar o problema. PORTUGAL O nosso país, muitas vezes apontado como benchmarking dos sistemas bancários, desde 2006 que utiliza os sistemas de tintagem nos seus ATM. No início as instalações destes sistemas cobriam essencialmente as máquinas
≥ (À esquerda) Exemplo das cassetes onde se encontram as notas das ATM's após ativação do sistema de tintagem. (À direita) Em 2014 foram registados 66 ataques a ATM.
mais isoladas, de maior exposição ao risco, mas progressivamente foram sendo instalados em alguns ATM's localizados em espaços menos remotos, tais como estações de serviço e supermercados, espaços muito procurados para estes tipos de assaltos. Em termos estatísticos 2008 e 2009 registaram taxas de ataques inferiores para o conjunto de bancos que aderiram ao sistema IBNS, assim como uma menor taxa de concretização dos ataques com abandono do ATM quando os assaltantes se apercebiam da ativação do sistema de tintagem permitindo ao banco a recuperação do numerário. Com o aparecimento da técnica de ataque através de explosão por gás, muito rápida de executar, os assaltantes concentraram-se nos ATM's localizados em zonas urbanas, na maior parte das vezes sem proteção por IBNS, aumentando seriamente o risco para a população. Em agosto de 2013 o Ministério da Administração Interna, dando sequência ao resultado de um grupo de trabalho, legislou como um dos requisitos mínimos obrigatórios a instalação de sistemas de tintagem em todos os ATM's
em território nacional, remetendo para um despacho as regras de implementação no parque. Essas regras, por ainda não serem conhecidas, vieram estagnar o crescimento da proteção do parque de ATM's, originando um crescimento na eficácia e concretização destes assaltos que observava uma tendência de descida nos últimos anos. De acordo com o relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2014 o aumento de ataques face ao ano transato observou um crescimento de 37,2%, sendo este maioritariamente executados com recurso a explosão com gás. A Associação das Empresas de Segurança (AES) nota que há "registos de explosões com recurso a gás que só por sorte não causaram vitimas mortais" e aponta os riscos da falta de segurança dos ATM causados pela demora do Ministério da Administração Interna, que tem em curso a elaboração de uma carta de risco que irá permitir identificar os locais ATM prioritários "o processo continua estagnado, sendo que entretanto, os assaltos às ATM conheceram uma grande sofisticação de ABRIL 2015
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QUADRO COMPARATIVO DOS ATAQUES A ATM'S REALIZADOS EM PORTUGAL
ATAQUES¹ ANO
ATM TOTAL
CONCRETIZAÇÕES
NÃO CONCRETIZADOS
% CONCRETIZADOS
2012
14000
222
65
157
29%
2013
12900
67
16
51
24%
2014
12800
66
30
26
45%
¹ Dados em Portugal - fonte SIBS
meios, com a utilização de gás para fazer explodir as máquinas, uma técnica que em alguns países europeus tem causado mortos". A SIBS, entidade impulsionadora das regras de segurança e proteção dos ATM e que efetua a gestão do maior parque de ATM
instalado em Portugal (excluem-se as redes internas dos Bancos) também criou regras muito exigentes na acreditação de sistemas IBNS para a sua rede e em 2015 apresentou os dados estatísticos dos ataques em Portugal na rede Multibanco.
Face a este quadro confirma-se que os ataques são cada vez mais seletivos e profissionais dando origem a uma maior eficácia e concretização do ataque. Com a aproximação dos ataques às zonas urbanas é importante dar continuidade ao plano de proteção nacional de ATM.
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Trabalhos Verticais na Reabilitação e Reparação de Edifícios em Espanha e Portugal Alfonso Cortés Pérez Professor de Engenharia de Edificação da Universidad Europea de Madrid
Juan Pedro Cortés Pérez
Professor de Engenharia Civil da Universidad de Extremadura
Manuel Tender
Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Coordenadores e Gestores de Segurança
Jorge Lozano
Presidente da ANETTA
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INTRODUÇÃO São conhecidas como "técnicas de acesso e posicionamento por cordas" (trabalhos verticais) as técnicas utilizadas para executar trabalhos temporários em altura [1]. São baseadas na utilização de um sistema de fixação ou ancoragem (cabeça da instalação), o qual é composto de uma linha de trabalho e uma linha de segurança, definidas separadamente, utilizadas para aceder e sair do local de trabalho, e que podem ser usadas para a evacuação ou, se for o caso, para o resgate. Os trabalhos verticais são inerentemente perigosos, o risco de quedas em altura está sempre presente, mas o índice de acidentes de trabalhadores que desenvolvem esta atividade é extremamente baixo quando comparado com a média do setor de construção civil ou industrial, onde geralmente está localizada a maioria do trabalho feito com estas técnicas.
