SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€
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FABRICO NACIONAL BOSCH Videovigilância: Portugal no centro do mundo EVACUAÇÃO Evacuação em caso de incêndio de pessoas com limitações
INOVAÇÃO Soluções tecnológicas de segurança Via IP
TEMA DE CAPA
PROTECÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS CRÍTICAS GESTÃO DE RISCO, PROTECÇÃO DE SUBESTAÇÕES ELÉCTRICAS E DE ARQUIVOS E BIBLIOTECAS
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Editorial Maria João Conde
Duas grandes tendências parecem desenhar-se no safety e security a nível mundial: a consolidação da engenharia de segurança contra incêndio baseada no desempenho e os sistemas de segurança sobre IP.
Um dos factores que mais mudanças tem introduzido na vida de todos nós são as tecnologias de informação. Mais pacífica do que uma guerra mundial e mais silenciosa do que uma revolução industrial, a era da informação tem alterado os nossos métodos de trabalho, democratizado o acesso à informação e está mesmo a transformar a forma como nos relacionamos socialmente, na esfera privada. Graças à investigação e desenvolvimento, a actividade de segurança tem acompanhado de forma célere, quase que em simultâneo, as mutações da economia e sociedade. Esta evolução constante exige dos profissionais de segurança, sejam eles projectistas, fabricantes ou instaladores, uma atitude de permanente busca de conhecimento e de triagem de informação relevante para a respectiva actividade. Duas grandes tendências parecem desenhar-se no safety e security a nível mundial. Por um lado, a consolidação da engenharia de segurança contra incêndio, baseada no desempenho, surgindo como resposta às insuficiências da regulamentação prescritiva. Por outro lado, os sistemas de segurança sobre IP (Internet Protocol) abrem a possibilidade de um conjunto de interacções com outros sistemas que estão a revolucionar a forma de pensar a segurança. O projecto de segurança contra incêndio em edifícios é diariamente posto em causa. A evolução dos materiais e técnicas de construção, a concentração urbana, os espaços subterrâneos, a conjugação num só edifício de vários utilizações-tipo, a criatividade dos arquitectos, são apenas alguns dos factores que desafiam a segurança contra incêndio. A par dos regulamentos prescritivos de segurança, os regulamentos baseados no desempenho permitem a optimização de soluções e a redução de custos de construção sem diminuir os níveis de segurança. Num parque urbano existente e com necessidades elevadas de recuperação, como é o caso do português, parecem existir condições para a invocação do artigo 14.º da perigosidade atípica do RJ-SCIE e o desenvolvimento de uma engenharia de segurança contra incêndio em Português. Na segurança electrónica, a videovigilância sobre IP continua a marcar a ordem do dia. Os sistemas analógicos, que continuem a maioria do parque instalado, têm perdido terreno face à tecnologia IP, sobretudo nas novas instalações de CFTV, mas também nas existentes uma vez que os equipamentos IP adaptam-se ao sinal analógico para efeitos da conservação e tratamento de imagem em IP. A análise de conteúdo de imagens também está a ganhar progressivo interesse pelo facto de permitir apoiar a tomada de decisão em tempo real por parte das forças de segurança. O facto das redes IP permitirem a cooperação entre os sistemas de segurança (CFTV, intrusão, incêndio, controlo de acessos, sistemas de evacuação por voz) e outros sistemas (Internet, email), por um lado, e o desenvolvimento de plataformas de comunicação abertas, por outro lado, permitem a criação de sinergias a um nível sem precedentes, com ganhos de rentabilidade importantes para as entidades que exploram estes sistemas. Mas, para além da montra de tecnologias e soluções, o NFPA-APSEI Fire & Security 2010 que decorreu no passado mês de Outubro demonstrou que o hiato existente entre Portugal e o resto do mundo em termos de conhecimento e know how em segurança está em franca regressão, fruto de uma maior consciência dos vários intervenientes no mercado da segurança, desde os projectistas aos responsáveis de segurança. De elementar justiça será referir o papel fundamental que o meio académico tem tido nesta revolução de mentalidades, com destaque para a Universidade de Coimbra e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil que, nos últimos anos, não só têm transmitido importantes ferramentas de trabalho aos projectistas, como têm despertado as mentes para a investigação e criação de conhecimento. Este incentivo tem culminado na produção de um conjunto de teses sobre diversos temas da engenharia de segurança contra incêndio que a Proteger tem procurado divulgar. Maximizar a capacidade competitiva, procurar novos mercados, dedicar mais esforço à investigação e desenvolvimento, elevar a produtividade mediante o investimento da inovação empresarial e a formação contínua dos técnicos, são estas as directrizes que as entidades e os profissionais da segurança devem dedicar permanente atenção para subsistir no actual mercado e colocar a segurança no patamar que ela merece enquanto garantia do desenvolvimento económico e social do país. JANEIRO A MARÇO ‘11
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Sumário
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JANEIRO A MARÇO 2011
01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. CNPD simplifica notificações dos sistemas de videovigilância. Portal Segurança Online disponibiliza conteúdos gratuitamente. Medidas Apertadas no Controlo da Marcação CE. Cursos da APSEI apresentados no SEGUREX 2011. 07 Institucional. Instituto Português da Qualidade 53+54 Ficha técnica APSEI nº26 e nº28. Detector de Fumo por Aspiração e Equipamento de Alimentação de Energia. 55 Legislação e Normalização. 56 Agenda.
ARTIGO DE CAPA 08 Protecção de Infra-estruturas Críticas Protecção e Gestão de Risco de Infra-estruturas Críticas Maria Manuel Farinha
15 Sistema Anti-roubos nas Subestações da REN REN
18 Detecção e Extinção de Incêndio em Arquivos e Bibliotecas – Proteger o que não se Pode Perder Rui Gramunha
FABRICO NACIONAL 25 Videovigilância: Portugal no Centro do Mundo Reportagem sobre a fábrica da Bosch Security Systems localizada em Ovar, onde são produzidos os sistemas de videovigilância de toda a Bosch. Maria João Conde e Gonçalo Sítima
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Qualquer perda ou dano tem o seu impacto. (...) As diferentes infra-estruturas críticas, pela sua função ou utilização, são exemplos da extrema importância da existência de medidas de segurança especiais. Aeroportos, estações de comboios, refinarias, estações eléctricas, centros informáticos ou bibliotecas são algumas das infra-estruturas que exigem medidas de protecção que sejam capazes não só de impedir eficazmente a interrupção no funcionamento ou a perda de bens, mas também de possibilitar a contenção e recuperação caso ocorra algum incidente.
SECTOR 29 Exigências das Medidas de Autoprotecção Obrigações legais decorrentes do Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios no âmbito das medidas de autoprotecção. Marco Miguel 02
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Direcção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira e Mélanie Cuendet Publicidade Miguel Santos Colaboradores neste número A. Tovim Batista, Bruno Banha, Daniel Fernandes, Elisabete Cordeiro, José Luís Nogueira, Marco Miguel, Maria Manuel Farinha, Rui Gramunha, Susana Neves, Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio Administração, Redacção e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail apsei@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt/proteger Fotografia Gonçalo Sítima, iStockPhoto Design José Mendes (Big Book) Pré-press Critério Produção Gráfica, Lda Impressão MR Artes Gráficas Periodicidade Trimestral Tiragem 4000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288
INFORMAÇÃO TÉCNICA 32 Evacuação em Caso de Incêndio de Pessoas com Limitações Estudo das condições de evacuação de edifícios para pessoas com incapacidades visuais, auditivas e com mobilidade reduzida. Recomendações de melhoria das condições de segurança para pessoas com limitações. Susana Neves
38 Isolamento com Painéis Sanduíche Características de segurança dos painéis sanduíche, garantias da marcação CE e enquadramento legal em Portugal. José Luís Nogueira
40 Estudo sobre o Comportamento Humano em Caso de Incêndio Apresentação dos resultados de um estudo efectuado sobre o comportamento das pessoas perante uma situação de incêndio num edifício. Elisabete Cordeiro
Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio.
44 Detecção de Incêndio em Residências Características dos detectores de incêndio e da sua aplicação em casas. Daniel Fernandes
SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€
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FABRICO NACIONAL BOSCH Videovigilância: Portugal no centro do mundo EVACUAÇÃO Evacuação em caso de incêndio de pessoas com limitações
INOVAÇÃO Soluções tecnológicas de segurança Via IP
OPINIÃO
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48 Protecção Automática Contra Incêndios – Um Instrumento de Sustentabilidade Características técnicas dos sistemas de extinção automática por sprinklers e abordagem à legislação e normalização em vigor.
TEMA DE CAPA
A. Tovim Batista
PROTECÇÃO DE INFRA-ESTRUTURAS CRÍTICAS GESTÃO DE RISCO, PROTECÇÃO DE SUBESTAÇÕES ELÉCTRICAS E DE ARQUIVOS E BIBLIOTECAS
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA 51 Soluções Tecnológicas de Segurança Via IP Evolução da tecnologia digital, integração e protecção de sistemas de Segurança. Bruno Banha JANEIRO A MARÇO ‘11
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NOTÍCIAS
CNPD SIMPLIFICA NOTIFICAÇÕES DOS SISTEMAS DE VIDEOVIGILÂNCIA qual se pretende instalar o sistema de videovigilância, deve ser preenchido o formulário geral de videovigilância, também disponível na página electrónica da CNPD.
Desde o passado dia 13 de Janeiro que já é possível submeter electronicamente o pedido de autorização de instalação das câmaras fixas de videovigilância à Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), tendo em consideração as actividades desenvolvidas e as características dos locais em que se pretende efectuar a instalação. Na página electrónica da CNPD são disponibilizados formulários específicos para vários tipos de edifícios, como por exemplo instituições financeiras, condomínios, discotecas, estabelecimentos de ensino, escritórios, farmácias, hospitais, hotéis, indústrias, lares de terceira idade, parques de estacionamentos e estabelecimentos de restauração, entre outros. Se nenhum dos formulários disponíveis for ajustado ao edifício no
PORTAL SEGURANÇA ONLINE DISPONIBILIZA CONTEÚDOS GRATUITAMENTE
A utilização de câmaras de videovigilância em locais públicos de utilização comum, para captação e gravação de imagens e som, é regulamentada pela Lei nº 1/2005, de 10 de Janeiro. Este diploma legislativo estabelece que a instalação de câmaras fixas está sujeita a autorização por parte da CNPD. Das informações que devem constar no pedido de autorização, destacam-se as referentes aos locais públicos que são objecto de observação pelas câmaras fixas, as características técnicas do equipamento que se pretende instalar e os fundamentos justificativos da necessidade da instalação do equipamento. A autorização é concedida, no máximo, por um período de um ano, estando sujeita a renovação, mediante comprovação da manutenção dos fundamentos invocados para a sua concessão. A solicitação da autorização deve ser efectuada pelo proprietário do sistema e está sujeita ao pagamento de uma taxa de €150, o qual deverá ser feito no prazo de três dias úteis após a submissão do formulário electrónico.
O portal Segurança Online prepara-se para disponibilizar gratuitamente a todos os utilizadores os seus principais conteúdos informativos sobre diferentes áreas de segurança de pessoas e bens. A liberalização dos conteúdos reservados inclui os comentários e desenhos explicativos da actual legislação de segurança contra incêndio, o acervo legislativo sobre diferentes áreas da segurança, sínteses normativas do sector, diversos documentos técnicos e a possibilidade de efectuar pesquisas avançadas no interior da legislação e da documentação do portal. De acordo com Maria João Conde, secretária-geral da APSEI “pretendese com esta medida democratizar o acesso a informação credível e aprofundada sobre segurança a todos os profissionais e cidadãos”. Outra das novidades presentes na versão renovada do Segurança Online consiste numa nova secção direccionada para a população em geral, onde serão abordadas questões de prevenção e cidadania. “O aumento da consciencialização dos portugueses em matéria de prevenção e segurança é um importante objectivo do portal Segurança Online. Queremos ir além dos profissionais deste sector e interagir com a população em geral, fornecendo-lhes informações simples, fáceis de compreender e de transmitir, por exemplo, entre pais e filhos, ou professores e alunos”, acrescenta a representante da APSEI. Refira-se ainda que algumas das funcionalidades do portal para profissionais irão manter-se reservadas, nomeadamente as ferramentas de cálculo para projectistas e o serviço de esclarecimento de questões técnicas. O Segurança Online encontra-se ainda em fase de reformulação, estando previsto o seu relançamento em Abril deste ano.
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NOTÍCIAS
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MEDIDAS APERTADAS NO CONTROLO DA MARCAÇÃO CE Entrou em vigor, no passado dia 12 de Fevereiro, o Decreto-Lei nº 23/2011, que estabelece as sanções a aplicar aos operadores económicos que não cumprirem o estabelecido na legislação comunitária no referente à aposição da marcação “CE”. Este diploma, que complementa as disposições do Regulamento (CE) nº 765/2008, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Julho, designa ainda as entidades responsáveis pela recolha, retirada ou proibição de disponibilização no mercado de produtos não conformes. Pretende-se assim garantir a efectiva aplicação dos princípios de reforço dos mecanismos de fiscalização do mercado no que respeita aos produtos que apresentem risco para os consumidores. A marcação “CE” não é mais do que a prova da conformidade de um produto com os requisitos essenciais estabelecidos na regulamentação europeia que lhe é aplicável, sendo a sua aposição e a realização da sua avaliação de conformidade da responsabilidade do fabricante. No entanto, as responsabilidades não
terminam aqui, já que os distribuidores têm a obrigação de verificar, e comprovar, a existência da marcação “CE” nos produtos que colocam no mercado nacional.
classe de produto em causa, nomeadamente o INFARMED, o ICP-ANACOM, o IMTT, I.P., a PSP e a DGAIEC, esta última no referente ao controlo da fronteira externa.
Com a publicação do Decreto-Lei nº 23/2011, também os organismos responsáveis pela avaliação de conformidade dos produtos com as normas europeias harmonizadas que lhes são aplicáveis passam a ter responsabilidades, já que passam a ter de ser acreditados e continuamente controlados por um organismo de acreditação nacional, que em Portugal é o Instituto Português de Acreditação, I.P. (IPAC, I.P.).
Com o referido diploma legislativo são ainda estabelecidas novas sanções. Desta forma, passam a ser puníveis com coima que pode ir até €44.890, no caso de pessoas colectivas, a recusa, pelos operadores económicos, de apresentação de documentação e informação ou de acesso às suas instalações às autoridades de fiscalização. É também punida a aposição da marcação “CE” em produtos não conformes com os requisitos aplicáveis da legislação comunitária de harmonização aplicável, a falta de aposição da marcação “CE” em produtos para os quais esta marcação esteja prevista em disposição comunitária de harmonização específica, a aposição de marcações nos produtos susceptíveis de induzir terceiros em erro no referente à marcação “CE” e a aposição de qualquer outra marcação no produto que possa prejudicar a visibilidade e a legibilidade da marcação “CE”.
Por outro lado, no referente à fiscalização da marcação “CE”, é reforçada a competência da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) na adopção de medidas de proibição, de restrição de disponibilização, de retirada ou de recolha de produtos não conformes. Adicionalmente são designados, para a adopção destas medidas, outras autoridades fiscalizadoras à luz da legislação específica aplicável à
CURSOS DA APSEI APRESENTADOS NO SEGUREX 2011 A APSEI apresenta dois novos cursos técnicos na edição deste ano do SEGUREX - Salão Internacional de Prevenção e Segurança, que decorre na FIL entre 16 e 19 de Março. O Curso de Sistemas de Videovigilância e o Curso de Organização e Gestão de Segurança Contra Incêndio (SCI) são as duas mais recentes novidades no catálogo de formação da APSEI. O Curso de Organização e Gestão de SCI irá focar-se nas medidas de autoprotecção exigidas pela actual regulamentação de segurança contra incêndio em edifícios, dirigindo-se principalmente aos responsáveis e delegados de segurança, gestores de edifícios, técnicos e consultores de segurança, projectistas, agentes de fiscalização, entre outros. No final
do curso os formandos terão a capacidade de constituir as medidas de autoprotecção e exigências por utilização-tipo e categoria de risco, de identificar os edifícios de utilização mista com gestão diferenciada e a implementação da organização de segurança. O curso abordará também as acções de sensibilização e formação em Segurança contra Incêndios em Edifícios, assim como o regime sancionatório associado a esta área. Por sua vez, o Curso de Sistemas de Videovigilância tem como conteúdos programáticos a definição dos objectivos da videovigilância, assim como os princípios de funcionamento deste tipo de aplicações. Abordando as tecnologias associadas aos
sistemas de videovigilância, os formandos ficarão a conhecer os tipos de câmaras disponíveis no mercado e o seu funcionamento, o tipo de meios de transmissão, as tecnologias de compressão digital, de gravação e transmissão de imagens. A restante oferta formativa da APSEI inclui ainda cursos de Manutenção de Extintores e de Sistemas de Detecção de Incêndio e Gases. Até ao final do ano a APSEI promete apresentar novas acções de formação, com destaque para o Curso para Técnicos Responsáveis de Segurança contra Incêndios em Edifícios que pretende dar cumprimento às exigências legais decorrentes da Portaria nº 773/2009, no referente à acreditação dos Técnicos Responsáveis.
