Uma publicação ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SEGURANÇA
N.º 31
JULHO – SETEMBRO DE 2017
6,00 € 6 LIÇÕES DA TORRE GRENFELL O incêndio na Torre Grenfell foi um dos incêndios urbanos mais devastadores das últimas décadas na Europa.
5S E SEGURANÇA NO TRABALHO A aplicação da metodologia dos 5S oriunda do Japão para melhorar de forma sustentada e contínua o local de trabalho e o desempenho de uma organização.
CICLO DE VIDA DAS BARREIRAS DE SEGURANÇA Análise e avaliação do desempenho das barreiras de segurança no projeto de sistemas de segurança.
GRANDE ENTREVISTA O Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses
Qualidade nos sistemas de proteção passiva contra incêndios. ESPECIFICAÇÃO, MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO DE SISTEMAS. PROTEÇÃO DE ESTRUTURAS METÁLICAS.
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Maria João Conde
editorial Acreditamos que quando o cidadão está mais informado e consciente, pode ser um melhor agente da Segurança.
Nos últimos meses a Segurança tem estado na berlinda e pelos piores motivos. Os episódios do incêndio da Torre Grenfell no Reino Unido, dos incêndios florestais em Pedrógão Grande e o caso em Tancos deste verão evidenciaram as muitas fragilidades da Segurança e, sobretudo, que a Prevenção e a Segurança estão longe de ser prioridades para governantes e responsáveis. Estes lamentáveis episódios partilham um denominador comum: a desvalorização da prevenção e do planeamento e a redução da Segurança a um critério meramente economicista, ignorando o seu papel crucial para a preservação da vida, continuidade da atividade económica e social e conservação do ambiente. Para os profissionais e empresas de Segurança estes episódios são chocantes e constrangedores como o serão para todos os cidadãos, mas talvez não sejam tão surpreendentes. Isto porque temos um maior nível de consciência sobre o quanto a
Segurança é desvalorizada aos mais diversos níveis. Parece ser uma verdade insofismável que a maior parte dos investimentos em Segurança, sejam públicos ou privados, deveriam concentrar-se no Planeamento e Prevenção, quer seja das florestas, quer seja dos edifícios. No entanto, é a Emergência que mais recursos consome. No caso do incêndio da Torre Grenfell, a falta de equipamentos de proteção ativa contra incêndio, a deficiente manutenção da deteção de incêndio e a utilização de painéis inflamáveis que estão hoje proibidos em edifícios com mais de 18 metros no Reino Unido no revestimento do edifício, resultaram numa catástrofe humana incompreensível em pleno século XXI. Estas falhas foram denunciadas durante algum tempo à administração da Torre que optou por ignorar e não fazer cumprir a legislação por motivos puramente economicistas. Em Portugal, o cenário não só não é diferente como é pior. Vejamos: — Uma larga maioria das pessoas com responsabilidades pela segurança dos edifícios desconhece a existência de legislação de segurança contra incêndio em edifícios; — A segurança deveria ter um papel primordial e de coordenação das várias atividades envolvidas no projeto e em obra mas é frequentemente “atropelada” por outras especialidades; — A fiscalização da aplicação da legislação é incipiente (segundo fonte da ANPC, são feitas 5 inspeções regulares mensais por distrito), o que convida à infração ou à opção por soluções inadequadas; — Mesmo nos casos em que a legislação é aplicada aquando do projeto e construção, o
que acontece é que se descura a manutenção dos equipamentos e das soluções de segurança, o que também constitui infração; — Os ocupantes dos edifícios muitas vezes não sabem utilizar os equipamentos de primeira intervenção e desconhecem as vias de evacuação dos edifícios devido à inexistência ou falta de implementação das medidas de autoproteção; — A ditadura do baixo preço faz com que se opte por fornecedores não qualificados e não autorizados para a prestação de serviços e fornecimento de produtos de segurança. É para colmatar lacunas como estas, que deveriam ser principalmente providas pelo Estado, que a APSEI, estende a sua missão muito além do setor da Segurança, divulgando e disponibilizando informação ao público em geral. Acreditamos que quando o cidadão está mais informado e consciente, pode ser um melhor agente da Segurança. Mas não basta, temos que ter legislação adequada que reflita os avanços da ciência e tecnologia e que seja permanentemente monitorizada e é absolutamente necessário que os serviços do Estado sejam diligentes em garantir a aplicação da lei e em punir os eventuais infratores. Se o Estado se empenhar em fazer cumprir a lei através de uma ação fiscalizadora consistente e eficiente, se punir os infratores, se os cidadãos se envolverem em associações ou outros movimentos cívicos e garantirem que as receitas dos seus impostos são investidas na prevenção, cremos que estão reunidas as condições para poder garantir uma melhor Segurança a todos os cidadãos portugueses, quer nos encontremos em meio urbano ou rural. V
Direção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Dias, Ana Ferreira, Bruno Pinto, João Carvalho, Mélanie Cuendet, Rui Bragança, Sofia Quintas Colaboradores neste número Alexandre Chamusca, Bernardo Motta, Carlos Fazendeiro, Daniel Gaspar, Fátima Valério, Hélder Craveiro, Joaquim Vieira, Niall Rowan, Paulo Vila Real, Pedro Santos Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Publicidade João Carvalho Redação, Edição e Publicidade Rua Cooperativa A Sacavenense n.º 25, C/F, 2685-005 – Sacavém, Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851, e-mail proteger@apsei.org.pt, www.apsei.org.pt/proteger Fotografia Gonçalo Sítima, Shutterstock Projeto Gráfico e Paginação José Mendes Edição de Imagem Eduardo Pulido Impressão Gráfica Central Almeirim Periodicidade Trimestral Tiragem 4500 exemplares Registo ERC 126 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288 /// Os artigos assinalados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não refletem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança. Consulte o nosso Estatuto Editorial disponível em www.apsei.org.pt/proteger/estatuto-editorial/
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
01.
JUNTOS CHEGAMOS MAIS LONGE.
ESTAMOS MAIS ABRANGENTES, CRIAMOS MAIS SEGURANÇA. Para melhor representar e promover a segurança de pessoas e bens, a APSEI reúne empresas de segurança de diferentes áreas (proteção contra incêndio, segurança eletrónica e segurança no trabalho), técnicos individuais e entidades/empresas que reconhecem o caráter estratégico da segurança. Faça parte desta comunidade de segurança e associe-se à APSEI.
ASSOCIE-SE EM www.apsei.org.pt
n.º
31
61
PROCEDIMENTOS: O CAMINHO MAIS DIRETO ATÉ À META DA SEGURANÇA.
JULHO SETEMBRO 2017
índice
04
EM DESTAQUE APSEI | ASSOCIADOS | SETOR
10
NOTÍCIAS
10
6 LIÇÕES DO INCÊNDIO DA TORRE GRENFELL A APLICAR EM PORTUGAL
15
DELEGAÇÃO NORTE DA APSEI
16
ENB POSSUI EQUIPAMENTOS ÍMPARES NO CENTRO DE FORMAÇÃO EM SINTRA
18
APSEI P&R | FORMAÇÃO | AGENDA
Bernardo Motta
24
36
QUALIDADE NOS SISTEMAS DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIOS
“NOS BOMBEIROS SABEMOS QUE QUEM NÃO APRENDE, NÃO SABE, E QUEM NÃO SABE, NÃO SALVA.”
CAPA
GRANDE ENTREVISTA
Mª João Conde & Gonçalo Sítima
25
COMO ESPECIFICAR A PROTEÇÃO PASSIVA CORRETA Niall Rowan Os erros mais comuns na especificação da proteção passiva contra incêndio. Como garantir a competência através da certificação.
28
Ana Ferreira A diferenciação entre a inspeção e manutenção na proteção passiva. Referenciais técnicos de inspeção e manutenção como a NP 4513:2012.
44
A AUTOMATIZAÇÃO DOS
O VALOR ACRESCENTADO DA SEGURANÇA João Carvalho Reportagem à empresa MRA, pertencente ao Grupo Álava, especializada na conceção, distribuição e integração de sistemas de segurança.
49 49
Fátima Valério
52
FIRELAB-UC – LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DO FOGO
55
O CICLO DE VIDA DAS BARREIRAS DE SEGURANÇA Daniel Gaspar & Joaquim Vieira
Paulo Vila Real
Uma publicação da
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SEGURANÇA
Aplicação de proteção passiva em estruturas metálicas e o conhecimento do conceito de temperatura crítica. Como efetuar o cálculo da temperatura crítica.
68 OPINIÃO
A METODOLOGIA 5S E A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
32
66
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS NAS HABITAÇÕES Bruno Pinto
INFORMAÇÃO TÉCNICA
PROTEÇÃO PASSIVA DE ESTRUTURAS METÁLICAS CONTRA INCÊNDIOS. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA TEMPERATURA CRÍTICA
Pedro Santos
Entrevista ao presidente da liga dos Bombeiros portugueses, Jaime Marta Soares, sobre o atual estado dos bombeiros em Portugal e sobre o papel que estes representam na sociedade.
REPORTAGEM
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE SOLUÇÕES DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIO
64
PORQUÊ A REANIMAÇÃO DE ALTA QUALIDADE?
58
PRODUTOS QUÍMICOS - A IMPORTÂNCIA DAS FICHAS DE DADOS DE SEGURANÇA Carlos Miguel Fazendeiro
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA HUMANA Alexandre Chamusca
70 LEGISLAÇÃO NOTÍCIAS
74 NORMALIZAÇÃO AS DIRETRIZES DE APLICAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALARME - SISTEMAS DE DETEÇÃO CONTRA INTRUSÃO
75 PRODUTO
78 APSEI RESPONDE
79 FICHA TÉCNICA APSEI Nº56 — DEPÓSITOS PARA RESERVA DE ÁGUA DE SERVIÇO DE INCÊNDIO (RASI) 03.
— EM DESTAQUE
// agenda
// notícias apsei
EVENTOS APSEI 04
OUT
32º Fórum APSEI Segurança no Transporte de Mercadorias Perigosas Sede da APSEI – Sacavém
10
OUT
Open Day APSEI 2017 Segurança e Saúde no Trabalho Sede da APSEI – Sacavém
17
OUT
3ª Conferência de Segurança Privada ISCPSI - Alcântara (Lisboa)
EVENTOS DO SETOR 10
OUT
Fire Sector Summit 2017 Aviva Headquarters, London
17
OUT
A+A 2017 Dusseldorf, Alemanha
23
OUT
Sicur Latinoamérica 2017 Espacio Riesco – Santiago, Chile
23
NOV
XIº Congresso de Construção Metálica e Mista iParque – Coimbra
23
NOV
The People Segurança 2017 Universidade Nova de Lisboa
// errata Proteger n.º 30 — No artigo NP 4413 – Passado, presente e futuro da manutenção de extintores foi referido, erradamente, que a primeira edição da NP 4413 foi publicada em 2006 quando, na verdade, foi em 2003.
04.
APSEI ASSUME COORDENAÇÃO DA COMISSÃO TÉCNICA 193 “TRABALHOS EM ALTURA” A APSEI assumiu recentemente a coordenação da Comissão Técnica de normalização 193, que tem à sua responsabilidade a atividade normativa do âmbito dos trabalhos em altura. A Comissão Técnica 193 integra cerca de 40 vogais, entre os quais empresas e peritos técnicos do setor, sendo constituída por três subcomissões técnicas, que tratam matérias específicas da área dos trabalhos em altura, designadamente a formação de técnicos de trabalhos em altura (SC1), a segurança para trabalhos em altura em infraestruturas (SC2) e os equipamentos de proteção coletiva e individual para trabalhos em altura (SC3). Com a coordenação desta Comissão Técnica, fica à responsabilidade da APSEI, enquanto Organismo de Normalização Setorial, a atividade normativa de praticamente todas as vertentes da segurança, designadamente a segurança contra incêndio e símbolos gráficos, os sistemas de alarme, a segurança e saúde no trabalho e os trabalhos em altura. Para informações mais detalhadas sobre as Comissões Técnicas de normalização sob responsabilidade da APSEI, consulte a página eletrónica www.apsei.org.pt. V INQUÉRITO SOBRE REGULAMENTOS PORTUÁRIOS A APSEI lançou uma consulta pública que visa recolher a apreciação dos profissionais sobre os regulamentos portuários e o transporte de mercadorias perigosas. O inquérito pretende avaliar fatores como o acesso, clareza/compreensão, adequabilidade, facilidade/ dificuldade no cumprimento, e eficiência vs. segurança
dos regulamentos portuários atualmente em vigor. Os resultados deste inquérito serão divulgados pelo grupo de trabalho da Segurança no Transporte de Mercadorias Perigosas e pelo grupo de trabalho sobre Regulamentos Portuários da APSEI. A APSEI é, desde 2016, membro da Comissão Nacional do Transporte de Mercadorias Perigosas, coordenada pelo Instituto da Mobilidade e Transportes. V
APSEI ACOLHEU ASSEMBLEIA E CONFERÊNCIA DA CFPA-EUROPE A APSEI acolheu nas suas instalações a Assembleia Geral da CFPA-Europe durante os dias 14 e 15 de junho. Para além da Assembleia Geral teve também lugar uma conferência com o tema “Challenges We Need To Face”. A conferência teve lugar no dia 14 de junho, e o programa foi dedicado a alguns dos desafios de segurança contra incêndio e security mais prementes da atualidade, tendo participado vários oradores nacionais e internacionais. V CERTIFICADO INTERNACIONAL GERAL DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL — NEBOSH A Cedros, em parceria com a APSEI - Associação Portuguesa de Segurança, promove a formação de acesso à certificação NEBOSH. Com o IGC – International General Certificate
(ou Certificado Internacional Geral de Saúde e Segurança Ocupacional) da NEBOSH poderá alcançar o reconhecimento pelas suas competências e conhecimentos em saúde e segurança, em qualquer parte do mundo. Edições agendadas em Lisboa, de 13 de outubro a 25 de novembro de 2017, e no Porto, de 13 de novembro a 26 de novembro de 2017. Mais informações em www.apsei. org.pt/formacao/cursos-emparceria/. V
APSEI MARCA PRESENÇA NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Nos meses de junho e julho a APSEI foi solicitada por diversos
meios de comunicação social para se pronunciar sobre os incêndios florestais que ocorreram na zona de Pedrógão Grande e sobre o incêndio da Torre Grenfell em Londres. Para além dos esclarecimentos técnicos prestados nestas áreas, a APSEI esteve ainda presente em programas de televisão com o objetivo de divulgar medidas preventivas relacionadas com emergências, proteção contra assaltos e sistemas de videovigilância. Poderá conhecer estas participações em www. apsei.org.pt/apsei/o-que-temosfeito/. V SEMINÁRIO PROJETO, CERTIFICAÇÃO E INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS A APSEI fez parte do programa do Seminário “Projeto, certificação e Instalação de Equipamentos de Proteção Contra Incêndios” organizado pela Ordem dos Engenheiros no passado dia 28 de junho de 2017. O seminário foi promovido pelo Colégio de Engenharia Mecânica da Região Sul da Ordem dos Engenheiros tendo sido realizado um debate entre vários intervenientes sobre projeto, certificação e instalação, aspetos que se revestem de grande importância no desempenho e na eficácia dos equipamentos e dispositivos de proteção contra incêndio. V
OPEN DAY APSEI – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO 2017 Vai decorrer no dia 10 de outubro a 3ª edição do OPEN DAY APSEI dedicado à Segurança e Saúde no Trabalho. Os eventos Open Days APSEI pretendem discutir os temas pertinentes da Segurança e decorrem nas instalações da APSEI em Sacavém. A conferência desta edição terá como tema global “A Liderança na Segurança e Saúde no Trabalho”. Programa e mais informações disponíveis no site da APSEI em www.apsei.org.pt. V
3ª CONFERÊNCIA DE SEGURANÇA PRIVADA EM OUTUBRO A APSEI, juntamente com a Secretaria Geral do MAI, a PSP e a GNR estão a organizar a 3ª edição da Conferência de Segurança Privada. A conferência terá lugar
no dia 17 de outubro de 2017, no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna em Alcântara. Os objetivos desta iniciativa consistem em contribuir para o reconhecimento da atividade de Segurança na Economia e na Sociedade, partilhar pontos de vista entre diversos intervenientes, públicos e privados, dar um contributo para a evolução da legislação aplicável à atividade e divulgar temas técnicos prementes e atuais. V
APSEI DIVULGA NOVA VERSÃO DO ADR A nova legislação que regula o transporte terrestre de mercadorias perigosas, e que transpõe para o ordenamento jurídico nacional a Diretiva (EU) 2016/2309, foi publicada no passado dia 31 de agosto, através do Decreto-Lei nº 111-A/2017. Para assinalar esta nova versão do Acordo Europeu Relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada (ADR) e os seu 60 anos de existência, a APSEI vai promover o seu 32º Fórum dedicado à Segurança no Transporte de Mercadorias Perigosas. O fórum vai ter lugar na sede da APSEI no dia 4 de outubro. V
// associados CONTERA REALIZA ROADSHOW EM PORTUGAL COM A MARCA inim
A Contera em conjunto com a INIM Electronics fará nos próximos dias 17, 18 e 19 de outubro um roadshow pelas três principais cidades do país: Porto, Lisboa e Faro. O evento será dedicado exclusivamente a profissionais e contará com a presença de proteger JULHO | SETEMBRO 2017
responsáveis técnicos da marca Italiana. O foco estará nas três principais áreas de atuação da marca Italiana: Incêndio convencional e analógico e Intrusão. Saiba mais sobre o roadshow em www.contera.pt V 05.
— EM DESTAQUE
KSB PARCEIROS FABRICANTES EM PORTUGAL A KSB tem parcerias com diversos fabricantes de componentes em Portugal. Na Duritcast, uma fundição de aço e ferro fundido localizada em Águeda, que emprega 115 colaboradores (650 no total do Grupo Durit), a KSB investe quase 2 milhões de euros/ano,
principalmente em corpos e discos para válvulas de borboleta, modelos Isoria, Mammouth, Apolis e KE. Também a Arsopi, uma fundição especializada em aço inoxidável localizada em Vale de Cambra, que emprega 375 colaboradores, recebe investimentos anuais de 1 milhão de euros por parte da KSB, entre tampas de descarga, impulsores, curvas de suporte, corpos de bombas e corpos de motores para bombas e misturadores submersíveis para águas residuais, bem como para água limpa. A KSB possui outros parceiros portugueses, que elevam as parcerias com empresas portuguesas a um volume total de quase 4 milhões de euros por ano, num mercado atualmente avaliado em 40 milhões de euros. Saiba mais sobre os paceiros portugueses fabricantes da KSB em www.ksb.pt V
SINALUX REFORÇA INVESTIMENTO NOS MERCADOS EXTERNOS Holanda, Emirados Árabes Unidos e Espanha são os próximos três países aonde a empresa detentora da marca Sinalux|Everlux vai regressar a eventos dedicados aos diferentes setores em que opera, para promoção da sinalização produzida em Portugal. O primeiro decorre em Roterdão, de 7 a 10 de novembro: a Europort, onde irá promover a sinalização Everlux Maritime, com soluções específicas para o mercado marítimo. De 21 a 23 de janeiro 2018, volta a expor no Dubai, em mais uma
HEMPEL PORTUGAL A SEGURANÇA EM FORMA DE REVESTIMENTO
A Hempel Portugal é uma empresa associada do Grupo Hempel, o maior fabricante independente de tintas do mundo, fundado em 1915 por J.C. Hempel, em Copenhaga. A Hempel Portugal foi estabelecida em 1970, com um
06.
tecnologicamente avançados, proporcionando assim um local de trabalho adequado e uma reduzida exposição a químicos nocivos, para proteção tanto dos trabalhadores como do ambiente. A Hempel Portugal conta atualmente com 130 funcionários e a sua capacidade de produção anual ultrapassa os 35 milhões de litros, com uma faturação de cerca de 70 milhões de euros. Saiba mais em www.hempel.pt. V
escritório de vendas em Lisboa e, em 1975, a Hempel Portugal construiu a sua própria fábrica em Palmela, num terreno com 41 mil metros quadrados. A fábrica portuguesa possui equipamentos e processos de produção
SANCO ADICIONA MARCAS FIREWAY E TALENTUM AO SEU PORTFÓLIO
ET 40 ANOS COM NOVIDADES
A ET comemora, em 2017, 40 anos de atividade e agradece a todos os seus clientes e parceiros pela confiança e aos seus funcionários pela dedicação. Durante o período, a empresa destacou-se como líder na comercialização de EPIS e como fabricante nacional de vestuário de trabalho. Sempre atenta às necessidades dos seus clientes, hoje investe também na prestação
edição da Intersec, promovendo a sinalização de segurança fotoluminescente Everlux, específica para os requisitos daquele mercado. Ainda no primeiro trimestre de 2018, a Sinalux regressa a Madrid de 20 a 23 de fevereiro, para marcar presença em mais uma Sicur – Salón Internacional de La Seguridad. Saiba mais sobre a presença internacional da Sinalux | Everlux em www.facebook.com/ sinaluxeverlux/ V
de serviços na área de engenharia de sistemas e consultoria, como: projetos de linha de vida, instalação e manutenção de meios de combate a incêndios, soluções para trabalho em espaços confinados e formação de trabalhadores. A ET procura crescer gradualmente e hoje já dispõe de instalações além do território nacional. Saiba mais www.etlda.pt V
Seguindo a sua missão de proporcionar ao setor profissional as mais avançadas soluções tecnológicas, a Sanco, S.A. adicionou recentemente ao seu portfólio de produtos as marcas Fireray e Talentum do prestigiado fabricante Britânico FFE. A Fireray oferece uma completa gama de barreiras de deteção linear de fumos por infravermelhos, e a
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Talentum disponibiliza uma gama de detetores de chamas ideais para uso em ambiente industrial, utilizáveis em interior e exterior. Saiba mais em www.sanco.pt V
// setor
NOVO REGULAMENTO PARA EQUIPAMENTOS DE RÁDIO No passado dia 9 de junho foi publicado o Decreto-Lei n.º 57/2017, que veio transpor para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2014/53/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de abril de 2014, relativa à harmonização da legislação dos Estados-Membros respeitante à disponibilização de equipamentos de rádio no mercado. Este Decreto-lei veio estabelecer o regime da disponibilização no mercado, da colocação em serviço e da utilização de equipamentos de rádio. V NOVA DIRETIVA DOS EQUIPAMENTOS SOB PRESSÃO TRANSPOSTA PARA PORTUGAL Foi publicado, no passado dia 31 de agosto, o Decreto-Lei nº 111-D/2017, que estabelece as regras aplicáveis à disponibilização no mercado nacional de equipamentos sob pressão. Este diploma, que transpõe a nova Diretiva dos Equipamentos sob Pressão (Diretiva nº 2014/68/EU), vem revogar o Decreto-Lei nº 211/99, de 14 de junho. V
PUBLICADAS REGRAS APLICÁVEIS A APARELHOS PARA ATMOSFERAS ATEX As regras de segurança a que devem obedecer os aparelhos e sistemas de proteção destinados a serem utilizados em atmosferas potencialmente explosivas foram recentemente publicadas, através do Decreto-Lei 111-C/2017, de 31 de agosto. V
NOVO GUIA ELETRÓNICO SOBRE RISCOS DE SEGURANÇA COM VEÍCULOS RELACIONADOS COM O TRABALHO A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) e a Comissão Europeia disponibilizaram um novo guia eletrónico (VeSafe) que constitui um balcão único interativo de informações sobre riscos relacionados com veículos no local de trabalho. Este guia abrange temas como a condução segura, o transporte no local de trabalho e o trabalho numa estrada ou próximo de uma estrada. O guia refere vários exemplos de boas práticas e apresenta uma panorâmica geral dos regulamentos pertinentes. De consulta gratuita e de fácil utilização, o guia tem também a vantagem de permitir filtrar as informações por risco ou tipo de veículo.
O guia VeSafe destina-se a motoristas/empregadores, trabalhadores e peritos de segurança em todos os setores da UE, com interesse em riscos relacionados com veículos. Os acidentes com veículos representam 29% do total de acidentes de trabalho mortais . V SEGUNDA VERSÃO DA ISO/ DIS 45001 APROVADA A segunda versão DIS do projeto de norma internacional ISO 45001, sobre sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho, foi levada a votação no passado mês de julho, tendo sido aprovada por maioria, com 53 votos a favor e 7 contra. A ISO 45001 irá substituir a OHSAS 18001, sendo expectável que a sua publicação aconteça durante 2018. As empresas certificadas pela OHSAS 18001 terão um período transitório de 3 anos para se adaptar à nova norma. V
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
PREVISTA GENERALIZAÇÃO DA FATURAÇÃO ELETRÓNICA A NÍVEL EUROPEU ATÉ 2020 O Comité Europeu de Normalização (CEN) mandatou a elaboração de uma norma europeia sobre faturação eletrónica, prevendo-se a generalização deste método de faturação na Europa até 2020. A conclusão desta norma está prevista para 2018, pelo que é expectável que a partir desta data a faturação eletrónica se torne obrigatória em todos os países da União Europeia, no âmbito de transações comerciais que envolvam entidades da Administração Pública. Prevê-se a adoção da faturação eletrónica gere uma poupança de cerca de 240 mil milhões de euros num prazo de seis anos e que traga benefícios consideráveis aos agentes económicos com relações comerciais com o setor público na União Europeia. V 07.
