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SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€

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AEROPORTOS Gestão de segurança integrada INCÊNDIOS URBANOS Análise dos incêndios no Porto SAÍDAS DE EMERGÊNCIA Acessórios de portas e iluminação em saídas de emergência

TEMA DE CAPA

SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES AS INSTALAÇÕES DO NOVO HOSPITAL DE CASCAIS E SEGURANÇA EM LARES DE IDOSOS



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Editorial Maria João Conde

É urgente que a fiscalização das condições de SCIE seja efectuada de forma metódica e sistemática aos edifícios que não entregaram medidas de autoprotecção. A sociedade precisa rapidamente de um corpo de fiscalização que actue de forma disciplinadora e dinâmica, que assegure o cumprimento da legislação.

Num momento em que as empresas se digladiam pela adjudicação de contratos e pela manutenção dos clientes, em que o crédito bancário está vedado ao sector empresarial, em que as cobranças tomaram o lugar da actividade produtiva enquanto principal preocupação, a intervenção do Estado revela-se essencial. As competências de regulamentação e fiscalização do Estado assumem, em períodos de recessão económica, uma importância fundamental para regular a economia. Cabe ao Estado criar condições legislativas favoráveis ao crescimento da economia. Neste âmbito, aguardam-se as decisões sobre as medidas de dinamização do sector da construção que têm feito manchete nos media. O projecto de reabilitação das cidades e de requalificação dos centros urbanos poderá contribuir para impulsionar o sector da construção. Esta dinâmica poderá envolver, por acréscimo, as empresas instaladoras e de manutenção de sistemas de segurança. Analisemos outra vertente da intervenção do Estado: fiscalização. Existem sectores em que esta competência do Estado é gerida com “mão de ferro” e levada às últimas consequências, designadamente na área do ambiente e da segurança económica e alimentar (a “temida” ASAE). Noutros sectores, como o da segurança contra incêndio em edifícios (SCIE), reina o clima da impunidade. O Decreto-lei n.º 220/2008 que publicou o Regime Jurídico de SCIE obrigou que, até 31 de Dezembro de 2009, os responsáveis de segurança dos edifícios existentes enviassem à Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) as medidas de autoprotecção. Face à anterior legislação de segurança contra incêndio, a introdução das medidas de autoprotecção e a sua aplicação aos edifícios existentes (e não apenas às novas construções) traduziu uma mudança de paradigma, porventura a mais importante de todo o regime jurídico de SCIE. Mas, não basta ter legislação publicada; é necessário que seja implementada pelos destinatários. Importa por isso saber qual o estado de implementação desta medida: quantos processos de medidas de autoprotecção foram entregues à ANPC? Que percentagem representam no universo do parque edificado sujeito a essa obrigação? Receamos que a ANPC não tenha sequer em seu poder 5% das medidas de autoprotecção. É sabido que as taxas a pagar à ANPC pela entrega das medidas são elevadas. No entanto, o não cumprimento da legislação não se explica tanto pelo valor da taxa mas mais pela ausência da fiscalização, que protege os infractores e penaliza quem está atento e cumpre a legislação. É urgente que a fiscalização das condições de SCIE seja efectuada de forma metódica e sistemática aos edifícios que não entregaram medidas de autoprotecção. A sociedade precisa rapidamente de um corpo de fiscalização que actue de forma disciplinadora e dinâmica, que assegure o cumprimento da legislação. Se não pudermos contar com uma ANPC actuante na vertente da fiscalização, não só o Estado perde uma boa oportunidade de encaixar receita por via das contra-ordenações e coimas, como o mercado e a sociedade correm o risco de não usufruir do nível de segurança adequado que a actual legislação de SCIE define. Uma última nota relativa à competência técnica em matéria de segurança. Actualmente, assiste-se à entrada maciça de novos actores no mercado da segurança, que até agora se dedicavam à construção e que estão a incluir no seu portfolio de actividades a gestão de edifícios e a manutenção de sistemas de segurança. Esta adequação de estratégia é legítima desde que exista uma aposta séria no cumprimento da legislação e normas aplicáveis ao sector e na formação dos técnicos que desempenham estas actividades. Em Novembro, a APSEI promove a primeira edição do curso avançado de Técnico Responsável de SCIE. Trata-se do primeiro curso direccionado para a vertente prática da instalação e manutenção de equipamentos e sistemas de SCIE e que trata de forma autónoma e aprofundada as sete disciplinas que compõem a tecnologia de segurança contra incêndio [ver desenvolvimento pág 12]. Finalmente, uma resposta de qualidade a uma lacuna de qualificação técnica, já há muito identificada na actividade de segurança. JULHO A SETEMBRO ‘11

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Sumário

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01 Editorial. (Maria João Conde) 04+05 Notícias. Área florestal ardida durante Julho e Agosto reduzida em 80%. APSEI divulga normalização no sector da segurança. APSEI lança novos cursos na área da segurança. ANPC actualizou preço dos serviços prestados em SCIE. 07 Institucional. Depoimento da APFM 57+ 58 Ficha técnica APSEI nº31. Sistemas para vedação de passagens. 59 Legislação e Normalização. 60 Agenda.

ARTIGO DE CAPA 08 Segurança em Edifícios Hospitalares A segurança ao serviço da saúde - As Instalações de Segurança do novo Hospital de Cascais. João Carlos Costa Pereira

18 A resposta certa – As boas práticas de segurança no caso do incêndio num lar de idosos em Connecticut, nos Estados Unidos da América. Robert Solomon e Robert Duval

FABRICO NACIONAL 24 Pioneiros na protecção contra incêndio Reportagem sobre a empresa SISAF, um dos primeiros fabricantes nacionais de portas resistentes ao fogo. João Filipe e Gonçalo Sítima

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(...) Há décadas que se utilizam normas, regulamentações e ensaios padronizados para projectar estruturas de modo prescritivo sem uma compreensão profunda dos objectivos, das vantagens e das limitações destas mesmas normas, regulamentos e ensaios. É devido aos grandes factores de segurança, como à robustez da estratégia de protecção contra incêndio, utilizados em edificações convencionais, que o número de estruturas em risco por causa de incêndios tem vindo a reduzir. (...)

SECTOR 28 Análise estatística dos incêndios em edifícios no porto, 1996-2006 Levantamento e análise estatística dos incêndios urbanos na cidade do Porto. Incêndios discriminados por tipo de edifício, origem, período de ocorrência, vítimas mortais e feridos, entre outros indicadores. Vítor Primo 02

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Direcção Maria João Conde Coordenação Gonçalo Sítima Colaboradores Residentes Ana Ferreira, João Filipe e Mélanie Cuendet Publicidade Gonçalo Sítima Colaboradores neste número João Pereira, Jorge Lozano, Marc Martínez Cruz, Paulo Relvas, Pedro Pinto, Robert Solomon, Robert Duval, Susana Diogo e Vítor Primo Edição e Propriedade APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio Administração, Redacção e Publicidade Rua Conselheiro Lopo Vaz, lt AB Edifício Varandas Rio, Esc. D 1800-142 Lisboa Tel +351 219 527 849 | Fax +351 219 527 851 E-mail apsei@apsei.org.pt URL www.apsei.org.pt/proteger Fotografia Gonçalo Sítima, iStockPhoto Design José Mendes (Big Book) Pré-press Critério Produção Gráfica, Lda Impressão MR Artes Gráficas Periodicidade Trimestral Tiragem 2000 exemplares Registo ERC 125 538 Depósito Legal 284 212/08 ISSN 1647-1288

INFORMAÇÃO TÉCNICA 35 Gestão de segurança integrada em aeroportos Ferramentas de análise de vídeo analítico. Funcionalidades, aplicações e benefícios dos sistemas de vídeo inteligente e integração com outros sistemas de segurança. Pedro Pinto

41 Protecção e segurança em saídas de emergência A importância dos acessórios das portas na correcta evacuação dos edifícios em caso de emergência. Classificação das saídas de emergência. Susana Diogo

44 Iluminação de emergência: Uma questão de segurança Tipos de iluminação de emergência e de sistemas. A tecnologia utilizada e as preocupações ambientais no desenvolvimento de novos equipamentos de iluminação de emergência. Rui Florêncio

48 Diferenciação entre os exutores de lamelas e do tipo clarabóia

Os artigos assinados e as opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem, necessariamente, as posições e opiniões da Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio.

Comparação técnica entre os materiais construtivos, funcionamento, abertura e manutenção dos exutores de lamelas e dos do tipo clarabóia. Marc Martínez Cruz

SEGURANÇA ELECTRÓNICA E PROTECÇÃO CONTRA INCÊNDIO 6,00€

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50 Trabalhos em altura – Espaços confinados

AEROPORTOS Gestão de segurança integrada

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INCÊNDIOS URBANOS Análise dos incêndios no Porto

Treino e deveres de uma equipa de trabalhos em altura no caso dos espaços confinados. Planeamento do acesso, medidas de segurança e responsabilidades das equipas.

SAÍDAS DE EMERGÊNCIA Acessórios de portas e iluminação em saídas de emergência

Jorge Lozano TEMA DE CAPA

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

SEGURANÇA EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES AS INSTALAÇÕES DO NOVO HOSPITAL DE CASCAIS E SEGURANÇA EM LARES DE IDOSOS

53 CICLOPE e a detecção de fogos florestais Apresentação do sistema de detecção de fogos florestais desenvolvido pelos investigadores portugueses do Inov Inesc Inovação. Arquitectura do sistema CICLOPE e das torres de detecção que o integram. Paulo Relvas JULHO A SETEMBRO ‘11

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NOTÍCIAS

Nos primeiros dois meses do período crítico dos incêndios florestais, Julho e Agosto, a área ardida foi reduzida em 80%, quando comparada com os registos de 2010. Também as ocorrências foram reduzidas em 40% em relação ao ano passado. Os valores apresentados pela Relatório da Autoridade Florestal Nacional permitem antever que os objectivos do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PNDFC) devem ser cumpridos em 2011. O PNDFC estabelece, desde 2006, o objectivo de reduzir a área ardida em Portugal para valores inferiores a 100 mil hectares por ano, sendo que em 2010 esse número ficou nos 133.090 hectares.

ÁREA FLORESTAL ARDIDA DURANTE JULHO E AGOSTO REDUZIDA EM 80%

Julho e Agosto fazem parte do período crítico para incêndios florestais, conhecido como fase Charlie, e que corresponde ao período entre Julho a Setembro. Em Julho, a área ardida foi de 11.150 hectares, distribuídos por 648 Incêndios e 3.739 fogachos. Em Julho de 2010 a área ardida foi de 22.143 hectares, num total de 879 incêndios e 4.228 fogachos. Em Agosto, a área ardida atingiu os 12.771 hectares, através de 793 incêndios e 3.317 fogachos. No mesmo mês do ano passado foram registados 99.580 hectares de área florestal ardida, num total de 1.733 incêndios e 7.216 fogachos. Os valores destes dois meses vêm contrariar os dados registados no primeiro semestre do ano, quando a área ardida tinha quase triplicado em relação a igual período de 2010. Entre Janeiro e Junho de 2011 foram registados 9.447 hectares de área florestal, num total de 1.256 incêndios e 5.564 fogachos.

APSEI DIVULGA NORMALIZAÇÃO NO SECTOR DA SEGURANÇA Para assinalar o seu primeiro ano de actividade enquanto Organismo da Normalização Sectorial, a APSEI – Associação Portuguesa de Segurança Electrónica e de Protecção Incêndio vai organizar no dia 9 de Novembro o seu 10º Fórum, cujo tema será a “Normalização da Segurança em Portugal”. Este evento tem lugar no Auditório do Instituto Português de Qualidade (IPQ), no Monte da Caparica, e contará com a presença de vários intervenientes nacionais e internacionais do sector da normalização. No decorrer do evento serão apresentados temas sobre a marcação CE e a Directiva dos

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produtos de construção, sinalização de segurança, sistemas de detecção e alarme de incêndios, ensaios de resistência ao fogo e método de cálculo de ventilação de impulso em parques de estacionamento. Neste Fórum será ainda divulgada, em primeira mão, a nova versão da norma NP 4413 “Manutenção de extintores” que descreve os requisitos de certificação do serviço de manutenção de extintores. Ainda âmbito da certificação, será também apresentada a nova norma sobre requisitos de certificação da comercialização, instalação

e manutenção de produtos, equipamentos e sistemas de segurança contra incêndio. De destacar ainda a presença de dois convidados internacionais, que participam regularmente em comissões do CEN - Comité Europeu de Normalização e que testemunharão o funcionamento do processo de normalização ao nível europeu nos temas ligados à segurança. As inscrições para o 10º Fórum APSEI são gratuitas e podem ser efectuadas através do site da APSEI em www.apsei.org.pt.


NOTÍCIAS

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APSEI LANÇA NOVOS CURSOS NA ÁREA DA SEGURANÇA APSEI disponibiliza também a Formação de Renovação de Técnico Responsável de SCIE. Além dos cursos acima referidos, estão também disponíveis cursos sobre Princípios de SCIE, sobre o Regulamento Técnico de SCIE e Interpretação de Projectos de SCIE. Sobre tecnologias específicas de protecção contra incêndio, a APSEI ministra os cursos de Sistemas de Protecção Passiva, Sistemas de Controlo de Fumo, Sistemas de Extinção por Água, Sistemas de Extinção por Gás e Água Nebulizada. As primeiras edições estão já agendadas para o último trimestre do ano. A APSEI anunciou mais novidades no seu catálogo de formação técnica para a área da segurança e que incluem os novos cursos para Técnicos Responsáveis de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE). O principal destaque consiste no Curso Avançado de Técnico Responsável de SCIE, criado para dotar os profissionais do sector dos fundamentos e princípios aplicáveis aos vários equipamentos e sistemas de SCIE. Este é o primeiro curso no mercado orientado para a vertente prática da instalação e manutenção de sistemas de

segurança contra incêndio e aborda de forma aprofundada todas as sete áreas específicas que compõem a disciplina de sistemas de SCIE. Este curso cumpre com os requisitos legais referentes à formação dos Técnicos Responsáveis pela comercialização, instalação e ou manutenção de equipamentos e produtos de SCIE para efeitos de acreditação pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), no âmbito do registo de entidades estabelecido pela Portaria nº 773/2009. Para os Técnicos Responsáveis já acreditados pela ANPC, a

O ano de 2011 será assim marcado por uma forte aposta da associação representante das empresas nacionais de protecção contra incêndio e segurança electrónica na formação dos profissionais deste sector. Maria João Conde, secretária geral da APSEI, refere que “a elevação do conhecimento técnico dos profissionais do sector é uma prioridade da associação e dos seus associados. A competência técnica dos profissionais é um factor-chave quando falamos da instalação e manutenção de sistemas de segurança. Lembremo-nos que estes sistemas existem para proteger a vida humana.”

ANPC ACTUALIZOU PREÇO DOS SERVIÇOS PRESTADOS EM SCIE A ANPC anunciou que o valor das taxas cobradas pelos serviços de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (SCIE) sofreu actualizações. Os novos valores foram publicados no Diário da República através do Despacho n.º 10737, de 30 de Agosto. A actualização levada a cabo resulta num aumento médio de 1,3% dos valores que tinham sido definidos anteriormente através da Portaria n.º 1054 de 16 de Setembro. Entre os vários serviços prestados pela ANPC que são taxados incluem-se: a realização de vistorias sobre as condições de SCIE; a realização de inspecções sobre as condições de SCIE; o processo de registo de entidades que exerçam a actividade de comercialização, instalação e manutenção, de produtos e equipamentos de SCIE; a emissão de pareceres sobre as condições de SCIE. O despacho n.º 10738 definiu também que os preços actualizados entraram em vigor no dia 31 de Agosto.

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INSTITUCIONAL

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Associação Portuguesa de Facility Management O Facility Management (FM) é a combinação optimizada de esforços que visam facilitar as actividades de todas as áreas de uma organização. Responsável pelas actividades de suporte e de infra-estrutura, é a ferramenta fundamental que coordena todas as actividades de operação num edifício. Sendo a definição de FM tão abrangente, vale a pena detalhar algumas das principais disciplinas desta actividade: gestão do património; gestão de espaços e do posto de trabalho; gestão de mudanças; operação e gestão da manutenção; limpeza; catering; gestão do correio; gestão de frotas; gestão de energia e ambiente; entre outras. Destas disciplinas, a componente técnica de operação e manutenção é sem dúvida uma das mais importantes e esta componente engloba toda a disciplina de segurança. A componente de segurança num edifício é sem dúvida muito preponderante dentro do rol de actividades do Facility Management. Enquadra-se dentro das componentes técnicas da Gestão de Edifícios. Cabe nas funções de um Facility Manager providenciar a operação segura e fiável do edifício, com garantia de funções e de conforto. Quando se fala de Segurança em edifícios, um Facility Manager tem de conhecer e estar apto para gerir os seguintes temas: ≥ Sistemas automáticos de detecção de incêndio; ≥ Sistemas automáticos de detecção de CO (estacionamentos); ≥ Sistemas compartimentação corta-fogo;

≥ Sistemas de desenfumagem e pressurização; ≥ Planos de emergência e caminhos de evacuação; ≥ Meios de extinção: extintores, carretéis, centrais de bombagem de incêndios, sistemas automáticos de extinção; ≥ Sistemas automáticos de detecção de intrusão; ≥ Sistemas de CCTV; ≥ Sistemas automáticos de detecção de inundação; ≥ Sistemas de som e comunicação; ≥ Etc. Dentro destes temas, não sendo um especialista, tem de saber distinguir agentes extintores, operar centrais de comando, conhecer os vários tipos de detectores, avaliar a eficiência e estado físico dos diversos componentes, conhecer as necessidades de manutenção e controlar se são cumpridas, conhecer os planos de emergência e coordená-los, estabelecer o contacto com as entidades oficiais, etc. Tem sobretudo que conhecer todos os sistemas, saber para que servem e como devem actuar, quer em caso de emergência, quer em stand-by. É portanto o Facility Manager o primeiro utilizador dos sistemas de segurança, e o responsável por garantir que os mesmos se mantêm operacionais e adequados à ocupação e utilização do edifício. Neste sentido o Facility Manager precisa de ter formação. Precisa igualmente do apoio dos fabricantes e fornecedores de equipamento para

tomar conhecimento dos produtos existentes no mercado e presenciar demonstrações de funcionamento e actuação dos diversos sistemas. O Facility Manager tem uma preocupação constante com a preparação para situações de emergência (Emergency Preparedness). Deve manter um registo e uma verificação periódica de todos os sistemas de segurança, regras de utilização e planos de intervenção. Deve inclusivamente ter iniciativa para desenvolver auditorias internas aos sistemas e processos de forma a garantir que tudo e todos estão preparados para reagir em situações de emergência. A Segurança é uma das componentes fortes da disciplina do Facility Management. A disciplina Facility Management está cada vez mais na ordem do dia. A formação específica nesta área, apesar de escassa, começa a ser preparada e disponibilizada, quer ao nível global do FM quer ao nível específico de cada um dos temas que este engloba. A APFM foi constituída com o objectivo de promover esta actividade e de apoiar os profissionais deste sector ao nível da divulgação das melhores práticas, proporcionando seminários de apresentação de temas, fóruns de discussão, acções de formação específicas, visitas a edifícios de referência e, sobretudo, chamar os diversos facility managers actuais para a via da profissionalização, método, melhores práticas, etc. Uma das grandes mais-valias da existência de uma comunidade que partilha experiências e resultados é a comparação das metodologias e dos nossos resultados e ratios com a média de outras instituições ou edifícios semelhantes. JULHO A SETEMBRO ‘11

