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SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€

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NACIONAL Fucoli-Somepal. Rigor e qualidade no fabrico da segurança.

ESPECTÁCULOS Segurança Contra Incêndio em palco. Levar os espectáculos ao limite em Las Vegas.

ARMAZÉNS Sistemas de desenfumagem e de extinção por Sprinklers. TEMA DE CAPA

CONVENTO DOS INGLESINHOS: HERANÇA HISTÓRICA E SEGURANÇA PARA O FUTURO



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Editorial Maria João Conde.

O actual momento económico não se compadece com actos de gestão que se limitem ao curto prazo. Sobreviverão a esta conjuntura crítica as organizações que melhor souberem rentabilizar os seus recursos e colocá-los ao serviço da segurança, da qualidade e da inovação.

Em conjunturas de contracção da economia, ter visão estratégica e fazer bons investimentos a longo prazo revela-se tão importante como emagrecer a estrutura de custos e/ou ampliar o volume de vendas das organizações. O investimento na segurança dos edifícios é um bom exemplo desta afirmação. Conceber uma solução de segurança para um edifício exige uma capacidade de antevisão da utilização que o edifício irá ter durante toda a sua vida útil. Ter uma compreensão exacta da utilização pretendida para um edifício e antecipar as transformações que o edifício possa sofrer durante a sua exploração são factores a ter em linha de conta quando se projecta um sistema ou se adquire uma solução de segurança. Quais as actividades que serão desenvolvidas naquele espaço? Irá receber público ou será sempre utilizado pelos mesmos ocupantes? Qual o número habitual de utilizadores? É possível que o edifício seja ampliado? Podem ser integradas outras funcionalidades? Investir num sistema de segurança que não permite qualquer tipo de evolução (por exemplo, adquirir um sistema de detecção de intrusão que não admita a possibilidade de integração de detectores adicionais) é um exemplo de um investimento ineficiente. Mas, a questão crucial coloca-se depois da instalação. Partindo do pressuposto que os sistemas foram correctamente instalados por técnicos qualificados e competentes, será que são objecto de uma manutenção regular, que garanta que vão funcionar quando acontecer um incêndio, uma fuga de gás ou qualquer acto de vandalismo? Lamentavelmente a manutenção dos sistemas de segurança é considerada pelos proprietários como um custo dispensável, especialmente em tempos de crise económica. É comum que grandes investimentos em soluções de segurança sejam desperdiçados por falta de sensibilidade do responsável de segurança em zelar pela sua conservação. Este comportamento por parte dos decisores, não só coloca em causa a segurança das pessoas que utilizam o edifício, como coloca em risco a própria actividade da empresa pelo facto dos activos das empresas, sejam eles mercadorias, máquinas e equipamentos, tecnologias, documentação, ficarem desprotegidos. Não investir na manutenção da funcionalidade dos sistemas de segurança é, para além de uma demonstração de irresponsabilidade, um acto manifestamente anti-económico e irracional. Se adicionarmos a esta falta de cultura de segurança, a inexistência de qualificação das empresas instaladoras e de manutenção, a fiscalização pouco actuante, estão reunidas as condições para que os edifícios, onde passamos a maior parte do tempo das nossas vidas, possam não apresentar um nível de segurança suficiente. Reconhecendo a importância de manter operacionais os equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio em edifícios, o recente Decreto-lei n.º 220/2008 tornou as medidas de autoprotecção de aplicação obrigatória, em todos os edifícios em exploração. Para a concretização das medidas de auto-protecção, aguarda-se a breve implementação das inspecções regulares para verificação da manutenção das condições de SCIE aprovadas e da execução das medidas de autoprotecção , a designação das autoridades credenciadas para executar a emissão de pareceres realização de vistorias e de inspecções das condições de SCIE pela ANPC e o registo das entidades com actividade de fornecimento, comércio e manutenção de produtos e sistemas de segurança contra incêndio em edifícios. Uma vez implementadas estas três disposições, teremos todos mais razões para nos sentirmos seguros quando nos encontramos “dentro de portas”. Num período em que proliferam as medidas anti-crise, sugerimos que os investimentos na segurança de edifícios privilegiem a qualidade, a flexibilidade e a longevidade das soluções. O actual momento económico não se compadece com actos de gestão que se limitem ao curto prazo. Sobreviverão a esta conjuntura crítica as organizações que melhor souberem rentabilizar os seus recursos e colocá-los ao serviço da segurança, da qualidade e da inovação.

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Sumário

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ABRIL A JUNHO 2009

01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. Nova Norma Europeia EN 50132 aplicável aos Sistemas de Videovigilância. A Marca de Qualidade Europeia. Sector da segurança presente na Tektónica 2009. Acção de Formação em manutenção de extintores no Porto. Órgãos Sociais da APSEI reeleitos em dia de balanço anual. 07 Associação de Directores de Segurança em Portugal. 53+54 Ficha técnica APSEI nº18 Botão de Alarme Manual. 55 Legislação e Normalização. 56 Agenda.

EVENTOS 09 Sector da segurança em debate Reportagem da 13ª edição do SEGUREX 2009 e da 3ª Conferência APSEI, onde foi apresentado o Estudo do Sector da Segurança em Portugal (edição 2009) e se debateu o novo Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios. Gonçalo Sítima

ARTIGO DE CAPA 14 Convento dos Inglesinhos: Herança histórica e segurança para o futuro Reabilitação de edifícios e particularidades da aplicação de sistemas de protecção contra incêndio em edifícios históricos. João Silva Appleton e Nuno Tasso de Figueiredo

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(...) situado no mítico Bairro Alto, em Lisboa, é um dos mais notórios empreendimentos de reabilitação urbana. (...) Conheça agora as principais soluções de segurança implementadas, desde os materiais de protecção passiva contra incêndio, até aos sistemas de detecção e extinção de incêndios.

FABRICO NACIONAL 20 Rigor e qualidade no fabrico da segurança Visita à empresa metalúrgica Fucoli-Somepal, especialista no fabrico de marcos de incêndio. Maria João Conde e Gonçalo Sítima

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Direcção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira e Mélanie Cuendet Colaboradores neste número António Baptista, Artur Carvalho, Christine Theisen, Joaquim Miranda, João Appleton, Jorge Garção, Miguel Lobato, Mário Ribeiro, Nuno Figueiredo, Richard Muller e Ricardo Gaio Publicidade Gonçalo Sítima Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio Administração, Redacção e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail apsei@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt Fotografia Gonçalo Sítima, Getty Images e iStockPhoto Design Big Book José Mendes Pré-press Critério Produção Gráfica, Lda Impressão MR Artes Gráficas Periodicidade Trimestral Tiragem 2000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288

INTERNACIONAL Segurança contra incêndio em palco. Levar os espectáculos ao limite em Las Vegas Os desafios de segurança impostos pelos grandes espectáculos do Cirque du Soleil.

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Christine Theisen e P.E. Richard Muller

INFORMAÇÃO TÉCNICA 30 A importância dos têxteis no risco de incêndio de um edifício Cuidados na protecção contra incêndios através da escolha dos materiais decorativos de um edifício. Mário Ribeiro

35 Protecção Contra Incêndios em Edifícios de Armazenagem Sistemas de desenfumagem e de extinção por sprinklers aplicados em armazéns. António Baptista, Miguel Lobato e Artur Carvalho

40 Sistema de Controlo de Acessos – Quem, Como e Quando? Características de funcionamento, evolução tecnológica e futuras inovações. Jorge Garção

43 Marcação “CE” em Ferragens para Portas

Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio.

Garantias e características da marcação de conformidade europeia para portas corta-fogo.

© Tomas Muscionico

Ricardo Gaio

SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€

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NACIONAL Fucoli-Somepal. Rigor e qualidade no fabrico da segurança.

ESPECTÁCULOS Segurança Contra Incêndio em palco. Levar os espectáculos ao limite em Las Vegas.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

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45 Detecção de fogos florestais na sua fase inicial Novos sistemas de detecção de incêndios em áreas florestais através de sensores ópticos e o caso Alemão de Brandenburgo. Joaquim Miranda

Sistemas de desenfumagem e de extinção por Sprinklers. TEMA DE CAPA

CONVENTO DOS INGLESINHOS: HERANÇA HISTÓRICA E SEGURANÇA PARA O FUTURO

LEGISLAÇÃO 48 Equipamentos e sistemas de SCIE Disposições aplicáveis a cada utilização-tipo.

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NOTÍCIAS

NOVA NORMA EUROPEIA EN 50132 APLICÁVEL AOS SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA O Comité Europeu de Normalização Electrotécnica (Cenelec) concluiu recentemente a parte 1 “System requirements“ (requisitos de sistema) da Norma Europeia EN 50132 “CCTV Surveillance systems for use in security applications” (EN 50132-1) (aplicações de segurança dos sistemas de videovigilância), completando assim a normalização aplicável aos sistemas de videovigilância. A norma EN 50132-1 estabelece mais de 100 requisitos base de cumprimento para efeitos da conformidade dos sistemas de videovigilância com as suas disposições normativas, bem como as especificações técnicas de segurança aplicáveis à gravação de imagens, à sua transmissão, visualização e direitos de acesso. Complementarmente, define ainda mais

de 60 requisitos adicionais aplicáveis aos sistemas instalados em ambientes de risco elevado. A implementação generalizada da Norma Europeia EN 50132 permitirá que os sistemas de segurança electrónica evidenciem um elevado nível de desempenho em toda a Europa atestado por uma certificação única. Estando os sistemas em conformidade com a normalização europeia aplicável, os seus utilizadores e operadores terão a garantia de que todos os eventos serão monitorizados e gravados e, simultaneamente, que a fiabilidade, funcionamento e segurança do sistema serão salvaguardados. As Normas Europeias EN 50132 não só substituirão gradualmente as normas

nacionais existentes, como também irão ser adoptadas em países que não possuem qualquer especificação. Desta forma poderá comparar-se, de forma objectiva, diferentes sistemas no que diz respeito aos critérios de qualidade e desempenho, permitindo ao utilizador seleccionar a solução mais adequada de acordo com as suas necessidades operacionais. As próximas tarefas da normalização relativamente aos equipamentos de videovigilância e à harmonização europeia consistem nas revisões das partes 5 e 7 da Norma, referentes, respectivamente, à transmissão de imagens e às directrizes gerais de aplicação dos sistemas de videovigilância, existindo boas hipóteses das normas europeias virem a ser adoptadas a nível internacional, através da ISO.

A MARCA DE QUALIDADE EUROPEIA Foi recentemente criada a Certalarm, a marca de qualidade que pretende garantir a segurança e fiabilidade dos produtos de segurança electrónica e protecção contra incêndio a nível europeu. A finalidade da Certalarm será permitir a existência de um esquema de certificação “one stop” em conformidade com as normas europeias, nomeadamente a EN54 e a EN5013X, o que significa que os produtos e equipamentos poderão ser ensaiados por uma única autoridade reconhecida, sendo aceite em todos os países da União Europeia. Pretendese, com este esquema de certificação, evitar a duplicação de custos com ensaios laboratoriais e certificações de qualidade nacionais. A marca Certalarm visa também garantir que o produto possui os requisitos de qualidade necessários quando não existem referenciais nacionais. É pretensão da Certialarm criar referenciais de certificação para as seguintes actividades: protecção passiva, detecção de incêndio, sistemas de segurança, serviços de instalação e manutenção, competência técnica, entre outros. Do ponto de vista dos fabricantes, a utilização de uma marca única permitirá

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a desburocratização da entrada dos equipamentos nos diversos mercados dentro da Comunidade Europeia, o que permitirá reduzir os custos e o tempo dispendido neste processo, em simultâneo com o incremento da inovação e competitividade entre os produtos de segurança. A marca Certalarm será outorgada por uma associação sem fins lucrativos com o mesmo nome, sedeada em Bruxelas, à qual poderão pertencer entidades que estejam relacionadas com o sector de incêndio e segurança electrónica. Utilizando um conceito de sistema aberto, a Certalarm colabora com laboratórios de ensaios, entidades certificadoras e organismos de vistoria. Prevê-se que, quando implementada, a Certalarm possa trazer importantes benefícios transversais a toda a cadeia de valor do sector da segurança electrónica e protecção contra incêndio. Contudo, a implementação deste sistema de certificação única dependerá da sua aceitação, aplicação e reconhecimento por parte dos vários intervenientes do sector, desde o fabricante aos clientes finais. Através de uma certificação de qualidade

baseada em requisitos harmonizados e transparentes, a Certalarm pretende contribuir para reforçar a competitividade dos produtos europeus, de forma a conseguirem impor-se noutras regiões do planeta e concorrer com os produtos de fabrico norte‑americano, líderes nos mercados externos. A Certalarm parece também constituir-se como a resposta do sector da segurança europeu à futura directiva dos serviços que, a fim de reforçar a livre prestação de serviços, prevê que os Estados-Membros devem garantir o livre acesso à actividade de serviço, bem como o seu livre exercício no seu território. Informações adicionais: www.certalarm.org


NOTÍCIAS

SECTOR DA SEGURANÇA PRESENTE NA TEKTÓNICA

2009

A APSEI, enquanto representante das empresas nacionais de segurança electrónica e protecção contra incêndio, esteve presente na 10º edição da Tektónica – Feira Internacional de Construção e Obras Públicas, que decorreu na FIL, em Lisboa. Este ano, a Tektónica teve mais de 45.000 m2 de exposição onde participaram 700 empresas. O certame recebeu cerca de 78.000 entradas de profissionais. Para além da presença institucional, a participação da APSEI resulta também da forte ligação existente entre o sector da segurança e o da construção civil. Na última edição do Estudo do Sector da Segurança em Portugal, publicado pela APSEI, foi possível apurar que o sector imobiliário consome cerca de um terço da produção de segurança no nosso país. Conscientes desta ligação profissional e económica, foi possível encontrar entre os expositores da Tektónica 2009 algumas empresas associadas APSEI, nomeadamente a Exuvent, a IVV Automação, o Grupo Fireprin, a Global Segurança, a Termolan e a Tecnisis.

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ACÇÃO DE FORMAÇÃO NO PORTO O Curso de Manutenção de Extintores deslocou até ao norte do país no início do mês de Maio. Após várias solicitações de empresas nacionais, o Porto recebeu a 4ª edição do curso de Renovação e a 5ª edição do curso de Formação Inicial, permitindo a formação especializada de técnicos que prestam serviço na área de manutenção de extintores. De volta a Lisboa, a próxima acção de formação está agendada para dia 29 de Junho. O Curso de Manutenção de Extintores da APSEI, cuja primeira edição aconteceu em Dezembro de 2008, já permitiu formar cerca de 150 técnicos. Consulte o site da APSEI para mais informações sobre as próximas edições: www.apsei.org.pt

ÓRGÃOS SOCIAIS DA APSEI REELEITOS EM DIA DE BALANÇO ANUAL Os Associados da APSEI elegeram no passado dia 22 de Abril os novos Órgãos Sociais da Associação para o próximo triénio. A Direcção, que tomou posse pela primeira vez em 2005, recandidatou-se com a vontade de dar continuidade e de poder concluir os diversos projectos iniciados nos últimos anos e foi eleita para conduzir o destino da APSEI. Para além da Direcção, foram ainda eleitos os membros do Conselho Fiscal e da Mesa da Assembleia Geral. A par da eleição dos órgãos sociais, decorreu no mesmo dia a apresentação do relatório e contas de 2008, onde são retratadas todas as actividades desenvolvidas pela APSEI no ano passado e os respectivos resultados financeiros. Em primeiro lugar, de destacar como facto relevante ocorrido em 2008 a publicação do novo Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios no final do ano. A APSEI acompanhou atentamente o desenvolvimento de todo o processo legislativo, colaborando permanentemente com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). A APSEI viu reconhecida esta colaboração através da sua designação como membro da Comissão de Acompanhamento da aplicação deste regime. 2008 assinalou também o segundo evento em Portugal promovido por uma das maiores autoridades internacionais em matéria de segurança contra incêndios, a norteamericana National Fire Protection Association (NFPA). Após a Conferência em 2006, a NFPA juntou-se à APSEI na organização das Jornadas Técnicas NFPA-APSEI 2008, tendo proporcionado, pela primeira vez ao público português, formação ministrada por especialistas da NFPA em várias matérias de segurança em edifícios. De forma a prestar aos seus associados e ao mercado da segurança em geral um serviço de formação de qualidade, a APSEI obteve em 2008 a acreditação junto da DGERT enquanto entidade formadora. A primeira oferta formativa foi o Curso de Manutenção de Extintores, que permite desenvolver as competências dos técnicos que já efectuam ou pretendem iniciar o serviço de manutenção de extintores. No futuro, a APSEI prevê alargar a oferta formativa às diferentes áreas da segurança electrónica e protecção contra incêndio.

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ASSOCIATIVISMO

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Associação de Directores de Segurança em Portugal A Associação de Directores de Segurança de Portugal – ADSP - foi constituída no dia 19 de Fevereiro de 2008 e teve na sua origem, um grupo de Auditores e Professores do PEDS - Programa Especializado em Direcção de Segurança do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica (IEP-UCP), cuja intenção é promover a qualificação académica, técnica e profissional dos Directores de Segurança em Portugal. Os fins profissionais e sociais que estão configurados nos Estatutos da ADSP projectam ao serviço da Segurança e da Cidadania, os seus profissionais como detentores de valências qualificadas em elevados padrões proficientes. A figura do Director de Segurança surgiu com a reestruturação do sector da Segurança Privada ocorrida em 2004 durante a preparação para o “Euro2004”. Não estando ainda regulamentada a sua formação e acreditação, serão estes os principais objectivos desta Associação, para assim poder contribuir para uma Ética Deontológica deste responsável na sociedade portuguesa. Queremos assim, elevar os padrões dos responsáveis imersos no mundo da Segurança. O reconhecimento dos profissionais que durante anos prestaram relevantes serviços no sector da Segurança é também uma das metas da ADSP, tratando de elevar, tanto o prestígio profissional, como o reconhecimento social. Queremos criar um espaço que seja um verdadeiro ponto de encontro, partilha, informação e promoção, divulgando soluções para problemas de segurança actuais. Desde divulgar Lições Aprendidas, a promover debates especializados em determinadas matérias, tendo em consideração a sua especificidade, é nosso desejo promover um Centro de Excelência. Pois temos consciência que é assim que podemos contribuir para uma sociedade mais tranquila, logo, mais desenvolvida. Este Centro de Excelência quer contribuir com um amplo conhecimento disseminado nas diversas disciplinas que queremos abordar na formação dos Directores de Segurança, inserido num amplo colectivo de especialistas que desenvolvem o seu

saber no campo da segurança, quer pública quer privada. O fruto deste labor, que se apresenta como tarefa gigantesca à Associação, reside no ordenamento, no âmbito da Segurança Privada, da figura do Director de Segurança. Este será um passo importantíssimo para o reconhecimento profissional dos dirigentes que desenvolvem ou que irão desenvolver o seu trabalho no sector da segurança. A Associação de Directores de Segurança de Portugal quer manter uma estreita colaboração com a Administração do Estado, através do Ministério da Administração Interna, em futuros desenvolvimentos no quadro legal da segurança. Quer tomando parte em grupos de trabalho, quer opinando em matérias que podem afectar os profissionais que desenvolvem o seu esforço no sector da segurança. A formação superior universitária, que a grande maioria dos associados possui, aliada a uma experiência ou formação especializada, deve habilitar os Directores de Segurança a lugares onde a responsabilidade é elevada e deve ser assumida com padrões de profissionalismo elevados. Os Associados da ADSP são logo à partida reconhecidos, no actual quadro legal, como profissionais do sector capacitados para o efeito, beneficiando de um conjunto de informações e experiências exclusivas da ADSP. A Associação de Directores de Segurança de Portugal já é composta por associados que exercem cargos de dirigentes de Segurança, seja em entidades financeiras, nos departamentos de segurança de empresas públicas ou privadas, responsáveis de empresas de segurança privada, graduados de forças de segurança e militares, mas quer ser uma entidade grandemente representativa e que aglutine a diversidade dos interesses dos responsáveis da Segurança. A nossa Associação possui um Conselho Supremo, constituído por personalidades públicas de reconhecida competência e autoridade na área da Segurança. Este Conselho é presidido pelo Dr. António Figueiredo Lopes,

nada mais que o Ministro que criou a figura do Director de Segurança e que nos honrou com a aceitação deste desafio. Ao promover um melhor, mais aprofundado e especializado conhecimento, através de acções formativas de aperfeiçoamento e especialização, a Associação de Directores de Segurança de Portugal quer gerar um verdadeiro conhecimento de segurança que sirva como património intelectual que valorize os seus Associados, e assim promova, com eficácia, a segurança em Portugal. Em suma, os objectivos da Associação de Directores de Segurança de Portugal são: ≥ Contribuir decisivamente para o reforço de uma Ética Deontológica do Director de Segurança na sociedade portuguesa. ≥ Projectar ao serviço da Segurança e da Cidadania, os seus profissionais como detentores de valências qualificadas em elevados padrões proficientes. ≥ Promover um verdadeiro ponto de Encontro, partilha, informação e promoção, divulgando soluções para problemas de segurança actuais. ≥ Incentivar uma permanente interacção entre responsáveis de segurança institucionais e os Associados. ≥ Promover debates especializados em determinadas matérias, dada a sua especificidade, querendo promover um Centro de Excelência. ≥ Apoiar um ordenamento no âmbito da Segurança Privada de forma a normalizar conceitos, em especial no perfil que deve possuir um Director de Segurança. ≥ Reconhecer os profissionais que durante anos prestaram relevantes serviços ou por feitos evidenciados no sector da Segurança.