MODELOS DE COMPETÊNCIA Existem dois tipos de treino nos trabalhos verticais e depois de estudarmos outros modelos de formação atualmente implementados, quer tecnicamente quer socialmente, os países mais avançados são os que têm regulamentos para proteger a saúde dos trabalhadores, tornando-se suficiente para investir no desempenho seguro deste tipo de recursos de trabalho, demonstrando também que há um modelo aceite internacionalmente e que é baseado principalmente em três diferentes níveis de formação e experiência como aqueles que são considerados trabalhadores treinados e devidamente certificados para o efeito [3]. Este sistema está implementado nos EUA pela SPRAT (Sociedade de Profissionais de Técnicos de Acesso por Corda), na Austrália pela RAAA (Rope Australian Association Access), em França pela DPMC (Développement et Promocion des Métiers sur Cordes), na Alemanha pela FISAT (Fach-und für Interessenverband Seilunterstützte Arbeitstechniken BV), na Noruega pela SOFT (Samarbeidsorganet Para Tilkomstteknikk), em Espanha pela ANETVA (Associação
QUADRO 1 ESTRUTURA FORMATIVA
NÍVEL OF – BASIC
REQUISITOS — Ser maior de idade — Médicamente apto — Realizar uma formação mínima de 35 horas
OF – II
— Ser maior de idade — Médicamente apto — 600 horas ou 6 meses de trablho enquanto técnico OF – Basic — Realizar uma formação mínima de 28 horas
OF – III
— Ser maior de idade — Médicamente apto — 600 horas ou 6 meses de trablho enquanto técnico OF – II — Realizar uma formação mínima de 21 horas
Nacional de las Empresa de Trabajos Verticales), em Portugal pela ANETTA (Associação Nacional de Empresas e Técnicos de Trabalhos em Altura) e no Reino Unido pela IRATA (Industrial Rope Acess and Trade Association), e verifica-se que o modelo da IRATA está implantado em quase todo o mundo, situação comprovada durante o trabalho de pesquisa e documentação que foi realizado para o desenvolvimento deste trabalho, onde procurámos referências de empresas credenciadas pela associação ou nos procedimentos de trabalho dos trabalhadores certificados pelos mesmos países de todos os continentes. Para a análise do modelo espanhol e português foram estudadas e consultadas as respetivas associações, ANETVA e ANETTA, respetivamente. MODELO PORTUGUÊS E ESPANHOL Em Portugal a segurança em trabalhos em altura é enquadrada pela Lei 3/2014 e pormenorizada pelo Decreto-Lei 50/2005. Em Espanha o trabalho é regulamentado pelo Decreto Real 2177/2004, de 12 de
novembro, o qual modifica o Real Decreto 1215/1997, de 18 de julho, e pelo qual os requisitos mínimos de segurança e saúde para a utilização pelos trabalhadores das equipas que executam trabalhos temporários em altura estão definidas. A ANETTA e a ANETVA, associações de empresas especializadas em trabalhos verticais, desenvolveram um conjunto de requisitos e que exige que seus associados vão além das meras exigências legais. Os seus modelos de formação consistem em três níveis definidos como o OF-Basic, o OF-II e o OF-III, onde os requisitos de elegibilidade para cada um dos níveis estão de acordo com as normas listadas nos sites das associações. É mostrado no quadro 1 o exemplo da ANETVA. Características da formação: A formação está sujeita às disposições da legislação em vigor através da fixação dos requisitos de segurança e saúde mínimas para a utilização de trabalhadores em equipas que realizam trabalhos temporários em altura.
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treino deve permitir aos associados O instrutores credenciados. Existem procedimentos e requisitos para os centros de formação, bem como para o processo de acreditação de Instrutores e Examinadores. ≥ A formação é puramente prática, sendo a teoria ministrada durante as sessões práticas. ≥ Pode-se aceder ao treino num nível mais elevado se os requisitos estabelecidos na Figura 1, indicados para cada nível, são cumpridos. ≥ No exame final teórico e prático, o aluno deve ser superar os mínimos exigidos para obter a respetiva acreditação ou licença profissional. ≥ A Formação e a credenciação emitidas pela ANETTA e ANETVA devem ser renovadas a cada dois anos para os níveis OF-Basic e OF-II e a cada três anos para o nível OF-III. O processo de renovação envolve a execução de um novo teste de teórico e prático para cada nível, sendo os profissionais aconselhados a realizar atividades de formação antes da reciclagem. ≥ Cada aluno recebe um livro de registo onde averba todo o histórico da sua atividade para cumprir os requisitos exigidos de experiência profissional. ≥ A relação aluno/formador é de 1:7. ≥
FACTORES INERENTES E COMUNS À EXECUÇÃO DE TRABALHOS EM ALTURA [1] Definição de Trabalhos em Altura A OSHA 3146 define como Trabalhos em Altura todos os trabalhos executados a 6 pés (1,83m), em altura ou profundidade, devendo para o efeito ser usado Equipamentos de Proteção Coletiva e/ou Individual Anti-Queda. Consequentemente deve ser cumprida a Norma Europeia EN 363, através da qual deve estar garantida a utilização de arnês, dispositivo de ligação e de elemento de ancoragem, como mínimo, a fim de que a queda, caso aconteça, seja imediatamente travada. A utilização permanente de um ponto de ancoragem, no caso de trabalhos 46
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de Acesso a Estruturas, ou de dois pontos de ancoragem, no caso de trabalhos de Acesso por Cordas, como princípios básicos e de segurança, vem dar cumprimento integral à Normativa em causa. É importante também não esquecer que o perigo (a altura) está perfeitamente identificado, assim como os riscos envolvidos (a queda de pessoas e/ou de objetos), elementos que aliados ao facto de que a “gravidade não dorme”, influenciam a tomada de medidas preventivas acrescidas. [2] Normativas aplicáveis No que respeita às Normativas aplicáveis aos Equipamentos, temos: a) Sistemas e Equipamentos Anti-Queda com marca CE: N411 A1 - Equipamentos de Rapel E Industrial; ≥ EN353-1 - Sistemas Anti-Queda guiados com Ancoragem Fixa; ≥ EN353-2 - Sistemas Anti-Queda com Ancoragem Móvel; ≥ EN354/2002 - Cordas; ≥ EN355/2002 - Amortecedores de Energía; ≥ EN358 - Sistemas de posicionamiento de Trabalho; ≥ EN360 - Sistemas Anti Queda Retratéis; ≥ EN361 - Arnés integral de corpo inteiro; ≥ EN362/2004 - Mosquetões Industriais; ≥ EN363/2008 - Equipamentos de Proteção Individual Anti-Queda; ≥ EN364 - Métodos de ensaio dos diferentes Equipamentos de Proteção Individual Contra Quedas em Altura, assim como da aparelhagem de ensaio; ≥ EN365/2004 - Equipamento de proteção individual e outro equipamento de proteção contra quedas em altura. Requisitos gerais para a utilização, manutenção, exame periódico, reparação, marcação e embalagem; ≥ EN365/2004-AC (2006) - Instruções de uso e manutenção; ≥ EN397- Capacetes de Proteção Industrial; ≥ EN564 - Cordeletas Auxiliares; ≥ EN565 - Cintas (a metro); ≥ EN566 - Anéis de Fita; ≥