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INSTITUCIONAL
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Instituto Português da Qualidade O IPQ tem a missão de contribuir para o desenvolvimento do país, através da gestão do Sistema Português da Qualidade, nos seus três subsistemas, Normalização, Metrologia e Qualificação. Através da Normalização garante o acompanhamento da actividade normativa europeia e internacional, a manutenção actualizada do acervo normativo português e a coordenação da actividade normativa nacional envolvendo uma rede de 55 ONS - Organismos de Normalização Sectorial, que coordenam os trabalhos de 164 Comissões Técnicas com mais de 3400 peritos envolvidos. As normas são acordos documentados e voluntários resultantes do consenso entre as partes interessadas, que estabelecem regras, guias ou características de produtos ou serviços, com carácter repetitivo, assentes em resultados consolidados, científicos, técnicos ou experimentais, tornando-se uma ferramenta poderosa na autodisciplina dos agentes activos dos mercados, facilitando a competitividade das organizações e a inovação em produtos e serviços, garantindo a interoperabilidade. A adopção das normas conduz à racionalização e à simplificação de processos, produtos e serviços e facilita a comunicação, ao criar uma linguagem comum e objectiva, estabelecendo as bases de referência necessárias ao exercício das actividades de certificação e regulação técnica. Estudos recentes independentes, demonstram o significativo contributo da Normalização
para o desenvolvimento do PIB e da actividade económica dos países, tendo mesmo sido estimado no caso da Alemanha, e muito recentemente na França, que esse impacto é da ordem de 1% do PIB. As empresas, qualquer que seja a sua dimensão, não podem deixar de verificar se, no âmbito da sua actividade, existem normas aplicáveis, europeias ou internacionais, que deverão cumprir em nome da facilidade de transacção dos seus bens no mercado. As Normas e as actividades de Normalização são um forte impulso aos processos em que as novas tecnologias são adoptadas e utilizadas pelas empresas e pelos consumidores. Dado que disponibilizam informação, as normas têm um papel importante como estimulo numa actividade de conhecimento intensivo como é a inovação, permitindo evoluir das “melhores práticas” para “as novas práticas”. A normalização tem também uma dimensão de interesse público, sobretudo quando estão em causa questões de segurança e saúde, ou questões relacionadas com o ambiente, como é o caso particular da segurança contra incêndios. Registamos com prazer o facto de a Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio (APSEI), se ter constituído como ONS em Março de 2010, através da assinatura do Protocolo e Cooperação com o IPQ, tendo procedido à reestruturação e impulsionado a actividade normativa da CT 46 “Segurança contra
incêndios”, com quatro subcomissões e oito grupos de trabalhos, no sentido de assegurar o acompanhamento dos Comités Técnicos europeus, internacionais, e preparar a versão portuguesa das respectivas normas, bem com rever as normas portuguesas de origem, de que se salienta a NP 4413:2006 “Segurança contra incêndios. Manutenção de extintores”, de elevada importância para o sector. O ONS/APSEI acompanha diversos comités técnicos europeus e internacionais: CEN/TC 70 - Manual means of firefighting equipment; CEN/TC 72 - Fire detection and fire alarm systems; CEN/TC 93 – Ladders; CEN/TC 127 - Fire safety in buildings; CEN/TC 191 - Fixed firefighting systems; CEN/TC 192 - Fire service equipment; CEN/CLC/TC 4 (Project Committee) - Services for fire safety and security systems; ISO/TC 21 - Equipment for fire protection and fire fighting; ISO/TC 92 - Fire safety; ISO/TC 145 - Graphical symbols. Não obstante ser um ONS recentemente constituído, apraz-nos registar ter-se revelado com uma postura dinâmica, comprometendo-se com um plano de actividades para 2011 envolvendo duas dezenas de relevantes documentos, desde a produção de novas normas, revisão de outras e tradução de normas europeias e internacionais, dando assim um importante contributo para o aumento generalizado da qualidade no sector e um exemplo a seguir para quem vê na Normalização um pilar essencial para o reforço da economia e da qualidade de vida dos cidadãos. JANEIRO A MARÇO ‘11
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Protecção de Infra-estruturas críticas Qualquer perda ou dano tem o seu impacto. E embora a perda directa de vidas humanas seja a mais grave consequência de qualquer incidente, também as perdas materiais poderão ter repercussões irrecuperáveis. As diferentes infra‑estruturas críticas, pela sua função ou utilização, são exemplos da extrema importância da existência de medidas de segurança especiais. Aeroportos, estações de comboios, refinarias, estações eléctricas, centros informáticos ou bibliotecas são algumas das infra-estruturas que exigem medidas de protecção que sejam capazes não só de impedir eficazmente a interrupção no funcionamento ou a perda de bens, mas também de possibilitar a contenção e recuperação caso ocorra algum incidente.
Protecção e Gestão de Risco de Infra-estruturas Críticas Maria Manuel Farinha Centro de Segurança do ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade
A ameaça do terrorismo internacional e o crescente número de desastres naturais constituíram, em cada Estado-Membro, um desafio crescente para a protecção das infraestruturas críticas (PIC). De acordo com o Conselho Nacional do Planeamento Civil de Emergência (CNPCE), considera-se Infra-estrutura Crítica (IC), aquela
cuja destruição total ou parcial, disfunção ou utilização indevida possa afectar, directa ou indirectamente, de forma permanente ou prolongada: ≥ O funcionamento do sector a que pertence, ou de outros sectores; ≥ O funcionamento de Órgãos de Soberania;
≥ O funcionamento de Órgãos da Segurança Nacional; ≥ Os Valores Básicos, afectando, desta forma, gravemente, o Bem-Estar Social. A sua criticidade determinar-se-á pelo impacto que a sua destruição, disfunção ou utilização indevida possa determinar no conjunto dos critérios referidos.[1]
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CAPA
≥ Terminal de Gás Natural em Sines.
NA UNIÃO EUROPEIA Em 20 de Outubro de 2004, a Comissão adoptou uma Comunicação relativa à PIC e propôs a elaboração de um “Programa Europeu de Protecção de Infra-Estruturas Críticas”, (PEPIC). Em 17 de Novembro de 2005, a Comissão adoptou um livro verde sobre um PEPIC, que veio reforçar o valor acrescentado da existência de um enquadramento comunitário em matéria de protecção das IC. Em Dezembro de 2005, o Conselho (Justiça e Assuntos Internos) solicitou à Comissão que apresentasse uma proposta de PEPIC com enfoque na abordagem de todos os riscos, com destaque para a luta contra as ameaças de terrorismo. Esta abordagem deveria atender às ameaças humanas e tecnológicas e às catástrofes naturais no processo das PIC, embora devesse privilegiar as ameaças de terrorismo. Em Abril de 2007, o Conselho aprovou conclusões sobre o PEPIC reafirmando que em última instância, é da responsabilidade dos Estados-Membros assegurar a PIC nos respectivos territórios. A Directiva 2008/114/CE do Conselho veio assim estabelecer um procedimento de identificação e designação das Infra-estruturas Críticas Europeias (ICE) e uma abordagem comum relativa à avaliação da necessidade 10
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de melhorar a sua protecção, de modo a contribuir para a protecção das pessoas.[1] De acordo com esta Directiva, a ICE, é a infra-estrutura situada nos Estados-Membros, cuja perturbação ou destruição tenha um impacto significativo em pelo menos dois Estados-Membros, sendo o impacto avaliado em função de critérios transversais, incluindo os efeitos resultantes de dependências intersectoriais em relação a outros tipos de infra-estruturas.[1] EM PORTUGAL Em 2003, o CNPCE iniciou o desenvolvimento do Projecto PIC com o objectivo de uma definição estratégica das infra-estruturas Nacionais a proteger, quer em situação de crise, quer do ponto de vista preventivo, através da definição de políticas mais adequadas para a sua protecção, o qual se divide em duas etapas: 1. Identificação e classificação das infraestruturas fundamentais para o normal funcionamento do país e o bem-estar da sua população, ou ainda para o manter em níveis de funcionamento aceitáveis, em situação de crise; 2. Elaboração do Programa Nacional para a Protecção de Infra-estruturas Críticas. Identificação e avaliação das vulnerabilidades das infra-estruturas identificadas, face às principais ameaças passíveis de as atingir.
Estudo e apoio à implementação das medidas de prevenção com vista a conter os riscos em níveis considerados aceitáveis.[2] A primeira etapa permitiu classificar, com base na sua importância relativa, os Sectores Estratégicos Nacionais (29) e identificar as Infraestruturas críticas (aprox. 12.000). Da análise dos dados, conclui-se nomeadamente que algumas IC estão sujeitas a um significativo ou elevado potencial para acções mal-intencionadas e estão localizadas em zonas de elevado risco de Incêndio Florestal ou em Leitos de Cheia.[2] A segunda etapa está a ser alvo de candidaturas a financiamento externo e conta com a participação de diversas entidades de renome, especialistas nas matérias abordadas, pertencentes na maioria ao Sistema Científico e Tecnológico Nacional, nomeadamente entidades do Ensino Superior e Entidades Privadas sem Fins Lucrativos, tais como o Instituto Superior Técnico e a Fundação para a Computação Científica Nacional, entre outras.[3] A FCT através do Programa CMU|Portugal tem igualmente financiando projectos de I&D (Investigação e desenvolvimento) no âmbito das Critical Infrastructures and Risk Assessment com o objectivo de promover a problemática das IC junto dos operadores e das universidades. Projectos como estes que têm contribuído para a promoção da interligação entre os operadores
CAPA
TABELA 1 LISTA DOS SECTORES DE ICE(2)
SECTOR
SUBSECTOR
I ENERGIA
II TRANSPORTES
1. Electricidade
Infra-estruturas e instalações de produção e transporte de electricidade, em termos de abastecimento.
2. Petróleo
Produção, refinação, tratamento, armazenagem e transporte de petróleo por oleodutos.
3. Gás
Produção, refinação, tratamento, armazenagem e transporte de gás, por gasodutos. Terminais para GNL.
4. Transportes rodoviários. 5. Transportes ferroviários. 6. Transportes aéreos. 7. Transporte por vias navegáveis interiores. 8. Transporte marítimo, transporte marítimo de curta distância e portos.
Equipas de Reparação
Refornecimento de Combustível Transporte para Centro de Operações
Estado Controlo do Sistema do Sistema
Comércio Electrónico
SCADA /EMS
ESTRADAS
Envio de Componentes
Comunicação das Equipas de Operações e Reparações
Serviços Financeiros
Inspecção Aérea Envio de Componentes
BANCA E FINANÇAS
AÉREO
FERROVIÁRIO Fornecimento de Combustível Envio de Componentes PETRÓLEO Combustível para Manutenção
Aprovisionamento de Materiais
TELECOMUNICAÇÕES
ENERGIA ELÉCTRICA
GÁS NATURAL ÁGUA
Combustível para Geradores
Controle de Emissões
Combustível para Geradores
Envio de Componentes
Arrefecimento
≥ Figura 1 Interdependências da IC “Electricidade” e as restantes IC.[8]
e as Universidades Portuguesas e a Carnegie Mellon University, tendo o ISQ nesse campo, em parceria com o Instituto Superior Técnico, um papel fundamental na colaboração ao nível da Transferência e Desenvolvimento de Tecnologia e Inovação de Produtos e Processos. CARACTERÍSTICAS DAS IC Estas infra-estruturas são identificadas em vários sectores, no entanto, os sectores que servem de base à execução da Directiva 2008/114/CE são os da energia e dos transportes. Na Tabela 1, estão indicados os subsectores respectivos. A análise histórica dos incidentes /acidentes ocorridos permite concluir que, as principais causas para a destruição total
ou parcial, disfunção ou utilização indevida se devem principalmente a causas naturais (sismos, erupção vulcão,…) e danos ou falhas de funcionamento locais, que nalguns casos se propagam para além da área original, devido às redes e interligações entre regiões e sistemas (ex.: falhas de funcionamento redes eléctricas, em particular as ocorridas nos EUA, Canadá e Itália em 2003, em Novembro de 2006, na Alemanha e numa região em Portugal em 2010). As IC têm características especiais que as tornam vulneráveis, designadamente, as redes e as interligações entre sectores. Por exemplo, o fornecimento de electricidade é efectuado através de infra-estruturas físicas
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distribuídas em redes de grande dimensão e complexidade e as interacções com estas redes representam áreas de possível vulnerabilidade, onde a falha de funcionamento pode ter consequências regionais, inter-regionais, nacionais ou internacionais. Paralelamente as IC são caracterizadas por um elevado grau de intercomunicação e complexidade (interdependência), podendo pequenas falhas em sistemas complexos ter consequências dramáticas. Na figura 1 são apresentadas como exemplo as interdependências entre a IC Electricidade e as restantes IC. Em Portugal, de uma forma geral, os operadores das principais IC estão sensibilizados para as ameaças e vulnerabilidades associados às suas infra-estruturas. No entanto, ainda não realizam de forma sistematizada a gestão do risco das mesmas. Com o objectivo de ajudar os operadores das infra-estruturas, a identificar riscos e implementar medidas preventivas é apresentada uma abordagem para a gestão do risco das IC. GESTÃO DO RISCO A metodologia de gestão do risco apresentada é baseada na ISO 31000 e é composta por 5 fases (Figura 2 – Gestão do Risco): ≥ Fase 1: Planeamento; ≥ Fase 2: Avaliação de Risco; ≥ Fase 3: Tratamento do Risco; ≥ Fase 4: Monitorização e Revisão; ≥ Fase 5: Comunicação e Consulta. Como é uma metodologia genérica pode ser aplicada a qualquer dos sectores acima referidos. Fase 1: Planeamento Nesta fase são comunicados os objectivos e a estratégia a todos os envolvidos, são identificadas as obrigações legais ou normativas, são escolhidos os intervenientes e definidas as suas responsabilidades. Fase 2: Avaliação de Risco Aavaliaçãodoriscodivide-senasseguintesetapas: identificação, análise e apreciação do risco. Inicialmente deve dividir-se a organização em processos e subprocessos e identificar os JANEIRO A MARÇO ‘11
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CAPA
Identificação do Risco É efectuada a identificação de ameaças. Para garantir a uniformização entre os diversos intervenientes na identificação de riscos (ameaças) é definida uma lista de ameaças. É igualmente efectuada a análise de vulnerabilidade por forma a conseguir determinar de que forma a empresa é afectada e quais os danos. Posteriormente, com o objectivo de hierarquizar os riscos, é efectuada a estimativa do risco através da atribuição de valores à probabilidade do cenário ocorrer e da vulnerabilidade por “factor de risco” de acordo com a tabela 2. São calculados parcialmente os riscos e as vulnerabilidade parciais através de:[4] Vparcial = FR*(V1+…+Vn) (Eq 1) Rparcial = P*Vparcial (Eq 2) Em que: P: Probabilidade FR: Dependência do factor de risco (RH, …) V1: Dependência de infra-estruturas externas (água, electricidade, gás, …)
AVALIAÇÃO DE RISCO Identificação do Risco Análise do risco Apreciação do risco
MONITORIZAÇÃO E REVISÃO
Análise de Criticidade De seguida deve ser efectuada uma “Análise de Criticidade” com base em critérios predefinidos, os quais têm como objectivo seleccionar de entre os processos identificados quais os que têm maiores consequências. Como exemplo podem ser utilizados os seguintes critérios para identificar os processos críticos: ≥ Bem-estar Social; ≥ Período Temporal (tempo que o serviço ou produção foi interrompido); ≥ Magnitude (percentagem do serviço/ processo que será afectada); ≥ Condições contratuais e/ou requisitos legais; ≥ Económico.
Definir o contexto
COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO
factores de risco. Como exemplo são indicados alguns como factores de risco: ≥ Recursos Humanos (RH); ≥ Edifícios; ≥ Área envolvente; ≥ Utilidades; ≥ Equipamentos; ≥ Gestão documental e informática.
Tratamento do Risco
≥ Figura 2 Gestão do risco.(6)
V2: Dependência de infra-estruturas externas (Trânsito, transporte e logística); V3: Robustez do nível de protecção V4: Redundâncias e peças de reserva V5: Esforço para voltar à normalidade O risco total (RT) e as vulnerabilidades totais (VT) são calculados pela soma do risco e vulnerabilidades parciais. Fase 3: Tratamento do Risco Nesta fase são identificados os riscos para os quais é necessário a implementação de medidas que permitam a redução e/ou controlo dos riscos. Fase 4: Monitorização e Revisão O processo de gestão do risco é um processo contínuo e dinâmico (Ciclo de Deming), como tal é fundamental definir o processo de monitorização e revisão da gestão do risco, identificando os responsáveis e a periodicidade de realização da mesma. Comunicação e Consulta Para que o processo de Gestão do Risco funcione é fundamental que em todas as fases do mesmo exista comunicação e consultas interna e externa. ESTUDO DE CASO A metodologia apresentada vai ser aplicada ao subprocesso “Serviço Informático” do Aeroporto de Lisboa.
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Análise de Criticidade O primeiro passo consiste em avaliar a criticidade deste processo, considerando como critérios, o Período Temporal e a Magnitude. Para avaliarmos o critério “Período Temporal”, temos que nos questionar se o subprocesso for interrompido, qual será o tempo até se verificarem repercussões. Para tal, tendo em conta o período de tempo que o serviço demora a ser interrompido, devem definir-se categorias (1 a 5) por ordem decrescente de criticidade. A magnitude será igualmente categorizada tendo em conta a percentagem do serviço que será afectada, em que as categorias têm os mesmos significados. Para o exemplo apresentado, considera-se que o critério “Período Temporal” é muito crítico (1) e que a Magnitude é elevada (2), concluindo-se ser este sub-processo crítico. Identificação do Risco Considerou-se como cenário o “Apagão” que originou os seguintes impactos: Intensidade: ≥ 20 mil passageiros afectados; ≥ Gerador sem capacidade para alimentar os Equipamentos e as instalações. Dimensão geográfica: ≥ Balcões de check in; ≥ Regional; ≥ Mundial. Duração: ≥ 1 dia. Análise Histórica: ≥ A pagões devido a causas naturais (tempestade, …). Análise do Risco Com base nas categorias definidas na literatura para a probabilidade e para a vulnerabilidade[4], é estimado o risco eq. (2). Para a estimativa da probabilidade foi tida em conta a análise histórica para este cenário. A estimativa das vulnerabilidades parciais foi efectuada pela eq. (1), para cada factor de risco. Este processo foi repetido para cada factor de risco e posteriormente calculado o risco total (RTotal). JANEIRO A MARÇO ‘11
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O risco total (RTotal) corresponde à soma dos riscos parciais e a vulnerabilidade total (VTotal) à soma das vulnerabilidades parciais. Podem assim ser comparados os riscos e as vulnerabilidades parciais e/ou o risco e as vulnerabilidades totais em diferentes sub-processos, permitindo a sua hierarquização. Na tabela 2 são apresentados os valores estimados, concluindo-se, com base nas tabelas contidas em[4], que o “Serviço Informático” é considerado um risco total médio (615). Tratamento do Risco De acordo com o princípio ALARP (As Low As Reasonably Practicable), todos os riscos elevados devem ser reduzidos para níveis aceitáveis, sendo para tal, implementadas medidas. Neste caso particular as medidas a implementar são: ≥ Identificação das áreas criticas que necessitam de energia eléctrica em situações de crise; ≥ Ligar exclusivamente aos geradores os equipamentos considerados como críticos; ≥ Levantamento sobre a quantidade de energia necessária para os equipamentos críticos; 14
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CAPA
CONCLUSÕES As infra-estruturas críticas são essenciais em sociedades desenvolvidas, uma vez que, dependemos diariamente da sua disponibili-
dade. Torna-se por isso fundamental que seja garantida a sua protecção. Deve ser definido, implementado, monitorizado, revisto e comunicado um procedimento de gestão do risco.
TABELA 2 ESTIMATIVA DO RISCO E DAS VULNERABILIDADES SUB-PROCESSO Serviço Informático // CENÁRIO Apagão FACTOR DE RISCO (FR)
PROBALIDADE CENÁRIO (P)
VULNERABILIDADES V1
V2
V3
V4
V5
Vparcial Rparcial
Recursos Humanos
5
3
2
2
1
3
1
45
135
Edifícios
5
3
0
0
0
3
0
15
45
Utilidades e Equipamentos
5
3
5
0
3
1
2
55
165
Gestão Informática
5
3
5
1
4
5
3
90
270
TOTAL
205
615
Directiva 2008/114/CE do Conselho de 8 de Dezembro de 2008, relativa à identificação e designação das infra‑estruturas críticas europeias e à avaliação da necessidade de melhorar a sua protecção. (2) Protecção de infra-estruturas críticas – a cooperação público-privada, Isabel Pais, F. Mota de Sá, Henrique Gomes. (3) CNPCE, Conselho Nacional Planeamento Civil de Emergência (http://www.cnpce.gov.pt). (4) Protecting Critical Infrastructures – Risk and Crisis Management, A guide for companies and government authorities, Germany, Federal Ministry of the Interior, 2008. (5) IEC 62198, Project risk management – Application guidelines. (6) ISO/DIS 31000, Risk management – Principles and guidelines on implementation. (7) AS/NZS 4360, Risk management. (8) AS/NZS 4360, Handbook, Risk management guidelines. (9) Identifying, Understanding, and Analysing Critical Infrastructure Interdependencies, Steven M. Rinaldi, James P. Peerenboom, and Terrence K. Kelly. (1)
Sistema anti-roubos nas subestações da REN REN
Chama-se SIS, mas qualquer semelhança com o Serviço de Informações de Segurança (SIS) do Estado Português é pura coincidência. O SIS da REN, que “herdou” do outro apenas a coincidência da sigla e o propósito preventivo, é, na verdade, o Sistema Integrado de Segurança que a Rede Eléctrica Nacional está a implementar em todas as subestações e que surge na sequência dos roubos que aí se têm vindo a registar. 68 é o número de roubos ocorridos em subestações da REN , entre 2006 e 2010, maioritariamente nas regiões do Grande Porto (onde Custóias surge como a mais afectada), Centro Norte e Algarve.