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Segurança em Edifícios Hospitalares A segurança ao serviço da saúde - As Instalações de Segurança do novo Hospital de Cascais. João Carlos Costa Pereira Director Técnico na EACE

O Hospital de Cascais Dr. José de Almeida foi inaugurado no dia 23 de Fevereiro de 2010 e é o primeiro hospital construído em regime de Parceria Público-Privada (PPP) a entrar em funcionamento. Além desta particularidade, este complexo hospitalar é um exemplo claro de como a colaboração permanente entre equipas multidisciplinares, durante as várias fases de construção de um edifício, permite atingir resultados extremamente positivos ao nível da segurança. A parceria Público-Privada foi constituída entre o Estado, através da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, e o Consórcio formado pelos Hospitais Privados de Portugal (Empresa da Caixa Geral de Depósitos) e a TDHOSP (Empresa do Grupo Teixeira Duarte, S.A.). O Hospital serve a população do concelho de Cascais e oito freguesias do concelho de Sintra, sendo estas últimas apenas na área materno-infantil. A sua capacidade é de 277 camas, o bloco operatório conta com seis salas e o bloco de partos com dez. CONSTITUIÇÃO DO EDIFÍCIO O novo Hospital de Cascais foi erguido no terreno onde se encontravam as “Baterias

Militares de Alcabideche”, em Alcabideche, e está situado junto à 3ª Circular de Cascais. O edifício do Hospital de Cascais é composto por 8 (oito) pisos, sendo a sua ocupação a seguinte: Pisos 5, 6 e 7 – destinados a internamentos; Piso 4 – piso técnico onde se encontram todos os sistemas de ventilação e climatização, à excepção das centrais de produção térmica; Piso 3 – piso onde se localizam o bloco operatório, o bloco de partos, a U.C.I. de adultos, pediátrica e neonatal, a central de esterilização e o hospital de dia cirúrgico; Piso 2 – é onde se encontra a entrada principal do edifício, localizando-se aí a admissão de doentes, a urgência, os serviços de ambulatório (consulta externa, colheitas, exames especiais, imagiologia, hospital de dia); Piso 1 – é ocupado pela psiquiatria, medicina física e reabilitação, serviços administrativos, laboratórios, farmácia, cozinha, armazéns gerais, central térmica, posto de transformação e central de emergência, sala de segurança e outros serviços complementares; Piso 0 – é um piso semi-enterrado, onde é efectuada a entrada de Pessoal, sendo ocupado pelos serviços de apoio, como os vestiários centrais, a rouparia, a central de lixo, a central de camas e a casa mortuária.


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CAPA

PISO 0 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio

Circulação restrita (serviço /pessoal) Saídas de emergência

ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospitalizados /serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /forn.)

SERVIÇOS Instalações V.M.E.R. Reserva Vestiários centrais Arquivo clínico e codificação clínica

Instalações sociais do pessoal Serviço de saúde ocupacional Lavandaria /Rouparia Gestão de resíduos Central de limpeza Casa mortuária Anatomia patológica /Autópsias Desinfecção de camas

PISO 1 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospitalizados /serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /forn.) Circulação restrita (serviço /pessoal)

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Saídas de emergência SERVIÇOS Serviços administrativos Reserva Ensino/Biblioteca Medicina física e reabilitação Comissões técnicas Refeitório Central alimentação Serviços gerais – chefias

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Centrais técnicas Entidade prestadora de serviços, manutenção e equipamentos Oficinas e armazéns Centrais de electricidade Central de transportes Administração armazéns Laboratórios Farmácia Psiquiatria

INSTALAÇÕES DE SEGURANÇA DO EDIFÍCIO Instalações e Equipamentos Passivos de Segurança Quando se fala em segurança passiva de um edifício, um dos factores mais importantes é a sua compartimentação corta-fogo, pois esta permite por si só delimitar o impacto de um incêndio, assim como o controlo do mesmo. Neste caso particular, a forma como foi concebida a Arquitectura do edifício do Hospital de Cascais permitiu compatibilizar a compartimentação corta-fogo com as diversas áreas funcionais do hospital, para evitando o fraccionamento das mesmas. No que se refere aos caminhos de evacuação do edifício, existiu uma estreita colaboração entre os projectistas de Arquitectura e de Segurança, para garantir que os percursos funcionais assegurassem a adequada evacuação do edifício, tendo em conta o efectivo dos vários locais/serviços, sem necessidade de serem criados percursos suplementares para dar resposta à regulamentação no que concerne evacuação do edifício. Deu-se particular atenção aos locais de internamento pelo elevado efectivo e limitação de mobilidade dos seus ocupantes, criando-se zonas de refúgio anexas às vias de evacuação verticais (escadas). Instalações e Equipamentos Activos Protecção Contra Incêndio O novo Hospital de Cascais está dotado de todos os meios disponíveis ao nível das instalações de segurança para dar uma resposta eficaz a todas as necessidades de gestão deste complexo. O edifício é protegido, na sua totalidade, por um Sistema Automático de Detecção de Incêndios (SADI) analógico endereçável que permite assegurar: ≥ A vigilância automática e permanente de todos os locais; ≥ Uma evacuação rápida do edifício, em condições de segurança adequadas; ≥ A intervenção rápida dos vigilantes e das equipas de socorro internas com os meios de combate a incêndio disponíveis, minimizando os prejuízos; ≥ Um alerta tão rápido quanto possível aos bombeiros.



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CAPA

PISO 2 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio

Circulação restrita (serviço /pessoal) Saídas de emergência

ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospitalizados /serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /forn.)

SERVIÇOS Imagiologia Entrada principal Liga de Amigos / voluntariado Serviço de assistência social

Consultas externas Colheitas Central de segurança telefónica Reserva Hospital de dia médico Exames especiais Serviços religiosos Posto avançado farmácia Urgência

PISO 3 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospitalizados /serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /forn.) Circulação restrita (serviço /pessoal)

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Saídas de emergência SERVIÇOS Controle de visitas (B.O./U.C.I./ U.C.I.P./H.D.C.) Reserva Hospital dia cirúrgico U.C.Int. Polivalente Áreas de apoios comuns (U.C.I./U.C.Int.) Anestesiologia Áreas técnicas

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U.C.P.A. Bloco operatório Esterilização Área de cuidado intermédio Pediatria Área de cuidados Neonatologia Áreas de apoio comuns (Neonatologia /U.C. Intermédio e Pediatria) Bloco de partos

Este sistema tem por base uma Central de Detecção/Unidade de Controlo (CDI) que se encontra localizada na Sala de Segurança no piso 1. A CDI efectua a monitorização de todos os elementos do sistema (detectores, botões de alarme, módulos de comando e de entradas de alarme, sirenes), permitindo localizar qualquer evento (alarme) no interior do edifício e reagir em conformidade com o mesmo, delimitando a acção ao local em alarme. O edifício possui um Sistema Automático de Detecção de Gás (SADG) destinado à protecção dos locais onde existem gases tóxicos ou explosivos (cozinha, central térmica (caldeiras) e laboratórios). Este sistema identifica concentrações perigosas dos respectivos gases nos locais protegidos, alerta os utentes, acciona os sistemas de ventilação mecânica e efectua o corte da electroválvula de gás. O sistema é composto por sensores nos locais e por dispositivos avisadores acústicos e luminosos destinados a alertar a população utente em caso de concentrações perigosas de gás. Os sensores estão ligados a uma Unidade de Controlo /Central de Detecção - (CDG) localizada na Sala de Segurança no piso 1. No âmbito da extinção de incêndios e considerando a importância estratégica de alguns locais para a exploração e funcionamento do hospital, foi ainda prevista a instalação de sistemas de extinção automática por gás inerte no pólo técnico de informática e no arquivo médico. Já nas hottes de confecção da cozinha foi previsto um sistema de extinção automático por solução aquosa de potássio. Para o controlo de fumos do edifício foram previstos não só sistemas de pressurização de escadas e antecâmara mas também a instalação de sistemas de desenfumagem das circulações dos internamentos. O sistema de pressurização, através da insuflação de ar, terá como função a manutenção de um diferencial de pressão entre a escada e as circulações horizontais compreendido entre 20 e 80 Pa (para a situação de portas fechadas). No entanto o sistema de pressurização deve permitir uma velocidade igual ou superior a 0,5 m/s através de qualquer porta aberta entre a escada e a circulação.


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CAPA

≥ Panorâmica de um espaço de espera onde se integraram extintores em locais de visibilidade e acessibilidade imediatas.

No caso de existirem portas abertas entre a escada e a antecâmara será garantida uma velocidade de 1,0m /s na porta da antecâmara para a circulação horizontal. Para desenfumagem das circulações dos espaços de internamento, foram instalados sistemas constituídos por ventiladores de desenfumagem acoplados a condutas equipadas a nível alto (h≥1,8m), com grelhas e registos corta-fogo motorizados. Além disso, o sistema de desenfumagem é constituído por ventiladores de insuflação acoplados a condutas equipadas ao nível baixo (h≤1,0m), com grelhas e registos corta-fogo motorizados. O accionamento das instalações de controlo de fumos é efectuado automaticamente pelo Sistema Automático de Detecção de Incêndios. No entanto, o sistema pode ser accionado manualmente por comandos situados junto dos acessos aos respectivos locais, que são duplicados na Sala de Segurança. Instalações e Equipamentos Activos Segurança Contra Roubo e Intrusão O edifício possui um sistema electrónico de detecção e alarme de intrusão endereçável de âmbito limitado para identificar qualquer tentativa de roubo e /ou intrusão, alertando os vigilantes de serviço no edifício. A Central do presente sistema encontra-se igualmente na Sala de Segurança no piso 1, efectuando a monitorização dos detectores a esta ligados. Os detectores estão instalados essencialmente nas portas exteriores e nos locais de acesso controlado como são as áreas técnicas, a sala de informática e o Arquivo médico. Tendo em atenção os requisitos de segurança do edifício, existem locais com acesso condicionado. Para efectuar a limitação no acesso a estes locais instalou-se um sistema de controlo de acesso, constituído por leitores de cartão de proximidade. O acesso dos utilizadores é condicionado em função dos acessos que são atribuídos na programação do respectivo cartão. O sistema instalado é do tipo online, constituído por unidades de comando e controlo locais que se encontram interligados com a unidade central, localizada na sala de segurança. 14

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O edifício é igualmente dotado de um sistema de vigilância CCTV, visando fundamentalmente os seguintes objectivos: ≥ Inspecção periódica de determinadas áreas (circulações, acessos a partir do exterior, portas de abertura comandada por controlo de acessos, etc.), permitindo deste modo reduzir o número de vigilantes necessários; ≥ Visualização automática de locais sensíveis onde se registem alarmes, contribuindo para as decisões a tomar pelos operadores e permitindo avaliar as situações de falsos alarmes; ≥ Registo sistemático dos movimentos em determinadas zonas, incluindo a periferia do edifício e o registo das situações de alarme, facilitando uma investigação posterior. O rapto de crianças e recém-nascidos e/ ou troca de recém-nascidos é um dos problemas com que se debatem sistematicamente os gestores, médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e segurança das unidades hospitalares que disponham desta valência. No que respeita ao Hospital de Cascais, foi instalado um sistema automático de alarme com o objectivo de evitar o rapto de crianças e recém-nascidos. O sistema baseia-se na RFID (identificação por rádio frequência) de longo alcance, tecnologia de emissores de baixa frequência e comunicação por infra-vermelhos. As variáveis intrínsecas ao sistema são as seguintes: ≥ Reconhecimento dos portadores de identificador electrónico (pulseira electrónica), identificando com exactidão pessoas/equipamento; ≥ Monitorização constante, proporcionando alarmes em tempo real e registo histórico; ≥ Ultima localização conhecida da pulseira electrónica; ≥ Estado da pessoa ou equipamento monitorizado. No que concerne à troca, uma vez que cada pulseira tem um endereço (mãe /bebé), a mesma não pode ocorrer. Caso ocorra,

PISO 4 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio

CIRCUITOS HORIZONTAIS Saídas de emergência

SERVIÇOS Área técnica

ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospitalizados /serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /forn.) Saídas de emergência

SERVIÇOS U.T. - Obstectricia /Ginecologia N.C. - Obstectricia /Ginecologia Núcleo central – Pediatria U.T. Pediatria/Lactantes/Isolamento Instalações para pais

PISO 5 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio

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≥ O Hospital de Cascais tem instalados diversos equipamentos de protecção contra incêndio, oferecendo uma protecção activa permanente a funcionários e utentes.

há um alarme de singularidade porque as pulseiras apresentam endereços diferentes. O sistema incorpora ainda a salvaguarda de acções de sabotagem. No caso do sinal de uma pulseira electrónica deixar de ser ouvido pelos sensores, por exemplo por causa da destruição da pulseira, o sistema entra automaticamente em modo de alarme. O alarme será também accionado caso alguém corte o fio da pulseira ou tente atravessar uma saída sem autorização prévia. Em resumo, pode dizer-se que o sistema permite a monitorização permanente dos bebés nos locais electronicamente delimita16

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dos, contribuindo assim, por um lado, para desincentivar acções de rapto e, por outro, para conferir um ambiente mais seguro e tranquilo aos pais e profissionais de saúde. Integração dos Sistemas de Segurança Todos os sistemas atrás referidos estão ligados em rede a um sistema de gestão de segurança, permitindo assim, de uma forma integrada, supervisionar todos os equipamentos de segurança do complexo. Esta forma integrada de gestão de segurança permite a optimização da exploração do edifício, suprindo determinadas necessidades, quer ao nível da manutenção dos equipamentos, quer ao nível de recursos humanos. No que se refere às Instalações Técnicas do edifício, existiu o cuidado de integrar o funcionamento das mesmas com os sistemas de segurança instalados, tal como aconteceu com a arquitectura. Assim, foi mantida uma estreita colaboração e ligação entre os projectistas com vista à optimização funcional deste complexo hospitalar, visando uma resposta rápida e eficaz dos sistemas de segurança implementados e restantes instalações técnicas em caso de eventuais situações de emergência ou alarme (incêndios, roubo e intrusão). A matriz de comandos implementada ao nível do sistema de gestão de segurança permite uma interactividade entre os vários sistemas de segurança e as restantes instalações técnicas. O sistema de gestão de segurança garante por si só a resposta à maior parte das situações de emergência, sendo esta reacção garantida de uma forma eficaz pelos sistemas e equipamentos instalados, sem haver necessidade de intervenção dos meios humanos. Em todas as outras situações de emergência ou alarme, que não puderem ser respondidas automaticamente pelos meios instalados, a segurança é garantida pela actuação conjunta dos meios humanos a ela adstritos e do próprio sistema de gestão do complexo. Por último, convém de enfatizar o elevado nível tecnológico aplicado neste complexo hospitalar, resultado de uma estreita colaboração entre equipas multidisciplinares durante as fases de projecto e de execução, visando o bem-estar e a segurança de todos os utilizadores do Hospital de Cascais.

PISO 6 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio

ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospit. /serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /fornecedores) Saídas de emergência

SERVIÇOS U.T. - Especialidades cirúrgicas N.C. - Especialidades cirúrgicas

ÁREAS DE CIRCULAÇÃO INTERNA Circulação hospitalar (doentes hospit./serviço /pessoal) Circulação de público / visitas Áreas de público (amb. /visitas /acomp. /fornecedores) Saídas de emergência

SERVIÇOS U.T. - Especialidades cirúrgicas N.C. - Especialidades cirúrgicas

PISO 7 ACESSOS VERTICAIS Escadas de serviço Escadas de emergência / Zonas de refúgio

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A resposta certa Robert Solomon Director do departamento de normas de segurança em edifícios da NFPA

Robert Duval Investigador de incêndios da NFPA

Preparação, formação e o sistema automático de sprinklers juntam-se numa história de sucesso sobre o incêndio de um lar de idosos em Connecticut, nos Estados Unidos da América. A NFPA 101 – Life Safety Code coloca o ónus da responsabilidade, durante situações de incêndio, nos funcionários dos lares da terceira idade para que estes adoptem as medidas apropriadas. Nestes casos, a responsabilidade que é exigida aos funcionários estende-se a várias áreas que incluem saber os deveres e tarefas de cada funcionário, saber a altura em que devem fechar as portas, saber quando têm de transportar os idosos para outras divisões da casa ou quando têm de evacuar o edifício. Estudos anteriores sobre incêndios realizados pela NFPA concluíram que uma resposta desadequada por parte dos funcionários – ou em alguns casos, a ausência de resposta – pode conduzir a um resultado desastroso. No entanto, quando são seguidas todas as medidas indicadas nos manuais, os riscos de vida ou lesões que os residentes dos lares de idosos correm são muito inferiores. Ao que tudo indica, os funcionários do lar Regency House, em Wallingford, no estado 18

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do Connecticut, seguiram o Plano de Emergência à risca durante o incêndio que se verificou neste estabelecimento, em 2009. A resposta teve início com a realização do plano de emergência que foi acompanhada de muito perto pelo administrador do lar, Patrick McDonald, pelo responsável do edifício, Peter C. Brail, e ainda pela enfermeira chefe, Shelley Jackson. Desde o planeamento e preparação até à execução do plano de emergência – e contando com o auxílio do sistema automático de extinção por sprinklers –, os funcionários de Regency House são a prova que os estabelecimentos de apoio social a pessoas idosas podem actuar de forma decisiva e correcta em caso de incêndio. Wallingford é uma comunidade suburbana norte-americana, que se situa a 32 quilómetros, para norte, de New Haven, no estado de Connecticut. Às 21h57, do dia 5 de Março de 2009, a corporação de bombeiros de Wallingford recebeu o alarme automático

de incêndio que indicava a existência de uma emergência no lar Regency House. Ao alarme automático seguiu-se uma chamada telefónica de Regency House informando sobre a existência de fumo num corredor junto à cozinha. A resposta inicial da corporação de bombeiros disponibilizou três viaturas para o combate a incêndios e dois veículos de salvamento. Atendendo às especificidades do edifício em chamas, o Capitão Richard Gibson, que se encontrava de serviço, decidiu pedir o auxílio adicional de um veículo de combate a incêndios, de duas ambulâncias e de uma unidade de paramédicos. Construído em 1962 para acolher reformados, o edifício de Regency House é constituído por um andar e tem capacidade para albergar 130 camas. Além do piso principal, o estabelecimento tem uma cave onde estão todos os equipamentos e electrodomésticos essenciais para o funcionamento do lar. As paredes exteriores do edifício foram construídas