N567 - Bloqueadores; E CE 0639 - Placas de distribuição de cargas - RIGGING 1/3; ≥ EN 795-B - Tripés de acesso a espaços confinados - TRIPOD; ≥ CE 0639 EN - Distorcedores - TWISTER; ≥ E N813 - Equipamento de Proteção Individual para a Prevenção Contra as Quedas em Altura. Arnezes com Assento; ≥ EN1263-1/2002 - Redes de segurança e requisitos de segurança. Métodos de Ensaio; ≥ NP EN 1891/2000 - Proteção Contra Quedas em Altura incluindo Cintos de Segurança. Cordas entrançadas com baixo coeficiente de alongamento; ≥ N orma, EN 12841 Dispositivos de Resgate (A, B e C) sendo alterada a descrição da Norma Europeia para ≥ E N12841 - Sistema de acesso por cordas ou ≥ E N 12841/2006 - Equipamento de Proteção Individual para Prevenção de Quedas em Altura – Sistema de Acesso por Corda; ≥ ≥
b) S istemas e Equipamentos Anti-Queda sem marca CE: orma NP / EN 795 - Foi substituída N por EN 795/2012; ≥ EN 795/2012- Sistemas de Ancoragem - Classes A-B-C-D-E ≥ Classe A - Pontos de Ancoragem fixos; ≥ Classe B - Sistemas de ancoragem móveis; ≥ Classe C - Linhas de Vida horizontais flexíveis; ≥ Classe D - Linhas de Vida horizontais fixa; ≥ Classe E - Sistemas de ancoragem para carga; (Nota: Os sistemas de ancoragem destinam-se exclusivamente ao uso com Equipamentos de Proteção Individual Anti-Queda) ≥ EN1496 - Equipamentos de evacuação e salvamento; ≥ EN1497 - Arnezes de salvamento; ≥ EN1498 - Sistemas e Cintas de salvamento; ≥
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[3] Avaliação de Riscos Uma correta e indispensável Avaliação de Riscos deverá ser assegurada por Técnico de Segurança devidamente qualificado, tendo por base os seguintes pontos: caracterização da obra, descrição dos trabalhos, localização do serviço, identificação de Perigos e Riscos, seleção e manutenção de Equipamentos e Ferramentas, legislação aplicável, formação de técnicos e organização do Plano de Resgate. eleção de Equipamentos [4] S e Ferramentas Deverá ser dada prioridade à utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva Anti-Queda (EPCs) em relação aos Equipamentos de Proteção Individual Anti-Queda, situação que obedece à seguinte hierarquização: a) Equipamentos de Proteção Coletiva: Plataformas Elevatórias, Plataformas Fixas, Andaimes, Guarda Corpos, Redes de Segurança, Escadas, Linhas de Vida temporárias ou fixas e Pontos de Ancoragem temporários ou fixos; b) Equipamentos de Proteção Individual: Linhas de Vida temporárias, EPIs de Acesso a Estruturas (arnês de ligação ou posição e acessórios); e EPIs de Acesso por Cordas (arnês de suspensão e acessórios). Em relação às Ferramentas, o princípio de utilização preferencial de Ferramentas Coletivas em relação às Ferramentas Individuais mantém-se, dependendo obviamente do tipo de trabalho a realizar. anutenção de Equipamentos e [5] M Ferramentas Os Equipamentos de Proteção Coletiva e/ou Individual, bem como as ferramentas devem cumprir com o Plano de Manutenção estipulado e especificado nos respetivos Manuais de Instruções, de acordo com o seguinte: a) Verificações Periódicas: Equipamentos de Proteção Coletiva, Equipamentos de Proteção Individual e Ferramentas; b) Inspeções e Calibrações Anuais: Inspeção e Certificação de EPCs e de EPIs, da
responsabilidade do fabricante ou do fornecedor/instalador certificado para o efeito, e Calibração de Ferramentas, da responsabilidade do fabricante ou do fornecedor certificado para o efeito. [6] F ormação de Técnicos e de Trabalhadores especializados Tanto os Técnicos de Trabalhos em Altura como os Trabalhadores Especializados deverão receber uma formação adequada e certificada. Para esse efeito, existe uma hierarquia – a nível das associações europeias – e o acesso a uma carreira profissional nos Trabalhos em Altura, de acordo com os seguintes parâmetros: ≥ Nível I, técnico que precisa de supervisão; ≥ Nível II, técnico de Nível I, com 600 horas de trabalho registadas como Técnico de Nível I, curso de 1.ºs Socorros e que não necessita de supervisão; ≥ Nível III (Chefe de Equipa), técnico de Nível II, com 600 horas de trabalho registadas e curso de Prevenção de Riscos Laborais; ≥ Nível IV (Formador/Examinador), com 600 horas de trabalho registadas como Chefe de Equipa e com curso de Formador. Quanto aos Técnicos Especializados, devem possuir uma formação igualmente adequada, sobretudo para a execução das seguintes atividades: pintura, impermeabili-
zação, eletricidade, canalização, carpintaria, armadura e alvenaria. [7] Organização do Plano de Resgate Este é um dos fatores fundamentais p/ a execução de qualquer tipo de Trabalhos em Altura, baseando-se nos seguintes princípios básicos PAS: P – 1.º Prevenir; A – 2.º Alertar; S – 3.º Socorrer; do qual devem constar os elementos a seguir descriminados: Corredor de Resgate, Procedimentos de Resgate, Equipa de Resgate e Equipamentos de Resgate para o Auto-Resgate ou o Resgate de Outrém. CONCLUSÕES Os Trabalhos em Altura são uma atividade considerada de risco, no Setor da Construção Ibérica, nomeadamente na Reabilitação de Edifícios, face à vulnerabilidade das estruturas ou do estado por vezes adiantado de degradação dos espaços a intervir, onde o risco se torna acrescido, o que nos leva a ter uma maior atenção nos trabalhos a realizar e a aumentar o respetivo nível de prevenção. Neste artigo, pretendeu-se dar a conhecer os aspetos fundamentais a considerar, tanto em Espanha como em Portugal, quando confrontados com este tipo de Trabalhos em Altura, tendo em conta o que está expresso no parágrafo anterior, bem como o conjunto de factores para a correta e segura execução dos mesmos, perspetivando sempre a pretendida isenção de acidentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: – Tamborero del Pino, J.M.; NTP 682: Seguridad en trabajos verticales (I): equipos; 20ª Serie - NTP número 681 a 715. Instituto Nacional De Seguridad e Higiene en el Trabajo; Año 2005; ISSN 0212-0631. – Cortés Pérez, A.; Esteban Gabriel, J.; Cortés Pérez, J.P.; Trabajos verticales. Garantías “a priori” para su ejecución segura. Formación de seguridad laboral nº 130. Agosto 2013; ISSN 2255-1093. – Cortés Pérez, A.; Esteban Gabriel, J.; El riesgo de caída desde altura en la fase de explotación de edificios. BIA Aparejadores Madrid nº 279. Invierno 2014; ISSN 1131-6470. – Asociación Nacional de Empresas de Trabajos Verticales - www.anetva.org – [consulta 3-3-14] – Associação Nacional das Empresas e Técnicos de Trabalhos em Altura - www.anetta2013.com – [consulta 3-3-14]