Daniel P. Simões Presidente da Direcção da ADSP www.directoresdeseguranca.pt ABRIL A JUNHO ‘09

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Gonçalo Sítima

A Segurança regressou aos pavilhões de exposição da Feira Internacional de Lisboa, no Parque das Nações. Este ano o SEGUREX – Salão Internacional de Protecção e Segurança assinalou a sua 13ª edição. Consagrado no mercado nacional como um evento bienal de referência para o sector da segurança, o SEGUREX 2009 abriu as suas portas entre 18 e 21 de Março e contou com a presença de quase duas centenas de expositores e cerca de 17.000 visitantes. Inserida nos eventos paralelos, a 3ª Conferência APSEI permitiu ainda avaliar e discutir o actual estado do sector da segurança em Portugal.

Panorâmica da SEGUREX 2009. ≥

Sector da segurança em debate


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EVENTOS

SEGUREX 2009 Salão Internacional de Protecção e Segurança As diversas empresas expositoras representaram os sectores da Protecção e Combate a Incêndios, Segurança e higiene no Trabalho, Socorro e Salvamento e Segurança de Pessoas e Bens. A presença institucional foi igualmente forte, tendo participado o Ministério da Administração Interna, o Ministério da Defesa Nacional, o Ministério da Defesa entre vários outros organismos, assim como associações representantes das diversas actividades do sector da Segurança. O Espaço Inovação da edição deste ano recebeu cerca de 30 candidaturas de empresas expositoras que apostaram em novos produtos e equipamentos com características

inovadoras. A APSEI integrou o júri de especialistas que elegeu a solução de segurança que mais se destacou pelo seu aspecto funcional, técnico e estético. O prémio inovação foi atribuído ao sistema de controlo de fronteira RAPID - Reconhecimento Automático de Passageiros Identificados Documentalmente, apresentado pelo Ser­ viço de Estrangeiros e Fronteiras. Este sistema encontra-se operacional em todos os aeroportos internacionais portugueses e permite um controlo documental realizado de forma mais racional e com menor custo por passageiro.

SOLUÇÕES DE SEGURANÇA DOS ASSOCIADOS DA APSEI Ao longo dos dois pavilhões do SEGUREX 2009 foi possível encontrar várias empresas associadas da APSEI. Um total de 19 empresas associadas, com presença em diversas áreas de actividade, pôde promover e mostrar as suas melhores soluções de segurança a um público diversificado e interessado nas questões da Segurança. No pavilhão 3 da feira foi possível passar pelo espaço da Contra Fogo e conhecer as mais recentes lanternas com tecnologia de iluminação LED, nomeadamente os modelos com sistemas de iluminação para áreas remotas. Por sua vez, a Ertecna, detentora da

passa por nós todos os dias Todos os dias passa pelos nossos produtos. Todos os dias olha para eles. O nosso desejo é que nunca os utilize. A nossa garantia é que estarão perfeitamente funcionais, quando precisar deles.

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EVENTOS

marca de sinalização de segurança Sinalux, apresentou a sua gama de luxo, Excellence by Sinalux, que recorre ao fabrico de sinais com materiais alternativos ao habitual PVC fotoluminescente, nomeadamente em vidro acrílico fosco e transparente e aço inoxidável escovado. No stand da Fire Prin foi possível encontrar o sistema de extinção automática de incêndios concebido para proteger cozinhas industriais. A Tecniquitel promoveu no SEGUREX um sistema portátil para detecção de drogas, composto por um analisador e kits de teste, que permite determinar a presença de diversas drogas no organismo através da análise da saliva. O stand da Tecnisis exibiu um sistema de protecção contra incêndios concebido para ser aplicado em microambientes como autocarros, quadros eléctricos, turbinas eólicas, entre outros. Destaque também para os monitores de gases tóxicos e explosivos.

destinado a facilitar a evacuação em altura de pessoas de um prédio em chamas. No stand da Gunnebo o destaque foi para o sistema de controlo de acessos, pela sua capacidade de instalação em espaços reduzidos e o sistema de manuseamento de dinheiro fechado, capaz de oferecer uma protecção de tinta antifurto desde o pagamento até ao centro de contagem. A Observit apresentou na exposição a plataforma de arquivo, análise e transmissão de vídeo sobre IP e gestão do video wall e trouxe também o Video Wall Dinâmico, um modelo de organização de salas de controlo desenvolvido pela própria empresa e que visa facilitar a tarefa de monitorização por parte dos operadores. A Prosonic mostrou no seu espaço o painel de controlo para sistemas de protecção contra incêndio que apresenta como principal mais-valia a sua utilização intuitiva e funcional.

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serviços de segurança, à vertente pedagógica de fomento da cultura da prevenção, o SEGUREX 2009 foi constituído por várias conferências, workshops e outros eventos paralelos onde se debateram as diversas temáticas relacionadas com a Segurança em Portugal. Uma das principais Conferências foi promovida pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), no dia 20, sob o tema “Novo Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios”. Com a colaboração da APSEI e da Escola Nacional de Bombeiros, a conferência teve a presença de Miguel Silva, da ANPC, que apresentou os aspectos mais importantes presentes no Decreto-Lei nº220/2008, que estabelece o novo RJ-SCIE. Maria João Conde, secretária geral da APSEI, prosseguiu a apresentação das novas obrigações legais abordando o registo na ANPC das empresas com actividade de comercialização, instalação e manutenção

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01. A IVV Automação foi uma das 19 empresas associadas da APSEI que estiveram presentes nesta edição do SEGUREX. 02. Pormenor do sistema de extinção por gases no stand da LPG Portugal.

Já no pavilhão 4, a Centralseg destacou os detectores de fumo desenhados para espaços amplos e os detectores de incêndio wireless, convenientes para situações onde a utilização de cabos poderá ser inoportuna. Também na área da segurança electrónica, mas na videovigilância, a ENA Portugal divulgou um sistema de posicionamento que utiliza a captação de imagens térmicas. A empresa Micotec teve em destaque duas soluções distintas: o sistema de detecção de incêndios em fase inicial e o equipamento

Marcaram também presença no certame as empresas associadas Extincêndios, IVV Automação, LPG Portugal, Maxicofre, Safety Centro, Secur, Tria e Vianas que apresentaram várias outras soluções de segurança. Contudo, num sector que prima pela inovação e diversidade, muito ficou por mostrar e demonstrar. APRESENTAÇÃO DO NOVO RJ-SCIE Aliando a vertente comercial, através da exposição de variados produtos, sistemas e

de produtos e equipamentos segurança contra incêndio em edifícios. Por sua vez, Carlos Ferreira de Castro complementou esta temática com uma abordagem ao Regulamento Técnico de SCIE na óptica dos autores de projectos. No final, houve ainda espaço para a apresentação da segunda edição do “Manual de Segurança contra Incêndio em Edifícios”, da autoria de Carlos Ferreira de Castro e José Barreira Abrantes, publicado pela Escola Nacional de Bombeiros. ABRIL A JUNHO ‘09

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EVENTOS

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A dinâmica profissional de mais uma edição do SEGUREX 2009 proporcionou o ambiente ideal para a realização da 3ª Conferência APSEI, no passado dia 19 de Março. Estiveram em discussão as questões mais actuais e pertinentes para o sector da segurança electrónica e protecção contra incêndio em Portugal. Com um painel altamente qualificado de oradores, o encontro permitiu discutir a actual situação do sector da protecção contra incêndio e segurança electrónica, quer a nível económico e empresarial, quer legislativo. A caracterização do sector foi feita através da apresentação da edição de 2009 do Estudo do Sector da Segurança em Portugal, elaborado pela Universidade Católica Portuguesa e publicado pela APSEI. Manuel Gonçalves, Amélia Pina e Céline Abécassis-Moedas do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, expuseram os dados e conclusões presentes no Estudo e apontaram quais os principais desafios e potencialidades da actividade da segurança em edifícios. A principal conclusão do estudo aponta para o crescimento do sector da segurança em Portugal acima da economia nacional. As vendas em 2007 (ano dos dados recolhidos) permitem avaliar o sector da segurança em 600 milhões de euros. Falamos de um sector

Por último, é fundamental aproveitar as oportunidades que advêm da implementação do novo Regime Jurídico de Segurança contra Incêndios em Edifícios. Complementarmente à caracterização do sector da segurança nacional, Roberto Carneiro dedicou a sua apresentação às estratégias empresariais para fazer frente à actual crise. O cerne da sua argumentação residiu na defesa dos princípios éticos que devem reger a actividade empresarial. No entender do académico, a quebra dos valores éticos na vida dos negócios, o colapso dos códigos de conduta e a recusa dos valores como reguladores definitivos e sustentáveis dos mercados são dos factores mais importantes que se encontram na origem da actual crise. Destes factores advém a necessidade de uma resposta estratégica. Segundo Roberto Carneiro, o mundo após a crise será diferente e exigirá uma “refundação axiológica das relações humanas, so-

de vida dos edifícios e recintos, a clarificação das responsabilidades e a adopção dos Eurocódigos e Euroclasses. A abordagem foi transversal ao RJ-SCIE, com particular destaque para os vários responsáveis pelas condições de segurança dos edifícios e os aspectos mais relevantes para a instalação e manutenção de sistemas de protecção contra incêndio. Como conclusão, Ferreira de Castro refere que o novo regime jurídico vem reconhecer a importância das actividades de comercialização, instalação e a manutenção de equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio para o cumprimento dos objectivos de segurança com qualidade. A apresentação foi seguida por um participado debate que permitiu aos diversos membros do público clarificarem as suas dúvidas sobre as novas exigências. Para finalizar a Conferência, Rui Soreto, presidente da Direcção da APSEI, abordou a crise numa perspectiva optimista, salientan-

01 A apresentação dos resultados da nova edição do Estudo do Sector da Segurança em Portugal foi um dos destaques da 3ª Conferência APSEI. 02 Apresentação de Roberto Carneiro, professor da Universidade Católica Portuguesa e antigo Ministro da Educação. 01

composto por cerca de 550 empresas que emprega uma média de 9.500 trabalhadores. As vendas distribuem-se em 62% para o mercado interno e 38% para o mercado externo, sendo o subsector da Protecção Passiva contra Incêndios aquele que mais exporta (55% do total das suas vendas). Como recomendações para as empresas, o Estudo do Sector refere que deverão ser aproveitadas as oportunidades de internacionalização, nomeadamente no mercado africano cuja expansão actual é assinalável. Por outro lado, as empresas deverão também apostar nos cursos técnico-profissionalizantes e desenvolver parcerias de Investigação e Desenvolvimento de forma a poder entrar em mais concursos.

ciais, culturais, económicas e empresariais sobre um fundamento sólido de valores”. No final da apresentação a audiência reteve os conceitos essenciais para fazer frente à actual conjuntura: valores, responsabilidade social, cidadania e código de conduta. Após a abordagem empresarial, a Conferência foi direccionada para a nova legislação de segurança vigente. A tarefa de abordar o novo regime jurídico de protecção contra incêndio em edifícios (RJ-SCIE) coube a Carlos Ferreira de Castro, um dos especialistas directamente envolvidos na elaboração das novas disposições legais. Como principais elementos diferenciadores presentes na nova legislação, Ferreira de Castro assinala a cobertura de todo o ciclo

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do as oportunidades que surgem durante períodos conturbados e incertos. Analisando em paralelo a evolução do sector da segurança e da Associação, Rui Soreto demonstrou como a APSEI tem respondido às exigências do mercado com a criação de soluções inovadoras. Refira-se como principais concretizações da APSEI a revitalização da normalização de segurança nacional, a colaboração com entidades oficiais na elaboração da nova legislação de protecção contra incêndio em edifícios e a divulgação de informação credível e aprofundada sobre o mercado da segurança. Em suma, o desenvolvimento de um sector profissional de qualidade que contribui para o aumento e garantia da segurança de pessoas e bens. ABRIL A JUNHO ‘09

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Convento dos Inglesinhos: HERANÇA HISTÓRICA E SEGURANÇA PARA O FUTURO O Convento/Colégio dos Inglesinhos, situado no mítico Bairro Alto, em Lisboa, é um dos mais notórios empreendimentos de reabilitação urbana. Inaugurado no século XVII, este Monumento sofreu um processo extensivo de reabilitação urbana, que culminou num imponente e moderno condomínio de luxo capaz de preservar o imenso património histórico do edifício. Conheça agora as principais soluções de segurança implementadas, desde os materiais de protecção passiva contra incêndio, até aos sistemas de detecção e extinção de incêndios.


Mais do que um elemento paisagístico, um edifício histórico consegue fazer parte integrante da identidade de uma cidade, por vezes até de um povo. A carga histórica e cultural do estilo arquitectónico que ostenta, dos vestígios que restam da sua utilização e exploração ao longo dos anos e da relação que estabelece com as populações que o habitam e o circundam são factores que também devem ser equacionados ao procederse a uma intervenção de reabilitação urbana. Preservar este legado é um desafio para a

engenharia de edifícios. Exige paixão e dedicação, cautela e engenho. Exige, acima de tudo, um respeito absoluto pelo património que se pretende reabilitar. Este princípio deverá estar presente nas diversas intervenções que se efectuem, seja no reforço de paredes centenárias, na instalação de sistemas eléctricos, segurança ou outros, ou na simples utilização de materiais que respeitem a intenção e visão da construção original. Este princípio é particularmente importante na fase de projecto. Cabe ao projectista estudar com cuidado o edifício, conhecer a sua estrutura integral, mas também o seu percurso histórico, para que sejam efectuadas as recuperações e melhoramentos necessários que salvaguardem a sua existência no futuro sem que se dissipe o passado que o trouxe até nós. Contudo, a ciência da engenheira civil não é imune à passagem do tempo. Existem hoje técnicas, métodos e materiais de construção que permitem conceber edifícios mais funcionais e mais seguros. Actualmente, defende-se que a ligação entre a modernidade e o passado de um edifício reabilitado deva ser harmoniosa, ficando claramente

identificável o que foram as intervenções de recuperação patrimonial e o que corresponde à construção de novos elementos adjacentes ou complementares. O Convento dos Inglesinhos é exemplo desta forma de actuar sobre os edifícios. Ao mesmo tempo que se reabilitou uma edificação com mais de 5 séculos de história, mantendo os seus traços originais, foi construído um novo edifício, capaz de oferecer aos seus utentes as funcionalidades e comodidades de qualquer construção moderna. A instalação de sistemas de segurança contra incêndios no edifício conventual respeitou escrupulosamente as características estruturais e arquitectónicas existentes. Como exemplos deste princípio encontramse a utilização detectores wireless de chama por infra-vermelhos no piso inferior, onde a passagem de cabos no tecto foi impossibilitada para salvaguardar a integridade das abóbadas; a criação de compartimentação corta-fogo na zona habitacional imprescindível para garantir a protecção de determinadas áreas, impedir a propagação do incêndio e/ ou fraccionar a carga de incêndio; a utilização de selagens corta-fogo nos atravessamentos


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técnicos de paredes ou lages, que garantem a classe de resistência ao fogo padrão exigida para os elementos atravessados; a instalação de detectores de incêndio em todas as fracções de habitação; ou a instalação de um número superior de extintores ao exigido por lei, nos corredores dos espaços comuns como medida compensatória. A concepção de soluções “à medida”, que respeitem as características do edifício reabilitado, e a utilização de medidas compensatórias são procedimentos necessários neste tipo de obras. Consciente dos problemas que advém da instalação de sistemas de segurança em edifícios patrimoniais, o mercado da segurança tem oferecido um vasto leque de produtos e equipamentos que garantem a segurança de pessoas e bens sem que seja necessário comprometer a qualidade das construções. Por esta razão, é importante uma estreita relação entre projectistas e empresas fabricantes e instaladoras de equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio. Será da permuta de conhecimentos e experiências que será possível evoluir tecnologicamente e, num plano superior, criar soluções de segurança mais eficazes e protectoras dos edifícios e dos seus ocupantes.

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A aceitação destas medidas por parte das entidades fiscalizadoras é um sinal positivo, uma vez que revela confiança e conhecimento na engenharia de segurança e reconhece o trabalho efectuado por empresas instaladoras especializadas em protecção contra incêndio. Rangel Gomes, da Tecniquitel, empresa que forneceu os equipamentos de combate a incêndios, alerta para a importância de “neste tipo de edifícios, os riscos de incêndios devem ser reduzidos ao mínimo através de uma análise cuidadosa de riscos e implementação de medidas ajustadas”. Considera igualmente que “não existem dúvidas que o melhor tipo de protecção contra incêndios assenta na montagem de sistemas de sprinklers, os quais nem sempre são possíveis neste tipo de edifícios antigos. Logo, quando tal impossibilidade se verifica, é necessário conjugar uma série de medidas, para sua protecção contra incêndios, normalmente do tipo ‘cirúrgico’”. Importa ainda “garantir a integração do projecto, ou seja, que o nível de qualidade dos vários sistemas seja uniforme e linear”, o que foi garantido no Convento dos Inglesinhos, onde os sistemas de alarme e detecção de incêndio

e gás do edifício novo e do reabilitado estão integrados. Salienta ainda a correcta manutenção dos sistemas de segurança referindo que “já em fase de exploração dos edifícios, tende-se a menosprezar ou negligenciar a manutenção dos sistemas instalados que, findo algum tempo, se tornam pouco fiáveis e acabam por ser desligados”. Este serviço de manutenção deverá ser, naturalmente, efectuado por empresas especializadas, pois só assim se poderá garantir o correcto funcionamento dos equipamentos e o prolongamento da sua vida útil. A intervenção dos Bombeiros, numa eventual ocorrência de incêndio, não foi negligenciada na aplicação dos sistemas de protecção contra incêndio. Uma vez que o Convento dos Inglesinhos está localizado numa área de difícil acesso para as viaturas dos Bombeiros, foi instalada uma coluna seca que auxilia o combate a incêndios. Por outro lado, encontra-se localizado na zona de garagens, por onde o acesso ao edifício é facilitado, um quadro eléctrico que permite o corte de energia total ou parcial, no edifício novo ou no antigo, para que o trabalho dos Bombeiros possa ser mais seguro e, consequentemente, mais eficaz.