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CAPA
TIE TEMPO DE INTERRUPÇÃO EQUIVALENTE 1,50 1,29 1,25
(minutos)
1,00
0,74
0,75 0,57 0,50
0,49 0,42
0,25
0,00 2005
≥ Central de vigilância.
2007
2008
2009
≥ Gráfico 1
Implementado em 2007, em três instalações, o sistema engloba agora mais de 40 subestações cuja videovigilância é assegurada a partir de Vermoim (Maia), sede da Divisão Exploração da Rede Eléctrica Nacional, através de 2 postos de trabalho, em turnos, 24 horas por dia. Este sistema foi desenvolvido a partir de uma especificação funcional da REN e concretizado, em termos de solução tecnológica por uma empresa especializada do ramo da segurança electrónica, que tem vindo a assegurar igualmente a sua manutenção, actualização e inclusão nas novas subestações. Como ponto de partida esteve uma experiência anterior com sistemas de detecção de intrusão mas sem videovigilância o que exigia a deslocação de piquetes ao local sempre que ocorriam alarmes, mesmo que falsos. Estes sistemas de segurança ligados aos sistemas de comunicações das várias subestações funcionam através da rede privativa de telecomunicações da REN, de grande capacidade, permitindo visualizar, em tempo real, as instalações e assim confirmar alarmes de detecção de intrusos. A detecção de intrusão com alarmes periféricos ao longo da vedação é apenas 16
2006
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uma das componentes deste sistema, que inclui ainda um circuito de câmaras fixas ao longo do perímetro e de câmaras móveis no interior das instalações, que podem ser activadas à distância pelos operadores; um sistema de alarmes de detecção de incêndio, o controlo à distância dos portões e um sistema de activação/reforço de iluminação à distância que, por si só, tem também um efeito dissuasor dado que o intruso, assim que se acendem as luzes, percebe que está a ser observado e foge. O soar de um alarme nem sempre é sinal de intrusão real como comprovam muitas vezes as imagens. Coelhos, lobos, mochos fazem disparar os alarmes e até a chuva intensa ou um papel podem ser detectados no sistema. Os chamados falsos alarmes são, através deste sistema, rapidamente identificados evitando-se, dessa forma, o desperdício de recursos com a deslocação de técnicos ao local. Embora tenham existido sistemas experimentais anteriores, este é efectivamente o primeiro sistema integrado de segurança (detecção de incêndio, de intrusão e de videovigilância) que está a ser instalado em todas as subestações novas e vai abrangendo
as demais progressivamente, com prioridade para as instalações mais assoladas por roubos. A implementação deste sistema custa à REN cerca de 250 mil euros por instalação média. Verba que seria, seguramente superior, se se recorresse a vigilância humana como aliás sucedeu de início nalgumas subestações em reacção aos roubos. E foi esta ameaça à segurança, na sua dupla vertente - a segurança das pessoas e a segurança dos equipamentos –, que motivou a opção por este sistema, a que a empresa reconhece um efeito dissuasor. É um facto que nas instalações com o SIS praticamente não se têm registado roubos, como comprovam os números referentes a 2010, ano em que também houve vigilância humana em muitos sítios antes de se ter lançado a última vaga de implementação do sistema. E mesmo quando não evita roubos, evita, pelo menos, a permanência prolongada e assim a probabilidade de provocar incidentes na rede, como sucedeu em Custóias há quatro anos, que resultou num curto-circuito na rede com desligamento total da subestação. À data, esta subestação ainda não
CAPA
10
≥ Registo vídeo de ocorrências em diversos pontos da rede.
tinha este sistema, tinha um outro criado internamente. Porém, acidentes eléctricos com assaltantes nunca houve. Não por falta de oportunidade, mas por uma questão de sorte. Apagões provocados por roubos também são raros. Custóias foi o único caso em que o roubo resultou num apagão na subestação afectando o abastecimento do Concelho de Matosinhos e parte ocidental do Porto. E embora estes casos sejam classificados como força maior, não afectando os indicadores de qualidade de serviço, o que é um facto é que de se deu um apagão com repercussões no abastecimento às populações. O indicador TIE (Tempo de interrupção equivalente) registou, em 2009, novo mínimo histórico (0,42 minutos) que, a par com os segundos melhores valores de sempre obtidos nos restantes quatro indicadores gerais de continuidade de serviço, permite manter a REN entre as melhores empresas congéneres europeias. O METAL À VISTA É O ALVO DOS ROUBOS Contrariamente à EDP e REFER, os roubos na REN ocorrem nas subestações e não
são propriamente os cabos condutores das linhas os alvos. São barras de cobre para ligações à terra, peças, acessórios que têm cobre ou alumínio. As linhas de muito alta tensão são muito altas e é muito difícil e perigoso subir, por isso os casos de roubo de cabos (linhas), quando existem, ocorrem em estaleiro de obras de construção de linhas, onde as bobinas de cabos estão no solo, ou com material para a construção de linhas parqueado nas subestações. E se, no início, quando este sistema foi implementado o móbil era efectivamente o cobre das ligações de equipamentos e estruturas à terra, agora o alvo de cobiça são os estaleiros no final de uma obra onde se pode encontrar sucata, restos de materiais desmontados ou peças ainda por instalar. Ou seja o “metal à vista”. Há também registos de intrusões em subestações para roubo de equipamentos desligados e de reserva que aí se encontram, como aconteceu em Vila Fria que resultou no desligamento de um transformador e no encontro de um dos técnicos da empresa com os assaltantes (na altura, a subestação não tinha videovigilância). Com a implementação deste sistema é assim possível verificar a presença ou não de
intrusos e assim garantir a segurança dos técnicos que aí se deslocam. Exceptuando algumas subestações onde há gente durante o período normal de trabalho, todas as outras não têm ninguém. As equipas são volantes e por isso pode haver uma subestação onde se esteja uma ou duas semanas sem que vá lá alguém. VIDEOVIGILÂNCIA VS PRIVACIDADE Por se estar perante um sistema de captação de imagens, a sua implementação em cada instalação requer uma autorização da Comissão Nacional de Protecção de Dados. São processos muito morosos mas que não obstam à implementação do sistema nem tão pouco à cedência de imagens, como já sucedeu a pedido do tribunal, em subestações que ainda estão em processo de autorização. Em prol da salvaguarda do direito de privacidade, não é permitida a captação de imagens fora da subestação, não se filmam os locais de trabalho no interior dos edifícios e não existe gravação de imagens com carácter continuado. Os trabalhadores podem, se quiserem, desligar as câmaras sempre que se encontrem a trabalhar no exterior de uma subestação. JANEIRO A MARÇO ‘11
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Detecção e Extinção de Incêndio em Arquivos e Bibliotecas
Proteger o que não se pode perder Rui Gramunha Fire Safety & Security Director, Siemens - Industry Building Technologies
CAPA
Os arquivos e as bibliotecas contêm registos únicos e valiosos que carecem de preservação permanente. Não importa onde se localizam estes espaços de arquivo – se em museus, bibliotecas, edifícios públicos, hospitais ou indústrias - os danos causados pelo fogo e fumo podem destruir documentos e informações insubstituíveis. Neste contexto torna-se fundamental aplicar medidas ajustadas aos riscos, que em conjugação com a utilização de tecnologias adequadas, assegurem um nível elevado de segurança contra incêndio em espaços destinados a arquivos e bibliotecas. O valor dos objectos existentes em arquivos e bibliotecas é do tipo não tangível graças à natureza cultural, patrimonial e documental armazenada, bem como à possibilidade ou não de reconstituição, em caso de dano ou perda, que inviabilize a análise e classificação do ponto de vista histórico, ou a utilização do conhecimento num novo contexto de pesquisa e educação. A protecção e preservação do património cultural existente nos arquivos e bibliotecas devem ser asseguradas de forma adequada e de acordo com a importância e tipo dos objectos ai existentes. Normalmente associamos arquivos e bibliotecas a documentos e livros, ou seja, principalmente a material em papel, contudo os objectos existentes nestes espaços são bastante mais diversos, tais como fotos, filmes, microfilmes, materiais sintéticos de suporte, arquivos electrónicos analógicos (fitas magnéticas) e digitais (CD’s e DVD’s). Nalguns casos, nomeadamente em museus, podem ainda ser encontrados têxteis, couro, metais preciosos, entre outros.
PREVENÇÃO
ex. consultoria planeamento
Naturalmente que o tipo de objectos e os espaços onde eles se localizam estão sujeitos também a riscos com diferentes origens, como sejam os riscos naturais (ex: tempestades, inundações, sismos), riscos biológicos (ex: pragas de traças), riscos humanos (ex: roubo, vandalismo, utilização indevida, terrorismo) e técnicos (ex: ventilação deficiente, infiltrações e fugas, curto-circuitos). As medidas seleccionadas para a preservação dos objectos variam consoante o tipo de objectos existente e os riscos identificados. Estes influenciam, por exemplo, os tipos de climatização, de protecção contra pragas e naturalmente de segurança seleccionados. Não cabe no âmbito deste artigo a abordagem de outras medidas que não as mais directamente relacionadas com a segurança contra incêndios.
CONCEITO Qualquer solução de segurança contra incêndios deve, em primeiro lugar, prevenir a ocorrência de incidentes, em segundo lugar, e porque apesar de pequena a probabilidade existe, detectar precocemente focos de incêndio, posteriormente, deve responder ao incidente com acções de sinalização, de aviso, de controlo e de extinção, e finalmente recuperar os espaços e a actividade anteriores. Doravante, o foco será concentrado nos descritivos das duas componentes intermédias, isto é na detecção e controlo e nas medidas relacionadas com o aviso, a evacuação e a extinção automática de incêndios.
DETECÇÃO
ex. detecção controlo
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Na generalidade é necessário equipar os compartimentos com equipamentos de detecção automática e manual de incêndios, assim como de meios diversos de controlo, atendendo ao conceito geral de segurança contra Incêndio, suportado em: ≥ D etecção precoce de fumo e temperatura; ≥ Restrições e controlo da propagação das chamas e do fumo; ≥ Aviso e sinalização rápidos e coordenados; ≥ Equipas treinadas, internas e externas, de intervenção; ≥ Sistemas automáticos de extinção que não prejudiquem pessoas e bens; ≥ Meios eficazes de extracção e ventilação. Complementarmente, devem também ser tidas em consideração outro tipo de medidas que contribuem para a operacionalidade dos sistemas, tais como: ≥ P rograma de manutenção regular para todos os equipamentos técnicos e instalações; ≥ Planos de emergência e evacuação; ≥ Caminhos de evacuação correctos e bem sinalizados; ≥ Staff interno treinado e realização de simulacros; ≥ Remoção regular de todos os resíduos; ≥ Verificação contínua da adaptabilidade dos meios relativamente às ocupações.
RESPOSTA
ex. alarme e evacuação alarme por voz extinção
RECUPERAÇÃO
ex. r ecuperação do funcionamento do sistema sugestões de melhoria
≥ Gestão do ciclo de vida de um edifício.
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10
CAPA
≥ Sistema de extinção automático instalado no Arquivo Real Dinamarquês. Este sistema consiste na descarga em simultâneo de azoto e água nebulizada.
SISTEMA DE DETECÇÃO DE INCÊNDIOS A implementação de um sistema automático de detecção de incêndios nas áreas de arquivo e biblioteca é primeiramente realizado através da instalação simples de detectores pontuais, maioritariamente de fumos, sendo contudo recomendável a utilização de detectores multicritério dotados de sensores de fumo e temperatura e com inteligência (parâmetros), que permitam distinguir entre fumo real e fenómenos que causam distúrbios. Em locais onde se pretende ter um elevado nível de segurança é obrigatório que o grau de confiança no sistema seja equiparado, não sendo tolerável a existência de alarmes falsos ou intempestivos. A detecção considerada normal deve ser complementada com outro tipo de equipamentos e tecnologias, tais como a detecção linear de fumos através de barreiras de infravermelhos, nomeada e maioritariamente em bibliotecas com salas de grandes dimensões; sistemas de detecção por aspiração de ar e, nos casos de maior risco, sensores de alta sensibilidade com tecnologia laser. CONTROLO, ALERTA E EVACUAÇÃO Os funcionários de arquivos e bibliotecas devem estar treinados para aplicar os procedimentos de segurança preconizados no plano de emergência e a realizar em caso de alarme de incêndio. É fundamental que mantenham um comportamento calmo, ajudando e guiando os visitantes para a saída mais próxima e segura. No domínio do controlo recomenda-se a instalação de dispositivos integrados no sis20
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tema de detecção de incêndios, que actuem sobre equipamentos técnicos para efeitos de limitação do fumo e da chama (fecho de portas e registos corta-fogo nas condutas de ventilação e ar condicionado), pressurização dos caminhos de evacuação, desenfumagem, paragem de escadas ou passadeiras rolantes, e envio de elevadores ao piso de saída, entre outros. Nos compartimentos dedicados exclusivamente a arquivo, em caso de fogo a ventilação é normalmente interrompida e são abertas grelhas de extracção de fumo, caso não exista nenhum sistema automático de extinção. Os avisos e os alertas às pessoas são regularmente efectuados através de dispositivos de sinalização acústica, vulgo sirenes de alarme. A utilização de equipamentos de sinalização luminosa é aconselhada em locais de utilização pública, onde possam estar pessoas com deficiências auditivas, e em ambientes demasiado ruidosos. Em todo o caso é preciso referir que os avisos transmitidos por dispositivos ópticoacústicos simples, como os atrás mencionados, são relativizados pelos funcionários e praticamente ignorados pelo público, razão pela qual a utilização de sistemas de comunicação por voz tem vindo cada vez mais a ganhar espaço. A utilização de um sistema de evacuação por voz, desde que devidamente dimensionado e instalado, revela-se bastante mais eficaz para informar utentes em situações de emergência, graças à difusão de mensagens faladas gravadas ou em tempo real com instruções claras de como proceder.
Adicionalmente, em edifícios de grandes dimensões, este sistema permite ainda organizar o processo de evacuação em função dos locais ou pisos onde se localiza o sinistro dando prioridade à evacuação das pessoas ai localizadas em detrimento de outras que se encontram em locais “seguros” através da comunicação de mensagens diferenciadas. Todos os dispositivos e circuitos relacionados com as acções de comando e controlo devem estar permanentemente vigiados, atestando que qualquer falha ou função defeituosa é imediatamente transmitida para efeitos de verificação, intervenção e respectiva reparação caso seja necessário, de modo a assegurar a total disponibilidade dos meios. EXTINÇÃO AUTOMÁTICA Na segurança contra incêndio em arquivos e bibliotecas, para além das medidas passivas e dos sistemas electrónicos de detecção, controlo, alerta e evacuação, deve ainda ser considerada a implementação de meios de extinção automática. Os sistemas baseados em água para combate a incêndio representam uma boa protecção para os edifícios, cumprindo os objectivos de contenção do fogo. Contudo a utilização da água causa na maioria dos casos a danificação dos objectos existentes. Por outro lado a presença dos sistemas de água constitui uma ameaça permanente para os responsáveis dos arquivos e bibliotecas, resultante da possibilidade de existirem fugas e inundações. Neste contexto os sistemas de extinção secos são a opção preferida pelos responsáveis
de segurança. Este tipo de sistemas oferece resposta rápida e de confiança e não constitui qualquer perigo para os bens armazenados. Por outro lado, a maioria dos arquivos e bibliotecas estão dotados de prateleiras e armários, que nalguns casos se encontram fechados quando não estão em utilização, constituindo assim um desafio adicional na instalação de um sistema de extinção. Nestes casos, recomenda-se a aplicação de sistemas que realizem a inundação total do compartimento, utilizando como agente extintor gases naturais, gases químicos ou água nebulizava (água combinada com gases inertes). AGENTES EXTINTORES Estão disponíveis no mercado diferentes tipos de gás que podem ser utilizados em arquivos e bibliotecas, sendo que a selecção do agente extintor deve naturalmente ter em atenção a natureza dos itens armazenados e do tipo de fogo que estes desenvolvem. Em locais onde os itens existentes sejam em papel ou cartão, a aplicação de sistemas de extinção recorrendo à combinação de água com gases inertes revela-se a solução mais eficaz. A utilização de agentes por gases químicos é mais apropriada na presença de plásticos, filmes, microfilmes, slides e arquivos em suportes electrónicos (CD’s, DVD’s, bandas magnéticas, etc.), sendo também possível a utilização de gases inertes e água combinados. O efeito de extinção produzido aquando da utilização de gases inertes (também chamados gases naturais) ocorre depois da descarga do 22
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REN TE CO MB U
REN TE CO MB U
REN TE
CO MB U
CO MB U
≥ Figura 2.
COMBUSTÍVEL
OR CAL
COMBUSTÍVEL
OR CAL
COMBUSTÍVEL ≥ Figura 1.
CAPA
OR CAL
OR CAL
REN TE
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COMBUSTÍVEL
≥ Figura 3.
agente extintor, que leva à redução continua do oxigeno na zona protegida e à diminuição da combustão. Quando a concentração de oxigeno é reduzida a valores mínimos, que não permitem a combustão, e a temperatura desce também a valores inferiores a 500º, o fogo é extinto. O Azoto (N2), o Argon (Ar) e Dióxido de Carbono (CO2) têm excelentes propriedades ambientais e são considerados “agentes amigos do ambiente” ou "agentes verdes" porque a sua utilização não tem qualquer impacto na camada de ozono. O N2 e o Ar têm zero potencial de aquecimento global (GWP) e, no caso do CO2, este valor é de apenas 1. Além disso, N2 e Ar são gases não tóxicos. Os gases inertes são eficientes na extinção de fogos da Classe A (matérias sólidas), Classe B (líquidos inflamáveis) e Classe C (gases combustíveis). Além disso, tanto o N2 como o Ar são electricamente não condutores, incolores, sem odor e sem sabor. O CO2, enquanto agente extintor, é letal para os seres humanos, portanto, não recomendado para uso em arquivos e bibliotecas onde a presença de pessoas não possa ser excluída (fig. 1). No que diz respeito aos gases químicos, o efeito produzido resulta da combinação de vários processos que promovem a extinção do fogo por redução da temperatura, nomeadamente através do arrefecimento do fogo e da redução de oxigénio no local da chama. Entre os agentes químicos encontram-se por exemplo o FK-5-1-12 e o HFC227ea que determinam, respectivamente, níveis
de concentração entre 5 e 7 por cento do volume e entre 7 e 9 por cento do volume para assegurar a extinção. Desaconselha-se a utilização de gases químicos em locais onde seja previsível a ocorrência de chamas de grandes dimensões. O uso de agentes químicos é ideal para locais onde o tipo de fogo esperado seja de desenvolvimento lento, com baixa temperatura e de combustão sem produção de chama, como é o caso dos plásticos, filmes, microfilmes, slides e arquivos em suportes electrónicos (CD’s, DVD’s, bandas magnéticas, etc.) (fig. 2). A extinção realizada por sistema de água combinada com gás constitui a solução mais apropriada para arquivos e bibliotecas. Uma vez que não danifica os conteúdos, graças à actuação do nitrogénio sobre o oxigénio e do arrefecimento conseguido pela névoa de água. Este duplo efeito é especialmente indicado para fogos profundos, proporcionando maior rapidez no processo de extinção e precavendo o reacendimento do fogo. Face à reduzida quantidade de água utilizada (cerca de 0,5 litros por m³) o processo de extinção não constitui qualquer perigo para os bens, sendo portanto adequado para arquivos e bibliotecas. Finalmente, a segurança contra incêndios pode ainda ser beneficiada quando integrada num sistema de gestão que englobe outros sistemas de segurança (intrusão, controlo de acessos e videovigilância) e outras instalações técnicas, permitindo deste modo a interacção entre sistemas e facilitando a operação das instalações (fig. 3).