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Proteger o Pé em Contexto Laboral Ana Rita Pedrosa Podologista e Coordenadora do SPODOS - Foot Science Center da LAVORO
O calçado de proteção e segurança enquadra-se na categoria de Calçado de Elevado Desempenho (CED), que se caracteriza por apresentar características técnicas superiores ao calçado corrente, em virtude da exigência da sua utilização, assegurando multifuncionalidade, quer por incorporação de diferentes materiais, quer por incorporação de soluções construtivas não triviais. O nível e complexidade dos requisitos colocados ao calçado de elevado desempenho é variável em função de diversas classes, sendo a do calçado de proteção e segurança a mais exigente e sujeita a um abrangente conjunto de diretivas e normas de desempenho, uma vez que é usado para proteger o pé contra lesões provocadas pela queda, choque e deslizamento de objetos pesados, contra cortes ou contacto com ambientes agressivos (p.e., temperaturas elevadas, campos elétricos, produtos químicos) ou ambientes adversos (p.e., pisos especiais, pisos escorregadios). Este tipo de calçado é utilizado em diversos setores, sendo o utilizador alvo preferencial a indústria (indústria pesada, laboratórios de eletrónica, química, alimentar), o setor da agricultura e pescas, bem como o da logística e forças de segurança e proteção civil. Por outro lado, as questões no âmbito da segurança, higiene e saúde no trabalho têm constituído preocupação crescente na sociedade atual, em que as evoluções tecnológicas e organizacionais procuram meios mais eficazes para as otimizar. O calçado profissional, no contexto global e evolutivo do calçado, tem adotado uma orientação criativa e diversificada. Em particular, como elemento ativo na prevenção de acidentes e como equipamento de proteção individual e por isso justifica-se que a sua otimização amplifique as soluções que o mercado ambiciona, principalmente conjugando os aspetos 48
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ergonómicos, biológicos e mecânicos desde a sua conceção. Os componentes de segurança integrantes do calçado, como o conjunto biqueira-palmilha-contraforte, são elementos e fatores diferenciadores do subsetor, e têm assumido um desenvolvimento intensivo com a procura de novas soluções, com novos materiais e recurso a processos de fabrico mais comuns a outros setores como o automóvel. Em particular, a procura contínua de uma contribuição para a redução do peso do produto e consequente aumento do conforto da utilização tem sido restringido somente pelo compromisso altamente normativo de garantir a proteção específica do utilizador, função primordial deste subsetor do calçado. A introdução de materiais compósitos de plástico na conceção dos componentes para CED-CSP (Calçado de Elevado Desempenho Calçado de Segurança e Proteção) potenciou a diminuição de peso (principal desvantagem das soluções metálicas) e uma maior adaptabilidade de produto, tão requerida num mercado com design e marketing cada vez mais enfatizados. As soluções não metálicas amenizam a sua menor resistência mecânica, comparativamente às soluções metálicas, com um maior volume do componente, permitindo um maior intervalo de tolerância da deformação (memoria elástica) e respetiva aprovação e certificação normativa. Um fator inultrapassável e consequente destes produtos poliméricos prende-se com a questão estética e determinante dos modelos de calçado produzidos. Os modelos poliméricos são leves, mas têm necessidade de maior volume para obter a mesma resistência mecânica, o que condiciona a liberdade estética e de design. Por outro lado, os modelos metálicos apresentam uma estabilidade e resistência mecânica de referência, e como consequência, dimensões reduzidas de volume dos modelos, pela elevada
resistência à deformação. No entanto, o peso dos componentes surge como a grande desvantagem comparativa. O calçado do tipo CED e o calçado de proteção e segurança em particular deve ainda ser adaptado ao utilizador por forma a proporcionar conforto, já que poderá ser usado consecutivamente por longos períodos de tempo, mantendo a durabilidade e o nível de proteção/exigência sob todo o tipo de ambientes de trabalho agressivos. A leveza, a resistência à abrasão, a resistência à flexão e fadiga, a flexibilidade, a elasticidade, a facilidade de processamento (por ex., fácil extração do molde) e o respeito pelo ambiente são requisitos cada vez mais procurados por um mercado exigente, que em muito beneficiará do recurso a tecnologias avançadas, como os materiais de elevado desempenho, técnicas de simulação computacional, juntamente com a incorporação de conhecimento especializado no desenvolvimento do produto. Mais recentemente, o consumidor apresentou uma especial apetência pela sustentabilidade associada ao produto, fundamentada na utilização de materiais reciclados e recicláveis, bem como na utilização de tecnologias não nocivas para o ambiente e com baixo consumo energético. CALÇADO PROFISSIONAL E SAÚDE No vasto domínio da relação entre o Homem e o trabalho que executa - de que se ocupa a ergonomia, visando uma integração perfeita entre as condições de trabalho, as capacidades e limitações físicas e psicológicas do trabalhador e a eficiência do sistema produtivo – o pé é, porventura, uma das mais negligenciadas e esquecidas partes do corpo. Porém, os desafios diários do trabalho – locomoção, longos períodos em pé, levantar, saltar de ou para máquinas – pressionam, e muito, os pés…