— NOTÍCIAS
c
COMISSÃO EUROPEIA FAZ CONSULTA PÚBLICA NO ÂMBITO DO REGULAMENTO DOS PRODUTOS DE CONSTRUÇÃO
A Comissão Europeia está a efetuar uma consulta pública junto dos 28 Estados Membros com o objetivo de determinar a pertinência de se rever o atual Regulamento dos Produtos de Construção (Regulamento 305/2011). A consulta pretende fomentar o debate entre os vários intervenientes do setor da construção, entre os quais fabricantes, instaladores, fornecedores de matériasprimas, arquitetos, engenheiros, importadores e distribuidores, associações empresariais e consumidores finais, com o objetivo de recolher as informações necessárias à avaliação da relevância, eficiência, eficácia e coerência do atual
t
Nestas questões incluem-se a simplificação do processo para microempresas, a ligação com o Regulamento 1025/2012, relativo à normalização europeia e à utilização obrigatória das normas harmonizadas do âmbito do Regulamento dos Produtos de Construção, a vigilância do mercado, o estabelecimento de regras detalhadas para Organismos Notificados e para a elaboração de Avaliações Técnicas Europeias pela EOTA. Por outro lado, foi também identificada a necessidade de desbloquear o crescimento do setor da construção na União Europeia, através da melhoria do funcionamento dos mercados, em particular do mercado interno dos produtos de construção, que
com a intervenção de Nuno Moreira, inspetor da ANPC, cuja apresentação versou sobre os procedimentos de inspeções de segurança contra incêndio em edifícios. Para além de contar com a participação de oradores nacionais e internacionais, o 31º
Fórum teve a particularidade de incluir a realização de um ensaio real de resistência ao fogo no FireLAB, da Universidade de Coimbra, durante o qual os participantes presenciaram o comportamento de um produto de construção perante uma situação de fogo. V
31º FÓRUM APSEI MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIO
O 31º Fórum APSEI realizou-se no Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, no dia 9 de junho. Com este evento a APSEI sensibilizou o mercado para a importância da manutenção periódica dos sistemas de proteção passiva contra incêndio e deu a conhecer os procedimentos mínimos que devem ser assegurados aquando da realização destas intervenções e os referenciais técnicos que podem ser adotados para o efeito. Ana Ferreira, da APSEI, esclareceu os participantes sobre a utilização da Norma Portuguesa 4513 como 08.
sistema, assim como à avaliação do impacto do atual Regulamento dos Produtos de Construção no Setor. A necessidade desta consulta resultou do Relatório de Implementação do Regulamento dos Produtos de Construção que a Comissão Europeia efetuou em julho de 2016, que aponta para dificuldades dos operadores económicos em implementarem o Regulamento dentro dos prazos estabelecidos e, portanto, para a necessidade de se melhorar a sua implementação. O relatório identificou também um número significativo de outras questões relevantes que vão para além da implementação do Regulamento e que, como tal, merecem uma análise e discussão aprofundadas.
demonstra estar ainda bastante fragmentado. O Regulamento dos Produtos de Construção (CPR) adotado em 2011 está em plena implementação desde 2013. O Regulamento substituiu a Diretiva 89/106/CEE relativa aos Produtos de Construção (CPD). O objetivo do CPR é exatamente o mesmo do CPD, isto é, garantir o funcionamento do mercado único e garantir a livre circulação dos produtos de construção no mercado da União Europeia, através da definição de condições harmonizadas para a sua comercialização. O CPR, ao substituir o CPD, veio também especificar objetivos operacionais, designadamente simplificar o sistema definido pelo CPD, clarificar conceitos e definições e aumentar a credibilidade de toda a estrutura. O CPR pretende também contribuir para o cumprimento dos objetivos da estratégia da “Europa 2020” e da estratégia para a competitividade sustentável do setor da construção e das suas empresas, “Construção 2020”. V
referencial de manutenção de soluções de proteção passiva contra incêndio. Jorge Paiva, da empresa CIN, abordou a garantia da durabilidade da proteção das estruturas metálicas por via da manutenção, enquanto Tiago Fernandes, da Manvia, transmitiu quais os procedimentos mínimos de manutenção de sistemas de proteção passiva contra incêndio. Destaque para a presença de Niall Rowan, representante da associação europeia EAPFP que fez um panorama global sobre o setor da proteção passiva na Europa. A conferência terminou
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
— NOTÍCIAS
6
LIÇÕES DO INCÊNDIO DA TORRE GRENFELL A APLICAR EM PORTUGAL
A APSEI – Associação Portuguesa de Segurança organizou no dia 12 de julho um seminário dedicado ao incêndio da Torre Grenfell (Londres) onde foram apresentadas e debatidas as características desta catástrofe que vitimou 80 pessoas e cujo impacto social, legal e económico no Reino Unido terá uma enorme dimensão.
de construção e a tecnologia de materiais e elementos de construção mudaram radicalmente. Em Portugal, foi aprovado recentemente em Conselho de Ministros o diploma que introduz alterações ao Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios. Após a entrada em vigor do regime jurídico, é expectável
Incêndio em edifícios, criada pelo Despacho n.º 5533/2010, a quem compete, entre outras atividades “c) Analisar os grandes incêndios em edifícios e recintos e propor alterações legislativas com vista à redução de riscos e vulnerabilidades” e que deveria reunir de 3 em 3 meses, não reúne desde dezembro 2014.
um gasto mas antes como um investimento nas pessoas e na continuidade das atividades sociais e económicas.
3) A fiscalização por parte das autoridades competentes é necessária para garantir as condições de segurança dos edifícios. O incêndio da Torre Grenfell evidenciou a importância de implementar um mecanismo rigoroso de controlo das condições em que os materiais de construção são aplicados em contexto real e que devem estar de acordo com as condições em que decorrem os ensaios de fogo. As soluções de proteção passiva contra incêndio como a compartimentação, selagens e proteção estrutural que estiveram na base da propagação do incêndio do 4.º piso aos restantes pisos da torre, carecem de ser adequadamente prescritas, instaladas e mantidas por empresas especializadas e tecnicamente competentes e, naturalmente, acompanhadas pela fiscalização por parte das autoridades competentes.
Incêndio na Torre Grenfell, em Londres.
Após o evento que contou com a presença de mais de 120 participantes, entre os quais vários especialistas em diferentes matérias de segurança contra incêndio e da proteção civil, a APSEI vem divulgar as seguintes conclusões e lições que visam aumentar a segurança contra incêndio em Portugal:
1) A legislação tem de acompanhar os avanços da ciência e da tecnologia. A legislação de Segurança contra Incêndio em Inglaterra não foi atualizada nos últimos 10 anos. No espaço de uma década, os métodos 10.
a publicação da regulamentação técnica que não é revista desde 2009. Não são 10 anos, mas passaram 8 anos e o setor continua a aguardar a publicação de um diploma que tecnicamente foi revisto em 2014. Na perspetiva da APSEI, importa que o Ministério da Administração Interna crie uma rotina de auscultação regular das entidades que intervêm na segurança contra incêndio e que estão na posse do último estado da arte e ciência. A Comissão de Acompanhamento da implementação do Regime Jurídico de Segurança contra
2) Não podem ser selecionadas soluções de segurança inadequadas em função de opções orçamentais. É um facto que o empreiteiro responsável pela renovação da Torre Grenfell optou por um revestimento mais económico do que o que havia sido prescrito. Definitivamente, a Segurança tem de deixar de ser vista como
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
4) As exigências de competências e de formação têm de ser incrementadas. O incêndio da Torre Grenfell colocou em evidência a competência e a qualificação dos vários técnicos ligados à atividade de Segurança Contra Incêndio (SCI). No Reino Unido, é possível que a avaliação de risco de incêndio de um edifício seja feita por um técnico que tenha obtido aproveitamento numa formação com a duração de 5 dias. Em Portugal, a legislação também prevê a qualificação profissional dos vários profissionais ligados à SCI, desde o projeto, passando pela instalação e manutenção de soluções de Proteção contra Incêndio.
— NOTÍCIAS
Seminário sobre o incêndio da Torre Grenfell promovido pela APSEI.
Em 2014, a APSEI entregou à ANPC uma proposta que visa incrementar a exigência dos requisitos de qualificação das empresas e técnicos de instalação e manutenção dos equipamentos de segurança contra incêndio. Desde há 3 anos que aguardamos que a Portaria n.º 773/2009 seja revista, pois consideramos que o atual Registo das Entidades da ANPC não permite garantir ao consumidor que as entidades inscritas na ANPC são qualificadas e competentes. Por outro lado, mesmo que a legislação exija para os diferentes profissionais de SCI formações com maior ou menor carga horária, não é exercido qualquer controlo sobre a qualidade das entidades formadoras que ministram estes cursos.
grandes desafios à engenharia de segurança, mesmo em países que têm uma elevada cultura de Segurança como é caso do Reino Unido. Em Portugal, temos dado passos importantes no avolumar do know-how em engenharia de segurança mas é necessário persistir neste objetivo e agregar os esforços de todas as entidades envolvidas. Na Segurança não há concorrentes nem rivais, somente parceiros. A catástrofe londrina oferece-nos uma oportunidade de reflexão sobre a forma como as diferentes especialidades de um projeto têm de ser concebidas e assumidas de forma integrada. É urgente promover a consciencialização de todos os atores da cadeia de valor das consequências exponenciais decorrentes dos riscos de incêndio.
5) É urgente promover a coordenação e cooperação de toda a cadeia de valor da segurança.
6) A manutenção regular feita por empresas qualificadas evita a ocorrência de catástrofes.
Os edifícios de grande altura como a Torre Grenfell colocam
O incêndio da Torre Grenfell podia ter sido evitado. Estão
12.
hoje disponíveis no mercado um conjunto de equipamentos e sistemas de Segurança que permitem detetar um foco de incêndio, em qualquer tipo de ambiente e num estádio muito inicial. Depois de detetado o foco de incêndio existem diversas soluções em termos de sistemas automáticos para extinção e controlo de incêndio. Finalmente, os sistemas de proteção passiva permitem conter o incêndio e possibilitam que os ocupantes evacuem o edifício. Segundo várias fontes, a manutenção dos equipamentos e sistemas de Proteção contra Incêndio instalados na Torre Grenfell apresentou várias falibilidades. Como é sabido, de nada serve instalar as melhores soluções de segurança se, no decurso da vida útil do edifício, estas não são mantidas. A garantia de eficácia de um sistema de segurança contra incêndio é a sua manutenção regular, por empresas qualificadas munidas de técnicos competentes.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
O seminário APSEI foi conduzido pelos especialistas em segurança contra incêndio com vários anos de experiência na área da proteção civil António Rosa Gomes, Carlos Ferreira de Castro e Luís Pimentel. O programa incluiu ainda presença de Helena Beleza e Miguel Inácio, da empresa Sika, e de Jonathan O’Neill, diretor executivo da FPA (Fire Protection Association). Dentro de alguns meses, já na posse dos relatórios oficiais, é intenção da APSEI desafiar os seus associados e as várias entidades que se dedicam à Segurança Contra Incêndio em Portugal a constituir grupo de trabalho que irá fomentar a reflexão sobre este incidente com o objetivo de contribuir para a prevenção deste tipo de ocorrências. É também objetivo da APSEI, para além de promover estas lições resultantes do seminário, divulgar conclusões adicionais com maior sustentação técnica e científica sobre o incêndio na Torre Grenfell. V
Delegação Norte da APSEI ENTREVISTA A RICARDO COSTA, PRESIDENTE DA APSEI Já há muito que a APSEI e seus associados aspiravam por uma presença mais efetiva da Associação a Norte do País. Na era do Skype, Facebook e Whatsapp a distância deixou de ter a importância de outrora. Hoje, já muitos associados por todo o País participam nas reuniões dos Núcleos e comissões técnicas através de videoconferência. Tendo o projeto da APSEI uma abrangência nacional, abrir uma Delegação Norte foi uma consequência natural da evolução sustentada que a APSEI tem tido ao longo de mais de 11 anos. A abertura da Delegação Norte é um dos projetos emblemáticos da atual Direção e que se concretizou em 2017. O Presidente da Direção, Ricardo Costa, falou-nos detalhadamente dos objetivos da nova Delegação que se situa em Matosinhos. Porquê abrir uma Delegação a Norte e não no Centro ou noutro local do País? Em primeiro lugar porque é a segunda região do País onde temos mais associados. Por outro lado, segundo as estatísticas oficiais (Registo de Entidades da ANPC, Registo Prévio na Direção Nacional da PSP e Entidades Autorizadas pela ACT a prestar serviços de SST), 43% da atividade de Segurança é dinamizada nos distritos de Aveiro, Braga, Bragança, Guarda, Porto, Vila Real, Viana do Castelo e Viseu. A primeira Delegação da APSEI não podia localizar-se senão a Norte, onde percebemos que a representatividade da APSEI poderá ser muito mais maximizada. Quais os objetivos principais para a Delegação? A Delegação Norte tem como finalidade principal apoiar os associados que estão sediados nessa zona do País, naquilo que são as suas dúvidas sobre a atividade e legislação aplicável, bem como recolher as suas propostas para melhorar o funcionamento da Associação. 14.
Outro objetivo será intensificar e diversificar a oferta formativa da APSEI que, nos dias de hoje, conta com mais de 40 cursos técnicos nas diferentes áreas da Segurança. Aliás, a Delegação Norte já este ano acolheu/vai acolher no Norte os mais reconhecidos cursos técnicos da APSEI, o Curso de Técnico Europeu de Segurança Contra Incêndio e o Curso de Técnico Europeu de Security. Finalmente, pretendemos também incrementar a nossa representatividade de associados a Norte através de um trabalho de divulgação da Associação e de captação de novos associados. Onde se situa a Delegação e de que infra‑estruturas dispõe? A Delegação Norte da APSEI situa-se num espaço de co-working no centro de Matosinhos. Pareceu-nos relevante apostar numa localização central e servida por uma rede de transportes públicos e pela facilidade de estacionamento. O espaço dispõe de várias salas adequadas para formação e realização de eventos, permitindo à APSEI centralizar num só espaço todos os serviços. Esperamos que, dentro de algum tempo, seja possível que a APSEI tenha instalações próprias mas a curto prazo o co-working serve todos os nossos propósitos e dispõe de serviços que permitem apoiar o nosso único colaborador na Delegação, Bruno César. O Bruno é engenheiro eletrotécnico e de computadores e, como gestor do associado, será o canal preferencial dos associados da Região Norte. V proteger JULHO | SETEMBRO 2017
FAZER O
MUNDO AVANÇAR
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ENB possui equipamentos ímpares no Centro de Formação de Sintra. TEXTO & FOTOGRAFIA Escola Nacional de Bombeiros
Simulação virtual com recurso ao XVR Simulation Software.
Desde 2015, ano em que assinalou o 20.º aniversário, a Escola Nacional de Bombeiros (ENB) inaugurou dois equipamentos fundamentais para a formação e treino de bombeiros e outros agentes de proteção civil, ambos no Centro de Formação de Sintra. O Centro de Simulação e Realidade Virtual (CSRV), inaugurado em março de 2015, e o Campo de Treinos de Combate a Incêndios Urbanos e Industriais, inaugurado em maio do ano seguinte, são dois equipamentos ímpares a nível nacional e permitem aliar a experiência pedagógica de mais de duas décadas aos equipamentos e tecnologias de formação mais modernas. O CSRV destina-se à formação e aperfeiçoamento de competências de gestão de operações de resposta a situações de emergência, com exercícios de aplicação em ambiente de realidade virtual, cuja 16.
complexidade técnica e risco para a segurança dos próprios operacionais, não permitem ou desaconselham a sua reprodução em ambiente real. A simulação virtual é efetuada com recurso ao XVR Simulation Software. O centro é constituído por duas salas de imersão em ambiente virtual, cinco cabines de simulação para desempenho de funções específicas no mesmo cenário virtual, um posto de comando operacional (com uma sala de planeamento, uma sala de operações e logística e uma sala de comunicações), duas salas de direção de exercícios e uma sala multimédia. Este equipamento tem como destinatários preferenciais os oficiais bombeiros e elementos do quadro de comando, bem como os elementos que atingem o topo da carreira de bombeiro com a promoção à categoria de chefe, mas proteger JULHO | SETEMBRO 2017
também é utilizado para a formação de outros agentes de proteção civil. Os cursos aqui realizados incidem essencialmente na gestão de operações, possibilitando aos formandos treinar o processo de tomada de decisão. CAMPO DE TREINOS DE COMBATE A INCÊNDIOS URBANOS E INDUSTRIAIS O novo Campo de Treinos está vocacionado para a formação e treino de bombeiros, agentes de proteção civil e outras entidades públicas e privadas que integram equipas de primeira e segunda intervenção para o combate a incêndios urbanos e industriais. A infraestrutura foi desenvolvida no âmbito de uma parceria com a empresa britânica PCS – Pratical Creative Solution e é constituída por quatro áreas distintas. Para além de um edifício de apoio, o
A APSEI e a Escola Nacional de Bombeiros celebraram em setembro um protocolo de permuta de serviços entre as duas entidades, com enfoque na formação e divulgação de serviços.
Campo de Treinos permite simular diversos cenários que garantem uma ampla diversidade formativa, sendo especialmente vocacionado para incêndios em espaços exteriores, incêndios em espaços fechados e salvamentos em altura. Na área para simulação de incêndios em espaços exteriores e incêndios industriais são realizados exercícios de extinção com equipamentos de primeira intervenção (extintores e carretel) e com equipamentos de segunda intervenção (linhas de mangueiras). A segunda área está reservada ao treino em simuladores de incêndios em espaços fechados e possui diversas estruturas, nomeadamente uma unidade multiusos sem fogo, onde é possível realizar exercícios de adaptação ao aparelho respiratório isolante de circuito aberto, exercícios de progressão em espaços confinados, exercícios de busca e salvamento de vítimas, exercícios de abertura forçada de acessos, etc. Existe, também, um simulador onde é possível observar o comportamento de um incêndio num espaço confinado e realizar operações de extinção em combustíveis sólidos; e uma unidade móvel onde é possível treinar operações de extinção em espaços confinados com fogo real em combustíveis líquidos. Estas estruturas estão equipadas com dispositivos de medição da temperatura que permitem monitorizar a todo o momento os diferentes espaços, acionando alarmes sonoros sempre que se ultrapassem os limites definidos, o que permite um controlo permanente sobre as condições no interior da estrutura salvaguardando a segurança de formandos e formadores. Junto a esta área situa-se uma torre metálica de 14 metros certificada para
Formação prática de combate a incêndios na ENB.
o serviço de bombeiros e está também disponível um poste de suporte de linhas elétricas de muito alta tensão. O edifício de apoio do campo é constituído por balneários masculinos e femininos, uma sala técnica, uma sala de armazenagem e entrega de equipamentos de proteção individual e roupa, um secador, e uma sala de briefing e debriefing. Está neste momento a ser preparada uma quinta área para ações de formação na área aeronáutica, nomeadamente com recurso à fuselagem de uma aeronave Short 360-200, de 36 lugares, da ex-companhia privada Aerocondor, que irá servir para formação de tripulantes de cabina. FORMAÇÃO CERTIFICADA Este Campo de Treinos da ENB cumpre os requisitos para realização de ações de formação conforme estabelecido nas proteger JULHO | SETEMBRO 2017
normas NFPA® 1001 – Standard for Fire Fighter Professional Qualifications, NFPA® 1404 – Standard for Fire Service Respiratory Protection Training, e UK National Occupational Standard SFJ CFF01 – Respond to operational incidents requiring breathing apparatus. Neste âmbito, são disponibilizadas ações de formação de Operações com Aparelho Isolante Respiratório de Circuito Aberto (ARICA) e Curso Avançado de Extinção de Incêndios em Compartimentos (Flashover), ambos de 16 horas. Em Sintra e nos dois polos da Lousã e de S. João da Madeira, a ENB dispõe de uma vasta oferta formativa para bombeiros, agentes de proteção civil e outras entidades públicas e privadas, cujos conteúdos programáticos e duração podem ser adaptados em função das necessidades dos destinatários. V 17.
— ESPAÇO ASSOCIADO TRÊS CONVIDADOS. PERGUNTA & RESPOSTA.
P &R a associados da apsei
Joaquim Santos Gerente SADINTEGRA
A SADIntegra atua na área da segurança eletrónica, tendo ainda capacidades e valências para realizar serviços que envolvam todos os sistemas e equipamentos de segurança, seja no comércio, na instalação e sobretudo na manutenção. Tem ainda um departamento dedicado à realização de projetos de SCIE e Medidas de Autoproteção.
Qual o tema da atualidade do setor que mais vos preocupa? A falta de fiscalização às empresas que operam no mercado: sendo a inscrição na ANPC obrigatória, a mesma não garante a competência da empresa. Esta inscrição e fiscalização deveriam ser alargadas às empresas que elaboram os projetos de SCIE, dado que não deve ser do instalador a responsabilidade de executar e/ou corrigir, graciosamente, um projeto não conforme. Quais os principais projetos no horizonte? Estamos a automatizar os nossos processos internos, ao nível dos relatórios técnicos, no sentido de aumentar a eficácia e rapidez com que são disponibilizados aos clientes. Queremos também apostar num departamento complementar de formação sobretudo nas áreas em que somos reconhecidamente especialistas: deteção de incêndio e Medidas de Autoproteção.
Rangel Gomes Direção Comercial TECNIQUITEL
A Tecniquitel está presente nas áreas da Proteção contra incêndios, Proteção Ocupacional, Saúde Ocupacional, Diagnóstico, Formação trabalho em altura & Espaços Confinados, Deteção Gases portátil e fixa, CCTV, Controlo de Acessos e Tracking Pessoal.
Qual o tema da atualidade do setor que mais vos preocupa? Neste momento estamos preocupados com o setor dos diagnósticos, isto é, com o rastreio e confirmação psicoativos. Quais os principais projetos no horizonte? Estamos a proceder ao desenvolvimento de uma lavandaria industrial para a descontaminação biológica de vestuário técnico e também o desenvolvimento de um centro especializado confeção de vestuário técnico. Quais as atividades desenvolvidas pela APSEI que mais valoriza? Valorizamos o trabalho desenvolvido pela APSEI na área da Normalização enquanto Organismo de Normalização Setorial. V
Quais as atividades desenvolvidas pela APSEI que mais valoriza? Formação, divulgação e informação da legislação e normas aplicáveis ao setor. V
Rita Terra Viana Gestora de Marketing e Vendas SINTIMEX
Estabelecida em 1960, a Sintimex é pioneira em Portugal na Produção e Comercialização de EPI's e EPC’s. Através de parcerias com os maiores fabricante mundiais, traz ao mercado português as melhores soluções ao nível de equipamentos de proteção para construção, indústria e corpos de Bombeiros. Atualmente, dedica-se também à proteção das equipas de manutenção, oferecendo uma gama completa de Ferramentas e Equipamentos industriais. Outros serviços incluem o desenvolvimento, implementação e manutenção de projetos de Linhas de Vida; calibração de detetores de gases, e a manutenção de extintores. Na Sintimex Training Academy encontram-se ações de formação sobre temáticas relacionadas com a Segurança no Trabalho.
Qual o tema da atualidade do setor que mais vos preocupa? A falta de qualidade de muitos EPI’s que encontramos no mercado e que dá aos trabalhadores a ilusão de falsa Segurança… Quais os principais projetos no horizonte? Estamos a apostar nos dispensadores de EPI’s, pois acreditamos que trazem reais benefícios para a maioria dos nossos clientes. Trabalhamos também no sentido de aproximar cada vez mais os fabricantes aos nossos clientes, de forma a que tenham inputs para desenvolverem EPI’s cada vez adequados à realidade dos mesmos. Quais as atividades desenvolvidas pela APSEI que mais valoriza? Criação de conteúdos sobre EPI’s e EPC’s que ajudam a clarificar algumas das dúvidas frequentes que nos colocam. V
18.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
— FORMAÇÃO
// formação apsei
EM FOCO CURSO DE EVACUAÇÃO DE EDIFÍCIOS TEXTO Ana Ferreira APSEI
O objetivo mais importante da Segurança Contra Incêndio em Edifícios consiste na proteção da vida dos seus ocupantes, face ao risco de incêndio. Assim, a evacuação de edifícios é um meio essencial ao cumprimento desse objetivo. Porém, para que a evacuação de edifícios se processe com sucesso, isto é, para que as pessoas em risco numa situação de emergência possam atingir um local seguro sem serem afetadas pelas consequências dessa emergência (incêndio ou outra situação) é necessário ter diversos fatores em consideração. Estes fatores relacionam-se essencialmente com a manifestação do risco de incêndio no edifício; as condições de segurança das disposições construtivas, com destaque para a compartimentação corta-fogo, número, largura e distribuição de vias de evacuação e de saídas; a existência de sistemas e equipamentos de segurança que garantam um alarme precoce e contribuam para a manutenção da evacuação em condições de segurança; o número, tipo e condições dos ocupantes, com destaque para eventuais limitações na capacidade de reação e da perceção de uma situação de emergência, formação e comportamentos expectáveis; a organização da 20.
segurança existente no edifício, com destaque para a estratégia de evacuação definida e para a capacidade das equipas de evacuação. Estas questões integram-se na cadeia de valor da evacuação, sendo tratados de forma aprofundada no curso de Evacuação de Edifícios da APSEI. O curso de Evacuação de Edifícios da APSEI tem por base o atual Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios. Assim, estando a manutenção das condições de segurança contra incêndio dos edifícios e, portanto, a autoproteção e gestão da segurança contra incêndio legalmente à responsabilidade dos Responsáveis e Delegados de Segurança designados para o efeito, o curso tem estes profissionais como principais destinatários, podendo, no entanto, ser frequentado por todos os que pretendam incrementar os seus conhecimentos nesta área. Da mesma forma, tendo em consideração as responsabilidades inerentes a estas entidades, o curso da APSEI tem como principais objetivos dotar estes profissionais das competências necessárias ao cumprimento das atuais disposições legislativas do Regime Jurídico no referente à manutenção das condições de segurança contra incêndios e à execução das medidas de autoproteção dos edifícios, no que à gestão da evacuação dos edifícios diz respeito. O curso de Evacuação de Edifícios da APSEI é ministrado pelo Eng.º António Possidónio Roberto, formador da APSEI desde 2008 e com uma vasta e reconhecida experiência na área da segurança contra incêndio.
Inscreva-se no Curso Evacuação de Edifícios
Conteúdos — Regulamentação Nacional — Normalização —D efinições e Características de Cenários de Incêndio — Características do Edifício — Sistemas de Segurança — Caracterização dos Ocupantes — Deteção, Alarme e Alerta — Metodologia para a Evacuação — Prestação de Socorros a Vítimas
Próximas Edições — Lisboa, 25 de Novembro (horário laboral)
Mais informações em: www.apsei.org.pt/formacao
Das suas funções destacam-se o facto de ter sido Diretor da Escola de Limitação de Avarias entre 1980 e 1985 e Diretor Técnico de Infraestruturas Navais, função que implicou a responsabilidade pela área de segurança de todos os edifícios da Marinha de Guerra. Tem diversos trabalhos publicados e é autor de algumas publicações nas áreas de Organização de Segurança, de Formação de Incêndio e de realização de Simulacros, entre os quais o “Manual de Exploração de Segurança contra Edifícios”, publicação APSEI que é oferecida aos participantes do Curso de Evacuação de Edifícios da APSEI.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Para além das valências que confere, destacamos o facto do Curso de Evacuação de Edifícios da APSEI possuir a chancela da confederação europeia CFPAEurope, situação que resulta na emissão de um certificado de formação por pate da APSEI, enquanto entidade formadora certificada pela DGERT, e na emissão de um certificado de formação pela referida Confederação, reconhecido nos seus 18 países membros. Para informações mais detalhadas sobre o curso de Evacuação de Edifícios da APSEI, consultar o catálogo de formação da APSEI, disponível na sua página eletrónica, em www.apsei.org.pt. V
— FORMAÇÃO APSEI
// agenda de formação INSCREVA-SE NOS CURSOS DA APSEI E INVISTA EM FORMAÇÃO DE QUALIDADE. CONSULTE O CALENDÁRIO COMPLETO EM WWW.APSEI.ORG.PT/FORMACAO/CURSOS-DE-FORMACAO/
LOCAL
CURSO DE FORMAÇÃO
DATA
AVALIAÇÃO E GESTÃO DO RISCO LISBOA
GESTÃO DA EMERGÊNCIA: DO PLANEAMENTO À AVALIAÇÃO DE EXERCÍCIOS — NÍVEL INICIAL
27 out
PORTO
AVALIAÇÃO E GESTÃO DE SISTEMAS DE SECURITY
LISBOA
GESTÃO DA EMERGÊNCIA: DO PLANEAMENTO À AVALIAÇÃO DE EXERCÍCIOS — NÍVEL AVANÇADO
28 out
PORTO
AVALIAÇÃO DE RISCOS DE INCÊNDIO
28 nov
PORTO
AUDITORIAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
29 nov
LISBOA
GESTÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
29 nov
LISBOA
AVALIAÇÃO DE RISCOS DE INCÊNDIO
30 nov
PORTO
GESTÃO DA EMERGÊNCIA: DO PLANEAMENTO À AVALIAÇÃO DE EXERCÍCIOS — NÍVEL INICIAL
PORTO
GESTÃO DA EMERGÊNCIA: DO PLANEAMENTO À AVALIAÇÃO DE EXERCÍCIOS — NÍVEL AVANÇADO
05 dez
LISBOA
AUDITORIAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
07 dez
LISBOA
GESTÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO DE EDIFÍCIOS HOTELEIROS
13 dez a 14 dez
LISBOA
GESTÃO DE EMERGÊNCIAS E CONTINUIDADE DE NEGÓCIOS
15 dez a 16 dez
27 out a 28 out
4 dez
GESTÃO APLICADA À SEGURANÇA LISBOA
FUNDAMENTOS DE GESTÃO COMERCIAL APLICADOS À SEGURANÇA
23 set
RISCOS PROFISSIONAIS LISBOA
SEGURANÇA EM TRABALHOS A QUENTE (HOT WORKS)
20 out
PORTO
SEGURANÇA EM TRABALHOS A QUENTE (HOT WORKS)
21 out
LISBOA
SEGURANÇA EM ATMOSFERAS EXPLOSIVAS (ATEX)
17 nov a 18 nov
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PREVENÇÃO DE EXPLOSÕES
22.