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em alvenaria, sendo a estrutura do telhado feita de madeira. Por sua vez, as paredes interiores do edifício são feitas por placas de reboco em estruturas de metal ou madeira. Quando o incêndio deflagrou, estava a ser construída uma nova ala na zona sudoeste do edifício. No entanto, a nova ala não foi afectada pelas chamas. As áreas do edifício onde os residentes e funcionários habitam e circulam estão protegidas por um sistema de sprinklers. Também as divisões construídas de origem (cerca de 3.066 m²) estão protegidas por um sistema automático convencional de sprinklers, instalado aquando da construção do edifício. Por sua vez, a nova ala que estava a ser construída está equipada com um sistema húmido de sprinklers, com uma densidade de descarga de 4,07 mm de água por minuto (0.10 gpm/square feet), para uma área de operação de 190 m². Nas instruções do sistema de sprinklers é recomendado que estes sejam abastecidos com 1540 litros por minuto e com uma pressão de 3,17 bar (46 psi). À entrada do edifício está também montado um sistema seco de sprinklers. Ainda em relação aos sprinklers a maioria é do tipo pendente e está instalada num ângulo de 165 graus. O sistema de alarme está equipado com detectores de fumo, detectores térmicos e botoneiras, espalhadas por todo o edifício, para activar manualmente o alarme. O sistema de alarme está ainda ligado a uma central que supervisiona o sistema. Quando o Capitão Gibson chegou ao local do incêndio comunicou a existência de chamas e fumo nos corredores e na área da cozinha utilizada para lavar a loiça. Os bombeiros entraram no edifício pelo corredor principal, levando com eles uma mangueira, e avançaram em direcção à cozinha, procurando o local do incêndio. No exterior os restantes bombeiros ligavam um dos camiões de combate às chamas à rede de abastecimento dos sprinklers, para que estes usufruíssem de um fornecimento adicional de água. Ao entrarem na zona onde a loiça é lavada, os bombeiros descobriram que apenas um

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≥ Quarto dos idosos residentes no Regency House..

dos sprinklers tinha sido activado. Utilizando uma câmara de imagem térmica, os bombeiros descobriram que as fontes de calor estavam atrás do lava-loiça e na parede atrás do lava-loiça. Depois, as equipas de bombeiros entraram na cave, situada debaixo da cozinha, onde se depararam com pequenos focos de incêndio no tecto e na cavidade entre a parede da cave e a parede da cozinha, junto ao lava-loiça, onde passam os canos. Assim que o fogo foi extinto, através do ataque às chamas com a água das mangueiras, os bombeiros iniciaram os procedimentos para retirar o fumo do edifício. Quando as primeiras equipas de bombeiros chegaram ao lar Regency House tinham à sua espera funcionários do lar que se aprontaram a fazer um ponto de situação sobre as condições no interior do edifício. Lá dentro, os funcionários abrigavam os residentes nos respectivos quartos nas alas C e D. Na altura do incêndio, encontravam-se no edifício 110 idosos, dos quais 48 estavam na área afectada pelo fogo. As portas resistentes ao fumo localizadas no compartimento junto à cozinha foram fechadas com a activação do alarme de incêndio. Por seu turno, os funcionários do lar, aquando do alarme,

apressaram-se a fechar as portas dos quartos dos habitantes para os proteger do fumo que circulava nos corredores. Durante o incêndio, os funcionários ainda equacionaram levar os ocupantes do lar para outra ala do edifício, no entanto, tal teria exigido a passagem pelo exterior do edifício. Porém, essa medida de evacuação não foi implementada porque os funcionários que monitorizavam os idosos não consideraram que a vida destes estivesse em perigo. A partir do momento que o fogo estava localizado e que já tinham sido iniciadas as operações de extinção, a prioridade tornou-se retirar o fumo do edifício. Às 22h30, o veículo de apoio número 8 foi utilizado para ajudar no processo de ventilação. As clarabóias no corredor perto da cozinha foram removidas e foram colocados, também no corredor, ventiladores de pressão positiva para levarem a cabo a tarefa de remover o fumo do edifício. O Chefe do Departamento de Bombeiros de Wallingford, Peter Struble, chegou ao local do incêndio às 22h22. Devido ao perigo de surgirem várias vítimas, foi solicitado que três ambulâncias adicionais permanecessem em alerta. Além destas medidas, o hospital mais próximo foi


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≥ Átrium de entrada para onde os ocupantes do edifício são conduzidos em caso de emergência.

QUADRO 1 INCÊNDIOS MAIS FATAIS EM LARES DE IDOSOS NOS E.U.A. DESDE 1950

DATA

LAR

LOCAL

VÍTIMAS MORTAIS

Fevereiro de 1957

Katie Jane

Warrenton, Missouri

72

Novembro de 1963

Golden Age

Fitchville, Ohio

63

Março de 1953

Nome desconhecido

Largo, Califórnia

33

Janeiro de 1976

Nome desconhecido

Chicago, Illinois

24

Outubro de 1952

Nome desconhecido

Hillsboro, Missouri

20

Fevereiro de 2003

Greenwood Manor

Hartford, Connecticut

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Setembro de 2003

Nome desconhecido

Nashville, Tennessee

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contactado para que fossem conhecidas as condições e disponibilidade do mesmo para enviar ambulâncias e para receber residentes do lar, funcionários ou bombeiros que pudessem estar feridos. Na localidade de Wallingford existem vários tipos de instituições de apoio aos mais velhos. Esta concentração pouco habitual de instituições de apoio social a pessoas idosas oferece várias soluções para o caso dos idosos terem de ser transportados para outros lares. Neste modelo, que poderia ser muito benéfico para outras comunidades e para as instituições de apoio social, o departamento

dos bombeiros está treinado para responder a este tipo de emergências e está preparado para tomar as medidas mais apropriadas. Como resultado de um protocolo assinado entre a corporação de bombeiros e as instituições locais, as equipas de bombeiros fazem regularmente simulações de situações de incêndio (simulacros), e de outro tipo de emergências, neste tipo de edifícios com a cooperação dos funcionários dos lares. Desde 2004 que o corpo de bombeiros de Wallingford e o lar Regency House realizavam, pelo menos uma vez por ano, exercícios de simulação de situações de emergência.

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O director médico de Regency House encontrava-se no estabelecimento quando o incêndio deflagrou e, durante e após o incidente, ajudou os funcionários a monitorizar a condição física das pessoas internadas. A corporação de bombeiros manteve uma viatura de combate a incêndios no local até que o sistema de sprinklers fosse reactivado e que a ventilação do fumo fosse completa. Às 4h12 já todos os bombeiros tinham abandonado o local do incêndio, não tendo sido registadas vítimas nem pessoas feridas. As autoridades de Wallingford investigaram as origens do incêndio e descobriram que tinha sido causado pelos trabalhos de um canalizador que tinha estado a fazer a substituição de um cano de cobre por um cano feito de policloreto de polivinila, atrás do lava-loiça. O trabalho do canalizador, que envolveu a utilização de uma tocha, começou por volta das 20h00 e terminou às 20h30. A operação de substituição do cano resultou na transferência de calor para as tábuas de madeira existentes no tecto da cave. Até que as chamas tivessem alastrado ao cano e ao espaço entre as paredes da cozinha e da cave, as vigas de madeira e outros combustíveis presentes no local terão estado em brasa durante duas horas. A RESPOSTA DOS FUNCIONÁRIOS Na noite do incêndio estavam no lar de idosos 6 enfermeiras, 12 enfermeiras assistentes e dois funcionários responsáveis pelo edifício. Os funcionários que estavam no edifício perceberam imediatamente que existia uma situação de incêndio e activaram o plano de emergência. A reacção foi coordenada, apropriada e incluiu a prática das acções que tinham sido treinadas durante os exercícios de simulação de emergências. No plano de emergência estavam consagradas as seguintes tarefas: garantir que não existiam ameaças imediatas aos idosos; assegurar que os funcionários se dirigiam para a zona de incêndio e iniciavam o processo de fechar as portas corta-fogo; escolha de um

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O FACTOR HUMANO Por que razão é a formação dos funcionários tão importante no planeamento da segurança contra incêndio? Desde 1969, que a entidade do governo federal que inspecciona os regulamentos e o funcionamento da indústria dos estabelecimentos de apoio social a pessoas idosas tem sido orientada pela NFPA 101, Life Safety Code, para assegurar que as necessidades dos residentes a nível da segurança contra incêndio são respeitadas. O The Centers for Medicare/Medicaid Services (CMS), uma agência governamental do Departamento de Saúde e Serviços Humanos americano, tem utilizado como referência nos inquéritos realizados para avaliar as condições de segurança contra incêndio dos edifícios e dos elementos de segurança os padrões definidos pela edição de 2000 da NFPA 101. O Life Safety Code é complementado por uma série de regras escolhidas pela CMS para manter os ocupantes e os funcionários dos lares em segurança e para a garantir que os meios de segurança contra incêndio dos edifícios estão em condições de ser utilizados. Segundo os dados da American Health Care Association, nos Estados Unidos estão disponíveis cerca de 1,68 milhões de camas certificadas em 15.700 estabelecimentos de apoio social a idosos e a pessoas que necessitam de assistência. Os proprietários e administradores que oferecem o serviço de apoio social são responsáveis por assegurar os serviços prestados, assim como, o bem-estar dos pacientes a nível físico e alimentar. Como muitos dos residentes nesses espaços não estão em condições de zelar pelos seus interesses, o código define as medidas de protecção que este tipo de estabelecimentos tem de seguir. Apesar da construção do edifício, dos acabamentos interiores, dos sistemas de sprinklers, do sistema de alarme e das indicações das saídas de emergências serem fundamentais para a segurança, há um outro sistema que é igualmente essencial: os funcionários. Se por um lado, os sistemas do edifício são fundamentais para a garantir segurança dos ocupantes, uma resposta desadequada por parte do pessoal responsável pode conduzir a um resultado desastroso durante situações de emergência. O papel dos trabalhadores de um lar durante uma situação de emergência exige um certo número de acções que vão desde fechar as portas, fazer o ponto de situação do incêndio aos bombeiros, transportar os idosos para outras salas a informar os mais velhos sobre a situação de emergência e a dimensão desta. Estas responsabilidades devem ser desenvolvidas, treinadas e implementadas como parte do plano de evacuação do edifício. Um final feliz numa situação de incêndio é muitas vezes o resultado directo do planeamento, do treino e da cooperação desenvolvida entre os funcionários durante uma emergência.

funcionário para fazer o ponto de situação junto dos bombeiros, assim que eles chegassem. Além disto, os funcionários tinham de garantir que os corredores estavam desobstruídos. As acções seguintes consistiram em avisar o supervisor das enfermeiras e pedir auxílio a funcionárias que estivessem fora de serviço, seguindo uma ordem de telefonemas pré-determinada. Enquanto estes processos

aconteciam, os restantes funcionários estavam atentos às chamas e certificavam-se que os residentes do lar não corriam perigo. Os primeiros bombeiros a chegarem ao local concordaram, depois de ouvirem os funcionários do estabelecimento, com as medidas que tinham sido tomadas de proteger os residentes nos respectivos quartos. Esta medida permitiu que as equipas de salvamento concentrassem

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esforços na localização do incêndio e enviassem algumas unidades para a cozinha e para a cave com o objectivo destas completarem a extinção do fogo. Enquanto o incêndio era combatido, os trabalhadores do lar faziam rondas de vigilância junto dos residentes para se certificarem que todos estavam em segurança e para transmitirem informações relevantes às equipas de bombeiros. Todos os turnos de funcionários da Regency House treinam uma vez por trimestre exercícios de simulação de incêndio, sendo que dois exercícios dos diferentes turnos envolvem a activação do alarme de incêndio. Nos exercícios, os funcionários praticam os procedimentos e tarefas presentes no plano de emergência escrito. Como referido anteriormente, pelo menos um dos simulacros é realizado em cooperação com a corporação de bombeiros de Wallingford. Em Outubro de 2008, os funcionários de Regency House, como parte da formação para lidarem com situações de emergência, estiveram presentes numa apresentação sobre o incêndio que ocorreu em Fevereiro de 2003 no lar de Greenwood Manor em Hartford, no estado do Connecticut. No incêndio de Greenwood Manor, que teve origem intencional, foram registadas dezasseis mortes e vários feridos. O relatório da NFPA sobre este incêndio chegou à conclusão que apenas três dos funcionários que faziam o turno da noite responderam adequadamente à situação. A maioria dos empregados de Greenwood Manor não seguiu as instruções do plano de emergência e, nalguns casos, os funcionários nunca tinham sequer participado em exercícios de simulação de incêndio. Esta falta de preparação fez com que acções essenciais, como fechar portas ou levar os residentes para divisórias afastadas do incêndio, não fossem executadas. Os funcionários de Regency House aprenderam a lição com o incêndio de Greenwood Manor e as suas acções, em Março de 2009, garantiram que durante uma situação de emergência semelhante os residentes deste lar em Wallingford estivessem sempre e protegidos e em segurança. Reimpresso com a permissão do NFPA Journal® (Vol. 104, Nº1) copyright © 2010, National Fire Protecção Association, Quincy, MA. Todos os direitos reservados.

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FABRICO NACIONAL

Pioneiros na protecção contra incêndio SISAF João Filipe e Gonçalo Sítima

Em 2012, a SISAF vai completar três décadas de trabalho dedicadas à segurança contra incêndio e à protecção de pessoas e bens. Trilhando um caminho de elevada especialização e qualidade no fabrico à medida de portas técnicas, a SISAF é uma referência nacional de elevada reputação. Para conhecer melhor este caso de sucesso no fabrico de portas técnicas, a PROTEGER visitou as instalações da empresa no Carregado e falou com o Gerente, João Matos, e o Director-Geral, António Leitão. 24

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ID

FABRICO NACIONAL

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SISAF – SOCIEDADE INDUSTRIAL DE SEGURANÇA ANTI-FOGO, LDA

Fundação 1982 Linha de negócio Fabrico, Comércio, Instalação e Manutenção de Portas Capital Social 250.000€ Volume de negócios anual 6.800.000€ Empregados 32 Área fabril 1.200 m2 PRINCIPAIS PRODUTOS COMERCIALIZADOS Portas resistentes ao fogo, acústicas, anti-intrusão, anti-bala e assepsia

UMA EMPRESA PIONEIRA Em 1982, depois do isolamento ditatorial e dos tempos conturbados do PREC, Portugal começava a viver os adventos da abertura do mercado nacional à Europa. O nosso mercado, que antes era visto como pouco apetecível, começava a ser encarado como uma oportunidade para as multinacionais que desejavam expandir as suas actividades. A chegada das empresas estrangeiras, onde se incluíam algumas multinacionais bem conhecidas com origem alemã, veio criar novas oportunidades de negócio. As preocupações com a segurança contra incêndio em edifícios estavam mais enraizadas nas empresas que chegavam do que nos concorrentes nacionais e isso fez com que surgissem novas oportunidades no sector da segurança em Portugal, nomeadamente na venda de produtos resistentes ao fogo. Ao detectar esta lacuna no mercado de abastecimento de portas resistentes ao fogo, João Louro decidiu, em 1982, criar a SISAF – Sociedade Industrial de Segurança Anti-Fogo – empresa especializada no fabrico de portas

resistentes ao fogo. A SISAF foi assim pioneira neste sector, visto que até então não havia nenhuma empresa nacional que se dedicasse ao fabrico deste tipo de portas. Foi também a partir desta altura que a SISAF estabeleceu uma parceria tecnológica com a Schröders, tornando-se o fabricante e vendedor único de portas da marca alemã em Portugal. Esta parceria tornou-se numa mais-valia e num pilar da SISAF junto do mercado. Nesta relação, cabe à Schröders o papel de investigação, desenvolvimento e certificação do produto e envio da tecnologia para Portugal. Mas ao contrário do que se possa pensar, a relação com a Schröders é bilateral e a SISAF não se limita a importar a tecnologia utilizada nas portas. Os técnicos da SISAF são também responsáveis por propor e/ou realizar o desenvolvimento de produtos, nomeadamente quando consideram que a gama de portas deve ser acrescentada de modo a constituir-se numa resposta adaptada às exigências técnicas e estéticas dos diferentes mercados onde a SISAF está presente. Corria o ano de 2004, quando o grupo PROJAR decidiu avançar para a aquisição

da SISAF. Este grupo encarou a empresa de portas resistentes ao fogo como uma boa oportunidade de negócio dentro do cluster de actuação das diferentes empresas que o compõe, nomeadamente da TRIA e da TRIA Angola. Por um lado como uma forma de expandir a oferta de soluções de protecção passiva contra incêndio dentro do grupo, por outro porque a SISAF era uma marca bem colocada no mercado e possuía uma parceria tecnológica consolidada com a Schröders, garantindo assim a permanente actualização dos produtos com o quadro normativo europeu aplicável. Com a nova gerência, veio também uma alteração no posicionamento da empresa no mercado. A SISAF, que se dedicava exclusivamente à produção e comercialização de portas metálicas resistentes ao fogo, anti-intrusão, acústicas e estanques ao ar fabricadas sob licença Schröders, expande a sua gama de produtos passando a incluir na sua oferta as portas em aço e vidro resistentes ao fogo, acústicas, anti-intrusão e anti-bala, que fabrica sob licença da empresa sueca Stalprofil. Adicionalmente, a SISAF produz também portas em madeira resistentes ao fogo e acústicas também fabricadas em Portugal sob a chancela PORTFIRE, empresa detida em 33% pelo grupo PROJAR, e as portas assepsia resistentes ao fogo em poliéster reforçado com fibra de vidro (GRP), fabricadas na Irlanda pela DORTEK e destinadas a instalações hospitalares, farmacêuticas e outras com exigências de rigoroso controlo da assepsia. A integração no grupo PROJAR com o consequente aproveitamento das sinergias geradas e a referida expansão da oferta de produtos / soluções, permitiu à SISAF, em 4 anos, quadruplicar o seu volume de negócios e certificar o seu sistema da gestão da qualidade segundo a Norma NP EN ISO 9001:2008. Há dois anos a empresa conseguiu inaugurar as suas novas instalações fabris na Zona Industrial da Carambancha, no Carregado, onde com as melhorias das condições de trabalho espera aumentar a qualidade e a quantidade da sua produção, mantendo-se fiel ao seu princípio de privilegiar a produção em Portugal em detrimento da importação de produto acabado. JULHO A SETEMBRO ‘11

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FABRICO NACIONAL

≥ A área fabril das novas instalações da SISAF é de 1200m².