Soluções de Video Vigilância
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FABRICO NACIONAL
Videovigilância: Portugal no centro do mundo Bosch Security Systems Gonçalo Sítima e Maria João Conde
A Bosch Security Systems é actualmente um dos principais fabricantes mundiais de equipamentos e sistemas de segurança electrónica. Em Portugal, o grupo multinacional alemão encontrou as condições necessárias para estabelecer a sua fábrica de sistemas de videovigilância, produzindo equipamentos e componentes para todo o mundo. Numa conversa com Luís Gomes, responsável de vendas Portugal, Francisco Silva e Joaquim Moreira, responsável técnico e responsável operacional na fábrica de Ovar, ficámos a conhecer o importante papel de Portugal no desenvolvimento da área de videovigilância da Bosch. 24
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ID
FABRICO NACIONAL
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BOSCH SECURITY SYSTEMS SISTEMAS DE SEGURANÇA, S.A. com características técnicas simplificadas e com preços mais competitivos. A Bosch apresenta-se actualmente como um fornecedor global, tanto para as pequenas instalações, como no fornecimento de soluções de segurança para edifícios governamentais e comerciais com um elevado grau de complexidade. Em Portugal, é possível encontrar equipamentos da Bosch no Aeroporto de Lisboa, no Metro de Lisboa, na Assembleia da República, em quase todos os estádios de futebol construídos para o Euro 2004, centros comerciais, bancos, escolas, entre muitas outras obras de relevo.
Fundação 1992 Linha de negócio Sistemas de Segurança e Comunicação. Capital social 100.000€ Volume de negócios anual 91.208.161€ Empregados 409 Área fabril 10.000 m2 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Câmaras de videovigilância, gravadores digitais, sistemas de conferência.
A Bosch celebra este ano o seu 125º aniversário. Foi em 1886 que o alemão Roberto Bosch abriu uma empresa de engenharia mecânica e eléctrica em Estugarda e, sem o saber ainda, deu início a um legado centenário que atravessou fronteiras e alastrou-se por todo o mundo. Hoje, a Bosch é um dos maiores grupos multinacionais, presente em três grandes sectores de actividade: componentes para automóveis (Automotive Technology), tecnologia industrial e de embalamento (Industrial Technology) e bens de consumo e tecnologias de construção (Consumer Goods e Building Technology). No sector da segurança, a Bosch Security Systems é um dos principais fabricantes de sistemas de segurança electrónica, uma actividade integrada na área de Building Technology e onde Portugal assume um papel de grande relevo estratégico e operacional. É no nosso país, mais concretamente nas instalações fabris de Ovar, que são fabricados quase todos os equipamentos que compõem os sistemas de videovigilância da Bosch, desde as câmaras até aos gravadores. Outras áreas da segurança
onde a Bosch está presente em Portugal incluem as comunicações e public address (sistemas de evacuação por voz, sistemas de comunicação para congressos), e também na detecção de intrusão e na detecção de incêndio, embora os produtos das duas últimas áreas não sejam fabricados em Portugal. Das quatro áreas da segurança referidas, a videovigilância representa 65% das vendas da empresa, assumindo-se como o principal mercado em Portugal. Apesar da retracção económica geral e do seu impacto no mercado da segurança electrónica, os representantes da Bosch evidenciam que a empresa tem vindo a ganhar terreno face aos outros fabricantes, detendo actualmente 17% de quota do mercado nacional. Este facto deve-se essencialmente à diversificação da oferta de produtos e, consequentemente, à entrada em novos mercados, nomeadamente em sectores com instalações críticas com ambientes adversos para os equipamentos de segurança (por exemplo a indústria petrolífera) e também devido à comercialização de produtos direccionados para pequenas instalações,
DE OVAR PARA TODO O MUNDO A Bosch Security Systems estabeleceu-se em Portugal em 2002, com a aquisição do negócio de videovigilância da Philips em Ovar. Ao manter a equipa de técnicos qualificados e experientes na produção de Circuitos Fechados de TV (CFTV), uma área que arrancou em 1993, a Bosch encontrou em Portugal o know-how e a competência necessários para potenciar o seu negócio na área da segurança electrónica e, particularmente, nos sistemas de videovigilância. Num sector onde os novos desenvolvimentos são constantes e onde os produtos são actualizados a um ritmo frenético, compete aos técnicos portugueses garantir não só a produção e fornecimento dos produtos existentes, mas também contribuir para a industrialização de novos equipamentos. A forte aposta da Bosch na fábrica de Ovar e na capacidade dos seus técnicos teve expressão na sua nomeação como centro de competência para a montagem de Placas de Circuito Impresso (PCB - printed circuit board). Isto significa que sempre que surgem novos desenvolvimentos relacionados com a produção de placas electrónicas, a essência de qualquer equipamento electrónico, é em Portugal que são elaborados todos os processos de industrialização necessários entre a fase de conceptualização do produto e a sua comercialização final no mercado (processos de montagem, avaliação e escolha de tecnologias, prototipagem, ensaios de qualidade, etc.). Ao abrigo deste estatuto, os técnicos de Ovar mantém-se em permanente contacto e colaboração com os cinco centros de desenJANEIRO A MARÇO ‘11
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FABRICO NACIONAL
≥ O desenvolvimento das capacidades de Análise Inteligente de Vídeo será uma das principais tendências futuras no sector da videovigilância.
volvimento da Bosch espalhados pelo mundo (Estados Unidos da América, Canadá, Holanda e Alemanha), contribuindo activamente para a área de Investigação & Desenvolvimento. Enquanto multinacional e fornecedor de inúmeros mercados, o portfólio de produtos fabricados pela Bosch é extenso e é capaz de abranger quase todas as aplicações possíveis de equipamentos e sistemas de videovigilância. Das linhas de produção da fábrica de Ovar saem câmaras analógicas, IP, a preto e branco, a cores, em formato PAL ou NTSC, fixas (tubulares e domes), móveis, térmicas, com iluminação com infravermelhos, modelos para uma instalação rápida e modelos concebidos para resistir a intempéries ou actos de vandalismo. As câmaras da gama Extreme, por exemplo, são uma referência no sector e existem modelos preparados para resistir ambientes desfavoráveis aos equipamentos como são as zonas marítimas, cujo ambiente de salinidade resulta numa elevada corrosão, congeladores industriais, indústrias petroquímicas, instalações mineiras ou estabelecimentos prisionais, onde o risco de vandalismo/agressão é con26
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siderável. A iluminação com infravermelhos é igualmente uma característica importante destes produtos pois possibilita a captação de imagens de visão nocturna sem recorrer a iluminação externa. Adicionalmente, a utilização de iluminação por infravermelhos em sistemas de videovigilância sobre IP contribui para uma significativa redução da taxa de transmissão sem se perder qualidade, melhorando o o desempenho da rede e a diminuição do espaço necessário para gravação. Apesar do principal enfoque da fábrica de Ovar estar nos produtos de videovigilância, a actividade produtiva altamente especializada e avançada permite-lhes ainda fabricar componentes electrónicos que são utilizados pelas outras fábricas do grupo. Controlo de acessos, sistemas de evacuação por voz ou sistemas de som para conferências são apenas algumas das soluções tecnológicas fabricadas com componentes electrónicos made in Portugal. Refira-se também que os produtos produzidos nas instalações de Ovar são exclusivos a nível mundial, isto é, apesar do grupo alemão
ter outras unidades de produção de produtos de segurança na Europa, Ásia e América, não existem duas fábricas a produzir um mesmo produto. Ao adquirir-se uma câmara da Bosch, em qualquer parte do mundo, seguramente terá sido fabricada em Portugal. No âmbito da qualidade, a fábrica possui as principais certificações de qualidade e ambientais exigidas a este tipo de indústrias, nomeadamente a ISO 9001, a ISO 14001 e, mais recentemente, as OHSAS 18000. Ao produzirem uma gama tão diversificada de produtos, as certificações dos produtos variam consoante os mercados de destino, por exemplo, os equipamentos poderão ter a certificação UL para os Estados Unidos da América, a CSA para o Canadá ou a VDE na Europa. Os produtos da Bosch têm igualmente outras certificações específicas da área, como é o caso da compatibilidade electromagnética ou da certificação ATEX (atmosferas explosivas) em câmaras que têm aplicações muito específicas. Garantir a qualidade dos produtos ao saírem da fábrica não basta para assegurar o correcto funcionamento dos sistemas de segurança.
≥ Câmara da gama Extreme construída para resistir a ambientes adversos.
Consciente da importância da instalação correcta dos seus produtos, a Bosch desenvolveu um programa de certificação e formação de instaladores que atribui a necessárias competências técnicas aos seus parceiros. O curso de instalação de sistemas de videovigilância, por exemplo, tem quatro dias de duração e, para além da obtenção do conhecimento teórico, os formandos têm também que montar um sistema num cenário real, como por exemplo num aeroporto. O exame final é estabelecido pela casa-mãe, na Alemanha, e tem uma abrangência europeia. Apenas os técnicos certificados por este sistema estão autorizados a instalar os produtos de videovigilância e de detecção de incêndio da Bosch. O FUTURO JÁ COMEÇOU Desde o início do século que a tecnologia IP tem vindo a revolucionar a forma como interagimos com os sistemas de videovigilância e as suas potencialidades em prol da segurança de pessoas e bens. Com esta tecnologia, os sinais de vídeo são digitalizados e transmitidos em fluxo contínuo através de redes IP (protocolo de
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© Eduardo Tavares
FABRICO NACIONAL
≥ Controlo de qualidade de uma câmara de videovigilância efectuado na fábrica de Ovar.
Internet). As suas principais vantagens residem no aumento da capacidade de gravação de vídeo (utilizam-se agora gravadores de vídeo digitais, gravadores de vídeo em rede ou conjuntos de discos rígidos) e também a utilização de técnicas de compressão de vídeo digital que simplificam a gestão de vídeos e optimizam a utilização dos recursos do sistema. Mas talvez a potencialidade mais interessante do IP consiste na capacidade de se conceber uma Análise Inteligente de Vídeo (IVA - Intelligent Video Analysis). Através desta funcionalidade é possível ao sistema de videovigilância a detecção automática de comportamentos suspeitos (o abandono de uma mala num aeroporto), de movimentos não autorizados (a subida de uma vedação), de transgressões às normas rodoviárias (veículos em contramão) ou de qualquer outro cenário pré-definido que possa constituir um risco para a segurança de pessoas ou de bens. Uma das mais recentes novidades apresentadas pela Bosch são as câmaras de alta definição (HD – High Definition), uma gama de produtos que irá alterar significativamente
a forma como o sector da segurança encara a qualidade de imagem de vídeo. As câmaras HD assumem-se como um importante contributo para o desenvolvimento da Análise de Vídeo Inteligente uma vez que o aumento da qualidade e nitidez da imagem resultará num maior rigor e eficácia na análise automática dos acontecimentos captados pelas câmaras. Nos próximos anos, o mercado da videovigilância será dominado pela utilização do IP, antecipam os técnicos da Bosch. Em Portugal, os sistemas analógicos ainda predominam com cerca de 60 - 65%, contudo, em países como Espanha esta situação inverte-se e o mercado IP já representa 55% das vendas da Bosch Security Systems. O progresso no sector da segurança electrónica é uma constante ininterrupta. As principais tendências são visíveis e as empresas evoluem e adaptam-se ano pós ano, impulsionando a inovação tecnológica como factor de diferenciação no mercado. Na fábrica portuguesa da Bosch a inovação não é apenas um objectivo, é uma ferramenta operacional utilizada diariamente. JANEIRO A MARÇO ‘11
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Exigências das Medidas de Autoprotecção Marco Miguel Consultor de Segurança da Atípicos
“É legalmente exigido…”, expressão usada / ouvida com tal frequência que tende a perder o seu significado e impacto, com as perguntas que normalmente surgem de seguida: “E se não fizer / tiver / declarar o que é que me acontece?” “A quantos já aconteceu isso?”. Comungue-se ou não desta postura, o certo é que pela sua generalidade muitas vezes diz-se que “é cultural”.
Mas retomando a frase inicial, é legalmente exigido que edifícios, estabelecimentos e recintos sejam dotados de medidas de autoprotecção. Essa exigência decorre do Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, que estabelece o regime jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE), referindo no seu Artigo 22.º que no capítulo das medidas de autoprotecção aplicam-se a todos os edifícios ou recintos, incluindo os existentes em Janeiro de 2009. JANEIRO A MARÇO ‘11
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Assim, coloca-se a questão – O que são as medidas de autoprotecção? De acordo com o diploma já referido, as medidas de autoprotecção baseiam-se em: a) M edidas de prevenção, que podem tomar a forma de procedimentos de prevenção ou planos de prevenção em função da categoria de risco; b) M edidas de intervenção em caso de incêndio/emergência, que podem tomar a forma de procedimentos em caso de emergência ou plano de emergência interno em função da categoria de risco; c) R egistos de segurança, onde se regista vistorias, inspecções, manutenções e ocorrências relacionadas com SCIE; d) F ormação em SCIE destinada a todos os funcionários e colaboradores das entidades exploradores dos espaços; e) S imulacros, para teste do plano de emergência interno e treino dos procedimentos a adoptar em caso de emergência; De referir ainda que o plano de segurança é constituído pelo plano de prevenção e plano de emergência interno, sendo apenas exigido para as utilizações-tipo com maior risco associado. Dito isto, surge uma nova questão – O que fazer para elaborar as medidas de autoprotecção? Para dar uma resposta cabal a esta questão existem vários pontos a atender e que passamos a referir. No âmbito do regime jurídico de SCIE, foi publicado o respectivo regulamento técnico através da Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro, que define quais as medidas de autoprotecção a adoptar para cada UtilizaçãoTipo (UT), sendo de exigência crescente em função da sua categoria de risco. Surge então a necessidade de definir a categoria de risco da(s) UT(s) em estudo. Se para as operações urbanísticas licenciadas de acordo com o actual regime jurídico 30
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SECTOR
de SCIE, a sua classificação de risco é um processo simples e imediato por se encontrar definido no respectivo projecto de SCIE, quando se trata de situações em que o seu licenciamento se deu numa fase anterior existe a necessidade de determinar parâmetros de classificação de categoria de risco, que em função da UT em causa podem ser: ≥ a altura; ≥ o efectivo total; ≥ o efectivo em locais de risco D ou E; ≥ o n.º de pisos abaixo do plano de referência; ≥ a área bruta; ≥ a densidade de carga de incêndio modificada. Só após a determinação da categoria de risco, se pode definir qual a composição das medidas de autoprotecção exigíveis, conforme o quadro XXXIX do regulamento técnico de SCIE. Neste ponto, há a referir que sempre que seja exigível a existência de plano de prevenção, surge a necessidade de existência de plantas com indicação de classificação de locais de risco e respectivos efectivos, vias de evacuação até ao exterior, incluindo percursos em espaços comuns e sistemas e equipamentos de segurança contra incêndio. Tratam-se essencialmente de peças desenhadas de um projecto de SCIE que, em grande parte da edificação existente do país, é inocente considerar que existe, assim como não raras vezes, as próprias plantas de arquitectura não se encontram disponíveis. Relembra-se que o ponto zero da SCIE em Portugal se deu com o incêndio do Chiado, em Lisboa no ano de 1988. No âmbito da elaboração e implementação das medidas de autoprotecção, surge também a exigência de uma estrutura humana mínima de segurança designada de organização de segurança, que deve existir em permanência durante os períodos de funcionamento. Aqui, surgem frequentemente dificuldades de garantir o número mínimo de elementos, sempre que se tratem de instituições que funcionam 24 horas por dia, como é o caso dos
hotéis e lares de idosos. A título de exemplo, uma residencial com 10 camas tem de ter na situação mais favorável (1.ª categoria de risco) três elementos da organização de segurança em simultâneo nas instalações, incluindo no período nocturno. No caso dos quartos não terem saídas directas para o exterior, esse número aumenta para cinco. Relembro que estamos perante um exemplo de um estabelecimento com capacidade de apenas 10 camas! Após a elaboração das Medidas de Autoprotecção, surge a dúvida da necessidade de submeter para apreciação da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). A questão surge sempre que o requerente é confrontado com a necessidade de pagamento de taxa para a dita apreciação, onde o valor dessa taxa é calculado em função da área bruta da UT, existindo situações em que o valor determinado leva esse mesmo requerente a fazer as perguntas com que começámos este artigo. Salvo honrosas excepções, a sua entrega para apreciação acaba por ser imposta por exigências terceiras, como é o caso de entidades licenciadoras ou reguladoras que solicitam o parecer da ANPC ao requerente, uma vez que o regime jurídico de SCIE apenas refere a possibilidade de consulta prévia à ANPC na fase de concepção das medidas de autoprotecção, sendo que aí não se vislumbra nenhuma imposição, mas antes uma possibilidade de consulta. Por sua vez, no Artigo 196.º do regulamento técnico de SCIE, existe uma referência explícita a pareceres da ANPC relativa a planos de segurança, que pese embora nada refira quanto à obrigatoriedade ou possibilidade de consulta, refere-se apenas a pareceres dos planos de segurança, logo apenas é aplicável às UT com elevado risco de incêndio em que é exigida a existência de um plano de segurança. Acreditando que a cultura de segurança é um dos propósitos das exigências implícitas às medidas de autoprotecção, urge uma atitude pedagógica universal que aliada a respostas directas às questões iniciais, certamente ganhará uma dinâmica actualmente quase inexistente, contribuindo para o reforço da expressão “é legalmente exigido!”.