LISBOA
MANUTENÇÃO DE EXTINTORES — RENOVAÇÃO
PORTO
MANUTENÇÃO DE EXTINTORES — INICIAL
9 out a 12 out
LISBOA
TÉCNICO RESPONSÁVEL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS — INICIAL
12 out a 14 out
LISBOA
TÉCNICO EUROPEU DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
LISBOA
PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS
12 out
LISBOA
INTERPRETAÇÃO DE PROJETOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS
13 out
LISBOA
REGULAMENTO TÉCNICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS
13 out a 14 out
LISBOA
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
19 out a 20 out
LISBOA
FENOMENOLOGIA DA COMBUSTÃO
21 out
LISBOA
SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR ÁGUA
23 out a 25 out
PORTO
TÉCNICO EUROPEU DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
26 out a 29 nov
PORTO
TÉCNICO RESPONSÁVEL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS — INICIAL
26 out a 28 out
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
2 out a 3 out
12out a 7 dez
LOCAL
CURSO DE FORMAÇÃO
DATA
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PREVENÇÃO DE EXPLOSÕES PORTO
PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS
26 out
PORTO
INTERPRETAÇÃO DE PROJETOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS
27 out
PORTO
REGULAMENTO TÉCNICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS
27 out a 28 out
PORTO
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
2 nov a 3 nov
LISBOA
SISTEMAS DE CONTROLO DE FUMO
3 nov a 4 nov
PORTO
FENOMENOLOGIA DA COMBUSTÃO
4 nov
LISBOA
MANUTENÇÃO DE EXTINTORES — INICIAL
6 nov a 9 nov
LISBOA
DIREÇÃO DE OBRAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS
10 nov a 11 nov
LISBOA
SISTEMAS DE DETEÇÃO DE INCÊNDIO E GASES
10 nov a 11 nov
PORTO
SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR GASES E ÁGUA NEBULIZADA
10 nov a 11 nov
PORTO
SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR ÁGUA
13 nov a 5 nov
LISBOA
SISTEMAS DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIOS
13 nov a 5 nov
PORTO
SISTEMAS DE DETEÇÃO DE INCÊNDIO E GASES
17 nov a 18 nov
PORTO
SISTEMAS DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIOS
20 nov a 22 nov
LISBOA
TÉCNICO RESPONSÁVEL DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS — RENOVAÇÃO
LISBOA
SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR GASES E ÁGUA NEBULIZADA
LISBOA
EVACUAÇÃO DE EDIFÍCIOS
25 nov
PORTO
GESTÃO DA MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
25 nov
23 nov 24 nov a 25 nov
SEGURANÇA ELETRÓNICA /SECURITY PORTO
TÉCNICO DE SECURITY
23 set a 28 out
PORTO
SISTEMAS DE DETEÇÃO DE INTRUSÃO
29 set
PORTO
SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA
30 set
PORTO
SISTEMAS DE CONTROLO DE ACESSOS
13 out
LISBOA
TÉCNICO DE SECURITY
LISBOA
REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA PRIVADA
14 out
LISBOA
SISTEMAS DE DETEÇÃO DE INTRUSÃO
20 out
LISBOA
SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA
21 out
LISBOA
SISTEMAS DE CONTROLO DE ACESSOS
27 out
LISBOA
AVALIAÇÃO E GESTÃO DE SISTEMAS DE SECURITY
3 nov
LISBOA
REDES INFORMÁTICAS APLICADAS AOS SISTEMAS ELETRÓNICOS DE SEGURANÇA
4 nov
LISBOA
SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA — AVANÇADO
16 nov a 18 nov
PORTO
SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA — AVANÇADO
14 dez a 16 dez
14 out a 4 nov
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
23.
— TEMA DE CAPA
Qualidade nos sistemas de proteção passiva contra incêndios. A Proteção Passiva Contra Incêndios é muitas vezes considerada uma salvaguarda invisível que protege os ocupantes de um edifício em caso de incêndio. Muitos dos sistemas de proteção passiva estão incorporados nos elementos de construção de um edifício, não se veem, mas o seu papel é fulcral para garantir a correta evacuação de um edifício ou impedir que este colapse. Nesta edição abordamos os critérios de qualidade na especificação, instalação e manutenção destes sistemas de proteção e abordamos o caso particular da proteção de estruturas metálicas.
24.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
1
— COMO ESPECIFICAR A PROTEÇÃO PASSIVA CORRETA TEXTO Niall Rowan Diretor Técnico da Associação Europeia para Proteção Passiva contra Incêndios (EAPFP)
Quando ocorre um incêndio num edifício, a proteção passiva contra incêndio torna o edifício mais seguro, evitando o seu colapso e subdividindo-o em compartimentos para evitar a propagação dos fumos e do fogo. A proteção passiva contra incêndio inclui as portas resistentes ao fogo, os pavimentos e paredes resistentes ao fogo, a proteção das estruturas do edifício e dos serviços técnicos que atravessam as paredes e os pavimentos resistentes ao fogo. A proteção passiva contra incêndio funciona, mantendo o fogo e o fumo num único compartimento, assegurando que não existem aberturas através das quais as chamas e o fumo se possam propagar.
Na maior parte dos países, os regulamentos de construção estabelecem requisitos mínimos para a proteção da vida humana na conceção e construção de edifícios. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Na maior parte dos países, os regulamentos de construção estabelecem requisitos mínimos para a proteção da vida humana na conceção e construção de edifícios residenciais, comerciais e industriais. Estes regulamentos são muitas vezes complementados e explicados por outros documentos orientativos (como o Documento Aprovado B em Inglaterra e no País de Gales), que fornecem orientações detalhadas para o cumprimento dos Regulamentos de Construção. É fundamental que todas as medidas passivas de proteção contra incêndio sejam corretamente concebidas, especificadas e instaladas, para que em caso de incêndio o edifício se comporte como esperado. 25.
— TEMA DE CAPA
Embora seja razoável assumir que as soluções de proteção contra incêndio instaladas tenham o desempenho esperado em caso de incêndio, a realidade é que por vezes isso não acontece. Muitas vezes não é exigido qualquer tipo de qualificação ou formação para os instaladores, o que pode levar à incorreta especificação e instalação das soluções de proteção contra incêndio que, como tal, não apresentarão um desempenho tão bom como deveriam. Para além disso, as remodelações efetuadas a edifícios já contruídos, por outras entidades ou pelos próprios residentes, que podem incluir, por exemplo, a substituição das portas de entrada dos blocos de apartamentos, por razões puramente estéticas, pode significar o comprometimento da proteção passiva contra incêndio. OS ERROS MAIS COMUNS NA ESPECIFICAÇÃO As selagens resistentes ao fogo são uma solução de proteção passiva contra incêndio que, estando presente em quase todos os aspetos dos edifícios, desde as portas resistentes ao fogo à proteção dos atravessamentos de paredes resistente ao fogo, muitas vezes é especificada de forma incorreta. A frequente utilização incorreta de espumas de poliuretano (PU) “resistente ao fogo” é um exemplo típico de proteção contra incêndio que é especificada de forma inadequada. As espumas de PU são sistematicamente utilizadas em juntas lineares, tais como aberturas estreitas entre paredes de alvenaria ou entre o aro da porta e a construção de suporte. No entanto, o comportamento ao fogo das selagens tem de ser determinado por meio dos ensaios estabelecidos nas normas de ensaio nacionais ou Europeias apropriadas. No entanto, o facto destas espumas serem adequadas à vedação de aberturas estreitas entre paredes de alvenaria, não significa que possam ser usadas para vedar aberturas de atravessamentos de tubagens ou cablagens, a menos que tenham sido ensaiadas com sucesso para esse fim. Uma espuma de PU utilizada para preencher uma abertura de 10 mm de largura por 100 mm de profundidade, poderá conferir resistência ao fogo durante o tempo referido 'na embalagem', mas utilizá-la numa abertura com 50 mm de largura por 50mm de profundidade poderá conferir uma proteção de apenas alguns minutos. É fundamental que o campo de aplicação dos resultados do ensaio seja avaliado por uma pessoa competente, uma vez que estes produtos não devem ser utilizados fora do campo de aplicação definido. (para mais informações veja o 26.
video The correct specification & installation of firestopping da ASFP). GARANTIR COMPETÊNCIA Se for responsável pela especificação dos produtos ou sistemas que vão assegurar o desempenho de resistência ao fogo da construção de um edifício, ou se é responsável por nomear o instalador, é também sua a responsabilidade de garantir que este pode provar a sua competência para executar as medidas de proteção contra incêndio adotadas. Se as recomendações forem conscientemente ignoradas e isso conduzir a uma falha no desempenho de resistência ao fogo de qualquer elemento de proteção contra incêndio instalado num edifício, então, é provável que seja considerado tão culpado quanto o instalador. Uma das etapas fundamentais para garantir esta competência é através da especificação de produtos certificados por terceira parte, que por sua vez devem ser instalados por instaladores certificados, garantindo assim um percurso auditável desde o especialista que instalou a medida de proteção contra incêndio em questão, até ao fabricante dos produtos ou sistemas. Este processo de certificação inclui: — A seleção de amostras provenientes da fábrica ou do mercado; — A supervisão por meio de ensaios, controlo de produção em fábrica, procedimentos de auditoria regulares e avaliação dos sistemas de gestão da qualidade, para garantir consistência na produção; — A marcação que identifica o organismo de certificação; — A manutenção do registo do produto certificado; — A inspeção das instalações por uma entidade independente; — A emissão, pelo instalador, de certificados de conformidade acreditados. A certificação de produtos por terceira parte é a única forma de garantir aos arquitetos, projetistas, autoridades competentes e proprietários dos edifícios, com um elevado nível de confiança, que os produtos são 'adequados à finalidade'. Ao selecionar produtos e instaladores certificados por terceira parte, poderá ter a certeza que nos trabalhos realizados vão ser utilizados materiais adequados e que estes serão instalados corretamente. A Associação Europeia para Proteção Passiva contra Incêndios (EAPFP) é uma federação de associações empresariais de proteção passiva contra incêndio de toda a Europa. Cada associação empresarial representa fabricantes e instaladores de proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Fig. 1 Os revestimentos aplicados em estruturas metálicas garantem uma maior resistência ao fogo da estrutura dos edifícios.
produtos e sistemas de proteção passiva contra incêndio. A EAPFP apoia a certificação de terceira parte de produtos e das entidades que instalam esses mesmos produtos. INTERPRETAR ENSAIOS DE REAÇÃO E RESISTÊNCIA AO FOGO Ao especificar qualquer produto de proteção contra incêndio é fundamental determinar a pertinência do ensaio, da inspeção, da avaliação da conceção ou dos processos de avaliação adotados. Por outras palavras, para assegurar que os ensaios e a certificação apresentados atestam o desempenho ao fogo exigido. A forma como interpreta a validade de um relatório de ensaio, avaliação ou certificação pode fazer a diferença no cumprimento da medida de proteção contra incêndio em questão com o seu objetivo. Nem sempre é possível ensaiar em condições reais todas as utilizações possíveis de um produto ou sistema. Nestas circunstâncias, realizam-se diversos ensaios com diferentes configurações, dos quais resulta uma extrapolação dos dados que é incluída no relatório de ensaio. Este ensaio ou avaliação de desempenho é realizado por um laboratório de ensaios reconhecido a nível nacional, ou por um
Fig. 2 A lã de rocha é um dos tipos de materiais utilizados na proteção contra incêndio em edifícios.
mais do que a ilusão de uma solução que não tem qualquer fundamentação prática. Não é errado os fabricantes realizarem ensaios deste género para observar e avaliar a forma como os seus produtos ou sistemas poderão comportar-se em conjunto com o tipo de configuração com o qual poderá ser utilizado. No entanto, conforme normalmente indicado pelos
— Certifique-se que lhe entregaram o relatório de ensaio completo e não apenas os resultados do ensaio realizado, uma vez que todas as condições para a utilização do ensaio são referidas na introdução do relatório; — Se os dados disponibilizados forem baseados num ensaio individual de pequena escala, peça evidências
Para mais informações consulte a página eletrónica da ASFP (Associação para Especialistas em Proteção Contra incêndio), www.asfp.org.uk e na secção de publicações: notas orientadoras (http://asfp.associationhouse.org. uk/default.php?cmd=210&doc_ category=241) descarregue as notas orientadoras relacionadas ao ensaio Indicativo ou Ad-hoc; e Compreender o termo “pessoa competente” em relação à instalação de proteção passiva contra incêndio. Para mais informações sobre a proteção passiva contra incêndio consultar a página eletrónica www. eapfp.com. Para aceder a todas as orientações técnicas de acesso livre da ASFP, a vídeos e a publicações, visite www.asfp.org.uk.
consultor de segurança contra incêndio qualificado com base numa norma considerada apropriada, por exemplo, uma Norma Europeia. Estes relatórios não devem ser confundidos com os ensaios 'indicativos' ou 'ad-hoc'. A EAPFP, juntamente com diversos Organismos de Certificação, está preocupada com a utilização indiscriminada destes relatórios de ensaio limitados que podem levar a pensar que resolvem o problema, mas que na realidade dão pouco
laboratórios de ensaio nos seus relatórios, os resultados obtidos são para o uso exclusivo dos contratantes do ensaio e como tal, não devem ser usados para demonstrar o desempenho da solução com base na norma de ensaio que lhe é aplicável, nem deve ser considerados como um meio para avaliar um produto ou sistema por oposição a qualquer requisito regulamentar. Caso os resultados destes ensaios sejam propostos, então, é essencial considerar o seguinte:
de ensaios de grande escala em conformidade com a norma de ensaio aplicável; — Se tiver dúvidas quanto à validade dos dados disponibilizados para as condições em que os produtos vão ser utilizados, procure aconselhamento junto do organismo que realizou o ensaio, ou solicite ao fabricante da solução uma declaração escrita do organismo responsável pelo ensaio, para o efeito. V
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— TEMA DE CAPA
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— INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO DE SOLUÇÕES DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIO TEXTO Ana Ferreira APSEI
A proteção passiva contra incêndio, apesar de passar praticamente despercebida à generalidade dos cidadãos, é uma das medidas de proteção contra incêndio mais relevantes, já que, quando devidamente selecionada, instalada e mantida, pode garantir a estabilidade do edifício durante o tempo necessário ao salvamento dos seus ocupantes, as condições de ar ambiente necessárias à salvaguarda da vida humana e à intervenção dos meios de socorro, bem como à limitação da propagação do incêndio. Sendo a seleção e a instalação fatores fundamentais para o cumprimento dos objetivos dos sistemas de proteção contra incêndio, com o presente artigo pretendemos destacar a questão concreta da inspeção e manutenção dos sistemas de proteção passiva contra incêndio, não obstante a relevância das restantes vertentes da proteção contra incêndio. A inspeção e a manutenção dos sistemas de proteção contra incêndio são um fator critico, já que, lamentavelmente, a nível nacional ainda não existe uma efetiva cultura de segurança. Apesar de atualmente o Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios já ser do conhecimento geral dos proprietários e entidades exploradoras dos edifícios, verificando-se alguma preocupação com o cumprimento das obrigatoriedades legais decorrentes desta legislação, designadamente no referente à instalação dos equipamentos e sistemas de proteção contra incêndio e à elaboração das medidas de autoproteção, a verdade é que, muitas vezes, a proteção contra incêndio termina com a instalação das soluções e a definição da organização e gestão de segurança do edifício. Ora, a existência das soluções de proteção contra incêndio e das medidas de autoproteção não constituem um fim por si só, mas um meio para garantir a salvaguarda dos ocupantes e a proteção dos bens e do negócio. Neste sentido, é fundamental garantir que os ocupantes dos edifícios recebem a formação e a informação necessárias em termos de segurança contra incêndio, mas também que os equipamentos 28.
e sistemas existentes nos edifícios são mantidos em condições de correto funcionamento, o que só é possível através da realização de verificações periódicas a esses equipamentos e sistemas, por parte do proprietário ou entidade exploradora do espaço, e de manutenções regulares, por parte de empresas e técnicos especializados, devidamente autorizados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, conforme previsto na legislação nacional. Assim, se a inspeção e a manutenção de equipamentos e sistemas que vimos diariamente e que identificamos como uma medida de proteção contra incêndio, como é o caso dos extintores de incêndio e dos carretéis de incêndio, são ainda questões criticas, o que dizer da inspeção e manutenção de soluções que regra geral nem conseguimos identificar? Falamos em concreto das soluções de proteção passiva, tão importantes para a proteção do edifício e dos seus ocupantes em caso de incêndio. Nestas soluções, incluem-se, de um modo geral, as portas e os envidraçados resistentes ao fogo e ao fumo, os sistemas de controlo de fumo, os revestimentos contra incêndio e os sistemas de compartimentação contra incêndio, nos quais se incluem as selagens resistentes ao fogo. Lamentavelmente, a verdade é que estas inspeções e manutenções muitas vezes não existem. Os edifícios são espaços dinâmicos, decorrente das atividades que aí se desenvolvem, o que muitas vezes, em matéria de segurança contra incêndio, resulta no dano e mesmo na eliminação completa das soluções de proteção passiva contra incêndio inicialmente instaladas. Havendo uma situação de incêndio, tendo o desempenho destas soluções sido comprometido e não corrigido, o que vai acontecer é que estas soluções não vão conseguir cumprir a sua função primária, podendo um pequeno foco de incêndio terminar, em última instância, na perda da vida humana. Assim, o objetivo do presente artigo é alertar para a importância de se garantir, em permanência, as condições de segurança contra incêndio dos edifícios. Neste sentido, proteger JULHO | SETEMBRO 2017
irão ser abordadas as obrigatoriedades legais aplicáveis aos proprietários e entidades exploradoras dos edifícios, os referenciais que definem os procedimentos mínimos de inspeção e manutenção de soluções de proteção passiva contra incêndio e, finalmente, dados a conhecer alguns exemplos de checklists de inspeção e manutenção que podem ser aplicados de modo a garantir o correto funcionamento das soluções. INSPEÇÃO VS. MANUTENÇÃO Incluídas na obrigatoriedade de implementação de medidas de autoproteção, estão a conservação e manutenção dos equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio existentes nos edifícios. Ora, sendo as medidas de autoproteção uma responsabilidade do proprietário ou entidade exploradora do edifício, na pessoa do Responsável de Segurança, é também competência destas entidades assegurar que os equipamentos de segurança contra incêndio são sujeitos a verificações e manutenções regulares. Neste sentido, o Responsável de Segurança deve garantir obrigatoriamente que: — As soluções de proteção passiva são sujeitas a inspeções periódicas. A determinação da periodicidade destas verificações deve ser efetuada tendo por base uma avaliação de riscos do espaço a proteger que tenha em consideração, entre outros, as particularidades do edifício e as atividades aí desenvolvidas. Neste sentido, esta periodicidade deverá ser tão mais frequente quanto maior a agressividade do meio envolvente. Não obstante, caso o fabricante da solução aconselhe a realização de verificações periódicas específicas estas verificações e as suas periodicidades devem, naturalmente, ser obrigatoriamente asseguradas. Não esquecer que, no âmbito das medidas de autoproteção, estas verificações e os seus resultados devem ser registados e incluídos nos registos de segurança que integram as medidas de autoproteção do edifício.
— As soluções de proteção passiva são sujeitas a manutenções periódicas. Estas manutenções necessitam de ser realizadas obrigatoriamente por entidade registada na Autoridade Nacional de Proteção (Civil) na área de manutenção da solução de proteção passiva em questão (portas e envidraçados resistentes ao fogo e fumo e/ou sistemas de controlo de fumo e/ou revestimentos e sistemas de compartimentação contra incêndio). A periodicidade destas manutenções pode ser especificada pelo fabricante da solução, pelas normas europeias e
nacionais aplicáveis à solução ou ainda por documentação técnica complementar à legislação, como é o caso das Notas Técnicas da ANPC. Destas manutenções deve resultar obrigatoriamente um relatório de manutenção que deve ser incluído nos registos de segurança que fazem parte das medidas de autoproteção do edifício. REFERENCIAIS TÉCNICOS DE INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO A legislação nacional de segurança contra incêndio em edifícios, designadamente o Regulamento Técnico de Segurança
contra Incêndio em Edifícios (Portaria nº 1532/2008, de 29 de dezembro), estabelece de forma clara a necessidade dos equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio terem de ser sujeitos a verificações e manutenções obrigatórias. No entanto, esta legislação não define os procedimentos mínimos que têm de ser assegurados às referidas medidas de proteção contra incêndio nem as suas periodicidades. Efetivamente, a legislação nacional não deve estabelecer estas questões, mas remeter para os referenciais técnicos que estabelecem estas disposições.
MANUTENÇÃO
VERIFICAÇÃO REGULAR
PORTA RESISTENTE AO FOGO E FUMO DE MADEIRA 1 E 2 FOLHAS, COM E SEM ENVIDRAÇADOS
AÇÕES DE VERIFICAÇÃO REGULAR/MANUTENÇÃO
PORTA RESISTENTE AO FOGO E FUMO ENVIDRAÇADO 1 E 2 FOLHAS
COMPONENTE
PORTA RESISTENTE AO FOGO E FUMO METÁLICA 1 E 2 FOLHAS
PROCEDIMENTO
— Quadro 1 — Ações de verificação regular/manutenção de portas resistentes ao fogo e envidraçados (Fonte: NP 4513:2012).
Identificação
Verificar se a porta possui chapa ou outros elementos de identificação legíveis.
Fita Intumescente
Verificar se a porta possui fitas intumescentes, seu estado e posicionamento, se aplicável.
Mola/Sistema Fecho
Verificar o curso, o correto funcionamento e o fecho da porta.
Acessórios
Verificar o estado geral (Puxador; Barra Anti-Pânico; Cilindro; Fechadura, etc.).
Aro
Verificar o estado geral do aro e da folha da porta (acabamento, faltas de material, fixação, aperto das dobradiças, etc.).
Porta Porta e Aro
Verificar que as folgas se mantêm constantes entre a folha da porta e o aro.
X
X
Vidros e Envidraçados
Verificar se o vidro está isento de qualquer dano e se as fitas e os perfis de fixação estão perfeitamente fixos.
X
Dispositivos de Retenção Eletromagnéticos
Verificar o funcionamento dos dispositivos de retenção.
Puxador/Barra Anti-Pânico
Desapertar Puxador / Barra Anti-Pânico.
Cilindro
Desapertar cilindro (caso exista).
Fechadura
Desapertar fechadura (caso exista).
Fechadura
Verificar funcionamento da fechadura, limpar e lubrificar; Voltar a colocar.
Cilindro
Verificar funcionamento do cilindro, limpar e lubrificar; Voltar a colocar.
Puxador/Barra Anti-Pânico
Verificar funcionamento do puxador/Barra Anti-Pânico, limpar e lubrificar; Voltar a colocar.
Dobradiças
Lubrificar dobradiças (se necessário desmontar e limpar).
Mola/Sistema Fecho
Afinar a mola/sistema de fecho e verificar o curso de fecho.
Borracha/Silicone
Verificar as juntas do vidro e se necessário substituir.
X
Seletor de Fecho
Afinar o seletor de fecho.
*
*
Fita Intumescente
Verificar o estado da fita intumescente e substituir se necessário.
Dispositivos de Retenção Eletromagnéticos
Verificar o dispositivo de retenção eletromagnético, se existir, por atuação dos comandos locais.
* Não aplicável às portas de 1 folha.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
29.
— TEMA DE CAPA
Esta questão foi muito bem conseguida no caso dos extintores de incêndio, já que o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios remete a manutenção dos extintores de incêndio para a norma nacional NP 4413. Já para as restantes soluções de proteção contra incêndio, a legislação nacional é omissa, não identificando os referenciais a seguir. Assim sendo, como saber que referenciais seguir na inspeção e manutenção de soluções de proteção contra incêndio? Bem, os documentos que podem ser adotados e, portanto, vertidos nas medidas de autoproteção, no que à periodicidade e procedimentos de manutenção diz respeito, são os apresentados a seguir: — Instruções do fabricante; — Normas europeias aplicáveis; — Normas nacionais aplicáveis; — Notas Técnicas da Autoridade Nacional de Proteção Civil. No caso concreto das soluções de proteção passiva contra incêndio, não existem normas europeias nem Notas Técnicas da ANPC que especifiquem os procedimentos e as periodicidades a seguir. Não obs-
tante, a norma nacional NP 4513, norma voluntária de certificação de serviços de comercialização, instalação e manutenção de equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio em edifícios, integra checklists de inspeção e manutenção da generalidade da soluções de proteção contra incêndio, podendo, portanto, ser o referencial de eleição, no caso das soluções de proteção passiva contra incêndio, para além, claro, das instruções dos próprios fabricantes das soluções. CHECKLISTS DE INSPEÇÃO DE SOLUÇÕES DE PROTEÇÃO PASSIVA CONTRA INCÊNDIO A título exemplificativo, apresentamos algumas das checklists de soluções de proteção passiva contra incêndio estabelecidas pela norma nacional NP 4513. Esta norma foi elaborada pela Comissão Técnica 46, sob coordenação do ONS/APSEI, tendo sido assegurado que as disposições da norma refletem as melhores práticas do setor da segurança no momento da sua elaboração. Tendo em consideração a grande variedade de soluções de proteção passiva
contra incêndio existentes, apresentam-se as checklists referentes às portas e envidraçados resistentes ao fogo e aos sistemas de compartimentação e revestimentos contra incêndio (ver Quadro 1). A NP 4513 estabelece que as operações de verificação das portas e envidraçados resistentes ao fogo devem ser efetuadas de 3 em 3 meses ou intervalo menor caso a utilização da porta o justifique, e que as operações de manutenção, que devem necessariamente incluir todas as operações de verificação regular, devem ser efetuadas anualmente ou intervalo menor caso a utilização da porta o justifique. No caso dos sistemas de compartimentação e revestimentos contra incêndio, a NP 4513 estabelece que as operações devem ser efetuadas anualmente. A Norma NP 4513 encontra-se atualmente em revisão, pelo que, apesar de estarem previstas alterações pontuais às checkists de inspeção e manutenção, resultante desta revisão, apresentam-se as disposições correspondentes à versão atualmente em vigor (NP 4513:2012). V
— Quadro 2 — Ações de manutenção de paredes, tetos, revestimentos e selagens (Fonte: NP 4513:2012). AÇÕES DE MANUTENÇÃO Verificar se as paredes e tetos resistentes ao fogo e fumo estão conforme as especificações técnicas aplicáveis e o projeto de SCIE. Verificar a ocorrência de alterações estruturais face ao projeto de SCIE aprovado. Verificar a existência de condições que possam ocasionar a deterioração ou dano das paredes e tetos resistentes ao fogo e fumo e, se possível, eliminar essas condições (ex. humidade ou outras condições identificadas pelo fabricante). Verificar a integridade das paredes, nomeadamente a existência de sinais de rutura, deformação e deterioração.