A APOSTA NA ROBUSTEZ No contexto de mercado a SISAF pretende manter o seu posicionamento marcado pela fiabilidade, robustez e durabilidade dos seus produtos. Estas são as particularidades que caracterizam as portas SISAF Schröders e que a empresa do Carregado considera fundamentais para portas com função de compartimentação resistente ao fogo, ou seja, portas que, independentemente do tempo que decorreu após a sua instalação e do regime de utilização a que foram sujeitas, têm de manter a sua eficiência intacta. A opção por um produto mais resistente justifica-se, na opinião dos líderes da SISAF, pela durabilidade e pelos reduzidos custos de manutenção, vantagens percepcionadas e valorizadas pelo cliente final/dono de obra mas cada vez menos valorizadas pelas empresas construtoras, uma vez que não lhes compete a preocupação com os custos de manutenção dos edifícios. O desenvolvimento tecnológico do produto é realizado na Alemanha pela Schröders. No entanto todas as portas metálicas resistentes ao fogo são produzidas em Portugal nas instalações da SISAF. Apesar do fabricante nacional 26

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importar a tecnologia, existe a preocupação de adquirir matérias-primas produzidas em território nacional, uma preocupação comum a todo o grupo PROJAR. Como resultado desta estratégia, cerca de 70% dos materiais utilizados na produção das portas SISAF têm origem no mercado português. Apesar de vivermos tempos difíceis, o investimento na linha de produção não tem parado. Quando a PROJAR adquiriu a SISAF, as instalações da empresa de portas resistentes ao fogo estavam localizadas na Charneca do Lumiar, em Camarate. Com o objectivo de melhorar as condições de trabalho e tornar mais eficaz a linha de produção, foi feito um investimento na construção das novas instalações no Carregado com a consequente renovação do parque de máquinas. O edifício onde a SISAF está instalada, desde Agosto de 2009, foi feito de raiz e a pensar nas especificidades de uma fábrica dedicada ao fabrico de portas e envidraçados. A PREOCUPAÇÃO COM A QUALIDADE A garantia da qualidade dos produtos vendidos é uma das principais preocupações da SISAF, tendo esta obtido a certificação de qualidade segundo a norma NP EN ISO

≥ O fabrico à medida é uma das principais características da empresa.

9001:2008. O âmbito da certificação abrange não apenas o fabrico, mas também a concepção, comércio, instalação e a manutenção de sistemas resistentes ao fogo, o que permite garantir aos clientes a qualidade do serviço em toda a sua extensão. Incluído no âmbito do sistema da gestão da qualidade, o controlo de produção é feito com base nos desenhos e descritivos dos modelos construtivos homologados pelos fornecedores de tecnologia Schröders e Stalprofil. Esta é uma condição para a manutenção das licenças de fabrico para garantir que perante uma situação de incêndio as portas darão a resposta obtida nos respectivos testes normalizados de resistência ao fogo, funcionando como um elemento vital dos sistemas de compartimentação implantados nos edifícios. Factor fundamental para a fiabilidade dos sistemas de compartimentação contra incêndio em edifícios é a sua correcta instalação. Conscientes de que uma porta instalada inadequadamente pode comprometer irremediavelmente a eficácia de todo um sistema de compartimentação, a SISAF dispõe para o efeito de equipas próprias de instaladores com o objectivo de garantir que


FABRICO NACIONAL

≥ Exemplo de uma porta de segurança fabricada na SISAF.

as portas são aplicadas em conformidade com os modelos de instalação autorizados. No que diz respeito às alterações introduzidas pela regulamentação na área da segurança contra incêndio em edifícios em vigor desde 2009, os administradores da SISAF admitem que esta poderia ter tido um impacto muito superior se a fiscalização fosse tecnicamente mais eficaz. A maior exigência ao nível do projecto foi um passo importante, mas é a realização de inspecções em obra que garante que os sistemas de protecção passiva são os adequados e são instalados em conformidade com os modelos construtivos homologados e posteriormente mantidos correctamente. Ainda no que concerne ao desenvolvimento de produtos de qualidade, a SISAF está em permanente contacto com arquitectos e outros clientes finais para garantir que os produtos fabricados se adequam ao desejo do mercado. A recolha de opiniões junto desta classe profissional é uma tarefa de extrema importância para a SISAF, uma vez que um dos objectivos da empresa é desenvolver soluções que permitam aos arquitectos trabalhar com o máximo de liberdade criativa, sem que se comprometa a protecção contra incêndio ou as

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≥ O fabrico das portas Sisaf obedece às exigentes especificações técnicas dos parceiros tecnológicos Schröders e Stalprofil.

outras características funcionais das portas. Neste contexto e após um ano de trabalho de investigação e desenvolvimento, a SISAF concluiu em Maio deste ano no Laboratório AFITI-LICOF, em Madrid, o processo de homologação de portas de uma e duas folhas EI60 em conformidade com a Norma EN 16341:2010 e EN 13501-2:2009, com dobradiças e molas ocultas. A porta SISAF COMPLAN, que se caracteriza por apresentar o conjunto aro/folha totalmente complanado e alinhado nas duas faces, foi concebida para se apresentar como um prolongamento natural da parede onde é instalada, independentemente da direcção de abertura. Esta porta oferece ainda a possibilidade de poder ser revestida com os mesmos materiais de revestimento de paredes até 15mm de espessura. As portas SISAF COMPLAN são assim o primeiro projecto integralmente desenvolvido e homologado pela SISAF e que na lógica de parceria com a Schröders será adoptado por esta para o mercado alemão. Como referência das obras equipadas com produtos SISAF, destaca-se o recentemente inaugurado edifício da Fundação Champalimaud. Nesta obra estão presentes todos os produtos fabricados na empresa, desde

portas metálicas a portas assepsia em GRP, passando ainda pelas portas e envidraçados em aço inox/vidro e portas de madeira, cortafogo, acústicas e anti-RX. A mediática “Janela da Esperança” é uma solução corta-fogo aço inox/vidro da SISAF. O FUTURO E A INTERNACIONALIZAÇÃO Tendo os factores da crise em conta, a SISAF iniciou, em 2009, um plano de aposta no mercado externo, em países como Angola e Espanha. Actualmente as exportações contribuem para 25% do volume total de vendas. Durante 2011, o volume de vendas em Angola já atingiu um valor na ordem de 1,2 milhões de euros. No futuro, com a esperada diminuição da procura no mercado nacional, a produção da SISAF pode direccionar-se mais para os mercados externos, o que naturalmente contribuirá para um aumento no valor das exportações. Mas independentemente dos mercados de destino dos produtos da SISAF, uma determinação permanecerá intacta nos anos vindouros: o compromisso de efectuar um fabrico rigoroso, metódico e dedicado à protecção contra incêndio em edifícios. JULHO A SETEMBRO ‘11

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Análise Estatística dos Incêndios em Edifícios no Porto, 1996-2006 Vítor Martins Primo Mestre em Segurança aos Incêndios Urbanos Ex-Comandante do Batalhão de Sapadores Bombeiros

A segurança contra incêndio em edifícios (SCIE) apresenta características multidisciplinares e abrange diferentes intervenções que vão desde a concepção dos espaços até à sua utilização em condições de segurança adequadas. Além disso, envolve domínios do saber tão distintos que vão da resistência ao fogo dos elementos de construção ao comportamento das pessoas em caso de emergência. A análise do histórico dos incêndios permite obter informação relevante para a adopção de medidas preventivas, para as campanhas

de sensibilização e para a inovação das tecnologias que permitem controlar os riscos mais gravosos e intervir mais eficazmente em situações de incêndio. Em Portugal é difícil obter uma informação estatística consolidada sobre incêndios urbanos porque não existe nenhum modelo de relatório padrão que seja preenchido pelas Corporações de Bombeiros. O desenvolvimento de um modelo que permita tratar o problema da probabilidade de ocorrência de incêndio devia decorrer do correcto conhecimento e

caracterização dos incêndios urbanos registados em Portugal. Os dados analisados neste artigo foram recolhidos a partir da informação disponível nos relatórios de ocorrência do Batalhão de Sapadores Bombeiros (BSB) do Porto entre 1996 e 2006, sendo depois sistematizados e organizados de forma a caracterizar este tipo de ocorrências. Na análise das ocorrências registadas foram explorados cinco áreas fundamentais: a caracterização temporal da ocorrência, a


SECTOR

12

8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 2

1

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

≥ Gráfico 1 - Distribuição dos incêndios por hora do dia, em percentagem. 44,91

45,00 40,00

39,64 37,09

35,00

38,36 35,64

33,00

35,16

34,18

35,09 31,00

32,27

30,73

30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

≥ Gráfico 2 - Distribuição dos incêndios por mês do ano, em valores médios.

localização e caracterização dos edifícios, a extinção do incêndio, as causas, a propagação do incêndio e as vítimas e os danos provocados. A análise efectuada aos resultados foi agrupada nos domínios seguintes: incêndios em edifícios, vítimas dos incêndios em edifícios, incêndios em edifícios de habitação e incêndios em edifícios não residenciais. INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS No período em análise foram registadas 4.698 ocorrências de incêndio urbano. Neste período verificou-se que 12,9% das ocorrências corresponderam a alarmes falsos ou infundados e que estes valores não registaram uma variação significativa ao longo dos 11 anos analisados. A existência de uma central receptora de alarmes de sistemas automáticos de detecção de incêndio no BSB permitiu estudar os alarmes recebidos, tendo sido constatado que 91% dos casos corresponderam a alarmes falsos ou infundados. Esta conclusão alerta-nos para a necessidade de promover uma utilização mais eficaz destes sistemas. Relativamente à distribuição horária (gráfico 1), verificou-se que as horas do dia com maior

número de ocorrências são as correspondentes à preparação das refeições (12:00-13:00 horas e 20:00-21:00 horas). Na distribuição pelos meses do ano, constatou-se que nos meses mais frios se regista um número mais elevado de ocorrências (gráfico 2). Quanto à distribuição pelo tipo de ocupação dos edifícios, verificou-se que 55,49% dos incêndios ocorreram em edifícios de habitação. Seguem-se os edifícios devolutos com 16,13%, os hoteleiros e de restauração com 6,77%, os comerciais com 5,96%, os administrativos com 5,26% e os industriais com 3,02%. Num estudo anterior realizado no Porto para o período de 1988-1992 foram registados cerca de 63% dos incêndios em edifícios de habitação, 10% nos industriais, cerca de 6% nos comerciais e 6% nos hoteleiros. Em função destes resultados justifica-se a análise dos incêndios em edifícios de habitação separadamente das ocorrências nos outros tipos de ocupação (gráfico 3). Relativamente às causas, a categoria indeterminada ou desconhecida representa 34,14% dos casos registados. Este resultado é uma

consequência das dificuldades que o responsável pelas operações de socorro enfrenta para determinar a respectiva causa. Muitas vezes, face à falta de informação e ao estado de destruição, não resta alternativa a registar a causa como indeterminada ou desconhecida. Das causas registadas nos relatórios verificase que a mais significativa é o descuido com 24,16%. Este resultado é o reflexo do elevado número de ocorrências relacionadas com: a preparação das refeições, o esquecimento de cozinhados ao lume e ainda com outros descuidos envolvendo velas, aparelhos de aquecimento, lareiras e trabalhos de remodelação em que se utiliza chama nua, ou outras fontes de calor, sem os necessários cuidados de segurança. De seguida aparece a causa designada por curto-circuito com 18,73% das ocorrências. Neste conjunto estão incluídos os curtocircuitos e sobreaquecimentos ligados ao uso de instalações eléctricas e aparelhos eléctricos. Em 8,94% dos casos são indicadas causas acidentais, que correspondem a incêndios com origem em avarias ou mau funcionamento de equipamentos eléctricos ou a gás, de lareiras, alguns casos de ignições nas condutas de exaustão das churrascarias e ainda reacções químicas que originaram incêndios. Em aproximadamente 13% dos casos, a propagação atingida não foi indicada nos relatórios de ocorrência. Dos relatórios que apresentam esta informação pode concluir-se que a maioria dos incêndios não tem propagação significativa. De facto, 75,31% dos incêndios correspondem a situações em que a propagação se restringiu ao objecto origem ou a outros objectos que se encontravam próximos (gráfico 4). A propagação a todo o compartimento de origem registou-se em 5,56% dos casos e a propagação para o exterior do compartimento verificou-se em 6,26% dos incêndios. Dos incêndios que se propagaram para fora do compartimento origem, a parte mais significativa corresponde à propagação a todo o edifício com 2,47%. No entanto, a maior parte destes casos aconteceu em edifícios devolutos. No que se refere a quem foi responsável pela extinção do incêndio, a maior parte dos incêndios, 58,75%, foi extinta pelos bombeiros. JULHO A SETEMBRO ‘11

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12

SECTOR

6%

3%

7%

QUADRO 1 - INCÊNDIOS DE ACORDO COM O TIPO DE OCUPAÇÃO DOS EDIFÍCIOS

16%

1% 1% 5%

2% 2%

1%

2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 Total

OCUPAÇÃO Habitação

2

6

2

7

1

1

2

4

9

1

35

0,74

Administrativa

29

26

24

17

16

12

20

27

21

29

26

247

5,26

Escolar

11

10

6

4

10

2

6

5

7

3

3

67

1,43

Hospitalar e lar de idosos

5

4

4

9

1

6

5

8

3

10

4

59

1,26

4

1

1

3

1

4

1

4

20

0,43

Espectáculos e reunião 56%

≥ Gráfico 3 Habitação Estacionamento Administrativa Escolar Hospitalar e lar de idosos Hoteleira e restauração Comercial e gare de transportes Espectáculos e reunião Devoluto Construção Não indicado

1

259

234

273

271

259

275

2607 55,49

Hotelaria e restauração

18

28

18

27

30

38

42

37

25

28

27

318

6,77

Comercial e gare de transportes

25

25

21

24

22

31

20

23

28

37

24

280

5,96

Desportivas e lazer

1

1

1

1

5

0,11

Museu e galeria de arte

5

7

0,15

11

0,23

3

Arquivo e biblioteca

1

2 2

4

1

1

Indústria, oficina e armazém

8

7

11

11

6

13

12

18

23

14

19

142

3,02

Devoluto

70

110

63

73

79

75

68

64

36

59

61

758

16,13

Construção

3

3

8

6

12

6

6

5

7

8

8

72

1,53

Não indicado

4

1

3

11

6

7

3

2

8

15

10

70

1,49

367

430

373

403

411

451

421

466

440

474

462

4698

TOTAL

QUADRO 2 - SISTRIBUIÇÃO DOS INCÊNDIOS DE ACORDO COM A PROPAGAÇÃO

2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 Total

OCUPAÇÃO 37%

39%

13%

212

%

210

Estacionamento

203

217

194

107

154

125

170

152

164

166

174

174

191

151

1728 36,78

Outros objectos

157

89

140

141

168

190

177

205

164

169

210

1810 38,53

Compartimento origem

10

85

38

14

17

19

14

22

9

17

16

261

5,56

Outros compartimentos

8

11

8

6

10

9

9

7

8

11

3

90

1,92

1

1

0,02

Outros apartamentos

2% 1% 2%

Outros pisos

8

4

1

6

1

12

2

7

13

4

8

66

1,40

Todo o edifício

5

29

5

6

9

10

10

9

12

5

16

116

2,47

1

2

5

1

2

5

2

3

72

57

54

55

53

45

38

40

57

77

367

430

373

403

411

451

421

466

440

474

Outro edifício Não indicado 6%

≥ Gráfico 4 Compartimento de origem Outros compartimentos Outros pisos Todo o edifício Não indicado Objecto de origem Outros objectos

Em 39% dos casos não houve intervenção humana, tratando-se de casos de alarmes falsos ou infundados e de incêndios que se extinguiram sozinhos. Dos casos restantes, 13,01% foram extintos por residentes no edifício, 6,39% por terceiros, que podem ter sido um vizinho, um transeunte ou um polícia, e 3,45% por um ou mais funcionários. De referir que no período analisado apenas um incêndio foi extinto através de dispositivos de extinção automática.

%

Objecto origem

TOTAL

No que se refere ao agente extintor utilizado, em 17,87% dos casos foram usadas duas ou mais agulhetas, o que corresponde aproximadamente aos casos em que se registou uma propagação significativa. Em 40,56% dos casos foi empregue uma agulheta pelos bombeiros e nos restantes 41,57% foram usados outros meios de extinção. Nestes casos, o recipiente com água é o mais frequente, com uma percentagem aproximada de 10% das ocorrências. De seguida, aparece-nos o uso de um extintor de pó químico seco, utilizado em 6,6% das ocorrências. Na análise da distribuição do número de incêndios por hectare de área bruta das diversas freguesias, verifica-se maior incidência na zona mais antiga e histórica da cidade. Se a relação for feita por milhar de habitantes, verificamos que também existe maior incidência nas fre-

21

0,45

57

605

12,88

462

4698

guesias da zona mais antiga da cidade. Estes resultados confirmam a noção generalizada de que existe um maior número de ocorrências nas zonas antigas das cidades. VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS No período de 11 anos que é analisado foram registadas 16 vítimas mortais em 14 incêndios e 166 feridos em 128 incêndios, dos quais 4 ficaram em estado grave e 162 em estado ligeiro. No estudo efectuado anteriormente para o período 1988-1992 verificaram-se 5 mortos, todos ocupantes, e 68 feridos, sendo 7 bombeiros e 61 ocupantes dos edifícios. 86% dos incêndios com mortos e 73% dos incêndios que causaram feridos aconteceram em edifícios de habitação. Seguem-se os edifícios devolutos onde se registaram 14% dos mortos e 9% dos JULHO A SETEMBRO ‘11

31


12

SECTOR

≥ Índice anual de incêndios por freguesias e por milhar de habitante. N² > 4

2 < N² < 4

feridos. Vale a pena destacar o caso dos edifícios hoteleiros e de restauração que registaram 6% dos feridos e os edifícios industriais que registaram 3% dos feridos. Das 16 vítimas mortais, 15 eram residentes e a restante era um bombeiro que procedia a uma operação de salvamento. Relativamente aos feridos, 56,02% eram residentes, 15,66% funcionários, 11,45% vizinhos e 10,24% bombeiros. No que se refere às vítimas mortais, verificou-se que a maior incidência se registou no período da madrugada, aquele em que há um menor número de ocorrências. No que se refere ao espaço origem e relativamente às vítimas mortais, o compartimento com maior incidência é o quarto com 36%, seguido da sala com 7%. INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO O maior número de incêndios e a quase totalidade das vítimas mortais aconteceram em edifícios de habitação, envolvendo sobretudo pessoas idosas. Estas ocorrências aconteceram sobretudo em barracas, habitações muito antigas e em bairros de habitações sociais. No primeiro caso, a propagação é facilitada pelo tipo de construção que integra materiais combustíveis, pela elevada carga térmica, pela degradação das habitações e pela presença de instalações técnicas em condições deficientes. 32

JULHO A SETEMBRO ‘11

1,5 < N² < 2

N² < 1,5

Nos apartamentos em bairros sociais verificou-se uma elevada incidência em agregados familiares que denotam problemas de inserção sociocultural. Torna-se pois necessário intervir nos domínios referidos, implementando mecanismos que permitam estudar a dimensão sociológica dos incêndios urbanos e extrair conclusões fundamentadas. Esta conclusão é reforçada por estudos realizados noutras cidades, como Londres, onde também concluíram da elevada incidência deste fenómeno nas camadas mais desfavorecidas da população. A maior percentagem das ocorrências em edifícios de habitação aconteceu na cozinha e está relacionada com descuidos na preparação das refeições. No entanto, o elevado número de ocorrências traduz-se normalmente em pequenos danos e baixos índices de propagação. A maior parte dos casos com vítimas mortais aconteceu nos quartos e salas durante as horas da madrugada. A informação dos relatórios não permite extrair conclusões sobre as causas destes incêndios. Mas, de acordo com as informações recolhidas junto dos intervenientes, os indícios apontam para descuidos com cigarros ou velas, para deficiências nas instalações eléctricas e em aparelhos de aquecimento. Segundo as mesmas fontes, a principal causa de morte é a intoxicação com o fumo resultante da combustão do colchão, da roupa da cama e do mobiliário estofado.

INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS NÃO RESIDENCIAIS Incêndios em edifícios ou estabelecimentos com outros tipos de utilização que não habitacionais: ≥ Devolutos, 758 ocorrências (16,13% do total); ≥ Hoteleiros e restauração, 318 ocorrências (6,77% do total); ≥ Comerciais, 280 ocorrências (5,96% do total); ≥ Administrativos, 247 ocorrências (5,26% do total); ≥ Industriais, 142 ocorrências (3,02% do total); ≥ Outros, 345 ocorrências (7,34% do total). Os resultados revelam um elevado número de ocorrências em edifícios devolutos que são normalmente ocupados por pessoas semabrigo. Estes indivíduos são frequentemente fumadores e recorrem a meios expeditos para obterem iluminação e fontes de calor para fazerem as refeições. Estas questões aliadas às construções muito antigas e degradadas, à indigência e falta de cuidado, acabam por gerar um grande número de ocorrências com elevado índice de propagação. Além de ser necessário resolver este problema, é importante que estes edifícios sejam devidamente fechados para impedir a deposição de lixos e o acesso ao seu interior. A utilização-tipo com maior número de ocorrências, depois da habitação e dos edifícios devolutos, corresponde aos estabelecimentos hoteleiros e de restauração e bebidas. A maior parte das ocorrências deu-se na preparação das refeições. A principal causa referida nos relatórios é o descuido, seguida da causa acidental que está relacionada com avarias em fritadeiras eléctricas e com a ignição acidental de gorduras depositadas nas condutas de exaustão de fumo. Em muitos casos as condutas servem de veículo de propagação do fogo para os pisos superiores e para os compartimentos adjacentes. CONCLUSÕES Em Portugal existe falta de informação sistematizada sobre os incêndios urbanos e



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industriais que permita o desenvolvimento de estudos. Constata-se ainda a necessidade de desenvolver estudos sobre os prejuízos materiais directos e indirectos dos incêndios. Neste aspecto pode ser importante o contributo das seguradoras, para realizar um modelo de análise que compare os riscos assumidos com os custos previsíveis. Face aos resultados constatados, para aumentar o conhecimento sobre os incêndios urbanos, reduzir o número de ocorrências e limitar as suas consequências torna-se necessário adoptar algumas medidas como: ≥ Implementar um sistema nacional de recolha e análise de dados dos incêndios urbanos; ≥ Reforçar a formação sobre causas de incêndio dos elementos de comando e chefia dos bombeiros;

SECTOR

≥ Realizar campanhas de sensibilização para reduzir o elevado número de alarmes falsos e infundados; ≥ Realizar campanhas de sensibilização sobre as medidas preventivas a adoptar nas habitações. As campanhas devem incidir na preparação das refeições, no estado de conservação das instalações eléctricas e nos descuidos relacionados com aparelhos de aquecimento, velas e cigarros; ≥ Consolidar estudos sobre a dimensão sociológica dos incêndios urbanos para identificar os principais grupos de risco; ≥ Reforçar a intervenção preventiva junto das famílias mais carenciadas, dos idosos e das famílias que integram idosos ou crianças de pouca idade; ≥ Reforçar as medidas de sensibilização destinadas aos estabelecimentos

de restauração e bebidas e edifícios hoteleiros para promover a adopção de medidas preventivas durante a preparação das refeições; ≥ Intervir nas freguesias do centro histórico de forma a melhorar as condições físicas das habitações, as instalações técnicas e sensibilizar os residentes para a prevenção e primeira intervenção. É fundamental ter um conhecimento rigoroso dos incêndios urbanos em Portugal. No entanto, tal só será possível se for implementada uma base de dados nacional e um tratamento centralizado da informação. Para alcançar este objectivo é necessário criar um relatório tipo que seja aplicado universalmente e que contenha a informação necessária para o correcto conhecimento e caracterização deste fenómeno.

FirePro Extinção Automática Localizada de Incêndios

Substitui sistemas complexos de gases halogenados, CO2 e inertes

Dispensa manutenções frequentes; não pressurizado com uma vida útil até 15 anos

Instalação simplificada sem tubagens e difusores

sistema de deteção de incêndio automático e autónomo

Integrável em sistemas de incêndio existentes

Agente extintor à base de sais de potássio, não contendo material pirotécnico

Não oferece risco às pessoas, pois não é tóxico e não reduz o oxigénio ambiente

Tecnologia “verde”. Possui selo ambiental europeu “Green Label”

faça a extinção do incêndio na origem

certificações:

Tecnilab Portugal SA Sede: Av. Columbano Bordalo Pinheiro, 97 2Dt 1099-064 Lisboa * Tel.: 21 722 08 70 * Fax: 21 726 45 50 * Email: geral@tecnilab.pt Filial Norte: Travessa Monte da Bela, 48 4445-294 Ermesinde * Tel.: 22 906 92 50 * Fax: 22 906 92 69 * email: porto@tecnilab.pt www.tecnilab.pt


Gestão de segurança integrada em aeroportos Pedro Pinto Gestor de Desenvolvimento de Negócios da Vision-Box

Local de elevada concentração de pessoas e bens, os aeroportos necessitam hoje em dia de um sistema completamente integrado de segurança, que permita ter um controlo efectivo de pessoas e bens, quer nas áreas de terra ou nas áreas de ar.

Torna-se necessário um sistema integrado que consiga aglomerar diversas fontes de informação (detecção de incêndio, intrusão, bagagem abandonada, reconhecimento facial, etc..), ao invés de ter vários sistemas a operar em separado. A postura a ser adoptada pelos responsáveis de segurança nesta área,passa por 3 pontos: ≥ Adoptar uma estratégia mais preventiva que reactiva; ≥ Acelerar os tempos de resposta às ameaças, mitigando o risco; ≥ Aumentar a segurança sem comprometer o people flow necessário em instalações deste tipo.



INFORMAÇÃO TÉCNICA

≥ Figura 1 _ Percurso de um passageiro num aeroporto.

A

B

≥ Figura 2 _ Sistema utilizado na contagem de pessoas. A _ Campo de Visão do Sensor. B _ Imagem Térmica do Sensor.

Na figura 1 podemos verificar o percurso de um passageiro desde que chega ao aeroporto até ao embarque no avião e quais as soluções de segurança que irão assegurar que este percurso seja feito de forma rápida e segura. A gestão de segurança no aeroporto pode estar dividida em duas formas: segurança de perímetro ou exterior; e segurança interior ou de edifício. Na segurança exterior, devemos ter a capacidade de reagir pro-activamente a situações anómalas e despoletar as acções necessárias para as corrigir. Na vertente interior, mais do que detectar situações anómalas, interessa também receber informação sobre o comportamento dos passageiros e antecipar eventos, como formação de filas ou detectar possíveis zonas de estrangulamento. Das funcionalidades de acções de segurança no exterior para aeroportos, destacamos:

≥ Defesa de perímetro Esta funcionalidade permite aos agentes estabelecer círculos de segurança adequados em torno de áreas específicas, possibilitando ao agente de segurança definir uma área particular e receber alertas quando uma pessoa, objecto ou outro item a atravessa. Esta funcionalidade é especialmente útil na periferia do aeroporto - neste caso, a área do perímetro pode ser especificada para alertar o agente quando uma pessoa ou objecto se aproxima da vedação em redor da pista de aterragem ou da torre de controlo. Assim que algo se aproxima dessa linha, um alarme é disparado, alertando o agente de segurança para tomar as medidas apropriadas. Estas linhas e zonas virtuais são definidas por um interface que o operador de segurança controla e são completamente personalizáveis.

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≥ Reconhecimento automático de matrículas O reconhecimento de matrículas é possível através de câmaras normais IP, integrando o software de LPR - License Plate Recognition. Com esta funcionaldiade é possível cruzar as matrículas reconhecidas com bases de dados (blacklist ou whitelist) através da plataforma de gestão. Cada uma destas listas pode ser gerida pelo administrador e pode estar directamente ligada a bases de dados de veículos desaparecidos ou procurados pelas entidades oficiais. É também possível utilizar esta funcionalidade para controlar os acessos aos parques de estacionamento, tendo na base de dados as matrículas dos funcionários, permitindo assim a abertura automática da entrada. É ainda possível efectuar pesquisas através de parte ou da totalidade dos caracteres de uma determinada matrícula. O sistema lista os matchings possíveis e permite visualizar o vídeo indexado à matrícula. SEGURANÇA E GESTÃO INTERIOR Contagem de pessoas A integração de um sistema de contagem de pessoas baseado em sensores térmicos tipo IP é possível numa plataforma de gestão de segurança. É uma funcionalidade extremamente útil para melhorias operacionais e de segurança. Esta solução consiste numa alternativa à contagem de pessoas baseadas em análise de vídeo (também suportada pelo sistema), para situações em que se exige uma elevada precisão de contagem de pessoas (acima de 95%), independentemente do fluxo de pessoas existente. No fundo, estes sensores captam “a temperatura do corpo humano”, o que se traduz num spot de leitura reduzida na matriz (16x16 pixels) do sensor, reduzindo de forma significativa as necessidades de recursos computacionais e aumentando fortemente a precisão das contagens, comparativamente a sistemas baseados em vídeo. Através de um conjunto de câmaras e sensores estrategicamente instalados, consegue-se monitorizar e calcular em tempo real o tempo médio que um passageiro demora nestas áreas específicas e despoletar um alarme quando determinado tempo médio é atingido. A monitorização independente de cada uma destas áreas permite identificar o bottleneck (ponto de estrangulamento), ajudando assim a uma resolução rápida da situação. JULHO A SETEMBRO ‘11

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

≥ Figura 4 _ Pontos de estrangulamento em terminais de aeroportos.

≥ Figura 3 _ Exemplo de detecção de objectos abandonados. ≥ Figura 5 _ Detecção e seguimento de faces em tempo real. > Figura 6 _ Últimas ocorrências detectadas pelo reconhecimento facial.

Movimentação direccional suspeita Este plug-in detecta actividades pouco usuais numa determinada área, sendo capaz de identificar e alertar uma intrusão num cenário contextualizado, através de algoritmos de detecção de actividade. Este mecanismo envolve a predefinição de areas na imagem e detecção de movimento entre essas áreas, como por exemplo, objectos que se movam numa direcção em particular. Um exemplo no aeroporto é quando num terminal de chegadas, um ou mais passageiros tentam andar na direcção oposta aos restantes. Um alerta poderá assim ser despoletado quando esta situação ocorre, notificando o agente de segurança. Detecção de objectos abandonados Este plug-in detecta objectos abandonados e potencialmente perigosos. Por exemplo, uma bagagem abandonada num aeroporto ou noutros lugares onde se encontram tipicamente

grandes multidões, pode ser extremamente difícil de detectar pelo operador de segurança. O objectivo desta funcionalidade é permitir uma reacção mais ágil quando estas situações ocorrem, ao despoletar um alarme quando um objecto é identificado como abandonado dentro da área vigiada. Gestão de filas de espera O plug-in de gestão de filas de espera possibilita uma optimização operacional em diversos processos que requerem uma gestão eficiente da formação de filas e do tempo de atendimento. Por exemplo, nos aeroportos, esta funcionalidade permite aos gestores operacionais a monitorização de áreas de bottleneck tais como a área de check-in, verificação de segurança, controlo de passaportes e embarque (ver figura 4). Através de um conjunto de câmaras e sensores estrategicamente instalados, consegue-

se monitorizar e calcular em tempo real o tempo médio que um passageiro demora nestas áreas específicas, despoletando um alarme quando determinado tempo médio é atingido. A monitorização independente de cada uma destas áreas permite identificar o bottleneck, ajudando assim a uma resolução rápida da situação. Uma outra aplicação deste plug-in consiste na informação do tempo esperado para se ser atendido num determinado serviço. Por fim, a ferramenta de análise estatística das informações provenientes do gestor de filas de espera permite uma distribuição de recursos optimizada. Reconhecimento facial Este sistema é capaz de detectar faces e efectuar o seu seguimento, através de câmaras que podem simultaneamente ser usadas para os sistemas de videovigilância.

Baseado no sistema da Indigovision.

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Esta funcionalidade está permanentemente activada para as câmaras definidas e foi especificamente desenvolvida para ambientes não colaborativos, como é o caso de um aeroporto, o que significa que não exige que os indivíduos em questão tenham que alterar o seu movimento natural, nem tão pouco colocar-se em determinada posição e orientação para olhar na direcção de uma determinada câmara. O local de instalação das câmaras assume um papel importante para o bom desempenho de um sistema deste tipo e leva em conta o tipo de movimento esperado em cada local específico O sistema permite identificar um conjunto potencialmente ilimitado de faces numa imagem e realizar comparações em tempo real com uma base de dados de imagens que pode ter várias fotos associadas a uma mesma identidade. Lista de Ocorrências O sistema regista todas as ocorrências em que houve um matching com imagens das bases de dados para fácil consulta posterior e, caso este sistema seja integrado na plataforma de CCTV, todos os matchings (ou em alternativa, os matchings com score superior a uma determinada percentagem) possam ser considerados e geridos como eventos, ficando também indexados no mapa de gravações do sistema de CCTV para fácil pesquisa posterior e criação de relatórios personalizáveis. Quando se possui um sistema de videovigilância num espaço como um aeroporto, a quantidade de câmaras e de informação que o sistema e o operador de segurança têm de operar é muitíssimo elevada. Nesse sentido, e de forma a facilitar e agilizar este processo, foram desenvolvidos sistemas de gestão e pesquisa inteligente de eventos. Por exemplo, num determinado ponto de acesso no aeroporto está instalada uma câmara de videovigilância. O operador não tem de estar permanentemente a visualizar a imagem em tempo real desse ponto de acesso, ao invés,

pode definir um evento, ou seja, definir nas regras do sistema um alarme que indica quando alguém está nessa porta. Desta forma, o operador só intervém quando algo acontece e pode concentrar-se na análise de outras situações. Gestão Inteligente de Eventos A gestão e pesquisa inteligente de eventos é uma das características que diferencia a solução inteligente aqui apresentada de uma solução comum de videovigilância, e consiste na associação de eventos às imagens gravadas, permitindo pesquisas rápidas e inteligentes. Event workflow builder Através do transaction manager é possível atribuir acções a executar quando um determinado evento ou conjunto de eventos ocorrem. Estes eventos podem também ser detectados por sistemas externos, tais como alarmes de intrusão, leitores de documentos, etc. É também possível definir que um determinado conjunto de acções sejam executadas periodicamente a uma determinada hora. As acções podem variar de um simples zoom da imagem de uma determinada câmara ou gerar outputs para sistemas externos (por exemplo: abertura/fecho de portas). O sistema não restringe nem o tipo, nem o número de eventos a definir, podendo o seu tratamento ser configurado pelo operador, possibilitando que: ≥ um evento possa executar uma ou várias acções; ≥ a combinação de vários eventos possa executar uma ou várias acções; ≥ estas acções sejam validadas previamente por um operador (um operador com permissões para tal, pode cancelar a execução de acções programadas automaticamente); ≥ as acções só sejam executadas de acordo com um calendário definido e que habilita ou desabilita determinadas acções de acordo com o dia da semana e hora.

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Pesquisa Inteligente de Eventos Indexados Todos os eventos podem ser registados também num mapa de eventos de forma a disponibilizar uma série de relatórios perfeitamente “personalizáveis”, passíveis de serem pesquisados e exportados para formatos standard (CSV, XLS,…). Qualquer evento pode ser indexado no mapa de gravações CCTV e associado a um conjunto de câmaras se pretendido, para que os vídeos associados aos eventos possam ser procurados de forma rápida e inteligente. Um dos exemplos desta funcionalidade pode ser demonstrado com um sistema de reconhecimento automático de matrículas. Para cada matrícula reconhecida é gerado um evento que é indexado às gravações da câmara de reconhecimento de matrículas correspondente e, eventualmente, a outras câmaras que façam cobertura da zona em causa. A aplicação integra uma ferramenta de pesquisa inteligente por ID, sendo que neste caso o ID corresponde à matrícula reconhecida. É assim possível fazer uma pesquisa por matrícula nos vídeos gravados, conforme ilustra a figura 8. O sistema devolve automaticamente todas as ocorrências que correspondem ao critério de pesquisa, apresentando todos os eventos correspondentes com indicação da câmara, dia e hora em que essa matrícula foi detectada. Ao clicar na linha que contém o ID, o utilizador tem acesso à gravação da imagem correspondente ao evento em causa (reconhecimento de matrícula, neste caso), através de um simples drag and drop. Com base na imagem que é carregada, é possível a pesquisa e reprodução imediatos de todos os eventos adjacentes ao momento em que o número de matrícula foi capturado. Num exemplo de pesquisa de eventos gerados por um sistema de controlo de acessos (por exemplo o controlo de fronteiras), a pesquisa é feita pelo número do documento electrónico utilizado no acesso. Assim, para cada número de documento electrónico, o sistema devolve todos os acessos deste

©Tiago Ribeiro

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≥ Figura 7 _ Sistema de Indexação, Pesquisa de Eventos e Associação a Acções. INDEXAÇÃO EVENTOS

ASSOCIAÇÃO DE ACÇÕES E EVENTOS Sistema de Gravações

Evento 2

INDEXAÇÃO

Evento 1

Evento n

Vídeo 1

Decisão A

Acção A

Vídeo 2

Decisão B

Acção B

Vídeo n

Decisão XY

Acção XY

≥ Figura 8 _ Exemplo da pesquisa de matrículas na base de dados de vídeos.