Evacuação em Caso de Incêndio de Pessoas com Limitações Susana Neves Mestre em Segurança aos Incêndios Urbanos
António Leça Coelho Investigador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
João Paulo Correia Rodrigues Professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
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A maioria das pessoas irá em algum momento da sua vida ter uma incapacidade, quer seja temporária ou permanente, que vai limitar a sua capacidade de se movimentar dentro ou fora de um edifício e a fácil utilização do ambiente construído. Por incapacidade entende-se uma limitação, parcial ou total, para realizar actividades que são consideradas normais para um indivíduo particular. Embora as incapacidades possam ser de vários tipos, este estudo baseou-se apenas
em três: mobilidade condicionada, incapacidades visuais e auditivas. Estas incapacidades manifestam-se de diferentes formas e, como tal, têm implicações distintas durante uma situação de emergência. É importante que os planos de evacuação de edifícios prevejam a actuação em caso de evacuação de pessoas com diferentes tipos de incapacidades. Durante uma emergência, estas pessoas estão expostas a maiores riscos, uma vez que a sua capacidade de reacção e
interpretação do ambiente que as rodeia pode estar condicionada pelas suas limitações. As pessoas com incapacidades auditivas são bastante vulneráveis a situações como incêndios. Essa vulnerabilidade decorre, fundamentalmente, de um eventual atraso no conhecimento do alerta, uma vez que os alarmes de incêndio e evacuação são tipicamente baseados em som, o que pode comprometer a segurança destas pessoas. A solução passa por uma detecção precoce e um alarme perceptível, distinto daquele que é corrente actualmente nos nossos edifícios.[1] Os indivíduos que vivem com uma deficiência de mobilidade há vários anos estão, na sua maioria, extremamente bem adaptados aos seus ambientes. Aqueles cuja incapacidade é recente ou estão temporariamente incapacitados podem ter mais dificuldades de adaptação. Esta inexperiência pode reduzir as possibilidades de conseguirem sair em segurança de um local com um incêndio activo. Esta limitação requer adaptações às instalações de forma a permitir que essas pessoas possam movimentar-se com relativa segurança no edifício. Os elevadores e as rampas suprimem alguns dos problemas
relacionados com as acessibilidades aos edifícios. No entanto, em caso de incêndio, o uso de elevadores não é recomendado. Deste modo, os incêndios revelam a necessidade de meios alternativos para a evacuação de pessoas com mobilidade condicionada.[2] Igualmente perigoso é o impacto que a perda da visão tem sobre a capacidade de fuga a um incêndio. Baseando-se fortemente em informações auditivas, as pessoas com deficiência visual devem ser capazes de reagir a um alarme de incêndio. Se o indivíduo conhecer bem o local em que se encontra, a probabilidade de conseguir sair do edifício é maior. As complicações surgem porém quando estas pessoas se encontram em ambientes estranhos, onde nem sempre estão disponíveis marcas ou indicações da localização de saídas de emergência, o que as incapacita de saírem rapidamente de forma autónoma e segura. LEGISLAÇÃO EXISTENTE SOBRE A EVACUAÇÃO DE PESSOAS COM LIMITAÇÕES Após a análise dos requisitos legais e normativos de Portugal[3 a 5], Espanha[6 a 9], Reino Unido[10],
Alemanha[11][12] e Brasil[13], claramente se conclui que o país em que a questão da emergência e evacuação de pessoas com limitações está mais desenvolvida é o Brasil. Os restantes países também definem obrigatoriedades legais nesta área, mas com um nível inferior de abrangência, especificidade e exigência. Como pontos comuns abordados na generalidade dos países estudados destacam-se: ≥ A necessidade de existirem caminhos acessíveis no edifício e nas imediações do mesmo; ≥ A necessidade de existir sinalização de segurança em formatos acessíveis a todas as pessoas. É de destacar também que dos três tipos de incapacidades estudadas (motora, visual e auditiva), a incapacidade que está menos legislada é a auditiva, sendo por isso a área que carece de maior desenvolvimento. INQUÉRITOS No âmbito do estudo foram realizados inquéritos a pessoas com incapacidades JANEIRO A MARÇO ‘11
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18 Anos em Portugal Mais de 3000 instalações - 36 incêndios - 36 fogos extintos a realidade dá-nos o certificado mais valioso
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INFORMAÇÃO TÉCNICA
visuais (20 pessoas), motoras (42 pessoas) e auditivas (1 pessoa). Todos os inquiridos são portugueses, com mais de 18 anos e apenas apresentavam um tipo de incapacidade. Os resultados da população com limitação auditiva não serão apresentados por não serem considerados representativos. Os inquéritos decorreram no período de Maio a Junho de 2010, obedecendo a metodologias diferentes, consoante o tipo de limitação. Na população com incapacidade visual e auditiva, os inquéritos foram realizados através de entrevistas. Já no caso da população com mobilidade condicionada, os inquéritos foram enviados para diversas instituições que depois se encarregaram de os divulgar para os endereços de correio electrónico dos vários associados. Para a realização destes inquéritos foi fundamental a colaboração da ACAPO, da Associação Salvador, da Associação Portuguesa de Deficientes, da Fundação LIGA e da Associação Promotora do Ensino dos Cegos.
acontece nos simulacros, encontrar a saída de emergência e em percorrer o caminho até à saída de emergência. Foi também realçada a influência que factores como o ruído tiveram na capacidade de orientação dos invisuais ≥ 8 0% dos inquiridos afirmaram ser importante a existência de informação em Braille, nomeadamente no que se refere à localização das saídas de emergência, ao número de contacto da central de segurança do edifício e aos caminhos de evacuação. ≥ No que concerne ao tipo de alarme que deveria existir, as opções mais indicadas foram alarme sonoro e a combinação de vários alarmes. ≥ 85% dos inquiridos responderam que gostariam que existissem áreas de refúgio no edifício.
População com incapacidade visual Relativamente aos resultados dos inquéritos realizados a pessoas com incapacidade visual, salientam-se os seguintes aspectos:
População com mobilidade condicionada Relativamente aos resultados dos inquéritos realizados a pessoas com mobilidade condicionada, salientam-se os seguintes aspectos:
≥ 80% dos inquiridos nunca receberam formação sobre segurança contra incêndios. ≥ 35% dos inquiridos visitam edifícios que recebem público e vão geralmente acompanhados por pessoas sem incapacidades (54,2%). ≥ Apenas 3 pessoas já participaram em simulacros. Estas sentiram dificuldades em encontrar a saída de emergência e em percorrer o caminho até à saída de emergência. ≥ Dos inquiridos, 3 viveram situações reais de incêndio, tendo um deles sido informado da necessidade de evacuação através de uma mensagem de voz, enquanto os outros dois se aperceberam do incêndio através do fumo. Destas 3 pessoas apenas uma teve apoio por parte da organização de segurança do edifício durante a evacuação e todas elas referiram que a maior dificuldade que sentiram foi, à semelhança do que
≥ 73,8% dos inquiridos nunca receberam formação sobre segurança contra incêndios. ≥ 47,6% dos inquiridos visitam edifícios que recebem público todas as semanas, geralmente acompanhados por pessoas sem incapacidades (60,5%) ou sozinhos (34,9%). ≥ Apenas 7 dos inquiridos já participaram em simulacros. As maiores dificuldades sentidas foram ao percorrer o caminho até à saída de emergência e ao seu atravessamento, porque estas não estavam adaptadas para pessoas com mobilidade condicionada. ≥ Dos 42 inquiridos, 7 já viveram situações de incêndio. Destes, 4 foram informados que era necessário evacuar o edifício por outros ocupantes do edifício, 2 pessoas foram informados por funcionários/vigilantes do edifício, 1 pessoa foi informada através de mensagem de voz e outra pessoa através de um alarme sonoro.
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≥ No que respeita ao apoio por parte da organização de segurança do edifício, 2 pessoas foram encaminhadas para o exterior do edifício, 1 pessoa foi informada acerca da localização das saídas de emergência e 4 pessoas não receberam qualquer apoio. ≥ As maiores dificuldades sentidas foram semelhantes às dificuldades sentidas durante os simulacros, o que reforça a importância destes exercícios. ≥ No que respeita aos elementos que deveriam fazer parte da informação fornecida, as opções mais indicadas foram: localização das saídas de emergência, caminhos de evacuação e localização de áreas de refúgio. ≥ No que respeita ao tipo de alarme, este deveria ser sonoro ou uma combinação de vários tipos de alarme. ≥ 88% dos inquiridos responderam que gostariam que existissem áreas de refúgio no edifício. SIMULACROS Com o intuito de testar as dificuldades que as pessoas com diversas limitações enfrentam durante uma situação de emergência, foram analisados vários simulacros em grandes edifícios que recebem público. Estes permitiram identificar algumas fragilidades, sendo a principal a questão da acessibilidade dos caminhos de evacuação até ao ponto de encontro. Outra das fragilidades identificada está relacionada com o número insuficiente de elementos da equipa de segurança, caso estejam presentes várias pessoas com limitações físicas no edifício. O nível de apoio que estas pessoas requerem reduz o número de elementos da segurança, que se encarregam da evacuação. Por fim, foi também identificada a falta de formação das equipas de segurança, sobre o procedimento a seguir em caso de evacuação de pessoas com limitações físicas, nomeadamente no que respeita à interacção com a pessoa e método de evacuação. COMO MELHORAR A EVACUAÇÃO DE ESPAÇOS COMERCIAIS Com este estudo, pretendeu-se também contribuir para a melhoria das condições JANEIRO A MARÇO ‘11
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de segurança e de evacuação de pessoas com limitações motoras, visuais e auditivas em caso de emergência, em particular em espaços comerciais. Estas sugestões são uma compilação de referências legais de vários países, tendo sido essencialmente usadas referências nacionais (Decreto-Lei 163/2006 [3]), da Norma Brasileira ABNT NBR 9050 [13] e da British Standard BS 8300:2009[10]. Foram também considerados os resultados obtidos nos inquéritos e nos simulacros realizados. As propostas de melhoria foram organizadas em quatro temas: infra-estrutura e equipamentos, sinalização e alarme, organização de segurança e sistemas de orientação. Serão apresentadas apenas as propostas que podem merecer maior discussão pelos organismos que tutelam a área.
INFORMAÇÃO TÉCNICA
Infra-estrutura e equipamentos ≥P avimentos Deverá ser instalado piso táctil de alerta sempre que for necessário sinalizar situações que envolvem risco de segurança. Este deve ser instalado perpendicularmente ao sentido de deslocamento. Deverá também existir sinalização táctil direccional no piso, indicando o caminho desde a entrada no edifício até à saída de emergência e às áreas de refúgio. ≥E scadas Junto às escadas devem existir cadeiras de evacuação e as respectivas instruções de utilização. ≥Á reas de refúgio Deve ser prevista uma área de refúgio no piso superior do edifício, sempre que não existam elevadores para uso dos bombeiros. Ficam excluídos deste requisito todos os pisos com acesso
directo ao exterior do edifício. As áreas de refúgio devem cumprir com o disposto no Decreto-Lei 220/2008[4] e na Portaria nº 1532/2008[5]. ≥ Elevadores Os ascensores devem possuir cabines com dimensões interiores não inferiores a 1,1 m de largura por 1,4 m de profundidade; ter pelo menos uma barra de apoio colocada numa parede livre do interior das cabinas situada a uma altura do piso compreendida entre 0,875 m e 0,925 m. Sempre que não existam áreas de refúgio, devem existir ascensores que permitam a evacuação de pessoas com limitações. Estes ascensores devem cumprir com os requisitos previstos na Portaria nº 1532/2008.[5] ≥ Telefones Deve ser instalado pelo menos um telefone por piso que transmita mensagens de texto.
INFORMAÇÃO TÉCNICA
Sinalização e Alarme ≥ Sinalização de emergência A sinalização internacional de acesso deve ser afixada num local visível ao público, sendo utilizada para indicar a acessibilidade dos espaços, nomeadamente junto a entradas/ saídas e percursos acessíveis, incluindo saídas de emergência, as áreas de assistência para resgate, áreas de refúgio e saídas de emergência. A sinalização de emergência deve ser comunicada de forma visual, táctil e sonora. Os caminhos de evacuação e as saídas de emergência devem ser sinalizadas com informações visuais, sonoras e tácteis (no piso). Nas escadas de emergência que interligam os diversos pisos, junto às portas corta-fogo, deve haver sinalização táctil e visual informando o número do piso. A mesma sinalização deve ser instalada nos corrimãos. Devem ser disponibilizadas plantas de emergência com seguinte a informação em Braille: ≥ L ocalização das saídas de emergência; ≥ Caminhos de evacuação; ≥ Localização das áreas de refúgio; ≥ Contactos em caso de emergência. ≥ Alarme O alarme deve ser transmitido em formatos acessíveis a pessoas com incapacidade auditiva (ex. combinação de mensagem de voz com mensagens de texto). Organização de segurança ≥ Nº de elementos da equipa de segurança Na definição do número mínimo de elementos da equipa de segurança devem ser ponderadas as condições de acessibilidade e evacuação do edifício. Assim, se um edifício não permite a evacuação autónoma de pessoas com mobilidade condicionada ou outras limitações, o número de elementos da equipa de segurança deverá ser maior, uma vez que cada pessoa com necessidades especiais irá necessitar do apoio de pelo menos um elemento desta equipa.
≥ Formação Os elementos da equipa de segurança devem receber formação nas seguintes áreas: ≥ I dentificação de pessoas com limitações motoras, visuais e auditivas; ≥P rocedimentos a seguir junto destas pessoas em caso de evacuação; ≥F orma de abordagem a pessoas com mobilidade condicionada, incapacidade visual e incapacidade auditiva. ≥ Simulacros Em edifícios em que a presença de pessoas com incapacidades seja frequente, devem ser realizados simulacros anuais em que se testem os procedimentos de evacuação destas pessoas. Sistema de orientação táctil e electrónico Os actuais sistemas de orientação devem ser optimizados com o desenvolvimento de um software que faça o cruzamento do sistema de orientação espacial com um software de propagação de incêndio. Com base na informação fornecida pela Central de Detecção de Incêndios, sobre quais os detectores de incêndio accionados, seria possível determinar a localização e dimensão do incêndio. Cruzando esta informação com as características do edifício, previamente introduzidas, o software seria capaz de definir o caminho até à saída de emergência ou área de refúgio mais próxima, e orientar o utilizador para lá.
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CONCLUSÃO As implicações das pessoas com limitações na segurança contra incêndio foram estudadas a partir da análise crítica dos estudos conhecidos sobre a matéria, da legislação existente em vários Países, de inquéritos e de simulacros. Enquanto que em alguns países como o Brasil, a temática da segurança contra incêndios adaptada a pessoas com limitações já é alvo de um grande desenvolvimento legal, em Portugal e noutros países da Europa, ainda são poucas as referências legais e normativas sobre este tema. Na análise da legislação foi possível aferir que a limitação que está menos legislada é a auditiva. Através dos inquéritos realizados foi também possível concluir que é necessário apostar mais na formação das pessoas com limitações sobre os comportamentos a ter numa situação de incêndio e disponibilizar mais material de informação sobre segurança contra incêndios em formatos acessíveis. É também necessário que se desenvolvam, adaptem e testem os planos de emergência considerando as características dos edifícios e as necessidades especiais das pessoas com limitações em caso de incêndio. Neste artigo foram também apontadas algumas sugestões de melhoria, com base nos resultados obtidos na análise legal, nos inquéritos e simulacros. É importante a realização de estudos complementares que permitam avaliar com maior rigor as medidas agora propostas e a sua possível integração nos textos legais.
Shields, T J. (1993). “Fire and disabled people in buildings”. Fire Research Centre, University of Ulster. Ulster. FEMA (1999). “Fire Risks for Mobility Impairments”, FEMA. Washington, D.C. (3) Decreto-Lei n.º 163/2006. D.R. n.º 152, Série I de 2006-08-08. Portugal. (4) Decreto-Lei n.º 220/2008. D.R. n.º 220, Série I de 2008-11-12. Portugal. (5) Portaria nº 1532/2008. D.R. n.º 250, Série I de 2008-12-29. Portugal. (6) Asociación Española de Normalización y Certificación (AENOR), (2007). “UNE 170001 – Acessibilidad universal”. AENOR, Madrid. (7) Decreto nº 13/2007. B.O.C.M. Núm. 96. Espanha. (8) Documento Básico SI “Seguridad en caso de incendio”, (2009), Instituto de Ciencias de la Construcción Eduardo Torroja, Espanha. (9) Real Decreto 505/2007. BOE 11/05/2007. Espanha. (10) BSI British Standards (2009). “BS 8300:2009 - Design of buildings and their approaches to meet the needs of disabled people – Code of practice”. 2ª edição, BSI, Londres. (11) Arbeitsstättenverordnung vom 12. August 2004 (BGBl. I S. 2179). Alemanha. (12) DIN18024 Barrierefreies Bauen. 1998. Alemanha. (13) Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), (2004). “NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. ABNT, Rio de Janeiro. (1) (2)
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INFORMAÇÃO TÉCNICA
Isolamento com Painéis Sanduíche José Luís Nogueira Director Comerial da Termolan
Os vulgarmente denominados painéis sanduíche isolantes térmicos com isolamento de natureza mineral (MW lã de rocha) ou de natureza plástica (espumas de PUR ou PIR; em poliestireno EPS ou XPS), têm tido ao longo da última década uma crescente aplicação, constituindo indiscutivelmente uma grande inovação como sistema construtivo em coberturas e fachadas. Este crescimento teve, naturalmente, as suas “dores”. Ao nível da produção, cada fabricante foi desenvolvendo o seu produto apresentando-o com dados técnicos segundo os referenciais que lhes eram mais convenientes, resultando daí uma grande dificuldade para aferir ou comparar os diversos tipos de painéis existentes no mercado. Com isto, nem sempre a sua adequação ao uso foi a mais correcta, existindo muitos casos de utilizações inadequadas que por falta de informação e/ou regulamentação foram, ou ainda são, susceptíveis de constituir um ponto fraco na segurança dos edifícios. A MARCAÇÃO CE Com a directiva 89/106/CE que se aplica tendencialmente a todos os produtos de construção destinados a serem incorporados de forma permanente em obras de construção e pretende assegurar a livre circulação da generalidade dos produtos de construção na União Europeia, mediante a harmonização das legislações nacionais no domínio dos requisitos essenciais aplicáveis a estes produtos. Os produtos de construção apenas podem ser colocados no mercado se estiverem aptos 38
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para a função a que se destinam. A este respeito, devem permitir a realização de obras que, durante um período de vida útil economicamente razoável, satisfaçam os requisitos essenciais em matéria de resistência mecânica e de estabilidade, de segurança em caso de incêndio, de higiene, de saúde e ambiente, de segurança na utilização, de protecção contra o ruído, de economia de energia e de isolamento térmico, previstos no anexo I da directiva. Compete ao fabricante certificar, pelos seus próprios meios ou mediante um organismo de certificação homologado, que os seus produtos cumprem os requisitos da especificação técnica (norma de produto), segundo os procedimentos de certificação e avaliação da conformidade da directiva. Para os painéis sanduíche a marcação CE passou a ser obrigatória a partir de 01 de Outubro de 2010 e são, agora, fabricados de acordo com a norma harmonizada de produto EN 14 509:2008. Esta regula todas as características essenciais pelo que podemos claramente efectuar a comparação segundo o mesmo referencial dos diversos tipos de painéis disponíveis no mercado. A avaliação da conformidade com a marcação CE faz-se com diferentes níveis de responsabilidade e envolvimento consoante o fabricante queira ou não declarar as características respeitantes aos requisitos essenciais de segurança a incêndio, nomeadamente a Reacção ao Fogo e a Resistência ao Fogo. Reacção ao fogo Este conceito representa uma característica do painel sanduíche em qualquer que seja a
sua utilização. A classificação faz-se de acordo com as EUROCLASSES que substituem e tornam inválida a antiga classificação (M0 a M4). Resistentemente continuamos a assistir a tentativas de estabelecimento de comparações da antiga classificação associada ao termo auto-extinguível, com as EUROCLASES que em bom rigor não podem ser feitas. As EUROCLASSES de reacção ao fogo introduzem na classificação do produto não só a sua contribuição energética para o fogo (A1- A2 – B – C – D – E – F) mas também a opacidade dos fumos resultantes (s1 – s2 – s3) e a libertação de gotas inflamadas (d0 – d1 – d2), sendo que um produto classificado A1 (a melhor classificação) não tem nenhuma contribuição energética para o fogo, não originando fumos nem gotas inflamadas; e um produto com a classificação F (a pior classificação) não verifica nenhuma das condições ou não foi ensaiado. Vejamos um exemplo de uma óptima classificação de um painel sanduíche: A2 – s1– d0.