REVESTIMENTOS PARA PROTEÇÃO DE ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO
Quando constatados quaisquer sinais de deficiência, e sempre que possível, proceder à reparação ou substituição das paredes e tetos de modo a restituir as propriedades de resistência ao fogo e fumo originais. Verificar se os revestimentos estão conforme as especificações técnicas aplicáveis e o projeto de SCIE.
SELAGENS RESISTENTES AO FOGO E FUMO
PAREDES E TETOS RESISTENTES AO FOGO E FUMO
SISTEMA
Inspecionar visualmente os sistemas de modo a comprovar a sua conformidade com o sistema original.
Verificar a existência de condições que possam ocasionar a deterioração ou dano dos revestimentos e, se possível, eliminar essas condições (ex. humidade ou outras condições identificadas pelo fabricante). Verificar a integridade dos revestimentos, nomeadamente no referente a empolamento, descamação, deterioração e manchas de humidade. Quando constatados quaisquer sinais de deficiência, proceder à reparação dos revestimentos de modo a restituir as propriedades de resistência ao fogo e fumo originais.
Executar os procedimentos de manutenção recomendados pelos fabricantes.
GERAL
Verificar a existência, em arquivo, da identificação, informação técnica e localização dos sistemas e reparações efetuadas. Verificar se as etiquetas (quando aplicável) com marcações relativas à identificação e caracterização dos sistemas estão legíveis e registar os dados no relatório de intervenção técnica. Em caso de reparação, deve ser aposta nova etiqueta com a data da reparação e nome da entidade que a executou.
30.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
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— PROTEÇÃO PASSIVA DE ESTRUTURAS METÁLICAS CONTRA INCÊNDIOS – A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA TEMPERATURA CRÍTICA TEXTO Paulo Vila Real Prof. Catedrático da Universidade de Aveiro
INTRODUÇÃO A aplicação racional de proteção passiva contra incêndios em elementos estruturais metálicos obriga ao conhecimento do valor da respetiva temperatura crítica. Conhecido este valor, pode determinar-se a espessura do material de proteção de modo a que a temperatura crítica não seja atingida antes do tempo de resistência ao fogo definido regulamentarmente. Este procedimento pode ser realizado analiticamente através da resolução da equação de condução de calor ou pode basear-se na consulta direta de tabelas fornecidas pelos fabricantes. Estas tabelas, obtidas experimentalmente, fornecem, como veremos, a espessura do material de proteção em função do fator de massividade do perfil metálico em causa, da temperatura crítica e do tempo de resistência ao fogo exigido. Por seu lado a temperatura crítica de um elemento estrutural metálico pode ser obtida por via analítica, através das expressões de cálculo prescritas na Parte 1.2 do Eurocódigo 3[1] ou utilizando os valores definidos por defeito no Anexo Nacional da mesma parte deste Eurocódigo. O segundo procedimento é naturalmente mais conservativo e, portanto, menos económico uma vez que não tem em conta o grau de carregamento dos elementos estruturais. Pretende-se com este artigo realçar a importância do conhecimento da temperatura crítica para o dimensionamento da espessura dos materiais de proteção passiva contra incêndio. O CONCEITO DE TEMPERATURA CRÍTICA Pode definir-se a temperatura crítica de um elemento estrutural metálico como sendo a temperatura para a qual ocorre o colapso 32.
AÇO (IPE 300)
BETÃO (30X30 CM2)
ΔT=22°C
ΔT=794°C
do elemento quando sujeito à ação do fogo. Este conceito de temperatura crítica só pode ser utilizado nos elementos estruturais em que é possível admitir um campo de temperaturas uniforme. É o que sucede nos elementos metálicos em que essa hipótese é normalmente verificada, como se ilustra na figura 1, onde se compara a distribuição de temperaturas na secção transversal de um elemento metálico em I e de um elemento de betão com secção quadrangular ao fim de 30 minutos de exposição à curva de incêndio padrão ISO 834. Como se pode ver, na secção metálica o campo de temperaturas é praticamente uniforme, com uma diferença entre a temperatura mínima e máxima de apenas 22ºC, mas na secção de betão o gradiente térmico é significativo (794ºC), impedindo a assunção de um campo de temperaturas uniforme. Por esta proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Fig. 1 Distribuição de temperaturas ao fim de 30 minutos de exposição ao incêndio padrão de um elemento estrutural metálico em I e de uma secção quadrada de betão.
razão o conceito de temperatura crítica é usado apenas nos elementos estruturais metálicos, o que torna mais simples, para estes elementos, o dimensionamento da espessura do material de proteção passiva a utilizar. São vários os materiais de proteção passiva existentes no mercado, sendo as tintas intumescentes, as argamassas projetadas ou as placas rígidas de silicato de cálcio os mais usuais. Não cabe neste artigo a descrição destes materiais. Focar-nos-
Θcrit, 1
Θcrit, 2
Θcrit, 2 < Θcrit, 1
Fig. 2 Conceito de temperatura crítica.
emos apenas no conceito de temperatura crítica e nas vantagens do seu conhecimento para o dimensionamento da espessura dos materiais de proteção. Quanto maior é o valor da temperatura crítica menos gravosa é a situação em que se encontra o elemento estrutural quando sujeito a altas temperaturas. Vejamos a figura 2, onde estão representadas duas colunas de aço exatamente iguais, mas sujeitas a cargas diferentes. Estando a
coluna da direita mais carregada, a sua temperatura crítica será naturalmente menor, ou seja, o tempo necessário para que entre em colapso quando sujeita a um incêndio será menor do que para a coluna da esquerda e consequentemente a sua resistência ao fogo, no caso de não ser protegida, será menor. O conceito acabado de introduzir é importante pois, por vezes, erradamente, se considera que proteger para uma temperatura mais elevada é sinal de maior segurança. Por outro lado, deve também salientar-se que se as temperaturas críticas destas duas colunas não forem calculadas tendo em conta o seu grau de carregamento, e se se optar por usar a temperatura crítica dada por defeito no Anexo Nacional da NP EN 1993-1-2[1], as duas colunas seriam protegidas com a mesma espessura de material de proteção, o que manifestamente não é económico, pois facilmente se percebe que, para a mesma exigência de resistência ao fogo, a coluna da esquerda, menos carregada, necessitará de menor proteção térmica que a da direta. Refira-se que a resistência ao fogo de um elemento estrutural se define pelo tempo que decorre desde o início do processo de aquecimento até ao instante em que o elemento deixa de desempenhar as funções para que foi projetado, neste caso, funções de suporte de cargas. Cabe ao projetista de estruturas, o cálculo das temperaturas críticas dos vários elementos estruturais e a sua inclusão no projeto de estabilidade, devendo a definição da resistência ao fogo exigida regulamentarmente estar expressa no projeto de segurança contra incêndios. Com base nesta informação, temperatura crítica e tempo de resistência ao fogo exigido regulamentarmente, o dono de obra poderá solicitar a proteção passiva necessária. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
O CÁLCULO DA TEMPERATURA CRÍTICA Como referido, cabe ao projetista de estruturas o cálculo da temperatura crítica. Este cálculo deve basear-se nas expressões da Parte 1-2 do Eurocódigo 3[1]. No entanto, se o projetista não realizar esses cálculos, pode sempre usar as temperaturas críticas dadas por defeito no Anexo Nacional da NP EN 1993-1-2[1]. Não cabe neste artigo a exemplificação do cálculo da temperatura crítica, a qual pode ser encontrada em bibliografia especializada[2,3]. Justifica-se, no entanto, uma referência mais detalhada às temperaturas críticas dadas por defeito no Eurocódigo 3. Assim, no caso de se tratar de elementos estruturais de Classe 4 (secções de paredes esbeltas) a NP EN 1993-1-2[1] fornece, na NOTA 2 da cláusula 4.2.3.6 a temperatura crítica de 350ºC. Para as outras Classes de secções transversais o Anexo Nacional da NP EN 1993-1-2[1] estipula que na ausência do cálculo da temperatura crítica, deve ser considerado, que elementos das Classes 1, 2 e 3 utilizados em edifícios correntes possuem resistência ao fogo adequada, desde que a temperatura do aço não ultrapasse, antes do tempo de resistência ao fogo regulamentar, os seguintes valores limites, ou seja as seguintes temperaturas críticas: — Para todos os elementos tracionados e para vigas em que a encurvadura lateral não é um potencial modo de colapso: — 540ºC em todas as zonas dos edifícios que não estejam sujeitas a sobrecargas da categoria E (zonas que não sejam de armazenamento); — 525ºC em todas as zonas dos edifícios sujeitas a sobrecargas da categoria E (zonas de armazenamento). 33.
— TEMA DE CAPA Fig. 3 Reprodução das tabelas de um fabricante com espessuras de tinta intumescente para temperaturas críticas de 500ºC e 620ºC.
— Tabela 1 — Vigas de secção em I aquecidas em três lados a 500ºC. 60 m
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
— Para todas as outras situações e em particular para elementos em que possam ocorrer fenómenos de instabilidade: — 500ºC DIMENSIONAMENTO DA ESPESSURA DO MATERIAL DE PROTEÇÃO PASSIVA O dimensionamento da espessura do material de proteção passiva a aplicar a um elemento estrutural metálico deverá ser feito com base na sua temperatura crítica e na resistência ao fogo exigida. O procedimento deve basear-se, como se referiu, em cálculos analíticos, obrigando ao conhecimento das propriedades térmicas do material de proteção, ou de um modo mais expedito, à custa de tabelas fornecidas pelo fabricante do material, baseadas em ensaios experimentais realizados em laboratórios acreditados. Estas tabelas são obtidas para os vários tipos de elementos estruturais, vigas ou colunas, para determinadas temperaturas e tempos de resistência ao fogo, normalmente 30, 60, 90 e 120 minutos. A figura 3 reproduz duas tabelas de um fabricante, que fornecem a espessura de tinta intumescente necessária a que um elemento estrutural, neste caso viga exposta em três lados ao incêndio padrão ISO 834 em função do fator de massividade, para três tempos de resistência ao fogo distintos, 60, 90 e 120 minutos. Os fabricantes solicitam a laboratórios de resistência ao fogo acreditados a realização de tabelas equivalentes às ilustradas na figura 3, para várias temperaturas, normalmente 350, 400, 450, 500, 550, 600, 620, 650 e 700ºC. Conhecida a temperatura crítica deve utilizar-se a tabela correspondente à temperatura imediatamente inferior a essa temperatura crítica. Chama-se a atenção para o facto de as tabelas reproduzidas na figura 3 dizerem respeito a uma marca específica de tinta intumescente, pelo que não podem ser utilizadas de modo generalizado. EXEMPLO DE APLICAÇÃO Considere-se uma viga em IPE 500 sem possibilidade de estar sujeita a fenómenos de instabilidade e pertencente a uma zona de um edifício que não é de armazenamento. Admita-se que, efetuado o cálculo estrutural ao fogo, se obteve uma temperatura crítica 34.
90 m
ESPESSURA mm
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
30
0.228
35
0.234
180
0.798
200
185
0.820
205
40
0.250
45
0.266
190
0.841
210
195
0.863
215
50
0.283
200
0.884
220
55
0.299
205
0.905
60
0.315
210
65
0.332
70 75 80
120 m
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
3.115
145
3.162
3.193
150
3.271
3.271
155
3.380
3.349
160
3.489
3.427
165
3.598
225
3.505
170
3.707
0.927
230
3.582
215
0.948
235
3.660
0.348
220
0.970
0.364
225
0.991
0.381
230
1.061
85
0.397
235
1.161
90
0.413
240
1.262
95
0.433
245
1.363
100
0.454
250
1.464
105
0.476
255
1.565
110
0.497
260
1.666
115
0.519
265
1.766
120
0.540
270
1.867
125
0.562
275
1.968
130
0.583
280
2.069
135
0.605
285
2.170
140
0.626
290
2.271
145
0.648
295
2.372
150
0.669
300
2.472
155
0.691
305
2.573
160
0.712
310
2.674
165
0.734
315
2.775
170
0.755
320
2.876
175
0.777
de 643ºC. Com base nas tabelas da figura 3 pretende-se dimensionar a espessura da tinta intumescente que garanta uma resistência ao fogo de 60 minutos (R 60), sabendo que a viga está aquecida em três lados. Admitindo que apenas se dispõe das duas tabelas representadas na figura 3, deve utilizar-se a que correspondente à temperatura de 620ºC, pois é a tabela elaborada para a temperatura mais próxima e inferior à temperatura crítica de 643ºC. Dado que o fator de massividade do perfil IPE 500 aquecido em três lados vale 133.1 m-1, poder-se-ia interpolar entre os valores das espessuras correspondentes aos fatores de massividade de 130m-1 e 135m-1. Como o erro é pequeno e se está do lado da segurança, consideraremos a espessura proteger JULHO | SETEMBRO 2017
ESPESSURA mm
correspondente a um fator de massividade de 135m-1. A tabela fornece uma espessura de 0.402mm. No caso de não ter sido efetuado o cálculo da temperatura crítica, deve utilizar-se o valor da temperatura crítica dado por defeito no Anexo Nacional da NP EN 1993-1-2[1]. Este Anexo Nacional fornece, para elementos estruturais que não sofram instabilidade e estejam sujeitos a sobrecargas da categoria E, o valor da temperatura crítica de 540ºC. Para esta temperatura e um fator de massividade de 135m-1 a tabela correspondente a uma temperatura de 500ºC fornece a espessura de 0.605. Ou seja, se não for efetuado o cálculo da temperatura crítica haverá um gasto suplementar de tinta intumescente de cerca de 50%.
— Tabela 2 — Vigas de secção em I aquecidas em três lados a 620ºC. 60 m
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
90 m
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
120 m
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
FATOR DE MASSIVIDADE m-1
ESPESSURA mm
45
0.235
185
0.518
50
0.420
185
1.000
40
0.945
50
0.244
190
0.530
55
0.441
190
1.101
45
1.023
55
0.254
195
0.543
60
0.463
195
1.202
50
1.101
60
0.263
200
0.555
65
0.484
200
1.303
55
1.179
65
0.272
205
0.587
70
0.506
205
1.403
60
1.257
70
0.281
210
0.619
75
0.527
210
1.504
65
1.335
75
0.291
215
0.650
80
0.549
215
1.605
70
1.413
80
0.300
220
0.682
85
0.570
220
1.706
75
1.491
85
0.309
225
0.714
90
0.592
225
1.807
80
1.569
90
0.318
230
0.746
95
0.613
230
1.908
85
1.647
95
0.328
235
0.778
100
0.635
235
2.008
90
1.725
100
0.337
240
0.809
105
0.656
240
2.109
95
1.803
105
0.346
245
0.841
110
0.678
245
2.210
100
1.881
110
0.355
250
0.873
115
0.699
250
2.311
105
1.960 2.038
115
0.365
255
0.905
120
0.721
255
2.412
110
120
0.374
260
0.936
125
0.742
260
2.513
115
2.116
125
0.383
265
0.968
130
0.764
265
2.614
120
2.194
130
0.392
270
1.000
135
0.785
270
2.714
125
2.272
135
0.402
275
1.063
140
0.807
275
2.815
130
2.350
140
0.411
280
1.126
145
0.828
280
2.916
135
2.428
145
0.420
285
1.190
150
0.850
285
3.017
140
2.506
150
0.432
290
1.253
155
0.871
290
3.118
145
2.584
155
0.445
295
1.316
160
0.893
295
3.219
150
2.662
160
0.457
300
1.379
165
0.914
300
3.319
155
2.740
165
0.469
305
1.443
170
0.936
305
3.420
160
2.818
170
0.481
310
1.506
175
0.957
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3.521
165
2.896
175
0.494
315
1.569
180
0.979
315
3.622
170
2.974
180
0.506
320
1.632
175
3.052
CONCLUSÕES Neste artigo procurou-se apresentar o conceito de temperatura crítica e realçar a importância do seu conhecimento para o dimensionamento racional das espessuras dos materiais de proteção passiva necessárias para garantir uma determinada resistência ao fogo. Mostrou-se também a vantagem do recurso ao cálculo estrutural ao fogo em detrimento da utilização de temperaturas críticas definidas por defeito, as quais conduzem invariavelmente, nas situações
correntes, a soluções menos económicas. O exemplo apresentado evidenciou um gasto suplementar de tinta intumescente de cerca de 50%. Embora menos económica, a utilização das temperaturas críticas por defeito, definidas no Anexo Nacional da
180
3.130
185
3.208
190
3.286
195
3.364
200
3.442
205
3.520
210
3.599
215
3.677
NP EN 1993-1-2, é sempre um recurso válido que os projetistas devem utilizar quando não for efetuado o cálculo das temperaturas críticas. O projeto de estabilidade, como ficou referido, deve incluir esta informação. V
Referências [1] NP EN 1993-1-2, Eurocódigo 3: Projeto de estruturas de aço. Parte 1-1: Regras gerais e regras para edifícios, 2010. [2] V ILA REAL, P., Incêndio em Estruturas Metálicas – Cálculo Estrutural, Edições ORION, ISBN: 972-8620-04-7, novembro de 2003. [3] F RANSSEN, J-M; VILA REAL, P., Fire Design of Steel Structures, ECCS Press, ISBN 978-92-9147-128-7 and Ernst & Sohn a Wiley Company, ISBN 978-3-433-03143-8, 2nd Edition, outubro de 2015.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
35.
— GRANDE ENTREVISTA
GRANDE ENTREVISTA
Jaime Marta Soares “NOS BOMBEIROS SABEMOS QUE QUEM NÃO APRENDE, NÃO SABE, E QUEM NÃO SABE, NÃO SALVA.” ENTREVISTA Maria João Conde & Gonçalo Sítima APSEI FOTOGRAFIA Gonçalo Sítima
36.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
ENTREVISTA AO PRESIDENTE DA LIGA DOS BOMBEIROS PORTUGUESES, JAIME MARTA SOARES, SOBRE O ATUAL ESTADO DOS BOMBEIROS EM PORTUGAL E SOBRE O PAPEL QUE ESTES REPRESENTAM NA SOCIEDADE. ESTE ANO A LBP TERÁ ELEIÇÕES PARA OS SEUS CARGOS DIRETIVOS EM OUTUBRO E JAIME MARTA SOARES, QUE JÁ ANUNCIOU A SUA RECANDIDATURA, FAZ AINDA UM BALANÇO DO TRABALHO JÁ REALIZADO, DAS DIFICULDADES SENTIDAS NOS PROCESSOS DE NEGOCIAÇÃO COM O GOVERNO E DO QUE ENTENDE SER O FUTURO DA PROTEÇÃO CIVIL EM PORTUGAL.
Quantas corporações e associações de bom‑ beiros representa a Liga dos Bombeiros Portugueses atualmente? A Liga dos Bombeiros Portugueses é uma confederação que tem como associados todas as entidades detentoras de corpos de bombeiros, incluindo associações humanitárias, câmaras municipais e empresas privadas (corporações privadas). São no total 456 que integram o que consideramos o maior exército português, são 30.000 homens e mulheres no ativo. Estes são dados reais, obtidos por um recenseamento diário. Por isso desenganem-se aqueles que dizem que tem vindo a diminuir o número de bombeiros. Para além destes, existem ainda 15.000 bombeiros nos quadros de reserva e mais 15.000 nos quadros honorários. Quais os objetivos da Liga dos Bombeiros Portugueses e qual o seu papel na sociedade portuguesa? A LBP é o interlocutor com o governo, com a sociedade civil, com as autarquias locais e com todos aqueles que tenham responsabilidades na proteção civil. Legalmente, nenhuma legislação que diga respeito aos bombeiros portugueses, tanto da área administrativa como da área operacional, pode ser produzida sem que a LBP seja ouvida. Portanto, somos um parceiro fundamental na estrutura da proteção civil. Os objetivos da LBP passam por criar condições para a estabilidade nos bombeiros portugueses através da exigência de tudo aquilo
Nós queremos efetivamente mais e melhores ferramentas que alavanquem uma melhor prestação de serviço para garantir o bem-estar de todos os portugueses. que importa aos bombeiros e às populações, através da legislação, de propostas e de reformas que construímos. Por vezes conseguimos fazer com que o Governo aceite as nossas sugestões ou que negoceie connosco, mas muitas vezes não… infelizmente. Como as nossas propostas não têm sido aceites pelo Governo o resultado tem sido negativo e têm conduzido a um caminho que podia ter sido evitado, tanto na área administrativa como operacional. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Estes 60.000 homens e mulheres que referi têm um objetivo e uma função que é proteger as vidas e os haveres das populações. São um parceiro essencial para qualquer governo e autarquia. Não podemos esquecer que 98% da atividade de socorro em Portugal é realizada pelos bombeiros e que o combate a incêndios florestais, muito visível nestes meses, só corresponde a 7% da atividade dos corpos de bombeiros. Para terem uma melhor noção, digo-vos que 95% da atividade do INEM é realizada pelos bombeiros portugueses. Podem ver a força que tem os bombeiros neste contexto da proteção civil. Por isso, a confederação que responde por eles, a LBP, tem um papel muito importante. Desempenhamos este papel com satisfação e orgulho, mas também com muito sofrimento, porque muitas das vezes não conseguimos obter as respostas tão concretas como aquilo que são as necessidades e os desejos dos bombeiros portugueses. No entanto, não o fazemos só em benefício dos bombeiros portugueses, mas para que o serviço que prestamos às populações seja cada vez melhor. Nós queremos efetivamente mais e melhores ferramentas que alavanquem uma melhor prestação de serviço para garantir o bem-estar de todos os portugueses. E essa é uma questão que os governos não têm vindo a tomar a devida atenção. Para além do papel institucional, a Liga gere também o fundo de proteção social do bombeiro, um suporte social muito importante na 37.
— GRANDE ENTREVISTA
Jaime Marta Soares é presidente da Liga de Bombeiros Portugueses desde 2011. Foi Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares
entre 1976 e 2013 e deputado em várias Legislaturas desde 1979.
vida dos bombeiros. Este fundo é ativado nos casos em que bombeiros sem rendimentos suficientes, ou seja, abaixo do salário mínimo nacional, possam ter um apoio financeiro em determinadas situações (custos hospitalares, invalidez, perdas salariais, propinas escolares, apoio às famílias, creches, etc,). Em casos em que as apólices de seguros se esgotam como, por exemplo, com uma estadia prolongada num hospital, o fundo de proteção social é ativado. Como é financiado este fundo de proteção social? E a LBP? A sua sustentabilidade corresponde a uma transferência da Autoridade Nacional de Proteção Civil de 3% da lei de financiamento. Por sua vez, a LBP financia-se através das quotas dos seus associados e também com o valor de transferência mensal da ANPC, que resulta de um protocolo com a Liga enquanto representante dos bombeiros portugueses. De uma forma geral, como caracteriza os bombeiros portugueses quanto à sua forma‑ ção, desempenho e renovação de gerações? Dentro das responsabilidades da LBP, criámos também a Escola Nacional de Bombeiros que corresponde a uma parceria 50%/50% com a ANPC. Tem existido um bom entendimento entre a ANPC e Liga a respeito da Escola. No âmbito da formação dos bombeiros portugueses tem havido uma evolução muito 38.
grande. Os bombeiros voluntários, que correspondem a cerca de 92% dos bombeiros que estão no ativo, são voluntários por opção, mas profissionais na ação. Todos nós sabemos que esta é uma função de alto risco, que temos de estar bem preparados para nos resguardarmos dos perigos que temos de enfrentar, porque quem não se defende a si próprio não está em condições de defender os outros. Os bombeiros sabem que têm de fazer formação, de ter instrução que lhes permita ter garantias de que a sua função é baseada na competência. Cuidem-se os que pensam que voluntariado é sinónimo de amadorismo em Portugal, nos bombeiros seguramente não é. Todos nós nos bombeiros sabemos que quem não aprende, não sabe, e quem não sabe, não salva. Por isso, hoje desenvolvemos cursos constantes e permanentes, através da ENB e da instrução em cada quartel. Temos uma escola moderna, desenvolvida, e que faz ensinamentos com base nas técnicas mais modernas utilizadas na Europa. Por isso, os bombeiros portugueses estão bem formados, ao n nível dos melhores da Europa e do Mundo. Recentemente houve um aumento dos bom‑ beiros profissionais. Porquê? O aumento do número de bombeiros profissionais surgiu porque existem alturas em que há menor disponibilidade dos voluntários, não confundir com falta de voluntários. A nossa proteger JULHO | SETEMBRO 2017
sociedade exige muito dos bombeiros, confia muito neles e solicita a sua intervenção nas mais diversas situações. Muitas vezes são os bombeiros que resolvem problemas sociais, substituem o Estado social; são eles que fazem o transporte de doentes não urgentes em todo o país; o bombeiro é um cidadão que leva confiança, segurança e alegria às pessoas. Isso é muito importante. Na área cultural, nos quartéis dos bombeiros, fazem-se eventos importantes para cultivar os valores comunitários, a consolidação do espírito comum e da sã convivência. Os bombeiros são um dos principais obreiros do equilíbrio, apoio e defesa do meio ambiente. Toda a evolução de uma estrutura de bombeiros no espaço do município contribui também para o seu desenvolvimento económico. Porque os industriais, os comerciantes, as pessoas que se deslocam para esses locais para viver, só o farão se tiverem segurança. Isto é muito importante para no contexto do desenvolvimento do próprio país. Somos uma realidade extraordinária a nível mundial, em que a estrutura de proteção civil, altamente competente, está assente na sociedade civil que se auto-organizou para se defender. E tem dado frutos, porque já lá vão mais de 600 anos em que a primeira corporação de bombeiros foi criada e os portugueses nunca rejeitaram este tipo de organização.
grande trabalho ao longo de gerações. Mas estou convencido que este espírito de associativismo e de voluntariado que existe em Portugal, fruto da nossa forma de ser, solidários e humanos, vai existir para lá de nós próprios e que através das novas gerações, consigamos atuar de uma forma diferente. Em maio deste ano o Secretário de Estado da Administração Interna anunciou que o financiamento à atividade operacional dos bombeiros deixa de estar limitado à época de incêndios, passando a vigorar todo o ano e a abranger outras situações de emergência. Como avalia a situação global do financia‑ mento das corporações dos bombeiros? Estamos neste momento sentados à mesa com o Governo para revermos a questão do financiamento. A atual situação não pode continuar. O financiamento é ajustado todos os anos e este
Apesar de não querer especular sobre a atual situação que se vive em Portugal com os incêndios florestais que já provocaram tantas vítimas e prejuízos, quais são as razões que identifica para este problema? O problema dos incêndios florestais, hoje um grande flagelo para Portugal, é um problema a montante. Nada se fez pela floresta, não há prevenção estrutural, não há planeamento, ordenamento, nem há cadastro da floresta. Portanto, nunca se prestou a devida atenção aos alertas de que Portugal, ao estar inserido na bacia do mediterrâneo, tem influências climatéricas que levam a temperaturas altíssimas, a baixas taxas de humidade e a ventos atípicos (que são o principal inimigo do combate e que possibilitam a propagação dos incêndios). Os incêndios têm uma devastadora progressão porque a floresta está abandonada, a agricultura que muitas vezes funcionava como bloqueio ao fogo foi abandonada e não se fez nada para evitar esta situação. O problema da floresta portuguesa está nos políticos responsáveis pela floresta que nunca souberam fazer nada por ela. São precisas reformas estruturais. Não temos que pensar que este tipo de impacto dos incêndios florestais é uma inevitabilidade. Só é inevitável termos de conviver com o fogo, mas podemos diminuir os seus efeitos. Os fogos evitam-se, não se combatem. É preciso fazer o mais possível através da prevenção estrutural, o que obriga a que se faça um
O problema dos incêndios florestais, hoje um grande flagelo para Portugal, é um problema a montante. Nada se fez pela floresta, não há prevenção estrutural, não há planeamento, ordenamento (…)
ano correspondeu a uma transferência de 25,7 milhões de euros para os bombeiros. Para terem uma noção da exiguidade destes apoios basta comparar dois corpos de bombeiros, um do Porto e outro de Lisboa, custam 65/70 milhões de euros às respetivas Câmaras Municipais, têm cerca de 1.200 elementos. Agora imaginem proteger JULHO | SETEMBRO 2017
os encargos de 30.000 no ativo mais 15.000 na reserva. Situação insustentável. Dizem que se gastam 110 milhões de euros com os bombeiros mas isso não corresponde à verdade. Esses valores são para o investimento global no combate aos incêndios florestais, com aviões e todos os agentes que participam no DECIF, não é para as associações humanitárias. As associações só recebem no final, feita a avaliação dos prejuízos, despesas e gastos extraordinários (motores partidos, pneus queimados, bombas, agulhetas, etc.). Existe também um subsídio para os combustíveis, para alimentação e uma compensação vergonhosa de 1,85€ à hora, ou seja 45€ por 24 horas de serviço. Isto não é um subsídio, é uma compensação por horas perdidas, irrisória e ridícula. A lei de financiamento, aprovada há dois anos, por proposta da LBP foi uma lei da Assembleia da República, mas acabou por nascer torta, não saiu como propusemos. Sempre a contestámos em relação à fórmula de cálculo e em relação ao financiamento global. A atual lei determina que não se possa aumentar o financiamento de uma corporação mais de 10% ao ano e tem uma cláusula penalizante onde se pode diminuir o financiamento 5% ao ano. Nós queremos que seja eliminada a cláusula penalizante e que seja garantido de que nunca haverá uma subida inferior a 5% todos os anos para evitar que haja esta situação em que um corpo de bombeiros recebe um financiamento muito díspar de ano para ano ou perder consecutivamente financiamento ano após ano. Como é distribuído o financiamento pelas várias corporações? A fórmula considera fatores de risco, a quantidade de serviços realizados, quantos operacionais tem, há um valor para as zonas florestais que são 30%, se for zona urbana é 20%, entre outros fatores de cálculo. E é por causa desta falta de financiamento que as corporações depois têm de recorrer à prestação de outros serviços que depois não estão no seu portfólio, falando concretamente da manutenção de extintores? Fazem-no em relação aos seus próprios equipamentos e, tendo essa capacidade instalada, também presta esse serviço a associações vizinhas. É uma questão de economia de escala e por solidariedade. 39.