Reabilitação Estrutural e Protecção Passiva contra Incêndios João A. Silva Appleton Engenheiro Civil da A2P

O edifício do Convento dos Inglesinhos é, do ponto de vista construtivo, um típico edifício antigo, com as suas estruturas de alvenaria e madeira, onde através dos tempos e das sucessivas alterações que nele foram realizadas, nunca se assistiu à introdução dos modernos materiais e processos de construção (aço e betão) que a produção industrial do século XIX veio colocar à disposição dos construtores e que foram descaracterizando muitos edifícios. As paredes de alvenaria, com 1.05m as exteriores e 0.90m as interiores, formam 16

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o principal sistema estrutural, ainda completado com outras paredes transversais estrategicamente localizadas, também de alvenaria ordinária, a que se somam paredes de frontal tecido, de boa feitura que sugere a existência de intervenções de fim de setecentos, provavelmente consequentes ao grande terramoto de 1 de Novembro de 1755; sinal das marcas que esse tempo deixou encontram-se ainda na parede Nascente da Igreja, na qual se observa uma perda de verticalidade significativa que, no entanto, não careceu de qualquer medida

de correcção. Nas paredes exteriores anota-se a existência de placas de ancoragem de formato circular onde se amarram as extremidades de tirantes de ferro, sugerindo a existência de problemas estruturais que impuseram a execução de pregagens entre paredes, destinadas a reforçar estruturas debilitadas; não será especulativo adivinhar que a execução de tais elementos se terá devido a pura necessidade, advinda de problemas com o comportamento das próprias estruturas ou das fundações e dos solos que as recebem, quem sabe se ainda


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consequências longínquas da mesma catástrofe, embora se trate, verdade seja dita, de elementos colocados já na parte final de oitocentos, mais de cem anos após o grande terramoto. A intervenção realizada, do ponto de vista estrutural, foi naturalmente subordinada, como deve sempre ser, a duas ordens de condicionamentos: os que resultaram das características construtivas e estruturais intrínsecas do edifício e do seu estado de conservação e que recomendaram uma renovação profunda das coberturas e de boa parte dos pavimentos de madeira; os que derivaram do programa de intervenção, traduzido desde logo no projecto de arquitectura, impondo condições de modernização a um edifício que era mais do que um edifício de habitação e que, continuando a sê-lo, tinha por força de se assumir contemporâneo nas facilidades que oferece, que a forma de viver agora é outra e os novos habitantes não serão tão frugais e comunitários como o seriam os padres e seminaristas que primeiro o usaram. Somadas as consequências estruturais que os dois condicionamentos impunham, e respeitadas criteriosamente as recomendações e exigências da Câmara Municipal de Lisboa e do IPPAR (agora IGESPAR), a solução estrutural projectada e depois assumida correspondeu à preservação máxima possível, a qual incluiu a generalidade das paredes de alvenaria ordinária, em toda a extensão e a toda a altura do edifício, com pequenas, muito limitadas interferências, resolvidas quase sempre à custa da colocação de perfis de aço; do mesmo modo, foram preservadas as abóbadas de alvenaria, as do tecto do rés-do-chão nem mesmo carecendo de intervenção consolidante, as do observatório impondo reforço que se realizou à custa de finas lâminas de reboco armado com redes de aço distendido, devidamente pregadas à alvenaria das abóbadas, de modo a constituir um efectivo reforço da estrutura existente. Em substituição de algumas paredes resistentes interiores, de frontal tecido de madeira, que as condições projectuais não permitiram conservar, foram construídos novos

frontais, em versão estilizada e onde a madeira foi substituída pelo aço; prolongados até à cobertura estes novos frontais constituíram a estrutura da mesma, depois de complementada por varedo e dispensando assim as asnas tradicionais.

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madeira, a qual deriva do facto de este ser um material combustível; no entanto, deve terse em conta que, sendo a madeira um bom isolante térmico, com uma condutibilidade baixa, o efeito do aumento de temperatura não é tão gravoso como perante outros

≥ Uma perspectiva interior do empreendimento.

Um aspecto importante a relevar diz respeito à forma como foi abordada a segurança contra riscos de incêndio, no que se refere às medidas de protecção passiva adoptadas nos elementos estruturais; dirse-á que numa estrutura antiga existem elementos com um bom comportamento intrínseco, o que sucede com as paredes de alvenaria ordinária, relativamente às quais não se torna necessário adoptar qualquer medida específica para reforço dos níveis de desempenho face a um incêndio. Na verdade, a própria experiência histórica demonstra que as paredes e abóbadas de alvenaria são os que melhor se comportam perante as elevadas temperaturas associadas a um incêndio, embora se deva salientar os riscos de calcinação de elementos de pedra que podem dar origem a perdas significativas de resistência mecânica destes elementos. Pelo contrário, nos edifícios antigos, anotase a grande vulnerabilidade das estruturas de

materiais e, por outro lado, a madeira quando arde forma uma camada superficial de carvão que, ela própria funciona como um isolante térmico suplementar, levando à diminuição da velocidade com que a madeira é consumida. No caso das estruturas de madeira do edifício que se mantiveram ou que foram reconstruídas com o mesmo material, as soluções de protecção contra o fogo passaram pela adopção de medidas diversificadas; nalguns casos foi possível mesmo dispensar qualquer tipo de tratamento específico, uma vez que se determinou que a capacidade própria de vigamentos sobredimensionados era suficiente para garantir o grau requerido de estabilidade ao fogo, embora à custa de perda de resistência mecânica que implicará, em caso de incêndio, o reforço estrutural dos elementos afectados. Noutros casos, adoptaram-se medidas de protecção com recurso a tintas intumesABRIL A JUNHO ‘09

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centes, as quais se comportam essencialmente como retardadores da combustão da madeira à custa do aumento da sua protecção térmica conferido pelas espumas a que as tintas intumescentes dão origem; noutros casos ainda, foi possível tirar partido do efeito de barreira conferido por tectos de gesso cartonado, em várias placas, adoptados em função de necessidades de isolamento acústico. Diferente é o caso dos elementos de estrutura metálica que a intervenção levou a adoptar no edifício reabilitado; nas paredes com estrutura de aço é possível considerar que a protecção contra o fogo é garantida

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pelas camadas de reboco e de estuque que formam os revestimentos e acabamentos previstos no projecto. Noutros casos, como sucede com vigamentos de aço em pavimentos e em coberturas, a solução adoptada, independentemente de poder ser considerado o efeito de barreira conferido por placas de gesso cartonado ou de fibras de coco, optou-se por fazer sistematicamente a protecção com tintas intumescentes com características e espessuras de película determinadas em função das exigências estabelecidas no projecto de segurança e das características de massividade dos próprios perfis de aço.

Instalação de Sistemas de Segurança Electrónica e Protecção do Património ≥ A integração dos sistemas de segurança contra incêndios respeitou as características arquitectónicas do edifício.

Nuno Tasso de Figueiredo Sales Manager da GE Security Portugal

De acordo com informações fornecidas à comunicação social por Graciano Garcia, gestor Residencial da Chamartin Imobiliária, os projectos de reabilitação são entre 60% a 70% mais caros do que construir de raiz. Este facto deve-se fundamentalmente aos inúmeros estudos necessários, ao cuidado na selecção do tipo de materiais a utilizar e às condicionantes em obra que têm como preocupação principal respeitar a traça histórica dos edifícios. Para além dos aspectos técnicos da reabilitação de edifícios, colocam-se, neste tipo de projecto, aspectos de natureza afectiva e emocional da população residente nas imediações do edifício reabilitado e da população em geral relativamente ao património histó18

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rico. Na apreciação destas questões, é preferível reformular com alguns compromissos do que deixar ruir e desaparecer o património histórico e cultural para sempre. De uma forma geral, a problemática da instalação dos sistemas de segurança electrónica em edifícios onde o carácter patrimonial é crítico, pode subdividir-se em dois tipos principais de situações: a) A reabilitação dos edifícios, quando a empreitada de construção civil já foi concluída; b) A reabilitação dos edifícios, quando a empreitada de construção civil convive e partilha recursos com as mais diversas especialidades (nomeadamente a empreitada eléctrica).

É evidente que na situação evidenciada na alínea a), as dificuldades são obviamente acrescidas, pois na instalação dos sistemas de segurança podem surgir constrangimentos decorrentes da existência de elementos com valor histórico como, por exemplo, frescos, azulejos, talha, mármores, entre outros. Nestes casos, os instaladores de segurança electrónica recorrem a alguma soluções que visam contornar as dificuldades e conseguir a preservação dos materiais supra-referidos: redução, ao mínimo, da necessidade de utilização de redes de cabos, utilização de dispositivos “wireless” (RF) e utilização de equipamentos de design dissimulado (embora normalmente explorando tecnologias e opções mais dispendiosas).


CAPA

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A PROTEGER agradece a colaboração do Eng.º Euclides Leão da Chamartín Imobiliária e dos Eng.os João Alcântara e Pedro Rodrigues da Edifer Construções na elaboração e desenvolvimento deste artigo.

Soluções Preconizadas As soluções foram implementadas pela empresa Prosegur Tecnologia em parceria tecnológica com a GE Security Portugal quer no edifício reabilitado quer no edifício novo, convergindo os sinais dos diversos sistemas de segurança electrónico para uma informação centralizada. SISTEMA AUTOMÁTICO DE DETECÇÃO DE INCÊNDIO: ≥ Central A&E com 2 Loop’s; 140 pontos de detecção; 27 botoneiras de Alarme e 18 sirenes. ≥ Sistema analógico endereçável de acordo com EN54; CPD; ROHS; CE. Possibilidade de 250 dispositivos por loop; ligação em rede até 10 centrais ou repetidores; configuração automática de dispositivos; compensação automática de detectores; Possibilidade de monitorizar e controlar mais de 5.000 dispositivos; Software de gestão gráfica. ≥ Os sensores ópticos de fumo adequados à detecção de fumos visíveis, tais como os provenientes de fogos de combustão lenta, incluindo a combustão de PVC. Baseiamse no princípio da dispersão de luz, utilizando uma fonte LED luminosa pulsada interna e

Qualquer uma destas soluções permite a execução das instalações em edifícios que estão a ser objecto de reabilitação sem comprometer o desempenho técnico, as normas ou legislação aplicáveis às soluções de segurança electrónica. Quando surge a situação referida na alínea b), o que acontece normalmente é que os sistemas servem-se de caminhos de cabos utilizados por outras especialidades, nomeadamente da instalação eléctrica. Neste cenário, é possível uma maior redução dos custos. A obra do Convento dos Inglesinhos, embora se tenha tratado de uma reabilitação, não implicou, do ponto de vista dos sistemas de segurança electrónico, dificuldades acrescidas para os instaladores uma vez que as instalações técnicas foram construídas de raiz. Naturalmente que as soluções de segurança electrónica a aplicar nos edifícios reabilitados

um sensor fotoeléctrico. Construídos em plástico ABS auto extinguível de cor branco mate. Capacidade para protecção de uma área de 100m² a uma altura máxima de 11m. Possibilidade de efectuar a manutenção no local da instalação pois o detector está equipado com uma câmara óptica intermutável. ≥ Sensores termovelocimétricos, com a capacidade para protecção de uma área de 50 m² a uma altura máxima de 7,5 m. ≥ Sensores Multisensor (óptico-térmicos) combina a sensibilidade ao fumo de um sensor óptico com o balanceamento de um sensor térmico SISTEMA DE DETECÇÃO DE INTRUSÃO:

toda a automação residencial através do protocolo X10. O protocolo X10 utiliza a energia da rede de 220VAC já existente na instalação, enviando impulsos para os diversos pontos de actuação que serão reconhecidos pelos módulos X10. Faixas horárias para que se possam automatizar funções periódicas (por exemplo armar e desarmar o sistema). ≥ Os detectores volumétricos utilizados com espelhos ópticos multisegmentados, processamento de sinal 4D utilizado (velocidade, forma, tamanho e duração), são inteligentes ao ponto de diferenciar o que é um movimento humano eliminando fontes de alarmes falsos criados por ruídos, pequenos animais, insectos e outros.

≥ Vinte e nove centrais de intrusão con-

SISTEMA DE DETECÇÃO DE CO:

jugando a detecção de intrusão, detecção de incêndios e detecção de gases (tóxicos e explosivos) na área residencial. ≥ Centrais de 4 a 168 zonas, 2 a 8 áreas independentes, 8 a 32 interfaces de operação (teclados) e com aprovações tais como: CE, ANPI, SBC, NFA2P e IMQ. Centrais híbridas suportando zonas com fios, zonas sem fios (RF a 433 MHz ou a 868 MHz) ou uma solução técnica mista. Capacidade para controlar

a área das garagens com 9 pontos de detecção (cobertura por detector de 400 m2) ≥ Possibilidade de 15 detectores por zona até um máximo de 5 zonas. Indicação analógica do nível de CO em p.p.m, Saídas para ventiladores de extracção, por zona, 2 níveis de alarme com saída individual por relé, Linhas de 3 condutores para detectores.

estão sujeitas a grande parte das mesmas condicionantes do projecto e execução da construção que condicionam todos os edifícios. Nesta perspectiva, as soluções implementadas pelos integradores dos sistemas de segurança, quer de “Security” (sistemas de detecção de intrusão) quer de “Life Safety” (sistemas de detecção e extinção de incêndios e de gases), privilegiaram soluções que responderam aos seguintes critérios: ≥ Flexibilidade e capacidade de adaptação a desenvolvimentos futuros; ≥ Possibilidade de utilização e exploração do sistema de uma forma intuitiva por parte do(s) utilizador(es). O grau de complexidade duma aplicação instalada num edifício residencial pode e deve ser o mais simples possível, de modo a não obrigar o utilizador final a ter um determinado tipo de formação que o torne um especialista.

≥ Possibilidade de integração com outros sistemas, logo, de uma gestão mais abrangente; ≥ Maior eficácia e eficiência das manutenções dos sistemas ≥ Soluções baseadas em plataformas de comunicação fiáveis, de acordo com os últimos desenvolvimentos ≥ Design dos equipamentos não podia comprometer a concepção da arquitectura das infra-estruturas. ≥ As redes de cabos foram racionalizadas de acordo com as exigências do projecto. Nos projectos de reabilitação, o segredo do “sucesso” passa muito pela excelência do projecto e na boa articulação existente entre projecto e execução, tendo também em atenção que o factor orçamental que condiciona a escolha da solução de segurança, não comprometa nem o projecto nem a execução.

≥ Uma Central de Detecção de CO a cobrir

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Rigor e qualidade no fabrico da segurança FUCOLI-SOMEPAL Gonçalo Sítima e Maria João Conde

A PROTEGER visitou as duas unidades da Fucoli-Somepal, a fundição em Coimbra e a unidade de acabamentos na Pampilhosa. Com a colaboração de Carlos Luís, director de qualidade, e André Antunes, director comercial, pudemos conhecer os valores empresariais que norteiam a Fucoli-Somepal, as características técnicas dos seus equipamentos e o esforço investido em prol do fabrico de produtos de qualidade. 20

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ID

FUCOLI-SOMEPAL FUNDIÇÃO DE FERRO S.A.

Fundação Fucoli – 1946 | Somepal – 1957 Fusão Fucoli-Somepal - 1998 Linhas de negócio Fundição de ferro – Concepção, desenvolvimento e fabrico de peças em ferro fundido. Capital social 6.450.000€ Volume de negócios anual 19.100.000€ Produção anual 15.000 toneladas Empregados 350 Área fabril 110.000 m2 (27.000 m2 cobertos) PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Tampas e grelhas, válvulas, marcos de incêndio, acessórios em ferro fundido para ligação de tubos PVC, ferro e fibrocimento e acessórios diversos para redes de saneamento.

O SECTOR INDUSTRIAL O cenário da produção industrial actual não é animador. Em Portugal, as quedas do índice de produção industrial verificadas nos últimos meses são sintomáticas da instabilidade e das adversidades vividas pela generalidade das empresas portuguesas. Mas a conjuntura ameaçadora não é capaz de ocultar os vários casos de sucesso que o nosso país ostenta. Com o objectivo de promover a qualidade e os exemplos de êxito no sector do fabrico nacional, inauguramos nesta edição da PROTEGER a secção dedicada às empresas portuguesas fabricantes de produtos e equipamentos de segurança. A última edição do Estudo do Sector da Segurança em Portugal, publicado pela APSEI, apurou que as empresas fabricantes representam 9% do total de empresas com actividade no mercado da segurança electrónica e protecção contra incêndio, gerando um volume de negócios próximo dos 150 milhões de euros. A dependência dos parceiros estrangeiros ainda assume um peso substancial neste mercado, pelo que apenas 32% das compras têm origem na produção nacional.

Segundo dados da World Steel Association, a produção europeia de ferro no primeiro quadrimestre de 2009 diminuiu 43,8% em comparação com o mesmo período de 2008. Contudo, não são raros os casos de empresas que, seja pela qualidade dos seus produtos, pela sua estratégia inovadora ou pela sua visão do mercado, são capazes de atravessar os períodos com segurança e estabilidade. Hoje falaremos de uma dessas empresas, a FucoliSomepal, Fundição de Ferro, S.A., que actua no mercado da segurança por via do desenvolvimento e fabrico de marcos de incêndio. FABRICO DE QUALIDADE A Fucoli-Somepal conta já com 63 anos de história e experiência acumulada no sector metalúrgico. A empresa nasceu em 1946, em Coimbra, cidade com a qual desenvolveu uma estreita ligação. Apesar do crescimento verificado ao longo dos anos, atingindo actualmente 340 empregados e um volume de negócios anual de 19 milhões de euros, a estrutura da empresa mantém uma constituição familiar. Álvaro Pereira, actual Presidente do Conselho de Administração,

juntamente com os seus filhos, também Administradores, formam uma equipa que é a grande dinamizadora empresa, tendo conseguido expandir a dimensão regional da empresa e atingir o mercado europeu. Um dos trunfos da Fucoli-Somepal reside na sua flexibilidade comercial que advém do facto de transaccionar uma diversificada gama de produtos. Esta inclui tampas, grelhas sumidouras, válvulas de vários tipos, marcos de incêndio, acessórios em ferro fundido dúctil, flanges, tubos e acessórios diversos para redes de água, saneamento e incêndio. Na visita às instalações da Fucoli‑Somepal a PROTEGER acompanhou o processo de fabrico de vários destes produtos, desde a fundição até ao acabamento. Assistimos à selecção e separação da sucata, execução dos moldes em areia, fundição em fornos eléctricos, análise laboratorial do ferro fundido e das matérias-primas recebidas, desmoldagem, rebarbação, acabamento e limpeza, montagem, pintura, testes, embalamento e armazenagem. No departamento de investigação e desenvolvimento, situado na unidade da Pampilhosa, conhecemos ainda alguns protótipos de soluções de segurança inovadoras. Testemunhámos ainda o elevado investimento efectuado nos mais modernos meios tecnológicos, sobretudo nos fornos eléctricos (que representaram um investimento de 500 mil euros), na linha de fornecimento de energia, robots de acabamento e pintura, que garantem um produto final de elevada qualidade. A preocupação ambiental é central na actividade da Fucoli-Somepal, tendo sido reconhecida em 2005 com a atribuição do Prémio EDP Electricidade e Ambiente, na categoria indústria. Este galardão surge após a reestruturação do processo de produção onde foram substituídos os fornos de fusão (cubilotes) a coque por fornos eléctricos de indução de alta potência. As melhorias resultantes deste investimento não se limitaram à redução significativa de emissão de poluentes para a atmosfera. Verificou-se também uma melhor constância nas características físicas e químicas do ferro obtido e a eliminação do consumo de aproximadamente 1.100 toneladas de coque por ABRIL A JUNHO ‘09

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ano. Em suma, a Fucoli-Somepal aumentou a sua capacidade para produzir ferro com qualidade, cumprindo em simultâneo com as normas ambientais. Actualmente, a empresa está a implementar o sistema de gestão ambiental segundo a ISO 14001. A nível comercial, cerca de metade das vendas dos produtos da Fucoli-Somepal têm como destino entidades públicas, designadamente municípios. Os principais clientes são, sobretudo, oriundos do sector da construção e indústria. Por sua vez, 30% da produção destina-se ao mercado externo, principalmente Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Alemanha, Dinamarca, entre outros, sendo o país vizinho um dos principais consumidores dos hidrantes enterrados. André Antunes revela-nos que a FucoliSomepal domina, face à concorrência, um factor de diferenciação fundamental: todas as fases de produção dos equipamentos são

FABRICO NACIONAL

directamente executadas e controladas pela Fucoli-Somepal, o que permite a existência de um maior rigor no fabrico e o total controlo sobre a qualidade final do produto. MARCOS DE INCÊNDIO: UMA REFERÊNCIA NA SEGURANÇA A par das válvulas, os marcos de incêndio, também conhecidos por hidrantes de incêndio de coluna, são um dos produtos de excelência da Fucoli-Somepal e permitem à empresa conimbricense competir no mercado europeu na produção deste tipo de equipamentos de protecção contra incêndio. De destacar ainda os hidrantes enterrados, cujas vendas estão mais direccionadas para o mercado externo dada a sua escassa implantação em Portugal. Carlos Luís revelou-nos como o percurso percorrido pela Fucoli-Somepal até ao início da produção de marcos de incêndio, em 1999,

foi complicado e exigente. Em primeiro lugar, o vazio normativo para este tipo de equipamento obrigou a empresa a construir e testar autonomamente, descobrindo passo a passo como obter um produto fiável e eficaz. Por outro lado, as diversas corporações de bombeiros nacionais utilizavam diferentes tipos de bocas-de-incêndio, dificultando o processo de aprovação destes equipamentos o que obrigou os profissionais da Fucoli-Somepal a inventariar, região em região, por vezes de cidade em cidade, as exigências de cada corporação. Como consequência deste empenho, a Fucoli-Somepal integrou o grupo de trabalho de tradução da norma NP EN 14384:2005 para marcos de incêndio. Foi igualmente a primeira empresa europeia a obter a marcação CE, através da qual o fabricante evidencia que os seus produtos estão conformes com as disposições das directivas comunitárias que lhes são aplicáveis, permitindo-lhes

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NOVAS DISPOSIÇÕES LEGAIS APLICÁVEIS AOS MARCOS DE INCÊNDIO DE COLUNA (ARTIGO 12º DA PORTARIA 1532/2008): O fornecimento de água para abastecimento dos veículos de socorro deverá ser feito através de hidrantes exteriores, os quais devem estar em conformidade com a NP EN 14384. Os hidrantes exteriores devem ser alimentados pela rede de distribuição pública ou, na falta de condições desta, por rede privada. Sempre que permitido pelo diâmetro e pela pressão da canalização pública, devem ser utilizados preferencialmente marcos de incêndio em detrimento de bocas-de-incêndio. Nestes casos, os marcos de incêndio devem ser instalados junto do lancil dos passeios de modo a ficarem localizados a uma distância não superior a 30 m de qualquer saída dos edifícios que faça parte dos caminhos de evacuação e das bocas de alimentação das redes secas ou húmidas, quando existam.