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Durante o período laboral, os pés podem absorver até três vezes mais o peso corporal de cada um e, num único dia, uma marcha equivalente a 24 quilómetros. O próprio ambiente de trabalho pode criar riscos para a saúde do pé. Soalhos com óleo, escorregadios ou molhados e a exposição a temperaturas muito elevadas ou negativas potenciam o risco de lesões. Fraturas de stress, entorses, tensões, calosidades, verrugas, bolhas e frieiras são problemas que podem ocorrer no local de trabalho ou serem agravados pelo ambiente de trabalho. Os calos e as úlceras podem ser provocados pela pressão de um calçado profissional standard que não se ajusta adequadamente ao pé. As dores no arco do pé ou no calcanhar estão, regra geral, associadas à contração do músculo, induzida pela má postura do pé. Como até as irritações menores podem reduzir a mobilidade ou a produtividade é importante, em qualquer circunstância relacionada com a saúde do pé, incluindo feridas e cansaço, obter aconselhamento de um podologista. Afinal, como dizem os chineses, até as torres mais altas começam no chão! Da eletrónica aos transportes, com passagem pelo setor hospitalar, pela construção civil, pela extração de minérios, pela agricultura, logística, metalurgia e até pelos bombeiros e forças militarizadas, exige-se uma adatação do pé aos desafios biomecânicos de cada profissão. Independentemente do ambiente de trabalho – escritório, loja, indústria, restauração, hospitais, armazéns – o uso de calçado profissional confortável e adequado ao volume calçante e a outras idiossincrasias de cada um é essencial para uma boa saúde do pé. Para além da proteção contra o impacto de objetos, a compressão lateral, a perfuração ou outros riscos mais comuns ao ambiente de trabalho de cada um, o calçado profissional tem de dar especial atenção aos mais elementares cuidados podológicos. Diferentes tipos de pés e ambientes de trabalho díspares requerem, por isso, diferentes tipologias de calçado profissional. Consciente de que o pé, enquanto suporte do sistema postural, é um elemento de grande relevância para toda a estrutura corpórea, as empresas e os seus colaboradores devem privilegiar o calçado profissional que, para além de utilizar materiais inovadores, corresponder às
tendências estéticas de cada época e proteger o pé, desempenhe ainda a estruturante missão de preservar o alinhamento adequado dos membros. A presença de funcionalidades biomecânicas no calçado profissional (amortecimento, controlo de estabilidade e controlo de movimento) visa, para além da correção de determinadas deficiências anatómicas dos pés, também a sua adequação às diferentes exigências biomecânicas no dia-a-dia de trabalho, de profissão para profissão. Os trabalhadores com pés considerados fora dos padrões normais - quer esta condição seja resultante de um ferimento, quer de uma patologia, como a artrite ou a diabetes – devem, por seu lado, requerer calçado profissional com profundidade e largura superiores. Alguns podem até necessitar de próteses. Para outros, um sapato personalizado e feito à medida é a solução mais adequada. Os que padeçam de dismetrias / encurtamento de um dos membros inferiores devem procurar encontrar um parceiro disponível para realizar a compensação, na sola ou na palmilha, necessária para minimizar o impacto desta patologia. Assim, antes de definirem o calçado profissional a adquirir, as empresas devem procurar um parceiro capaz de caracterizar os seus distintos ambientes de trabalho; de recomendar a tipologia de calçado que mais se adequa aos desafios das diferentes profissões; de encontrar as melhores soluções técnicas, podológicas e biomecânicas; de envolver os materiais adequados; de assegurar a máxima qualidade do produto final e monitorizar a eficiência do calçado profissional in loco, de modo a potenciar índices de proteção, bem como a saúde do pé. SPODOS Cada trabalhador em ambiente de risco deve ter consciência dos desafios que enfrenta e desenvolver estratégias de segurança e proteção do pé, privilegiando o uso de calçado profissional adequado. Apoiar as empresas e os trabalhadores nessa decisão técnica é a missão do SPODOS - Foot Science Center. O SPODOS visa o desenvolvimento e o aconselhamento técnico do calçado mais adequado a cada tipologia de ambiente de trabalho, contribuindo, consequentemente, para um estado
geral de boa saúde: um pé sadio, uma correta postura de todo o corpo e uma sensação de conforto emocional. Já com um vasto historial de casos clínicos de sucesso em diversas empresas nacionais e internacionais, eis os conselhos do SPODOS para cuidar do pé em contexto laboral: EMPREGADORES a saúde do pé no local de trabalho; ≥ Dinamizar sessões de aconselhamento e esclarecimento; ≥ Encorajar os colaboradores a comunicar os seus problemas neste domínio, por mais irrelevantes que possam parecer; ≥ Monitorizar os indicadores da empresa nesta área da saúde do pé – múltiplos lamentos podem ser sinónimo de que há condicionalismos a corrigir; ≥ Promover um “Diagnóstico do Risco do Pé” no local de trabalho ≥ Valorizar a saúde do pé no contexto da medicina no trabalho; ≥ Selecionar a tipologia de calçado profissional mais adequada a cada ambiente de trabalho. ≥ Promover
COLABORADORES ≥ Tomar consciência dos perigos associados a cada local de trabalho; ≥ Reportar qualquer dor e/ou desconforto relacionado com o calçado profissional; ≥ Certificar-se de que o calçado profissional que usa é o mais indicado para o seu ambiente de trabalho; ≥ Escolher calçado profissional que proporcione um bom ajuste ao pé, o que exige selecionar modelos que se adequem à forma do pé. Como os pés raramente têm o mesmo tamanho é importante experimentar um novo calçado profissional no pé com maior volume. ≥ Assegurar-se de que dispõe de uma folga de, pelo menos, 1 cm entre os dedos e o limite do sapato. Se os pés tiverem de trabalhar para segurar o sapato, está a causar uma tensão desnecessária no músculo do pé. ≥ Solicitar a visita de um podologista, se referenciou qualquer problema nos pés. ABRIL 2015
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LEGISLAÇÃO
Conformidade de Sistemas de Deteção Contra Intrusão APSEI
A regulamentação aplicável à atividade de segurança privada, nomeadamente a Lei n.º 34/2013 e a Portaria n.º 273/2013, prevê a obrigatoriedade de determinados estabelecimentos adotarem sistemas e medidas de segurança específicos. Para além disto, esta legislação limita as atividades de estudo e conceção, instalação e manutenção de sistemas de alarme a entidades registadas na Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública e exige que as referidas entidades, aquando da instalação de sistemas de deteção contra intrusão, emitam um certificado que ateste a conformidade da instalação com a especificação técnica CEN/TS 50131-7. Com o objetivo de auxiliar as entidades de estudo e conceção, instalação e manutenção de sistemas de alarme na emissão deste certificado, a APSEI elaborou dois documentos orientativos: o Guia de Conformidade de Sistemas de Alarme e o Guia de Requisitos Operacionais de Sistemas de Deteção contra Intrusão. Estes documentos, que podem ser consultados na página eletrónica da APSEI, em www.apsei.org.pt, disponibilizam, em conjunto, as informações necessárias não só à compreensão de um sistema de deteção de intrusão genérico, mas também à verificação da conformidade da instalação deste tipo de sistemas com os requisitos estabelecidos na CEN/TS 50131-7.