— GRANDE ENTREVISTA
Mas há corporações de bombeiros que também prestam serviços de manutenção de extintores a empresas da região. Também podem fazer às empresas, desde que estejam em conformidade com a lei, é uma prestação de serviço como outra qualquer. É uma forma de sobrevivência e gestão dos recursos, como outros serviços como a formação de meios de primeira intervenção a empresas. Os bombeiros, tendo esse know-how, aproveitam para rentabilizar a sua capacidade económica e financeira. Pode entrar em competição de mercado, mas cumprimos com o que é exigido legalmente para o fazer. É uma forma de equilibrarem os seus orçamentos. Mas são poucas corporações que o fazem. Como avalia o relacionamento e a coorde‑ nação entre os comandos da Proteção Civil municipais e os corpos de bombeiros? Nós entendemos que a proteção civil deve ser coordenação e não comando, como é no resto da Europa e no Mundo. Em Portugal acontece algo de estranho e que contestamos que é o facto da ANPC não comandar a Marinha, o Exército, a Força Aérea, a Cruz Vermelha ou INEM, mas comandar os bombeiros que não são estruturas da estrutura do Estado. É contranatura e é uma situação que queremos que acabe o mais rapidamente possível.Temos propostas concretas para o setor. Mas qual é a sua visão alternativa a esta situação? O comando deverá ser dos bombeiros e das suas estruturas de comando, mas que no teatro de operações são coordenados por uma autoridade – essa coordenação será a ANPC. A ANPC é a entidade competente para coordenar todos os meios que existem no âmbito da proteção civil, respondendo às solicitações que lhe forem feitas pelos agentes que estão no terreno. A proteção civil não deve ter exclusivamente funções de coordenação no combate, porque a proteção civil é muito mais do que isso. A proteção civil é a análise de tudo o que tenha a ver com a segurança dos cidadãos, do mais simples ao mais complexo. Desde as praias, os terramotos, intempéries, etc. é a proteção civil que deve fazer pedagogia, que deve ensinar, sensibilizar, trabalhar no terreno a prevenção, tudo o que for relacionado com a segurança dos cidadãos. Porque a proteção civil começa e acaba em qualquer um de nós. Tem que haver um órgão que dinamize e providencie aos cidadãos a informação para estes serem conhecedores a cada momento do que devem fazer para a sua segurança. Por exemplo, as nossas aldeias espalhadas pela floresta têm algum plano de defesa? Não têm. Quem é que devia fazer esse plano de defesa? Quem devia definir em termos globais nacionais que seriam aplicados pelas Câmaras Municipais e pelas Juntas de Freguesia era a 42.
ANPC. Esse é que é papel da proteção civil: definir um conjunto de sistemas pedagógicos, que começam nas escolas e acabam no lar de terceira idade, para ensinar aos cidadãos como agir em caso de emergência e como efetivar a prevenção. Por seu lado, o comandamento, a operacionalidade, está nas Forças Militares e nos seus comandantes. No teatro de operações há que obedecer a uma determinada coordenação para se saber o que cada um vai fazer e é aí que a ANPC tem elementos para saber quem é que pode a qualquer momento ser disponibilizado para determinado teatro de operações. A ANPC quer abarcar estas responsabilidades e que exista um comando único, mas isso é não é possível. Não é possível porque as forças não obedecem todas à estrutura. Por isso, defendemos que se avance para uma estrutura moderna de proteção civil. Aquilo que era o comandante operacional municipal passou a coordenador municipal de proteção civil. O mesmo pode acontecer a nível distrital e até nacional. Nós queremos uma direção nacional de bombeiros autónoma, independente, com orçamento próprio, um comando autónomo na estrutura. Agora que estamos nestes incêndios florestais é preciso que se diga uma coisa: nós não comandamos, somos só os operacionais proteger JULHO | SETEMBRO 2017
no terreno. Quem comanda é a ANPC, contra a nossa vontade, é a ela e só a ela que deve ser assacada as incapacidades e incongruências no setor. Quando diz autónoma diz separar novamente bombeiros da Proteção Civil? Sim. Estarmos integrados na estrutura global de proteção civil mas com autonomia própria como tivemos no passado com o Serviço Nacional de Bombeiros. Antigamente tínhamos o País dividido em zonas operacionais. Por exemplo, no distrito de Coimbra havia quatro zonas operacionais com comandantes de zona operacional. O comandante da zona 1 sabia o que se passava na zona 2… a partir do momento que era chamado um corpo de bombeiros, era acionado o comandante operacional, que era eleito entre os comandantes, era um elemento de confiança que assumia o Comando Operacional de Socorro (COS). São situações que já existiram, não precisam ser inventadas e que deram bons resultados. Também conseguimos implementar, embora ainda não esteja a 100%, as comissões distritais de formação, porque cada distrito tem necessidades de formação distintas. Pretendemos também que existam comissões distritais de reequipamento, para que sejam estas comissões a definir o que os quartéis necessitam, as viaturas, equipamen-
As reformas e propostas concretas têm sido o foco da nossa gestão. Procuramos aprofundar as necessidades dos bombeiros portugueses, analisar ao pormenor, ir ao terreno saber o que são as dificuldades, tentamos compilar essas dificuldades, reunir as opiniões dentro deste espaço de debate que é a LBP (as federações e todos os outros órgãos), para que as propostas sejam bem fundamentadas quando as apresentamos. Quando chegámos, no primeiro mandato, encontrámos a LBP um pouco, muito, desajustada daquilo que eram as exigências e a modernidade que se impunham. Tivemos, por isso, de procurar novos caminhos com projetos importantes e consequentes, por exemplo como o aproveitamento dos fundos comunitários para fazer programas de formação e a vigilância médica nos bombeiros. Modernizar o fundo de proteção social do bombeiro e alterar a lei de financiamento são
tos e recursos humanos evitando assim que as escolhas sejam politicas. Em outubro deste ano a Liga dos Bombeiros Portugueses vai eleger os seus cargos direti‑ vos. Tendo já anunciado a sua recandidatura, como avalia o seu último mandato e o que pretende concretizar no próximo mandato caso seja reeleito? Penso que o trabalho que temos vindo a desenvolver tem dado os seus frutos, com muito esforço, muita dedicação e muito conhecimento de todos aqueles que fazem parte da minha equipa sobre o que é a vida dos bombeiros portugueses. Se a Liga fosse governo alteraria muito a vida dos bombeiros portugueses. Mas não somos e, por isso, temos de negociar com os nossos governantes. O que sentimos é que quem tem o poder continua a utilizá-lo a seu bel-prazer e muitas vezes não vai ao encontro daquilo que são os interesses do país que, digo eu, seria ajudar mais os bombeiros. Sabemos que temos propostas que aumentam a eficácia e que diminuem os custos, mas não compreendemos porque não são aceites. Eu diria mesmo que uma boa gestão da ANPC em Portugal, retirando um pouco das suas gorduras, seria suficiente para os bombeiros portugueses viverem bastante melhor.
Se a Liga fosse governo alteraria muito a vida dos bombeiros portugueses. Mas não somos e, por isso, temos de negociar com os nossos governantes. (…) projetos prioritários e existem grupos de trabalho sobre estas matérias e sobre o cartão social de bombeiro, que efetivamente possa trazer incentivos justos ao voluntariado. Queremos ter um oficial de ligação dos bombeiros, tanto no comando nacional como nos teatros de operações, para que possamos, por direito próprio, defender as nossas posições no local próprio. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
A Liga e a APSEI assinaram recentemente um protocolo institucional que visa estrei‑ tar a cooperação entre as duas entidades. Como avalia a relação entre os bombeiros e as empresas privadas de segurança contra incêndio? Os bombeiros têm o seu papel na sociedade e Portugal não seria o mesmo sem eles. Os bombeiros portugueses são efetivamente um complemento muito importante do país que somos e contribuem diretamente para a qualidade de vida, para o bem-estar e segurança de todos. E por isso, a nossa interligação à sociedade é tão natural. Sendo os bombeiros oriundos da sociedade civil, sendo uma emanação direta dessa mesma sociedade, os bombeiros não são mais nem menos do que as convicções, os sentimentos, os valores, o altruísmo e a abnegação que existe em cada português. Os bombeiros vivem para salvar vidas e haveres dos Portugueses. Gostam de estar ao serviço da sociedade e na defesa intransigente dos valores da solidariedade e do humanismo. Por isso, existe um elo de ligação muito forte entre a sociedade portuguesa e os bombeiros. As pessoas têm os bombeiros e as associações humanitárias em grande estima, o que incute aos bombeiros portugueses muitas responsabilidades – têm de querer saber mais, de aprender mais, para serem cada vez melhores e fazerem bem o que têm a responsabilidade de fazer. Para isso sabem que estão inseridos numa sociedade científica, numa sociedade de know-how, e que existe um conjunto de estruturas empresariais, ou outras, com cidadãos bem preparados e com elevação académica. Os bombeiros portugueses podem e devem usufruir desse conhecimento. Para sermos mais conhecedores devemos usar todo o saber que há nas empresas, nomeadamente na APSEI. Penso que a LBP, em nome dos bombeiros de Portugal, quererá ser sempre um parceiro da APSEI na primeira linha para tratar com seriedade e disponibilidade da segurança da nossa sociedade. Pretendemos colaborar com a APSEI para termos um país mais seguro, contribuindo com os nossos conhecimentos e recebendo muitos outros que nos poderiam escapar se não existisse esta convergência de opiniões e de relacionamentos. V 43.
— REPORTAGEM
FUNDAÇÃO 1994 LINHA DE NEGÓCIO Conceção, distribuição e integração de sistemas de segurança com valor acrescentado. CAPITAL SOCIAL 50.000¤ VOLUME DE NEGÓCIOS ANUAL 3.500.000¤ N.º DE FUNCIONÁRIOS 10 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Software e hardware de segurança.
44.
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
MRA (Grupo Álava)
O valor acrescentado da segurança. TEXTO João Carvalho FOTOGRAFIA Gonçalo Sítima
A MRA, pertencente ao Grupo Álava, conta com uma vasta experiência de mais de 20 anos em Portugal. Rafael Ramos, comercial da MRA, relatou-nos a evolução da empresa e como o setor das comunicações e segurança cresceram no interior de uma empresa especializada na medição, registo e análise industrial.
INICIAR, CONSOLIDAR E EXPANDIR Foi na cidade de Madrid, há mais de 40 anos, que o sonho de Jaime Álava começou a ganhar forma. Focada no apoio técnico nas áreas da instrumentação, ensaios e calibração industrial, a MRA expandiu a sua atividade, a sua presença pelo mundo e a sua capacidade de adaptação e resiliência a um mundo mais interligado, consumidores mais exigentes e necessidades de proteção e segurança cada vez mais complexas e específicas. Atualmente a MRA está presente em Espanha, Portugal, Estados Unidos da América, Peru e Equador, e tem proteger JULHO | SETEMBRO 2017
vindo a incrementar o seu âmbito de atuação através de um largo portfólio de software e hardware de equipamentos de comunicação e segurança, posicionando-se no mercado como uma empresa distribuidora e integradora de soluções de alta performance para consumidores finais. Constituído por mais de 190 profissionais na sua totalidade e em constante crescimento, o Grupo Álava, através da MRA, encontra-se presente em Portugal desde 1994. Esta presença em território nacional foi uma resposta às constantes necessidades de uma maior proximidade e de rapidez de resposta aos 45.
— REPORTAGEM
Equipamentos de gravação de imagens dos sistemas de videovigilância.
O escritórios da MRA em Portugal estão localizados no Taguspark.
clientes presentes no nosso país. Em terras lusas, a MRA conta com 10 profissionais totalmente dedicados ao apoio comercial e técnico junto dos seus parceiros, além da prestação de ações de formação junto dos seus clientes e parceiros sobre os seus produtos e equipamentos, quer sejam consumidores finais, instaladores ou integradores de soluções de comunicação e segurança. A MRA procura adaptar-se às necessidades específicas de cada projeto, disponibilizando serviços e produtos específicos como parte integrante do seu projeto global, engenharia de projeto, inclusão de soluções ou subsistemas à medida, ou serviços associados, tais como configuração, gestão de projeto de subsistemas, colocação em funcionamento, formação e manutenção. O VALOR ACRESCENTADO DE UMA SOLUÇÃO GLOBAL Após o início na Medição, Registo e Análise industrial – atividades que deram origem ao nome MRA – e da intervenção em infraestruturas críticas, ao alargar o seu âmbito de atividade às áreas das comunicações e segurança, a MRA investiu na aquisição e estabelecimento de parcerias duradouras com diversos fabricantes que permitissem a apresentação de uma solução global de comunicação e segurança aos seus clientes. Presente em setores como a banca, a indústria, a floresta, as infraestruturas críticas, transportes, serviços de emergência, militar, controlo de tráfego aéreo e terrestre, a MRA possui soluções diversificadas, entre as quais se destacam as tecnologias de cibersegurança, ciberdefesa, gravação de áudio com 46.
Rafael Ramos é comercial da MRA há duas décadas.
redundância, gravação de vídeo em larga escala, plataformas unificadas de segurança, análise de vídeo em larga escala, câmaras térmicas, videovigilância, controlo de acessos, proteção perimetral, drones, deteção de incêndios industriais, deteção marítima, aérea e terrestre. Em Portugal, várias são as entidades do setor bancário que contam com soluções da MRA, nomeadamente de cibersegurança, ciberdefesa e videovigilância. Estas soluções de consistem na defesa da atividade económica das entidades bancárias em caso de ataques informáticos, independentemente da sua origem se situar numa rede social, em programas open source, na deep web, darknet e Security Information Management (SIM) based network. Em relação às soluções de videovigilância, a MRA tem a versatilidade como resposta às diversas solicitações que os consumidores finais ou instaladores de segurança efetuam sobre esta tipologia de sistemas, quer seja através da integração e instalação de câmaras de videovigilância, passando pela utilização de plataformas unificadas de segurança que efetuam a gestão centralizada de diferentes plataformas e sistemas de segurança. Dessa forma permitem uma coordenação e operacionalidade eficazes, que têm por proteger JULHO | SETEMBRO 2017
objetivo um posicionamento proativo na defesa de instalações ou através de sistemas de análise de vídeo. Estes sistemas podem ser integrados em qualquer sistema de videovigilância, com câmaras analógicas ou IP, visíveis ou térmicas, sendo compatíveis com qualquer fabricante de hardware. Os sistemas de análise de vídeo da MRA, através de algoritmos sofisticados, procuram detetar e notificar automaticamente intrusões ocorridas. É em entidades como a Caixa Geral de Depósitos que as soluções da MRA podem ser encontradas, onde recentemente foi implementada nos edifícios do banco público uma plataforma de videovigilância baseada nos sistemas de Gestão e Gravação de Vídeo da NICE SYSTEMS, uma das diversas empresas representadas pela MRA em Portugal. A plataforma de videovigilância baseada nos sistemas de Gestão e Gravação de Vídeo implementada na Caixa Geral de Depósitos gere e grava o vídeo de cerca de 970 câmaras analógicas e IP, num sistema de armazenagem com mais de 580 TB. Ao abrigo das soluções apresentadas para o setor militar, a MRA foi uma das entidades escolhidas para o Sistema Integrado de Controlo de Acessos e Vigilância Eletrónica (SICAVE), onde irá proceder à instalação e integração dos
sistemas de videovigilância, controlo de acessos e de proteção perimetral. A mesma tipologia de soluções utilizada para o SICAVE encontra-se também presente no projeto do metro de Bergen na Noruega num projeto realizado em conjunto com a Efacec. Já nos setores industriais e das infraestruturas críticas, é através de soluções de cibersegurança, construídas para protegerem e otimizarem as plataformas e redes de controlo implementadas nesta tipologia de estruturas, nomeadamente em sistemas de controlo Supervisory Control And Data Aquisition (SCADA) e Internet of Things (IOT), que a MRA faz sentir a sua presença. Mas a presença da MRA no setor industrial não se esgota nestas soluções, sendo igualmente possível encontrarmos sistemas de deteção de incêndio em áreas industriais e florestais, suportados em câmaras de visão térmica e termográficas, que através de algoritmos específicos permitem a deteção de incêndios numa fase inicial. Nos setores dos transportes, serviços de emergência, de controlo de tráfego aéreo e terrestre, devido à atividade desenvolvida pelas entidades nestas áreas, e necessidade da existência de gravações seguras, precisas e claras, onde diversos operadores confluem e utilizam diversos equipamentos em simultâneo, que as soluções de gravação de áudio com redundância e de vídeo em grande escala que ganham protagonismo. Neste âmbito, destaque para a presença da MRA com as suas soluções da GYNETEC, SOUNDWESTSYSTEMS ou RACAL RECORDS em entidades como a NAV Portugal, INEM ou a BRISA. Por fim, também no setor florestal, quer seja para análise de dados para projetos
Exemplo do software utilizado na gestão da segurança através de sistemas de videovigilância.
arqueológicos de grande magnitude ou escavações, ou para a prevenção de incêndios florestais, a presença da MRA é notada, nomeadamente através da utilização de drones equipados com sensores LiDAR que possuem capacidades tão díspares como a caracterização digital de terrenos ou reconstrução 3D de edifícios, câmaras térmicas para identificação de intrusão ou deteção de incêndios, cartografia de alta resolução, termografia ou imagens multi/hiperespectrais. CONSTRUIR O FUTURO - RECORDAR, INOVAR E INTEGRAR Com a massificação da utilização da internet e a sua capacidade para albergar diversas funcionalidades que muitos não consideravam possíveis, aumentou a capacidade de causar dano a estados, empresas e cidadãos de uma forma nada convencional, mais rápida, mais letal e sem deixar rasto. Conjuntamente com a cada vez maior interligação de todos com todos, a necessidade de soluções que garantam a segurança das pessoas, dos seus bens e das organizações tornou-se mais premente que nunca. É com essa premissa em mente que a MRA se encontra a construir o seu futuro, recordando soluções já existentes, mas em versões melhoradas. Entre estas soluções proteger JULHO | SETEMBRO 2017
encontra-se a proteção perimetral com cabo sensor, com cabo enterrado, ou com tecnologia micro-ondas, que interage de forma isolada ou combinando com novas tecnologias. A MRA procura também inovar na criação de novas plataformas, como é o caso da cibersegurança para smartphones e ganhando capacidade de integrar todas as suas valências numa só solução, mais concretamente uma PSIM (Physical Security Information Management), uma plataforma unificada de segurança que recolhe e correlaciona eventos com origem em sistemas de informação distintos, com o objetivo de coordenação e operacionalidade de ações de segurança de modo proativo. Presente em Portugal há mais de 20 anos, a MRA tem um volume de negócios superior a 3 milhões de euros no nosso país, onde a área da comunicações e segurança representou inicialmente 2% da sua atividade e nos dias de hoje representa mais de 40% desse valor. Ao ser parte integrante de um Grupo em crescimento, com um volume de faturação superior a 50 milhões de euros em termos globais, a MRA tem como objetivo para o futuro a contínua procura dos melhores fabricantes, para a criação de soluções ainda mais inclusivas, diferenciadoras e que respeitem a especificidade de cada organização, da sua atividade e dos seus profissionais. V 47.
A metodologia 5S e a segurança e saúde no trabalho. TEXTO Fátima Valério Consultora e formadora de Segurança
A metodologia 5S teve origem no Japão, na década de 1970, e tem sido adotada por inúmeras organizações com a finalidade de melhorar de forma sustentada e contínua o local de trabalho e o desempenho da organização. Baseia-se principalmente na participação dos trabalhadores, que contribuem ativamente no processo de organização e melhoria das condições de trabalho com implicações na compreensão e redução das perdas – defeitos, tempo, materiais, avarias, acidentes, etc. Dando especial atenção ao Controlo Visual, os 5S permitem solucionar de modo eficaz problemas a diversos níveis, estabelecendo ou restabelecendo um ambiente de trabalho limpo e agradável, promovendo a mudança em etapas sequenciais, realizada por equipas e com resultados visíveis. Os 5S são implementados através de 5 etapas: 1. Seiri – Selecionar / separar (eliminar o que é inútil) 2. Seiton – Situar / localizar (organizar); 3. Seiso – Suprimir sujidade (limpar); 4. Seiketsu – Standardizar (criar padrões); 5. Shitsuke – Sustentar/sistematizar regras ou procedimentos (melhoria contínua).
Seiton.
Todo o processo é assim conduzido, por etapas, privilegiando o trabalho em equipa e evidenciando resultados desde o início. Vamos seguidamente abordar cada uma das etapas desta metodologia, estudando em primeiro lugar em que consiste, como se processa e qual a sua finalidade. 1. SEIRI – SELECIONAR / SEPARAR (ELIMINAR O QUE É INÚTIL) Em que consiste: — Identificar os materiais, ferramentas, equipamentos ou informações necessárias para a realização das tarefas; — Separar o necessário do não necessário; — Criar uma área de espera e colocar aí itens que: — Não é certo que alguém necessite; — Não têm lugar definido; — Identificar/eliminar itens desnecessários; — Realizar uma limpeza inicial. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Finalidade: — Economizar tempo e materiais; — Melhorar o aspeto do local de trabalho; — Permitir trabalhar com maior comodidade; — Eliminar do espaço de trabalho tudo o que não é necessário para a realização das tarefas nesse local; — Eliminar as ferramentas danificadas; — Otimizar a utilização do espaço. 2. S EITON – SITUAR / LOCALIZAR (ORGANIZAR) Em que consiste: — Um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar; — Determinar as quantidades mínimas e máximas, se necessário; — Organizar o local de trabalho – segurança e eficiência; — Identificar principais equipamentos, utensílios e materiais; — Dar especial importância ao Controlo Visual (marcações no pavimento, 49.
— INFORMAÇÃO TÉCNICA
silhuetas de ferramentas no seu lugar, etiquetas coloridas, criar código de cores...). Finalidade: — Economizar tempo – tudo está no seu lugar; — Tornar mais acessível o que é mais utilizado (documentos, ferramentas, materiais) deixando o que é menos utilizado mais afastado; — Melhorar o aspeto e a segurança do local de trabalho; — Permitir perceber com facilidade se algo está em falta; — Facilitar a integração de novos elementos.
ANTES
— Frequência (de quanto em quanto tempo); — O responsável. — Reduzir o risco potencial de acidentes; — Melhorar o bem-estar; — Incrementar a vida útil dos equipamentos; — Detetar avarias mais facilmente; — Reduzir os desperdícios de energia. 4. S EIKETSU – STANDARDIZAR (CRIAR PADRÕES) Em que consiste: — Desenvolver métodos comuns – consistência — Tornar visíveis situações anormais
Em que consiste: — Realização de limpeza e de inspeção para compreender as condições de trabalho, ex: pavimento, equipamentos, fontes de luz, legibilidade das informações; — Realizar a limpeza/inspeção: limpar para inspecionar, ou seja, identificar e eliminar fontes de sujidade ou desordem; — Fotografar antes e depois – construção de painéis; — Resolver anomalias detetadas durante a limpeza/inspeção; — Identificar pontos para verificar o desempenho; — Determinar indicadores visuais/ controlos; — Fazer marcações equipamento/ controlos; Finalidade: — Garantir que o primeiro e segundo S estão consolidados; — Criar padrão provisório de limpeza: — O que precisa de ser limpo; — Como precisa de ser limpo; — O tempo previsto para limpeza; 50.
Finalidade: — Criar uma cultura de respeito e cuidado pelos recursos da empresa; — Melhorar o seguimento de normas; — Melhorar a satisfação dos clientes;
DEPOIS
Seiso.
3. S EISO – SUPRIMIR SUJIDADE (LIMPAR)
— Manter os ganhos provenientes das atividades 5S e melhorar continuamente; — Determinar o nível de 5S atingido; — Executar verificações de rotina – fazer auditorias de 5S regulares e publicar os resultados; — Analisar os resultados das verificações de rotina; — Medir o progresso e o plano para a melhoria contínua;
Seiketsu.
— Estabelecer/documentar métodos padrão entre áreas de trabalho semelhantes — Documentar novas situações — Criar documentos de fácil compreensão dando preferência às imagens – processos operacionais típicos e processos administrativos. Finalidade: — Guardar o conhecimento adquirido ao longo de anos de trabalho; — Melhorar a qualidade dos processos; — Utilização uniforme dos locais e equipamentos; — Criar uma base documental que permita futuras melhorias para reduzir o tempo de limpeza; — Integrar mais facilmente novos elementos; — Melhorar indicadores.
— Tornar o local de trabalho mais atrativo e seguro; — Melhorar o relacionamento intra e inter equipas. Se quisermos definir os 5S numa só frase poderemos dizer que a metodologia 5S visa eliminar ou reduzir o desperdício no local de trabalho – organização, simplificação e padronização de processos, acarretando ganhos a vários níveis: — Por redução de tempos perdidos, aumenta a eficiência dos processos; — Por redução de desordem, aumenta a Segurança – redução de condições inseguras; — Pelo envolvimento das pessoas, promove a Segurança – redução de atos inseguros.