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FABRICO NACIONAL

a sua livre circulação no Espaço Económico Europeu. Em paralelo ao processo de marcação CE, que visa responder a uma imposição legal, a Fucoli-Somepal apostou também na marcação voluntária dos marcos de incêndio, com a finalidade de diferenciar e valorizar este produto. Ainda do ponto de vista do produto, os marcos de incêndio apresentam uma característica particular que vai de encontro a uma preocupação de responsabilidade social e de versatilidade do produto: a utilização de materiais adequados para água potável assim como o revestimento em pintura epóxica, homologado para água potável, permite que, em situações de emergência, os marcos de incêndio possam ser utilizados para o abastecimento de populações. Como consequência do diálogo permanente que a Fucoli-Somepal mantém com os

seus clientes - instaladores e utilizadores dos marcos de incêndio, os produtos estão sujeitos a um desenvolvimento permanente no sentido da sua melhor adequação ao uso e mais fácil instalação. Esta preocupação para com os utilizadores é visível, por exemplo, nas tampas storz com sistema de purga, que permitem retirar o ar existente no interior do marco e garantir a segurança durante a sua utilização. Outro exemplo é o sistema de vedação desmontável, que permite que permite que, após separado o corpo superior e sem recurso a qualquer ferramenta, seja possível desmontar o sistema de vedação e efectuar as operações de limpeza sem ter de desenterrar o marco. De referir ainda, o facto dos hidrantes enterrados estarem equipados com uma flange móvel para o mais fácil enquadramento com o local (lancil) onde vai ser instalado, permitindo assim uma rotação completa sobre o seu eixo.

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De referir ainda que, para garantir a máxima fiabilidade do funcionamento do marco, todos os produtos – um a um - são testados em condições reais, com água, com a finalidade de verificar a funcionalidade das válvulas. É esta preocupação com a qualidade dos produtos, em conjunto com os avultados investimentos verificados nas tecnologias que integram o processo produtivo e a diminuição do impacto ambiental desta indústria, que possibilitam à Fucoli-Somepal imporse no mercado interno e externo e constituir um exemplo empresarial e tecnológico no sector da segurança em Portugal. 01 A unidade de fundição situa-se em Coimbra e conta já com 63 anos de existência. 02 Cada marco de incêndio é testado individualmente antes de sair da fábrica.

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ELEMENTOS IDENTIFICATIVOS DO MARCO DE INCÊNDIO DE ACORDO COM A NP EN 14383:2007 Cor: devem ser cumpridas as disposições nacionais; se a cor não está definida por regulamentação, ela poderá ser acordada entre o cliente e o fabricante. Designação: deverá estar identificado com a letra A, B, C ou D consoante o quadro seguinte: Com dreno (seco) Sem dreno (húmido)

S/ sistema de fusível

C/ sistema de fusível

A

C

B

D

Marcação: deve comportar, na sua parte superior, uma marcação durável indicando as seguintes informações: ≥ O sentido de abertura; ≥ O número total de voltas de abertura. Informação adicional: ≥ Referência à norma NP EN 14384; ≥ DN (diâmetro nominal); ≥ PN (pressão nominal); ≥ Marca do fabricante; ≥ Data de fabrico; ≥ Letra de designação (conforme supra-indicado); ≥ Adequação para a condução do fluido. Para água potável, fazer referência à EN 1074-6;

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Bolas de fogo que se elevam até aos 9 metros de altura no interior de recintos fechados, palcos que sobem e descem, artistas e adereços que se elevam por cima da audiência – são efeitos especiais que fazem parte de um dia normal de trabalho nas salas de espectáculos de Las Vegas, no estado norte-americano do Nevada. Para os responsáveis de fiscalização e das corporações de bombeiros da capital do entretenimento dos Estados Unidos, são diários os desafios que se colocam à segurança dos ocupantes dos recintos de espectáculos.


ツゥ Jeffrey Green

Seguranテァa contra incテェndio em palco LEVAR OS ESPECTテ,ULOS AO LIMITE EM LAS VEGAS Christine Theisen Consultora da Rolf Jensen & Associates, Inc em Las Vegas & P.E. Richard Muller Director de engenharia da Rolf Jensen & Associates, Inc de Las Vegas


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≥ Página anterior O espectáculo Phantom inclui um candelabro gigante aceso que sobrevoa a audiência.

Levar os espectáculos ao limite implica levar os edifícios ao limite, bem como os regulamentos de incêndio e de edificação e as respectivas normas, tarefa que se revela especialmente desafiante uma vez que os regulamentos de Las De acordo com informações das autoridades fiscalizadoras dos edifícios e das condições de segurança contra incêndios, a criatividade exibida nos espectáculos de Las Vegas faz com que as salas de entretenimento apresentem desafios únicos, que, por sua vez, implicam soluções de segurança contra incêndios também elas únicas. A delegação de Las Vegas da empresa Rolf Jenson & Associates, Inc. (RJA) foi responsável pela elaboração dos projectos dos sistemas de segurança contra incêndios de nove salas de espectáculos, a saber: ≥ O espectáculo Blue Man Group no The Venetian Resort-Hotel Casino ≥O espectáculo PhantomTM no The Venetian Resort-Hotel Casino ≥ O espectáculo ZumanityTM no New York‑New York Casino ≥ O espectáculo Stomp Out LoudTM no Planet Hollywood Resort e no Casino Show-Room ≥ O espectáculo The BeatlesTM LoveTM no The Mirage ≥O espectáculo Steve Wyrick Magical no Miracle Mile ≥ O espectáculo KáTM no MGM Grand ≥ O espectáculo Jersey Boys no Palazzo Resort Casino ≥ O espectáculo de Wayne Brady no Venetian Show Room do The Venetian Resort-Hotel Casino Acompanhando o crescimento de Las Vegas, a empresa RJA está actualmente a elaborar projectos para mais quatro salas de espectáculos. Os cenários, o ambiente e a audiência fazem parte do espectáculo da mesma forma que os próprios artistas. Desta forma, cada sala representa um novo desafio, colocando-se invariavelmente a mesma questão: “Como ultrapassar os limites?” UM CAMINHO PARA A DIVERSÃO As actuações do Cirque du Soleil® - Ká, Love e Zumanity – têm início no foyer, que os espectadores têm de percorrer até chegar aos seus lugares, tentando cada sala recriar o ambiente adequado ao espectáculo a apresentar. 26

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Por exemplo, no foyer do espectáculo Ká do Cirque du Soleil no MGM Grand, os arquitectos e projectistas procuraram criar um ambiente especial, criativo e místico através do uso de materiais inovadores nos acabamentos interiores, cuja conformidade com o regulamento de edificação do Nevada do Sul ainda não tinha sido demonstrada. Os acabamentos incluíam elementos elaborados com folhas artificiais e painéis de resina para aplicação em paredes e tectos. Enquanto as resinas eram consideradas adequadas para aplicação em paredes não combustíveis, o mesmo não aconteceu com a sua aplicação em tectos, bem assim como a utilização de elementos com folhas para aplicação em paredes e tectos. Relativamente a estes elementos decorativos, a principal preocupação relacionavase com o facto de, depois de fixos, ficarem suspensos nas paredes e tectos, implicando que as folhas não podiam ser ligadas a materiais não combustíveis. Relativamente aos painéis de resina, os principais constrangimentos relacionavam-se com a eventual degradação da resina quando exposta a um incêndio. À medida que os elementos derretessem, haveria o risco dos seus resíduos poderem escorrer sobre os ocupantes, podendo o material derretido inclusivamente interferir com a actuação dos sprinklers. Para abordar estes assuntos, as autoridades competentes exigiram que cada produto fosse ensaiado isoladamente de acordo com a norma NFPA 286 “Fire Test for Evaluating Contribution of Wall and Ceiling Interior Finish to room Fire Growth”. Os resultados dos ensaios realizados aos dois produtos em questão não foram favoráveis pelo facto de terem entrado em colapso muito antes dos tempos limite estabelecidos pela norma NFPA 286. Em consequência, os produtos com folhas não foram utilizados no foyer, mas os painéis de resina foram alterados de modo a poderem cumprir com as regulamentações aplicáveis, através da utilização de uma cobertura em vidro nos bordos inferior e superior dos painéis, solução que permitiu eliminar significativamente os riscos associados à degradação destes elementos e, simultaneamente, manter o projecto inicial.

Para aceder aos lugares, o público do espectáculo tem de utilizar as naves laterais das salas. Estas naves são críticas no que diz respeito à segurança das pessoas em caso de emergência uma vez que constituem os caminhos de evacuação, devendo permitir a saída rápida e segura de um elevado número de pessoas que, regra geral, desconhece a localização das saídas do edifício. Assim sendo, a disposição e configuração das naves são factores cruciais. No caso das naves terem escadas, a altura, largura e profundidade dos degraus deve ser uniforme, de modo a evitar que os ocupantes tropecem ou caiam. A iluminação de emergência destas naves assume também grande importância. De referir que qualquer erro ou insuficiência na concepção deste tipo de saídas, poderá ter um grande impacto no incremento do nível de ansiedade dos ocupantes, já sujeitos a elevados níveis de stress causados pela própria situação de emergência. PAREDES DO PROSCÉNIO E BOCAS DE CENA Quando a distância entre o nível do palco e a cobertura é superior a 15 metros, é exigível que a parede do proscénio, que separa o público do palco, apresente determinadas características de resistência ao fogo. Quando a boca de cena tem uma largura considerável, a parede do proscénio deve ser protegida por um dispositivo móvel para obturação da boca de cena através de uma cortina de protecção do público contra os gases quentes, chamas e fumo produzidos por um incêndio, que actue, pelo menos, durante 20 minutos. Esta cortina é também utilizada para proteger, pelo mesmo período de tempo, a audiência da luminosidade resultante de incêndios de grande intensidade, que possam eclodir no palco. Na sala que recebe o espectáculo Ká são utilizados sistemas mecânicos para conduzir os adereços e os artistas das laterais do proscénio para as bancadas laterais e destas novamente para a boca de cena do proscénio, o que impede a utilização dos dispositivos de obturação comuns. Estes sistemas impedem também o recurso de cortinas resistentes


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Vegas são dos mais exigentes do país. A cidade regula-se pelas disposições do regulamento internacional de edificação de 2006 e pelas correspondentes normas NFPA, incluindo a regulamentação específica aplicável aos efeitos especiais e pirotecnia. ao fogo, utilizadas normalmente em conjunto com cortinas de água. A dimensão da abertura das paredes do proscénio também colocou sérios desafios ao projectista de segurança em virtude dos seus 17 metros de altura por 34 metros de largura, totalizando uma área de 580 m2. O projecto de segurança entrou em linha de conta com estes desafios, pelo que, em vez dos dispositivos de obturação comuns, foi utilizada uma cortina de água entre o palco e plateia e bancadas, interligada através de um sistema automático de extinção por sprinklers, do tipo dilúvio, instalado ao nível das grelhas, por cima do palco. De modo a conseguir suplantar a dinâmica dos gases e fumos quentes e a alcançar um eventual incêndio no palco, o sistema foi concebido com sprinklers de maior diâmetro de modo a criar gotas de água também maiores. O sistema de dilúvio é activado através de um sistema de detecção de incêndios dotado de detectores de chama e de aspiração. O sistema de dilúvio apenas é accionado quando os dois tipos de detecção são activados. Existindo a possibilidade da cortina de água não conseguir impedir o escoamento dos gases e fumos quentes do palco para a zona da plateia e bancadas, foi projectado um sistema de desenfumagem com o objectivo de manter a barreira de fumo acima da abertura do proscénio. Este sistema foi concebido para extrair fumo à razão de 9.550 m3/min, tendo como base um fogo de 10.000 BTU/min e considerando uma fonte de emissão de ar localizada na zona de bancadas. No espectáculo dos Jersey Boys, os artistas utilizam um passadiço suspenso que se estende do palco à plateia, o qual interfere com o fecho da cortina do proscénio em caso de emergência. De modo a impedir esta interferência, logo que a cortina passa à posição de segurança é activado um interruptor que faz cair parte do passadiço, permitindo assim a normal abertura da cortina. Uma vez que a cortina e o passadiço são accionados mecanicamente, não carecem de qualquer fonte de alimentação, monitorização ou supervisão. Havendo a possibilidade de um artista estar do lado da audiência aquando do accionamento da cortina, existe uma passa-

gem directa na bancada lateral que evita que o artista tenha de contornar toda a cortina para voltar para o palco. O regulamento de edificação do Nevada do Sul exige que as paredes do proscénio sejam contínuas desde as fundações do edifício até à sua cobertura, o que pode constituir um grande desafio quando as salas de espectáculos fazem parte de instalações de utilização polivalente ou são acrescentadas a espaços ou edifícios já existentes utilizados para outros fins. No Planet Hollywood Casino e Resort, a sala que aloja o espectáculo Stomp Out Loud foi projectada no quarto andar do edifício, espaço este que não tem paredes de proscénio. No entanto, o Planet Hollywood foi projectado de acordo com o regulamento geral de edificação de 1994, exigindo este regulamento a separação entre os vários tipos de utilizações. Em consequência desta exigência, o pavimento do edifício foi projectado com uma classificação de resistência ao fogo de 180 minutos, tendo as autoridades competentes permitido aos projectistas que a parede do proscénio terminasse no pavimento de 180 minutos, em vez de terminar nas fundações do edifício. Nesta parte da instalação, a cobertura acima do palco é a cobertura do edifício. Assim sendo, a parede do proscénio foi desenvolvida de modo a terminar nesta cobertura, conforme exigido pelo regulamento. ESPECTÁCULOS EM PALCOS CIRCULARES Os espectáculos em palcos circulares apresentam desafios únicos para o proje­ cto e concepção de soluções de segurança. Com o público disposto em torno do palco, efectuar a separação entre o público e o palco revela-se uma tarefa especialmente difícil. Veja-se, por exemplo, a sala que aloja o espectáculo LOVE no The Mirage. O palco principal tem seis passadiços simétricos que convergem para o palco, separando a plateia em seis secções. Os artistas utilizam os passadiços durante a actuação. Uma vez que o palco se situa no centro da plateia, de acordo com as disposições da regulamentação aplicável, seria necessário instalar um dispositivo de obturação em todo o períme-

tro da área de actuação. No entanto, em vez da utilização dos dispositivos de protecção comuns, foram instalados dois sistemas de dilúvio para proteger o palco principal e três para proteger os seis passadiços. Os sistemas de dilúvio do palco são accionados através de sistemas automáticos de detecção de incêndios dotados de detectores de chama e de aspiração, que são, por sua vez, também eles protegidos por sistemas de dilúvio. Estes sistemas apenas são activados quando ambos os sistemas de detecção de incêndios são accionados. Os sistemas de dilúvio dos passadiços também são activados por sistemas automáticos de detecção de incêndios dotados de detectores de aspiração. O sistema de dilúvio apenas é activado quando os sprinklers e os detectores de aspiração são accionados em simultâneo. Parte do palco da sala de espectáculos do New York-New York Hotel & Casino, na qual o Cirque do Soleil exibe a produção Zumanity, é aberta, sendo rodeada pelo público em três lados. Inicialmente, era suposto que o proscénio acompanhasse a configuração desta parte do palco. No entanto, o projecto inicial foi alterado, passando o proscénio a constituir unicamente uma separação entre o palco principal e o público, conforme exigido pelas disposições regulamentares aplicáveis. A parte aberta do palco é considerada pela regulamentação como uma plataforma, pelo que a sua separação do público não se revelava obrigatória. Isto proporcionou ao Cirque du Soleil uma redução dos custos de produção e, simultaneamente, uma maior liberdade de actuação, sem os limites impostos pela existência de um proscénio. ACESSO DE APOIO AO PALCO Grande parte das salas de espectáculos de Las Vegas fazem o aproveitamento da totalidade da área que circunda a zona de representação, conhecida como a área de suporte do palco. A regulamentação aplicável aos camarotes superiores e laterais não apresenta um nível de exigência elevado. Contudo, quando a área inferior ao palco é utilizada como via de acesso de suporte ao palco, é necessário ter em consideração algumas disposições adicionais. ABRIL A JUNHO ‘09

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O palco do espectáculo LOVE tem múltiplos elevadores ou sistemas elevatórios que se deslocam entre a área inferior ao palco e o palco principal, sendo a área inferior ao palco utilizada para armazenar adereços e cenários. Fazendo o palco parte do pavimento de resistência ao fogo de 120 minutos, impunha-se a necessidade de o separar da zona inferior. Este isolamento, semelhante ao do proscénio, foi conseguido através da combinação de um pavimento com uma classificação de resistência ao fogo de 120 minutos com uma cortina de água. O pavimento resistente ao fogo e os sistemas de elevação podem ser comparados com o proscénio e a boca de cena. Ao longo de cada abertura do pavimento foi instalada uma divisória de 1,20 m de comprimento e 460 mm de espessura. De cada lado da divisória foi instalado um sistema de cortina de água. Conjuntamente com a divisória e a cortina de água, foi ainda instalado um sistema de desenfumagem, pretendendose com esta solução evitar a dispersão dos gases e fumos quentes para o palco. Os adereços e os cenários são também armazenados nos bastidores, aos quais se acede através de aberturas designadas de vomitórios. Estes são semelhantes às aberturas do proscénio e são concebidos da mesma forma do que os sistemas elevatórios. De modo a isolar estas aberturas, em cada uma delas foram instalados sistemas de cortina de água e divisórias de 460 mm de espessura. Estas divisórias foram instaladas a 305 mm de distância da cortina de água, de modo a possibilitar a activação dos sprinklers. Na impossibilidade das cortinas de água impedirem a dispersão do fumo através dos vomitórios, foi instalado um sistema de desenfumagem nos bastidores de modo a minimizar o escoamento de gases e fumos quentes em direcção ao público. A sala que aloja o espectáculo Zumanity também recorre a diversos alçapões e sistemas elevatórios. No palco principal existem três alçapões e na plataforma que permite o acesso entre a cave e o piso principal da sala existem quatro sistemas elevatórios. Três destes sistemas elevatórios possuem coberturas que deslizam sobre as aberturas 28

