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SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€

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NACIONAL TERMOLAN Lã de rocha: Matéria-prima de segurança PROJECTO Os desafios dos edifícios escolares

SPRINKLERS Eficácia na Detecção e Extinção automática de Incêndios

TEMA DE CAPA

SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS DESPORTIVOS: O PROJECTO, CONSTRUÇÃO E GESTÃO DE SEGURANÇA DE UM ESTÁDIO



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Editorial Maria João Conde

O secular sismo de Lisboa de 1755 e a tempestade da Madeira trazem -nos a amarga lembrança que as coisas más não acontecem apenas aos outros e que é necessária

Apesar do progresso da ciência e da sofisticação da tecnologia, que têm permitido ao Homem um crescente controlo sobre os fenómenos naturais, a realidade é que a natureza mantém a sua influência dominante sobre grande parte das actividades humanas, muitas vezes de forma disruptiva e catastrófica. O último ano tem sido especialmente abundante em catástrofes naturais e fenómenos meteorológicos adversos, tais como o temporal na Madeira, os sismos no Haiti, México, China, a nuvem de cinzas do vulcão na Islândia e as inundações por toda a Europa. Com a chegada do Verão, juntam-se a este cenário de calamidade os incêndios florestais e os ciclones e furacões em latitudes mais tropicais. O impacto destas catástrofes naturais sobre a actividade humana é enorme, tendo por limite a perda de vidas humanas e a incapacitação física e psíquica das pessoas. Mas,

uma reflexão alargada

existem outras consequências que, ainda que sem este impacto tão violento, também põem

e a sensibilização da

de produção, a deterioração de matérias-primas e produtos e a demolição de vias e meios

população para a temática da emergência.

em causa a subsistência humana, como a destruição dos factores produtivos e de unidades de comunicação. A minimização do impacto social e económico das catástrofes naturais e outras situações de emergência consegue-se em diferentes momentos e etapas. Desde logo através da implementação de uma regulamentação adequada (por exemplo, que estabeleça a adequação dos edifícios ao risco sísmico) e de acções de sensibilização junto da população. A avaliação do risco revela-se também essencial, bem como a implementação de medidas mitigadoras de prevenção e protecção. Finalmente, ao nível da gestão da emergência propriamente dita, a importância da prontidão do socorro e a adequação da resposta, juntamente com um sistema de comunicação eficiente, são factores que podem fazer a diferença entre o impacto devastador de um cataclismo ou um conjunto de prejuízos materiais sem perda de vidas humanas ou de infra-estruturas produtivas críticas. O secular sismo de Lisboa de 1755 e a tempestade da Madeira trazem-nos a amarga lembrança que as “coisas más” não acontecem apenas aos outros e que é necessária uma reflexão alargada e a sensibilização da população para a temática da emergência. Vai decorrer no próximo mês de Outubro, em Lisboa, uma conferência internacional dedicada ao tema “Prevenção, Segurança e Gestão de Emergências” que irá dar um destaque particular aos temas da gestão de emergência em sismos e inundações, da protecção de infra-estruturas críticas, da garantia a continuidade de negócio através do planeamento de emergência, entre outros. O evento integra também duas acções de formação, inéditas em Portugal, sobre “Requisitos para Planos de Gestão de Desastres/Emergências e de Continuidade das Actividades” e “Análise e Gestão de Riscos Naturais”. Parece-nos que a proposta temática do NFPA-APSEI Fire & Security constituirá um bom ponto de partida para uma reflexão nacional sobre prevenção, segurança e gestão de emergências, sobretudo entre todos aqueles que se dedicam à actividade da segurança, do projecto de segurança, da protecção civil, da prevenção e do socorro. ABRIL A JUNHO ‘10

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Sumário

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ABRIL A JUNHO 2010

01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. APSEI apresenta curso de detecção de incêndio e gases. ANPC publica caderno sobre vistorias de segurança. Novo diploma simplifica Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação. Regime Jurídico de SCIE é adaptado à Madeira. 07 Institucional. Sensibilizar para a Prevenção e Segurança: O valor da informação. 09 Eventos. Formação Internacional sobre Segurança em Portugal. 45+46 Ficha técnica APSEI nº22 e nº23. SADI Tipo Convencional. Indicador de acção (sinalizador) e dispositivos de alarme de incêndios (sirene). 47 Legislação e Normalização. 48 Agenda.

EVENTOS 10 Entre a tradição e a modernidade Diferentes soluções de segurança contra incêndio instaladas na cidade de Copenhaga, na Dinamarca. Gonçalo Sítima

ARTIGO DE CAPA 12 Segurança em Recintos Desportivos Projectar um Estádio Considerações sobre o projecto de segurança do Estádio Municipal de Leiria João Garcia

18 Bem-vindos ao Ninho de Pássaros Lisa Nadile

22 Gestão de Informação de Segurança Física Sérgio Lapa

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O Projecto de Segurança para o Estádio Municipal de Leiria, Dr. Magalhães Pessoa, iniciou-se no ano de 2000, tendo-se estendido, incluindo as várias fases de Projecto e de assistência técnica, até 2004, nas vésperas do EURO 2004. (...)

FABRICO NACIONAL 24 Lã de rocha: matéria-prima de isolamento e segurança Reportagem à empresa Termolan, o primeiro fabricante português de lã de rocha. Maria João Conde e Gonçalo Sítima 02

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Direcção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira e Mélanie Cuendet Colaboradores neste número Alexandre Chamusca, Isabel Paiva, J. Pedro Guedes da Silva, João Emílio, João Guilherme Garcia, José Azeredo, Lisa Nadile, Romão Trindade e Sérgio Lapa Publicidade Miguel Santos Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio Administração, Redacção e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail apsei@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt Fotografia Gonçalo Sítima e iStockPhoto Design Big Book José Mendes Pré-press Critério Produção Gráfica, Lda Impressão MR Artes Gráficas Periodicidade Trimestral Tiragem 2000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288

INFORMAÇÃO TÉCNICA 28 Abordagens e Desafios de um Projecto de SCIE para Escolas A segurança contra incêndio no âmbito da requalificação de edifícios escolares. João Emílio

32 Sprinklers: Eficácia na Detecção e Extinção de Incêndios Caracterização do funcionamento do sistema e dos diferentes tipos de sprinklers. J. Pedro Guedes da Silva

37 No Coração de um Sistema Contra Incêndio Centrais de Bombagem. Como seleccionar uma instalação de supressão de incêndios. José Azeredo

AMBIENTE 40 Detectores iónicos de fumos e resíduos radioactivos

Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio.

Características e funcionamento dos detectores iónicos. Classificação e gestão de resíduos radioactivos resultantes destes equipamentos. Romão Trindade e Isabel Paiva

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NACIONAL TERMOLAN Lã de rocha: Matéria-prima de segurança PROJECTO Os desafios dos edifícios escolares

SPRINKLERS Eficácia na Detecção e Extinção automática de Incêndios

SECTOR

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43 Uma visão de mercado sobre a segurança electrónica Avaliação do momento actual do sector da segurança electrónica e levantamento das principais tendências de mercado.

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SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS DESPORTIVOS: O PROJECTO, CONSTRUÇÃO E GESTÃO DE SEGURANÇA DE UM ESTÁDIO

Alexandre Chamusca

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NOTÍCIAS

APSEI APRESENTA CURSO DE DETECÇÃO DE INCÊNDIO E GASES A APSEI irá alargar a sua oferta de formação profissional para o sector da segurança em Setembro com a organização do Curso de Detecção de Incêndio e Gases. Dias 9 e 10 de Setembro (em horário pós-laboral) terá lugar a primeira edição, em Lisboa, e no dia 16 do mesmo mês o curso desloca-se até ao Porto.

sector que pretendam aprofundar os seus conhecimentos técnicos sobre esta matéria. Os conteúdos desta formação incluem a detecção automática de incêndios (SADI), onde serão abordados os diferentes meios de detecção existentes – Detectores de Fumos, de Temperatura, de Chamas e Botoneiras de Acção Manual –, assim como as regras de aplicação e instalação, e os sistemas em que se organizam (analógico e convencional). Na temática da detecção de gases, para além dos conceitos básicos,

Vocacionado para o mercado da segurança electrónica, o curso é dirigido aos técnicos responsáveis pelas actividades de instalação e manutenção de sistemas automáticos de detecção e a outros profissionais do

CadERnoS TéCnICoS PRoCIV

ECção CI

Os conteúdos do manual têm por base o disposto Regime Jurídico de SCIE, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, no Regulamento Técnico de SCIE, aprovado pela Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro, e na restante legislação complementar entretanto publicada. VIl

Foi recentemente disponibilizado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) o Manual de Procedimentos para a Realização de Vistorias de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE), um documento que pretende auxiliar no planeamento, preparação e realização de vistorias das condições de segurança contra incêndio em edifícios e recintos. O manual é dirigido aos técnicos que realizam vistorias e aos agentes que intervêm nos processos de projecto, instalação e manutenção dos edifícios ou recintos, bem como nos sistemas e equipamentos.

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Será também efectuado o devido enquadramento legal e normativo para a actividade da detecção de incêndio e de gases, com destaque para as novidades introduzidas pela recente Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (Portaria nº1532/2008, de 29 de Dezembro) e pelas especificações técnicas presentes na Norma Europeia EN-54.

ANPC PUBLICA CADERNO SOBRE VISTORIAS DE SEGURANÇA

e Manual d entos Procedim alização para a Re ias de Vistor ança de Segur cêndio contra In ios em Edifíc

oT al dE PR Edição: dE naCIon auToRIda2010 março dE

também serão abordados os diferentes tipos de detectores, as regras de instalação e funcionamento e os tipos de sistemas.

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Os procedimentos estabelecidos neste documento incluem a preparação e realização da vistoria, nomeadamente a análise documental (memória descritiva, peças desenhadas, medidas de autoprotecção) e os testes a efectuar aos diferentes equipamentos. As condições de segurança de um edifício que deverão ser vistoriadas incluem as condições exteriores comuns, assim como elementos vitais na protecção de pessoas e bens como o comportamento ao fogo, isolamento e protecção, a evacuação, as instalações técnicas e os equipamentos e sistemas de segurança instalados. Após efectuada a vistoria, o manual explica ainda como proceder quando se constate que existem inconformidades relativamente às condições de segurança definidas por lei. Este é o 12º Caderno Técnico PROCIV e está inserido numa Colecção que tem como objectivo sistematizar e divulgar conteúdos de referência nas diversas áreas do Planeamento de Emergência de Protecção Civil. A PROTEGER soube que a ANPC está neste momento a desenvolver novos Cadernos Técnicos, entre os quais o Manual de Boas Práticas para a Elaboração de Planos de Segurança – Grandes Superfícies e Manual de Procedimentos para Apreciação de Projectos de SCIE. Ambos aguardam edição no site oficial da ANPC disponível em www.prociv.pt.


NOTÍCIAS

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NOVO DIPLOMA SIMPLIFICA REGIME JURÍDICO DA URBANIZAÇÃO E DA EDIFICAÇÃO Foi publicado em Diário da República, no passado dia 30 de Março, o diploma legislativo que altera o Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (Decreto-Lei nº 26/2010) que, além de regulamentar o processo de urbanização e edificação, introduz medidas de simplificação com reflexos significativos e directos no licenciamento de actividades económicas como a industrial, comercial, da restauração e do turismo.

Assim sendo, ao abrigo desta alteração, passam a estar dispensados de consulta, aprovação ou parecer, por entidade interna ou externa aos municípios, os projectos das especialidades, nos quais se incluem os projectos da especialidade da Segurança contra Incêndio em Edifícios, sempre que o projecto em causa seja acompanhado por termo de responsabilidade subscrito por técnicos devidamente habilitados segundo a legislação aplicável. Da mesma forma, está

também agora dispensada a realização de vistorias sobre a conformidade da execução dos projectos das especialidades, sempre que seja, tal como no caso anterior, apresentado termo de responsabilidade subscrito por autor de projecto devidamente habilitado para o efeito, o que, ao abrigo da legislação de segurança contra incêndios vigente, implica autores de projecto devidamente reconhecidos pela Ordem dos Arquitectos, Ordem dos Engenheiros ou Associação Nacional de Engenheiros Técnicos.

REGIME JURÍDICO DE SCIE É ADAPTADO À MADEIRA Passado mais de um ano após a entrada em vigor do actual Regime Jurídico de Segurança contra Incêndios em Edifícios a nível nacional, verifica-se finalmente a adopção desta legislação à Região Autónoma da Madeira, através da publicação e entrada em vigor do Decreto Legislativo Regional nº 11/2010/M, de 25 de Junho. Face às especificidades desta Região, designadamente no referente às particularidades do seu relevo geográfico, que condicionam grandemente a edificação urbana, as exigências do Regime Jurídico de segurança contra Incêndio em Edifícios sofreram algumas alterações face ao estipulado para o continente Português. Assim sendo, de acordo com esta legislação regional, os edifícios ou partes de edifícios e recintos sujeitos a obras de reconstrução, ampliação ou alteração, bem como a alterações de utilização, podem ser dispensados de algumas das disposições exigidas pelo Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios, sempre que a sua concretização for manifestamente desproporcionada por razões económicas, técnicas ou arquitectónicas. Esta dispensa legislativa carece, no entanto, carece de fundamentação formal por parte do autor e do coordenador do projecto, através de emissão de declaração que especifique e justifique claramente as disposições técnicas não observadas, bem como de proposta devidamente fundamentada, igualmente pelo autor e coordenador do projecto, dos meios de segurança compensatórios necessários à aprovação pela entidade fiscalizadora competente. Por outro lado, sempre que as exigências do Regulamento Técnico de segurança contra Incêndio em Edifícios sejam justificadas e comprovadamente desadequadas face à topografia acidentada do terreno, à aplicação de tecnologias inovadoras no âmbito das disposições construtivas ou dos sistemas e equipamentos de segurança, às grandes dimensões em altimetria e planimetria ou

às características de funcionamento e exploração, os edifícios e recintos ou as suas fracções são classificados de perigosidade atípica. Nestes casos, estes edifícios ficam sujeitos a soluções de segurança contra incêndios devidamente fundamentadas pelo autor do projecto, explicitamente referidas como não conformes nos termos de responsabilidade do coordenador e dos autores do projecto e que sejam aprovadas pela entidade fiscalizadora competente. De referir ainda que, ao abrigo desta legislação, apenas podem subscrever os projectos de SCIE e os planos de segurança interna dos edifícios classificados de perigosidade atípica os arquitectos devidamente reconhecidos pela Ordem dos Arquitectos, os engenheiros reconhecidos pela Ordem dos Engenheiros ou os engenheiros técnicos reconhecidos pela Associação Nacional dos Engenheiros Técnicos, constituindo esta limitação uma exigência adicional face ao disposto a nível nacional. No referente às medidas de autoprotecção, estas devem ser remetidas à entidade competente até 30 dias antes da entrada em utilização do edifício, no caso de obras de construção nova, de alteração, ampliação ou mudança de uso, ou até 26 de Junho de 2011, no caso dos edifícios e recintos já existentes. A adaptação do Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios à Região Autónoma da Madeira carece ainda da publicação de alguns diplomas legislativos complementares de modo a tornar esta legislação exequível na Região, designadamente os diplomas que fixarão as taxas devidas pelos serviços prestados pelo Serviço Regional de Protecção Civil (SRPC; IP-RAM), o regime de credenciação de entidades para a emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspecções das condições de segurança contra incêndio em edifícios, e ainda a criação da comissão regional de acompanhamento da adaptação do Regime Jurídico à Região.

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INSTITUCIONAL

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Sensibilizar para a Prevenção e Segurança: O Valor da Informação James Shannon Presidente e Director Geral da NFPA

Promover a segurança contra incêndio e a segurança das pessoas passa, em grande parte, pela divulgação de conhecimento e pela comunicação. Como líder de uma organização mundial que se dedica à prevenção dos incêndios e outros riscos, tenho clara consciência do valor da comunicação e da transmissão de conhecimento sobre segurança às populações. O evento NPFA-APSEI Fire & Security 2010, que acontecerá em Lisboa, é uma oportunidade para que os profissionais da segurança recolham informação, partilhem conhecimento e aprendam mais sobre os temas desta área. Os cursos de formação, os seminários e as apresentações que se integram na temática “Prevenção, segurança e gestão de emergências” trarão inputs e recursos valiosos para os profissionais que fazem da segurança a sua actividade profissional. A NFPA é uma organização internacional, privada e sem fins lucrativos fundada em 1896. Na década passada, a NFPA evoluiu do patamar de uma organização nacional com influência internacional para uma organização verdadeiramente internacional. Sendo uma associação de membros individuais e enraizada numa filosofia baseada no consenso, a NFPA está ciente da mais-valia que representa a união das pessoas em torno dum objectivo comum. A nossa organização considera-se extremamente afortunada por beneficiar da participação dos seus 75.000 membros, dos milhares de voluntários e de muitos parceiros internacionais. Enquanto nos empenhamos na nossa missão de reduzir o flagelo mundial do incêndio e outros riscos, reconhecemos a necessidade de estabelecer parcerias com outras entidades para o cumprimento da nossa missão. É a colaboração e o consenso que têm tornado possível a elaboração e o desenvolvimento dos mais de 300 códigos e normas em vigor. Algumas das nossas normas mais utilizadas mundialmente, relacionados com a segurança em edifícios, são a NFPA 1, “Fire Code”; NFPA 13, “instalação de sistemas de extinção de incêndios por sprinklers”; NFPA 25, “inspecção, teste e manutenção de sistemas de protecção contra incêndios por

água”; NFPA 70, “National Electrical Code®”; e NFPA 101, “Life Safety Code®“. Algumas normas da NFPA transcendem o âmbito da segurança contra incêndio e são utilizadas internacionalmente para antecipação de situações de contingência. A NFPA 1600, por exemplo, é uma norma para a gestão de desastres/emergência e programas de continuidade de negócio, constituindo uma ferramenta valiosa quer para planeamento da segurança contra incêndio quer para o planeamento de reacção a catástrofes naturais. Foi adoptado pelo Departamento de Segurança Interna dos E.U. como padrão nacional de resposta a emergência. Por outro lado, durante a década passada, registamos um interesse "crescente" da comunidade internacional pela NFPA 1143, norma para a gestão de fogos florestais, particularmente por parte de países que, como Portugal, têm experimentado incêndios devastadores dos seus recursos florestais. Para além do desenvolvimento e publicação de códigos e normas, a NFPA está envolvida em numerosas organizações internacionais e organizações com alcance internacional que influenciam a promoção da cultura de prevenção e segurança. A NFPA desempenha um papel de liderança na gestão de diversas iniciativas que se relacionam directamente com “Prevenção, segurança e gestão de emergências,” o tema NFPA-APSEI Fire & Security deste ano de 2010. Por exemplo, a NFPA faz parte da administração do grupo de consultoria técnica dos E.U. para o American National Standards Institute (ANSI) [Instituto Americano de Normas] e Comité Técnico 223 da Organização Internacional para a Normalização (ISO). A NFPA está comprometida a criar um consenso verdadeiro entre os responsáveis envolvidos na segurança pública. Os nossos códigos influenciam os edifícios, processos, serviços, projectos e instalações nos Estados Unidos, assim como em muitos outros países. Para nos apoiar nos nossos esforços internacionais, estabelecemos escritórios no Canadá, no México, em França e na China, sendo que algumas das normas têm

sido traduzidas em espanhol, em francês, em português, chinês e coreano. Suportados na história, aprendemos que a melhor maneira de manter as comunidades protegidas contra o fogo é através da implementação de códigos e normas. A nossa participação em eventos como NFPA-APSEI Fire & Security é um exemplo de como trabalhamos no mundo inteiro para prevenir a ocorrência de vítimas mortais e de prejuízos materiais causados pelo fogo. O progresso é apenas possível quando as organizações se unem para o cumprimento de uma missão - neste caso, a promoção da protecção contra incêndios nos próprios países e a nível internacional. Trabalhamos frequentemente em parceria em eventos educativos e na publicação de manuais e de boas práticas. A NFPA dispõe no seu Web site www.nfpa.org de uma variedade de ferramentas e recursos em matéria de segurança contra incêndios e protecção de pessoas. É notável como a tecnologia e a Internet tornaram a informação universalmente acessível. As ferramentas e a informação produzidas pela nossa divisão de educação estão disponíveis no website – a maior parte dos download são gratuitos - e têm como objectivo sensibilizar o cidadão comum para a segurança. No nosso website é possível encontrar blogues, feeds noticiosos e uma diversidade de ferramentas sociais com informação actualizada sobre a temática de incêndio. Visite www.nfpaportugalconference.com ou visite o stand da NFPA/APSEI para conhecer os nossos representantes e saber tudo o que lhe temos para oferecer para apoiar a sua actividade profissional. A NFPA congratula as iniciativas de todos aqueles que se juntam a nós na missão de salvar vidas e proteger o património do incêndio e de outros riscos. JAMES M. SHANNON é presidente e director geral da NFPA desde Junho de 2002. Antes de se tornar Presidente, foi Vice-Presidente sénior e Conselheiro Geral. Previamente trabalhou como advogado da comunidade de Massachusetts, bem como membro da Câmara dos Representantes da Casa Branca, onde desempenhou funções no Comité de Recursos.