5. S HITSUKE – SUSTENTAR/ SISTEMATIZAR REGRAS OU PROCEDIMENTOS (MELHORIA CONTÍNUA)
Olhando para a pirâmide dos acidentes, é fácil compreender que há condições fora do controlo direto dos intervenientes que podem causar acidentes. Estas podem ser fruto de conceção deficiente ou manutenção desadequada e subsequente deterioração.
Em que consiste: — Manter autodisciplina das equipas – obedecer às regras criadas pelas próprias equipas;
Como se implementa esta metodologia? O programa tem início com o estabelecimento do Plano que inclui várias tarefas:
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
— Seleção da equipa e Formação dos vários elementos (incluindo chefias dos vários níveis hierárquicos); — Seleção da zona; — Estabelecimento da visão – como gostaríamos de ver esta área? — Que objetivos e resultados esperamos? — Que benefícios esperamos? — Segurança – o que ter em consideração? Antes da primeira intervenção na zona escolhida é necessário identificar os aspetos de Segurança a ter em conta (energias e fluidos presentes, EPI necessários) eg. obstruções, cruzamentos, ausência de regras, partes móveis, partes instáveis, e
As vantagens não são, porém apenas para as pessoas que participam no processo, são também para a organização que opta por esta metodologia:
a emergência estão no local adequado, acessíveis e em bom estado. A participação ativa das equipas e a utilização do Controlo Visual desde o início conduz a uma maior responsabilização proporcionando mais Segurança e Saúde. As boas condições de trabalho criadas conduzem a um local de trabalho mais saudável e com práticas de trabalho mais seguras.
— Redução de perdas; — Mais e melhor segurança; — Redução dos defeitos de qualidade; — Redução do desperdício; — Redução de avarias por melhor diagnóstico; — Melhoria do espírito de equipa; — Maior confiabilidade.
VANTAGENS Podem ser enumeradas de forma não exaustiva as vantagens para cada uma das pessoas que participa na implementação desta metodologia:
Em resumo, os resultados obtidos vão para além da SST: — Ganho para a produtividade:
15 ACIDENTES GRAVES
13
ACIDENTES COM BAIXA / TRABALHO COM RESTRIÇÃO / TRATAMENTO MÉDICO CASOS DE 1OS SOCORROS QUASE ACIDENTES
11 8
ZONA VISÍVEL ZONA INVISÍVEL
ATOS OU CONDIÇÕES INSEGURAS
criar um mapa da zona com os perigos assinalados. Pode ainda fazer-se um gráfico com os perigos encontrados. Todos os perigos encontrados devem ser eliminados ou o seu risco minimizado. Fotografa-se a zona que vai ser intervencionada e dá-se início à implementação e consolidação de cada um dos 5S. Conhecer e atuar: podem esperar-se acidentes quando existe desordem (peças, equipamentos, caixas, vias pedonais obstruídas...), quando a sujidade oculta situações perigosas (fugas, derrames...) ou causa obstrução, quando se utilizam incorretamente equipamentos ou ferramentas ou os ajustes de pressão ou temperatura estão incorretos, etc. Estas situações são corrigidas quando se utiliza a metodologia 5S - todos os equipamentos e materiais de resposta
PAVIMENTOS ESCORREGADIOS
PERIGOS ELÉTRICOS
PARTES MÓVEIS
3
EQUIPAMENTO DE EMERGÊNCIA
3
ERGONOMIA
Pirâmide dos acidentes.
ARRUMAÇÃO
Gráfico dos perigos encontrados.
— Estar envolvido na organização do seu local de trabalho e torná-lo um lugar agradável para trabalhar; — Trabalhar de forma mais fácil e segura; — Obter mais satisfação com o seu trabalho; — Oportunidade para remover problemas e obstáculos; — Entender melhor o que fazer, quando e onde; — Melhorar a comunicação com os colegas; — Estabelecer uma cultura de disciplina, ordem e segurança; — Reduzir o tempo desperdiçado para procurar o que é necessário; — Melhorar o orgulho de pertencer à organização; — Desenvolver uma mentalidade de melhoria contínua. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
— Otimizar espaços, reduzir o tempo de procura, reduzir falhas, mau funcionamento de instalações. —G anho para a qualidade: — Respeito pelas boas práticas e procedimentos. — Ganho para o ambiente – gestão de resíduos; — Ganhar em imagem de marca – relação com os clientes; — Favorecer o trabalho e espírito de equipa; — Contribuir para a sustentabilidade das organizações. Como curiosidade fica um link para um pequeno filme do Napo www.napofilm.net/ pt/napos-films/napo-safe-site/championsworld. V 51.
— INFORMAÇÃO TÉCNICA
FireLab-UC – laboratório de engenharia do fogo da Universidade de Coimbra. TEXTO FireLab-UC
APRESENTAÇÃO, MISSÃO E OBJETIVOS O FireLab-UC – Laboratório de Engenharia de Fogo da Universidade de Coimbra – é um laboratório que atua predominantemente na área da Engenharia de Segurança Contra Incêndios em Edifícios. Atualmente o FireLab-UC está implementado no Departamento de Engenharia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, estando o equipamento distribuído pelos laboratórios de Estruturas, Mecânica Estrutural e Construções, Geotecnia e edifício FireFurnace. A primeira fase de implementação teve um investimento de 2.35 milhões de Euros, estando em fase de estudo a segunda fase de implementação que corresponderá à construção do edifício dedicado, no Pólo II da Universidade de Coimbra. O projeto foi cofinanciado pelo QREN, no âmbito do Programa Mais Centro da União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. A Engenharia de Segurança Contra Incêndios em Edifícios é atualmente uma área de enorme relevância a nível económico e social. A ocorrência de incêndios em edifícios traduz-se, inúmeras vezes, em perda de vidas e significativos danos materiais, que condiciona severamente o regular funcionamento das sociedades modernas. O prejuízo avultado causado por estes acidentes captou a atenção da sociedade e em especial da comunidade científica, que nas últimas décadas tem desenvolvido esforços significativos no sentido de desenvolver soluções tecnologicamente avançadas, capazes de mitigar ou anular o risco de incêndio, e em caso de ocorrência minimizar 52.
os seus nefastos efeitos nas pessoas e infraestruturas. O FireLab-UC apresenta-se como um centro de excelência com competências ímpares a nível nacional, capaz de proporcionar aos seus parceiros serviços únicos de elevado valor tecnológico, nomeadamente a nível laboratorial. O FireLab-UC é um centro vocacionado para a prestação de serviços às empresas, formação avançada, consultoria, investigação científica e desenvolvimento de soluções inovadoras de elevado valor tecnológico que contribuam de forma relevante para aumento de qualidade e segurança dos edifícios através da investigação e criação de conhecimento. O FireLab-UC procura estabelecer uma relação simbiótica com todas as entidades do tecido empresarial nacional, servindo como veículo para a transferência de conhecimento e tecnologias para o mercado, desenvolvimento de produtos e serviços para a indústria, contribuindo significativamente para o aumento da competitividade, internacionalização e inovação da indústria nacional. O FireLab-UC pretende deixar uma marca indelével no ambiente construído. A atividade do laboratório está intrinsecamente ligada à unidade de investigação ISISE – Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering, fundada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), incorporando as Universidade de Coimbra e do Minho. Na última avaliação das unidades de investigação nacionais (2008-2013), o ISISE foi classificado com Excelente. O ISISE tem atualmente 55 membros doutorados, 120 estudantes de doutoramento, 14 milhões de euros de financiamento obtido em regime proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Figs. 1 e 2 Forno a gás para elementos verticais.
competitivo, 2 Mestrados Europeus e oferta formativa avançada em vários domínios. COMPETÊNCIAS/SERVIÇOS DISPONIBILIZADOS A marcação CE dos produtos da construção e elementos de edifícios baseia-se no sistema Europeu de ensaios ao fogo para sua classificação. Os produtos da construção são classificados em termos de reação ao fogo de acordo com a classificação Europeia - Euroclasses de reação ao fogo, tendo por base os ensaios harmonizados definidos nas correspondentes normas Europeias. A classificação final dos produtos da construção é realizada de acordo com as disposições presentes na norma Europeia EN 13501-1. Elementos de edifícios e elementos estruturais são testados e classificados em função do seu desempenho em termos de capacidade de suporte de
Fig. 3 Forno a gás para elementos horizontais.
carga (R), estanquidade a chamas e a gases inflamáveis (E) e isolamento térmico (I), quando sujeitos à ação de curva de incêndio padrão ISO 834. Atualmente, o FireLab-UC dispõe dos mais avançados equipamentos dedicados à realização de ensaios de reação e resistência ao fogo, de acordo com as normas Europeias em vigor. Relativamente à classificação de produtos da construção em termos de reação ao fogo o FireLab-UC dispõe de todos os equipamentos necessários à execução dos seguintes ensaios: — Ensaio de ignitabilidade de produtos da construção – ISO 11925-2:2010; — Ensaio de não combustibilidade de produtos da combustão – ISO 1182:2010; — Ensaio de determinação do poder calorífico de produtos da construção – ISO 1716:2010;
Fig. 4 Máquina universal de ensaios com 600 kN de capacidade.
Fig. 5 Máquina de ensaios de compressão.
FireLab — Universidade de Coimbra Diretor/Investigador Responsável Prof. Luís Alberto P. Simões da Silva Diretor Executivo Eng. Cláudio Martins Investigador/Professora Auxiliar Prof.ª Aldina Maria da Cruz Santiago Investigador/Professor Auxiliar Convidado Hélder David da Silva Craveiro FireLab-UC — Laboratório de Engenharia do Fogo da Universidade de Coimbra // ISISE — Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering // Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Rua Luís Reis Santos, Pólo II, 3030-788 Coimbra — Portugal Telefone +351 239 797 298 Email: firelab@uc.pt
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
53.
— INFORMAÇÃO TÉCNICA
— Ensaio de determinação do comportamento ao fogo utilizando fonte de calor radiante – painel radiante – EN ISO 9239-1:2010; — Ensaio do elemento isolado em combustão – Single Burning Item – EN 13823:2010+A1:2014. Relativamente à classificação de elementos de edifícios e elementos estruturais, o FireLab-UC dispõe dos seguintes equipamentos: — Forno a gás para elementos verticais (Fig. 1 e 2), com câmara de combustão com dimensões, 3.1 × 3.1 × 1.5 m, com potência instalada de 2 064 000 kcal/h e temperatura máxima de serviço de 1200 ºC; — Forno a gás para elementos horizontais (Fig. 3), com câmara de combustão com dimensões 3.05 × 4.05 × 1.5 m, com potência instalada de 2 408 000 kcal/h e temperatura máxima de serviço de 1350ºC. Complementarmente, existe ainda uma enorme gama de equipamentos que garante enorme capacidade e versatilidade para a
realização de diversos ensaios laboratoriais, desde a caraterização do material (mecânica e térmica) até à avaliação do desempenho da solução final, à temperatura ambiente e ao fogo. De entre estes, destaca-se, atuador hidráulico dinâmico de duplo efeito com capacidade de 2000 kN, máquina universal de ensaios com capacidade de 600 kN (Fig. 4), máquina de ensaios de compressão (Fig. 5), equipamento de avaliação de propriedades térmicas (Transient Plane Source – TPS2500S), câmara Hot Box, câmaras de alta velocidade, câmaras termográficas, e diversos tipos de sensores e sistemas de aquisição de dados. A equipa especializada do FireLab-UC, em sinergia com o expertise existente no seio da unidade de investigação ISISE, disponibiliza inúmeros serviços à indústria nacional, além dos mencionados ensaios laboratoriais para classificação de produtos da construção e de elementos de edifícios e elementos estruturais. Serviços de consultoria na área do projeto de estruturas de edifícios em situação de incêndio, simulação de cenários de incêndio e de elementos/ soluções estruturais com recurso a ferramentas computacionais avançadas (CFD
– Computational Fluid Dynamics e FEM – Finite Element Method), são também serviços disponibilizados no âmbito do FireLab-UC. Estas competências são disponibilizadas para o desenvolvimento de soluções tecnológicas, criação de produtos e serviços. CONCLUSÕES A curto prazo surge como objetivo primordial a acreditação, pelo IPAC (NP EN ISO/IEC 17025), dos ensaios de reação e resistência ao fogo, de acordo com as normas em vigor, bem como a criação de Sistema de Gestão de Qualidade certificado de acordo com a NP EN ISO 9001. Importa, por fim, reforçar e salientar inequivocamente o papel do laboratório como parceiro dos diversos atores do tecido empresarial nacional, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da industria e consequente aumento da sua competitividade, numa área de atuação de enorme relevo. O projeto FireLab-UC foi cofinanciado pelo QREN, no âmbito do Programa Mais Centro e da União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, ao qual se agradece. V
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O ciclo de vida das barreiras de segurança. TEXTO Daniel Gaspar & Joaquim Vieira APMI – Associação Portuguesa de Manutenção Industrial
INTRODUÇÃO O projeto de sistemas de segurança é realizado tendo em conta uma disponibilidade específica para manter o risco dentro de limites considerados toleráveis. Se através de uma análise se verificar que o sistema possui uma disponibilidade abaixo do estipulado, efetuam-se alterações ao projeto inicial. Uma vez que as avarias dos sistemas de segurança podem, em muitos casos, resultar em morte, a abordagem a este tipo de equipamentos deverá ir no sentido de aumentar a sua disponibilidade, e por sua vez minimizar a ocorrência de potenciais mortes. Existem diversas normas e regulamentos onde a importância das barreiras de segurança é demonstrada tendo por base a redução do risco, tal como a IEC:61508 (1998), a IEC:61511 (2002), a Diretiva Seveso II (1996) ou a Diretiva Máquinas (1998), entre outras. No entanto, a própria definição de barreira de segurança é muitas vezes controversa de indústria para indústria, de setor para setor, ou de país para país, apresentando-se vários termos para idêntico significado, tais como barreiras, defesas, proteções, camadas, funções de segurança, etc… (Sklet, 2006). A análise ao desempenho, independentemente da situação em que ocorra, serve para perceber quais as
barreiras que existiam e como estas se comportaram, quais as que não foram usadas e aquelas que não existindo se tornavam necessárias. De acordo com a Petroleum Safety Authority (2002) o desempenho das barreiras de segurança pode ser avaliado através dos seguintes critérios: — Funcionalidade/Eficiência Efeito da barreira na sequência do acontecimento se esta cumpriu a sua função; — Disponibilidade/Fiabilidade Capacidade de funcionar quando solicitado; — Robustez Capacidade de funcionar durante a sequência do acidente ou mesmo sob influência deste. Conforme descrito por Neogy et al (1996), os termos fiabilidade e eficácia relatam o sucesso das barreiras de segurança em matéria de proteção. A fiabilidade relaciona-se com a capacidade de resistir a avarias, enquanto a eficácia de uma barreira demonstra como essa mesma barreira se comporta na proteção do perigo específico. O nível de confiança de uma barreira de segurança está ligado à fiabilidade, e desta forma também se pode representar por uma probabilidade, correspondente neste caso à probabilidade de falha quando solicitada proteger JULHO | SETEMBRO 2017
(PFOD – Probability of Failure On Demand) e cumprindo a função requerida, durante o intervalo de tempo estabelecido e para uma eficácia pré-definida. O nível de confiança de uma barreira de segurança é inversamente proporcional à PFOD. Este conceito é idêntico à noção de Nível de Integridade de Segurança (SIL = Safety Integrity Level) definido para os sistemas instrumentados de segurança (SIS = Safety Instrumented Systems) na IEC:61511 (2002), que num contexto operacional também é influenciado pelo sistema de gestão da segurança que estiver presente. Os requisitos funcionais de uma barreira de segurança podem estar explícitos em regulamentos, normas, códigos de projeto, etc., ou em requisitos baseados em análises de risco com o respetivo critério de aceitação definido. Reconhece-se um conjunto de fatores de gestão, importantes para assegurar o desempenho de uma barreira de segurança. Por exemplo, as barreiras físicas dependem fundamentalmente de fatores como a identificação do risco, o projeto, a instalação, a gestão de sobressalentes, inspeção e manutenção, enquanto as barreiras sustentadas na ação humana dependem mais dos procedimentos, planeamento, treino, empenho, coordenação e comunicação. Duijm & Goossens (2006) 55.
— INFORMAÇÃO TÉCNICA
A APMI – Associação Portuguesa de Manutenção Industrial tem como objetivo fomentar a divulgação da importância da manutenção como fator do aumento da produtividade e competitividade das empresas. Para concretizar este objetivo, a APMI promove o conhecimento e a implementação das tecnologias, métodos e técnicas de manutenção que permitam assegurar a correta operacionalidade dos equipamentos, sistemas, instalações e edifícios, com vista a prolongar a sua vida útil e ao mantê-los em operação o máximo tempo possível. Este objetivo é partilhado, no âmbito mais concreto dos sistemas de proteção e segurança de pessoas, bens e património, com a APSEI. Neste contexto, as duas entidades desenvolveram uma parceria institucional que tem resultado na partilha de conhecimento, documentação e na organização de iniciativas em conjunto.
apresentam no seu estudo uma forma de quantificação das ações de gestão no desempenho das barreiras de segurança, baseado na combinação de pesos e pontuações. Conforme se pode constatar pela leitura dos pontos anteriores, os sistemas de proteção ou barreiras de segurança existentes numa instalação assumem um papel fundamental na redução do risco, uma vez que podem fazer variar a severidade ou gravidade das consequências de um incêndio, caso este ocorra. No entanto, de nada serve o investimento neste tipo de sistemas se não houver a preocupação de os manter disponíveis e operacionais. Os meios de proteção contra incêndios assumem assim um papel fundamental, principalmente quando se abordam questões como a eficácia ou eficiência dos mesmos. Esta eficiência dos equipamentos e meios de proteção contra incêndio está diretamente relacionada com algumas das várias fases do ciclo de vida desses mesmos equipamentos, nomeadamente com: — Projeto; — Ensaio / Comissionamento; — Exploração; — Abate ou desmantelamento (sem grande influência, no caso específico). A eficácia só pode ser medida numa fase específica, que se pretende seja a de maior duração em termos temporais, ou seja: — Exploração 56.
Dieken (2008) afirma que, por ano, em situações de incêndio, os sistemas de supressão avariam, e que em cerca de um terço das vezes que isso ocorre se deve a uma inspeção, teste e manutenção inadequada. Nesse artigo é mencionado um estudo do Edison Electrical Institute (EEI) onde se refere que num período de 20 anos, devido a erros e omissões relacionados com a manutenção em cerca de 49% dos sistemas de supressão por gás em turbinas de combustão, resultaram prejuízos para a propriedade no valor de 15,9 milhões de dólares. No que respeita à segurança contra incêndios, diversos sistemas ou barreiras de segurança podem ser estudadas. Podem ser referidos alguns sistemas estáticos, como paredes ou portas corta-fogo ou o estudo de materiais relativamente ao seu comportamento de reação e resistência ao fogo, ou sistemas dinâmicos, como redes de incêndio armadas (RIA), sistemas de desenfumagem, sistemas automáticos de deteção de incêndios (SADI), sistemas de extinção por espuma ou gases ou sistemas automáticos de extinção (mais conhecidos como redes de sprinklers), entre outros. Pode também ser analisado um terceiro tipo de elementos que fazem parte da segurança contra incêndios, mais do foro organizacional, como caminhos de evacuação, iluminação de emergência, sinalética ou planos de emergência. De uma forma geral, pode-se dizer que os bens sujeitos à análise de falhas e proteger JULHO | SETEMBRO 2017
a estudos de fiabilidade, manutibilidade, disponibilidade e segurança podem encontrar-se em vários estados de funcionamento ao longo do seu ciclo de vida, de acordo com as suas características de projeto, de exploração e de manutenção.
AS BARREIRAS DE SEGURANÇA E O ESTADO “DORMANT” Relativamente às barreiras de segurança constata-se que uma grande quantidade de sistemas críticos de segurança (e não só) passam a maior parte da sua vida num estado não operativo. Esta noção de nãooperação é caracterizada pela existência de componentes ou sistemas pertencentes a um equipamento funcional, onde ocorre uma redução ou a eliminação dos esforços mecânicos e/ou elétricos (quando comparados com a condição normal de operação). A maior parte dos sistemas de segurança encontra-se no estado “dormant”, operando apenas se necessário, ou seja, não se encontra em operação contínua. Devido à sua aplicação e importância no sector industrial, onde o risco é particularmente elevado, justifica-se um cuidado especial no tratamento deste tipo de sistemas. A periodicidade com que os testes são efetuados é um fator de extrema importância a ser considerado. Quanto menor for o intervalo de tempo entre testes mais cedo se descobrem as potenciais falhas ocultas (hidden failures), embora por outro
lado se possam também induzir algumas (ex. erro humano durante uma ação de manutenção).
METODOLOGIAS DE ANÁLISE Enquanto a literatura mais comum se centra na fiabilidade em serviço, convém não esquecer que, de acordo com os parágrafos anteriores, o estado de nãooperação também deve requerer a atenção dos projetistas e analistas de sistemas. Os sistemas projetados para operar com alta fiabilidade não funcionam necessariamente bem após largos períodos de exposição em ambientes de não-operação, e há que ter isso em conta. Assim, quando se tratam de equipamentos nestas circunstâncias, os assuntos relacionados com as suas avarias necessitam também de ser analisados e tidos em consideração na fase de projeto e exploração do seu ciclo de vida. De acordo com Meshkat et al (2000), a análise de fiabilidade de sistemas de segurança, como por exemplo sistemas automáticos de extinção de incêndios (sprinklers) ou outros sistemas de proteção, requer que tenhamos em consideração dois
tipos de comportamento em termos de falhas, nomeadamente: — Falha na solicitação, ou quando solicitado; — Falha durante a operação (in service). Isto significa que o sistema, que normalmente se encontra num estado “dormant”, poderá avariar quando solicitado ou, uma vez iniciado o seu funcionamento, poderá avariar durante a operação (ou missão). A falha do sistema no arranque, quando tal é necessário, é um indicador da sua indisponibilidade quando solicitado (on demand), enquanto a falha que ocorre após o início do funcionamento corresponderá à sua probabilidade de falha (complementar da fiabilidade). Tipicamente, neste tipo de sistemas, os componentes considerados ativos não poderão ser reparados durante o período em que se encontram a ser solicitados. A probabilidade de falha quando solicitado (PFOD – Probability of Failure On Demand), ou a indisponibilidade do sistema, depende das características de falha dos seus componentes de suporte (ou de arranque), enquanto estes se encontram no já referido modo “dormant” (adormecido).
Estes componentes de suporte devem ser testados, ensaiados ou ter ações de manutenção periodicamente, enquanto permanecerem nesse estado de não atividade, para que se detetem as já referidas falhas ocultas (hidden failures). Uma vez dado o arranque do sistema, é frequente assumir que estes componentes de suporte não irão provocar a avaria do sistema quando em funcionamento ativo. Por outro lado, a probabilidade de avaria durante a operação depende das características de falha dos componentes ativos durante todo o período em que se encontram a ser solicitados. V
Artigo elaborado por Daniel Gaspar e Joaquim Vieira com base na Tese de Doutoramento com o título “Utilização Da Metodologia RAMS Na Análise De Barreiras De Segurança De Instalações Industriais De Risco Elevado”, da autoria de José Sobral.
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PRODUTOS QUÍMICOS
A importância das fichas de dados de segurança. TEXTO Carlos Miguel Fazendeiro Especialista em Legislação de Produtos Químicos
Guias orientativos da ECHA – Agência Europeia dos Produtos Químicos.
As Fichas de Dados de Segurança (FDS) constituem o principal instrumento para assegurar que os fabricantes e os importadores de produtos químicos comuniquem informações suficientes em toda a cadeia de abastecimento para permitir uma utilização segura das suas substâncias e misturas. As FDS incluem informações sobre as propriedades da substância ou mistura e os seus perigos, instruções de manuseamento, eliminação e transporte e medidas relativas aos primeiros socorros, ao combate a incêndios e ao controlo da exposição. Enquanto fornecedor, é necessário apresentar uma FDS nos seguintes casos: — se uma substância ou mistura for classificada como perigosa de acordo com o Regulamento CLP; — se disponibilizar uma substância que seja persistente, bioacumulável e tóxica ou muito persistente e muito 58.
bioacumulável de acordo com a definição do Regulamento REACH (Anexo XIII); — se uma substância for incluída na lista de substâncias que suscitam elevada preocupação (SVHC). Em determinadas condições, algumas misturas, que não cumprem todos os critérios para serem classificadas como perigosas, também exigem uma ficha de dados de segurança desde que: — contenham pelo menos uma substância classificada como perigosa em concentração igual ou superior a 1% em massa (0,2% em volume para misturas gasosas); — contenham PBT, mPmB, SVHC em concentração superior ou igual a 1% em massa; — contenham substância com limites de exposição. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
O formato a que deve obedecer a ficha de dados de segurança está definido no Artigo 31.º e anexo II do Regulamento Europeu REACH (CE) n.º 1907/2006 (Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals) alterado pelos Regulamentos (UE) n.º 453/2010 e (UE) n.º 830/2015 e deve ser traduzida na língua oficial do país para onde é exportada a substância ou mistura. Não obstante alguns períodos de transição que existiram, desde 1 de dezembro de 2012 para substâncias e desde 1 de junho de 2017 para misturas, tem de ser obrigatoriamente aplicada a classificação e rotulagem de acordo com o Regulamento CLP (CE) n.º 1272/2008 (Classification, Labelling and Packaging of substances and mixtures). A FDS deve ser composta por 16 secções cada uma delas com as respetivas subsecções e para a elaboração da mesma deve ser seguida uma determinada ordem:
Secção 1. Identificação; Secção 3. Composição e determinação da classificação de perigo dos componentes; Secção 9. Propriedades físicas e químicas, incl. classificação; Secção 10. Estabilidade e reatividade; Secção 11. Informação toxicológica incl. classificação; Secção 12. Informação ecológica incl. classificação; Secção 2. Identificação dos perigos; Secção 14. Transporte; Secção 15. Informação sobre regulamentação; Secção 8. Controlos da Exposição; Secção 7. Manuseamento e armazenagem; Secção 4. Primeiros socorros; Secção 5. Combate a incêndios; Secção 6. Fuga acidental; Secção 13. Eliminação; Secção 16. Outras informações. Para a identificação de perigos (físicos, saúde humana e ambiente) e respetiva classificação e rotulagem de acordo com o Regulamento CLP, algumas fontes de informação que poderão ser utilizadas incluem:
— Classificação Harmonizada (Anexo VI do CLP); — Dossiês de Registo REACH; — Inventário de Classificação e Rotulagem; — Anexo VII do CLP. Uma atualização da ficha de dados de segurança deve ser fornecida quando: — existem novas informações sobre medidas de gestão de riscos ou perigos; — uma substância tiver sido colocada na lista candidata a autorização (SVHC); — assim que tiver sido efetuado um registo, for concedida ou recusada uma autorização ou quando tiver sido imposta uma restrição. É sempre recomendável rever os conteúdos de uma ficha de dados de segurança de forma regular. Os fornecedores devem apresentar gratuitamente fichas de dados de segurança atualizadas a todos os destinatários a quem forneceram a substância ou mistura nos 12 meses anteriores.