Resistência ao Fogo Este conceito não pode ser imputado directamente ao painel sanduíche mas sim à solução construtiva (conjunto de materiais componentes da solução) e cada solução construtiva deverá ser ensaiada em laboratório para obter a respectiva classificação em tempo (por ex. 60 minutos). Sendo as características de segurança contra incêndio um requisito essencial nas normas de produto de todos os produtos de construção, foi com grande naturalidade que por toda a União Europeia se constatou a
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≥ Ensaios de resistência ao fogo à escala real.
≥ Cobertura do Museu de Évora com painéis sanduíche.
adaptação e melhoria da legislação respeitante à segurança contra incêndio dos edifícios. O ENQUADRAMENTO LEGAL EM PORTUGAL Foi em Novembro de 2008 que foi publicada a tão esperada legislação “Regime Jurídico
de Segurança Contra Incêndio de Edifícios” (SCIE): DL 220/2008 e “Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio de Edifícios” (SCIE): Portaria 1532/2008. Dois anos passados, continuamos na prática a viver em período de transição, contrariando em muitos casos a legislação
vigente. Continuam a usar-se soluções e materiais que sendo bons são inadequados para a segurança incêndio. Não existe ainda em grande parte dos técnicos da obra, desde projectistas até à fiscalização, a informação para obrigar a que se cumpra a lei. Como exemplo de casos recorrentes em aplicações de painel sanduíche, os revestimentos exteriores de cobertura, devem ser, no mínimo da classe de reacção ao fogo, C – s2 – d0, conforme portaria 1532/2008 no artigo 10, alínea 11. Lamentavelmente, o que se verifica no mercado, é que grande parte desses revestimentos, continuam a ser realizados com painel sanduíche que não cumpre este requisito essencial. No contexto actual em que vivemos tempos de crise, todos os painéis sanduíche, graças às suas características (térmicas, mecânicas, acústicas, de reacção ao fogo e respeito pelo meio ambiente) declaradas por cada fabricante com a marcação CE, se podem constituir como solução económica e adequada consoante o critério de escolha vise as soluções construtivas e utilizações a que se destinam. Uma escolha criteriosa permite obter uma excelente relação custo/beneficio já que com a oferta disponível no mercado, é possível com a utilização de um único sistema construtivo em painel sanduíche fazer em tempo rápido o revestimento com isolamento térmico, acústico, evitando a formação e propagação do fogo através do isolante protegendo as áreas isoladas frente a acção do fogo. JANEIRO A MARÇO ‘11
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Estudo Sobre o Comportamento Humano em Caso de Incêndio Elisabete Cordeiro Mestre em Segurança ao Incêndio
António Leça Coelho
Investigador no Laboratório Nacional de Engenharia Civil
Das possíveis situações de emergência a que, provavelmente, tem mais implicações no comportamento humano está directa, ou indirectamente, relacionada com um incêndio devido às diversas manifestações associadas à sua ocorrência (aumento da temperatura, presença de chamas, fumo e/ ou gases tóxicos). A análise e a previsão do comportamento humano na resposta a uma situação de incêndio requerem um sistema integrado que envolve as pessoas, o edifício e o fogo. As pessoas irão responder de forma distinta a diferentes situações de incêndio, dependendo de diversos factores. Apesar de existir alguma aleatoriedade no comportamento humano numa situação de incêndio, considera-se que é possível a sua padronização em função de diversos factores. Neste artigo é feita a síntese de um estudo sobre o comportamento em caso de incêndio, baseado na análise de um inquérito distribuído a nível nacional, do qual faziam parte 14 questões relacionadas com o incêndio, e que contou com 225 respostas. CONHECIMENTO DOS PLANOS E CAMINHOS DE EVACUAÇÃO E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA A formação em segurança de incêndio está a conhecer em Portugal algumas alterações cujos reflexos no comportamento importa avaliar. Assim, tentando compreender se os inquiridos têm conhecimento dos planos de evacuação dos edifícios que frequentam, verificou-se que 141 responderam negativamente, com uma percentagem muito semelhante para o género masculino e feminino. 40
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Praticamente todos os inquiridos, 96,89%, mencionaram que conseguem identificar as saídas de emergência, mas o mesmo já não se verifica relativamente à sua localização nos edifícios que frequentam, pois somente 55,56% declaram ter esse conhecimento. No que se refere à preocupação em conhecerem a localização das saídas de emergência nos edifícios que frequentam verifica-se que, quando os inquiridos não têm formação em segurança contra incêndio, apenas 37% no género feminino e 38% no género masculino, têm essa preocupação. Quando os inquiridos têm formação em segurança contra incêndio aquelas percentagens aumentam significativamente, passando para 70% no género feminino e 50 % no masculino. Neste inquérito verificou-se que dos 72 inquiridos com formação na área da segurança ao incêndio 36 escolheriam, em caso de emergência, o caminho que usam em situações normais. Dos 153 inquiridos que não têm formação nessa área, 79 também escolheriam o caminho que normalmente utilizam para abandonar o edifício. Estes resultados parecem indiciar que relativamente à escolha dos caminhos de evacuação em caso de emergência a influência da formação na área da segurança ao incêndio não é determinante no comportamento pois, quer num caso quer noutro, cerca de 50% dos inquiridos escolheriam os percursos que fazem habitualmente. PÂNICO E ESPÍRITO DE ENTREAJUDA A generalidade das pessoas considera que o pânico é frequente numa situação de incêndio fruto, não raramente, de notícias da
imprensa que exploram os acontecimentos em que esse comportamento está presente, embora alguns estudos estrangeiros refiram que na generalidade dos casos isso não se verifica. De acordo com os resultados obtidos no inquérito, 210 dos 225 inquiridos consideram que numa situação de incêndio irá ocorrer pânico, não se verificando diferenças assinaláveis entre géneros, habilitações e formação em matéria de segurança contra incêndio. Quanto ao espírito de entreajuda ele pode ser fundamental sobretudo para ocupantes com limitações diversas, nomeadamente no que se refere à mobilidade. Da análise das respostas constata-se que 137 das respostas mencionaram que ele existe, sendo 76 do género feminino e 61 do género masculino. RELAÇÃO COM O EDIFÍCIO A reacção dos ocupantes no decurso de um incêndio pode ser influenciada pela relação que têm com o edifício. Dos 50 inquiridos que já estiveram envolvidos num incêndio, 27 deles referiram que a sua reacção será igual, independentemente de estar num edifício seu ou não, e dos 175 restantes 92 mencionaram que também terão a mesma reacção. MODOS DE ALERTA DO OCUPANTE Um dos objectivos do inquérito era saber como é que as pessoas têm conhecimento da existência de um incêndio. Da análise feita constatou-se que o factor mais referido foi o “Cheiro a fumo”, com 66 respostas, seguido do “Alarme”, com 53, enquanto o terceiro recaiu na “Visualização do fumo”, com 27 respostas.
INTERPRETAÇÃO DO SINAL DE ALARME A existência de sistemas de alarme começa a generalizar-se em muitos dos edifícios, pelo que é importante avaliar o modo como as pessoas interpretam esse sinal, pelo que no inquérito foi colocada uma questão relacionada com este aspecto. Da análise das respostas constatou-se que 40% dos inquiridos indicam, face à incerteza da situação, que se trata de um incêndio, enquanto 27% consideram estar perante um “Exercício de evacuação”, 13% que estão perante “Operações de Manutenção” e 12% perante “Incêndio Real”. REACÇÕES AO SINAL DE ALARME Outro dos objectivos do inquérito era identificar quais as reacções dos ocupantes ao alarme de incêndio, constatando-se a existência de uma reacção predominante.
De facto, a reacção “Procurar saber o que se passa”, com uma percentagem igual a 65%, excede largamente todas as outras, tanto para o género masculino como para o feminino. A segunda resposta mais indicada foi “Deixa o local onde está para sair do edifício”, em ambos os géneros, mas neste caso a percentagem é relativamente menor para o género masculino, sendo apenas de 11% contra 20% do género feminino. Da análise dos resultados conclui-se que dos 62 inquiridos que indicaram como primeira interpretação ao sinal de alarme “Na incerteza considera-o como de incêndio”, 63% indicou que a primeira reacção é “Procura saber o que se passa”. Dos 42 inquiridos que interpretaram o sinal como sendo relativo a exercícios de evacuação, 52% continua a indicar que a sua primeira reacção é “Procura saber o que se passa”.
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ACÇÕES FACE AO ALARME Tentando identificar quais as acções desenvolvidas pelos ocupantes quando têm consciência que algo invulgar está a acontecer, verificou-se que 36% dos inquiridos referem “Investigar o que está acontecer”, enquanto 33% indicam “Abandonar o local por iniciativa própria”. Seguem-se como acções mais referidas “Alertar os outros” com 27%, e “Esperar que alguém lhe diga o que deve fazer” com 3% e, finalmente, 1% indicou “Continuar a fazer o que estava a fazer”. Relativamente a esta matéria verificou-se que o sexo não tem uma influência significativa nas respostas dadas. Procurou-se, ainda, relativamente a esta questão, avaliar se a formação em segurança contra incêndio altera a acção do ocupante. A resposta mais indicada pelos inquiridos com formação foi “Investigar o que estava acontecer”
©Tiago Ribeiro
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com 43%. Por sua vez a opção mais indicada por inquiridos sem formação foi “Abandonar o local por iniciativa própria”, com 33%. Estas respostas parecem indiciar que os ocupantes com formação tendem a “Investigar o que estava acontecer”, enquanto os inquiridos sem formação têm como principal objectivo “Abandonar o local por iniciativa própria”. A vivência de um incêndio real pode alterar o comportamento futuro dessa pessoa quando confrontada de novo com essa situação. Da análise ao inquérito verifica-se que a acção mais indicada pelos inquiridos que nunca estiveram confrontados com uma situação de incêndio é “Abandonar o local por iniciativa própria”, com 35% das respostas. Por sua vez, para os inquiridos que já viveram uma situação de incêndio a acção mais indicada foi ”Investigar o que estava acontecer”, com 43% das respostas, sendo esta a segunda resposta
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mais referida pelos inquiridos que nunca foram confrontados com essa situação, com 35%. Para os inquiridos que já se confrontaram com um incêndio a segunda resposta mais indicada foi “Alertar os outros” com 30%. REACÇÃO FACE AO FUMO Tentando compreender o comportamento dos ocupantes face ao fumo, que é uma das manifestações associadas ao incêndio, o inquérito continha uma questão relativamente a esta matéria no sentido de perceber qual a reacção face a uma redução de visibilidade. Das 204 respostas obtidas 133 referem como reacção mais frequente “Tentar outro caminho”, seguida de “Investigar para combater o incêndio”, com 53 respostas, sendo as outras acções meramente residuais. Nesta questão em particular constatou-se que a formação em segurança ao incêndio tem
uma influência decisiva nas acções tomadas pelos ocupantes. REACÇÃO FACE AO INCÊNDIO Tentado analisar a reacção do ocupante quando confrontado directamente com um incêndio e, não somente com uma ou outra manifestação deste como, por exemplo, o fumo ou o cheiro de produtos resultantes da combustão, o inquérito tinha uma questão sobre esta matéria. Da análise das respostas verificou-se que a reacção mais indicada foi a de “Tentar outro caminho para sair do edifício”, com 58 %, seguida de “Pedir ajuda”, com 22%. A terceira acção mais referida, com 17% das respostas, foi “Combater o incêndio”. CONCLUSÕES E ESTUDOS FUTUROS Uma parte significativa dos incêndios que ocorre em edifícios resulta de acções directas
O que liga o SADI à extinção automática? A Previnave, porque somos a melhor opção para uma solução integrada de protecção contra incêndio. Porque fornecemos todos os equipamentos necessários, dos detectores mais específicos e das centrais mais avançadas à extinção por gases, sejam HFC’s, inertes ou CO2. Porque são os nossos técnicos, devidamente qualificados, que fazem toda a instalação. E porque o nosso Serviço de Manutenção garante o bom funcionamento de todo o Sistema. Em resumo: porque garantimos confiança.
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ACÇÃO DO OCUPANTE FACE AO ALARME
REACÇÃO DO OCUPANTE FACE AO ALARME
1% 3%
5%
3%
7%
5% 0% 27%
33%
27%
65%
36%
≥ Gráfico 1
≥ Gráfico 2
Alertar os outros. Continuar a fazer o que estava a fazer. Esperar que alguém lhe dissesse o que devia fazer. Abandonar o local por iniciativa própria. Investigar o que estava a acontecer.
REACÇÃO NA PRESENÇA DE FUMO
Deixa o local onde está para sair do edifício. Aconselha terceiros a continuarem a sua actividade. Avisa terceiros para deixarem o edifício. Contacta os bombeiros. Outros. Nenhuma. Procura saber o que se passa. REACÇÃO NA PRESENÇA DO INCÊNDIO
3%
1%
26%
17% 22%
2%
3% 3%
65%
≥ Gráfico 3 Tentar outro caminho para sair do edifício. Outras. Investigar para combater o incêndio. Investigar por curiosidade. Voltar para trás.
58%
≥ Gráfico 4 Pedir ajuda. Outras. Combater o incêndio. Voltar para trás. Tentar outro caminho para sair do edifício.
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ou indirectas das pessoas. Assim, quando os incêndios afectam em maior ou menor grau o edifício e as pessoas, isso deve-se, por vezes, não só ao facto dos meios de segurança do edifício não terem a capacidade de desempenho desejada, mas também porque nem sempre o comportamento das pessoas é o mais eficaz do ponto de vista da sua própria segurança. Em muitas situações, o comportamento das pessoas depende, em grande medida, do que elas esperam que ocorra e isso é claramente influenciado pela envolvente da situação em que se encontram. Colocando as pessoas a intervir na segurança contra incêndio ajudará a fomentar expectativas positivas de auto-eficiência e a criar um conhecimento sobre as situações que permitirão um melhor desempenho, quer na prevenção do incêndio quer numa situação de emergência, caso esta se concretize. Este estudo indicia já algumas tendências mas é ainda insuficiente para concretizar o objectivo final, que é o de estabelecer um modelo comportamental adaptado à população portuguesa e quantificar o tempo gasto pelos ocupantes em acções que decorrem entre o instante em que têm conhecimento do incêndio e aquele em que decidem deixar o edifício. Para que isso aconteça é necessário aperfeiçoar o inquérito usado neste estudo, estendendo-se de seguida a um universo mais representativo da população nacional, incluindo corporações de bombeiros. O registo e análise de alguns simulacros e situações reais são uma outra via para consolidar o conhecimento sobre o comportamento dos ocupantes.
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Um primeiro aspecto que importa realçar está relacionado com a representatividade da amostra que serviu de base ao estudo. Nesse aspecto verifica-se que, quer a percentagem dos inqueridos quer a sua idade média, seguem a tendência nacional. Por outro lado, num universo de 225 inquiridos, apenas 72 têm formação contra incêndio e somente 19 fazem uma reciclagem anual, facto que parece também não se afastar muito da realidade portuguesa. Já no que se refere ao aspecto particular das habilitações literárias, a amostra não traduz a realidade do País, pois mais de 50% dos inquiridos têm formação de nível universitário, percentagem que excede largamente a realidade nacional. É necessário avaliar, no decurso do desenvolvimento do estudo, se este desajustamento relativamente à realidade influência as conclusões finais e procurar que novos inquéritos reflictam com maior proximidade a grau de instrução da população nacional. Dos 225 inquiridos 50 deles já estiveram envolvidos numa situação de incêndio, facto que é relevante para estabelecer correlações com aqueles que nunca tiveram tal experiência.
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Detecção de Incêndio em Residências Daniel Fernandes Gestor Comercial para a Região Sul da Europa da Detectomat
Quem não se recorda de alguns incêndios em edifícios emblemáticos da nossa sociedade, dos danos causados e das graves consequências resultantes? O incêndio do Chiado em 1988, por exemplo, foi um acontecimento que teve um impacto avassalador no nosso país e que ainda está impresso na memória colectiva de todos os portugueses. Após as lições de vários outros incêndios e através da dedicação imensa por parte de um grupo de técnicos e especialistas em segurança contra incêndio, surge finalmente a 1 de Janeiro de 2009, o novo Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RJ-SCIE). Longe de estar perfeito, este regulamento constitui uma ferramenta de trabalho única 44
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que abre novos horizontes para o incremento da segurança das pessoas e dos edifícios da nossa sociedade. As principais melhorias deste novo quadro legal incluem, por exemplo, uma maior coerência legislativa uma vez que a anterior regulamentação estava dispersa por vários diplomas; e também a inclusão de todos os tipos de edifícios (utilizações-tipo) e respectiva classificação de risco. Sobre a primeira utilização-tipo, edifícios habitacionais, diz o RJ-SCIE: “Corresponde a edifícios ou partes de edifícios destinados a habitação unifamiliar ou multifamiliar, incluindo os espaços comuns de acessos e a áreas não residenciais reservadas ao uso exclusivo de residentes”. O Regulamento Técnico de aborda pontos fundamentais tais como as vias de evacuação horizontais e verticais, a reacção ao fogo de materiais, o controlo de fumo, entre outros. Este inclui também uma referência à sinalização, iluminação e detecção: “os edifícios devem ser equipados com equipamentos que fornecem informação essencial numa situação de perigo, que facilitem a evacuação e facultem a detecção de incêndio precoce”. Muito embora os espaços interiores de habitação estejam excluídos destas exigências relativas à sinalização, iluminação e detecção. Isto significa que a detecção automática de incêndio dentro das habitações familiares, que são os locais onde existe a maior actividade humana e, logo, onde se produzem mais frequentemente de situações de risco de incêndio, não é obrigatória por lei. No entanto, a instalação de detectores de fumo domésticos nos
edifícios habitacionais está a ser cada vez mais reconhecida como necessária nos diferentes países da comunidade europeia e no mundo, sendo este tipo de detecção automática de incêndio já obrigatória em vários países. Existem várias soluções de detecção de incêndio para aplicação residencial. A par dos sistemas de detecção de incêndio mais complexos que requerem instalação e manutenção por equipas especializadas, estão também disponíveis no mercado soluções de detectores de fumo autónomos ou stand alone, isto é, detectores que não estão integrados em sistemas de detecção. Atentemos no caso europeu e nas referências normativas existentes que tratam dos requisitos técnicos e métodos de ensaio dos detectores stand alone para aplicação residencial tais como: DIN 14676, DIN EN 54-7, DIN EN 14604, DIN EN 50130-4, VdS 3115 e IPC-A-610 DE. QUALIDADE E EFICIÊNCIA DE UM DETECTOR Só na Alemanha contabilizam-se todos os anos 200.000 incêndios, 600 vítimas mortais de incêndio em residências e cerca de 6.000 vítimas de queimaduras graves de longa duração, para além de prejuízos estimados em mais de um bilião de euros. Os incêndios em residências são extremamente perigosos, especialmente se eclodem durante a noite quando os ocupantes estão a dormir e são incapazes de detectar o incêndio ou mesmo o fumo. Aliás, a inalação de fumo, e não o fogo em si, constitui a principal causa
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de morte em situações de incêndio. Neste contexto, a instalação de detectores de fumo é fundamental para a protecção de vidas. Em caso de incêndio, o alarme sonoro chama a atenção em tempo útil, mesmo quando se está a dormir. Logo incrementa significativamente a reacção dos ocupantes e a possibilidade de intervir sobre o foco de incêndio num estádio inicial, quer para pedir auxílio aos bombeiros, quer para intervir directamente sobre o incêndio através da utilização de equipamentos de primeira intervenção no combate a incêndios, como extintores ou mantas de incêndio. Um detector de fumo stand alone permite a máxima sensibilidade na detecção de incêndios reais, minimizando as interferências externas, de forma a evitar alarmes falsos. Para garantir estas características, os fabricantes destes equipamentos levam em linha de conta o seguinte: Desenho e construção especial da câmara de medição Ao construir a câmara de medição os fabricantes deparam-se com um desafio técnico que passa por manter aberta e desobstruída a entrada de fumo em caso de incêndio. Interferências como a luz (efeito foto óptico), a sujidade ou insectos de pequena dimensão podem impedir o acesso do fumo à câmara. Uma das soluções disponíveis consiste num mecanismo de entrada de fumo patenteado, similar a um labirinto onde o fumo tem acesso e onde permanece o tempo suficiente para ser efectuada uma análise eficiente. Os distúrbios no intervalo de medição são evitados através de divisórias e materiais específicos,
≥ Exemplos de detectores de fumo para residências.