PESQUISA EVENTO

Evento 1

Vídeo 1

Evento 2

Vídeo 2

Evento n

Vídeo n

PESQUISA DE VÍDEO BASEADO EM EVENTOS

documento, dispostos por data e hora, e a informação biométrica e biográfica nele contida. Para cada acesso, o sistema devolve automaticamente o vídeo captado pelas duas câmaras CCTV associadas. Estas funcionalidades únicas e poderosas tornam o sistema de segurança rápido e de fácil utilização para os agentes. A indexação e pesquisa inteligente de eventos foram ilustradas com os exemplos do reconhecimento automático de matrícula, integração de códigos de barras e integração com o sistema de controlo de fronteiras, mas funcionam do mesmo modo para quaisquer outros eventos com ID que sejam configurados no sistema: reconhecimento de dados biométricos, controlo acessos, transacções POS, leitura de documentos, etc… SISTEMA DE GESTÃO E INTERFACE Graças à sua arquitectura flexível e modular, as limitações que poderão vir a existir, quer ao nível do número de imagens a visualizar simultaneamente, como da qualidade de imagem ou do número de operações suportadas em simultâneo, serão sempre definidas pelos acessos de rede existentes e não pelo limite de desempenho dos componentes do sistema (servidores e centrais de visualização). A gestão de toda esta informação é feita de forma centralizada, integrando também outros sistemas de segurança (detecção 40

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de incêndio, abertura indevida de portas de emergência, etc..). Os operadores de segurança podem utilizar uma única plataforma que gere todos os sistemas de segurança de forma completamente integrada, possibilitando respostas mais rápidas e eficientes aos acontecimentos. A arquitectura das comunicações e da transmissão de dados deve conseguir suportar todos os inputs dados pelas várias fontes de informação. A rede de vigilância digital pode ser baseada numa rede informática local/global (LAN/WAN), numa rede privada virtual (VPN) ou na Internet, através de uma ligação de banda larga Fibra/ ADSL/HSDPA ou banda estreita GPRS/UMTS. A unidade de controlo remoto pode ou não coincidir fisicamente com a unidade de vigilância, sendo possível a vários controlos remotos acederem simultaneamente com diferentes tipos de ligação a uma unidade de vigilância Para além de garantir a compatibilidade com todos estes protocolos de comunicações e a largura de banda que cada um deles permite, este sistema oferece a possibilidade de ajuste automático da informação a enviar (ex.: streams de vídeo) face à largura de banda disponível em cada canal. É também possível que os Administradores do sistema possam limitar o consumo de largura de banda deste tipo de tráfego, de forma a deixar largura de banda disponível para outro tipo de dados (isto aplica-se nos casos em que os canais de comunicação existentes

para o sistema de CCTV são partilhados com outros sistemas destinados à operação do negócio). Para optimizar esta gestão, é possível pré-definir que todas as exportações de vídeo à qualidade máxima (qualidade de gravação local) para estações remotas, apenas são executadas num horário em que o consumo de largura de banda é menos crítico. Smartphone e Web Access Este sistema tem disponíveis interfaces Web que podem ser utilizados a partir de qualquer PC, MAC ou smartphone, sem que para isso seja necessária a instalação de qualquer software adicional. Este interface permite de forma rápida, e em qualquer lugar ou computador com acesso à internet, consultar imagens em directo, imagens gravadas, eventos, configurar alarmes, etc…. As funcionalidades deste interface são em tudo idênticas ao interface de utilizador aplicacional, limitadas apenas pela capacidade do computador onde está a correr e pela largura de banda da ligação. De qualquer forma, o sistema procede a ajustes automáticos (resolução, frame-rate) de acordo com esses factores e tendo em conta, no caso do acesso via smartphone, as dimensões do ecrã do próprio dispositivo. É também possível configurar notificações a enviar por E-Mail / SMS / MMS quando determinados eventos são detectados. Nas notificações por E-Mail e MMS é possível ainda incluir no seu conteúdo videos e imagens da ocorrência e um link directo para aceder via web à câmara correspondente, visualizando o acontecimento em tempo real, ou visualizando a gravação de vídeo que originou o alarme. Esta funcionalidade diferenciadora permite assim ao utilizador um controlo e monitorização total, sem necessidade de visualização permanente das imagens.


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Protecção e Segurança em Saídas de Emergência Susana Diogo Gestora de Projectos da DORMA Portugal

Um plano de prevenção e emergência pode definir-se como a sistematização de um conjunto de normas e regras com uma ordem de procedimentos, destinadas a evitar ou minimizar riscos. Executado com base numa análise de riscos de carácter preventivo, pretende-se materializar um plano que através da identificação precoce dos potenciais riscos, estabeleça meios para fazer face ao acidente. Todos os sistemas de detecção de risco são necessários para o correcto desenvolvimento do plano de prevenção. Os caminhos de evacuação e saídas de emergência são uma das peças fundamentais no seu sucesso, pois em situações de perigo, será necessário controlar e conter o risco e permitir a retirada dos ocupantes, privilegiando a segurança dos usuários. Quando falamos de edifícios públicos que necessitam de planos de emergência eficazes e em simultâneo de sistemas de controlo de acessos, nesse caso temos que observar de forma mais detalhada os percursos de evacuação, nomeadamente as saídas de emergência e os pontos de vulnerabilidade do edifício ainda na fase de concepção e projecto. É importante não esquecer que uma saída de emergência pode tornar-se um ponto de fragilidade na segurança de bens e promover a facilidade na intrusão de pessoas não autorizadas. Como tal assistimos frequentemente a situações de edifícios em que na fase de projecto não foi previsto uma análise de segurança de bens, assistindo-se à colocação de portas mal equipadas que posteriormente, na fase de utilização, têm colocados sistemas de cilindros, trancas ou correntes nas portas numa tentativa de colmatar erros,

mas anulando na totalidade a segurança dos utilizadores em caso de emergência. É de recordar o artigo 62 da Portaria n.º 1532/2008 de 29 de Dezembro que refere as portas utilizáveis por mais de 50 pessoas devem: a) Abrir facilmente no sentido da saída; b) Dispensar o recurso a meios de desbloqueamento de ferrolhos ou outros dispositivos de bloqueio; c) D ispor de sinalização indicativa do modo de operar. Há que estabelecer prioridades nos critérios de segurança de forma a prever o melhor conjunto de equipamentos, garantindo assim a segurança dos utilizadores em primeiro lugar. As portas de saída de emergência para o exterior são muitas vezes mal utilizadas pois podem funcionar como um “atalho” para outras áreas no interior do edifício, o que muitas vezes compromete a segurança, especialmente quando não são fechadas após o seu uso. Mesmo um usuário autorizado no edifício pode ter dificuldade em fechar e bloquear a porta de forma correcta. Portanto, é fundamental que a porta seja equipada com molas de retorno e que tenha capacidade de auto bloqueio após cada operação, sem que o utilizador tenha de se preocupar em assegurar o fecho e bloqueio da porta. Certas tipologias de edifícios exigem uma atenção redobrada; por exemplo, no caso da área da saúde temos situações onde a maioria das portas deve prever características cortafogo e/ou saídas de emergência, deve facilitar o fecho retardado para acesso a pessoas com mobilidade condicionada ou acesso a macas ou camas e ainda prever o acesso condicio-

nado aos utilizadores, sejam funcionários ou doentes, na prevenção de entrada ou saída não autorizada nos serviços médicos. Existem actualmente diversas soluções disponibilizadas pelos fabricantes de equipamentos acessórios para portas que permitem oferecer protecção e segurança a portas de saídas de emergência e vias de evacuação. As molas para portas disponíveis no mercado oferecem as mais variadas funcionalidades e devem ser seleccionadas consoante a tipologia do edifício, classe de usuários e características da porta, podendo haver interesse na a adopção de opções de retardamento de fecho hidráulico ou mesmo o amortecimento de abertura, para não danificar obstáculos envolventes, pessoas, paredes e, claro está, a própria porta. Em vãos equipados com duas folhas de porta, as molas terão de ter a sua sequência de fecho coordenada com os selectores de fecho, sendo possível integrar nestes mesmos dispositivos, retentores mecânicos ou electromagnéticos para se manterem as portas abertas e detectores de fumo. Todo este conjunto pode estar em comunicação directa com a central de detecção de incêndio (CDI) de forma a funcionar com informação desta em caso de emergência. CLASSIFICAÇÃO DAS SAÍDAS DE EMERGÊNCIA – EN179 VS EN1125 A legislação comunitária em vigor classifica as portas que integram saídas de emergência e vias de evacuação através de duas normas específicas – EN179 e a EN1125. De acordo com a EN1125, nas saídas de emergência deverão ser aplicados dispositivos mecânicos horizontais em portas (de alavanca ou pressão) destinadas a salvaguardar a JULHO A SETEMBRO ‘11

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retirada em segurança de aglomerados de pessoas, com previsível existência de pânico. Aplica-se em edifícios acessíveis ao público em geral, como áreas de diversão, áreas comerciais, entre outras. Pretende-se com estes dispositivos e com os requisitos previstos pela norma aplicável proporcionar uma fuga efectiva e segura através das unidades de passagem com o mínimo de esforço, independentemente do conhecimento prévio que os usuários possam ter do dispositivo existente. Nas saídas de emergência, de acordo com a EN179 são utilizados dispositivos de emergência, como saídas e equipamentos de emergência, com os quais as pessoas estão familiarizadas, não sendo assim prováveis situações de pânico em caso de emergência. Um puxador que opera uma fechadura de emergência deverá então ser utilizado. Pretende-se com estes dispositivos e requisitos previstos pela norma aplicável proporcionar

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uma fuga efectiva e segura através de uma passagem com o mínimo de esforço, existindo conhecimento prévio do dispositivo existente. A barra antipânico é um dispositivo obrigatório, quando se verifica a aplicação da norma EN1125, e que facilita a abertura simples em caso de pânico generalizado. Por sua vez, as fechaduras antipânico com puxador de pressão, de acção mecânica, cumprem os requisitos da norma EN179. Ambos os sistemas podem ser equipados com fechaduras antipânico de rearmamento automático, onde sempre que a porta fecha, a fechadura rearma-se de forma automática.

> Figura 1 _ Tentativa de reforço da segurança contra a intrusão que inutiliza por completo a saída de emergência.


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≥ Figura 2 _ Saída de emergência de acordo coma EN1125.

Desta forma, apenas os usuários autorizados a transitar no sentido oposto à fuga poderão aceder por este vão, sendo assegurada de forma eficaz a segurança dos espaços e bens. Os terminais desbloqueadores de portas de acção eléctrica são equipados com electroímanes, bloqueios electromagnéticos ou testas eléctricas, permitindo desbloquear as portas apenas quando são detectadas ou desencadeadas pelos usuários as situações de emergência. Ao premir o interruptor de emergência, que se encontra próximo do vão e devidamente assinalado e iluminado, o usuário despoleta um alarme e uma sequência de abertura da porta. Estes terminais com desbloqueadores de porta estão habitualmente ligados a CDI's ou a centrais de segurança, dependendo do tipo de edifício, onde em caso de emergência serão automaticamente activados, ou de onde será dada a devida autorização à permissão de saída solicitada. De uma forma geral os dispositivos mecânicos tornam o processo de evacuação mais lento do que os dispositivos eléctricos, que são de percepção simples e de maior rapidez de actuação.

≥ Figura 3 _ Saída de emergência de acordo com a EN179.

Não nos devemos esquecer que cada caso deve ser pensado individualmente, analisando todos os riscos e cenários, situações de fogo, falha de energia, bens a proteger, etc., pois a equipagem ideal para uma porta, por mais dispositivos que possua, pode estar completamente desadequada à sua função e real necessidade. O controlo de acessos numa saída de emergência com uma fechadura e barra antipânico pelo interior poderá ser complementado com a colocação de cilindro com chave pelo exterior, ou mesmo recorrendo a comandos de abertura, nomeadamente interruptores, cartões codificados, comandos via rádio ou leitura óptica de impressões digitais. O acesso controlado por dispositivos electrónicos é possível com o accionamento de trinco eléctrico em fechaduras ou testas eléctricas, reduzindo as hipóteses de arrombamento ou entrada indevida, podendo inclusive accionar alarmes ligados ao sistema de segurança, indicando uma falha na segurança. Por outro lado, estes sistemas devem permitir sempre a abertura pelo interior, com barras antipânico (EN 1125) em situações de pânico generalizado ou por puxador de

pressão (EN179) em situações de pânico reduzido, mesmo na eventualidade de uma falha de energia. Existem fechaduras com trincos eléctricos que permitem a função de pânico permanente, tendo como opção a sua desactivação. Desta forma é possível accionar a função de dia, para manter a porta aberta quando se pretende responder a um uso frequente anormal em ambos os sentidos de tráfego. Assim o status da porta é visível por indicação aos sistemas de gestão do edifício. Em situações de emergência pode-se inclusive monitorizar o tempo de fecho da porta para dar indicação ao sistema de que algo pode estar a bloquear o fecho da mesma. Desta forma detecta-se um ponto vulnerável de acesso, sendo possível inutilizá-lo assim um ponto vulnerável de acesso e desta forma inutilizá-lo. Com a integração e leitura dos sistemas de desbloqueio pela rede de gestão, é possível criar cenários de evacuação controlados e previamente planeados pelo plano de emergência. Estes cenários poderão acelerar o processo de evacuação, encaminhando os utilizadores para as saídas não obstruídas e assim garantir sempre a sua segurança. JULHO A SETEMBRO ‘11

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Iluminação de Emergência: Uma questão de segurança Rui Florêncio Gestor de Produtos de Iluminação de Emergência da Cooper Pretrónica

A iluminação de emergência surgiu com a necessidade das pessoas poderem circular e sair em segurança dos edifícios, em caso de emergência, ou falha de energia eléctrica. Esta deve actuar instantaneamente e funcionar por um período suficiente para que a desocupação do edifício seja feita em total segurança e para que as autoridades possam actuar, por exemplo na extinção de um incêndio. Todos os edifícios deverão estar equipados com iluminação de emergência. TIPOS DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA Existem dois tipos de iluminação de emergência: iluminação de circulação (evacuação) e iluminação de ambiente (anti-pânico). A iluminação de circulação é obrigatória nos locais onde possam permanecer mais do que 50 pessoas, e neste caso a distância entre aparelhos de iluminação consecutivos não deve ser superior a 15 m; e nos corredores e nos caminhos de evacuação. Por sua vez, a iluminação de ambiente é obrigatória para os locais onde possam permanecer mais do que 100 pessoas, acima 44

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do solo (rés do chão e pisos superiores); ou 50 pessoas, no subsolo. A iluminação de ambiente deve ser o mais uniforme possível sobre toda a superfície do local. Cada local tem de ser iluminado por, pelo menos, dois blocos autónomos para que o resultado seja o mais uniforme possível sobre toda a superfície do local. Esta deve garantir, por cada metro quadrado dessa superfície, um fluxo luminoso não inferior a 5 lm de forma a permitir uma boa visibilidade. Para este efeito, deve ser verificada a condição seguinte:

permite a retirada das pessoas em segurança (garantindo ao longo dos caminhos de evacuação condições de visão e de orientação adequadas) e ao mesmo tempo possibilita a execução das manobras respeitantes à segurança e à intervenção dos socorros. Neste momento estão a ser desenvolvidos aparelhos de sinalização dinâmicos que, no futuro, quando associados às informações dadas pela central de detecção de incêndio, conseguirão indicar qual o melhor caminho a tomar, alterando automaticamente a informação do sinal.

e < 4h Em que: e é a distância entre dois aparelhos de iluminação consecutivos e h é a altura de colocação dos aparelhos de iluminação. A iluminação ambiente é normalmente utilizada em conjugação com a iluminação de circulação. Enquanto a iluminação de ambiente tem como objectivo reduzir o risco de pânico e permitir que as pessoas se dirijam, em segurança, para os caminhos de evacuação. A iluminação de circulação, por seu lado,

TIPOS DE SISTEMAS Existem dois tipos de sistemas que são utilizados: blocos autónomos e sistemas centrais de baterias. No caso dos blocos autónomos, estes são alimentados, em emergência, por baterias inseridas nas próprias armaduras. No caso dos sistemas centrais, um equipamento central munido de baterias assegura a potência necessária para alimentar todas as armaduras “slave” (sem bateria incorporada) e as armaduras de iluminação normal que lhe estão associadas.


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≥ Figura 1 _ Projector de iluminação. ≥ Figura 2 _ Armadura de iluminação de emergência.

TIPOS DE OPERAÇÃO DAS ARMADURAS DE ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA Armadura de emergência mantida – armadura que contém uma ou mais lâmpadas que funcionam continuamente a partir da alimentação normal ou, em caso de falha de rede, a partir da alimentação de emergência. Armadura de emergência não mantida ou não permanente – armadura que contém uma ou mais lâmpadas que funcionam exclusivamente a partir da alimentação de emergência em caso de falha de energia da rede eléctrica. Armadura de emergência sustentada ou permanente – armadura que contém duas ou mais lâmpadas, sendo no mínimo uma de emergência e as restantes alimentadas a partir da rede eléctrica. TECNOLOGIA Os primeiros aparelhos de iluminação de emergência eram equipados com lâmpadas incandescentes e baterias de chumbo. No entanto existiam os problemas relacionados com o baixo fluxo luminoso, autonomia e neces-

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sidade de elevada manutenção, o que obrigou os fabricantes a procurar outras soluções. Hoje em dia as fontes de luz mais comuns são as lâmpadas fluorescentes e os projectores de halogéneo para aplicações industriais. Estas fontes de luz já permitem um fluxo luminoso e autonomia que cumprem os requisitos exigidos. O desenvolvimento de soluções mais eficazes e energicamente sustentáveis tem sido permanente e o surgimento da tecnologia LED é uma das inovações mais recentes introduzidas pelos fabricantes de iluminação de emergência. Hoje em dia já se encontra disponível uma vasta gama de produtos em tecnologia LED, apresentando grandes vantagens estéticas e de baixo consumo energético. Exemplos: projectores de iluminação de emergência com um fluxo luminoso de 2000 lm através de LEDs com uma potência total de 6W e armaduras de iluminação de emergência com um fluxo luminoso de 360 lm através de LED’s com uma potência total de 1,1W. Da mesma forma, as baterias tiveram evoluções tecnológicas significativas. Das iniciais JULHO A SETEMBRO ‘11

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Produção de Resíduos Perigosos

Eutrofização da Água

50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

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Destruição de Matérias-Primas Destruição de Recursos Energéticos

Destruição de Recursos Hídricos

Toxicidade do Ar

Aquecimento Global

Acidificação do Ar

Criação Fotoquímica de Ozono

Destruição do Ozono

Toxicidade do Ar

≥ Figura 3 _ Comparação do impacto ambiental de duas armaduras de iluminação de emergência. Armadura com tecnologia LED Armadura fluorescente convencional

NORMAS APLICÁVEIS EN1838 Norma Europeia que fixa os requisitos mínimos na colocação das armaduras para iluminação de segurança. EN50171 Norma Europeia que define as regras para os sistemas alimentados por fonte central. EN50172 Norma Europeia que define as regras para os sistemas de iluminação de segurança nos trajectos de evacuação. EN60598-1 Norma Europeia que define as regras gerais e os ensaios para a classificação e construção das armaduras. EN60598-2-22 Norma Europeia que define as regras particulares para as armaduras de iluminação de segurança. Portaria nº 949-A/2006 Regras Técnicas de Instalações Eléctricas de Baixa Tensão (RTIEBT). Portaria nº 1532/2008 Regulamentação de Segurança Contra Riscos de Incêndio em edifícios (SCIE) Portaria nº 1456-A/1995 Regulamentação de colocação e utilização da sinalização de segurança.