1
Face ao exposto, pretende-se com o presente artigo apresentar, de forma sintética, os requisitos de instalação da CEN/TS 50131-7 e clarificar a documentação que as entidades estão obrigadas a emitir a quando da instalação de um sistema de deteção contra intrusão, decorrente do Regime Jurídico de Segurança Privada. CEN/TS 50131-7 Esta especificação técnica recomenda que, para que uma entidade possa atestar que o sistema instalado apresenta o desempenho esperado, sejam asseguradas as etapas seguintes e que, esquematicamente, podem ser observadas no diagrama. 1. Avaliação de Riscos do Espaço a Proteger A entidade instaladora deve começar por efetuar uma avaliação de risco ao espaço que pretende proteger, antes de selecionar o sistema de deteção contra intrusão a instalar. Esta avaliação de risco vai permitir identificar as necessidades de segurança do espaço e os fatores que podem influenciar a seleção e a localização dos componentes do sistema. Durante a avaliação deve ser analisada a planta do espaço a proteger e identificados os pontos que já tenham sido alvo de tentativas de intrusão e os locais de maior risco, seja
2 AVALIAÇÃO DE RISCOS DO ESPAÇO A PROTEGER
3 ESPECIFICAÇÃO DO SISTEMA A INSTALAR
— Proposta de conceção do sistema
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devido ao valor dos bens existentes ou devido às atividades praticadas. A especificação técnica aponta ainda para a necessidade de se identificar os riscos a proteger, a probabilidade da sua ocorrência e as suas consequências, devendo para o efeito ser considerado que bens se pretende proteger (tipo, valor, tamanho, etc.) e a estrutura do próprio espaço, como por exemplo a construção das paredes, teto e chão, a existência de janelas, portas, condutas de ventilação, clarabóias, a localização do espaço e a existência de outros dispositivos de segurança, entre outros aspetos. 2. Especificação do Sistema a Instalar Com base na avaliação de risco efetuada, a entidade instaladora poderá então elaborar uma proposta de conceção do sistema e submetê-la ao proprietário ou utilizador do sistema. É recomendável que a proposta refira a tecnologia e o nível de cobertura do sistema a adotar e inclua informações relativas às características do espaço a proteger, ao grau de segurança e configuração do sistema, aos seus elementos constituintes e respetiva localização, à identificação da central de receção e monitorização de alarmes à qual o sistema será ligado (se aplicável), a detalhes relativos à conformidade do sistema ou de componentes do sistema com regulamentação local ou normas nacionais ou
4 INSTALAÇÃO E ENSAIOS FUNCIONAIS DO SISTEMA
5 ENTREGA DO SISTEMA
— Projeto de Instalação (se a complexidade do sistema o justificar) — Planeamento da Instalação — Ensaios Funcionais
PERÍODO DE TESTE DO SISTEMA
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europeias, bem como recomendações para a sua manutenção, entre outras. Nesta etapa, a determinação do grau de segurança do sistema é particularmente importante, uma vez que irá determinar o seu desempenho. Esta classificação é definida pela Norma Europeia EN 50131-1, que estabelece 4 graus de segurança, em função do nível de conhecimento que os potenciais intrusos têm dos sistemas de intrusão e das ferramentas e instrumentos a que eventualmente tenham acesso. Segundo esta norma, os sistemas de grau 1 são considerados para situações de risco baixo, quando for expetável que o intruso tenha poucos conhecimentos relativos aos sistemas e tenha acesso a uma gama limitada de ferramentas facilmente disponíveis. Os sistemas de grau 2 são associados a situações de risco baixo a médio, em que o intruso tenha um conhecimento limitado dos sistemas e acesso a uma gama geral de ferramentas e instrumentos portáteis. Para situações de risco médio a alto, quando for expetável que o intruso esteja familiarizado com os sistemas e possua uma gama ampla de ferramentas e equipamentos eletrónicos portáteis, a norma europeia prevê sistemas de grau 3. Por último, para situações de risco alto, em que o intruso tenha capacidade ou recursos para planear de forma detalhada uma intrusão ou furto e uma gama completa de equipamentos especializados, incluindo meios de substituição de componentes dos sistemas, são considerados sistemas de grau 4. Para além desta informação, na determinação do grau de segurança do sistema a instalar, a entidade deve considerar igualmente as disposições da Portaria n.º 273/2013. Este diploma define o grau de segurança (estabelecido na norma EN 50131-1) que o sistema de deteção contra intrusão deve ter, em função do tipo de estabelecimento onde será instalado e de estar ou não ligado a central de receção e monitorização de alarmes. 3. Instalação e Ensaios Funcionais do Sistema Eventualmente, caso o sistema tenha uma dimensão e complexidade que o justifique, pode verificar-se a necessidade de elaboração de um projeto de instalação. O projeto deve especificar a localização de cada componente do sistema 52
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LEGISLAÇÃO
e como estes devem ser instalados, detalhar as interligações necessárias, os tipos de cabos e os seus percursos, bem como estabelecer a configuração do sistema (procedimentos para o armar e desarmar, programação, períodos de duração do alarme sonoro dos dispositivos de aviso, etc.). O projeto deve ainda incluir uma lista detalhada do equipamento a ser instalado (incluindo cablagem). O sistema deve ser instalado e configurado de acordo com a proposta de conceção entregue ao cliente. Terminada a instalação, e confirmada a sua conformidade com a proposta de conceção, deverá ser realizado um ensaio completo à operação do sistema. Este ensaio inclui a ativação de todos os dispositivos de aviso e transmissores dos locais protegidos. Se o sistema possuir ligação a central de receção e monitorização de alarmes, deve ainda ser realizado um ensaio para garantir que os sinais provenientes dos transmissores estão a ser devidamente recebidos.