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respectivas. Na impossibilidade de garantir que estas coberturas tivessem uma resistência ao fogo de 120 minutos, as casas das máquinas dos sistemas elevatórios foram isoladas entre si através de uma construção resistente ao fogo. Esta solução permitiu a continuidade da parede do proscénio e uma construção resistente ao fogo a partir da cave. Como consequência, a casa das máquinas do elevador por baixo da plataforma é considerado como fazendo parte do primeiro piso do palco. Em condições normais, as duas casas das máquinas dos sistemas elevatórios devem funcionar como área de suporte durante a actuação. A separação entre as duas casas das máquinas dos sistemas elevatórios em caso de emergência é feita através de dois pares de portas de 1,2 m dotadas de retentores electromagnéticos e uma porta de enrolar de 4,9 m de largura. TRABALHAR COM EFEITOS ESPECIAIS Com o objectivo de deslumbrar o público, muitos espectáculos recorrem a efeitos especiais que podem afectar a segurança dos ocupantes e a eficiência dos sistemas de protecção contra incêndio. No KÁ, por exemplo, são utilizados efeitos especiais que envolvem chamas e pirotecnia desde os momentos que antecedem o espectáculo até ao final da actuação. Estes efeitos incluem múltiplas bolas flamejantes que se elevam até 3 e 9 metros de altura e uma fonte que produz uma chama contínua com 46 cm de diâmetro e 76 cm de altura. Uma vez que estas chamas aumentam a probabilidade de ocorrência de um incêndio, foi desde logo preterida a solução de activação manual dos sistemas de extinção de incêndios durante o espectáculo. Em alternativa, recorreu-se a uma abordagem dinâmica que permite o bypass alternado dos componentes de detecção. Uma vez que os sistemas de dilúvio e de cortina de água desta sala são activados por detectores de chama e de aspiração, foi necessário encontrar uma solução que permitisse a utilização de efeitos especiais com chamas sem alterar drasticamente a concepção dos sistemas de segurança. Para evitar descargas de água indesejadas, a RJA

desenvolveu um sistema para monitorizar os comandos dados pelos assistentes de palco responsáveis pela actuação de um determinado efeito especial. O coordenador de efeitos, que activa todos os efeitos a partir da central de controlo do espectáculo, necessita de receber um sinal de todos os assistentes e do sistema automático de alarme de incêndio antes de activar os efeitos especiais. O sinal do sistema automático de alarme de incêndio indica que todos os comandos estão preparados para activação e que o bypass dos sistemas de detecção foi efectuado com sucesso para o efeito iminente. Basta que um dos comandos seja desactivado durante um efeito, para que este seja cancelado e os sistemas de detecção voltem a ficar activos. Se ocorrer um alarme noutro local da sala, o sistema de controlo dos efeitos especiais de chama irá desactivar todos os efeitos especiais de chama e remover o combustível das linhas de abastecimento. Assim que o efeito termina, os comandos são libertados e os sistemas de alarme regressam ao seu estado normal de activação. As autoridades competentes aceitaram esta solução uma vez que limita o tempo de desactivação associado aos sistemas de protecção, assim como a probabilidade de ocorrência de um erro humano. Durante o espectáculo Phantom na sala de espectáculos do The Venetian Casino Resort, as quatro partes constituintes de um grande candelabro “pairam” juntas por cima da audiência, unindo-se posteriormente, num único candelabro. O desafio deste efeito foi conseguir coordenar as tubagens e outros elementos constituintes do sistema de sprinklers com o sistema de suspensão do candelabro. Se surgisse um sprinkler no caminho de um cabo enquanto o candelabro se estivesse a formar, o sprinkler poderia ser danificado, levando à libertação inadvertida de água. DE VOLTA À REALIDADE Uma vez que a maior parte das salas de espectáculos em Las Vegas estão localizadas em casinos, deve ter-se em especial consideração a saída de emergência principal, exigível a qualquer edifício que receba mais de 300 pessoas.


© Nils Becker

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≥ Os conceitos de decoração e design da sala foram criados pelo Cirque du Soleil e implementados pela Marnell Corrao Associates.

O regulamento de edificação do Nevada do Sul exige que a saída de emergência principal tenha uma dimensão suficiente para permitir o fluxo de, pelo menos, metade dos ocupantes do recinto, não podendo ser inferior à largura exigida para os caminhos de evacuação que conduzem àquela saída. Da mesma forma, é exigido que a saída principal dê para a rua ou para uma via pública, o que se torna um problema, uma vez que a entrada e saída da maioria das salas de espectáculo de Las Vegas é feita através de propriedades de maior dimensão com acesso restrito, sem acesso directo para uma rua ou via pública. Durante a fase de projecto da sala do espectáculo LOVE, as autoridades competentes consideraram que a saída principal da sala não respeitava as exigências presentes no código de edificação para a saída de pessoas para a rua ou via pública. No entanto, as autoridades licenciadoras aceitaram a interpretação do projectista de que a saída principal da sala não teria que cumprir com este requisito uma vez

que a sala faz parte de um edifício multiusos, uma situação não abordada pelo regulamento de edificação do Nevada do Sul. Desta forma, a saída principal foi autorizada a escoar o fluxo de ocupantes para o casino. A sala da produção LOVE tinha acolhido anteriormente o espectáculo extravagante de Siegfried and Roy, tendo sido sujeita a profundas remodelações para a realização do LOVE. A sala cumpria com as disposições regulamentares aplicáveis relativamente ao proscénio e à plateia e bancadas mas, durante a remodelação, o palco foi movido para permitir a colocação de bancadas em redor da parede do proscénio existente, criando uma sala com um palco circular. A sala é, na realidade, octogonal com duas entradas principais, cada uma servindo cerca de metade da respectiva área de plateia e bancadas. Nenhum dos lados da sala tem acesso directo ao outro. Para cumprir as exigências do regulamento de edificação, cada saída principal consegue suportar metade dos ocupantes

das respectivas secções da sala. Se a sala fosse um relógio, as saídas estariam localizadas às 11 horas e à 1 hora. A combinação das duas saídas principais é capaz de suportar metade do total dos ocupantes da sala, admitindo-se esta solução sempre que não exista uma saída principal claramente identificável. As restantes saídas que permitem escoar os restantes ocupantes estão localizadas em vãos interiores, que estão distribuídos de forma equilibrada ao longo da sala. Estes são apenas alguns exemplos dos desafios que surgem aquando da concepção do projecto de segurança em algumas das salas de espectáculo de Las Vegas, cada uma delas com configurações distintas de plateias e palcos, cada uma delas exigindo uma solução específica para protecção da audiência e dos intervenientes no espectáculo. Portanto, na próxima vez que assistir a um espectáculo, desfrute da atmosfera e tenha a certeza que a sua segurança é tão importante como o seu divertimento. ABRIL A JUNHO ‘09

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A importância dos têxteis no risco de incêndio de um edifício Mário Ribeiro

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Embora frequentemente negligenciada, a selecção dos polímeros e têxteis que integram os vários elementos decorativos dos edifícios é determinante para a concepção de uma adequada solução de segurança contra incêndios. TÊXTEIS, ESTOFOS E MOBÍLIAS: PRINCIPAL ORIGEM DE INFLAMAÇÃO EM INCÊNDIOS QUE PROVOCAM VÍTIMAS MORTAIS A preservação da vida humana e, subsidiariamente, a protecção da propriedade e da continuidade da missão e das actividades social e economicamente relevantes, num determinado edifício, que constituem os principais objectivos da segurança contra incêndio, estão também dependentes, entre outros factores, das características de inflamabilidade (modificada ou não) dos materiais utilizados nos elementos decorativos. Esta afirmação radica na constatação de que os polímeros e têxteis, por si mesmos ou enquanto materiais componentes do mobiliário estofado e colchões, se posicionam, de acordo com estatísticas recentes de incêndio do Reino Unido e dos E.U.A. (ver tabela 1 e 2), em segundo lugar do conjunto de elementos reportados como “primeiro objecto inflamado” nas ocorrências em edifícios de habitação, sendo apenas precedido pelos óleos utilizados na fritura de alimentos. Esta tendência verifica-se igualmente noutras utilizações-tipo como hotéis, hospitais, lares de idosos e estabelecimentos prisionais. Importa também alertar para a contribuição destes materiais para a propagação do incêndio e o facto dos seus efluentes de combustão serem responsáveis pela maioria das vítimas mortais e não mortais dos incêndios. As “Fire Statistics 2006” referem que os incêndios ocorridos em edifícios habitacionais e que têm como origem de inflamação os têxteis, estofos e mobílias correspondem a 14,5% do total de incêndios ocorridos e, pior ainda, são responsáveis por 44% das vítimas mortais totais. Nos restantes tipos de edifícios, esta estatística reduzse para os 7,7% e 16,22% respectivamente. O reconhecimento da grande responsabilidade dos polímeros e têxteis constituintes de elementos decorativos na ocorrência de in-

cêndios determinou a tomada de acções por parte dos poderes públicos de vários países, sobretudo na década de 60, quando no Reino Unido as estatísticas de incêndio revelaram um aumento preocupante do número de vitimas de incêndios resultantes da inflamação de mobiliário estofado, colchões, roupas interiores e de noite que passaram a incorporar novos materiais, de origem sintética. Com o objectivo de minimizar as consequências desta situação, foi desenvolvido um conjunto de normas para avaliar as características de inflamabilidade destes produtos, de forma a que evidenciassem um desempenho considerado suficientemente seguro para serem comercializados

no mercado. Estas medidas obtiveram bons resultados, tendo o número de vítimas de incêndios sido drasticamente reduzido no Reino Unido durante as décadas de 80 e 90. COLCHÕES E MOBILIÁRIO ESTOFADO Os colchões e mobiliário estofado como, por exemplo, sofás, poltronas, cadeiras e bancos estofados, são elementos de decoração indispensáveis em qualquer edifício, especialmente em residências, hotéis e hospitais. Pelas suas características próprias, relacionadas com a sua massa total (normalmente são objectos com um peso significativo) e pelos materiais empregues na sua construção, estes elementos comportam

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ENSAIOS NORMALIZADOS DE INFLAMABILIDADE As condições iniciais de humidade e temperatura do ensaio são definidas bem como as da amostra a testar. O provete tem uma disposição que simula as condições reais de utilização do material testado. As características da fonte de ignição utilizada são estritamente definidas e a sua potência é calibrada de forma a simular situações reais. Implicam a destruição das amostras, o que, no caso dos colchões e mobiliário estofado, acarreta custos elevados para o fabricante. Quase sempre são qualitativos (sistema “pass/fail”). Avaliam normalmente os seguintes parâmetros: ≥ Facilidade/dificuldade da ignição ≥ Velocidade de propagação da chama ou da formação de brasas ≥ Quando se tratam de ensaios quantitativos medem-se normalmente

os seguintes parâmetros: ≥ Energia necessária para que a ignição do material ocorra ≥ Altura e potência da chama ≥ Energia total libertada ≥ Obscuração ≥ Natureza e quantidades dos efluentes gasosos libertados por

unidade de massa do material ensaiado

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

LISTAGEM DAS PRINCIPAIS NORMAS EUROPEIAS RELATIVAS A TÊXTEIS E MOBILIÁRIO ESTOFADO RELEVANTES PARA A SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS: NP EN 1624:2005 NP EN 13772:2005 NP EN ISO 6940:2005 NP EN 14115:2005

êxteis e produtos têxteis. Comportamento ao fogo de têxteis industriais e técnicos. Procedimento para T determinar a velocidade de propagação da chama de provetes orientados verticalmente. Têxteis e produtos têxteis. Comportamento ao fogo. Cortinas e coberturas - Medição da propagação da chama de provetes orientados verticalmente com uma fonte larga de ignição Têxteis. Comportamento ao fogo. Determinação da facilidade de ignição de provetes orientados verticalmente (ISO 6940:2004) Têxteis. Comportamento ao fogo de materiais para toldos, tendas de grandes dimensões e produtos relacionados. Facilidade de ignição

EN 1021-1:2006

Furniture. Assessment of the ignitability of upholstered furniture. Part 1: Ignition source smouldering cigarette

EN 1021-2:2006

Furniture. Assessment of the ignitability of upholstered furniture. Part 2: Ignition source match flame equivalent.

EN 597-1:1994

Furniture. Assessment of the ignability of mattresses and upholstered bed bases. Part 1: Ignition source: Smouldering cigarette.

EN 597-2:1994

urniture. Assessment of the ignability of mattresses and upholstered bed bases. F Part 1: Ignition source: Match flame equivalent.

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Fonte Fire Statistics, United Kingdom, 2006

um elevado risco de incêndio, devendo ser acautelado o nível de segurança em função da sua utilização. A susceptibilidade de inflamação dos elementos decorativos depende dos materiais utilizados na construção e enchimento dos colchões e mobiliário estofado, quer em si próprios, quer em consequência de efeitos sinérgicos adversos resultantes das diversas combinações verificadas nas almofadas, enchimentos e forros. Todos estes materiais apresentam baixa difusibilidade térmica, inflamabilidade e calor de combustão variáveis, que são determinantes para a velocidade de desenvolvimento e a potência de incêndio, toxicidade e obscuração causados pelos efluentes da combustão. Para agravamento do risco de incêndio, acresce ainda o facto dos colchões e mobiliário estofado serem utilizados sobretudo em espaços onde as pessoas pernoitam e, consequentemente, evidenciam estados de fraca percepção ou de reacção ao perigo. De referir ainda que estes elementos do recheio de um edifício são muitas vezes seleccionados para iniciar uma acção deliberada de incêndio. Na União Europeia, em virtude da existência do mercado único de circulação de bens e mercadorias, houve a necessidade de harmonizar as diferentes normas nacionais de ensaio de forma a garantir a uniformidade dos ensaios de inflamabilidade de têxteis, colchões e mobília estofada comercializados no espaço intra-comunitário, cabendo a cada um dos estados membros definir o nível de desempenho exigível em função da utilização final do produto. Exemplo disto é a nova British Standard 7176:2007 que define os níveis exigíveis de resistência à ignição do mobiliário

TABELA 1 INCÊNDIOS E VÍTIMAS DE INCÊNDIOS EM HABITAÇÕESA E OUTROS EDIFÍCIOS POR PRIMEIRO OBJECTO INFLAMADO, 2006.

EDIFÍCIOS HABITACIONAISa VÍTIMAS

PRIMEIRO OBJECTO INFLAMADO NUM INCÊNDIO

b

INCÊNDIOS

FATAIS VALOR

Gases Líquidos Produtos agrícolas e florestais Têxteis, estofos e mobílias Roupa

OUTROS EDIFÍCIOS

%

VÍTIMAS NÃO

b

INCÊNDIOS

FATAIS

FATAIS VALOR

%

NÃO FATAIS

573

1,0%

2 0,55%

176

216

0,7%

0 0,00%

44

1157

2,1%

33 9,09%

369

1464

4,4%

10 27,03%

121

945

1,7%

3 0,83%

116

858

2,6%

0 0,00%

31

8100 14,5%

161 14,35%

2644

2544

7,7%

6 16,22%

301

115

22

66

53

1

25

Outros têxteis e roupa

2699

28

705

1065

2

106

Roupa de cama (colchão inc.)

1199

44

626

324

1

77

Camas ou colchões

700

7

202

227

1

34

Mobília sem estofo

207

0

51

125

0

2

42

4

3

6

0

1

253

10

86

91

0

4

Outros estofos, capas

1045

30

391

301

1

16

Cortinados, persianas

971

7

302

112

0

19

Revestimentos de solos

674

5

158

170

0

6

Mobiliário e decoração

195

4

54

70

0

11

Estofo de espuma modificado por combustão Outros estofos de espuma

Estruturas e guarnições

6,6%

5 1,38%

315

4624 14,0%

1 2,70%

75

Produtos alimentares

19511 35,0%

30 8,26%

3915

3391 10,3%

0 0,00%

148

Óleos

11878

27

2903

1813

0

129

Outros

7633

3

1012

1578

0

19

Papel, cartão

4234

Outros materiais

3654

7,6%

32 8,82%

718

5079 15,4%

2 5,41%

183

14499 26,0%

39 10,74%

2266

11728 35,6%

9 24,32%

461

Lixo não especificado

1722

4

234

1471

0

46

Isolamento eléctrico

6660

10

822

5713

4

152

Outros

6117

25

1210

4544

5

263

Não especificados

3113

5,6%

710

3024

9,2%

9 24,32%

118

55786

100%

11229

32928

100%

TOTAL

58 15,98% 363

100%

37

100%

1482

Inclui caravanas, casas flutuantes e outras estruturas que não sejam construções e utilizadas exclusivamente para domicílio. b Incluindo incêndios iniciados por cobertores eléctricos onde o primeiro material incendiado foi reportado como sendo isolamento eléctrico. a

estofado, ensaiado segundo as normas europeias, em função do nível de risco de incêndio associado ao tipo de utilização, estabelecendo quatro grupos de risco de incêndio: baixo

≥ Exemplos de uma etiqueta para a categoria de risco de incêndio baixo conforme a norma britânica 7176:2007 e de uma etiqueta para a categoria de risco de incêndio muito elevado.

ABRIL A JUNHO ‘09

33


03

INFORMAÇÃO TÉCNICA

Fonte State Fire Marshal’s California All Incident Reporting System (CAIRS)

TABELA 2 INCÊNDIOS POR PRIMEIRO OBJECTO INFLAMADO, 2003-2007

ANO vs PRIMEIRO OBJECTO INFLAMADO Não reportado

2004

2005

2006

2007

TOTAL

0

1

0

0

0

1

219

315

466

539

448

1987

Mobiliário, utensílios, incluindo mobiliário encastrado

1516

2110

3157

3005

2531

12319

Materiais gerais

4825

7133

10451

10543

9356

42308

Primeiro objecto inflamado, outro

1358

1951

2030

1947

2460

9746

Líquidos, tubagens, filtros

2779

3900

4604

4108

3306

18697

Materiais orgânicos

2721

5136

5628

5778

6082

25345

Mercadorias leves, vestuário

968

1374

2008

1890

1564

7804

Produtos em armazém

426

612

846

814

696

3394

Componente estrutural, acabamento

1250

1876

2373

2407

2149

10055

Indeterminados

9068

13661

14899

11008

11275

59911

25130

38069

46462

42039

39867 191567

Adornos, materiais recreativos, sinais

TOTAL

(quando a resistência à ignição é menor), médio, alto e muito alto (quando a resistência à ignição é maior). De referir que, os ensaios dos colchões e mobília estofada são onerosos para os fabricantes uma vez que implicam a destruição das amostras ensaiadas. Numa tentativa de averiguar e estabelecer interacções entre os componentes do mobiliário estofado, o seu comportamento ao fogo e as condições em que se desenvolve um incêndio em determinado compartimento, a União Europeia patrocinou um estudo sobre o “Comportamento da Combustão em Mobília Estofada” (Combustion Behaviour of Upholstered Furniture - CBUF) no âmbito do qual foram efectuados ensaios com o objectivo de averiguar os seguintes aspectos: - Medição da evolução do incêndio num determinado compartimento, onde é avaliado o desenvolvimento da combustão e o tempo decorrido até ao desaparecimento das condições em que é possível a vida humana - Realização de ensaios em larga escala, efectuados num calorímetro de mobília, que permitiram obter dados que foram utilizados na elaboração de um modelo de fogo capaz de prever os vários cenários em termos das condições físicas dos locais onde os incêndios se desenvolvem 34

2003

ABRIL A JUNHO ‘09

- Realização de ensaios no calorímetro de cone (calorimetria baseada no consumo de oxigénio na combustão) dos diferentes materiais a fim de serem obtidos dados para modelos de fogo cujos resultados são comparados com os obtidos no calorímetro de mobília. Deste estudo, que marcou um primeiro passo para a avaliação sistematizada e integrada da combustão da mobília estofada, resultou um conjunto de dados que constitui um instrumento valioso para o desenvolvimento de normas europeias relativas a esta matéria. CONCLUSÃO Em conclusão, importa referir que a combustão de polímeros e têxteis é uma matéria determinante para a segurança contra incêndios dos edifícios, que deve ser considerada na avaliação de risco de incêndio, especialmente em edifícios habitacionais (onde ocorrem a maioria dos incêndios com víti-

mas mortais) em hospitais, lares de idosos, estabelecimentos prisionais e hotéis. Sobre esta matéria, o novo regime jurídico de segurança contra incêndio em edifícios, designadamente o regulamento técnico publicado pela Portaria n.º 1532/2008 de 29 de Dezembro, pouco ou nada dispõe. Os artigos 44º e 45º prescrevem os materiais a utilizar na construção dos mobiliários fixos e nos elementos em relevo ou suspensos. Contudo, o regulamento que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro deste ano, limita-se a prescrever as características de reacção ao fogo de acordo com a EN ISO 11925-2:2002 (Ensaios de reacção ao fogo. Ignitabilidade dos produtos de construção civil sujeitos à aplicação directa de chama, parte 2 ensaio de pequena chama) quando sujeitos à aplicação directa de chama. Ora, este aspecto, embora importante, é manifestamente insuficiente para abordar a complexidade do risco de incêndio dos elementos têxteis e mobiliário estofado e da interacção entre os diversos materiais seus constituintes. A título de exemplo, refira-se um forro ou acabamento que recobre uma almofada de espuma de poliuretano não ignifugada. O forro pode perfeitamente obedecer ao critério prescrito pela Portaria n.º 1532/2008, mas poderá não contribuir para evitar ou retardar significativamente o desenvolvimento do incêndio se incorporado numa peça de mobiliário estofada. Em suma, tão importante como possuir eficientes meios precoces de detecção de incêndio e dispositivos de extinção para a segurança contra incêndio dos edifícios, revela-se a escolha e a conjugação dos diversos materiais (polímeros e têxteis) que incorporam os elementos decorativos nos edifícios. É da implementação de medidas simples e ao alcance de todos, como esta, que depende a prevenção de incêndios em edifícios e a segurança dos cidadãos.