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“As medidas de autoprotecção garantem a Segurança nos edifícios e nas organizações.” O “Manual de Exploração de SCIE” caracteriza as medidas de segurança a atender na concepção, construção e utilização dos edifícios; aborda as questões referentes aos testes de pré-abertura; e caracteriza as medidas de organização da segurança no decurso da exploração, incluindo os procedimentos de prevenção e de emergência, a formação dos intervenientes e a realização de simulacros.

Adquira o “Manual de Exploração de SCIE” através da APSEI em www.apsei.org.pt.


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EVENTOS

Formação Internacional sobre Segurança em Portugal No NFPA-APSEI Fire & Security 2010 Gonçalo Sítima

Numa iniciativa inédita, a organização do Fire & Security 2010 vai trazer a Portugal dez acções de formação sobre segurança ministradas pelas mais reputadas entidades formadoras internacionais. VdS, NFPA, Bodycote Warrington Fire e Swissi serão responsáveis por acções de formação de curta duração destinadas a actualizar os profissionais portugueses, ligados à actividade de segurança, sobre os mais recentes temas técnicos ligados à prevenção, segurança e protecção civil. Inseridos no programa do evento Fire & Security, nos dias 21 e 22 de Outubro1, os cursos dispõem de tradução simultânea. Os participantes nos cursos da NFPA receberão as normas como documentação de apoio, bem como o certificado de formação oficial, reconhecido internacionalmente. Projectistas de segurança, responsáveis de segurança, agentes da protecção civil, técnicos de higiene e segurança no trabalho, instaladores, entidades seguradoras e licenciadoras, entre outros profissionais, poderão optar por uma das seguintes opções que compõem a oferta formativa2 no Fire & Security: > Curso NFPA 13 - Sistemas de Extinção por Sprinklers. Disponível em 3 formatos: curso completo (19H30), módulo requisitos gerais e de instalação (7 horas) e módulo projecto e instalação (12H30). Conteúdos: classificação dos riscos, requisitos de instalação, tubagens, métodos de cálculo, determinação das densidades de descarga, métodos de cálculo, requisitos de projecto, projectos especiais. > Curso NFPA 25 – Inspecção, Teste e Manutenção de sistemas de Protecção contra Incêndio (7H). Um curso essencial para todos os responsáveis pela manutenção de sistemas de segurança contra incêndio.

Conteúdos: ensaios de inspecção e manutenção de sistemas de sprinklers, bocas-de-incêndio, sistemas de abastecimento de água e válvulas. > Curso NFPA 1600 - Requisitos para Planos de Gestão de Desastres/Emergências e de Continuidade das Actividades (8H). Após o 11 de Setembro, a NFPA elaborou esta norma que reúne um conjunto de recomendações para a elaboração dos planos de continuidade de negócio das empresas. Incontornável para os responsáveis de segurança, agentes seguradores e profissionais que elaboram planos de emergência e continuidade de negócio. > Análise e Gestão de Riscos Naturais (8H) | SWISSI (Instituto de Segurança suíço) Curso disponível em dois níveis, de 8 horas cada, inicial e avançado, dirigido aos responsáveis de segurança, profissionais ligados à protecção civil, bombeiros e companhias seguradoras. Conteúdos: métodos da avaliação de riscos naturais, gestão da prevenção, preparação, emergência e continuidade, percepção dos riscos naturais, comunicação e planeamento da gestão de riscos naturais (nível inicial), análise e avaliação de riscos naturais, gestão de emergência e continuidade (nível avançado) > Sistemas de vídeovigilância: Princípios Básicos, Instalação e Manutenção (8H) | Vds Vertrauen durch Sicherheit (Alemanha) Vocacionado para profissionais na actividade na instalação, manutenção e projecto de sistemas de security e responsáveis de segurança. Conteúdos: esquema de um sistema de videovigilância, tecnologia de vídeo, aplicação, funcionamento e critérios de selecção para tecnologias e tipos de transmissão, planeamento e projecto técnico utilizando case studies, normas europeias, recomendações de instalação, comissionamento e manutenção

> Sistemas Automáticos de Detecção de Incêndio (8H) | Vds | Vds Vertrauen durch Sicherheit (Alemanha) Vocacionado para profissionais com experiência na actividade na instalação, manutenção e projecto de sistemas de security e responsáveis de segurança. Conteúdos: tecnologia, normas, características e instalação de sistemas de detecção de incêndio, falsos alarmes, planeamento e implementação de projectos de sistemas de detecção de incêndio (casos práticos), recomendações de instalação, comissionamento e manutenção > Protecção Passiva contra Incêndio: Selagens Corta-Fogo e Protecção de Estruturas (8H) | Bodycote Warringtonfire (Reino Unido) Dirigido a instaladores, empresas de construção e fiscalização de obra. Conteúdos: ensaios, produtos resistentes ao fogo, juntas de dilatação, protecção de condutas, registos corta-fogo (selagens), tipos de perfil, painéis incombustíveis, argamassas pastosas e revestimentos intumescentes (protecção de estruturas). Para obtenção de detalhes adicionais sobre os cursos de formação, sugere-se a consulta ao site www.nfpaportugalconference.com. As inscrições efectuadas até 15 de Agosto beneficiam de preço reduzido.

om excepção do curso NFPA 13 “Sistemas de C Extinção por Sprinklers” que se inicia no dia 19. (2) É possível a frequência de mais do que um curso de formação. (1)

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EVENTOS

Segurança contra incêndio em Copenhaga

Entre a tradição e a modernidade Gonçalo Sítima1

Os desafios na protecção contra incêndio têm evoluído lado a lado com o desenvolvimento tecnológico do sector. A procura de novas soluções de segurança que sejam capazes de detectar, controlar e extinguir um incêndio sob condições especiais tem sido uma das principais preocupações dos fabricantes e instaladores de produtos de segurança contra incêndios. A Siemens Industry Building Technologies celebra este ano cem anos desde que colocou no mercado o seu primeiro sistema automático de extinção de incêndios. Em Copenhaga, cenário escolhido para a celebração desta data pela conjugação de tradição e modernidade, é possível encontrar-se algumas das instalações que garantem a protecção de bens e pessoas em ambientes desafiantes. Apesar de a água ainda ser o elemento nobre no combate a incêndios, a arte e engenho científicos neste sector têm revelado novos agentes que permitem minimizar e evitar os seus potenciais danos aquando da extinção de um incêndio. Agentes extintores gasosos como o dióxido de carbono, o azoto (nitrogénio) ou o árgon, entre outros, são já recursos alternativos à água comummente utilizados pelos fabricantes de sistemas de extinção de incêndios. A escolha destes agentes depende essencialmente do tipo de instalação e bens a proteger. O recurso a agentes gasosos recai principalmente quando é necessário proteger salas de computadores, bibliotecas, museus e arquivos, transformadores eléctricos, salas de máquinas, entre vários outros locais onde as propriedades da água são potencialmente nefastas para os bens existentes. PRESERVAR A MEMÓRIA DOCUMENTAL “O pior que pode acontecer num arquivo não é um assalto. O que é roubado consegue sempre regressar de alguma forma. Já os incêndios são verdadeiramente terríveis, porque destroem irremediavelmente os nossos registos 10

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valiosos”, confessa Jan Pedersen, director de segurança do Arquivo Real Dinamarquês. Com o risco de incêndio no topo das prioridades de segurança, os responsáveis do Arquivo Real, parcialmente localizado num edifício histórico com quase 400 anos, recorreram a uma solução inovadora que lhes permite detectar e extinguir um incêndio e garantir, em simultâneo, a integridade dos documentos que preservam. A solução implementada no arquivo consiste num sistema de extinção completamente automático que utiliza as capacidades de extinção do fogo do azoto, conjuntamente com o efeito de arrefecimento produzido pela descarga de água nebulizada2. Enquanto o azoto reduz a concentração de oxigénio na zona de descarga, extinguindo o incêndio por inibição do comburente, a água nebulizada reduz a temperatura até um nível em que a ignição deixa de ser possível. Um dos principais desafios da implementação deste sistema consistiu na adaptação às condições arquitectónicas do edifício, isto é, obter uma instalação eficaz de um sistema de grande dimensão num espaço físico limitado. A sala de armazenagem do agente extintor do Arquivo Real é composta por um total de 160 garrafas azoto (80 litros e 200 bar de pressão) e de água. Quando accionado o sistema, seja pelo sistema de detecção automática, seja pelos botões de alarme manuais, ambos os agentes circulam pela mesma tubagem de ferro galvanizado até aos difusores localizados nas zonas de descarga. O azoto funciona também como propulsor, penetrando nas garrafas de água, assegurando uma distribuição moderada e uniforme. Cada difusor descarrega em simultâneo o azoto e a água, numa proporção de 95% e 5% respectivamente, capaz de cobrir uma área de 30m2. No total, existem 14 zonas de descarga no arquivo documental. A utilização de água poderia ser um risco para a integridade dos documentos, contudo,

a quantidade libertada sob a forma de spray (apenas 0.30-0.80 l/m³ com micro-gotas com Ø 10-50 μm) apenas cria uma pequena camada de água, que permite minimizar eventuais danos em materiais mais sensíveis. O sistema de protecção contra incêndio instalado compreende ainda quatro painéis de controlo e 344 detectores de fumo inteligentes, dois dos quais são detectores de aspiração, e 39 botões de alarme manuais, estrategicamente posicionados para facilitar a activação do sistema de extinção em caso de emergência. DIVERSÃO EM SEGURANÇA O Tivoli Gardens é um dos parques de diversões mais antigos do mundo. Desde a sua abertura em 1843, esta popular atracção da cidade de Copenhaga já recebeu mais de 300 milhões de visitantes e tem uma média diária de cerca 17.500 entradas. Os 82.717m2 que constituem o parque são ocupados por um conjunto diversificado de edifícios (aquários, restaurantes, salas de espectáculos, teatros, edifícios históricos, cafés) e de diversões (27 atracções que incluem uma montanha-russa de madeira construída em 1914 e um carrossel com 80 metros, o mais alto do mundo). Para além da extensa área a proteger, da complexidade de edifícios e do elevado número de visitantes, o Tivoli Gardens está ainda situado no coração da cidade de Copenhaga, tornando a protecção contra incêndio uma preocupação prioritária na vida quotidiana dos responsáveis pela segurança. O grande desafio do planeamento de segurança foi salvaguardar todos os casos específicos de protecção, desde a montanha-russa de madeira, até à sala de computadores e às cozinhas dos restaurantes. O parque encontra-se dividido em 10 sectores, cuidadosamente definidos em função das características topográficas e do posicionamento dos diferentes edifícios, e que são geridos por um sistema de alarme e detecção de incêndio. Todas as diversões e a maioria dos restaurantes, escritórios e zonas


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EVENTOS 01.

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≥ 01. O Arquivo Real Dinamarquês possui um espólio de valor incalculável composto por mapas, certidões de baptismo, registos demográficos, cartas comerciais e muitos outros documentos históricos. 02. O sistema de extinção automático instalado consiste na descarga em simultâneo de azoto e água nebulizada. A sua activação é auxiliada por detectores de fumo inteligentes. 03. Fachada da nova sede do Saxo Bank, inaugurada em Agosto de 2008. 04. O parque de diversões Tivoli Gardens existe desde 1843 e é um dos principais locais turísticos da cidade de Copenhaga.

técnicas estão protegidas por 972 detectores de fumo inteligentes. Devido às características arquitectónicas de alguns edifícios, foi necessário recorrer a soluções especiais, como a detectores de fumo lineares em tectos que tiveram uma construção especial. O parque possui também uma brigada de incêndio constituída por 30 bombeiros, formados pela Corporação de Bombeiros de Copenhaga. GARANTIR A ACTIVIDADE ININTERRUPTA NO MERCADO FINANCEIRO Após termos abordado dois casos onde os sistemas de protecção contra incêndio procuram adaptar-se às condições arquitectónicas e técnicas existentes, falemos agora de um edifício ultramoderno que abriga uma actividade financeira de base puramente tecnológica. O Saxo Bank é um banco de investimento considerado um pioneiro mundial na implementação de oportunidades de negócio para bancos, através da internet. O negócio da empresa é completamente virtual – gere

obrigações, operações a prazo, contratos por diferenças, moedas estrangeiras, activos privados, etc. – e depende integralmente da sua estrutura de Tecnologias da Informação (TI). Em 2008 a empresa mudou-se para a sua nova sede, um edifício moderno e arrojado, com seis andares e 16.000m2 de escritórios abertos. As zonas/instalações críticas para a subsistência do banco são as duas salas de TI’s, o cofre-forte e a sala de transacções (um local aberto, equipado com tecnologias de ponta e onde os funcionários do banco efectuam as transacções financeiras nos vários mercados internacionais). “Qualquer interrupção do serviço, nem que seja por alguns minutos, poderá custar-nos uma elevada quantia de dinheiro”, afirma Attila Kiss, director de segurança e de riscos operacionais do Saxo Bank. Desta forma, a principal preocupação consiste em assegurar o funcionamento das transacções financeiras. Para fazer garantir a protecção das salas de TI’s, encontra-se instalado um sistema automático de extinção por azoto. Em caso de

incêndio, as salas são inundadas por azoto, diminuindo para 10%-13,8% o volume de oxigénio presente no ar, impedindo a ignição dos materiais inflamáveis (sem que o ambiente se torne perigoso para os seres humanos). Após a identificação dos processos críticos de subsistência, a empresa estruturou um plano continuidade de negócio (PCN) que é constituído por duas vertentes: a Recuperação de Desastres, que consiste em reunir as condições necessárias para retomar a actividade após o incidente; e Restabelecimento do Negócio, que tem como objectivo garantir a continuação das operações ininterruptamente, seja qual for o incidente. Esta estratégia de continuidade de negócio está desenvolvida para fazer frente a cenários como a quebra dos serviços de TI, a perda de pessoal, a inacessibilidade ou perda das instalações e a ocorrência de pandemias. (1)

Viagem realizada a convite da Siemens Industry Building Technologies.

(2)

Sinorix H2O.

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Projectar um Estádio O Projecto de Segurança para o Estádio Municipal de Leiria, Dr. Magalhães Pessoa, iniciou-se no ano de 2000, tendo-se prolongado, incluindo as várias fases de Projecto e de assistência técnica, até 2004, nas vésperas do EURO 2004. No início do processo ainda não havia sido publicada em Diário da República a legislação que veio a servir de referência a nível nacional para os vários estádios do EURO 2004, o “Regulamento das Condições Técnicas e de Segurança nos Estádios", Decreto Regulamentar n.º 10/2001, de 7 de Junho. Este documento constituiu a base para os estudos de segurança, embora numa fase anterior à entrada em vigor do actual Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RJ-SCIE), tenha sido necessário recorrer a um conjunto de documentos complementares específicos das várias utilizações presentes nos Estádios. ABRIL A JUNHO ‘10


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Considerações sobre o projecto de segurança do Estádio Municipal de Leiria João Guilherme Garcia Director de Projecto da García Vazquez

A elaboração do Projecto de Segurança para o Estádio Dr. Magalhães Pessoa constituiu desde o início um desafio extremamente aliciante. Um recinto desportivo com as características de um estádio de futebol implica uma abordagem particular à concepção da segurança, desde logo pela grande concentração de pessoas a considerar nos dias de eventos. No caso do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, tínhamos a considerar um efectivo máximo de aproximadamente 30.000 pessoas, entre espectadores, pessoal, desportistas, jornalistas e outros. Por outro lado, as ameaças a considerar ultrapassam os habituais riscos de incêndio

e segurança contra intrusão, prolongando-se ao terrorismo, vandalismo, controlo de multidões, e ainda o controlo de acessos a áreas restritas. Tal como na generalidade das situações, a garantia da segurança das pessoas é o objectivo primordial da Segurança. Neste tipo de edifícios, há que distinguir duas situações particulares e muito distintas: Cenário Evento e Cenário Normal. O Cenário Normal, em que não decorre nenhum evento, é a situação habitual do recinto e que se verifica em mais de 95% do tempo. Não havendo a presença do público, o problema da evacuação das multidões não

se coloca. As áreas de bancadas e acessos de espectadores permanecem praticamente isoladas, sendo acedidas apenas para efeitos de limpeza e manutenção. Há, no entanto, outros espaços em funcionamento regular, como sejam escritórios, áreas técnicas, restaurantes e lojas e, em alguns casos, as instalações desportivas. Um aspecto importante nesta situação será a segurança do próprio recinto e instalações, evitando a intrusão, o roubo ou os actos de vandalismo. Para as pessoas que se movimentam diariamente no recinto, será necessário assegurar a sua segurança, estabelecendo caminhos de evacuação e ABRIL A JUNHO ‘10


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métodos de alarme eficazes. O controlo de acessos a determinadas áreas é necessário, mas tem de ser compatibilizado com os percursos de fuga. Quando ocorre um evento, a situação muda radicalmente. A segurança começa por se fazer fora do recinto, definindo as áreas de circulação e estacionamento automóvel, circulações pedonais e pontos de acesso. Nos eventos desportivos classificados como de risco agravado, a vigilância das claques e o seu encaminhamento é um dos aspectos fundamentais. A segurança tem de ter continuidade no controlo dos acessos ao recinto, com entradas e percursos independentes. A monitorização da multidão é necessária, o que terá de ser garantido não só de forma presencial, como com recurso a sistemas electrónicos, em particular o Sistema de Televisão em Circuito Fechado. O estudo de Segurança começou pelo acompanhamento da concepção arquitectónica, de forma a garantir as circulações para entrada e saída de espectadores, a compartimentação dos diferentes locais do recinto, as circulações nas bancadas e acesso às mesmas, 14

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bem como garantir a compatibilização das exigências de segurança aplicáveis às várias instalações técnicas. Todos os locais de risco foram isolados dos espaços adjacentes, tendo ainda sido garantida a compartimentação corta-fogo entre espaços com utilizações distintas, como por exemplo, a loja, o museu, o estacionamento subterrâneo ou as áreas administrativas. Para o dimensionamento das circulações, entradas e saídas a prever para os acessos dos espectadores ao recinto, foram seguidas as recomendações técnicas de diversas publicações disponíveis (por exemplo, [2], [3] e [4]), embora o processo de licenciamento tenha decorrido no cumprimento da legislação específica nacional, em particular o “Regulamento das Condições Técnicas e de Segurança nos Estádios", Decreto Regulamentar n.º 10/2001, de 7 de Junho. Este regulamento define basicamente as larguras úteis mínimas a garantir em cada ponto dos percursos de evacuação, em função dos efectivos de evacuação máximos. Exige ainda o cumprimento de distâncias máximas a percorrer ao longo dos percursos de evacuação, classificadas em função do tipo de

troço (bancadas, circulações horizontais ou verticais). Embora este método de cálculo não implique o cálculo específico dos tempos de evacuação previstos, na realidade adopta rácios de cálculo determinados a partir de trabalho teórico e experiência prática acumulada, com o objectivo de manter os tempos de evacuação completa do recinto muito baixa (tipicamente abaixo dos 8 minutos). Relativamente à evacuação das bancadas, estas foram divididas em 7 sectores. Cada um destes sectores possui percursos de evacuação próprios e independentes. Em alguns casos, poderá haver partilha de partes dos percursos de evacuação por indivíduos de sectores anexos (leia-se 1º anel e 2º anel), tendo sido as capacidades devidamente dimensionadas para o número de efectivos total a evacuar. Na definição do sistema de circulação de espectadores, houve dois aspectos que necessitaram de especial atenção. O primeiro prende-se com a segurança do público nas escadas das bancadas superiores. O ângulo de inclinação destas bancadas é significativo (na ordem dos 34º, ou seja mais 10º que para as bancadas inferiores), para que seja possível a


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≥ O projecto de segurança acompanhou a concepção arquitectónica, de forma a garantir as circulações para entrada e saída de espectadores, a compartimentação dos diferentes locais do recinto, as circulações nas bancadas e o acesso às mesmas.

visualização confortável para todos os espectadores. Daqui resulta que é necessário vencer grandes desníveis nas próprias bancadas. Se o número de degraus consecutivos for elevado, cria-se uma sensação de insegurança para os espectadores e que constitui um risco real de queda em cadeia, em especial em situações de emergência. Foi feito um estudo cuidado de todas as circulações nas bancadas para minimizar estes riscos. Por outro lado, o facto de se terem construído as bancadas com estruturas pré-fabricadas, retirou alguma flexibilidade no desenho dos pormenores dos acessos aos vomitórios e nas circulações horizontais ao longo das bancadas, onde é obrigatória uma largura mínima de 2UP's em cada ponto do percurso. Nas bancadas, os caminhos de evacuação foram devidamente assinalados, através da pintura na cor verde, o que em nosso entender facilita muito a identificação dos mesmo. Como meios de segurança activa, foram instalados diversos sistemas, destacando-se a o Sistema de Detecção de Incêndios com cobertura total, Detecção de Gás e de Monóxido de Carbono, Detecção de Intrusão, Videovigilância, Controlo de Acessos a áreas

de acesso restrito, Controlo de Entradas, Sistema de Gestão de Portas de Emergência e ainda um Sistema Integrado de Gestão de Segurança, integrando os vários sistemas de segurança electrónica. Foram previstos dois Postos de Segurança independentes, ambos no lado Oeste do Estádio, um no piso 0 (piso térreo) e outro no topo da Bancada, com visão sobre as bancadas e o campo de jogo. Em situação Normal, o Posto de Segurança das Bancadas permanece fechado e inoperativo, sendo a monitorização da segurança do recinto assegurada a partir do Posto de Segurança do piso 0. Quando ocorre um evento, a situação inverte-se, passando a coordenação da segurança de todo o recinto a ser feita a partir do Posto de Segurança das Bancadas. Na concepção dos sistemas há algumas particularidades que destacamos. Na Detecção de Incêndios, os botões de alarme manual ao longo das circulações de público foram colocados em posições estratégicas, junto de vigilantes, de bares, evitando a utilização abusiva dos mesmos, o que saturaria o sistema e causaria problemas de gestão operacional.