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como por exemplo revestimentos que absorvem de luz e telas de insectos. Sensor de avaliação inteligente Quando as partículas entram na câmara de medição do detector de fumo é activada uma mediação múltipla. Isso significa que, através de uma leitura múltipla e ciclicamente cronometrada, os testes vão demonstrar se o fumo que entrou na câmara é realmente proveniente de um incêndio ou se se trata simplesmente de poeira ou fumo de um cigarro. O alarme apenas ocorre quando todos os impulsos do teste detectarem as características de um fumo real proveniente de um incêndio. Com base em novas tecnologias, esta medição múltipla apresenta impulsos realizados em intervalos de tempo curtos, em que intervêm 16 critérios da avaliação diferentes
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no mesmo período. Esta medição múltipla criteriosa tem também como consequência a minimização de falsos alarmes. Comparativamente, os detectores pertencentes a um sistema convencional são mais susceptíveis a alarmes falsos pois não possuem medição múltipla, mas apenas uma medição da câmara óptica de fumos, ainda que o sistema seja composto por vários detectores na mesma zona. Bateria A alimentação dos detectores stand alone é um factor importante para a fiabilidade do sistema de detecção. Regra geral, a maior parte das gamas de detectores de fumo para residências estão equipadas com uma bateria de 10 anos. Aspectos como a qualidade dos componentes electrónicos, a fiabilidade e precisão
do estado do processamento de análise das informações da bateria são cruciais para garantir uma utilização do detector a longo prazo. Uma blindagem electrónica avançada contra interferências como telemóveis, fontes de luz externas, frequências de rádio, indução magnética e lâmpadas fluorescentes, contribui para aumentar a fiabilidade e resistência do detector de fumo. Habitualmente os detectores são equipados com um selo de protecção adicional (lacre) contra a remoção não autorizada de componentes. Naturalmente, todos os detectores de fumo stand alone deverão ser testados e aprovados por laboratórios independentes de qualidade reconhecida de acordo com a norma EN 14676. INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO Existem várias opções de instalação de detectores stand alone certificadas pelos laboratórios de ensaios. Parafusos e cola são duas hipóteses de aplicação. No que respeita à manutenção existem alguns equipamentos que identificam de forma automática a necessidade de mudança de bateria ou a sua contaminação. As funções de teste do detector poderão ser actuadas a qualquer altura por via do modo de teste. A manutenção destes equipamentos poderá ser realizada através da tecnologia Click-In bastando para tal que essa operação seja actuada pelo utilizador. Tratando-se de um produto para utilização exclusivamente residencial, as considerações técnicas de aplicação e manutenção referidas anteriormente visam garantir uma fácil interacção e intervenção por parte do utilizador do detector e o equipamento em si. Como conclusão, refira-se que a evolução técnica e tecnológica permite cada vez mais o incremento da segurança de pessoas e bens. No entanto, a segurança contra incêndio deve utilizar a tecnologia para aumentar os índices de fiabilidade dos seus produtos, procurando reduzir a probabilidade de erro ou omissão. Mas a tecnologia por si só não é segurança. A melhor forma de se balizar este paradigma é, seguramente, produzir produtos que cumpram as normativas Europeias e Internacionais, que têm como finalidade proteger o consumidor.
OPINIÃO
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Protecção Automática Contra Incêndios – Um Instrumento de Sustentabilidade A. Tovim Batista Administrador da Tovim Batista, S.A.
As empresas existem para produzir bens e serviços, para tal dispõem de tecnologia, meios de produção, trabalhadores, instalações e mercado. A existência de um grande sinistro, tal como seja um incêndio de grandes proporções, pode ter tais consequências que leve ao desaparecimento da empresa. Dados estatísticos demonstram que em cada 10 empresas que tenham sofrido um sinistro deste tipo, apenas 3 voltam a laborar, todas as demais acabam por desaparecer, com as consequências económicas (perdas de bens) e sociais (perdas de postos de trabalho) que lhe estão associadas.
O principal motivo que leva ao encerramento das empresas é, na grande maioria dos casos, a perda do seu mercado, atendendo ao tempo que medeia entre o sinistro e o retomar das actividades da empresa. É corrente, sempre que uma empresa tem um sinistro que impossibilite a continuação de fornecimento de produtos ou serviços aos seus clientes, que a concorrência retire benefícios directos, na medida em que se lhes abre mais uma parte de mercado. Hoje em dia, junto das companhias de seguros, é possível a subscrição de apólices JANEIRO A MARÇO ‘11
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de seguros que cubram a quase totalidade dos riscos a que todas as empresas estão expostas: Perdas materiais - Instalações, máquinas e equipamentos; Perdas humanas – Trabalhadores qualificados; Perdas financeiras – Lucros cessantes. Só uma coisa não é possível a empresa segurar: o seu mercado, uma vez que este não pode ser quantificado e varia muito em função daquilo que a empresa produz e vende. O pior que pode acontecer a qualquer empresa é deixar que a sua concorrência entre nos seus clientes. Aquilo que levou, por vezes, uma vida a construir, pode desaparecer de um momento para outro, por algo que poderia ser evitado – um incêndio de grandes proporções. A Gestão de Riscos constitui, a par da gestão financeira, de produção, de recursos humanos, etc., uma ferramenta importante da gestão da empresa, na medida em que
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tem por objectivo promover a análise dos riscos que poderão pôr em causa a sua continuidade, nomeadamente nos casos de ocorrências de sinistros (incêndios, avaria de máquinas, etc.) O melhor meio para evitar ou minimizar este risco, isto é, garantir que a empresa continua a colocar nos seus clientes os seus produtos e ou serviços, na mesma quantidade e com a mesma qualidade de sempre, é a protecção automática contra incêndios, isto porque os incêndios não informam com antecedência quando acontecem, nem em que dimensão. Ainda que existam muitos meios de protecção automática contra incêndios, os sistemas de sprinklers são aqueles que melhor contribuem para a solução deste problema, na medida em que, quando bem dimensionados, em função dos riscos reais a que a empresa possa estar exposta (fase de projecto), bem realizados
(fase de instalação) e bem mantidos (fase de exploração), são capazes de detectar um incêndio na sua fase inicial, dar o alarme e iniciar o seu combate. De uma maneira geral, um sistema de sprinklers consegue extinguir um incêndio ainda antes da chegada de socorros exteriores (bombeiros), mas se o não conseguir, são desenhados para manter o fogo dentro de uma área reduzida até à chegada destes, possibilitando uma rápida extinção, com danos mínimos para a empresa, e possibilitando que continue a laborar sem grandes problemas. Os sistemas de protecção automática por sprinklers têm associadas duas funções automáticas fundamentais para o combate a incêndios: a função de detecção e a função de extinção. A função de detecção de incêndios é considerada das mais fiáveis que existem, pois tratando-se de um sistema de detecção termostático, só funciona quando no local onde se encontra existam temperaturas iguais ou superiores à sua temperatura. A única hipótese de este sistema dar um falso alarme resulta da ruptura acidental do elemento sensor de um sprinkler ou da ruptura da tubagem de água que os alimenta. Porém, em qualquer dos casos é necessário verificar o que está a acontecer pois, no mínimo, poderá estar a ocorrer uma inundação que é necessário parar. A função de extinção de incêndios também é das mais eficazes pois, após a detecção, o sprinkler inicia automaticamente o combate ao incêndio ainda numa fase em que este pode ser extinto, ou controlável, até à chegada de socorros exteriores como, por exemplo, bombeiros. Porém, isto só é verdade desde que a instalação seja realizada em perfeita consonância com a realidade do risco, e isto tem que ver com a actividade da empresa, o tipo de instalações (altura e tipo de tectos), a combustibilidade das matérias-primas e dos equipamentos utilizados, a que fim se destinam as zonas a proteger (produção ou armazenagem), se são armazenagem qual o seu tipo (em racks, empilhada sobre paletes, ou empilhada simplesmente) e altura, temperaturas existentes nos locais a proteger,
OPINIÃO
etc., bem como com a zona geográfica onde esta se encontra (risco sísmico). Por aqui se pode concluir que a protecção automática contra incêndio não é um “fato pronto-a-vestir”, mas sim um “fato por medida”. Para cada caso existe uma solução específica, bem como um tipo de instalação de sprinklers adequada. Para responder a todo o tipo de riscos de incêndio, foram desenvolvidos pelos especialistas os seguintes tipos genéricos de instalações de sprinklers: ≥ Sob água ou “húmidas” (que são a mais vulgares). Podem ser instaladas em todos os locais onde não exista risco da água solidificar nas tubagens (risco de gelo) se os locais não disporem de sistemas de aquecimento. São, em termos globais, as mais económicas e podem ser instaladas na quase totalidade das instalações industriais, de logística, centros comerciais e outros estabelecimentos que recebem público, garagens, etc. ≥ Secas – Indicadas para locais onde exista o risco de gelo, isto é, zonas não aquecidas em regiões onde a temperatura possa atingir durante muito tempo temperaturas abaixo de 5º C, como por exemplo telheiros de carga e descarga de camiões, câmaras frigoríficas, etc., ou ainda, zonas em que a água possa correr o risco de se vaporizar, como sejam estufas de secagem. Este tipo de instalações está condicionado pelo tempo de resposta (tempo que após o disparo a água leva a atingir o sprinkler hidraulicamente mais desfavorecido), o que limita o seu volume interior e, por consequência, o número de sprinklers controlados por cada posto de comando. ≥ Dilúvio – São as mais indicadas para zonas onde existam produtos de combustão muito rápida, como por exemplo locais de armazenagem de líquidos combustíveis ou onde estes possam existir em grandes quantidades. Neste caso a dimensão das instalações está condicionada à sua superfície implicada (área a considerar para o seu cálculo hidráulico). Neste tipo de instalação, todos os sprinklers são abertos, actuando em
simultâneo e necessitam de um sistema de detecção automática para poderem actuar. Este sistema de detecção pode ser electrónico, pneumático ou hidráulico. Os sistemas mais fiáveis são os de detecção hidráulica, que funcionam com a própria pressão rede de incêndios. ≥ Pré-acção – Este sistema de sprinklers é o indicado para a protecção de locais onde existam documentos ou equipamentos de elevado valor ou exemplares únicos, com o sejam bibliotecas, arquivos, museus, centros informáticos, onde um disparo intempestivo ou a ruptura de tubagem possam provocar danos através da água. Este sistema de sprinklers só actua no caso da existência de um incêndio real, para tal, as tubagens no interior dos locais a proteger estão cheias de ar, em vez de água. Para que funcionem, os sistemas de pré-acção necessitam de dois sistemas distintos de detecção, uma electrónica (iónica, ou termostática) e outra termostática, que são os próprios sprinklers. No caso da ruptura acidental de um sprinkler ou da tubagem, há apenas um alarme de falta de ar, porém, a central de comando não permite a entrada de água. No caso da existência de fumo no interior dos locais, mas se não houver temperatura, há um alarme, mas a água não invade a rede de sprinklers. Só quando existir fumo e temperatura que levem à ruptura de um ou mais sprinklers e a existência de fumos, o que configura a existência de um incêndio, é que a central de comando dá ordens para o disparo de água, que apenas irá molhar as zonas que se encontrem protegidas pelo sprinkler/sprinklers que abram. Como em todos os outros sistemas de sprinklers acima citados, este sistema só deixa de deitar água após o fecho da válvula de seccionamento, o que só deve ser feito após confirmação de que o incêndio que motivou a sua abertura está realmente extinto, ou por indicação do responsável pelo combate ao incêndio (socorros exteriores). ≥ Pré-acção de duplo inter-bloqueio (ciclo de fogo) – Este sistema de protecção segue o ciclo do fogo, isto é, dispara e ataca o incêndio e, contrariamente ou que acontece
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com todos os outros sistemas de sprinklers, quando o mesmo é considerado extinto (baixa da temperatura no interior do local), dá ordem de fecho da água, a fim de evitar os danos provocados por esta. O sistema de pré-acção de duplo inter-bloqueio (só dá ordem de no caso de incêndio real) tem a particularidade de parar a saída da água quando o incêndio é extinto. Foi desenhado como alternativa ao Halon e destina-se essencialmente à protecção de museus e arquivos históricos, onde possam existir peças de valor únicas. A regulamentação da protecção contra incêndios em Portugal sempre esteve muito dispersa por diversos decretos-lei, portarias e demais textos legais, com origem nos mais diversos Ministérios e privilegiando de uma forma especial a salvaguarda de vidas humanas, o que nos parece perfeitamente aceitável, mas ignorando quase por completo a protecção de bens materiais. Com a saída de nova regulamentação, em Janeiro de 2009 (vide Decreto-Lei 220/2008, Portaria nº1532/2008 e Portaria nº64/2009) este problema foi em larga medida ultrapassado e passou a ser obrigatória a protecção automática contra incêndios por sprinklers em muitos edifícios industriais e/ou de logística, em função da carga térmica existente. Quanto aos edifícios que, segundo a legislação acima referida, devem dispor de sistemas automáticos de protecção contra incêndios, estamos de acordo; porém quando este estabelece parâmetros para essa mesma protecção (densidades e áreas de cálculo), já estamos em total desacordo, pois os números indicados estão totalmente desactualizados e em contradição com as mais conhecidas normas internacionais o que, de uma maneira geral, leva à utilização de densidades (litros/ minuto/m2) e áreas de cálculos que nada têm a ver com as cargas térmicas ou com o tipo de ocupação dos edifícios. Pensamos que, em vez de se indicarem estas densidade e áreas de cálculo, o Legislador deveria indicar, no caso em que a protecção por sprinklers é exigida, quais as normas que se deveriam observar para a sua realização. As normas mais conhecidas e mais utilizadas na Europa para a realização de instalações de sprinklers, dada a experiência existente JANEIRO A MARÇO ‘11
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nesta área nos seus países de origem, são as seguintes: ≥ EN 12485 de Janeiro de 2004 – Sistemas automáticos de extinção do tipo sprinkler. ≥ NFPA 13 – Norma da National Fire Protection Association para instalação de sistemas de sprinklers. ≥ FM Global 2.8N – Norma para a instalação de sistemas de sprinklers. Desta forma estamos convictos que se queremos passar a ter em Portugal, de uma maneira geral, instalações de sprinklers bem dimensionadas e que correspondam aos riscos reais que se pretendam cobrir com estas instalações, o Legislador deveria obrigar, como mínimo, a que no futuro fosse obrigatório a aplicação da norma Europeia EN 12485, acima referida.
OPINIÃO
Na nossa actividade, todos os dias encontramos instalações de sprinklers perfeitamente inadequadas aos riscos que se pretende proteger, mal projectadas e executadas, e que em caso de um incêndio, em que fosse necessária a sua actuação, não conseguiriam alcançar o objectivo que presidiu à sua execução, isto é, a extinção ou o controlo do incêndio dentro de dimensões tais que permitissem aos socorros exteriores a sua extinção. No âmbito do mercado deste tipo de sistemas, é de referir que existem companhias de seguros do ramo de Incêndios, nomeadamente as multinacionais, que sempre que os edifícios, industriais ou de outro tipo, sejam protegidos de acordo com as suas especificações e com as normas por elas indicadas, concedem descontos sobre o prémio das apólices e que podem chegar os 80%. Na sua maioria, estas companhias de seguros
recomendam a aplicação das normas da NFPA, ou das suas próprias normas, como é o caso da FM Global. Hoje em dia, salvo raras excepções, no campo da protecção e extinção dos incêndios, o objectivo quer dos promotores ou proprietários, quer dos projectistas por eles contratados, é o de responder ao estabelecido por lei ao mais baixo preço, responda ou não aos riscos reais existentes. A motivação principal é somente a aprovação e a atribuição da respectiva licença de utilização. Esta forma de pensar representa, quanto a nós, uma má abordagem à segurança, pois. Não podemos deixar de cumprir a lei, mas devemos conceber estes sistemas da melhor forma possível, para que um dia, caso sejam chamados a actuar, possam fazê-lo da forma correcta - só assim será possível rentabilizar o investimento feito.