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baterias de chumbo até aos dias de hoje, onde são utilizadas baterias de Ni-Cd, Ni-Mh e iões de lítio, foram efectuadas melhorias significativas na autonomia e redução nas dimensões. SOLUÇÕES AMIGAS DO AMBIENTE Os fabricantes de iluminação de emergência têm feito elevados investimentos não só na tecnologia utilizada, mas também na preservação do meio ambiente, evitando o mais possível a utilização de metais pesados e utilizando cada vez mais materiais recicláveis na composição dos seus produtos. Isso resulta de uma necessidade crescente de produtos com um bom desempenho ambiental. Ao analisar a “pegada ecológica”, o produto é analisado em onze aspectos diferentes. Pense, por exemplo, nas emissões de carbono, consumo de matérias-primas, água, poluição do ar, etc. Na ilustração, podemos ver as “pegadas ecológicas” de dois produtos distintos. Uma armadura fluorescente convencional e uma armadura com a tecnologia LED. Eventualmente, o mais perto da linha central causa menores danos ambientais nesse ponto. Neste caso em geral a armadura com tecnologia LED causa menos impactos ambientais. Dez dos onze critérios analisados são dão vantagem à tecnologia LED sobre fluorescente. Esta análise da “pegada ecológica” tem em conta a produção, transporte e tratamento no final de vida e não apenas o período de utilização do produto. O conhecimento sobre os aspectos ambientais das várias fases do ciclo de vida do produto permite que no futuro existam produtos mais ecológicos. No entanto, através desta análise podemos também ver que ainda existem aspectos que podem ser melhorados num futuro próximo. Aplicando esta abordagem, é possível comparar o impacto ambiental de todos os componentes dos aparelhos (lâmpadas, plásticos, electrónica, baterias e embalagens) e chegar à escolha de materiais o mais eficientes possível e mais fáceis de reciclar. Num mundo ideal, todos os produtos deveriam ter apenas um ponto no centro da teia. É uma tarefa impossível mas os fabricantes têm a obrigação de colocar os seus produtos o mais próximo possível desse cenário. Já foram dados passos na direcção certa, mas no futuro haverá muitos mais a seguir.



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Diferenciação entre os Exutores de Lamelas e os Exutores do Tipo Clarabóia Marc Martínez Cruz Director Comercial do Cottés Group

A divulgação das técnicas de evacuação de fumos e gases em caso de incêndio em Espanha, procedentes de uma forma genérica da Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos da América, conduziram à adopção dos critérios de qualidade já introduzidos nesta área na maioria dos países desenvolvidos. Este conceito concretizou-se com a elaboração da norma de projecto UNE 23585, que deriva da Norma Europeia EN12101-5, na qual também se faz referência à norma específica dos ventiladores de extracção de calor, designadamente a UNE EN 12101-2. A referida norma espanhola adverte especialmente para o principal inimigo dos sistemas de controlo de fumos por tiragem térmica natural: o efeito negativo do vento. Na extensa secção 6.7 da norma analisam-se os problemas resultantes de um projecto ou de uma implantação inadequada dos ventiladores. A norma dos ventiladores define claramente os que são inadequados devido à sua concepção (por exemplo os do tipo clarabóia com aberturas insuficientes ou instalados contra o vento). Em alguns países, especialmente em França, por colagem com o que sucedia em Espanha, foram utilizados em bastantes casos equipamentos totalmente inadequados: clarabóias de iluminação não motorizadas nem dotadas de fusível térmico. As clarabóias podem oferecer uma excelente protecção do ponto de vista da iluminação natural, mas as suas características e a sua eficácia são dificilmente comparáveis com as dos ventiladores de extracção de calor, designadamente no referente ao controlo de fumo em caso de incêndio. 48

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O melhor dos estudos técnicos e a aplicação dos mais sofisticados métodos de engenharia de projecto são inúteis perante uma solução inadequada. Destacam-se de seguida os aspectos diferenciadores entre os tipos de ventiladores de extracção natural existentes no mercado, designadamente entre os exutores de lamelas e os exutores do tipo clarabóia, para o controlo e evacuação do fumo produzido por um incêndio. MATERIAIS CONSTRUTIVOS Na maioria dos casos, os materiais construtivos apresentam um nível de qualidade inferior nas clarabóias genéricas: rodapés e perfis de aço cortantes, placas estruturais que em caso de incêndio podem apresentar deformações imprevisíveis, cúpulas de acrílico, que a uma temperatura relativamente baixa, podem entrar em rotura (provocando desse modo a libertação descontrolada da temperatura), afectando assim o correcto funcionamento dos outros sistemas de extinção de incêndios. FUNCIONAMENTO E TIPO DE INSTALAÇÃO A abertura destes sistemas, habitualmente designados de exutores do tipo clarabóia, requer, devido ao peso e à dimensão das suas comportas, cilindros pneumáticos duplos de grande capacidade e volume. Normalmente, a actuação destes cilindros é realizada através de um compressor de ar comprimido. Quanto maior for a solicitação deste compressor, maior será também a quantidade de água produzida durante o processo de compressão e, consequentemente, mais elevados serão os seus custos de manutenção.

ABERTURAS INADEQUADAS A abertura exclusiva por fusível térmico não é o tipo de solução adequado se tivermos em conta as normas de projecto UNE 23585 e de produto EN 12101-2, que “proíbem totalmente” este tipo, pelo facto de só garantir a abertura de uma clarabóia e só quando a temperatura do fumo é suficientemente elevada para provocar a fusão do elemento térmico. A grande altura dos edifícios industriais e o arrefecimento dos fumos devido à actuação dos sprinklers impedem a actuação do número necessário de clarabóias previsto no projecto. De acordo com a norma de projecto UNE 23585, os equipamentos de evacuação de fumos devem abrir todos ao mesmo tempo, manual ou automaticamente, no período máximo de 60 segundos. Complementarmente, como medida adicional de segurança, os ventiladores de extracção de calor podem incorporar também um fusível térmico. Na maioria dos casos, os exutores do tipo clarabóia são acompanhados de painéis de controlo comandados através de pequenas garrafas de CO2, não possuindo qualquer tipo de sinalizador óptico/acústico ou possibilidade de rearme, etc. Este tipo de painéis não permite que a abertura ou fecho dos equipamentos seja comandada pela extinção de incêndio. Além disso, é frequente ser necessário aceder à cobertura para rearmar de novo a instalação. INFLUÊNCIA NEGATIVA DO VENTO As clarabóias, uma vez abertas, podem ser prejudiciais, dependendo da direcção do vento e do grau de abertura das mesmas. Há que ter muito cuidado com a inclinação das coberturas e com


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o grau de abertura destes sistemas, de modo a evitar que o vento impeça a evacuação dos fumos. COEFICIENTE AERODINÂMICO Os equipamentos de evacuação de fumos devem apresentar um coeficiente de eficácia relacionado com a sua superfície geométrica, para poder determinar a sua superfície útil real. Ocasionalmente, estes sistemas requerem um pára-vento ou outros acessórios de modo a melhorar a sua aerodinâmica. MANUTENÇÃO Em muitos casos (por exemplo com fusíveis), as clarabóias, depois de abertas, não têm prevista a possibilidade de fecho automático, nem de abertura pelo exterior, o que complica bastante a realização das operações de manutenção. Desta forma impede-se o benefício adicional da utilização dos sistemas de evacuação de fumos enquanto equipamentos de ventilação natural diária. UTILIZAÇÃO MULTIFUNCIONAL É comum utilizar os ventiladores de extracção de calor em coberturas enquanto elementos de ventilação natural diária. Quando isto acontece, há que garantir o correcto funcionamento dos equipamentos para as duas funções. As clarabóias, mesmo quando motorizadas e com a abertura correcta para a evacuação de fumos, apresentam muitos problemas em caso de vento, já que o efeito vela, provocado pelas cúpulas, oferece grande resistência ao vento, provocando desajustes, roturas e, inclusive, o voo das próprias cúpulas. Por este motivo, a norma EN 12101-2 exige que os ventiladores, mesmo que sejam utilizados ocasionalmente como equipamentos de ventilação natural diária, superem um ensaio de 10.000 manobras completas. No entanto, refira-se que, mesmo superando este ensaio, o comportamento das clarabóias face ao vento, não mudará. SEGURANÇA Os exutores do tipo clarabóia, quando abertos, apresentam um risco elevado de queda directa para o interior do espaço a proteger. Para evitar este tipo de situações, deve instalar-se grades de protecção anti-queda para minimizar este risco. Por seu lado, com a instalação de exutores de lamelas este risco fica eliminado.

≥ Figura 1 _ Diferenciação dos materiais utilizados: exutor do tipo clarabóia com base e armadura em chapa (esquerda) e exutor de lamelas com base em alumínio (direita).

≥ Figura 2 _ Cilindro utilizado nos ventiladores de extracção: exutor do tipo clarabóia (esquerda) e exutor de lamelas (direita).

≥ Figura 3 _ Influência dos ventiladores na acção do vento: exutor do tipo clarabóia (esquerda) e exutor de lamelas (direita).

≥ Figura 4 _ Exemplo de um exutor do tipo clarabóia sujeito ao “efeito vela”.

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Trabalhos em Altura em Espaços Confinados Treino e Deveres de uma Equipa Jorge Lozano Sócio-Gerente da Jorge Lozano - Trabalhos em Altura, Formação e Serviços


INFORMAÇÃO TÉCNICA

É obrigação dos Técnicos de Trabalhos em Altura, treinados obrigatoriamente para o desenvolvimento da actividade específica de Acesso a Espaços Confinados, conhecerem detalhadamente os riscos aos quais estão expostos. O cumprimento do plano previamente elaborado e a prática regular das noções de segurança envolvidas neste tipo de trabalho servem, sem dúvida, para eliminar ou minimizar a ocorrência de danos para a sua saúde e, por vezes, a perda das suas vidas. Desta forma e simplificando os respectivos procedimentos operacionais e de segurança, devemos obedecer sempre às seguintes prioridades: PLANEAMENTO DO ACESSO 1. Preparação ≥ Rever integralmente todos os procedimentos de acesso; ≥ Afixar sinalização apropriada e colocar barreiras de protecção próximas da entrada do Espaço Confinado para evitar a circulação de veículos e/ou pessoas; ≥ Desligar a rede eléctrica; ≥ Limpar e ventilar a área, eliminando vapores e resíduos perigosos; ≥ C omprovar que todos os técnicos envolvidos conhecem bem o programa de emergência estabelecido. 2. Verificação da qualidade do ar ≥ A análise das condições ambientais deve ser feita por uma pessoa qualificada e devidamente protegida pelo seu Equipamento de Protecção Respiratória, antes da entrada no Espaço Confinado; ≥ As condições ambientais devem ser monitorizadas previamente e de forma permanente, ou seja, enquanto o Espaço Confinado estiver ocupado pelos técnicos; ≥ O nível de oxigénio existente deve estar entre os 19,5% e os 23,5%; ≥ A presença de gases inflamáveis não deve ser superior a 10% do Limite Inferior de Explosividade; ≥ A temperatura interna deve ser mantida sob controlo;

≥ Os resultados da monitorização devem ser registados nos procedimentos operacionais escritos e analisados, antes da entrada dos técnicos; MEDIDAS DE SEGURANÇA 1. Equipamentos de Protecção Individual e Colectiva Os Equipamentos de Protecção Individual (EPI’s) devem ser adequadamente seleccionados e deve ser dada prioridade à instalação de Linhas de Vida provisórias, neste caso, preferencialmente através de cordas estáticas ou semi-estáticas. Todos os Equipamentos de Protecção e de Resgate devem estar em local de fácil identificação e acesso. O acesso de técnicos e/ou material deve ser efectuado com dispositivos anti-queda de desmultiplicação de peso e com sistema de travamento automático 2. Situação de Emergência A Equipa de Resgate deve ser informada, antecipadamente, de qual o Espaço Confinado que está a ser ocupado pelos técnicos e sobre a data e a respectiva hora de entrada. O Assistente de Equipa só pode entrar no Espaço Confinado em causa, caso tenha sido devidamente treinado para isso e se tiver um substituto para ocupar o seu posto. Os Trabalhos em Altura em Espaços Confinados só podem ser desenvolvidos com segurança caso exista perfeito sincronismo entre o Chefe de Equipa, o Assistente e os Técnicos. Cada um deve estar devidamente ciente do seu envolvimento e das suas responsabilidades para que, no final da execução dos trabalhos, todos estejam em perfeitas condições de saúde. Para além disso e tendo conhecimento da sinistralidade laboral ainda existente e da recessão em que vivemos, bem como das implicações que a mesma pode despoletar, não podemos deixar de manifestar a nossa séria preocupação no que respeita ao possível risco que as empresas podem criar aos seus Técnicos de Trabalhos em Altura. Falamos de prolongarem indevidamente o tempo de vida dos seus equipamentos, de atrasarem a sua correcta formação e neces-

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sária reciclagem e, consequentemente, de diminuírem a qualidade dos seus trabalhos e serviços. Ora, numa área tão específica como é a dos Trabalhos em Altura, é bem sabido que todos lutamos, entre outras coisas, para o objectivo de Acidentes Zero e a nossa missão é ter profissionais qualificados e devidamente equipados para o desempenho das suas múltiplas funções e trabalhos, principalmente no que visa ao Acesso a Espaços Confinados, situação para a qual a tolerância, obviamente, é zero. RESPONSABILIDADES DAS EQUIPAS Considerando os argumentos expostos anteriormente, pretendemos identificar, caracterizar e dar a conhecer, de forma prática e sucinta, alguma informação relativa ao treino e responsabilidades de uma Equipa de Trabalhos em Altura para Espaços Confinados. 1. Responsabilidade do supervisor O Supervisor deve verificar habitualmente as condições de segurança quanto à entrada de Técnicos em Espaços Confinados. Na posse da autorização de entrada, o Supervisor deve examiná-la e verificar se todas as medidas de segurança nela contidas foram revistas e conferidas. Em seguida, deve assiná-la, autorizar a entrada e proceder da seguinte forma: ≥ Após a entrada e tendo sido iniciados os trabalhos, deve certificar-se de que eles ocorrem conforme as condições previstas de segurança; ≥ C aso haja alteração no ambiente e se algum risco vier ameaçar as condições de trabalho, a autorização deve ser imediatamente cancelada e a evacuação do Espaço Confinado efectuada; ≥ Deve também remover das proximidades, todas as pessoas não qualificadas para os trabalhos que se estão a realizar; ≥ Em caso dos trabalhos serem desenvolvidos dentro da programação prevista e da normalidade, deve finalizar formalmente a autorização e dar por concluídos os trabalhos. JULHO A SETEMBRO ‘11

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2. Responsabilidade do assistente O Assistente deve manter-se como observador, atento ao cumprimento das condições de segurança, bem como dar integral apoio aos Técnicos nos seus preparativos de entrada e de acordo com o seguinte: ≥ Deve estar ciente dos riscos que o trabalho oferece e aos quais os Técnicos possam estar expostos; ≥ Deve manter-se em contacto permanente com os Técnicos que estejam no interior do Espaço Confinado e saber distinguir a posição de cada um deles; ≥ Deve conceder a entrada apenas a pessoas qualificadas para a realização dos trabalhos em causa e não deve permitir que pessoas não envolvidas permaneçam nas proximidades; ≥ D eve também proceder de forma ordenada à possível evacuação do Espaço Confinado, diante das seguintes circunstâncias: a) O surgimento de algum risco que não tinha sido previsto aquando da elaboração dos procedimentos; b) Quando pelo menos um dos Técnicos dê sinais de estar a ser negativamente afectado meio ambiente; c) Se algum acontecimento externo interferir no Espaço Confinado e trouxer consequências nocivas aos Técnicos; d) C aso tenha, obrigatoriamente, que abandonar o seu posto de trabalho para ajudar no resgate de Técnicos em outro Espaço Confinado. Por princípio, o Assistente nunca se deve ausentar, por conta própria, do seu posto de trabalho. Em caso de necessidade de evacuação do espaço, este deve solicitar imediatamente o apoio da Equipa de Resgate. O Assistente não deve entrar no Espaço Confinado, mesmo em caso de emergência, se não estiver convenientemente treinado e qualificado, assim como se não estiver devidamente protegido por EPI’s adequados 52

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

e, ainda, acompanhado por um Supervisor ou outro Assistente. 3. Responsabilidade do técnico em espaços confinados O Técnico, qualificado para Trabalhos em Espaços Confinados, tem uma participação decisiva no controlo dos riscos aos quais está exposto. Este deverá: ≥ Conhecer bem os riscos e as consequências aos quais está exposto, como por exemplo na eventual deficiência de oxigénio, a qual lhe poderá causar diversos sintomas, nomeadamente a perda da coordenação motora, confusão mental, dificuldade respiratória, a falsa noção de bem-estar ou zumbido

no sistema auditivo. A deficiência de oxigénio no espaço de trabalho poderá também resultar em morte; ≥ Seguir todas as instruções adquiridas na formação quanto ao uso dos seus EPI’s; ≥ E star sempre atento às ordens do Supervisor, especialmente quanto à eventual evacuação da sua área de trabalho; ≥ Estar suficientemente preparado para abandonar a área de trabalho em caso de emergência, o que deve fazer, de preferência, sem a ajuda de ninguém; ≥ A bandonar a área de trabalho por iniciativa própria ao deparar-se com algum risco, e dar conhecimento ao seu Supervisor.