Quando decorre um Evento, e para as zonas de público, os alarmes de incêndio ou outros, serão dados através de mensagem verbal transmitida pelo Sistema de Difusão Sonora, e só em casos excepcionais serão accionadas sirenes de alarme. Os alarmes serão dados por zonas, por forma a não gerar o pânico geral e melhor controlar a evacuação do recinto. As portas de saída de espectadores foram todas elas bloqueadas com dispositivos de bloqueamento electromagnético homologados para funcionamento em portas de emergência, e que as mantêm fechadas até ao final do evento. Em caso de incêndio, o Sistema de Detecção de Incêndios dará ordem de abertura às portas de emergência de forma automática. Em qualquer momento, o Coordenador de Segurança na Central ou o Responsável de Segurança de uma determinada zona, podem decidir desbloquear um conjunto de portas para permitir uma evacuação pontual ou a entrada de bombeiros ou forças de segurança. No Controlo de Acessos ao estádio foram previstos torniquetes com leitor óptico para controlo de espectadores com bilhetes ou ABRIL A JUNHO ‘10

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cartões de acesso, permitindo também a contabilização do número de espectadores que efectivamente entram no recinto. O número de torniquetes necessário para cada sector foi calculado com base no regulamento e em todos os casos o número de acessos é superior aos valores regulamentares. Os pontos de entrada foram separados por bancadas, evitando contactos entre apoiantes de diferentes equipas e facilitando o trabalho às equipas de segurança. A saída de espectadores não se prevê efectuada pelos corredores de torniquetes, o que garante larguras óptimas de passagem, minimizando também o desgaste dos equipamentos propriamente ditos. Os torniquetes incluem sistemas de desarme por comando manual ou automático para efectuar o abatimento do braço em caso de emergência. O estádio foi dotado de um sistema de Som Ambiente e Public Address, com objectivos de entretenimento dos espectadores, tendo ainda um papel fundamental na segurança do recinto. Através deste sistema será possível dar informações e mensagens de segurança para qualquer zona do estádio e até para a zona periférica. Os avisos poderão ser dados por zonas, com as zonas definidas em função das divisões funcionais do recinto. Em caso de sinistro, é a forma mais fácil de orientar

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a evacuação do estádio evitando o pânico. O sistema será ligado a outros equipamentos de segurança, que despoletarão mensagens pré-gravadas de avisos. Estes têm a vantagem de ser imunes a “transferência de sentimentos”, podendo no entanto ser anulados pelo operador. Face à enorme extensão do edifício e da concorrência de vários sistemas de segurança, foi criado um Sistema Integrado de Gestão de Segurança, baseado em PC, e que de forma gráfica permite a recepção de alarmes e sinalizações e o comando dos diversos equipamentos. Este sistema tem dois postos de trabalho, um na Central de Segurança, no Piso 0 e outro na Central de Segurança das Bancadas, localizado no topo das bancadas. Em termos de meios de combate a incêndios, foram previstos os meios de extinção por água, com carretéis e colunas de 2ª intervenção, bem como extintores portáteis. Relativamente a estes, houve o cuidado de distribuir extintores de água pulverizada nas zonas de público, devidamente instalados em caixa. Embora se saiba existir o risco de vandalismo ou utilização indevida destes extintores, considerámos imprescindível a possibilidade de rapidamente fazer face a um foco de incêndio ao nível das bancadas ou circulações.

SEGURANÇA ELECTRÓNICA Foi projectado um sistema de videovigilância vídeo a cores, com 126 câmaras fixas, 14 câmaras móveis de exterior e 6 câmaras de vigilância das bancadas. A cobertura do sistema, embora não sendo total, permite visualizar todas as portas de espectadores, a generalidade das circulações e ainda os estacionamentos e pontos mais sensíveis. Face ao elevado número de câmaras a única solução viável era a adopção de câmaras fixas, por forma a facilitar o trabalho aos operadores. As câmaras móveis vigiam a periferia do estádio, sendo as câmaras de vigilância das bancadas dotadas de factor de ampliação superior a 25x. Um Sistema de Detecção de Incêndios faz a vigilância integral de todos os espaços do estádio, com um total de 945 detectores e 158 botoneiras de alarme manual. Foram previstas diversas centrais de detecção, com um total de 13 loops de detecção. COMUNICAÇÕES A infra-estrutura de telecomunicações para ligações ao exterior tem como ponto central um repartidor de pares de cobre com um total de 1350 pares de saída, dos quais 570 são reservados aos jornalistas, de acordo com as regulamentações para recintos desta natureza. Por uma questão de segurança,


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estão previstas duas ligações de cabos ao exterior do estádio, funcionando de forma redundante. A rede de telecomunicações tradicional em pares de cobre estende se pelo interior do estádio por uma razão fundamental: a existência de diversas entidades autónomas espalhadas pelos diversos pontos do edifício. Desta forma, qualquer uma destas entidades poderá alugar linhas de rede, acessos RDIS, ADSL ou outros, directamente a um dos operadores de telecomunicações, sem que a Gestão do Estádio tenha qualquer intervenção ou responsabilidade no processo. Para garantir as comunicações de voz e de dados em todo o edifício foi projectada uma Rede Estruturada suportada na mais recente tecnologia disponível na altura, Categoria 6/Classe E, composta por tomadas RJ 45 (em geral duplas) nos pontos de utilização, cablagem de distribuição local em cabo UTP, bastidores e back bones em fibra óptica multimodo para dados e em cabos UTP Categoria 3 para voz. Com um total de 1454 pontos, esta rede serve todos os espaços do estádio, incluindo as entidades autónomas, permitindo a partilha de recursos e a comunicação de voz e dados de forma rápida e sem taxações. ≥ O Sistema de Detecção de Incêndios implementado possibilita o bloqueamento e abertura automática das portas de emergência.

≥ Postos de controlo de sprinklers.

Foi prevista ainda uma central telefónica geral com capacidade base para 250 extensões e 1 acesso primário, expansível até 375 extensões e 4 acessos primários. A forma de comunicação prioritária para o pessoal de segurança e de gestão do estádio serão os terminais rádio móveis, servidos por uma estação base emissora e antena associada, instalados no próprio estádio. Estão disponíveis 62 terminais portáteis, partilhando 3 frequências de conversação num sistema de truncking. Uma quarta frequência está reservada para sinalização. As comunicações serão estabelecidas

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normalmente como chamada geral por grupo de utilizadores, estando previstos 16 grupos no total. Foi preconizado um sistema de distribuição de som ambiente abrangendo a generalidade dos locais do edifício, bancadas e periferia exterior. O sistema define 26 zonas diferentes, entre circulações de público, bancadas, zonas de camarotes, estacionamentos, e outros. Um sistema de chamada permite endereçar mensagens para cada uma das zonas de forma individual. Fontes de energia UPS garantem o funcionamento ininterrupto dos sistemas de som.

Bibliografia mais relevante [1] “Regulamento das Condições Técnicas e de Segurança nos Estádios, Decreto Regulamentar n.º 10/2001, de 7 de Junho; [2] “Guide to Safety at Sports Grounds”, 4th Ed., The Scotish Office, 1997. [3] “STADIA, A Design and Development Guide”, Geraint John and Rod Sheard; [4] “Technical Recommendations and Requirements for the Construction or Modernisation of Football Stadia”, FIFA/UEFA, 2000; [5] “Medidas preventivas e punitivas a adoptar em caso de manifestações de violência associadas ao desporto”, Lei n.º 38/98 de 4 de Agosto; [6] Documentos diversos emitidos pela Euro 2004, S.A., relativos a Segurança e Instalações Técnicas necessárias para os estádios a utilizar para o Campeonato da Europa 2004; [7] Parecer do Conselho Superior de Desporto sobre o Reconhecimento do Carácter Profissional das Competições Desportivas de Futebol, emitido nos termos do Art.º 4.º do DL n.º 303/99, de 6 de Agosto; [8] “Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Parques de Estacionamento Cobertos”, Dec. Lei n.º 66/95, de 8 de Abril; [9] “Regulamento de Segurança Contra Riscos de Incêndio a Aplicar em Estabelecimentos Comerciais”, Dec. Lei n.º 368/99, de 18 de Setembro. [10] “Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Espectáculos”, Dec. Lei n.º 34/95, de 16 de Dezembro; [11] “Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios de Tipo Administrativo”, Dec. Lei n.º 410/98, de 23 de Dezembro.

≥ Os torniquetes incluem um sistema de desarme por comando manual ou automático que permite efectuar o abatimento do braço em caso de emergência.

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Francisco Diez

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Bem-vindos ao Ninho de Pássaros Lisa Nadile Editora associada do NFPA Journal

Em Agosto de 2008, os chineses deram uma festa e convidaram o mundo inteiro, decididos a que tudo corresse pelo melhor. Acolher os Jogos Olímpicos é um desafio elevado para qualquer país mas, para um país que não está habituado a um escrutínio tão detalhado e que teve de construir ou renovar 31 estádios e ginásios de competição e 43 centros de treino, tornou-se uma autêntica epopeia. O desafio complicava-se ainda mais por causa da eminente ameaça de terramoto. Em 1976, a 91 milhas de Pequim, o segundo terramoto mais destrutivo registado no mundo, 18

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com 7.9 na escala de Richter, atingiu a Cidade de Tangshan. Enquanto que a China divulgou o número oficial de 240.000 vítimas mortais, o U.S. Geological Survey contrapôs com 655.000 vítimas mortais. Mais de 799.000 pessoas ficaram feridas. Se tivermos em consideração que esse terramoto ocorreu há apenas 32 anos atrás, começamos a compreender porque é que a segurança - especialmente a segurança antisísmica – constituiu uma prioridade máxima para os projectistas, engenheiros e construtores das novas instalações olímpicas chinesas. Desde o

início da concepção destes edifícios, em 2003, foi a divisão de protecção contra incêndio da Arup, Inc. que esteve sempre na liderança do processo e que elaborou o projecto de protecção contra incêndio para o Estádio Nacional e o Centro Aquático Nacional, apelidados de Ninho de Pássaro e Cubo de Água, respectivamente. NÃO HÁ “TALVEZ” QUANDO SE FALA EM “CUMPRIR” “Em 2005, encontrava-me em Pequim quando ocorreu um terramoto de 4 ou 5 na escala de Richter. O edifício onde nos encontrávamos


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parecia subir e descer. Isto aconteceu quando os dois edifícios (O Ninho de Pássaro e o Cubo de Água) estavam em construção,” diz Ming Chun Luo, director técnico e chefe de equipa da Arup Fire de Hong Kong, que trabalhava em ambos edifícios na fase inicial. “O facto de Pequim estar situada numa zona sísmica é apenas um dos motivos pelos quais a China enfatizou a segurança das pessoas como uma prioridade na construção de todos os centros olímpicos”, diz Luo. “Qualquer empresa que esteja a projectar e instalar sistemas de protecção contra incêndio dos locais olímpicos deve cumprir com requisitos exigentes que acautelem eventos sísmicos.” “Em certa medida, os requisitos antisísmicos são igualmente eficientes em termos de incêndio”, diz Marianne Foley, sócia da Arup Fire em Sydney, Austrália, que colaborou no primeiro projecto de protecção contra incêndio do Cubo de Água. “O projecto sísmico para a estrutura deverá ser tão redundante que consiga suportar a carga do edifício de maneira a que, em caso de incêndio, seja possível a deterioração de muitos elementos no edifício sem que isso provoque o seu colapso.” A protecção contra incêndio sobredimensionada resultante do projecto sísmico verificou-se também para o Ninho de Pássaros, que está dividido em zonas, cada uma estabilizada de forma independente, referiu Luo. CONSTRUINDO O NINHO: PRESCRIÇÃO VERSUS DESEMPENHO O projecto alegórico do Ninho de Pássaros conquistou os corações do povo chinês, que participou na votação dos diferentes projectos para o estádio. O estádio tem uma forma elíptica e o tecto aberto do Ninho de Pássaros curva como uma sela. Projectado para albergar 80.000 pessoas, o estádio em modo olímpico pode acolher 11.000 pessoas adicionais. De acordo com a Arup, a área bruta do Ninho é de 258.000 m2, a área total é de cerca de 240.000 m2, a altura é de 69 metros sobre o campo e a estrutura é composta de 36.000 m2 de aço estendido. Projectado pelos arquitectos suíços Herzog & De Meuron e a trabalhar com o China

Architectural Design and Research Group, que fez a supervisão da construção, o estádio consiste num anfiteatro com sete níveis, à volta do qual foi ligada a fachada, feita de segmentos de aço, que se assemelha a um ninho. Alguns desses segmentos são também corredores que são utilizados para aceder às bancadas. O projecto aparentemente parece violar um bom número de regras - e fá-lo de facto. O projecto não cumpre com o Código Nacional Chinês baseado nos requisitos prescritivos. “A China não tem projecto baseado no desempenho, mas depressa reconheceu que os locais olímpicos eram de tal maneira especiais, que a aplicação de um código prescritivo não se revelava adequada. Foi acordado utilizar uma abordagem baseada no desempenho, em vez de se optar pela adaptação das normas chinesas ou pela adopção de normas de outros países” contou Foley. “Onde não cumpríamos com o código, devíamos demonstrar, utilizando a engenharia de protecção contra incêndio, que o projecto era seguro.” “A China tem uma regulamentação para edifícios altos e outra regulamentação para edifícios baixos, que é uma regulamentação normal de edificações apelidada de Código Nacional Chinês. Também utilizada regulamentação específica para instalações desportivas, que foi publicada antes da concepção desses dois edifícios,” diz Dr. Luo. Informalmente, a Arup recorreu às normas do Reino Unido, especificamente o Guide to Safety and Sports Grounds, também conhecido como “guia verde”, assim como às normas da NFPA que se aplicam a estádios e à protecção contra incêndio para estruturas integralmente feitas de aço. Por exemplo, os regulamentos chineses exigem que certas colunas e vigas dos edifícios resistam à exposição ao fogo durante largas horas, mas uma vez que o estádio é um espaço muito amplo com um tecto muito alto, “não precisávamos de cumprir com essa exigência nalgumas áreas”. “De facto, baseámo-nos nas normas da NFPA e ao mesmo tempo preparamos o projecto baseado no desempenho para justificar quais as áreas que precisavam de protecção contra incêndio,” diz Luo.

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VOAR FORA DA ZONA DE CONFORTO Para que o projecto baseado no desempenho fosse possível, a Arup Fire começou a delinear um processo de concepção de projecto e análise que se estendeu de Pequim a Xanghai e de Sidney a Manchester (Inglaterra). Em cada fase do processo de concepção, mesmo durante a fase inicial de projecto para o concurso, solicitou-se à Arup que reportasse às autoridades chinesas e a um painel de especialistas, de forma a garantir que o trabalho cumpria com as metas estabelecidas para a protecção contra incêndio. “Existiu sempre discussão e troca de feedback com os arquitectos e com os nossos colegas internamente. Assim, depois de terminar o projecto, iniciámos o processo de negociação com as autoridades chinesas,” diz Luo. “Apresentámos o projecto e as soluções ao painel de peritos e efectuámos uma sessão de Perguntas & Respostas. Depois da sessão de P&R, o painel mostrou sintonia com alguns dos nossos entendimentos e com outros não, obrigando-nos a reformular a análise e a apresentar novamente os resultados [ou a análise mais recente]. Para o estádio, realizámos dois ou três turnos de P&R, assim como para o Cubo de Água”. Um dos temas sobre o qual a Arup se apoiou no projecto baseado no desempenho foi na concepção da evacuação. “A saída é sempre a questão principal para o projecto de segurança contra incêndio. Na China, o regulamento de instalações desportivas divide o estádio inteiro em zonas. De acordo com o regulamento, cada zona deve ter o seu próprio caminho de saída e deve também garantir que o tempo de evacuação é limitado a 4 ou 5 minutos” diz Luo. Uma instalação do tamanho do Ninho de Pássaros precisaria de um grande número de saídas, o que fez com que a Arup utilizasse as normas britânicas como orientação. “Depois do incêndio de 1985 [do estádio de futebol de Bradford City] no Reino Unido, apurou-se a regra dos 8 minutos que considera que, numa situação de evacuação, as pessoas tornam-se instáveis após 8 minutos, não conseguindo encontrar a saída,” informa também Luo. “Utilizámos esta estimativa e procurámos saber qual o menor número de saídas exigível ABRIL A JUNHO ‘10

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e o que é que o pessoal do estádio deverá fazer para garantir um processo de evacuação sem obstáculos”. A mesma análise foi efectuada para o Cubo de Água. COMBATER O FOGO NO NINHO DE PÁSSAROS A dimensão e o projecto do estádio obrigaram a Arup a repensar as práticas usuais para equipar as instalações com sprinklers. Originalmente, o estádio iria ter um tecto retráctil, mas este elemento foi abandonado para reduzir os custos do projecto. Quando o projecto ainda incluía o tecto, a Arup introduziu uma funcionalidade adicional para a supressão de incêndio. “A altura significava que os sprinklers normais não funcionariam nessa área, pelo que não se colocaram sprinklers. Na China existe um sistema especial de supressão de incêndio chamado o canhão de água. O

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estádio teria um sistema de detecção capaz de varrer toda a área e, caso algum incêndio fosse detectado, a água seria disparada automaticamente”. “O canhão de água pode ejectar água a uma distância de 30 a 60m a partir da fonte de abastecimento. Trata-se de um sistema automático que pode também ser operado manualmente. Teríamos tido um grande número destes canhões se o estádio tivesse sido construído com o tecto retráctil”, informa-nos Lou. “A cobertura máxima do canhão de água é de 75m, mas requer uma pressão de água muito elevada, o que faz com que os canhões de água sejam utilizados com uma potência para um raio 30 ou 40 metros. Seriam necessários muitos equipamentos destes para se conseguir cobrir todo o estádio,” admite Luo. Os canhões são fabricados por um fabricante chinês e são também usados na Alemanha e no Japão.