Referências Fire Statistics UK; Department for Communities and Local Government; Londres; 2008; www.communities.gov.uk National Fire Statistic; National Fire Administration; Washington; 2008; disponível em http://www.usfa.dhs.gov/ statistics/national/index.shtm consultado em Maio de 2009. British Standards; 5438, 5867pt2, 5852pt1; British Standards Institution; Londres; vários anos. British Standard 7176:2007; British Standards Institutio; Londres; 2007; CBUF - Combustion Behaviour of Upholstered Furniture; SP Technical Research Institute of Sweden; disponível em http://www.sp.se/EN/INDEX/RESEARCH/CBUF/Sidor/default.aspx consultado em Maio de 2009.


Protecção contra incêndios em edifícios de armazenagem A abordagem sobre as medidas de protecção contra incêndios em edifícios de armazenagem incide normalmente sobre os sistemas de extinção por sprinklers. Contudo, a desenfumagem desempenha também um papel fundamental, sobretudo para os bombeiros, quando combatem um incêndio e tentam salvar um edifico.


03

INFORMAÇÃO TÉCNICA

Desenfumagem António Baptista Director Geral da Colt Portugal

Miguel Lobato Director Técnico-Comercial da Colt Portugal

A desenfumagem em edifícios de armazenagem desempenha uma função de relevância em termos de segurança. Um sistema de desenfumagem contribui para assegurar aos ocupantes que o caminho de evacuação está visível e é seguro, para minimizar os eventuais danos ocorridos no stock existente e ainda permitir que os bombeiros acedam atempadamente ao edifício e combatam o incêndio no seu estado inicial. Em suma: a desenfumagem aumenta as hipóteses de salvar o edifício. Em certos casos, o controlo eficaz dos fumos produzidos pelo incêndio pode ser utilizado como compensação de outras medidas de segurança, como por exemplo, permitir uma distância maior entre as saídas de emergência. Um sistema bem projectado deverá ser capaz de manter uma altura livre de fumos de modo a permitir que o edifício seja evacuado com um risco mínimo de inalação de gases tóxicos, ferimentos ou mortes. Num edifico de armazenagem em altura, um incêndio pode alastrar muito mais rapidamente do que num edifício de utilização mais convencional, devido ao grande volume do espaço. O fumo rapidamente se eleva até à cobertura, podendo aí fluir lateralmente a uma velocidade de até 5m/s (em média uma pessoa anda a uma velocidade de 1-2 m/s e corre a aproximadamente 7,5 m/s). Quando a área superior do edifício fica preenchida com fumo, este inicia um percurso descendente. A velocidade a que este fenómeno acontece varia de acordo com a natureza do combustível e com a geometria do edifício. Um espaço de 10.000 m3 sem desenfumagem pode ficar saturado em poucos minutos. Embora o fumo seja composto essencialmente por ar que alimenta a combustão, pode conter substâncias tóxicas e asfixiantes em 36

ABRIL A JUNHO ‘09

quantidades suficientes para causar desorientação e incapacidade dos ocupantes dos edifícios em segundos, provocando a morte em poucos minutos. O objectivo da desenfumagem é evitar a propagação do fumo, através da implementação de um sistema que permita a extracção de fumos e de calor. Um sistema típico pressupõe a existência de 3 elementos: ≥ Extracção a nível superior do edifício ≥ Cortinas que evitem a propagação horizontal dos fumos ≥ Admissão de ar novo

≥ Admissão de ar novo por entradas de ar ou cantão adjacente.

Quando se projecta um sistema de desenfumagem para edifícios com um só piso de grandes dimensões deve ter-se em conta os seguintes parâmetros: Dimensão do fogo: As dimensões-base do maior incêndio para o qual o sistema é dimensionado. Os cálculos podem ser efectuados para um incêndio de dimensões fixas, o maior incêndio previsto para o edifício em questão, ou para um incêndio em desenvolvimento num determinado intervalo de tempo, dependendo do tipo de produtos armazenados e da informação disponível. Quantidade de calor: A quantidade total de calor produzida pelo incêndio, estando a sua componente de convecção directa-

mente relacionada com o caudal de fumos a extrair. Escoamento horizontal: O fluxo horizontal dos gases quentes, resultante em parte da energia cinética da coluna ascendente de fumos. Tem tipicamente uma profundidade de aproximadamente 10% da altura do edifício. Altura livre de fumos: O objectivo da maioria dos sistemas de desenfumagem é o de garantir uma altura livre de fumos que permita a evacuação do edifício em segurança e o acesso dos bombeiros ao interior para combate ao incêndio. Para tal, a altura livre de fumos mínima a considerar em edifícios industriais deverá ser de 3 metros. Para a protecção do stock existente, deverá ser bastante superior. Cantonamento: Em edifícios de grandes dimensões, é necessário recorrer ao cantonamento (criação de reservatórios de fumo ao nível da cobertura), podendo para tal utilizar-se cortinas pára-fumos. Com um sistema de desenfumagem natural, cada cantão não deverá ultrapassar 2.000 m². Com um sistema mecânico, a sua área não deve ser superior a 2.600 m². Acção do vento: Estruturas sobrelevadas localizadas perto dos ventiladores estáticos poderão originar desvios na direcção do vento e provocar pressões positivas. Os ventiladores poderão funcionar como admissão, em vez de extracção, originado uma mistura de ar na camada de fumos, com o consequente baixar de nível da mesma e, eventualmente, encher o edifício de fumo. Admissão de ar: A admissão de ar novo é fundamental para o funcionamento eficiente do sistema de desenfumagem. O ar que se mistura na coluna de fumos, tem que ser compensado com ar novo. Num sistema de desenfumagem natural, a admissão pode ser realizada através de unidades colocadas nas fachadas ou, caso existam vários cantões, pelas unidades existentes nos cantões vizinhos ao do sinistro. Quanto maior for a disponibilidade da admissão, maior será a eficácia da extracção. Deverá ter-se o cuidado de assegurar que todas as entradas de ar são realizadas abaixo da camada de fumos, de forma a evitar que haja mistura e consequentemente um adensamento da mesma.


03

INFORMAÇÃO TÉCNICA

ARMAZENAGEM EM ALTURA Na armazenagem em altura, o risco de ocorrência de danos muito rápidos é muito mais elevado do que o normal pois o fogo desenvolve-se rapidamente, conduzido pelos racks verticais. Para que qualquer estratégia de protecção seja eficaz, é essencial que seja instalado um sistema de sprinklers. As estruturas de armazenamento mais modernas dispõem de sprinklers nos diferentes níveis de armazenagem. O sistema de desenfumagem pode ser concebido para funcionar com os sprinklers e remover o fumo e calor, limitando os danos e ajudando os bombeiros no combate ao sinistro.

≥ Propagação do fogo em estantes / armazenagem em altura.

SISTEMAS DE EXTINÇÃO POR SPRINKLERS Os sistemas de extinção por sprinklers destinam-se a controlar os incêndios mas não conseguem evitar que um edifício fi-

que saturado de fumo. Portanto, a combinação de um sistema de extinção por sprinklers e um sistema de desenfumagem oferece a protecção ideal. Há quem opine que a remoção de calor através de ventiladores pode atrasar o funcionamento dos sprinklers e que, ao manter o nível de oxigénio no edifício, o fogo atingirá maior intensidade. Contudo, pesquisas recentes revelam que a desenfumagem não atrasa significativamente o funcionamento dos sprinklers posicionados mais perto do incêndio, mas tem influência nos que estão mais afastados do foco de incêndio, evitando que entrem em funcionamento desnecessariamente.

A Prevenção de Prejuízos em Armazéns Artur Carvalho Especialista Certificado em Protecção contra Incêndios pela NFPA

Para além da redução dos prejuízos originados directamente pelo incêndio, a instalação de um sistema de extinção automática por sprinklers, em conjunto com um sistema de desenfumagem, permite outras economias já que contribui para reduzir ou eliminar a paralisação da actividade que os incêndios normalmente implicam. Nos incêndios em armazéns é vulgar produzirem-se conflagrações simultâneas, ou seja, a propagação de um incêndio às propriedades contíguas. Este risco poderá ser acautelado através de uma protecção adequada oferecida pelos sprinklers automáticos em conjunto com um sistema de desenfumagem. A destruição do stock de uma empresa e outros efeitos nefastos dos incêndios, por vezes permanentes, tem um efeito devastador sobre a actividade das empresas, constituindo uma grande tragédia, não somente para o proprietário, inquilinos e empregados, como também para a sociedade em geral. Evitar interrupções graves da actividade industrial e comercial por efeito de incêndios é vulgarmente um factor determinante

na decisão de instalar protecção à base de sprinklers automáticos em conjunto com um adequado sistema de desenfumagem. Os sistemas automáticos de sprinklers integram sistemas de alarme, que são activados quando os sprinklers são actuados. Deste modo, os sprinklers não só libertam água no local mais necessário, onde o incêndio se está a desenvolver, como também produzem um sinal acústico, podendo além disso enviar sinais para comando de outros equipamentos, tais como a desenfumagem nos casos em que o próprio sprinkler tem a função de detector térmico. Através deste alerta acústico, é possível verificar o estado do incêndio e, caso se justifique, controlar a acção dos sprinklers e eventuais danos causados pela água. A água descarregada por um sistema de sprinklers automático produz menos danos (7-18 galões por minuto) ( 26 – 68 litros /minuto) do que produziria a água de extinção lançada com mangueiras pelo serviço de bombeiros (125-250 galões por minuto) (473950 litros /minuto) . Contrariamente aos bombeiros, que apenas poderão entrar em acção

num edifício incendiado depois do sistema de desenfumagem conseguir manter a área limpa, o fumo e calor não constituem obstáculos para a actuação dos sprinklers. Os sprinklers automáticos descarregam a água rápida e eficazmente sobre o foco de incêndio. Uma ideia comum errada sobre os sistemas de extinção por sprinklers é a que todos os sprinklers são activados em simultâneo. Na realidade, a maior parte dos incêndios são dominados pela acção de apenas alguns sprinklers que se encontram nas imediações do foco de incêndio. O receio dos danos causados pela água da extinção serve, por vezes, como objecção para a instalação de sprinklers. É comum referir-se que o incêndio era insignificante mas que os danos causados pela água dos sprinklers foram importantes. São raras as vezes em que se menciona que a probabilidade de destruição causada pelo incêndio teria sido muito elevada se não fosse a protecção promovida pelos sprinklers automáticos. É muito raro produzirem-se descargas de água acidentais num sistema de sprinklers automáticos, ou mesmo de outros dispositivos ABRIL A JUNHO ‘09

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

das redes de incêndio, por efeito dos sprinklers. Contudo, devem tomar-se precauções para evitar descargas desnecessárias de água produzidas por avarias mecânicas, congelação ou sobreaquecimento, corrosão, etc…. Estes procedimentos encontram-se descritos na EN 12845 “Fixed fire fighting systems – automatic sprinkler systems – design, installation

and maintenance” e Secção 5 do capítulo 16 da NFPA 13 “Precauções e Manutenção dos Sistemas de Extinção à Base de Água”. Na realidade, a actuação dos sprinklers é altamente eficiente e segura. Dados oficiais da NFPA revelam-nos que na grande maioria dos incêndios que ocorrem apenas 1 ou 2 sprinklers entram em funcionamento (ver Tabela).

De referir ainda que existem vários factores que influenciam a resposta dos sprinklers de acordo com a altura do tecto. Os gases quentes sobem em forma de nuvem até ao tecto, activando o sprinkler. Quanto maior for a distância do sprinkler ao tecto maior será o tempo de resposta do sprinkler (ver gráfico).

Fonte NFPA

ASPECTOS ECONÓMICOS DA PROTECÇÃO MEDIANTE SISTEMAS DE EXTINÇÃO AUTOMÁTICA POR SPRINKLERS E SISTEMAS DE DESENFUMAGEM Além da prevenção da eventual destruição de stock e da paralisação da actividade industrial ou comercial, a utilização dos sistemas de sprinklers permite demonstrar às companhias seguradoras o comprometimento com a segurança e, consequentemente, obter uma redução no prémio de seguro. Desta forma, a instalação de sprinklers traduz-se num investimento rentável se pensarmos no montante de prejuízos que eles permitem evitar. Por outro lado, os sprinklers, conjugados com os sistemas de desenfumagem, tornam possível a rápida intervenção humana no ataque aos incêndios. Muitos proprietários de imóveis dispensam a instalação de sprinklers porque concluem que o investimento parece injustificado quando comparado com o valor do imóvel. Os descontos nos prémios de seguro, por si só, em muitos casos, podem permitir amortizar o investimento em segurança em poucos anos. De igual importância, são as medidas compensatórias permitidas em muitos edifícios com protecção à base de extinção por sprinklers. De acordo com a regulamentação nacional, a protecção dos edifícios através de um sistema de extinção automática de incêndio por água com cobertura total permite uma duplicação da área da compartimentação corta-fogo regulamentada (n.º 6 do artigo 18.º da Portaria n.º 1532/2008). Em consequência, a utilização destes sistemas permite reduzir o custo de construção. Em qualquer dos casos uma evidência que se sobrepõe às referidas é que a salvaguarda da vida das pessoas e da integridade dos bens para os seus proprietários é algo, por vezes, inestimável.

TABELA NÚMERO DE SPRINKLERS QUE ENTRARAM EM FUNCIONAMENTO EM OCORRÊNCIAS DE INCÊNDIOS - EDIFÍCIOS ALTOS

Nº de sprinklers

1

Fonte NFPA

Nº de incêndios

2

461 108

51

102

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

17

6

20

7

6

3

1

1

2

2

2

4

1

1

152

203

254

305

356 Distância dos sprinklers (deflector) ao tecto em milimetros (mm).

Tempo de actuação do primeiro sprinkler em segundos.

140 120 100 80 60 40 0

2

4

6

8

03

10

12

14

Distância dos sprinklers (deflector) ao tecto (polegadas).

EFEITO DE DISTÂNCIA ENTRE O TECTO E OS SPRINKLERS SOBRE O TEMPO DE ACTUAÇÃO DOS MESMOS

ALGUNS DADOS SOBRE SISTEMAS DE EXTINÇÃO AUTOMÁTICA POR SPRINKLERS 1. Activação intempestiva / falha do equipamento Ocorre aproximadamente 1 em cada 16,000,000 equipamentos. 2. Ruptura na tubagem. A tubagem para sprinklers é testada a uma pressão 3 vezes superior à pressão normal do sistema. 3. Danos causados pela água devido ao incêndio Uma parte significativa dos danos atribuídos à água descarregada pelos sprinklers é provocada pelo incêndio. Os sprinklers permitem controlar um incêndio com mais ou menos 1/20 parte da água utilizada por um bombeiro para combater o incêndio.

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Sistema de controlo de acessos QUEM, COMO E QUANDO? Jorge Garção Director Técnico da Prosonic SA

Nas características mais elementares da natureza humana, o sentimento de posse e a necessidade de proteger os nossos bens está intimamente ligada aos mecanismos de sobrevivência. Desde os primeiros tempos que o Homem tem necessidade de impedir que os seus bens sejam apropriados por outros. Por esta

razão, não é de estranhar que existam registos no Antigo Testamento da utilização de chaves e fechaduras, quer no Antigo Egipto quer no Império Romano, que, ainda que rudimentares tinham o mesmo objectivo: proteger propriedades e seus bens. As formas de proteger fisicamente os espaços foram evoluindo, tendo, no século XIX,

o engenheiro Linus Yale patenteado a primeira fechadura de cilindros (1861). O controlo de uma chave permite condicionar o acesso a um espaço físico mas é um método pouco eficaz e seguro, pois é relativamente fácil de copiar uma chave, esta pode-se perder e não existe qualquer forma de saber quando a chave foi utilizada e por quem. Sempre que se perde uma chave, para mantermos o nível de segurança, somos obrigados a substituir o canhão da porta e se for uma chave mestra é ainda mais dispendioso. O primeiro cartão de acesso, puramente mecânico, foi patenteado por Tor Sornes, em 1976. Este cartão de plástico rígido é perfurado com uma combinação de furos que garante cerca de 4 biliões de possibilidades diferentes de abertura. Este sistema teve uma grande aplicação no mercado hoteleiro. A sua vantagem em relação à chave


era a grande facilidade em recodificar a fechadura para um novo cartão. O cartão magnético foi inventado em 1960 por Forrest Corry Parry no âmbito de um projecto de segurança para o governo americano. A fita magnética que permitia a gravação de dados já existia. A inovação deste sistema consistiu em colar essa fita num cartão de plástico e, desta forma, permitir a leitura de dados de um cartão. Nos anos 80, os cartões de banda magnética conheceram uma forte implantação e a sua aplicação generalizou-se. Apesar de actualmente serem considerados pouco seguros, devido à facilidade com que são copiados, continuam a ser usados em muitos sectores como, por exemplo, na Banca. Apesar de sempre terem existido outros tipos de cartões, os cartões de banda magnética foram os grandes impulsionadores do desenvolvimento dos sistemas de controlo de acessos. O baixo custo do cartão de banda magnética e a dificuldade (inicialmente existente) em copiar um cartão, foram fundamentais para que a esmagadora maioria dos fabricantes evoluíssem os seus produtos em torno desta forma de identificação. Os sistemas de controlo de acesso (SCA) sugiram como uma resposta à dificuldade em gerir um edifício e garantir os padrões de segurança de um sistema baseado em chaves. Podemos pois dizer que o Sistema de Controlo de Acessos substitui as chaves por cartões ou dados biométricos. Por definição, um sistema de controlo de acessos permite atribuir ou negar o acesso a um determinado espaço físico, podendo este acesso ser condicionado a um período de tempo. Num processo de controlo de acessos existem 3 passos fundamentais que respondem a três questões: Quem? Identificação – O utilizador é identificado perante o sistema, validado inequivocamente por dados pessoais (ex: nome, NºBI, nº de funcionário etc). Nesta fase pode ser atribuído um cartão de acesso ou são recolhidos dados biométricos que identificam o utilizador no sistema.