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SEDE: Rua Quinta do Conde de Mascarenhas, Lote 8 Vale Fetal 2820-652 Charneca de Caparica Tel.: (351) 21 253 57 06 / Fax.: (351) 21 253 20 77 contrafogo@contrafogo.pt
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Soluções tecnológicas de segurança via IP Bruno Banha Product Manager Corporate Networks & Security da NextiraOne Portugal
As tecnologias digitais actuais permitem trabalhar com convergência onde antes apenas se falava de coexistência de infra-estruturas distintas que acomodavam serviços tradicionais independentes (por ex. telefone/fax em par de cobre, computadores em cabo UTP, televisão em cabo coaxial, alarmes e alimentação eléctrica em cabos específicos, etc.). Existem três factores fundamentais que criam as condições para a convergência: ≥ tecnologia digital em vários serviços, ≥ tecnologia de transmissão actual, ≥ protocolos de transmissão standard. A tecnologia digital permite que toda a informação – texto, som, imagem/vídeo – seja representada por bits e, portanto, transmitida como sequências de “uns” (1) e “zeros” (0), com elevada imunidade a perturbações no canal de comunicação. As tecnologias de transmissão permitem uma melhor utilização da capacidade disponível em cada uma das diferentes infraestruturas. Por consequência, serviços que necessitem de mais capacidade podem ser disponibilizados em infra-estruturas que anteriormente estavam previstas para um só tipo de serviços. Os protocolos normalizados (standard) permitem a interoperabilidade entre as tecnologias e os sistemas distintos, funcionando como uma “linguagem universal” para entendimento de todos os constituintes. De uma forma algo “tímida”, as cablagens estruturadas baseadas em Fibra Óptica (FO)
e cabo UTP/FTP, bem como o protocolo de comunicações IP (Internet Protocol), foram evoluindo desde princípios da década de 90, com o objectivo concreto e imediato de servir as comunicações de Dados e de Voz (tipicamente de PC’s em rede local e de telefones tradicionais analógicos e digitais), mas com o objectivo a médio e longo prazo de poder servir outras aplicações emergentes, simplificando assim a implementação e manutenção de infra-estruturas com evidentes vantagens funcionais e económicas para quem iria usufruir da solução. A evolução das tecnologias mencionadas levou hoje em dia à utilização massificada não só da cablagem estruturada (UTP/FO), como do protocolo IP, para as redes de Dados e de Voz, que são estruturas extremamente flexíveis e expansíveis. Assim, estas soluções de infra-estruturas providenciam uma excelente arquitectura para o processo da cada vez maior convergência de aplicações e serviços. A normalização do protocolo IP levou a que outras áreas de serviços, como por exemplo a videovigilância, o controlo de acessos, a televisão, entre outras, passassem a ter disponíveis interfaces IP nativos, podendo ligar-se assim nas redes IP locais e alargadas (LAN & WAN). Esta integração permite que mais facilmente se desenvolvam novas formas de interligação de aplicações diferentes, sobre a mesma infra-estrutura, como por exemplo, integrando controlo de acessos a locais, conjugado com gestão de iluminação ou sistemas de som com JANEIRO A MARÇO ‘11
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chamada pública, coordenado com captação automática de imagem, localização física de pessoas ou equipamentos, envio de alarmes/ avisos por SMS ou por e-mail, com chamada GSM e mensagem gravada, ou por activação de uma janela de “pop-up” na consola dos elementos de controle, a qual pode estar em qualquer local da rede do cliente. Além desta facilidade de implementação inicial, qualquer futura expansão é facilitada pelo facto de as novas câmaras, pontos de controlo de acessos ou outros, se poderem ligar ao bastidor da rede de cablagem estruturada que se encontre mais próximo. A própria alimentação dos equipamentos tende a ser facilitada com a massificação do PoE (Power over Ethernet), o que permite evitar a necessidade de cabos adicionais de alimentação, sendo tudo feito através do cabo UTP.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
As soluções de segurança integradas e em IP, conjugando a segurança física com a segurança lógica/TI (de rede, comunicações, aplicacional, etc…) permitirão por exemplo que alguém para ligar o seu PC e entrar em rede, só o possa fazer se o seu cartão de controlo de acesso ao edifício tiver sido usado na entrada, ou seja, a pessoa está no edifício. A conjugação de vários serviços/aplicações que se consegue implementar nas soluções IP, permitirá também conjugar a capacidade de análise de cada uma delas e assim eliminarem-se possíveis erros de detecção que cada uma em separado pode originar. Os próprios fabricantes de soluções de segurança física já se aperceberam das vantagens para todos os intervenientes (fabricantes, parceiros e clientes) da implementação das suas soluções em IP e de uma
forma tão standard quanto possível, surgindo assim fóruns e organizações para definição desses mesmos standards para que todos os possam cumprir. Atendendo à evolução gradual dos diferentes subsistemas para IP (normalmente por fases de coexistência híbrida, para garantir retrocompatibilidade com as soluções existentes), à criação de infra-estruturas IP multi-serviços de forma regular (multi-aplicacionais) e à exigência do mercado para interoperabilidade (nomeadamente por permitir funcionalidades que antes eram complexas ou impossíveis), o resultado espelha-se nos retornos de investimento conseguidos e nas “comodities” tomadas como referência para futuro, onde a NextiraOne se posiciona como um agente facilitador e defensor da evolução gradual de soluções de segurança física para infraestruturas IP ‘Seguras’.
FirePro Extinção Automática Localizada de Incêndios
Substitui sistemas complexos de gases halogenados, CO2 e inertes
Dispensa manutenções frequentes; não pressurizado com uma vida útil até 15 anos
Instalação simplificada sem tubagens e difusores
sistema de deteção de incêndio automático e autónomo
Integrável em sistemas de incêndio existentes
Agente extintor à base de sais de potássio, não contendo material pirotécnico
Não oferece risco às pessoas, pois não é tóxico e não reduz o oxigénio ambiente
Tecnologia “verde”. Possui selo ambiental europeu “Green Label”
faça a extinção do incêndio na origem
certificações:
Tecnilab Portugal SA Sede: Av. Columbano Bordalo Pinheiro, 97 2Dt 1099-064 Lisboa * Tel.: 21 722 08 70 * Fax: 21 726 45 50 * Email: geral@tecnilab.pt Filial Norte: Travessa Monte da Bela, 48 4445-294 Ermesinde * Tel.: 22 906 92 50 * Fax: 22 906 92 69 * email: porto@tecnilab.pt www.tecnilab.pt
FICHA TÉCNICA nº26
SADI DO TIPO CONVENCIONAL DETECTOR DE FUMO POR ASPIRAÇÃO
As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.
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DEFINIÇÃO
PRINCÍPIO ACTIVO DE FUNCIONAMENTO
Detector de fumos, no qual o ar e os aerossóis são extraídos através de um componente, série de componentes ou dispositivos dedicados (ex. rede de tubagem, conduta dedicada, sonda ou capilar), e conduzidos até um ou mais elementos sensores de fumo, através de um aspirador integral (ventoinha ou bomba).
O ar ambiente da área a proteger é extraído continuamente através de uma rede de tubos com pequenos orifícios, utilizando um ventilador. O ar aspirado atravessa um ou mais filtros de modo a evitar que as partículas de poeira cheguem à câmara de detecção. Depois de passar pelo(s) filtro(s) a amostra de ar passa para a câmara de detecção e, existindo vestígios de fumo, é desencadeado o sinal de alarme.
Existem 3 classes de detectores de fumos por aspiração: Classe A: Elevada sensibilidade, detecção extremamente precoce; Classe B: Alta sensibilidade, detecção rápida; Classe C: Sensibilidade normal, detecção standard.
GARANTIAS Os detectores por aspiração devem ser fabricados de acordo com a norma EN 54-20 e possuir marcação CE.
NORMAS APLICÁVEIS NP EN 54-1:1996 Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 1: Introdução. EN 54-2 Fire detection and fire alarme systems – Parte 2: Control and indicating equipment. EN 54-4 Fire detection and fire alarme systems – Parte 2: Control and indicating equipment. EN 54-7:2000 Fire detection and fire alarme systems – Parte 7: Smoke detectores. EN 54-20 Fire detection and fire alarm systems – Part 20: Aspirating smoke detectors. prNP EN 54-14 Sistemas de detecção de incêndios – Parte 14: especificações técnicas para planeamento, projecto, colocação em serviço, exploração e manutenção. DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS Fichas Técnicas: nº4, nº6, nº9, nº13, nº14, nº15, nº18 e nº22
A câmara de análise poderá ser de dois tipos: • Câmara de detecção através de tecnologia de laser (canal a canal ou todos os canais em simultâneo).
Fig. 1 E xemplo de Detector de Fumos por Aspiração.
• Câmara de detecção através de detectores pontuais ópticos.
APLICAÇÃO A instalação de detectores de aspiração é aconselhável em áreas onde: • É indispensável uma detecção de incêndios muito precoce (ex: armários técnicos e bastidores, salas de computadores, telecomunicações, hospitais, etc.) • O ambiente é limpo (ex: laboratórios, centros de pesquisa, etc.) • O fumo é dificil de detectar (ex: armazéns com pé direito elevado, átrios, hangares de aeronaves, zonas de frio e congelados, estádios cobertos, etc.) • O ambiente é austero (ex: minas, centrais eléctricas, ambientes industriais, oficinas metalúrgicas, serrações, transportes públicos, etc.) • A aparência é um factor fundamental (ex: museus, catedrais, teatros, galerias de arte, patrimónios culturais, etc.)
SINALIZAÇÃO DE ALARME E TRANSMISSÃO DE ALARME Cada detector deverá possuir indicador(es) de alarme luminoso(s) vermelho(s), visível(eis) a partir do exterior, através do(s) qual(ais) é sinalizada a condição de alarme. Sempre que se verificarem outras condições (ex. avaria), estas devem ser sinalizadas através de uma sinalização distinta, a qual não deverá ser confundida com a de alarme. Deverá ser dado um sinal de avaria quando o fluxo de ar estiver fora dos limites de operacionalidade definidos pelo fabricante e sempre que o fluxo volumétrico sofrer uma variação de 20% relativamente ao fluxo normal.
MANUTENÇÃO Devido à especificidade deste tipo de detectores, deve ser efectuado um plano de manutenção apropriado ao local onde estão instalados, de modo a garantir a sua operacionalidade, não descurando a limpeza dos filtros e a obstrução dos orifícios. Devem ser efectuadas pelo menos duas manutenções anuais de modo a garantir o bom funcionamento do detector de aspiração e restantes elementos do sistema de detecção de incêndios. Devem ser ainda averiguadas eventuais mudanças estruturais ou ocupacionais que possam ter afectado os requisitos para a localização da rede de tubagem do sistema de detecção por aspiração. Qualquer anomalia observada deve ser registada no livro de registos de ocorrências e a acção correctiva deve ser tomada tão cedo quanto possível.
1 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt
FICHA TÉCNICA nº28
SADI DO TIPO CONVENCIONAL /ANALÓGICO EQUIPAMENTO DE ALIMENTAÇÃO DE ENERGIA
As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.
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DEFINIÇÃO
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS GERAIS
Componente de um sistema automático de detecção de incêndio que fornece energia à unidade de controlo e sinalização e aos componentes alimentados a partir dela. O equipamento de alimentação de energia pode incluir múltiplas fontes de alimentação (por exemplo, energia da rede e de fontes auxiliares) (EN 54-1).
Os equipamentos de alimentação de energia devem comportar, pelo menos, duas fontes de alimentação, uma constituindo a fonte principal e a outra a fonte de reserva/emergência. A fonte de alimentação principal deve ser concebida de modo a funcionar a partir de uma rede de distribuição eléctrica pública ou de um sistema equivalente (desde que apresente no mínimo a mesma fiabilidade da rede pública), e o seu débito deve ser tal que satisfaça os requisitos máximos do sistema. A alimentação à fonte principal (230Vac) deverá ser equipada com um dispositivo de protecção apropriado. Recomenda-se que sejam tomadas providências no sentido de evitar que esse dispositivo possa ser desligado por pessoas não autorizadas. No caso de ocorrer uma falha na alimentação à fonte principal, os equipamentos de alimentação de energia devem comutar automaticamente para a fonte de reserva. Restabelecida a alimentação à fonte principal, deve garantir-se que os equipamentos de alimentação de energia regressam automaticamente ao estado inicial. Deve garantir-se que pelo menos uma das fontes de reserva é composta por uma ou mais baterias recarregáveis, com capacidade suficiente para alimentar o sistema durante as falhas expectáveis na alimentação principal, ou para permitir a realização de outras medidas correctivas. Para tal, os equipamentos de alimentação de energia devem incluir um dispositivo capaz de recarregar a bateria e mantê-la no estado de plena carga.
Fig. 1 Exemplo de Equipamento de Alimentação de Energia.
GARANTIAS Os equipamentos de alimentação de energia devem ser fabricados de acordo com a norma EN 54-4 e possuir marcação CE.
NORMAS APLICÁVEIS NP EN 54 Sistemas de detecção e alarme de incêndio – Parte 1: Introdução. EN 54-2 Fire detection and fire alarme systems – Parte 2: Control and indicating equipment. EN 54-4 Fire detection and fire alarme systems – Parte 2: Control and indicating equipment. prNP EN 54-14 Sistemas de detecção de incêndios – Parte 14: especificações técnicas para planeamento, projecto, colocação em serviço, exploração e manutenção. DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS Fichas Técnicas: nº4, nº6, nº9, nº13, nº14, nº15, nº18, nº22, nº23 e nº26
Para aplicações normais, as fontes de reserva devem ser capazes de manter o sistema em operação durante pelo menos 72h, após o que deverão manter capacidade suficiente para alimentar a carga de alarme por um período mínimo de 30 min. Havendo notificação imediata de avaria, por supervisão local ou remota do sistema, e existindo um contrato de manutenção e assistência técnica que preveja um período máximo de reparação inferior a 24h, a autonomia mínima da fonte de alimentação de emergência pode ser reduzida para 30h. Este período pode ser ainda reduzido para 4h caso estejam permanentemente disponíveis no local sobressalentes, pessoal de reparação e um grupo gerador de emergência.
INSTALAÇÃO Os equipamentos de alimentação de energia devem ser instalados num compartimento de construção robusta consistente com o método de instalação recomendado pelo fabricante, podendo ser alojados num compartimento separado ou nos compartimentos de outros sistemas de detecção e de alarme de incêndio. Quando alojados no compartimento da Unidade de Controlo e Sinalização, os comandos manuais, os fusíveis, os elementos de calibração, etc., destinados a desligar e ajustar as fontes de alimentação, devem ser acessíveis apenas ao nível de acesso 3 da EN 54-2. Não estando os equipamentos de alimentação de energia alojados no compartimento da Unidade de Controlo e Sinalização, os comandos manuais, os fusíveis, os elementos de calibração, etc., devem ser apenas acessíveis com a utilização de uma ferramenta ou chave. No caso dos equipamentos de alimentação de energia terem sido concebidos para funcionar com uma Unidade de Controlo e Sinalização instalada num compartimento separado deve ser previsto um interface para, pelo menos, duas vias de transmissão para a Unidade de Controlo e Sinalização, de modo que uma interrupção numa via não vá afectar o fornecimento de energia.
MANUTENÇÃO De modo a garantir a fiabilidade dos equipamentos de alimentação de energia, aconselha-se que estes sejam sujeitos a pelo menos uma manutenção anual. Nestas manutenções deve confirmar-se que os equipamentos estão a funcionar correctamente. Qualquer bateria deve ser substituída em intervalos que não excedam as recomendações do respectivo fabricante. Sempre que se verifique um mau funcionamento, esta ocorrência deve ser registada no livro de registos e a acção correctiva deve ser tomada tão cedo quanto possível. APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt
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LEGISLAÇÃO
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Legislação Decreto-Lei nº 26/2011, de 14 de Fevereiro
Estabelece as regras a que deve obedecer a colocação no mercado dos recipientes sob pressão simples, transpondo a Directiva n.º 2009/105/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Setembro.
Decreto-Lei nº 23/2011, de 11 de Fevereiro
Assegura a execução das obrigações decorrentes do Regulamento (CE) n.º 765/2008, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Julho, que estabelece os requisitos de acreditação e fiscalização do mercado relativos à comercialização de produtos.
Lei nº 2/2011, de 9 de Fevereiro
Remoção de amianto em edifícios, instalações e equipamentos públicos.
Portaria nº 57/2011, de 28 de Janeiro
Estabelece as classes das habilitações contidas nos alvarás de construção, e os correspondentes valores, e revoga a Portaria n.º 21/2010, de 11 de Janeiro.
Portaria nº 2/2011, de 3 de Janeiro
Determina a extensão das alterações do contrato colectivo entre a AES - Associação de Empresas de Segurança e outra e a FETESE - Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores de Serviços e outros.
Portaria nº 1334-B/2010, de 31 de Dezembro
Altera a Portaria n.º 786/2004, de 9 de Julho, que estabelece os requisitos essenciais para a obtenção de alvará e de licença pelas entidades que requerem autorização para exercer a actividade de segurança privada, bem como os elementos que devem constar do registo de actividades. Revoga a Portaria n.º 969/98, de 16 de Novembro.
Decreto-Lei nº 135/2010, de 27 de Dezembro
Revê as regras aplicáveis à emissão de alvarás e licenças, bem como respectivos averbamentos, para o exercício de actividades de segurança privada e procede à terceira alteração do DecretoLei n.º 35/2004, de 21 de Fevereiro.
Decreto-Lei nº 132/2010, de 17 de Dezembro
Altera o regime jurídico da gestão de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 230/2004, de 10 de Dezembro, e transpõe parcialmente a Directiva n.º 2008/112/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Dezembro.
Normalização LISTA DE NORMAS PORTUGUESAS E EUROPEIAS PUBLICADAS EN 1991-1-4:2005 /A 1:2010
Eurocode 1: Actions on structures. Part 1-4: General actions - Wind Actions
EN 50291-1:2010
Electrical apparatus for the detection of carbon monoxide in domestic premises. Part 1: Test methods and performance requirements
EN 50291-2:2010
Electrical apparatus for the detection of carbon monoxide in domestic premises. Part 2: Electrical apparatus for continuous operation in a fixed installation in recreational vehicles and similar premises including recreation craft - Additional test methods and performance requirements
EN 60512-20-1:2010
Connectors for electronic equipment -Tests and measurements. Part 20-1: Fire hazard tests - Test 20a: Flammability, needle-flame (IEC 60512-20-1:2010)
EN 60512-20-3:2010
Connectors for electronic equipment - Tests and measurements. Part 20-3: Fire hazard tests - Test 20c: Flammability, glow-wire (IEC 60512-20-3:2010)
EN 60512-21-1:2010
Connectors for electronic equipment - Tests and measurements. Part 21-1: R.F. resistance tests - Test 21a: R.F. shunt resistance (IEC 60512-21-1:2010)
EN 60695-7-1:2010 EN 61000-4-3:2006 /A 2:2010 EN 61000-4-18:2007 /A 1:2010 EN ISO 13982-1:2004 /A 1:2010
EN ISO 20349:2010
Fire hazard testing. Part 7-1: Toxicity of fire effluent - General guidance (IEC 60695-7 -1:2010) Electromagnetic compatibility (EMC). Part 4-3: Testing and measurement techniques - Radiated, radiofrequency, electromagnetic field immunity test (IEC 61000-4-3:2006/A2:2010) Electromagnetic compatibility (EMC). Part 4-18:Testing and measurement techniques - Damped oscillatory wave immunity test (IEC 61000-4-18:2006/A1:2010) Protective clothing for use against solid particulates. Part 1: Performance requirements for chemical protective clothing providing protection to the full body against airborne solid particulates (type 5 clothing) Amendment 1 (ISO 13982-1:2004/AM 1:2010) Personal protective equipment. Footwear protecting against thermal risks and molten metal splashes as found in foundries and welding. Requirements and test method
EN 60695-2-12:2010
Fire hazard testing. Part 2-12: Glowing/hot-wire based test methods - Glow-wire flammability index (GWFI) test method for materials (IEC 60695-2-12:2010)
EN 60695-2-13:2010
Fire hazard testing. Part 2-13: Glowing/hot-wire based test methods - Glow-wire ignition temperature (GWIT) test method for materials (IEC 60695-2-13:2010)
EN 60079-13:2010
Explosive atmospheres. Part 13: Equipment protected by pressurized rooms "p" (IEC 60079-13:2010)
NP EN 50172:2010
Sistemas de iluminação de evacuação de emergência
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