As áreas das instalações que não são designadas para o público, como os escritórios e as áreas de treino, são construídas de acordo com os requisitos normais do regulamento chinês. Incluem paredes cortafogo, sprinklers e outras soluções típicas de protecção contra incêndio. “Atrás da área de bancadas encontra-se um corredor de dois ou três níveis. Nessa área está localizada uma zona de comércio. Recomendámos uma separação de incêndio especial para essas áreas e temos sistemas de sprinklers e de controlo de fumo normais para garantir que o fogo será controlado localmente caso aconteça algo nessa área”. O desenho aberto do estádio dá aos espectadores uma visão clara dos caminhos de saída, que são os mesmos caminhos utilizados para entrar nas instalações. “O corredor é também um meio de escapatória a partir do qual as pessoas podem sair da área


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rapidamente. Os espectadores que saem da área das bancadas passam pela porta e entram no corredor, atravessam-no, e a seguir utilizam as escadas para descer ao rés-do-chão. Existe apenas um nível subterrâneo mas, mesmo nesse nível, um dos lados do estádio é inteiramente aberto ao ar livre, podendo as pessoas sair facilmente a partir do corredor”. No nível subterrâneo estão localizadas as áreas de armazenamento, treino, escritório e parque de estacionamento. Durante os Jogos Olímpicos, o nível subterrâneo não esteve aberto ao público. Fez-se uma reflexão aprofundada sobre como tornar as instalações seguras para pessoas com incapacidade física, uma vez que o Ninho de Pássaros iria albergar também os Jogos Paraolímpicos de 2008. Os corredores são acessíveis aos deficientes físicos e existe um elevador especial para que as pessoas possam aceder aos níveis superiores. O estádio tem também zonas especiais para espectadores com mobilidade reduzida. OS BOMBEIROS DE PEQUIM AS SENTINELAS Um dos mais importantes membros do painel de peritos foi a corporação de bombeiros de Pequim. Mais do que mera presença nas reuniões, foi um actor-chave. “Dialogámos permanentemente com o corpo de bombeiros de Pequim porque fazia parte do processo de aprovação. Era o principal responsável pela aprovação do projecto e era importante persuadi-los que o nosso projecto era adequado. Trocámos bastantes ideias com eles sobre como iriam combater eventuais incêndios, o que iriam fazer, como quereriam ter acesso ao edifício e onde poderiam obter informação,” diz Foley. Por exemplo, os bombeiros australianos gostam de controlar os sistemas de controlo de fumo, por isso gostam de ter à disposição um painel que lhes dê o controlo manual para tarefas como ligar ventiladores e abrir portas. Já o corpo de bombeiros de Pequim prefere que essas funções sejam automáticas. “Fizemos o projecto à medida para ir ao encontro às necessidades das suas operações”. Isso significou repensar alguns conceitos básicos, como a forma de acesso dos bombeiros ao edifício, diz Luo.

“No estádio, os bombeiros têm inclusive uma estrada de emergência subterrânea perto das tribunas que lhes permite circular com veículos no estádio até ao campo desportivo, se necessário”. Repensar a segurança de centenas de milhares de pessoas na cidade durante os Jogos Olímpicos significou também que o corpo de bombeiros de Pequim teve que elaborar um plano de contingência definitivo. Para tal, combinou-se as tradicionais operações de socorro com ferramentas de modelação preditiva baseadas em modelos computadorizados e o know-how adquirido através de anos de experiência no combate a incêndios. Conhecido como o Digital Fire Emergency Response Plan, ou DFERP, o plano “consiste na combinação de informação básica, simulação e análise de risco, decisões de resposta de emergência e operações,” diz o Oficial do EstadoMaior Chen Bin, do secretariado do gabinete geral do corporação de bombeiros de Pequim. O DFERP recolhe os dados provenientes de vários sistemas de emergência, como análises de dinâmicas de fluidos de fogo e fumo baseadas em computador, simulações 3D de evacuações de multidão, informação geográfica básica, informação estrutural, informação do pessoal de combate a incêndio e planos de comando de resposta de emergência, para desenvolver um plano digital de combate a incêndio e um sistema de formação no mundo real. O DFERP é útil de duas maneiras. “O sistema pode ser usado como ferramenta de busca, pesquisa, demonstração e execução para o pessoal que executa o plano de resposta a emergência nos locais olímpicos, bem como para treino de tácticas de combate a incêndio, técnica e psicologia,” refere Chen. O uso do DFERP permitiu a Pequim organizar os seus recursos de segurança contra incêndio. A Corporação de Bombeiros de Pequim tem quatro divisões: o Quartel Geral do Pessoal, a Divisão Política, a Divisão Logística e a Divisão de Prevenção de Incêndios e Supervisão. A Corporação tem mais que 6.000 bombeiros profissionais e a cidade organizou recursos adicionais, recrutando mais 3.300 bombeiros pertencentes a 118 serviços do governo e 109 serviços corporativos de bombeiros. O público internacional dos Jogos Olímpicos era sinónimo da existência de barreiras

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linguísticas, as quais podem tornar ineficiente até o plano de protecção contra incêndio mais cuidadosamente desenvolvido. Desta forma, Pequim deu também formação em línguas estrangeiras ao pessoal de patrulha e bombeiros. “Através da formação e do ensino à distância, de estudos independentes, etc., procurou-se dotar os bombeiros da melhor formação possível e a organizá-los para executar tarefas específicas, como a gestão da operação de instalações, serviços de combate a incêndio no local, direcção de resgate de emergência, etc”. O plano de resposta contra incêndio assegura que os bombeiros estarão no cenário de qualquer incêndio em cinco minutos. De acordo com o jornal China Daily, para que isto fosse possível, foram construídas 26 quartéis de bombeiros temporários perto dos estádios olímpicos e dos ginásios. No verão de 2007, as equipas de resposta a emergências de Pequim, incluindo os bombeiros, tiveram formação em exercícios de resposta a desastres, simulação de respostas a incêndios, terramotos e até a ataques nucleares, informou a página oficial de dos Jogos Olímpicos de Pequim. O mesmo site descreve também a rede de comunicação dos bombeiros, que integra a rede de comunicação da plataforma de alarme de incêndio do 119 (a versão chinesa do 112), com a rede utilizada pelas novas estações de bombeiros, os bombeiros localizados nas instalações olímpicas e nos quartéis temporários. A estratégia seguida pelo corpo de bombeiros de Pequim foi de manter as corporações perto dos locais, vigiando os edifícios com os quais estavam plenamente familiarizados e em cujo projecto colaboraram, desde a concepção até à construção. Embora o estádio Ninho de Pássaro e o Cubo de Água sejam projectos de vanguarda, graças à diligência da Arup e à colaboração do serviço de bombeiros existe uma familiaridade dos bombeiros com todos os elementos do projecto da protecção contra incêndio. A autora deseja agradecer ao Corpo de Bombeiros de Pequim pela sua ajuda.

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Gestão de Informação de Segurança Física Sérgio Lapa Sales & Marketing Manager da Sanco, S.A.

Os Sistemas de Gestão de Segurança Física, denominados normalmente na Indústria da Segurança sob o acrónimo PSIM (Physical Security Information Management), são actualmente os meios mais avançados e eficazes para assegurar os processos de gestão de segurança nos mais variados ambientes. O objectivo de uma aplicação PSIM é simplificar aquilo que pode ser um ambiente operacional altamente complexo, quer para operadores de salas de controlo, quer para as entidades intervenientes "in situ". Ao reduzir essa complexidade quer em termos técnicos quer em termos operativos, uma aplicação

PSIM assegura a resolução de diversos desafios com que se deparam actualmente inúmeras organizações no sector público e privado. As ferramentas PSIM representam uma nova classe de software, que galvaniza a eficiência operacional ao segregar elevados volumes de informação produzidos pelos sistemas de segurança físicos, apresentando apenas o que é importante para o operador. Em simultâneo, transformam sistemas e tecnologias díspares numa solução integrada, potenciando a utilidade e eficácia de investimentos anteriores em infra-estruturas de segurança. Contudo, pensar em soluções PSIM como pla-

ARQUITECTURA DA PLATAFORMA PSIM INPUTS Sistemas e recursos existentes Infra-estruturas de Segurança: Controlo de Acessos; CFTV; Aplicações de Análise de Vídeo; Sistemas de Alarme (Intrusão; Incêndio; Gases, etc...); Sistemas de Georeferenciação (GIS); Equipamentos de Segurança e Protecção Sistema de Gestão de Edifício (BMS)/Gestão de Energia ERP/Gestão de RH Dispositivos de Localização Sistema de Comunicações PROCESSAMENTO Resumo das operações efectuadas pelo PSIM Integração de Sistemas/Conversão de Protocolos Correlação de Eventos Visualização Automação de Processos / Workflow Análises Inteligentes em Tempo Real Gestão de Hierarquias / "Profiling" de Utilizadores Automação de Comunicações para dispositivos móveis Rotinas de Segurança da aplicação assegurando a sua estabilidade OUTPUTS Gestão colaborativa de Situações/Ocorrências Interface de utilizador unificada e intuitiva Disponibilidade web/móvel Comunicações e inter-operabilidade melhorada GESTÃO DE RISCO Reports / Painéis de informação visual (dashboards) Auditoria e Rastreabilidade para melhoria de processos Manutenção e Serviços Avaliação de ameaças

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taformas de integração de informação é extremamente limitador, dado que as potencialidades deste tipo de solução são muito mais vastas do que se possa inicialmente antever. Posta em prática, uma solução PSIM "integra-se com", "extrai dados de" e "controla" diversos sistemas que compõem a infra-estrutura física de segurança do local protegido. Estes sistemas variam entre os típicos sistemas e meios de segurança, tais como sistemas CFTV, SADI, SADIR, SADCO entre outros, mas também com outras aplicações de importância crítica para as organizações, tais como Sistemas de Gestão de Edifícios (BMS - Building Management Systems), Sistemas de Gestão de Recursos Humanos, Sistemas de Localização de Pessoas e Bens, Sistemas de seguimento/rastreio por RFID e Sistemas de comunicações móveis. Existem diversas funções no processamento de um sistema PSIM que criam valor acrescentado ao cliente e que são um importante objecto de negócio para o profissional de segurança. A primeira destas funções é a integração dos vários recursos na aplicação. É importante que neste processo a integração seja completa e bidireccional. Sendo "integração" a funçãochave de um sistema PSIM, esta é o alicerce de todas as capacidades de valor acrescentado que lhe são implementadas. Graças à integração de INPUTS, a aplicação pode correlacionar eventos e verificar incidentes. Um simples alarme poderá transmitir muito poucos dados ou um contexto a um operador, contudo, um padrão de alertas poderá significar um tipo específico de incidente. Se, por exemplo, num estádio de futebol existirem acessos repetidos a uma zona restrita, efectuados por um elemento autorizado, fora de um padrão de rotina previamente definido, ou no decorrer de um jogo, esta situação poderá indiciar uma violação dos protocolos de segurança. A consequência é a criação de um procedimento de verificação dos dados do elemento (na base de dados de Recursos Humanos) e a activação imediata das imagens do CFTV associadas à zona em questão.


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Uma das funções que melhora a percepção situacional é a visualização, que agrega em simultâneo informação de Alarmes, Sistemas de Controlo de Acessos, CFTV e bases de dados de RH, mapeando-a com base no sistema GIS (Sistema de Identificação Geográfica). Por exemplo, numa ocorrência de Incêndio ou Emergência, o operador poderá identificar não só o número de elementos presentes numa zona de risco, mas também saber quem são os mesmos. Sendo a percepção situacional um factor crítico na gestão de segurança, o sistema PSIM agrega um conjunto de regras de automação de processos e workflows para prestar suporte a uma gestão de ocorrências atempada e eficaz. Fazendo uso das suas capacidades de análise inteligente em tempo-real, uma aplicação PSIM permite aos seus gestores monitorizar o progresso de uma situação ou ocorrência e como está esta a

No campo das comunicações, a aplicação PSIM efectua a coordenação de comunicações com unidades móveis para os operacionais no palco de operações, permitindo o intercâmbio de imagens, vídeo e dados de georeferenciação, tais como plantas dos locais, imagens aéreas e localização de zonas de risco. Em termos de OUTPUT, uma solução PSIM disponibiliza informação sob um único interface, simplificando o ambiente de trabalho e reduzindo a complexidade de tarefas na gestão de ocorrências. Neste campo, o factor mobilidade ganha também uma importante expressão, já que o gestor de segurança poderá operar o sistema remotamente a partir de um computador portátil e as ferramentas de comunicação agilizam um elevado nível de coordenação entre o centro de comando e os operacionais em campo.

para essa sobrecarga, atente-se, por exemplo, os recentes desenvolvimentos em sistemas analíticos de vídeo que não são capazes de se popularizar devido essencialmente ao facto de gerarem mais informação do que aquela que os operadores têm capacidade de responder. Com uma plataforma de gestão devidamente integrada e configurada com rotinas de tratamento de informação, consegue-se reduzir drasticamente o número de operadores do sistema, levando a uma economia significativa de custos. Esta solução permite ainda uma optimização significativa de recursos alocados à Segurança, assim como a consolidação de equipamentos e sistemas nas salas de controlo. A triangulação de informação de múltiplos sistemas permite a interpretação de pontos independentes de informação e permite decidir que excepções deverão desencadear uma acção de resposta. Assim, é

ser gerida, i.e. "quem fez o quê e quando". Neste pressuposto, os gestores poderão gerar relatórios em incidentes individuais, comparar incidentes e, por exemplo, avaliar os tempos de resposta registados relativamente a referências externas. Uma das exigências mais frequentes numa solução PSIM é a flexibilidade da solução ao designar ocorrências específicas de acordo com o perfil do operador. Isto assegura que são evitadas sobrecargas de informação e que os operadores vêem apenas o que necessitam. A informação poderá ser agregada, filtrada e exibida com diversos níveis de detalhe, conforme as tarefas e direitos de acesso definidos. Os operacionais em campo apenas visualizam as suas tarefas específicas, assim como as dos seus colegas no terreno, através dos seus dispositivos móveis (PC/Telemóvel/PDA).

PORQUÊ USAR UMA APLICAÇÃO PSIM Dado que uma aplicação desta natureza é sempre classificada como mais um componente da infra-estrutura, é necessário aferir as suas reais vantagens. Existe uma total independência de produtos, marcas ou tecnologias, fazendo da aplicação PSIM uma solução "agnóstica" em termos de interoperabilidade com as soluções de segurança instaladas. Desta forma, é concedida total liberdade ao cliente final para seleccionar os equipamentos e sistemas que melhor se adequam às suas necessidades, independentemente das aquisições e implementações anteriores. Queraonívelorganizacional,queraoníveloperativo, muitas organizações encontram-se sobrecarregadas com informação relativa a segurança. Algumas das mais recentes inovações nesta indústria contribuem

possível reduzir o número de potenciais falsos alarmes e contextualizar o operador sempre que um alarme é despoletado, reduzindo também o custo de gestão de falsos alarmes. Numa perspectiva de evolução contínua, os upgrades a uma solução PSIM requerem sempre menos investimento do que uma substituição ou upgrade de infra-estrutura. Para além de Estádios, este tipo de aplicação é especialmente indicado para vários locais de risco potencial, tais como Aeroportos, Hospitais, Edifícios Administrativos, podendo igualmente ser muito bem aproveitado e optimizado para soluções de gestão de risco em núcleos urbanos, gerando melhoramentos significativos na gestão de risco, optimização de recursos e melhoria nos tempos e capacidade de resposta às mais diversas ocorrências. ABRIL A JUNHO ‘10

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FABRICO NACIONAL

Lã de rocha: matéria-prima de isolamento e segurança TERMOLAN Gonçalo Sítima e Maria João Conde

A empresa Termolan, sediada em Vila das Aves, foi o primeiro fabricante de lã de rocha em Portugal, um produto que muito contribui para a eficácia da protecção passiva contra incêndios. São já 35 anos de aperfeiçoamento na produção deste produto e de dedicação a uma estrutura que ainda se mantém familiar. Recentemente visitámos a fábrica de Santo Tirso, uma das três unidades da empresa, juntamente com o director comercial Luís Nogueira. 24

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ID

FABRICO NACIONAL

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TERMOLAN ISOLAMENTOS TERMO-ACÚSTICOS, S.A.

Fundação 1975 Linha de negócio Fabrico de lã de rocha. Capital social 7.000.000€ Volume de negócios anual 25.000.000€ Empregados 160 Área fabril Unidade 1 - Vila das Aves: 15.000 m2 (8.500 m2 cobertos). Unidade 2 - Santo Tirso: 30.000 m2 (13.000 m2 cobertos). Unidade 3 - Vilar Formosos: 75.000 m2 (13.000 m2 cobertos). PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Lã de rocha para isolamentos.

UMA TRAJECTÓRIA DE SEGURANÇA A história da Termolan é feita de perseverança e dedicação. O nascimento da empresa remonta à conturbada época de 1975, ano em que abre a primeira fábrica de produção de isolamentos acústicos e térmicos de lã de rocha em Portugal pela mão de Joaquim Ferreira de Abreu, empresário na altura ligado exclusivamente à indústria do fibrocimento. O projecto inicial nasce através de uma parceria com industriais italianos com experiência no fabrico de lã de rocha, que forneceram as primeiras máquinas adquiridas pela Termolan e partilharam o seu conhecimento técnico e know-how. Contudo, esta colaboração acabaria por ser condicionada pela Revolução de Abril de 1974, ficando Joaquim Ferreira de Abreu e a sua equipa portuguesa com o desafio de inaugurar e desenvolver o fabrico de lã de rocha em Portugal. Com uma capacidade instalada inicial de 1.500 t.p.ano (toneladas por ano) a primeira fábrica da Termolan iniciou a produção em Maio de 1975, em Vila das Aves. Este negócio,

inovador para a época, tinha como principal consumidor o sector industrial. A utilização da lã de rocha no mercado da construção civil teve um desenvolvimento lento e foi apenas nos anos 90, após a publicação do Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios, que o sector residencial começou a privilegiar a

ºC 1200 < LÃ DE ROCHA FUNDE-SE

1000 800

< LÃ DE VIDRO FUNDE-SE

600

< FERRO PERDE A CAPACIDADE DE SUPORTE < ESPUMA DE POLIESTIRENO ARDE

400

< ESPUMA DE POLIURETANO ARDE

200 0 0

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/min

≥ Gráfico 1 Comportamento de resistência ao fogo dos diferentes produtos de protecção passiva.

utilização de materiais isolantes nos edifícios. Foi também nesta década que a Termolan aposta no desenvolvimento qualitativo do seu produto e em procurar novos mercados além-fronteiras. Este objectivo foi atingido com a construção de uma nova unidade fabril em Vila das Aves, preparada com novas tecnologias de produção e com uma capacidade instalada de 9.000 t.p.ano. Para assinalar a evolução qualitativa da lã de rocha produzida, é criada a marca Rocterm e arranca o plano de internacionalização. A entrada no mercado espanhol não foi fácil. Luís Nogueira revela-nos que a concorrência era implacável e denegria constantemente a qualidade dos produtos portugueses (da Termolan). Não possuindo ainda certificações que sustentassem documentalmente a qualidade do produto, foi necessário um elevado esforço comercial, que passou inclusive por fornecer a garantia de que se os clientes não reconhecessem a qualidade do seu desempenho, não precisavam pagar o material. Foi com esta confiança que a Termolan conseguiu singrar e afirmar-se como uma empresa vocacionada para o mercado externo, sendo actualmente 75% da sua produção absorvida por países como França, Espanha, Holanda, Irlanda, países do Magrebe, assim como alguns mercados emergentes. Para responder à procura e aos desafios dos novos mercados, a Termolan tem vindo a aumentar gradualmente a sua capacidade de produção, possuindo actualmente três unidades fabris em funcionamento. À já referida unidade de Vila das Aves, surgiu em 2003 a fábrica de Santo Tirso, e em 2009 iniciou-se a produção na nova unidade de Vilar Formoso. No total, a empresa tem hoje uma capacidade de produção conjunta superior a 60.000 t.p.ano. A PRODUÇÃO E DESEMPENHO DA LÃ DE ROCHA A lã de rocha é produzida através de um processo de transformação físico que consiste na fusão do basalto num forno de cúpula desenvolvido especificamente para este efeito (o basalto é fundido a cerca de 1500ºC). De seguida, o líquido fundido ao cair sobre os ABRIL A JUNHO ‘10

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FABRICO NACIONAL

≥ A unidade fabril de Santo Tirso tem uma área coberta de 13.000m2.

discos giratórios da centrífuga, origina a formação de fibras. Estas fibras pulverizadas com aglutinante são lançadas por um jacto de ar numa câmara colectora. Depois de arrefecidas, é formada uma camada primária de lã mineral que é transferida para uma unidade pendular e colocada em camadas por acção de um pêndulo sobre um tapete enformador. Seguidamente a camada de lã de rocha dá entrada na estufa de cura por ar e é comprimida até à espessura exacta e na densidade pretendida. Depois de arrefecidas, as placas são cortadas e embaladas. Os produtos de isolamento acústico e térmico em lã de rocha podem ter a forma de “mantas”, “painéis” ou a granel, com vários tipos de revestimentos, ou sem revestimento, de acordo com o fim a que se destinam. As características da lã de rocha passam por proporcionar isolamento acústico, que existe graças à sua estrutura que consegue conciliar massa volúmica e absorção acústica; isolamento térmico, permitindo temperaturas de utilização em serviço de -200ºC até +800ºC; e protecção ao fogo, uma vez que 26

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é um material incombustível e que permite evitar a formação e transmissão do fogo pelo isolante e proteger as áreas isoladas frente à acção do fogo. A lã de rocha tem igualmente bom desempenho face à água, pois tem uma capilaridade nula; tem neutralidade química pois a sua composição é semelhante à das rochas que a constituem (basalto e calcário); é incombustível; e também imputrescível, anti-parasitas e não corrosiva. A lã de rocha sendo resultante da fusão de basalto e calcário, possui propriedades únicas que a distingue dos outros isolamentos existentes no mercado: com a escolha criteriosa de um único produto é possível realizar a protecção passiva ao fogo, o isolamento térmico e o isolamento acústico. No mercado internacional, a Termolan escoa os seus produtos sob a designação Rocterm, que se afirmam por ter elevados padrões de qualidade graças também à qualidade do basalto português, a sua principal matéria-prima. Na generalidade, a lã de rocha é um produto que integra determinadas soluções construtivas. Apesar de ser possível a sua

utilização como solução autónoma de protecção contra incêndio, nomeadamente na protecção de estruturas metálicas, as suas principais aplicações são em portas cortafogo, selagens e em painéis sanduíche. Já no âmbito da acústica industrial, a lã de rocha é integrada em tectos falsos perfurados, baffles (permutadores de calor), barreiras acústicas e atenuadores. No âmbito da reacção ao fogo, a lã de rocha não revestida e revestida a alumínio é classificada com a Euroclasse A1, o nível mais elevado e mais seguro existente. Esta classificação atesta que o produto tem um desempenho seguro na presença de fogo, isto é, que não produz fumo - que é a principal causa de morte em situações de incêndio, nem liberta gotas/partículas inflamadas que poderão ajudar a propagação do incêndio ou resultar em queimaduras. As lãs minerais (vidro, rocha ou cerâmica) são incombustíveis, qualquer que seja a norma ou método de ensaio. Pelo contrário, os isolantes térmicos de natureza plástica têm um mau desempenho face ao fogo. A inclusão


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© Eduardo Tavares

INTERNACIONAL

≥ A primeira camada de lã mineral prepara‑se para entrar na estufa de cura por ar e comprimida.