Como? Autorização – É o conjunto de permissões que são atribuídas a um utilizador, de uma forma mais simples é aquilo que um utilizador pode fazer num sistema. Essas permissões definem quais os acessos permitidos e qual horário valido para cada acesso. Quando? Auditoria – Processo que permite obter informações de registo do sistema e que permitem responder a questões como por exemplo: “Quem entrou na porta x num período de tempo?” ou “Quais os movimentos de um determinado utilizador?” Para responder a estas perguntas o sistema é, no fundo, uma base de dados com informações pessoais, permissões de acesso e registos dos acessos realizados. Esta base de dados é gerida por uma aplicação instalada num computador que permite criar identificações, autorizações e questionar sobre os eventos efectuados. A maioria dos fabricantes optam por descentralizar o processamento, ou seja, tipicamente os concentradores podem controlar 2 ou 4 leitores. No entanto, existem fabricantes que optaram por dotar cada leitor com um concentrador incorporado. As unidades concentradoras recebem as permissões de acesso da base de dados, adquirem dos leitores/identificadores as informações do utilizador e tomam decisão de autorização de acesso ou não. Os concentradores têm ainda como missão o registo dos eventos e posterior registo na base de dados central. Com o processamento distribuído, a fiabilidade do sistema aumenta, pois cada concentrador pode funcionar autonomamente. Desta forma, diminuímos o risco de avaria num componente e de termos todo o sistema inoperacional. Estes concentradores podem comunicar com o computador através de um bus RS485, RS422 ou por ligação Ethernet. Os leitores/identificadores podem ser de cartão ou de dados biométricos. Entre as diversas tecnologias mais utilizadas destaco: Cartão de Banda Magnética, Cartão de Proximidade

(contactless), Cartão Inteligente de Proximidade (Smart Card), Leitor Biométrico. Os cartões magnéticos foram, durante a década de 80, os cartões mais utilizados. O baixo custo do cartão permitiu que os fabricantes apostassem nesta tecnologia para os seus sistemas. A facilidade com que podem ser copiados, a falta de “inteligência” no cartão e o curto tempo de vida do cartão, devido a desgaste mecânico da passagem na cabeça de leitura, fez com que esta tecnologia fosse abandonada. Em sua substituição surgiram cartões de leitura à distância ou de proximidade. Os primeiros cartões, tal como os cartões magnéticos, não tinham “inteligência” no seu interior, permitiam apenas a leitura do seu número de série a alguns centímetros de distância. Os cartões “Smart Card” têm embebido um chip que permite guardar e ler dados no cartão. No entanto, em aplicações mais simples destes cartões, apenas é lido o número de série. Os leitores biométricos podem reconhecer faces, ler impressões digitais, reconhecimento de íris, medir a geometria da mão ou reconhecimento de voz. Das várias tecnologias disponíveis, a leitura de impressões digitais têm sido muito utilizada uma vez que o baixo custo e a boa fiabilidade do reconhecimento justificam a sua grande aplicação. No entanto, não é aconselhável a sua utilização em locais com muito pó ou com utilizadores que trabalhem matérias corrosivas. Para estes ambiente, o reconhecimento de íris revela-se mais adequado uma vez que não tem contacto físico com o utilizador. Esta tecnologia de leitura biométrica é muito fiável, segura, rápida e cómoda. O custo desta tecnologia têm vindo a baixar nos últimos anos, o que leva a crer que, no futuro, terá uma grande aplicação. FUTURO Os Sistemas Integrados de Segurança são a evolução natural para os Sistemas de Controlo de Acesso. Os Sistemas Integrados são uma ferramenta que permite uma exploração mais eficaz e lógica da segurança de um edifício. Através da integração da vídeovi-


03

gilância, detecção anti-intrusão e sistema de controlo de acessos numa plataforma única, podem-se criar automatismos que facilitam o desempenho de um operador de segurança. Actualmente, é impensável colocar um operador de segurança perante centenas de imagens pois ele terá uma grande dificuldade em detectar uma situação anómala no meio de tantas imagens. Os sistemas integrados têm como missão filtrar apenas as situações em que o operador deve actuar ou tomar conhecimento. A grande maioria dos sistemas de controlo de acessos permite ligar a detectores anti-intrusão, faltando apenas a integração da vídeovigilância. O “know-how” adquirido na área do desenvolvimento de software permitiram que estes fabricantes tivessem vantagem na evolução para os Sistemas Integrados de Segurança.

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

Além da integração dos outros sistemas de segurança, o futuro próximo dos sistemas de controlo de acessos têm dois caminhos possíveis: a biometria ou o desenvolvimento da tecnologia RFID. Os sistemas RFID são uma tecnologia que permite o armazenamento de dados no cartão e que apresentam soluções técnicas para leitura a longa distância. Desta forma, podem vir a ser utilizados para novas formas de “controlar acessos” e tornar possível a localização de pessoas e objectos num edifício. Contudo, a biometria apresenta características que criam expectativas de grande aplicação futura, a facilidade de utilização e gestão, a elevada segurança, são alguns indicadores de que serão os leitores do futuro. Os cartões perdem-se, emprestam-se a outras pessoas e podem ser clonados. Os

dados biométricos são intransmissíveis, não copiáveis, dificilmente clonáveis e nunca se perdem. Os sistemas de videovigilância têm tido grandes desenvolvimentos na área do processamento analítico de vídeo. Estes desenvolvimentos deverão fazer parte dos sistemas de controlo de acesso do futuro. A previsível melhoria dos algoritmos permitirá substituir um leitor de cartões por uma câmara que identifique e valide uma autorização num curto espaço de tempo. Vivemos tempos em que a sombra do terrorismo, espionagem industrial, crise económica, instabilidade social e insegurança, paira sobre a sociedade. Com um Sistema de Controlo de Acessos podemos impedir que estes eventos ocorram e, em caso de ocorrência, limitar os danos provocados.


03

INFORMAÇÃO TÉCNICA

Marcação “CE” em ferragens para portas Ricardo Gaio Gestor de Projecto da DORMA Portugal

INTRODUÇÃO MARCAÇÃO “CE” A marcação CE, reconhecida pelo símbolo “CE”, trata-se de uma abreviação da expressão francesa “Conformité Européene” que significa literalmente “Conformidade Europeia”.

≥ Os ensaios em laboratórios certificados são parte essencial para a certificação CE. A declaração de conformidade terá obrigatoriamente que a estes se referir nos elementos identificativos.

O termo inicialmente utilizado foi “Marca CE”, mas este foi oficialmente substituído pela “Marcação CE”, através da Directiva 93/68/EEC de 1993. Esta marcação não é apenas exigível a produtos fabricados no interior da comunidade europeia, mas também aos produtos fabricados fora da União Europeia comercializados no seu interior, tratando-se de um meio simples e rápido de demonstrar que determinado produto satisfaz a legislação em vigor. MARCAÇÃO “CE” EM FERRAGENS PARA PORTAS A marcação CE atribuída às diversas ferragens aplicáveis em portas é a forma mais simples e sucinta de demonstrar que determinado artigo/produto está de acordo com a legislação comunitária em vigor, neste caso especifico a aplicável aos produtos utilizados na construção. A marcação por si só não certifica a marca do produto, a sua qualidade, aspectos relativos à sua performance e funcionalidade, nem a utilização do mesmo. Existem diversos factores, como a durabilidade, categoria de utilização, comportamento a fogo (se aplicável), resistência à corrosão, comportamento mecânico, etc., que apenas podem ser certificados por or-

ganismos e/ou laboratórios independentes e autorizados para o efeito que emitem os documentos de certificação correspondentes. A declaração de conformidade CE deverá indicar as normas europeias que o produto possui certificação reconhecida oficialmente. Nas diversas ferragens utilizadas em portas, pode consultar no quadro 1, algumas das normas mais comuns. Nas ferragens que se pretendam utilizar por exemplo em portas corta-fogo, fumo e para saídas de emergência, a marcação CE através dos seus elementos identificativos, será o método mais simples de demonstração da certificação da ferragem/peça. Estes elementos identificativos deverão ser colocados no produto de forma visível, legível e indelével. Todavia, se a natureza do produto não permitir ou não o justificar, a marcação CE deve ser aposta na embalagem, se a houver, e nos documentos de acompanhamento. A fiscalização da obra, ou outra autoridade aprovada para o efeito, pode ainda requerer prova adicional do demonstrado nos elementos identificativos. A marcação CE trouxe benefícios inúmeros à indústria da construção civil, elevando os requisitos necessários a que produtos ABRIL A JUNHO ‘09

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utilizados têm de atender, garantindo assim a segurança eficaz dos edifícios para com os seus utilizadores, durante uma possível situação de emergência. Ao estarem reconhecidos com a marcação CE, os fabricantes de ferragens para portas simplificam todo o processo de fornecimento de materiais para determinado MARCAÇÕES GENUÍNAS

edifico. Será mais simples, seguro e menos ambíguo ainda para os prescritores a especificação dos artigos correctos por exemplo para sistema corta-fogo, corta-fumo e para portas de fuga em rotas de escape, assegurando assim a qualidade dos projectos. Os prescritores deverão assegurar-se sempre

QUADRO 1 PRINCIPAIS NORMAS APLICÁVEIS EM FERRAGENS

TIPO DE PRODUTO

MARCAÇÕES FALSAS

≥ Exemplos de logótipo da marcação CE genuínos e inválidos.

≥ Exemplos de logótipo da marcação CCC.

≥ Exemplos dos elementos exemplificativos.

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

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EN Aplicável

Molas de Fecho

EN 1154

Retentores Electromagnéticos

EN 1155

Selectores de Fecho

EN 1158

Dispositivos de Saídas de Emergência

EN 179

Dispositivos de Pânico Horizontais

EN 1125

Cilindros para Fechaduras

EN 1303

Sistemas de Portas Deslizantes

EN 1527

Resistência à Corrosão de Ferragens

EN 1670

Puxadores e Maçanetas

EN 1906

Dobradiças de Eixo Simples

EN 1935

Fechaduras Mecânicas e Chapa Testa

EN 12209

que todos os produtos que especificam estão certificados para o fim que se destinam. MARCAÇÕES “CE” INVÁLIDAS Alguns produtos possuem uma marcação CE inválida, que se trata de uma abreviatura da expressão “China Exports”. As duas letras que a compõem esta marcação estão juntas, e não espaçadas como a CE original. A todos os produtos que possuam a marcação “China Exports”, não lhes é conferida nenhuma prova de conformidade com as especificações e exigências europeias. É provável que esta marcação com as iniciais CE (China Exports), tenha sido intencionalmente desenhada para criar confusão com a marcação CE europeia. Os produtos chineses que realmente cumprem a sua legislação têm de no seu país serem certificados pela marcação CCC, que significa “China Compulsory Certification”. Os produtos que detenham esta marcação de segurança e qualidade podem ser comercializados no mercado Chinês. Fabricantes externos ao mercado chinês necessitam de ter os seus produtos reconhecidos com a atribuição esta marcação, para poderem comercializar os meus produtos nesse mercado. ANALISE SEMPRE OS DOCUMENTOS FORNECIDOS COM ATENÇÃO Ao analisar uma declaração de conformidade CE ou um elemento identificativo da referida marcação, existem alguns aspectos essenciais a ter em conta, como por exemplo: ≥ Data de Validade dos documentos (declaração CE e demais certificados); ≥ Descrição do produto coincidente com a constante nos documentos; ≥ Acabamentos, aplicações ou acessórios abrangidos pela certificação; ≥ Marcação CE registada no nome do fabricante que lhe está a ofertar o produto. Para sua própria protecção, é importante estar atento ao tipo de marcação que consta em determinado produto, e mesmo que a marcação CE indicada seja válida, deverá sempre que possam surgir dúvidas, solicitar toda a documentação necessária que comprove o declarado pelo fabricante ou seu representante legal.


Detecção de fogos florestais na sua fase inicial Joaquim Miranda Gerente da Micotec

Os avanços tecnológicos em sensores de alto contraste, câmaras digitais, processamento de imagem e computadores industriais têm permitido um grande desenvolvimento do reconhecimento visual de incêndios florestais de modo automático. Um sistema para detecção de incêndios na sua fase inicial1 baseia-se na instalação adequada de sensores ópticos optimizados para a detecção automática de nuvens de 1

FireWatch da IQ Wireless

fumo, de dia ou de noite, e independentemente das condições atmosféricas. Este sistema constitui um avanço considerável face aos sistemas de alarme baseado nas variações térmicas detectáveis por sensores de infra-vermelhos, que apenas detectam o fogo quando este se encontra numa fase muito avançada de desenvolvimento. Os sensores ópticos interligam-se em tempo real, via rádio, constituindo uma rede


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e, dado que frequentemente se situam em localizações remotas, são autónomos em termos de fonte de abastecimento de energia, que pode ser de origem fotovoltaica, eólica ou por células de combustível. O sistema pode vigiar áreas até 700 000 m2, permitindo a detecção de fumo a uma distância de 15 km, em apenas 2 a 4 minutos. Os sensores rodam 360º em aproximadamente 8 minutos e registam 3 fotografias em cada 10º de rotação. Essas imagens são examinadas pelo próprio sistema para localizar e identificar sinais de fumo através de algoritmos matemáticos e estatísticos. Se forem detectados sinais de fumo, os dados e correspondentes imagens são enviados para o Centro de Controlo para avaliação adicional e tomada de decisão. O alerta pode ser enviado também por E-mail ou contacto telefónico (voice mail, sms). A localização do alerta é evidenciada no mapa electrónico do sistema integrado de referenciação geográfica (GIS). A câmara é uma unidade inteligente com software de reconhecimento que, ao detectar e reconhecer vestígios de fumo numa determinada área, produz automaticamente um aviso que é enviado para o Centro de Controlo identificando a direcção e a distância do ponto suspeito. O software aplicacional existente no computador da Central apresenta uma imagem panorâmica de todos os locais onde se encontram as torres. Deste modo, os avisos anteriormente seleccionados e automaticamente comunicados podem ser analisados pelo operador. Essas informações são completadas por dados e imagens de câmaras vizinhas. Com os dados e informações visuais que são produzidos através de cruzamento e triangulação da informação, a localização é mais pormenorizada. Numa janela de ocorrências, para além da informação geográfica, são mostradas a lista de avisos e as acções a tomar, com as todas as informações importantes: data, hora, identificação da torre, direcção e distância do alarme. Vários meios úteis, como por exemplo a função de zoom, a variação da luminosidade e do contraste, estão disponíveis no Centro de Controlo para uma melhor avaliação das 46

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INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

≥ Invisível para a vista humana.

≥ Modo OSS normal.

≥ Modo OSS nocturno. 04. OSS detecção de fumo.

≥ OSS detecção de fumo.

SISTEMA DE SENSOR ÓPTICO A P/B Optical Sensor System (sem CFTV ou câmara de vídeo); Alta resolução 1.360 x 1.024 pixéis (total usado para detecção); Dinâmica de 16.384 níveis de cinzento (14 bits); Modo “noite” com sensibilidade acrescida em NIR (Near Infra Red); Contraste aumentado para detecção de fumo; Filtro para escurecer a luz artificial; Resposta rápida mesmo em visão nocturna; Mesma resolução de dia e de noite. AVALIAÇÃO DO SISTEMA Torre com detecção automática de fogo florestal em fase inicial; Reconhecimento automático de nuvens de fumo de dia e de noite; Processamento de dados on-line; Transmissão via rádio ou cabo de alertas para o Centro de Controlo; Supervisão rápida a uma distância até 15 km - 70.000ha (700 km2); Tempo para o alerta - aprox. 4m (torre única) / prox. 2m (sistema multi‑torre); Precisão da detecção: nuvens de fumo de 10x10m a 10km de distância.


INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

OPTICAL SENSOR SYSTEM (SISTEMA DE SENSORES ÓPTICOS) Dia Ausência de filtros permite o reconhecimento sob condições de baixa luminosidade; Existência de um filtro passa-banda para melhorar o contraste entre o Céu e verde; Dinâmica de 14 bits (com 16.384 níveis de cinzento); Reconhecimento de nuvens de fumo pequenas; Noite Resolução 1360 x 1024 pixéis; Mesma resolução dia e noite; Um filtro noturno elimina o efeito da luz artificial; TESTES DAS CONDIÇÕES DE VISÃO NOCTURNA: Condições: mau tempo / baixa visibilidade / sem lua nem estrelas

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imagens. Quando o operador responsável conclui que se trata de um incêndio, regista a ocorrência e transmite-a à entidade competente permitindo encurtar o tempo que decorre entre a detecção do incêndio e o seu combate. Este sistema encontra-se em desenvolvimento e a ser continuamente melhorado desde 2001, contando actualmente com mais de 150 unidades em operação na Europa e na América Central. O CASO ALEMÃO A Administração florestal do Estado de Brandenburgo manteve até 2001 um sistema de vigilância contra incêndios florestais constituído por 133 postos de observação humana, para a protecção de mil milhões de hectares de bosques, durante os meses da Primavera e Verão, o que envolvia mais de 400 trabalhadores. O serviço de vigilância nas torres de cerca de trinta e cinco metros de altura é extremamente duro, repetitivo e fatigante. As torres não têm água potável nem sanitários e as temperaturas chegam a ultrapassar, no Verão, os 40º C. Não obstante a alta capacidade humana, o reconhecimento de situações de perigo não foi suficiente para evitar deflagrações de incêndios graves. Esta situação levou a Administração florestal, em meados dos anos noventa, a procurar uma alternativa fiável e economicamente viável, que permitisse uma vigilância automatizada da área, de dia e de noite. Depois de múltiplas provas e quase 10 anos de desenvolvimento, o sistema foi colocado em serviço permanente, no ano de 2001, e em 100% do território. Os resultados positivos do sistema são hoje muito claros: embora o número de deflagrações de fogos não tenha sido reduzido de forma significativa, o impacto dos incêndios no que diz respeito à área ardida diminuiu quase cinco vezes (ver quadro 1). O fundamento deste sistema baseiase num algoritmo para o reconhecimento rápido de fumo, desenvolvido pelo Centro Alemão da Aeronáutica e Astronáutica. A partir de 2001, e com base nestes fundamentos, foi desenvolvido um sistema de reconhecimento de incêndios florestais. ABRIL A JUNHO ‘09

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LEGISLAÇÃO

Equipamentos e sistemas de SCIE DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS A CADA UTILIZAÇÃO-TIPO Este artigo pretende informar os responsáveis de segurança dos edifícios sobre a regulamentação e normalização aplicável aos vários sistemas e equipamentos de protecção contra incêndio, de acordo com cada utilização-tipo.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AOS EDIFÍCIOS

Lei nº 60/2007, de 4 de Setembro Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de Novembro Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro

Utilização Tipo

Procede à sexta alteração ao Decreto-Lei nº 555/99, de 16 de Dezembro, que estabelece o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação. Estabelece o Regime Jurídico de Segurança contra Incêndios em Edifícios. Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro: Aprova o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios.