sistemas de alarme, importa referir que o correto funcionamento de um sistema não depende apenas da sua conceção e instalação, mas também da sua correta manutenção. Assim sendo, no planeamento da manutenção devem ser tidas em consideração as localizações dos equipamentos, sempre que estes estejam em locais inacessíveis ou de difícil acesso, e a necessidade de cumprir as normas regulamentares de segurança e saúde no trabalho. A manutenção pode incluir a limpeza do equipamento, a reparação e substituição de equipamentos, a verificação, em caso de alterações, da adequabilidade do sistema às novas necessidades e particularidades do espaço a proteger e a verificação do correto funcionamento dos detetores, botões de pânico, contactos magnéticos, sinalizadores e transmissores. Recomenda-se também a verificação da programação, do histórico de eventos, das fontes de alimentação, das ligações e do endereçamento dos módulos remotos de entradas e/ou saídas.
4. Entrega do Sistema Após realizados os ensaios adequados, o sistema pode ser entregue ao cliente. Esta etapa pressupõe a demonstração das funcionalidades do sistema ao cliente. Por vezes, se a complexidade do sistema o justificar, pode ser necessário dar formação aos utilizadores do sistema, de modo a garantir que estes o operam corretamente.
DOCUMENTAÇÃO LEGALMENTE EXIGIDA No que se refere à documentação necessária, para além do certificado de instalação, a Portaria n.º 272/2013 exige que a entidade instaladora emita um termo de responsabilidade subscrito pelo Técnico Responsável, sempre que esta proceda à instalação, manutenção ou assistência técnica de um sistema. Decorrente da Portaria n.º 273/2013, é ainda exigido que todas as intervenções de manutenção e assistência técnica sejam anotadas num livro de registos relativo ao sistema instalado. Assim, o instalador do sistema deve disponibilizar ao proprietário ou utilizador do sistema um livro de registo de ocorrências, no qual devem ser claramente identificados a entidade responsável pela manutenção do sistema, a periodicidade mínima das operações de manutenção e todas as intervenções de manutenção e assistência técnica efetuadas.
5. Período de Teste do Sistema É recomendado que o sistema seja testado por um período de tempo a definir com o cliente. Ao longo deste período o sistema deve ser operado normalmente, mas os meios de notificação devem ser inibidos para minimizar a ocorrência de falsos alarmes. No caso de ter sido instalado um sistema de transmissão de alarmes, este deve ser mantido em funcionamento, devendo apenas ser inibidos os dispositivos de aviso. Se for verificada uma condição de alarme, o cliente ou a entidade responsável pela instalação do sistema deve identificar a origem do alarme e realizar as medidas corretivas necessárias. Terminado este período, considera-se que o sistema está concluído. Apesar da legislação nacional relevar os cuidados a ter na conceção e instalação dos
Este artigo foi elaborado com base nos Requisitos Operacionais dos Sistemas de Deteção Contra Intrusão e no Guia de Conformidade de Sistemas de Alarme da APSEI. Estes documentos podem ser consultados em www.apsei.org.pt
FICHA TÉCNICA n.º43
SISTEMA DE ALARME DE INTRUSÃO (SAI) DETETOR DE INFRAVERMELHOS PASSIVO (IVP) ABRIL 2015
ELEMENTOS CONSTITUINTES Os detetores de infravermelhos passivos são constituídos pelos elementos seguintes:
As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de atualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.
• Elemento sensor: conjunto de sensores piroelétricos que capta a radiação infravermelha emitida pelos corpos quentes e que gera um sinal elétrico proporcional à radiação captada.
DEFINIÇÃO Detetor de Infravermelhos Passivo: Dispositivo constituinte de um Sistema de Alarme de Intrusão que tem como função detetar a radiação infravermelha emitida por um intruso em movimento e transmitir essa informação à Unidade de Controlo do sistema.
Fig. 1 - Funcionamento do detetor de infravermelhos passivo.
• Sistema ótico: sistema que, através de lentes de Fresnel ou espelhos segmentados, foca a radiação infravermelha na superfície do elemento sensor e que define a área e o padrão de cobertura do detetor. • Circuito de processamento do sinal: circuito responsável pela análise e tratamento do sinal gerado pelos elementos sensores, tendo como base algoritmos que permitem, com uma elevada probabilidade, distinguir a variação de radiação infravermelha associada ao movimento de pessoas de radiações provenientes de outras fontes de calor.
PRINCÍPIO ATIVO DE FUNCIONAMENTO NORMAS APLICÁVEIS EN 50131-2-2 Alarm systems. Intrusion systems. Part 2-2: Requirements for passive infrared detectors.
GARANTIAS Declaração de Conformidade do Instalador, garantindo que o detetor foi instalado conforme especificado pelo manual de instalação fornecido pelo fabricante.
DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS Ficha Técnica n.º 39 Sistema de Alarme de Intrusão
Os detetores de infravermelhos passivos têm por base a deteção da variação de temperatura na sua área de cobertura. Esta área de cobertura é dividida em zonas de deteção criadas pela lente ou espelho segmentado. Não havendo movimento, todas as zonas de deteção percecionam a mesma temperatura. Sempre que uma fonte de radiação infravermelha se movimenta transversalmente na área de cobertura do detetor, interceta as várias zonas de detecão, criando variações de temperatura entre elas, as quais são captadas pelo elemento sensor. Este transforma as variações de temperatura em sinais elétricos, os quais são analisados e tratados pelo circuito de processamento do sinal. Através do seu algoritmo, o sinal elétrico recebido é analisado e caso este corresponda ao padrão do movimento de um ser humano, informa a unidade de controlo do sistema de alarme de intrusão da presença de um ser humano na área de cobertura do detetor.