≥ O basalto é a principal matéria-prima da lã de rocha e é fundido a uma temperatura de 1500ºC.

dos produtos em lã mineral permite evitar a formação e transmissão do fogo através do isolante e proteger as áreas isoladas frente à acção do fogo. Esta característica faz com que a lã de rocha funcione como uma barreira eficaz na compartimentação, prevenindo a propagação de um incêndio e minimizando os danos causados pelo fogo. No que concerne à protecção passiva o leque de opções é ainda mais estreito já que outros requisitos são fundamentais. O reduzido poder calorífico da lã de rocha (não sofrendo perdas significativas de massa) e o elevado ponto de fusão (superior a 1000 ºC), faz da lã de rocha um produto preferencial para ser integrado em soluções construtivas que vão garantir uma resistência ao fogo (tempo/minutos). Como é óbvio, cada solução construtiva tem que ser previamente ensaiada para poder garantir a sua própria Resistência ao Fogo. DESENVOLVER PARA MELHORAR O percurso da Termolan tem sido conduzido por uma vontade de aperfeiçoamento constante,

≥ Durante o processo de fabrico, a lã de rocha é comprimida até à espessura e na densidade pretendidas.

desde os meios e técnicas de produção, até às características de desempenho do produto final. Em 2003 a empresa obteve a marcação CE de acordo com a Directiva 89/106/CE relativa a produtos de construção. Para a lã de rocha (MW - EN 13162) a avaliação da conformidade é de acordo com o Sistema 1 ou 1+, onde o fabricante realiza o Controlo de Produção em Fábrica (CPF) e emite uma declaração de conformidade CE, enquanto um organismo notificado efectua ensaios iniciais de tipo em laboratório notificado, efectua uma inspecção inicial ao fabrico, emite Certificados de Conformidade CE e vigia o produto no mercado. Para além da certificação do sistema de gestão da qualidade ISO 9001 obtida em 2002, a Termolan tem procurado responder adequadamente às exigências que lhe são colocadas nos diferentes mercados. Em 2004, a presença em França tornou necessária a obtenção da certificação de produto da ACERMI e da atribuição pelo CSTB do 1º “Avis Technique”. Alguns anos antes, em 1999, obteve a conceituada certificação de

produto do organismo norueguês D.N.V. (Det Norske Veritas). Esta certificação reforçou a sua capacidade competitiva no sector industrial, uma vez que na ausência de regulamentos de segurança específicos, algumas indústrias recorrem aos requisitos de outras áreas, como é o caso da indústria petroquímica que utiliza a convenção marítima SOLAS (International Convention for the Safety of Life at Sea). No interior do departamento de Investigação & Desenvolvimento, a Termolan encontra-se neste momento a desenvolver uma solução construtiva para protecção contra incêndio de estruturas metálicas e de betão. Ao invés de utilizar a lã de rocha como parte integrante de outras soluções de construção, o objectivo principal desta solução é oferecer um produto final de protecção contra incêndio. Paralelamente, foi recentemente desenvolvido em parceria com o CITEVE, a Domingos de Sousa e Filhos e o CENTI, o projecto Wall-In Tex, que consiste na concepção de uma estrutura multicamada para revestimento de paredes interiores. ABRIL A JUNHO ‘10

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Abordagens e Desafios de um Projecto de SCIE em Escolas João Emílio Gerente da Genco

Com o recente programa de modernização do parque escolar, prosseguido por empresa pública criada para o efeito a Parque Escolar EPE, assistimos hoje à requalificação de inúmeras escolas que ficarão, muito especificamente no domínio da SCIE, a anos-luz do edificado existente até hoje.


INFORMAÇÃO TÉCNICA

CONCEPÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EXECUÇÃO DE UM PROJECTO DE SEGURANÇA A abordagem, em termos de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, deverá ter em conta os diversos vectores que a influenciam, tal como os que influenciam os projectos de outras especialidades com ela relacionados ou conexos. Portanto, os vectores a considerar para a concepção, desenvolvimento e execução de um projecto, serão: > Temporais – prazo estabelecido contratualmente com o cliente e todo o faseamento (Programa Base, Estudo Prévio, Ante-Projecto e Projecto de Execução), reuniões e coordenação necessária e aprovação (pelo cliente) dos projectos após cada fase (ou definição da revisão a fazer aos mesmos); > Dimensionais/Espaciais – os espaços em causa apresentam uma grande complexidade logo à partida pela sua dimensão, desenvolvimento do edificado e pelo facto de se estar a fazer requalificação de edificado já existente (ainda que se acrescente em muitos casos uma considerável área nova); > Económicos – a balizagem financeira imposta pelo cliente, em função da área e do efectivo, que logo à partida tem estimativas (alocando esses valores às referidas escolas) relativamente ao valor global da obra para o lançamento do concurso público; > Técnicos/Conceptuais – a introdução de uma liberdade criativa do ponto de vista arquitectónico, com vantagens óbvias na integração das escolas no seu meio envolvente e mais adaptada às características pontuais e individuais da população escolar de determinado local, diminui a uniformidade das escolas e, desde logo, das soluções preconizadas, aumentando a complexidade do edificado e as suas necessidades do ponto de vista da SCIE. Em suma, estes vectores entrecruzam-se influenciando, isoladamente ou em conjunto, os diversos factores que permitem realizar os projectos. Atacar estes vectores será o grande desafio do projectista de SCIE. Dentro do vector temporal é importante definir as etapas que compõem um projecto, atrevendo-me a afirmar que são indispensáveis, ainda que o cliente possa não exigi-las. Para atingir um produto final de qualidade, um

projecto pronto para execução, são necessárias as seguintes etapas: 1. Programa Base 2. Estudo Prévio 3. Anteprojecto 4. Projecto de Execução Para que estas fases existam e sejam exequíveis terá que existir em primeira instância um programa preliminar, a partir do qual será construído por parte dos projectistas de cada especialidade o programa base e, consequentemente, as outras fases. Ora, ao cliente pouco importa um projecto isolado ou um conjunto de projectos desconexos e desligados uns dos outros, aliás estes nunca servirão para atingir o seu objectivo final ou, pelo menos, para cumprir as suas legítimas expectativas. Há que ter em conta que um projecto não é apenas um conjunto de peças escritas e desenhadas com um mapa de quantidades e uma estimativa orçamental, é muito mais que isso. Há um trabalho de conceptualização, de procura das melhores soluções e dos melhores meios técnicos a aplicar, a discussão com outras especialidades e a compatibilização entre as mesmas, as conversas com o cliente, os contactos com os fabricantes, com as entidades oficiais, etc. No final, com os projectos de execução, muitos mais que os projectos de execução de cada especialidade, deveremos ter aquilo que é um projecto de execução da obra que reúne todas as especialidades devidamente interligadas e integradas. O todo é muito mais que a junção das partes e é de vital interesse que tal seja percepcionado e compreendido por todos. AS ESCOLAS, CARACTERÍSTICAS E DESAFIOS As escolas, alvo do programa de modernização, transformar-se-ão em edifícios extremamente complexos, sendo em muitos casos ampliados e dotados de infra-estruturas técnicas complexas. É, por isso, da máxima importância o faseamento acima indicado. Sem ele dificilmente será possível conceber, desenvolver e executar um bom projecto de SCIE. Mais que questões técnicas e regulamentares, a questão de organização é fulcral. Desde logo, a especialidade de Segurança Contra Incêndio, pela sua enorme transversalidade, influencia de sobremaneira outras

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especialidades, sendo necessário garantir em tempo útil: a.) A discussão com a Arquitectura das medidas passivas necessárias logo na fase inicial do processo, permitindo as devidas alterações ao projecto de arquitectura, se necessário. É indispensável que desde o início da concepção o arquitecto e o projectista da especialidade de SCIE conjuguem e envidem os seus esforços, para que se torne possível a adopção das medidas passivas necessárias (para a UT IV) à categoria de risco do edifício, dentro do programa definido pelo cliente, tendo em consideração o trabalho conceptual do arquitecto, mas acima de tudo a segurança das pessoas. Em última análise é para pessoas e por elas que se projecta. b.) A coordenação da SCIE durante todo o faseamento com as especialidades de Instalações Eléctricas, Rede de Águas e Esgotos, AVAC, Fundações e Estruturas, etc., com soluções técnica e economicamente viáveis, que garantam no final e no seu todo uma efectiva segurança decorrente das medidas passivas e activas projectadas. Com base nalguns casos concretos, é interessante revelar algumas das diferenças que resultaram da aplicação do antigo regulamento (edifícios de pequena altura – h<9m) e da nova regulamentação (UT IV, 3ª categoria de risco): 1. Resistência ao fogo dos elementos estruturais de suporte e de elementos com funções de suporte e Compartimentação: a. Antigo - EF e CF 30. b. Novo - R e REI 90. 2. Locais de Risco: a. Antigo – Locais de risco A, B, C e D (em locais de risco A contíguos até um máximo de 400 m2 podiam ser dispensadas as exigências relativamente ao isolamento e protecção no interior do conjunto). b. Novo – Acrescem aos locais acima referidos os locais de risco E e F, dentro do mesmo compartimento corta-fogo o conjunto de locais de risco A, que no seu total tenha efectivo superior a 100 pessoas, deverá ser considerado o conjunto como um local de risco B. 3. Tipo de Utilização e Classificação do Risco: a. Antigo – para o tipo de usos/utilizações existiam decretos-lei e portarias em que as mesmas eram regulamentadas individualmente no que concerne a SCIE. O risco não ABRIL A JUNHO ‘10

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era classificado directamente, as medidas eram mais ou menos gravosas dependendo da altura do edifício (isto é, o risco estava implícito nas balizas de altura definidas pelo regulamento). b. Novo – o corpo legislativo é um único, ainda que se distribua por diversos diplomas, contudo esta regulamentação cobre todo o tipo de utilizações (figura da Utilização-Tipo - UT) e define parâmetros explícitos e quantitativos para a classificação de risco que se distribui em quatro categorias. A abordagem mais moderna e menos tipificada e uniforme de construir escolas, em muitos casos com o abandono da construção em corpos, cria edifícios de volumes maiores, permitindo que um maior efectivo num mesmo edifício se enquadre, possivelmente, numa 3ª Categoria de Risco. 4. Meios de Intervenção a. Antigo – nos edifícios com altura inferior a 9 metros era-lhes prescrito a necessidade de meios portáteis de extinção e redes de incêndio armadas tipo teatro. b. Novo - os edifícios escolares (UT IV) em causa, na sua generalidade, serão de categoria superior à 2ª categoria de risco (muitas das escolas deixam de ter um desenvolvimento por diversos pavilhões, corpos independentes, como era habitual, passando a corpos de maiores volumetrias), isto é, serão da 3ª ou 4ª categoria de risco, dependendo do efectivo. Assim, para além dos meios portáteis de extinção, dos meios de 1ª intervenção, rede de carretéis, as escolas que caiam numa 3ª categoria de risco terão que ser dotadas de bocas-de-incêndio e colunas húmidas para uso dos bombeiros (na antiga regulamentação só os edifícios com mais de 20 metros ou com mais de 9 metros abaixo do nível de saída necessitavam do uso de meios de 2ª intervenção, isto é, colunas húmidas ou secas). Ora, tal exigência acarreta automaticamente na nova regulamentação a necessidade de ter um depósito de água privativo para uso de incêndio e, obviamente, um grupo hidropressor. Em termos construtivos, as escolas construídas tinham pelo menos uma característica idêntica em todas: a separação em pavilhões ou corpos independentes (divisão em blocos). Virtude do programa de requalificação em curso, esta concepção de uniformidade deixou de existir, havendo uma intervenção conceptual por parte 30

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≥ Planta de Emergência e Diagrama de Evaquação.

de um arquitecto, o que resulta automaticamente em escolas diferentes umas das outras e, desejavelmente, mais integradas na localização e no tecido socioeconómico e cultural local. O facto de se adoptar uma arquitectura mais compacta para os edifícios escolares leva a que, de imediato, os efectivos em causa aumentem. Ora, a UT IV tem três critérios para que se efectue a classificação da categoria de risco da dita UT e que são as seguintes: Altura, Efectivo e Efectivo em Locais de Risco D ou E. No caso do Programa de Modernização do Parque Escolar o que está em causa é a requalificação de escolas secundárias, portanto não são preenchidos os requisitos para que se classifiquem alguns dos seus locais de risco como D (poderão existir algumas excepções no caso de escolas que tenham indivíduos com limitações na mobilidade ou na capacidade de percepção e reacção ao alarme, mas ainda assim teriam que ultrapassar o limite de 10% de indivíduos nessa situação para que existissem locais de risco D - esta situação poderá ocorrer nos casos em que existam turmas de ensino especial). Poderemos dizer que o caso típico nas escolas será a existência em grande número de Locais de Risco A (Salas de Aula, Gabinetes, etc.); em número menor de Locais de Risco B (Sala Polivalente, Biblioteca, Cantina/Refeitório, Sala

dos Professores, etc.); e pontualmente existirão Locais de Risco C (Cozinhas, Espaços Técnicos, etc.) e Locais de Risco F (Fontes Centrais de Energia de Emergência/Socorrida, Grupos Hidropressores, etc.). Dependendo de alguns parâmetros específicos e referidos no Regime Jurídico de SCIE, os Auditórios, as Bibliotecas e os Pavilhões poderão ter que ser considerados como Utilizações-Tipo diferentes. SITUAÇÕES CONTROVERSAS Alguns temas têm levantado controvérsia e a sua resolução representa um desafio para quem projecta no âmbito da SCIE; > A questão dos laboratórios nas escolas tem sido algo controversa, embora não existam razões verdadeiramente válidas para que assim seja. Alguns técnicos da Autoridade Nacional de Protecção Civil, e mesmo alguns projectistas, têm olhado erradamente para os laboratórios, dando mais importância à aparência, ao nome do local, que à substância, ou seja, ao tipo de actividade que neles decorre e à quantidade e tipo de substâncias perigosas usadas/armazenadas. O resultado desta abordagem é a classificação em locais de risco C de locais que, se não tivessem sido apelidados de laboratórios, seriam normalmente de risco A (ainda que se previssem armários corta-fogo próprios nas salas de preparação de química).


Esta situação torna-se ainda mais caricata quando verificamos que laboratórios de Física, Geologia e Biologia também são apelidados como locais de risco C. > Outro assunto que muita celeuma tem levantado é a necessidade de uma fonte central de energia (a regulamentação refere-o claramente) e, portanto, dadas as potências em causa, de um grupo gerador ou electrogéneo. A Parque Escolar e os seus técnicos têm-se mostrado muito renitentes na utilização dos ditos grupos, preferindo o uso de UPS’s e de motobombas. > O facto de muitos dos edifícios escolares se enquadrarem na 3ª Categoria de Risco cria um agravamento significativo das medidas de SCIE a adoptar. Já mencionámos a necessidade dos meios de 2ª intervenção, do grupo electrogéneo (ou outra fonte de energia), do grupo hidropressor e do depósito privativo de água. Acresce ainda, no caso de existirem vias horizontais pelas quais se efectue a evacuação, os vãos e paredes que com estas vias confinem e que terão que garantir, no mínimo, uma resistência ao fogo E 15 e EI/REI 30, respectivamente, e ter meios de controlo de fumo (passivos ou activos). Isto significa que um grande número de portas com resistência ao fogo, dotadas de mola para fecho automático, sofrerá uma enorme solicitação e desgaste. Nos casos em que a distância a percorrer desde o interior de um local ou conjunto até uma saída de emergência ou via de evacuação protegida seja de 30 metros, ou até 15 metros em impasse, poderá ser possível reunir, dentro de um mesmo compartimento corta-fogo, um conjunto de locais de risco A. Nestas situações, caso o efectivo do conjunto ultrapasse as 100 pessoas, ao abrigo da SCIE, esse conjunto é considerado um local de risco B, no qual se incluem os locais de risco A e as circulações. Todavia, quando não seja possível cumprir tais distâncias de evacuação, será impossível recorrer a essa solução para se evitar as vias horizontais de evacuação protegidas, sendo necessário utilizar as mesmas com todas as implicações que se mencionaram. Tal será particularmente provável em escolas com corpos bastante extensos. O futuro decerto trará alterações à legislação de SCIE e esperamos que estas a tornem menos redundante relativamente às medidas a adoptar e, portanto, menos gravosa nas situações em que é claramente penalizadora. ABRIL A JUNHO ‘10

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Sprinklers Eficácia na detecção e extinção de incêndios J. Pedro Guedes da Silva Director da Pefipresa

Os aspersores automáticos actuais, utilizados nas redes fixas de extinção de incêndio por água, vulgarmente conhecidos pela designação anglosaxónica sprinklers, têm sofrido uma grande evolução desde de que a primeira cabeça foi patenteada nos Estados Unidos da América em 1874 por Henry S. Parmalee. Considerado como o elemento constituinte fundamental de uma rede de detecção e

extinção automática de incêndio por água, existem hoje um número incalculável de modelos de diversos fabricantes desenhados para aplicações específicas. Factores como a carga térmica, a quantidade, a altura e modo de armazenagem da mercadoria, assim como a altura do tecto do espaço a proteger, devem ser perfeitamente conhecidos aquando do desenvolvimento

do projecto de um sistema automático de detecção e extinção de incêndio por água. Sem um conhecimento prévio exacto destes factores, não é possível desenhar uma rede de extinção por sprinklers de forma a garantir uma eficácia do sistema. Após o perfeito conhecimento dos factores referidos, e antes mesmo de nos preocuparmos com o tipo de cabeça a utilizar, há que encontrar a


melhor solução para o tipo de risco em apreciação, verificando criteriosamente as necessidades de água quanto a densidade e pressão. Os sistemas automáticos de extinção por sprinklers são dimensionados para actuarem como modo de controlo de incêndio ou como modo de supressão de incêndio, devendo o projectista e o instalador ter estes dois conceitos claramente presentes. O sprinker é desenhado de forma a cumprir um destes modos de actuação. Todo o trabalho de dimensionamento de um sistema deste tipo deverá ser efectuado recorrendo às normas técnicas existentes, sendo claramente a mais completa a norma americana NFPA 13 – Standard for the Installation of Sprinkler Systems. A nível europeu existem dois documentos similares, sendo um emitido pela CEA (European insurance and reinsurance federation) com a designação CEA4001 e, o outro, o standard normativo europeu EN12845 aprovado pelo CEN (Comité Europeu de Normalização). CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA Frisando claramente que nem só de sprinklers é constituído um sistema automático de detec-

ção e extinção por água, vamos tentar perceber o que é, como funciona, quais as principais características e quais os principais tipos de cabeças de sprinkler. Um sprinkler é um componente compacto de funcionamento fiável e directo, composto por um corpo geralmente em latão, podendo ser cromado, ou em inox para aplicações em ambientes especiais. O corpo termina em rosca para permitir a montagem na rede de tubos. Um reflector dará à água a característica de spray pretendida. O sprinkler encontra-se selado, sendo o selo mantido em posição por um elemento térmico, calibrado para fundir a uma determinada temperatura. Este fusível é talvez o componente mais importante dos elementos de selagem, uma vez que é ele o responsável pelo disparo do sprinkler. Em geral é composto por uma ampola de vidro no interior na qual foi introduzido um líquido com características expansíveis quando sujeito ao calor irradiado de um foco de incêndio. Esta ampola extremamente robusta deverá estar calibrada para rebentar quando a temperatura aumenta aproximadamente 30ºC acima da temperatura máxima ambiente.