Utilização Tipo

Descrição

Descrição

I

Habitacionais

VII

Hoteleiros e Restauração

II

Estacionamentos

VIII

Comerciais e Gares de Transportes

III

Administrativos

IX

Desportivos e de Lazer

IV

Escolares

X

Museus e Galerias de Arte

V

Hospitalares e Lares de Idosos

XI

Bibliotecas e Arquivos

VI

Espectáculos e Reuniões Públicas

XII

Industriais, Oficinais e Armazéns

RESPONSÁVEIS PELA MANUTENÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA CONTRA RISCOS DE INCÊNDIO E PELA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE AUTOPROTECÇÃO APLICÁVEIS AOS EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO DOS EDIFÍCIOS UT I - Proprietário - Administrador de Condomínio, no caso dos espaços comuns Restantes UT’s - Proprietário, no caso do edifício estar na sua posse - Quem detiver a exploração do edifício ou do recinto - Entidades gestoras no caso dos edifícios que disponham de espaços comuns, espaços partilhados ou serviços colectivos, sendo a sua responsabilidade limitada aos mesmos

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LEGISLAÇÃO

DISPOSIÇÕES CONSTANTES DO REGIME JURÍDICO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS (DECRETO-LEI Nº 220/2008 E PORTARIA Nº 1532/2008) APLICÁVEIS AOS EDIFÍCIOS

EQUIPAMENTOS E SISTEMAS DE PROTECÇÃO ACTIVA

ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA* (ART. 113º-115º) UT I

- Estão isentos desta obrigatoriedade os edifícios habitacionais das 1ª categoria de risco e as habitações situadas em edifícios de qualquer categoria de risco. - Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º e 210º

UT II

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 224º

Nas UT’s IV, V, VI, VIII, X e XI, com excepção dos locais destinados a dormida em locais de risco D e E, os blocos autónomos, quando instalados, devem ser sempre do tipo permanente, independentemente da categoria de risco.

SISTEMAS DE DETECÇÃO, ALARME E ALERTA* (ART. 116º-132º) UT I

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º e 210º

UT II

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 224º

UT V

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 236º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art.270º

EXTINTORES* DEVEM ESTAR DE ACORDO COM AS NORMAS NP EN 3, NP EN 1866 E NP 4413 (ART. 163º) UT I

- Estão isentos desta obrigatoriedade os edifícios habitacionais das 1ª e 2ª categorias de risco - Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º ao 211º

UT II

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 226º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 273º

UT IX

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 286º

UT XII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 307º

HIDRANTES EXTERIORES (CONDIÇÕES EXTERIORES)* DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A NP EN 14384:2007 (ART.12º) UT II

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 216º

BOCAS DE INCÊNDIO DO TIPO CARRETEL* DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A NP EN 671-1 (ART. 164º-167º) UT I

- A partir da 3ª categoria de risco - Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º e 210º

UT II

- Da 1ª categoria de risco, que ocupem espaços cobertos cuja área seja superior a 500 m2 - A partir da 2ª categoria de risco

UT III a VIII

- A partir da 2ª categoria de risco

UT IX e X

- A partir da 3ª categoria de risco

UT XI

- A partir da 2ª categoria de risco - Que possam receber mais de 200 pessoas

UT XII

- A partir da 2ª categoria de risco

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LEGISLAÇÃO

BOCAS DE INCÊNDIO DO TIPO CARRETEL* DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A NP EN 671-1 (ART. 164º-167º) UT I

- A partir da 3ª categoria de risco - Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º e 210º

UT II

- Da 1ª categoria de risco, que ocupem espaços cobertos cuja área seja superior a 500 m2 - A partir da 2ª categoria de risco

UT III a VIII

- A partir da 2ª categoria de risco

UT IX e X

- A partir da 3ª categoria de risco

UT XI

- A partir da 2ª categoria de risco - Que possam receber mais de 200 pessoas

UT XII

- A partir da 2ª categoria de risco

REDES SECAS E HÚMIDAS* DEVEM SER DO TIPO HOMOLOGADO (ART. 168º-171º) UT I e II UT IV, V e XII UT VI

- Redes secas ou húmidas, a partir da 2ª categoria de risco - As bocas de incêndio da rede húmida devem ser armadas do tipo teatro - Quando da 4ª categoria de risco, as bocas de incêndio da rede húmida devem ser armadas do tipo teatro - Acrescem a esta UT as disposições do art. 251º

UT VII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 257º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 274º

As UT’s da 3ª categoria de risco ou superior devem ser servidas por redes húmidas.

SISTEMAS FIXOS DE EXTINÇÃO AUTOMÁTICA DE INCÊNDIOS* (ART. 172º-176º) Por água/sprinklers (art. 173º e 174º) UT II

- A partir da 2ª categoria de risco, com dois ou mais pisos abaixo do plano de referência - Acrescem a esta UT as disposições do art. 226º

UT III

- A partir da 3ª categoria de risco

UT VI

- A partir da 3ª categoria de risco - Acrescem a esta UT as disposições do art. 252º

UT VII

- A partir da 2ª categoria de risco

UT VIII

- A partir da 3ª categoria de risco, com as excepções previstas no art. 273º

UT XII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 308º

Nos locais adjacentes a pátios interiores cuja altura seja superior a 20m. Nos locais considerados de difícil acesso e elevada carga de incêndio. Por agente extintor diferente da água (art. 175º e 176º) UT X

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 294º

UT XI

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 298º

UT XII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 308º

Sempre que se justifique em função da classe de fogo e do risco envolvido. Cozinhas cuja potência total instalada nos aparelhos de confecção de alimentos seja superior a 70 kw.

SISTEMAS DE CORTINA DE ÁGUA, APLICÁVEIS A FACHADAS CORTINA ENVIDRAÇADAS* (ART. 177º-179º) UT II

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 226º e 227º

UT VI

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 253º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 273º

Na protecção de vãos abertos em edifícios ou estabelecimentos existentes, com elevado risco de incêndio. Nos locais de elevado risco de eclosão de incêndio ou explosão, quando expostos a fogos externos ou calor intenso.

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LEGISLAÇÃO

CONTROLO DE POLUIÇÃO DE AR* (ART. 180º-183º) UT II UT VIII

- Nos espaços cobertos fechados - Acrescem a esta UT as disposições do art. 275º

SISTEMAS AUTOMÁTICOS DE DETECÇÃO DE COMBUSTÍVEL* (ART. 184º E 185º) Em todos os locais de risco C, onde funcionem aparelhos de queima de gases combustíveis. Em todos os ductos, instalados em edifícios da 2ª categoria de risco ou superior, que contenham canalizações de gás combustível. Em todos os locais cobertos, em edifícios ou recintos, onde se preveja o estacionamento de veículos que utilizem gases combustíveis. E em todos os locais ao ar livre, quando estes gases forem mais densos que o ar e existam barreiras físicas que impeçam a sua adequada ventilação natural.

SISTEMAS DE PROTECÇÃO PASSIVA

PORTAS RESISTENTES AO FOGO E DISPOSITIVOS DE FECHO E RETENÇÃO* (ART.34º E 36º)

SINALIZAÇÃO (DECRETO-LEI Nº 141/95, LEI Nº 113/99, PORTARIA Nº 1456-A/95 E ART. 108º -112º DA PORTARIA Nº 1532/2008)

LIMITAÇÕES À PROPAGAÇÃO DO INCÊNDIO PELO EXTERIOR (ART.7º-10º) UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 262º

UT XII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 300º

CONDIÇÕES GERAIS DE COMPORTAMENTO AO FOGO, ISOLAMENTO E PROTECÇÃO – CRITÉRIOS DE SEGURANÇA (ART.14º) UT V

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 231º

UT VI

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 240º, 241º e 244º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 265º

UT IX

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 281º

UT X

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 290º

UT XI

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 296º

RESISTÊNCIA AO FOGO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS E INCORPORADOS (ANEXO II DO DECRETO-LEI Nº 220/2008 E ART. 15º E 16º DA PORTARIA Nº 1532/2008) UT I

- Estão isentos desta obrigatoriedade os edifícios habitacionais da 1ª categoria de risco destinados à habitação unifamiliar - Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º ao 211º

UT VIII UT IX

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 263º - Estão isentos desta obrigatoriedade os edifícios para alojamento em parques de campismo, conforme disposições do art. 280º

Estão isentos desta obrigatoriedade os edifícios afectos às UT’s III a XII da 1ª categoria de risco, apenas com um piso.

COMPARTIMENTAÇÃO GERAL DE FOGO (ART. 17º-19º) UT I

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 209º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 264º

UT XII

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 301º ao 303º

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03

LEGISLAÇÃO

ISOLAMENTO E PROTECÇÃO DE: Locais de risco (art. 20º - 24º) UT I

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 210º Vias de evacuação (art. 25º - 28º) Canalizações e condutas (art. 29º - 33º)

PROTECÇÃO DE VÃOS INTERIORES: Portas resistentes ao fogo* (art. 34º) UT I

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 209º ao 212º Câmaras corta-fogo (art. 35º) Acrescem a esta UT as disposições do art. 209º Dispositivos de fecho e retenção das portas resistentes ao fogo* (art. 36º)

REACÇÃO AO FOGO (ANEXO I DO DECRETO-LEI Nº 220/2008 E ART. 38º - 39º DA PORTARIA Nº 1532/2008) UT I

- Estão isentos desta obrigatoriedade os espaços habitacionais classificados na 1ª categoria de risco - Acrescem a esta UT as disposições do art. 209º

UT VI

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 245º ao 248º

UT IX

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 282º

UT X

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 291º

UT XI

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 297º

PORTAS DE EMERGÊNCIA* (ART. 62º)

DIMENSIONAMENTO DE CÂMARAS CORTA-FOGO (ART. 63º) UT I

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 209º

UT V

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 233º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 268º

CONDUTAS DE EVACUAÇÃO DE EFLUENTES DE COMBUSTÃO* (ART. 92º E 93º)

VENTILAÇÃO E CONDICIONAMENTO DE AR* (ART. 94º - 100º)

CONTROLO DE FUMO* OS EXUTORES DEVEM ESTAR DE ACORDO COM A NORMA EN 12101-2 (ART. 133º-161º) UT I

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 209º

UT II

- Acrescem a esta UT as disposições do art.225º

UT V

- A crescem a esta UT as disposições do art. 236º

UT VI

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 250º

UT VIII

- Acrescem a esta UT as disposições dos art. 271º e 272º

UT XII

- Acrescem a esta UT as disposições do art. 306º

* Os equipamentos/sistemas devem ser submetidos a procedimentos de manutenção/inspecção com uma periodicidade mínima anual.

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FICHA TÉCNICA nº18

SADI TIPO CONVENCIONAL

BOTÃO DE ALARME MANUAL AGOSTO 2008

DEFINIÇÃO

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

Componente de um sistema de detecção e alarme de incêndios, que é usado para o accionamento manual de um alarme. O botão de alarme manual terá de ser de cor vermelha, à excepção da zona de operação e da palavra FOGO (ou símbolo de substituição), que serão de cor branca, e do modo de operação, que deverá ser representado a preto. A sua construção deve ser robusta de modo a ser colocado nos locais e caminhos de fuga e ser operado em condições adversas de uma situação de alarme.

Fig. 1 Botão de Alarme Manual.

GARANTIAS Os botões de alarme manual devem ser fabricados de acordo com a norma EN 54-11 e possuir marcação CE, recomendando‑se que sejam certificados por laboratórios europeus acreditados.

NORMAS APLICÁVEIS NP EN 54-1 Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 1: Introdução. EN 54-11 Fire detection and fire alarm systems – Part 11: Manual call points. prNP EN 54-14 Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 14: Especificações técnicas para planeamento, projecto, colocação em serviço, exploração e manutenção.

TIPOS DE BOTÃO DE ALARME Quanto ao tipo de operação: Tipo A (operação directa): botão para o qual basta actuar o elemento de operação (ex. quebrar o vidro) para que se desencadeie um alarme. Tipo B (operação indirecta): dispositivo que implica partir ou deslocar um elemento de protecção (ex. vidro quebrável ou tampa de protecção transparente) para aceder ao elemento de operação (ex. um botão). Quanto ao elemento de operação: Botões de alarme rearmáveis: depois de actuarem, podem ser repostos manualmente do seu estado de alarme para o seu estado de repouso, pela cessação das condições que causaram a actuação, sem a substituição de qualquer componente. Botões de alarme não rearmáveis (com componentes substituíveis): após actuação, necessitam da substituição de um ou mais componentes para serem repostos no seu estado de repouso. Possuem um vidro quebrável com uma protecção exterior para evitar a fragmentação do vidro, proporcionando uma ruptura limpa.

PRINCÍPIO ACTIVO DE FUNCIONAMENTO Os botões de alarme manual são assim designados pelo facto da sua activação ser efectuada manualmente. Podem ser utilizados para dar um alarme de incêndio ou para confirmar um alarme de incêndio, devendo estes alarmes ser prioritários sobre quaisquer outros. Os alarmes provenientes dos botões de alarme manual devem ser inequívocos quanto à sua origem (deve existir distinção no painel de alarme e controlo entre um alarme vindo de um dispositivo de detecção automática, por ex. detectores, e um alarme manual proveniente de um botão). Esta poderá ser identificada através da existência de zonas diferenciadas ou através da capacidade do sistema diferenciar esses alarmes. Caso o alarme seja proveniente de um botão de alarme manual, todas as temporizações num sistema de detecção e alarme de incêndios (informação, transmissão, comandos e sirenes) deverão ser inibidas. Os botões de alarme manual são compostos por uma parte mecânica e uma parte eléctrica, que inicia o sinal de alarme quando a parte mecânica é operada e que poderá ser constituída por um conjunto de resistências e/ou condensadores. Quando incorporados em sistemas convencionais, os botões de alarme manual, assim como os restantes detectores, deverão estar inseridos em zonas supervisionadas através de fim de linha, de a modo que o painel de detecção e alarme de incêndios vigie toda a linha de detecção.

SEM DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS

1 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 | www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt


FICHA TÉCNICA nº18

SADI TIPO CONVENCIONAL

BOTÃO DE ALARME MANUAL AGOSTO 2008

APLICAÇÃO • Os botões de alarme manual podem ser instalados à superfície ou embutidos, desde que se garanta que fiquem salientes no mínimo 15 mm, de modo a garantir uma boa visualização dos mesmos.

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

• Na generalidade, os botões de alarme manual devem ser colocados entre 1,20m a 1,60m acima do chão, e localizados de modo a que nenhuma pessoa dentro das instalações tenha que percorrer mais de 30 m para chegar a um botão de alarme manual. Em locais em que os previsíveis utilizadores possam ser deficientes motores, esta distância deve ser reduzida. • Devem ser posicionados em caminhos de evacuação, junto a cada porta de acesso a escadas de emergência (dentro ou fora) e em cada saída para o exterior, podendo ser também posicionados nas proximidades de riscos especiais. • Poderá ser necessário um cuidado adicional no posicionamento dos botões de alarme manual em locais ocupados por pessoas com dificuldades motoras. • Os botões de alarme manual devem ser claramente visíveis, identificáveis e de fácil acesso. • No caso de riscos de incêndio particulares, pode ser necessário instalar os botões de alarme manual a uma distância relativamente próxima. • Os botões de alarme manual devem utilizar preferencialmente o mesmo método de operação e ser do mesmo tipo em todo o edifício.

SINALIZAÇÃO DE ALARME E TRANSMISSÃO DE ALARME A actuação dos botões deverá ser devidamente sinalizada através da alteração da sua aparência frontal, nomeadamente através da quebra do vidro e deslocação do elemento de operação ou protecção. A estas sinalizações poderá ainda estar associada uma bandeira mecânica que atesta que o botão está numa condição de alarme. Nos botões do tipo B deverá ainda estar bem visível a actuação do elemento de operação. Os botões de alarme manual poderão ainda possuir um indicador luminoso que acende em caso de alarme. Esta sinalização deverá ser posicionada na face frontal do botão, ter cor vermelha, ser visível a 2m em linha recta num ambiente de intensidade luminosa de 500Lux e permanecer até que o sistema seja reposto (a sinalização luminosa não dispensa a restante sinalização descrita). A transmissão em caso de actuação de um botão de alarme manual deverá ser imediata.

MANUTENÇÃO Devido à especificidade deste tipo de dispositivos, deve ser efectuado um plano de manutenção adequado ao local onde estão instalados, devendo ser garantida, pelo menos trimestralmente, a verificação da operacionalidade de, pelo menos um botão em cada uma das zonas para testar se a unidade de controlo e sinalização recebe e exibe o sinal correcto, soa o alarme e acciona qualquer outro sinal de aviso ou dispositivo auxiliar. Os botões de alarme manual devem ser verificados com uma periodicidade mínima anual. No entanto, é aceitável que apenas 25% sejam verificados em cada uma das inspecções trimestrais. Deverão ser ainda averiguadas eventuais mudanças estruturais ou ocupacionais que possam afectar os requisitos para a localização dos botões de alarme manual. Deve ser registada no livro de registos de ocorrências qualquer anomalia observada e a acção correctiva deve ser tomada tão cedo quanto possível.

2 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 | www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt


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LEGISLAÇÃO

Legislação Portaria n.º 610/2009 de 8 de Junho Decreto-Lei n.º 123/2009, de 21 de Maio Decreto-Lei nº 99/2009, de 28 de Abril

Portaria nº 288/2009, de 20 de Março

Regulamenta o sistema informático que permite a tramitação desmaterializada dos procedimentos administrativos previstos no regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios. Define o regime jurídico da construção, do acesso e da instalação de redes e infra-estruturas de comunicações electrónicas. Procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 312/2007, de 17 de Setembro, que define o modelo de governação do Quadro de Referência Estratégico Nacional para o período 2007-2013 e dos respectivos programas operacionais. Aprova o modelo de relatório anual da actividade dos serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho e revoga a Portaria nº 1184/2002, de 29 de Agosto.

Dec. de Rect. nº 21/2009, de 18 de Março Declaração de Rectificação nº 20/2009, de 13 de Março

Rectifica a Lei nº 7/2009, de 12 de Fevereiro, que aprova a revisão do Código do Trabalho.

Portaria nº 172/2009, de 17 de Fevereiro

Aprova o Regulamento dos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER).

Regulamento (CE) nº 134/2009 da Comissão de 16 de Fevereiro de 2009

Altera o Regulamento (CE) nº 1907/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, relativo ao registo, avaliação, autorização e restrição de produtos químicos (REACH), no que respeita ao Anexo XI.

Lei nº 7/2009, de 6 de Janeiro

Rectifica o Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de Janeiro, do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, que procede à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 124/2006, de 28 de Junho, que estabelece as medidas e acções a desenvolver no âmbito do Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios, e revoga a Lei n.º 14/2004, de 8 de Maio, publicado no Diário da República, 1.ª série, n.º 9, de 14 de Janeiro de 2009.

Aprova a revisão do Código do Trabalho.

Normalização LISTA DE NORMAS EUROPEIAS ADOPTADAS COMO NORMAS PORTUGUESAS NP EN 13794:2009

Aparelhos de protecção respiratória. Aparelhos de protecção respiratória isolantes autónomos de circuito fechado para evacuação. Requisitos, ensaios, marcação.

NP EN 13830:2009

Fachadas-cortina. Norma de produto.

EN 615:2009 EN 671-3:2009

Fire protection. Fire extinguishing media. Specifications for powders Fixed firefighting systems. Hose systems. Part 3: Maintenance of hose reels with semi-rigid hose and hose systems with lay-flat hose

EN 1366-3:2009

Fire resistance tests for service installations. Part 3: Penetration seals

EN 1634-1:2008

Fire resistance and smoke control tests for door, shutter and openable window assemblies and elements of building hardware. Part 1: Fire resistance tests for doors, shutters and openable windows

EN 1634-2:2008

Fire resistance and smoke control tests for door, shutter and openable window assemblies and elements of building hardware. Part 2: Fire resistance test for elements of building hardware

EN 12845:2004+A2:2009 EN 50131-1:2006/A IS1:2009

Fixed firefighting systems. Automatic sprinkler systems. Design, installation and maintenance Alarm systems – Combined and integrated alarm-systems – General requirements

EN 50131-2-3:2008

Alarm systems – Intrusion and hold-up systems. Part 2-3: Requirements for microwave detectors

EN 50131-2-5:2008

Alarm systems – Intrusion and hold-up systems. Part 2-5: Requirements for combined passive infrared and ultrasonic detectors

EN 50131-2-6: 2008

Alarm systems – Intrusion and hold-up systems. Part 2-6: Opening contacts (magnetic)

EN 50131-3:2009 EN 50136-1-1:1998/A2:2008 EN 50486:2008

Alarm systems – Intrusion and hold-up systems. Part 3: Control and indicating equipment Alarm systems – Alarm transmission systems and equipment. Part 1-1: General requirements for alarm transmission systems Equipment for use in audio and video door-entry systems.

ABRIL A JUNHO ‘09

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