Na sequência de um registo REACH deverão ser efetuadas as seguintes atualizações: — incluir o n.º de registo na secção 1.1 no caso de se tratar de uma substância; — para misturas incluir o n.º de registo dos ingredientes na secção 3.2; — reportar os usos identificados e respetivos descritores na secção 1.2; — atualizar na secção 2 a classificação e rotulagem de acordo com o dossiê de registo no caso de se tratar de ficha de dados de segurança de uma substância e na secção 3.2 para ingredientes registados no caso de misturas, efetuando nesse caso o cálculo da classificação atualizada para a mistura a incluir na secção 2; — incluir informação de acordo com o dossiê nas secções 11 (informação toxicológica) e 12 (informação ecológica); — As secções 4 a 8, 10, 13 e 14 deverão ser coerentes com o Guia de Utilização Segura incluído no dossiê de registo REACH. No caso de substâncias registadas acima de 10 ton/ano e classificadas como perigosas
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www.portrisa.com 244 720 610 o dossiê de registo incluirá um Relatório de Segurança Química com Cenários de Exposição. Os Cenários de Exposição são um elemento novo que incluem as condições de utilização segura, ou seja, as condições operacionais e as medidas de gestão de riscos necessárias e deverão ser anexados à ficha de dados de segurança que nesse caso passará a designar-se ficha alargada de dados de segurança (eSDS – Extended Safety Data Sheet). Um utilizador de produtos químicos ao receber uma ficha alargada de dados de segurança deverá: — verificar se as suas utilizações e as dos seus clientes estão abrangidas pelos cenários de exposição; — verificar se as condições de utilização segura descritas nos cenários de exposição coincidem com as condições reais de utilização na sua empresa. Se a utilização ou condições de utilização não forem abrangidas o "Utilizador a Jusante" poderá: — pedir ao seu fornecedor que inclua as suas utilizações no seu relatório de segurança química e lhe apresente um cenário de exposição revisto em conformidade; — adaptar a sua atividade às condições de utilização descritas nos cenários de exposição dispondo de 12 meses para o fazer; — procurar outro fornecedor que forneça um cenário de exposição que abranja a sua utilização; — realizar a sua própria avaliação de segurança química (notificação à ECHA no prazo de 6 meses e 12 meses para realizar um Chemical Safety Assessment e implementar os cenários de exposição); — em alternativa poderá ser utilizado o Scaling, podendo ser possível demonstrar, através de modelos matemáticos, que as condições do utilizador a jusante permitem uma utilização segura da substância. Ao ser recebida uma ficha de dados de segurança deverão ser sempre verificados alguns pontos-chave: — na secção 1: existência de número de registo REACH ou indicação de isenção de registo e usos autorizados; — na secção 2: classificação e rotulagem de acordo com o CLP e dossiê de registo; 60.
— na secção 3: números de registo para todas as substâncias registadas no caso de se tratar de uma mistura e respetiva classificação e rotulagem dos ingredientes.
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A ECHA (European Chemicals Agency) disponibiliza no seu website uma checklist detalhada para verificação do conteúdo e conformidade de uma ficha de dados de segurança. Para comunicar um cenário de exposição através da cadeia de abastecimento, os formuladores de misturas dispõem de três opções: — integrar a informação nas 16 secções da FDS; — anexar à FDS informação de utilização segura para a mistura; — anexar os cenários de exposição relevantes para as substâncias na mistura em forma de anexo. No entanto têm sido desenvolvidas novas abordagens: — o Cefic e a German Chemical Industry Association VCI lançaram o seu método “top-down” Lead Component Identification (LCID); — várias associações sectoriais e a Downstream Users of Chemicals Co-ordination Group (DUCC) estão a desenvolver o seu método “bottom-up” designado por SUMI (Safe Use of Mixtures Information). É importante referir que ações de fiscalização nos últimos anos têm revelado que muitas empresas ainda não cumprem com todas as obrigações legais no que respeita a fichas de dados de segurança. Em novembro de 2012 cerca de 52% das empresas na UE emitiam FDS não‑conformes com os requisitos, em 2015 na Holanda 25-50% dos utilizadores a jusante de produtos químicos não tinha FDS ou esta era muito antiga e desatualizada, mais de 75% das FDS tinham baixa qualidade, ausência de Medidas de Gestão de Riscos, nenhuma informação ou mesmo incorreta no que se refere a Equipamentos de Proteção Individual e menos de 20% das FDS não tinham cenário de exposição na situação em que era obrigatório incluir. Em 2017 tiveram início em toda a UE inspeções relativas à qualidade das fichas de dados de segurança. V proteger JULHO | SETEMBRO 2017
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Porquê a reanimação de alta qualidade? TEXTO Pedro Santos Direção Pedagógica e I&D da Senilife
Em Portugal, estima-se que todos os anos 10 mil pessoas sejam vítimas de morte súbita. Após uma paragem cardiopulmonar, a vítima perde 10% de hipóteses de sobrevivência a cada minuto que passa, ou seja, ao fim de cinco minutos sem assistência, a vítima tem apenas 50% de probabilidade em sobreviver. O cérebro apenas sobrevive 3 a 5 minutos sem oxigénio. A reanimação cardiopulmonar de alta qualidade aumenta em 2.72 vezes a probabilidade de sobrevivência do doente sem sequelas neurológicas. Desde 2015 que existe um reforço a nível internacional para melhorar os procedimentos relacionados com a reanimação cardiopulmonar (RCP), pretende-se uma reanimação de qualidade nas vítimas de paragem cardiorrespiratória, efetuada por profissionais de saúde e leigos. O objetivo das manobras de RCP de alta qualidade é melhorar a sobrevivência após uma paragem cardiorrespiratória. As evidências científicas recentes mostram a importância de compressões de tórax eficazes juntamente com a desfibrilhação para uma ressuscitação bem-sucedida. Mesmo quando está disponível um desfibrilhador, as manobras de RCP são fundamentais visto que em 75% das
Manobras de reanimação cardiopulmonar.
ocorrências não existe choque indicado, ou seja, são as manobras executadas de reanimação que mantêm a vítima até chegada de ajuda diferenciada. AS MANOBRAS DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR DE ALTA QUALIDADE Pretende-se com a reanimação cardiopulmonar de alta qualidade, uma abordagem que permita maximizar o sucesso na recuperação da vítima, minimizar os tempos de interrupção na execução das compressões no tórax e efetua-las com a maior precisão possível, ou seja: — Minimizar interrupções de compressões de tórax; — Pressionar forte e rápido no peito, pelo menos 100 compressões/min e máximo 120 compressões/min, com proteger JULHO | SETEMBRO 2017
uma profundidade mínima de 5 cm e máxima de 6 cm; — A compressão efetuada deve ser igual à descompressão; Permitir que o tórax recupere completamente durante as compressões significa que o tórax volta à sua posição normal após cada compressão. Esta situação gera uma pressão negativa no tórax canalizando o sangue novamente para o coração, enche o coração, e assim, melhora o fluxo de sangue na próxima compressão. A RCP de alta qualidade é um movimento baseado na importância de manter a profundidade e taxa de compressão adequadas, reduzindo as interrupções nas compressões torácicas. A prática permite um incremento nas manobras de reanimação, no entanto, para suporte à reanimação cardiopulmonar 61.
— INFORMAÇÃO TÉCNICA
de alta qualidade, estão disponíveis no mercado equipamentos de desfibrilhação automática externa que efetuam em tempo real a medição da profundidade e frequência das compressões, indicando em tempo real ao reanimador a qualidade das compressões que estão a ser executadas. De acordo com as orientações internacionais – European Ressuscitation Council, estas características permitem a
Aplicação de um equipamento de ajuda à Reanimação Cardiopulmonar.
reanimação com alta qualidade: frequência de compressões mínima 100 por minuto – máximo 120 por minuto e profundidade mínima de 5 cm – máximo 6 cm.
Atualmente este tipo de equipamentos é a única forma de garantir que a reanimação é verdadeiramente de qualidade devido à monitorização em tempo real da qualidade das compressões. Medir a compressão torácica em tempo real permite reduzir as falhas nas compressões do tórax da vítima, o erro mais comum durante a RCP. A força necessária para comprimir adequadamente o tórax da vítima em cerca de 5 a 6 cm varia de acordo com a constituição e a anatomia da vítima. Hoje temos disponível equipamentos com tecnologia de ajuda em tempo real da RCP que incluem um localizador de colocação dos elétrodos, um acelerómetro, circuitos eletrónicos e um algoritmo de processamento sofisticado. Esta tecnologia mede com precisão as compressões torácicas e converte o movimento do acelerómetro com o tempo na distância movida em informação para o reanimador, ajudando a corrigir e melhorar as compressões em tempo real, enquanto a RCP é realizada na recuperação da vítima. Para aumentarmos a sucesso é muito importante praticarmos e sempre que possível termos equipamentos com características que fazem a diferença na reanimação, ajuda para obter a frequência e profundidade correta nas compressões durante a RCP. O direito de ser ajudado passa pelo dever de saber ajudar. V
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— INFORMAÇÃO TÉCNICA
Procedimentos: o caminho mais direto até à meta da segurança. TEXTO Bernardo Motta International Business Developer – AGORA Systems
Por maior que seja o investimento em tecnologia de segurança, as decisões críticas continuam a ser tomadas pelo operador. A instalação de software que audite o cumprimento de procedimentos assegura a redução do erro humano na reação a ocorrências, sejam rotineiras ou de emergência.
Diagrama do procedimento em situações de pânico.
O cumprimento universal das regras de civismo seria sinónimo de segurança. Numa utopia em que todos os cidadãos cumprissem as normas de uma moral seguida por todo o planeta, não seriam necessárias câmaras de videovigilância e sensores de controlo de acesso, nem tão pouco profissões ligadas à proteção de pessoas e bens do mal causado por
terceiros. No mundo que conhecemos, que pouco tem a ver com esta utopia, cumprir procedimentos é o caminho mais direto até à meta da segurança. As empresas e entidades da generalidade dos setores de atividade ambicionam o aperfeiçoamento contínuo dos seus produtos e serviços, para que possam oferecer o máximo de qualidade possível aos seus clientes. Na procura de corresponder a essa ambição, é essencial ter todos os colaboradores alinhados com a estratégia definida e seguindo os mesmos procedimentos. Dentro deste contexto, há cada vez mais empresas interessadas em ferramentas de controlo dos processos, em adotar Standard Operating Procedures. Este anglicismo transformado em conceito de gestão, sob o acrónimo SOP, pode ser traduzido para Procedimentos Operacionais Normalizados.
Diagrama do procedimento para um elevador parado.
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Monitorização de uma situação de elevador parado.
Os SOPs destinam-se à produção de resultados desejáveis para cada tarefa, mediante a utilização de processos e mecanismos operacionais padronizados. No que ao setor da segurança diz respeito, são a forma mais simples e segura de um profissional de segurança desempenhar a sua função, seja perante uma ocorrência quotidiana ou uma emergência imprevista. A escolha acertada de um software de gestão de segurança permite reduzir visivelmente os tempos de resposta a uma situação. Um sistema que implemente e
possibilite auditar os SOPs de segurança da empresa/organização permite aos operadores tomar as decisões mais acertadas e no mais curto espaço de tempo, por mais que a exigência do imprevisto convide a perder o sangue frio. COMO DEFINIR SOPS EFICAZES? Para que não haja desvios aos procedimentos estabelecidos para o tratamento de cada ocorrência, os SOPs devem ser de fácil interpretação por parte dos operadores, de forma a criar familiarização com todos
Vantagens imediatas dos procedimentos de segurança: — Garantia de cumprimento de padrões de resposta a ocorrências previamente estabelecidos; — Aumento da qualidade, precisão e velocidade de resposta a ocorrências rotineiras; — Redução da possibilidade de erro humano em caso de emergência; — Redução significativa da variabilidade na resposta e dos custos associados a essa ineficiência.
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os passos a desempenhar. A padronização de procedimentos apresenta um conjunto inestimável de mais-valias (ver caixa). A elaboração de SOPs deve passar, preferencialmente, pelos diretores de segurança, uma vez que são estes que possuem uma visão global da operação, da legislação e outros fatores. Os diretores de segurança devem assegurar que todos os operadores são treinados para executar as suas tarefas, para que não haja variações no modo de trabalhar entre turnos. Os procedimentos devem estar definidos e acessíveis, tanto a um operador habitual como a um novo elemento, ou a uma nova empresa de segurança. Assim, independentemente da existência de novos rostos encarregados pela segurança, a eficácia da resposta está adequadamente protegida. Para além das indicações rotineiras, os procedimentos previamente estabelecidos devem abranger o maior número possível de cenários de qualquer imprevisto, de forma a não comprometer a segurança. REDUZIR O ERRO EM DECISÕES CRÍTICAS Elaborar SOPs é um processo que não pode ser integralmente copiado, uma vez que cada organização possui as suas particularidades, devendo os procedimentos ser adequados a estas. Um SOP mal definido ou impreciso não só reduz a produtividade e leva a falhas de operação, como pode colocar em risco pessoas e bens. A adequação dos procedimentos acelera a resposta a ocorrências rotineiras e reduz a probabilidade de erro humano na reação a uma emergência. Também reduz os custos com eventuais coimas ou multas por nãocumprimento de legislação, assim como com custos com seguros. Por maior que seja o investimento em tecnologia, as decisões críticas são tomadas pelo operador. A instalação de software que garanta a implementação de procedimentos auditáveis é o caminho mais direto até à meta da segurança. V 65.
— INFORMAÇÃO TÉCNICA
Segurança contra incêndio nas habitações. TEXTO Bruno Pinto APSEI
A segurança contra incêndio tem como principal objetivo a preservação da vida humana, mas é também essencial na salvaguarda da vida animal e na proteção de bens de elevado valor patrimonial ou até sentimental. Todos os anos, Portugal tem registado inúmeros incêndios em habitações. Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna, foram registados no ano passado 6.718 incêndios em habitações, um valor alarmante. Neste artigo, pretende-se abordar um conjunto de medidas de segurança contra incêndio para os edifícios habitacionais que permitam prevenir, alertar e combater incêndios, e que de uma forma geral contribuam para diminuir a ocorrência de situações de perigo para os ocupantes. Muitos dos incêndios que ocorrem nas habitações são provocados por comportamentos negligentes, pelo que reconhecer os riscos de incêndio existentes nas nossas casas é da maior importância para saber como prevenir um incêndio ou como agir caso a prevenção tenha falhado e já se esteja perante uma situação de emergência. “Quais os riscos de incêndio mais comuns numa habitação?”, “Que equipamentos de segurança contra incêndio estão instalados no edifício?”, “Até que ponto se deve tentar combater um incêndio?”, são algumas das questões às quais os proprietários e os inquilinos dos edifícios têm de ser capazes de responder. No entanto, o desconhecimento sobre estas matérias, aliado ao facto de existirem muitos ocupantes cuja capacidade para evacuar os edifícios em caso de emergência é mais limitada (crianças, idosos, pessoas
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com limitações motoras, etc.), contribui para elevar o número de vítimas destes incêndios. PREVENÇÃO A maior parte dos incêndios nas habitações acontece devido à falta de cuidado dos seus ocupantes e ao não cumprimento das normas de segurança aquando da utilização de equipamentos domésticos. A rotina pode ser a principal justificação para este tipo de comportamento. Em ações tão comuns como cozinhar ou fumar, uma pequena falta de atenção pode ser o suficiente para se originar um pequeno fogo que pode tomar proporções catastróficas. Os equipamentos de aquecimento, a gás ou elétricos, ou até as lareiras podem causar um incêndio se mal utilizados ou indevidamente mantidos. A solução pode passar pela implementação de boas práticas e cuidados a ter para evitar os incêndios domésticos. Na área do cidadão da página eletrónica da APSEI pode encontrar um conjunto de dicas úteis para aumentar a segurança com que executa as atividades do dia-a-dia. Uma boa ideia poderá ser elaborar previamente um plano a pensar numa eventualidade deste tipo, de forma a que toda a família esteja prevenida e saiba o que fazer em caso de incêndio. Pensar em todas as saídas possíveis para evacuar a casa, considerando que as saídas principais podem ficar bloqueadas pelas chamas, ter sempre
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disponível uma lanterna a pilhas num local acessível e contactar os bombeiros o mais rápido possível, são alguns dos aspetos que este plano deve prever. São necessários apenas alguns minutos para que um pequeno fogo atinja proporções catastróficas e por isso torna-se essencial estar preparado para esta eventualidade. Por isso, a identificação dos riscos e a sua correta prevenção não é por si só suficiente. É importante que existam dispositivos que nos alertem rapidamente para a existência de um fogo. DETEÇÃO E ALERTA Muitas das mortes que ocorrem nos incêndios são causadas pela inalação de fumos. A instalação de detetores de fumo nas habitações torna-se assim fundamental, uma vez que estes dispositivos permitem detetar atempadamente um incêndio. Independentemente da tecnologia que utilizam, permitem a deteção das características do fumo resultante de um incêndio de forma contínua e são capazes de emitir um sinal de alarme caso detetem a sua presença. Podem ser alimentados através de baterias próprias, que chegam a ter uma vida útil de 10 anos, ou podem ser ligados entre si e alimentados através da rede elétrica. Ao se adquirir este tipo de dispositivo, é necessário que este
venha acompanhado de um manual de instruções, que entre outras informações, indique as rotinas de inspeção, limpeza e testes de rotina que devem ser efetuados pelo proprietário. Os testes de rotina são geralmente realizados através do acionamento de um botão de teste, presente no exterior do invólucro do detetor, ou através da utilização de um spray de teste que utiliza gases que simulam uma situação real de incêndio e não agridem o meio ambiente, nem oferecem riscos à saúde. Mas “Quantos detetores de fumo são necessários e onde devem ser instalados”? Em primeiro lugar, é necessário ter em consideração que quanto menor for a distância entre o incêndio e o detetor, mais depressa é gerado o alarme. Provavelmente, a instalação de apenas um detetor de fumo não é suficiente para a maioria das habitações, uma vez que o fumo terá de percorrer uma longa distância antes de alcançar o detetor. Então, antes da instalação dos detetores deve avaliar-se a sua localização consoante a tecnologia do detetor e o risco de cada espaço. Regra geral, deve selecionar-se o tipo de detetor capaz de detetar mais rapidamente o foco de incêndio, consoante o tipo de fogo que possa surgir no local da sua instalação. O detetor ótico é capaz de detetar incêndios sem produção de chama mais rapidamente que um detetor iónico, e este último detetará de forma mais eficaz um incêndio com chama, que geralmente ocorre em materiais combustíveis e inflamáveis como papel, líquidos inflamáveis ou cortinas. Para uma moradia com um elevado número de quartos ou até com vários pisos, pode ser uma boa solução a instalação de detetores de fumo interligados. Desta forma, se um detetor gerar um alarme, todos os detetores vão alertar em simultâneo. Como exemplo, os detetores de fumo podem ser colocados no teto das salas de cada piso, o mais próximo do seu centro, e também perto do quarto de um adulto, para que este possa ser mais facilmente alertado. Os detetores de fumo não devem, no entanto, ser utilizados em todas as divisões da habitação. As zonas com correntes de ar fortes ou ar húmido podem confundir
o detetor que poderá assim gerar um falso alarme. Caves, casas de banho, cozinhas, zonas perto de entradas de ar, são alguns dos locais onde não é aconselhável a utilização destes equipamentos. Na maior parte dos casos, um incêndio manifesta-se pela presença de fumo, logo o detetor mais usual é o de fumos. Apesar disto, pode ser aconselhável a utilização de outros tipos de detetores como os de temperatura e os de monóxido de carbono, que podem inclusivamente estar interligados aos detetores de fumo. Os detetores de temperatura, ou térmicos, reagem ao aumento de temperatura provocado pelo incêndio e devem ser utilizados em cozinhas e garagens. Já os detetores de monóxido de carbono, são capazes de detetar este gás tóxico que é produzido não só pelos incêndios, mas também pelos aparelhos de aquecimento e pelas lareiras. A deteção atempada da presença deste gás é da maior importância uma vez que este não possui cheiro ou cor e como tal as pessoas não o conseguem detetar. COMBATE A implementação de medidas de prevenção e de deteção de incêndios são essenciais para impedir ou limitar o desenvolvimento de um incêndio. Mas se o incêndio já tiver começado, é importante saber como agir, e essa ação pode passar por evacuar rapidamente a habitação e alertar os bombeiros, ou extinguir o incêndio, se, e só se este ainda não tiver atingido proporções elevadas e não apresente por isso um risco elevado. Para o último caso, existem vários equipamentos que podem auxiliar no combate ao incêndio. O extintor de incêndio portátil é talvez o equipamento de combate a incêndio mais conhecido. Em todas as casas deveria existir pelo menos um. Os extintores devem ser adquiridos em empresas especializadas e têm de ter marcação CE e ser de cor vermelha. Devem ser colocados em locais visíveis e de fácil acesso, normalmente junto às entradas das zonas de maior circulação e todos os ocupantes do edifício devem saber como utilizá-lo. Outro dos equipamentos cuja utilização é aconselhada é a manta ignífuga ou manta antifogo. Esta manta é normalmente utilizada para abafar fogos resultantes da combustão de óleo alimentar e até mesmo fogos em peças de vestuário. É utilizada
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normalmente em cozinhas e deve ser colocada num suporte instalado em local acessível. Mas a instalação destes equipamentos não é por si só suficiente, devendo-se ter igualmente em consideração a necessidade de estes serem inspecionados e sujeitos a manutenção, de acordo com o estabelecido nas normas nacionais e europeias, mas também de acordo com as instruções dos fabricantes dos equipamentos. Não obstante as periodicidades definidas nestes documentos, é aconselhável que os equipamentos de segurança contra incêndio (detetores, extintores, etc.) sejam sujeitos a pelo menos uma manutenção anual, realizada por empresas competentes para este efeito, ou seja empresas que se encontram devidamente registadas na ANPC (Autoridade Nacional de Proteção Civil). Para saber quem são as empresas autorizadas a comercializar, instalar e manter equipamentos e sistemas de SCIE, deve ser consultada a página eletrónica da ANPC. A realidade, no entanto, mostra-nos que nem sempre existem equipamentos de segurança contra incêndio nos edifícios habitacionais e mesmo quando estão presentes muitas vezes não são corretamente mantidos, acabando por deixar de funcionar. Por outro lado, os cidadãos não são muitas vezes sensíveis às questões de segurança contra incêndios. É por isso urgente sensibilizar e educar a sociedade, alertando para os riscos de incêndio inerentes aos edifícios de habitação e para a importância da verificação e manutenção dos equipamentos e sistemas de segurança contra incêndios. A promoção da cultura de segurança contra incêndios é de tal modo importante que se tem de tornar dominante em toda a sociedade. Uma das formas de incrementar este sentimento é através da disponibilização de informação sobre esta matéria. Neste sentido, a APSEI disponibiliza na sua página eletrónica, as versões portuguesas dos guias “Segurança contra incêndio em edifícios habitacionais” e “Detetores de fumo nas habitações” da Confederação Europeia de Associações de Segurança contra Incêndios (CFPAEUROPE), da qual a APSEI é membro. V
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— OPINIÃO
A automatização dos serviços de vigilância humana. TEXTO Alexandre Chamusca Consultor Especializado em Soluções Integradas de Segurança
Prepare-se: A automatização dos serviços de vigilância humana vai alterar a forma de contratar a segurança! A automatização dos serviços de vigilância humana era inevitável e está a acontecer. É um processo que não pode parar e as empresas de segurança que resistirem à mudança e não se ajustarem nunca vão compreender as verdadeiras razões que as fizeram falir ou ser compradas pelo valor da dívida. A Amazon já tem 45 mil autómatos a trabalharem nos seus centros de expedição de encomendas. Quem diria… Na segurança interna das empresas, a segurança eletrónica faz parte da equação, mas de uma forma geralmente isolada e muito subaproveitada. UM ALARME NÃO INTERROMPE UM ASSALTO Um alarme (sistema eletrónico de segurança) não é mais do que um autómato dedicado à deteção de uma presença humana indesejável, num determinado espaço que se pretende estar protegido. Mas um alarme não interrompe um assalto pressupondo-se que seja a componente humana da segurança a reagir e a interromper a ocorrência. Esta é uma solução simples, facilmente entendida por qualquer cliente, mas nem sempre a resolução dos problemas de segurança de uma empresa é assim tão simples de se resolver: — Qual é a exposição aos riscos externos? E internos? 68.
— Qual deve ser a capacidade de reação humana a um determinado alarme para ser eficaz? — A solução de segurança prevê ajustar-se aos vários cenários de risco possíveis na empresa (pessoas, espaços, mercadorias)? — Até que ponto é que a solução de segurança se estende à segurança pessoal dos quadros chave da empresa? — Dado que está na moda a internacionalização dos negócios, como é que a solução de segurança se ajusta às condicionantes de cada país e continua a fazer parte da mesma política interna de segurança definida para a empresa ou grupo de empresas? A SEGURANÇA É INTERPRETADA COMO UM CUSTO E NÃO COMO UM INVESTIMENTO Existem muitas mais questões que podem e devem ser colocadas antes do cliente estar em condições de poder decidir pelo tipo de alarme, câmara, controlo de acessos ou serviço de vigilância que deve contratar. Aliás, isso não seria sequer importante ou relevante se o cliente se focasse nos níveis de serviço de segurança que melhor se ajustam às suas necessidades e para isso precisa de tomar consciência de qual é a sua exposição ao risco, nas várias componentes da análise. proteger JULHO | SETEMBRO 2017
Uma coisa é certa: A segurança quebra sempre pelo elo mais fraco, pelo que se a análise não for global e suficientemente detalhada, a solução arrisca-se a ser insuficiente e ineficaz. É esta conclusão que justifica a interpretação generalizada nos vários sectores do mercado de que a segurança nas empresas é considerada um custo e não um investimento. Uma nova vaga de clientes está à procura de elevar os seus níveis internos de segurança, mas não estão dispostos a aumentar proporcionalmente os custos, até pelo contrário, têm a noção que os podem reduzir. SUBIR OS NÍVEIS INTERNOS DE SEGURANÇA E BAIXAR OS CUSTOS Subir os níveis internos de segurança e baixar os custos. É precisamente este paradigma que está a mudar no sector da segurança devido à crescente necessidade de se automatizarem os serviços de vigilância. Como os problemas internos de gestão empresarial estão cada vez mais relacionados com problemas internos de segurança (gestão de pessoas, espaços e mercadorias), os gestores mais atentos tendem a investir em soluções globais que resolvem de uma forma integrada, os seus problemas, beneficiando das economias de escala da sua aplicação e operacionalização (recursos humanos, informáticos, logística, qualidade, etc). À medida que as ferramentas de gestão começam a integrar indicadores de segurança interna e vão provando a sua eficácia a médio prazo, o alargamento dos requisitos das prestações de serviços de vigilância humana tende a ser normalizado e
Robot protege campus da Microsoft em Silicon Valley.
passa a ser operacionalmente contratado. Os contratos de vigilância humana estão a ser progressivamente convertidos em contratos à medida e os respetivos custos passam a ser interpretados como investimentos com um retorno justificado pelo valor acrescentado na própria gestão empresarial.