CICLOPE e a Detecção de Fogos Florestais Paulo Relvas Director do INOV

Os incêndios florestais são invariavelmente notícia sempre que a temperatura atmosférica se eleva, como é normal ao entrarmos na época estival. Preenchem‑se noticiários televisivos (as imagens de incêndios são extremamente apelativas), contabiliza-se o número de incêndios activos, os meios terrestres e os aéreos, a área ardida de matos e povoamentos, as causas, os prejuízos. JULHO A SETEMBRO ‘11

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A problemática dos incêndios florestais é uma questão complexa, com raízes socioculturais e de ordenamento do território, que não cabe aqui discutir. A realidade é que para haver fogo basta haver combustível, comburente e claro está, uma fonte de ignição. As condições meteorológicas apenas promovem mais ou menos o desenvolvimento do incêndio. A principal causa dos incêndios florestais, seja por negligência ou de forma premeditada, está no homem. O combustível e o comburente estão lá. O homem, directa ou indirectamente cria a fonte de ignição. Relevantes no final são os prejuízos humanos, materiais e ambientais. Só com uma cadeia de prevenção, detecção e combate eficazes, será possível reduzir o impacto dos incêndios florestais. Basta que um dos elos desta cadeia esteja mais fragilizado para que o resultado seja dramático. Vejamos: se somos pouco preventivos (falta de limpeza de matos, acções negligentes, etc.), é expectável um número elevado de ocorrências. Podemos ser bastante eficazes na detecção e no combate, mas como os recursos têm limites, existirá um instante em que o sistema deixa de conseguir responder eficazmente e as consequências poderão ser dramáticas. O segredo está pois na forma como investimos na defesa da floresta contra os incêndios, no equilíbrio que deve existir naquilo que se investe em prevenção, detecção e combate. Na cadeia de protecção da floresta contra incêndios terá sido na vertente da detecção que menos se tem investido e evoluído. Continuamos, no essencial, a fazer a detecção dos incêndios florestais tal como era feito há 50 anos, apesar de termos melhorado os meios de comunicação com os centros de despacho, termos reposicionado alguns postos de vigia e melhorado, nalguns casos, as infra-estruturas. Mas, no essencial, a detecção continua a ser humana, com as mesmas fragilidades e limitações que qualquer sistema permanente de detecção humana tem por natureza. É irrealista pensar que um vigia manter-se-á 8 horas a percorrer visualmente o horizonte na busca de uma coluna de fumo. Vários estudos revelam que apenas 10% das primeiras detecções provêm da rede de postos de vigia. Existem 54

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INFORMAÇÃO TÉCNICA

postos que há décadas que não fazem uma única detecção. O CICLOPE foi pensado precisamente para poder resolver este problema. Em 1995, numa experiência pioneira, foi instalado no Parque Nacional da Peneda-Gerês um sistema de vigilância florestal e detecção de incêndios, sistema esse que permitiu avaliar a eficácia da utilização de tecnologia na vigilância de grandes áreas. Foi a partir desta experiência e dos seus promissores resultados que no INOV INESC INOVAÇÃO, uma equipa de investigadores e engenheiros concebeu e desenvolveu o sistema CICLOPE. Em 2002 foram instalados os primeiros sistemas, nos parques de madeiras e aparas da fábrica da Portucel em Setúbal, no Parque Natural da Arrábida e na Reserva Natural do Estuário do Sado. Hoje um conjunto de 32 torres cobre Portugal continental, abrangendo uma área de aproximadamente 1,2 milhões de hectares, torres essas conectadas a 8 centros de comando e controlo, geridos pelo Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), Guarda Nacional Republicana (GNR) e pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC). Em termos internacionais, o CICLOPE encontra-se instalado e a funcionar na Grécia (Ilha de Quios) e em Itália (Província de Roma), esperando-se para muito breve a instalação de novos sistemas em Itália e um sistema pioneiro em Angola. Mais que um sistema, o CICLOPE é uma plataforma para detecção remota de incidentes em grandes áreas. Os elementos-chave do sistema são as unidades remotas (Torres ou unidades móveis onde são adquiridos os dados) e o(s) Centro(s) de Controlo, elementos esses interligados por um qualquer sistema de comunicações. Nas unidades remotas os dados são adquiridos através de dispositivos sensores, que no caso específico da detecção de incêndios não são mais que câmaras de vídeo de elevada resolução. As imagens captadas por estas câmaras são enviadas em contínuo para o Centro de Controlo, onde são processadas recorrendo a algoritmos apropriadamente desenvolvidos para a detecção de fumo ou chama. Sempre que o sistema detecta algo nas imagens que possa constituir um potencial

foco de incêndio, sinaliza este alarme junto dos operadores. As Torres deverão estar estrategicamente localizadas no terreno por forma a maximizar a área coberta, tendo em conta a orografia da zona a vigiar e o tipo de detecção pretendida. Este planeamento é efectuado de forma cuidada, pois é importante que sejam levados em consideração alguns aspectos relevantes para o custo final do sistema, como sejam por exemplo a prévia existência de infraestruturas, energia, acessos, segurança, etc. Dado que na maioria dos casos as Torres se localizam em locais sem energia da rede eléctrica, os consumos dos diversos dispositivos deverão ser minimizados, para que o recurso a energias alternativas não onere de forma significativa o custo final da solução. O CICLOPE trata esta questão de uma forma muito eficaz, recorrendo a equipamento desenvolvido especificamente para este fim. Sobre esta plataforma de monitorização remota, convenientemente adaptada à vigilância de grandes áreas, estão os equipamentos que de forma automática irão identificar a presença de determinado tipo de incidente. Para cada tipologia de incidentes que se pretenda detectar existe um conjunto de algoritmos especializados. Neste artigo iremos falar apenas sobre a tipologia de incidentes “Fogos Florestais”. Na tarefa de detectar automaticamente a existência de um incêndio florestal o CICLOPE utiliza imagens captadas por câmaras megapixel. Estas câmaras localizadas nas Torres varrem o horizonte em contínuo, captando e enviando imagens para as unidades de processamento, nas quais um conjunto de algoritmos irá identificar a presença de fumo ou chama. O processo é complexo, pois é necessário lidar com um conjunto de perturbações atmosféricas que dificultam a tarefa de detectar, como, por exemplo, neblinas, que reduzem a gama de contrastes ou simplesmente ocultam a área a vigiar, e as nuvens que provocam alterações localizadas de luminância (sombras). Do processo de análise de imagem resulta uma probabilidade de existir fogo (fumo ou chama). Sempre que essa probabilidade ultrapassa um determinado limiar é gerado um alerta


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INFORMAÇÃO TÉCNICA

COMUNICAÇÕES

AQUISIÇÃO DE DADOS

TORRE

3G / UMTS

FIBRA ÓPTICA

OUTRAS

CÂMARAS E SENSORES

METEOROLÓGICOS

UNIDADE DE VIGILÂNCIA AÉREA

… TORRE

LIGAÇÃO RÁDIO

TORRE

VIDEO

IR

VIDEO DE ALTA RESOLUÇÃO

FOTOGRÁFICA

LIDAR

TORRE

UNIDADE DE VIGILÂNCIA MÓVEL

UNIDADE DE VIGILÂNCIA MÓVEL

REDE DE COMUNICAÇÃO RÁDIO GESTOR DE ENERGIA

OPERAÇÃO REMOTA

OPERAÇÃO REMOTA PC / TABLET

DATA CENTER

VIDEO

230V AC

PAINÉIS SOLARES

CÂMARA DE VIGILÂNCIA LOCAL

DETECTOR PIR

GERADOR EÓLICO

CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL

DETECTOR DE CHOQUE

PROJECTOR DE LUZ

DETECTOR DE ABERTURA DE PORTA

AVISADOR SONORO

OPERAÇÃO REMOTA MÓVEL

VIDEOWALL

MANUTENÇÃO REMOTA

OPERAÇÃO LOCAL

CENTRO DE CONTROLO

OPERAÇÃO REMOTA

≥ Figura 1 _ Arquitectura da plataforma CICLOPE.

aos operadores. No processo de detecção, toda a informação recolhida é armazenada numa base de dados, num processo de autoaprendizagem que conduz a uma elevada fiabilidade na tomada de decisão, ou dito de outra forma, a um número reduzido de falsos positivos. O alcance do sistema pode ultrapassar os 30 Km, dependendo das condições de visibilidade. O tempo médio de ronda é inferior a 3 minutos. Após a detecção e alerta, a aplicação de comando e controlo permite localizar com precisão o incêndio, factor extremamente relevante na eficácia da primeira intervenção. O segredo do sucesso do CICLOPE está na simplicidade da solução tecnológica: uma plataforma informática sobre uma arquitectura flexível e adaptada a situações complexas de instalação, e o recurso a dispositivos sensores de produção em larga escala. Com esta estratégia o CICLOPE mantém-se permanentemente actualizado com um esforço de desenvolvimento mínimo. Possivelmente estará o leitor neste momento a questionar porque razão não está então a nossa floresta totalmente protegida desta forma? Em 2004 e 2005, a COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação patrocinou uma iniciativa sobre incêndios florestais, onde o uso de tecnologia nas tarefas de vigilância e detecção de incêndios

BATERIAS

FONTE DE ALIMENTAÇÃO

KIT DE PROTECÇÃO LOCAL

≥ Figura 2 _ Arquitectura de uma Torre de detecção remota.

foi cuidadamente avaliada, tendo aquela associação concluído e recomendado que: ≥ As tecnologias e sistemas utilizados podem desempenhar um papel essencial na optimização do tempo de resposta entre a ignição do incêndio e a primeira intervenção das equipas de sapadores. ≥ Os custos dos sistemas electrónicos de apoio à detecção e monitorização e a sua exploração são comportáveis, mesmo no curto prazo, quando comparados com os custos dos métodos “tradicionais”. ≥ Deve ser realizada uma análise global ao panorama nacional e tomadas as medidas necessárias à operacionalização racional das tecnologias, visando a sua integração eficaz num plano nacional de defesa da floresta contra incêndios. ≥ Para maximizar os benefícios das soluções tecnológicas é fundamental a participação activa dos utilizadores. ≥ Portugal detém tecnologias de vigilância electrónica competitivas à escala internacional. Concluía-se ainda que a implementação de um sistema nacional de vigilância electrónica florestal poderia custar pouco mais de 12 milhões de euros. Poderá parecer um valor elevado, mas perde o impacto ao ser

≥ Figura 3 _ Exemplo de uma detecção realizada pelo sistema de Roma em Agosto de 2011.

comparado com os custos médios anuais de combate ao incêndios florestais (120 milhões de euros), ou com os custos anuais de operação e manutenção da Rede Nacional de Postos de Vigia (4 milhões de euros). Mais, se considerarmos que um sistema de vigilância electrónica baseado em imagens do espectro visível terá, para além da vertente da detecção, uma significativa utilidade no acompanhamento das operações de combate, então parece-nos lógico qual o caminho a seguir. Num momento complicado da vida nacional, onde a racionalização de custos por parte do Estado Português é uma prioridade, talvez tenha chegado a hora do projecto de videovigilância florestal finalmente sair da gaveta e ver a luz do dia. JULHO A SETEMBRO ‘11

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FICHA TÉCNICA nº31

SISTEMAS PARA VEDAÇÃO DE PASSAGENS

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

SETEMBRO 2012

DEFINIÇÃO

TIPOS DE SITEMAS

São sistemas que têm como função garantir que os elementos de construção mantêm as suas características de resistência ao fogo, evitando assim a propagação do incêndio

Neste documento consideram-se os seguintes Sistemas de Vedação de Passagens:

GARANTIAS Declaração de Conformidade do Fabricante, garantindo que o sistema foi fabricado utilizando o mesmo modelo construtivo e os mesmos materiais que a amostra submetida a ensaio. Declaração de Conformidade do Instalador, garantindo que o sistema foi instalado conforme especificado pelo manual de instalação fornecido pelo fabricante.

• Juntas Lineares: Dispositivos de obturação concebidos para criar uma barreira que impede a passagem das chamas, fumos e gases quentes através das passagens dos elementos de construção resistentes ao fogo onde são aplicados. Existem dois tipos de juntas lineares: juntas de dilatação e juntas de construção.

Fig. 1 – Junta linear para passagens de pequena dimensão

• Selagens Corta-Fogo: Soluções concebidas para garantir que os elementos atravessados por serviços técnicos mantêm as suas características de resistência ao fogo, nomeadamente no referente aos critérios de estanqueidade e de isolamento térmico, durante a ocorrência de um incêndio, evitando assim a sua propagação. No referente às selagens corta-fogo, são possíveis as seguintes soluções técnicas: Almofadas Intumescentes: São constituídas por um granulado encerrado em sacos de tecido ignífugo, sendo recomendadas para aplicação em locais onde os atravessamentos não estejam concluídos ou sejam provisórios.

NORMAS APLICÁVEIS EN 1366-3 Fire resistance tests for service installations. Part 3: Penetration seals. EN 1366-4 Fire resistance tests for service installations. Part 4: Linear joint seals.

Fig. 2 - Selagem de atravessamento de cabos

Fig. 3 - Selagem de esteira de cabos

Golas Intumescentes: São constituídas por um corpo em aço preenchido por um material intumescente que em contacto com o fogo expande até ao estrangulamento do tubo onde são aplicadas. São recomendadas para aplicação em elementos atravessados por tubagens de materiais inflamáveis.

EN 13501-2 Fire classification of construction products and building elements. Part 2: Classification using data from fire resistance tests, excluding ventilation services.

Fig. 4 - Atravessamento de paredes

Fig. 5 - Atravessamento de lajes

Mangas Intumescentes: São constituídas por um material intumescente que, em contacto com o fogo, expande até ao estrangulamento do tubo onde estão instaladas. Podem ser embutidas em paredes ou lajes e são recomendadas em atravessamentos feitos com tubagens de materiais inflamáveis.

SEM DOCUMENTOS TÉCNICOS CO-RELACIONADOS

Fig. 6 - Atravessamento de paredes

Fig. 7 - Atravessamento de lajes

1 APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt


FICHA TÉCNICA nº31

SISTEMAS PARA VEDAÇÃO DE PASSAGENS SETEMBRO 2012

TIPOS DE SISTEMAS (CONTINUAÇÃO) Sistemas de Selagens: São constituídos por painéis de lã mineral, interligados com betume e revestidos em ambas as faces com resina intumescente ou resina termoplástica ignífuga, sendo a sua aplicação recomendada em atravessamentos técnicos de paredes e lajes.

As Fichas Técnicas APSEI estão sujeitas a um processo de actualização contínua, dependente das alterações legais, normativas e técnicas que estejam relacionadas com o seu conteúdo. Certifique-se sempre, antes de aplicar a informação contida nesta Ficha Técnica, de que está na posse da sua última versão.

Atravessamentos (cabos, tubos metálicos ou sintéticos, etc.)

Painel de lã mineral Revestimento intumescente

Esteira porta cabos

Fig. 8 - Atravessamento Técnicos

Sistemas Modulares: São sistemas especiais prefabricados à base de módulos concebidos segundo o tamanho dos ductos e os tipos e diâmetros das cablagens, sendo normalmente instalados à pressão. São especialmente adequados para cabos e tubos de diferentes diâmetros que atravessem paredes e lajes em edifícios e construções metálicas.

Fig. 9 - Atravessamento de paredes

Fig. 10 - Atravessamento de lajes

Nota: As propriedades de Resistência ao Fogo dos Sistemas para Vedação de Passagens não podem ser dissociadas das propriedades de Resistência ao Fogo dos elementos de construção onde são aplicados, devendo estes sistemas ser ensaiados em conformidade com as normas de ensaio aplicáveis aos elementos de construção onde são aplicados e em condições idênticas às da utilização real do sistema.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS GENÉRICAS /CLASSIFICAÇÃO Os Sistemas de Vedação de Passagens podem ter as seguintes classificações de Resistência ao Fogo, em conformidade com as Normas EN 1366-3, EN 1366-4 e EN 13501-2:

Classificação

Duração “em minutos”

E

15

-

30

45

60

90

120

180

240

EI

15

20

30

45

60

90

120

180

240

Critérios de Resistência ao Fogo: E - Estanqueidade (às chamas e gases quentes e inflamáveis) I - Isolamento Térmico (a temperatura na face não exposta ao fogo, desde o início do ensaio de Resistência ao fogo e durante um período de tempo determinado, não se deve elevar acima dos 140ºC de temperatura média ou dos 180ºC de temperatura máxima num ponto)

MANUTENÇÃO Os sistemas devem ser submetidos aos procedimentos de manutenção recomendados pelos fabricantes com uma periodicidade mínima anual, preferencialmente por técnicos devidamente qualificados para o efeito. APSEI Rua do Conselheiro Lopo Vaz, Edifício Varandas do Rio, Escritório D | 1800 – 142 Lisboa Tel.:+351 219 527 849 | Fax:+351 219 527 851 www.apsei.org.pt | apsei@apsei.org.pt

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LEGISLAÇÃO

Legislação Comunicação 2011/C 266/01, de 09 de Setembro Comunicação 2011/C 256/01, de 31 de Agosto Portaria n.º 262/2011, de 31 de Agosto

Publica a lista de normas harmonizadas no âmbito da Directiva 97/23/CE. Publica a lista de normas harmonizadas no âmbito da Directiva 2006/95/CE. Estabelece as normas reguladoras das condições de instalação e funcionamento das creches.

Despacho nº 10738/2011, de 30 de Agosto

Regulamento para acreditação dos técnicos responsáveis pela comercialização, instalação e manutenção de produtos e equipamentos de Segurança Contra Incêndio em Edifícios.

Despacho nº 10737/2011, de 30 de Agosto

Actualização do valor das taxas a cobrar pelos serviços de segurança contra incêndio em edifícios prestados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil.

Decreto Legislativo Regional n.º17/2011/M, de 11 de Agosto

Altera o Decreto Legislativo Regional n.º 37/2006/M, de 18 de Agosto, que adapta à Região Autónoma da Madeira o Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de Dezembro, que estabelece o regime jurídico da urbanização e da edificação.

Portaria n.º 256/2011, de 5 de Julho

Aprova a parte uniforme das condições gerais da apólice de seguro obrigatório de acidentes de trabalho para trabalhadores por conta de outrem, bem como as respectivas condições especiais uniformes.

Lei n.º 47/2011, de 27 de Junho

Cria a Ordem dos Engenheiros Técnicos e aprova o respectivo Estatuto e procede à primeira alteração do Decreto-Lei n.º 349/99, de 2 de Setembro.

Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho

Procede à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, transpõe a Directiva n.º 2008/98/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro, relativa aos resíduos, e procede à alteração de diversos regimes jurídicos na área dos resíduos.

Decreto-Lei n.º 71/2011, de 16 de Junho

Actualiza os requisitos essenciais dos instrumentos de medição, transpondo a Directiva n.º 2004/22/ CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, e a Directiva n.º 2009/137/CE, da Comissão, de 10 de Novembro.

Decreto-Lei n.º 69/2011, de 15 de Junho

Simplifica os regimes de acesso e exercício das actividades de construção, mediação e angariação imobiliária e altera a Lei Orgânica do InCI, I. P., aprovada pelo Decreto-Lei n.º 144/2007, de 27 de Abril.

Normalização LISTA DE NORMAS EUROPEIAS PUBLICADAS NP EN 1994-1-1:2011

Eurocódigo 4 - Projecto de estruturas mistas aço-betão. Parte 1-1: Regras gerais e regras para edifícios.

NP EN 1994-1-2:2011

Eurocódigo 4 - Projecto de estruturas mistas aço-betão. Parte 1-2: Regras gerais. Verificação da resistência ao fogo.

CEN/TS 81-76:2011 EN 131-1:2007+A1:2011 EN 341:2011 EN 1127-1:2011

Safety rules for the construction and installation of lifts - Particular applications for passengers and goods passenger lifts. Ladders Part 1: Terms, types, functional sizes. Personal fall protection equipment. Descender devices for rescue. Explosive atmospheres Explosion prevention and protection - Part 1: Basic concepts and methodology.

EN 1627:2011

Pedestrian doorsets, windows, curtain walling, grilles and shutters. Burglar resistance Requirements and classification.

EN 1628:2011

Pedestrian doorsets, windows, curtain walling, grilles and shutters. Burglar resistance Test method for the determination of resistance under static loading.

EN 1629:2011

Pedestrian doorsets, windows, curtain walling, grilles and shutters. Burglar resistance Test method for the determination of resistance under dynamic loading.

EN 1630:2011

Pedestrian doorsets, windows, curtain walling, grilles and shutters. Burglar resistance Test method for the determination of resistance to manual burglary attempts.

EN 12101-7:2011

Smoke and heat control systems Part 7: Smoke duct sections.

JULHO A SETEMBRO ‘11

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PRÓXIMOS EVENTOS SOBRE SEGURANÇA

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NOVEMBRO ‘11 9 10º Fórum APSEI IPQ, Almada www.apsei.org.pt

FEVEREIRO ‘12 28 Fevereiro a 2 de Março SICUR 2012 Madrid, Espanha http://www.ifema.es/web/ferias/sicur/default.html

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