Desta forma, a água de extinção de incêndio pressurizada no interior da tubagem é libertada para o exterior da rede indo colidir com o deflector do sprinkler de forma a ser correctamente distribuída sobre o incêndio. Ao contrário do que em geral se pensa, só os sprinklers montados sobre a área em fogo irão actuar. As ampolas são calibradas em geral para 57, 68, 79, 93 e 141ºC, correspondendo para cada temperatura uma diferente cor do líquido, respectivamente laranja, vermelho, amarelo, verde e azul. Um outro factor importante é a sensibilidade térmica de um sprinkler, identificada pelo seu RTI (Response Time Index), ao qual corresponde a espessura da ampola. Assim, um valor mais baixo de RTI representa um disparo mais rápido originado por uma menor espessura da ampola. Os actuais sprinklers são fornecidos com ampolas de 3, 4 e 5mm, respectivamente resposta rápida (RTI<50 √m.s), especial (50 √m.s<RTI<80 √m.s) e normal (80 √m.s<RTI<200 √m.s). Os sprinklers de resposta rápida são recomendados para riscos em que uma rápida



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≥ Da esquerda para a direita: Sprinkler convencional para montagem erecta ou pendente de k115 68ºC; Sprinkler pendente fast response de k115 74ºC; Sprinkler pendente resposta standard de k80 68ºC; Sprinkler para espuma de baixa expansão para montagem erecta ou pendente de k115 68ºC; Sprinkler side-wall 68ºC; Sprinkler up-right (para montagem erecta) de 141ºC.”

propagação do incêndio é expectável e onde se coloca o risco de perigo de vida para um número elevado de pessoas. Como em tudo, no desenho deste tipo de sistemas a escolha do RTI do sprinkler depende da exigência normativa. De salientar que o termo “resposta rápida” refere uma característica intrínseca do elemento fusível quanto à sensibilidade térmica e não o tempo de operação numa determinada instalação, o qual é afectado por outros factores como a altura do tecto, a distância do sprinkler ao tecto, a temperatura ambiente e a distância entre sprinklers. Ainda é necessário referir talvez o factor mais conhecido de cada sprinkler, o seu “K”. O “K”, ou constante de escoamento, permite calcular exactamente o caudal de um sprinkler em função da pressão a que está sujeito, através da fórmula Q=K√P, em que Q é o caudal em l.min-1 e P é a pressão em bar. Atenção que os K dos sprinklers de origem americana possuem valores diferentes, uma vez que as unidades expressas são gal.min-1 para o caudal e p.s.i. para a pressão. Para as unidades métricas os valores de K mais comuns são 57, 80, 115, 160, 201 e 242. Os sprinklers de K igual a 57 são geralmente utilizados apenas para incêndios considerados de risco ligeiro, podendo cobrir cada sprinkler áreas de 12, 18 ou 21m2, dependendo do tipo de construção das áreas protegidas, isto de acordo com a NFPA 13. De acordo com a normalização europeia poderão cobrir uma superfície máxima de 21m2. Os sprinklers de K igual a 80 são geralmente utilizados para incêndios considerados de risco ordinário, onde as densidades são inferiores a 10 l/min/m2, podendo cobrir cada unidade áreas até 12,1m2 de acordo com as NFPA 13. A normalização europeia permite o uso destes sprinklers em riscos extras, no entanto não é aconselhável a sua utilização para densidades superiores a 10 l/min/m2. Os sprinklers de K igual a 115 são geralmente utilizados para incêndios considerados de risco extra, onde as densidades são superiores a 7,5 l/min/m2, podendo cobrir áreas de 8,4, 9,3 e 12,1m2 de acordo com a NFPA 13 e 9m2 de acordo a normalização europeia. Valores superiores de K são característicos em sprinklers desenvolvidos em geral

≥ Sprinklers ocultos e diferentes tipologias de ampolas utilizadas.

para a protecção de espaços dedicados ao armazenamento de mercadorias. Dentro deste tipo encontramos os sprinklers ELO (extra large orifice) com K igual a 160, sprinklers de cobertura alargada (extended coverage) de K 202, ou os do tipo ESFR com K igual a 202, 242, 283 e 363. Os sprinklers são ainda caracterizados pelo desenho do seu deflector, o qual é responsável não só pelo tamanho da gota de água como pela distribuição homogénea da água numa curva com características mais ou menos planas. O desenho do deflector está também relacionado com a posição de montagem do sprinkler. De uma forma geral os sprinklers são instalados em três posições, erectos (upright), pendentes (pendent) e horizontais (sidewall). Em princípio deverão ser montados na posição erecta, havendo contudo excepções, como no caso da existência de tectos falsos ou no caso de alguns sprinklers do tipo ESFR.

TIPOLOGIA DOS SPRINKLERS Utilizando como base a NFPA 13, classificamos assimalgunsdosmaisimportantestiposdesprinklers, mantendo, quando mais comummente utilizada, a designação original em língua inglesa: Quanto ao Tipo: ESFR (Early Suppression Fast‑Response sprinklers) São um tipo de sprinkler de resposta rápida desenhado para conseguir a supressão rápida de um incêndio de risco elevado, essencialmente em áreas de armazenagem em altura, onde a instalação de sprinklers no interior de estantes não é possível ou recomendável. Estes sprinklers entram em operação mais cedo do que os sprinklers standard, de modo a extinguir um incêndio antes que se desenvolvam chamas elevadas. Em princípio, uma extinção rápida é determinada por três factores: a sensibilidade térmica do fusível (RTI), já referida, pois quanto mais cedo ocorrer a abertura de um sprinkler menos quantidade de água é necessária para extinguir um incêndio; a densidade de descarga requerida ABRIL A JUNHO ‘10

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(RDD), ou seja, a quantidade de água necessária para extinguir um incêndio, cujo valor depende da dimensão deste aquando da abertura do sprinkler; e a densidade real (ADD), ou seja, a quantidade de água descarregada pelo sprinkler que efectivamente atinge as chamas e a sua capacidade de penetração. O valor de ADD varia em função da velocidade da pluma de fogo, da quantidade de movimento e dimensão das gotas de água e pela distância a percorrer pelas gotas desde o sprinkler. Quanto mais tempo demorar um sprinkler a abrir mais depressa se desenvolve o incêndio e menor o valor de ADD. Estes três valores são os factores que definem a variação temporal de um sistema de rápida extinção. Assim, é claro que a supressão rápida de um incêndio depende do correcto desenho e instalação de um sistema recorrendo a sprinklers do tipo ESFR. Extended Coverage Os sprinklers de cobertura alargada são, como o nome indica, cabeças desenhadas para cobrir áreas superiores às cobertas por sprinklers do tipo standard, existindo modelos para instalação na posição erecta, pendente ou sidewall. Dadas as semelhanças físicas com os sprinklers standard, deverá ser dada atenção à informação técnica disponibilizada pelos fabricantes. Large Drop Este sprinkler, também conhecido pelo nome português de gota gorda, é um sprinkler utilizado principalmente em aplicações específicas de riscos elevados, como armazéns, em modo de controlo de incêndio, e é caracterizado por produzir gotas de água de maiores dimensões. Sprinklers Convencionais São tipos de sprinklers antigos desenhados para dirigir 40 a 60% da água inicial para baixo. A quantidade de água dirigida para cima, após atingir o tecto, cai em gotas gordas. Estes sprinklers têm a particularidade de se poderem montar quer em posição erecta quer pendente. Quick Response Sprinkler de resposta rápida, em tudo semelhante ao sprinkler standard, mas equipado com fusível capaz de cumprir o critério de resposta rápida acima apresentado. 36

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Residential sprinkler Sprinkler residencial de resposta rápida, desenhado especificamente para a protecção de vidas num aposento residencial em que tenha tido início um incêndio. Standard spray sprinkler Trata-se do sprinkler mais popular com valores de K de 57, 80 ou 115, desenhado para ser instalado de acordo com as áreas de cobertura apresentadas em cima. Estão disponíveis para montagem erecta, pendente ou horizontal. Provou ser eficaz para uma vasta gama de utilizações e riscos. Quanto à orientação: Sprinklers pendentes Sprinklers desenhados para serem instalados de forma a que o jacto de água seja dirigido para baixo em direcção ao deflector. Estes sprinklers não podem ser instalados na posição erecta. Upright sprinklers Sprinklers erectos, ou seja sprinklers desenhados para serem instalados de forma a que o jacto de água seja dirigido para cima em direcção ao deflector. Estes sprinklers não podem ser instalados na posição pendente. Sidewall sprinklers Sprinklers desenhados para montagem horizontal em parede, com um deflector especial capaz de descarregar grande parte da água com um padrão semelhante a um quarto de esfera, dirigindo ainda parte da água na direcção da parede por detrás do sprinkler. Estes sprinklers são essencialmente desenhados para instalações de risco ligeiro e ordinário, não podendo ser utilizados em locais de riscos extras ou qualquer local onde se armazene mercadoria. Só podem ser instalados em locais onde os tectos são planos e horizontais. Estes sprinklers possuem áreas de cobertura e espaçamentos próprios pelo que não devem ser projectados sem uma consulta atenta da documentação fornecida pelo fabricante. Os modelos mais usuais são também sprinklers de cobertura alargada. Sprinklers ocultos São sprinklers para montagem pendente cuja totalidade do corpo se encontra elevada sobre

o plano inferior de tecto. São muito utilizados quando existem tectos falsos onde não se deseja ver o sprinkler. Este está escondido sobre uma tampa circular que se solta quando exposta a um determinado aumento de temperatura. O elemento fusível que segura a tampa funde a temperaturas inferiores à temperatura de activação do sprinkler. Dada a fragilidade do sistema, deverá ter-se um cuidado especial na montagem do mesmo, de modo a não deteriorar o fusível da tampa. Estas tampas existem em diversas cores não podendo ser aplicada tinta sobre elas. Aliás, importa salientar que nenhum sprinkler pode ser pintado. Sprinklers semi-ocultos São sprinklers para montagem pendente cuja totalidade do corpo, com a excepção do deflector, se encontra elevada sobre o plano inferior de tecto. Quanto à utilização em condições especiais: Sprinklers resistentes à corrosão São sprinklers fabricados em materiais resistentes à corrosão, ou dotados de um banho, para uma função em ambiente específico onde o tipo de atmosfera atacaria os sprinklers usuais. Uma vez mais, só o fabricante poderá dotar o sprinkler com o tratamento superficial necessário. Sprinklers secos São sprinklers dotados de uma extensão selada, evitando que a água entre nessa extensão enquanto o sprinkler não abrir. São desenhados para poderem ser instalados em câmaras frigoríficas ou noutros espaços não aquecidos. Deverão ser considerados cuidados especiais no dimensionamento da extensão seca, uma vez que esta pode originar congelamento na rede húmida que liga com o sprinkler, devido à perda de calor por condutividade térmica. Sprinklers de pulverização plana São sprinklers desenhados para aplicação em espaços ocultos sobre tectos falsos do tipo grelha aberta ou em níveis intermédios em estantes tipo rack. Quando instalados em níveis intermédios, deverão ser dotados de protecção tipo escudo para evitar que o elemento térmico possa ser arrefecido pela água de sprinklers instalados em níveis mais elevados.


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Centrais de Bombagem NO CORAÇÃO DE UM SISTEMA CONTRA INCÊNDIO José Azeredo Especialista em Combate a Incêndios da Bombas Grundfos Portugal

A segurança, prevenção e protecção de vidas e bens, assim como do meio ambiente, são algumas das maiores preocupações dos nossos tempos. Para evitar avultados prejuízos, sejam eles materiais ou ambientais, e eventuais perdas de vidas são necessárias medidas de segurança que previnam as situações de risco. Para tal, existem sistemas de prevenção apropriados, como redes de incêndio armadas (RIA), redes de sprinklers e sistemas de bombeamento para o abastecimento de água. É da responsabilidade da comunidade em geral e, em particular, dos técnicos de engenharia interiorizar as questões de segurança não só a nível da prevenção como de acção, utilizando sistemas de supressão de incêndio. Para além da prevenção, deve também verificar-se o método de combate ao incêndio, evitando tanto quanto possível a utilização de métodos químicos. A água ainda é o meio que menos prejuízo causa ao meio ambiente. Tal como no alvor dos tempos, a água continua a ser, ainda hoje, o elemento principal no combate aos fogos. Não só porque é um composto predominante e acessível no nosso Planeta, mas especialmente devido à sua capacidade de absorção do calor. Os sistemas de supressão de incêndios destinam-se ao abastecimento no combate a incêndios, realizado através da elevação de água

sobre pressão nas redes de incêndio, com um caudal determinado e de acordo com o grau de risco da instalação. A eficiência de um sistema de bombeamento depende da garantia de um caudal de água e de uma pressão conforme as necessidades dos diferentes locais. BOMBAS PARA EDIFÍCIOS EM ALTURA A engenharia de segurança contra incêndio é uma ciência que tem como objectivo máximo salvaguardar vidas e bens através do estabelecimento de condições passivas e activas que permitam minimizar ao extremo as possibilidades de ocorrência de um incêndio ou que possam controlar o fogo na fase mais incipiente. Os edifícios devem dispor no seu interior de meios próprios de intervenção que permitam a actuação imediata sobre focos de incêndio pelos seus ocupantes e que facilitem aos bombeiros o lançamento rápido das operações de socorro. Os meios de extinção a aplicar no interior dos edifícios podem ser:

> Extintores portáteis e móveis, redes de incêndio armadas e outros meios de primeira intervenção; > Redes secas ou húmidas para a segunda intervenção; O Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios admite que, em zonas onde o sistema de abastecimento público apresente garantias de continuidade em pressão e caudal, as bocas-de-incêndio do tipo carretel possam ser alimentadas pela rede pública, para as Utilizações-Tipo da 1ª e 2ª categoria de risco. Em todos os restantes casos, as condições de pressão e de caudal devem ser asseguradas por depósito privativo associado a grupos sobrepressores que, quando accionados a energia eléctrica, deverão ser apoiados por fontes de energia de emergência. O depósito privativo do serviço de incêndio pode ser elevado ou enterrado e deve obedecer ao disposto no Decreto Regulamentar 23/95, de 23 de Agosto. A capacidade do depósito e a potência do grupo sobrepressor deverão ser calculados com base no caudal máximo exigível para a operação simultânea dos sistemas de extinção manuais e automáticos, durante o período de tempo adequado à categoria de risco da utilização-tipo, em conformidade com as normas portuguesas e com as especificações técnicas da ANPC. ABRIL A JUNHO ‘10

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Isto implica a utilização de grupos de abastecimento denominados centrais de bombagem para serviço de incêndio. Quando o edifício possui uma altura tal que a pressão à saída do grupo de bombagem pode ultrapassar a pressão máxima dos componentes do sistema, deve-se utilizar válvulas redutoras de pressão. Esta opção, em muitos casos, não é fiável, pelo que se opta em muitas situações pela divisão do sistema de alimentação para serviço de incêndio em vários patamares. Este tipo de divisão faz com que sejam necessários vários grupos de bombagem para satisfazer as condições de caudal e pressão necessárias. Como vantagens, realça-se o facto de não se ter pressões excessivas no sistema e também bombas com potências mais baixas. SELECCIONAR UMA INSTALAÇÃO DE SUPRESSÃO DE INCÊNDIOS Para o cálculo de dimensionamento dos vários equipamentos e sistemas de prevenção e distribuição de água no combate a incêndios existem diversas fórmulas, manuais e normas reconhecidas pelos Projectistas que se podem utilizar, incluindo cálculos através de programas informáticos. No entanto, serão referidos aqui mais alguns elementos que poderão ser úteis como base para um estudo mais aprofundado. Muitas das entidades que elaboram projectos de abastecimento de água a incêndios são, muitas vezes, induzidas em erro ao executar um determinado projecto, uma vez que obedecem a uma determinada norma sem que o aspecto de construção civil acautele o que esta especifica no que respeita ao acesso e condições da sala ou casa das bombas. Num projecto têm de estar definidos os procedimentos e equipamentos próprios para a função específica de um sistema supressor de combate a incêndio, pelo que há que efectuar uma escolha equilibrada e credível. Uma bomba tradicional é concebida para desempenho ideal em condições normais, não em situações extremas. Se as condições ou o desempenho necessário excederem as especificações projectadas, a protecção de segurança desligará automaticamente a bomba. Uma bomba de incêndio tem de ser robusta e especificamente projectada para ser um equipamento para proteger pessoas e bens. Essa 38

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é a prioridade principal. Estas não deverão ser obstruídas por protecções de segurança como sobrecargas de motor/disparos de baixo nível, etc., que desliguem as bombas em condições de funcionamento extremas. Independentemente da severidade das condições de funcionamento, a bomba deverá comportar-se de forma a prevenir incêndios e salvar pessoas e bens. Qualquer que seja o sistema de supressão de incêndio a utilizar, independentemente das normas, o importante é que o sistema seja credível, que ofereça referências de garantia e fiabilidade e que o seu funcionamento seja operacional e informativo. Se não existir um sistema apropriado que obedeça às regras técnicas definidas e que responda às necessidades prementes, a poupança inicial depressa se poderá transformar num elevado prejuízo. Ao elaborar-se o projecto de um empreendimento – seja ele habitacional, comercial ou fabril – deve ter-se em conta o seu meio envolvente, para que todas as áreas onde exista risco de incêndio sejam equipadas com uma instalação de extinção. Os tipos de instalação e sistemas diferem consoante o grau de risco em causa. A instalação de sistemas de emergência na prevenção e combate a incêndios é constituída fundamentalmente por um conjunto de elementos, entre os quais: > Cisterna ou reservatório de armazenagem e abastecimento ao sistema; > Fonte de alimentação e abastecimento de água; > Sistema de abastecimento de água sob pressão (supressão de incêndios); > Colunas secas; > Colunas húmidas; > Redes de incêndio armadas (RIA) e hidrantes; > Sistemas de extinção automática (Sprinklers). Cálculo do caudal requerido: A necessidade de água depende do número de bocas-de-incêndio, hidrantes ou rede de sprinklers, os quais poderão funcionar em simultâneo. Os fabricantes de sistemas de sprinklers e hidrantes efectuam o cálculo de acessórios e informam sobre a necessidade de caudal para cada um deles.

No Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (Portaria nº 1532/2008) existem valores de caudal e pressão que devem ser garantidos por cada equipamento. Para o caso dos hidrantes que são abastecidos pelo sistema de bombagem, deve garantir-se um caudal mínimo de 20 l/s por cada hidrante, com um máximo de dois, à pressão dinâmica mínima de 150 kPa. A rede de alimentação dos carretéis deve garantir, em cada carretel em funcionamento, com metade dos carretéis abertos, até um máximo exigível de quatro, uma pressão dinâmica mínima de 250 kPa e um caudal instantâneo mínimo de 1,5 l/s. Quando existem bocas-de-incêndio de 2.ª intervenção em redes húmidas, os valores mínimos de caudal e pressão a considerar na boca-de-incêndio mais desfavorável são, respectivamente, de 4 l/s e 350 kPa, com metade delas em funcionamento, num máximo de quatro. As redes de sprinklers devem ser dispostas de modo a cobrir todas as áreas a proteger. A pressão e caudal dependem do modelo e tipo utilizados, bem como do número de sprinklers a funcionar em simultâneo. Dada a grande diversidade de sprinklers, em termos de funcionamento, simultaneidade e disposição em rede, não especificamos aqui a pressão e caudal de cada um. Para isso, é necessário recorrer ao fabricante de cada modelo. Cálculo da altura manométrica: A selecção de uma bomba contra incêndio é efectuada com base na necessidade de água e pressão (altura manométrica) requeridas. A altura manométrica, ou pressão, é calculada tendo em conta os seguintes parâmetros: > Hgeo - Diferença de nível geométrico entre o nível mais baixo da água, onde está situada a bomba, e o ponto mais alto de consumo da bomba de incêndio ou sprinklers. > Pf - Pressão necessária no ponto de consumo mais desfavorável (depende do tipo de equipamento, tendo por base os valores mínimos referidos anteriormente) > Hp - Perdas de carga nas tubagens e acessórios. Existem fórmulas, ábacos ou tabelas que nos dão os valores em função do diâmetro, caudal e tipo de material das condutas.