Com o esmagamento dos preços do vigilante / hora no mercado tradicional, as empresas de segurança estão a ser forçadas a encontrar formulas técnico / comerciais que correspondam às necessidades estereotipadas de cada sector de mercado, pelo que boas e menos boas mudanças estão
a acontecer no lado da oferta, com maior ou menor grau de automatização dos serviços de vigilância. Com o aumento gradual da procura, uma coisa é certa: A automatização dos serviços de vigilância é inevitável, irreversível e está a acontecer. V PUB
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— LEGISLAÇÃO & NORMALIZAÇÃO
Legislação PUBLICADO NOVO REGIME DAS INSTALAÇÕES DE GÁS
Foi publicado, no passado dia 10 de agosto, o novo regime das instalações de gases combustíveis em edifícios, através do Decreto-Lei n.º 97/2017. A publicação deste diploma, enquadrando-se no Programa SIMPLEX, tem como objetivos principais a redução do tempo e do custo do investimento e a eliminação de situações de burocracia injustificada. Neste sentido, das alterações introduzidas por este novo diploma legislativo, destacam-se a eliminação do formalismo de aprovação do projeto, a alteração da periodicidade das inspeções das instalações de gás para 3 anos e a eliminação da obrigatoriedade de realização de inspeção em caso de mudança de titular do contrato de fornecimento de gás. Conforme referido, no que diz respeito à aprovação do projeto, esta deixa de ser necessária, passando a bastar o termo de responsabilidade subscrito pelo projetista, atestando a conformidade do projeto com as normas regulamentares e técnicas aplicáveis. Não obstante, o novo regime mantém as entidades inspetoras, criando procedimentos simplificados e adequados, de modo a assegurar a verificação da conformidade dos projetos e da respetiva execução, assim como a realização de inspeções periódicas às instalações de gás, visando assim contribuir para o 70.
NOVO REGIME DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM VIGOR A PARTIR DE 2018
cumprimento da regulamentação e para a qualidade dos serviços prestados e, acima de tudo, para um maior grau de segurança. O controlo e o acompanhamento da implementação do novo regime das instalações de gás, com enfoque nas componentes administrativa e técnica, competem à Direção-geral de Geologia e Energia (DGEG), e a regulação da qualidade do serviço e a supervisão do mercado à Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). As novas regras para as instalações de gás nos edifícios entra em vigor a 1 de janeiro de 2018, não sendo aplicáveis à instalação de aparelhos de gás alimentados diretamente por garrafas colocadas no local de consumo. V
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Foi publicado, no passado dia 10 de agosto, através do Decreto-Lei nº 96/2017, o novo regime das instalações elétricas de serviço particular alimentadas pela rede elétrica de serviço público em média, alta ou baixa tensão, e das instalações com produção própria, de caráter temporário ou itinerante, de segurança ou de socorro. A publicação deste documento está intrinsecamente relacionada com a publicação da Lei nº 14/2015, de 16 de fevereiro, que veio regular os requisitos de acesso e o exercício da atividade dos técnicos responsáveis pelas instalações elétricas. Neste sentido, o Decreto-Lei nº 96/2017 estabelece procedimentos simples e desmaterializados destinados a regular a atividade dos referidos técnicos responsáveis, definindo ainda que a referida atividade deve culminar sempre na emissão de declarações de responsabilidade ou conformidade do serviço prestado, seja esta projeto, instalação ou inspeção final, para efeitos da entrada em exploração do edifício. No referente às instalações elétricas de maior complexidade ou potência, dos tipos A (com potência superior a 100 kVA) e B, o diploma estabelece que estas, para efeitos de entrada em exploração, carecem de certificado de exploração, o qual deve ser emitido pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
APROVADA PELO GOVERNO A ALTERAÇÃO AO REGIME JURÍDICO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIO
Por outro lado, com o objetivo de preservar a segurança das pessoas, bens e animais, o documento mantém a obrigação de realização de inspeções periódicas a instalações elétricas não sujeitas a acompanhamento por técnico responsável pela exploração, passando, no entanto, a periodicidades destas inspeções para cinco anos. O novo diploma vem ainda eliminar a formalidade de aprovação do projeto e as correspondentes taxas administrativas, assim como reduzir o número de casos sujeitos à elaboração de projeto, ainda que, decorrente do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, para estes casos se mantenha a necessidade de ficha eletrotécnica. V
Na reunião do Conselho de Ministros, de 29 de junho, o Governo aprovou uma proposta de lei que prevê várias alterações ao regime jurídico da Segurança Contra Incêndio em Edifícios. Os municípios passam a realizar vistorias e inspeções para garantir segurança contra incêndios. Após a revisão de 2015, o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, que estabelece o regime jurídico da Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE) será novamente alterado «visando corrigir imprecisões e garantir uma maior eficácia jurídica», explica o Governo em comunicado. Entre as principais alterações estão novas competências para os municípios que passam a «apreciar projetos e realizar vistorias e inspeções a edifícios classificados», assinala o comunicado. Complementarmente, são «clarificados os requisitos necessários dos responsáveis pela elaboração de projetos de segurança contra incêndios». A alteração ao regime jurídico dos Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE) introduz também ajustes no regime contraordenacional, «melhorando-se o sistema de aplicação de sanções para as empresas não registadas na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) que não se encontrem habilitadas a prosseguir a comercialização de equipamentos e sistemas proteger JULHO | SETEMBRO 2017
de segurança contra incêndios em edifícios, sua instalação e manutenção». Por outro lado, são estabelecidos períodos transitórios para a entrega das medidas de autoproteção e para a alteração dos requisitos por parte dos técnicos projetistas e autores para que, neste período, possam ser reconhecidos pela ANPC. No âmbito do Programa Simplex + 2017, o Governo, através do Ministério da Administração Interna, irá desenvolver a medida plurianual ‘Portal de Segurança Contra Incêndio em Edifícios’, que permitirá «a tramitação desmaterializada dos procedimentos previstos no regime legal». Através deste serviço poderão ser efetuados, de forma desmaterializada, a entrega de requerimentos e documentos pelos requerentes; a consulta do estado dos procedimentos também pelos interessados; o envio de pareceres, relatórios de vistorias e de inspeções no âmbito da segurança contra incêndios em edifícios, quando solicitados à ANPC; e a comunicação da decisão. V
71.
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS O Departamento de Serviços Técnicos da ET conta com equipas especializadas para resposta em várias áreas técnicas, nomeadamente na Segurança Contra Incêndios em Edifícios.
Oferecemos experiência e profissionalismo em todas as fases associadas a estes processos: Projecto, Fornecimento, Instalação e Manutenção. Primamos pelo cumprimento dos requisitos legais e/ou normativos associados às áreas de Detecção, Extinção (água ou agentes gasosos), Sinalização, Compartimentação e Desenfumagem. Acreditamos que a Prevenção é o caminho a seguir.
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ALTERAÇÕES AO REGIME DO LIVRO DE RECLAMAÇÕES
Atualmente, todos os fornecedores de bens e prestadores de serviços que tenham contacto com o público são obrigados a possuir um livro de reclamações em formato físico nos seus estabelecimentos e a disponibilizá-lo sempre que um consumidor pretenda apresentar uma reclamação. Nestes estabelecimentos tem de existir um letreiro afixado em local bem visível e com caracteres legíveis a informar da existência do livro. Os fornecedores de bens e prestadores de serviços devem manter estes livros num arquivo organizado por um período mínimo de 3 anos. Recentemente, a publicação do DL n.º 74/2017 veio implementar o Livro de Reclamações Online, com o objetivo de agilizar o exercício do direito de queixa, que assiste a todos os consumidores. Esta medida consiste na disponibilização de uma plataforma digital (www.livroreclamacoes. pt) através da qual os consumidores podem solicitar informações e apresentar reclamações, com a possibilidade de acompanhar a evolução do tratamento dessas mesmas reclamações.
No entanto, para assegurar a correta implementação desta medida, numa primeira fase, apenas os fornecedores de bens e prestadores de serviços públicos essenciais (água, comunicações eletrónicas, eletricidade, gás natural, resíduos, serviços postais) estão obrigados a disponibilizar o Livro de Reclamações Online. No sentido de incentivar a utilização do livro de reclamações online, os fornecedores de bens e prestadores de serviços públicos essenciais dispõem de um prazo máximo de 15 dias úteis, a contar da data de apresentação da reclamação na plataforma digital, para dar resposta às reclamações dos consumidores. De acordo com a Portaria n.º 201-A/2017, este livro pode ser adquirido na loja online da INCM - Imprensa NacionalCasa da Moeda de forma gratuita até 1 de janeiro de 2018, passando a partir dessa data a ter um valor correspondente a 50% do livro de reclamações físico. A referida Portaria determina igualmente alterações ao livro de reclamações físico e respetivos procedimentos de reclamação, para aproximar o processo de reclamação
em papel do processo de reclamação online. A partir de 15 de outubro de 2017 já se encontrará disponível o novo modelo de livro de reclamações físico e está previsto que as folhas de reclamação sejam enviadas às entidades reguladoras ou às entidades de controlo de mercado competentes por via eletrónica. Mas as alterações não terminam aqui. A portaria estabelece ainda a obrigatoriedade de auxílio aos consumidores que por razões de analfabetismo ou incapacidade física se encontrem impossibilitados de preencher a folha de reclamação. Já no que diz respeito à venda dos livros de reclamações físicos, por exemplo, as associações empresariais que já dispuserem de autorização da DireçãoGeral do Consumidor para vender estes livros não necessitam de solicitar uma nova autorização podendo vender ao público os livros de reclamações ao preço estipulado de 19,76 euros por unidade. V
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Normalização COMISSÃO TÉCNICA ELETROTÉCNICA 79
AS DIRETRIZES DE APLICAÇÃO DOS SISTEMAS DE ALARME — SISTEMAS DE DETEÇÃO CONTRA INTRUSÃO
Reunião de trabalho da Comissão Técnica Eletrotécnica 79.
A Comissão Técnica Eletrotécnica 79, coordenada pela APSEI, é responsável pela atividade normativa na área dos sistemas de alarme. Recentemente, a comissão deu mais um contributo ao setor da segurança em Portugal, ao traduzir a Norma Europeia CLC/TS 50131-7: Sistemas de Alarme – Sistemas de Deteção Contra Intrusão – Parte 7: Diretrizes de aplicação. Esta Norma Europeia fornece recomendações relacionadas com a conceção, instalação, operação e manutenção de sistemas de alarme de intrusão e pânico, tendo como objetivo garantir, tanto quanto possível, que estes sistemas têm o desempenho requerido com um mínimo de alarmes indesejados. A legislação de segurança privada determina que os instaladores autorizados de sistemas de deteção contra intrusão estão obrigados a emitir um certificado de instalação que garanta a conformidade com esta Norma Europeia. Para perceber que importância tem esta norma para o setor, conversámos com Carlos Nobre, presidente da Comissão Técnica Eletrotécnica 79.
alarme de intrusão eram as mais adequadas aos níveis de desempenho requeridos em cada espaço? Antes da obrigatoriedade da aplicação desta norma era o projetista, o cliente final e na maior parte dos casos o instalador que definiam os critérios dos níveis de desempenho. Os fabricantes contribuíam para definir quais os limites de aplicação de cada equipamento, embora algumas regras já fossem comumente aceites pela comunidade desta área de segurança. Mas o critério era bastante empírico levando a que por vezes existissem soluções completamente díspares, o que não permitia, em muitos casos, a possibilidade de comparação de soluções diferentes para a mesma instalação ou projeto.
Antes da norma, como se garantia que a conceção e instalação de um sistema de
Que contributo veio trazer esta norma para a qualidade da prestação do serviço de
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instalação dos sistemas de alarme de intrusão? Esta norma veio clarificar algumas regras de instalação, tornando-se um referencial para instalação de sistemas de alarme de intrusão. Embora se trate de uma norma de desempenho, o que em alguns casos levanta alguma subjetividade quando confrontados com pormenores de operação, é clara quanto aos procedimentos atribuídos aos vários atores de um projeto de SAIP. Não vem resolver todas as situações, mas também não é esse o seu intuito, mas sim determinar procedimentos de alto nível, de modo a ter uma maior uniformidade no desempenho. Como avalia a adequabilidade desta norma ao nosso mercado da segurança? A lei, ao colocar o ónus da passagem de um certificado de instalação, com base nesta
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norma ao técnico responsável, pode criar algumas situações questionáveis. Desde logo a exigência de um certificado a alguém que não é certificado. Deveria ser um termo de responsabilidade. Em segundo lugar, esta norma aponta medidas qualitativas e não quantitativas, levando à existência de situações subjetivas. Uma das regras desta norma é o “acordo entre as partes”. Não existindo uma certificação independente, as soluções de instalação dependem da regra adotada e da interpretação de cada técnico responsável. É por isso importante que as partes interessadas saibam interpretar corretamente a norma. Quanto à adaptabilidade, sendo uma norma europeia, poderão existir situações não aplicáveis a Portugal, mas genericamente é um bom guia para a instalação dos Sistemas de Alarme de Intrusão e Pânico. V 74.
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retangulares com uma iluminação IV consistente, eliminando os problemas das lentes LED tradicionais, como a superexposição no centro da imagem e áreas mais escuras nos cantos. Devido à intensidade de luz LED reforçada, as câmaras Darkfighter Lite reduzem o consumo de energia, calor e têm uma vida útil mais longa. Saiba mais em www.bc.pt. V
A reconhecida marca de Videovigilância israelita ProvisionISR, renovou o sistema operativo dos seus DVR e NVR para o novo OSSIA. O OSSIA é um dos sistemas mais sofisticados e evoluídos do mercado de CCTV. Paralelamente foi lançada a nova gama de produtos IP de 8MP, todos os modelos de câmaras analógicas passam a estar
disponíveis com a tecnologia 4 em 1 (para todas as tecnologias) e os DVR com a tecnologia 5 em 1. Saiba mais sobre o OSSIA em www.contera.pt. V
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A mais recente iteração do sistema de controlo de acessos CDVI Atrium, disponibilizou a versão 4.1 do seu software de gestão, permitindo a expansão do sistema até 500 portas, conversão de controladores de porta em controladores de ascensor
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UPACHROM 100 NOVA BOMBA DE FURO KSB
A KSB lançou recentemente no mercado um novo modelo de bomba submersível para furo de DN 100 (4”), a UPAchrom 100, uma bomba totalmente em aço inoxidável. A UPAchrom 100 é especialmente aplicada em abastecimento de água potável e irrigação, bem como em pequenos sistemas de redução de nível da água. A UPAchrom 100 cumpre a diretiva Europeia ErP, que define as eficiências energéticas mínimas para bombas e está certificada para aplicações em água potável
pela norma francesa (ACS) e americana (NSF). A UPAchrom 100 possui capacidade de bombear água com um conteúdo de sólidos (areia) até 50 gr/m3 e contém uma válvula de retenção que evita danos por funcionamento em sentido inverso quando a bomba pára. Qualquer tamanho da UPAchrom 100 é isento de manutenção e a mesma pode ser instalada na posição horizontal ou inclinada. Saiba mais sobre a nova bomba de furo UPAchrom 100 em www.ksb.pt. V
(gestão até 256 pisos) com uma rápida alteração de firmware, e a integração de gestão de fechaduras autónomas Schlage AD300, AD400 e série NDE, assim como o SDK permitindo futuras integrações. A distribuição oficial em Portugal está a cargo da Sanco, S.A. Saiba mais em www.sanco.pt. V
SISTEMA DE CONTROLO DE ACESSOS CDVI ATRIUM
proteger JULHO | SETEMBRO 2017
77.
— FAQ's
apsei responde* *UM ESPAÇO ONDE A APSEI RESPONDE ÀS QUESTÕES QUE LHE CHEGAM DIARIAMENTE
1.
Que requisitos devem cumprir os postos de segurança dos edifícios?
A legislação nacional de segurança contra incêndio em edifícios exige que o posto de segurança se situe junto a um acesso principal do edifício ou recinto que serve e que o seu acesso seja reservado e resguardado ou protegido do fogo e guarnecido em conformidade com as disposições de organização de segurança do Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios. A legislação exige ainda que no posto de segurança exista um chaveiro de segurança com as chaves de reserva para abertura de todos os acessos do espaço que serve, bem como dos seus compartimentos e acessos a instalações técnicas de segurança, com exceção dos espaços no interior de fogos de habitação, bem como um exemplar do plano de prevenção e do plano de emergência interno. No caso de num mesmo edifício ou recinto existirem espaços afetos a mais do que uma utilização-tipo, é permitida a existência de um único posto de segurança, desde que assegurada a individualização da supervisão, comando e controlo de cada uma das utilizações-tipo aí existentes. Já no caso de um posto de segurança servir diversos edifícios de uma mesma utilização-tipo, gerida pela mesma entidade, devem ser assegurados meios de comunicação oral entre o posto de segurança e as receções ou portarias dos restantes edifícios, através de meios distintos das redes telefónicas públicas. O posto de segurança tem como objetivo a centralização da informação de segurança e os meios principais de receção e difusão de alarmes e de transmissão do alerta, assim como a coordenação dos meios operacionais e logísticos em caso de emergência, devendo ser assegurada sua existência em todos os edifícios e recintos obrigados a implementar medidas de autoproteção, nos termos do Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios. V
2.
Quais as superfícies comerciais que estão sujeitas à legislação de segurança privada?
As entidades gestoras de conjuntos comerciais com uma área bruta locável igual ou superior a 20.000 m2 e as grandes superfícies de comércio que disponham, a nível nacional, de uma área de venda acumulada igual ou superior a 30.000 m2, sendo que para esta contabilização apenas concorrem as superfícies comerciais com uma área útil de venda superior a 2.000 m2. A legislação de Segurança Privada, nomeadamente a Lei n.º 34/2013 e a Portaria n.º 273/2013, determina o conjunto de medidas e sistemas de segurança que estas superfícies comerciais estão obrigadas a implementar, bem como os prazos de adaptação para os sistemas de segurança já existentes e o regime sancionatório aplicável para o caso de incumprimento desta obrigatoriedade. V
3.
Que empresas estão obrigadas a organizar serviços internos de segurança e saúde no trabalho?
De acordo com o Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho, a organização de serviço interno de segurança e saúde no trabalho é obrigatória: — em estabelecimentos que tenham pelo menos 400 trabalhadores; — em conjuntos de estabelecimentos distanciados até 50 Km daquele que ocupa maior número de trabalhadores e que com este, tenham pelo menos 400 trabalhadores; — em estabelecimentos ou conjuntos de estabelecimentos que desenvolvam atividades de risco elevado, a que estejam expostos pelo menos 30 trabalhadores (são considerados de risco elevado os trabalhos e obras de construção, escavação, movimentação de terras, de túneis, com riscos de quedas em altura ou de soterramento, demolições e intervenção em ferrovias e rodovias sem interrupção de tráfego; as atividades de indústrias extrativas; os trabalhos hiperbáricos; as atividades que envolvam a utilização ou armazenamento de produtos químicos e perigosos suscetíveis de provocar acidentes graves; o fabrico, transporte e utilização de explosivos e pirotecnia; as atividades de indústria siderúrgica e construção naval; as atividades que envolvam contacto com correntes elétricas de média e alta tensões; a produção e transporte de gases comprimidos, liquefeitos ou dissolvidos ou a utilização significativa dos mesmos; as atividades que impliquem a exposição a radiações ionizantes, a agentes cancerígenos, mutagénicos ou tóxicos para a reprodução, a agentes biológicos do grupo 3 ou 4 e a sílica). O serviço interno da segurança e saúde no trabalho é instituído pelo empregador e abrange exclusivamente os trabalhadores por cuja segurança e saúde ele é responsável. V
ERRATA À QUESTÃO 1 DA EDIÇÃO Nº 30 DA PROTEGER Deverá ler-se — Consoante a categoria de risco da utilização-tipo, os simulacros podem ter de ser realizados anualmente ou de 2 em 2 anos. 78.
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ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SEGURANÇA
FICHA TÉCNICA
DEPÓSITOS PARA RESERVA DE ÁGUA DE SERVIÇO DE INCÊNDIO (RASI)
N.º 56 VERSÃO SETEMBRO 2017
DEFINIÇÃO Reservatórios de água, normalmente associados a um grupo hidropressor que têm como função assegurar o abastecimento de forma permanente aos equipamentos e sistemas de segurança e luta contra incêndio durante um determinado intervalo de tempo que garanta a autonomia necessária. Podem ser ou não exclusivos do serviço de incêndio, desde que garantido o volume necessário para a autonomia requerida.
// TIPOS DE DEPÓSITOS Os depósitos para RASI podem ser de vários tipos, conforme apresentado: — Quanto à sua localização, tendo por referência o nível do solo: — Elevados: depósitos localizados acima do nível do solo, suportados por estruturas adequadas, em que o abastecimento dos equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio é efetuado por gravidade, podendo, em situações específicas, prescindir do recurso a um grupo hidropressor — De superfície: depósitos localizados ao nível do solo, em que o abastecimento dos equipamentos e sistemas de segurança e luta contra incêndio é efetuado com recurso a um grupo hidropressor. — Semi-enterrados: depósitos localizados a uma cota tal que uma parte do depósito se situa abaixo do nível do solo, em que o abastecimento dos equipamentos e sistemas de segurança e luta contra incêndio é efetuado com recurso a um grupo hidropressor. — Enterrados: depósitos localizados abaixo do nível do solo, em que o abastecimento dos equipamentos e sistemas de segurança e luta contra incêndio é efetuado com recurso a um grupo hidropressor. — Quanto ao material de construção:
Fig. 1 — D epósito em poliéster reforçado com fibra de vidro.
— Metálicos: o corpo destes depósitos é normalmente fabricado em aço galvanizado a quente, podendo a ligação entre as várias partes que o constituem ser efetuada através de soldadura ou ligação mecânica. A base destes depósitos deve ser constituída por uma laje em betão devidamente dimensionada. Normalmente são instalados à superfície. Estes equipamentos são quase sempre soluções de pré-engenharia. — Em betão: podem ser de superfície ou enterrados. A sua estrutura pode ser de pré-engenharia ou de construção individualizada. — Em poliéster reforçado a fibra de vidro: apenas são permitidos para armazenamento de água à pressão atmosférica. Não podem conviver com os riscos que protegem, pelo que, quando instalados são tendencialmente posicionados em cota de subsolo. Nota: a construção e instalação de todos os depósitos deve obedecer ao Regulamento de Segurança e Ações e o dimensionamento das suas lajes ou fixes de assentamento deve ser determinada em função da morfologia geológica do terreno de assentamento. Quando necessário, o interior dos depósitos deve ser impermeabilizado de forma adequada de modo a assegurar a estanqueidade. — Quanto à pressurização: — Depósitos pressurizados: devem ter uma capacidade adequada às necessidades, podendo ser normalmente utilizados em sistemas automáticos de pequena dimensão. Devem ser instalados em local protegido por sistema automático de extinção por sprinklers ou, quando isto não for possível, em compartimento resistente ao fogo com uma classe de resistência mínima EI 30.
Fig. 2 — D epósito metálico.
Nota: Os depósitos pressurizados são equipamentos sob pressão, estando abrangidos pela legislação que regulamenta este tipo de equipamentos.
APSEI — ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE SEGURANÇA Rua Cooperativa A Sacavenense n.º 25, C/F, 2685–005 — Sacavém | Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 | proteger@apsei.org.pt, www.apsei.org.pt
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// ELEMENTOS CONSTITUINTES Regra geral, os depósitos para RASI devem incluir os seguintes elementos: — Tubo de ventilação, protegido por rede de malha fina; — Tubagem de aspiração com inibidor de vórtice; — Tubagem de enchimento com válvula de nível constante; — Tubo de escoamento de sobreenchimento;
— NORMAS APLICÁVEIS NFPA 22 Standard for water tanks for private fire protection. NFPA 25 Standard for the inspection, testing and maintenance of water-based fire protection systems.
— Manómetro (no caso dos depósitos pressurizados); — Válvula de segurança de sobrepressão (no caso dos depósitos pressurizados); — Válvula de descarga de fundo (em todos os depósitos atmosféricos); — Válvula de seccionamento de alimentação;
// CAPACIDADE DOS DEPÓSITOS A capacidade dos depósitos deve ser calculada tendo por base o caudal máximo necessário para o funcionamento simultâneo dos vários equipamentos e sistemas de extinção de incêndios existentes no local a proteger, sejam eles manuais ou automáticos, e durante o intervalo de tempo requerido pelos mesmos, em função das disposições do quadro legal vigente.
— GARANTIAS Declaração de Conformidade, assinada pelas partes envolvidas na instalação do depósito, nomeadamente Operador, Instalador, Projetista e outros envolvidos. Declaração de Conformidade do Instalador, que ateste que o depósito cumpre com as normas aplicáveis.
// MARCAÇÃO Os depósitos pressurizados devem ser identificados com uma placa de características, devendo conter pelo menos as seguintes informações:
—M arcação CE; —N ome e endereço ou outros meios de identificação do fabricante e, se aplicável, do seu mandatário estabelecido na Comunidade; —A no de Fabrico; — I dentificação do equipamento sob pressão (p. ex., tipo, número de série, número de lote ou número de fabrico); —L imites essenciais máximos / mínimos admissíveis; —V olume, em litros; —P ressão de ensaio, em bar, e data do ensaio; —U tilização prevista; —R azão de enchimento, em quilogramas/litro; // INSPEÇÃO O utilizador deve implementar um programa de inspeção e manter os respetivos registos.
// MANUTENÇÃO Os depósitos devem ser submetidos a manutenção preventiva com uma periodicidade mínima anual. A entidade instaladora deve fornecer ao utilizador um programa de inspeção. Durante os procedimentos de manutenção recomenda-se a implementação de uma condição de alerta especial que possa assegurar minimamente a capacidade de intervir em caso de emergência.
As FICHAS TÉCNICAS APSEI estão sujeitas a um processo de atualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.
OBTENHA TODAS AS FICHAS TÉCNICAS APSEI ATUALIZADAS EM WWW.APSEI.ORG.PT
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Fabricante de Sistemas de Controlo de acesso desde 1985
O ATRIUM é um Sistema de Controlo de Acessos que permite gerir remotamente qualquer instalação até 500 portas usando um potente software de gestão GRATUITO ou o servidor web integrado nos controladores principais. Este servidor adapta-se ao navegador do dispositivo usado para acesso, sendo compatível com PC’s, Tablets, Smartphones, etc.), proporcionando uma cómoda gestão de portas, utilizadores, visualização de eventos em tempo real, acesso a CCTV e armar/desarmar remotamente o seu sistema de alarme.
A escolha do Instalador
É um sistema muito fácil de instalar, configurar e implementar. Os módulos são Plug-and-Play, e foram concebidos para serem automáticamente detetados por cada controlador principal.
10 anos de garantia
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30 anos de experiência
Suporte ao instalador
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Formação gratuita sob pedido
Todos os módulos A22 incluem a sua própria caixa metálica, fonte de alimentação e acessórios, com a qual poderá alimentar o próprio sistema, assim como os dispositivos de bloqueio a si conetados, agilizando o processo de instalação. Nenhum outro fabricante no mercado oferece este nível de pre-configuração aos instaladores.
Funcionalidades Servidor web adaptativo integrado
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SDK para integração de terceiros
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Controlo de Elevadores
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Software de Gestão GRATUITO
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A22
Controlador de 2 portas com servidor web integrado O A22 é um módulo IP híbrido que pode ser usado como controlador ou expansor de portas, disponibilizando 2 entradas Wiegand para leitores, 2 saídas de controlo de fechadura, e 2 relés auxiliares. Possui 6 entradas multi-função (expansível a 12 por dobragem) para monitorização de dispositivos.
AIOM
Módulo de 10 entradas e saídas O AIOM é um módulo de entradas e saídas, que em conjunção com as macros ATRIUM pode ser usado para controlar dispositivos como portas de garagem, sistemas de alarme, iluminação, AVAC, etc. assim como para monitorizar os mais diversos elementos, como sensores de movimento, sondas de temperatura, etc.
DISTRIBUIDOR OFICIAL EM PORTUGAL
www.sanco.pt
Consulte o novo Catálogo de Controlo de Acessos
Rua dos Lagos, 545 - Edificio SANCO | 4405-875 Vila Nova de Gaia | Tel: +351 223 710 845
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