Fig. 2 - Área de cobertura do detetor
Fig. 3 - Zonas de deteção
1 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 2200 – 162 Lisboa Tel.:+351 222 527 849 | Fax:+351 222 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt
FICHA TÉCNICA n.º43
SISTEMA DE ALARME DE INTRUSÃO (SAI) DETETOR DE INFRAVERMELHOS PASSIVO (IVP) ABRIL 2015
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS GENÉRICAS • Alcance de cobertura (d): distância à qual o elemento sensor tem capacidade de detetar variações de temperatura • Ângulo de cobertura (α): ângulo para o qual o elemento sensor tem capacidade de detetar variações de temperatura • Altura de instalação (H): altura a que o detetor é instalado, tendo como referência o nível do solo
As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de atualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.
SENSOR
H
Fig.4 - Características Técnicas Genéricas
APLICAÇÃO Os detetores de infravermelhos passivos são aconselhados para ambientes estáveis, como por exemplo salas fechadas em que não sejam expectáveis alterações significativas de temperatura ou a existência de objetos em movimento. De modo a evitar a ocorrência de falsos alarmes, a instalação deste tipo de detetores deve ser efetuada de maneira a que não fiquem sujeitos a radiação solar direta, a reflexões provocadas por vidros e espelhos, nem a fontes de calor. Além disso, a instalação e a escolha das características dos detetores deve ser antecedida de um estudo prévio do espaço a proteger (projeto) que tenha em consideração as características construtivas e a utilização do espaço de modo a garantir a máxima eficácia destes dispositivos e, assim, evitar a ocorrência de falsos alarmes.
INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO De modo a garantir a fiabilidade dos detetores, estes devem ser instalados por técnicos qualificados, de acordo com as instruções do fabricante, recomendando-se que sejam sujeitos a inspeções periódicas regulares e a procedimentos de manutenção com uma periodicidade mínima anual.
2 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 2200 – 162 Lisboa Tel.:+351 222 527 849 | Fax:+351 222 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt
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LEGISLAÇÃO
Legislação Portaria nº 114/2015, de 24 de abril
Primeira alteração à Portaria n.º 148/2014 de 18 de julho, que estabelece o conteúdo e a duração dos cursos do pessoal de segurança privada e as qualificações profissionais do corpo docente, e regula a emissão de certificados de aptidão e qualificação profissional do pessoal de segurança privada e a aprovação, certificação e homologação dos respetivos cursos de formação profissional.
Decreto-Lei nº 63/2015, de 23 de abril
Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 128/2014, de 29 de agosto, que estabelece o regime jurídico da exploração dos estabelecimentos de alojamento local.
Portaria nº 113/2015, de 22 de abril
Identifica os elementos instrutórios dos procedimentos previstos no Regime Jurídico da Urbanização e Edificação e revoga a Portaria n.º 232/2008, de 11 de março.
Portaria nº 106/2015, de 13 de abril
Primeira alteração à Portaria n.º 273/2013, de 20 de agosto, que regula as condições específicas da prestação dos serviços de segurança privada, o modelo de cartão profissional e os procedimentos para a sua emissão e os requisitos técnicos dos equipamentos, funcionamento e modelo de comunicação de alarmes.
Portaria nº 105/2015, de 13 de abril
Primeira alteração à Portaria n.º 272/2013, de 20 de agosto, que define os requisitos e o procedimento de registos, na Direção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), das entidades que procedam ao estudo e conceção, instalação, manutenção ou assistência técnica de material e equipamento de segurança ou de centrais de alarme.
Portaria nº 95/2015, de 27 de março
Determina a extensão do contrato coletivo entre a AES - Associação de Empresas de Segurança e outra e a FETESE - Federação dos Sindicatos da Indústria e Serviços e outro.
Decreto Legislativo Regional nº 6/2015/A, de 05 de março
Estabelece o regime jurídico de segurança contra incêndios em edifícios na Região Autónoma dos Açores.
Decreto-Lei nº 32/2015, de 04 de março
Procede à primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 211/99, de 14 de junho, que estabelece as regras a que devem obedecer o projeto, o fabrico e a avaliação da conformidade, a comercialização e a colocação em serviço dos equipamentos sob pressão, transpondo o artigo 13.º da Diretiva n.º 2014/68/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de maio de 2014.
Normalização LISTA DE NORMAS EUROPEIAS PUBLICADAS NP EN 54-31:2014 NP EN 1028-1:2002+A1:2015
Fire detection and fire alarm system - Part 31: Multi-sensor fire detectors - Point detectors using a combination of smoke, carbon monoxide and optionally heat sensors.
Bombas de combate a incêndio - Bombas de combate a incêndio centrífugas com sistema de ferra - Parte 1: Classificação. Requisitos gerais e de segurança.
NP EN 1866-3:2015
Extintores de incêndio móveis - Parte 3: Requisitos para a montagem, construção e resistência à pressão de extintores de dióxido de carbono em conformidade com os requisitos da EN 1866-1.
NP EN 16034:2014
Portas (conjunto de porta e aro) pedonais, portas de garagem, de estabelecimentos comerciais, de edifícios industriais e janelas - Norma de produto, características de desempenho - Resistência ao fogo e/ou características de controlo de fumo.
NP EN 50131-6:2008/A1:2014 NP EN 60598-2-22:2014 NP EN ISO 7010:2012/A5:2015 EN 54-27:2015
Sistemas de alarme - Sistemas de deteção contra intrusão - Parte 6: Fontes de Alimentação. Luminárias - Parte 2-22: Requisitos particulares - Luminárias para iluminação de emergência. Graphical symbols - Safety colours and safety signs - Registered safety signs Amendment 5 (ISO 7010:2011/Amd 5:2014). Fire detection and fire alarms systems - Part 27: Duct smoke detectors.
EN 60079-10-2:2015
Atmosferas explosivas - Parte 10-2: Classificação das áreas - Atmosferas com poeira combustível.
IEC 60695-1-12:2015
Ensaios relativos ao risco de fogo - Parte 1-12: Guia para avaliação dos riscos de fogo em produtos eletrotécnicos - Engenharia de segurança contra o fogo.
EN 62351-3:2014
Sistemas de gestão de energia e troca de informações associadas - Segurança de comunicações e dados - Parte 3: Segurança da rede de comunicações e do sistema – Perfis incluindo TCP/IP.
EN 62676-3:2015
Sistemas de videovigilância para aplicações de segurança - Parte 3: Interfaces vídeo analógicos e digitais. ABRIL 2015
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