INFORMAÇÃO TÉCNICA

> Hm - A altura manométrica total ou pressão total é o somatório dos valores encontrados, no caso de termos aspiração negativa é necessário considerar ainda este factor (tendo que somar este valor ao valor já encontrado). Para um funcionamento correcto do sistema de supressão de incêndios deve ter-se em atenção a velocidade do fluído. Para o caudal nominal, na tubagem de aspiração, a velocidade da água não deverá ser superior a 1,8m/s para as bombas com aspiração positiva e de 1,5m/s para as de aspiração negativa. Na tubagem de compressão, a velocidade da água deverá ser no máximo de 2,0m/s a 4m/s, dependendo este valor do traçado e tipo de instalação, assim como dos cálculos do início do projecto ou da norma utilizada. Considerações sobre a aspiração: Em sistemas automáticos, recomenda-se sempre uma aspiração positiva das bombas. Caso não seja possível, é necessário ter em conta o NPSH da bomba1: > Aspiração positiva A bomba está a um nível mais baixo do que a água a elevar (aspiração em carga). Esta deslizará por gravidade até à flange aspiração da bomba. Deve também ser instalada uma válvula de seccionamento para que, quando necessário, a bomba possa ser retirada sem qualquer inconveniente. O comprimento desta deverá ser o mais curto possível, tendo sempre em atenção o NPSH da bomba. A válvula de seccionamento é, no entanto, facultativa e depende do modo e tipo de instalação. > Aspiração negativa A bomba está a um nível superior do nível da água (aspiração forçada). Deverá ser instalada uma válvula de pesca na extremidade da tubagem e o comprimento desta deverá ser o mais curto possível, tendo em atenção o NPSH da bomba. Também neste caso a válvula de seccionamento é facultativa, dependendo da instalação. Quando existir mais do que uma bomba principal, recomenda-se a aspiração independente de cada bomba. Quando tal não é possível, o diâmetro nominal da tubagem deverá ser calculado para o somatório dos caudais de cada bomba principal, quando em funcionamento simultâneo. Para assegurar que 1 Algumas normas não permitem outra situação que não a da aspiração positiva.

os colectores permaneçam “ferrados” ao longo do tempo, é necessário instalar depósitos de ferragem, que funcionarão em redundância de falha. Fonte de alimentação e abastecimento de água: Quando falamos de centrais de bombagem não podemos ignorar a sua fonte abastecedora, localizada a montante, sem a qual a central de bombagem não desempenha a sua missão, que é fornecer água em quantidade à instalação para serviço de incêndio, durante o tempo de autonomia requerida. Os cálculos devem estar em consonância com a quantidade de água necessária para o abastecimento, cumprindo assim os objectivos em vista. Deve ter-se sempre em conta as condições mais desfavoráveis, para poder satisfazer mais do que um sistema de protecção contra incêndios a que esteja ligado, permitindo assim um tempo de autonomia suficiente para as condições locais e estruturais do edifício. A instalação de um sistema de supressão de abastecimento de água no combate a incêndios depende de diversos factores, de entre os quais se destaca o risco de incêndio a acautelar, o tipo de instalações existentes (redes de incêndio armadas; bocas de incêndio armadas; hidrantes exteriores, rede de sprinklers) e o número previsto para funcionamento simultâneo, bem como o respectivo caudal. A cisterna de abastecimento, ou reservatório, de água deverá ter a capacidade mínima de acordo com as necessidades da instalação, e uma autonomia prevista (mínima de 1 hora) em função das operações de serviço de incêndio ou capacidade da rede pública local. A cisterna deverá ser exclusivamente para reserva de água para combate a incêndios. Sala das bombas: O sistema de supressão de incêndios deve ser instalado num local de fácil acesso, de preferência em sala própria, protegido contra possíveis interrupções do funcionamento devido a estragos causados por explosão, incêndio, inundação, sismo, roedores, insectos, tempestades, congelação, vandalismo e outras condições adversas. O acesso só deve ser permitido a pessoal especializado, como os técnicos e o responsável de segurança. A sala deverá estar preparada de modo a evitar inundações. O chão deve ser construído

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com o declive necessário para uma drenagem adequada das perdas de água, afastando-as do equipamento importante, tal como a bomba, o sistema de accionamento, quadro de comando e demais equipamentos. Recomenda-se, para este efeito, a utilização de uma caixa de recolha, fosso e sistema de drenagem. A sala das bombas deve estar de acordo com critérios da norma a aplicar ou, na falta desta, recomenda-se que seja isolada, de modo a permitir uma resistência ao fogo pelo período mínimo de 60 minutos. A área de instalação do equipamento deve ser ventilada, para assim assegurar uma refrigeração adequada aos motores eléctricos ou a diesel. A temperatura ambiente não deve ser inferior a +5°C nem superior a +40°C. Devem ainda existir condições para a dissipação do calor irradiado pelos motores, em particular pelos de combustão a diesel. É, por isso, necessário instalar uma ventilação que permita eliminar o calor produzido. Para além disso, os motores diesel retiram ar da sala para a combustão. Este ar precisa de ser substituído, senão o motor poderá não trabalhar eficientemente. Se não forem consideradas estas precauções na fase de projecto, é provável que o motor fique subalimentado e sem a potência necessária para preencher as exigências do sistema de protecção contra incêndio. A temperatura e ventilação da sala deverão estar de acordo com as recomendações do fabricante do motor. A saída de gases de escape do motor diesel deverá ser feita para o exterior, por intermédio de conduta com diâmetro apropriado ao seu comprimento. Na sua extremidade, deverá existir uma protecção para evitar entrada de água na mesma. É importante que a sala das máquinas tenha as dimensões suficientes para que o sistema de supressão de incêndios tenha espaço para montagem ou desmontagem aquando dos trabalhos de manutenção, vistoria ou reparação. Outros dispositivos, que não estão relacionados com a bomba de incêndio, podem estar nas salas das bombas (tais como tanques de água ou outro equipamento da bomba), mas não podem aumentar a combustibilidade ou o perigo do espaço. Ou seja, deve estar livre de equipamentos armazenados não essenciais à operação das bombas. Os grupos de bombeamento devem estar assentes em superfície plana e sólida, com maciço próprio em betão, calculado para o peso do equipamento. ABRIL A JUNHO ‘10

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AMBIENTE

Detectores Iónicos de Fumos e Resíduos Radioactivos Romão Trindade e Isabel Paiva Investigadores do GRRR/UPSR/ITN

Portugal, apesar de não ser um país possuidor de centrais nucleares produtoras de energia eléctrica, também produz resíduos radioactivos. Estes resíduos resultam das aplicações de matérias radioactivas na medicina, na indústria, na investigação e no ensino, na forma de fontes abertas ou fontes seladas. Estão neste último caso os detectores iónicos de fumos, largamente utilizados na detecção de incêndios, que não são mais do que uma aplicação industrial 40

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de matérias radioactivas. A Fig.1 apresenta alguns modelos de detectores iónicos de fumos comercializados em Portugal. O radionuclido mais utilizado no fabrico de detectores iónicos de fumo é o Amerício, mais propriamente o seu isótopo 241Am, que pertence ao Grupo de Risco 1 (muito elevado) e tem um período de semi-vida de cerca de 432,7 anos[1]. As actividades dos detectores variam entre 25, 9 kBq (0,7µCi) e 2,66MBq (72 µCi), dependendo da marca e da antiguidade de

fabrico. Em termos de tipos de emissão de radiações, a Tab.1 apresenta as principais emissões do 241Am[1] e, como se verifica, é, essencialmente, um emissor alfa. O outro radionuclido utilizado no fabrico de detectores iónicos de fumos é o rádio, no isótopo 226Ra que tem um período de semivida de 1600 anos e pertence ao Grupo de Risco 1 (muito elevado)[1]. As características deste radionuclido, em termos de emissão apresentam-se na Tab.2[1].


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PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DOS DETECTORES IÓNICOS Um detector iónico de fumos usa uma câmara de ionização e uma fonte de radiação ionizante (pequena quantidade de um dos radionuclidos referidos) para detectar a presença de fumos. O detector usa a fonte selada radioactiva para ionizar o ar entre os eléctrodos do interior da câmara e origina uma corrente eléctrica constante. O fumo que entra na câmara absorve as partículas alfa, reduzindo a ionização e interrompendo a corrente. Esta alteração no valor de corrente à qual o circuito electrónico é sensível faz disparar um alarme. PROTECÇÃO RADIOLÓGICA APLICADA À MANIPULAÇÃO DE DETECTORES IÓNICOS O valor de isenção quer para o 226Ra quer para o 241Am é, em termos de quantidade, de 104Bq pelo que, e atendendo aos valores usados nos detectores, a utilização destes necessita de uma autorização prévia da autoridade competente. No entanto, se a autoridade competente do Estado-Membro da União Europeia o permitir, não é necessária exigir declaração no caso de equipamentos que contenham substâncias radioactivas em quantidade ou concentrações superiores ao limite de isenção[2,3]. Por conterem matéria radioactiva, os detectores de fumos requerem um tratamento adequado. Do ponto de vista da radiação alfa esta, apesar de ter uma energia elevada, não oferece perigos de irradiação para o produtor e/ou utilizador, pois o percurso médio no ar da radiação alfa é de poucos centímetros, tem um fraco poder de penetração e é facilmente absorvida. Não necessita, na prática, de qualquer barreira de protecção (uma simples folha de papel é suficiente para atenuar a radiação). No que diz respeito à radiação gama, o percurso médio no ar é mais elevado mas a energia é muito baixa. No entanto, e como as actividades envolvidas no fabrico dos detectores iónicos são relativamente pequenas, os débitos de dose de radiação externa são também extremamente baixos. Já no que se refere à contaminação e embora se trate de uma fonte selada, há que ter alguma atenção e cuidado na sua manipulação, muito

γ/X

γ/X

α

E (keV)

%

E (keV)

%

E1

14

43

5388

1

E2

26

2

5443

E3

60

36

5486

α

E (keV)

%

E (keV)

%

E1

186

3

5490

100

13

E2

610

46

6003

100

85

E3

1764

16

7687

100

≥ Tabela 1 Energias e principais emissões do 241Am.

em especial da lâmina onde está depositada a matéria radioactiva. Assim, a lâmina não deve ser sujeita a qualquer forma de violação, de modo a evitar uma dispersão da matéria radioactiva, da qual poderá resultar uma contaminação radioactiva generalizada com todas as consequências económicas e sociais daí resultantes. A Fig.3 mostra uma lâmina que contém a matéria radioactiva. Quando se comparam os períodos de semivida do 241Am ou do 226Ra com o período de validade dos restantes componentes electrónicos do detector (resistências, condensadores, etc.) facilmente se verifica que a validade destes últimos componentes é muito inferior em termos de durabilidade e funcionamento e que é ela que marca o fim da utilização do detector iónico em relação ao objectivo inicial da sua aquisição. É na altura da substituição que o detector iónico de fumos se torna um resíduo radioactivo. CLASSIFICAÇÃO E GESTÃO DE RESÍDUOS RADIOACTIVOS Por definição, resíduos radioactivos são todos os materiais que contenham ou se encontrem contaminados por radionuclidos e para os quais não se encontra prevista qualquer utilização[4]. É o que acontece com os detectores iónicos de fumos quando substituídos, têm matéria radioactiva e não está prevista qualquer utilização para os mesmos. Embora não havendo ainda uma única classificação dos resíduos radioactivos (a UE e a AIEA têm vindo a desenvolver esforços conjuntos no sentido de uma harmonização nas várias classificações de resíduos radioactivos existentes em muitos países), numa abordagem geral, estes podem ser classificados, de acordo com as últimas recomendações da AIEA, do seguinte modo[5]: > Resíduos isentos (Exempt waste, EW)

≥ Tabela 2 Energias e principais emissões do 226Ra.

>R esíduos de vida muito curta (Very short lived waste, VSLW) >R esíduos de actividade muito baixa (Very low level waste, VLLW) >R esíduos de actividade baixa (Low level waste, LLW) > R esíduos de actividade intermédia (Intermediate level waste, ILW) > Resíduos de actividade elevada (High level waste, HLW) Como facilmente se verifica a nova classificação está, essencialmente, baseada na actividade dos resíduos radioactivos (embora também tenha em atenção o período de semi-vida dos radionuclidos envolvidos) o que condiciona o local de armazenagem temporária (à superfície) ou definitiva (intermédio ou em profundidade, etc.). A gestão de resíduos radioactivos obedece, a nível internacional, aos Princípios Fundamentais da Gestão de Resíduos Radioactivos[6], a saber: > 1º Princípio: Protecção da saúde humana Os resíduos radioactivos devem ser geridos de modo a garantir um nível aceitável de protecção para a saúde humana; > 2º Princípio: Protecção do ambiente Os resíduos radioactivos devem ser geridos de modo a providenciar um nível aceitável de protecção do ambiente; > 3º Princípio: Protecção além fronteiras Os resíduos radioactivos devem ser geridos de modo a assegurar que os possíveis efeitos na saúde humana e no ambiente, para além das fronteiras do país, serão tidos em consideração; > 4º Princípio: Protecção das gerações futuras Os resíduos radioactivos devem ser geridos de modo a garantir que os impactos previstos na saúde das gerações futuras não sejam maiores do que os níveis relevantes do impacto que são hoje aceitáveis; ABRIL A JUNHO ‘10

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

01.

02.

≥ Fig. 1 Exemplos de detectores iónicos de fumos contendo 241Am (Amerício - 241).

03.

≥ Fig. 2 E xemplo de um detector iónico de fumos contendo 226Ra (Rádio-226). ≥ Fig. 3 Lâmina com matéria radioactiva.

> autorizações para as práticas a desenvolver > tipos de embalagens utilizadas > registos das taxas de dose e de eventuais contaminações > tempos de decaimento > controlo de qualidade É este conjunto de informações que tornam possível proceder, de maneira adequada, à recolha, à segregação, ao transporte e ao acondicionamento dos resíduos radioactivos. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Os detectores iónicos de fumos tornam-se, ao fim de algum tempo de utilização, em resíduos radioactivos. Importa agora classificá-los de modo a poder tratar do seu acondicionamento, armazenagem temporária e definitiva. De acordo com actividade que cada detector tem, facilmente se percebe que integram o grupo dos resíduos de actividade muito baixa e período de vida longo (Very low level waste,VLLW). Antes de proceder ao seu acondicionamento, os detectores são desmantelados de modo a retirar a matéria radioactiva. É uma fase extremamente importante por duas razões: evitar contaminações radioactivas devido a práticas incorrectas na manipulação e reduzir o volume dos resíduos a acondicionar. Por força da lei[7], é ao Instituto Tecnológico e Nuclear (ITN) que compete proceder à colecta, acondicionamento e armazenagem temporária dos resíduos radioactivos sólidos

> 5º Princípio: Herança para futuras gerações Os resíduos radioactivos devem ser geridos de modo a que não sejam impostas às gerações futuras heranças indevidas; > 6º Princípio: Estrutura legislativa nacional Os resíduos radioactivos devem ser geridos dentro de uma estrutura legislativa nacional apropriada, incluindo uma clara distribuição de responsabilidades e prescrições para funções reguladoras independentes; > 7º Princípio: Controlo da geração de resíduos radioactivos A geração de resíduos radioactivos deve ser mantida a um mínimo viável; > 8º Princípio: Geração de resíduos radioactivos e interdependência da gestão A interdependência entre todas as etapas da geração e gestão dos resíduos radioactivos deve ser tomada em consideração; > 9º Princípio: Segurança das instalações A segurança das instalações para a gestão de resíduos radioactivos deve ser assegurada de modo apropriado, ao longo da sua existência. À semelhança do acontece com outros tipos de resíduos, os resíduos radioactivos também carecem de uma gestão que assente numa base de dados que contemple: > características dos radionuclidos > autorizações e licenças de funcionamento das instalações ou equipamentos

produzidos no País. Nesse sentido, sempre que um detentor de resíduos radioactivos queira eliminá-los deve solicitar ao ITN o Pedido de Recolha de Resíduos Radioactivos. Este documento identifica o detentor dos resíduos, as características dos resíduos radioactivos e o meio de transporte, e após devidamente preenchido deverá ser enviado à UPSR/ITN. Os custos associados a esta prestação de serviços estão publicados em Despacho no Diário da República[8]. Os resíduos radioactivos recolhidos pelo ITN, como os detectores iónicos de fumo, são armazenados temporariamente, no Pavilhão de Armazenamento Interino de Resíduos, no campus de Sacavém No caso dos detectores iónicos de fumo assim como em outras matérias radioactivas, seja sob a forma de fontes a utilizar, seja sob a forma de resíduo radioactivo para desmantelamento e acondicionamento, é fundamental que os profissionais envolvidos (importadores, responsáveis pela instalação onde vão ser colocados os detectores de fumo, empresas de colocação e/ou retirada dos mesmos ao fim do tempo útil de vida e envio para o ITN como resíduo e transportadores) tenham a formação adequada às necessidades que a manipulação destas matérias exige, conheçam a legislação existente no território nacional mas também as directivas comunitárias que a ela dá origem. O objectivo é sempre a protecção do Homem e do Ambiente.

Referências [1] Radionucléides & Radioprotection, Guide Pratique; D. Delacroix, J.P.Guerre, P.Leblanc: Radioprotection, Vo.39, numéro spécial, EDP Sciences 2006. [2] Directiva 96/29/Euratom, do Conselho, de 13 de Maio de 1996. [3] Decreto – Lei nº 140, 17 de Agosto, Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Diário da República (I Série – A), nº 157, 17 de Agosto de 2005 . [4] Decreto – Lei nº 180/2002, de 8 de Agosto, Ministério da Saúde; Diário da República (I Série – A), nº 182, 8 de Agosto de 2002. [5] Classification of Radioactive Waste, IAEA, SS GSG -1, Vienna, 2009. [6] The Principles of Radioactive Waste Management, IAEA, SS 111 F, Vienna, 1995. [7] Decreto – Lei nº 165/2002, de 17 de Julho, Ministério da Saúde; Diário da República (I Série – A), nº 163, 17 de Julho de 2002. [8] Despacho nº 14641/2005 (2ª Série), Conselho Directivo do ITN, Diário da República (II Série), nº 126, 4 de Julho de 2005.

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Uma Visão de Mercado sobre a Segurança Electrónica Alexandre Chamusca Consultor Sistemas de Segurança

A começar nos pequenos alarmes até aos sistemas integrados, o mercado da segurança electrónica está a evoluir para níveis superiores de sofisticação, proporcionando novas ofertas de prestação de serviços à medida das necessidades dos clientes. ENQUADRAMENTO TECNOLÓGICO O automatismo mais conhecido do público em geral é o alarme, que ao longo dos últimos anos tem vindo a incorporar uma série de funções e interfaces que lhe permitem interagir com outros autómatos. Com a evolução da electrónica e a gradual sofisticação dos sistemas de segurança, os autómatos dedicados a funções de segurança passaram a integrar funções complementares quer ao nível da sua programação, com rotinas de lógica, quer ao nível do hardware, como accionar saídas de relé e “aceitar” interfaces de comando com protocolos específicos de domótica. Esta evolução “natural” destes sistemas electrónicos veio proporcionar combinações interessantes e economias de escala significativas ao nível da cablagem, mão-de-obra da instalação e programação dos equipamentos envolvidos. OS PEQUENOS SISTEMAS DE SEGURANÇA Hoje, um sistema de segurança além da detecção de intrusão, pode perfeitamente integrar a função de controlo de acessos de uma ou mais portas, com cartão e/ou etiquetas de proximidade, detecção de incêndio, detecção de fugas de gás, corte automático do gás e/ou água em caso de alarme técnico, accionamento automático de circuitos de iluminação (quer por programação horária, quer por detecção de presença coincidente com falta de luz), accionamento de aparelhos

(termoacumulador, bomba de água, radiadores eléctricos, estores motorizados, etc). Para o cliente (utilizador) esta evolução tornou exequíveis determinadas aplicações e acessíveis os seus consequentes benefícios que de outra forma, quer por uma questão de custos, quer de oportunidade de instalação, estariam totalmente fora de questão. Assim, quem decide a compra passou a ter a capacidade de compreender, além da necessidade de determinados sistemas electrónicos, a sua utilidade na conjuntura do seu bem-estar doméstico diário e da sua relativa facilidade de utilização. Por outro lado, passou também a ter a capacidade de avaliar o seu “custo/benefício” pela credibilidade (ou falta dela) que representa ter um serviço externo contratado, versus ter o controlo do seu próprio sistema de segurança. Com a integração nos sistemas de alarme de funções complementares, passou a ser possível desenvolver uma abordagem técnicocomercial diferente e diferenciada no mercado específico da segurança electrónica. Por exemplo, nas vivendas passou a fazer sentido pensar-se num ou mais circuitos de iluminação de segurança comandados pelo sistema de alarme, conforme as situações, a instalar-se uma electroválvula de gás e outra de água e integrar os alarmes técnicos na alarmística do sistema (corte automático em caso de detecção de fuga), assim como dotar

determinados detectores de movimento de uma dupla funcionalidade: de segurança, se o alarme estiver ligado, e de detecção de presença para accionamento automático de uma luz ou grupo de luzes, se o nível de luminosidade não for suficiente e for detectado movimento no local. O desenvolvimento das telecomunicações, quer móveis quer fixas, veio também proporcionar novas formas de interagir com os sistemas de alarme e consequentemente com os restantes sistemas integrados. Assim, passou a ser “banal” usar um telemóvel para ligar / desligar um alarme remotamente, assim como accionar uma luz ou um aparelho a partir do alarme. O custo implícito nesta acção complementar é irrisório, pois aproveita todos os componentes do alarme (comunicador telefónico, automatismo de comando, etc.) e até a sua forma de utilização. Sistemas que acendem as luzes assim que o dia começa a escurecer proporcionam conforto, mas também segurança, uma vez que deixa a impressão de que a casa parece ocupada. Se não quiser deixar nenhuma margem de dúvida na mente do ladrão, poderá até instalar um sistema de simulação de presença. Ao nível do reportar automático das ocorrências, passou a ser possível o sistema aferir qual o meio que deve utilizar, mediante a sua disponibilidade, ou seja, pode por exemplo tentar comunicar primeiro por telefone (analógico ou ADSL) e, caso a linha esteja cortada, comutar automaticamente para GSM e assim garantir que o sinal de alarme chega ao seu destinatário. Como informação alternativa e/ou complementar, pode também enviar uma mensagem para um endereço de e-mail e incluir as imagens de uma câmara associada ao espaço em alarme.


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CFTV – VÍDEO IP É O NOVO DESAFIO Perspectiva 80% das câmaras de videovigilância instaladas no mercado são ainda analógicas, apesar da tendência ser a instalação de câmaras IP (Internet Protocol). A questão que se põe às organizações é como migrar os sistemas de CFTV (Circuito Fechado de TV) analógicos existentes para IP. Não existem razões óbvias que forcem as organizações a abandonar os investimentos feitos na tecnologia analógica, mas por outro lado, existem razões para fazer os novos investimentos em tecnologia IP. Abordagem Os equipamentos IP têm várias vantagens, em particular no preço. O cabo categoria 6 custa aproximadamente 50% menos do que o cabo coaxial + cabo de comando + cabo de alarme + alimentação (caso se recorra ao PoE – Power over Ethernet). Se é preciso passar cabos para um sistema novo de CFTV, sai mais barato usar cabo categoria 6 e equipamentos de redes UTP do que os tradicionais cabos de alarme. Uma vez instalada uma rede local (LAN – Local Area Network) para segurança, é fácil e de baixo custo instalar os equipamentos de CFTV. As câmaras podem ser colocadas em qualquer sítio (plug-and-play), a resolução passa a ser configurável na base do número de sequências por segundo e passam a ser possíveis formatos Megapixel. Soluções híbridas: O caminho a seguir Migrar a solução de CFTV analógica para IP não implica abandonar por completo os investimentos feitos em equipamento analógico. Um sistema híbrido representa o caminho mais lógico e seguro para se passar do analógico para o IP. A chave do sucesso para instalações de CFTV híbridas é aproveitar todas as oportunidades para avançar para soluções IP, sempre que se justificar. Os equipamentos IP utilizam padrões de comunicação standard das redes, pelo que podem partilhar a mesma infra-estrutura de redes para a voz e dados, no entanto, por razões de segurança e de largura de 44

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banda disponível, é preferível que exista uma rede própria (intranet) para o sistema de CFTV por IP. Bem implementadas, as soluções híbridas são a evolução natural dos sistemas actuais de CFTV analógicos, tornando exequível a coexistência num mesmo sistema de câmaras analógicas e câmaras IP, com sistemas avançados de processamento e análise comportamental de imagens. OS SISTEMAS INTEGRADOS DE SEGURANÇA Actualmente, todos sentimos necessidade de protecção contra qualquer tipo de acidente ou acto que possa colocar em risco pessoas e/ou bens. Encontram-se nestes casos a prevenção contra os riscos de incêndio, fugas de gás, inundações, intrusão, roubo e vandalismo. Ao conjunto de medidas e equipamentos que previnem e detectam os riscos enunciados, convencionou-se designar por Segurança Integrada. Nas instalações de média/grande dimensão, desenvolver uma solução de segurança somente em torno da vigilância humana é muito dispendiosa e ineficaz em termos de prevenção e capacidade de resposta. Ou seja, o actual mercado de Segurança Humana não satisfaz, na maioria dos casos, as reais necessidades de segurança dos clientes, sendo difícil de aferir de uma forma positiva o retorno do investimento na área da Segurança. Dado que os riscos são diferentes de Cliente para Cliente é necessário passar a dimensionar Soluções Integradas de Segurança, focando sobretudo 3 elementos: > Elementos de detecção – antecipação de detecção/identificação; > Elementos de atraso – retardar a concretização do sinistro; >E lementos de actuação - em função dos elementos anteriores de forma a aumentar a probabilidade de intervenção; É preciso estabelecer padrões de segurança integrada (serviços especializados suportados na operacionalidade de equipamentos electrónicos de segurança) que, a longo prazo, permitam manter um nível eficaz de segurança, não só de detecção precoce,

como também de interrupção de qualquer ocorrência que ponha em risco as pessoas e/ou as instalações protegidas. CENTRAL RECEPTORA DE ALARME A nova plataforma de serviços Com a evolução do mercado e a crescente necessidade de prestação de serviços de valor acrescentado em várias áreas de negócio (directa e indirectamente ligadas à segurança), é fundamental poder-se contar com uma plataforma de gestão e tratamento de sinais que proporcione uma análise selectiva das situações. Em função do nível de serviço associado, essa plataforma deverá registar e reportar o processamento efectuado pelo operador escolhido para o efeito e permitir facturar automaticamente o serviço prestado, com o implícito reporte automático das acções tomadas. Posteriormente, deverá permitir avaliar o aproveitamento operacional desse operador, assim como do próprio sistema. O número de operadores e a capacidade de processamento ideais da central receptora são avaliados pelo próprio software do sistema, permitindo uma gestão operacional do centro de custo de forma racional e sustentada. Por outro lado, os hábitos dos clientes estão a mudar e o acesso directo dos utilizadores aos dados gerados pelos seus sistemas electrónicos é hoje uma necessidade e um valor acrescentado para a empresa de segurança que os vier a proporcionar. Essa informação permite garantir a confidencialidade dos dados do cliente e que este aproveite esses conteúdos como uma ferramenta de gestão interna (quer pessoal, quer profissional). Estamos a falar de uma forma superior de prestar serviços, de uma ferramenta de gestão e controlo de produtividade sem precedentes e sem a qual não será decerto possível evoluir sustentadamente na prestação dos serviços de valor acrescentado de segurança. Falta saber, por um lado, quando é que os prestadores dos serviços de segurança estarão realmente preparados para oferecerem contratos indexados a níveis de serviços; e, por outro lado, quando é que os clientes passam a estar conscientes da sua exposição ao risco, para saberem ao certo quais os níveis de serviços que devem contratar.


FICHA TÉCNICA nº22

SADI TIPO CONVENCIONAL INDICADOR DE ACÇÃO (SINALIZADOR) JUNHO 2010

PRINCÍPIO ACTIVO DE FUNCIONAMENTO

DEFINIÇÃO

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

Dispositivo de sinalização e alarme de incêndio: Componente de um sistema de detecção e alarme de incêndio que não está incorporado na unidade de controlo e sinalização e que é usado para transmitir um aviso de alarme de incêndio, neste caso aviso óptico (EN 54-1).

Os indicadores de acção sinalizam remotamente, através de sinal luminoso, um detector ou um grupo de detectores em alarme. Os indicadores de acção possuem um circuito eléctrico e um elemento de sinalização luminosa constituído por um ou mais led´s de alto brilho ou lâmpadas. Estes dispositivos são ligados a um dos detectores a sinalizar, em saídas próprias para o efeito (saídas de sinalização remota). Quando o detector entra em alarme, as saídas de sinalização remota são activadas, originando uma tensão nos terminais do circuito eléctrico do indicador de acção que provoca a activação do elemento óptico. No caso do indicador de acção sinalizar mais do que um detector, as saídas de sinalização devem ser interligadas entre si de modo que a activação de qualquer um dos detectores active o indicador de acção.

Indicador de zona: Componente de um equipamento de sinalização de alarme de incêndio que indica visualmente a zona de origem do alarme de incêndio ou sinal de avaria (NP 3874-3). Fig. 1 Esquema eléctrico do Indicador de Acção.

GARANTIAS Os indicadores de acção devem ser fabricados de acordo com a norma EN 54-23 e possuir marcação CE.

NORMAS APLICÁVEIS

APLICAÇÃO Recomenda-se a utilização destes dispositivos, sempre que possível, em todos os compartimentos fechados, uma vez que aumentam a rapidez da detecção precoce do incêndio, e, consequentemente, a eficácia do combate ao incêndio. A sua instalação, quando sinalizam um compartimento fechado, deve ser efectuada por cima de todas as portas que dão acesso ao espaço em causa e de modo a sinalizar todos os detectores desse espaço. Quando existirem detectores acima do tecto falso (tecto real) ou chão falso, recomenda-se a existência de sinalizadores independentes para cada um dos casos, devendo os sinalizadores estar devidamente identificados relativamente à área que sinalizam.

NP EN 54-1 Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 1: Introdução. NP 3874-3 Segurança contra incêndio. Terminologia. Parte 3: Detecção e alarme de incêndio. prEN 54-23 Fire detection and fire alarm systems - Part 23: Fire alarm devices - Visual alarms. DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS Ficha Técnicas: nº4 / nº6 / nº9 / nº13 / nº14 / nº15 / nº18

SINALIZAÇÃO E ALARME E TRANSMISSÃO DE ALARME Os indicadores de acção possuem um indicador luminoso, normalmente de cor vermelha, que acende de modo fixo ou intermitente quando o(s) detector(es) associado(s) entra(m) em alarme.

MANUTENÇÃO A verificação do funcionamento do indicador de acção deve ser efectuada aquando da verificação do(s) detectore(s) que lhe é(são) associado(s), pelo que o plano de manutenção dos indicadores de acção deve ser coincidente com o plano de manutenção dos detectores pontuais. Deve ser produzido um relatório escrito das inspecções periódicas efectuadas, devendo os resultados destas inspecções ser registados no livro de registo de ocorrências do sistema.

1 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt


FICHA TÉCNICA nº23

SADI TIPO CONVENCIONAL DISPOSITIVOS DE ALARME DE INCÊNDIOS (SIRENE) JUNHO 2010

PRINCÍPIO ACTIVO DE FUNCIONAMENTO DEFINIÇÃO

Os dispositivos de alarme de incêndio devem ser do tipo electrónico, em conformidade com o disposto na EN 54-3.

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

Dispositivo de Alarme de Incêndios: Dispositivo que emite um som destinado a dar um sinal sonoro em caso de incêndio, como resultado de um alarme de um sistema automático de detecção de incêndio, e que tem como objectivo o alerta dos ocupantes do edifício.

Fig. 1 - Símbolo gráfico de um dispositivo de alarme de incêndios

Nota: Existem ainda dispositivos sonoros de alarme de incêndio que contêm todos os componentes necessários à produção e emissão de mensagens de voz gravadas (voice alarm).

GARANTIAS Os dispositivos de alarme de incêndio devem ser fabricados de acordo com a norma EN 54-3 e possuir marcação CE.

NORMAS APLICÁVEIS NP EN 54-1 Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 1: Introdução.

EN 54-3 Fire detection and fire alarm systems. Part 3: Fire alarm devices Sounders .

PRNP EN 54-14 Sistema de detecção de incêndios e de alarme de incêndios – Parte 14: Especificações técnicas para planeamento, projecto, colocação em serviço, exploração e manutenção. DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS

APLICAÇÃO Os dispositivos de alarme de incêndio devem ser instalados no interior dos edifícios, em número nunca inferior a dois, mesmo que o nível sonoro recomendado possa ser alcançado por um único dispositivo. Nos compartimentos corta-fogo, por sua vez, deve ser instalado pelo menos um dispositivo. O número e tipo de equipamentos de alarme de incêndio devem ser suficientes para produzir o nível sonoro recomendável. O uso do alarme sonoro de incêndio para outros fins só é possível se a resposta necessária for idêntica à requerida em caso de incêndio (por exemplo a evacuação imediata da área em que o alarme soa utilizando os caminhos de evacuação e saídas de emergência). Se for pretendida qualquer outra resposta, o alarme de incêndio não deve ser utilizado, a menos que seja acompanhado por outra informação.

TRANSMISSÃO DE ALARME Níveis Sonoros O som do alarme de incêndio deve ter um nível mínimo de 65 dB(A), devendo ser sempre 5 db(A) superior a qualquer outro ruído que possa persistir por um período superior a 30 s, e um nível máximo de 120 dB(A) em qualquer ponto onde possam circular pessoas. Os níveis mínimos referidos devem ser obtidos em qualquer ponto em que o som de alarme deva ser audível. Frequência Sonora O som de alarme de incêndio deve estar numa faixa de frequência facilmente audível aos ocupantes normais do edifício, geralmente entre os 500 Hz e os 2000 Hz. Continuidade Sonora O som do alarme de incêndio deve ser contínuo. Em circunstâncias especiais e como informação adicional, podem ser usadas sirenes intermitentes ou com uma variação em frequência e amplitude, caso os utilizadores do local sejam treinados para esta estratégia de resposta ao incêndio e esteja excluída uma interpretação errada por parte dos visitantes.

MANUTENÇÃO De modo a garantir a fiabilidade dos dispositivos de alarme de incêndios, aconselha-se que estes sejam sujeitos a pelo menos duas manutenções anuais. Nestas manutenções deve confirmar-se que os dispositivos estão a funcionar correctamente e que estão ajustados e seguros, não danificados e adequadamente protegidos. Sempre que se verifique um mau funcionamento, esta ocorrência deve ser registada no livro de registos e a acção correctiva deve ser tomada tão cedo quanto possível. Complementarmente, pelo menos uma vez em cada três meses o Responsável de Segurança deve averiguar eventuais mudanças estruturais ou ocupacionais que possam ter afectado os requisitos para a localização das sirenes.

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LEGISLAÇÃO

Legislação Decreto-Lei nº 90/2010, de 22 de Julho

Aprova, simplificando, o novo Regulamento de Instalação, de Funcionamento, de Reparação e de Alteração de Equipamentos sob Pressão, revogando o Decreto-Lei n.º 97/2000, de 25 de Maio.

Directiva nº 2010/35/EU, de 30 de Junho

Relativa aos equipamentos sob pressão transportáveis e que revoga as Directivas 76/767/CEE, 84/525/CEE, 84/526/CEE, 84/527/CEE e 1999/36/CE do Conselho.

Decreto Legislativo Regional nº11/2010/M, de 25 de Junho

Adapta à Região Autónoma da Madeira o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, que estabelece o regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios.

Decisão nº2010/345/EU, de 22 de Junho de 2010

Decisão da Comissão, de 8 de Junho de 2010, que altera a Decisão 2007/589/CE no que diz respeito à inclusão de orientações para a monitorização e comunicação de informações relativas às emissões de gases com efeito de estufa resultantes da captura, transporte e armazenagem geológica de dióxido de carbono [notificada com o número C (2010) 3310].

Portaria nº 314-B/21010, de 14 de Junho

Define o modo de utilização do dispositivo electrónico de matrícula para efeitos de cobrança electrónica de portagens.

Portaria nº 314-A/2010, de 14 de Junho

Estabelece os termos e as condições a que obedece o tratamento das bases de dados obtidos mediante a identificação ou a detecção electrónica de veículos através do dispositivo electrónico de matrícula.

Comunicação nº 2010/C136/01, de 26 de Maio de 2010

Comunicação da Comissão no âmbito da execução da Directiva 2006/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio de 2006, relativa às máquinas e que altera a Directiva 95/16/CE (reformulação) (Publicação dos títulos e referências das normas harmonizadas ao abrigo da directiva).

Regulamento nº 453/2010, de 20 de Maio

Regulamento (UE) n.o 453/2010 da Comissão, de 20 de Maio de 2010, que altera o Regulamento (CE) n.o 1907/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho relativo ao registo, avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH).

Decreto-Lei nº 41-A/2010, de 29 de Abril

Regula o transporte terrestre, rodoviário e ferroviário, de mercadorias perigosas, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/90/CE, da Comissão, de 3 de Novembro, e a Directiva n.º 2008/68/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de Setembro.

Normalização LISTA DE NORMAS PORTUGUESAS E EUROPEIAS PUBLICADAS NP 4492:2010 EN 54-23:2010 EN 1147:2010 EN 1366-4:2006+A1:2010 EN 1366-5:2010 EN 1991-1-4:2005/A1:2010

Requisitos para a prestação de serviços de manutenção. Fire detection and fire alarm systems. Part 23: Fire alarm devices – Visual alarm devices. Portable ladders for fire service use. Fire resistance tests for service installations. Part 4: Linear joint seals. Fire resistance tests for service installations. Part 5: Service ducts and shafts. Eurocode 1: Actions on structures. Part 1-4: General actions – Wind actions.

EN 13238:2010

Reaction to fire tests for building products. Conditioning procedures and general rules for selection of substrates.

EN 15650:2010

Ventilation for buildings. Fire dampers.

EN 50132-1:2010

Alarm systems – CCTV surveillance systems for use in security applications. Part 1: System requirements.

EN 60079-29-4:2010

Explosive atmospheres. Part 29-4: Gas detectors – Performance requirements of open path detectors for flammable gases (IEC 60079-29-4:2009).

EN 60332-3-10:2009

Tests on electric and optical fibre cables under fire conditions. Part:3-10: test for vertical flame spread of vertically-mounted bunched wires or cables - Apparatus.

EN 60332-3-21:2009

Tests on electric and optical fibre cables under fire conditions. Part 3-21: test for vertical flame spread of vertically-mounted bunched wires or cables – category A F/R.

EN 60332-3-22:2009

Tests on electric and optical fibre cables under fire conditions. Part 3-22: Test for vertical flame spread of vertically-mounted bunched wires or cables – category A (IEC 60332-3-22:2000+A1:2008).

EN 60332-3-23:2009

Tests on electric and optical fibre cables under fire conditions. Part 3-23: Test for vertical flame spread of vertically-mounted bunched wires or cables – category B (IEC 60332-3-23:2000+A1:2008).

CEN/TS 15989:2010

Firefighting vehicles and equipment. Symbols for operator controls and other displays.

EN ISO 1182:2010 EN ISO 10497:2010

Reaction to fire tests for products. Non-combustibility test (ISO 1182:2010). Testing for valves. Fire type-testing requirements (ISO 10497:20109.

ABRIL A JUNHO ‘10

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PRÓXIMOS EVENTOS SOBRE SEGURANÇA

Agenda AGOSTO ‘10 6 a 8 Indesec 2010 Pragati Maidan – Nova Deli, Índia www.indesec-expo.com

SETEMBRO ‘10 23 a 26 14th International Security, Fire, Emergency, Search-rescue & RFID Fair Istanbul Expo Center – Istambul, Turquia www.marmarafuar.com.tr

OUTUBRO ‘10 5 a 8 Security Essen Messe Essen - Essen, Alemanha www.security-messe.de 19 a 21 Segur-Show 2010 Hotel Tamanaco Intercontinental – Caracas, Venezuela www.segurshowonline.com 19 a 22 NFPA-APSEI Fire & Security 2010 Centro de Congressos de Lisboa – Lisboa, Portugal www.nfpaportugalconference.com

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